serviço educativo | lura nº 27 | 2014

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EDITORIAL Fazer parte de uma mudança significativa no mundo é uma possibilidade muito remota no tempo de vida de um indivíduo. Com alguma sorte (e atenção) integramos uma cadeia de mudança que pode demorar várias gerações a concretizar-se. Mesmo assim, contra as probabili- dades, algumas pessoas dedicam a sua vida a ser “condutores” de conhecimento: professores, investigadores, intelectuais, ar- tistas. Possuídos de um desejo de avançar para o que agora os ultra- passa, empreendem em estudar, compreender e modelar o desco- nhecido, na expectativa (entre outras, é certo) de oferecer algo novo, melhor, inspirador a quem venha depois. No “país pequeno que faz por caber numa Europa cansada”, esse Portugal de que falava o espetácu- lo Cara, de Aldara Bizarro, as pes- soas que se dedicam a tais causas vão sendo empurradas borda fora. Curiosamente, uma professora de Físico-química sensível à natureza da sua profissão, alertou-me mais uma vez para a problemática do esquecimento organizado: se uma geração, ou duas ou três, decidir privar os vindouros do acesso a de- terminadas ligações numa cadeia de conhecimentos, o futuro ficará empobrecido, a escolha será me- nor, a mudança mais improvável. Por isso, sem recato, dedicamos estas linhas curtas aos intelectu- ais e criadores portugueses que silenciosamente vamos deixando de ler, de ouvir ou de ver. Design Atelier Martino&Jaña Textos de Ema Nunes Grécia Rodriguez & Leonardo de Albuquerque Joana Providência Leonor Keil Manuela Calheiros Manuela Paredes Marta Martins JORNAL DO SERVIÇO EDUCATIVO SETEMBRO A DEZEMBRO 2014 | NÚMERO 27 Coordenação Elisabete Paiva Edição Elisabete Paiva e Sandra Barros Produção Gráfica Susana Sousa Comunicação Bruno Barreto Marta Ferreira Susana Magalhães Patrícia Portela Laboratório LURA (conteúdos) Lara Soares Patrícia Portela & Cláudia Jardim & Sónia Baptista Distribuição Carlos Rego servicoeducativo@ aoficina.pt ISSN 1646-5652 Tiragem 3000 exemplares TRILHOS A Arte como Farol… Manuela Calheiros pág. 9 PISTAS Como nasceram as Fábulas elementares Patrícia Portela pág. 3 JORNAL DE ARTES E EDUCAÇÃO A MONTANTE Artemrede: Uma rede de mediação cultural inscrita no território Marta Martins pág. 4 "SE A CRIANÇA SE ELEVA ATÉ AO ADULTO ATRAVÉS DO JOGO, O ADULTO TAMBÉM NECESSITA DO JOGO PARA RECONHECER NA CRIANÇA O SEU OUTRO. QUANTO MAIS AS SOCIEDADES TENDEM A ABSORVER AS SUAS CRIANÇAS NAS SUAS PREOCUPAÇÕES ANSIOSAS, MENOS VALOR ATRIBUEM AO JOGO. QUANTO MAIS RECONHECEM A SUA AUTONOMIA, MAIS ACEITAM A IDEIA DE AS VEREM REPRESENTAR, LONGE DAS SUAS DORES E DOS SEUS TRABALHOS." ROLAND DORON, IN LE JEU DE L'ENFANT (1972)

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Page 1: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

EDITORIALFazer parte de uma mudança significativa no mundo é uma possibilidade muito remota no tempo de vida de um indivíduo. Com alguma sorte (e atenção) integramos uma cadeia de mudança que pode demorar várias gerações a concretizar-se.

Mesmo assim, contra as probabili-

dades, algumas pessoas dedicam

a sua vida a ser “condutores”

de conhecimento: professores,

investigadores, intelectuais, ar-

tistas. Possuídos de um desejo de

avançar para o que agora os ultra-

passa, empreendem em estudar,

compreender e modelar o desco-

nhecido, na expectativa (entre

outras, é certo) de oferecer algo

novo, melhor, inspirador a quem

venha depois.

No “país pequeno que faz por

caber numa Europa cansada”, esse

Portugal de que falava o espetácu-

lo Cara, de Aldara Bizarro, as pes-

soas que se dedicam a tais causas

vão sendo empurradas borda fora.

Curiosamente, uma professora de

Físico-química sensível à natureza

da sua profi ssão, alertou-me mais

uma vez para a problemática do

esquecimento organizado: se uma

geração, ou duas ou três, decidir

privar os vindouros do acesso a de-

terminadas ligações numa cadeia

de conhecimentos, o futuro fi cará

empobrecido, a escolha será me-

nor, a mudança mais improvável.

Por isso, sem recato, dedicamos

estas linhas curtas aos intelectu-

ais e criadores portugueses que

silenciosamente vamos deixando

de ler, de ouvir ou de ver.

Design

Atelier Martino&Jaña

Textos de

Ema Nunes

Grécia Rodriguez &

Leonardo de Albuquerque

Joana Providência

Leonor Keil

Manuela Calheiros

Manuela Paredes

Marta Martins

JORNAL DO SERVIÇO EDUCATIVO SETEMBRO A DEZEMBRO 2014 | NÚMERO 27

Coordenação

Elisabete Paiva

Edição

Elisabete Paiva e

Sandra Barros

Produção Gráfica

Susana Sousa

Comunicação

Bruno Barreto

Marta Ferreira

Susana Magalhães

Patrícia Portela

Laboratório LURA

(conteúdos)

Lara Soares

Patrícia Portela &

Cláudia Jardim &

Sónia Baptista

Distribuição

Carlos Rego

servicoeducativo@

aoficina.pt

ISSN 1646-5652

Tiragem 3000 exemplares

TRILHOS

A Arte como Farol…Manuela Calheiros pág. 9

PISTAS

Como nasceram as Fábulas elementaresPatrícia Portela pág. 3

JORNAL DE ARTES E EDUCAÇÃO

A MONTANTE

Artemrede: Uma rede de mediação cultural inscrita no território Marta Martins pág. 4

"SE A CRIANÇA SE ELEVA ATÉ AO ADULTO ATRAVÉS DO JOGO, O ADULTO TAMBÉM NECESSITA DO JOGO PARA RECONHECER NA CRIANÇA O SEU OUTRO. QUANTO MAIS AS SOCIEDADES TENDEM A ABSORVER AS SUAS CRIANÇAS NAS SUAS PREOCUPAÇÕES ANSIOSAS, MENOS VALOR ATRIBUEM AO JOGO. QUANTO MAIS RECONHECEM A SUA AUTONOMIA, MAIS ACEITAM A IDEIA DE AS VEREM REPRESENTAR, LONGE DAS SUAS DORES E DOS SEUS TRABALHOS."ROLAND DORON, IN LE JEU DE L'ENFANT (1972)

Page 2: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

Joana Providência e Leonor Keil *

MIRAGINAVASOBRE O PROCESSO DE

PESQUISA E CRIAÇÃO

Um dia o Miraginava bateu-me à porta

Faz talvez um ano que recebi uma

chamada da Leonor Keil a propor-me que

partilhasse consigo a reconstrução de um

espetáculo que tinha desenvolvido com a

sua Mãe. Miraginava, nome vindo de um

livro de Mia Couto, era um espetáculo de

sombras. Quando nos encontrámos para

aprofundar a ideia, a Leonor foi falando

de como se fora imbuindo do universo

de Lourdes Castro para chegar àquelas

sombras. Desta conversa, e depois do

visionamento do vídeo do espetáculo,

marcou-me a delicada e bela relação en-

tre Mãe e Filha. Talvez influenciada pela

força dessa imagem propus à Leonor o

texto Quando eu nasci, de Isabel Minhós

Martins. Neste texto, somos transporta-

dos de novo para dentro da barriga da

nossa Mãe e é daí que somos levados a

fazer uma viagem sem fim por tudo o que

não conhecíamos quando apenas vivía-

mos na barriga da nossa mãe. É como se

voltássemos a nascer, a olhar, a sentir e a

cheirar pela primeira vez.

