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Página 1 $ 1.00 PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR - LESTE Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015 Série I, N.° 3 A Número Extraordinário SUMÁRIO GOVERNO : Decreto Lei N.º 5/ 2015 de 22 de Janeiro Estatuto da Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno .................................................................................... 1 DECRETO LEI N.º 5/ 2015 de 22 de Janeiro Estatuto da Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno A Lei nº 3/2014, de 18 de Junho, criou a Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno e a Zona Económica Especial de Economia Social de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro, definindo as bases que as regem, de acordo com o previsto na Constituição da República Democrática de Timor-Leste. Neste quadro, ao concretizar o regime administrativo especial constitucionalmente previsto para o enclave Oe-Cusse Ambeno, a referida Lei veio a atribuir-lhe o estatuto de Região Administrativa Especial e a conferir-lhe natureza de pessoa colectiva territorial de direito público, dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, bem como de princípios, poder regulamentar, direitos, receitas, órgãos e regimes económico e financeiro próprios, a serem implementados nos parâmetros de uma autonomia regional vinculada aos princípios da solidariedade nacional, da subsidiariedade, da aplicação directa do direito nacional, da condução pelo Governo das relações externas e da responsabilidade directa do Governo pela segurança e ordem pública. A Lei criou a Zona Especial de Economia Social de Mercado de Oe-Cusse Ambeno e Atáuro, dando ao Enclave e à Ilha um enquadramento jurídico-económico comum, embora preconize uma diferenciação nos respectivos regimes especiais ao qualificar a Ilha de Ataúro como polo complementar de desenvolvimento, em resultado do entendimento, expresso no Preâmbulo da Lei, de que a Constituição da República preconiza um estatuto económico mais intenso para o Enclave do que para a Ilha, pela menor dimensão e maior proximidade desta da capital do País. A Lei estabelece, para os espaços territoriais de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro, enquanto Zona Especial, uma política de desenvolvimento económico e social orientada pelo princípio de economia social de mercado, cujo modelo caracteriza como inclusivo, participativo, económica e socialmente diversificado, sustentado e sustentável, em que o investimento goza de benefícios especiais, o desenvolvimento das infra-estruturas é fundamental e o desenvolvimento humano uma prioridade sempre presente. Para a prossecução do definido na Lei, foram por ela também criados órgãos próprios da Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno - a Autoridade, o Presidente da Autoridade e o Conselho Consultivo da Autoridade – bem como, genericamente definidos a sua composição, mandato e competências. Do mesmo modo, foi criado o Fundo Especial de Desenvolvimento, enquanto instituto de fomento e definidas as suas atribuições gerais. Importa, portanto, regulamentar a aplicação dos princípios, direitos e poderes estabelecidos, assim como a organização e funcionamento dos órgãos da Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno, indispensáveis à sua governação e administração e da Zona Especial de Economia Social de Mercado de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro. Nestes temos, ao abrigo do previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo 115º, da Constituição da República e do n.º 4 do artigo 15.º da Lei n.º 3/2014, de 18 de Junho, o Governo decreta, para valer como lei, o seguinte: Capítulo I Natureza e Princípios Artigo 1.º Natureza 1. A Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno,

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Jornal da República

Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 1

$ 1.00 PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR - LESTE

Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015 Série I, N.° 3 A

Número Extraordinário

SUMÁRIO

GOVERNO :Decreto Lei N.º 5/ 2015 de 22 de JaneiroEstatuto da Região Administrativa Especial de Oe-CusseAmbeno .................................................................................... 1

DECRETO LEI N.º 5/ 2015

de 22 de Janeiro

Estatuto da Região Administrativa Especial de Oe-CusseAmbeno

A Lei nº 3/2014, de 18 de Junho, criou a Região AdministrativaEspecial de Oe-Cusse Ambeno e a Zona Económica Especialde Economia Social de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro, definindoas bases que as regem, de acordo com o previsto naConstituição da República Democrática de Timor-Leste.

Neste quadro, ao concretizar o regime administrativo especialconstitucionalmente previsto para o enclave Oe-CusseAmbeno, a referida Lei veio a atribuir-lhe o estatuto de RegiãoAdministrativa Especial e a conferir-lhe natureza de pessoacolectiva territorial de direito público, dotada de autonomiaadministrativa, financeira e patrimonial, bem como de princípios,poder regulamentar, direitos, receitas, órgãos e regimeseconómico e financeiro próprios, a serem implementados nosparâmetros de uma autonomia regional vinculada aos princípiosda solidariedade nacional, da subsidiariedade, da aplicaçãodirecta do direito nacional, da condução pelo Governo dasrelações externas e da responsabilidade directa do Governopela segurança e ordem pública.

A Lei criou a Zona Especial de Economia Social de Mercadode Oe-Cusse Ambeno e Atáuro, dando ao Enclave e à Ilha um

enquadramento jurídico-económico comum, embora preconizeuma diferenciação nos respectivos regimes especiais aoqualificar a Ilha de Ataúro como polo complementar dedesenvolvimento, em resultado do entendimento, expresso noPreâmbulo da Lei, de que a Constituição da República preconizaum estatuto económico mais intenso para o Enclave do quepara a Ilha, pela menor dimensão e maior proximidade desta dacapital do País.

A Lei estabelece, para os espaços territoriais de Oe-CusseAmbeno e Ataúro, enquanto Zona Especial, uma política dedesenvolvimento económico e social orientada pelo princípiode economia social de mercado, cujo modelo caracteriza comoinclusivo, participativo, económica e socialmente diversificado,sustentado e sustentável, em que o investimento goza debenefícios especiais, o desenvolvimento das infra-estruturasé fundamental e o desenvolvimento humano uma prioridadesempre presente.

Para a prossecução do definido na Lei, foram por ela tambémcriados órgãos próprios da Região Administrativa Especial deOe-Cusse Ambeno - a Autoridade, o Presidente da Autoridadee o Conselho Consultivo da Autoridade – bem como,genericamente definidos a sua composição, mandato ecompetências. Do mesmo modo, foi criado o Fundo Especialde Desenvolvimento, enquanto instituto de fomento edefinidas as suas atribuições gerais.

Importa, portanto, regulamentar a aplicação dos princípios,direitos e poderes estabelecidos, assim como a organização efuncionamento dos órgãos da Região Administrativa Especialde Oe-Cusse Ambeno, indispensáveis à sua governação eadministração e da Zona Especial de Economia Social deMercado de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro.

Nestes temos, ao abrigo do previsto na alínea a) do n.º 1 doartigo 115º, da Constituição da República e do n.º 4 do artigo15.º da Lei n.º 3/2014, de 18 de Junho, o Governo decreta, paravaler como lei, o seguinte:

Capítulo INatureza e Princípios

Artigo 1.ºNatureza

1. A Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno,

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Série I, N.° 3 A Página 2Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

pessoa colectiva de direito público de âmbito regional, comterritório delimitado nos termos do artigo 3º da Lei nº 3/2014, de 18 de Junho, goza de autonomia administrativa,financeira e patrimonial e é dotada de atribuições, poderespúblicos, órgãos de administração e consulta, serviços deadministração pública e funcionalismo público próprios.

2. A Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambenodetém poderes de administração regional relativamente aOe-Cusse Ambeno, bem como de administração da Ilha deAtaúro, polo complementar de desenvolvimento, integradana Zona Especial de Economia Social de Mercado, de quetambém é parte Oe-Cusse Ambeno, conforme estabelecidopelo artigo 37º, da Lei nº 3/2014, de 18 de Junho.

Artigo 2.ºPrincípios

1. A estrutura orgânica, o funcionamento e actuação dosórgãos da Região Administrativa Especial de Oe-CusseAmbeno devem conformar-se com os princípiosestabelecidos em lei, nomeadamente:

a) O princípio da legalidade e da aplicação directa do direitonacional na Região;

b) O princípio da solidariedade nacional;

c) O princípio da organização unitária do Estado e dasubsidiariedade das funções dos órgãos regionais comos órgãos nacionais do Estado e os órgãos municipaise de suco na Região;

d) O princípio da especialidade das deliberações e decisõesdos órgãos regionais, as quais devem conformar-secom as competências que lhes estejam legalmenteconferidas.

2. As deliberações e decisões dos órgãos executivos da RegiãoAdministrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno têm queassumir a forma escrita, bem como ser especificamentefundamentadas sempre que afectem direitos e interesseslegalmente protegidos, imponham ou agravem deveres,encargos ou sanções.

