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O artigo de opinião é utilizado por pessoas que desejam expor publicamente suas posições sobre assuntos que provocam controvérsias na sociedade. “Artigo de opinião é um gênero jornalístico argumentativo escrito, publicado em jornais, revistas, internet, e sempre assinado. A assinatura identifica o autor, o responsável pela opinião” (Gagliard, Eliana; Amaral, Heloisa. Pontos de vista. Cenpec - São Paulo: Peirópolis, 2004). Segundo algumas formulações, o texto de opinião se utiliza unicamente em situações onde há confronto explícito entre dois pontos de vista. Umas pessoas são a favor da legalização do aborto, outras contra. Umas querem construir a hidroelêtrica, outras preservar a natureza. O confronto dos pontos de vista é nítido. Amparando-nos em Mikhail Bakhtin 1 , optamos aqui por um ponto de vista mais amplo, que inclui situações nas quais parece não haver divergências, no entanto as atitudes concretas são contraditórias. Ninguém acha correto, por exemplo, que a cidade esteja suja, mas muitas pessoas jogam lixo nas ruas. Todos os governantes dizem querem proteger as crianças, mas milhares sofrem todo tipo de violência. Alguém pode querer escrever um artigo de opinião contra a atitude dos “sujões” ou criticando à omissão do poder público sobre os direitos das crianças, mesmo que, do outro lado, ninguém defenda a sujeira ou a violência contra as crianças. A polêmica envolve aqui atitudes. Argumentar é fundamental Emitir opiniões com bases em argumentos sólidos é uma competência básica para o indivíduo, que passa a ter melhores condições de defender seus pontos de vista e interferir nos rumos da sociedade. Para argumentar é necessário refletir e se informar, e pessoas reflexivas e informadas constituem, com certeza, cidadãos e cidadãs mais capacitados(as). Veja os tipos de argumentos no quadro da página seguinte. 1 O filósofo e linguista russo Mikhail Bakhtin (1895-1975), talvez o mais importante pesquisador de gêneros textuais, alertava contra uma visão engessada dos gêneros textuais, pois eles servem para expressar necessidades de comunicação, e podem se alterar conforme a dinâmica da vida social e das práticas de linguagem. Advertência: não se pretende que as crianças dos anos iniciais consigam, ao final desta sequência didática, escrever artigos de opinião brilhantes. Elas escreverão, naturalmente, dentro de suas limitações, mas explorando suas potencialidades e crescendo com a ajuda de seus professores. Um objetivo fundamental é a compreensão da necessidade de argumentar, para expressar opiniões com coêrencia. Se a criança internalizar essa necessidade, teremos dado uma boa contribuição para a sua formação. A sequência didática também propicia ganhos em outros campos, como o domínio da escrita, o trabalho cooperativo, a compreensão de textos e a expressão das crianças (postos que elas irão opinar sobre temas de sua escolha). Sequência Didática Texto de Opinião

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Page 1: Sequência Didática Texto de Opinião - O JORNAL ESCOLAR · Convencer, dialogar, rebater Não basta o autor de um artigo de opinião argumentar a favor de sua tese. Ele deve considerar

O artigo de opinião é utilizado por pessoas que desejam expor publicamente suas posições sobre assuntos que

provocam controvérsias na sociedade.

“Artigo de opinião é um gênero jornalístico argumentativo escrito, publicado em jornais, revistas,

internet, e sempre assinado. A assinatura identifica o autor, o responsável pela opinião” (Gagliard,

Eliana; Amaral, Heloisa. Pontos de vista. Cenpec - São Paulo: Peirópolis, 2004).

Segundo algumas formulações, o texto de opinião se utiliza unicamente em situações onde há confronto explícito

entre dois pontos de vista. Umas pessoas são a favor da legalização do aborto, outras contra. Umas querem

construir a hidroelêtrica, outras preservar a natureza. O confronto dos pontos de vista é nítido.

Amparando-nos em Mikhail Bakhtin1, optamos aqui por um ponto de vista mais amplo, que inclui situações nas

quais parece não haver divergências, no entanto as atitudes concretas são contraditórias. Ninguém acha correto,

por exemplo, que a cidade esteja suja, mas muitas pessoas jogam lixo nas ruas. Todos os governantes dizem

querem proteger as crianças, mas milhares sofrem todo tipo de violência. Alguém pode querer escrever um artigo

de opinião contra a atitude dos “sujões” ou criticando à omissão do poder público sobre os direitos das crianças,

mesmo que, do outro lado, ninguém defenda a sujeira ou a violência contra as crianças. A polêmica envolve aqui

atitudes.