No processo de construção de Miragi-

nava com a Margarida Gonçalves e a

Leonor, passámos horas a explorar e a

experimentar sombras; algumas dessas

improvisações surgiram de propostas

preestabelecidas, mas curiosamente

fomos muitas vezes surpreendidas por

imagens completamente mágicas, que

nos deixavam estupefactas perante

qualquer coisa que nos ultrapassava,

cativando-nos de uma forma arrebatado-

ra, como se o mundo das sombras escon-

desse pequenos segredos inimagináveis,

que nos transportam para um qualquer

espaço poético bem longe daqui.

Joana Providência

O fascínio pelas sombras é algo que me

acompanha desde muito pequena.

Perseguir e brincar, dançar e gesticu-

lar, ficar hipnotizada pela sombra é

algo que nos acontece frequentemente,

suponho eu?!

Quando eu e a minha mãe decidimos

“Brincar” e criar algo, pensámos no mun-

do mágico da Lourdes Castro. O objetivo

não só nos uniu como harmonizou o

inverno, dos dias frios surgiram imagens

para sonhar e pensar.

Num dos livros do Mia Couto encontrei

a palavra Miraginava, que não diz

nada em concreto mas ao mesmo tempo

abre portas e janelas à nossa pergun-

ta. Surgiu a vontade de desenvolver o

projeto e ampliá-lo, pensei logo na Joana

Providência que acompanho há muitos

anos, e cuja obra tem uma coerência, uma

inspiração e um universo que me fascina.

Voltou a chamar-se Miraginava, até pa-

rece que se descobriu uma palavra que

descreve as sombras nas nossas vidas.

Leonor Keil

As autoras deste texto seguem a norma do acordo

ortográfico de 1990.

…como se o mundo das sombras escondesse pequenos segredos inimagináveis, que nos transportam para um qualquer espaço poético bem longe daqui.

Num dos livros do Mia Couto encontrei a pa-lavra Miraginava, que não diz nada em concre-to mas ao mesmo tempo abre portas e janelas à nossa pergunta.

Miraginava é um espetáculo que propõe ao público de todas as idades um encontro entre a dança e as sombras. Partindo da obra da artista plástica Lourdes Castro (Funchal, 1930-), que centra a sua pesquisa na sombra de plantas, pessoas ou objetos, tendo sempre como matéria de suporte a “poesia”, Miraginava é uma viagem misteriosa ao delicioso mundo das sombras, onde o universo poético de Lourdes Castro se cruza, rasga e dilui no texto Quando Eu Nasci, de Isabel Minhós Martins (publicado pela editora Planeta Tangerina).

*

Joana Providência e Leonor Keil são

ambas mulheres “da dança” - Leonor

mais conhecida enquanto intérprete,

Joana mais conhecida enquanto

coreógrafa. Aqui se juntam, enquanto

cocriadoras de Miraginava.

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PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS2 | LURA

Page 3: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS

em parceria com Christoph de Boeck, uma

instalação para jardins sobre a relação

entre os homens e a natureza que o rodeia,

estreada no Teatro Maria Matos em 2012

(e desde então em circulação pela Europa

e nos Estados Unidos) e em conversa com

Cláudia Jardim, o outro lado deste duo que

mantém deste 2008 uma química daquelas

que não vem assinalada nas Tabelas peri-

ódicas. Falávamos então na nossa relação

deficiente não só com a natureza mas com

tudo o que produzimos ou mesmo recicla-

mos. Comecei a perguntar-me de que eram

feitas as coisas. E não foi sem espanto que

descobrimos que o vidro que entregamos

para reciclar no vidrão é moído para se

transformar em areia que depois é usada

para fazer cimento e construir prédios na

nossa cidade, e não propriamente para fa-

zer novas garrafas. As notas de 100 dólares

são feitas de calças de ganga recicladas. As

caixas de telepizza são feitas de cartão re-

ciclado a partir de documentos altamente

confidenciais dos serviços secretos Norte

Americanos. Os telemóveis precisam de

chips minúsculos feitos de elementos quí-

micos que só existem em dois ou três sítios

do mundo onde há permanente guerra civil

e onde um grama de tantalum vale mais do

que cem de ouro. E eu poderia continuar…

Ver o mundo pelas lentes do que é feito

é procurar uma nova perspectiva para

pensar sobre tudo o que gostamos mais

de ver, fazer e experimentar. Uma tabela

periódica pareceu-nos o catálogo perfeito

para iniciar essa investigação: “ O catálogo

de tudo o que pode cair em cima de um pé

e fazer mossa”. Tudo é feito de partículas,

células, átomos. Tudo é composto por ele-

mentos. Nós e as coisas. Somos todos feitos

de matéria semelhante. E é sobre isso que

falamos nas Fábulas elementares.

A autora deste texto seguem a norma do acordo ortográ-

fico de 1945.

Todos os dias nos confrontamos com varia-

dos objectos, muitos deles absolutamente

banais e que usamos diariamente e sobre

os quais pouco sabemos. Não sabemos de

que são feitos, por quem são feitos, porque

são feitos ou como vieram parar às nossas

gavetas, às nossas casas ou às nossas vidas

em geral. E quando falo de objectos não

falo só de copos, pratos, cadeiras, armá-

rios, livros; falo também de instalações

eléctricas, de canalizações de gás e água

ou incineradoras de lixo que mapeiam de

forma quase invisível os nossos dias e que

mantêm a nossa sociedade a funcionar na

ilusão de que tudo se pode resolver carre-

gando num botão.

O espectáculo Fábulas elementares nas-

ceu dessa vontade de saber o que está por

detrás desse botão, dentro do computador

mais high tech ou apenas na boneca de

borracha mais desconjuntada que ainda

guardamos com tanto afecto em casa como

se a imagem da nossa infância dependesse

dela. Todos os objectos têm uma história,

têm um passado e são o resultado de algu-

ma transformação, de alguma ideia ou de

algum processo químico ou biológico de um

ou vários materiais.

O projecto Fábulas elementares nasceu de

uma vontade de reflectir sobre a história

secreta de muitos dos objectos diários que

usamos e sobre os quais pouco sabemos.

A ideia surgiu depois de estrear Hortus,

Patrícia Portela*Como nasceram

as Fábulas elementares

*

Escritora e encenadora,

cocriadora do espetáculo

Fábulas elementares

…falo também de (objectos) que ma-peiam de forma quase invisível os nossos dias e que mantêm a nossa sociedade a funcionar na ilusão de que tudo se pode resolver carregando num botão.

Falávamos então na nossa relação deficiente não só com a natureza mas com tudo o que produzimos ou mesmo reciclamos. Comecei a perguntar-me de que eram feitas as coisas.

