seres do subterrâneo: os invisíveis do mundo moderno

14
 Seres do Subterrâneo: Os Invisíveis do Mundo Moderno Este ensaio faz parte de um conjunto de estudos que discute o uso de abordagens influenciadas pelo pensamento único, fundamentadas no paradigma funcionalista, como len tes pa ra co mpr eender prá tic as sociais atr ave ssa das por ltip las rac ion ali dad es . Nes te ens aio par timos des sa pre ocu paç ão e bus ca mo s ma rcos teóricos nãoortodo!os em Estudos "rganizacionais. #ara tanto, mobilizaremos as abordagens teóricas propostas por $oaventura %antos e #aulo &reire com o objetivo de lançar luz 's aus(ncias sociais produzidas ativamente pela razão indolente no campo disciplinar dos Estudos "rganizacionais. ) partir da* se pode inferir que as aborda ge ns aq ui pr op os ta s no s aj ud am no s at os de de nc ia das au s( ncias artifi cialm ente prod uzida s, bem como nos atos anún cios de outras sociabili dade s, abrindo espaço assim, para o recon+ecimento do novo, do que está em construção, e do que ainda não . #alavras c+aves- sociologia das aus(ncias sociologia das emerg(ncias, pedagogia do oprimido estudos organizac ionais. /

Upload: felipe-amaral-borges

Post on 05-Oct-2015

216 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Seres do Subterrâneo: Os Invisíveis do Mundo Moderno

TRANSCRIPT

Seres do Subterrneo: Os Invisveis do Mundo ModernoEste ensaio faz parte de um conjunto de estudos que discute o uso de abordagens influenciadas pelo pensamento nico, fundamentadas no paradigma funcionalista, como lentes para compreender prticas sociais atravessadas por mltiplas racionalidades. Neste ensaio partimos dessa preocupao e buscamos marcos tericos no-ortodoxos em Estudos Organizacionais. Para tanto, mobilizaremos as abordagens tericas propostas por Boaventura Santos e Paulo Freire com o objetivo de lanar luz s ausncias sociais produzidas ativamente pela razo indolente no campo disciplinar dos Estudos Organizacionais. A partir da se pode inferir que as abordagens aqui propostas nos ajudam nos atos de denncia das ausncias artificialmente produzidas, bem como nos atos anncios de outras sociabilidades, abrindo espao assim, para o reconhecimento do novo, do que est em construo, e do que ainda no .Palavras chaves: sociologia das ausncias; sociologia das emergncias, pedagogia do oprimido; estudos organizacionais. Introduo

Em Josefina, a Cantora ou O Povo dos Camundongos, Franz Kafka (1998) narra a histria de uma comunidade de ratos, onde Josefina, ao exercitar seu assobiar, ao emitir seus singelos rudos, consegue deter a audincia de toda sua comunidade. A voz de Josefina no especial. Ela no especial. Josefina nada representa a no ser a homogeneidade daquele povo, enquanto indivduos singulares. So eles, pois, iguais em sua singularidade. Josefina luta para que seja dispensada do trabalho dirio, em razo do seu ofcio de cantora. Contudo, no obtm xito e desaparece narcisicamente, na expectativa de ser valorizada por sua ausncia. Erro de clculo. O povo segue tranquilo, sem desiluso aparente, uma massa que encontra em si mesma o equilbrio, certos de que no perdero muito (KAFKA, 1998. p. 59).

O pensamento nico/universalizante produz ausncias e homogeneizaes artificiais (SANTOS, 2002) a ponto de a singularidade de um sujeito desaparecer, como o caso de Josefina, a cantora do conto de Kafka. Nesse sentido, Boaventura de Sousa Santos (2002), observa que vivemos, no presente, um tempo de ambiguidade e de transio, difcil de entender e de percorrer. Diante dessa constatao, o autor nos convida a refletir sobre novas possibilidades de sociabilidade produzidas a partir de experincias alternativas razo indolente que emergem dos subterrneos do pensamento hegemnico.

O autor nos leva a questionar a racionalidade dominante que produz ativamente como no existentes as experincias sociais alternativas numa operao de expanso do presente e de contrao do futuro, ocultando todas as temporalidades existentes e possveis de existir. Os reflexos da razo indolente se fazem sentir nas cincias sociais em geral e em suas disciplinas relativamente autnomas como, por exemplo, as cincias das organizaes, um campo de estudos importante no mbito desse ensaio.

Assim, lanando luz aos pontos mais recnditos do espao social e, portanto, fazendo coro s reflexes de Boaventura de Souza Santos (ausncia/emergncia) bem como s de Paulo Freire (denncia/anncio) perguntamos: O que sabemos sobre Bradley Manning? Ou sobre Aaron Swartz? Quem foi Mohamed Bouazizi? Possivelmente muitos de ns no conheamos estes nomes. Nada saibamos sobre o soldado americano que divulgou informaes e vdeos sobre ataques a civis em Bagd e ficou em confinamento solitrio por mais de dois anos sem julgamento. E, o que sabemos sobre o jovem aficionado por tecnologia que salvou artigos cientficos de uma importante base de dados paga para distribu-los gratuitamente? Esse jovem foi processado criminalmente e, no suportando a presso, suicidou-se recentemente. de se pensar, por fim, que nos seja desconhecido, tambm, o suicdio por imolao do vendedor de frutas da Tunsia que protestava contra a apreenso de suas mercadorias.

