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EDIÇÃO Nº 04 • ANO II • FEVEREIRO 2018 • WWW.INOVEDUC.COM.BR DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / VENDA PROIBIDA APP SKOLA MEDE E ANALISA COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS Ainda na fase-piloto, o aplicativo foi desenvolvido por uma startup carioca, já integrado com as competências determinadas pela BNCC ‘O ALUNO DO SÉCULO 21 DEVE COMPREENDER, USAR E CRIAR TECNOLOGIA’ Na entrevista desta edição, a diretora do Cieb, Lucia Dellagnelo, fala sobre estratégias para investir em tecnologia nas escolas PROGRAMA ‘INOVA ESCOLA’ ESTIMULA EDUCAÇÃO DISRUPTIVA NO BRASIL Em parceria com a Fundação Lemann, a Sincroniza Educação implementa o uso de ferramentas tecnológicas na rede pública serão enfrentados na implementação Entenda quais desafios

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EDIÇÃO Nº 04 • ANO II • FEVEREIRO 2018 • WWW.INOVEDUC.COM.BR

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APP SKOLA MEDE EANALISA COMPETÊNCIASSOCIOEMOCIONAISAinda na fase-piloto, o aplicativofoi desenvolvido por uma startupcarioca, já integrado com ascompetências determinadas pela BNCC

‘O ALUNO DO SÉCULO 21DEVE COMPREENDER,USAR E CRIAR TECNOLOGIA’Na entrevista desta edição,a diretora do Cieb, Lucia Dellagnelo,fala sobre estratégias para investirem tecnologia nas escolas

PROGRAMA ‘INOVA ESCOLA’ESTIMULA EDUCAÇÃODISRUPTIVA NO BRASILEm parceria com a FundaçãoLemann, a Sincroniza Educaçãoimplementa o uso de ferramentastecnológicas na rede pública

serão enfrentados na implementação

Entenda quais desafios

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CARTA AO LEITOR

A educação do século

Após três anos de discussões e revisões, a BNCC (Base Nacional ComumCurricular) foi homologada pelo MEC (Ministério da Educação). Para aten-der à lei, escolas e redes de todo o país terão dois anos para se adequar ao

documento, que define um conjunto de aprendizagens comuns a todos os estu-dantes e orienta a elaboração dos currículos da educação infantil e do ensinofundamental.

O documento é o primeiro passo de muitos outros, igualmente importantes.Para sair do papel, a implementação da BNCC demanda um esforço conjunto desecretarias, da comunidade escolar e de toda a sociedade. O que exigirá, ao longode 2018, não só o debate sobre a garantia dos direitos de aprendizagem, mastambém um novo olhar para a formação de professores, a produção dos materiaisdidáticos, as avaliações, os currículos e, principalmente, as práticas pedagógicas.

A Base foi o ponto de partida quando o InovEduc resolveu elaborar esta ediçãoespecial. Nosso objetivo é poder levar a gestores, professores e responsáveis, alémdos desenvolvedores de soluções para o mercado educacional, um pouco mais deinformação a respeito do documento que pretende promover equidade — já queapresenta uma série de direitos de aprendizagem que precisam serassegurados pelas crianças, adolescentes e jovens.

Além de ser nossa matéria de capa, a Base Nacional Comum Curricular cos-tura vários outros temas abordados nesta edição. O uso de tecnologia na educa-ção é amplamente incentivado pelo documento. Mas como andaa relação tecnologia/professores? Nós fomos saber dissodireitinho na entrevista com a diretora do Centro deInovação para Educação Brasileira (Cieb), Lu-cia Dellagnelo, e em uma das matérias daseção “Tendências” — e a revelaçãopode ser surpreendente, pelo menospara os mais céticos.

Outra referência criada pelaBNCC para redes, escolas e pro-fessores diz respeito a um con-junto de habilidades e compe-tências gerais a serem imple-mentadas nos currículos dasescolas públicas e privadas.Além de demandar esforçospedagógicos para que as de-vidas mudanças ocorram, aprovável dificuldade será es-pelhar essas dez habilidadesnos componentes curriculares.O que, segundo ressaltam algunsespecialistas traz um risco ligadoà maneira com que a Base será tra-duzida nos livros didáticos.

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CAPABNCC: o quevem por aíO momento é, sobretudo, de interpretação eentendimento. O Ministério da Educação (MEC)define que a BNCC seja implementada em atédois anos. Por isso, 2018 deverá ser marcadopelas discussões em torno da adaptação doscurrículos, formação de professores, criação derecursos pedagógicos e adaptação do materialdidático. Conheça a opinião de especialistas noassunto e fique preparado. Página 30

COBERTURA

ColaboreMix de evento e plataforma colaborativa,o COLABORE é uma iniciativa do CentroUniversitário Celso Lisboa e aconteceráanualmente, no Rio de Janeiro. Página 48

ARTIGOS

Marcio GonçalvesO especialista aborda (e sugere) uma sériede conhecimentos que os educadores pre-cisam dominar para viver e lecionar na so-ciedade em rede dos dias atuais. Página 14

TENDÊNCIA

Empoderamento digitalEspecialistas em tecnologia educacional ana-lisam pesquisa do Datafolha que revela aindaser um desafio para professores aliar tecnolo-gia à educação na sala de aula. Página 43

Andrea RamalA consultora em Educação fala sobre osdesafios da implementação da BNCC, des-tacando as competências para o século 21que, na sua opinião, são um convite à ino-vação. Página 22

EXPEDIENTE

PresidenteAdolfo Martins

CEOFernando Martins

Diretora InovEducAndréa Marini

Coordenadora InovEducElisa Ribeiro

EditoraEditoraEditoraEditoraEditoraDébora Thomé

DesignerTeresa Perrotta Carrione

ReportagemLuiz Fernando Caldeira (RJ)Renato Deccache (RJ)Alexandre de Miranda (RJ)Flavia Vargas (RJ)Larissa Siqueira (RJ)Giulliana Barbosa (RJ)Gustavo Portella (RJ)Letícia Santos (RJ)Igor Regis (SP)

Sitewww.inoveduc.com.br

Departamento ComercialGerente Geral - Ulisses OliveiraE-mail:E-mail:E-mail:E-mail:E-mail: [email protected].: el.: el.: el.: el.: (21) 3233-6307 / 96485-0880

Rio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRua do Riachuelo, 114 - Centro - RJCEP: 20230-014TTTTTel. fax:el. fax:el. fax:el. fax:el. fax: (21) 2461-0062

Os artigos e opiniões de terceirospublicados nesta edição nãonecessariamente refletem a posiçãoda revista

Fica proibida a reproduçãodas matérias sem a expressaautorização dos editorese sem a citação da fonte

INOVEDUC é umapublicação do GRUPOFOLHA DIRIGIDA

ÍNDICE

Filiada à

Parque STEAMLançado mundialmente em novembrode 2017, o Parque LEGO chegou ao Bra-sil este ano para inovar no desenvolvi-mento de habilidades socioemocionaisna educação infantil. Página 24

MERCADO

DIVULGAÇÃO

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TENDÊNCIA

Letícia Santos

Metodologia adotada em instituições de ensino de países que são referênciamundial em educação dá os primeiros passos no Brasil

Metodologia STEM é

Até pouco tempo, acreditava-seque inteligência artificial, inter-net das coisas (IoT) e big data

existiam apenas em filmes futurísticos.Mas a verdade é que essas e outras re-voluções tecnológicas já estão impac-tando diversos setores do mercado. In-clusive o educacional.

Profissionais de educação, empresas,

pais e até a mídia discutem cada vezmais como transformar o cenário edu-cacional diante da diversidade de ino-vações que ocorrem no mundo. Por suavez, as escolas brasileiras passam a en-tender, aos poucos, que precisam alte-rar seus métodos de ensino, e uma gran-de aposta tem sido a metodologia STEM.

O termo STEM, em inglês, refere-

se a um modelo de ensino que traba-lha em conceitos multidisciplinares deciências, tecnologia, engenharia e ma-temática (science, technology, engine-ering and math). Há também a varia-ção STEAM que inclui o conceito deartes (arts).

Essa tendência iniciada na Austrália,nos EUA e no Reino Unido, referências

'caminho sem volta'

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TENDÊNCIA

‘AS ESCOLAS BRASILEIRAS

PASSAM A ENTENDER,

AOS POUCOS, QUE

PRECISAM ALTERAR SEUS

MÉTODOS DE ENSINO, E UMA

GRANDE APOSTA TEM SIDO

A METODOLOGIA STEM‘

mundiais em educação, propõe que os alunosse tornem cada vez mais autônomos e protago-nistas do seu processo de aprendizagem. Alémdisso, a ideia é preparar essas crianças para osdesafios do futuro.

"O mundo está convergindo diretamentepara o uso de ferramentas tecnológicas e me-todologias ativas, e não faz sentido deixar issode fora da formação das crianças", disse SérgioFreire, head comercial da divisão LEGO Edu-cation na MCassab.

A metodologia STEM diferencia-se do mode-lo de educação predominante nas escolas brasi-

leras porque estimula a ação. Nesse método, asatividades realizadas são dinâmicas, desafiado-ras e despertam a curiosidade do aluno. O pro-fessor passa a atuar como mediador no proces-so de aprendizagem, auxiliando os estudantesno desenvolvimento dos seus próprios projetos.

De acordo com uma análise realizada pelaconsultoria Ernst & Young, cerca de dois bi-lhões de empregos serão eliminados até 2030e substituídos por tecnologia inteligente. Osúltimos dados do Fórum Econômico Mundialtambém exemplificam esse cenário. O estudorevela que 65% das crianças que entram na

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Sérgio Freire,head comercialda MCassab,representanteoficial da LEGOno Brasil desdeo ano de 2016

TENDÊNCIA

DIVULGAÇÃO

escola hoje acabarão trabalhando em empre-gos que ainda não existem.

Tais indicadores apenas reforçam que essesestudantes precisam ter acesso a uma educa-ção diferenciada. Para que os alunos do século21 estejam preparados para assumir essas no-vas frentes de trabalho, precisam desenvolvernão só habilidades técnicas, como também ascompetências socioemocionais. O head comer-cial da Lego Education enfatizou que esse mé-todo de ensino não trata apenas de questõesligadas à tecnologia, mas também trabalha as-pectos das relações pessoais.

No STEM, por meio de atividades lúdicasos estudantes têm a oportunidade de desen-volver pensamento criativo e técnico. Assim,conseguem enxergar como o mundo "real" fun-ciona e como tratar os assuntos da vida deuma forma mais lógica. "Essa metodologia es-timula as crianças a ter pensamentos críticosrelacionados a uma visão mais tecnológica",ressaltou.

O Brasil ainda está dando os primeiros pas-sos na incorporação da metodologia em seus

processos de aprendizagem. Mas a expectativapara o avanço neste cenário é positiva. Segun-do Freire, é só uma questão de tempo para adiretriz se consolidar no país. "No Brasil, o gru-po de instituições que está atento a essa meto-dologia é muito seleto. Agora estamos traba-lhando muito para difundir o método STEM nasescolas, e esse é um caminho sem volta", co-memorou o especialista.

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CASE

Plataformamede habilidadessocioemocionais

Débora Thomé

Aplicativo recém desenvolvido por jovensempreendedores brasileiros, o SKOLA está

em fase de testes no Colégio MOPI

Imagine um episódio de "Black Mirror". Com infor-mações coletadas em sala de aula, algoritmos de in-teligência artificial realizam um cruzamento de da-

dos. Em uma plataforma online, comportamentos ante-riores já mapeados e outros que não foram ainda iden-tificados indicam a probabilidade de a criança desen-volver certa habilidade. De posse dessas informações,um especialista teria evidências para diagnosticar pos-síveis distúrbios, indicar melhorias na sua qualidade devida e, de quebra, aprofundar monitoramentos da ca-pacidade socioemocional da criança. Mas e se disser-mos que já é possível fazê-lo?

