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Ficção

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Page 1: Sherlock

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SHERLOCK & STARK

Notas Introdutórias:

Esta história se passa no período posterior à aventura “O Problema Final” dos livros, ao suposto final do filme “Sherlock Holmes 2 – Jogo de Sombras”, sem necessariamente seguir seu tempo, e ao fim do último episódio da 2ª Temporada de “Sherlock”, a série americana da BBC.

Dedicatória

Este livro é dedicado e escrito somente a uma pessoa. Caique, espero que desfrute e goste do seu segundo presente de aniversário: Seu próprio e único conto Sherlockiano. Desculpe os possíveis erros ortográficos, e desculpe-me principalmente se a história lhe chatear... Foi somente mais uma tentativa de lhe mostrar o que quero que veja em mim.

Karol Holmes

P.S.: A ideia de me inspirar pensando em elefantes voadores não funcionou.

P.P.S: Acho que Sir. Arthur Conan Doyle ficaria realmente nervoso comigo.

P.P.P.S: Te desafio a achar todas as brincadeiras que fiz com as histórias originais e até mesmo o real.

Capítulo 1 Londres já não tinha mais sentido. Nem mesmo o 221B Baker Street tinha seus

mesmos ares de quando ali habitava o homem mais inteligente e perspicaz que

o mundo teve a honra de conhecer. Meu amigo. Meu herói. Sherlock estava

morto, e eu vira acontecer. Lembro-me de como fora... Pesadelos ainda me

atormentam com tais lembranças. Sua cabeça, esmagada de um lado pelo baque da queda. Os

olhos frios e sem vida. O jovial coração que sempre batera

fortemente, ali estava silencioso. A tenebrosa manhã que o

mundo perdeu a mente mais brilhante de toda a

Inglaterra. E Mycroft... Ah, Mycroft. Aquele a quem eu jurei

matar. O irmão que entregara a vida do irmão.

A

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-John, meu querido... Se ficar desta maneira por mais tempo, por Deus, vou julgá-lo

como morto. – disse a Sra. Hudson, que entrara na sala, onde eu jazia sentado em minha

poltrona.

Sra. Hudson, após a morte de Sherlock, usara a desculpa de que eu precisaria de

cuidados redobrados pelo choque de tê-lo perdido, para que não tivesse de passar pela tortura

de rever o lugar onde Sherlock largara tantas marcas, e deixando Baker Street aos cuidados de

um enteado, viera morar em minha casa, onde vivia sozinho. Ela falava pouco, e estava muito

abatida, olheiras arroxeadas sob seus olhos denunciavam suas noites em claro com maus

sonhos, e sempre que só, cochixava consigo mesma “Oh meu garoto, meu Sherlock...”.

Eu morava em um pequeno

apartamento muito distante de minha

antiga residência. Jamais tive coragem

sequer de entrar no 221B, visita-lo

novamente, pegar minhas coisas de volta

ou retomar minha vida como se nada

tivesse acontecido. Não, era impossível.

Tinha a sensação de que num surto raivoso,

quebraria tudo e por fim acabaria me

ferindo. O sentimento de ódio quando combinado à tristeza, tinha proporções desastrosas.

Portanto, aquele apartamento continuara intocado. Só soube mais tarde que Mycroft como

última homenagem ao irmão (e talvez como ato de redenção pela própria covardia e erro que

cometera) mandara que empregados mantivessem o local limpo como se houvessem

habitantes ali. Tudo estava sendo preservado, mas nada tinha graça.

Após mudar-me, recebi um convite para voltar trabalhar em um hospital ali próximo

onde antigamente eu já trabalhara, sendo que adiei a resposta por dois meses, até que me vi

quase a beira da falência com meu “salário militar mal pago”, e acabei por voltar a praticar a

medicina.

-Obrigado, Sra. Hudson... –falei inconsciente do que ela havia dito. –Vou me arrumar.

Tenho consulta para hoje, pela manhã...

Levantei-me e fui até meu quarto. Vesti meu casaco, e peguei minha antiga bengala. A

dor na perna retornara há um tempo, e desde então eu voltara a usar minha velha

companheira. Peguei meu celular, ainda com esperanças de achar um milagroso SMS assinado

-SH, mas ali nada havia. Guardei-o no bolso interno do casaco e dirigi-me ao pequeno hall.

-ORA, MAS QUE DIAB....

-John?? John, o que está acontecendo? JOHN? – gritou Sra. Hudson.

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Na porta de meu hall de entrada havia, embolada a um monte de cobertores, uma

criança completamente ensanguentada. Inconsciente.

-Meu Deus, John! O que é isso?

-Eu que lhe pergunto! Ajude-me aqui, ela está muito ferida.

Tomei a criança nos braços e levei-a ao sofá. Após coloca-la deitada, de imediato tomei

seu pulso, que bombeava freneticamente. Provavelmente desmaiara de exaustão. Havia vários

cortes em seu rosto, no peito um rasgo que chegava até três dedos acima do umbigo. E seu

ombro esquerdo tinha o que parecia ser uma ferida causada por um tiro.

Apavorado, tentei reanima-la, mas de nada adiantou. Tomei-a no colo novamente

então, e decidido, sai pela rua em plena correria para levá-la ao hospital onde poderia tratar os

ferimentos com mais agilidade e eficácia. Esqueci-me até mesmo de Sra. Hudson que acabara

ficando para trás.

-Dr. Watson? Mas o que está acontecendo?

Ao entrar pela grande porta de vidro, deparei-me com Sara, a enfermeira que estava sempre

ali na recepção, trabalhando junto com Nicolas, um jovem que estava em seus primeiros anos

de medicina. Nick de imediato veio me ajudar, mas Sara ainda postava-se chocada me

observando. Colocamos a criança em uma maca emergencial e levei-a à sala de cirurgia.

-O que vejo no ombro é um tiro, Dr. Watson? – perguntou Nick, arregalando os olhos.

–Um tiro no ombro de uma criança?

-Veremos isso agora, Nicolas. Ajude-me, limpe os ferimentos enquanto cuido do

ombro.

Para limpar os ferimentos, retirei-lhe os farrapos que vestia, e descobri que se tratava

de uma jovem garota, e não uma criança. O fato de estar vestida com trajes extremamente

largos para o seu tamanho, deu-me a ilusão de que se tratava de uma criança. Aquela pequena

moça deveria ter seus 15 anos mantendo a aparência de uma jovenzinha de 13.

Assim que lhe retirei a jaqueta, que mais parecia um enorme sobretudo azul escuro,

encontrei o que já fora um belo colete verde esmeralda, que agora estava em frangalhos. Ao

pegar o colete tive uma súbita lembrança, mas de imediato apaguei-a.

Impossível!

Quarenta minutos foram necessários para que a criança fosse devidamente cuidada, a

começar pela grande quantidade de sangue que perdera, e pelo, realmente era, tiro que

tomara no ombro, e os fragmentos da bala que eu retirara delicadamente. Após os cuidados,

levei-a para um quarto onde não havia paciente algum, e deixando-a ali, tomando um pouco

de soro, fui respirar lá fora.

Mas o que raios estava acontecendo?!

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CAPÍTULO 2ra incrível a capacidade que meu pai tinha de fazer barulho quando todos da casa ainda

estavam dormindo. Era realmente fantástico, e odiável.ERevirando-me nos cobertores, tentei cobrir os olvidos com o espesso travesseiro, mas de nada

adiantou. O maldito som rock’n roll vinha a toda altura de algum cômodo vizinho, e para

ajudar, algumas de suas ferramentas de barulho “sútil” do tipo que enfurecem o Hulk só de

existir, estavam ligadas funcionando a todo vapor. SÃO SETE HORAS DA MANHÃ, POXA!

Nervoso, levantei-me e ainda grogue de sono, tropecei em um robô que semanas atrás eu

havia começado a trabalhar.

-Ai! Droga... Jarvis... Jarvis! JARVIS! –gritei.

-Bom dia senhor! Os sensores sonoros de seu aposento estão sendo afetados pelo som

que vem do restante da casa. Deseja ativar a proteção sonora?

Dei um tapa na cabeça. Claro, eu tinha de esquecer desse belo dispositivo que trás a

felicidade silenciosa. Mais nervoso do que antes, saí dando pontapés por toda peça que havia

esparramada pelo quarto, até que alcancei meu cabide a apanhei o belo roupão azul-marinho

que eu ganhara de minha mãe no natal passado. Já que estava acordado mesmo, iria ver o que

estava acontecendo. Vesti-me e abri a porta, saindo em direção ao barulho que atormentava a

todos.

