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UFG SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL CATALÃO CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS PAULO ANDRÉ ANDRADE MARTINS OTIMIZAÇÃO DA FRAGMENTAÇÃO: APLICANDO A METODOLOGIA MINE TO MILL PARA O BENEFÍCIO DA CADEIA PRODUTIVA DE ROCHA FOSFÁTICA. CATALÃO, NOVEMBRO 2015

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UFG

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL CATALÃO

CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS

PAULO ANDRÉ ANDRADE MARTINS

OTIMIZAÇÃO DA FRAGMENTAÇÃO: APLICANDO A METODOLOGIA

MINE TO MILL PARA O BENEFÍCIO DA CADEIA PRODUTIVA DE ROCHA

FOSFÁTICA.

CATALÃO, NOVEMBRO 2015

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PAULO ANDRÉ ANDRADE MARTINS

OTIMIZAÇÃO DA FRAGMENTAÇÃO: APLICANDO A METODOLOGIA

MINE TO MILL PARA O BENEFÍCIO DA CADEIA PRODUTIVA DE ROCHA

FOSFÁTICA.

Orientador: Prof. Dr. André Carlos Silva

CATALÃO, NOVEMBRO 2015

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao curso de

Especialização em Tratamento

de Minério da Universidade

Federal de Goiás – UFG, como

requisito parcial para obtenção

do título de Especialista em

Tratamento de Minério.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 7

2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 8

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 8

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 8

3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 8

4. DEFINIÇÃO DO CONCEITO MINE TO MILL ....................................................... 10

5. BREVE HISTÓRICO DA METODOLOGIA MINE TO MILL ............................... 11

6. IMPACTO DAS DETONAÇÕES NOS PROCESSOS SUBSEQUENTES DA

CADEIA PRODUTIVA ............................................................................................................ 15

6.1 FRAGMENTAÇÃO ....................................................................................................... 15

6.2 CARREGAMENTO E TRANSPORTE......................................................................... 16

6.3 BRITAGEM E MOAGEM ............................................................................................ 16

7. OTIMIZAÇÃO MINE TO MILL ................................................................................. 17

7.1 METODOLOGIA GERAL PARA APLICAÇÃO MINE TO MILL ............................ 18

7.2 DEFINIÇÃO DO PROJETO .......................................................................................... 19

7.3 OBJETIVOS DO PROJETO .......................................................................................... 19

7.4 ESCOPO ......................................................................................................................... 20

7.5 RESTRIÇÕES ................................................................................................................ 21

8. CARACTERIZAÇÃO DO MACIÇO ROCHOSO .................................................... 22

8.1 ESTRUTURA DO MACIÇO ROCHOSO............................................................................ 23

8.1.1 Frequência de Fraturas (FF) ................................................................................... 23

8.1.2 Rock Quality Designation (RQD) ........................................................................... 23

8.2 RESISTÊNCIA DA ROCHA................................................................................................ 25

8.2.1 Point Load Index (PLI) ............................................................................................ 25

8.2.2 Resistência a Compressão Uniaxial (UCS) ............................................................. 28

8.3 PROPRIEDADES MECANICAS ......................................................................................... 29

8.3.1 Módulo de Young ..................................................................................................... 29

8.3.2 Coeficiente de Poisson .............................................................................................. 30

8.4 PROPRIEDADES DE COMINUIÇÃO ................................................................................ 30

8.4.1 Work Index de Bond ................................................................................................ 30

8.4.2 Os parâmetros A e b do Jk Drop Weight Test ....................................................... 32

8.5 PROPRIEDADES DE ABSORÇÃO ................................................................................. 33

8.6 MEDIDAS ADICIONAIS................................................................................................... 33

8.7 ESQUEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO MACIÇO ROCHOSO .................................... 34

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8.7.1 Classificação Geotécnica .......................................................................................... 34

8.7.2 Blastabilidade ........................................................................................................... 37

9. COLETA DOS DADOS DE COMINUIÇÃO E FRAGMENTAÇÃO ..................... 40

9.1 VISÃO GERAL .................................................................................................................... 40

9.2 DADOS DO DESMONTE POR EXPLOSIVOS ........................................................... 40

9.2.1 Características das Rochas ............................................................................... 40

9.2.2 Parâmetros do Plano de Fogo........................................................................... 40

9.2.3 Propriedades dos Explosivos ............................................................................ 41

9.2.4 Resultados de Fragmentação ............................................................................ 42

9.3 DADOS DE BLENDING E PILHA DE ESTOCAGEM ............................................... 42

9.4 DADOS DE COMINUIÇÃO ......................................................................................... 42

9.4.1 Distribuição dos Tamanhos de Alimentação e Produto ................................. 43

9.4.2 Parâmetros Operacionais ................................................................................. 43

10. DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATEGIA

OPERACIONAL ....................................................................................................................... 44

10.1 MODELAMENTO.............................................................................................................. 45

10.2 IMPLEMENTAÇÃO .......................................................................................................... 45

10.3 MONITORAMENTO ......................................................................................................... 45

11. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS MINE TO MIL NA CADEIA PRODUTIVA DE

ROCHA FOSFÁTICA NA ANGLO AMERICAN FOSFATOS .......................................... 46

11.1 METODOLOGIA: REVISÃO DAS PRÁTICAS DE PERFURAÇÃO E DESMONTE ... 46

11.2 RESULTADOS .............................................................................................................. 48

11.2.1 Foscorito ............................................................................................................. 48

11.2.2 Foscorito com Carbonatito ............................................................................... 50

11.2.3 Foscorito com Flogopitito ................................................................................. 52

11.2.4 Silexito com Óxido de Ferro ............................................................................. 53

12. METODOLOGIA: MUDANÇA NO PERCENTUAL DE MINÉRIO

DETONADO E MONITORAMENTO DE RESULTADOS NAS PLANTAS DE

BENEFICIAMENTO........................................................................................................ 56

13. TESTES REALIZADOS COM A IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA MINE

TO MILL .................................................................................................................................... 62

14. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 63

15. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 66

16. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................... 67

17. BLIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 68

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Classificação dos maciços rochosos baseado nos valores de RQD ........................... 24

Tabela 2- Propriedades e condições operacionais dos moinhos para teste de BWi .................. 31

Tabela 3 - Interpretação do BWi ................................................................................................. 32

Tabela 4 - Interpretação dos parâmetros do JK Drop Weight .................................................... 33

Tabela 5 - Classes de maciços rochosos e seus significados para aplicações de engenharia ..... 35

Tabela 6 - Valores de RMD, JPS, JPO, SGI e S usados no BI de Lilly. ............................................ 38

Tabela 7 - Sumário dos índices necessários para a caracterização dos maciços rochosos em

domínios de fragmentação ......................................................................................................... 39

Tabela 8 - Dados a serem coletados durante os levantamentos nas plantas de cominuição .... 44

Tabela 9 - Parâmetros de desmonte adotados antes e depois de 2014 ..................................... 47

Tabela 10 - Resultados obtidos para o protólito Foscorito ......................................................... 49

Tabela 11 - Resultados para o protólito Foscorito com Carbonatito .......................................... 51

Tabela 12 - Resultados para o protólito Foscorito com Flogopitito ............................................ 53

Tabela 13 - Resultados para o protólito Silexito com Óxido de Ferro ........................................ 55

Tabela 14 - Cronograma das pilhas 57 e 58 ................................................................................ 62

Tabela 15 - Cronograma das Pilhas 63 e 64 ................................................................................ 62

Tabela 16 - Cronograma das pilhas 69 e 70 ................................................................................ 63

Tabela 17 - Apresentação dos ganhos obtidos em percentagem nos testes realizados ............ 66

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Lista de Figuras

Figura 1 - Dimensão do Impacto do Consumo de Energia Elétrica Proveniente da Cominuição. 9

Figura 2 - Comparativo de custos minério compacto x custos de processo e consumo de

energia........................................................................................................................................... 9

Figura 3 - Cronologia moderna dos desenvolvimentos e aplicações Mine to Mill. .................... 14

Figura 4 - Desmonte de rochas como um processo lógico e casual ............................................ 15

Figura 5 - Desmonte de rochas como parte integrante de uma abordagem holística ............... 17

Figura 6 - Digital Point Load Tester ............................................................................................. 26

Figura 7 - Direções diametrais e radiais para aplicação da carga ............................................... 26

Figura 8 - Padrão de bancada para detonação ........................................................................... 41

Figura 9 - Minério Foscorito detonado ....................................................................................... 48

Figura 10 - Curvas de Fragmentação para o minério foscorito detonado .................................. 48

Figura 11 - Histograma de fragmentação para o minério foscorito detonado ........................... 49

Figura 12 - Minério foscorito com carbonatito detonado .......................................................... 50

Figura 13 - Curvas de fragmentação para o minério foscorito com Carbonatito ....................... 50

Figura 14 - Histograma de fragmentação para o minério foscorito com carbonatito ................ 51

Figura 15 - Minério foscorito com flogopitito detonado ............................................................ 52

Figura 16 - Curva de fragmentação para o minério foscorito com flogopitito ........................... 52

Figura 17 - Histograma de fragmentação para o minério foscorito com flogopitito .................. 53

Figura 18 – Minério silexito com oxido de ferro detonado ........................................................ 54

Figura 19 – histograma de fragmentação para o silexito com oxido de ferro ............................ 54

Figura 20 - Curva de fragmentação para o silexito com oxido de ferro ...................................... 55

Figura 21 – Pátio de estocagem de minério, pilhas A e B e empilhador de minério. ................. 57

Figura 22 - Fluxograma do circuito de britagem. ........................................................................ 58

Figura 23 - Parâmetros gerais Pilha 57 e Pilha 58 ....................................................................... 63

Figura 24 - Parâmetros gerais Pilha 63 e Pilha 64 ....................................................................... 64

Figura 25 - Parâmetros gerais Pilha 69 e Pilha 70 ....................................................................... 65

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1. INTRODUÇÃO

Tradicionalmente, os processos da indústria mineral são divididos em dois grandes

grupos: Mina e Usina. Esses grupos são gerenciados por diferentes centros de custo e

com diferentes orçamentos, buscando alcançar suas metas com a máxima redução de

custos e gerando a maior rentabilidade dentro das etapas englobadas por cada grupo. A

eficiência de cada etapa é considerada satisfatória uma vez que está dentro do

orçamento e alcança as metas de produção. Os gerentes da mina e usina normalmente

tentam otimizar cada grande grupo independentemente, em vez de todo o processo

(Sarma, 2000). Nesse tipo de sistema, o foco não é a redução global dos custos, pois

não é oferecido nenhum tipo de incentivo para qualquer sub-processo com o objetivo de

aumentar a lucratividade global. Esse sistema não leva em consideração o impacto de

um processo sobre os processos à jusante na cadeia produtiva e sobre os custos totais de

produção.

A cadeia produtiva da mineração geralmente é dividida em muitas etapas, sendo as

principais: perfuração, detonação, carregamento, transporte, britagem, moagem e

flotação. A perfuração e detonação exercem um papel importante, pois são na maioria

das vezes a primeira etapa (primeira oportunidade de cominuição da rocha) e sua

eficiência tem impacto direto nos processos à jusante da cadeia. Além disso, o desmonte

por explosivos é a forma mais barata e eficiente de se fragmentar a rocha. Quando se

aplica explosivo, cerca de 70% da energia liberada é aproveitada no processo de

fragmentação da rocha. Em outros meios, sendo os mais comuns a britagem e a

moagem, esse número no máximo alcança 20%.

Um aumento nos custos de perfuração e desmonte muitas vezes é necessário para

aumentar a qualidade da fragmentação. Estes custos são de longe compensados pela

redução nos custos operacionais das outras etapas, tipicamente obtêm-se uma redução

de 7 a 10 vezes qualquer aumento nos custos de mina (Dance, 2013).

Neste trabalho serão apresentados alguns benefícios da aplicação do conceito Mine to

Mill. Tratamos de uma abordagem holística de todos os processos envolvidos onde o

esforço é concentrado para alcance da maior rentabilidade de toda a Unidade de

Negócio através da otimização da fragmentação e aproveitamento do potencial do valor

que pode ser gerado pela eficiência dessa operação.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Apresentar o potencial valor que pode ser gerado através da otimização da fragmentação

aplicando a abordagem Mine to Mill na integralização das operações mina – usina.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

i. Prover entendimento dos conceitos e Aplicações.

ii. Mostrar as ferramentas utilizadas no monitoramento e otimização do desmonte

de rochas.

iii. Executar análises de fragmentação na rocha desmontada buscando a otimização

dos processos subsequentes.

iv. Apresentar um plano para realização de testes industriais mostrando os

benefícios obtidos pela otimização da fragmentação.

v. Apresentar as chaves para o sucesso na implementação de projetos Mine to

Mill.

