senso incomum 014 - março 2013

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ARTE: Beatrice Bonami Rosa 3 sobre trilhos 5 247kg desperdiçados 9 coletivo carcará 12 marias JORNALLABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFU ANO 03 Nº 14 MARÇO ABRIL/2013

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Avaliar é necessário. Qualquer tipo de projeto ou trabalho precisa ser analisado nos seus méritos, erros, falhas, conquistas, perdas, objetivos alcançados e não alcançados. A questão problemática é quando temos de fazer essa análise de algo tão grande, amplo e complexo como o ensino superior público do país. A atual prova do ENADE, que é uma parte importante do sistema de avaliação do MEC, vem causando divergências e polêmicas pelo Brasil inteiro. Alunos em todo o Brasil boicotam a prova. Esse tipo de contestação do movimento estudantil tem ganhado repercussão e tem trazido o debate mesmo que de forma superficial, mas não tem se mostrado a melhor ferramenta de crítica ao exame e ao processo de avaliação. É uma forma válida de protesto, mas suas consequências, por muitas vezes, são preocupantes e acabam por piorar a situação dos cursos. É preciso partir para ações mais propositivas.

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Page 1: Senso Incomum 014 - março 2013

ARTE: Beatrice Bonami Rosa

3sobre trilhos5247kg desperdiçados

9coletivo carcará

12marias

JORNAL‐LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFUANO 03 Nº 14 MARÇO ‐ ABRIL/2013

Page 2: Senso Incomum 014 - março 2013

O MEC está nos avaliando bem? Falta pesquisa estudantil na EaDNeimar Alves

ExpedienteReitor: Elmiro Resende Santos / Diretor da FACED:Marcelo Soares Pereira da Silva / Coordenador docurso de Jornalismo: Gerson de Sousa / Professoresresponsáveis: Mirna Tonus, Christiane Pitanga,Marcelo Marques e Ana Spannenberg / Edição decapa: Carlos Gabriel e Thiago Lima / Edição defotografia e arte: Isabella Carvalho e Isley Borges /

Arte capa: Beatrice Bonami Rosa / Edição deopinião: Caio Nunes e Verônica Jellifes / Revisão:Mirna Tonus e Ana Spannenberg / Monitoria:Arthur Franco / Finalização: Danielle Buiatti

atualidadesEditores-chefe: Neimar Alves e Raissa DantasSub-editores: Ana Luiza Honma, Debora Bringsken,

Igor Miranda, Isabel Gonçalves, Lívia Rodrigues,Lucas Bonon, Lucas Tondini, Mariana Marques,Monique França

ciência e tecnologiaEditores-chefe: Leticia França e Juliana GasparSub-editores: Aline Pires, Daniela Ávila, JúniorBarbosa, Kênia Leal, Letícia Daniela, Michelle Júnia

cultura e lazerEditores-chefe: Emílio Lins e Hugo de SousaSub-editores: Guilherme Gonçalves, Isabela Lavor,Laura Junqueira, Laura Máximo, Luísa Salviano,Marilia Coelho, Priscila Mendonça, Laura Máxi-mo, Luísa Salviano, Marília Coelho, TaísBittencourt e Túlio Calegari

As experiências práticas nodesenvolvimento de pesquisas sãoimprescindíveis para aperfeiçoar osestudos aplicados em classe e ostrabalhos agregam conhecimentotanto à academia quanto à formaçãoprofissional dos docentes e discentesenvolvidos. A invetigação científicanasce da inquietação, carece de novasrespostas e conceitos ou reafirmapensamentos existentes. A formação,em qualquer nível de ensino, exige aprática prévia, pois os futurosprofissionais serão os responsáveispela aplicação na sociedade dosconhecimentos adquiridos e, porconsequência, cai por terra o falsopensamento de que pesquisas devemser feita apenas pelos que almejam acarreira acadêmica.Uma das modalidades de ensino,

que vem se popularizando nos últimosanos, é a educação a distância.Regulamentada no País em 1996,permanece em fase de consolidação epeca por não receber incentivosconsideráveis para o desenvolvimentode estudos científicos no âmbito dasuniversidades. Por se tratar de umprocesso de ensino-aprendizagem emque aluno e professor nãopermanecem juntos no mesmoespaço, há uma ingênua impressão deque as orientações seriam prejudicadase os trabalhos falhariam. Ledo engano,estudos adaptados a esse ritmo detrabalho podem ser desenvolvidos pordocentes e discentes, mesmo que adistância, como já ocorre com sucesso,com o ensino. A problemática maiorestá na liberação de verbas para aconstrução de laboratórios nos pólosde EaD que permitam aos alunos umespaço extraclasse fora do horário deaula e com a supervisão deprofissionais capacitados. O governofederal demonstrou preocupação emrelação às pesquisas sobre EaD, masfalha ao não incentivá-las dentro daprópria educação a distância.Em setembro de 2002, por

exemplo, o Ministério da Educação(MEC) sinalizou a criação do

Programa de Apoio à Pesquisa emEducação a Distância (Paped) .Projetos de mestrado ou doutorado,cujos temas fossem relacionados àeducação a distância e envolvessem aprodução de materiais didáticosmultimídia para transmissão viainternet, poderiam concorrer a umfomento federal. Pouco adiantou. Aboa proposta governamental deincentivo à aplicação das Tecnologiasde Informação e Comunicação (TIC)à educação simplesmente estagnou.Segundo informações da Coordenaçãode Aperfeiçoamento de Pessoal deNível Superior (CAPES) , os últimoseditais do Paped datam do ano de2005.A pesquisa é força-motriz das

universidades e, para que mais de dezmil estudantes à distância daUniversidade Federal de Uberlândia(UFU) exerçam atividades depesquisa, são necessáriosinfraestrutura adequada, laboratórios,fomento e estímulo docente. Não é oque se tem notoriamente observado naEaD. Enquanto há um forteinvestimento em ensino de qualidade,a pesquisa é inexistente. São ofertadasmais de 750 bolsas de iniciaçãocientífica aos alunos da modalidadepresencial e nenhuma aos de educaçãoà distância.Além de ensino de qualidade, é

necessário que os alunos estejam aptosà pesquisa. Na EaD, implica umprograma de trabalho engendrado deforma que o contato indireto entreprofessor e aluno não comprometa oresultado final. Estudos à distânciarequerem disciplina por parte dosestudantes e avaliações que confiramcom responsabilidade a qualidade dosestudos. Enquanto quase 1 ,6 miltrabalhos completos de pesquisasdesenvolvidas na UFU, na modalidadepresencial, foram publicados em anaisde eventos científicos nacionais, em2011 , temos o incômodo placar de quenenhuma pesquisa realizada pelaeducação a distância foi sequerdivulgada. Repito, nenhuma...

Avaliar é necessário. Qualquer tipode projeto ou trabalho precisa seranalisado nos seus méritos, erros,falhas, conquistas, perdas, objetivosalcançados e não alcançados. Aquestão problemática é quando temosde fazer essa análise de algo tão grande,amplo e complexo como o ensinosuperior público do país.

