seminário discutiu gestão estratégica da água possibilidade de elevar a tarifa da água como...

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/2009 1 Jornal do Conselho Regional de Química IV Região (SP) Ano 18 - Nº 96 - Mar/Abr 2009 Seminário discutiu gestão estratégica da água Diadema Empresa que explodiu não tinha registro Pág. 20 Saneamento 100 milhões vivem sem acesso a esgoto tratado Pág. 16 Em comemoração do Dia Mundial da Água, o CRQ-IV, o jornal Gazeta Mercantil e a Edutech Ambiental promoveram um seminário que teve a participação de 170 profissionais. No evento, o governo estadual acenou com a possibilidade de elevar a tarifa da água como forma de coibir o desperdício. Pág. 3

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20091

Jornal do ConselhoRegional de Química

IV Região (SP)Ano 18 - Nº 96 - Mar/Abr 2009

Seminário discutiu gestão

estratégica da água

DiademaEmpresa que explodiu

não tinha registroPág. 20

Saneamento100 milhões vivem semacesso a esgoto tratado

Pág. 16

Em comemoração do Dia Mundial da Água, o CRQ-IV, o jornalGazeta Mercantil e a Edutech Ambiental promoveram um seminário que teve

a participação de 170 profissionais. No evento, o governo estadual acenou com apossibilidade de elevar a tarifa da água como forma de coibir o desperdício.

Pág. 3

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20092

Editorial

Conselho Regional de Química - IV RegiãoRua Oscar Freire, 2.039 - Pinheiros

CEP 05409-011 - São Paulo - SPTels. (11) 3061-6060 (Profissionais) e

(11) 3061-6061 (Empresas)Internet: http://www.crq4.org.br

e-mail: [email protected]

Escritórios Regionais:

Veja os endereços dessas unidadesde atendimento em nosso site.

O atendimento ao público na sede e nosescritórios é feito de segunda a sexta-feira,

das 9h30 às 15h

O Informativo CRQ-IV é uma publicação bimestral.Tiragem desta edição: 82 mil exemplares

PRESIDENTE: MANLIO DEODOCIO DE AUGUSTINIS

VICE-PRESIDENTE: HANS VIERTLER

1º SECRETÁRIO: LAURO PEREIRA DIAS

2º SECRETÁRIO: WALDEMAR AVRITSCHER

1º TESOUREIRO: ERNESTO HIROMITI OKAMURA

2º TESOUREIRO: JOSÉ GLAUCO GRANDI

Os artigos assinados são de exclusivaresponsabilidade de seus autores e podem

não refletir a opinião desta entidade.O CRQ-IV não responde pela qualidade

dos cursos divulgados. A publicaçãodestes visa apenas dar conhecimento

aos profissionais sobre asopções disponíveis no mercado.

ExpedienteCONSELHEIROS TITULARES: DAVID CARLOS MINATELLI,

ERNESTO H. OKAMURA, HANS VIERTLER, JOSÉ GLAUCO

GRANDI, LAURO PEREIRA DIAS, NELSON CÉSAR FERNANDO

BONETTO, NEWTON LIBANIO FERREIRA, PAULO CESAR A. DE

OLIVEIRA E WALDEMAR AVRITSCHER

CONSELHEIROS SUPLENTES: ANA MARIA DA COSTA FERREIRA,ANTONIO CARLOS MASSABNI, CARLOS ALBERTO TREVISAN,CLÁUDIO DI VITTA, GEORGE CURY KACHAN,JOSÉ CARLOS OLIVIERI, REYNALDO ARBUE PINI,SÉRGIO RODRIGUES E RUBENS BRAMBILLA

CONSELHO EDITORIAL: MANLIO DE AUGUSTINIS

E JOSÉ GLAUCO GRANDI

JORNALISTA RESPONSÁVEL: CARLOS DE SOUZA - MTB 20.148

ASSIST. COMUNICAÇÃO: EVILYN CRISTHINA DA SILVA - MTB 56.155

ASSIST. COMUNICAÇÃO: CARLA FREDERICO - MTB 47.409CAPA: ID: 257336 STOCKXPERT

PRODUÇÃO: PÁGINAS & LETRAS EDITORA E GRÁFICA LTDA.TEL.: (11) 3628-2144 - FAX: (11) 3628-2139

As medidas que os governos, empre-sas e entidades ambientais vêm adotan-do para evitar impactos mais drásticosque a prevista escassez de água geraránum futuro não muito distante é o desta-que desta edição. Numa iniciativa inédi-ta, o CRQ-IV se juntou ao jornal GazetaMercantil – o mais tradicional jornal deeconomia do País – e à empresa EdutechAmbiental, antiga parceira da entidade,para promover o seminário “GestãoEstratégica da Água”. A decisão de par-ticipar e apoiar diretamente um eventodessa natureza foi mais uma confirma-ção de que o CRQ-IV, há muito tempo,não tem limitado sua atuação ao que pre-vê a lei – fiscalizar o exercício profissi-onal –, mas sim procurado se envolverna discussão de temas do interesse detoda a sociedade.

O dia 27 de março foi marcado poracontecimento trágico na cidade deDiadema. A manhã mal havia começadoquando as emissoras de rádio e televi-são começaram a noticiar ao vivo umgrande incêndio num suposto depósito

de material de limpeza. O local era ladea-do por muitas residências e empresas.As imagens eram impressionantes: ex-plosões faziam levantar cortinas de fo-gos com 30, 40 metros de altura. Apóscada explosão, latões, que provavelmen-te armazenavam produtos altamente in-flamáveis, despencavam do céu, amea-çando atingir os homens do Corpo deBombeiros. Não houve mortes nem fe-ridos graves, mas muitas famílias perde-ram suas casas, cujas estruturas foramabaladas pelo intenso calor.

Este foi mais um de muitos casos quepoderiam ser evitados se houvesse uma me-lhor integração entre os órgãos públicos.É que, apesar de ter obtido alvará na prefei-tura de Diadema, a empresa operava clan-destinamente, pois não possuía registro noCRQ-IV. Isso significa que talvez nem man-tivesse entre seus funcionários algum Pro-fissional da Química. No mesmo dia da tra-gédia, o Conselho procurou a prefeituralocal para iniciar entendimentos com o ob-jetivo de traçar estratégias para que casoscomo este não voltem a acontecer.

Parabenizamos pela edição do jornaldesse Conselho, ao tempo em que soli-citamos permissão para reproduzir nonosso próximo informativo a matériaonde consta a entrevista do prof. CésarZucco [“A licenciatura em xeque”, man-chete da edição nº 95].

Ana Maria B de AlmeidaPresidente do CRQ-VII (BA)

O Informativo, por meio do presidentedo CRQ-IV, Manlio de Augustinis,agradece a deferência e informa queas matérias publicadas podem serreproduzidas mediante citação da fon-te. O Conselho informa, ainda, que temdesenvolvido várias ações destinadasa apoiar o ensino da química. Exem-plos disso foram as oficinas pedagó-gicas realizadas em 2007 e 2008. A en-tidade mantém, ainda, comissões for-madas por professores de escolas téc-nicas e superiores que discutem aper-feiçoamentos dos currículos. Em mar-ço (veja matéria nesta edição), foramrealizados encontros com professores.

Quero parabenizar o CRQ4 e sua equipepelas informações colocadas em seusite. O trabalho desenvolvido tem muitocontribuído para esclarecer dúvidas so-bre assuntos relacionados à preservaçãoambiental.

Carlos Roberto MartinsItauçu (GO)

Água e fogo

Cartas

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20093

Água

O governo paulista considera elevar atarifa cobrada pelo fornecimento de águacomo forma de forçar os consumidoresresidenciais e empresariais a evitar des-perdícios. O mecanismo foi defendidopela secretária de Saneamento e Energiado Estado, Dilma Seli Pena, durante o se-minário “Gestão Estratégica da Água”, re-alizado dia 23 de março pelo jornal Gaze-ta Mercantil, em parceria com o CRQ-IV,Edutech Ambiental e com patrocínio daCarbocloro. O evento, que teve a partici-pação de aproximadamente 170 pessoas,ocorreu no auditório do Conselho, em SãoPaulo, e foi alusivo ao Dia Mundial daÁgua, cuja data oficial é 22 de março.

A secretária Dilma falou sobre o au-mento da tarifa durante o painel de aber-tura do seminário – Oportunidades eco-nômicas da água e abastecimento segu-ro para consumo humano –, que tambémteve as participações do presidente daSabesp, Gesner de Oliveira, e do Quí-mico Industrial Paulo Finotti, diretor daSociedade de Defesa Regional do MeioAmbiente (Soderma) e integrante daComissão Técnica de Meio Ambiente do

CRQ-IV. Ela argumentou que o valorcobrado atualmente seria muito baixo,não incentivando cuidados para não ha-ver o desperdício. “Incorporamos nor-malmente gastos com comunicação, ce-lular, TV a cabo, internet. Porém, quan-do há reajuste no preço da água, é vistocomo um grande problema” comparou.A secretária completou afirmando quepara reduzir as perdas de água são neces-sários investimentos por parte das em-

ras, disse que algumas vêm tomando me-didas para minorar o problema. Estima-seem 40% a média de perdas dessas empre-sas. A Sabesp, disse Oliveira, nos últimosanos reduziu suas perdas de 32% para 28%e sua meta é chegar em 24% até 2010.

O Químico Industrial Paulo Finotti,que mediou o painel, lembrou que as com-panhias fornecedoras estarão obrigadas apagar pela utilização do recurso no Esta-do de São Paulo a partir de janeiro de2010. A cobrança será calculada com baseno volume de água perdida no processode fornecimento e sobre a quantidade deágua poluída lançada no esgoto. A tarifaserá devida aos comitês de bacias do Es-tado que, de acordo com Finotti, vão apli-car a arrecadação em obras de infraes-trutura destinadas justamente a reduzir asperdas. Ainda segundo o integrante daComissão Técnica de Meio Ambiente doCRQ-IV, as companhias serão impedidasde repassar aos consumidores os custosdecorrentes de tais pagamentos.

O segundo painel – Uso sustentávelda água –, teve as participações do se-cretário nacional de saneamento am-biental do Ministério das Cidades, Ale-xandre Carlos, e de Laura Stela Naliato,Diretora do Departamento de Gerencia-

Seminário no CRQ-IV debateu gestãoSecretária defende elevação da tarifa como forma de barrar o desperdício

Evento ocorrido na sede do CRQ-IV foi prestigiado por mais de 170 profissionais de várias áreas

Fotos: Alex Silva

A secretária de Saneamento e Energia Dilma Seli Pena

presas de abaste-cimento e para is-so também serianecessário o rea-juste das tarifas.

O presidenteda Sabesp, Gesnerde Oliveira, nãofez comentáriossobre a ideia de suacolega de governo.Ao falar sobre aquestão envolven-do as perdas deágua das compa-nhias fornecedo-

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20094

Ao fazer a abertura do encontro, o Engenheiro Industrial – Modalidade Química,Manlio de Augustinis, presidente do CRQ-IV, enfatizou sua satisfação com o evento.Segundo afirmou, a entidade não poderia se abster do debate em torno da preser-vação de um recurso natural tão precioso quanto a água. Ele ressaltou que o Con-selho tem dedicado especial atenção às questões relacionadas ao meio ambienteinformando que, em 2006, constituiu uma comissão de profissionais da químicaespecializados para tratar desses assuntos. O grupo já organizou seminários, cur-sos e palestras e tem colaborado constantemente com trabalhos desenvolvidos noConselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e na Associação Brasileira deNormas Técnicas (Abnt). A comissão também publicou a Cartilha de Meio Am-biente, cujo lançamento se deu em novembro de 2008, durante a Feira e Seminá-rio Internacionais do Meio Ambiente.

mento de Recursos Hídricos da Secre-taria de Meio Ambiente do Estado de SãoPaulo. O representante do governo Fe-deral apresentou as etapas do Plano Na-cional de Saneamento Básico (Plansab)e do projeto Com+água.

O Plansab, quando aprovado, constitui-rá o eixo central da política federal para osaneamento básico. “O plano será instru-mento fundamental para definição de me-tas e estratégias de governo para o setor”,explicou Alexandre Carlos. Já o Com+ águatrabalha o gerenciamento integrado da água.“O projeto tem por objetivos o combate àsperdas de água e o uso eficiente de energiaelétrica em sistemas de abastecimento, pro-pondo uma gestão integrada e participativaentre estado e população”.

Laura Stela Naliato afirmou que o usosustentável da água se dá através de umapolítica de recursos hídricos onde deve ha-ver planejamento e gerenciamento. “Umapolítica nesta área caracteriza uma formade conscientizar e estabelecer controle so-bre os excessos e desperdícios”, afirmou.

O reuso da água na indústria, tema doterceiro painel do evento, teve apresen-tações de Aníbal do Vale, diretor comer-cial da Carbocloro, e de José Carlos Mier-zwa, coordenador de projetos do CentroInternacional de Referência em Reuso deÁgua (Cirra) e professor da Escola Poli-técnica da Universidade de São Paulo.

“Nosso negócio precisa de água”, re-sumiu Vale, esclarecendo que, pelas ca-racterísticas de seus produtos, a Carbo-

cloro utiliza grandes volumes de água. Acapacidade instalada permite a produçãoanual de 360 mil toneladas de cloro, 400mil toneladas de soda líquida, 50 mil to-neladas de soda anidra, 480 mil tonela-das de ácido clorídrico, 340 mil tonela-das de hipoclorito de sódio e 140 miltoneladas dicloroetano. A fábrica está lo-calizada na cidade de Cubatão (SP) e re-tira a água dos rios Cubatão e Perequê.

Os projetos que a empresa tem paraelevar o porcentual de aproveitamento daágua captada foram os pontos de desta-que da apresentação de Vale. O patamaratual é de 46% e, até 2010, a empresaquer chegar a 80%.

O professor José Carlos Mierzwa, doCirra fez uma apresentação sobre os ob-jetivos da entidade. Explicou que o cen-tro promove e desenvolve pesquisas etecnologias na área de gestão de recur-sos hídricos, notadamente no que dizrespeito à institucionalização e regula-mentação da prática de reuso no Brasil.O representante do Cirra lembrou queeconomizar água também reduz o con-sumo de energia e horas trabalhadas.Para exemplificar, citou o caso da Kodak,que ao recorrer a programas de reuso eotimização conseguiu cortar em 9,3% acaptação de água e aumentou a produti-vidade em 76 horas mensais.

A legislação hídrica no Brasil e a re-visão da Portaria MS 518/04 foi o temado quarto e último painel. Em sua pales-tra, o diretor de Saúde Ambiental e Saú-

de do Trabalhador da Secretaria de Vigi-lância em Saúde do Ministério da Saú-de, Guilherme Franco Neto, falou que,apesar do Programa Nacional de Vigilân-cia em Saúde Ambiental e a da portariaestabelecerem as diretrizes e princípiose os padrões de potabilidade da água paraconsumo humano, mais de 2 milhões depessoas no Brasil ainda vivem em áreasem que a água está contaminada. Esse nú-mero, aliás, pode estar subestimado selevado em conta que mais da metade dapopulação não dispõe de esgoto tratado,o que pode se tornar uma fonte de con-taminação da água (veja matéria sobre oassunto nesta edição).

Mesmo tendo confirmado sua pre-sença, a coordenadora da Câmara Téc-nica de Saúde Pública da Associaçãodas Empresas de Saneamento BásicoEstaduais (Aesbe), Vasti Ribeiro Facin-cani, precisou cancelar sua participa-ção. Foi substituída pelo Bacharel emQuímica Marco Sillos, diretor da Edu-tech Ambiental, uma das organizadorasdo seminário.

Durante sua exposição, Sillos comen-tou que, apesar de exigir investimentoselevados, que chegariam à casa dos bi-lhões de reais, a gestão estratégica da águaé um assunto que gera muitas oportuni-dades de negócios para as empresas.

Os arquivos com as apresentaçõesfeitas durante o seminário podem seracessados a partir da versão on-line des-ta edição, em www.crq4.org.br.

Paulo Finotti, representante do CRQ-IV

Água

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20095

Controle de pragas

Pós-graduação

Anvisa propõe fimda RT para Técnicos

CRQ-IV envia parecer alertando sobre ilegalidade

Em mais uma medida que poderáalijar os Técnicos Químicos de exer-cerem plenamente suas atribuições, aAgência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa) lançou, no fim do anopassado, uma consulta pública (CP76/2008) propondo a revisão da reso-lução (RDC 18/2000) que estabeleceuo regulamento técnico para o funcio-namento de empresas controladorasde vetores e pragas urbanas. Um dositens da proposta prevê que o Res-ponsável Técnico (RT) por tais em-presas seja um profissional de nívelsuperior.

O CRQ-IV se manifestou sobre aconsulta pública em fevereiro, pedin-do a revisão do citado item. A entida-de alertou que, pela legislação em vi-gor e também conforme decisões ju-diciais envolvendo tema idêntico ousemelhante, não cabe à Anvisa definirquais são os profissionais que podemexercer a Responsabilidade Técnicapor empresas da área química. Esta éuma prerrogativa dos CRQs.

Além de apontar a ilegalidade daeventual inclusão desse item na revi-são da RDC, o CRQ-IV advertiu quea medida afetaria profissional e emo-cionalmente a vida de dezenas de téc-nicos que hoje atuam como RTs. Háregistradas na entidade cerca de 350empresas controladores de pragas ur-banas, das quais aproximadamente 60%possuem técnicos de nível médio exer-cendo a Responsabilidade Técnica.Segundo destaca o documento envia-do à Anvisa, a tentativa de subtrair des-ses profissionais a condição de res-

ponsáveis técnicos “representará, namaioria dos casos, o desemprego e,muitas vezes, o fim de suas carreiras,acarretando-lhes, inclusive, danos deordem moral e material irreparáveisque, em tese, poderão vir a ser ob-jeto de ações judiciais contra o Go-verno Federal”.

O prazo para novas manifestaçõesjá está encerrado e não há data paraque a Anvisa se pronuncie sobre elas.Acesse a versão on-line desta ediçãopara obter cópia da CP e do ofícioenviado pelo CRQ-IV.

SaneantesEstá previsto para maio o início

das aulas da terceira turma da pós-gra-duação em Tecnologia de ProdutosSaneantes, organizado pela Associa-ção Brasileira de Aerossóis e Sanean-tes (Abas). Com apoio do CRQ-IV eda Anvisa, o curso foi elaborado e écoordenado pelo Químico IndustrialUbiracir Fernandes Lima Filho, quetem doutorado em Vigilância Sanitá-ria e atuou na Gerência Geral de Sa-neantes da agência reguladora.

As aulas acontecerão na sede doCRQ-IV, às sextas-feiras, das 18h30às 22h30, e aos sábados, das 8h30 às18h. Informações devem ser solici-tadas exclusivamente pelo tel. (11)5505-1663 ou pelo e-mail [email protected]. Os profissionais registradosno CRQ-IV terão desconto nas mensa-lidades e poderão concorrer a bolsasde estudo parciais.

TintasO CRQ-IV sorteará duas bolsas que

garantirão aos contemplados descon-to de 45% nas mensalidades do cursode pós-graduação em Tecnologia deTintas, que as Faculdades OswaldoCruz darão início em maio.

Coordenado pelo Químico Indus-trial Laércio Romeiro, o curso é des-tinado a profissionais da química denível superior, além de outros gradua-dos que atuam como gestores de em-presas do setor. A pós-graduação teráduração de três semestres, com aulasà noite. Mais informações em www.oswaldocruz.br/pos.

Para participar do sorteio, envie e-mail para [email protected] informando seus dados. Somen-te poderão participar profissionais quetenham registro de nível superior noCRQ-IV. O sorteio acontecerá dia 30 deabril. O resultado será informado no site.

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20096

Prefeitura condenada porirregularidade em ETApor Lilian Guimarães, advogada do CRQ-IV

Como amplamente divulgado pela imprensa, o dia 22 demarço foi marcado por várias manifestações e importantesestudos em comemoração ao “Dia Mundial da Água”. Em-bora todos saibamos da importância deste tema, especial-mente em relação à escassez de água no planeta e às políti-cas necessárias para a adoção de práticas que gerem a eco-nomia desse recurso natural essencial à vida, infelizmenteainda nos deparamos com situações em que a água ainda nãomerece a atenção e o cuidado devidos.

Aproveitando a importância do tema, ora divulgamos sen-tença proferida em 06/03/2009, pelo Juiz da Comarca deDracena/SP, em processo judicial movido pelo CRQ-IV con-tra a prefeitura de Ouro Verde, em que foi expressamentereconhecida a obrigatoriedade de a municipalidade zelar paraque as atividades inerentes ao tratamento da água servida àpopulação sejam conduzidas e realizadas por Profissional

da Química habilitado no CRQ-IV.A prefeitura havia sido fiscalizada e multada pelo Con-

selho ante a constatação da ausência do químico responsá-vel pela estação de tratamento e distribuição de água e, antea persistência na situação irregular, foi proposta a ação como objetivo de reverter tal cenário.

Com sábio entendimento, o juiz Fábio José Vasconce-los, expôs em sua decisão que: “O tratamento de água éatividade que exige a atuação de químico, enquadrando-se em suas atribuições (art. 2º, III, Decreto nº 85.877/81).Em igual sentido a Portaria nº 518 de 25.03.01 do Minis-tério da Saúde, colacionada pela embargada as fls.73.Com a exigência e presença do respectivo profissional,procura-se afastar risco de comprometimento da quali-dade e segurança do tratamento de água distribuído àpopulação do município.”

Esperamos que casos como este sejam banidos do cená-rio atual e que realmente haja uma maior responsabilidadesocial e conscientização sobre a questão.

A cópia da decisão está disponibilizada no site doCRQ-IV (www.crq4.org.br).

Literatura

Livro detalha atabela periódicaO Informativo CRQ-IV sorteará nesta edição dois conjun-

tos de publicações da Quimlab Química, uma empresa especia-lizada na comercialização de materiais de referência, padrõesquímicos e produtos de química fina. A empresa também in-veste em pesquisa, tendo seu mais recente trabalho – o desen-volvimento de fibras acrílicas para a indústria têxtil – sido des-taque na edição de fevereiro deste ano da revista PesquisaFapesp.

Cada conjunto a ser sorteado contém um exemplar do li-vro Guia dos Elementos Químicos, de Nilton Pereira Alves,diretor da empresa, e um exemplar da Tabela Periódica dosElementos Químicos – A história das descobertas. O sor-teio ocorrerá dia 30 de abril e o resultado será publicado naseção “Novidades” do site do Conselho (www.crq4.org.br).Podem participar profissionais e estudantes em situação re-gular na entidade. Um dos conjuntos será destinado aos pro-fissionais que atuam como professores de química e o outroaos demais interessados.

Para concorrer, envie carta, fax ou e-mail para a Assesso-ria de Comunicação ([email protected]) comas seguintes informações: nome, número de registro no CRQ-IV e cidade onde reside. Na parte externa do envelope ou no

campo “assunto” do e-mail/fax, escreva a pala-vra “Sorteio”, acompa-nhada do título “GuiaQuímico”. Os profissio-nais que trabalham comoprofessores deverão in-formar o nome da esco-la onde lecionam. Osestudantes deverão es-crever a palavra “Estu-dante” ao lado do nome.As obras estão disponí-veis para consulta na Bi-blioteca do Conselho,tel. (11) 3061-6039 e e-mail crq4.biblioteca@total work. com.br).

Os interessados em comprar essas publicações devem en-trar em contato com a Quimlab, telefone (12) 3958-5627 oupelo site www.quimlab.com.br. Como a intenção da empresaé criar condições para difusão do conhecimento, principal-mente para estudantes do nível médio, foram definidos valo-res destinados apenas a cobrir despesas de postagem. O livrosai por R$ 16,00, enquanto que a tabela – produzida em for-mato de pôster (100 cm x 70 cm), ideal para colocação emsala de aula – custa R$ 10,00.

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20097

Educação

Conselho e professoresdiscutiram currículose cadastro de cursos

Um total de 141 representantes de 112escolas técnicas e de nível superior parti-ciparam dos sete encontros regionais queo CRQ-IV realizou em março, na capital einterior, para discutir ações visando amelhoria do ensino da química. Entre ostemas abordados estavam a definição decurrículos recomendáveis para os cursosde nível médio e superior de modo quesejam harmonizadas as atribuições conce-didas pelo Conselho, o que naturalmentecontribuirá para ampliar as condições deempregabilidade dos egressos. O Conse-lho também apresentou as condições paracadastramento de novos cursos e fez umapanhado sobre as ações fiscalizatórias.

As palestras ocorreram na sede, emSão Paulo, e nas cidades onde o Conse-lho mantém escritórios: Araçatuba, Ara-

raquara, Bauru,Campinas, Ribei-rão Preto e São Jo-sé dos Campos. Asapresentações fo-ram feitas por Ael-son Guaita, Super-visor de Fiscaliza-ção, Carlos Greff e Ligia Rocha, coorde-nadores do mesmo departamento.

“Observamos grande interesse por par-te dos participantes em interagir com ostrabalhos do Conselho e já estamos rece-bendo as primeiras manifestações sobre aspropostas apresentadas”, disse Ligia Rocha.

Depois de receber o chamado feed-back dos professores, a equipe do Con-selho vai compilar o material e começara estabelecer ações com vistas à reformu-

lação e/ou adequação dos currículos.Outros encontros serão realizados antesdo fechamento das propostas.

Os participantes também foram incen-tivados a se tornarem representantes de cur-sos junto ao CRQ-IV. O representante de-sempenha papel importante, atuando comoelo entre a escola, o estudante e o Conse-lho. A ele também é delegada a tarefa deministrar palestras relacionadas à legisla-ção que rege o exercício profissional.

Augustinis falou sobrea profissão na TV Cultura

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O Engenheiro Industrial - Modalidade Quí-mica, Manlio de Augustinis, presidente doCRQ-IV, foi um dos entrevistados do progra-ma Educação e Trabalho, veiculado dia 28 demarço pela TV Cultura de São Paulo. Resul-tado de uma parceria entre a emissora públicapaulista e o Centro de Integração Empresa-Es-cola, o programa apresenta entrevistas com jo-vens que iniciaram a carreira por meio do está-gio, conversa com profissionais de várias áreas,dirigentes de órgãos de classe e com coordena-dores de estágio de grandes empresas.

Augustinis falou sobre a grande diversidadede áreas nas quais o Profissional da Químicapode atuar, salientando que o estágio é etapafundamental no processo de formação.

A íntegra da entrevista está disponível dosite do Conselho (www.crq4.org.br).

Aelson Guaita durante encontro na sede do Conselho

Fotos: CRQ-IV

Reuniões ocorreram em São Paulo e no Interior

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20098

Entidades

Difícil saber se os estilistas enten-dem de Química, mas o fato é que o mun-do da moda não teria o mesmo glamournão fosse a “forcinha” tecnológica queessa ciência e seus profissionais propor-cionam a cada dia à essa indústria quemovimenta milhões de dólares no mun-do todo. Só no Brasil, segundo estimati-va feita em 2007 pelo professor SérgioGarrido, da Escola Superior de Propa-ganda e Marketing de São Paulo, o setoré responsável por 7% do Produto Inter-no Bruto, que em 2008 alcançou R$ 2,9trilhões. Tal participação poderia ser atémaior não fosse a ferrenha concorrên-cia dos produtos chineses.

Foi percebendo a grandeza desse se-tor e as oportunidades que ele ofereciaque, em dezembro de 1974, um grupode profissionais fundou a AssociaçãoBrasileira de Químicos e Coloristas Têx-teis (Abqct). Baseada em São Paulo e pre-sidida atualmente pelo Técnico Têxtil eBacharel em Química Evaldo Turqueti, aentidade possui cerca de 1.200 sóciosem todo o País.

Promover, fomentar e aprimorar osconhecimentos tecnológicos dos profis-

sionais da química que atuam na indústriatêxtil são os objetivos da associação. “Acriação da Abqct representou um aumen-to do nível de conhecimento técnico paraos associados”, salienta Turqueti, que ocu-pa o cargo de Gerente de Desenvolvimen-to e Qualidade da Santaconstancia. Donade lugar destacado no setor, a empresa foifundada em 1948 e está localizado naZona Norte da capital paulista.

O campo de atuação para os pro-fissionais da química na indústria têxtilé bastante amplo, incluindo atividadesque vão desde o desenvolvimento de fi-

A indústria têxtil utiliza grandes vo-lumes de água, principalmente na fasede acabamento. É privativa do Profis-sional da Química a função de submeter aágua captada – seja da rede pública ou defontes naturais – a tratamentos físico-quí-micos destinados a eliminar impurezas.Para evitar que ocorram danos ambientais,a água utilizada na produção passa por aná-lises para avaliação do pH, concentraçãode pigmentos e da temperatura. De acor-do com os resultados das análises, o pro-fissional define e aplica os mais adequa-dos processos de clarificação, neutra-lização e resfriamento, entre outros, paraque os efluentes sejam descartados deforma segura.

Os Químicos também atuam na fia-ção e tecelagem, especialmente no de-senvolvimento de fibras sintéticas. Osprofissionais do setor definem esta par-te da indústria como “área seca”. Atual-mente, as pesquisas estão direcionadasao desenvolvimento dos chamados “te-cidos inteligentes”, capazes de se adap-tar melhor ao corpo, às mudanças de tem-peratura do ambiente etc. Há até tecidosque mudam de cor conforme a tempera-tura do corpo. Este último produto foidesenvolvido pela Basf e apresentado noBrasil durante a São Paulo FashionWeek, ocorrida em janeiro. Tal peculia-ridade é proporcionada por uma tecnolo-gia chamada tingimento termo crômico.

De acordo com Evaldo Turqueti, ogrande campo de trabalho para os pro-fissionais da química é na chamada “áreamolhada”, ou seja, a que concentra asfases de acabamento. Dependendo dascondições em que os fios saem da te-celagem e do destino que lhes serádado, são aplicados tratamentos queconfiram as características desejadasou lhes permitam passar para as fasesseguintes da produção. Um dos proces-

A Química no mundo da modaAssociação reúne Técnicos e Químicos especializados na indústria têxtil

O Bacharel em Química Evaldo Turqueti, presidente da Abqct

bras sintéticas até adefinição da formu-lação dos pigmentosque serão usados notingimento dos teci-dos. Mas o trabalhodesse profissionalcomeça bem antesdas fases de pesquisae produção. Duas dassuas principais tare-fas estão relaciona-das à água utilizada eno tratamento e des-tinação dos efluentesgerados ao final dosprocessos.

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20098

Fotos: Alex Silva

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20099

Entidades

sos mais comuns é a desengomagemque, como sugere o nome, significa aeliminação dos engomantes adiciona-dos aos fios durante o tecimento paraaumentar sua resistência. Depois deformado o tecido, no entanto, os en-gomantes precisam ser eliminados, umavez que formam uma camada que impos-sibilita a penetração de produtos quí-micos usados nos banhos de acabamen-to. A desengomagem é feita com en-zimas, num processo no qual a tempe-ratura, o pH e a concentração dos pro-dutos utilizados precisam ser rigorosa-mente controlados.

Concluídos estes e outros pré-trata-mentos, parte-se para o tingimento. Estaé uma etapa que requer acompanhamentoconstante do profissional, quer no con-trole das matérias-primas utilizadas, taiscomo alvejantes, amaciantes, pigmentose resinas, quer no controle dos parâme-tros do processo de tingimento. Mais co-mumente, essa fase é conduzida peloschamados “coloristas”, que podem sertécnicos químicos, têxteis ou mesmo quí-micos de nível superior. Sua função bási-ca é fazer a escolha adequada dos corantese definir os processos de tingimento.

ESTRUTURA - Além da sede nacional nacidade de São Paulo, a Abqct possui trêsnúcleos regionais: Americana (SP), Blu-menau (SC) e Natal (RN). Essas locali-dades foram escolhidas por serem polostêxteis. Mas, qualquer região pode for-mar um núcleo, basta que encaminhe um

pedido de autoriza-ção para a diretorianacional da entidade.

Por meio de seusnúcleos, a associa-ção detecta as defici-ências dos profissio-nais e oferece pales-tras e cursos destina-dos a suprir as de-mandas de carátertécnico.

Além de descon-tos e gratuidades em

cursos e palestras, a Abqct proporcionaaos associados o envio gratuito das pu-blicações que edita. Semanalmente, osassociados recebem o informativo ele-trônico ABQCT online, uma publicaçãoque aborda os principais eventos e notí-cias ligadas à entidade e ao setor. Trimes-tralmente, é remetida a versão impressada revista Química Têxtil, um veículoque publica, em português, artigos téc-nicos produzidos por pesquisadores bra-sileiros e estrangeiros.

A importância da Abqct para indús-tria têxtil já vai além das fronteiras nacio-nais. Desde 1985, a entidade é membro

titular da Federação Latinoamericana deQuímica Têxtil (Flaqt). A principal ativi-dade dessa entidade é organizar, a cadadois anos, um congresso regional focadono aprimoramento técnico dos profis-sionais de várias áreas ligados ao setor,como as indústrias de fibras, pigmentos,corantes, máquinas e de lavanderias in-dustriais. O último congresso foi reali-zado no Chile, em 2008, e o próximoocorrerá no Peru, em 2010.

ASSOCIAÇÃO - Todos os profissionais daquímica que trabalham no setor podemse associar à Abqct. A ficha de adesãoestá disponível no site www.abqct.com.br. Também é aceita a associação de es-tudantes. A taxa associativa é anual ecusta R$ 80,00, para profissionais, e R$40,00, para estudantes. Outras informa-ções pelo telefone (11) 4195-4931 oupelo e-mail: [email protected].

Tecnologia: máquina dosadora automática de pigmentos

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20099

Saiba mais sobre as atividadesdos profissionais da química naindústria têxtil acessando o site

QuimicaViva, mantido pelaComissão de Divulgação do CRQ-IV

(www.crq4.org.br/quimicaviva).

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200910

O aspecto religioso da data tem gran-de importância para muita gente. Paratantos outros, porém, quando se fala emPáscoa a primeira lembrança que vem àcabeça são os ovos, os muitos ovos dechocolate que se espera ganhar (e/oudar). Ele pode ser calórico e provocarespinhas, mas encontrar alguém que diga“não” a um chocolate sem demonstrartristeza é coisa rara.

Seja em barras, em forma de bom-bom, misturado ao leite ou como maté-ria-prima para bolos, pudins, sorvetes etudo mais que a criatividade culináriapermitir, o chocolate é sucesso em todolugar. Estudos mostram que a sensação debem-estar que ele causa está ligada ao es-tímulo da produção de substâncias quími-cas do corpo humano como a serotonina.Mas o papel da Química no fascínio detanta gente por essa iguaria começa bemantes da embalagem ser aberta.

Existem numerosos fatores que in-fluenciam a qualidade e o sabor do cho-

te é formado na etapa de torrefação, naqual os grãos, fermentados e secos, sãocuidadosamente aquecidos a tem-peraturas que variam de 110°C a 140°C.Foram identificadas 500 substâncias res-ponsáveis pelo sabor do chocolate. En-tre elas, podemos citar os compostoscarbonílicos como os álcoois, aldeídos,cetonas, e os heterocíclicos. Estas subs-tâncias são produtos de um fenômenoquímico conhecido como “Reação deMaillard”.

Após moagem dos grãos já torrados,obtém-se o “liquor de cacau”, ou pastade cacau, que será combinado com açú-car, leite em pó (no caso de chocolateao leite), manteiga de cacau, emulsi-ficante e opcionalmente um aromatizan-te. Esta mistura segue para a etapa cha-mada conchagem, na qual a massa seráaquecida sob agitação por várias horaspara a obtenção de uma pasta fluida e aeliminação de substâncias voláteis quepoderiam interferir no sabor final da gu-

loseima. A função do emulsificante, nor-malmente lecitina de soja, é a de reduzira tensão superficial entre a manteiga decacau, a gordura do leite e os outroscomponentes presentes, bem como di-minuir a viscosidade da mistura.

Usa-se combinar liquor de cacau deprocedências diferentes, obtendo-sedesta forma um produto com caracterís-ticas de aroma e sabor diferenciados.

Outro procedimento importante naprodução é a “temperagem”, que consisteno resfriamento controlado da massaapós a conchagem. O objetivo é a solidi-ficação do chocolate pela cristalizaçãoda manteiga de cacau presente na suaforma mais estável. A manteiga de cacaupode cristalizar em várias formas poli-mórficas. Algumas delas são instáveis e,com o passar do tempo, poderão se re-cristalizar na forma mais estável. Istoresultará na perda de brilho e na forma-ção de cristais acinzentados na superfí-cie do chocolate, defeito conhecido co-

Saiba o que a Química faz para tornar esse alimento tão irresistível

colate. A escolha da variedadegenética do cacau, o clima eas condições do solo onde écultivado, bem como as técni-cas de fabricação empregadasestão entre eles. O desenvol-vimento do sabor do alimentocomeça na etapa de fermenta-ção dos grãos, processo aindarudimentar, mas importantís-simo na produção de amino-ácidos, monosacarídeos,peptídeos, flavonóides, metil-xantinas, entre outros, subs-tâncias estas que serão os pre-cursores do sabor e do aromado produto final.

O aroma total do chocola-

mo fat-bloom. Este problematambém ocorre quando, noarmazenamento, a temperaturasofre variações.

Também no armazena-mento, as mudanças bruscasde temperatura, das áreas fri-as para as áreas quentes, fa-zem com que haja condensa-ção de umidade na superfíciedo chocolate. As moléculas deágua formadas durante a con-densação dissolvem o açúcardo chocolate formando umxarope e, posteriormente,quando são novamente evapo-radas pelo aquecimento (au-mento da temperatura ambien-

Imagens: Stockxpert

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200911

Alimentos

te), deixam o açúcar depositado na su-perfície na forma de cristais grossos eirregulares, que conferem ao produto umaspecto desagradável. Este defeito, co-nhecido como sugar-bloom, é facilmen-te identificado, pois se caracteriza pelaapresentação de uma camada de coracinzentada, rugosa e irregular na su-perfície do produto. Para garantir suaqualidade, padronização e a conserva-ção de suas características, o chocolateprecisa ser armazenado sob rigorosocontrole de temperatura, entre 18ºC e25ºC, e umidade relativa do ar de nomáximo 70%.

A obtenção de diferentes tipos dechocolate depende principalmente daproporção dos ingredientes e das varia-ções do processo. As diferenças básicasentre o chocolate ao leite e o amargo,por exemplo, estão na formulação: o pri-meiro tem leite e o segundo não. Alémdisso, o amargo possui uma concentra-ção maior de pasta de cacau e menor deaçúcar. Mas a cor e o sabor resultam tam-bém da “Reação de Maillard”, que é ace-lerada a altas temperaturas. A reaçãoocorre antes mesmo da fabricação, noprocesso de obtenção da principal ma-téria-prima: a pasta de cacau. Por contadesse fenômeno químico, a pasta de ca-cau tem uma coloração marrom escura,quase preta e, por isso, não é empregadana formulação do chocolate branco. Nes-te caso, é usada apenas a manteiga de ca-cau. Na conchagem do chocolate bran-

co, a temperatura precisa ser mais baixaque a dos chocolates escuros para evitarque a mesma “Reação de Maillard” leveao escurecimento do produto.

Como em vários outros tipos de in-dústria, na de chocolates a Química tam-bém é fundamental para o controle daqualidade. Tanto as matérias-primascomo o produto final passam por testesque avaliam, por exemplo, o teor de gor-dura, a umidade, a atividade de água, asproteínas e o iodo. Sem elas, as indús-trias teriam problemas na padronizaçãoe identificação de insumos e produtosfinais. Com essas análises feitas inter-namente em um laboratório químico, otempo de resposta aos problemas de pro-dução e insumos é bem menor, favore-cendo assim a agilidade das decisões epossíveis ações corretivas a serem to-madas. Algumas não conformidades quepodem ser evitadas são: irregularidadeno ponto de quebra, falta de consistên-cia, perda de sabor e brilho, crescimen-to microbiano, redução da vida de prate-leira do chocolate, entre outros.

O conhecimento químico se faz ne-cessário até no trabalho de higienizaçãoda fábrica e dos equipamentos. Ele é di-vidido em duas etapas: limpeza e desin-fecção. Na limpeza, ocorre a remoçãofísica dos resíduos. Utilizam-se deter-gentes inodoros específicos para remo-ção de material orgânico e sujidades pre-sentes nos equipamentos e utensílios. Ointuito é a remoção da gordura, princi-

pal resíduo gerado em uma indústria dechocolate. Após a limpeza, é realizada adesinfecção. Esta é uma operação de re-dução, por meio de agentes químicos, donúmero de micro-organismos a um ní-vel que não comprometa a segurança doalimento. Normalmente, são utilizadossais à base de biguanida, quaternário deamônio e também ácido peracético.

Tudo isso é tecnologia química de-senvolvida pelos profissionais da área nasuniversidades, no dia-a-dia das indústri-as e nos seus centros de pesquisas. Nocaso do chocolate, essa tecnologia nãoestá só no processo descrito acima, mastambém é fundamental para a fabricaçãode aditivos como a lecitina de soja, aobtenção da pasta e da manteiga de ca-cau e o cultivo do cacaueiro, que empre-ga fertilizantes e defensivos agrícolas.Isso sem contar o desenvolvimento dasembalagens que tornam o produto, já tãoatraente, ainda mais irresistível.

As informações técnicas desteartigo foram fornecidas pela

Engenheira de Alimentos KarinaChahade Fernandes, ResponsávelTécnica da Kopenhagen, uma das

mais importantes indústriasde chocolates finos do País.

O texto foi escrito pela jornalistaVivian Chies, que atuou na

Assessoria de Comunicaçãodo CRQ-IV. A íntegra está disponível

na seção QuimicaViva do site doConselho (www.crq4.org.br).

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200912

Artigo

Propriedades de engenharia dos fluidostípicos da indústria de celulose e papel

por Elie Henri Hayon

Tabela 1: Calor específico do licor negro

Sól. Diss. Calor específicoRef% kcal/kg ºC

16,3 0,92 ( 8 )

19,3 0,92 ( 8 )

22,0 0,87 ( 8 )

26,0 0,84 ( 8 )

32,1 0,79 ( 8 )

43,7 0,78 ( 8 )

P/ licor verde com 13,9 Bé (pinus) o calorespecífico é de 0,91 kcal/kgºC ( 12 )

Este artigo (veja a íntegra na versãoon-line) visa a apresentar uma compila-ção, por meio de tabelas, de importantespropriedades físicas de engenharia dosfluidos típicos do processo de produçãode celulose, úteis para serem utilizadasno dimensionamento e especificação deequipamentos e instrumentação. Forampesquisadas e indicadas as seguintespropriedades:

• Densidade (em kg/l): propriedadefísica que expressa a massa por uni-dade de volume de uma substância.

• Calor específico (em kcal/kg ºC):energia fornecida a 1 kg de fluidopara aquecer em 1ºC a sua tem-peratura.

• Pressão de vapor (em metros decoluna de líquido – mcl abs): pres-são exercida pela fração evaporadade um fluido depois de atingido oequilíbrio de fases numa dada tem-peratura.

• Viscosidade (em centipoises - cP):aquela medida em um único pontoe por meio de cisalhamento cons-tante. Viscosímetros usuais: Brook-field e Haake.

DISCUSSÃO

Calor específico e densidade(Tabelas 1 e 2)

Os valores de calor específico para licornegro, indicados no presente artigo, apre-sentaram desvios, em relação à literatura,de, no máximo, 10% e são utilizados – con-juntamente com a densidade e viscosidade–, para dimensionamento dos evaporadoresde licor negro, assim como para os sistemasde bombeamento da linha de fibra.

Os valores de densidade para licor ne-gro apresentaram desvios, em relação àliteratura, de, no máximo, 3%.

O valor de densidade de lama de cal,com 40% de sólidos suspensos, apre-sentou desvio, em relação à literatura,de 3%.

O valor de densidade de licor verde,com 40% de sólidos suspensos, apresentoudesvio, em relação à literatura, de 3%.

Pressão de vapor (Tabela 2)Devemos ressaltar que, apesar de

todas as propriedades serem necessáriaspara dimensionar e especificar equipa-mentos/instrumentos, a pressão de vaporé essencial para determinação do “NPSHdisponível” de bombas, o qual, em mui-tos casos, não é calculado rigorosamentequando se adquire o equipamento, ocasio-nando problemas, principalmente, comlíquidos trabalhando em altas tempera-turas, levando à “cavitação” (que corres-ponde a uma condição em que ocorrevaporização do líquido na sucção da bom-ba, gerando ruído e mau funcionamentodurante o bombeamento).

O NPSH é calculado pela equação:NPSH = (Pr.suc. – Pr.vap.) x 10 / dens.onde:

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200913

Artigo

Tabela 2: Densidade, Pressão de vapor e Viscosidade para vários fluidos

Fluido Temp. SD* SS** dens. ref. Pr. Vapor ref. Viscos. ref. ºC % % kg/l mca cP

Celulose 40 - 1 a 6 1,00 - 1,02 ( 5 ) - - - -

Lama de cal p/ filtro de lama 70 - 25 1,20 ( 3 ) 3,30 ( 3 ) 30 ( 3 )

Lama de cal não lavada 83 - 35 1,43 ( 3 ) 5,30 ( 3 ) 30 ( 3 )(do clarificador de licor branco)

Lama de cal lavada 70 - 40 1,40 ( 3 ) 3,30 ( 3 ) 30 ( 3 )(do filtro de lama)

Lama de licor branco 104 - 10 1,17 ( 3 ) 6,30 ( 3 ) 20 ( 3 )

Licor branco 60 - - - - 1,74 ( 6 ) - -

Licor branco 80 - - - - 4,16 ( 6 ) - -

Licor branco 100 - - - - 8,96 ( 6 ) - -

Licor branco clarificado 83 - < 1 1,11 ( 3 ) 5,30 ( 3 ) 2 ( 3 )

Licor fraco lavagem 66 - < 1 1,05 ( 3 ) 2,60 ( 3 ) 2 ( 3 )

Licor negro 40 10 - 1,05 ( 7 ) - - 1 ( 7 )

Licor negro 85 15 - - - - - 1 ( 7 )

Licor negro 76 17 - - - - - 1 ( 7 )

Licor negro 68 21 - - - - - 2 ( 7 )

Licor negro 58 27 - - - - - 2 ( 7 )

Licor negro 50 30 - - - 1,10 ( 6 ) - -

Licor negro 60 30 - - - 1,60 ( 6 ) - -

Licor negro 70 30 - - - 2,40 ( 6 ) - -

Licor negro 80 30 - - - 3,80 ( 6 ) - -

Licor negro 85 30 - 1,16 ( 7 ) - -

Licor negro 90 30 - - - 5,60 ( 6 ) - -

Licor negro 100 30 - - - 8,80 ( 6 ) - -

Licor negro 85 33 - - - - - 2 ( 7 )

Licor negro 101 45 - - - - - 5 ( 7 )

Licor negro 123 55 - - - - - 9 ( 7 )

Licor negro 60 60 - - - 1,20 ( 6 ) - -

Licor negro 70 60 - - - 1,90 ( 6 ) - -

Licor negro 80 60 - - - 2,80 ( 6 ) - -

Licor negro 90 60 - - - 4,40 ( 6 ) - -

Licor negro 100 60 - - - 6,50 ( 6 ) - -

Licor negro 110 60 - - - 10,10 ( 6 ) - -

Licor negro 115 60 - 1,30 ( 7 ) - - - -

Licor negro 125 64 - - - - - 32 ( 7 )

Licor negro 127 68 - - - - - 69 ( 7 )

Licor negro 115 69 - 1,36 ( 7 ) - - 156 ( 7 )

Licor negro 131 75 - - - - - 254 ( 7 )

Licor verde 70 - - - - 3,06 ( 6 ) - -

Licor verde 80 - - - - 4,54 ( 6 ) - -

Licor verde 90 - - - - 6,72 ( 6 ) - -

Licor verde 100 - - - - 9,72 ( 6 ) - -

Licor verde (não clarificado) 83 – 104 - 5 1,20 - 5,30 ( 3 ) 2 ( 3 )

Licor verde (clarificado) 83 – 104 - < 1 1,10 ( 3 ) 5,30 ( 3 ) 2 ( 3 )

Licor verde com 13,9 Bé (Pinnus) - - - 1,15 ( 12 ) - - - -

*SD (sólidos dissolvidos)

**SS (sólidos suspensos)

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200914

Artigo

NPSH = “Net positive suction head”,em metros de coluna de líquido;Pr.suc. = pressão de sucção da bomba,em kgf/cm² abs;Pr. vap. = pressão de vapor do líquido,em kgf/cm² abs;dens. = densidade do líquido, em kg/l.

Suspensões de celulose(densidade) – (Tabela 2)

Na tabela 2 está indicada uma faixa devariação de densidade para suspensões decelulose de 1.00 kg/l até 1.02 kg/l, comconsistência variando de 1% a 6 % BD(Bone Dry). Para 12% de consistência adensidade atinge 1.05 kg/l. A viscosidadetradicional (em centipoises) de suspen-sões de celulose não é uma propriedadeusual para o cálculo de perda de carga emlinhas de celulose, e, para este caso, estãodisponíveis vários métodos específicosque utilizam apenas densidade e consis-

tência da massa e que levam em conta queeste fluido não é Newtoniano.

Alguns fabricantes de bombas de polpade média consistência possuem um siste-ma interno, no equipamento, que aproximao tipo de comportamento do fluxo da sus-pensão de celulose ao da água, o que trazuma redução na perda de carga na linha ereduz o consumo de potência na bomba.

Tipos de madeiraDeve-se levar em conta que as infor-

mações com indicação (3) podem se re-ferir a processos de produção com tiposde madeiras diferentes das de eucalipto epinus, estas últimas muito utilizadas nasfábricas brasileiras de celulose.

No caso de serem necessários valo-res de propriedades físicas mais preci-sos e específicos para um tipo diferentede madeira, será conveniente confirmaras propriedades experimentalmente.

CONCLUSÕES

A utilização de valores corretos daspropriedades de engenharia dos fluidosdo processo colabora, num sentido maisamplo, para redução de custos, tanto nosinvestimentos em equipamentos comoem seu custo operacional.

Geralmente, estas propriedades são re-quisitadas pelos fabricantes de bombas einstrumentos para poder ser feita uma se-leção adequada de seus produtos. As dife-renças porcentuais encontradas entre asreferências denotam que os valores cita-dos têm boa confiabilidade para utilizaçãoem orçamentos e projetos de engenharia.

AGRADECIMENTOS

O autor agradece a assistência daBE&K Engineering (Birmingham, Alaba-ma) e da Kvaerner Pulping para divulgaçãodos dados, assim como a colaboração dosprofissionais da Pec-Tech (Bahia Pulp),em especial ao Engº Geraldo Seixas.

Elie Henri Hayon, EngenheiroQuímico graduado pela Escola

Politécnica da Universidade de SãoPaulo em 1982, participou, no Brasil eno exterior da engenharia básica e dedetalhamento de projetos para váriosprodutores de celulose. Atualmente,

trabalha como Engenheiro de Processoda Engevix Engenharia e integra a

Comissão de Automação daAssociação Brasileira Técnica deCelulose e Papel. Contato pelo

e-mail [email protected].

Ricardo Telles/Suzano

Máquina de secagem de celulose

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200915

ArtigoEspaço SinquispEspaço Sinquisp

Em abril tem eleiçãopara nova diretoria

2009 é ano de eleição. A cadatrês anos o Sinquisp renova a suaDiretoria e Conselho Fiscal, pormeio de voto facultativo, direto esecreto, conforme o Estatuto So-cial do Sindicato dos Químicos,Químicos Industriais e Enge-nheiros Químicos do Estado deSão Paulo.

Desde fevereiro, o processoeleitoral está em andamento e se-

rá finalizado no dia 18 de junho,com a posse da Diretoria eleita.

Todos os associados ao Sin-quisp, em dia com suas obriga-ções sindicais poderão votar. Aeleição para composição da novaDiretoria, Conselho Fiscal e su-plentes do Sinquisp será realiza-da no dia 30 de abril de 2009, nasede do Sindicato: Alameda San-tos, 1470, 2° andar, conj. 205/

2006, Jardim Paulista, São Paulo,das 8h às 18h.

Os eleitores que não puderemvotar de forma direta, poderão vo-tar por correspondência. A se-cretaria do Sinquisp enviará umacarta resposta a todos os asso-ciados que deverão preencher ovoto, colocar em um envelope se-lado que receberão para garantiro sigilo, e postá-lo até o dia 30 deabril de 2009.

Caso não seja obtido o quorumnecessário em primeira votação(10% dos eleitores), a eleição emsegunda votação será realizada nodia 21 de maio de 2009.

Para outras informações con-sulte o site do Sinquisp (www.sinquisp.org.br). Na home, clique noEstatuto Social e leia o capítulo III,sobre as eleiçes sindicais.

Fique atento a outras informa-ções pelo site do Sinquisp ou, parasaber mais, ligue (11) 3289-1506.

Sinquisp inicia oscursos de 2009

Este ano, a parceria Sinquisp-CRQ-IV teve iní-cio no dia 1° de abril, com o curso Implantação deControle de Qualidade na Área Cosmética. Umavasta programação está sendo elaborada para2009.

Assim como no ano passado, os cursos serãorealizados na sede do CRQ-IV (rua Oscar Freire,2039 - São Paulo) e as inscrições ficarão sob aresponsabilidade da equipe do Sinquisp, telefone

(11) 3262-1741 ou pelo site www.sinquisp.org.br.Segundo Wagner A. Contrera Lopes, diretor de

Relações Sindicais da entidade, a parceriaSinquisp-CRQ-IV visa a oferecer aos participan-tes dos cursos meios de troca de informações téc-nicas, contato com profissionais de alto nível, me-lhor empregabilidade, fatores que aumentam asoportunidades no mercado de trabalho. “Além dis-so, funcionários que participam dos cursos aca-bam contribuindo com seus colegas de trabalhoao levar de volta para suas empresas e comparti-lhar o conhecimento adquirido.”

Participe dos cursos 2009 Sinquisp-CRQ-IV!

Stockxpert

crq96.p65 8/4/2009, 11:2915

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200916

Saneamento

Muitas comunidades não associam as doenças à falta de saneamento

Perto de cem milhões de brasileirosnão têm acesso à coleta de esgoto. Essenúmero representa mais da metade dapopulação do País, estimada pelo Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica em 190,8 milhões de pessoas. Aunidade da federação que apresenta opior índice nessa área é o Amapá, onde97,36% da população não dispõem doserviço. São Paulo, com déficit de14,44%, é o estado em melhor situa-ção. Essas são algumas das informa-ções reveladas pela pesquisa Sanea-mento, Saúde e o Bolso do Consumi-dor, realizada pela Fundação GetúlioVargas (FGV) em novembro de 2008.O estudo foi encomendado pelo Insti-tuto Trata Brasil, uma Organização daSociedade Civil de Interesse Público(Oscip) que desenvolve ações voltadas

a universalizar o acesso da populaçãoà infraestrutura de coleta e tratamentode esgotos.

Tradicionalmente, o conceito de sa-neamento básico inclui, além da cole-ta e tratamento de esgotos, a distri-buição de água tratada. O Trata Brasilfoca suas atividades apenas na áreade esgotos, já que o acesso à água tra-tada é bem maior: mais de 80% dapopulação é beneficiada pelo serviço.

O Químico Industrial Édison Car-los, membro do Conselho Superior daentidade, explica que os governos en-globam os serviços de limpeza urbanae de drenagem de águas pluviais noconceito de saneamento. Por isso, se-gundo ele, é comum que muitas pre-feituras afirmem ter gasto milhões dereais em obras de saneamento sem

direcionar nada à coleta de esgotos.Além de atuar no Trata Brasil, ÉdisonCarlos é Gerente de Comunicação eAssuntos Corporativos da Solvay In-dupa, empresa que apoia o institutodesde a sua fundação.

Nos locais onde o serviço de coletade esgoto é inexistente, os dejetos sãolançados diretamente em córregos, riose mar ou acumulados em fossas. Alémdisso, mesmo em cidades onde há re-des coletoras, dois terços do esgoto cap-tado não são tratados e acabam tendoo mesmo destino poluidor e disse-minador de doenças. A pesquisa daFGV mostra que cada R$ 1,00 investi-do em saneamento representaria umaeconomia de R$ 4,00 em gastos comsaúde. Esse dado se explica porque oesgoto provoca contaminação da águae causa doenças – principalmente a di-arréia, que, de acordo com dados daFundação Nacional de Saúde (Funasa),levam à morte sete crianças por dia noPaís, além de provocar 700 milinternações hospitalares por ano.

A falta de saneamento afeta nãoapenas a saúde, como também agra-va problemas sociais e econômicos.Outra pesquisa da FGV, divulgada emabril de 2008, intitulada Saneamento,Educação, Trabalho e Turismo, re-velou que o aproveitamento escolar decrianças que não têm acesso a sanea-mento básico é 18% menor se com-parado ao dos demais alunos. A pes-quisa indicou, também, que os traba-lhadores sem acesso a saneamento

Cem milhões de brasileiros vivemem regiões sem esgoto tratado

Dado consta de pesquisa da FGV. Instituto privado, que tem um Profissional daQuímica entre seus diretores, desenvolve ações visando a reversão desse quadro

por Carla Frederico

Fernando Bigio Davoglio

crq96.p65 8/4/2009, 11:2916

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200917

apresentam um índice de faltas ao tra-balho 11% maior.

O engenheiro Raul Pinho, presi-dente do Trata Brasil, conta que a po-pulação que vive em meio a córregoscontaminados, por falta de conheci-mento, não associa o esgoto a céuaberto como causa de muitas doençasque a atingem. “Já estivemos em co-munidades em que a mãe vê as crian-ças brincando nas valas negras e nãoreclama do esgoto; ela reclama da fal-ta de médico e de remédios para tra-tar a criança”, compara.

Diante desse cenário, a estratégiaadotada pelo Trata Brasil foi desen-volver trabalhos de conscientização emobilização da população. As ações in-cluem a elaboração de pesquisas, aveiculação de campanhas de rádio e te-levisão e até mesmo a pressão diretaem diversos setores do governo para a

alocação de recursos. A entidade pos-sui uma parceria com a Pastoral daCriança, cujos voluntários estão cons-tantemente em contato com morado-res de comunidades carentes instruin-do-os sobre essa questão. Além disso,o instituto divulga informações pormeio do programa que a pastoral levaao ar em mais de duas mil rádios comu-nitárias no País, e de encartes e artigospublicados no jornal dessa entidade, quesão distribuídos para 300 mil famílias.

O instituto conta com diversos“embaixadores”, entre eles os atoresWagner Moura e Giovanna Antonelli,a ginasta Daiane dos Santos, o joga-dor de vôlei Giovane e a fundadorada Pastoral da Criança, Zilda Arns. Opapel dessas pessoas é dar maior pu-blicidade ao tema, atraindo a atençãodo grande público para o problema. Osite da entidade (www.tratabrasil.org.br) mantém vídeos com essas per-sonalidades.

INVESTIMENTOS - Os recursos para açõesde saneamento vêm principalmente doorçamento da União e de financia-mentos obtidos do Fundo de Garantiado Tempo de Serviço (FGTS) e doFundo de Amparo ao Trabalhador(FAT). Segundo dados do Trata Bra-sil, o País investe um terço do neces-sário em programas de saneamento. Noentanto, é importante ressaltar que ogoverno federal tem aumentado os in-vestimentos nessa área.

Em 2007, o orçamento da Uniãopara o setor teve uma injeção extra derecursos por conta do Programa de Ace-leração do Crescimento (PAC). A verbatotal do PAC para programas de sanea-mento básico é de R$ 40 bilhões, a se-rem utilizados em quatro anos. Para teracesso a esses recursos, as prefeituras eas concessionárias prestadoras de servi-ços de saneamento devem apresentarseus projetos de infraestrutura ao Minis-tério das Cidades.

