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GUIA DO ALUNOVolume 1

Língua Portuguesa3ª série do Ensino Médio

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Entre Jovens 3ª série do Ensino Médio: guia do aluno língua portuguesa.

– São Paulo: Instituto Unibanco/CAEd, 2013.

148 p.; Vol I

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Coordenação do materialJuliana Irani do Amaral

Pesquisa e conteúdoCAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação

Consultoria responsávelCAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação

Agradecimentos especiaisSecretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais e escolas parceiras que contribuíram para a testagem e validação da Metodologia Entre Jovens.

RealizaçãoInstituto Unibanco

PresidênciaPedro Moreira Salles

Vice-PresidênciaPedro Sampaio Malan

ConselhoAntonio MatiasCláudio de Moura CastroCláudio Luiz da Silva HaddadMarcos de Barros LisboaRicardo Paes de BarrosTomas Tomislav Antonin ZinnerThomaz Souto Corrêa NettoWanda Engel

Diretoria ExecutivaFernando Marsella Chacon RuizGabriel Amado de MouraJânio GomesJosé Castro Araujo RudgeLeila Cristiane B. B. de MeloLuis Antônio RodriguesMarcelo Luis Orticelli

Superintendência ExecutivaRicardo Henriques

Gerência de Implementação de ProjetosTiago Borba

Gerência de Desenvolvimento e ConteúdoMarta Grosbaum

Gerência de Gestão do ConhecimentoMirela de Carvalho

Gerência de Administração e FinançasFábio Santiago

Assessoria de Assuntos EstratégicosChristina Fontainha

Assessoria de ComunicaçãoMarina Rosenfeld

Assessoria de VoluntariadoFabiana Mussato

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SUMÁRIO

Apresentação

OFICINA 1O TEXTO ARGUMENTATIVO: um diálogo sobre o valor do conhecimento e da leitura

OFICINA 2O TEXTO ARGUMENTATIVO: analisando a estrutura de argumentações

OFICINA 3A NARRATIVA LITERÁRIA: contos brasileiros

OFICINA 4A NARRATIVA LITERÁRIA: o conto contemporâneo

OFICINA 5LENDO POEMAS E FALANDO DE POESIA

OFICINA 6A POESIA MODERNISTA

OFICINA 7O TEXTO EXPOSITIVO: divulgando a ciência

OFICINA 8A CRÔNICA: um olhar sobre o cotidiano

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APRESENTAÇÃO

Aos jovens alunos do “Entre Jovens”

É com prazer que entregamos a você este material de tutoria de Língua Portuguesa do Projeto “Entre Jovens”. Queremos convidá-lo a participar de oficinas, nas quais a atividade mais importante é a leitura. Nessas oficinas, vamos trabalhar com textos variados, investindo em sua formação como leitor e usuário da língua. Procuramos selecionar textos pensando também em temas que sejam de seu interesse. Desse modo, você poderá descobrir que a leitura é uma atividade que nos permite construir um diálogo sobre questões importantes da vida, da nossa comunidade, do mundo. A leitura garante que estejamos informados e nos dá acesso ao conhecimento. Saber ler nos torna mais capazes de construir nossa autonomia e nossa cidadania.

A leitura é também a melhor forma de exercitar e estudar nossa língua e nossa literatura. Aqui, você encontrará os mais diversos tipos de texto: textos de opinião, contos, notícias, propagandas, crônicas, poemas etc. Lendo esses textos, você terá a oportunidade de aprender sobre como usamos a linguagem e seus recursos para produzir textos com diferentes objetivos e de diferentes gêneros. Lendo, você aprenderá sobre nossa Literatura, conhecerá autores importantes de nossa tradição, escritores que tornam nosso país conhecido no mundo inteiro. Lendo, você irá conhecer autores contemporâneos, que nos convidam a pensar sobre problemas da sociedade brasileira. Lendo, você poderá também divertir-se. Lendo e refletindo sobre como se organizam os textos, você poderá, ainda, aperfeiçoar-se como escritor.

Por que nossas atividades de tutoria foram chamadas de “oficinas”? Uma oficina é um lugar de trabalho, de “produção”. Nesses encontros, você deverá atuar e produzir seu conhecimento com a ajuda e orientação dos jovens tutores que o acompanharão. Por isso, é importante que você:

• leia com atenção os textos propostos;

• faça as atividades de leitura, pois através delas você estará desenvolvendo habilidades de leitura e de linguagem;

• considere com atenção as dúvidas que surgirem, pois elas são muito importantes para o seu aprendizado;

• participe das discussões das oficinas, expondo suas dúvidas e emitindo sua opinião;

• releia/refaça as atividades de leitura em casa, caso seja necessário;

• faça todas as atividades de escrita propostas, encaminhe suas dúvidas ao tutor e peça sua orientação.

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Ao prepararmos esse material, nossa maior preocupação foi com a sua formação como leitor. Temos certeza de que seu empenho nessa tarefa garantirá a você segurança para enfrentar os desafios que se colocam nessa etapa de sua vida estudantil, como os concursos vestibulares e a participação no ENEM.

Bom trabalho! Bons estudos!

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O TEXTO ARGUMENTATIVOum diálogo sobre o valor do conhecimento e

da leitura

OFICINA 1

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

O texto que você vai ler conta a história de dois brasileiros: pai e filho. Vale a pena conhecer essas histórias, que falam de “superação”. Leia atentamente o texto, observe as pistas que indicam onde foi publicado e quem é seu autor. Sinalize nele os trechos que chamarem a sua atenção ou as dúvidas que surgirem. Depois de lê-lo, você vai conversar sobre ele com seu grupo.

TEXTO I

G I L B E R T O D I M E N S T E I N

Ensinando a voarRepetia, como se fosse mantra: “o gosto pelo conhecimento é a melhor herança

que posso deixar”

O CEARENSE Expedito Resende, 66, conseguiu atrair a atenção mundial ao inventar um combustível para avião

feito à base de óleo de babaçu, atualmente em testes avançados nos laboratórios da Boeing, acompanhados pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. Mudar o jeito como os aviões voam, usando o chamado “bioquerosene”, não seria sua mais importante descoberta.

Professor de engenharia química da Universidade Federal do Ceará, Expedito criou, nos anos 70, o biodiesel. Usando plantas comuns no Nordeste, viu que o combustível servia, sem nenhum problema, nos motores como substituto do petróleo. Mas, na época, não havia tanta consciência ecológica, o preço do petróleo ainda não estava nas alturas e não se sabia como dar escala comercial à sua invenção. Em 1991, alemães e austríacos resolveram usar a descoberta para produzir energia limpa.

Nos últimos tempos, Expedito vem ganhando prêmios internacionais e ajudando a implantar centenas de usinas de biodiesel. Isso significa a perspectiva de criação de empregos, especialmente no Nordeste, e de um recurso contra o aquecimento global.

Por trás dessa tecnologia há uma história não menos interessante sobre quem ajudou a inventar esse inventor. Chama-se José Parente, pai de Expedito – é uma criação muito mais do que biológica.

José Parente tinha 12 anos quando deixou um povoado nas proximidades de Sobral (CE), onde vivia, e mudou-se para Fortaleza. Era o caçula entre seus 28 irmãos, sustentados pelo pai agricultor. Fez o trajeto a pé, sozinho, alimentando-se com o que encontrava no caminho. Tinha dois projetos: obter um emprego e entrar numa escola.

Matriculou-se para o período noturno de uma escola, mas, com o excesso de trabalho, acabou desistindo. Tentou por várias maneiras continuar estudando. Pediu ajuda a seu patrão e ouviu a seguinte frase: “Menino pobre não precisa de escola”.

Praticando, José Parente aprendeu as artes do comércio. Adulto, tornou-se empresário, casou, teve nove filhos, todos entraram na faculdade. Repetia algumas frases como se fossem mantras: “o gosto pelo conhecimento é a melhor herança que posso deixar” ou “a maior riqueza está dentro da cabeça”.

Nas conversas familiares, sempre vinham as histórias do menino de 12 anos, caminhando sozinho pelas estradas de terra, a frustração pela impossibilidade de estudar compensada pelas habilidades autodidatas. Já empresário próspero (depois teve um banco), José Parente tratou de ajudar aquela escola em que tentou, mas não conseguir estudar.

Expedito cresceu ouvindo esses casos. “Ficou arraigada em todos nós aquela

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reverência pelo saber”, conta Expedito. Essa reverência estava por trás de sua decisão de sair de casa para estudar, como tinha feito seu pai. “Só que, desta vez, sem desconforto”, diz ele. Mudou-se para o Rio, onde se formou em engenharia química e, depois, aprimorou-se nos Estados Unidos e na Europa. Voltou para o Ceará, fascinado pelo encanto dos experimentos químicos. Uma de suas criações foi a “vaca mecânica” para a produção de leite de soja, disseminada em centenas de cidades brasileiras.

Testou motores com álcool, mas preferiu investigar melhor o poder de plantas como o babaçu. Em 1984, um Bandeirante, da Embraer, voou de São José dos Campos até Brasília, movido a bioquerosene, desenvolvido por Expedito – apesar do sucesso do voo, o projeto foi arquivado pelos militares.

Foram necessários mais 20 anos para que levassem a sério sua experiência, agora em apreciação pelos americanos – certamente seria impossível se o inventor não tivesse com um de seus professores um menino de 12 anos, andando a pé pelo interior do Nordeste, com o sonho de aprender.

PS – O caso de José Parente mostra os caminhos para se evitar a marginalidade, gerando inventores e não criminosos – envolvimento familiar na vida dos filhos, culto ao empreendedorismo e reverência ao aprendizado. Nosso problema não é de maioridade penal, mas a de menoridade dos adultos.

FOLHA DE SÃO PAULO, 25 fev 2007. Cotidiano.

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Vamos ler agora um outro texto argumentativo. Observe sempre, antes de iniciar sua leitura, as várias informações que acompanham o texto: quem o escreveu, onde e quando foi publicado. Preste atenção também naquilo que está em destaque: título, frases, imagens. Isso pode tornar sua leitura mais eficiente.

TEXTO II

Lya Luft

Alegres e ignorantes“Estar informado e atento é o melhor jeito de ajudar a construira sociedade que queremos, ainda que sem ações espetaculares”.

Ilustração Atômica Studio

Há fases em que, inquieta, eu talvez aponte mais o lado preocupante da vida. Mas jamais esqueço a importância do bom humor, que na verdade me caracteriza no cotidiano, mais do que a melancolia. Meu amado amigo Erico Verissimo certa vez me disse: “Há momentos em que o humor é até mais importante do que o amor”. Eu era muito jovem, na hora não entendi direito, mas a vida me ensinou: nem o amor resiste à eterna insatisfação, à tromba assumida, às reclamações constantes, à insatisfação sem tréguas. Bom humor zero. Desperdício de vida: acredito que, junto com dinheiro, sexo e amor, é a alegria que move o mundo para o lado positivo. Ódio, indignação fácil, rancores e inveja – e nossa natureza predadora – promovem mediocridade e atos cruéis.

Quando, seja na vida pessoal, seja como cidadãos ou habitantes deste planeta, a descrença e o desalento rosnam como animais no escuro no meio do mato, uma faísca de bom humor clareia a paisagem. Mas há coisas que nem todo o bom humor do mundo resolveria num riso forçado. Como senti ao ler, numa dessas pesquisas entre esclarecedoras e assustadoras (quando vêm de fonte confiável), que mais de 30% da nossa chamada elite é de uma desinformação avassaladora. Aqui o termo “elite” não tem a ver com aristocracia, roupa de grife, apartamento em Paris ou décima recostura do rosto, mas com a gente pensante. A que usa a cabeça para

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algo além de separar orelhas. Pois, segundo a pesquisa, entre nós a imensa maioria dos ditos pensantes não consegue dizer o nome de um só ministro desta nossa República. Senadores, nem falar.

A turma que completa o 2º grau, que faz faculdade, que tem salário razoável, conta no banco, deveria ser a informada. Essa que não precisa comprar carro em noventa meses e deixar de pagar depois de quatro. A elite que consegue viajar conhece até algo do mundo, e poderia ter uma pequena biblioteca em casa. Em geral, não tem. Com sorte, lê jornal, assiste a boas entrevistas e noticiosos daqui e de fora, enfim, é gente do seu tempo. Para isso não se precisa de muita grana, acreditem. Mesmo assim, essa elite é pouco interessada numa realidade que afinal é dela.