Encontrei meu pai em sua oficina, onde estava sentado, quieto, em sua grande mesa.

Hologramas de gráficos e armaduras estavam esparramados para todo lado, além do que no

meio da oficina havia um dos antigos reatores arc que ele construíra. Mas o que me chamou

mais a atenção foi um vídeo que ele, sem perceber minha presença, abriu para assistir.

“Mais uma vez lhe aviso, Sr. Stark. – disse um homem de terno preto que aparecera no vídeo.

Ele tinha um guarda-chuva nas mãos e estava sentado em uma poltrona, com as pernas

cruzadas. Sua elegância porém, não lhe permitia mostrar seu rosto, o qual ficara escondido,

cortado no vídeo. -A proposta está em um alto valor e estamos abrindo mão mais do que o

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necessário para obter o produto. A oferta foi lançada, e cabe ao senhor ser inteligente o

bastante para aceita-la. Meu chefe não gosta de esperar. Se não obtermos por proposta,

obteremos por...

Clic.

-Uma invasão... Já ouviu falar em privacidade, transeunte? Aquela coisa de “sai de

perto de mim”...

-Não. Porta aberta. O que é o...

-Nada que eu deva te falar... O cabelo garoto, parece ter enfiado a cabeça num túnel

de ar. Pepper! Pepper, quero um DNA, sério.

-Tony, está atrasado. Duas horas Tony! Duas horas! Você devia estar dando uma

palestra em Cambridge agora. E daqui a vinte e três minutos terá de voltar a Industrias Stark

para a reunião geral... E eu já mencionei da filial em Madrid? Porque se não, digo agora: Há um

avião te esperando lá fora! Não consegue se agendar, sr. Stark?

-Não. Jarvis faz isso. – disse ele.

-Bom dia, filho. Arrume seu cabelo. Tem escola hoje e aconselho não faltar. Tony! Você

não vai desmontar isso! JARVIS! Desligue a energia da oficina agora!

E então o silêncio apareceu. A sala escura, o cômodo quieto e um homem indignado.

-Fascinante como você, Jarvis, é manipulável. Não vejo graça em criar uma inteligência

artificial se ela obedece à outra pessoa. Seu inútil...

Você vai para a doação... Lata de lixo imprestável...

-Senhor, o carro está pronto. Aconselho vestir

um paletó, agora fazem 18ºC e creio...

-Silêncio. Cale-se... Nisso que dá colocar

coleirinha de homem compromissado. Pepper, você é

uma má influência. Jarvis costumava ser menos

insuportável... Seguinte: quero passar no mc’Donalds

antes. Um hambúrguer. Quero um hambúrguer.

Jarvis continuou recitando o restante dos

compromissos do grande Anthony Stark, enquanto

sua fiel escudeira corria para lá e para cá tirando da

frente do grande gênio qualquer coisa que lhe tirasse

do caminho de suas obrigações. E eu? Bom, eu

continuei no mesmo lugar, somente observando

minha família se distanciar. Eu até poderia dizer que

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me esqueceram aqui, mas seria muito dramatismo, e já há vários “esqueceram de mim” na

prateleira de DVD’s

Respirando fundo, fui até a cozinha. Ali preparei um pouco de chá e algumas torradas.

Tomei meu café-da-manhã o mais vagarosamente possível e após o término voltei a meu

quarto, onde vesti uma camisa preta e um jeans.

Minha mochila estava em cima da minha mesa de desenhos, repleta de papéis de

todos os gêneros.

Antes de sair, voltei até a oficina para pegar um fone sem fio que eu vivia perdendo, e

quando ali cheguei notei algo diferente: o reator que eu vira mais cedo desaparecera, e a um

canto dali, havia um enorme cilindro de ferro tampado e que parecia ferver.

-Jarvis? O que é aquele cilindro? – perguntei.

-Em tese, senhor, é uma fogueira. Um forno de superpotência. Precisamente um

incinerador.

-E o que está queimando?

-Creio que isto quem pode responder somente, é seu pai.

Desistindo de obter mais alguma resposta, dei mais uma observada no aparelho e sai

da oficina. Lá fora o motorista me esperava: lá vamos nós para mais um dia monótono de

colégio...

CAPÍTULO 03 dor era insuportável, e eu não conseguia nem mesmo me mover. Meu pai me pegara

em seus braços e desesperado corria pelas ruas de Londres atrás de ajuda.AA um certo ponto, paramos e ele me embrulhou em um cobertor, cobrindo meu rosto, não

antes de beijar-me a testa.

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-Estará segura com ele. Mas jure, por sua vida Karolina, que jamais dirá seu

sobrenome! Mantenha segredo. É tudo que lhe peço. E assim que me for conveniente, virei

busca-la.

Dizendo isso, deu-me mais um abraço, e deixou-me em algum lugar.

A dor era tamanha que nem o grito me escapava da garganta, e mover um músculo estava fora

de cogitação. Eu queria meu pai... Ele devia estar comigo. Porque me abandonara?

Com o pouco de forças que me restara, eu tentei pensar com clareza. Lembrar os últimos fatos

e o que me levara estar ali.

Pela mente me passava o tempo todo uma imagem de algo brilhante. Algo que passara

rapidamente na minha frente, brilhando, e uma risada gélida o acompanhava. Após isso, dor.

Muita dor.

Fui desperta de meus pensamentos pelo barulho do tranco da porta, e pelo

aparecimento de um alto vulto, que assustado e esbravejando, avistou-me e em questão de

segundos tomou-me em seus braços. Nesse instante desmaiei.

CAPÍTULO 04epois de tomar um ar pelo saguão do hospital, decidi voltar até o quarto onde a

estranha criança jazia em sono inquieto. Vários pensamentos me ocorriam

enquanto eu fazia o trajeto em direção aos aposentos, e um deles era o que mais

me alfinetava. Tanto que, assim que o mesmo chegava, eu logo o espantava. Era um

sentimento que se confirmado, seria por triplo mais triste.

DMary, minha amada Mary... Sherlock... E aquela criança... Será?

-Acalme-se Watson. Foco! – disse a mim mesmo em voz alta.

Entrei novamente para o saguão, onde mais dois enfermeiros que haviam acabado de

entrar em serviço conversavam sobre o periódico novo que chegara. Sem paciência para

participar da conversa, passei por ambos e fui em direção ao quarto da criança ferida.

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Ao chegar lá, avistei-a do mesmo modo que eu a deixara, sendo que ela não se movera

nem mesmo um centímetro sequer. Havia uma poltrona ao lado do leito, que rapidamente

arrumei para me sentar.

Quando o relógio bateu meio dia, com certa relutância, deixei a poltrona no qual eu

ficara a maior parte da manhã, só deixando-a para atender alguns pacientes que iam chegando

à recepção.

Fui para meu apartamento às pressas onde encontrei uma Senhora Hudson

extremamente preocupada.

-John! Ora, John... Diga-me, como está aquela criança?? Parecia tão debilitada e ferida!

– disse ela, segurando-me pelas golas de meu casaco.

-Acalme-se Sra. Hudson, ela está se recuperando, e já lhe tratei os ferimentos

devidamente.

-Então trata-se de uma menina?

-Pelo visto, sim.

-Tem noção de quem seja?

-Nem um pouco.

Sem mais dizer, escapei para o silêncio de meu quarto. Ali havia algo que eu queria

encontrar, e consultar. Fui até minha escrivaninha atulhada de papéis e cadernos onde eu

anotava diariamente, nos antigos tempos, as aventuras e proezas de meu grande amigo, mas

que agora só estavam ali por pura nostalgia.

Encontrei o que procurava sob um caderno azul com anotações sobre o dia em que

Sherlock havia me conhecido por intermédio de Mike Stanford. Novamente um nó me veio à

garganta.

Eu estava procurando um pequenino cartão com uma paisagem verde, e um carimbo

norueguês. Não havia endereço senão o país em letras pequenas e datilografadas abaixo da

imagem, e também sem um remetente. Era só o cartão. Mais nada.

Eu o recebera pouco tempo depois da morte de Sherlock, e ficara realmente curioso

sobre o incidente. Porém, com as preocupações da mudança do 221B, e as instalações do novo

apartamento, acabei me esquecendo.