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CASE

Há um ano, um jovem desenvolvedorde software com uma carreira promis-sora em uma multinacional de tecno-

logia resolveu que era hora de jogar tudo parao alto em nome de uma boa causa. Tiago Ne-ves pediu demissão e iniciou a batalha paraa realização de seu sonho: contribuir paramelhorar a educação brasileira. Foi assimque, com muita pesquisa e noites em claro,nasceu o SKOLA.

"Os educadores são protagonistas da edu-cação. Como desenvolvedor de software, oque eu poderia fazer para causar impacto nes-sa área era criar um produto digital que po-tencializasse o seu trabalho", disse Tiago, CEOdo SKOLA, que atualmente entrou na "fase 2"do projeto-piloto iniciado no último bimestreletivo de 2017 na unidade Itanhangá do Co-légio MOPI.

A equipe do SKOLA é formada pelo ideali-

zador do projeto e CEO, Tiago Neves, Henri-que Souza, que cuida da parte comercial, Pe-dro Jardim, desenvolvedor de software, e Mar-celo Alt, designer. Uma das grandes preocu-pações do grupo foi a de não incorrer no pro-blema do "retrabalho" ao professor que venhaa utilizar o app SKOLA no seu dia a dia. Foi oprimeiro insight resultante dos três meses depesquisas realizadas em mais de 20 escolaspara identificar os problemas do setor e de-senvolver o produto.

"Empoderar os educadores brasileiros comtecnologia de ponta é um dos meus desejoscom o SKOLA. Tínhamos duas vertentes boaspara explorar: capacitação ou a preparaçãodo aluno para o século 21. Detectamos que oseducadores que participaram dessas conver-sas estavam adotando novos critérios paramedir o progresso dos seus estudantes. Con-centramos nossos esforços aí", lembrou Tiago.

O Zeca é oassistente virtualdo SKOLA, queinterage com osprofessores noaplicativo

ERICA BASTOS

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CASE

O projeto-piloto entra nasegunda fase deexperimentação noprimeiro semestre desteano. Professores doColégio MOPI noItanhangá (foto abaixo)aprovaram a interface eas funcionalidadesamigáveis do appdesenvolvido pelosjovens empreendedores(na foto ao lado) do Riode Janeiro

Problema detectado, veio a solução: o SKOLANotas e presenças não são mais suficien-

tes para analisar e mentorar um aluno do sé-culo 21. Fatores emocionais, familiares, soci-oeconômicos, métricas que acompanhem con-centração, determinação, bagunça da turmae outros indicativos mais subjetivos são cadavez mais valorizados na educação. Infelizmen-te, esse tipo de dado raramente é armazena-do ou analisado com propriedade.

O resultado desse cuidado é que o professoracaba fazendo diversas operações manuaisdiariamente, como guardar notas, observaçõese presenças de todos os seus alunos. "Os edu-cadores investem uma quantidade enorme detempo nessas tarefas. São horas escrevendo do-cumentos para o conselho de classe em diáriosde papel. No caso de escolas que investemmais em modernização, com muito retrabalho,essas informações são inseridas em algum sis-tema", explicou o CEO do SKOLA.

Para piorar um pouco a situação, esses sis-temas, de uma forma geral, são difíceis de usare apresentam um formato de visualização con-siderado ineficiente, já que a maioria acabasendo útil apenas para a geração de dados —exportam planilhas que criam gráficos. Dadosque raramente são cruzados, porque os pro-fessores não conseguem (ou não sabem) com-partilhar as informações no ambiente online.

Então, como se não bastassem todos osprocessos manuais exigidos, sobrecarregan-do o professor, há um agravante: os dadosgerados acabam compartilhados apenas nasreuniões do conselho de classe, que acon-tecem somente quatro vezes por ano na mai-oria das escolas. E, geralmente, os professo-res ainda usam as anotações feitas em pa-pel. A proposta do SKOLA é justamente reu-nir todos os dados pedagógicos, de uma for-ma integrada e inteligente.

ERICA BASTOSDIVULGAÇÃO

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CASE

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)define dez competências gerais que deverãoser implementadas nas escolas públicas e pri-vadas até 2020. Uma delas diz respeito ao de-senvolvimento e avaliação de competências so-cioemocionais, que são fundamentais para acapacitação de profissionais para o mercadodo trabalho do futuro — lembrando que, deacordo com o último Forum Econômico Mundi-al, 65% das crianças em idade escolar exerce-rão profissões que ainda sequer foram inventa-das. Tudo isso está no radar do SKOLA.

Atualidade, objetividade, funcionalidade,mobilidade e a interface amigável com outrasplataformas foram os pontos mais destacadospelos professores da unidade Itanhangá do Co-légio MOPI que utilizaram o SKOLA no últimobimestre do ano letivo de 2017, durante o pro-jeto-piloto da plataforma.

"O aplicativo é extremamente fácil e dinâ-mico de usar, e a integração com o GoogleClassroom, que utilizamos no MOPI, porporci-onou um relatório qualitativo muito interessan-te para o nosso projeto pedagógico", disse Luiz

Rafael da Silva, professor de Biologia e coor-denador pedagógico dos ensinos fundamentalII e médio da unidade, que aplicou as funcio-nalidades da plataforma na turma de 9º ano.

Além do Google Classroom, os professoresdo MOPI usam outras inovações no seu dia adia, como e-boards, softwares de livros didáti-cos e metodologias ativas, como a sala de aulainvertida. Para Antônio Viveiros, diretor adjun-to e um dos líderes de implementação de tec-nologia e inovações no Grupo EducacionalMOPI, a plataforma provou ser um grande gan-ho do ponto de vista do desenvolvimento não-cognitivo dos alunos.

“O uso do SKOLA impacta positivamentetanto na vida prática do professor, pelo fato deser uma interface amigável com outras plata-formas e desburocratizar o trabalho além da salade aula, quanto na proposta de avaliar qualita-tivamente os alunos, uma preocupação quesempre existiu no MOPI e que se intensifica coma implementação da BNCC", disse Viveiros, quefrisou o potencial analítico da plataforma, queenxerga o aluno em sua integralidade.

Projeto-pioto no MOPI é bem recebido

Encontro da equipepedagógica do MOPI e doSKOLA para implementar

ajustes no app

ARQUIVO PESSOAL

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ARTIGO

Ser professor nasociedade em rede

Épor volta dos 18 anos de idade queo jovem brasileiro entra na univer-sidade. Em 2018, portanto, os es-

tudantes nascidos no início deste sécu-lo começarão a ocupar as salas de aulaem busca da formação no ensino superi-or. Para estes, são, em média, mais 4 anospela frente. Nesta jornada, que tipo deensino eles encontrarão? Haverá profes-sores com domínio pleno de conceitoscomo cibercultura, redes sociais na in-ternet, sociedade em rede e inteligênciacoletiva? Alunos e professores estarão emsintonia com o sistema de ensino e apren-dizagem adaptados à popularização doacesso à internet e aos smartphones?

Independentemente do curso a serfeito, muitos currículos dos cursos su-periores precisaram passar por reformu-lações para que as ementas dessemconta de abordar a formação do pro-fissional deste novo século. No jorna-lismo, por exemplo, foram criadas dis-ciplinas teóricas e práticas que envol-vessem conceitos como jornalismo di-gital e cibercultura. Sem essa reflexão,o jornalista a ser formado não conse-guiria compreender e vencer os desa-fios da profissão diante desta socieda-de digital. Para lecionar essas discipli-nas, porém, qual deveria ser a baga-gem de conhecimento do docente?

Se o estudante tem 18 anos e entrouna faculdade agora, ele vai encontrarprofessores com visão das dinâmicas deatualização da profissão impostas pelasociedade em rede? A resposta pode sersim e não. O docente que não se atuali-zar não mantém seu posto. Neste senti-do, e isso serve para professores de qual-quer nível, é preciso dominar e conhe-cer certos conceitos que ajudam a com-preender as relações impostas à socie-dade interconectada. Na educação bá-sica não é nada diferente.

Pierre Lèvy e Manuel Castells são doispesquisadores que não podem faltar nalista de autores que nos ajudam a com-

preender essa sociedade capaz de comu-nicar com mediação dos computadores.De um lado, Pierre Lèvy, com o concei-to de inteligência coletiva mostra que épossível aprender com os pares e comas pessoas comuns. A internet populari-zou tudo isso. Quem nunca perguntounada ao Google, que atire a primeirapedra. Do outro lado, Manuel Castellsreflete sobre a sociedade em rede e per-mite que entendêssemos como uma so-ciedade formada por humanos conecta-dos entre si pela internet poderia ampli-ar as formas de comunicação e, com isso,cobrar dos governos formas mais efici-entes de gestão. Inteligência coletiva esociedade em rede são conceitos queprecisam ser cada vez mais exploradospelos professores em aulas que, muitasdas vezes, devem transpor paredes.

Dos autores brasileiros que produ-zem muito acerca dessas mudanças eque distribuem conhecimento de fácilacesso nas redes sociais, destacam-seLucia Santaella e Martha Gabriel. A pri-meira tem uma vasta obra que nos ori-enta na compreensão das eras de co-municação que convivem entre si. Nãofoi porque surgiu a televisão que o rá-dio teve fim. E não vai ser a mídia in-ternet que vai dar fim à televisão. É aconvivência das mídias. A segunda, Ga-briel, é estudiosa das relações huma-nas que são mediadas pelo marketingdigital. Como a base do marketing éatender aos desejos e às necessidadesdos consumidores, pode-se pensar queo relacionamento entre clientes, leito-res, fãs e todos os que compreendemalguma relação de consumo pode sersurpreendido se os produtores de in-formação compreenderem essa inver-são no vetor de marketing. Consumi-dor agora também é produtor de con-teúdo e aluno também pode e quer par-ticipar mais. É hora de o professor co-locar o aluno como protagonista doaprendizado.

Marcio GonçalvesDoutor em Ciência daInformação, professoruniversitário e autor doprojeto “Aula Sem Paredes”

‘O DOCENTE QUE

NÃO SE ATUALIZAR

NÃO MANTÉM SEU

POSTO. NESTE

SENTIDO, E ISSO SERVE

PARA PROFESSORES

DE QUALQUER

NÍVEL, É PRECISO

DOMINAR E CONHECER

CERTOS CONCEITOS

QUE AJUDAM A

COMPREENDER AS

RELAÇÕES IMPOSTAS

À SOCIEDADE

INTERCONECTADA’

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ARTIGO

Sentidos que levemao entendimento mútuo

A Base Nacional Comum Cur-ricular apresentada pelo Ministé-rio da Educação define um con-junto de 10 competências geraisque devem ser desenvolvidas deforma integrada aos componentescurriculares ao longo de toda aeducação básica. As competênci-as foram definidas a partir dos di-reitos éticos, estéticos e políticosassegurados pelas Diretrizes Cur-riculares Nacionais e de conhe-cimentos, habilidades, atitudes evalores essenciais para a vida noséculo 21.

O que esperar, por exemplo,em relação à Comunicação, queum estudante consiga desenvol-ver a partir desta diretriz? A res-posta deve ser: boa capacidade deexpressão, saber compartilhar in-formações com ética e produzirsentidos que levem ao entendi-mento mútuo. Aliado à CulturaDigital, os estudantes devem sercapazes de utilizar tecnologias deinformação e de comunicação –leia-se, aqui, redes sociais na in-ternet, como o popular Facebook,o Twittter, o Instagram, os blogs –com muita sabedoria a fim de en-tender que toda a informação pro-duzida pelas pessoas nestas pla-taformas merece ser checada an-tes de compartilhada.

Professores e alunos juntos naprodução de conhecimento ampli-am o cenário da comunicação me-diada pela tecnologia de forma afazer dessa junção a produção desentidos que levem ao entendimen-to entre os anseios da educaçãoque os pais esperam que os filhostenham na escola com aquilo queo professor tem a ensinar aos estu-dantes. Ganha a autoridade do ar-gumento por meio da utilizaçãoconsciente da linguagem humana.Assim, a sala de aula tem tudo paraser um espaço de debates, deaprendizado mútuo e de produçãode saberes e de descobertas pormeio da comunicação e da cultu-ra digital.