Resolvi testar a mim mesma: nomes de ministros atuais desta nossa República. Cheguei a meia dúzia. São quase quarenta. Então começo a bater no peito, em público, aliás. Num país onde mais da metade dos habitantes são analfabetos, pois os que assinam o nome não conseguem ler o que estão assinando, ou vivem como analfabetos, pois não leem nem o jornal largado na praça, os que sabem ler deveriam ser duplamente ativos, informados e participantes. Não somos. Nossos meninos raramente sabem o título de seus livros escolares ou o nome dos professores (sabem o dos jogadores de futebol, dos cantores de bandas, das atrizezinhas semieróticas). Agimos como se nada fora do nosso pequeno círculo pessoal nos atingisse.

Além das desgraças longe e perto, vindas da natureza ou do homem, estamos num ano eleitoral. Inaugurado o circo de manobras, mentiras e traições escrachadas ou subliminares que conhecemos. Precisamos de claridade nas ideias, coragem nos desafios, informação e vontade, e do alimento dos afetos bons. Num livro interessante (não importa o assunto) alguém verbaliza velhas coisas que a gente só adivinhava; um filme pode nos lembrar a generosidade humana; uma conversa pode nos tirar escamas dos olhos. Estar informado e atento é o melhor jeito de ajudar a construir a sociedade que queremos, ainda que sem ações espetaculares. Mas, se somos desinformados, somos vulneráveis; se continuarmos alienados, bancaremos os tolos; sendo fúteis, cavamos a própria cova; alegremente ignorantes, podemos estar assinando nossa sentença de atraso, vestindo a mordaça, assumindo a camisa de força que, informados, não aceitaríamos.

Alegria, espírito aberto, curiosidade, coisas boas desta vida, todos as merecemos. Mas me poupem do risinho tolo da burrice ou da desinformação: o vazio por trás dele não promete nada de bom.

Lya Luft é escritora

VEJA, 3 Março, 2010.

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ATIVIDADES DE LEITURA

O texto que você leu é um texto de opinião, uma ARGUMENTAÇÃO. Antes de iniciar as atividades de leitura, considere, atentamente, o quadro abaixo:

O componente mais importante de uma argumentação é a sua TESE. A tese de um texto argumentativo é o ponto de vista ou posicionamento assumido pelo autor a respeito do tema em discussão.

1. No texto “Alegres e ignorantes”, Lya Luft posiciona-se a respeito de vários temas. Grife no texto as teses ou pontos de vista da autora:

1.1 Sobre o humor.

1.2. Sobre a “elite pensante” brasileira.

1.3. Sobre a importância de nos mantermos informados:

2. Leia com atenção:

Textos escritos para defender uma opinião sobre determinado tema são textos argumentativos. Uma boa argumentação deve utilizar argumentos que confirmem suas teses.

Que argumentos a autora utiliza para cada uma das opiniões defendidas? Grife esses argumentos no texto:

2.1. “(...) Os que sabem ler deveriam ser duplamente ativos, informados e participantes. Não somos.”

2.2. “Estar informado e atento é o melhor jeito de ajudar a construir a sociedade que queremos, ainda que sem ações espetaculares”

3. Os títulos dos textos são uma pista muito importante sobre o seu conteúdo, e costumam indicar o seu tema central. Comente o título do texto: “Alegres e ignorantes”.

4. Quem são os alegres e ignorantes de que fala a autora?

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5. Por que a autora afirma que “os que sabem ler deveriam ser duplamente ativos, informados e participantes.”?

6. Qual seria o objetivo principal do texto?

7. Considere a ilustração que acompanha o texto. Como você a interpreta?

8. Releia:

“Mas, se somos desinformados, somos vulneráveis; se continuarmos alienados, bancaremos os tolos; sendo fúteis, cavamos a própria cova; alegremente ignorantes, podemos estar assinando nossa sentença de atraso, vestindo a mordaça, assumindo a camisa de força que, informados, não aceitaríamos”.

8.1. Explique a afirmação: “se somos desinformados, somos vulneráveis”. Considere o verbete abaixo para construir sua resposta.

vulnerável [Do lat. vulnerabile.] Adjetivo de dois gêneros. 1.Que pode ser vulnerado: “Perdidos e sós no grande descampado, sentem-se desamparados e vulneráveis como crianças.” (Miguel Torga, Portugal, pp. 114-115.) 2.Diz-se do lado fraco de um assunto ou de uma questão, ou do ponto pelo qual alguém pode ser atacado ou ferido. [Pl.: vulneráveis. Cf. vulneráveis, do v. vulnerar.]

Dicionário Aurélio versão digital

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8.2. Explique também: “se continuarmos alienados, bancaremos os tolos”. Considere o verbete abaixo para construir sua resposta.

alienar [Do lat. alienare.] Verbo transitivo direto. 1.Transferir para outrem o domínio de; tornar alheio; alhear: O testamento proibia alienar os bens herdados. 2.Desviar, afastar; alhear. 3.Indispor, malquistar: Evita alienar o ânimo do velho amigo. 4.Alucinar, perturbar; alhear: O grande desgosto alienou-lhe o juízo. Verbo transitivo direto e indireto. 5.Desviar, apartar: Alienou de mim a boa vontade que o ministro demonstrara. Verbo pronominal. 6.Afastar-se, distanciar-se. 7.Tornar-se alienado; manter-se alheio aos acontecimentos. Dicionário Aurélio versão digital

8.3. No fragmento de texto em destaque na questão 8, grifamos algumas expressões metafóricas que a autora utiliza para argumentar sobre a importância de sermos informados. Explique o significado dessas expressões.

Leia agora o último texto desta oficina. Observe que ele foi escrito pelo mesmo autor do texto I e publicado também no jornal Folha de São Paulo. Gilberto Dimenstein costuma discutir, em sua coluna, temas relativos ao conhecimento, à juventude e à educação.

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COMEÇA NA PRÓXIMA segunda-feira, em São Paulo, o festival internacional de filmes com apenas um minuto de duração, reunindo 80 países – esse tipo de mostra ocorre anualmente em 40 nações, circula em escala planetária e atrai o patrocínio de empresas multinacionais. Pouca gente sabe que esse festival é uma invenção brasileira e ninguém imagina que seu inventor era visto, por muito tempo, como um fracasso, um caso irrecuperável.

Marcelo Masagão estava desempregado, em 1991, quando conseguiu passar filmes de um minuto num teatro da PUC, em SP; no ano seguinte, iria para o MIS (Museu da Imagem e do Som). Um italiano viu aquela experiência e a levou para a Europa, de onde se disseminou.

Como era excessivamente bagunceiro, foi expulso – ou, como se diz, convidado a se retirar – das escolas em que estudou. “Nunca tive uma turma de formatura”, lembra. Não conseguiu ficar nem mesmo no Colégio Equipe, uma ilha de liberalidade paulistana. Na faculdade, cursou psicologia, mas, após sete anos, não tinha completado 40% dos créditos.

Só resolveu mesmo se esforçar na oitava série porque seu pai o chamou de “burro e vagabundo”. Tirou notas altas, a maioria dez, nas matérias. Mas no final se desentendeu com um professor e, mais uma vez, recebeu o convite para se retirar.

Como ele conseguiu

montar um projeto bem-sucedido? A resposta possivelmente está nos estudos sobre as diversas formas de inteligência desenvolvidos em Harvard – é uma das questões essenciais para os alunos que, nesta semana, voltam para seus colégios e universidades.

Disseminador da ideia de que existem inteligências múltiplas (a escola só focaria numa delas), o psicólogo Howard Gardner afirma que um dos atributos fundamentais para prosperar profissionalmente é a “mente sintetizadora”. Com o excesso atordoante de informação, graças em boa parte à abundância de fontes na internet, passa a valer mais quem sabe extrair o que é essencial – ou seja, quem sabe selecionar e apontar um caminho.

O primeiro filme de Masagão era um esforço de resumir e encadear em 70 minutos toda a história do século 20 – e sem nenhuma fala, apenas com imagens. Depois de tanto tempo de dispersão, acabou encontrando a

TEXTO III

G I L B E R T O D I M E N S T E I N

Mentes do futuro

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síntese de seu futuro na busca de gente que procura uma síntese em apenas um minuto, transformada também num projeto de internet, e não apenas nos festivais.

Agora, ele criou a modalidade de obra em dez segundos, batizada de “nanofilme”.

Em meio ao turbilhão de dados fragmentados e desconexos, a habilidade da seleção será cada vez mais demandada – o que vai abater parte do encanto da produção coletiva de conhecimento (o jornalismo colaborativo, por exemplo), na qual muitos sentem autoridade para falar de qualquer assunto. Afinal, a síntese depende de um longo processo de avaliação do que é essencial.

Mais uma vez, o Festival do Minuto serve como exemplo. Tecnicamente, qualquer um hoje pode se sentir um cineasta. Basta um celular. São enviados para lá milhares de filmes, sem qualquer esforço de produção. O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, tentou fazer uma emissora de TV, via internet, para a qual qualquer um pudesse mandar sua matéria. Viram-se obrigados a mudar o formato. Um claro sinal dessa tendência apareceu no projeto “Círculo de Leitores”, desenvolvido pela Folha, em que, durante oito meses, o jornal ouviu seus assinantes em São Paulo, Rio e Brasília. Eles querem uma publicação com os seguintes atributos: analítico, sintético, prático e interpretativo. Em síntese: querem ter ajuda para selecionar o que importa para suas vidas.

É fácil entender as razões dessa demanda; difícil é enfrentá-las. Como reduzir tantas coisas, muitas delas complexas, em tão poucos minutos de leitura diária? Como captar a atenção de um público cada vez mais hiperativo? Não é um problema, óbvio, apenas dos meios de comunicação. É um

Em meio ao turbilhão de dados fragmentados e

desconexos, a habilidade da seleção será cada vez

mais demandada

desafio que envolve toda a rede de produção e disseminação do conhecimento.

Em geral, as crianças e os jovens não são treinados, nas escolas, a selecionar, mas a acumular informações de diferentes matérias, sem muita conexão com a realidade, avaliadas em provas – e depois, rapidamente, esquecidas. Os estudantes voltam, nesta semana, às aulas e vão encontrar um sistema curricular que, na maioria dos casos, está fracassado, determinado não por pedagogos, mas pelo mercado de trabalho. Está aí uma das razões por que foi muito mais fácil para

Marcelo Masagão fazer sucesso na vida do que na escola. Só não sabia que iria virar uma espécie de professor na arte de sintetizar.

PS – Coloquei em meu site (www.dimenstein.com.br) um texto para quem quiser conhecer melhor as ideias de Howard Gardner, professor da escola de Educação em Harvard. Também coloquei uma seleção dos filmes de um minuto que serão exibidos, nesta semana, no festival em São Paulo.

[email protected]

FOLHA DE SÃO PAULO, 3 março 2009. Cotidiano.

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. Explique o título do texto.

2. O texto de Gilberto Dimenstein é um texto argumentativo. Explique por quê.

3. A frase em destaque pode ser considerada a tese principal do texto de Gilberto Dimenstein. Releia:

“Em meio ao turbilhão de dados fragmentados e desconexos, a habilidade de seleção será cada vez mais demandada.”

3.1. Como você compreende essa afirmação?

3.2. Relacione a imagem que acompanha o texto à tese em destaque acima.

3.3. Que argumentos são utilizados, no texto, para sustentar a tese do autor?

4. Observe a diagramação do texto: ele está dividido em partes. Procure explicar essa divisão.

5. Além da tese principal do texto, o autor apresenta também sua opinião sobre como a escola lida com a habilidade de selecionar e sintetizar a informação.

5.1. Identifique no texto o posicionamento do autor a respeito desse assunto.

5.2. Que argumento o autor usa para confirmá-la?

5.3. Você concorda com esse posicionamento? Justifique sua resposta.

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VAMOS ESCREVER

Depois de ler textos que falam sobre o valor do conhecimento, da informação e da leitura, escreva um texto curto sobre o tema “Juventude e Conhecimento”. As perguntas abaixo devem ajudar você a escrever seu texto, que deve apresentar seu ponto de vista e a sustentação desse ponto de vista.

Pense, então, nessas questões:

O jovem tem interesse pelo conhecimento? Onde ele o busca? Ele valoriza o conhecimento escolar? A escola contribui para que o jovem aprenda a valorizar o conhecimento? O que motiva o jovem a querer aprender algo? O que poderia ser feito na escola para que o jovem se sentisse motivado a aprender?

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O TEXTO ARGUMENTATIVOanalisando a estrutura de argumentações

OFICINA 2

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

As tecnologias criadas pelo homem têm um poder enorme nos tempos modernos. O homem quer inventar máquinas cada vez mais “inteligentes”. O editorial abaixo discute essa questão. Leia-o atentamente. Antes, porém, saiba o que é um EDITORIAL.

EDITORIAL [Do ingl. editorial.] Adjetivo de dois gêneros. 1.Relativo a editor ou editora. ~ V. encadernação —, matéria — e produção —. Substantivo masculino. 2.Jorn. Artigo que exprime a opinião do órgão, em geral escrito pelo redator-chefe, e publicado com destaque; artigo de fundo. Substantivo feminino. 3.Lus. Casa editora (q. v.).

