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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 65 | Edição 3298 | 20 a 26 de maio de 2020 R$ 2,00 www.arquisp.org.br Editorial Pontos de vista, se bem debatidos, ajudam na busca de soluções Página 4 Encontro com o Pastor Lembranças pessoais de São João Paulo II e seu pontificado Página 2 Espiritualidade Dom Devair da Fonseca: não era preciso que tudo isso acontecesse? Página 5 Fé e Cidadania Fabio Gallo: tudo que estamos vivendo nos fará repensar o modo de vida Página 7 O medo do contágio pela COVID-19 tem feito com que algumas pessoas deixem de ir aos postos de saúde para se vacinar contra outras doenças. Somam-se a esse fato as fake news de que as vacinas po- deriam favorecer o retorno de patologias já erradicadas. Es- pecialistas alertam, porém, que o risco real para a imunização ocorre quando o calendário va- cinal não é respeitado. Página 11 O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, participou de uma conversa transmitida ao vivo pelas mídias digitais da Confe- rência Nacional dos Bispos do Bra- sil (CNBB), na quinta-feira, dia 14. Dom Odilo respondeu a per- guntas dos internautas sobre a situação da pandemia do novo co- ronavírus tanto na capital paulista quanto na região metropolitana, e como a Igreja em São Paulo tem realizado sua ação evangelizadora e o serviço da caridade em meio à quarentena. Página 10 Muitos tentam obter o benefício prestando falsas informações, o que é crime, com pena de multa e até de prisão. Governo Federal atua para combater irregularidades. Página 14 Entregadores e clientes devem redobrar atenção aos procedimen- tos de asseio pessoal e de higieni- zação dos itens pedidos. Página 12 Na segunda-feira, 18, comemo- raram-se os 100 anos do nascimen- to de São João Paulo II. O polonês batizado com o nome de Karol Jó- zef Wojtyla foi o 264º Pontífice roma- no e morreu em 2 de abril de 2005, sendo proclamado Santo da Igreja Católica em 27 de abril de 2014. O Papa peregrino, missionário, das famílias, dos jovens, da paz, esportista, do novo milênio, da mídia, de Nossa Senhora. Esses e muitos outros títulos eram atribu- ídos ao Pontífice eslavo, que teve um dos pontificados mais longos da história: 26 anos e seis meses. Nesta edição, O SÃO PAULO destaca a trajetória desse suces- sor de Pedro, que teve uma vida marcada pela oração, proximi- dade do povo e amor à justiça, como ressaltou o Papa Francisco, na missa celebrada no altar onde estão sepultados os restos mortais de seu predecessor. Páginas 8, 9 e 16 Em live da CNBB, Dom Odilo fala dos desafios da Igreja na pandemia Mentir para conseguir o auxílio emergencial é ilegal e imoral COVID-19: você toma os devidos cuidados ao receber um delivery? Calendário de vacinação deve ser mantido para todas as idades Conheça a história e as peculiaridades do Angelus e da Regina Coeli Com ações preventivas, missas são retomadas no Vaticano e na Itália SÃO JOÃO PAULO II Os 100 anos de um santo dos nossos tempos Página 15 Página 16 Nascido em 18 de maio de 1920, Karol Wojtyla é eleito Pontífice em 16 de outubro de 1978 Arquivo Vatican Media Imprensa CNBB

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Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 65 | Edição 3298 | 20 a 26 de maio de 2020 R$ 2,00www.arquisp.org.br

EditorialPontos de vista, se bem debatidos, ajudam na busca de soluções

Página 4

Encontro com o PastorLembranças pessoais de São João Paulo II e seu pontificado

Página 2

EspiritualidadeDom Devair da Fonseca: não era preciso que tudo isso acontecesse?

Página 5

Fé e CidadaniaFabio Gallo: tudo que estamos vivendo nos fará repensar o modo de vida

Página 7

O medo do contágio pela COVID-19 tem feito com que algumas pessoas deixem de ir aos postos de saúde para se vacinar contra outras doenças. Somam-se a esse fato as fake news de que as vacinas po-deriam favorecer o retorno de patologias já erradicadas. Es-pecialistas alertam, porém, que o risco real para a imunização ocorre quando o calendário va-cinal não é respeitado.

Página 11

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, participou de uma conversa transmitida ao vivo pelas mídias digitais da Confe-rência Nacional dos Bispos do Bra-sil (CNBB), na quinta-feira, dia 14.

Dom Odilo respondeu a per-guntas dos internautas sobre a situação da pandemia do novo co-ronavírus tanto na capital paulista quanto na região metropolitana, e como a Igreja em São Paulo tem realizado sua ação evangelizadora e o serviço da caridade em meio à quarentena.

Página 10

Muitos tentam obter o benefício prestando falsas informações, o que é crime, com pena de multa e até de prisão. Governo Federal atua para combater irregularidades.

Página 14

Entregadores e clientes devem redobrar atenção aos procedimen-tos de asseio pessoal e de higieni-zação dos itens pedidos.

Página 12

Na segunda-feira, 18, comemo-raram-se os 100 anos do nascimen-to de São João Paulo II. O polonês batizado com o nome de Karol Jó-zef Wojtyla foi o 264º Pontífice roma-no e morreu em 2 de abril de 2005, sendo proclamado Santo da Igreja Católica em 27 de abril de 2014.

O Papa peregrino, missionário, das famílias, dos jovens, da paz, esportista, do novo milênio, da mídia, de Nossa Senhora. Esses e muitos outros títulos eram atribu-ídos ao Pontífice eslavo, que teve um dos pontificados mais longos da história: 26 anos e seis meses.

Nesta edição, O SÃO PAULO destaca a trajetória desse suces-sor de Pedro, que teve uma vida marcada pela oração, proximi-dade do povo e amor à justiça, como ressaltou o Papa Francisco, na missa celebrada no altar onde estão sepultados os restos mortais de seu predecessor.

Páginas 8, 9 e 16

Em live da CNBB, Dom Odilo fala dos desafios da Igreja na pandemia

Mentir para conseguir o auxílio emergencial é ilegal e imoral

COVID-19: você toma os devidos cuidados ao receber um delivery?

Calendário de vacinação deve ser mantido para todas as idades

Conheça a história e as peculiaridades do Angelus e da Regina Coeli

Com ações preventivas, missas são retomadas no Vaticano e na Itália

São João Paulo IIOs 100 anos de um santo dos nossos tempos

Página 15

Página 16Nascido em 18 de maio de 1920, Karol Wojtyla é eleito Pontífice em 16 de outubro de 1978

Arquivo Vatican Media

Imprensa CNBB

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2 | encontro com o Pastor | 20 a 26 de maio de 2020 | www.arquisp.org.br

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impres-são: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: [email protected][email protected] (administração) • [email protected] (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.Semanário da arquidioceSe de São Paulo

O centenário do nas-cimento de São João Paulo II, transcorrido no dia 18 de maio, ofe-

receu ocasião para muitas celebra-ções e recordações sobre esse gran-de Papa, que deixou uma profunda marca de sua atuação à frente da Igreja durante um período fecundo, mas também difícil. Neste artigo, desejo relatar algumas lembranças pessoais sobre ele e seu pontificado.

Em 1978, quando foi eleito, eu tinha 29 anos de idade e era um jovem padre. Sua eleição deixou no ar um misto de surpresa e de esperança, pois se tratava de um papa “estrangeiro”, depois de uma longa sequência de papas italia-nos. A muitos, parecia que os papas, normalmente, deviam ser italianos. É verdade que, ao longo da história, um bom número de papas não era dessa nacionalida-de. Surpresa maior ainda causou a eleição de um papa vindo de um país que estava sob um regime co-munista, que impunha muitas res-trições à ação da Igreja e à liber-dade religiosa. A surpresa, porém,

também foi acompanhada por um ar de alegria e esperança. Algo de novo estava acontecendo na Igreja e no mundo e prometia mudanças boas, mais ainda porque se tratava de um papa jovem, de apenas 58 anos, muito abaixo da média de idade dos seus predecessores. Um papa que gostava de multidões, teatro, música, passeios nas mon-tanhas e esquiar no inverno. Um papa que falava muitas línguas e se comunicava com facilidade com o povo, com todos os grupos sociais e idades.

As viagens internacionais, que se sucederam uma após a outra, também mostravam um papa di-ferente, que queria estar próximo da Igreja nas suas mais diversas re-alidades sociais e culturais. Isso se confirmou ao longo de todo o seu pontificado, com a visita à maio-ria dos países, mesmo pequenos e de população reduzida. Não eram viagens de turismo e lazer, mas visitas apostólicas e missionárias. Ele conheceu de perto o rosto e a situação da Igreja em todo o mun-do. Em 1980, veio pela primeira vez ao Brasil. Viria ainda outras duas vezes. A primeira visita ao Brasil durou 12 dias. Começando por Belo Horizonte (MG) – “que belo horizonte!” –, incluiu as prin-cipais cidades do Brasil, de norte a sul. Estive no meio da multidão que participou da missa por ele cele-

brada em Curitiba (PR). Ainda não havia sido nenhum encontro próxi-mo, mas me encheu de entusiasmo.

Durante meu primeiro perío-do de estudos em Roma, de 1982 a 1984, tive a oportunidade de acom-panhar meu bispo, de Toledo (PR), em sua audiência pessoal com o Papa, durante a visita ad limina. De minha parte, foi um encontro bre-ve, porém, marcante. Ele olhava as pessoas com profundidade e tinha sempre uma palavra pessoal para cada um. Lembro que os bispos co-mentavam com admiração que o Papa os recebia, em grupos, para o almoço com ele e que ele, mais que comer, queria ouvir o que os bispos tinham a comentar. Era ali que ele percebia o coração e a têmpera dos pastores que estavam à frente das dioceses de todo o mundo. Além disso, durante a visita ad limina, os bispos também celebravam com o Papa em pequenos grupos na sua capela privada. Isso os enchia de alegria e aprofundava a sua comu-nhão com o Pontífice.

Tive, depois, o convite para tra-balhar como ajudante interno na Congregação para os Bispos, na Cúria Romana, de 1994 até o iní-cio de 2002. Com outros sacerdo-tes, oriundos de 13 países diversos, tive a percepção da enormidade da missão e do trabalho do Papa dian-te da Igreja e nas suas relações com o mundo. Naturalmente, João Pau-

lo II contava com um grande corpo de colaboradores e lhes delegava incumbências específicas. O pró-prio Papa, porém, acompanhava os trabalhos dos diversos setores da Cúria. Durante esse período, tive muitos encontros próximos com o Papa, além das celebrações das quais participava com regularida-de. Ele possuía uma grande energia pessoal e atraía muitas pessoas para os eventos em que estava presente. Deu grande destaque aos jovens, que se sentiram especialmente atraídos por ele.

Em novembro de 2001, fui no-meado Bispo Auxiliar de São Paulo, estando ainda em serviço no Vati-cano. Antes de regressar ao Brasil, em janeiro de 2002, pude celebrar na capela privada do apartamento pontifício, junto com o arcebis-po emérito de Messina (Sicília), ao lado do Papa. Foi um momen-to marcante e lembro vivamente a sua atitude na oração. Parecia que ele estava fisicamente na presença de Deus e em diálogo com Ele. E assim também me pareceu durante a celebração da missa. Ele era um homem de oração e de grande con-fiança em Deus. No final da missa, vendo que eu ainda não usava uma cruz peitoral, ele colocou uma em mim. Conservo-a com muito cari-nho até hoje, como uma lembrança pessoal, quase uma relíquia, desse grande pastor da Igreja.

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

Conheci São João Paulo II

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www.arquisp.org.br | 20 a 26 de maio de 2020 | Geral | 3

Apresentar ao mundo as verdades da fé e retribuir o amor que Jesus tem por todos são deveres dos cristãos, como lembrou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no domingo, 17, no início programa “Diálogos de Fé”, transmiti-do ao vivo pela rádio 9 de Julho (AM 1600 kHz) e na página oficial de Dom Odilo no Facebook.

“Estejam sempre prontos para apresentar a explicação dos motivos da sua fé e esperança a quem desejar. Como diz São Pedro, no entanto, fa-çam isso com bondade e mansidão, e não com palavras duras ou violentas. Não podemos impor [nossas ideias] aos outros, pois isso não funciona; de-vemos respeitar a posição dos outros, mesmo se discordarmos”, afirmou o Arcebispo ao recordar a segunda lei-tura da liturgia do 6º Domingo da Pás-coa (1Pd 3,15-18).

CONHECER A NOSSA FÉ O Cardeal reforçou que a Primei-

ra Carta de São Pedro é uma bela catequese pós-batismal a todos os batizados; reiterou, ainda, sobre a im-

portância de se conhecer a fé cristã e enfatizou que todas as casas deveriam ter o Catecismo da Igreja Católica, pois é o livro da “explicação oficial da nossa fé”.

“O Catecismo é magistério da Igre-ja, é a explicação oficial daquilo que nós cremos: em Deus Pai. Daquilo que nós praticamos: os Dez Manda-mentos e os demais aspectos e fontes da nossa moral católica. Daquilo que nós celebramos: os sacramentos, li-turgia e oração. E como nós vivemos e nos relacionamos: a Doutrina Social da Igreja.”

O MANDAMENTO DE JESUS Fazendo referência ao Evangelho

daquele dia (Jo 14,15-21), o Arcebispo de São Paulo recordou que o amor que Jesus tem por todos deve ser retribu-ído, pois amar é observar a Palavra e o mandamento deixado por Deus. E reforçou que é preciso amar de todo o coração e não apenas com palavras.

“O mandamento de Jesus é o amor, mas também são os outros Dez Man-damentos. O mandamento de Jesus são também as bem-aventuranças e todo o Evangelho. O mandamento de Jesus é Ele próprio, sua pessoa, seu exemplo. Ele é a referência à qual nós

devemos sempre voltar, nos orientar e nos inspirar. Isso significa ser discípu-lo.”

