sentença que condena antonio belinati, antonio carlos belinati e outros

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA - FORO CENTRAL DE LONDRINA 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE LONDRINA - PROJUDI Avenida Duque de Caxias, 689 - Anexo I, 6º And - Caiçaras - Londrina/PR - CEP: 86.015-902 Autos nº. 0008716-56.2000.8.16.0014 Vistos. Trata-se de ação de improbidade administrativa proposta pelo em face Ministério Público do Estado do Paraná de Antonio Casemiro Belinati, Antonio Carlos Salles Belinati, Eduardo Alonso de Oliveira, Cassimiro Zavierucha, Gino Azzolini Neto, Wilson Mandelli, Mauro Maggi, Nelson Takeo Kohatsu, Edson Alves da e de Cruz, Júlio Aparecido Bittencourt, José Mohamed Janene (Espólio), Mecânica Três Marcos Ltda , com fundamento no § 4º do art. 37 da CF e na Lei 8.429/1992. Antonio Marcos Caetano Relata, em síntese, que os réus agentes públicos e particulares se conluiaram para simular a contratação fictícia pela Autarquia Municipal do Ambiente (AMA), visando supostamente a adquirir materiais (3360 lixeiras, 45 banco de estrutura metálica, 600 barricas de cola para cal e 6000 sacos de cal) junto às empresas Londriareia Ltda (carta convite n. 39/1998), Serralheria Art Nova Ltda (carta convite n. 09/1999) e Mecânica Três Marcos Ltda (carta convite n. 29/1998). Esclarece que a simulação se consumou com a montagem dos procedimentos licitatórios supra referidos, sendo certo que as mercadorias em questão jamais foram entregues. Narra que a AMA, recebendo recursos da Administração central, realizou pagamentos às “vencedoras” dos certames, os quais totalizaram o valor de R$ 212.479,00. Assevera que esse montante foi destinado a cobrir despesas de campanhas eleitorais dos réus Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene. Sob a alegação de que os demandados incidiram nos tipos previstos nos arts. 9º, caput, 10, I e XII, c/c o art. 11, caput, I, todos da Lei n. 8.429/1992, pede o Ministério Público: a) a condenação solidária dos réus a ressarcir o dano causado ao erário (R$ 212.479,00, com acréscimos legais), observado o grau de culpa de cada demandado; b) a desconsideração da pessoa jurídica da empresa Mecânica Três Marcos Ltda; e c) a imposição aos réus das penas previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/1992. Despachando a inicial (fls. 2546-2570), o Juízo da 8ª Vara Cível decretou a indisponibilidade de bens dos réus e a quebra de sigilo de dados bancários, determinando o afastamento do cargo do requerido Antonio Carlos Belinati (então Prefeito do Município de Londrina). Contra essa decisão foi impetrado mandado de segurança, não conhecido pelo eg. TJPR, bem como agravos de instrumento, todos desprovidos (fls. 4467-4475 e fls. 4625-4642). Citados, apresentaram contestações os seguintes réus: a) Mauro Maggi e Nelson Takeo Kohatsu (fls. 2881-2896). Destacam que as licitações foram ordenadas pelo então Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em http://portal.tjpr.jus.br/projudi - Identificador: PJ8ZQ VFNBM MMBVK CA6XA PROJUDI - Processo: 0008716-56.2000.8.16.0014 - Ref. mov. 258.1 - Assinado digitalmente por Marcos Jose Vieira, 24/06/2014: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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Page 1: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁCOMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA - FORO

CENTRAL DE LONDRINA1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE LONDRINA - PROJUDI

Avenida Duque de Caxias, 689 - Anexo I, 6º And - Caiçaras - Londrina/PR - CEP:86.015-902

Autos nº. 0008716-56.2000.8.16.0014

 

Vistos.

 

Trata-se de ação de improbidade administrativa proposta pelo em faceMinistério Público do Estado do Paraná

de Antonio Casemiro Belinati, Antonio Carlos Salles Belinati, Eduardo Alonso de Oliveira, Cassimiro

Zavierucha, Gino Azzolini Neto, Wilson Mandelli, Mauro Maggi, Nelson Takeo Kohatsu, Edson Alves da

e de Cruz, Júlio Aparecido Bittencourt, José Mohamed Janene (Espólio), Mecânica Três Marcos Ltda

, com fundamento no § 4º do art. 37 da CF e na Lei 8.429/1992.Antonio Marcos Caetano

Relata, em síntese, que os réus agentes públicos e particulares se conluiaram para simular a contratação fictícia pela

Autarquia Municipal do Ambiente (AMA), visando supostamente a adquirir materiais (3360 lixeiras, 45 banco de

estrutura metálica, 600 barricas de cola para cal e 6000 sacos de cal) junto às empresas Londriareia Ltda (carta

convite n. 39/1998), Serralheria Art Nova Ltda (carta convite n. 09/1999) e Mecânica Três Marcos Ltda (carta

convite n. 29/1998). Esclarece que a simulação se consumou com a montagem dos procedimentos licitatórios supra

referidos, sendo certo que as mercadorias em questão jamais foram entregues. Narra que a AMA, recebendo

recursos da Administração central, realizou pagamentos às “vencedoras” dos certames, os quais totalizaram o valor

de R$ 212.479,00. Assevera que esse montante foi destinado a cobrir despesas de campanhas eleitorais dos réus

Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene. Sob a alegação de que os demandados incidiram nos tipos

previstos nos arts. 9º, caput, 10, I e XII, c/c o art. 11, caput, I, todos da Lei n. 8.429/1992, pede o Ministério

Público: a) a condenação solidária dos réus a ressarcir o dano causado ao erário (R$ 212.479,00, com acréscimos

legais), observado o grau de culpa de cada demandado; b) a desconsideração da pessoa jurídica da empresa

Mecânica Três Marcos Ltda; e c) a imposição aos réus das penas previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/1992.

Despachando a inicial (fls. 2546-2570), o Juízo da 8ª Vara Cível decretou a indisponibilidade de bens dos réus e a

quebra de sigilo de dados bancários, determinando o afastamento do cargo do requerido Antonio Carlos Belinati

(então Prefeito do Município de Londrina). Contra essa decisão foi impetrado mandado de segurança, não

conhecido pelo eg. TJPR, bem como agravos de instrumento, todos desprovidos (fls. 4467-4475 e fls. 4625-4642).

Citados, apresentaram contestações os seguintes réus:   

a) Mauro Maggi e Nelson Takeo Kohatsu (fls. 2881-2896). Destacam que as licitações foram ordenadas pelo então

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Prefeito Antonio C. Belinati e pelos seus secretários; que agiram sob coação, sem obter qualquer proveito

econômico na alegada fraude. Asseveram que colaboraram com as investigações, por isso que pedem a

improcedência.

b) Eduardo Alonso de Oliveira (fls. 2938-2962). Argui preliminar de carência da ação por falta de interesse de agir,

visto que a ação civil pública seria via inadequada para se pedir a imposição de sanções a agentes públicos e obter o

ressarcimento de danos. Suscita litispendência com as ações cautelar e de improbidade administrativa ns. 307/2000

e 362/2000, que tramitavam perante a 6ª VC desta Comarca. No mais, argumenta que não compunha a diretoria da

Autarquia do Meio Ambiente (e sim a da COMURB), pelo que não pode ser sancionado por ilícitos praticados

pelos demais réus. Bate-se pela improcedência.  

c) Wilson Mandelli (fls. 3606-3646). Impugna os depoimentos dos réus colaboradores; sustenta que inexiste prova

de sua participação no suposto esquema de desvio de recursos; que a aposição de seu “visto” no procedimento

licitatório constitui mero ato burocrático praticado com insciência dos vícios da licitação; que, como Secretário de

Governo, não era sua a função de averiguar ou fiscalizar a veracidade e a legalidade da licitação. Impugna o decreto

de indisponibilidade de bens, batendo-se pela improcedência.

d) Mecânica Três Marcos Ltda e Antonio Marcos Caetano (fls. 3697-3707). Sustentam que forneceram sob coação

moral irresistível as “notas frias” exigidas pelos agentes públicos para a montagem das licitações, já que temiam

que esses não mais lhes passassem serviços de oficina mecânica. Esclarecem que não obtiveram qualquer vantagem

econômica. Requerem a improcedência.

e) Antonio Casemiro Belinati (fls. 3726-3757). Suscita preliminares de carência da ação por inadequação da via

processual eleita, bem como por ilegitimidade ativa do Ministério Público e por inconstitucionalidade formal da

LIA. No mérito, impugna as medidas de quebra de sigilo bancário e de indisponibilidade de bens, negando qualquer

participação nas supostas fraudes apontadas na inicial.

f) Espólio de José Mohamed Janene (fls. 3762-3757). Suscita preliminares de carência da ação por inadequação da

via processual eleita, bem como por ilegitimidade ativa do Ministério Público e por inconstitucionalidade formal da

LIA. No mérito, impugna as medidas de quebra de sigilo bancário e de indisponibilidade de bens, negando qualquer

participação nas supostas fraudes apontadas na inicial.

g) Júlio Aparecido Bittencourt (fls. 3813-3883). Ventila a inconstitucionalidade formal da Lei n. 8.429/1992; alega

que a presente ação foi distribuída além dos 30 dias da data em que cumprido o mandado de busca e apreensão; diz

ser o Ministério Público parte ilegítima para pedir ressarcimento de danos. No mérito, salienta que seu cargo na

AMA não lhe conferia poder de decisão, tanto que apenas cumpria ordens de superiores hierárquicos. Nega tenha

praticado os atos ímprobos noticiados na inicial ou mesmo concorrido para a sua consumação. Impugna a decisão

que decretou a indisponibilidade de bens.             

h) Gino Azzolini Neto (fls. 4416-4465). Afirma que sua atuação como Secretário de Governo se restringiu a vistar a

carta convite n. 29/1998, não podendo, sequer em tese, responder por supostas irregularidades nos demais

procedimentos licitatórios. Questiona a legalidade da indisponibilidade de bens e do decreto de quebra do sigilo

bancário. Aduz que sua conduta não se amolda a quaisquer dos tipos da Lei n. 8.429/1992. Assevera, por fim, que a

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AMA, por ser pessoa jurídica de natureza autárquica, era administrada pelos réus Mauro Maggi e Nelson Takeo

Kohatsu sem ingerências da Administração central. Conclui, portanto, que não teve nenhuma participação nas

supostas fraudes. Pede sejam julgados improcedentes os pedidos.

i) Cassimiro Zavierucha (fls. 4501-4530). Questiona a legalidade das decisões que decretaram a indisponibilidade

de bens, a quebra do sigilo bancário e a busca e apreensão em sua residência. Sustenta que não é agente público,

não podendo, pois, responder a ação de improbidade administrativa. Nega ter qualquer participação nos supostos

ilícitos apontados na inicial. Requer a improcedência.

j) Antonio Carlos Salles Belinati (fls. 4562-4569). Questiona a legalidade da indisponibilidade de bens e do decreto

de quebra do sigilo bancário. Nega tenha o corréu Mauro Maggi pago suas despesas de campanha no ano de 1998,

sendo imprestáveis os recibos por ele apresentados. Assevera que não praticou atos de improbidade administrativa

nem concorreu para que fossem eles praticados. Bate-se pela improcedência.

Diante da superveniência da Lei n. 10.628/2002, houve requerimento de remessa dos autos ao Supremo Tribunal

Federal, haja vista o mandato de deputado federal então titularizado pelo réu José Mohamed Janene (fls.

4914-4915). O pedido foi rejeitado pela decisão de fls. 4759-4761, mantida em sede de agravo de instrumento.

Com réplica (fls. 4572-4624), sobreveio a decisão saneadora de fls. 5080-5084, complementada após embargos

declaratórios às fls. 5132-5133, pela qual o Juízo da 8ª Vara Cível rejeitou todas as preliminares; reconheceu a

validade da decisão que decretou a indisponibilidade de bens e a quebra de sigilo bancário; afastou o pedido de

realização da perícia contábil formulado pelo réu Antonio Casemiro Belinati; e deferiu, unicamente, os

requerimentos de produção da prova oral e da perícia grafotécnica solicitada pelo réu Júlio Aparecido Bittencourt.

Contra essa decisão foram interpostos agravos, todos igualmente desprovidos (fls. 5794-5797).

Falecido o réu José Mohamed Janene, habilitou-se no polo passivo da ação o seu espólio (fl. 6479).

Concluída a instrução processual (fls. 5283-5295, fls. 5363-5365, fls. 5993-5998, fls. 6239-6242 e fls. 6263-6266),

as partes foram intimadas a apresentar alegações finais, oferecendo-as o Ministério Público (fls. 6281-6344) e os

réus Wilson Mandelli (fls. 6373-6384), Espólio de José Mohamed Janene (fls. 6392-6400), Gino Azzolini Neto (fls.

6424-6443), Nelson Takeo Kohatsu e Mauro Maggi (fls. 6475-6477 e evento 250), Mecânica Três Marcos Ltda e

Antonio Marcos Caetano (evento 52).  

Opuseram embargos declaratórios os réus Antonio Carlos Salles Belinati (fls. 6363-6371) e Júlio Aparecido

Bittencourt (fls. 6387-6389); o primeiro embargante, havendo sido diplomado Deputado Estadual, alegou fazer jus

à prerrogativa de foro junto ao TJPR, ao passo que corréu Júlio apontou omissão na determinação de realização da

perícia grafotécnica deferida no saneador.

A decisão do evento 34 rejeitou os embargos declaratórios apresentados pelo réu Antonio Carlos Salles Belinati e

acolheu os opostos pelo réu Júlio Aparecido.

Concluída a perícia e juntado o laudo (evento 165), apresentaram alegações finais os réus Júlio Aparecido

Bittencourt (evento 231) e Antonio Casemiro Belinati (evento 251).

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Relatei. Decido.

 

1. Como visto no relatório, cuida-se de ação de improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público, sob a

alegação de terem os réus simulado procedimentos licitatórios (cartas convites ns. 29/1998, 39/1998 e 09/1999),

com o objetivo de desviar recursos públicos da Autarquia Municipal do Ambiente – AMA para campanhas politicas

dos réus José Mohamed Janene e Antonio Carlos Salles Belinati.

2. As decisões que rejeitaram as preliminares arguidas nas contestações e as impugnações às medidas cautelares

(indisponibilidade de bens e quebra de sigilo bancário) estão preclusas. Descabida, assim, a tentativa de

rediscuti-las.

Passemos ao exame do mérito.

3. Simulação das licitações.

Bem vistas as provas dos autos, é de concluir-se que a elaboração das cartas convites n. 29/1998, 39/1998 e 09/1999

não foi precedida de licitação regular. Mais precisamente: as licitações foram flagrantemente simuladas, com vistas

a justificar o desvio do valor de R$ 212.479,00 para pagamento de despesas das campanhas eleitorais dos réus

Antonio Carlos Salles Belinati e José Janene.

Se não vejamos.

O procedimento licitatório n. 29/1998 foi instaurado com a justificativa de que seria necessária a aquisição de 1500

lixeiras metálicas (fls. 192), posteriormente aditado para incluir mais 360 lixeiras. Nele se sagrou “vencedora” a

empresa Mecânica Três Marcos, de propriedade do réu Antonio Marcos Caetano. Por meio dessa carta convite foi

subtraída do Erário a quantia de R$ 89.300,00, representada pelos cheques ns. 228291 e 228478, nos valores,

respectivamente, de R$ 71.120,00 e R$ 18.180,00.

Há ainda o procedimento licitatório n. 39/1998, instaurado sob a justificativa de que necessária a aquisição de 6000

sacos de cal para pintura e de 600 barricas de cola para cal (fls. 254). Nele se sagrou “vencedora” a empresa

Londriareia Materiais de Construção Ltda, cuja documentação para participar no certame foi fornecida por

intermédio do réu Antonio Marcos Caetano. Por meio dessa carta convite foi subtraída do Erário a quantia de R$

37.380,00, representada pelo cheque n. 228485.

Por fim, instaurou-se na AMA o procedimento licitatório n. 09/1999, com o suposto objetivo de adquirir mais 1500

lixeiras e 45 bancos de estrutura metálica de ferro chato (fls. 197 e fls. 240). Nele se sagrou “vencedora” a empresa

Serralheria Art Nova Ltda, cuja documentação para participar no certame e receber o pagamento foi fornecida pelos

réus Edson Alves da Cruz e Antonio Marcos Caetano. Por meio dessa carta convite foi subtraída do Erário a quantia

de R$ 85.879,00, representada pelos cheques ns. 229118, 352949, 229332, 229340 e 229.342, nos valores,

respectivamente, de R$ 7.425,00, R$ 10.460,00, R$ 66.075,62, R$ 788,50 e R$ 1.129,88.

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Note-se que os valores em questão e a numeração dos cheques constam da informação n. 53/2013 elaborada pelo

setor de auditoria do Ministério Público (fls. 6345-6346), de resto em momento algum impugnada pelos réus em

suas alegações finais.

Pois bem, a prova dos autos nos dá a certeza de que os itens licitados jamais foram entregues à Administração ou

sequer produzidos pelas empresas “vencedoras” das cartas convites.

Veja-se, por exemplo, o depoimento de Luiz Sebastião Fioravante, sócio gerente da empresa Serralheria Art Nova

Ltda: “Que o depoente não reconhece nenhum dos documentos que lhe foram mostrados nesta oportunidade, quais

sejam, documentos referentes ao processo licitatório n. 09/99. Que nunca prestou nenhum serviço à AMA e afirma

também nunca ter recebido nenhum pagamento dessa autarquia; (...) que como já havia declarado anteriormente

em relação ao procedimento administrativo que investigava o fornecimento de lixeiras da Oficina Três Marcos

para a AMA, a documentação juntada ao processo licitatório não pertence à sua empresa; que o depoente também

não fornece à Autarquia Municipal do Ambiente 45 bancos em estrutura metálica em ferro chato, conforme nota de

empenho datada de 25/02/99. Que o depoente desconhece totalmente esta transação envolvendo a AMA, quer em

...” (fls. 245).relação à fabricação de lixeiras metálicas, quer em relação à fabricação de bancos

Ao depor em Juízo como testemunha e sob o crivo do contraditório, Luiz Sebastião ratificou essas declarações (fl.

5998), as quais foram corroboradas pela palavra do réu Antonio Marcos Caetano, : “verbis que com referência ao

fornecimento de cal e cola para pintura pagos para a LONDRIAREIA, conforme se depreende da análise da nota

fiscal 562, de R$ 37.380,00, tratou-se de uma nota fornecida apenas para justificar a saída do dinheiro, já que esse

” (fl. 446). Tais declaraçõesmaterial não foi entregue pelo declarante ou qualquer outra pessoa de sua empresa

igualmente foram ratificadas em Juízo quando de sua inquirição à luz do contraditório (fl. 5364).   

Com relação à não entrega das mercadorias licitadas nas cartas convites ns. 29/1998 e 09/1999, confira-se o que

disse o réu Antonio Marcos Caetano: “passados alguns dias, Edinho chamou novamente e informou que o

declarante iria fazer lixeiras e provavelmente até algumas seriam confeccionadas; que logo Edinho lhe mostrou

um tamanho de notas fiscais de tamanho grande que ele mesmo havia mandado confeccionar; ... que então o

declarante preencheu a nota fiscal de n. 050 e a outra referente ao aditivo contratual no valor de R$ 18.180,00;

que o declarante não chegou a confeccionar nenhuma lixeira; ... que o declarante preencheu a nota fiscal de

número 16 em nome da ART NOVA e que lhe foi apresentada por Edinho; que estas notas foram preenchidas a

pedido de Edinho; que foram preenchidas na AMA;... ; que sabe o declarante que também nesta licitação não foi

” (fl. 447).entregue qualquer produto ou material para a AMA e que foi uma forma de somente receber o dinheiro

Em Juízo, o réu Antonio Marcos ratificou o conteúdo das declarações que prestara no inquérito (fl. 5364).

As fraudes foram confirmadas também pelo depoimento do réu Edson Alves da Cruz, então presidente da comissão

de licitação. Ratificando o que declarara na fase de inquérito (fls. 1611-1612), Edson depôs em Juízo – sob o crivo

do contraditório e da ampla defesa -, oportunidade na qual detalhou como as cartas convites foram simuladas com o

objetivo de desviar recursos para campanhas eleitorais. Enfatizou ele que nenhum dos materiais (lixeiras, bancos,

cal) fora entregue pelas empresas vencedoras dos certames, tudo se resumindo a “papelada” (“ [foiNão, nada disso

entregue]. ” – fls. 5379).Só papelada

Esses depoimentos estão confortados pela prova documental. Assim é que o extrato emitido pela Secretaria da

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Receita Estadual revela que a inscrição no CAD/ICMS da empresa Londriareia Materiais para Construção Ltda já

se encontrava cancelada desde maio de 1996 (fls. 336). Soma-se a isso o laudo do Instituto de Criminalística que,

em inspeção , constatou que a referida sociedade empresária não operava nos endereços constantes de seusin loco

atos constitutivos (fls. 353-354).

Mais que isso não é preciso dizer para demonstrar as fraudes praticadas pelos requeridos.

4. Passo agora à análise da situação individual de cada réu.

4.1. Réu Antonio Casemiro Belinati.

Entendo que os autos contêm provas e indícios suficientes a vinculá-lo às fraudes denunciadas pelo Ministério

Público.

O requerido ocupava, ao tempo dos fatos, o cargo de Prefeito Municipal. Com a alienação das ações da Sercomtel,

então privatizada, o Município recebeu vultosa quantia que, por força da Lei Municipal n. 7.352/1998, foi

centralizada na conta bancária n. 105.044-9 do Banestado. Conta essa que era administrada por um órgão

denominado Conselho de Gestão Financeira (COGEFI), presidido por Antonio Belinati e integrado pelos seus

secretários de Governo e Fazenda.

Pois bem, esses recursos foram utilizados para fazer frente aos pagamentos das licitações fraudadas. Em

depoimento prestado pela testemunha Jair Gravena, restou claro que a liberação de valores depositados nesse fundo

somente era realizada por ato do então prefeito Antonio Casemiro Belinati e do seu secretário de fazenda (fls.

6266).

À mesma conclusão se chega se examinarmos o depoimento prestado na fase de inquérito por Luiz Cesar Auvray

Guedes, então secretario de fazenda: “que todas as transferências feitas do COGEFI para a conta do Município

eram do conhecimento e autorizadas pelo Prefeito Municipal; que, ainda que a assinatura nessa transferência

fosse exclusivamente do declarante em conjunto com o Secretário de Governo, o Prefeito Municipal tinha plena

ciência e autorizava que fossem elas feitas; (...) que a Secretaria de Fazenda não poderia atender à solicitação de

, pois não tinhatransferência caso não houvesse uma determinação do Gabinete do Chefe do Prefeito

competência para tanto; que essa determinação era necessária porque para fazer a transferência para o órgão da

administração indireta era necessário que houvesse recursos na conta arrecadação e como esses recursos eram

retirados da conta do COGEFI não havia outro modo senão que alguém do Gabinete do Prefeito ou do Secretário

” (fls. 2447-2449 – grifei).   de Governo autorizasse a transferência

Alega a defesa que esse fato, por si só, seria insuficiente para determinar a responsabilidade do prefeito pelos atos

ímprobos a ele imputados.

Sucede, porém, haver outros elementos de prova que o vinculam às fraudes.  

Com efeito, confira-se o que declarou Eduardo Alonso de Oliveira na fase extrajudicial: “Que por ocasião da venda

das ações das ações da Sercomtel houve uma reunião na prefeitura convocada por , na qualGino Azzolini

compareceram José Mueller, José Righi, , Danti Belinati Guazi e o próprio declarante; que em talCarlos Júnior

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Page 7: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

reunião Gino disse que na COMURB deveriam ser feitas consultorias, contratando empresas para serviços de

engenharia visando estabelecer um caixa; (...); Que nessa época Gino controlava de fato a prefeitura, a mando

; que no início dessa reunião o do prefeito municipal prefeito Belinati esteve presente e disse a todos que ali

; que Gino disse que esse caixa se destinaria a formar umestavam que era para fazer o que Gino mandasse

patrimônio, ou melhor, para adquirir bens que tivessem renda que possibilitasse justificar o patrimônio do

, pensando, inclusive, em reeleição; que em novembro de 1998 Gino disse que sairia da prefeitura paraprefeito

cuidar dos negócios particulares de Antonio Belinati, negócios esses que seriam adquiridos por meio do caixa que

” (fls. 2485).     supostamente pretendia se formar

É importante notar que, embora se referindo às fraudes ocorridas na COMURB, as declarações de Eduardo Alonso

deixam bem evidente que o réu Antonio Casemiro Belinati não só conhecia o esquema criminoso de desvio de

verbas públicas como era o seu mais destacado e beneficiário. Tanto é assim que Eduardo Alonso de Oliveira,

indagado sobre a participação de Antonio Casemiro Belinati nas fraudes, afirmou em Juízo e sob o crivo do

contraditório o seguinte: “Olha, a participação do prefeito Antonio Belinati foi a participação expressa que ele

deu para o Gino. Por lei, verbal e através de nota de imprensa. E quando o Gino saiu passou a Lúcia a articular

com o Mandelli uma situação. E eu perguntei pessoalmente pra ele, que aquilo lá é uma bagunça, que as pessoas

não estavam entregando os serviços, e ele mandou eu falar com o Mandelli e o Carlos Júnior [réu Cassimiro

” (fls. 5450, grifei).Zavierucha] que estavam em outra sala. E eles disseram que era aquilo mesmo

A designação de Wilson Mandelli pelo réu Antonio Belinati, como um dos responsáveis pelos desvios de recursos

públicos para a campanha eleitoral de seu filho Antonio Carlos Salles Belinati e de seu aliado político José

Mohamed Janene, é comprovada pelas declarações de Mauro Maggi: “que o declarante pode informar que o caso

das lixeiras, é um caso típico de montagem de processo licitatório; que o declarante não tinha conhecimento, por

exemplo, do processo licitatório onde a empresa Serralheria Art Nova aparece com vencedora de processo

licitatório destinado à fabricação de lixeiras metálicas, pois o declarante assinava a documentação apresentada

pelo Sr. Edinho, pois em determinado momento já não tinha mais o controle sobre os atos administrativos

praticados em nome daquela autarquia; (...) que com relação aos pagamentos feitos à empresa Três Marcos,

inclusive usando o nome da Londriareia, esclarece que ocorreu o procedimento de sempre, isto é, Eduardo Alonso

disse que havia provisão de dinheiro na conta da AMA e que deveria haver o pagamento até que o dinheiro

chegasse a suas mãos; que os pagamentos foram feitos à Mecânica Três Marcos e esta deve ter repassado ao

Edinho, o qual por sua vez deve ter repassado os valores, em dinheiro, ao Eduardo Alonso; que no início Eduardo

Alonso explicava que esse dinheiro alusivo a cada procedimento fraudulento se destinava a pagar dívidas de

campanha; que mais tarde sequer esclarecia a destinação do dinheiro, mas simplesmente dizia que o dinheiro

estava na conta e deveria ser feito o mesmo procedimento; que dentro do procedimento de ‘captação’ de dinheiro,

o que normalmente ocorria é que era o pagamento em cheque nominal à empresa que seria indicada para vencer a

licitação fraudulenta, e depois o representante dessa empresa devolvia em dinheiro quase todo o valor

correspondente ao pagamento; que essa devolução em dinheiro era feita quase em todos os casos ao Eduardo

Alonso; (...) que o declarante ficou responsável pela campanha eleitoral a Deputado Estadual, Federal e

Governo do Estado na cidade de Ibiporã; que lhe foi dado então autonomia para que fizesse as despesas

necessária à campanha, sendo que os recursos deveriam ser levantados junto à AMA, utilizando-se dos

procedimentos licitatórios viciados já referidos; que o declarante então fez empréstimos junto a diversas pessoas

na cidade de Ibiporã para bancar a campanha, sendo que entregava a tais pessoas, como garantia, cheque de

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Page 8: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

sua própria emissão; que emitiu cheques que totalizaram a importância de R$ 89.000,00 (oitenta e nove mil

reais), fato este que é de desconhecimento até de sua própria esposa; que posteriormente, utilizando-se dos

recursos que eram devolvidos pelas empresas que venciam os procedimentos licitatórios, resgatou os cheques de

sua emissão, entregando em dinheiro o valor devido a cada uma das pessoas; que essa conduta foi orientada

pelo então Secretário de Governo, Gino Azzolini, o qual lhe dizia o seguinte: ‘você não é quadrado e é presidente

de uma autarquia, portanto faça a campanha e se vire para arrumar o dinheiro para bancá-la’; que Gino

sinalizou antes da campanha iniciar que o declarante estava autorizado a adotar os procedimentos que fossem

necessários à obtenção de recursos para a campanha, ou seja, fazer os procedimentos licitatórios dos quais fosse

possível extrair as verbas necessárias; que o Gino Azzolini assinou diversas autorizações para a instauração do

; que depois esse procedimento também foiprocedimentos licitatórios e lhes conferir a aparência de idoneidade

adotado pelo Wilson Mandelli que também assinava documentos destinados a ‘fabricar’ procedimentos licitatórios

” (fls. 1627-1635, grifei).

Depondo em Juízo, Eduardo Alonso de Oliveira confirmou a narrativa de Mauro Maggi a respeito da destinação

dos recursos desviados (leia-se: para campanhas eleitorais): “Olha, boa parte dos pagamentos que foram feitos,

foram feitos através daqueles procedimentos na COMURB né, até onde eu tenho conhecimento. Eu sei que teve

uma discussão do Mauro com o Gino, a respeito do pagamento e o Gino disse ao Mauro, que o Mauro fosse se

”. Mais adiante, questionado sobre o esquema que fora articulado para o desvio de recursos, disse o réuvirar

Eduardo Alonso em seu depoimento judicial: “Toda essa organização estava a cargo do coordenador do processo,

que o era o Gino Azzolini. Porque ele tinha autonomia para autorizar para liberar tudo. Então ninguém podia

. Não havia como fazerfalar, hoje vou pagar uma dívida de dez mil, vou fazer uma licitação de 10, 15 e vou pagar

isso, até porque a administração estava, todos esses órgãos com exceção da Sercomtel e da Codel, estavam

” (fls. 5450, grifei).       contingenciados. Todos os cheques só poderiam ser pagos com autorização do prefeito

Também o réu Edson Alves da Cruz, servidor incumbido de montar os procedimentos licitatórios, ao ser

perguntado quanto à origem da ordem para realizar as fraudes e ao destino dos recursos, afirmou em juízo: “É,

quando os meus diretores aí, meus chefes, pediam para fazer, eles diziam, isso é ordem lá do Gino, do Mandelli, os

. Aí, o Alonso que tinharecursos que vão ser desviados iam ser usados na campanha do Belinati, do Janene

atuação direta ali na AMA, repetia esse mesmo discurso: se você não fizer, os caras vão te matar, mas que caras?

O pessoal da política, do Belinati, do Janene, vão te pegar... então era assim que funcionava para todos os casos

que aconteciam ali, nenhum deles ali partiu de iniciativa dos diretores, nem de funcionários, nada, vamos desviar

esse dinheiro aqui. Não. Tudo era feito pra...esses desvios eram feitos porque havia uma ordem superior para

, o dinheiro vinha antes, a gente chegava no trabalho, ó, tem um crédito aí na conta de um milhão e essecumprir

dinheiro vai ser desviado hoje por meio de meia dúzia de cheques de trezentos mil cada um e enfim, - prepara os

cheques, aí o pessoal do empenho fazia os cheques e sumia com o dinheiro. Um mês depois, dois meses depois, a

” (fls. 5379, grifei). gente montava a licitação. É assim que funcionava

Ora, fica claro, assim, que o autor dessas “ordens superiores” foi o réu Antonio Casemiro Belinati, o qual, com o

auxílio de seus secretários de governo (Gino Azzolini Neto e Wilson Mandelli), determinou a realização das

fraudes e se apropriou do dinheiro desviado para cobrir despesas de campanhas eleitorais. A propósito, a prova

documental corrobora essa conclusão. Basta que se deitem os olhos sobre os recibos e notas fiscais juntados às fls.

1661-1945, documentos que comprovam, efetivamente, que Mauro Maggi desembolsou a quantia de R$ 89.412,95

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Page 9: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

para fazer frente a despesas das campanhas eleitorais de “Belinati e Janene” – como menciona, por exemplo, o

recibo de fls. 1740.

É importante colocar em relevo, ainda, que o réu Antonio Casemiro Belinati não tem como alegar desconhecimento

da origem ilícita dos recursos utilizados por Mauro Maggi para pagar as despesas de campanha. A uma, porque um

dos candidatos beneficiados era seu próprio filho, o corréu Antonio Carlos Salles Belinati; a duas, porque os

arrecadadores da campanha eram o réu Mauro Maggi, nomeado Diretor Presidente da AMA pelo próprio Belinati

pai, e Cassimiro Zavierucha (conhecido como “Carlos Júnior”), seu amigo íntimo e homem responsável pelo

pagamento de suas despesas pessoais (vide recibos e notas fiscais apreendidos na residência de “Carlos Júnior” –

fls. 1962-1995); e a três, porquanto Antonio Casemiro Belinati também atuava na coordenação da campanha de seu

filho. Vejam-se as declarações de Marisa Goettel do Nascimento, então Secretária de Ação Social, : “verbis que o

comitê dos professores era coordenado pela Professora Leda Cordeiro; que via com frequência Carlos Júnior na

, porém já há alguns meses não o vê naquele local; Prefeitura que sempre via Carlos Júnior no gabinete do

; que também viu Carlos Júnior algumas vezes na casa doPrefeito, sendo que os dois são bastante amigos

Prefeito; que Alonso também frequentava as reuniões na chácara do Prefeito; que existia um grupo que

[de Antonio Carlos Salles Belinati] centralizava a coordenação da campanha e esse grupo era formado por Gino

” (fls. 2451-2452, grifei).Azzolini Neto, Alonso, Leda Cordeiro, o Prefeito, Carlos Júnior e Rubens Pavan

Não bastasse tanto, acrescente-se que ao menos uma das licitações simuladas teve a intervenção direta do réu

Antonio Casemiro Belinati. Refiro-me à solicitação para abertura da carta convite n. 39/1998, na qual o então

prefeito, ciente da fraude por ele mesmo ordenada, exarou o seu “de acordo” (fls. 257).

Não prospera a alegação de que as declarações colhidas na fase extrajudicial, à margem do contraditório, não

poderiam ser utilizadas contra os réus. O que não se admite é a possibilidade de a condenação basear-se unicamente

em depoimentos prestados em sede de inquérito civil ou policial. Se, porém, esses últimos forem confirmados por

outras provas submetidas ao crivo do contraditório (documental ou testemunhal), nada obsta a que o juiz deles se

valha para ter como provada a imputação.

De fato, dispõe o art. 155 do CPP:  “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em

contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão nos elementos informativos colhidosexclusivamente

”. Por outras palavras, se a decisãona investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas

condenatória não se fundar em elementos probatórios do inquérito, não padecerá ela de qualquerexclusivamente

vício.

Objeta-se que a AMA, por constituir-se como ente autárquico descentralizado, teria autonomia para realizar os

procedimentos licitatórios e efetuar os pagamentos devidos a seus fornecedores.

Com o devido respeito, a objeção é de manifesta improcedência. Se há algo que a prova dos autos revela de forma

cristalina e induvidosa é a ausência dessa autonomia: os depoimentos acima colhidos, aliados às cópias dos

procedimentos licitatórios juntadas aos autos, dão conta de que os gabinetes do prefeito e dos secretários de

governo tinham atuação decisiva tanto para autorizar as licitações na AMA como para liberar via COGEFI os

recursos para pagamento das “empresas fornecedoras”. Essas provas, somadas ao teor do Decreto n. 663, de 23 de

novembro de 1998 – que submetia a realização de licitações nas Administrações direta e indireta à prévia

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Page 10: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

autorização do Chefe do Poder Executivo –, afastam por completo a alegação de que a AMA tinha plena autonomia

administrativa. 

Donde se conclui que o réu Antonio Casemiro Belinati, além de violar gravemente os princípios da legalidade, da

impessoalidade e da moralidade administrativas, incidiu nos seguintes tipos da Lei n. 8.429/1992, a saber: a) art. 10,

incisos I, VIII e XII – o demandado fraudou a licitude das cartas convites, concorrendo para que recursos do

Município de Londrina fossem transferidos indevidamente para o caixa da campanha eleitoral de seu filho Antonio

Carlos Salles Belinati e do então candidato a deputado federal José Mohamed Janene; e b) inciso I do art. 11 – o réu

praticou atos proibidos por lei, à medida que a simulação de procedimento licitatório é fato tipificado até mesmo

como crime.

De se registrar, por fim, que a conduta do réu, se comparada à ação dos demais demandados, foi a mais reprovável

de todas. Vê-se claramente dos autos que Antonio Casemiro Belinati organizou e chefiou uma verdadeira quadrilha

dentro da Administração pública Municipal, ato tipificado no art. 288 do Código Penal. Sob sua batuta,

consideradas as licitações ora sob exame (cartas convites n. 19/1998, 39/1998 e 09/1999), agentes públicos em

conluio com particulares lesaram o erário com a subtração da vultosa quantia de R$ 212.479,00 (valor que, se

corrigido pelo INPC/IBGE de abril de 1999 a maio de 2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

4.2. Réu Gino Azzolini Neto.

O requerido acima identificado era, ao tempo dos fatos, o Secretário de Governo de Antonio Casemiro Belinati.

Teve ele contribuição relevantíssima para que o desvio de recursos se consumasse. Esse requerido não só

homologou uma das licitações sabendo ser ela fraudada (carta convite n. 29/1998, fl. 481) como também auxiliou

no desvio dos recursos obtidos com a montagem das cartas convites ns. 39/1998 e 09/1999 para as campanhas

eleitorais dos corréus Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene. Essa é a razão por que não deve sua

responsabilidade restringir-se à carta convite n. 29/1998.

Ao prestar declarações na fase extrajudicial, Mauro Maggi relatou com muita clareza a atuação do réu Gino

Azzolini Neto no esquema de fraudes: “que dentro do procedimento de ‘captação’ de dinheiro, o que normalmente

ocorria é que era o pagamento em cheque nominal à empresa que seria indicada para vencer a licitação

fraudulenta, e depois o representante dessa empresa devolvia em dinheiro quase todo o valor correspondente ao

pagamento; que essa devolução em dinheiro era feita quase em todos os casos ao Eduardo Alonso; (...) que o

declarante ficou responsável pela campanha eleitoral a Deputado Estadual, Federal e Governo do Estado na

cidade de Ibiporã; que lhe foi dado então autonomia para que fizesse as despesas necessária à campanha, sendo

que os recursos deveriam ser levantados junto à AMA, utilizando-se dos procedimentos licitatórios viciados já

referidos; que o declarante então fez empréstimos junto a diversas pessoas na cidade de Ibiporã para bancar a

campanha, sendo que entregava a tais pessoas, como garantia, cheque de sua própria emissão; que emitiu

cheques que totalizaram a importância de R$ 89.000,00 (oitenta e nove mil reais), fato este que é de

desconhecimento até de sua própria esposa; que posteriormente, utilizando-se dos recursos que eram devolvidos

pelas empresas que venciam os procedimentos licitatórios, resgatou os cheques de sua emissão, entregando em

dinheiro o valor devido a cada uma das pessoas; que essa conduta foi orientada pelo então Secretário de

Governo, Gino Azzolini, o qual lhe dizia o seguinte: ‘você não é quadrado e é presidente de uma autarquia,

portanto faça a campanha e se vire para arrumar o dinheiro para bancá-la’; que Gino sinalizou antes da

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Page 11: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

campanha iniciar que o declarante estava autorizado a adotar os procedimentos que fossem necessários à

obtenção de recursos para a campanha, ou seja, fazer os procedimentos licitatórios dos quais fosse possível

extrair as verbas necessárias; que o Gino Azzolini assinou diversas autorizações para a instauração do

” (fls. 1627-1635, grifei).  procedimentos licitatórios e lhes conferir a aparência de idoneidade

Vale dizer, o requerido Gino Azzolini Neto agiu em duas frentes: como Secretário de Governo, contribuía

ordenando a simulação das licitações; e, como arrecadador das campanhas eleitorais dos corréus Antonio Carlos

Salles Belinati e José Mohamed Janene, pressionava o réu Mauro Maggi para que consumasse os desvios de

recursos públicos em prol desses candidatos, a fim de cobrir os cheques por ele dados em pagamento de despesas.

Semelhantes declarações foram corroboradas pelos recibos de notas fiscais juntados às fls. 1661-1945, documentos

que comprovam, efetivamente, que Mauro Maggi desembolsou a quantia de R$ 89.412,95 para fazer frente a

despesas das campanhas eleitorais de “Belinati e Janene” – como menciona, por exemplo, o recibo de fls. 1740.

 Depondo em Juízo, Eduardo Alonso de Oliveira confirmou a narrativa de Mauro Maggi a respeito da destinação

dos recursos desviados e da pressão realizada por Gino Azzolini Neto: “Olha, boa parte dos pagamentos que foram

feitos, foram feitos através daqueles procedimentos na COMURB né, até onde eu tenho conhecimento. Eu sei que

teve uma discussão do Mauro com o Gino, a respeito do pagamento e o Gino disse ao Mauro, que o Mauro fosse

”. Mais adiante, questionado sobre o esquema que fora articulado para o desvio de recursos, disse o réuse virar

Eduardo Alonso em seu depoimento judicial: “Toda essa organização estava a cargo do coordenador do processo,

que o era o Gino Azzolini. Porque ele tinha autonomia para autorizar para liberar tudo. Então ninguém podia

. Não havia como fazerfalar, hoje vou pagar uma dívida de dez mil, vou fazer uma licitação de 10, 15 e vou pagar

isso, até porque a administração estava, todos esses órgãos com exceção da Sercomtel e da Codel, estavam

” (fls. 5450, grifei).      contingenciados. Todos os cheques só poderiam ser pagos com autorização do prefeito

Também o réu Edson Alves da Cruz, servidor incumbido de montar os procedimentos licitatórios, ao ser

perguntado quanto à origem da ordem para realizar as fraudes e ao destino dos recursos, afirmou em juízo: “É,

quando os meus diretores aí, meus chefes, pediam para fazer, eles diziam, isso é ordem lá do Gino, do Mandelli, os

. Aí, o Alonso que tinharecursos que vão ser desviados iam ser usados na campanha do Belinati, do Janene

atuação direta ali na AMA, repetia esse mesmo discurso: se você não fizer, os caras vão te matar, mas que caras?

O pessoal da política, do Belinati, do Janene, vão te pegar... então era assim que funcionava para todos os casos

que aconteciam ali, nenhum deles ali partiu de iniciativa dos diretores, nem de funcionários, nada, vamos desviar

esse dinheiro aqui. Não. Tudo era feito pra...esses desvios eram feitos porque havia uma ordem superior para

cumprir, o dinheiro vinha antes, a gente chegava no trabalho, ó, tem um crédito aí na conta de um milhão e esse

dinheiro vai ser desviado hoje por meio de meia dúzia de cheques de trezentos mil cada um e enfim, - prepara os

cheques, aí o pessoal do empenho fazia os cheques e sumia com o dinheiro. Um mês depois, dois meses depois, a

” (fls. 5379, grifei). gente montava a licitação. É assim que funcionava

A confirmação de que Gino tinha pleno conhecimento dos recursos desviados pode ser extraída, ainda, do fato de

ser ele um dos coordenadores financeiros das campanhas eleitorais de Belinati filho e Janene. Vejam-se as

declarações de Marisa Goettel do Nascimento, então Secretária de Ação Social, : “verbis que existia um grupo que

[de Antonio Carlos Salles Belinati] centralizava a coordenação da campanha e esse grupo era formado por Gino

” (fls. 2451-2452, grifei).Azzolini Neto, Alonso, Leda Cordeiro, o Prefeito, Carlos Júnior e Rubens Pavan

Ratifica essa assertiva o depoimento prestado em Juízo e sob o crivo do contraditório por Eduardo Alonso de

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Page 12: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

Oliveira. Indagado sobre a quem cabia o controle da arrecadação e aplicação dos recursos da campanha de 1998,

respondeu esse réu sem titubear: a Gino Azzolini Neto (fls. 5450).

  Donde se conclui que o réu Gino Azzolini Neto, além de violar gravemente os princípios da legalidade, da

impessoalidade e da moralidade administrativas, incidiu nos seguintes tipos da Lei n. 8.429/1992, a saber: a) art. 10,

incisos I, VIII e XII – o demandado fraudou a licitude das cartas convites, concorrendo para que recursos do

Município de Londrina fossem transferidos indevidamente para o caixa da campanha eleitoral de Antonio Carlos

Salles Belinati e do então candidato a deputado federal José Mohamed Janene; e b) inciso I do art. 11 – o réu

praticou atos proibidos por lei, à medida que a simulação de procedimento licitatório é fato tipificado até mesmo

como crime.

De se registrar, por fim, que a conduta do réu foi de grande reprovabilidade, quer por exercer influência e pressão

sobre a diretoria da AMA na consumação das fraudes, quer por determinar a canalização dos recursos desviados

para sustentar campanhas eleitorais. Em razão de sua ação, consideradas as licitações ora sob exame (cartas

convites n. 19/1998, 39/1998 e 09/1999), agentes públicos em conluio com particulares lesaram o erário com a

subtração da vultosa quantia de R$ 212.479,00 (valor que, se corrigido pelo INPC/IBGE de abril de 1999 a maio de

2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

4.3. Réus Mauro Maggi, Nelson Takeo Kohatsu e Edson Alves da Cruz.

Quando os fatos ocorreram, Mauro era diretor-presidente da AMA e Nelson ocupava o cargo de

diretor-administrativo-financeiro. Edson Alves da Cruz, à sua vez, era servidor de carreira dessa autarquia, atuando

diretamente na montagem das licitações. Trata-se de réus confessos (fls. 1.605-1615, fls. 1627-1635 e fls.

1643-1649), que tiveram ampla participação na operacionalização das fraudes e na captação dos recursos desviados.

A prova documental demonstra que o requerido Mauro Maggi subscreveu a autorização para deflagrar os

procedimentos licitatórios (fls. 255v), assinou a carta-convite n. 39/1998 (fls. 258-259), homologou o resultado do

certame (fls. 274), subscreveu as notas de empenho (fls. 298), a ordem de pagamento (fls. 301-302) e os cheques

(fls. 2839-2850). Também Nelson Takeo Kohatsu interveio diretamente nesses procedimentos, seja assinando

cheques (fls. 2839-2850), seja subscrevendo notas de empenho (fls. 298), liquidação (fls. 232-235) e ordens de

pagamento (fls. 301-302).

Já o réu Edson Alves da Cruz, sobre ter cooptado o empresário Antonio Marcos Caetano para fornecer notas frias e

participar de certames simulados, assinou as requisições de compra (fls. 194), os protocolos de recebimento de

propostas (fls. 261-265), as atas de reunião da Comissão de Licitação (fls. 227 e fls. 272) – na qual figurava como

presidente -, a certidão de recebimento de materiais (fls. 233v e fls. 244v), bem como subscreveu a solicitação de

autorização para realizar a carta convite n. 39/1998 (fls. 255v). Todos esses documentos, registre-se, são

ideologicamente falsos.

As declarações colhidas na fase de inquérito bem demonstram o papel ativo e consciente dos requeridos Mauro

Maggi, Nelson Kohatsu e Edson na concretização das fraudes. Assim é que o corréu Antonio Marcos Caetano,

proprietário da Mecânica Três Marcos, declarou ao Ministério Público:

“(...) que o declarante antes de vir a promotoria em 22 de junho de 1999 foi orientado por EDSON

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Page 13: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

ALVES DA CRUZ e MAURO MAGGI sobre a forma como deveria proceder inclusive entregando

ao declarante um recibo de recebimento de entrega das lixeiras por parte do funcionário do

almoxarifado da Prefeitura de nome MÁRCIO AGNELLO; que o declarante antes de vir a

promotoria na data supra referida conversou com MAURO MAGGI e EDSON ALVES DA CRUZ

que não tinha como justificar a promotoria a fabricação e a entrega das lixeiras, razão pela qual,

teria que acabar admitindo ao Ministério Público que o recebimento daqueles valores seria indevido

ou irregular, que por esta razão MAURO MAGGI e EDSON ALVES DA CRUZ arrumaram o

recibo de entrega das mercadorias no almoxarifado e incentivaram o declarante a sustentar a versão

de que as lixeiras teriam sido fabricadas e entregues de forma correta (...); que entre os meses de

setembro e outubro de 1998, o declarante foi procurado por EDINHO que lhe pediu para falar com

MAGGI e na conversa que tiveram MAGGI lhe disse que tinha um ‘rombo’ de R$ 90.000,00 e não

tinha a quem recorrer a não ser o declarante solicitando então que lhe fornecesse uma nota fiscal

neste valor; que o declarante afirmou que não poderia fornecer notas de tal valor posto que perderia

o enquadramento de micro empresa e que suas notas eram todas de valor baixo; que as notas de

peças do declarante era apenas aquela de fornecimento ao consumidor, de modelo pequeno; que

nesta mesma data foi dito ao declarante que eles dariam um jeito de tudo ser acertado posto que

precisavam apenas do nome de sua empresa e de sua conta corrente; que MAURO MAGGI dizia

que não era para o declarante se preocupar posto que EDINHO acertaria tudo; passados alguns dias

EDINHO chamou novamente e informou que o declarante iria fazer lixeiras e provavelmente até

algumas seriam confeccionadas; que logo em seguida EDINHO lhe mostrou um talão de notas

fiscais de tamanho grande que ele mesmo havia mandado confeccionar; que este talão de notas

ficou com o logotipo da empresa do declarante diferente, já que o ‘caminhão’ não é o mesmo que

normalmente utiliza; que então o declarante preencheu a nota fiscal de número 050 e a outra

referente ao aditivo contratual no valor de R$ 18.180,00; (...) que MAURO MAGGI e EDINHO

disseram ao declarante que os R$ 90.000,00 recebidos com a nota fiscal da oficina TRÊS MARCOS

serviria para acertar um ‘rombo’ existente na AMA e EDINHO numa outra oportunidade que estes

valores recebidos em licitações ‘frias’ seriam para pagamento com gastos com campanha eleitoral;

que em algumas conversas informais com EDINHO este disse ao declarante que a campanha

eleitoral era dos candidatos ANTONIO CARLOS BELINATI, EMÍLIA BELINATI E JOSÉ

JANENE; que na época da campanha eleitoral MAURO MAGGI chegou a levar o candidato

ANTONIO CARLOS BELINATI até a oficina mecânica do declarante onde este fez um discurso

em cima de uma caminhonete (...)”(fls. 443-449).

Em linhas gerais, essas declarações foram ratificadas em Juízo tanto pelo réu Antonio Marcos Caetano (fls. 5364)

como pelo próprio requerido Edson Alves da Cruz (fls. 5379).

O requerido Nelson Takeo Kohatsu, ao prestar depoimento na fase judicial, corroborou o que dissera ao ser

inquirido junto ao Ministério Público (fls. 1643-1648), : verbis

“(...) que antes de se dirigir ao assessor Edson, Eduardo Alonso se dirigiu ao presidente da AMA,

no caso Mauro Maggi, não sabendo dizer se este conhecia os procedimentos licitatórios realizados

perante a AMA; que tem conhecimento que houve processos licitatórios que na verdade, podendo

afirmar, porém que houve o pagamento respectivo; que não sabe qual a finalidade destes

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Page 14: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

procedimentos licitatórios que de fato não se realizaram; que afirma que foram realizados

pagamentos sob pressão de Eduardo Alonso por parte do depoente para empresas indicadas por

Eduardo, não se recordando dos valores; que este fato aconteceu várias vezes; que por ora não se

recorda dos nomes das empresas, mas poderia informar ao juízo posteriormente; que prestou

depoimento perante o Ministério Público, sendo que não foi pressionado a dizer nada de espontânea

de vontade; que chegou a procurar manter contato com o procurador jurídico Eduardo Duarte

Ferreira, o qual lhe disse que tudo iria passar e ‘não ia dar em nada’; (...) que havia pagamentos sem

a realização de licitação, sob a alegação de urgência por parte de Eduardo Alonso sob a promessa

deste de regularizar o procedimento licitatório respectivo pela administração direta; que os

procedimentos licitatórios, desde o pedido até sua conclusão passavam pelo crivo de várias pessoas,

dentre as quais, solicitante ou gerente da área, diretor da área, o presidente autorizando, ao

secretário de governo autorizando, volta para autarquia de novo, passando pelo diretor

administrativo, iniciando-se o processo licitatório; que em relação aos pagamentos realizados com

urgência sem procedimento licitatório eram assinados pelo depoente e pelo presidente da AMA,

Mauro Maggi, além do prefeito, por força de decreto, Antônio Belinati (...)” (fls. 5290-5295).

É certo que nesse depoimento Nelson procurou amenizar a sua responsabilidade, aduzindo que, ao contrário do que

declarara na fase extrajudicial, havia apenas “suspeita de ilegalidade” nas licitações fraudadas. Tal retratação,

porém, é de todo inverossímil. Primeiro, porque está em contradição com o robusto conjunto probatório já

mencionado nos itens anteriores; e segundo, porquanto não é crível imaginar que o réu, como

diretor-administrativo-financeiro da AMA, fosse acreditar que a uma oficina mecânica, que obviamente se ocupa de

reparos em veículos, caberia confeccionar mais de três mil lixeiras de metal...

Muito menos socorre os requeridos a alegação de que se restringiram a cumprir ordens superiores. Se as ordens por

eles recebidas eram para fraudar licitação, conclui-se serem elas manifestamente ilegais. Ao servidor, pois, se

impõe a recusa em cumpri-las, pautando-se nos princípios constitucionais da legalidade e da moralidade. Não o

fazendo, deve-se ter por provada a sua participação no ilícito. Confira-se precedente jurisprudencial do eg. TJPR: “

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - 1. PRELIMINAR DE NÃO

CONHECIMENTO DO APELO POR AUSÊNCIA DE PREPARO AFASTADA - 2. ATOS DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA CONFIGURADOS - 3. DEVER DE OBEDIÊNCIA - ORDEM EMANADA DE SUPERIOR

HIERÁRQUICO - RECURSOS DESPROVIDOS. (...) 3. O dever de obediência jamais pode ser entendido

dissociado do Princípio da Legalidade. O servidor público, em que pese estar, via de regra, obrigado ao

cumprimento das ordens emanadas de seus superiores hierárquicos encontra-se, contudo, vinculado ao

Princípio da Legalidade, devendo sempre executar um exame prévio da legalidade de todas as ordens emanadas

”de seus superiores hierárquicos, sob pena de responsabilização, tanto administrativo-disciplinar como penal

(TJPR - 4ª Câmara Cível - AC 336145-3 - Goioerê - Rel.: Regina Afonso Portes - Unânime - J. 27.04.2009).  

Donde se conclui que os réus Mauro Maggi, Nelson Takeo Kohatsu e Edson Alves da Cruz, além de violarem

gravemente os princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade administrativas, incidiram nos seguintes

tipos da Lei n. 8.429/1992, a saber: a) art. 10, incisos I, VIII e XII – os demandados fraudaram a licitude das cartas

convites, concorrendo para que recursos do Município de Londrina fossem transferidos indevidamente para o caixa

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Page 15: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

da campanha eleitoral de Antonio Carlos Salles Belinati e do então candidato a deputado federal José Mohamed

Janene; e b) inciso I do art. 11 – os réus praticaram atos proibidos por lei, à medida que a simulação de

procedimento licitatório é fato tipificado até mesmo como crime.

De se registrar, por fim, que a conduta dos réus Mauro, Edson e Nelson foi de média reprovabilidade, já que, sem

poder de mando, restringiram-se a operacionalizar o esquema de desvio de recursos. Em razão de suas ações,

consideradas as licitações ora sob exame (cartas convites n. 19/1998, 39/1998 e 09/1999), agentes públicos em

conluio com particulares lesaram o erário com a subtração da vultosa quantia de R$ 212.479,00 (valor que, se

corrigido pelo INPC/IBGE de abril de 1999 a maio de 2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

4.4. Réu Wilson Mandelli.

A condenação desse requerido é de rigor.

Wilson Mandelli ocupava, ao tempo dos fatos, o cargo de Secretario de Governo do ex-prefeito Antonio Belinati.

A plena ciência do réu Wilson Mandelli da existência das simulações, bem assim a sua participação efetiva, podem

ser extraídas das declarações de Mauro Maggi prestadas ao Gaeco: “(...) que o Gino Azzolini assinou diversas

autorizações para a instauração dos procedimentos licitatórios e lhes conferir a aparência de idoneidade; que

depois esse procedimento também foi adotado pelo Wilson Mandelli que também assinava documentos

” (fls. 1627-1635, grifei).  destinados a ‘fabricar’ procedimentos licitatórios

Também o réu Edson Alves da Cruz, servidor incumbido de montar os procedimentos licitatórios, ao ser

perguntado quanto à origem da ordem para realizar as fraudes e ao destino dos recursos, afirmou em juízo: “É,

quando os meus diretores aí, meus chefes, pediam para fazer, eles diziam, isso é ordem lá do Gino, do Mandelli, os

(fls. 5379).recursos que vão ser desviados iam ser usados na campanha do Belinati, do Janene”

Referiu-se igualmente ao nome de Wilson Mandelli como homem atuante nas fraudes o corréu Eduardo Alonso de

Oliveira em seu depoimento prestado em Juízo, sob o crivo do contraditório: “E quando o Gino saiu passou a

. E eu perguntei pessoalmente pra ele, que aquilo lá é umaLúcia a articular com o Mandelli uma situação

bagunça, que as pessoas não estavam entregando os serviços, e o Carlose ele mandou eu falar com o Mandelli

” (fls. 5450,Júnior [réu Cassimiro Zavierucha] que estavam em outra sala. E eles disseram que era aquilo mesmo

grifei).

Alega a defesa que em 23.11.1998 fora editado o Decreto Municipal n. 663, atribuindo com exclusividade ao

Prefeito a competência para autorizar a abertura da licitação. Pretende, daí, seja excluída a sua responsabilidade

pelos atos de improbidade relatados na inicial.

Não procede, entretanto, a alegação.

A existência de um ato normativo formal não pode sobrepor-se à realidade denunciada pela prova dos autos, que

atesta ter Wilson Mandelli contribuído ativamente para a prática dos atos de improbidade. Tanto é assim que no

exercício de suas funções públicas o réu autorizou a abertura das licitações fraudulentas para aquisição das lixeiras

(fls. 197) e, após, deu sua ciência na requisição de compra dos 45 bancos de ferro chato (fls. 240).

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Page 16: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

Dúvidas não há de que semelhantes condutas, sobre violarem gravemente os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, se amoldam aos seguintes tipos da Lei n. 8.429/1992, a saber:

a) art. 10, incisos I, VIII e XII – o demandado fraudou a licitude das cartas convites, concorrendo para que recursos

do Município de Londrina fossem transferidos indevidamente para o caixa da campanha eleitoral de Antonio Carlos

Salles Belinati e do então candidato a deputado federal José Mohamed Janene; e b) inciso I do art. 11 – o réu

praticou atos proibidos por lei, à medida que a simulação de procedimento licitatório é fato tipificado até mesmo

como crime.

De se registrar, por fim, que a conduta do réu foi de grande reprovabilidade, quer por exercer significativa

influência e pressão sobre a diretoria da AMA na consumação das fraudes, quer por determinar a canalização dos

recursos desviados para sustentar campanhas eleitorais. Em razão de sua ação, consideradas as licitações ora sob

exame (cartas convites n. 19/1998, 39/1998 e 09/1999), agentes públicos em conluio com particulares lesaram o

erário com a subtração da vultosa quantia de R$ 212.479,00 (valor que, se corrigido pelo INPC/IBGE de abril de

1999 a maio de 2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

4.5. Réu Eduardo Alonso de Oliveira.

Em que pese o fato de esse réu ocupar ao tempo dos fatos o cargo de Diretor Administrativo e Financeiro da

COMURB, sua participação nas fraudes ocorridas na AMA está inquestionavelmente provada.

É o que demonstram as declarações prestadas pelos réus Edson Alves da Cruz (fls. 1605-1615), Mauro Maggi (fls.

1627-1635) e Nelson Takeo Kohatsu (fls. 16143-1648), ratificadas em Juízo às fls. 5379 e às fls. 5290-5295.

Reporto-me, assim, ao teor dessas declarações, já exaustivamente transcritas nos subitens supra.

Dúvidas não há de que semelhantes condutas, sobre violarem gravemente os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, se amoldam aos seguintes tipos da Lei n. 8.429/1992, a saber:

a) art. 10, incisos I, VIII e XII – o demandado fraudou a licitude das cartas convites, concorrendo para que recursos

do Município de Londrina fossem transferidos indevidamente para o caixa da campanha eleitoral de Antonio Carlos

Salles Belinati e do então candidato a deputado federal José Mohamed Janene; e b) inciso I do art. 11 – o réu

praticou atos proibidos por lei, à medida que a simulação de procedimento licitatório é fato tipificado até mesmo

como crime.

De se registrar, por fim, que a conduta do réu foi de grande reprovabilidade, quer por exercer significativa

influência e pressão sobre a diretoria da AMA na consumação das fraudes, quer por determinar a canalização dos

recursos desviados para sustentar campanhas eleitorais. Em razão de sua ação, consideradas as licitações ora sob

exame (cartas convites n. 19/1998, 39/1998 e 09/1999), agentes públicos em conluio com particulares lesaram o

erário com a subtração da vultosa quantia de R$ 212.479,00 (valor que, se corrigido pelo INPC/IBGE de abril de

1999 a maio de 2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

4.5. Réus Antonio Carlos Salles Belinati e Espólio de José Mohamed Janene.

Considero haver provas suficientes de que esses réus se beneficiaram conscientemente dos recursos desviados da

Autarquia Municipal do Meio Ambiente.

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Page 17: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

Cumpre mais uma vez trazer à colação as declarações de Mauro Maggi, que, juntamente com Gino Azzolini Neto e

Cassimiro Zavierucha (“Carlos Júnior”), fora incumbido de arrecadar dinheiro de origem ilícita para a campanha

eleitoral dos réus: (...) que o declarante ficou responsável pela campanha eleitoral a Deputado Estadual, Federal

e Governo do Estado na cidade de Ibiporã; que lhe foi dado então autonomia para que fizesse as despesas

necessária à campanha, sendo que os recursos deveriam ser levantados junto à AMA, utilizando-se dos

procedimentos licitatórios viciados já referidos; que o declarante então fez empréstimos junto a diversas pessoas

na cidade de Ibiporã para bancar a campanha, sendo que entregava a tais pessoas, como garantia, cheque de

sua própria emissão; que emitiu cheques que totalizaram a importância de R$ 89.000,00 (oitenta e nove mil

reais), fato este que é de desconhecimento até de sua própria esposa; que posteriormente, utilizando-se dos

recursos que eram devolvidos pelas empresas que venciam os procedimentos licitatórios, resgatou os cheques de

sua emissão, entregando em dinheiro o valor devido a cada uma das pessoas; que essa conduta foi orientada

pelo então Secretário de Governo, Gino Azzolini, o qual lhe dizia o seguinte: ‘você não é quadrado e é presidente

de uma autarquia, portanto faça a campanha e se vire para arrumar o dinheiro para bancá-la’; que Gino

sinalizou antes da campanha iniciar que o declarante estava autorizado a adotar os procedimentos que fossem

necessários à obtenção de recursos para a campanha, ou seja, fazer os procedimentos licitatórios dos quais fosse

possível extrair as verbas necessárias; que o Gino Azzolini assinou diversas autorizações para a instauração do

; que depois esse procedimento também foiprocedimentos licitatórios e lhes conferir a aparência de idoneidade

adotado pelo Wilson Mandelli que também assinava documentos destinados a ‘fabricar’ procedimentos licitatórios

” (fls. 1627-1635, grifei).

A propósito, a prova documental corrobora essas declarações. Basta que se deitem os olhos sobre os recibos e notas

fiscais juntados às fls. 1661-1945, documentos que comprovam, efetivamente, que Mauro Maggi desembolsou a

quantia de R$ 89.412,95 para fazer frente a despesas das campanhas eleitorais de “Belinati e Janene” – como

menciona, por exemplo, o recibo de fls. 1740.

Também o réu Edson Alves da Cruz, servidor incumbido de montar os procedimentos licitatórios, ao ser

perguntado quanto à origem da ordem para realizar as fraudes e ao destino dos recursos, afirmou em juízo: “É,

quando os meus diretores aí, meus chefes, pediam para fazer, eles diziam, isso é ordem lá do Gino, do Mandelli, os

” (fls. 5379, grifei). recursos que vão ser desviados iam ser usados na campanha do Belinati, do Janene

Certo, alega-se que os réus, além de não serem servidores públicos, desconheciam a origem ilícita desses recursos.

A alegação, contudo, não pode ser aceita.

A Lei n. 8.429/1992 é expressa em preconizar que as penas nela previstas se aplicam àquele que, mesmo sem ser

agente público, induza ou concorra para a prática de ato de improbidade “ou dele se beneficie sob qualquer forma

direta ou indireta” (art. 3º).

É precisamente isso o que restou demonstrado nos autos, os quais revelam o amplo conhecimento que os

demandados tinham da origem espúria dos recursos que irrigaram suas campanhas eleitorais naquele ano de 1998.

Com efeito, o réu José Mohamed Janene era aliado político de Antonio Casemiro Belinati e havia indicado o corréu

Eduardo Alonso de Oliveira, homem de sua confiança (cf. depoimento pessoal de Edson Alves da Cruz, fls. 5379) e

seu ex-sócio, para integrar a administração da COMURB e levar a adiante as fraudes – como de fato ocorreu – nos

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Page 18: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

procedimentos licitatórios. Já o réu Antonio Carlos Salles Belinati, por ser filho de Antonio Casemiro Belinati,

obviamente sabia do esquema fraudulento de desvio de verbas arquitetado por seu pai, do qual, aliás, foi um dos

maiores beneficiários.

A prova eloquente de que os réus receberam voluntária e conscientemente os valores desviados do Erário

londrinense, cientes de sua origem ilícita, repousa em um fato incontroverso: as quantias despendidas nas

campanhas eleitorais dos então candidatos Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene pelo requerido

Mauro Maggi, que somam mais de R$ 89.000,00 (vide recibos e notas fiscais de fls. 1645-1945), foram

simplesmente omitidas de suas prestações de contas à Justiça Eleitoral.

É de convir que, estivessem os réus inscientes da fraude, seguramente teriam mencionado esses ingressos no caixa

de suas campanhas, comprovando documentalmente suas respectivas origens quando da prestação de contas ao

TRE.

Donde se conclui que os réus Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene incidiram no tipo do art. 10, I,

da Lei n. 8.429/1992, porquanto concorreram para que recursos do Município, por intermédio da AMA, fossem

embolsados para quitar obrigações de natureza privada (campanha eleitoral).

De se registrar, por fim, que a conduta desses réus foi quase tão reprovável quanto à do requerido Antonio

Casemiro Belinati. Afinal, embora sem titularizar função na Administração, atuaram eles como receptores dos

recursos desviados, granjeando benefícios eleitorais indevidos, em claro desequilíbrio da disputa com os demais

candidatos que postulavam os cargos de deputado estadual e federal.

4.6. Réu Cassimiro Zavierucha.

A participação desse réu na fraude restou comprovada. Reporto-me, para evitar repetição, aos fundamentos que

expus nos subitens ns. 4.1, 4.2 e 4.4, supra.  

De rigor, porém, enfrentar algumas questões alegadas pelo requerido em sua defesa preliminar e na contestação.

A primeira delas diz com a suposta ilicitude da prova resultante do cumprimento da diligência de busca e apreensão

realizada em sua residência.

Não creio, porém, haja qualquer ilicitude a contaminar a prova documental decorrente do cumprimento daquela

diligência. O mandado de busca e apreensão foi expedido pelo Juízo da 4ª Vara Criminal de Londrina, que era

competente para conhecer e julgar a ação penal. O seu cumprimento se deu durante o dia, e os documentos

apreendidos que estão a fundar o convencimento deste Juízo tinham e têm íntima relação com os fatos que

justificaram a decretação da medida. Observou-se, às inteiras, a garantia prevista no art. 5º, XI, da CF.  

Ademais, a alegação de que a busca e apreensão fora cumprida pelo Promotor de Justiça e um agente (e não pelo

Delegado de Polícia), , é irrelevante. Cuidar-se-ia, aí, de mera irregularidade, incapaz,além de não comprovada

por si só, de invalidar as provas que foram colhidas no local.

Em suma, o réu concorreu para o ato de improbidade ao auxiliar o ex-prefeito a repassar conscientemente dinheiro

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Page 19: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

público para a campanha eleitoral dos corréus Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene.

Donde se conclui que o réu Cassimiro Zavierucha incidiu no tipo do art. 10, I, da Lei n. 8.429/1992, porquanto

concorreu para que recursos do Município, por intermédio da AMA, fossem embolsados para quitar obrigações de

natureza privada (campanha eleitoral). Também se aplica ao caso o inciso XII do art. 10 da Lei n. 8.429/1992, visto

que, ao concorrer para que despesas de campanha fossem pagas com recursos desviados da AMA, o requerido

contribuiu para que os corréus Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene se enriquecessem

ilicitamente.   

De se registrar, por fim, que a conduta de Zavierucha foi quase tão reprovável quanto à do réu Antonio Casemiro

Belinati. Afinal, embora sem titularizar cargo na Administração, atuou como ponte necessária para que o dinheiro

público desviado custeasse a campanha eleitoral. Grande e imprescindível foi a sua contribuição para a consecução

dos atos ímprobos, que resultaram, consideradas as licitações ora sob exame (cartas convites n. 19/1998, 39/1998 e

09/1999), na subtração dos cofres públicos da vultosa quantia de R$ 212.479,00 (valor que, se corrigido pelo

INPC/IBGE de abril de 1999 a maio de 2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

4.7. Réu Antonio Marcos Caetano (e, consequentemente, a empresa da qual é ele administrador – ré Mecânica Três

Marcos Ltda).

O pedido de condenação, no ponto, deve ser acolhido. Como demonstrado no item n. 3 e nos subitens 4.1 a 4.5 – a

cujos fundamentos me reporto por brevidade –, o réu concorreu para que fossem fraudadas as licitações abertas

pelas cartas convites ns. 29/1998, 39/1998 e 09/1999; e assim o fez plenamente ciente de que tudo não passava de

simulação para desviar recursos públicos. Veja-se que o requerido Antonio Marcos, segundo declarou na fase de

inquérito (fls. 443-449) e ratificou em Juízo (fls. 5364), utilizou um “talão de pedidos” da empresa Londriareia que

fora de sua propriedade, bem como emprestou o nome e notas fiscais “frias” da Mecânica Três Marcos Ltda para

obter os pagamentos viabilizados pela carta convite n. 29/1998. Mais ainda, o demandado participou da fraude

realizada pela carta convite n. 09/1999, seja ao apresentar proposta fictícia visando a lhe dar ares de legalidade,

quer ao preencher a nota fiscal ideologicamente falsa da empresa Serralheria Art Nova, que naquele certame se

sagrara “vencedora”.

Aduziu-se como matéria de defesa que o réu Antonio Marcos aderiu ao esquema criminoso com receio de sofrer

retaliação da diretoria da AMA.

Todavia, sem qualquer consistência a alegação. É que semelhante “ameaça” teria consistido, conforme se afirma na

contestação, no fato de a AMA deixar de solicitar os serviços de oficina mecânica da empresa administrada pelo

réu, caso este não auxiliasse os agentes públicos nas fraudes. Não se vê, pois, onde estaria a promessa de mal

injusto e grave capaz de coagir o requerido: bastaria a ele, recusando-se a anuir à ação criminosa,  procurar outros

clientes a quem pudesse oferecer os seus serviços.

Na realidade, a escusa alegada mais compromete do que isenta o réu Antonio Marcos Caetano de sua

responsabilidade pelo ato ímprobo. Afinal, dela resulta que o móvel de sua colaboração foi a continuidade na

obtenção das vantagens econômicas proporcionadas pelo fornecimento de serviços à AMA.

Donde se conclui que o réu Antonio Marcos Caetano (e, por conseguinte, sua empresa Mecânica Três Marcos Ltda)

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Page 20: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

incidiu no tipo do art. 10, I, da Lei n. 8.429/1992, porquanto concorreu para que recursos do Município, por

intermédio da AMA, fossem embolsados para quitar obrigações de natureza privada (campanha eleitoral). Também

se aplica ao caso o inciso XII do art. 10 da Lei n. 8.429/1992, visto que, ao concordar em participar ficticiamente da

licitação, o demandado contribuiu para que os réus Antonio Carlos Salles Belinati e José Mohamed Janene se

enriquecessem ilicitamente.

De se registrar, por fim, que a conduta do réu foi a de menor reprovabilidade. Afinal, limitou-se ele a ceder o nome

de sua empresa e os talões de pedidos e notas fiscais para que a simulação das cartas convites fosse levada a efeito,

sem, porém, receber benefício direto. Contudo, induvidoso que sua ação foi imprescindível para a consecução dos

atos ímprobos, que resultaram, consideradas as licitações ora sob exame, na lesão ao erário de R$ 212.479,00 (valor

que, se corrigido pelo INPC/IBGE de abril de 1999 a maio de 2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

4.8. Réu Júlio Aparecido Bittencourt.

A esse réu, que atuava ao tempo dos fatos o cargo de Diretor de Operações da AMA, o Ministério Público atribui a

conduta de haver concorrido para as fraudes. 

E, no caso, com razão o autor, visto que a prova constante dos autos indica claramente a atuação do réu Júlio no

sentido de ordenar ao corréu Edson Alves da Cruz a montagem das cartas convites. Confira-se o que declarou

Edson na fase de inquérito: “que em outras vezes recebiam apenas a determinação para fazer um pagamento, ou

seja, para levantar um valor determinado da AMA, o qual seria utilizado para as finalidades já mencionadas

(provavelmente campanha eleitoral); que nesses últimos casos o declarante se reunia com o MAURO, o NELSON

, exatamente com a finalidade de ‘bolar’ um modo para de acobertar oue as vezes com o JULIO BITTENCOURT

de justificar a despesa ou o pagamento (...); que não era o declarante quem escolhia sozinho as empresas e em

, comtodos os procedimentos irregulares houve a participação efetiva de NELSON, MAURO e JÚLIO

” (fls. 1606-1607).    predominância dos dois primeiros

Corrobora essas declarações o teor do depoimento prestado por Mauro Maggi ao Ministério Público: “(...) que a

partir do mês de outubro de 1998; o Sr. Eduardo Alonso começou a procurar o declarante, onde dizia que o mesmo

tinha que auxiliar na arrecadação de fundos da campanha eleitoral para Deputado Estadual do Sr. Antônio Carlos

Belinati; que esses contatos foram mantidos pelo Sr. Eduardo Alonso com o declarante e com o diretor Julio

; que algumas reuniões foram acompanhadas pelo funcionário Edinho, já que ele era a pessoaBittencourt

” (fls. 1629).  designada para proceder a ‘montagem’ dos processos licitatórios

Em Juízo e sob o crivo do contraditório, o corréu Edson Alves da Cruz não só ratificou as declarações que prestara

ao Ministério Público – aludindo, inclusive, que o fez de forma livre e espontânea –, como foi ainda mais enfático:

reafirmou que Júlio, juntamente com Mauro e Nelson, o pressionou a fazer as licitações fraudulentas, bem como

para não denunciar o esquema que então estava sob investigação; asseverou Edson ainda que os diretores da AMA

Júlio, Nelson e Mauro (“sempre os três”), tão logo era depositado algum valor de origem ilícita, ordenavam a

confecção dos cheques e determinavam a posterior montagem das licitações.        

Diante desse forte conjunto probatório, perde relevo a conclusão da perícia grafotécnica do evento 165, segundo a

qual a assinatura aposta na Comunicação Interna n. 527/1998 não partira do punho do réu Júlio Aparecido

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Page 21: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

Bittencourt. Do laudo pericial decorre a conclusão, portanto, de que esse demandado, ciente da possibilidade de as

ilicitudes virem à tona, valeu-se de terceira pessoa para lançar a assinatura no espaço destinado a seu nome...

Donde se conclui que o réu Júlio Aparecido Bittencourt, além de violar gravemente os princípios da legalidade, da

impessoalidade e da moralidade administrativas, incidiu nos seguintes tipos da Lei n. 8.429/1992, a saber: a) art. 10,

incisos I, VIII e XII – o demandado fraudou a licitude das cartas convites, concorrendo para que recursos do

Município de Londrina fossem transferidos indevidamente para o caixa da campanha eleitoral de Antonio Carlos

Salles Belinati e do então candidato a deputado federal José Mohamed Janene; e b) inciso I do art. 11 – o réu

praticou atos proibidos por lei, à medida que a simulação de procedimento licitatório é fato tipificado até mesmo

como crime.

De se registrar, por fim, que a conduta do réu Júlio Aparecido foi de média reprovabilidade, já que, sem total poder

de mando, restringiu-se a operacionalizar o esquema de desvio de recursos. Em razão de sua ação, consideradas as

licitações ora sob exame (cartas convites n. 19/1998, 39/1998 e 09/1999), agentes públicos em conluio com

particulares lesaram o erário com a subtração da vultosa quantia de R$ 212.479,00 (valor que, se corrigido pelo

INPC/IBGE de abril de 1999 a maio de 2014, resulta no montante de R$ 570.248,00).

5. Alega o Ministério Público às fls. 169-174 que a obrigação de ressarcir o dano deveria ser graduada de acordo

com a maior ou menor participação dos réus nos atos ímprobos.

Não há, entretanto, base legal para assim proceder. Com efeito, o valor da indenização mede-se pela extensão do

dano (CC, art. 944, caput). A exceção corre por conta das hipóteses em que haja excessiva desproporção entre a

gravidade da e o montante do prejuízo (parágrafo único do mesmo artigo). O caso dos autos, porém, longeculpa

está de adequar-se a essa situação excepcional, visto que todos os réus agiram com dolo.

Assim, impõe-se reconhecer presente a solidariedade. Afinal, se cada um dos réus contribuiu a seu modo para a

consumação do dano, a obrigação de repará-lo é a todos imposta de forma solidária. É a regra geral de direito

prevista no art. 942, caput, parte final, do Código Civil (CC/1916, art. 1.518).

A retribuição proporcional à maior ou menor participação dos requeridos nos atos ímprobos há de fazer-se na fase

de graduação das penas contempladas nos incisos do art. 12 da Lei n. 8.429/1992; não, porém, na quantificação do

ressarcimento do dano, que sequer ostenta natureza repressiva.

6. Sustenta-se que o réu Eduardo Alonso de Oliveira, por haver colaborado com a descoberta do esquema de

fraudes, faria jus aos benefícios da delação premiada previstos nos arts. 13 e 14 da Lei n. 9.807/1999. Argumenta-se

que, cabendo a concessão desse benefício ao réu colaborador no âmbito do direito penal – que tutela os bens

jurídicos mais caros à sociedade e reprime a conduta do infrator com a mais severa das sanções, que é a privação da

liberdade –, com maior dose de razão haveria tal benefício de aplicar-se ao acusado de ato improbidade na esfera

cível.

O argumento realmente impressiona. Todavia, e com o devido respeito, não me parece que o cabimento do

benefício da delação premiada nas ações de improbidade deva ser resolvido à base de semelhante critério. Por

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Page 22: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

outras palavras, para esse fim, o que importa não é a gravidade da sanção e nem o desvalor da conduta ou do

resultado ínsito ao tipo penal. Relevam, isso sim, as finalidades preponderantes das penas criminal e políticas

instituídas, respectivamente, na legislação penal e na Lei n. 8.429/1992.

Expliquemos melhor.

A pena privativa de liberdade imposta pelo Poder Judiciário àquele que pratica crimes tem, a par de um aspecto

pedagógico (prevenção geral e especial), uma , ou seja, representa elafinalidade preponderantemente retributiva

um castigo. Daí a admissibilidade de o legislador prever benefícios como o da delação premiada, cuja concessão,

atenuando a pena ou mesmo isentando o réu de seu cumprimento, quase nenhum risco causará à sociedade como

um todo.

Coisa diversa se passa com as penas políticas previstas na Lei n. 8.429/1992. Preordenam-se elas,

, não a castigar o agente ímprobo, mas sim a acautelar o erário, fazendo efetivos os princípiospreponderantemente

da moralidade, da impessoalidade e da legalidade que governam a Administração Pública. Assim é que o art. 12,

incisos I a III, da Lei n. 8.429/1992, estabelece penas de suspensa de direitos políticos, de proibição de contratar

com Poder Público e de receber incentivos fiscais ou creditícios. Percebe-se, pois, com bastante nitidez que o

legislador se preocupou muito mais em proteger a probidade administrativa de que punir o administrador desonesto.

Seria mesmo chocante que, tendo o réu desviado dinheiro público no exercício da função, pudesse o juiz da ação de

improbidade, em razão da delação premiada, mantê-lo à frente do cargo, isentando-o de qualquer pena (o que é

permitido na seara penal pela Lei n. 9.807/1999). Parece-me que essa possibilidade é taxativamente afastada pelo

próprio texto constitucional, cujo § 4º do art. 37 dispõe: “ ” –Os atos de improbidade administrativa importarão

veja-se que o verbo está no imperativo – “a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a

indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da

”.   ação penal cabível

Com essas razões, afasto o pedido de concessão dos benefícios da delação premiada, os quais, se for o caso,

deverão ser aplicados na ação penal em tramitação.

7. Passo à dosagem das penas.

Antes de tudo, cumpre ponderar que a sociedade não mais tolera que agentes públicos desonestos se valham do

cargo como oportunidade para enriquecer-se – ou enriquecer particulares – ilicitamente. Por outras palavras, é hoje

inaceitável que titulares de mandatos eletivos ou de funções públicas “ ”,façam de sua caneta um pé-de-cabra

expressão cunhada pelo Min. Carlos Ayres Britto em discurso que pronunciou quando de sua posse na Presidência

do TSE. Por essa razão, e tendo presentes os fundamentos exaustivamente expostos nos subitens ns. 4.1 a 4.8, além

da perda de eventual função pública que estejam exercendo (pena que, obviamente, não se aplica à ré pessoa

jurídica nem ao Espólio de José Mohamed Janene), imponho aos réus as seguintes penas:

a) réu Antonio Casemiro Belinati: suspensão de direitos políticos pelo prazo de oito anos; ressarcir solidariamente

com os demais réus condenados o dano causado ao erário, consistente na restituição do valor de R$ 212.479,00,

atualizado pelo INPC/IBGE e acrescido de juros de mora (6% ao ano até janeiro de 2003 e, após 12% ao ano),

ambos desde a compensação de cada um dos cheques identificados pela auditoria do Ministério Público na

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Page 23: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

informação n. 53/2013 (fls. 6345-6347); pagamento de multa civil correspondente a 110% (ou 1,10 vezes) do valor

do dano, atualizada pelo INPC/IBGE e acrescida de juros de mora (12% ao ano), estes contados do trânsito em

julgado; proibição, pelo prazo de cinco anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou

incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário;

b) réus Gino Azzolini Neto, Wilson Mandelli, Eduardo Alonso de Oliveira e Cassimiro Zavierucha (“Carlos

Júnior”): suspensão de direitos políticos pelo prazo de sete anos; ressarcir solidariamente com os demais réus

condenados o dano causado ao erário, consistente na restituição do valor de R$ 212.479,00, atualizado pelo

INPC/IBGE e acrescido de juros de mora (6% ao ano até janeiro de 2003 e, após 12% ao ano), ambos desde a

compensação de cada um dos cheques identificados pela auditoria do Ministério Público na informação n. 53/2013

(fls. 6345-6347); pagamento de multa civil correspondente a 80% do valor do dano, atualizada pelo INPC/IBGE e

acrescida de juros de mora (12% ao ano), estes contados do trânsito em julgado; proibição, pelo prazo de cinco

anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário;

c) réus Nelson Takeo Kohatsu, Mauro Maggi e Júlio Aparecido Bittencourt: suspensão de direitos políticos pelo

prazo de seis anos; ressarcir solidariamente com os demais réus condenados o dano causado ao erário, consistente

na restituição do valor de R$ 212.479,00, atualizado pelo INPC/IBGE e acrescido de juros de mora (6% ao ano até

janeiro de 2003 e, após 12% ao ano), ambos desde a compensação de cada um dos cheques identificados pela

auditoria do Ministério Público na informação n. 53/2013 (fls. 6345-6347); pagamento de multa civil

correspondente a 50% do valor do dano, atualizada pelo INPC/IBGE e acrescida de juros de mora (12% ao ano),

estes contados do trânsito em julgado; proibição, pelo prazo de cinco anos, de contratar com o Poder Público ou de

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa

jurídica da qual seja sócio majoritário;

d) réus Antonio Marcos Caetano, Edson Alves da Cruz e Mecânica Três Marcos Ltda: suspensão de direitos

políticos pelo prazo de cinco anos (pena que, naturalmente, não se aplica à pessoa jurídica); ressarcir solidariamente

com os demais réus condenados o dano causado ao erário, consistente na restituição do valor de R$ 212.479,00,

atualizado pelo INPC/IBGE e acrescido de juros de mora (6% ao ano até janeiro de 2003 e, após 12% ao ano),

ambos desde a compensação de cada um dos cheques identificados pela auditoria do Ministério Público na

informação n. 53/2013 (fls. 6345-6347); pagamento de multa civil correspondente a 20% do valor do dano,

atualizada pelo INPC/IBGE e acrescida de juros de mora (12% ao ano), estes contados do trânsito em julgado;

proibição, pelo prazo de cinco anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais

ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário;

e) réu Espólio de José Mohamed Janene: ressarcir solidariamente com os demais réus condenados o dano causado

ao erário, consistente na restituição do valor de R$ 212.479,00, atualizado pelo INPC/IBGE e acrescido de juros de

mora (6% ao ano até janeiro de 2003 e, após 12% ao ano), ambos desde a compensação de cada um dos cheques

identificados pela auditoria do Ministério Público na informação n. 53/2013 (fls. 6345-6347); pagamento de multa

civil correspondente a 90% do valor do dano, atualizada pelo INPC/IBGE e acrescida de juros de mora (12% ao

ano), estes contados do trânsito em julgado;

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Page 24: Sentença que condena Antonio Belinati, Antonio Carlos Belinati e outros

f) réu Antonio Carlos Salles Belinati: suspensão de direitos políticos pelo prazo de sete anos; ressarcir

solidariamente com os demais réus condenados o dano causado ao erário, consistente na restituição do valor de R$

212.479,00, atualizado pelo INPC/IBGE e acrescido de juros de mora (6% ao ano até janeiro de 2003 e, após 12%

ao ano), ambos desde a compensação de cada um dos cheques identificados pela auditoria do Ministério Público na

informação n. 53/2013 (fls. 6345-6347); pagamento de multa civil correspondente a 90% do valor do dano,

atualizada pelo INPC/IBGE e acrescida de juros de mora (12% ao ano), estes contados do trânsito em julgado;

proibição, pelo prazo de cinco anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais

ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário.

8. Deve-se desconsiderar a personalidade jurídica da empresa Mecânica Três Marcos Ltda.

Com amplamente demonstrado linhas acima, o seu administrador, atuando , exorbitou das atribuiçõesultra vires

contratuais que demarcavam os limites de seus poderes. Foi além, já que se valeu da capa da pessoa jurídica por ele

gerida para cometer crimes contra a Administração Pública.

Desse modo, fica, no caso concreto, desconsiderada a personalidade jurídica dessa sociedade empresária, a fim de

que responda pelos danos causados.

9. Do exposto, os pedidos formulados na petição inicial, o que faço comJULGO PROCEDENTES EM PARTE

fundamento nos arts. 10, incisos I, VIII e XII, c/c os arts. 11, caput, inciso I, e 12, inciso II, todos da Lei

8.429/1992. De conseguinte, hei por bem impor aos réus as penas e a obrigação de ressarcir o erário, na forma

discriminada nas letras “a” a “f” do item n. 07, supra.

Condeno os requeridos a pagar, , as custas e despesas processuais, mantido o decreto de indisponibilidadepro rata

de bens.

Sem honorários, haja vista figurar no polo ativo da relação processual o Ministério Público.

Após o trânsito em julgado: a) oficie-se à Justiça Eleitoral, comunicando-lhe a suspensão dos direitos políticos dos

requeridos; e b) proceda-se à alimentação do Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade

mantido pelo Conselho Nacional de Justiça.

Oficie-se à Justiça Federal (vide ofício 4534-4539 – evento 1.148), dando-lhe ciência da prolação desta

sentença, bem como solicitando que eventuais valores que sobejarem da arrematação de bens pertencentes

ao Espólio de José Mohamed Janene sejam transferidos a este Juízo.    

Processo resolvido com exame de mérito (CPC, art. 269, I).

P.R.I.

 

Londrina, 24 de junho de 2014.

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24/06/2014: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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 Marcos José Vieira

Magistrado 

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