seminário-manifesto dos pioneiros

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Manifesto do Pioneiros da Manifesto do Pioneiros da Educação Nova Educação Nova Universidade Federal do Pará Programa de Pós-Graduação em Educação Mestrado em Educação – 2013 Políticas Educacionais Disciplina: Educação Brasileira Professora: Dra. Olgaíses Maués Belém-Pará Abril/2013

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Page 1: Seminário-manifesto dos pioneiros

Manifesto do Pioneiros da Manifesto do Pioneiros da

Educação Nova Educação Nova

Universidade Federal do ParáPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoMestrado em Educação – 2013Políticas EducacionaisDisciplina: Educação BrasileiraProfessora: Dra. Olgaíses Maués

Belém-ParáAbril/2013

Page 2: Seminário-manifesto dos pioneiros

ApresentaçãoApresentaçãoO tema deste seminário é sobre o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, desdobrado em 3 textos básicos:

1- O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932);

2- Manifesto dos Educadores Democratas em Defesa do Ensino Público (1959);

3 – O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas repercussões na realidade Educacional (Paschoal Lemme)

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O contexto históricoO contexto histórico Crise econômica pela dependência do café e de

mercados internacionais (Piletti, 2003) Frustração do ideário democrático: só podiam votar

os maiores de 21 anos do sexo masculino.(idem, 2003)

Fundação da Associação Brasileira de Educação em 1924.

Concepção salvacionista de Educação (Shiroma, 2011)

Reformas educacionais no âmbito dos Estados (1920 a 1928)

Inexistência de uma Política Nacional de Educação (idem, 2011)

Conflito pela hegemonia educacional: católicos e liberais (idem, 2011)

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Apresentação da 1ª ObraApresentação da 1ª Obra O Manifesto dos Pioneiros da Educação

Nova (1932) Tema: Manifesto pela reconstrução da

Educação no Brasil Problema: O abandono da Educação Pública

Brasileira pelo Estado e suas consequências frente as mudanças políticas, econômicas e sociais.

Tese: Renovar e adequar – pós revolução de 1930 - a educação brasileira às transformações econômicas por meio da proposição de diretrizes (políticas e pedagógicas) com vista a construção de um Sistema Nacional de Educação, sob o comando da União.

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ArgumentosArgumentos1. Ao Povo e ao Governo1. Ao Povo e ao Governoa)Destaca a falta de organicidade e visão

global da educação no Brasil e as micro-reformas dissociadas da realidade social e econômica. “É preciso uma plano integral”. Tais reformas já estavam em curso em países como México, Uruguai, Argentina, etc.

b) A Educação nova em contraposição ao modelo tradicional deixa de ser privilegio pela condição econômica e social para ser um direito a todo indivíduo (biológico),com as mesmas oportunidades.

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c) As finalidades da Educação condicionada aos interesses do indivíduo e não de classes, tem o seu ideal condicionado pela vida social, “mas profundamente humano, de solidariedade, de serviço social e cooperação”

2 - O Papel do Estadoa) O manifesto destaca a educação como essencialmente pública. O direito do indivíduo a educação é reconhecido pelo Estado, destacando também a educação familiar. Educação como funções do Estado e da Família.

Page 7: Seminário-manifesto dos pioneiros

b) Escola única, assentada nos princípios da laicidade (pública), gratuidade (igualitária), obrigatoriedade (progressiva aos 18 anos) e coeeducação (educação comum para homens e mulheres). O manifesto se posiciona a favor de uma escola para todos, sem abrir mão, no entanto, da defesa do ensino privado.

3 – A Função educacional:a) A Unidade da Função Educacional: O

sistema educacional, nos seus diferentes graus, se sustenta em bases e princípios únicos que devem concorrer para a formação completa do ser humano.

Page 8: Seminário-manifesto dos pioneiros

b) A autonomia da função educacional: Ampla autonomia técnica, administrativa e econômica. O Estado por meio da criação de um “fundo especial” deve assegurar os meios para o desenvolvimento da obra educacional.

c) A descentralização: A unidade não pressupõe uniformidade. Daí, a necessidade da descentralização – doutrina federativa e descentralizadora. Estabelece a criação de uma nova Constituição, na qual a União por meio do Ministério da Educação coordena Educação Nacional. Deve se criar um Plano Nacional de Educação.

Page 9: Seminário-manifesto dos pioneiros

4 - Plano de Reconstrução 4 - Plano de Reconstrução nacionalnacionala) As linhas gerais do Plano: Organicidade à educação

com a criação do Sistema Nacional de Educação. Propõe a articulação entre os graus de ensino e organização da Educação Profissional.

b) O ponto nevrálgico da questão: “É uma reforma integral da organização dos métodos de toda a educação nacional, dentro do mesmo espírito que substitui o conceito estático do ensino por um conceito dinâmico, fazendo um apelo, dos jardins de infancia à Universidade, não à receptividade mas à atividade criadora do aluno.”

c) O conceito moderno de Universidade: Criação de Faculdades de Ciências Sociais e Econômicas, Ciências Físicas, Matemática e Naturais, Filosofia e Letras, com foco no ensino, pesquisa e extensão. É a criação das universidades, gratuitas, para formação de uma nova elite.