PERGUNTAS DOS INTERNAUTAS Como de costume, Dom Odilo

respondeu às perguntas dos internau-tas que estavam acompanhando a live. Leo Lopes questionou: “Como vencer as dificuldades interiores, como a ti-midez, no caso de ser chamado a ser-vir à Igreja?”

“Uma coisa é certa: vencemos a ti-midez dando passos, um de cada vez, com coragem e superando as resis-tências que criamos. É preciso pedir a graça de ter a coragem e confiança em si mesmo, pois a timidez, no fundo, é uma falta de confiança em si mesmo. Então, coragem, você tem capacidade”, disse o Arcebispo.

Já o internauta Vinícius Potter quis saber qual a função do Núncio Apostó-lico. Dom Odilo explicou que “é como se fosse um embaixador do Papa em um determinado país. Nós temos no Brasil uma Nunciatura Apostólica, em Brasília (DF), e o núncio é Dom Gio-vanni d’Aniello. Ele é o embaixador do Papa perante o governo brasileiro e a Igreja. Ele é o representante pontifício perante a Igreja no Brasil”.

orações aos santos, pedindo que inter-cedam a Deus e, de modo especial, a Maria Santíssima: “Dirigimos por meio dela muitas preces, como os filhos que se dirigem à mãe, para que ela interceda por nós”, disse, ao iniciar a oração, cuja íntegra pode sser lida ao lado.

Cardeal Odilo Scherer: ‘Dar testemunho da nossa fé com bondade e mansidão’

FLAVIO ROGÉRIO [email protected]

‘É muito bom que possamos recorrer a Deus e confiar a Ele nossa angústia’

JENNIFFER [email protected]

À vossa proteção recorremos, San-ta Mãe de Deus. Na dramática situação atual, carregada de medo e angústia, que oprime o mundo inteiro, recorremos a vós, Mãe de Deus e nossa Mãe, refugian-do-nos à vossa proteção. Ó, Virgem Ma-ria, voltai para nós os vossos olhos miseri-cordiosos nessa pandemia de coronavírus e confortai todos aqueles que se sentem perdidos e choram por seus familiares mortos, por vezes sepultados de uma ma-neira que fere a alma.

Sustentai aqueles que estão angustia-dos por pessoas enfermas, de quem não podem se aproximar para evitar o contá-gio. Infundi confiança a quem vive ansioso com o futuro incerto e as consequências sobre a economia e o trabalho.

Mãe de Deus e nossa Mãe, alcançai- -nos de Deus Pai de misericórdia que essa dura prova termine, que volte um horizon-te de esperança e paz. Como em Caná, in-tercedei a vosso Filho divino, pedindo-lhe que conforte as famílias dos doentes, das vítimas e infunda no seu coração a con-fiança.

Protegei os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde e os voluntários que nes-se período de emergência estão na van-guarda, arriscando a própria vida para salvar outras vidas. Acompanhai sua fa-diga heroica e dai-lhes força, bondade e saúde.

Permanecei junto daqueles que assis-tem noite e dia os doentes, acompanhai os sacerdotes, que procuram ajudar e apoiar a todos com solicitude pastoral e dedicação.

Virgem Santa, iluminai as mentes dos homens e mulheres da ciência, a fim de encontrarem soluções justas para vencer esse vírus. Assisti os responsáveis das na-ções, para que atuem com sabedoria, soli-citude e generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para viver, pro-gramando soluções sociais e econômicas com clarividência e espírito de solidarie-dade.

Maria Santíssima, tocai as consciên-cias para que as somas enormes usadas para aumentar e aperfeiçoar armamentos sejam antes destinadas a promover estudos adequados para prevenir catástrofes desse tipo também no futuro.

Mãe amadíssima, fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma úni-ca e grande família humana, na consci-ência do vínculo que une a todos, para acudirmos com espírito fraterno e solidá-rio a tanta pobreza e inúmeras situações de miséria.

Encorajai a firmeza na fé, a perseve-rança no serviço, a constância na oração. Ó, Virgem Maria, consoladora dos aflitos, abraçai a todos os vossos filhos atribulados e alcançai-nos a graça da intervenção de Deus com sua mão onipotente para nos libertar dessa terrível pandemia, de modo que a vida possa retomar com serenidade.

Confiamo-nos a vós, ó Virgem Ma-ria, que resplandeceis sobre o nosso ca-minho como sinal de salvação e de espe-rança, ó clemente, ó pia, ó doce sempre Virgem Maria.

Amém!

Fambras

Oração feita por Dom Odilo

No dia em que toda a humanidade esteve unida em oração e jejum pelo fim da pandemia do novo coronavírus, na quinta-feira, 14, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, partici-pou de um diálogo vir-tual com outros líderes religiosos, promovido pela Federação das As-sociações Muçulmanas do Brasil (Fambras).

Também falaram o Sheikh Mohamad Bukai, Diretor Re-ligioso da União Is-lâmica e Sheikh da Mesquita do Brasil; e Ibrahim Salem Al Alawi, Cônsul-Geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo. O encontro foi mediado por Cristina Thomaz, asses-sora de impressa da Fambras.

“Esse é um ato importante por estarmos todos na mesma situação. A doença não escolhe língua, raça, religião, classe social, rico ou pobre.

Portanto, é um momento que nos sen-timos irmanados a partir da nossa fra-gilidade. É muito bom que possamos recorrer a Deus e confiar a Ele nossa angústia”, frisou Dom Odilo.

FRAGILIDADEEm sua participação, o Cardeal en-

fatizou a aflição das pessoas infectadas pelo novo coronavírus, referiu-se àque-les que já conseguiram se recuperar, aos profissionais da área da Saúde e fez espe-cial menção aos mais vulneráveis: “Nós sabemos o quanto já é difícil enfrentar a pandemia tendo boas estruturas sani-

tárias e econômicas. Agora, imagine os pobres, que são muitos, e com enormes dificuldades até para se proteger, pois têm que sair de casa para ganhar o pão de cada dia e, portanto, vivem em uma situação de risco e fragilidade”.

Dom Odilo falou sobre a necessi-dade de todos se abrirem para Deus

e “descobrir que Ele nos estende a mão em nossa fragilidade, mais ainda quando reconhe-cemos que não somos autossuficientes e, tal-vez soberbos, de negar a sua ajuda”, apontou.

COMUNHãO DOS SANTOS

O Arcebispo ex-plicou, também, que, na tradição católica, os fiéis dirigem as suas

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4 | Ponto de Vista | 20 a 26 de maio de 2020 | www.arquisp.org.br

Ponto de vista diz respeito a uma situação e à maneira ou à perspectiva particular pela qual o indivíduo emite sua opi-

nião. De modo bem simples, é a forma como cada pessoa enxerga a realidade e a compartilha. Este modo particular de ver as coisas sofre influências do meio em que vive, da cultura e do nível de informação de cada indivíduo. Por isso, não é incomum a divergência entre os pontos de vista. Daí a expressão popu-lar: “Todo ponto de vista é a vista de um ponto”.

Pontos de vista influenciam direta-mente as escolhas e atitudes pessoais dos indivíduos. Quando um conjun-to de pessoas compartilha um mesmo ponto de vista, pode-se esperar dele um comportamento mais ou menos uniforme. O fato, contudo, de muitas pessoas compartilharem um mesmo ponto de vista não isenta o indivíduo da responsabilidade pessoal de confir-mar, por meio de informações isentas e seguras, do confronto com os fatos e

com os princípios, se um determinado ponto de vista tem relação com a ver-dade, com a realidade e com a mora-lidade. Um ponto de vista pode ajudar a compreender as motivações de de-terminadas escolhas e ações humanas, mas não é suficiente para justificá-las sob o ponto de vista ético. O compor-tamento humano e social não pode depender apenas de um ponto de vista subjetivo.

A situação do mundo, no contexto de pandemia, revela como diferentes pontos de vista têm influenciado ati-tudes pessoais, sociais e decisões po-líticas, e dividido a opinião pública. Da qualificação da COVID-19, como doença leve ou grave, à forma de trata-mento e até as posturas e controvérsias em torno do isolamento social e deci-sões por fechar ou abrir indústrias e comércio, tudo isso tem dividido a opi-nião das pessoas e provocado confron-tos abertos. O difícil é saber o quanto as decisões tomadas estão pautadas pelo confronto com a realidade e a busca

do bem comum, ou, simplesmente, por pontos de vista influenciados por inte-resses políticos, econômicos ou mesmo ideológicos. Fato é que muitas pessoas estão morrendo.

Um ponto de vista controverso é seguramente aceitar que as mortes pro-vocadas pelo novo coronavírus fazem parte de um processo normal, em que alguns morrem enquanto a maioria vai apenas passar por isso, em uma espécie de “seleção natural”. Sendo a vida um valor que deve ser defendido em todas as suas etapas, a morte de qualquer pes-soa, independentemente da idade ou qualquer outro fator, não pode ser rece-bida passivamente, sem dor nem luta.

Outra questão sobre a morte é que, em decorrência dos avanços da Medi-cina e da Ciência, a vida passou a ser mais longa. A cura das doenças e a me-lhora na qualidade da alimentação e do bem-estar aumentaram a expectativa de vida, dando certa impressão de vitó-ria sobre a morte. O contexto atual joga por terra essa expectativa, sobretudo

quando a morte acontece em centros de terapia intensiva, rodeada por pro-fissionais, que, mesmo lançando mão de todos os recursos, são incapazes de evitar que ela ocorra.

Já nas periferias, a morte parece não causar a mesma impressão, o que talvez explique, em parte, a falta de temor, de cuidados e prevenção contra o contá-gio do novo coronavírus. Em geral, a periferia tem grande familiaridade com mortes decorrentes das muitas violên-cias que sofre: moradias inadequadas e aglomeradas, falta de saneamento, condições de saúde e higiene precárias, poucos investimentos e recursos para educação, esporte e cultura, consumo de drogas e álcool...

O valor da vida é igual para todos e o risco de morte também. Pontos de vista são importantes para um debate, para a busca de soluções e para a toma-da de decisões, mas, para isso, é preci-so convergência. O que pensamos não pode ser o que nos separa, mas, sobre-tudo agora, deve ser o que nos une.

Ponto de vistaEditorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

As mudanças aceleradas, contí-nuas e estruturais no contexto social e cultural têm feito da escolha voca-cional e profissional – tão crucial a qualquer pessoa – um grande desafio. O impacto da tecnologia no mercado de trabalho elimina profissões, mas resulta no aparecimento de outras: como decidir por um curso ou forma-ção que capacite para profissões que ainda não existem? A prevalência do ambiente digital na vida cotidiana al-tera a percepção de si mesmo: como descobrir as próprias habilidades e aptidões, normalmente reconhecidas na relação com a realidade? Diante do mar de propostas atraentes e focadas no presente, enfatizando a fruição efê-mera, é possível escutar um chamado ou convite mais profundo, duradou-ro? Como escolher diante da imensa rede de oportunidades oferecidas, que favorece a liberdade, a autonomia da pessoa e, ao mesmo tempo, a fragiliza e paralisa na sua tomada de decisão?

Resgatar o significado da palavra vocação (do latim, vocare, “chamar”) ajuda a se colocar na posição adequa-da para enfrentar a questão. Trata-se de um chamado feito não apenas no nível profissional, mas à pessoa em sua totalidade, o qual precisa ser des-coberto e igualmente respondido. Esse convite não é produzido pela pessoa, mas vem ao encontro dela por meio

O desafio da vocação nos dias de hojee realização do “eu” sem a presen-ça e o relacionamento com o “tu”.

É nesse espaço de diálogo e rela-cionamento que o ser pessoal se cons-titui, se revela e se realiza. Nesse sen-tido, podemos entender a provocação feita pelo Papa Francisco na Vigília de Oração para a Jornada Mundial da Ju-ventude em 2017 (lembrada no docu-mento final da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, “Os jovens, a fé e o discernimento voca-cional”): “Podes passar a vida inteira a questionar-se quem és. Mas a pergun-ta que deves colocar é esta: ‘Para quem sou?’”

Quanto mais o jovem reconhece e aprofunda as características de seu ser pessoal, aventurando-se a dizer “eu” diante de suas circunstâncias, mais será capaz de decidir num con-texto em contínua transformação.

Atualmente, colocar-se seriamen-te a pergunta sobre a vocação é um desafio e uma aventura fascinante. A proposta é “receber a vida como ela vem, abraçar a vida como é”, como diz o Papa Francisco, sem renunciar ao anseio natural do coração que é feito para um “mais”, que guia até encontrar a “rota capaz de satisfazer sua sede de felicidade”. (Mensagem pelo Dia das Vocações 2019).

Arte: Sergio Ricciuto Conte

das situações concretas da vida, que revelam suas inclinações, capacidades, dons, interesses e os percursos que lhe correspondem. A fim de identificar esse chamado, é preciso atenção a si mesmo, ao modo com o qual se rela-ciona com as pessoas e com a realida-de, de tal forma que a pergunta “O que vou fazer?” gere outras: “Quem sou? Quem desejo ser?”

O ponto de partida para a orien-tação e discernimento na escolha vocacional é a singularidade da pes-soa, seu próprio ser, com suas pos-sibilidades únicas e irrepetíveis. A vocação mais fundamental é a de ser si mesmo, afirmar a própria hu-manidade em toda sua amplitude,

acolhendo e expressando, com seu modo particular, a profundidade de suas exigências de realização. Por isso, a decisão por qualquer caminho vocacional ou profissional deve estar ancorada na afirmação do “quem” a pessoa é e deseja ser: é esse “alguém” que dá consistência e significado ao “que” vai ser realizado.