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Educaçãotecnológica

sempasse de mágica

Renato Deccache

Para a diretora do Centro de Inovação para EducaçãoBrasileira (Cieb), Lucia Dellagnelo, o sucesso do uso da

tecnologia na educação depende da combinação deinfraestrutura, capacitação de professores, uso de materiais

didáticos e visão sobre o que fazer com as inovações

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ENTREVISTA

Por muito tempo, investir em tec-nologia na educação significoucomprar computadores e tablets

para alunos. Mas já se percebe que es-tratégias que também envolvem capa-citação de professores e produção demateriais didáticos digitais geram me-lhores resultados.

É isso que o Centro de Inovação paraEducação Brasileira (Cieb), criado paradar apoio a gestores de escolas, reco-menda a secretários de educação. Se-gundo Lucia Dellagnelo, diretora do

Cieb, em outros países já se constatouque o investimento equilibrado é o quefaz diferença.

Ex-secretária de educação de SantaCatarina e criadora do Cluster de Ino-vação para a Educação no estado, Lú-cia Dellagnelo disse que também é de-cisiva uma abordagem que leve o alu-no a compreender, utilizar e criar tec-nologias. “Já passou o tempo da disci-plina de Informática, em que os profes-sores treinavam pessoas para usarem de-terminados softwares.”

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INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018 19

EZIO COLLECTION

ENTREVISTA

O que motivou a criação do Centro de Inova-ção para Educação Brasileira?A tecnologia e a cultura de inovação têm modifi-cado vários setores da sociedade, mas com pou-co impacto no ensino. Por conta disso, um grupode instituições e especialistas criaram o Cieb. Oobjetivo é apoiar secretários de educação e equi-pes técnicas no uso de tecnologia para fins peda-gógicos e, dessa forma, contribuir para melhorara qualidade e a equidade na educação pública.

O Cieb considera que o uso de tecnologia naeducação só atinge seu pleno potencial quan-do é pautado em quatro aspectos, de formaintegrada: visão, competência, conteúdos e re-cursos digitais e infraestrutura. Por quê?Em um centro de inovação para educação naHolanda um grupo de educadores concluiu queo mais importante em uma política educacio-nal é ter essas quatro dimensões em equilíbrio.Eles demonstraram que um grande investimen-to em infraestrutura, por exemplo, tende a nãose refletir em uma melhora na educação sem odesenvolvimento das competências necessári-as para professores e diretores incorporaremessas tecnologias nas práticas pedagógicas. Porisso, orientamos os gestores públicos a realizarum investimento multidimensional, que con-temple, ao mesmo tempo, infraestrutura, capa-citação de professores para usar essa tecnolo-gia e produção de materiais didáticos, de qua-lidade e dentro de um currículo.

A Base Nacional Comum Curricular, aprovadaem dezembro, traz duas competências geraisque envolvem uso de tecnologias. Como ava-lia esses pontos?Na base nacional, a tecnologia tem dois desta-ques: uma das competências gerais fala sobreas linguagens, e outra é específica de tecnolo-gia. O Cieb, por sinal, fez um trabalho muitogrande junto ao Conselho Nacional de Educa-ção e ao MEC, porque o primeiro texto dizia"compreender e utilizar as tecnologias digitais".Atuamos muito para que fosse "compreender,utilizar e criar tecnologias digitais de modo re-flexivo, ético, que possa ajudar a solucionar osproblemas da sua vida e da sua comunidade".

Por que essa mudança no texto foi importante?Quando a base for traduzida nos currículos per-mitirá a criação de disciplinas como Progra-mação. O papel da escola não é só formar con-sumidores para novas tecnologias, mas ajudar

‘O PAPEL DA ESCOLA NÃO É SÓ FORMAR

CONSUMIDORES PARA NOVAS TECNOLOGIAS,

MAS AJUDAR OS ESTUDANTES A DESENVOLVER

HABILIDADES PARA CRIAR INOVAÇÕES’

DIVULGAÇÃO

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os estudantes a desenvolver habilidades paracriar inovações. Mas entendemos, também, quetecnologia não precisa ser trabalhada só em ma-térias específicas. Já passou o tempo da disci-plina de Informática, em que os professores trei-navam pessoas para usarem determinados sof-twares. É mais importante entender a lógica decriação de tecnologias.

Como o Cieb analisa a Política de Inovação:Educação Conectada, criada pelo MEC?Não é tão ambiciosa quanto gostaríamos, mas,pelo menos, colocou a tecnologia educacionalnovamente na pauta do MEC. O Brasil não ti-nha uma política de tecnologia educacionaldesde o Proinfo, desenhado em 1997 e revistoem 2007. Além disso, trata-se de uma estraté-gia multidimensional e com um desenho tec-nicamente robusto, ao contrário de algumas po-

líticas que priorizavam entrega de laboratóriosde informática ou kits de robótica para esco-las. O desafio vai ser implementá-la contem-plando as diversidades que existem no país.

O Cieb criou os Espaços de Formação e Expe-rimentação em Tecnologias (Efex). Como fun-cionam?Por meio de pesquisas, identificamos que umcomponente muito importante na capacitaçãodo professor no uso da tecnologia é a experi-mentação. E o Efex é um espaço em que osprofessores têm contato com tecnologias e, apartir delas, fazem uso de metodologias peda-gógicas e criam planos de aulas. Eles voltampara sala de aula, aplicam e aperfeiçoam essesplanos a partir do que deu certo. O principalobjetivo do Efex é esse: ser um local onde oprofessor pode experimentar a tecnologia.

A principal proposta doEfex é proporcionar aosprofessores o contatocom tecnologias paracriarem planos de aulascom o uso de novasmetodologiaspedagógicas

FOTOS: DIVULGAÇÃO

ENTREVISTA

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ARTIGO

Inovar: o maiordesafio da Base NacionalComum Curricular

ABase Nacional Comum Curricu-lar (BNCC) é mais do que umalista de conteúdos por discipli-

na e ano escolar. Ela é, sobretudo, umconvite à inovação. Isso fica evidentenas dez competências que a BNCC in-tegra ao currículo da educação básica.São as competências de que um cida-dão do século XXI precisa para viver

bem neste mundo. Ora, se queremosformar pessoas com novos conhecimen-tos, atitudes e valores, precisaremostambém de uma escola diferente.

Três das competências gerais daBNCC relacionam conhecimento ecultura. Conhecimento, para entendere utilizar os saberes historicamenteconstruídos sobre o mundo e para in-

tervir na sociedade; pensamento cien-tífico, crítico e criativo; e repertóriocultural, para reconhecer, valorizar eparticipar de práticas diversificadas deprodução cultural. Estas três compe-tências desafiam tanto os componen-tes curriculares, como também a in-fraestrutura das escolas.

É requerido o uso de laboratórios e

Andrea RamalConsultora em Educação

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ARTIGO

‘É REQUERIDO O USO

DE LABORATÓRIOS

E OUTROS ESPAÇOS

DE EXPERIMENTAÇÃO,

PARA EXERCITAR

A CURIOSIDADE

INTELECTUAL E A

ATITUDE DE

INVESTIGAÇÃO SOBRE

A REALIDADE,

FORMANDO UM

INDIVÍDUO CAPAZ DE

RESOLVER PROBLEMAS

E INVENTAR

SOLUÇÕES’

outros espaços de experimentação, paraexercitar a curiosidade intelectual e aatitude de investigação sobre a realida-de, formando um indivíduo capaz deresolver problemas e inventar soluções.Em vez de aulas tradicionais, precisare-mos de estratégias didáticas como estu-dos de caso e outras dinâmicas, queproblematizem a realidade e nosso lu-gar no mundo. Ao mesmo tempo, nãose trata de pura cientificidade. A BNCCexige oportunidades para desenvolvertalentos artísticos, senso estético e re-pertório cultural, com atividades que en-volvam teatro, música, dança e tantasoutras manifestações.

Outras três competências da BNCCremetem à progressiva autonomia quese espera do estudante, para formar umcidadão consciente e responsável pela

própria trajetória. Elas falam de auto-gestão, de forma que o estudanteaprenda a fazer escolhas e seja capazde planejar seu projeto de vida pesso-al, profissional e social; autoconheci-mento e autocuidado, a fim de queconsiga cuidar de sua saúde física eemocional, com resiliência e equilí-brio; e autonomia e responsabilidade,de modo que assuma princípios éti-cos, democráticos, inclusivos, susten-táveis e solidários na prática de suavida, no dia a dia.

Isso não será possível se as escolasnão mudarem os métodos de ensino.Terão que avançar na implementaçãodas metodologias ativas, nas quais osestudantes assumem um papel mais efe-tivo na gestão da própria aprendizagem.Em vez de usar o tempo da sala de aula

para ouvir o professor, os estudantesprecisarão ser estimulados a se prepa-rar previamente para cada lição, encon-trando-se com o docente para receberorientações sobre sua trilha de aprendi-zagem. O processo de ensino terá quetornar-se mais personalizado, motivadore interativo.

Por fim, quatro competências dizemrespeito à comunicação e relaciona-mento. A BNCC fala da competênciade comunicação, voltada para utilizaras diversas linguagens (visual, corpo-ral, científica, tecnológica, etc.) paraexpressar-se bem nos diversos contex-tos. Dá um passo a mais e traz a com-petência de argumentação, de formaque o indivíduo consiga formular, de-fender e negociar ideias, com posicio-namento ético e respeitando os direi-tos humanos. Fala da cultura digital(competência que se liga também coma esfera de conhecimento sobre a rea-lidade), para formar cidadãos que uti-lizem as tecnologias digitais de formacrítica, significativa, reflexiva e ética.O conjunto é completado pela empa-tia e cooperação, já que se espera for-mar pessoas que tenham empatia, seempenhem na resolução de conflitospelo diálogo e a cooperação.

Tal conjunto de competências vaimexer com o clima escolar, o ambienteda comunidade educativa, as relaçõesque se vivem dentro e fora da sala deaula. Haverá que construir uma escolaque respeite cada pessoa e promova orespeito por todos, que acolha e valori-ze a diversidade sem preconceitos.

Há um considerável caminho a per-correr para que as escolas sejam ple-namente capazes de trabalhar estasdez competências, de forma integra-da ao currículo. Imprescindível revera formação de professores, inovar nouso de espaços e recursos, rever osmodos como a tecnologia é apropria-da na aula, questionar o exemplo e tes-temunho que a própria instituição es-colar dá (por meio de diretores, pro-fessores e funcionários) aos estudan-tes e suas famílias. Os caminhos ne-cessários para acelerar esse conjuntofundamental de inovações deveria sera tônica das discussões nas escolas aolongo deste ano.

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MERCADO

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MERCADO

Parque LEGO

estimula habilidadessocioemocionais

Novo produto da Lego Educationincentiva a implementação de inovações educacionaisnos primeiros anos da educação básica

Letícia Santos

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MERCADO

Diante das diversas transformações queocorrem no mundo educacional, en-contrar soluções eficazes que permi-

tam a aplicação de inovações em sala de aulanão é uma tarefa fácil para os educadores. Eesse quadro se torna ainda mais complicadoquando o assunto é a educação infantil.

É nessa fase que as crianças começam a seintegrar a uma rotina escolar e a aprender osprimeiros conceitos. O head comercial da di-visão LEGO Education na MCassab, SérgioFreire, reconhece que inserir inovações tec-nológicas nessa etapa da educação básica éum desafio.

“Na educação infantil, quando falamos deum viés tecnológico não estamos falando deprogramação e robótica, mas de atividades maislúdicas que estimulem a criatividade”, disse.

Recentemente, a Lego Education lançou umnovo produto que pode colaborar nesse senti-do. O Parque STEAM possibilita que as crian-ças desenvolvam habilidades socioemocionais

e comecem a trabalhar seu pensamento críti-co. “O parque reforça a curiosidade natural eo desejo que toda criança tem de criar algu-ma coisa e explorar seu lado mais criativo. Aferramenta permite, também, que os profes-sores da educação infantil levem esse concei-to da lógica e da investigação para a sala deaula com as atividades propostas no conjun-to”, explicou Sérgio.