3. JUSTIFICATIVA

No competitivo mercado da mineração, a busca pela otimização continua da produção é

um fator decisivo para a sobrevivência de uma empresa. A fragmentação da rocha por

meio do desmonte com o uso de explosivos é muitas vezes a primeira etapa da cadeia

produtiva, tendo significativo impacto nos processos seguintes, especialmente na

britagem e moagem. Segundo a CEEC (Coalition for Eco-Efficient Comminution), a

cominuição é responsável por 3% de toda a energia consumida no mundo. Isso

equivale a todo o consumo anual da Alemanha (figura1). De acordo com Bowen

(2015), os custos de moagem representam 67% do custo total de lavra e beneficiamento

e 53% de todo o consumo energético nas minas que exploram rocha de alta dureza

(figura 2).

De forma estratégica, a otimização da fragmentação através da adoção da metodologia

Mine to Mill é considerada um dos carros chefe na geração de valor de muitas

operações em todo o mundo.

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Figura 1 - Dimensão do Impacto do Consumo de Energia Elétrica Proveniente da Cominuição.

Fonte: CEEC (Coalition for Eco-Efficient Comminution)

Figura 2 - Comparativo de custos minério compacto x custos de processo e consumo de energia.

Fonte: New Horizons in Blasting – The Innovation Imperative (adaptado).

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4. DEFINIÇÃO DO CONCEITO MINE TO MILL

Investigações realizadas por vários pesquisadores têm mostrado que a cadeia de mina à

usina são interdependentes e os resultados dos processos a montante (especialmente

resultados de desmontes por explosivos, tais como: fragmentação, forma e movimento

da pilha detonada) tem um impacto significante na eficiência dos processos de

cominuição à jusante, tais como, britagem e moagem (Eloranta 1995, Kojovic et al. ,

1998).

A abordagem Mine to Mill envolve a identificação de gargalos e oportunidades no

processo global, entendendo a relevância que cada processo tem nas etapas à jusante

(por exemplo: o impacto da perfuração e detonação nas etapas de

carregamento/transporte/britagem e moagem) e usa essa relevância para reduzir ou

eliminar o gargalo e maximizar a rentabilidade de toda a operação, em vez de um

processo individual.

Na maioria das operações, o minério segue por pelo menos três etapas de cominuição:

Detonação – para preparar o minério para escavação e transporte;

Britagem – que é o primeiro estágio de redução de tamanho dos blocos e melhora as

características de manuseio do minério preparando-o para a moagem, e

Moagem – que é geralmente executada em duas etapas (moagem primária e moagem

secundária).

Na abordagem Mine to Mill a quebra/ruptura da rocha é movida para o inicio da cadeia,

onde as necessidades energéticas são menores e mais baratas. Em termos gerais, a

abordagem implica aumento e/ou melhor, distribuição de energia durante a detonação

para o ROM (Run of Mine) com um top size controlado e de granulometria mais fina

(Kanchibotla & Valery 2010).

Ao mesmo tempo em que existe um esforço para a otimização da fragmentação pela

equipe da mina, a equipe da usina deve estar preparada para o melhor e de mais alta

qualidade material que irá alimentá-la. Uma revisão das práticas de britagem e moagem

deve ser conduzida com a assistência das ferramentas de simulação para deixar claro

onde os benefícios podem ser obtidos. Portanto, um projeto Mine to Mill bem

gerenciado, deve levar em consideração ambos os lados: quão bem a mina (fornecedor)

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entrega o material de alimentação consistente e de qualidade e quão bem a usina

(cliente) está trabalhando para maximizar esse benefício.

Nas operações que tem conduzido esse exercício de uma fragmentação mais fina e

melhorada (para o benefício da planta) a mina raramente deseja voltar aos velhos

tempos de minimização dos custos de perfuração e desmonte (Dance, 2007).

5. BREVE HISTÓRICO DA METODOLOGIA MINE TO MILL

Desde inicio do século XX, mina e usina têm sido consideradas disciplinas separadas.

De fato, os principais livros de processamento mineral na primeira metade do século

não continham menção sobre mina nos seus índices. Com o aumento da especialização

nas disciplinas de mina e metalurgia, as barreiras se tornaram maiores. A tarefa da mina

sempre foi produzir minério na taxa requerida e dentro da meta de teor estabelecida. A

meta da usina é beneficiar o minério, independentemente da dificuldade.

Apesar dessa separação, as realidades da mina e usina tem exigido alguma interação

entre essas disciplinas. Um motivador para isso é o impacto que os diferentes tipos de

minério com diferentes características de processamento têm no comportamento e

recuperação da usina. O tipo de minério, geralmente associado aos domínios geológicos

distintos e suas localizações reais no depósito, carregam informações adicionais, além

do teor, que podem levar a diferentes tipos de minério com teores semelhantes

apresentarem um comportamento diferente na flotação.

O advento do uso generalizado de computadores a partir de 1960 forneceu um detalhado

quantitativo link entre mina e usina. Os computadores forneceram a habilidade de

analiticamente avaliar aspectos da mina e usina, desenvolver modelamento e simulação

para prever os impactos que uma mudança na mina terá no processamento realizado

pela usina.

As apresentações da APCOM Conference (1969) foram publicadas em um formato de

livro pela Society for Mining, Metallurgy and Exploration, com o instrutivo titulo de A

Década da Computação Digital na Indústria Mineral. O evento de 1969 incluiu papers

de armazenamento de dados geológicos, geoestatistica, projeto e planejamento de mina

a céu aberto, planejamento e programação de mina subterrânea. Nesta época, alguns

modelos de cominuição e classificação haviam sido desenvolvidos, e um trabalho

similar foi realizado para a flotação. Assim, a partir de 1970 em diante, os modelos que

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forneceriam as ferramentas para a investigação de oportunidades Mine to Mill tornaram-

se disponíveis.

Em 1977 o Centro de Pesquisa Mineral Julius Kruttschnitt (JKMRC) na Austrália,

iniciou um projeto que foi fundamental para o entendimento prático do desmonte por

explosivos em várias minas. Uma série de projetos da Associação de Indústria e

Pesquisa da Austrália (AMIRA) iniciou um estudo sistemático de desmonte utilizando

medições em campo. O JKMRC, havia anteriormente conduzido pesquisas no

modelamento e simulação de moagem, classificação e flotação, em vez de simplesmente

considerar o desmonte por explosivos que é o primeiro estágio da cadeia produtiva.

Assim, os projetos de detonação da AMIRA tiveram o objetivo de desenvolver modelos

que previam a fragmentação bem como o formato da pilha detonada. O centro de

pesquisa da AMIRA estava concentrado nas operações de minerais metálicos, enquanto

um projeto de pesquisa similar do JKMRC na detonação overburden das operações de

carvão.

Em 1984, Kai Nielsen conduziu um dos primeiros estudos conectando a mina à usina.

Este trabalho envolveu uma analise das operações da mina e usina na mina de taconito

Sydvaranger na Noruega. Nielsen, um engenheiro de minas membro da equipe da

Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia em Trondheim, desenvolveu os

modelos técnicos e econômicos dos estágios da mina e usina na Sydvaranger e

demonstrou que tanto a produtividade quanto os custos operacionais poderiam ser

otimizados através de uma integração próxima das etapas de mina e usina.

Nielsen também foi um dos primeiros a considerar o potencial das detonações no pré-

condicionamento da rocha, de tal forma que a energia necessária nas etapas

subsequentes de britagem e moagem sejam reduzidas.

Em 1983, Claude Cunninghan apresentou um paper chave descrevendo um modelo de

fragmentação baseado em seus estudos na Africa do Sul. Cunningham propôs o

posteriormente e amplamente utilizado modelo de fragmentação de Kuz-Ram.

Esse modelo foi um dos primeiros a usar como input parâmetros que incluem o plano de

fogo, tipo de explosivo e alguns parâmetros do maciço rochoso para prever a

fragmentação. O modelo de Kuz-Ram tornou-se a base para o trabalho de modelamento

da fragmentação do JKMRC; entretanto, o modelo foi considerado menos preciso na

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estimativa da porção fina na curva de fragmentação. Em 1994, Kanchibotla do JKMRC

desenvolveu um método para modificar o modelo de fragmentação de Kuz-Ram para

retificar isso. Mais recentemente, a função de Swebrec desenvolvida por Ouchterlony

(2005) forneceu uma excelente representação da distribuição de tamanhos das

detonações nas frações de tamanhos grosseiras á finas (100 micrometros).

O desafio de longa data da moagem tem sido desenvolver um modelo robusto de

moagem autógena e semi-autógena. Um dos primeiros modelos de energia e minérios

específicos foi desenvolvido no JKMRC por Leung (1988). O modelo de Leung foi

posteriormente aperfeiçoado por Morrell (1993) para incluir uma previsão robusta do

consumo de energia nos moinhos autógenos.

Em meados dos anos 80, o JKMRC tinha uma vasta experiência nos trabalhos dentro

dos sites tanto com detonação quanto cominuição (britagem e moagem) e os modelos

iniciais associados. Mas até então os grupos de mina e usina do JKMRC existiam em

isolados.

A descoberta do Mine to Mill ocorreu quando o óbvio foi apreciado. Era sabido que os

moinhos AG e SAG operavam com vazões maiores quando alimentados por materiais

mais finos. Também tinha sido demonstrado que a fragmentação fina proveniente das

detonações poderia ser obtida através da manipulação dos projetos de detonação bem

como quantidade e tipo de explosivos. Era possível manipular diretamente as

detonações para produzir distribuições granulométricas mais apropriadas para alimentar

os moinhos e aumentar o throughput do circuito de moagem. Isto levou diretamente a

um período quando a simulação, utilizando modelos de cominuição e detonação, foi

usada para explorar o potencial do aumento o throughtput da moagem como descrito

por Scott e McKee (1994) e McKee et al (1995).

Estudos baseados nos sites há muito tempo tem fornecido foco para a pesquisa e

desenvolvimento na indústria minerária Australiana e o JKMRC tem sido usado

extensivamente em tais trabalhos. Este trabalho tem sido facilitado pela colaborativa

pesquisa realizada através da Australian Mineral Industry Research Association (agora

AMIRA International) e o Australian Coal Association Research Program (ACARP).

Pesquisas no desmonte por explosivos dos minerais metálicos foram conduzidas pelo

JKMRC através dos AMIRA Blasting Projects a partir do final dos anos 70 até meados

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da década de 90. Durante o mesmo período, o JKMRC investigou a detonação na

mineração de carvão por meio de uma série de projetos.

Um dos resultados dessa abordagem foi o desenvolvimento de uma investigação

detalhada dos efeitos do maciço rochoso nas detonações. Os estudos de simulação

mencionados acima e o conhecimento de detonação adquirido pelos estudos da AMIRA

e ACARP impulsaram o novo projeto da AMIRA: AMIRA Project P483 – Optimization

of Fragmentation for Downstream Process (JKMRC, 1998;JKMRC, 2002). Este projeto

empreendeu muitos estudos Mine to Mill de 1996 – 2002 e desempenhou um papel

critico na exploração de uma série de aplicações Mine to Mill enquanto gerava a

aceitação generalizada do conceito dentro da indústria. Um resumo da cronologia é

apresentado na figura 3.

Figura 3 - Cronologia moderna dos desenvolvimentos e aplicações Mine to Mill.

Fonte: Understanding Mine to Mill, 2013 (adaptado).

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6. IMPACTO DAS DETONAÇÕES NOS PROCESSOS

SUBSEQUENTES DA CADEIA PRODUTIVA

6.1 FRAGMENTAÇÃO

A fragmentação resultante das detonações possui uma influência direta no desempenho

dos equipamentos de lavra, britagem e moagem. A definição de fragmentação ótima

depende das condições especificas de cada mina, mas tradicionalmente os engenheiros

de desmonte estão interessados em blocos maiores que 250 mm porque eles afetam as

operações de carregamento e transporte que são parte do fluxo de lavra. Também a

fragmentação resultante das detonações também afeta as operações de britagem e

moagem; e em alguns casos a recuperação e o valor final do produto.

