sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/cader… · 1. a república...

135

Upload: others

Post on 04-Aug-2020

9 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo
Page 2: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo
Page 3: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo
Page 4: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo
Page 5: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Apresentação

Prezado(a) Educando(a),

“O Pré-Universitário pretende ser um instrumento a favor do acesso do aluno da escola pública à universidade”.

(Governador Marcelo Déda Chagas, 06 / 12 / 2008)

O Governo do Estado tem empreendido esforços no sentido de canalizar mais

investimentos para a materialização de políticas públicas educacionais, que foram formuladas e planejadas à luz das demandas apontadas por diversos atores sociais. Assim, as ações realizadas pela Secretaria de Estado da Educação têm buscado oferecer as condições básicas para que a escola pública atue enquanto lócus social de aprendizagem significativa para os(as) educandos(as), assegurando-lhes a formação necessária ao sucesso acadêmico e à inserção profissional e cidadã.

Sintonizado nessa diretriz, o Programa Pré-Universitário/SEED, coordenado

pelo Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (DASE), passou por uma reestruturação dos seus processos administrativos e pedagógicos, tornando-se ativamente uma política pública de assistência estudantil que, além de proporcionar um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares, ofertado aos alunos egressos e concluintes da rede pública de ensino, articula ações específ icas com vistas à dinamização de atividades educativas que despertem a cultura pré-universitária no cotidiano das unidades escolares. Com isso, o Programa percorre trilhas pedagógicas significativas que promovem a melhoria do processo ensino-aprendizagem, contribuindo com a efetivação do direito do/a educando(a) de acessar as ações que estimulem suas potencialidades, oportunizando-lhe a concretização do sonho da ascensão acadêmica, por meio do ingresso no ensino superior.

Nesse sentido, a presente edição dos Cadernos foi reformulada, balizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) e na Matriz de Referência do ENEM, abordando conteúdos programáticos de Redação e das áreas de conhecimento (Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias), contendo questões contextualizadas e interdisciplinares das provas do ENEM e dos diversos concursos vestibulares. Nesse processo, o princípio norteador foi o planejamento participativo que possibilitou o(a) professor(a) interessado(a) exercer o papel de sujeito do conhecimento na reformulação desses materiais didáticos, considerando as pesquisas e as experiências educativas nas salas de aulas desse(a) trabalhador(a). Desse modo, buscamos nesses alicerces teóricos a dinâmica pedagógica necessária à construção de uma práxis fundamentada na pesquisa e no despertar das potencialidades do profissional envolvido na produção democrática do saber.

As letras do alfabeto grego Alpha, Gama, Delta (Inglês), Beta, Pi e Ômega (Espanhol) foram selecionadas para identificar esses Cadernos. A cada edição, tais aportes pedagógicos necessitam serem reavaliados e retroalimentados, de forma a atender as atuais exigências educacionais na preparação dos educandos. A participação e contribuição dos(as) professores(as) são imprescindíveis para o sucesso desse processo.

Ademais, torna-se plausível a continuidade de ações exitosas que possibilitam a inserção de mais alunos da rede pública nas instituições de ensino superior, principalmente, na Universidade Federal de Sergipe, demonstrando o compromisso e a responsabilidade social da SEED na execução das ações do Programa Pré-Universitário.

Enfim, esperamos que, ao longo do ano letivo, você possa vivenciar, na companhia deste material didático, bons momentos de leitura, análise, reflexão e

produção de novos saberes, para que o seu caminho rumo à universitas magistrorum et scholarium seja trilhado com êxito.

Boas-Vindas!

Maria Zelita Batista Brito Diretora do DASE

Page 6: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

1. A República Velha p. 06

2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10

3. O Imperialismo do Séc. XIX p. 13

4. Primeira Guerra Mundial (1914-1918) p. 16

5. A Revolução Russa de 1917 p. 18

6. A Crise do Capitalismo p. 18

7. Os Regimes Totalitários p. 20

8. A Segunda Guerra Mundial p. 22

9. A Era Vargas p. 24

10. Período da Guerra Fria p. 27

11. A Descolonização Afro-asiática p. 29

12. Os Movimentos Sociais na América Latina p. 31

13. A Questão Palestina p. 32

14. Brasil – Período Liberal Democrático (1945-1964) p. 34

15. Brasil – Regime Militar de 1964 p. 38

16. Os Movimentos Culturais de 60 à 80 p. 42

17. A Redemocratização e a Nova República no Brasil p. 45

18. Nova Ordem Mundial p. 48

19. Neoliberaismo e Globalização p. 51

20. Atualidades p. 54

Page 7: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

6

A REPÚBLICA VELHA

A República da Espada (1889 – 1894)

Em setembro de 1889, Deodoro da Fonseca voltava do Mato

Grosso. Renunciara ao cargo de comandante militar, pois se

recusava receber ordens do governador, um coronel. Sua chegada

ao Rio de Janeiro reacendeu o movimento militar. O marechal era

monarquista e não acreditava que o país estivesse preparado para a

República. Contudo, por questões políticas, estava contra o

Ministério.

Os pronunciamentos contra a Monarquia voltaram aos jornais,

principalmente os de Benjamin Constant e Rui Barbosa. A evolução

dos acontecimentos deixava claro aos líderes militares que a

república não se faria sem a força da classe dominante cafeicultora.

A articulação do golpe concretizou-se com o apoio de algumas

unidades militares.

Na noite de 14 de novembro, correram boatos de que o Exército

seria substituído pela Guarda Nacional e que Deodoro da Fonseca e

Benjamin Constant seriam presos. As tropas se sublevaram na

madrugada do dia 15. Deodoro assumiu o comando e cercou o

quartel-general onde estava recolhido o Ministério, depondo-o.

Nesse mesmo dia, a proclamação da República foi assinada por

Deodoro da Fonseca e declarada por José do Patrocínio, da sacada

da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A Proclamação da

República foi uma aliança entre os cafeicultores paulistas e o

exército brasileiro – embora possuíssem projetos republicanos

diferentes.

Esse primeiro período da história ficou conhecido como República

da Espada, por ser marcado pelos governos dos marechais:

Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Houve no Brasil três

projetos de República. O Projeto Liberal: defendido pelos

cafeicultores paulistas, dando autonomia aos Estados, numa

República federativa. Inspirado no sistema americano enfatizava:

liberdades individuais e um sistema de livre concorrência

econômica, separação da Igreja e a instauração de eleições. O

Projeto Jacobino: defendido por setores da população urbana, que

incluíam a baixa classe média (comerciantes, funcionários) e

setores intelectualizados (médicos, advogados professores).

Inspirava-se na Revolução Francesa. O Projeto Positivista:

baseado nas ideias do filósofo francês Augusto Comte. Este projeto

tinha ampla aceitação no exército. Visava à promoção do progresso,

dentro de um espírito ordeiro, não revolucionário. A ideia era um

governo forte, centralizado, uma verdadeira ditadura republicana.

O Governo de Deodoro da Fonseca (1889 – 1891)

Neste período, foram tomadas algumas decisões de suma

importância para o povo brasileiro. Ocorreu à separação oficial entre

Igreja e Estado (fim do regime do Padroado), foi instituído o

casamento civil e uma nova bandeira foi criada com o lema ―Ordem

e Progresso‖; Extinção da Constituição de 1824; Extinção do

Senado e da Câmara de Deputados, as assembleias provinciais e

câmaras municipais; Banimento da família imperial; Naturalização

em massa; Convocação de eleições para uma Assembleia

Constituinte; Nomeação de Rui Barbosa para Ministro da Fazenda.

Apesar de implantada a República da Espada, surgiram as disputas

entre qual seria o melhor modelo republicano a ser instaurado. Pelo

lado dos militares, a ideia de um regime republicano centralizador

era defendida. Mas as oligarquias rurais e os grandes cafeicultores

paulistas se opuseram à ideia dos militares, pregavam a

implantação de um regime republicano voltado aos estados, assim,

não poderiam ser controlados economicamente e nem ter sua

administração ameaçada. Queriam com esta proposta aumentar o

poder de veto e ampliar seus interesses.

Com o objetivo de instaurar a modernidade que viria através de uma

forte industrialização, o Ministro da Fazenda Rui Barbosa liberou a

emissão de dinheiro para subsidiar seu projeto industrial,

aumentando as taxas alfandegárias para proteger os produtos

nacionais. Contudo, o mercado brasileiro foi inundado de dinheiro

barato, que precisava ter aplicação imediata. A especulação causou

uma grande inflação que ficou conhecida como Encilhamento.

Especulações, falências e emissões desenfreadas tomaram conta

do sistema financeiro, no qual parte dos especuladores enriquecia

enquanto os pequenos investidores perdiam o dinheiro que haviam

aplicado. Algumas empresas fundadas naquele ano sobreviveram,

gerando um pequeno surto industrial. Contudo, a maioria faliu. Isto

causou a revolta dos cafeicultores que acabaram sendo atingidos

pela crise.

Na política, Deodoro adiava ao máximo a convocação da

Assembleia Nacional Constituinte (devido ao caráter provisório do

governo, caberia a ele promulgar uma constituição e realizar as

eleições para presidente). Submetido a pressões cada vez mais

crescentes, Deodoro se viu obrigado a convocar a Assembleia.

Promulga-se a Constituição de 1891. O Brasil se tornava uma

República Federativa, com a divisão dos três poderes (executivo,

legislativo e judiciário), independentes entre si. Instituiu-se o voto

direto e aberto para cargos do executivo e legislativo, segundo o

critério do Sufrágio Universal para homens maiores de 21 anos.

Dessa forma, excluíam-se da participação política os analfabetos,

padres, soldados, mulheres e homens abaixo de 21 anos. Ficou

decidido, no entanto, que a eleição do primeiro presidente seria

indireta, através da escolha do Colégio Eleitoral. Fazendo pressões

e ameaças aos congressistas, Deodoro da Fonseca consegue se

eleger presidente da república, agora constitucionalmente. O vice-

presidente, por sua vez, pertencia à chapa opositora (cafeicultores),

na medida em que a eleição era independente (votava-se para

presidente e vice, distintamente). O novo presidente deveria

submeter-se ao Congresso Nacional, mas Deodoro resistia a isso.

Quando os conflitos foram gritantes, Deodoro fechou o Congresso,

decretou o estado de sítio, prendeu vários políticos da oposição. A

Reação da oposição foi forte. A marinha se manifestou contra

Deodoro, sob a figura do almirante Custódio de Melo, liderando a

Revolta da Armada, onde canhões foram apontados para a cidade

do Rio de Janeiro. Diante das circunstâncias Deodoro da Fonseca

cede e renuncia.

O Governo de Floriano Peixoto (1891–1894)

Foi um grande articulador, reunindo várias forças que se achavam

incompatíveis. No início seu governo foi considerado uma volta à

normalidade: O Congresso foi restaurado e o estado de sítio,

suspenso. Nos primeiros dias de seu governo baixou uma série de

medidas populares como a construção de casas populares e

suspensão de impostos sobre o preço da carne. Floriano também

estimulou a indústria, com linhas de crédito abertas pelo Banco do

Brasil. Com essas ações instaurou-se o paternalismo (troca de

favores). A oposição estrangeira deu a Floriano uma nova arma, o

nacionalismo. Houve rompimento diplomático com Portugal que

apoiou a revolta da Armada. Seu perfil populista acabou

Amplie seus conhecimentos sobre: A Sociologia de August Comte (Sociologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: Roma (História Caderno Alpha/Beta); Ver também: A Revolução Francesa (História Caderno Gama/Pi)

Page 8: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

7

preocupando as elites do país, que decidiram organizar um grande

movimento de oposição. Eles argumentavam que Floriano Peixoto

desrespeitou a Constituição ao assumir o país como vice sem

eleições diretas – o que de fato ocorreu. Treze generais iniciaram

um movimento antigovernista baseado na inconstitucionalidade do

governo, pois segundo a Constituição, se um presidente ficasse

impedido de exercer seu mandato nos dois primeiros anos de

governo, seriam convocadas novas eleições. Deodoro reagiu de

forma dura: prendeu e despediu os militares baseando-se na

insubordinação. No Rio Grande do Sul iniciou-se uma disputa pelo

poder entre Júlio de Castilhos e Silveira Martins. Silveira Martins

contou com o apoio de Custódio de Melo (2ª Revolta da armada).

Júlio de Castilhos contou com o apoio de Floriano, que derrotou as

forças federalistas e os revoltosos da Armada. Era o fracasso das

revoltas e a garantia da continuidade do governo de Floriano, que

iria governar até o último dia do seu mandato.

A República Oligárquica (Política do Café-com-Leite) (1894-

1898):

Com o objetivo de controlar a presidência e, assim defender seus

interesses privados, as oligarquias paulista (Café) e mineira (Leite),

respectivamente o PRP e o PRM formalizaram uma aliança que

previa a alternância de políticos dos dois estados no cargo máximo

do executivo. Neste período, os interesses dos grupos oligárquicos

eram defendidos, assim o Estado federal, estadual e municipal

foram colocados totalmente em função do serviço agrícola, com

predomínio da oligarquia cafeeira. Esta fase tem como

características o coronelismo (fenômeno social e político típico da

Republica Velha, caracterizado pelo prestígio do político e por seu

poder de mando). A Política dos Governadores, idealizada pelo

presidente Campos Sales, tinha como objetivo a articulação dos

acordos políticos entre o poder central e as oligarquias estaduais,

caçando a eleição de opositores e legitimando a candidatura de

aliados. Outras características eram o clientelismo (proteção em

troca de obediência), o voto de cabresto, fraudes eleitorais e a

degola (Comissão Verificadora de Poderes).

O Governo de Prudente de Moraes marcou a passagem do poder

central das mãos dos militares para os civis. Ele reatou relações

diplomáticas com Portugal, rompidas por Floriano devido ao apoio

português à Revolta da Armada. Resolveu as questões de fronteira

com a Argentina – região das Missões, por meio da intermediação

do presidente dos EUA (Glover Cleveland) Afastamento do

presidente por motivos de saúde. Assume o vice-presidente Manuel

Vitorino que era florianista. No seu governo Prudente de Morais

enfrentou a Guerra de Canudos (1896-1897).

O governo de Manuel Ferraz de Campos Sales substituiu Prudente

de Moraes na presidência da República. Seu governo consolidou os

interesses das oligarquias rurais, sobretudo dos cafeicultores

paulistas. Quando assumiu o governo federal, Campos Sales

herdou uma grave crise econômica que prejudicava o país. A

inflação atingia níveis insuportáveis, a moeda brasileira se

desvalorizava a cada dia, enquanto nosso principal produto de

exportação, o café, atravessava uma fase de superprodução interna

e baixos preços no mercado mundial. Campo Sales viajou para a

Europa em 1898, a fim de estabelecer acordos com bancos

estrangeiros e negociar a dívida externa brasileira. Por fim ficou

acertado o ―funding-loan‖, assim ficou chamado o acordo entre os

bancos credores e o governo brasileiro. As principais medidas foram

o empréstimo para o pagamento da dívida externa por um período

de três anos; a concessão de um prazo de 10 anos para o

pagamento da nova dívida (10milhões de libras esterlinas); penhora

de toda receita alfandegária do Rio de Janeiro em caso de

necessidade; promessa de fortalecimento da moeda brasileira.

Neste período houve anexação do Amapá (querela com a França

que reivindicava sua posse) Em 1906 os cafeicultores reuniram-se

na cidade de Taubaté para discutir um projeto de valorização do

café – tratou-se da intervenção do Estado, com o objetivo de elevar

os preços do produto e assegurar o lucro dos produtores. A partir

da descoberta do engenheiro Goodyear, a borracha brasileira

ganhou o mercado europeu, tendo seu valor chegado às maiores

taxas em 1910 – o Brasil exportava 17 mil toneladas/ano. Contudo

em apenas 50 anos este ciclo que não pode substituir o café, entrou

em plena decadência. Foi fundamental para anexação do Acre (que

pertencia à Bolívia, pagando um valor de 2mil libras esterlinas).

A partir da eleição do paulista Rodrigues Alves (1902-1906) e de

seu vice Afonso Pena (mineiro), o conchavo entre Minas Gerais e

São Paulo passou a revezar no poder presidentes dos dois estados

na chamada política do café-com-leite.

Alves herdou de seu antecessor uma economia saneada, mas um

alto índice de desemprego e insatisfação popular. Com os cofres

públicos cheios, o presidente investiu em obras de remodelação e

sanitarização pública da capital do país.

Em defesa das fronteiras brasileiras

Foi durante o seu governo que o Brasil ganhou a sua atual

configuração geográfica. E em grande parte, isso se deve a atuação

do Barão do Rio Branco, hábil diplomata que resolveu as

pendências territoriais com a Argentina (que disputava a região de

Palmas, na extremidade dos estados de Santa Catarina e Rio

Grande do Sul), Inglaterra (que reclamava a ilha de Trindade,

Espírito Santo), França (que com a Inglaterra avançou, a partir das

Guianas, sobre o território brasileiro atrás de borracha e minérios) e

Peru (estabelecendo a fronteira entre os rios Javari e Javerija).

O maior desafio do barão, no entanto, foi regularizar a situação do

Acre (pertencente à Bolívia), invadido por brasileiros durante a febre

da borracha. As autoridades bolivianas reagiram a presença

brasileira nos seringais e arrendaram a região a uma multinacional

norte-americana (The Bolivian Sindicate). Os brasileiros por meio de

rebeliões armadas garantem sua permanência. A disputa só termina

em 1903, quando Rio Branco assina o Tratado de Petrópolis, entre

Brasil, Bolívia e Peru (que reivindicava pequena parte da área).

O Brasil compra a região dos bolivianos e peruanos por 2 milhões

de libras esterlinas e se compromete a construir a ferrovia Madeira-

Mamoré, hoje desativada,que ligaria a cidade de Guarujá-Mirim a

Porto Velho.

Convênio de Taubaté

Desde o final do século XIX, a cafeicultura brasileira passava por

uma crise de superprodução, que abaixava o preço do produto. A

salvação da lavoura só se deu a partir de 1906, quando, na cidade

de Taubaté (SP), reuniram-se os presidentes de São Paulo, Minas

Gerais e Rio de Janeiro. Nesse encontro ficou decidida uma política

de valorização do café por meio de empréstimos bancários no

exterior que serviriam para comprar e estocar o excedente da

produção.

O presidente Rodrigues Alves não aceitou as determinações do

Convênio, uma vez que a garantia dos empréstimos seria de

Amplie seus conhecimentos sobre: II Reinado: O Império Oligárquico (História Caderno Gama/Pi); Ver também: Brasil: Industrialização (Geografia Caderno Gama/Pi); Ver também: Pré-modernismo (Literatura Caderno Delta/Ômega).

Page 9: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

8

responsabilidade do governo federal.

Por sua vez, o presidenciável Afonso Pena mostrou-se favorável

às resoluções tomadas em Taubaté e, com o apoio de Pinheiro

Machado e a simpatia dos fazendeiros de café, venceu as eleições.

Consolidava-se a importância das oligarquias cafeeiras nos destinos

do país.

No poder, Pena (1906-1909) passaria toda a sua gestão tentando

diminuir a influência de Pinheiro Machado, fomentando o

aparecimento de grupos políticos contrários ao senador.

Em meados de 1909, um grupo de oficiais do Exército indicou como

candidato a presidência o marechal Hermes da Fonseca, ministro

da guerra, responsável pela instituição do serviço militar obrigatório

e pela modernização do Exército. O Partido Republicano Rio-

Grandense, capitaneado pelo ―fazedor de reis‖, imediatamente

apoiou o militar e, pela primeira vez, quebrou-se a política

sucessória de presidentes.

Civilismo X Salvacionismo

Inconformado com o acentuado perfil militarista da candidatura de

Hermes, Rui Barbosa apoiado pelas oligarquias de São Paulo e da

Bahia, o seu estado natal, lança a campanha civilista. Rui Barbosa

inicia, pela primeira vez na história do Brasil, um processo eleitoral

que ganha às ruas e eletriza a opinião pública. Além das oligarquias

já citada, Rui Barbosa, também recebe o apoio do Rio Grande do

Sul, dos jornais Correio da Manha (Rio de Janeiro) e O Estado de

S.Paulo, setores da elite e amplos seguimentos das classes médias

urbanas, entre os quais os movimentos estudantis paulista e

fluminense.

Rui Barbosa1 coloca em discussão o sistema eleitoral, defendendo

o voto secreto: ―Para conseguir a moralização eleitoral, precisamos

extinguir radicalmente a publicidade no voto. A publicidade é a

servidão do votante. O segredo, sua independência‖. O senador

baiano era visto como o campeão do liberalismo, da luta contra as

oligarquias e como paladino da renovação nacional.

Entretanto, Hermes da Fonseca também contava com a simpatia de

setores das classes médias burguesas, particularmente de

remanescentes do florianismo, que o consideram um homem forte,

capaz de varrer a corrupção e o arcaico sistema político do Brasil,

por meio das chamadas ―política de salvações nacionais‖, que

pretendiam evitar os desmandos das oligarquias locais e ―moralizar‖

a vida pública por meio da imposição de um interventor militar no

governo dos estados.

Embora Hermes da Fonseca tivesse o apoio de várias oligarquias

(inclusive Pinheiro Machado), levou adiantes as salvações com

amplo respaldo dos militares. Pernambuco, Alagoas, Bahia e Ceará

tiveram governantes empossados à força pelo governo.

O consequente enfraquecimento das oligarquias locais debilitou

Pinheiro Machado que veio a ser assassinado em 1915.

NOTA 1: Conhecido como a ―Águia de Haia‖ por sua postura crítica, em relação aos interesses dos Estados Unidos na corrida imperialista, na Conferência de Haia, Holanda, Rui Barbosa voltou consagrado ao Brasil por ter liderado as nações mais fracas contra as grandes potências.

O Retorno do Café-com-leite

O governo de Hermes da Fonseca, tumultuado pelas ―salvações

nacionais‖ instigadas por Pinheiro Machado, derrubara vários

governadores estaduais, gerando focos de oposição política. Os

rumores de eclosão de uma guerra generalizada na Europa faziam

com que os capitais estrangeiros no país se retraíssem.

Na campanha sucessória de 1914, o desgaste de Hermes respingou

em Machado, impedindo sua candidatura à presidência, uma vez

que o senador gaúcho não fora perdoado pela elite paulista, desde a

intervenção no estado em 1911. Como alternativa, o PRP

ressuscitou a política do café-com-leite, indicando Venceslau Brás,

vice de Hermes, ao cargo.

Com a vitória tranquila de Brás, voltaram ao poder os políticos do

café-com-leite.

Embora o período Venceslau Brás tenha sido marcado pela

promulgação do Código Civil (que vigorou no Brasil até Janeiro de

2002), as maiores transformações sociais deram-se por uma causa

externa: a Primeira Guerra Mundial. A guerra provocou uma onda de

prosperidade nos países latino-americanos, pois as nações

beligerantes, com suas produções e recursos canalizados para a

indústria bélica, aumentaram suas importações. Isso favoreceu as

pequenas oficinas brasileiras, que, com o tempo, se transformavam

em fábricas.

Após o fim da guerra, a indústria europeia recuperou-se, baixando

as exportações de manufaturados brasileiros. Mesmo assim, o

mercado interno já era grande o bastante para absorver a produção

do parque fabril nacional. Em 1920, já havia no país cerca de 13.440

estabelecimentos industriais e 280.000 operários.

O Pleito de 1918

As lideranças oligárquicas pouco se preocupavam com os

problemas sociais à sua volta. Enquanto o país se transformava e

novas lideranças políticas surgiam, os fazendeiros, envoltos com a

preservação de privilégios e da política dos governadores, elegeram

o ex-presidente Rodrigues Alves.

O peso dos anos e as más condições de higiene e de saneamento

em que o Brasil se encontrava vitimaram, em janeiro de 1919, o

velho Alves que não chegou a tomar posse.

Nesse caso, deveriam ser convocadas novas eleições. Os políticos

de São Paulo e Minas Gerais, para preservar a renascida república

do café-com-leite, decidiram buscar um candidato de um estado de

pequena influência política para representá-los, evitando, assim,

confrontos internos. O escolhido foi o paraibano Epitácio Pessoa

que representava o Brasil na Conferência de Versalhes, ao término

da Primeira Guerra Mundial.

Empossado em julho de 1919, Pessoa revelou-se um legítimo

defensor das oligarquias. Procurando atender os anseios dos

coronéis nordestinos, o presidente destinou vultosos recursos para

enfrentar o problema da seca, criando a Superintendência

Nacional de Obras contra as Secas, com a proposta de construir

açudes para racionalizar os estoques regionais de recursos hídricos.

Os açudes, porém, valorizavam as terras onde eram construídos,

consolidando o poder dos mandatários locais.

O governo de Pessoa só contribuiu para aumentar a crise de

autoridade da República Velha, que atingiu o seu auge no fim do

seu mandato, quando os tenentes rebelados em 1922 tentaram

impedir a posse do novo presidente eleito, Artur Bernardes.

O Caos da República Velha

O governo de Artur Bernardes foi marcado pelo Estado de Sítio (44

dos 48 meses do seu mandato), pelos duelos com levantes de

militares e operários, e pela Semana da Arte Moderna.

Seu slogan de campanha ―Governar é abrir estradas‖, sintetizava a

proposta de modernização econômica. Sua plataforma de ação

social pode ser resumida na frase: ―A questão social é caso de

polícia‖.

Incapaz de dialogar e mesmo de entender as demandas da jovem

classe operária, Washington Luís perdeu o apoio da população

urbana. Para reprimir os eventuais perigos do tenentismo e dos

Page 10: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

9

operários filiado nos partidos comunistas, o presidente baixou a Lei

Celerada, que censurava a imprensa e o direito de reuniões.

No entanto, a derrocada final da oligarquia cafeeira deu-se

irremediavelmente, com a crise de 1929.

A crise provocou a falência de inúmeros cafeicultores, e fez ruir o já

alquebrado sistema do café-com-leite, pois, numa atitude de

desespero, os fazendeiros paulistas exigiram que Washington Luís

lançasse outro paulista (Júlio Prestes) como seu sucessor,

destruindo a aliança entre o PRM e o PRP, o que favoreceu a

tomada do poder por Getúlio Vargas.

TEXTO COMPLEMENTAR:

A Gripe Espanhola

Entre setembro e novembro de 1918, um vírus letal atacou o mundo,

matando cerca de 20 milhões de pessoas (1% da população

mundial). O vaivém de soldados durante a guerra disseminava o

vírus influenza. Era a gripe espanhola.

Ela chegou ao Brasil em setembro de 1918, após o desembarque de

imigrantes espanhóis com sintomas da gripe. Em novembro desse

ano, a doença já tinha se alastrado.

Na capital, 17 mil pessoas morreram em dois meses. Os mortos,

abandonados na rua, obrigaram o governo a ―empregar‖ presidiários

como coveiros. Em São Paulo foram cerca de 8 mil mortes. Em todo

o país, 300 mil. O próprio presidente da República, Rodrigues Alves

foi vítima da epidemia.

Os sintomas dessa gripe eram os mesmos de uma gripe normal,

mas muito mais acentuados: pulmões congestionados e enrijecidos,

que tornavam a respiração muito penosa. Os médicos receitavam

canja de galinha, gerando saques aos armazéns. Os jornais

afirmavam que o tratamento deveria ser feito à base de pinga com

limão ou uísque com gengibre.

Hoje, sabe-se que a epidemia surgiu em chiqueiros do Kansas,

EUA, e não na Espanha, como se imaginava. Provavelmente, os

suínos norte-americanos comeram dejetos de aves (que quase

sempre têm o vírus da gripe) e passaram o vírus para seus donos.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo (19-05-2000), cientistas de

Oxford pretendem reconstruir o vírus da gripe espanhola, tentando

descobrir as razões que levaram o vírus a ser tão letal e, a partir

dessas informações, ―desenvolver métodos de proteção contra

futuras pandemias‖. O Vírus poderá ser reconstruído, pelo menos

em parte, porque pesquisadores norte-americanos já pesquisaram

sequências de dois dos mais importantes genes.

Compreendendo o texto:

01. Em qual país surgiu o vírus influenza causadora da Gripe

Espanhola?

______________________________________________________

Questões: (A República Velha)

02. (ENEM-2009) Até que ponto, a partir de posturas e interesses

diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena

política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um

traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A

união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas

frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande

desacerto final. (FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP,

2004 - adaptado).

A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São

Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os

dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito

mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas

colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de

envolvimento no comércio exterior. (TOPIK, S. A presença do estado na

economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 -

adaptado).

Para a caracterização do processo político durante a Primeira

República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café

com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a

sua utilização:

A) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a

prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem

necessidade de alianças.

B) As divisões políticas internas de cada estado da federação

invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para

este período.

C) As disputas políticas do período contradiziam a suposta

estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.

D) A centralização do poder no executivo federal impedia a

formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.

E) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado

interno unificavam os interesses das oligarquias.

03. (ENEM-2011) Completamente analfabeto, ou quase, sem

assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se

limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos

esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político,

ele luta com o ―coronel‖ e pelo ―coronel‖. Aí estão os votos de

cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização

econômica rural. (LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo:

Alfa-Ômega, 1976 - adaptado).

O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-

1930), tinha como uma de suas principais características o controle

do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse

período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social:

A) igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda.

B) estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes.

C) tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos

como forma produtiva típica.

D) ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão

mantido pelo exército e polícia.

E) agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político

local e regional.

04. (ENEM-2010) As secas e o apelo econômico da borracha —

produto que no final do século XIX alcançava preços altos nos

mercados internacionais — motivaram a movimentação de massas

humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto,

até o início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a

maioria da sua população fosse brasileira e não obedecesse à

autoridade boliviana. Para reagir à presença de brasileiros, o

governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma

entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas

disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou em 1903,

com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil

comprou o território por 2 milhões de libras esterlinas.

Amplie seus conhecimentos sobre: Pré-Modernismo e Modernismo Brasileiro (Literatura Caderno Delta/Ômega).

Page 11: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

10

(Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso em: 03 nov. 2008 - adaptado)

Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos

apresentados, o Acre tornou-se parte do território nacional brasileiro:

A) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o

Brasil pela sua anexação.

B) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes

brasileiros na região.

C) devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os

seringais.

D) em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na

região.

E) pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à

Bolívia.

05. (ENEM-2010) O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890

dizia:

―Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza

corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem: andar em

correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma

lesão corporal, provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão de

dois a seis meses‖. (SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: as

capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria

Municipal de Cultura, 1994 - adaptado).

O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas

socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regulamento

expressava:

A) a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao

controle da criminalidade urbana.

B) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros

governos do período republicano.

C) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada,

desejosa de um equilíbrio entre progresso e civilização.

D) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores

que vinculavam certos grupos ao passado de escravidão.

E) o poder do regime escravista, que mantinha os negros como

categoria social inferior, discriminada e segregada.

QUESTÕES SOCIAIS E CULTURA NA REPÚBLICA VELHA

Movimento Tenentista

Um aspecto econômico da República Velha foi o início da

industrialização no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em

São Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira

possibilitou aos grandes fazendeiros investir na indústria, dando

novo dinamismo à sociedade nestes locais. São Paulo e Rio de

Janeiro passaram por uma profunda urbanização, criando avenidas,

iluminação pública, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e,

principalmente, afastando as populações pobres dos centros das

cidades. Mas não foi apenas nestas duas cidades que houve

mudanças, já que a mesma situação se verificou em Manaus, Belém

e cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas. O

papel dos imigrantes - italianos, portugueses, espanhóis e outros, foi

marcante no processo brasileiro de industrialização. Eles trouxeram

sua força de trabalho, seus conhecimentos, técnicas mais

modernas, novas ideias políticas, além de usos e costumes que

contribuíram para a formação da cultura brasileira, enriquecendo-a e

conferindo-lhe um caráter mais cosmopolita.

Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de milhões de

imigrantes europeus e asiáticos para trabalharem tanto nas

indústrias quanto nas grandes fazendas. O fluxo migratório na

República Velha alterou substancialmente a composição da

sociedade, intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos das

elites do país, poderia levar a um embranquecimento da população,

aprofundando o preconceito contra os negros de origem africana.

Nessa perspectiva os operários procuravam se organizar para

defender seus interesses, criando associações de auxílio mútuo,

fundando jornais e sindicatos – movimento operário. Mesmo com o

surgimento do Partido Comunista, dos movimentos grevistas e o

anarquismo, a sociedade continuava dominada pelas oligarquias

rurais que, ao lado de alguns elementos ligados a indústrias,

ocupavam as posições de maior importância política e econômica.

Nesse bojo organizacional a Greve Geral ou a paralisação geral da

indústria e do comércio do Brasil, em Julho de 1917, ocorreu como

resultado da constituição de organizações operárias de inspiração

anarquista aliada à imprensa libertária. Vivia-se sob o efeito da

carestia da 1ª Guerra, o preço dos alimentos subia, falta de

emprego, melhores condições e trabalhos e salários. Os revoltosos

reivindicavam: jornada de 8 horas, pagamento das horas extras,

proibição do trabalho noturno para mulheres, crianças e menores de

18 anos. Esta mobilização operária foi uma das mais abrangentes e

longas da história do Brasil. A greve geral de 1917 no Brasil faz

parte de um processo de politização dos trabalhadores.

Com o surgimento de novos líderes e com o crescimento do uso dos

meios de comunicação, estes começaram a se dirigir à população

de forma cada vez mais concentrada nas grandes cidades que

iniciavam seu longo inchaço em direção à favelização diminuindo o

poder político dos coronéis. Na área rural, porém através da

pobreza e da dependência da população, surgiu um novo método de

adquirir votos, o chamado voto de cabresto.

Outra questão social foi a educação que nesse período acabou

enfrentando alguns sérios problemas devido à falta de ordem

constitucional que deveriam garantir. Não havia um plano nacional

de educação para cuidar deste assunto com maiores cuidados,

dando atenção para os seus muitos níveis.

Em relação às escolas primarias, de acordo com a Constituição de

1891, a sua organização deveria ser um dever dos estados, mas

isso não acontecia. Também existia a Escola Normal, que tinha

como formação o ―ensino pedagógico‖. Mesmo sendo uma área que

abrange para os dois sexos, nesta escola a presença de mulheres

era predominante, lá se formavam as moças de classe média, ou

como costumamos chamar, jovens burguesas. De fato a educação

nesse período coube ao grupo de elites ilustradas, formadas na

tradição iluminista, reproduzindo o modelo europeu, naturalmente

observadas as devidas condições, inclusive intelectuais das

unidades federadas. Porém, a Igreja Católica que era poderosíssima

e exercia sem freios o controle da vida moral e cultural do país,

ainda tinha influências no sistema educacional brasileiro. Em 1920

foi criada a primeira universidade pública do país, a Universidade do

Rio de Janeiro.

Assim como na monarquia, durante a República Velha a cultura

brasileira continuou sendo um direito exclusivo da elite. A influência

europeia, principalmente francesa, mudou o comportamento das

pessoas ricas, em seu jeito de vestir, falar e se portar em público, o

que ficou conhecido como a Belle Époque (Bela Época) no Brasil. A

década de 1920 foi marcada por um movimento modernista

Amplie seus conhecimentos sobre: Pré-modernismo e Modernismo Brasileiro (Literatura Caderno Delta/Ômega).

Page 12: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

11

brasileiro que se rebelava contra o elitismo e o europeísmo. Mas foi

em 1922, que o modernismo atingiu o seu ponto culminante, quando

teve inicio a Semana de Arte Moderna de 1922 que aconteceu em

São Paulo. Animada por vários artistas como Villa-Lobos, Mário de

Andrade, Oswaldo de Andrade e Manuel Bandeira que pretendia

fazer uma antropofagia cultural, misturando elementos das culturas

europeia e brasileira na produção artística. Objetivava a

modernização da cultura, com base em elementos naturais da

nossa nação. Já na cultura popular nacional surgiram os gêneros

musicais choro e o samba.

Assim a realidade brasileira passou a ser trabalhada na literatura do

pré-modernismo com alguns autores que falavam de algumas

influências europeias. Os autores que tiveram grande destaque

juntamente a suas obras foram:

• Euclides da Cunha com Os sertões, que tratava, em uma

linguagem jornalística, sobre a guerra dos canudos;

• Lima Barreto, com sua obra Triste fim de Policarpo Quaresma, que

se referia à imagem do major Quaresma,

• Monteiro Lobato, com sua obra Urupês, na qual criou o imortal

personagem Jeca Tatu.

Nesse contexto de várias transformações sociais eclodiram diversos

conflitos também de ordem social, podemos destacar os de origem

camponesa:

A Guerra de Canudos, entre os anos de 1893 e 1897, aconteceu

no sertão da Bahia como um dos mais importantes movimentos

populares do período. As origens do conflito estão na pobreza, na

injusta distribuição de terras e na ausência completa do Estado na

região;

Na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, em uma região

conhecida como Contestado, ocorreu um conflito, a Guerra do

Contestado, entre os anos de 1912 e 1916. Os descontentamentos

se iniciaram quando o governo federal desapropriou parte das terras

do Contestado para a construção de um trecho da ferrovia que seria

construída pela empresa norte-americana Brazil Railway, ligando

São Paulo ao Rio Grande do Sul. Assim como em Canudos, José

Maria formou uma comunidade religiosa igualitária, chamada

―Monarquia Celeste‖, regida pelos códigos dos cavaleiros medievais,

que ele aprendera em leituras de romances de cavalaria. Centenas

de desempregados e miseráveis liderados por José Maria

combateram as tropas do governo.

O cangaço foi um fenômeno que surgiu no sertão do atual Nordeste

brasileiro na virada do século XIX para o XX. Sua origem está na

formação de milícias armadas pelos fazendeiros, os ―coronéis‖, que

sustentavam jagunços para protegê-los ou para praticar atos

criminosos em benefício de seus interesses. Alguns desses

jagunços partiram para a formação do próprio bando,

independentemente das ordens de um coronel. Na verdade, eram

indivíduos marginalizados socialmente, que tentavam sobreviver em

meio ao poder de grandes proprietários de terras, que dominavam

as leis, a polícia, a Igreja e a população em geral.

Os movimentos de origem urbana são:

A Revolta da Vacina foi o mais rápido e tenso levante popular da

Primeira República. Houve um surto de varíola na cidade do Rio de

Janeiro e o então presidente Rodrigues Alves determinou que se

fizesse uma vacinação obrigatória. Como não houve maiores

esclarecimentos sobre a gravidade da situação a cidade se tornou

palco de manifestações violentas que opunham populares e

autoridades policiais. A Liga Contra a Vacina Obrigatória, reunia

diferentes setores da sociedade que recebeu mal a determinação do

Governo Federal.

A Revolta da Chibata iniciou por causa da antiga prática da

Marinha brasileira de lançar mão de castigos físicos para punir os

marinheiros, em sua maioria negros e mulatos. Os rebeldes

reivindicavam o fim dos castigos corporais, melhores condições de

trabalho e anistia aos presos no conflito anterior. Diante da ameaça,

o governo aceitou as reivindicações, mas não as cumpriu.

A plataforma da Reação Republicana defendia a regeneração dos

princípios republicanos e a formação de partidos políticos nacionais.

Ela criticava a forma como se desenvolvia o federalismo no Brasil,

acusando-o de beneficiar apenas os grandes estados. Para

enfrentar a ameaça permanente de derrota que rondava toda

candidatura de oposição, a Reação Republicana desencadeou uma

propaganda eleitoral, coisa pouco comum nas eleições da Primeira

República. E, o que é importante, buscou apoio militar.

O Tenentismo surgiu justamente como forma de contestação ao

sistema político que dominava o Brasil e não permitia espaços para

grupos que não fizessem parte da oligarquia. Os militares defendiam

a dinamização da estrutura do poder no país, almejando que o

processo eleitoral se tornasse mais democrático e permitisse o

acesso de mais grupos ao poder, questionavam o voto de cabresto

e eram favoráveis ao direito da mulher ao voto. Descontentes com a

realidade política do Brasil acreditavam que se fazia necessário uma

reforma no ensino público, assim como a concessão da liberdade

aos meios de comunicação, a restrição do Poder Executivo e a

moralização dos ocupantes das cadeiras no Poder Legislativo.

A primeira ação deste tipo dos Tenentes aconteceu em 1922 no

evento conhecido como Revolta dos 18 do Forte de Copacabana,

em 1924 veio a Comuna de Manaus e a Revolução de 1924.

Concomitantemente teve início o evento mais duradouro e que

percorreu grande território no Brasil, a Coluna Prestes. O

Tenentismo não gerou efeitos imediatos no Brasil, mas o somatório

dos acontecimentos na década de 1920 foi importante para abalar a

estrutura política das oligarquias e mudar significativamente a ordem

política no Brasil em 1930.

Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas nesse

momento Luís Carlos Prestes já havia se tornado comunista e não

mais integrava o movimento. A Aliança Liberal somava a luta

Tenentista que envolvia o voto secreto e também feminino com a

evolução do direito trabalhista. O Tenentismo foi fundamental para

que Getúlio Vargas assumisse o poder, tanto que após a Revolução

de 1930 o presidente nomeou vários tenentes como interventores

em quase todos os estados.

Apesar do fim do movimento tenentista, suas manifestações

ecoaram na política brasileira. No Golpe Militar de1964, quase todos

os comandantes eram antigos tenentes de 1930 como: Cordeiro de

Farias, Ernesto Geisel, Eduardo Gomes, Castelo Branco, Médici,

Juraci Magalhães e Juarez Távora.

O Tenentismo existiu até 1970, quando todos os seus membros

acabaram falecendo.

TEXTO COMPLEMENTAR:

ONGs de outrora

Centenas de associações funcionavam no Rio de Janeiro do início

do século XX. A maioria era muito mais democrática e inclusiva do

que o Estado.

―A todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem

armas, não podendo intervir a polícia senão para manter a ordem

pública‖. (Constituição republicana, em 1891).

Page 13: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

12

A criação de associações e entidades de grupo era prática comum

no país. No Rio de Janeiro – capital da diversidade social, com

intensa atividade de comércio e sede da burocracia do Estado –,

essas iniciativas eram numerosas e variadas, funcionando como

verdadeiras ―redes de proteção social‖, um ideal que vigora até hoje.

O espírito das atuais ONGs não difere muito do que ocorria há cem

anos.

Culturais, recreativas, religiosas, políticas, educativas, beneficentes,

sindicais ou de auxílio mútuo, as sociedades registradas junto ao

poder público chegaram a 682 entre 1903 e 1916. A maioria era

dedicada ao ―auxílio mútuo‖. Isso se explica pelas condições de vida

a que estava submetida a maior parte da população do Distrito

Federal, com seu grande número de migrantes – brasileiros e

estrangeiros – sem famílias que os amparassem. Submetiam-se a

duríssimas condições de trabalho, com longas jornadas, baixos

salários, sem direito a férias nem repouso remunerado, e quase

nenhum tipo de assistência social pública. O modelo associativo, já

seguido por trabalhadores em outros países, foi adotado como

solução para problemas concretos de assistência médica,

impossibilidade de trabalho ou pensões à família.

A lista de benefícios prestados compreendia auxílios para funeral

(do associado ou de seus familiares), contribuições para o luto da

família (incluindo gastos com roupas, principalmente para as

mulheres), pensões por acidentes, doença ou velhice, fornecimento

de remédios, auxílios para tratamento fora do Rio de Janeiro ou

repatriação em caso de doença. Várias entidades prestavam ainda

serviço advocatício, auxiliavam presos não sentenciados, faziam

pequenos empréstimos e atuavam como fiadoras de sócios para

exercício de cargos ou aluguel de residências.

[...]

O número e a diversidade de associações, seus diferentes públicos-

alvo e suas finalidades indicam que elas eram um meio eficaz para

a população buscar e ampliar seus direitos. Constituíam, ao mesmo

tempo, um espaço democrático, regido por normas estabelecidas

pelo grupo, e uma escola de democracia, na medida em que

educavam seus membros no debate, estimulavam sua participação

e conscientizavam-nos de que o êxito ou o fracasso do grupo eram

responsabilidade de todos.

(FONSECA, Vitor Manoel Marques da. No gozo dos direitos civis:

associativismo no Rio de Janeiro, 1903-1916. Rio de Janeiro/Niterói:

Arquivo Nacional/Muiraquitã, 2008 - adaptado).

Compreendendo o texto:

06. Descreva as características das associações e entidades de

grupo que existem no Rio de Janeiro no início do século XX.

______________________________________________________

_____________________________________________________

Questões: (Questões sociais e cultura na República Velha)

07. (ENEM-2010) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão

norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural,

dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de

Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas

foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Iphan

(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) porque

reúnem um conjunto de:

A) objetos arqueológicos e paisagísticos.

B) acervos museológicos e bibliográficos.

C) núcleos urbanos e etnográficos

D) práticas e representações de uma sociedade.

E) expressões e técnicas de uma sociedade extinta.

08. (ENEM-2010)

I – Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar

as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar

distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser

visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico-

religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo

inteiro. (CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da

República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990).

II – Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão! É Tiradentes

quem passa / Deixem passar o Titão. (ALVES, C. Gonzaga ou a

revolução de Minas. In: CARVALHO. J. M. C. A formação das almas: O

imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,

1990).

A República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir

uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar

simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes,

deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A

transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o

esforço de construção de um simbolismo por parte da República

estava relacionado:

A) ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência,

evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes.

B) à identificação da Conjuração Mineira como o movimento

precursor do positivismo brasileiro.

C) ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de

poucas raízes populares, que precisava de legitimação.

D) à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que

proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil

identificação.

E) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado

movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país.

09. (ENEM-2010) A serraria construía ramais ferroviários que

adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com

guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros

arrastavam, para as composições de trem, as toras que jaziam

abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam

pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em

direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em

meio às matas eram destruídos por este deslocamento. (MACHADO

P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp. 2004 - adaptado).

No início do século XX, uma série de empreendimentos capitalistas

chegou à região do meio-oeste de Santa Catarina – ferrovias,

serrarias e projetos de colonização. Os impactos sociais gerados

por esse processo estão na origem da chamada Guerra do

Contestado. Entre tais impactos, encontrava-se:

A) a absorção dos trabalhadores rurais como trabalhadores da

serraria, resultando em um processo de êxodo rural.

B) o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que

diminuíam a necessidade de mão-de-obra.

C) a desorganização da economia tradicional, que sustentava os

posseiros e os trabalhadores rurais da região.

D) a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que

passavam disputar o poder político com os novos agentes.

E) o crescimento dos conflitos entre os operários empregados

nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao

Page 14: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

13

capital internacional.

10. (ENEM-2009) Como se assistisse à demonstração de um

espetáculo mágico, ia revendo aquele ambiente tão característico de

família, com seus pesados móveis de vinhático ou de jacarandá, de

qualidade antiga, e que denunciavam um passado ilustre, gerações

de Meneses talvez mais singelos e mais calmos; agora, uma

espécie de desordem, de relaxamento, abastardava aquelas

qualidades primaciais. Mesmo assim era fácil perceber o que

haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam

mansamente na sombra, suas pratas semi-empoeiradas que

atestavam o esplendor esvanecido, seus marfins e suas opalinas –

ah, respirava-se ali conforto, não havia dúvida, mas era apenas uma

sobrevivência de coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que se ia

desagregando, que um mal oculto o roía, como um tumor latente em

suas entranhas. (CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de

Janeiro Civilização Brasileira, 2002 - adaptado)

O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Cardoso,

acerca da vida dos Meneses, família da aristocracia rural de Minas

Gerais, apresenta não apenas a história da decadência dessa

família, mas é, ainda, a representação literária de uma fase de

desagregação política, social e econômica do país. O recurso

expressivo que formula literariamente essa desagregação histórica é

o de descrever a casa dos Meneses como:

A) ambiente de pobreza e privação, que carece de conforto mínimo

para a sobrevivência da família.

B) mundo mágico, capaz de recuperar o encantamento perdido

durante o período de decadência da aristocracia rural mineira.

C) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes da casa

ocupa o primeiro plano, compensando a frieza e austeridade

dos objetos antigos.

D) símbolo de um passado ilustre que, apesar de superado, ainda

resiste à sua total dissolução graças ao cuidado e asseio que a

família dispensa à conservação da casa.

E) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu esplendor e

sobre os quais a vida repousa como lembrança de um passado

que está em vias de desaparecer completamente.

11. (ENEM-2011)

A imagem representa

as manifestações nas

ruas da cidade do Rio

de Janeiro, na primeira

década do século XX,

que integraram a

Revolta da Vacina.

Considerando o contexto político-social da época, essa revolta

revela:

A) a insatisfação da população com os benefícios de uma

modernização urbana autoritária.

B) a consciência da população pobre sobre a necessidade de

vacinação para a erradicação das epidemias.

C) a garantia do processo democrático instaurado com a República,

através da defesa da liberdade de expressão da população.

D) o planejamento do governo republicano na área de saúde, que

abrangia a população em geral.

E) o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a

população em vez de privilegiar a elite.

O IMPERIALISMO DO SÉCULO XIX

No final do século XIX, os países industrializados da Europa

voltaram seus interesses para os países africanos e asiáticos,

movidos pela ganância em explorar matérias-primas, mão-de-obra

barata e novos mercados consumidores, dinamizando e expandindo

suas economias. Por outro lado, os Estados Unidos dominou e

explorou a América Latina através de sua influência política e

econômica.

No final do século XV e XVI, os países europeus, principalmente

Portugal e Espanha através da Expansão Marítima, conquistaram

terras e desenvolveram o sistema colonial, que permitiu obter lucros

e se fortalecer economicamente por meio da exploração de metais

preciosos e de produtos como o açúcar, algodão e tabaco. Esse

período ficou conhecido como colonialismo.

Contudo, no século XIX, a economia europeia viveu um período de

grande expansão e o mundo já tinha conhecido a Segunda

Revolução Industrial, que proporcionou transformações importantes

na economia

capitalista. Nesse

período, surgiu o

capitalismo

financeiro e as

associações

monopolistas que

controlavam as

atividades

produtivas. E a

burguesia das

grandes potências passou a explorar territórios fora de suas

fronteiras nacionais, dando início ao neocolonialismo ou

imperialismo.

Vale destacar, que além dos fatores políticos e econômicos que

desencadeou o imperialismo, existia a ideia de que o

neocolonialismo seria uma missão civilizadora de uma raça superior

branca representada pelos europeus e norte-americanos

(darwinismo social), que tinha como objetivo levar a tecnologia, a

cultura cristã e a civilização a um povo que já mais alcançaria o

desenvolvimento sozinho. Na verdade, grande parte da população

dos países dominados acreditava nessa ideia preconceituosa, que

foi utilizada para justificar a dominação e exploração dos povos

africanos pelos seus governos e pelos europeus.

O Imperialismo do século XIX (neocolonialismo), incrementado a

partir de 1880, tem por base uma nova divisão econômica e política

do mundo pelas potências capitalistas em ascensão. Reino Unido,

Estados Unidos e Alemanha experimentam um auge industrial e

econômico a partir de 1870, seguidos pela França e Japão. Itália e

Rússia ingressam na via da industrialização nesse mesmo período.

Os monopólios e o capital financeiro de cada potência competem

acirradamente pelo controle das fontes de matérias-primas e pelos

mercados situados fora de seus países.

O neocolonialismo desenvolveu uma política que tem por eixo dois

tipos de colônia: as colônias comerciais e as colônias de

Amplie seus conhecimentos sobre: Revolução Industrial (História Caderno Gama/Pi); Ver também: Vanguardas (Literatura Caderno Alpha/Beta); Ver também: A Sociologia de Auguste Comte (Sociologia Caderno Alpha/Beta; Ver também: Teoria da Evolução de Darwin (Biologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: Japão, América Latina e África (Geografia Caderno Delta/Ômega).

(Charge capa da revista ―O Malho‖, de 1904. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com)

Page 15: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

14

assentamento. As colônias comerciais devem fornecer matérias-

primas e, ao mesmo tempo, constituir-se em mercados privilegiados

para produtos e investimentos de capitais das metrópoles. As

colônias de assentamento servem de áreas de recepção dos

excedentes populacionais das metrópoles.

Partilha da África

Ocorre a partir de 1870, quando a Alemanha e a Itália entram em

disputa com a Inglaterra e a França pela conquista de territórios que

sirvam como fontes de abastecimento de matérias-primas industriais

e agrícolas e mercados para seus produtos. Portugal e Espanha

conseguem manter alguns de seus antigos territórios coloniais. A

Conferência de Berlim, em 1884 e 1885, oficializa e estabelece

normas para a partilha. Qualquer posse territorial deve ser

comunicada às potências signatárias e toda potência estabelecida

na costa tem direito ao interior do território, até defrontar com outra

zona de influência ou outro Estado organizado.

Imperialismo na Ásia

As relações comerciais entre a Europa e a Ásia eram bem antigas.

Entretanto, a partir da década de 1880, elas acompanharam a forma

neocolonial de ocupação territorial e dominação política. As

potências europeias, o Japão e os Estados Unidos envolvem-se

numa disputa acirrada para dividir os territórios asiáticos, como

podemos observar abaixo.

Índia - A presença britânica na Índia com a Companhia das Índias

Orientais supera a concorrência portuguesa e francesa desde o

século XVII. Contra essa hegemonia se rebelam, em 1857, as

tropas nativas, ou cipaios. A Revolta dos Cipaios foi um levante de

grupos indianos (cipaios) contra a exploração britânica. Começa em

1857 e é violentamente reprimida pelos britânicos, terminando no

ano seguinte. O governo britânico dissolve a Companhia das Índias,

reorganiza o exército colonial e converte a Índia em domínio

britânico.

O Reino Unido implanta em território indiano um sistema de ensino

inglês, uma rede ferroviária e a modernização dos portos. Com seus

produtos industriais mais baratos, destrói a economia rural

autárquica e aumenta o desemprego. Os ingleses se expandem e

criam Estados intermediários no Nepal e Butão e entram no Tibete

para garantir privilégios comerciais. Anexam a Birmânia (atual

Mianmá) e Ceilão (atual Sri Lanka) e tentam disputar com os russos

o domínio do Afeganistão. O domínio britânico faz surgir um

movimento nacionalista entre setores das classes abastadas

indianas, europeizadas nos colégios e universidades inglesas, onde

tinha livre curso às ideias liberais e democráticas. Em 1885 é

fundado o Congresso Nacional Indiano, com o objetivo de obter uma

participação ativa na administração do país.

China – Até meados do século XIX os europeus mantêm feitorias no

território chinês, por onde realizavam o comércio com as

metrópoles. A partir daí ocorre uma intensificação nas tentativas de

dominar o mercado chinês por meio de guerras e conquistas. Uma

das principais atividades do Reino Unido na região é o cultivo do

ópio (em território indiano), que é depois vendido aos chineses. Em

1840 as autoridades chinesas passam a reprimir a venda ilegal da

droga, o que leva o Reino Unido a declarar a chamada Guerra do

Ópio. O conflito termina dois anos depois pela Paz de Nanquim,

tratado segundo o qual o Reino Unido retoma o comércio de ópio e

obtém ainda a cessão de Hong Kong, ponto estratégico para

comércio. A partir de 1844, França, Estados Unidos, Inglaterra e

Rússia conquistam o controle de áreas do território chinês, como

Xangai e Tientsin.

Como reação à dominação estrangeira, nacionalistas se revolta

contra a dinastia manchu. A Guerra dos Boxers, nome dado pelos

ocidentais aos membros de uma sociedade secreta chinesa que

organizam a revolta, se espalha pelas zonas costeiras e ao longo do

rio Yang-Tsé, em 1900. Exércitos estrangeiros esmagam a rebelião

e impõem à China uma abertura à participação econômica ocidental.

O capital estrangeiro implanta indústrias, bancos e ferrovias.

Japão – Pressionado pelos EUA, em meados do século XIX, foram

estabelecidos acordos comerciais com o mundo ocidental. Essa

abertura econômica japonesa contribuiu para a modernização do

Japão, eliminando os poderes do Xogunato e o imperador promoveu

uma centralização administrativa e uma modernização econômica,

permitindo uma expansão no extremo oriente. Esse período é

denominado de ―Era Meiji‖

TEXTO COMPLEMENTAR:

A resistência africana

Durante muito tempo, os movimentos de resistência à colonização

europeia foram pouco divulgados. Prevalecia a falsa ideia de que as

comunidades africanas foram subjugadas sem demonstrar nenhuma

oposição. Essa situação se modificou nas últimas décadas graças

aos estudos historiográficos realizados sobre esse tema.

―Entre 1880 e 1900, a África tropical apresentava um estranho e

brutal paradoxo. Se o processo da conquista e da ocupação pelos

europeus era claramente irreversível, também era altamente

resistível. Irreversível por causa da revolução tecnológica – pela

primeira vez os brancos tinham uma vantagem decisiva nas armas,

e, também pela primeira vez, as ferrovias, a telegrafia e o navio a

vapor permitiam-lhes oferecer resposta ao problema das

comunicações no interior da África e entre a África e a Europa.

Resistível devido à força das populações africanas e porque na

ocasião a Europa não empregou na batalha recursos muito

abundantes nem em homens nem em tecnologia. De fato, os

brancos compensavam a escassez de homens recrutando auxiliares

africanos. Mas eles não eram manipuladores diabolicamente

inteligentes de negros divididos e atrasados. Os europeus estavam

apenas retomando o repertório das estratégias dos antigos impérios.

Quanto a detalhes, muitas vezes sabiam menos das coisas que os

dirigentes africanos. A implementação da estratégia de penetração

foi muito desordenada e inábil. Os europeus enfrentaram uma

enormidade de movimentos de resistência que provocaram e até

inventaram por ignorância e medo. Tinham de ‗obter a vitória final‘,

e, uma vez obtida, trataram de pôr em ordem o conturbado

processo. Escreveram-se livros sobre a chamada ‗pacificação‘;

tinha-se a impressão de que, na sua maior parte, os africanos

haviam aceitado a Pax Colonica com reconhecimento e fez-se caso

omisso de todos os fatos da resistência africana. Mas a vitória dos

europeus não significa que a resistência africana não tenha tido

importância no seu tempo ou que não mereça ser estudada agora,

afirmou-se que a resistência africana era importante, já que provava

que os africanos nunca se haviam resignado à ‗pacificação‘

europeia. Em segundo lugar, sugeriu-se que, longe de ser

desesperada ou ilógica, essa resistência era muitas vezes movida

por ideologias racionais e inovadoras. Por fim, em terceiro,

argumentou-se que os movimentos de resistência não eram

insignificantes; pelo contrário, tiveram consequências importantes

em seu tempo, e têm, ainda hoje, notável ressonância‖.

(RANGER, Terence O. Iniciativas e resistência africanas. In: BRAICK,

Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro Milênio. Vol. 3, 2ª ed.

Page 16: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

15

São Paulo: Moderna, 2010, p. 18).

Compreendendo o texto:

12. Por que o processo de ocupação da África entre o fim do século

XIX e o início do XX era, na visão de Terence Ranger, irreversível e

resistível?

Questões: (O Imperialismo do Século XIX)

13. (ENEM-2002) ―O continente africano em seu conjunto apresenta

44% de suas fronteiras apoiadas em meridianos e paralelos; 30%

por linhas retas e arqueadas, e apenas 26% se referem a limites

naturais que geralmente coincidem com os de locais de habitação

dos grupos étnicos‖. (MARTIN, A. R. Fronteiras e nações. São Paulo:

Contexto, 1998.)

Diferente do continente americano, onde quase a totalidade das

fronteiras obedece a limites naturais, a África apresenta as

características citadas em virtude, principalmente:

A) da sua recente demarcação, que contou com técnicas

cartográficas antes desconhecidas.

B) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha

dos seus recursos naturais.

C) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos

―limites naturais‖.

D) da natureza nômade das populações africanas, especialmente

aquelas oriundas da África subsaariana.

E) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes

gastos para demarcação.

14. (ENEM-2009) A formação dos Estados foi certamente distinta na

Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Os Estados atuais,

em especial na América Latina — onde as instituições das

populações locais existentes à época da conquista ou foram

eliminadas, como no caso do México e do Peru, ou eram frágeis,

como no caso do Brasil —, são o resultado, em geral, da evolução

do transplante de instituições europeias feito pelas metrópoles para

suas colônias. Na África, as colônias tiveram fronteiras

arbitrariamente traçadas, separando etnias, idiomas e tradições,

que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descolonização,

dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua verdadeira

origem em disputas pela exploração de recursos naturais. Na Ásia,

a colonização europeia se fez de forma mais indireta e encontrou

sistemas políticos e administrativos mais sofisticados, aos quais se

superpôs. Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo

menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políticas do

Estado asiático. 3

Relacionando as informações ao contexto histórico e geográfico por

elas evocado, assinale a opção correta acerca do processo de

formação socioeconômica dos continentes mencionados no texto.

A) Devido à falta de recursos naturais a serem explorados no Brasil,

conflitos étnicos e culturais como os ocorridos na África

estiveram ausentes no período da independência e formação do

Estado brasileiro.

B) A maior distinção entre os processos histórico-formativos dos

continentes citados é a que se estabelece entre colonizador e

colonizado, ou seja, entre a Europa e os demais.

C) À época das conquistas, a América Latina, a África e a Ásia

tinham sistemas políticos e administrativos muito mais

sofisticados que aqueles que lhes foram impostos pelo

colonizador.

D) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições brasileiras, por

terem sido eliminadas à época da conquista, sofreram mais

influência dos modelos institucionais europeus.

E) O modelo histórico da formação do Estado asiático equipara-se

ao brasileiro, pois em ambos se manteve o espírito das formas

de organização anteriores à conquista.

15. (ENEM-2008) William James Herschel, coletor do governo

inglês, iniciou na Índia seus estudos sobre as impressões digitais ao

tomar as impressões digitais dos nativos nos contratos que

firmavam com o governo. Essas impressões serviam de assinatura.

Aplicou-as, então, aos registros de falecimentos e usou esse

processo nas prisões inglesas, na Índia, para reconhecimento dos

fugitivos. Henry Faulds, outro inglês, médico de hospital em Tóquio,

contribuiu para o estudo da datiloscopia. Examinando impressões

digitais em peças de cerâmica pré-histórica japonesa, previu a

possibilidade de se descobrir um criminoso pela identificação das

linhas papilares e preconizou uma técnica para a tomada de

impressões digitais, utilizando-se de uma placa de estanho e de

tinta de imprensa. (Internet: (com adaptações)).

Que tipo de relação orientava os esforços que levaram à descoberta

das impressões digitais pelos ingleses e, posteriormente, à sua

utilização nos dois países asiáticos?

A) De fraternidade, já que ambos visavam aos mesmos fins, ou

seja, autenticar contratos.

B) De dominação, já que os nativos puderam identificar os ingleses

falecidos com mais facilidade.

C) De controle cultural, já que Faulds usou a técnica para libertar os

detidos nas prisões japonesas.

D) De colonizador-colonizado, já que, na Índia, a invenção foi usada

em favor dos interesses da coroa inglesa.

E) De médico-paciente, já que Faulds trabalhava em um hospital de

Tóquio.

16. (ENEM-2006) No início do século XIX, o naturalista alemão Carl

Von Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer

observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade

indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou:

―Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, ainda

na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o excita e

nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (…).

Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o

presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo

inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão

satisfeito e feliz.‖ (Carl Von Martius. O estado do direito entre os

autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982).

Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista Von

Martius:

A) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando que os

índios, diferentemente do que fazia a missão europeia,

respeitavam a flora e a fauna do país.

B) discriminava preconceituosamente as populações originárias da

América e advogava o extermínio dos índios.

C) defendia uma posição progressista para o século XIX: a de tornar

o indígena cidadão satisfeito e feliz.

D) procurava impedir o processo de aculturação, ao descrever

Page 17: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

16

cientificamente a cultura das populações originárias da América.

E) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das sociedades

indígenas e reforçava a missão ―civilizadora europeia‖, típica do

século XIX.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – 1914 – 1918

O final do século XIX e primeira década do sec. XX foram marcadas

na Europa, por um clima de confiança e otimismo, reforçado por

uma hegemonia em escala global que, naquele momento, ainda não

estava ameaçada.

Os europeus ocidentais, principalmente, os grandes industriais,

banqueiros, a classe política, os formadores de opinião (donos de

jornais), dentre outros, acreditavam que a Europa teria o domínio

em definitivo sobre as chamadas ―áreas periféricas‖ (Ásia, África e

América Latina). Entre 1871 e 1914, durante a chamada belle

époque, a sociedade europeia, liberal e capitalista, passou por uma

das fases de maior prosperidade. O desenvolvimento industrial

trouxe para boa parte da população um conforto nunca antes

experimentado, enquanto a ciência e a técnica abriam

possibilidades inimagináveis de comunicação e transporte, com a

invenção do telégrafo, do telefone e do automóvel.

No entanto, a configuração da economia europeia originada do

desenvolvimento industrial e da expansão imperialista, calcada na

disputa entre as potências industrializadas por territórios,

principalmente na Ásia e na África, apontava para um clima de

instabilidade e insegurança, conduzindo as nações a uma corrida

armamentista e a formação de alianças militares, a “Paz Armada”.

Através de um sistema de alianças militares entre as nações da

Europa formaram-se dois blocos: Alemanha, Áustria-Hungria e

Turquia, que formavam a Tríplice Aliança, e Inglaterra, França e

Rússia, que compunham a Tríplice Entente.

O período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi

marcado por uma exacerbação do nacionalismo. As potências, de

modo geral, cultivavam um discurso e uma mentalidade baseados

em suas glórias militares, no poder bélico e na supremacia nacional.

Ao mesmo tempo, ocorre uma expansão da indústria bélica e um

desenvolvimento tecnológico que aumenta a eficácia das máquinas

de guerra.

A essa conjuntura acrescentou-se uma série de disputas em regiões

fronteiriças, com populações formadas por mais de uma

nacionalidade, como na Alsácia e na Lorena (entre a Alemanha e a

França), na Trintena e proximidades de Trieste (Itália e Império

Austríaco), e na península Balcânica (disputada pela Rússia e pela

Áustria).

A explosão da guerra mundial

No período entre 1905 e 1914, ocorreram vários incidentes

diplomáticos, que contribuíram para abalar a relação entre os países

europeus, culminando com o assassinato do arquiduque Francisco

Ferdinando, possível herdeiro do Império Austro-húngaro. O

atentado ocorreu em Sarajevo, capital da Bósnia, por ativistas pró-

independência da Sérvia. Foi o estopim que detonou a Primeira

Guerra Mundial. Em decorrência do sistema de alianças já

mencionado, acabou se configurando um quadro de guerra geral.

A primeira fase da (1914/1915) era caracterizada pela

movimentação de tropas e equilíbrio entre as forças rivais. A Itália,

membro da Tríplice Aliança, manteve-se neutra até que, em 1915,

sob promessa de receber territórios austríacos, entrou na guerra ao

lado de franceses e ingleses.

Já na segunda fase (1915/1917) o que se viu foi uma guerra

imobilizada pela estratégia de trincheiras e pelo emprego de novas

tecnologias de guerra como aviões, tanques, metralhadoras e armas

químicas. Nessa fase o confronto se estagnou no nordeste da

França (Linha Maginot).

Em 1917 ocorreram dois fatos que mudaram os rumos da ―Grande

Guerra‖: A retirada da Rússia e a entrada dos EUA no conflito.

Com o triunfo da Revolução Russa de 1917, onde os bolcheviques

estabeleceram-se no poder, foi assinado um acordo com a

Alemanha para oficializar sua retirada do grande conflito. Este

acordo chamou-se Tratado de Brest-Litovsk, que impôs duras

condições para a Rússia.

A entrada dos norte-americanos no conflito do lado da Entente

rompeu a situação de equilíbrio entre as forças até então

envolvidas, que, de ambos os lados, apresentavam sinais de

exaustão. Era preciso garantir o recebimento dos investimentos

feitos à Inglaterra e a França. O pretexto foi o afundamento do navio

―Lusitânia‖, que conduzia passageiros norte-americanos.

O ataque a navios mercantes que apoiassem a Entente era plano

estratégico dos alemães, motivo que também conduziu o Brasil a

guerra. Com o torpedeamento do navio Paraná em 3 de abril de

1917, o Brasil, presidido por Wenceslau Brás, rompeu as relações

com Berlim e revogou sua neutralidade na guerra. No dia 25 de

outubro, com o torpedeamento do navio ―Macau‖, o Brasil declarou

guerra à Alemanha enviando auxilio à esquadra inglesa no

policiamento do Atlântico e uma missão médica.

Em 29 de setembro de 1918, os militares alemães declararam a seu

governo que seria impossível vencer a guerra e iniciaram-se as

negociações para a rendição, que ocorreu a 11 de novembro

daquele ano.

No meio tempo em que os tratados de paz que selariam a Primeira

Guerra eram discutidos, Woodrow Wilson, presidente dos EUA,

redigiu os catorze pontos que pretendiam selar um equilíbrio

pacífico entre os europeus. Conhecido como ―14 pontos de Wilson‖

ou ―14 pontos para a Paz‖. Segundo o tratado, as nações não

deveriam mais firmar acordos diplomáticos que não fossem

reconhecidos publicamente. Além disso, acreditava que a livre

navegação e o comércio deliberado entre as nações reforçassem o

elo e a cooperação internacional. No que tange ao militarismo,

acreditava que os aparatos militares deveriam se restringir somente

àquilo que fosse necessário para a manutenção da segurança

nacional.

Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os

derrotados, abraçando a ideia de uma Paz "sem vencedores nem

vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram

aplicadas, pois o desejo de uma "vendetta" por parte da Inglaterra e

principalmente da França prevaleceram sobre as intenções

americanas.

Desta forma, foi imposta duras penalidades a Alemanha (principal

responsabilizada pela guerra) pelo Tratado de Versalhes,

assegurando o seu desmembramento territorial, a indenização aos

vencedores e o controle sob seu poderio militar.

O Tratado ainda previa a criação de uma sociedade entre as nações

para a manutenção da paz mundial, porém a Liga das Nações já

nascia fragilizada pela ausência de potências emergentes como

Amplie seus conhecimentos sobre: Simbolismo (Literatura Caderno Gama/Pi); Ver também: Vanguardas (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: A Sociologia de Auguste Comte (Sociologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: População Europeia (Geografia Caderno Delta/Ômega).

Page 18: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

17

EUA, Japão e URSS. Outra preocupação do acordo de paz era criar

um cordão sanitário contra o avanço do comunismo soviético, para

tanto, foram apoiados governos anticomunistas no leste europeu,

além da criação de novas nações como a Iugoslávia e a

Tchecoslováquia a partir da fragmentação do Império Austro-

húngaro e Turco-otomano.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Texto1: Depoimento de um sargento inglês

―No alto, nas linhas incompletas, os rapazes ficavam a noite toda –

tinha caído muita neve; [...] Uma estaca de madeira ajudará a formar

uma camada de terra sobre as paredes encharcadas e um homem

pode orgulhar-se disso: parece parte de uma trincheira. A chuva, a

chuva impiedosa, ensopando e entorpecendo – e, assim, passar a

noite inteira. [...] Acabo de chegar de um lugar onde jazem

cinquenta mil corpos, ossos e arame farpado por toda a parte‖.

(LIDELL HART. Brasil, A guerra moderna. IN: ROBERTS, J. M. História

do século 20. São Paulo. Abril. 1974, v. 2. P 796)

Texto 2:

―Tornamo-nos animais selvagens. Não combatemos, nos

defendemos da destruição. Sabemos que não lançamos as

granadas contra homens, mas contra a morte, que nos persegue

com mãos e capacetes. Corremos agachados como gatos,

submerso nessa onda que nos arrasta, que nos torna cruéis,

bandidos, assassinos, até demônios. Se seu próprio pai viesse com

os do outro lado, você não hesitaria em lhe atirar uma granada em

pleno peito.‖ (REMARQUE, Erich Maria. Nada de Novo no front. São

Paulo. Edibolso, [s.d.] . p. 92)

Compreendendo o texto:

17. Em sua opinião, as descrições da ―vida nas trincheiras‖ contidas

nas duas fontes históricas, teriam sido as únicas responsáveis pela

transformação de homens em ―animais selvagens‖? Por quê?

______________________________________________________

_____________________________________________________

Questões: (Primeira Guerra Mundial – 1914 – 1918)

18. (Puccamp) Uma ameaça que não se cumpriu

Em 1937, em Genebra, no plenário da Sociedade das Nações, o

embaixador japonês barão Shudo levantou a tese de que as regiões

inexploradas de vários países deveriam ser cedidas a nações ricas

e populosas, como o Japão, naturalmente. Nesse caso o Brasil

Central desértico era uma preocupação crescente. (...) Os

estrategistas brasileiros concluíram que a Amazônia se

autodefendia do colonizador branco com suas doenças, suas selvas

e seu calor. Não havia por que recear ali uma investida do Eixo. A

mortandade provocada nos estrangeiros pela construção da ferrovia

Madeira-Mamoré, na atual Rondônia, também corroborava essa

tese.

Muito diferente, no entanto, era a situação da pré-Amazônia mato-

grossense e goiana, com suas extensas faixas de campos e

cerrados habitáveis, colonizáveis sem maiores esforços. Era o caso

típico da região do Araguaia-Xingu, que continha a Serra do

Roncador e seus prodígios, além dos garimpos de diamantes do alto

Araguaia, em parte contrabandeados para a Alemanha. (Adaptado

da Revista "Especial Temática". O Brasil que Getúlio sonhou. n.4. São

Paulo: Duetto, 2004. p.71)

A Sociedade das Nações mencionada no texto, também conhecida

como Liga das Nações, foi criada em 1919 com o objetivo de:

A) promover a paz armada, após o Tratado de Versalhes, através

da liderança do governo dos Estados Unidos, que presidiu essa

organização.

B) unir as nações democráticas e economicamente mais poderosas,

para impedir a volta do nazi-fascismo, cuja expansão causara a

Primeira Guerra Mundial.

C) executar as determinações previstas pelo documento conhecido

como "14 pontos de Wilson" e que favoreciam os países da

Tríplice Aliança.

D) promover o neocolonialismo na África, Ásia e Oceania, condição

fundamental para a expansão mundial do capitalismo

monopolista.

E) intermediar conflitos internacionais a fim de preservar a paz

mundial, fiscalizando o cumprimento dos tratados pós-guerra.

19. (Fuvest) Os Tratados de Paz assinados ao fim da Primeira

Guerra Mundial "aglutinaram vários povos num só Estado,

outorgaram a alguns o status de 'povos estatais' e lhes confiaram o

governo, supuseram silenciosamente que os outros povos

nacionalmente compactos (como os eslovacos na Tchecoslováquia

ou os croatas e eslovenos na Iugoslávia) chegassem a ser parceiros

no governo, o que naturalmente não aconteceu e, com igual

arbitrariedade, criaram com os povos que sobraram um terceiro

grupo de nacionalidades chamadas minorias, acrescentando assim

aos muitos encargos dos novos Estados o problema de observar

regulamentos especiais, impostos de fora, para uma parte de sua

população. (...) Os Estados recém-criados, por sua vez, que haviam

recebido a independência com a promessa de plena soberania

nacional, acatada em igualdade de condições com as nações

ocidentais, olhavam os Tratados das Minorias como óbvia quebra de

promessa e como prova de discriminação." (Hannah Arendt, As

Origens do Totalitarismo)

A alternativa mais condizente com o texto é:

A) após a Primeira Guerra, os Tratados de Paz estabelecidos

solaparam a soberania e estabeleceram condicionamentos aos

novos Estados do Leste europeu através dos Tratados das

Minorias, o que criou condições de conflitos entre diferentes

povos reunidos em um mesmo Estado.

B) o surgimento de novos Estados-nações se fez respeitando as

tradições e instituições dos povos antes reunidos nos impérios

que desapareceram com a Primeira Guerra Mundial.

C) os Tratados de Paz e os Tratados das Minorias restabeleceram,

no mundo contemporâneo, o sistema de dominação

característico da Idade Média.

D) apesar dos Tratados de Paz estabelecidos depois da Primeira

Guerra terem tido algumas características arbitrárias em relação

aos novos Estados-nações do Leste europeu, o

desenvolvimento histórico destas regiões demonstra que foi

possível uma convivência harmoniosa e gradativamente ocorreu

a integração entre as minorias e as maiorias nacionais.

E) os Tratados de Paz depois da Primeira Guerra conseguiram

satisfazer os vários povos do Leste europeu. O que perturbou a

convivência harmoniosa foi o movimento de refugiados das

revoluções comunistas.

20. (Unifesp) Para o historiador Arno J. Mayer, as duas guerras

mundiais, a de 1914-1918 e a de 1939-1945, devem ser vistas como

constituindo um único conflito, uma segunda Guerra dos Trinta

Page 19: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

18

Anos. Essa interpretação é possível pelo fato:

A) de as duas guerras mundiais terem envolvido todos os países da

Europa, além de suas colônias de ultramar.

B) de prevalecer antes da Segunda Guerra Mundial o equilíbrio

europeu, tal como ocorrera antes de ter início a primeira Guerra

dos Trinta Anos, em 1618.

C) de, apesar da paz do período entre guerras, a Segunda Guerra

ter sido causada pelos dispositivos decorrentes da Paz de

Versalhes de 1919.

D) de terem ocorrido, entre as duas guerras mundiais, rebeliões e

revoluções como na década de 1640.

E) de, em ambas as guerras mundiais, o conflito ter sido travado por

motivos ideológicos, mais do que imperialistas.

A REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917

Na segunda metade do século XIX, a Rússia, se comparado às

grandes nações imperialistas da Europa ocidental, era um país

agrário e atrasado. As terras se encontravam nas mãos de poucos

proprietários e os camponeses viviam sob intensa exploração. O

processo de implantação do capitalismo industrial na Rússia se

definiu pelo alto grau de concentração e dependência do capital

estrangeiro (Alemanha, França e Inglaterra). Na esfera da política, o

Estado russo era uma autocracia, governado na época pelo Czar

Nicolau II, que administrava o país ditatorialmente mediante a

expedição de decretos. Apenas as assembleias provinciais

(Zemstvos) e municipais (Dumas) podiam representar algum contra-

peso à vontade do soberano sem que, no entanto dessem a palavra

final. O ensino, destinado tão somente às elites, era rigorosamente

controlado bem como a Igreja Ortodoxa, que nada mais fazia senão

apoiar o Estado, de quem dependia e estimulava o culto do Czar.

A oposição ao governo de Nicolau II era levada a cabo por

diferentes partidos políticos dentre os quais destacavam-se os

democratas constitucionais que representavam as aspirações

políticas da burguesia e desejavam para a Rússia um regime de

governo liberal e parlamentar, nos moldes da Europa Ocidental.

Havia também os social-democratas de inspiração marxista,

baseavam-se nas teses de Marx e Engels, de que era necessário

passar pelo capitalismo para atingir o socialismo. Segundo os

social-democratas, a revolução na Rússia só iria se realizar com a

estruturação da classe operária urbana, organizada em um partido

revolucionário. Os social-democratas dividiam-se em duas

correntes: os mencheviques (minoria) que defendiam uma aliança

política com a burguesia liberal e a transformação social do país

pela via pacífica; e os bolcheviques (maioria) liderados por Lênin,

que eram contra qualquer aliança com a burguesia e defendiam a

revolução armada para a implantação do socialismo.

O processo revolucionário

O ―domingo sangrento‖ foi o nome dado ao episódio ocorrido em 22

de janeiro de 1905, quando uma manifestação popular pacífica

protestava em frente ao palácio de inverno do Czar Nicolau II em

São Petersburgo e foi reprimida à bala. Mulheres, crianças, idosos e

pais de famílias foram assassinados sem piedade pela polícia do

Czar. A partir de então os trabalhadores passaram a se organizar

em sovietes, que seriam decisivos na Revolução de 1917. Os

Sovietes eram conselhos de operários, camponeses e soldados que

se formaram em várias cidades da Rússia com o objetivo de

destituir o governo czarista.

A revolução de 1917

A revolução de fevereiro de 1917 (Revolução Menchevique),

resultou das derrotas militares russas na Primeira Guerra Mundial,

das greves operárias e da crise econômica. Em março de 1917 os

soldados se rebelaram, derrubando o regime czarista. Foi

instaurado um governo provisório, liderado por Lvov e depois por

Kerenski. Nesse governo os mencheviques assumiram o controle

dos sovietes, garantindo os interesses da burguesia liberal.

A partir de outubro de 1917, a revolução foi liderada por Lênin

(Revolução Bolchevique), que retornara do exílio na Suíça. As teses

de Abril (―todo poder aos sovietes‖ – nacionalização dos bancos,

controle operário das fábricas, distribuição de terras aos

camponeses, exigência para que a Rússia abandonasse a luta na

Primeira Guerra Mundial) uniram as forças de oposição ao governo

provisório. Liderados por Trótski, os bolcheviques assumiram o

controle dos sovietes, criando a ―Guarda Vermelha‖. A revolução de

outubro de 1917 levou à queda do governo liberal burguês de

Kerenski e à tomada de poder pelos bolcheviques. Instalado o

congresso Pan-Russo dos Sovietes, foi eleito o Conselho de

Comissários do Povo, presidido por Lênin, Trotski e Stálin.

A Revolução socialista foi seguida de uma guerra civil que aos

poucos foi controlada pelo governo marxista. Durante esse período,

foi adotada uma política econômica caracterizada pela centralização

da produção e pela eliminação da economia de mercado. Em 1921,

apesar da vitória bolchevique sobre os russos brancos

(mencheviques e czaristas, apoiados pelas potências aliadas que

não aceitaram a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial),

surgiram sérias crises de abastecimento, além de revoltas

camponesas diante dos confiscos da produção agrícola. Lênin

instituiu então Nova Política Econômica (NEP), um planejamento

estatal sobre a economia que combinava princípios socialistas com

elementos capitalistas.

A Rússia passou a chamar-se União das Repúblicas Socialistas

Soviéticas (URSS). Com a morte de Lênin, instaurou-se uma luta

pelo poder entre Trotski e Stálin, vencida por este último em 1927.

Com o governo de Stálin, inicia-se uma ditadura que se estenderia

até os anos de 1950. A partir de 1928, a economia soviética viveu a

socialização total, com a abolição da NEP e a implementação dos

planos quinquenais. Em meados dos anos 1930, a URSS já tinha

um importante parque de indústrias de base e o terceiro plano

quinquenal em 1938 promoveu um amplo desenvolvimento da

indústria especializada, destacadamente, a química. No plano

político, Stálin consolidou seu poder assumindo integralmente o

controle Partido Comunista, transformado no poder máximo que

supervisionava todos os sovietes.

A CRISE DO CAPITALISMO DE 1929

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os países europeus

começaram a reconstrução do continente, comprando maquinários

importados dos Estados Unidos. Isso possibilitou aos norte-

americanos desenvolverem sua indústria em ritmo acelerado, a fim

de atender também países mais pobres, que tradicionalmente

consumiam mercadorias das nações europeias. Dessa forma, as

indústrias dos Estados Unidos abriram seu capital para poderem

financiar a produção e atender à demanda de todo planeta. Ao

financiarem a reconstrução europeia com empréstimos de toda

ordem, os Estados Unidos possibilitaram um clima de otimismo, que

se espalhou por todo o país. O cidadão comum passou a investir em

ações de grandes empresas, e a especulação criava fortunas a

Amplie seus conhecimentos sobre: Karl Marx (Sociologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: Socialismo (História Caderno Gama/Pi).

Page 20: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

19

partir do nada. A prosperidade dos norte-americanos alastrou-se por

todo o mundo, provocada pelas importações que a nova situação

permitia e, dessa forma, todos os países cresciam a passos largos.

Com o fim da reconstrução europeia, foi criado o sistema de

compras a crédito, que manteve o ritmo de produção acelerado. As

cotações das ações subiram em ritmo vertiginoso, chegando a

quadruplicar em 1929. Só que os capitais desviados do consumo

para a especulação provocaram um grande encalhe de mercadorias

e a falência de diversas empresas. O medo de uma queda na

cotação das ações foi ampliado por alguns especuladores que

simularam uma queda no preço dos papéis, provocando pânico

entre os investidores, que correram à Bolsa no dia 24 de outubro de

1929, a chamada ―Quinta Feira Negra‖, tentando vender suas ações

a qualquer preço.

Os grandes capitalistas passaram a comprar ações abaixo do seu

valor nominal e, em muitos casos, aos quilos, enquanto cerca de 85

mil empresas e 10 mil bancos faliram, e algo próximo de 12 milhões

de pessoas ficaram sem emprego.

A crise de 1929 e a crise de 2008

Diante da tarefa de combater os efeitos da crise financeira de 1929,

o presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt adotou

o New Deal, um programa estatal de medidas intervencionistas que

visavam recuperar a economia norte-americana. O governo

democrata de Roosevelt rompia, assim, com o discurso e a lógica

liberais, então predominantes, que pregavam que o Estado não

devia interferir no funcionamento da economia. As medidas tomadas

para combater a crise (obras de infraestrutura, assistência aos

desempregados, redução da jornada de trabalho, fixação de um

salário mínimo e acesso facilitado a créditos) iam na contramão da

crença de que o mercado devia atuar livremente.

Em 2008, o cenário da economia internacional era bem diferente do

que envolveu a crise de 1929, mas novamente a completa liberdade

do sistema financeiro estava na origem da crise. O pedido de

concordata de um grande banco de investimentos norte-americano

desencadeou uma onda de anúncios de fortes prejuízos de outras

instituições tradicionais, como a seguradora American Internacional

Group (AIG) e a fábrica de automóveis General Motors.

Para impedir o avanço da crise, o governo dos Estados Unidos

interveio fortemente na economia, investindo milhões de dólares em

empresas privadas e assumindo o controle de agências de crédito.

Intervencionismo semelhante aconteceu, entre outros, na Alemanha

e na França. Até 2010 a crise não havia sido completamente

superada e alguns países europeus, como Grécia, Islândia, Portugal

e Espanha, continuavam a enfrentar dificuldades.

Apesar de separados pelo tempo, as crises de 1929 e de 2008

mostram os limites do modelo econômico liberal em prevenir

colapsos financeiros. (ALVES, Alexandre, OLIVEIRA, Letícia Fagundes

de. Conexões com a História: volume único. São Paulo: Moderna, 2010.

p.552).

TEXTO COMPLEMENTAR:

Socialismo: uma palavra, vários significados no tempo

A vontade de fundar uma sociedade baseada no igualitarismo e na

fraternidade surgiu em vários momentos e lugares na história da

humanidade. Mas foi durante o século XIX, na Europa, que surgiram

projetos sistematizados. A expansão capitalista criou riquezas, mas

também gerou a miséria entre os trabalhadores. Alguns intelectuais,

inconformados com as profundas injustiças sociais da época,

defenderam a criação de uma nova sociedade, mais justa e

igualitária. A expressão socialismo ficou conhecida a partir das

ideias do empresário inglês Robert Owen, que propunha um sistema

econômico baseado na formação de cooperativas de trabalho,

incluindo escolas e moradias para os trabalhadores. Os franceses

Saint-Simon e François Marie-Charles Fourier também criticaram o

capitalismo e defenderam a instituição de formas mais igualitárias e

fraternas de vida em sociedade.

Karl Marx e Friedrich Engels discordaram desses projetos. Para

eles, não se tratava de melhorar as condições de vida dos

operários, mas sim de abolir o capitalismo e a exploração social. Por

meio de uma revolução, os trabalhadores tomariam o poder,

centralizariam a produção econômica no Estado e instaurariam a

―ditadura do proletariado‖. Esse período de transição é considerado

como socialismo, cujo propósito final é a extinção do próprio Estado,

alcançando o comunismo.

Recusando as teorias de Marx e Engels, os anarquistas tinham

outra concepção da sociedade que sucederia o capitalismo, pois

negavam qualquer forma de poder. Também defendiam o fim do

capitalismo e do próprio Estado, além de afirmarem a necessidade

da plena liberdade individual, propondo o socialismo libertário.

Outra maneira de compreender a expressão socialismo tem origem

no modelo soviético, sobretudo a partir dos anos de 1930, com a

imposição do poder de Stalin na URSS. O modelo de socialismo

soviético foi adotado mais adiante nos países do Leste Europeu, na

China, na Coréia, entre outros. Muitos estudiosos o chamam de

socialismo real, ou seja, ―o socialismo realmente existente‖. Entre

suas características estão a estatização das empresas, a

coletivização das terras, a planificação da economia e a instituição

de um único partido político.

Na virada do século XIX para o XX, alguns partidos socialistas e

socialdemocratas europeus, herdeiros do pensamento marxista,

paulatinamente abdicaram das ideias revolucionárias. O caminho

para o socialismo não seria mais a revolução, mas as eleições.

Após a Segunda Guerra, com o nome de socialismo democrático,

tais partidos, quando no poder, mantiveram compromissos com o

capitalismo e as instituições da democracia-liberal, ao mesmo tempo

em que patrocinaram amplos benefícios sociais aos trabalhadores.

Portanto, são muitos os significados que a palavra ―socialismo‖

assumiu ao longo do tempo. (VAINFAS, Ronaldo, FARIA, Sheila de

Castro, FERREIRA, Jorge, SANTOS, Georgina. Conect História vol. 3.

São Paulo: Ed. Saraiva, 2011).

Compreendendo o texto:

21. Identifique as origens do socialismo real, suas principais

características e os países que passaram por essa experiência.