3. As deliberações e decisões dos órgãos regionais têm queter a forma prescrita no presente diploma e estão sujeitas apublicação, nos termos da lei e de regulamento próprioregional.

Capítulo IITutela, Atribuições, Poderes e Autonomia

Artigo 3ºTutela

1. O Governo é o órgão de tutela dos órgãos executivos daRegião Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno,sendo os seus poderes tutelares exercidos pelo Primeiro-Ministro.

2. A tutela administrativa do Governo consiste na verificação

da legalidade dos actos regulamentares e administrativosdos órgãos de administração e consulta da RegiãoAdministrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno e naverificação do mérito das suas deliberações e decisões,bem como omissões nas situações definidas por lei.

3. O exercício da tutela administrativa do Governo sobre omérito das deliberações e decisões, bem como omissõesdos órgãos de administração e consulta da RegiãoAdministrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno, verifica-serelativamente às seguintes situações:

a) Nomeação e exoneração do Presidente e membros daAutoridade da Região;

b) Aceitação da inclusão do orçamento regional na pro-posta de Orçamento Geral do Estado, bem comorectificativos ao mesmo, mediante deliberação doConselho de Ministros;

c) Aceitação da integração do plano de desenvolvimentoregional no plano de desenvolvimento nacional,mediante deliberação do Conselho de Ministros;

d) Crescimento da estrutura organizativa e de recursoshumanos da administração pública regional para alémdos parâmetros estabelecidos no presente diploma,mediante aprovação do Conselho de Ministros;

e) Regulamentação do regime de carreiras, remuneração,mobilidade dos funcionários públicos e avaliação dedesempenho na administração pública regional,mediante aprovação do Conselho de Ministros.

4. A tutela administrativa do Governo, nas formas e situaçõesdefinidas nos números anteriores, deve ser exercida atravésde ratificações e aprovações ou da sua negaçãofundamentada, bem como do recurso, se necessário, ainspecções, inquéritos, sindicâncias e pedidos deinformações e esclarecimentos sobre matérias de legalidadee mérito e conformar-se com os procedimentos legalmenteprevistos.

5. Os órgãos de administração e consulta e os serviços daadministração pública regionais têm um dever especial deinformar o Governo e com ele colaborar diligentemente noexercício dos seus poderes tutelares, podendo, no entanto,a Autoridade e o Presidente da Autoridade impugnarcontenciosamente o exercício ilegal desses poderes.

6. As condições e termos do exercício do poder tutelar doGoverno são objecto de regulamento próprio a ser aprovadopor decreto-lei do Governo.

Artigo 4ºAtribuições

1. Tendo por fim a realização dos objectivos definidos por lei,são atribuições da Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno:

a) O crescimento e o desenvolvimento económico e social

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Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 3

com base na implementação de uma economia socialde mercado;

b) A promoção do investimento na criação, aproveitamen-to, administração e manutenção de infra-estruturasindustriais, agrárias, de logística, comércio, transporte,turismo e sociais;

c) A transformação, comercialização, diversificação e mo-dernização da agricultura, incluindo a criação decinturas verdes das zonas urbanas para o abaste-cimento interno e exportação;

d) O comércio regional e internacional, incluindo aexportação e importação, bem como o comércio internoregional e da Região com as demais partes do territórionacional

e) A competitividade sub-regional e internacional enquantopraça financeira, zona de comércio livre, zona francaindustrial e pólo de desenvolvimento;

f) O desenvolvimento humano e da qualidade de vida -educação, saúde, habitação, água, saneamento básico,cultura, desporto e lazer - em benefício dos habitantese comunidades;

g) O desenvolvimento das infra-estruturas públicas naRegião, nomeadamente as estradas regionais, o portosartificiais, docas e ancoradouros e os aeroportos eaeródromos de interesse público;

h) O aproveitamento, beneficiação e conservação dosrecursos hídricos;

i) A conservação e desenvolvimento dos eco-sistemasmarítimo e terrestre;

j) A investigação sobre os recursos naturais e os eco-sistemas;

k) O desenvolvimento das energias renováveis;

l) O funcionamento e alargamento da cobertura da redepública de energia eléctrica;

m) A expansão da rede de telecomunicações;

n) O turismo e o jogo;

o) A promoção de uma indústria extractiva e de materiaisde construção, bem como de construção de infra-estruturas, edifícios e equipamentos industriais esociais;

p) A administração pública regional, assegurando queprime pela capacidade, eficiência, eficácia, ética eactuação em conformidade com a lei.

2. A Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno,salvaguarda e promove os interesses específicos dapopulação da Região, no quadro geral dos interessesnacionais, em conformidade com a lei e as políticas

nacionais do Estado e do Governo, mantendo, em razãodas matérias do respectivo âmbito de competências,apropriadas relações de articulação, coordenação einformação, por um lado, com o Governo e a administraçãopública central e, por outro lado, com os órgãos municipaise os sucos na Região.

Artigo 5ºReserva do Governo

1. Sem prejuízo dos poderes, competências e modos deactuação os órgãos de soberania estabelecidos pelaConstituição da República e por lei, na relação com a RegiãoAdministrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno, o Governoreserva para exercício através da administração públicanacional das suas competências em actividades vitais parao Estado, nomeadamente:

a) A defesa, segurança e ordem pública;

b) As relações externas e a cooperação bilateral e multilate-ral entre estados e com sistemas de organizaçõesregionais e internacionais;

c) A preparação e execução do plano estratégico dedesenvolvimento, bem como a proposição daaprovação e o controlo da execução do Orçamento Geraldo Estado, incluindo a sua componente regional;

d) A aprovação e apresentação de propostas de actoslegislativos e de resoluções, bem como de linhas geraisde políticas governamentais e da sua execução re-gional;

e) A definição dos regimes gerais e especiais dedesenvolvimento económico e social regional;

f) A regulamentação da educação e da saúde;

g) A elaboração de propostas de lei e a aprovação deregulamentos em matéria de moeda, controlo cambial,finanças públicas, banca, seguros e resseguros;

h) A formulação de propostas de políticas e de leis eregulamentos fiscais e de investimento de aplicaçãono âmbito regional;

i) As actividades petrolíferas e de mineração estratégica,bem como o seu licenciamento;

j) A regulamentação do serviço público de electricidadena Região;

k) A aprovação e submissão para fins legislativos depropostas de regimes económicos e financeirosespeciais aplicáveis à Região e Zonas Especiais deEconomia Social de Mercado;

l) Autorizar empréstimos a contrair pela Autoridade daRegião;

m) Estabelecer regras e critérios de concessão de finan-ciamentos pela Região;

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Série I, N.° 3 A Página 4Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

n) A regulamentação geral da organização da administraçãopública directa e indirecta e da função pública regional;

o) A aprovação do ordenamento do território regional;

p) A regulamentação sobre a migração e o trabalho migra-tório com aplicação regional;

q) A proposição e condução da execução da política na-cional e da lei e regulamentos de descentralização comaplicação na Região;

r) A regulamentação e condução dos processos eleitoraispara os órgãos representativos, nacionais, municipaise comunitários, aos vários níveis que também tenhamlugar no território da Região;

s) Os direito públicos sobre imóveis privados classificadosou de uso e fruição sobre bens privados, nomeada-mente pelo seu interesse histórico, cultural ouarquitetónico;

t) O exercício dos actos de verificação e fiscalização pró-prios da tutela sobre a Região;

u) Outras actividades determinadas por lei.

Artigo 6ºPoderes e Exercício de Direitos

1. Para a prossecução das atribuições e direitos conferidos àRegião Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno, osseus órgãos de administração gozam, nos estritos limitesdas competências de cada um e segundo os termos econdições prescritos por lei ou regulamento nacional, dosseguintes poderes públicos:

a) Regulamentar;

b) Administrativo;

c) Económico e financeiro, de fomento e promoção dodesenvolvimento de uma economia social de mercado;

d) Concessão de serviços públicos;

e) Fiscalização;

f) Expropriação no interesse público comprovado, nostermos estabelecidos por lei.

2. No exercício dos poderes de autoridade pública e prerroga-tivas de Estado de que goza, a Região, através do seuórgão de administração competente, pode, sendonecessário, proceder á execução coerciva das deliberaçõese decisões administrativas tomadas, nos termos e limitesda lei e regulamento aplicáveis.

Artigo 7ºSuficiência de Recursos

Na prossecução das suas atribuições e no exercício dos seus

poderes e direitos, a Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno está vinculada ao princípio da suficiência dosrecursos financeiros e unidade orçamental.