Na abordagem geral ou tradicional, o desmonte de rochas é visto como um processo que

Adamson (2015) apresenta como uma sequência de etapas lógica e casual tendo com

etapa final a detonação do minério a ser lavrado. A figura 4 representa esse processo.

Figura 4 - Desmonte de rochas como um processo lógico e casual

Fonte: Engineering Discipline – Full Process Optimization, 2015 (adaptado de Davey Bickford)

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6.2 CARREGAMENTO E TRANSPORTE

O tamanho dos fragmentos gerados pelo desmonte por explosivos deve não apenas

fisicamente encaixar no tamanho da concha do equipamento de escavação, mas deve

fazer isso sem reduzir indevidamente o tempo de enchimento da concha. Os fragmentos

de tamanho maior que o desejado (oversize) irão não apenas reduzir a produtividade da

escavadeira mas também aumentar os custos com detonações secundárias e manutenção

dos equipamentos. A definição de oversize depende do equipamento de escavação; uma

dragline ou escavadeira de grande porte são mais tolerantes a blocos de maior tamanho

que carregadeiras e escavadeiras de menor tamanho.

O fator de enchimento dos caminhões é influenciado pela distribuição de partículas na

pilha detonada. Michael e Blanchet (1995) mostraram que a carga transportada por um

caminhão carregado com material de granulometria fina é maior que a de um caminhão

carregado com granulometria grosseira.

6.3 BRITAGEM E MOAGEM

Vários estudos recentes têm mostrado que o throughput e o consumo de energia dos

britadores são fortemente influenciados pela distribuição de fragmentação do ROM

(Run of Mine) que por sua vez é influenciada pela detonação (Eloranta 1995, Moodley

et al 1996). Eliiot (1999) demonstrara que reduzindo o D90 (90% passante) do ROM de

0,6m para 0,2m, a alimentação do britador aumentou cerca de 16%.

Morrel e Morrison (1996) mostraram que a distribuição de tamanho na alimentação tem

um efeito significativo no desempenho dos moinhos AG e SAG.

Uma fragmentação excessiva gera uma proporção significativa de material fino. Esse

fato tem pouca consequência na lavra de estéril, mas pode ter um impacto econômico

maior na eficiência do beneficiamento e valor dos produtos minerais. Vários trabalhos

mostram que o throughput dos moinhos aumenta significantemente com o aumento na

proporção de finos que alimentam a moagem.

Estudos recentes conduzidos pelo JKMRC sugerem que a maioria dos finos na

alimentação dos moinhos pela detonação e a britagem primária pouco contribui com a

adição de finos na alimentação da moagem.

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Em algumas operações o contrário é verdade. Por exemplo, o carvão fino é difícil de

manusear, tem baixa produtividade, possui excesso de umidade e muitas vezes um

preço de venda mais baixo. Finos de minério de ferro são vendidos a um preço reduzido

e devem ser pelotizados para recuperar o valor.

Na abordagem Mine to Mill o desmonte de rochas atua em conjunto com todas as etapas

da cadeia produtiva e atende a um conjunto de fatores que são inputs e outputs

considerados estratégicos para a operação. Na figura 5 é apresentada a dinâmica dessa

abordagem.

Figura 5 - Desmonte de rochas como parte integrante de uma abordagem holística

Fonte: Engineering Discipline – Full Process Optimization, 2015 (adaptado de Davey Bickford).

7. OTIMIZAÇÃO MINE TO MILL

O objetivo de qualquer projeto de otimização é maximizar a rentabilidade da

companhia. A otimização Mine to Mill, refere-se à integração das atividades de mina e

beneficiamento; e a otimização da cadeia de valor da mina até o produto da moagem.

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De acordo com McKee et al. (1995), a otimização da mina e usina pode ser alcançada

de diferente formas:

A mina maximizar o throughput das atividades de cominuição subsequentes;

Mina entregar minério com propriedades metalúrgicas consistentes;

Integrar a mina e a usina para minimizar o consumo de energia, ou

Mina e usina minimizarem a quantidade de finos no produto.

Dos itens listados acima, o primeiro é o motivador mais frequente para projetos Mine to

Mill. Em particular, a moagem é frequentemente o gargalo do processo. Projetos Mine

to Mill geralmente tem como objetivo aumentar o throughput.

O desempenho do circuito de moagem é sensível à distribuição granulométrica do

material que recebe. Esta distribuição de partículas é, em parte, dependente das

características da rocha, projeto de detonação e operação do circuito de britagem. As

características da rocha não podem ser alteradas, mas o projeto de detonação e a

operação do circuito de britagem podem ser alterados para adequar as necessidades de

produto. Portanto, projetos Mine to Mill implicam no ajuste desses dois fatores para

maximizar o throughput da moagem.

7.1 METODOLOGIA GERAL PARA APLICAÇÃO MINE TO MILL

A metodologia detalhada aborda as sete principais etapas abaixo:

1. Definição do projeto, incluindo necessidades, escopo e restrições para a

otimização;

2. Caracterização da Rocha;

3. Monitoramento do minério através do processo (mina – usina);

4. Coleta de dados dos processos de fragmentação e cominuição;

5. Modelamento do desmonte por explosivos;

6. Modelamento dos circuitos de cominuição;

7. Desenvolvimento e implementação da estratégia operacional.

A metodologia proposta é demonstrada por uma comparação das práticas de otimização

da fragmentação da PPRust (Anglo American, África do Sul), Los Bronces (Anglo

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American, Chile), El Soldado (Anglo American, Chile), Los Pelambres (Antofagasta

Mining, Chile), Morila (Anglo Gold Ashanti, Mali), Iduapriem (Anglo Gold Ashanti

Ghana), Paracatu Mineração (Kinross, Brazil) , Batu Hijau (Newmont Mining,

Indonesia), and Fimiston (Kalgoorlie Consolidated

Gold Mines, Australia).

Cada uma das etapas acimas são discutidas nas seções seguintes.

7.2 DEFINIÇÃO DO PROJETO

A meta de um projeto Mine to Mill geralmente é maximizar o throughput ou o lucro. A

definição precisa da meta implica na especificação dos objetivos do projeto, definição

do escopo de trabalho e identificação das restrições do processo. Cada um desses passos

são discutidos abaixo.

7.3 OBJETIVOS DO PROJETO

O primeiro passo de qualquer projeto Mine to Mill é especificar os objetivos do projeto.

Exemplos de possíveis objetivos são:

Aumentar o throughput da moagem ou flotação da usina;

Melhorar a liberação dos minerais de interesse através dos processos de

detonação e cominuição;

Melhorar a alimentação da moagem com propriedades metalúrgicas

consistentes, ou

Reduzir o consumo de energia durante a cominuição .

Uma vez que os objetivos do projeto são definidos, a razão para uma não otimização

devem ser identificadas. Baseado nessas razões, metas para os processos de

fragmentação individual e cominuição devem ser estabelecidas. Por exemplo, se o

throughput de um moinho SAG precisa ser aumentado, a distribuição de partículas que

o alimenta de ser procurada para ajustar-se ao throughput e potência ótima desejados.

As etapas de detonação e britagem primária podem ser ajustadas para produzir o PSD

necessário.

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7.4 ESCOPO

O escopo do projeto deve ser definido no estágio inicial como ferramenta para planejar

o projeto. As áreas de pesquisa e investigação devem ser especificadas, tão bem quanto

os limites para o trabalho de otimização. Um exemplo de escopo é apresentado abaixo:

Fase 1: Planejamento

Nesta primeira fase do projeto, os resultados devem ser finalizados. Os limites para o

trabalho de otimização devem ser estabelecidos (por exemplo, se a etapa de flotação

será incluída). Os dados devem ser obtidos das pessoas no site, incluindo as medidas de

caracterização das rochas e os parâmetros operacionais dos processos de detonações e

cominuição.

Fase 2: Visitas aos sites e coleta de dados

Uma visita ao site deve ser conduzida para rever as operações existentes e a coleta de

dados. Amostras das rochas devem ser coletadas para caracterização. Uma auditoria

detalhada nos processos de detonação e levantamento no circuito de cominuição deve

ser conduzida. Sistemas para a coleta de dados devem ser implementados, tais como,

sistema para rastreabilidade do minério e análise de imagens. Uma coleta de dados

detalhada permitirá a equipe do projeto identificar as área para melhoria. As visitas aos

sites devem incluir entrevistas com operadores e supervisores para adquirir

conhecimento dos assuntos do processo.

Fase 3: Desenvolvimento do modelo e calibração

Modelos devem ser desenvolvidos para detonação, britagem e moagem. A coleta de

dados da fase 2 deve ser usada para calibrar esses modelos. Os modelos podem ser

validados com dados históricos.

Fase 4: Desenvolvimento da estratégia operacional

A definição de modelos deve ser combinada para desenvolver um modelo completo que

permita a previsão da performance da moagem, baseada nos resultados das detonações.

Diferentes estratégias operacionais devem ser simuladas para identificar a estratégia que

adequada para os objetivos do projeto.

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Fase 5: Implementação e monitoramento

A estratégia operacional deve ser implementada no site. As pessoas devem ser treinadas

no uso desses modelos de previsão do throughput, com o objetivo de selecionar os

parâmetros operacionais corretos para os diferentes tipos de rochas.

7.5 RESTRIÇÕES

Existem restrições dentro das operações de mina e usina que limitam a quantidade total

e ROM que pode ser processado e a distribuição de tamanhos que pode ser atingida.

Estas restrições são discutidas abaixo (Valery et al., 2007):

- Controle de talude: Refere-se à minimização do dano que a detonação pode causar ao

maciço rochoso no talude, com o objetivo de alcançar um talude estável e seguro. O

controle de talude limita a quantidade de energia do explosivo que pode ser usada por

volume de rocha e, portanto, limita a redução que pode ser alcançada.

- Tamanho dos Equipamentos: O tamanho dos equipamentos do circuito de cominuição

limita o throughput e tem um efeito no consumo de energia dos equipamentos.

- Quantidade de água no maciço rochoso: A presença de água afeta a condição das

juntas no maciço rochoso e, portanto afeta a fragmentação que pode ser alcançada.

- Características da Pilha Detonada: A forma e a escavabilidade da pilha detonada afeta

a produtividade de carregamento e transporte. Os efeitos que as mudanças no projeto de

detonação podem ter na característica da pilha detonada necessitam ser monitorados.

- Diluição do minério: Esta é a redução do teor de minério devido a detonação,

resultante da combinação do minério com rocha estéril. O material estéril pode ou estar

dentro do corpo de minério (diluição interna) ou fora do maciço rochoso (diluição

externa) (King et al., 2007). A fragmentação necessita ser controlada para minimizar a

diluição. As minas tipicamente toleram uma diluição do minério de 10% (King et al.,

2007).

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- Capacidade instalada: A energia instalada no circuito de cominuição pode limitar a

alimentação ou a distribuição do tamanho das partículas que serão obtidos.

- Parâmetros econômicos: Fatores econômicos que influenciam na operação, tais como,

preço da commodity, vida útil da mina (LOM), custos operacionais e custos de capital,

são importantes para determinar o valor que pode ser alcançado por qualquer etapa de

otimização de um projeto Mine to Mill.

- Outros gargalos do processo: Gargalos do processo devem ser considerados antes de

qualquer aumento no throughput da moagem. Por exemplo, o aumento no throughput

da moagem pode resultar em um decréscimo no tempo de residência da planta de

flotação, o que pode ter um efeito adverso na recuperação.

8. CARACTERIZAÇÃO DO MACIÇO ROCHOSO

O maciço rochoso para ser lavrado precisa ser classificado em zonas de fragmentação

ou domínios baseados na estrutura, resistência, propriedades mecânicas, propriedades de

cominuição e absorção. Em cada domínio a rocha apresenta um comportamento de uma

forma particular durante os processos de fragmentação e cominuição ( Valery et al.,

2007). A classificação da rocha por domínios de fragmentação garante uma alimentação

constante no circuito de cominuição pela alteração nos projetos de desmonte com

explosivos e estratégias de blending adequadas para o circuito de cominuição (Valery et

al., 2007).

Os dados de caracterização da rocha devem fornecer uma descrição completa do maciço

rochoso. Amostras dos furos de sondagem devem ser realizadas para garantir a

representatividade dos dados. O número de amostras a ser tomado deve ser baseado na

geologia do maciço rochoso. Detalhes do procedimento para a coleta de amostras

podem ser encontrados no trabalho de Doll e Barrat (2009).