O produto foi lançado mundialmente emnovembro de 2017, e chegou este ano aoBrasil. Com a ferramenta, alunos entre 2 e 5anos de idade aprendem conceitos relacio-nados à metodologia STEAM — Ciências,Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemáti-ca. Além de permitir o desenvolvimento deuma base socioemocional que ampliará apercepção das crianças para as questões dofuturo, estimular a interdisciplinaridade tam-bém é um objetivo.

A ideia é que as crianças utilizem o conjun-to para montar montanhas-russas, trens entre

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MERCADO

outros brinquedos que normalmente encontra-mos em um parque de diversões. As atividadesapresentam a esses alunos assuntos considera-dos complexos para essa faixa etária, como:equilíbrio, movimento, força, probabilidade ereconhecimento espacial.

O Parque STEAM foi elaborado com base emquatro conceitos: conectar, construir, contem-plar e continuar. O primeiro apresenta o proble-ma, e o segundo é a fase de construção do brin-quedo Lego, que solucionará a questão propos-ta inicialmente. O conceito “contemplar” refe-re-se à análise feita por alunos e professores so-bre o problema, e a solução encontrada. No“continuar”, novos desafios são propostos.

“Fazemos questão que o aluno esteja sem-pre aprendendo uma coisa real; conceitos im-portantes para sua formação, mas brincando.A questão da brincadeira é muito forte por-que o objetivo é trazer aspectos da realidadepara a sala de aula, mas de uma maneira lúdi-ca e, ao mesmo tempo, produtiva. Além dis-so, as crianças têm a oportunidade de apren-der trabalhando juntas, em um ambiente de

colaboração”, disse Sérgio.A Lego Education atua também na formação

de professores, orientando-os sobre a melhormaneira de aplicar essa e outras soluções emsala de aula. “Nós não vendemos só o produto,mas entregamos uma solução mais completa.Oferecemos formação e suporte pedagógico paraque os professores tenham uma experiênciamelhor em inovação e suportem o conhecimentoque o produto pode oferecer a esses alunos.”

‘NA EDUCAÇÃO INFANTIL, QUANDO

FALAMOS DE UM VIÉS TECNOLÓGICO NÃO

ESTAMOS FALANDO DE PROGRAMAÇÃO E

ROBÓTICA, MAS DE ATIVIDADES MAIS

LÚDICAS QUE ESTIMULEM A CRIATIVIDADE’

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ARTIGO

Educação brasileirae o contexto global: por quenão avançamos?

No momento em que o Brasilcorre o risco de ver extinta suamaior política pública de aces-

so à educação superior da história, oRelatório de Monitoramento Global daEducação 2017/18, recém divulgado

Janguiê DinizMestre e doutor em Direito.Reitor da Univeritas (CentroUniversitário Universus Veritas).Fundador e Presidente doConselho de Administração dogrupo Ser Educacional

pela Unesco (Organização das NaçõesUnidas para a Educação, a Ciência e aCultura), alerta para o quanto a trans-formação de uma política social empolítica econômica pode comprometero progresso do país.

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ARTIGO

A agenda de desenvolvimento sustentáveladotada pelas Nações Unidas, lançada em se-tembro de 2015 com metas a serem atingidasaté 2030, inclui entre os Objetivos de Desen-volvimento Sustentável (ODS) a garantia deeducação inclusiva, equitativa e de qualidade,além de promover oportunidades de aprendi-zagem ao longo da vida para todas e todos.

Algumas metas relacionadas a esse obje-tivo, o 4º em uma lista de 17, ressaltam exa-tamente a relevância da educação superiorpara que as nações consigam melhorar a vidadas pessoas. A meta 4.3, por exemplo, diz quecabe aos Estados-Membros assegurarem aigualdade de acesso para todos os homens emulheres à educação técnica, profissional esuperior de qualidade, a preços acessíveis,

incluindo universidade. Além disso, tambémestá entre as metas o aumento do contingen-te de professores qualificados.

Ao fazer um recorte específico com rela-ção aos ODS, os resultados apresentados norelatório da Unesco mostram que o Brasil ain-da tem um longo caminho a percorrer. Esta-mos atrás de outras nações latino-america-nas, como Venezuela e Belize, com relaçãoà performance na educação profissional e téc-nica, além de apresentarmos um dos maioresníveis de desigualdade no acesso à educa-ção pós-secundária quando comparados osmais ricos e os mais pobres da população.

Os dados amplamente anunciados pelaUnesco não são novidade para quem acompa-nha o contexto educacional do país. Fundamen-tados em números oficiais (do Inep e do IBGE),eles apenas revelam ao planeta parte dos desa-fios que enfrentamos internamente para atingirnossas próprias metas, como as que estão pre-vistas no Plano Nacional de Educação (PNE).No entanto, eles voltam a jogar luz sobre a ur-gente necessidade de avançarmos na esfera edu-cacional. Ao sermos comparados com outrospaíses do globo, nossas fraquezas ficam aindamais evidentes.

Estamos entre as principais economias domundo e insistimos em ocupar as posições fi-nais nos estudos e rankings que mensuram aqualidade da educação. Nesse contexto, épreciso avaliar se o caminho que devemostrilhar rumo ao futuro que almejamos e ne-cessitamos é o que passa, mais uma vez, pelocorte em políticas públicas essenciais para odesenvolvimento de cada indivíduo e da na-ção como um todo. Acredito que, juntos, po-demos construir soluções mais sustentáveis ecapazes de melhorar a qualidade de vida dapopulação e elevar nosso país a outro pata-mar na esfera internacional.

‘ESTAMOS ENTRE AS PRINCIPAIS

ECONOMIAS DO MUNDO E INSISTIMOS

EM OCUPAR AS POSIÇÕES FINAIS NOS

ESTUDOS E RANKINGS QUE MENSURAM

A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO’

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30 INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018

CAPA

Base Nacional Comum CurricularDepois de quatro anos, a BNCCé homologada. O documento de mais de400 páginas é complexo e, por issomesmo, ainda suscita dúvidas

Debora Thomé

O que 2018 reserva à

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CAPA

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32 INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018

CAPA

A BNCC padronizará o ensinoem todas as escolas brasileiras

Na verdade, a BNCC é umareferência para a construção doscurrículos e orienta sobre o que todos osalunos têm direito de aprender

A BNCC comporá 60%dos currículos locais

Cada rede e cada escola em seusPPPS têm liberdade para agregar àBNCC o que quiserem, da maneira queconsiderarem mais adequada

MITO

FATO

MITO

FATO

MIT

OS E

FATO

S DA

BNC

C

ABase Nacional Comum Curricular(BNCC) vem sendo construída desde2014, com contribuições de toda a so-

ciedade. No fim de 2017, depois de oito mesessob análise no Conselho Nacional de Educa-ção (CNE), o documento, que serve de referên-cia para a elaboração dos novos currículos es-colares em todo o país, foi homologado peloMinistério da Educação (MEC). Agora, as redespúblicas e privadas começam a trabalhar nasua implementação.

O InovEduc foi ouvir alguns especialistasno assunto para saber como se desenhará oano de 2018 em torno das discussões para abase sair do papel. As diretrizes que definema aprendizagem essencial que todos os alu-nos — tanto na rede pública como particular— devem adquirir na escola entram em vigorem janeiro de 2019, e até o início do ano leti-vo de 2020 todo o material didático escolar jádeverá estar de acordo com as mudanças.

O MEC escolheu o Ceará para começar aelaborar as estratégias de implantação da Basepara a educação infantil e o ensino fundamen-

tal. Perto de zerar o índice de analfabetismoinfantil na rede estadual, o estado implantou oPrograma Alfabetização na Idade Certa (Paic)há dez anos, o que reduziu de 32% para 0,7%o número de crianças não alfabetizadas até ofim do 2º ano. Essa mesma antecipação da al-fabetização das crianças para o 2º ano do ensi-no fundamental foi uma das propostas de mu-dança de maior destaque na BNCC.

“Percebemos que estabelecer o 2º anocomo meta para a alfabetização traz ganhosimportantes, principalmente relacionados apráticas pedagógicas mais assertivas. Portan-to, vejo essa ação cmo bastante positiva paraa melhoria desse nível de ensino, trazendo be-nefícios para toda a trajetória escolar dos es-tudantes”, disse Rogers Vasconcelos Mendes,coordenador de Gestão Pedagógica da Secre-taria da Educação do Estado do Ceará (Seduc).

O coordenador também destacou que umgrande desafio neste ano de discussões em tor-no da implementação da BNCC em todo o paísdiz respeito à formação dos professores, queprecisam conhecer a Base em profundidadepara elaborar a adequação necessária do ma-terial didático. “No Ceará, por exemplo, temosuma rede estadual de 720 escolas e mais de 20mil professores, além de trabalharmos em regi-me de cooperação com 184 municípios. A lo-gística de formação exigirá a colaboração detodos”, enfatizou, frisando que, caso a forma-ção seja em EAD, o desafio aumenta devido àprecariedade do acesso à internet em algumaslocalidades no estado.

‘A BASE, POR SI SÓ,NÃO MUDA NADA’

Priscila Cruz, do Todos pela Educação

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CAPA

A BNCC tira autonomia dosprofessores e das escolas

Os currículos e os PPPS, aocomplementarem a BNCC, trarãoreflexões e práticas pedagógicas. ABNCC não determina como ensinar, maso que ensinar. O que vai além da BNCCé responsabilidades dos estados,municípios, escolas e professores

MITO

FATO

A BNCC é um currículo mínimo

A BNCC não traz conteúdosmínimos. O documento reúne currículosessenciais a todos os alunos, com altas expectativas de aprendizagem

MITO

FATO

Discussões devem se tornarum processo constante

Uma das especialistas que acompanhou deperto a trajetória da BNCC até sua homologa-ção, em 20 de dezembro de 2017, foi PriscilaCruz, presidente executiva da organização To-dos pela Educação. Na sua opinião, a Base éde suma importância para garantir um ensinomais equitativo. No entanto, não é o todo. “Écom ela que cada estado e município criaráseu currículo, incluindo, não apenas essa es-sência, mas também a realidade e os costu-mes locais”, disse.

Ao destacar a importân-cia de que todos ”bebamda mesma fonte” e imple-mentem o documento comqualidade, Priscila Cruz tam-bém frisou que as discussõesque serão recorrentes duranteo ano de 2018 não devem serestringir apenas ao momento deintrodução da Base. “Isso deveser um processo constante, quegarantirá a característica contem-porânea da BNCC e sua aplicaçãona realidade. Com isso em mente,tanto as competências trabalhadas emsala, como os conteúdos se traduzirãode forma mais natural.”

A presidente do Todos pela Educa-ção ainda chamou atenção para outro

ponto que considera muito importante na im-plementação da BNCC, que é a preparaçãodos professores para utilizar as ferramentaspropostas a favor do bom ensino: “São eles osresponsáveis por colocar na prática tudo isso.Por isso dizemos que a base, por si só, não mudanada. O que vai mudar é a implementaçãocom qualificação para os professores trabalha-rem os conteúdos de forma a garantir educa-ção às crianças e jovens.”

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34 INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018

CAPA

Considerado o maior evento de educação etecnologia da América Latina, a Bett Brasil Edu-car 2018 reserva uma bela fatia de sua programa-ção para discutir a a Base Nacional Comum Cur-ricular (BNCC). Tradicionalmente com palestrase workshops que tratam dos temas mais atuais nomeio educacional, o evento, que acontecerá en-tre os dias 8 e 11 de maio, no São Paulo ExpoExhibition & Convention Center tem a base comoum dos seus quatro eixos centrais — BNCC, Ges-tão, Ensino Médio e Formação de Professores.

Para a curadora da Bett Educar, Vera Cabral,a BNCC diz respeito a direitos, a explicitaçãodas aprendizagens que a escola deve propiciara cada estudante, independentemente de clas-se social e do local onde vive. “A Base englo-ba, para além de conhecimentos, estrito senso,habilidades e competência fundamentais parasua inserção no mundo em que vivemos.” Osmaiores desafios, na sua opinião, residem emcomo transformar o conceito de educação es-tabelecido na sociedade e, em especial, em nos-sos educadores.

