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SER-300 - Introdução ao Geoprocessamento ANÁLISE DE VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DO AQUÍFERO BARREIRAS POR FOSSAS RUDIMENTARES NA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MARACANÃ (SÃO LUÍS-MA). Thiago Sousa Teles Trabalho monográfico apresentado à disciplina de Introdução ao Geoprocessamento (Ser-300) do Mestrado em Sensoriamento Remoto do INPE. Prof. Miguel INPE São José dos Campos 2013

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SER-300 - Introdução ao Geoprocessamento

ANÁLISE DE VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DO AQUÍFERO

BARREIRAS POR FOSSAS RUDIMENTARES NA MICROBACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO MARACANÃ (SÃO LUÍS-MA).

Thiago Sousa Teles

Trabalho monográfico apresentado à

disciplina de Introdução ao

Geoprocessamento (Ser-300) do Mestrado

em Sensoriamento Remoto do INPE.

Prof. Miguel

INPE

São José dos Campos

2013

ANÁLISE DE VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DO AQUÍFERO

BARREIRAS POR FOSSAS RUDIMENTARES NA MICROBACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO MARACANÃ (SÃO LUÍS-MA).

THIAGO SOUSA TELES

Divisão de Sensoriamento Remoto - DSR

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE

Caixa Postal 515 - 12201-970 - São José dos Campos - SP, Brasil

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A microbacia do rio Maracanã, localizada no centro-sul do município de São

Luís, é uma importante sub-bacia do rio Bacanga, pois abriga muitas de suas principais

nascentes. Seu processo de ocupação remonta ao século XIX, mas tem seu processo

intensificado no início do século XX com a implantação da estrada de ferro São Luís –

Teresina e à construção da BR-135, na década de 1980, que passa nas extremidades

leste e oeste da mesma.

Atualmente, a microbacia abriga cerca de 15 comunidades, com um número

estimado de mais de 5000 domicílios e uma população residente de aproximadamente

20 mil pessoas (IBGE, 2011 apud TELES, 2012).

Estas comunidades pertencentes à microbacia do Maracanã, em geral, possuem

características periurbanas, com traços entre os espaços urbano e rural. Elas têm

enfrentado diversos problemas gerados com o crescimento da ocupação, tanto de ordem

social quanto ambiental, que vem repercutido diretamente na realidade dos residentes da

área. Entre estes graves problemas estão à falta de acesso aos serviços de saneamento

básico (TELES, 2012).

Devido à inexistência ou precariedade no acesso aos serviços de saneamento,

os residentes destas comunidades adotam sistemas individuais, que nem sempre

correspondem a mecanismos sanitariamente adequados. Tal fato pode ser constatado na

adoção das fossas rudimentares, como destinação final do esgotamento sanitário.

As fossas são unidades de destinação final de águas residuais, que em geral

possuem um caráter doméstico e individual. As fossas rudimentares (popularmente

conhecidas como fossas negras) se caracterizam por serem soluções não sanitárias, pois

o tanque de efluentes é construído atingindo diretamente o lençol subterrâneo. Assim,

elas se tornam fontes potencias a contaminação dos aquíferos subterrâneos (CAMPOS E

MACÊDO, 1997).

A presença das fossas negras se tornam fontes potenciais à contaminação das

águas subterrâneas na microbacia do rio Maracanã. Sendo que, seu grau de

vulnerabilidade pode variar quando associados à profundidade do lençol freático, a

geologia local e a declividade.

Assim, o objetivo deste trabalho é analisar a vulnerabilidade à contaminação do

aquífero Barreiras por fossas rudimentares na microbacia do rio Maracanã. Para isto,

foram geradas: a carta de fragilidade ambiental, a carta de vulneravilidade e a carta de

exposição à contaminação.