As metodologias usadas para a caracterização de acordo com a estrutura, resistência,

propriedades mecânicas e de cominuição estão descritas nas seções 8.1 a 8.4,

respectivamente. Uma breve descrição das propriedades de absorção é fornecida na

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seção 8.5. A seção 8.7 descreve um esquema comum para a classificação do maciço

rochoso. Um resumo das metodologias para a caracterização da rocha é fornecido na

seção 8.8. Uma especificação exata para o número de testes para cada etapa de

caracterização não é fornecido nesse trabalho.

8.1 ESTRUTURA DO MACIÇO ROCHOSO

A estrutura do maciço rochoso é descrita através das seguintes medidas:

1. Frequência de Fratura (FF), e

2. RQD – Rock Quality Designation.

Os valores de frequência de fratura e RQD podem ser usados para mapear o banco a ser

lavrado e para determinar a distribuição granulométrica do bloco in situ. O tamanho do

bloco in situ é o tamanho de parte do maciço rochoso que é rodeada de fraturas (Jern,

2004) e fornece uma indicação da proporção de material grosseiro que será formado

durante a detonação. O FF e RQD são descritos de forma mais completa nas seções

8.1.1 e 8.1.2.

8.1.1 Frequência de Fraturas (FF)

A FF do maciço rochoso descreve a ocorrência de descontinuidades ou fraturas no

maciço rochoso, sendo medida através de um mapeamento na linha de varredura. Uma

linha de varredura ou fita métrica é posicionada na face exposta da rocha, usualmente,

perpendicular as fraturas. As fraturas que interceptam a linha de varredura são contadas.

O número de fraturas por metro é a frequência de fratura. A distancia entre os pontos

das fraturas que interceptam a linha de varredura são chamadas de amplitude. Para se

obter uma estimativa confiável da FF, o comprimento da linha de varredura deve ser no

mínimo 5 vezes o tamanho médio da amplitude.

8.1.2 Rock Quality Designation (RQD)

O RQD é um índice de qualidade da rocha, inicialmente desenvolvido por Deere (1963).

Desde então tem se tornado um parâmetro padrão na avaliação da qualidade da rocha.

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De acordo com Deere & Miller (1966), o maciço rochoso pode ser descrito pelas

descontinuidades físicas, tais como, juntas, falhas, planos de clivagem e pelas variações

na dureza do minério. Esta é a base para o RQD, que é uma medida de “rocha boa”

recuperada do testemunho de sondagem.

RQD é uma medida local de amostras dos furos de sondagem, idealmente com diâmetro

entre 36,5 mm e 85 mm. A recomendação geral para o comprimento é 1,5 m. Os

comprimentos dos pedaços de testemunho obtidos devem ser medidos e registrados.

Estes comprimentos refletem o espaçamento das juntas, fraturas e espessuras dos leitos

(Deere & Miller, 1966).

Os comprimentos maiores que 10 cm são somados para calcular a recuperada do furo.

Neste caso, os planos de descontinuidades e os fragmentos de rocha são excluídos da

medida do RQD. O RQD é a soma dos comprimentos expressa como um percentual do

total do furo, como mostrado na equação 8.1.

𝑅𝑄𝐷 =∑𝑓𝑟𝑎𝑔𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑎𝑚𝑎𝑛ℎ𝑜 > 10 𝑐𝑚

Comprimento total do testemunho 𝑥 100%

[8.1]

Onde:

RQD = Rock Quality Designation;

Baseado no valor do RQD a rocha é tachada como muito pobre, pobre, média, boa ou

excelente. Taxas do RQD são apresentadas na tabela 1.

Tabela 1 - Classificação dos maciços rochosos baseado nos valores de RQD

Fonte: Autoria própria (2015)

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Alguns autores têm reportado correlações entre o RQD e a FF. Por exemplo, Priest e

Hudson (1976;1983) apontaram para a relação em RQD e a média da FF na equação 8.2

quando a média da FF está entre 6 e 16.

[8.2]

Onde:

RQD = Rock Quality Designation

FF = Frequência de Fraturas

8.2 RESISTÊNCIA DA ROCHA

A resistência da rocha fornece informação da blastabilidade e características de quebra

da rocha. A resistência da rocha pode ser descrita por:

1. Point Load Index (PLI), e

2. Resistencia a Compressão Uniaxial (UCS).

O procedimento recomendado para fazer a caracterização da resistência da rocha é um

número de testes de PLI no site, suplementado por alguns testes de UCS. Isto ocorre

porque o procedimento para o teste de PLI é simples, conhecido e relativamente de

baixo custo. O PLI pode ser correlacionado com o UCS usando os resultados de

laboratório. Neste caso, o PLI pode ser usado como uma ferramenta rápida para acessar

a resistência da rocha. O número de testes necessários para cada medida deve ser

baseado na geologia do site.

8.2.1 Point Load Index (PLI)

O PLI é um método para caracterizar a rocha de acordo com a resistência. O PLI é um

teste simples que pode ser realizado nas amostras dos furos de sondagem, amostras de

blocos de rocha ou pedaços de blocos retirados das pilhas detonadas ou de estocagem.

Os outputs do PLI são o Point Load Strenght (Is) e o Strenght Anisotopy Index (Ia).

Estes valores são então corrigidos para os valores padrão fornecidos, Is50 e Ia50

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respectivamente, os quais correspondem a amostra do testemunho de sondagem com 50

mm de diâmetro.

O PLI é medido utilizado o Point Load Tester. Um modelo é apresentado na figura 6.

Figura 6 - Digital Point Load Tester

Fonte: GCTS testing systems catálogo

A amostra do teste é posicionada dentro do equipamento entre duas placas que têm

pontas cônicas. Direções de carregamento para testes diametrais e radiais são mostradas

na figura 7.

Figura 7 - Direções diametrais e radiais para aplicação da carga

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As placas são aproximadas fazendo-as terem contato com a amostra. A distancia entre

as placas é registrada. A carga na amostra é aumentada de forma que a amostra se

rompe dentro de 10 – 60 segundos. A carga na qual a falha ocorre é registrada (ISRM,

1985). A partir da falha o valor do Is é calculado de acordo com equação 8.3.

[8.3]

Onde:

P é o valor em que a falha ocorre em N, e

De é o diâmetro equivalente do testemunho em mm, dado pela equação 8.4 para testes

diametrais e 8.5 para testes axiais ou pedaços de blocos,

[8.4]

[8.5]

Onde:

D é o diâmetro do testemunho em mm e

A é a mínima área da seção transversal de um plano através das placas.

Para entender a anisotropia da rocha, cargas são aplicadas perpendiculares a amostra e

paralelas aos planos de fraqueza. Isto resulta nos índices de máxima e mínima

resistência respectivamente. A razão entre a máxima e mínima resistência é o índice de

anisotropia, Ia, mostrado na equação 8.6.

[8.6]

Desde que o Is varia com D ou De, um tamanho de correção é aplicado para obter um

único valor de Is50 para a rocha. O Is50 é o valor de Is que a amostra teria para um teste

diametral com uma amostra de testemunho com 50 mm. Este é calculado de acordo com

a equação 8.7.

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[8.7]

A razão do Is50 para as maiores e menores cargas fornece o valor do Ia50.

O valor do PLI pode ser correlacionado com os resultados do JK Drop Weight test

(Burger et al., 2006; Valery et al., 2007). A correlação é especifica para cada tipo de

rocha. Uma vez que a correlação é estabelecida, o PLI pode ser usado como uma

ferramenta rápida para avaliar os parâmetros do JK Drop Weight.

8.2.2 Resistência a Compressão Uniaxial (UCS)

O UCS é outra medida comum da resistência da rocha utilizada para classificação e

caracterização dos maciços rochosos. O UCS é também um parâmetro usado para

projetar estruturas como pilares; e no projeto e modelamento de processos de

fragmentação. A medida do UCS é realizada em um laboratório com amostras

preparadas. O UCS teste dá o valor da UCS e curva de tensão-deformação para a

amostra.

Amostras de furos de sondagem são usadas para os testes de UCS. A preparação da

amostra inclui o corte da amostra no tamanho requerido, que usualmente é 2 – 3 vezes o

diâmetro e tratar as superfícies das extremidades para assegurar que estão planas.

A amostra preparada é carregada no equipamento de teste entre duas placas que tem

superfícies flat. A placa superior é esférica e seu centro deve coincidir com o centro da

amostra. As placas são aproximadas para aplicar uma carga axial na amostra. A carga é

aumentada de forma constante para manter constante a tensão ou taxa de deformação. A

carga na qual a fratura da amostra ocorre é registrada. O UCS é calculado pela equação

8.8.

[8.8]

Onde:

σ é o UCS em Mpa

F é a carga máxima da falha em N, e

A é a área da seção transversal da amostra em mm2

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A curva de tensão deformação para a amostra de rocha obtida do teste de UCS fornece

informação sobre a rigidez e fragilidade da rocha. A inclinação da curva indica o

Modulo de Young do material.

Conforme mencionado anteriormente, existe uma correlação linear entre o UCS e PLI.

A fórmula dessa correlação é mostrada na equação 8.9.

[8.9]

Onde

K é um fator de correlação especifico da rocha.

O valor do Is50 obtido dos testes axiais da a mais acurada correlação com o UCS

(Rusnak & Mark, 2000). Broch & Franklin (1972) inicialmente propisera o valor de 24

para K e este foi usado recentemente por Sommez et al. Bieniawaski (1975) sugeriu

um K entre 18 e 24. Rusnak e Mark (2000) alegaram que o valor de 24 para K não é

universal e que K precisa ser determinado pelos dados específicos para cada tipo de

rocha.

8.3 PROPRIEDADES MECANICAS

As propriedades mecânicas das rochas incluem:

1. Módulo de Young, e

2. Coeficiente de Poisson

8.3.1 Módulo de Young

O módulo de Young (E) do material é uma medida da rigidez do material dada pela taxa

de resistência a compressão pela deformação sob certa condição de carga.

O valor de E pode ser obtido do teste de UCS discutido na seção 8.2.2. No teste de UCS

a amostra é submetida a uma carga crescente mantendo constante a taxa de tensão ou

deformação. A tensão e deformação são anotadas a medida que a carga aumenta até a

fratura ocorrer. A inclinação da curva tensão x deformação indica o Modulo de Young

do material.

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8.3.2 Coeficiente de Poisson

Outra propriedade mecânica da rocha é o Coeficiente de Poisson (v) ,que representa a

deformação da rocha. Quando uma carga axial é aplicada a amostra, o material se

deforma nas direções axiais e transversais. A razão negativa da tensão transversal para a

tensão axial é o Coeficiente de Poisson (Fathi et al., 2012)

8.4 PROPRIEDADES DE COMINUIÇÃO

As propriedades de cominuição da rocha descrevem como a rocha se comporta durante

os processos de cominuição. Essas propriedades incluem:

1. Work Index de Bond (BWi),

2. Parâmetros A e B do JK Drop Weight Test, e

3. SAG Power Index (SPI).

As medidas listadas são obtidas de testes de laboratório. Os valores de BWi e os

parâmetros A e B do JK Drop Weight podem ser correlacionados com o PLI.

Resultados dos testes de laboratório podem ser usados para calibrar a correlação. Uma

vez feito, as medidas do PLI, discutidas na seção 8.2.1 podem ser usadas para fornecer

uma rápida estimativa das propriedades de cominuição.

8.4.1 Work Index de Bond

O Work Index de Bond (BWi) fornece uma medida da resistência da rocha à

cominuição. Existem três Work Index que podem ser obtidos dos testes padrões de

Bond, conforme listados abaixo, com os intervalos de granulometrias típicos para esses

índices:

Índice de Bonde para Moinho de Bolas (BBWi), 2100µm à 100 µm;

Índice de Bonde para Moinho de Barras (BRWi), 10mm à 2100µm; e

Os índices de Bond são usados no modelo de Bonde de cominuição (Bond, 1952) para

relacionar a energia consumida com a mudança na distribuição do tamanho de

partículas.

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Os valores do BBWi e BRWi são obtidos dos testes padrões de Moinho de Bolas de

Bond e Moinho de Barras de Bond respectivamente. As propriedades do moinho e as

condições operacionais para cada teste são dadas na Tabela 2.

Tabela 2- Propriedades e condições operacionais dos moinhos para teste de BWi

Fonte: A Methodology for Fragmentation Optimization, 2014 (adaptado).

