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Sílvia Maria Martins da Silva Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 2004

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Sílvia Maria Martins da Silva

Faculdade de Economia da Universidade de

Coimbra, 2004

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Sílvia Silva

N.º de aluno: 20032359

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociológica

Faculdade de Economia da Universidade de

Coimbra, 2004

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Índice Introdução 1

Delinquência: a definição 2

Delinquência: as causas

1- Ponto de vista cientifico 3

2- Ponto de vista social 4

II- Delinquência: várias vertentes 6

III- Delinquência masculina 8

IV- Delinquência feminina 9

V- Tratamento e prevenção

1- Terapia tradicional 10

2- Tratamento institucional 10

3- Novas abordagens

3.1. Prevenção 10

3.2. Estratégias de diversão 11

Ficha de leitura 12

Avaliação da página Web 16

Conclusão 18

Referências bibliográficas 19

Anexo I

Texto da ficha de leitura

Anexo II

Página Web avaliada

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Introdução

Este trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Fontes de

Informação Sociológica. Aqui irei abordar o tema “Delinquência juvenil”

quanto à sua definição, uma vez que levanta alguns problemas; quanto ás

suas causas, referenciando o ponto de vista biológico e o ponto de vista

sociológico, uma vez que sem saber as causas de um determinado problema

não o podemos resolver; quanto ás variadas vertentes que lhe estão

associadas, focalizando também o lado masculino e o lado feminino; e

quanto ao seu tratamento, onde irei referenciar desde o tratamento mais

tradicional até às novas abordagens.

Este trabalho irá conter também a ficha de leitura do livro de Manuel

Monteiro Guedes Valente e de Nieves Mulas Sanz, intitulado como “Direito

de menores: estudo luso-espânico sobre menores em perigo e delinquência

juvenil”, assim também como a avaliação de uma página Web, que neste

caso, foi a página www.google.com a página escolhida.

É de notar que “Na Europa regista-se um ‘crescimento massivo da

delinquência juvenil’ ” (Fernandes, 2001).

Ao longo deste trabalho irá surgir uma questão (que até se pode

intitular como questão base de toda a pesquisa!): será que existe uma

delinquência genérica? Pois, segundo Howard Becker, “rotular os

adolescentes como ‘delinquentes’ constitui, simplesmente, uma atitude

defensiva por parte dos adultos, para lançarem sobre os indivíduos mais

jovens o peso dos seus próprios erros”. (Becker apud Macfarlane e

McPherson, 2001: 75).

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

I- Delinquência: a definição É bastante difícil encontrar uma definição adequada para o termo

“delinquência” devido a subjectividade patente do ser humano. Assim,

“...enquanto um conjunto de seres humanos estudar outro conjunto de seres

humanos, a objectividade terá sempre certos limites...” (Sprinthall e Collins,

1994: 458).

Deste modo podemos dizer que a delinquência depende da classe

social e económica do adolescente, ou seja, o mesmo tipo de comportamento

delinquente pode ser avaliado de forma diferente conforme a classe social em

questão.

Com isto surge, então, uma questão pertinente: Será que existe uma

delinquência geral? Ora, para este assunto, destacam-se dois investigadores:

Ruth Cavan e Theodore Ferdinand, que elaboraram um “continuum”

referente às actividades delinquentes, definindo-as de modo amplo, evitando

as distorções provocadas pela sociedade.

É de notar que neste estudo mostra-se que “ aproximadamente 13 a

16% da população jovem toma parte em graves actos anti-sociais e que, à

medida que a gravidade dos mesmos aumenta, a porção de adolescentes

diminui.” (Sprinthall e Collins, 1994: 462)

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II- Delinquência: as causas 1- Ponto de vista biológico

Qualquer comportamento humano óbvio induz os cientistas a

pesquisar possíveis explicações teóricas. Este é o caso da delinquência, cujos

efeitos são duradouros e bastante nítidos.

Algumas causas apontadas para explicar a delinquência têm sido: o

atraso mental; paragem do desenvolvimento físico; deficiências

cromossómicas; etc. Note-se que todas estas explicações, defendem que a

delinquência é inata e não adquirida.

Quanto ao atraso mental, destaca-se Henry Goddard, um psicólogo

americano, que defendia que a delinquência era resultado de uma

inteligência menor (Debray-Ritzen et al., 1976: 297). Esta teoria fora

refutada.