O que estes personagens tm em comum, alm do fato de que suas histrias de vida, e de morte em alguns casos, serem desconhecidas do grande pblico? Todos eles ousaram insurgir-se contra o modelo de dominao vigente. Todos eles so desconhecidos, inexistentes, ausentes para o grande pblico. So ausentes porque produzidos como tal (SANTOS, 2002). So ausentes porque suas posturas confrontadoras e contestadoras so descridibilizadas e inviabilizadas pela hegemonia da razo indolente. Nem a mdia e nem o Estado os reconhece. H um vu que inebria a todos e impede que se vejam os elementos que colocam em risco as estruturas estabelecidas.

O que propomos nas pginas a seguir tratar das ausncias produzidas (SANTOS, 2002), bem como dos anncios de novas sociabilidades (FREIRE, 2011). Portanto, buscamos, com esse ensaio, refletir sobre a posio ocupada pelos Estudos Organizacionais na (re)produo das ausncias, bem como sua participao nos atos de anncio. A razo indolente produz como ausentes outras formas de organizao que no aquelas produtivas, burocrticas e pautadas pelo econmico. H, portanto, que se resgatar os saberes ocultados pela hegemonia, como bem observa Scherer-Warren (2012), para quem o intelectual tem a obrigao de fazer uma anlise crtica sobre o lugar de sua fala. Isso porque, para a autora, h uma memria oficial hegemnica e uma memria coletiva dos oprimidos, ou seja, h uma memria intelectual hegemnica e uma memria de saberes historicamente subalternos.

Assim, a importncia desse ensaio insere-se na perspectiva de uma contribuio terica para as pesquisas que buscam desnaturalizar os fundamentos epistemolgicos da rea da administrao (SERVA et al, 2010; CARVALHO e VIEIRA, 2007; PAES DE PAULA, 2008, 2012; MISOCZKY E FLORES, 2009, BOEIRA et al, 2012) ) que veem no management a nica e melhor forma de organizar (PARKER, 2002) fundada nos pressupostos de eficincia e do clculo utilitrio de consequncia. Isso porque, conforme apontam Serva et al (2010) apesar da necessidade urgente de desenvolver teorias que tentem explicar as prticas organizacionais de uma forma mais complexa, a grande maioria das pesquisas desenvolvidas na rea ainda apresenta mtodos tradicionais de orientao positivista e funcionalista.

Outro fator de relevo para se levar adiante tal empreendimento, consiste na dificuldade de se encontrar estudos desse tipo na rea de administrao, refletindo tambm a dificuldade de se encontrar interlocutores. Assim, esse estudo pretende contribuir para a rea de Estudos Organizacionais como mais uma opo no ortodoxa de anlise para os fenmenos organizacionais, lanando um novo olhar para realidades ininteligveis pela razo dominante, produzidas ativamente como no existentes, mas que se constituem em prticas sociais dotadas de uma racionalidade prpria, com temporalidade prpria e existentes em um espao social mais amplo.

Com base nesses objetivos, resgatamos o incio do ensaio para recuperar e apresentar ao leitor os sujeitos por meio dos quais pretendemos refletir as ausncias e os anncios em organizaes. Assim, Bradley Manning, como adiantamos, um soldado americano que, lutando no Iraque contra as foras de Sadan Houssein, divulgou um vdeo em que um helicptero dos Estados Unidos atira contra um nibus lotado de civis. O militar foi preso e logo surgiram mais suspeitas de que o vazamento de documentos do exrcito norte-americano ao site da WikiLeaks fosse sua responsabilidade. Recentemente, foi julgado por parte dos crimes que lhe so imputados. Condenado, finalmente teve conhecimento da pena que lhe ser aplicada. Aps a sentena, Bradley Manning declarou-se transgnero, e pediu que a imprensa passe a lhe chamar Chelsea Manning.

A WikiLeaks uma organizao sueca, cujo principal expoente o jornalista australiano Julian Assange. Durante o ano de 2010 a WikiLeaks fez uma srie de fortes denncias envolvendo os Estados Unidos, entre elas, um vdeo em que um helicptero dos Estados Unidos atira contra um nibus lotado de civis e documentos contendo instrues para o tratamento de prisioneiros mantidos pelos norte-americanos em Guantnamo, Cuba.

Bradley Manning est preso. Julian Assange est preso. O primeiro permaneceu mais de dois anos em isolamento carcerrio sem poder dirigir-se a um juiz, em condies cruis, desumanas e degradantes (GREENWALD, 2010; TUTU, CORRIGAN-MAGUIRE, ESQUIVEL, 2012.). Julian Assange, aps acusaes de estupro na Sucia apresentou-se polcia de Londres, onde vivia. Os Estados Unidos por sua vez, mantendo um favorvel acordo de extradio com a Sucia, contam com a sua chegada ao pas nrdico para process-lo por espionagem e fraude.

Em torno de Bradley Manning organizou-se um movimento de apoio mundial. Milhes de pessoas nas mais diversas partes do globo manifestaram o seu apoio publicando na Internet fotos suas com um cartaz dizendo I am Bradley Manning. Desmond Tutu, Mairead Corrigan-Maguire e Adolfo Prez Esquivel, laureados com o Prmio Nobel da Paz, publicaram, nos jornais The Nation e The Guardian uma matria de denncia e claro apoio ao soldado. Ao finalizarem, afirmam:

Se Bradley Manning divulgou os documentos que a promotoria afirma, devemos expressar-lhe nossa gratido pelos seus esforos para a prestao de contas do governo, a democratizao da informao e a paz. (TUTU, CORRIGAN-MAGUIRE, ESQUIVEL, 2012).

Mohamed Bouazizi, 24 anos, tunisino, no conseguiu encontrar um emprego formal. Para ajudar a famlia, passou a vender frutas e verduras, que foram apreendidas pela polcia por falta de licena. Tentou resolver o caso com o governo local e, no obtendo sucesso, ateou fogo sobre o prprio corpo (BYRNE, 2011; LEVS, 2011; AL-ARAB; HUNT, 2011).