A atual prova do ENADE, que éuma parte importante do sistema deavaliação do MEC, vem causandodivergências e polêmicas pelo Brasilinteiro. Estudantes de vários cursos, devárias regiões do país boicotam a provacomo protesto ao atual método doMinistério da Educação de checar aqualidade das graduações. Esse tipo decontestação do movimento estudantiltem ganhado repercussão e tem trazidoo debate mesmo que de formasuperficial, mas não tem se mostrado amelhor ferramenta de crítica ao examee ao processo de avaliação. É umaforma válida de protesto, mas suasconsequências, por muitas vezes, sãopreocupantes e acabam por piorar asituação dos cursos. É preciso partirpara ações mais propositivas.

As universidades devem seravaliadas sim, ainda mais quandofalamos de instituições públicas que

utilizam verba do Estado. O dinheiroinvestido em uma instituição federal épúblico e, portanto, tudo feito com eledeve envolver prestação de contas coma sociedade, mas é importante que essaavaliação tenha o objetivo de constataros reais problemas e tentar melhorá-los, não apenas punir as faculdades quenão consigam bom resultado. Éimportante que o governo, no caso dasuniversidades federais, analise a fundoas falhas e as dificuldades dos cursosque estão se saindo mal nas avaliaçõese tente auxiliá-los da melhor maneirapossível.

É essencial uma política que nãovise apenas a punir ou premiar, masque vise um real diálogo com asinstituições com o fim de construiruniversidades mais bem-estruturadas ede qualidade. Políticas que realmentepossam deixar as autoridades cientesdas reais questões problemáticas e quetragam soluções e investimentos, nãoapenas punições. É preciso debater,discutir e analisar o assunto. Énecessário realmente trazer essa pautapara o meio acadêmico. A universidadenão é uma criança que precisa decastigo ou de presentes, ela precisa deestrutura e de suporte para que possacorrigir seus erros e evoluir.

Bazinga!Gabriel Zuccolotto

VOZESEDITORIAL

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Pesquisadores propõemmetrô de superfícieProjeto estuda viabilidade de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos em Uberlândia

Guilherme GonçalvesRepórter

Os ônibus de transporte públicolotados podem estar com os diascontados. Pesquisadores da UFU, emparceria com o governo municipal,estudam a viabilidade de implantaçãodo Veículo Leve sobre Trilhos emUberlândia. Os recursos para a pesquisaforam disponibilizados por emendaparlamentar do deputado federalWeliton Prado (PT/MG). A equipeenvolvida é formada por professores doscursos de Geografia, Arquitetura eUrbanismo, Engenharias Civil e Elétrica,Economia, Administração e Biologia.De acordo com o professor

Fernando Garrefa, do curso deArquitetura e Urbanismo, a expectativapela implantação do VLT é antiga. “Éum tipo de transporte que nósentendemos como sustentável, não tempoluição sonora e atmosférica, além detransportar mais passageiros”, explica. Oestudo ainda está no começo, foramfeitas visitas técnicas em cidades doBrasil e da Europa que já possuem osistema e agora é iniciada a modelagem,processo no qual se verificarão osmaiores fluxos de passageiros.Mesmo não tendo os resultados

Equipe da UFU desenvolve robôs com LegoIsabel GonçalvesRepórter

O inventor Ole Kirk Christiansenfundiu duas palavras em dinamarquêspara obter o nome Lego: "leg godt",que significa "brincar bem". As peças demontar são mundialmente famosasentre crianças e adultos e comemoram80 anos de existência em 2014. Asinúmeras combinações garantiram àempresa a posição de líder mundialno segmento de brinquedos infantis.O que muita gente não imagina éque, além de passatempo, as peçastambém são usadas em grandesinstitutos de educação, para que osalunos se aperfeiçoem em robótica,design e mecatrônica.

Na UFU, estudantes doscursos de graduação da Faculdade de

Engenharia Mecânica (FEMEC)desenvolvem projetos de robótica móvelutilizando os kits educacionais de montar.Orientados pelo professor Rogério Sales, aEquipe de Desenvolvimento em RobóticaMóvel (EDROM) abrange especialidadescomo: mecânica; elétrica e eletrônica;computação; cinemática; dinâmica;controle e otimização; inteligência artificial;projeto assistido por computador; biologiae geologia, entre outras.Segundo Sales, os alunos utilizam as

peças para montar e desenvolver todo orobô, desde a mecânica até o controle eprogramação, para que, assim, ele cumpradeterminada tarefa. Os projetos, além deserem aplicados em competições,possibilitam também o desenvolvimentode dispositivos robóticos que podemajudar as pessoas em atividades como

exploração de regiões de difícil acesso e nalocalização e salvamento de pessoas emregiões atingidas por catástrofes naturais,como terremotos e maremotos, entreoutras funções sociais.O grupo já conquistou resultados

importantes em grandes eventos. Em2012 foi campeã na CompetiçãoLatino Americana de Robôs, na qualjá havia conquistado o vice-campeonato em 2010 e 2011 . NaCompetição Brasileira de Robótica,em 2011 , ficou em primeiro lugar.Para a estudante de EngenhariaMecatrônica Carolina Verri, os mesesinvestidos na transformação dos kitsem robôs valem à pena. “Uma grandefelicidade é ver o seu trabalhocumprido. Os bons resultadoscompensam”, relata.

finalizados, o professor Garrefa acreditaque o Corredor da Avenida João Navesde Ávila seja o principal fluxo de pessoasem Uberlândia; o Campus Glória daUFU também seria contemplado. “Oveículo partiria do Glória, passaria pelaJoão Naves, no local onde hojecirculam os ônibus, e iria até oTerminal Central”, planeja. Ainstalação do trem não significa que osistema de ônibus será extinto naregião contemplada. “Ele pegará umfluxo maior e redistribuirá em rotas de

grande densidade. Os ônibus internosaos bairros continuariam a existir”,explica o pesquisador.Se confirmado o trajeto, o Campus

Santa Mônica também seriabeneficiado, bem como seusestudantes. Para Natália Melani,aluna do curso de Biotecnologia, comaulas nos campi Umuarama e SantaMônica, a obra facilitará muito amobilidade. “É uma ideia muitointeressante, porque as linhas quepassam entre esses campi sempre

estão congestionadas, além de aviagem ficar mais rápida”, opina.Os custos da obra também são

analisados com cuidado. O professorde economia Fábio Terra afirma que osgastos não são baixos e podem afetardiretamente na viabilidade do projeto.“O valor de implantação e manutençãodo VLT é muito alto, não é tão altoquanto o do metrô, mas ainda assimum grande investimento precisa serfeito”, pondera. A aplicação de grandequantia de dinheiro para ofuncionamento do veículo afetadiretamente o preço das passagens.Para mantê-las a um preço consideradojusto, Terra acredita que algumasalternativas deverão ser estudadas.“Precisaríamos ampliar o número deusuários do transporte público, atecnologia usada teria que ser avançadapara que o gasto energético sejapequeno. Além disso, algumasubvenção estatal precisaria acontecer”.Se viabilizada, a obra seria feita

com recursos federais, mas parceriascom as esferas estaduais e municipaisnão são descartadas. Os resultados dapesquisa devem ser divulgados paraas autoridades e população emsetembro deste ano.