Artigo 8ºAutonomia Administrativa e Financeira

1. A autonomia administrativa de que goza a Região Adminis-trativa Especial de Oe-Cusse Ambeno, a ser exercida nostermos definidos por lei ou regulamento, compreende asseguintes capacidades:

a) Auto-organização da administração pública directa eindirecta regional, incluindo a criação, estruturação,direcção, fiscalização e extinção de serviços:

b) Gestão e disciplina dos funcionários e agentes públicosdos serviços regionais;

c) Administração do cadastro de terras e propriedades naRegião;

d) Prática de actos administrativos definitivos e executó-rios.

2. A autonomia financeira de que goza a Região AdministrativaEspecial de Oe-Cusse Ambeno, a ser exercida nos termosdefinidos por lei ou regulamento, compreende as seguintescapacidades:

a) A elaboração e aprovação do plano de desenvolvimentoregional, em coordenação com o Governo para efeitosda sua inclusão no plano de desenvolvimento nacional,bem como a execução e fiscalização do plano aprovado;

b) A elaboração, aprovação, execução, alteração e fisca-lização dos planos de actividade e planos executivosdo plano de desenvolvimento regional;

c) A elaboração e aprovação da proposta de orçamentoregional anual, segundo a regra da unidade orçamental,submetendo-a à ratificação do Governo;

d) A elaboração e aprovação dos relatórios de actividadese de execução e contas de exercícios findos;

e) A arrecadação, salvo lei em contrário, das receitasprovenientes de actividades na Região, tanto correntescomo de capital, bem como a aprovação de propostasde aplicação dessas receitas no território nacional e daRegião, bem como, de parte, no estrangeiro, embenefício exclusivo da Região;

f) Ordenar e executar despesas;

g) Criar, deter, cadastrar, gerir, dispor e fiscalizar o patrimó-nio privativo da Região;

3. As categorias de receitas e despesas próprias da Regiãosão as determinadas por lei, tendo o serviço daadministração directa regional competente capacidade paraa devida arrecadação e a Autoridade, sob proposta do

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Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 5

Presidente da Autoridade, a responsabilidade de determinaro seu destino, nos termos regulamentados para o efeito.

4. Os serviços da administração pública nacional têm o deverde colaborar com os órgãos de administração e os serviçosda administração pública regional no desenvolvimento deuma gestão regional administrativa e financeira autónoma,respeitando-se as competências próprias de cada uma dasadministrações.

Artigo 9ºFuncionários Públicos

1. A Região dispõe de quadro de pessoal próprio, por elaaprovado, que tenha como matriz o modelo nacional dosquadros de pessoal e atenda as especificidades justificadaspela actividade.

2. Aos funcionários públicos da Região aplica-se o regimegeral da função pública, salvo no que se refere ao regimede carreiras, remuneração, requisição, destacamento,mobilidade e avaliação de desempenho.

3. O regime de carreiras, remuneração e de mobilidade dosfuncionários públicos, bem como os critérios dedesempenho e avaliação dos funcionários públicos e daadministração pública regional são propostos pelaAutoridade da Região à aprovação por decreto-lei doConselho de Ministros.

4. Os serviços da administração pública nacional têm o deverde colaborar com os órgãos de administração e os serviçosda administração pública regional no desenvolvimento dosrecursos humanos, sua gestão e avaliação de desempenhopelos serviços da administração pública regional,respeitando-se as competências próprias de cada uma dasadministrações.

Capítulo IIIEstrutura orgânica

Secção IÓrgãos Regionais

Artigo 10ºÓrgãos de administração

São órgãos de administração da Região Administrativa Espe-cial de Oe-Cusse Ambeno:

a) A Autoridade da Região;

b) O Presidente da Autoridade da Região.

Artigo 11ºÓrgão consultivo

O Conselho Consultivo é o órgão de consulta do Presidenteda Autoridade da Região Administrativa Especial de Oe-CusseAmbeno.

Secção IIA Autoridade

Artigo 12ºNatureza

A Autoridade é o órgão colegial deliberativo da Região.

Artigo 13ºConstituição

1. A Autoridade é composta por sete ou nove membros.

2. Os membros da Autoridade são nomeados pelo Conselhode Ministros, mediante resolução do Governo, sob propostado Presidente da Autoridade.

3. Podem ser membros da Autoridade cidadãos timorenses dereconhecida reputação, integridade e confiança pública.

Artigo 14ºPresidência

1. As reuniões da Autoridade são presididas pelo Presidenteda Autoridade.

2. O Presidente da Autoridade designará de entre os membrosda Autoridade quem o assiste nas suas funções depresidência das reuniões da Autoridade.

3. A presidência das reuniões da Autoridade compreendedecisão da sua agenda e ordem de trabalhos, assegurar apreparação dos trabalhos agendados, a condução dasreuniões, o registo em acta das deliberações tomadas,ordenar a sua publicação e monitorizar a sua implementaçãopelos respectivos destinatários.

Artigo 15ºMandato

1. O mandato dos membros da Autoridade é de cinco anos,podendo cessar a todo o tempo por deliberação doConselho de Ministros, mediante resolução do Governo,sob proposta do Presidente da Autoridade.

2. Os membros da Autoridade podem ser reconduzidos nosseus mandatos.

3. O início das funções de membro da Autoridade dá-se com aposse perante o Presidente da Autoridade.

Artigo 16ºAusências e impedimentos de curto prazo

1. Sempre que o Presidente estiver ausente ou impedidomomentaneamente ou por curta duração, entendida comosendo até 30 dias, de exercer a presidência das reuniões daAutoridade, será esta exercida por membro da Autoridadesegundo ordem de precedência aprovada pela Autoridade,nos primeiros dois meses do exercício do mandato, sobproposta do Presidente,

2. O membro da Autoridade que substitua o Presidente da

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Série I, N.° 3 A Página 6Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

Autoridade nas suas ausências ou impedimentosmomentâneos ou de curta duração, deve comunicar o factoao Primeiro-Ministro, salvo se o Presidente já o tiver feito.

Artigo 17ºReuniões

1. A Autoridade reúne ordinária e regularmente numa basesemanal, de acordo com a calendarização que tenhapreviamente aprovado.

2. As reuniões extraordinárias da Autoridade terão lugar sem-pre que se justifique.

3. O Presidente pode alterar as datas calendarizadas dasreuniões da Autoridade, propondo subsequentemente ese necessário uma calendarização revista.

4. As reuniões da Autoridade são convocadas pelo seu Pre-sidente, por sua iniciativa, ou a requerimento de pelo menosum terço dos membros da Autoridade.

5. As reuniões ordinárias da Autoridade têm lugar, preferen-temente, em Oe-Cusse Ambeno, podendo, por decisão doPresidente da Autoridade, ter lugar em Ataúro ou noutrolocal do território nacional.

6. As reuniões extraordinárias da Autoridade podem ter lugarem qualquer parte do território nacional, mediante decisãodo seu Presidente, que deverá, em regra, dar preferência aque se realizem em Oe-Cusse Ambeno ou Ataúro.

7. A Autoridade apenas deve deliberar sobre os assuntosconstantes da ordem do dia, salvo, em caso de urgênciareconhecida por pelo menos dois terços dos membros daAutoridade, em que poderá, como excepção, tambémdeliberar sobre assuntos não incluídos antecipadamentena ordem do dia.

8. Nas reuniões da Autoridade podem participar convidados,sem direito a voto, em função da ordem do dia e nos termosdo seu convite pelo Presidente da Autoridade.

Artigo 18ºQuorum e votação

1. A Autoridade pode reunir e deliberar validamente sempreque estejam presentes a maioria dos seus membros.

2. O voto é nominal e pessoal, não podendo ser transmitidoou delegado.

3. As deliberações da Autoridade são tomadas por maioriaabsoluta de votos dos seus membros, tendo o Presidentevoto de qualidade em caso de empate na votação, salvo nocaso da votação por escrutínio secreto.

4. Quando envolva a apreciação de condutas ou qualidadespessoais, a votação efectua-se por escrutínio secreto.

5. Haverá uma segunda votação, quando a votação porescrutínio secreto tenha resultado em empate, e, a verificar-

se de novo um empate, a terceira votação deverá passar anominal.