DICIONÁRIO DIGITAL AURÉLIO

TEXTO I

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Poderá um dia a máquina pensar melhor e de forma mais inteligente que um ser humano? Qualquer resposta definitiva para esta questão parece precipitada, mas os cientistas estão de fato empenhados na busca de um computador capaz de pensar e evoluir mais do que um ser humano.

Para alguns, trata-se de uma tarefa impossível. A máquina jamais poderá superar seu criador. Estes aplaudem estrondosamente a recente vitória do enxadrista Garry Gasparov contra o computador Deep Blue, uma máquina inteligente construída pela IBM, a um custo de US$ 2,5 milhões, com o propósito único de jogar xadrez. O Deep Blue é capaz de analisar 200 milhões de lances por segundo; Gasparov, um ou dois.

Para outros, desenvolver as máquinas mais inteligentes que o homem é apenas uma questão de tempo. O cérebro humano não seria ele próprio mais do que uma máquina biológica, cujo mecanismo carbônico poderia ser transposto para o silício.

A primeira posição parece um pouco ingênua e é certamente alimentada por uma visão catastrofista do criador que perde o controle sobre a criatura, como o Frankenstein de Mary Shellley...

É igualmente precipitado afirmar que, algum dia, a humanidade estará construindo androides mais inteligentes que o homem. Nesse domínio, o bom senso recomenda que não se negue “a priori” o conceito de inteligência (ele próprio tão fluido) a computadores, nem que se considere a existência de androides hiperinteligentes como algo inelutável.

A discussão toda, no fundo, é muito antiga. Trata-se de saber se o homem é uma máquina biológica cuja inteligência seria o produto de estímulos eletroquímicos ou se existe um algo mais que os velhos filósofos gregos batizaram de alma.

(Editorial da Folha de São Paulo – 24-03-96)

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. Que tema o texto discute?

2. O texto começa com uma pergunta. Qual seria a função dessa pergunta?

3. Releia atentamente o segundo e terceiro parágrafos.

O texto expõe aí uma polêmica, ou seja, diferentes posicionamentos a respeito do tema em discussão. Esses posicionamentos não correspondem à opinião defendida pelo editorial. Vamos, então, chamá-los de HIPÓTESES. À opinião defendida pelo editorial chamaremos TESE.

3.1. Grife, no segundo e terceiro parágrafos, as hipóteses defendidas por outros argumentadores.

3.2. Cada uma dessas hipóteses é sustentada por argumentos. Grife no texto esses argumentos.

4. Releia agora o quarto e o quinto parágrafos do texto. Depois de apresentar dois diferentes posicionamentos a respeito do tema em discussão, apresenta-se a tese do editorial.

4.1. Que posicionamento é assumido pelo jornal?

4.2. Ao posicionar-se no debate, o autor contesta as opiniões de outros argumentadores. Preencha o quadro abaixo, considerando sua resposta à questão 3 e 4:

HIPÓTESES DE OUTROS

ARGUMENTO PARA AS HIPÓTESE 1 E 2

CONTRA ARGUMENTAÇÃO DO

EDITORIAL

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4.3. No último parágrafo, o autor conclui o seu texto. Como ele o faz?

5. Observe agora como o autor organiza os parágrafos de seu texto. Preencha o quadro abaixo indicando os tópicos de cada parágrafo.

PARÁGRAFOS TÓPICOS

1.

2.

3.

4.

5.

6.

6. O texto lido apresenta marcadores que sinalizam o que será apresentado em cada parágrafo. Ao mesmo tempo, essas sinalizações articulam os parágrafos do texto, garantindo a coesão textual. Observe a expressão em negrito na frase em destaque. Ela indica que o autor irá apresentar, nesse parágrafo, uma hipótese, a opinião de um grupo de pessoas.

Para alguns, trata-se de uma tarefa impossível. A máquina jamais poderá superar seu criador.

Grife, no texto, outros marcadores discursivos que fazem a coesão textual, articulando os parágrafos do texto. Explique a sua função.

7. Textos que discutem temas polêmicos costumam apresentar posicionamentos bastante ponderados, ou seja, seus autores evitam apresentar, de forma radical, suas opiniões. Que recursos, nas frases abaixo, demonstram que os argumentadores são ponderados ao apresentar suas opiniões?

Vamos ler agora um outro texto argumentativo sobre o mesmo tema: a relação do homem com a tecnologia. As atividades de leitura do texto ajudarão você a consolidar os conhecimentos sobre o texto argumentativo. Ao mesmo tempo, você terá oportunidade de refletir sobre um tema interessante.

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TEXTO II

+ M a r c e l o G l e i s e r

40 anos de internet

Será que a tecnologia está

redefinindo quem somos?

Faz 40 anos que os computadores de Leonard Kleinrock, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, e de Douglas Engelbart, do Instituto de Pesquisas na Universidade de Stanford, foram conectados por uma “linha especial” da Arpanet, um sistema de apenas quatro computadores que faziam parte de um projeto do Departamento de Defesa dos EUA.

Com o passar dos anos, o sistema exclusivo de tráfego de informação evoluiu, saiu dos laboratórios de cientistas para o público e hoje é conhecido como internet.

Não há dúvida de que a internet está transformando o mundo, de que vivemos em meio a uma revolução. A questão, ou uma delas, é que tipo de revolução é essa: será que a internet pode ser comparada, por exemplo, ao telefone ou ao carro, ou mesmo à imprensa de tipo móvel, que revolucionou o livro? Ou será que ela pertence a outra classe de tecnologia, que não só transforma a sociedade mas que vai além, redefinindo quem somos?

A questão é complicada, difícil até de ser formulada. O telefone e o carro transformaram o modo como as pessoas se comunicavam, iam ao trabalho, viajavam, viam o mundo. Como toda tecnologia que se torna de uso público, primeiro começaram pequenos, com alcance limitado: eram poucas as linhas telefônicas e as estradas.

Aos poucos, as coisas foram crescendo e, em meados do século 20, telefones e estradas estavam pelo mundo todo. Uma diferença bem importante é que a internet, por ser acessível por computadores, é bem

mais aberta aos jovens. Telefones celulares também; os jovens têm a sua privacidade, o seu espaço virtual separado do dos pais e irmãos. A comunicação é tão fácil e rápida que chega a tornar o contato direto, em carne e osso, desnecessário.

Talvez seja uma preocupação dos meus leitores mais velhos, que, como eu, nutriam as amizades no campo real e não por meio de sites como Facebook e Twitter,

mas será que a internet nos fará desaprender como nos relacionar diretamente com outros seres humanos?

Deixando esse tipo de preocupação de lado, se olharmos para a história da civilização, veremos que podemos contá-la como uma história da tecnologia. À medida que novas tecnologias foram sendo desenvolvidas, do controle do fogo e da rotação de terra na agricultura até a roda, o arado e os transistores e semicondutores usados em aparelhos eletrônicos, nossa história foi, em grande parte, determinada pelas nossas máquinas. Valores e interesses mudam, e visões de mundo se transformam de acordo com nossos instrumentos.

O Homo habilis, nosso ancestral que usou ferramentas pela primeira vez, evoluiu rumo ao Homo sapiens e, agora, este se transforma no Homo conectus. Será que nossos avanços tecnológicos são, hoje, a principal mola da nossa evolução como espécie? Nesse caso, será que a tecnologia está redefinindo o que significa ser humano?

Descontando uma grande devastação biológica, como uma epidemia de proporções globais ou um cataclismo climático ou

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ecológico, somos donos da nossa evolução: nossa transformação como espécie ocorre muito menos devido a mutações aleatórias e ao processo de seleção natural do que, por exemplo, devido a um maior intercâmbio racial, à melhor alimentação e aos avanços da medicina, à integração de tecnologias diversas com o corpo (marca-passos, órgãos e membros artificiais) e com a mente (drogas que mudam nossas emoções, implantes nos olhos e ouvidos, chips no cérebro).

A internet talvez represente uma nova fronteira, a da integração coletiva da humanidade a um nível sem precedentes. Se não no mundo real, ao menos no virtual.

______________________________________

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro

“A Harmonia do Mundo”

FOLHA DE SÃO PAULO, 3 de nov 2009. MAIS!

ATIVIDADES DE LEITURA

1. Qual é o tema do texto?

2. No texto, há uma série de perguntas. Grife-as. Qual é a função dessas perguntas?

3. Considere a opinião do autor a respeito do impacto da tecnologia na vida humana:

“Valores e interesses mudam, e visões de mundo se transformam de acordo com nossos instrumentos.”

Encontre, no texto, um argumento que sustenta essa opinião.

4. No texto o autor discute também a relação do jovem com a internet.

4.1. Que opinião ele defende a esse respeito?

4.2. Ao discutir o tema Juventude e Internet, o autor apresenta um novo “problema”. Qual?

5. Releia:

“Será que nossos avanços tecnológicos são, hoje, a principal mola da nossa evolução como espécie? Nesse caso, será que a tecnologia está redefinindo o que significa ser humano?”

Observe que, no final do 7º parágrafo, o autor retoma a pergunta já colocada no final do 3º parágrafo.

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5.1. Levante hipóteses sobre por que isso acontece.

5.2. Ele responde a essa pergunta?

TEXTO III

Dando continuidade às nossas discussões a respeito da relação do homem com a tecnologia, propomos a leitura do texto publicitário abaixo. Considere, ao ler esse texto, as várias pistas textuais: imagem, texto verbal, destaques.

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. Qual seria o objetivo do texto?

2. O texto publicitário é um tipo de texto argumentativo, pois apresenta argumentos para convencer seus leitores a comprar um produto ou mesmo uma “ideia”. Qual é o argumento do texto publicitário que você leu?

VAMOS ESCREVER

Escreva um texto argumentativo sobre o tema “Juventude e Tecnologia”. Pense nas questões colocadas pelo autor e em outras, como: como o jovem se relaciona com a tecnologia? Você concorda com a afirmação de que o jovem é muito dependente dela? Que aspectos positivos você apontaria na internet como tecnologia para juventude? Que aspectos negativos apontaria? Que outra tecnologia, além da internet, o jovem valoriza? Por quê? Etc.

Esquema I: O jovem e a internet

Parágrafo 1 – Introdução – O interesse crescente do jovem pela internet.

Parágrafo 2 – Aspectos positivos dessa tecnologia.

Parágrafo 3 – Aspectos negativos dessa tecnologia.

Parágrafo 4 – Como os jovens podem fazer bom uso da tecnologia?

Esquema II: Tecnologias preferidas pelo jovem

Parágrafo 1 – Quais são: internet, celular, Ipod...?

Parágrafo 2 – Por que essas tecnologias atraem os jovens?

Parágrafo 3 – Os jovens fazem bom uso da tecnologia? Como poderiam fazê-lo?

Esquema III: Juventude e inclusão digital

Parágrafo 1 – A importância da tecnologia da internet como meio de informação e conhecimento.

Parágrafo 2 – Muitos jovens não têm acesso ou ainda não conhecem as possibilidades da internet como tecnologia da informação.

Parágrafo 3 – Como resolver o problema da exclusão digital no Brasil?

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A NARRATIVA LITERÁRIAcontos brasileiros

OFICINA 3

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

O texto que você vai ler foi escrito por Machado de Assis (1839-1908), considerado por muitos o maior escritor da literatura brasileira. Grande parte da obra desse escritor se caracteriza por uma visão bastante crítica do ser humano, da sociedade e de suas instituições. Machado foi também um investigador bastante competente da alma humana. Autodidata, foi o fundador da Academia Brasileira de Letras. Conheça um pouco mais desse grande escritor que faz a literatura brasileira ser reconhecida em todo o mundo.

TEXTO I

A CARTEIRA Machado de Assis

…DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:

— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.— É verdade, concordou Honório envergonhado.Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar

amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.

— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C…, advogado e familiar da casa.

— Agora vou, mentiu o Honório.A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos;

por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais. D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.

Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.

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— Nada, nada.Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças

voltavam com facilidade. A ideia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou emprestado, para pagar mal, e a más horas.

A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembleia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.

Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura.

Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida?Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à

polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.

Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinquenta e vinte; calculou uns setecentos mil réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes.

Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.

Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório Teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo… Honório teve pena de não crer nos anjos…

Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.

“Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,” pensou ele.

Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?… Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.

A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que

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estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.

“Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer.”Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado. E a própria D. Amélia

o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.— Nada.— Nada?— Por quê?— Mete a mão no bolso; não te falta nada?— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso.Sabes se alguém a achou?— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar

foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.

— Mas conheceste-a?— Não; achei os teus bilhetes de visita.Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar.Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos

bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.