No entanto, outros investigadores, destacando-se Ernest Hooton,

Cesare Lombroso e G. Stanley Hall prosseguiram a investigação no sentido

de encontrarem a explicação no corpo, em vez da mente (Debray-Ritzen et

al., 1976: 297). Assim, defendiam que os delinquentes eram casos de

regressão evolutiva. Destacam-se algumas características:

Testa pequena e longa

Orelhas salientes e grandes

Maxilares largos

Lábios finos

Pele cabeluda e enrugada

Braços compridos

(...)

Hooton, considerou mesmo que a teoria era válida e que com isto se

deveria eliminar os delinquentes, com base nas suas características físicas.

Ideia esta que, felizmente, não teve futuro.

Um outro aspecto biológico encontrado para explicar os actos

delinquentes, baseia-se numa anomalia cromossómica que consiste numa

duplicação do cromossoma Y, que caracteriza o sexo masculino.

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Vários estudos estatísticos mostraram que “a frequência desta

anomalia era aproximadamente dez vezes superior entre os detidos nas

prisões à de um grupo aleatório tomado numa população normal” (Debray-

Ritzen et al., 1976: 298). Contudo, estudos psicológicos indicam que o “risco

está muito longe dos 100%” (Debray-Ritzen et al., 1976: 298).

Assim, parece bastante claro que a delinquência não é devida a

factores inatos. Será então que na base deste comportamento estão factores

adquiridos?

2- Ponto de vista social Do ponto de vista social, a delinquência juvenil acontece devido à

inadaptação social, que se pode verificar de diversas formas. Esta

inadaptação pode surgir logo a partir dos seis ou sete anos, no seio da escola

e também da família. Estatísticas oficiais indicam números que “vão até 4%

e 5% da população escolar” (Debray-Ritzen et al., 1976: 287).

Um outro aspecto importante de se focar é que a delinquência se

manifesta sobretudo na puberdade, uma vez que este é o período em que o

adolescente tenta autonomizar-se e diferenciar-se dos pais, procurando a

sua própria personalidade.

Note-se igualmente que este comportamento se refere “em mais de

90% dos casos, a sujeitos masculinos (Debray-Ritzen et al., 1976: 287).

Os factores ligados ao meio sociológico e familiar têm, então, um papel

fundamental no que respeita ao encontro das causas da delinquência

juvenil.

Nível socioeconómico

A inadaptação social e consequentemente a delinquência juvenil é

mais frequente nas classes mais desfavorecidas.

Urbanização

A urbanização é acompanhada de um crescimento de delinquência

juvenil, devido, principalmente, ás deslocações das populações que

favorecem a perda dos valores tradicionais. Note-se também que

aparecem, facilmente, nas suas periferias, bairros de lata, sendo

estes, zonas sub culturais.

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O meio familiar

A ausência de relações de boa qualidade entre os membros da

família leva a que muitos adolescentes procurem afecto e

valorização noutro local. É também de igual gravidade a falta de

estruturas de acolhimento, deixando os jovens entregues a si

próprios quando os pais estão fora todo o dia.

Outros factores

Não nos podemos esquecer da violência à qual estamos expostos no

dia a dia, através do cinema, da televisão, etc.

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III- Delinquência: várias vertentes As fugas e a vagabundagem

As fugas não são propriamente actos delinquentes, mas da mesma

forma que a vagabundagem pode levar a uma delinquência de necessidade,

assim também pode levar estes jovens a procurar refúgio em comunidades

marginais.

“O sentido das fugas é demasiado variado para que se possa esboçar

um retrato-tipo da criança fugitiva” (Debray-Ritzen et al., 1976: 288). Assim

é de grande importância sublinhar que a origem das fugas pode ser diversa:

fuga às consequências de um acto repreensível que acaba de cometer; fuga

impulsiva de um sujeito débil; conflitos familiares; etc.

Os ataques à propriedade

Os ataques à propriedade representam cerca de 70% dos delitos, no

Brasil cometidos por menores. Mas temos de distinguir os furtos inocentes

de crianças, dos verdadeiros roubos do delinquente, que são na maioria

praticados por adolescentes.