O acontecimento descrito acima tomado por analistas internacionais como deflagrador de uma srie de revoltas ocorridas no pas, que culminaram com a renncia do ento presidente Ben Ali, que estava h 23 anos no poder (LEVS, 2011; AL-ARAB; HUNT, 2011). Para Slavoj iek (2012) o impacto e a significao so ainda maiores. [...] foi apenas um dos muitos atos semelhantes ocorridos no norte da frica que, alm do desespero individual simbolizaram o esgotamento psicolgico de muitos povos em um mesmo momento. Houve uma sincronia cosmopolita febril e viral de uma sequencia de rebelies quase espontneas surgidas na margem sul do Mediterrneo e que logo se manifestaram na Espanha, com os Indignados da Puerta del Sol, em Portugal, com a Gerao Rasca, e na Grcia, com a ocupao da praa Syntagma. (IEK, 2012. p.8).

Em todos os pases citados, e em tantos outros como o Brasil, a forma de ao foi semelhante, incluindo a ocupao de espaos pblicos, a auto-organizao dos movimentos por meio da comunicao atravs da Internet e articulaes fora dos espaos institucionais tradicionais (IEK, 2012).

Programador de computadores, desenvolvedor de muitas das tecnologias que utilizamos hoje na internet e fundador de sites importantes como o Watchdog, site para a criao de peties online, Aaron Swartz dizia:

Eu acredito que voc deve sempre estar se questionando. Eu levo muito a srio essa atitude cientfica de que tudo o que voc aprende provisrio, tudo aberto ao questionamento e refutao. O mesmo se aplica sociedade. Eu cresci e atravs de um lento processo percebi que o discurso de que nada pode ser mudado e que as coisas so naturalmente como so falso. Elas no so naturais. As coisas podem ser mudadas. E mais importante: h coisas que so erradas e devem ser mudadas. Depois que percebi isso, no havia como voltar atrs. Eu no poderia me enganar e dizer: Ok, agora vou trabalhar para uma empresa. Depois que percebi que havia problemas fundamentais que eu poderia enfrentar, eu no podia mais esquecer disso. (BRUM, 2013).

Este jovem, de apenas 23 anos, ousou insurgir-se contra o poder que grandes corporaes detm sobre o conhecimento acadmico. Conclamando a todos para lutar contra o que denominava privatizao do conhecimento, baixou 4,8 milhes de artigos acadmicos da base de dados JSTOR, provavelmente para distribu-los de forma gratuita. Tal ato resultou em um processo penal pelos crimes de fraude eletrnica e obteno ilegal de informaes, cujo julgamento se daria em abril de 2013. Se condenado, Aaron poderia pegar at 35 anos de priso e ser obrigado a pagar uma multa de um milho de dlares. Ele no suportou esperar. Aaron Swartz foi encontrado enforcado em seu apartamento em 11 de janeiro de 2013 (BRUM, 2013; HEFERNAN, 2013).

O caso do jovem norte americano suscita diversas discusses. Pode-se toma-lo pelo vis do software livre e da pirataria, por exemplo. Preferimos, contudo, aqui discutir a questo transversal da propriedade intelectual sobre os resultados da pesquisa acadmica. No Brasil, grande parte dos achados cientficos tem fulcro no financiamento pblico. No h sentido, portanto, que os frutos das pesquisas realizadas sob o apoio de agncias de fomento de carter estatal sejam alienados por corporaes editoriais.Movimentos no submundo ou as ausncias produzidas

Como adiantamos, todos estes fatos foram produzidos como ausentes por uma forma de se fazer cincia que denega a existncia a tudo aquilo que no condiz com seus preceitos e pressupostos. A cincia moderna e a alta cultura tornaram-se os nicos critrios de verdade e de esttica, declarando como inexistente tudo aquilo que no se lhe coaduna (SANTOS, 2002).

Assim, torna-se importante[...] demonstrar que o que no existe , na verdade, activamente produzido como no existente, isto , como uma alternativa no credvel ao que existe. O seu objeto emprico considervel impossvel luz das cincias sociais convencionais, pelo que a sua simples formulao representa j uma ruptura com elas (SANTOS, 2002. p. 11-12).

Tal ideal encontra amparo naquilo que Boaventura de Sousa Santos (2002, p. 12) denomina de Sociologia das Ausncias, que pretende transformar objetos impossveis em possveis e com base neles transformar as ausncias em presenas. Segundo o autor, produz-se algo como no existente sempre que algo desqualificado, tornado invisvel, ininteligvel. No campo dos estudos organizacionais, e para a reflexo dos casos que aqui propomos, observamos que so diversos os processos que operam para a produo de ausncias.

A monocultura do saber e o rigor do saber (SANTOS, 2002. p. 12) so, segundo Boaventura de Sousa Santos, as formas mais poderosas de produo de ausncias. H a produo da no existncia quando se ignora o extraordinrio processo de auto-organizao, nas palavras de Mike Davis (2012, p. 42), que levou a cabo os movimentos de ocupao em vrias partes do mundo no ano de 2011. A reserva do conhecimento apenas para alguns iluminados permite que corporaes detenham o direito sobre os conhecimentos advindos de pesquisas financiadas com dinheiro pblico e, permite ainda que aqueles que subvertem esse modelo sejam julgados como criminosos.

