seria um diálogo possível? resumo

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Código do trabalho: 7629761 A educação das relações étnico-raciais e a política educacional de um colégio religioso Agostiniano: seria um diálogo possível? Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar uma pesquisa de mestrado que está em andamento, sobre a política educacional de um colégio Agostiniano que oferece educação gratuita para uma população majoritariamente negra. Pretendemos identificar tal política de educação oferecida pelo colégio e seu trabalho com a educação das relações étnico-raciais. O interesse pela pesquisa no Colégio Agostiniano AIACOM se manifesta em razão da instituição oferecer educação gratuita (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos) para uma população, majoritariamente constituída por pessoas negras que reside em comunidades do entorno do bairro Engenho Novo, Rio de Janeiro, que é excluída social e economicamente, em condições vulneráveis. Como objeto de pesquisa temos a política educacional do colégio e seu trabalho com a educação das relações étnico-raciais. O racismo é um problema de dimensão social porque é um conceito sistemático que possui estruturas profundas sistematizadas entre o final do século XVIII e o início do século XIX, baseado na construção de teorias científicas com a ideia da existência de raças entre os seres humanos para classificar e hierarquizar pessoas a partir de características biológicas (cor da pele e cabelo, por exemplo) e étnico- culturais, trazendo consequências e produzindo desigualdades até os dias atuais (ALMEIDA, 2020). Uma das raízes do racismo é a naturalização da precarização da vida, da vulnerabilidade seja ela financeira, de moradia e a falta de acesso à educação. Observando a proposta do Colégio, se entende que tal iniciativa tem potencial para contribuir com mudanças significativas na vida dos estudantes e de suas famílias, possibilitando que estes tenham acesso à educação através do ensino, atividades culturais, projetos sociais e parcerias para entrada no mercado de trabalho. A escola se caracteriza como um local onde compartilhamos saberes e conhecimentos, mas também um local que reproduz preconceitos, dentre eles os raciais. Se nesse espaço educador existe a perpetuação de racismo, há também a possibilidade de romper com ele (GOMES, 2003). A metodologia adotada é a pesquisa qualitativa exploratória descritiva e analítica realizada através de um estudo de caso organizado para observar o colégio e sua comunidade escolar, com adoção de grupo focal como fonte de informações para coleta de dados; etnografia virtual, observação participante, trabalho de campo e análise documental. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo. Pólen, 2020, 3ª reimpressão. GOMES, NILMA Lino. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p.167-182, jan/jun.2003. Palavras-chave: Educação das relações étnico-raciais; educação básica; população negra 1ª opção de Sessão Temática ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica 2ª opção de Sessão Temática ST 02. A CRIANÇA E O AUTORRETRATO: Superando o racismo na escola. 3ª opção de Sessão Temática ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional Michelle dos Santos Morgado (Autor/a) Prefeitura Municipal de Niterói

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Código do trabalho: 7629761 A educação das relações étnico-raciais e a política educacional de um colégio religioso Agostiniano:

seria um diálogo possível?

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma pesquisa de mestrado que está em andamento, sobre a

política educacional de um colégio Agostiniano que oferece educação gratuita para uma população

majoritariamente negra. Pretendemos identificar tal política de educação oferecida pelo colégio e seu

trabalho com a educação das relações étnico-raciais.

O interesse pela pesquisa no Colégio Agostiniano AIACOM se manifesta em razão da instituição oferecer

educação gratuita (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos) para uma

população, majoritariamente constituída por pessoas negras que reside em comunidades do entorno do

bairro Engenho Novo, Rio de Janeiro, que é excluída social e economicamente, em condições

vulneráveis. Como objeto de pesquisa temos a política educacional do colégio e seu trabalho com a

educação das relações étnico-raciais.

O racismo é um problema de dimensão social porque é um conceito sistemático que possui estruturas

profundas sistematizadas entre o final do século XVIII e o início do século XIX, baseado na construção

de teorias científicas com a ideia da existência de raças entre os seres humanos para classificar e

hierarquizar pessoas a partir de características biológicas (cor da pele e cabelo, por exemplo) e étnico-

culturais, trazendo consequências e produzindo desigualdades até os dias atuais (ALMEIDA, 2020). Uma

das raízes do racismo é a naturalização da precarização da vida, da vulnerabilidade seja ela financeira, de

moradia e a falta de acesso à educação. Observando a proposta do Colégio, se entende que tal iniciativa

tem potencial para contribuir com mudanças significativas na vida dos estudantes e de suas famílias,

possibilitando que estes tenham acesso à educação através do ensino, atividades culturais, projetos sociais

e parcerias para entrada no mercado de trabalho.

A escola se caracteriza como um local onde compartilhamos saberes e conhecimentos, mas também um

local que reproduz preconceitos, dentre eles os raciais. Se nesse espaço educador existe a perpetuação de

racismo, há também a possibilidade de romper com ele (GOMES, 2003).

A metodologia adotada é a pesquisa qualitativa exploratória descritiva e analítica realizada através de um

estudo de caso organizado para observar o colégio e sua comunidade escolar, com adoção de grupo focal

como fonte de informações para coleta de dados; etnografia virtual, observação participante, trabalho de

campo e análise documental.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo. Pólen, 2020, 3ª reimpressão.

GOMES, NILMA Lino. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o

corpo negro e o cabelo crespo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p.167-182, jan/jun.2003.

Palavras-chave:

Educação das relações étnico-raciais;

educação básica;

população negra

1ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

2ª opção de Sessão Temática

ST 02. A CRIANÇA E O AUTORRETRATO: Superando o racismo na escola.

3ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional Michelle dos Santos Morgado (Autor/a) Prefeitura Municipal de Niterói

Código do trabalho: 2222248 A geração alpha e a sociedade digital: culturas infantis e territórios negros

Resumo:

Este trabalho visa apresentar como a primeira geração a ser totalmente digital adentra as mídias sociais.

Nascidos a partir de 2010, também é a primeira geração nascida apenas no século XXI, têm na internet

sua maior percepção territorial: multiconectados. Neste ano também era lançado o primeiro iPad, por isso

e pelos hábitos que a geração y (milennials) que, sendo progenitora da maior parte da geração alpha,

passa aos filhos, primos, irmãos, etc costumasse dizer que esta ultima nasceu com um celular/tablet na

cara”, haja vista o tempo e uso desta por aparelhos similares que possibilitam o acesso à internet. Assim,

sua presença nas mídias sociais - ainda que as mesmas supostamente vedem perfis para menores de 16

anos-, é pública, notória e muitas vezes, viral. Considerando então sua afinidade com as redes, não

deferiria em um perfil de um grupo de pesquisa que dispõe a pesquisas as culturas infantis e pedagogias

descolonizadoras sob a égide da lógica exúlica (SOUZA, 2016), a qual se propõe a construir com as

crianças, em parceria, e não como objeto de pesquisa, sendo então seu comportamento e sua produção de

cultura condutoras de pesquisa para entendermos como o espaço das redes sociais se torna produtor de

cultura infantil e um território negro, no locus dos perfis do Grupo de Pesquisa Laroyê, onde o mesmo

conta com dois conselheiros, Abner de oito anos e Maria Laura de seis anos. Considerando aqui território

nas concepções de Milton Santos (1999) e de Marcelo Lopes de Souza (2001) e na releitura de Ellen de

Lima Souza (2021) que afirma que “territórios negros são aqueles que recolocam a África em nós, ou

seja, nos reconecta a uma África mítica que nos fortalece enquanto seres históricos e sociais, produtores

de cultura; corpos capazes de mudar os ambientes, inclusive virtuais. Assim, a geração alpha integra o

grupo e engrandece a sua presença digital, ditando tendências e elaborando questões que movimentam o

grupo na busca pelo conhecimento, comungando de uma África que se faz presente em todas as gerações,

fazendo a ancestralidade crescer também nas mídias sociais, permeando a cultura digital, através de

mídias diversas que conservam princípios como a oralidade, comunidade, circularidade, corporeidade e

outros. Nesse sentindo, ao escolhermos trilhar esse caminho com as crianças, em nossas redes sociais,

com as perspectivas de um território negro, caminhamos para uma sociedade digital de mais

complementariedade e menos conflito, onde buscamos nos desvencilhar do adultocentrismo, racismo,

machismo e outras mazelas advindas do carrego colonial (RUFINO, 2019) aconselhados pela saberia

ancestral advinda de Abner e Maria Laura.

Palavras-chave:

territórios negros; lógica exúlica; mídias sociais;

1ª opção de Sessão Temática

ST 20. Tecnologias, culturas, mídias e linguagens: formas de abordar as questões étnico-raciais e de

enfrentar o racismo

2ª opção de Sessão Temática

ST 03. Ações pela negritude: tentativas de ações e movimentos sociais transformadores, e de pesquisas

transformadoras e antirracistas

3ª opção de Sessão Temática

ST 17. Quilombos, Educação e Territorialidades no contexto de luta por Direitos Nome Filiação institucional

Núbia Cristina Sulz Lyra Correa (Autor/a) Graduanda em Pedagogia na Universidade

Federal de Lavras

Código do trabalho: 2811332 A Participação de mulheres negras no movimento Pan-Africano do início do século XX

Resumo:

O Pan-Africanismo foi um movimento cultural, filosófico, social e político que visava unificar

a população negra fora do continente Africano e propunha seu retorno a ele. W.E.B Du Bois,

Marcus Garvey, George Padmore, entre outros são personalidades reconhecidas desse

movimento. No entanto, Addie W. Hunton, Ida A. Gibbs Hunt e Amy A. Garvey, mulheres

negras que atuaram na sua concepção e organização, foram relegadas ao ostracismo da

narrativa histórica do pan-africanismo. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é analisar a

participação dessas mulheres no movimento pan-africanistas a partir de suas proposições

para a educação. Partimos da hipótese que elas contribuíram para o movimento e

principalmente, para o campo da educação. Por meio, do conceito outsider within de Collins

(2016),sobre a marginalização de mulheres negras na produção intelectual, as propostas para

a educação de Addie, Ida e Amy possibilitariam tal reflexão, a partir de suas trajetórias. Enfim, a partir

dessas considerações iniciais, esta pesquisa tem em sua problemática Como a participação de mulheres

negras dentro do movimento Pan-Africano do início do século XX, dentre elas: Addie W. Hunton, Ida.

A.H. Gibbs Hunt e Amy A. Garvey contribuiriam para uma produção intelectual no campo da educação?

Para isso, seu objetivo geral é analisar as propostas para educação dentro do campo de produção

intelectual de mulheres negras do movimento Pan-Africano do início do século

XX, considerando a trajetória de Addie W. Hunton. Ida A. Gibbs Hunt e Amy A. Garvey, atuantes do

movimento. Assim, o primeiro objetivo específico dessa pesquisa consiste em compreender o

movimento Pan-Africano do início do século XX e a maneira pela qual a educação se constituiu

dentro desse movimento. Delimitado esse primeiro objetivo, se procederá à elaboração de uma análise

sobre a atuação dessas mulheres, a partir de suas trajetórias no movimento e fora dele, com foco na

educação. Passaremos para o terceiro objetivo específico que será relacionar sobre se e de que forma a

atuação e presença dessas mulheres no movimento conectaram com as orientações

gerais do Pan-Africanismo, com destaque para a educação. Para compor o que nos inspiraremos a partir

de Pinto (2014) uma rede de sociabilidade por meio da trajetória dessas mulheres e suas vivências no

movimento Pan-Africano, com foco nas propostas para a educação, considerando a ascensão dessas

ideias. Em síntese, essa pesquisa em andamento, buscará relacionar a participação dessas mulheres negras

no interior do movimento, com foco em suas propostas para a educação contribuindo assim, para o campo

dos estudos étnico-raciais a partir da experiência intelectual e politica da diáspora.