Neste campo, os roubos têm um aspecto mais utilitário, podendo ser

revendidos, ou para consumo próprio. Note-se também que os estragos

materiais são mais intensos e abundantes.

Os delitos de violência

Esta é uma vertente da delinquência juvenil em grande crescimento.

Normalmente traduzem-se em agressões físicas, golpes e feridas cometidas

por adolescentes, muitas vezes acompanhados por jovens adultos. Na origem

destas agressões estão os acidentes de viação, assim como o álcool e certas

drogas.

Os delitos sexuais

Os delitos sexuais revelam-se principalmente em jovens com idade

pubertária. Os delitos verificados são diversos: atentados ao pudor;

exibicionismo neurótico; violações;...

As toxicomanias

As toxicomanias cresceram em flecha entre 1967 e 1973 nos EUA. As

toxicomanias englobam-se também nos actos delinquentes, uma vez que

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

além do uso ilícito de estupefacientes, estes jovens são muitas vezes

arrastados para actos delinquentes, como por exemplo a revenda de droga.

Os bandos de adolescentes

Estes bandos começaram-se a formar sobretudo na década de 50, no

Brasil, nos arredores das grandes cidades, tais como São Paulo e Rio de

Janeiro. Nestes bandos, os actos delinquentes e violentos são a expressão da

vida do grupo.

Aqui encontramos adolescentes nos limites da debilidade mental,

arrastados pela imaturidade intelectual e afectiva.

Os actos incendiários

Estes actos são pouco frequentes, embora, actualmente, se assista a

uma multiplicação de incêndios provocados por crianças ou jovens

adolescentes. Na origem destes actos incendiários pode estar várias

dificuldades familiares e também frustrações na vida escolar.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

IV – Delinquência masculina

Sheldon e Eleanor Glueck incidiram um estudo sobre a delinquência,

mais propriamente sobre delinquência masculina, aquando dos anos 30.

Dessa investigação concluiu-se que:

- 90% dos rapazes delinquentes provinham de famílias

consideradas pobres e com fortes evidências de

alcoolismo, criminalidade e imoralidade;

- 40% referiam ter um relacionamento caloroso com o pai

- 48% referiam possuir uma relação calorosa com a mãe

Uma vez que não existia uma variável que pudesse distinguir com

clareza o grupo dos delinquentes dos não delinquentes, combinaram, então,

cinco factores específicos, como sendo a falta de coesão; a relação pai – filho,

sendo calorosa ou hostil; e a relação mãe – filho, considerando os mesmos

aspectos.

Em jeito de conclusão da sua investigação, eles procuraram saber se a

delinquência conduzia ou não à criminalidade na vida adulta. O resultado da

investigação revelou que a maioria dos jovens delinquentes se tinham

adaptado à sociedade, tendo, deste modo, diminuído a sua actividade em

crimes graves.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

V- Delinquência feminina Gisela Konopka interessou-se pelo estudo da delinquência feminina,

mas constatou que um dos problemas deste assunto residia nas próprias

raparigas, uma vez que eram bastante desconfiadas em relação aos adultos,

mostrando-se sempre muito fechadas em revelar os seus pensamentos,

sentimentos, desejos e receios mais íntimos. Mas Konopka conseguiu

aproximar-se delas e assim prosseguir o seu estudo. (Sprinthall e Collins,

1994: 484)

Uma das primeiras descobertas de Gisela foi constatar a intensidade

da imagem negativa que tinham em relação aos adultos, onde o homem era

visto como brutal; a mulher, como incapaz; e a autoridade como anónima e

não protectora.

As causas deste tipo de delinquência podem estar na origem da

segregação social e preconceitos. Estes sentimentos são sentidos

maioritariamente pelas raparigas negras. Konopka designou esta terrível

doença da nossa sociedade como “o estigma do preconceito”.

Um outro tema de investigação foi ao que Konopka designou por

“fantasia de cinderela”. Neste tema verificou que todas sonhavam com

casamentos parecidos com os de Hollywood. Ou seja, como resultado da

solidão, do desejo de dependência e da imagem de negligência das figuras de

autoridade, as suas aspirações eram mais fantasias que realidades.

Note-se que com isto, o índice de abandono escolar ara quase tão

elevado como o dos rapazes no estudo feito por Glueck e Glueck, ou seja,

quase 100%.