ATIVIDADES DE LEITURA

Agora que você já leu o conto de Machado de Assis, procure responder as questões abaixo:

1. Quem são os personagens do conto de Machado de Assis. Quem é o personagem protagonista? Descreva resumidamente esse personagem, destacando informações que são importantes para a compreensão da história.

2. Leia com atenção a informação abaixo:

Toda narrativa se organiza em torno de um conflito. O conflito (ou complicação) de uma narrativa é seu elemento de tensão, capaz de prender a atenção do leitor. Ao ponto máximo de tensão de uma narrativa chamamos de clímax. O desfecho de uma narrativa corresponde à resolução de seu conflito.

Responda:

2.1. Qual é o conflito ou o elemento complicador dessa narrativa?

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2.2. Indique, no texto, o clímax da narrativa, ou seja, seu ponto máximo de tensão.

2.3. Releia o último parágrafo do texto. Como você compreende o desfecho dessa história de Machado de Assis?

3. Leia atentamente:

Na maioria das vezes, as narrativas incluem trechos de “orientação”. São partes da narrativa que orientam o leitor indicando, por exemplo: onde e quando acontecem os fatos narrados, quem são e como são os personagens envolvidos na história.

Grife, no texto, trechos de orientação narrativa.

4. Releia o trecho abaixo:

“D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.”

Que tempo verbal predomina nesse trecho? Dê exemplos e comente o uso desse tempo verbal na narrativa.

5. Leia atentamente:

O NARRADOR é um elemento essencial em uma narrativa. O narrador, na maioria das vezes, não é o AUTOR. Podemos dizer que o narrador é uma ESTRATÉGIA que o autor escolheu para contar sua história. Ele é ponto de vista a partir do qual a história será contada.

Considerando a definição acima, que tipo de narrador observamos no conto de Machado de Assis?

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QUESTÕES OBJETIVAS

Resolva agora as questões objetivas abaixo:

1. O conflito da narrativa que você leu tem início em:

a) “…DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira.”

b) “A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga...”

c) “...D. Amélia tocava muito bem ao piano, e o Gustavo escutava com indizível prazer...”

d) “A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros...”

e) “Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida?”

2. A alternativa que contém um comentário do narrador é:

a) “Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.”

b) “Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha...”

c) “Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria.”

d) “Durante os primeiros minutos, Honório não pensou em nada...”

e) “Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil réis...”

3. “A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira.”

A palavra “apuros”, no fragmento acima, significa:

a) sacrifícios.

b) apertos.

c) incômodos.

d) deveres.

e) amigos.

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4. “Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado. E a própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa...”

O pronome grifado tem como referente:

a) D. Amélia.

b) Gustavo.

c) Honório.

d) A expressão “alguma coisa”.

e) A expressão “a casa”.

5. “Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio....”

O fragmento acima permite concluir que:

a) Gustavo desconfiou de que Honório pudesse ter mexido no dinheiro.

b) Honório sentiu no olhar do amigo que ele, Gustavo, desconfiou de sua honestidade.

c) Honório descobriu a traição do amigo.

d) Honório não quis revelar que descobrira a traição do amigo.

e) A traição da esposa foi uma grande dor para Honório.

Vamos conhecer agora outro grande autor da literatura brasileira, muito conhecido por suas crônicas, publicadas em jornais de grande circulação, é também autor de romances e belos contos, como o que você vai ler abaixo.

Luis Fernando Verissimo (Porto Alegre, 26 de setembro de 1936) é um escritor brasileiro. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Verissimo é também cartunista e tradutor, além de roteirista de televisão, autor de teatro e romancista. É ainda músico, tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Fernando_Verissimo

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TEXTO II

Conto de Verão No 2: Bandeira BrancaLuís Fernando Veríssimo

Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outro baile de Carnaval.

Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas.

Só no terceiro Carnaval se falaram.

— Como é teu nome?

— Janice. E o teu?

— Píndaro.

— O quê?!

— Píndaro.

— Que nome!

Ele de legionário romano, ela de índia americana.

***

Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia.

— Ah.

Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse “Até o Carnaval que vem” e saiu correndo.

No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez a fantasia dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:

— Me dá alguma coisa.

— O quê?

— Qualquer coisa.

— O leque.

O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.

***

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No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. O que acontecera?

— Você vomitou a alma — disse a mãe.Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de

volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela.Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube — e lá estava ela! Quinze

anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida.— Sei lá. Bávara tropical — disse ela, rindo.Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara

no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval.— E aquela bailarina espanhola?— Nem me fala. E o toureiro?— Aposentado.A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela

estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse “Píndaro?!” e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma. Quinze anos, pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo chegar aos 30, pelo menos não inteiro. Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo “não vale, você cresceu mais do que eu” e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro.

*** Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto.

Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse “quase não reconheci você sem fantasias”. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora “preciso te dizer uma coisa”, e ela dissera “no Carnaval que vem, no Carnaval que vem” e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara…

— O que você ia me dizer, no outro Carnaval? — perguntou ela.

— Esqueci — mentiu ele.

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Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil… E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu…

ATIVIDADE DE LEITURA

1. Procure resumir, em poucas palavras, a narrativa de Veríssimo.

2. Explique o título do conto.

3. O conto de Veríssimo está organizado em 4 partes. Cada parte corresponde a fases da vida dos personagens. Preencha o quadro abaixo, considerando essa correspondência e indicando as pistas textuais que a confirmam.

FASES DA VIDA PISTAS TEXTUAIS

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

4. As fantasias de carnaval usadas pelos personagens são pistas muito importantes na narrativa. Observe:

ELE ELA

tirolês odalisca.

legionário romano índia americana

pirata chinesa

toureiro bailarina espanhola

a fantasia dele era de nada fantasia indefinida

O que elas poderiam indicar?

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5. Releia o fragmento abaixo, em que se expõe o que os personagens estão pensando:

“E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu”

O que o fragmento revela a respeito dos sentimentos dos personagens?

6. No início da narrativa, temos o seguinte comentário do narrador:

“Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo.”

Considerando o desfecho da história, como você interpreta esse comentário?

7. Leia atentamente:

Observe:

DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETODISCURSO INDIRETO

LIVRE

Enquanto dançavam ,ele lhe perguntou:

- Você tem namorado?

Enquanto dançavam, ele lhe perguntou se ela tinha namorado.

Dançavam juntinhos. Será que ela tem namorado?

O discurso indireto livre é um recurso que faz surgir, na fala do narrador, elementos típicos da fala do personagem. É um recurso muito interessante para o registro do pensamento do personagem. Encontre no texto exemplos de discurso indireto livre.

8. Compare o conto de Veríssimo ao conto de Machado de Assis. O que caracteriza a linguagem de Veríssimo nesse conto?

9. O humor é um característica marcante da prosa do escritor Luís Fernando Veríssimo. Você reconhece o humor nesse conto?

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OFICINA 4

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A NARRATIVA LITERÁRIAo conto contemporâneo

OFICINA 4

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

TEXTO I

Vamos conhecer um grande contista da literatura brasileira. Sua obra se caracteriza pela linguagem concisa, objetiva. O texto abaixo foi escrito por Dalton Trevisan, escritor curitibano, nascido em 1925. Leia-o atentamente.

Uma Vela para DarioDalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede – não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados – com vários objetos – de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

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A última boca repetiu – Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. De que trata o texto de Dalton Trevisan? O que o título do texto nos sugere?

2. Recupere alguns elementos dessa narrativa:

2.1. Onde ocorrem os fatos narrados?

2.2. Quando ocorrem?

2.3. Quem é Dario? Descreva esse personagem.

2.4. Quem são os demais personagens da narrativa?

2.5. Como agem esses personagens que assistem ao drama de Dario?

3. Quando tem início o conflito da narrativa?

4. Qual é o foco narrativo do conto lido?

TEXTOS EM DIÁLOGO

Você vai ler agora a letra de uma música de dois grandes compositores brasileiros: João Bosco e Aldir Blanc. A cena desenhada nessa letra de música é bastante semelhante àquela descrita no conto “Uma vela para Dario”. Procure descobrir as semelhanças entre os dois textos. Faça anotações no seu caderno.

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TEXTO II

De frente pro crime

Tá lá o corpo estendido no chãoEm vez de um rosto uma foto de um golEm vez de reza uma praga de alguémE um silêncio servindo de amémO bar mais perto depressa lotouMalandro junto com trabalhadorUm homem subiu na mesa do barE fez discurso para vereador

Veio camelô vender anel, cordão perfume baratoE baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gatoQuatro horas da manhã baixou o santo na porta bandeiraE a moçada resolveu parar e então... Ta lá o corpo estendido no chãoEm vez de rosto uma foto de um golEm vez de reza uma praga de alguémE um silêncio servindo de amém Sem pressa foi cada um pro seu ladoPensando numa mulher ou num timeOlhei o corpo no chão e fechei Minha janela de frente pro crime Veio camelô vender anel, cordão perfume baratoE baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gatoQuatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeiraE a moçada resolveu parar e então... Tá lá o corpo estendido no chão

TEXTO III

Rubem Fonseca é um outro grande autor da literatura contemporânea. Escritor de romances e contos, sua prosa é escrita em linguagem bastante concisa. O texto abaixo é um bom exemplo de sua literatura.

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RELATO DE OCORRÊNCIANa madrugada do dia 13 de maio, uma vaca marrom caminha na ponte do rio Coroado,

no quilômetro 53, em direção ao Rio de Janeiro.Um ônibus de passageiros da empresa Única Auto Ônibus, chapa RF 80-07-83 e JR 81-

12-27, trafega na ponte do rio Coroado em direção a São Paulo.Quando vê a vaca, o motorista Plínio Sérgio tenta se desviar. Bate na vaca, bate no muro

da ponte, o ônibus se precipita no rio.Em cima da ponte a vaca está morta.Debaixo da ponte estão mortos: uma mulher vestida de calça comprida e blusa amarela,

de vinte anos presumíveis e que nunca será identificada; Ovídia Monteiro, de trinta e quatro anos; Manuel dos Santos Pinhal, português, de trinta e cinco anos, que usava uma carteira de sócio do Sindicato de Empregados em Fábricas de Bebidas; o menino Reinaldo de um ano, filho de Manuel; Eduardo Varela, casado, quarenta e três anos.

O desastre foi presenciado por Elias Gentil dos Santos e sua mulher Lucília, residentes nas cercanias. Elias manda a mulher apanhar um facão em casa. Um facão?, pergunta Lucília. Um facão depressa, sua besta, diz Elias. Ele está preocupado. Ah! percebe Lucília. Lucília corre.

Surge Marcílio da Conceição. Elias olha com ódio para ele. Aparece também Ivonildo Moura Júnior. E aquela besta não traz o facão!, pensa Elias. Ele está com raiva de todo mundo, suas mãos tremem. Elias cospe no chão várias vezes, com força, até que a sua boca seca.

Bom dia, seu Elias, diz Marcílio. Bom dia, diz Elias entre dentes, olhando pros lados.Esse mulato!, pensa Elias.

Que coisa, diz Ivolnildo, depois de se debruçar na amurada da ponte e olhar os bombeiros e os policiais embaixo. Em cima da ponte, além do motorista de um carro da Polícia Rodoviária, estão apenas Elias, Marcílio e Ivonildo..

A situação não anda boa não, diz Elias olhando para a vaca. Ele não consegue tirar os olhos da vaca.

É verdade, diz Marcílio.Os três olham para a vaca.Ao longe vê-se o vulto de Lucília, correndo.Elias recomeçou a cuspir. Se eu pudesse eu também era rico, diz Elias. Marcílio e Ivonildo

balançam a cabeça, olham para a vaca e para Lucília, que se aproxima correndo. Lucília também não gosta de ver os dois homens. Bom dia, dona Lucília, diz Marcílio. Lucília responde balançando a cabeça. Demorei muito?, pergunta, sem fôlego, ao marido.

Elias segura o facão na mão, como se fosse um punhal; olha com ódio para Marcílio e Ivolnildo. Cospe no chão. Corre para cima da vaca.

No lombo é onde fica o filé, diz Lucília. Elias corta a vaca.Marcílio se aproxima. O senhor depois me empresta a sua faca, seu Elias?, pergunta

Marcílio. Não, responde Elias.Marcílio se afasta, andando apressadamente. Ivonildo corre em grande velocidade. Eles vão apanhar facas, diz Elias com raiva, aquele mulato, aquele corno. Suas mãos, sua

camisa e sua calça estão cheias de sangue. Você devia ter trazido uma bolsa, uma saca, duas sacas, imbecil. Vai buscar duas sacas, ordena Elias.

Lucília corre.Elias já cortou dois pedaços grandes de carne quando surgem, correndo, Marcílio e

sua mulher Dalva, Ivolnildo e sua sogra Aurélia e Erandir Medrado com seu irmão Valfrido Medrado. Todos carregam facas e facões. Atiram-se sobre a vaca.