Palavras-chave:

Pan-Africanismo, Mulheres Negras, Educação das relações étnico-raciais, Intelectuais negras

1ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras

2ª opção de Sessão Temática

ST 19. Rompendo com a invisibilidade: intelectuais e feministas negras

3ª opção de Sessão Temática

ST 11. Intelectuais, movimento negro e antirracismo no século XX Nome Filiação institucional Fernanda Vieira da Silva Santos (Autor/a) UFSCar

Código do trabalho: 4521390 A preservação versus o silenciamento: lutas por educação e cidadania em Campinas pelo olhar do

militante Benedito Evangelista (1902-1939)

Resumo:

Esta comunicação de pesquisa versa a luta antirracismo vivenciada na cidade de Campinas por entidades

civis capitaneadas pelo militante Benedito Evangelista. Busquei entender as dinâmicas de vivências no

período pós-abolição em lugares menores e/ou mais distantes dos grandes centros de tradição afro. Não

que acreditasse que as tradições africanas e afro-brasileiras deixassem de existir em outros lugares, mas

principalmente como seria estar, resistir e manter e recriar novas dinâmicas em lugares espacialmente

mais delimitado diferentes das capitais. Benedito Evangelista nascido em Campinas e filho de ex-

escravizados, cresceu, estudou, trabalhou e militou pela cidadania de seu grupo. Participante ativo na luta

contra o racismo foi um lutador árduo em defesa da instrução e construção da cidadania de negros

paulistas através de sua luta pelo Colégio São Benedito entidade particular criada para atender a educação

dos filhos dos associados da irmandade de São Benedito. Entre a criação, os anos de sucesso e o término

das atividades pode-se conhecer um pouco da luta do grupo de militantes e o empenho particularmente

hercúleo de Benedito para a sobrevivência de sua instituição que tinha importância impar para a

comunidade negra da cidade. Esta é uma questão importante porque nem sempre as concepções de

identidade nacional abrangeram os não-brancos como cidadãos. Os anos se seguiram após o final da

escravidão foram particularmente importantes para a reorganização das vidas dos libertos e seus

descendentes, em especial, porque ele foi seguido de uma mudança de na forma de governo do país com

advento do governo republicano e o declínio da república. Novos cidadãos, novo regime político mas as

mesmas formas econômicas e as velhas lideranças. A memória coletiva dos grupos afrodescendentes foi

criada e mantida à revelia das narrativas da história oficial, abarcando diversos suportes, como a oralidade

e as práticas culturais; portanto, construções dinâmicas e permeadas de embates. Podemos afirmar que a

história do grupo de militantes de Benedito Evangelista faz parte de uma perspectiva maior que envolve o

século XX. Ou seja, sua vida se passou contemporaneamente à criação de entidades supranacionais em

prol dos direitos políticos e civis no mundo; à criação de uma imprensa negra, aqui e fora; e à conjugação

de esforços para a libertação dos povos africanos do processo de colonialismo e contra o apartheid.

Palavras-chave:

Benedito Evangelista; Colégio São Benedito; associativismo.

1ª opção de Sessão Temática

ST 04. Cultura Afro-Brasileira e patrimônio: memórias, lugares, tradições e preservação

2ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras

3ª opção de Sessão Temática

ST 11. Intelectuais, movimento negro e antirracismo no século XX Nome Filiação institucional Lúcia Helena Oliveira Silva (Autor/a) UNESP- Assis

Código do trabalho: 8831157 África com ciência e interculturalidade: fazendo valer a lei 10.639 na geografia.

Resumo:

Com a sanção da lei 10.639/03, que assegura o ensino obrigatório da história e cultura-afro brasileira,

abre-se um conjunto de questionamentos e reflexões sobre como essa lei pode ser garantida, de fato, no

ensino de geografia. Partindo do referencial teórico da pedagogia decolonial, refletimos em que

momentos o currículo da geografia escolar permite tocar no espaço geográfico africano. Nosso particular

interesse está na organização e distribuição dos temas presentes nos livros didáticos; e como podemos

verificar indícios para a discussão antirracista. As características dos países africanos, principalmente

aspectos políticos, econômicos e sociais são os temas que o presente trabalho objetiva, a partir da

sequência didática proposta.

A obra aqui pesquisada é Expedições Geográficas , publicada pela editora Moderna. Direcionada aos

estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, o material didático foi a segunda coleção com o maior

número de escolha pelos professores da rede pública em todo o Brasil, segundo o edital do PNLD 2020.

A metodologia utilizada para compor a presente investigação compreende a análise dos capítulos

relacionados ao ensino de África a partir dos conteúdos e imagens de representatividade. Neste sentido,

foram observados o Guia do PNLD 2020 e a Base Nacional Comum Curricular , na expectativa de que

contemplassem a descolonização do currículo, articulados com a proposta da lei 10.639.

A partir da análise da sequência didática em tela, notamos que existem séries de escolaridade em que não

há protagonismo do continente africano; e a organização curricular estereotipada e descontextualizada,

como se as lutas étnico-raciais fossem distantes da atualidade. É restrito ou inexistente o conhecimento de

resistências circulando entre os assuntos, organizados em um tripé: domínios naturais, economia em

desenvolvimento e problemas sociais.

O livro do oitavo ano é o único que reserva uma seção para abordar o continente africano. Dizer que o

livro compreende oito seções, sendo cinco deles reservados ao continente americano, totalizando vinte

capítulos; e uma única seção – a última, nas páginas finais do livro - destinada ao continente africano,

com quatro capítulos, já merece uma missa.

A pesquisa nos ajudou a perceber uma incongruência. O quadro em que o temário indica aos professores

uma forma de organização curricular encontra-se em posição oposta e conflituosa com a implementação

da lei 10.639.

Como professores, nosso esforço é perseguir formas de atribuir protagonismo ao ensino do continente

africano e seus conteúdos, sublinhar potências, áreas de desenvolvimento socioeconômico, riquezas e

diversidades (não apenas físico-naturais). Construir, enfim, um outro imaginário possível, uma outra

visão de mundo alternativa à eurocêntrica.

Palavras-chave:

Palavra-chave: Geografia antirracista; África; Decolonialidade.

1ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

2ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

3ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional Marcus Vinicius Castro Faria (Autor/a) UFF - Universidade Federal Fluminense

Vinícius de Luna Chagas Costa (Coautor/a) Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu

Código do trabalho: 5258723 Arte Malunga é Revolucionária

Resumo:

As Exposições de Arte Negra contemporânea já aconteceram em 3 atos na cidade de Presidente

Prudente/São Paulo com obras da artista plástica Ivonete Alves, com a produção e curadoria de Fabiana

dos Santos. As exposições geraram um acervo de arte negra que estão compondo o Museu Afroperiférico,

onde o acervo visual se destaca em meio de outros acervos, como as ervas da tradição, a comida,

artesanato étnico, livros, audiovisuais, narrativas através de imagens e poéticas. A base de inspiração dos

Atos 1, 2 e 3 de Arte Malunga foram artistas africanos (as) e da Diáspora Negra como Mama Esther

Mahlangu, El Anatsui, Bispo do Rosário, Sônia Gomes, Kifouli Dossou e Tchif. Esta inspiração veio

principalmente do Antigo Egito, com obras do Reinado de Tiy (Décima Oitava Dinastia) e da renovação

filosófica do Reinado de Amenhotep IV – o faraó herético. Estas exposições tiveram como desafio

integrar na arte contemporânea inspirada na arte da tradição afro-brasileira, 4 mil bonecas Abayomis nas

obras, produzidas primeiro em Oficinas Coletivas, depois da Pandemia do Covid 19, cada mulher em sua

casa. A base filosófica deste trabalho está no Mulherismo Africana discutida por Clenora Hudson Weems

atualizada no Brasil por Aza Njri , Katiuscha Ribeiro e Bast’llele Malomalo. As Exposições foram

realizadas na periferia, permitindo acesso livre através dos meios digitais e nos muros das casas. O

financiamento do trabalho inicialmente foi cotizado pela artista, produtora e ações entre amigues, no

segundo ato através da Lei Aldyr Blanc e o terceiro Ato está sendo financiado por sobras dos anteriores e

com a bolsa de Doutorado da CAPES via Faculdade de Educação da Unicamp. As mulheres que

produziram bonecas Abayomis são o público das ações do Doutorado intitulado EDUCANDO A

NEGRITUDE EM TRÊS OU MAIS GERAÇÕES NAS FAMÍLIAS NEGRAS EM UM MOCAMBO -

As mulheres negras e seu protagonismo na educação familiar e social, proposto por Ivonete Aparecida

Alves sob orientação da Prof. Drª Angela Fátima Soligo no DIS – Grupo de Pesquisa Diferenças e

Subjetividades em Educação (Estudos Surdos, das Questões Raciais, de Gênero e da Infância), na linha de

Pesquisa 09_ Psicologia e Educação. Assim, Arte Malunga discute no seu bojo a psicologia africana posta

em prática na vida vivida através da afrocentricidade, contribuindo no financiamento de mulheres

enquanto valoriza seu trabalho e suas aprendizagens, à partir de demandas familiares de imediato, e no

curto prazo almejando a alteração de suas subjetividades em mais de uma geração.

Palavras-chave:

Arte negra; Mulherismo Africana; Psicologia Africana.

1ª opção de Sessão Temática

ST 04. Cultura Afro-Brasileira e patrimônio: memórias, lugares, tradições e preservação

2ª opção de Sessão Temática

ST 09. Educação, relações raciais e o estudo da história e cultura da África e afro-brasileira

3ª opção de Sessão Temática

ST 10. Filosofia Africana, Filosofia Afro-brasileira e Saberes Ancestrais Nome Filiação institucional

Ivonete Aparecida Alves

(Autor/a)

Agbá do Mocambo APNs Nzinga Afrobrasil - Arte - Educação -

Cultura

Código do trabalho: 9731458 As mestras-lavadeiras e suas netas insurgentes : porque as nossas ESCREVIVÊNCIAS importam

Resumo:

O presente trabalho nasce de uma experiência desenvolvida numa sala de Educação de Jovens e Adultos

dentro do projeto social Semeando Sorrisos (em Queimados/ RJ), mediados pela intervenção pedagógica

da neta de uma lavadeira da comunidade formada em pedagogia, que promove uma ação insurgente no

território. Mesmo na pandemia, o trabalho prosseguiu e gerou dois livros: Mulheres do Ler 1 e 2 que,

construindo conversas virtuais e assessorias remotas, trazem narrativas de mulheres negras da Baixada

Fluminense e outras aguerridas. É relevante destacar que emergem variadas ações a partir desse trabalho:

teses, dissertações, inserções como lideranças em cargos públicos ou seja são inserção em vários campos.

Tendo tais pressupostos e acreditando no processo de formação que transcende o campo do formal,

buscamos compreender e interligar o conceito de escrevivência em Conceição Evaristo com as interfaces

deste trabalho na modalidade EJA e seus sujeitos, entendem se que há muitas histórias silenciadas e que

precisam ser contadas. Freire (1997) já nos dizia que a leitura de mundo precede a leitura da palavra.