De extrema importância é de salientar que no quadro dos delitos

sexuais, a porção de raparigas é bem mais elevada. Tal comportamento é

uma tentativa de se ver reconhecer mais depressa um estatuto de adulto. “«A

prostituição na adolescência tem muito pouco a ver com o sexo, estando

essencialmente relacionada com necessidades, não satisfeitas de amor e de

laços afectivos»” (Sprinthall e Collins, 1994: 484).

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VI- Tratamento e Prevenção 1- Terapia tradicional

Um importante estudo feito em Massachesetts, no final dos anos 30 (o

“Cambridge- Somerville Youth Study”), identificou um grupo de rapazes pré –

adolescentes como sendo casos de prováveis delinquentes. Os rapazes em

questão receberam aconselhamento individual e aulas particulares, durante

cerca de cinco anos. Ao fim deste tempo, concluiu-se “que o aconselhamento

regular, individual, mesmo de natureza intensiva, não tinha sido

suficientemente poderoso para alterar o rumo do comportamento

delinquente subsequente.” (Sprinthall e Collins, 1994: 487).

Assim, este tipo de terapia foi abandonado, sendo, entretanto, tentado

em grupo. Esta terapia, infelizmente, não provou ser mais eficaz que a

anterior.

2- Tratamento institucional O tratamento mais tradicional no “combate” à delinquência tem sido,

sem dúvida, as instituições de correcção, ou reformatório, como preferirem

chamar.

Num estudo feito após a II Guerra Mundial, com a duração de

aproximadamente vinte anos, investigaram-se várias instituições, cujos

resultados se revelaram negativos. Deste modo, a partir dos anos 70, têm

vindo a ser encerradas várias instituições, uma vez que “não corrigiam nada;

constituíam, meramente, “estações intermédias” e temporárias para os

adolescentes.” (Sprinthall e Collins, 1994: 487).

3- Novas abordagens

3.1. Prevenção Nos E.U.A., as estimativas indicam que em cada ano é gasto cerca de

um bilião de dólares no tratamento, e apenas um milhão na prevenção da

delinquência juvenil.

Rosemary Sarri aponta três iniciativas que visam a prevenção da

delinquência: a manutenção de rendimento familiar; o direito à educação; e

a criação de postos de trabalho para jovens (Sprinthall e Collins, 1994: 488).

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Note-se que sem dinheiro, as famílias dissolvem-se e os seus membros

adolescentes podem voltar-se para a delinquência. Daí a importância, na

minha opinião, de se manter o rendimento familiar, assim também como as

outras medidas defendidas por Sarri.

3.2. Estratégias de diversão O programa de diversão visa proteger os jovens delinquentes do

aterrador sistema de justiça juvenil. Assim, segundo isto, os jovens em vez

de serem “encarcerados”, são entregues a mediadores comunitários bem

treinados, que os ajuda a resolver a situação.

Um segundo método de diversão consiste na prestação de cuidados

dentro da residência, proporcionando um acesso aos serviços sociais de

vinte e quatro horas. Esta método visa fortalecer o ambiente familiar,

ajudando os pais a lidar com os vários problemas com que se deparam.

Esta abordagem foi inspirada no trabalho de Roger Barker, que se

intitulava como “programa de reeducação”.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Ficha de leitura Título da publicação: “Direito de menores: estudo luso – espânico sobre menores em perigo e

delinquência juvenil”

Autor(es): Manuel Monteiro Guedes Valente

Nieves Mulas Sanz

Local onde se encontra: Centro de Estudos Sociais da F.E.U.C.

Data da Publicação: 2003

Local de edição: Lisboa

Editora: Ancora Editora

Título do capítulo ou artigo: Título III – “Prevenção e controle da delinquência juvenil no processo tutelar

educativo.”

Capítulo IV – “Da detenção e da confiança do menor.”

Cota: 347.6 (469:460) VAL 2003

N.º de páginas: 8 páginas (245- 252)

Assunto: Delinquência juvenil

Data de leitura: 01/Dezembro/2003

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Resumo: Este capítulo insere-se na obra “Direito de menores: estudo luso –

espânico sobre menores em perigo e delinquência juvenil” de Manuel

Monteiro Guedes Valente e Nieves Sanz. Nesta obra, aborda-se os pequenos

delinquentes, sobretudo, no plano judicial, tal como veremos através do

seguinte resumo:

A Lei Tutelar Educativa (LTE) afirma que um menor, apenas poderá

ser detido quando é surpreendido a praticar o crime ao qual corresponde a

pena máxima superior a 3 anos. Com isto, o menor terá de ser apresentado

ao juiz no prazo de 48 horas.