A descoberta de si, o autoconhe-cimento, é um processo dinâmico que dura toda a vida. O “eu” se re-vela e se realiza no encontro com o outro: diante de um “tu”, a pessoa se reconhece, encontra a si mesma e verifica que seu ser é dirigido a algo ou Alguém que está fora ou além dela. Não é possível a descoberta

sÍlVia REGiNa BRaNdÃo

Opinião

Sílvia Regina Brandão é psicóloga pelaPUC-SP e doutora em Filosofia da Educação

pela Faculdade de Educação (FEUSP). Atende no Provocação – Serviço de Orientação

Profissional. E-mail: [email protected]

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Os quatro evangelhos apresen-tam relatos do encontro dos discípulos com Jesus Ressus-citado. Embora esses relatos

apresentem algumas diferenças, todos indicam que tais encontros foram funda-

mentais para a confirmação da fé no Res-suscitado e para a missão de anunciá-lo a todo o mundo. Um dos relatos é aquele que conta a história dos discípulos que caminhavam para Emaús, um povoado que ficava a alguns quilômetros de Jeru-salém, e aconteceu no mesmo dia da res-surreição do Senhor.

O evangelista Lucas relata que dois discípulos caminhavam e conversavam entre si, indo na direção do povoado de Emaús. Tinham o rosto sombrio, certa-mente marcado pela decepção e pela in-compreensão dos fatos. Enquanto cami-nhavam, aproximou-se deles alguém que parecia desinformado sobre os aconteci-mentos recentes que haviam ocorrido em

Jerusalém. Esse encontro foi o princípio de um diálogo proveitoso, em que aquele desconhecido foi explicando e iluminan-do as Escrituras e aquelas passagens rela-cionadas a Jesus.

O diálogo fora fecundo, mas o cami-nho acabou e chegaram ao povoado de Emaús. Os discípulos convidaram aque-le estranho a ficar com eles e fazer uma refeição. Quando estavam à mesa, aquele desconhecido tomou o pão e o partiu. Atitude estranha, pois quem reparte o pão é o dono da casa e não o convida-do. O gesto recorda a Eucaristia, e foi o momento em que os dois discípulos re-conheceram o Senhor Ressuscitado, que já não estava mais presente fisicamente.

Emaús é um caminho de encontro com o Ressuscitado. Será que não estamos dian-te de um “novo Emaús”?

Os acontecimentos das últimas sema-nas também são sombrios, cheios de in-certezas e tristezas, com muitas pergun-tas e poucas respostas. No entanto, assim como aconteceu em Emaús, os discípulos de hoje, homens e mulheres de todas as partes do mundo, têm repetido o convi-te: “Permanece conosco, pois cai a tarde e o dia já declina”. Esse é o tempo de um novo Emaús, de um novo caminho de encontro com o Senhor, que explica a Es-critura e que reparte o Pão. Nele repousa nossa esperança, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida.

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DOM DEVAIR ARAÚJO DA

FONSECABISPO AUXILIAR

DA ARQUIDIOCESE NA REGIãO BRASILÂNDIA E

VIGÁRIO EPISCOPAL PARA A PASTORAL DA COMUNICAÇãO

Espiritualidade

LAPA

Não era preciso que tudo isso acontecesse?

Após a missa realizada no dia 13 na Pa-róquia Santo Alberto Magno, Setor Pasto-ral Butantã, presidida pelo Padre Antonio Francisco Ribeiro, Pároco, e transmitida on-line, a reportagem da Pastoral da Comu-nicação (Pascom) Regional conversou com o músico e compositor Mário Vieira, do mi-nistério de música paroquial.

“A Sagrada Escritura ensina que o minis-tério de música é algo antigo e foi instituído na casa de Deus pelo rei Davi. Trata-se de um ministério e, portanto, necessita de pre-paro prévio para adequar as músicas con-forme o tempo litúrgico”, observou Vieira.

Ele lembrou que há mais de 40 anos se aproximou da música litúrgica na Paróquia Santa Maria Goretti, no Butantã, ao se inte-grar a um grupo de jovens e, desde então,

tem se inteirado sobre a liturgia do dia, para preparar, com antecedência, um roteiro musical condizente com os textos bíblicos.

O “cantor de Deus”, como alguns o cha-mam, afirma que “o objetivo de cantar na Santa Missa é o de ajudar a assembleia a rezar, participando de cada tempo litúrgico adequadamente”.

Vieira cantou e tocou nas Paróquias Sagrado Coração de Jesus, no Parque Con-tinental, onde foi criada a sua banda “Os Beatus”; Nossa Senhora dos Pobres, no Butantã; Natividade do Senhor, no Jardim Bonfiglioli; São Francisco de Assis, no Lar-go São Francisco; São Joaquim e Santa Ana, no Jardim Humaitá; e Nossa Senhora de Fá-tima, na Vila Leopoldina. Atualmente, ser-ve como membro do ministério de música nas Paróquias São Francisco de Assis, no Jaguaré; São João Batista, Santo Antônio de Pádua e Santo Alberto Magno.

No dia 10, na Paróquia Santa Mônica, no Setor Pastoral Pirituba, o Padre Flávio He-liton, Pároco, com base na passagem bíblica “Porque tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber” (Mt 25,35), realizou uma carreata da so-lidariedade, recolhendo alimentos não perecíveis na comunidade paroquial. A arrecadação foi de quase uma tonelada, que será destinada aos mais pobres que buscam ajuda na Paróquia. (por Marcos Grego)

No dia 13, monges do Mosteiro de São João Gualberto, no Setor Pirituba, prestaram ho-menagem a Nossa Senhora de Fátima, apresentando o 1° Recital Mariano. Eles cantaram à Virgem Maria e juntos suplicaram para que ela interceda a seu Filho pelo fim da pandemia do novo coronavírus.

Na manhã do domingo, 17, Dom José Benedito Cardoso presidiu missa na Paróquia Santa Maria Goretti, no Setor Pastoral Butantã, transmitida on-line.

No dia 13, Dom José Benedito Car-doso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, publicou mensagem a todos os fiéis das paróquias daquela Re-gião que estão rezando o Terço on-line diariamente:

“Caros irmãos e irmãs, rezar sempre faz bem, rezar é o nosso louvor, nossa gratidão quando as coisas vão bem, rezar também é nosso rito, quando estamos pre-ocupados com as incertezas da vida”, afir-mou o Bispo. “Que bom que vocês encon-traram um jeito de se agrupar, se juntar para rezar. Quando a gente reza juntos, dá

mais coragem, mais ânimo, e a oração que vocês estão fazendo, coisa simples, por que não? Faz um bem enorme a tanta gente, que nós nem conhecemos.”

Por fim, expressou: “Que neste mês de maio sejam alimentadas nossas devoções profundas, sobretudo à Mãe de Deus e nossa também. Então, rezemos, pedindo sua intercessão. Ela, como mãe, sabe das nossas necessidades, sabe das nossas pre-ocupações, e, com certeza, vai nos atender. Que Nossa Senhora de Fátima abençoe a todos vocês, e que se mantenham sempre unidos e perseverantes na confissão”. (BN)

Dom José Benedito envia mensagem aos que rezam o Terço

Padre Antonio Francisco, Mário Vieira e a esposa do músico, Rosana Simone Vieira

Executar a música litúrgica requer bom preparoBENIGNO NAVEIRA

COLABORADOR DE COMUNICAÇãO DA REGIãO

Marcos Grego

Benigno Naveira

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No dia 12, na Paróquia São José do Belém, os Padres Marcelo Maróstica, Pároco, e Fabiano Alcides, Vigário

Paroquial, recitaram os mistérios dolorosos diante do Santuário-Lar Paroquial Três Vezes Admirável Mãe Pe-regrina de Schoenstatt, que completa 20 anos de exis-tência. A celebração foi transmitida pelo Facebook da Paróquia, tendo um alcance de cerca de mil pessoas.

O Santuário-Lar foi inaugurado em 14 de maio de 2000 pelo Padre Lauro Wisnieski, então Pároco. Em 2010, passou por reformas, sendo reinaugurado em 30 de junho daquele ano pelo Padre Ivan Roberto. A coro-ação foi em 27 de novembro de 2011. A missão é educar, santificar e proteger as famílias. A Mãe Peregrina foi co-roada como Rainha dos Sacerdotes.

Na recitação do Terço, Padre Marcelo exortou: “Nes-te mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, rezamos de maneira especial aqui neste Santuário dedicado à Mãe Peregrina. Nesta semana, este Santuário completa

20 anos diante da Mãe Peregrina na Paróquia São José do BelémFERNANDO ARTHUR

COLABORADOR DE COMUNICAÇãO DA REGIãO

20 anos de existência, 20 anos cumprindo sua missão de educar, santificar e proteger a família, por meio das bênçãos da Virgem Maria. Que possamos, então, unir o nosso coração ao coração da Mãe de Deus”.

Fernando Arthur

Padres em oração diante do Santuário-Lar Paroquial, no dia 12

Tradicionalmente no dia 13 de maio, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Sumaré, é tomado por milhares de peregrinos para festejar a padroeira. Este

ano, porém, a situação foi completamen-te diferente. O templo esteve vazio e em silêncio, mas o clima se manteve festivo.

Naquela quarta-feira, um carro de

Paróquias ampliam ações sociais em tempo de pandemiaPOR CENTRO DE PASTORAL DA REGIãO SÉ

Desde o início do isolamento social, devido à pandemia do novo coronavírus, não faltam exemplos de ações inspi-radoras de solidariedade e evangelização nas paróquias da Região Episcopal Sé.

Na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, no Setor Aclimação, foi realizado, em abril, o projeto “Amor e Ação”, sob a coordenação dos Padres Antonio Ferreira Na-ves e José Elias Fadul, juntamente com outro grupo ligado à Pastoral da Terra, por meio do qual houve a entrega de álcool em gel a 240 famílias de migrantes desempregados na rua Voluntários da Pátria, além de roupas para crianças e agasalhos. A Paróquia atende 80 famílias carentes da região da Vila Monumento.

No mesmo mês, a Paróquia Santíssimo Sacramento, no Setor Paraíso, distribuiu 159 cestas básicas, kits de higiene e máscaras a famílias carentes. Foram aproximadamente 2 toneladas de alimentos e produtos de higiene.

Outra ação é a da Legião de Maria da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, Setor Aclimação, que tem le-vado café da manhã às pessoas em situação de rua na região do Cambuci e Glicério. Doações são aceitas, assim como vo-luntários são bem-vindos. O grupo se reúne aos sábados em frente à matriz (rua Ouvidor Portugal, 598, Vila Monumento).

A Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, junta-mente com a instituição Damas de Santa Izabel da Hungria, distribuiu cestas básicas a famílias carentes e roupas e cal-çados à Missão Belém. As atividades foram acompanhadas pelo Frei Jair Roberto Pasquali, Pároco.

A Paróquia Santo Agostinho tem recolhido mantimen-tos e distribuído cestas básicas. Já a Paróquia Santa Rita de Cássia possui a Pastoral Social, que recebe doações deposi-tadas em uma caixa no pátio da igreja matriz e valores em dinheiro via depósito bancário.

Na Paróquia São Joaquim – Igreja Nossa Senhora da Glória, a Pastoral Santa Rita tem fornecido ajuda a 110 fa-mílias cadastradas e a outras que vão à matriz paroquial pedir auxílio. Mais de 3 toneladas de alimentos estão sendo distribuídas em horários pré-agendados, em ações coorde-nadas pelo Padre José Donizeti Coelho.

A Paróquia Nossa Senhora da Achiropita realiza uma ação social com os Vicentinos, juntamente com o Centro Educacional Dom Orione, com a distribuição de cestas bá-sicas, orientada por Eduardo José da Silva, coordenador das ações.

Também na Casa Restaura-me, um núcleo de convivên-cia da Aliança de Misericórdia, pessoas em situação de rua são atendidas em suas necessidades de alimentação e higie-ne pessoal, e podem contar com assistência médica, jurídica e psicológica. Também a Missão Belém precisa de doações para manter as atividades de assistência aos mais pobres das ruas e aos que buscam se livrar do vício das drogas.

Já alguns fiéis de paróquias do Setor Pastoral Brás cria-ram o projeto “Operação Saúde”, com vídeos apresentados por profissionais especializados em cada área, com orien-tações em temáticas como “Idosos: cuidados essenciais”, “Perigos da automedicação”, “Atitudes antipânico”, “Crian-ças também devem se cuidar”, “Nutrição” e “Alongamento”. Todos estão disponíveis em regiaose.org.br/noticias. Alimentos na Paróquia São Joaquim para serem doados

Mesmo distantes, fiéis expressam devoção a Nossa Senhora de Fátimasom percorreu as ruas e avenidas do bairro do Sumaré, levando a imagem de Nossa Senhora de Fátima, ao som do canto “A Treze de Maio na cova da Iria/No céu aparece a Virgem Maria / Ave, Ave, Ave Maria...”, com bênçãos aos de-votos nas casas, prédios e alguns comér-cios abertos. Muitos acenaram e bateram palmas.

Após percorrer as ruas, a imagem re-tornou ao Santuário, onde foi celebrada a missa às 18h30, transmitida ao vivo, com as portas fechadas.

“Os três pastorinhos conseguiram transmitir as mensagens de Nossa Se-nhora de Fátima – ‘oração, paz e con-

versão’ – para o mundo. A mensagem continua hoje, presente entre nós: ‘Rezar com devoção o Santo Rosário’ como o remédio mais seguro e eficaz contra to-dos os males que afetam a humanidade tanto no corpo quanto na alma”, afirmou o Frei Jair Pasquali, Reitor do Santuário.

Para cada dia da novena, Frei Jair gra-vou um áudio e disponibilizou vídeos, para que os fiéis pudessem acompanhar de suas casas e assistir às missas. No site da Região Sé, é possível ouvir os áudios, assistir aos vídeos da passagem da ima-gem pelo bairro, além de ouvir o canto “A Treze de Maio” – Hino de Nossa Se-nhora de Fátima. (CPRG)

Carreata com a imagem de Nossa Senhora de Fátima é realizada pelas ruas do Sumaré, dia 13

Paróquia Nossa Senhora de Fátima

Pascom paroquial

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BRASiLâNDiA iPiRANGA

Comportamento

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

Fé e Cidadania

Estamos vivendo tempos nunca vistos. Um tsunâmi na saúde e outro na economia, o que tem gerado muitas dis-cussões e análises. Alguns chegam a tentar comparar o valor de uma vida ao preço de uma máquina. Como se isso fosse possível!