Ao propor um debate sobre as mudanas proporcionadas pela tecnologia s relaes sociais analisadas pela rea da Administrao, Misoczky e Goulart (2010, p. 215) atentam para o carter mercantil atribudo ao conhecimento por meio da institucionalizao do direito autoral. Segundo as autoras, o poder, no que tange disseminao da informao, no campo cientfico, se concentrou nos editores de revistas cientficas e produtores de servios de indexao e distribuio, majoritariamente privados. Misockzy e Goulart ainda fazem coro com Mueller (2006) ao afirmarem que a situao mais difcil para pases que esto fora dos centros produtores.

Mueller (2006) chama a ateno para o movimento surgido a partir da dcada de 90 pelo livre acesso ao conhecimento cientfico. Segundo ela, o advento da publicao eletrnica de peridicos aparecia como a garantia da democratizao do acesso ao que era produzido nas universidades. Naquele momento, a tecnologia representava um sonho utpico de socializao do conhecimento. Movimentos como estes exercem presso sobre a comunidade cientfica, em meio aos interesses financeiros das editoras, aos interesses das instituies de pesquisas e universidades, e aos interesses pessoais dos pesquisadores, seja dos que esto no topo da hierarquia, seja dos que desejam ascender nesta estrutura.

A noo de organizao hegemonicamente difundida na academia pressupe, entre outros pontos, a ideia de uma ao racional orientada a fins (KALBERG, 1980), com foco em objetivos coletivos, mensurveis e claramente definidos (PARKER, 2002). Contudo, como escreve Mike Davis (2011, p.40), o movimento Occupy the World ainda procura seus culos mgicos (programa, demandas, estratgia e assim por diante) e assim, continuam tais movimentos, ausentes frente aos estudos organizacionais. Mas Davis logo alerta que basta ameaar aspectos fundamentais da vida dos cidados, como suas moradias ou empregos, para que algo novo e de grandes propores comece a se dirigir de modo lento e cambaleante ao Goldman Sachs (DAVIS, 2011. p. 40).

Ignorar a organizao presente em movimentos como estes descredibilizar o movimento, nas palavras de Boaventura de Sousa Santos (2002) ou descridibilizar o prprio povo, como diria Paulo Freire (2011. p. 173):

[... evitar o dilogo com o povo] em nome da necessidade de organiz-lo, de fortalecer o poder revolucionrio, de assegurar uma frente coesa , no fundo, temer a liberdade. temer o prprio povo ou no crer nele. Mas, ao se descrer do povo, ao tem-lo, a revoluo perde sua razo de ser.

Outra forma de construo das ausncias a lgica da classificao social que naturaliza a distribuio dos indivduos por categorias hierarquizadas (SANTOS, 2002). Assim, qualquer insurgncia contra esta ordem preestabelecida deve ser descredibilizada. De acordo com esta lgica, a no existncia produzia sob a forma de inferioridade insupervel porque natural. Quem inferior, porque insuperavelmente inferior, no pode ser uma alternativa credvel a quem superior (SANTOS, 2002. p. 13).

A lgica da classificao social traveste-se de paternalismo (FREIRE, 2011), apresenta-se das mais variadas formas, lobo em pele de cordeiro. O antidialgico dominador manipula o oprimido no sentido de promover uma certa organizao. Tal organizao, tal ordenao imposta pelo conquistador, no outra seno aquela que mantenha o status quo. Tal organizao se sustenta no modelo que a burguesia faz de si mesma s massas como possibilidade de sua ascenso (FREIRE, 2011. p. 198), mas cujo fim conseguir um tipo inautntico de organizao, com que se evite o seu contrrio, que a verdadeira organizao das massas populares emersas e emergindo (Idem).

A transformao do outro em ausente, em no-existente, se d, tambm, por meio da lgica produtivista (SANTOS, 2002). Nos termos desta lgica, o crescimento econmico um objetivo racional inquestionvel e, como tal, inquestionvel o critrio e produtividade que mais bem serve a este objetivo (SANTOS, 2002. p. 14). Nem a crise do modelo de produo fordista foi capaz de fazer com que os mais diferentes modelos e concepes de organizao prescindissem de estreitar o seu foco em torno das organizaes produtivas (PAES DE PAULA, 2002).

A preocupao dos estudiosos estacionria na acumulao de capital e na garantia da mediao estatal dos interesses pblicos e privados por parte do Estado. No h espao para aquele que no produz. A dinamicidade da transformao das teorias administrativas centra-se na sua capacidade de manter o modelo de acumulao capitalista vigente. Neste mesmo sentido, Paes de Paula (2002. p.129), a partir de reflexes sobre a obra de Mauricio Tragtenberg afirma que mesmo as mais novas teorias administrativas so tributrias das antigas escolas de administrao e do modelo burocrtico de organizao, uma vez que continuam propagando mtodos funcionalistas, estratgias redutoras de conflitos e formas de dominao.

Os instrumentos tecnolgicos, as novas prticas de gesto e os modismos gerenciais esto a servio da prosperidade da organizao produtiva. Mecanismos de controle e novas tecnologias so associados em prol de vigiar trabalhadores (CLEGG, 1992. SILVA, 2003. SILVA; ALCADIPANI, 2001). Modismos e inovaes surgem a cada dia em nome do aumento da produo. Nesta esteira vimos o downsizing e a reengenharia (WOOD JR.; CALDAS, 1995), a qualidade total (WOOD JR., URDAN, 1994) e a preocupao com a liderana como forma de controle (PRESTES MOTTA; VASCONCELOS; WOOD JR., 1995; SILVA, 2003).