A amostra do teste é britada até o tamanho de alimentação requerido e dividida em duas

amostras. As sub-amostras são moídas a úmido em bateladas para um número fixo de

revoluções. A cada ciclo, o conteúdo do moinho é peneirado. O tamanho da peneira

geralmente utilizada é uma vez maior que o requerido P80. O undersize é removido e

substituído por uma massa igual da alimentação fresca. Isto é repetido até a massa do

undersize alcançar o equilíbrio. Para os 3 ciclos finais, é calculada a massa média do

undersize da peneira por rotação. Uma amostra representativa do produto do moinho é

peneirada para determinar o P80, O work index é calculado pela equação de Bond 8.10.

[8.10]

Onde:

BWI é o Work Index de Bond de laboratório, referido como BBWI para moinho de

bolas e BRWI para moinhos de barras,

F é 44.5 para moinho de bolas e 62 para moinho de barras,

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P1 é o tamanho de da peneira em µm, e

Gbp é a massa liquida do undersize da peneira por revolução do moinho em gramas.

Típicos valores de BBWi e as relativas descrições da dureza do minério são dadas na

Tabela 3.

Tabela 3 - Interpretação do BWi

Fonte: Autoria própria (2015).

8.4.2 Os parâmetros A e b do Jk Drop Weight Test

O JK Drop weight test tem sido um padrão utilizado pela indústria para descrever o

comportamento da rocha nas condições de britagem e moagem em moinhos AG/SAG.

Para os moinhos AG e SAG, a quebra ocorre pelo impacto e abrasão. O teste informa o

valor do parâmetro de quebra por abrasão, ta , bem como, os parâmetros de quebra por

impacto A e b. Os valores de A e b são usados para relacionar a mudança de tamanho

durante a moagem ao consumo especifico de energia.

O teste de impacto é realizado soltando um peso de aço em uma amostra teste. O

impacto causa a quebra da partícula e o peso para em algum lugar acima da amostra

fragmentada. A diferença das alturas, final e inicial, da queda do peso indica a energia

utilizada para a quebra. O processo é repetido para diferentes frações de tamanho. Os

tamanhos de distribuição das partículas fragmentadas são relativamente similares na

forma e são descritos pelo índice t10, que é o percentual de tamanho passante em 1/10 do

tamanho original das partículas. Os valores de t10 e o consumo especifico de energia

são substituídos na equação 8.11 para obtermos os parâmetros A e b.

[8.11]

Onde:

t10 é a % passante em 1/10 do tamanho original da rocha,

ECS é o consumo especifico de energia em Kwh/ton., e

A e b são os parâmetros de quebra da rocha.

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O parâmetro de abrasão é calculado utilizando um teste padrão de abrasão. O valor de

t10 é medido e o valor de ta é calculado de acordo com a equação 8.12.

[8.12]

Os parâmetros do Drop Weight Test podem ser interpretados para obter-se a descrição

do maciço rochoso, de acordo com a tabela 4.

Tabela 4 - Interpretação dos parâmetros do JK Drop Weight

Fonte: A Methodology for Fragmentation Optimization, 2014 (adaptado).

8.5 PROPRIEDADES DE ABSORÇÃO

Propriedade de absorção do maciço rochoso fornece a informação da quantidade de água

contida na rocha. O teor de umidade é importante, pois afeta a resistência da rocha.

8.6 MEDIDAS ADICIONAIS

Em adição as medidas listadas acima, as seguintes medidas adicionais devem ser tomadas:

- O teor e a mineralogia do depósito – esta é usualmente medidas dos estágios de

planejamento de mina e esta informação deve ser avaliada em qualquer projeto mine to mill.

- Densidade

- Taxa de perfuração

- Teste do martelo de Schmidt

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8.7 ESQUEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO MACIÇO ROCHOSO

O maciço rochoso é classificado em domínios baseados nas medidas discutidas nas seções

8.1 a 8.6. Os esquemas de classificação encontram-se em duas categorias:

1. Classificação Geotécnica, e

2. Blastabilidade.

A classificação dos maciços rochosos é usada para fornecer conhecimento das características

da rocha e para obter dados para o design de mina (Bieniawski, 1976).

8.7.1 Classificação Geotécnica

O mais comum dos sistemas de classificação é o de Bieniawski Rock Mass Rating (RMR),

sistema do Q de Barton e o sistema Mining Rock Mass Rating (MRMR) de Laubscher.

Sistema de Bieniwaski RMR

O sistema RMR foi desenvolvido por Bieniawski (1976) e desde então tem sido modificado

para adequar-se aos padrões internacionais. Os parâmetros usados para classificação dos

maciços rochosos são:

1. UCS

2. RQD

3. Espaçamento e descontinuidades

4. Condições das descontinuidades

5. Condições das águas subterrâneas

6. Orientação das descontinuidades

Quando se utiliza o sistema RMR, o maciço rochoso é divido em regiões estruturais que

possuem propriedades similares. As fronteiras dessas regiões normalmente coincidem com

as características geológicas, tais como, falhas ou zonas de cisalhamento. Os parâmetros de

RMR são medidos para cada zona.

Os parâmetros de 1 – 5 são divididos em 5 intervalos de valor e um peso de importância é

aplicado para cada intervalo. Os intervalos dos parâmetros e seus pesos estão fornecidos no

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trabalho de Bieniwaski (1993). Os pesos para os parâmetros 1 – 5 são somados para uma

zona particular e fornecem um RMR não ajustado para essa zona. O RMR é então ajustado

usando o parâmetro 6, a orientação das descontinuidades. O valor do parâmetro 6 é baseado

na aplicação do RMR, por exemplo, tuneis e fundações; e podem ser encontrados no

trabalho de Bieniwaski (1993). O RMR ajustado pode ser complementado utilizando fatores

de ajustamento para os danos das detonações, tensões in situ, grandes falhas e fraturas. O

valor máximo do RMR é 100.

Uma vez que o valor do RMR é obtido, o maciço rochoso é classificado em cinco

categorias. As categorias e seus significados nas aplicações de engenharia são mostradas na

tabela 5.

Tabela 5 - Classes de maciços rochosos e seus significados para aplicações de engenharia

Fonte: Autoria própria (2015)

Sistema do Q de Barton

O sistema Q para classificação dos maciços rochosos foi desenvolvido por Barton et al.

(1974) e utiliza os 6 seguintes parâmetros:

1. RQD

2. Avaliação do conjunto de juntas comuns no mesmo domínio, Jn,

3. Avaliação da rugosidade da junta menos favorável ou descontinuidade preenchida, Jr,

4. Avaliação do grau de alteração or clay filling of least favourable joint set or filled

discontinuity, Ja,

5. Avaliação da infiltração de água e efeitos da pressão,

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6. Redução do fator de tensão por falhas, relação tensão/deformação, dilatação ou

compressão.

O maciço rochoso é dividido em domínios estruturais e os parâmetros listados são obtidos

para cada domínio. O método de determinação dos valores de Jn, Jr, Ja, Jw e SRF podem ser

encontrados nas tabelas atualizadas no trabalho de Barton (2002). As tabelas devem ser

usadas em conjunto com as notas de rodapé atualizadas. O valor de Q é calculado através

desses valores pela equação 8.13.

[8.13]

Os valores de Q podem ser normalizados para uma melhor sensibilidade do UCS. O valor

normalizado, denominado Qc , é calculado como mostrado na equação 8.14;

[8.14]

Em complemento, o valor de Qo pode ser calculado, usando o valor do RQDo, que é o RQD

medido em apenas uma direção.

Sistema MRMR de Laubscher

O sistema MRMR foi desenvolvido por Laubscher em 1977 sendo uma modificação do

sistema RMR. No sistema de Laubscher, uma avaliação maciço rochoso in situ é realizada

previamente ao maciço rochoso, usando parâmetros geológicos. Fatores de ajuste são então

aplicados para obter o MRMR. O valor do MRMR de Laubscher é calculado dos seguintes

parâmetros:

1. Resistência da rocha intacta (IRS) em Mpa

2. Espaçamento das juntas e fraturas

3. Condições das juntas e águas

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O valor do IRS é uma medida de escala para avaliar a resistência da rocha. Ele é o UCS não

confinado do maciço rochoso entre fratura e juntas. O espaçamento das fraturas e juntas é

medido de duas maneiras: a primeira é a medida do RQD e espaçamento das juntas somando-

se as duas; e a segunda é a frequência de fratura. As classificações atribuídas a diferentes

valores para cada parâmetro são fornecidas por Laubscher (1990). As classificações para cada

parâmetro são somadas para fornecerem o RMR de Laubscher. O máximo valor possível para

o RMR de Laubscher é 100.

O valor do RMR é multiplicado por fatores de ajuste para resultar no MRMR. Os fatores de

ajuste são empíricos e são resultantes de efeitos de intemperismo, orientação das juntas,

tensões induzidas pela lavra e detonações.

Outro resultado do sistema de Laubscher é a resistência do maciço rochoso (RMS), calculado

do MRMR e IRS, de acordo com a equação 8.15.

[8.15]

8.7.2 Blastabilidade

Blastabilidade refere-se à facilidade com que a rocha pode ser fragmentada através de

detonação. A Blastabilidade de um maciço rochoso é influenciada pelas propriedades da rocha

intacta e pelas descontinuidades do maciço rochoso (Lathan & Lu, 1999). A blastabilidade de

um maciço rochoso pode ser correlacionada com o fator de carga necessário para alcançar a

fragmentação desejada. Abordagens tradicionais para medir a Blastabilidade incluem os

métodos desenvolvidos por Hino (1959), Bourquez (1981) e Rakishev (1982). Neste trabalho,

será abordado o método mais utilizado como medida da Blastabilidade, um método empírico

desenvolvido por Lilly em 1986, conhecido como índice de Blastabilidade de Lily (Lilly’s

blastability Index) – BI.

Índice de Blastabilidade de Lilly

Em 1986 Lilly apresentou um método para avaliar a facilidade com que um maciço rochoso

pode ser desmontado com explosivos. O método combina propriedades mensuráveis da rocha

para obter um numero que descreve a Blastabilidade da rocha. Este número é denominado

Índice de Blastabilidade de Lilly (BI).

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De acordo com Lilly, as propriedades do maciço rochoso que mais contribuem para a

fragmentação são:

Estrutura da rocha, que significa se ela é em blocos, maciço ou solo.

Espaçamento e orientação dos planos de fraqueza, tais como, planos de juntas.

Densidade, e

Dureza

Essas propriedades são combinadas em uma relação empírica para fornecer o BI de acordo

com a equação 8.16.

[8.16]

Onde:

RMD é descrição do maciço rochoso,

JPS é o espaçamento do plano de juntas,

JPO é a orientação do plano de juntas,

SGI índice da gravidade especifica

S é a resistência da rocha

Valores para cada um dos fatores foram fornecidos por Lilly e estão apresentados na tabela 6.

Tabela 6 - Valores de RMD, JPS, JPO, SGI e S usados no BI de Lilly.

Fonte: Autoria própria (2015)

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O BI foi inicialmente desenvolvido para as minas de minério de ferro na Austrália. Dados

históricos eram usados para plotar a razão de carga usada para o ANFO versus o BI.

Consequentemente, Lilly publicou em 1992 uma série de tabelas e configurações de desmonte

com o uso de explosivos par uso geral. Essas tabelas relacionam o BI com a malha de

perfuração, que é o produto do afastamento e espaçamento e o fator de carga para três

diferentes alturas de bancadas. As tabelas são baseadas no pressuposto que o P95 do produto

da fragmentação é 800 mm.

As tabelas podem ser usadas como uma estimativa grosseira da malha requerida e da razão de

carga baseados nas propriedades da rocha. Entretanto, um número de pré-requisitos foram

consideradas para desenvolver as tabelas, como listado por Lilly. Devem ser tomados

cuidados para garantir que esses requisitos são validos para o caso de fragmentação em

estudo. Adicionalmente, as tabelas são limitadas e são apenas adequadas para fragmentações

cujo produto é um P95 de 800 mm.

O BI de Lilly foi incorporado no modelo de Kuz-Ram por Cunningham em 1983 para

relacioná-lo com qualquer tamanho de fragmentação.

Um resumo dos parâmetros necessários para a caracterização das rochas é dado na tabela 7.

Tabela 7 - Sumário dos índices necessários para a caracterização dos maciços rochosos em domínios de fragmentação

Fonte: Autoria própria (2015)

O número de testes necessário para uma descrição do maciço rochoso deve ser baseado na

geologia do site.