Nesta perspectiva de ler o mundo, vamos observando nas escritas destas mulheres pretas, agora como

escritoras da/na Educação de Jovens e Adultos, buscando aprender como se dá o processo de

autoafirmação a partir da escrita e as reverberações deste processo na construção da pedagogia da teia no

território. Do ponto de vista teórico, autoras/es como Conceição Evaristo (2009), Beel Hooks (2017) e

Paulo Freire (1996), apoiam a construção desse estudo porque nos convocam a discutir a leitura e a

escrita numa perspectiva contra hegemônica. A escrevivência, como afirma Conceição Evaristo (2014), é

mais que escrever sobre si. É a escrita de nós. É um chamamento para que todas e todos tenham as suas

escritas-vida marcadas na sociedade e com elas possam reescrever suas histórias. Ela conclama outros e

outras ao protagonismo. O que Freire (1996) já chamou de pronunciamento e Hooks (2017) chama de

insurgência, buscamos chamar de pedagogia da teia, pois já percebemos preliminarmente que os sujeitos

da pesquisa dialogam com a mesma, constroem um caminho teórico-metodológico que vislumbra a

organização de uma pedagogia que muda realidades na Baixada Fluminense - Rio de Janeiro.

Palavras-chave:

EJA;ESCREVIVÊNCIAS;INSURGÊNCIAS

1ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

2ª opção de Sessão Temática

ST 14. Por uma educação emancipatória: confluências entre educação indígena, educação das relações

étnico-raciais e educação quilombola.

3ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional Veronica Cunha (Autor/a) secretaria municipal de educacao Queimados

Código do trabalho: 824166

Cidadanias mutiladas e Educação Matemática: uma reflexão sobre as relações étnico-raciais na

educação

Resumo:

Com a promulgação da lei 10.639/2003 as discussões acerca da Educação para as Relações Étnico-raciais

(ERER) se intensificaram no Brasil. No entanto, muito ainda precisa ser feito para que a lei seja efetivada

e seus resultados sejam percebidos nos mais diversos meandros da sociedade. Na presente pesquisa

almejamos refletir sobre a implementação da lei 10.639/2003 na Educação Matemática e seu potencial

para a corroborar na construção da cidadania da população negra brasileira. Nossos referenciais teóricos

são: a teoria decolonial, em particular os eixos de colonialidade do poder, colonialidade do saber e

colonialidade do ser, a etnomatemática e o conceito de cidadanias mutiladas de Milton Santos. A

metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e documental, uma vez que investigamos marcos legais

que sustentam a ERER, assim como fizemos interlocução com uma bibliografia especializada cujas

investigações abordam a implementação da lei na Educação Matemática. A partir disso, procedemos com

análises qualitativas no que tange ao conteúdo da lei, suas consequências e possíveis impactos na

Educação Matemática, assim como sua importância para a manutenção da cidadania da população negra

brasileira. Milton Santos utiliza o conceito de cidadanias mutiladas para se remeter à parcela da

população brasileira que tem seus direitos negados em diferentes esferas como moradia, trabalho, saúde,

educação e locomoção, sendo que a população negra, segundo o autor, é a mais afetada no que diz

respeito a essas mutilações que estruturam nossa sociedade. Nesse sentido, entendemos que as cidadanias

mutiladas são efeitos da colonialidade do poder, saber e ser, uma vez que estão intimamente ligadas ao

processo histórico-cultural da formação do país. Desse modo, vislumbramos a Educação Matemática

como uma área de potencial para tensionar epistemologias dominantes no discurso científico e senso

comum. Contudo, percebemos que a área ainda tem se dedicado pouco aos estudos sociopolíticos que

permeiam a esfera educacional, em particular para as relações étnico-raciais e implementação da lei

10.639/2003. De acordo com nossas análises, entendemos que a matemática ainda precisa ser repensada

em relação ao seu papel social, uma vez que historicamente ela tem se ancorado numa perspectiva

eurocêntrica e colonizadora, de modo que essa visão tem influenciado na atuação de educadores(as)

matemáticos(as) e redes educacionais, dificultando assim a implementação da lei 10.639/2003 e sua

corroboração para reverter o quadro de mutilação da cidadania do povo negro no Brasil. Portando, se faz

necessário um maior número de pesquisas e discussões na área para que se faça o enfrentamento dos

empecilhos que persistem em fazer a manutenção dos moldes da colonialidade.

Palavras-chave:

Educação Matemática; Cidadania; Lei 10.639/2003.

1ª opção de Sessão Temática

ST 08. Educação para as Relações Étnico-raciais no Ensino de Ciências e Matemática

2ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

3ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica Nome Filiação institucional Washington Santos dos Reis (Autor/a)

Código do trabalho: 7883412

Cosmogonia Afrodiaspórica: mulheres negras contam sua história

Resumo:

O livro “Mulheres negras contam sua história” é uma produção resultante de uma política da Secretaria de

Políticas Para as Mulheres com o apoio da Secretaria de Promoção e Igualdade Racial, no ano de 2013 na

qual foi lançado um edital público para estimular a escrita e divulgação das experiências das autoras que

viveram no anonimato, as implicações do racismo e as lutas no combate a discriminação. Essa iniciativa

decorreu do compromisso das políticas públicas brasileiras naquele período histórico com o

enfrentamento ao racismo e ao sexismo, no sentido de resgatar memórias de mulheres negras, seus

antepassados e descendentes.

Inscreveram-se na chamada mulheres autodeclaradas negras que concorreram em duas categorias: na

categoria redação houveram 421 inscritas e na categoria ensaio houveram 100 inscrições. A Comissão

julgadora foi formada também por mulheres negras: Aparecida Sueli Carneiro, Maria Aparecida da Silva,

Maria da Conceição Evaristo de Brito, Maria de Lourdes Teodoro, Matilde Ribeiro, Tânia Regina Santos

Silva e Valdice Gomes da Silva. Foram duas menções honrosas em cada categoria que compuseram,

juntamente com outros 10 textos selecionados, a obra literária.

A escolha por trabalhar com esta obra, e fazer a partir dela uma análise dos entrelaçamentos entre as

narrativas das histórias contadas, decorre da pesquisa em andamento junto ao Programa de Mestrado

Acadêmico em Ensino cuja temática em foco é Mulheres Negras e Religiosidades de Matriz Africana. Por

meio desta escrita, pretendemos trazer à tona os estudos que temos feito em relação aos conceitos de

Corporeidade, Afetividade e Ancestralidade como elementos da produção de uma filosofia de matriz

africana que assinalam processos de resistência ao epistemicídio do padrão cultural, social e civilizatório

eurocêntrico. Para isso, recorremos, principalmente, a autores e autoras negros/as como: Muniz Sodré,

Franz Fanon, Chimamanda Ngozi Adichie, Djamila Ribeiro.

Com base nas narrativas apresentadas pelas autoras que compuseram a obra, selecionamos três textos por

entender que nelas esses elementos estão presentes. A história de Marisol kadiegi, “Do luto à luta: a

história de três continentes marcados pelo racismo”, a história contada por Dóris Regina Barros da Silva,

“Teias da Memória e Fios da História: laços e entrelaços” e a história escrita por Tássia do Nascimento,

“Vozes -Mulheres”. Nelas percebemos traços marcantes de modos de existir e resistir de mulheres negras

que criaram suas estratégias para subverter as interdições dos corpos e das vidas que experimentam, onde

uma cosmogonia afrodiaspórica é por elas vividas em intensidades com saberes ancestrais que reforçam

as tradições e laços afetivos de uma africanidade.

Palavras-chave:

Mulheres Negras; Corporeidade; Ancestralidade

1ª opção de Sessão Temática

ST 10. Filosofia Africana, Filosofia Afro-brasileira e Saberes Ancestrais

2ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras

3ª opção de Sessão Temática

ST 11. Intelectuais, movimento negro e antirracismo no século XX Nome Filiação institucional Hélen de Oliveira Soares Jardim (Autor/a) Universidade Federal do Pampa

Código do trabalho: 4887271

Denegrindo o Pensamento Social e Político Brasileiro: uma aproximação entre a "amefricanidade"

de Lélia Gonzales e a "cordialidade" de Sérgio Buarque de Holanda

Resumo:

Introdução

Vários campos das ciências humanas e sociais vêm sofrendo a chamada abertura epistêmica para as

chamadas teorias insurgentes, o que se dá de forma ainda muito tímida no Pensamento Social e Político

Brasileiro. Em consonância com este contexto, a presente proposta promove um debate entre Lélia

Gonzales e Sérgio Buarque de Holanda, em torno do clássico buarqueano “Raízes do Brasil”, para não só

abrir o campo para as/os intelectuais negras/os e suas ideias, mas para denegrir as interpretações do

Brasil.

Objeto de pesquisa

O objeto da pesquisa é o pensamento de Lélia Gonzales, com sua noção de amefricanidade articulado ao

pensamento de Sérgio Buarque, com sua ideia de cordialidade. A questão central é: que inovações

teórico-epistemológicas decorreriam da aproximação entre o pensamento de Sérgio Buarque e de Lélia

Gonzales? A hipótese é de que essa aproximação contribui para a revisão e reelaboração crítica da

cordialidade buarqueana. A relevância deste trabalho está em contribuir para o processo de constituição

de novas epistemologias, como elementos centrais na construção de um projeto de nação antirracista.

Referencial teórico-metodológico

Sérgio Buarque de Holanda afirma que o iberismo português, conformado à realidade dos domínios rurais

patriarcais brasileiros, é o que constitui uma estrutura sui generis, a civilização de raízes rurais. Minha

leitura dessa formulação é de que Holanda nos apresenta a fórmula iberismo + domínios rurais =

civilização de raízes rurais + cordialidade. Nesse ponto, concentrarei meu argumento, mas não somente,

nas formulações de Lélia Gonzales sobre a categoria político-cultural de amefricanidade para resolver

essa tensão entre colonização, civilização e cultura.

Etapas de desenvolvimento e resultados alcançados

[1] alguns pressupostos e determinadas pistas de que Sérgio Buarque dialoga com a atual discussão sobre

(des)colonialidade; [2] com base nos pressupostos e pistas encontrados, percepção de que o autor

negligencia o protagonismo de americanos na formação do Brasil; [3] da aproximação de seu pensamento

com o de Lélia Gonzales, esboço de um potencial debate sobre intelectuais, movimentos sociais e cultura

amefricana, centrado nas classes populares; [4] formulação da questão: a cordialidade de Sérgio Buarque

é colonialidade à brasileira?, o que levanta a necessidade de releitura de “Raízes do Brasil”, em especial a

narrativa buarqueana da formação do Brasil; e [5] confirmação de que a categoria político-cultural de

amefricanidade de Lélia Gonzales ajuda a revisar e reelaborar a categoria político-cultural de cordialidade

de Sérgio Buarque.