“A BNCC foge dos lugares tradicionais danossa educação: o destaque está na aprendiza-gem e o ensino é o meio para que ela ocorra; oponto central são as competências, e não osconteúdos — os conteúdos são sim importan-tes para o desenvolvimento das competências,mas não se confundem com elas. Para tanto,mudar a concepção do material didático é es-sencial, ponto de partida”, disse Vera Cabral,

que considera crucial trabalhar com os profes-sores e equipes escolares para que entendam eincorporem as mudanças para a transformaçãona qualidade da educação do país.

Um aspecto destacado pela curadora da BettEducar é a ênfase à compreensão e produção denovas tecnologias digitais de informação e co-municação no documento. “Não podemos dei-xar a escola brasileira reiterar o raciocínio e alógica que se aplica à indústria nacional. Re-cente estudo realizado pela Confederação Na-cional da Indústria (CNI) mostra que inúmerossetores da indústria brasileira apresentam dra-mático atraso tecnológico e correm sério riscode sucumbirem na competição internacional.Nossos jovens precisam de escolas que os pre-parem para esse novo contexto do setor produ-tivo. Não dá para esperar.”

Vera Cabral também frisou que um dosgrandes avanços da BNCC é articular as apren-dizagens esperadas nos diversos segmentos daeducação básica, especialmente englobandoa educação infantil. “É importante ter a clare-za de que a educação infantil está articuladaa esse processo de alfabetização, que ele seinicia ali. Mas eu iria além, ampliando o con-ceito de alfabetização para englobar tambéma iniciação à matemática, às ciências, às artese humanidades.” O brincar e o aprender, se-gundo a curadora do maior evento de educa-ção e tecnologia da América Latina, não estãodissociados.

Assunto será destaque na Bett Brasil Educar 2018

MITO

FATO

As competências descritas na BNCC visam a formaralunos exclusivamente para o mercado de trabalho

As competências visam à formaçãointegral dos alunos. A BNCC consideraessencial as habilidades de argumentar,defender ideias, trabalhar em grupo,colaborar com o outro, ter empatia erespeitar as diferenças

MITO

FATO

A BNCC é a solução para todos osproblemas da educação brasileira

A BNCC abre a possibilidade de reveroutros elementos do sistema, como aformação dos professores, materiaisdidáticos e avaliações. Se executada comsucesso, a BNCC terá sido um catalisadorpara mudanças profundas na qualidade eequidade da educação brasileira

MIT

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FATO

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CAPA

A implantação da BNCC nas escolas particulares tra-rá, sim, várias mudanças. Mas sindicalistas do setor acre-ditam que a rede está bem preparada, e que todas asmodificações ocorrerão de maneira gradual e transcor-rerão com a máxima tranquilidade.

“A escola particular é diferente da escola pública,pois tem autonomia para fazer sua proposta de projetopedagógico. Quando se fala de currículo, a instituiçãoparticular está sujeita à lei nacional, não à regulamen-tações estaduais”, explicou Ademar Batista Pereira, pre-sidente da Federação Nacional das Escolas Particulares(Fenep).

Atualmente, o país conta com 43 mil instituições deensino na rede privada, da educação infantil ao ensinofundamental, sendo que 30 mil são pequenas escolas,geralmente com 300 alunos.

Para Pereira, o maior impacto será rever a propostapedagógica, reorganizando e flexibilizando algunspontos propostos pela Base. “De uma forma geral, asescolas privadas mantém sua autonomia. A Base in-centiva inovações como o protagonismo do estudantee apoia investigação, debates e pesquisa, o que sãopontos muito positivos do documento.”

Mas o presidente da federação frisou que junto comessas inovações vêm os desafios. Nesse contexto, Perei-ra destacou a formação dos professores e a transforma-ção do ensino como a sociedade conhece até então. “ABase sinaliza uma melhoria na aprendizagem, de umaforma geral. Mas, sozinha, não sai do papel; depende dagestão da escola.”

Impactos daBNCC na rede particular

MITO

FATO

A BNCC prioriza o letramento emdetrimento do brincar

A BNCC traz o brincar como eixoestruturante das atividades pedagógicas

Fonte: Movimento Pela Base Nacional Comum

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Biblioteca - Permite o arquivamentode artigos, vídeos, mapas, livros etc.

Trabalhos em grupo - Ambiente per-mite aos alunos fazer uploads dos ma-teriais que produzirem e se comunicarvia chats e emails.

Planejamento acadêmico - SegundoSandra Araujo, o professor pode progra-mar, em um dia, todas as atividadesonline do semestre. E o planejamentopode ser replicado para o período se-guinte. Com isso, ganha-se mais tempopara o professor se dedicar à aprendi-zagem do aluno.

Sistema de mensagens pré-programa-das - O sistema também permite pro-gramar mensagens com antecedência.Podem ser de congratulação, em casode bom desempenho, ou de incentivo,para quem não entregar trabalhos ounão acessar a plataforma.

INOVA

Por muito tempo, tecnologia naeducação resumia-se ao acesso àinternet e à conversão de conteú-

dos impressos para o formato digital. Ino-vações no ensino, porém, têm levado asinstituições a investir em sistemas capa-zes de gerar experiências de aprendiza-gem mais interativas e personalizadaspara os alunos.

Nesse cenário, ganham força os Le-arning Management Systems (LMS), emPortuguês, sistemas de gestão da apren-dizagem, que facilitam administrar egerenciar conteúdos de formação a par-

tir de funcionalidades desenhadas paraintegrar recursos multimídia e promo-ver a interação entre os usuários. Hácerca de um ano, a Faculdade Cesgran-rio adota um LMS com resultado bas-tante positivo.

“É um suporte para o professor e umrecurso que facilita o ensino, oferecen-do ferramentas que possibilitam a trocade conhecimento e a aprendizagem co-laborativa”, diz Sandra Araujo, respon-sável pela implantação e gerenciamen-to da plataforma de LMS na faculdade.

O sistema, usado na graduação e no

mestrado profissional, pode ser acessa-do em computadores, tablets e smartpho-nes. Os primeiros seis meses foram de-dicados ao processo de implantação eao treinamento dos professores para li-dar com as funcionalidades.

A plataforma é um complementoàs atividades presenciais e permiteaos alunos acessar materiais de estu-do, participar de fóruns de discussão,assistir a aulas ao vivo e muito mais.“O limite de espaço e tempo da salade aula presencial foi ampliado”, des-taca Sandra Araujo.

Sandra Araujocoordenou a

implantação daplataforma deaprendizagem

Sistemas de LMSsão tendência noensino superior

Não é por acaso que os LMS sãoNão é por acaso que os LMS sãoNão é por acaso que os LMS sãoNão é por acaso que os LMS sãoNão é por acaso que os LMS sãoa mais nova tendência de uso da tec-a mais nova tendência de uso da tec-a mais nova tendência de uso da tec-a mais nova tendência de uso da tec-a mais nova tendência de uso da tec-nologia na educação. Eles estimulamnologia na educação. Eles estimulamnologia na educação. Eles estimulamnologia na educação. Eles estimulamnologia na educação. Eles estimulamo compartilhamento e a interação,o compartilhamento e a interação,o compartilhamento e a interação,o compartilhamento e a interação,o compartilhamento e a interação,além de possibilitarem um ensinoalém de possibilitarem um ensinoalém de possibilitarem um ensinoalém de possibilitarem um ensinoalém de possibilitarem um ensinopersonalizado.personalizado.personalizado.personalizado.personalizado.

“Se o aluno tiver dificuldade em“Se o aluno tiver dificuldade em“Se o aluno tiver dificuldade em“Se o aluno tiver dificuldade em“Se o aluno tiver dificuldade emalgum conteúdo, o professor pode daralgum conteúdo, o professor pode daralgum conteúdo, o professor pode daralgum conteúdo, o professor pode daralgum conteúdo, o professor pode darum atendimento mais personalizadoum atendimento mais personalizadoum atendimento mais personalizadoum atendimento mais personalizadoum atendimento mais personalizadodirecionando vídeos, textos, exercí-direcionando vídeos, textos, exercí-direcionando vídeos, textos, exercí-direcionando vídeos, textos, exercí-direcionando vídeos, textos, exercí-cios, e outros materiais, a partir dacios, e outros materiais, a partir dacios, e outros materiais, a partir dacios, e outros materiais, a partir dacios, e outros materiais, a partir dametodologia que melhor atende àque-metodologia que melhor atende àque-metodologia que melhor atende àque-metodologia que melhor atende àque-metodologia que melhor atende àque-le aluno”, explica Sandra Araujo.le aluno”, explica Sandra Araujo.le aluno”, explica Sandra Araujo.le aluno”, explica Sandra Araujo.le aluno”, explica Sandra Araujo.

Segundo ela, no repositório infi-Segundo ela, no repositório infi-Segundo ela, no repositório infi-Segundo ela, no repositório infi-Segundo ela, no repositório infi-nito da internet, o professor pode fa-nito da internet, o professor pode fa-nito da internet, o professor pode fa-nito da internet, o professor pode fa-nito da internet, o professor pode fa-zer um filtro e disponibilizar na plata-zer um filtro e disponibilizar na plata-zer um filtro e disponibilizar na plata-zer um filtro e disponibilizar na plata-zer um filtro e disponibilizar na plata-forma o que realmente agrega valorforma o que realmente agrega valorforma o que realmente agrega valorforma o que realmente agrega valorforma o que realmente agrega valorao ensino. A diversidade dos rao ensino. A diversidade dos rao ensino. A diversidade dos rao ensino. A diversidade dos rao ensino. A diversidade dos recurecurecurecurecur-----sos é outra vantagem. “É possível uti-sos é outra vantagem. “É possível uti-sos é outra vantagem. “É possível uti-sos é outra vantagem. “É possível uti-sos é outra vantagem. “É possível uti-lizar simulações, jogos e até rankea-lizar simulações, jogos e até rankea-lizar simulações, jogos e até rankea-lizar simulações, jogos e até rankea-lizar simulações, jogos e até rankea-mento dos alunos, o que gera umamento dos alunos, o que gera umamento dos alunos, o que gera umamento dos alunos, o que gera umamento dos alunos, o que gera umacompetição saudável.”competição saudável.”competição saudável.”competição saudável.”competição saudável.”

Com o sistemaonline, professores

podem programartodas as atividadesdo semestre letivo

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INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018 37

INFORME PUBLICITÁRIO

vanguarda da avaliação no país

Uso de tecnologia na avaliação exige profissionais qualificados

Com um audacioso pro-grama de provas online,a Fundação Cesgranrio

investe para entrar na vanguar-da da avaliação no país. Com-posto pelos sistemas de corre-ção, elaboração de itens e ge-renciamento de aplicação, o pro-jeto adota os mesmos protoco-los de segurança digital de gran-des bancos e sites de compras.

"A segurança tem um papelfundamental no sistema, por issoutilizamos protocolos e técnicasde criptografia consagrados nomercado para garantir a integri-dade e a confiabilidade de todaa comunicação e o armazena-mento das informações em todoo processo de realização da pro-va", ressalta Cleidi Eugênio Fer-reira, gerente do Departamentode Controle de Projetos da Fun-dação Cesgranrio.

O Gerenciamento de ProvaOnline (GPO) é um sistema vol-tado para a resolução de Avalia-ções Lineares, Adaptativas e MultiStage. Entre suas funcionalidades,estão: liberar a prova para os co-ordenadores e fiscais e acompa-nhar, em tempo real, o andamen-to da aplicação. Por meio de pa-inéis, é possível ter acesso a indi-cadores como candidatos presen-tes, computadores online, estabe-lecimentos iniciados ou encerra-dos, solicitações de eliminação epedidos de tempo adicional.