Artigo 19ºCompetências deliberativas

1. Compete à Autoridade, nos limites das atribuições, poderese direitos da Região, deliberar sobre:

a) Os regulamentos administrativos regionais;

b) As políticas públicas regionais, incluindo as medidasde política especial de economia social de mercado;

c) Os planos económicos e sociais regionais;

d) A proposta de orçamento anual regional e o relatório deexecução e contas anuais referentes ao exercício findo;

e) A proposta de programa de investimento público re-gional;

f) As participações sociais e financeiras da Região emempreendimentos, instituições e empresas na Região,em território nacional e no estrangeiro;

g) As propostas de concessão de empréstimos ou definanciamentos e de contracção de dívidas, sem prejuízoda sua ratificação pela tutela;

h) A aquisição de bens e serviços, bem como a adjudicaçãode empreitadas, em conformidade com osprocedimentos e nos limites definidos por lei;

i) A administração do património próprio da Região,nomeadamente adquirir, onerar ou alienar;

j) A administração do património do domínio público doEstado na Região, salvo se o contrário for determinadopor lei;

k) A determinação da venda em hasta pública de imóveisdo domínio privativo da Região;

l) A administração e regulação regional da agricultura,pesca, indústria, comércio, electricidade, transportes,comunicações e turismo, sem prejuízo da regula-mentação nacional;

m) A administração da saúde, educação, investigação,cultura, juventude e desportos na Região, sem prejuízoda regulamentação, projectos e programas nacionaisaplicáveis a estes sectores;

n) A administração e concessão dos recursos naturais deinteresse para a economia social de mercado da Regiãoou que não estejam qualificados por lei como sendoestratégicos ou vitais para o interesse nacional ou aeconomia nacional;

o) A administração e concessão da construção, reabilita-ção, expansão e exploração das infra-estruturas públicasna Região, bem como do equipamento rural e urbano,nos termos e limites definidos por lei;

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Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 7

p) A administração e gestão do território regional, emconformidade com os planos de ordenamento territo-rial aprovados;

q) A constituição de áreas regionais de conservaçãoambiental e seu uso, aproveitamento, administração edesenvolvimento sustentável;

r) A constituição de sociedades participadas pela Regiãopara o seu desenvolvimento, bem como de empresaspúblicas e fundações de capitais públicos adjudicadospela Região;

s) A criação de serviços da administração pública re-gional;

t) As propostas de pareceres e recomendações de alteraçãode leis e regulamentos nacionais em função dasespecificidades e necessidades da Região;

u) O exercício dos direitos públicos sobre imóveisclassificados ou de uso e fruição sobre bens privadosde interesse público, nomeadamente por razõeshistóricas, culturais, de arquitectura ou paisagística;

v) A contratação de consultores e técnicos nacionais eestrangeiros para a prestação de consultoria ou exercíciode funções técnicas especializadas, bem como asupervisão e avaliação do seu desempenho;

2. Compete em especial à Autoridade:

a) Aprovar regulamentos sobre o Fundo Especial deDesenvolvimento da Região que derivem do decreto-lei da sua instituição pelo Conselho de Ministros, bemcomo exercer a tutela regional sobre o seu desempenho,colaborando com a tutela financeira do Governo exercidapelo Ministro das Finanças;

b) Aprovar e submeter anualmente ao Governo, atravésdo Presidente da Autoridade, a proposta de plano degestão e do orçamento anual do Fundo Especial deDesenvolvimento da Região, a ser, enquanto parte doOrçamento Geral do Estado, subsequentemente,submetido pelo Governo a deliberação do ParlamentoNacional;

c) Aprovar e submeter anualmente ao Governo, atravésdo Presidente da Autoridade, o relatório de actividadese de contas de exercício findo do Fundo Especial deDesenvolvimento da Região;

d) Cobrar as taxas estabelecidas por lei, bem como tarifaspela prestação de serviços públicos regionais, salvodisposição legal em contrário;

e) Aprovar a proposta de plano director de desenvolvi-mento integrado plurianual, sustentado e sustentáveldas Zonas Especiais de Economia Social de Mercadode Oe-Cusse Ambeno e Ataúro, bem como assegurar asua execução uma vez aprovado;

f) Pronunciar-se, no âmbito territorial da Região,

relativamente à definição de áreas a serem objecto deAutorização e de atribuição de Autorização para oexercício de actividades petrolíferas e mineiras, medianteconsulta prévia necessária do Governo, bem comoconsentir no exercício de direitos por Pessoa Autorizadaao abrigo de Autorização quando os mesmos tenhampor objecto ou afectem bens do domínio público e dodomínio privado do Estado afectos à Região, bem comoinfra-estruturas públicas, equipamentos, instalações,plataformas, equipamentos ou outros bens dopatrimónio da Região ou sob a sua responsabilidade,tendo em consideração o previsto no artigo 17º da Leinº 13/2005, aplicável às actividades petrolífera e mineira;

g) Aprovar o regulamento regional de fiscalização econtrolo interno da Região e das Zonas Especiais deEconomia Social de Mercado de Oe-Cusse Ambeno eAtaúro;

h) Aprovar o regimento das reuniões da Autoridade atésessenta dias após a nomeação dos seus membros.

Secção IIIPresidente da Autoridade

Artigo 20ºNatureza e Nomeação

1. O Presidente da Autoridade é o órgão executivo e rep-resentante máximo da Região, respondendo pelo exercíciodos seus poderes perante os órgãos de soberania.

2. O Presidente da Autoridade é nomeado pelo Presidente daRepública, sob proposta do Primeiro-Ministro.

3. Só podem ser nomeados como Presidente da Autoridade,cidadãos timorenses com pelo menos trinta e cinco anosde idade, que tenham residência fixa habitual em territórionacional.

Artigo 21ºMandato

1. O mandato do Presidente da Autoridade é de cinco anos,renovável sucessivamente.

2. O Presidente da Autoridade toma posse perante o Presidenteda República, dando nessa data início ao exercício dasfunções respectivas.

3. O mandato de Presidente da Autoridade cessa no seu termo,não existindo renovação, por exoneração pelo Presidenteda República, sob proposta do Primeiro-Ministro, ourenúncia do titular.

4. O Presidente da Autoridade deve renunciar ao mandatorespectivo se ficar incapacitado para o seu exercício, emrazão de doença grave, por ausência prolongada ou poroutros motivos impeditivos do exercício efectivo domandato.

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Série I, N.° 3 A Página 8Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

Artigo 22ºImpedimento

O Presidente da Autoridade está impedido de exercer, duranteo seu mandato, actividade privada que constitua conflito deinteresses com o seu mandato e o exercício das funçõesrespectivas.

Artigo 23ºSubstituição e interinidade

1. Em caso de impedimento por curto prazo do exercício dasfunções pelo Presidente da Autoridade, serão essasfunções exercidas pelo membro da Autoridade que for oprimeiro na ordem de precedência por ela aprovada.

2. Verificando-se vacatura do cargo de Presidente daAutoridade, as suas funções serão exercidas interinamente,conforme previsto no número anterior, cabendo ao titularinterino do cargo informar de imediato e por escrito dofacto ao Primeiro-Ministro,

3. Em caso de vacatura, o novo titular do cargo de Presidenteda Autoridade deverá ser nomeado, nos termos para o efeitodefinidos, até cento e vinte dias após a data da sua vacatura.

Artigo 24ºCompetências de administração regional

1. São competências de administração regional do Presidenteda Autoridade:

a) Dirigir e representar a Região;

b) Presidir à Autoridade e ao Conselho Consultivo;

c) Cumprir e fazer cumprir as leis e regulamentos nacionais,assim como os regulamentos administrativos e ordensexecutivas da Região;

d) Propor ao Governo a nomeação e exoneração dosmembros da Autoridade;

e) Nomear e exonerar os membros do Conselho Consultivo;

f) Nomear os Adjuntos que o assistirão nas actividadesde direcção e representação da Região e presidênciada Autoridade e do Conselho Consultivo;

g) Propor à aprovação da Autoridade o seu regimento eaprovar o regimento do Conselho Consultivo;

h) Propor, para aprovação pela Autoridade, propostas deregulamentos, políticas e planos regionais, bem comoassinar as deliberações respectivas e definir medidasde execução de políticas regionais em domíniosespecíficos;

i) Comunicar com o Governo sobre a elaboração daspropostas de orçamento anual e relatório de contas doexercício findo, aprovadas pela Autoridade, bem comoassiná-las, submetendo a ratificação pela tutela;

j) Elaborar ou assegurar a elaboração de propostas,deliberações, decisões, regulamentos administrativose ordens executivas regionais da competência daAutoridade ou do Presidente da Autoridade;

k) Aprovar ordens executivas regionais;

