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MAIO / 2019 82 REVISTA PROTEÇÃO SEGURANÇA COM ELETRICIDADE Tarefas em Sistema Elétrico de Potência devem seguir recomendações legais Regras de Ouro Americo da Silva Gomes, Cesar Vianna Moreira, Geraldo Ferreira Franco Júnior e Sérgio Braga de Almeida A execução de um serviço de ampliação ou manutenção em redes elétricas num SEP (Sistema Elétrico de Potência) deve ter sempre um responsável. Esta pessoa deve planejar o trabalho em todos os seus aspectos (quantidade de trabalhadores, material a ser empregado, viaturas ne- cessárias, trecho a ser desligado etc.) e proceder a uma APR (Análise Preliminar de Risco), inclusive com visita ao local do serviço, quando necessário, emitindo uma OS (Ordem de Serviço), documento pró- Americo da Silva Gomes - Engenheiro Eletricista e de Se- gurança do Trabalho Cesar Vianna Moreira - Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho Geraldo Ferreira Franco Júnior - Técnico de Segurança do Trabalho Sérgio Braga de Almeida - Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho CESAR VIANNA MOREIRA prio da equipe executante. Toda e qualquer intervenção no SEP deve ser acompanhada de uma solicitação formal de desligamento emitida pelo res- ponsável do serviço para o setor de ope- ração na qual deverão constar: Nome do responsável pelo trecho a ser impedido e dos demais trabalhadores envolvidos na execução; Descrição sumária do serviço a ser realizado, trecho do sistema a ser desliga- do (equipamento, barramento de subes- tação, trecho entre chaves de faca em re- des aéreas de distribuição, por exemplo); Data, período de interrupção (horá- rio de início e de término das atividades), clientes importantes envolvidos, além de outras informações julgadas importantes. De posse da solicitação de desligamen- to, o setor de operação vai analisar o pe- dido e descrever as manobras necessárias ao desligamento da parte do SEP solicita- da pelo responsável pelo serviço, para a devida autorização do trabalho. Tais desli- gamentos podem ser realizados pelos pró- prios operadores, inclusive por meio de comandos a distância ou por equipes de eletricistas no campo, no caso de redes de distribuição aéreas ou subterrâneas e su- bestações desassistidas e desprovidas de equipamentos dotados de telecomandos. Deve ser indicado na solicitação de desligamento, o responsável pela opera- ção e religação do citado trecho. Tanto a equipe de operadores como a equipe de eletricistas são também responsáveis pelo bloqueio e etiquetagem (ou apenas pela sinalização, quando não for possível

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Page 1: SGAA CM CA Regras de Ourocvmoreira1.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2019/... · 2019-05-20 · Regras de Ouro. Portanto, uma interven-ção em instalação elétrica desenergizada,

MAIO / 201982 REVISTA PROTEÇÃO

SEGURANÇA COM ELETRICIDADE

Tarefas em Sistema Elétrico de Potência devem seguir recomendações legais

Regras de OuroAmerico da Silva Gomes, Cesar Vianna Moreira, Geraldo Ferreira Franco Júnior e Sérgio Braga de Almeida

A execução de um serviço de ampliação ou manutenção em redes elétricas num SEP (Sistema Elétrico de Potência) deve ter sempre um responsável. Esta pessoa deve planejar o trabalho em todos os seus aspectos (quantidade de trabalhadores, material a ser empregado, viaturas ne-cessárias, trecho a ser desligado etc.) e proceder a uma APR (Análise Preliminar de Risco), inclusive com visita ao local do serviço, quando necessário, emitindo uma OS (Ordem de Serviço), documento pró-

Americo da Silva Gomes - Engenheiro Eletricista e de Se-gurança do Trabalho

Cesar Vianna Moreira - Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho

Geraldo Ferreira Franco Júnior - Técnico de Segurança do Trabalho

Sérgio Braga de Almeida - Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho

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prio da equipe executante.Toda e qualquer intervenção no SEP

deve ser acompanhada de uma solicitação formal de desligamento emitida pelo res-ponsável do serviço para o setor de ope-ração na qual deverão constar: Nome do responsável pelo trecho a

ser impedido e dos demais trabalhadores envolvidos na execução; Descrição sumária do serviço a ser

realizado, trecho do sistema a ser desliga-do (equipamento, barramento de subes-tação, trecho entre chaves de faca em re-des aéreas de distribuição, por exemplo); Data, período de interrupção (horá-

rio de início e de término das atividades), clientes importantes envolvidos, além de outras informações julgadas importantes.