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A MONTANTE AS NOSSAS REFERÊNCIAS4 | LURA

sustentável e arreigada num território

geografi camente defi nido.

Destaco assim estas três ideias, as

quais, juntamente com o excerto da

nova missão da Artemrede que inicia

este texto, caracterizam o papel que

a Associação pretende desempenhar

nos próximos anos. É inquestionável

que a programação cultural continua

a ser o elemento central da razão de

ser da Artemrede. No entanto, é agora

assumida como prioridade estratégica

a aposta em projectos integrados,

“que potenciem o envolvimento

da comunidade, estimulem a

experimentação artística, o pensamento

crítico, o conhecimento e a aproximação

às artes e reforcem a participação dos

agentes culturais locais”.(1) Na verdade,

esta estratégia não é novidade no

contexto da actividade da Artemrede.

Ela tem vindo a ser desenvolvida de

forma reiterada ao longo dos últimos

anos. No entanto, o que é assumido

agora de forma clara é que as propostas

de mero acolhimento serão consideradas

em segundo plano face à promoção de

projectos que tenham como premissa

a mediação entre a obra artística e as

comunidades às quais se dirige. Citando

o fi lósofo Jacques Rancière: “É preciso

um teatro sem espectadores, no qual

quem assiste aprenda, em vez de ser

seduzido por imagens, na qual quem

assiste se torne participante activo, em

vez de ser um voyeur passivo.” (2)

O desenvolvimento de projectos de arte

comunitária tem sido, efectivamente,

uma das apostas da programação da

Artemrede. O caso do espectáculo

Vale, de Madalena Victorino, foi de tal

forma marcante junto das populações

que envolveu (e falo não apenas dos

participantes locais, mas das próprias

equipas dos teatros) que, passados

quase cinco anos da estreia, ainda

encontramos ecos da sua passagem

pelo território. De igual forma, a

Marta Martins*

Criada em 2005 para apoiar os

seus membros na programação

dos teatros e cine-teatros recém-

reabilitados da região de Lisboa e

Vale do Tejo, a Artemrede assume-se

actualmente como um projecto de

cooperação cultural com a missão

de desenvolvimento dos territórios

onde actua. Na verdade, nestes quase

dez anos de funcionamento, o papel

da Artemrede, a sua missão e os seus

objectivos foram alvo de contínuo

debate interno e externo: uma rede

de programação? Uma central de

compras? Um projecto político, artístico

e/ou económico? Independentemente

da maior ou menor relevância de

algumas destas discussões, tudo isto

foi alvo de refl exão durante o processo

de planeamento estratégico que a

Artemrede desencadeou este ano tendo

em vista o horizonte 2015-2020. Este

processo, amplamente participado pelos

Associados da Artemrede, contou ainda

com contributos externos valiosos,

provenientes das mais diversas áreas

de intervenção na sociedade, num

Encontro realizado em Abril passado.

Surgiram assim doze orientações

estratégicas, as quais comunicam uma

Artemrede que se pretende mais aberta

ao exterior, politicamente mais forte

e com uma maior capacitação técnica.

Uma rede de mediação cultural assente

na promoção das artes (amplamente

entendidas), coesa e fi nanceiramente

Artemrede: Uma rede de mediação cultural inscrita

no território

É inquestionável que a programação cultural continua a ser o elemento central da razão de ser da Artemrede. No entanto, é agora assumida como prioridade estratégica a aposta em projectos integrados, “que potenciem o envolvimento da comunidade…”

Page 5: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

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5 | LURAA MONTANTE AS NOSSAS REFERÊNCIAS

Artemrede tem vindo a aumentar a

oferta das suas propostas de carácter

educativo e pedagógico, as quais têm

sido importantes instrumentos de

comunicação com públicos organizados e

famílias. No entanto, esta programação

deve agora evoluir de uma proposta

paralela aos espectáculos apresentados

nos teatros, para uma programação

integrada, que tenha em conta factores

e dinâmicas locais. Deveras, o território

onde a Artemrede actua é social e

culturalmente distinto, com diferentes

níveis de experiência, investimento

e reflexão no campo das artes e da

cultura. O conhecimento desse território

e a constituição de parcerias locais

são, assim, elementos essenciais para

o cumprimento dos objectivos a que a

Artemrede se propõe. É evidente que

os projectos artísticos não funcionam

de igual forma nos treze concelhos que

constituem a Artemrede e onde existem

realidades tão díspares que influenciam

de forma determinante a boa recepção

das propostas. Neste sentido, uma

relação de proximidade e confiança

com os programadores e equipas dos

teatros e de outros equipamentos

culturais integrantes da Artemrede

é fundamental. Mas, para além dos

profissionais dos Associados, afigura-

se agora como importante a criação

de parcerias locais que aprofundem

essa relação com o território e o

conhecimento das suas dinâmicas e

dos seus agentes. Uma escola, uma

associação ou uma empresa podem ser

aliados indispensáveis na construção de

projectos artísticos com ramificações de

ordem social, pedagógica, ou outras.

Ressalvo, no entanto, que o que se

pretende com a mediação dos projectos

artísticos não é uma transmissão do

saber (técnico, intelectual) do artista

perante o espectador/receptor nem, por

outro lado, a utilização indiscriminada

e, por vezes, artificial, de participantes

amadores em projectos de artistas

profissionais. Pelo contrário, a mediação

que pretendemos tem necessariamente

que constituir-se como um diálogo, no

qual ambas as partes contribuem e

participam no mesmo nível hierárquico,

embora, obviamente, desempenhando

diferentes papéis.

Volto, assim, a Rancière, quando afirma

que o espectáculo, a performance, a

obra artística “não é a transmissão

do saber ou do respirar do artista ao

espectador. É antes essa terceira coisa

de que nenhum deles é proprietário, da

qual nenhum deles possui o sentido”(3).

É, assim, este o caminho que traçámos

e que desenvolveremos nos próximos

anos. É seguro, no entanto, de que ele

só será bem sucedido se contarmos

com um rede forte e coesa de membros,

parceiros e cúmplices estratégicos.

A autora deste texto segue a norma do acordo ortográfico de 1945.

Uma escola, uma associação ou uma empresa podem ser aliados indispensáveis na construção de projectos artísticos com ramificações de ordem social, pedagógica, ou outras.

*

Diretora Executiva da

Artemrede

(1) Artemrede - Orientações Estratégicas 2015-2020, pág. 8.(2) Rancière, Jacques (2010), O espectador emancipado, Lisboa: Orfeu Negro, pág. 10.(3) Idem, pág. 25.

Page 6: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

LABORATÓRIO PARA METER AS MÃOS NA MASSA6 | LURA

A Patrícia Portela, a Claúdia Jardim e

a Sónia Baptista fazem teatro, dança,

cinema, e escrevem noutros projetos

como o Teatro Praga ou a Prado e juntas

são um trio com muita química, daquela

que não vem nas tabelas periódicas mas

que é tão fundamental como o oxigénio.

Os espetáculos que fazem são jogos,

armadilhas, peripécias e sobretudo

“coisas” que se transformam noutras e

que são acessíveis para qualquer idade.

Para este projeto inventaram, expe-

rimentaram e aprenderam sobre os

materiais e partilham aqui algumas das

suas experiências assim como algumas

perguntas que as fascinaram. Ainda não

conseguiram transformar o chumbo em

ouro mas tentam fazê-o todos os dias

com a criação de novos espectáculos e

novos livros.