Argumentar é fundamental

Emitir opiniões com bases em argumentos sólidos é uma competência básica para o indivíduo, que passa a ter

melhores condições de defender seus pontos de vista e interferir nos rumos da sociedade. Para argumentar é

necessário refletir e se informar, e pessoas reflexivas e informadas constituem, com certeza, cidadãos e cidadãs

mais capacitados(as).

Veja os tipos de argumentos no quadro da página seguinte.

1 O filósofo e linguista russo Mikhail Bakhtin (1895-1975), talvez o mais importante pesquisador de gêneros textuais,alertava contra uma visão engessada dos gêneros textuais, pois eles servem para expressar necessidades decomunicação, e podem se alterar conforme a dinâmica da vida social e das práticas de linguagem.

Advertência: não se pretende que as crianças dos anos iniciais consigam, ao final desta

sequência didática, escrever artigos de opinião brilhantes. Elas escreverão, naturalmente, dentro

de suas limitações, mas explorando suas potencialidades e crescendo com a ajuda de seus

professores.

Um objetivo fundamental é a compreensão da necessidade de argumentar, para expressar

opiniões com coêrencia. Se a criança internalizar essa necessidade, teremos dado uma boa

contribuição para a sua formação. A sequência didática também propicia ganhos em outros

campos, como o domínio da escrita, o trabalho cooperativo, a compreensão de textos e a

expressão das crianças (postos que elas irão opinar sobre temas de sua escolha).

Sequência Didática Texto de Opinião

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Tipo de argumentos Exemplos

Com base em Gagliardi, Eliana; Amaral, Heloisa, 2004

O aumento no número decobras encontradas emdiversas cidades do país podeser provocado pelodesmatamento. É o queexplicou João Pessoa Moreir, doInstituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama),em declaração ao site G1.

A falta de uma passarela torna arodovia que passa por nossacidade muito perigosa. Sexta-feirada semana passada minha mãe eeu quase fomos atropeladas porum caminhão.

Relatório da Organização dasNações Unidas para a Agriculturae Alimentação indica que odesmatamento ocorrido no Brasilentre 2000 e 2005 responde por42% da perda de áreas florestaisno mundo.

A vida é sagrada e ninguém temdireito a retirá-la de outra pessoa.Por isso a pena de morte éinaceitável.

Os abortos feitos de formaclandestina e insegura provocamsérios riscos à saúde da mulher,como a perda do útero,hemorragias e mesmo a morte.

Declarações de um especialista, de uma pessoarespeitável (líder, artista, político), de umainstituição considerada autoridade no assunto.

Relato de um fato ocorrido com o autor ou comoutra pessoa.

Informações incontestáveis, sejam dadosestatísticos, fatos históricos, informaçãocientífica, acontecimentos notórios.

Refere-se a valores irrefutáveis.

Exemplos concretos

Provas

Princípios ou crença pessoal

De causa e consequência

Declarações de autoridades

Afirma que uma coisa ocorre por causa de outra.

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Convencer, dialogar, rebater

Não basta o autor de um artigo de opinião argumentar a favor de sua tese. Ele deve considerar a existência de

pessoas que pensam de maneira diferente ou mesmo oposta à sua, para rebatê-las. Não é possível simplesmente

ignorá-las, pois isso desvalorizaria seu texto perante os leitores.

Esse embate com as opiniões ou atitudes discordantes não pode, porém, ser feito de qualquer maneira. A menos

que sejam criminosas, todas as opiniões e atitudes devem ser respeitadas, mesmo na hora de criticá-las. Do

mesmo modo, não é ético deformar as ideias das outras pessoas, para facilitar a crítica que se faz delas. Essa

seria apenas uma maneira de enganar os leitores.

Advertência: embora um bom texto de opinião deva necessariamente incluir essa contra-

argumentação, não iremos exigir o seu uso nesta sequência didática, pois acrescentaria

uma dificuldade adicional, quando nosso objetivo é, no momento, levar a criança a comprender

a necessidade de argumentar. Já é uma tarefa de bom tamanho.