O sistema também contacom um módulo desktop para

Windows com as funcionali-dades necessárias para aplica-ção das provas em locais es-pecificamente preparados. Asmáquinas, nesse caso, são pre-viamente cadastradas garantin-do assim maior segurança.

Na tela de resolução, asquestões são divididas por áre-as de conhecimento e existe ummecanismo visual para identi-ficação dos itens respondidos.O tempo restante da provapode ficar visível ou não parao usuário, e existem verificado-res no sistema que informam aocandidato o tempo que restapara fazer a avaliação.

O GPO possui também umafuncionalidade de solicitações,aos níveis hierárquicos superi-ores, que vão desde o pedidodo candidato para sair de salaaté a eliminação de um parti-cipante por parte do coordena-dor da aplicação. As solicita-ções seguem um fluxo de reso-lução e voltam como notifica-ção na tela do sistema para ousuário que as demandou.

No sistema de correção,professores acessam as respos-tas digitalizadas, atribuem no-tas e inserem observações. Jáno de elaboração de itens, es-pecialistas criam questões emuma plataforma, de modo nãonecessariamente presencial. Aflexibilidade para o avaliadore a redução dos custos estãoentre as principais vantagens.

Uso detecnologia étendência naavaliação,diz LigiaLeite

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Sistema criadopela Cesgranriopermite, entreoutras coisas,que estudantesfaçam prova pelocomputador

Avaliação ainda tem sido compreendida como medi-ção, embora vá além da coleta de dados e realização demedições, pois envolve julgamentos e identificação de for-mas de intervenção. O uso da tecnologia, no entanto, temproporcionado maior agilidade e precisão a essas etapas.

Hoje em dia, por exemplo, é impossível pensar emavaliações de larga escala sem o uso de softwares de pro-cessamento automatizado de informações. Outro recursoimprescindível, segundo a professora do Curso de Mestra-do Profissional em Avaliação da Faculdade Cesgranrio, Li-gia Silva Leite, são as bases de dados. “Em muitos casos,nem é preciso um novo levantamento: basta acessar, bus-car informações ou fazer os cruzamentos necessários”.

Implantar avaliações inovadoras também depende depessoal altamente qualificado para adotar os processos maisadequados. Aí entra a importância da Fundação Cesgran-

rio, que hoje é o principal centro de formação de especia-listas nessa área. “É essencial ter profissionais competen-tes em planejar a avaliação, selecionar as tecnologias edefinir critérios a serem usados para, assim, alcançar bonsresultados”, destaca a especialista.

A Faculdade Cesgranrio inova tanto no curso de mestra-do como no de graduação tecnológica em Avaliação. Um exem-plo é o site e-Aval, projeto que permitiu criar um grande bancode dados para atividades acadêmicas na área da Avaliação.Além disso, conteúdos sobre bases de informações, noçõesde estatística, análise de dados qualitativos e quantitativos emetodologias de avaliação integram os currículos.

“A Cesgranrio está preocupada também em integrar,de forma científica e acadêmica, tecnologia e produçãode conhecimento, para que a avaliação possa se adaptaraos novos tempos”, completa Ligia Silva Leite.

"Além disso, podemos con-tratar elaboradores de todo opaís, pois não é necessária aatuação presencial", diz Clei-di Eugênio, ressaltando que háplanos de ampliar o uso do sis-tema. "Nosso objetivo é apli-car inicialmente em concursospúblicos e até para escolas,caso tenham interesse."

Segundo Cleidi Ferreira,sistema de provasonline gera eficiência eredução de custo

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38 INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018

ARTIGO

Ensino Fundamental:período crucial na formaçãodo futuro cidadão

Muito tem se falado sobre a re-forma do Ensino Médio, queé realmente necessária, con-

forme demonstram os dados do CensoEscolar da Educação Básica 2017, di-vulgados pelo MEC. É importante res-saltar, no entanto, que as deficiênciasencontradas nos anos finais da Educa-ção Básica — e que trazem por conse-quência dificuldades de ingresso na fa-culdade e no mercado de trabalho —são oriundas, muitas vezes, da má for-mação dos alunos lá atrás, no EnsinoFundamental. Aí está o cerne do proble-

Luiz AntonioNamura PoblacionPresidente da Planneta(www.planneta.com.br),engenheiro elétrico pelo ITA(Instituto Tecnológico deAeronáutica) com especializaçãoem Marketing e Administração deEmpresas e MBA em Franchisingpela Louisiana State University eHamburguer University –McDonald´s. Atua na área deeducação há mais de 35 anos

ma. Para ingressar no Ensino Médio eter um bom desempenho, crianças eadolescentes precisam primeiro ter pas-sado por um Ensino Fundamental de qua-lidade. Infelizmente, não é isso queacontece em grande parte dos casos.

Uma das causas desse problema é aformação precária dos professores. Cer-ca de 15% dos docentes da EducaçãoBásica não têm ensino superior, segun-do mostrou o Censo. Analisando a for-mação dos professores na Educação In-fantil, verifica-se que 6,2% deles estu-daram somente até o Ensino Fundamen-tal e 18,1% não terminaram nem o Ensi-no Médio. O mais preocupante é queno Ensino Fundamental — quando co-meça verdadeiramente o aprendizadodas diversas disciplinas em sala de aula— 3,7% dos professores que estão lecio-nando não terminaram o Ensino Médioe 5% deles estudaram só até essa eta-pa. Existem ainda 6% que estão na fa-culdade. E mesmo entre os 85,3% for-mados na universidade, muitos não fa-zem cursos de formação e atualiza-ção, importantíssimos neste mundocada vez mais globalizado e digital.

De acordo com o Censo, tambémfalta adequação dos docentes às disci-plinas que lecionam. Em Língua Estran-geira, por exemplo, apenas 42% dos do-centes têm formação adequada na área.E o agravante é que 23,7% desses pro-fessores não têm sequer Ensino Superi-or completo. A baixa remuneração é umdos motivos para a falta de entusiasmodo professor. E é fato que cada vez me-nos jovens querem abraçar a profissão.

O problema de repetência, de eva-são escolar e de baixa qualidade noaprendizado durante o Ensino Funda-mental é grave. E os municípios são osresponsáveis por 61,3% das escolasbrasileiras — o equivalente a 112,9 mil

instituições de ensino. As escolas esta-duais representam 16,6% e as federais,0,4%. É verdade que muitos gestoresmunicipais vêm se esforçando paramudar esse quadro — é só verificar osíndices do Ideb que estão melhorandoem muitos municípios do país. Mas mui-to ainda precisa ser feito e as prefeitu-ras têm que arregaçar as mangas e ofe-recer um ensino cada vez de maior qua-lidade, começando por promover cur-sos de formação e atualização profis-sional, possibilitando assim que seusprofessores tenham condições de daraulas mais criativas e mais instigantes,incluindo aí a tecnologia, computado-

‘CENTENAS DE

ESCOLAS PÚBLICAS

DO INTERIOR

PAULISTA JÁ

CONTAM COM

LABORATÓRIOS DE

INFORMÁTICA E

FAZEM USO DE

RECURSOS

TECNOLÓGICOS,

OFERECENDO UM

APRENDIZADO MAIS

AMPLO E MODERNO’

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INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018 39

ARTIGO

res e aplicativos que tornam o aprendizadomais completo e mais dentro da realidade dascrianças e jovens do século 21.

Torna-se urgente modernizar a metodolo-gia de ensino nas escolas públicas, começan-do pelo Ensino Fundamental. O “ensino indus-trial” empregado há muitos anos já não supreas necessidades inerentes aos alunos nativosdigitais, em um mundo em que tudo muda numpiscar de olhos. E os professores devem acom-panhar essa constante ebulição de novidades.Giz e quadro negro não bastam. Agora, o pro-fessor precisa estar munido de recursos digi-tais, elementos lúdicos de aprendizagem e fer-ramentas diversas que permitam que ele tam-bém transmita ensinamentos de forma criati-va, inovadora e fique tão antenado em temasatuais quanto seus alunos.

Centenas de escolas públicas do interiorpaulista já contam com laboratórios de infor-mática e fazem uso de recursos tecnológicos,oferecendo um aprendizado mais amplo e mo-derno. Que isso se multiplique por todo o país,transformando a Educação desde os primei-ros anos da criança na escola, a fim de queela chegue ao fim do Ensino Médio verda-deiramente preparada para fazer uma boa fa-

culdade e consiga deste modo o seu espaçoem um mercado de trabalho cada vez maisexigente e competitivo.

Porém, acrescento, de nada valerão os“gadgets”, tais como computadores, laptops,celulares, lousas digitais, entre outros, se aosprofessores não for dado conhecer e aplicarmetodologias educacionais que façam usoadequado deste ferramental. O segredo deuma educação de qualidade está na adequa-da utilização das ferramentas disponíveis, tra-duzindo, na boa e velha didática, potenci-alizada, hoje em dia, pelo melhor conheci-mento do cérebro humano e como ele adqui-re, organiza, analisa, sintetiza e guarda as in-formações que recebe.

Para tal, metodologias que fazem uso ade-quado de todo conhecimento que hoje temosacerca do funcionamento do cérebro humanofazem toda diferença no processo de ensino eaprendizagem. Cabe aos gestores proporcio-nar aos educadores acesso a estas novas me-todologias e estes, através dos cursos de for-mação continuada, se inteirarem destas mo-dernas ferramentas a fim de propiciar uma re-gência de aula mais suave para si e mais efi-caz para seus alunos.

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como palavra de ordemA Sincroniza Educação, em parceriacom a Fundação Lemann, auxilia a

incorporação de tecnologias educacionaisem instituições da rede pública com o

programa ‘Inovação nas escolas’Letícia Santos

MULTIPLICADORES

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Investir em ferramentas tecnológicas é umdesafio para o ensino público no Brasil. Amaioria das instituições não conta com in-

fraestrutura adequada, nem professores famili-arizados com tecnologias. Diante desse cená-rio, as sócias Ana Paula Manzalli e Keila Vis-conti criaram a Sincroniza Educação, que atuajustamente na implementação de tecnologiaseducacionais em instituições de ensino, prin-cipalmente em escolas públicas.

“Em cada escola tem sempre um ‘dono’ doprojeto, que pode ser um coordenador ou opróprio diretor. Essa pessoa trabalha em con-junto com o formador da Sincroniza responsá-vel pela instituição, que faz o acompanhamen-to do projeto. A Sincroniza envia às escolas re-latórios semanais, tira todas as dúvidas e reali-za, também, um trabalho de engajamento paraque a instituição não desista do projeto”, ex-plicou Keila Visconti, cofundadora da Sincro-niza Educação.

Em 2017, por intermédio do projeto “Inova-ção nas escolas”, realizado pela Fundação Le-mann e operado pela Sincroniza Educação, 465escolas em 33 secretarias municipais tiveram aoportunidade de iniciar um trabalho de incor-poração de ferramentas tecnológicas em seusprocessos de aprendizagem. Entre elas, a Esco-la Municipal Rubens Sverner, em Manaus.

Ao chegar à escola, os formadores da Sin-croniza se depararam com a seguinte situação:um laboratório de informática que funcionavacomo depósito de livros didáticos e equipamen-tos quebrados. Sendo assim, a primeira açãofoi promover uma transformação no local. To-dos os livros e equipamentos inutilizados fo-ram retirados, e o que poderia ser reaproveita-do foi levado para conserto. A escola recebeu,ainda, uma doação de Chromebooks da Fun-dação Lemann.

Com a questão da infraestrutura resolvida,o passo seguinte foi começar a trabalhar na for-mação dos professores. O objetivo era ensiná-los a usar a plataforma de ensino adaptativoonline e gratuita Khan Academy para que, pos-teriormente, desenvolvessem atividades comseus alunos usando a ferramenta. A formaçãodesses professores é feita de forma prática: aideia é que eles experimentem e entendam to-das as funcionalidades da plataforma e conhe-çam suas possibilidades de uso.

Os pais também são envolvidos no proces-so. “Convidamos todos para conhecer a plata-forma e fizemos um trabalho de engajamentocom eles, para que se tornassem nossos par-ceiros nesse projeto”, relembrou Keila.