Palavras-chave:

Lélia Gonzales; Sérgio Buarque de Holanda; Pensamento Social e Político Brasileiro;

1ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras

2ª opção de Sessão Temática

ST 19. Rompendo com a invisibilidade: intelectuais e feministas negras

3ª opção de Sessão Temática

ST 13. Pensamento social, movimentos sociais e cultura negra na diáspora Nome Filiação institucional Thiago de Oliveira Thobias (Autor/a) Hospital Federal dos Servidores do Estado

Código do trabalho: 6945775

Educação Antirracista: uma perspectiva de implementação institucional em curso no município do

Rio de Janeiro

Resumo:

Um dos grandes desafios da sociedade atual é a discussão sobre a diversidade étnico-racial nos diferentes

cenários em que vivemos: em casa, na escola, no trabalho, dentre outros círculos sociais. Tendo em vista

que a sociedade brasileira se utilizou de mecanismos históricos para criar, ampliar e perpetuar

desigualdades sócio raciais, à medida que houve uma tomada de consciência, de acesso e de luta dos

indivíduos em situação de desigualdade, tais reivindicações passaram a figurar em espaços de visibilidade

política, cuja legitimidade das pautas levaram a sociedade civil e o governo a atenderem também via

legislação os direitos das populações afro-indígenas. Nesse sentido, as leis 10.639/03 e 11.645/08, ao

alterarem o artigo 26-A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e instituírem o ensino das

Histórias e Culturas Africanas, Afro-brasileira e Indígenas no currículo da educação básica, tensionam o

campo do currículo e ampliam a discussão para as redes público-privadas de ensino, a fim de que se

atualizem e promovam políticas de ação afirmativa para a equidade. Na rede municipal do Rio de Janeiro,

a partir de um mapeamento de ações desenvolvidas, percebeu-se que desde 2008 já despontavam ações

que aludiam ao trato da diversidade numa perspectiva de fomento aos projetos pedagógicos. No entanto,

através das análises de pesquisas (GUIMARÃES, 2012; PINTO, 2017; OSCAR, 2018) reconheceu-se que

as ações institucionais eram pouco sentidas pelos profissionais, entendidas como inexistentes e/ou

pontuais. Por outro lado, professores se mobilizavam a partir da tríade formação continuada,

desenvolvimento de prática pedagógica afro-referenciada e criação de uma rede de apoio (SILVA, 2019),

fortalecendo internamente essa pauta. No presente ano, a nova gestão municipal, alinha a perspectiva

institucional ao movimento forjado pelos professores, criando a Gerência de Relações Étnico-Raciais. A

gerência, como órgão institucional, configura-se como um avanço no reconhecimento do debate e no

compromisso de implementar de forma gradativa e transversal as leis, por meio dos eixos do currículo, da

formação e dos projetos intersetoriais. Desta forma, a rede municipal do Rio de Janeiro apresenta um

caminhar que tem buscado a implementação dessas leis e a ressignificação do currículo junto à

comunidade escolar, partindo desde um amadurecimento das ações em nível institucional à valorização e

reconhecimento das práticas pedagógicas que emergem do chão da escola.

Palavras-chave:

LEIS 10.639/03 E 11.645-08; EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA; POLÍTICA INSTITUCIONAL.

1ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

2ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

3ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional

Luciana Nascimento

(Autor/a) Professora da Educação Básica

Joana Elisa Costa Oscar

(Coautor/a) PCRJ - Secretaria Municipal de Educação

Pedro Vitor Guimarães

Rodrigues Vieira

(Coautor/a)

E/SUBE/CEIEC/Gerência de Relações Étrnico-Raciais

Código do trabalho: 3529347

Ensino De Filosofia e a Prática Antirracista em Sala de Aula

Resumo:

O presente resumo justifica-se pela percepção de que a educação, enquanto fenômeno social, está inscrita

em uma construção ideológica, ou seja, os processos educativos são produtos e produtores de escolhas

políticas. A partir disso, o argumento central deste texto é que essa escolha pode – e deve – ser feita com

base na mobilização e troca de afetos entre educadores, educandos e toda rede de ensino, tendo como

objetivo a formação para o antirracismo. Diante desta ideia inicial do que é educação, é necessário

evidenciar dentro deste processo a importância do ensino de filosofia nas escolas brasileiras, explicitando

esta disciplina como uma fonte de saberes para a formação discente, para a formação do sujeito pensante

detentor de todos os mecanismos cognitivos, para a formulação de um processo dialético de formação de

pensamento e principalmente para o entendimento da representatividade discente com a História da

Filosofia ensinada nos colégios brasileiros. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a

disciplina de Filosofia ministrada no Ensino Médio, compõe a chamada área das Ciências Humanas,

juntamente com as disciplinas Sociologia, História e Geografia e, não podemos ministrar uma ciência

humana que não exalta a representatividade discente, não estimula o sujeito a refletir sobre o seu

cotidiano, que não abrace as mazelas sofridas pelos educandos e educadores, que não estimule a formação

de um sujeito pensante capaz de utilizar a filosofia como base para seus questionamentos. Ao falar do

estudo da filosofia como uma ciência que pensa as relações do sujeito inserido num determinado meio

social, não podemos deixar de lado toda uma bagagem cultural vinda do corpo discente. Com o amparo

da Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de conteúdos de História da África e dos

negros no Brasil em todo currículo de sistemas de ensino, disto isto, propomos caminhos para o ensino de

filosofia pautado numa educação antirracista promovendo um giro epistêmico na construção dos saberes

já postos em sala de aula, utilizando metodologias diferenciadas, inserindo no currículo pensadores e

pensadoras de raças e etnias diversas, compreendendo os anseios de busca de conhecimento de cada

educando, estas seriam formas de tornar o ensino de filosofia mais acessível a todos e todas. Nos

momentos de grande exclusão social, como os tempos atuais, é importante perceber que a educação

antirracista precisa ser ainda mais uma orientadora das práticas pedagógicas, e as aulas de filosofia não

podem se distanciar desta perspectiva. Isso porque, sem a preocupação com as desigualdades, a escola

passa a servir como espaço de reprodução de todas as formas de dominação.

Palavras-chave:

Ensino de Filosofia; Educação Antirracista; Lei 10.639/03

1ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

2ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas

3ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica Nome Filiação institucional Gisele Rose da Silva (Autor/a) Professora de Filosofia para Ensino Médio

Código do trabalho: 8287856

Fissuras Epistêmicas na Antropologia: Ilustrações e os Pensamentos Feministas Negros

Resumo:

Ilustrar é um caminho que desperta muitos sentidos, dois deles são, tanto tornar compreensível certo

assunto, quanto transmitir conhecimentos sobre determinada área. Tendo esses dois aspectos como

sustentação, a ilustração neste artigo assume um caráter metodológico, em que se explora as

potencialidades das narrativas gráficas com o objetivo de proporcionar maior detalhamento sobre o tema

abordado, neste caso específico, os conceitos criativos e críticos dos pensamentos feministas negros. Tais

epistemologias singulares trazem para a superfície o debate sobre as intersecções entre gênero e raça e

como eles alicerçam as relações de poder de maneira desigual. Para compreender as subjetividades

latentes de alguns processos de construção hierarquizadas sobre os corpos negros e o aprisionamento do

outro mediante conceitos biológicos, as imagens, nesta produção acadêmica, assumem o lugar de um

recurso criativo de diálogo com feministas negras a exemplo de Neusa Santos, Lélia Gonzalez e Sueli

Carneiro que promovem uma relação dialógica entre os conjuntos de pensamentos científicos e histórias

silenciadas originando fissuras nas abordagens hegemônicas brancas, europeias e masculinas da produção

do conhecimento. Ilustrar as tensões que os pensamentos feministas negros apresentam como os espaços e

linguagens de resistência, a não polarização entre teoria e prática e a construção coletiva de saberes é

assumir o desafio de romper com os limites das palavras que, muitas vezes, não são ditas pela dor, pelo

epistemicídio ou pela disputa por narrativas universalizantes. A imagem, a partir de uma leitura inicial,

que seria um exercício de identificação, admite a interpretação que resulta de um esforço analítico,

dedutivo e comparativo. Logo, ela como documento, como fonte, revela aspectos da vida material que,

algumas vezes, a compreensão de fontes escritas não revela. As narrativas gráficas conjuntamente com os

pensamentos feministas negros contribuem para a promoção das fissuras disciplinares, da visibilidade de

teorias sociais engajadas e da ampliação dos horizontes epistêmicos. Expressar a força visceral que as

mulheres negras precisam ter para serem ouvidas e lidas na produção científica hegemônica seria

antirracista se eu também ousasse, como elas, rompendo com as definições do cânone da Antropologia,

ou seja, a sua suposta objetividade, os rigores das técnicas, dos métodos e do refinamento das palavras.

Enfim, salientar que as alternativas epistemológicas são possíveis e a natureza experimental da

Antropologia deve ser comemorada e jamais encoberta, como algumas vezes nos deparamos diante de

cenários frustrantes no debate acadêmico. Não podemos nos esquivar de assumirmos riscos, porque ao

final não é possível controlar os imponderáveis da vida cotidiana.

Palavras-chave:

Epistemologias; Narrativas Gráficas; Pensamentos Feministas Negros.

1ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras

2ª opção de Sessão Temática

ST 19. Rompendo com a invisibilidade: intelectuais e feministas negras

3ª opção de Sessão Temática

ST 12. Linguagem e relações étnico-raciais numa perspectiva transgressora e afirmativa Nome Filiação institucional Katianne de Sousa Almeida (Autor/a) UFG - Universidade Federal de Goiás

Código do trabalho: 6222684

John Edmonstone o alforriado que influenciou Charles Darwin, seu apagamento histórico e a

importância de proporcionalidade de referenciais negros e negras no ensino de ciências

Resumo:

O presente estudo tem por objetivo apresentar para a comunidade científica brasileira o cientista John

Edmonstone, ex-escravizado latino americano da Guiana, que no século XIX, após ser alforriado deu

aulas na Universidade de Edimburgo para o jovem Charles Darwin. Assim como mostrar suas

contribuições para o pensamento científico pós-moderno no âmbito biológico, naturalista, taxidermista,

ornitológico, evolutivo darwiniano e seus sucessores neodarwinistas. Estabelecer as relações e

contribuições com o pensamento de Charles Darwin, um dos intelectuais mais influentes para a ciência

moderna e para o entendimento da vida, assim como discutir os motivos que levaram o seu apagamento

histórico além de trazer a importância de referenciais negros e negras no ensino de ciências e biologia em

escolas no Brasil afim de uma construção antirracista na educação e na área científica, melhora na

autoestima e autoimagem dos alunos negros e negras e para que mais jovens negros almejem uma carreira

de cientista. John, cruzou fronteiras saindo da Guiana se mudando para a Escócia e se tornando um

professor universitário, coisa muito incomum no século XIX para um homem preto ex-escravizado, este

trabalho será o primeiro publicado em língua portuguesa sobre essa ilustre figura, sendo de quase ou total

desconhecimento para os biólogos e ativistas do movimento negro brasileiro, portanto o objetivo é iniciar

uma discussão de novo referenciais que foram esquecidos, também criando ponte de um olhar latino

americano, uma visão defasada no Brasil. A ciência exatas/naturais também pode ser um lugar para

discussão étnico-racial, as ciências humanas tem um papel fundamental neste local ao produzir dados,

estudos profundos sobre figuras mas uma sociedade antirracista necessita que todos os campus trabalhem

pela inclusão, diversidade e pluralidade, começando pelo resgate de figuras para estimular crianças e

adolescentes no ensino formal. A taxidermia é uma técnica de preservação de preparados de pele,

esqueletos e outros artefatos biológicos de animais, popularmente conhecido como empalhar, o domínio

dessa técnica no século XIX era de total importância para o estudo anato-fisiológico dos animais.

Palavras-chave:

John Edmonstone; cientista negro; referências negras na ciência

1ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras

2ª opção de Sessão Temática

ST 14. Por uma educação emancipatória: confluências entre educação indígena, educação das relações

étnico-raciais e educação quilombola.

3ª opção de Sessão Temática

ST 08. Educação para as Relações Étnico-raciais no Ensino de Ciências e Matemática Nome Filiação institucional Laura Aguiar Leal (Autor/a) Bolsista

Código do trabalho: 2629976

Mar vermelho e branco: o percurso de encantaria das mulheres do Ilú Obá De Min

Resumo:

Com episódios ainda constantes de racismo, cada vez mais difundidos nas mídias, a violência desta ferida

ainda aberta em nossa sociedade e que estrutura todas as nossas relações precisa ser tratada de forma

urgente. Cada vez mais políticas públicas estão sendo criadas para combater o racismo em nosso país.