Lucília chega correndo. Ela mal pode falar. Está grávida de oito meses, sofre de verminose e sua casa fica no alto de um morro. A ponte no alto de outro morro. Lucília trouxe uma segunda faca com ela. Lucília corta a vaca.

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Alguém me empresta a faca senão eu apreendo tudo, diz o motorista do carro da polícia. Os irmãos Medrado, que trouxeram vários facões, emprestam um ao motorista.

Com uma serra, um facão e uma machadinha aparece João Leitão, o açougueiro, acompanhado de dois ajudantes.

O senhor não pode, grita Elias.João Leitão se ajoelha perto da vaca.Não pode, diz Elias dando um empurrão em João. João cai sentado.Não pode, gritam os irmãos Medrado.Não pode, gritam todos, com exceção do motorista da polícia.João se afasta; a dez metros de distância, para; com os seus ajudantes, fica observando.A vaca está semidescarnada. Não foi fácil cortar o rabo. A cabeça e as patas ninguém

conseguiu cortar. As tripas ninguém quis.Elias encheu as duas sacas. Os outros homens usam as camisas como se fossem sacos..Quem primeiro se retira é Elias com a mulher. Faz um bifão pra mim, diz ele sorrindo

para Lucília. Vou pedir umas batatas a dona Dalva, vou fazer também umas batatas fritas para você, responde Lucília.

Os despojos da vaca estão estendidos numa poça de sangue. João chama com um assobio os seus dois auxiliares. Um deles traz um carrinho de mão. Os restos da vaca são colocados no carro. Na ponte fica apenas a poça de sangue.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. O título do conto de Ruben Fonseca remete a um outro tipo de texto: a ocorrência policial ou Boletim de ocorrência. Que elementos do texto confirmam isso?

2. Releia os cinco primeiros parágrafos do conto e identifique:

2.1. Um trecho de orientação narrativa. (Grife no texto e, a seguir, explique sua resposta).

2.2. Qual é o conflito ou elemento complicador da narrativa?

3. A narrativa tem início com um acidente grave com vítimas fatais. Observe, no entanto, que esse drama inicial deixa de ocupar o primeiro plano da narrativa.

3.1. Que outro drama passa a ocupar o primeiro plano da narrativa?

3.2. Quem são os personagens desse drama?

3.3. Como eles se relacionam na cena descrita?

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4. No conto, um personagem se destaca: Elias Gentil dos Santos.

4.1. Como se descreve, no conto, seu estado emocional? Que gesto, repetido pelo personagem, ajuda a descrever esse estado?

4.2. Há ironia na escolha do nome desse personagem? Explique sua resposta.

5. Na oficina anterior vimos que o pretérito (ou passado) é o tempo verbal que predomina em narrativas. Que tempo verbal predomina no conto lido? Analise essa escolha do autor.

Releia:

A situação não anda boa não, diz Elias olhando para a vaca. Ele não consegue tirar os olhos da vaca.

É verdade, diz Marcílio.

Os três olham para a vaca.

Ao longe vê-se o vulto de Lucília, correndo.

Elias recomeçou a cuspir. Se eu pudesse eu também era rico,

6. Como você interpreta a afirmação de Elias: “A situação não anda nada boa (...) se eu pudesse eu também era rico.” ?

Releia também:

Elias segura o facão na mão, como se fosse um punhal; olha com ódio para Marcílio e Ivolnildo.

7. Que expectativa essa informação do narrador poderia criar nos leitores?

8. Compare e comente os dois fragmentos abaixo, que apresentam Elias na relação com sua mulher Lucília:

Elias manda a mulher apanhar um facão em casa. Um facão?, perguntou Lucília. Um facão depressa, sua besta, diz Elias.

Faz um bifão pra mim, diz ele sorrindo para Lucília.

9. Releia a cena em que aparece o personagem João Leitão, o açougueiro. Por que todos o impedem de se aproximar, “com exceção do motorista da polícia”?. Que conflito se instaura nesse momento?

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10. A narrativa literária de Rubem Fonseca, com muita frequência, aborda o tema da violência. Na sua opinião, como esse tema é abordado no conto “Relato de ocorrência”?

11. Estabeleça aproximações entre essa narrativa de Ruben Fonseca e o conto “Uma vela para Dario”, de Dalton Trevisan.

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LENDO POEMASE FALANDO DE POESIA

OFICINA 5

Marilda Clareth Bispo de Oliveira

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Nesta oficina você vai ler vários poemas que falam da própria poesia. O primeiro foi escrito por Manoel de Barros, um escritor contemporâneo.

Manoel de Barros, poeta, advogado, fazendeiro em Cuiabá, nasceu em 1916. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas se revelou como poeta aos 13 anos. Desde a década de 1930 foram vários livros publicados. Sua poesia tem como temática o pantanal, representado através de sua natureza e o cotidiano marcado pelas experiências pantaneiras.

Manoel de Barros inventa e transforma a linguagem, a realidade, a vida, os sentimentos. Publicou, dentre outros, os livros: Poemas sem pecado (1937), O Livro das Ignorãnças(1993), Cantigas por um passarinho à toa (2003).

Texto I

Mundo PequenoManoel de Barros

Parte VI Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas. Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito. Eu pensava que fosse um sujeito escaleno. - Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse. Ele fez um limpamento em meus receios. O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas... E se riu. Você não é de bugre? - ele continuou. Que sim, eu respondi. Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas - Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros. Há que apenas saber errar bem o seu idioma. Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.

Conheça o significado de algumas palavras:

Preceptor- educador, instrutor, encarregado da educação de alguém.

Bugre- indivíduo rude, incivilizado, indígena, criado nos matos.

Ariticuns – árvore frutífera de 6 a 8 metros de altura que dá frutos comestíveis, espécie muito comum no cerrado.

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. Quais são os personagens do texto?

2. O texto que você acabou de ler narra uma história sobre:

a) Um menino doente que precisava da ajuda de um padre.

b) Um padre muito severo que via só o defeito do menino.

c) O medo de não poder ver a beleza das frases no texto.

d) O prazer da leitura, a partir da invenção da linguagem.

e) A importância da leitura de textos poéticos.

3. No enunciado “Eu pensava que fosse um sujeito escaleno”, a palavra em destaque por ser substituída sem perda de sentido por:

a) desobediente

b) teimoso

c) coerente

d) inconstante

e) diferente

4. O que o adolescente de 13 anos descobriu sobre si mesmo? Explique sua resposta.

5. “Ele fez um limpamento em meus receios”. Esse verso indica que Pe Ezequiel:

a) Explicou ideias que não estavam justificadas para o adolescente.

b) Confirmou os receios de Manoel, o leitor adolescente.

c) Entendeu que o adolescente ainda deveria aprender muito.

d) Sugeriu que o adolescente estudasse mais a gramática.

e) Orientou Manoel, explicando o que é um desvio de linguagem.

6. Como o Padre Ezequiel fez o “limpamento” dos receios de Manoel? Escreva um argumento usado pelo padre.

7. Com base na leitura do texto, podemos dizer que Manoel é apresentado como leitor e também como escritor. Transcreva do texto versos que confirmam isso.

8. Padre Ezequiel é o preceptor, isto é, o instrutor, o educador, o conselheiro de Manoel. Transcreva o fragmento do texto que expressa o conselho que o padre dá a Manoel. Justifique também a preocupação do padre em dar este conselho.

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9. “Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.”

Nesse enunciado, há uma situação que provoca surpresa. Identifique-a e explique a afirmação feita por Manoel.

Vamos ler mais um poema do poeta Manoel de Barros.

Texto II

UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃOII

Desinventar objetos. O pente, por exemplo. Dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha. Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma.

Conheça o significado da palavra: Gravanha - folha seca de pinheiro

1. Considerando a leitura do poema, a palavra desinventar significa:

a) Criar um novo objeto.

b) Reinventar um novo objeto.

c) Dar uma nova função para um objeto.

d) Destruir totalmente o objeto velho.

e) Criar um novo nome para o objeto.

2. Leia os versos do poema transcritos abaixo

“Desinventar objetos. O pente, por exemplo.

Dar ao pente funções de não pentear.”

O poeta usa a estratégia de exemplificar. Atribua uma intenção ao uso deste recurso discursivo.

3. O pente, de acordo com a leitura do poema, deverá assumir novas funções, um novo estado de ser. Transcreva do poema o verso que confirma isto.

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4. No verso “Dar ao pente funções de não pentear”, o verbo em destaque dar é uma pista linguística que nos permite identificar a metáfora :

a) do poeta como um criador, um inventor.

b) do pente como um simples objeto.

c) do poeta como um repetidor incansável

d) do pente como uma pessoa maleável

e) do poema como objeto imutável.

5. O que significa estar à disposição de ser begônia ou gravanha?

6. O poema que você está lendo é a parte II do poema intitulado “UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO”. Veja o que o dicionário nos informa sobre o sentido da palavra Didática:

Didática: [Fem. substantivado de didático.] S. f. 1. A técnica de dirigir e orientar a aprendizagem; técnica de ensino. 2. O estudo dessa técnica.

Considerando o sentido da palavra didática, explique o título do poema.

7. Que técnicas o poeta utiliza para “ensinar a invenção”?

Vamos conhecer agora outro poeta da literatura brasileira, Solano Trindade. Escolhemos, desse autor, dois textos que também tratam do fazer-poético.

Solano Trindade (1908 -1973) é grande um poeta brasileiro que nasceu em Pernambuco. Pobre, filho de sapateiro, foi conhecido, nos meios intelectuais, como o Grande Poeta Negro brasileiro. Sua grande preocupação era criar centros culturais para promover, divulgar o trabalho de artistas negros. Poeta do povo, tinha uma profunda consciência dos problemas sociais, das dificuldades vividas pelos

descendentes afrobrasileiros. Poeta, cineasta, pintor, teatrólogo, ator, estudioso da cultura popular e da cultura negra, o seu trabalho foi reconhecido internacionalmente. Elogiado por intelectuais importantes, como Darcy Ribeiro, Carlos Drummond de Andrade, Solano Trindade não só fazia poesias, mas participava de várias atividades ligadas à arte, à cultura, aos movimentos de conscientização do negro. Publicou: Poemas Negros (1936), Poemas de uma vida simples (1944),Seis tempos de poesia (1958) e Cantares ao meu povo (1961).

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Texto III

EstéticaSolano Trindade

Não disciplinareiAs minhas emoções estéticasDeixá-las-ei à vontadeComo o meu desejo de viver...

É grande o espaçoEmbora se criem limites...

Basta somenteQue eu sofra a disciplina da vidaMas a estéticaDeve ser sempre liberta

ATIVIDADES DE LEITURA

Antes de iniciar as atividades de leitura, considere o verbete transcrito abaixo:

Estética [Fem. substantivado do adj. estético.] S. f. 1. Estudo das condições e dos efeitos da criação artística.2. Tradicionalmente, estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade da sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoções e sentimentos que ele suscita no homem.3. Caráter estético; beleza: a estética de um monumento, de um gesto.4. Beleza física; plástica: Ia à praia para apreciar a estética das garotas.

1. O que o poeta se propõe, na primeira estrofe?

2. Releia:

“É grande o espaço/ Embora se criem limites...”

2.1. A oração “embora se criem limites” pode ser reescrita de todas as formas abaixo, EXCETO:

a) Mesmo que se criem limites...

b) Apesar de se criarem limites...

c) Já que se criam imites...

d) Apesar de limites serem criados...

e) Mesmo que sejam criados limites...

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2.2. A conjunção embora estabelece relação semântica de:

a) Causa

b) Concessão

c) Tempo

d) Lugar

e) Consequência

3. No poema, o poeta reconhece que há:

a) liberdade e limitação tanto na forma de expressão poética quanto no desejo de viver.

b) restrições em seu desejo de viver e liberdade total em seu processo de escrever poesias.

c) diferença entre a liberdade presente em seu desejo de viver e a liberdade em sua vida.

d) muitas semelhanças entre as limitações existentes em sua estética e em sua própria vida.

e) uma diferença muito grande entre as suas emoções estéticas e o seu desejo de viver.

4. No poema, o poeta se apresenta em duas situações discursivas diferentes. Em um momento ele assume uma atitude de comando, de controle sobre suas ações. Em outra situação, o poeta se vê limitado ou submetido a regras ou imposições. Transcreva os versos que mostram esta mudança de atitude comunicativa do sujeito lírico.

5. Considerando o uso do verbo disciplinar, podemos dizer que este item linguístico deflagra todas as seguintes metáforas apresentadas nas opções abaixo, exceto:

a) O poeta é o libertador da poesia.

b) Viver é sofrer punições.

c) A vida é o juiz do poeta.

d) A vida é o professor do poeta.

e) O poeta é o repressor da poesia.