De posse da solicitação de desligamen-

to, o setor de operação vai analisar o pe-dido e descrever as manobras necessárias ao desligamento da parte do SEP solicita-da pelo responsável pelo serviço, para a devida autorização do trabalho. Tais desli-gamentos podem ser realizados pelos pró-prios operadores, inclusive por meio de comandos a distância ou por equipes de eletricistas no campo, no caso de redes de distribuição aéreas ou subterrâneas e su-bestações desassistidas e desprovidas de equipamentos dotados de telecomandos.

Deve ser indicado na solicitação de desligamento, o responsável pela opera-ção e religação do citado trecho. Tanto a equipe de operadores como a equipe de eletricistas são também responsáveis pelo bloqueio e etiquetagem (ou apenas pela sinalização, quando não for possível

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SEGURANÇA COM ELETRICIDADEa execução do bloqueio) dos equipamen-tos operados.

O responsável pela equipe de operadores ou eletricistas deve informar pessoalmente (presencial, telefone etc.) ao responsável pelo trabalho e pela emissão da solicitação, que as operações foram realizadas e que o equipamento ou trecho (circuito) do sis-tema elétrico de potência está desligado.

INSPEÇÃOO responsável pelo serviço deve fazer

uma inspeção da área de trabalho, checar as operações realizadas, principalmente se estiverem envolvidos equipamentos operados a distância e, no caso de redes de distribuição, verificar a possível exis-tência de clientes de AT (Alta Tensão) no trecho impedido e seu desligamento.

Em seguida, com a área de trabalho de-limitada e sinalizada, o responsável deve orientar os trabalhadores sobre o serviço a ser realizado (APR no local), proceder a detecção de ausência de tensão e o ater-ramento elétrico temporário necessário à proteção do trecho a ser trabalhado.

Deve ser também alertado quanto ao cumprimento da letra ‘e’ do item 10.5.1 da NR 10, que recomenda a proteção de equipamentos energizados nas proximi-dades da área de trabalho.

O ambiente deve ser verificado detalha-damente e lençóis ou mantas isolantes de-vem ser utilizados, inclusive em redes de baixa tensão, iluminação pública e braços de luminárias, responsáveis por inúmeros acidentes do trabalho, em face da sua es-pecificidade e da deficiente manutenção.

Ao término dos serviços, o responsável pela solicitação de desligamento deve cer-tificar-se de que todos os trabalhadores se retiraram dos locais de trabalho, bem como foram retirados os equipamentos, ferramentas, aterramentos temporários, proteções adicionais e sinalizações, além de informar ao responsável pela operação (desligamento e religação) de que o tre-cho do sistema pode ser religado.

Compete então ao setor de operação providenciar as manobras necessárias à normalização do sistema elétrico.

PREVENÇÃOSomos admiradores da atual versão da

NR 10 e consideramos o seu conteúdo como um dos melhores textos de NR já produzidos à luz da Portaria 3.214. Muitos acidentes foram evitados pelo cumprimen-to da NR 10. Todavia, alguns pontos podem

e devem ser melhor esclarecidos, detalha-dos e até mesmo corrigidos, a fim de que possamos usufruir ainda mais desta norma.

Nossa presente reflexão está focada no item 10.5, o qual destina-se à Segurança em Instalações Elétricas Desenergizadas, um dos principais tópicos de prevenção de acidentes de origem elétrica e que con-tribui decisivamente para a minimização da ocorrência de acidentes graves e fatais.