Sentei em minha poltrona, ao lado de minha cama, e observei atentamente o cartão.

Aquilo poderia ter tantas explicações! Se ao menos eu tivesse o senso de dedução assim como

meu velho amigo. Minutos se passaram e de nada consegui extrair daquela pequena

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paisagem. Coloquei-a em meu bolso, e desci a escada rumo a uma Sra. Hudson ainda

extremamente preocupada e curiosa.

-Darei notícias assim que possível. –A interrompi antes que começasse seu discurso de

“cuidados e precauções”.

Ao chegar no hospital, fui diretamente para o quarto da jovem moça. Ela ainda estava

imóvel e da mesma forma que eu a deixara. Isso já estava me preocupando...

Ao lado o leito havia um cabide com os antigos trajes com a qual eu a pegara. O colete

verde ainda estava ali.

-Pois então... Acorde pequena moça, e diga-me quem é.... – disse baixinho, quase

implorando.

Ela não respondeu, nem se moveu.

E assim permaneceu por quatro dias seguidos, até que enfim, quando eu chegara do

almoço para trabalhar, Nicolas correu até mim.

-Dr. Watson! Dr. Watson! – ele estava ofegante, e em seus braços carregava uma

prancheta de anotações. –A Garota despertou. Ela está acordada... Um pouco atordoada, mas

já consegue me entender.

Com um sobressalto, apressei o passo, quase chegando a correr. Nicolas vinha junto a

mim.

-Mas, senhor... Ela não fala.

Parei atônito.

-Como?

-Eu estava fazendo o relatório do dia, e quando estava saindo, ouvi-a ofegar. Ela tinha

acordado, e começou a se mexer um pouco incomodada... Fui lhe ajudar, e perguntei como se

sentia... Como se chamava. Ela não me responde.

Um tanto frustrado retomei meu caminho. Nicolas ainda me seguia.

-Tomo conta daqui para frente. Obrigado pelo aviso, Nicolas.

-Acha que ela não fala mesmo, Dr. Watson?

-Acho que ela está hesitante...

Ao chegar à porta em que ela estava em repouso, parei e tomei à mão a maçaneta.

Nicolas saiu, e deu-me privacidade. Com certeza ele sabia que eu tentaria de tudo fazer a

garota dizer algo sobre si, e não queria incomodar.

Abri a porta e entrei no aposento determinado. Assim como Nicolas disse, a jovenzinha

estava com seus vivazes olhos azuis completamente abertos, e absortos em pensamentos.

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CAPÍTULO 05inha escola era uma droga. Colocaram-me lá porque através de uma avaliação,

provei que não necessitava fazer o ensino médio e consegui ainda, entrar para a

faculdade mais cedo. Estudei Física por três meses e saí. Então meu pai entrou

em ação: abriu uma “Academia de Físicos Juniors” num anexo das Industrias Stark. Então

passei a estudar de tudo um pouco.

MMas isso já faz um ano, e hoje, por vezes, até acompanho meu pai em alguns projetos

oficiais da empresa. Ajudo a desenvolver e participo da construção, porém o que sempre quis

estudar e poder fabricar sempre foi a armadura.

Nem precisava ser uma das Marks originais do

‘grande Stark’, só bastava me emprestar o projeto por umas

horinhas e eu já teria uma boa noção de por onde começar.

Mas é claro que aquele carinha de barba esquisita nunca me

deixou chegar perto dos projetos. Na realidade, ele certa vez

deu-me o do reator arc. Disse que quando eu conseguisse

construí-lo sem ajuda alguma, poderia estudar junto a ele,

as equações da armadura que eu quisesse.

Nunca pensei, ou sequer imaginei que Anthony Stark

era um cara responsável, mas pelo que parecia, ele era. Só

faltava ‘sair do armário’ e demostrar isso. O pior é que ele tinha razão, a armadura é mais que

uma “prótese altamente desenvolvida” (sempre que eu pronunciava isso, caía em

gargalhadas), é a chave da humanidade para a proteção e para a justiça. Ela não poderia

JAMAIS cair nas mãos do governo. Seria o fim do mundo.

Portanto, desde que meu pai me entregara o projeto do Reator Arc, eu o estudara com

afinco. E já havia material suficiente para construí-lo, sendo que eu até mesmo já começara a

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construí-lo, faltava somente algumas finalizações do qual eu ainda não compreendera

facilmente. Em tese, para termina-lo, faltava somente uma coisa: ânimo.

E isso, desde que mudamos para Londres, onde meu pai começara um novo projeto,

era o que mais me faltava. Londres era bacana por alguns motivos, mas mudar de cidade e ser

atacado por fãs do grande Homem de Ferro, e ser chamado de filho prodígio do grande gênio

já era demais. Eu sentia falta de Malibu.

-Caique?! Pode prestar atenção na aula? Já quase a finalizamos e não o vejo participar.

– disse o professor Eddard em meio à aula.

Preferi nem mesmo responder, permaneci em silêncio e aguardei o final da aula,

quando eu poderia enfim voltar para casa e terminar o reator.

Havia uma enorme papelada na minha mesa, quando enfim entrei no meu quarto.

Equações inacabadas, desenhos geométricos... e nada de reator. Meu armário, quando o abri,

teve uma avalanche de apetrechos. Decidi ir procurar na oficina, mas J.A.R.V.I.S recebera

ordens para mantê-la trancada e somente acessível a meu pai. Um tanto irritado, dei um chute

mais do que forte na parede de vidro da maldita oficina. E nesse mesmo instante, ouvi um

barulho. Alguém descia a escada.

-Pai, na boa, não necessita usar o J.A.R.V.I.S como babá eletrônica... Francamente, eu

jur....

BAAAAMMM. CRÁS. CRÁS. CRÁS. CRÁS.

Num momento instantâneo todas os vidros de parede quebraram com o maior

estardalhaço, fazendo voar estilhaços para todo lado. Em reação de defesa, levei meus braços

ao rosto e me abaixei.

Mais um tiro explodiu. Dessa vez, pulei em cambalhota e tentei me esconder em baixo

de uma mesa de metal. Ali, senti meu braço pegajoso e cheio de

sangue.

-Saia daí, homem sardinha. – ouvi meu pai dizer.

-Não brinque com a vida, meu caro Anthony.

CRÁS.

Mais vidros.

Arrisquei-me a olhar, mas no mesmo instante outro

barulho ensurdecedor, mas dessa vez de concreto sendo

quebrado. Meu pai levara o invasor para uma luta lá fora,

saindo pelo telhado e fazendo despencar um bocado de

pedaços de parede.

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Quase que estuporado, tentei me levantar e raciocinar. O que raios tinha acontecido?

E... Homem sardinha? Como assim Homem sardinha?

Corri então para fora da casa, mas antes de chegar ao salão, o Homem de ferro já

estava de volta.

-MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDOO? QUE RAIOS DE BRIGA FOI ESSA? – falei em

choque.

-Eu queria mesmo trocar os vidros da oficina.... Jarvis, reprograme o sistema de

segurança interno da casa, porque, se não percebeu, tive uma visita indesejada. – E então ele

parou e estacou de olhos arregalados. – O reator, garoto. ONDE está o projeto do reator?

-Eu tinha descido exatamente para procurá-lo. Você o pegou?

Não obtive resposta. A armadura voltou a perfurar o teto derrubando mais outro

bocado de terra.

-Jarvis!

-Sei de nada, senhor.

Nervoso ao extremo, chutei o maldito sofá que na minha frente estava e fui para meu

quarto pegar minha carteira. Eu iria ao hospital que havia ali perto para fazer alguns curativos.

Se a madame Pepper Potts visse o estado do meu braço, acho que ela desmaiaria.

Após pegar minha carteira, enfiá-la em minha mochila junto com o que eu havia

começado a montar o reator arc, e meu casaco, saí e tentando ao máximo esconder o braço

ensanguentado na blusa, fui em direção ao hospital.

Os olhos. Por Deus, os olhos!

Azuis ao extremo. Perspicazes e profundos. Eu só podia estar ficando louco.

Aproximei-me do leito da pequena jovem e sentei-me a seu lado. Ela olhara fixamente

para algum ponto à sua frente, absorta em pensamentos. Esperei-a falar.

-Onde estou?

-Está no Hospital St. Bartholomew, em Londres. Sente-se bem?

Silêncio.

-Pode me dizer seu nome?