l) Assinar e mandar publicar os regulamentos adminis-trativos e ordens executivas regionais, nos termosregulamentados;

m) Supervisionar e fiscalizar a execução dos regulamentosadministrativos e ordens executivas regionais;

n) Zelar pela emissão de licenças de actividade ou emitirlicenças de actividades cuja autorização do exercícioseja da competência de órgão de administração daRegião;

o) Decidir que o Conselho Consultivo se pronuncie sobrematérias do interesse da Região e seus órgãos deadministração, nomeadamente iniciativas legislativas,regulamentos administrativos e ordens executivasregionais, políticas públicas, planos, orçamentos,financiamentos e empréstimos, participações sociais efinanceiras, criação de serviços públicos e constituiçãode sociedades comerciais e de fundações participadas;

p) Celebrar contratos em nome da Região, nomeadamentede financiamento, empréstimos, aquisição de bensmóveis e imóveis, aprovisionamento e prestação deserviços, podendo delegar poderes para a suaassinatura, em conformidade com os requisitos, osprocedimentos e formalidades aplicáveis;

q) Propor à Autoridade a criação de serviços públicosregionais;

r) Nomear e exonerar, com observância dos procedimentoslegais, os titulares de cargos da administração públicada Região, assegurando a gestão, remuneração edisciplina dos funcionários e agentes públicos, bemcomo a gestão e funcionamento adequados dosserviços públicos, incluindo avaliações de desempenhoindividual e institucional;

s) Dirigir os serviços regionais de bombeiros, assistênciaa desastres naturais e de acção contra queimadas naszonas rurais;

t) Conceder, nos termos da lei, medalhas e títuloshonoríficos instituídos por regulamento administrativoregional.

2. Relativamente à Zona Especial de Economia Social deMercado, compete em especial ao Presidente:

a) Cumprir e fazer cumprir as leis e regulamentos nacionais,assim como os regulamentos administrativos e ordensexecutivas regionais que lhe sejam aplicáveis;

b) Emitir certificados de gestor e de operador;

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Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 9

c) Promover o investimento, a cooperação económica erelações comerciais regionais e internacionais.

3. São ainda competências do Presidente da Autoridade, narelação com o Governo, como tutela da Região:

a) Submeter a aprovação ou ratificação da tutela aspropostas de deliberação ou decisão dos órgãos deadministração regional que estejam sujeitas aprocedimento tutelar, nos termos do presente diploma;

b) Assegurar a participação da Região nas deliberaçõesou decisões de âmbito nacional do interesse regional;

c) Receber e dar o devido andamento às deliberações edecisões da tutela, velando pelo cumprimento das querequeiram acção na Região;

d) Auscultar o Governo previamente à tomada dedeliberações e decisões regionais, sempre que haja umaobrigação legal específica ou quando resulte dedeveres de colaboração ou de informação;

e) Pronunciar-se, mediante solicitação da tutela ou poriniciativa própria, sobre todos os assuntos que tenhamrelação com a Região;

f) Orientar os órgãos de administração e a administraçãopública regionais nas relações com os órgãos desoberania e a administração pública central, assegu-rando a devida colaboração e participação nas acçõesconjuntas.

Artigo 25ºCompetências específicas

1. No âmbito das relações externas da responsabilidade doGoverno, são conferidas ao Presidente da Autoridadecompetências para, em nome e representação do Governo:

a) Participar, acompanhar e contribuir na negociação deconvenções ou acordos que digam respeito à Região,diligenciando no sentido de que esta partilhesignificativamente dos benefícios que aquelesproporcionem;

b) Propor iniciativas e programas de relacionamentoeconómico regional e internacional em benefício daRegião e da Zona Especial de Economia Social deMercado de Oe-Cuse Ambeno e Ataúro, bem comorealizar por iniciativa própria, devidamente coordenadacom o Governo, acções de execução e desenvolvimentoda cooperação económica que tenha sido aprovada ouratificada pelo Governo ou Parlamento Nacional;

c) Indicar representantes da Região que participem comomembros de delegações governamentais emconferências, organizações e fóruns que tratem deassuntos relativos à Região, bem como supervisionare monitorizar a sua actuação;

d) Por delegação do Governo, praticar outros actos ouexercer outras funções que digam respeito à Região.

2. Sem prejuízo das competências e da actuação que aosórgãos do Estado e do Governo caibam no âmbito dasegurança interna e externa e ordem pública, competeespecificamente ao Presidente da Autoridade a supervisãodas relações de coordenação, informação e cooperação daparte dos órgãos e administração pública da Região comos serviços desse sector que operem na Região.

3. No âmbito da aplicação da lei e da política de descentraliza-ção administrativa, no que se refere à responsabilidade doGoverno, compete em especial ao Presidente da Autoridade:

a) Zelar pela execução das políticas, programas e acçõesde descentralização na Região, promovendo, de modoplaneado, o necessário apoio em meios e recursos paraa instalação, funcionamento e desenvolvimento mu-nicipal na Região;

b) Auscultar as opiniões e recomendações dos órgãosmunicipais na Região;

c) Desenvolver um relacionamento da Região com osórgãos municipais que seja promotor da sua autonomia,em conformidade com a lei;

d) Promover em especial a capacitação em administração egestão municipal orientada para o desempenho dasfunções municipais, tais como o saneamento básico, omeio ambiente, os mercados locais, a habitaçãoeconómica, o abastecimento de água, o endereçamentoe o uso e manutenção das infra-estruturas, vias e meiosde comunicação de vizinhança municipais.

4. No domínio das relações com os sucos e aldeias, auscultaras necessidades, anseios e opiniões das populações,chefes de suco e líderes comunitários, bem comojustificadamente alocar recursos e meios de capacitação,por forma a valorizar a iniciativa local, incentivar oempreendedorismo das populações, promover a culturadas comunidades e fortalecer a coesão e harmonia socialna Região.

5. No domínio da planificação e execução de projectos eco-nómicos e sociais de carácter nacional na Região, competeao Presidente da Autoridade a coordenação geral efiscalização dos mesmos e das suas actividades principais,sem prejuízo da acção de inspecção sectorial nacionaldevida, cabendo ao Governo impedir o início ou acontinuação dos projectos que forem contrários aos planosde desenvolvimento urbano, rural e comunitário da Região,comprovados por parecer do Conselho Consultivoaprovado pelo Presidente da Autoridade.

Secção IVConselho Consultivo

Artigo 26ºNatureza

O Conselho Consultivo é o órgão consultivo do Presidente daAutoridade.

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Série I, N.° 3 A Página 10Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

Artigo 27ºComposição

O Conselho Consultivo, presidido pelo Presidente daAutoridade, é composto por sete membros, sendo dois ex-membros do Governo, um lianain e um chefe de suco de Oe-Cusse Ambeno, um membro das forças de segurança e doisrepresentantes municipais.

Artigo 28ºNomeação e Mandato

1. Os membros do Conselho Consultivo são nomeados peloPresidente da Autoridade por um mandato de cinco anos,renovável.

2. O mandato do membro do Conselho Consultivo cessa porsua renúncia, seu impedimento, determinação do Presidenteda Autoridade, ou ainda, por efeito de este ter terminado oexercício das suas funções.

3. Em caso de termo do mandato dos membros do ConselhoConsultivo por cessação do exercício das funções doPresidente da Autoridade, aqueles mantêm-se no exercíciodas suas funções até à tomada de posse do novo Presidenteda Autoridade.

4. O início das funções de membro Conselho Consultivo dá-se com a posse perante o Presidente da Autoridade.

5. As funções do âmbito do mandato de membros do ConselhoConsultivo são de exercício pessoal e não podem serdelegadas.

Artigo 29ºReuniões

1. O Conselho Consultivo reúne-se sempre que convocadopelo Presidente da Autoridade, que estabelece o seucalendário de reuniões, bem como as agendas e ordens dodia pertinentes.

2. Quando necessário, o Presidente da Autoridade poderáconvidar pessoas a participar nas reuniões do ConselhoConsultivo, em função do interesse ou especialidadeprofissional com relação a temas da ordem do dia.

3. As reuniões do Conselho Consultivo podem ter lugar emqualquer parte do território nacional, mediante decisão doseu Presidente, que dará preferência a que se realizem emOe-Cusse Ambeno.