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6. Leia a informação abaixo.

O Modernismo brasileiro, para alguns autores, pode ser dividido em duas fases: O período de combate (1922 - 1930) e o período de “construção” (1930 - 1945). A primeira fase é marcada pela difusão de novas ideias, pela crítica à literatura tradicional. A segunda fase é marcada pela consolidação da renovação proposta tanto na linguagem quanto na técnica para criar formas de representação da vida. A busca de liberdade de pensar e de se expressar sentimentos, a partir de uma linguagem simples, a valorização do popular eram objetivos da escola/estética modernista.

De acordo com as informações que você leu podemos afirmar que:

a) O poema de Solano Trindade se enquadra na Estética Modernista, já que defende a liberdade de suas emoções estéticas.

b) A crítica à literatura tradicional não aparece no poema de Solano Trindade, pois ele não participa da Estética Modernista.

c) A renovação da linguagem e da forma de expressão das emoções estéticas não são propósitos do poeta Solano Trindade.

d) O autor Solano Trindade pertence ao movimento Modernista, mas ele não valoriza a liberdade de expressão poética.

e) A poesia de Solano Trindade pertence à Estética Modernista, pois busca o rigor formal, o rigor da expressão de emoções.

Você vai ler, agora, outro poema de Solano Trindade, o Poeta do Povo.

TEXTO IV

Eu gosto de ler gostandoEu gosto de ler gostando,Gozando a poesia,Como se ela fosseUma boa camarada,Dessas que beijam a genteGostando de ser beijada.

Eu gosto de ler gostandoGozando assim o poema,Como se ele fosseBoca de mulher puraSimples boa libertadaBoca de mulher que pensa...Dessas que a gente gostaGostando de ser gostada

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1. O tema do poema é:

a) O fazer poético.

b) O prazer de fazer poesia.

c) A arte de compor poemas.

d) O prazer da criação estética.

e) O prazer de ler poesias.

2. Neste poema encontramos todas as metáforas apresentadas nos itens abaixo, exceto:

a) A poesia é uma mulher livre.

b) Ler poemas é vivenciar um prazer.

c) Ler poesias é beijar e ser beijado.

d) A poesia é uma boca de mulher.

e) A leitura de poesias é uma viagem.

3. Nos dois primeiros versos do poema, o poeta “joga” com duas palavras, dois verbos: gostar e gozar. Que efeitos essas escolhas produzem?

4. Retire do poema versos em que “a poesia é mulher”.

5. Como o poeta caracteriza essa mulher? Resuma com suas palavras essa caracterização.

6. O que seria um poema com as características de mulher que você listou acima?

Conheça um outro grande poeta brasileiro: José Paulo Paes.

José Paulo Paes (1926-1998) nasceu em Taquiritinga, São Paulo. Formou-se em Química Industrial, em Curitiba, Paraná. Publicou seu primeiro livro de poesia, O Aluno, em 1947. Escreveu em jornais, revistas e se destacou como tradutor de obras de autores importantes. A poesia de Paulo Paes é de tendência contemporânea. Sabe inventar, fazer da linguagem um recurso valioso para a construção de sentidos e de formas de expressão bastante inovadoras.

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Texto V

ConvitePoesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião.

Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam.

As palavras não: quanto mais se brinca com elas mais novas ficam.

Como a água do rio que é água sempre nova. Como cada dia que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?

1. No poema de Solano Trindade, lido anteriormente, encontramos algumas metáforas para definir “poesia”: “Ler é amar”; “Ler é gozar”. Que metáfora está presente no texto de José Paulo Paes?

2. O que significa “brincar com as palavras”?

3. A única metáfora poética que NÃO contribui para organizar o sentido do poema Convite de Paulo Paes é:

a) A leitura de poesia é um jogo, um prazer.

b) Ler poesias é brincar com significados.

c) Brincar com palavras é inventar sentidos.

d) Ler poesia é jogar com as palavras.

e) O poeta é um carcereiro de palavras.

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4. Releia os versos abaixo:

“Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam.

A expressão em destaque, só que, determina a seguinte relação semântica:

a) Negação

b) Tempo

c) Lugar

d) Ressalva

e) Justificativa

5. Entre a segunda e a terceira estrofe identificamos uma relação de:

a) Oposição

b) Causa

c) Consequência

d) Condição

e) Conformidade

6. Depois de comparar poesia e brincadeira infantil, o poeta aponta uma diferença entre ambas. Como você entende essa diferenciação?

7. Qual é a ideia defendida pelo poeta sobre a leitura de poesias.

8. Escreva pelo menos um argumento usado pelo autor para defender a opinião apresentada no poema.

9. Encontre duas imagens criadas pelo poeta para justificar também a opinião defendida.

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TEXTOS EM DIÁLOGO

Leia os textos a seguir e encontre semelhanças entre eles e os poemas trabalhados nesta oficina. Considere, portanto, o que você leu, estudou, conheceu nesta oficina

Texto I

“ Poesia é voar fora da asa.” (Manuel de Barros)

Texto IIExplicação da poesia sem ninguém pedir

(Adélia Prado)Um trem de ferro é uma coisa mecânica,Mas atravessou a noite, a madrugada, o dia,Atravessou minha vida,Virou só sentimento.

Texto IIISenhora Gramática

Solano Trindade

Senhora gramáticaPerdoai os meus pecados gramaticais.Se não perdoardesSenhoraEu errarei mais.

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Anotações

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OFICINA 6

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A POESIA MODERNISTAOFICINA 6

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

A literatura sempre falou do Amor, em prosa e em poesia. Os poemas que você vai ler falam de Amor e foram escritos por dois grandes poetas brasileiros: o primeiro, por Castro Alves; o segundo, por Manuel Bandeira. Leia os textos atentamente e observe como eles “dialogam” entre si. Antes, porém, saiba quem foi Castro Alves.

Castro Alves é um dos nossos mais importantes poetas do século XIX. Nasceu em Salvador, em 14 de março de 1847. Morreu bastante jovem, aos 24 anos, já tendo produzido uma obra grandiosa. É conhecido como Poeta dos Escravos, pois suas poesias mais conhecidas procuraram combater a escravidão, e por essa causa ele lutou muito.

Sobre essa temática, são muito conhecidos os poemas “Vozes D’África” e “Navio Negreiro”. Escreveu também lindos poemas de amor, marcados por lirismo e por muita sensualidade.

TEXTO I

O “adeus” de Teresa Castro Alves

A vez primeira que eu fitei Teresa, Como as plantas que arrasta a correnteza, A valsa nos levou nos giros seus E amamos juntos E depois na sala “Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala E ela, corando, murmurou-me: “adeus.” Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . . E da alcova saía um cavaleiro Inda beijando uma mulher sem véus Era eu. Era a pálida Teresa! “Adeus” lhe disse conservando-a presa E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”

Passaram tempos sec’los de delírio Prazeres divinais gozos do Empíreo ... Mas um dia volvi aos lares meus. Partindo eu disse - “Voltarei! descansa!. . . “ Ela, chorando mais que uma criança, Ela em soluços murmurou-me: “adeus!” Quando voltei era o palácio em festa! E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra Preenchiam de amor o azul dos céus. Entrei! Ela me olhou branca surpresa! Foi a última vez que eu vi Teresa! E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

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TEXTO II

Manuel Bandeira nasceu em Recife, em 19 de abril de 1886 e morreu aos 82 anos. Foi poeta, crítico literário, tradutor e professor de literatura. Produziu vasta obra poética. Juntamente com Mário e Oswald de Andrade participou da Semana de Arte Moderna, evento realizado no Teatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922, que “inaugura” o Modernismo Brasileiro, movimento

que impulsinona a construção de uma literatura brasileira mais autônoma em relação aos padrões europeus, que nos serviam de modelo naquela época.

Teresa Manuel Bandeira

A primeira vez que vi Teresa Achei que ela tinha pernas estúpidas Achei também que a cara parecia uma perna Quando vi Teresa de novo Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo (Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse) Da terceira vez não vi mais nada Os céus se misturaram com a terra E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

Conheça o significado de algumas palavras:

Reposteiro - cortina pendente nas portas interiores da casa.

Alcova - quarto de dormir; quarto de mulher, dormitório de casal.

Arquejar - respirar com dificuldade, ofegar, ansiar.Referência: Dicionário Aurélio- versão digital.

ATIVIDADES DE LEITURA

Para melhor compreender os poemas, resolva as questões abaixo.

1. O poema de Castro Alves tem estrutura narrativa, ou seja, ele narra acontecimentos que envolvem Teresa e seu amante.

1.1. Gripe, no poema, as expressões de tempo que organizam os episódios da história contada.

1.2. Que momentos ou fases da vida dos amantes o texto destaca?

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1.3. Explique o título do poema.

1.4. Como você compreende o desfecho da narrativa?

1.5. Releia as estrofes abaixo, que são uma espécie de “refrão”, no poema:

E ela, corando, murmurou-me: “adeus.” E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

O que indicam as pequenas modificações feitas nesse refrão?

2. Releia, agora, o poema de Manuel Bandeira.

2.1. Construa sua interpretação dos versos abaixo:

a) “Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo”

b) “Os céus se misturaram com a terra/ E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.”

3. Compare o poema de Bandeira ao poema de Castro Alves.

3.1. Que semelhanças há entre eles?

3.2. Em que os textos diferem?

4. O texto de Manuel Bandeira pode ser considerado uma paródia do texto de Castro Alves. Explique por quê.

paródia [Do gr. parodía, ‘canto ao lado de outro’, pelo lat. parodia.] Substantivo feminino. 1.Imitação cômica de uma composição literária. Fonte: Dicionário Aurélio – versão digital

Leia agora dois outros poemas de amor. Um deles é também de Manuel Bandeira. Mais uma vez esse autor dialoga com outro escritor romântico: Joaquim Manuel de Macedo.

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TEXTO III

Joaquim M. de Macedo

“Mulher, irmã, escuta-me: não amesQuando a teus pés um homem terno e curvoJurar amor, chorar pranto de sangue,Não creias não, mulher, ele te engana!As lágrimas são galas da mentira.E o juramento manto da perfídia.”

TEXTO IV

Tradução Manuel Bandeira

Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de vocêE te jurar uma paixão do tamanho de um bondeSe ele chorarSe ele se ajoelharSe ele se rasgar todoNão acredita não TeresaÉ lágrima de cinemaÉ tapeaçãoMentiraCAI FORA.

Conheça o significado de algumas palavrasGala- traje de gala; pompa; ornamentação ou enfeites ricos, preciosos.Perfídia- deslealdade, traição.

Referência: Dicionário Aurélio- versão digital.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. Qual é o tema do texto de Joaquim Manuel de Macedo?

2. Explique o sentido das expressões metafóricas abaixo:

3. Leia agora o texto de Manuel Bandeira. Considere, atentamente, o diálogo ente o texto de Bandeira e o de Macedo.

3.1. Explique o título do texto de Bandeira.

3.2. O texto de Bandeira pode ser considerado uma paródia?

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Você vai conhecer agora outro grande autor do Modernismo Brasileiro: o poeta Oswald de Andrade.

Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, em 11 de janeiro de 1890. Seu espírito combativo e irreverente fez dele um dos escritores mais importantes do Modernismo e da Literatura brasileira. Juntamente com Mário de Andrade e Manuel Bandeira, Oswald representa o Modernismo de 22. Escreveu o “Manifesto Antropofágico”, em que propôs que o Brasil “devorasse” a cultura estrangeira e criasse uma cultura revolucionária própria. Morreu aos 64 anos.

EPITÁFIOOswald de Andrade

Eu sou redondo, redondo Redondo, redondo eu sei Eu sou urna redond’ilha Das mulheres que beijei Por falecer do oh! amor Das mulheres de minh’ilha Minha caveira rirá ah! ah! ah! Pensando na redondilha

ATIVIDADE DE LEITURA

Considerando seu conhecimento sobre o Modernismo Brasileiro, apresente sua leitura do texto acima: por que ele tem esse título?; onde se pode notar o humor nesse poema?; que imagem recorre nos versos?

Considere o verbete abaixo para construir sua resposta

epitáfio [Do gr. epitáphion, pelo lat. epitaphiu.] Substantivo masculino. 1.Inscrição tumular. 2.P. ext. Lápide ou tabuleta com epitáfio (1). 3.Elogio fúnebre. 4.Arte Poét. Espécie de poesia satírica (em geral uma quadra) feita sobre um vivo como se se tratasse de um morto.

Dicionário Aurélio – Versão Digital

Você vai ler agora um último texto do poeta Manuel Bandeira.