Uma delas foi a lei 10.539/2003 que trouxe alguma mudança na educação racial do Brasil.

Ter um espaço para construção do saber onde a identidade negra é vista não apenas como algo positivo,

mas também realizador de algumas mudanças que vemos acontecendo hoje em nosso país, é um

verdadeiro ‘paraíso’, como diz a escritora nigeriana Chimamanda Adichie quando nos alerta sobre os

perigos da história única, com a criação e manutenção de estereótipos que limitam a nossa existência, nos

encaixando em um só lugar.

O Ilú Obá De Min - Educação, Cultura e Arte Negra é uma associação paulistana que tem como base o

trabalho com as culturas de matriz africana e afro-brasileira. Foi fundado com objetivo de preservar e

divulgar a cultura negra no Brasil, além de destacar a participação e o protagonismo das mulheres através

da arte.

A associação hoje promove diversos projetos educativos, como o ‘Ilú na mesa’, um ciclo de palestras

anual que promove debate e reflexão em torno do combate ao racismo a partir das experiências trazidas

por suas convidadas, e também o curso ‘Diálogos Negros - Luta política e resistência através da memória

do Ilú’, que a cada encontro levou junto as pesquisas de suas formadoras a história do próprio bloco,

assim como de suas homenageadas.

Apesar de muitos projetos, é com o bloco afro carnavalesco que a associação se faz mais conhecida. Há

16 anos o bloco Ilú Obá De Min leva às ruas seu cortejo, sua ópera negra. Resultado de oficinas criativas

oferecidas ao longo do processo de construção do carnaval, que abrange aulas de percussão, dança, canto

e perna de pau que são ministradas na rua, para as integrantes e os curiosos que param para admirar os

ensaios.

Este trabalho é construído coletivamente a cada encontro, sob intempéries do tempo, de disponibilidade

de espaço para os ensaios, e do próprio fluxo do grupo - atualmente composto por mais de 400 mulheres

que a cada ano trazem seus saberes e experiências pessoais para o coletivo.

Meu projeto de pesquisa tem como principal característica a investigação e mapeamento das mudanças

emocionais e sociais de mulheres que não tiveram uma educação racial de qualidade e encontraram no Ilú

Obá De Min, este quilombo urbano no coração de São Paulo, outras referências para se reinventarem e

alargarem suas possibilidades de mulheres-sujeito. Através das pistas do método cartográfico pretendo

visualizar este percurso de busca por identidade das integrantes através de um mapa afetivo.

Palavras-chave:

Relações étnico-raciais; pedagoginga; arte

1ª opção de Sessão Temática

ST 03. Ações pela negritude: tentativas de ações e movimentos sociais transformadores, e de pesquisas

transformadoras e antirracistas

2ª opção de Sessão Temática

ST 13. Pensamento social, movimentos sociais e cultura negra na diáspora

3ª opção de Sessão Temática

ST 20. Tecnologias, culturas, mídias e linguagens: formas de abordar as questões étnico-raciais e de

enfrentar o racismo Nome Filiação institucional Raquel Silva dos Santos (Autor/a)

Código do trabalho: 6156550

Metafísica yorùbá para uma epistemologia da dança negro-brasileira

Resumo:

Pesquisamos as possibilidades de pensar a estética de uma dança negro-brasileira a partir da filosofia

africana com base na epistemologia do mito, corpo e ancestralidade, somado as contribuições dos autores

Inaicyra Falcão (2015) e Ligiéro (2011) no que se refere a cosmopercepção afro-brasileira e o processo de

encenação de danças negras. Um estudo de caso ancorado na observação da apresentação do espetáculo

de dança contemporânea Cruz Credo , entrelaçado pelo método cartográfico de Deleuze e Guattari

(1995), na cartografia da encruzilhada do filósofo Luis Carlos Santos (2014) e nos estudos das práticas

performativas do povo negro-brasileiro. A metodologia cartografia da encruzilhada aborda a cartografia

social, neste caso mais especificamente da cultura africano-brasileira. Deste modo, apresentamos

fotografias e sinalizamos os possíveis percursos adotados pelo artista, no processo de montagem, que

estão aliançados ao habitus do povo negro-brasileiro à luz das discussões entre corpo, cena, vida,

performance e a metafísica yorùbá. Na filosofia ocidental encontramos pensadores que se referenciam em

signos míticos como dispositivos para suas epistemologias: Nietzsche e as perspectivas dionisíacas,

Camus e o mito de Sísifo, o Leviatã de Thomas Hobbes, as citações de Aristóteles em sua obra Poética

sobre a tragédia de Édipo, o mito da caverna de Platão. Epistemologias da tradição europeia que são

apropriadas no ensino de filosofia no Brasil para a compreensão de questões éticas, políticas e estéticas. E

Èsù? Encontramos pensadores que apresentam a mitologia de Iara, Voduns, Caboclos e òrìsà como signos

míticos de produção de conhecimento filosófico?

A visão filosófica de Soyinka possui o ritual trágico yorùbá como princípio da metafísica yorùbá. A

questão central de seu pensamento está na perspectiva de valorização do corpo enquanto sede de

produção do conhecimento e na sua relação com o simbolismo dos òrìsà, apresentando novas leituras

sobre a metafísica africana e sua concepção de mundo que engloba o mundo dos ancestrais, dos vivos e

dos não nascidos. Cruz Credo parte de algumas práticas no ritual de Èsù e dos Òrìsà, um espetáculo solo

de dança afro-contemporânea que aborda a interseccionalidade entre o racismo e homofobia. A

gestualidade negro-brasileira é dinâmica, nasce da cultura africana e é reinventada no Brasil -

desterritorialização -, uma manifestação horizontal, com dobras, gingas, o baixo corporal, uma reinvenção

– filosofia como ancestral. Em sua essência Cruz Credo é uma dança com dispositivo na gestualidade

negro-brasileira, uma linguagem de pertencimento e fortalecimento das artes negras ancestrais

reconceptualizadas pelo cantar-dançar-batucar.

Palavras-chave:

Arte negra; Estética; Filosofia africana.

1ª opção de Sessão Temática

ST 10. Filosofia Africana, Filosofia Afro-brasileira e Saberes Ancestrais

2ª opção de Sessão Temática

ST 20. Tecnologias, culturas, mídias e linguagens: formas de abordar as questões étnico-raciais e de

enfrentar o racismo

3ª opção de Sessão Temática

ST 11. Intelectuais, movimento negro e antirracismo no século XX Nome Filiação institucional Maicom Souza e Silva (Autor/a) Museu Capixaba do Negro - MUCANE, Instrutor de Dança.

Código do trabalho: 8916241

Multiletramentos e ação social: implicações político-pedagógicas decorrentes do atendimento à Lei

Federal 10.639/2003

Resumo:

Este estudo, embasado no modo como a perspectiva dos multiletramentos tem sido mobilizada por

pesquisadoras(es) e educadoras(es) brasileiras(os) (SIGNORINI, 2012; ROJO; 2013, FERREIRA;

FERREIRA, 2015) para repensar o ensino de língua, teve como principal objetivo refletir sobre certas

implicações político-pedagógicas geradas pela necessidade de atendimento à Lei Federal 10.639/2003, a

qual torna obrigatório, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, o

ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, bem como a Educação das Relações Étnico-

Raciais. Ao tomar como enfoque teórico básico o referencial informado pelo texto fundador “A Pedagogy

of Multiliteracies: Designing Social Futures”, produzido pelo grupo de pesquisadores autodenominado

“The New London Group” (CAZDEN et al., 1996), bem como trabalhos derivados deste documento

(COPE; KALANTZIS, 2000, 2009) e buscando dialogar com os estudos sobre relações raciais no Brasil

(GOMES, 2005, 2007) e identidade cultural (HALL, 2000), articulação, por sua vez, remissiva ao que

Rawls (2008) denomina de bens primários sociais, a intenção foi não somente apresentar pontos

considerados social e politicamente controversos (ou tensivos), mas, sobretudo, apontar, a partir dessas

epistemologias, possibilidades para um ensino crítico de língua materna. Com esse intuito, as reflexões

teóricas foram complementadas, a título de ilustração, pela análise de alguns aspectos relativos ao

multiculturalismo e à multimodalidade, que foram vislumbrados em uma mobilização social antirracista

noticiada pelo provedor Universo Online (UOL), em setembro de 2015; bem como pela análise dos

mesmos aspectos, que foram percebidos em certos desdobramentos da referida mobilização social, dentre

os quais se destaca uma ação institucional realizada por meio do site www.change.org. Este trabalho, que

integrou um projeto de pesquisa e um projeto editorial mais amplos de reflexão sobre ensino e linguagem,

visou contribuir para o esclarecimento acerca de como a Pedagogia dos Multiletramentos, implícita em

certas práticas educativas decorrentes de mudanças curriculares histórica e socialmente demandadas, pode

favorecer o empoderamento de indivíduos, instituições de ensino e comunidades. Nesse sentido, foi

possível explicitar as dimensões dessa pedagogia que estavam subjacentes às atividades antirracistas

realizadas pelas(os) educadoras(es), estudantes e familiares envolvidos na ação social analisada, assim

como reconhecer os ganhos didático-pedagógicos, comunitários e políticos proporcionados pela presença

(intencional ou não) de tais dimensões.

Palavras-chave:

Pedagogia dos multiletramentos; Lei Federal 10.639/2003; Mobilização social antirracista.

1ª opção de Sessão Temática

ST 12. Linguagem e relações étnico-raciais numa perspectiva transgressora e afirmativa

2ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

3ª opção de Sessão Temática

ST 09. Educação, relações raciais e o estudo da história e cultura da África e afro-brasileira Nome Filiação institucional Carlos José Lírio (Autor/a) Universidade Federal de São Paulo

Código do trabalho: 2825279

Narrativas do cotidiano docente : Formação Afrosaberes na educação básica da rede de ensino de

Maricá

Resumo:

O presente texto traz o relato de experiência educacional na rede de ensino da Cidade de Maricá (região

Metropolitana, do Estado do Rio de Janeiro). A através de um núcleo, criado na Secretaria Municipal de

Educação, busca-se o estabelecimento de uma política de formação continuada para os professores da

rede municipal de ensino na educação básica, voltada para a discussão das relações raciais com o

propósito de enfrentamento do racismo estrutural escolar. O Núcleo Diversas Linguagens Artísticas

(NDLA) traz como um dos objetivos centrais: orientar, estabelecer e acompanhar as leis federais

10.639/2003 e 11.645/2008, que tratam do ensino de História e culturas Afro-brasileiras e indígenas no

estabelecimento do currículo em todas as áreas do conhecimento e modalidades de ensino, ao longo de

ano letivo. O caminho percorrido da equipe, passou pela produção de documento orientador para basilar

as ações e práticas pedagógicas antirracistas nas Unidades Escolares. Através do Projeto “Sacola de

Ananse”, a literatura afro-indígena, foi um dos instrumentos para levar acervo, literários de

fortalecimento cultural, ancestral, identitário aos estudantes e docentes. As visitas, as escolas, narrativas e

mostra de trabalhos, produziram dados alarmantes e outros encantadores sobre as práticas cotidianas nas

unidades escolares. Assim nasceu o “Projeto de Formação Continuada Afrosaberes I”, cujo tema foi:

“Educação para as Relações Raciais. Desafios, perspectiva e poesias em tempos difíceis”, já atravessados

pela pandemia do Covid 19, que promoveu uma ruptura nos fluxos de trabalhos planejados. O que

estabeleceu outras prioridades, em defesa da vida. Foram construídas atividades remotas com a utilização

de autores/as negros/as e “indígenas, e seu protagonismo em diferentes áreas e referências negras na

história, que chegariam à casa das crianças e jovens através do ensino virtual. A formação “Afrosaberes

I”, aconteceu de forma virtual, trazendo narrativas desafiadoras, principalmente quando o tema passa

mesmo que subjetivamente pela cultura religiosa de matrizes afro-indígena. As narrativas e do cotidiano

(Benjamin, 2004) e a urgência de discussão sobre como os aspectos das relações raciais impactam a

prática das educadoras, atravessam (Munanga, 2005) e outros autores que fundamentam mudanças

epistêmicas na formação continuada da educação básica. A melhoria do desempenho escolar passa

obrigatoriamente pela valorização do pertencimento e identidade para a superação das desigualdades

educacionais históricas, fincadas no recorte racial, para superação dos entraves nem sempre

silenciosamente impostos pelo racismo. Ressalto que para o estabelecimento das políticas públicas

educacionais antirracistas é preciso investir em recursos humanos, financeiros e vontade política.