Ingredientes1 jarra comprida

mel

detergente

água

óleo de fritar batatas fritas

álcool etílico

parafina

Num jarro colocar primeiro uma camada

de mel, depois uma camada de detergen-

te, depois deitar água por cima até fazer

mais uma camada, de seguida o óleo,

depois o álcool e finalmente a parafina –

irão reparar que os diferentes ingredien-

tes nunca se misturam ficando separados

uns dos outros e criando uma espécie de

arco-íris de densidades.

http://www.stevespanglerscience.com/

lab/experiments/seven-layer-density-

column

Ingredientes

Para a Massa:

Para cada camada colorida (serão 7

camadas no total!)

1 iogurte de sabor tuti-fruti

4 ovos

Usando o copo do iogurte como medida:4 copos de açúcar

4 copos de farinha de trigo peneirada

com fermento

½ copo de óleo de girassol

1 colher (chá) de corante, escolhendo uma

das seguintes cores: azul, verde, amarelo,

rosa, roxo, vermelho e laranja

Para a Cobertura:

500 gramas de natas para bater bem

frias

2 colheres de sopa de açúcar

¼ xícara (chá) de essência de baunilha

Preparação

A primeira coisa a fazer é ligar o forno a

1800C para que quando lá coloques o bolo

ele esteja bem quentinho!

Coloca os ovos numa bacia e bate durante

3 minutos.

Adiciona o iogurte, o açúcar e o óleo sem

parar de bater.

Quando conseguires um creme, diminui a

velocidade e junta a farinha envolvendo

bem todos os ingredientes.

Coloca 1 colher (chá) de corante colorido

e mistura bem.

A massa está pronta !!!

Após untar e enfarinhar uma forma

redonda ou quadrada despeja a mistura

e leva ao forno por aproximadamente 30

minutos a 1800C.

Espeta um palito e se ele sair seco é por-

que o bolo está pronto! Retira do forno e

deixa arrefecer. Repete a operação com

todas as massas.

Empratar

Escolhe um prato muito bonito, que

seja grande o suficiente para que o bolo

fique seguro.

Um a um, coloca os bolos sobrepostos e

alinhados. Talvez seja necessário aparar

as pontas com uma faca grande (pede

ajuda a um adulto!).

Por fim, a cobertura!

Bate as natas com a essência de baunilha

e com as colheres de açúcar.

Cobre o bolo com as natas e serve a toda

a família!!!

EXPERIÊNCIA 1 A DENSIDADE DAS ÁGUAS

EXPERIÊNCIA 2 BOLO ARCO-ÍRISUma receita para domingo à tarde…

Experiência 1 Patrícia

Portela, Claudia Jardim

e Sónia Baptista

Experiências 2 e 3

Lara Soares

Page 7: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

7 | LURALABORATÓRIO PARA METER AS MÃOS NA MASSA

Se desenharmos uma linha que atra-

vessa esta folha de papel e a divide em

duas partes iniciamos o nosso exercício.

Agora temos o lugar dos de cima e o lugar

dos de baixo…

Mas quem são os de cima e quem são os

de baixo? O que existe nestes lugares?

Pessoas? Objetos? Cores? Animais?

Será que os de baixo sobem e os de cima

descem? Conseguimos desenhar um túnel

que liga os dois lugares? E se virarmos a

folha ao contrário, o que acontece?

EXPERIÊNCIA 3 OS DE CIMA E OS DE BAIXO*

*Os de cima e os de baixo, de Paloma Valdivia, é um livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura, editado pela Kalandraka Portugal em 2009. Podes ler ao alto

ou de pernas para o ar… Mas tens mesmo de o espreitar, porque te ajudará a viajar neste exercício de desenho que aqui te propomos.

Page 8: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

LIVRE COMO UM LIVRO

para esse desenvolvimento pessoal,

escolar e profi ssional dos jovens que

se revelaram cidadãos sensíveis, ativos

e interventivos.

O poder da palavra está, sem dúvida, na

forma como a vivemos e como fazemos os

outros vivê-la!

Manuela Paredes

O primeiro contacto com o projeto

“Livre com um livro” fez-se através do

convite do coordenador do Núcleo de

Estudos 25 de Abril, o Prof. Amadeu

Faria, ao qual a EB 2/3 D. Afonso

Henriques respondeu afi rmativamente.

Quem poderia resistir a um tema tão

entusiasmante?

Mãos à obra! Havia que selecionar

poesias de intervenção e talentos

e motivar alunos para a leitura

(na Biblioteca Escolar e nas aulas

de Educação para a Cidadania e

Português). Além disso, era fundamental

descodifi car o conteúdo dos poemas e

aperfeiçoar a dicção. Em suma: dar às

palavras a dimensão que requeriam!

«O teatro é o palco do mundo», como

dizia Shakespeare, e é essencial para

olharmos a vida com outra dimensão e

engrandecermo nos. Eis o mote dos que

aderiram à iniciativa, trocando algumas

manhãs da interrupção letiva da Páscoa

para conviver e aprender com diretores

artísticos no palco privilegiado do

pequeno auditório do CCVF.

A experiência foi rica pelas ferramentas

importantíssimas do campo do teatro

que facultou: exercícios corporais e de

voz, concentração, posicionamento,

controlo das palavras, autoestima,

capacidade de absorver o sabor do

texto poético — um dos conteúdos

programáticos transversal a todos os

níveis de escolaridade —, interação com

discentes da ESFH [Escola Secundária

Francisco de Holanda, também

participante] e ensinamentos da

companhia que nos recebeu.

No dia 1 de maio, o Palco foi deles e

gostaram!

Desejamos que projetos similares se

repitam, com periodicidade, pois são

aliados efi cazes do processo de ensino

aprendizagem. Ajudaram-nos a dar mais

voz à palavra escrita e oral. De facto,

foi extremamente proveitoso vermos os

alunos a agirem num contexto exterior à

sala de aula, soltando talentos.

Ema Nunes

As autoras deste texto seguem a norma do acordo ortográfi co de 1990.

Manuela Paredes* e Ema Nunes **

*

professora bibliotecária da

Escola Secundária Francisco

de Holanda

**

professora bibliotecária

da Escola EB2,3 D. Afonso

Henriques

A Escola tem como um dos objetivos

fundamentais, desenvolver, nos jovens,

um domínio da língua com o máximo

de efi cácia, quando fala, ouve falar,

lê e escreve. Então, se se pretende

que no fi nal do seu percurso escolar,

os alunos se tornem ouvintes ativos e

críticos, bem como falantes capazes

de adequar as variedades da língua

oral às circunstâncias da comunicação,

possuidores de uma capacidade

comunicativa efi caz, é fundamental

que essa mesma Escola lhes possibilite

a participação em situações de

intercâmbio oral onde possam expor,

argumentar, explicar e debater com os

pares e com os adultos sobre os mais

vários conteúdos da vida escolar e/ou

extraescolar.

É, neste contexto, e consciente da

importância do desenvolvimento

da interação oral para a formação

integral do aluno, que a Escola se

abre à comunidade, respondendo

afi rmativamente aos desafi os do

Serviço Educativo do Centro Cultural

Vila Flor, e tendo, desta vez, um outro

parceiro, o Núcleo de Estudos 25 de

Abril. As bibliotecas das escolas sede

do Agrupamento de Escolas Francisco

de Holanda e Agrupamento Vertical

de Escolas D. Afonso Henriques

participaram no projeto “Livre como

um livro”.