Durante a realização da pesquisa foi de suma importância à utilização das

técnicas de geoprocessamento nos Sistemas de Informações Geográfica (SIGs), que

possibilitaram a compreensão do padrão espacial dos diferentes eventos quanto as suas

distribuições e magnitudes. Além disso, possibilitaram a integração de grandes

quantidades de dados e a apresentação de novas informações as quais permitiram uma

análise mais aprofundada sobre a temática.

A principal técnica de geoprocessamento utilizada foi o Método da Análise

Hierárquica (AHP). Através deste método foi possível organizar e avaliar a importância

relativa entre diferentes critérios na construção do modelo final de análise de

vulnerabilidade. Isto permite a tomada de decisões para o caso de possíveis intervenções

de políticas públicas voltadas às áreas que apresentam as maiores vulnerabilidades na

bacia do Maracanã.

2. CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DA ÁREA DE ESTUDO

A microbacia do Rio Maracanã está localizada na região centro-sul do

município de São Luís-MA, entre as seguintes coordenadas 2º35’35’’ e 2º39’17’’lat. S;

e 44º14’23’’ e 44º19’30’’long. W (Figura 01), possuindo uma área de 21 km², perímetro

de 19,8 km, hierarquia de 4° ordem e um padrão da rede de drenagem do tipo

dendrítico.

Figura 01: Carta de localização da microbacia do rio Maracanã, São Luís-MA.

A microbacia do rio Maracanã compõe nos seus aspectos geológicos o

conjunto da Bacia Costeira de São Luís, formada por rifteamento durante o Cretáceo e

cujo processo sedimentário, a partir deste período, comporta as seguintes formações:

Itapecuru, Terciário-Paleogeno, Barreiras e Açuí. (RODRIGUES et. al. 1994 apud

PEREIRA 2006).

Sobre essa estrutura encontram-se feições geomorfológicas com um relevo

moderado e de baixas altitudes. Através da Carta Geomorfológica desenvolvida por

Cysne et. al. (2011) é possível identificar basicamente três feições: as planícies fluviais

e flúvio-marinhas com altitude variando entre 0-5 m, as Colinas esparsas (5-30m) e os

tabuleiros dissecados (40-60m) pelo processo erosivo ocasionado pelas águas fluviais e

do escoamento superficial.

As planícies flúvio-marinhas e fluviais (0-5m) são compostas por sedimentos

argilosos e arenosos do quartanário (Formação Açuí). As colinas esparsas estão

associadas a duas formações: A primeira corresponde à área de ocorrência da formação

Terciário-Paleogeno, formada por siltitos, arenitos e argilitos. A segunda corresponde às

fácies areno-argilosas da formação Barreiras, com altitudes que variam entre 20 e 30

metros. Os Tabuleiros dissecados estão associados às fáceis arenosa da Formação

Barreiras, com altitudes que variam entre 30 e 60 metros (FIGURA 02) (PEREIRA,

2006).

Figura 02: Seções esquemáticas ilustrando a distribuição espacial das unidades

geológicas geotécnicas (associação de substrato geológico e relevo)

Fonte: Pereira, 2006.

Na área possuem os aquíferos Barreiras e Itapecuru. O aquífero da Formação

Barreiras é o mais superficial, constituído de um sistema livre, formado por areia de

granulometria fina a media, com intercalações de silte e argila do terciário, com

espessura variável de 15 a 38 metros O aquífero da Formação Itapecuru, é um sistema

semi-confinado com sedimentos clásticos finos, predominantemente arenosos do

Cretáceo, com profundidade variando de 51 a 116 metros (PEREIRA, 2006).

O clima da área pode ser classificado segundo o Modelo de Classificação

Climática de Köppen como Aw - clima tropical chuvoso quente e úmido, com

temperaturas médias mensais superiores a 18ºC, com chuvas de verão e estação seca no

inverno do respectivo hemisfério. (INZUNZA, 2005).