Artigo 30ºCompetências

1. Ao Conselho Consultivo compete, sempre que determinadopelo Presidente da Autoridade:

a) Emitir pareceres, recomendações e informações sobrematérias do âmbito e interesse da Região, legalmentefundamentadas;

b) Realizar ou coordenar estudos e avaliações de impacto

e desempenho com relação a políticas públicas, medidaslegislativas e regulamentares, planos, programas,projectos, procedimentos e actividades que tenham sidodeterminadas pelo Presidente da Autoridade.

2. Como parte do processo orçamental, ao Conselho Consul-tivo compete, em especial, coadjuvar o Presidente daAutoridade na elaboração da proposta de orçamento anualda Região e emitir pareceres, informações e relatórios sobrea sua execução, por sua iniciativa ou mediante instruçãodo Presidente.

3. Compete ainda ao Conselho Consultivo, por sua iniciativaou mediante determinação do Presidente da Autoridade,pronunciar-se sobre:

a) Propostas de política, leis, decretos-lei, decretos doGoverno e regulamentos administrativos e ordensexecutivas regionais;

b) Propostas de planos e programas regionais;

c) Propostas de financiamento e de contracção deempréstimos;

d) Medidas de criação e desenvolvimento de serviçospúblicos e de institutos públicos na Região;

e) Medidas de fomento, de promoção e constituição desociedades comerciais e de participação social efinanceira nas mesmas por parte da Região;

f) Medidas de inclusão e participação nos empreendi-mentos económicos e sociais por parte das famílias,comunidades e pessoas singulares e colectivas daRegião.

4. Devem ser proporcionados aos membros do ConselhoConsultivo, no exercício das suas funções e actividades, onecessário suporte informativo, documental, tecnológicoe institucional.

5. Ao Conselho Consultivo não compete pronunciar-se sobrematéria de nomeação, exoneração ou sanções relativamentea funcionários e agentes públicos da Região, as quais seencontram na responsabilidade directa do Presidente daAutoridade.

Secção VInformação, fiscalização e controlo internos

Artigo 31ºInformação e documentação

1. De cada reunião da Autoridade e do Conselho Consultivoé elaborada acta, assinada pelos membros que participaramna reunião a que a acta se refere.

2. As decisões do Presidente da Autoridade e as deliberaçõesda Autoridade e do Conselho Consultivo devem serreduzidas a escrito na forma prescrita no presente diplomae serem assinadas pelo Presidente da Autoridade e

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Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 11

membros responsabilizados em razão das matérias objectoda deliberação.

Artigo 32ºDeclaração de bens

1. Ao tomar posse, o Presidente da Autoridade tem queapresentar perante o Presidente do Tribunal de Recursodeclaração dos bens que integram o seu património,ficando sujeito ao regime aplicável aos titulares dos órgãosde soberania.

2. Os membros da Autoridade devem apresentar declaraçãode bens nas situações e nos termos legalmente previstospara os funcionários públicos.

Artigo 33ºFiscalização

Os órgãos e serviços da Região Administrativa Especial deOe-Cusse Ambeno estão sujeitos à fiscalização administrativada tutela e à fiscalização jurisdicional administrativa e de contasestabelecidas na lei.

Capítulo IVForma e publicação dos actos

Secção IForma

Artigo 34ºRegra geral

1. Os regulamentos administrativos e ordens executivas dosórgãos de administração regional são de naturezaadministrativa, devendo revestir a forma que lhes é definidano presente diploma, aplicando-se-lhes subsidiariamenteo previsto em regulamentação nacional para os actos doGoverno, nomeadamente quanto aos processos da suaidentificação, numeração e formulários, com ressalva doque pela sua natureza se aplique exclusivamente aos órgãosde soberania.

2. Os actos a que se refere o número anterior são praticadosapenas pelos órgãos de administração e consulta regional,conforme previsto nos artigos 35º a 38º do presente di-ploma.

Artigo 35ºActos da Autoridade

1. As deliberações da Autoridade, enquanto regulamentoadministrativo, revestem a forma de Regulamento daAutoridade, podendo, quando se justifique, conter anexos,que farão parte integrante do diploma regional que oaprova.

2. As deliberações da Autoridade enquanto acto concretorevestem a forma de Deliberação da Autoridade, podendo,sempre que necessário, conter em anexo o contrato, acordoou acto aprovado ou ratificado.

Artigo 36ºActos do Presidente da Autoridade

1. As decisões do Presidente da Autoridade, enquanto ordensexecutivas, revestem a forma de Norma Executiva doPresidente da Autoridade, podendo, quando se justifique,aprovar regulamentos executivos permanentes regionais,em anexo, que farão parte integrante do diploma deaprovação.

2. As ordens executivas previstas no número anteriorrevestirão a forma de Ordem Administrativa, quandodeterminem regras de execução permanente pelos serviçosda administração pública regional, nomeadamente sobre amissão, objectivos, organização, gestão, funcionamento eprocedimentos administrativos desses serviços, bem comoo desempenho, gestão, avaliação e disciplina dosfuncionários públicos desses serviços.

3. As decisões do Presidente da Autoridade, com natureza deacto concreto, revestem a forma de Despacho do Presidenteda Autoridade, podendo, sempre que necessário, conterem anexo o documento aprovado ou ratificado.

4. O Presidente da Autoridade pode emitir Avisos sempre quepretenda definir actividades, esclarecer situações ouinformar sobre acções ou condutas de interesse para aRegião.

Artigo 37ºActos dos Membros da Autoridade

Os membros da Autoridade decidem em actos concretos sob aforma de Despacho, fundamentando-o e fazendo mençãoexpressa á delegação de competências recebida que o autorizaá prática do acto.

Artigo 38ºDeclarações, informações e pareceres

Os órgãos de administração e consultivo da Região podemefectuar pronunciamentos na forma de Declaração eInformação, sendo da responsabilidade do ConselhoConsultivo a emissão de Pareceres.

Secção IIPublicação

Artigo 39ºObrigatoriedade

1. A publicação dos actos a que se referem os artigos 35º e 36ºdo presente diploma é obrigatória e constitui condição dasua eficácia jurídica.

2. Os actos dos membros da Autoridade, Avisos, Pareceres,Declarações e Informações dos órgãos de administração econsulta regionais são objecto de publicação apenas se oPresidente da Autoridade assim o ordenar.

3. Ao Presidente da Autoridade compete dar o visto para pu-blicação dos actos previstos nos artigos 34º a 38º dopresente diploma.

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Série I, N.° 3 A Página 12Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

Artigo 40ºSérie da publicação

Os actos a que se refere o número anterior são publicados noJornal da República, nos seguintes termos:

a) Na 1ª Série, os Regulamentos e Deliberações da Autoridadee as Normas Executivas e Ordens Administrativas doPresidente da Autoridade, bem como os seus anexos, noque nestes deva ser publicado em conformidade com regrasde transparência e de confidencialidade.

b) Na 2ª Série, os Despachos, Avisos, Pareceres, Declaraçõese Informações previstas nos artigos 36º, nº 3, 37º e 38º dopresente diploma, que tenham sido ordenados publicar peloPresidente da Autoridade, assim como as nomeações eexonerações do Presidente da Autoridade, dos membrosda Autoridade, dos membros do Conselho Consultivo, dosSecretários Adjuntos e dos Secretários Regionais.

Capítulo VAdministração pública regional

Secção IPrincípios

Artigo 41ºVinculação à lei

A administração pública e os funcionários públicos da RegiãoAdministrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno estãovinculados à Constituição da República, às leis, aos decretos-leis, aos decretos e aos diplomas ministeriais, no plano nacional,e aos regulamentos, ordens executivas, deliberações,despachos e decisões administrativas, no plano regional, emtudo o que se lhes aplique.

Artigo 42ºResponsabilidade pública

Os órgãos de administração e os serviços que integram aadministração pública directa e indirecta da Região, bem comoos seus titulares e funcionários devem agir com responsa-bilidade pública, ao serviço do cidadão e do desenvolvimento,tendo como sua orientação os seguintes princípiosfundamentais:

a) Legalidade e transparência nas decisões e serviços;

b) Ética profissional, isenção e imparcialidade;

c) Estrita prossecução do interesse público;

d) Respeito pelos direitos e interesses legítimos do cidadão;

e) Economia de meios, eficácia, celeridade e desburocratizaçãoda acção administrativa;

f) Proximidade dos serviços às populações;

f) Consulta e participação dos que estejam ou devam vir a serenvolvidos nas decisões e serviços;

g) Unidade, colaboração e coordenação da acção da adminis-tração regional e desta com a administração nacional;

h) Eficiência na afectação e utilização dos recursos públicos;

i) Aumento progressivo da quantidade e da qualidade dosserviços aos cidadãos;

j) Iniciativa e acção empreendedora na realização das políticaspúblicas definidas;

k) Fiscalização das actividades administrativas e técnicas;

l) Avaliação de desempenhos e resultados.