Para iniciar, vamos imaginar um ele-tricista se deparando com o seguinte ce-nário:

“Um poste de 13 metros equipado com três cruzetas, três conjuntos de secciona-doras, duas redes de média tensão (25 e 13 kV) e uma rede de baixa tensão, além de 30 ramais de ligação de consumido-res. Nesta situação, tem-se um verdadei-ro emaranhado de cabos e fios no local de trabalho, não se levando em conta a rede de iluminação pública (incluindo o braço da luminária), cabos telefônicos e de televisão a cabo, também presentes”.

Para realizar a tarefa, o trabalhador pre-cisa alcançar uma altura de trabalho de quase 11 metros, devidamente paramen-tado (capacete de segurança, óculos, luvas isolantes e de cobertura, botina de segu-rança com solado isolante, cinto paraque-dista e talabarte, linha de vida e uniforme especial anti-chama). Precisará ter expe-riência e muita habilidade para içar ao alto do poste com o auxílio de um colega, além das ferramentas e equipamentos neces-sários, o “equipamento mais importante” (que por esta razão, fora definido na NR 10 anterior como EPI): o detector de ausência de tensão, fazendo uso de bastão isolante.

CONDICIONANTESMuitas tarefas parecem ser fáceis de

realizar quando observamos a desenvol-tura de um eletricista. Em verdade são extremamente desgastantes requerendo condicionamento físico, prática, paciên-cia, uso de centro de gravidade, dentre outras habilidades e técnicas, que podem ser aprimoradas com os estudos ergonô-micos atuais.

Desta forma, concluímos que o desen-volvimento de uma tarefa (a substituição de uma seccionadora, por exemplo), de acordo com as exigências da NR 10, na situação exemplificada, terá que elencar várias condicionantes a fim de que haja a possibilidade de êxito. Ou seja, trabalho concluído com sucesso e sem acidente ou interrupção.

Destacam-se as inúmeras possibilida-des de fatores de risco em jogo, seja por aproximação, energização ou contato aci-dental com os circuitos elétricos, envol-vendo tanto os de alta/média quanto os de baixa tensão.

Além do contexto anterior, cabe ressal-tar a importância de serem realizados os testes de verificação do detector de ten-são, antes e após o seu uso, bem como considerar a possibilidade de uma indica-ção de falso positivo na presença de outra rede de média tensão energizada.

Outra medida importantíssima que sempre deve ser realizada é a chamada “Conversa ao Pé do Poste”, ou seja, a APR (Análise Preliminar de Risco), antes de dar início à tarefa (veja Foto 1, APR no local de trabalho).

Daí concluirmos que é necessário, além da alta capacitação do eletricista, uma certa dose de sorte e ajuda do nosso maior arquiteto celeste, por meio de ora-ções para garantir a segurança e o suces-so completo desta tarefa.

Aliás, alguns especialistas recomendam que, caso o eletricista esteja desacompa-nhado ao início da tarefa, a conversa ao pé do poste deva ser substituída pela “Prece ao Pé do Poste”.

Se indagarmos a um eletricista de cam-po sobre essa situação, ele dirá, com cer-teza, que tudo deve estar DESLIGADO, na sua área de atuação.

CONCEITOSDesligamento, segundo o Dicionário

Brasileiro de Eletricidade é a “abertura de dispositivo de manobra ou proteção, des-fazendo a continuidade elétrica do circui-to – NBR 5460”. Portanto, estar desligado obriga a execução da abertura de dispo-sitivo (s) de manobra ou proteção, a fim de que esteja interrompida a continuida-de do circuito a ser trabalhado.

Distância de Seccionamento, também

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no mesmo Dicionário (o qual não define seccionamento nem tampouco seccionar, termo este, constante da NR 10), refere-se à distância de isolamento entre contatos.