As condições climáticas, geomorfológicas e pedológicas possibilitam que na

área da microbacia Maracanã se estabeleça uma variedade fitogeográfica com aspectos

característicos do bioma Amazônico, apresentando, sobretudo espécies perenifólias. Nas

planícies flúvio-marinhas são encontrados algumas espécies de mangues que se

mesclam com a vegetação de várzea na foz da microbacia. Nas várzeas e igarapés são

encontrados espécies com características hidrófilas e higrófitas. No restante da bacia há

o predomínio da cobertura vegetal secundaria (capoeira) e resquícios de vegetação

nativa (FARIAS FILHO, 2010; CYSNE 2011).

O processo de ocupação na microbacia do rio Maracanã remonta ao século

XIX com os povoados do Distrito de São Joaquim do Bacanga (hoje Maracanã) e Furo

(atual Vila Maranhão) (MORAIS, 2000). Atualmente fazem parte da área da microbacia

as seguintes comunidades: Raimundo do Gapara, Conceição, Alegria, Vila Maranhão,

Pereira, Pedreira, Maracanã, Poeirão, Vila Sarney, Nova Republica, Jacú, ferventa,

Sitinho, Vila Guará, e Alto Bonito (TELES, 2012).

Ao longo dos anos ocorreram mudanças significativas na ocupação da

microbacia, pois em 1976 era da ordem de 5 % da área total, que aumentou em 2008

para cerca de 25%. Esse crescimento das atividades humanas ocorreu mais intensamente

nas áreas mais elevadas no setor leste, nas zonas mais planas dos topos dos tabuleiros e

das colinas aplainadas, a exemplo do que ocorre nas comunidades do Maracanã e Vila

Nova República. (CYSNE, 2011)

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para análise da vulnerabilidade a contaminação por fossas rudimentares na

microbacia do rio maracanã foi necessária à formação das cartas de fragilidade natural,

de vulnerabilidade e de exposição à vulnerabilidade (FIGURA 03).

Dados Censo IBGE 2010

Junção espacial

Polígonos

Setores

Censitarios

Poligono

Limite da

bacia

hidrograficaIsolinhas

Altimetria

Carta de fragilidade

ambiental

Polígonos

Dados Censo

2010

Ju

nçã

o e

sp

ecia

l

recla

ssific

açã

o

Intersecção Espacial (Correção)

Classificacao

Uso e ocupação

da bacia

Áreas residenciais e não

-residenciais

Imagem

Spot-5

Classificação

orientada a objeto

Associação das áreas residenciais aos

índices de fossas rudimentares e pocos

Prereira, 2006

Geologia

vetorização

Facies arenosa; areno-

argilosa; argilosa

Geologia

Vetor-matriz

Geologia

Ponderacao

Arenosa:1;areno-

argilosa:08; argilosa:0.5.

TIN

Atributos

Declividade

Operações

Hand

TerraHidro

Hand

0-7

7-12

12-17

>17

<5%,5-10%.10-15%,

15-30%,30-

45%.>45%

Declividade

Ponderacao

AH

P

Densidade de pocos

Indice de pocos

Densidade de fossas

Indice de fossas

rudimentares

Carta de

vulnerabilidade

AH

P

AH

P

Ponderacao

Carta de exposição

Figura 03: OMT-G

O método base para a correlação entre variáveis foi o método de análise

hierárquica (AHP). Este método foi desenvolvido por Thomas Saaty em 1978, a fim de

contribuir na tomada de decisões ao se avaliar o peso de diferentes varáveis. Nesse

sentido, os fatores são ponderados através da comparação pareada das componentes,

cujos pesos são definidos a partir de uma matriz de comparação. Os valores são

escalonados a partir da intensidade de importância entre variáveis e podem assumir a

variação de 1 (igual importância) a 9 (importância absoluta) como pode ser visto no

Quadro 01 (MOREIRA el al. 2001).

Quadro 01: Escala de valores AHP para comparação pareada.

Intensidade de

importância

Definição e Explicação

1 Importância igual - os dois fatores contribuem igualmente

para o objetivo

3 Importância moderada - um fator é ligeiramente mais

importante que o outro

5 Importância essencial - um fator é claramente mais

importante que o outro

7 Importância demonstrada - Um fator é fortemente favorecido

e sua maior relevância foi demonstrada na prática

9 Importância extrema - A evidência que diferencia os fatores

é da maior ordem possível.