Palavras-chave:

Docência Antirracista; Religiosidade; Educação básica

1ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

2ª opção de Sessão Temática

ST 12. Linguagem e relações étnico-raciais numa perspectiva transgressora e afirmativa

3ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional Sandra Aparecida Gurgel Vergne (Autor/a) SME Marica

Código do trabalho: 8653518 Narrativas Negras: O papel dos coletivos negros nas universidades brasileiras

Resumo:

O objetivo deste trabalho é de analisar por meio das narrativas de estudantes negros/as integrantes de

Coletivos de Estudantes Negros sobre suas ações políticas, estéticas e identitárias. Nossa finalidade é de

compreender o papel político desempenhado por esses atores políticos nas instituições universitárias

brasileiras. Nesta pesquisa compreendo que os coletivos negros universitários fazem parte de uma nova

‘’expressão’’ do movimento social negro. Por fim ressalto que este trabalho, também visa investigar as

novas tecnologias de superação do racismo, intervenções e estratégias elaboradas no interior das

universidades públicas brasileiras, por meio dos Coletivos Negros para a construção de uma identidade,

corporeidade e permanência negra positiva e política.

O Movimento negro brasileiro foi o principal ator e articulador político que trouxe à cena pública o

debate acerca da construção de políticas públicas, com o objetivo da superação das desigualdades raciais

presentes no Brasil (JACCOUD, 2009). Por intermédio de uma nova configuração do conceito de raça,

como ferramenta política e analítica, passamos a questionar o mito da democracia racial e organizamos

novas tecnologias políticas para expor como o racismo está presente nas estruturas do estado, e como ele

atua no controle da vida dos corpos negros e, por meio delas, conseguimos criar alguns mecanismos

institucionais e estratégicos para a inserção da população negra no ensino superior.

Inicialmente a construção do trabalho terá três momentos norteadores que poderão ser revistos,

reavaliados e reconfigurados de acordo com a pesquisa. O primeiro momento será marcado pelo eixo

bibliográfico e pelo levantamento de produções acerca da temática do trabalho, o seguinte momento

consiste no mapeamento dos coletivos negros universitários e no terceiro e ultimo serão realizadas

entrevistas semi-estruturadas.

A universidade está relacionada a um contexto social, sendo assim reproduz as estruturas e processos

organizados em uma sociedade. Portanto o racismo também é um dos seus eixos estruturantes, assim

como seu ambiente é predominantemente branco, do ponto de vista simbólico como na produção de

conhecimentos alojados na lógica da branquitude, e essas relações influenciam as narrativas e trajetórias

de estudantes negros/as. É nesse contexto que os/as estudantes negros/as ao ingressarem nas

universidades e institutos de ensino superior, se veêm deslocados e invisibilizados tanto na grade

curricular como no corpo docente. E começam um processo de conexão principalmente na tentativa de

tornar o espaço da universidade mais ‘’acolhedor’’ para futuros ingressantes negros, assim como para

construir políticas institucionais para a superação do racismo através das ações dos coletivos negros

universitários.

Palavras-chave:

Coletivos Negros; Movimento Negro; Educação.

1ª opção de Sessão Temática

ST 03. Ações pela negritude: tentativas de ações e movimentos sociais transformadores, e de pesquisas

transformadoras e antirracistas

2ª opção de Sessão Temática

ST 11. Intelectuais, movimento negro e antirracismo no século XX

3ª opção de Sessão Temática

ST 13. Pensamento social, movimentos sociais e cultura negra na diáspora Nome Filiação institucional

Lucas Ferreira do

Nascimento (Autor/a)

Código do trabalho: 1657356 No jogo da Capoeira com a Educação Física: as lutas por uma educação antirracista.

Resumo:

INTRODUÇÃO

A Capoeira por vezes no âmbito escolar é invisibilizada, silenciada, negada ou na perspectiva de Mbembe

(2018) fantasmagorizada. Ao mesmo tempo, a Capoeira enquanto cultura de movimento vincula-se ao se

movimentar do homem que parafraseando Falcão (2001) tem história, tem contexto, tem vida, tem classe

social, enfim, um homem com inerente necessidade de se movimentar na busca de sua emancipação e da

sua liberdade.

METODOLOGIA: A partir de uma abordagem qualitativa pauto-me inicialmente na revisão de literatura,

respaldando as discussões a partir das pesquisas com os cotidianos que propõe uma concepção ética,

política, estética, teórica e epistemológica me sugerindo organizar o trabalho de forma horizontalizada,

democratizada e dialogada (ALVES, 2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao trabalhar com a Capoeira em âmbito escolar fui percebendo

algumas dificuldades quando tal proposta se tratou de “prática” – que na área de Educação Física

conhecemos como a dimensão procedimental dos conteúdos (DARIDO, 2005). Penso que as atitudes e

pensamentos racistas pelos quais passei são reflexos do que Tavares (2012, p. 25) chamou de

colonialismo cognitivo, pois, nele “[...] se processa a exclusão dos saberes marginais do projeto

pedagógico oficial”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Para o filósofo martinicano Frantz Fanon (2008, p.33) “falar é existir

absolutamente para o outro”. Saímos para um lugar de VISIBILIDADE, pois de acordo com Passos

(2014, p.228) “quem enuncia tem a possibilidade de escapar do lugar da invisibilidade pela/com a

palavra, pelas/com as narrativas”. Professor e alunes anunciaram, renunciaram e denunciaram e acredito

que assim insurgentemente abalamos as estruturas de um sistema posto.

REFERÊNCIAS

ALVES, Nilda. Apresentação – Cotidianos, imagens e narrativas. In: BRASIL. Ministério da Educação.

Secretaria de educação a distância. Salto para o Futuro: Cotidianos, imagens e narrativas. ISSN 1982-

0283 Ano XIX – Nº 8 – junho/2009.

DARIDO, Suraya Cristina. Educação física na escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

FALCÃO, Jose Luiz Cirqueira. Capoeira. In: KUNZ, Eleonor (org). Didática da Educação Física. 2ª Ed.

Rio grande do Sul: Unijui, 2001, p.55-94.

FANON. Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008

MBEMBE, Achille. Crítica da Razão Negra. Rio de janeiro: n-1 edições, 2018.

PASSOS, Mailsa Carla Pinto. Encontros cotidianos e a pesquisa em Educação: relações raciais,

experiência dialógica e processos de identificação. In: Educar em Revista. Curitiba: Editora UFPR, n. 51,

jan./mar. 2014, p. 227-242.

TAVARES, Júlio Cesar de. Dança de guerra - arquivo e arma: elementos para uma Teoria da

Capoeiragem e da Comunicação Corporal Afro-brasileira. Belo Horizonte: Nandyala, 2012.

Palavras-chave:

Capoeira; Educação Física; Educação antirracista

1ª opção de Sessão Temática

ST 16. Práxis pedagógicas antirracistas na educação física escolar: precisamos enegrecer!

2ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

3ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico Nome Filiação institucional Lindinalvo Natividade (Autor/a) prefeitura municipal de Barra mansa

Código do trabalho: 1569791

Nós, Africanos, Somos o Pai da Filosofia

Resumo:

O presente projeto de iniciação científica voluntária tem por objetivo geral pesquisar a influência da

filosofia kemética no pensamento filosófico europeu, as estratégias de dominação utilizadas na produção

do saber como uma racionalidade provida exclusivamente por homens brancos. Buscamos a partir desta

pesquisa destacar a importância da filosofia africana, bem como o seu desvio histórico provocado pela

predominância do pensamento filosófico europeu pela arma genocida da Maafa (ANI, 1994). Os filósofos

tiveram contribuição direta no processo de colonização e escravidão, pois foi por meio dos seus saberes

que se justificou “cientificamente” os processos de dominação e exploração entre povos. Afirmativa essa

que se faz com a formulação da antropóloga Marimba Ani (1994), ao narrar que a origem embrionária do

racismo retoma o pensamento de Platão, que segundo a autora funda as bases epistêmicas da colonização

e da hierarquização da racionalidade. Como introdução para o conhecimento da filosofia kemética,

destacamos a obra O Legado Roubado (1954) do intelectual George James. O autor inaugura o seu debate

nos colocando no caminho da obviedade: porque os gregos foram para Kemet (nome originário dado

pelos africanos antes da invasão, que significa terra dos homens pretos. Renomeado pelos colonizadores

por Egito) buscar conhecimento com um povo considerado selvagem? E no desenvolver da sua pesquisa,

da sua denúncia, na busca por justiça nos apresenta a influência da filosofia kemética na construção do

pensamento dos gregos. A partir disso, destacamos que, os africanos primam pelo princípio da

gemelaridade, que segundo a antropóloga Marimba Ani significa que o outro é a condição da minha

existência e não meu escravo, e que, portanto, não há uma relação de superioridade entre os sujeitos/as.

Ainda segundo a autora, nos completamos em todas as esferas da vida social, seja na espiritualidade, nas

emoções e na potencialidade humana de uma razão que se funda na totalidade dos seres. Desse exposto,

ao recorrermos à filosofia africana estabelecemos uma análise crítica ao pensamento filosófico

eurocentrado, monorracional. Segundo o filósofo queniano Disma Masolo (2010), pessoas

monorracionais aceitam apenas um modelo de racionalidade e pessoas polirracionais respeitam ou

pensam outras racionalidades. Dos achados da pesquisa em curso, entendemos que o platonismo nesse

sentido apreende os fundamentos da filosofia kemética. Todavia, a partir dela, estabelece uma relação

hierarquizada, essa que busca radicalizar o controle, a disciplina e a inferioridade entre povos, nações e

etnias.