Por outro lado, o menor poderá também ser detido fora do flagrante

delito, mas somente e só sob mandado do juiz, tendo de se lhe apresentar no

prazo de 12 horas. É de notar que, quem executa estes mandados são os

Órgãos de Polícia Criminal (OPC).

Quer o menor seja detido em flagrante delito, ou não, devem ser-lhe

lidos e explicados, sempre, os direitos constantes do artigo 45º da LTE. Caso

o menor não demonstre capacidade de compreensão, os mesmos devem ser

lidos aos pais, ou ao seu representante legal. Em último caso dever-se-á

contactar o Procurador de Turno ou do Tribunal de Família de Menores.

Os menores são muito usados como “mão-de-obra barata e arrojada”

para procederem à entrega e distribuição de estupefacientes. Estas situações

limitam a intervenção imediata da Polícia, uma vez que o menor de 16 anos

não será responsabilizado criminalmente.

Assim, é necessário saber se o menor pratica os factos de forma livre e

voluntária ou se é obrigado por terceiros. Note-se que esta distinção é

efectuada pelos membros da OPC. Se os pais do menor ou o seu

representante legal forem arguidos do processo do qual o menor faz parte,

deve-se entregar o menor a uma instituição de internamento, para que seja

apresentado no Tribunal de Família e Menores.

Um dos problemas mais encarados no dia a dia pela Polícia, é o

encaminhamento do menor quando não é possível apresentá-lo de imediato

ao juiz. Segundo a LTE, deve-se entregar o menor aos pais ou seu

representante legal.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Mas, o grande dilema surge quando os pais têm conhecimento e

incentivam as práticas ilícitas do menor, havendo então, 3 opções:

- entregar (de igual modo) aos pais

- entregar num centro educativo, donde muitas vezes foge

- entregar num estabelecimento policial

Segundo isto, o ideal seria a terceira hipótese, mas é de geral

conhecimento que estas instalações não estão preparadas para acolher

menores.

Note-se ainda que, os centros educativos estão sobrelotados, não

tendo capacidade para alojar mais menores.

Com isto, só resta mesmo a primeira hipótese, lembrando que o menor

deve ser apresentado no prazo de 48 horas ao juiz. É uma solução que

parece descabida... mas talvez a melhor...!

Recursos de estilo e linguagem Esta obra está muito bem organizada, e com uma linguagem bastante

acessível. Para além disso, são usados exemplos que ajudam a compreensão

de alguns conceitos e/ou situações mais próprias e especificas. É um livro

bastante actual e que ajuda a clarificar algumas dúvidas existentes em

relação ao tema em questão.

Pontos fortes e fracos Na minha opinião esta obra está muito completa e muito esclarecedora

quanto à actual situação judicial no que respeita à delinquência juvenil.

O facto de ser escrita em duas linguas (Português e Espanhol) e de o

estudo ter sido feito também nesses dois países, revela uma maior

flexibilidade e possibilita que um maior número de pessoas possam usufruir

deste livro.

Tal como já foi referido, o facto de conter exemplos é bastante útil,

uma vez que possibilita uma mais rápida e maior compreensão de conceitos

e situações.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Quanto a mim, o único facto que me desagradou foi o de apenas

constar neste livro o aspecto judicial e incidir somente sobre esse, que no

momento não era o que mais me interessava.

Um outro aspecto negativo é o facto de várias vezes serem

mencionados alguns códigos de lei sem se quer referirem o que significam, o

que obriga o leitor a ter conhecimentos prévios, tal como podemos verificar:

“...devem ser lidos e explicados os direitos constantes do art.º 45.º da LTE.”

(Valente e Sanz, 2003: 246). Ora, quais são esses tais direitos dos quais o

menor pode usufruir?

De qualquer modo posso concluir, que no geral, é um livro acessível e

para uma pesquisa mais simples é bastante esclarecedor.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Avaliação da página Web Os meus motores de busca para a pesquisa deste tema foram o

“Google” e o “Altavista”. Destes dois incidi mais a minha pesquisa no Google.