-Karolina.

-Lembra-se de algo, Karolina? O motivo de estar aqui?

-Não me lembro de nada. Mas, preciso ir embora.

-Creio que poderá ir quando estiver completamente sã. Mas, pode me dizer para onde

irá?

Page 14: Sherlock

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-Vejo isso quando for.

E voltou seu olhar para algum lugar vago.

Assumindo minha postura de médico, levantei-me e comecei a examinar os

ferimentos. Estavam ótimos e necessitavam de somente mais alguns poucos cuidados que ela

ficaria nova em folha.

-Eu lhe disse meu nome, mas não me disse o seu... – ela disse repentinamente.

Com um sobressalto, olhei-a curioso.

-Me chamo John... Dr. John Watson.

Ela então me olhou nos olhos e analisou-me cuidadosamente.

-Quero ir embora, John. Por favor, não gosto de hospitais... Quero ir embora!

-Mas para onde irá, jovem? Não quer me dizer... Não posso deixa-la sair assim às

cegas.

-Não tenho para onde ir. Esta é a realidade.

Sentei-me e abaixei a cabeça. Eu já esperava tal resposta.

-Pode ficar comigo se quiser, até que se ache algum parente...

Eu não sabia por que dissera aquilo, mas me sentira na obrigação de falar. E eu queria

tê-la sob minha tutela... Sentia que devia protegê-la.

-Obrigado, John... Agora, pode, por favor, deixar que eu saia daqui? Agulhas... Não

gosto delas...

Um pouco contrariado, mas convencido de que em casa eu iria trata-la como se ainda

estivesse no hospital, tirei a agulha de soro de seu braço, e entreguei-lhe uma muda de roupa

que eu pegara para ela. Entreguei-lhe também seu longo casaco e seu colete verde. Após isso,

dei-lhe privacidade para trocar, e sai do quarto, avisando-a que estaria em minha sala

esperando.

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CAPÍTULO 06 Hospital ficava a poucas quadras de minha casa, então levei cerca de dez minutos até

poder avistá-lo.ONão havia muita gente por ali. A saber, a maioria era atendida rapidamente e levada para o

setor do qual receberia tratamento. Ao entrar vi somente cinco pessoas sentadas esperando

por atendimento, sendo que uma delas já se dirigia ao balcão.

Esperei pacientemente pela minha vez, sem notar que eu estava extremamente sujo

de terra, e também de sangue. A blusa não cumprira seu propósito.

Para aliviar a aparência, fui até o banheiro e dei uma limpada no que deu para salvar.

Minha blusa, sem dúvidas iria para o lixo depois que eu chegasse em casa. Ao sair do banheiro,

já fui rapidamente atendido e levado para a enfermaria onde me fizeram curativos rápidos.

Eu já estava indo embora quando uma sucessão de acontecimentos deixou-me

atônito. Eu andava de cabeça baixa arrumando meus documentos em minha carteira, quando,

virando um corredor, um enfermeiro vinha a toda velocidade empurrando uma maca com um

homem acidentado e iria me atingir em cheio caso uma garota não tivesse me puxado pelo

braço e me empurrado para a parede onde o enfermeiro passou quase raspando.

-Seria muita ironia você ser atropelado por uma maca num hospital... – falou a moça.

-Wow... Obrigado... aahh....

-Você... Céus... Você é um Stark!

-Sim sim, meu nome é Ca.. Ei! Como você sabe?!

A moça sorriu com desdém e olhou-me com uma das sobrancelhas erguidas.

-Você tem a barba crescendo no mesmo formato da do seu pai, a cor dos olhos segue

os da sua mãe, já o cabelo retoma o Stark. Você tem pequenas queimaduras na ponta dos

dedos o que me sugere que mexe muito com ferro de solda, e no mesmo lugar nota-se tinta

gasta azul, de papel propício a projetos. Usa roupas de marca, é rico. E no bolso lateral da sua

calça pende um papel com o início da logomarca das Industrias Stark, e se muito me engano é

um bilhete para camarote VIP da Stark Expo. Algo mais?

Ela puxou-me pelo braço para uma sala que estava com a porta aberta, depois fechou-

a e fitou-me séria.

-Se lhe for conveniente, feche a boca. – disse-me agora erguendo as duas sobrancelhas

e com uma expressão zombeteira.

Só agora eu havia notado. Pisquei umas três vezes forte e depois voltei minha atenção

à excêntrica garota na minha frente.

Page 16: Sherlock

16

-E eu por acaso posso saber seu nome, senhorita sabe-tudo?

-Karol. Agora, temos de conversar. Você, garoto, corre perigo. Não só você, mas sua

família inteira! Temos que agir. E rápido!

-Mas do que está falando? Está tudo bem, não tem ninguém correndo pe... – e então

me lembrei do incidente de minutos anteriores. Alguém invadindo minha casa. O homem de

ferro sendo atacado.

Meu celular tocou. Levei um tremendo susto. Karol olhou-me de olhos arregalados e

sinalizou frenética para que eu o atendesse rapidamente.

-Alô?

-FILHO, FUJA! RÁPIDO!

CABUUUUM.

Nova explosão. Parte do primeiro andar do prédio havia explodido. E havia um barulho

de curto circuito de alta voltagem.

Karol olhava para todo lado e estudava o que fazer. Eu estava sem ação. Havia uma

nuvem de poeira no ar e estava difícil de se enxergar.

-Segure minha mão. –ela disse.

A obedeci e fui puxado novamente em direção ao

corredor. Corremos para a saída de emergência do

Hospital, e na última ‘esquina’ de corredores,

derrapamos por uns três metros quando demos de cara

com um homem carregando nos braços um chicote de

pura energia elétrica. Por um segundo ele nos fitou, e

de imediato atacou com o chicote energizado.

O golpe me separou de Karol que se jogara para o lado

oposto ao meu. Houve uma nova explosão quando o

chicote tocou o chão. Um buraco no formato do

dispositivo se abriu ali.

De relance vi Karol em agonia. Seu braço estava ferido.

Eu estava sentado em minha mesa, e esperava ansiosamente que a jovem Karolina

viesse a meu encontro, para que eu pudesse leva-la até em casa onde poderia extrair dela

algumas respostas. A Sra. Hudson adoraria mais uma presença feminina na casa, ainda mais

jovem.

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17

Levantei-me e retirei meu jaleco branco, e no mesmo instante que o pendurei no

cabide, uma explosão me jogou contra minha mesa. Atordoado e com um filete de sangue

escorrendo da testa, tentei me levantar. Parte da parede da frente de minha sala havia sido

destruída.

Um homem equipado com uma estranha arma elétrica passou no corredor. Escondi-

me por trás da mesa e o observei em silêncio.

Eu estava apavorado. O que estava acontecendo?

De repente a ficha caiu. Eu tinha me esquecido. KAROL!

Levantei-me rapidamente e com o maior possível de silencio sai de minha sala e tentei

seguir o estranho criminoso.

Ele havia destruído grande parte da ala B do hospital, que por sorte, não havia quase

ninguém além de Nicolas, eu e Karolina, e alguns pacientes no quartos que ficavam no

segundo andar, mas que por sorte não foi tão afetado.

O homem agora andava em direção ao corredor onde estava o leito de Karol e comecei

a temer o que futuramente iria acontecer. Ao fim do corredor avistamos Karol e um jovem

moço. O homem do chicote ergueu um dos seus braços e desferiu um golpe, que por sorte,

acertou exatamente o meio aberto entre os dois jovens. De tamanho pavor, não consegui

emitir som algum com meu grito mudo.

Karol parecia ter notado minha presença e fez exatamente o que eu não queria que

fizesse: atraiu a atenção do homem para ela, a fim de proteger os presentes. O jovem rapaz a

seu lado, levantou-se e tomando pose de heroi, retirou do bolso um apetrecho que parecia

uma caneta, mas que após um clique abriu-se e tornou-se, pelo visto, uma arma de choque.

O homem voltou a erguer o braço e Karol aproveitou o momento para passar para o

lado, enquanto o outro rapaz tornava-se a mira, ela aproximou-se no homem e acertou-lhe o

ombro com um soco, e a perna com um chute. O homem vacilou, mas não caiu. Acertou a

chicotada bem ao lado do jovem rapaz e deixou-o com uma queimadura na perna. Então foi a

minha vez de ajudar: pulei de meu esconderijo e com toda força que reuni deu outro soco no

psicopata de chicote. Acertei-lhe as costas e ele dessa vez caiu. Isso foi um erro.