Page 10: Seminário-manifesto dos pioneiros

d) Por ser a mais importante profissão, propõe-se a formação universitária a todos os professores, para a formação do espírito pedagógico único e remuneração equivalente.

Conclusão: O caminho de superação da crise

econômica, política e social do Brasil é possível por meio de uma profunda reforma educacional, sob o controle do Estado e das elites. Para tanto o manifesto apresenta as proposições.

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Apresentação da 2ª ObraApresentação da 2ª Obra Manifesto dos Educadores Democratas

em Defesa do Ensino Público (1959)Tema: Manifesto em Defesa do Ensino PúblicoProblema: O abandono da educação pelo

Estado e as resistências a reforma educacional. Nesse sentido, qual a saída para implementação das reformas educacionais?

Tese: Vontade política no cumprimento dos dispositivos constitucionais na aprovação da LDB e a superação da crise entre conservadores e liberais pelo princípio da liberdade disciplinada.

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ArgumentosArgumentos1- Mais uma vez convocados: a) Não ocorreram as reformas de base

propostas no Manifesto de 1932: a educação se manteve desarticulada e sem a atenção do estado;

b) O Ensino público continua sucateado: ensino primário em três turnos, ensino profissional deficiente e ensino secundário em baixo nível e professores mal remunerados e sem formação. Infra-estrutura e condições de trabalho deplorável, deficiencia financeira e expansão quantitativa.

c) Ausência de planejamento a longo prazo do Estado para a educação, frente ao crescimento demográfico, industrial e urbano.

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d) A juventude foi colocada à margem do direito à Educação. “Nenhum sacrifício, no entanto, se tem feito pela nossa mocidade e nenhum governo ainda elevou ao primeiro plano de suas cogitações esse problema fundamental,(p. 279)

2- O Manifesto de 32 e o projeto de Diretrizes e Bases:

a)O Ante-projeto da Lei de Diretrizes e Bases de 1933 foi reformulado em 1947. Em 1958 ainda estava em tramitação com fortes resistências do grupo conservador.

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d) Campanha contra a escola pública no processo de tramitação da LDB: Defesa da escola privada em detrimento do ensino público – a liberdade total e a liberdade disciplina. Experiencia na Italia, França e Brasil.

e) O manifesto defende o cumprimento da Carta Constitucional de 1946: Art. 167 “O ensino dos diferentes ramos será ministrado pelos Poderes Públicos e é livre à iniciativa particular, respeitadas as leis que o regulem”.

f) O manifesto se defende da acusação de que a educação é monopólio do Estado. Não defendem a liberdade total, nem o monopólio, mas a liberdade disciplinada.

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3 – Educação Liberal e Democrática para o trabalho e desenvolvimento econômico

a) “Mas a educação pública por que nos batemos, ontem como hoje, é a educação fundada em princípios e sob a inspiração de ideais democráticos:”

- Educação Universal- Obrigatória;- Gratuita;- Integral- Emancipação econômica- Educação Científica e Tecnológica

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Conclusão: A defesa da educação pública e da construção de uma sistema nacional de educação sob a égide do Estado consubstanciado no princípio da liberdade disciplinada (orgânica) e a resistência à liberdade total e monopolista.

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Apresentação da 3ª ObraApresentação da 3ª Obra O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas repercussões na realidade educacional brasileira (Pachoal Lemme)

Tema: Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e a realidade educacional brasileira

Problema: Uma leitura histórica do contexto econômico e político brasileiro revela os limites da concretização dos princípios educacionais demandados pelo Manifesto dos Pioneiros. Assim, como é possível um projeto de reconstrução da educação numa perspectiva democrática?

Tese: Uma educação democrática só é possível numa sociedade democrática.

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ArgumentosArgumentos

-Crise econômica global e seus reflexos na economia brasileira- a crise do café e a industrialização;

- Dependência econômica histórica do Brasil;- Crises Políticas: Fim do Império, Primeira

República, Revolução de 1930.- Analfabetismo e dependência cultural européia;

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Movimento de educadores e intelectuais pela renovação da Educação na esteira da Revolução de 1930;

Reformas pontuais na educação brasileira (Francisco Campos)

- O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova como resposta a questão social, econômica e política – 1932 a 1934;

- O golpe de Estado de 1937 e a frustração;- Renascimento em 1946 e o anteprojeto

da primeira LDB – (2222/57)- O Golpe de 64 e o fim das esperanças.

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Anos 80:- Crise do modelo econômico e seus efeitos

nefastos à educação;- Estatístas sombrias do quadro da

educação brasileira e concentração de riqueza

- As bases e princípios dos Manifestos dos Pioneiros adiados.

Conclusão: A implementação das bases e princípios de um projeto democrático só é possível numa sociedade democrática.

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Análise CríticaAnálise Crítica O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova é um marco na história

da educação brasileira. Representa um esforço político e técnico de educadores e intelectuais brasileiros que buscaram provocar mudanças substanciais na estrutura da educação brasileira com objetivo de modernizar a sociedade e preparar as elites e as massas para as transformações econômicas que emergiam.

Os signatários do Manifesto ousaram na sua proposta, uma vez que desde o desmantelamento do sistema de ensino jesuítico no Brasil provocado pelas reformas pombalinas no século XVIII, não havia um projeto global de reforma educacional que visualizasse todos os segmentos sociais. Mas como aponta o próprio Lemme (2005), o Manifesto dos Pioneiros, mesmo fundado numa perspectiva democrática, sustentava um modelo de sociedade homogênea. Assim, com uma visão totalizante, sem considerar os conflitos sociais e as diferenças de classe, sonhavam naquele momento a instalação de um modelo democrático a partir do nascimento de uma nova elite, científica e democrática.

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O contexto em que se deu o lançamento do Manifesto provocou reações em segmentos que há séculos inspiravam a pedagogia das escolas – uma pedagogia conservadora e calcada em métodos seculares. A resistência dos conservadores (católicos) aos princípios do manifesto confirmam uma visão reacionária e poderosa que se beneficiava de uma educação dual (massas e elites) na qual o Poder Central atuava para defender o status quo de uma elite que deste o império foi indiferente às mudanças sociais em favor dos trabalhadores. A proposta de renovar os fundamentos da ação docente (MIZUKAMI, 1986) e a prática pedagógica pressupunha desestruturar uma realidade posta, inovar a ambiências pedagógica com as bases de uma escola nova, onde o centro do processo de ensino e aprendizagem passa a ser o educando.

A repercussão do Manifesto na área da política educacional se fez lentamente e incompleta. Os avanços sempre foram seguidos de profundos retrocessos pela instabilidade política no modelo “democrático” instituído. A proposta de uma sociedade democrática forjada e sustentada por uma educação nova não logrou sucesso e a política de uma educação fundamentada na universalidade, gratuidade e obrigatoriedade se constitui ainda em pauta na política nacional sobre educação.

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O Manifesto se assemelha com políticas que estão em curso na atualidade uma vez que propôs um Plano de Reconstrução. O PDE foi lançado em 2007 com a proposta de provocar uma revolução na educação. Sua gênese, no entanto, escapa ao modelo democrático e conforme Saviani (2009), apesar de ser uma proposta ousada da União, se efetivou desconsiderando o Plano Nacional de Educação. O Manifesto foi fruto do debate de Conferências Educacionais e assinado por educadores os quais muitos eram filiados a Associação Brasileira de Educação, ao passo que o PDE foi lançado pelo governo, com amplo apoio da iniciativa privada.

Assim, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova marca a luta por uma educação de qualidade. Constitui uma referência na luta pela democratização da educação. Suas diretrizes, no entanto, pressupõem a reconstrução social que sustenta o modelo de desenvolvimento econômico capitalista e uma elite renovada e controladora das questões política e econômica.

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Importância das obras para a Importância das obras para a educaçãoeducação

A leitura histórica sobre a luta por uma educação de qualidade, a reflexão crítica sobre as políticas educacionais atuais e o engajamento por uma educação pública e de qualidade constitui elementos fundamentais que se anunciam nas obras apresentadas. Destaco, principalmente a reflexão feita por Lemme (2005) na qual problematiza as reformas educacionais com a idéia de uma sociedade democrática como condição de uma educação para todos, especificamente com a aniquilação da miséria social.

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ReferênciaReferência AZEVEDO, F. A Educação e seus problemasSão Paulo:

Melhoramentos, s/dLEME, P. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e sua repercussão na realidade educacional brasileira. Brasília: INEP, 1984 Disponível em: http://emaberto.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/81/83

  AZEVEDO, F. et al Manifesto dos Educadores Democratas

em Defesa do Ensino Público (1959) , in Paschoal Lemme: Memórias de um Educador, vol 4, Disponível em http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/321/322. Acesso jan 2007.

  AZEVEDO, F. et al Manifesto dos Pioneiros da Educação

Nova (1932), in Paschoal Lemme: Memórias de um Educador, vol 4, Disponível em http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf. Acesso jan 2007

Page 26: Seminário-manifesto dos pioneiros

LEMME, Paschoal. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas repercussões na realidade educacional. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 86, n. 212, p. 163-178, jan/abr. 2005.

  MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as

abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.     PILLETTI, Nelson. História da Educação. São Paulo: Ática,

2003.   SAVIANI, Dermeval. Plano de Desenvolvimento da

Educação: análise crítica da política do MEC. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

  SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia Marcondes de;

EVANGELISTA, Olinda. Política Educacional. 4 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011.