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TEXTO VI

Poética Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Conheça o significado de algumas palavras:

Lirismo- poesia líricaVernáculo- linguagem pura, correta, isenta de estrangeirismosBarbarismos- erro de pronúncia, grafia, forma gramatical ou significaçãoPungente- comoventeClow- palhaço

Referência: Dicionário Aurélio- versão digital.

1. Qual é o tema do texto de Manuel Bandeira?

2. Que tipo de poeta e de poesia o autor critica?

3. Que tipo de poesia o poeta valoriza?

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O TEXTO EXPOSITIVOdivulgando a ciência

OFICINA 7

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

O texto que você vai ler foi retirado da Revista Veja Especial, edição de novembro de 2002.

TEXTO I

Os novos horizontes da ciência

O que está em pesquisa nos laboratórios mais modernos do mundo para vencer as doenças associadas ao envelhecimento

No clássico Teogonia, escrito 700 anos antes do nascimento de Cristo, o poeta grego Hesíodo conta a seguinte história: Eos, a deusa da alvorada, pede que Zeus conceda a vida eterna a Títon, príncipe de Tróia e seu grande amor. Seu desejo é atendido. Ela não se lembra, porém, de pedir que ele também permaneça jovem para sempre. O tempo passa. Carcomido pela velhice, sem conseguir mais mexer as mãos e os pés, Títon quer morrer. Clama por isso. Mas se tornou imortal, está acorrentado à velhice. Quando entra em total estado de decrepitude, Eos, compadecida, o transforma em gafanhoto, o mais musical dos insetos, para ouvir eternamente a voz de seu amado.

O mito transmitido por Hesíodo construiu-se a partir de duas dificuldades que, aos povos antigos, pareciam ser tão intransponíveis quanto voar – a de uma pessoa viver por décadas a fio e a de um velho manter a força dos verdes anos. Desde então, é uma obviedade ululante, vários obstáculos foram superados nos dois aspectos. No entanto, para a realização do sonho de uma juventude que ultrapasse os limites biológicos, a ciência ainda tem de percorrer um árduo caminho. Não foi decifrado, por exemplo, o processo de envelhecimento em toda a sua complexidade. E esse ponto é fundamental para que se consiga detê-lo.

É curioso notar que essas questões não fazem parte da ordem natural das coisas. No livro Como e Por que Envelhecemos, o médico americano Leonard Hayflick, professor de anatomia da Universidade da Califórnia, observa que o envelhecimento é um produto da civilização. “A natureza planejou as coisas de modo que morrêssemos antes de envelhecer. O envelhecimento é um fenômeno que a natureza nunca pretendeu que experimentássemos”, escreve Hayflick. Ele explica que a degeneração do corpo humano começa entre 25 e 30 anos. Isso porque, nessa época da vida, homens e mulheres já teriam cumprido a sua única função: a de gerar uma prole, garantindo, assim, a continuidade da espécie. Morrer cedo, portanto, está inscrito na lógica dos genes – contra a qual, felizmente, nos opomos. Graças às conquistas da civilização, o homem aprendeu a domar as adversidades que encurtavam demais a sua expectativa de vida. Em contrapartida, viu-se obrigado a enfrentar doenças associadas ao envelhecimento (caso do câncer e dos distúrbios cardíacos). Veja a seguir quais são as armas que a ciência está desenvolvendo para ganhar essa batalha.

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CÉLULAS-TRONCO

Uma das grandes esperanças da medicina são as células-tronco. Sem função específica, elas podem se transformar em qualquer um dos mais de 200 tipos de células diferentes que compõem o corpo humano. Dada essa versatilidade, vêm sendo testadas na regeneração de tecidos e órgãos lesados de pessoas doentes. Entre elas, vítimas de diabetes, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, distúrbios cardiovasculares e vários tipos de câncer. Experiências de sucesso já foram feitas com portadores de leucemia e determinados problemas cardíacos. A melhor fonte de células-tronco são os embriões com até uma semana de gestação – quando eles não passam, do ponto de vista da ciência, de um amontoado de células sem função específica. Os estudos com células-tronco começaram em 1998. Desde então, avançaram em ritmo espantoso. Hoje já se sabe que é possível encontrar células-tronco no sangue do cordão umbilical de um bebê recém-nascido e no organismo de um adulto, ainda que em quantidades inferiores e com uma capacidade de multiplicação inferior à das encontradas em embriões. A descoberta resolve dois problemas. O primeiro é técnico: com uma célula-tronco própria, o paciente se livra do risco de rejeição. O segundo, ético-religioso: a Igreja Católica e governos comprometidos com fundamentalistas cristãos, como o dos Estados Unidos, condenam a utilização de embriões humanos para experimentos científicos. O uso das células-tronco em tratamentos médicos é relativamente simples. Em laboratório, os cientistas induzem essas células a se especializar em células do tecido ou órgão a ser regenerado. Em seguida, injetam as células-tronco modificadas no doente e esperam que elas se reproduzam. Atualmente, é possível transformar células-tronco em cerca de 150 tipos de células especializadas.

VEJA ESPECIAL, novembro 2002.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. O objetivo do texto lido é:

a) argumentar que o envelhecimento é um produto da civilização.

b) argumentar que as pessoas hoje não querem envelhecer.

c) discutir a importância do mito de Hesíodo.

d) apresentar as possibilidades da pesquisa com células-tronco.

e) argumentar sobre os riscos de se utilizar células-tronco.

2. Qual é o tema do texto lido?

3. Leia atentamente:

Mito – narrativa na qual aparecem seres e acontecimentos imaginários, que simbolizam forças da natureza, aspectos da vida humana, etc.

Dicionário Aurélio Digital

3.1. Que “aspectos da vida humana” o mito de Hesíodo discute?

3.2. Qual é a função dessa narrativa no texto?

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4. Releia:

“Desde então, é uma obviedade ululante, vários obstáculos foram superados nos dois aspectos. No entanto, para a realização do sonho de uma juventude que ultrapasse os limites biológicos, a ciência ainda tem de percorrer um árduo caminho.”

O conector grifado no texto estabelece com o período anterior uma relação de:

a) finalidade.

b) consequência.

c) causa.

d) condição.

e) oposição.

5. Releia:

“No livro Como e Por que Envelhecemos, o médico americano Leonard Hayflick (...) observa que o envelhecimento é um produto da civilização.”

5.1. A frase que melhor explica a afirmação do médico americano é:

a) O ser humano desejou envelhecer.

b) O ser humano sempre lutou contra o envelhecimento.

c) O ser humano quer vencer a morte e o envelhecimento.

c) Os avanços da ciência possibilitaram ao ser humano envelhecer.

d) Os avanços da ciência conseguiram vencer o envelhecimento.

5.2. A afirmação do médico americano é sustentada por um argumento. Reconheça esse argumento no texto.

6. O texto fala da “luta contra o envelhecimento”. Temos aqui uma METÁFORA. Grife, no texto, as expressões metafóricas que remetem a essa metáfora.

Releia agora a segunda parte do texto, de conteúdo expositivo, que reúne diversas informações sobre “célula-tronco”. Responda:

7. O que é célula-tronco?

8. Que doenças estão sendo combatidas com o uso de células-tronco?

9. O que é célula-tronco embrionária?

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10. Que polêmica envolve o uso de célula-tronco embrionária?

11. Onde se encontram células-tronco?

12. Como as células-tronco são utilizadas em tratamentos médicos?

13. Releia atentamente o trecho abaixo, retirado do texto lido:

“A melhor fonte de células-tronco são os embriões com até uma semana de gestação – quando eles não passam, do ponto de vista da ciência, de um amontoado de células sem função específica.”

Leia, também, o fragmento de uma entrevista concedida por Dom Geraldo Majella, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), à Revista Época, publicada em janeiro de 2005.

ÉPOCA - O senhor acha que está (a utilização de células-tronco) mais para um negócio?

DOM GERALDO - No horizonte da fé cristã, que compreende o ser humano como criatura, imagem e semelhança de Deus criador, há uma dignidade inviolável. Pensar que um embrião possa ser destruído, manipulado, tratado como um objeto para aproveitar o poder especial de suas células não é muito diferente de comercializar crianças com a finalidade de utilizar seus órgãos, transplantando-os em indivíduos doentes. A pesquisa com células-tronco pode perfeitamente progredir usando as de organismos adultos e as de placenta e do cordão umbilical. Não é verdade que a pesquisa científica é impedida quando não se lança mão das células retiradas de embriões humanos.

Compare os textos acima e exponha a diferença entre os posicionamentos manifestados:

TEXTO II

Vamos ler agora um texto que aprofunda a discussão anterior, abordando especificamente a utilização de células-tronco embrionárias pela ciência.

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04/03/2008 - 19h20

Entenda o que são células-tronco embrionárias

As células-tronco embrionárias são consideradas esperança de cura para algumas das doenças mais mortais. Elas podem se converter em praticamente todos os tecidos do corpo humano. Entretanto, o método de sua obtenção é polêmico, já que a maioria das técnicas implementadas nessa área exige a destruição do embrião.

A forma mais comum de obtenção destas células ainda é por meio de embriões congelados. Nesta técnica, óvulos fertilizados em clínicas de reprodução assistida se desenvolvem até o estágio conhecido como blastocisto. Após chegar a este estágio, o embrião é destruído e as células-tronco são removidas.

(...)

Alternativas

Uma nova técnica anunciada no ano passado utiliza células humanas adultas da pele para criar células-tronco embrionárias “induzidas”. A técnica, que ainda está em fase experimental, consiste em fazer com que as células da pele “voltem no tempo” e passem a agir como se fossem as versáteis células-tronco embrionárias, conseguindo posteriormente se diferenciar em outros tecidos do corpo.

Uma alternativa à utilização das células embrionárias é a utilização de células-tronco adultas derivadas de tecidos do organismo, como a medula óssea e cordão umbilical. Estas, no entanto, têm capacidade limitada de diferenciação. Células adultas já são usadas em terapia experimental atualmente, no tratamento de algumas doenças como leucemias, mal de Chagas, diabetes e anemia falciforme.

Debate ético

Recentemente, cientistas norte-americanos anunciaram uma descoberta que, caso confirmada, pode pôr fim à polêmica envolvendo a utilização de células de embriões. Os pesquisadores afirmam ter conseguido produzir células-tronco embrionárias sem a necessidade de destruir o embrião.

O novo método consiste em retirar uma única célula do embrião seguindo um procedimento utilizado em clínicas de fertilização in vitro para fazer diagnósticos de defeitos genéticos. A retirada é feita ainda nos estágios iniciais do embrião, quando ele é formado por poucas células. De acordo com os pesquisadores, o método em geral não prejudica o embrião, que é congelado e supostamente pode ser utilizado em um futuro processo de fertilização.

É preciso ressaltar, entretanto, que a mesma empresa havia divulgado o mesmo feito em agosto de 2006, na conceituada revista “Nature”. Porém, no mesmo ano os cientistas publicaram uma “correção” do artigo na revista, afirmando que os embriões utilizados na pesquisa foram, sim, destruídos.

Com Folha de S.Paulo

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. O objetivo do texto é:

a) expor informações sobre células-tronco embrionárias.

b) defender a utilização terapêutica de células-tronco embrionárias.

c) polemizar em torno da utilização, em pesquisa, de células-tronco embrionárias.

d) defender alternativas à utilização de células-tronco embrionárias.

e) defender a tese de que o embrião é uma vida.

2. Segundo o texto, por que as células-tronco embrionárias são tão importantes para a ciência?

3. Por que a utilização de células-tronco embrionárias é polêmica?

4. Diante da polêmica que envolve o uso de células-tronco embrionárias, a ciência vem buscando alternativas. Que alternativas o texto apresenta à utilização desse tipo de célula?

5. Releia:

Uma alternativa à utilização das células embrionárias é a utilização de células-tronco adultas derivadas de tecidos do organismo, como a medula óssea e cordão umbilical. Estas, no entanto, têm capacidade limitada de diferenciação.

O pronome grifado refere-se, no texto, à expressão:

a) células-tronco;

b) células-tronco embrionárias;

c) tecidos do organismo;

d) células-tronco da medula e do cordão umbilical;

e) doenças.

6. Considere o verbete abaixo:

ética [Do lat. ethica < gr. ethiké.] Substantivo feminino. 1.Filos. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. [Cf. bem (1) e moral (1).]

Dicionário Aurélio – Versão digital

Explique o título da terceira parte do texto, considerando o sentido de “ética”.

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7. Qual é o tema da terceira parte do texto?

8. Releia:

Recentemente, cientistas norte-americanos anunciaram uma descoberta que, caso confirmada, pode pôr fim à polêmica envolvendo a utilização de células de embriões.

O conector grifado expressa ideia de:

a) afirmação;

b) condição;

c) finalidade;

d) consequência;

e) oposição.