Esse punho de ferro em luva de pelica (ns tomamos emprestada a expresso de Jermier, 1998) em que se transformou o controle organizacional nas organizaes atuais opera e necessita de uma transformao no papel da liderana. A liderana passa a representar um retorno ao carisma, personalizando as estruturas de legitimao (Courpasson, 2000a) e construindo para e com os atores organizacionais uma viso de mundo que justifica as aes gerenciais, principalmente, pelas ameaas externas. A principal arma da liderana frente a esta nova configurao do controle organizacional passa a ser o discurso que informa, transmite os valores, fornece as interpretaes e os scripts (Grey & Garsten, 2001) da organizao. (SILVA, 2003. p. 800).

O resultado disso, o reflexo mais lmpido desta orientao produtivista nos estudos organizacionais a ausncia de referncia s formas de organizao da sociedade voltadas ao transformadora (MISOCZKY, 2010, PAULA, 2012), libertao (MISOCZKY, 2010; FARIA, 2007; PAULA, 2013); ao cooperativismo (BOEIRA et al, 2012) e a autogesto (MOTTA, 1981). Nada se fala, em nosso campo, dos jovens indignados dos movimentos anticapitalistas europeus, dos shabab (jovens) insurgentes no mundo rabe, do movimento estudantil chileno e da ocupao de Wall Street (CARNEIRO, 2011).

Todos estes movimentos contam com formas prprias de organizao e lanam mo de ferramentas tecnolgicas a favor da libertao. inegvel o papel de sites de redes sociais como o Facebook e o Twitter na organizao dessas manifestaes, e assim, o Occupy Wall Street, o Movimento dos Indignados e movimento Gerao Rasca so exemplos candentes da verdadeira globalizao dos de baixo, que hoje se contrape globalizao dos de cima (ALVES, 2011. SANCHEZ, 2011). Os seres do subterrneo vem tona ou o tempo das emergncias

, pois, chegado o momento de se falar das possibilidades. Boaventura de Sousa Santos (2002. p. 24) define a sociologia das emergncias como a investigao das alternativas que cabem no horizonte das possibilidades concretas. Segundo ele, a possibilidade o movimento do mundo (Ibidem. p. 24). assim, com Josefina, a Cantora, do ltimo conto de Kafka. Nada de mgico h na cantora-camundongo que no faz outra coisa seno assobiar. Todos os camundongos ali eram capazes de assobiar. Isso, todavia, encontrava-se oculto no esquecimento e o silncio imperava.

Tal movimento, contudo, no se d em regime de linearidade. O tempo no fluxo linear. O que nos cabe, ao praticarmos a sociologia das emergncias, a construo de um futuro. Esta obra no se empreende sobre um vazio, mas constri-se a partir de possibilidades que so, ao mesmo tempo, plurais e concretas, utpicas e realistas. Venamos, assim, a lgica do tempo linear, prpria da sociologia das ausncias (SANTOS, 2002), pois, como aponta Walter Benjamin o tempo em que se d a libertao um tempo que compreende os saltos, o surgimento (Ur-sprung), a interrupo, a descontinuidade. O continuum da histria o dos opressores. Enquanto a representao do continuum iguala tudo ao nvel do cho, a representao do descontnuo o fundamento da autntica tradio (BENJAMIN, 1974. p. 236 apud GAGNEBIN, 2007. p. 99). Neste sentido, Jeanne Marie Gagnebin (2007. p. 99), acrescenta que acolher o descontnuo da histria, proceder interrupo desse tempo cronolgico sem asperezas, tambm renunciar ao desenvolvimento feliz de uma sintaxe lisa sem fraturas.

Santos (2002) explica que um conceito subjacente ao da sociologia das emergncias aquele cunhado por Ernst Bloch (1995), de Ainda-No (Noch Nicht). Tal proposio advoga que a filosofia ocidental esttica e pauta-se pelas ideias de Tudo (Alles) e Nada (Nichts), pretendendo, assim, abarcar todas as possibilidades, guardando as latncias e no vislumbrando a possibilidade do novo. O acrscimo proposto por Bloch dos conceitos de No (Nicht), que conduz ideia de falta e de superao desta falta, j que uma negao pressupe uma afirmao contrria e correspondente, e, Ainda-No (Nocht Nicht), aquilo que permanece no campo da tendncia, que no manifesto nem negado, contempla a capacidade (potncia) e a possibilidade (potencialidade), o que permite a extenso do futuro, em nome de outras possibilidades. Nas palavras de Santos (2002, p. 24) o Ainda-No, longe de ser um futuro vazio e infinito, um futuro concreto, sempre incerto e sempre em perigo e acrescenta impossvel a esperana sem a eventualidade do caixo.

A reduo do tempo presente entre aquilo que j foi e o que ainda no (SANTOS, 2002) expressa uma arrogncia prpria de quem determina o ritmo do tempo e a extenso da contemporaneidade. Neste sentido, Derrida (1967) prope a ideia de differnce. Ao contrrio da differnce, o termo cunhado por ele no resolve, no decide, no exclui. A no-deciso adia o futuro, propaga-o a um momento outro. No se esgotam as possibilidades. Somente assim, pela potncia de no-ser, d-se o ato em sua perfeio. A potncia de ser esgota-se em si prpria, enquanto a potncia de no-ser compreende todas as possibilidades. Somente pode no-ser, aquele que poderia ser. (AGAMBEM, 1993).

Paulo Freire (2011) defende a dinamicidade permanente da revoluo. Homens em constante processo de libertao, no havendo, portanto um antes e um depois, divididos e sinalizados pela tomada do poder. Neste sentido, prossegue, no h a libertao individual ou a libertao do outro ou a libertao pelo outro. O que h so homens que se libertam em comunho. Ele refuta qualquer rtulo de ingnuo ou de idealista, eis que no existe nada mais real que os homens no mundo e os homens com os homens, oprimindo e sendo oprimidos.