O fato é que, do ponto de vista econômico, a pandemia gerou um grande volume de análises e de previsões sobre o que nos espera quando sairmos da crise atual. Algumas dessas estimativas são óbvias porque o tempo perdido na economia não volta mais. Assim, a recessão, o desemprego, o aumento da fome são consequências já reais. Crises econô-micas usualmente acontecem, como queda de elevador, mas subida de escada é bem difícil, com degraus altos e que exi-girão muito esforço. Este comentário já tive a oportunidade de traçar em recente artigo no “Estadão”.

Muito fortes estão as discussões sobre se a situação re-presenta o fim do neoliberalismo e se vamos nos voltar para um campo com forte presença do Estado. Temos, no entan-to, um grau de incerteza nunca visto. Assim, admitir “certe-zas” é desconsiderar a realidade.

Nessas tentativas de prever o que nos espera e qual o mo-delo econômico que irá prevalecer, não estamos encontran-do análises que considerem a visão social da Igreja Católica. No entanto, existe na Igreja uma tradição de emissão de car-tas de cunho social, como podemos encontrar no Evangelho e nos textos de São João Crisóstomo. E, a partir de Leão XIII, em 1891, foi iniciada a produção de forma mais sistemática de cartas sociais. Dessa forma, a Igreja nos propõe um mo-delo que se preocupa com o desenvolvimento humano, sem deixar de considerar a economia e sua importância na vida das pessoas. Particularmente, a encíclica do Papa Emérito Bento XVI Caritas in veritate (CV) é toda dedicada a essa temática.

A carta de Bento XVI traz princípios de reflexão: os cri-térios de juízo da Doutrina Social da Igreja e uma visão mais geral da economia, de sua finalidade e da responsabilidade de seus atores. Não cabe aqui trazer uma discussão detalha-da de toda a encíclica, mas vale ao menos a citação de um parágrafo:

“A crise nos força a rever nosso caminho, a dar-nos novas regras e a encontrar formas novas de compromisso, a valori-zar as experiências positivas e a rejeitar as negativas. A crise se torna ocasião de discernimento e de nova planificação. Nesta chave de leitura, confiante e não resignada, devem-se enfrentar as dificuldades do momento presente” (CV, 21).

Sobre o momento em que vivemos, encontramos mais paralelos em filmes de Hollywood, com ruas vazias, o medo geral, o pânico à porta. Por outro lado, muitos estão perce-bendo situações que não eram vistas anteriormente. Come-çamos a enxergar as pessoas em situação de rua, que antes não eram notadas. As pessoas não viam esses seres huma-nos, não notavam que eles sempre estiveram lá. Passamos a entender a importância de algumas profissões e dar valor para situações que não eram percebidas. Ficou escancarado que milhões de pessoas não têm segurança social alguma. Dependem do trabalho diário para poder comer.

Recorrendo novamente à Caritas in veritate, lá encontra-mos que a ciência econômica nos diz que “a situação estru-tural de insegurança gera comportamentos antiprodutivos e de desperdício de recursos humanos.” E mais, “os custos humanos são sempre também custos econômicos, e as dis-funções econômicas acarretam sempre também custos hu-manos” (CV, 32).

Tudo que estamos vivendo vai nos levar a repensar nosso modo de vida. Tudo será diferente. Vamos ter que ressigni-ficar muitas coisas de nossa sociedade e nas nossas relações nesse “novo” normal. Portanto, ter “certezas” do que nos es-pera no futuro é leviano.

Fabio Gallo Garcia é professor da Fundação Getúlio Vargas e foi professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui doutorado em

Finanças pela Fundação Getúlio Vargas e em Filosofia pela PUC-SP.

Um novo caminhoFABIO GALLO GARCIA

Antecipo que alguns fatos citados serão difíceis de ler, de-vido à dor e ao sofrimento que têm acometido a população em geral e algumas famílias em par-ticular. Tenho constatado que, apesar dos dados acessíveis na internet e no noticiário, muitas pessoas não procuram relacio-ná-los entre si. Portanto, julgo ser imprescindível mencionar alguns para justificar nosso ra-ciocínio.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, faleceram cerca de 1,3 milhão de pessoas neste País, ou seja, ao redor de 3.500 pes-soas por dia, sem a COVID-19. Destes, 70% eram pessoas com mais de 60 anos e portadoras de comorbidades, exatamente o mesmo público mais compro-metido pela COVID-19. A curva de óbitos atual é ascendente, com média de 600 vítimas por dia na última semana (quando escrevo), das quais, certamente, muitas estariam incluídas no obituário, mesmo sem o coronavírus. Cha-mo a atenção que o alarmante noticiário, num determinado dia, fala a respeito de 900 mortes; ou-tro, de 350 óbitos por dia, naque-la mesma data, o que confunde as pessoas. Os registros não são imediatos, e uma epidemia não evolui com altos e baixos tão dife-rentes em 24 horas. Noticiar “no-vos recordes” assusta mais. Nin-guém comenta quantos teriam falecido sem o vírus, pois, em algumas cidades, salvo por morte violenta, quase todos são consi-derados óbitos pela COVID-19. Fica a impressão de que ninguém deveria ter morrido nesse perío-do, se não houvesse o vírus; e aí está um gravíssimo erro, como

já mencionamos. Onde estão os que não faleceram por coronaví-rus? Muitos, na verdade, estão no obituário como COVID-19 por determinação da lei. Tire o leitor suas conclusões.

Vamos às medidas de saúde. Este tema é difícil e pantanoso: em mais de 2 mil artigos publi-cados, há vários que apontam propostas de tratamento com a utilização de um medicamento barato, conhecido há décadas, com resultados positivos, segun-do seus autores, se oferecido pre-cocemente nas doses e condições adequadas. Surpreendentemente, esses autores foram ignorados. Em um trabalho na Amazônia, com 40 pacientes que tomaram uma dose exagerada e tóxica, desproporcional do uso habitual deste medicamento, 11 vieram a falecer, desqualificando seu uso para tratamento. Medicamento que nem sequer tinha seu recei-tuário controlado, amplamente utilizado para tratar malária há 70 anos; e não se faziam graves restrições ao seu uso, como pas-saram a ser feitas agora, em tem-pos de coronavírus. Na falta de melhor opção, isto é, pelo menos uma decisão estranha, que foi contestada por colegas que usam a droga há anos. A “ciência”, no entanto, falou mais alto, à espera de melhores e mais seguras evi-dências. Uma vez não tratados precocemente, segundo a orien-tação mencionada, desencadeia-se a necessidade de internação de tais pacientes, e pela gravidade, de grande quantidade de leitos de UTI, com profissionais qua-lificados para uma assistência complexa. Enquanto isso, cresce a lista do obituário: está criada a situação de calamidade pública. Tire o leitor suas conclusões.

O sistema de saúde não dis-

põe de leitos suficientes - não é de agora - e não há equipes qua-lificadas em quantidade, mesmo com esforço heroico, a quem aplaudimos, para atender à de-manda. O cenário apocalíptico está feito. Resta ampliar as ins-talações hospitalares com leitos equipados com aparelhos caros, que deverão ser comprados sem licitação: a vida não pode esperar. No noticiário, soma-se, às graves dificuldades econômicas, a indig-nação das compras superfatura-das. Propaga-se, voz corrente, a “nova normalidade”, na qual mi-lhões são amedrontados a viver o seu cotidiano como se morassem confinados num centro cirúrgico, com tudo esterilizado, até even-tual vacina... Proposta que falta com juízo de bom senso da reali-dade. Tomam-se atitudes “muito questionáveis”, como decisões fechadas. Crescem a confusão e o pavor nas pessoas, impotentes e incapazes de cumprir o exigi-do, “para sobreviver”. Tire o leitor suas conclusões.

Finalizando, vamos orientar, conscientizar, manter condutas possíveis de higiene e prevenção para cuidados de convivência e transporte, que são de res-ponsabilidade social. É preciso, porém, virar a página, voltar ao mundo real que não para, e con-tinuar a viver com serenidade. Os recursos tecnológicos serão usados, mas sem o endeusamen-to que ignore a dura realidade da morte, que existe desde o jardim do Éden. A dor pelo sofrimento e o luto são condições humanas que valorizam este esforço pela dignidade, solidariedade e res-ponsabilidade pela vida; sem es-quecer, porém, mediante a fé e a esperança da sua eternidade.

Valdir Reginato é médico de família. E-mail: [email protected]

Vamos virar a página...VALDIR REGINATO

No dia 13, a Comunidade Nossa Se-nhora de Fátima, da Paróquia imacu-lado Coração de Maria, no Setor São José Operário, celebrou sua padro-eira, com uma missa presidida pelo Padre José Carlos Rodrigues, Pároco,

transmitida pelo Facebook. Um trí-duo preparado por agentes de pas-toral da comunidade também foi di-fundido pela rede social, com o tema “Com Maria, oramos pela paz”.

(por Jenniffer Silva)

Os sacerdotes mercedá-rios reuniram-se on-line na quinta-feira, 14, para vivenciar o dia inter-re-ligioso de oração, jejum e caridade pelo fim da pandemia do novo coro-navírus. O Santíssimo Sa-cramento foi exposto no altar da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, no Setor Anchieta. Estiveram unidos on-line os Freis Elionaldo, em ibirité (MG); Márcio, de Guadalupe (RJ); Fernando, de Ra-mos (RJ); Adilson, de São Raimundo Nonato (Pi); e José Maria e Gersoneide, em São Paulo (SP).

(por Pascom paroquial)

Arquivo pessoal

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8 | reportagem | 20 a 26 de maio de 2020 | www.arquisp.org.br

Karol Wojtyla com seus pais, Karol e Emilia

Na segunda-feira, 18, comemoraram-se os 100 anos do nascimento de São João Paulo II. O polo-nês batizado com o nome de Karol Józef Wojtyla

foi o 264º Pontífice romano e morreu em 2 de abril de 2005, sendo proclamado Santo da Igreja Católica em

27 de abril de 2014.O Papa peregrino, missionário, das famílias, dos jovens,

da paz, esportista, do novo milênio, da mídia, de Nossa Senhora. Esses e muitos outros títulos eram atribuídos

ao Pontífice eslavo, que teve o terceiro pontificado mais longo da história: 26 anos e seis meses.

O mundo o conheceu na noite de 16 de outubro de 1978, quando ele apareceu no balcão da Basílica

de São Pedro, após ter sido eleito o primeiro Pon-tífice não italiano em 455 anos. “Tive medo ao

receber esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor e com a con-

fiança total na sua Mãe, a Virgem Santíssi-ma. Não sei se posso me expressar bem

na vossa... na nossa língua italiana. Se eu cometer um erro, por favor, me

corrijam”, pediu à multidão reuni-

100 anos do homem que fez o mundo abrir-se para Deus

São João Paulo II é o Pontífice que mais visitou países na histó-

ria da Igreja.

Ao todo, foram 250 viagens apostólicas sendo:

109 internacionais;

146 na Itália;

129 países visitados nos 5 continentes.

Sua primeira viagem foi em janeiro de 1979 e teve como destino

a República Dominicana, Bahamas e México. Seu último destino foi

a França, em agosto de 2004, onde visitou o Santuário de Nossa

Senhora do Lourdes.

Esteve 4 vezes no Brasil. A primeira delas foi em 1980,

quando visitou 13 cidades em 12 dias. Em 1991, esteve

em 10 capitais. Em 1997, participou do II Encontro Mundial das Famílias, no Rio de Janeiro.

Também é contabilizada a escala feita pelo Pontífice no aeroporto do Rio

de Janeiro, em 1982, quando estava a caminho da Argentina.

O PAPA PEREGRINO

FERNANDO [email protected]

da na Praça São Pedro.

ORIGEMNo entanto, a his-

tória desse Santo co-meçou na pequena Wadowice, cidade próxima de Cracó-via, na Polônia, onde nasceu, em 18 de maio de 1920.

Era o mais novo entre os três filhos de Karol Wojtyla e Emilia Kaczo-rowska. Ainda na infância, perdeu a mãe. Quando seu pai veio a falecer, ele tinha apenas 20 anos.

Em outubro de 1942, em plena 2ª Guerra Mundial, com a Polônia invadida pelos nazistas, Karol ingressou no seminário clandestino de Cracóvia.

PADRE E BISPODepois que os alemães deixaram sua cidade, em

1945, os estudantes puderam retomar o seminário. Wojtyla foi ordenado sacerdote em 1º de novembro de 1946 e, logo depois, mudou-se para Roma, onde obte-ve seu primeiro doutorado em Teologia.

Em 1958, o Papa Pio XII o nomeou Bispo Au-xiliar de Cracóvia, de onde se tornou Arcebispo, em 1964.

CONCÍLIOCom sólida formação em Teologia, Wojtyla par-

ticipou de todas as sessões do Concílio Vaticano II (1962-1965), contribuiu efetivamente na elaboração de dois documentos conciliares: a declaração Dignitatis humanae, sobre a liberdade religiosa, e a Constituição Pastoral Gaudium et spes, sobre a presença da Igreja no mundo moderno.

