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EDUCAÇÃO EM SERVIÇO: FERRAMENTA TECNOLÓGICA
UTILIZADA COMO ESTRATÉGIA PARA PREVENÇÃO DE
INFECÇÃO INTRAVASCULAR
Andrea Monastier Costa1, Marineli Joaquim Meier
2, Marilene Loewen Wall
3
INTRODUÇÃO: Programas de educação aos profissionais responsáveis pela inserção
e manipulação dos cateteres intravascular, são uma das principais estratégias
recomendadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease
Control and prevention - CDC para diminuir a incidência das infecções associadas ao
uso destes dispositivos(1-2)
. Resultado apresentado em estudo têm demonstrando a
efetividade dos programas de educação na redução do risco de infecção e na mudança
do comportamento da equipe (3,4)
. Outro relata a redução das taxas de Infecções
Primárias de Corrente Sanguínea - (IPCS) quando é aplicado basicamente estratégias de
educação fundamentadas nas recomendações do CDC ou nas orientações do Serviço de
Controle de Infecção – SCIH da própria instituição. Uma limitação de acordo com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa é que não há estudos que abordem o
resultado da adesão dos profissionais de saúde às recomendações das práticas de
prevenção de IPCS (4,5)
. Diante da importância das práticas educativas de prevenção de
infecções - a Anvisa vem produzindo desde 2008, manuais que abordam diferentes
questões pertinentes às principais questões relacionadas a síndromes infecciosas e
medidas de prevenção(5)
.Outro estudo que tem auxiliado as práticas educativas faz parte
da ―Campanha 5 Milhões de Vida‖, elaborado por uma Instituição americana ―Institute
for Health Improvement‖, os quais disponibilizaram um manual intitulado – Kit Inicial:
1 Enfermeira, Docente da Universidade Paranaense – UNIPAR. Mestranda em Enfermagem da UFPR,
membro do Grupo de Pesquisa em Tecnologia da Informação da Saúde (TIS/UFPR). Endereço: Afonso
Pena 2562, Cascavel- Paraná– fone: 45-91273415 e-mail: [email protected].
2 Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Chefe do Departamento de Enfermagem - UFPR Membro do
Grupo de Pesquisa NEPECHE. Rua Lothário Meissner, 632 Bloco Didático II Campus Botânico -
Curitiba- Paraná fone 3361-3765, [email protected]
3 Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação e do Programa de Pós –
Graduação em Enfermagem da UFPR – Mestrado e Doutorado . Membro do Grupo de Pesquisa
Tecnologia e Inovação em Saúde (TIS/UFPR). Rua, Lothário Meissner, 632 Bloco Didático II Campus
Botânico Curitiba- Paraná fone: 3360 7252, [email protected]
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Prevenindo Infecções em Cateter Venoso Central, elaborado para partilhar as melhores
práticas em áreas relevantes (6,7)
. OBJETIVO: Desenvolver uma prática educativa
como estratégia para prevenção de infecção relacionado ao cateter venoso central.
METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência relacionado a vivência de
uma prática assistencial em Educação em Serviço em uma Instituição Hospitalar na
cidade de Cascavel, Oeste do Paraná. A população foi constituída por 31 profissionais
da enfermagem que atuam na assistência ao paciente crítico. Sendo 02 enfermeiros
assistenciais, 01 do SCIH, 20 técnicos de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva
– UTI e 08 estagiários de cursos técnicos. Para guiar esta prática educativa foram
realizadas atividades fundamentadas nos conceitos de Castro (2001) (8)
, o qual trabalha
com o processo de capacitação de indivíduos que atuam em setores da saúde. Durante a
prática educativa participaram 31 sujeitos, sendo 02 enfermeiros assistenciais e 01 do
SCIH, 20 técnicos em enfermagem, 08 estagiários do Curso técnico em enfermagem.
No primeiro dia da prática educativa, no dia sete de outubro, período da manhã,
participaram 14 sujeitos, sendo 01 enfermeiro assistencial, 01 enfermeiro responsável
pelo SCIH, 08 técnicos em enfermagem e 04 estagiários e no período da tarde 07
técnicos de enfermagem e o enfermeiro do SCIH, o qual participou dos dois turnos da
prática educativa, totalizando os 22 sujeitos. No período da noite no dia dezenove de
outubro participou 01 enfermeiro, 04 técnicos em enfermagem e 04 estagiários do curso
técnico em enfermagem. RESULTADO: As práticas foram desenvolvidas seguindo as
etapas: 1. Levantamentos de necessidades de curso ou treinamento (diagnóstico):
Foi realizado uma reunião com a enfermeira no dia 27 de agosto de 2010, às 15:00
horas, nas dependências da Instituição Hospitalar, com o objetivo de identificar os
conteúdos importantes para planejamento da prática educativa, bem como, verificar o
perfil epidemiológico das infecções sanguíneas relacionadas ao cateter venoso central
no ano de 2010. A enfermeira responsável pelo SCIH solicitou trabalhar os dados
epidemiológicos das infecções de corrente sanguínea relacionados ao acesso venoso
central, bem como a prevenção das infecções. 2.Definição de prioridades: Sendo
então, organizados dois grupos em cada turno (manhã, tarde e noite). No segundo
momento foi verificado as normas de prevenção de infecção sanguínea relacionadas ao
acesso vascular (ISRC), já existente no Serviço. No terceiro momento, ainda dentro do
levantamento das necessidades foi verificado o perfil epidemiológico do ano de 2010,
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como estratégia de fortalecimento da prática. Foi constatado no período de janeiro à
setembro de 2010, nove casos de infecções de corrente sangüínea associadas a um
dispositivo intravascular, tendo 01 ocorrência/mês de infecção 3.Programação da
Educação: Foi realizada no dia 02 de setembro, após a solicitação dos temas. Nesta
fase foram utilizadas aproximadamente 10 horas, na qual foi estabelecido um
cronograma, organizado os contéudos ( video, aula, folder), instrumento de avaliação da
capacitação, com temas, duração, estratégia adotada, local e convidados.
4.Implementação/execução: Foram desenvolvidas 6 horas de capacitação , nos locais e
datas pré determinados com a colaboração do SCIH e a equipe de enfermagem nos
períodos da manhã, tarde e noite. Inicialmente utilizou-se um vídeo para chamar a
atenção frente a uma Journe Mondiale de' Higine des mains do Hôspitaux Universitaires
em Gèneve (9)
, no qual foi dado enfoque na higienização das mãos como uma das
estratégias que auxiliam na redução dos riscos para infecção. Após, foi realizada uma
discussão sobre o vídeo seguida da aula ministrada sobre a temática proposta.
Finalizando a prática foi fornecido aos participantes um folder com uma normativa
frente a prevenção das infecções sanguíneas relacionadas ao dispositivo intravascular. 5.
Avaliação dos resultados: Nesta fase foi aplicado um instrumento de avaliação das
atividades, o qual abordava itens relacionados a organização, planejamento e conteúdo
abordado na prática educativa, bem como uma questão referente a temática com o
intuito de verificar o ensino-aprendizado. Como resultado verificou-se que dos 31
sujeitos, 30 responderam os questionários. Desta forma, 02 enfermeiros responderam as
questões, 20 técnicos em enfermagem e 08 estagiários de enfermagem do Curso técnico
de enfermagem. Durante a avaliação da prática educativa foram respondidas 05
questões, sendo as respostas definidas com Discordo (D), Concordo (C), Indeciso (I) e
não respondeu (NR). Neste item foram avaliados a organização da Prática Educativa, o
conteúdo ministrado, a exposição do conteúdo, o esclarecimento de dúvidas relacionado
a temática, bem como a contribuição para a prática profissional. De acordo com os
resultados da avaliação da prática educativa, verificou-se que 01 sujeito não respondeu
as questões, pois fazia parte do SCIH e auxiliou durante a avaliação. Os demais
avaliaram a prática de acordo com a organização e planejamento de forma satisfatória.
Quanto as informações que o profissional acha importante para a prevenção das
infecções relacionadas ao cateter e que utiliza na sua prática 23 (74%) dos sujeitos
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afirmaram ser a lavagem das mãos antes e após o manuseio, 15 (5%) curativo
diariamente e quando necessário, 15 (5%) desinfecção com álcool a 70% antes da
administração de medicação, hemoderivados e ou outros, 13 (42%) ficar atento quanto a
data de inserção do cateter e retirada do mesmo, 12 ( 38%) observar o local de inserção
quanto a presença de sinais de infecção, 12 (38%) não responderam, 10( 32%) troca de
equipos conforme rotinas da CCIH, 10( 32%) uso de luva, 10( 32%) não usar
antibiótico tópico e 10( 32%) avisar o médico para retirar caso tenha sinais de infecção.
CONCLUSÃO: A prevenção de complicações das infecções relacionadas ao
dispositivo intravascular é um assunto de extrema importância na área de Controle de
Infecção Hospitalar, sendo a prática educativa uma estratégia que têm um impacto
positivo na redução da incidência das infecções. De acordo com o objetivo proposto
durante a prática educativa, houve uma participação efetiva dos funcionários de forma
planejada. Os resultados demonstraram satisfação na maioria dos sujeitos de acordo
com a organização e planejamento da prática, afirmando ser uma estratégia que
contribui com o aprendizado atuando como uma ferramenta importante na prática
assistencial. Conclui-se que é possível reduzir as taxas de infecções por meio de
aplicação de medidas preventivas cabendo a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar – CCIH, estimular a implementação de Programas Educacionais para que os
profissionais responsáveis pela inserção e manipulação do dispositivo vascular possam
desta forma, realizar práticas adequadas e aderir a estas medidas com o intuito de
contribuir com a melhoria da assistência prestada ao paciente. CONTRIBUIÇÕES:
Com estas iniciativas acredita-se contribuir com informações que irão fundamentar a
prática profissional, as quais devem ser realizadas de forma planejada e contínua para
que de fato, possa auxiliar na mudança de comportamentos, consequentemente de
práticas inadequadas. Diante dessas considerações, é evidente que um programa
educacional envolvendo vários profissionais de forma organizada, direcionando as
atividades para auxiliar na melhoria das práticas inadequadas podem auxiliar na redução
da incidência de infecções associadas aos dispositivos intravasculares.
DESCRITORES: cateterismo venoso central, infecções relacionadas ao cateter,
enfermagem
ÁREA TEMÁTICA: Tecnologia em Saúde e Enfermagem
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REFERÊNCIAS
1.CDC. Centers for Disease Control and Prevention. Reduction in Central Line—
Associated Bloodstream Infections Among Patients in Intensive Care Units---
Pennsylvania, April 2001- March 2005. Morbidity and Mortality Weekly Report,
Atlanta, v. 54,n.40,p.1013-1016, 2005.
2.CDC. Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for the Prevention of
Intravascular Catheter-Related Infections. MMWR 2002;51(RR-10):1-29.
3.COUTO,R.C.;PEDROSA, T.M.G. Infecção hospitalar e outras complicações não-
infecciosas da doença: Epidemiologia, controle e tratamento. 4°.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, p. 441, 2009.
4.APECIH. Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Infecção
Relacionada ao uso de Cateteres Vasculares. São Paulo (SP), 2005.
5.BRASIL, Manual Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Indicadores Nacionais de
Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Brasília, 2010.
6.INSTITUTE FOR HEALTH IMPROVEMENT. 5 Million Lives Campaign. Getting
Started Kit: Prevent Central Line Infection How-to Guide. Cambridge. MA, 2008.
http://www.ihi.org/IHI/Programs/Campaign. Acessado em 03 de set 2010.
7.MARCONDES, et al. Complicações precoces e tardias em acesso venoso central.
Análise de 66 implantes. Acta Cir Bras. 2000.
8.CASTRO, J. L. de. Gerência de pessoal nos serviços de saúde. In: Administração:
textos de apoio. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2001.
9.HÔSPITAUX UNIVERSITAIRES. Journe Mondiale de' Higine des mains. Gèneve,
(2010). http://www.youtube.com/watch?v=wLfT2-LYvV8. Acessado em 3 de set de
2010.
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