Organização do texto

Esquematicamente, um artigo de opinião está organizado em três partes. Não é uma estrutura rígida, pois a

expressão escrita permite muita flexibilidade. Porém, o esquema é útil para guiar os passos de escritores iniciantes.

Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

Descrição do assunto que gera a polêmica

Tese do autor (proposta ou posicionamento)

Argumentos a favor da tese do autor

Fecha o texto e reforça a tese do autor

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Planos de Aula

Uma Sequência Didática é um conjunto de atividades articuladas. Esta sequência considera osseguintes aspectos:

A apropriação do gênero textual Artigo de Opinião

A expressão oral dos alunos

A leitura

A reflexão sobre a realidade em que vivem

A livre expressão da criança sobre essa realidade

O trabalho cooperativo durante a preparação dos textos e no momento da seleção

O senso de revisão e aprimoramento da obra produzida (duas reescritas)

A interação escola-família

Professor(a), recomendamos a leitura do conjunto de aulas quefazem parte da Sequência antes de dar início aos trabalhos.

PROVOCAÇÃO INICIAL

o O educador inicia a atividade fazendo algumas perguntas:

- Vocês têm opinião?

- Vocês acham que suas opiniões são ouvidas?

- As pessoas se interessam pelo que vocês sabem?

- A escola ouve as opiniões dos alunos?

o Dinâmica “Tribunal de Opinião”. O professor explica que é uma brincadeira. Cria-se um tribunal parajulgar um assunto polêmico: “A sociedade ouve as opiniões das crianças?”. O professor forma trêsgrupos de alunos.

o A dinâmica funciona assim:

1. O primeiro grupo defende que a sociedade NÃO ouve as opiniões de crianças

2. O segundo grupo defende que a sociedade ouve SIM as opiniões de crianças

3. O terceiro grupo será o Júri

4. Um representante do primeiro e segundo grupo, alternadamente, expõe seus argumentos em tempobreve, previamente acertado. A quantidade de intervenção depende do tempo disponível

5. Após cada grupo expor seus argumentos, suspende-se a sessão por alguns minutos para que o Júridê seu veredicto

6. A turma fala sobre a dinâmica e sobre a questão abordada, procurando chegar a um acordo, ou,então, levantando questões sobre o tema.

o O professor explica que a turma irá escrever Artigos de Opinião para o jornal escolar, e que esse era osentido da brincadeira, como exercício para estimular a reflexão.

TEMPESTADE DE IDEIAS E PRIMEIROS CONCEITOS

o O professor propõe que os alunos identifiquem temas relacionados à escola, à comunidade ou aomundo, que merecem ser discutidos. Estimula a participação de todos os alunos. Anota no quadro asideias que forem surgindo.

o O professor explica o que é Artigo de Opinião (deve insistir sobre o fato de que esse tipo de texto tratade assuntos polêmicos).

o Inicia uma conversa sobre os temas listados no quadro: há pessoas que têm opiniões diferentes sobreesses assuntos?

TAREFA DE CASA: Os alunos devem pensar um tema sobre o qual gostariam de escrever uma opinião no jornal.

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APRESENTAÇÃO DOS TEMAS E NOVOS ELEMENTOS CONCEITUAIS

o Cada aluno apresenta o tema que escolheu para opinar no jornal e conta porque o escolheu.Após cada apresentação, o educador encaminha uma conversa:

- O tema provoca polêmica? Alguém precisa mudar de atitude e ser convencido?

- O tema é importante?

- Alguém mais pensou em um tema similar? (O educador “puxa” para a conversa os alunosque escolheram um tema parecido).

o Professor apresenta para os alunos o conteúdo do tópico “Argumentar é Fundamental” destematerial. Explica que há diversos tipos de argumentos. Abre espaço para que os alunos tiremsuas dúvidas. Pede para os alunos copiarem no caderno os tipos de argumentos (opcional).

o Ao final da atividade, os alunos são informados que na próxima aula será iniciada a preparaçãodos textos, com base nos temas conversados.

O educador orienta os alunos que escolheram um tema sobre o qual não hápolêmica para procurar outro assunto (eles podem escrever sobre um assuntoproposto por outro colega).

PRIMEIRA REDAÇÃO

o O educador escreve no quadro o Esquema do Artigo de Opinião, que consta neste material,pedindo que todos o sigam.

o Os alunos escrevem seus textos em uma folha solta. O educador acompanha e dá apoio,focando nos alunos com mais dificuldades.

