sermão do terceiro domingo de advento

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SERMÃO 3º Domingo de Advento pelo Bispo Josep Rosselló

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Notas biblicas sobre as leituras do lecionario do Terceiro Domingo de Advento.

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Page 1: Sermão do Terceiro Domingo de Advento

SERMÃO  3º  Domingo  de  Advento  

pelo

Bispo  Josep  Rosselló

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Terceiro  Domingo  de  AdventoA Coleta.

Senhor   Jesus  Cristo,   que  na  tua  primeira  vinda  mandaste  teu  mensageiro  para  preparar   caminho  para  7;   concede  que  os  ministros  e  servos  da  tua  verdade  possam   igualmente  assim  preparar   e  dispor   o   teu   caminho,   tornando   os  corações   de  desobediência   à   sabedoria   dos   justos,   para   que   em   tua  segunda  vinda  para  julgar  o  mundo,  possamos  ser  achados  um  povo  aceitável  aos  teus  olhos;  Tu  que  vives  e  reinas  com  o  Pai  e  o  Espírito  Santo,  um  só  Deus,  agora  e  para  sempre.  Amém.  

A  Epístola:   1 Corintos 4:1-5

O  Evangelho:   Mateus 11:2-10

A Coleta de hoje é uma oração para que o ministério e trabalho do ministro cristão seja abençoado por Jesus Cristo, como tais ministros cumprem sua vocação proclamando o evangelho e chamando os pecadores ao arrependimento e fé em Cristo. O exemplo usado nesta oração se encontra na pessoa de João Batista.

A leitura da EPÍSTOLA do Segundo Domingo de Advento é parte do texto onde o apóstolo Paulo aborda de forma concisa e direta a natureza do ministério cristão. Não á toa, ele começa a

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tratar esta questão no início desta Epístola quando lemos “Irmãos, rogo-vos em nome de nosso Senhor Jesus Cristo que entreis em acordo quando discutirdes, e não haja divisões entre vós; pelo contrário, sejais unidos no mesmo pensamento e no mesmo parecer. Pois, meus irmãos, fui informado a vosso respeito, pelos da família de Cloé, que há discórdias entre vós. O que quero dizer com isso é que um de vós afirma: Eu sou de Paulo; outro, Eu sou de Apolo; outro, Eu sou de Cefas; outro ainda, Eu sou de Cristo” (1 Cor 1.10-12). Esta introdução do apóstolo, (leia também os capítulos posteriores para ter uma maior compreensão), nos leva a enfrentar a verdade vital e essencial que todos nós vamos ver nossas obras serem testadas no fogo (1 Cor 3.13). Isto, sem dúvida, é um grande desafio para todos nós, obrigando que paremos para refletir sobre a motivação e verdade das mesmas. Afinal de contas, somente vai sobreviver aquilo que esteja edificado sobre o único e seguro fundamento, “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Cor 3.11). Assim, podemos ter certeza que qualquer coisa que não seja, ou venha, de Deus, nem do nosso Senhor, Jesus Cristo, será destruído, e aquilo que permaneça será purificado. 

Portanto, que podemos dizer daqueles que ministram os mistérios de Deus?

O Primeiro Ponto é que aqueles que servem no ministério ordenado o fazem como “ministros” e “despenseiros.” Assim , não devem ser considerados como líderes. A palavra traduzida

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por "ministros", significa, literalmente, "remadores." A figura é aquela de um navio romano que se movimente por remos. A Igreja é o navio, Cristo comanda o mesmo, e os remadores apenas obedecem ordens, uma vez que eles não têm o direito de dar ordens, já que são escravos que servem como remadores.

O termo despenseiro (administrador) novamente segue mostrado o mesmo conceito, ou idéia, de serviço. O despenseiro cuida da casa sob as ordens do senhor e sob sua direção. A Igreja é a casa, Cristo o senhor e os despenseiros servem através de ensinar o conhecimento revelado (mistérios de Deus), conhecimento que não é próprio, mas que tem recebido para ensinar fielmente à família de Deus. 

Em outras palavras, estão chamados e nomeados para servir nas funções que têm sido ordenadas por Aquele a quem os mistérios pertencem. São chamados em Jesus para pregar o evangelho do Reino que começou em Cristo. 

O segundo ponto é que devem ser achados fiéis no nosso chamado, e no serviço a Cristo, porque os olhos de Deus estão sobre nós o tempo todo, e precisamos ser conscientes deste fato. Já que são servos de Deus e de Jesus Cristo, e já que têm tal privilégio e responsabilidade para servir ao Deus Todo-poderoso, portanto se espera que isto seja feito com a maior qualidade, excelência e responsabilidade, conforma habilidade e dons que tem recebido de Deus..