Questões: (A Revolução Russa de 1917 e A crise do capitalismo

de 1929)

22. (Pucsp) O Estado Soviético, formado após a Revolução Russa,

cuidou de expurgar da cultura desse país toda e qualquer

manifestação artística que estivesse, no entendimento das

autoridades, associada ao chamado "espírito burguês". Foi criada,

então, uma política cultural que decretava como arte oficial apenas

as expressões que servissem de estímulo para a ideologia do

proletariado. Dessa forma, foi consagrado um estilo conhecido por:

A) expressionismo soviético - que, através de uma orientação

estética intimista, procurava expor a "alma inquieta dos povos

eslavos", que passaram a integrar a União das Repúblicas

Socialistas Soviéticas.

Page 21: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

20

B) abstracionismo proletário - que, através da decomposição

geométrica do real, exprimia a "ordenação sincrônica da

sociedade comunista".

C) realismo socialista - que, através de composições didáticas,

esteticamente simplificadas, procurava enaltecer a

"combatividade, a capacidade de trabalho e a consciência

social" do povo soviético.

D) romantismo comunista - que, através de um figurativismo apenas

sugestivo, procurava realizar a "idealização do mujique", o

camponês russo típico, como representante das raízes culturais

russas.

E) concretismo operário - que, através de uma concepção criadora

autônoma - não resultante de modelos -, utilizava elementos

visuais e táteis, com o objetivo de mostrar a "prevalência do

concreto sobre o abstrato"- ideia básica no materialismo

dialético.

23. (ENEM-1999) Leia um texto publicado no jornal Gazeta

Mercantil. Esse texto é parte de um artigo que analisa algumas

situações de crise no mundo, entre elas, a quebra da Bolsa de Nova

Iorque em 1929, e foi publicado na época de uma iminente crise

financeira no Brasil.

―Deu no que deu. No dia 29 de outubro de 1929, uma terça-feira,

praticamente não havia compradores no pregão de Nova Iorque, só

vendedores. Seguiu-se uma crise incomparável: o Produto Interno

Bruto dos Estados Unidos caiu de 104 bilhões de dólares em 1929,

para 56 bilhões em 1933, coisa inimaginável em nossos dias. O

valor do dólar caiu a quase metade.

O desemprego elevou-se de 1,5 milhão para 12,5 milhões de

trabalhadores - cerca de 25% da população ativa -entre 1929 e

1933. A construção civil caiu 90%. Nove milhões de aplicações, tipo

caderneta de poupança, perderam-se com o fechamento dos

bancos. Oitenta e cinco mil firmas faliram. Houve saques e norte-

americanos que passaram fome‖. (Gazeta Mercantil, 05/01/1999)

Ao citar dados referentes à crise ocorrida em 1929, em um artigo

jornalístico atual, pode-se atribuir ao jornalista a seguinte intenção:

A) questionar a interpretação da crise.

B) comunicar sobre o desemprego.

C) instruir o leitor sobre aplicações em bolsa de valores.

D) relacionar os fatos passados e presentes.

E) analisar dados financeiros americanos.

24. (UFMG) "(...) Há neste momento nos Estados Unidos cerca de

14 milhões de desempregados, e, como muitos deles têm família, 20

a 30 milhões de homens e mulheres vivem de esmolas, privadas ou

públicas (...). O espetáculo de uma grande nação de que um quarto

se encontra reduzido à impotência produz emoções bem mais fortes

do que uma estatística em preto e branco. Desde que põe pé neste

país, o estrangeiro compreende de repente que em nenhum

momento a Europa imaginou a dolorosa intensidade da depressão

dos Estados Unidos". (MAUROIS, André, ESTALEIROS

AMERICANOS. 1933)

A recuperação econômica dos EUA, após a Crise de 1929, ocorreu

através do NEW DEAL (1933-1938). Todas as alternativas

apresentam instrumentos de ação do NEW DEAL, EXCETO:

A) A administração de Reassentamento, que transferiu famílias que

ocupavam terras de qualidade inferior.

B) A Lei Antitruste, que proibia o controle de 60% do mercado por

uma empresa ou associação de empresas.

C) A Lei da Cerveja e do Vinho e da Vigésima Primeira Emenda,

que pôs fim à Lei Seca.

D) A Lei de Assistência Civil à Conservação e ao Reflorestamento,

que criava frentes de trabalho para os jovens e desempregados.

E) A Lei do Ajustamento Agrícola, que subsidiava os fazendeiros

que reduzissem a sua produção.

OS REGIMES TOTALITÁRIOS

Após a Primeira Guerra Mundial e a Crise do Capitalismo de 1929,

nacionalistas de extrema-direita criticavam e responsabilizavam o

sistema liberal-capitalista como sendo responsável por lançar o

mundo no caos do desemprego, da inflação e da descapitalização.

Por essas razões foi característica dessa época uma maior

intervenção estatal nos países capitalistas, como solução a crise.

Porém, as criticas também alcançaram o regime democrático em

alguns países, sobretudo na Europa. O avanço do movimento

comunista, apoiado pela URSS, as constantes greves, protestos e

manifestações nas ruas fizeram a burguesia crer que a democracia

fosse condescendente com tais “liberdades” que ameaçavam a

ordem capitalista. Por isso, a grande burguesia de países como

Portugal (Salazarismo / 1932-1974), Espanha (Franquismo / 1939-

1975), Áustria (1933-1938), Romênia (1940-1944), entre outros,

apoiaram regimes totalitários que prometiam restaurar a

grandiosidade de suas nações. Os maiores exemplos dessa

doutrina política ocorreram na Itália (Fascismo) e na Alemanha

(Nazismo).

Totalitarismo x Autoritarismo

O totalitarismo é um regime político que se caracteriza pela máxima

intervenção do governo na sociedade. As relações sociais são

reguladas pelo Estado, e o cotidiano é rigidamente policiado, uma

das marcas do terror.

A propaganda ideológica é intensa e todos os meios de

comunicação são fortemente controlados. Um traço marcante do

totalitarismo é o partido único; outras posições politicas não são

aceitas, senão a predominante, e os opositores são perseguidos

como inimigos nacionais. As demais características são o culto a

personalidade do líder, a política militarista-expansionista, o

anticomunismo e o forte nacionalismo.

Já o autoritarismo é um regime de governo antidemocrático,

caracterizado pelo abuso da autoridade, do poder e pela ausência

de liberdade. Todos os regimes totalitários são autoritários, porém

os regimes autoritários nem sempre são totalitários. Via de regra,

consideram-se totalitaristas apenas a Alemanha nazista, a Rússia

stalinista e a Itália fascista, regimes que promoveram grandes

perseguições aos seus opositores e causaram milhões de mortes.

A Itália fascista

Após 1918, apesar de estar ao lado dos vitoriosos a Itália saiu da

Primeira Guerra Mundial com enormes perdas humanas e materiais,

orgulho ferido e sua pretensão de expansões territoriais não

correspondidas.

A estagnação econômica e a crescente organização operária,

culminando com a criação do Partido Comunista em 1921 conduziu

ao fortalecimento do Partido Nacional Fascista (PNF), criado em

1919 em oposição a vertente socialista.

Page 22: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

21

Liderado por Benito Mussolini, o fascismo visava resgatar o orgulho

nacional fazendo referência a grandiosidade do antigo Império

Romano. Usando o ―fascio” (feixe de varas usado pelos antigos

magistrados romanos para açoitar criminosos) como insígnia do

partido, entre outros símbolos romanos, objetivava produzir um forte

vínculo político e ideológico entre o povo, o partido e suas

propostas.

Em 27 de outubro de 1922, apoiados por setores da burguesia,

milhares de militantes fascistas, chamados de Camisas Negras,

partiram da cidade de Nápoles em direção a capital italiana

ocupando-a e exigindo o poder ao PNF, era a Marcha sobre Roma.

O rei Vítor Emanuel III pressionado demitiu o primeiro-ministro e

convidou Mussolini para organizar um novo governo sob as normas

do sistema parlamentarista em vigor.

O golpe permitiu que os fascistas conquistassem a maioria no

parlamento através das eleições de abril de 1924. O poder

legislativo foi completamente enfraquecido e o novo governo

publicou a Carta de Lavoro, que declarava as intenções da nova

facção instalada no poder. Explicitando os princípios fascistas, o

documento defendia um Estado corporativo onde a liderança

soberana de Mussolini resolveria os problemas da Itália. No ano de

1926, um atentado sofrido por Mussolini foi a brecha utilizada para a

fortificação do estado fascista.

Os órgãos de imprensa foram fechados, os partidos políticos (exceto

o fascista) foram colocados na ilegalidade, os camisas negras

incorporaram as forças de repressão oficial e a pena de morte foi

legalizada. O Estado fascista, contando com tantos poderes,

aniquilou grande parte das vias de oposição política. Entre os anos

de 1927 e 1934, milhares de civis foram mortos, presos ou

deportados.

Em 1929, os acordos firmados com a Igreja no Tratado de Latrão

aproximaram a população católica italiana ao regime totalitário. Ao

mesmo tempo, o crescimento demográfico e o incentivo às obras

públicas começaram a reverter os sinais da profunda crise que

tomava conta da Itália.

Tentando contornar a recessão econômica, o governo de Benito

Mussolini passou a entrar na corrida imperialista. No ano de 1935,

os exércitos italianos realizaram a ocupação da Etiópia. A pressão

das demais potências capitalistas resultaria nas tensões que

desaguaram na deflagração da Segunda Guerra Mundial (1939 –

1945), momento em que Mussolini se aproxima do regime nazista

alemão.

A Alemanha Nazista

Com o final da Primeira Guerra Mundial foi criada na Alemanha a

República de Weimar (1918–1933). No entanto, a Alemanha

atravessa uma crise econômica sem precedência. Diante desta

situação surgiram movimentos golpistas de esquerda, a Revolta

Espartaquista (1918), sob a liderança de Rosa de Luxemburgo e o

Putsch de Munique (1923), liderada por Adolf Hitler, chefe do

partido nazista (criado em 1919). Na prisão Hitler escreveu o Mein

Kampf (Minha Luta), onde desenvolveu os fundamentos do

nazismo, a exemplo do antissemitismo, anticomunismo, arianismo e

o espaço vital.

Geralmente confunde-se nazismo com fascismo, considerando-os

fenômenos únicos, onde se cola o rótulo de totalitarismo, mas

existem diferenças marcantes. Uma delas é o forte antissemitismo,

adotado oficialmente pelo nazismo. O fascismo não foi antissemita

em sua origem, embora existisse na Itália uma legislação especifica

datada de 1938, mas, que nunca encontrou a adesão e o fanatismo

encontrados na Alemanha de Hitler. Outra diferença é quanto à

teoria do Estado. O Estado fascista é um Estado-nação clássico,

que invoca Maquiavel, ou seja, é um fim em si mesmo: ―Tudo no

Estado, nada fora do Estado‖, dizia Mussolini. O Estado nazista,

pelo contrário, é um instrumento; um aparelho burocrático, no

mesmo sentido dado por Marx, Engels e Lenin. O Estado nazista é

um meio para servir a comunidade do povo, em sua realidade

histórica e dinâmica, cujo objetivo é, interiormente, conservar e

melhorar a raça ariana, dita superior (Rasse) e, no exterior,

conquistar o espaço vital (Lebensraum).

No período de 1924 a 1929, a Alemanha conseguiu equilibrar as

suas finanças em virtude da ajuda estrangeira (EUA). No entanto

com a crise de 1929, intensificou o processo inflacionário e o

desemprego, contribuindo para o crescimento do partido Nazista.

Em 1932, Hitler com as vitórias eleitorais e a ação das SA (tropas de

assaltos) foi nomeado Chanceler. Entre 1932 a 1933, Hitler

conseguiu silenciar as oposições, através do incêndio ao Reischtag

(colocou a culpa nos comunistas); combateu os opositores internos

com a morte dos membros da SA patrocinadas pelas SS (seções de

segurança), episódio que ficou conhecido como a Noite dos

Longos Punhais. Em 1933, Hitler proclama a criação do III Reich.

Durante o seu governo Hitler tinha o apoio de grandes trustes e

cartéis alemães, era sustentado por um esquema de propaganda

que glorificava o Führer e o povo alemão. Foram aplicadas as leis

de Nuremberg (1935), política de segregação aos judeus,

desenvolvimento da indústria bélica, desrespeito ao Tratado de

Versalhes e uma política expansionista através da crença no espaço

vital.

A Guerra Civil Espanhola - o Franquismo

A Guerra Civil Espanhola, iniciada no dia 18 de julho de 1936, foi

marcada, durante três anos, pelo conflito entre as forças

nacionalistas de direita - que pretendiam um golpe de Estado -

com os partidários da esquerda republicana, no poder na época.

Esse sangrento conflito entre as "duas Espanhas", que deixou mais

de 500.000 mortos e ficou famoso em todo o mundo pelas múltiplas

atrocidades ocorridas, terminou em abril de 1939, com a vitória dos

direitistas comandados pelo general Francisco Franco, que impôs

ao país a repressão através de uma ditadura que prosseguiu até

1975, ano de sua morte.

A Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini apoiaram os direitistas,

enquanto que a União Soviética apoiou os republicanos durante o

confronto. Atualmente essa guerra é classificada por muitos como

um prelúdio da Segunda Guerra Mundial.

Entretanto, as forças nacionalistas foram detidas por milícias ao

norte da capital. A entrada na guerra em outubro, junto aos

republicanos, da URSS e depois das célebres Brigadas

Internacionais permitiu equilibrar temporariamente as forças.

Os dois grupos iniciaram uma guerra de posições, marcada por

duras batalhas - Jarama, Belchite e Teruel - e massacres

indiscriminados da população civil, especialmente em Guernica, no

País Basco, arrasada pela aviação nazista em abril de 1937, com

1.600 mortos. Pouco a pouco, o exército nacionalista, bem equipado

e disciplinado, foi se impondo aos republicanos, que não foram

Page 23: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

22

auxiliados pelas democracias ocidentais, entre elas a França e a

Inglaterra.

A última contraofensiva, com a derrota dos republicanos, marcou a

rendição dos esquerdistas, que se renderam no dia 1º de abril de

1939. Essa derrota foi seguida de uma cruel repressão do regime de

Franco, que fuzilou cerca de 50.000 republicanos.

O "Blitzkrieg" - ofensiva relâmpago com blindados - foi um dos

métodos de ataque aperfeiçoados na Espanha pelas forças

estrangeiras presentes no conflito, que depois foram usadas na 2ª

Grande Guerra.

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939–1945)

O espólio e humilhação promovidos pelo Tratado de Versalhes são

só atingiram a moral alemã, mas, também aqueles que haviam

participado do lado vitorioso. Na partilha de territórios, Itália e Japão

não tiveram suas necessidades territoriais correspondidas. A URSS,

tendo se retirado da guerra em 1918 devido aos caminhos adotados

pelo seu processo revolucionário, foi isolado pelas nações

capitalistas. A Segunda Guerra surge das feridas abertas do ainda

recente confronto de 1914-1918.

A falida Liga das Nações ressentia-se da ausência de grandes

nações industriais como o próprio EUA e o Japão. Encabeçando

essa organização apenas uma França e uma Inglaterra alijada de

seus tempos áureos, que nada ou pouco pode fazer diante dos

desejos expansionistas da Alemanha, Itália, Japão e URSS.

A ocupação japonesa sobre a região chinesa da Manchúria em

1931, a invasão à Etiópia pelos fascistas italianos em 1935, a

restruturação militar alemã a partir de 1935, a ocupação da Renânia

em 1936 pela Alemanha. Fatos que mostraram a incapacidade da

Liga das Nações em assegurar a paz mundial.

Hitler e Mussolini em 1936 se unem em apoio ao G.al Franco,

transformando a Guerra Civil Espanhola em palco de teste para

suas armas, equipamentos, tropas e estratégias. Ainda nesse

mesmo ano é assinado o Pacto Anti-Komintern reunindo

Alemanha, Itália, Japão, Hungria e Espanha contra o avanço

comunista da URSS, acordo posteriormente formalizado em 1940

como Eixo Berlim-Roma-Tóquio em caso de ataque dos EUA.

Naquela altura, em 1936, antes do início da Segunda Guerra,

franceses e ingleses acreditavam que o anticomunismo dos regimes

totalitários seria favorável a defesa do leste europeu contra a

ameaça soviética. Acreditavam que Hitler ficaria logo saciado após

anexar a Áustria em março de 1938, por meio de pressões e

conluios do partido nazista austríaco ou após anexar os Sudetos da

Tchecoslováquia em setembro de 1938, por meio do Acordo de

Munique, assinado por Adolf Hitler, Neville Chamberlain (primeiro-

ministro britânico), Edouard Daladier (primeiro-ministro francês) e

Benito Mussolini.

Em 1939, todo o esforço diplomático para se evitar a guerra foi em

vão. Hitler desrespeita o Acordo de Munique invadindo por completo

a Tchecoslováquia e ameaça invadir a Polônia, apesar de um pacto

de não-agressão assinado em 1934 entre as duas nações. Hitler

sabia que a invasão a Polônia seria uma declaração de guerra aos

seus aliados, Inglaterra e França e feriam os interesses da URSS. A

fim de evitar uma guerra em dois fronts (Oeste-Leste) a Alemanha

propôs um pacto de não agressão com a URSS, o Pacto Molotov-

Ribbentrop. Assim, dá-se início a Segunda Guerra Mundial com a

invasão mútua da Polônia pela Alemanha nazista e pela URSS em

setembro de 1939.

A 1ª fase da guerra (1939-1942) é marcada pelo domínio das tropas

do Eixo, verificado através das conquistas em relação à França, em

1940, o bombardeio da Inglaterra pela Luftwaffe (Força Aérea

Alemã). A estratégia utilizada pelos nazistas, denominada de

Blitzkrieg (guerra relâmpago), imprimiu aos inimigos, rápidas

derrotas baseadas no emprego de grande força motorizada e de

artilharia pesada sob o apoio de ataque aéreo.

A continuidade da guerra e a não rendição da Inglaterra forçou Hitler

a antecipar seus planos de subjugar a URSS, desrespeitando o

Pacto Molotov-Ribbentrop. Em 1941 tem-se início a Operação

Barbarossa, que objetivava transformar os soviéticos em nação

tributária da Alemanha, ampliando a capacidade da máquina de

guerra nazista. No mesmo ano o Japão bombardeia a base militar

norte-americana no Havaí, Pearl Harbor, levando os EUA à guerra.

Surpreendidos, os soviéticos adotaram a antiga tática da "terra

arrasada", que consistia em ceder espaço, destruindo antes tudo

aquilo que pudesse ser útil ao adversário. Os alemães avançaram

rapidamente pelo interior do território soviético e, em pouco tempo,

cercaram as cidade de Leningrado (ao norte), Stalingrado (ao sul) e

aproximaram-se de Moscou. Cedendo espaço, os soviéticos tiveram

tempo para organizar um eficiente contra-ataque. Em 1942,

conseguiram conter o avanço nazista e impedir a queda de Moscou

e a derrota alemã na Batalha de Stalingrado, a mais importante e

violenta da Segunda Guerra, rompeu com o mito da invencibilidade

nazista, obrigando os alemães à sua primeira rendição.

Depois dessa significativa vitória, o exército soviético avançou em

direção ao Ocidente e, pouco a pouco, forçou as tropas de Hitler a

recuarem até a capital da Alemanha. Os Estados Unidos, por sua

vez, também contribuíram decisivamente na luta contra o Eixo.Em

junho de 1942, os norte-americanos venceram os japoneses nas

importantes batalhas navais de Midway e Mar de Coral,

conseguindo barrar a ofensiva nipônica no Pacífico. Partindo do

norte da África, as tropas aliadas desembarcaram na ilha da Sicília,

em julho de 1943, lançando-se à invasão da Itália.

Logo em seguida, Mussolini foi deposto e o novo governo italiano

assinou a paz com os aliados em 8 de setembro de 1943. Mas a

Itália continuou sendo palco de intensos combates, pois a maior

parte de seu território permaneceu sob o controle dos nazistas. Em

abril de 1945, 25 mil combatentes da Força Expedicionária Brasileira

(FEB) integraram as tropas aliadas que esmagaram a resistência

nazista na Itália, dias depois, Mussolini foi preso e fuzilado em praça

pública.

Em 6 de junho de 1944 - o Dia D - os aliados desembarcaram na

Normandia (norte da França). Em apenas 75 dias, conseguiram

libertar Paris, iniciando, logo depois, a marcha sobre a Alemanha.

Na frente oriental, o exército soviético vinha avançando sem cessar

desde 1943. Nessa escalada foi desalojando os nazistas na

Bulgária, Romênia, Hungria, Tchecoslováquia e Polônia. Em

fevereiro de 1945, já se encontrava a 150 km da capital alemã.

Diante da derrota iminente, Hitler tentou uma última cartada:

ordenou então à SS que distribuísse armas aos civis (crianças,

Amplie seus conhecimentos sobre: América Anglo-Saxônica e Continente Europeu (Geografia Caderno Delta/Ômega); Ver também: Atividade Física e o uso de anabolizantes (Educação Física Caderno Alpha/Beta).

Page 24: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

23

mulheres e idosos) para que lutassem até morrer para defendê-lo.

Em 30 de abril de 1945, porém, ao ser informado de que Berlim

estava totalmente cercada por soviéticos e anglo-americanos, Hitler

e sua mulher, Eva Braun, cometeram suicídio. Dias depois, a 8 de

maio de 1945, em Berlin, a Alemanha nazista rendeu-se

incondicionalmente.

No Pacífico, entretanto, o Japão continuou resistindo de várias

formas ao avanço norte-americano. Seus pilotos suicidas - os

kamikazes - atiravam-se juntamente com os aviões sobre os navios

americanos. Visando aniquilar a resistência japonesa e dar

demonstrações de seu poderio bélico, os Estados Unidos lançaram

duas bombas atômicas sobre o Japão. Uma teve como alvo a

cidade de Hiroshima (6 de agosto) e a outra, a cidade de Nagasaki

(9 de agosto). As bombas causaram a morte instantânea de 350 mil

pessoas, mutilando e ferindo milhares de outras.

Intimidado, o Japão também se rendeu incondicionalmente em 2 de

setembro de 1945. Era o fim da guerra. Nela morreram cerca de 50

milhões de pessoas.

Perto de 6 milhões eram judeus. Estes foram cruelmente

exterminados devido a política de limpeza étnica empregada pelos

nazistas, chamada de “solução final”. Neste texto, o criminoso

nazista Rudolf Hess, um dos colaboradores de Hitler, fala sobre sua

participação no Holocausto Judaico: (...) Usava 'gás de monóxido'.

Eu não achava que seu método fosse muito eficiente. Assim,

quando instalei o edifício destinado ao extermínio, em Auschwitz,

empreguei o Zyklon B, um tipo de ácido, que lançávamos na câmara

de morte por um pequena abertura. Matava as pessoas, na câmara

de gás, entre 3 e 15 minutos, dependendo das condições climáticas.

TEXTO COMPLEMENTAR:

UMA FILOSOFIA CONFISCADA

Apoiado na crítica nietzschiana aos valores da moral cristã, em sua

teoria da vontade de potência e no seu elogio do super-homem,

desenvolveu-se um pensamento nacionalista e racista, de tal forma

que se passou a ver no autor de Assim Falou Zaratustra um

precursor do nazismo. A principal responsável por essa deformação

foi sua irmã Elisabeth, que, ao assegurar a difusão de seu

pensamento, organizando o Nietzsche-Archiv, em Weimar, tentou

colocá-lo a serviço do nacional-socialismo. Elisabeth, depois do

suicídio do marido, que fracassara em um projeto colonial no

Paraguai, reuniu arbitrariamente notas e rascunhos do irmão,

fazendo publicar Vontade de Potência como a última e a mais

representativa das obras de Nietzsche, retendo até 1908 Ecce

Homo, escrita em 1888. Esta obra constitui uma interpretação, feita

por Nietzsche, de sua própria filosofia, que não se coaduna com o

nacionalismo e o racismo germânicos. Ambos foram combatidos

pelo filósofo, desde sua participação na guerra franco-prussiana

(1870-1871).

Para compreender corretamente as ideias políticas de Nietzsche, é

necessário, portanto, purificá-lo de todos os desvios posteriores que

foram cometidos em seu nome. Nietzsche foi ao mesmo tempo um

antidemocrático e um antitotalitário. "A democracia é a forma

histórica da decadência do Estado", afirmou Nietzsche, entendendo

por decadência tudo aquilo que escraviza o pensamento, sobretudo

um Estado que pensa em si em lugar de pensar na cultura. Em

―Considerações Extemporâneas‖ essa tese é reforçada: "estamos

sofrendo as consequências das doutrinas pregadas ultimamente por

todos os lados, segundo as quais o Estado é o mais alto fim do

homem, e, assim, não há mais elevado fim do que servi-lo.

Considero tal fato não um retrocesso ao paganismo, mas um

retrocesso à estupidez". Por outro lado, Nietzsche não aceitava as

considerações de que a origem do Estado seja o contrato ou a

convenção; essas teorias seriam apenas "fantásticas"; para ele, ao

contrário, o Estado tem uma origem "terrível", sendo criação da

violência e da conquista e, como consequência, seus alicerces

encontram-se na máxima que diz: "o poder dá o primeiro direito e

não há direito que no fundo não seja arrogância, usurpação e

violência".

O Estado, diz Nietzsche, está sempre interessado na formação de

cidadãos obedientes e tem, portanto, tendência a impedir o

desenvolvimento da cultura livre, tornando-a estática e

estereotipada. Ao contrário disso, o Estado deveria ser apenas um

meio para a realização da cultura e para fazer nascer o além-do-

homem. (FEREZ, Olgária Chaim. Nietzsche: Vida e Obra. IN: Os

Pensadores – Nietzsche. Ed. Nova Cultural. São Paulo. 1991. p. 13-

15)

Compreendendo o texto:

25. Quais pontos opõem Friedrich Nietzsche a ideologia nazista?

______________________________________________________

_____________________________________________________

Questões: (Os Regimes Totalitários e a Segunda Guerra

Mundial)

26. (ENEM-2011) Os três tipos de poder representam três diversos

tipos de motivações: no poder tradicional, o motivo da obediência é

a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder racional,

o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do

comportamento conforme a lei; no poder carismático, deriva da

crença nos dotes extraordinários do chefe. (BOBBIO, N. Estado,

Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo: Paz e

Terra. 1999 - adaptado)

O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados

em momentos históricos distintos. Identifique o período em que a

obediência esteve associada predominantemente ao poder

carismático:

A) República Federalista Norte-Americana.

B) República Fascista Italiana no século XX.

C) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.

D) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.

E) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.

27. (ENEM-2009) Os regimes totalitários da primeira metade do

século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em

torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação.

Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma

pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais

movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a

sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália,

Espanha e Portugal.

A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se:

A) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que

enfrentavam os opositores ao regime.

B) pelas propostas de conscientização da população acerca dos

Page 25: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

24

seus direitos como cidadãos.

C) pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os

jovens como exemplos a seguir.

D) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens

idealistas e velhas lideranças conservadoras.

E) pelos métodos políticos populistas e pela organização de

comícios multitudinários.

28. (ENEM-2008) Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o

primeiro-ministro inglês à época, Neville Chamberlain, sustentou sua

posição política: ―Não necessito defender minhas visitas à Alemanha

no outono passado, que alternativa existia? Nada do que

pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou

mesmo a Rússia, teria salvado a Tchecoslováquia da destruição.

Mas eu também tinha outro propósito ao ir até Munique. Era o de

prosseguir com a política por vezes chamada de ―apaziguamento

europeu‖, e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os

Sudetos, região de população alemã na Tchecoslováquia, eram a

sua última ambição territorial na Europa, e que não queria incluir na

Alemanha outros povos que não os alemães.‖ (Internet: com

adaptações).

Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938,

mencionado no texto acima, foi rompido pelo líder alemão em 1939,

infere-se que:

A) Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa além

da região dos Sudetos.

B) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter

salvado a Tchecoslováquia.

C) o rompimento desse compromisso inspirou a política de

―apaziguamento europeu‖.

D) a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era

contrária à posição assumida pelas potências aliadas.

E) a forma que Chamberlain escolheu para lidar com o problema

dos Sudetos deu origem à destruição da Tchecoslováquia.

29. (ENEM-2012) Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão

chegaria para apaziguar a agonia, o

autoritarismo militar e combater a tirania.

Claro que, em tempos de guerra, um gibi de

um herói com uma bandeira americana no

peito aplicando um sopapo no Furer só

poderia ganhar destaque, e o sucesso não

demoraria muito a chegar. (COSTA, C.

Capitão América, o primeiro vingador: crítica.

Disponível em:

http://revistastart.com.br.Acesso em: 27 jan.

2012 – Adaptado)

A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão

América demonstra sua associação com a participação dos Estados

Unidos na luta contra:

A) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial.

B) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial.

C) o poder soviético, durante a Guerra Fria.

D) o movimento comunista, na Guerra do Vietnã.

E) o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.

A ERA VARGAS

A ascensão de Getúlio Vargas em 1930 ao poder rompeu com

quatro décadas de revezamento entre paulistas e mineiros na

presidência. Mas lançou o Brasil a chamada Era Vargas, que vai de

1930 a 1945 dividido em três momentos: Governo Provisório

(1930/1934), Governo Constitucional (1934/1937) e Estado Novo

(1937/1945).

O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado ―Estado

de compromisso‖, em razão do apoio de diversas forças sociais e

políticas: as oligarquias dissidentes, classes médias, burguesia

industrial e urbana, classe trabalhadora e o Exército. Neste ―Estado

de compromisso‖ não existia nenhuma força política hegemônica,

possibilitando o fortalecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas.

No plano político, o Governo Provisório foi marcado pela Lei

Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Vargas. Os órgãos

legislativos foram extintos, até a elaboração de uma nova

constituição para o país.

Desta forma, Vargas exerce o poder executivo e o legislativo. Os

governadores perderam seus mandatos – por força da Revolução

de 30 – foram nomeados em seus lugares os interventores federais

(que eram escolhidos pelos tenentes).

A economia cafeeira receberá atenções por parte do governo

federal. Para superar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o

Conselho Nacional do Café, reeditando a política de valorização do

café ao comprar e estocar o produto. O esquema provocou a

formação de grandes estoques, em razão da falta de compradores,

levando o governo a realizar a queima dos excedentes.

Houve um desenvolvimento das atividades industriais,

principalmente no setor têxtil e no de processamento de alimentos.

Este desenvolvimento explica-se pela chamada política de

substituição de importações.

Em 1931, Getúlio Vargas derruba a Constituição vigente,

desencadeando revoltas no estado de São Paulo. Eles alegavam

que Vargas estava centralizando o poder e diminuindo a autonomia

dos estados. Em maio de 1932 houve uma manifestação contra

Getúlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Martins,

Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicalização do

movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo deste

momento marcado pela luta armada.

No dia 9 de julho, a sociedade paulista se une de forma isolada para

lutar na Revolta Constitucionalista, apesar das fracassadas

tentativas de buscar apoio de outros estados. Enfraquecidos diante

do cerco armado pelo governo de Getúlio, os paulistas se entregam

em outubro do mesmo ano.

Apesar de derrotar os paulistas, Getúlio Vargas atende às

reivindicações e cria uma nova Constituição em 16 de julho de 1934,

permitindo o voto secreto, o voto feminino e exigindo a formação

básica do cidadão com o ensino primário.

O documento também alegava que o próximo presidente seria eleito

pelos votos da Assembleia Constituinte. Getúlio Vargas ganhou e

deu continuidade ao mandato, denominado de Governo

Constitucionalista.

Amplie seus conhecimentos sobre: Modernismo de 30 (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi)

(Disponível em: http://quadro-a-quadro.blog.br. Acessoem: 27

jan. 2012)

Page 26: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

25

Entretanto, neste momento duas vertentes ideológicas radicais

começaram a florescer:

Ação Integralista Brasileira (AIB): tinha caráter fascista, a exemplo

dos líderes Benito Mussolini, da Itália, e Adolf Hitler, da

Alemanha. Representava a extrema-direita e defendia uma

intervenção maior do Estado na economia brasileira e a

supressão dos direitos individuais, com a intenção de centralizar o

poder nas mãos do Executivo.

Aliança Nacional Libertadora (ANL): tinha como base ideológica o

socialismo disseminado pela Revolução de 1917, na União

Soviética, e representava a extrema-esquerda. Defendia a

reforma agrária no país, a revolução marxista do proletariado em

prol do comunismo e a queda do sistema imperialista.

Getúlio Vargas, que havia se apoiado na Aliança Libertadora para

tomar o poder das mãos de Júlio Prestes, não simpatizava mais

com seus ideais e decretou sua ilegalidade, pois era contra o

comunismo e as reformas sociais que eles pregavam para o Brasil.

Na tentativa de tomar o poder de Getúlio Vargas, que estava

inclinado aos ideais de direita, a ANL articulou um golpe em 1935 e

montou a Intentona Comunista, que tinha adeptos nas cidades de

Natal, Rio de Janeiro e Recife. Sem grandes forças para enfrentar o

governo, Getúlio Vargas conseguiu conter facilmente a tentativa de

golpe comunista da ANL, que tinha como líderes o casal Luiz Carlos

Prestes e Olga Benário.

Entretanto, os membros do AIB queriam cessar de vez a ‗ameaça

comunista‘ que pairava no Brasil. Para convencer Getúlio Vargas a

evitar manifestações políticas dos comunistas, os integralistas

alegam que a ANL está se fortalecendo secretamente com

influência direta dos soviéticos e acusa-os de articular um golpe

mais efetivo e articulado do que a Intentona Comunista de 1935, o

Plano Cohen.

As instituições tradicionais de direita, como o Exército, o

empresariado e os cafeicultores, apoiaram o fortalecimento do

Poder Executivo, com medo de que mais revoltas fossem incitadas

e, consequentemente, seus empregados revogassem mais direitos

trabalhistas.

Com apoio das classes dominantes do país, Getúlio Vargas quebra

novamente a Constituição e declara ―estado de sítio‖, através do

Plano Cohen arquitetado pelos integralistas de direita. Para conter a

ameaça comunista, o presidente instaura a ditadura do Estado

Novo em 1937, centralizando o Poder Executivo nas mãos da

presidência.

Mandou fechar as Assembleias Legislativas, a Câmara dos

Deputados e o Congresso Nacional e ampliou seu poder político

como chefe do Executivo. Também fechou todos os partidos e

organizações civis.

Para se promover junto à população, criou o Departamento de

Imprensa e Propaganda (DIP) para controlar rádios e jornais.

Através dos veículos de comunicação, principalmente o rádio que

era o grande instrumento de massa na época, Getúlio Vargas

propagou discursos favoráveis à honra do trabalho e ao sentimento

nacionalista.

Getúlio Vargas sustentou sua propaganda populista com a ideia de

uma nação soberana (assim como faziam os fascistas Mussolini e

Hitler) enquanto controlava a máquina do Estado de forma

autoritária, criando o Departamento Administrativo de Serviço

Público para fiscalizar os governos estaduais.

Outro ponto importante da política varguista pode ser notado na

relação entre o governo e as classes trabalhadoras. Tomado por

uma orientação populista, o governo preocupava-se em obter o

favor dos trabalhadores por meio de concessões e leis de amparo

ao trabalhador. Tais medidas viriam a desmobilizar os movimentos

sindicais da época. Suas ações eram controladas por leis que

regulamentavam o seu campo de ação legal. Nessa época, os

sindicatos transformaram-se em um espaço de divulgação da

propaganda governista e seus líderes, representantes da ideologia

varguista.

As ações paternalistas de Vargas, dirigidas às classes

trabalhadoras, foram de fundamental importância para o

crescimento da burguesia industrial da época. Ao conter o conflito

de interesses dessas duas classes, Vargas dava condições para o

amplo desenvolvimento do setor industrial brasileiro. Além disso, o

governo agia diretamente na economia realizando uma política de

industrialização por substituição de importações.

Nessa política de substituições, o Estado seria responsável por

apoiar o crescimento da indústria a partir da criação das indústrias

de base. Tais indústrias dariam suporte para que os demais setores

industriais se desenvolvessem, fornecendo importantes matérias-

primas. Várias indústrias estatais e institutos de pesquisa foram

criados no período. Entre as empresas estatais criadas por Vargas,

podemos citar a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a

Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores

(1943) e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945).

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a autonomia da política

externa de Vargas tomou outros rumos. Antes disso, o habilidoso

político demonstrava favor ao regime nazista ao mesmo tempo em

que preservava relações com o governo norte-americano. Dada a

eclosão da guerra, o posicionamento neutro de Vargas logo se

tornou insustentável. Após receber um empréstimo de 20 milhões de

dólares dos EUA e ter navios brasileiros afundados pelos alemães,

o Brasil aderiu ao bloco dos países aliados.

O breve e bem sucedido papel das tropas brasileiras na Segunda

Guerra acabou gerando uma contradição: a ditadura de Vargas

mandou tropas para defender a democracia no continente europeu.

Mediante essa situação, fortes pressões se mobilizaram para que o

Estado Novo chegasse ao fim. Em 1945, o governo marcou eleições

diretas para presidente no mês de dezembro. Deposto pelos

militares em 30 de outubro daquele mesmo ano, o ex-presidente

disputou e venceu as eleições como senador pelo Rio Grande do

Sul.

Questões: (A Era Vargas)

30. (ENEM-2011) É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação

da República no Brasil que não cite a afirmação de Aristides Lobo,

no Diário Popular de São Paulo, de que ―o povo assistiu àquilo

bestializado‖. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da

Revolução de 1930, que não descuidaram da forma republicana,

mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo

da fórmula implantada em 1889, isto porque o Brasil brasileiro teria

nascido em 1930. (MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura

democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007 -

adaptado).

Page 27: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

26

O texto defende que a consolidação de uma determinada memória

sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na Revolução de

1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da

Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para

os eventos de 1889, porque esta era uma maneira de:

A) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas.

B) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia.

C) criticar a política educacional adotada durante a República Velha.

D) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse

grupo ao poder.

E) destacar a ampla participação popular obtida no processo da

Proclamação.

31. (ENEM-2010) De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram

decretadas mais de 150 leis novas de proteção social e de

regulamentação do trabalho em todos os seus setores. Todas elas

têm sido simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o

trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu

verdadeiro lugar. (DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado

Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. R. Nos Tempos de

Getúlio: da revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São Paulo: Atual,

1990)

A adoção de novas políticas públicas e as mudanças jurídico-

institucionais ocorridas no Brasil, com a ascensão de Getúlio Vargas

ao poder, evidenciam o papel histórico de certas lideranças e a

importância das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse

processo resultou a:

A) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que

garantiu ao operariado autonomia para o exercício de atividades

sindicais.

B) legislação previdenciária, que proibiu migrantes de ocuparem

cargos de direção nos sindicatos.

C) criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias

consideradas perturbadoras da ―harmonia social‖.

D) legislação trabalhista que atendeu reivindicações dos operários,

garantido-lhes vários direitos e formas de proteção.

E) decretação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que

impediu o controle estatal sobre as atividades políticas da classe

operária.

32. (ENEM-2009) A partir de 1942 e estendendo-se até o final do

Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de

Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente,

por dez minutos, no programa ―Hora do Brasil‖. O objetivo declarado

do governo era esclarecer os trabalhadores acerca das inovações

na legislação de proteção ao trabalho. (GOMES, A. C. A invenção do

trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ / Vértice. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1988 - adaptado).

Os programas ―Hora do Brasil‖ contribuíram para:

A) conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram

conquistados por seu esforço, após anos de lutas sindicais.

B) promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma

linguagem simples e de fácil entendimento.

C) estimular os movimentos grevistas, que reivindicavam um

aprofundamento dos direitos trabalhistas.

D) consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor

das massas.

E) aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores,

estimulados pelas palavras do ministro.

33. (ENEM-2009) O autor da constituição de 1937, Francisco

Campos, afirma no seu livro, O Estado Nacional, que o eleitor seria

apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a

independência do Poder Judiciário acabaria em injustiça e

ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em

Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao

Estado, pois Vargas teria providencial intuição do bem e da verdade,

além de ser um gênio político. (CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de

Janeiro: José Olympio, 1940 - adaptado).

Segundo as ideias de Francisco Campos:

A) os eleitores, políticos e juízes seriam mal-intencionados.

B) o governo Vargas seria um mal necessário, mas transitório.

C) Vargas seria o homem adequado para implantar a democracia de

partidos.

D) a Constituição de 1937 seria a preparação para uma futura

democracia liberal.

E) Vargas seria o homem capaz de exercer o poder de modo

inteligente e correto.

34. (ENEM-2007) São Paulo, 18 de agosto de 1929.

Carlos [Drummond de Andrade],

Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio

Vargas – João Pessoa. É. Mas veja como estamos trocados. Esse

entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que

deveria ser de você. (…). Eu eu contemplo numa torcida apenas

simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes desejara tanto.

Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável,

está claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas

mineiros, gaúchos, paraibanos (…), com democráticos paulistas

(que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas e

gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a

existência de males necessários, porém me afasta do meu país e da

candidatura Getúlio Vargas. Repito: única aceitável. Mário [de

Andrade]. (Renato Lemos. Bem traçadas linhas: a história do Brasil em

cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004, p. 305).

Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira República, a

carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro Carlos Drummond de

Andrade revela:

A) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e o

desencanto de Mário de Andrade com as composições políticas

sustentadas por Vargas.

B) a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao gaúcho

Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia cafeeira de São Paulo.

C) a concordância entre Mário de Andrade e Drummond quanto ao

caráter inovador de Vargas, que fez uma ampla aliança para

derrotar a oligarquia mineira.

D) a discordância entre Mário de Andrade e Drummond sobre a

importância da aliança entre Vargas e o paulista Júlio Prestes

nas eleições presidenciais.

E) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio Vargas,

que se recusara a fazer alianças políticas para vencer as

eleições.

35. (ENEM-1999) Os textos abaixo relacionam-se a momentos

Page 28: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

27

distintos da nossa história.

―A integração regional é um instrumento fundamental para que um

número cada vez maior de países possa melhorar a sua inserção

num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de

competitividade, aumenta as trocas comerciais, permite o aumento

da produtividade, cria condições para um maior crescimento

econômico e favorece o aprofundamento dos processos

democráticos. A integração regional e a globalização surgem assim

como processos complementares e vantajosos.‖ (Declaração de

Porto, VIII Cimeira Ibero-Americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de

outubro de 1998)

―Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido

no Brasil, substituindo o que não era possível ou era muito caro

importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o

encarecimento das importações levaram o governo Vargas a criar

as bases para o crescimento industrial brasileiro.‖ (POMAR, Wladimir.

Era Vargas – a modernização conservadora)

É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos

textos são:

A) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são

as exportações e, no segundo, as importações.

B) semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência

protecionista.

C) diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a

integração regional e, para o segundo, a política de substituição

de importações.

D) semelhantes, porque consideram a integração regional

necessária ao desenvolvimento econômico.

E) opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o

aprofundamento democrático e, para o segundo, a globalização

é geradora da crise econômica.

36. (ENEM-1998) A figura de Getúlio Vargas, como personagem

histórica, é bastante polêmica, devido à complexidade e à

magnitude de suas ações como presidente do Brasil durante um

longo período de quinze anos (1930-1945). Foram anos de grandes

e importantes mudanças para o país e para o mundo. Pode-se

perceber o destaque dado a Getúlio Vargas pelo simples fato de

este período ser conhecido no Brasil como a ―Era Vargas‖.

Entretanto, Vargas não é visto de forma favorável por todos. Se

muitos o consideram como um fervoroso nacionalista, um

progressista ativo e o ―Pai dos Pobres‖, existem outros tantos que o

definem como ditador oportunista, um intervencionista e amigo das

elites.

Considerando as colocações acima, responda à questão seguinte,

assinalando a alternativa correta:

Provavelmente você percebeu que as duas opiniões sobre Vargas

são opostas, defendendo valores praticamente antagônicos. As

diferentes interpretações do papel de uma personalidade histórica

podem ser explicadas, conforme uma das opções abaixo. Assinale-

a.

A) Um dos grupos está totalmente errado, uma vez que a

permanência no poder depende de idéias coerentes e de uma

política contínua.

B) O grupo que acusa Vargas de ser ditador está totalmente errado.

Ele nunca teve uma orientação ideológica favorável aos regimes

politicamente fechados e só tomou medidas duras forçado pelas

circunstâncias.

C) Os dois grupos estão certos. Cada um mostra Vargas da forma

que serve melhor aos seus interesses, pois ele foi um

governante apático e fraco – um verdadeiro marionete nas mãos

das elites da época.

D) O grupo que defende Vargas como um autêntico nacionalista

está totalmente enganado. Poucas medidas nacionalizantes

foram tomadas para iludir os brasileiros, devido à política

populista do varguismo, e ele fazia tudo para agradar aos

grupos estrangeiros.

E) Os dois grupos estão errados, por assumirem características

parciais e, às vezes conjunturais, como sendo posturas

definitivas e absolutas.

37. (ENEM-2012) Elaborado pelos

partidários da Revolução

Constitucionalista de 1932, o cartaz

apresentado pretendia mobilizar a

população paulista contra o

governo federal. Essa mobilização

utilizou-se de uma referência

histórica, associando o processo

revolucionário:

(Cartaz da Revolução Constitucionalista. Disponível em:http:

//veja.abril.com.br. Acesso em: 29 jun. 2012.)

A) à experiência francesa, expressa no chamado à luta contra a

ditadura.

B) aos ideais republicanos, indicados no destaque à bandeira

paulista.

C) ao protagonismo das Forças Armadas, representadas pelo militar

que empunha a bandeira.

D) ao bandeirantismo, símbolo paulista apresentado em primeiro

plano.

E) ao papel figurativo de Vargas na política, enfatizado pela

pequenez de sua figura no cartaz.

O PERIODO DA GUERRA FRIA (1947–1991)

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois

os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia

política, econômica e militar no mundo.

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na

economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade

social e falta de democracia. Já os Estados Unidos, a outra potência

mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na

economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada.

Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas

potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas

políticos e econômicos.

A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que

aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate

militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo

porque, estes dois países estavam armados com centenas de

mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos

Amplie seus conhecimentos sobre: Capitalismo e Socialismo (Geografia Caderno Delta/Ômega).

Page 29: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

28

dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém

ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por

exemplo, na Coréia e no Vietnã.

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a

existência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa

corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus

territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio

bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria

o medo do ataque inimigo.

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era

defender os interesses militares dos países membros. A OTAN -

Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949)

era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países

membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de

Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia

militarmente os países socialistas.

Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá,

Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha,

Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba,

China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia,

Tchecoslováquia e Polônia.

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere

aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos

significativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa

entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual

era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o

foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o

espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde

acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a

missão espacial norte-americana.

Os EUA liderou uma forte política de combate ao comunismo em

seu território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais,

as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou

uma campanha valorizando o "american way of life". Vários

cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por

defenderem ideias próximas ao socialismo. O Macarthismo,

comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu

muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos

países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo

com tudo que havia de ruim no planeta.

Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus

integrantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que

não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes

países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de

investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados.

Enquanto a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da

CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.

Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de

ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da

Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência

soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha,

com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos

países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro

forças que venceram a guerra: URSS, EUA, França e Inglaterra. Em

1961 foi levantado o Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas

partes: uma capitalista e outra socialista.

As duas potências desenvolveram planos para desenvolver

economicamente os países membros. No final da década de 1940,

os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda

econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir

os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o

COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de

garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.

Revolução Chinesa (1949)Ainda no início do século XX os

chineses se mobilizaram para expulsar os estrangeiros de suas

terras e seus negócios. Xuantong, o último imperador da dinastia

Manchu, foi deposto por forças populares que acabaram com o

Império chinês e fundaram a República da Chinaem 1911. Este

evento é conhecido como Revolução Xinhai.

Houve, inicialmente, uma diminuição da interferência europeia no

comércio chinês, mas o Japão passou a estender suas garras pela

região, principalmente após 1915. Com o início da Primeira Guerra

Mundial os europeus, enfraquecidos pelo conflito, deram lugar

definitivo para os japoneses na influência comercial da China. Para

vocês terem uma ideia, o Japão chegou a controlar cerca de 45% do

território chinês entre as décadas de 1930 e 1940.

A população, que já não suportava a miséria, principalmente no

campo, apoiou a criação do Partido Comunista Chinês em 1921,

mas seus integrantes logo foram perseguidos pelas lideranças do

Kuomintang, o Partido Nacionalista, que passou a controlar a China

a partir de 1911. O Kuomintang foi fundado logo após a Revolução

Xinhai, de forma que o partido estava completamente entranhado no

governo chinês.

Acuados por um governo que era submisso ao Japão e que não

atendia às suas necessidades, os chineses, liderados por membros

do Partido Comunista, pegaram em armas para expulsar os

japoneses – principalmente durante a Segunda Guerra Mundial – e

aproveitaram a oportunidade para também expulsar o Kuomintang

do poder. Era o início da Revolução.

A revolução Chinesa aconteceu entre 1949 e 1962, e foi um dos

maiores acontecimentos históricos. A Revolução se deu por dois

movimentos: a luta dos camponeses por terras e a luta do povo

chinês pela independência nacional.

Na época, os comunistas assumiam o poder, com uma China

arrasada pelos longos anos em que batalhou contra o domínio

japonês, e uma longa Guerra Civil. Na cidade, o povo passava fome,

no campo não se plantava nada por não ter sementes.

Mao Tsé-Tung, líder chinês, iniciava a reforma agrária. Dividiu

grandes propriedades entre os camponeses, as cooperativas

substituíam as grandes propriedades. Apoiado pela União Soviética,

os comunistas fizeram mudanças radicais na economia e cultura

chinesas; aboliram o casamento, promoveram a emancipação da

mulher, igualdade entre os sexos, entre outras medidas de grande

impacto e boa aceitação. Esse conjunto de ideias, realizações

políticas e contribuições teóricas para o marxismo são conhecidas

como maoísmo. O que difere o governo de Mao dos outros

governos comunistas da época é que a partir de 1956 a China

rompeu relações com a URSS. Aquela ajudinha dada pelos

soviéticos aos países que se alinhavam à sua política deixou de

abastecer a China.

O principal objetivo de todas essas mudanças era o aumento de

Page 30: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

29

produtividade, ou seja, na indústria houve aumento nas horas de

trabalho e no campo, foram enviados reforços, desde intelectuais à

estudantes. A terra foi estatizada, e dividida em comunas, que eram

comunidades populares, independentes, com liberdade para cuidar

de seus interesses comuns, como pequenas cidades.

Esse grande salto foi um fracasso. Os camponeses ficaram

insatisfeitos, com a queda das colheitas, o que gerava a fome, e

acabava em revoltas.

Em 1966, iniciou-se uma revolta cultural, que marcou

significativamente os rumos da revolução chinesa. O partido

comunista estava dividido, havia uma forte oposição, mas mesmo

assim Mao Tse-Tung mantinha-se no poder.

Na realidade, a revolução cultural, foi planejada pelo próprio Mao,

com o objetivo de mobilizar a população pensante e formadora de

opinião da China. Os jovens, por todo o país criaram a jovem guarda

vermelha, surgia também comitês que ameaçavam autoridades, e

mais uma vez a força foi utilizada: locais onde eram realizados

cultos religiosos foram destruídos, livros foram confiscados, as

comunas ganharam maior importância e Mao saiu ainda mais forte.

Mao Tsé-Tung morreu em 1976 e os moderados voltaram ao poder.

Seu sucessor foi Deng Xiao-Ping que adotou uma política

econômica e desenvolvimentista e permitiu a entrada de tecnologia

e capital estrangeiro.

A DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA

Apesar de ter sido durante a 1ª Guerra Mundial (em regiões

asiáticas) que começaram a se formar os movimentos nacionalistas

que propunham a libertação dos povos dominados por potências

imperialistas europeias, a descolonização da Ásia e da África, só foi

possível, depois que a 2ª Guerra Mundial terminou, porque ouve o

declínio dos países europeus e porque o avanço do nacionalismo

estimulou os movimentos de libertação.

ÁFRICA

Norte da África – A Líbia conquista a independência em 1951 e o

Egito, com uma revolução nacionalista, em 1952. A República

egípcia nasce em 1953, com a introdução de reformas econômicas

e sociais, industrialização e medidas socializantes. Em 1956 o

presidente Gamal Abdel Nasser nacionaliza o Canal de Suez,

abrindo uma crise com as potências ocidentais e aproximando o

país da URSS. Tendo em vista as tensões com Israel, Egito e Síria

unem-se em 1953 numa federação, a República Árabe Unida

(RAU). O Sudão se separa do Egito como Estado independente em

1956. O Marrocos proclama a independência em 1956, com o

consentimento da França. Na Tunísia, a França cede às pressões

do partido nacionalista Neo-Destur, fundado em 1954, e permite que

a Assembléia Nacional proclame a independência em 1956 e a

República em 1957. A Argélia em 1962.

Independência das Colônias Portuguesas – Em Moçambique, a

Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fundada por

Eduardo Mondlane, iniciou, em 1964, um movimento armado contra

o colonialismo português, vários dos confrontos entre as duas forças

terminaram com a derrota dos portugueses, e em 1975 o governo

democrático de Portugal reconheceu a independência da República

Popular de Moçambique.

Agostinho Neto fundou o Movimento Popular pela Libertação de

Angola (MPLA), mas ouve também, outras organizações com o

mesmo objetivo; após a queda do salazarismo em Portugal, foi

assinado em 1974, o Acordo de Alvor, que estabelecia a

independência de Angola para o ano seguinte. O arquipélago de

São Tomé e Príncipe conseguiu se libertar do domínio Português

em 1975.

Apartheid – O Apartheid foi um dos regimes de discriminação mais

cruéis no mundo. Ele aconteceu na África do Sul de 1948 até 1990 e

durante todo esse tempo esteve ligado à política do país. A antiga

Constituição sul-africana incluía artigos onde era clara a

discriminação racial entre os cidadãos, mesmo os negros sendo a

maioria na população.

Apartheid atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços

públicos, pois os negros não podiam ser proprietários de terras, não

tinham direito de participação na política e eram obrigados a viver

em zonas residenciais separadas das zonas dos brancos. Os

casamentos e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes

eram ilegais. Os negros geralmente trabalhavam nas minas,

comandados por capatazes brancos e viviam em guetos miseráveis

e superpovoados.

Para lutar contra essas injustiças, os negros acionaram o Congresso

Nacional Africano, uma organização negra clandestina, que tinha

como líder Nelson Mandela. Após o massacre de Sharpeville, o

Congresso Nacional Africano optou pela luta armada contra o

governo branco, o que fez com que Nelson Mandela fosse preso em

1962 e condenado à prisão perpétua. A partir daí, o apartheid

tornou-se ainda mais forte e violento, chegando ao ponto de definir

territórios tribais chamados Bantustões, onde os negros eram

distribuídos em grupos e ficavam amontoados nessas regiões.

Com o fim do império português na África em 1975, lentamente

começaram os avanços para acabar com o apartheid. A

comunidade internacional e a Organização das Nações Unidas

(ONU) faziam pressão pelo fim da segregação racial. Em 1991, o

então presidente Frederick DeKlerk condenou oficialmente o

apartheid e libertou líderes políticos, entre eles Nelson Mandela.

A partir daí, outras conquistas foram obtidas, o Congresso Nacional

Africano foi legalizado, DeKlerk e Mandela receberam o Prêmio

Nobel da Paz em 1993, uma nova Constituição não-racial passou a

vigorar, os negros adquiriram direito ao voto e em 1994 foram

realizadas as primeiras eleições multirraciais na África do Sul e

Nelson Mandela se tornou presidente da África do Sul.

“„A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para

mudar o mundo‟ acreditava Nelson Mandela, advogado e

cidadão exemplar, que com um olhar essencialmente humano,

defendeu a igualdade e a justiça social na sua caminhada

histórica...” (Prof.ª Maria Zelita Batista Brito)

ÁSIA

Vietnã – O atual Vietnã, juntamente com o Laos e a Camboja, fazia

parte do território conhecido como Indochina, que desde o final do

século XIX era uma possessão da França. No decorrer da Segunda

Guerra Mundial, o Japão avançou sobre o Sudeste Asiático,

desalojou os franceses e anexou a região aos seus domínios.

Organizadas na Liga Revolucionária para a Independência do

Vietnã, liderados por Ho Chin Minh, os vietnamitas reagiram aos

Amplie seus conhecimentos sobre: O mundo em conflito, Japão, África, Oriente Médio e Sul da Ásia (Geografia Caderno Delta/Ômega).

Page 31: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

30

japoneses e no final da Segunda Guerra proclamaram, na parte

norte do país, a República Democrática do Vietnã. Logo a seguir, os

vietnamitas entraram em guerra contra os franceses, que teimavam

em reconquistar a região, e os venceram de modo espetacular na

Batalha de DienBienPhu, em 1954.

Nesse mesmo ano, na Conferência de Genebra, convocada para

celebrar a paz, decidiu-se que até as eleições gerais, que se

realizaria em 1956, o Vietnã independente ficaria dividido em:

*Vietnã do Norte (socialista), com capital em Hanói, governado por

Ho Chin Minh;

*Vietnã do Sul (pró-capitalista), com capital em Saigon, liderado por

Bao Dai.

Nos anos seguintes, ao mesmo tempo em que a Guerra Fria se

acentuava, a rivalidade entre os dois Vietnãs cresceu e as eleições

com vistas à reunificação do país não se realizaram. Opondo-se à

divisão do Vietnã e ao ditador que os governava, os sul-vietnamitas

fundaram, em 1960, a Frente Nacional de Libertação. Essa

organização era formada por grupos de guerrilheiros socialistas

conhecidos como vietcongues. A Frente recebeu o imediato apoio

do Vietnã do Norte.

Decididos a conter a expansão do socialismo na região, os Estados

Unidos começaram a enviar ajuda militar ao governo do Sul e com

isso precipitaram o início de uma nova guerra.

Durante os doze anos em que estiveram envolvidos nesse conflito,

os EUA despejaram sobre o Vietnã milhões de toneladas de napalm

e chegaram a manter na região 550 mil soldados.

Apesar do poderoso arsenal bélico, os norte-americanos foram

derrotados pelas forças norte-vietnamitas e vietcongues, retirando-

se da região em 1973. A guerra, no entanto, prosseguiu até 1975,

ano em que o governo de Saigon rendeu-se aos seus adversários.

No ano seguinte, os vencedores promoveram a unificação do país,

transformando o Vietnã num Estado socialista.

Índia – A Índia era um país bastante misturado, havia evidentes

diferenças sociais, falavam-se mais de 15 línguas, com 845 dialetos

e muitas religiões, sendo o Hinduísmo e o Islamismo as religiões

que predominavam, e para retardar a libertação, a Inglaterra

estimulava a rivalidade que havia entre Hindus e Muçulmanos.

Foi na Índia que o movimento nacionalista pró-independência

ganhou força, comandado pelo partido do Congresso Nacional

Indiano, que tinha como principais líderes Nehru e Mahatma Gandhi,

esse partido defendia a autonomia política; uma confederação

democrática; modernização do estado; igualdade política para todas

as religiões, etnias e classes; reformas sociais; econômicas e

administrativa.

Mahatma Gandhi – Considerado a maior figura da luta nacional

indiana, Gandhi dedicou a vida à luta pela independência de seu

país, e quando em 1920 assumiu a liderança do movimento, pregou

resistência pacífica, recorreu à jejuns, marchas e desobediência

civil.

Ao final do conflito mundial, a Inglaterra, com o seu poder

econômico e militar abalado, foi obrigado a conceder a

independência da Índia, em 1947 por não poder manter o domínio

colonial.

Depois da independência, o país que tinha rivalidades internas não

permaneceu unificado, se dividiu em dois estados soberanos:

– República União Indiana, de maioria Hinduísta, governada por

Nehru.

– República do Paquistão, (Dividida em oriental e ocidental) De

maioria Muçulmana, governada por Ali Jinnah que era chefe da liga

Muçulmana.

Mais tarde, uma ilha situada ao sul da Índia formou um outro estado

de nome República do Sri Lanka

Questões: (O período da Guerra Fria (1947–1991) e A

Descolonização Afro-asiática)

38. (ENEM-2009) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria

dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação

de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que

aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que

concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na

formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste

europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu

igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela

opção entre os modelos capitalista e socialista.

Essa divisão europeia ficou conhecida como:

A) Cortina de Ferro. D) Convenção de Ramsar.

B) Muro de Berlim. E) Conferência de Estocolmo.

C) União Europeia.

39. (ENEM-2009) O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência

social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de

texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural: ―É

preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser

responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é

privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos

surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a

emergência de novas ideias. Os pais do regime devem

compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a

partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que

ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e

não precisa delas‖.

(Journal de lacomuneétudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 -

adaptado).

Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,

A) foram manifestações desprovidas de conotação política, que

tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de

comportamento social fundados em valores tradicionais da

moral religiosa.

B) restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a

industrialização avançada, a penetração dos meios de

comunicação de massa e a alienação cultural que deles

resultava eram mais evidentes.

C) resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social

e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as

décadas de 70 e 80.

D) tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus

fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos

na mudança de costumes e na contracultura.

E) inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o

ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa

dos direitos das minorias.

Page 32: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

31

40. (ENEM-1999) Os 45 anos que vão do lançamento das bombas

atômicas até o fim da União Soviética, não foram um período

homogêneo único na história do mundo. (…) dividem-se em duas

metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70.

Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão

único pela situação internacional peculiar que o dominou até a

queda da URSS. (HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo:

Cia das Letras, 1996)

O período citado no texto e conhecido por ―Guerra Fria‖ pode ser

definido como aquele momento histórico em que houve:

A) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias

ocasionando a Primeira Guerra Mundial.

B) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países

capitalistas do Norte.

C) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética

Stalinista, durante os anos 30.

D) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e

as potências orientais, como a China e o Japão.

E) constante confronto das duas superpotências que emergiram da

Segunda Guerra Mundial.

41. (ENEM-2009) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as

décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria

instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de

conflitos e pela multipolaridade.

O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria apresenta:

A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às

disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de

ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime

organizado.

B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares

das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade

nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da

Guerra Fria.

C) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções

militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser

realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com

maior envolvimento de países emergentes.

D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a

possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global,

devido à crescente consciência política internacional acerca

desse perigo.

E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se

submetem às decisões da ONU no que concerne às ações

militares.

42. (ENEM-2012) O cartum,

publicado em 1932, ironiza as

consequências sociais das

constantes prisões de Mahatma

Gandhi pelas autoridades britânicas,

na Índia, demonstrando:

A) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.

B) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.

C) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação

inglesa.

D) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.

E) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular

hindu.

OS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA.

O panorama que consolida os diversos movimentos sociais no

continente latino-americano está relacionada a praticamente, na fala

de João Pedro Stedile, a três grandes projetos políticos, a saber, a)

Projeto que visa a retomada do controle político-econômico da

região pelos Estados Unidos da América. Nesse projeto, é

fundamental que a nação norte-americana, retome o controle da

região para a garantia de matérias-primas e fontes energéticas,

além do favorecimento às indústrias norte-americanas no comércio

da região.

O segundo projeto presente na A. Latina que propicia o

entendimento do nascedouro dos movimentos sociais e do seu

―modus operandi‖ é o que Stédile chama de Integração Continental.

Nesse projeto, a proposta é a integração regional sem a presença

dos vizinhos americanos, mas ainda nos marcos capitalistas.

O terceiro projeto, chamado d pelos movimentos de ALBA

(Alternativa Bolivariana para a América), tem por objetivo promover

uma ―integração econômica, política e cultural, que juntasse

governos progressistas com as organizações populares‖.

No dia a dia, esses três projetos disputam a conquista da

hegemonia, influindo em todos os pleitos, como no direcionamento

econômico de todos os países latino-americanos.

Portanto, estudar os movimentos sociais nesse contexto, implica

entender os movimentos políticos perpetrados pelos grupos

anteriormente referidos no interior de cada estado-naçãolatino-

americano e perceber cada ato e movimentação política não como

resultado de disputas locais, ao contrário, na verdade, como reflexo

do movimento das forças políticas em busca da consolidação

ideológica pretendida no continente latino-americano.

Nesse sentido, ver movimentos como o Zapatista no México, o MST

no Brasil, as Marchas em defesa dos direitos Indígenas no

Paraguai, na Bolívia, são diversas manifestações do mesmo

fenômeno.

Caracterização

Do ponto de vista identitário, podemos marcar os movimentos

sociais do final do século XX, como oriundos da resistência à

tentativa de hegemonização empreendida pelo Neoliberalismo no

nosso continente, fortemente observado a partir da década de 90.

Dito de outra forma, os Movimentos sociais combatem as

formulações e as práticas do chamado ―Consenso de Washington‖

que visava uma reforma profunda nos Estados latino-americanos,

reduzindo-o de forma que o mesmo fosse conduzido pela força do

mercado.

Em segundo lugar, a defesa do Socialismo como a unidade

ideológica capaz de fazer frente às construções capitalistas que

destroem a dignidade humana. Esses movimentos apostam no

Socialismo como a nova forma de organização econômica e social,

fortemente marcada pela distribuição de renda, a mudança da

economia, tendo por objetivo, o fim da propriedade privada.

Amplie seus conhecimentos sobre: América Latina (Geografia Caderno Delta/Ômega).

LORD WILLINGDON‘S DILEMMA (Disponível em: www.gandhiserve.org.Acesso em: 21 nov. 2011).

Page 33: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

32

Um terceiro aspecto tem a ver com a definição de tais movimentos

sociais, ―no sentido genérico, envolve todas as formas de

organização da classe trabalhadora – desde o movimento sindical,

popular até a luta pela moradia, por saúde, de luta pela terra e etc.‖

Outros vieses podem ser anotados a partir das lutas mais

particulares, tais como, a luta contra o monopólio das

comunicações, a Reforma Agrária, a estatização dos setores vitais

como energia e petróleo, além dos recursos hídricos etc. Apontamos

também, a luta pelos direitos das minorias e pelos direitos humanos.

No Brasil, O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra),

alcançou maior repercussão, inclusive por episódios marcados pela

extrema truculência promovida pelo Estado, como foi o caso do

―Eldorado dos Carajás‖. Para além disso, esse movimento promove

atualmente a eleição de vários representantes desse agrupamento,

com o objetivo de fazer frente na luta política, penetrando com maior

facilidade nas esferas de poder.

Outros movimentos, a exemplo ―Dos sem teto‖, o LGBTT, O

movimento dos Direitos Humanos, além de sindicatos e

confederações, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores).

Cabe menção a realização de várias edições do FORUM SOCIAL

MUNDIAL aqui no Brasil, ―que constituiu uma experiência de

agrupamento de diferentes organizações e movimentos sociais que

conformam o movimento na luta contra o Neoliberalismo e a

Globalização.‖

No Chile, os protestos indígenas anunciaram ―a presença do setor

camponês-indígena como um dos atores principais do conflito social

chileno. No caso urbano, o destaque vai para os movimentos pelos

Direitos Humanos, principalmente após o caso Pinochet.

A Bolívia apresentou um quadro que repetia a essência dos

movimentos em outros países latino-americanos. O setor

camponês-indígena, destaque para o Movimento dos Cocaleros,

demonstraram a insatisfação ao desrespeito neoliberal aos direitos

indígenas, além da luta pela água.

A união dos sindicatos, campesinato e trabalhadores urbanos,

promoveu a Marcha de Cochabamba a La Paz. A eleição de Evo

Morales, um índio, levou o país a um processo profundo de

mudança social, aprofundando a tentativa de esquerdização na A.

Latina.

No México, a Marcha pela Dignidade Indígena foi o evento mais

importante, pois conjugou setores sindicais, movimentos urbanos e,

estudantil , entre outros.

Esse caráter muti-setorial do movimento aponta para a insatisfação

geral pelo atrelamento do Estado Mexicano ao neoliberalismo, além

de, claramente, expor a incapacidade de o modelo neoliberal

promover a superação das demandas sociais dos indígenas e dos

demais.

No caso zapatista, lemos:

―No zapatismo, a concepção política de sociedade civil e do papel

que esta tem no movimento social é bastante original. Sendo assim,

a sociedade civil, enquanto sujeito histórico deve exigir mudanças.

Diferentemente de outros movimentos revolucionários, não se trata

de tomar o poder e fazer usos da força e sem abolição das relações

de poder e uso pleno da democracia, no qual o po0der as sociedade

não deve se impor, mas se construir. Dessa forma, longe de lutar

pela tomada de poder, propõe uma transformação das relações

jurídicas e sociais, buscando uma democracia participativa e

representativa não excludente, que se dê no seio da própria

sociedade civil e dos povos indígenas.‖ (BORGES, 2008: in: Contexto

Político. blogspot.com, pg 03)

Em se tratando do Paraguai – O destaque está na criação do

Congresso Popular 2000. Em fevereiro de 2000, esse congresso foi

realizado formado por diversas organizações sociais e tinha por

objetivo discutir as principais demandas surgidas com a implantação

do neoliberalismo, destacando-se o programa de privatizações

levado a cabo pelo Estado paraguaio. A eleição de Lugo foi uma

vitória para os movimentos sociais, porém a direita, num golpe,

travestido de institucionalidade, depôs o presidente num rito

sumário, sem precedentes na história contemporânea, considerando

países com certo grau de Estado de Direito.

Na argentina, a ação dos movimentos sociais se deu por meio dos

chamados ―CORTES‖, manifestantes bloqueavam avenidas, ruas e

ferrovias. Esses atos envolviam desempregados e suas famílias

reivindicando entrega de gêneros alimentícios de primeira

necessidade de material escolar e a assinatura de planos de

trabalho para frear o desemprego crescente no país, oriundo da

política neoliberal implantada por Carlos Menem.

Os governos de Nelson e Cristina Kirchner, trouxeram para o país

um ar mais progressista e a busca de atender a demandas sociais

reivindicadas. A ebulição vivida pela Argentina recentemente aponta

para um caminho muito longo a ser percorrido para o

desmantelamento da máquina neoliberal implantada na Argentina.

A QUESTÃO PALESTINA

Em 1947, dois anos do fim da Segunda Guerra – na qual pereceram

quase 6 milhões de judeus –, a ONU aprovou a divisão da Palestina

em dois Estados: um judeu, com 10 mil km², e outro árabe, com

11.500 km². Em 15 de maio de 1948 os judeus liderados por David

Bem Gurion fundaram o Estado de Israel. Mas, para isso,

expulsaram milhares de palestinos de suas vilas e aldeias,

obrigando-os a se refugiarem nos países árabes vizinhos. Tinha

início, assim, a "questão palestina". O êxodo forçado dos palestinos

deu origema uma série de sangrentas guerras entre árabes e

israelitas. As principais aconteceram em 1956, 1967 e 1973. Com a

ajuda dos Estados Unidos, os israelitas venceram esses conflitos e

expandiram suas fronteiras ocupando territórios do Egito, da Síria e

da Jordânia. Os palestinos, porém, continuaram sem pátria.

Dispostos a lutar pela criação de um Estado Palestino, diversos

chefes de Estados árabes criaram, em 1964, a Organização para a

Libertação da Palestina (OLP) que, anos depois, passou a ser

chefiada por Yasser Arafat, líder palestino de projeção

internacional. Durante duas décadas, aproximadamente, a OLP

procurou alcançar seus objetivos praticando e estimulando a

violência contra o Estado de Israel. Este, por sua vez, revidava com

a mesma moeda. No final de 1988, no entanto, Arafat declarou pela

primeira vez que, atendendo ao pedido da ONU, a OLP reconhecia

a existência do Estado de Israel. Desde então, apesar dos

extremistas judeus e árabes e do interesse dos grupos econômicos

que se alimentam da guerra, o conflito árabe-israelense evoluiu para

uma solução negociada. Finalmente, em 13 de setembro de 1993,

depois de 46 anos de guerras, Arafat e o primeiro-ministro de Israel,

Amplie seus conhecimentos: O mundo em conflito e Oriente Médio (Geografia Caderno Delta/Ômega).

Page 34: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

33

Itzhak Rabin, assinaram em Washington um tratado de paz. Nos

últimos dias podemos ver que as cláusulas do acordo não estão

sendo compridas, após o atentado de 11 de setembro de 2001 aos

Estados Unidos, intensificaram novamente a Guerra de Palestinos x

Israelitas ou Judeus.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Intifada

Intifada é o termo que representa a insurreição dos palestinos contra

os abusos promovidos pelos israelenses.

Originalmente, a palavra árabe ―intifada‖ tem um significado geral de

revolta. O termo pode ser utilizado para exemplificar, então,

qualquer tipo de revolta de um grupo contra outro de atitudes

opressoras. Entretanto o termo ganhou destaque e especial

atribuição aos movimentos de resistência promovidos pelos

palestinos contra a política de Israel que é apoiada pelos Estados

Unidos. Mas além da mais famosa Intifada, o termo já foi usado para

designar, por exemplo, três outros momentos: o levante dos clérigos

xiitas contra a ocupação americana no Iraque, em 2003; por ocasião

do domínio de Marrocos na região do governo exilado do Saara

Ocidental, em 2005; e no protesto e expulsão das tropas sírias do

Líbano, também em 2005.

O povo palestino é representado pela Autoridade Nacional Palestina

e ocupa os territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, regiões

teoricamente de propriedade dos palestinos. Isso porque a Faixa de

Gaza, por exemplo, é considerado um território sem a soberania

oficial de um Estado. De toda forma, os palestinos constituem um

povo, com características culturais próprias e soberanas, como tal

necessitam de um território que dê conta de suas especificidades.

O Estado de Israel desenvolve uma política opressora nos territórios

de ocupação palestina, suas ações são apoiadas pelos Estados

Unidos. Os israelenses forçam os palestinos a consumirem seus

produtos, restringem os direitos de ir e vir, censuram e impedem

outros tipos de liberdade da comunidade palestina. Por esses

motivos, os palestinos se revoltam em defesa de seus direitos e da

liberdade de sua cultura no Oriente.

A Intifada surgiu como movimento palestino no ano de 1987 quando,

a partir do dia 9 de dezembro, surgiram os levantes espontâneos da

população palestina contra os militares israelenses. A comunidade

palestina, saturada pela opressão, combateu os militares de Israel

fazendo uso apenas de paus e pedras, tal movimento caracterizou a

chamada Primeira Intifada.

Mas a Primeira Intifada não colocou fim ao conflito Israel-palestino,

pelo contrário, serviu para intensificar a tensão na região e aumentar

a instabilidade do local. Em alguns momentos a comunidade

internacional tentou interferir para promover a paz na região,

entretanto os envolvidos não chegaram a um acordo definitivo. Um

dos momentos de tentativa de conciliação aconteceu quando o

tradicional líder palestino Yasser Arafat recusou a proposta de paz

de Israel. Nesta ocasião teve início a chamada Segunda Intifada,

quando o líder israelense Ariel Sharon caminhou pela Esplanada

das Mesquitas e pelo Monte do Templo, ambos locais sagrados

para judeus e muçulmanos. No dia 29 de setembro de 2000 os

palestinos eclodiram uma nova insurreição.

A pacificação da região é muito complicada, a comunidade

internacional reconhece alguma opressão de Israel nas regiões de

presença palestina, mas por outro lado o país mais poderoso do

ocidente capitalista, Estados Unidos, apoia as atitudes dos

israelenses. Não se trata, também, apenas de uma pacificação do

local resolvida por uma conciliação que encerre as manifestações

de opressão, há interesses políticos, econômicos e religiosos que

incendeiam a região. Nenhum dos lados tem interesse em ceder o

controle sobre alguma dessas instâncias, o que acirra o conflito de

interesses no local.

Grupos armados e terroristas se formaram dos dois lados para

defender causas religiosas – em primeiro lugar – econômicas e

políticas. O confronto entre israelenses e palestinos se intensificou e

de forma mais bárbara. Em 2008, no dia 27 de dezembro, Khalid

Meshal, o líder do Hamas, grupo armado por parte dos palestinos,

convocou os palestinos para uma nova Intifada. As ações do

Hamas, entretanto, são baseadas geralmente em ataques suicidas.

(Fontes: http://www.intifada.com/ e http://pt.wikipedia.org/wiki/Intifada)

Compreendendo o texto:

43. Reflita: Pode a Intifada ser considerada um ato terrorista?

Argumente.

______________________________________________________

______________________________________________________

Questões: (Os Movimentos sociais na América Latina e A

Questão Palestina)

44. (FGV) Fragmento sobre a América Latina:

"…o novo regime já não é oligárquico, não obstante as oligarquias

não tenham sido fundamentalmente afetadas em suas funções de

hegemonia social e política aos níveis local e regional e se

encontrem, de algum modo, representadas no Estado (...) Trata-se

de um Estado de Compromisso que é ao mesmo tempo um Estado

de Massas, expressão da prolongada crise agrária, da dependência

social dos grupos de classe média, da dependência social e

econômica da burguesia industrial e da crescente pressão popular."

O fragmento trata do surgimento, na região, dos regimes:

A) Populistas. B) Comunistas. C) Neoliberais.

D) Autonomistas. E) Socialistas.

45. (PUC-MG) Nos anos de 1960/1970, vários países da América

Latina sofrem intervenções militares. Essas intervenções ocorrem

porque é necessário, EXCETO:

A) garantir o poder da elite político-social incrustada no Estado.

B) salvaguardar os interesses do capital estrangeiro investido nos

países.

C) reduzir o espaço democrático conquistado pelos sindicatos e

partidos.

D) reconhecer o papel das forças armadas como instrumentos do

poder civil.

E) ampliar a ação e o poder do Estado no controle da sociedade

civil.

46. (UFPE) A história dos países latino-americanos, apesar de

distinta, tem muito em comum. Assinale a alternativa que confirma

este enunciado:

A) O atraso na industrialização tornou essa região dependente dos

fornecedores externos de bens de produção, o que conduziu a

um crescente endividamento externo.

B) A industrialização da América Latina deu-se de forma

homogênea, acompanhando as conjunturas de crescimento

Page 35: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

34

econômico dos Estados Unidos.

C) As migrações internas entre países da América Latina têm

contribuído para uma história comum de desenvolvimento

tecnológico.

D) As guerras de independência na América Latina foram

simultâneas contra as metrópoles e, na metade do século XIX,

todas as nações haviam se transformado em repúblicas livres

da escravidão.

E) A economia dos países da América Latina está voltada para o

seu próprio mercado interno.

47. (Cesgranrio) Quanto aos conflitos entre árabes e israelenses,

podemos dizer que:

I - se aceleram com a partilha da Palestina realizada pela ONU em

1947, que deu origem ao Estado de Israel e de que decorreu a

guerra de 1948/49, que terminou com um acordo de cessar fogo

em que ficava estabelecida a divisão de Jerusalém e a fixação

das fronteiras entre Israel e os países árabes.

II - na década de 1960, os conflitos adquirem maior violência em

função do aumento dos atos terroristas palestinos e da aliança

militar e política entre Egito, Síria e Jordânia, o que leva ao

bloqueio econômico de Israel e dá Início à Guerra dos Sete

Dias.

III - na década de 1970, os conflitos determinam a explosão da

Guerra do Yom Kippur, em 1973, de que resulta a fixação dos

limites territoriais no Oriente Médio e o reconhecimento por

parte de Israel, da OLP, comandada por Arafat, como

representante legítima dos interesses palestinos.

Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):

A) Apenas I B) Apenas I e II C) Apenas II

D) Apenas II e III E) Apenas III

48. (ENEM-2009) Em 1947, a Organização das Nações Unidas

(ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que previa a

criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe

em aceitar a decisão conduziu ao primeiro conflito entre Israel e

países árabes. A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão

egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia interesses anglo-

franceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a

Península do Sinai. O terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou

conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de

Israel. Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o

YomKippur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias atacaram de

surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção

americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de

outubro.

A partir do texto acima, assinale a opção correta.

A) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação

bélica de tradicionais potências europeias no Oriente Médio.

B) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira

guerra árabe-israelense, Israel obteve rápida vitória.

C) A guerra do YomKippur ocorreu no momento em que, a partir de

decisão da ONU, foi oficialmente instalado o Estado de Israel.

D) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi decisiva

para o cessar-fogo que pôs fim ao primeiro conflito árabe-

israelense.

E) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas

dimensões territoriais tal como estabelecido pela resolução de

1947 aprovada pela ONU.

BRASIL – PERÍODO LIBERAL DEMOCRÁTICO (1945-64)

As eleições presidenciais e a Constituição de 1946

Após a deposição de Vargas, os chefes militares entregaram a

presidência da republica a José Linhares, presidente do Supremo

Tribunal Federal. Naquele momento histórico, quando as potencias

democráticas tinham vencido o nazi-fascismo, um clima de

confiança nas liberdades democráticas tomava conta do país. Os

chefes militares tinham o firme propósito de garantir a realização de

eleições presidenciais.

Nas eleições realizadas em dezembro e 1945, foi eleito presidente o

general Eurico Gaspar Dutra, candidato do PSD (partido Social

Democrático) apoiado pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro),

ambos de orientação getulista, formados ao final do Estado Novo.

Nessa mesma época, foi eleita uma Assembleia Constituinte para

elaborar a quarta Constituição da republica, que substituiria a

Constituição de 1937. Instalada em 2 de fevereiro de 1946, a

Assembleia Constituinte compunha-se de representantes das

principais forças político-partidárias do país:

PSD (Partido Social Democrático), UDN (União Democrática

Nacional), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PCB (Partido

Comunista Brasileiro).

Depois de sete meses de trabalho legislativo, foi promulgada, em 18

de setembro de 1946, a nova Constituição brasileira. Era uma Carta

liberal democrática. Do seu conteúdo, podemos destacar:

Estabeleceu a separação dos três poderes, voto direto e secreto

para presidente (mandato de 5 anos), incluindo o voto feminino. Mas

os analfabetos continuavam sem direitos eleitorais. A constituição

de 1946 vigorou até 1964. Nesse período, caracterizado por

grandes efervescências, foram criados diversos partidos políticos

que mobilizaram as massas populares.

O governo Dutra (1946-1951)

A conjuntura internacional formada após o termino da Segunda

Guerra Mundial (1945) exerceu profunda influência sobre as

diretrizes políticas assumidas pelo governo Dutra. Aliando-se ao

bloco liderado pelo EUA, o governo Dutra decidiu romper relações

diplomáticas com a URSS e extinguir o Partido Comunista Brasileiro

(1947), acusando-o de receber auxilio financeiro de Moscou. Apesar

de governar o país sob a égide de uma Constituição democrática, o

governo Dutra perseguiu duramente seus opositores políticos.

Em relação aos trabalhadores urbanos, o governo também agiu de

forma autoritária. Os operários reclamavam do baixo salário, que

não aumentavam há anos, enquanto o custo de vida continuava

subindo. O governo suspendeu o direito de greve, interveio em 143

sindicados e prendeu vários lideres da classe operaria.

No plano econômico, um dos mais sérios problemas enfrentados

pelo governo Dutra foi as altas taxas de inflação, que se faziam

sentir na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos.

Amplie seus conhecimentos sobre: Modernismo e Tendências contemporâneas ao Concretismo (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: Rede e hierarquias urbanas no Brasil, Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi).

Page 36: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

35

Procurando elaborar uma estratégia de combater à inflação. Dutra

buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os investimentos

para setores prioritários.

Uma das principais características do governo Dutra foi o abandono

do nacionalismo econômico da Era Vargas. Dutra abriu o país aos

interesses das empresas estrangeiras. Durante a Segunda Guerra

Mundial, o lucro com as exportações brasileiras superou as

despesas com importação. Com isso, o país conseguiu pagar sua

dívida externa e ainda acumular reservas de milhões e milhões de

dólares.

Com sua política de favorecimento ao estrangeiro, Dutra prejudica a

indústria nacionalao facilitar a importações de bens supérfluos,

como brinquedos de plástico, aparelhos de televisão, automóveis,

meias de náilon, geladeiras, rádios etc., e a compra de velhas

ferrovias inglesas instaladas no Brasil desde o século passado.

O governo Vargas (1951-1954) - A volta de Getúlio ao Poder

Ao final do governo Dutra, novas eleições presidenciais foram

realizadas. Aos 68 anos de idade, Getúlio Vargas era um dos

candidatos à presidência, vencendo com esmagadora maioria dos

votos: 48,7% do total. A oposição política, liderada pela UDN, não

se conformou com a derrota e vez de tudo para invalidar o resultado

das eleições. Mas a vitória de Vargas nas urnas de tal modo era

expressiva que resistiu a tentativa de golpe udenista, na instigada

por jornais como O Estado e São Paulo e a Tribuna da imprensa, de

Carlos Lacerda.

Assumindo o poder, Vargas procurou apagar a imagem de ditador

do Estado Novo.

O nacionalismo

Getúlio empenhou-se em realizar um governo nacionalista. Dizia

que era preciso atacar a exploração das forças internacionais para

que o país conquistasse sua independência econômica. O

nacionalismo de Vargas foi duramente combatido pelo governo dos

Estados Unidos, pelas empresas estrangeiras e pelas forças

políticas que defendiam seus interesses no Brasil. No Congresso

Nacional na imprensa. Um dos principais momentos do debate entre

nacionalistas e entreguistas aconteceu por ocasião da

nacionalização do petróleo. Os entreguistas, Poe sua vez, eram

favoráveis à entrega do petróleo do país á exploração dos grupos

internacionais.

A campanha do petróleo teve umfinal favorável aos nacionalistas.

Em 1953, foi criada a Petrobrás. A inda em 1953, o governo propôs

a Lei de Lucros Extraordinários, que limitava a remessa, ao exterior,

dos lucros obtidos por empresas estrangeiras estabelecidas no

Brasil. Os inimigos do nacionalismo promoveram, então, violenta

reação à Política de Vagas. O governo dos Estados Unidos

mostrava seu desagrado pela criação da Petrobrás e pela Lei de

lucros.

O trabalhismo

Paralelamente ao nacionalismo, Getúlio desenvolveu uma política

de aproximação com os trabalhadores das cidades. Em 1954,

Getúlio Vargas autorizou um aumento de 100% no salário mínimo,

atendendo a proposta do ministro do Trabalho, João Goulart.

Durante o governo Vargas, o salário mínimo recuperou

significativamente seu poder aquisitivo.

Crise política e suicídio de Vargas

Todos esses fatores – política desfavorável ao capital estrangeiro,

aumento do salário mínimo, crescente organização dos

trabalhadores – concorreram para aumentar a implacável oposição

da alta burguesia, dos políticos da UDN e de uma parte da imprensa

ao governo de Vargas.

O jornalista Carlos Lacerda, um de seus críticos mais ferozes,

liderava, através do seu talento de orador e artigos contundentes,

violeta campanha contra o governo. A notícia do rime da Rua

Toneleros alcançou grande repercussão na imprensa oposicionista,

sendo utilizada para sujar a imagem do governo. Eram tantos

ataques e as provocações que Getúlio declarou: ―Sinto-me

mergulhado num mar de lama‖.

Os militares, em particular os membros da Aeronáutica, revoltaram-

se contra Getúlio Vargas e dirigiram-lhe um manifesto exigindo sua

renúncia. Vargas tomou uma atitude trágica, no dia 24 de agosto de

1954. Escreveu uma carta-testamento ao povo brasileiro e, em

seguida, suicidou-se com um tiro no coração. Diante da comoção do

povo as intenções golpistas foram adiadas. A presidência foi

ocupada, por Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos.

O governo Juscelino (1956-1961)

Completado o período de governo dos substitutos de Vargas, foram

realizadas novas eleições presidenciais, em 1955, O vencedor foi

Juscelino Kubitscheck de Oliveira pelo PTB-PSD. Como prova de

habilidade política, Juscelino anistiou os envolvidos na conspiração.

Na meta de ―crescer 50 anos em 5‖

O governo de Juscelino foi marcado por diversas realizações

administrativas. Seu lema era ―avançar 50 anos em 5‖, e, para isso,

foi criado o Plano de Metas: - a construção deusinas hidrelétricas

(Furnas e Três Marias), - a instalação de diversas indústrias, entre

elas a automobilística, - a abertura de rodovias, como Belém-

Brasília (20 mil km), - ampliação da produção de petróleo, que

saltou de 2 milhões para 5,4 milhões de barris.

Além de todas essas obras, Juscelino foi responsável pela fundação

da cidade de Brasília, destinada a ser a capital do Brasil. Cidade

moderna e arrojada, criatividade do arquiteto Oscar Niemeyer e do

talento urbanista Lúcio Costa. Depois de três anos de obras, Brasília

foi inaugurada, em 21 de abril de 1960. Juscelino realizou um

governo marcado pela garantia das liberdades democráticas. As

diversas correntes políticas manifestavam suas ideias, menos o

Partido Comunista, que foi mantido na ilegalidade. Durante seu

governo não houve cidadãos presos por motivo políticos.

O governo Jânio Quadros (1961)

Para suceder Juscelino Kubitscheck na presidência da republica, as

eleições contaram com três candidatos: Jânio da Silva Quadros,

marechal Lott e Ademar de Barros. Com a expressiva diferença de

1.800.000 votos para o segundo candidato (Lott), Jânio Quadros

obteve uma espetacular vitória eleitoral.

O governo de Jânio foi marcado por atitudes contraditórias, que lhe

valeram em pouco tempo, severas criticas da UDN. Duramente

criticada pela oposição conservadora, liderada novamente por

Carlos Lacerda, na época governador do antigo estado da

Guanabara.

A revolta atingiu seu ponto culminante em 19 de agosto de 1961,

quando Jânio condecorou o ministro da economia de Cuba, Ernesto

Che Guevara, com a mais importante comenda brasileira, a Ordem

do Cruzeiro do Sul. Não resistindo às pressões políticas Jânio

Quadros inesperadamente, renunciou ao cargo de presidente da

Page 37: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

36

republica, no dia 25 de agosto de 1961. Numa breve carta, em que

explicava algumas das razões que levaram a renuncia, escreveu

que se sentia esmagado.