2,4,6,8 Valores intermediários entre julgamentos - possibilidade de

compromissos adicionais

Fonte: Moreira el al. 2001.

A carta de fragilidade natural à contaminação por fossas rudimentares foi

realizada a partir da AHP no Spring 5.2.3 com matriz de comparação entre três

variáveis: declividade, geologia e hand.

A partir da matriz de comparação gerada na AHP foram estabelecidos

diferentes pesos para cada uma das variáveis que compõe o modelo, com uma razão de

consistência de 0.028, como pode ser visto na equação abaixo:

Carta de fragilidade = 0.079*(declividade) + 0.263*(geologia)+ 0.659*(hand)

Além disso, as classes temáticas foram ponderadas entre 0 e 1,expressando a

menor ou maior influência da componente no modelo, exposto no Quadro 02

Quadro 02: Pesos atribuídos as classes temáticas.

Categoria Classes Pesos

Declividade <5 0.1

5-10 0.2

10-15 0.5

15-30 0.6

30-45 0.7

>45 0.9

Geologia Facie arenosa 1

Facie areno-argilosa 0.8

Facie argilosa 0.5

Hand 0-7 1

7-12 0.9

12-17 0.7

>17" 0.1

A declividade (FIGURA 04) foi gerada no Spring 5.2.3 a partir das isolinhas

extraídas das cartas DSG/IBGE na escala de 1:10000, com equidistância entre linhas de

5metros (ZEEMA, 2013). A ponderação das classes temáticas desta categoria levou em

consideração a influência da declividade no escoamento sub-superficial, ou seja, quanto

maior a declividade maior o escoamento sub-superficial, e vice-versa. Os parâmetros de

declividade foram estabelecidos com base nas especificações dispostas pela Embrapa

(1999) na carta de declividade do Zoneamento Agroecológico (ZAE) do Estado do

Tocantins, onde associa a declividade ao escoamento superficial. Neste trabalho, porém,

associamos a declividade ao escoamento sub-superficial, com base nos mesmos

princípios dispostos pelo trabalho supracitado.

Figura 04: Carta de declividade da microbacia do rio Maracanã.

A carta geológica (FIGURA 05) foi adaptada a partir do modelo geológico-

geotécnico proposto por Pereira (2006) para a bacia do Bacanga, com a generalização

em três classes temáticas: fácies arenosa, fácies areno-argilisa e fácies argilosa. A

ponderação destas classes temáticas levou em consideração as especificações dispostas

por Pereira (2006) de maior ou menor grau de permeabilidade das estruturas geológicas

presentes na área, que podem favorecer a infiltração das águas residuais das fossas.

Figura 05: Carta geológica da microbacia do rio Maracanã.

O hand (FIGURA 06) foi utilizado como parâmetro para a profundidade do

lençol freático. Ele mede a distância vertical de um dado ponto até um ponto de

referência, que neste caso corresponde à drenagem local. Assim foi possível estimar a

variação espacial do nível de água a partir da grade de distância vertical. O hand foi

gerado no software TerraView Hidro 0.3.3 a partir da grade triangular de elevação feito

com as isolinhas extraídas da carta DSG/IBGE no ArcGis 9.3. A classificação e

ponderação do hand foi realizada com base na influência das distâncias entre as fossas e

o nível de água na contaminação. O parâmetro de ponderação foi baseado na norma

brasileira NBR 7229 (ABNT, 1993) que dispõe sobre o projeto, construção e operação

de sistemas de tanques sépticos. Nesta norma, é estabelecido que as distâncias mínimas

horizontais entre uma fossa e um corpo d’água de qualquer natureza devem ser de no

mínimo de 15 m, porém, neste trabalho, escalonou-se a influência desta distância para a

vertical com relação ao nível de água do aquífero.

