série história - visconde de cairu
TRANSCRIPT
Série HistóriaSérie História1808 - 2008: bicentenário da Abertura dos Portos17.07.08
Visconde de Cairu:
o teórico da Abertura dos Portos
SUELEM HALIM NARDO DE CARVALHO*
Ao comemoramos os duzentos anos da Abertura dos Portos no Brasil, é
pertinente o reconhecimento da importante atuação de José da Silva
Lisboa, o Visconde de Cairu (1756-1835), neste histórico processo de
abertura ao mercado mundial. Visconde de Cairu, conhecido como
primeiro economista brasileiro, além de ter atuado como conselheiro do
Rei D. João VI, fundamentou nos princípios da Economia Política
Clássica de Adam Smith uma teoria liberal para o processo de
desenvolvimento econômico do Brasil.
Este importante economista brasileiro é reconhecido por muitos estudiosos de nossa
História como sendo o arquiteto da abertura dos portos no Brasil. De fato, ele foi um grande
defensor e legitimador do decreto assinado por D. João VI, em 28 de janeiro de 1808, que
resultou, como sabemos, na conciliação dos interesses do Brasil com os interesses de
Portugal e da Europa.
Cairu foi um personagem muito ativo na história política de seu tempo e possuía uma
preocupação muito grande com a prosperidade e desenvolvimento do Brasil. Defendia uma
política de liberdades comerciais, de incentivos cambiais entre as mais diversas nações do
mundo como forma eficiente de proporcionar a maior riqueza e bem estar de todos os
países. Entendia que a concorrência comercial entre os países não era algo que impedia o
progresso e riqueza das nações, mas, ao contrário, era a forma que reproduzia um auxílio
mútuo entre os mais diversos países do mundo, já que em cada região existia, naturalmente,
condições especiais para a produção de determinados produtos.
Em contrapartida, a nação que não participava do livre comércio mundial, acabava sendo
submetida a uma letargia econômica, já que ficava, inevitavelmente, numa situação de
exclusão e limitação comercial. Segundo Caiu, era essa a situação comercial em que se
encontrava a colônia brasileira antes da abertura dos portos em 28 de janeiro de 1808.
Na obra Observações sobre o comércio franco no Brasil, publicada em 1808, foi que Cairu
fez um trabalho de legitimação política da abertura dos portos. Acreditava seguramente na
importância deste acontecimento para o desenvolvimento da riqueza do Brasil e estava
seguro de que a liberalização da economia brasileira era o único meio de se conquistar a
prosperidade e a opulência nacional.
No entanto, Cairu, por inúmeras vezes, foi acusado de ser um defensor dos interesses da
Inglaterra em detrimento dos interesses do Brasil, em função de sua forte posição liberal em
assuntos econômicos. Mas, sua posição de defesa em relação à abertura dos portos no
Brasil, longe de favorecer os “interesses imperialistas” ingleses, como muitas vezes o
acusaram, esteve firmemente comprometida com o ideal de ascensão da economia
brasileira. Cairu lutou pela implantação no Brasil daquilo que considerava primordial para
o progresso de qualquer nação: o livre comércio. O fim do Pacto Colonial era o primeiro
passo.
* MESTRANDA em História pela Universidade Estadual de Maringá, PR
As opiniões emitidas na Série Série História Série História são de responsabilidade exclusiva do signatário, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Instituto Liberal.
O conteúdo do artigo pode ser reproduzido uma vez citada a fonte.