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9. COLETA DOS DADOS DE COMINUIÇÃO E FRAGMENTAÇÃO

9.1 VISÃO GERAL

As práticas atuais presentes nos locais de lavra devem ser entendidas antes de buscar a

otimização. Isto pode ser alcançado por uma auditoria nas operações de perfuração e

desmonte e um levantamento do circuito de cominuição para coletar dados de desmonte,

pilhas de estocagem, blending e processos de cominuição. A coleta de dados possibilita a

comparação com operações que são benchmarking. A coleta de dados deve ser utilizada para

validar e calibrar os modelos utilizados de fragmentação e cominuição.

A coleta de dados do desmonte com o uso de explosivos está descrita na seção 9.2, e dados de

estocagem e blending estão descritos na seção 9.3. Na seção 9.4 os dados necessários de

cominuição são discutidos.

9.2 DADOS DO DESMONTE POR EXPLOSIVOS

Auditorias no desmonte devem ser conduzidas para garantir a acurácia e a repetitividade na

implementação do plano de fogo (Sommez et al., 2011). Os dados que são coletados incluem

características das rochas, parâmetros do plano de fogo, propriedades dos explosivos e

resultados de fragmentação. Cada um desses são discutidos abaixo.

9.2.1 Características das Rochas

As características das rochas, incluindo estrutura e propriedades de resistência, afetam o

produto da fragmentação. Os dados necessários para a caracterização da rocha foram

discutidos na seção 8.

9.2.2 Parâmetros do Plano de Fogo

Durante a auditoria dos desmontes, os furos perfurados devem ser inspecionados para coletar

os seguintes dados (Valery et al., 2007; Lam et al., 2001; Tondo et al., 2006).

Altura de bancada,

Diâmetro dos furos,

Profundidade dos furos,

Afastamento,

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Espaçamento,

Subperfuração,

Tampão, e

Comprimento da carga.

Estes parâmetros estão ilustrados na Figura 8 (Das Sharma, n.d.). Os valores medidos devem

ser comparados com os valores do projeto e qualquer variação deve ser registrada. Em

complemento, um vídeo de uma detonação com câmera de alta velocidade é recomendado

para medir o tempo de movimento do afastamento e a ejeção de tampão.

Figura 8 - Padrão de bancada para detonação

Fonte: A Methodology for Fragmentation optimization, 2014.

9.2.3 Propriedades dos Explosivos

Os parâmetros dos explosivos que precisam ser registrados durante uma auditoria de

desmonte são:

Tipo de explosivos,

Densidade dos explosivos,

Razão de carga, que é a massa de explosivos por unidade de volume de rocha,

Comprimento da carga e,

Velocidade de detonação.

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9.2.4 Resultados de Fragmentação

A distribuição do tamanho de partículas (PSD) é medida por analise de imagens. As

análises de imagens são o uso de imagens digitais para estimar o PSD da fragmentação

do material. Imagens de vídeo ou fotografias também podem ser usadas. São realizadas

imagens da superfície das pilhas detonadas, caçamba dos caminhões, pilhas de estoques,

alimentação e produtos das correias do circuito de cominuição. As imagens são

processadas com a ferramenta dos softwares que calculam a distribuição do tamanho de

partículas. Analises de imagem fornecem um entendimento do balanço entre britagem e

desmonte com o uso de explosivos.

Um sistema comercialmente disponível é o software de analise de imagem Split-Online,

desenvolvido pela Split Engineering. O sistema inclui câmeras online para coletar

imagens digitais do minério através do processo. As imagens são escalonadas. O

software Split-Desktop delineia os pedaços de rocha individuais nas imagens utilizando

algoritmos buil-in. Baseado nas dimensões das partículas, os tamanhos das partículas

são calculados e encaixados ou para a distribuição de Rosim-Rammler ou para

distribuição de Schumann. Os outputs são em formato de gráficos e os dados são

armazenados como texto para uso futuro.

9.3 DADOS DE BLENDING E PILHA DE ESTOCAGEM

O minério deve ser rastreado desde a detonação até o sistema de cominuição. As

práticas de estocagem e blending devem ser revisadas e validadas para garantir que

dados suficientes estão disponíveis.

9.4 DADOS DE COMINUIÇÃO

Levantamentos na planta de cominuição devem ser realizados para coletar os dados

referentes ao circuito. Os tamanhos de alimentação e produto devem ser registrados, tão

bem quanto os parâmetros operacionais. Os balanços de massa e tamanhos devem ser

calculados para o circuito de cominuição. Nos casos em que sistema de rastreamento do

minério é utilizado, o comportamento do material em uma unidade particular pode ser

associado aos dados de caracterização da rocha.

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9.4.1 Distribuição dos Tamanhos de Alimentação e Produto

Os PSDs da alimentação e produto de cada unidade de cominuição devem ser medidos.

Os resultados devem ser validados com alguns testes de peneiramento em amostras

representativas.

9.4.2 Parâmetros Operacionais

Os parâmetros operacionais que devem ser monitorados nos britadores incluem:

- Throughput do britador,

- Adição de água,

- Abertura do britador,

- Revestimentos, e

- Consumo de energia.

Os parâmetros operacionais que devem ser monitorados e registrados dos moinhos são:

- Tamanho da Grelha,

- Carga de Bolas,

- Razão diâmetro e comprimento,

- Velocidade do moinho,

- Umidade da alimentação e produto,

- Configuração do circuito.

Os dados de caracterização da rocha que afetam a alimentação dos moinhos incluem,

PLI, DWi e BWi.

Os dados que podem ser registrados durante os levantamentos de planta estão resumidos

na tabela 8.

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Tabela 8 - Dados a serem coletados durante os levantamentos nas plantas de cominuição

Fonte: Autoria própria (2015)

10. DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE

ESTRATEGIA OPERACIONAL

Todos os dados reunidos e modelos desenvolvidos até esse ponto devem ser usados para

determinar a estratégia operacional da mina e usina. Isto é realizado através do

modelamento de toda a cadeia de valor da mina a usina. Uma vez que os padrões ótimos

de desmonte são identificados, eles podem ser implementados. Os efeitos

dessasmudanças podem ser monitorados para garantir que os resultados são alcançados.

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10.1 MODELAMENTO

O modelamento provê uma forma de avaliar o impacto das mudanças do plano de fogo

nos resultados de fragmentação e cominuição. Avaliar as mudanças na escala piloto ou

industrial envolve altos custos e o modelamento é uma alternativa mais barata.

Com o objetivo de determinar uma estratégia operacional, a definição dos modelos de

detonação, britagem e moagem devem estar associadas para formar um modelo que

prevê o throughput de toda a cadeia produtiva da mina até a usina. Dados de

caracterização da rocha, parâmetros do plano de fogo e condições operacionais do

circuito de cominuição são inputs para o modelo. Os parâmetros do plano de fogo e as

condições operacionais podem ser modificadas para se observar os efeitos no

throughput e PSD final do produto.

Usando os modelos de previsão do throughput, modelos de desmonte podem ser

desenvolvidos para cada domínio especifico de rocha com o objetivo de atender os

requisitos dos processos seguintes. Os efeitos dos blending de diferente tipos de rochas

pode ser avaliado. Adicionalmente, o modelo pode ser usado para fornecer estimativas

da performance até o fim da vida útil da mina (LOM), baseado nas mudanças de

características das rochas.

Os custos de detonação e moagem podem ser incluídos no modelo para que as

implicações econômicas das mudanças sejam compreendidas.

10.2 IMPLEMENTAÇÃO

Uma vez que as estratégias de desmonte e cominuição são definidas para o maciço

rochoso, estas devem ser implementadas no site. As estratégias e as razões por trás delas

precisam ser comunicadas ao pessoal do site. Adicionalmente, a equipe local deve ser

treinada no uso dos modelos de previsão de throughput de forma que mudanças podem

ser realizadas em base continua se necessário. As metas dos processos à jusante devem

ser continuamente comunicadas.

10.3 MONITORAMENTO

Uma vez que a estratégia é implementada, a performance da planta deve ser monitorada.

Ferramentas, tais como análise de imagem e sensores podem ser usados. Se estas

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ferramentas são Online, um sistema de controle pode ser utilizado para fornecer

feedback desde os resultados do desmonte até os circuitos de britagem e moagem.

11. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS MINE TO MIL NA CADEIA

PRODUTIVA DE ROCHA FOSFÁTICA NA ANGLO

AMERICAN FOSFATOS

No projeto da Anglo American Fosfatos, foram realizados testes e mudanças em duas

frentes de trabalho distintas: revisão das práticas de perfuração e desmonte; e mudança

no percentual de material detonado.

Em seguida foi realizado o monitoramento continuo das plantas de beneficiamento, de

forma a mensurar os resultados que essas mudanças tiveram na performance das

plantas.

Nas próximas seções, será apresentada uma visão geral da metodologia utilizada e serão

abordados em detalhes os aspectos de cada uma das etapas do projeto.

11.1 METODOLOGIA: REVISÃO DAS PRÁTICAS DE PERFURAÇÃO E

DESMONTE

Nos últimos anos, a blendagem na lavra de minério na mina da Anglo American

Fosfatos Unidade Ouvidor vem apresentando a seguinte composição média:

20 – 30% minério de alta dureza (silexito e outros tipos de cimentados);

30 – 40% minério semi-compacto (oxidado maciço);

40 – 50% minério friável (oxidado terroso, micáceo de base e micáceo de topo).

Até o ano de 2013, apenas o minério de alta dureza era desmontado por explosivos,

seguindo uma malha de perfuração padrão e sem alteração em qualquer outro parâmetro

do desmonte (diâmetro, tampão, tipo de explosivo, etc.).

O objetivo proposto foi otimizar a fragmentação da rocha através da divisão da mina em

domínios de protólito, onde principalmente foi modificado a malha de perfuração de (

3,0 x 3,8)m² para (2,6 x 3,2)m², consequentemente, aumentando a razão de carga de 165

g/t para 200 g/t para as rochas de maior dureza sem a presença de silexitos e a mudança

na malha de perfuração de (3,0 x 3,8)m2 para (2,0 x 2,6) m

2 com consequente aumento

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na razão de carga de 165(g/ton) para 275(g/ton) para as rochas com a presença de

silexito. Para permitir uma comparação dos resultados da distribuição granulométrica do

desmonte de rochas por explosivo, entre os protólitos predominantes tornou-se estes

novos parâmetros como padrão no dimensionamento do plano de fogo como mostrado

na Tabela 9.

Tabela 9 - Parâmetros de desmonte adotados antes e depois de 2014

Fonte: Banco de dados Anglo American (2015)

Informações precisas sobre a fragmentação do minério são essenciais para o processo de

otimização Mine to Mill . Técnicas de análise de imagem, tais como as utilizadas no

software Split Desktop, que foi utilizado no projeto, permitem estimar com precisão

razoável e relativa facilidade o resultado da fragmentação da rocha.

Realizou-se a análise de cada pilha desmontada, pelo mecanismo de desmonte de rochas

por explosivos, verificando o comportamento da distribuição granulométrica para cada

domínio de protólito (Foscorito, Foscorito com Carbonatito, Foscorito com Picrito,

Silexito com Óxido de Ferro), permitindo a análise do resultado em comparação com as

metas pré-estabelecidas (P80 < 600 mm) no qual é a circunferência máxima da rocha

passante através da grelha de alimentação da britagem. Para tal estudo, fez-se a captura

da imagem, o tratamento e a obtenção dos resultados como descrito na metodologia.

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11.2 RESULTADOS

11.2.1 Foscorito

Durante o período de realização deste trabalho foram coletadas informações de três

desmontes de rochas por explosivos em domínios litológicos caracterizado pelo

protólito Foscorito. A Figura 9 mostra uma foto característica do Foscorito, com o seu

desempenho da fragmentação do desmonte já com os parâmetros do plano de fogo

padronizado ilustrado na Figura 10 e Figura 11.

Figura 9 - Minério Foscorito detonado

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Figura 10 - Curvas de Fragmentação para o minério foscorito detonado

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

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Figura 11 - Histograma de fragmentação para o minério foscorito detonado

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Na Tabela 10, são apresentados os resultados obtidos com a análise de imagens

referente aos três testes de desmontes caracterizados pelo protólito Foscorito como

formação litológica do minério.

Tabela 10 - Resultados obtidos para o protólito Foscorito

Fonte: Banco de dados Anglo American (2015)

Observa-se através do histograma do Foscorito uma heterogeneidade muito alta nos

resultados de fragmentação tendo como consequência um altíssimo desvio padrão,

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evidenciado principalmente pela parcela de rocha compacta (cimentada) distinta em

cada desmonte de rochas, no entanto em todos os resultados obtidos da fragmentação da

rocha estão de acordo a meta pré-estabelecida (P80 < 600)mm.