Keila destacou que todas essas ações sãopensadas para estimular a autonomia dos alu-

Projeto ajudou mais de 400escolas em 33 municípios

brasileiros a incorporarferramentas tecnológicasnos processos de ensino-

aprendizagem apenasdurante o ano de 2017

DIVULGAÇÃO

MULTIPLICADORES

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42 INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018

Baixa qualidade deconexão com a internet

ainda é um problemadurante os processosde implementação do

‘Inova Escola’ emalguns municípios

DIVULGAÇÃO

MULTIPLICADORES

viço de internet particular”, disse Keila.Assim, sob a orientação do Sincroniza, os pro-

fessores passaram a entregar aos alunos um ensi-no de Matemática mais dinâmico e personaliza-do. Além disso, a mãe de uma aluna que entendiade problemas técnicos de informática se tornouvoluntária na escola, e agora visita o laboratóriouma vez por semana para fazer manutenção.

“Essas ações mostram que a infraestrutura éo que possibilita o perfeito funcionamento daengrenagem de uso da tecnologia. É claro queo cenário ideal seria um espaço amplo, comcomputadores funcionando em perfeito estadoe internet de alta qualidade. Mas é bom en-contrar exemplos em que a comunidade esco-lar se envolveu com o problema e teve condi-ções de contribuir com soluções que melhora-ram o processo de aprendizagem”, enfatizouKeila Visconti.

nos e promover uma interação colaborativa emsala de aula. Além disso, essas ferramentas tec-nológicas, quando utilizadas de maneira cor-reta, possibilitam que os professores entreguema cada aluno um ensino personalizado queatenda às suas necessidades.

A Escola Municipal Professor Waldir Gar-cia, também de Manaus, participou do projetoutilizando a ferramenta Khan Academy. Masessa escola enfrentava um problema muito co-mum nas instituições da rede pública de ensi-no: a baixa qualidade de conectividade.

Dessa vez, o apoio para resolver o proble-ma veio dos próprios pais dos alunos. “A dire-tora fez uma reunião com os responsáveis paraapresentar o projeto e aproveitou para falarsobre as dificuldades que estavam enfrentan-do. Os próprios pais sugeriram doar a quantiaque pudessem para a escola contratar um ser-

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Aliar tecnologia à educaçãoainda é desafio

para professoresPesquisa realizada pelo Datafolha para o Todos pela Educação, no entanto,

dá conta de que barreiras enfrentadas não significam falta de motivaçãoIgor Regis

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TENDÊNCIA

Tablets, smartphones, PC gamers, realida-de aumentada e streaming. Se há pou-co mais de duas décadas os alunos es-

peravam ansiosos pelas aulas de informáticapara ter um pequeno contato com o mundodigital, hoje eles já chegam à idade escolar comum domínio igual ou maior das novas tecnolo-gias que os seus professores. Em contrapartida,grande parte dos docentes ainda apresenta di-ficuldades para trazer a tecnologia para a salade aula, sejam relacionadas a problemas de in-fraestrutura ou falta de apoio pedagógico.

De acordo com pesquisa realizada pelo Ins-tituto Datafolha, iniciativa do movimento TodosPela Educação, 39% dos professores têm difi-culdade para utilizar tecnologia na hora de apre-sentar informações. Além disso, a maioria disseque encontra problemas estruturais, como pou-cos equipamentos (66%), velocidade insuficienteda internet (64%) e falta de formação adequada— 62% nunca fizeram cursos gerais de infor-mática ou de tecnologias digitais em Educação.Outra dificuldade apontada foi um possível au-

mento da carga de trabalho, decorren-te da procura por materiais ade-

quados (24%), preparação,aplicação e correção de pro-vas (23%), além de acompa-nhamento individual (22%).

Mas a indicação de barrei-ras não significa falta de moti-

vação. Dos entrevistados, 45%disseram que utilizariam mais

tecnologia em caso de condiçõesfavoráveis de infraestrutura e for-

mação. Os professores ainda afirmaram acredi-tar que o uso de tecnologias ajuda na motiva-ção dos alunos, no aumento das habilidades cog-nitivas e no desempenho escolar. O estudo ou-viu 4 mil professores, dos quais 91% acima dos35 anos de idade.

Para o diretor de Políticas Educacionais doTodos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, apesquisa mostrou que o não avanço da tecno-logia não pode mais ser atribuído à resistênciados professores, mas à ausência de políticas pú-blicas no setor. “Talvez há 20 anos pudésse-mos atribuir a falta de avanço à resistência dosprofessores. Mas acho que ao longo dos últi-mos anos esse pensamento é mínimo. O queas políticas públicas estão oferecendo aos pro-fessores não está lhes atendendo no uso da tec-nologia como aliada”, explicou.

Apesar de a falta de infraestrutura ainda serapontada como a maior vilã, Nogueira chamouatenção para a falta de formação e de ferra-mentas que se apliquem à rotina diária do pro-fessor. “Um ponto que ainda faz diferença é aformação. Os professores que indicam ter re-cebido uma formação adequada têm propen-são a usar tecnologia na sala de aula. Outramensagem que os professores passam é que assoluções apresentadas não reconhecem a roti-na diária. Se não entender que o professor é apeça prática, não há garantias de que o uso datecnologia melhorará o ensino”, completou.

Para o diretor, uma forma de mudar esse pano-rama é ouvir os professores na hora de planejarpolíticas educacionais para a implantação de tec-nologia na escola. “Há uma importância de en-volver os professores na construção das propostasde educação tecnológica. O ator que está no fimda linha; se ele não for envolvido nessa políticapública, vai gerar muito mais resistência.”

OlavoNogueiraFilho, diretorde PolíticasEducacionaisdo Todos PelaEducação

DIVULGAÇÃO

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TENDÊNCIA

Especialista em Educação, Ciência e Tec-nologia, Bruna Nunes reforçou a importânciade se incluir o professor para que ele se sintaengajado no processo de digitalização da es-cola, e não somente obrigado a aderir a umapolítica imposta. “É necessário ouvir o profes-sor e entender as suas necessidades para queseja um empoderamento digital, e não umadestramento digital”, destacou.

Bruna atentou, ainda, para a importânciade garantir um suporte pedagógico visandoque o professor desenvolva suas aulas e seusmétodos, e não somente siga um modelo pré-determinado. “O estímulo tem que ser de bai-xo pra cima. Para isso acontecer é necessárioentender quem é o profissional e qual o seuperfil em termos de competência digital. Damesma forma que os alunos têm diferenças,os professores também têm dificulades. Quan-do falamos de empoderamento digital, não éo ensino de ferramentas, mas dar subsídiospara que ele aprenda a pesquisar e crie suaspróprias ferramentas”, argumentou.

Para garantir uma transição mais fácil nes-se processo de digitalização, muitos especia-listas do campo educacional já discutem a in-trodução da função de coordenador pedagó-gico de tecnologia, função vista com bonsolhos. “Ele assume a tarefa de pensar as me-

todologias com os professores, criando proje-tos que sejam interdisciplinares, orientando osprofessores a adaptar determinado tema parao uso da tecnologia dentro da sala de aula.Em termos de política pública, passa pela for-mação de professores, diagnóstico da rede, porescola, para saber o nível de competência di-gital. É um bom caminho”, destacou Bruna.

E se esse coordenador fosse um próprio pro-fessor da escola? Esta é uma possibilidade que,segundo Olavo Nogueira Filho, pode ser umaalternativa mais viável. “Formar, apoiar e mu-niciar o coordenador pedagógico para que elecoloque isso na prática pedagógica. Quantomais a política pública avançar para um tra-balho colaborativo entre os professores, maisganha sentido em força”, opinou.

Bruna Nunes frisou que a transformação di-gital precisa incluir, em primeiro lugar, a intro-dução de internet nas escolas. “Considerandoque muitos alunos já tenham seus smartphones,é fundamental que as escolas tenham internet.Na própria sala você consegue trabalhar comuma internet roteada. Mesmo que alguns nãotenham dispositvos, é possível trabalhar em gru-pos”, exemplificou a especialista. “Às vezes, atecnologia que pode parecer a grande vilã podeser transformada em uma aliada para trazer ointeresse do aluno”, completou.

4 MIL PROFESSORES4 MIL PROFESSORES4 MIL PROFESSORES4 MIL PROFESSORES4 MIL PROFESSORES

60% - 45 anos ou + 31% - 35 a 44 anos 9% - até 34 anos 34% - professores do 1º a 5º ano 34% - professores do 6º a 9º 27% - ensino médio 5% - EJA

66% têm facilidade para usartecnologia para apresentar uma informaçãopelo menos uma vez na semana

33% têm dificuldade

13% dos professores usam tecnologiaocasionalmente e têm dificuldade

55% fazem uso regular da tecnoloiga,por necessidade ou curiosidade

32% apresentam domínio da tecnologia

Empoderamento Adestramento

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46 INOVEDUC | Folha Dirigida | fevereiro 2018

ARTIGO

Por umaEscola Particularcom mais liberdade

Anova diretoria do Sindicato dosEstabelecimentos de EducaçãoBásica do Município do Rio de

Janeiro, eleita para o biênio 2018/2019,tomou posse no dia 11 de janeiro. As-sumimos com grandes educadores, queprestaram relevantes serviços à nossacategoria e à iniciativa privada destacidade por décadas, e jovens educado-res, que muito contribuirão para forta-lecer a Escola Particular.

A experiência de renomados dirigen-tes com os novos trará a devida conti-nuidade do trabalho meritório desenvol-vido pelas gestões anteriores ao longo dosúltimos 17 anos. Nosso desejo é que os

Jose Carlosda Silva PortugalPresidente do Sinepe Rio,diretor da Rede MV1 deEnsino, membro do ConselhoEstadual de Educação e integraa diretoria da AssociaçãoBrasileira de Educação

serviços prestados aos associados man-tenham o nível de excelência de sem-pre, reiterando a defesa intransigente dosinteresses da nossa categoria, nas esfe-ras do poder, com o apoio da FederaçãoNacional das Escolas Particulares (Fenep).

Serão inúmeros os desafios que tere-mos que enfrentar, mas iremos superá-los com equilíbrio e coerência. As ne-gociações salariais já estão em pauta.Nossa Comissão Paritária tem trabalha-do com afinco para aprovarmos os acor-dos que sejam justos com as partes econtemplem a realidade econômica dopaís. A relação entre o Sinepe Rio e ossindicatos dos Professores, Auxiliares de

Administração e Nutricionistas tem sidode absoluta cordialidade.

A implantação da Reforma Trabalhis-ta é outro assunto que tem a atenção donosso sindicato. No ano passado, o Si-nepe Rio promoveu vários encontroscom as instituições de ensino para de-bater o tema. O assessor jurídico Dr.Renato Santiso preparou diversos mate-riais para informar aos departamentosjurídico e contábil das escolas. Alémdisso, tivemos o apoio do Colégio deAdvogados, mantido pela Fenep.

O presente ano virá com a discus-são de dois temas fundamentais: a BaseNacional Comum Curricular (BNCC) e

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ARTIGO

a Lei do Ensino Médio. O objetivo da atualreforma é promover a indução da diversifica-ção curricular, tal como previsto desde a LDB,lei 9.394/1996. No entanto, decorridos 22anos, constata-se que essa possibilidade nãose concretizou. Em sua versão atual, o EnsinoMédio não tem logrado êxito, na medida emque 2 milhões de jovens em idade escolar es-tão fora da escola. Essa realidade mostra queo atual currículo não está adequado às neces-sidades dessa nova era, obrigando a que umnovo modelo seja implementado, dando maisliberdade às escolas.

No campo institucional, é fundamental rei-terarmos nosso compromisso com o ensino pri-vado, que tem uma importância vital na educa-ção do país. Os números falam por si e demons-tram a grandeza da atividade desenvolvida pornós. Hoje representamos 1,4% do PIB. São 39mil escolas apenas no Ensino Básico, 2,5 mi-lhões de empregos e 15 milhões de matrículas,incluindo o Ensino Superior. São pagos R$ 62bilhões em salários, além de R$ 11 bilhões emFGTS e INSS. O segmento movimenta R$ 110bilhões por ano. Esse seria o valor que o gover-no teria que injetar para manter os alunos, senão houvesse as instituições privadas.

