sí lv i am eopf r- c d ne st ug ê a m h não consigo ... · quência do sistema de ensino...
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PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012Entrevista 10
Como começou este ano le-tivo?Sílvia Melo Pfeifer: O ano le-
tivo arrancou dentro da normali-
dade. Houve situações de dúvidas
de Encarregados de Educação
quanto às escolas que os educan-
dos iriam frequentar, como sem-
pre acontece; houve
pré-inscrições fora de prazo,
como também é comum. Houve
dúvidas acerca de alguns cursos,
como Gelsenkirchen, que estamos
em fase de resolução. Em todos
estes casos, tenho a elogiar o tra-
balho dos docentes junto das Co-
munidades, pelo empenho que
demonstraram em resolver todas
as questões e o profissionalismo
com que responderam a alguns
dos desafios na constituição das
turmas. Todos os docentes com a
sua comissão de serviço renovada
já iniciaram as suas atividades le-
tivas e as aulas arrancaram em
todos os Estados Federados sem
problemas. Refira-se apenas que
estamos a aguardar a colocação de
uma docente para os cursos de
Bad Karlshafen, Hammeln, Han-
nover, Hildesheim e Einbeck, o
que deverá estar concluído no
final do mês de setembro, se-
gundo informações que obtive da
tutela. Aguardo a continuidade do
ano letivo com serenidade.
Qual era o número dos alu-nos no passado ano e quantossão agora?S.M.P.: Tínhamos pouco
menos de 5000 alunos inscritos no
ano letivo anterior (apesar de de-
pois o número de frequências efe-
tivas ser inferior, por vários
motivos). Estamos, neste mo-
mento, com cerca de 4000 pré-
inscrições. Este número de alunos
tem tendência a aumentar: conti-
nuo a receber pré-inscrições dia-
riamente, à medida que o ano
letivo vai arrancando em cada Es-
tado Federado. Para os cursos em
que não houve um número mí-
nimo de pré-inscrições e que, por
esse motivo, não arrancaram, não
é possível, de momento, deslocar
professores para lá ou colocar
novos.
Uma notícia revelada recen-temente dá conta da possibi-lidade dos alunosportugueses em Hamburgoterem o português como dis-ciplina nos exames do “Abi-tur”. Como foi isso possível eem que moldes é que foi es-tabelecido o acordo?
S.M.P.: Trata-se de avanços ao
nível do protocolo da Escola Bi-
lingue de Hamburgo, ao abrigo de
uma cooperação entre o Senado
da Cidade Estado de Hamburgo e
do Governo Português. O currí-
culo é lecionado em Português e
em Alemão, desde a escola primá-
ria, e estendeu-se agora até ao
Abitur. A frequência desta escola
dá também equivalência à fre-
quência do sistema de ensino Por-
tuguês.
Como funciona a certificaçãoque o CICL (antigo InstitutoCamões) quer impor aos alu-nos, e que ainda por cima temde ser paga? É de caráctervoluntário ou obrigatório? Eé realmente necessária paraalunos nos primeiros anos deescolaridade?
S.M.P.: A certificação, con-
forme artigo 2º da Portaria
232/2012 de 6 de agosto, é confe-
rida pelo Ministério dos Negócios
Estrangeiros (através do Camões)
e pelo Ministério da Educação e
da Ciência (através da Direção-
Geral da Educação). A prova ava-
liará as componentes oral e escrita
do uso da Língua Portuguesa e
terá a duração máxima de 90 mi-
nutos, atendendo aos diferentes
níveis etários dos alunos. A clas-
sificação será expressa em termos
dos níveis do QuaREPE (eles
mesmos baseados nas orientação
do Conselho da Europa para ma-
térias de educação linguística) e
poderá incluir uma avaliação
quantitativa (expressa em núme-
ros) caso seja “necessário e de
acordo com o sistema de avalia-
ção em vigor no país onde a certi-
ficação for obtida” (de acordo
com o Artigo 7º).
A certificação é obrigatória e
faz parte do compromisso que os
Encarregados de Educação assu-
mem quando realizam a pré-ins-
crição e, posteriormente, a
inscrição. Não compreendo a re-
sistência, felizmente não generali-
zada, à certificação, já que é o
instrumento mais usado em ter-
mos de comprovação das compe-
tências linguísticas, sobretudo ao
nível das línguas que não inte-
gram os currículos escolares
(como é, infelizmente, o estatuto
mais comum do Português na Ale-
manha). Se os alunos frequentam
estes cursos, se há um envolvi-
mento e um investimento na aqui-
sição progressiva da Língua
Portuguesa, porque não transfor-
mar esse investimento numa
mais-valia? Certificação implica
avaliação, como sabe, e mais do
que nunca somos chamados a pro-
nunciarmo-nos acerca do sucesso
das atividades que desenvolve-
mos: sabermos que os alunos dos
nossos cursos, qualquer que seja o
nível de ensino, têm sucesso e de-
senvolver dispositivos que certifi-
quem esse sucesso só poderá ser
um argumento válido para promo-
ver esta modalidade de ensino e
defender a sua contínua qualifica-
ção.