Nos dias 14, 16 de abril e 1 de maio,

um grupo de professores e alunos

encontraram-se no Centro Cultural Vila

Flor para desenvolver o projeto proposto.

Tratava-se de trabalhar o texto poético

com os alunos, que haviam já escolhido,

com os professores, um poema

subordinado ao tema “liberdade”. Para

isso, contaram com o Igor Gandra e a

Carla Veloso, do Teatro de Ferro.

À semelhança de outros trabalhos

desenvolvidos com o CCVF, desta feita,

o teatro associou-se à Escola, para

desenvolver/aperfeiçoar e usufruir

do prazer de sentir as palavras e a

importância da expressão corporal, que

a completa. Esta experiência inovadora,

que levou os jovens da sala de aula

para o palco do CCVF, marcá-los-á pela

refl exão sobre o poder da palavra dita.

A comunicação é um todo, constituído

pela palavra, pela entoação que lhe é

dada, pela força que lhe é conferida,

que se completa com a expressão

corporal, com a cumplicidade entre

pares. Este projeto desenvolveu, com

profi ssionais do mundo do teatro, essas

competências, transmitindo aos jovens

a paixão pela palavra dita, como se, eles

próprios, se transformassem em atores,

a prepararem-se para o palco da vida.

O trabalho desenvolvido contribuiu

© D

irei

tos

Res

erva

dos

LIVRE COMO LIVRE COMO UM LIVROUM LIVRO

para esse desenvolvimento pessoal, para esse desenvolvimento pessoal,

escolar e profi ssional dos jovens que escolar e profi ssional dos jovens que

se revelaram cidadãos sensíveis, ativos se revelaram cidadãos sensíveis, ativos

e interventivos.e interventivos.

O poder da palavra está, sem dúvida, na O poder da palavra está, sem dúvida, na

forma como a vivemos e como fazemos os forma como a vivemos e como fazemos os

outros vivê-la!outros vivê-la!

Manuela ParedesManuela Paredes

O primeiro contacto com o projeto O primeiro contacto com o projeto

“Livre com um livro” fez-se através do “Livre com um livro” fez-se através do

convite do coordenador do convite do coordenador do Núcleo de Núcleo de

Estudos 25 de AbrilEstudos 25 de Abril, o Prof. Amadeu , o Prof. Amadeu

Faria, ao qual a EB 2/3 D. Afonso Faria, ao qual a EB 2/3 D. Afonso

Henriques respondeu afi rmativamente. Henriques respondeu afi rmativamente.

Quem poderia resistir a um tema tão Quem poderia resistir a um tema tão

entusiasmante? entusiasmante?

Mãos à obra! Havia que selecionar Mãos à obra! Havia que selecionar

poesias de intervenção e talentos poesias de intervenção e talentos

e motivar alunos para a leitura e motivar alunos para a leitura

(na Biblioteca Escolar e nas aulas (na Biblioteca Escolar e nas aulas

de Educação para a Cidadania e de Educação para a Cidadania e

Português). Além disso, era fundamental Português). Além disso, era fundamental

descodifi car o conteúdo dos poemas e descodifi car o conteúdo dos poemas e

aperfeiçoar a dicção. Em suma: dar às aperfeiçoar a dicção. Em suma: dar às

palavras a dimensão que requeriam!palavras a dimensão que requeriam!

«O teatro é o palco do mundo», como «O teatro é o palco do mundo», como

dizia Shakespeare, e é essencial para dizia Shakespeare, e é essencial para

olharmos a vida com outra dimensão e olharmos a vida com outra dimensão e

engrandecermo nos. Eis o mote dos que engrandecermo nos. Eis o mote dos que

aderiram à iniciativa, trocando algumas aderiram à iniciativa, trocando algumas

manhãs da interrupção letiva da Páscoa manhãs da interrupção letiva da Páscoa

para conviver e aprender com diretores para conviver e aprender com diretores

artísticos no palco privilegiado do artísticos no palco privilegiado do

pequeno auditório do CCVF. pequeno auditório do CCVF.

A experiência foi rica pelas ferramentas A experiência foi rica pelas ferramentas

importantíssimas do campo do teatro importantíssimas do campo do teatro

que facultou: exercícios corporais e de que facultou: exercícios corporais e de

voz, concentração, posicionamento, voz, concentração, posicionamento,

controlo das palavras, autoestima, controlo das palavras, autoestima,

capacidade de absorver o sabor do capacidade de absorver o sabor do

texto poético — um dos conteúdos texto poético — um dos conteúdos

programáticos transversal a todos os programáticos transversal a todos os

níveis de escolaridade —, interação com níveis de escolaridade —, interação com

discentes da ESFH [Escola Secundária discentes da ESFH [Escola Secundária

Francisco de Holanda, também Francisco de Holanda, também

participante] e ensinamentos da participante] e ensinamentos da

companhia que nos recebeu. companhia que nos recebeu.

No dia 1 de maio, o Palco foi deles e No dia 1 de maio, o Palco foi deles e

gostaram!gostaram!

Desejamos que projetos similares se Desejamos que projetos similares se

repitam, com periodicidade, pois são repitam, com periodicidade, pois são

aliados efi cazes do processo de ensino aliados efi cazes do processo de ensino

aprendizagem. Ajudaram-nos a dar mais aprendizagem. Ajudaram-nos a dar mais

voz à palavra escrita e oral. De facto, voz à palavra escrita e oral. De facto,

foi extremamente proveitoso vermos os foi extremamente proveitoso vermos os

alunos a agirem num contexto exterior à alunos a agirem num contexto exterior à

sala de aula, soltando talentos.sala de aula, soltando talentos.

Ema NunesEma Nunes

As autoras deste texto seguem a norma do acordo As autoras deste texto seguem a norma do acordo ortográfi co de 1990.ortográfi co de 1990.

Manuela Paredes* Manuela Paredes* e Ema Nunes ** e Ema Nunes **

* *

professora bibliotecária da professora bibliotecária da

Escola Secundária Francisco Escola Secundária Francisco

de Holanda de Holanda

** **

professora bibliotecária professora bibliotecária

da Escola EB2,3 D. Afonso da Escola EB2,3 D. Afonso

HenriquesHenriques

A Escola tem como um dos objetivos A Escola tem como um dos objetivos

fundamentais, desenvolver, nos jovens, fundamentais, desenvolver, nos jovens,

um domínio da língua com o máximo um domínio da língua com o máximo

de efi cácia, quando fala, ouve falar, de efi cácia, quando fala, ouve falar,

lê e escreve. Então, se se pretende lê e escreve. Então, se se pretende

que no fi nal do seu percurso escolar, que no fi nal do seu percurso escolar,

os alunos se tornem ouvintes ativos e os alunos se tornem ouvintes ativos e

críticos, bem como falantes capazes críticos, bem como falantes capazes

de adequar as variedades da língua de adequar as variedades da língua

oral às circunstâncias da comunicação, oral às circunstâncias da comunicação,

possuidores de uma capacidade possuidores de uma capacidade

comunicativa efi caz, é fundamental comunicativa efi caz, é fundamental

que essa mesma Escola lhes possibilite que essa mesma Escola lhes possibilite

a participação em situações de a participação em situações de

intercâmbio oral onde possam expor, intercâmbio oral onde possam expor,

argumentar, explicar e debater com os argumentar, explicar e debater com os

pares e com os adultos sobre os mais pares e com os adultos sobre os mais

vários conteúdos da vida escolar e/ou vários conteúdos da vida escolar e/ou

extraescolar. extraescolar.