Seccionar, tradução errada do Desli-gar, feita e praticada há alguns anos no âmbito da normalização da ABNT, vem sendo disseminada nas normas subse-quentes, inclusive na NR 10, como outros tantos erros de tradução. É o caso, por exemplo de hazard - perigo e near miss - quase acidente etc.

Desenergizado ou morto, segundo a IEC 60050, é estar em um potencial igual ou não significativamente diferente em relação ao potencial de terra no local de

As medidas mais importantesPasso a passo previne acidentes no SEP

A primeira vez que ouvimos em desta-que essas regras foi na década de 1980, por parte dos espanhóis, que definiam as Reglas de Oro, como a mais importante medida de prevenção de acidentes graves e fatais no SEP.

Cada empresa de energia elétrica tem a sua Regra de Ouro. A CEMIG utiliza a ASTA - Abrir, Sinalizar, Testar e Aterrar, que se torna facilmente compreensível, inclusive para os seus maiores usuários, os eletricistas. A LIGHT usa as suas Cinco Regras de Ouro e assim por diante. Al-gumas indústrias definem uma distância mínima de toda e qualquer parte de um

circuito elétrico energizado, como, por exemplo, o valor de 1,5 m em níveis de tensão de até 1 kV.

O então engenheiro de segurança André Lopes Netto, atuando em parceria com o engenheiro de segurança Cesar Vianna, em diversos artigos publicados sobre a NR 10, era incansável em citar o autor Cornelius M. Kerwin, que transcreveu alguns trechos da obra de Colin Diver, professor da Pensilvânia/EUA, tratando das três qualidades de uma norma, que assim podemos resumir:

1. Transparência - deve significar a mesma coisa para todos que a leem;

trabalho.Entendemos, portanto, que estar dese-

nergizado requer a condição de inexistên-cia de energia, direta ou indiretamente, e que algo desligado, por sua vez, poderá ou não, ainda conter energia.

E o eletricista tem em mente, como já dissemos, que tudo deva estar desligado. No entanto, deveria entender que desli-gar é um passo da operação de desener-gização da instalação elétrica. Desenergi-zação esta, que contêm diversos passos primordiais que são conhecidos como Regras de Ouro. Portanto, uma interven-ção em instalação elétrica desenergizada, deve ser entendida como aquela em que as Regras de Ouro foram prévia e corre-tamente aplicadas.

2. Simplicidade - há poucas providên-cias e relativamente pouca informação, necessárias para determinar a sua aplica-bilidade e estabelecer o seu cumprimento;

3. Coerência - declara o que pretende, nada mais, nada menos.

Tratando-se de um assunto de interesse vital e voltado à segurança do trabalhador, especialmente àqueles que executam tra-balhos em equipamentos ou instalações elétricas consideradas desenergizadas, vamos tentar aplicar os conceitos de Co-lin Diver para a explicação das Regras de Ouro, ou seja, apresentá-las de maneira clara, simples e coerente.

ETAPAS PRINCIPAIS

1 Delimitar e sinalizarÉ determinar o espaço seguro de

trabalho para trabalhadores e transeun-tes, obedecendo rigorosamente os dis-tanciamentos necessários de partes pos-sivelmente energizadas. Observe Fotos 2, Delimitação em subestação de energia elétrica e 3, Delimitações em rede elétrica de distribuição.

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SEGURANÇA COM ELETRICIDADE

Até 2012, mais de 50% das roupas testadas em laboratórios eram reprovadas

A delimitação e sinalização de áreas de trabalho no setor elétrico é uma das principais barreiras de controle de ris-cos de acidentes de origem elétrica e de outras origens, com a equipe de trabalho ou terceiros sendo utilizada nas fases de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Com a correta delimita-ção e sinalização da área de trabalho e a afixação de uma barreira física, fica defi-nido o espaço seguro de trabalho, no qual a equipe pode realizar o serviço planejado de forma ordenada, sem riscos aos seus componentes ou transeuntes/visitantes.

Nessa delimitação deve-se observar também os distanciamentos na proje-ção vertical e as respectivas barreiras isolantes.