A crise para a posse de Goulart

Porém, os grupos de oposição mais conservadores representantes

das elites dominantes e de setores das Forças Armadas não

aceitaram que Jango tomasse posse, sob a alegação de que ele

tinha tendências políticas esquerdistas. Não obstante, setores

sociais e políticos que apoiavam Jango iniciaram um movimento de

resistência.

O governador do estado do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola,

destacou-se como principal líder da resistência ao promover a

campanha legalista pela posse de Jango. O movimento de

resistência, que se iniciou no Rio Grande do Sul e irradiou-se para

outras regiões do país, dividiu as Forças Armadas impedindo uma

ação militar conjunta contra os legalistas. No Congresso Nacional,

os líderes políticos negociaram uma saída para a crise institucional.

A solução encontrada foi o estabelecimento do regime

parlamentarista de governo que vigorou por dois anos (1961-1962)

reduzindo enormemente os poderes constitucionais de Jango. Com

essa medida, os três ministros militares aceitaram, enfim, o retorno

e posse de Jango. Em 5 de setembro Jango retorna ao Brasil, e é

empossado em 7 de setembro.

O governo João Goulart (1961-1964)

Após o resultado do plebiscito, Goulart assumiu plenamente o poder

presidencial, reforçando, a partir de então, sua linha de governo de

tendência nacionalista e política externa independente.

Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. Esse plano

tinha como objetivos: – promover uma melhor distribuição das

riquezas nacionais, atacando os latifundiários improdutivos para

defender interesses sociais; – encampar as refinarias particulares de

petróleo; – reduzir a divida externa brasileira; – diminuir a inflação e

manter o crescimento econômico sem sacrificar exclusivamente os

trabalhadores.

Nessa época, as massas trabalhadoras mobilizaram-se cada vez

mais contra a exploração das classes dominantes. Os grandes

empresários uniram-se aos militares e começaram a tramar a queda

de João Goulart.

Acirrou ainda mais a revolta das classes dominantes, o conjunto de

medidas políticas, denominadas reformas de base, anunciados por

Jango em um comício que reuniu aproximadamente 300 mil

pessoas em frente à Estação de Ferro central do Brasil.

Entre as medidas, destacam-se: Reforma agrária – facilitar o acesso

à terra a milhões de trabalhadores rurais. Reforma urbana –

socorrer milhões de favelados e moradores de cortiços nas grandes

cidades. Reforma educacional – aumentar o numero de escolas

publicas, combater o analfabetismo. Reforma eleitoral – dar ao

analfabeto o direito de voto e participar da vida publica. Reforma

tributaria – corrigir as desigualdades sociais, entre ricos e pobres,

patrões e empregados.

Os militares depõem Jango e instalam a ditadura

A favor do governo, os setores populares faziam greve política em

apoio às reformas de base. Contra o governo, as classes

dominantes organizavam, em várias cidades, as marchas da Família

com Deus pela Liberdade. Os grupos de esquerda e de direita

radicalizavam suas posições. Em Brasília, 600 sargentos do

Exército e da Aeronáutica ocuparam a tiros suas guarnições para

exigir o direito de voto.

No dia 31 de março de 1964, explodiu a rebelião das Forças

Armadas contra o governo João Goulart. O movimento militar teve

inicio em Minas Gerais, comandadas pelo general Olímpio Mourão

Filho, recebendo a adesão de outras unidades militares de São

Paulo, Rio Grande do Sul e do antigo estado da Guanabara. Sem

intenção de resistir, o presidente João Goulart deixou Brasília, em 1º

de abril de 1964. Viveria exilado no Uruguai. Terminava o período

democrático. Começava a ditadura militar.

TEXTO COMPLEMENTAR:

O Nacionalismo: Criação da Petrobrás (6/12/1951)

[...] O consumo nacional de derivados de petróleo acusa uma

ascensão regular, que traduz o desenvolvimento das atividades do

país, não só quanto ao transporte mas também quanto à indústria.

No entanto, como é ainda incipiente a produção nacional de

petróleo, essa ascensão constante do consumo implica

necessariamente num aumento das importações, com dispêndios

crescentes de divisas, que poderão ser empregadas na compra de

outras utilidades estrangeiras, quando o permitir a produção

brasileira de óleo mineral. O crescimento das importações de

derivados de petróleo processa-se, aliás, quanto a volume e valor,

em ritmo mais acelerado do que o das outras mercadorias que

adquirimos no exterior. A percentagem das divisas despendidas

com a sua cobertura tende a aumentar, no tempo, de forma a

causar apreensões em relação à regularidade futura de

suprimentos, ao país, de tais produtos.

[...] É evidente, portanto, que o problema apresenta-se como de

suma gravidade, em face das perspectivas de perturbação no

comércio internacional de petróleo e da própria limitação da

capacidade de pagamento do Brasil, mesmo que haja

disponibilidade do produto no exterior. [...]

Compreendendo o texto:

49. Por que deveria então ser criada a Petrobrás?

______________________________________________________

______________________________________________________

Questões: (Brasil - Período Liberal Democrático (1945-64)

50. (ENEM-2011) A consolidação do regime democrático no Brasil

contra os extremismos da esquerda e da direita exige ação

energética e permanece no sentido do aprimoramento das

instituições políticas e da realização de reformas corajosas no

terreno econômico, financeiro e social. Mensagem programática da

União Democrática Nacional (UDN) – 1957

Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo

nacionalista e democrático, com participação dos trabalhadores para

a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária

progressista; b) Reforma agrária que extinga o latifúndio; c)

Regulamentação da Lei de Remessas de Lucro. Manifesto do

Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962. (BONAVIDES, P.;

AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado

Federal, 2002).

Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de termos

usados no debate político, como democracia e reforma. Se, para os

setores aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam

Page 38: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

37

assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no CGT, elas

deveriam resultar em:

A) fim da intervenção estatal na economia.

B) crescimento do setor de bens de consumo.

C) controle do desenvolvimento industrial.

D) atração de investimentos estrangeiros.

E) limitação da propriedade privada.

51. (ENEM-2010) Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos

anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A

diminuição da oferta de empregos e a desvalorização dos salários,

provocadas pela inflação, levaram a uma intensa mobilização

política popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de várias

categorias profissionais, o que aprofundou as tensões sociais.

Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato

pelas ―sobras‖ do modelo econômico juscelinista. (MENDONÇA, S. R.

A industrialização Brasileira. São Paulo: Moderna, 2002 - adaptado)

Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos

1960 decorreram principalmente:

A) da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart.

B) das contradições econômicas do modelo desenvolvimentista.

C) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas.

D) da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das

greves.

E) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação

trabalhista.

52. (ENEM-2008) O ano de 1954 foi decisivo para Carlos Lacerda.

Os que conviveram com ele em 1954, 1955, 1957 (um dos seus

momentos intelectuais mais altos, quando o governo Juscelino

tentou cassar o seu mandato de deputado), 1961 e 1964 tinham

consciência de que Carlos Lacerda, em uma batalha política ou

jornalística, era um trator em ação, era um vendaval desencadeado

não se sabe como, mas que era impossível parar fosse pelo método

que fosse. (Hélio Fernandes. Carlos Lacerda, a morte antes da missão

cumprida. In: Tribuna da Imprensa, 22/5/2007 - com adaptações).

Com base nas informações do texto acima e em aspectos

relevantes da história brasileira entre 1954, quando ocorreu o

suicídio de Vargas (em grande medida, devido à pressão política

exercida pelo próprio Lacerda), e 1964, quando um golpe de Estado

interrompe a trajetória democrática do país, conclui-se que:

A) a cassação do mandato parlamentar de Lacerda antecedeu a

crise que levou Vargas à morte.

B) Lacerda e adeptos do getulismo, aparentemente opositores,

expressavam a mesma posição político-ideológica.

C) a implantação do regime militar, em 1964, decorreu da crise

surgida com a contestação à posse de Juscelino Kubitschek

como presidente da República.

D) Carlos Lacerda atingiu o apogeu de sua carreira, tanto no

jornalismo quanto na política, com a instauração do regime

militar.

E) Juscelino Kubitschek, na presidência da República, sofreu

vigorosa oposição de Carlos Lacerda, contra quem procurou

reagir.

53. (ENEM-2006) A moderna democracia brasileira foi construída

entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no suicídio

do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise quase impediu a

posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Em 1961, o Brasil

quase chegou à guerra civil depois da inesperada renúncia do

presidente Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar

depôs o presidente João Goulart, e o país viveu durante vinte anos

em regime autoritário.

A partir dessas informações, relativas à história republicana

brasileira, assinale a opção correta.

A) Ao término do governo João Goulart, Juscelino Kubitschek foi

eleito presidente da República.

B) A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira grande crise

do regime republicano brasileiro.

C) Após duas décadas de governos militares, Getúlio Vargas foi

eleito presidente em eleições diretas.

D) A trágica morte de Vargas determinou o fim da carreira política

de João Goulart.

E) No período republicano citado, sucessivamente, um presidente

morreu, um teve sua posse contestada, um renunciou e outro foi

deposto.

54. (ENEM-2005) Zuenir Ventura, em seu livro ―Minhas memórias

dos outros‖ (São Paulo: Planeta do Brasil, 2005), referindo-se ao fim

da ―Era Vargas‖ e ao suicídio do presidente em 1954, comenta:

Quase como castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar

no jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de Vargas (e nunca

esse adjetivo foi tão próprio). Diante daquele contexto histórico,

muitos estudiosos acreditam que, com o suicídio, Getúlio Vargas

atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus aliados e a

mente de seus inimigos. A afirmação que aparece ―entre

parênteses‖ no comentário e uma consequência política que atingiu

os inimigos de Vargas aparecem, respectivamente, em:

A) a conspiração envolvendo o jornalista Carlos Lacerda é um dos

elementos do desfecho trágico e o recuo da ação de políticos

conservadores devido ao impacto da reação popular.

B) a tentativa de assassinato sofrida pelo jornalista Carlos Lacerda

por apoiar os assessores do presidente que discordavam de

suas ideias e o avanço dos conservadores foi intensificado pela

ação dos militares.

C) o presidente sentiu-se impotente para atender a seus inimigos,

como Carlos Lacerda, que o pressionavam contra a ditadura e

os aliados do presidente teriam que aguardar mais uma década

para concretizar a democracia progressista.

D) o jornalista Carlos Lacerda foi responsável direto pela morte do

presidente e este fato veio impedir definitivamente a ação de

grupos conservadores.

E) o presidente cometeu o suicído para garantir uma definitiva e

dramática vitória contra seus acusadores e oferecendo a própria

vida Vargas facilitou as estratégias de regimes autoritários no

país.

55. (ENEM-2003) A seguir são apresentadas declarações de duas

personalidades da História do Brasil a respeito da localização da

capital do país, respectivamente um século e uma década antes da

proposta de construção de Brasília como novo Distrito Federal.

Declaração I: José Bonifácio

Com a mudança da capital para o interior, fica a Corte livre de

qualquer assalto de surpresa externa, e se chama para as

Page 39: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

38

províncias centrais o excesso de população vadia das cidades

marítimas. Desta Corte central dever-se-ão logo abrir estradas para

as diversas províncias e portos de mar. (Carlos de Meira Matos.

Geopolítica e modernidade: geopolítica brasileira.)

Declaração II: Eurico Gaspar Dutra

Na América do Sul, o Brasil possui uma grande área que se pode

chamar também de Terra Central. Do ponto de vista da geopolítica

sul-americana, sob a qual devemos encarar a segurança do Estado

brasileiro, o que precisamos fazer quanto antes é realizar a

ocupação da nossa Terra Central, mediante a interiorização da

Capital. (Adaptado de José W. Vesentini. A Capital da geopolítica.)

Considerando o contexto histórico que envolve as duas declarações

e comparando as idéias nelas contidas, podemos dizer que:

A) ambas limitam as vantagens estratégicas da definição de uma

nova capital a questões econômicas.

B) apenas a segunda considera a mudança da capital importante do

ponto de vista da estratégia militar.

C) ambas consideram militar e economicamente importante a

localização da capital no interior do país.

D) apenas a segunda considera a mudança da capital uma

estratégia importante para a economia do país.

E) nenhuma delas acredita na possibilidade real de desenvolver a

região central do país a partir da mudança da capital.

BRASIL – O REGIME MILITAR DE 1964

O Golpe Militar

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em

1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência

num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964)

foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes,

organizações populares e trabalhadores ganharam espaço,

causando a preocupação das classes conservadoras como, por

exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e

classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado

socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da

Guerra Fria.

Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo

preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras

brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional

(UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de

estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela

carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.

No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande

comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro ), onde defende as

Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais

na estrutura agrária, econômica e educacional do país.

Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam

uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a

Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares

de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.

O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada

dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São

Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país

refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de

abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este, cassa

mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a

estabilidade de funcionários públicos.

Marechal Castello Branco (1964-1967)

Em 1º de Abril de 1964, o Congresso elegeu para presidente o chefe

do Estado-Maior do exército, o Marechal Humberto de Alencar

Castello Branco. Empossado em 15 de Abril de 1964, governaria até

março de 1967 (inicialmente seu mandato seria um ano mais

exíguo, mas foi prorrogado). Usou atos institucionais como

instrumentos de repressão: fechou associações civis, proibiu greves,

interveio em sindicatos e cassou mandatos de políticos. No dia 13

de junho de 64, criou o SNI (Serviço Nacional de Informações). Em

27 de outubro o Congresso aprovou uma lei que extinguiu as Ligas

Camponesas, a CGT, a UNE e as UEEs (Uniões Estaduais de

Estudantes).

Em 18 de outubro mandou invadir e fechar a Universidade de

Brasília pela polícia militar. As ações repressivas do governo eram

estimuladas por grande parte dos oficias do Exército. A chamada

―linha dura‖ defendia a pureza dos princípios ―revolucionários‖ e a

exclusão de todo e qualquer vestígio do regime deposto. Usando de

pressões, Castello Branco conseguiu que o Congresso aprovasse

várias medidas repressivas. Uma das maiores vitórias foi a

permissão dada à justiça militar de julgar civis por crimes políticos.

PAEG - O plano econômico adotado pelo governo chamou-se

PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo). Foi elaborado pelos

ministros Roberto Campos e Otávio Golveia de Bulhões, e visavam

a extirpar a inflação e a industrializar o país. Abriu-se a economia ao

capital estrangeiro, instituiu-se a correção monetária, e estabeleceu-

se o arrocho salarial para as classes menos favorecidas. Ademais,

foi criado o Banco Central.

Em troca da estabilidade a que os empregados tinham direito, já que

após dez de trabalho não podiam ser demitidos, foi implementado o

FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Com o dinheiro

do Fundo, surgiu o BNH (Banco Nacional de Habitação), que servia

para financiar construções de residências. O objetivo inicial era

fornecer crédito às populações de mais baixa renda, mas o

propósito foi desviado, tornando-se o grande financiador da classe

média.

Estatuto da Terra - Constituiu um grande passo para o Brasil a

aprovação do Estatuto da Terra, que definia os tipos de propriedade,

o módulo rural, direcionando para uma efetiva reforma agrária.

Infelizmente, seus princípios restringiram-se ao papel, não se

revertendo em mudanças sociais substanciais.

AI-3 - Prevendo uma derrota nas eleições para os governos de São

Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o governo baixou em 5 de

fevereiro de 66 o AI-3: as eleições para governadores e para

municípios considerados de segurança nacional passariam a ser

indiretas. Em novembro do mesmo ano, Castello Branco fechou o

Congresso e iniciou uma nova onda de cassações. O Congresso foi

reaberto com poderes constituintes. A 6ª Constituição do país e 5ª

da República traduzia a ordem estabelecida pelo regime:

institucionalizou a ditadura, incorporou as decisões impostas pelos

Amplie seus conhecimentos sobre: Tendências Contemporâneas (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: Rede e hierarquias urbanas no Brasil, Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi).

Page 40: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

39

atos institucionais, hipertrofiou o Executivo, que passou a ter a

iniciativa de projetos de emenda constitucional, ―poderia legislar por

decretos em tudo o que se referisse à segurança nacional,

administração e finanças‖, reduziu os poderes e prerrogativas do

Congresso, e por fim, ―poderia legislar por decretos em tudo o que

se referisse à segurança nacional, administração e finanças‖.

Podemos acrescentar que o governo Castello instituiu uma nova Lei

de Imprensa e a Lei de Segurança Nacional. A nova Carta foi votada

em 24 de janeiro de 67 e entrou em vigor no dia 15 de março. ―O AI-

4, portanto, fez a convocação extraordinária do Congresso, para o

período de dezembro de 1966 a janeiro de 1967, tempo de que os

parlamentares dispuseram para analisar e aprovar o projeto do

Executivo. O resultado foi a Constituição de 1967. ‗Castelo tentou

algo impossível: criar uma meia ditadura‘, entende o

constitucionalista Barroso, lembrando que a nova Carta não poderia

ser democrática, uma vez que o Congresso vivia intimidado pela

ameaça das cassações.‖

Marechal Arthur da Costa e Silva (1967-1968)

O Marechal Arthur da Costa e Silva assumiu em 15 de março de

1967 e governou até 31 de agosto de 1969, quando foi afastado por

motivos de saúde.

Destaca-se no governo Costa e Silva a criação do Fundo Nacional

do Índio (Funai) e do Movimento de Brasileiro de Alfabetização

(Mobral). Convém, também, observar que, no início de seu governo,

passou a vigorar o Cruzeiro Novo, que consistia no corte de 3 zeros

do antigo.

Repressão - Logo nos primeiros meses de governo, enfrentou uma

onda de protestos que se espalharam por todo o país. O

autoritarismo e a repressão recrudesceram-se na mesma proporção

em que a oposição se radicalizou. Cresceram as manifestações de

rua nas principais cidades do país, em geral, organizadas por

estudantes.

Em 17 de abril de 1968, 68 municípios, inclusive todas as capitais,

são transformadas em áreas de segurança nacional e seus prefeitos

passaram a ser nomeados pelo presidente da República.

1968 - Talvez o ano mais conturbado do século em todo o mundo,

1968 também foi um ano agitadíssimo no Brasil. A radicalização

política era dia a dia maior; greves em Osasco e Contagem (MG)

abalaram a economia nacional; a formação da Frente Ampla

(aliança entre Jango, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda contra

o regime), o caso Édson Luís, a Passeata dos Cem Mil e o AI-5 são

alguns dos exemplos da agitação no âmbito nacional.

No dia 26 de junho de 1968, cerca de cem mil pessoas ocuparam as

ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante

protesto contra a ditadura militar até então. A manifestação, iniciada

a partir de um ato político na Cinelândia, pretendia cobrar uma

postura do governo frente aos problemas estudantis e, ao mesmo

tempo, refletia o descontentamento crescente com o governo; dela

participaram também intelectuais, artistas, padres e grande número

de mães.

AI-5 - Em discurso na Câmara Federal, o deputado Márcio Moreira

Alves, do MDB, exortou o povo a não comparecer às festividades do

dia da Independência. Os militares, sentindo-se ofendidos, exigiram

sua punição. A Câmara, contudo, não aceitou a exigência. Foi a

gota d'água. Em represália, a 13 de dezembro de 1968, o ministro

da Justiça, Gama e Silva, apresentou ao Conselho de Segurança

Nacional o Ato Institucional No. 5, que entregou o país às forças

mais retrógradas e violentas de nossa História recente.

O Ato abrangia inúmeras medidas, algumas das quais merecem

destaque: pena de morte para crimes políticos, prisão perpétua, fim

das imunidades parlamentares, transferência de inúmeros poderes

do Legislativo para o Executivo, etc. Mais abrangente e autoritário

de todos os outros atos institucionais, o AI-5 na prática revogou os

dispositivos constitucionais de 67. Reforçou os poderes

discricionários do regime e concedeu ao Exército o direito de

determinar medidas repressivas específicas, como decretar o

recesso do Congresso, das assembléias legislativas estaduais e das

Câmaras municipais. O Governo poderia censurar os meios de

comunicação, eliminar as garantias de estabilidade do Poder

Judiciário e suspender a aplicação do habeas-corpus em casos de

crimes políticos. O Ato ainda cassou mandatos, suspendeu direitos

políticos e anulou direitos individuais.

Derrame - Em 1969, surpreendentemente Costa e Silva sofreu um

derrame cerebral. Seu Vice, Pedro Aleixo foi impedido de assumir,

pois os militares da linha dura alegavam que ele era contra os

―princípios revolucionários‖. Na verdade, Aleixo havia-se

posicionado contrariamente ao AI-5. Uma Junta Militar assumiu o

poder, fechou o Congresso e impôs a Emenda nº 1 de 1969, cujo

conteúdo praticamente acarretou a revogação da Constituição de

1967.

Junta Militar (1969)

O medo de que o civil Pedro Aleixo assumisse compeliu as Forças

Armadas a assumir o controle. A desconfiança em relação aos civis

era notória, particularmente por ter o Vice-presidente Aleixo se

posicionado em desacordo com o AI-5. Não que ele fosse um

democrata, mas a radicalidade do Ato era demasiada.

A junta militar foi integrada pelas três Armas: a chefia competia ao

Gal. Lira Tavares, mas junto ao Almirante Augusto Rademarck e ao

Brigadeiro Márcio de Sousa Melo. Governou por dois meses: de 31

de agosto de 1969 até 30 de outubro do mesmo ano.

O curto período de governo da Junta não impediu que outorgassem,

pela 3ª vez na História brasileira, uma Constituição. Para disfarçar,

todavia, denominaram as normas de Emenda Nº 1 de 1969.

Ademais impuseram uma nova Lei de Segurança Nacional.

Decretou-se também a reabertura do Congresso, após dez meses

em recesso. Em 25 de outubro de 1967, os parlamentares elegeram

Emílio Garrastazu Médici para a presidência.

Gal. Emílio Garrastazu Médici (1969-1974)

Emílio Garrastazu Médici assumiu a Presidência em 30 de outubro

de 1969 e governou até 15 de março de 1974. Seu Governo ficou

conhecido como ―os anos negros da ditadura‖. O movimento

estudantil e o sindical estavam contidos e silenciados pela

repressão policial. Nesse período é que se deu a maior parte dos

desaparecimentos políticos e a tortura tornou-se prática comum dos

DOI-CODI, órgãos governamentais responsáveis por anular os

esquerdistas.

O fechamento dos canais de participação política levou a esquerda

a optar pela luta armada e pela guerrilha urbana. O governo

respondia com mais repressão e com uma intensa propaganda. Foi

lançada a campanha publicitária cujo slogan era: ―Brasil, ame-o ou

deixe-o‖.

Inúmeros grupos armados de esquerda surgiram em todo o país.

Page 41: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

40

Destacam-se a ALN (Aliança Libertadora Nacional), liderada por

Marighella, a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária),

sob o comando de Carlos Lamarca, o MR-8 (Movimento

Revolucionário 8 de outubro - data da morte de Che Guevara na

Bolívia) e o PCdoB. (O PCB posicionou-se contra a luta armada.)

Na Guerrilha urbana, teve papel de realce o sequestro do

embaixador norte-americano Charles Elbrick, pela ALN. Algumas

guerrilhas interioranas foram mais duradouras e sangrentas, entre

as quais a de Ribeira, a de Caparaó e principalmente a Guerrilha do

Araguaia. Esta se prolongou de 1972 a 1975.

Em discurso comemorativo ao sexto aniversário do movimento

político-militar de 31 de março de 1964, Médici afirmou que o regime

era bastante forte ‗para não se deixar intimidar pelo terrorismo‘ e

advertiu ainda que na luta contra a subversão ‗será incansável e

sem quartel‘. Em abril, o cônsul norte-americano em Porto Alegre

reagiu a uma tentativa de sequestro, e todo o esquema utilizado na

ação foi desmantelado. No final do mês, a ação repressiva debelou

a guerrilha implantada por Carlos Lamarca no vale da Ribeira, em

São Paulo. (...) Impotente diante das críticas que lhe eram feitas no

exterior contra as restrições às liberdades públicas, o governo

preferiu, mais do que se defender objetivamente, atribuir essas

críticas a uma campanha organizada para desmoralizá-lo e, em

contrapartida, compensá-las internamente, apelando para o

sentimento coletivo de patriotismo. A AERP orientou essa

campanha interna, ora com slogans ufanistas do tipo ‗Brasil grande‘,

‗Ninguém segura esse país‘, ora com frases como ‗Brasil, ame-o ou

deixe-o‘. A propaganda maciça pelos órgãos de comunicação,

conjugada com uma censura implacável, procurou perpetuar uma

imagem favorável do governo, o que, de certa forma, foi obtido,

graças a essa estratégia política, de compensar as insatisfações

populares com a divulgação de planos grandiosos e de ‗projetos-

impacto‘. Entretanto, segundo o dossiê dos exilados, citado por

IstoÉ em 1978, no período de 1969 a 1973 registraram-se 77 casos

de mortes de presos políticos por tortura. Da extensa lista de

desaparecidos - aqueles cuja prisão ou morte não foram

reconhecidas pelas autoridades - elaborada pelo Comitê Brasileiro

pela Anistia (CBA) e relativa ao período, constavam, entre os casos

mais conhecidos, o do jornalista Mário Alves, preso no Rio em

janeiro de 1970, e o do ex-deputado Rubens Paiva, também preso

no Rio em janeiro em 1971. (...) Com a prisão, morte ou exílio da

maioria das lideranças das organizações de oposição armada e seu

consequente desmantelamento, o movimento arrefeceu, ressurgindo

apenas com alguma intensidade em 1972, quando o Exército

desencadeou as operações contra a guerrilha do Araguaia. Esse

movimento, organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB),

localizou-se na região limítrofe dos estados do Pará, Maranhão e

Goiás às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de Xambioá

(GO), Marabá (PA) e São Geraldo (PA), reunindo cerca de 70

guerrilheiros, dos quais a maior parte chegara à região por volta de

1970. As operações antiguerrilha foram cercadas do mais absoluto

sigilo: Médici jamais falou publicamente sobre o assunto e o

presidente Ernesto Geisel o mencionaria uma vez na mensagem

que enviou ao Congresso em 1975. Foram mobilizados cerca de

cinco mil soldados, comandados pelo general Antônio Bandeira, que

mandou construir na região uma rodovia de 30km para o

deslocamento das tropas. Além de Bandeira também os generais

Olavo Viana Moog e Hugo Abreu comandaram ações contra o

movimento, que resistiria ao cerco militar de 1972 até janeiro de

1975, quando as operações seriam oficialmente encerradas com a

morte ou prisão da maioria dos guerrilheiros.

Além dos recursos mencionados, o governo utilizou outras táticas de

combate à ‗guerra revolucionária‘, tais como cartazes espalhados

nos principais pontos das cidades (aeroportos, terminais rodoviários,

bancos, entre outros), com retratos dos oposicionistas procurados,

pertencentes, em sua grande maioria, aos grupos de ação armada.

Médici editou também decretos secretos que se supõe versarem

sobre a segurança nacional, cujos textos, entretanto, jamais se

tornaram conhecidos.

1º PND - O endurecimento político, entretanto, foi mascarado pelo

‗milagre econômico‘, crescimento extraordinário do PIB (cerca de

10% ao ano), diversificação das atividades produtivas e o

surgimento de uma nova classe média com alto poder aquisitivo.

Tudo isso repousando sobre o aumento estrondoso da

concentração de renda, dando-nos o título de país mais injusto do

planeta. O crescimento deveu ao Plano Nacional de

Desenvolvimento, cujo artífice era o então ministro Delfim Neto. Mas

o crescimento não se deveu a milagre: iniciou-se um processo

galopante de endividamento (dívida em 1964=1,5 bi; 1970=14 bi;

1985=90 bi), a especulação no mercado aberto com títulos do

governo prejudicou sobremodo a produção e a concentração de

renda e da propriedade agrária agravou-se acentuadamente.

Lamentável é saber que o endividamento não se reverteu em

distribuição mais equitativa da renda, mas serviu para custear obras

faraônicas, de necessidade duvidosa, tais como a Ponte Rio-Niterói,

a Transamazônica, a Usina de Itaipu, etc.

Ao final do governo, as taxas de crescimento começavam a declinar.

Deveu-se tal fato principalmente à Crise do Petróleo em 1973, que

nos atingiu profundamente, uma vez que, nesse período, a maior

parte do petróleo consumido aqui era importada. Assumiu o governo

Ernesto Geisel, mais ligado à linha Castellista (ou da Sorbonne) do

que à linha dura.

Gal. Ernesto Geisel (1974-1978)

Em 15 de março de 1974, o General Ernesto Geisel assumiu a

presidência. Teve que enfrentar dificuldades econômicas e políticas

que anunciavam o fim do ‗Milagre Econômico‘ e ameaçavam o

Regime Militar, além dos problemas herdados de outras gestões: já

no final de 1973, a dívida externa contraída para financiar as obras

faraônicas do governo ultrapassava os 10 bilhões de dólares. Em

1974, a inflação chegava a 34,5% e dificultava a correção dos

salários.

2º PND- Geisel, surpreendentemente, ao invés de utilizar-se de uma

política recessiva de maior contenção, se propôs a investir no

crescimento econômico. O Brasil permaneceu, assim, com grande

endividamento externo, mas direcionando os investimentos na

indústria, para projetos que substituíssem importações. A meta era

alcançar um crescimento industrial de 12% ao ano até 1979. Para

isso desenvolveu o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND),

que visava a criar bases para a indústria (procurando reduzir a

dependência em relação a fontes externas).

Com o objetivo de ampliar as fontes alternativas de energia para

fazer frente à Crise do Petróleo, os investimentos se estenderam

para o setor energético: iniciou-se um programa visando à

Page 42: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

41

implantação de um combustível alternativo à gasolina, o álcool.

Surgiu então o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), ao mesmo

tempo em que se desencadeou uma campanha de racionamento de

combustíveis. Acompanhando isso, criou-se o Procarvão (Programa

Nacional de Carvão), visando à substituição do óleo combustível.

Ainda na área de energia, foi aprovado em 1975 o Programa

Nuclear Brasileiro, uma aliança com os alemães que previa a

instalação de uma usina de enriquecimento de urânio, além de

centrais Termonucleares.

Esse programa, firmado com a Alemanha Ocidental, fez com que os

Estados Unidos ameaçassem cortar o crédito pretendido pelo

governo brasileiro, no valor de 50 milhões de dólares, para fins

militares. Geisel, não aceitando tal ameaça, adiantou-se, rompendo

o acordo militar com os Estados Unidos. Houve também a

preocupação com o aproveitamento do potencial hidráulico. Foram

construídas as usinas de Tucuruí, no rio Tocantins, e de Itaipu, no

rio Paraná, a maior usina hidroelétrica do mundo. No entanto, essas

usinas excessivamente grandes têm seu benefício questionado.

Avalia-se que melhor teria sido a construção de várias pequenas

hidrelétricas do que uma gigantesca.

A crise internacional do petróleo desencadeada em 1973 afetou o

desenvolvimento industrial e aumentou o desemprego. Diante desse

quadro, Geisel propôs um projeto de abertura política ‗lenta, gradual

e segura‘. O plano de abertura é atribuído ao ministro-chefe do

Gabinete Civil, general Golbery do Couto e Silva. Chama-se a

Golbery de ‗eminência parda‘, pois ele participava ativamente das

decisões governamentais, sem contudo assumir cargo na

administração. Ainda assim, cassaram-se mandatos e direitos

políticos.

Lei Falcão - Nas eleições de 1974, o crescimento das oposições

mostrou-se patente. Em troca, em 24 de junho de 1976, o governo

promulgou a Lei Falcão, que impedia o debate político nos meios de

comunicação, particularmente no rádio e na televisão.

Em 20 de Janeiro de 1976, o General da linha dura Eduardo d'Ávila

Mello foi afastado do comando do 2º Exército e substituído pelo

General Dilermando Gomes Monteiro. A medida foi tomada em

consequência das mortes do jornalista Wladimir Herzog, em 25 de

outubro de 1975, e do operário Manuel Fiel Filho, em 17 de janeiro

de 1976, no interior do DOI- Codi, órgão de repressão vinculado ao

Exército. Quando de suas mortes, a nota do governo alegava que

eles haviam se suicidado. Em 12 de outubro de 1977 foi também

exonerado o ministro do Exército, o General Sílvio Frota, também da

linha dura, por sua oposição à liberalização do regime. Geisel

desmanchou, com isso, as articulações do ex-ministro para

concorrer à presidência.

Pacote de Abril - Prevendo uma vitória da oposição nas eleições de

1978, Geisel fechou o Congresso por duas semanas e decretou em

abril de 77 o ―Pacote de Abril‖, que alterava as regras eleitorais: as

bancadas estaduais da Câmara não podiam ter mais do que 55

deputados ou menos que seis. Com isso, os estados do Norte e do

Nordeste, menos populosos, porém com maior participação da

Arena, garantiriam uma boa representação no Congresso,

contrabalançando as bancadas do Sul e Sudeste, onde a oposição

era mais expressiva, e o número de eleitores era muito superior.

O pacote mantém as eleições indiretas para governadores e criou a

figura do senador biônico: um em cada três senadores passaria a

ser eleito indiretamente pelas Assembléias Legislativas de seus

estados. Em 15 de outubro de 1978 o MDB apresentou seu

candidato ao colégio eleitoral, o general Euller Bentes, que recebeu

266 votos, contra 355 votos do candidato do governo, João Baptista

Figueiredo. Nas eleições legislativas de 15 de novembro a Arena

obteve em todo o país 13,1 milhões de votos para o Senado e 15

milhões para a Câmara; o MDB conseguiu 17 milhões de votos para

o Senado e 14,8 milhões para a Câmara. Geisel conseguiu que a

‗distensão‘ seguisse nos seus moldes, lenta, gradual e segura.

Obteve a eleição de Figueiredo, mas não impediu o avanço

inconteste da oposição. Já ao final de seu mandato, em 1º de

janeiro de 1979, Geisel extinguiu o AI-5.

Gal. João Baptista Figueiredo (1979-1984)

Com o crescimento da oposição nas eleições de 1978, o processo

de abertura política ganhou força. Assumindo a presidência a 15 de

março de 1979, João Baptista Figueiredo teve a difícil tarefa de

garantir a transição do regime ditatorial para a democracia.

Anistia - Já a 29 de agosto de 1979, foi aprovada a Lei da Anistia.

O movimento para aprovar tal medida havia começado na segunda

metade da década de 70, reunindo entidades do movimento

estudantil e sindical, organizações populares, OAB, ABI e a Igreja.

Objetivava-se uma anistia ―ampla, geral e irrestrita‖. A vitória, no

entanto, foi considerada parcial uma vez que a anistia não

perdoava os participantes de ―atos terroristas‖, consoante texto

legal, mas também liberava os militares acusados de assassinatos e

torturas.

Reforma Partidária - Em 22 de novembro foi aprovada a Lei

Orgânica dos Partidos, que extinguia a Arena e o MDB e

restabelecia o pluripartidarismo no país. A partir daí, cresceu um

movimento cujo escopo era estabelecer eleições diretas para os

cargos executivos. Em 13 de novembro de 1980, foi restabelecida a

eleição direta para governadores e foram extintos os cargos de

senadores biônicos, respeitados, contudo, os mandatos em curso.

No entanto, para evitar uma fragorosa derrota da situação,

proibiram-se as coligações partidárias, o voto passou a ser

vinculado e de legenda, e a cédula não apresentava os nomes dos

partidos, apenas dos candidatos.

No final dos anos 70 a inflação chegava a 94,7% ao ano. Em 1980

bateu 110% e, em 1983, 200%. O Brasil entrou numa recessão cuja

principal consequência foi o desemprego. Em agosto de 1981, havia

900 mil desempregados somente nas regiões metropolitanas. No

início dos anos 80, segundo dados do IBGE, 80 milhões de pessoas

(67% dos brasileiros) viviam nas cidades, contra uma população

rural de 39 milhões de pessoas. A região Sudeste era a mais rica e

industrializada, com 44% dos habitantes do país. Mesmo capitais

como Recife e Salvador tiveram um aumento populacional de 45% e

33%. Infelizmente o crescimento dos centros urbanos não era

acompanhado de planejamento ou de incremento de serviços como

transporte, saneamento básico, bem como atendimento público de

saúde, educação e justiça. Felizmente, o crescimento populacional,

ou melhor, o inchaço populacional vinha desacelerando. Entre 1970

e 1980, o crescimento foi de 27,8% enquanto no período anterior, de

60 a 70, foi de 32,9% e, entre 1980 e 1991, conforme o penúltimo

censo, chegou a 23,5%. Em 1980 o analfabetismo ainda atingia

25% dos habitantes. As resoluções desses problemas eram

algumas das reivindicações dos movimentos sociais urbanos da

Page 43: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

42

época. Começavam a surgir diversos loteamentos clandestinos,

cada vez mais comuns nas periferias.

Nesse quadro, os aliados ao regime militar (a antiga ARENA)

fundiram-se no Partido Democrático Social (PDS), e o antigo MDB

tornou-se o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ressurgiu e em 1980 foi

registrado o Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo líder dos

metalúrgicos Luiz Inácio ―Lula‖ da Silva, que desde 1978 liderava as

mais importantes greves da região do ABC de São Paulo. No

entanto, o PT não reunia apenas trabalhadores das fábricas

paulistas, mas também grande parte do movimento sindical rural e

urbano, intelectuais, militantes eclesiais de base e setores de

esquerda dentro do MDB.

Em 1980, Leonel Brizola fundou o PDT, reunindo outra parte do

movimento trabalhista. Com o tempo, novas lideranças -

principalmente trabalhistas - começaram a despontar em todo o

país, o que viria gerar muitos desencontros com relação ao

direcionamento do movimento sindical. A organização intersindical

acontece entre 21 e 23 de agosto de 1981, e foi realizada a 1ª

Conferência das Classes Trabalhistas em São Paulo, em Praia

Grande. Ali se formou a comissão pró-CUT (Central Única dos

Trabalhadores), fundada dois anos depois. Com o objetivo de unir

as várias tendências do movimento trabalhista, a CUT apresentou

uma proposta de organização sindical independente. Pela primeira

vez, conseguia-se congregar trabalhadores do campo e da cidade.

No entanto, por ser muito forte, os sindicatos dos metalúrgicos ficou

de fora, privando a CUT de possuir um dos sindicatos mais

expressivos da época.

Devido ao crescimento da oposição, por meio da emenda

constitucional de 4 de setembro em 1980, o governo tentou manter

o controle da transição democrática, promulgando o mandato dos

vereadores e prefeitos e adiando por dois anos as eleições para a

Câmara Federal e Senado, governos estaduais, prefeituras,

Assembléias Estaduais e Câmara de Vereadores. Quatro dias antes

das eleições, marcadas para 15 de novembro de 1982, o governo

proibiu as coligações partidárias e estabeleceu a vinculação do voto:

o eleitor só poderia votar em candidatos do mesmo partido.

Nas eleições para governador, as oposições somadas obtiveram 25

milhões de votos. O PMDB elegeu 9 governadores e o PDT, um. O

PDS obteve 18 milhões de votos, elegendo 12 governadores.

Embora perdendo em número de votos, o regime manteve o

controle do processo de democratização e articulou a sucessão de

Figueiredo, que ocorreria em novembro de 1984.

Riocentro - Convém lembrar, o fracassado atentado ocorrido em

1981, no Riocentro. Suspeitou-se que a ‗linha dura‘ o havia

planejado para desestabilizar a transição para a democracia. No

entanto, a bomba explodiu no colo dos agentes do exército, antes

de eles chegarem ao local supostamente planejado. Tal fato fez com

que Golbery do Couto e Silva pedisse demissão, pois ele queria a

apuração do caso, que contudo foi negada. A polícia tratou de dar

um basta às investigações, deixando o caso obscuro até hoje.

Diretas-Já - Já em novembro de 1983, o PT iniciou a disputa

presidencial: no dia 27 reuniu cerca de 10 mil pessoas em São

Paulo e em várias outras cidades num movimento para pressionar o

Congresso para a aprovação da emenda do Deputado Dante de

Oliveira, que estabelecia as eleições diretas para Presidente. Deu-

se início às maiores manifestações populares já vistas em toda a

História nacional. O movimento pelas eleições diretas cresceu

espetacularmente.

As maiores manifestações ocorreram em São Paulo, onde em 12 de

fevereiro de 1984 reuniram-se 200 mil pessoas, e no Rio de Janeiro,

onde se realizaram duas grandes manifestações: a primeira em 21

de março com 300 mil e a segunda com 1 milhão de pessoas. O

movimento se espalhou por todo país. Porto Alegre foi às ruas em

13 de abril com 150 mil manifestantes e Vitória, em 18 de Abril, com

80 mil. São Paulo, um dia antes, já havia feito nova manifestação

com 1,7 milhão de pessoas. O movimento ficou conhecido como

Diretas-já e teve em Ulysses Guimarães seu mais popular defensor,

tanto que ficou conhecido como o ―Senhor Diretas‖.

A Emenda Dante de Oliveira foi a plenário no dia 25 de abril. 298

deputados votaram a favor, 65 contra e três se abstiveram, mas 112

parlamentares não compareceram para votar, com medo de

decepcionar os eleitores votando contra a Emenda. Seriam

necessários apenas mais 22 votos para sua aprovação.

Sucessão Presidencial - Após essa derrota, iniciou-se a corrida para

a disputa das eleições indiretas. O governador de Minas Gerais,

Tancredo Neves, lançou-se candidato da oposição e encontrou em

Ulysses Guimarães um grande apoio. O PDS lançou Paulo Maluf

como candidato do governo, mas divergências fizeram com que

parte do PDS se aproximasse do PMDB. Da união nasceu a Aliança

Democrática (PMDB + Dissidentes do PDS, que formaram a Frente

Liberal, posteriormente PFL). Nela encontrava-se José Sarney, que,

rompido com o PDS, filiou-se ao PMDB e foi indicado para concorrer

junto com Tancredo como Vice-presidente. O PT acusou as eleições

indiretas de serem um farsa e recusou-se a participar.

Tancredo Neves foi eleito em 19 de janeiro de 1985, com 485 votos,

contra 180 de Paulo Maluf e 25 abstenções. Seria o primeiro

presidente civil após de 21 anos de ditadura militar.

OS MOVIMENTOS CULTURAIS DE 60 A 80

Nas décadas de 1960 e 1980 o mundo conviveu com movimentos

culturais resultado do contexto vigente: Guerra do Vietnã e as

famigeradas ditaduras na América Latina. Na maioria delas, jovens

se mobilizaram a fim de mostrar ao mundo um jeito novo de viver

que envolvia o uso de indumentária, corte cabelos e, sobretudo, as

músicas protestos que denunciava tais eventos. Os mais

destacados movimentos foram o dos hippies e o da contracultura.

De modo geral, esses movimentos são sintomáticos de uma

juventude que ansiosamente desejava romper com os padrões e

valores morais de gerações anteriores. Criticavam a sociedade de

consumo, a rigidez do comportamento social, a moralidade,

sobretudo, no que dizia respeito a sexualidade, entre outras

questões.

Esses movimentos tiveram inicio nos Estados Unidos e Inglaterra,

porém, logo ganharam o mundo.

No Brasil, em plena Ditadura Militar (1964-1985) surgiram alguns

grupos como a Tropicália, os Novos Baianos e DziCroquettes, além

desses movimentos, também se destacavam a Bossa Nova, a

Jovem Guarda e Os CPCS da UNE (União Nacional dos

Estudantes).

Os festivais de música popular realizados pela TV Record ganhava

foco, uma fez que esses grupos ao se apresentarem causavam furor

e dividiam-se entre aplausos e vaias.

Page 44: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

43

O tropicalismo que nasceu nos anos de 1960 tinha como

componentes nomes hoje bastantes conhecidos como Caetano

Veloso que contagiou o Brasil com a música ―Alegria, alegria‖,

Gilberto Gil que reverenciou o sudeste com a canção ―Aquele

abraço‖ dentre outros como: Os Mutantes; Torquato Neto; Tom Zé;

Jorge Ben; Gal Gosta; Maria Bethânia

Esse movimento defendia uma música genuinamente brasileira a

partir de outras correntes. Assim recebeu influência de correntes da

cultura ―pop‖ brasileira e internacional e correntes de vanguarda, por

exemplo, o concretismo, inovações como a ―popart‖. A marca era

um sincretismo composto de rock, Bossa Nova, Samba, baião entre

outros. Como o lema era ―É proibido proibir‖, as críticas sociais eram

abordadas de maneira lúdica, criativa e inovadora

A Bossa Nova nasceu no Rio de Janeiro no final da década 1950.

Movimento musical genuinamente brasileiro que tinha como

características, um equilíbrio entre a melodia, harmonia e ritmo,

assim também letras mais elaboradas com valorização da pausa,

som suave da batida do violão deixando transparecer um silêncio. A

Bossa Nova teve como expoentes João Gilberto, Tom Jobim,

Vinicius de Moraes Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão e

outros. Esse ritmo atravessou a terra tupiniquim e chegou até a voz

do renomado cantor norte-americano Frank Sinatra (1915-1998).

Os Novos Baianos, movimento oriundo de Salvador na Bahia.

Grupo eclético em que envolvia o som do Trio Elétrico, do rock com

inspiração de Jimi Hendrix. Fizeram parte da composição desse

movimento: Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulinho Boca de

Cantor e Moraes Moreira.

Os DziCroquettes surgiram no Rio de Janeiro em 1972 e tinha

como características: o ―desbunde‖, a ironia nosense, humor negro,

escracho, duplo sentido e com tom de farsa. Tanto cantavam

músicas, quanto dublavam e dançavam. Vale ressaltar que a

características mais marcantes desse movimento era o

homossexualismo. De forma extravagante e fazendo apologia ao

homossexualismo foram censurados pela Ditadura Militar.

Como foi ressaltado, esses movimentos defendiam a contracultura,

aquela cultura modelo de uma sociedade tradicional. Esse grupo

mostrou um estilo despojado e encorajado para defender uma ideia.

Na atualidade, prevalece a Marcha Gay em alguns estados

brasileiros.

A Jovem Guarda nasceu no Rio de Janeiro com inspiração do

grupo britânico que ganhava o mundo com seus hits, Os Beatles.

Esse movimento, aparentemente se neutralizava das questões

políticas e cantava rock, muitas vezes traduzido para o português.

Normalmente as músicas eram carregadas de ―romantismo

rebelde‖. Por predominar nas suas músicas, letras menos

intelectualizadas, visto que raramente eram censuradas, ―os

brotinhos‖ como eram chamados, as garotas se identificavam com

esse estilo. Roberto Carlos foi o maior representante desse

movimento, contudo outros também sobressaiam com tal estilo,

Erasmo Carlos; Wanderléa; Ronnie Von; Tim Maia; Jorge Ben

(atualmente Jorge Ben Jor).

A UNE, através dos estudantes também mostrou sua forma de lutar

contra o regime vigente e criou em 1961/1964, no Rio de Janeiro,

inspirado no Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (de

Miguel Arraes).

OCPC (Centro Popular de Cultura da União Nacional dos

Estudantes) realizava movimentos diversos com auxilio de artistas,

estudantes e intelectual que se engajavam a causa. Então era

comum o uso da cultura popular para promover uma revolução

social, sobretudo, envolvendo os operários. Assim, realizavam

espetáculos apresentados em portas de fábricas, favelas,

sindicatos, escolas, associações de bairro etc. Mesmo após o Golpe

Militar, A UNE se mobilizava clandestinamente em prol da

democracia e de uma maior inclusão social.

As principais obras elaboradas pela UNE causava impacto à

sociedade tradicional, contudo as mais divulgadas foram; ―Eles não

usam Black-tie‖ (Gianfrancesco Guarnieri – teatro), ―Cinco vezes

favela‖ (Leon Hirszman – filme), ―Cadernos do povo e Violão da

Rua‖ (publicação), ―A mais-valia vai acabar‖ (Oduvaldo Vianna Filho

– teatro). São temas que se opõem ao capitalismo influenciado

pelos EUA e militares.

O Cinema Novo nasceu na virada da década de 1950 para 1960

em oposição à redução da obra de arte à sua função política. Um

dos principais expoentes do cinema novo, Glauber Rocha criticava a

transformação do cinema em instrumento político e indicava o

objetivo maior na busca por uma nova linguagem cinematográfica

para o Brasil. Influenciados pelo neo-realismo italiano, pelos filmes

precursores de Nelson Pereira (Rio 40 graus-1954 e Vidas Secas-

1963) e pelos textos dos críticos e cineastas Paulo Emílio Sales

Gomes, Gustavo Dahl, Jean-Claude Bernardet e, sobretudo,

Glauber Rocha, o movimento do Cinema Novo caracterizava-se pelo

experimentalismo, transformando a precariedade de meios em

recurso estético, sintetizado na frase ―uma câmera na mão e uma

ideia na cabeça‖ – Glauber Rocha.

O Cinema Marginal marca a produção cultural dos anos 70,

influenciada pelo movimento da contracultura ou underground.

Tendo por característica essencial a fragmentação da linguagem

herdada do cinema novo. A diferença é que enquanto no cinema

novo a narrativa clássica é rompida em busca de imagens que

representem algum tipo de totalidade no cinema marginal a

referência a algo concreto desaparece, ocorrendo uma busca em

representar sentimentos primários como medo, nojo, amor. Há uma

busca consciente de um cinema ―avacalhado‖, ―debochado‖ de um

clima de ―curtição‖. A recorrência a colagem, à narrativa

fragmentária e o objetivo de chocar são claros. São os principais

autores dessa corrente: Júlio Bressane, Rogério Sganzerla e Andrea

Tonacci.

A Geração Coca-Cola dos anos 80 foi embalada ao som do pop-

rock. Grupos como Blitz, Inimigos do Rei, Ultraje a Rigor, Camisa de

Vênus e Fausto Fawcett buscaram no humor, na ironia e no

deboche dar uma nova cara ao mercado fonográfico brasileiro.

Outros buscaram por meio da poesia e da acidez de suas letras

musicais desvendar um mundo corrompido, reacionário e

conservador. Fazem parte desse grupo as bandas Legião Urbana

(Renato Russo), Barão Vermelho (Cazuza), Titãs e RPM, esse

último o maior fenômeno comercial da geração Coca-Cola.

Para o cinema nacional os anos 80 foram desastrosos, a começar

pela grande perda de Glauber Rocha, que morre em 1982. Já em

1987 a Embrafilme, criada pelo governo para subsidiar o cinema

tupiniquim fora desativada, deixando sem apoio a produção

nacional.

Os anos 80 foram totalmente dominados pela indústria televisiva,

Page 45: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

44

enfatizando nesse período a supremacia da Rede Globo de

Televisão, que já havia emplacado seu domínio durante os anos de

chumbo como “porta-voz eletrônico do regime militar”, imprimindo

uma marca, ―o padrão globo de qualidade‖, aos seus programas

jornalísticos (Jornal Nacional - JN) e as suas telenovelas (Produto

de sucesso mundial). Fenômeno de audiência também foram os

programas de auditório, destacando o Cassino do Chacrinha (1982-

Rede Globo), no qual apresentava um show de calouros seguida de

atrações musicais.

TEXTO COMPLEMENTAR:

―(...) Em sua primeira fase, durante o governo Castello Branco, a

política econômica teve, na prioridade explícita e enfática conferida

ao combate à inflação, o seu traço distintivo. Na ótica do PAEG

(1964/66), a crise econômica com que o país se defrontava,

manifestada com força em 1963 e inícios de 1964, tinha a sua raiz

na inflação. Retomar uma trajetória de desenvolvimento sustentado

estaria na dependência de êxito na reversão firme do processo

inflacionário: somente assim um acúmulo de disfunções

responsáveis pelo declínio da atividade econômica seriam

eliminadas, recriando-se as condições adequadas à maturação

plena do potencial de crescimento de uma economia de livre

iniciativa. O diagnóstico da inflação esgrimido pelo PAEG supunha

que o crescimento excessivo da demanda era a sua causa essencial

– configurando, assim, uma inflação de demanda. Os fatores

específicos que suscitavam esse comportamento da demanda

residiriam no desequilíbrio orçamentário [ou seja, para eles o

governo gastava muito] e na expansão do crédito (impulsionada

pelo Banco do Brasil, misto de autoridade monetária e banco

comercial), secundados pelo movimento dos salários nominais. Daí

decorria um programa de ação centrado na redução/eliminação do

desequilíbrio orçamentário, controle da expansão monetária e

creditícia (estabelecendo-se metas de desaceleração sucessiva de

seu crescimento) e contenção dos reajustes salariais nominais dos

trabalhadores assalariados. Sua execução concreta, não isenta de

contradições, caracterizou-se por uma progressiva aproximação das

metas operacionais, culminando no ano de 1966 quando sua

aplicação revestiu-se de notável rigor. Paradoxalmente isso se

traduziu em seu fracasso aos olhos do regime e na decisão de

reorientar a política econômica tomada pela administração

empossada em 1967 com Costa e Silva.‖

(Fonte: MACARINI, José Pedro. A política econômica da ditadura militar

no limiar do ―milagre‖ brasileiro: 1967/69. Texto para Discussão.

IE/UNICAMP n. 99, set. 2000).

Compreendendo o texto:

56. Como a política econômica do Governo Castello Branco

chegaria à maturação plena do potencial de crescimento de uma

economia de livre iniciativa?

______________________________________________________

_____________________________________________________

Questões: (Brasil - O Regime Militar de 1964 e Os Movimentos

Culturais de 60 a 80)

57. (ENEM-2011) Em meio às turbulências vividas na primeira

metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências

de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro

Popular de Cultura) (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE

encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em

favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o ―imperialismo‖

e seus ―aliados internos‖. (KONDER, L. História das ideias socialistas

no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003).

No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda

brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma importante

forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores

conservadores e de direita (políticos vinculados à União

Democrática Nacional – UDN –, Igreja Católica, grandes

empresários etc.) entendiam que esta organização:

A) constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao

difundir a ideologia comunista.

B) contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao

encenar peças de cunho popular.

C) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao

pretender educar o povo por meio da cultura.

D) prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao

incentivar a participação política dos mais pobres.

E) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os

sindicatos como instituição de pressão política sobre o governo.

58. (ENEM-2010)

Opinião Podem me prender Podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Aqui do morro eu não saio não Aqui do morro eu não saio não. Se não tem água Eu furo um poço Se não tem carne

Eu compro um osso e ponho na sopa E deixa andar, deixa andar… Falem de mim Quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã seu doutor, Estou pertinho do céu (Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010)

Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que

estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela

Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela

letra de música citada, foi o de:

A) entretenimento para os grupos intelectuais.

B) valorização do progresso econômico do país.

C) crítica à passividade dos setores populares.

D) denúncia da situação social e política do país.

E) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.

59. (ENEM-2006) Os textos a seguir foram extraídos de duas

crônicas publicadas no ano em que a seleção brasileira conquistou

o tricampeonato mundial de futebol.

O General Médici falou em consistência moral. Sem isso, talvez a

vitória nos escapasse, pois a disciplina consciente, livremente

aceita, é vital na preparação espartana para o rude teste do

campeonato. Os brasileiros portaram-se não apenas como técnicos

ou profissionais, mas como brasileiros, como cidadãos deste grande

país, cônscios de seu papel de representantes de seu povo. Foi a

própria afirmação do valor do homem brasileiro, como salientou bem

o presidente da República. Que o chefe do governo aproveite essa

pausa, esse minuto de euforia e de efusão patriótica, para meditar

sobre a situação do país. (…) A realidade do Brasil é a explosão

patriótica do povo ante a vitória na Copa. (Danton Jobim. Última Hora,

23/6/1970 - com adaptações).

O que explodiu mesmo foi a alma, foi a paixão do povo: uma

explosão incomparável de alegria, de entusiasmo, de orgulho. (…)

Page 46: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

45

Debruçado em minha varanda de Ipanema, [um velho amigo]

perguntava: — Será que algum terrorista se aproveitou do delírio

coletivo para adiantar um plano seu qualquer, agindo com frieza e

precisão? Será que, de outro lado, algum carrasco policial teve

ânimo para voltar a torturar sua vítima logo que o alemão apitou o

fim do jogo?(Rubem Braga. Última Hora, 25/6/1970 - com

adaptações).

Avalie as seguintes afirmações a respeito dos dois textos e do

período histórico em que foram escritos.

I – Para os dois autores, a conquista do tricampeonato mundial de

futebol provocou uma explosão de alegria popular.

II – Os dois textos salientam o momento político que o país

atravessava ao mesmo tempo em que conquistava o

tricampeonato.

III – À época da conquista do tricampeonato mundial de futebol, o

Brasil vivia sob regime militar, que, embora politicamente

autoritário, não chegou a fazer uso de métodos violentos contra

seus opositores.

É correto apenas o que se afirma em:

A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III.

60. (ENEM-2012) Diante dessas inconsistências e de outras que

ainda preocupam a opinião pública, nós, jornalistas,

estamosencaminhando este documento ao Sindicato dos Jornalistas

Profissionais no Estado de São Paulo, para que o entregue à

Justiça; e da Justiça esperamos a realização denovas diligências

capazes de levar à completa elucidaçãodesses fatos e de outros

que porventura vierem a ser levantados. (Em nome da verdade. In: O

Estado de S. Paulo, 3 fev. 1976. Aput, FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em

documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.)

A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida duranteo regime

militar, em 1975, levou a medidas com o abaixo-assinado feito por

profissionais da imprensa de São Paulo.

A análise dessa medida tomada indica a:

A) certeza do cumprimento das leis.

B) superação do governo de exceção.

C) violência dos terroristas de esquerda.

D) punição dos torturadores da polícia.

E) expectativa da investigação dos culpados.

61. (ENEM-2012)

Texto I

O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e

amanifestação da agressividade através da violência. Issose

desdobra de maneira evidente na criminalidade, queestá presente

em todos os redutos – seja nas áreas abandonadas pelo poder

público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais

violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e o

reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários

territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual

aagressividade e a violência fincam suas raízes. (Entrevista com Joel

Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. Isto É. Edição 2099, 3 fev.

2010).

Texto II

Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar aspulsões e

emoções do indivíduo, sem um controle muitoespecífico de seu

comportamento. Nenhum controle dessetipo é possível sem que as

pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as

limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em

medo de um ou outro tipo. (ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar, 1993).

Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como

descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e

agressividade na sociedade brasileira expressa a:

A) incompatibilidade entre os modos democráticos deconvívio social

e a presença de aparatos de controlepolicial.

B) manutenção de práticas repressivas herdadas dosperíodos

ditatoriais sob a forma de leis e atosadministrativos.

C) inabilidade das forças militares em conter a violênciadecorrente

das ondas migratórias nas grandes cidadesbrasileiras.

D) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar

formas de controle social compatíveis com valores

democráticos.

E) incapacidade das instituições político-legislativas emformular

mecanismos de controle social específicos à realidade social

brasileira.

A REDEMOCRATIZAÇÃO E A NOVA REPÚBLICA NO BRASIL

Pressões sociais lideradas pelo PMDB (partido de oposição ao

regime militar) culminaram em 1984, com o movimento ―Diretas Já‖,

série de manifestações populares que pediam eleições diretas para

presidente da república e o fim da interferência militar no governo

brasileiro. Em 1984, o Colégio Eleitoral realizou eleições para

presidente e, preterindo o candidato representante da situação,

Paulo Maluf, optaram pelo candidato oposicionistado PMDB,

Tancredo Neves. Em 15 de Março de 1985, Neves seria o primeiro

presidente civil a reger o país, desde João Goulart, deposto em

1964.

Apesar de eleito, Neves não chegou a assumir o seu cargo. Devido

a uma complicação de sua doença, Tancredo Neves foi internado,

sendo operado no dia 14 de março de 1985 e contraindo infecção

hospitalar. No dia da posse, 15 de março de 1985, assume então

José Sarney de modo interino. No dia 21 de abril, o porta-voz da

República anuncia o falecimento oficial do presidente Tancredo

Neves. Deste dia em diante, Sarney seria reconhecido como

presidente em exercício pleno.

Em 1° de março de 1986, Sarney e sua equipe econômica

comandada por Dilson Funaro, ministro da Fazenda, lançam o

"Plano Cruzado", conjunto de medidas para conter a inflação, entre

as quais o congelamento geral de preços e a criação de uma nova

moeda, o Cruzado (Cz$), valendo mil cruzeiros (Cr$) (moeda da

época). Sarney apelou para a população que deu amplo apoio ao

plano, inclusive com algumas pessoas se declarando "fiscais do

Sarney" e denunciando violações ao congelamento de preços. O

PMDB, com a popularidade do plano, vence as eleições para

governador de 1986 em praticamente todos os estados (à exceção

de Alagoas). Porém, após as eleições, em 21 de novembro de 1986

o governo decreta o "Plano Cruzado 2", com os preços sendo

liberados. Isto ocasionou um descontentamento do povo para com o

governo, pois o plano cruzado foi visto por muitos como uma

Amplie seus conhecimentos sobre: Rede e hierarquia urbanas no Brasil, Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi).

Page 47: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

46

simples estratégia política para vencer as eleições. A inflação volta a

subir, a crise se alastra e em 20 de janeiro de 1987 o governo

decreta moratória, deixando de pagar a dívida externa.

Em 29 de abril de 1987, o governo substitui Funaro por Luis Carlos

Bresser Pereira, que com a inflação em alta, lança o "Plano

Bresser", com novo congelamento de preços, em junho de 1987 e

acabando com a moratória. A inflação volta a subir e em 6 de janeiro

de 1988, Bresser é substituído por Maílson da Nóbrega.

A democracia foi reestabelecida em 1988, quando a atual

Constituição Federal foi promulgada. Em 15 de janeiro de 1989

Maílson lança o "Plano Verão", com o lançamento de uma nova

moeda, o cruzado novo (Ncz$) valendo então 1000 cruzados.

Em 1989, o ex-governador do estado de Alagoas Fernando Collor,

praticamente desconhecido no resto do país, por força de uma

campanha agressiva baseada na promessa de combate à corrupção

(combate aos marajás), da construção de uma imagem de líder

jovem e dinâmico, que vendia uma imagem de político de direita

progressista (seu partido era o inexpressivo Partido da

Reconstrução Nacional). Contando com apoio de setores que

temiam a vitória do candidato do PT, Luiz Inácio da Silva, é eleito

presidente, nas primeiras eleições diretas para o cargo desde 1960.

Entretanto, após dois anos, o próprio irmão do presidente, Pedro

Collor de Mello, faz denúncias públicas de corrupção através de um

sistema de favorecimento montado pelo tesoureiro da campanha

eleitoral, PC Farias. Sem qualquer resistência do Executivo, o

Congresso Nacional instaura uma CPI cujas conclusões levam ao

pedido de afastamento do presidente (impeachment). Durante o

processo, a Rede Globo de Televisão produz e transmite Anos

rebeldes, de Gilberto Braga, uma série dramática ambientada nas

manifestações de 1968, a qual serve de inspiração para o

movimento dos caras-pintadas, manifestações de estudantes e

intelectuais que, do alto de carros-de-som, clamavam por justiça e

por um Brasil melhor. Fernando Collor de Mello renunciou antes de

ter seu impedimento aprovado pelo Congresso, mas mesmo assim

teve seus direitos políticos suspensos por dez anos, embora a lei

em vigor na época previsse a suspensão do processo no caso de

renúncia antes de sua conclusão. Collor mudou-se em seguida

para Miami. A Justiça o absolveu de todos os processos movidos

contra ele por sua gestão. PC Farias evadiu-se do país durante

alguns anos e, após enviuvar, retornou a Alagoas mas, em 1996, foi

encontrado em seu quarto de dormir, morto por ferimento de arma

de fogo.

Collor de Mello foi sucedido na presidência pelo vice-presidente

Itamar Franco em cuja administração é adotado o Plano Real, um

plano econômico inédito no mundo executado pela equipe do então

ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Percebendo que a hiperinflação brasileira era também um fenômeno

emocional de separação da "unidade monetária de troca" da

"unidade monetária de contas", o plano concentrou todos os índices

de reajuste de preços existentes em um único índice, a Unidade

Real de Valor, ou URV. Esta, posteriormente, foi transformada em

moeda corrente, o real, iniciando assim o controle do maior

problema econômico do Brasil: a inflação. Posteriormente, inúmeras

reformas econômicas de peso deram lastro à estabilidade da

moeda, evitando os erros do passado

Com o sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso,

concorre e é eleito presidente em 1994, conseguindo a reeleição em

1998. No primeiro mandato de FHC é aprovada à emenda

constitucional que permite à reeleição em cargos eletivos do

Executivo (presidente, governadores e prefeitos). Fernando

Henrique Cardoso também foi o responsável por privatizar grandes

empresas estatais como a Telebrás e a Companhia Vale do Rio

Doce, como forma de estancar os históricos déficits nas contas

governamentais e garantir a estabilidade do real. Inicia também

programas sociais como o Bolsa-escola e a aposentadoria rural.

Após os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, em

2002 elege-se presidente da República o ex-metalúrgico Luiz Inácio

Lula da Silva, do tradicionalmente esquerdista Partido dos

Trabalhadores (PT), que dá continuidade à política econômica do

antecessor. Lula aumenta a abrangência dos projetos sociais de

FHC, transformando o Bolsa-Escola em Bolsa-Família e criando

novos programas, como o Prouni. Em 2006, Luiz Inácio Lula da

Silva é reeleito presidente da República.

Em outubro de 2010, em um processo plenamente democrático o

Brasil vê eleita a primeira mulher a ocupar a chefia do Estado

Brasileiro, democraticamente. Dilma Rousseff (mineira de Belo

Horizonte) tomou posse do cargo de Presidente da República

Federativa do Brasil, prestando, assim como os demais presidentes

eleitos na Nova República, juramento solene perante o Congresso

Nacional em 1º de janeiro de 2011.

Apesar da estabilidade macroeconômica que reduziu as taxas de

inflação e de juros e aumentou a renda per capita, colocando o país

em uma lista dos países mais promissores do mundo, ao lado de

China, Rússia, Índia e África do Sul com Fernando Henrique e Lula,

diferenças remanescem ainda entre a população urbana e rural, os

estados do norte e do sul, os pobres e os ricos. Alguns dos desafios

dos governos incluem a necessidade de promover melhor

infraestrutura, modernizar o sistema de impostos, as leis de trabalho

e reduzir a desigualdade de renda.

A economia hojecontémumaindústriaeagricultura sofisticadas, e um

setor de serviços em expansão. As recentes administrações

expandiram a inserção do país no mercado mundial, com saltos de

investimentos e produtividade em alguns setores, como o de

telecomunicações e automobilístico, mas ainda deixando a desejar

na eficiência de portos marítimos, estradas de ferro, geração de

eletricidade, aeroportos e outros melhoramentos da infraestrutura, o

que reduziria o chamado "custo Brasil". O país começou à voltar-se

para as exportações em 2004, e, mesmo com um real valorizado e a

crise internacional, atingiu em 2008 exportações de US$ 197,9

bilhões,importações de US$ 173,2bilhões, o que coloca o país entre

os 19 maiores exportadores do planeta.

Entre os principais desafios do país para o futuro estão um salto

qualitativo na educação e saúde, a desburocratização do

empreendedorismo e uma resposta eficiente aos problemas de

segurança pública e favelização dos centros urbanos.

Questões: (A Redemocratização e a Nova República no Brasil)

62. (ENEM-2011)

Movimento dos Caras-Pintadas

O movimento representado na imagem, do

início dos anos de 1990, arrebatou

milhares de jovens no Brasil. Nesse

Page 48: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

47

contexto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico,

A) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha

Diretas Já.

B) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação

da Lei da Ficha Limpa.

C) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para

agendar suas manifestações.

D) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou

ações revolucionárias armadas.

E) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no processo de

impeachment do então presidente Collor.

63. (ENEM-2009) Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no

tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção

internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política

externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cálculo de

oportunidade no mundo difuso da transição da hegemonia britânica

para o século americano. Engendrou concepções, conceitos e teoria

própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio

Branco. Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se

interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino do Brasil.

O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e

previsível nas ações externas do Estado. A mudança de regime

político para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas

o aperfeiçoou. (SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silêncio do

parlamento. Correio Braziliense, Brasília, 28 maio 2009 - adaptado).

Sob o ponto de vista da política externa brasileira no século XX,

conclui-se que:

A) o Brasil é um país periférico na ordem mundial, devido às

diferentes conjunturas de inserção internacional.

B) as possibilidades de fazer prevalecer ideias e conceitos próprios,

no que tange aos temas do comércio internacional e dos países

em desenvolvimento, são mínimas.

C) as brechas do sistema internacional não foram bem aproveitadas

para avançar posições voltadas para a criação de uma área de

cooperação e associação integrada a seu entorno geográfico.

D) os grandes debates nacionais acerca da inserção internacional

do Brasil foram embasados pelas elites do Império e da

República por meio de consultas aos diversos setores da

população.

E) a atuação do Brasil em termos de política externa evidencia que

o país tem capacidade decisória própria, mesmo diante dos

constrangimentos internacionais.

64. (ENEM-2011)

A análise da tabela permite identificar um intervalo de tempo no qual

uma alteração na proporção de eleitores inscritos resultou de uma

luta histórica de setores da sociedade brasileira. O intervalo de

tempo e a conquista estão associados, respectivamente, em:

A) 1940-1950 – direito de voto para os ex-escravos.

B) 1950-1960 – fim do voto secreto.

C) 1960-1970 – direito de voto para as mulheres.

D) 1970-1980 – fim do voto obrigatório.

E) 1980-1996 – direito de voto para os analfabetos.

65. (Pucrs 2005) Considere as afirmativas a seguir, sobre fatos

relacionados à política interna do Governo Luís Inácio Lula da Silva.

I. Foi criado o programa "Primeiro Emprego", como forma de

combater o trabalho infantil e o escravo, em expansão em várias

regiões do país.

II. Ampliaram-se, através do ProUni, as vagas no ensino superior,

para acolher alunos provenientes do ensino público e com renda

familiar reduzida.

III. O Programa Fome Zero, taxado por vários representantes da

sociedade civil de assistencialista, tem sido criticado pelos

entraves burocráticos e pela forma de controle adotada para a

concessão dos benefícios, que dificultam a expansão do

programa.

IV. O Governo Federal reduziu significativamente os impostos

visando a diminuir a carga tributária sobre a classe média e a

produção industrial.

Estão corretas as afirmativas

A) I e II B) I e III C) II e III D) II e IV E) III e IV

66. (Ufu 2006)

A foto anterior, publicada na "Folha de S. Paulo", em 07 de maio de

2005, mostra imagens de uma marcha dos trabalhadores sem-terra,

entre Goiânia e Brasília. Ao final da marcha, representantes do

movimento foram recebidos em audiência pelo Presidente Luiz

Inácio Lula da Silva.

Sobre os significados políticos dessa marcha e sobre o

relacionamento entre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra e

o governo Lula, assinale a alternativa correta.

A) A defesa do "impeachment" do Presidente Lula, em função das

denúncias de corrupção no seu governo, foi a principal bandeira

levantada pelo movimento dos trabalhadores sem-terra, na

marcha de Goiânia à Brasília.

B) Na audiência com o Presidente da República, os representantes

do movimento dos trabalhadores sem-terra entregaram-lhe um

documento que continha, entre outras reivindicações, a

necessidade do governo aumentar significativamente o número

de famílias assentadas até o fim de seu mandato, além de

liberar crédito especial para os trabalhadores assentados.

C) A marcha de Goiânia à Brasília unificou as organizações dos

trabalhadores sem-terra que externaram, em documento, a sua

completa desconfiança em relação ao Presidente da República,

considerando-o representante dos setores conservadores da

sociedade brasileira, portanto, sem nenhuma credibilidade para

implementar os assentamentos de reforma agrária pretendidos.

D) A decisão do Presidente Lula de compor seu governo com

ministros do campo progressista foi determinante para lhe

Page 49: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

48

assegurar maioria no Congresso Nacional, possibilitando o

cumprimento das promessas de campanha relativas ao número

de assentamentos de reforma agrária e colocando fim aos

conflitos e à violência no campo. Por isso, a marcha objetivou

explicitar o apoio do movimento ao Presidente da República.

NOVA ORDEM MUNDIAL

CRISE DO SOCIALISMO

O século XX foi marcado pela Guerra Fria (1947-1991). Ela foi a

disputa geopolítica entre as superpotências vitoriosas da II Guerra

Mundial (1939-1945): os EUA e a URSS. Era o embate entre dois

grandes modelos político-econômicos; de um lado o capitalismo,

liderado pelos EUA, e, do outro, o socialismo, liderado pela URSS.

A partir das décadas de 1970 e 1980 crises tanto políticas quanto

econômicas tronaram-se frequentes no cenário mundial. Isso

provocou, no mundo capitalista, alterações, cuja principal

consequência foi a superação do modelo keinesiano (Estado de

Bem-Estar-Social) pelo Neoliberal. No mundo socialista, as

consequências da crise levaram ao fim do ―Socialismo Real‖ ou

―Realmente existente‖ (como era chamado pelo próprio Bloco

Socialista). Com a crise, sobretudo, a econômica, tornou-se inviável

politicamente a sustentação dos regimes do Bloco Socialista.

Criou-se, portanto, a partir da reorganização do capitalismo e do fim

do socialismo, uma nova forma de estruturação do mundo. Ela foi

chamada de ―Nova Ordem Mundial‖ e marcada por duas grandes

características. A primeira, o fim das disputas político-ideológicas da

Guerra Fria. E, a segunda, o surgimento de um mundo multipolar,

mais voltado para as disputas concorrenciais por mercados.

Causas gerais para a Crise do Socialismo

Apesar dos aspectos singulares a respeito da crise em cada país do

Bloco Socialista, ela apresentou duas causas gerais. A primeira, a

partir da década de 1970 houve uma desaceleração da economia do

Bloco. Alguns países, para compensar a redução de determinadas

produções e evitar um desabastecimento, buscaram o mercado

internacional. Ou seja, as economias socialistas tornaram-se mais

integradas às capitalistas. A segunda causa foi que essa maior

integração tornou-se problemática a partir da década de 1980, já

que as economias capitalistas entraram em crise, arrastando as

socialistas.

Os países capitalistas superaram a crise econômica ao longo da

década seguinte, sem grandes abalos aos seus respectivos

sistemas políticos. Basicamente, eles substituíram o modelo

keinesiano (na Europa Ocidental) e Nacionalista (na América

Latina), por exemplo, pelo Neoliberal. No Bloco Socialista, a crise

econômica tornou-se uma grave crise política e institucional, que

inviabilizou o modelo político-econômico de esquerda.

Fragmentação da URSS

A partir de 1985, ascendeao poder na União Soviética Mikhail

Gorbatchev. Assumiu a condição de chefe de estado em uma

situação incômoda, a superpotência estava em uma crise, que

continuamente agravava-se. Dinâmico e modernizador, Gorbatchev

lançou-se ao desafio de reformar a URSS e, de certa forma, o

Socialismo, em razão da crise que se agudizava.

Foram estabelecidos dois programas de reformas político-

econômicas. Um foi a ―Perestróika‖ (reestruturação), cujo objetivo

era realizar alterações na estrutura econômica. Entre as ações

havia: a descentralização da economia, a abolição do sistema de

preços (tabelamento), permissão da autogestão das empresas

estatais e de certa liberdade de comércio. Essas medidas, na

prática, significavam a adoção e/ou permissão de certas

características de uma economia de mercado. No entanto, as

medidas aprofundaram a crise, já que, entre outros aspectos, a

economia planificada soviética era muito frágil em relação às

capitalistas. Sem as proteções e subvenções estatais usuais, houve

falências generalizadas e desemprego. O ciclo negativo da

economia soviética persistiria ao longo da década de 1990 até sua

estabilização e recuperação, na década posterior, quando não mais

existia URSS.

A outra medida reformista foi a ―Glasnost‖ (transparência). Ela tinha

o objetivo de realizar a abertura política do regime soviético. Entre

as medidas havia: a maior atenção as questões sociais, combate à

corrupção e ineficiência do serviço público, devolução do poder aos

“soviets” e a separação entre Estado e o Partido Comunista. Esse

último ponto em particular, segundo o historiador inglês Eric

Hobsbawn, foi um dos elementos primordiais para a fragmentação

política da URSS. Diz o historiador britânico que o Partido

Comunista era o elemento chave de agregação política do Estado

soviético. Os planos de reforma de Mikhail Gorbatchev obviamente

sofreriam oposição de grupos conservadores, sobretudo, do Partido.

Então, para concretizar seus projetos, o líder soviético enfraqueceu

o Partido Comunista. Com o enfraquecimento do Partido, a unidade

política da URSS foi quebrada. Diversas repúblicas soviéticas, as

que possuíam melhores situações político-econômicas, declararam

independência. O Estado soviético, sob a hegemonia da Rússia,

também enfraquecida pela crise, decretou o seu próprio fim.

A reação às reformas de Mikhail Gorbatchev veio sob a forma de um

golpe. Ele foi liderado pelos respectivos ministros da defesa e

interior e o chefe da KGB (polícia secreta), que representavam

grupos conservadores, composto por altos funcionários do Estado e

do Partido, e parte dos Militares. Eles se aproveitaram de uma

viagem de férias do chefe do Estado soviético para eclodir o golpe.

Colocaram Mikhail Gorbatchev em prisão domiciliar e tentaram

tomar o Parlamento soviético (em Moscou) de assalto.

O contragolpe foi liderado pelo então presidente do “Soviet

Supremo” Boris Ieltsin. O grupo de apoio ao contragolpe era

composto pela população (em geral), militantes do Partido

Comunista e indivíduos da burocracia intermediária do Estado.

Ieltsin convocou a população a ir às ruas, em defesa da legalidade e

das reformas, que formou diversas barricadas por Moscou. O

principal objetivo era evitar a tomada do Parlamento soviético pelos

golpistas. Após três dias de impasses e alguns poucos combates

isolados, o golpe foi evitado, recolocando-se Mikhail Gorbatchev

novamente no poder. Como medida punitiva, o chefe de Estado

soviético dissolveu a cúpula da KGB e colocou o Partido Comunista

em suspensão, tendo confiscado seus bens.

Contudo, as consequências da tentativa de golpe aprofundaram a

crise soviética e, em especial, do governo Mikhail Gorbatchev. Ele,

em razão dos aspectos negativos da reforma, sobretudo os

econômicos, tinha sua popularidade cada vez mais baixa. Em

contrapartida crescia tanto a popularidade do líder do contra-golpe o

Boris Ieltsin (que se tornou o primeiro presidente da Rússia) quanto

a fragilização da unidade política da URSS. As Repúblicas Bálticas

(Letônia, Lituânia e Estônia) aproveitaram-se da crise e se

declararam independentes da União Soviética em setembro de

1991. Foram acompanhadas, pouco depois, pela Ucrânia. A partir

Amplie seus conhecimentos sobre: Capitalismo e Socialismo: da Guerra Fria à nova ordem e O mundo em conflito (Geografia Caderno Delta/Ômega).

Page 50: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

49

desse ponto a fragmentaçãoda URSS tornava-se irreversível.

Seguem-se, portanto, os atos que oficializam o fim da União

Soviética. Em dezembro de 1991, os chefes de estado da Rússia,

Ucrânia e Bielo-Rússia (atual Belarus) criaram a CEI (Comunidade

dos Estados Independentes), decretando o fim da URSS para

31/12/1991. Os líderes de 11 das 15 repúblicas soviéticas

ratificaram o tratado, em 21 de dezembro de 1991. E, no natal

daquele ano, acelerando os eventos, Mikhail Gorbatchev renunciou

a chefia do Estado e das forças armadas soviéticas, antecipando o

fim oficial da URSS.

Leste Europeu

O Socialismo nos países do Leste Europeu foi implantado de forma

diversa ao da URSS. No último, foi através de um processo

revolucionárioresultante, entre outras causas, do caos provocado no

Império Russo pela sua participação na I Guerra Mundial (1914-

1918). Nos países do Leste Europeu, o socialismo foi implantado,

entre outros aspectos, a partir de consequências da II Guerra

Mundial (1939-1945), em especial, as imposições geopolíticas das

superpotências vitoriosas da guerra: os EUA e URSS.

Apesar das causas gerais da Crise do Socialismo, na União

Soviética, ela se iniciou com a ascensão de Mikhail Gorbatchev e a

implantação dos seus planos de reforma. Nos países da Europa

Oriental, apesar de algumas singularidades, a crise iniciou-se

através de manifestações da população. Isso em razão dos

desgastes políticos dos regimes europeus orientais, associados à

crise econômica. Através de protestos, a população conseguiu obter

algumas concessões, em determinados países, que abriram

brechas, que se tornaram o meio pelo qual o socialismo entrou em

colapso.

O Bloco Socialista entrou em colapso, iniciando um processo de

transição para o capitalismo. Essa transição tendeu a ser pacífica da

na maioria dos países da Europa Oriental, com a manifestação de

suas respectivas populações, com apenas alguns incidentes

isolados. No entanto, dois processos foram mais traumáticos. O

primeiro, o da Romênia, que após menos de um mês de conflito, o

líder romeno Nicolae Ceausescu e sua esposa foram executados. E,

o segundo, o da Iugoslávia, que se fragmentou em uma violenta

guerra civil. Houve fragmentação político-territorial também na

Tchecoslováquia, mas essa foi através de um processo político

pacífico.

A tradição de movimentos de insatisfação popular ao socialismo

vem da década de 1950. Na Alemanha Oriental (RDA), em 1953,

houve uma revolta de trabalhadores, que foi esmagada com

violência. Na Hungria, em 1956, o líder Imre Nagy (que fora expulso

do Partido, acusado de ―desvios direitistas‖), acompanhou a criação

de conselhos operários com a formação de um governo dissidente.

Foram violentamente reprimidos pelo ―Exército Vermelho‖. E, na

Tchecoslováquia, em 1968, houve a famosa ―Primavera de Praga‖,

em que o líder Alexander Dubeck tentou implantar reformas no

Partido Comunista, para criar o que foi chamado de ―socialismo de

face humana‖. O processo também foi violentamente coibido pela

intervenção de tropas soviéticas. O que havia de comum entre esse

movimentos eram seus objetivos de reforma do socialismo e as

intervenções por parte dos soviéticos.

A Polônia, no entanto, é a peça chave para entender o início das

manifestações por liberdades civis e nacionais, que contribuíram

para o fim do socialismo no Leste Europeu. Houve, em 1956, uma

greve de operários em Poznam. Ao contrário de manifestações

semelhantes, essa não foi reprimida e levou ao poder o líder

WladislawGomulka. Depois dessa, ocorreram mais duas grandes

greves. Em 1970, os operários do estaleiro Gdansk cruzaram os

braços. Organizaram-se em um sindicato chamado ―Solidariedade‖,

sob a liderança Lech Walesa. Os grevistas solicitavam basicamente

o direito de greve e a legalização do seu sindicato. O movimento foi

abafado, decretada lei marcial e os líderes postos na prisão. Em

1988, nova onda de greve em Gdansk, essa já foi em meio ao

momento crítico para o socialismo. O movimento recebeu amplo

apoio da população e da Igreja Católica. O governo socialista

polonês estava enfraquecido e não podia contar com a intervenção

soviética, que naquele momento vivia as reformas de Gorbatchev.

Assim sendo, fez o governo concessões ao movimento. Eles

obtiveram a legalização do sindicato ―Solidariedade‖ (que se tornou

também um partido político) e mudanças na lei eleitoral, que

convocou um pleito para o ano seguinte.

Na eleição presidencial polonesa de 1989, o Partido Comunista

estava muito enfraquecido e impopular, sendo dissolvido no ano

seguinte. A vitória contundente do líder do ―Solidariedade‖, Lech

Walesa, não foi surpresa. Ela, entre diversos aspectos, significou a

transição da Polônia para o capitalismo. Os desafios foram

enormes, sobretudo, na economia. Era preciso combater a inflação

alta e o desemprego crescente, tornando a economia polonesa

competitiva. Problemas superados apenas ao longo da década de

1990.

Queda do Muro de Berlim e Reunificação da Alemanha

O primeiro grande bastião da Guerra Fria que ruiu foi o ―Muro de

Berlim‖. Edificado na década de 1960, o muro dividiu a cidade em

duas zonas. Isso ocorria também com o país. Ele estava dividido

entre franceses, ingleses e americanos, o lado capitalista,

oficialmente denominado de República Federal da Alemanha (RFA).

E, o lado socialista, sob o controle da URSS, que era oficialmente

chamado de República Democrática da Alemanha (RDA).

O clima de abertura vivido naquela época tanto pelas reformas de

Gorbatchev, na URSS, quanto pelas vitórias do Solidariedade, na

Polônia, fizeram eco na RDA. Os alemães orientais sentiram-se

incentivados a buscar seus interesses, que eram basicamente a

abertura do regime. E, com o fracasso das tentativas de repressão

do chefe de estado alemão oriental, Erich Honecker, o Muro de

Berlim e a separação da Alemanha estavam em seus dias finais.

Honecker e a posição do regime político da RDA estavam em

xeque. Havia um clima geral de reforma e a URSS, de Gorbatchev,

não interviria. Conseguiu, Honecker, coibir temporariamente as

manifestações da população. No entanto, o golpe final veio quando

grande número de cidadãos alemães orientais começaram a seguir

para a RFA. Para isso, aproveitaram-se da complacência da

Tchecoslováquia, Hungria e Áustria. Elas abriram suas fronteiras

para que alemães orientais fugissem a RFA. Portanto, não havia

mais sentido na existência do Muro de Berlim, que por ordem do

próprio Partido Comunista foi demolido em 9 de novembro de 1989,

um mês depois da queda de Erich Honecker. O chefe de estado da

RFA, Helmut Kohl, aproveitou-se da situação para estabelecer a

reunificação da Alemanha, com o aval internacional, sobretudo, das

superpotências.

Guerra dos Balcãs (1992-1995) e a fragmentação da Iugoslávia

A Iugoslávia foi um caso a parte entre os países que compuseram o

Bloco Socialista. Ela foi montada pelo Gen. Josip Broz Tito, ainda

em meio a II Guerra Mundial e, durante sua existência, enquanto

Estado, manteve-se independente à União Soviética. Por isso, a

Iugoslávia era chamada de ―país de socialismo não alinhado‖.

Page 51: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

50

A base da unidade política da Iugoslávia era o próprio Gen. Tito. O

país foi formado a partir de nacionalidades, culturas e religiosidades

diversas. Eram ao todo seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Bósnia-

Herzegovina, Eslovênia, Macedônia e Montenegro. E, havia pelo

menos três grandes grupos religiosos: os sérvios, cristãos

ortodoxos; os eslovenos, católicos; e os bósnios, muçulmanos.

Pouco antes da morte do Gen. Tito, em 1980, ele estabeleceu a

presidência rotativa da Iugoslávia. No entanto, diferenças político-

econômicas e etnoculturais entre os membros da federação, criaram

tensões que levaram à guerra. Em 1991, os sérvios, sob a liderança

de Slobodan Milosevic, se recusaram a aceitar que um croata

assumisse o poder. Croácia e Eslovênia declararam-se

independentes. Milosevic se opôs, buscando o apoio do exército

federal, que era composto por maioria sérvia.

Em 1992, a declaração de independência da Bósnia e da

Macedônia fez-se acompanhar, logo depois, pela declaração de

guerra dos sérvios. A minoria sérvia que vivia na Bósnia recebeu o

apoio do exército federal, formando grupos guerrilheiros, que

atacavam os muçulmanos bósnios. Seguiu-se um conflito

extremamente violento. Os guerrilheiros sérvios tomaram 70% do

território da Bósnia e cercaram e destruíram a capital, Sarajevo. A

guerra só foi concluída em 1995, pelo ―Acordo de Dayton‖,

patrocinado pelos EUA.

Outra guerra civil irromperia, pouco depois, em 1997, na região dos

Balcãs. A república do Kosovo declarou-se independente, formando

um exército guerrilheiro, denominado de Exército de Libertação do

Kosovo (ELK). Slobodan Milosevic, presidente sérvio, foi

absolutamente contrário e interveio militarmente. Esse novo conflito

foi concluído através do Tratado de Kumanovo (em 1999), após

intervenção militar da OTAN, em apoio aos kosovares. O tratado

estabeleceu a retirada militar dos sérvios, mas sua soberania sobre

a região, após breve administração da ONU.

Em meio aos conflitos da Croácia, da Bósnia e do Kosovo, Slobodan

Milosevic fez sua carreira política enquanto presidente. Em 2001 foi

preso e encaminhado ao Tribunal Internacional de Haia (Holanda)

para responder por crimes de guerra, que lhe valeu o pseudônimo

de ―o carniceiro dos Balcãs‖. Milosevic era advogado e fez sua

própria representação. Foi encontrado morto, em sua cela, em 2006.

A causa mortis apresentada foi insuficiência cardíaca, em razão

doesgotamento do processo somado a problemas cardiovasculares

antigos. Houve grande polêmica a respeito, já que Milosevic havia

solicitado tratamento na Rússia. O Tribunal recusou, apesar das

garantias do governo russo de que ele retornaria à Holanda. Houve

ainda acusações tanto de que do ex-presidente sérvio teria sido

envenenado quanto sua família afirmava que ele havia se suicidado

em sua cela, nada foi comprovado sobre. Como polêmica final, o

Tribunal Internacional recusou que a autópsia fosse realizada na

Rússia, ela, por fim, foi realizada na Holanda, com a presença de

um médico sérvio.

Cuba

O líder soviético, Mikhail Gorbatchev visitou Cuba em 1989. Ele

solicitou que o colega cubano, Fidel Castro, acompanhasse as

mudanças que ocorriam e reformasse o regime cubano. Gorbatchev

recomendou que Castro fizesse concessões à economia de

mercado e abertura política, salientando que, com a crise

econômica, a URSS não poderia mais auxiliar financeiramente a

ilha, tornando-a mais vulnerável ao embargo comercial americano.

A situação na ilha tornou-se bastante difícil, somando-se a

fragmentação da URSS (principal apoiador de Cuba) e o embargo

americano. Isso potencializou as contradições do regime castrista,

bem sucedido em áreas sociais (educação e saúde), mas um

fracasso econômico. Cuba continuava com uma economia

basicamente dependente da exportação de açúcar e fumo e

importadora de industrializados. Apesar das contingências, Fidel

Castro se recusou a realizar reformas no regime cubano, sobretudo,

políticas. Fez apenas concessões econômicas, permitindo a entrada

de empresas estrangeiras, sobretudo, ligadas ao setor do turismo.

Em 2008, com a saúde bastante fragilizada, Fidel Castro renunciou

ao poder em favor do seu irmão Raúl Castro. Raúl prometeu dar

continuidade as reformas, principalmente, no intuito de reduzir a

dependência cubana de importações. No entanto, até o momento,

no aspecto político, o regime cubano continua fechado, perseguindo

dissidentes, e, portanto, sem apresentar sinais concretos de

abertura política.

China

A China é a grande exceção no processo de ―Crise do Socialismo‖.

Ao contrário dos países do Leste Europeu e URSS, que fizeram a

transição para o Capitalismo, provocando-lhes fragmentação política

(em determinados casos) e uma década de crise sócio-econômica;

e países como Cuba, Coréia do Norte, Vietnã e Laos, que mantêm

regimes anacrônicos; a China fez uma transição muito bem

sucedida modernizando sua economia, mas sem abrir politicamente

seu regime.

Os pilares da reforma chinesa iniciam-se em 1978, quando foi

permitido que dissidentes políticos expurgados pelo Partido

Comunista fossem libertados. Entre esses expurgados havia um

antigo membro do partido, Deng Xiaoping. Ele, em pouco tempo,

tornou-se o chefe de Estado chinês, entre 1978 e 1992, e iniciou um

plano de modernização da economia.

O plano basicamente fazia concessões a modelos econômicos de

mercado, capitalistas, abrindo a economia chinesa ao exterior. Em

resumo, as medidas seguiram as seguintes ações: introduzir o

conceito de lucro, restabelecer formas de posse privada no campo,

reduzir os gastos militares e criar meios de atrair empresas e capital

estrangeiro. Nessa perspectiva, Deng Xiaoping, aproximou a China

do Ocidente, sobretudo dos EUA. Para isso, foram criadas as Zonas

Econômicas Especiais (ZEE), que eram locais onde era permitida a

instalação de empresas estrangeiras, desde que associadas a

chinesas. Além dessas medidas, a partir de 1989, realizou-se um

amplo processo de privatizações.

O sucesso chinês fez com que, no plano econômico, o país

atingisse crescimentos extraordinários, entre 7% e 10% ao ano, a

partir da década de 1980. Isso tornou viável que a China se

transforme na próxima potência mundial. Além do plano de reforma

econômica, o bom êxito da China nesse setor deve ser explicado

também pela conjugação de outros fatores, entre eles: o enorme

potencial de massa de consumidores e mão-de-obra, a baixo custo,

já que a China tem a maior expressão demográfica do mundo; as

isenções fiscais e a baixa proteção legal e institucional de caráter

trabalhista. Essa situação é imitada por outros países asiáticos, que

se tornaram também mercados atraentes para capitais estrangeiros.

No plano político, no entanto, a China manteve seu regime

centralizador, apesar das reformas de abertura política de outros

países socialistas. Houve uma tentativa de manifestação popular por

reformas políticas em 1989. Milhares de manifestantes se

aglomeraram na chamada ―Praça da Paz Celestial‖ ou ―Tiananmen‖,

no centro de Pequim. Após alguns dias de impasse, os

manifestantes mantiveram-se pacificamente na praça, para fazer

Page 52: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

51

pressão ao governo. Em 4 de junho de 1989, o exército chinês

recebeu ordem de abafar o movimento. O resultado foi um

massacre de aproximadamente 3 mil mortos, dado de improvável

exatidão, em razão da imposição de lei marcial pelo governo, que

controla o acesso às informações.

NEOLIBERALISMO E GLOBALIZAÇÃO

O Neoliberalismo e a Globalização não são exatamente o mesmo

fenômeno, mas são partes congêneres de um mesmo processo. A

Globalização é a interpenetração acelerada de mercados pelo

mundo, baseada em uma tecnologia de comunicação (transportes,

telecomunicações e microinformática). O Neoliberalismo é o

elemento ideológico que, entre outros aspectos, justifica a

Globalização.

Ambos, o Neoliberalismo e a Globalização, estão ligados ao

processo de reorganização do mundo, chamado de Nova Ordem

Mundial. Ela está marcada pelo fim da Guerra Fria e formação de

um mundo, agora, multipolar, pela crise do socialismo real,

superação do keynesianismo (na Europa Ocidental) e dos

nacionalismos estatizantes (na América Latina) e pela formação de

grandes blocos regionais de comércio.

Neoliberalismo

Em linhas gerais, o Neoliberalismo é a retomada, nos parâmetros

atuais, dos princípios essenciais do Liberalismo Clássico de Adam

Smith (XIX). Princípios do livre-mercado e da não-intervenção

estatal na economia. No Liberalismo atual, esses dois princípios são

condensados na chamada ―Teoria do Estado-mínimo‖. Por ela, em

síntese, deve-se justamente compreender a superação de controles

de mercado e dos intervencionismos de Estado.

O Neoliberalismo, como é concebido na atualidade, em uma

perspectiva acadêmica, surgiu a partir dos trabalhos de dois

famosos economistas: Milton Friedman (1912-2006) e Friedrich

August von Hayke (1899-1992). O primeiro, americano e membro da

prestigiosa Escola de Economia de Chicago e, o segundo, austríaco

e ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1974.

Ambos, apesar de óbvias singularidades, defenderam teses sobre o

Neoliberalismo. Elas basicamente diziam respeito ao livre mercado

e o não-intervencionismo estatal. Esses princípios concretizaram-se

em ações a partir de três fatores básicos: a crise econômica dos

países capitalistas, a partir da década de 1980; o desgaste do

Estado de Bem-Estar Social, na Europa Ocidental; e a crise do

socialismo real, a partir das reformas de Mikhail Gorbachev na

antiga URSS.

Os primeiros países, respectivamente, a adotarem medidas de

caráter neoliberal foram a Inglaterra e os Estados Unidos. O

primeiro, sob o comando a Primeira-ministra Margaret Thatcher

(1979-1990). Ela realizou reformas na economia privatizando

empresas estatais e serviços públicos e estimulou que empresas

privadas ocupassem quase que todos os espaços da vida

econômica da Grã-Bretanha. As reformas de Thatcher conseguiram

dinamizar a economia e elevar o PIB britânico, em um primeiro

momento. No entanto, posteriormente, houve consequências

sociais. As mais importantes dessas consequências foram o

enfraquecimento dos sindicatos e o desemprego.

O segundo país a implantar medidas neoliberais foram os EUA da

administração Ronald Reagan (1981-1989). Ele realizou um amplo

programa de cortes de gastos públicos, sobretudo, previdenciários e

redução de impostos. Reagan também liberou o mercado americano

às importações. As consequências foram, a principio, o aumento do

PIB e a redução do desemprego. Porém, a redução dos impostos

provocou um déficit orçamentário. A liberação da importação

provocou uma série de problemas: desequilíbrio da balança

comercial, desestímulo ao setor produtivo (diversas empresas

americanas transferiram seus respectivos setores produtivos para

países do sudeste asiático, em busca de mão-de-obra baratA),

ampliação da especulação financeira e dificuldades de crédito.

Globalização

Existe certa controvérsia, entre estudiosos e teóricos, do que é de

fato Globalização e quando ela começou. Na primeira controvérsia,

a definição, pode ser sintetizada pela dinamização cada vez mais

acelerada de relações comerciais entre os países do globo. Ou seja,

uma intensa, única na história, interligação de mercados pelo

mundo. Na segunda, a dinamização das relações econômicas

tornou-se logisticamente possível graças à sofisticação das

tecnologias de comunicação, tanto de transportes quanto de

informação através de redes de computadores. A partir desse

elemento, pode-se apontar o início da Globalização para meados

das décadas de 1980 e 1990.

Na prática, o que é a Globalização?

Em razão da interligação dos mercados globais, é a possibilidade de

se adquirir algum produto ou serviço quase que em qualquer ponto

do planeta e, também, de trânsito das pessoas.

As operações financeiras se intensificam graças à sofisticação dos

meios tecnológicos. Ou seja, a rede mundial de computadores ou

Internet. Ela torna possível que diversas transações sejam

realizadas pelos meios virtuais, fluindo consideráveis somas de

capitais, em poucos instantes, por todo o globo.

Como ocorre a Globalização?

Quando uma marca, produto ou serviço expande-se para vários

mercados do planeta. Assim, consumidores, de países distintos,

podem adquir um mesmo produto ou serviço, tornando-os comuns

aos mais diversos grupos de indivíduos. E, também, pela circulação

intensa de capitais, em busca de mercados com altos potenciais de

rendimento.

Quais os fatores favoráveis à Globalização?

1º. Fim da Guerra Fria e a Crise do Socialismo.

2º. A implantação do Neoliberalismo em diversos países.

3º. O desenvolvimento de tecnologias de transporte e de

informação, sobretudo, microinformática.

4º. A implantação de blocos econômicos regionais.

Blocos Econômicos Regionais

Eles são grandes mercados, montados através de diversos acordos

entre os países membros. Eles visam o estabelecimento, entre

esses países signatários, a redução ou até anulação de taxas

alfandegárias, para determinados produtos, serviços e trânsito de

capitais. O objetivo é claro, é intensificar e fortalecer as relações

econômicas entre os países membros do bloco. Assim, fortalecer o

mercado do bloco em relação a outros países e/ou blocos

concorrentes.

A princípio, a formação de um bloco regional, e os primeiros e mais

bem sucedidos tiveram essa característica, tem pouco haver com

princípios neoliberais. Eles são o produto de uma ação de iniciativa

estatal e cujo objetivo tem certo caráter protecionista.

Contraditoriamente, a implantação dos blocos regionais de comércio

assegurou o processo do neoliberalismo e da globalização.

A afirmação do neoliberalismo e da globalização, através da

formação de blocos regionais, dá-se, sobretudo, através de dois

aspectos. O primeiro, a intensificação das atividades econômicas

valoriza a iniciativa privada e fortalece o acúmulo de capital. E, o

Page 53: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

52

segundo, empresas transnacionais (ou multinacionais),

estabelecidas em diversos países, que compõe blocos distintos, têm

a possibilidade, sem maiores restrições, de dispor seus produtos e

serviços, praticamente, em todo globo.

Formação de um Bloco Regional

Em geral, o processo de formação de um bloco dá-se através dos

seguintes passos:

1º. UNIÃO ADUANEIRA: países, de uma determinada região,

assinam entre si um acordo para reduzir ou anular taxas

alfandegárias. Cria-se então uma região de livre circulação de

mercadorias, serviços, capitais e pessoas.

2º. UNIÃO INSTITUCIONAL E POLÍTICA: é preciso criar

legislação comum, entre os países membros, que estabeleça regras

gerais. Isso para trazer segurança jurídica, por exemplo, a contratos

comerciais. Além disso, é preciso criar um aparato político-

institucional, para dirimir questões e conduzir o bloco.

3º. UNIÃO MONETÁRIA: em um estágio mais avançado, criar

uma moeda única para os países membros do bloco. Isso, tanto

para trocas financeiras quanto para o comércio em geral. A união

monetária permite, portanto, que os países membros do bloco

estabeleçam um sistema único de referência de valor.

Os passos apresentados foram tomados como exemplo da União

Europeia (UE). Atualmente, apenas a UE conseguiu estabelecer o

terceiro passo, a união monetária, com a criação do euro, moeda

única dos países da UE. Outros exemplos de blocos econômicos,

além da União Europeia, são: BENELUX (Bloco formado por

Bélgica, Holanda e Luxemburgo, em 1948. Estabelecia uma união

aduaneira e livre comércio entre os membros); MERCADO COMUM

DO CONE SUL (MERCOSUL) (Criado em 1995 comobloco de

união aduaneira e livre comércio pelo Tratado de Assunção. O

Mercosul conta com quatro membros, os fundadores do bloco:

Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil, mais dois associados, que

são Bolívia e Chile); ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA

AMÉRICA DO NORTE (NAFTA, sigla em inglês) (Bloco formado

por EUA, Canadá e México, em 1994 como bloco de união

aduaneira e livre comércio); PACTO ANDINO (Bloco formado pelos

países sul-americanos da região dos Andes. É composto por

Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela); ASSOCIAÇÃO DE

COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E DO PACÍFICO (APEC)

(Bloco fundado em 1989, inicialmente composto por alguns países

asiáticos, da bacia do Pacífico [entre eles: Brunei, Hong Kong -

desde 1997, reintegrado à China - , Indonésia Japão, Coréia do Sul,

Malásia, Filipinas, Cingapura, Taiwan, Tailândia etc... e da Oceania:

Austrália e Nova Zelândia. Posteriormente, somaram-se ao bloco,

países americanos, também da orla do Pacífico, entre eles: EUA,

Canadá, México e Chile).

Bloco Asiático: o Japão e os "Tigres Asiáticos"

Em termos de alianças regionais, a denominação "bloco asiático" é

imprecisa, pois não corresponde a uma aliança econômica,

sustentada por acordos e regras estabelecidos.

O que a expressão "bloco asiático" designa é uma região na qual se

destacam a influência econômica e os investimentos do Japão.

Foi por meio de alianças com os Estados Unidos, na década de

1950, que o Japão deu o passo decisivo para se transformar na

segunda maior economia do mundo. A intenção dos Estados Unidos

era dificultar a expansão socialista na região, mas rapidamente o

Japão demonstrou seu potencial econômico.

Em 1959, o Japão deu início à expansão econômico-financeira em

direção aos vizinhos, e seus investimentos estimularam a

industrialização e o crescimento dos países conhecidos como tigres

asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura).

Hoje, esses países se destacam como exportadores de automóveis,

produtos eletrônicos e computadores. Compõem ainda o bloco

asiático a ascendente economia chinesa, cuja industrialização é

responsável pelos elevados índices de crescimento econômico, e os

novos tigres (Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas).

A liderança japonesa também atinge a Nova Zelândia e a Austrália.

Com um nível de desenvolvimento muito maior que as demais áreas

do bloco, esses dois países representam ótimas oportunidades para

os investimentos do capital industrial e financeiro japonês.

Particularmente a Austrália, com seu vasto território e a presença de

muitos recursos naturais, é um importante exportador de matérias-

primas para toda a região.

Consequências do Neoliberalismo e da Globalização

1º. Desemprego;

2º. Aumento da pobreza;

3º. Aumento das desigualdades entre países;

4º. Crises econômicas cíclicas.

5º. Degradação do meio ambiente.

6º. Ressurgimento e acirramento de movimentos de

nacionalidades e étnico-religiosos.

7º. Fragilização do Estado-nação(1)

e formação de órgãos

supranacionais(2)

.

Obs.:

(1) O Estado-nação, resumidamente, é o modelo de estrutura

nacional criado a partir da formação do Capitalismo nos séculos XV

e XVI. Ele é baseado na ideia de autonomia de um governo sobre

um determinado território, que é povoado por indivíduos que

possuem uma série de elementos etnoculturais comuns que os

unem. Exemplo: o Brasil possui um determinado território, no qual

vivem os brasileiros, que possuem em comum certos elementos

culturais (como língua e religião) e que, soberanamente, elegem um

governo para administrá-lo.

(2) Restringem a autonomia dos países (Estado-nação),

reafirmando e consolidando o Neoliberalismo e a Globalização, já

que padronizam e regularizam determinadas ações dos países

signatários ou assistidos por esses órgãos.

Exemplo:

a) Banco Internacional de Reconstrução e

Desenvolvimento (BIRD) ou Banco Mundial.

Criado pela conferência de Breton Woods (1944). Concede

empréstimos para projetos de desenvolvimento e assistência

técnica. EUA são o principal acionista. Na prática, interfere, em

diversos níveis, nas políticas econômico-financeiras, sobretudo, de

países periféricos.

b) Fundo Monetário Internacional (FMI).

Também criado pela conferência de Breton Woods (1944). É uma

agência da ONU que levanta fundos para países em dificuldades.

Na prática, também realiza interferências de ordem econômico-

financeira.

c) Organização Mundial do Comércio (OMC)

Criada em abril de 1994 para substituir o GATT (Acordo Geral de

Tarifas e Comércio, que fora criado pela Conferência de Breton

Woods). Seus objetivos são: promover a integração comercial

mundial, reduzir barreiras alfandegárias e fiscalizar acordos

comerciais internacionais. Muito embora normatizem o comércio

Page 54: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

53

internacional, a OMC impõe e garante os interesses de empresas e

países do capitalismo central em relação aos periféricos.

Questões: (Nova Ordem Mundial e o Neoliberalismo e a

Globalização)

67. (FUVEST) Qual das seguintes afirmações explica,

sinteticamente, o fim da União Soviética?

A) O regime entrou em colapso porque os dirigentes estavam

desmoralizados desde as denúncias de Kruschev no XX

Congresso do Partido.

B) O regime deixou de ser sustentado pelo Exército, adversário

tradicional do Partido Comunista.

C) A vitória militar dos Estados Unidos na Guerra Fria tornou

inviável a manutenção do regime.

D) O colapso do regime deveu-se à crise generalizada da economia

estatal, combinada com o fracasso da abertura controlada de

Gorbatchev.

E) Os líderes soviéticos abandonaram a crença no socialismo e

decidiram transformar a União Soviética em um país capitalista.

68. (UFPB-1999) No dia 25 de dezembro de 1991, a bandeira

vermelha da União Soviética era retirada do Kremlin e substituída

pela bandeira tricolor da Rússia. Este ato simbólico marcava o fim

de um longo processo de desagregação daquela que havia sido

uma das duas superpotências que se enfrentaram durante a guerra

fria. Constitui-se como um dos fatores determinantes para o fim da

União Soviética:

A) O alto custo da manutenção da guerra fria, que fazia com que a

maior parte do orçamento nacional fosse destinado à indústria

bélica.

B) A insatisfação dos russos, que eram maioria dentre as

nacionalidades que compunham a União Soviética, com o

domínio militar de povos minoritários como os da Letônia,

Estônia e Lituânia.

C) O grande sucesso das reformas políticas e econômicas

implementadas por Mikhail Gorbatchev, que criaram uma nova

classe de empresários e capitalistas.

D) A fuga da elite da burocracia comunista que abandonou o país

em busca de bens de consumo e oportunidades de

investimento.

E) O grande sucesso soviético na guerra contra os guerrilheiros

muçulmanos do Afeganistão, que elevou o orgulho nacional e

provocou grandes manifestações pela democracia.

69. (Cesgranrio-2004)

(Atualidades Vestibular 2004, São Paulo: Ed. Abril, p. 219)

Em 4 de fevereiro de 2003, desaparecia, oficialmente, a Iugoslávia e

surgia o Estado da Sérvia e Montenegro. Em 2005, um plebiscito vai

decidir se Sérvia e Montenegro permanecerão unidos. Na verdade,

há interesses nesta união apesar de algumas diferenças. Um destes

interesses é:

A) Impedir que a Croácia, a Eslovênia e a Bósnia tentem dividir

territorialmente a região e, assim, enfraquece-la.

B) Diminuir a desigualdade entre ambos, já que, numericamente,

Montenegro é superior à Sérvia, tanto em população como em

território.

C) Possibilitar que o novo país venha fazer parte da União Europeia,

o que só poderá ocorrer no momento em que não houver

conflitos de qualquer natureza.

D) Manter o Estado afastado das intervenções russas que reclamam

um território anteriormente pertencente à União Soviética.

E) Fortalecer o Estado, com o apoio do exército iugoslavo, e, assim,

fazer retornar ao poder o Marechal Tito.

70. (UFG-2005) Leia o texto a seguir:

“O que levou a União Soviética com rapidez crescente para o

precipício foi a combinação de “Glasnost”, que equivalia à

desintegração de autoridade, com uma “Prestroika”, que equivalia à

destruição dos velhos mecanismos que faziam a economia

funcionar, sem oferecer qualquer alternativa; e consequentemente o

colapso cada vez mais dramático do padrão de vida dos cidadãos.”

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991).

São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 468.

De acordo com o texto, a ideia de ―desintegração da autoridade‖ da

―Glasnost‖ de Gorbatchev relacionava-se com:

A) O fim do sistema unipartidário, do papel condutor do partido com

a revitalização dos ―Soviets‖.

B) A nova experiência da União Soviética rumo a uma sociedade

democrática e capitalista.

C) A legalização de pequenas empresas privadas e a bancarrota

das empresas estatais.

D) A desestruturação da economia soviética e o fim da produção

economia planejada.

E) A dissolução dos regimes comunistas satélites da Europa.

71. (UFMG-1999) A Perestroika é entendida como um processo de

transformação global do sistema socialista da antiga URSS.

Considerando-se esse processo de transformação, é CORRETO

afirmar que:

A) A opção pela interdependência entre o aparelho do Estado e o

aparelho partidário foi importante para o fim do autoritarismo

vigente na esfera das instituições sociais e políticas.

B) O incremento da indústria de armamentos, em razão da posição

hegemônica da URSS na Guerra Fria, gerou recursos

importantes para a implantação de novas estratégias

econômicas.

C) A Glasnost, como abertura democrática, abriu caminho para a

reforma do Estado e para discussões ideológicas e assegurou

transformações básicas na economia soviética.

D) O crescimento da economia soviética nos anos 80 deste século,

a taxas bastante elevadas, impulsionou o processo de

transformação do sistema socialista na URSS.

72. (CFTCE-2005) São nações que faziam parte da União Soviética,

mas, mesmo assim, se recusaram a fazer parte da CEI

(Comunidade dos Estados Independentes):

A) Polônia, Hungria e Iugoslávia.

B) Croácia, Bósnia-Herzegovina e Eslovênia.

Page 55: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

54

C) Letônia, Estônia e Lituânia.

D) Lituânia, Hungria e Croácia.

E) Letônia, Polônia e Lituânia.

ATUALIDADES

Crise no Egito: Protestos derrubam ditador

Depois de 18 dias de manifestações populares, o presidente egípcio

Hosni Mubarak renunciou ao cargo no dia 11 de fevereiro de 2011,

encerrando três décadas de ditadura. O feito, considerado histórico,

foi comemorado em todo o mundo.

O Egito é o mais populoso e influente país árabe. Nunca antes um

governante havia sido deposto por força de um movimento popular.

A primeira vez que isso aconteceu no mundo árabe foi na Tunísia,

em 14 de janeiro. Na ocasião, o presidente Zine El Abidine Ben Ali

também cedeu aos protestos e renunciou, após 23 anos no poder.

Rapidamente, a onda de protestos pró-democracia se espalhou por

outros países do Norte da África e do Oriente Médio. Os

especialistas, entretanto, eram céticos quanto à possibilidade de

queda do ditador egípcio. Isso porque o Egito possui o maior

aparato policial da região, financiado pelos Estados Unidos.

Porém, os manifestantes desafiaram o toque de recolher imposto

pelas autoridades e transformaram a praça Tahrir (libertação, em

árabe), localizada no centro do Cairo, num monumento de

resistência ao regime. No local, eles confrontaram a polícia e

simpatizantes de Mubarak. Mais de 300 pessoas morreram em duas

semanas de distúrbios.

O presidente tentou de todas as formas evitar a renúncia. Ele

prometeu que não iria concorrer às próximas eleições, marcadas

para setembro, trocou o ministério e indicou um vice. Menos de 24

horas antes da renúncia, anunciou na TV que delegaria alguns

poderes ao vice-presidente, Omar Suleiman, e faria reformas

constitucionais.

Nada disso adiantou. O último discurso do presidente somente

serviu para revoltar mais a população, que exigia sua saída. Nos

bastidores, os Estados Unidos faziam pressão diplomática para que

fosse feita a transição de poder. Sem apoio das Forças Armadas,

que sustentou sua ditadura por três décadas, só restou a renúncia,

que foi festejada nas ruas do país.

No lugar de Mubarak assumiu o Conselho Militar do Egito. Os

militares dissolveram o Parlamento e o gabinete ministerial, ambos

ligados ao ex-presidente. Em seguida, prometeram revogar a Lei de

Emergência – que há 30 anos restringe as liberdades civis – e fazer

um referendo para mudar a Constituição. A Carta vigente dá plenos

poderes ao presidente.

As Forças Armadas devem permanecer por seis meses no controle,

até a formação de um novo governo.

Ditadura

Hosni Mubarak chegou à Presidência em 14 de outubro de 1981,

oito dias depois do assassinato do presidente Anwar Al Sadat por

extremistas islâmicos. Na época, os radicais estavam descontentes

com o acordo de paz assinado com Israel em 1979.

Nos anos seguintes, com a justificativa de conter o terrorismo,

Mubarak adotou medidas cada vez mais restritivas às liberdades

políticas e civis. Ele também foi reeleito sucessivas vezes em

eleições fraudulentas e com apoio das potências ocidentais.

A situação do Egito não é diferente dos demais Estados árabes.

Eles são governados por monarquias absolutistas, ditaduras

militares ou teocracias. Por isso, as revoltas atuais são comparadas

àquelas que levaram à queda dos regimes comunistas no Leste

Europeu, no final dos anos 1980.

Durante décadas, os árabes toleraram a falta de liberdade em troca

de estabilidade econômica. A alta do preço dos alimentos e o

desemprego mudaram este quadro nos últimos meses. Outro fator

que originou o movimento foi o crescimento da população mais

jovem e mais instruída, que reivindica abertura democrática. Os

jovens usam a internet e as redes sociais para praticarem ativismo

político, o que levou os Estados árabes a aumentarem a censura à

rede.

As lideranças jovens, por outro lado, resistem à alternativa de um

Estado mulçumano. Por isso, há chances de que, após a queda dos

ditadores, haja uma inédita transição democrática nestes países,

como vem ocorrendo na Tunísia.

A saída de Mubarak não resolveu os problemas no Egito. Os

protestos prejudicaram a já debilitada economia, baseada no

petróleo e no turismo. Várias categorias continuam em greve por

melhores salários.

Além disso, décadas de ditadura deixaram um vazio político no país,

com ausência de lideranças políticas para disputar eleições livres.

Um movimento influente entre as camadas mais pobres é a

Irmandade Mulçumana, de caráter religioso, que representará risco

ao Ocidente (sobretudo a Israel) caso conquiste espaço no novo

governo. A irmandade, fundada em 1928, é o grupo fundamentalista

islâmico mais antigo.

Outra questão em aberto é o peso que a queda de Mubarak vai

provocar nos países vizinhos. Nos últimos dias, manifestações

ganharam força no Iêmen, na Argélia, na Líbia e em Bahrein, no

Golfo Pérsico.

No Irã, voltaram a ocorrer protestos, mesmo com a proibição do

governo. Em 2009, o regime iraniano reprimiu com violência

protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Alguns países anunciaram medidas econômicas, em benefício da

população, e de segurança, com o objetivo de prevenir levantes

populares. As revoltas árabes podem ainda alterar a geopolítica da

região e a diplomacia com os Estados Unidos e países europeus,

que antes toleravam ditaduras para conter o avanço dos radicais

islâmicos.

Ataques de 11 de setembro de 2001

Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, chamados

também de atentados de 11 de setembro de 2001, foram uma série

de ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda aos Estados

Unidos em 11 de setembro de 2001. Na manhã daquele dia, 19

terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões comerciais a

jato de passageiros. Ossequestradores intencionalmente bateram

dois dos aviões contra as

Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, matando

todos a bordo e muitos dos que trabalhavam nos edifícios. Ambos

os prédios desmoronaram em duas horas, destruindo construções

vizinhas e causando outros danos. O terceiro avião de passageiros

caiu contra o Pentágono, em Arlington, Virgínia, nos arredores de

Washington.

O quarto avião caiu em um campo próximo de Shanksville, na

Pensilvânia, depois que alguns de seus passageiros e tripulantes

tentaram retomar o controle do avião, que os sequestradores tinham

reencaminhado para Washington. Não houve sobreviventes em

qualquer um dos voos.

O total de mortos nos ataques foi de 2.996 pessoas, incluindo os 19

sequestradores. A esmagadora maioria das vítimas eram civis,

incluindo cidadãos de mais de 70 países. Os Estados Unidos

Page 56: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

55

responderam aos ataques com o lançamento da Guerra ao Terror e

invadiu o Afeganistão para derrubar o Taliban, que abrigou os

terroristas da Al-Qaeda. Os Estados Unidos também aprovaram o

USA PATRIOT Act. Muitos outros países também reforçaram a sua

legislação antiterrorismo e ampliaram os poderes de aplicação da

lei.

Algumas bolsas de valores estadunidenses ficaram fechadas no

resto da semana seguinte ao ataque e registraram enormes

prejuízos ao reabrir, especialmente nas indústrias aérea e de

seguro. O desaparecimento de bilhões de dólares em escritórios

destruídos causaram sérios danos à economia de Lower Manhattan,

Nova Iorque.

Alega-se que os três principais motivos para os ataques de 11 de

setembro sejam a presença dos EUA na Arábia Saudita, o apoio a

Israel por parte dos Estados Unidos, e as sanções contra o Iraque.

Estes motivos foram ditos explicitamente pela Al-Qaeda em

declarações pretéritas aos atentados, incluindo a fatwā de agosto de

1996 e um pequeno fatwā publicado em fevereiro de 1998.Após os

ataques, Bin Laden e Al-Zawahiri publicaram fitas de vídeos e fitas

de áudio adicionais, algumas delas repetindo as razões pelos

ataques. Duas dessas publicações merecem destaque: "Carta para

a América" de 2002, e um vídeo de 2004 mostrando Bin Laden.

Crise do Petróleo

As crises do petróleo abalaram seriamente a economia internacional

nas décadas de 1970 e 1980.

Transformado em uma das mais importantes fontes de energia do

mundo, o petróleo ainda ocupa posição fundamental no

sustentáculo de várias economias. Atualmente, a variação do preço

do barril no mercado internacional é capaz de provocar crises

econômicas de grandes proporções. Desde os mega investidores

até os mais simples consumidores da cadeia econômica, se

transformam em um frágil alvo das oscilações do ―diamante negro‖.

A expansão de seu consumo aconteceu, inicialmente, graças à

popularização dos automóveis produzidos em série e a utilização de

motores combustíveis em outros meios de transporte. Com isso, na

primeira metade do século XX, grandes indústrias petroleiras

buscaram capitanear a exploração desse recurso, principalmente no

Oriente Médio. Frágeis ou mesmo sem condições de controle, essas

nações viram sua riqueza nacional sistematicamente explorada.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, essa situação se

transformou com a ascensão de governos interessados em controlar

a exploração de petróleo em seus próprios países. Em posição

frágil, por conta das terríveis perdas causadas pelas guerras, as

grandes nações capitalistas não tiveram outra opção a não ser

reconhecer a nova política das nações médio-orientais. Enfim, era

melhor reduzir os lucros da exploração do que correr o risco de não

ter acesso aos valiosos barris de petróleo.

Apesar disso, outras questões políticas serviram para que o controle

exercido pelas nações do Oriente Médio causasse serias

preocupações aos grandes capitalistas. No começo da década de

1970, as nações produtoras começaram a regular o escoamento da

produção petrolífera por conta de sua natureza não renovável. Em

1973, o valor do barril mais que triplicou em um curto período de

três meses.

Nessa mesma época, a crise entre os produtores orientais e o bloco

capitalista piorou com o estouro da Guerra do Yom Kippur. Esse foi

um dos vários conflitos entre árabes e judeus envolvendo os

territórios da Palestina. Discordando da ofensiva judaica, as nações

árabes vizinhas, produtoras de petróleo, organizaram um boicote

contra toda a nação que apoiasse a causa dos israelenses. Não

suportando a elevação do barril para a casa dos US$ 40,00, vários

países abandonaram a guerra.

Outra crise de grandes proporções também aconteceu no ano de

1979, quando os iranianos organizaram a deposição do ditador Xá

Reza Pahlevi. Com a sua saída do poder, o cenário político do Irã foi

controlado pelos xiitas apoiadores do aiatolá Khomeini. Até a

organização do setor petrolífero desta nação, o barril de petróleo

atingiu o estratosférico preço de US$ 80,00. Somente na segunda

metade da década de 1980 que o valor do petróleo passou a

diminuir.

O destaque destas duas crises indica que a economia de nações

poderosíssimas está intimamente ligada a essa fonte de energia.

Sendo o petróleo um recurso natural não renovável, muitos países

investem na exploração de outras fontes de energia que possam

sustentar o quadro econômico futuro. Contudo, ainda é difícil

imaginar as várias transformações que um mundo sem petróleo

poderia exercer na economia, na sociedade e, até mesmo, no jogo

político internacional.

Crise do Euro

União monetária faz dez anos na Europa

Há dez anos, em 1o de janeiro de 2002, entrou oficialmente em

circulação o euro, a moeda única corrente em países que compõem

a União Europeia (UE). Na época, o lastro monetário simbolizava a

integração do continente que, no século 20, enfrentou duas guerras

mundiais e uma divisão ideológica que quase provocou uma

terceira. Hoje, porém, o euro é sinônimo de incertezas, numa crise

que ameaça a futuro da segunda maior economia do planeta.

A Eurozona é composta por 17 dos 27 Estados-membros da União

Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia,

Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda,

Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. Na ocasião em

que o euro foi instituído, Dinamarca, Suécia e Reino Unido optaram

por não aderir ao projeto e mantiveram suas moedas locais.

O euro é usado diariamente por 332 milhões de europeus. A moeda

também é a segunda maior reserva monetária internacional e a

segunda maior comercial, atrás somente do dólar americano.

Apesar disso, a Europa enfrenta desde 2009 uma crise de débitos

que ameaça a estabilidade do bloco, obrigando os governos a fazer

reformas impopulares. Em 2012, o desafio dos líderes europeus

será manter todos os países integrantes da Zona do Euro, de modo

a impedir o enfraquecimento da aliança.

Desde 1999, a moeda que passou a ser usada pelos europeus há

uma década já era corrente entre os mercados financeiros. Nesse

ano, os governos aboliram moedas locais como o marco alemão, a

lira italiana, a peseta espanhola e o franco (belga e francês) nas

transações comerciais entre países. O objetivo era unir mais as

nações, em um bloco com maior representação política, e gerar

mais desenvolvimento econômico, pois o sistema monetário

integrado facilitaria o comércio e os negócios entre os países.

Nos primeiros anos, tudo caminhava bem e os europeus estavam

entusiasmados com a novidade. E, mesmo não correspondendo às

projeções mais otimistas, houve crescimento de até 15% na

economia da UE. Outro benefício da adoção da moeda única foi o

controle da inflação, que em média não ultrapassa os 2%. Empresas

também pouparam dinheiro com os custos de transações cambiais –

somente na indústria automobilística, a economia chegaria a 500

milhões de euros por ano.

Grécia

Page 57: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

56

Os problemas começaram com a crise econômica de 2008, que

atingiu o ―calcanhar de Aquiles‖ da Zona do Euro. Em uma década

de moeda única, não houve uma política fiscal comum que

regulasse o mercado, deixando o sistema exposto a especulações

de alto risco e endividamento desmedido dos Estados.

O colapso iniciou-se na Grécia, berço da democracia ocidental. O

país gastou muito além do que seu orçamento permitia em

programas sociais, na folha de pagamento dos servidores públicos,

em pensões e outros benefícios. Para pagar as contas, o Estado

adquiriu empréstimos junto a instituições bancárias.

A dívida pública grega atingiu 124,9% do PIB (Produto Interno

Bruto), mais do que o dobro permitido na Eurozona (60%). O déficit

no orçamento, isto é, a diferença de quanto o país gasta e quanto

arrecada, correspondia a 13,6% do PIB grego em 2009, índice mais

de quatro vezes a porcentagem tolerada de 3%.

A crise atingiu outros países da Zona do Euro, que também estão

em condições fiscais debilitadas, como Irlanda (déficit de 14,3% do

PIB), Espanha (11,2%) e Portugal (9,4%). Os déficits orçamentários

desses governos, que tiveram de socorrer a economia injetando

recursos públicos durante a crise e sofreram queda de receitas, são

os piores desde o período da Segunda Guerra Mundial.

Além disso, a ameaça de anunciarem ―calotes‖ em suas dívidas

causou desconfiança nos mercados. Como consequência, tornou-se

mais difícil para empresas e governos refinanciarem suas dívidas,

aprofundando a recessão no bloco. Em 2010, no auge da crise, o

euro acumulou perdas de 14% perante o dólar.

Os Estados enfrentaram a situação com programas e pacotes de

estímulo ao mercado. Entre as medidas, algumas impopulares,

como aumento dos impostos e corte em programas sociais, que

afetaram o modelo de justiça social do capitalismo europeu.

Atingida no bolso, a população reagiu com protestos em toda a

Europa, alguns mais organizados, como o movimento dos

―Indignados‖ na Espanha. Na esteira da crise, nove presidentes e

primeiros-ministros foram destituídos do cargo, entre eles o premiê

grego George Papandreou e o italiano Silvio Berlusconi.

No plano político, a Europa parece também ter regredido. A

insatisfação com a economia fez também ressurgir partidos de

direita e grupos de extrema direita, aprofundando divisões

ideológicas. Ainda que compartilhem moeda, bandeira e instituições

em comum, cisões entre governos mostram que falta unidade

política aos europeus, pondo em risco o plano de integração.

A despeito de todos os problemas, o risco do fim do euro é mínimo,

pois os prejuízos seriam compartilhados por todos. Se a moeda

fosse abolida, poderia haver uma valorização muito grande de

moedas nacionais fortes como o marco alemão. Isso prejudicaria as

exportações da Alemanha, gerando desemprego em massa no país.

Mesmo a saída de algum membro, como a Grécia, é algo que se

tenta evitar a todo o custo, pois afetaria a estabilidade do bloco.

Questões: (Atualidades)

73. (ENEM-2012) A maior parte dos veículos de transporte

atualmente é movida por motores a combustão que utilizam

derivados de petróleo. Por causa disso, esse setor é o maior

consumidor de petróleo do mundo, com altas taxas de crescimento

ao longo do tempo. Enquanto outros setores têm obtido bons

resultados na redução do consumo, ostransportes tendem a

concentrar ainda mais o uso de derivados do óleo. (MURTA, A.

Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011 -

adaptado).

Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo setor de

transportes e uma medida para promover a redução de seu uso

estão indicados, respectivamente, em:

A) Aumento da poluição sonora – construção de barreiras acústicas.

B) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria

automobilística.

C) Derretimento das calotas polares – incentivo aos transportes de

massa.

D) Propagação de doenças respiratórias – distribuição de

medicamentos gratuitos.

E) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão

de gás carbônico.

74. (ENEM-2012)

Texto I

A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras

forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que

não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio

de milhões de transações diárias no ciberespaço.

(ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de S. Paulo, 11

dez. 2011 – Adaptado).

Texto II

Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto

desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos.

(Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso

em: 17 ago. 2011 – Adaptado)

A comparação entre os significados da atual crise econômica e do

crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas crises,

pois:

A) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I

Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares

desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.

B) a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução

industrial nos EUA e a atual crise resultou da especulação

financeira e da expansão desmedida do crédito bancário.

C) a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países

europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se

associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes

econômicos.

D) o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao

setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na

internacionalização das empresas e no avanço da política de

livre mercado.

E) a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-

americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise

resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre

o sistema monetário.

75. (ENEM- 2011) No mundo árabe, países governados ha décadas

por regimes políticos centralizadores contabilizam metade da

população com menos de 30 anos; desses, 56% tem acesso a

internet. Sentindo-se sem perspectivas de futuro e diante da

estagnação da economia, esses jovens incubam vírus sedentos por

modernidade edemocracia. Em meados de dezembro, um

tunisianode 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio corpo

em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma série de

Page 58: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

57

manifestações eclode na Tunísia e, como uma epidemia, o

víruslibertário começa a se espalhar pelos países vizinhos,

derrubando em seguida o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Sites

e redes sociais – como o Facebook e o Twitter – ajudaram a

mobilizar manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico.

(SEQUEIRA, C. D.; VILLAMEA, L. A epidemia da Liberdade. Istoé

Internacional. 2 mar. 2011 - adaptado).

Considerando os movimentos políticos mencionados no texto, o

acesso à internet permitiu aos jovens árabes.

A) reforçar a atuação dos regimes políticos existentes.

B) tomar conhecimento dos fatos sem se envolver.

C) manter o distanciamento necessário a sua segurança.

D) disseminar vírus capazes de destruir programas dos

computadores.

E) difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a população.

76. (ENEM-1999) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais

veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única européia.

Leia a notícia destacada abaixo.

O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze

países europeus a partir de 1o de janeiro, é possivelmente a mais

importante realização deste continente nos últimos dez anos que

assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das

Alemanhas, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da

União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a

desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada

aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade Europeia.

A ―Euroland‖, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica,

Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e

Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase

80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por

cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro

vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.

(Gazeta Mercantil, 30/12/1998)

A matéria refere-se à ―desmontagem das estruturas do passado‖

que pode ser entendida como

A) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu

o mundo em dois blocos ideológicos opostos.

B) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos

supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico

no mundo.

C) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à

polarização ideológica da antiga URSS.

D) a confrontação dos modelos socialista e capitalista para deter o

processo de unificação das duas Alemanhas.

E) a prosperidade das economias capitalista e socialista, com o

consequente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS.

77. (ENEM-2009) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as

décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria

instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de

conflitos e pela multipolaridade. O panorama estratégico do mundo

pós-Guerra Fria apresenta:

A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às

disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de

ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime

organizado.

B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares

das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade

nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da

Guerra Fria.

C) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções

militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser

realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com

maior envolvimento de países emergentes.

D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a

possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global,

devido à crescente consciência política internacional acerca

desse perigo.

E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se

submetem às decisões da ONU no que concerne às ações

militares.

78. (ENEM-2009) Com a perspectiva do desaparecimento das

geleiras no Polo Norte, grandes reservas de petróleo e minérios,

hoje inacessíveis, poderão ser exploradas. E já atiçam a cobiça das

potências. (KOPP, D. Guerra Fria sobre o Ártico. Le monde

diplomatique Brasil. Setembro, n. 2, 2007 - adaptado).

No cenário de que trata o texto, a exploração de jazidas de petróleo,

bem como de minérios – diamante, ouro, prata, cobre, chumbo,

zinco – torna-se atraente não só em função de seu formidável

potencial, mas também por:

A) situar-se em uma zona geopolítica mais estável que o Oriente

Médio.

B) possibilitar o povoamento de uma região pouco habitada, além

de promover seu desenvolvimento econômico.

C) garantir, aos países em desenvolvimento, acesso a matérias-

primas e energia, necessárias ao crescimento econômico.

D) contribuir para a redução da poluição em áreas ambientalmente

já degradadas devido ao grande volume da produção industrial,

como ocorreu na Europa.

E) promover a participação dos combustíveis fósseis na matriz

energética mundial, dominada, majoritariamente, pelas fontes

renováveis, de maior custo.

79. (ENEM-2008) Um dos insumos energéticos que volta a

serconsiderado como opção para o fornecimento de petróleo é o

aproveitamento das reservas de folhelhos pirobetuminosos, mais

conhecidos como xistos pirobetuminosos. As ações iniciais para a

exploração de xistos pirobetuminosos são anteriores à exploração

de petróleo, porém as dificuldades inerentes aos diversos

processos, notadamente os altos custos de mineração e de

recuperação de solos minerados, contribuíram para impedir que

essa atividade se expandisse.

O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de xisto. O xisto é

mais leve que os óleos derivados de petróleo, seu uso não implica

investimento na troca de equipamentos e ainda reduz a emissão de

particulados pesados, que causam fumaça e fuligem. Por ser fluido

em temperatura ambiente, é mais facilmente manuseado e

armazenado. (Internet: <www2.petrobras.com.br>- com adaptações).

A substituição de alguns óleos derivados de petróleo pelo óleo

derivado do xisto pode ser conveniente por motivos:

Page 59: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

58

A) ambientais: a exploração do xisto ocasiona pouca interferência

no solo e no subsolo.

B) técnicos: a fluidez do xisto facilita o processo de produção de

óleo, embora seu uso demande troca de equipamentos.

C) econômicos: é baixo o custo da mineração e da produção de

xisto.

D) políticos: a importação de xisto, para atender o mercado interno,

ampliará alianças com outros países.

E) estratégicos: a entrada do xisto no mercado éoportuna diante da

possibilidade de aumento dos preços do petróleo.

80. (ENEM-2008) O potencial brasileiro para gerar energia a partir

dabiomassa não se limita a uma ampliação do Pró-álcool. O país

pode substituir o óleo diesel de petróleo por grande variedade de

óleos vegetais e explorar a alta produtividade das florestas tropicais

plantadas. Além da produção de celulose, a utilização da biomassa

permite a geração de energia elétrica por meio de termelétricas a

lenha, carvão vegetal ou gás de madeira, com elevado rendimento e

baixo custo.

Cerca de 30% do território brasileiro é constituído por terras

impróprias para a agricultura, mas aptas à exploração florestal. A

utilização de metade dessa área, ou seja, de 120 milhões de

hectares, para a formação de florestas energéticas, permitiria

produção sustentada do equivalente a cerca de 5 bilhões de barris

de petróleo por ano, mais que o dobro do que produz a Arábia

Saudita atualmente. (José Walter Bautista Vidal. Desafios

Internacionais para o século XXI. Seminário da Comissão de Relações

Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, ago./2002 -

com adaptações).

Para o Brasil, as vantagens da produção de energia a partir da

biomassa incluem:

A) implantação de florestas energéticas em todas as regiões

brasileiras com igual custo ambiental e econômico.

B) substituição integral, por biodiesel, de todos os combustíveis

fósseis derivados do petróleo.

C) formação de florestas energéticas em terras impróprias para a

agricultura.

D) importação de biodiesel de países tropicais, em que a

produtividade das florestas seja mais alta.

E) regeneração das florestas nativas em biomas modificados pelo

homem, como o Cerrado e a Mata Atlântica.

81. (ENEM-2008) Na América do Sul, as Forças Armadas

Revolucionárias da Colômbia (Farc) lutam, há décadas, para impor

um regime de inspiração marxista no país. Hoje, são acusadas de

envolvimento com o narcotráfico, o qual supostamente financia suas

ações, que incluem ataques diversos, assassinatos e sequestros.

Na Ásia, a Al Qaeda, criada por Osama bin Laden, defende o

fundamentalismo islâmico e vê nos Estados Unidos da América

(EUA) e em Israel inimigos poderosos, os quais deve combater sem

trégua. A mais conhecida de suas ações terroristas ocorreu em

2001, quando foram atingidos o Pentágono e as torres do World

Trade Center.

A partir das informações acima, conclui-se que:

A) as ações guerrilheiras e terroristas no mundo contemporâneo

usam métodos idênticos para alcançar os mesmos propósitos.

B) o apoio internacional recebido pelas Farc decorre do

desconhecimento, pela maioria das nações, das práticas

violentas dessa organização.

C) os EUA, mesmo sendo a maior potência do planeta, foram

surpreendidos com ataques terroristas que atingiram alvos de

grande importância simbólica.

D) as organizações mencionadas identificam-se quanto aos

princípios religiosos que defendem.

E) tanto as Farc quanto a Al Qaeda restringem sua atuação à área

geográfica em que se localizam, respectivamente, América do

Sul e Ásia.

82. (ENEM-2006) O funcionamento de uma usina núcleo elétrica

típicabaseia-se na liberação de energia resultante da divisão do

núcleo de uranio em núcleos de menor massa, processo conhecido

como fissão nuclear. Nesse processo, utiliza-se uma mistura de

diferentes átomos de uranio, de forma a proporcionar uma

concentração de apenas 4% de material físsil. Em bombas

atômicas, são utilizadas concentraçõesacima de 20% de uranio

físsil, cuja obtenção e trabalhosa, pois, na natureza, predomina o

uranio não-físsil.

Em grande parte do armamento nuclear hoje existente, utiliza-se,

então, como alternativa, o plutônio, material físsilproduzido por

reações nucleares no interior do reator das usinas núcleo elétricas.

Considerando-se essas informações, é correto afirmar que:

A) a disponibilidade do uranio na natureza esta ameaçada devido a

sua utilização em armas nucleares.

B) a proibição de se instalarem novas usinas núcleo elétricas não

causara impacto na oferta mundial de energia.

C) a existência de usinas núcleo elétricas possibilita que um de seus

subprodutos seja utilizado como material bélico.

D) a obtenção de grandes concentrações de uranio físsile

viabilizada em usinas núcleo elétricas.

E) a baixa concentração de uranio físsil em usinas núcleo elétricas

impossibilita o desenvolvimento energético.

Page 60: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

1. Capitalismo e Socialismo p. 60

2. Nova Ordem Mundial, Blocos Econômicos e Organizações Mundiais

p. 60

3. Conflitos Mundiais p. 64 4. América Anglo-Saxônica p. 65 5. Continente Europeu p. 66 6. Japão p. 70 7. Austrália e Nova Zelândia p. 71 8. América Latina p. 72 9. África p. 73 10. Oriente Médio p. 76 11. Sul da Ásia p. 77 12. China p. 78 13. Tigres Asiáticos p. 79 14. Exercícios p. 80

Page 61: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

60

CAPITALISMO E SOCIALISMO: da Guerra-fria à nova ordem

I - A velha ordem mundial

Após a Segunda Guerra Mundial e a Conferência de Potsdam

(1945), o território alemão foi dividido entre as potências vencedoras

(França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética) e a Guerra

Fria passa a ser evidenciada. A capital Berlim posteriormente foi

ocupada a oeste pelos capitalistas e a leste pelos socialistas.

O cenário político mundial no pós-guerra ficou marcado pela

bipolaridade existente entre as potências vencedoras da II Guerra:

EUA - liderando os países capitalistas e a URSS liderando os países

socialistas.

O antagonismo ficará evidente com a organização em 1947 da

Doutrina Truman que expressava a necessidade de conter os

avanços socialistas. Planos de reconstrução: Plano Marshall na

Europa e do Plano Colombo no Japão. Por outro lado a URSS

organizou também seu plano de ajuda econômica através do

COMECON.

Ainda no período da Guerra Fria foram criadas organizações

militares: a OTAN e o Pacto de Varsóvia.

II - Capitalismo, economia de mercado

Objetiva a geração do lucro obtido através da produção de

mercadorias; baseia-se na propriedade privada dos bens.

– o capitalismo liberal – XVIII e XIX - pequenas e numerosas

empresas competiam entre si, baseando-se na Lei da Oferta e da

Procura (Adam Smith).

– o capitalismo monopolista – primeira metade do século XX –

caracteriza-se pela concentração de capitais e pela formação de

grandes monopólios e oligopólios, proporcionando um

enfraquecimento da livre concorrência. Crise de 1929: excesso de

produção industrial e agrícola. Para contornar a crise o estado

passa a interferir de forma direta na economia sendo assim

denominado capitalismo de Estado no período de 1930 a 1970. As

políticas públicas implementadas pelo Estado passam a ser

estruturadas recebendo a denominação de Estado do Bem-Estar

Social (Welfare State), assumindo o papel de mediador entre o

capital e o trabalho. Além de desenvolver um sistema assistencial

nos campos da educação, saúde, habitação, previdência social.

- o neoliberalismo – a partir de 1970 surge a política neoliberal que

defende o afastamento do Estado para que ocorra a livre

concorrência. Com o crescimento desta política em países

desenvolvidos a partir da década de 1980 observa-se a adoção da

mesma nos países periféricos ocorrendo o afastamento do Estado

na vida econômica e social objetivando diminuir dividas facilitando o

livre deslocamento do capital, privatização de empresas, estradas e

a redução do poder dos sindicatos e, por conseguinte da classe

trabalhadora.

III – Diferenças no nível de desenvolvimento

- Países desenvolvidos – Países centrais – economia plenamente

desenvolvida, diferenças sociais reduzidas e disponibilidade de bens

e serviços sociais para a sua população, população urbana, elevada

expectativa de vida, índice de analfabetos e de mortalidade infantil

reduzidos. Alta produtividade do setor primário e baixa ocupação, os

setores secundários e terciários investem na ciência e na tecnologia

denominados de tecnologia de ponta: robótica, telemática, satélites

artificiais, microeletrônica, biotecnologia. Enfrentam problemas como

o desemprego crescente e a poluição do meio ambiente.

- Países subdesenvolvidos ou periféricos – são economias

menos desenvolvidas abrangendo em geral três quartos da

população planetária. Apresentam-se como uma herança colonial, o

setor primário absorve um grande número de trabalhadores, nem

sempre apresenta elevada produtividade, tendo sua produção

direcionada ao mercado externo constituindo como fornecedores de

matéria-prima. Elevado endividamento externo, facilitam a entrada

do capital externo através da instalação de conglomerados

transnacionais que aproveitam da mão-de-obra e dos incentivos

fiscais oferecidos pelo Estado, assim como a flexibilidade das Leis

direcionadas a preservação do meio ambiente e o não controle da

remessa de lucros. Apresentam graves problemas sociais como

altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil, déficit

habitacional, desemprego crescente e predomínio da população

rural e o crescimento da população urbana não acompanhada pela

oferta de trabalho ocasionando a hipertrofia do setor terciário.

Apresentam diferenças existindo grupos distintos a exemplo dos

países subdesenvolvidos industrializados: Argentina, Brasil, México,

África do Sul, Índia, Malásia, Coreia do Sul e Taiwan e nos últimos

anos destacam-se o Chile, a Indonésia, Tailândia, Turquia e

Filipinas.

IV - Socialismo – economia planificada – objetiva o bem estar

social, a eliminação das desigualdades sociais. A partir do século

XVIII surge o socialismo utópico como reação aos problemas sociais

causados pela Revolução Industrial. No século XIX surge o

socialismo científico defendendo que o capitalismo provoca o

aprofundamento das desigualdades sociais uma vez que os meios

de produção são privados e o desenvolvimento deste sistema

provoca o surgimento de crises econômicas. Destaque para Karl

Marx e Friedrich Engels A Rússia adota o socialismo após uma

revolução em 1917 e transforma-se em URSS em 1922 com a

anexação de várias Repúblicas vizinhas. A economia planificada

consiste na organização de um plano que determina o

funcionamento da economia. Os meios de produção são públicos ou

estatais e as decisões da economia são centralizadas. Porém, a

excessiva centralização das decisões desestimulou a criação e

inovação tecnológica. Ainda contribuíram para o fracasso do

sistema socialista o excesso de burocracia e a prioridade dos

setores militares impediu o avanço econômico destes países nos

outros setores econômicos resultando em um baixo nível de

crescimento.

Ao final da década de 1980 a profunda crise econômica e política

atingem a URSS e os países socialistas. A partir da década de 1990

as nações planificadas vêm procurando limitar a planificação da

economia ou substituí-la por mecanismos de mercado.

V – Mundo Pós-Guerra Fria

A nova ordem mundial surge com a fragmentação do sistema

Socialista e as mudanças no mundo capitalista com o avanço do

desenvolvimento tecnológico tornando o espaço mais artificializado,

sobretudo nos países centrais e algumas áreas periféricas. A

internacionalização do capital produtivo avança nos países

periféricos em busca de mão-de-obra disponível com baixos

salários, incentivos fiscais e a remessa total dos lucros.

VI - Globalização

Como o declínio do socialismo e a formação do mundo multipolar,

muitos países, antes socialistas, passaram a adotar a economia de

Mercado

Page 62: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

61

O processo de globalização está extremamente ligado às

revoluções tecnológicas, porque foram elas que deram dinamismo e

rapidez ao mercado. As tecnologias que podem ser deferidas a essa

questão está principalmente nas telecomunicações e no transporte,

nas telecomunicações houve um desenvolvimento muito grande nas

telefonias (telefones fixos, fax e celulares que facilitam as

comunicações entre empresas facilitando a importação e

exportação, empresas e consumidores, as direções são tomadas

em um país e repassadas minutos depois, e posteriormente surgiu a

internet, mais rápida e mais eficiente, facilitando os fluxos de

capitais e investimentos, por fim, os satélites melhoraram a difusão

de informações através dos veículos de comunicação em massa,

como televisão e rádio), nos transportes as tecnologias foram nas

rodovias, hidrovias, ferrovias, portos e aeroportos e também nos

próprios meios de transportes (caminhões mais modernos e rápidos,

balsas e barcos com boa capacidade de cargas e de velocidade,

ferrovias, os navios estão mais modernos com maior capacidade de

peso e velocidade e esses são os mais importantes no processo de

importação e exportação, já que 75% dos fluxos das mercadorias

ocorrem nesse transporte).

Com todos os aparatos tecnológicos foi possível haver um aumento

significativo nas relações entre os países, relações essas que

provocaram a expansão das multinacionais ou transnacionais, e

também uma globalização da produção.

Na mesma proporção que aumentaram as tecnologias e as relações

comerciais entre os países também atingiu a adequação às novas

exigências de um mercado mundial cada vez mais competitivo,

iniciando uma nova etapa, com a formação de gigantescos impérios

empresariais como as megafusões (fusão de grandes empresas que

tem como finalidade fortalecer e dominar o mercado) e os

monopólios (são empresas que se juntam e dominam por completo

um mercado, é o mesmo que cartel).

Atualmente existe uma nova ordem mundial na produção

representada pela DIT (divisão internacional do trabalho), na nova

divisão do trabalho alguns países, antes apenas produtores de

matéria prima para as indústrias, agora se tornaram, mesmo que

parcialmente, industrializados.

A divisão internacional do trabalho remete à globalização da

produção no qual um único produto tem várias origens, por exemplo,

um automóvel é montado no Brasil, mas as peças que o compõe

vêm de outras nacionalidades, os bancos da china, pneus da

Indonésia, motores da Argentina, painéis da Tailândia etc., isso

ocorre por que as indústrias buscam os melhores preços, com o

intuito de diminuir os custos e aumentar os lucros.

A competitividade econômica das empresas e dos países gerou

outras vertentes econômicas, regionalizado áreas denominadas de

blocos econômicos, dentre os principais temos o MERCOSUL 1991,

União Europeia surgiu no final da década de 1950, NAFTA, APEC e

organizações como OMC (Organização Mundial do Comércio).

A globalização está inserida nas revoluções tecnológicas, e todo

esse processo, mesmo que não nos atentamos, atinge nossas

vidas, a maior evidência disso são os postos de trabalho que deram

lugar a uma máquina há cerca de dez, por exemplo, não existia a

quantidade de caixas eletrônicos que existe hoje, tudo era feito por

uma pessoa, com isso podemos estabelecer uma análise que cada

caixa presente nos bancos pode representar um posto de trabalho

extinto.

Fim do Emprego?

De acordo com estudiosos, o avanço tecnológico poderá acabar

com a maioria dos empregos atuais, outros especialistas acham que

as inovações acabam gerando novos postos de trabalho, o mercado

do mundo globalizado exige mão-de-obra qualificada, hoje em dia, o

importante para o mercado de trabalho é que as pessoas tenham

capacidade de exercer múltiplas funções, é preciso ter, além disso,

qualificação e escolaridade. Em suma, para o desenvolvimento dos

profissionais torna-se necessário investimento em escolas,

universidades e centros de pesquisas científicas.

VII - Etapas da integração econômica:

1ª Zona de Livre Comércio – as mercadorias dos países membros

podem circular livremente. Neste caso as tarifas alfandegárias são

progressivamente reduzidas e posteriormente eliminadas.

2ª União Aduaneira – além do livre comércio, ocorre entre os países

membros a negociação de tarifas alfandegárias comuns a ser

utilizada para com o comércio com outros países.

3ª Mercado Comum – consiste na efetiva integração econômica

através das fases anteriores e acrescenta a livre circulação de

pessoas, serviços e capitais.

4ª União Monetária – com o mercado comum em funcionamento,

esta fase consistirá na coordenação das políticas econômicas dos

países membros e na criação de um banco central para emitir a

moeda utilizada por todos.

5ª União Política – envolve todas as demais etapas e consiste na

unificação das políticas de relações internacionais, defesa,

segurança externa.

Regionalização uma face da globalização

Mundo bipolar: EUA X URSS.

Mundo multipolar: vários pólos mundiais de poder.

As estruturas de poder global: BIRD, FMI, OMC.

VIII - MODALIDADES DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

Os blocos econômicos existentes no mundo são classificados a

partir dos acordos estabelecidos entre eles, e podem ser agrupados

em:

Zona de preferência tarifária - é o processo mais simples de

integração em que os países pertencentes ao bloco gozam de

tarifas mais baixas do que as tarifas aplicadas a outros que não

possuem acordo preferencial. É o caso da ALADI (Associação

Latino-Americana de Integração);

Zona de livre comércio - reúne os países através de acordos

comerciais que visam exclusivamente à redução ou eliminação de

tarifas aduaneiras entre os países-membros do bloco. Só é

considerada uma Zona de Livre Comércio quando pelo menos

80% dos bens são comercializados sem taxas alfandegárias. O

principal exemplo é o Nafta (Acordo de Livre Comércio da

América do Norte), formado por Estados Unidos, Canadá e

México;

União aduaneira - é um estágio mais avançado de integração.

Além dos países eliminarem as tarifas aduaneiras entre si,

estabelecem as mesmas tarifas de exportação e importação TEC

(Tarifa Externa Comum) para o comércio internacional fora do

bloco. A união aduaneira exige que pelo menos 85% das trocas

comerciais estejam totalmente livres de taxas de exportação e

importação entre os países-membros. Apesar de abrir as

fronteiras para mercadorias, capitais e serviços, não permite a

livre circulação de trabalhadores. O principal exemplo é o

Mercosul (Mercado Comum do Sul), composto por Brasil,

Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. Chile, Bolívia,

Peru, Colômbia e Equador são países associados ao Mercosul,

ou seja, participam do livre comércio, mas não da união

aduaneira;

Page 63: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

62

Mercado comum - visa à livre circulação de pessoas,

mercadorias, capitais e serviços. O único exemplo é a União

Europeia, que, além de eliminar as tarifas aduaneiras internas e

adotar tarifas comuns para o mercado fora do bloco, permite a

livre circulação de pessoas, mão-de-obra, capitais e todo tipo de

serviços entre os países-membros. A UE é formada por 27

membros, após a adesão de 10 novos países, em maio de 2004.

Em 2007, incluíram-se também Romênia e Bulgária na União

Europeia;

União econômica e monetária - é formada pelos países da

União Europeia, que, em 1º de janeiro de 2002, adotaram o euro

como moeda única. Apenas 13 países pertencem à zona do euro:

Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália,

Luxemburgo, Holanda (Países Baixos), Portugal, Grécia,

Espanha e Eslovênia

IX - BLOCOS ECONÔMICOS

ALCA

Acordo de Livre Comércio das Américas

A ALCA surge em 1994 com o objetivo de eliminar as barreiras

alfandegárias entre os 34 países americanos (exceto Cuba). O

prazo mínimo para a sua formação é de 7 anos, quando poderá

transformar-se em um dos maiores blocos comerciais do mundo.

Com o PIB total de 12,5 trilhões de dólares (maior que o da União

Europeia - U.E.), os países da ALCA somam uma população de 790

milhões de habitantes, o dobro da registrada na U.E. Na prática, sua

formação significa abortar os projetos de expansão do MERCOSUL

e estender o NAFTA para o restante das Américas.

Os EUA são os maiores interessados em fechar o acordo. O país

participa de vários blocos comerciais e registrou em 2000 um déficit

comercial de quase 480 bilhões de dólares. Precisa, portanto,

exportar mais para gerar saldo em sua balança comercial. Com uma

área livre de impostos de importação, os norte-americanos poderiam

suprir as demais nações da América com suas mercadorias.

Em maio de 2002, é aprovado nos EUA o fast-track, que permite

que o presidente do país possa negociar acordos comerciais,

permitindo ao Congresso apenas aprovar ou não os acordos, sem

fazer qualquer tipo de emenda ou modificação no texto original. A

criação do fast-track está ajudando os EUA a agilizar a

implementação da ALCA.

A grande preocupação da comunidade latino-americana, que gera a

maioria das reclamações por parte dos críticos à formação do bloco,

assim como a preocupação por parte dos governos dos países que

irão fazer parte da ALCA, diz respeito as barreiras não-tarifárias (leis

antidumping, cotas de importação e normas sanitárias) que são

aplicadas pelos EUA. Apesar da livre circulação de mercadorias,

essas barreiras continuariam a dificultar a entrada de produtos

provenientes da América Latina naquele mercado.

APEC

Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico

A APEC, Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, foi criada

no ano de 1989 na Austrália, como um fórum de conversação entre

os países membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste

Asiático) e seis parceiros econômicos da região do Pacífico, como

EUA e Japão. Porém, apenas no ano de 1994 adquiriu

características de um bloco econômico na Conferência de Seattle,

quando os membros se comprometeram a transformar o Pacífico

em uma área de livre comércio.

A criação da APEC surgiu em decorrência de um intenso

desenvolvimento econômico ocorrido na região da Ásia e do

Pacífico, propiciando uma abertura de mercado entre 20 países

mais Hong Kong (China), além da transformação da área do

sudeste asiático em uma área de livre comércio nos anos que

antecederam a criação da APEC, causando um grande impacto na

economia mundial.

Um aspecto estratégico da aliança, é aproximar a economia norte-

americana dos países do Pacífico, a para contrabalançar com as

economias do Japão e de Hong Kong.

Entre os aspectos positivos da criação da APEC estão o

desenvolvimento das economias dos países membros que

expandiram seus mercados, sendo que hoje em dia, além de

produzirem sua mercadoria, correspondem a 46% das exportações

mundiais, além da aproximação entre a economia norte americana e

os países do Pacífico e o crescimento da Austrália como

exportadora de matérias primas para outros países membros do

bloco.

Como aspectos negativos, pode-se salientar que um dos maiores

problemas da APEC, senão o maior é a grande dificuldade em

coincidir os diferentes interesses dos países membros e daqueles

que estão ligados ao bloco, como Peru, Nova Zelândia, Filipinas e

Canadá. Além disso, o bloco tem pouco valor em relação a

Organização Mundial do Comércio, mesmo sendo responsável por

grande movimentação no comércio mundial.

Países Membros: os países membros da APEC são: Austrália,

Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia,

Filipinas, Cingapura, Coreia do Sul, Tailândia, Estados Unidos,

China, Hong Kong, Taiwan, México, Papua, Nova Guiné e Chile.

Relação com o Brasil: a relação da APEC com o Brasil não é muito

direta ou explícita, porém alguns países membros da APEC,

também fariam parte da ALCA, caso seja realmente formada, além

de uma reunião que foi criada pelos membros do Foro de

Cooperação Econômica Ásia-Pacífico que discutiu a globalização e

durou sete dias, na qual o Brasil foi um dos temas junto com outros

países da América Latina, discutindo-se a relação entre os países.

O bloco está dividido quanto a questão do petróleo, pois vários de

seus membros são produtores e estão satisfeitos com a alta nos

preços, em quanto aqueles que precisam comprar o petróleo brigam

para que o preço diminua.

MERCOSUL

Mercado Comum do Sul

Criado em 1991, o MERCOSUL é composto por Argentina, Brasil,

Paraguai e Uruguai, países sul-americanos que adotam políticas de

integração econômica e aduaneira. A origem do MERCOSUL está

nos acordos comerciais entre Brasil e Argentina elaborados em

meados dos anos 80.

A partir do início da década de 90, o ingresso do Paraguai e do

Uruguai torna a proposta de integração mais abrangente. Em 1995

instala-se uma zona de livre comércio.

Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos países-membros

podem ser comercializadas internamente sem tarifa de importação.

Alguns setores, porém, mantém barreiras tarifárias temporárias, que

deverão ser reduzidas gradualmente. Além da extinção de tarifas

Page 64: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

63

internas, o MERCOSUL estipula a união aduaneira, com a

padronização das tarifas externas para diversos itens.

Ou seja: os países-membros comprometem-se a manter a mesma

alíquota de importação para determinados produtos.

Os países-membros totalizam uma população de 206 milhões de

habitantes e um PIB de 1,1 trilhão de dólares. A sede do

MERCOSUL se alterna entre as capitais desses países. Segundo

cláusula de 1996 só integram o MERCOSUL nações com

instituições políticas democráticas. Chile e Bolívia são membros

associados, assinando tratado para a formação de zona de livre

comércio, mas não entram na união aduaneira.

NAFTA

Acordo de Livre Comércio da América do Norte

O NAFTA é um instrumento de integração entre a economia dos

EUA, do Canadá e do México. O primeiro passo para sua criação é

o tratado de livre comércio assinado por norte-americanos e

canadenses em 1988, ao qual os mexicanos aderem em 1992.

A ratificação do NAFTA, em 1993, vem para consolidar o intenso

comércio regional já existente na América do Norte e para enfrentar

a concorrência representada pela União Europeia. Entra em vigor

em 1994, estabelecendo o prazo de 15 anos para a total eliminação

das barreiras alfandegárias entre os três países. Seu mais

importante resultado até hoje é a ajuda financeira prestada pelos

EUA ao México durante a crise cambial de 1994, que teve grande

repercussão na economia global.

UE

União Europeia

Conhecido inicialmente como Comunidade Econômica Europeia

(CEE), o bloco econômico formado por 15 países da Europa

Ocidental passa formalmente a ser chamada de UNIÃO EUROPEIA

(EU) em 1993, quando o Tratado de Maastricht entra em vigor. É o

segundo maior bloco econômico do mundo em termos de PIB, com

uma população de 374 milhões de pessoas.

Histórico:

1951 - Criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço

1957 - Tratado de Roma (Comunidade Econômica Europeia -

Europa dos 6)

1992 - Consolidação do Mercado Comum Europeu (eliminação das

barreiras alfandegárias)

1993 - Entra em vigor o Tratado de Maastricht (Holanda), assinado

em 1991 -Membros: França, Itália, Luxemburgo, Holanda, Bélgica,

Alemanha (1957), Dinamarca, Irlanda, Reino Unido (1973), Grécia,

Espanha, Portugal (1981/1986), Áustria, Suécia e Finlândia.

Em 2004 ocorreu o ingresso de mais 10 países: Letônia, Estônia,

Lituânia, Eslovênia, República Tcheca, Eslováquia, Polônia,

Hungria, Malta e Chipre.

CEI

Comunidade dos Estados Independentes

A CEI é uma organização criada em 1991 que integra 12 das 15

repúblicas que formavam a URSS. Ficam de fora apenas os três

Estados bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia.

Sediada em Minsk, capital da Belarus, organiza-se em uma

confederação de Estados, preservando a soberania de cada um.

Sua estrutura abriga dois conselhos: um formado pelos chefes de

Estados, e outro pelos chefes de Governo, que se encontram de

três em três meses.

No ato de criação, a comunidade prevê a centralização das Forças

Armadas e o uso de uma moeda comum: o Rublo. Na prática,

porém, as ex-repúblicas não chegam a um consenso sobre

integração político-econômica. Somente em 1997 todos os

membros, exceto a Geórgia, assinam um acordo para estabelecer

uma união alfandegária e dobrar o comércio interno até o ano de

2000.

X - GRANDES ORGANIZAÇÕES MUNDIAIS

Grupo dos 8

O G-8 é formado pelos 8 países mais industrializados do mundo e

tem como objetivo coordenar a política econômica e monetária

mundial. Em reunião realizada em 1997, em Denver (EUA), a

Federação Russa é admitida como país-membro, mas não participa

das discussões econômicas. O G-8 realiza três encontros anuais,

sendo o mais importante a reunião de chefes de governo e de

Estado, quando os dirigentes assinam um documento final que deve

nortear as ações dos países membros.

O grupo nasce em 1975 da iniciativa do então primeiro-ministro

alemão Helmut Schmidt e do presidente francês Valéry Giscard

d'Estaign. Eles reúnem-se com líderes dos EUA, do Japão e da Grã-

Bretanha para discutir a situação da política econômica

internacional.

A partir dos anos 80, esses países passam a discutir também temas

gerais, como drogas, democracia e corrupção. Com a admissão da

Itália e Canadá, passa a ser chamado de Grupo dos Sete. O

presidente russo Boris Iéltsin participa como convidado especial da

reunião do G-7 desde 1992. A oficialização da entrada da

Federação Russa pelo presidente dos EUA, Bill Clinton, é uma

resposta ao fato de Iélsin ter aceitado o ingresso dos países da ex-

URSS na OTAN.

OMC

Organização Mundial do Comércio

Com sede em Genebra, na Suíça , a OMC visa promover e regular o

comércio entre as nações. É criada em 1995, em substituição ao

Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), que já realizara várias

rodadas de negociação multilaterais para a redução de barreiras

comerciais. Em 1998, a OMC conta com 132 membros.

Em 2002, a China, que possui a maior população do planeta e o 6

maior PIB mundial, ingressa na OMC, o que implicaria na aplicação

das regras mundiais do comércio internacional com a China.

ONU

Organização das Nações Unidas

A ONU é o organismo internacional que surge no final da II Guerra

Mundial em substituição à Liga das Nações. Tem como objetivos

manter a paz, defender os direitos humanos e as liberdades

fundamentais e promover o desenvolvimento dos países em escala

mundial. Sua primeira carta é assinada em junho de 1945, por 50

países, em San Francisco, nos EUA.

Atualmente, a ONU é integrada por 185 dos 192 Estados do mundo.

Nos últimos anos enfrenta uma crise financeira e política. Vários

países-membros têm atrasado o pagamento das contribuições

acumulando uma dívida total de US$2,5 bilhões, dos quais US$1,5

bilhão só dos EUA, o maior devedor.

Page 65: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

64

A crise política está relacionada à necessidade de redefinição de

seu papel no mundo pós-guerra Fria. Em 1997, um plano de reforma

apresentado pela Secretaria Geral da entidade propõe a redução

radical do número de departamentos, funcionários e funções da

organização. O objetivo é concentrar suas atividades nos processos

de paz e no desenvolvimento geral das nações.

Cinco órgãos principais compõe a ONU: a Assembléia Geral, o

Conselho de Segurança, a Secretaria Geral, o Conselho Econômico

e Social e a Corte Internacional de Justiça. Há ainda o Conselho de

Tutela, instituído para supervisionar os territórios que se

encontravam sob administração e proteção da organização.

Desativado em 1997, três anos após a independência da última

colônia, Palau, só se reúne em caso de necessidade.

O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 países-

membros, sendo que 5 são membros permanentes com direito a

veto (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e Inglaterra) e

10 são membros temporários com mandato de 2 anos. Estuda-se a

possibilidade da criação de mais vagas permanentes, além do fim

do veto.

XI - O MUNDO EM CONFLITO

Os conflitos são classificados em quatro categorias, de acordo com

as forças em luta. A primeira envolve dois ou mais Estados. As

demais são disputas internas: guerra civil ou guerrilha para

mudança de regime; separatista resultante de ocupação estrangeira;

e separatista no interior de um Estado. Os conflitos podem também

ter forte conotação étnica ou religiosa. A guerra civil no Afeganistão,

por exemplo, opõe fundamentalistas muçulmanos da milícia Taliban

(patane) a grupos islâmicos de outras etnias (tadjique, uzbeque e

hazará). A origem religiosa distinta é fonte de tensão no Sri Lanka,

onde tâmeis (hinduístas) e cingaleses (budistas) estão em luta

desde os anos 80.

Ao todo, 36 confrontos armados estavam acontecendo no mundo

em 2000, segundo o anuário The Military Balance, com sede em

Londres, no Reino Unido. Deste total, 27 são conflitos internos e

nove são guerras internacionais. O número de mortos ultrapassa

100 mil, sendo que 60% das fatalidades ocorrem em solo africano.

O fato de maior destaque no cenário internacional é a ruptura do

processo de paz entre palestinos e israelenses no Oriente Médio,

com a eclosão dos mais violentos choques na região desde a

Intifada. O ano registra, por outro lado, um importante passo em

direção à paz, dado pelos dirigentes da Coreia do Norte e do Sul na

histórica reunião de cúpula ocorrida em junho.

Guerra entre Estados – Embate entre exércitos nacionais

regulares. Até o final de 2000, o mais sério deles é a disputa entre

Índia e Paquistão, duas potências nucleares, pela posse da região

da Caxemira. Vários países do centro e do sul da África também

intervêm na guerra civil em curso na República Democrática do

Congo (RDC).

Guerra civil ou guerrilha – Conflito em que grupos armados

ambicionam derrubar o governo de um determinado país. Um dos

mais expressivos são as Forças Armadas Revolucionárias da

Colômbia (Farc), que controlam uma área desmilitarizada de 42 mil

km2 na nação. Em Angola e Serra Leoa, os guerrilheiros da União

Nacional para a Independência total de Angola (Unita) e da Frente

Revolucionária Unida (FRU) intensificam, respectivamente, a luta

contra o governo desses países.

PRINCIPAIS CONFLITOS MUNDIAIS

1 – TIBETE

Luta pela autonomia do Tibete, região dominada pelos chineses de

1720 a 1912 e a partir de 1950. Os conflitos na região já deixaram

mais de 1,2 milhão de mortos desde 1950. O 14º Dalai Lama,

Tenzin Gyatso, é o líder espiritual e político dos tibetanos.

2 – PAÍS BASCO

Região localizada entre a França e a Espanha (onde está a maior

parte do território basco). A ação do ETA (Pátria Basca e Liberdade)

grupo terrorista que luta pela independência da região se concentra

na Espanha.

3 – CAXEMIRA

A região, que está na sua maior parte sob domínio indiano e cuja

população é majoritariamente muçulmana, é disputada pelo

Paquistão e pela Índia desde a independência do subcontinente

indiano, em 1947, levando as duas nações a entrar em guerra duas

vezes. Em 1998, as atenções se voltaram novamente para a região

em função de testes nucleares realizados pelas duas nações.

4 – SAHARA OCIDENTAL

Região disputada pelo Marrocos (que controla a região desde a

década de 70) e pela Frente Polisário (que luta pela independência

da região).

5 – COLÔMBIA

A ação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e

do Exército de Libertação Nacional (ELN) realiza ataques terroristas

em território colombiano. Até abril de 1998, as forças guerrilheiras

ocupavam cerca de 40% do território colombiano.

6 – ULSTER

Conflito entre a maioria protestante e a minoria católica. Os

protestantes defendem a manutenção do controle da região pelo

Reino Unido. Já os católicos lutam pela incorporação da região à

República da Irlanda (ou Eire). Desde a década de 70, O IRA

(Exército Republicano Irlandês) executa ataques terroristas na

região e também em outras cidades do Reino Unido, como Londres.

Em 1998, foi assinado um acordo de paz entre líderes católicos e

protestantes.

7 – NORTE E LESTE DO SRI LANKA

Guerrilheiros da etnia tâmil (minoria étnica no Sri Lanka) lutam pela

independência da Pátria Tâmil. As ações guerrilheiras contra as

tropas cingalesas (a maioria da população é cingalesa) já duram

mais de 15 anos.

8 – CHIPRE

Ilha localizada no leste do Mar Mediterrâneo, é disputada por turcos

e gregos.

9 – AFEGANISTÃO

Guerra civil entre diversas etnias. A etnia patene, que formou a

milícia fundamentalista Taliban, controla a maior parte do país.

10 – PALESTINA

Page 66: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

65

Conflitos entre judeus e palestinos ocorrem desde a criação do

Estado de Israel, logo após o final da II Guerra Mundial, que dividiu

o território palestino. A OLP (Organização para Libertação da

Palestina, criada em 1964) atua com ações guerrilheiras em

território judeu. A partir de 1993, algumas localidades, como a Faixa

de Gaza, passam para o controle palestino, depois do acordo de

paz assinado por Itzak Rabin (premier israelense) e Yaser Arafat

(líder da OLP). Esse acordo fica abalado depois do assassinato de

Rabin, em 1995, e da ascensão de Netanyahu, do Likud (partido de

direita), contrário à devolução de regiões ao controle da Autoridade

Nacional Palestina (que surge em substituição à OLP). Com o

retorno ao poder em Israel do Partido Trabalhista (o mesmo de

Rabin), em 1999, a esperança de paz na região cresce.

11 – CURDISTÃO

Região habitada por população de etnia curda, cuja área está

localizada dentro dos territórios da Turquia, da Síria, da Armênia, do

Azerbaijão, do Irã e do Iraque. É considerada a maior nação sem

território do mundo. A população curda é reprimida, sobretudo no

Iraque e na Turquia.

12 – PRIMAVERA ÁRABE

É o nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções

populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011. A

raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países,

provocado pela crise econômica e pela falta de democracia. A

população sofre com as elevadas taxas de desemprego e o alto

custo dos alimentos e pede melhores condições de vida.

Países envolvidos Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmem e Barein.

Geopolítica Árabe Os Estados Unidos eram aliados de ditaduras

árabes, buscando garantir interesses geopolíticos e econômicos na

região, que abriga as maiores reservas de petróleo do planeta. A

Primavera Árabe põe em cheque a política externa de Washington

para a região. A Liga Árabe, liderada pela Arábia Saudita e pelo

Catar, assume um papel de destaque na mediação das crises e dos

conflitos provocados pela Primavera Árabe.

XII MUNDO DESENVOLVIDO

América anglo-saxônica

Formada por Estados Unidos e Canadá e

consiste região que apresenta aspectos

comuns em relação às características

históricas econômicas e culturais,

decorrentes do predomínio da colonização

inglesa, embora com presença de

franceses no Canadá.

Dados dos países da América do Norte

País Área (km²)

Pop. 2010 PIB - 2011 IDH Capital

Canadá 9.984.670

34.019.000 hab.

1,391 trilhões

0,908 6º mais

elevado Ottawa

E. U. A 9.371.175

308.745.538 hab.

15,065 trilhões

0,910 4º mais

elevado

Washington D.C.

Os Estados Unidos são uma república constitucionalfederal

composta por cinquenta estados e um distrito federal. A maior parte

do país situa-se na região central da América do Norte, formada por

48 estados e Washington, D.C., o distrito federal da capital.

Localiza-se entre os oceanos Pacífico e Atlântico, fazendo fronteira

com o Canadá a norte e com o México a sul. O estado do Alasca

está no noroeste do continente, fazendo fronteira com o Canadá no

leste e com a Rússia a oeste, através do estreito de Bering. O

estado do Havaí é um arquipélago no Pacífico Central. O país

também possui vários outros territórios no Caribe e no Pacífico.

A formação dos Estados Unidos ocorreu com a independência das

13 colônias. Conflitos, tratados e acordos de compra de território

levaram a fronteira estadunidense a avançar até a região das

Montanhas Rochosas e, em 1848, após a guerra com o México,

chegar até o oceano Pacífico, quando foram incorporados os

estados do Texas, do Arizona, de Nevada, de Utah e da Califórnia.

A política de expansão territorial foi marcada pelo estabelecimento

da Doutrina Monroe, com o lema ―América para os americanos‖

enfatizando a contraposição ao domínio europeu na América Latina.

A participação dosE.U.A. nas duas grandes guerras foi decisiva e

sua superioridade militar ficou evidente. Após a 2ª Guerra Mundial

estabeleceu-se uma nova ordem política mundial, com destaque

para os Estados Unidosapós a criação da Otan – Organização do

Tratado Atlântico Norte, em oposição a União Soviética. Desde

então, os Estados Unidos tem assumido o papel de nação

hegemônica, influenciando a geopolitica mundial, e até mesmo

intervindo diretamente em países como Iraque e o Afeganistão.

Com relação às dinâmicas territorias, nas últimas décadas do século

XIX, emergiu uma estrutura espacial centralizada por um vasto polo

industrial: o Manufacturing Belt, ou Cinturão Fabril, no Nordeste e

Grande Lagos.

Nas duas primeiras décadas do século XX, o centro de gravidade do

Manufacturing Belt migrou da casta do Atlântico, onde se

concentravam as aglomerações finaceiras e as indústrias de bens

de consumo, para a região dos Apalaches e dos Grandes Lagos. Lá,

desenvolviam-se as indústrias de bens de produção, baseadas no

carvão e no minério de ferro, e nascia a indústria automobilística.

A Segunda Guerra Mundial assinala o início de uma grande

transformação: os investimentos industriais direcionam-se para o sul

e o oeste, gerando novas regiões produtivas. A politíca de

construção de estradas de rodagem e os programas de

desenvolvimento hidráulicos dinamizaram novas áreas. Os campos

petrolíferos do Golfo do México e da Califórnia , com produção

crescente atraiam investimentos. A reconstrução da econômica do

Japão estimulava um novo investimento comercial pela Bacia do

Pacíficoe, portanto, pela costa oeste.

A apartir da década de 1970, a reorganização espacial tomou um

novo impulso, com a emergência de um novo ciclo industrial,

assentado em tecnologias de ponta e em intensa automação. Os

ramos indústrias emergentes buscavam novas localizações,

distantes das taradicionais fontes de matérias-primas, das grandes

metropóles e dos seus problemas, das organizações sindicais e

suas reinvidicações. O centro de gravidade da economia deslocava-

se do setor Secundário para o Setor Terciário, ou seja, da produção

industrial para os serviços e as finanças. Essas transformações

originaram o chamado Sun Belth, o Cinturão do Sol, termo que

abrange as variadas novas áreas emergentes do sul e do oeste.

Canadá

O Canadá é um país que ocupa grande parte da América do Norte e

se estende desde o Oceano Atlântico, a leste, até o Oceano

Pacífico, a oeste. Ao norte o país é limitado pelo Oceano Ártico. É o

segundo maior país do mundo em área total, superado apenas pela

Rússia, e a sua fronteira comum com os Estados Unidos, no sul e

no noroeste, é a mais longa fronteira terrestre do mundo.

Page 67: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

66

O Canadá é uma federação composta por dez províncias e três

territórios, uma democracia parlamentar e uma monarquia

constitucional, com a rainha Elizabeth II (Isabel II) como chefe de

Estado — um símbolo dos laços históricos do Canadá com o Reino

Unido — sendo o governo dirigido por um primeiro-ministro, cargo

ocupado atualmente (2013) por Stephen Harper. É um país bilíngue

e multicultural, com o inglês e o francês como línguas oficiais.

Podeser dividido em seis regiões distintas: a dos Grandes Lagos, a

Costa Atlântica, o Escudo Canadense, as Planícies Centrais, a

Cordilheira ocidental e o Extremo Norte.

A industrialização do país resultou, em grande parte, da produção

de energia hidrelétricae da construção de infraestrutura de

transportes. A maior concentração industrial encontra-se a leste do

país, destacando-se as indústrias automobilística, siderúrgica e

química.

O Canadá é o maior produtor mundial de papel e celulose

(extrativismo da floresta das coníferas) de zinco e de urânio e o

segundo de níquel e amianto, destacando-se também por uma

significativa produção de petróleo e gás natural. Apenas 6,5% do

imenso território canadense são aproveitados para a agricultura,

principalmente porque parte de seu território fica coberto de gelo

durante vários meses.

A agropecuária do Canadá emprega tecnologia de ponta e alto grau

de mecanização, destacando-se três regiões de produção

agropecuária no país. Região das Planícies Centrais (Prairises)

onde os terrenos relativamente planos favorecem a produção de

trigo, aveia, cevada e centeio, em propriedades com alto índice de

mecanização; esses fatores colocam o Canadá entre os maiores

produtores e exportadores mundiais de trigo e cevada. Região dos

Grandes Lagos e do Vale do São Lourenço onde predominam a

pecuária leiteira e a agricultura do tipo familiar, com destaque para a

produção de frutas e hortaliças, cereais batata e beterraba. Região

da Columbia Britânica sua produção é inferior à das outras,

destacando-se a cultura de frutas e de alguns cereais para o

mercado interno; a principal atividade é a extração de madeira.

CONTINENTE EUROPEU

É o segundo menor continente do mundo, com uma área de mais de

10.500.000 km² considerando parte dos territórios da Federação

Russa e da Turquia. Limita-se ao norte com o oceano Glacial Ártico,

ao sul com o mar Mediterrâneo, a oeste é banhado pelo oceano

Atlântico e a leste liga-se à Ásia e seus limites são os Montes Urais,

o mar Cáspio e o rio Ural. Está localizado totalmente no hemisfério

Norte. Com exceção de seu extremo norte, apresenta terras na zona

temperada norte entre o circulo polar Ártico e o Trópico de Câncer.

A maior parte das suas terras encontram-se a leste do Meridiano de

Greenwich, entre 24°W a 180°L.

Possui um litoral com 2.800 quilômetros de extensão, bastante

recortado, com várias penínsulas, golfos, baías, mares, cabos e

ilhas que contribuem para a instalação portuária, favorecendo o

Page 68: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

67

desenvolvimento de uma economia voltada aos transportes

oceânicos e marítimos e a atividade pesqueira.

Na parte litorânea ocidental, banhada pelo oceano Atlântico, está o

arquipélago britânico (ilha da Irlanda e Grã-Bretanha) que é

separado do continente pelo canal da Mancha (Eurotúnel- encurtou

as distâncias entre a Inglaterra e a França), além do mar Báltico,

que banha a penínsulas da Jutlândia (Dinamarca) e Escandinava

(Suécia e Noruega).

O litoral meridional é banhado pelo mar Mediterrâneo, onde se

encontram as ilhas Creta e Rodes (Grécia), Sicília e Sardenha

(Itália), Córsega (França), Baleares (Espanha) e as penínsulas

Balcânica (da Eslovênia até a Grécia), Ibérica (Espanha e Portugal).

Existem também estreitos de Bósforos, Dardanelos e Gibraltar.

Os continentes Europa e Ásia pertencem a uma mesma porção de

terras, denominada Eurásia.

QUADRO NATURAL

Geologia e relevo

O continente europeu apresenta-se bastante baixo, tem altitudes

inferiores a 200 m em 2/3 de suas terras e a menor média de

altitude do mundo: 375m.

As rochas mais antigas (cristalinas), datadas da era Paleozóica,

sofreram movimento orogenético, formando as montanhas que

durante milhões de anos passaram por processos de erosão e

tectonismo, e posteriormente de sedimentação nas eras Mesozóica

e Cenozóica, resultando em altitudes inferiores a 2500m, originando

formações como os Alpes Escandinavos, maciços Central, Renano,

da Boêmia e da Grã-Bretanha e Montes Peninos. São áreas ricas

em jazidas de carvão e de alguns tipos de minerais metálicos,

recursos fundamentais para o desenvolvimento industrial do

continente.

Na parte norte e intercalando as montanhas, encontram-se a

principais planícies europeias que se estendem do Atlântico aos

Montes Urais, apresentando baixas altitudes que dificilmente

superam 400m, de formação fluvial e glacial, datada da Era

Cenozóica do período Quaternário. Elas têm grande importância,

pois facilitam o transporte e são também muito férteis. São elas:

Russa (ou Sarmática), Germano-polonesa, Húngara, dos Países

Baixos, Londrina e a Bacia Parisiense.

Os dobramentos modernos da Era Cenozóica dominam as porções

central, sul e sudeste do continente, destacando-se de oeste para

leste os: Pirineus, Alpes(onde se destaca o ponto culminante

europeu – Monte Branco, com 4.808 m, situado entre a Itália e a

França), Apeninos, Alpes Dináricos, Balçãs, Cárpatos e Cáucaso.

Essa região apresenta grande instabilidade tectônica, sujeita à

atividade sísmica e vulcânica como o Etna, Vesúvio e Stromboli, na

Itália, Santoríni na Grécia.

Existem também depressões absolutas, situadas junto ao mar

Cáspio (entre a Europa e a Ásia) e na Holanda, ao norte do baixo

curso do rio Reno.

HIDROGRAFIA

O continente europeu é rico em rios e lagos

Os rios da Europa são, em geral, de pequena extensão,

abundantes, bem distribuídos pelo território, cujos dispersores de

água mais importantes são os Alpes, os Pinineus e Planalto do

Valdai. São bem aproveitados tanto para transporte como para

produção de hidroeletricidade.

O bom aproveitamento das bacias hidrográficas para o transporte

(75 mil Km de vias fluviais) se dá devido à interligação existente

entre estas através de canais (43.500 km de extensão) facilitando

grande integração entre os países europeus. É também constituída

por numerosos lagos de origem glacial (Peipus, entre Estônia e

Rússia, e o Vänern e Vättern, na Suécia).

Os rios europeus mais importantes são: Volga, Danúbio e o Reno.

Volga, maior rio da Europa, nasce no planalto de Valdai, atravessa

a planície Russa e desemboca no mar Cáspio. Possui 3.531 km de

extensão, navegável em sua grande parte, apesar do congelamento

de suas águas no inverno. Banha importantes centros urbanos e

econômicos russos como Nijni-Novgorod e Volgogrado.

Danúbio, tem 2.900 km de comprimento, corre no sentido oeste-

leste, nasce na Floresta Negra, nos Alpes alemães e deságua no

mar Negro, depois de ter atravessado nove países europeus:

Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Romênia,

Bulgária e Ucrânia; e quatro importantes capitais europeias: Viena,

Bratislava, Budapeste e Belgrado.

Em 1856 o Danúbio foi internacionalizado, ligando a parte ocidental

à oriental da Europa.

Vale ressaltar que este rio interliga-se ao rio Reno através do canal

Ludwig e do rio Meno.

Reno, é o mais importante da Europa, com seus 1.326 km de

extensão ,nasce nos Alpes suíços, atravessa o Lago Constança,

separando a Alemanha da França desaguando no Mar do Norte no

Delta do Reno e Mosa, onde se situa o sistema portuário mais

importante da Europa, Roterdã (Holanda).

Na bacia deste rio fica uma das áreas industriais mais

desenvolvidas da Alemanha, que abrange importantes cidades.

Juntamente com o seu afluente, Rhur, banha uma área que

centraliza o maior complexo industrial da Europa.

Como foram construídas várias obras de engenharia (construção de

canais e eclusas) este rio tornou-se navegável desde Basiléia

(Suíça) até o mar do Norte, facilitando o escoamento de vários

produtos.

Outros rios que também merecem destaque:

O Ródano nasce nos Alpes suíços, corta a França e deságua no

mar Mediterrâneo. É uma importante via de circulação para o

petróleo que chega à Europa pelo porto de Marselha, no sul da

França (sistema portuário mais importante do Mediterrâneo).

O Pó localizado ao norte da Itália, este é bem aproveitado na região,

porque corta a mais importante área industrial e agropecuária do

país.

O Sena nasce nos baixos planaltos a sudeste de Paris, desemboca

no canal da Mancha, depois de ter atravessado a região de

Champagne (Paris). O rio Sena é bastante aproveitado como via de

circulação da bacia parisiense.

•Rio Tejo: Península Ibérica

•Rio Tâmisa: Londres

•Rio Pó: Norte da Itália

•Rio Sena: Paris

•Rio Tibre: Roma

• Rio Vístula: Varsóvia

CLIMA E VEGETAÇÃO

A maior parte do continente europeu está localizado na zona

temperada norte, portanto, o clima predominante é o temperado.

Os climas e vegetação existentes na Europa são:

Temperado continental – domina a maior parte interiorana do

continente. Possui invernos rigorosos e secos com temperaturas

que atingem –20°Ce verões quentes e chuvosos, com temperaturas

Page 69: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

68

média de 22°C, apresentando amplitudes térmicas elevadas. As

formações vegetais presentes nas áreas desse clima são: Floresta

temperada, estepes (predominante) e a floresta boreal.

Temperado oceânico – ocorre na parte ocidental da Europa,

apresentando elevada pluviosidade e pequena amplitude térmica. A

formação vegetal dominante nesse clima é a floresta temperada

(caducifólia) que hoje encontra-se bastante devastada.

Mediterrâneo – ocorre no Sul da Europa, apresentando verões

quentes e secos, e invernos úmidos e não muito frios. Esse clima

contribui para o desenvolvimento de florestas que já foram bastante

destruídas, o que resta é conhecida como vegetação mediterrânea,

formada por maquis(que se encontra em solos arenosos) e

Garrigue (em terrenos calcários).

Polar – encontra-se no extremo norte do continente, possui um

inverno longo e rigoroso, com temperaturas que chegam a -60° e

um verão curto entre 16° e 21°. Esse clima favorece o surgimento

da vegetação Tundra, formada por musgos e liquens.

Montanha (ou alpino) – domina as áreas montanhosas europeias,

os invernos são muito rigorosos e com neve e os verões curtos. A

vegetação varia de acordo com a altitude, aparece a floresta

temperada na base da montanha. À medida que a altitude aumenta

surge a floresta boreal, os campos de altitude, a tundra e no topo só

tem neve eterna.

POPULAÇÃO EUROPEIA

Composta por diferentes povos com grande diversidade étnica,

cultural, linguística e religiosa, a Europa é considerada o berço da

civilização moderna, possui uma população predominante adulta

que se distribui irregularmente pelo seu território.

Os principais povos europeus são os germânicos (alemães, suecos,

noruegueses, austríacos, britânicos e holandeses) que ocupam as

regiões central e norte da Europa; os latinos (portugueses,

franceses, espanhóis, italianos, etc.) predominam na região

mediterrânea; e os eslavos (russos, sérvios, poloneses, eslavos,

tchecos, eslovacos e ucranianos) que habitam principalmente a

Europa Oriental. Ainda devem ser citados os gregos, os finlandeses

e húngaros, além de minorias étnicas que lutam por um território

próprio e por sua independência, a exemplo desses povos são os

bascos – habitam uma área entre a França e a Espanha,

preservando sua língua e sua cultura.

PROCESSO EVOLUTIVO DA POPULAÇÃO

A Europa, no início do século XVIII possuía um crescimento natural

estável com altas taxas de natalidade e mortalidade. A partir da

segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial possibilitou

a melhoria da qualidade de vida da população, causando uma

queda na taxa de mortalidade, consequentemente um aumento

populacional, como também iniciando o processo de urbanização da

Europa.

Do início até meado do século XIX, os problemas de ordem política

e social, juntamente com o inchaço populacional fizeram do

continente Europeu uma área de repulsão populacional. Os

emigrantes europeus, principalmente, alemães, ingleses, irlandeses,

italianos e escandinavos migraram para as promissoras colônias

europeias na América, Ásia, África e Oceania, que ofereciam novas

oportunidades de trabalho. No final deste século até o início do

século XX, foram baixas as taxas de natalidade e mortalidade, o que

vai ocasionar o baixo crescimento vegetativo. A emigração só

diminuiu durante a Primeira Guerra (1914-18) e Segunda (1939-45)

Guerras Mundiais, no século XX. Assim, tem início o processo de

transição demográfica na Europa.

A segunda metade do século XX é marcada pelo envelhecimento da

população europeia, as taxas de natalidade e mortalidade

continuam baixas. A taxa de fecundidade da mulher europeia caiu

em decorrência das dificuldades financeiras, da mulher inserida no

mercado de trabalho e o uso de métodos contraceptivos. A melhoria

das condições sanitárias, do atendimento médico hospitalar,

avanços na medicina etc., contribuíram para a longevidade da

população europeia e da queda da taxa de mortalidade infantil. A

política de retenção da natalidade era, nessa época, adotada por

vários países europeus incentivados pelas ideias neomaltusianas.

Curiosamente, hoje as campanhas de incentivo à natalidade são

praticadas por países como Alemanha, a França e a Suécia. A

expectativa de vida, que no inicio do século era de 50 anos, passou

para 77 anos. Esse envelhecimento da população preocupa alguns

governos da Europa porque já está diminuindo a PEA, obrigando a

contratação de mão de obra estrangeira, porém, os imigrantes

ocupam vagas que não exigem qualificação como na construção

civil, setor de limpeza, etc. Outro problema está relacionado com os

gastos na previdência e na saúde, que vêm aumentando

consideravelmente.

A pirâmide etária na Europa, ao contrário do mundo

subdesenvolvido, apresenta um estreitamento da base com a

redução de jovens e o alargamento do corpo e do ápice com o

significativo aumento no número de adultos e idosos

A população da Europa em 2005, era estimada em 731 milhões, que

é um pouco mais do que um nono da população mundial. Um século

atrás, a Europa tinha quase um quarto da população mundial. A

população da Europa cresceu no século passado, mas nas outras

regiões do mundo (especialmente na África e na Ásia), a população

tem crescido muito mais rapidamente. Dentre os continentes, a

Europa tem uma densidade populacional relativamente alta (69

hab/km²), perdendo apenas para a Ásia. O país mais densamente

povoado da Europa são os Países Baixos.

Segundo a projeção de população da ONU, a população da Europa

pode cair para cerca de 7% da população mundial até 2050, ou 653

milhões de pessoas. Neste contexto, existem disparidades

significativas entre regiões em relação às taxas de fertilidade. O

número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva é de 1,52.

De acordo com algumas fontes, essa taxa é maior entre os

europeus muçulmanos. A ONU prevê que o declínio contínuo da

população de vastas áreas da Europa Oriental. A população da

Rússia está diminuindo em pelo menos 700 mil pessoas a cada ano.

A Europa é o lar do maior número de migrantes de todas as regiões

do mundo, em 70.6 milhões de pessoas, segundo um relatório da

OIM. Em 2005, a UE teve um ganho líquido global de imigração de

1,8 milhão de pessoas, apesar de ter uma das maiores densidades

populacionais do mundo. Isso representou quase 85% do

crescimento populacional total da Europa. A União Europeia

pretende abrir centros de emprego para trabalhadores migrantes

legais da África.

O país europeu com maior percentagem de crianças nascidas por

ano é a França. Em 2008, numa população de 65 milhões de

habitantes nasceram 801.000 bebes. Os franceses conseguem

assim impedir o envelhecimento acelerado da população. Cada

mulher francesa dá à luz em média 2,02 crianças. Na Europa, esta

média só é atingida pelos ingleses, irlandeses e escandinavos. A

Page 70: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

69

França continua a ser o País na Europa que mais defende a

natalidade.

DESLOCAMENTO POPULACIONAL NO PÓS-GUERRA

Depois da Segunda Guerra Mundial a Europa passou por uma

reestruturação econômica financiada pelos Estados Unidos (Plano

Marshall), volta a ser uma área de atração populacional, em

especial a Inglaterra, A Alemanha Ocidental e a França, que

incentivaram a imigração como mão de obra para trabalhar em

serviços pesados, recusados pelos europeus. Na Alemanha

chegaram os turcos e os iugoslavos, para a França e Espanha

foram os povos do Norte da África e para o Reino Unido e

Alemanha, os indianos e paquistaneses. Ainda nesse período, são

intensos os deslocamentos internos, os países mais pobres não

possuem condições para manter a sua população em seu território e

esta vai à procura de melhores condições de vida nos países mais

ricos, é o caso dos italianos, que além de migrarem dentro do seu

próprio país (do sul agrícola para o norte industrializado) vão para a

Alemanha e os portugueses se espalham pela França, Alemanha e

Inglaterra.

Os países do leste europeu que antes eram áreas de atração

populacional, principalmente para os países subdesenvolvidos,

passaram a ser áreas de repulsão da população depois da queda do

socialismo que aconteceu logo após a Guerra Fria.

Se outrora os europeus incentivaram a imigração, hoje isso não

acontece com tanta intensidade por causa do desenvolvimento

tecnológico, antes precisava-se de peões e agora necessitam de

mão de obra qualificada.

Distribuição da População

Em números absolutos, a população europeia soma cerca de 731

milhões de habitantes e uma densidade demográfica de 69 hab/km².

É um continente povoado e populoso, apresenta grandes

densidades demográficas, como em Mônaco – 16.620hab/km². Os

vazios demográficos estão no norte da Rússia, Noruega e Finlândia,

ocasionados por temperaturas muito baixas; próximo ao mar

Cáspio, por ser uma região semiárida; e as altas montanhas,

regiões de elevadas altitudes com presença de gelo e neve. As

menores densidades demográficas são encontradas na Noruega,

Suécia e Finlândia. Portanto, a população está distribuída

irregularmente pelo território.

O processo de industrialização, que vem acontecendo na Europa

desde meados do século XVIII (Revolução Industrial), é um

importante elemento de concentração populacional. A população é

predominante urbana, na Bélgica o índice atinge os 97,44%, no

Reino Unido 79,78/%, nos Países Baixos 83,32%, na França e

Finlândia 85%, na Dinamarca 87,05%.

As cinco maiores metrópoles europeias são: Paris, na França –

cerca de 11,8 milhões de habitantes; Moscou, na Rússia superando

111,5 milhões; Istambul, na Turquia cerca de 13,12 milhões; e São

Petersburgo, na Rússia cerca de 4,8 milhões. Já na Albânia e

Portugal, onde as atividades agrícolas são mais significativas, a

urbanização é, respectivamente de 52,89% e 61,3%.

XENOFOBIA

A Europa, depois da Segunda Guerra Mundial, recebeu um grande

número de imigrantes vindos principalmente da África, Turquia e

Oriente Médio e também apresentou um deslocamento interno

considerável. Até então havia empregos na Europa, mas o

desenvolvimento nas técnicas de produção e o uso de altas

tecnologias fizeram com que a necessidade de mão de obra

diminuísse e o desemprego aumentasse. O mercado de trabalho

tornou-se mais concorrido e o imigrante passou a ser visto pelo

europeu como uma ameaça na busca de emprego. A população

acusa o governo de gastar muito com imigrantes (saúde, escolas,

habitação, previdência etc.). Com isso, o nacionalismo, a xenofobia

e o racismo cresceram. Em algumas situações, os imigrantes são

discriminados, sua cultura não é respeitada, são tratados como

escravos e odiados por grupos que praticam atrocidades, como os

skinheads. O governo passou então a dotar políticas antimigratórias

rígidas para tentar deter a chegada de imigrantes.

Os países onde os imigrantes são mais perseguidos e discriminados

são Alemanha, Inglaterra e França.

A religião é outra questão delicada dentro da Europa. O catolicismo

é a religião predominante, mas há um grande número de seguidores

do protestantismo, do islamismo e do judaísmo. Essa diversidade

religiosa e étnica causou e causa graves problemas na Europa,

como é caso do conflito entre católicos e protestantes, na Irlanda do

Norte; as ameaças terroristas de uma minoria radical do islamismo;

a guerra da Bósnia ente mulçumanos e cristãos ortodoxos; os

separatistas da região basca, entre outros.

Outro povo que sofre frequentes perseguições e discriminações

tanto da população como também da policia são os ciganos. Povo

nômade que chegou à Europa há mil anos vindos da Índia, possui

uma cultura totalmente diferente da europeia e são considerados

pelos europeus como indolentes e retardados, chamados de ―negros

europeus‖.

Economia do continente europeu

Grã-Bretanha – grande parte dos novos investimentos se direciona

para a cidade de Londres, que concentra as indústrias mecânicas e

químicas e Birmingham que conta com inúmeras indústrias de

tecnologia de ponta, como as petroquímicas e as de biotecnologia.

As antigas regiões industriais carboníferas conhecidas como regiões

negras como Liverpool e Glasgow enfrentam crises econômicas e

social generalizada.

França – A região da Alsácia e da Lorena na fronteira com a

Alemanha foi a região mais industrializada nos primeiros tempos

relacionada as reservas de carvão mineral. Atualmente a principal

região industrializada localiza-se na região metropolitana de Paris

centro político, econômico e cultural que polariza o país. O seu

parque industrial varia de indústria de cosméticos, aviões, perfumes,

automóveis, produtos farmacêuticos entre outros. Ainda possui um

grande número de tecnopolos.

Destaca-se como maior produtor agrícola da União Europeia. Na

bacia Parisiense, encontra-se a mais importante região produtora de

cereais e beterraba açucareira da Europa Ocidental. Entre as

demais áreas agrícolas francesas, destaca-se a costa mediterrânea

pela produção de uvas. A pecuária desempenha importante papel

na economia relacionada ao desenvolvimento de laticínios para

aproveitamento da produção de leite da criação de ovinos e em

menor número de bovinos. Ainda são importantes os suínos.

Espanha e Portugal – apresentam maior dependência da agricultura

utilizando tecnologia arcaica em relação aos países vizinhos

empregando maior número de trabalhadores e menor produtividade.

A Espanha com parte do seu relevo montanhoso e semi-árido

dificulta o desenvolvimento do setor agrícola em vastas áreas.

Destaca-se na produção de cereais nas áreas do centro-norte e na

parte meridional e mediterrânea uva, cítricos e oliva.

Page 71: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

70

A uva e a oliva são os principais produtos cultivados sendo

utilizados como matéria-prima para as indústrias em Portugal e na

Espanha.

O turismo constitui em uma das maiores fontes de renda destes

países atraídas pelo patrimônio histórico e suas praias.

Alemanha – o vale do Rio Reno/Ruhr constitui na maior região

siderúrgica europeia, continua a ocupar o lugar de destaque na

economia da União Europeia, mas no interior deste país existem

outros pólos industriais importantes:

Siderúrgico e maquinário: concentrado junto às ricas áreas

carboníferas do rio Ruhr e nas regiões do Sarre e das cidades de

Leipzig e Dresden, junto ao Rio Elba, em território da antiga

Alemanha Oriental.

Químico – concentrado na bacia do Reno sediando as poderosas

empresas Basf próximo a Mannheim e a Bayer em Colônia.

Automobilística – concentrada em Stutthgart, as sedes de Daimler-

Benz e Porsche e próximo a Hannover a Volkswagen.

Eletrônico- motores elétricos e telecomunicações em Stuttgart e

Frankfurt.

No setor agrícola utiliza tecnologia moderna com alta produtividade

destacando-se no cultivo de batata, vinha e beterraba açucareira.

Polônia – na região da Silésia com suas reservas de carvão

favoreceu para a concentração industrial de siderúrgica e

mecânicas. Além desta área destaca-se Varsóvia com diversificadas

indústrias e Gdansk com o desenvolvimento do setor naval.

Destaca-se ainda no setor agrícola como produtor de beterraba

açucareira.

República Tcheca – destaca-se na produção siderúrgica e

mecânica, incluindo ainda indústrias de cristais e a de bebidas.

Eslováquia – produção siderúrgica, têxtil e alimentícia.

Hungria – siderúrgica e indústria de máquinas.

Áustria – siderúrgica e de equipamentos para o setor industrial.

Suíça – produção de instrumentos de precisão e relógios, laticínios,

atividade bancária e o turismo na região alpina.

Liechtenstein – turismo e atividades bancárias.

Na Itália, os centros industriais mais importantes, ligados

principalmente à siderurgia e às indústrias mecânicas, situam-se em

Turim, Milão e Gênova no norte do país.

A principal região agrícola a fértil planície do Pó destacam-se na

produção de milho, trigo, e beterraba açucareira. Ao sul destacam-

se os cultivos de oliva e vinha.

Na Albânia, Grécia e Bulgária destacam-se na produção de oliva e

vinha.

Noruega – as maiores concentrações industriais estão concentradas

em Oslo destacando-se as siderúrgicas, indústrias de papel e

celulose, maquinários e metalurgia de alumínio.

Suécia – mais industrializado dos países nórdicos destacando-se

Estocolmo, Gotemburgo e Malmó. Volvo e Scânia no setor

automobilístico e a Ericcson nas telecomunicações. Eletrolux –

eletrônicos e Sandivik maquinários e SKF setor elétrico, numerosas

industrias no setor siderúrgico e na produção de papel e celulose.

Finlândia – destaca na produção de papel e celulose, metalurgia e

no setor de telecomunicações.

Estes países nórdicos destacam-se na silvicultura e na produção de

cereais, batatas, beterraba açucareira.

Dinamarca – atividade agropecuária laticínios e frigoríficos, têxtil,

naval e petroquímica concentradas em Copenhague.

A Grande Recessão, é uma crise econômica global que ainda hoje

se faz sentir após a crise financeira internacional precipitada pela

falência do tradicional banco de investimento estadunidense

Lehman Brothers, fundado em 1850. Em efeito dominó, outras

grandes instituições financeiras quebraram, no processo também

conhecido como "crise dos subprimes"

LEITURA COMPLEMENTAR

A crise na Europa foi causada pela dificuldade de alguns países

europeus em pagar as suas dívidas. Cinco dos países da região –

Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha – não vêm conseguindo

gerar crescimento econômico suficiente para honrar os

compromissos firmados junto aos seus credores ao longo das

últimas décadas. O risco de inadimplência é real e tem

consequências de longo alcance, que se estenderão além das

fronteiras da zona do euro.

―A crise da dívida europeia é a crise financeira mais séria desde os

anos 1930, se não a mais séria da história‖, afirmou o Presidente do

Banco da Inglaterra, Mervyn King, em outubro de 2011.

Como começou a crise na Europa?

A economia mundial tem experimentado um crescimento lento

desde a crise financeira dos Estados Unidos entre 2008 e 2009. A

crise americana expôs as políticas fiscais insustentáveis dos países

na Europa e no mundo.

A Grécia, um dos países que não conseguiu realizar reformas

fiscais, foi um dos primeiros a sentir o aperto de um crescimento

mais fraco. Quando o crescimento diminui, assim como as receitas

fiscais, torna os elevados déficits orçamentários insustentáveis. Na

verdade, as dívidas da Grécia eram tão grandes que ultrapassaram

o tamanho de toda a economia do país. No final de 2009, a única

solução que restou para o então recém-empossado primeiro-

ministro George Papandreou foi assumir que a Grécia não tinha

mais condições de pagar as suas contas.

Os investidores reagiram de imediato, exigindo maiores

rentabilidades sobre os títulos da Grécia, o que elevou o custo dos

encargos da dívida do país e exigiu uma série de salvamentos pela

União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE). A partir do

episódio grego, o mercado passou a exigir maiores rentabilidades

sobre os títulos dos outros países endividados da região, tentando

antecipar problemas semelhantes ao que ocorreu na Grécia.

JAPÃO

Aspectos gerais

O Japão ocupa um arquipélago no "círculo de fogo" do oceano

Pacífico, área onde há um encontro de placas tectônicas. Isso

explica a existência de vários vulcões em atividade naquele

território, bem como a ocorrência de maremotos e terremotos

frequentes. O terremoto mais violento ocorreu em 1923 e atingiu

Tóquio, matando cerca de 140 mil pessoas.

O país é formado por um conjunto de aproximadamente 4 mil ilhas

num território de 377 748 km2. As quatro maiores e mais

importantes dessas ilhas correspondem a 97% do território japonês.

São elas: Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kiushu. Nesse espaço

relativamente reduzido pouco maior que o estado de São Paulo e

com amplas extensões montanhosas (cerca de 80% da área total),

vivem cerca de 127 milhões de habitantes. Esse fato explica a

existência de elevadas densidades demográficas no país.

As atividades econômicas mais importantes estão concentradas

nessas quatro ilhas. Para encurtar a distância entre elas, a

Page 72: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

71

engenharia japonesa construiu dois túneis e uma ponte entre

Honshu e Kiushu. Entre Honshu e Shikoku, duas grandes pontes

também estão sendo construídas; um imenso túnel, com 54 km de

extensão, liga Honshu e Hokkaido.

Cerca de 80% do território japonês apresenta relevo montanhoso.

As montanhas das ilhas Honshu, Shikoku e Kiushu exibem uma

vasta vegetação sub-tropical. A ilha de Hokkaido é coberta de taiga.

Essas condições permitiram uma intensa utilização da madeira, até

mesmo para a construção de embarcações.

Embora a maior parte, do território japonês apresente relevo

montanhoso, sua cultura mais característica e tradicional é a

rizicultura (cultivo de arroz). Da mesma forma que em outros países

do Leste e do Sudeste Asiático, Tailândia, Filipinas, China,

Indonésia e outros, a rizicultura japonesa é praticada na forma de

agricultura de jardinagem, o que significa que predominam as

pequenas propriedades rurais e, principalmente, que existe um

intenso uso de mão-de-obra. O arroz japonês é tido como o mais

caro do mundo e o produto importado é bem mais barato; essa

atividade só continua graças aos enormes subsídios

governamentais, que continuam a existir por causa da tradição da

rizicultura e da sua importância para a cultura japonesa em geral.

Há muito tempo o país também se dedica à pesca, explorada

simultaneamente por grandes e pequenas empresas. Pequenos

portos para pesca são encontrados em toda a sua área costeira,

principalmente no litoral do Pacífico, cujas águas são mais piscosas.

Por causa do Regulamento Internacional de 1977, que limitou a

pesca a 200 milhas marítimas do litoral de cada país, e também do

grande consumo interno de peixe, o Japão desenvolveu a técnica de

reproduzir algumas espécies em reservatórios de água doce.

Ao contrário do que ocorre nas outras potências econômicas

mundiais, o Japão não apresenta importantes reservas de jazidas

minerais, o que o leva a importar praticamente todo o petróleo que

consome, além de 92% do ferro, 93% do manganês e 83% do cobre

utilizados por suas indústrias. Apesar disso, o país é super

industrializado é a segunda economia nacional do mundo, atrás

apenas da norte-americana e possui um grande desenvolvimento

tecnológico.

Desenvolvimento industrial

Visando acompanhar o desenvolvimento tecnológico do mundo

ocidental, o governo japonês já no século XIX começou a investir na

implantação de estabelecimentos industriais em todos os setores

nos quais o capital privado não tinha condições de atuar.

Posteriormente, algumas dessas indústrias foram vendidas a baixo

preço a empresários particulares, A venda de algumas empresas

estatais originou os zaibatsu, verdadeiros monopólios que tiveram

um grande desenvolvimento entre as duas guerras mundiais, porque

o governo japonês lhes proporcionou inúmeras vantagens e

privilégios.

No final do século XIX, as empresas de materiais bélicos já

desfrutavam de certos benefícios, pois o desenvolvimento da

industrialização japonesa até a Segunda Guerra Mundial tinha

objetivos militaristas. Da mesma forma que a industrialização livrou

o país de qualquer dominação por parte de nações ocidentais, ela

se constituiu também numa estratégia de expansão da área

territorial japonesa para o Extremo Oriente.

Graças à ajuda financeira recebida dos Estados Unidos após a

guerra, a economia japonesa voltou a crescer rapidamente. Para

isso, foi de fundamental importância a manutenção da estrutura

social tradicional, que permitiu o constante pagamento de baixos

salários para uma população extremamente disciplinada e movida

pela ideia de que o principal objetivo de seu trabalho era reerguer o

país.

Em outras palavras, a elevação da produtividade industrial foi obtida

pela exploração da força de trabalho, ou seja, de baixos salários,

elevado número de horas de trabalho semanais, ausência de

preocupação com as condições de trabalho nas fábricas, etc. Mas, a

partir dos anos 1970, os níveis salariais e de consumo subiram

bastante no Japão, que deixou de ser somente uma economia

voltada para atender ao mercado externo (para exportação) e

passou a ser também uma importante sociedade de consumo.

O comportamento abnegado do povo japonês pode ser explicado

pela permanência de características da sociedade feudal, baseada

na obediência servil da classe subalterna à classe dominante.

A política trabalhista no Japão se apóia, entre outros, nos seguintes

aspectos:

As empresas recrutam os jovens para o trabalho assim

que eles concluem seus cursos na Universidade ou em outra escola,

e, uma vez contratados, geralmente permanecem na mesma

empresa até se aposentar.

É comum os filhos terem emprego garantido na empresa

em que o pai trabalha, alguns até mesmo antes de nascer.

O aumento de salário depende do tempo de serviço na

empresa e da qualificação para o trabalho.

Cada empresa procura ter seu próprio sindicato, que inclui

tanto os trabalhadores quanto seus diretores.

Em vez de acirrar os conflitos, lançando as empresas

contra os trabalhadores (tal como ocorreu muitas vezes nos Estados

Unidos e na Inglaterra, onde o governo incentivou as firmas a se

transferirem de regiões onde os salários eram maiores para outras

áreas com nível salarial mais baixo), o "modelo japonês" procura

integrá-los com acordos que garantem não haver greves desde que

os salários subam no mínimo os índices da inflação (que são

baixos).

AUSTRÁLIA E NOVA ZELÂNDIA

A Austrália é um país localizado na Oceania, entre os oceanos

Pacífico e Índico. Sua extensão territorial é de 7.713.364

quilômetros quadrados, considerado o sexto maior país do planeta,

com área inferior apenas à da Rússia, Canadá, China, Estados

Unidos e Brasil.

O território australiano está situado em sua totalidade, a oeste do

Meridiano de Greenwich, portanto, é um país do hemisfério oriental.

Com relação à Linha do Equador, a Austrália localiza-se ao sul,

pertencendo ao hemisfério sul. O país é cortado pelo Trópico de

Capricórnio: uma porção do território situa-se na zona climática

intertropical (porção norte), a outra parte (porção sul), está situada

na zona climática temperada do sul.

A população australiana totaliza 21.292.893 habitantes, sendo que a

maioria reside em áreas urbanas (89%); a densidade demográfica é

baixa – 2,7 habitantes por quilômetro quadrado, portanto, o país é

pouco povoado.

No que se refere à taxa média de crescimento anual da população,

esta é de 1%. A religião com o maior número de adeptos é o

Cristianismo – 77% (católicos, 27%, anglicanos, 19%, protestantes,

12%, sem filiação, 13%, outros, 6%); O idioma oficial é o inglês.

Page 73: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

72

Quanto à qualidade de vida, a população possui um elevado padrão,

gerando uma expectativa de vida considerada alta – 81 anos. O país

apresenta o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH), com média de 0,937, apresentando-se inferior apenas à

Noruega (0,938), conforme dados divulgados em 2010 pela

Organização das Nações Unidas (ONU). Os serviços de

saneamento ambiental atingem 100% dos domicílios.

No entanto, a população nativa da Austrália, os aborígenes

australianos, vive em condições precárias e reivindicam maior

espaço na sociedade australiana.

O clima apresenta diferenças conforme cada região: árido tropical

(na maior parte), subtropical (no sudeste), tropical (no norte e

noroeste), subtropical do tipo mediterrâneo (no sul). Os climas

dominantes são os quentes e secos, do tipo árido tropical.

O país possui dois grandes desertos - Gibson e Vitória. Apresenta

grande diversidade de paisagens, caracterizadas por florestas

tropicais, desertos, montes nevados e praias. Ao longo da costa do

nordeste fica a formação de corais mais importante do planeta, a

Grande Barreira Coralina.

Camberra, capital da Austrália, é habitada por 323.056 pessoas. As

cidades australianas mais populosas são: Sydney (4.119.190),

Melbourne (3.592.591), Brisbane (1.763.131), Perth (1.445.078) e

Adelaide (1.105.839).

A economia é uma das mais desenvolvidas do mundo. De acordo

com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Austrália possui a 17°

maior economia global. O país destaca-se pela criação de ovelhas,

como também pela exportação de carvão e por ser grande produtor

de minério de ferro ouro, bauxita, chumbo, níquel e manganês. Os

setores financeiro, industrial e comercial também são destaques na

economia do país, uma vez que a indústria se apresenta bem

diversificada: atuando nos seguimentos de alimentos, máquinas,

equipamentos, química, metalúrgica, siderúrgica, petroquímica,

entre outros.

As belezas naturais da Austrália atraem milhões de turistas, tendo o

turismo como uma atividade econômica elementar para o setor de

serviços.

A moeda nacional é o dólar australiano. Em 2009, o Produto Interno

Bruto (PIB) da Austrália atingiu 1 trilhão de dólares e o PIB per

capita foi de 45.590 dólares.

A Nova Zelândia também apresenta situação privilegiada, porém

com reduzido parque industrial. Enfrenta dois grandes problemas

sociais: a saída de jovens para os EUA e Reino Unido e a

população nativa os maoris.

Os demais países estão voltados para a atividade pesqueira,

turismo, e o cultivo de frutas tropicais.

XIII PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS POBRES E EM

DESENVOLVIMENTO

AMÉRICA LATINA

Situada ao sul do Rio Grande colonizada pelos espanhóis e

portugueses predominantemente, herdou a colonização tipo

exploração, sócio-economicamente subdesenvolvida apresentando

graves deficiências sociais e econômicas. De acordo com a

diversidade natural, humana e econômica são identificadas três

unidades: México, a América Central e a América do Sul.

México

Aspectos naturais

Relevo: Apresenta forte instabilidade tectônica ocorrendo os

frequentes abalos sísmicos. Domínio de extenso planalto,

elevações: Sierra Madre Oriental e Ocidental, no centro planalto de

Anáhuac com solos de alta fertilidade de origem vulcânica. Ainda

está localizada nesta área a capital a cidade do México com 2269m.

Hidrografia: rios de curta extensão e volume de água, destacando-

se o rio Grande na fronteira com os Estados Unidos.

Clima/vegetação: influenciado pelo relevo. Ao norte são encontrados

os desertos de Sonora e Chihuahua na fronteira com os EUA nas

altitudes de até 600metros nestas áreas de clima árido e semi-árido

são encontradas as xerófilas. Na península de Iucatan no golfo do

México predomina o clima tropical com as suas florestas úmidas e

nas áreas elevadas com altitudes superiores a 1800 metros

predomina os climas frios com as suas estepes.

População e economia

Domínio da civilização astecas destacava-se pela expressão militar

e a diversidades de atividades econômicas: agricultura, artesanato e

comércio.

Fernão Cortez domina os astecas em 1521 e implanta a exploração

utilizando mão-de-obra escrava e introduz o extrativismo mineral,

perdurando até 1821 após sangrenta luta que torna o México

independente. Após a independência o país passa por fortes

instabilidades políticas, com a ditadura de Porfírio Diaz durante 30

anos.

A população mexicana de 95,8 milhões de habitantes predominando

os mestiços. Concentram-se no planalto de Anáhuac sobretudo na

cidade do México. Apresenta crescimento elevado 1,5% ao ano e

25,5%˚ao ano. Predomina população jovem, 5% com idade superior

a 60 anos. A PEA está concentrada nos setores terciário (55%) e

secundário (25%).

O turismo constitui uma das maiores fontes de renda tendo como

atrativos o patrimônio histórico e o litoral de Acapulco e Cancun.

Agricultura: 10% do território corresponde as áreas agricultáveis;

milho no planalto de Anáhuac, golfo do México plantation de café,

algodão e pecuária extensiva no chaparral.

O setor industrial desenvolveu-se no pós-guerra, apoiada em

capitais estrangeiros e estatais. Predominam o capital dos Estados

Unidos atraídos pelo baixo custo da mão-de-obra e a diversidade de

recursos minerais e energéticos. Estas indústrias estão

concentradas nos grandes centros urbanos como a Cidade do

México, Guadalajara e Monterrey. Na fronteira dos Estados Unidos

foram instaladas as indústrias maquiladoras que estão integradas as

indústrias automobilísticas e de autopeças. As petroquímicas estão

situadas no golfo do México onde concentra-se a exploração

petrolífera. Atualmente devido ao crescimento industrial e a

ineficiente política de controle ambiental proporciona um dos mais

altos níveis de poluição da atmosfera.

Inserção da política neoliberal com privatizações nas décadas de

1980 e 1990 agravando o desemprego.

América Central

Situada na zona intertropical, apresenta um trecho continental, com

dobramentos modernos, com forte ocorrência vulcânica e no trecho

insular, um sistema insular montanhoso. Em virtude do relevo

acidentado destaca-se o rio San Juan na Nicarágua. Predomina o

clima tropical e nas áreas elevadas o clima temperado.

Na América Central continental destacava-se pela forte

expressividade cultural os povos Maias destacando-se na

matemática, arquitetura e astronomia. O domínio dos europeus

Page 74: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

73

introduziram a exploração de minerais. Após 1838 através de um

conturbado processo político formaram cinco países: Guatemala,

Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica.

Nas Antilhas foram dizimados os povos nativos e introduzido o

plantation da cana-de-açúcar pelas potências europeias Espanha,

França, Holanda e Inglaterra. Após a independência os países

insulares viveram grande instabilidade política e econômica,

favorecendo o surgimento de ditaduras sangrentas como a de

Fulgêncio batista em Cuba e a de Duvalier no Haiti (1936-1986)

A população da América Central descendente de ameríndios e

espanhóis predominando os mestiços. Apresenta deficiências

sociais e econômicas típicas dos países de terceiro mundo.

Sua economia está baseada na produção agrícola de subsistência

(milho, feijão e arroz) e no plantation (café, cacau, algodão e

banana).

Na América Central Insular predomina os mestiços de negros e

brancos. Sua economia está baseada na agricultura plantation de

cana-de-açúcar em Cuba. Mineração na Jamaica, Trindad e Tobago

exportador de petróleo e Bahamas no turismo. As indústrias de

produtos alimentícios destacam-se em Cuba e Porto Rico.

Nas Antilhas ou Caribe destaca-se o turismo e os paraísos fiscais

como as Ilhas Cayman e Turks e Caicos dependentes da Inglaterra

com centros financeiros.

América Andina: é uma porção territorial da América do Sul.

Recebe essa denominação pelo fato de ser cortada pela Cordilheira

dos Andes, que se estende de norte a sul do subcontinente. O clima

na América Andina varia de acordo com a proximidade da

Cordilheira dos Andes. No sentido norte-sul, os climas registrados

são: equatorial, tropical, desértico (sul do Peru e norte do Chile),

mediterrâneo e temperado (diminuindo as temperaturas em direção

ao sul do Chile).Sua população é predominantemente indígena ou

mestiça de indígenas exceto o Chile.

A economia apóia-se nas explorações agrícolas (plantation - café,

cacau, algodão e cana-de-açúcar) e destinada ao mercado interno

destacam-se os cultivos de coca, milho e batata (Bolívia, Peru e

Colômbia). Explorações minerais: petróleo - Venezuela e Equador;

cobre no Chile; prata no Peru; estanho e gás natural na Bolívia. A

pesca é uma fonte de renda no Chile e Peru.

Os países andinos apresentam graves problemas sociais e

econômicos. A partir da década de 1980 a crise econômica é

agravada pela elevada dívida externa, o crescimento nas taxas de

juros internacionais e o declínio dos produtos agrícolas e minerais

exportados.

América Platina: corresponde a 18% do território sul-americano. O

relevo é caracterizado por planícies e planaltos. A oeste, na fronteira

da Argentina com o Chile, está localizada a Cordilheira dos Andes.

O clima varia de acordo com cada região. No norte, predomina o

clima tropical e no sul, o clima característico é o temperado. Os

principais rios são: o Paraná, Paraguai e o Uruguai, formando a

Bacia Hidrográfica do Rio Prata.

Na população, predominam os brancos de origem europeia na

Argentina e Uruguai e o no Paraguai os mestiços de índios e

brancos espanhóis.

A economia platina está vinculada ao setor agropecuário refletindo

no processo de industrialização.

Argentina: pampas (trigo, pecuária - bovinos e ovinos); atividade

industrial (Buenos Aires, Córdoba e Rosário); Patagônia (petróleo e

gás) – a cidade de Comodoro Rivadávia importante área produtora

de petróleo, abastece em 85% a Argentina.

Uruguai: agropecuária (bovinos e ovinos), cereais (milho e trigo) no

rio da Prata. Indústria alimentícia e têxtil em Montevidéu turismo em

Puntal del Este.

Paraguai: algodão e soja, e o extrativismo vegetal do tanino e da

madeira.

As Guianas: Juntamente com a Guiana francesa, que é parte

integrante da França e da União Europeia, a Guiana (ex-inglesa) e o

Suriname (ex-Guiana holandesa) formam uma região geopolítica

própria, as Guianas, voltadas para o Caribe e, apesar de cobertas

pela floresta amazônica, se encontram separadas da Bacia

amazônica pelo planalto das Guianas, cujos picos mais elevados

chegam a atingir três mil metros de altitude. Apresentam uma

composição étnico-cultural extremamente complexa e diversa, por

idiomas distintos dos demais países sul-americanos e deficiências

estruturais, todavia, podem apresentar indicadores enganosos, na

medida em que o petróleo começa a ser explorado (especialmente

no Suriname) e outros minerais, como ferro e ouro, também, além

dos projetos hidroelétricos.

ÁFRICA

Aspectos gerais

A África, com pouco mais de 30 milhões de quilômetros quadrados,

é um imenso continente onde são visíveis as condições de pobreza.

Das trinta nações mais pobres do globo com maiores problemas de

subnutrição, analfabetismo, altas taxas de mortalidade infantil,

média de vida baixa para a população, etc., pelo menos 21 são

africanas. É na África, portanto, que encontramos as mais típicas

para condições de subdesenvolvimento.

O terceiro maior continente da terra, situado entre os Trópicos de

Câncer e de Capricórnio, possui baixa densidade demográfica como

consequência das características de seu território. Em 2002, cerca

de 800 milhões de pessoas viviam no continente africano, onde

existem 53 nações independentes e um território colonizado.

Próximo ao litoral africano há um grande número de ilhas que

pertencem a países de outros continentes.

A África é frequentemente dividida em cinco regiões de acordo com

características geográficas e demográficas: a África Oriental, África

Ocidental, África Setentrional, África Central e África Meridional. Do

ponto de vista da cor da pele da sua população, o continente

africano pode ser dividido em duas partes: a África Branca, ao norte

do Saara, e a África Negra, ao sul desse deserto.

Page 75: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

74

De maneira geral, a África Branca é constituída por povos

muçulmanos, isto é, que praticam a religião islâmica, e que, em sua

maioria, falam o idioma árabe. A África Negra ou subsaariana, que

abrange a maioria dos países do continente, pelo contrário, possui

uma extraordinária diversidade de povos, idiomas e religiões.

Contudo, há exceções: existem povos negros que praticam a

religião islâmica e falam o árabe, assim como há grupos brancos, ao

norte do continente, que não são muçulmanos nem falam o árabe.

Aspectos fisiográficos

África é o mais tropical dos continentes. Essa afirmação é muito

importante para entendermos o continente africano. Cortadas em

seu, meio pelo equador, ao norte pelo trópico de Câncer e ao sul

pelo trópico de Capricórnio, as terras africanas são geralmente

quentes, bastante tropicais. Os índices de chuva, contudo, não são

elevados: são maiores nas proximidades do equador, onde se

localiza a floresta do Congo, e diminuem tanto para o norte quanto

para o sul.

Há dois imensos desertos nesse continente: o Saara e o Kalahari. O

Saara é o maior deserto do mundo, com uma área superior à do

Brasil: 9 milhões de quilômetros quadrados. Localiza-se na porção

norte do continente africano, ocupando terras de inúmeros países. O

deserto de Kalahari fica ao sul e sua área é de 600 mil quilômetros

quadrados.

A origem dos desertos é explicada pela presença de montanhas no

litoral, que agem como barreiras que dificultam a penetração de

nuvens carregadas de umidade no interior. No caso dos desertos

africanos, há um elemento a mais: ao longo do trópico de Câncer,

que corta o Saara, existe uma zona de permanente alta pressão

atmosférica. Esse fato dá origem à dispersão de ventos, em vez de

atraí-los.

Apesar de o deserto ser um fenômeno natural, sua área vem

crescendo nas últimas décadas por causa da ação humana. É o

caso, por exemplo, do forte desmatamento em regiões vizinhas,

especialmente ao sul do Saara, com o estabelecimento de atividade

agrárias inadequadas para conter essa expansão do deserto, como

criações extensivas e monoculturas voltadas para exportação.

Um meio de evitar a desertificação seria plantar árvores nas bordas

do deserto, o que não é feito por motivos econômicos: isso não dá

lucros em curto prazo. A expansão do Saara para o sul e o uso dos

melhores solos para cultivos voltados para o mercado externo vêm

agravando a insuficiência de alimentos na África Negra. Já

ocorreram inúmeros casos de seca fome crônica nessa porção do

continente, com milhares de mortos e milhões de subnutridos.

Na África, encontramos diversos tipos de vegetação, adaptados às

variações climáticas, como a floresta do Congo (mata equatorial), as

raras plantas desérticas, as estepes e a vegetação mediterrânea.

Mas são as savanas o tipo de vegetação e de paisagem natural

mais característico desse continente, e que chegou até mesmo a ser

divulgado por filmes e histórias em quadrinhos de conteúdo

colonialista, como Tarzan e Fantasma.

As savanas são vegetações de clima tropical semelhantes ao

cerrado, do Brasil central. Caracterizam-se por apresentar uma

mistura de plantas herbáceas com arbóreas e ocupam cerca da

metade do continente, desenvolvendo-se principalmente ao sul do

deserto do Saara. Uma rica fauna, composta de leões, elefantes,

girafas, zebras, rinocerontes, etc., vive nas savanas, embora tenha

sido em grande parte dizimada nos últimos cem anos. Hoje, o que

sobreviveu dessa fauna está restrito às poucas reservas que foram

ou estão sendo criadas em alguns países africanos.

Colonização e descolonização

O subdesenvolvimento atual do continente africano, os conflitos

entre seus povos e as enormes desigualdades sociais internas só

podem ser entendidos pelas grandes modificações aí introduzidas

pelos colonizadores europeus. Afinal, o grande problema africano é

a pesada herança colonial.

A África, a Ásia e a Europa formam um único e imenso bloco de

terras denominado Velho Mundo. Desde a Antiguidade existiam

contatos entre os povos desses três continentes. Mas foi no século

XV que os europeus começaram a dominar a África e a apropriar-se

de seus territórios. No início, eles estabeleceram postos comerciais

ao longo do litoral africano, nos oceanos Atlântico e Índico, pois a

África é ponto de passagem para os navios que vão da Europa para

a Ásia. Depois, com a colonização do continente americano, traziam

africanos para o Novo Mundo para trabalhar como escravos nas

plantações e nas minas de ouro e prata.

Até o século XIX, os europeus realizaram trocas comerciais com os

povos africanos. Os europeus forneciam bens manufaturados e

especiarias vindas da Índia, como pimenta-do-reino, noz-moscada,

canela, cravo, etc., e recebiam em troca escravos e produtos como

marfim, peles, madeiras nobres, etc. Esse tipo de comércio,

denominado escambo, era realizado com diversos grupos sociais

africanos. Com a independência das colônias americanas e com o

grande desenvolvimento econômico europeu provocado pela

Revolução Industrial, a Europa começou a colonizar a África no

século XIX. Assim, nações europeias importantes na época

dividiram entre si o continente africano. Houve guerras e conflitos,

terras de uma metrópole foram tomadas por outra, etc.

Consequências da colonização

Apesar de as nações africanas terem se tornado independentes,

são inúmeras as marcas da dominação colonial europeia que

permanecem até hoje nesse continente. Os colonizadores

impuseram aos africanos um modelo de economia e de sociedade

típico dos povos europeus e, com isso, destruíram a organização

social original desses povos.

Uma das consequências da dominação colonial é a economia

dependente, subordinada ao mercado internacional capitalista. Os

colonizadores destruíram essas economias(basicamente agrícolas e

de subsistência) e, no seu lugar, implantaram uma economia

comercial, seja agrícola ou mineral, voltada para o mercado externo,

isto é, para atender às necessidades dos países desenvolvidos.

Plantations: grandes plantações, onde se cultivava apenas um

gênero agrícola. Essas plantações baseavam-se também no uso

intenso de mão-de-obra mal remunerada e eram voltadas para o

fornecimento de produtos tropicais ao mercado internacional, como

amendoim, cacau, algodão, café, cana-de-açúcar, chá, etc.

Fronteiras artificiais

Com a colonização e, posteriormente, com a descolonização, um

dos grandes problemas vividos pelos africanos foi o da formação

dos países independentes.

Antes da colonização, não existiam países ou Estados-Nações na

África, mas sim povos diversificados, cada um vivendo num território

sem fronteiras definidas ou migrando de uma terra para outra, de

acordo com as necessidades de caça, de novos solos, etc. Eram

povos com idiomas e costumes muito diferentes uns dos outros,

mas nenhum deles constituía um país, o que supõe um povo

Page 76: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

75

unificado pela língua, ocupando um território definido por fronteiras e

sob a organização de um Estado, com governo, forças armadas,

polícia, tribunais, sistema de impostos, etc.

A colonização europeia não respeitou as diferenças e

particularidades desses povos.

Como regionalizar a África?

A primeira divisão regional, mais tradicional, baseada na localização

de cada região geográfica, reconhece na África cinco grandes

conjuntos:

África do norte, ou setentrional – compreende os

seguintes países: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão,

Eritréia e Etiópia.

África ocidental – abrange as seguintes nações

independentes: Mauritânia, Mali, Senegal, Guiné- Bissau, Guiné,

Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin, Burkina

Passo, Níger, Gâmbia, Nigéria e Cabo Verde. Pode-se incluir

também nesse conjunto o território do Saara Ocidental, atualmente

sob o domínio do Marrocos.

África central engloba: Chade, Camarões, Guiné

Equatorial, Gabão, Congo, República Centro-Africana, São Tomé e

Príncipe e República Democrática do Congo (antigo Zaire).

África oriental – contém: Djibuti, Somália, Uganda, Quênia,

Ruanda, Burundi e Tanzânia.

África meridional, ou austral – inclui os seguintes países:

Angola, Zâmbia, Malauí, Zimbábue (antiga Rodésia), Moçambique,

Botsuana, Lesoto, Suazilândia, África do Sul, ilhas Comores,

Maurício, Seychelles e Madagascar. Pode-se situar aqui também a

Namíbia, sob controle da África do Sul até fevereiro de 1990,

ocasião em que adquiriu sua independência, apesar da frágil

economia.

África ocidental

Situados ao redor do golfo da Guiné, a oeste, e tendo o deserto do

Saara ao norte e a leste, os países da África ocidental apresentam

uma grande diversidade de paisagens. O rio Níger e seus afluentes

atravessam essa região, numa área de clima equatorial. Mais para o

norte, o clima vai se tornando seco, desértico. A maioria da

população concentra-se ao longo do litoral e, principalmente, junto à

foz do rio Níger.

Os países desse conjunto regional africano são pouco

industrializados, com uma economia baseada na mineração (minério

de ferro, bauxita, urânio, fosfato, ouro, diamante, carvão, etc.) e na

agricultura de exportação (algodão, amendoim, cacau, café, etc.)

Algumas das menores rendas per capita do mundo pertencem a

esses países, assim como algumas das menores expectativas de

vida para a população em geral.

A Nigéria, o país mais populoso de toda a África, destaca-se nesse

conjunto e constitui a verdadeira "potência" de toda a África Negra,

com exceção da África do Sul. O território nigeriano é relativamente

grande (923 768 km2), o que é significativo nesse continente que

em geral acabou sendo dividido em pequenos territórios. Além

disso, a Nigéria merece, destaque por possuir a maior população do

continente (130 milhões de habitantes em 2002) e por ser uma

economia exportadora de petróleo. É o país mais industrializado da

África ocidental. Conta com algumas filiais de empresas

estrangeiras (de automóveis, alimentos, bebidas e de óleo de

algodão), que aí se instalaram por causa da mão-de-obra barata e

das facilidades para exportação. Possui uma grande dívida externa,

a segunda de toda a África, inferior apenas à do Egito.

África central

Os países que compõem a África central localizam-se na bacia do

rio Congo, na parte centro-ocidental do continente. A única exceção

é São Tomé e Príncipe, duas ilhas que ficam no Atlântico, próximo

ao golfo da Guiné. O clima dessa região é equatorial, quente e

úmido, tornando-se mais seco, tipicamente tropical, para o sul. A

maioria da população concentra-se próximo ao litoral ou na bacia do

Congo.

Por atravessar uma área de planaltos, juntamente com seus

principais afluentes, o rio Congo, de grande volume de água, possui

enormes e frequentes desníveis, o que faz dessa bacia hidrográfica

a mais rica do mundo em potencial hidráulico. Mas esse potencial é

ainda pouco explorado: as usinas hidrelétricas são raras e de

pequena capacidade.

Esse conjunto regional africano, de fato, é muito pouco

industrializado. Todos os países da África central são pobres e

possuem uma economia baseada na mineração, voltada à

exportação, e na agropecuária, com agricultura de plantation. Os

principais bens de exportação desses países são: algodão, cacau,

tabaco, ouro, diamante, zinco, café, amendoim e madeira.

África oriental

Localizada na porção centro-oriental do continente, a África oriental

é cortada pelo equador no centro e limitada a leste pelo oceano

Índico. De forma geral, essa é a região de terras mais elevadas da

África, onde se alternam montanhas, planaltos e depressões que

dão origem a lagos. O nordeste do continente, no local onde se

encontra a Somália, tem a forma de um chifre e, por isso, esse país

é conhecido como o Chifre da África.

A economia dos países da África oriental é pouco desenvolvida. A

industrialização é pequena e a renda per capita é baixa. Predomina

aí a agricultura de plantation, voltada para a exportação. Cultivam-

se café, algodão, chá, banana, etc. Aí também se desenvolve uma

atividade mineradora voltada para o mercado externo, com a

extração de platina, cobre, manganês, urânio, grafite, etc. Como em

quase toda a África Negra, os países dessa porção do continente

apresentam graves problemas de subnutrição e carência de

alimentos, que, muitas vezes, têm de ser importados.

África meridional, ou austral

Os países da África meridional, como o próprio nome indica, ficam

ao sul do continente, depois da bacia do rio Congo e dos lagos

Tanganica e Niassa. Localizam-se, portanto, na parte mais afunilada

da África, entre os oceanos Atlântico (a oeste) e Índico (a leste).

Alguns países dessa porção da África situam-se em ilhas, no

oceano Índico: Madagascar, Comores, Maurício e Seychelles.

A importância desses territórios da África austral está em sua

extraordinária riqueza mineral. Existem aí petróleo, explorado em

Angola; carvão, em 'Moçambique, na África do Sul e no Zimbábue;

ouro e diamante, principalmente na África do Sul, que é o maior

produtor mundial; urânio; em Madagascar e na África do Sul; e

minérios de ferro e manganês, encontrados em quase todos os

países desse conjunto regional.

A África do Sul é o único país 'africano que possui litoral nos

oceanos Atlântico e Índico. Por essa razão e por situar-se no

extremo sul da África - ponto de passagem da Europa e da América

para o Oriente Médio ou para a Ásia -, esse país tem uma posição

geográfica bastante favorável, considerada mesmo estratégica, isto

é, de grande importância militar e econômica. É seguramente o país

que, pelas suas dimensões (1221037 km2), possui a maior

Page 77: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

76

concentração mundial de riquezas minerais: ouro, diamante, carvão,

antimônio, minérios de ferro e manganês, urânio, platina, cromo,

vanádio, titânio, etc.

A República da África do Sul é o país mais industrializado de todo o

continente. Alguns autores chegaram até a colocar esse país Do

Primeiro Mundo, mas isso é um enorme exagero. De fato, a África

do Sul possui uma elevada industrialização, que, contudo, é menor

que a de muitos países do Terceiro Mundo, como a do Brasil ou a

do México, por exemplo. Apresenta também um alto padrão de vida

para a minoria branca, descendente de ex-colonizadores

holandeses ou ingleses. Mas o que prevalece é uma baixa

qualidade de vida para a imensa maioria da população,

principalmente para os negros (70% da população total) e para os

mestiços (10%) e os asiáticos (3%).

Não é possível entender a atual situação da África do Sul sem

lembrar o seu sistema oficial de racismo, o apartheid, que foi

eliminado somente em 1994. Esse sistema de segregação racial foi

criado pela minoria branca, detentora do poder e da riqueza, com o

objetivo de controlar a maioria negra e de manter o modelo

econômico baseado na superexploração da força de trabalho.

O apartheidfoi implantado no país após a independência diante da

Inglaterra, em 1961, e fez parte da Constituição do país vigente até

abril de 1994. Assim, durante mais de três décadas, a África do Sul

possuiu um racismo oficializado, isto é, determinado pelas leis do

país, que estabeleceram direitos desiguais de acordo com a cor da

pele.

ORIENTE MÉDIO

O Oriente Médio, conhecido também de Ásia Ocidental, é uma

porção do continente asiático que ocupa uma área de 7.200.000

km2. Foi justamente nesse subcontinente que emergiu as

civilizações precursoras da humanidade, mais precisamente no

território onde se encontra hoje o Iraque, antes chamado de

Mesopotâmia, lugar onde surgiram as primeiras cidades que se tem

registro (há cerca de 5 mil anos). O Oriente Médio é composto por

15 países, são eles: Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrain, Catar,

Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia,

Kuwait, Líbano, Omã, Síria e Turquia. Somando as populações dos

respectivos países citados o total são 260 milhões de habitantes.

Essa porção da Ásia é o berço das três maiores religiões

monoteístas do mundo, nesta região surgiram o cristianismo, o

judaísmo e o islamismo. O islã ou islamismo é a religião que

predomina na maioria dos países do Oriente Médio.

O Oriente Médio atrai os olhos do mundo por dois motivos

principais: por ser uma área de instabilidade política e à imensa

riqueza que se está abrigada em seu subsolo: o petróleo, elemento

que aguça o interesse das grandes nações europeias, além dos

Estados Unidos e Japão. A maior reserva de petróleo do mundo

está nessa região da Ásia, por isso as grandes nações mundiais

frequentemente interferem no cenário geopolítico do Oriente Médio.

A luta pelo petróleo, e em alguns casos também pela água, provoca

uma série de divergências políticas entre os países do Oriente

Médio, tornando assim uma área de foco de conflito armado quase

que permanente.

O Oriente Médio se encontra geograficamente localizado e

delimitado pelos Mares Negro e Cáspio ao norte; Arábico ao sul; e

Vermelho e Mediterrâneo a oeste. O litoral da Ásia Ocidental é

constituído pela Península Arábica e Península da Ásia Menor.

A parte do Oriente Médio onde compreende a Península Arábica é

limitada geograficamente pelo Golfo Pérsico, a leste e Mar

Vermelho, a oeste. É bom ressaltar que não é fácil definir

precisamente quais países pertencem integralmente ao Oriente

Médio, uma vez que muitos territórios abrangem dois continentes

simultaneamente, como por exemplo, a Turquia que está na Europa

e na Ásia.

Aspectos Naturais

O Oriente Médio é uma porção territorial do continente asiático.

Nessa região a superfície terrestre (relevo) é constituída

principalmente por planaltos, como o Planalto de Anatólia e o

Planalto da Arábia. O território em questão abriga também

formações montanhosas provenientes de dobramentos modernos,

das quais podemos citar os montes Zagros, Elburz e Iêmen. Esses

não são as únicas unidades de relevo, inclui ainda as planícies, que

compreende a planície da Mesopotâmia. Esse tipo de relevo

abrange restritas áreas dentro do Oriente Médio. O Iraque abriga a

maior parte das planícies existentes no Oriente Médio, sendo que as

mesmas ocorrem entre dois importantes rios: o Eufrates e o Tigre.

A característica climática da região é predominantemente marcada

pelo clima do tipo árido e semi-árido, ou seja, com temperatura

elevada e pouquíssima incidência de precipitações. Além disso, há

uma enorme variação de temperatura (amplitude térmica) entre o

período diurno (atinge até 50° C) e noturno (abaixo de 0°C). As

regiões mais úmidas do Oriente Médio se restringem as áreas

litorâneas, as quais se encontram climas mediterrâneos com verões

quentes e secos e invernos frios e chuvosos.

O subcontinente do Oriente Médio é pobre em vegetação, isso

devido à adversidade climática, no entanto, é possível encontrar em

lugares mais secos plantas do tipo xerófilas, estepes em áreas de

clima árido e nas regiões mais úmidas de característica

mediterrânea são identificadas vegetações arbustivas, campos e

pradarias em decorrência da influência do clima temperado.

Religiões do Oriente Médio

O Oriente Médio é uma região da Ásia localizada no sudoeste do

continente. Esse subcontinente é caracterizado pelo clima árido com

presença de paisagens desérticas. Mesmo com a escassez de

água, nessa região vivem cerca de 270 milhões de habitantes.

A região do Oriente Médio é caracterizada também pela

instabilidade política e o risco constante de conflitos. A maioria dos

conflitos se sucede há muito tempo na história, os motivos são os

mais variados possíveis. Mas, sem dúvida, o principal motivo que

desencadeia tantos conflitos são as divergências religiosas.

Page 78: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

77

Nesse subcontinente surgiram as três maiores religiões monoteístas

(doutrina ou corrente religiosa que reconhece a existência de um

único Deus) do mundo, são elas: o islamismo, o cristianismo e o

judaísmo. O islamismo é a religião que detém o maior número de

adeptos no Oriente Médio, são aproximadamente 253 milhões de

pessoas. Assim, é possível notar que o cristianismo e o judaísmo

figuram como minorias religiosas nessa porção do mundo.

As pessoas que se convertem ao islamismo são chamadas de

mulçumanos ou islamitas. A religião islâmica é o principal elemento

cultural na região, fazendo com que seja o princípio fundamental e

verdadeiro.

O islamismo teve início na Arábia Saudita e logo se dispersou por

todo o Oriente Médio, a partir do século VII. Os Árabes foram os

primeiros fiéis, e pregaram a religião por todo o Oriente Médio.

Desde sua fundação até os dias atuais, o islamismo já atingiu a

África; parte da Ásia, em países com grande população absoluta,

como a Índia, Indonésia e Malásia. Além de seguidores em países

da Europa, como Espanha e Inglaterra.

Existem cerca de 900 milhões de mulçumanos fora do Oriente

Médio. Atualmente, é a religião que mais cresce no mundo, sendo a

segunda maior do planeta. O conjunto de países que possui como

religião predominante o islamismo recebe o nome de mundo

islâmico.

Petróleo no Oriente Médio

A economia dos países que compõem o Oriente Médio está

vinculada diretamente com a extração e o refino do petróleo. Às

vezes, essa é praticamente a única fonte de receita para

determinados países. Como a região é constituída basicamente por

desertos com climas adversos, impróprio para agricultura, a maior

riqueza que eles possuem é, sem dúvida, o petróleo.

Dentre as diversas jazidas de petróleo do Oriente Médio, a

concentração maior do recurso está no Golfo Pérsico e na

Mesopotâmia, os quais juntos possuem cerca de 60% de toda

reserva do planeta.

Dentre os países do Oriente Médio, os maiores produtores de

petróleo são Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes

Unidos, Catar e Bahrain.

A imensa reserva de petróleo existente no subcontinente, aliada a

outros fatores de caráter econômico e político, favoreceram a

criação da Opep (Organização dos Países Exportadores de

Petróleo), em 1960, que é considerada um dos maiores cartéis do

mundo.

Atualmente, a Opep produz aproximadamente 40% de todo petróleo

extraído no mundo e 70% das exportações desse recurso em todo o

globo. Essa organização tem como principais mercados as grandes

potências mundiais, especialmente os países europeus como

Alemanha e França, além do Japão e dos Estados Unidos. O país

norte-americano mesmo sendo um grande produtor necessita do

produto importado, uma vez que não é auto-suficiente em tal

recurso. Esse fato favorece a interferência das grandes nações no

cenário geopolítico do Oriente Médio.

A Opep está sediada na Europa, mais precisamente na Áustria, na

cidade de Viena. Inserem nessa organização onze países, seis são

do Oriente Médio: Arábia Saudita (maior produtor mundial),

Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait e Catar. Outros cinco

países completam a lista, que são: Argélia, Líbia, Nigéria, Indonésia

e a Venezuela.

É bom destacar que a limitação econômica em relação ao petróleo

pode impedir que os países se desenvolvam em outras atividades

produtivas, como a industrial. Dessa forma, grande parte das

nações do Oriente Médio não é considerada industrializada, salvo

Israel que detém índices melhores em relação a seus vizinhos. O

que deve ser levado em conta é o esgotamento de recursos

minerais, em que o petróleo está inserido, pois assim, quando as

jazidas se findarem, as economias que dependem da atividade vão

ingressar em um colapso econômico.

SUL DA ÁSIA

Aspectos gerais

Conhecido também como Subcontinente Indiano, o sul do

continente asiático é o conjunto regional que vai do Paquistão, a

oeste, até Mianma, a leste, abrangendo a Índia, o Sri Lanka, as

Maldivas, o Nepal, o Butão e Bangladesh. O Sri Lanka e as

Maldivas são insulares.

Nessa região, uma das mais pobres do mundo, todos os países,

sem nenhuma exceção, apresentam baixíssima renda per capita; a

maior renda é a das Maldivas: apenas mil dólares; as menores são

a de Bangladesh e a do Nepal: cerca de 220 dólares. São altos os

níveis de pobreza e subnutrição. Apenas a Índia apresenta um certo

grau de industrialização, que, porém, é insuficiente se

considerarmos a sua imensa população.

O relevo dessa região é montanhoso ao norte. Existe aí um

prolongamento da cordilheira do Himalaia, que apresenta as

maiores altitudes da superfície terrestre. Países como o Nepal e o

Butão, situados no norte desse conjunto, são quase totalmente

montanhosos. Já para o sul as altitudes são menores, com a

alternância entre planaltos e planícies. Aí se destaca a planície Indo-

Gangética, constituída pelas bacias dos rios Indo e Ganges, os mais

importantes dessa região.

O clima do Sul, assim como o do Sudeste da Asia, é o mais úmido

do globo, com chuvas abundantes no verão e um forte calor tropical.

É o chamado clima tropical monçônico, ou clima monçônico,

resultado dos ventos de monções, que mudam de sentido durante o

ano.

No verão, esses ventos vêm do oceano Índico para o Sul e para o

Sudeste Asiático, onde a pressão atmosférica está baixa. No

inverno, eles sopram em sentido contrário, saindo da Ásia por causa

das elevadas pressões atmosféricas que aí prevalecem.

As monções de verão, que se dirigem ao continente asiático, são

muito úmidas, provocado chuvas abundantes. Não é por acaso que

na Índia foram registrados os maiores índices mundiais de

pluviosidade.

Economia

A economia dos países do Sul da Ásia em geral baseia-se na

agricultura, com exceção da Índia, que possui uma atividade

Page 79: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

78

industrial expressiva para um país do Sul. Os principais produtos

cultivados são: chá, algodão, trigo, juta, arroz, tabaco, milho e cana-

de-açúcar.

Existem grandes áreas com monoculturas voltadas para a

exportação. São as plantations, cultivadas desde a época em que os

ingleses colonizaram essa região. O chá, assim como o tabaco e o

algodão, é um produto típico para o mercado externo.

Nessa região asiática também ocorre um dos grandes problemas do

Sul: o uso dos melhores solos para cultivos de exportação, ficando

os piores para a produção de alimentos necessários à população.

Índia, Bangladesh e Paquistão, países com enormes populações,

apresentam problemas de insuficiência alimentar em larga escala.

Papel da religião

As religiões predominantes nessa região da Ásia são:

hinduísmo– praticado na Índia, especialmente, por cerca

de 82% da população, bem como no Nepal, em Mianma, no Sri

Lanka e em Bangladesh;

muçulmanismo ou islamismo – predominante em

Bangladesh, nas Maldivas e no Paquistão;

budismo – predominante no Sri Lanka e no Butão, mas

praticado por minorias na Índia, no Paquistão e em Bangladesh.

Entre as religiões minoritárias, destacam-se o cristianismo seguido

por minorias no sudoeste da Índia e principalmente o sique (ou sikh)

-, adotado por povos siques na região do Punjab, norte da Índia.

Nessa região, são frequentes os conflitos entre siques e hinduístas

por motivos religiosos.

A religião nessa parte da Ásia é um elemento muito importante, pois

desempenha um papel político fundamental em todos os países. As

diferenças religiosas entre os povos são um dos principais motivos

de grande parte dos conflitos armados e dos movimentos

separatistas que aí ocorrem, bem como da divisão da antiga Índia

em três países independentes: Índia, Paquistão e Bangladesh.

A Índia

O Subcontinente Indiano, que tem a forma de um triângulo, é

atravessado pelo trópico de Câncer praticamente no meio de seu

território e ocupa uma enorme planície, a planície do Ganges, e

onde encontramos algumas das maiores densidades demográficas

de todo o mundo. Ao norte, na cordilheira do Himalaia, encontram-

se picos com altitudes superiores a 6 000 m; do centro do território

em direção ao oceano Indico, localiza-se o planalto do Deca.

O desempenho da economia indiana, porém, deixa muito a desejar

no que se refere às condições de vida da população: seu PNB é de

cerca de 450 bilhões de dólares, o que corresponde a 70% do PNB

do Brasil, país que possui menos de um quinto da população

indiana. A renda per capita é de cerca de 450 dólares, contra 3 600

dólares do Brasil. A expectativa de vida da população indiana é de

62 anos, a taxa de analfabetismo está entre as maiores do mundo:

35% entre a população masculina e 65% entre a feminina.

A precariedade das condições de vida da população desse país

asiático se agrava ainda mais quando levamos em conta as

profundas diferenças étnico-religiosas, econômicas e políticas entre

as várias regiões da Índia. Sua organização política é um

complicador importante: a Índia é uma república federal, formada

por 25 estados e sete territórios, em que o governo central, mais

conhecido como Centro, se impõe aos estados federais, pois eles

dependem financeiramente do Centro. Os Estados membros, por

sua vez, disputam entre si benefícios do Centro; por exemplo,

incentivos para a industrialização. Em alguns deles, porém, a

disputa maior decorre dos recentes problemas ligados ao i

abastecimento de água para a irrigação, vital para a atividade

agrícola em algumas regiões do país (mais de 70% da população

hindu ainda vive no campo).

Castas indianas

O sistema de castas é uma das principais, talvez a mais importante,

característica da sociedade indiana e de alguns países vizinhos no

Sul da Ásia, nos quais predomina a religião hinduísta. É difícil para

nós, ocidentais, entender o sistema de castas porque vivemos em

sociedades baseadas em valores individualistas e igualitários, em

que todos nascem iguais do ponto de vista de direitos e deveres.

Numa sociedade de castas, ao contrário, os valores mais

importantes são os da hierarquia, e o grupo (família, casta) é mais

importante que o indivíduo.

Só conseguimos entender as diferenças de cor da pele e;

principalmente, as de classes sociais: ricos e pobres, capitalistas e

trabalhadores. Mas as castas não são classes nem raças ou etnias,

também não se definem pela riqueza ou pelas propriedades,

tampouco pela cor da pele das pessoas. Elas são complexas, seu

significado varia de região para região e caracterizam-se por vários

fatores: pureza e impureza, superioridade e inferioridade cultural ou

religiosa, profissão original ou habitual, casamentos endógenos,

hábitos alimentares e de vestimenta, etc.

Nos dois extremos do sistema de castas temos os brâmanes,

originalmente sacerdotes, considerados superiores ou mais puros, e

os intocáveis, ou párias, servidores considerados impuros e

inferiores, que, no meio rural, moram em casebres separados das

aldeias, não podem usar a mesma água ou poço que os demais,

não podem se banhar no rio Ganges, considerado sagrado, etc. No

entanto, existem vários grupos diferentes de brâmanes e de

intocáveis e um número incalculável de outras castas ou subcastas,

ao redor de milhares.

CHINA

Território

A China é regionalizada administrativamente, ao longo da história

sempre ocorreram modificações de forma crescente, desse modo a

China possui a seguinte configuração: no alto da hierarquia regional

chinesa se encontra os circuitos e as províncias (Sheng), as outras

divisões emergiram posteriormente, tais como prefeituras,

subprefeituras, departamentos, comarcas (Xiang), distritos (Xian) e

áreas metropolitanas. Essas características não são totalmente

definidas, uma vez que na tradução para o português existem

divergências.

Page 80: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

79

A geografia

A geografia chinesa é descrita como sendo complexa, pois tem

inserido em seu território uma imensa variedade de elementos

paisagísticos (relevo, vegetação, cordilheira entre outros), desses se

destacam os planaltos e as montanhas localizadas a oeste, e

relevos de menor altitude a leste.

Essa configuração leva os rios a escoar suas águas de oeste para

leste, são eles: Chang Jiang, Huanghe, Amur, além dos que correm

rumo ao sul como os Rios das Pérolas, Rio Mekong, Brahmaputa,

ressaltando que todos esses rios deságuam no Oceano Pacífico.

Em toda costa leste do Mar Amarelo e Mar da China Oriental

concentra planície Aluvial, a costa do Mar da China do sul possui

configuração montanhosa, já no sul o relevo é de características

constituídas por serras e cordilheiras com altitudes pouco elevadas.

No Himalaia se encontra o ponto mais alto, o Monte Everest, que

corresponde à montanha mais elevada do mundo com 8.850 metros

de altitude.

O sudoeste chinês é composto por paisagens de altos planaltos,

paisagens áridas e desertos como Takla-Makan e o deserto de Gobi

que cresce cada vez mais.

O País Mais Populoso do Mundo

A China é o país de maior número de habitantes do mundo, em

2005 a população chinesa atingiu cerca de 1,3 bilhões de pessoas,

mesmo com esse imenso contingente o país alcançou melhoras

consideráveis na qualidade de vida, diminuição na taxa de

mortalidade que hoje é uma das menores do mundo, queda nas

taxas de desemprego e aumento na quantidade de calorias

ingeridas diariamente pelas pessoas, embora não esteja no mesmo

nível dos países centrais.

Isso é fruto de medidas de planejamento familiar com controle de

natalidade, e principalmente, devido à abertura política e econômica.

A economia do país, desde o início da década de 90, é vista como a

que mais alcançou crescimento, e progride gradativamente com

intuito de se tornar uma potência mundial.

Isso é fruto de medidas de planejamento familiar com controle de

natalidade, e principalmente, devido à abertura política e econômica.

A economia do país, desde o início da década de 90, é vista como a

que mais alcançou crescimento, e progride gradativamente com

intuito de se tornar uma potência mundial.

O termo ―superpovoamento‖ não fica totalmente correto quando se

trata da sociedade chinesa, pois as taxas de natalidade estão

diminuindo progressivamente, em 1955 a taxa de natalidade era de

40%, já em 2005 esse número baixou para 14%. Os resultados

citados não se restringem unicamente ao controle de natalidade e

ao planejamento familiar, mas à crescente melhora de vida de sua

população, melhoria nas taxas de analfabetismo e o alto padrão de

vida e formação educacional, além disso, o governo tornou

obrigatória a inserção de crianças na escola e aboliu o trabalho

infantil.

Em suma, a expressão superpovoamento pode ser considerada

tranquilamente como relativa, dessa forma não há superpovoamento

absoluto ou permanente que não possa ser alterado em decorrência

de profundas alterações econômicas, sociais e tecnológicas, e isso

independe do tamanho do país ou da população.

Com isso uma área A que possui uma população B pode ser

considerada como superpovoada quando as características são de

agricultura tradicional, desigualdade de renda acentuada, essa

mesma área pode deixar de ser superpovoada se as condições se

alteram para melhor em fatores econômicos, práticas agrícolas

modernas, distribuição de renda, e investimentos em educação

entre outros.

Uma Potência Mundial

A China é atualmente o país que mais cresce no mundo, por essa

razão tem se destacado no cenário geopolítico mundial.

O país tem exercido grande influência política, militar e econômica

no cenário regional e internacional graças a fatores determinantes,

como grande extensão de seu território (ocupa o terceiro lugar em

dimensão), elevadíssimo número de habitantes (cerca de 1,3 bilhão,

o mais populoso do mundo) e dinamismo de sua economia

(atualmente é a economia que apresenta maiores índices de

crescimento em todo o planeta).

O país tem se despontado em razão do modo agressivo de sua

aplicação política interna e externa. A política interna está vincula a

uma extrema centralização do poder, que se encontra sob os

domínios do único partido político do país, o Partido Comunista; que

coíbe todo e qualquer tipo de movimento de caráter social (greves,

manifestações, discursos, entre outros), caso ocorra, é

rigorosamente interceptado pelo uso da força.

No âmbito internacional, a China está obtendo maior força e

participação nas decisões políticas, tal fato levou o país a usufruir o

direito de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de

Segurança da ONU (Organizações das Nações Unidas).

Seu potencial militar tem contribuído para o incremento de sua

influência internacional, pois o país detém um enorme exército

(evidente no país mais populoso do mundo), além de possuir um

numeroso e diversificado arsenal bélico, como bombas atômicas e

mísseis. O país domina tecnologias espaciais, é fabricante de

satélites artificiais e foguetes.

Diante desses aspectos, parece claro que a China possui

praticamente todos os requisitos para se tornar uma grande

potência mundial, senão a maior potência mundial.

Diversos estudos apontam que a China, no século XXI, será a

principal potência; perspectiva alicerçada no índice de crescimento

econômico, e no potencial político e militar do país.

Tigres Asiáticos

Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan (ou Formosa) e Hong Kong –

cidade sob a administração colonial do Reino Unido até 1997,

quando foi reincorporada à China –são internacionalmente

conhecidos como Tigres Asiáticos. Isso se deve à grande

prosperidade econômica –sobretudo industrial –que alcançaram nas

últimas décadas, com algumas das mais elevadas taxas de

crescimento do mundo. São Estados ou regiões que eram

considerados pobres até a década de 1960, quando tinham

indicadores socioeconômicos semelhantes ou, muitas vezes,

inferiores aos do Brasil, Venezuela, México, África do Sul, Colômbia

e outros países do Sul, e que, no entanto, conheceram sensíveis

melhoras econômicas e até sociais nas últimas décadas.

A força de trabalho disciplinada, qualificada (os sistemas

educacionais nesses países são de ótima qualidade e acessíveis à

maioria da população) e inicialmente barata estimulou o crescimento

dessas economias. Além desse, outros fatores foram importantes,

como os incentivos aos capitais estrangeiros, a localização

estratégica, o enorme esforço governamental para promover a

industrialização gastando de forma eficiente os seus recursos, etc.

Os Tigres atualmente são quase economias do Norte, ou

desenvolvidas, isto é, estão numa situação limítrofe, intermediária,

Page 81: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

80

com altas rendas per capita, uma distribuição social da renda não

muito concentrada, elevadas expectativas de vida, baixos índices de

analfabetismo e de mortalidade infantil, etc. Contudo, seria

prematuro incluí-los no conjunto do Norte, pois não há neles toda

aquela tradição de estabilidade política – ou seja, instituições

democráticas – e um padrão de vida elevado há várias décadas, o

que caracteriza os países desenvolvidos.

Até há pouco tempo eles eram economias pobres e Estados

governados por ditaduras e que, ao contrário de alguns países

europeus onde isso também ocorreu (caso de Portugal, por

exemplo), não pertencem a um sólido megabloco como a União

Europeia. Assim sendo, eles dependem muito do resto do mundo,

do mercado externo, que é fundamental para suas exportações, ao

passo que os países mais pobres da Europa não têm essa

dependência e contam com uma vizinhança muito mais próspera e

estável.

O crescimento econômico dos Tigres teve como base a

internacionalização, a preocupação com o mercado exterior. Suas

exportações de bens industrializados no início, tecidos, roupas,

brinquedos, bugigangas eletrônicas, etc. e, depois, nos anos 1980,

aparelhos de videocassete, relógios a pilha, bicicletas, gravadores,

televisores em cores, automóveis e até microcomputadores

multiplicaram-se a cada ano, absorvidas especialmente pelo

mercado consumidor da América do Norte e da Europa. A Coreia do

Sul com 99484 km2 e 47,3 milhões de habitantes, é o maior e o

mais povoado dos Tigres Asiáticos. Cingapura, uma cidade-estado

com apenas 618 km2 e 4,5 milhões de habitantes, é o menor e

menos povoado dos Tigres, e também um local de elevada renda

per capita e qualidade de vida em geral. Formosa ou Taiwan (ou

ainda China Nacionalista), com 35 981 km2 e 21,8 milhões de

habitantes, fica numa posição intermediária. Já a região ou cidade

de Hong Kong, com apenas 1 067 km2 e 7 milhões de habitantes,

tem uma posição original na medida em que não é um Estado

independente.

Hong Kong tem uma renda per capita e uma qualidade de vida em

geral muito superior ao restante da China, sendo uma cidade

moderna e ocidentalizada, com uma vida econômica própria e

independente de Pequim. Durante as negociações com o Reino

Unido para a devolução de Hong Kong, a China se comprometeu a

não interferir nessa cidade por pelo menos cinquenta anos após a

reanexação, o que significa até 2047.

A China não pretendeu simplesmente anexar essa cidade ao seu

sistema de governo e à sua economia o que poderia provocar a fuga

de capitais e um retrocesso econômico -, mas sim dar-lhe uma certa

autonomia, principalmente com relação à sua política econômica. O

governo chinês montou um Conselho Administrativo nessa área,

com a participação de representantes locais e autoridades chinesas,

para que a mudança administrativa não causas se

descontentamento na população e muito menos fuga de capitais.

Afinal, grande parte da economia de Hong Kong é dependente da

confiança dos investidores internacionais.

Por fim, vamos considerar um problema geopolítico entre Taiwan e

a China, que não aceita até hoje a independência de Taiwan.

A ilha de Formosa, que já fez parte da China, proclamou sua

autonomia em 1949, com o nome de República da China

Nacionalista. Nessa ocasião, as tropas de Chang Kai-chek, que

chefiava o governo da China, foram derrotadas pelas forças

comunistas de Mao Tse-tung. Com a derrota, Chang Kai-chek e

suas forças acabaram se refugiando nessa ilha, situada a leste da

China, formando aí um novo governo e pro- clamando a sua

independência. A China nunca aceitou a separação de Formosa e

os conflitos entre os dois países sempre existiram, de 1949 até o

presente. A situação ficou mais difícil para Formosa quando a China

saiu de seu isolamento e abriu-se para o capitalismo internacional, o

que começou por volta de 1974-1976.

Considerando a importância da China (principalmente o imenso

mercado consumidor potencial ou virtual), os Estados Unidos, que

até então estavam do lado de Formosa, resolveram restabelecer

relações diplomáticas com os chineses e esfriar seus laços com

Taiwan. Assim, em 1971, Taiwan retirou-se da ONU, pois a

República Popular da China foi aceita nessa instituição pelos países

membros. Como o governo chinês exigia que seu país fosse único

representante da China na ONU, Taiwan teve de sair.

Nos últimos anos, a China já propôs várias vezes que

representantes das duas partes se reunissem com a finalidade de

buscar um acordo que levasse à reunificação dessa ilha com a

nação chinesa. O governo de e Taiwan, contudo, sempre recusou

essas propostas alegando incompatibilidade de sua economia

capitalista com o socialismo chinês. No entanto, a atual política de

abertura da China para o capitalismo veio enfraquecer esse

argumento, O que deixa dúvidas em relação ao futuro de Formosa

como nação separada do restante da China. Entretanto; inúmeras

pesquisas de e opinião pública realizadas nos últimos anos em a

Taiwan mostraram que a grande maioria da população a não se

considera mais chinesa e não quer de maneira nenhuma que o país

volte a fazer parte da China.

EXERCÍCIOS

01. (UPE – 2002) Houve, na Geografia, diversas tentativas de dividir

o mundo em regiões. Uma dessas regionalizações foi a simples

divisão entre águas e terras, configurando, então, os continentes.

Uma outra regionalização associou a blocos políticos a base

econômica estabelecida na divisão internacional do trabalho entre

―norte‖ e ―sul‖, países desenvolvidos e subdesenvolvidos,

identificando, assim, o ―Primeiro Mundo‖ , o ―Segundo Mundo‖ e o

―Terceiro Mundo‖.

Essa última regionalização atualmente perdeu bastante o sentido

porque:

1. a diferenciação e o conflito entre os blocos socialistas e

capitalistas praticamente desapareceram.

2. após a queda do ―Muro de Berlim‖, o sistema tecnocrático-estatal-

militarista intensificou-se, sobretudo na Ásia, contribuindo para o

surgimento do ―Quarto Mundo‖.

3. tem ocorrido, de uma certa forma, uma verdadeira terceiro-

mundialização de vários países que faziam parte do ―Segundo

Mundo‖.

4. a própria regionalização do mundo pela Divisão Internacional do

Trabalho tradicional por setores da economia extinguiu a

regionalização dos ―Três Mundos‖ no início da década de 1980.

Após a leitura e a análise dos itens acima, assinale

A) se todos são verdadeiros.

B) se somente 1 é verdadeiro.

C) se somente 2 é verdadeiro.

D) se somente 3 e 4 são verdadeiros.

E) se somente 1 e 3 são verdadeiros.

Page 82: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

81

02. (UFMS) Assinale a alternativa que melhor define a Guerra

Fria:

A) Política de ―paz armada‖, desenvolvida pelas potências

internacionais no período que antecedeu a Primeira Guerra

Mundial, da qual resultaram tratados de alianças como a Tríplice

Entente e a Tríplice Aliança.

B) Estado de tensão permanente entre o bloco capitalista, liderado

pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União

Soviética, resultante da disputa entre essas duas potências por

uma posição hegemônica no contexto internacional, no período

posterior à Segunda Guerra Mundial.

C) Tensão militar ocorrida entre a Inglaterra e a Alemanha, no final

do século XIX, motivada pela disputa, entre os dois Estados

nacionais, pelo controle do comércio do mar do Norte.

D) Estratégia desenvolvida pelos Estados Unidos, no âmbito de sua

política internacional, visando conter a expansão imperialista da

União Soviética, nação que emergiu da Segunda Guerra

Mundial como a maior potência econômica e militar do mundo.

E) Choque ocorrido entre os países industrializados europeus entre

o final do século XIX e o início do século XX, em razão das

disputas por colônias na áfrica e na Ásia.

03. (ENEM – 2010) O G-20 é o grupo que reúne os países G-7, os

mais industrializados do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França,

Reino Unido, Itália e Canadá), a União Europeia e os principais

emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia,

Saudita, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México e

Turquia). Esse grupo de países vem ganhando forças nos fóruns

internacionais de decisão e consulta. ALLAN, R. Crise global.

Disponível em HTTP://conteudoclippingmb.planejamento.gov.br. Acesso

em 31 de julho de 2010.

Entre os países emergentes que formam o G-20, estão os

chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), termo criado em

2001 para referir-se aos países que

A) Apresentam características promissoras para as próximas

décadas.

B) Possuem base tecnológica mais elevada.

C) Apresentam índices de igualdade social e econômica mais

acentuados.

D) Apresentam diversidade ambiental suficiente para impulsionar a

economia global.

E) Possuem similaridades culturais capazes de alavancar a

economia mundial.

04. (ENEM – 2009) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria

dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação

de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que

aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que

concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na

formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste

europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu

igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela

opção entre os modelos capitalista e socialista. Essa divisão

europeia ficou conhecida como

A) Cortina de Ferro. D) Convenção de Ramsar.

B) Muro de Berlim. E) Conferência de Estocolmo.

C) União Europeia.

05. (ENEM – 2009) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as

décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria

instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de

conflitos e pela multipolaridade. O panorama estratégico do mundo

pós-Guerra Fria apresenta.

A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às

disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de

ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime

organizado.

B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares

das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade

nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da

Guerra Fria.

C) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções

militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser

realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com

maior envolvimento de países emergentes.

D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a

possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global,

devido à crescente consciência política internacional acerca

desse perigo.

E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se

submetem às decisões da ONU no que concerne às ações

militares.

06. (UFF)

―Alguma coisa está fora da ordem

Fora da nova ordem mundial.

Alguma coisa está fora da ordem

Fora da nova ordem mundial‖.

Caetano Veloso

Como sugere o poeta, os acontecimentos que marcaram a ―nova

ordem‖ econômica e política mundial apresentam também os seus

reversos, ameaçando essa mesma ―ordem‖. Está entre as ―coisas

fora de ordem‖ que contradizem o novo ordenamento mundial,

pretendido pelas grandes potências:

A) o término da Guerra Fria e a unificação das duas Alemanhas;

B) a formação dos megablocos econômicos e as pressões norte

americanas sobre o CEE;

C) a unificação da Europa e a crise do estado do Bem-Estar Social

nos países capitalistas;

D) a guerra civil na antiga Iugoslávia e o crescimento de

movimentos étnicos-nacionais.

E) o reforço dos elos comerciais entre os três centros econômicos:

EUA, CEE e Japão.

07. (VUNESP) No fim da década de oitenta e início dos anos

noventa a bipolaridade mundial declinou; da polaridade ideológica e

militar leste/oeste passou-se para a econômica norte/sul. Isto

significa dizer que atualmente há uma oposição entre:

A) O oeste rico e industrializado e o leste pobre e agrário.

B) O oeste pobre e agrário e o sul rico e muito industrializado.

C) O leste pobre e agrário e o norte rico e industrializado.

D) O sul rico e industrializado e o norte pobre e agrário.

E) O norte rico e industrializado e o sul pobre e em processo de

industrialização.

08. (UFS – 2006) A ideia de uma nova ordem mundial remete ao

fato de ter existido, então, uma velha ordem, cujas características

Page 83: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

82

foram modificadas pelas novas relações de poder entre as nações.

Sobre essa temática, analise as afirmações e assinale a correta:

A) A velha ordem mundial foi a ordem imposta pela Guerra Fria, na

qual duas potencias militares, Estados Unidos e a Alemanha,

disputavam por áreas de influência em todo o globo.

B) O fim da União Soviética na década de 1990 deixou em aberto a

nova configuração do poder mundial se haveria uma ordem

unipolar, dominada pela ONU, ou multipolar, com a ascensão de

potências concorrentes como o Brasil e Austrália.

C) Para alguns autores, a ordem mundial no século XXI deveria ter

o predomínio do poder econômico, com os grandes blocos

econômicos como principais atores no cenário político mundial.

D) No novo cenário de poder mundial pensado para o século XXI,

tem grande destaque a chamada Bacia do Atlântico,

capitaneada pelo Brasil e sustentada pelo dinamismo

econômico dos Tigres Asiáticos e, mais recentemente, da

China.

E) A importância de organismos supranacionais como a ONU tem

sido reforçada pela intensa colaboração deste organismo com

as principais potências militares do Globo, Estados Unidos e

Rússia, mediando os conflitos no Iraque e na Chechênia.

09. O Canadá foi o último dos sete grandes países (G-7) a se

industrializar, como resultado da influência do grande capital

americano. Pode-se dizer sobre esses dois países que:

A) A proximidade geográfica dificultou a vinculação da economia

canadense à norte-americana, gerando a necessidade de leis

protecionistas.

B) A ausência de florestas no Canadá, devido ao clima subártico,

exigiu a importação de matéria-prima do país vizinho, de modo a

viabilizar a indústria de papel e celulose.

C) A penetração de empresas norte-americanas em território

canadense é fruto da atual conjuntura de formação de

megablocos econômicos, no caso o NAFTA (North American

Free Trade Agreement).

D) Os dois países formam uma grande mancha urbano-industrial,

em torno dos grandes lagos e do vale do São Lourenço,

constituindo uma verdadeira unidade geográfica e econômica.

E) O NAFTA prevê a abertura econômica entre os dois países,

derrubando notórias resistências de integração.

10. “A especialização é uma das características marcantes da

agricultura comercial americana. Assim como os empresários

industriais, os empresários do setor agrícola buscam localizar suas

atividades de maneira a maximizar seus lucros”

A) Os empresários agrícolas concentraram a produção de trigo no

baixo curso do Mississipi, no sul dos Estados Unidos;

B) A pecuária intensiva e a policultura de frutas, legumes e verduras

concentraram-se junto aos grandes centros consumidores do

leste dos Estados Unidos;

C) Nas vastas regiões secas do oeste dos Estados Unidos, deu-se o

domínio da pecuária extensiva;

D) O custo da produção e a rentabilidade do setor agrícola nos

Estados Unidos são influenciados pelo acesso aos mercados, o

preço da terra e a diversidade climática;

E) Nas áreas situadas ao sul dos Estados Unidos, onde dominam

climas frios, os empresários agrícolas conseguiram maximizar

os seus lucros com o plantio de milho de soja. às áreas onde se

loca

11. A tradicional região industrial dos Grandes Lagos nos Estados

Unidos teve como principais fatores para o seu desenvolvimento,

entre outros:

A) A existência de importantes centros de pesquisas e a localização

de terminais ferroviários procedentes do Pacífico.

B) A presença de entroncamentos de transportes aéreos, facilitando

o escoamento da produção por todo o país.

C) A proximidade de matéria-prima como o ferro e o carvão e a

existência de importante rede de transportes.

D) A modernização das atividades rurais, que obrigou o

deslocamento da população para os centros industriais.

E) A aglomeração de instituições financeiras, alimentando recursos

para a expansão das atividades.

12. (UFS- adaptada) Considere o mapa apresentado abaixo:

A partir do mapa e de seus conhecimentos sobre os

deslocamentos populacionais no continente americano, analise

as afirmações que seguem e assinale a alternativa incorreta.

A) Os Estados Unidos são o país que mais recebeu imigrantes no

continente americano e tem tomado medidas para restringir a

entrada de novos grupos.

B) Entre os imigrantes clandestinos que ingressam ilegalmente nos

EUA, via fronteira, destacam-se os braceros, mexicanos que

buscam trabalho.

C) O NAFTA, aliança comercial entre EUA, Canadá e México visa à

promoção da livre circulação de mercadorias e de

trabalhadores, eliminando as restrições aos imigrantes.

D) Os migrantes ilegais são, via de regra, recrutados por

empregadores em condições de subemprego, com baixos

salários e sem proteção trabalhista.

E) A legislação atual dos EUA é bastante restritiva à entrada de

imigrantes, particularmente, em relação aos latino-americanos,

africanos e asiáticos.

13. Sobre o Canadá, assinale a duas alternativa incorreta.

A) A região dos Grandes Lagos e Vale do São Lourenço se constitui

na principal área econômica e urbana do país, tendo aí o seu

melhor ponto de ligação com a economia norte-americana.

B) No Canadá as atividades agrícolas são bem desenvolvidas,

sobretudo na porção central onde existem as condições naturais

mais favoráveis.

C) A abundância de recursos naturais no Canadá, sobretudo

petróleo e carvão, foi um dos fatores que mais contribuíram para

atrair investimentos norte-americanos.

Page 84: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

83

D) A província de Quebec se destaca por concentrar a maior parte

de descendentes de colonizadores franceses.

E) Possui uma excelente qualidade de vida, fruto de uma total

independência em relação à economia dos Estados Unidos.

14. (UFS) A América Anglo-Saxônica, formada por apenas 2 países,

pode ser considerada como uma das áreas mais prósperas do

mundo. Canadá e Estados Unidos pertencem ao seleto grupo do G-

7 e, no caso dos Estados Unidos não há como negar sua liderança

político-econômica sobre todo o Globo. Sobre os países norte-

americanos, analise as afirmações e marque a correta:

A) As planícies, localizadas na porção central, têm tanto a leste

como a oeste cadeias montanhosas do Terciário. A disposição

das terras no sentido norte-sul possibilita a presença de

variados tipos de clima: do tropical úmido na Flórida e Golfo do

México até o polar na porção setentrional do Canadá. Grandes

extensões de vegetação natural ainda cobrem as planícies e as

montanhas situadas a leste do continente.

B) O Canadá apresenta maiores densidades demográficas na

porção oeste onde estão suas principais cidades e atividades

econômicas. Predominantemente de origem inglesa, a leste do

país encontra-se a província de Ontário, povoada por franceses,

que luta para tornar-se independente e constituir um novo

Estado.

C) Os Estados Unidos apresentam recursos naturais variados

embora cada vez mais limitados pela contínua exploração. Esse

fato tem tornado o país grande importador, principalmente, de

petróleo e gás natural.

D) Berço das transnacionais, os Estados Unidos apresentam cerca

de 1/3 das empresas situadas entre as 500 maiores e mais

poderosas do mundo. A região Nordeste, apesar de ter perdido

parte das indústrias que lá existiam, ainda conserva as sedes

das empresas. Assim, essa região funciona como um pólo

político-econômico de onde partem decisões que afetam as

economias das mais diferentes áreas do Globo.

E) Apesar de todo o poderio econômico, uma parcela considerável

da população estadunidense tem empobrecido. O desemprego,

as históricas diferenças socioeconômicas entre brancos e negros

e a integração dos imigrantes de origem latina são os principais

problemas sociais enfrentados, atualmente, pelos Estados

Unidos.

15- (UFS). Considere o mapa apresentado abaixo.

Uma das grandes vantagens econômicas dos Estados Unidos

refere-se ao seu grande território. Este permite uma variedade de

arranjos produtivos, em especial no setor industrial. Sobre a

regionalização econômica do espaço estadunidense, analise as

afirmações e marque a correta:

A) A região 1: corresponde a megalópole BOS-WASH, formada pelo

eixo Boston - Nova York - Washington, também denominada

decisonalbelt por concentrar, principalmente, a sede de várias

instituições financeiras e conglomerados empresariais.

B) A região II corresponde a uma parte do manufacturingbelt, área

de industrialização mais antiga e que, pelo menos desde a

década de 1970, sofre uma descentralização econômico pela

mudança das atividades industriais mais tradicionais para países

que oferecem menores custos de produção.

C) A região III ganhou destaque na passagem do furacão Katrina,

pois este afetou seriamente a economia da região, fundada na

indústria automotiva voltada para a exportação, aproveitando os

menores custos da mão-de-obra local, bem como a existência de

portos marítimos e fluviais.

D) A região IV faz parte de um espaço maior denominado sunbelt e

que concentra indústrias de baixa tecnologia, associadas a

centros de pesquisas importantes de onde saem a maior parte de

seus funcionários.

E) A região V foi denominada, jocosamente, de "vale do silicone",

pois concentra a maior parte da chamada 'indústria do

entretenimento', responsável pela produção de filmes para o

cinema e a televisão com distribuição mundial.

16. (ENEM- 2003) No dia 7 de outubro de 2001, Estados Unidos e

Grã-Bretanha declararam guerra ao regime Talibã, no Afeganistão.

Leia trechos das declarações do presidente dos Estados Unidos,

George W. Bush, e de Osama Bin Laden, líder muçulmano, nessa

ocasião: - George Bush:

Um comandante-chefe envia os filhos e filhas dos Estados Unidos à

batalha em território estrangeiro somente depois de tomar o maior

cuidado e depois de rezar muito. Pedimos-lhes que estejam

preparados para o sacrifício das próprias vidas. A partir de 11 de

setembro, uma geração inteira de jovens americanos teve uma nova

percepção do valor da liberdade, do seu preço, do seu dever e do

seu sacrifício. Que Deus continue a abençoar os Estados Unidos.

Osama Bin Laden:

Deus abençoou um grupo de vanguarda de muçulmanos, a linha de

frente do Islã, para destruir os Estados Unidos. Um milhão de

crianças foram mortas no Iraque, e para eles isso não é uma

questão clara. Mas quando pouco mais de dez foram mortos em

Nairóbi e Dar-es-Salaam, o Afeganistão e o Iraque foram

bombardeados e a hipocrisia ficou atrás da cabeça dos infiéis

internacionais. Digo a eles que esses acontecimentos dividiram o

mundo em dois campos, o campo dos fiéis e o campo dos infiéis.

Que Deus nos proteja deles.

(Adaptados de O Estado de S. Paulo, 8/10/2001)

Pode-se afirmar que

A) a justificativa das ações militares encontra sentido apenas nos

argumentos de George W. Bush.

B) a justificativa das ações militares encontra sentido apenas nos

argumentos de Osama Bin Laden.

C) ambos apóiam-se num discurso de fundo religioso para justificar

o sacrifício e reivindicar a justiça.

D) ambos tentam associar a noção de justiça a valores de ordem

política, dissociando-a de princípios religiosos.

E) ambos tentam separar a noção de justiça das justificativas de

ordem religiosa, fundamentando-a numa estratégia militar.

17. (ENEM- 2001) De acordo com reportagem sobre resultados

recentes de estudos populacionais,

"... a população mundial deverá ser de 9,3 bilhões de pessoas em

2050. Ou seja, será 50%maior que os 6,1 bilhões de meados do ano

Page 85: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

84

2000. (...) Essas são as principais conclusões do relatório

Perspectivas da População Mundial – Revisão 2000, preparado pela

Organização das Nações Unidas (ONU). (...) Apenas seis países

respondem por quase metade desse aumento: Índia (21%), China

(12%), Paquistão (5%), Nigéria (4%), Bangladesh (4%) e Indonésia

(3%). Esses elevados índices de expansão contrastam com os dos

países mais desenvolvidos. Em 2000, por exemplo, a população da

União Europeia teve um aumento de 343 mil pessoas, enquanto a

Índia alcançou esse mesmo crescimento na primeira semana de

2001. (...) Os Estados Unidos serão uma exceção no grupo dos

países desenvolvidos. O país se tornará o único desenvolvido entre

os 20 mais populosos do mundo."

O Estado de S. Paulo, 03 de março de 2001.

Considerando as causas determinantes de crescimento

populacional, pode-se afirmar que,

A) na Europa, altas taxas de crescimento vegetativo explicam o seu

crescimento populacional em 2000.

B) nos países citados, baixas taxas de mortalidade infantil e

aumento da expectativa de vida são as responsáveis pela

tendência de crescimento populacional.

C) nos Estados Unidos, a atração migratória representa um

importante fator que poderá colocá-lo entre os países mais

populosos do mundo.

D) nos países citados, altos índices de desenvolvimento humano

explicam suas altas taxas de natalidade.

E) nos países asiáticos e africanos, as condições de vida favorecem

a reprodução humana.

18. (ENEM) Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e

suas representações gráficas são mutáveis.

Essas significativas mudanças nas fronteiras de países da Europa

Oriental nas duas ultimas décadas do século XX, direta ou

indiretamente, resultaram:

A) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus países aliados,

na ordem internacional.

B) da crise do capitalismo na Europa, representada principalmente

pela queda do muro de Berlim.

C) da luta das antigas e tradicionais comunidades internacionais e

religiosas oprimidas por Estados criados antes da Segunda

Guerra Mundial.

D) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal no mundo

ocidental.

E) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos ampliarem

seus territórios.

19. (ENEM) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a

Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação de

alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que

aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que

concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na

formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste

europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu

igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela

opção entre os modelos capitalista e socialista.

Essa divisão europeia ficou conhecida como:

A) Cortina de Ferro. D) Convenção de Ramsar.

B) Muro de Berlim. E) Conferência de Estocolmo.

C) União Europeia.

20. (ENEM) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais

veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única europeia.

Leia a notícia destacada abaixo.

O nascimento do euro, a moeda única a ser adotada por onze

países europeus a partir de 1º de janeiro, é possivelmente a mais

importante realização deste continente que, nos últimos dez anos,

assistiram à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das

Alemanhas, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da

União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a

desmontagem de estruturas do passado, o euro é uma ousada

aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade europeia.

A ―Euroland‖, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica,

Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e

Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase

80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por

cerca de 20% do comercio internacional. Com esse cacife o euro vai

disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.

A matéria refere-se à ―desmontagem de estruturas do passado‖, que

pode ser entendida como:

A) O fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu

o mundo em dois blocos ideológicos opostos.

B) A inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos

supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico

no mundo.

C) A crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à

polarização ideológica da antiga URSS.

D) A confrontação dos modelos socialistas e capitalistas para deter

o processo de unificação das duas Alemanhas.

E) A prosperidade das economias capitalistas e socialistas, com o

consequente fim da Guerra Fria entre EUA e URSS.

21. (UFS) A União Europeia é o bloco econômico mais antigo do

mundo. Formado por 27 países, deve, dentro em breve, ampliar este

número. Assinale a alternativa correta:

A) Itália, Espanha, Portugal e Grécia fazem parte da Europa

Meridional. Nesses países,a agricultura tem um peso importante

na geração de renda e de emprego, principalmente, em Portugal

e na Grécia.

B) Alemanha e França são países da chamada Europa Central.

Nesses países há um número elevado de imigrantes que,

diferente do que ocorre em outros países do bloco, são

desejados e facilmente integrados à vida do país.

C) Reino Unido, Bélgica e Espanha faz em parte da Europa

Ocidental. Esses países,tradicionalmente industriais, têm

exportado capitais e tecnologia, por meio de inúmeras

multinacionais ali sediadas.

Page 86: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

85

D) Entre os países do bloco há grandes diferenças sociais e

econômicas. Alemanha e França, dois dos fundadores do bloco,

têm índices sociais inferiores aos apresentados pela Grécia e

Portugal.

E) Mesmo internamente, alguns países do bloco europeu

apresentam grandes desigualdades socioeconômicas: são

exemplos a Itália que apresenta o Sul bem menos desenvolvido

e a Alemanha que desde a reunificação, luta para elevar os

padrões de vida da população da área oriental do país.

22. Considere os itens abaixo para responder à questão.

I. Países do Leste Europeu enfrentam, em geral, dificuldades de

adaptação à economia de mercado, que se traduzem em

desemprego, falta de moradia e baixos salários.

II. Países do Ocidente Europeu esforçam-se no sentido da

integração econômica, visando a consolidação de um espaço

único no mercado, inclusive tendo em vista a implantação de

uma moeda própria.

III. Países do Leste Europeu recuperam-se rapidamente do período

em que permaneceram sufocados pelo poder da ex-União

Soviética e começam a despontar política e economicamente no

mercado internacional.

IV. Países do Ocidente Europeu têm sua população favorecida,

financeiramente e economicamente, devido ao seu alto nível de

industrialização e aos elevados índices de padrão de vida, com

desemprego em torno de 1%.

V. Países do Leste Europeu esforçam-se para adaptar suas

economias à nova situação de mercado e os conflitos gerados

pelas diferenças culturais e étnicas estão em vias de superação.

Dentre as alternativas abaixo, a que correta e respectivamente

caracteriza, na atualidade, o grupo de países do Leste e do

Ocidente Europeu:

A) I – II B) II – V C) IV – V D) I – IV E) III - IV

23. Leia com atenção a notícia que se segue:

França pagará 750 euros mensais por terceiro filho. O governo

francês irá pagar uma licença de 750 euros (cerca de R$ 2.050,00)

por mês durante um ano a famílias que decidirem ter um terceiro

filho, anunciou ontem o primeiro ministro do país, Dominique

Villepin.

Folha de S. Paulo, 23/09/2005. Folha mundo, p. A-16.

A medida anunciada pelo governo francês está diretamente

relacionada:

A) à política anti-imigração (xenófoba) e de purificação racial

adotada pela França nas últimas décadas.

B) às elevadas taxas de natalidade verificadas no país e em toda a

Europa.

C) à sobrecarga no sistema de previdência social francês, em que

um número cada vez menor de jovens precisa sustentar um

número cada vez maior de aposentados.

D) à aproximação do governo francês com as ideias da Igreja

Católica, que proíbe o uso de métodos contraceptivos não

naturais.

E) à ideia imperialista de que o poderio econômico de uma nação

está diretamente ligado ao tamanho de sua população.

24. (UFF) O processo de integração dos países da Europa Ocidental

não tem evitado que velhos conflitos reapareçam e imprimam sua

marca de violência no interior de Estados Nacionais. Isto fica

evidente ao se observar:

A) as imposições do partido nacional flamengo, exigindo um

parlamento independente da Inglaterra;

B) a escalada do regionalismo político na Alemanha por parte de

grupos separatistas neonazistas;

C) as reivindicações da autonomia no Sul da Itália (Padânia) por

parte dos partidos locais;

D) a ascensão dos grupos paramilitares de origem corsa, que

reclamam sua autonomia nacional perante a Bélgica;

E) a ofensiva do grupo ETA que reivindica a independência da

histórica região basca, localizada entre o Norte da Espanha e o

Sudoeste da França;

25. O texto abaixo é um trecho do discurso do primeiro-ministro

britânico, Tony Blair, pronunciado quando da declaração de guerra

ao regime Talibã:

Essa atrocidade [o atentado de 11 de setembro, em Nova York] foi

um ataque contra todos nós, contra pessoas de todas e nenhuma

religião. Sabemos que a Al-Qaeda ameaça a Europa, incluindo a

Grã-Bretanha, e qualquer nação que não compartilhe de seu

fanatismo. Foi um ataque à vida e aos meios de vida. As empresas

aéreas, o turismo e outras indústrias foram afetadas e a confiança

econômica sofreu, afetando empregos e negócios britânicos. Nossa

prosperidade e padrão de vida requerem uma resposta aos ataques

terroristas.

(O Estado de S. Paulo, 8/10/2001)

Nesta declaração, destacaram-se PRINCIPALMENTE os

interesses de ordem

A) moral. B) militar. C) jurídica.

D) religiosa. E) econômica.

26. Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o

fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na

história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como

divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história

deste período foi reunida sob um padrão único pela situação

internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.

(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,

1996)

O período citado no texto e conhecido por “Guerra Fria” pode

ser definido como aquele momento histórico em que houve:

A) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias

ocasionando a Primeira Guerra Mundial.

B) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países

capitalistas do Norte.

C) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética

Stalinista, durante os anos 30.

D) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e

as potências orientais, como a China e o Japão.

E) constante confronto das duas superpotências que emergiram da

Segunda Guerra Mundial.

Page 87: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

86

27. A Alemanha ajuda a concretizar o bloco econômico da União

Europeia. A participação neste bloco implica na adoção de um

sistema socioeconômico que:

A) dificulta a livre iniciativa econômica, inclusive das grandes

empresas na Alemanha.

B) ofereça mercado europeu mais restrito aos produtos e serviços

alemães.

C) diminua as oportunidades de iniciativa econômica para os

alemães em outros países e vice-versa.

D) garanta o emprego, na Alemanha, pelo afastamento da

concorrência de outros países da própria União Europeia.

E) por meio da união de esforços com os o países da União

Europeia, permita à economia alemã concorrer em melhores

condições com países de fora da União Europeia.

28. Dentre os 50 países mais pobres do mundo, classificados

segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa

das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 33 estão

situados nessa região. Desnutrição, pobreza, analfabetismo e

condições sanitárias precárias exemplificam o lado perverso da

globalização, que amplia o crescimento das desigualdades no

mundo.

Fonte: Adapt. http://www.monde-miolomatigue.fr/cartes/pauvreteindimdv51

O texto refere-se

A) ao Sudeste Asiático. D) à América Latina.

B) à Ásia Meridional. E) à África do Norte.

C) à África Subsaariana.

29. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a

África subsaariana abriga os 20 países mais pobres do mundo.

Neles, cerca de 30% da população sofrem de subalimentação.Sobre

a pobreza, nesses países africanos, nas últimas décadas, é

CORRETO afirmar que:

A) as conjunturas climáticas e/ou políticas adversas são

responsáveis pela miséria de enorme parcela da população.

B) o aumento da importação de alimentos e o crescimento da

receita nas exportações favoreceram o equilíbrio da balança

comercial.

C) o índice de pobreza na região do Sahel é menor do que em

outras regiões, devido às favoráveis condições climáticas.

D) os instrumentos usados para o recente controle da natalidade

são suficientes para atender a população.

E) o tráfico de crianças para exploração de seu trabalho vem

diminuindo nos últimos anos.

30. No mês de julho de 2005, o grupo dos 7 países mais ricos do

mundo concordou em aumentar para 50 bilhões de dólares a ajuda

humanitária para o continente africano. Sobre essa ajuda, leia o

depoimento a seguir:

"Se os países ricos e a ONU continuarem a agir como babás, os

africanos se tornarão uns inúteis que não sabem fazer nada". James

Shikwati - economista queniano.

("Veja", edição 1917, ano 38, nº. 32, 10.08.05)

Essas informações e os conhecimentos sobre a África

permitem afirmar que:

A) o depoimento do economista queniano reflete os problemas do

norte da África, mas para a porção subsaariana, a ajuda

humanitária poderá ter reflexos sociais imediatos.

B) os problemas socioeconômicos da África devem ser resolvidos a

partir de políticas nacionais que promovam o crescimento

econômico e a distribuição da riqueza interna.

C) a decisão do G7 é coerente com as necessidades de retomar o

crescimento econômico africano; o depoimento do queniano

revela-se contrário ao processo de globalização.

D) a decisão atual repete a história, pois ao final dos anos de 1960,

a Aliança para o Progresso, desenvolvida pelos Estados Unidos,

tinha os mesmos objetivos humanitários, só que destinados à

América Latina.

E) o depoimento do queniano ignora o fato de que, se a decisão do

G7 estivesse relacionada a investimentos financeiros, estes

atenderiam grande parte da população, o que reduziria a

desigualdade existente.

31. Com relação ao processo de urbanização do continente

africano, analise e julgue:

A) Os países do continente africano apresentam a menor taxa de

urbanização entre os países subdesenvolvidos.

B) A urbanização africana está relacionada com a ampliação da

economia de exportação, a partir de 1990, quando houve um

aumento do consumo mundial de matérias-primas, combustíveis

fósseis e produtos agrícolas.

C) O ritmo crescente de transferência da população rural para as

cidades africanas tem contribuído para amenizar a pobreza das

sociedades africanas. Estima-se que até 2010, devido à

migração campo/cidade, diminua consideravelmente o

contingente de africanos que hoje vivem abaixo da linha de

pobreza, cerca de um terço da população.

D) As áreas de urbanização mais acentuada da África são a África

do Sul, a região petrolífera do Golfo da Guiné e a faixa litorânea

do mar Mediterrâneo.

32. (Enem 2007) A identidade negra não surge da tomada de

consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença

biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e

amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa

com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de

seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento

esse que abriu caminho às relações mercantilistas com a África, ao

tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente

africano e de seus povos.

(K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade

negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e experiências.

Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37).

Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto

afirmar que:

A) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao

descobrimento desse continente.

B) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses

a desenvolverem esse continente.

C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da

escravidão no Brasil.

D) a exploração da África decorreu do movimento de expansão

europeia do início da Idade Moderna.

Page 88: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

87

E) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre

esse continente e a Europa.

33. (Enem 2010) Três países: Etiópia, Sudão e Egito, usam grande

quantidade de água do Rio Nilo, na África.Para atender a

necessidade da população que cresce rapidamente,a Etiópia e

Sudão planejam desviar mais água do Nilo do que já

desviam.Diante das dificuldades naturais do ciclo hidrológico, como

baixa pluviosidade,elevada e vaporação; esses desvios rio acima

poderiam reduzir a quantidade de recursos hídricos disponíveis para

o Egito, o último país da extensão do curso que não pode sobreviver

sem os recursos naturais do rio.

(São Paulo Thomson 2007)

Diante de tal ameaça qual seria a opção para o Egito?

A) Entrar em Guerra com Etiópia e Sudão para garantir os direitos

ao uso da água.

B) Estabelecer acordo com Etiópia e Sudão visando uso

compartilhado dos recursos hídricos.

C) Aumentar a produção de Grãos e exportá-los, elevando sua

capacidade econômica de importar água de outros países.

D) Construir aquedutos para trazer água de países que tenham

maior disponibilidade deste recurso natural,como Irã e Iraque.

E) Estimular o crescimento de sua população,aumentando a força

de trabalho e produção em condições adversas.

34. Questão.

Os números 1 e 2 identificam, respectivamente:

A) o oriente médio e a Tunísia.

B) os países da OPEP e a Líbia.

C) o extremo oriente e a Argélia.

D) os países árabes e o Egito.

E) o deserto de Sahara e o Iraque.

35. (UnB-DF) O Oriente Médio é uma das regiões mais antigas do

mundo. Ao longo de tantos milênios, recebeu povos de diferentes

procedências, que por lá passaram ou se fixaram, tornando a região

um mosaico de etnias, línguas e religiões. No mundo de hoje, a

região é conhecida como palco de violência, guerras internas e

externas, conflitos, golpes de Estado, invasões, atos terroristas,

assassinatos e massacres. A respeito dessa região, julgue os itens

subsequentes e assinale o item VERDADEIRO:

A) Na região predomina a paisagem de deserto, que avança sobre

as áreas férteis, onde a exploração abusiva expõe a superfície à

perda de umidade, degrada o solo e provoca a desertificação.

B) As regiões de maior umidade são poucas, situadas próximo ao

litoral e nos vales, onde se concentra a população.

C) Encontra-se nessa região a planície da Mesopotâmia, conhecida

por seu papel histórico, localizada entre os rios Nilo e Eufrates,

com sua maior parte situada no atual Egito.

D) Atualmente, para reduzir o sério problema de escassez de água

que a região enfrenta, vem sendo aplicada a técnica de

dessalinização da água do mar para consumo humano.

36. (FUA-AM-PSC) A China é um país milenar e foi governada, ao

longo do tempo, por diversas dinastias. Nos dias de hoje esse país

tem ocupado horários nobres nos meios de comunicação; como

exemplo, temos o do programa Fantástico no Brasil. Esse arsenal

de dados nos informa que:

A) a China é um país totalmente agrícola e sua economia não tem

apresentado nenhuma forma de crescimento nos últimos anos.

B) a China continua sendo governada pela dinastia Manchu, que

centraliza todas as decisões nas mãos do imperador.

C) a China sofreu uma profunda abertura econômica e procura a

expansão de seus mercados vendendo produtos baratos.

D) as reformas econômicas pelas quais tem passado o governo

chinês têm criado um entrave para a entrada do capital

estrangeiro naquele país.

E) o processo de abertura econômica não estimula a iniciativa

privada, já que no sistema planificado da economia este é um

direito que se estende a todos.

37. (Makenzie) Apesar da elevada renda per capita, advinda da

exportação de petróleo, o Oriente Médio encontra sérios problemas

para seu desenvolvimento. Dentre as causas desses problemas,

podemos destacar:

A) a aridez do clima e o baixo nível técnico da população.

B) a falta de acesso ao mar e a escassa rede hidrográfica.

C) baixo crescimento populacional e o elevado padrão de consumo

da população.

D) a persistência do nomadismo e a elevada porcentagem de

universitários na população.

38. (Mack-SP) ―País localizado no Sudeste da Ásia, seu território é

coberto por florestas tropicais e por planícies alagadas dos rios

Vermelho e Mekong, onde há extensas plantações de arroz que

fazem desse país o segundo exportador do mundo. Há também o

cultivo de cacau, pimenta, café, cana-de-açúcar e seringueira para a

obtenção do látex.

Na década de 1970, o país foi unificado sob o regime comunista

aliado da ex-URSS. Atualmente o governo adota uma política que

combina liberalização econômica ao regime de partido único; porém

o país vive com sequelas dos bombardeios americanos com

desfolhantes químicos ―agente-laranja‖, que destruíram grandes

áreas agrícolas e florestas ainda não recuperadas, e das minas

terrestres não detonadas.‖

O texto acima identifica qual país asiático?

A) Camboja B) Indonésia C) Coreia

D) Vietnã E) Laos

39. Além da ajuda financeira externa e dos conglomerados

nacionais alguns fatores internos contribuíram para a arrancada da

economia japonesa exceto:

Page 89: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

88

A) Elevados investimentos das empresas privadas em

modernização e novas tecnologias, o que tornou as empresas

japonesas mais competitivas no mercado internacional.

B) Economia voltada a produção de matéria-prima.

C) Expansão da economia mundial no período pós-guerra.

D) Recebeu ajuda financeira dos EUA através do Plano Marshall.

E) Produção em grande escala para o mercado externo.

41. (ENEM-2007)

Lucro na adversidade

Os fazendeiros da região sudoeste de Bangladesh, um dos países

mais pobres da Ásia, estão tentando adaptar-se às mudanças

acarretadas pelo aquecimento global. Antes acostumados a produzir

arroz e vegetais, responsáveis por boa parte da produção nacional,

eles estão migrando para o cultivo do camarão. Com a subida do

nível do mar, a água salgada penetrou nos rios e mangues da

região, o que inviabilizou a agricultura, mas, de outro lado,

possibilitou a criação de crustáceos, uma atividade até mais

lucrativa. O lado positivo da situação termina por aí. A maior parte

da população local foi prejudicada, já que os fazendeiros não

precisam contratar mais mão-de-obra, o que aumentou o

desemprego. A flora e a fauna do mangue vêm sendo afetadas pela

nova composição da água. Os lençóis freáticos da região foram

atingidos pela água salgada.

(Globo Rural, jun./2007, p.18 (com adaptações).

A situação descrita acima retrata

A) o fortalecimento de atividades produtivas tradicionais em

Bangladesh em decorrência dos efeitos do aquecimento global.

B) a introdução de uma nova atividade produtiva que amplia a oferta

de emprego.

C) a reestruturação de atividades produtivas como forma de

enfrentar mudanças nas condições ambientais da região.

D) o dano ambiental provocado pela exploração mais intensa dos

recursos naturais da região a partir do cultivo do camarão.

E) a busca de investimentos mais rentáveis para Bangladesh

crescer economicamente e competir no mercado internacional

de grãos.

42. (ENEM-2008)

A China comprometeu-se a indenizar a Rússia pelo derramamento

de benzeno de uma indústria petroquímica chinesa no rio Songhua,

um afluente do rio Amur, que faz parte da fronteira entre os dois

países. O presidente da Agência Federal de Recursos de Água da

Rússia garantiu que o benzeno não chegará aos dutos de água

potável, mas pediu à população que fervesse a água corrente e

evitasse a pesca no rio Amur e seus afluentes. As autoridades locais

estão armazenando centenas de toneladas de carvão, já que o

mineral é considerado eficaz absorvente de benzeno.

Internet: <jbonline.terra.com.br> (com adaptações).

Levando-se em conta as medidas adotadas para a minimização

dos danos ao ambiente e à população, é correto afirmar que:

A) o carvão mineral, ao ser colocado na água, reage com o

benzeno, eliminando-o.

B) o benzeno é mais volátil que a água e, por isso, é necessário que

esta seja fervida.

C) a orientação para se evitar a pesca deve-se à necessidade de

preservação dos peixes.

D) o benzeno não contaminaria os dutos de água potável, porque

seria decantado naturalmente no fundo do rio.

E) a poluição causada pelo derramamento de benzeno da indústria

chinesa ficaria restrita ao rio Songhua.

43. (ENEM-2008)

Usada para dar estabilidade aos navios, a água de lastro acarreta grave

problema ambiental: ela introduz indevidamente, no país, espécies

indesejáveis do ponto de vista ecológico e sanitário, a exemplo do

mexilhão dourado, molusco originário da China. Trazido para o Brasil

pelos navios mercantes, o mexilhão dourado foi encontrado na bacia

Paraná-Paraguai em 1991. A disseminação desse molusco e a

ausência de predadores para conter o crescimento da população de

moluscos causaram vários problemas, como o que ocorreu na

hidrelétrica de Itaipu, onde o mexilhão alterou a rotina de manutenção

das turbinas, acarretando prejuízo de US$ 1 milhão por dia, devido à

paralisação do sistema. Uma das estratégias utilizadas para diminuir o

problema é acrescentar gás cloro à água, o que reduz em cerca de 50%

a taxa de reprodução da espécie.

GTÁGUAS, MPF, 4.ª CCR, ano 1, n.º 2, maio/2007 (com adaptações).

De acordo com as informações acima, o despejo da água de lastro

A) é ambientalmente benéfico por contribuir para a seleção natural das

espécies e, consequentemente, para a evolução delas.

B) trouxe da China um molusco, que passou a compor a flora aquática

nativa do lago da hidrelétrica de Itaipu.

C) causou, na usina de Itaipu, por meio do microrganismo invasor, uma

redução do suprimento de água para as turbinas.

D) introduziu uma espécie exógena na bacia Paraná – Paraguai, que se

disseminou até ser controlada por seus predadores naturais.

E) motivou a utilização de um agente químico na água como uma das

estratégias para diminuir a reprodução do mexilhão dourado.

Page 90: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

1. Filosofia Contemporânea p. 90 2. Romantismo p. 90 3. Auguste Comte: A fundação do Positivismo p. 90 4. Idealismo Alemão p. 91 5. Johan Gottlob Fichte p. 91 6. Friedrich Schelling p. 91 7. Friedrich Hegel p. 92 8. Ludwig Feuerbach p. 94 9. Arthur Schopenhauer p. 94 10. Sören Kierkegaard p. 94 11. Karl Marx: O materialismo dialético e histórico p. 95 12. Friedrich Nietzsche: uma filosofia "a golpes de martelo" p. 97 13. Pensamento do século XX p. 98 14. O Existencialismo p. 99 15. Edmund Husserl p. 100 16. Martin Heidegger p. 100 17. Jean-Paul Sartre p. 102 18. Filosofia Analítica: A análise lógica da linguagem p. 103 19. Bertrand Russel p. 104 20. Ludwig Wittgenstein p. 105 21. Escola de Frankfurt: A teoria crítica contra a opressão p. 105 22. Theodor Adorno e Max Horkheimer p. 105 23. Walter Benjamin p. 107 24. Herbert Marcuse p. 107 25. Jürgen Habermas p. 107 26. Filosofia Pós-Moderna: O fim do projeto da modernidade p. 109 27. Michael Foucault p. 109 28. Jacques Derrida p. 111 29. Jean Baudrillard p. 111 30. Karl Popper e a falseabilidade p. 111

Page 91: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

90

Filosofia Contemporânea

1. Processo técnico e científico

Convulsões sociais, políticas e culturais dão início a era

contemporânea, chamada também pelo historiador Eric Hobsbawm

de a “era das revoluções”. De 1789 a 1848 o mundo foi solapado

por profundas transformações provocadas pelas revoluções

francesa e industrial: ruptura com as tradições nobiliárquicas, a

ascensão política da burguesia, a declaração universal dos direitos

do homem e do cidadão, as inovações tecnológicas, apologia à

razão e a ciência como norteadoras do progresso da humanidade.

Porém, ao mesmo tempo em que alguns se entusiasmavam com os

avanços científicos e a construção de um modelo liberal de

sociedade, outros tantos amarguravam a experiência da exploração

da força de trabalho, a marginalização da classe operária e a sua

exclusão de direitos. Foi nesse ambiente que surgiram novas

reflexões filosóficas abordando questões sociais, políticas e

culturais.

A crença otimista no racionalismo e no mecanicismo rivalizava

agora com a subjetividade e o idealismo do Romantismo.

2. Romantismo

O romantismo surge como proposta para os dilemas humanos

surgidos com a Idade Contemporânea. Iniciado no final do séc. XVIII

esse movimento cultural predominou durante a primeira metade

do séc. XIX envolvendo a arte e a filosofia. Tendo como ponto de

partida o continente europeu, irradiou-se por outras regiões do

mundo, mas, destacando-se principalmente na Alemanha.

O romantismo foi uma reação ao pensamento racionalista e

mecanicista que se propunha a guiar o progresso da humanidade,

representando uma ameaça para a expressão humana, colocando

os sentimentos e emoções em segundo plano.

2.1 Principais características

Em linhas gerais, o romantismo caracterizou-se pela exaltação do

indivíduo – sua subjetividade e suas emoções -, da natureza e da

pátria. Vejamos alguns detalhes:

Individualismo: O mundo passa ser interpretado a partir de uma

visão pessoal, conforme sua percepção, suas emoções, seus

sentimentos, valorizando a intuição em detrimento da razão. O

indivíduo busca libertar-se dos padrões intelectuais para dar

vasão a sua subjetividade egocêntrica.

Subjetivismo: É o conjunto de ideias, significados e emoções

que, por serem baseados no ponto de vista do sujeito, são

influenciados por seus interesses e desejos particulares. O

individuo baseia sua perspectiva de mundo naquilo que as suas

sensações captam. Com plena liberdade de criar, o artista

romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais.

Idealização: Guiado pela imaginação, estimulada por suas

emoções e sentimentos, cria-se temas idealizados exagerando

em suas características. Como a Iracema de José de Alencar.

Sentimentalismo exacerbado: O romântico analisa e expressa a

realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só

sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no

interior do indivíduo relatado. Emoção acima de tudo.

Retorno à natureza: O romantismo retomou a ideia de natureza

como a essência que se opõe à racionalização tecnológica, outra

resposta a essa discordância com o mundo urbano-industrial. A

natureza passou a ser exaltada e idealizada, a ser vista com certo

misticismo. Criando uma noção de plenitude e pertencimento à

totalidade em oposição clara a fragmentação lógico-científica.

Nacionalismo: O desenvolvimento do nacionalismo, do amor

pela pátria, reflete-se na busca pelas tradições e costumes locais,

no desenvolvimento da língua e do folclore nacional. Na Europa,

eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar

as culturas de seu país, era medievalismo. No Brasil tivemos o

indianismo, adotando o índio como o ícone para a origem

nacional e o colocando como um herói. O indianismo resgatava o

ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o

qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o

índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade europeia.

2.2 Romantismo na filosofia

O romantismo não é facilmente identificável na filosofia como os

outros movimentos ou correntes, mas algumas de suas

características poderão ser reconhecidas em vários filósofos da

contemporaneidade.

Como no caso de Jean- Jacques Rousseau que apesar de ser

incluído no movimento iluminista, tinha ressalvas quanto ao

progresso científico, opondo a razão ao estado natural do homem

que é guiado por instinto, em sua visão idealizada da natureza

presente na teoria do bom selvagem.

Outro exemplo da influência romântica é o idealismo alemão,

contextualizado pela luta da Unificação da Alemanha (1848-1871). A

experiência alemã enfatizou o nacionalismo, o amor à pátria, o povo

e do Estado como um organismo. Apesar de Hegel, o maior

expoente do idealismo alemão, se opusesse ao sentimentalismo

romântico.

Assim como o romantismo buscava exaltar a visão subjetiva e

idealista a partir dos sentimentos e emoções de cada indivíduo,

outra corrente filosófica surge celebrando o determinismo científico.

Era o positivismo de Auguste Comte.

3. Auguste Comte: A fundação do Positivismo

Auguste Comte (1798 – 1857) nascido em Montpellier, França,

influenciado por esse ambiente cientificista europeu do início do séc.

XIX, propôs-se a examinar como teria ocorrido a evolução da

inteligência humana desde os primórdios a fim de confirmar que o

pensamento cientifico era o melhor caminho para o progresso da

humanidade. O resultado de suas pesquisas foi publicado em sua

obra: Curso de filosofia positiva. Na qual, expõe uma lei fundamental

que regeria o espírito humano, os três estados da evolução histórica

e cultural da humanidade: teológico, metafísico e positivo.

Estado teológico ou fictício: estágio inicial de toda inteligência

humana, no qual o mundo é explicado pela ação de forças

sobrenaturais. O auge desse estado ocorre quando o ser humano

passa do culto politeísta ao culto monoteísta;

Estado metafísico ou abstrato: estágio em que a influência dos

seres sobrenaturais do estágio teológico foi substituída pela ação

de forças abstratas consideradas como representantes dos seres

do mundo;

Estado científico ou positivo: último estágio da evolução

racional da humanidade em que, pelo uso combinado do

raciocínio e da observação, o ser humano passou a entender os

fenômenos do mundo, abandonando as ilusões teológicas e

metafísicas. Para Comte, o termo “positivo” representa o real, a

certeza, o preciso em oposição ao quimérico, a indecisão e ao

vago, cabia à razão desvendar as relações constantes e

necessárias entre os fenômenos, ou seja, as leis invariáveis que

os regem. Ao estender essa concepção aos fenômenos humanos

Page 92: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

91

recusa a noção de liberdade, pois, esse pensamento é fortemente

determinista, baseado no necessário, “tudo aquilo que tem de ser

e não pode deixar de ser”, não havendo espaço para a

casualidade.

3.1 O que é Positivismo?

Positivismo é a designação da doutrina criada por Comte, fundada

na extrema valorização do método científico das ciências positivas

(baseadas nos fatos e na experiência) e na recusa das discussões

metafísicas.

O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a

única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os

positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela

foi comprovada através de métodos científicos válidos.

Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as

crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser

comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade

depende exclusivamente dos avanços científicos.

Ao objetivar a pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos

naturais, procura-se capacitar o ser humano para prever esses

mesmos fenômenos, podendo agir sobre a realidade, objetivo

representado no lema positivista: “ver para prever, a fim de prover”.

O conhecimento científico torna-se, desse modo, um instrumento de

transformação da realidade, de domínio do ser humano sobre a

natureza. As mudanças estimuladas pela ciência objetivam o

progresso por finalidade, este, porém, deve ter a ordem por base.

Temos, então, um novo lema positivista aplicado à sociedade:

ordem e progresso.

Na obra Discurso sobre o espírito positivo, Comte aponta as

características fundamentais que distinguem o positivismo das

demais filosofias, Seriam o seu compromisso com a:

realidade: pesquisa de fatos concretos, acessíveis à nossa

inteligência, deixando de lado a preocupação com mistérios

impenetráveis referentes às causas primeiras e últimas dos seres;

utilidade: busca de conhecimentos destinados ao

aperfeiçoamento individual e coletivo do indivíduo, desprezando

as especulações ociosas, vazias e estéreis;

certeza: obtenção de conhecimentos capazes de estabelecer a

harmonia lógica na mente do próprio indivíduo, e a comunhão em

toda espécie humana, abandonando as duvidas indefinidas e os

intermináveis debates metafísicos;

precisão: estabelecimento de conhecimentos que se opõem ao

vago, baseados em enunciados rigorosos, sem ambigüidades;

organização: tendência a organizar, constituir metodicamente,

sistematizar o conhecimento humano;

relatividade: aceitação de conhecimentos científicos relativos. Se

não fossem relativos, não poderia ser admitida a continuidade de

novas pesquisas, capazes de trazer novas teorias com teses

opostas ao conhecimento estabelecido. Assim, a ciência positiva

é relativa porque admite o aperfeiçoamento e a ampliação dos

conhecimentos humanos.

3.2 Reforma da sociedade

A França pós-revolucionária demonstrava em suas inquietações e

instabilidades políticas e sociais a necessidade de uma

reorganização completa da sociedade. Porém, segundo Comte a

Revolução Francesa destruiu valores importantes da sociedade

tradicional europeia, por isso, qualquer mudança proposta deveria

partir da restruturação intelectual (regeneração das ideias e das

ações humanas) e não de uma revolução das instituições sociais. E

nisso residia a grande tarefa a ser desempenhada pela filosofia

positiva: restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.

4. Idealismo Alemão: A busca de um sistema unificador do real

Como vimos no caderno II, uma doutrina é idealista quando temos

a noção de que o sujeito tem uma função mais determinante que o

objeto no processo do conhecimento.

Existem diversos tipos de idealismo. O principal idealista da

antiguidade foi Platão, em virtude da teoria das ideias. Descartes,

com o seu “penso, cogito, logo existo” expondo a subjetividade da

existência, bem como Kant, na Crítica da razão pura, em que afirma

que das coisas só conhecemos a priori aquilo que nós mesmos

colocamos nelas. Este último filósofo assentaria bases do que seria

conhecido como idealismo alemão, movimento desenvolvido no

início do século XIX, cujas principais características estudaremos a

seguir.

4.1 Johan Gottlob Fichte

Johan Gottlob Fichte (1726 – 1814), natural de Rammenau,

Alemanha, é considerado um dos filósofos pioneiros desse

movimento. Para entender um conceito fundamental de seu

pensamento e do idealismo alemão é importante que retornemos a

Kant.

Kant considerava que das coisas só podemos conhecer a priori

aquilo que nos mesmo colocamos nelas. Isso quer dizer que só

podemos conhecer o pensamento ou a consciência que temos das

coisas. Para esse filosofo, portanto, a condição última do processo

de conhecer é a existência do eu como princípio da consciência. Em

outras palavras, é a existência do sujeito como centro (o eu) que

torna possível o conhecimento e lhe dá forma, pois é o sujeito que

organiza o conhecimento do objeto, ao passo que este apenas se

encaixa nos “moldes” da percepção humana.

Assim, Fichte tomou esse eu de Kant e transformou-o de princípio

da consciência em princípio criador de toda a realidade.

Conhecer, portanto, é transformar, convertendo a "coisa em si" em

coisa "para nós". Ora, se não podemos saber como as coisas são

em "si mesmas", porque, ao conhecê-las, as transformamos, jamais

poderemos ultrapassar os limites da subjetividade, tornando-se o

mundo uma criação do sujeito. Eliminando a "coisa em si" e fazendo

do eu um absoluto, Fichte leva às últimas consequências o

idealismo subjetivo de Kant.

4.2 Friedrich Schelling

Dando continuidade ao pensamento de Fichte sobre a realidade

subjetiva do mundo exterior, Friedrich Schelling (1775 – 1854),

natural da cidade alemã de Leonberg, procurou explicar como se dá

a existência do mundo real, das coisas, a partir do eu. Discorda de

Fichte que a realidade exterior seja mero produto da concepção do

eu. Para Schelling, existe um único princípio, uma inteligência

exterior ao próprio eu que rege todas as coisas, noção mais

compreensível ao senso comum, uma vez que guarda afinidade

com a ideia de Deus. A ideia de uma inteligência, ou espírito, que se

manifesta e se concretiza no mundo sensível será o ponto de

partida para a filosofia de Hegel.

Page 93: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

92

4.3 Friedrich Hegel

Nascido em Stuttgart, Alemanha, Georg Wilhelm Friedrich Hegel

(1770 – 1831), destaca-se como o maior representante do idealismo

alemão e o filosofo que conduziu o racionalismo ao seu auge.

Influenciado pelo clima revolucionário da época, Hegel criou seu

sistema filosófico baseado na noção de liberdade do sujeito, cujas

experiências são coletivas e não solitárias, condição necessária

para a formação da consciência de si mesmo.

4.3.1 Idealismo absoluto

A filosofia de Hegel é uma filosofia da inteligibilidade total, da

imanência absoluta. A razão aqui não é apenas, como em Kant, o

entendimento humano, o conjunto dos princípios e das regras

segundo as quais pensamos o mundo. Ela é igualmente a realidade

profunda das coisas, a essência do próprio Ser. “Ela é não só um

modo de pensar as coisas, mas o próprio modo de ser das coisas: O

racional é real e o real é racional”. Podemos, portanto, considerar

Hegel como o filósofo idealista por excelência, uma vez que, para

ele, o fundo do Ser (longe de ser uma coisa em si inacessível) é, em

definitivo, Ideia, Espírito. Sua filosofia representa, ao mesmo tempo,

com relação à crítica kantiana do conhecimento, um retorno à

ontologia. É o ser em sua totalidade que é significativo e cada

acontecimento particular no mundo só tem sentido finalmente em

função do Absoluto do qual não é mais do que um aspecto ou um

momento

4.3.2 Movimento dialético

Para Hegel a razão é histórica, ou seja, a verdade é fruto de um

processo em constante transformação, contextualizado no tempo,

resultado da afirmação-contradição-superação. Processo, segundo

o pensador, deve ser visto como um ciclo que não se fecha, a

“filosofia do devir”. Assim, funda-se uma nova lógica, que não parte

do princípio estático de identidade, mas, da contradição, que dá

conta da dinâmica do real. A essa lógica, Hegel chamou de

dialética, composta de três momentos:

1. Do ser em si, seria, por exemplo, o momento de uma planta

como semente (tese - afirmação);

2. Do ser outro ou fora de si, seria o momento em que essa

semente sai fora de si, desdobra-se em algo distinto (antítese -

contradição).

3. Do ser para si, seria o momento em que surge a planta (síntese

– superação dos momentos anteriores).

Assim, cada momento final, que seria a síntese, torna-se a tese de

um movimento posterior, de caráter mais avançado, um ciclo

constante que não se fecha.

4.3.3 Saber absoluto

Para compreender o movimento dialético da realidade, segundo

Hegel, faz-se necessário que a razão se afaste do senso comum e

se coloque no ponto de vista do absoluto. E a consciência alcança

a razão ou saber absoluto, ou seja, supera o entendimento finito,

adquirindo a certeza de ser toda a realidade. Desse modo, a razão

alcançaria a consciência da unidade entre o ser e pensar,

harmonizando subjetividade e objetividade.

O pensamento de Hegel apresenta-se, desse modo, como um

grande sistema, que permite pensar tanto a natureza, a realidade

física, quanto o espírito. O fio condutor dessa reflexão totalizante é a

relação entre finito e infinito.

Assim, o trabalho da filosofia seria o de superar o entendimento

finito e limitado das coisas finitas e limitadas para alcançar o saber

absoluto, que é o saber da coisa em si. Seria o caminhar da

consciência rumo ao infinito, a busca da infinitude a partir da

finitude.

Hegel procurou apresentar, em sua obra, o caminho do

conhecimento finito ao conhecimento absoluto, o qual se daria em

vários campos do saber, tanto em relação à natureza como ao

espírito.

No que concerne à natureza, rompeu com a visão romântica, que a

divinizava, proclamando a absoluta superioridade do espírito, que se

realizava na história dos seres humanos por meio de sua liberdade.

Em relação ao espírito, Hegel distinguiu três instâncias;

1. O espírito subjetivo é o espirito individual, ainda preso na sua

subjetividade (como ser de emoção, desejo, imaginação).

2. O espírito objetivo opõe-se ao espirito subjetivo: como tal, é o

espirito exterior, expressão da vontade coletiva através da moral,

da política e do direito, historicamente produzidos pelos seres

humanos. Expressão da liberdade humana.

3. O espírito absoluto consiste na superação do espirito objetivo,

realizando a síntese final que se manifesta na compreensão da

autoria da ação humana. Manifesta na arte, na religião e na

filosofia como um espírito que se compreende a si mesmo.

4.3.4 Filosofia e História

A história, para Hegel, é desdobramento do espírito objetivo.

Vejamos o porquê.

Segundo o filósofo, o espírito objetivo é a realização da liberdade

humana na sociedade. Manifesta-se no direito, na moralidade, e na

“eticidade”, englobando família, sociedade e Estado. O Estado

político é o momento mais elevado do espírito objetivo, de forma tal

que o indivíduo só existe como membro do Estado, conforme ele

afirma em Princípios da filosofia do direito.

A história seria, portanto, o desdobramento o espírito no tempo. A

filosofia da história deve captar o movimento histórico não nos

momentos estanques, mas do ponto de vista da razão, do absoluto.

Desse ponto de vista, a história é uma contínua evolução da ideia

de liberdade, que se desenvolve segundo um plano racional.

Assim, para Hegel, os conflitos, as guerras, as injustiças, as

dominações de um povo sobre o outro deveriam ser compreendidos

como contradições, como momentos negativos que funcionam como

mola dialética que move a história. Nos termos da dialética

hegeliana, esses momentos seria a antítese, que se contrapõem a

tese, fazendo surgir uma etapa superior, a síntese.

Assim, se para o filósofo, como vimos antes, tudo que é real é

racional, e tudo que é racional é real, todas as coisas existentes,

mesmo as piores, fazem parte de um plano racional e, portanto, têm

um sentido dentro do processo histórico.

QUESTÕES:

01. (CEPERJ - 2013) O pensamento filosófico do século XIX

concedeu especial relevância ao tema da história, porém nenhum

pensador parece tê-lo feito tanto quanto Hegel. Na introdução da

Filosofia da história, Hegel apresenta três tipos de abordagem da

Page 94: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

93

história, discorrendo sobre cada um deles. As três formas de

encarar a história ali apresentadas por Hegel são as seguintes:

A) a científica, a artística e a filosófica.

B) a original, a refletida e a filosófica.

C) a epistemológica, a fenomenológica e a ontológica.

D) a monumental, a tradicionalista e a crítica.

E) a da loucura, a da sexualidade e a da ciência.

02. (FUNCAB – 2013) Karl Marx e Hegel apresentam teorias

políticas e sociais antagônicas. Contudo, é correto afirmar que

ambos:

A) defendem a ampliação da esfera do Estado, que é visto como

condição de sociabilidade.

B) concebem o Estado como unidade perfeita que supera as

contradições da sociedade civil.

C) percebem o Estado e as outras instituições sociais como

manifestações do desenvolvimento da consciência ou espírito

humano.

D) pensam o indivíduo como ser social, negando, assim, a

anterioridade dos indivíduos à sociedade.

E) concebem o Estado como o reino da liberdade, que consiste na

obediência às leis e na realização do dever coletivo.

03. (FUNCAB – 2013) As formulações políticas de Hegel e Karl

Marx empregam a linguagem filosófica da dialética, baseada na

ideia de "contradição".

É correto afirmar que:

A) As contradições entre sociedade civil e Estado refletem as

contradições entre interesses privados e interesse público ou

coletivo, conforme Marx.

B) O Estado demonstra que as contradições da sociedade civil entre

interesses particulares não podem ser superadas, segundo

Hegel.

C) A contradição fundamental entre proprietários e não proprietários

não pode ser superada senão com a emancipação política de

todos os membros da sociedade, para Marx.

D) A gênese das formas de Estado está nas contradições entre as

classes proprietárias e as não proprietárias (escravos, servos e

trabalhadores livres), de acordo com Hegel.

E) A revolução do proletariado e o comunismo representam o fim

das contradições de classe da sociedade civil, para Marx.

04. Este método é aplicado não só na lógica, mas também em todas

as obras sistemáticas de Hegel. Em Fenomenologia do Espírito, por

exemplo, procede de modo semelhante, passando da família à

sociedade civil e desta para o Estado. Mas a dialética não é apenas

uma característica de conceitos; é também de coisas e processos

reais. Um ácido e um álcali, por exemplo, (1) estão inicialmente

separados e são distintos; (2) dissolvem-se um no outro e perdem

suas propriedades individuais quando são reunidos; e (3) resultam

num sal neutro, com novas propriedades.

O texto acima sobre a Dialética de Hegel indica que:

A) a dialética de Hegel, como a dialética de Platão, envolve sempre

uma estrutura progressiva de diálogo entre dois ou mais

pensadores, de modo a permitir que os sujeitos do

conhecimento evoluam em direção às formas puras do

pensamento.

B) a dialética em seus aspectos lógicos são suficientes para dar

conta do método proposto por Hegel na fenomenologia do

espírito.

C) a dialética hegeliana consiste em um método de verificação

ontológica do valor de verdade de proposições que dizem

respeito ao mundo, ao pensamento e ao próprio sujeito do

conhecimento.

D) a dialética não é apenas um método, no sentido de um

procedimento que um determinado pensador aplica a seu

próprio objeto de conhecimento, mas, fundamentalmente, a

estrutura e o desenvolvimento intrínsecos do próprio objeto.

05. Ao definir a compreensão essencial da razão como história,

Hegel construiu uma crítica profunda às concepções inatistas,

empiristas e ao pensamento kantiano. Sobre essa definição

hegeliana, é correto afirmar que:

A) Hegel estabeleceu uma separação entre razão e realidade, pois

a situação contingencial dos eventos leva ao ceticismo com

relação ao real.

B) Hegel historicizou e relativizou a razão, desconstruindo a ideia de

uma universalidade da razão.

C) o modelo racional deixou de ser aplicado por Hegel, uma vez que

o mundo se manifesta por meio do real que é a razão em si.

D) Marx desenvolveu o conceito do materialismo histórico,

construindo uma crítica à dialética idealista de Hegel.

E) ao identificar razão e história, o pensamento de Hegel conduziu

ao desenvolvimento de uma concepção materialista não

dialética da história.

06. Na fenomenologia do espírito, Hegel entendia a chamada

sociedade civil como uma instância distinta da vida ética da família e

do universo político dos Estados nacionais. A sociedade civil seria

dessa forma, uma etapa intermediária entre o mundo puramente

econômico da vida familiar e as instâncias legais, administrativas e

políticas que assegurariam o funcionamento corrente do Estado

Nacional. Assumindo o pressuposto de que Hegel distinguiu, de

modo claro e abrangente, sociedade civil e Estado, é correto pensar

que:

A) só é possível compreender mais claramente a distinção entre

Sociedade Civil e Estado, na época de Hegel, tendo em vista o

advento de Estados revolucionários centralizados, cujo

funcionamento era claramente distinto da vida de seus súditos.

B) já se entendia, mesmo na Grécia antiga, a vida econômica como

claramente distinta da vida familiar, como já preconizava

Aristóteles, o que impedia uma leitura mais clara das

separações entre os aspectos econômicos e sociais.

C) muitos teóricos anteriores a Hegel, como os contratualistas, não

conseguiram entender as distinções entre o econômico, o

político e o social, justamente porque não defendiam, como

Hegel, que a finalidade do Estado fosse apenas o de facilitar as

relações comerciais.

D) não haveria distinção, para Hegel, entre o econômico e o político,

mas sim entre o social e o econômico, tendo em vista que as

esferas da vida familiar (essencialmente econômica) estariam

amplamente conectadas com a sociedade civil, formando as

bases da sociedade burguesa do século XIX.

Page 95: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

94

5. Contestação do sistema hegeliano

Vários filósofos contestaram a filosofia de Hegel, de forma parcial

em seu conjunto. Mesmo entre seus seguidores, temos os neo-

hegelianos de direita e os neo-hegelianos de esquerda, que

modificam aspectos de sua filosofia de modo a adequá-la a seus

projetos políticos. Vejamos alguns deles.

5.1 Ludwig Feuerbach

Entre esses contestadores, o que mais se destacou na crítica a

filosofia hegeliana foi o pensador alemão Ludwig Feuerbach (1804 –

1872), nascido da cidade alemã de Landshut. Recusando o

idealismo de Hegel, Feuerbach qualificou-o de “especulação vazia”,

que não trata do ser real, das coisas reais e dos indivíduos

concretos.

Ao contrário do idealismo hegeliano, que se baseia em noções tão

abstratas como as de ideias, espírito e razão, Feuerbach propôs que

a filosofia deveria partir do concreto, do ser humano considerado

como um ser natural e social. Essa sua posição filosófica, que tem

como ponto de partida o ser concreto, é chamada de

materialismo. A situação material em que o homem vive é que o

cria. Feuerbach nega o conceito de que exista primeiro a ideia e

depois a matéria. Para ele a maçã real precede a ideia da maçã.

Afirma que deveríamos entender Hegel de cabeça para baixo. Para

Feuerbach, Hegel descreve o homem de ponta-cabeça. Feuerbach

influenciaria o pensamento inicial de Karl Marx.

5.2 Arthur Schopenhauer

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788 – 1860) foi o que

mais atacou o pensamento hegeliano. Podemos compreender se

levarmos em consideração que Hegel, ao expor como

manifestações do espírito objetivo as situações históricas,

legitimava, assim, todas as formas de governo e instituições, mesmo

as mais cruéis. Desse modo, Schopenhauer se referia a Hegel como

um “acadêmico mercenário” por estar a serviço do Estado

Prussiano.

Crítico a ideia de saber absoluto de Hegel, parte da interpretação de

alguns pressupostos teóricos da filosofia kantiana para afirmar que o

mundo não é mais que representação. Pois, a consciência humana

seria incapaz de conhecer a coisa-em-si, apenas percebê-las e

interpretá-las, portanto essa realidade percebida é extremamente

dependente do sujeito, não existe senão pela existência do próprio

sujeito, negando assim a existência de uma realidade exterior

absoluta alheia ao sujeito. Dessa forma, Schopenhauer afastava-se

da reflexão de Kant e iniciava sua própria filosofia. A representação

do mundo seria para ele como uma “ilusão”, pois o objeto

conhecido é condicionado pelo sujeito.

Para Schopenhauer, em vez de a razão definir o homem e "decifrar

o enigma do mundo", são o corpo e o sentimento, o que ele chama

de vontade, que permitem alcançar e dizer o sentido das coisas. A

vontade é o que há de mais essencial no mundo; ela se manifesta

em toda a natureza e nos corpos animais, independentemente de

serem eles possuidores ou não da faculdade de razão. Todos os

corpos do mundo fenomênico são considerados, nessa filosofia,

como concretização de um mesmo querer que nunca cessa. A

objetivação da vontade não escolhe se vai se manifestar no homem

mais inteligente ou numa pedra. Desse modo, em se tratando de

espécies, a diferença entre os seres humanos e os demais animais

é quase insignificante, visto que tanto o homem quanto o animal têm

por base uma mesma essência metafísica, a vontade de vida. Ele

acredita que a base da formação do nosso conhecimento racional

não é racional, já que começa com as sensações corporais. O que o

filósofo chama de representações empíricas só existem porque,

anteriormente, o corpo informou dados dos objetos e sensações

abafadas ao entendimento que organiza as representações. Nesse

contexto, é importante levar em conta que o entendimento também

faz parte do corpo do sujeito, já que é entendido como um órgão

físico ou o próprio cérebro. Assim, em vez da racionalidade, como

se fosse uma rainha do mundo, a definir sozinha o conhecimento,

ela se torna dependente dos dados corporais; só a partir desses

dados a razão pode fazer algo.

Um exemplo claro disso era a noção de amor para Schopenhauer,

visto como um mero instrumento representativo do instinto animal

de reprodução (a vontade de vida). O homem e a mulher são

conduzidos a idealizar o amor eterno, que para o filosofo não passa

de uma distração criada para que haja tempo hábil que dessa

relação sexual gere-se filhos e se encaminhe os cuidados

necessários para sua criação. Se colocássemos na ponta do lápis, o

tempo e dinheiro gastos para a criação de uma criança toda vez que

pensássemos em fazer sexo? Por isso que Schopenhauer afirmar

que a base da formação do nosso conhecimento racional não é

racional, já que começa com as sensações corporais.

A vida do ser humano é conduzida por desejos, instintos,

sentimentos, essencialmente feita de vontade, que se perpetua ao

querer sempre mais. Daí, consiste numa vida de insatisfações, dor e

sofrimentos, sempre em busca da auto realização. Essa visão

pessimista do indivíduo e da vida é característica própria da

filosofia de Schopenhauer, que inspirará as chamadas filosofias da

existência.

5.3 Sören Kierkegaard

O filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard (1813 – 1855) contestou

que a razão fosse o único caminho para alcançar o conhecimento.

Defendia que a fé fosse esse outro guia para tal realização.

Como pensador cristão, Kierkegaard afirmava que o homem

possuía três dimensões:

1. Dimensão estética, na qual se procura o prazer;

2. Dimensão ética, na qual se vivencia o problema da liberdade e

da contradição entre o prazer e o dever;

3. Dimensão religiosa marcada pela fé.

De acordo com ele, cabe ao ser humano escolher que dimensão

quer viver, já que se trata de dimensões excludentes entre si. Essas

dimensões podem ser entendidas, também, como etapas pelas

quais o ser humano passa durante sua existência: primeiro viria a

estética, depois a ética e, por último, a religiosa, que seria a mais

elevada.

Seus escritos abordam temas como amor, sofrimento, angústia e

desespero, que segundo ele não compreensíveis pela razão. A

filosofia hegeliana era criticada, justamente, por não levar em

consideração a subjetividade humana.

É nesse sentido que Kierkegaard influenciará as chamadas

correntes irracionalistas e existencialistas, que recolocam a

questão da verdade a partir do processo da existência, da

subjetividade humana. Nenhum sistema de pensamento poderia

encerrar em si a experiência ampla e única da vida individual,

segundo ele.

Opondo-se à filosofia sistemática de Hegel e a seu caráter abstrato,

Kierkegaard procurou destacar as condições específicas da

Page 96: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

95

existência humana e incorporá-las às reflexões filosóficas. Por isso,

é normalmente considerado o “pai do existencialismo”.

A abordagem de Kierkegaard em suas obras expõe os problemas

da relação existencial entre o ser humano e o mundo, consigo

mesmo e com Deus:

1. A Relação do ser humano com o mundo (outros seres

humanos e a natureza) é dominada pela angústia. A angústia é

entendida como o sentimento profundo que temos ao perceber a

instabilidade de viver em um mundo de acontecimentos possíveis,

sem garantia de que nossas expectativas sejam realizadas. “No

possível, tudo é possível”, escreve Kierkegaard. Assim, vivemos

em um mundo onde são possíveis tanto a dor como o prazer, bem

como o bem e o mal, o amor como o ódio, o favorável como

desfavorável.

2. A Relação do ser humano consigo mesmo é marcada pela

inquietação e pelo desespero. Isso ocorre por duas razões

fundamentais: ou porque o ser humano nunca está plenamente

satisfeito com as possibilidades que realizou, ou porque não

conseguiu realizar o que pretendia, esgotando os limites do

possível e fracassando diante de suas expectativas.

3. A relação do ser humano com Deus seria talvez a única via

para a superação da angústia e do desespero. Contudo, é

marcada pelo paradoxo de ter de compreender pela fé o que é

incompreensível pela razão.

Para Kierkegaard o impulso motriz que conduz o ser humano está

nas paixões e não na razão, sendo para ele a fé a mais alta das

paixões humanas. É ela que nos permite o “salto no escuro”.

6. Karl Marx: O materialismo dialético e histórico

Karl Marx (1818- 1883) nasceu na cidade alemã de Trier, no seio de

uma família judaica rica e culta. É provavelmente um dos

pensadores que maior influência exerceu sobre a filosofia

contemporânea. Sua importância está destacada na afirmação do

pensador francês Raymond Aron de que se a grandeza de um

filósofo fosse medida pelos debates que suscitou, nenhum deles,

nos últimos séculos, poderia ser comparado a Karl Marx.

Nos tempos de universidade, Marx revelou entusiasmo pelo estudo

do direito, da filosofia, da história. Formado em filosofia no círculo do

idealismo alemão, tentou seguir a carreira universitária como

professor, mas não conseguiu seu intento devido a questões

políticas.

Em 1844 conheceu Friedrich Engels (1820 – 1895) em Paris, e

ambos se tornaram amigos inseparáveis por toda a vida. Em 1848,

lançaram o célebre O manifesto comunista. Seguindo o lema de que

a filosofia deve ser também prática, participaram juntos de diversas

atividades políticas e escreveram várias obras, que lhes custaram

duras perseguições dos governos constituídos. O conjunto de suas

ideias foi depois interpretado e desenvolvido por outros pensadores,

ficando conhecido como marxismo.

6.1 Crítica ao idealismo hegeliano

Marx fez uma crítica radical ao idealismo hegeliano, no qual afirma

que Hegel inverte a relação entre o que é determinante – a

realidade material – e o que é determinado – as representações e

conceitos acerca dessa realidade. A filosofia idealista seria, assim,

uma grande mistificação que pretende entender o mundo real,

concreto, como manifestações de uma razão absoluta.

Marx procurou compreender a história real do seres humanos em

sociedade a partir das condições matérias nas quais eles vivem.

Essa visão da história foi chamada posteriormente por Engels de

materialismo histórico.

Vejamos então os principais pontos do materialismo de Marx, em

que destacaremos as concepções contrarias ao idealismo de Hegel.

6.2 Materialismo histórico

De acordo com o pensamento de Marx, os seres humanos não

podem ser pensados de forma abstrata, como na filosofia de Hegel,

nem de forma isolada, como nas filosofias de Feuerbach, Proudhon,

e tantos outros que Marx criticou, como Schopenhauer e

Kierkegaard.

Para Marx, não existe o indivíduo formado fora das relações sociais.

Ele enfatiza esse ponto ao afirmar: “A essência humana é o

conjunto das relações sociais”. Isso significa que a forma como os

indivíduos se comportam, agem, sentem e pensam vincula-se à

forma como se dão as relações sociais. Essas relações sociais, por

seu lado, são determinadas pela forma de produção da vida

material, ou seja, pela maneira como os seres humanos trabalham e

produzem os meios necessários para a sustentação material das

sociedades.

Esse é o ponto fundamental da filosofia de Marx. Ao falar da

produção material da vida, ele não se refere apenas à produção das

inúmeras coisas necessárias à manutenção física dos indivíduos.

Considera também o fato de que, ao produzirem todas essas coisas,

os seres humanos constroem a si mesmo como indivíduos. Isso

ocorre porque, segundo o filósofo, “o modo de produção da vida

material condiciona o processo geral da vida social, política e

espiritual”.

6.3 Capital e trabalho

Marx reconhece o trabalho como atividade fundamental do homem e

analisa os fatores que o tornam uma atividade massacrante e

alienada no capitalismo.

Essa demonstração desenvolve-se em vários textos, mas de forma

mais rigorosa em O capital, livro em que o filosofo expõe a lógica do

modo de produção capitalista, em que a força de trabalho é

transformada em uma mercadoria como outra qualquer, paga pelo

salário; de outro é a única mercadoria que produz valor, ou seja, que

reproduz o capital.

6.4 Dialética marxista

Marx também entende o desenvolvimento histórico- social como

decorrente das transformações ocorridas no modo de produção.

Nessa analise, ele se vale dos princípios da dialética, mas como

afirma no posfácio da segunda edição de O capital, “meu método

dialético não só se difere do hegeliano, mas também a sua antítese

direta”. Marx reconhece o mérito de Hegel por ter sido o primeiro a

expor formas gerais de dialética, mas alega que é preciso

desmitificá-la evidenciando seu núcleo racional.

Na concepção hegeliana, conforme vimos, a dialética torna-se

instrumento legitimação da realidade existente. No pensamento de

Marx, a dialética leva ao entendimento da possibilidade de negação

dessa realidade “porque apreende cada forma existente no fluxo do

movimento, portanto também com seu lado transitório”. Ou seja, a

dialética em Marx permite compreender a história em seu momento,

Page 97: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

96

em que cada etapa é vista não como algo estático e definitivo, mas

como algo transitório, que pode ser transformado pela ação

humana.

De acordo com Marx, as grandes transformações históricas deram-

se primeiramente no campo da economia, causadas por

contradições geradas no interior do próprio modelo de produção.

Diferentemente de Hegel, no entanto, Marx não concebe uma

história que anda sozinha, guiada por uma razão ou um espírito,

mas sim uma história feita pelos seres humanos, que interferem no

processo histórico e podem, dessa forma, transformar a realidade

social, sobretudo se alterarem seu modo de produção.

6.5 Modo de produção

Modo de produção é a maneira como se organiza a produção

material em um dado estágio de desenvolvimento social. Essa

maneira depende do desenvolvimento das forças produtivas (força

de trabalho humano e os meios de produção, tais como máquinas,

ferramentas e etc.) e da forma das relações de produção.

Embora a definição de modos de produção seja um aspecto

complexo na obra de Marx e entre seus comentadores, lemos em A

ideologia alemã a exposição dos seguintes modos de produção

dominantes em cada época: o comunismo primitivo, o escravismo

na Antiguidade, o feudalismo na Idade Média e o capitalismo na

Idade Moderna.

A passagem de um modo de produção para outro, segundo o

filósofo, dá-se no momento em que o nível de desenvolvimento das

forças produtivas entra em contradição com as relações sociais de

produção. Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção em

virtude da inadequação das relações nas quais ela se dá. Nesse

momento, surge as possibilidades objetivas de transformação desse

modo de produção.

6.6 Luta de classes

De acordo com Marx, caberia à classe social que possui, nesse

momento, um caráter revolucionário, intervir por meio de ações

concretas, práticas, para que essas transformações ocorram. Foi o

que aconteceu, por exemplo, na passagem do feudalismo ao

capitalismo, com as revoluções burguesas.

Marx sintetiza essas análises na afirmação de que a luta de

classes é o motor da história, isto é, a luta de classes faz a

história se mover. Para ele, o capitalismo também criou uma classe

revolucionária que, em virtude de suas condições de existência,

deve se organizar para, no momento oportuno, fazer a revolução

social rumo ao socialismo. Essa classe revolucionária seria o

proletariado.

QUESTÕES:

07. (ENEM-2013) Na produção social que os homens realizam, eles

entram em determinadas relações indispensáveis e independentes

de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um

estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de

produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura

econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem

as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem

determinadas formas de consciência social.

MARX, K. Prefacio a Critica da economia politica. In. MARX, K.

ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no

sistema capitalista faz com que:

A) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.

B) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção

material.

C) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o

progresso humano.

D) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao

desenvolvimento econômico.

E) a burguesia revolucione o processo social de formação da

consciência de classe.

08. (IFRO – 2013) Para Karl Marx, o que gera a religião e que ele

classifica como falsa consciência é (são):

A) a busca pela verdade.

B) as estruturas econômicas.

C) a fragilidade do proletariado.

D) o poder da massa burguesa.

E) as relações horizontalizadas.

09. (FUNCAB – 2013) O conceito de ideologia possui uma

variedade de significados. O mais conhecido, entretanto, é o de Karl

Marx. De acordo com o autor, é correto afirmar que a ideologia:

A) é um fenômeno de infraestrutura, já que se manifesta,

principalmente, na base econômica da sociedade.

B) tem por objetivo ocultar ou disfarçar a divisão da sociedade em

classes antagônicas e a dominação de uma sobre a outra.

C) serve para transformar a realidade social, na medida em que

organiza e prepara o pensamento dos homens para a ação

política revolucionária.

D) permite a construção da unidade social, pois agrupa os homens

em torno de crenças e ideias comuns.

E) consiste em preconceitos, ideias tradicionais e prenoções

inteiramente subjetivas que impedem o cientista de tratar o fato

social como "coisa" científica.

10. A noção de ideologia, tal como formulada por Marx, pode ser

definida como sendo a lógica social imaginária de ocultamento da

realidade histórica. (Marilena Chauí)

Com base na citação acima, é CORRETO afirmar que a ideologia:

A) oculta a origem da sociedade nas relações de produção.

B) evidencia a presença da luta de classes na sociedade.

C) a sociedade burguesa produz a representação da imagem real

do Estado originado do contrato social entre homens livres e

iguais.

D) procura incentivar e apoiar a práxis política dos trabalhadores.

11. O conceito de Dialética tomou parte nas preocupações

filosóficas de pensadores, como Hegel, Engels e Marx.

Sobre o conceito de dialética em Hegel, é CORRETO afirmar que se

trata da:

A) ciência das leis gerais do movimento, tanto do mundo externo

como do pensamento humano.

B) marcha do pensamento que procede por contradição, passando

por 3 fases: tese, antítese e síntese -, reproduzindo o próprio

movimento do Ser absoluto ou Ideia.

C) sistematização do capitalismo financeiro.

Page 98: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

97

D) organização política e econômica que torna comuns os bens de

produção.

12. Em A Ideologia Alemã, Marx e Engels argumentam que as

representações, o pensamento e o comércio intelectual dos

homens, de modo mais imediato são a evidência do materialismo

histórico e são:

A) uma emanação direta do comportamento material dos homens

ao longo da história.

B) um processo constante de negociação entre o religioso e o

material.

C) fantasias religiosas a serem historicamente superadas pela

crítica filosófica.

D) manifestação da dominação política enquanto dimensão histórica

primordial.

13. A expressão mais-valia, conceito fundamental da teoria

econômica de Marx, é:

A) o controle das taxas de juros, a fim de conter o avanço da

inflação.

B) o valor pago ao trabalhador para garantir sua subsistência e a

reprodução de sua força de trabalho.

C) a alta dos preços causada pelos índices de inflação na Alemanha

na época de Marx.

D) a parte do valor produzido pelo trabalho assalariado da qual o

capitalista se apodera.

14. Marx defende as liberdades políticas individuais, todavia opõe-

se ao liberalismo e à concepção do Estado burguês. Sobre o

pensamento de Marx sobre o Estado burguês, assinale:

A) O progresso tecnológico e o desenvolvimento econômico

permitem uma melhor distribuição de renda aos trabalhadores.

B) Para o materialismo histórico, as relações sociais de produção

são responsáveis pela formação do Estado, que Marx não

considera como responsável nem pela política nem pela parte

jurídica.

C) A verdadeira liberdade e emancipação só podem acontecer

quando a esfera da produção estiver sob o controle dos

produtores diretos, isto é, os trabalhadores.

D) Para Marx, a liberdade deve ser universal, isto é, para todos os

homens; razão pela qual só pode realizar-se com a manutenção

da sociedade dividida em classes.

7. Friedrich Nietzsche: uma filosofia “a golpes de martelo”

Concluindo esse momento da história da filosofia contemporânea,

veremos outro pensador que, nas últimas décadas do século XIX,

questionou profundamente os rumos do pensamento filosófico

vigente, bem como do mundo ocidental. Trata-se de Friedrich

Nietzsche.

Nietzsche (1844 – 1900) nasceu em Rocken, uma localidade da

Alemanha atual. Filho de um culto pastor protestante, possuía um

gênio brilhante, tendo estudado grego, latim, teologia e filosofia. A

partir da leitura de O mundo como vontade e representação, de

Schopenhauer, sentiu-se profundamente atraído pelas reflexões

filosóficas.

Realizou uma crítica radical e impiedosa à tradição filosófica e aos

valores fundamentais da civilização ocidental, construindo um

pensamento diferente e original, “a golpes de martelo”. Exerceu

grande influência sobre os pensadores da filosofia da existência,

sendo, por isso, considerado às vezes um filósofo pré-

existencialista.

7.1.1 Apolíneo e dionisíaco

Em sua obra Nietzsche critica a tradição filosófica ocidental a partir

de Sócrates, a quem acusa de ter negado a intuição criadora da

filosofia anterior, pré-socrática.

Nessa análise, o filósofo alemão estabelece a distinção entre dois

princípios:

1. O apolíneo, criado a partir do deus grego Apolo (deus da razão,

da clareza, da ordem).

2. O dionisíaco, criado a partir do deus grego Dionísio (deus da

aventura, da música, da fantasia e da desordem).

Para Nietzsche, esses dois princípios ou dimensões

complementares da realidade – o apolíneo e o dionisíaco – foram

separados na Grécia socrática, que optando pelo culto à razão

secou a seiva criadora da filosofia, contida na dimensão dionisíaca.

7.1.2 Genealogia da moral

Posteriormente, Nietzsche desenvolveu uma crítica intensa dos

valores morais, propondo uma nova abordagem: a genealogia da

moral, isto é, o estudo da formação histórica dos valores morais.

Sua conclusão foi de que não existem as noções absolutas de bem

e de mal. Para Nietzsche, as concepções morais são elaboradas

pelos homens, a partir de interesses humanos. Ou seja, são

produtos históricos – culturais. No entanto as religiões, como o

judaísmo e o cristianismo, impõem esses valores humanos como se

fossem produtos da “vontade de Deus”.

Para o filósofo, grande parte das pessoas acomoda-se a uma “moral

do rebanho”, baseada na submissão irrefletida aos valores

dominantes da civilização cristã e burguesa.

Assim, se compreendermos que os valores presentes em nossas

vidas são construções humanas, se questionarmos o valor dos

valores, estamos no dever de refletir sobre nossas concepções

morais e enfrentar o desafio de viver por nossa própria conta em

risco.

7.3 Niilismo

Segundo a análise de Nietzsche, no momento em que o cristianismo

deixou de ser a “única verdade” para se tornar uma das

interpretações possíveis do mundo, toda a civilização ocidental e

seus valores absolutos também foram postos em xeque. Nesse

contexto, ocorre uma escalada do niilismo, que “deve ser entendido

como um sentimento opressivo e difuso, próprio às fases agudas de

ocaso de uma cultura”. O niilismo seria a expressão afetiva e

intelectual da decadência.

O niilismo moderno apontado por Nietzsche assenta-se, em grande

parte, na ideia da morte de Deus. Em sua obra Gaia ciência, o

filósofo decreta que “Deus está morto”, mas esclarece que quem o

matou fomos nós mesmos, ou seja, trata-se de um acontecimento

cultural. Desse modo, teríamos destruído os fundamentos

transcendentais (assentados em Deus) dos valores mais caros de

nossas vidas.

É importante ressaltar que, apesar desse niilismo em relação aos

valores consagrados pela civilização, Nietzsche defendeu também

Page 99: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

98

valores afirmativos da vida, capazes de expandir as energias

latentes em nós.

“Ouse conquistar a si mesmo” talvez seja a grande indicação

nietzschiana àqueles que buscam viver a “liberdade da razão”, sem

conformismo, resignação ou submissão.

QUESTÕES:

15. (CEPERJ - 2013) Na "Terceira dissertação" de Genealogia da

moral, Nietzsche discute a famosa definição que Kant oferece do

belo, contrapondo a ela "uma outra, de um verdadeiro "espectador"

e artista". Este escritor, a quem Nietzsche se refere e que, conforme

o próprio filósofo alemão, chamou o belo de "uma promessa de

felicidade", é:

A) Flaubert. B) Goethe. C) Proust.

D) Balzac. E) Stendhal.

16. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Enquanto o homem guiado por

conceitos e abstrações, através destes, apenas se defende da

infelicidade, sem conquistar das abstrações uma felicidade para si

mesmo, enquanto ele luta para libertar-se o mais possível da dor, o

homem intuitivo, em meio a uma civilização, colhe desde logo, já de

suas intuições, fora a defesa contra o mal, um constante e torrencial

contentamento, entusiasmo, redenção". (NIETZSCHE. Sobre verdade

e mentira no sentido extra-moral, § 2)

A crítica de Nietzsche presente no fragmento destacado se dirige:

A) à desvalorização da capacidade humana de abstração, artifício

operado pelo lado intuitivo do homem, que o torna incapaz de se

defender contra o mal.

B) ao privilégio dado ao instintivo em detrimento da conceituação na

produção de conhecimento, pois somente este último caminho

nos libertaria da dor.

C) à redução do conhecimento ao teórico, que torna o homem

incapaz de obter o contentamento da integração do indivíduo

com a existência.

D) à orientação do homem por conceitos, a partir da qual ele

defende com entusiasmo sua felicidade, como o valor mais

importante em meio à civilização.

E) A guerra de todos os homens contra todos os homens tem como

consequência a determinação ética e epistêmica do que é

injusto.

17. (SOLER – 2013) Na concepção de Nietzsche, a verdade:

A) É um ponto de vista. Não é possível uma definição da verdade,

porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do

oposto da mentira.

B) É a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as

regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos ou

não.

C) É a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que

se dá na mente, num sentido concreto.

D) Toda verdade é falsa.

18. No início de sua carreira intelectual, Nietzsche empreendeu

estudos sobre o trágico. Esses estudos levaram-no a compor uma

teoria sobre o nascimento da tragédia a partir dos rituais de

Dionísio. Neste sentido, Nietzsche acabou por construir a história do

nascimento e morte do espírito trágico entre os gregos. Sendo

assim, é correto afirmar que:

A) o desaparecimento do coro e a transformação da música em

diálogo seriam as marcas de uma ruptura com um padrão

estético de existência e o mergulho em um modelo epistêmico

calcado na verdade filosófica.

B) o domínio de formas apolíneas de arte, baseadas na canção

poética em detrimento das formas teatrais, teria produzido uma

ruptura epistêmica que teria dado origem aos diálogos

filosóficos e a figura de Sócrates como grande assassino do

mundo trágico.

C) surgimento da música em meio as tragédias antigas teria

desestabilizado o diálogo teatral e produzido um abandono das

formas dramáticas, levando então ao surgimento de uma prosa

filosófica de modelo aristotélico.

D) surgimento da vida urbana e da polis clássica teria, judicializado

as tragédias, forçando um abandono do dionisismo original e

aproximando os rituais trágicos de formas clássicas apolíneas,

proporcionais e melódicas.

19. (Mackenzie - SP) Nietzsche empreendeu uma Genealogia da

moral, com a qual desejou mostrar que os valores da tradição

judaico-cristã eram basicamente niilistas. No prólogo do livro,

Nietzsche enuncia sua nova exigência, segundo a qual:

A) Será preciso descobrir a verdade dos valores morais.

B) O próprio valor dos valores morais deverá ser questionado.

C) A vontade de vingança deverá operar contra a metafísica.

D) Os fracos deverão ser protegidos da vontade dos fortes.

E) A vontade de saber deverá prevalecer sobre todas as outras

20. (Mackenzie – SP) O pensamento de Nietzsche encontrou e

encontra, hoje, muitas apreciações negativas, mas também adeptos.

Suas ideias infiltraram-se, pouco a pouco, pela Europa, apesar de

sofrerem pesadas acusações de servirem à fundamentação em

favor do antissemitismo, do antifeminismo e de preconceitos

nacionalistas propagados durante a guerra. Trata-se de uma

decorrência da apropriação tendenciosa de sua obra por parte de

interessados e da leitura apressada e incompleta de seus textos,

que levou à sua má compreensão.

(Vera Portocarrero)

Segundo o texto:

A) as ideias de Nietzsche são muito apreciadas hoje, apesar de

terem sido rejeitadas no passado.

B) Nietzsche era antissemita e antifeminista.

C) as ideias de Nietzsche difundiram-se pela Europa, porque

influenciaram o Nazismo.

D) houve apropriação da obra de Nietzsche, por parte de pessoas

mal-intencionadas, cujo objetivo era lucrar financeiramente com

sua divulgação.

E) a superficialidade e o preconceito impuseram sérias restrições ao

entendimento das ideias de Nietzsche, filósofo e poeta alemão.

Pensamento do século XX

1. Século XX: Uma era de incertezas

O século XIX foi um período marcado por grandes convicções. De

modo geral, muitos filósofos estavam confiantes no poder da razão,

os cientistas, entusiasmados com o progresso tecnológico, os

capitalistas, radiantes com as vantagens da expansão industrial, os

românticos, vibrando com a valorização da pátria e dos sentimentos

Page 100: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

99

nacionais, os socialistas, pregando ardorosamente a construção do

socialismo e assim por diante.

Poucas dessas convicções subsistiram intactas no século XX, que

foi, por isso, caracterizado como uma era de incertezas.

Isso começou a verificar-se logo na passagem do século XIX para o

XX, quando Freud fundou a psicanálise e surgiram as psicologias do

inconsciente, colocando dúvidas sobre a hegemonia da razão nos

assuntos humanos.

Quase paralelamente, Einstein formulou a teoria da relatividade e,

algum tempo depois, Heisenberg enunciou o princípio da incerteza,

lançando bases de uma progressiva mudança de paradigmas na

ciência. O incerto começava a ocupar o espírito do mundo

contemporâneo a partir de seu maior baluarte a ciência.

1.1. Mundo de contrastes

E como definir os principais acontecimentos do século XX? Trágicos

ou maravilhosos? Gigantescos eles foram, sem dúvida.

Duas guerras mundiais derramaram sangue em escala jamais vista

na história da humanidade. A explosão da barbárie nazista

aterrorizou o mundo. A Revolução Russa impulsionou a ascensão

do socialismo em vários países, engatilhando o surgimento de uma

guerra fria que polarizou grande parte do planeta e só terminou com

o fim da União Soviética.

Por outro lado, depois da Segunda Guerra, a tecnologia deu um

salto vertiginoso. Telescópios hiper-potentes exploraram os confins

do universo. Naves espaciais iniciaram a conquista do Espaço. A

engenharia genética registrou avanços antes restritos aos livros de

ficção. A tecnologia da informação e diversos novos aparatos

chegaram à vida cotidiana de milhões de usuários em todo o

mundo.

A tecnologia trouxe também a corrida armamentista, o medo da

destruição da bomba atômica e a degradação ambiental. E os

avanços tecnológicos pouco contribuíram para diminuir as profundas

desigualdades sócias no planeta. Calcula-se que 80% da renda

mundial concentram-se nas mãos de 15% da população, enquanto

mais da metade da humanidade ainda enfrenta problemas de

desnutrição, falta de moradia, desamparo à saúde e à educação.

1.2. Impressões antagônicas

Por tudo isso, as impressões dos grandes intelectuais que viveram

no séc. XX são díspares e, por vezes, antagônicos. Alguns o vêem

como uma época inédita pela vastidão dos dramas humanos,

massacres, guerras. Uma estimativa das grandes violências do

século XX menciona 187 milhões de mortes provocadas por decisão

humana, o equivalente a 10% da população mundial em 1900.

Outros pensadores reconhecem que, apesar das violências, o

século XX foi também um período de progresso tecnocientífico e de

importantes conquistas sociais, em que se destacaram, entre outras,

a progressiva emancipação feminina. Se não tivesse havido – dizem

alguns -, a população mundial não teria crescido mais de três vezes

durante o século XX, pois saltou de, aproximadamente, 1,7 bilhões

de pessoas em 1900 para cerca de 6 bilhões de pessoas em 2000.

1.3. Respostas filosóficas

Devido a essas contradições, desenvolveu-se no século XX –

principalmente a partir de suas últimas três décadas – uma

mentalidade menos arrogante quanto aos benefícios infalíveis da

racionalidade científica, Percebeu-se que, destituídas de valores

éticos, a ciência e a tecnologia nem sempre contribuem para o

desenvolvimento humano. Em certos casos, prestam serviço à

tirania e à barbárie.

Isso refletiu na produção das diversas correntes filosóficas surgidas

nesse período, como o existencialismo, a Escola de Frankfurt e o

pensamento pós-moderno.

Assim, embora já estejamos no século XXI, com suas incertezas e

contradições, o século XX não pode ainda ser fechado para

balanço. Permanece aberto para compreendê-lo.

2. O Existencialismo

O termo existencialismo designa o conjunto de tendências

filosóficas que, embora divergentes em vários aspectos, têm na

existência humana o ponto de partida e o objeto fundamental de

reflexões, Por isso, podemos designá-las mais propriamente como

Filosofias da existência, no plural.

Mas o que é existir? Se refletirmos sobre o tema, veremos que

existir implica a relação do ser humano consigo mesmo, com outros

seres humanos, com os objetos culturais e com a natureza. São

relações múltiplas, concretas e dinâmicas. E também relações

determinadas (aquelas, por exemplo, resultam de leis da física) e

indeterminadas (aquelas que resultam da nossa liberdade ou do

acaso, sendo passíveis ou não de acontecer).

Sobre esses temas, os filósofos existencialistas elaboraram diversas

interpretações, cujo denominador comum é uma certa visão

dramática da condição humana. O filósofo francês Albert Camus

(1913 – 1960) ilustrava bem essa interpretação quando dizia que a

única questão filosófica séria seria o suicídio.

Algumas concepções do existencialismo:

1. Ser humano – é entendido como uma realidade imperfeita,

aberta, inacabada, que foi “lançada” ao mundo e vive sob riscos

e ameaças;

2. Liberdade humana – não é plena, mas condicionada às

condições históricas da existência. Nesse sentido, querer não

se identifica com poder. Homens e mulheres agem no mundo

superando ou não os obstáculos que se lhes apresentam;

3. Vida humana – não é o caminho seguro em direção ao

progresso, ao êxito e ao crescimento. Ao contrário, é marcada por

situações de sofrimento, como doença, dor, injustiças, luta pela

sobrevivência, fracassos, velhice e morte. Assim, não podemos

ignorar o sofrimento humano, a angústia interior, a exploração

social. É preciso considerar esses aspectos adversos da vida e

encará-los de frente.

As filosofias da existência propriamente ditas surgiram no século

XX, mas sofreram grande influência do pensamento de alguns

filósofos do período anterior, considerados pré-existencialistas.

Entre eles destacam-se Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche e

Husserl.

QUESTÕES:

21. (Aplicativa – 2013) O existencialismo afirma o primado da

existência sobre a essência. Entretanto, para muitos, existem dois

existencialismos, que têm distintos representantes, em dois

diferentes grupos. Nessa classificação, alguns dos pensadores que

realmente podem ser colocados em distintas visões do

existencialismo são:

Page 101: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

100

A) De um lado, Jaspers e Tilich; de outro, Bultmann e Sartre.

B) De um lado, Kierkegaard e Camus; de outro, Barth e Beauvoir.

C) De um lado, Beauvoir e Nietzsche; de outro, Heidegger e

Husserl.

D) De um lado, Kierkegaard e Tilich; de outro, Nietzsche e

Heidegger.

E) De um lado, Nietzsche e Jaspers; de outro, Husserl e Kant.

22. Sobre o existencialismo, corrente filosófica que tem como pai

Kierkegaard e filósofos como Heidegger e Sartre, podemos destacar

que:

A) é uma filosofia que mostra a importância da vida humana como

caminho seguro em direção ao progresso, ao êxito e ao

crescimento.

B) o ser humano segundo essa filosofia é alguém lançado ao

mundo, que graças à inteligência humana é perfeito e se afasta

dos riscos e ameaças.

C) segundo Heidegger, devemos nos condicionar ao passado para

permitir que sentimentos, memórias se imponham sobre nosso

presente para determinar seu conteúdo e qualidade.

D) Sartre nos afirma o primado da existência sobre a essência, pois

a existência precede e governa a essência.

2.1. Edmund Husserl

Edmund Husserl (1859 – 1938) nasceu na cidade de Prossnitz,

situada na Morávia, região que pertencia ao império austro –

húngaro (hoje República Tcheca). Formulou um método de

investigação filosófica conhecido como fenomenologia.

2.1.1 Método fenomenológico

A fenomenologia surgiu primeiramente na atmosfera rarefeita de

matemática. Depois se desenvolveu na psicologia e na filosofia e

acabou desembocando nas preocupações humanistas dos filósofos

existencialistas contemporâneos. Sereia, por definição, a ciência

dos fenômenos.

O que são fenômenos? A palavra fenômeno vem do grego

phaenomenon, que significa “coisa que aparece”. Assim, o método

fenomenológico consiste, basicamente, na observação e descrição

rigorosa do fenômeno, isto é, daquilo que aparece ou se oferece

aos sentidos ou à consciência.

Dessa maneira, como se forma, para nós, o campo de nossas

experiências, sem que o sujeito ofereça resistência ao fenômeno

estudado nem se desvie dele. O sujeito deve, portanto, orienta-se

para e pelo fenômeno. Sua consciência será sempre a consciência

de alguma coisa.

Em resumo, a fenomenologia apresenta-se como a investigação das

experiências conscientes (fenômenos) isto é, “o mundo da vida”

(Lebenswelt, em alemão) como a denomina Husserl.

Conforme analisou o filósofo francês Merleau- Ponty, Husserl tentou

a reabilitação ontológica do sensível. Isso significou, na história da

filosofia, uma volta às próprias coisas, das quais o sujeito tinha se

afastado.

QUESTÕES:

23. (FADESP – 2013) "Baseado nas distinções essenciais entre

fenômenos psíquicos e fenômenos físicos que Brentano

estabeleceu em suas obras, Husserl vê na intencionalidade a

característica fundamental da consciência." (NUNES, Benedito.

Filosofia Contemporânea, Belém, EDUFPA, p. 98)

Por intencionalidade da consciência, Husserl entendia:

A) a índole essencialmente receptiva da consciência no que diz

respeito ao conhecimento do objeto.

B) o caráter da consciência de estar voltada para os objetos, numa

forma de relacionamento imediato que se traduz pela ideia de

orientação, de direção.

C) a capacidade da consciência de abrigar as imagens ou as

representações dos objetos que afetam os sentidos.

D) o caráter da consciência de se fechar sobre si mesma, ignorando

os objetos que a rodeiam.

24. A fenomenologia tem por tarefa investigar a significação das

vivências da consciência, levando em consideração a

intencionalidade. Tal concepção pode ser atribuída a:

A) Maurice Merleau-Ponty. D) Karl Jaspers.

B) Gottfried Leibniz. E) Edmund Husserl.

C) Jürgen Habermas.

2.2 Martin Heidegger

Nascido em Messkirch, na região de Baden, Alemanha, Marin

Heidegger (1889 – 1976) desenvolveu sua formação filosófica na

Universidade de Freiburg, onde Edmund Husserl era professor.

Publicou, em 1927, uma de suas mais importantes obras, Ser e

tempo.

Com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933 afastou-se de seu

antigo mestre e amigo Husserl, que era judeu. Não muito tempo

depois, porém, talvez por tomar consciência das crescentes

atrocidades nazista, demitiu-se da Universidade de Freiburg, do qual

era então reitor, e isolou-se em sua casa nas montanhas da Floresta

Negra, mantendo poucos contatos até sua morte.

2.2.1 Ente e ser

Rompendo com a tendência dominante da filosofia moderna, que

desde Descartes estava voltada para a teoria do conhecimento,

Heidegger retomou a questão da ontologia, a investigação do ser.

Para ele, o problema central da filosofia é o ser, a existência de

tudo.

O filósofo negou que fosse existencialista. Devemos, segundo

afirmava, começar investigando nossa existência porque é dela que,

primeiramente, temos consciência. Mas uma filosofia que colocasse

apenas o ser humano como centro de preocupação seria antes uma

antropologia. Por isso dizia que a questão que o preocupava não

era a existência do ser humano, e sim a questão do ser em seu

conjunto e enquanto tal. Essa sua intenção, no entanto, só ficou

clara a partir de 1930, quando publicou Da essência da verdade.

Heidegger criticou aquilo que considerava uma confusão entre ser e

ente, ocorrida ao longo da história da filosofia. Para ele, o ente é a

existência, a manifestação dos modos de ser. O ser é essência,

aquilo que fundamenta e ilumina a existência ou os modos de ser.

A partir dessa diferenciação é possível estabelecer duas fases da

filosofia heideggeriana. A primeira caracteriza-se pela busca do

conhecimento do ser por meio da análise do ente humano, da

existência humana. Na segunda, o ente sai do primeiro plano e o

próprio ser torna-se a chave para a compreensão da existência.

Page 102: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

101

2.2.2 Despertar pela angústia

Um dos objetivos básicos de sua obra Ser e tempo é investigar o

sentido do ser. Para efetuar tal tarefa, Heidegger começou pela

análise do ser que nós próprios somos. Criando uma terminologia

própria, e por vezes obscura, denominou o modo de ser do

humano, nossa existência, com a palavra Dasein, cujo sentido é

ser-aí, estar-aí.

Analisando a vida humana, o filósofo descreveu três etapas que

marcam a existência e que, que para a maioria dos indivíduos,

culminam em uma existência inautêntica:

1. Fato da existência – o ser humano é “lançado” ao mundo, sem

saber por quê. Ao despertar para a consciência da vida, já está aí,

sem ter pedido para nascer;

2. Desenvolvimento da existência – o ser humano estabelece

relações com o mundo (ambiente natural e social historicamente

situado). Para existir, projeta sua vida e procura agir no campo de

suas possibilidades. Move uma busca permanente para realizar

aquilo que ainda não é. Em outras palavras, existir é construir

um projeto;

3. Destruição do eu – tentando realizar seu projeto, o ser humano

sofre a interferência de uma série de fatores adversos que o

desviam de seu caminho existencial. Trata-se do confronto do eu

com os outros, confronto no qual o indivíduo comum é,

geralmente, derrotado. O seu eu é destruído, arruinado, dissolve-

se na banalidade do cotidiano, nas preocupações da massa

humana. Em vez de se tornar si-mesmo, torna-se o que os outros

são; assim, o eu é absorvido no com-o-outro e para-o-outro.

O sentimento profundo que faz o ser humano despertar da

existência inautêntica é a angústia, pois ela revela o quanto nos

dissolvemos em atitudes impessoais, o quanto somos absorvidos

pela banalidade do cotidiano, o quanto anulamos nosso eu para

inseri-lo, alienadamente, no mundo do outro.

QUESTÕES:

25. (CEPERJ - 2013) Na "Carta sobre o humanismo", que é parte de

Marcas do caminho, Martin Heidegger definiu um princípio

fundamental de toda sua filosofia sobre a linguagem. De acordo com

o que afirma Heidegger, logo no começo desse texto, a linguagem

é:

A) voz de Deus. D) consenso inter subjetivo.

B) morada do ser. E) ideologia capitalista.

C) estrutura da subjetividade.

26. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) No exame que faz nos primeiros

parágrafos de "Ser e Tempo", Heidegger estabelece as bases da

ontologia fundamental. Nessa investigação, o autor mostra que:

A) os modos tradicionais de se perguntar pelo ser revelam que a

questão ontológica é clara e está bem colocada.

B) perguntar-se pelo ser é determinar as condições de possibilidade

das próprias ontologias que derivam das ciências ônticas.

C) o primado objetivo-científico da questão do ser implica definir os

conceitos fundamentais relativos aos objetos das ciências

ônticas.

D) na analítica existencial do ser-aí, deve-se procurar a ontologia

fundamental de onde todas as demais podem se originar.

E) deveria estar ligada às necessidades da vida, unicamente em sua

origem histórica.

27. (IFAL - COPEMA – 2013) O filósofo Martin Heidegger

inaugurou, com sua obra Ser e Tempo (1927), um vocabulário

próprio a fim de desenvolver o projeto da analítica existencial, qual,

por sua vez, necessitou se libertar da linguagem viciada da filosofia

tradicional para realização do seu empreendimento ontológico-

fenomenológico. Identifique qual(is) destas citações são de autoria

e/ou caracterizam o pensamento de Heidegger.

I. "O ser é sempre o ser de um ente".

II. "Um ente só poderá tocar um outro ente simplesmente dado

dentro do mundo se, por natureza, tiver o modo do serem, se,

com sua presença, já se lhe houver sido descoberto um mundo".

III. "Mundanidade é um conceito ontológico e significa a estrutura de

um momento constitutivo do ser-no-mundo."

IV. "O homem se mostra como um ente que é no discurso".

V. "O modo de ser da abertura se forma na disposição,

compreensão e discurso. O modo de ser cotidiano da abertura

se caracteriza pelo falatório, curiosidade e ambiguidade."

A) Apenas a citação IV não é de Heidegger.

B) Somente as citações II e V são de Heidegger.

C) Somente as citações I e III são de Heidegger.

D) Somente a citação IV é de Heidegger.

E) Todas as citações são de Heidegger.

28. (SOLER – 2013) "(...) qualquer que seja a maneira como

procuramos pensar, sempre nos movimentamos no âmbito da

tradição. Ela impera quando nos liberta do pensamento que olha

para trás e nos libera para um pensamento do futuro, que não é

mais planificação. Mas, somente se nos voltarmos pensando para o

já pensado, seremos convocados para o que está para ser

pensado." No texto, Heidegger aborda o princípio da:

A) Nacionalidade. C) Identidade.

B) Igualdade. D) Sexualidade.

29. Em suas obras sobre a questão da técnica, Heidegger

A) propõe uma ecologia humanista, que foque no humano em

detrimento ao meramente natural.

B) antecipa a ideia de um desenvolvimento sustentável, propondo

que o crescimento econômico da economia de mercado possa

se harmonizar com a preservação do meio ambiente.

C) antecipa aspectos de uma crítica à sociedade tecnológica que

deram sustentação à chamada de epecology (ecologia

profunda) nos anos sessenta e setenta.

D) postula que não há como falar filosoficamente sobre a técnica,

tendo em vista ser esta um tópico da ciência, que não faz parte

do humanismo filosófico defendido pelo próprio Heidegger.

30. A concepção que Heidegger apresentava sobre a metafísica

leva a pensar que:

A) a investigação metafísica busca fundamentalmente a

contemplação da natureza do ser primordial, Deus ou o primeiro

motor imóvel.

B) a metafísica é uma ferramenta que pode ser utilizada como um

mecanismo ontológico de ascensão contemplativa, da opinião

em direção ao conhecimento teorético de todas as coisas.

C) a metafísica se preocupa com as causas fundamentais dos entes

particulares, de maneira a fornecer uma visão sistemática sobre

Page 103: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

102

cada um dos entes, classificados taxionomicamente a partir

dessas mesmas causas do Ser.

D) aquele que questiona, na investigação metafísica, está envolvido

com a questão de modo que pode ser surpreendido, pois ele é

um ente em meio aos entes e implicitamente transcende os

entes como um todo.

2.3. Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Sartre (1905 – 1980), nascido em Paris, França, recebeu

significativa influência filosófica de Heidegger. Durante os anos da

Segunda Guerra Mundial, participou da luta da resistência francesa

contra o nazismo. Também aderiu ao marxismo, considerando-o a

filosofia de sua época, embora, diante da intervenção soviética na

Hungria, em 1956, tenha rompido com o Partido Comunista,

acusando-o de se desviar do sentido autêntico do marxismo.

Sartre tornou-se o filósofo mais conhecido da corrente

existencialista. No entanto, grande parte de sua fama deve-se não

propriamente à sua obra filosófica, mas às suas peças de teatro e

romances, dentre os quais se destacam A náusea, O muro, A idade

da razão, O diabo e o bom Deus.

2.3.1 Ente em-si e ente para-si

A principal obra filosófica de Sartre é O ser e o nada, publicada em

1943. Nessa obra, ele ataca duramente a teoria aristotélica da

potência. Como vimos no caderno Alfa/Beta, Aristóteles explicou as

mudanças do ser pela passagem da potência ao ato. Para Sartre, o

ser é o que é. Trata-se, na linguagem sartriana, do ente em-si.

Esse ente “não é ativo nem passivo, nem afirmação nem negação,

mas simplesmente repousa e si, maciço e rígido”

Além do ente em-si, Sartre concebe a existência do ser

especificamente humano, denominando-o ente para-si. Este se

opõe ao ente em-si, que representa a plenitude do ser. O ente para-

si é o nada. Ou seja, para Sartre, a característica tipicamente do ser

humano é o nada, uma “espaço aberto”. Isso não significa que a

totalidade do ser humano – que, por exemplo, inclui o corpo, - seja

nada. Esse nada é nossa característica típica, singular, aquilo que

faz de nós um ente não estático, não compacto, acessível ás

possibilidades de mudança.

2.3.2 Não-ser e liberdade humana

Se o ser humano fosse um ser cheio, total, pleno, com uma

essência definida, não poderia ter nem consciência nem liberdade.

Primeiro, porque a consciência é um espaço aberto a múltiplos

conteúdos e relações. Segundo, porque a liberdade representa a

possibilidade de escolha. Por intermédio de suas escolhas, o

individuo constrói a si mesmo e torna-se responsável pelo que faz.

Assim, para Sartre, se o ser humano não expressasse esse “vazio

de ser”, sua consciência já estaria pronta, fechada. E, nesse caso,

não poderia manifestar liberdade, pois estaria preso à realidade

estática do ser pleno, do ser em-si.

Outra consequência dessa característica especifica do não-ser é

que não podemos falar na existência de uma natureza humana,

isto é, “o conjunto de limites a priori que esboçam a situação do ser

humano no Universo”.

Portanto, um dos valores fundamentais da condição humana é,

segundo Sartre, a liberdade. É o exercício da liberdade, em

situações concretas, que move o ser humano, que gera a incerteza,

que leva à produção de sentidos, que impulsiona a ultrapassagem

de certos limites.

Quando se tornou mais influenciado pelo marxismo, Sartre

reconheceu que era demasia a extensão da liberdade que atribuía

às pessoas, pois tinha exagerado ao desprezar o peso das pressões

sócias e os vínculos culturais.

QUESTÕES:

31. (CEPERJ - 2013) Jean-Paul Sartre, em O ser e o nada, faz uma

fenomenologia das dimensões temporais. Tendo em vista essa

descrição fenomenológica sobre o passado e o presente, ele conclui

que:

A) o passado é em-si e o presente é para-si.

B) o presente é em-si e o passado é para-si.

C) o passado e o presente são em-si.

D) o passado e o presente são para si.

E) nem o passado e nem o presente são em-si ou para-si.

32. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Há dois tipos de existencialistas:

os primeiros são cristãos, e entre eles eu colocaria Jaspers e

Gabriel Marcel, de confissão católica; e, de outro lado, os

existencialistas ateus, entre os quais é preciso colocar Heidegger e

também os existencialistas franceses, e eu próprio. O que eles têm

em comum é simplesmente o fato de que consideram que a

existência precede a essência, ou, se se quiser, que é preciso partir

da subjetividade. (...) O existencialismo ateu que eu represento é

mais coerente." (SARTRE, O existencialismo é um humanismo).

Partindo da citação acima, o "existencialismo ateu" defendido por

Sartre é "mais coerente" por que:

A) não precisa conciliar a precedência da existência sobre a

essência com a concepção de Deus criador.

B) pode se desfazer do pressuposto kantiano de Deus como causa

final do mundo e das ações humanas.

C) afirma a natureza humana, pois cada homem é um exemplo

particular do conceito universal de homem.

D) concebe que a essência precede a existência, mesmo

considerando insustentáveis quaisquer provas.

33. (IFAL – COPEMA – 2013) "A metafísica funda uma era, na

medida em que, através de uma determinada interpretação do ente

e através de uma determinada concepção da verdade, lhe dá o

fundamento de sua figura essencial. Este fundamento domina por

completo todos os fenômenos que distinguem essa era". In:

HEIDEGGER, Martin. Caminhos de floresta. Lisboa: Calouste

Gulbenkian, 2002, p.97.

Analise as proposições abaixo.

I. A história da metafísica pode ser dividida em três grandes

períodos: período que vai de Platão e Aristóteles (séculos IV e

III a.C.) até David Hume (séc. XVIII d.C.); período que vai de

Kant (séc. XVIII) até a fenomenologia de Husserl (séc. XX);

metafísica ou ontologia contemporânea, a partir dos anos 20 do

século XX.

II. A ontologia contemporânea em vez de oferecer uma explicação

causal da realidade, é uma descrição das estruturas do mundo e

do nosso pensamento, a exemplo das obras de Martin

Heidegger (Ser e Tempo) e de Jean-Paul Sartre (O Ser e o

Nada).

Page 104: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

103

III. O corta-papel é, por exemplo, simultaneamente, um objeto que é

produzido de certa maneira e que, por outro lado, tem uma

utilidade definida: seria impossível imaginarmos um homem que

produzisse um corta-papel sem saber para que tal objeto fosse

servir. Este é um exemplo propriamente sartreano para

caracterizar como a essência pode preceder a existência.

IV. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é

passível de uma definição porque, de início, não é nada: só

posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de

si mesmo.

V. Para os existencialistas, não existe natureza humana, já que não

existe um Deus para concebê-la, pois a existência precede a

essência.

A) Somente as alternativas I, II e IV são verdadeiras.

B) Somente as alternativas II, III, IV e V são verdadeiras.

C) Somente as alternativas I, II e V são verdadeiras.

D) Somente as alternativas I, II, IV e V são verdadeiras.

E) Todas as alternativas são verdadeiras.

34. (FADESP – 2013) Sartre, em sua conferência "O existencialismo

é um humanismo", estabelece com traço característico da

concepção existencialista, a aceitação do princípio de que a

existência precede a essência.

Para o existencialismo, dizer que a existência precede a essência

significa que:

A) o ser do homem determina o seu modo de existir, as suas

escolhas e as suas ações.

B) o homem primeiramente existe, descobre-se, surge no mundo e

só depois define o que ele é.

C) a existência humana é obra de Deus, pois somente ele é capaz

de conferir existência a tudo o que há no mundo.

D) a natureza humana é determinada pelas condições espirituais do

momento histórico em que o homem vive.

35. (UFU 1/1999) Segundo Jean Paul Sartre, filósofo existencialista

contemporâneo, liberdade é

I – escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de

seu mundo.

II – aceitar o que a existência determina como caminho para a vida

do homem.

III – sempre uma decisão livre, por mais que se julgue estar sob o

poder de forças externas.

IV – estarmos condenados a ela, pois é a liberdade que define a

humanidade dos humanos.

Assinale.

A) se apenas I e IV estiverem corretas.

B) se apenas II e III estiverem corretas.

C) se apenas I, II e IV estiverem corretas.

D) se apenas III e IV estiverem corretas.

E) se apenas I, III e IV estiverem corretas.

36. (UFU -09/2002) Liberdade, para Jean-Paul Sartre (1905-1980),

seria assim definida:

A) o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade consigo

mesmo, instaurando leis e normas necessárias para os

indivíduos.

B) circunstâncias que nos determinam e nos impedem de fazer

escolhas de outro modo.

C) conformação às situações que encontramos no mundo e que nos

determinam.

D) escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de

seu mundo. “Estamos condenados à liberdade”, segundo o

autor.

E) A liberdade é uma condição para todos.

37. (UFU- 2004) O nada, impensado para Parmênides, encontrou

em Sartre valor ontológico, pois o nada é o ponto de partida da

existência humana, uma vez que não há nenhuma anterioridade à

existência, nem mesmo uma essência. Esta tese apareceu no

livro O Ser e o Nada. Tal afirmação encontra-se também em outro

livro, O existencialismo é um humanismo, no qual está escrito:

“Porém, se realmente a existência precede a essência, o homem é

responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do

existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é, de

submetê-lo à responsabilidade total de sua existência.”

SARTRE, J.P. O existencialismo é um humanismo. Trad. de Rita Correia

Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. Coleção Os Pensadores.

A responsabilidade para Sartre diz respeito

A) ao indivíduo para consigo mesmo, já que o existencialismo é

dominado pelo conceito de subjetividade que restringe o sujeito

da ação à sua esfera interior, circunscrita pelas suas

representações arbitrárias, que exclui o outro; toda escolha

humana é a escolha por si próprio.

B) ao vínculo entre o indivíduo e a humanidade, já que para o

existencialista, cada um é responsável por todos os homens,

pois, criando o homem que cada um quer ser, estaremos

sempre escolhendo o bem e nada pode ser bom para um, que

não possa ser para todos.

C) à imagem de homem que pré-existe e é anterior ao sujeito da

ação. É uma imagem tal qual se julga que todos devam ser, de

modo que o existencialismo, em virtude da sua origem

protestante com Kierkegaard, renova a moral asceta do

cristianismo, que exige a anulação do eu.

D) ao partido político que tem a primazia na condução do processo

de edificação da nova imagem de homem comprometido com a

revolução e que faz de cada um aquilo que deverá ser, tal como

ficou célebre no mote existencialista: o que importa é o

resultado daquilo que nos fizeram.

38. "O homem é condenado a ser livre". Esta frase de Jean Paul

Sartre sintetiza o movimento filosófico, que marcou a Europa no

pós-Segunda Guerra Mundial, a saber o(a):

A) estruturalismo. C) pós-estruturalismo.

B) pós-modernidade. D) existencialismo.

3. Filosofia Analítica: A análise lógica da linguagem

Na virada do século XIX para o XX, surgiu uma corrente filosófica

que, pela analise lógica da linguagem, procurava esclarecer o

sentido das expressões (conceitos, enunciados, uso contextual) e

seu uso no discurso lingüístico. Por isso, ficou conhecida como

filosofia analítica ou filosofia da linguagem.

Page 105: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

104

De acordo com essa corrente, muitos dos problemas filosóficos se

reduziram a equívocos e mal-entendidos originados do uso

ambíguo da linguagem.

O desenvolvimento da filosofia analítica lançou luz sobre diversos

aspectos da linguagem e influenciou filósofos de outros campos da

filosofia, que passaram a atentar mais para o fenômeno da

linguagem, Um dos filósofos contemporâneos que se vale dos

resultados da filosofia analítica é Jurgen Habermas, pertencente à

Escola de Frankfurt.

O movimento da filosofia analítica passou por várias etapas, nas

quais se voltou para questões específicas em relação à linguagem.

Surgiu com o reconhecimento de que as questões sobre o sentido

e a linguagem desempenham papel fundamental na filosofia.

Essa preocupação teve como precursor o lógico e matemático

alemão Johann Gottlob Frege (1848 – 1925). Percebendo que a

linguagem comum contém expressões geradoras de equívocos,

Frege propôs a constituição de uma linguagem formal que

restringisse os inconvenientes e impressões da linguagem comum.

Outros nomes importantes da filosofia analítica foram Bertrand

Russell e Ludwig Wittgenstein, além dos britânicos John

Langshaw Austin (1911 – 1960) e Gilbert Ryle (1900 – 1976).

3.1 Bertrand Russell

Nascido no País de Gales (Grã – Bretanha), Bertrand Russel (1872

– 1970) dedicou-se à matemática, à lógica e à filosofia em geral.

Escreveu mais de sessenta livros sobre temas como teoria do

conhecimento, ciência, educação, política, lógica, matemática e

história da filosofia. Participou ativamente das questões sociais de

sua época, lutando em prol das liberdades democráticas, de

educação, da emancipação feminina, da paz mundial. Foi uma das

personalidades públicas mais influentes da Europa no século XX.

3.1.1 Desenvolvimento da filosofia analítica

A contribuição filosófica mais reconhecida de Russell deu-se no

campo da lógica matemática e da filosofia analítica, que dominou o

cenário filosófico inglês durante o século XX. Em coautoria com

Alfred North Whitehead, escreveu os três volumes de Principia

Mathematica consiste em demonstrar que “toda a matemática pura

advém dos princípios da lógica pura”. Portanto, há uma identidade

entre lógica e matemática. Posteriormente, Russel ampliou essa

tese procurando estabelecer os fundamentos lógicos do

conhecimento científico em geral. E, prosseguindo no projeto de

apontar os pressupostos lógicos da racionalidade, desenvolveu a

filosofia analítica submetendo a linguagem humana à analise lógica.

3.1.2 Erros de linguagem

Para Russel, grande parte dos problemas filosóficos dissolvem-se

em falsos problemas quando enfrentamos os equívocos, as

ambigüidades e as imprecisões da linguagem cotidiana.

O problema fundamental consistira em investigar, em termos

lógicos, as proposições lingüísticas para saber o que estamos

realmente falando quanto questionamos ou afirmamos isto ou

aquilo.

A filosofia analítica promoveria uma espécie de “terapia lingüística”,

desmontando as armadilhas ocultas da linguagem.

QUESTÕES:

39. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) Palavras-objeto têm, para

Russell, três peculiaridades: "Primeira: seu significado é apreendido

(ou pode ser apreendido) por confronto com os objetos que são os

que elas significam. Segunda: não pressupõem outras palavras.

Terceira: cada uma, por si mesma, pode expressar uma proposição

completa." (RUSSELL. Significado e verdade).

Dessas peculiaridades das palavras-objeto, decorre que elas:

A) pressupõem outras palavras.

B) podem ser usadas e compreendidas isoladamente.

C) não expressam uma proposição completa.

D) não podem oferecer qualquer explicação de significado.

40. (SEAP/PR - PUC - PR – 2013) "O homem que não tem umas

tintas de filosofia caminha pela vida afora preso a preconceitos

derivados do senso comum, das crenças habituais de sua época e

do seu país, e das convicções que cresceram no seu espírito sem a

cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. Para tal

homem o mundo tende a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os

objetos habituais não levantam problemas e as possibilidades não

familiares são desdenhosamente rejeitadas".

Considerando o fragmento de texto do filósofo Bertrand Russell,

assinale a alternativa que melhor explica a tendência do senso

comum de perguntar sobre o valor da filosofia:

A) Tal pergunta está relacionada ao fato de a filosofia buscar

conferir o que é certo e evidente, as verdades incontestes,

comprovadas e certificadas.

B) Muitos se questionam sobre o valor da Filosofia porque seus

resultados estão relacionados apenas ao funcionamento do

intelecto e à capacidade de conhecer a verdade, o que acaba

fazendo com que seu discurso se distancie da realidade

concreta.

C) A pergunta é colocada na perspectiva do que o autor chama de

uma cultura de homens práticos, que partem de uma concepção

errada dos fins da vida humana e sobre o tipo de bens a filosofia

pretende buscar.

D) A pergunta sobre o valor da filosofia é muito comum em função

de que o saber filosófico se constitui como uma negação da

possibilidade de conhecer a verdade, o que acaba questionando

os resultados apresentados pelas várias ciências.

E) A filosofia é questionada na sociedade atual por buscar o

encontro poético e reflexivo com a Arte, a religião e os costumes

de uma cultura.

41. (SOLER – 2013) Segundo Russell, a descrição da verdade

requer uma congruência entre a relação da crença e uma segunda

relação chamada "um fato". No caso a crença "A acredita que B

ama C" requer uma congruência entre os termos da crença (A,

acreditar, B, amar, C, nessa ordem) com o fato que tem B, amar e C

(nessa ordem) como seus termos. Isto é, os objetos relacionados

dessa forma constituem uma "unidade complexa" que, quando

relacionados na mesma ordem em que também estão na minha

crença, constituem o "fato correspondente à crença".

(http://www.ufscar.br/~semppgfil/wpntent/uploads/2012/05/renatopereira.

pdf)

Logo, uma crença é verdadeira quando corresponde a:

A) Uma certa unidade complexa. C) Um tempo de reflexão.

B) Uma ingenuidade do crente. D) Uma dialética da razão.

Page 106: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

105

3.2. Ludwig Wittgenstein

Ludwig Wittgenstein (1889 – 1951) nasceu em Viena Áustria. Viveu

na Inglaterra por um longo período e foi discípulo de Russel. Seu

percurso filosófico pode ser dividido em duas grandes fases; a da

análise lógica e a dos jogos de linguagem.

3.2.1 Análise lógica

Na primeira fase, mais influenciada pelo pensamento de Russel e

configurada no Tractatus lógico-philosophicus, Wittgenstein

intensificou a busca de uma estrutura lógica que pudesse dar

conta do funcionamento da linguagem.

Para o filósofo, a estrutura da linguagem deveria corresponder à

realidade dos fatos. Em seus próprios termos, “a totalidade dos

pensamentos verdadeiros é uma figura do mundo”. Ou seja, a

estrutura do mundo determinaria a estrutura da linguagem, quando

esta é verdadeira.

3.2.2 Jogos de linguagem

Na segunda fase, Wittgenstein deu um giro de 180° e afastou-se

dessa compreensão de que a verdade da proposição deve ser

verificada na experiência do mundo real. Passou a afirmar a

impossibilidade de uma redução legítima entre um conceito lógico

(da linguagem) e um conceito empírico (da realidade).

Em outras palavras, a linguagem não seria a captura conceitual da

realidade, isto é, não seria a reprodução do objeto, mas sim uma

atividade, um jogo. E os jogos de linguagem adquirem seu

significado no uso social, nos diferentes modos de ser e de viver no

qual a fala está inserida. Desse modo, é a linguagem que passa a

determinar, de certo modo, a concepção da realidade.

De acordo com Wittgenstein, a linguagem comum possui uma

riqueza de espécies e tipos frases que são usadas em situações

especificas (mandar, pedir, relatar, descrever, inventar, agradecer

etc.) e formam os “jogos de linguagem”, que se produzem

socialmente e não individualmente.

Com essa perspectiva, o filósofo abandonou a intenção de fazer da

linguagem comum a “pintura da realidade”, como ele mesmo havia

dito anteriormente. O termo lingüístico não poderia mais ser

explicado por meio de uma análise lógica, mas apenas a partir de

seu uso social.

Na obra Investigações filosóficas, Wittgenstein compara a

linguagem a uma caixa de ferramentas. Para ele, não se trata mais

de considerá-la falsa ou verdadeira, mas de saber usá-la. Ou seja, a

tarefa da filosofia é usar adequadamente a linguagem, conhecendo

seus limites e calando-se diante do que não pode ser falado.

QUESTÕES:

42. (CEPERJ – 2013) Nas Investigações filosóficas, Ludwig

Wittgenstein indaga quantas espécies de frases existem na

linguagem. De acordo com o que ele define nesta obra,

A) existe apenas uma espécie de frase: a afirmação.

B) existem apenas duas espécies de frases: a afirmação e a

pergunta.

C) existem apenas três espécies de frases: a afirmação, a pergunta

e o comando.

D) existem apenas quatro espécies de frases: a afirmação, a

pergunta, o comando e a descrição.

E) existem inúmeras espécies de frases: em uma pluralidade que

não é fixa.

43. (Soler – 2012) Wittgenstein, chamado de "o pai da filosofia da

linguagem", afirma que "o significado de uma palavra é dado pelo

seu uso na linguagem" e que "o mesmo tipo de termo linguístico

poderá ter significados diferentes em diferentes contextos".

Nesse contexto de linguagem referente ao autor podemos afirmar:

I - O processo de elucidação da linguagem, que não faz parte da

prática filosófica, deve ser realizado levando-se em conta os

princípios políticos e morais do indivíduo.

II - A linguagem é vista como tendo uma estrutura lógica que reflete

a estrutura lógica do real (teoria pictórica do significado) sendo a

tarefa do filósofo estabelecer as condições dessa relação,

determinando assim a possibilidade do significado.

III - Pode haver uma multiplicidade de usos que fazemos de

palavras e expressões, sem que haja nenhuma essência

definidora de linguagem enquanto tal (jogo de linguagem).

IV - A análise da linguagem deve ser vista como consideração dos

usos, das formas de vida a que pertencem e dos contextos de

comunicação em que se inserem.

Assinale a alternativa correta:

A) I, II e III. C) Apenas a IV.

B) II, III e IV. D) Todas as alternativas.

4. Escola de Frankfurt: A teoria crítica contra a opressão

Escola de Frankfurt é o nome dado ao grupo de pensadores

alemães do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, fundado na

década de 1920. Sua produção ficou conhecida como teoria crítica.

Entre seus pensadores destacaram-se Theodor Adorno, Max

Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Jurgen Habermas,

além de Erich Fromm (1900 – 1980), psicanalista teuto-americano.

Apesar de grandes diferenças de pensamento entre esses autores,

identificamos neles a preocupação comum de estudar aspectos

variados da vida social, de modo a compor uma teoria crítica da

sociedade como um todo. Para tanto, investigaram as relações

existentes entre os campos da economia, da psicologia, da história

e da antropologia.

Os pontos fundamentais de suas reflexões foram a teoria marxista

(na verdade, uma leitura original do marxismo) e a teoria freudiana,

que trouxe à tona elementos novos sobre o psiquismo das pessoas.

Mas há também outras influências, como de Hegel, Kant ou do

sociólogo Max Weber.

A escola de Frankfurt concentrou seu interesse na análise da

sociedade de massa, termo que busca caracterizar a sociedade

atual, no qual o avanço tecnológico é colocado a serviço da

reprodução da lógica capitalista, enfatizando o consumo e a

diversão como formas de garantir o apaziguamento e a diluição dos

problemas sociais.

4.1 Theodor Adorno e Max Horkheimer

Na análise da sociedade de massa, que se desdobra em vários

aspectos, um tema muito presente é a crítica da razão. De acordo

com Max Horkheimer (1875 – 1973) e Theodor Adorno (1906 –

1969), a razão iluminista, que visava a emancipação dos

indivíduos e o progresso social, terminou por levar a uma crescente

Page 107: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

106

dominação das pessoas, em virtude justamente do desenvolvimento

tecnológico – industrial.

Horkheimer acreditava que o problema estava na própria razão

controladora e instrumental, que busca sempre a dominação,

tanto da natureza quando do ser humano.

Em seu texto de autoria conjunta com Adorno, A dialética do

esclarecimento, de 1947, ambos fazem dura crítica ao Iluminismo,

que estimulou o desenvolvimento dessa razão controladora e

instrumental que predomina na sociedade contemporânea.

Denunciam também o desencantamento do mundo, a deturpação

das consciências individuais, a assimilação dos indivíduos ao

sistema social dominante.

Em resumo, Horkheimer e Adorno denunciam a morte da razão

crítica, asfixiada pelas relações com a produção capitalista. Se

denúncias semelhantes já haviam sido feitas no campo do

marxismo, o que há de característico nesses filósofos da Escola de

Frankfurt é a desesperança em relação à possibilidade de

transformação dessa realidade social.

Essa desesperança se deveria ao diagnóstico da ausência de

consciência revolucionaria no proletariado, que teria sido assimilado,

absorvido pelo sistema capitalista, seja pelas conquistas trabalhistas

alcançadas, seja pela alienação de suas consciências, promovida

pela indústria cultural.

Indústria cultural é um termo difundido por Adorno e Horkheimer

para designar a indústria da diversão de massa, veiculada pela

televisão, cinema, rádio, revistas, jornais, músicas, propagandas etc.

Através da indústria cultural e da diversão se obteria a

homogeneização dos comportamentos, a massificação das

pessoas.

A falta de perspectiva da transformação social levou Adorno a se

refugiar na teoria estética, por entender que o campo da arte é o

único reduto autêntico da razão emancipatória e da crítica à

opressão social.

QUESTÕES:

44. (CEPERJ - 2013) Theodor Adorno esteve sempre atento, em

seu pensamento, aos variados perigos que rondam o exercício da

filosofia durante a época contemporânea, a partir do século XX. No

fragmento "Dentro e fora", de Minima moralia, ele destacou que a

filosofia estava ameaçada no espaço acadêmico e no espaço extra-

acadêmico, respectivamente, pelas pressões:

A) da tautologia organizada e da tautologia desorganizada.

B) da economia estatal e da economia de mercado.

C) da economia de mercado e da tautologia organizada.

D) da tautologia organizada e da economia de mercado.

E) da tautologia desorganizada e da economia de mercado.

45. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Os consumidores são os

trabalhadores e os empregados, os lavradores e os pequenos

burgueses. A produção capitalista os mantém tão bem presos em

corpo e alma que eles sucumbem sem resistência ao que lhes é

oferecido. Assim como os dominados sempre levaram mais a sério

do que os dominadores a moral que deles recebiam, hoje em dia as

massas logradas sucumbem mais facilmente ao mito do sucesso do

que os bem-sucedidos. Elas têm os desejos deles. Obstinadamente,

insistem na ideologia que as escraviza."

(ADORNO e HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento).

A relação entre a atitude atribuída às massas e a indústria cultural é

melhor caracterizada como:

A) resistência involuntária. C) assimilação refletida.

B) complacência necessária. D) servidão voluntária.

46. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "A passagem do telefone ao

rádio separou claramente os papéis. Liberal, o telefone permitia que

os participantes ainda desempenhassem o papel de sujeito.

Democrático, o rádio transforma-os a todos igualmente em ouvintes,

para entregá-los autoritariamente aos programas, iguais uns aos

outros, das diferentes estações. (...) Os talentos já pertencem à

indústria muito antes de serem apresentados por ela: de outro modo

não se integrariam tão fervorosamente. A atitude do público que,

pretensamente e de fato, favorece o sistema da indústria cultural é

uma parte do sistema, não sua desculpa." (ADORNO e

HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento).

Nessa passagem, há uma crítica:

A) ao liberalismo, como falta de iniciativa social.

B) à democracia, como espontaneidade mal orientada.

C) ao liberalismo, como exacerbação da subjetividade individual.

D) à democracia, como mero acesso ao que é oferecido

socialmente.

47. (FUNCAB – 2013) A expressão "indústria cultural" foi cunhada

por Theodor Adorno e Max Horkheimer na obra intitulada "Dialética

do Esclarecimento". Essa expressão compreende a ideia de que:

A) as artes, antes restritas a uma minoria de pessoas, se

democratizaram na era industrial através dos modernos meios

de comunicação.

B) a cultura, transformada em mercadoria, se tornou restrita a um

público com poder econômico para o consumo.

C) a produção em massa da arte leva as pessoas a se situarem na

realidade e a pensarem criticamente sobre o mundo.

D) os bens culturais, agora fabricados em grande quantidade,

podem ser escolhidos livremente no mercado pelos

"consumidores".

E) a cultura é massificada no capitalismo para atender a um público

ávido de entretenimento e diversão.

48. O progresso técnico-científico consiste, para Adorno e

Horkheimer, no avanço crescente da racionalidade instrumental, a

qual é incapaz de frear iniciativas que afrontam a moral, como

foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento

técnico-científico, é correto afirmar:

A) Os pensadores da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer,

conceberam o progresso científico como um tipo de concepção

mítica incapaz de discriminar moralmente o que é certo do que é

errado.

B) O incremento da racionalidade instrumental, segundo o

pensamento de Adorno e Horkheimer, consiste na possibilidade

de objetivar a moral e afastar o ser humano de valores

subjetivos.

C) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço da

racionalidade instrumental consistia num aumento da

moralidade humana.

Page 108: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

107

D) Os avanços da medicina e da biotecnologia implicam na

necessidade de direcionar os investimentos públicos para

soluções rápidas e eficazes no campo da saúde pública.

E) Adorno e Horkheimer viam o progresso técnico e científico como

a solução para os sofrimentos humanos e para as incertezas

morais humanas.

4.2 Walter Benjamin

Walter Benjamin (1892 – 1940) distingue-se de Adorno e

Horkheimer por uma postura mais otimista no que diz respeito à

indústria cultural e à emancipação política. Em seu texto A obra de

arte na época de suas técnicas de reprodução, ele se mostra

esperançoso com a possibilidade de que a arte, a partir do

desenvolvimento das técnicas de reprodução (discos, reprografia e

processos semelhantes), torna-se acessível a todos.

Enquanto, na visão de Adorno e Horkheimer, a cultura veiculada

pelos meios de comunicação de massa não permite que as classes

trabalhistas assumam uma posição crítica em relação à realidade,

Benjamin acredita que a arte dirigida às massas pode servir como

instrumento de politização.

Além disso, desenvolveu reflexões nas quais buscou conciliar a

teoria marxista com a tradição judaica, dando origem a um

pensamento que muitos consideram de difícil penetração, ainda que

de grande beleza literária.

QUESTÕES:

49. (CEPERJ - 2013) Em suas teses "Sobre o conceito da história",

publicadas em Magia e técnica, arte e política (Obras escolhidas v.

1), Walter Benjamin analisa criticamente a ideia do progresso. Na

tese 13, Benjamin afirma que a ideia de um progresso da

humanidade na história é inseparável da ideia de sua marcha no

interior de um tempo caracterizado como:

A) vazio e homogêneo. D) misterioso e redentor.

B) cheio e heterogêneo. E) revolucionário.

C) saturado de agoras.

50. (UEL-PR) "Em suma, o que é a aura? É uma figura singular,

composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de

uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em

repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no

horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa

respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa

definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que

condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de duas

circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e

intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas "ficarem

mais próximas" é uma preocupação tão apaixonada das massas

modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os

fatos através da sua reprodutibilidade".

Fonte: BENJAMIN, W. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade

técnica". In: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas.

Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p.

170.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, assinale a

alternativa correta:

A) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte perdeu

sua aura.

B) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua

qualidade aurática.

C) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância e a

transcendência dos objetos artísticos.

D) O valor de culto de uma obra de arte suscita a reprodutibilidade

técnica.

E) O declínio da aura não tem relação com as transformações

contemporâneas.

4.3 Herbert Marcuse

Herbert Marcuse (1898 – 1979) desenvolveu uma obra marcada

significativamente pelas teorias freudiana e marxista. Em Eros e

civilização. Retomou o tema desenvolvido por Freud sobre a

necessidade de repressão dos instintos para a manutenção e o

desenvolvimento da civilização.

De acordo com Freud, a história social do ser humano é a história

de sua repressão, do combate ao livre prazer em prol do trabalho,

do adiamento do princípio do prazer para atender ao princípio da

realidade. Sem essa renúncia, a vida social seria impossível.

Marcuse dá razão ao diagnóstico de Freud, porém discorda do

fundador da psicanálise em apresentar essa situação como algo

eterno, ou seja, que é impossível uma civilização não repressiva.

Para Marcuse, as imposições repressivas são antes produtos de

uma organização histórico-cultural específica do que uma

necessidade natural e eterna das sociedades.

O filósofo apontou a possibilidade de uma civilização menos

repressiva, surgida do próprio desenvolvimento tecnológico, que

criaria condições para a libertação do trabalho quanto à obrigação

do trabalho e o conseqüente aumento do tempo livre. No entanto,

isso não se dará, segundo Marcuse, sem a intervenção do ser

humano para reorientar o rumo da trajetória histórica possibilitada

por esse desenvolvimento.

Nesse ponto, a tarefa da filosofia seria anunciar essa possibilidade.

Se isso não ocorrer, teremos o contrário, ou seja, a perturbação do

desenvolvimento tecnocientífico a serviço da dominação e da

homogeneização dos indivíduos. Tal situação criaria o que o próprio

Marcuse chamou de homem unidimensional, incapaz de criticar a

opressão e construir alternativas futuras.

4.4 Jürgen Habermas

Dentre os teóricos da Escola de Frankfurt, o de maior influência

atualmente é Jürgen Habermas (1929 -). Em sua tese, ele discorda

de Adorno e Horkheimer no que se refere aos conceitos centrais da

análise realizada por esses dois filósofos: razão, verdade e

democracia.

Vimos que, de acordo com análise, Adorno e Horkheimer chegam a

um impasse quanto à possibilidade de uma razão emancipatória, já

que a razão estaria asfixiada pelo desenvolvimento do capitalismo.

4.4.1 Último racionalista

De acordo com Habermas, essa é uma posição perigosa em

filosofia, pois poderia conduzir a uma crítica radical a modernidade

e, em conseqüência, da razão, que levaria ao irracionalismo.

Em seu artigo “Modernidade versus pós-modernidade”, ele enfatiza

esse ponto, afirmando, contra a tendência ao irracionalismo

presente na chamada filosofia pós-moderna, que “o projeto da

modernidade ainda não foi cumprido”. Ou seja, o potencial para a

Page 109: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

108

racionalização do mundo ainda não está esgotado. Por isso,

Habermas costuma ser descrito como “o último grande racionalista”.

O filósofo também discorda dos resultados pessimistas da análise

de Adorno e Horkheimer segundo o qual a razão não se realizaria

no mundo, porque o capitalismo, em sua complexidade, teria

conseguido narcotizar a consciência do proletariado e, dessa forma,

perpetuar-se como sistema.

Para Habermas, existem alguns pontos falhos pontos falhos nessa

avaliação, cuja identificação permitiria propor uma retomada do

projeto emancipatório, porém em novas bases. Na realidade, o

filósofo rompe com a teoria marxista em seus pontos fundamentais,

tais como a centralidade do trabalho, e a identificação do

proletariado como agente da transformação social.

4.4.2 Ação comunicativa

Habermas propõe então, como nova perspectiva, outro conceito de

razão: à razão dialógico, que brota do diálogo e da argumentação

entre os agentes interessados, em uma determinada situação. É a

razão que surge da chamada ação comunicativa, do uso da

linguagem, como meio de conseguir o consenso. Para tanto, é

necessária uma ação social que fortaleza as estruturas capazes de

promover as condições de liberdade e de não constrangimento,

imprescindíveis ao diálogo.

4.4.3 Verdade intersubjetiva

O conceito de verdade também se modifica em função dessa nova

perspectiva. Habermas propõe o entendimento da verdade não mais

como uma adequação do pensamento fruto da ação comunicativa;

não como verdade subjetiva, mas como verdade intersubjetiva

(entre sujeitos diversos), que surge do diálogo entre indivíduos.

Nesse diálogo aplicam-se algumas regras, como a não contradição,

a clareza de argumentação e a falta de constrangimentos de ordem

social.

Razão e verdade deixam, assim, de constituir conteúdos ou valores

absolutos e passam a ser definidos consensualmente. E sua

validade será maior quanto melhores forem as condições nas quais

se dê o diálogo, o que se consegue com o aperfeiçoamento da

democracia.

O pensamento de Habermas incorpora e desenvolve reflexões

propostas pela filosofia da linguagem. A ênfase dada por ele à razão

comunicativa pode ser entendida como uma maneira de tentar

“salvar” a razão, que teria chegado a um beco sem saída. Assim, se

o mundo contemporâneo é regido pela razão instrumental, conforme

denunciaram os filósofos que o antecederam na Escola de

Frankfurt, para Habermas caberia à razão comunicativa, enfim, o

papel de resistir e reorientar essa razão instrumental.

QUESTÕES:

51. (ENEM 2010 2ª aplicação) No século XX, o transporte

rodoviário e a aviação civil aceleraram o intercâmbio de pessoas e

mercadorias, fazendo com que as distâncias e a percepção

subjetiva das mesmas se reduzissem constantemente. É possível

apontar uma tendência de universalização em vários campos – por

exemplo, na globalização da economia, no armamentismo nuclear,

na manipulação genética, entre outros. HABERMAS, J. A

constelação pós-nacional: ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi,

2001 (adaptado).

Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme Descritos no

texto, podem ser analisados do ponto de vista moral, o que leva à

defesa da criação de normas universais que estejam de acordo

com:

A) os valores culturais praticados pelos diferentes povos em suas

tradições e costumes locais.

B) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os quais

dispõem de condições para tomar decisões.

C) os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de valores

religiosos relativos à justiça divina.

D) os sistemas políticos e seus processos consensuais e

democráticos de formação de normas gerais.

E) os imperativos técnico-científicos, que determinam com exatidão

o grau de justiça das normas.

52. (SEAP/PR - PUC - PR – 2013) Habermas define esfera pública

nem como instituição nem como sistema, e sim como uma rede para

comunicar a opinião pública, como fóruns, com a presença de um

público ou por meio da mídia. Levando em conta essas

características, assinale a opção CORRETA.

A) Na esfera pública, seja com público presente, seja pela mídia,

diálogos e opiniões são veiculados de modo independente e

com efeito deliberativo.

B) Diferentemente da esfera privada, o espaço público depende de

instituições.

C) No espaço público se expressam valores que dizem respeito à

ética individual.

D) A esfera pública é um espaço de comunicação de opiniões

conduzidas pela mídia, com efeitos exclusivos na esfera

privada.

E) Os espaços públicos são controlados, mesmo em democracias,

pelo poder de quem governa.

53. (UEL-PR) "De acordo com a ética do Discurso, uma norma só

deve pretender validez quando todos os que possam ser

concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto

participantes de um Discurso prático, a um acordo quanto à validez

dessa norma".

Fonte: Habermas, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução

de Guido A. de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989, p.86.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética do Discurso

de Habermas, assinale a alternativa correta:

A) O princípio possibilitador do consenso deve assegurar que

somente sejam aceitas como válidas as normas que exprimem

um desejo particular.

B) Nas argumentações morais, basta que um indivíduo reflita se

poderia dar seu assentimento a uma norma.

C) Os problemas que devem ser resolvidos em argumentações

morais podem ser superados apenas monologicamente.

D) O princípio que norteia a ética do discurso de Habermas se

expressa, literalmente, nos mesmos termos do imperativo

categórico kantiano.

E) Uma norma só poderá ser considerada correta se todos os

envolvidos estiverem de acordo em dar-lhe o seu

consentimento.

54. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.

Em Técnica e ciência como „ideologia‟, Habermas apresenta uma

reformulação do conceito weberiano de racionalização pela qual

Page 110: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

109

lança as bases conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste

sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho ou agir

instrumental e interação ou agir comunicativo, bem como a

pertinência da conexão dialética entre essas categorias, das quais

deriva a diferenciação entre o quadro institucional de uma sociedade

e os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo

Habermas, uma análise mais pormenorizada da primeira parte da

ideologia alemã revela que „Marx não explicita efetivamente a

conexão entre interação e trabalho, mas sob o título nada específico

da práxis social reduz um ao outro, a saber, a ação comunicativa à

instrumental‟.

HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70,

1994. p. 41-42. (Adaptado)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de

Habermas, é correto afirmar:

A) O crescimento das forças produtivas e a eficiência administrativa

conduzem à organização das relações sociais baseadas na

comunicação livre de quaisquer formas de dominação.

B) A liberação do potencial emancipatório do desenvolvimento da

técnica e da ciência depende da prevenção das

disfuncionalidades sistêmicas que entravam a reprodução

material da vida e suas respectivas formas interativas.

C) O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto forças

produtivas, permite estabelecer uma nova forma de legitimação

que, por sua vez, nega as estruturas da ação instrumental,

assimilando-as à ação comunicativa.

D) Com base na irredutibilidade entre trabalho e interação, a luta

pela emancipação diz respeito tanto ao agir comunicativo,

contra as restrições impostas pela dominação, quanto ao agir

instrumental, contra as restrições materiais pela escassez

econômica.

E) A racionalização na dimensão da interação social submetida à

racionalização na dimensão do trabalho na práxis social

determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das

forças produtivas e do bem-estar da vida humana.

55. O caráter impessoal das leis e a proteção das liberdades

individuais foram princípios norteadores do pensamento de tradição

liberal, de forma que o processo democrático tem como princípio

conduzir os cidadãos à busca pelo entendimento com relação ao

bem comum. Sobre essa temática, é correto afirmar que Habermas:

A) concilia direitos humanos e soberania popular numa mesma

base, ainda que os entenda como instâncias distintas, porém

complementares.

B) considera mais relevante pensar uma autonomia do indivíduo em

relação às suas responsabilidades sociais.

C) privilegia o pensamento racional e libertário da tradição

iluminista, de forma a valorizar o espectro anárquico da

democracia.

D) dá ênfase à noção de estado ideal de direito, de forma que este

deva suplantar os princípios da democracia participativa.

E) valoriza a compreensão individualista e instrumental do papel do

cidadão na lógica privada do mercado.

5. Filosofia Pós-Moderna: O fim do projeto da modernidade

No campo filosofia, termo pós-moderno tem sido aplicado a um

grupo de intelectuais que apresenta como ponto comum a crítica ao

projeto da modernidade, entendido como o projeto de emancipação

humano-social por meio do desenvolvimento da razão.

Esses pensadores partem da constatação dos desastres sociais e

ambientais aos quais a sociedade contemporânea chegou: miséria,

desigualdades sociais extremas, catástrofes ambientais, guerras,

dominação dos países economicamente desenvolvidos sobre os

demais e a situação de barbárie que se verifica em algumas regiões

do planeta.

Essa corrente de pensadores identifica, como o fizeram Adorno e

Horkheimer, o fenômeno da assimilação dos indivíduos ao sistema,

isto é, ao capitalismo, e a narcotização das consciências por

intermédio da indústria cultural, o que alcança todos os setores da

vida social.

Essa tendência fortaleceu-se na segunda metade do século XX,

após os sinais de degeneração das experiências socialistas, que

resultou no chamado socialismo autoritário. Com a falência de

certo modelo de socialismo como alternativa ao sistema capitalista,

o mundo teria se curvado à onipotência do status quo, sem qualquer

perspectiva de transformação.

5.1 Debilitação das esperanças

De forma geral, esse é o quadro herdado pelos filósofos da pós-

modernidade. Assim, o termo pós-moderno designa o fim do

projeto da modernidade, ou seja, a desesperança historicamente

constatada de que a razão tecnocientífica favoreça a emancipação

humana.

Um traço presente em filósofo pós-moderno é a debilitação das

esperanças – que um dia dominaram o mundo moderno – de

compreensão e de transformação conjunta da vida social. Diante

das frustrações históricas, restou a sensação de que chegamos a

um ponto em que o controle da economia global está fora de nosso

alcance e, diante disso, os grandes projetos emancipatórios

perderam o sentido que um dia tiveram para orientar as iniciativas

coletivas.

5.1.1 Visão fragmentária

Sem essa perspectiva de uma transformação social radical, a

filosofia pós-moderna passou a analisar os diversos aspectos da

vida social, principalmente aqueles em que se verifica maior

racionalização rumo ao controle dos indivíduos, denunciando as

formas de opressão que os acompanham em sua vida cotidiana.

Essa denúncia é feita de forma fragmentária, isto é, aborda

aspectos variados e singulares do cotidiano e não se estrutura em

uma visão de conjunto, uma vez que a filosofia pós-moderna

abandonou a pretensão de totalidade que orientava o pensamento

moderno. Podemos dizer, portanto, que os filósofos pós-modernos

desenvolvem uma visão fragmentada da vida cotidiana e dos

indivíduos também fragmentados. Uma visão preocupada em captar

as singularidades, as particularidades e as diversidades do real. Seu

mérito seria a valorização das pluralidades culturais, pelo respeito

à diferença do outro.

Entre os pensadores pós-modernos mais significativos estão os

franceses Michael Foucault, Jean Baudrillard e Jacques Derrida,

além de Jean-François Lyotard (1924 – 1998).

5.1.2 Michael Foucault

Segundo Michael Foucault (1926 – 1984), as sociedades modernas

apresentam uma nova organização do poder que se desenvolveu

Page 111: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

110

a partir do século XVIII. Nessa organização, o poder não se

concentra apenas no setor político e em suas formas de

representação, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida

social. Para esse filósofo, o poder fragmentou-se em micropoderes

e tornou-se muito mais eficaz.

Assim, sem se deter apenas no macropoder concentrado no Estado,

Foucault analisou esses micropoderes que se espalham na vida

social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede imensa de

pessoas que interiorizam e cumprem as normas estabelecidas pela

disciplina social – os pais, os porteiros, os enfermeiros, os

professores, as secretárias, os guardas, os fiscais etc.

Adotando essa perspectiva de análise, conhecida como microfísica

do poder, afirma que “o poder está em toda parte, não porque

englobe tudo” e sim “porque provém de todos os lugares”. Na vida

cotidiana, segundo o filósofo, esbarramos mais com os guardiões

dos micropoderes – os pequenos donos dos poderes periféricos –

do que com os detentores dos macropoderes.

Seu objetivo, como filósofo, foi o de colocar à mostra estruturas

veladas de poder, tendo por inspiração Nietzsche, Tanto quanto

este, Foucault afirmou relação entre poder e saber. Em suas

palavras, “Vivemos em uma sociedade que em grande parte macha

“ao compasso da verdade” – ou seja, que produz e faz circular

discursos que funcionam como verdade, que passam por ta e que

detêm, por esse motivo, poderes específicos”.

5.1.2 Genealogia do poder

Foucault também desenvolveu seu método de pesquisa à maneira

de uma genealogia, como o fez Nietzsche. Semelhante ao filósofo

alemão adota como ponto de partida a noção de que os valores –

bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o certo e o errado, o sadio e o

doente etc. – são consagrados historicamente em função de

interesses relativos ao poder dentro da sociedade. Em outras

palavras, a definição do que é bom, verdade ou sadio depende das

instâncias nas quais o poder se encontra.

E, na visão de Foucault, esse poder não seria essencialmente de

repressão ou de censuram, mas sim de um poder criador, no

sentido de que produz a realidade e seus conceitos, Em seu livro

Vigiar e punir: uma genealogia do poder, ele explica esse seu

entendimento de poder:

“é preciso cessar de sempre se descrever os efeitos do poder

em termos negativos: ele “exclui”, “reprime”, “recalca”,

“censura”, “esconde”. Na verdade, o poder produz: produz o

real; produz os domínios de objetos e os rituais de verdade”.

Nessa mesma obra, Foucault acompanhava a evolução dos

mecanismos de controle social e punição, que se tornaram cada

vez menos visíveis e mais racionalizados. Caracteriza a sociedade

contemporânea como uma sociedade disciplinar, na qual

prevalece a produção de práticas disciplinares de vigilância

constantes, que se estendem a todos os âmbitos da vida dos

indivíduos.

Uma das formas mais eficientes dessa vigilância e disciplina se dá,

no seu entender, pelos discursos e práticas científicas

aparentemente neutras e racionais, que procuram normatizar o

comportamento dos indivíduos.

Exemplo disso seria o tratamento científico dado à sexualidade, no

qual o comportamento sexual é normatizado por meio do

convencimento racional dos indivíduos sobre cuidados necessários

à sua vida nesse âmbito. Desse modo, assumindo face do saber, o

poder, segundo Foucault, atinge os indivíduos em seu corpo, em

seu comportamento e em seus sentimentos.

Assim, como o poder encontra-se em múltiplos espaços, a

resistência a esse estado de coisas não caberia, segundo o filósofo,

a um partido ou classe revolucionária, pais estes se dirigiam a um

único foco de poder. Seria necessária, portanto, uma ação de

múltiplos pontos de resistência.

QUESTÕES:

56. (ENEM 2010 1ª aplicação) A lei não nasce da natureza, junto

das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das

batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm

sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades

incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos

inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.

FOUCAULT, Michel. Aula de 14 de janeiro de 1976. In: Em defesa da

sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei

em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão

de Foucault, a finalidade das leis na organização das

sociedades modernas é:

A) combater ações violentas na guerra entre as nações.

B) coagir e servir para refrear a agressividade humana.

C) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos

de uma mesma nação.

D) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas

entre países inimigos.

E) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados.

57. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) Na introdução ao segundo

volume de sua História da sexualidade, Foucault apresenta a

seguinte questão: "por que o comportamento sexual, as atividades e

os prazeres a ele relacionados, são objeto de uma preocupação

moral?".

(FOUCAULT. História da sexualidade 2)

Essa pergunta não pode ser respondida por uma pesquisa feita nos

moldes de seus trabalhos anteriores a respeito da loucura, da clínica

ou da criminalidade, por que:

A) os métodos anteriores eram incapazes de fornecer os

instrumentos necessários para analisar os modos específicos de

normatizar e de regular as condutas sexuais elaborados pelos

antigos gregos e romanos em suas leis e instituições religiosas.

B) é preciso diferenciar metodologicamente a interdição da

problematização moral que tem por objeto o sujeito, apesar de o

cuidado ético a respeito da conduta sexual acompanhar, em sua

intensidade e em suas formas, o sistema de interdições.

C) os instrumentos dados pelos métodos anteriores eram

inapropriados ao objeto e aos fins de uma história dos

comportamentos e das representações científicas, religiosas ou

filosóficas, que os homens se fazem a respeito do seu

comportamento sexual.

D) os saberes a respeito das práticas sexuais, assim como os

conjuntos de regras e normas que buscam regular essas

práticas, e que se apoiam sobre diferentes instituições, não são

Page 112: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

111

capazes de dar conta dos modos como os indivíduos são

levados a dar sentido e valor a sua conduta.

58. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Esquematicamente, pode-se

dizer que a reflexão moral da Antiguidade a propósito dos prazeres

não se orienta para uma codificação dos atos, nem para uma

hermenêutica do sujeito, mas para uma estilização da atitude e uma

estética da existência." (FOUCAULT. História da sexualidade 2)

Com essas palavras, Foucault ressalta um aspecto fundamental das

éticas sexuais gregas e romanas, o fato de que a base dos

julgamentos de valor está:

A) no valor estético das condutas, e não em seu valor moral ou de

verdade, uma vez que o anseio pela imortalidade através do

renome e da memória é o fundamento maior das éticas antigas.

B) na relação entre os desejos, os atos e os prazeres, na medida

em que os atos revelam os desejos ocultos do sujeito e são

fomentados pelos prazeres cuja natureza pode ser boa ou má.

C) na atitude que o sujeito tem para consigo mesmo no exercício da

atividade sexual e no relacionamento com os outros, e não tanto

nos atos que se cometem ou nos desejos que se escondem.

D) na forma e na beleza de uma conduta austera, definida segundo

as interdições e preceitos sociais, civis ou religiosos, conduta

essa que é própria a um homem que domina a si mesmo.

59. Ao desenvolver uma genealogia das relações humanas,

Foucault evidencia mecanismos de controle, padrões de

normalidade e subjetividade, que permaneceram à margem da

história oficial. Nesse processo, constituiu uma nova teoria sobre o

exercício do poder. Sobre a concepção foucaultiana do poder,

assinale a alternativa incorreta:

A) Micropoderes se estabelecem no tecido social, a partir da

imposição silenciosa de padrões de normalidade.

B) Ordenamentos sociais condicionam a existência e os horizontes

de expectativas dos indivíduos, formatando suas subjetividades.

C) Nos regimes políticos e sociais posteriores ao século XVIII crê-se

numa sociedade na qual o poder de vigilância é utilizado como

mecanismo de disciplina.

D) O suplício, nas sociedades absolutistas, era um espetáculo

condenado moral e eticamente pela sociedade como um todo.

E) O exercício da punição como tratamento aos criminosos possui

efeitos moralizantes e pedagógicos.

5.2 Jacques Derrida

Jacques Derrida (1930 – 2004), de origem judaica e nascido na

Argélia, também critica o desenvolvimento da razão no Ocidente, a

partir do próprio conceito de razão. Para ele, toda a filosofia

ocidental partilha a ideia de um centro, de algo que unifica e

estrutura sua construção teórica. Deus, ser humano e verdade são

exemplos de noções que organizam o entendimento do mundo. A

isso Derrida chama de logocentrismo.

O filósofo também chama a atenção para o fato de que a cada um

desses centros corresponde uma antítese, o seu oposto: Deus-

diabo; homem-mulher, verdade-mentira. Essa lógica das oposições

que, segundo ele, teve origem na Grécia, na oposição entre logos

(razão) e mito, foi preservada pela filosofia ocidental.

5.2.1 Desconstrução

Derrida propõe então desconstruir o conceito de logos, negar sua

supremacia em relação ao seu par lógico, sem o qual o logos não

teria sentido. Em sua interpretação, o pensamento filosófico

ocidental teria atribuído um valor absoluto a um dos elementos que

compõem essa dualidade, criando assim verdades absolutas.

Derrida não só nega essas verdades, mas também identifica nelas a

condição de construções culturais.

Seria necessária, então, a desconstrução desses centros da

filosofia ocidental, especialmente a noção de razão e de sujeito,

segundo o filósofo. E isso se faria a partir da análise da linguagem,

que ele entende ser a estrutura essencial da cultura.

A desconstrução seria, portanto, uma análise que pretende mostrar:

Como se dá a construção de certas noções – por exemplo, o

conceito de razão e os valores a ele associados;

Como depois essas noções passaram a ter função predominante

na cultura ocidental;

E, por último, como elas podem ser usadas como forma de

dominação

5.3 Jean Baudrillard

Jean Baudrillard (1929 – 2007) dedicou seus estudos à

compreensão da sociedade de massa. Analisou aspectos como a

indústria cultural e o fenômeno do comunismo, que promovem a

massificação da sociedade.

Segundo o filósofo, a sociedade atual não pode mais ser

compreendida a partir de sua estruturação em classes sociais, pois

essas classes perderam sua identificação como tal. No processo de

massificação ocorre uma neutralização das perspectivas de

transformação social, e os indivíduos aderem à banalização da vida

cotidiana.

Essa adesão é reforçada pelo que qualificou de hiper-realidade, em

referência à capacidade da mídia de criar uma realidade virtual, que

substituiria, para os indivíduos, a própria realidade, Para ele, a

sociedade contemporânea é a sociedade do espetáculo, da vida

virtual veiculada pelos meios de comunicação.

6. Karl Popper e a falseabilidade

Karl Popper nasceu em 1902, praticamente junto com o século 20.

Nessa época, a ciência parecia ter atingido o auge do prestígio.

A revolução industrial iniciada na Inglaterra do século 18 se

fundamentou na divisão e organização do trabalho e nas novas

tecnologias que aproveitaram as possibilidades abertas pela ciência

determinista de sir Isaac Newton.

A utilização maciça das aplicações técnicas do conhecimento

científico produziu um período de progresso material acelerado, no

qual a humanidade avançou mais em dois séculos neste campo do

que nos quatro mil anos anteriores.

Esse progresso acelerado colocou o conhecimento científico numa

posição de destaque, que, no século 19, culminou no cientificismo, a

crença de que tudo poderia ser explicado pela ciência, que deveria

ser colocada acima de todos os outros modos do saber.

Essa combinação de fatores sócio históricos gerou grandes

distorções, como o fato de a ciência, tornada laica pelo iluminismo

europeu, ganhar status religioso em doutrinas como o positivismo e

outras, durante o século 19 e início do 20.

É neste ambiente de supervalorização do progresso científico e de

deturpação da natureza original da ciência que surge Karl Popper,

que se tornaria o mais influente e respeitado filósofo da ciência entre

os homens que a fazem nos dias de hoje. Austríaco de nascimento

Page 113: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia

112

e britânico por opção, Popper é o autor da definição atualmente

mais aceita de teoria científica:

"Uma teoria científica é um modelo matemático que descreve e

codifica as observações que fazemos. Assim, uma boa teoria deverá

descrever uma vasta série de fenômenos com base em alguns

postulados simples como também deverá ser capaz de fazer

previsões claras as quais poderão ser testadas."

Com esta definição, a simplicidade e a clareza voltavam a ser

virtudes identificadoras da boa ciência, que assim se separa das

mistificações que nos dois séculos anteriores tentaram pegar carona

em seu prestígio.

Popper defendeu que, se a ciência se baseia na observação e

teorização, só se podem tirar conclusões sobre o que foi observado,

nunca sobre o que não foi.

Assim, se um cientista observa milhares de cisnes, em muitos

lugares diferentes e verifica que todos os cisnes observados são

brancos, isto não lhe permite afirmar cientificamente que todos os

cisnes são brancos, pois, não importa quantos cisnes brancos

tenham sido observados, basta o surgimento de um único cisne

negro para derrubar a afirmação de que eles não existiriam.

Assim, qualquer afirmação científica baseada em observação jamais

poderá ser considerada uma verdade absoluta ou definitiva.

Uma teoria científica, no máximo, pode ser considerada válida até

quando provada falsa por outras observações, testes e teorias, mais

abrangentes ou exatos que a original.

A possibilidade de uma teoria ser refutada constituía para o filósofo

a própria essência da natureza científica. Assim, uma teoria só pode

ser considerada científica quando é falseável, ou seja, quando é

possível prová-la falsa. Esse conceito ficou conhecido como

falseabilidade ou refutabilidade.

Segundo Popper, o que não é falseável ou refutável não pode ser

considerado científico. As teorias da gravitação universal de sir

Isaac Newton são científicas, por que além de se enquadrarem na

definição ao propor equações simples que descrevem os modelos

cósmicos gravitacionais, também é possível se fazer previsões

acertadas com base nelas.

E as teorias de Newton também são falseáveis. Tanto que o foram,

quando Albert Einstein com sua Teoria da Relatividade demonstrou

que a mecânica newtoniana não era válida em velocidades

próximas à da luz.

Mas não existem experimentos possíveis que possam falsear a

teoria de que a posição de determinados corpos celestes afetam a

vida de pessoas nascidas em determinado período de determinada

forma.

A abrangência das previsões e a falta de um modelo simples e claro

que as expliquem tornam a astrologia de horóscopo não falseável e,

portanto, não científica.

Com Popper, os limites da ciência se definem claramente. A ciência

produz teorias falseáveis, que serão válidas enquanto não

refutadas. Por este modelo, não há como a ciência tratar de

assuntos do domínio da religião, que tem suas doutrinas como

verdades eternas ou da filosofia, que busca verdades absolutas.

QUESTÕES:

60. (UEL-PR) Karl Popper, em "A lógica da investigação científica",

se opõe aos métodos indutivos das ciências empíricas. Em relação

a esse tema, diz Popper: "Ora, de um ponto de vista lógico, está

longe de ser óbvio que estejamos justificados ao inferir enunciados

universais a partir dos singulares, por mais elevado que seja o

número destes últimos".

Fonte: POPPER, K. R. A lógica da investigação científica. Tradução de

Pablo Rubén Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.3.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Popper, assinale a

alternativa correta:

A) Para Popper, qualquer conclusão obtida por inferência indutiva é

verdadeira.

B) De acordo com Popper, o princípio da indução não tem base

lógica porque a verdade das premissas não garante a verdade

da conclusão.

C) Uma inferência indutiva é aquela que, a partir de enunciados

universais, infere enunciados singulares.

D) A observação de mil cisnes brancos justifica, segundo Popper, a

conclusão de que todos os cisnes são brancos.

E) Para Popper, a solução para o problema do princípio da indução

seria passar a considerá-lo não como verdadeiro, mas apenas

como provável.

61. (IFRO – 2013) "Somos buscadores da verdade, mas não somos

seus possuidores". (Popper. Conhecimento objetivo, p. 100).

Popper, ao fazer essa citação, referia-se à função do filósofo. Como

é possível relacionar o significado da citação com o empirismo?

A) Há problemas genuinamente filosóficos que não se podem

esclarecer por meio da ciência empírica.

B) As religiões foram fundamentadas pelo alicerce do empirismo, o

que lhe dá a validade científica necessária.

C) O conhecimento empírico, por si só, já basta para se obter a

verdade, o que exclui a religião como base científica.

D) O empirismo e a fé são equivalentes, pois baseiam-se em

crenças passadas por conhecimentos entre gerações.

E) Existe uma clara visão de ciência alicerçada pelo empirismo que

mantém a base filosófica das religiões, principalmente o

cristianismo.

62. [...] não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser

dado como válido, de uma vez por todas, em sentido positivo;

exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se torne possível

validá-lo através de recurso a provas empíricas em sentido negativo

[...].

POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Tradução de:

HEGENBERG, L.; MOTA, O. S. da. São Paul: Cultrix, 1972. p. 42.

Assinale a alternativa que corresponde ao critério de avaliação das

teorias científicas empregado por Popper:

A) Falseabilidade. D) Dialeticidade.

B) Organicidade. E) Diferenciabilidade.

C) Confiabilidade.

Page 114: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

1. O ESTADO MODERNO p. 114 1.1. O que é o Estado p. 114 1.2. O Estado interventor e suas formas p. 114 1.3. Antecedentes do Neoliberalismo p. 114 1.4. Aspectos do desenvolvimento Global: nação e globalização p. 115 2. GLOBALIZAÇÃO p. 116 2.1. Historicidade da Globalização p. 116. 2.2. A Globalização Contemporânea p. 116 2.3. Os teóricos da globalização p. 116 2.3.1. Marshall McLuhan: a aldeia global p. 116 2.3.2. Immanuel Wallerstein: sistema-mundo p. 116 2.4. Globalização e comunicação p. 117 2.5. Críticas a Globalização p. 117 3. CULTURA E SOCIEDADE p. 117 3.1. Os Significados de Cultura segundo a Antropologia p. 118 3.2. O Etnocentrismo: convivência com a diferença p. 118 3.3. Cultura erudita e Cultura popular p. 118 3.4. Cultura e indústria cultural p. 119 3.5. Cultura de massa e indústria cultural p. 119 3.6. As manifestações da indústria cultural p. 120 Exercícios p. 120

Page 115: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

114

1. O ESTADO MODERNO

1.1. O que é o Estado

A palavra ―Estado‖ contém vários significados. O Estado pode ser

sinônimo de Governo, de Estado-Nação ou País, de regime político

e de sistema econômico. Contudo, o Estado é um conceito que deve

ser compreendido a partir de uma perspectiva histórica. O Estado

pode ser definido como um poder político centralizado e exercido

sobre um povo localizado em um território delimitado. Temos então

o chamado Estado moderno, surgido na Europa renascentista, sob

forma de monarquias absolutistas, em que as propriedades do reino

eram do rei, ou seja, não existia o espaço público. Sem falar na

ausência da sociedade civil — no lugar do cidadão havia o súdito ou

o que se submetia. A ascensão e os valores da burguesia deram-lhe

condições para ocupar o lugar da nobreza e dos reis. A burguesia

afirmava que seus interesses eram os mesmos das classes

populares, principalmente do campesinato. Baseada nesse

argumento, a nova classe dominante tomou o poder do Estado e,

com a limitação do poder real pelo fortalecimento do parlamento ou

pela criação de repúblicas, juntamente com a divisão dos três

poderes (legislativo, executivo e do judiciário) e o estabelecimento

da soberania popular e do direito à insurreição ao governo,

constituiu-se o Estado nacional. Esse Estado possui um poder

político-administrativo exercido sobre uma população nacional em

um contexto geográfico delimitado, mas agora é parte da respectiva

sociedade, e não algo distinto dela. A dualidade entre o Estado e a

sociedade civil é o diferencial entre os estados absolutistas e os

estados nacionais. Diante desse fato, os estudiosos de política

procuram esclarecer como se dá a relação entre essas duas

entidades. Existem duas matrizes fundamentais: a contratualista e a

marxista. A primeira argumenta a necessidade de um poder maior,

que mantenha ordem dentro de uma sociedade, por meio do

estabelecimento de um contrato social entre seus membros para

instituir o Estado. Seus principais adeptos são Thomas Hobbes,

John Locke e Jean-Jacques Rousseau. A matriz marxista tem como

princípio a luta de classes sociais refletida no Estado, de tal maneira

que este poder é exercido pela classe dominante, no caso a

burguesia. Além do próprio Marx e de Engels, seus seguidores

Lênin, Gramsci e Poulantzas compartilhavam da mesma ideia.

1.2.O Estado interventor e suas formas

No século XX, o Estado teve um papel crescente no aspecto

econômico dos países.

O inicio do século XX foi extremamente turbulento, com a Primeira

Guerra Mundial e a crise de 1929, iniciada com a quebra da bolsa

de valores de New York, exigindo mudanças globais para enfrentar

a recessão decorrente destes dois acontecimentos, visto que o

Estado liberal, com sua política de não intervenção e crença na

autorregulação do mercado, não possuía mecanismos que

pudessem superar o desemprego generalizado e a falência de

empresas em decorrência da especulação financeira desenfreada.

Depois da grande crise, foi necessária a intervenção econômica do

Estado para que se mantivesse a demanda agregada do mercado,

realizando obras públicas, fazendo grandes investimentos e

produzindo insumos (ações e petróleo, por exemplo), a exemplo do

que ocorreu nos Estados Unidos com o New Deal do presidente

Franklin Delano Roosevelt; esse programa foi criado para combater

a crise e seus pontos eram inspirados no keynesianismo, que

pregava o incentivo à demanda como forma de superar a recessão

econômico-financeira. Dentro dessa proposta, o Estado deveria

promover uma intervenção benéfica sobre o mercado até que esse

tivesse condições de se autorregular novamente, motivo que levou

este modelo de Estado a ficar conhecido como regulador.

Este modelo de Estado Interventor não foi o único; como resultado

da crise de 1929, se presenciou o surgimento de outros dois tipos

de Estado. O modelo europeu disseminou-se em nações como

Alemanha, Itália, entre outras, e ficou conhecido como Estado

totalitário pelo fato de controlar plenamente a sociedade bem como

as atividades econômicas.

O modelo sul-americano ficou conhecido por Estado populista,

sendo identificado mais especificamente no Brasil, México e na

Argentina. Nesse modelo, a força é o líder carismático apoiado pela

massa da população.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a economia

capitalista conheceu um período de prosperidade, marcado pela

atuação do Welfare State (ou Estado de Bem-Estar Social) que

durou até a década de 1980.

Esse modelo era pautado pelo intervencionismo estatal, e pela

redução das desigualdades sociais por meio de investimentos em

serviços públicos e criação de uma rede de seguridade social. Para

sustentar o modelo o Estado introduziu o sistema de imposto

progressivo, em que os mais ricos pagam maiores impostos, que

vão se reduzindo conforme a renda familiar.

Outro fato que onerou as finanças das nações desenvolvidas foi o

choque do petróleo no início da década de 1970, resultante da

criação da Opep (Organização dos Países Exportadores de

Petróleo).

O aumento dos gastos dentro do Welfare State levou à correção do

modelo, abrindo espaço para a crítica ao intervencionismo estatal,

possibilitando assim, o surgimento de um novo modelo de Estado, o

Neoliberal, inicialmente introduzido por Ronald Reagan e Margareth

Tatcher, presidente dos Estados Unidos e primeira-ministra da

Inglaterra, respectivamente.

1.3. Antecedentes do Neoliberalismo

É tênue o limite que separa os neoliberais e conservadores, o que

leva muitas vezes a identificação apressada das duas tendências.

Há, no entanto, uma diferença fundamental: os neoliberais são

progressistas, incentivam a mudança útil e defendem a manutenção

do estado de bem-estar social, mas percebem a necessidade de

reformá-lo para uma eficiência maior de gastos, a ampliação do

universo dos beneficiados e a contenção de privilégios conquistados

por grupos de interesse de forte presença na sociedade e no

governo. Os conservadores, ao contrário, pregam a omissão quase

absoluta do estado quanto ao rumo da economia nacional,

consideram que cabe à ―mão invisível‖ do mercado a condução das

questões econômicas e ao indivíduo a responsabilidade por seu

progresso pessoal buscam restringir não só o universo dos

beneficiários do estado de bem-estar mas os próprios limites desse

estado. A confusão mais freqüente entre neoliberais e

conservadores se verifica em relação às políticas adotadas ao longo

de toda a década de 1980 pelos governos conservadores dos

Estados Unidos e do Reino Unido, países em que é mais clara a

identificação do neoliberalismo. Na tradição política dos dois países,

as idéias liberais são o fundamento da formação do próprio conceito

de estado, da democracia e da construção de seus partidos

políticos. Nos Estados Unidos, os dois partidos que dominam o

cenário político e se revezam no poder, o Republicano e o

Democrata, que tem raízes liberais, mas divergem na visão do papel

Page 116: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

115

do estado. Para o Partido democrata, o governo deve atuar na vida

social e econômica nacional; para o republicano, quanto menos

governo, melhor. A primeira atuação do neoliberalismo americano

ocorreu num governo democrata, durante a grande depressão da

década de 1930, e deu origem ao New Deal de Franklin Rooselvelt

(1882-1945), e rompeu com a tradição liberal ao intervir na

economia e não deixá-la ao sabor da iniciativa privada, originando o

estado de bem-estar. Os governos democratas ou republicanos que

se seguiram mantiveram basicamente a mesma estrutura até a

eleição do republicano Ronald Reagan (1911-2004) em 1980, e

implantou uma série de iniciativas econômicas. Sua política de

recuperação econômica através do estimulo à oferta, popularmente

conhecida como ―Reaganomics‖, incluiu medidas de

desregulamentação e cortes de impostos. Essa nova geração

democrata no Congresso, herdeira do pensamento de Jonh

Kennedy (1917-1963), acreditava num novo liberalismo que

buscasse solucionar problemas e não simplesmente manter um

sistema que apresenta falhas, especialmente no processo que rege

a aplicação dos benefícios do estado de bem-estar, deformado pelo

excesso de instâncias e organizações burocráticas. Identificam-se

com a classe média, suas necessidades e interesses, e não com a

burguesia empresarial dominante no liberalismo conservador e se

caracterizaram por uma visão reformista nas questões sociais e na

política externa, por idéias libertárias e anti-militaristas.

No Reino Unido, o liberalismo está também na raiz da formação dos

partidos Conservador e Trabalhista, embora os trabalhistas tenham

se inclinado fortemente para a social-democracia. Para o liberalismo

britânico, o estado é sempre um mal necessário e deve ser mantido

dentro de limites restritos. Os trabalhistas britânicos têm pontos em

comum com os democratas americanos; os conservadores

defendem posições próximas às dos republicanos de Reagan. A

expressão maior do conservadorismo britânico é a primeira ministra

Margaret Thatcher (1925-2013), que governou de 1979 a 1990; suas

políticas econômicas foram centradas na desregulamentação do

setor financeiro, na flexibilização do mercado de trabalho e na

privatização das empresas estatais e combateu de forma radical os

movimentos sindicais trabalhistas.

Assim, o Estado neoliberal pretendia diminuir o tamanho do Estado,

tornando-o mais eficiente e menos interventor, aplicando os velhos

princípios do liberalismo econômico do século XVIII.

Este modelo neoliberal se expandiu para várias nações ao longo do

final século XX, desencadeando uma série de crises políticas,

sociais e econômicas, mas gerando ganhos tremendos para

determinados grupos econômicos. Essas crises ainda foram

utilizadas para a realização de críticas à atuação do Estado, tido

como gestor dessa situação polêmica. No entanto, a recente crise

desencadeada a partir de 2008, em virtude de profundo

desequilíbrio na oferta de créditos imobiliários nos EUA, que afetou

bolsas de valores no mundo e desencadeou desemprego e queda

na produção e na renda sem precedentes, lançou novas luzes sobre

a importância do Estado no mundo capitalista.

1.4.Aspectos do Desenvolvimento Global: Nação e Globalização

A maior parte da humanidade está envolta na teia de relações

sociais denominada globalização, controlada pelos países

desenvolvidos que mantêm a liderança do desenvolvimento

tecnológico e com isso protegem seus interesses econômicos na

arena global. Esta globalização encontrou as nações organizadas

em Estado-Nação (diz respeito à forma abrangente de organização

político-territorial) e rapidamente invadiu territórios, modificou

hábitos e costumes, criou e expandiu instrumentos e técnicas, como

a informática. Ela trouxe consigo a ideia da individualização do lucro

e estabeleceu novas formas de dominação das potências sobre os

países menos desenvolvidos.