Palavras-chave:

Filosofia Kemética; África; Eurocentrismo

1ª opção de Sessão Temática

ST 10. Filosofia Africana, Filosofia Afro-brasileira e Saberes Ancestrais

2ª opção de Sessão Temática

ST 03. Ações pela negritude: tentativas de ações e movimentos sociais transformadores, e de pesquisas

transformadoras e antirracistas

3ª opção de Sessão Temática

ST 14. Por uma educação emancipatória: confluências entre educação indígena, educação das relações

étnico-raciais e educação quilombola. Nome Filiação institucional Tainan Conrado de Sousa (Autor/a)

Código do trabalho: 3699579

Os discursos raciais na Comissão de heteroidentificação

Resumo:

Os discursos raciais em uma Comissão de heteroidentificação

O Brasil, assim como os outros países do globo, passa por uma crise sanitária. Acrescenta-se a isto, o fato

de estarmos vivendo um momento político delicado, em que com a guinada do país para a extrema-

direita, após um governo de esquerda, há uma série de perdas de direitos, incluindo os trabalhistas e os

previdenciários. Neste contexto, as ações afirmativas são direitos importantes conquistados pelo

Movimento Negro para que pessoas negras e indígenas possam fazer parte do corpo discente das

universidades públicas federais brasileiras. Ao longo deste processo, as comissões de heteroidentificação

exercem um papel relevante para implementação desta política e para a prevenção de fraudes. Sendo

assim, nesta apresentação, pretendo mostrar os discursos raciais que são construídos por futuras(os)

estudantes de graduação ao se apresentarem na Comissão de Heteroidentificação. Para tal, embaso-me na

concepção de linguagem/discurso como ação (Butler, 1997) e na perspectiva de raça sugerida por

Mbembe (2015). Os dados analisados foram gerados durante o trabalho da comissão aqui em discussão de

uma universidade federal situada no Rio de Janeiro. Eles são textos semióticos, em formato de vídeos, de

futuros estudantes que passaram pela comissão ao longo de 2019 e 2020. Para as análises destes

discursos, faço uso dos conceitos de entextualização proposto por Bauman & Briggs (1990), a

indexicalidade sugerida por (Silverstein, 2003; Blommaert, 2010) e os índices linguísticos de Silverstein

(2003). Ao longo do trabalho da comissão de heteroidentificação foi possível perceber que nas

justificativas de estudantes dos mais diversos cursos são encontrados discursos raciais diversos que

apontam para ideologias raciais da miscigenação, ascendência familiar, aspectos biológicos,

pertencimento a determinado grupo étnico e seus costumes. Por outro lado, nas situações de fraude, os

discursos se ancoram, especificamente, na miscigenação racial brasileira. Esses resultados apontam para a

relevância das comissões de heteroidentificação e a relevância de se discutir os privilégios raciais e raça

em contexto brasileiro, especialmente, nas instituições de ensino que podem contribuir ainda mais para o

letramento racial crítico como propõe Ferreira (2012).

Palavras-chave:

"discursos", "raça", "comissão de heteroidentificação"

1ª opção de Sessão Temática

ST 01. A Comissão de heteroidentificação: um processo formativo e de reafirmação identitária.

2ª opção de Sessão Temática

ST 12. Linguagem e relações étnico-raciais numa perspectiva transgressora e afirmativa

3ª opção de Sessão Temática

ST 03. Ações pela negritude: tentativas de ações e movimentos sociais transformadores, e de pesquisas

transformadoras e antirracistas Nome Filiação institucional

Glenda Cristina Valim de Melo (Autor/a) Universidade Federal do Estado do Rio de

Janeiro

Código do trabalho: 1938665

Para além de Bucetas Quentes: Corpos PEÇA, Mulheres negras nas Artes da Cena

Resumo:

Lançando o olhar para os saberes e fazeres corpóreos de mulheres negras das artes cênicas da dança aqui

do Brasil, trago a reflexão a partir do que Bell Hooks (2019) aborda em seu livro Olhares Negros Raça e

Representação, em que volto atento me ao capítulo “Vendendo uma Boceta Quente: Representações da

Sexualidade da Mulher Negra no Mercado Artístico Cultural”. A autora traz a partir de alguns exemplos

históricos de como os escopos racistas do mercado artístico cultural não lançam possibilidades de

transpor outras narrativas artístico performáticas que representem outros modos de fazeres e saberes

técnicos cênicos que exponham o corpo de mulheres negras artistas, evidenciando lógicas coloniais

perpetuadas na agenda da regulação do corpo negro (GOMES, 2011) sobre a lógica do racismo e

machismo institucional, e aponta que a legitimação artística das mulheres negras dentro deste escopo

mercadológico só é levada em consideração diante do fator de animalização expositiva, hipersexualizada

e objetificada de seus saberes e fazeres corpóreos. Logo, buscarei interseccionar a pesquisa em criação

cênica em processo intitulada: Representações do Feminino Negro na Cena Contemporânea Porto

Alegrense no séc. XXI. Elege-se uma das temáticas, a saber, a de um modo de pensar/discursar acerca do

corpo da mulher negra para tratar de gênero, raça e sexualidade. Nesse sentido, busca-se localizar e

pensar como são vistas e lançadas narrativas e ações performativas cênicas idealizadas por mulheres

negras, a partir do local onde a pesquisa se desenvolve. Pretende-se pensar uma criação cênica que dê

conta de abordar questões para o desenvolvimento de uma criação e pesquisa que pensa e se lança

enquanto um projeto decolonial para as artes cênicas performativas. Acredito que o olhar sobre a

corporeidade negra poderá nos auxiliar a encontrar outros elementos para a compreensão de novas

dimensões políticas e educativas referentes à questão racial (GOMES, 2011) e o fazer artístico, lançando

mão do que é e o que poderá ser diante do critério da lente hegemônica de pensar, ser, fazer e saber.

Sentidos esses para compreender e lançar questões relacionadas ao viver o corpo no mundo e não negar

que o corpo sente dor, produz, faz escolhas, age, move, contesta, vibra, goza, sonha, reage, se diverte e

luta sobre a sua liberdade em tecer e narrar a própria vida, no sentido de utilizar o corpo com cor como

um fator que cliva a poesia e a abstração da realidade vivida em sua dinâmica através do que pode o

corpo no modo criativo. Perceber a dinâmica do corpo e sua movimentação como um fator autônomo de

percepção.

Palavras-chave:

Mulheres Negras; Artes Cênicas; Sexualidade

1ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras

2ª opção de Sessão Temática

ST 19. Rompendo com a invisibilidade: intelectuais e feministas negras

3ª opção de Sessão Temática

ST 20. Tecnologias, culturas, mídias e linguagens: formas de abordar as questões étnico-raciais e de

enfrentar o racismo Nome Filiação institucional Gabriela Souza da Rosa (Autor/a)

Código do trabalho: 4947592

Processos educativos de dança com vistas à emancipação social: relações étnico-raciais,

interculturalidade e descolonização do currículo

Resumo:

Esta proposta de apresentação oral no IV COPENE Sudeste se propõe a oferecer uma contextualização da

interculturalidade (SANTOS e NUNES, 2003; CANDAU, 2008) no contexto da educação, relações

étnico-raciais e descolonização do currículo, com a intensão de confabular utopias para o ensino-

aprendizagem de dança emancipatórias. Serão apontadas, também, concepções teóricas, no campo da

Dança, Educação e Ciências Sociais, na denúncia de primazias epistemológicas etnocêntricas em

processos educativos dança (SILVA e SANTOS, 2017) e como essas operam na invisibilização e

deslegitimação de conhecimento afro-orientados. Entende-se por afro-orientada a perspectiva crítica à

universalidade moderna ocidental que valoriza os aspectos oriundos da experiência africana no mundo

sem estabelecer um pensamento exclusivista e essencialista das civilizações africanas. Propõe-se refletir e

reconhecer a diáspora africana no mundo em seu processo de existência, transformação e atuação no

trânsito e interação com outras culturas, mas que se mantêm, primordialmente, orientada por princípios,

formas, valores, histórias e símbolos africanos (SILVA, 2017).

Tais questões, constituem parte da pesquisa de mestrado Relações étnico-raciais em processos educativos

de dança: ensino-aprendizagem, interculturalidade e emancipação social que intenta, no campo

interdisciplinar da Dança e Educação, mapear e compreender processos educativos de dança orientados

pela Educação para as Relações Étnico-Raciais, analisados a partir da interculturalidade e emancipação

social na rede pública de educação, municipal e estadual, na cidade de Belo Horizonte. Se valendo de

metodologia qualitativa, pretende-se aliar pesquisa de referência e pesquisa exploratória a fim de arrolar

abordagens metodológicas de ensino-aprendizagem de dança, orientada por uma perspectiva intercultural

e emancipatória, bem como antever possibilidades de desdobramentos para um currículo nacional.

Sendo assim, apostamos na interculturalidade como chave estabilizadora de etnocentrismos coloniais

como processo de descolonização do currículo na promoção de uma negociação cultural para o

enfrentamento da colonialidade e facilitadora da construção de um projeto comum de dança pelo qual as

identidades sejam dialeticamente incluídas (CANDAU, 2010).

Palavras-chave:

COLONIALIDADE NA DANÇA; INTERCULTURALIDADE; EMANCIPAÇÃO SOCIAL.

1ª opção de Sessão Temática

ST 14. Por uma educação emancipatória: confluências entre educação indígena, educação das relações

étnico-raciais e educação quilombola.

2ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

3ª opção de Sessão Temática

ST 12. Linguagem e relações étnico-raciais numa perspectiva transgressora e afirmativa Nome Filiação institucional André Luiz de Sousa (Autor/a) SEE-MG

Código do trabalho: 9462449

Projeto Consciência Negra e o NEER Marianna Crioula uma proposta antirracista no município de

Paty do Alferes

Resumo:

Nesta pesquisa buscamos compreender as tensões e os desafios que se colocam para a rede de ensino do

município de Paty do Alferes (RJ), para a implantação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino

da História e Cultura Afro-Brasileira no currículo de escolas públicas e particulares do ensino

fundamental e médio no Brasil. Logo, iremos apresentar duas iniciativas que têm sido realizadas para o

cumprimento da lei, o “Projeto Consciência Negra”, desenvolvido ao longo de quatro anos com o

propósito de desenvolver práticas pedagógicas antirracistas e não sexistas no combate a educação sexista

e racista como forma de prevenção à violência contra a mulher e o resgate da história local do município e

de sua região, e nesse trabalho também iremos apresentar o Núcleo de Estudos Étnico-Racial Marianna

Crioula (NEER), projeto pedagógico que tem o intuito de promover cursos de formação sobre a educação

étnico-racial a professores da rede municipal de Paty do Alferes , colaborar com a reorganização e

implementação da matriz curricular das relações étnico-raciais. Ambas as iniciativas estão em

desenvolvimento junto a Secretaria Municipal de Educação (SME) do município, elas privilegiam a

defesa de uma educação antirracista incentivando a valorização do patrimônio histórico e cultural, por

meio de iniciativas que inserem, nas escolas, personalidades negras, como por exemplo, os heróis

Marianna Crioula e Manoel Congo, que marcaram a história do município de Paty do Alferes, pois juntos

lideraram o maior levante de negros escravizados do Sul Fluminense. E discutir sobre a invisibilidade e o

apagamento da liderança de Marianna Crioula na história local. A metodologia adotada nesse trabalho é

voltada para uma análise dos resultados gerados pelo desenvolvimento dos dois projetos na prática

docente dos envolvidos. Esta pesquisa revelou mudanças, do ponto de vista das políticas públicas

educacionais, no município pesquisado, em um projeto articulado no sentido de efetivar a implantação da

Lei 10.639/03, conforme previsto desde 2003. As análises estarão ancoradas nos estudos críticos de

Chimamanda Ngozi Adiche (2009), bell hooks (2017), Sueli Carneiro (2011), entres outros que possam

ser incorporados ao longo da pesquisa.