-JOHN, NÃO! – gritou Karol.

Mas fora tarde demais. O homem me avistou, e mesmo de joelhos, atacou-me na

horizontal com o chicote. O mesmo enrolou-se na minha perna, e no mesmo instante, pelo

forte choque, desmaiei.

Minha última visão fora a de Karol sendo puxada pelo jovem rapaz para a saída de

emergência.

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18

CAPÍTULO 07u estava realmente em fúria. Minha vontade era de me soltar de Caique e dar-lhe uma

pancada extremamente forte.EJohn estava em perigo e eu deixara-o só.

-ME SOLTE! PRECISO VOLTAR. JOHN ESTÁ LÁ! – gritei.

-Não vou soltá-la. E nem vai voltar... Ou por acaso não viu que aquele louco tinha um

chicote energizado? Trata-se de um Wiplash... Mas, eu jurava que Ivan estava morto.

-Seu idiota, aquele é

Joffrey. E sim, ele é o novo Chicote

Negro. E ele só o é por causa

dessa maldita tecnologia que seu

pai criou.

Caique soltou-me com

desdém. No ato, acabei caindo e

ferindo ainda mais os cotovelos.

Ele, em fúria, saiu andando, e deixou-me para trás.

-Garoto, se liga, vai cometer o suicídio. Não adianta dar uma de vingador e tentar

derrota-lo só. Como eu disse, você e sua família correm perigo.

Ele então parou e virou-se mostrando uma expressão de raiva agourenta.

-Como você sabe disso? E por coincidência parece que no instante em que te conheci,

corri risco de vida duas vezes seguidas... Quem é você?

-Eu sou Karol Holmes.

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19

CAPÍTULO 08Parei de chofre. Eu já ouvira aquele nome. Holmes.

Meu pai já o mencionara certa vez, quando Rhodes roubara uma das armaduras e levara para

o Exército. Uma armadura entregue para o Estado não ia prestar. Então meu pai contratou um

homem que se denominava Detetive Consultor, para vigiar de perto o que estava acontecendo

com a Mark Patriota. Era Sherlock Holmes. Ele descobriu que um dos empresários que

trabalhava nos armamentos da armadura, Justin Hammer, havia roubado fotos e esquemas da

armadura, e junto com endereço, destino e horário de entrega, avisou ao meu pai onde

encontra-lo.

Eu vira Sherlock Holmes somente duas vezes: o dia que ele chegara correndo em casa

para avisar meu pai sobre Hammer, e o dia de seu enterro, onde vi sua foto no túmulo

fechado.

Passei a fitar Karol com um certo nó na garganta, e extremamente arrependido.

-Eu... eu sinto muito... – disse.

-Foco no temos de fazer, Caique. Tem de ser rápido! O projeto do reator foi roubado.

Disso tenho certeza. E se o foi, não vai demorar muito para que surja milhares de homens de

ferro que vão acabar com o mundo.

-Mas o que faremos?

-Seu pai. Deve avisá-lo. Posso ajudar a encontrar os projetos se me mostrarem o

último lugar onde ele esteve em sua casa.

-Então vamos para lá agora.

Ela não se moveu.

-John... Meu tio.

-Ele está bem. Está vivo. Foi somente um choque... ah, de alta voltagem, mas ele vai

ficar bem. Aposto como Wiplash está vindo atrás de nós. O tempo urge.

Ainda um pouco contrariada, ela se moveu. Veio junto a mim.

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20

Parei um táxi e, de forma mais rápida, voltamos para casa.

Ao chegar lá me espantei. A estrada de casa estava atulhada de viaturas e vãs da

imprensa. De repente senti medo.

Quando eu ia descendo do carro, Karol novamente segurou minha mão, e tirando

alguma poeira de nossas roupas, sujou-me o rosto e deu-me seu colete e sobretudo.

-Vista-o. Vamos entrar pelos fundos. Tudo o que não quero é uma muralha de

repórteres e câmeras nos fotografando. – ela disse.

-Como você sabe que tem uma por...

-Depois explico.

Entrelacei minhas mãos nas dela e saímos como um casal normal pela rua. Dois

jornalistas passaram por nós, mas eu estava tão sujo que nem se deram o trabalho de reparar

que acabavam de passar ao lado de Caique Stark.

Ao virar a esquina, pulamos um alto muro e desativando o alarme por comando de

voz, entramos pela porta dos fundos que saía num grande salão de festas. Atravessei a sala

correndo e encontrei minha mãe em prantos sentada no sofá junto a Happy e Natasha. Nick

Fury estava a um canto falando furiosamente ao telefone, até mesmo o Dr. Bruce Banner

estava sentado a um lado respirando fundo.

Corri até minha mãe, e peguei suas mãos.

-O que aconteceu?

-Seu pai foi feito refém. – ela conseguiu dizer. Depois caiu em prantos.

Bruce veio até mim, e colocando sua mão em meus ombros puxou-me para um lado da

sala. Em meio ao caminho, peguei a mão de Karol e puxei-a junto.

-Caique, não sei como e nem o porquê, mas há um novo Wiplash, e há alguns minutos

atrás ele entrou em luta com seu pai. Tony é extremamente seguro de si, e não prestou

atenção que estava em uma cilada. Haviam mais envolvidos. Não tive tempo de ajuda-lo,

Caique. Wiplash e os outros estão a mando de Galactus... Thanos pode estar envolvido. Nick

está tentando se comunicar com Thor, para verificar o paradeiro de Loki, mas ao que se sabe,

Galactus é o mandante. Os Vingadores estão a caminho. Vamos lutar.

-Claro que vão. – foi somente o que fui capaz de dizer.

Karol apertou minha mão e puxou-me para longe de Banner. Levou-me para a

antessala e ali olhou-me nos olhos.

-Seu pai vai estar morto antes de eles chegarem lá. Você tem que ir. –ela disse.

-E como vou? Com um guarda-chuva de espada e uma bicicleta de automóvel?

-Com a armadura, Caique.

-A armadura não funciona sem o reator.

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21

-Por isso mesmo, vamos montar um agora.

Sem aguentar, sorri com desdém.

-E você acha mesmo que vai dar tempo? Está louca?

-É você que eles querem, Caique. O filho prodígio do grande gênio. Vamos para a

oficina, preciso te contar uma coisa.

CAPÍTULO 09 choque praticamente me

desestabilizara e deixara-me

inconsciente por alguns segundos.

Quando enfim acordei ao som de uma

alta pancada de ferro, vislumbrei o que parecia ser uma

luta mortal. De um lado o conhecido Homem de ferro

que recentemente chegara à Londres causando grande

tumulto, e de outro uma equipe de, pareciam ser, vilões.

Eram três enormes homens de músculos

monstruosos, dois outros que sabiam voar e um que

lutava furiosamente com Tony Stark. Além do

homem de chicote que ficara para trás se recuperando.

O

Pensei em ajuda-lo, mas minha presença iria mais atrapalhar do que ajudar.

Em um certo momento, Tony foi acertado violentamente na cabeça. Tão forte que o

próprio elmo lhe saiu da armadura. Não me aguentando, gritei. Fora um ato falho, pois acabei

por denunciar minha presença, e eles não a deixaram passar. O Homem de Ferro agora estava

inconsciente. Centenas de pessoas agora se aproximavam, incluindo viaturas e imprensa.

O homem do chicote olhou-me e sorrindo maldosamente, novamente me atacou.

Tudo ficou escuro.

Page 22: Sherlock

22

CAPÍTULO 10evei Karol para a oficina às pressas, onde reinava o silêncio. Eu me sentia curioso para o

que ela estava por me falar. Uma curiosidade ao mesmo tempo receosa.LAo chegar lá, avistei a bagunça que mais cedo nosso invasor deixara.

-Jarvis, as luzes por favor. Inicie os computadores, quero acesso à conta pessoal de meu pai.

-Senhor, não tenho permissão para...

-Jarvis, é um ordem.

Os computadores se ligaram, e a típica mensagem em holograma de “Bem-Vindo Sr.

Stark” apareceu no meio da oficina. Karol então começou a andar de um lado para o outro.

Respirou fundo e começou a falar.