11.2.2 Foscorito com Carbonatito

Durante o período de realização deste trabalho foram coletadas informações de oito

desmontes de rochas por explosivos em domínios litológicos caracterizado pelo

protólito Foscorito com Carbonatito. A Figura 12 mostra uma foto característica do

Foscorito com Carbonatito, com o seu desempenho da fragmentação do desmonte já

com os parâmetros do plano de fogo padronizado ilustrados na Figura 13 e Figura 14.

Figura 12 - Minério foscorito com carbonatito detonado

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Figura 13 - Curvas de fragmentação para o minério foscorito com Carbonatito

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

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Figura 14 - Histograma de fragmentação para o minério foscorito com carbonatito

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Na Tabela 11, são apresentados os resultados obtidos com a análise de imagens

referente aos oito testes de desmontes caracterizados pelo protólito Foscorito com

Carbonatito como formação litológica do minério.

Tabela 11 - Resultados para o protólito Foscorito com Carbonatito

Fonte: Banco de dados Anglo American (2015)

Observa-se que os resultados da fragmentação no Foscorito com Carbonatito tem um

altíssimo desvio padrão evidenciados principalmente pela parcela de rocha compacta

(cimentada) distinta em cada desmonte de rochas e pelo provável não cumprimento das

profundidades planejadas à priori no plano de fogo, dificultando o dimensionamento

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correto do desmonte de rochas, contudo pela presença do Carbonatito na rocha faz-se a

mesma elevar seu nível de dureza tendo como consequência um P80 médio de

270.71mm, no entanto mesmo com a elevação de dureza pela presença do Carbonatito

não houve nenhum desmonte com o P80 > 600 mm.

11.2.3 Foscorito com Flogopitito

Foram coletadas informações de dois desmontes de rochas por explosivos em domínios

litológicos caracterizado pelo protólito Foscorito com Flogopitito. A figura 15 mostra

uma foto característica do Foscorito com Flogopitito e o seu desempenho da

fragmentação do desmonte já com os parâmetros do plano de fogo padronizado

ilustrados na Figura 16 e Figura 17.

Figura 15 - Minério foscorito com flogopitito detonado

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Figura 16 - Curva de fragmentação para o minério foscorito com flogopitito

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

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Figura 17 - Histograma de fragmentação para o minério foscorito com flogopitito

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Na Tabela 12, são apresentados os resultados obtidos com a análise de imagens

referente aos dois testes de desmontes caracterizados pelo protólito Foscorito com

Flogopitito como formação litológica do minério.

Tabela 12 - Resultados para o protólito Foscorito com Flogopitito

Fonte: Autoria própria (2015)

Observa-se que os resultados da fragmentação no Foscorito com Flogopitito tem um

ótimo resultado de fragmentação da rocha P80 médio de 148.85mm evidenciando que a

presença da flogopita na rocha faz-se a mesma diminuir seu nível de dureza e ainda com

o resultado com um pequeno desvio padrão.

11.2.4 Silexito com Óxido de Ferro

Foram coletadas informações de dois desmontes de rochas por explosivos em domínios

litológicos caracterizado pelo protólito Silexito com Óxido de Ferro. A figura 18 mostra

uma foto característica do Silexito com Óxido de Ferro e o seu desempenho da

fragmentação do desmonte já com os parâmetros do plano de fogo padronizado,

ilustrados na Figura19 e Figura 20.

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Figura 18 – Minério silexito com oxido de ferro detonado

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Figura 19 – histograma de fragmentação para o silexito com oxido de ferro

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

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Figura 20 - Curva de fragmentação para o silexito com oxido de ferro

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Na Tabela 13, são apresentados os resultados obtidos com a análise de imagens

referente aos dois testes de desmontes caracterizados pelo protólito Silexito com Óxido

de Ferro como formação litológica do minério.

Tabela 13 - Resultados para o protólito Silexito com Óxido de Ferro

Fonte: Banco de dados Anglo American (2015)

Observa-se através do histograma do Silexito com Óxido de Ferro uma homogeneidade

nos resultados de fragmentação evidenciando que o controle do resultado dos desmontes

em rocha compacta é mais fácil de ser previsto em relação à rocha semi-compacta,

tendo como consequência um baixo desvio padrão, no entanto constatou-se que esta

litologia apresentou o maior P80 (320 mm) influenciado pela presença de (“Bloco

Preto”) e de uma alta parcela de rocha compacta (cimentada) com alta dureza da rocha.

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12. METODOLOGIA: MUDANÇA NO PERCENTUAL DE MINÉRIO

DETONADO E MONITORAMENTO DE RESULTADOS NAS PLANTAS

DE BENEFICIAMENTO

Com o intuito de aumentar a rentabilidade global do empreendimento, foram feitos

testes aumentando a porção detonada do minério semi-compacto e friável mensurando

os ganhos de produtividade na lavra, consumo energético na cominuição (britagem e

moagem) e consumo de corpos moedores.

Neste estudo, estabeleceu-se a seguinte metodologia de trabalho:

Recolhimento dos dados disponíveis no histórico da empresa Anglo American

Fosfatos;

Definição das frentes lavradas junto ao Planejamento de Mina;

Implementação da rotina de monitoramento na Britagem;

Monitoramento dos parâmetros de Moagem;

Acompanhamento da recuperação e produção de concentrado final.

Mina

Na confecção das pilhas de homogeneização e pulmão, as frentes a serem lavradas são

definidas previamente de acordo com as características do material disposto em cada

área da mina, uma vez que a mineralogia local é bastante variável, através do Plano de

Pilha.

As pilhas são construídas utilizando o método Chevron, a empresa dota de duas pilhas

com intuito de homogeneização do material após a britagem. Pilha A, de 64.000

toneladas, e Pilha B de 80.000 toneladas, enquanto uma é construída a outra é retomada.

A construção das pilhas leva em média de 3 a 4 dias, já sua retomada e alimentação na

usina de 4 a 5 dias. As pilhas são melhores ilustradas na Figura 19.

Para que a coleta de dados seja feita de forma correta e os resultados satisfatórios, os

testes apresentados neste trabalho foram realizados em pares de pilhas. As duas pilhas

que compõe este par são planejadas com as mesmas frentes de lavra ou com frentes de

materiais que possuem características mineralógicas semelhantes. Diante desse par de

pilhas de homogeneização, uma pilha é confeccionada com maior volume de material

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detonado, e a outra é composta por material semelhante, porém de frentes que não

foram detonadas, ou seja, frentes friáveis que são lavradas com escavadeiras.

Sendo assim, é possível mensurar os possíveis ganhos com a implantação da otimização

do desmonte, por meio do acompanhamento de resultados nos processos subsequentes

(Britagem e Moagem), através da coleta de dados e comparação entre os resultados

obtidos nas duas pilhas analisadas, mais detonada e menos detonada, que compõe um

par.

Figura 21 – Pátio de estocagem de minério, pilhas A e B e empilhador de minério.

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Britagem

Inicialmente, foi realizado o acompanhamento da rotina de operação da planta, com

objetivo de obter um maior conhecimento da área e identificar as principais variáveis do

processo.

O processo de britagem ocorre como apresentado na Figura 20, os caminhões

carregados de material vindo da mina (ROM) basculam na grelha de alimentação

acoplada a uma moega, que por sua vez direciona o material para o alimentador de

sapatas.

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Já no alimentador de sapatas inicia-se a primeira etapa de separação por granulometria,

o material fino é armazenado em um silo e direcionado para a correia de finos, a outra

parte do material alimentado segue o processo, em que a próxima etapa é o divisor de

fluxo.

Figura 22 - Fluxograma do circuito de britagem.

Fonte: Anglo American Fosfatos

É necessária a divisão do fluxo, pois o processo segue em duas linhas paralelas de

britagem, contendo duas peneiras vibratórias e dois britadores. Após a passagem pelo

divisor de fluxo o material passa pelo chute e é encaminhado parte para a peneira A e

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parte para a peneira B, aonde os respectivos passantes irão a encontro na correia

transportadora da britagem.

O material grosseiro retido nas peneiras passa pelo chute e é encaminhado aos

britadores A e B, que reduzem a granulometria do material, de forma que 85% do

volume da pilha formada tenha granulometria menor que 19,05 mm. Após a britagem, o

material sai dos britadores em encontro com todo material de processo, na correia

transportadora, também alimentada pela correia de finos.

Essa correia transporta e direciona o material resultante do processo de britagem para

um chute que alimenta a correia 2103 responsável pelo transporte até o Stacker

(Empilhador de Minério) que realiza a formação das pilhas de homogeneização

Chevron no pátio de estocagem. Pilhas estas que posteriormente serão retomadas e

direcionadas ao beneficiamento nas usinas 47 e 76.

Diante toda a britagem atentou-se às variáveis que mais interferem no processo e geram

maiores custos operacionais, privilegiando assim os dados de produtividade da

britagem, amperagem dos britadores e gastos energéticos da planta. Porém, não havia

nenhum método de analise que já fornecia esses dados neste setor.

O instrumentista responsável foi solicitado para retirada de dados no painel de controle

da Usina 47, onde um relatório é gerado no final de cada dia com a alimentação da

britagem e amperagem dos britadores registrados hora-hora. Os dados de amperagem e

alimentação negativos ou muito baixos foram descartados do estudo, uma vez que se

trata do momento em que ocorreu uma parada ou a planta voltou a rodar.

Ao longo da analise para a melhor apresentação de resultados, foi retirada a informação

da Amperagem uma vez que trazia vários picos dentro de um gráfico, sendo gerados por

problemas mecânicos dos britadores, que acabaram dificultando a interpretação dos

resultados. Se tratando da produtividade, a análise é resultado da média de todas as

alimentações (t/h) durante os dias de formação da pilha em questão.

Quanto ao consumo energético da planta, solicitou-se que os eletricistas de turno

auxiliassem na coleta deste dado, passando o valor inicial e final do kilowatímetro

acumulado de cada pilha, de modo que possibilite o conhecimento do consumo

energético neste processo de fragmentação.

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Para o monitoramento de algumas outras variáveis da britagem, como teores, umidade,

tonelagem por pilha, há uma planilha chamada “Controle de Estocagem” onde criou-se

uma célula para a introdução do kilowatímetro pego com os eletricistas, facilitando o

monitoramento do consumo energético.

Como apresentado o kilowatímetro é acumulado, com a subtração entre os valores, final

e inicial, tem-se os quilowatts, kW, gastos na pilha porém existem duas pilhas, uma de

64.000 toneladas e outra de 80.000 toneladas. Portanto, para um cálculo mais eficiente

de comparação entre duas pilhas de diferentes tonelagens, deve-se dividir os quilowatts

gastos pela tonelagem existente na pilha em questão.

Moagem

O principal foco do estudo Mine to Mill é a otimização do desmonte de rochas na mina,

para que haja a minimização dos gastos energéticos nos moinhos. Baseando neste

conceito foi realizada a analise dos dados das usinas 47 e 76, da Anglo American

Fosfatos, relacionados a alimentação, energia gasta pela moagem, consumo de corpo

moedor (bolas), recuperação mássica da pilha e a produção de concentrado final.

A coleta de dados e sua analise foi de mais fácil acesso do que na planta de britagem,

pois já havia planilhas de controle das variáveis, como consumo energético e reposição

de bolas nos moinhos. Este monitoramento é realizado constantemente, uma vez que a

reposição de bolas é feita quando há diminuição do Kilowatímetro do moinho, este que

exige reposição diária.

Na usina o estudo fundamentou-se no recolhimento dos dados existentes, ou a

transformação destes para melhor visualização e comparação entre os pares de pilhas

testes, principalmente quanto ao consumo energético.

A alimentação das usinas ocorre diretamente nos moinhos de barras, que realizam a

moagem primária, o material em seguida é direcionado aos moinhos de bolas. Na usina

47 tem-se um moinho de barras, um moinho de bolas e o moinho E, também de bolas,

porém com alimentação cerca de sete vezes menor que a do moinho de bolas. Na usina

76, têm-se os moinhos de bolas A, B, C e E, e o moinho D de barras, funcionando da

mesma forma, a moagem primária é feita com barras, e o moinho E com menor atuação

no processo.