A Escola Particular é plural e está fundamen-tada em um dos pilares da democracia: a liber-dade de escolha das famílias. Quanto maisvariado for o leque de opções, melhor será oatendimento das crianças e de toda sociedade.Cada cidadão deve ter o direito de escolher otipo de educação que deseja para seu filho.Tanto é verdade que a Constituição Brasileira ea Lei de Diretrizes e Bases foram sábias ao en-tender que a qualidade de um sistema de ensi-no decorre de sua diversidade.

Por sua própria natureza, a Escola Particularcontribui permanentemente com a sociedade.Nossa diversidade fortalece o direito primáriode escolha das famílias. A liberdade de ensinofavorece o pensamento crítico e o aprimora-mento da própria democracia.

O ensino privado ocupa uma posição decentral importância em sociedades preocupa-das com o despertar da consciência da criançae do jovem para a necessidade do respeito àsdiferenças entre os seres humanos. Os educa-dores têm a missão de construir um ambientede convívio, tolerância e compreensão no es-paço escolar. Todas essas ideias e ideais per-meiam a escola que tem na liberdade o seufundamento principal.

‘A ESCOLA

PARTICULAR É PLURAL

E ESTÁ FUNDAMENTADA

EM UM DOS PILARES

DA DEMOCRACIA:

A LIBERDADE DE

ESCOLHA DAS

FAMÍLIAS’

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Os profissionais de educaçãoprecisam se conectar maiscom os processos de inovação

que ocorrem no setor. Esse foi o princi-pal tema debatido na primeira ediçãodo Colabore, uma iniciativa do CentroUniversitário Celso Lisboa. O evento foirealizado no dia 4 de dezembro de 2017,e acontecerá anualmente.

Durante o encontro foi lançada umaplataforma de inovação aberta, homô-nima, que oferece aos usuários um am-biente de cocriação onde podem traba-

lhar projetos educacionais inovadores."Quem está inovando na educação

brasileira é quem vem de fora do setor:empreendedores, pesquisadores inde-pendentes, pessoas ligadas à inovaçãoe que se sentem vocacionadas a tra-balhar com educação. É a partir dessemovimento que as instituições de ensi-no começam a se envolver com práti-cas de inovação pedagógica", desta-cou Thiago Almeida, coordenador-ge-ral da plataforma Colabore.

Também foi apresentado ao público

o projeto, ainda em fase de prototipa-gem, da plataforma "5", elaborada emconjunto com a startup Zurve. Basica-mente, a "5" pretende utilizar inteligên-cia artificial nos processos de aprendi-zagem dos cursos que estarão disponí-veis na plataforma.

Estiveram presentes ao evento os pa-lestrantes Flávio Cordeiro, sócio-diretorda agência Binder; Thiago Chaer, CEOda Future Education; Gustavo Hoffmam,diretor do Grupo A; Gustavo Brito, cien-tista social e fundador do Extramuros; e

Projeto pretende incentivar processos de inovaçãono setor educacional brasileiro

Letícia Santos

Colabore tem a missão

de conectar

DIVULGAÇÃO

EVENTOS

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Afinal, como será‘A escola do futuro’?

Modelos e métodos alternativos de edu-cação já são aplicados por várias institui-ções de ensino no Brasil, sobretudo da redeprivada. Especialistas vislumbram uma es-cola do futuro mais interativa, participativa,colaborativa, altamente tecnológica e muitoinfluenciada por redes e mídias sociais. Ecada vez mais os educadores se preocupamcom competências e habilidades socioemo-cionais na sala de aula.

Preocupados em agregar, a Árvore deLivros, maior plataforma de leitura digitaldo Brasil, convidou três espacialistas paraparticipar da primeira edição da roda deconversas com o tema “A escola do futu-ro”. Realizado em novembro, o “Árvore deEncontros” reuniu especialistas na Acade-mia da Ahlma para discutir o que a chegadada tecnologia à educação faz com a essên-cia do ensino-aprendizagem.

Para o CEO da Árvore, João Leal, a es-treia do evento foi bem positiva. A intençãoé intensificá-lo neste ano. Na “linha de fren-te” do evento, o diretor Pedagógico do Ele-va Educação, Fabio de Oliveira, a diretorada Escola Dom Cipriano Chagas, Ana Gabri-ella Malta, e o criador da Escola da Ponte,José Pacheco — por videoconferência —,proporcionaram uma profunda reflexãopara o público presente.

A responsabilidade de formar cidadãospara atuar em profissões que sequer exis-tem foi um dos destaques da fala do diretordo Eleva. Fabio Oliveira ressaltou a impor-tância de transformar o aluno em protago-nista do processo de ensino-aprendizagem:“O professor precisa, mais do que transmi-tir conteúdo, orientar os alunos a tratar ainformação com senso crítico. Isso é o quefará a diferença no futuro.”

Pensamento complementado pela expe-riência da diretora da escola Dom. A institui-ção, criada por iniciativas do terceiro setor,não se enquadra na rede pública nem na redeprivada de ensino. Sustentada pela combina-ção de voluntariado, doações e parcerias cominstitutos, instituições e empresas, o maiorpilar da escola é a educação humanizada.

“A educação que existe hoje foi funda-mentada na Revolução Industrial. O objetivoé formar para o mercado de trabalho, é pre-parar o aluno para passar no Enem. A educa-ção precisa se humanizar, olhar para trás,para antes disso. Precisa recuperar a cons-trução das relações. Se pensar só em mode-los pedagógicos, a educação do futuro nãoacontece”, disse Ana Gabriella Malta.

Um bom exemplo de ruptura com o en-sino tradicional é o modelo da Escola daPonte. A escola pública portuguesa iniciouo projeto em 1976. Lá, alunos participamdo processo de gestão e são realizadas as-sembleias nas quais trazem sugestões e so-luções. No Brasil, mais de cem escolas seinspiram na Ponte.

“Não era possível continuar tendo aula,prova, séries. Isso é a escola do século XIX.Na Escola da Ponte não tem ano, diretor,turma, horário. É esta a integração que seespera para o século 21”, disse seu funda-dor, José Pacheco, muito aplaudido pelosparticipantes.

EVENTOS

o diretor do ITS (Instituto Tecnologia eSociedade), Sérgio Branco.

Flávio falou sobre seu projeto, cujaprincipal proposta é ajudar a resguar-dar memórias importantes da cidadedo Rio de Janeiro por meio de tecno-logia. Em seguida, Thiago Chaer apre-sentou números que destacam comoo baixo índice de inovação em pro-cessos educacionais no Brasil refletena qualidade de ensino do país.

Gustavo Hoffmam, diretor do Gru-po A, também apresentou alguns da-dos sobre o atual cenário da educa-

ção brasileira, e falou sobre a capaci-dade das metodologias ativas colabo-rarem para a transformação educaci-onal e a melhora dos processos de en-sino-aprendizagem dos alunos.

O cientista social Gustavo Brito res-saltou a importância de trabalhar comos alunos do século 21 no desenvolvi-mento de habilidades socioemocionais.Por fim, Sérgio Branco falou da impor-tância de criar soluções para que osalunos tenham experiências em cursosonline mais próximas das que são vi-venciadas em cursos presenciais.

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NOTAS

■■■■■ INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DA IBM ÉUSADA EM APP PARA A PRÉ-ESCOLA

■ ■ ■ ■ ■ 29ª EDIÇÃO DOPRÊMIO JOVEM CIENTISTA

Estão abertas as inscrições para a 29ª edição do PrêmioJovem Cientista (PJC). O tema da edição 2018 é “Inova-ções para a conservação da natureza e transformação so-cial”. Podem concorrer estudantes do ensino médio, ensi-no superior, mestres e doutores. Os trabalhos podem serenviados, até o dia 31 de julho, pela internet.

A partir de fevereiro serão disponibilizadas web au-las no site do PJC, voltadas para o tema deste ano,com o intuito de auxiliar os participantes no decorrerdo prêmio.

Instituído em 1981, o PJC incentiva a pesquisa cientí-fica e os estudantes e jovens pesquisadores que buscamsoluções inovadoras para os desafios do país.Biodiversidade, empreendedorismo e sustentabilidade,inovação e inclusão digital são algumas das linhas depesquisa que podem ser consultadas no site do prêmio.

Na categoria ensino médio os trabalhos devem serrelacionados a uma das seguintes linhas de pesquisa:• Comunicação e mobilização para a valorização deáreas protegidas• Empreendedorismo e soluções locais para a conserva-

ção e o uso sustentável da natureza• Inovações para a conservação

da natureza e o uso sustentá-vel no ambiente escolar• Práticas inovadoras emeducação ambiental e

conservação da natureza• Tecnologias digitais para a

conservação da natureza• Tecnologias digitais para transforma-

ção social

Site: Site: Site: Site: Site: www.jovemcientista.cnpq.br

■ ■ ■ ■ ■ COLÉGIO E VESTIBULAR DE A A Z SEFORTALECE COM CHEGADA DO GRUPO SEB

Um dos maiores grupos de educação do país, o Sistema Educacional Brasileiro (Grupo SEB) está investindo na educaçãocarioca: acaba de fechar acordo de aquisição de controle societário com o Colégio e Vestibular de A a Z, escola premium deensino médio e pré-vestibular do Rio de Janeiro com cerca de 3 mil alunos e sete unidades distribuídas por cinco bairros(Barra da Tijuca, Botafogo, Ipanema, Recreio e Tijuca).

Os quatro fundadores da escola — Bruno Rabin, Carlos Ferrão, Felipe Sundin e Naun Faul — permanecerão à frente dainstituição. O objetivo é aproveitar a bem-sucedida proposta pedagógica atual, centrada no ensino médio e pré-vestibular, eestendê-la para o ensino fundamental completo.

O SEB fortalecerá as operações da instituição, incluindo a adequação à nova Base Nacional Curricular Comum. Cominvestimentos em infraestrutura, o SEB planeja expandir a marca "De A a Z" para o ensino fundamental completo em 2019,além de oferecer ensino bilíngue e novas metodologias, como o espaço maker.

■ ■ ■ ■ ■ MATIFIC É APOIO PARA AS CLASSESHOSPITALARES DA REDE ESTADUAL DE SP

Alunos em classes hospitalares do Estado de São Pauloiniciam, no primeiro semestre de 2018, aulas de Matemáticacom o apoio de jogos digitais de conteúdo pedagógico daMatific Brasil.

A parceria entre a startup israelense que atua comgamificação e a Secretaria Estadual de Educação de São Pauloacontece de forma gratuita para o governo estadual. Cerca de1,2 mil estudantes da rede pública devem ser beneficiadosmensalmente pela iniciativa.

“A Matific promove uma aprendizagem mais profunda,pois, além de engajar os alunos em situações cotidianas,também estimula a curiosidade, a exploração, o raciocíniológico e a aprendizagem pela descoberta, em um ambientelúdico e interativo”, explicou Dennis Szyller, diretor daMatific Brasil.

■■■■■ ESTÍMULO À LEITURA

A Árvore de Livros, a maior plataforma de leitura di-gital do país, lançou, em janeiro, um novo projeto. Vol-tado para estudantes do ensino médio — jovens entre14 e 18 anos de escolas de todo o país —, o “Concur-so Eu Escrevo Minha História” pretende estimular o en-cantamento pela leitura.

As escolas participantes receberão material de apoiopara realizar as atividades. Ao final do projeto, os estu-dantes produzirão um texto imaginando seu futuro, e poderãoganhar cursos e a visita de uma personalidade inspiradora nasua escola.

Os vencedores serão anunciados no dia 29 de março, de acordo com ocronograma inicial do concurso. Acompanhe no site da Árvore de Livros e fique de olhopara participar das próximas oportunidades!

Site: Site: Site: Site: Site: www.arvoredelivros.com.br/minhahistoria

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