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Primeira aparição de São João Paulo II como papa eleito, em 16 de outubro de 1978

www.arquisp.org.br | 20 a 26 de maio de 2020 | reportagem | 9

João Paulo II visita na prisão o turco Ali Agca, autor do atentado de 1981

Amado pelos jovens, João Paulo II criou a Jornada Mundial da Juventude

Na abertura da Porta Santa no Grande Jubileu, em 24 de dezembro de 1999

JUVENTUDE

A jovialidade de João Paulo II o tor-nou muito próximo da juventude, que era presença garantida nas audiências em ce-lebrações. Tanto que, em 20 de dezembro

PONTIFICADOO Cardeal Wojtyla participou do

conclave que elegeu o Papa João Paulo I, o qual morreu apenas 33 dias depois. O novo conclave, realizado semanas depois, elegeu o Arcebispo de Cracóvia como su-cessor de Pedro, aos 58 anos de idade.

“Não, não tenhais medo! Antes, pro-curai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador, abri os confins dos Estados, os sistemas econô-micos - assim como os políticos -, os vas-tos campos de cultura, de civilização e de

progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem ‘o que é que está dentro do homem’. Somente Ele o sabe!”, afirmou João Paulo II, na homilia de início do pontificado, em 22 de outubro de 1978.

Em seu pontificado, João Paulo II es-creveu 14 encíclicas, 15 exortações apos-tólicas, 11 constituições apostólicas, 36 cartas apostólicas e editou 30 documentos sob forma de motu proprio. Proclamou 1.338 beatos e 482 santos. Promulgou os Códigos de Direito Canônico latino e o das Igrejas Orientais e publicou o Catecis-mo da Igreja Católica (este, em 1983).

DIÁLOGO PELA PAzDesde o início de seu ministério petrino, temas como direitos do homem e

da liberdade religiosa tornaram-se uma constante no seu magistério, tanto que hoje é reconhecida sua relevante influência para o fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o sucessivo colapso do regime soviético.

Um evento emblemático foi o histórico encontro de líderes de diferentes tradições religiosas em Assis, na Itália, em 27 de outubro de 1986.

Por outro lado, também desenvolveu em seu magistério uma leitura críti-ca do capitalismo, sobretudo em três das suas 14 encíclicas: Laborem exercens (1981), Sollicitudo rei socialis (1987) e Centesimus annus (1991).

PROTEGIDO POR MARIAA devoção de São João Paulo II a Nos-

sa Senhora marcou toda a sua vida, tanto que escolhera como lema episcopal, que também foi adotado em seu pontificado, a expressão mariana Totus tuus (“Todo teu”), de São Luís Maria Grignion de Montfort.

E foi justamente no dia 13 de maio de 1981, memória de Nossa Senhora de Fátima, que Wojtyla foi atingido por

três disparos feitos pelo turco Ali Agca, diante de uma multidão na Praça São Pedro.

O Santo Padre sempre afirmou que, naquele dia, Nossa Senhora salvou sua vida e desviou com sua mão a bala que lhe seria fatal.

Esse fato também foi marcado pelo testemunho de perdão do Pontífice, que, em 27 de dezembro de 1983, visitou Agca na prisão para lhe conceder pessoalmente o seu perdão.

JUBILEU Na última década de seu pontificado,

São João Paulo II dedicou-se a preparar a Igreja para a celebração do grande Jubileu do ano 2000, em comemoração dos dois milênios do nascimento de Jesus Cristo. O evento assumiu um significado altamente simbólico no âmbito da sua missão pasto-ral e teve uma forte importância peniten-cial, expressa de modo emblemático no Dia do Perdão, 12 de março.

Enquanto isso, Wojtyla via sua condi-ção física se degenerar progressivamente pela doença de Parkinson. O encerra-mento do Jubileu abriu a fase conclusiva do seu pontificado e, depois de uma longa agonia, morreu na noite de 2 de abril de 2005, véspera do 2º Domingo da Páscoa, Festa da Divina Misericórdia, por ele ins-tituída no calendário litúrgico.

ESPIRITUALIDADE Tanto a esfera privada de São João Paulo II quanto a pública foram marcadas

por uma profunda vida de oração. “Para ele, rezar não era só uma necessidade, mas também a coisa mais natural do mundo. Ele alimentava a sua oração com as necessidades dos outros”, testemunhou Joaquin Navarro-Valls, seu amigo pessoal e diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé por 22 anos.

Seu secretário pessoal, o hoje Cardeal Stanisław Dziwisz, também relatou que o Pontífice recebia milhares de cartas do mundo todo, com pedidos de ora-ção, que fazia questão de manter na sua capela privada. “Ele lia cada uma delas e apresentava todas essas intenções ao Senhor, como que a um verdadeiro amigo”, relatou o Cardeal, às vésperas da canonização de Wojtyla.

FAMÍLIAS A família era outra realidade para a

qual São João Paulo II dedicou seu ponti-ficado. Destaca-se a sua Exortação Apos-tólica Familiaris consortio, de 1981, fruto do Sínodo dos Bispos realizado sobre esse tema no ano anterior.

“Consciente de que o Matrimônio e a família constituem um dos bens mais pre-ciosos da humanidade, a Igreja quer fazer

chegar a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem, conhecendo já o valor do Matrimô-nio e da família, procura vivê-lo fielmente, a quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade e a quem está impedido de viver livremente o próprio projeto familiar”, disse o Papa, na introdução do documento.

Em 1994, Ano Internacional da Famí-lia, instituiu o Encontro Mundial das Fa-mílias, que terá sua 10ª edição em 2022, em Roma, na Itália.

de 1985, ele instituiu a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a ser celebrada todos os anos em Roma, no Domingo de Ra-mos, e a cada dois ou três anos, como um evento internacional, sediado por um país diferente a cada edição.

Fotos: Arquivo Vatican Media

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10 | reportagem | 20 a 26 de maio de 2020 | www.arquisp.org.br

SITUAÇãO DA PANDEMIA EM SãO PAULO

Nossa percepção na área metropoli-tana de São Paulo é a de que, de fato, es-tamos vivendo uma crise muito forte e a pandemia realmente se alastrou. Temos algumas áreas da cidade onde há mais in-cidência, porém, de todo modo, o vírus está por toda parte.

O que tem acontecido bastante nos últimos dias é uma tentativa de conter a população em casa. “Fique em casa” é o apelo que estamos ouvindo constante-mente… São tentativas e esforços. Con-tudo, o que se percebe é que não se conse-guiu chegar nem à metade do isolamento

‘Que sejamos capazes de reinventar o convívio social após a pandemia’AFiRMOU O CARDEAL SCHERER, EM CONVERSA COM iNTERNAUTAS PROMOViDA PELA CNBB

FERNANDO [email protected]

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebis-po de São Paulo, participou de uma conver-sa transmitida ao vivo pelas mídias digitais da Conferência Nacional dos Bispos do Bra-sil (CNBB), na tarde da quinta-feira, 14.

Com mediação de Dom Joel Portella Amado, Secretário-Geral da CNBB, o Car-deal Scherer respondeu a perguntas dos

internautas sobre a situação da pandemia tanto na capital paulista quanto na região metropolitana, e como a Arquidiocese de São Paulo está realizando sua ação evangeli-zadora e caritativa.

Leia, a seguir, os principais trechos das reflexões feitas por Dom Odilo a partir dos temas abordados pelos internautas:

Acesse a íntegra do conteúdo da live por meio deste QRcode

ritmo de atendimento e de contato com o povo e com novas formas, pelos meios virtuais.

As pessoas precisam de força interior, motivos para lutar… De fato, os motivos religiosos bem colocados, sem tentar ca-muflar a realidade, mas a partir de uma fé bem enraizada, serena, madura, sem desconsiderar a gravidade das coisas.

Também existe o atendimento aos doentes. Continuamos com vários ca-pelães nos hospitais, mesmo em contato com as situações de risco. A Arquidiocese também, por meio da Pastoral da Saúde, encaminhou uma espécie de cartilha so-bre como cuidar dos doentes em casa.

Procuramos, de toda maneira, estar em contato, interagir com as pessoas.

RETORNO DAS CELEBRAÇõES COM O POVO

Nós vamos ficar atentos àquilo que são as possibilidades... Não dá para ser-mos imprudentes e criar situações de aglomeração antes da hora, quando ainda é muito grande o risco de contágio.

Portanto, o que estamos tentando fazer é ajudar as pessoas a se mante-rem em contato com a Igreja, com a fé, com a Palavra de Deus, com a oração. Assim, elas possam cultivar a sua união com Deus e descobrir, de forma bem

desejamos, mas, neste momento, não será possível.

OS SACRAMENTOS NãO ESTãO PROIBIDOS

Em nenhum lugar o padre está proibi-do de batizar uma criança, de atender al-guém em Confissão, dar a Comunhão. O que está proibido é fazer aglomerações... A Igreja não proibiu e nem cabe ao gover-no proibir. O que está na sua competência é pedir que não haja aglomerações.

A alternativa é cuidarmos da saúde e superarmos a pandemia, para retor-narmos àquilo que naturalmente nós tínhamos. Nós vamos e queremos voltar

SERVIÇO DA CARIDADEPor outro lado, mantemos o serviço

da caridade, organizado virtualmente e com os lugares para acolhida, que es-tão funcionando de maneira presencial. Não dá para saciar a fome do pobre vir-tualmente.

A solidariedade neste tempo se multi-plicou. Existe muita generosidade e muita sensibilidade no meio do povo, de modo que cresceu bastante o número dos servi-ços de solidariedade e de caridade.

Mesmo assim, continuam havendo grandes necessidades. Temos, por exem-plo, a população em situação de rua, em-bora muitos tenham sido recebidos nas nossas estruturas de acolhida e de tantas organizações sociais da cidade e de outros grupos religiosos.

A Igreja não parou suas atividades.

especial, que Jesus não está somente no sacramento da Eucaristia, embora seja a maneira muito especial de sua pre-sença. Jesus está também no pobre, em casa, no marido, na esposa, nos avós, nos netos, nos irmãos, nos pais, enfim, com quem temos que conviver por mais tempo. Essas outras formas de presença e de comunhão com Deus precisam ser muito valorizadas neste momento. De modo que a impossibilidade, ainda, da presença física nas igrejas não nos crie um impedimento para alimentar a nos-sa fé.

Não tenhamos pressa. Se nós quiser-mos forçar a abertura das igrejas para ce-lebrar a missa com o povo agora, teremos protocolos muito restritos e conseguire-mos atender pouquíssimas pessoas... Não é simplesmente abrir a igreja. Isso é o que

seguiram ter acesso a ela. O terceiro fator é que existe aqueles

que não levam a sério o risco. As fake news também contribuem muito para essa mentalidade.

Cerca de 20 milhões de habitantes na região metropolitana são consumidores e servidores de serviços essenciais e preci-sam se locomover. Por mais que se queira manter as pessoas em casa, sempre have-rá gente nas ruas.

DESAFIO PASTORAL DA IGREJA NA PANDEMIA

Pastoralmente, procuramos manter aqueles serviços essenciais, feitos de for-ma diferente. Por exemplo, as celebra-ções não são realizadas de maneira pre-sencial, mas virtualmente. Procuramos incentivar as paróquias a manterem o

social. Significa, portanto, que mais da metade da população está cir-culando, está na rua, trabalhando, o que realmente torna muito mais difícil conter a difusão do vírus.

POSSÍVEIS RAzõES PARA O BAIXO ÍNDICE DE ISOLAMENTO SOCIAL NA CIDADE

Há uma mistura de fatores. Não creio que falte informação, porque isso é divulgado de muitas manei-ras... Existe, de um lado, a neces-sidade premente das pessoas. Há serviços que não podem e não vão parar, a não ser que o governo de-crete um lockdown.

Por outro lado, existe a necessi-dade de quem precisa sair para pro-curar o pão de cada dia e, nesse sen-tido, trata-se de uma grande parcela da população. Embora muitos te-nham recebido a ajuda emergencial do governo, nem todos ainda con-

a celebrar presencialmente os sa-cramentos, ter as nossas ações pas-torais presenciais e reunir o povo. A Igreja está em um momento espe-cial e lembremos que vai passar. Por isso, neste momento, cuidemo-nos uns dos outros.

LIÇõES DA PANDEMIATomara que a sociedade, os paí-

ses, os responsáveis, quem faz a opi-nião pública, todos nós, aprendamos as lições que essa pandemia está nos obrigando a aprender. E que isso não seja só para este tempo, mas para depois que ela passar, sejamos capa-zes de reinventar o convívio social.

Começa por reinventar a eco-nomia, que, como a Doutrina So-cial da Igreja está pedindo há muito tempo, não pode estar voltada para o acúmulo, mas tem que ser voltada, antes de tudo, para a satisfação das necessidades básicas da população.

REDESCOBERTA DA IGREJA DOMÉSTICA

No ano passado, a CNBB aprovou as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, cujo tema é a casa, a redescoberta da Igreja doméstica. A pan-demia está sendo uma grande ocasião de redescobrir a oração em comum, a leitu-ra da Palavra em família, a catequese em casa, ou seja, a vivência da fé em casa.

A Igreja nas casas é a grande força e é, talvez, algo que tínhamos deixado em segundo plano durante algum tempo. Graças a Deus, estamos voltando a isso… Ainda que com seus problemas e dificul-dades... Portanto, aí temos uma grande força e presença, de comunicação e de transmissão da fé, o que é fundamental para a vivência da Igreja.

Imprensa CNBB

https://tinyurl.com/ybzl2f4p

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www.arquisp.org.br | 20 a 26 de maio de 2020 | reportagem | 11

O mundo está à espera de uma vaci-na. A COVID-19 mostrou à sociedade o quanto as vacinas são imprescindíveis para combater diferentes tipos de do-enças e como muitas delas evitam que patologias, consideradas erradicadas, retornem.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe no Brasil vai até o dia 22 de maio e, neste período, as pessoas po-dem procurar um dos 42 mil postos de saúde espalhados pelo Brasil para se va-cinar (veja ao final do texto quem é con-templado pela campanha).

De acordo com orientações do Mi-nistério da Saúde do Governo Federal, para que a vacinação seja eficaz, é im-portante que as pessoas procurem as sa-las de vacinação nas idades recomenda-das. Além disso, adultos que não tenham certeza sobre quais vacinas receberam devem procurar um posto de saúde para se vacinar a qualquer momento.