Palavras-chave:

Lei 10.639/03; Paty do Alferes; Educação étnico-racial

1ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

2ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

3ª opção de Sessão Temática

ST 04. Cultura Afro-Brasileira e patrimônio: memórias, lugares, tradições e preservação Nome Filiação institucional Rosilene Stumbo (Autor/a) Prefeitura municipal paty do alferes

Código do trabalho: 8962375

Quem é você nesse espelho? Mulheres negras, fotografias e trajetórias de politização

Resumo:

Juiz de Fora é uma cidade mineira da região da Zona da Mata cuja auge do desenvolvimento se dá no

século XIX. Marcada pela inserção no capitalismo atrelado à segunda escravidão e atravessada por

narrativas acercas da modernidade, do progresso e do mito do imigrante trabalhador e empreendedor se

recusa a associar esse progresso à exploração da mão da obra escravizada desde sua emancipação em

1850, marcando uma opção pela escravidão num momento no qual já se discutia seus comprometimentos

éticos. Essa opção deu base à uma geografia do desenvolvimento das áreas centrais, definindo o poder de

uma elite que se queria projetada nos artefatos urbanos, ao mesmo tempo que se desenhava quem eram

aqueles que tinham direito a desfrutar dessa modernidade. Assim, associado ao processo de modernização

e higienização das cidades dá-se também a constituição de subjetividades negras no pós abolição,

atravessadas pela exclusão, pelas lutas pelo direito à cidade e pelas estratégias de sociabilidades

construídas em espaços e formas várias apesar das infinitas restrições. Nessa perspectiva de compreender

a construção de "muros invisíveis" que segmentam as cidades escravistas essa comunicação representa

um desdobramento da minha pesquisa de doutorado, iniciada em 2018, e que investiga a participação de

mulheres negras em movimentos sociais na cidade de Juiz de Fora em MG. Apoiada essencialmente na

história oral e nos relatos de vida, ela foi atravessada pela força das fotografias que aparecem como um

artefato raro no universo sóciocultural de famílias negras e apresentaram-se como fonte privilegiada para

se pensar a transformação de mulheres negras em sujeitos políticos e suas dimensões de vida e

organização nessa cidade que as apagou da sua história. Refletir sobre o lugar que esses registros ocupam

no imaginário dessas mulheres, atravessadas pelas entrevistas de vida e pelos relatos sobre o estar na

cidade revelou-se como ferramenta de pesquisa que deu novas dimensões às possibilidades investigativas

da construção de subjetividades femininas negras no pós abolição , bem como vem permitindo

compreender como se constroem diferentes formas de aglutinação e resistência, em diferentes

temporalidades, que permitiram a essas mulheres terem suas vidas profundamente impactadas pela

dinamicidade das formas de enfrentamento das opressões de gênero, de raça e de classe.

Palavras-chave:

mulheres negras; fotografias; movimentos sociais

1ª opção de Sessão Temática

ST 19. Rompendo com a invisibilidade: intelectuais e feministas negras

2ª opção de Sessão Temática

ST 13. Pensamento social, movimentos sociais e cultura negra na diáspora

3ª opção de Sessão Temática

ST 05. Descolonizando o conhecimento a partir das (re)existências de intelectuais negras Nome Filiação institucional Giovana de Carvalho Castro (Autor/a) prefeitura de juiz de fora

Código do trabalho: 7914440

Quilombos e Comunidades Quilombolas em Livros Didáticos de Educação de Jovens e Adultos

Resumo:

A pesquisa analisa as formas de apresentação e representação de quilombos e quilombolas nos livros

didáticos destinados à educação de jovens e adultos. O ‘corpus’ documental está delimitado pelas

publicações aprovadas no âmbito do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) nos anos de 2010

(Alfabetização - PNLDA); 2013 (Guia de Livros Didáticos PNLD Campo) e 2014 (Educação de Jovens e

Adultos – PNLD-EJA). Registre que estes campos de saber foram profundamente impactados pela lei

10.639/03, bem como pela Resolução no 08/2012 do Conselho Nacional de Educação que dispõe sobre as

diretrizes Nacionais para a Educação Escolar Quilombola. A partir dos aportes teórico-metodológicos da

história do livro didático, procura-se demonstrar os avanços e limites desses impactos no que tange a

escolarização da história de quilombos e comunidades quilombolas no Brasil. Esta orientação

metodológica é imprescindível, não só porque permite compreender a educação das relações étnico-

raciais como parte das políticas de igualdade racial conquistadas pelos movimentos negros, mas também

porque permite identificar as reverberações dos conhecimentos produzidos a partir dela em todos os

espaços educacionais articulados às políticas públicas, incluindo a Educação de Jovens e Adultos. Procura

analisar a emergência das lutas pela educação antirracista presentes nos textos como o agrupamento e

síntese de práticas sociais produzidas em diferentes contextos.

As representações de quilombos e comunidades quilombolas nos livros didáticos de EJA foram

analisadas considerando as categorias de análise propostas pelas professoras Shirley Aparecida de

Miranda, Jaqueline Cardoso Zeferino e Vanda Lúcia Praxedes. As categorias formuladas pelas

pesquisadoras foram inscritas como parte do importante e volumoso livro Educação das relações Étnico-

Raciais: o estado da arte, publicado em 2018. Neste “compêndio” a história dos quilombos e comunidades

quilombolas em suas interfaces com o ensino recebeu um capítulo específico intitulado “Educação e

Quilombos”. Nele as autoras e equipe realizaram amplo levantamento em torno das características da

produção acadêmica sobre quilombos e educação no Brasil.

A história do Brasil diz respeito à diáspora africana e as lutas de resistência com os fatos. As

comunidades quilombolas são mostradas como subalternas em consequência do racismo, em que acham

por direito principalmente nas escolas que podem negar uma história de um povo, colocando como

negativo e ruim, sucessivamente uma cultura instável.

Palavras-chave:

Quilombola; Educação de Jovens e Adultos; Livros didáticos.

1ª opção de Sessão Temática

ST 17. Quilombos, Educação e Territorialidades no contexto de luta por Direitos

2ª opção de Sessão Temática

ST 16. Práxis pedagógicas antirracistas na educação física escolar: precisamos enegrecer!

3ª opção de Sessão Temática

ST 04. Cultura Afro-Brasileira e patrimônio: memórias, lugares, tradições e preservação Nome Filiação institucional Camila Vaz (Autor/a)

Código do trabalho: 2934310

Religiosidades de matrizes africanas no currículo escolar

Resumo:

Esta comunicação pretende apresentar uma experiência docente na temática das relações étnico-raciais,

realizada em escola particular da zona norte da cidade do Rio de Janeiro, em 2017. Tal abordagem

pedagógica privilegiou os aspectos religiosos da cultura afro-brasileira e africana, apresentando os orixás

de maneira lúdica, em formato de HQ, utilizando o material produzido pelo ilustrador e quadrinista, Hugo

Canuto. Para fins de comparação, relataremos semelhante atividade realizada junto aos alunos da rede

pública de ensino municipal, em 2021, em que o público alvo, os desafios encontrados e as aberturas de

diálogo junto a direção, discentes e familiares mostraram-se diferentes da primeira experiência. É

necessário, ainda, analisarmos de maneira crítica o material pedagógico produzido/utilizado nas duas

instâncias de educação, bem como os recortes socioeconômicos e étnicos que definem cada ambiente de

ensino em que a atividade foi desenvolvida. Nossa proposta pedagógica teve como objetivo final pensar a

escola enquanto ferramenta de combate às diferentes formas de racismo (SCHWARCZ, 2012) e,

especialmente, ao racismo religioso contra as devoções de matrizes africanas, como a Umbanda e o

Candomblé (NOGUEIRA; OLIVEIRA, 2006, e OLIVA, 2005). Tal proposta tem como ponto central a

mobilização de conhecimentos acerca dessas religiões na disciplina de História, foco e área de formação

da comunicadora. O currículo escolar de História, apesar da luta dos movimentos negros das últimas

décadas, permanece eurocêntrico e de referenciais cristãos, limitando ou dissimulando os saberes

representativos acerca da participação da população afrodescendente na construção cultural do país.

Tendo por base a Lei 10.639 de 2003, que implementa na Educação a obrigatoriedade do Ensino de

História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, este trabalho defende que a ação docente, de desconstrução

de preconceitos através da construção de novos e atualizados conhecimentos, possa ser importante

articuladora para o surgimento do respeito às religiões negras no Brasil (WALSH, 2007). É

responsabilidade da escola produzir conhecimento democrático e amplo, incluindo as representações das

diversas culturas formadoras da identidade e povo brasileiro (GOMES, 2012). Assim, a expectativa deste

trabalho é contribuir para a alteração do atual quadro de racismo religioso na sociedade brasileira através

da mudança no currículo, introduzindo, como conteúdo escolar, conhecimento historicizado acerca das

religiões de matrizes africanas, especialmente sobre a Umbanda e o Candomblé.

Palavras-chave:

Escola; História; Religiões de Matrizes africanas

1ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

2ª opção de Sessão Temática

ST 09. Educação, relações raciais e o estudo da história e cultura da África e afro-brasileira

3ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional Rachel Romano dos Santos (Autor/a) Secretaria Municipal de Educação

Código do trabalho: 2637359

Sonhos Visíveis: Um projeto antirracista no 6º ano carioca.

Resumo:

A experiência didático pedagógica foi realizada durante o ano letivo de 2019, na Escola Municipal Tobias

Barreto, com a turma do 6º ano carioca. Essa unidade escolar fica situada na zona norte da cidade do Rio

de Janeiro, o famoso subúrbio carioca, no bairro do Encantado, entre as estações de trem do Engenho de

Dentro e Piedade.

O projeto 'Sonhos Visíveis' foi criado por mim para visibilizar para a molecada da escola pública, em sua

maioria negra e de periferia, a possibilidade de sonhar livremente e isso só pode ser feito por meio de

exemplos visíveis. Por isso, decidi convocar amigos e amigas todos negros e negras de diversas

formações e atuações profissionais para bater um papo com meus alunos, contar das trajetórias, aproxima-

los de possibilidades variadas de sonhos que tenham referências pretas positivas, e com isso queiram

fazer cinema, biomedicina, ciências sociais, jornalismo, história, enfim o que eles desejarem, no entanto

que seus sonhos sejam livres, visíveis e principalmente possíveis.

A dinâmica da prática funcionava da seguinte forma; O convidado (a) chegava à sala de aula e os alunos

tinham que, em forma de rodízio, elaborar perguntas para descobrir qual era a profissão do então

convidado. A partir disto, os alunos coletavam as dicas e tentavam chegar à uma resposta, logo que

conseguiam descobrir a profissão do invitado, o mesmo começava a explicar para os alunos, como foi a

trajetória desde que ele tinha a idade dos estudantes até chegar onde ele (a) estava no momento atual. A

dinâmica era bem movimentada e ajudava àqueles meninos e meninas desenvolverem habilidade de

raciocínio lógico, formulação de perguntas, questionamentos e gerar curiosidades sobre algumas

profissões que muitas vezes, eles nem sabiam que existiam.

Consequentemente, esta prática tem como seu elemento gerador a barreira imposta pelo racismo

estrutural, que desde a primeira infância, impossibilita crianças negras de reconhecer e gostar da própria

cor, os invisibiliza, os tira da plenitude de ser infante, da possibilidade dos sonhos, de simplesmente

serem livres. O cerceamento só vai mudando a forma, mas existe desde a tenra idade. Por isso o racismo

estrutural aqui é tratado como uma doença a ser combatida, um vírus que precisa ter um antídoto para que

não continue se perpetuando pela população, logo o foco dessa prática está no antídoto, que é a educação

antirracista e suas possibilidades de reexistência e ressignificação da negritude no espaço escolar.

Palavras-chave:

Educação antirracista; Negritude; Educação básica

1ª opção de Sessão Temática

ST 06. Docência Antirracista na Educação Básica

2ª opção de Sessão Temática

ST 07. Educação das Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas no Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico

3ª opção de Sessão Temática

ST 15. Práticas Pedagógicas para as Relações Etnicorraciais na Educação Básica/Área Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas Nome Filiação institucional Luan Ribeiro da Silva (Autor/a) PCRJ - Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro