sentenca trabalho escravo

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    VARA DO TRABALHO DE BARREIRAS/BA - TRT 5 REGIO

    RECLAMAO TRABALHISTA n 00322.2004.661.05.00-2

    Reclamante : Antnio Rodrigues Pa e Incia Cordeiro

    Reclamadas : Roda Velha Agro-Industrial Ltda. e Jos Leite Filho de Barreiras

    SENTENA

    PARTES AUSENTES

    Vistos, examinados, os autos do presente processo, ponderadas todas as provas ecircunstncias pertinentes ao caso, foi prolatada a seguinte sentena.

    1.RELATRIO.

    Antonio Rodrigues Pa e Incia Cordeiro ajuizaram Reclamatria Trabalhista contraRoda Velha Agroindustrial Ltda. e Jos Leite Filho de Barreiras , deduzindo os fatos

    e formulando os pedidos constantes na exordial de fls. 01-21. A 1a

    Reclamada contestou afls. 77-78. A 2a Reclamada contestou a fls. 109-113. A alada foi fixada. Produzida a provadocumental. Interrogados os litigantes. Inquiridas testemunhas. Razes finais foramdeduzidas por todos os litigantes. Propostas conciliatrias no lograram xito.

    2.FUNDAMENTOS DA DECISO.

    2.1.DA PRELIMINAR DE CARNCIA DE AO.

    O fundamento da tese da 2a Acionada a pretenso dos operrios de reconhecimento darelao de emprego com a Roda Velha Agro-Industrial. O exame da argio demanda a

    investigao acerca do mrito da causa, e ser com o mesmo procedido. Rejeita-se, comopreliminar.

    2.2.DA EXISTNCIA DO VNCULO EMPREGATCIO E DA RESPONSABILIDADE DASRECLAMADAS.

    Pugnam os Reclamantes pelo reconhecimento da relao de emprego diretamente com a 1 aReclamada, Roda Velha Agro-Industrial, ou sucessivamente, de responsabilidade solidriaou subsidiria da 1a Demandada frente aos crditos decorrentes dos contratos de trabalhocelebrados pelo 2o Demandado, que assumiu formalmente o vnculo empregatcio com osDemandantes. Primeiramente devemos rechaar a alegao da 1a Reclamada quanto a

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    inexistncia de prestao de servios, ainda que indireta, dos Reclamantes em seu favor.No elide a relao empregatcia, a circunstncia de no estarem eles no imvel rural desua propriedade, no momento da fiscalizao efetuada pelo Ministrio do Trabalho eEmprego. fato pblico e notrio, de conhecimento mediano, ser grande o fluxo detrabalhadores nas fazendas da regio, mormente durante o perodo de safra (plantio ecolheita). De pondera-se ainda que a assertiva dos operrios de que no momento dafiscalizao ministerial se encontravam na cidade de Barreiras, em visita a um filho enfermo,fato que se comprovou na dilao probatria. No mais, a carteira profissional dos Acionantefora assinada pelo 2o Reclamado (fls. 27 e 38) evidenciando a existncia de liame laboralcom a empresa de Jos Leite Filho. Em sua defesa o 2o Reclamado admitiu a prestao deservios, acrescendo que os Autores trabalharam no imvel rural do 1a Reclamada. Astestemunhas do rol dos Reclamantes afirmaram categoricamente terem sido colegas detrabalho dos mesmos na fazenda da 1a Reclamada, acrescendo que eles estavam fora noimvel durante a fiscalizao do MTE em face do atendimento a seu filho enfermo. A ltimatestemunha inquirida tambm corroborou o trabalho dos Demandantes na fazenda da 1aReclamada. Quanto a durao do vnculo, no obstante a assinatura da carteira profissional,a prova testemunha convenceu o Juzo quanto ao lapso prazal entre 13-06-2003 a 21-08-2003. No vemos entretanto, na hiptese sub judice, ensejo ao reconhecimento de vnculodireito dos Reclamantes com a 1a Reclamada, e sim de responsabilidade subsidiria, nostermos do Enunciado 331 do Colendo TST. O verbete sumulado retro citado traa, emsntese, as seguintes diretrizes : a) considera ilegal a contratao de trabalhadores porempresa interposta, e formado o vnculo empregatcio diretamente com o tomador deservios, salvo nas hipteses de trabalho temporrio, preconizado na Lei 6.019/79; II)considera que no h formao de vnculo laboral com o tomador na contratao deservios de vigilncia (Lei 7.102/83), de conservao e limpeza, assim como na contrataode servios especializados, concernentes atividade meio do tomador, desde queinexistente a pessoalidade e a subordinao direta; III) ante a previso do art. 37, II, daConstituio Federal de 1988, a irregularidade da contratao de trabalhador atravs deempresa interposta, no gera vnculo empregatcio com rgos da administrao pblicadireta, indireta ou fundacional; IV) o inadimplemento das obrigaes trabalhistas por partedo empregador acarreta responsabilidade subsidiria do tomador de servios, inclusivequanto aos rgos da administrao direta, das autarquias, das fundaes pblicas, dasempresas pblicas e das sociedades de economia mista, desde que tenham participado darelao processual e conste tambm do ttulo executivo judicial (art. 71 da Lei 8.666/93). Aprova documental atesta contratao e remunerao dos Demandantes pelo 2o Reclamado.Das testemunhas inquiridas, as que foram colegas de trabalho dos Reclamantes corroboramtais fatos, acrescendo que a subordinao dos empregados se deu exclusivamente com o 2oReclamado, de quem eles trabalhadores recebiam ordens e pagamento salarial, no tendo a1a Reclamada ingerncia direta em sua prestao de servios. A contratao pelo 2ocontrato entretanto no exime a Roda Velha pelo descuido na m eleio e fiscalizao naexecuo do contrato de prestao de servios (culpa in eligendo e culpa in vigilando).

    Assim sendo, o Juzo reconhece a existncia da relao de emprego com o 2o Reclamado, ea responsabilidade subsidiria da 1a Reclamada frente aos crditos decorrentes da relaode emprego.

    2.3.PARCELAS RESCISRIAS.

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    Reconhecida a existncia da relao de emprego, s Reclamadas competia o nus dedemonstrar a inexistncia de despedida imotivada, visto que o Princpio da Continuidade daRelao Empregatcia constitui presuno favorvel aos empregados (Enunciado 212 doTST). De tal encargo as Acionadas no se desincumbiram, no comprovando a justa causaalegada, que segundo elas se consubstanciaria em abandono de emprego. Registre-seademais o absurdo da defesa imprecisa do 2o Reclamado, que no obstante alegarabandono de emprego, diz que os Reclamantes foram pr-avisados de sua despedida (fls.111). Conforme j mencionado no item anterior desta deciso, a prova testemunhalproduzida atestou que os Reclamantes obtiveram folga para, vindo cidade de Barreiras,acompanharem filho enfermo. A justa causa, como pena mxima que autoriza a resciso docontrato de trabalho sem nus para o empregador, deve estar robustamente provada, demodo a deixar induvidosa a prtica operria que incida em grave violao de obrigaolegal e/ou contratual. mingua de provas quanto a prticas do Acionante que caracterizemas faltas imputadas, no h suporte jurdico para sustentar decreto de procedncia da tesepatronal. Deferem-se os pedidos de aviso prvio, gratificao natalina e frias proporcionais(estas acrescidas de 1/3), FGTS e multa de 40%.

    2.4.MULTA DO ART. 477 DA CLT.

    Improvada a justa causa, no quitadas as parcelas rescisrias, defere-se a multa prevista noart. 477, pargrafo 8o, da CLT.

    2.5.HORAS EXTRAORDINRIAS, REPOUSO SEMANAL REMUNERADO.

    No houve contestao, e a prova oral corroborou a assertiva, que os Reclamantesrecebiam remunerao varivel, na razo de R$1,40 (um real e quarenta centavos), porsaca de caf colhida. A mdia de produo alegada 12 sacas dirias para o 1o Reclamantee 6 sacas para a 2a Reclamante no foi objeto de contestao. Inexistem provas acerca daquitao do repouso semanal remunerado. Defere-se o pedido. //// O pleito de pagamentode horas extras no pode ser acolhido. Os Acionantes eram empregados que recebiam porproduo. J tinham os trabalhadores remunerada na quitao destas, o esforo decorrentedo excesso de jornada, no fazendo jus ao pagamento de tal vantagem. Faziam jus osDemandantes ao pagamento do adicional de horas extras, verba entretanto, no vindicada.O tema de tranqilo entendimento do C. TST, que a seu respeito emitiu o Enunciado 340.Indefere-se o pedido, no principal e em todas as parcelas consectrias.

    2.6.PIS.

    A Justia do Trabalho competente para conhecer e julgar os litgios que tenham porobjeto o cadastramento do empregado no PIS, e o reconhecimento do tempo de serviopara efeito de cadastramento (Enunciado 300 do TST). Do que se depreende da provadocumental produzida nos autos (fls. 33, 42 e 118), os Reclamantes so cadastrados noPIS. Quanto a hiptese de sonegao de renda, falece competncia a esta JustiaEspecializada para conhecer e julgar o pedido.

    2.7.RESTITUIO DE DESCONTOS ILEGAIS.

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    O pedido no foi contestado. Defere-se.

    2.8.MULTA NORMATIVA.

    A clusula 39a da Conveno Coletiva de fls. 43-51 prev multa pela violao das clusulassociais, a ser revertida em favor da parte prejudicada com a infrao. As "partes" na normacoletiva so as entidades sindicais convenentes. Por expressa determinao normativa, noso os trabalhadores os beneficirios diretos da verba vindicada. Indefere-se o pedido.

    2.9.INDENIZAO POR DANO MORAL.

    Vindicam os Reclamantes indenizao por dano moral, decorrente da sujeio a trabalhodegradante, e anlogo a escravo. As Reclamadas controverteram negando a sujeio a"trabalho escravo", pretendendo cingir a controvrsia liberdade de ir e vir de quedesfrutavam os empregados em seu local de trabalho. A instruo processual entretanto,no lhes beneficiou. A farta e robusta prova documental carreada aos autos atesta aexistncia e triste e vergonhoso quadro constatado pelo MTE em fiscalizao na fazenda da1a Reclamada, quanto em agosto-2003 foram libertados cerca de 800 (oitocentos)trabalhadores submetidos a condies desumanas e degradantes. Toda sorte de violao Lei 5.889/73, e antes disto, ao Princpio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana foicomprovado na oportunidade. Trabalhadores mal nutridos, refeies insuficientes epreparadas sem condies de higiene, ausncia de fornecimento de gua potvel,proliferao de doenas em quadro prximo de epidemia, trabalhadores amontoados embarracas de lona e sem separao por sexo e entre solteiros e casais, ausncia desanitrios, ausncia de fornecimento de equipamentos de proteo individual. Este o quadroencontrado pelo MTE, sendo desarrazoado no situar os Reclamantes em tal conjuntura,tendo eles trabalhado na fazenda da Reclamada, apenas estando de folga quanto dainspeo ministerial. Os fatos atraram ateno da mdia nacional e estrangeira, triste"propaganda" para o Brasil e o Oeste da Bahia, apontado como um dos focos de trabalhoescravo e degradante em nosso pas. O paraso existente na Fazenda Roda Velha, descritopela 1a testemunha do rol da 1a Reclamada contradiz o que foi visto por milhes de pessoasatravs dos rgos de imprensa, no merecendo credibilidade por parte do Juzo. Desintomtico, que a 1a Reclamada no tenha indicado um nico trabalhador, e sim aentusiasmada testemunha visitante da fazenda para corroborar o suposto jardim doden somente por ela visto. A prova oral conduziu em sentido absolutamente diverso, acorroborar a prova documental produzida nos autos. Quando interrogado, disse o Prepostoda 1a Reclamada que a empresa conta com 40 (quarenta) empregados fixos, tendo o 2 oReclamado levado cerca de 350 (trezentos e cinqenta) trabalhadores para a fazenda. Talassertiva no se coaduna com a situao encontrada pelo MTE, que detectou, no momentoda fiscalizao, cerca de 763 (setecentos sessenta e trs) trabalhadores. Destes, conformedeclarao do Preposto do 2o Reclamado, apenas 150 (cento e cinqenta) tinham sua CTPSanotada antes da ao fiscalizadora. As testemunhas mencionaram : que os trabalhadoresdormiam em barracos de lona; que no havia instalaes sanitrias adequadas; que ostrabalhadores bebiam gua em carro pipa, ou em reservatrios; que os alojamentos nocontavam com banheiros; que as divisrias dos alojamentos eram feitas de lona; que noeram fornecidas EPIs aos trabalhadores; que os alojamentos eram cobertos com palha. Em

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    nosso entendimento, o que basta para a caracterizao do trabalho degradante. Semrazo os Reclamados, que procuram afastar a caracterizao do trabalho anlogo a escravo,pela ausncia de privao da liberdade dos Reclamantes. Esta de fato no se comprovou,demonstrando a instruo processual que no houve cerceio do direito de ir e vir dos

    Autores. Entretanto, a diferenciao doutrinria entre o trabalho escravo e o trabalhodegradante no foi recepcionada pela nova redao do art. 149 do Cdigo Penal, com aredao que lhe foi emprestada pela Lei 10.803/2003. Com efeito, a norma dispecaracterizar a reduo a escravo, quando algum submete outrm "...a trabalhos foradosou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condies degradantes de trabalho, querrestringindo, por qualquer meio, sua locomoo em razo de dvida contrada com oempregador ou preposto." A norma legal no diferencia como gneros distintos o trabalhoescravo e o trabalho degradante, considerando este uma espcie daquele. E o trabalhodegradante restou sobejamente provado no caso em tela. O direito brasileiro dispe queaquele que por ao ou omisso voluntria, violar direito, ou causar prejuzos a terceiros,fica obrigado a reparar o dano. A Constituio Federal de 1988, art. 5 o, V e X, prev apossibilidade de reparao do dano moral, prestigiando a imagem, a honra, a vida privada ea imagem das pessoas, reconhecendo o direito de indenizao pelo dano moral e materialdecorrentes de sua violao. Admite assim a reparao dos danos, que se divide em moral ematerial. O dano moral atinge bens de natureza no patrimonial, entre os quais a honra,imagem, dignidade, ou seja, as qualidades morais, o respeito pessoal e social construdo.Roberto Brebbia conceitua o dano moral como aquela espcie de agravo constituda pelaviolao dos direitos inerentes personalidade (In "El Dao Moral", Ed. Bibliografia

    Argentina, Buenos Aires, 1950, pg. 91). Inicialmente reconhecendo proteo ao direito vida e honra, a moderna doutrina e jurisprudncia hoje englobam dentre os direitospersonalssimos passveis de reparao, o dano esttico, o dano intimidade, o dano vidade relao (honra, dignidade, honestidade, imagem, nome, liberdade), o dano biolgico(vida) e o dano psquico. Inquestionavelmente todos estes tipos de violao de direitospersonalssimos encontram campo frtil de aplicao no Direito do Trabalho. Se por um ladoa personalidade do empregado tutelada em face do carter pessoal, subordinado eduradouro da prestao de servios; por outro lado a personalidade do empregadortambm encontra proteo ante a preservao do poder diretivo, dos segredos doempreendimento, das normas e da imagem empresarial. O dano moral, violando bens

    jurdicos insusceptveis de avaliao econmica, traduzir-se-ia em estrago alma, podendoo gravame manifestar-se na ofensa a qualquer bem jurdico no material inerente personalidade. No caso sub judice, a instruo processual demonstrou saciedade, sujeiodos trabalhadores a condies desumanas, com grave prejuzos honra dos Reclamantes,reduo de sua estima prpria e/ou social, violado sua moral e respeitabilidade, atingindoos direitos de sua personalidade. Ante a tudo exposto, defere-se o pedido de indenizaopor dano moral, na razo de R$9.275,00 (nove mil, duzentos e setenta e cinco reais), paracada Reclamante, na razo de metade do piso normativo para cada dia de durao dovnculo empregatcio.

    2.10.ANOTAES DA CTPS.

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    No corretamente cumpridas as obrigaes de fazer, deve a 1a Reclamada retificar asanotaes na carteira profissional dos Reclamantes (durao do vnculo e salriocontratado), sob pena de faz-lo compulsoriamente a Secretaria da Vara.

    2.11.MULTA DO ART. 467 DA CLT.