TRANSPORTE

ARTE: Isabella Carvalho

Possível trajeto do metrô de superfície em Uberlândia, partindo do campus Glória

FOTO: Visa Freepik

Estudantes de Mecânica produzem robô que pode auxiliar diversas atividades humanas

Page 4: Senso Incomum 014 - março 2013

Tecnologia auxilia treinamento de taekwondo

Um gesto bem planejado pode ser adiferença entre a vitória e a derrota deum atleta. Pesquisadores nas áreas deEducação Física, Ciência da Computa-ção e Engenharias Biomédica e Elétricaestudam a relação entre os movimentosde lutadores de artes marciais - em es-pecial o taekwondo -, problemas mus-culares originados na prática deexercícios físicos e o desempenho dosatletas. O projeto multidisciplinar de-senvolvido na UFU aperfeiçoa os gol-pes dos esportistas, minimizando asdores que podem levar à ocorrência delesões. A pesquisa é fomentada pelaFundação de Amparoà Pesquisa do Estadode Minas Gerais(FAPEMIG) e exe-cutada por sete pro-fessores com o auxíliode alunos voluntáriose bolsistas de gradua-ção e pós-graduação.Adriano Pereira,

professor de Enge-nharia Biomédica e coordenador dapesquisa, propôs o projeto para queatletas e treinadores tenham suportetecnológico adequado para otimiza-rem as técnicas esportivas, pois, se-gundo ele, há baixo incentivo emesportes amadores no Brasil. O grupode voluntários inclui esportistas re-crutados em uma academia especiali-zada da cidade de Uberlândia, MG.O bicampeão brasileiro Adriano Jú-

nior pratica taekwondo há oito anos eintegra a pesquisa com vistas a atingir

uma boa colocação no Aberto do Riode Janeiro, no final de março. “É umcampeonato nacional que vale pontospara o ranking de classificação na seleti-va de entrada na Seleção Brasileira doano que vem”, explica. Os treinamentosacontecem cinco vezes por semana e asaferições da pesquisa auxiliam na me-lhora do desempenho do atleta pormeio de um plano de condicionamentofísico formulado por especialistas. “Afalta de flexibilidade sempre foi o maioríndice de lesão no taekwondo e ocasio-na distensão muscular”, alerta o técnicoda equipe, Ridenes de Lima. Segundo

ele, as regiões anteri-or e posterior da co-xa são as maisprejudicadas.

O doutorandoem Engenharia Elé-trica Daniel Fonsecaé o responsável pelacriação e aperfeiçoa-mento do software decaptura de imagem

usado na pesquisa. Ele propõe a distri-buição do programa a outros interessa-dos a um custo menor que os similaresestrangeiros. “As técnicas utilizadaspoderão ser empregadas na construçãode um sistema nacional com custo me-nor que os importados e mais acessí-vel”, afirma. O sistema empregado napesquisa é genérico e pode ser aplica-do em praticamente todos os esportese em outras áreas como na reabilita-ção de movimentos por meio da fisio-terapia e terapia ocupacional.

Expectativas

Adriano Andrade, professor deEngenharia Biomédica e integrantedo projeto, afirma que a pesquisaatende a interesses nacionais. “OBrasil vai sediar eventos importantes,como a Copa do Mundo e as Olim-píadas, e os órgãos de fomento estãoincentivando as pesquisas nessa área,principalmente visando ao desenvol-vimento de tecnologia nacional paraapoiar nossos atletas”, destaca. Aindasegundo o docente, o treinamento dealto desempenho exige muito do cor-po e, se os movi-mentos não foremfeitos de maneiraadequada, sem umplano de treinamen-to e alimentação,podem gerar umasobrecarga no corpoacarretando em dor,e o rendimento docompetidor é redu-zido. “A tecnologia pode ser umagrande aliada em auxiliar o atleta achegar ao seu ponto ótimo, aqueleque é o limite do corpo e o limiteda fís ica” , explica. No decorrer dapesquisa, ocorre a incorporaçãodos resultados obtidos ao treinodos atletas participantes .Segundo Pereira, além da tecnolo-

gia de ponta, pioneira na região, há acontribuição fundamental dos recur-sos humanos. “A ponta da lança é otreinador, se ele não conseguir seguir

o que os dados estão mostrando e nãoincentivar a equipe, o projeto cai porterra”, esclarece. Além dos docentes,estão envolvidos na pesquisa multidis-ciplinar cinco estudantes de graduaçãoe pós-graduação, oito atletas e o técnicoda equipe. “Estamos mudando o co-nhecimento das outras pessoas, se umtreinador que atua há muitos anos vêpossibilidade de melhorias e aceita asideias de pesquisadores que não enten-dem nada das regras de taekwondo, de-monstra humildade”, ressalva.A coleta e a tabulação dos dados

ocorrem a cada mês e, de posse dos cál-culos das variáveis, osparticipantes da pes-quisa debatem os re-sultados paraencaminhar treina-mentos adequados acada atleta como acorreção de errosgestuais. Para o dou-tor em Ciência doEsporte Silvio dos

Santos, a individualidade biológica é fa-tor preponderante ao traçar planos deexercício físico. “Há um substrato cientí-fico por trás de cada sessão de treina-mento, estamos tentando implementarisso para que a gente atinja um nível maiselevado rapidamente”, assinala. Traba-lhos acadêmicos com base na pesquisaestão sendo submetidos a congressosnacionais e a periódicos como maneirade divulgar os avanços encontrados. Paramais informações, acesse o endereço:sensoincomumufu.blogspot.com.br

Sistema de captura demovimentos e medição de dor permite aumentar rendimento de competidores

Neimar AlvesRepórter

"Estamosmudando o

conhecimentodas outraspessoas"

O sistemapode ser

aplicado emquase todosesportes

Adriano Pereira

FOTO

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Alves.ART

E:IsabellaCarvalho

INOVAÇÃO

Page 5: Senso Incomum 014 - março 2013

Campanha “Não aoDesperdício” alerta alunosIniciativa de estudante tenta reduzir o alto índice de descarte de alimentos na UFU

Quantidde de alimentos deixados nas bandejas surpreende:mais de 200quilos desperdiçados por dia

FOTO: Priscila CostaKênia LealRepórter

Campanha de conscientização sobreo desperdício de alimentos está sendorealizada no Restaurante Universitário(RU) do Campus Santa Mônica daUFU. Em média, são descartados 247quilos de alimentos por dia.O número de pessoas que se ali-

mentam no RU não é sempre o mesmo;em razão dessa oscilação, ocorre des-perdício de parte da comida produzidadiariamente. O restaurante oferece àcomunidade acadêmica duas refeiçõesdiárias, que são servidas em bandejaspelos funcionários, e os alunos, na mai-oria das vezes, não consomem tudo.A iniciativa partiu da aluna do

mestrado em Análise, Planejamento eGestão Ambiental no Programa dePós-Graduação em Geografia naUFU, Cyntia Andrade Arantes, queconfessa ter se surpreendido com osalimentos desperdiçados no Restau-rante Universitário. “Para ser sincera,quando tive a ideia de promover acampanha, não tinha noção de que assobras do RU eram tão significativas,pensava em números menores, masme surpreendi com a quantidade dei-

xada nas bandejas”, relata.Para a campanha, foram distribuí-

dos, no espaço do restaurante, carta-zes com dados e informações sobre odesperdício de alimento no Brasil eno mundo. Uma faixa grande tambéminforma aos usuários do RU a quanti-dade de comida desperdiçada no diaanterior e quantas pessoas poderiamser alimentadas com esse número. Deacordo com Cyntia, a intenção é sen-sibilizar os usuários, conscientizar e

provocar uma mudança de compor-tamento e atitude.

Outros problemas

O índice de sobras nas bandejas éalto, mas não é o único transtorno. Co-mo o número de pessoas que se alimen-tam no restaurante é variável, parte doalimento produzido não é consumida. Anutricionista Marília Neves Santos, queatua no RU, explica: “É feito um con-

trole, coletamos diariamente os dados elançamos em uma tabela, e assim con-seguimos ter uma dimensão de quantaspessoas se alimentam no almoço e nojantar e a variação por dia da semana,mas não é possível ter um número exa-to”.O alimento que resta nas panelas

dos restaurantes é próprio para o con-sumo, mas, de acordo com a Lei 3.071 ,de 1916, quem doa uma refeição pron-ta assume os riscos, caso venha a fazermal a alguém. A legislação prevê de-tenção de até cinco anos para o res-ponsável, mesmo que a comida sejadoada em boas condições e venha aestragar por deficiência no armazena-mento ou manipulação de quem a re-cebe. Por esse motivo, o excedente édescartado e não doado.A responsável pela campanha no

RU propõe algumas soluções para orestaurante. “Apesar da lei ferrenha,existe o chamado Banco de Alimentos,que recolhe os que podem ser reapro-veitados e leva para instituições de ca-ridade. Para os alimentos que nãopodem ser aproveitados, ou seja, aque-les que são descartados na bandeja, háa opção de compostagem, que é a pro-dução de adubo orgânico”, explica.

ENADE provocaquestionamentosnacomunidadeEmílio LinsRepórter

Para avaliar os cursos de ensino supe-rior em todo o país, o Ministério da Edu-cação aplica o Exame Nacional deDesempenho de Estudantes (ENADE),em todos os cursos de faculdades públicase particulares do Brasil. Na comunidadeacadêmica, muitos vêem a prova comouma forma equivocada de classificar asinstituições e os estudantes sobre conhe-cimentos específicos da sua área.O assunto ganhou destaque nos úl-

timos meses com a notícia de que ocurso de Ciências Sociais da UFU po-deria ser proibido de oferecer novas va-gas para o ingresso devido à baixaavaliação feita pelo MEC. O coordena-dor da graduação Rodrigo Barbosa ex-

plica que nunca houve ameaça definiti-va do corte de vagas. “A partir domomento em que a universidade secomprometesse a reverter essa situação,assinando um termo por escrito e apro-vando um plano de melhorias, essa sus-pensão seria cancelada. Foi só umaadvertência”, explica o professor.A baixa avaliação recebida se deve ao

boicote da prova do ENADE, feito por100% dos discentes. Marcos Campos,estudante de Ciências Sociais e mem-bro do Centro Acadêmico, afirma que oexame é falho. “Esse sistema vem, mui-to mais, para controlar as universidadesfederais. Para premiar ou punir”, avalia.Ele acredita que o ideal seria o MECaveriguar os motivos pelos quais umcurso recebeu uma nota ruim e auxiliá-lo, não simplesmente puni-lo por isso.

Contraponto

Do lado oposto dessa questão naUFU, o curso de Relações Internacio-nais, recentemente, conseguiu notamáxima na avaliação do governo. Ocoordenador José Rubens acreditaque o resultado reflete a qualidade dagraduação. “A prova é rica no sentidode apontar falhas, méritos e potencia-lidades”, reitera.A professora Marisa Lomônaco, pró-

reitora de Graduação da UFU, entende queé preciso responsabilidade na questão doboicote. “A manifestação tem que ser con-textualizada, os estudantes têm que saber oque estão fazendo, as conseqüências doque fazem, porque elas podem não ser fa-voráveis. Eu penso que os estudantes dasCiências Sociais têm essa clareza”, opina.

Método de avaliação do MEC gera polêmicas e críticas entre professores e alunos da UFU

O Boicote ao ENADE é uma campanha do Fó‐

rum Nacional de Federações e Executivas de

Curso (FENEX)

ATITUDE

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elas nasceram em8 de marçoSão elas que protestam e reinvindicam seus direitos pela igualdade de gêneros

Em meio aos ideais materialistas e diante da luta pelaigualdade e liberdade, placas são erguidas com ordens deprotesto pelo voto universal. No Reino Unido, ainda no final doséculo XIX, mulheres reúnem-se nas avenidas para propor àpolítica daquela época o direito de brandir a sua opinião nasdecisões do povo. Com as mãos calejadas e aos gritos,questionam as funções sociais dos indivíduos na era moderna.Suas pautas são diversas, incluindo mudanças burocráticas notrabalho e no divórcio. O movimento feminino surge com areivindicação pela democracia, que reconhece a profundidadeda diversidade humana. A sua primeira onda teve início noséculo retrasado, mas as suas ações continuam até hoje.O feminismo é a ação política das mulheres, que, enquanto

sujeitos históricos, buscam a transformação de suas atuaiscondições sociais, de modo que compreendem combatescoletivos distintos, com diferentes significados e contornos.Este movimento é uma luta universal heterogênea, de todxs

que reivindicam, desde o passado, uma série de direitosuniversais, como, por exemplo, a democracia. Ao contrário doque são colocadas, de modo estereotipado, tais ações surgemcomo uma forma de democratizar a sociedade, e não para elevaro perfil feminino acima do masculino.Apesar de o feminismo estar presente historicamente em

território brasileiro desde 1907, quando uma greve decostureiras por melhores condições de trabalho deflagrou umasérie de protestos a favor da jornada de oito horas, omovimento ganhou novos ares ao enfrentar o regime militar nasdécadas passadas. As mulheres contribuíram para a luta em prolda anistia e iniciaram uma nova crítica ao governo vigente, natentativa de resgatar a democracia da nação. Suas pautasabrangeram desde o direito dos homens à licença paternidadeaté a reivindicação contra o aumento do custo de vida, indo às ruas pelosseus direitos e modificando as normas tradicionais de que se limitavamao âmbito privado do lar, desconstruindo a segregação sexual.Atualmente, o contexto da luta das mulheres no país é

distinto e complexo, mas não menos importante do que nasdécadas passadas. Várias perspectivas e correntes teóricas seespalharam a fim de representar cada pessoa que se sentisse empoder da opressão de gêneros, combatendo o ideário superiormasculino. O feminismo deixa de combater apenas a diferençaentre os sexos, para abarcar também em sua luta a questão dascomunidades indígenas, a democratização dos meios decomunicação, a invisibilidade lésbica, o direito ao aborto, o quetorna o movimento fragmentado.

É o que destaca Carolina Gasparetto Barin, integrante do ColetivoNacional de Mulheres, da Executiva Nacional dos Estudantes deComunicação Social (ENECOS) , ao relatar que existem várias organizaçõesque planejam a ação das mulheres diariamente no país, mas que cada umadelas defende uma política. “Todas essas são bandeiras que carregamdiversos elementos em comum entre si e essa divisão das pautas feministasdificulta a compreensão de que o feminismo é algo que faz parte de uma lutapor uma transformação do mundo”, reforça a estudante.

O feminismo emmovimento

O meio acadêmico é uma forma de organizar reivindicações sociais quepartem para a reflexão e crítica a algum ideário vigente na sociedade. No iníciode 2011 um representante da polícia canadense ofereceu uma palestra em umauniversidade de Toronto relatando que as mulheres deveriam evitar se vestircomo prostitutas para não serem vítimas de abusos sexuais. A afirmação dooficial deu origem ao Slut Walk, que, no Brasil, recebeu o nome de Marcha dasVadias. Em Uberlândia, a vontade de construir o movimento surgiu no anopassado, em reuniões auto-organizadas por universitárias.“As mulheres estiveram isoladas por muito tempo, então é tempo de aglutinar

as forças para reivindicar nossos direitos”, é o que relata Flávia Franco, estudantede História da UFU e uma das diversas organizadoras da marcha. Em média, 30componentes se reúnem semanalmente para debaterem assuntos pertinentes aouniverso feminista, como a violência, o direito ao corpo, as etnias e os padrões debeleza, o que permite a diversidade de perspectivas.

Carlos Gabriel Ferreira

Repórter

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eDivulgação

Page 7: Senso Incomum 014 - março 2013

elas nasceram em8 de marçoSão elas que protestam e reinvindicam seus direitos pela igualdade de gêneros

Para que a ação em Uberlândia também afetasse a comunidade externa àuniversidade, as militantes entraram em contato com a Delegacia Adjunta daMulher e a Associação Homossexual de Ajuda Mútua (SHAMA), a fim deconvidá-las a compor a construção do movimento de igualdade de gêneros. “Omovimento é composto por todos e todas, e não apenas por mulheres que sesentem oprimidas em nossa sociedade, mas também daqueles que sereconhecem na luta diária pela democracia”, completa Flávia.A Marcha das Vadias aconteceu em Uberlândia no dia 9 de março pela

primeira vez, concentrando-se na Praça Clarimundo Carneiro, naAvenida Afonso Pena. Até o ápice da caminhada no centro da cidade nosábado, atividades foram realizadas ao longo do mês de fevereiro.Mulheres e homens discutiram os princípios do movimento social econfeccionaram cartazes, promovendo não apenas a visibilidade nas ruas,mas também a edificação ideológica e crítica da marcha na cidade,demonstrando sua importância.

Aflor que nasce em solo árido

“Loucas de indignação/ Mulheres vão à luta/ Loucas por querer respeito/

Mulheres vão à luta/ Loucas pelas prisões e opressões/ Loucas pelas prisões e

opressões machistas/ Loucas.. ./ Mulheres: Força/ Seguiremos em Luta”. É assimque as meninas do coletivo Flor de Cacto se apresentam ao público. BeatrizZocal, Geisyane Ferreira, Nathália Neiva, Núbia Tortelli e Mayara Biasi, doscursos de Medicina, Psicologia e História da UFU, organizam-se desde 2012para formar um coletivo que pensa acerca do modo como a mulher é tratada na

contemporaneidade, a fim de elaborar críticas e reflexões pormeio de intervenções no espaço acadêmico. “A flor de cactonasce em um lugar totalmente inóspito para se tornar algobonito, representando a força de luta”, justifica Beatriz.De acordo com o coletivo, é preciso entender que o

machismo é anterior ao capitalismo. Desde a Grécia Antiga, amulher era destinada à esfera privada da sociedade, isto é, suasfunções limitavam-se às casas, não as incluíam como sujeitos nahistória e com a possibilidade de mudanças; enquanto oshomens, por sua vez, estavam alocados ao espaço público dediscussão e comunicação. Esta ideologia acaba por apresentarindícios nos dias de hoje e toma novas formas no modo deoperação da economia. É o que explica Nathália, ao relatar queé necessário romper com o sistema vigente, que se apropria daimagem feminina, transformando-a em mercadoria em capas derevista e propagandas de cosméticos. Como indaga a aluna:“por que a gente tem que ficar restrita ao lar? É justamente paranão se criar lavanderias públicas, creches públicas, para quecontinuemos restritas em nossos supostos lugares”.As intervenções e discussões com xs demais alunxs da

universidade partem de diversas pautas, como a violência e o aborto,de modo a compartilhar diferentes articulações para tentartransformar a atual situação em uma cultura livre de preconceitos.Como relatam as estudantes, também é preciso combater o ideáriode que a igualdade de gêneros já foi conquistada, pois, em média, 15mil mulheres ainda são estupradas anualmente no país. “É precisoromper com o ideia de que, pra sermos bem-sucedidas, precisamosachar umpríncipe”, afirmaMayara.As reuniões do coletivo acontecem às quartas-feiras, às 18 horas,

nos campi Santa Mônica e Umuarama. Para mais informações sobreo grupo e como participar, basta acessar a página do Facebook dasmeninas: www.facebook.com/flor.decacto.52. Todxs estãoconvidadxs para a discussão e reflexão acerca das pautas feministas.

or tografia inclusivaortografia inclusivax

@Todxs, convidadxs? Quê? Estranhou a presença das letras “x” nolugar da colocação do “o” nas palavras em plural? Pois bem, édesta forma que surge a neutralidade linguística: uma forma deproporcionar maior igualdade também na escrita. A Proposta

com Inclusão de Gênero (PCIG) pretende limitar ou eliminar ahegemonia masculina nas determinações do plural, de modoque o idioma se torne o espelho da sociedade que o utiliza. Oemprego de “@”, “x” ou “æ” em seus mais diferentes termosdesigna a possibilidade de inserir o respeito colocado na

significação das palavras. Todxs estão incluídxs nas formas

mais justas de se expressar.

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UFU enfrenta problemas de infraestrutura

Desde 2008, a UFU criou 17 novoscursos de graduação através do REUNI,que integra o Plano de Desenvolvimentoda Educação. Com a expansão, auniversidade passa por problemas deinfraestrutura e não oferece espaço físicopara todos os Centros Acadêmicos (CAs)e Diretórios Acadêmicos (DAs). São 12 osque não possuem sala permanente:Biomedicina, Biotecnologia, Dança,Engenharia Mecatrônica, Fisioterapia,Gestão da Informação, Gestão da Saúde

Ambiental, Jornalismo, Nutrição, Sistemade Informação, Tradução e Zootecnia.O primeiro passo para conseguir uma

sala permanente é entrar em contato coma Prefeitura do Campus. O setor possui omapeamento e faz a gestão de todo oespaço físico da universidade.O DA de Sistemas de Informação

(DASI) existe há dois anos e meio e é umdos oito que não têm sede. GustavoTemplar, assessor geral do DASI,considera que a sede é necessária, já que ocurso possui cerca de 360 alunos, e que aUFU trata esse problema com descaso.“Nós criamos o DA e pedimos apoio para

os coordenadores, para o diretor e nada foifeito. Um ano depois, criaram o Programade Ensino Tutorial (PET) do curso e, emuma semana, eles já tinham sala”, desabafa.

Redistribuição Interna

O diretor de Assuntos Estudantis daPró-Reitoria de Extensão (PROEX) daUFU, professor Leonardo Barbosa,propõe uma solução. O contrato dealuguel de uma cantina localizada emfrente ao bloco 1B está vencendo e oslocatários não têm interesse na renovação.“Pretendemos transformar a cantina numa

extensão do Restaurante Universitário(RU) do Campus Santa Mônica.Esvaziaremos o bloco 1N, transformandotodo o bloco em área de CAs e DAs”,explica.Isso resolveria o problema de espaço

físico dos centros e diretórios acadêmicossem salas, enquanto a universidade nãocresce mais. “A nossa alternativa é aconstrução e ocupação do Campus Glória.Vários cursos serão deslocados para lá eteremos novas salas no Campus SantaMônica. Em um ano, provavelmente,teremos condições de alocar todos os CAse DAs sem sala”, informaBarbosa.

Centros Acadêmicos aguardam espaço físico

Infiltrações, alagamentos e equipamentos defeituosos são recorrentes nos edifícios

A estrutura física da UFU vempassando por diversas obras nosúltimos anos. Com a implantação doPlano de Reestruturação e Expansãodas Universidades Federais(REUNI) pelo Governo Federal, ainstituição recebeu grandes quantiasde verba pública para a construção denovos blocos, adequação e reformas.Porém, tantos recursos einvestimentos não impedem queproblemas de infraestrutura sejamencontrados e frequentementeidentificados pela comunidadeacadêmica.Com a chegada das chuvas, os

transtornos aumentam de formaconsiderável. Uma turma do curso de

Psicologia da UFU sofreu com goteirase infiltrações no dia 12 de dezembro de2012, em uma sala do bloco 8C, noCampus Umuarama. Wanessa Cristina,aluna que presenciou o incidente,relata: “Quando eu cheguei à sala, játinha um balde aparando uma goteira.Com o passar do tempo, a chuva foificando mais forte e partes do teto degesso começaram a cair”. Passados maisde dois meses, a sala continua com oteto sem forro.No dia 2 de fevereiro de 2013, após

uma forte chuva, parte de um dos murosdo Campus Santa Mônica cedeu com aforça da água. O bloco 3D também foiafetado pelo temporal, sofrendo umalagamento. Samara Castro, aluna deDireito, conta que inundações no localocorrem frequentemente. Afirma que

havia pessoas no bloco durante oincidente. “De repente, tínhamoscachoeiras nas escadas e o elevador queexiste dentro do bloco estava cheio deágua e barro também”, lembra.Antes desse imprevisto, bueiros

haviam sido instalados nas entradas doprédio para o escoamento da água, masnão foram suficientes. “Precisamos deuma estrutura que garanta a segurançada comunidade acadêmica”, opinaSamara.No Campus Pontal, os problemas se

repetem e os discentes reclamam dafalta de espaço físico. A ausência de umrestaurante universitário e de um prédioapropriado para a biblioteca é aprincipal queixa dos estudantes. Oaluno do curso de Geografia, EmersonOliveira, conta que a biblioteca estáinstalada em um espaço provisório einadequado para estudos, devido aoexcesso de barulho. O local já foi,inclusive, inundado. O estudante aindarelata o problema com elevadores quenão funcionam.Sobre os problemas encontrados nos

prédios recém-inaugurados dainstituição, o diretor de Infraestrutura eprofessor do curso de Engenharia Civil

da UFU, Antônio Carlos dos Santos,garante que os blocos são seguros eestão em condições de receber osestudantes. “A inauguração significa,para nós, o seguinte: dá para usar, mas,no momento da inauguração, nós temosuma vistoria preliminar, onde os fiscaisda universidade e da prefeitura andampelo prédio, identificam erros e coisasque não estão boas”, explica. De acordocom o diretor, a responsabilidade defazer reparos nas construções, quandonecessário, é da construtora, sem custosadicionais para a universidade.Santos diz que o processo de

fiscalização pode demorar a acontecer.Segundo ele, isso é natural, pois sãoconsideradas questões climáticas e édado um prazo de utilização da obrapara a verificação de possíveisproblemas. Nos blocos mais antigos eque já tiveram seus contratosencerrados com as construtoras, odiretor afirma que a responsabilidade derealizar reparos e manutenções é daDiretoria de Logística, e devem serfeitos mediante solicitações. “Asolicitação vai para a diretoria e éencaminhada para as divisões demanutenção”, explica Santos.

Parte do muro principal do Campus Santa Mônica despencou após forte chuva em fevereiro

FOTO: Junior Barbosa

Junior BarbosaRepórter

LIMITAÇÕES

Hugo de Sousa

Repórter

Entre em contato com a Prefeitura Universitária para solicitar reparos ou

manutenção em equipamentos, salas de aula ou relatar problemas. APrefeitura

Universitária fica no bloco da Reitoria, no Campus Santa Mônica:

Diretoria de Logística

WesleyMarques da SilvaEmail: [email protected]: (34) 3239-4358

Diretoria de Infraestrutura

Antônio Carlos dos SantosE-mail: [email protected]: (34) 3239- 4107

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Carcará é o novo Coletivo de Culturada cidade de Uberlândia. Da convergênciade artistas, produtores e apreciadores, nas-ceu, há cerca de quatro meses, o grupo. Aideia central é a troca de vivências ede criações autorais entre os próprioscolaboradores, que, além de produzi-rem coletivamente, socializam os con-teúdos entre parceiros do meio.A busca em contribuir para o cená-

rio cultural da cidade reuniu diversosgrupos organizados, como Arte Fos-ca, Bicicletada, Fora do Eixo, Rom-pendo Amarras, entre outros. ParaRafael Vaz, músico e produtor ligadoao Fora do Eixo, o Carcará é impor-tante catalisador de cultura para osenvolvidos, pois “todo ser humano éartista, só precisa de um incentivo”. Ocompanheiro de produção João Car-los Duarte complementa que a mu-dança no cenário político deUberlândia está vinculada ao desejode contribuir de maneira inovadora, epontua: “Como a mudança sempretraz coisas novas, nós também quere-mos ser algo novo”.Até o momento foram realizados

quatro eventos, nos bairros SantaMônica e Fundinho. Além de reunirdiversos setores da cultura de Uber-lândia, o Carcará prioriza incentivar a

produção autoral e democratizar es-ses produtos culturais locais em re-giões marginalizadas da cidade. ParaBruna Cristine Gomes, estudante deCiências Sociais da Universidade Fe-deral de Uberlândia (UFU) e mem-bro do Rompendo Amarras, “o maiordesafio do grupo é levar os trabalhospara quem não tem acesso, para asperiferias”.Duarte com-plementa que aideia do Carca-rá é realizar ospróximoseventos nobairro Morum-bi, inovandonas atividades,como saraugastronômico eoficina circense.O nome Carcará é referência à

canção de João do Vale e José Cândi-do. Bruna explica que a alusão é feitaporque “o pássaro ‘pega, mata e co-me’, tendo ligação tanto com o habi-tat, Cerrado, quanto com ainterpretação da música, de que tam-bém no cenário cultural é necessárioo fazer, no nosso caso, coletivamen-te”. Para a estudante, a importância

da articulação entre os coletivos devese ampliar também para entidades es-tudantis da UFU, incentivando as di-versas organizações para “reivindicare ocupar os espaços públicos, comoos da UFU”.A maioria do público é composta

por universitários como João PedroFigueiredo, que cursa Psicologia na

UFU. O estudante,que aprecia música eartes em geral, expli-ca que se interessapor acontecimentoscomo os realizadospelo Carcará, porserem em “espaçosabertos para as pes-soas mostrarem suaarte”. Ele comple-menta que “iniciativas

como essas são importantes, porque mo-dificam a cena local de cultura”.O primeiro espaço de construção

aconteceu na república Maloca, nobairro Santa Mônica, reunindo estu-dantes e integrantes do Arte Fosca,que ministraram uma oficina de gra-fite no local. O segundo foi um pou-co diferente: cerca de 50 pessoas sereuniram na Casa Verde para produ-zir música e poesia. O sarau contou

com um “palco aberto”, onde ospresentes compartilhavam a sua arteou tinham o primeiro contato comum instrumento musical. Já a ter-ceira construção coletiva mobilizouuma quantidade menor de partici-pantes, pois foi realizada em umaterça-feira chuvosa. Nela, o CineCasa Verde fomentou um debatecom base no filme francês “La BelleVerte” , com direito a pipoca e refri-gerante.Os eventos não têm nenhum fim

lucrativo. De acordo com o estudantede Ciências Sociais da UniversidadeFederal de Uberlândia (UFU) , Mar-cos Campos de Oliveira, o dinheiroarrecadado com ações entre os membrosdo Coletivo tem apenas o intuito de pro-duzir material para divulgação e ajudar oscolaboradores. “A intenção é cobrar umvalor simbólico de R$5 em alguns espaçose fazer rifas, apenas para manter a autono-mia do grupo”, explicaMarcos.O Coletivo de Cultura Carcará se

reúne periodicamente em encontrosidealizados à partir do grupo no Face-book. Os próximos eventos serão aber-tos à contribuição do público comideias ou participação na produção. Asdiscussões estão no grupo CulturaUberlândia: goo.gl/5CwLd.

Carcará: nova proposta cultural para a cidadeAgentes culturais se unem e organizam cena uberlandense para difundir produções e eventos locais

Carcará incentiva população na produção artística.

Lívia Machado e Raissa DantasRepórteres

CRIAÇÃO COLETIVA

“Todo serhumano éartista, só

precisa de umincentivo”

FOTO

:LíviaMachado

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Rio de Janeiro, Praça da Bandeira, nº4. Ponto tradicional de armação depicadeiros no século XIX, e terreno daEscola Nacional de Circo (ENC) há 30anos. Considerado legítimo espaçocultural e pedagógico direcionado à artecircense, cria meios de preservar edifundir a tradição milenar dessa arte,com processos seletivos para ingressode novos estudantes todos os anos.Embora localizada no Rio de

Janeiro, a ENC, mantida pela FundaçãoNacional de Arte (Funarte) , está muitopróxima dos estudantes de Uberlândia.Alguns alunos do curso de EducaçãoFísica da UFU têm contato direto com aarte ministrada na Escola, participandode seus cursos e processos seletivos.Mariana Matos, aluna da Educação

Física da UFU, está matriculada nocurso básico de um ano na ENC. Elaconta que se interessou por essa artequando assistiu a um musical gospel daBroadway, “Todo Olho Verá”. Pordançar no Centro de Cultura e ArteCristã da Igreja Sal da Terra (CCAC) ,órgão que apresentou o musical paraUberlândia e passou a oferecer curso

de Tecido Acrobático, Mariana teve aoportunidade de receber uma bolsapara começar a praticar amodalidade na cidade.Após se informar sobre a existência da

ENC por meio da internet, Mariana secandidatou para uma vaga e hoje faz parteda terceira turma do curso básico. Alémda possibilidade de ter contato comoutras formas de arte, ela comenta sobreos benefícios que a prática proporcionoupara sua vida. “A partir do momento emque comecei a treinar Tecido, ganhei

resistência, melhorei meu condicionamentofísico, a coordenação motora e o tônusmuscular”.Após o fim do curso básico, a

expectativa de Mariana é continuar naENC para finalizar o curso regular.Além disso, ela deseja viajartrabalhando com o Circo paraacumular o máximo de conhecimentopossível antes de voltar paraUberlândia. A aluna pretende terminara faculdade e abrir uma academia queofereça aulas de modalidades circenses,

dança e musculação.Aline Peres, estudante de Educação

Física da UFU, também teve aoportunidade de fazer parte da rotinado Circo e comenta que seu maioraprendizado está relacionado àconstrução de vida, futuro e caráter. "Ahistória do circo foi construída atravésde famílias que reuniam gerações deartistas que cresiam e aprendiamjuntos", afirma a aluna formada naprimeira turma de bolsistas da ENC.

A visão institucional

De acordo com o cubano AlexísGonzález, professor da ENC, ocontato de jovens com o circo éimportante, pois tal arte prepara ocorpo e a mente para os desafios davida, uma vez que o curso oferece nãosó formação física, mas tambémacadêmica. Embora a arte circense nãoseja muito valorizada no Brasil,González ressalta: “O circo foi umadas primeiras artes que surgiram.Todos os gêneros artísticos saíram dopicadeiro, por isso é tão importante”.

MarianaMatos é alunade Educação Física e destaca os benefícios adquiridos como treino comTecido

FOTO: Olavo Rocha Muniz

Mariana MolinaRepórter

Alunos de Educação Física da UFU conseguem bolsas para ingressar na Escola Nacional de CircoDo ambiente universitário para os picadeirosDIVERSÃO E ARTE

Patinação ganha força em Uberlândia

A patinação surgiu em meados doséculo XVIII, com o inglês Jean-JosephMerlin e, por volta de 1820, ganhouvisibilidade. Hoje, o esporte reúne cadavez mais adeptos. Um exemplo é oSabiá Inline, grupo que surgiu comamigos que queriam praticar algumaatividade físicaem Uberlândia.O servidor público Leonardo Santos

é membro desde a criação e conta quediversas pessoas os viam patinandopelo Parque do Sabiá e seinteressavam. “Aos poucos, o grupo foicrescendo e tomando forma.Decidimos, então, ‘organizar a casa’ edefinir algumas funções, paraadministrar melhor o próprio grupo emanter as coisas sob ordem”, explica.

O Sabiá Inline, apesar de seu poucotempo de existência, já tem diversasconquistas. Além de possuir

identidade e logomarca próprias, ogrupo conseguiu, juntamente com aFundação Uberlandense de Turismo,Esporte e Lazer (FUTEL) , umaquadra dentro do Parque do Sabiápara a prática do esporte e umdepósito para materiais, ondemantém seu escritório.

O integrante Wender Vecchi diz queandava de patins quando criança evoltou a praticar nos últimos meses. Eleafirma que, com o Sabiá Inline oesporte ganhou mais visibilidade nacidade. “Com certeza, a criação dogrupo alavancou a patinação emUberlândia, pois passou a ter uma

organização de horários, eventos elocais para futuros encontros”, opina.Atualmente, reúne mais de 450

integrantes no Facebook, em um grupochamado Sabiá Inline – Patins Parquedo Sabiá Uberlândia. Os encontros sãomarcados na rede social, e osparticipantes interessados devem levarseu próprio equipamento.

Problemas

Há poucas estruturasespecíficas para a prática da patinaçãoem Uberlândia. Nas pistas e rampasconstruídas pela Prefeitura, faltamanutenção. Em sua modalidademais agressiva, lugares como a Pistado Azul e a Pista do Jardim América,além de escadarias, bancos de praçase corrimões, são utilizadosinformalmente pelos patinadores,denunciam os praticantes.

Isabella Carvalho de PaulaRepórter

FOTO: Isabella Carvalho

Integrantes do Sabiá Inline se reúnem em qualquer período do dia

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ThiagoPethit,umaestrelacadenteIsley Borges

Quando ouço Pethit tenho a im-pressão de estar adentrando um cabaréfrancês dos anos 1940. Cortinas enor-mes de veludo vermelho. Mulheres lou-ríssimas com espartilhos negroscoladíssimos e sensuais. Muita genteconversando, fumando e bebendo. Eletem algo de teatral que incomoda. Enão incomoda porque é ruim, mas por-que é profundamente sincero, assim co-mo seu álbum, o "Estrela decadente".A obra foi lançada em agosto do últi-

mo ano e conta com nove faixas. CidaMoreira e Mallu Magalhães são estrelasparceiras. Metalinguagem, obscurantis-mo, cotidiano, pessimismo, percalçosamorosos são as principais temáticasdas músicas. O paulista, que iniciou car-reira em 2008, quer mostrar para omundo como é difícil ser estrela.“Estrela decadente” é mais ousado

que “Berlin, Texas”, primeiro disco doartista. É mais sentimental, geracional,

plural. Thiago “quer se perder por aí”,como canta em “Dandy darling”, quer“dançar com você, e basta só você que-rer”, como recita em “Pas de deux”,quer se rimar com Mallu, como em“Perto do fim”, quer dar até logo a umnovo amor, como deixa claro em “Solong, new love”. Quer tudo isso porque,quem sabe, é estrela decadente e querficar só com o seu choro, com a sua dor.Para ele, nada serve de consolo.Minha preferida é a oitava faixa,

“Devil in me”. Um Mick Jagger satânicomaquinado pelo cantor. A canção foiinspirada, claramente, em “Sympathyfor the devil”. Outra que merece desta-que é “Surabaya Johnny”. A segundamaior e mais importante cidade da In-donésia veio com uma pegada de bluesincrível e com a aspereza da voz de CidaMoreira, figura que já há algum temponão vemos nos meios de comunicação.Pethit esteve no Festival Grito

Rock, que ocorreu entre os dias 8 e 10de fevereiro, em São Paulo. ConvidouLobão, Cida Moreira e Michelli Pro-vensi para estar com ele no palco. Aapresentação teve como base as músi-cas do “Estrela decadente” e muitosamigos meus que estavam presentesdisseram que foi um show de fazerchorar. É por essas e outras que acre-dito na estrela de Pethit e no seu tra-balho de criação.

Orapécompromisso,nãoéviagemCaio Nunes

Há dez anos o rap nacional perdiaum de seus maiores pilares, Sabotage. Ohomem que transformava o rap brasi-leiro em algo novo, e o levava além dasfronteiras das favelas, morreu a tiros,perto de sua casa na Zona Sul de SãoPaulo. Sabota fez parte de uma era deouro do rap nacional, juntamente comRacionais MC’s e RZO.Sabota fez samba e trouxe banda pa-

ra a produção das tracks, além de parti-cipar de filmes. Nas palavras de RinconSapiência, um dos nomes do rap nacio-nal, “tudo que era tido como ‘subversi-vo’ de se fazer norap foi quebradopor ele”. Mas,mesmo assim,não fugia da“precariedade” dorap brasileiro, queé muito diferentedo superproduzi-do rap americano.Em sua mar-

cante, porémcurta trajetória, Sabota lançou apenasum álbum: "Rap é compromisso", de2001 , que conta com participações im-portantes, como a de Helião (RZO) eBlack Alien. O CD foi um marco na his-tória do rap. O trabalho traz a essênciado que era o som de Sabotage. Um dosprimeiros MC’s brasileiros a empregar

uma linguagem gangsta, ele fazia usointenso de gírias e muitas referências asua “quebrada”, a Zona Sul.O registro traz canções que viraram

verdadeiros hinos para o rap nacional. Afaixa que carrega o mesmo nome do ál-bum produziu um bordão para os rap-pers brasileiros, “O rap é compromisso,não é viagem”. A faixa traz outra caracte-rística das músicas de Sabotage, que sãoregistros “retalhados”. Muitas vezes, aletra da música não trata do mesmo temado refrão. Pode soar estranho, mas issosó tornava seu trabalho mais único. Se-

gundo um dos grandespilares do rap nacional,Kamau, “eu não me atre-veria a pensar em escre-ver um som dele”.Outros hinos do guetoque esse álbum traz são“Um bom lugar” e “Res-peito é pra quem tem”.“País da fome” talvez sejaa música mais visceral doregistro, ao tratar da morte

do irmão de Sabotage. As outras faixas dodisco são “No Brooklin”, “Cocaína”, “NaZona Sul”, “A cultura”, “Incentivando osom” e “Cantando pro santo”.Que o rap é compromisso, Sabota sa-

bia bem. E seu disco de estreia só nos fazpensar a que patamar chegaria o rap naci-onal caso ele ainda estivesse vivo.

O aspecto obscuro de umamente brilhanteO ano é 1968. Leon, um garoto de

10 anos, fracassa em uma tentativa desuicídio por enforcamento. Pouco de-pois, sua mãe, sentindo-se sufocadapelo marido, decide mudar de vida evai morar na Grécia, deixando seus fi-lhos com o pai.Enquanto seu irmão faz de tudo pa-

ra conseguir viver em uma família nor-mal (tudo o que sua família não era) ,Leon revira a casa dos seus vizinhosque estão viajando, conta mentiras ex-tremamente inteligentes para seu pai,finge ter um problema de visão parajustificar suas notas ruins na escola,enfrenta sem pudor sua professora emanipula contra todos. Léa, sua amigada mesma idade, foi abandonada pelopai e decide ajudar Leon a roubar di-

nheiro para comprar uma passagempara a Grécia, onde sua mãe está."Não sou eu! Eu juro", dirigido e

produzido por Phillipe Falardeau, re-trata uma infância perturbada, tema jáabordado em muitos filmes, mas nãode uma maneira tão surpreendente. Agenialidade de Leon impressiona a ca-da cena e faz com que um garotoatentado e mentiroso se torne, aomesmo tempo, querido pelo público.Recheado por filosóficas e ricas fra-ses, a obra encanta por trabalhar te-mas preocupantes de uma maneiranatural com uma pitada de humor.O amor entre duas crianças, que,

apesar da pouca idade, já têm maturi-dade suficiente para lidar com as maisadversas situações da vida, quebra o

ritmo dos acontecimentos do filme.Por outro lado, o romance vivido porLeon e Léa sana a ausência da figurafeminina e masculina de maior im-portância durante a infância.A trilha sonora é outra grande sa-

cada do diretor. As músicas parecemter sido feitas para o longa e entramnas partes mais tocantes. O roteiro dofilme é impecável durante toda a tra-ma, mas o momento-auge está nogrand finale. Com falas emocionantesdo ator que interpreta Leon, a tramaconsegue surpreender ainda mais oespectador, encenando um desfechoinesperado se comparado aos dos“contos de fada” a que costumamosassistir na grande maioria dos filmesfeitos com crianças.

Lucas Tondini

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Quem traz no corpo a marca:

"Maria, Maria,Mistura a dor e a alegriaMas é preciso ter manha,É preciso ter graçaÉ preciso ter sonho sempreQuem traz na pele essa marcaPossui a estranha maniaDe ter fé na vida..."

Milton Nascimento

Créditos:

Isabella CarvalhoIsley BorgesLetícia FrançaPriscila CostaRaissa Dantas

Marias!