Figura 06: Carta do Hand da microbacia do rio Maracanã.

A carta de vulnerabilidade foi gerada através de uma matriz AHP de duas

variáveis: a primeira foi à grade de fragilidade natural e a segunda uma camada temática

correspondente ao índice de densidade de fossas rudimentares associados aos polígonos

de residências da área (FIGURA 07).

Os dados de densidade de fossas rudimentares foram extraídos a partir dos

dados do Censo 2010 do IBGE associados aos valores das áreas correspondentes as

residências da microbacia. Para isso, foi necessário, primeiramente, a extração destas

áreas por meio de classificação orientada a objeto utilizando análise exploratória no

software eCognition de uma imagem Spot-5 (2008).

Como os setores limítrofes apresentavam problemas com os limites da bacia,

foi necessário que os dados apresentados por estes setores fossem reponderados com

base na porcentagem de área correspondente ao interior da bacia.

Após esta reponderação foi calculado um índice de densidade de fossas

rudimentares, onde relacionava o número de fossas pela área residencial correspondente

a cada setor. Estes valores, posteriormente, foram associados aos polígonos

correspondentes a estas áreas de residências.

A partir desta categoria temática dos índices de fossas e da grade de fragilidade

natural foi gerado a AHP no Spring 5.2.3 com a ponderação equivalente a cada uma

destas categorias, e com razão de consistência de 0.001, como demonstrado na equação

abaixo:

Carta de vulnerabilidade = 0.500*(Carta de fragilidade) + 0.500*(índice de densidade

de fossas).

Os valores assumidos pelas classes correspondentes a camada de índice de

fossas rudimentares foram normalizados de modo que assumissem os valores de 0 a 1,

como especificado acima.

Figura 07: Carta de densidade de fossas rudimentares na microbacia do rio Maracanã.

A Carta de exposição foi gerada pela matriz AHP de duas variáveis: a grade de

vulnerabilidade e a camada temática dos índice de densidade de poços da área

(FIGURA 08).

Esta camada foi gerada a partir dos mesmos procedimentos descritos para a

categoria temática dos índices de densidade de fossas. Na AHP, realizada no Spring

5.2.3, as duas variáveis também assumiram ponderações equivalentes, com razão de

consistência de 0.001, como demostrado na equação abaixo:

Carta de exposição = 0.500*(Carta de vulnerabilidade) + 0.500*(índice de densidade

poços)

Os valores assumidos pelas classes do índice de densidade de poços também

foram normalizados de modo que assumissem os valores de 0 a 1.

Figura 08: Carta de densidade de poços na microbacia do rio Maracanã.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Com o avanço progressivo do processo urbano-industrial dos últimos séculos, a

pressão sobre os recursos hídricos se mostraram latentes no que tange a contaminação

e/ou poluição por eflúvios advindos principalmente de instalações industriais e

residências. Conforme Varela (1987 p.10) “consideram-se poluições às alterações das

propriedades físicas, químicas e biológicas da biosfera, em decorrência da ação isolada

ou combinada de poluentes, causando às características ecológicas do meio”. A

contaminação por sua vez “é caracterizada pela introdução no meio de elementos em

concentrações nocivas à saúde humana. [...] Nessas condições toda água contaminada é

poluída, mas nem toda agua poluída é contaminada”.

Para Von Sperling (1996a, p.46 apud PHILIPPI JR. e MALHEIROS 2005 p.

190) a poluição das águas se caracteriza pela “adição de substâncias ou de formas de

energia que, diretamente ou indiretamente, alteram a natureza da água de uma maneira

tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos”.

As águas residuais, advindas a partir das atividades humanas, possuem como

característica marcante sua contaminação/poluição pela incorporação de substâncias

tóxicas e microrganismos patogênicos dos dejetos após o consumo da água potável.

Segundo a Norma Brasileira NBR 9648 (ABNT, 1986) o esgotamento sanitário

é definido como o “despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água

de infiltração e a contribuição pluvial parasitária”. Conforme esta norma o esgoto

doméstico seria o despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades

fisiológicas humanas.