2 DesligarAbrir corretamente a (s) chave (s)

ou equipamento (s) de proteção confor-me definido (s) no planejamento e APR, desligando, liberando e mantendo isolada do restante do circuito elétrico a parte ou trecho do mesmo onde o trabalho se-rá executado, de forma efetiva e visível (ver Foto 4, Chave aberta em rede de distribuição).

Segundo a NBR 5460, desligar é abrir parte do circuito elétrico, por meio da operação de dispositivos de manobra ou proteção, de forma efetiva e visível, desfa-zendo a continuidade elétrica do circuito.

Esta atividade pode envolver a ope-

ração de um ou mais equipamentos ou dispositivos de manobra, os quais devem estar detalhados na solicitação de desli-gamento.

A abertura correta de uma chave fusí-vel ou chave de faca é primordial e exige movimentos rápidos e firmes, numa sequ-ência correta, ou seja: 1ª. deverá ser a de maior distância do

poste por ter maior solicitação elétrica;

2ª. deverá ser a que esteja mais afas-tada do poste e de outra chave, com média solicitação elétrica;

3ª. deverá ser aquela situada mais perto do poste, tendo ainda pouca solici-tação elétrica.

A sequência de fechamento será, nor-malmente, a sequência inversa.

No caso do desligamento de chaves fu-síveis, em tarefas demoradas ou fora do campo de visão, devem ser removidos os cartuchos das suas bases (conforme Foto 5, Abertura de chave fusível).

3 TestarExecutar o auto teste de verifica-

ção de segurança no detector de tensão e efetuar o teste de ausência de tensão no trecho imediatamente posterior ao equipamento de manobra aberto, confir-mando a inexistência de tensão na parte ou trecho do circuito onde o trabalho se-rá executado (conforme Foto 6, Teste de ausência de tensão).

Após a confirmação da ausência de ten-são no trecho a ser trabalhado, confirmar o teste no trecho anterior ao equipamento

manobrado e depois, efetuar novo teste no trecho que fora desligado.

4 Bloquear/SinalizarExecutar o bloqueio na chave ou

equipamento de manobra pelo sistema informatizado de gestão da distribuição ou de forma presencial, em ambos os casos, com a utilização de cadeado individual, por pessoa ou por equipe, e, somente na impossibilidade técnica, efetuar apenas a sinalização por meio de etiqueta (siste-ma informatizado ou painel de operação) ou ainda, por meio de placa de “Atenção não opere” (chave na rede), removendo os cartuchos, no caso de chaves fusíveis. Observe as fotos 7, Uso em painel e 8, Etiquetas ou placas de rede.

O bloqueio é importante para evitar re-energização indevida ou acidental, mes-mo que esteja sendo usado aterramento elétrico temporário no circuito, que seria uma proteção de segunda linha, ou seja, uma barreira adicional.

Nas operações a distância, devem ser

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previstas as confirmações de operações nos equipamentos manobrados e quando possível, os bloqueios locais.

5 Executar o Aterramento Elétrico Temporário

Instalar o(s) conjunto(s) de Aterramen-to Temporário, iniciando-se pela instala-ção do trado ou haste de aterramento ao solo e, em seguida, conectando-se cada um dos cabos a cada uma das fases, se-quencial e individualmente. Veja Figura 1, Aterramento elétrico temporário.

Com a instalação do (s) conjunto (s) de aterramento necessário (s) e estabe-lecido (s) no planejamento e APR, serão curto circuitadas as fases e equalizado o potencial à terra, permitindo que o traba-lhador esteja protegido de energizações indevidas ou inesperadas.

No caso de um sistema que utilize o condutor neutro para aterramento, iniciar pela conexão ao mesmo e utilizar a sela intermediária fixada ao poste em altura inferior ao eletricista.

No caso da retirada do conjunto de ater-ramento, observar a sequência inversa, ou seja, primeiro remover os conduto-res conectados às fases e, finalmente, o condutor conectado à haste ou trado de aterramento.