Artigo 43ºDelegação de competências e substituição

1. As competências definidas no presente diploma, para ostitulares dos órgãos de administração regional sãodelegáveis, salvo se o contrário resultar do presente di-ploma, de lei ou da própria natureza da prestação.

2. É admissível a delegação de competências que se conformecom o prescrito no número anterior e seja específica quantoaos actos ou categoria de actos seu objecto, estandovedado ao titular de órgão delegante conferir todos ouparte substancial dos seus poderes, de tal forma que a suaposição perca substância no quadro do exercício dasfunções atribuídas legalmente.

3. Nos limites do estabelecido nos números anteriores, podeo delegado subdelegar as competências que lhe tenhamsido delegadas por titulares de orgãos com legitimidadepara o efeito, salvo reserva expressa do delegante ousubdelegante.

4. No acto de delegação deve o órgão ou seu titular deleganteou subdelegante concretizar os poderes em causa ou quaisos actos que o delegado ou subdelegado pode praticar.

5. O delegado ou subdelegado deve mencionar essa qualidadeno uso da delegação ou subdelegação e fundamentá-la.

6. O delegante ou subdelegante pode emitir directivas ou ins-truções vinculativas para o delegado ou subdelegado sobreo modo como devem ser exercidos os poderes delegadosou subdelegados.

7. O delegante ou subdelegante tem o poder de avocar e derevogar, a todo o tempo ou nos termos expressos nadelegação, os actos praticados pelo delegado ousubdelegado.

8. A delegação e a subdelegação de poderes extinguem-sepor revogação ou caducidade, no caso de se teremesgotado os efeitos ou em caso de mudança dos titularesdos órgãos delegante ou delegado, subdelegante ousubdelegado.

9. A substituição cabe ao imediato inferior hierárquico indicadopelo substituído, ou na ausência de indicação, ao inferior

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Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 13

hierárquico mais antigo e abrange todos os poderes dosubstituído, incluindo os poderes delegados ousubdelegados.

Secção IIDirecção e organização

.Artigo 44º

Secretários Regionais

1. Os Secretários Regionais Adjuntos do Presidente daAutoridade são titulares de cargos de execuçãoadministrativa, com competências de administração deconjuntos de áreas de actividades determinadas,respondendo pelo exercício das suas funções directamenteperante o Presidente da Autoridade.

2. Os Secretários Regionais Adjuntos do Presidente daAutoridade supervisionam e coordenam, por delegaçãodo Presidente da Autoridade, a actuação dos SecretáriosRegionais, que gerem directamente sectores económicos esociais ou áreas meio da administração pública regional..

3. Os Secretários Regionais Adjuntos do Presidente daAutoridade e os Secretários Regionais são nomeados peloConselho de Ministros, sob proposta do Presidente daAutoridade, respondendo aqueles directamente perante oPresidente e estes, directamente perante o Secretário Re-gional Adjunto e mediatamente perante o Presidente daAutoridade.

4. Ao Secretário Regional Adjunto do Presidente da Autoridadee ao Secretário Regional é atribuído, para efeitos deremuneração e precedência protocolar, respectivamente, onível equiparado a Ministro e a Secretário de Estado.

.Artigo 45º

Direcções regionais

1. São serviços da administração pública directa regional asdirecções regionais por actividades - fim, enquantodirigidas a gerir sub-sectores ou sub-ramos de actividadeseconómicas ou sociais, e por actividades - meio, enquantodirigidas a gerir os recursos e meios necessários.

2. As direcções regionais são chefiadas por directores geraisregionais, que respondem directamente perante o secretárioregional sob cuja supervisão se encontrem.

3. Quando o volume e especialização das actividades ojustifiquem, as direcções regionais podem vir a organizar-se em departamentos e unidades, ou directamente emunidades administrativas.

Artigo 46ºGabinetes e secretarias

1. Os gabinetes e secretarias são serviços da administraçãopública directa regional para a assessoria sócio-económicae jurídica, assistência técnica, apoio administrativo,comunicação social e imagem, secretariado, informação,documentação e arquivo, gestão de mandatos, interligação

institucional com os órgãos de soberania e relaçõesregionais e internacionais, que se estruturam para aassistência directa ao Presidente da Autoridade no exercíciodas suas competências.

2. Os serviços de fiscalização e controlo internos também seestruturam em gabinetes.

3. Os gabinetes são chefiados por directores de gabinete.

4. As secretarias são chefiadas por chefes de secretaria.

Artigo 47ºFiscalização

1. A administração pública directa e indirecta regional estásujeita a fiscalização interna, sem prejuízo da fiscalizaçãoexterna estabelecida por lei.

2. Os actos e contratos praticados ou celebrados no âmbitodas competências da Autoridade e do Presidente daAutoridade da Região de Oe-Cusse Ambeno, bem comodos órgãos de soberania com relação àqueles, enquadram-se no regime jurídico da Zona Especial de Economia Socialde Mercado de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro, pelo que sesujeitam à fiscalização concomitante e sucessiva da Câmarade Contas do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e deContas, com dispensa da fiscalização prévia, conformedetermina o artigo 41º da Lei nº3/2014, de 18 de Junho

3. Sem prejuízo da hetero-fiscalização mencionada no númeroanterior, a Autoridade e o Presidente da Autoridade devemassegurar o auto-controlo da execução das suasdeliberações e decisões e a avaliação periódica dos seusimpactos, bem como a fiscalização da administração re-gional directa e indirecta, incluindo sociedades comerciais,fundações, fundos públicos e outras organizaçõesparticipadas, por serviço único de inspecção regional,supervisionado pelo Presidente da Autoridade, bem comocontratar auditorias regulares por organizaçõesespecializados independentes de comprovada reputação,aprovadas pela Autoridade.

Artigo 48ºDimensão

1. A estrutura administrativa da Região deve ser simples,austera e de dimensão adequada à realização eficaz e dequalidade das suas atribuições e competências, com umcrescimento medido e controlado, devendo para o efeitoser aprovado pela Autoridade uma matriz regional deorganização, recursos humanos e desenvolvimento daadministração pública regional.

2. Até à aprovação da matriz regional, que passará a reger adimensão da organização, a que faz referência o númeroanterior, a administração pública regional deve manter-sedentro dos seguintes limites:

a) Até dois Secretários Regionais Adjuntos;

b) Até sete Secretários Regionais;

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Série I, N.° 3 A Página 14Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

c) Não exceder, até finais de 2016, o número de 60funcionários públicos nos serviços da administraçãodirecta regional.

Artigo 49ºNorma de criação de serviços

Os serviços da administração pública directa e indirecta re-gional são criados mediante definição dos seguintes elementosmínimos:

a) Acto normativo classificando o tipo de serviço e justifi-cando a sua criação;

b) A denominação do serviço;

c) A afectação financeira, alocação orçamental ou fundo deconstituição por parte da Região e entes públicos, conformefor aplicável;

d) A missão, objecto e âmbito de actuação;

e) A estrutura orgânica e forma de nomeação do dirigente e dadirecção;

f) O quadro de pessoal e remuneratório.

Artigo 50ºInstitutos e fundações públicas

1. Os serviços públicos da administração pública indirecta daRegião compreendem unidades e estabelecimentospúblicos, institutos públicos, fundações com patrimóniode afectação pública cujas missões visam o interessepúblico directo, constituindo um modo indirecto deorganização da administração pública para a prossecuçãodas atribuições da Região.

2. A Autoridade deve, no período até dois anos da entrada emvigor do presente decreto, proceder à criação de umafundação de desenvolvimento, bem como definir e alocaros fundos públicos necessários, como contribuição patri-monial para constituição e entrada em funcionamento dafundação, da qual seja patrono, juntamente com parceirosestratégicos a envolver, de modo a que possa assistir,financiar e enquadrar iniciativas em benefício dascomunidades e com a sua participação, para a melhoria daqualidade de vida dos cidadãos na Região.

Artigo 51ºEmpresas públicas

1. As empresas públicas poderão ser criadas pela Autoridadequando as actividades necessárias à prossecução dasatribuições da Região se realizem com um mais adequadoratio de custo benefício e qualidade de serviços, atravésde uma empresa de capital exclusivamente público, desdeque a criação seja precedida de um plano de projecto e deum estudo de viabilidade sócio-económica e financeira porentidade independente de reconhecida reputação,demonstrativo de que exista viabilidade económicaenquanto investimento, assente num ratio positivo dereceitas e despesas próprias.