É, neste contexto, e consciente da É, neste contexto, e consciente da

importância do desenvolvimento importância do desenvolvimento

da interação oral para a formação da interação oral para a formação

integral do aluno, que a Escola se integral do aluno, que a Escola se

abre à comunidade, respondendo abre à comunidade, respondendo

afi rmativamente aos desafi os do afi rmativamente aos desafi os do

Serviço Educativo do Centro Cultural Serviço Educativo do Centro Cultural

Vila Flor, e tendo, desta vez, um outro Vila Flor, e tendo, desta vez, um outro

parceiro, o parceiro, o Núcleo de Estudos 25 de Núcleo de Estudos 25 de

AbrilAbril. As bibliotecas das escolas sede . As bibliotecas das escolas sede

do Agrupamento de Escolas Francisco do Agrupamento de Escolas Francisco

de Holanda e Agrupamento Vertical de Holanda e Agrupamento Vertical

de Escolas D. Afonso Henriques de Escolas D. Afonso Henriques

participaram no projeto “Livre como participaram no projeto “Livre como

um livro”.um livro”.

Nos dias 14, 16 de abril e 1 de maio, Nos dias 14, 16 de abril e 1 de maio,

um grupo de professores e alunos um grupo de professores e alunos

encontraram-se no Centro Cultural Vila encontraram-se no Centro Cultural Vila

Flor para desenvolver o projeto proposto.Flor para desenvolver o projeto proposto.

Tratava-se de trabalhar o texto poético Tratava-se de trabalhar o texto poético

com os alunos, que haviam já escolhido, com os alunos, que haviam já escolhido,

com os professores, um poema com os professores, um poema

subordinado ao tema “liberdade”. Para subordinado ao tema “liberdade”. Para

isso, contaram com o Igor Gandra e a isso, contaram com o Igor Gandra e a

Carla Veloso, do Teatro de Ferro.Carla Veloso, do Teatro de Ferro.

À semelhança de outros trabalhos À semelhança de outros trabalhos

desenvolvidos com o CCVF, desta feita, desenvolvidos com o CCVF, desta feita,

o teatro associou-se à Escola, para o teatro associou-se à Escola, para

desenvolver/aperfeiçoar e usufruir desenvolver/aperfeiçoar e usufruir

do prazer de sentir as palavras e a do prazer de sentir as palavras e a

importância da expressão corporal, que importância da expressão corporal, que

a completa. Esta experiência inovadora, a completa. Esta experiência inovadora,

que levou os jovens da sala de aula que levou os jovens da sala de aula

para o palco do CCVF, marcá-los-á pela para o palco do CCVF, marcá-los-á pela

refl exão sobre o poder da palavra dita.refl exão sobre o poder da palavra dita.

A comunicação é um todo, constituído A comunicação é um todo, constituído

pela palavra, pela entoação que lhe é pela palavra, pela entoação que lhe é

dada, pela força que lhe é conferida, dada, pela força que lhe é conferida,

que se completa com a expressão que se completa com a expressão

corporal, com a cumplicidade entre corporal, com a cumplicidade entre

pares. Este projeto desenvolveu, com pares. Este projeto desenvolveu, com

profi ssionais do mundo do teatro, essas profi ssionais do mundo do teatro, essas

competências, transmitindo aos jovens competências, transmitindo aos jovens

a paixão pela palavra dita, como se, eles a paixão pela palavra dita, como se, eles

próprios, se transformassem em atores, próprios, se transformassem em atores,

a prepararem-se para o palco da vida. a prepararem-se para o palco da vida.

O trabalho desenvolvido contribuiu O trabalho desenvolvido contribuiu

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8 | LURA TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR

Page 9: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR 9 | LURA

que frequentemente não vemos, seja que está ao nosso lado, seja nas profundezas da história da humanidade…Permite-nos ver que não estamos sozinhos… que há outros que sentem ou veem como nós, aqui ou no outro lado do mundo… hoje como ao longo dos tempos…”A Arte como farol desenvolveu-se em

quatro sessões de duas horas com cada

turma inscrita, sempre antecedidas de

um momento exclusivo para os professo-

res, normalmente na semana anterior, no

qual dávamos inputs específi cos para o

seguimento do trabalho, de acordo com o

nosso conhecimento das turmas e as suas

inquietações pessoais.

Os temas foram variados A arte como lugar de resistência, de liberdade…; A arte faz-se para transformar as imagens do quotidiano… para tornar visível…; A arte faz-se para dizermos o que não podemos dizer de outra forma… e Visita à exposição patente no CIAJG. Ao longo

destas sessões, falamos do valor do si-

lêncio, da importância do saber escutar,

refl etimos através das palavras de Daniel

Barenboim que “tudo está ligado” e que a

música pode ser um elemento facilitador

da comunicação e do diálogo entre os po-

vos, descobrimos pela voz de Huxley que

“a experiência não é o que nos acontece mas sim o que fazemos com o que nos acontece”; desta refl exão saltamos para

outras como o que signifi ca ser “génio”,

ou como é que o ato criativo é vivenciado

pelos diferentes autores, pintores, poe-

tas…. Depois, houve tempo também para

pensar sobre a importância do saber e o

perigo da ignorância e como é que a arte

nos ajuda a ver e a sentir isto melhor, nes-

se contexto também se pensou sobre o

valor da liberdade e sobre a importância

da rebeldia consciente.

Os alunos e os professores que participa-

ram neste projeto querem, aqui e agora,

deixar o testemunho desta parceria; com

certeza que haveria muito mais para

dizer mas, por vezes, é difícil transmitir

por palavras algumas das emoções que

vivemos e experimentamos. Além disso,

algumas delas queremos guardá-las nas

caixinhas das nossas memórias e das nos-

sas vivências…

“A Arte como Farol foi um projeto inten-

samente enriquecedor no qual foi não só

promovida a aquisição de conhecimentos

acerca da arte, como a partilha de experi-

ências, sentimentos e pontos de vista. Em

cada sessão o tema era apenas um ponto

de partida para uma viagem cujo fi m não

era o destino mas a própria viagem. Ao

abrirmos a mente, o coração, descobrimos

dentro de nós características e emoções

que nos eram desconhecidas até então.

Assim, a arte é apenas um ponto de par-

tida, uma linha guia, que nos acompanha

na hora da viagem ao longo da vida. Mais

importante ainda é não esquecer a ideia

de que a arte não é reservada para ape-

nas um grupo específi co, pelo contrário,

é uma companheira disponível para qual-

quer Homem que mantenha o seu coração

aberto aos corações dos outros.”

Inês Miguel

A ARTE COMO FAROL…

Confrontados com um desafi o oriun-

do do CIAJG – Centro Internacional

das Artes José de Guimarães [Serviço

Educativo d’A Ofi cina], os docentes da

Escola Secundária de Caldas das Taipas

dos conselhos de turma dos 12o anos do

Curso Cientifi co-Humanístico de Artes

Visuais consideraram que seria motiva-

dor e enriquecedor que os seus alunos

participassem no Projeto A Arte como

farol e o tivessem como tema centraliza-

dor do seu Plano de Turma.

Para que este projeto fosse possível, e em

primeira instância, tivemos a aceitação

dos órgãos de gestão da Escola, sendo,

desde logo, um elemento facilitador do

processo. Depois foi a vez dos alunos,

ainda que alguns, inicialmente, algo

apreensivos, nos tenham dado “carta

branca” e confi ado na nossa experiência

pois, tal como nós, acreditaram que este

Projeto lhes poderia vir a proporcionar

momentos de refl exão sobre temáticas do

seu mundo, a arte, e poder-lhes-ia per-

mitir questionar o que à partida poderia

parecer resolvido, contribuindo para a

partilha de experiência e para a constru-

ção do saber.

Estes desafi os contribuem para nos

desassossegar, alterando quotidianos

fossilizados, quebrando rotinas. Contri-

buem também para que nos espantemos

com o mundo, para vermos nele uma eter-na novidade. E foi com estes pressupos-

tos que acreditamos nas palavras que a

promotora do projeto colocou na sinopse

de apresentação e quisemos segui-las: “A Arte como farol é um programa formati-vo concebido para o ensino secundário, que parte da ideia de que a arte, tal como um farol, nos ajuda a encontrar o nosso lugar, a situar-nos – aponta caminhos possíveis, fortalece escolhas e pode até salvar. Torna visível, ilumina, o

Manuela Calheiros*e alunos da Escola

Secundária de Caldas das Taipas

Estes desafi os contribuem para nos desassossegar, alterando quotidia-nos fossilizados, quebrando roti-nas. Contribuem também para que nos espantemos com o mundo, para vermos nele uma eterna novidade.

«Por que é bela a arte? Porque é inútil. Por que é feia a vida? Porque é toda fi ns e propósitos e intenções. Todos os seus caminhos são para ir de um ponto a outro. Quem nos dera o caminho feito de um lugar donde ninguém parte para um lugar para onde ninguém vai! Quem desse a sua vida a construir uma estrada começando no meio de um campo e indo ter ao meio de um outro; que, prolongada, seria útil, mas que fi cou, sublimemente, só o meio de uma estrada.»in Livro do Desassossego (330), Bernardo Soares

*

Docente de português

na Escola Secundária de

Caldas das Taipas

Page 10: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

UMA CAMINHADA DE ELEFANTES

PARA ENTENDER A VIDA E A MORTE

Viver a partida de um ser querido na

família talvez seja o primeiro momento

de contacto que uma criança possa ter

com a morte. Justamente, desse mundo

das sensações que gera um processo

natural mais inesperado como a morte,

tratou a A Caminhada dos Elefantes,

uma proposta teatral que fala sobre o

signifi cado do início e fi m da vida. Este

espetáculo inspira-se na história verí-

dica de um homem de nome Lawrence e

de uma manada de elefantes da África

do Sul. Quando ele morre, os elefantes

fazem uma caminhada misteriosa a sua

casa, para lhe prestarem uma última

homenagem.

Miguel Fragata e Inês Barahona foram

os responsáveis por esta criação artís-

tica. Ambos colocaram como premissa

que as crianças são seres humanos

plenos, competentes e, por isso, é ne-

cessário abordar todos os temas que as

afetam, inclusive a morte. “As crianças

têm um entendimento muito grande,

são capazes de absorver informação e

estímulo como um adulto pode fazer.

Nós sentimos, junto delas, uma relação

de igualdade. É uma troca de saberes”.

Assim sublinha Miguel, que teve a

responsabilidade de uma atuação im-

pecável frente às crianças, professores

e pais que assistiram. Inês, criadora e

encenadora, destacou que existem cer-

tos desafi os que devem estar presentes

como elementos de construção em toda

a peça de qualidade para crianças: “É

preciso que elas se sintam confortáveis

e envolvidas, que tenham surpresas e

momentos de participação. As crianças

ajudam-nos com o seu pensamento sin-

gular, misturam coisas impossíveis de

acordo com as regras da lógica”.

Grécia Rodríguez e Leonardo de Albuquerque*

E alunos do Colégio Luso-Internacional

de Braga

TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR10 | LURA

“Este farol guiou-me ajudando-me a

perceber e aceitar certas obras como arte.

Desta forma, no futuro, as minhas esco-

lhas serão mais ponderadas, contribuin-

do para a realização de alguns sonhos.

Todas as sessões foram profícuas pois

tanto me ajudaram a mim como àqueles

que me rodeiam, uma vez que as experi-

ências que recebi, levei-as para um retiro

para partilhar com um grupo de jovens ao

qual pertenço.”

Cláudia Antunes

“Este projeto ajudou-me a adquirir novos

conhecimentos sobre o que é a arte. Tal

como o farol que com a sua forte luz alcan-

ça quilómetros de visão, a arte também

é assim penetra no interior humano e

ajuda-nos a descobrir o verdadeiro signi-

fi cado desta simples palavra que designa-

mos como arte.”

Marta Castro e Carlos Barbosa

“Arte como farol, assim como o farol pre-

tende iluminar o caminho dos barcos no

mar, este projeto iluminou todos aqueles

que nele participaram.

Aprender a olhar a arte de vários pontos,

de forma a termos outra visão do mundo

ajuda-nos a perceber melhor a sociedade

e o mundo que nos rodeia, pois a arte é um

espelho da sociedade. Com este projeto

senti-me fortalecida pois descobri outras

formas de entender e ver o mundo e isso

contribuiu para fi car mais consciente de

mim, dos outros e dos meus sonhos.”

Rita Mendes

“O projeto Arte como Farol contribuiu

para o nosso crescimento tanto a nível

cultural, como pessoal.

A dinamizadora do projeto foi excelente

pela forma como cativou e como interagiu

connosco. Ela fez-nos sonhar enquanto

assistimos às sessões.”

Patrícia Afonso

“O projeto Arte como Farol foi muito pro-

veitoso, ajudou-me a desenvolver novas

ideias e conhecimentos sobre a Arte e

tudo o que a envolve. Ajudou-me também

a compreender o conceito de arte alargan-

do-o a outras manifestações artísticas

que, por vezes, me era difi cil considerá-

las como tal.”

Ana Sofi a

“Quando fomos convidados a participar

no projeto Arte como Farol, a ideia inicial

que me assomou, até à primeira sessão,

foi que seria algo monótono, onde nos irí-

amos sentar a ouvir. Mas, depressa com-

preendi que não conhecia a professora

Magda, uma professora que, ao longo das

sessões, nunca temeu mostrar o olhar de

curiosidade e de atenção, enquanto fa-

lávamos, colocando-se no lugar de aluna

também. As sessões eram puro compa-

nheirismo. Aquela aprendizagem fez-me

lembrar a escola de Bahaus, onde cada

um tinha o direito de aprender e ensinar.

A música, as letras, as pinturas… tudo me

ajudou a ter uma visão mais atenta do que

se passa ao meu redor, uma motivação em

criar algo, por mais pequeno que fosse.

Assim, ainda que já voltasse sempre

para casa com aquela ânsia de usar o

que crio para mudar mentalidades,

agora, após participar neste projeto,

essa ideia fi cou mais reforçada e espero

nunca a vir a perder.”

Ana Vaz

Perante as palavras dos alunos, os

professores só querem deixar aqui o

testemunho da sua satisfação por terem

contribuido para este crescimento pes-

soal, íntimo, mas também crítico, social

e interventivo dos seus alunos, ao terem

aderido à proposta apresentada pelo

Serviço Educativo. Trabalhar convosco

foi, sem dúvida, um privilégio.