MANTENHA A CARTEIRA DE VACINAÇãO EM DIA

Embora as vacinas sejam gratuitas, existem ondas contra a vacinação que provocaram o retorno de patologias con-sideradas erradicadas. Essas ondas sur-giram por diferentes motivos e informa-ções falsas. Entre elas, a de que as vacinas podem causar autismo em crianças, por exemplo.

Uma das consequências dessas on-das contra a vacinação foi o Brasil ter perdido o status de país livre do sa-rampo, conferido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em 2016. De fevereiro de 2018 a fevereiro de 2019, foram registrados 10.374 casos de sarampo no País, com 12 mortes. A vacina tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola, é uma das sete des-tinadas a crianças que estão com a co-bertura abaixo do ideal, segundo dados do Ministério da Saúde.

No primeiro ano de vida, uma crian-ça deve ser levada ao Posto de Saúde nove vezes. Ao todo, são 19 imunizantes, que previnem 28 doenças. Os índices abaixo do necessário têm feito que escolas pú-blicas e particulares peçam a carteira de vacinação no ato da matrícula, para ter a certeza de que a criança recebeu todas as doses, de acordo com sua idade.

NãO DEIXE DE IR AO POSTO!Em entrevista ao O SÃO PAULO,

Bruno Faria, médico pediatra e planto-nista no pronto-socorro da Santa Casa de Bragança Paulista (SP), afirmou que, de maneira geral, as pessoas confiam nas campanhas de vacinação e mostram-se, inclusive, ansiosas quando há falta de uma ou outra vacina.

“Atrasar o calendário vacinal faz com que haja diminuição da eficácia, os ní-

Vacine-se!Não deixe para depois

NAyÁ FERNANDESESPECIAL PARA O SãO PAULO

veis de anticorpos caem e pode haver prejuízo na capacidade de imuniza-ção”, disse.

O pediatra salientou que os pais não devem deixar de levar os filhos aos postos de vacinação, por medo da contaminação pela COVID-19. “Exis-te a exigência do uso de máscaras e distanciamento social, e isso tem sido cumprido pelas Unidades Básicas de Saúde e demais postos de vacinação. Nada justifica a não ida ao posto para se vacinar”, continuou Faria.

PREVENÇãO É SEMPREO MELHOR CAMINHO

Em 2020, o Ministério da Saúde mudou o início da campanha contra o Influenza para proteger, de forma

antecipada, os grupos prioritários contra os vírus mais comuns da gri-pe. Devido à circulação do novo co-ronavírus, a campanha irá auxiliar os profissionais de saúde na exclusão do diagnóstico da gripe, uma vez que os sintomas são parecidos. A vacina protege contra os vírus influenza, H1N1, H3N2 e Influenza B.

3ª FASE (ATÉ 22 DE MAIO) Pessoas com deficiência Professores Crianças de 6 meses a menores de 6 anos Gestantes Mães no pós-parto até 45 dias Pessoas de 55 anos a 59 anos de idade

Thais Pinhata, advogada da área criminal, mestra e doutoran-da em Direito pela Universidade de São Paulo, esclareceu ao O SÃO PAULO quais os riscos penais da não vacinação de crianças e ado-lescentes.

Ela explicou que, em alguns ca-sos, a negligência se dá por falta de informação. “Muitas pessoas acre-ditam que a vacinação em crianças e adolescentes não é obrigatória. Entretanto, o não cumprimento dos calendários de vacinação, por me-lhores que sejam as intenções dos pais, pode levar a graves sanções.”

A Lei nº 6.259/75 trouxe o en-tendimento de que a vacinação deve ser pensada como um evento sanitá-rio coletivo. Isso porque o diferente nível de acesso à saúde entre as fa-mílias brasileiras coloca crianças e adolescentes em diferentes níveis de vulnerabilidade e de possibilidade de cura quando infectadas.

O artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) aponta que “é obrigatória a vacina-ção das crianças nos casos recomen-dados pelas autoridades sanitárias”. Já o artigo 249 do ECA informa que o descumprimento do calendário de imunização é um ato sujeito à apli-cação de “multa de três a 20 salários mínimos”, sendo o valor dobrado em caso de reincidência. Thais dis-se ainda que medidas vêm sendo tomadas para tentar barrar a queda na vacinação e poderão trazer novas repercussões de cunho penal.

“A resistência à vacinação expõe a saúde de toda a coletividade a ris-cos desnecessários e facilmente evi-táveis. Indispensável é a ingerência do poder público na conscientiza-ção sobre os riscos reais da não va-cinação e os muitos benefícios histó-ricos associados às vacinas”, afirmou a advogada.

O risco penal da não vacinação de crianças e adolescentes

Erasmo Salomão/MS

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PRoTEJa-SE Da CoVID-19

12 | reportagem/Fé e vida | 20 a 26 de maio de 2020 | www.arquisp.org.br

Você PerguntaNosso corpo mortal ressuscitará imortal?

PADRE CIDO [email protected]

A Sonia Regina, do bairro Jar-dim Marisa, me escreveu pedindo explicações sobre a passagem bíblica 1Cor 15,32-34.42-49.

Sonia, aqui há uma linda compara-ção que São Paulo faz da ressurreição dos mortos. Ele compara o gesto de sepultar uma pessoa ao gesto de plan-

tar uma semente. A planta que nasce é muito mais perfeita e completa do que a semente que foi plantada. Assim também acontecerá conosco, quando terminarmos nossa vida neste mundo e no final dos tempos, quando ressusci-taremos dos mortos.

São Paulo explica para nós que o nosso corpo carnal será sepultado, como uma semente, e ressuscitará como um corpo espiritual. Inseridos

em Cristo ressuscitado, nosso cor-po mortal ressuscitará imortal. Nossa mortalidade se transformará em imor-talidade.

Sabe, Sonia, há uma bela cidade aqui pertinho de nós, chamada Louveira, no interior paulista. Lá, no túmulo de um padre, se lê a seguinte frase: “Aqui jaz padre Fulano de Tal, que nasceu para morrer em 1905 e morreu para ressus-citar em 1960”. Veja que bonito, Sonia.

É assim mesmo. A ressurreição é uma passagem para uma vida muito mais plena.

São Paulo explica, portanto, com muita clareza, aquilo que nós procla-mamos quando rezamos o Creio em Deus Pai: “Creio na ressurreição da carne e na vida eterna!” Então, releia o texto que você quis que eu explicas-se, agora com atenção e carinho. Fique com Deus, minha irmã.

A pandemia do novo coronavírus provo-cou o fechamento do comércio ou restrições ao funcionamento de estabelecimentos co-merciais em várias cidades do Brasil. Diante disso, a opção para os restaurantes mante-rem parte de suas operações foi apostar na entrega de refeições em domicílio.

Apesar de a solicitação desse serviço con-tinuar em alta entre os clientes, muitos têm se questionado se receber comida em casa é realmente seguro durante a atual situação da COVID-19. Nesta edição, o jornal O SÃO PAULO dá continuidade à série sobre as ações de higiene indispensáveis para tarefas cotidianas durante este período, alertando para os cuidados que precisam ser tomados tanto por quem recebe o alimento que foi comprado pelo sistema de delivery quanto pelos entregadores.

AVALIAR AS BOAS PRÁTICAS Antes de fazer seu pedido, é importante o

consumidor avaliar se o estabelecimento ob-serva as boas práticas de preparação dos ali-mentos. O cliente pode, inclusive, enviar uma mensagem ao proprietário, perguntando quais os cuidados que estão sendo tomados em relação à higiene e ao correto manuseio dos ingredientes usados no preparo das refei-ções. Os produtos sempre devem estar bem vedados e com o lacre de segurança inviola-do. Ainda que não haja evidências de que o novo coronavírus possa ser transmitido por meio da alimentação, todos os cuidados são inteiramente válidos e devem ser reforçados.

AO PEDIR A COMIDA A grande maioria dos clientes opta por

fazer seus pedidos por meio de aplicativos ou diretamente pelo telefone ou site do estabeleci-mento. Após escolher o prato desejado, deve-se priorizar o pagamento on-line no momento do pedido ou, em caso de impossibilidade, efetuá-lo por meio da maquininha de cartão no momento da entrega, a fim de evitar o ma-nuseio de cédulas e moedas, visando, assim, à segurança de ambos, cliente e entregador.

NA HORA DE REALIzAR O PAGAMENTO No momento da entrega, se tiver esco-

lhido o pagamento com cartão, opte pela

Os cuidados na hora de pedir o deliveryFLAVIO ROGÉRIO LOPES

[email protected]ção de aproximação do cartão, que al-guns bancos oferecem nas maquininhas de pagamento. Se inserir a senha diretamente na maquininha for a única saída, peça que o aparelho seja higienizado naquele momento. O ideal é que ele esteja envolto em um saco plástico, o qual deve ser trocado por quem o manuseia após cada transação.

HIGIENIzAÇãO DO VEÍCULO Com relação aos entregadores, reco-

menda-se que reforcem a higienização das superfícies de contato do veículo – bicicleta, moto ou carro –, assim como a caixa térmica em que é transportado o produto.

ASSEIO PESSOAL A higienização das mãos com álcool fa-

tor 70% deve ser feita com frequência, antes e após a entrega do pedido, tanto pelo entre-gador quanto pelo cliente. O uso de máscara também é recomendado para ambos, que devem manter uma distância segura entre si.

O QUE FAzER COM AS EMBALAGENS?Após o recebimento do pedido, as em-

balagens devem ser descartadas pelo clien-te imediatamente após a retirada do item encomendado. Se os recipientes forem co-locados em cima da pia da cozinha ou em uma mesa, por exemplo, o local também deve ser desinfetado. Após realizar esses procedimentos, deve-se evitar levar as mãos ao rosto e é importante que sejam higieni-zadas imediatamente. Vale mencionar que um estudo publicado pela revista científica New England Journal of Medicine indica que o novo coronavírus consegue sobreviver por três dias em superfícies de plástico ou de aço inoxidável e por 24 horas no papelão.

SAÚDE DO ENTREGADOR É fundamental que os entregadores

com suspeita de COVID-19 se afastem por completo de suas atividades, para que não sejam potenciais propagadores da doença. As maiores empresas do ramo de delivery já anunciaram algumas medidas neste perío-do, que vão desde intensificar as exigências de higiene aos restaurantes e aos entregado-res, até um auxílio financeiro aos entregado-res infectados pelo coronavírus.

(Com informações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Exame e Agência Brasil)Use máscaras ao buscar o pedido com o entregador e lave as mãos ao retornar para casa

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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www.arquisp.org.br | 20 a 26 de maio de 2020 | reportagem | 13

Os números da pandemia do novo coronavírus no Brasil, infelizmente, avançam a cada semana, mas também é crescente a solidariedade em favor dos que mais precisam de ajuda neste mo-mento. O jornal O SÃO PAULO apre-senta algumas dessas boas ações.

UMA CORRENTE SOBRE PEDAISCom nove postos de arrecadação na

capital paulista e na Grande São Paulo, 14 grupos de ciclistas se uniram para ob-ter alimentos para famílias carentes: Oiê Bikers, Star Bike, Pedal Tatuapé, Pedal São Caetano, Pedala Itaquera, Pedal Rise, Diademas Bikers, Bernô Bikers, Girus Bike, Bikers Catalunya, Di Bikers, Kam-bitos Bikers, Desbrava Bikers e NSA.

Até agora, já são quase 3 toneladas arrecadadas, que serão distribuídas com o apoio de uma vereadora e da Prefeitura Regional de Itaquera. “Gratidão a todos: aos ciclistas que acompanham ou não cada um dos grupos e às pessoas que doaram sem nem mesmo ter qualquer relação com o ciclismo, apenas por que-rerem o melhor para todos”, disse à re-portagem Sérgio Luiz Teles, funcionário público e integrante do Pedala Itaquera.

Esse grupo de ciclistas regularmente realiza ações solidárias, como no Dia das Crianças e na Páscoa, além de mutirões para a doação de sangue. “Passe adiante esta corrente, não deixe que ela se que-bre”, motivou Teles.

FAMOSOSMuitas personalidades também já fi-

zeram doações desde o início da pande-mia. A apresentadora Xuxa Meneguel, por exemplo, doou R$ 1 milhão ao Siste-ma Único de Saúde (SUS) e 300 mil sabo-netes a comunidades carentes do Rio de Janeiro. Iniciativa similar teve a cantora Ivete Sangalo, com a doação de mil camas e 5 mil peças de roupas para uma unidade de acolhida à população em situação de rua em Salvador (BA). Também o apre-sentador Luciano Huck reuniu amigos e familiares para arrecadar R$ 1,5 milhão, que será repassado a empreendedores so-ciais que atuam em favelas e comunida-des em diferentes partes do Brasil.

LIVE SOLIDÁRIAMuitos artistas têm angariado doa-

ções em shows transmitidos pela inter-net. Essa ideia foi dada aos músicos do projeto Samba da Esquina, que desde 2013 é realizado no primeiro domin-go de cada mês no bairro do Grajaú, na zona Sul de São Paulo. Eles realizaram, no dia 9, a “Live Solidária”.

“Nós nos unimos a outras pessoas influentes aqui do Grajaú, incluindo DJs e locutores de rádio, procuramos patro-cínios com comerciantes e microempre-sários da região e, na live, conseguimos arrecadar muitos alimentos. Estamos separando as doações, para poder mon-tar os kits de cestas que chegarão, em especial, às famílias mais carentes do Grajaú”, detalhou Herbert Almeida, um dos integrantes do projeto. “A gente nas-ceu e cresceu no Grajaú, sabe o quanto a comunidade precisa. Não devemos parar por aqui, temos que continuar fazendo o que pudermos para ajudar as famílias”, continuou.