LEITURA

o Leitura do Artigo de Opinião “Direito de brincar e ser feliz”

o Conversa inicial: O tema é importante? Está bem escrito?

o O professor pede para os alunos identificarem os argumentos da autora e debaterem.Concordam? Não concordam?

TAREFA DE CASA: O professor lembra aos alunos da importância de pensarem em bonsargumentos para defenderem suas opiniões. Solicite que mostrem seus textos a amigos e familiarespara terem ideias de outros argumentos. Informa que na próxima aula será dada uma “segunda mão”ao texto.

O professor dá dicas de fontes de pesquisa. Se a escola tiver Biblioteca ou Sala deLeitura, recomenda que os alunos aproveitem para pesquisar (pode haver um acertoprévio com o responsável por esse espaço).

COMENTÁRIO PELOS PARES E REESCRITA

O professor explica que a atividade do dia inicia por uma conversa entre colegas sobre os textosque os alunos já produziram (aula 4). Escreve no quadro o seguinte Guia:

- O ponto de vista do autor está claro?

- Seus argumentos são bons?

- Ele propôs alguma solução?

o A turma é dividida em trios. Rotativamente, cada aluno lê o seu texto e os outros dois dizem oque poderia melhorar, seguindo o Guia que está no quadro.

o Cada aluno reescreve seu texto incorporando os argumentos que foram pensados/pesquisados em casa e os comentários feitos pelos colegas. O professor acompanha osalunos com maiores dificuldades.

Nesse momento é importante ter vários dicionários para que os alunos possamverificar a escrita correta de palavras.

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ESCOLHA DOS TEXTOS PARA O JORNAL

o A turma é dividida em trios; cada trio troca seus textos com o trio vizinho (por isso deve haver umnúmero par de grupos).

o Os trios escolhem o texto que mais gostaram para publicar no jornal. Em seguida apresentam para todaturma, explicando a sua escolha.

Obs.: o professor pode informar, antes de iniciar a atividade, que ele também tem direito a escolher um ou doistextos para publicar [ele poderá assim contemplar algum aluno que precise de um reforço na autoestima ou quemereça um destaque, por sua dedicação].

APRIMORAMENTO FINAL

o Última revisão, sobre aspectos de ortografia e gramaticais, em trabalho de grupo com os meninos quetiveram o texto selecionado. O professor pode escolher um desses textos, para escrever no quadro efazer uma revisão coletiva.

o Os alunos que não participam da revisão fazem desenhos para os textos escolhidos para publicação. Oprofessor forma um pequena comissão para selecionar os desenhos que serão publicados no horário dorecreio.

Importante: escolher um desenho para cada dois textos; os desenhos devem ser feitos emfolhas de ¼ ofício, com caneta preta (a observação destas instruções é importante para quereprodução das ilustrações não seja deficiente)

O professor monta um mural na sala com os Artigos de Opinião e desenhos nãoselecionados.

APÓS ESTA AULA O PROFESSOR ENTREGA OS TEXTOS E DESENHOS AO COORDENADORDO JORNAL, NUMERADOS POR ORDEM DE PREFERÊNCIA DE PUBLICAÇÃO.

DEVE INDICAR SE ALGUM DESENHO ESTÁ VINCULADO A UM TEXTO ESPECÍFICO.

LEITURA DO JORNAL EM SALA DE AULA

o O professor distribui o jornal e solicita que os alunos realizem uma leitura silenciosa.

o A seguir, rodada de conversa sobre o que a turma achou da apresentação de suas produções no jornal.Ficaram satisfeitos? Tem de melhorar? Os desenhos foram bem escolhidos? O que falhou?

o Cada aluno diz qual foi o texto que achou mais interessante (excluindo os Artigos de Opinião produzidospela turma).

TAREFA DE CASA: os alunos devem pedir a um familiar, vizinho ou amigo para ler os Artigos de Opinião que aturma publicou no jornal, e escolher aquele que achou mais importante.

RETORNO DA ATIVIDADE COM A FAMÍLIA

o Os alunos relatam as opiniões recolhidas na tarefa de casa. O professor organiza uma conversa sobreessas opiniões.