“As crianças têm um entendimento muito grande, são capazes de absorver informação e estímulo como um adulto pode fazer. Nós sentimos, junto delas, uma relação de igualdade. É uma troca de saberes”.

Page 11: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

servicoeducativo@aofi cina.pt

Aceitam-se Colaborações, Sugestões, Ideias e Outras Coisas… para publicação neste Jornal

© D

irei

tos

Res

erva

dos

Uma chuva de ideias surgiu das crianças

que assistiram à peça em interpreta-

ções, opiniões e recomendações.

A Mafalda [8 anos], cheia de metáforas,

explicou a partir do seu olhar, o signi-

fi cado da vida e da morte, inspirada no

simbolismo que a peça apresentou sobre

o primeiro sopro ao nascer e a ausência

dele ao morrer: “O ar é o espírito que

entra na pele, é como nós estarmos a

vestir um casaco, esse casaco está em

nós e depois, quando o tiramos, já não

tem vida, já não se mexe, pois não, fi ca

ali e pronto!”

É assim essa despedida, sensível e

agradecida como a caminhada de uns

elefantes, tão breve como um respiro,

tão profunda como a sabedoria de

uma criança.

“Nós podemos perder alguém de que

nós gostamos, mas vamos estar sempre

ao lado dela. Como quando a minha bi-

savó acabou de morrer e fi quei triste...

Imaginamos que ela ainda está viva.

Ela estava doente e nós pudemos falar

com ela por e-mail… mas como essas

pessoas já morreram já não podemos

mais fazer isso”.

Sara Joana Soares, 7 anos

“Eu tenho uma forma de recordar as

pessoas – no coração – e pensar que

estão sempre ao nosso lado. Assim estou

sempre feliz ao lado de minhas amigas

quando se vão embora”.

Sofi a Morales Ramos, 7 anos

“É assim: quando nós fi camos tristes, te-

mos que ser fortes. Não vou chorar. Isso

já passou, é passado. O futuro e o

presente ainda vamos ou estamos a pas-

sar. Esperamos bem que seja bom. Quan-

do nós estivermos tristes, vamos brincar

alguma coisa e depois esquecemos.

Brincamos, já não choramos, já não fi ca-

mos tristes, e assim podemos alegrar-

nos mais. Se alguém estiver a chorar, a

chuva também vai chorar, porque está

triste; mas se estiverem felizes, a chuva

vai cair, o sol vai aparecer e, depois, é um

arco-íris de alegria… e depois temos que

escolher cores de alegria”.

MarIa Inês Vale Durão, 8 anos“Para não fi car triste, ensinaram-me,

nós sorrimos. Quando nós sorrimos não

conseguimos pensar em coisas tristes”.

Gonçalo Horta, 9 anos

“Eu gostei quando eles ajudaram o bebé-

elefante. Fizeram uma nova amizade”.

Matilde Monteiro, 9 anos

“Quando uma pessoa nasce é como

soprar uma sopa que tem a sua vida,

recebe ar fresco, não é muito quente,

não é muito fria, quando sugamos o ar

para dentro parece que estamos a comer

esparguete. Na peça, vimos que Miguel

deitava ar sobre um boneco, era como se

o ar fosse o espírito dele, que entrava no

corpo, e quando chupava o ar estava a

tirar, a sugar o espírito – e depois, quan-

do morria, fi cava de cabeça para abaixo,

sem alma, não tinha vida, com os olhos

fechados, não movia as mãos”.

Mafalda Coelho, 8 anos

“Nós podemos transformar a tristeza

em alegria se vamos à praia ou vais para

o mar. Pensarmos em todos os momentos

bons que vivemos com essas pessoas.

Depois podemos acompanhar dando-nos

abraços, convidar a nossa família para

nós sentir-nos bem e nós sorrimos. E as-

sim lembramos dessa pessoa e sabemos

que ela está sempre no nosso coração.

Na casa de meus avós, os domingos

todos, toda a gente traz uma porta lápis,

lápis de cor, lápis de carvão, borracha,

fi ta-cola, papel e depois desenhamos

todos nós a sorrir e colamos na parede

com o nosso nome”.

Miguel Carvalho Araújo, 7 anos

“Quando alguém da minha família mor-

re, o meu cão ou os meus avós, eu faço

um desenho e ponho na porta do meu

quarto e na parede, e, depois, não sei

porquê, mas faço uma dança à volta das

folhas dos desenhos deles… “

Manuel Afonso Pereira, 8 anos

“A parte que eu mais gostei foi quando o

Miguel disse que não diria palavras tris-

tes, eram 5 palavras e nós 2 tínhamos

que fazer um sinal para ele não dizer”.

Maria João Tavares Martins, 8 anos“Ninguém da minha família já morreu,

mas acho que eu vou memorizar os mo-

mentos que passei com eles e se

calhar fi co um pouco triste... Para não

fi car triste posso fazer desenhos, como

disseram os meus colegas”.

Maria Barros Rodrigues, 9 anos

Os autores deste texto seguem a norma do acordo ortográfi co de 1990.

11 | LURANA LURA ESPAÇO DE TODOS PARA TODOS

*

estudantes de

Doutoramento em Estudos

da Criança – Instituto da

Educação da Universidade

do Minho; coordenadores

da página Conversas

Gigantes e da Associação

“Soy Niño, Sou Criança”

Page 12: Serviço Educativo | Lura nº 27 | 2014

Teatro

24 E 25 DE OUTUBRO

O que é uma coisa é? ESTREIA

Inês de Carvalho

M/ 4 ANOS

Desenho, escultura, modelação, escrita, história

JULHO A DEZEMBRO

Oficinas CIAJG / Vai e Vem

Exposições/ Visitas orientadas

26 DE JULHO A 12 DE OUTUBRO

CIAJG A Composição do Ar João Botelho | "Só acredito num deus que saiba dançar" Maria Gabriela Llansol | O encontro inesperado do diverso Exposições/ Visitas orientadas

A PARTIR DE 25 DE OUTUBRO

CIAJG A Composição do Ar Ricardo Jacinto | Parque Escola do Porto: Lado B (1968-1978) Uma história oral

Visitas/ Oficinas/ Contos

13 DE SETEMBRO, 11 DE OUTUBRO, 08 DE NOVEMBRO, 13 DE DEZEMBRO

Sábados em Família

Teatro

28 E 29 DE SETEMBRO

Cinderela Teatro de Marionetas do Porto

Exposição/ Visitas orientadas

A PARTIR DE 25 DE OUTUBRO

André Cepeda/ Rien M/ 6 ANOS

Teatro

23 A 25 DE NOVEMBRO

Fábulas elementares Patrícia Portela

M/ 12 ANOS

Dança

12 E 13 DE DEZEMBRO

Linhas de Newton ESTREIA

Aldara Bizarro

Aulas/ conversas

A PARTIR DE SETEMBRO

Gabinete de desenho

Oficinas

OUTUBRO 2014 A ABRIL 2015

A Arte como farol Magda Henriques

Adultos

Oficina para professores

11 E 18 DE OUTUBRO

Design, subversão e cidadaniaHenrique Ralheta

Visita especial para professores

04 DE NOVEMBRO

André Cepeda

M/ 2 ANOS M/ 15 ANOS

Centro Cultural Vila FlorAv. D. Afonso Henriques, 7014810 431 Guimarães Tel 253 424 [email protected]

Apoios

MAPA DE BOLSOA nossa agenda do trimestre

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Reservas para espetáculos

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