Interessados em fazer doações po-dem entrar em contato pelo telefone (11) 94763-3016, e falar com Herbert Almei-da ou Ronaldo Barbosa.

LANCES DE CRAQUESDois jogadores que atuaram pelo

Brasil na Copa de 2018 protagonizaram boas ações desde o começo da pandemia.

O meio-campista Paulinho, ex-joga-dor do Corinthians e atualmente no fu-tebol chinês, já doou mais de 8 toneladas de alimentos, máscaras e kits de higiene a famílias carentes, além de respiradores e álcool em gel para hospitais. “Vamos completar dois meses de quarentena. As doações que foram feitas lá no início com certeza foram muito importantes, mas os mantimentos vão acabando e muitas pessoas continuam afastadas de seus trabalhos. Quem pode ajudar, como eu posso, graças a Deus, tem que fazer sua parte”, declarou.

Também Gabriel Jesus, ídolo do Pal-meiras e atual atacante do Manchester City, da Inglaterra, doou 400 cestas bási-cas a moradores do Jardim Peri, na zona Norte de São Paulo, onde cresceu. Ele ofereceu ainda um par de chuteiras para ser leiloada: “Todo o lucro desse leilão será repassado a instituições que estão

na luta para diminuir os impactos des-sa pandemia mundial nos lugares mais necessitados do nosso País”, escreveu em uma rede social.

VENCENDO JUNTOSUm grupo de esportistas olímpicos

está à frente da plataforma Vencendo Juntos (vencendojuntos.com.br), na qual qualquer pessoa pode fazer doações on-line, a partir de R$ 20, que ajudarão na compra de cestas básicas. “Nossa meta inicial é atender 33 mil famílias. Todas as doações serão convertidas em cartões vale-alimentação, com carga mensal de R$ 100 durante três meses”, consta no descritivo da ação, que beneficiará aten-didos por projetos assistenciais e educa-tivos, em sua maior parte vinculados à área esportiva.

EM AUXÍLIO AOS INDÍGENASDesde a juventude, Marcelo da Silva

Rodrigues, 44, promove eventos cultu-rais nos quais arrecada alimentos para pessoas carentes.

Fofão, como é mais conhecido, intensificou as ações após o começo da pandemia do novo coronavírus e tem contado com o apoio dos grupos Quilombaque, Salve Kebrada, Casa da Árvore, Atitude Punk, Ocupa Pinheiri-nho, Sótão Studio & Pub, Casarão Arte Livre, C.R.I.S.T.O., Espaço Comun, Sarau da Brasa, Teatro na Laje, Banda Indaìz, além de Jefferson Gonçalves, a artesã Andrea G. Bello e a artista plásti-ca Nany Dias.

Uma especial atenção tem sido dada aos indígenas Guarani, no Pico do Ja-raguá. Mais de 400 das 600 famílias da aldeia já foram beneficiadas com as do-ações. “Neste momento, a solidariedade é o que todos deveriam fazer, indepen-dentemente de sua classe social ou mo-vimento. É preciso estender a mão ao próximo e ajudar de verdade, em vez de

ficar acomodado”, afirmou. “Quem faz o bem só tem a ganhar; perder, não perde nada”, assegurou.

Interessados em colaborar devem en-trar em contato pelo telefone (11) 99752-6132. Doações podem ser entregues no Espaço Cultural Libertário – E.C.L. Fo-fão Rockbar (Estrada das Taipas, 3.827, Jardim Alvina) ou na Rua Petia, 06, no Jardim Donária.

EMPRESASMuitas também têm sido as doações

de empresas e bancos. Eis algumas:BB Seguros e Banco BV: R$ 55 milhões para atender pessoas em vulnerabilidade social;BRF (Sadia e Perdigão): R$ 50 milhões para hospitais e asilos;Itaú Unibanco: R$ 1 bilhão para proje-tos de enfrentamento à pandemia. Além disso, junto com Bradesco e Santander, houve a importação de equipamentos médicos, no valor de R$ 282 milhões; 5 milhões de testes rápidos e doação mo-netária para a confecção de 15 milhões de máscaras.JBS: R$ 400 milhões para o enfrenta-mento da COVID-19, já tendo benefi-ciado quase 500 mil pessoas. Lojas Americanas: R$ 40 milhões para investimentos em saúde e logística e R$ 5 milhões investidos em um hospital de campanha no Rio de Janeiro. Magazine Luiza: R$ 10 milhões para equipar hospitais públicos e filantrópi-cos.Minerva Foods: R$ 10 milhões doados em 120 toneladas de proteína, carne bo-vina e enlatados; 138 mil equipamentos de proteção individual (EPIs) e 20 mil litros de álcool em gel, medicamentos e equipamentos hospitalares.Vale: R$ 500 milhões para combater a COVID-19, com ações como a doação de testes rápidos, EPIs, construção de hospi-tais e reformas de unidades de saúde.

A solidariedade contagiaEMPRESAS, iNSTiTUiçõES, PERSONALiDADES E LíDERES COMUNiTáRiOS ATUAM EM PROL DOS MAiS iMPACTADOS PELO NOVO CORONAVíRUS

DANIEL [email protected]

Marcelo Rodrigues entrega doações em aldeia indígena no Jaraguá; músicos do projeto Samba da Esquina arrecadam alimentos em live solidária

Fotos: Arquivo pessoal

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14 | reportagem | 20 a 26 de maio de 2020 | www.arquisp.org.br

O Governo Federal realizará até 13 de junho o pagamento da 2ª parcela do auxílio emergencial a trabalhadores in-formais, autônomos e MicroEmpreende-dores Individuais (MEIs) que já tinham recebido a 1ª parcela até 30 de abril. O valor é de R$ 600 para todos os que aten-dam aos requisitos estabelecidos e de R$ 1.200 para mulheres sem marido ou companheiro e que morem com crianças ou adolescentes de até 18 anos de idade.

De acordo com os dados do Minis-tério da Cidadania, até a sexta-feira, 15, aproximadamente 50 milhões de pessoas já haviam recebido o crédito do auxílio emergencial, totalizando R$ 35,5 bilhões em repasses.

A análise sobre quem tem direito a receber o auxílio emergencial é feita pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev). Até aque-le momento, 97 milhões de cadastros tinham sido processados. Quem já cons-tava na base de dados do Bolsa Família ou do Cadastro Único teve sua situação analisada automaticamente. Já outras 52 milhões de pessoas se cadastraram via aplicativo ou site da Caixa Econômica Federal para receber o benefício, e destas pessoas, 20,3 milhões foram considera-das aptas a recebê-lo.

PAGAMENTOS INDEVIDOSNo dia 11, os Ministérios da Defesa e

da Cidadania informaram que quase 190 mil militares da ativa, da reserva, refor-mados, pensionistas e anistiados recebe-ram o auxílio emergencial, mesmo sem ter este direito. No dia 13, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou, em caráter cautelar, que os que receberam as verbas irregularmente devem devolvê- -las aos cofres públicos. O montante en-volvido é de, ao menos, R$ 43,9 milhões.

Esse foi o primeiro registro de irregu-laridades que envolvem o recebimento do auxílio emergencial, mas tende a não ser o último. A Controladoria-Geral da União (CGU), que fiscaliza os pagamen-tos em parceria com o Ministério da Ci-dadania, informou ao O SÃO PAULO, por meio de sua assessoria de imprensa, que realiza “a análise de informações ca-dastrais de forma a potencializar os efei-tos da alocação dos recursos ao público- -alvo definido pela legislação e redu-zir eventuais pagamentos a pessoas não elegíveis. Por ora, as informações desse trabalho são de cunho estratégico, para apoiar os gestores nas tomadas de deci-sões em respostas à pandemia”.

Não é hora de querer levar vantagemMUiTOS TENTAM OBTER O BENEFíCiO PRESTANDO FALSAS iNFORMAçõES, O qUE é CRiME COM PENA PREViSTA DE MULTA E ATé DE PRiSãO

DANIEL [email protected]

Uma das dificuldades para o efetivo controle é que, no caso do cadastro feito via aplicativo ou pelo site da Caixa, basta que a pessoa informe sua composição fa-miliar, os dados da família e declare que cumpre as regras para receber o auxílio emergencial. Esses dados são repassados à Dataprev e cruzados com mais de 33 milhões de registros no Cadastro Na-cional de Informações Sociais (CNIS), contudo, o procedimento, a princípio, não é capaz de impedir que todos os que apresentem falsas informações – por exemplo, uma mulher em união estável, mas que se declare chefe de família, com o objetivo de receber R$ 1.200 de auxílio – consigam o benefício.

‘É Só UMA MENTIRINHA’Aos que deliberadamente apresenta-

rem falsas informações para tentar obter o auxílio emergencial, vale o alerta de que “inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridica-mente relevante”, é um delito, previsto no artigo 299 do Código Penal, com pena de

um a cinco anos de prisão, além de multa. O artigo 4º da Portaria 351/2020,

pela qual se definiram as bases do au-xílio emergencial, estabelece que quem “prestar declarações falsas ou utilizar qualquer outro meio ilícito para inde-vidamente ingressar ou se manter como beneficiário do auxílio emergencial será obrigado a ressarcir os valores recebidos de forma indevida”.

Mais do que isso, porém, para os cris-tãos, mentir para levar alguma vantagem é um ato de incoerência com sua fé, con-forme se constata no Catecismo da Igre-ja Católica (CIC), que, em seu parágrafo 2484, indica que, “embora a mentira, em si, não constitua senão um pecado venial, torna-se mortal quando fere gravemente as virtudes da justiça e da caridade”.

Santo Agostinho, na obra “Sobre a Mentira” (De Mendacio), é enfático ao afirmar que “nenhum homem bom deve mentir”.

O Catecismo aborda ainda o prejuízo social que advém de tal prática: “A men-tira é funesta para toda a sociedade; mina a confiança entre os homens e rompe o tecido das relações sociais” (CIC, §2486).

RISCO DE SE CORROMPEREm homilia na Casa Santa Marta, em

10 de fevereiro de 2017, o Papa Francisco alertou que são os pequenos desvios que alimentam a prática da corrupção.

“Existem muitas pessoas importantes corruptas no mundo, que conhecemos suas vidas por meio dos jornais. Talvez começaram com uma pequena coisa, não sei, não ajustando bem a balança, e o que era um quilo façamos novecentos gramas, mas era um quilo! [...] É pouca coisa, ninguém vai perceber! Faz, faz! E, pouco a pouco, cai-se no pecado, na cor-rupção”, afirmou.

Em novembro de 2016, no encerra-mento do 3º Encontro Mundial dos Mo-vimentos Populares, no Vaticano, o Papa também alertou sobre o risco de cada pessoa se corromper e do que deve ser feito para que isso não aconteça: “Dian-te da tentação da corrupção, não existe melhor remédio do que a austeridade, esta austeridade moral e pessoal. E prati-car a austeridade é, também, pregar com o exemplo. Peço-vos não subestimarem o valor do exemplo, porque tem mais força do que mil palavras, de mil panfle-tos, de mil ‘curtidas’, de mil retweets, de mil vídeos no YouTube. O exemplo de uma vida austera a serviço do próximo é o melhor modo para promover o bem comum”.

FISCALIzAÇãO DE IRREGULARIDADES NO AUXÍLIO

Em abril, o Ministério da Cidadania e a CGU firmaram um Acordo de Co-operação Técnica (ACT) para a fiscali-zação do cumprimento dos requisitos legais exigidos para o pagamento do au-xílio emergencial. A parceria estabelece a troca de informações e de documen-tos, além do acesso às bases de dados relacionadas ao Programa Bolsa Família (PBF), Benefício de Prestação Continua-da (BPC) e Cadastro Único.

O ACT também prevê o tratamento de denúncias consistentes recebidas pelo Ministério da Cidadania sobre eventuais irregularidades, bem como a análise de indícios de fraudes detectados pela pasta.

A CGU informou à reportagem que, desde 20 de março, existe “um canal es-pecífico para que cidadãos enviem mani-festações relativas à prestação de serviços ou à atuação de agentes públicos nas ações de enfrentamento à disseminação do novo coronavírus. Ele permite o relato de falta de insumos, desobediência às medidas de prevenção, questões sobre o recebimento de auxílio emergencial, irregularidades na aplicação de recursos, bem como su-gestões para o combate à pandemia. As manifestações podem ser enviadas por meio de formulário eletrônico, disponível na plataforma Fala.BR, bastando escolher o órgão ou entidade e marcar o assun-to ‘Coronavírus (Covid-19)’. Também é possível fazer denúncia diretamente à CGU, que pode ser anônima, bastando escolher a opção ‘Não identificado’”.

Maior de 18 anos

Não recebe nenhum outro benefício, como aposentadoria, BPC, seguro

desemprego, auxílio doença, entre outros (exceto Bolsa Família)

Em 2018, não ter recebido rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70, ou seja, não

houve necessidade de declarar Imposto de Renda

Não ter emprego formal

Família com renda por pessoa de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou com renda total de até 3 salários

mínimos (R$ 3.135,00)

É microempreendedor individual (MEI), contribuinte individual ou

trabalhador informal ou trabalhador informal, seja empregado autônomo

ou desempregado

Menor de 18 anos

Está recebendo seguro desemprego, aposentadoria, BPC,

auxílio doença entre outros

Recebeu rendimentos tribútáveis acima de R$ 28.559,70, em

2018, de acordo com declaração do Imposto de Renda

Tem emprego formal (carteira assinada) e ter recebido remuneração

nos últimos 3 meses

Família com renda superior a 3 salários mínimos (R$ 3.135,00) e cuja renda

mensal por pessoa é maior que meio salário mínimo (R$ 522,50)

Está recebendo benefícios previdenciários, assistenciais ou

benefício de transferência de renda federal, com exceção do Bolsa Família

Agência Brasil

AuxílIo EMERgENCIAl

Ministério da Cidadania

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www.arquisp.org.br | 20 a 26 de maio de 2020 | reportagem/Fé e Vida | 15

SOLENiDADE DA ASCENSãO DO SENHOR

24 DE MAiO DE 2020

PADRE JOãO BECHARA VENTURA

Liturgia e Vida

A espiritualidade cristã sempre foi marcada pela santificação do tempo. Desde a influência da tradição judai-ca de entoar salmos e preces ao longo do dia, são muitas as práticas de ora-ção que sinalizam a presença de Deus durante a jornada cotidiana. Uma das mais populares é a oração do Angelus.