Nos esgotamentos domésticos, as soluções de destinação final e tratamento

podem ser individuais ou coletivas. Em geral, as soluções coletivas estão ligadas as

áreas urbanas, enquanto que as individuais, com a utilização frequente de fossas, são

adotadas mais em áreas rurais ou pouco urbanizadas. No entanto, muitas cidades por

não possuírem sistemas coletivos de esgoto acabam adotando sistemas individuais

(MOTA, 1997).

As soluções individuais podem assumir ou não padrões sanitários, como

destacam Campos e Macêdo (1997). Dentre as soluções não sanitárias mais utilizadas

temos as fossas negras (rudimentares), que se caracterizam por apresentar o tanque de

efluentes construído atingindo diretamente o solo e consequentemente o lençol

subterrâneo.

As comunidades que compõe a microbacia do rio Maracanã em geral adotam

como destinação final do esgotamento sanitário as soluções individuais, devido à

ausência dos serviços de rede geral na maior parte da microbacia. Conforme Teles

(2012) os domicílios da microbacia e seu entorno ligados à rede geral de esgoto ou água

pluvial correspondem somente a 5,2%. Das soluções individuais as mais utilizadas são

as fossas sépticas, adotadas por 46,41% dos domicílios, seguidos pelas fossas

rudimentares que somam 35,50%, enquanto que as valas apresentam 7,40%, e o

lançamento em rios, lagos ou mares 0,13%. As outras soluções somam 5,36%

(GRÁFICO 01)

Ainda segundo o autor supracitado, dos domicílios que adotam as fossas

rudimentares, cerca de 53% estão na zona rural e 40% na zona de aglomerado rural,

conforme a classificação do IBGE para os setores.

Gráfico 01: Via de escoamento do esgotamento sanitário em domicílios particulares

permanentes com banheiro ou sanitário

Fonte: adaptado de IBGE, 2011 (apud TELES, 2012).

A presença do grande número de fossas rudimentares na microbacia torna-se

um fator de ameaça à contaminação da água subterrânea da área. Esta ameaça pode ser

sentida quando analisamos o conjunto de fatores naturais relacionados à potencialidade

de contaminação, ou seja, a sua fragilidade natural.

Conforme Carvalho (2012) a fragilidade ambiental corresponde à

suscetibilidade do sistema (ambiente) de sofrer intervenções ou ser alterado, já que este

se encontra aberto e em intercâmbio contínuo com agentes internos e externos. Assim,

as áreas frágeis seriam àqueles que, por suas características, são particularmente

sensíveis aos impactos adversos, de baixa resiliência e pouca capacidade de

recuperação.

Dentre os múltiplos fatores que podem interferir na fragilidade natural da

microbacia, elencaram-se três variáveis que podem ser relacionadas diretamente a

potencialização da contaminação por fossas rudimentares: a formação geológica, a

declividade, e o nível do lençol freático, representado neste trabalho pelo hand.

A figura 09 apresenta à carta de fragilidade a contaminação do aquífero

Barreiras por fossas rudimentares na microbacia do rio Maracanã. Nela é possível

verificar as áreas cujo há uma maior propensão à contaminação. Estas áreas

correspondem, sobretudo, as zonas mais próximas às redes de drenagem e cujas

declividades são mais acentuadas. Outro fator que é preponderante no modelo são as

áreas de formações geológicas das fácies arenosa e areno-argilosa, que acentuam o grau

de vulnerabilidade principalmente a montante da bacia. Isto porque, estas áreas

apresentam maior permeabilidade, sendo assim, mais propicias a contaminação por

fossas rudimentares.

Segundo Moura et al. (2010) ao se referirem ao trabalho de Spörl e Ross

(2004), afirmam que a indentificação dos ambientes naturais e suas fragilidades

potenciais e emergentes proporcionam uma melhor definição das diretrizes e ações a

serem implementadas no espaço físico territorial, servindo de base para o zoneamento e

fornecendo subsídios à gestão territorial.

Figura 09: Carta de fragilidade a contaminação do aquífero Barreiras por fossas

rudimentares na microbacia do rio Maracanã.

Ao associarmos a fragilidade natural com as fontes potenciais de

contaminação, que neste caso são as fossas rudimentares, pôde-se obter a variação

espacial da vulnerabilidade à contaminação na microbacia.

Tagliani (2003 apud Silva; Almeida, 2012) conceitua a vulnerabilidade

ambiental como sendo o maior ou menor grau de susceptibilidade de um determinado

ambiente devido aos impactos ambientais provocado pelas ocupações antrópicas. Santos

(2000 apud CPRH, 2003) ao definir a vulnerabilidade da água subterrânea à poluição

afirma que é a “maior ou menor susceptibilidade de um meio aqüífero ser afetado por

uma carga poluente imposta”.

Deste modo, buscou-se relacionar as fontes potencias a contaminação, ou seja,

as fossas rudimentares, com as características do meio físico que potencializam a

contaminação devido a sua fragilidade natural.

Através da Figura 10, é possível identificar as áreas com as maiores

vulnerabilidades à contaminação do aquífero Barreiras por fossas rudimentares na

microbacia do rio maracanã. Estas áreas de maior vulnerabilidade estão associadas às

zonas que acoplam uma alta fragilidade do meio natural e as maiores densidades de

fossas rudimentares. Estas áreas com os maiores graus estão localizadas na porção sul-

sudoeste e nordeste da microbacia.

Figura 10: Carta de vulnerabilidade a contaminação do aquífero Barreiras por fossas

rudimentares na microbacia do rio Maracanã.

Além de entendermos a vulnerabilidade ambiental da microbacia, é de suma

importância associar este aspecto com a exposição da população às áreas mais

propensas a contaminação. Para isto, relacionou-se a vulnerabilidade a contaminação

por fossas rudimentares com a densidade de poços da área a fim de se gerar uma carta

de exposição à vulnerabilidade de contaminação do aquífero Barreiras na microbacia do

rio Maracanã (Figura 11).

Figura 11: Carta de exposição à vulnerabilidade de contaminação do aquífero Barreiras

por fossas rudimentares na microbacia do rio Maracanã.

Conforme Teles (2012) o abastecimento de água realizado por poços ou

nascentes nas propriedades da microbacia e entorno correspondem a 13,65% dos

domicílios. A captação por meio de poços é realizada no manancial subterrâneo

presente na área, que em sua maioria corresponde ao aquífero Barreiras, pelo fato de ser

o mais superficial em relação ao aquífero Itapecuru.

A utilização dos poços como fonte de abastecimento de água expõe a

população ao risco de consumo de água contaminada, haja vista, esta água não possuir

nem um tipo de tratamento prévio antes de ser consumida. Por isso Campos e Macêdo

(1997) esclarecem que as soluções individuais aplicadas nestas áreas requerem por parte

dos serviços de saúde maior esforço educativo em todas as fases, desde a obtenção da

água até o seu uso nos domicílios.

Por não possuir tratamento prévio, a água capitada pode apresentar parâmetros

físico-químicos e bacteriológicos não adequados e nocivos à saúde humana. Em análise

realizada por Amorim e Santos (2011) de amostras de águas destinadas ao consumo

humano com a utilização de parâmetros bacteriológicos em cinco poços na microbacia

do Maracanã foi possível identificar valores para coliformes totais que apresentam

resultados variados, desde baixo (P 02) a elevados (P 01 e P 03). E para valores de

coliformes termotolerantes (indicadores da contaminação de origem humana) os

resultados deram positivos nos poços 01 e 02, e negativo nos poços 02, 03 e 04. Isto

demonstra que alguns poços da área já sofrem com a contaminação das águas destinadas

ao consumo da população (QUADRO 03).