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E o terceiro ponto vem como resultado do ponto anterior. A questão essencial não é se os Coríntios julguem o apóstolo Paulo, como um servo fiel, ou que ele mesmo se considera como tal, mas se o Senhor terá a ele como tal.   Portanto, o julgamento dos homens sobre os ministros de Deus devem ser considerados de nenhum valor. Somente Deus em Cristo é quem pode julgar, e julgará, quando chegue o dia marcado para tal fim. Somente nesse dia serão reveladas as nossas obras e passarão pelo teste de fogo. O texto em grego mostra claramente que existe um dia marcado pelos homens para realizar o julgamento dele. Tudo indica que houvesse já marcado um dia para ser levado adiante o julgamento, com o alvo de julgar os ministros dos mistérios pelo seu próprio entendimento e julgamento. Não à toa, Paulo escreveu “Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e outra vez: O Senhor conhece as cogitações dos sábios, que são vãs” (1 Cor 3.18-20).   Possivelmente, o que Paulo estava dizendo, foi exatamente que ele não se importava com o que ele pudesse fazer, porque ele não julgava a si mesmo, ainda quando pudesse ser considerado sem culpa. Paulo não tenta justificar-se, porque tem absoluta certeza de que somente há um juiz capaz de julgar sua vida e ministério, da forma fiel e santa, o Senhor Jesus Cristo. E ele deverá dar contas dos seus atos diante dEle.

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Deste modo, o quarto ponto é que devemos ser cuidadosos de não formar julgamentos e conceitos prematuros, porque somente seremos capazes de saber toda a verdade quando o Senhor volte. Nesse dia, serão revelados os desejos e motivos dos corações.  

Irmãos, finalmente, tenham certeza de que há um dia marcado para o juízo final, o dia em que Ele voltará e aparecerá para julgar os vivos e os mortos. Assim, precisamos ter presente esse dia na nossa vida, e ser conscientes que Deus vai trazer luz a todos os segredos e pensamentos que tem sido escondidos. Então, todos adorarão e louvarão a Deus, porque cada um será julgado como merece. Só assim poderemos ter uma idéia certa e infalível dos nossos mestres, como também os coríntios, se escutassem os ensinos de Paulo. 

O EVANGELHO nos mostra o ministério de João Batista e sua conexão com o ministério e pessoa de Jesus. João envia dois discípulos para conversar com Jesus, já que estava na prisão. 

Faz um ano que ele está na prisão, devido a Herodes Antipas, que o enviou à cadeia pela sua atitude abertamente contrária à relação adúltera que este mantinha com a mulher do seu irmão (Mt 14.1-11). Josefo diz que Machaerus, uma fortaleza construída por Herodes o Grande, o pai de Antipas, era a prisão onde João se encontrava preso. 

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Mas por que enviaria João Batista um discípulo para perguntar “se Jesus era quem estavam esperando”? Será que tinha esquecido suas próprias palavras em Marcos 1.7, “Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas”? Ou que o Espírito descendeu sobre Jesus na forma de um pombo no batismo dele (Mc 1.11)? Como João podia estar fazendo tal pergunta?

Na verdade, João e os outros Judeus esperavam outro tipo de Messias. Em outras palavras, o curso tomado por Jesus era bem diferente do que eles tinham em mente. Portanto, depois de estar um longo período preso, vivendo em perigo, João começou a ter incerteza. Afinal, se Jesus era Cristo, por que não se proclamava o Rei Messiânico, destruía o poder de Roma e de Herodes, e libertava João da prisão? 

Ao mesmo tempo, talvez, João Batista estava esperando um julgamento iminente, como podemos observar pela sua pregação (Lc 3.16-17). Com certeza, o fato de que este julgamento não estava chegando, poderia causar que João pudesse estar considerando, se não tinha entendido mal os tempos e os dias. 

Por outro lado, talvez não fosse João quem estivesse com dúvidas, mas fossem os seus próprios discípulos. Deste modo, enviando os mesmos para conversar com Jesus, isto poderia fazer que estivessem convencidos de quem Jesus era e pudessem ser testemunho vivo para os outros discípulos neste

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tempo de grande incerteza. Se esse fosse o caso, significaria que os discípulos de João tinham verdadeiras dificuldades de aceitar o testemunho de João sobre Jesus.

Ou, talvez, João estava sendo impaciente e desejava que Jesus proclamasse que era Aquele que estavam esperando (Mt 3.11), assim teve a idéia de incitar a Jesus a proclamar que Ele era o Messias esperado pelo povo de Israel.

Em qualquer caso, a resposta de Jesus, sem nenhuma dúvida, responderia qualquer dos motivos que levaram João a fazer tal pergunta. Se lemos Lucas 7.21-22, observamos que, no mesmo instante, Ele cura muitos de suas enfermidades. Deste modo, os discípulos de João foram testemunhas oculares dos sinais e maravilhas do Reino. Assim, a resposta não era somente suas  palavras, mas demostrou com atos que foram vistos pelos seus próprios olhos. O Reino de Deus se manifestava diante deles. Ao mesmo tempo, Jesus faz uma menção a Isaías 35, a grande promessa de esperança para o remanescente de Israel. Deste modo, sua resposta indica com firmeza que tais promessas estavam acontecendo naquele momento. O Reino de Deus estava sendo estabelecido no meio deles naquele mesmo instante. Ao mesmo tempo, as palavras de Jesus mostram um grau de desaprovação no ato de João Batista. Isto pode ser considerado à luz da declaração do próprio Jesus quando diz, “E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim.” João poderia estar insatisfeito com Jesus pelo simples fato de que Ele ainda não tinha declarado abertamente sua missão e o fato de que Jesus era o Cristo. O Senhor não censura a João

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Batista, mas dá uma mostra clara de repreensão, o que implica que Jesus deseja esclarecer que Ele sabe o que é melhor e o que fazer com referência ao Seu Reino.