Essa oração faz referência à anun-ciação da encarnação do Senhor feita pelo Anjo Gabriel a Nossa Senhora. Por isso, seu nome se refere às primei-ras palavras da oração em latim: “An-gelus Dómini nuntiávit Mariæ...” (O anjo do Senhor anunciou a Maria...), seguida da oração de três Ave-Marias.

Segundo um antigo costume, o Angelus é recitado ao nascer do sol (6h), no auge do dia (12h) e ao pôr do sol (18h), como uma forma de honrar, no curso do dia, o mistério da encar-nação do Salvador no seio da Virgem Maria.

No Tempo Pascal, essa saudação mariana é substituída pela antífona Regina Coeli (Rainha do Céu), por meio da qual se recorda o mistério da ressurreição do Senhor ao saudar a Virgem Maria.

SAUDAÇãO DO ANJOO relato mais difundido sobre a

origem da oração do Angelus atribui sua autoria ao Papa Urbano II (1042-1099). Há também versões de que a prática teria nascido na Alemanha no início do século XIII, baseada em expressões marianas escritas nos si-nos das igrejas. Outros, ainda, atri-buem-na ao Papa Gregório IX, por volta de 1241.

A primeira notícia concreta sobre a difusão do Angelus remonta a 1269, período em que São Boaventura foi Superior-Geral dos Franciscanos. Du-rante o capítulo geral da Ordem dos Frades Menores, realizado em Pisa, na Itália, foi prescrito aos frades a sauda-ção a Nossa Senhora todas as noites, com o som dos sinos e a recitação de algumas Ave-Marias, recordando o mistério da encarnação do Senhor.

A tradição de rezá-lo três vezes por dia é atribuída a Luiz XI, rei da França, em 1472. Curiosamente, o Angelus do meio-dia, mais difundido por arcar a pausa no cansaço do dia para a eleva-ção do pensamento à Mãe de Deus, foi o último a se popularizar.

PAPASFoi o Papa Pio XII, em 1954, que

inaugurou a tradição de saudar os fi-éis da janela do Palácio Apostólico, dirigindo-lhes algumas palavras de fé, concluídas com a oração do Angelus e

Com Maria, cristãos ao longo do dia recordam a encarnação e a ressurreição de Jesus

FERNANDO [email protected]

Na Ascensão, Jesus não se afastou deste mundo. Continua vivo e presente entre nós, mas de uma maneira diversa. Os Atos dos Apóstolos narram assim esse acontecimento: “Uma nuvem o ocultou de seus olhos” (At 1,9). Ele continua conosco, porém, de modo invi-sível. Isso acontece primeiramente na Hóstia consagrada, na qual Jesus está, inclusive fisi-camente, em corpo, sangue, alma e divindade. Além disso, no entanto, é Ele quem age nos demais sacramentos; quem fala quando a Igreja ensina o Evangelho; quem atua nas obras de ca-ridade dos cristãos.

Dizer que Cristo “está sentado à direita do Pai” significa que o seu Corpo ressuscitado - o mesmo que recebemos na Comunhão - já en-trou na glória. Ele está “bem acima de toda a autoridade, poder, potência e soberania” e possui “tudo sob os seus pés” (Ef 1,20-22). Mas não está longe! Pois prometeu: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20).

Paradoxalmente, na Ascensão, o Senhor “se foi” para estar ainda mais próximo. Não apenas na Galileia e na Judeia, mas, em todas as igrejas do mundo onde uma lâmpada arde ao lado do sacrário, ali está o Senhor! Em todas as missas, ali está o seu único sacrifício! Em todas as Con-fissões, é Ele quem diz: “Eu te absolvo”. Em cada alma em graça, Ele é o hóspede. Tudo isso sem restrições de tempo e lugar.

Seria falta de humildade não reconhecer que tudo o que há de verdadeiramente santo e bom neste mundo - como os sacramentos e a vida dos santos - é, em última análise, uma obra de Jesus Cristo. Pois o mesmo Senhor que disse “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5), continua vivo na sua Igreja, conferindo-lhe eficácia e fidelidade. Aquela força que, segun-do o Evangelho, “saía Dele e curava a todos” (Lc 6,19), levando a multidão a comprimi-lo para ao menos tocar a orla do seu manto, con-tinua em plena eficácia. Essa ação silenciosa é o que leva a Igreja adiante.

Além disso, o Senhor subiu aos céus para que permaneçamos com Ele também depois desta vida! Na Última Ceia, Ele havia dito: “Eu vou preparar-vos um lugar” (Jo 14,2). Quando o seu corpo glorificado se sentou no trono ce-lestial reservado ao Filho de Deus, a natureza humana adquiriu um espaço no céu. E esta nos-sa natureza “um pouco menor do que os anjos”, que o Verbo assumiu, foi finalmente “coroada de honra e glória” (Hb 2,7). Portanto, Ele foi porque quer que estejamos com Ele!

Obrigando-nos a crer sem ainda ter vis-to o Senhor, a Ascensão serve para aumentar a nossa fé. Torna a nossa esperança e a nossa caridade mais sobrenaturais, pois nos ensina a viver com o desejo direcionado para o céu. De lá, o Senhor retornará, para julgar vivos e mor-tos, e para nos fazer participar com Ele da vida eterna. Afinal, “a nossa pátria está nos céus, de onde também esperamos ansiosamente, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transfigu-rará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,20s).

‘Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo’ (Mt 28,20)

a bênção, o que foi seguido por seus sucessores, especialmente São João Paulo II, que constituiu, aos domingos, esse momento permanente.

Na Exortação Apostólica Marialis cultus (1974), São Paulo VI motivou os cristãos a manterem vivo o costume de recitar o Angelus todos os dias.

O Pontífice ressaltou que a estrutu-ra simples, o caráter bíblico, a origem histórica, “o ritmo quase litúrgico que santifica momentos diversos do dia, a abertura para o Mistério Pascal, em virtude da qual, ao mesmo tempo que comemoramos a Encarnação do Filho de Deus, pedimos para ser conduzi-dos, ‘pela sua paixão e morte na Cruz, à glória da ressurreição’, fazem com que ele, à distância de séculos, conser-ve inalterado o seu valor e intacto o seu frescor”.

RAINHA DO CÉUA antífona Regina Coeli tem uma

origem muito mais antiga. No ano de 590, Roma havia sido devastada pelo transbordamento do Rio Tibre. Quan-do as águas baixaram, os romanos fo-ram atingidos por uma grande peste, que causou muitas mortes.

Para implorar a Deus o fim da ca-lamidade e a conversão dos pecado-res, São Gregório Magno, Pontífice na época, convocou a realização de uma procissão pelas ruas de Roma com todo o clero e fiéis, levando consigo um ícone da Virgem que Chora, que fi-cava na Igreja Ara Coeli (Altar do Céu)

e, segundo uma tradição, teria sido pintado por São Lucas Evangelista.

Quando a multidão em procissão chegou à ponte que liga a cidade ao castelo erguido sobre o mausoléu do imperador Adriano, ouviu-se um coro entoar “Regina coeli, laetare, Alleluia!” (Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia!), ao qual São Gregório prontamente respondeu: “Ora pro nobis Deum, Alle-luia!” (Rogai a Deus por nós, aleluia!).

TRADIÇõESA autoria do canto em meio à mul-

tidão é desconhecida. Com o passar dos anos, popularizou-se uma tradição que atribuiu o refrão aos anjos, assim como o fim daquela peste é atribuído à proteção de São Miguel Arcanjo.

A partir daí, esse pequeno refrão foi se popularizando como uma antí-fona mariana pascal, sendo acrescidos outros versos e uma oração conclusiva, chegando à versão entoada atualmente.

Foi o Papa Bento XIV, que, em 1742, estabeleceu que a Regina Coeli substituiria o Angelus desde o Domin-go da Páscoa até Pentecostes. Ela tam-bém é entoada ao término da oração da noite do Ofício Divino (Comple-tas), durante o Tempo Pascal.

Nessa antífona, é ressaltada a in-trínseca relação entre o mistério da encarnação e da ressurreição de Jesus, ao recordar que aquele que Maria me-receu trazer em seu ventre ressuscitou verdadeiramente, motivo esse de gran-de júbilo para todos os cristãos.

Ícone da Virgem que Chora, na Basílica de Santa Maria Aracoeli, em Roma, Itália

Basílica de Santa Maria Aracoeli

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16 | Papa Francisco | 20 a 26 de maio de 2020 | www.arquisp.org.br

Ao celebrar os cem anos do nasci-mento de Karol Józef Wojtyła, nome de batismo do Papa João Paulo II, reco-nhecido como santo pela Igreja, o Papa Francisco parafraseou o Salmo 149, que diz: “O Senhor ama o seu povo”.

“Hoje, podemos dizer que, cem anos atrás, o Senhor visitou o seu povo, nos enviou um homem e o preparou para ser bispo e guiar a Igreja”, disse, na missa da segunda-feira, 18, no túmulo de São João Paulo II.

“O Senhor ama o seu povo, o Se-nhor visitou o seu povo, e nos enviou um pastor”, associou. Foi o próprio Francisco o Pontífice que canonizou o santo polonês, em 27 de abril de 2014, após o reconhecimento de um segundo milagre, realizado por meio de sua intercessão (leia mais sobre o centenário de São João Paulo II nas páginas 8 e 9).

O Papa Francisco refletiu sobre a figura do Bom Pastor e remeteu ao seu predecessor, que governou a Igre-ja por mais de 26 anos, entre 1978 e 2005. Entre os traços principais de João Paulo II, Francisco destaca três: a oração, a proximidade do povo e o amor à justiça.

UM BISPO QUE REzAVA“São João Paulo II era um homem

de Deus porque rezava. Rezava mui-to”, comentou Francisco, explicando que, mesmo com tantos afazeres, ele tinha tempo para rezar, pois “sabia que esse é o primeiro dever de um bispo”, além do anúncio da Palavra, conforme diz São Pedro, nos Atos dos Apóstolos.

‘O Senhor ama o seu povo e nosenviou João Paulo II’, diz Francisco

FILIPE DOMINGUESESPECIAL PARA O SãO PAULO

PROXIMIDADE DO POVONas palavras de Francisco, uma

das principais características do Papa João Paulo II era seu carisma e proxi-midade do povo de Deus. “Ele rodou o mundo inteiro, encontrando o seu povo, buscando o seu povo, fazendo- -se próximo”, recordou. “E a proximi-dade é um dos traços de Deus para com o seu povo.”

Assim como Jesus, que ia ao encontro do povo, também deve ir o pastor. “São João Paulo II nos deu o exemplo dessa proximidade: próximo aos grandes e aos pequenos, aos que estão perto e aos que estão longe, sempre próximo, se fazia próximo”, refletiu Francisco.

AMOR à JUSTIÇAA terceira característica destacada

pelo Pontífice na figura de São João Pau-lo II foi seu constante esforço para pacifi-car o mundo. “Era um homem que que-

ria justiça, a justiça social, a justiça dos povos, a justiça que afasta as guerras”, afirmou. “Uma justiça plena. Por isso, ele era homem da misericórdia, porque a justiça e a misericórdia vão juntas, não podem se separar.”

A referência é a devoção à divina misericórdia, difundida no pontificado de São João Paulo II, especialmente por meio da criação do “Domingo da Mise-ricórdia”, o segundo da Páscoa, e da pu-blicação dos escritos de Santa Faustina Kowalska.

Em sintonia, o Papa Francisco insti-tuiu a memória litúrgica de Santa Fausti-na, permitindo que ela possa ser celebra-da em todo o mundo, opcionalmente, no dia 5 de outubro.

Por meio da figura de São João Paulo II, o Papa Francisco rezou por todos os pastores da Igreja, para que possam se espelhar nessas três características prin-cipais.

Adotando uma série de me-didas de segurança, conforme orientação do governo italiano, as igrejas foram reabertas, e as mis-sas com a presença do povo foram autorizadas na Itália, na segunda-feira, 18. O Vaticano acompanhou a decisão e a Basílica de São Pedro foi aberta ao público, embora a praça ainda permaneça com aces-so restrito.

O pedido de reabertura das igrejas na chamada “fase 2” na Itá-lia partiu da Conferência Episcopal Italiana (CEI). O Cardeal Gualtiero Bassetti, Presidente da CEI, disse que é o momento de a Igreja “cami-nhar em frente, mas sem baixar a guarda”.

Para isso, a adoção de medidas de proteção é essencial: as igrejas devem ter número bem reduzido de fiéis, que precisam manter distân-cia de 2m uns dos outros; o uso de máscaras é obrigatório e, na hora da comunhão, que só pode ser dada nas mãos, os padres devem usar másca-ra e luvas, após sanificação com ál-cool em gel.

Segundo o Cardeal Bassetti, “não se trata simplesmente da rea-bertura de um lugar sacro, mas de voltar a manifestar o nosso ‘ser co-munidade’”.

Com a reabertura, o Papa Fran-cisco suspendeu a transmissão ao vivo de suas missas diárias na Casa Santa Marta. Entretanto, pediu que todos os cuidados sejam tomados com grande rigor, para que o novo coronavírus não volte a infectar os fiéis e causar ainda mais mortes por COVID-19. (FD)

Itália e Vaticano retomam missas com a presença dos fiéis

Consistório de 2001 em que Bergoglio (Papa Francisco) foi feito cardeal por São João Paulo II

Arquivo/Vatican Media