-Não tenho plena certeza de que Galactus está no comando disso, Caique, mas

devemos suspeitar de tudo. Seu pai foi capturado por Wiplash sim, isso é certeza, e o motivo

também é óbvio: O reator. Há tempos um grupo chamado “Illuminus” fundou-se entre os

piores capangas da Marvel do mundo, em contraposição aos Iluminati onde seu pai era filiado.

Queriam tomar para si o maior poder possível. Mas houve alguma coisa que os interroperam.

Algo os retardou por um tempo, e os fortaleceu. De repente, os Iluminus tiveram um novo

alvo: O reator arc. No inicio, que foi exatamente quando vocês se mudaram para cá, eles só

queriam, e precisavam, tirar o reator do peito de seu pai, mas agora o alvo muda... eles

querem fabricar o reator. E é aí que você aparece. Eles acharam o projeto em sua posse, então

julgam que você consegue montá-lo. Seu pai se recusa plenamente, e creio que só o pegaram

para fazer uma certa pressão psicológica. Precisamos montar o reator, Caique. O mais rápido o

possível!

-Tenho metade dele construído, mas falta o restante! Como vou terminar sem o

projeto?

-Aqui vai um incentivo: Seu pai vai morrer em horas se você não der um jeito de

termina-lo.

Page 23: Sherlock

23

Com raiva chutei uma cadeira longe. Tirei minha mochila e coloquei-a em cima da

mesa. Ali dentro estava o que eu tinha do reator, peguei-o e o coloquei na mesa também.

-Jarvis escaneie-o e monte um projeção manipulável. Pesquise os arquivos de meu pai

e encontre tudo que tiver relação com o reator arc. Abra-os para mim, o mais rápido possível.

Karol deu-me espaço e sentou-se em outra escrivaninha. Observava-me e estava

pronta caso eu pedisse ajuda.

-Entende algo de Física e Engenharia, Holmes?

-Nem mesmo uma vírgula, Stark.

Sorri.

Jarvis havia terminado a pesquisa. Haviam-se passado vinte minutos desde que eu

chegara em casa. O tempo corria rápido demais. Passei a examinar as pesquisas, e tentava ao

mesmo tempo mexer no reator. Não dava.

-Karol, examine os arquivos e me dite o que achar de esquemas, preciso de

informações sobre tudo o que for possível.

Trabalhamos desse modo por mais alguns minutos, eu usufruindo de toda a ajuda

possível. Até mesmo Banner e Fury desceram para auxílio. O reator tomava forma

rapidamente.

-Está difícil demais para você, prodígio Stark? – Zombou Karol.

-Está até muito fácil. Mas ocorreu um erro... Não sei onde ele se encontra. DROGA.

-Ora, Stark, até mesmo eu já o vi...

BOWW. A projeção manipulável do reator explodiu fazendo um tremendo barulho.

Caíque fazia nele tudo antes de aplicar no verdadeiro.

-Deus do céu, VOCÊ É LOUCO?

O telefone da casa toca. Banner e Fury correram para a sala na curiosidade de ouvir

oque havia acontecido.

-Fale menos, trabalhe mais. ACHEI!

O erro era óbvio e logo o consertei. Faltava somente mais uma parte que com a ajuda

de Karol finalizei rapidamente. Fui para o computador e iniciei a sequencia de energização.

Todas as luzes da oficina piscaram. O reator acendeu.

-Quem será ao telefone?

-Eu. Mandei Jarvis ligar. Receberão uma mensagem falta. Eu só queria tirar Fury e

Banner daqui. Vamos, vou colocar a armadura agora. Prenda o reator nela.

Levantei-me rapidamente e fui até o local marcado no chão onde Jarvis montava em

meu pai a armadura.

-Jarvis, você sabe o que fazer.

Page 24: Sherlock

24

Karol assistiu a montagem da armadura, e em segundos eu estava nela. Em meus olhos

acenderam a tela e Jarvis falou comigo.

-Senhor, a armadura necessita de ajustes, aconselho a remonta-la.

-Não temos tempo Jarvis. Karol, sua vez agora. Onde meu pai esta?

-Antes de ir parar na porta de John, eu e meu pai fomos lá... Fizeram minha mãe refém

Caique. Eles tem ao todo três pessoas. Cada qual com sua finalidade: Stark atrai você, Watson

para mim, e minha mãe para meu pai. Vê as semelhanças? Tecnologia, armamento e incrível

inteligência de dedução. Todos estão em cativeiro, e cabe a nós somente irmos até lá,

praticamente nos entregar. Eles não precisam fazer mais nada. Tenho medo de deixa-lo ir só.

-Diga-me, RÁPIDO! ONDE?

-Na Torre de Londres... O covil dos illuminus.

CAPÍTULO 11Estar na armadura era surreal. Eu podia ver tudo.

Jarvis analisava cada detalhe de onde eu estava, e eu podia me antecipar alguns segundos de

cada movimento do que ali estava.

Karol ainda me olhava temerosa, quase que implorando para que eu não partisse.

-Não se preocupe, eu volto. – minha voz saíra robótica.

Tomei a pose de voo e saí a toda velocidade pelo corredor da oficina. Arregalei os

olhos ao ver a velocidade que aquele equipamento era capaz de atingir em pouco tempo.

-Jarvis, localize a torre de Londres.

-Sim senhor, a armadura irá guia-lo até lá em segundos.

Londres estava começando a anoitecer, o relógio apontava 06:30. Eu a essa altura já

conseguia avistar a grande Torre, e comecei a me perguntar onde eles estariam escondidos.

Olhos curiosos começavam a me fitar, e algumas pessoas apontavam para mim de olhos

arregalados.

Pousei próximo à torre e observei á volta.

Page 25: Sherlock

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-Jarvis localize pontos eletrônicos com alta frequência de emissão de dados, ache os

armamentos stark. Wiplash deve estar aqui, não é difícil achar seu chicote energizado.

Em meus olhos apareceu o que eu não esperava: abaixo da torre havia uma grande

movimentação em massa. O covil Illuminus era em baixo da grande torre. E ali estavam os

reféns.

-Vai a algum lugar? – falou alguém atrás de mim.

Virei-me e vi dois homens armados com o chicote energizado, o de trás, sem hesitar,

atacou-me, e sem tempo de reagir, o chicote rodeou-me e descarregou grande votagem na

armadura. Senti meu corpo formigar.

Com a arma repulsora da mão atingi o wiplash 1, e agarrando o chicote que me

rodeava, trouxe para perto o wiplash 2. Agarrei parte da armadura de seu peito e arranquei-a

a força. Voaram faíscas para todo lado. Ele gritou. O wiplash 1, recuperado veio auxiliá-lo e

recebi mais um ataque.

Eu estava preso pelos dois, e já começava a sentir uma fraca corrente perpassando por

meu corpo. Enrolei meus braços nos dois chicotes, e descarreguei toda a energia possível nas

duas armas repulsoras da mão. Houve uma grande explosão.

Ambos os wiplashs caíram queimados em nocaute, eu já sem forças apoiei-me no

joelho. Vi então um vulto se aproximando.

-ATRÁS GAROTO! CUIDADO! –ele gritou.

Só tive tempo de olhar. E tudo ficou escuro.

CAPÍTULO 12

Page 26: Sherlock

26

ssim que Caique saiu, eu me senti obrigada a acompanha-lo. Em uma vitrine ao

lado da cabine da armadura que ele usava, havia em uma prateleira os boots

repulsores, além de um protótipo para as armas da mão. Sem hesitar vesti-os e

voei em rumo ao estreito corredor da garagem. Saindo dali fui á toda velocidade

em direção à Torre de Londres.

AAo chegar lá, avistei o que parecia uma grande explosão. Caique e sua armadura,

detonara com os chicotes energizados de dois homens tombados no chão. Mas havia um erro:

alguém saía de o que parecia uma portela por entre dois enormes edifícios atrás da grande

torre. O vulto carregava uma enorme arma, e a mirava em Caique.

Houve um tiro.

Com um grito de fúria, cheguei e mirei os repulsores no misterioso vulto. Mas ele vou

mais ágil: desapareceu por alguma saída ou entrada no chão. Outro vulto corria em direção

oposta a minha, e tive um forte impulso em segui-lo. Eu conheceria aquele vulto em qualquer

lugar. Mas decidi socorrer Caique, que jazia inconsciente no chão. Boa parte da armadura

estava destruída.