Salvoj iek (2012) afirma algo semelhante em relao aos insurgentes dos movimentos de ocupao de 2011:Os manifestantes so descartados como sonhadores, mas os verdadeiros sonhadores so os que pensam que as coisas podem continuar indefinidamente como esto, com apenas algumas mudanas cosmticas. Eles no so sonhadores, so o despertar de um sonho que est se transformando em pesadelo. No esto destruindo nada, esto reagindo como ao modo como o sistema gradualmente destri a si prprio (IEK, 2012. p. 17).

Os movimentos insurgentes so frequentemente criticados pela falta de um projeto em substituio quele contra qual se ope, contudo, mobilizamos, mais uma vez, das palavras de iek (2012. p. 18), segundo quem,

devemos resistir precisamente a uma traduo assim apressada da energia das manifestaes para um conjunto de demandas pragmticas concretas. Sim, os protestos realmente criaram um vazio um vazio no campo da ideologia hegemnica e ser necessrio algum tempo para preench-lo de maneira apropriada posto que se trata de um vazio que carrega consigo um embrio, uma abertura para o verdadeiro Novo.

Mitiga-se assim, a lgica da monocultura do saber e do rigor do saber (SANTOS, 2002). Os intelectuais definitivamente no esto na posio de Sujeito Suposto Saber: no podem operacionalizar tais demandas para traduzi-las em propostas para medidas realistas precisas e detalhadas (IEK, 2012. p. 24). Enxergamos aqui a vitria do Ainda-No, prprio da sociologia das emergncias, possibilidades, tendncias, vislumbres de novos caminhos para a libertao. So estas aes as que desaceleram o presente, fazendo ser mais que um simples ponto entre o passado e o futuro (SANTOS, 2002).

A sociologia das emergncias expande o domnio das experincias sociais possveis (SANTOS, 2002). J no nos possvel precisar, sempre, as disputas presentes nas lutas de resistncia. O movimento em defesa de Bradley Manning pedia por um julgamento ao ex-militar. Mas pede tambm pela abertura de informaes do exrcito americano, pede pela liberdade para que seus membros falem. Falem sobre o que acontece nos campos de guerra, falem sobre como so tratados, falem sobre como eles prprios so. O que se passa nos fronts ainda segredo de estado. Militares gays ainda vivem sob o regime Don't Ask, Don't Tell.

Mohamed Bouazizi procurava resolver um problema pessoal sobre a sua licena para vender frutas na rua. Tornou-se, todavia, piv de uma discusso mundial que, apenas no seu princpio, teve como centro a praa Tahrir. Logo a onda colrica de insatisfao espalhava-se pelo globo e lutavam, em sincronia, jovens na Espanha e em Portugal, estudantes no Chile, trabalhadores na Grcia, pessoas em Wall Street.Entre milhares de pessoas, encontram-se, lado a lado, por exemplo, jovens anticapitalistas e enfermeiras em defesa do sistema de sade. H cartazes de protesto contra o racismo, o presidente Obama, os republicanos, os democratas, as guerras no Iraque e no Afeganisto. (ALVES, 2012. p. 32).

Subverteu-se, neste processo o uso das tecnologias de comunicao e informao. Se estavam elas a servio da acumulao de capital e da dominao, agora conectam indignados nos mais longnquos espaos. A rea de interveno e mobilizao foi ampliada pelo uso do Facebook e do Twitter. A luta contra o capital global que desterritorializa a luta pela territorializao ampliada, difusa e descentrada (ALVES, 2012. p. 33).

Por estas caractersticas, fluidas, etreas, virtuais, estes movimentos no tm um lder. (ALVES, 2012). No h espao, aqui, para uma liderana que pretenda manejar a sua comunidade. A nica possibilidade que se vislumbra a de uma liderana que emerja como tal, constituindo-se em contradio com as elites dominadoras. A ao dialgica e libertadora apenas pode comportar uma liderana revolucionria (FREIRE, 2011).

Na ao antidialgica, a manipulao, a conquista e a dominao exercem os seus papis a servio de uma elite constituda. As proposies da ao dialgica antagonizam com estes princpios por meio da organizao das massas populares. A busca pela libertao pressupe uma organizao que est para alm da unidade, constituindo-se em um desdobramento natural desta unidade das massas populares (FREIRE, 2011. p. 240). As formas de organizao para a resistncia representam, para Mike Davis (2012) o triunfo da organizao dialgica.

Josefina, a nica que consegue cantar, enquanto todos poderiam faz-lo, conduz reunio todo o seu povo. Josefina catalisa em si, na sua singularidade, toda a universalidade daquele povo. Ela um, por meio do qual todos se enxergam. Por isso, Josefina no vista como mestre ou tratada como gnio. apenas mais um dentre os camundongos. Trata-se aqui de uma comunidade genuinamente igualitria, que Kafka somente poderia imaginar habitada por animais. A importncia da cantora, contudo, no se d ao agir, pelo seu canto, mas ao permitir que todos se renam em silncio. O foco, aqui, no est na ao, ao cantar, mas na potncia, ao silenciar.

A liderana revolucionria no organiza as massas, no lhes diz o que fazer. A liderana revolucionria se organiza com as massas populares. A liderana revolucionria to impedida de dizer palavra quanto as massas populares. No processo de organizao, no reifica, no conduz, no maneja, instaura o aprendizado da pronncia do mundo, aprendizado verdadeiro, por isto, dialgico (FREIRE, 2011. p. 242).

A liderana revolucionria proposta por Paulo Freire, por assim dizer, praticante da sociologia das emergncias, de Boaventura de Sousa Santos, uma vez que abriga um ato de anncio. por meio da organizao dialgica que se podero fazer presentes aqueles produzidos como ausentes. por meio da luta pela libertao, no para, mas com os oprimidos que viro tona os submersos, os descredibilizados, os inexistentes.