O problema é que muitos municí-pios não fazem isso, seja por falta devontade política, por desinformação oupor falta de condições mesmo. Por es-ta razão, um dos trabalhos do TrataBrasil é incentivar a população local apressionar o prefeito. “Existem cidadespequenas que sequer têm engenheiropara fazer esse projeto”, ressalta ÉdisonCarlos. Nesses casos, o instituto recor-re a parcerias com entidades como aAssociação Brasileira de EngenhariaSanitária (Abes) e a Associação dasEmpresas de Saneamento Básico Es-taduais (Aesbe), que fornecem apoiotécnico para os municípios.

Por conta de tais dificuldades, RaulPinho acredita que nem R$ 2 bilhões– dos R$ 40 bilhões do PAC – foramefetivamente gastos até hoje. O enge-nheiro observa que se deve levar emconta, porém, o fato de que a libera-ção dos recursos demora de um ano emeio a dois, e que o PAC foi iniciadohá dois anos apenas.

Apesar disso, o PAC já tem mos-trado resultados. Dados das pesquisasfeitas pela FGV revelam que, em 2007,houve uma queda de 5% no déficit desaneamento em comparação a 2006.Se esse ritmo de desenvolvimento semantiver, em 20 anos será possível

Saneamento

Pinho, presidente do Trata Brasil

Alex Silva

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200918

universalizar o acesso ao serviço desaneamento no País.

Uma boa notícia é que, segundoPinho, a atual crise econômica mun-dial não deve causar impacto nessesetor. “Como o dinheiro vem princi-palmente do FGTS e do FAT, a me-nos que haja um desemprego muitogrande, a crise não afetará o fluxo derecursos”, prevê.

Ao deixar as casas (1), o esgoto passa pelas re-des coletoras (2) e chega às estações de tratamento.O processo tem início com a passagem do fluxo porgrades que barram resíduos como papel, plásticosetc (3). Após essa primeira filtragem, o esgoto étransportado para uma caixa, que retira a areia con-tida nele (4). Na sequência, segue para o decantadorprimário, onde ocorre a sedimentação das partícu-las mais pesadas (5). Em seguida, nos tanques deaeração (6), é fornecido ar para que os micro-organismos presentes se multipliquem e consumama matéria orgânica, formando um lodo que, nodecantador secundário (7), irá se acumular no fun-do. Ao final desse processo, a parte líquida do esgo-to já se encontra livre de 90% das impurezas, masessa água não pode ser bebida, devendo ser devolvi-da aos rios ou utilizada para limpar ruas, regar jar-dins ou reaproveitada em processos industriais (8).O lodo que sobra pode ser desidratado paraarmazenamento em aterros sanitários ou transfor-mado em fertilizantes.

(Fonte e ilustração: Sabesp)

SaneamentoAlex Silva

Édison Carlos: investimentos gerarão empregos

EMPREGOS – Além doimpacto positivo na saú-de, o aumento dos in-vestimentos na área desaneamento também ge-ra muitos empregos. Da-dos do Trata Brasil mos-tram que cada R$ 1 mi-lhão investido no setorgera 50 empregos dire-tos e indiretos. Se foremdestinados R$ 10 bilhõesao ano, conforme prevêo PAC, haveria a gera-ção de 500 mil novos

postos de trabalho anuais.É claro que uma parcela desse bolo

refletirá em mais empregos para os pro-fissionais da química, acredita ÉdisonCarlos. Ele ressalta, contudo, que oprovável aumento de postos de traba-lho em função dos investimentos emsaneamento terá um ritmo menor secomparado ao setor de engenharia ci-vil, por exemplo.

Etapas de tratamentodo esgoto

Mas o executivo chama a atençãopara o fato de que, quando se fala emsaneamento, o campo de trabalho doProfissional da Química não se limitaao tratamento de água e esgoto. “Temquímico na indústria de cimento, na in-dústria siderúrgica, na indústria de plás-tico, na indústria de resinas termoplás-ticas etc. O químico está em todas ascadeias que envolvem os processos detratamento de água e esgoto”, salienta.

Segundo ele, o setor privado vai nacarona do aumento da capacidade do go-verno de investir. “Nós, que estamos naindústria, dependemos também da evo-lução do mercado. Com a paralisaçãodo saneamento ao longo dos anos, asempresas fabricantes de resinas plásticas,de tubos e conexões e outras voltadaspara a área acabaram direcionando suasbaterias para outros mercados. Confor-me o saneamento vai melhorando, au-menta o fluxo de materiais necessáriospara garantir essa infraestrutura”, finali-za o Químico Industrial.

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200919

SaneamentoStockxpert

O vilão estádentro

de casaO prato ao lado parecebastante apetitoso, mas

as calorias que ele contémpodem não causar

estragos apenas parao coração

Muitas pessoas ainda têm o costume de descartar oóleo usado para o preparo de alimentos no ralo da pia.Segundo a Companhia de Saneamento de São Paulo(Sabesp), cada litro de óleo eliminado desta maneira écapaz de poluir 20 mil litros de água, pois o produto formauma camada impermeabilizante que dificulta a oxigenaçãodos corpos d’água. Além disso, esse procedimento provo-

ca o entupimento e o refluxo das redes de esgoto.Para evitar todos esses ataques ao meio ambiente, re-

comenda-se despejar o óleo usado em vidros ou garrafasplásticas e depositá-los em postos de coleta. Dessa forma,além de não contaminar a água, o óleo usado pode serreciclado e transformado em biocombustível, sabão e atéração para animais.

Dia do Meio Ambienteterá ampla programação

Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, o CRQ-IV, a Ga-zeta Mercantil e as empresas Edutech Ambiental e E4 Eventos realizarão,de 3 a 5 de junho o I Fórum de Sustentabilidade Ambiental. O evento,

que pretende repetir o sucesso do seminário “Gestão Estratégica daÁgua” (veja detalhes na página 3), acontecerá na sede do Conselho eincluirá a realização de minicursos subsidiados, um painel voltadopara educadores que terá como foco casos de sucesso desenvolvidospor grandes empresas, um seminário para o qual serão convidadosrepresentantes da iniciativa privada e de órgãos públicos, além de uma

pequena exposição. A programação e outros detalhes estarão disponí-veis até o fim de abril no site do Conselho e nos das empresas parceirasdesta iniciativa. Informações prévias poderão ser obtidas pelos tels.

(11) 3271-6074 / 3208-4102 (Edutech) e (19) 3455-5794 (E4).

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Informativo CRQ-IV Mar-Abr/200920

Diadema

Empresa que explodiunão estava registradaCRQ-IV discute com a prefeitura localmedidas para evitar novas tragédias

Apesar de possuir alvará de funcio-namento expedido pela Prefeitura deDiadema, a Di-All Química não estavaregistrada no CRQ-IV e, por consequên-cia, não mantinha um Profissional daQuímica respondendo tecnicamente porsuas atividades perante a entidade. O in-cêndio ocorrido na empresa dia 27 demarço, marcado por dezenas de explo-sões transmitidas ao vivo por vários ca-nais de televisão, foi o principal desta-que do noticiário nacional no último fimde semana daquele mês.

No mesmo dia, por meio de seu site,o CRQ-IV informou a situação de irre-gularidade da empresa que, oficialmen-te, não passava de um depósito de pro-dutos de limpeza. O incêndio não dei-xou feridos graves, mas causou danosmateriais elevados. Cerca de dez famí-lias foram obrigadas a deixar suas casas,cujas estruturas ficaram comprometidaspor conta do intenso calor e da sequênciade explosões. Também houve danos aomeio ambiente.

Em entrevista à Rádio Bandeirantesde São Paulo (disponível no site), o ge-rente de Fiscalização do Conselho,

Wagner Contrera Lopes,informou que há cercade 400 empresas sedia-das em Diadema e re-gistradas na entidade. ADi-All Química nuncaesteve entre elas. Lopeslamentou que a legisla-ção em vigor não obri-gue as prefeituras e de-mais órgãos envolvidosa observarem, antes daemissão de alvarás e/ouautorizações de funcionamento, se em-presas da área química estão regular-mente registradas no CRQ-IV e, prin-cipalmente, se possuem um profissio-nal habilitado respondendo tecnicamen-te por suas operações.

A atividade química, ressaltou o re-presentante do CRQ-IV, é altamentecomplexa. Mesmo quando se trata de umdepósito – o que para os olhos de umleigo pode parecer algo simples –, di-versos cuidados precisam ser tomados.Muitos produtos são incompatíveis e ofato de serem colocados lado a lado poderepresentar risco de explosões, alertou.

Lopes informou que já havia agen-dado uma reunião com representantes daPrefeitura de Diadema para tentar loca-lizar outras empresas que eventualmen-te estivessem operando clandestinamen-te. Também era intenção do gerente doCRQ-IV definir com as autoridades lo-cais procedimentos para que casos comoeste não se repitam.

O CRQ-IV também decidiu enviarofícios a todas as prefeituras paulistasalertando-as sobre a necessidade de so-mente autorizarem a funcionamento deempresas químicas depois que estascomprovarem registro na entidade.

Ag. Estado

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