Mais capangas chegavam, tive de deixar Caique no chão para lutar com dois outros

gigantes que apareceram do nada. Eu não tinha força e estava apanhando, quando por milagre

apareceu ajuda. Um grande monstro verde em fúria... Hulk.

Com um só murro ele quase nocauteara um dos grandes musculosos. E eu fora em seu

auxílio. Outros inimigos apareciam, de todo tipo e eu já beirava a exaustão. Lutei com o que

parecia um cavaleiro medieval sinistro, e já estava quase perdendo quando um escudo

vermelho e azul o atingiu na cabeça e retornou para seu dono. Uma flecha, depois de

segundos passou zunindo por meu ouvido e atingiu o braço de mais um dos capangas. Capitão

América e Gavião Arqueiro haviam chegado, acompanhados de Viúva Negra que lutava junto à

Hulk.

-O Caique, Karol! – Gritou o Capitão.

Foi então que me dei por falta. Um vilão mascarado estava arrastando o corpo de meu

amigo para uma porta que parecia ser de um calabouço. A esse ponto, a rua estava infestada

de carros e havia um tumulto incontrolável. Pessoas gritando, policiais atirando e fogo para

todo lado.

Juntei as duas mãos e atirei com os dois repulsores da mão, atingindo o mascarado no

peito. Mas houve um erro: Caique caiu na estranha porta. Mais do que ligeiro, voei em seu

alcance e adentrei a porta. Tudo escureceu. Era um túnel subterrâneo. Voei mais rapidamente

até tentar alcançar o corpo de Caique, mas quando o fiz acabei por topar de frente com o

chão. Foi um tremendo baque.

Page 27: Sherlock

27

Atordoada aproximei-me do corpo dele.

-Caique...?

-Ora, pois se não tenho aqui dois dos meus principais alvos? – disse um homem que se

aproximou na escuridão.

-Revele-se!

Ele se aproximou e no mesmo instante o reconheci: Jim Moriarty.

-Então quer dizer que não temos um Galactus...

-Óbvio que não. Sou mais poderoso. Não há maior poder que a inteligência, minha

pequena Holmes.

-Onde está meu tio!?

-E porque eu responderia? Só tenho uma coisa a falar: FÁCIL DEMAIS! ENTEDIANTE!

CHATO! MAL COMEÇOU E JÁ GANHEI... Cadê o velho Holmes? Mas que droga. Nada nem

ninguém mais nesse mundo sabe usar a mente?

-Do que está falando, seu louco...?

-Que chatooo, que chatoo... É triste, é decepcionante! Seus IDIOTAS. Será que

ninguém percebeu?

Permaneci em silêncio.

-Seus animais. Não quero reator. Isso é um lixo, uma velharia! Nunca o quis. Vocês se

deixam enganar muito fáciiiiiil. – ele então começou o que parecia uma birra infantil feita por

um homem de terno e gravata. – O robô, sua ignóbil desprezível. O robô que esse idiota ao seu

lado construiu e que pela manhã o chutou com desdém. Será que esse energúmeno não

imagina a tecnologia que criou? O cérebro humano, minha cara. É essa a criação: O CÉREBRO

HUMANO JOGADO NUM QUARTO DE UM ADOLESCENTE IDIOTA.

Comecei a raciocinar. Eu não havia estado no quarto de Caique, para confirmar o que

Moriarty dizia, mas sabia que o projeto do reator fora roubado. Era realmente curioso que o

invasor tivesse vindo de dentro da casa, OU SEJA... ah droga, o quarto! E, quanta ignorância, os

próprios Wiplashs usavam de tecnologia similar á do reator. Estávamos tão enganados pelo

roubo que deixei as evidências mais óbvias passarem sem serem vistas.

Num surto de raiva, com um tiro nos repulsores das mãos, voei até Moriarty para

ataca-lo, mas fui impedida por um novo chicote que com um tremendo choque quase me

nocauteou. Mirei no peito onde estava o maldito reator, e atirei. Mais homens apareceram.

Recomeçava ali a luta de lá fora.

-Hey pessoal, não há covil sem aranha. Então, aqui estou! – gritou alguém.

O Homem Aranha aparecera, e começara a lutar à meu lado. Eu estava ficando sem

forças e Moriarty desaparecera. Se ele estava certo, e o robô de Caique fosse mesmo uma

Page 28: Sherlock

28

cópia exata de um cérebro humano perfeito, bastava conectá-lo a qualquer lugar para obter e

fazer qualquer coisa que quisesse, tipo começar uma terceira guerra mundial. A coisa piorava a

cada segundo que se passava.

Tentei me distanciar da luta quando Gavião arqueiro chegou em socorro. Fui então ao

local onde estava Caique e tentei reanima-lo. Ele acordou atordoado e fazia caretas de dor.

-Vamos, de pé! Precisamos achar seu pai.

-Claro, claro. Vamos.

CAPÍTULO 13Eu só podia estar sonhando, não era possível. Aliás, sonhando não. Tendo pesadelos!

Minha semana começara da forma mais louca o possível e agora eu estava preso em um covil

subterrâneo cheio de capangas de Moriarty bem no centro de Londres.

Ali onde eu estava havia mais um homem desacordado. Tony Stark.

Poucos minutos atrás eu tentara acordá-lo, mas ele estava em estado de exaustão. Eu tinha

certeza de que em alguns minutos ele acordaria novamente.

Lá fora estava acontecendo uma guerra.

-Ah céus... Nem em ressaca fico tão ruim assim... E olha que nem bebi pra vir aqui. –

pestanejou baixinho o homem que acabara de acordar. Ele estava zonzo e cambaleava quando

tentou se levantar. Fui a seu socorro e ele se apoiou em meu ombro.

Em seu braço apertou um botão vermelho de uma pulseira de prata.

-Jarvis... Um traje. Preciso de um traje. Estou despido... – ele disse.

Coloquei o homem sentado no único colchão que havia naquela cela. Assim que ele se

sentou outro estrondo me tirou o fôlego de susto. A armadura de Stark viera voando à seu

encontro e abrira uma cratera no teto para adentrar a câmara. O homem então, ainda

vacilante, levantou-se e a vestiu. Ou melhor, ela vestiu-se a ele. Ao mesmo tempo, chegaram

ali, Karol, para meu espanto e o jovem rapaz que eu vira mais cedo.

-Pai!

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-Caique, meu filho! O reator, você conseguiu! Acho que não quero mais o DNA...

Venha... Já tá rolando uma festa, e nem me esperaram.

O jovem e seu pai saíram pela cratera a voo, mas Karol permaneceu ali.

-John, venha, vou te tirar daqui. Pendure-se nas minhas costas... Vamos sair por ali

também, é mais rápido.

Fui até a garota e abracei-lhe o ombro e tórax, prendendo meus braços na frente,

como se a abraçasse. Ela alçou voo e em segundos estávamos de volta à superfície.

Lá estava um caos, mas parecia estar sendo controlado por um grupo que a televisão

chamava de Vingadores. Stark e seu filho lutavam juntos, Hulk pegava dois ou três capangas de

uma só vez; Viúva Negra e Gavião Arqueiro eram sorrateiros e acertavam aqueles que

ousavam se aproximar, e Capitão América cuidava dos trapaceiros que tentavam acertar o

restante pelas costas.

Karol já estava quase se juntando a eles quando ouvi um barulho familiar e

extremamente preocupante: uma arma sendo engatilhada. Estaquei no mesmo instante, e

assim fez Karol também.

-Exatamente. Às minhas ordens agora. Subam para a torre. Andem. – era Moriarty.

Não havia ninguém à vista do qual poderia ajudar. Agora como havia a possível chance

de vitória e os capangas recusavam, todos estavam ocupados em exterminá-los. Minha única

escolha e a de Karol também era obedecê-lo. Por uma escada que havia para turistas,

começamos a escalar a grande torre. Eu já sabia qual era o fim, e temia não por mim, mas pela

jovem que me acompanhava.

Quando chegamos ao alto da torre, Jim estava desgostoso.

-Estava tão perto. No final acabou que sendo divertido... Pelo menos dois consegui

pegar. E vai ser interessante, matar as duas amadas criaturinhas de Sherlock Holmes.

-Sherlock está morto. – falei.

Moriarty riu, apontou a arma para mim, e apertou o gatilho.

Mas não houve tempo de eu ser atingido. Um homem saiu de algum lugar escondido, e

o atingiu pelas costas, agarrou-o e se atirou junto a ele do topo da Torre de Londres. Dessa vez

não aguentei, perdi as forças nas pernas e cai no desmaio.