Comecei, então, a minha pesquisa neste motor de busca através de

uma pesquisa normal, com as palavras “Delinquência juvenil”, onde obtive

apenas um resultado. Perante esta situação resolvi iniciar uma “aventura”

na pesquisa avançada.

Iniciei a pesquisa escolhendo a opção com a expressão: “delinquência

juvenil”; qualquer das palavras: sexo masculino, sexo feminino, ambiente

familiar; qualquer formato; qualquer idioma; qualquer dia e em qualquer

lugar da página, onde obtive 510 resultados. Diante deste ruído, restringi a

pesquisa, acrescentando em sem as palavras: diferenças culturais,

prostituição e alterando de qualquer idioma para português, e o formato

para PDF, onde obtive 268 resultados, ou seja, cerca de metade. Mas,

mesmo assim, achando que ainda poderia restringir mais a minha pesquisa,

resolvi alterar algumas opções: qualquer das palavras: diferenças culturais,

prostituição, não utilizando, assim a opção de sem as palavras; com todas

as palavras: sexo masculino, sexo feminino, ambiente familiar, onde obtive

48 resultados, parecendo-me, então, um resultado bastante positivo.

Dentro destes resultados resolvi avaliar a página

www.direitoshumanos.usp.br/documentos/tratados/crianca/crianca.html.

O autor deste sítio é uma instituição, sendo a “Biblioteca Virtual de

Direitos Humanos da Universidade de São Paulo”, o que nos dá uma certa

segurança quanto à credibilidade deste sítio.

Note-se que é uma página agradável, pois está muito bem estruturada,

dividindo-se em sectores por temas. Está, então, muito simples e muito

acessível a todo o tipo de utilizadores.

O objectivo da página é mais o de complementar informação, daí que

se torna necessário possuir algum conhecimento prévio ou posterior do

tema.

É de notar que o sítio é actualizado, sendo que a última actualização

foi em 10 de Abril de 2003.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Além disso a página é gratuita e de fácil navegação, assim como

também existe um mail disponível para qualquer utilizador que pretenda

expor os seus comentários, as suas criticas e sugestões.

De igual importância é de relevar que é um sítio de origem brasileira,

sendo aqui onde se verifica a maior incidência de delinquência juvenil.

Encerrei assim a minha pesquisa no dia 02 de Março, a qual tinha

começado no dia 12 de Janeiro.

Posso concluir, deste modo, que a maior dificuldade com que me

deparei, foi o facto de não possuir computador, tornando-se, assim, bastante

mais complicado o seu acesso, assim como o acesso à Internet, uma vez que

na maior parte dos locais (excluindo a FEUC, e poucos mais) este é um

serviço que tem de ser pago pela sua utilização.

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Conclusão Em jeito de conclusão, posso afirmar que “nada há para concluir”

(Valente e Sanz, 2003: 289). Como se pôde verificar, existem vários pontos

de vista que devem ser respeitados e discutidos. Mas uma coisa é certa, e

nisso, com certeza, todos concordamos: a prevenção deste fenómeno

criminógeno é um dever de toda a sociedade e não só das instituições ou do

individuo isolado, uma vez que é um problema que nos afecta a todos.

Após este trabalho de pesquisa, posso dizer que fiquei muito mais

esclarecida sobre o tema em questão, tanto a nível judicial, como também a

nível das causas e das várias vertentes de delinquência existentes, onde

posso afirmar que algumas delas nunca me passaram pela cabeça que lhe

estivessem relacionadas.

Note-se, então, que a delinquência é um tema que ainda levanta vários

problemas, principalmente no que respeita à sua resolução.

É caso para dizer: “Combata-se a delinquência e não os delinquentes.”

(Rijo, 2001).

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Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil”

Referências Bibliográficas Debray-Ritzen, Pierren et al. (orgs), (1976), Dicionário de psicologia da

criança. Paris: Ritz – C.E.P.L.

Fernandes, Cadi (2001) “Proposta. Organização defende existência de

uma politica de proximidade” Jornal de Noticias, 15 de Maio de 2001. Página

consultada a 28 de Janeiro de 2004, disponível em

http://www.apfn.com.pt/Noticias/Mai2001/dn15.htm.

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