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A coleta de dados foi feita diretamente nas planilhas das usinas, onde retirou-se

diariamente, a vazão de alimentação (t/h) de cada uma das usinas, a energia consumida

(kW/h) e reposição de bolas (g/t) para cada moinho de bolas. Como foram tratados na

britagem, os parâmetros da usina também devem ser avaliados em função da tonelagem,

pelo diferente volume das pilhas a serem comparadas.

Para representar a alimentação total das usinas (t/h), as vazões diárias encontradas nas

usinas 47 e 76 foram somadas, e posteriormente fez-se à média entre esses valores

diários durante a alimentação das usinas com o material da pilha em questão.

Em cada um dos moinhos de bolas e barras, a média da energia consumida é

apresentada em kW/h. Para facilitar a análise diante as pilhas A e B, utilizou-se a média

da energia consumida no dia em cada um dos moinhos das duas usinas em função das

suas horas trabalhadas e a alimentação registrada. Esses valores energéticos em kW/t

foram somados, chegando a um valor total de energia gasto diariamente na moagem.

Para mensurar o gasto de uma pilha faz-se a média dos valores energéticos totais (kW/t)

nos dias em que ela é retomada.

Para a análise de consumo de corpo moedor foram analisados apenas os moinhos de

bolas, uma vez que a reposição é diária e em função do kilowatímetro, possibilitando

um melhor parâmetro de controle. A reposição de bolas é disposta na base de dados das

usinas em g/t, assim sendo necessária apenas a soma entre o consumo diário de bolas

das duas usinas, e posterior realização da média desses valores, entre os dias de moagem

da pilha.

Parâmetros como recuperação mássica (%) e produção de concentrado final (t/h), são

dispostos diariamente em função do processo das usinas em geral. Para o estudo estes

parâmetros foram analisados fazendo-se a média dos valores nos dias em que a pilha é

retomada.

Contudo, para a análise de resultados por pares de pilhas, foram avaliados nas usinas

valores médios de alimentação (t/h), consumo energético (kW/t), consumo de bolas

(g/t), recuperação mássica (%) e produção de concentrado final (t/h), nos dias em que

cada pilha foi retomada.

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13. TESTES REALIZADOS COM A IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA

MINE TO MILL

O primeiro teste foi realizado com as pilhas planejadas 57 e 58, em que a pilha 57 foi

95% detonada, ou seja, quase todas as frentes de lavra que constituíram a pilha 57 foram

detonadas, e a pilha 58 cuja apenas 49% do material constituinte da pilha foi detonado.

O material vindo da mina alimenta a britagem, independente de ser material detonado

ou não, onde é feita a primeira etapa de cominuição. Posteriormente o material

devidamente britado é homogeneizado através das pilhas, que futuramente irão

alimentar as Usinas 76 e 47.

Na Tabela 14 é apresentado o período em que o material constituinte das pilhas 57 e 58

estiveram na planta de britagem e usina, e a percentagem de detonado que compõe as

pilhas da análise.

Tabela 14 - Cronograma das pilhas 57 e 58

Fonte: Anglo American Fosfatos (2015)

O segundo teste foi realizado com o par de pilhas 63 e 64, em que a pilha 63 foi

planejada e executada com 54% do seu volume composto por material detonado, e a

pilha 64, cuja 42% do material constituinte da pilha foi detonado.

Na Tabela 15, é apresentado o período em que o material constituinte das pilhas 63 e 64

passou pela planta de britagem e usina, e a percentagem de detonado que compõe as

pilhas da análise.

Tabela 15 - Cronograma das Pilhas 63 e 64

Fonte: Anglo American Fosfatos (2015)

Pilhas Comparadas Britagem Usina Detonado

57 18 a 21 de Agosto 22 a 26 de Agosto 95%

58 22 a 25 de Agosto 27 a 29 de Agosto 49%

Pilhas Comparadas Britagem Usina Detonado

63 12 a 15 de Setembro 15 a 19 de Setembro 54%

64 16 a 19 de Setembro 20 a 24 de Setembro 42%

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O terceiro teste foi realizado com as pilhas 69 e 70, em que a pilha 69 foi apenas 38%

detonada, e a pilha 70 constituída por 81% de material detonado.

Na Tabela 16 é apresentado o período em que o material constituinte das pilhas 69 e 70,

passou pela planta de britagem e usina, e a percentagem de detonado que compõe as

pilhas da análise.

Tabela 16 - Cronograma das pilhas 69 e 70

Fonte: Anglo American Fosfatos (2015)

14. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante o período apresentado foi feita a análise de diversos parâmetros envolvidos nos

processos de britagem e moagem. Nas Figuras 21, 22 e 23, no eixo horizontal são

apresentadas as variáveis analisadas neste trabalho, e no eixo vertical criou-se para as

pilhas menos detonadas um referencial dotando o valor de 100%, e para as pilhas mais

detonadas esses valores percentuais oscilam para mais ou para menos em relação a pilha

de comparação, de acordo com os resultados obtidos no estudo.

Na Figura 21, é possível a melhor percepção dos resultados obtidos neste teste inicial

(T1).

Figura 23 - Parâmetros gerais Pilha 57 e Pilha 58

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Pilhas Comparadas Britagem Usina Detonado

69 08 a 12 de Outubro 13 a 17 de Outubro 38%

70 13 a 17 de Outubro 18 a 21 de Outubro 81%

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Em função da alimentação com maior quantidade de material detonado, ou seja,

material mais fino, sem a dependência do trabalho do rompedor ou grande atuação dos

britadores, foi possível observar ganhos quanto à produtividade da britagem. Além deste

ganho na planta houve uma considerável redução, de cerca de 30%, do consumo

energético nessa etapa.

Ainda analisando a Figura 21, observa-se um decréscimo quanto à alimentação da usina

quando se compara a pilha 57, pilha detonada, com a pilha 58, pouco detonada. Porém

analisando a recuperação mássica e a produção de concentrado final, pode-se concluir

que se alimentou com menor volume de material durante a retomada da pilha detonada e

obteve-se uma maior produção de concentrado final (CF), isso representa um ganho no

processo, pois geram-se menos sobrecargas e desgastes aos equipamentos, mantendo ou

aumentando a tonelada-hora produzida de concentrado final.

Na Moagem foram analisados o consumo energético, e o consumo de corpo moedor,

onde foram monitorados os moinhos de bolas das usinas. Neste primeiro teste observou-

se um consumo energético 2% menor na pilha 57, além do grande ganho obtido diante o

consumo de bolas na moagem, uma redução por volta de 20% comparada à pilha menos

detonada. Obtiveram-se bons resultados também quanto à recuperação mássica e

produção de concentrado, tornando esse estudo bastante atrativo para a empresa.

No segundo teste (T2) foram analisados os mesmos parâmetros anteriores, porém

algumas fatalidades ocorreram durante o monitoramento do teste. Na Figura 22, é

possível a melhor percepção, por meio da apresentação em percentagem dos resultados.

Figura 24 - Parâmetros gerais Pilha 63 e Pilha 64

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

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Como ocorrido no teste anterior, em decorrência da alimentação da britagem ter sido

feita com maior quantidade de material fino, a pilha 63 apresentou maior produtividade

e uma redução de cerca de 10% do consumo energético nesta etapa quando comparada a

pilha menos detonada, pilha 64.

Como mostra a Figura 22, além de ganhos na britagem a pilha detonada influenciou

positivamente nos resultados quanto à alimentação da usina, e produção de concentrado

final, apresentando ganhos de cerca de 10% em ambas variáveis, em relação à pilha

contendo material menos detonado, pilha 64. Entretanto durante a pilha 63, na usina foi

feita a drenagem dos moinhos de bolas devido a um entupimento ocorrido, em função

disso realizou-se a introdução de novos corpos moedores. Com isso, além do maior

consumo de bolas nesta pilha, houve também um maior gasto energético, uma vez que

estes dois parâmetros estão diretamente relacionados.

Contudo, os imprevistos ocorridos contribuíram negativamente na análise dos

resultados deste teste quanto a consumo energético e reposição de corpos moedores,

porém foi possível observar ganhos nos outros parâmetros monitorados.No terceiro teste

(T3) foi feita a análise de diversos parâmetros da britagem e moagem. Na Figura , é

possível a melhor percepção dos resultados obtidos neste terceiro teste.

Figura 25 - Parâmetros gerais Pilha 69 e Pilha 70

Fonte: Banco de dados Anglo American Fosfatos

Como apresentado na Figura 22, não diferente dos outros testes, houveram ganhos

quanto à produtividade. Porém o consumo energético na britagem não pode ser

monitorado neste teste por questões operacionais durante o período da pilha 70,

inviabilizando a análise desse parâmetro no teste.

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Ainda observando esta figura, a alimentação da usina apresentou aumento de 6%

durante a retomada da pilha 70, mais detonada. Além disso, na moagem foi analisado o

consumo energético de todos os moinhos no processo e obtivemos um ótimo resultado

com ganho de 16% em energia na pilha 70, comparada a pilha 69. Houve outro grande

ganho nesse terceiro teste, observou-se uma redução de 22% quanto à reposição de

bolas nos moinhos.

Podemos analisar melhor os resultados do estudo através da Tabela 17, em que são

apresentados os ganhos obtidos em percentagem durante os testes, perante cada um dos

sete parâmetros monitorados.

Tabela 17 - Apresentação dos ganhos obtidos em percentagem nos testes realizados

Fonte: Anglo American Fosfatos (2015)

15. CONCLUSÕES

As modificações nas malhas de desmonte de rochas com explosivos permitiram a

redução do P80, que era um parâmetro desejável devido às implicações do mesmo na

rotina industrial. Com tal adoção foi possível atender às exigências da usina de

processamento mineral no tocante a distribuição granulométrica do material.

Através do método de monitoramento com dados especialmente concebidos para este

fim, os ganhos obtidos em função da otimização do desmonte de rochas baseado na

metodologia Mine to Mill puderam ser mensurados.

Por meio de análise e confecção de gráficos foi possível observar o aumento da

produtividade e o baixo consumo energético nas etapas de britagem e moagem, além do

menor consumo de bolas nos moinhos quando as pilhas mais detonadas foram

retomadas.

Parâmetros Analisados Teste 1 (T1) Teste 2 (T2) Teste 3 (T3)

Alimentação da britagem 5% 1% 2%

Energia consumida na britagem 31% 10% -

Alimentação das usinas - 11% 6%

Energia consumida na moagem 2% - 16%

Consumo de bolas na moagem 21% - 22%

Recuperação mássica 10% 1% -

Produção de CF 2% 11% -

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Como apresentado no trabalho, houve um aumento de até 5% na produtividade na etapa

de britagem, e na moagem esse aumento chegou a 11% quando se trabalhou com

material mais detonado. Quanto aos gastos energéticos houve uma economia de cerca

de 15% na moagem e 30% na britagem. Nos moinhos de bolas a redução do consumo

de corpo moedor chegou a 22%.

Portanto, esses ganhos permitem validar o conceito Mine to Mill, demonstrando que sua

adoção, em termos de gerar uma visão holística da cadeia produtiva, permite uma

redução nos custos de processamento mineral. Isso ocorre devido à presença de

material com menor granulometria sendo alimentado, aumentando a produtividade e

gerando menor desgaste dos corpos moedores e redução do consumo energético de

britadores e moinhos.

16. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A partir deste trabalho algumas linhas de pesquisa são sugeridas e poderão ser

desenvolvidas no futuro. Iniciando pelo o desenvolvimento de um modelo geológico

confiável, que permita uma análise da jazida em estudo e posterior planejamento de

forma correta. Além da realização de estudos sobre a mecânica das rochas e suas

propriedades, fatores de grande importância no desenvolvimento do projeto de

desmonte com explosivos, uma vez que possibilitará a determinação com exatidão da

malha ótima de perfuração.

Quanto aos processos de cominuição, muitos valores foram recolhidos manualmente na

área, ou não foram objetos de estudo neste trabalho devido ao baixo grau de

confiabilidade. Portanto é necessária uma maior automação e implantação de projetos

de melhoria como, por exemplo, no setor de amostragem objetivando a análise de dados

e maior controle do processo produtivo.

Na mesma linha Mine to Mill, podem-se realizar pesquisas focadas nos ganhos obtidos

em outras variáveis do processo, por exemplo, o estudo do desgaste dos revestimentos

dos britadores e moinhos; o comportamento da carga circulante no processo de

moagem; além do grau de liberação do material, obtido após a fragmentação através da

realização da análise granulo química.

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17. BLIBLIOGRAFIA

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