Quem era...?

Sherlock Holmes.

Page 30: Sherlock

30

CAPÍTULO 14eu tio desmaiara e eu não acreditava no que acabara de ver. Meu pai pulara

nas costas de Moriarty e despencara do topo da Torre de Londres junto a

ele. Ele salvara a mim e a John mas se sacrificara no lugar. Sherlock Holmes

realmente morto. Meu pai... morto.MQuase sem ação, engoli em seco, tentei raciocinar. Uma lágrima me escorreu dos olhos, um nó

interminável se formou em minha garganta. Peguei John e abracei-o para descer com ele

voando. Desta vez eu não o segurava, eu o abraçava. Meu tio... e pelo visto a família que

agora eu tinha.

Ao pousar no chão, meu queixo caiu, e foi minha vez de perder as forças nas pernas.

Sherlock estava vivo e sorria para mim. Moriarty jazia no chão, ensanguentado e morto.

John acordou, e sentou-se. Assim que me vi livre, corri até meu pai, e a tocar-lhe os

braços, apaguei.

CAPÍTULO 15h, eu estava atordoado, muito atordoado. Na realidade eu acho que estava ficando

louco.ASenti Karol segurar-me firme e descer voando a torre após eu ver Sherlock Holmes surgir da

escuridão e se atirar junto a Moriarty do topo de uma Torre.

Quando pousamos, sentei-me no chão e de imediato Karol soltou-me e correu.

Esfreguei os olhos e tentei me levantar. Ainda estava um pouco zonzo. Foi então que tomei

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outro baque. Ao me virar, deparei com Sherlock VIVO abraçando Karol, e à distancia um

Moriarty MORTO.

Holmes fitou-me divertido, e segurando Karol em seus braços, dirigiu-se a mim.

-Watson, meu caro, conheça sua sobrinha....

Fiquei boquiaberto. EU SABIA! Os olhos idênticos, o olhar concentrado e absorto igual

ao do pai, além do colete que eu dera a meu velho amigo e o sobretudo que ele sempre usara.

EU SABIA!!!

-Mas... Você... O prédio, Holmes... Você morto.. EU VI! Você... – gaguejei.

-Elementar, meu caro John que há coisas a se esclarecer... Vamos conversar... – ele

disse, entregando Karol aos braços de um Caique que observava a cena sorrindo. –Cuidado

com ela, meu jovem rapaz. Eu sei como destruir um reator arc usando poucas peças. Então,

como eu dizia, John... Ah, estou vivo!

Não aguentei. Com extrema fúria voei no pescoço de Holmes enforcando-o com as

duas mãos. Ele arregalara os olhos mas não reagiu. Caímos no chão.

-SEU. MALDITO. ANIMAL. IDIOTA. SEU. TROUXA. IMBECIL. SE NÃO MORREU ANTES.

MATO. AGORA! – falei, e a cada ponto, dava um murro de Holmes.

-JOHN! VOCÊ É MÉDICO LEMBRA? VAI ME MATAR!

-MAUS DIAS, HOLMES. MAUS DIAS!

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EPÍLOGO

Como já era de Praxe para os Starks, quando a poeira abaixou meu pai decidiu dar uma

festa para aproveitar o momento de vitória. A mansão Stark estava repleta de convidados.

-Filho... Estou orgulhoso de você. E como prometido, semana que vem encerra seus

estudos na Academia, e passa a trabalhar comigo, oficialmente, nas Industrias Stark, como

aprendiz e futuro sucessor. Iremos montar sua armadura, se quiser, juntos.

Não era todo dia que se recebia um elogio direto e sério de Anthony Edward Stark, e

recebe-lo tão inesperadamente no corredor e seguido de um contrato nas Insdustrias Stark,

fez-me ficar sem palavras. Abracei meu pai que o correspondeu.

-Agora chega, robocope. Está amassando tanto o meu quanto o seu smoking, vamos

descer... – disse ele voltando ao seu desdém habitual.

Quando chegamos ao primeiro andar, avistei um monte de gente conhecida, mas

procurava por uma só pessoa. Avistei seu pai, e fui atrás de cumprimenta-lo.

-Sr. Holmes... Dr. Watson... Obrigado por virem.

-Nós é que agradecemos pelo convite, jovem Stark. Mas mantenha-se longe dela ou...

–começou Holmes, mas foi interrompido por um Watson ainda ressentido.

-Cale-se Holmes... Ou o que? Vai morrer? – disse ele com desdém. –Ela está ali Caique.

Foi observar o céu. Ela gosta de ver a lua.

Agradeci cortês a ambos os homens e virei-lhes as costas para ir em encontro à jovem

que de longe eu via que olhava atentamente o céu estrelado. Após aqueles acontecimentos,

eu peguei certo gosto por aquela “família”. Sherlock quando pulara do topo da Torre,

realmente não contava que eu o pegaria no ar, deixando que somente Moriarty caísse ao

chão. No final das contas até mesmo eu acabei tomando um sopapo de John.

-Hoje está uma bela noite estrelada... – eu disse.

-Sim. Está lindo.

-Obrigado.

-Eu disse as estrelas, Caique. – disse ela agora sorrindo.

-Agora me senti desprezado. – retruquei também em risos.

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Karol estava vestindo um belo vestido azul escuro, a cor que ela mais gostava. E trazia

nos cabelos, belos cachos bem feitos.

Segurei suas mãos e olhei em seus olhos. Estávamos sós.

Algo me atingiu a cabeça. Olhei para dentro do salão de festas, Sherlock estava com

uma suspeita garrafa de champanhe na mão, aberta e servia John que parecia brigar com ele

novamente. No chão estava uma tampa.

Tanto eu quanto Karol começamos a rir.

Lá dentro começou a tocar uma nova música, das antigas: “The Time of My Life”.

-Dança comigo? Depois dessa, combinei com o músico de só tocar MUSE... Última

chance, donzela...

-Seria honroso, cavalheiro. Vamos dançar!

-Mas então, Holmes, pode agora, POR RAIOS me dizer como foi que sobreviveu à

queda do prédio de Reichenbach? – falei, quando enfim chegamos ao 221B.

Karol acabara de tirar a sandália e estava subindo as escadas toda feliz, quando me

ouviu falar e preferiu ouvir a conversa.

-Ora Watson, simples! O caminhão... E você não tomou meu pulso corretamente.

Ele não devia ter dito isso, pois atirei-lhe uma almofada que o atingiu em cheio na

cabeça.

-Mas e Karol? Por que não me contou sobre ela?

-Foi depois de minha suposta morte. Irene morreu pouco tempo depois, tive de cuidar

dela sozinho. O dia em que a coloquei em sua porta, foi o mesmo que eu e ela fomos à torre

investigar os Illuminus. Acontece que nos avistaram primeiro, e Moriarty viu Karol. Nos

perseguiram e ela tomou um tiro. Depois disso, deixei-a num banco e saí em luta. Moriarty

fugiu, mas os outros ficaram. Consegui derrubá-los, e fiquei seriamente ferido, eu teria de me

recuperar e não conseguiria cuidar de Karol, além de que ela sabia demais, e óbvio que

Moriarty e os Illuminus iriam atrás dela. Então decidi deixa-la com você sob o juramento de

não revelar seu sobrenome. Vocês correriam risco. Mas, Watson, eu lhe disse que estava vivo!

-Como assim disse? Até ontem, eu jurava, que estava morto!

-O cartão, Watson, o cartão... Era simples! O cartão que recebeu era falso. Não vinha

da Noruega, pois seu carimbo era fajuto, e a única pessoa que faz isso por aqui perto é o

pequeno Jimmy que você conheceu no dia de meu enterro, ocasião em que o garoto lhe disse

“acho verde uma cor falsa”. Se o cartão era falso, não tinha endereço, e você conhecia o

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garoto que o vendia, bastava ir perguntar, pois eu dera ordem à Jimmy que quando você

descobrisse poderia responder a pergunta verdadeiramente... Tão. Simples.

Senti meu rosto arder em raiva. Karol começou a rir e Sherlock levantou-se para se

refugiar atrás de sua poltrona.

-Mas e Moriarty? Ele não havia dado um tiro na cabeça?

-Sobre Moriarty, creio ter uma hipótese... Tão óbvia! Vou explicá-la...

FIM