Quadro 03 - Resultados das análises bacteriológicas das amostras de água

Microrganismos Poços

P 01 P 02 P 03 P 04 P 05

Coliformes totais

(NMP/100mL)

93 9,1 93 75 43

Coliformes termotolerantes

(NMP/100mL)

+ - - - +

NMP/100 mL: Número mais provável por 100 mL; + : positivo; -: negativo

Fonte: Amorim e Santos, 2011.

Um ambiente insalubre, com péssimas condições sanitárias, se constitui como

agravo ao aparecimento de enfermidades, seja por transmissão direta ou através de

vetores que encontram um meio propício a sua proliferação. Tais condições têm, por sua

vez, ligações diretas com o nível socioeconômico da população e ao seu acesso aos

serviços de saúde.

A presença de doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado,

muitas vezes está associado à elevada exposição da população a contaminação hídrica,

como é o caso, geralmente, das doenças diarréicas. Conforme Teles (2012) as doenças

diarréicas notificadas no ano de 2010 na área tiveram um coeficiente de incidência

superior a média registrada para toda a capital. Enquanto que em São Luís os números

de casos notificados de doenças diarréicas foram de aproximadamente 210 casos a cada

10000 habitantes, na área em tela foi registrado um coeficiente de incidência de 270

casos a cada 10000 habitantes. Tal resultado pode indicar certamente que os fatores

relacionados ao saneamento inadequado tem aferrado a saúde da população da

microbacia.

Senso assim as questões pertinentes ao saneamento devem ser consideradas a

partir da esfera multidimensional, a fim de se compreender, com base em diversas

leituras, as problemáticas que norteiam e estão relacionadas às ações de saneamento.

Assim, além de se considerar as ações infra-estruturantes, deve-se construir relações

com os aspectos socioeconômicos e ambientais em que vive a população, tomando

ainda uma amplitude intersetorial que envolva a integração de diversos elementos, tais

como: a saúde, habitação, energia, meio ambiente, economia, transporte, tecnologia,

planejamento de áreas urbanas e rurais, e outros, conforme especifica Heller (et al.

2008)

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O método de análise hierárquica (AHP) se mostrou como uma técnica eficiente,

pois possibilitou a correlação entre diferentes variáveis, de modo que elencou os

pesos associados a cada critério.

As áreas de maior fragilidade ambiental na microbacia do rio Maracanã foram

àquelas próximas as redes de drenagem, devido ao nível de água, estimado pelo

hand, está mais superficial. Além disso, as formações geológicas das fácies

arenosas e areno-argilosas contribuíram para que o grau de fragilidade fosse

maior a montante da bacia. A variável declividade, também contribuiu para o

modelo, de modo que as áreas de maior declividade apresentaram os maiores

indicadores de vulnerabilidade devido a potencialidade de escoamento sub-

superficial.

As áreas que apresentaram as maiores vulnerabilidades correspondem à porção

nordeste e sul-sudeste da microbacia. Além destas, há uma faixa significativa na

porção oeste onde segue o fluxo de drenagem e outro conjunto significativo a

leste.

Apesar do hand ser um bom estimador do nível do lençol freático, seria

necessário para refinar a análise a confecção de uma carta de nível de água feita

a partir da interpolação de amostras de NA dos poços da área em diferentes

períodos do ano.

Pela indisponibilidade de dados pontuais sobre as fossas rudimentares, os dados

do IBGE quando associados as áreas residenciais se mostraram uma boa fonte

de análise. No entanto, o ideal seria que estes dados fossem dispostos

pontualmente para melhorar modelo.

Assim, torna-se extremamente necessário a busca de soluções para os problemas

relacionados à falta da infraestrutura mínima, nestas zonas, com a melhoria da

qualidade dos serviços por parte do poder público. Todavia, espera-se que os

mesmos sejam sanitariamente adequados, uma vez que, o saneamento básico

constitui um direito de todos como estabelecido na Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 e na recente Lei de Saneamento Básico (lei federal

nº 11.445/2007).

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