2. É vedada a constituição de empresas públicas para aprossecução de actividades de natureza meramenteadministrativa, insusceptíveis de gerar resultadosfinanceiros anuais positivos ou cujo único fim seja o lucro,em sobreposição ao devido enquadramento legal naeconomia social de mercado.

3. Sem prejuízo do previsto nos números anteriores, sãoactividades em princípio susceptíveis de realização atravésde empresas públicas: o comércio, os serviços económicos,o desenvolvimento, a gestão e manutenção de infra-estruturas e equipamentos urbanos, rurais, as actividadesde indústria e transportes, os serviços educativos, culturais,de saúde, desportivos, recreativos e de protecção edesenvolvimento ecológico.

4. As empresas públicas estão sujeitas à superintendência etutela de mérito e de legalidade, incluindo a inspectiva daAutoridade e do Presidente da Autoridade, a qual deveconstar dos estatutos respectivos.

5. A Autoridade, através do seu Presidente, poderá delegarpoderes nas empresas públicas que estejam sob a suasuperintendência e tutela, desde que previstaexpressamente dos estatutos respectivo.

6. As empresas públicas podem exercer missões e obrigaçõesde serviço público e de gestão de serviços de interesseeconómico geral.

7. As empresas públicas podem celebrar com a Autoridade,representada pelo seu Presidente, contratos-programa ondese defina pormenorizadamente o objecto e missão adesempenhar, bem como o montante das comparticipaçõespúblicas a que têm direito.

Artigo 52ºSociedades

1. A Região de Oe-Cusse Ambeno pode ainda participar emsociedades comerciais que contribuam para a prossecuçãodos objectivos e atribuições da Região, em especial noque se referem à Zona Especial de Economia Social deMercado de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro.

2. A Autoridade deve promover a constituição de uma so-ciedade de desenvolvimento da Zona Especial de EconomiaSocial de Mercado de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro,enquanto sociedade anónima maioritariamente de capitaispúblicos, à qual se apliquem as disposições do presentediploma, o regulamento administrativo regional de criação,os estatutos respectivos e a legislação que regula associedades comerciais, com ressalva do que resulte danatureza pública dos fins pretendidos com a sociedade dedesenvolvimento.

3. Cabe à Autoridade a aprovação dos estatutos da sociedadede desenvolvimento, determinando no regulamentoadministrativo respectivo os direitos que lhe sejamconcedidos, bem como os poderes de cessão e exploraçãoque lhe sejam conferidos, com consentimento na suatransmissão, para a prossecução do objecto social.

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Jornal da República

Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015Série I, N.° 3 A Página 15

4. As regras sobre o objecto social, as relações entre os accio-nistas, a composição dos órgãos sociais, o direito a voto,a administração, afectação dos resultados, o reinvestimentoe distribuição de dividendos, bem como a dissolução,liquidação e partilha da sociedade de desenvolvimento,que constarão dos estatutos respectivos e os acordosparasociais que os accionistas possam vir a celebrar, devemreflectir a sua orientação pública, expressa pelo seu capitalser maioritariamente público e pelo que se define nopresente diploma, bem como o atendimento adequado dosinteresses privados e de investidores que venham aparticipar na sociedade ou que se associem com a mesmana concepção, desenvolvimento, construção, operação,exploração e gestão de projectos e empreendimentos, cujofim seja o de contribuir para o desenvolvimento da ZonaEspecial de Economia Social de Mercado de Oe-CusseAmbeno e Ataúro.

5. A sociedade de desenvolvimento, como concessionária dedireitos públicos para o exercício de actividades de gestão,exploração e desenvolvimento da Zona Especial deEconomia Social de Mercado de Oe-Cusse Ambeno eAtaúro, prosseguirá fins de interesse público e nessamedida poderá, por regulamento administrativo daAutoridade, vir a ser investida de poderes de autoridadepública.

6. Os poderes de autoridade pública, a que se refere o númeroanterior, devem estar individualizadamente expressos noregulamento administrativo da Autoridade, que crie asociedade de desenvolvimento, nomeadamente no que serefira à construção, desenvolvimento, gestão, exploração,reabilitação, reajustamento, e manutençãode infra-estruturas públicas, sendo obrigatório mencionar:

a) Direito de, nos termos da lei, beneficiar da expropriaçãodos imóveis que sejam necessários à prossecução doseu objecto social e, para o efeito, anterior eatempadamente declarados de utilidade pública;

b) Direito de utilizar, administrar e explorar os bens dodomínio público que estejam ou venham a estar afectosao exercício da sua actividade e de temporariamenteadmitir a gestão e exploração, em seu nome, daquelesbens, salvo se houver impedimento legal;

c) Executar as decisões dos orgãos da Região relativos aprotecção, desocupação, demolição e defesaadministrativa da posse dos terrenos e instalações quelhe estejam afectos e das obras por ela executadas oucontratadas, podendo ainda, por decisão dos orgãosda Região, ocupar temporariamente os terrenosparticulares de que necessite para estaleiro, depósitode materiais, alojamento de pessoal operário e instalaçãode escritórios, sem prejuízo do direito de indemnizaçãoa que houver lugar.

d) Direito de aplicar tarifas sobre os serviços que preste eexercer a sua cobrança nos termos da lei.

e) Direito de solicitar à autoridade competente, se neces-sário, a execução coerciva de decisões na execução e

gestão de empreendimentos e projectos de infra-estruturas públicas ou outros declarados de interessepúblico.

Capítulo VIDisposições transitórias e finais

Artigo 53ºTransferência de serviços e recursos

1. O Governo criará por resolução, num período de 30 dias dadata de publicação do presente diploma, uma Comissão deAcompanhamento do Programa de Implementação das Zo-nas Especiais de Oe-CusseAmbeno e Ataúro – ProjectoPiloto, composta por membros do Governo nomeados peloPrimeiro Ministro, Presidente da Autoridade e membros daAutoridade por este nomeados, com a função de asseguraruma efectiva coordenação entre o Governo e a Autoridadenas matérias de atribuição de recursos, de tutela e decolaboração institucional definidos no presente diploma,no período até 31 de Dezembro de 2015.

2. A transferência de funções e recursos humanos, materiais,financeiros e institucionais para os órgãos deadministração regional e a administração pública regional,deverá estar concluída no decorrer de 2015.

Artigo 54ºZona Especial e regimes especiais

1. As competências da Autoridade e do Presidente daAutoridade com relação à Região, estabelecidas no presentediploma, também abrangem a Zona Especial de EconomiaSocial de Mercado de Oe-Cusse Ambeno e Ataúro, comsalvaguarda das que pela sua natureza e efeitos sejamunicamente aplicáveis á Região e da relação especial daRegião com a Ilha do Ataúro, como polo complementar dedesenvolvimento.

2. A Região aplicará os regimes económicos e financeirosespeciais que vierem a ser estabelecidos para a Zona Es-pecial de Economia Social de Mercado de Oe-CusseAmbeno e Ataúro, assegurando quanto a esta a adequaçãoque resulte do seu regime económico específico.

3. O Presidente da Autoridade poderá tomar a iniciativa depropor ao Governo legislação no âmbito dos regimeseconómicos e financeiros especiais a que se refere o númeroanterior.

Artigo 55ºMunicipalização

Os órgãos de administração e consulta regionais participarãona municipalização ao nível da Região, em consonância com oprevisto na lei e política nacional respectiva, contribuindo parauma efectiva instalação dos órgãos municipais e suacapacitação quanto aos recursos humanos, financeiros,materiais e patrimoniais necessários ao exercício das suasfunções nucleares.

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Jornal da República

Série I, N.° 3 A Página 16Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015

Artigo 56ºSucos

O Presidente da Autoridade e os membros da Autoridadedesenvolverão relações de apoio e colaboração com os sucos,bem como o apoio institucional e em recursos necessários aodesempenho das funções atribuídas por lei aos sucos.

Artigo 57ºEntrada em vigor

O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte ao dasua publicação no Jornal da República.

Aprovado em Conselho de Ministros em 13 de Janeiro de 2015.

O Primeiro-Ministro,

____________________Kay Rala Xanana Gusmão

Promulgado em 22 de Janeiro de 2015

Publique-se.

O Presidente da República,

_______________Taur Mata Ruak