E o que se passa com a pro-pina? Vai realmente ser apli-cada, mesmo depois de o anoletivo já ter começado emtodos os países da Europa?S.M.P.: O pagamento da dita
propina, que designa uma taxa de
frequência, vai avançar.
O que vai acontecer se a pro-pina for realmente aplicada emuitos alunos deixarem defrequentar as aulas? Essescursos encerram?S.M.P.: Para já, posso dizer
Sílvia Melo Pfeifer - Coordenadora do Ensino Português na Alemanha
Tendo como pano de fundo o início do ano lectivo para os alunos de LCP, o PP solicitou uma entrevistaà Coordenadora do Ensino Português na Alemanha, Sílvia Melo Pfeifer(na foto) com o intuito de a con-frontar com questões que dizem respeito aos professores, aos pais e, bem entendido, aos alunos.
“Não consigo conceber que os alunosdeixem de frequentar as aulas de Português por causa da propina”
10.PORTUGAL POST -,Okt. Druck:PORTUGAL POST Feb 09 08.10.12 15:23 Seite 10
PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012 11
InformaçãoConsular
ÍViagem de menores
Entrevista
PUB
As autorizações de via-
gem são necessárias
para os menores saí-
rem de Portugal, ape-
sar de na prática se
verificar que a sua
apresentação tem de
ser feita ao sair da Ale-
manha. Os menores,
quando viajam sós,
devem apresentar au-
torização de viagem
assinada por, pelo mí-
nimo, um dos progeni-
tores, quando casados,
ou por quem exercer o
poder paternal. Os fil-
hos de pais não unidos
pelo casamento podem
viajar sem autorização
de saída desde que
acompanhados por um
dos progenitores, de-
vendo, no entanto, jun-
tar documentos que
comprovem essa filia-
ção.A autorização de
viagem deve constar
de documento escrito,
datado e com a assina-
tura de quem exerce o
poder paternal, com re-
conhecimento notarial,
conferindo poderes de
acompanhamento por
parte de terceiros, devi-
damente identifica-
dos.A autorização de
viagem pode ser utili-
zada ilimitadamente,
dentro do prazo de vali-
dade que o documento
mencionar, a qual, no
entanto, não poderá
exceder o período de
um ano civil.Documen-
tos a apresentarem:
Bilhete de identidade
válido do pai e da mãe,
desde que detentor do
poder paternal
ou bilhete de identi-
dade da mãe se for
filho de mãe solteira,
separada, divorciada
ou viúva,
ou bilhete de identi-
dade de quem detenha
o poder paternal ;
Documento de identifi-
cação do menor.
Sílvia Melo Pfeifer - Coordenadora do Ensino Português na Alemanha
que não consigo conceber que os
alunos deixem de frequentar as
aulas de Português e isto por vá-
rios motivos. O primeiro é o facto
de termos já, na Alemanha, uma
Comunidade Portuguesa que
preza muito estas aulas, uma Co-
munidade muito envolvida na
transmissão desta Língua, que é
uma língua mundial e com um
crescente peso económico. A jun-
tar a este facto, estamos a assistir
a um crescimento desta Comuni-
dade e ao seu rejuvenescimento,
já que muitas jovens famílias,
pelos motivos que conhecemos,
estão a eleger a Alemanha como
destino.
Finalmente, a contínua rece-
ção de pré-inscrições nesta Coor-
denação de Ensino e o facto de
muitos Encarregados de Educação
- que inicialmente se opuseram à
introdução da certificação e da
taxa de frequência - quererem
agora inscrever os seus filhos, já
cientes de que as medidas anun-
ciadas vão mesmo avançar.
Houve, naturalmente, um pri-
meiro momento de alguma per-
plexidade relativamente aos
novos procedimentos de inscrição
(sobretudo junto das Comunida-
des que há mais tempo estão im-
plementadas na Alemanha), mas
creio que a mais-valia destes cur-
sos acabou por falar mais alto. E
com eles, o profissionalismo do
nosso corpo docente, a sua forma-
ção e a sua capacidade de resposta
em tempos de dúvidas e de mu-
dança. Dito isto, se é verdade que
não consigo prever o futuro,
estou, no entanto, muito otimista
relativamente à continuidade de
todos os cursos.
E se encerrarem, o que acon-tece aos alunos restantes?
Deixam de ter aulas? Se issose verificar, então tambémnão terão razão para pagar.S.M.P.: Como referi na res-
posta anterior, não consigo conce-
ber que o investimento na
aprendizagem da Língua Portu-
guesa seja interrompido. Estamos
a falar de um valor imaterial, for-
temente valorizado.