A superao do mito de que a ordem opressora uma ordem de liberdade, do mito do herosmo das classes opressoras como mantenedoras da ordem que encarna a civilizao ocidental e crist, que elas defendem da barbrie materialista (FREIRE, 2011. p. 188) apenas ter vez por meio de experincias sociais alternativas contidas no Anda-No (SANTOS, 2002). Esse o tempo da no-deciso (DERRIDA, 1967), um tempo que supera a presso da lgica do tempo cronolgico (SANTOS, 2002) e que no cabe na organizao moderna (PARKER, 2002).

Os movimentos que emergem das massas, obedecem ao tempo da natureza das massas. assim, tambm, na histria da rata cantora, em que o prazer de ouvi-la assobiar ornamentava os momentos de deciso, como que mostrando que, apesar da presso mundana, deveriam, eles, preservarem algo da sua natureza. Esse assobio, que se eleva onde o silncio se impe a todos os outros, chega ao indivduo quase como uma mensagem do povo; seu assobio fino, em meio s decises difceis, quase como a existncia miservel do nosso povo em meio ao tumulto do mundo hostil. Josefina se afirma esse nada de voz, esse nada de desempenho se afirma e abre caminho at ns: faz bem pensar nisso. (KAFKA, 1998. p. 47).

A superao dos mitos antidialgicos da dominao (FREIRE, 2011) ser concomitante com a transposio da monocultura do saber e do rigor do saber, da lgica da classificao social, da lgica produtivista (SANTOS, 2002). A organizao para a resistncia e a libertao, a organizao dialgica, somente ser visvel, somente estar presente, somente emergir, se formos capazes de superar as ideias, inclusive as da cincia, que asseguram no haver alternativa. Referncias

AGAMBEN, Giorgio. A comunidade que vem. Lisboa: Presena, 1993.

AL-ARAB, Mustafa; HUNT, Nick. How a fruit seller caused revolution in Tunisia.CNN. [S.l], 16 jan. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

ALVES, Giovanni. Ocupar Wall Street... e depois? In: HARVEY, David et al.Occupy:movimentos de protesto que tomaram as ruas. So Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. p. 27-38.

BOEIRA, S. L.; SIMON, V. P.; LEAL, J. V. N.; REZENDE, G. M. Reflexo sobre aspectos tericos e epistemolgicos da produo nacional relativa ao cooperativismo. In: II Colquio Internacional de Epistemologia e Sociologia da Cincia da Administrao, 2012, Florianpolis. II Colquio Internacional de Epistemologia e Sociologia da Cincia da Administrao, 2012.

BHM, Steffen. Repositioning Organization Theory: Impossibilities and Strategies. Basingstoke: Palgrave, 2006.

BRUM, Eliane. Perdo, Aaron Swartz.poca, So Paulo, n. , p.1-2, 21 jan. 2013. Disponvel em: . Acesso em: 25 jan. 2013.

BYRNE, Eileen. Death of a street seller that set off an uprising.Financial Times,[S.l]. 16 jan. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

CARNEIRO, Henrique Soares. Apresentao Rebelies e ocupaes de 2011. In: HARVEY, David et al.Occupy:movimentos de protesto que tomaram as ruas. So Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. p. 27-38.

CLEGG, S. As organizaes modernas. Lisboa: Celta Editora/Oeiras, 1998.

CLEGG, Stewart. Tecnologia, Instrumentalidade e Poder nas Organizaes.Rae, So Paulo, v. 32, n. 5, p.68-95, nov. 1992. Traduo de Geni Garcia Golschmidt. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

DAVIS, Mike. Chega de chiclete. In: HARVEY, David et al.Occupy:movimentos de protesto que tomaram as ruas. So Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. p. 27-38.

DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferena. So Paulo: Perspectiva, 1967.

DUSSEL, Enrique. tica de la liberacin. (Hacia el punto de partida como ejercicio de la razn tica originaria). In: DUSSEL, Enrique. APPEL, Karl-Otto. tica del discurso. tica de la liberacin. Madrid: Trotta, 2004.

FARIA, J. H. (org). Anlise critica das teorias e prticas organizacionais. So Paulo: Atlas, 2007.

FREIRE, Paulo. A pedagogia do oprimido. 50. ed. rev.e atual. So Paulo: Paz e Terra, 2011.GAGNEBIN, Jeanne Marie. Histria e narrao em Walter Benjamin. 2. ed. So Paulo: Perspectiva, 2007.GREENWALD, Gelnn. The inhumane conditions of Bradley Mannings detention.Salon,[S.l]. 15 dez. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

HEFFERNAN, Virginia. Aaron Swartz, 1986-2013: a computer hacker who is now a political martyr.Yahoo! News,[New York]. 12 jan. 2013. Disponvel em: . Acesso em: 07 fev. 2013.

KAFKA, Franz. Josefina, a Cantora ou O Povo dos Camundongos. In: KAFKA, Franz. Um artista da fome / A construo. So Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 37-60.

KALBERG, Stephen. Max Weber's Types of Racionality: Cornestones for the Analysis of Racionalization Processes in History.American Journal Of Sociology, Chicago, v. 85, n. 5, p.1145-1179, 1980.

LEVS, Josh. Self-immolation reports spread through north Africa.CNN,[S.l], p. 1-2. 17 jan. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

MISOCZKY, Maria Ceci Araujo; FLORES, Rafael Kruter; SILVA, Sueli Maria Goulart. Estudos organizacionais e movimentos sociais: o que sabemos? Para onde vamos?.Cadernos Ebape.br, Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, p.1-14, set. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

MIZOCZKI, M. Das prticas no-gerenciais de organizar organizao para a prxis da libertao. In.: MIZOCZKI, M., FLORES, R., MORAES, J. (org). Organizao e prxis libertadora. Porto Alegre: Dacasa Editora, 2010.