6 Isolar partes eventualmente energizadas

Cobrir as partes energizadas existentes nas proximidades e não componentes do trecho desligado, conforme discriminado na APR, utilizando-se mangas de borra-cha ou outros equipamentos similares. Verifique Foto 9, Mangas de borracha na rede de BT.

Algumas vezes pode-se ter uma zona de BT e até mesmo uma linha de média ou baixa tensão próxima ao trabalho a ser desenvolvido, o que obriga o seu iso-lamento por meio de coberturas isolantes, conforme classes de tensão específicas.

Portanto, essas são as seis Regras de Ouro, que se constituem na proteção da-queles trabalhadores que têm a missão de intervir numa instalação fazendo o uso do método de trabalho com a rede ou equi-pamento desligado.

DIREITO DE RECUSAA redução aos riscos inerentes ao tra-

balho é direito dos trabalhadores e está prevista na Constituição Federal em seu Artigo 7º, Inciso XXII. Condições como

as indicadas acima, nada impossíveis de acontecer, haja vista a quantidade de re-des de distribuição e intervenções, no dia a dia, além da prática majoritária do uso de empresas contratadas, muitas vezes em comunidades urbanas (favelas), re-querem prévia avaliação da possibilidade de execução da tarefa, ou seja, uma APR completa.

O supervisor da equipe ou o seu mais graduado integrante não pode se furtar a uma análise pormenorizada. Se concluir pela inviabilidade dos trabalhos, face aos riscos elevados e não controláveis, não deve executar a tarefa, especialmente, se não puderem ser cumpridas as Regras de Ouro.

É inegável a existência de muitos fato-res em jogo, inclusive, os índices de dura-ção e frequência de ausência de energia etc. Nada, contudo, pode se sobrepor ao valor da vida do trabalhador que estaria designado a fazer o serviço e está no seu mais absoluto direito de se recusar a se expor a risco de acidente de origem elé-trica ou de outra natureza.

Cabe ao responsável pelo serviço apoiar esta decisão e relatar aos superiores ou ao setor de operação da rede que a atividade somente poderá ser feita com a adoção de todas as medidas técnicas necessárias. Nestas circunstâncias é recomendável que decisões deste tipo sejam amparadas em fatos e evidências comprobatórios.

Hoje, quase todas as pessoas têm apa-relhos celulares dotados de câmeras foto-gráficas. Deve ser feito um levantamento fotográfico que não deixe margem a dúvi-

das quanto à impossibilidade de execução dos trabalhos bem como elaborado um relatório sobre a ocorrência, com depoi-mentos dos componentes da equipe. Esta providência certamente será útil no caso de uma contestação sobre a decisão to-mada. A Norma Regulamentadora nº 10 aborda esse tema no item 10.14.1.

APLICAÇÃOEste artigo tem o objetivo de reacen-

der o debate sobre alguns pontos da NR 10 que nos parecem não suficientemente esclarecidos aos profissionais de todos os níveis de conhecimento.

Procuramos, nesta oportunidade, cla-rear os conceitos de Seccionar, Dese-nergizar e Desligar, ações fundamentais em trabalhos com energia elétrica, agora apresentados para um melhor entendi-mento e especialmente do significado de intervenção em instalação elétrica dese-nergizada para todo e qualquer profissio-nal, sobretudo para os eletricistas.

Destaca-se também uma nova sequên-cia, segundo a importância de cada passo, para as chamadas Regras de Ouro:

1. Delimitar 2. Desligar 3. Testar 4. Bloquear/sinalizar 5. Aterrar 6. Isolar

Por fim, ressaltamos a importância dos detectores de tensão, como equipamentos primordiais para a realização de trabalhos em redes desenergizadas, desde que cor-retamente especificados e indicados para os diversos circuitos elétricos do SEP.

Esperamos que estas reflexões possam contribuir para que as empresas elabo-rem programas anuais de treinamento, acompanhamento e auditoria das suas equipes de trabalho na aplicação das Re-gras de Ouro.