E que acontecerá a um pro-fessor, se ficar com muitopoucos alunos? Vai para odesemprego?S.M.P.: Novamente, esse ce-
nário parece-me pouco provável.
Havia, de facto, da parte de mui-
tos docentes, esse temor. Penso
que, das conversas que tenho tido
com muitos deles, estará ultrapas-
sado. Tendo em conta que as po-
tenciais situações problemáticas
foram identificadas, não vejo nen-
hum lugar em situação de risco.
A conjunção da passagem doEPE para a tutela do Insti-tuto Camões com a atualcrise económica poderá signi-ficar o fim de um sistema deensino que, desde há mais de35 anos, serve as Comunida-des. Pode comentar estafrase?S.M.P.: Como saberá, partici-
pei recentemente numa reunião de
Coordenação em Lisboa, na sede
do Camões. O que trouxe foi, por
um lado, a imagem de um forte
empenho da Tutela na qualifica-
ção, valorização e modernização
deste ensino e, por outro, a von-
tade (e a coragem!) política de re-
novar este sistema de ensino,
contra um certo “deixa andar
como sempre andou”. Penso que
esta crise económica significou
uma coisa para o EPE: se sobrevi-
veu, é porque é forte e é porque
tem condições para se manter e
desenvolver.
Para quando a publicação danova legislação para o EPE?S.M.P.: Estamos a aguardar.
Sabemos que as negociações rela-
tivas às propostas de alteração já
estão concluídas.
Presentemente, há apenas 40professores na Alemanha acargo do Governo português.S.M.P.: Na verdade, são 43,
distribuídos pelos Estados Fede-
rados em que já estávamos im-
plantados.
Sabe-se, por outro lado, queas estruturas de coordenaçãocomportam a coordenadora,a coordenadora- adjunta, e 3professores de apoio: um emEstugarda, um em Berlim eum em Hamburgo, num totalde 5 pessoas. Não é um nú-mero demasiado exagerado,em tempos de austeridade,para um universo de profes-sores tão reduzido?
S.M.P.: A estrutura de Coorde-
nação do Ensino Português na
Alemanha comporta a Coordena-
dora, sendo que a atual Adjunta
nesta Coordenação vai deixar de
existir nos termos em que foi con-
tratada. Temos ainda presente-
mente não 3 mas 4 Docentes de
Apoio Pedagógico, com períodos
de dedicação ao trabalho nos Con-
sulados-Gerais bastante reduzi-
dos. Não se trata de 4 docentes a
trabalhar a tempo inteiro, como
era prática anterior a 2010, mas
apenas em tempo parcial, devido
à necessidade destes docentes
serem avaliados pelo serviço do-
cente que prestam (para poderem
renovar as suas Comissões de Ser-
viço como professores que são).
Em Düsseldorf e em Hamburgo,
por exemplo, as professoras Fá-
tima Silva e Palmira Rodrigues,
respetivamente, têm apenas dois
dias de apoio cada uma no Consu-
lado-Geral. A ideia não é só pre-
starem apoio aos docentes, mas
sobretudo e em época de mudança
esclarecerem os Encarregados de
Educação e os Membros das nos-
sas Comunidades em tudo o que
for possível. Já em Berlim e em
Estugarda, os docentes Andreia
Augustin e João Mendes, respeti-
vamente, têm um horário letivo de
8 horas, o que significa que se im-
plicam mais em tarefas de apoio
pedagógico e administrativo. Tal
justifica-se pela necessidade de
manter muitos contactos com as
autoridades alemãs e com o Ca-
mões, por um lado, e, no caso de
Estugarda, por ser a região com a
maior concentração de docentes
da nossa rede de ensino. Este do-
cente tem ainda a seu cargo os do-
centes da Baviera e uma parte
significativa de Hessen. Significa
isto que, na prática, temos um
apoio local mais informado, espe-
cializado em questões locais, mas
com menos tempo dedicado a as-
suntos de apoio pedagógico e ad-
ministrativo. De qualquer forma,
considero muito positivo ter pro-
fessores da nossa rede de ensino
disponíveis para atender as nossas
Comunidades em matéria de Edu-
cação e Ensino. Terminar com
estes apoios locais poderia ser
visto como um fechamento às Co-
munidades, quando o que quere-
mos é promover o diálogo e a
cooperação entre todas os agentes
envolvidos no ensino-aprendiza-
gem do Português na Alemanha.
MS
“Se é verdade que não consigo prever o futuro, estou, muito otimista relativamenteà continuidade de todos os cursos”
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10.PORTUGAL POST -,Okt. Druck:PORTUGAL POST Feb 09 08.10.12 15:23 Seite 11