MIZOCZKI, M.; GOULART, Sueli. A quem pertence o conhecimento que produzimos? In.: MIZOCZKI, M., FLORES, R., MORAES, J. (org). Organizao e prxis libertadora. Porto Alegre: Dacasa Editora, 2010.

MOTTA, F. C. P. Burocracia e autogesto: a proposta de Proudhon. So Paulo: Brasiliense, 1981.MOTTA, Fernando P; VASCONCELOS, Isabela; WOOD JUNIOR, Thomaz. O novo sentido da liderana: controle social nas organizaes. In: WOOD JUNIOR, Thomaz.Mudana organizacional:aprofundando temas atuais em administrao de empresas. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2000. p. 119-151.

MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. A comunicao cientfica e o movimento de acesso livre ao conhecimento.Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 2,Aug. 2006 . Disponvel em . Acessado em 02 Fev. 2013.

PARKER, Martin. Against Management: Organization in the Age of Managerialism. Cambridge: Polity, 2002.

PAES DE PAULA, Ana Paula. Tragtenberg revisitado: as inexorveis harmonias administrativas e as burocracias flexveis. Revista de Administrao Pblica, v. 36, n. 1, 2002.

PAULA, A. P. P. Teoria Crtica nas organizaes. So Paulo: Thomson Learning, 2008. PAULA, A. P. P. Estilhaos do Real: o ensino da administrao em uma perspective benjaminiano. Curitiba: Juru, 2012.

PAULA, A.P.P. Abordagem Freudo-Frankfurtiana, Pesquisa-Ao e Socioanlise_uma proposta alternativa para os Estudos Organizacionais. Cad. EBAPE.BR, v. 11, n. 4, artigo 2, Rio de Janeiro, Dez. 2013.

SANCHEZ, Adriana. Um desempregado, um bolseiro e uma estagiria inventaram o Protesto da Gerao Rasca.Publico,Lisboa. 26 fev. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 07 fev. 2013.

SANTOS, B. Para uma sociologia das ausncias e uma sociologia das emergncias. Revista Crtica de Cincias Sociais, v.63, p. 237-280, 2002.SERVA, Maurcio ; DIAS, Taisa ; Alperstedt, Graziela . O paradigma da complexidade e a teoria das organizaes: uma reflexo epistemolgica. RAE (Impresso), v. 50, p. 276-287, 2010.

SILVA, R.C.; ALCADIPANI, R. . As Transformaes do Controle na Siderrgica Riograndense - uma anlise foucaultiana. O&S. Organizaes & Sociedade, Salvador-BA, v. 11, n.29, p. 81-96, 2004.

SILVA, Rosimeri Carvalho da. Controle organizacional, cultura e liderana: evoluo, transformaes e perspectivas.RAP, Rio de Janeiro, v. 37, n. 4, p.797-816, jul. 2003.

SILVA, Rosimeri Carvalho. Controle organizacional, cultura e liderana; evoluo, transformaes e perspectivas. Revista de Administrao Pblica, v. 37, n. 4, 2003.

THE ECONOMIST. Commons man.The Economist,[s.l], p. 1-2. 13 jan. 2013. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

TUTU, Desmond; CORRIGAN-MAGUIRE, Mairead; ESQUIVEL, Adolfo Prez. Bradley Manning deserves Americans' support for military whistleblowing: Thanks to WikiLeaks, US citizens are better informed about wars prosecuted in their name. We owe Manning honour, not jail time.The Guardian,London, 16 nov. 2012. p. 1-2. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

WOOD JR, T ; CALDAS, M. P. .Quem tem medo de Eletrochoque? Identidade, Terapias Convulsivas e Mudana Organizacional. RAE. Revista de Administrao de Empresas, So Paulo, v. 35, p. 13-21, 1995.

WOOD JUNIOR, Thomaz; URDAN, Flvio Torres. Gerenciamento da Qualidade Total: uma Reviso Crtica.Rae, So Paulo, v. 34, n. 6, p.46-59, nov. 1994. Disponvel em: . Acesso em: 07 fev. 2013.

ZANATTA, Rafael A. E.. Aaron Swartz, guerrilheiro da internet livre.Frum, Porto Alegre, n. , p.1-2, 17 jan. 2013. Mensal. Disponvel em: . Acesso em: 05 fev. 2013.

IEK, Slavoj. O violento silncio de um novo comeo. In: HARVEY, David et al.Occupy:movimentos de protesto que tomaram as ruas. So Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. Cap. 2, p. 15-26.

Ainda que algumas referncias aos casos aqui apresentados tenham origem em publicaes tradicionais (The Guardian, The Economist, Revista poca, CNN, entre outros) cabe ressaltar que a forma como tais temas so tratados pela mdia hegemnica faz com que rapidamente caiam no esquecimento. A falta de sensacionalismo ao que o pblico est habituado quando se noticiam outros temas no sustenta a presena destes personagens no imaginrio popular. Os casos apresentados no estavam nas primeiras pginas destes veculos, mas em seus sites na Internet ou em blogs dos jornalistas. Noticiar assim, tambm produzir ausncias.

cruel, inhuman and degrading. Traduo nossa.

HYPERLINK "http://www.jstor.com"http://www.jstor.com A expresso JSTOR um acrnico para Journal Storage. A organizao, com sede nos Estados Unidos, caracteriza-se como um grande repositrio do contedo de peridicos acadmicos, e o acesso ao seu sistema pago.

113