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A chave para o bom texto: revisãoAs produções dos alunos vão ficar mais claras, coerentes e livres de errosgramaticais se você ensiná-los a fazer a autocorreção - Maria A. Medeiros

Um texto claro, compreensível, agradável, coerente, enfim, bem escrito é o que todo

professor deseja que seus alunos sejam capazes de produzir. No entanto, uma das

maiores frustrações para quem leciona Língua Portuguesa é justamente perceber que

erros se repetem, apesar do empenho ao corrigir os textos. A causa dessa dificuldade

pode estar na forma como é encaminhada a correção. Procedimentos básicos

adotados nesse momento

podem solucionar o problema.

Como aprimorar a redação

Revisar o próprio texto é parte

fundamental do processo de escrita.

Cabe a você estimular esse hábito e garantir os

instrumentos necessários para que cada um

assuma a responsabilidade pela tarefa. O

segredo é ensinar algumas operações básicas

de revisão, como cortar palavras ou trechos excessivos,

substituir expressões vagas ou inadequadas, acrescentar elementos

para tornar pensamentos mais claros, inverter termos ou sequências

para conferir maior expressividade ou organizar mais claramente as ideias.

“Por meio dessas práticas mediadas, as crianças se apropriam, progressivamente,

das habilidades necessárias à autocorreção”, afirma Maria José.

Essa prática traz muito mais benefícios para o aluno do que passar o texto a limpo,

após sua correção. “Geralmente eles fazem apenas uma cópia mecânica”, diz a

consultora.

Oriente os estudantes a distanciar-se de sua produção. Eles devem se colocar na

posição de leitores, avaliando se o que foi escrito está compreensível. Trabalhos em

dupla, em que um lê o que o outro redigiu, ajudam a estimular esse tipo de percepção.

Um aspecto por vez

Seus alunos devem ser capazes de identificar imperfeições nos textos, refletir sobre

elas e buscar soluções. O aperfeiçoamento da escrita vem com o tempo, à medida que

a garotada incorpora um bom repertório de recursos lingüísticos. Para tanto, indique

regularmente a leitura de bons livros, representativos do gênero que está sendo

trabalhado em classe. “Isso funciona como um suporte, fornecendo recursos para a

criança criar algo novo e ficar mais atenta no próprio texto”, explica Regina Scarpa.

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Acompanhe como encaminhar suas aulas para que o grupo se aproprieprogressivamente das habilidades necessárias à autocorreção

• Ao solicitar que a turma faça um texto, garanta as condições didáticas, definindo o tema, o

gênero textual, quem será o leitor e qual a finalidade comunicativa do trabalho. Por exemplo:

“Vamos produzir uma pequena enciclopédia sobre animais para a biblioteca da escola”.

• Na hora da revisão coletiva, transcreva o texto no quadro-negro, mostre-o em

transparências ou entregue cópias para todos. Oriente a turma sobre que aspectos

precisam ser melhorados naquele momento.

• Fique atento para não escolher um texto que apresente problemas de diversos tipos para

evitar desviar a atenção do objetivo proposto. Se seu plano é ajudar o grupo a refletir sobre

a repetição de palavras, por exemplo, transcreva o texto a ser trabalhado já sem erros de

ortografia.

• Registre e discuta coletivamente as diferentes possibilidades apresentadas pela classe

para aprimorar cada trecho. Explique que o critério de escolha da melhor opção deve ser

sempre a eficácia comunicativa.

• Garanta que todos tenham acesso a materiais de consulta, como dicionários e gramáticas,

e a obras de qualidade que sirvam de modelo.

• Reescreva o texto, incorporando as alterações propostas.

Um dos objetivos da revisão é levar a garotada a perceber que um bom texto não nasce pronto.

“Analisar o texto na presença do aluno ou fazer um acompanhamento durante a produção

permite a ele incorporar sugestões, reescrever, substituir termos e reorganizar ideias, até obter

um bom resultado”, explica Regina Scarpa, coordenadora pedagógica do programa Escola que

Vale, do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária. Como fazer isso em

classes numerosas? “Uma saída é a revisão coletiva”, ensina Maria José. Verifique quais os

problemas mais freqüentes nas produções da turma e escolha as mais representativas. O

exercício se torna mais eficaz se você focalizar um aspecto de cada vez: coesão ou pontuação

ou ortografia, por exemplo.

Texto adaptado de http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/chave-bom-texto-

423768.shtml. Data da pesquisa: 08/04/2010

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