    A norma legal determina que em caso de resciso do contrato de trabalho, havendocontrovrsia em derredor das verbas rescisrias, o empregador est obrigado a pagar aoempregado, quando de seu comparecimento Justia do Trabalho, a parte incontroversadestas parcelas, sob pena de pag-las com acrscimo de 50% (cinqenta por cento). Nohouve condenao ao pagamento de parcelas rescisrias incontroversas. Indefere-se opedido.

    2.12.ASSISTNCIA JUDICIRIA.

    No Processo do Trabalho a concesso dos benefcios da Assistncia Judiciria no dependesimplesmente da presena dos requisitos exigidos na Lei 1.060/50. A prestao da

    Assistncia efetuada pelo sindicato da categoria profissional a que pertencer otrabalhador. Os Reclamantes no se encontram assistidos pela entidade sindicalrepresentativa de sua categoria profissional. Os documentos de fls. 24 e 130 no autorizama prestao de Assistncia Judiciria aos Demandantes, o primeiro deles no contando coma chancela da entidade associativa, e o segundo, no se reportando aos Autores. Ausentesos requisitos exigidos no art. 14 da Lei 5.584/70, indefere-se o pedido.

    2.13.HONORRIOS ADVOCATCIOS.

    O art. 133 da Constituio Federal de 1988 no extinguiu o jus postulandi na Justia doTrabalho, em virtude do que a matria pertinente concesso da verba honorria continuaa ter sua regulamentao traada na Lei 5.584/70. Conforme entendimento j consolidadoatravs do Enunciado 219 do TST, no Processo do Trabalho, a concesso de horriosadvocatcios no decorre simplesmente da sucumbncia, devendo concomitantementeestarem presentes os requisitos autorizadores da Assistncia Judiciria. Mudana noordenamento jurdico somente veio a ocorrer com a edio da Lei 8.906/94, que em seu art.1o, inciso 1o, atribuiu ao advogado capacidade postulatria perante qualquer rgo do PoderJudicirio. Entretanto, no julgamento de Ao Direta de Inconstitucionalidade proposta pela

    Associao dos Magistrados do Brasil, o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar,sustando a eficcia do mencionado dispositivo legal. O Reclamante no se encontraassistido pela entidade sindical representativa de sua categoria profissional. Ausentes osrequisitos exigidos no retro citado diploma legal, indefere-se o pedido.

    2.14.DA LITIGNCIA DE M-F.

    Os atos enquadrveis como litigncia de m-f devem estar presentes de forma ostensiva,evidenciando a busca de vantagem fcil, com nimo doloso. A instruo processual nodemonstrou prticas dos Reclamantes que caracterizassem litigncia de m-f. Houve sria,

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    legtima e fundamentada controvrsia em derredor das pretenses deduzidas. Indevida aimposio de penalidades aos Autores.

    3.CONCLUSO.

    Isto posto, nos termos da fundamentao supra e retro, Rejeitada a Preliminar deCarncia de Ao (item 2.1.), no mrito, julgo Procedente Em Parte o pedido, parareconhecer a existncia da relao de emprego entre os Reclamantes e o 2o Reclamado(item 2.2.), e condenar o 2o Reclamado e subsidiariamente a 1a Reclamada (item 2.2.), apagarem aos Reclamantes, com juros e correo, as seguintes parcelas : I) verbasrescisrias (item 2.3.); II) multa legal (item 2.4.); III) repouso semanal remunerado (item2.5.); IV) restituio de descontos (item 2.7.); V) indenizao por dano moral (item 2.9.).Deve o 2o Reclamado retificar a CTPS dos Reclamantes (item 2.10.). Custas de R$400,00,calculadas sobre R$20.000,00, valor arbitrado para tal efeito. Liquidao por clculos,observadas a variao salarial dos Reclamantes, descontos previdencirios e fiscais, ocritrio de poca prpria. Oficie-se a DRT e o Ministrio Pblico do Trabalho. Prazo de lei.Notifiquem-se as partes. E, para constar, foi lavrada a presente ata que, aps lida e achadaconforme, vai assinada pela MM. Juza Titular e subscrita pelo Diretor de Secretaria, naforma da lei.

    Barreiras (BA), 03 de novembro de 2004.

    Dra. Alice Maria Santos Braga - Juza Federal do Trabalho - Titular da Vara Federal doTrabalho de Barreiras

    p/Diretor(a) de Secretaria

    Diana Segatto

    Chefe do Departamento de Audincias