Não à toa, o texto de Isaías que Jesus usa nos lembra que Cristo tem vindo trazer esperança e conforto àqueles que tem sempre sido esquecidos pelos fariseus e os mestres da lei. De fato, os filósofos e teólogos tinham pouco tempo para os pobres e os mais necessitados da sociedade, aquilo que se conhece no Brasil, como “povão.” Assim, Jesus mostrava sua justiça e amor por todo o povo de Deus, inclusive por aqueles que ninguém mais parecia preocupar-se. Tal demonstração de poder e amor, foi muito mais convincente que qualquer palavra.

Uma vez que os discípulos de João tinham partido, Jesus se dirigiu à multidão, e perguntou sobre João: “que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis. Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.”  

Interessante as perguntas que Jesus faz à multidão, porque se é verdade que reprova as perguntas dos discípulos de João, agora parece defender a João e seu ministério, diante da multidão, já que a referência a “um caniço agitado pelo vento” se refere a caniço Egito, que é o mesmo que existe em Israel, que é de grande altura e o vento facilmente o move. Deste modo, Jesus

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dá a entender que João não era como o caniço. Ele não era movido por cada vento de popularidade ou desprazer.

Inclusive, chega a desafiar a multidão quando pergunta se eles foram ver vestes luxuosas, porque tais estão em casa de reis. Contudo, João foi fiel ao ministério que recebeu de Deus o que fez que ele terminasse na prisão por confrontar o pecado na casa de reis.

Finalmente, termina suas palavras afirmando que João era o mensageiro profetizado nas Escrituras, que prepararia o caminho do Senhor. Em clara referência a Malaquias 3.1, “Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o anjo do pacto, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos exércitos.”

 

Ele era mais que um profeta, porque na verdade ele era um reformador, alguém que preparava o caminho e o primeiro em fazer o caminho. Nenhum profeta nunca teve tal honra ou tal ministério, nem vai ter nenhum de nós.

João Batista tinha a missão de preparar os corações dos homens para receber o enviado de Deus, e obedecer a sua vontade. Deste modo, um julgamento se está aproximando, e se os homens e as mulheres não se arrependem de todo coração e sinceramente, caíra sobre eles de forma pesada tal julgamento. 

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João estava certo em profetizar o julgamento na mão do Senhor Jesus, como nosso Senhor falou de restauração e cura fluindo do seu ministério. O próprio Senhor testemunhou em favor de João diante da multidão, e afirmou que ele era em verdade aquele que estava preparando o caminho do Senhor. E, deste modo, afirmou publicamente o seu próprio ministério, o Reino de Deus está no meio de nós. Ele se faz presente através da  Igreja de Cristo, fazendo visível o Reino de Deus em todas as nações da Terra. Deste modo, o Reino de Deus que foi inaugurado por Cristo, e está crescendo através da missão da Igreja de Cristo, chegará à sua plenitude quando o Rei estiver novamente presente no meio de nós. Na segunda vinda de Jesus Cristo, o Rei voltará para julgar os vivos e mortos, para reinar com os eleitos e condenar a destruição aos ímpios... e seu Reino não terá fim. 

CONCLUSÃO

Estes dois textos bíblicos compartilham um tema, “como o ministério deve ser julgado.” 

A conclusão é que este será julgado por Jesus Cristo, no dia do juízo final, e pelos seus padrões. Será que temos tentado que os corações dos homens se dirijam a Deus? 

Este é o propósito último do ministério, e todos os que estão no ministério devem ter a certeza de ter tal objetivo em mente. Se seu ministro não tem, não pense nem por um instante que pelo fato de você culpar a ele, isso seja uma desculpa para você,

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porque o testemunho do Senhor sobre João nos mostra que podemos encontrar estas coisas por nós mesmos, se buscarmos meditar e estudar as Sagradas Escrituras. Ao mesmo tempo, todo cristão está chamado a proclamar o evangelho e ser testemunha do Cristo ressurrecto. Portanto, sejamos claros sobre a natureza do ministério cristão. Em um sentido amplo, todos os cristãos somos ministros através da Confirmação; e, ao mesmo tempo, só alguns somos chamados, separados e ordenados em um sentido mais estrito.

Assim, tenhamos a certeza de estar sob um ministro fiel e, ao mesmo tempo, sejamos fieis no nosso ministério, como discípulos de Cristo. Oremos pelos Ministros do evangelho e sacramento, que sejam fiéis ao seu chamado e aprovados pelo Senhor Jesus Cristo, deste modo serão instrumentos de benção para o povo de Deus e suas vidas serão somente para a glória de Deus, Pai, Filho, e Espírito Santo. Amém.

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