9. Releia atentamente o último parágrafo do texto:

É preciso ressaltar, entretanto, que a mesma empresa havia divulgado o mesmo feito em agosto de 2006, na conceituada revista “Nature”. Porém, no mesmo ano os cientistas publicaram uma “correção” do artigo na revista, afirmando que os embriões utilizados na pesquisa foram, sim, destruídos.

9.1. Qual é o conector responsável por articular esse parágrafo com o anterior?

9.2. Considerando o valor semântico desse conector, explique a relação de sentido presente entre os dois parágrafos.

10. Considere ainda a seguinte afirmação:

De acordo com os pesquisadores, o método em geral não prejudica o embrião, que é congelado e supostamente pode ser utilizado em um futuro processo de fertilização.

O que a palavra grifada poderia nos dizer a respeito do posicionamento do autor do texto?

VAMOS ESCREVER

Você leu dois textos sobre o potencial das células-tronco de curar doenças para as quais a ciência ainda não via solução definitiva. No Brasil, houve muita polêmica até que se aprovasse a lei regulamentando a utilização dessas células pela ciência, particularmente a utilização das células-tronco embrionárias. Depois de muita discussão, veja como ficou a lei brasileira a respeito desse tópico:

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Leis nacionais

O que dizem as leis de alguns países sobre a clonagem de células tronco.

Brasil – permite a utilização de células-tronco produzidas a partir de embriões humanos para fins de pesquisa e terapia, desde que sejam embriões inviáveis ou estejam congelados há mais de três anos. Em todos os casos, é necessário o consentimento dos pais. A comercialização do material biológico é crime. Em 29 de maio de 2008 o Supremo Tribunal Federal confirmou que a lei em questão é constitucional, ratificando assim o posicionamento normativo dessa nação.

Fonte: http://pt.wikipedia.org

Você vai agora escrever um texto expositivo-argumentativo sobre o tema. Sugerimos que você organize seu texto seguindo o esquema abaixo:

• Parágrafo 1 – contrua um parágrafo introdutório de conteúdo expositivo, oferecendo informações gerais ao leitor sobre “células-tronco”: I) o que são células-tronco?; II) que doenças poderiam ser combatidas com sua utilização? III) onde podem ser encontradas?; IV) como são utilizadas em tratamentos médicos?

• Parágrafo 2 – no segundo parágrafo apresente a polêmica envolvendo as células-tronco embrionárias: I) o que são as células-tronco embrionárias?; II) por que elas são tão importantes para a ciência?; III) por que sua utilização é polêmica?

• Parágrafo 3 – no terceiro parágrafo, posicione-se a respeito da utilização das células embrionárias, concluindo seu texto. Você pode citar a lei brasileira. Pode também valer-se de alguns dos argumentos expostos no quadro abaixo.

VALE USAR EMBRIÕES?

Sou a favor. O embrião é uma vida em potencial e sua utilização fará parte de um projeto maior, que é o de salvar vidas.

Enquanto a ciência não avançar na discussão do que seja a vida, a ciência deveria investir no emprego das células-tronco adultas, deixando para mais tarde o uso das embrionárias, quando a nossa visão do embrião for mais abrangente.

Acho legítimo usar embriões de clínicas de fertilização para curar pessoas com doenças letais. Melhor do que jogar no lixo os embriões não utilizados é aproveitar suas células para curar doenças graves.”

Considero que usar células-tronco embrionárias é um atentado contra a vida. Quem defende isso argumenta que vão usar um embrião que iria para o lixo. Mas jogar vidas no lixo é antiético e criminoso.

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Anotações

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A CRÔNICA um olhar sobre o cotidiano

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Lúcia Helena Furtado Moura

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Os dois textos que você vai ler são de escritores brasileiros que se destacaram como cronistas. São ambos modernistas e se tornaram especialistas na redação de crônica de jornal. São escritores que colaboraram para elevação da crônica a gênero literário, ao lado de outros nomes como Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade. São eles: Fernando Sabino e Clarice Lispector.

TEXTO I

A Última Crônica Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “Assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar para fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, torna-se mais evidente pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção de bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

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São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia de bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você...” Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai no colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

ATIVIDADES DE LEITURA

Agora que você leu a crônica de Fernando Sabino, procure responder as questões abaixo:

1. Leia com atenção a informação abaixo:

A crônica não é um gênero maior, já escreveu Antônio Cândido. Graças a Deus, completa o crítico, porque sendo assim ela fica perto de nós (...) Na sua despretensão, ela humaniza, e esta humanização lhe permite, como compensação sorrateira, recuperar com a outra mão uma certa profundidade de significado e um certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada embora discreta candidata à perfeição.

Responda:

1.1. Relacione o conteúdo da frase: “... na sua despretensão, a crônica humaniza”, com o assunto da “Última Crônica”, de Fernando Sabino.

1.2. Discuta a forma empregada pelo cronista para redigir a “Última Crônica”.

2. Leia com atenção as informações contidas no quadro abaixo:

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA CRÔNICA

Temas ligados ao cotidiano

Linguagem despojada e coloquial

Conteúdo subjetivo e pessoal

Extensão limitada

Identifique essas características no texto de Fernando Sabino, exemplificando-as.

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3. Leia atentamente as palavras grifadas:

“...uma negrinha de seus três anos...” “... toda arrumadinha no vestido pobre, mal ousa balançar as perninhas”. “... a menininha repousa o queixo no mármore” “A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo”.

Qual é o recurso linguístico empregado pelo autor no fragmento acima? Com que intenção ele o utiliza?

4. O autor afirma: “Ninguém mais os observa além de mim” (4º parágrafo). Explicite a razão (motivo) que levaria o cronista a fazer este comentário.

5. Leia: “Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome...” (2º parágrafo). Explique o significado do algo mais a que se refere o cronista.

6. O autor presencia fato merecedor para sua última crônica e comenta: “lanço então um último olhar para fora de mim onde vivem os assuntos que merecem uma crônica”. (1º parágrafo). Resuma, em poucas palavras, o fato que originou a crônica.

7 – Leia com atenção a informação abaixo:

O texto metalinguístico é o que trata da própria linguagem. Quando consultamos um dicionário ou uma gramática temos o uso da linguagem para explicar o significado das palavras ou fornecer conceitos linguísticos.

Podemos considerar “A Última Crônica” um texto metalinguístico? Justifique sua resposta empregando passagens da crônica.

QUESTÕES OBJETIVAS

Resolva agora as questões objetivas abaixo:

1. “Lanço então um último olhar para fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica” (1º parágrafo).

A afirmação acima indica que o autor:

a) busca inspiração no seu cotidiano.

b) escreve somente sobre fatos incomuns.

c) escreve apenas sobre grandes temas.

d) pretende detalhar as cenas que observa.

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2. “A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta pra atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença”.

Os pronomes em negrito referem-se respectivamente a:

a) garçom – homem – mãe – mulher

b) mãe – garçom – homem – mulher

c) mulher – homem – garçom – mãe

d) mãe – homem – garçom – mulher

3. Releia:

“Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito, mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório, no cotidiano de cada um...”

A alternativa em que há, respectivamente, o sinônimo das palavras em negrito:

a) original – irrelevante

b) divertido – especial

c) diferente – grandioso

d) dinâmico – exuberante

Agora você vai ler a crônica de Clarice Lispector

TEXTO II

Ser cronista

Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto. Na verdade, eu deveria conversar a respeito com Rubem Braga, que foi o inventor da crônica. Mas quero ver se consigo tatear sozinha no assunto e ver se chego a entender.

Crônica é um relato? É uma conversa? É o resumo de um estado de espírito? Não sei, pois antes de começar a escrever para o Jornal do Brasil, eu só tinha escrito romances e contos. Quando combinei com o jornal escrever aqui aos sábados, logo em seguida morri de medo. Um amigo que tem voz forte, convincente e carinhosa, praticamente intimou-me a não ter medo. Disse: escreva qualquer coisa que lhe passe pela cabeça, mesmo tolice, porque coisas sérias você já escreveu, e todos os seus leitores hão de entender que sua crônica semanal é um modo honesto de ganhar dinheiro. No entanto, por uma questão de honestidade para com o jornal, que é bom, eu não quis escrever tolices. As que escrevi, e imagino quantas, foi sem perceber.

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E também sem perceber, à medida que escrevia para aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo o risco daqui em breve de publicar minha vida passada e presente, o que não pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que estou escrevendo para jornal, isto é, para algo aberto facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só é aberto por quem realmente quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever se transforme. Não é que me desagrade mudar, pelo contrário. Mas queria que fossem mudanças mais profundas e interiores que então viessem a se refletir no escrever. Mas mudar só porque isto é uma coluna ou uma crônica? Ser mais leve só porque o leitor assim o quer? Divertir? Fazer passar uns minutos de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e com o leitor. Aqui no jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente. E acho mesmo que vou ter uma conversa com Rubem Braga porque sozinha não consegui entender.

ATIVIDADES DE LEITURA

Agora que você leu “Ser Cronista”, de Clarice Lispector, responda as questões que se seguem:

Releia a definição abaixo:

O texto metalinguístico é o que trata da própria linguagem. Quando consultamos um dicionário ou uma gramática temos o uso da linguagem para explicar o significado das palavras ou fornecer conceitos linguísticos.

1. Em sua crônica Clarice Lispector faz uma discussão metalinguística. Retire do texto fragmentos que demonstram isso. Justifique sua resposta.

2. Qual seria o objetivo de Clarice ao escrever sua crônica?

3. Em “Ser Cronista”, Clarice Lispector fala do sentimento de medo.

3.1. Qual era o seu medo?

3.2. Considerando as pistas textuais, construa uma hipótese sobre a causa do medo que a autora sentiu.

3.3. De que modo a autor vivencia seu medo na crônica?

4. Ao escrever crônicas, Clarice revela algumas descobertas que faz a respeito de si mesma como escritora.

4.1. O que ela descobre?

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4.2. O que a autora revela sentir diante dessas descobertas?

4.3. Segundo a autora, o que determina as alterações no seu modo de escrever?

5. No final a cronista afirma: “Vou dizer a verdade: não estou contente”. Quais as razões (motivos) que a levavam ao descontentamento? Explique com suas palavras.

6. Releia o trecho abaixo:

“... nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e com o leitor. Aqui no jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente. E acho mesmo que vou ter uma conversa com Rubem Braga”.

6.1. Qual é o tempo verbal que predomina nesse trecho? Dê exemplos e comente o uso desse tempo verbal nesta crônica.

6.2. Que diferenças a autora reconhece, no texto, entre escrever livros e escrever crônicas para jornais?

7. Compare as duas crônicas lidas tendo em vista os seguintes elementos:

I – Linguagem

II – Assunto

III – Estilo

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QUESTÕES OBJETIVAS

Resolva agora as questões objetivas abaixo:

SER CRONISTA

Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto. Na verdade eu deveria conversar a respeito com Rubem Braga, que foi o inventor da crônica. Mas quero ver se consigo tatear sozinha no assunto e ver se chego a entender.

1. A palavra “tatear” no fragmento acima, significa:

a) apalpar

b) pesquisar

c) sondar

d) guiar

2. Marque a alternativa que indica o tema da crônica “Ser Cronista”:

a) A comunicação profunda da cronista consigo mesma e com o leitor.

b) A transformação do modo de escrever.

c) A arte de ser cronista.

d) O embate entre Clarice Lispector cronista e Clarice Lispector ficcionista.

Releia atentamente:

“[...] No entanto, por uma questão de honestidade para com o jornal, que é bom, eu não quis escrever tolices. As que escrevi, e imagino quantas, foi sem perceber.

3. Em relação ao termo negritado acima é correto afirmar:

a) é um artigo e se refere a “crônicas”.

b) é um pronome pessoal e se refere a “tolices”.

c) é um pronome possessivo e se refere a “crônicas”.

d) é um pronome demonstrativo e se refere a “tolices”.

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ATIVIDADE ESCRITA

1. Leia com atenção as frases abaixo:

I – Clarice Lispector pensa em conversar sobre crônicas com Rubem Braga.

II – Clarice Lispector quer ver se consegue entender sozinha o que é crônica.

III – Clarice Lispector acha que é mesmo necessário uma conversa com Rubem Braga.

Faça a ligação dessas frases em um único período. Para escrevê-lo empregue os recursos linguísticos que forem necessários, como pontuação, conectores e pronomes.

2. No primeiro parágrafo de seu texto, o cronista, em busca de um assunto para sua crônica, afirma que “pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano...”.

Escreva um pequeno texto comentando o que a cena descrita pelo cronista possui de “conteúdo humano”. Antes de fazer esse comentário, resuma a cena narrada na crônica. Organiza seu texto em dois parágrafos.

3. De qual das duas crônicas você mais gostou? Escreva um pequeno texto justificando sua escolha.

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