Neste contexto, a disposição dos termos ―Nação‖ e ―Globalização‖ é

dicotômica, tendo em vista que o ―global‖ se opõe-se ao ―nacional‖.

A premissa do desenvolvimento global está intimamente ligada às

concepções ocidentais de modernização, racionalização,

industrialização, revoluções e de cidadania, trazidas pelas duas

grandes revoluções: a francesa e a industrial. Estas acalentaram em

seu bojo a universalização de uma preocupação igualitária para

estabelecer a justiça em relação às particularidades e às diferenças,

ou seja, uma preocupação com a humanidade. O conhecimento de

que a terra se tornou mundo e de que o globo não é só uma figura

astronômica, mas, um território onde se desenvolvem uma teia de

relações sociais que aproximam homens de diversas partes do

planeta através do desenvolvimento dos meios de transportes e de

comunicações, especialmente a internet, possibilitou uma

descoberta que surpreende, encanta e atemoriza, porque se trata de

uma drástica ruptura nas convicções e visões de mundo. As novas

configurações e movimentos da globalização deram ao globo

terrestre uma significação histórica.

Esta nova configuração imposta pela globalização modificou

substancialmente a figura tradicional do Estado-Nação que agora se

encontra submetido a uma dominação internacional.

O objetivo dessa nova ordem mundial é incrementar eficazes

padrões de dinamismo do mercado dominante com altas taxas de

crescimento econômico através de uma força constrangedora e

rígidas regras de cunho unificador e globalizante. Este objetivo

postula a prevalência do mercado e das empresas transnacionais

tornando irrelevante o Estado Nacional.

A história registra a rápida mudança de ideia do Estado Nacional

unitário e homogêneo. Simultaneamente, de um lado, temos a

abertura de mercados com o aumento significativo do lucro pelas

empresas e países desenvolvidos, e de outro lado, a proliferação da

pobreza para a população dos países periféricos com efeitos

negativos sobre a educação, saúde, segurança, habitação, aumento

da criminalidade, prostituição, etc. Assim, instaura-se uma situação

de fragilidade estatal caracterizada pela perda de domínio e

autonomia econômica, fazendo-o perecer frente às instituições de

caráter multilateral disputadas pelas comunidades internacionais,

acarretando, de um lado, a perda de identidade desses países e,

por outro lado, a dominação política proveniente dos investimentos e

ajuda financeira constante.

As repercussões no desenvolvimento social são também gritantes,

tendo em vista que as mudanças afetaram a funcionalidade do

Estado. A modernidade acalentou a ideia de que o Estado seria um

instrumento de defesa da nação, pois seu objetivo principal era a

promoção do bem-estar social e econômico desta. À medida que se

fortaleceu o processo de globalização ou transnacionalização, o

Estado idealizado pela revolução francesa enfraqueceu-se se

tornando um mero instrumento das elites dominantes, ao tempo em

que fragilizou sua economia adaptando-se às economias mundiais e

perdendo a capacidade de exercer o controle sobre o fluxo de

pessoas, de bens e de capital. Por sua vez, as políticas sociais

ficaram á mercê do mercado globalizado.

Page 117: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

116

2. GLOBALIZAÇÃO

2.1. Historicidade da Globalização

A globalização é um fenômeno identificado com o nascimento do

próprio capitalismo e que tem na expansão marítimo-comercial

européia iniciada no século XV, as Grandes Navegações, o primeiro

impulso econômico para sua organização mercantil global, ainda

que restrita a poucas regiões nesse período. Juntamente a

expansão comercial iniciou-se um sistema de dominação política

sobre os povos, além de sobrepujar suas culturas com a imposição

da chamada civilização europeia.

O fluxo de mercadorias entre as metrópoles e suas colônias pode

ser considerado a primeira onda globalizante e permaneceu até o

século XIX.

Com a segunda Revolução Industrial, os países europeus

necessitaram expandir suas economias por meio da mobilização de

investimentos, caracterizando o segundo estágio da globalização.

Ressalta-se que o fluxo de mercadorias ainda se mantém. Estes

capitais podem ser classificados em dois tipos: diretos e indiretos.

Os primeiros são aqueles que as empresas transnacionais realizam

em função do crescimento de seus lucros, possibilitando

investimentos na construção de ferrovias, portos, fábricas nos

países que não os possuem. Os investimentos indiretos são aqueles

que circulam nos mercados de ações, além de empréstimos

concedidos por bancos de investimentos.

Após a Segunda Guerra Mundial, ainda no quadro de bipolarizado

entre socialismo e capitalismo, houve no mundo capitalista

significativos crescimento e prosperidade econômica que

encaminharam as sociedades capitalistas a Terceira Revolução

Industrial. Tal revolução foi alicerçada na microtecnologia e na

robótica, responsáveis pelo atual nível de desenvolvimento

tecnológico e pela sensação de estreitamento do tempo e do

espaço.

A última barreira a ser transposta pela globalização acabou por ruir

no final do século XX, quando se deu a dissolução do socialismo

real soviético, levando os países do bloco socialista a incorporar o

modelo liberal da economia de mercado, integrando-se a um mundo

cada vez mais globalizado.

2.2. A Globalização Contemporânea

No geral a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o

movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da

hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais

nações. Ou ainda que a globalização é a reinvenção do processo

expansionista americano no período do pós-guerra fria, com a

imposição forçosa ou não dos modelos políticos (democracia),

ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e econômico

(abertura de mercados e livre competição).

Vale ressaltar que este projeto não é uma criação exclusiva do

estado norte-americano e que tampouco atende exclusivamente aos

interesses deste, mas também é um projeto das empresas, em

especial das grandes empresas transnacionais, e governos do

mundo inteiro.

A globalização costuma ser caracterizada como um processo de

diluição das barreiras nacionais por meio de mecanismos

financeiros e tecnológicos que envolvem a interação praticamente

instantânea de indivíduos, de instituições e de empresas que

volatiza noções de territorialidade vinculadas à ideia de Estado-

nação. Supera as fronteiras nacionais, permitindo que produtos,

idéias e pessoas possam circular com o mínimo de impedimento.

Isso, em um primeiro momento, dinamiza a vida cotidiana, abrindo

espaço para um contato mais amplo e diverso, mas promove,

também, discrepâncias de desenvolvimento e dificuldades dos

sistemas políticos vigentes em controlar fluxos de capitais e evitar

especulações que possam atingir o próprio sistema capitalista.

Se no passado o Estado teve um papel importante na

fundamentação de uma ordem capitalista, hoje ele se encontra

debilitado como autoridade institucional que possa gerir as

transformações capitalistas que ele mesmo criou.

Há nisso uma expressão da crise que tem pontuado as relações

internacionais nos últimos anos. Disputas comerciais ainda fazem

parte do cotidiano do mundo globalizado, mesmo que existam

esforços no sentido de fortalecer mercados comuns atendendo a

imperativos de transnacionais e corporações financeiras mundiais.

As questões relativas aos meios informacionais e às tecnologias de

comunicação também configuram um quadro de dinamismo do

mundo globalizado. Movimentações políticas, agitações sociais,

crimes ambientais etc. logo passam a ser conhecidos mundialmente

por meio da internet. O espaço virtual instituído pela globalização

favorece a troca de informações e implica um campo novo de

criatividade humana.

Destarte, mais que romper as barreiras nacionais, a globalização

também interfere na vida individual e na constituição de identidades.

2.3. Os teóricos da globalização

2.3.1. Marshall McLuhan: a aldeia global

Aldeia Global é um termo cunhado pelo filósofo Herbert Marshall

McLuhan,(1911-1980) com o intuito de indicar que as novas

tecnologias eletrônicas tendem a encurtar distâncias e o progresso

tecnológico tende a reduzir todo o planeta a mesma situação que

ocorre em uma aldeia: um mundo em que todos estariam, de certa

forma interligados. A expressão foi popularizada em sua obra ―A

Galáxia de Gutenberg‖ (1962) e, posteriormente, ―Os Meios de

Comunicação como Extensão do homem‖ (1964). McLuhan foi o

primeiro filósofo a tratar das transformações sociais provocadas pela

revolução tecnológica do computador e das telecomunicações.

Para McLuhan, a televisão era o exemplo mais bem acabado do

surgimento da aldeia global, já ela era responsável pela transmissão

de informações, mensagens e imagens que formariam os

indivíduos, auxiliando na formação de uma sociedade mais tolerante

com as diferenças.

O resultado dessa comunicação seria a formação de uma aldeia,

onde as pessoas passariam a se comunicar e a se conhecer de

forma plena.

2.3.2. Immanuel Wallerstein: sistema-mundo

Análise de Wallerstein (1930) sobre a globalização está centrado em

seu aspecto econômico.

Wallerstein desenvolveu o conceito de sistema-mundo,

caracterizado pela existência de um sistema social que provenha

tudo o que é necessário para as pessoas que vivem nele, de modo

que elas venham a acreditar que tal sistema corresponda à

realidade como um todo. O autor identifica dois tipos de sistemas-

mundo na história: os impérios-mundo e as economias-mundo. No

primeiro caso, temos os Impérios Romano e Chinês, ambos na

Antiguidade. Tendo como centro político um território que provinha

com recursos o restante do sistema.

Por outro lado, temos o surgimento de uma economia-mundo,

representada pela ascensão do capitalismo, sistema econômico que

Page 118: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

117

tende a interligar o mundo através das práticas comerciais e

produtivas, exigindo, dentro dessa perspectiva, certa organização da

produção, o que implica o surgimento de uma divisão internacional

do trabalho (DIT).

A economia-mundo capitalista seria então organizada a partir de

três esferas específicas: o centro, a semiperiferia e a periferia. O

centro é composto por países desenvolvidos, que dominam as

tecnologias de ponta e sustentam relações de trabalho avançadas,

em que o capital e trabalho conseguem se manter equilibrados; por

sua vez, a semiperiferia corresponde àqueles países que estão em

processo de industrialização, mas ainda guardam na produção e na

exportação de bens primários sua principal fonte de riqueza, nas

quais as relações de trabalho estão em andamento, mas com clara

desproporção favorável ao capital, que emprega meios coercitivos

para adequar e enquadrar a força de trabalho.

Apesar da disparidade, centro e semiperiferia se unem para explorar

a periferia, composta por países atrasados, de base agrícola e de

mão de obra escrava e compulsória, produzindo matérias-primas e

alimentos que são consumidos pelo centro e pela semiperiferia e

importando destes os bens industrializados de necessitam.

Nota-se aí o predomínio das relações econômicas , mas o elemento

mais significativo da teoria de Wallerstein está na importância que

este dá ao Estado nacional, identificado como um dos elos fracos da

globalização.

Para o autor, o estado tem importância crucial na formação da

economia-mundo capitalista, mas em níveis distintos. Os Estados

fortalecidos tendem a se encontrar no centro e criam meios de

explorar os Estados enfraquecidos, perpetuando as diferenças e as

contradições internas produzidas pelo capitalismo, motivo pelo qual

tal sistema está condenado, ainda que Wallerstein não aponte para

o caminho que tal economia estaria seguindo.

2.4. Globalização e comunicação

A globalização das comunicações tem sua face mais visível na

internet, a rede mundial de computadores, graças a acordos e

protocolos entre diferentes entidades privadas da área de

telecomunicações e governos do mundo. Isto permitiu um fluxo de

troca de idéias e informações sem critérios na história da

humanidade.

Outra característica da globalização das comunicações é o aumento

da universalização do acesso aos meios de comunicação graças ao

barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de

infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e

incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica.

2.5. Críticas a Globalização

Apesar das perspectivas aparentemente favoráveis ao processo de

globalização, não se pode esquecer de que ele se desenvolve a

partir do capitalismo. Este é então o ponto de partida dos críticos da

globalização, para quem tal processo apenas radicalizou as

contradições e diferenças existentes dentro do capitalismo,

aprofundando o abismo econômico entre ricos e pobres, como se

pode perceber pelo caráter crítico da teoria de Wallerstein, ainda

que esta também seja criticada pelo teor economicista que possui,

beirando o determinismo e o eurocentrismo.

É interessante notar que, nesse caso, um dos efeitos desta

concentração de renda global é o aumento dos fluxos migratórios

das regiões empobrecidas e com restrições de oportunidades de

emprego para outras áreas, mais avançadas e industrializadas, com

a promessa de realização de um sonho de prosperidade e

igualdade, como o que prometem os EUA, ainda que sua prática,

como a de muitos países europeus, seja de restrições e combate à

imigração, com o intuito de preservar exclusivamente a seus

cidadãos os benefícios da globalização, gerando protestos e

conflitos nas fronteiras nacionais.

Neste caso, o caráter eurocêntrico da teoria de Wallerstein abre

possibilidade para outra crítica ao processo de globalização.

Contrariando a posição descentrada de Anthony Giddens, os críticos

da globalização afirmam que esta ocorre simultaneamente a um

processo de ocidentalização da sociedade global, impondo padrões

de comportamento e de consumo importados dos EUA e da Europa

Ocidental.

Tal fato gera reações muitas vezes violentas, como os recentes

conflitos entre o ocidente cristão e o mundo muçulmano, sendo o

ataque às torres gemes de Nova York, em 11 de Setembro de 2001,

um dos acontecimentos mais emblemáticos.

Muito embora os analistas classifiquem tal ataque como prática

terrorista, não pode-se esquecer de que os interesses das empresas

transnacionais, assim como dos Estados Nacionais fortes, levam-

nas a interferir em outras regiões economicamente importantes,

fatalmente causando a rejeição e o ódio das populações nativas às

nacionalidades invasoras. Dessa forma, globaliza-se o terror, que

não se restringe apenas àqueles que praticam a globalização

econômica diretamente, mas a todo cidadão livre que se encontra

nas sociedades desenvolvidas.

Esses fatores soma-se as problemáticas que surgem como

decorrência da maior conscientização das sociedades e do

surgimento de novas demandas, associadas principalmente ao

chamado desenvolvimento sustentável.

A preocupação com o crescimento econômico vem sendo

acompanhada pela sociedade civil e pelas pessoas conscientizadas

ecologicamente em razão de os recursos naturais estarem

escasseando ou de as condições de sobrevivência de várias

espécies de animais virem sendo colocadas em risco, afetando o

delicado equilíbrio ambiental que sustenta a própria vida humana na

Terra. Dessa forma, assiste-se a movimentações internacionais de

apelo ecológico, o que faz com que a ecologia passe a fazer parte

das agendas políticas.

Decorre daí o dilema: como manter taxas de crescimento e

prosperidade econômica sem afetar de forma decisiva a vida futura

da terra? Mais do que uma questão teórica, essa é uma

preocupação que nos afeta diretamente a médio e longos prazos,

principalmente quando se percebe que o desenvolvimento da

bioengenharia leva empresas transnacionais, em nome de uma

maior eficiência produtiva, a alterar a qualidade genética das plantas

e dos alimentos que se consome.

A inexistência de respostas convincentes para essas questões é

uma das principais responsáveis pelo surgimento dos movimentos

antiglobalização. Por isso também o surgimento de ONG’s e de

entidades civis não estatais que buscam mecanismos para

combater os efeitos perversos da globalização.

O quadro é de incertezas, pois a globalização é um processo em

aberto, sobre o qual tem-se apenas entendimento parcial.

3. CULTURA E SOCIEDADE

Cultura é o resultado da capacidade que o ser humano tem de se

organizar em grupo. Dessa forma, diz-se que a cultura é a invenção

do social, pois é em função dela que se criam e se estabelecem os

Page 119: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

118

parâmetros de como os indivíduos precisam agir em função do seu

grupo.

Cada cultura possui um conjunto finito de regras, mas suas

possibilidades de atualização, expressão e reação em situações

concretas são infinitas.

Cultura é uma palavra de origem latina. Seu significado original

estava ligado às atividades agrícolas. Vem do verbo colere, que

quer dizer cultivar.

3.1. Os Significados de Cultura segundo a Antropologia

Um dos grandes ramos das Ciências Sociais, além da Sociologia e

da Ciência Política, é aquele que se dedica aos estudos da cultura

desenvolvida pelos seres humanos: a Antropologia.

A Antropologia é uma ciência que nasceu na Europa, na segunda

metade do século XIX. Seu nascedouro correspondeu à expansão

imperialista européia sobre o continente africano. Os contrastes

entre povos africanos e nações européias contribuíram para estudos

comparados à luz de teorias biológicas evolucionistas. O contato

com os povos africanos também foi instigante para os estudiosos da

vida social, pois esses grupos não possuíam língua escrita, daí a

necessidade de uma nova ciência para compreendê-los.

Assim, a Antropologia é uma ciência social que estuda as

manifestações culturais dos grupos humanos, assim como a origem

e a evolução das culturas. São objeto de estudo da Antropologia a

organização familiar, as religiões, a magia, os ritos de iniciação dos

jovens, o casamento etc. A palavra antropologia – do grego

antropus, homem, e logia, estudo – significa etimologicamente a

ciência do homem.

No início do século XVIII e princípio do século XIX, o termo

germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos

espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa

Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um

povo. Ambos os termos foram sintetizados pelo antropólogo inglês

Edward B. Tylor (1832-1917), no vocábulo inglês Culture, que

tomando em seu amplo sentido etnográfico é esse todo complexo

que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os

costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridas pelo

homem como membro da sociedade. Com esta definição Tylor

abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de realização

humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da

cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida por

mecanismos biológicos.

Trata-se de uma definição universalista, ou seja, muito ampla, com a

qual se procura expressar a totalidade da vida social humana, a

cultura universal.

Já o antropólogo alemão Frans Boas (1858-1942), tinha uma visão

particularista. Definiu Cultura como a totalidade das reações e

atividades mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos

indivíduos que compõem um grupo social.

O antropólogo inglês Bronislaw Malinowski (1884-1942), afirmava

que, para fazer uma análise objetiva, era necessário examinar as

culturas em seu estado atual, sem preocupação com suas origens.

Concebia as cultura como sistemas funcionais e equilibrados,

formados por elementos interdependentes que lhes davam

características próprias, principalmente no tocante às necessidades

básicas, como alimento, proteção e reprodução. Por ser

interdependentes, esses elementos não poderiam ser examinados

isoladamente.

Na atualidade, a contribuição do antropólogo Claude Lévi-Strauss

(1908-2009) para quem a cultura deve ser considerada como um

conjunto de sistemas simbólicos, entre os quais se incluem a

linguagem, as regras matrimoniais, a arte, a ciência, a religião e as

normas econômicas. Esses sistemas se relacionam e influenciam a

realidade social e física das diferentes sociedades.

3.2. O Etnocentrismo: convivência com a diferença

Ter uma visão de mundo, avaliar determinado assunto sob certa

ótica, nascer e conviver em uma classe social, pertencer a uma

etnia são algumas das condições que leva a pensar na diversidade

humana, cultural e ideológica, e conseqüentemente na alteridade,

isto é, eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que

me permite compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado,

partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado que

estou pela experiência do contato.

Observa-se, no entanto, grande dificuldade na aceitação das

diversidades em uma sociedade ou entre sociedades diferentes,

pois os seres humanos tendem a tomar seu grupo ou sociedade

como medida para avaliar os demais. Para designar essa tendência,

o sociólogo americano William G. Summer (1840-1910) criou em

1906 o termo etnocentrismo.

O etnocentrismo foi um dos responsáveis pela geração de

intolerância e preconceito – cultural, religioso, étnico e político-,

assumindo diferentes expressões no decorrer da história. Manifesta-

se também num mundo que é globalizado, na ideia de que a cultura

ocidental é superior, e os povos de culturas diferentes devem

assumi-la, modificando suas crenças, normas e valores.

3.3. Cultura erudita e Cultura popular

A cultura, na visão antropológica, é uma característica tipicamente

humana. Povos diferentes possuem culturas distintas, o que nos

leva a afirmar que a diversidade cultural é também um fato

incontestável.

Contudo, nos últimos anos, ao fenômeno da globalização é atribuído

o surgimento de uma cultura única ou americanizada. Mas, se

observamos os Estados Unidos nos dias de hoje, é evidente o

avanço da cultura hispano-americana sobre este país. Assim,

mesmo com o avanço da globalização, particularmente econômica,

a pluralidade cultural permanece, porém é incorreto não reconhecer

que dentro de um país ou de uma sociedade qualquer exista mais

de uma cultura. Tal fato é comum nas sociedades industriais

capitalistas, tanto no século passado como neste século que se

inicia.

Nessas formações sociais, podemos constatar a separação entre

cultura erudita e cultura popular, com atribuição de maior valor à

segunda, e está relacionada à divisão da sociedade em classes

sociais.

A cultura erudita é a que corresponde à classe dominante, e está

presente nas escolas e nos poderes instituídos do Estado, da Igreja

e das empresas. Abrangeria expressões artísticas como a música

clássica de padrão europeu, as artes plásticas, o teatro e a literatura

de cunho universal.

Já a cultura popular é aquela que reflete o conhecimento não oficial,

estabelecido nas ruas e no senso comum do povo, está ligada à

ideia da espontaneidade, do simplismo e do informalismo.

A distinção entre a cultura erudita e a cultura popular reside nas

formas de produção e consumo. A cultura erudita é uma cultura

Page 120: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

119

instituída, oficial, enquanto a cultura popular, muitas vezes, é

marcada pelo aspecto da ―não institucionalidade‖. Entretanto,

mesmo existindo essa divisão rígida, a cultura erudita e a cultura

popular podem facilmente se misturar na realidade dos

comportamentos culturais.

3.4 Cultura e industria cultural

É importante situar a origem da expressão indústria cultural e o

período em que ela é formulada para compreender o contexto do

debate e compará-lo com as profundas modificações que ocorrem

hoje. Afinal, em que contexto pode-se falar em industria cultural? O

conceito está superado ou pode nos ajudar a compreender

processos culturais do inicio do século XXI?

A indústria cultural é fruto da sociedade industrializada, no período

de consolidação de uma economia baseada no consumo de bens.

Produtos culturais em série- revistas, jornais, discos, filmes, livros,

etc. – produzidos para o consumo em massa, são característicos

desse tipo de indústria. Mas sua implantação e desenvolvimento

não se fazem de modo linear, há uma série de transformações e

processos sociais que a tornam possível: em meados do século XV

aconteceu a invenção dos tipos móveis de imprensa, por Gutenberg.

Ainda que com essa descoberta fosse possível reproduzir textos de

modo mais rápido e em maior quantidade, ainda não havia um

grande público de pessoas com acesso à leitura que possibilitasse

essa produção.

A dupla revolução, característica do surgimento do capitalismo, só

aconteceu mais tarde, no século XVIII: a revolução Industrial na

Inglaterra e a Revolução Francesa. Novas descobertas durante a

chamada era da eletricidade, no século XIX, com as grandes

inovações tecnológicas trazidas pela prensa a vapor e mecânica,

bem como a expansão das estradas de ferro, trouxeram marcantes

transformações.

Ao pensar no exemplo dos chamados romances populares, essa

relação entre estrada de ferro, prensa a vapor e públicos fará mais

sentido: imagine os trens lotados de pessoas e uma literatura

popular pensada para eles como entretenimento durante as viagens.

Era a railway literature que florescia na Inglaterra nessa época. Na

França, enquanto isso, com um índice de alfabetização da

população em torno de 90% em 1890, as inovações tecnológicas

atingiram a esfera da produção cultural, e o romance-folhetim

tornou-se febre do momento em todos os grandes jornais. O

romance-folhetim é considerado precursor da telenovela.

3.5. Cultura de massa e industria cultural

Com o advento do capitalismo em sua fase industrial, a cultura de

uma sociedade passa a ter uma terceira dimensão: a cultura de

massa. É importante salientar que a cultura de massa não pode ser

confundida com a cultura popular. Enquanto esta é a expressão de

resistência das camadas mais populares diante do domínio da

cultura erudita, a cultura de massa é típica das sociedades que

passaram por uma mercantilização da produção cultural. Em outras

palavras, toda expressão simbólica ou material (a moda, por

exemplo) produzida para o mercado consumidor é cultura de massa.

A cultura de massa é uma conjunção da cultura elitizada e da

cultura do povo, conjunção essa que está orientada para a produção

de uma expressão cultural que possa ser consumida na sua

totalidade tanto pelo povo quanto pela elite.

A cultura de massa é aquilo que também podemos chamar de

indústria cultural. Esse conceito foi cunhado pelos pensadores

alemães e integrantes do instituto de pesquisa social que ficaria

conhecido internacionalmente como Escola de Frankfurt, Theodor

Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) e usado pela

primeira vez em 1947 na obra Dialética do Conhecimento Nele,

afirmavam que o conceito de industria cultural permitia explicar o

fenômeno da exploração comercial e a vulgarização da cultura,

como também a ideologia dominação.

A preocupação básica era com a emergência de empresas

interessadas na produção em massa de bens culturais, como

qualquer mercadoria ( roupas, automóveis, perfumes, etc.), visando

exclusivamente ao consumo, tendo como fundamentos a

lucratividade e a adesão incondicional ao sistema dominante.

Adorno e Horkheimer apontaram a possibilidade de

homogeneização das pessoas, grupos e classes sociais; esse

processo atingiria todas as classes, que seriam seduzidas pela

indústria cultural, pois esta coloca a felicidade imediatamente nas

mãos dos consumidores mediante a compra de alguma mercadoria

ou produto cultural. Cria-se assim uma subjetividade uniforme e, por

isso, massificada.

Tanto nos sucessos musicais quanto nos filmes, a vida parece dizer

que tem sempre as mesmas tonalidades e que devemos nos

habituar a seguir os compassos previamente marcados. Dessa

forma, sentimo-nos integrados numa sociedade imaginária e sem

desigualdades.

A diversão, nesse sentido, é sempre alienante. A legitimidade do

tempo livre como instrumento que propicia a desmobilização da

capacidade emancipadora do ser humano encontra uma das suas

manifestações no âmbito dos meios de comunicação de massa, pois

são estes que despejam na coletividade social os gêneros

produzidos pela sociedade de consumo através de um formato

padronizado, de fácil assimilação

Contudo, várias críticas foram feitas às idéias formuladas por

Adorno e Horkheimer de que a indústria cultural estaria destruindo a

capacidade humana de discernimento. Uma delas foi elaborada por

Walter Benjamin (1886-1940), ao afirmar que a indústria cultural

poderia ajudar a desenvolver o conhecimento, pois levaria a arte e

a cultura a um número maior de pessoas. Ele declarava que,

anteriormente, as obras de arte estavam a serviço de uma classe

privilegiada.

Com as novas técnicas de reprodução – como a fotografia e o

cinema -, essas obras poderiam ser difundidas entre outras classes

sociais, contribuindo para a emancipação da arte de seu papel

ritualístico. Em sua análise, contudo, Benjamin não perdia a

consciência de que o capitalismo utilizava as novas técnicas a seu

favor.

Que a ideologia dominante está presente em todos os produtos da

indústria cultural é evidente, mas não se pode dizer que exista uma

manipulação cultural integral e avassaladora, pois isso significa

declarar que os indivíduos não pensam e apenas absorvem e

reproduzem automaticamente o que recebem. É verdade que muitos

indivíduos tendem a reproduzir o que vêem na televisão ou lêem

nas revistas, mas a maioria seleciona o que recebe, filtra e

reelabora a informação; além disso, nem todos recebem as mesmas

informações.

Pesquisando a ação da indústria cultural, percebe-se que os

indivíduos não aceitam pacificamente tudo o que lhes é imposto.

Page 121: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

120

Exemplo disso é a dificuldade que essa indústria tem de convencer

as pessoas, evidenciada pela necessidade de inventar e reinventar

constantemente campanhas publicitárias.

Numa perspectiva de enfrentamento ou de resistência pode-se

pensar na possibilidade de haver um processo de contra-

hegemonia, mesmo que pequeno, que ocorre dentro e fora da

indústria cultural. Nas empresas há profissionais que desenvolvem

suas atividades nos meios de comunicação e que procuram

apresentar críticas ao que se faz na indústria cultural.

Fora das empresas, há intelectuais que procuram criar canais

alternativos de informação sobre o que acontece no mundo,

desenvolvendo produções culturais não massificadas ou manter

canais de informação e crítica constantes em sites e blogs na

internet. Como também os movimentos culturais de milhares de

pequenos grupos no mundo que desenvolvem produções culturais

específicas de seus povos e grupos de origem.

3.6. As manifestações da indústria cultural

Podemos apontar como principais fontes de propagação da indústria

cultural o rádio, a televisão, o cinema, as revistas e a indústria

fonográfica e a internet. É claro que nem todos esses meios de

comunicação estão a serviço do capital, pois existem excelentes

produções cinematográficas que escapam à simples finalidade do

lucro, assim como há canais de televisão e programas em que os

fins são a informação e o entretenimento desvinculados da cultura

fabricada. Pode-se citar ainda as rádios comunitárias atuais, que,

em geral, primam pela divulgação da cultura da própria comunidade.

Entretanto, pensemos nas telenovelas brasileiras e em boa parte do

cinema ―hollywoodiano‖ como expressões dos meios de

comunicação a serviço do capital, pois são concebidos enquanto

objetos de consumo. A finalidade desses produtos não é

necessariamente contar uma história verdadeira que possa ampliar

o conhecimento das pessoas acerca dos fatos, mas, pelo contrário,

é buscar transformar certas realidades em puro entretenimento

vazio de conteúdo. Dessa forma, o discurso agradável e fácil de ser

assimilado aliena o ouvinte e o transforma em mero consumidor

daquele produto e da publicidade contida nele.

Dessa forma, a ideologia neoliberal afirma que ser moderno é ser

um consumidor em potencial. O ponto de vista sociológico identifica

que este fato atinge um universo social permeado por um

materialismo desenfreado que tem levado à perda de valores, de

identidades e à desagregação social. A expansão desta cultura de

consumo e sua manutenção são garantidas pela mídia,

principalmente na publicidade: o mais notável meio de comunicação

de massa de nossa época.

QUESTÕES

01. (COC/SP) O Estado moderno iniciado com o absolutismo, na

medida em que impulsionou o domínio da razão, da ciência e da

técnica, foi essencial para o desenvolvimento da sociedade

capitalista, pois: possibilitou a substituição do domínio teológico por

A) Uma relação de não-dominação.

B) Não favoreceu o entendimento das religiões do mundo feudal.

C) Estabeleceu o fundamento necessário para justificar o processo

de acumulação capitalista.

D) Impediu que as classes sociais utilizassem o fundamento

científico em defesa de seus interesses.

E) Foi o único modo encontrado pelo Estado de não incorporar uma

administração racional.

02. (COC/SP) Não é fundamento do Estado Nacional Democrático:

A) A divisão dos três poderes.

B) O parlamentarismo.

C) A soberania popular.

D) Direito à insurreição.

E) O absolutismo.

03. (ENEM- 2012) Uma mesma empresa pode ter sua sede

administrativa onde os impostos são menores, as unidades de

produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os

juros são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade

de vida é mais elevada.

SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha

russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).

No texto estão apresentadas estratégias empresariais no contexto

da globalização. Uma conseqüência social derivada dessas

estratégias tem sido

A) O crescimento da carga tributária.

B) O aumento da mobilidade ocupacional.

C) A redução da competitividade entre as empresas.

D) O direcionamento das vendas para os mercados regionais.

E) A ampliação do poder de planejamento dos Estados nacionais.

04. (ENEM- 2011) As migrações transnacionais, intensificadas e

generalizadas nas últimas décadas do século XX, expressam

aspectos particularmente importantes da problemática racial, visto

como dilema também mundial. Deslocam-se indivíduos, famílias e

coletividades para lugares próximos e distantes, envolvendo

mudanças mais ou menos drásticas nas condições de vida e

trabalho, em padrões e valores socioculturais. Deslocam-se para

sociedades semelhantes ou radicalmente distintas, algumas vezes

compreendendo culturas ou mesmo civilizações totalmente diversas.

IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1996.

A mobilidade populacional da segunda metade do século XX teve

um papel importante na formação social e econômica de diversos

estados nacionais.

Uma razão para os movimentos migratórios nas últimas décadas e

uma política migratória atual dos países desenvolvidos são

A) A busca de oportunidades de trabalho e o aumento de barreiras

contra a imigração.

B) A necessidade de qualificação profissional e a abertura das

fronteiras para os imigrantes.

C) O desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acautelamento

dos bens dos imigrantes.

D) A expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos imigrantes

qualificados.

E) A fuga decorrente de conflitos políticos e o fortalecimento de

políticas sociais.

05. (ENEM-2012)

Texto I

Ao se emanciparem da tutela senhorial, muitos camponeses foram

desligados legalmente da antiga terra. Deveriam pagar, para adquirir

propriedade ou arrendamento. Por não possuírem recursos,

engrossaram a camada cada vez maior de jornaleiros e

trabalhadores volantes, outros, mesmo tendo propriedade sobre um

pequeno lote, suplementavam sua existência com o assalariamento

esporádico.

Page 122: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

121

MACHADO, P. P. Politica e colonização no Império. Porto Alegre:

EdUFRGS, 1999 (adaptado).

Texto II

Com a globalização da economia, ampliou-se a hegemonia do

modelo de desenvolvimento agropecuário, com seus padrões

tecnológicos, caracterizando o agronegócio. Essa nova face da

agricultura capitalista também mudou a forma de controle e

exploração da terra. Ampliou-se, assim, a ocupação de áreas

agricultáveis e as fronteiras agrícolas se estenderam.

SADER, E.; JINKINGS, I. Enciclopedia Contemporanea da America

Latina e do Caribe. São Paulo: Boitempo, 2006 (adaptado).

Os textos demonstram que, tanto na Europa do século XIX quanto

no contexto latino-americano do século XXI, as alterações

tecnológicas vivenciadas no campo interferem na vida das

populações locais, pois

A) Induzem os jovens ao estudo nas grandes cidades, causando o

êxodo rural, uma vez que formados, não retornam à sua região

de origem.

B) Impulsionam as populações locais a buscar linhas de

financiamento estatal com o objetivo de ampliar a agricultura

familiar, garantindo sua fixação no campo.

C) Ampliam o protagonismo do Estado, possibilitando a grupos

econômicos ruralistas produzir e impor políticas agrícolas,

ampliando o controle que tinham dos mercados.

D) Aumentam a produção e a produtividade de determina - das

culturais em função da intensificação da mecanização, do uso

de agrotóxicos e cultivo de plantas transgênicas.

E) Desorganizam o modo tradicional de vida impelindo-as à busca

por melhores condições no espaço urbano ou em outros países

em situações muitas vezes precárias.

06. (ENEM- 2004) Um certo carro esporte é desenhado na

Califórnia, financiado por Tóquio, o protótipo criado em Worthing

(Inglaterra) e amontagem é feita nos EUA e México, com

componentes eletrônicos inventados em Nova Jérsei (EUA),

fabricados no Japão. (…). Já a indústria de confecção norte-

americana, quando inscreve em seus produtos ‘made in USA’,

esquece de mencionar que eles foram produzidos no México, Caribe

ou Filipinas.

(Renato Ortiz, Mundialização e Cultura)

O texto ilustra como em certos países produz-se tanto um carro

esporte caro e sofisticado, quanto roupas que nem sequer levam

uma etiqueta identificando o país produtor. De fato, tais roupas

costumam ser feitas em fábricas – chamadas ―maquiladoras‖ –

situadas em zonas-francas, onde os trabalhadores nem sempre têm

direitos trabalhistas garantidos.

A produção nessas condições indicaria um processo de

globalização que

A) Fortalece os Estados Nacionais e diminui as disparidades

econômicas entre eles pela aproximação entre um centro rico e

uma periferia pobre.

B) Garante a soberania dos Estados Nacionais por meio da

identificação da origem de produção dos bens e mercadorias.

C) Fortalece igualmente os Estados Nacionais por meio da

circulação de bens e capitais e do intercâmbio de tecnologia.

D) Compensa as disparidades econômicas pela socialização de

novas tecnologias e pela circulação globalizada da mão-de-

obra.

E) Reafirma as diferenças entre um centro rico e uma periferia

pobre, tanto dentro como fora das fronteiras dos Estados

Nacionais.

07. (ENEM-1998) Você está fazendo uma pesquisa sobre a

globalização e lê a seguinte passagem, em um livro:

A SOCIEDADE GLOBAL

As pessoas se alimentam, se vestem, moram, se comunicam, se

divertem, por meio de bens e serviços mundiais, utilizando

mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial, globalizado.

Suponhamos que você vá com seus amigos comer Big Mac e tomar

Coca-Cola no Mc Donald’s. Em seguida, assiste a um filme de

Steven Spielberg e volta para casa num ônibus de marca Mercedes.

Ao chegar em casa, liga seu aparelho de TV Philips para ver o

videoclip de Michael Jackson e, em seguida, deve ouvir um CD do

grupo Simply Red, gravado pela BMG Ariola Discos em seu

equipamento AIWA. Veja quantas empresas transnacionais

estiveram presentes nesse seu curto programa de algumas horas.

Adap.Praxedes et alli, 1997. O MERCOSUL. SP, Ed. Ática, 1997.

Com base no texto e em seus conhecimentos de Geografia e

História, marque a resposta correta.

A) O capitalismo globalizado está eliminando as particularidades

culturais dos povos da terra.

B) A cultura, transmitida por empresas transnacionais, tornou-se um

fenômeno criador das novas nações.

C) A globalização do capitalismo neutralizou o surgimento de

movimentos nacionalistas de forte cunho cultural e divisionista.

D) O capitalismo globalizado atinge apenas a Europa e a América

do Norte.

E) Empresas transnacionais pertencem a países de uma mesma

cultura.

08. A leitura do texto ajuda você a compreender que:

I. A globalização é um processo ideal para garantir o acesso a bens

e serviços para toda a população.

II. A globalização é um fenômeno econômico e, ao mesmo tempo,

cultural.

III. A globalização favorece a manutenção da diversidade de

costumes.

IV. Filmes, programas de TV e música são mercadorias como

quaisquer outras.

V. As sedes das empresas transnacionais mencionadas são os

EUA, Europa Ocidental e Japão.

Destas afirmativas estão corretas:

A) I, II e IV, apenas.

B) II,IV e V, apenas.

C) II, III e IV, apenas.

D) I, III e IV, apenas.

E) III, IV e V, apenas.

09. (COC – SP) A globalização caracteriza-se por conter

A) Tecnologia precária.

B) Terceirização.

C) Agricultura como principal setor econômico

D) Valorização da religião.

E) Ausência de grandes investimentos.

10. (COC/SP) Podemos afirmar que a globalização teve início a

partir:

A) Da expansão marítimo-comercial.

Page 123: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

122

B) Da expansão muçulmana.

C) Da Primeira Guerra Mundial.

D) Da Segunda Guerra.

E) Da Crise de 1929.

11. (COC/SP) A globalização é um processo antigo que teve início

com o desenvolvimento capitalista e sua expansão ultra-marina.

Dentre as proposições a seguir, assinale a alternativa que expressa

esse processo nas suas configurações atuais.

A) Homogeneização dos mercados, tecnologias informacionais e

estatização.

B) Exportação de mercadorias, competição global e economia

planificada.

C) Tecnologias informacionais, competições e monopólios públicos.

D) Competição, colaboração entre Estados imperiais e

tecnologias informacionais.

E) Competição global, isolamento dos mercados regionais e fundo

público.

12. (UEL-PR) ―Enunciado de maneira menos formal, etnocentrismo

é o hábito de cada grupo de tomar como certa a superioridade de

sua cultura‖.

―Todas as sociedades conhecidas são etnocêntricas‖.

―A maioria dos grupos, senão todos, dentro de uma sociedade,

também é etnocêntrica‖.

―Embora o etnocentrismo seja parcialmente uma questão de hábito,

é também um produto de cultivo deliberado e incons- ciente. A tal

ponto somos treinados para sermos etnocêntricos que dificilmente

qualquer pessoa consegue deixar de sê-lo‖.

HORTON, P. B. & HUNT, C. L. Sociologia. Tradução de Auriphebo

Berrance Simões. São Paulo: MCGraw-Hill do Brasil, 1982. p. 46-47.

Com base nessas informações e nos seus conhecimentos sobre o

tema, considera-se etnocêntrica a seguinte alternativa:

A) O crescimento do PIB argentino tem sido muito superior ao do

brasileiro nos últimos quatro anos.

B) A raça ariana é superior.

C) A produtividade da mão de obra haitiana é inferior à da chilena.

D) Não gosto de música sertaneja.

E) Acredito em minha religião.

13. (UFPA) Em 20 de abril de 1997, alguns rapazes em Brasília

atearam fogo no índio pataxó Galdino Jesus dos Santos enquanto

este dormia. Isso pode ser uma demonstração de que indivíduos ou

grupos pertencentes a sociedades diferentes, ou a grupos

diferentes, em uma mesma sociedade, em situação de contato,

praticam atos negativos e até bárbaros, evidenciando relação de

alteridade, que se classifica como:

A) Etnocentrismo. B) Nacionalismo. C) Nativismo.

D) Evolucionismo. E) Relativismo.

14. (UEL-PR) Leia o texto.

Kino ouviu a leve batida das ondas da manhã na praia. Como era

bom... Tornou a fechar os olhos para escutar a música dentro dele.

Talvez só ele fizesse isso, talvez todos os homens da sua raça

também fizessem. Tinham sido em outros tempos grandes

fazedores de cantigas, de modo que tudo o que viam, pensavam,

faziam ou ouviam virava cantiga. Era assim havia muito, muito

tempo. As cantigas haviam ficado e Kino as conhecia, mas não

havia cantigas novas. Não era que não houvesse cantigas pessoais.

Naquele momento mesmo, havia na cabeça de Kino uma cantiga

clara e terna e, se ele pudesse dar voz aos seus pensamentos, iria

chamar-lhe a cantiga da família. STEINBECK, J. A pérola. São

Paulo: Círculo do Livro, p. 8.

De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.

A) A cultura se mantém pela tradição, contudo ela pode ser

continuamente recriada com a finalidade de exprimir as novas

realidades vividas por indivíduos e grupos sociais.

B) A cultura herdada torna-se desnecessária à medida que os anos

passam, sendo, portanto, salutar que os homens do presente

esqueçam seus antepassados.

C) A música é ponto de partida da formação de um povo, pois é a

partir do momento em que os homens compõem e transmitem

sonoramente suas ideias que passam a ter cultura.

D) São indivíduos isolados cujos valores se desenvolvem com

independência em relação à base material que têm diante de si

que constituem o ponto de partida para a formação da cultura de

um determinado povo.

E) Certas raças não conseguem se desenvolver culturalmente,

razão pela qual se limitam a exprimir sua história pela música

em vez de o fazerem pela linguagem.

15. (UFU-MG) Leia e interprete o texto abaixo, bem como as

afirmações apresentadas.

A Indústria cultural e os meios de comunicação de massa

penetram em todas as esferas da vida social, no meio urbano ou

rural, na vida profissional, nas atividades religiosas, no lazer, na

educação, na participação política. Tais meios de comunicação não

só transmitem informações, não só apregoam mensagens. Eles

também difundem maneiras de se comportar, propõem estilos de

vida, modos de organizar a vida cotidiana, de arrumar a casa, de se

vestir, maneiras de falar e de escrever, de sonhar, de sofrer, de

pensar, de lutar, de amar.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense,

1983. p. 69.

I - A indústria cultural define-se por uma forma específica de

produção simbólica. Essa produção é caracterizada por.

grandes inversões de capital em meios de produção

tecnicamente sofisticados, por trabalhadores especializados, por

oferta de bens e serviços diversificados, representando parte da

produção cultural dominante nas sociedades atuais.

II - A indústria cultural define-se por aprisionar os sujeitos sociais

dominantes da produção cultural nas sociedades

contemporâneas. É responsável pelo aparecimento do homem

unidimensional e das massas alienadas, que não têm qualquer

identidade cultural, por realizarem-se, unicamente, na sociedade

de consumo.

III - A indústria cultural e os meios de comunicação de massa são

poderosos, pois controlam, de forma absoluta, todos os

conteúdos das mensagens que emitem, padronizam

definitivamente os sistemas simbólicos de todos os sujeitos

sociais, homogeneizando e unificando a cultura global.

IV- A indústria cultural e os meios de comunicação de massa são

parte e propriedade autônoma do poder de Estado. São

instrumentos de dominação carismática, individual e irracional

para controlar os conflitos sociais, sendo impossível pensar

seus produtos como parte da arte e da cultura das sociedades

atuais.

Marque a alternativa correta que apresenta a(s) afirmação(ões)

teoricamente adequada(s) ao sentido do texto

Page 124: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

123

A) I e IV são adequadas.

B) Apenas II é adequada.

C) I e II são adequadas.

D) Apenas I é adequada

16. (UFU-MG) A respeito da produção cultural moderna, considere

as formulações de Renato Ortiz. [...] o processo de autonomização

das artes é contemporâneo ao florescimento de uma cultura de

mercado. [...]. A burguesia permite, para usarmos uma imagem de

Adorno, que a arte se consolide como um locus de liberdade, mas

em contraposição à própria lógica de mercado que funda a

sociedade capitalista. [...] historicamente, pela primeira vez,

exprimem-se os conflitos entre cultura erudita e cultura popular de

mercado.

ORTIZ, Renato. Cultura e modernidade. São Paulo: Brasiliense, 1991. p.

66.

Considerando a interpretação clássica da Escola de Frankfurt a

respeito da cultura de massa, marque a alternativa correta.

A) O aprofundamento da reprodutibilidade técnica da obra de arte

aumentou o acesso da cultura erudita a setores mais amplos

das sociedades modernas, auxiliando-os em uma crescente

ilustração.

B) A transição da fase concorrencial para a fase monopolista do

capitalismo fez-se acompanhar pela industrialização e crescente

mercantilização da produção e do consumo culturais.

C) A industrialização da produção cultural contribuiu de maneira

inédita para a manutenção da aura da obra de arte, ao restringir

seu acesso e consumo a poucos setores da população.

D) A intensificação da produção artística e a simultânea ampliação

de seu público consumidor, alavancadas pela mercantilização

da cultura, contribuíram para a emancipação política de amplos

setores das sociedades modernas.

17. (COC – SP) Qual das alternativas abaixo contempla um produto

da indústria cultural brasileira?

A) Telenovela B) Ópera C) Teatro

D) Dança E) Museu

18. (UFU-MG) O bem simbólico sofre, da mesma forma que os bens

materiais, o resultado das transformações do capitalismo. A

indústria cultural estrutura-se para se realizar em série, fazendo com

que os produtos culturais virem mercadorias, conforme afirmação de

Adorno e Horkheimer.

Nesse sentido, pensando nos processos de produção e criação da

indústria cultural, podemos afirmar que:

A) A indústria cultural é responsável pela homogeneização e pela

massificação cultural, pois implica sua recepção homogênea pelos

distintos segmentos sociais.

B) A criação não está subordinada à produção como condição para

o seu funcionamento.

C) O produto da indústria cultural é hegemônico e recebido com

passividade.

D) O produto cultural não é elaborado por determinação do livre-

arbítrio dos produtores, todavia mantém relações de significação

com os receptores, sendo uma reordenação de signos presentes na

cultura popular ou na erudita.

19. (UFU-MG/Adaptada) ―No recente episódio de atentados

terroristas às cidades de Nova York e Washington, nos EUA, os

veículos da imprensa brasileira fizeram ampla cobertura através de

matérias oriundas de agências internacionais de notícias e de seus

correspondentes externos. Se tomarmos as características de

produção seriada, próprias dos produtos da indústria cultural,

podemos elaborar algumas proposições de ordem sociológica para

investigação da abordagem do episódio pelos agentes da mídia.‖

Considerando a leitura do texto acima, analise as proposições

abaixo e, em seguida, marque a alternativa correta.

A) As diversas fontes noticiosas nacionais e internacionais refletem

também a presença de sujeitos, ações e interesses políticos

diversos e, por isso, os conteúdos veiculados na imprensa

oferecem opções para desvendar e apresentar os fatos segundo

versões e opiniões diversas, apesar das características

dominantes da indústria cultural.

B) Diante da gravidade que o episódio pode ter para o contexto das

relações internacionais, a imprensa buscou fontes noticiosas

diversas em todas as nações e sujeitos sociais envolvidos,

evitando a repetição e a espetacularização do episódio, bem

como a formação de opiniões e tomada de posições políticas

divergentes.

C) Mesmo diante da profusão de fontes noticiosas sobre o episódio,

certas tendências homogeneizadoras da indústria cultural

prevaleceram, diferentemente do que ocorreu na Europa, em

função dos interesses ligados ao mercado comum europeu.

D) As alternativas anteriores não são passíveis de formulação para

investigação sociológica, uma vez que a imprensa é um

fenômeno muito complexo da indústria cultural e os conteúdos

que essa imprensa veicula devem ser objetos de estudo apenas

da Ciência Política, cujos métodos são mais eficazes na

abordagem desse tema.

20. (COC – SP) O etnocentrismo pode ser definido como uma

―atitude emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar

sociedades culturalmente diversas com critérios fornecidos pela

própria cultura. Assim, compreende-se a tendência para

menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou

divergem dos da cultura do observador que exterioriza a atitude

etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, pre- conceito de

classe ou de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de

etnocentrismo.

WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo,

1970. p. 125.

Com base no texto e nos seus conhecimentos de sociologia,

assinale a alternativa cujo discurso revela uma atitude etnocêntrica.

A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à

A) presença, em sua formação, de etnias de tipo incivilizado.

B) Os povos indígenas possuem um acúmulo de saberes que

podem influenciar as formas de conhecimentos ocidentais.

C) Os critérios de julgamento das culturas diferentes devem primar

pela tolerância e pela compreensão dos valores, da lógica e da

dinâmica própria a cada uma delas.

D) As culturas podem conviver de forma democrática, dada

inexistência de relações de superioridade e inferioridade entre

elas.

E) O encontro entre diferentes culturas propicia a humanização das

relações sociais, a partir do aprendizado sobre as diferentes

visões de mundo.

Page 125: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

124

21. (UFPA) Pode-se dizer que as diferenças culturais existentes na

humanidade são explicadas e compreendidas, entre outros fatores,

por meio de seus processos de socialização. A escola é um

importante espaço desse processo porque:

A) Proporciona a educação formal, que é um instrumental relevante

na manutenção das realidades socioculturais, uma vez que

apenas os membros mais velhos de uma dada sociedade

determinam o modo se ser, agir e pensar das novas gerações.

B) É possível perceber, no universo da sala de aula, o cará ter

formal e informal da educação, pois alunos e professores trazem

consigo uma bagagem cultural que se manifesta

espontaneamente e em situações diversas.

C) Transmite modelos sociais de comportamento homogêneo, uma

vez que as diferenças sociais e culturais entre as pessoas

garantem o dinamismo neste processo educativo.

D) Busca ampliar ações afirmativas por meio do diálogo com outras

identidades, ou seja, o interculturalismo, baseando-se na

eliminação das diferenças socioculturais e reforçando conflitos e

disputas pela manutenção ou ampliação de poder.

E) Aprender e ensinar aspectos culturais são processos que se

manifestam em momentos e lugares específicos da educação

formal, como é o caso do que se processa nas escolas e

universidades.

22. (UFU-MG) Sobre o etnocentrismo, considere as assertivas

abaixo.

I - É um dos fenômenos que dá origem e sustentação aos

preconceitos. Trata-se de uma atitude cultural condicionada,

baseada em fundamentos psicológicos sólidos e profundos de

rejeição ao ―outro‖, culturalmente diverso.

II - Consiste em repudiar as manifestações culturais (religiosas,

morais, estéticas, sociais e outras) que mais se afastam

daquelas com as quais nos identificamos. Daí, a tendência que

nos leva a menosprezar condutas culturalmente diversas das

nossas.

III - Consiste em um fenômeno praticamente universal, pois é

possível perceber atitudes etnocêntricas em todas as

sociedades, à medida que cada uma tem, em sua cultura

particular, valores próprios que induzem à rejeição de valores

diferentes.

IV - É um fenômeno histórico muito particular das sociedades

ocidentais, que só se desenvolveu no período do colonialismo,

quando os europeus tiveram contato com africanos, sociedades

indígenas da América e aborígines australianos.

Marque a alternativa correta.

A) I, II e IV são corretas.

B) I, II e III são corretas

C) II, III e IV são corretas.

D) III e IV são corretas.

23. (ENEM) O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes

construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se

torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na

periferia dos bairros pobres de Nova York. É formado por três

elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança

(o break). No hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como

uma forma de resistência política.

Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no

Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos excluídos,

sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das

periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil, onde

se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa

que o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências locais. O

movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break

parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas.

Adaptado de Ciência e Cultura, 2004

De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística

tipicamente urbana, que tem como principais características:

A) Ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista.

B) A alienação política e a preocupação com o conflito de gerações.

C) A afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de

linguagens.

D) A integração de diferentes classes sociais e a exaltação do

progresso.

E) A valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-

americanos.

24. (COC/SP) Relaciona(m)-se à cultura popular

A) Música clássica. C) Quadros de pintores renascentistas.

B) Folclore. D) Estudos arquitetônicos.

25. (UEMA) (...) Ao banquete pantagruélico de mensagens e

informações que nos é oferecido e empurrado a cada instante

corresponde a nossa formidável gula faustiana. Nada, ao que

parece, sacia. A multiplicação dos meios e estímulos que nos

acossam corresponde a nossa espantosa insaciabilidade e a

incontinência do nosso desejo por mais (...).

Há um trade off entre quantidade e qualidade, entre rapidez e

aprofundamento [da informação]. O que nos falta mesmo é o

aprendizado e o autocontrole necessário para seguir uma dieta

informacional equilibrada. Abrir e explorar, mas também saber

fechar de forma seletiva e inteligente.

GIANNETTI, Eduardo. Obesos de informação, famintos de sentido.

In: Folha de S. Paulo, São Paulo, 8 out. 1998. Ilustrada, p. 4-7.

Com base no texto, podemos afirmar que o processo de informação

na sociedade contemporânea é marcado por:

A) Indústria cultural D) Comunicação de massa

B) Cultura de massa E) Homogeneização cultural

C) Sociedade de consumo

Page 126: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega

405

GABARITO

PORTUGUÊS

Frases, Orações, Períodos

01 C 02 C 03 C

04 D 05 E 06 E

07 C 08 C 09 E

10 A 11 D 12 E

13 A 14 C 15 C

16 D 17 A 18 B

19 B 20 D

Orações Coordenadas e Subordinadas

01 E 02 D 03 C

04 D 05 A 06 C

07 E 08 C 09 C

10 D

Concordância

01 C 02 A 03 C

04 B 05 D 06 B

07 A 08 C 09 C

10 A 11 B 12 A

13 A 14 C 15 A

16 B 17 C 18 A

19 C 20 D 21 A

22 D 23 B 24 B

25 E 26 C 27 A

28 B 29 E 30 C

31 D 32 B 33 D

34 E 35 C 36 A

37 C 38 D 39 A

Regência

01 A 02 D 03 D

04 C 05 D 06 A

07 C 08 E 09 E

10 D 11 E 12 D

13 A 14 A

Crase

01 B 02 A 03 A

04 E 05 D 06 D

07 C 08 B 09 B

10 C

Função do QUE e do SE

01 D 02 B 03 D

04 A 05 06 A

07 C 08 C 09 A

10 C

Conjunções

01 C 02 E 03 E

04 C 05 D 06 B

07 B 08 C 09 C

Pontuação

01 A 02 C 03 E

04 C 05 E 06

07 E 08 C 09 D

10 E 11 B

Crase

01 E 02 D 03 B

04 A 05 B 06 E

07 E 08 E 09 D

10 C 11 C 12 B

13 A 14 E 15 B

16 A

LITERATURA

Pré-Modernismo

01 E 02 D 03 D

04 C 05 A 06 A

07 E

Vanguardas

01 C 02 D 03 D

04 A 05 C 06 B

Modernismo Brasileiro

01 A 02 D 03 D

04 D 05 E 06 A

07 A 08 C 09 B

Modernismo de 30 – Poesias

01 C 02 A 03 C

04 D 05 E 06 A

07 C

Modernismo – Regionalismo

01 A 02 D 03 E

04 C 05 E 06 D

07 A 08 D 09 B

10 E 11 A

Modernismo de 45 – 3ª Geração Modernista

01 A 02 C 03 A

04 C 05 A 06 E

Prosa Modernista de 45 – Prosa

01 D 02 B 03 D

04 B 05 E 06 C

Tendências Contemporâneas

01 A 02 E 03 A

04 D 05 b 06 A

07 A 08 A 09 D

10 D 11 E

REDAÇÃO

01 A 02 03 B

04 E 05 D 06 A

07 D 08 E 09 A

10 C 11 E 12 A

13 D 14 D 15 D

16 A 17 B 18 D

19 A 20 D 21 D

22 A 23 C 24 D

25 A 26 B 27 A

28 E 29 B 30 E

31 E 32 B 33 E

34 A 35 C 36 C

37 B 38 E 39 B

40 E 41 A 42 C

43 E 44 B 45 D

MATEMÁTICA

Análise combinatória

01. a) 15 01. b) 72

02. a) n 02. b) n+2 02. –n

03. a) x = 15 03. b) n ∊ 9,10

03. c) n ∊ 4 04 E

05 D 06 B

07. 657 720 08 45

09 1000 10 30 11 A

12 48

13. a) 84 13. b) 60 13. c) 40

14 D

De olho no ENEM 01

01 A 02 D 03 E

04 B 05 D 06 C

07 C 08 E 09 A

10 A 11 A 12 C

Probabilidade

01. a) 1/2 01. b) 1/2

01. c) 1/6 01. d) 1/3

01. e) 0 01. f) 1

02. a) 6/13 02. b) 4/13

02. c) 6/13 02. d) 5/13

02. e) 9/13 02. f) 4/13

02. g) 3/13

03 A 04 C 05 C

De olho no ENEM 02

01 B 02 D 03 D

04 D 05 D 06 D

07 E 08 D 09 E

10 B 11 A 12 D

Estatística

01 4 02 8

03. a) 40; 21 m e 19 h 03. b) 12

03. c) 3 03. d) 50%

04. a) 3 h e 36 min. 04. b) 30%

05 C 06 B 07 D

08 B 09 D 10 B

11 D 12 D

13. A: Dm = 1; B: Dm = 2,4. Logo, região A

14 V F V F

De olho no ENEM 03

01 D 02 B 03 C

04 A 05 D 06 A

07 C 08 D 09 C

10 B 11 A 12 D

13 B 14 A 15 D

16 D

Sistemas de Equações

01. a) 3x + 2y 01. b) x – y

01. c) 20 – 2x 01. d) 5y < 10

01. e) 7y > 2x

01. f) 4x + 2y = 15,20

03 4 e 5 04 29

De olho no ENEM 04

01 B 02 B 03 C

04 A

Geometria analítica

01 C 02 A 03 B

04 D 05 C 06 E

De olho no ENEM 05

01 B 02 D 03 E

04 D 05 B 06 C

07 A 08 B 09 C

Questões Enem

01 C 02 E 03 A

04 E 05 D 06 E

07 D 08 B

GEOGRAFIA

01 E 02 B 03 A

04 A 05 A 06 D

07 E 08 C 09 D

10 C 11 C 12 C

13 B 14 E 15 A

16 C 17 C 18 C

19 A 20 A 21 E

22 A 23 C 24 E

25 E 26 E 27 E

28 C 29 A 30 B

31 D 32 D 33 B

34 D 35 B 36 C

37 A 38 D 39 B

40 C 41 B 42 B

FÍSICA

Exercício 01

01 A

02. a) Aumentará 3 vezes (triplicará); b) Diminuirá (4 vezes menor);

03 D 04 D

Exercício 02

05. a) C = 1,5 .10 -10

F b) Q = 7,5 µC

Page 127: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega

406

06. R = 9. 10 9

m, considerando RT = 6,4.10

6 m R = 1,4 .10

3 .RT

07. EP = 6. 10 - 3

J

Exercício 03

08. a) CE = 1 µF; b) CE = 10 µF; c) CE = 3 µF; d) CE = 3,1 µF. 09. 1) a) Q1 = Q2 = Q3 = 24 µC; U1 = 6 V, U2 = 8 V, U3 = 6 V b) U = 20 V, c) CE = 1,2 µF d) 240 µJ 2) a) Q1 = 5. 10

-4 C, Q2 = 10

-3 C, Q3 =

2,5.10 -3

C, U1 = U2= U3 = 100 V. b) U = 100 V c) CE = 40 µF d) 0,2 J.

Exercício Eletrostática

01 D 02 B 03 B

04 D 05 E 06 D

07. a) A ; b) A; c) A; d) Ec = 0.

08 D 09 A

Exercícios Eletrodinâmica

01. a) RE = 38Ω; b) RE = 10 Ω; c) RE = 5Ω; d) RE = 12Ω; 02. RE = 3,5Ω;

03 D

04. E = 12 V; r = 1,2 Ω;

05. i = 4 A

06 C

07. a) i = 2,5A; b) U = 10V, c) U = 20V;

08. i = 2,5A;

09 C

10. Uae= 2,5 V;

11 C

Exercícios Eletromagnetismo

01. a) Perpendicular ao plano da circunferência. b) A força magnética que atua sobre a partícula é perpendicular ao vetor velocidade e não altera o módulo do mesmo. 02 D 03 D 04 D

05 E 06 0 07 D

08 B 09 E 10 B

Ondas Eletromagnéticas

01 E 02 C 03 D

04 A 05 D 06 D

Questões Enem

01 C 02 A 03 C

04 B 05 D 06 C

07 A 08 B 09 D

10 E 11 D 12 B

13 B

Questões de Vestibulares

01 D 02 D 03 B

04 D 05 B 06 D

07 A

BIOLOGIA

01 B 02 D 03 B

04 E 05 E 06 B

07 B 08 B 09 B

10 C 11 E 12 E

13 C 14 E 15 D

16 A 17 C 18 B

19 D 20 E 21 A

22 B 23 C 24 D

25 E 26 D 27 C

28 B 29 B 30 E

31 B 32 E 33 C

34 B 35 E 36 B

37 A 38 D 39 B

40 D 41 D 42 E

43 C 44 E 45 D

46 E 47 C 48 B

49 A 50 A 51 A

52 E 53 C 54 D

55 B 56 C 57 E

58 D 59 A 60 A

61. B

62. a) Nome: Corpo lúteo; Função: produzir progesterona.

62. b) Ovulação

62. c) Promover a irrigação do endométrio, possibilitando a nidação. 62. d) Sim, uma vez que não ocorreu descamação do endométrio.

63 D 64 A 65 E

66 E

67. a) Termo ecológico: Potencial biótico; Nome: resistência ambiental. 67. b) Número: 4 ou 4,5; Intervalo: entre 3 e 4 gerações.

67. c) 10

68 A 69 C 70 A

71 B 72 A 73 C

74 D 75 E 76 C

77 D 78 E 79 D

80 A 81 E 82 A

83 E 84 E 85 D

86 C 87 C 88 C

89 B 90 D 91 B

92 E 93 D 94 A

95 A 96 C 97 C

98 E 99 A 100 C

101 C 102 B 103 E

104 C 105 E 106 E

107 D 108 E 109 A

110 B 111 B 112 B

113 D 114 A 115 B

116 B 117 C

118. a) Genótipo: FaF

a; Fenótipo:

Serrilhado. 118. b) Número: 10; Probabilidade (%): 6,25%.

118. c) POLIALELIA (ou alelos múltiplos)

119. O alelo é recessivo, pois Alice tem o distúrbio e seus pais não. O gene é autossômico já que Carlos não tem o distúrbio, o que obrigatoriamente ocorreria se o gene estivesse no cromossomo X.

120 A 121 B 122 C

123 E 124 B 125 A

126 E 127 E 128 C

129 A 130 A 131 B

132 D 133 E 134 D

135 A 136 B 137 E

138 B 139 D 140 D

141. 1. Sim. Todos os filhos de um casal portador de surdez profunda terão audição de ambos os genitores apresentarem homozigose recessiva e dominante, em lócus diferentes. Um exemplo: ccDD x CCdd. 2. Considere o cruzamento: AaBb x AaBb. Cruzando Aa x Aa, temos: 1/4 AA; 1/2 Aa e 1/4 aa. Cruzando Bb x Bb, temos: 1/4 BB; 1/2 Bb e 1/4 bb. Probabilidade de sair descendentes AABB = 1/4 x 1/4 = 1/16. 142. 4/8 brancos; 3/8 amarelos; 1/8 verdes.

143. Sim. A segunda lei de Mendel fala da segregação independente, o que só ocorre quando se consideram locos em cromossomos diferentes.

144 B 145 E 146 E

147 B 148 D 149 D

150 E 151 A

152. a) Mutações e recombinações gênicas geram variabilidade, portanto existem insetos não resistente e resistentes. As toxinas agem selecionando os insetos resistentes e eliminando os não resistentes (seleção natural). 152. b) O D.D.T é um organoclorato pouco degradável, portanto apresenta efeito acumulativo. Pode ser aplicado no ambiente terrestre e, posteriormente, contaminar o ambiente aquático.

153 A 154 D 155 D

156 B 157 C

158. a) A possibilidade de não ocorrer à incorporação do gene relacionado à produção do hormônio ou provocar alterações genéticas indesejáveis nas células do fígado. 158. b) Maior grau de confiabilidade, supondo que o gene que será inserido nas células do fígado deve induzir a produção de insulina com maior eficiência. Células de outros indivíduos podem provocar rejeição e, neste caso, não apresentar a mesma eficiência na produção de insulina.

159 B 160 A 161 E

162 D 163 B 164 E

165 E 166 E 167 C

168 D 169 D 170 E

171 C 172 B 173 D

174 C

QUÍMICA

Hidrocarbonetos

01 A 02 D 03 D

04 B 05 D 06 B

07 B 08. E C E C

09 C 10 B 11 A

12 D 13 E 14 A

Funções Orgânicas

01 A 02 D 03 A

04 B 05 E 06 A

07 C 08 A 09 D

10 D 11 B 12 D

13 D 14 A 15 B

16 C 17 E 18 C

19 E

Reações Orgânicas

01 B 02 C 03 B

04 B 05 B 06 E

07 A 08 A 09 D

10 D 11 C 12 C

13 D 14 B

Polimeros

01 D 02 B 03 C

04 B

Isomeria

01 D 02 A 03 D

04 B 05 E 06 18

07 A 08 C 09 B

10 E 11 B 12 C

13 E

Energia

Page 128: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega

407

01 B 02 E 03 C

04 A 05 C 06 B

07 C 08 E 09 E

10 B 11 C 12 A

13 C 14 B 15 D

16 D 17 A 18 A

19 C 20 A 21 A

Lixo – Reciclagem

01 E 02 C 03 E

04 D 05 A 06 D

07 C 08 D 09 C

10 D

Questões Diversas

01 E 02 E 03 D

04 D 05 C 06 A

07 E 08 C 09 C

10 B 11 C

HISTÓRIA

01. Hoje, sabe-se que a epidemia surgiu em chiqueiros do Kansas, EUA e não na Espanha, como se imaginava. Provavelmente, os suínos norte-americanos comeram dejetos de aves (que quase sempre têm o vírus da gripe) e passaram o vírus para seus donos.

02 C 03 E 04 C

05 D

06. As associações e entidades de grupos eram instituições que atuavam junto a população, na tentativa de lutar por alguns de seus direitos básicos. Elas podiam ser culturais, recreativas, religiosas, políticas, educativas, beneficentes, sindicais ou de auxílio mútuo.

07 D 08 C 09 C

10 E 11 A

12. Segundo o autor, a ocupação africana era irresistível por causa da revolução tecnológica, que trazia a solução para diversos problemas que os europeus enfrentariam no interior do continente africano e facilitaria a comunicação e o escoamento da produção voltada ao comércio internacional. Mas esse processo de ocupação era, ao mesmo tempo, resistível, por causa da força das populações africanas e porque a Europa não empregou nas batalhas muitos homens.

13 B 14 B 15 D

16 E

17. Não. A transformação de homens em animais selvagens não somente foi consequência da vida nas trincheiras, mas, no contexto geral, a guerra por si só transforma o homem em animal selvagem, em luta uns contra os outros para manterem-se vivos, em nome de interesses do Estado. E ainda, a transformação se agrava não somente por causa das trincheiras, mas também, com a guerra da fome nas trincheiras, do frio, do racionamento de água e outros...

18 E 19 A 20 C

21. Outra maneira de compreender a expressão socialismo tem origem no modelo soviético, sobretudo a partir dos anos de 1930, com a imposição do poder de Stalin na URSS. O modelo de socialismo soviético foi adotado mais adiante nos países do Leste Europeu, na China, na Coreia, entre outros. Muitos estudiosos o chamam de socialismo real, ou seja, “o socialismo que realmente

existiu”.

22 C 23 D 24 B

25. Em Ecce Homo, escrita em 1888, Nietzche interpreta sua própria filosofia, que não se coaduna com o nacionalismo e o racismo germânico. Vê o Estado centralizador como empecilho para o desenvolvimento cultural do homem.

26 B 27 A 28 A

29 B 30 D 31 D

32 D 33 E 34 A

35 C 36 E 37 D

38 A 39 E 40 E

41 A 42 D

43. Uma insurreição dos palestinos contra os abusos promovidos pelos israelenses.

44 A 45 D 46 A

47 A 48 B

49. Para eliminar a crescente necessidade de importar combustível fóssil, desequilibrando a balança comercial.

50 E 51 B 52 E

53 E 54 A 55 C

56. Eliminando uma série de disfunções econômicas produzidas pelo processo inflacionário. Priorizando o combate à inflação conduziriam o Brasil novamente ao caminho do desenvolvimento.

57 A 58 D 59 D

60 E 61 D 62 E

63 E 64 E 65 C

66 B 67 D 68 A

69 C 70 A 71 C

72 C 73 C 74 B

75 E 76 A 77 A

78 A 79 E 80 C

81 C 82 C

INGLÊS

Interpretação de texto

01 D 02 E 03 A

04 E 05 A 06 C

07 B 08 C 09 D

10 E 11 A 12 B

13 A 14 C 15 E

16 E 17 E 18 B

19 A 20 C 21 B

22 C 23 B 24 D

25 B 26 E 27 A

28 C 29 B 30 B

31 D 32 E 33 E

34 A 35 C 36 B

37 A 38 E 39 B

40 D 41 A 42 C

43 B 44 D 45 D

46 A 47 E 48 A

49 D 50 D 51 B

52 C 53 A 54 D

55 D 56 E 57 A

58 B 59 E 60 D

61 B 62 D 63 B

64. a) cansada de ter de verificar seu perfil o tempo todo e sentir-se superexposta. 64. b) ser considerado anormal ou excêntrico ou não ser contratado por empregadores em potencial que desconfiam de pessoas que não usam o site.

65. a) Uma liquidação de roupas de verão

com descontos de até 50%.

65. b) Estacionamento público aberto 24 horas.

Questões Gramaticais

01 E 02 C 03 A

04 D 05 B 06 E

07 A 08 C 09 E

10 B 11 B 12 D

13 B 14 B 15 B

16 D 17 B 18 A

19 A 20 D 21 E

22 B 23 D 24 C

25 C 26 A 27 C

28 A 29 B 30 C

31 B 32 D 33 C

34 B 35 B 36 D

37 D 38 C 39 C

40 C 41 E 42 A

43 A 44 C 45 C

46 D 47 C 48 D

49 D 50 A 51 A

52 B 53 B 54 A

55 B 56 D 57 B

58 B 59 A 60 D

61 A 62 B 63 D

64 C 65 E 66 C

67 D 68 E 69 B

70 A 71 E 72 B

73 C 74 D 75 A

76 C 77 C 78 B

79 A 80 B 81 B

82 A 83 C 84 D

85 C 86 B 87 B

88 A 89 B 90 D

91 B 92 D 93 B

94 B 95 A 96 D

97 A 98 B 99 D

100 C 101 A 102 D

103 B 104 C 105 A

106 A 107 B 108 B

109 B 110 A 111 D

112 C 113 E 114 E

115 E 116 B 117 C

118 D 119 C 120 B

121. fabric

122. policy

123. library

124. relative

125. resume

126. estate

127. success

128. prejudice

129. loss

130. arrested

131. intend

132. ordinary

133. convict

134. date

135. Experts

136. novel

137. snack

138. Soap opera

139. collar

140. actually

141. available

142 B 143 B 144 A

Page 129: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega

408

145 C

FILOSOFIA

01 B 02 D 03 E

04 D 05 D 06 A

07 B 08 B 09 B

10 A 11 B 12 D

13 D 14 C 15 E

16 C 17 A 18 A

19 B 20 E 21 C

22 D 23 B 24 E

25 B 26 D 27 E

28 C 29 C 30 D

31 A 32 A 33 E

34 B 35 E 36 D

37 B 38 D 39 B

40 C 41 A 42 E

43 B 44 D 45 D

46 D 47 E 48 A

49 A 50 C 51 D

52 A 53 E 54 A

55 A 56 E 57 D

58 C 59 D 60 B

61 A 62 A

SOCIOLOGIA

01 C 02 E 03 B

04 A 05 E 06 E

07 A 08 B 09 B

10 A 11 A 12 B

13 A 14 A 15 D

16 B 17 A 18 A

19 A 20 A 21 B

22 B 23 C 24 B

25 C

EDUCAÇÃO FÍSICA

Jogos e Brincadeiras

01 A 02 B 03 C

04 A 05 B

Lutas

01 A 02 B 03 C

04 E 05 A 06 A

Ginástica

01 A 02 A 03 B

04 B 05 B

Dança

01 A 02 A 03 D

04 B 05 A 06 C

07 A

Lazer

01 B 02 A 03 B

04 D 05 E 06 C

07 A 08 D 09 D

10 C

Page 130: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Caderno/SEED Cadernos Delta/Ômega

409

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PORTUGUÊS

ALMEIDA, Nílson Teixeira de. Gramática de Língua Portuguesa para concursos, Vestibulares, ENEM.... Saraiva. 8ª edição. São Paulo 2003

BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2008.

INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Escrevendo pela Nova Ortografia. Rio de Janeiro/São Paulo, Houaiss/Publifolha, 2008.

GOMES, Francisco Álvaro. O Acordo Ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. Editora Scipione. São Paulo, 2002

TERRA, Ernani. Português de olho no mundo do trabalho. Vol. único, São Paulo: Scipione, 2004.

ZOCCHI, Paulo. Guia do Estudante ENEM 2009. Editora Abril: São Paulo, 2009.

CADORE, Luís Agostinho. Curso Prático de Português. Editora Ática. São Paulo, 2003

CEREJA, Willian Roberto. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 1. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005.

____. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 2. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005.

____. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 3. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005

www.alunosonline.com.br/portugues/acentuacao www.concursospublicosonline.com

www.brasilescola.com › Gramática www1.folha.uol.com.br/folha/fovest/ortografia.

www.pciconcursos.com.br/aulas

LITERATURA

ABURRE, M.Luíza. Literatura Brasileira. Ensino Médio. Vol único. São Paulo. Editora Moderna.2006.

COUTINHO, Afranio. A literatura no Brasil. Rio de Janeiro, Sul America,1955

AMARAL, Emília. Novas palavras: língua portuguesa. Ensino Médio. Vol.1 2.ed. São Paulo: FTD, 2005.

____. Novas palavras: língua portuguesa. Ensino Médio. Vol.2, 2.ed. São Paulo: FTD, 2005

____. Novas palavras: língua portuguesa. Ensino Médio. Vol.3 2.ed. São Paulo: FTD, 2005

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix.1972

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo:Edusp,1975

CEREJA, Willian Roberto. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 1. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005.

____. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 2. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005.

____. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 3. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005

NICOLA, José de.Português. Ensino Médio. vol 1.ed 1.São Paulo. Editora Scipione.2008.

____ Português. Ensino Médio. vol 2.ed 1.São Paulo.Editora Scipione.2008.

____ Português. Ensino Médio. vol 3.ed 1.São Paulo.Editora Scipione. 2008.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix.1972

REDAÇÃO

AQUINO, Ruth. O mito da mulher triste. Novembro. Rio de Janeiro. Editora Globo,2009. Disponível:

BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2008.

INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Escrevendo pela Nova Ortografia. Rio de Janeiro/São Paulo, Houaiss/Publifolha, 2008.

GOMES, Francisco Álvaro. O Acordo Ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

MARTINS, Ivan. Por trás do pé na bunda.novembro.Rio de Janeiro.Editora globo,209.Disponível:

CEREJA, Willian Roberto. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 1. 5. Editora São Paulo: Atual, 2005.

____. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 2. 5. Editora. São Paulo: Atual, 2005.

____. Português linguagens: Ensino Médio. Vol. 3. 5. Editora São Paulo: Atual, 2005.

MOREIRA,João Carlos.Geografia.Vol.único.4. Editora.São Paulo:Scipione.2009.

NICOLA,José de.Português.Ensino Médio.Vol 1. Editora 1.São Paulo.ed Scipione.2008.

____ Português.Ensino Médio.Vol 2.ed 1.São Paulo. Editora Scipione.2008.

____ Português.Ensino Médio.Vol 3.ed 1.São Paulo. Editora Scipione.2008.

SILVA, Wagner da.Geografia do Brasil e Geral:Povos e territórios.vol único. Editora Moderna.São Paulo.escola educacional.2005nb

www.revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI100424-15230,00-O+MITO+DA+MULHER+TRISTE.html.

www.revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI106476-15230,00-.html. Rio de Janeiro.

MATEMÁTICA

BNÍGNO, Barreto Filho. Matemática aula por aula, Volumes I, II e II do Ensino Médio. São Paulo: Editora FTD, 2008.

BUCHI, Paulo. Matemática: volumes I, II, e III – Curso Prático de Matemática. São Paulo: Editora Moderna,1999.

DANTE, Luiz Roberto. Matemática: volumes I, II, e III - Matemática: Contextos e Aplicações. São Paulo: Editora Ática, 2003.

GIOVANE, Jose Ruy e José Roberto Bonjorno. Matemática : De Olho no vestibular, volumes I, III, II, IV , V e VI. São Paulo: Editora FTD.

MACHADO, Antônio dos Santos. Matemática: volumes I, II, III, IV e V- Matemática: Temas e Metas. São Paulo: Editora Atual, 1986.

FACCHINI, Walter. Matemática para Escola de hoje. São Paulo: Editora FTD, 2006.

GEOGRAFIA

ALMEIDA. Lúcia M. A. de. RIGOLIN, Tércio B. Geografia. Série Novo Ensino Médio. Volume único. São Paulo: Editora Ática. 2002.

Page 131: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Caderno/SEED Cadernos Delta/Ômega

410

COELHO. Marcos A.; TERRA. Lygia. Geografia Geral e do Brasil. Volume Único. São Paulo: Editora Moderna. 2003.

GARCIA. Hélio C. GARAVELO. Tito Márcio. Geografia Geral. Volume Único. Coleção Novos Tempos. São Paulo: Editora Scipione. 2002.

MAGNOLI. Demétrio. ARAÚJO, Regina. Geografia a construção do mundo. São Paulo: Editora Moderna. 2005.

MOREIRA. Igor. Geografia Geral. São Paulo: Editora Ática. 2003.

____. Construindo o espaço mundial. São Paulo: Editora Ática. 2002.

PITTE. Jean Robert. A natureza humanizada. São Paulo: FTD. 1998.

VESSENTINI. José Willian. Sociedade e Espaço: Geografia Geral e do Brasil. Ensino médio. São Paulo: Editora Ática. 2007.

MOREIRA. João Carlos. Geografia. Vol. Único. 4. Editora. São Paulo: Scipione, 2009.

FILLIELE, Maria Elena. Geoatlas. Editora Ática, 2006.

ISOLA, Leda e CALDINI, Vera. Atlas Geográfico. Editora Saraiva, 2007.

http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/orientacao-localizacao.htm

FÍSICA

RAMALHO, FUNDAMENTOS DA FISICA 1, Editora. MODERNA.2008.

RAMALHO, Nicolau e Toledo Fundamentos da Fisica - 2 - Termologia, Optica, Ondas 2008/2009.

CALÇADA, Caio Sérgio e SAMPAIO. José Luiz Universo da Física Editora. Atual. 2005/2006...

Luz, Antônio Maximo Ribeiro da Física: Volume 1 Editora Scipione, São Paulo 2008

Caderno brasileiro de ensino de física, Santa Catarina: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Ciência e Educação, Bauru: Faculdade de Ciências da Unesp.

Ciência Hoje, Rio de Janeiro: Revista da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

http://www.fsc.ufsc.br/ccef/ http://www.fc.unesp.br/fc/pos/revista http://cienciahoje.uol.com.br

http://geocities.yahoo.com.br/saladefisica/ http://www.feiradeciencias.com.br

http://www.fisica.com.br http://www.fisica.ufc.br http://www.fis.unb.br

BIOLOGIA

AMABIS, J.M. & Martho, G.R. Conceitos de Biologia. Vol. 1. São Paulo: Editora Moderna, 2009. 277p.

AMABIS, J.M. & Martho, G.R. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume Único. São Paulo: Editora Moderna.

AMABIS, J.M. & Martho, G.R. Biologia dos organismos. Vol. 1. São Paulo: Editora Moderna, 1995.

AVANCINI & Favaretto. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 1. São Paulo: Editora Moderna, 1997.

CHEIDA, L.E. Biologia Integrada. Vol. 1. São Paulo: FTD, 2002.

CLÉZIO, e Belinello, Biologia. Volume Único. São Paulo: Editora Atual, 1999.

LINHARES, S. & Gewandsznajder, F. Biologia Hoje. Vol. 1. São Paulo: Editora Ática, 2009.

LOPES, S. Biologia 1. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.

PAULINO, W.R. Biologia Atual. Vol. 1. São Paulo: Editora Ática, 2009.

SEZAR, César. Biologia. Vol. 1. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.

SOARES, José Luis, Biologia no terceiro milênio Vol.1. São Paulo: Editora Scipione, 1ª Edição, 2009.

QUÍMICA

FELTRE, Ricardo Química Geral - Volume 1 Editora Moderna: 7ª Edição - Ano 2008.

USBERCO, João; SALVADOR, Edgar Química Geral - Vol. 1. 14º Edição Editora Saraiva.

PARUZZO, Francisco Miragaia Química na Abordagem do Cotidiano. 3ª Edição.Editora Moderna São Paulo, 2003.

BIANCHI, José Carlos de Azambuja. Universo da Química.: Ensino médio: volume único. 2ª Edição, Editora FTD, São Paulo, 2008.

NÓBREGA, Olimpio Salgado, SILVA, Eduardo Roberto da e SILVA, Ruth Hasimoti da. Química, Volume Único, Editora: Ática, 2008.

HISTÓRIA

ARRUDA, José Jobson de e PILETT, Nelson. Toda a História: História Geral e do Brasil. 8ª ed. São Paulo: Ática. 1999.

AYMARD, A. & AUBOYER, J. O Oriente e a Grécia – as Civilizações Imperiais. Vol. 1, 5ª ed. Rio de Janeiro: DIFEL. 1972.

ARRUDA, José Jobson de A. & PILETTI, Nelson. Toda a História - Das Origens da Humanidade à Idade Moderna. Vol. 1, 1ª ed. São Paulo. Ática.

2008.

AZEVEDO, Gislaine & SERIACOPI, Reinaldo. História. Vol. Único. 1ª ed. São Paulo. Ática. 2007.

BIBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução: Centro Bíblico Católico. 34. ed rev. São Paulo: Ave Maria, 1982.

BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro Milênio. Vol. 1, 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2010.

CORRÊA, Antônio Wanderley de Melo e ANJOS, Marcos Vinícius dos. História de Sergipe para vestibulares e outros concursos. Aracaju:

Infographic’s Gráfica e Editora, 2003.

COTRIM, Gilberto. História Global: Geral e do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1999.

FIGUEIRA, Divalte Garcia. História: Série Novo Ensino Médio. Vol. Unico. 2.ed. São Paulo: Ática. 2005.

KOSHIBA Luiz & PEREIRA Denise Manzi Frayze. História Geral e Brasil: Trabalho, Cultura, Poder - Ensino Médio. São Paulo. Atual Editora. 2004.

MELLO, Leonel Itaussu Almeida e COSTA, Luís César Amad. História Antiga e Medieval. São Paulo: Scipione, 1999.

____. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1999.

____. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1999.

Page 132: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Caderno/SEED Cadernos Delta/Ômega

411

SANTOS, Lenalda Andrade e OLIVA, Terezinha Alves. Para Conhecer a História de Sergipe. Aracaju: Opção Gráfica, 1998.

VICENTINO, Cláudio. História para o ensino médio: História geral e do Brasil: volume único. 2.ed. São Paulo: Scipione, 2006 ( Série

Parâmetros).

VICENTINO, Cláudio & DORIGO Gianpaolo. História Geral e do Brasil - Ensino Médio. 1ª ed. São Paulo. Ed. Scipione. 2010.

CAMPOS, Flávio de. A Escrita da História: Ensino Médio. Vol. Único. 1. ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

INGLÊS

AUN, Eliana; MORAES, Maria Clara Prete de; SANSANOVICZ, Neuza Bilia. Inglês ara o ensino Médio. Vol. Único. Editora Saraiva, 2005.

COLLINS, Willian. Cobuild Intermediate English Grammar.. Harper Collins Publishers. USA. 2006.

____. Cobuild Elementary English Grammar. .Harper Collins Publishers. USA, 2006.

____ Cobuild English Grammar. .Harper Collins Publishers. USA, 2006.

ELIN, Israel. English: A High School Coursebook. Editora FTD.

FRANÇA. Milton Brito de, Inglês no Vestibular. -. Ed. ver. e ampl. –São Paulo: FTD, 2003.

FERRARI, Mariza; G. RUBIN, Sarah. Inglês: de olho no mundo do trabalho, São Paulo: Scipione, 2003.

HEWINGS, Martin. Advanced Grammar in Use: A self-study reference and practice book for advanced students. Cambridge University

press. 2005.

MARQUES, Amadeus. Inglês: Novo ensino Médio. Volume único. Editora Ática, 2002.

OXFORD, Rebeca L. de. Language Learning Strategies: what every teacher should know. Boston, Heinle & Heinle, 2001.

ESPANHOL

ARIAS, Sandra Di Lullo. Espanhol para o vestibular. Rio de Janeiro, Elsevier. 2006

ARIAS, Sandra Di Lullo. Espanhol urgente para brasileiros. 9ª ed Rio de Janeiro, Campus. 2000

CASTRO, Francisco. USO de la gramática española. Gramática y ejercicios de sistematización para estudiantes de E.L.E de nivel avanzado. 9ª

ed. Madrid. Edelsa. 2004

FANJUL, Adrián (org.). Gramática y práctica de español para brasileños. São Paulo. Moderna/Santillana. 2005

HERMOSO, Alfredo González . Conjugar es fácil en español de España y de América. 4ª reimp. Madrid. Edelsa, 2000.

J. GARCÍA, María De Los Ángeles & HERNÁNDEZ, Josephine Sánchez. Español Sin Fronteras. São Paulo. Scipione, 2002

LLORACH, Emilio Alarcos, Gramática de la lengua española. Colección Nebrija y Bello. 16ª ed. Real Academia española. Madrid. Espasa

Galpe. 2007

MARTÍNEZ, José A. La oración compuesta y compleja Cuadernos de lengua espanhola 12. 4ª ed. Madrid. Arco/libros, S.L. 2005

MESSIAS, Angelo. Espanhol Verdadeiro ou Falso (?)

MILANI, Esther Maria. Gramática de espanhol para brasileiros. São Paulo, Ed. Saraiva. 2003, 3ª ed

ROMANOS, Henrique. CARVALHO, Jacira Paes de. Expansión. (ensino médio) São Paulo. FTD 2004

Señas-diccionario para la enseñanza de la lengua española para brasileños. Universidad de Alcalá de Henares/Dep. de Filología: tradução de

Eduardo Brandão, Cláudia Berliner.São Paulo,Martins Fontes, 2001

FILOSOFIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação a Filosofia: Ensino Médio. Vol. único. São Paulo: Ática, 2010.

COTRIM, Gilberto, FERNANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia, 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

www.filosofia.com.br

www.historiadomundo.com.br

pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer

pt.wikipedia.org/wiki/George_Wilhelm_Friedrich_

www.mundodosfilosofos.com.br/hegel.htm

EDUCAÇÃO FÍSICA

DARIDO S.C.(2007). Para ensinar educação física: Possibilidades de intervenção na escola. Campinas, Sp: Papirus, 2007.

PARANÁ. Secretaria de Estado da educação. Departamento de Ensino Médio. LDP: Livro Didático Público de Educação Física. Curitiba:

SEED-PR, 2006.

BRASIL. Secretaria de educação fundamental. (1998). Parâmetros curriculares nacionais: educação Física . Brasília: MEC/SEF.

JOÃO PESSOA/PB. Secretaria Municipal de educação. LDP: Livro Didático Público de Educação Física. João Pessoa: Editora Universitária da

UFPB, 2012.

Educação física: seu manual de saúde. São Paulo: DCL, 2012.

ALMEIDA, Marco AntonioBettine de; GUTIERREZ, Gustavo Luis. Subsídios Teóricos do Conceito Cultural para Entender o Lazere suas

Políticas Públicas.Disponível em:http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v2n1/ArtigoMarcos.pdf

CAMARGO, Luís Octávio de Lima. O que é Lazer.Brasiliense,1989.

DUMAZEDIER, Joffre. Sociologia Empírica do Lazer. São Paulo, 2004. Ed. Perspectiva.

Page 133: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Caderno/SEED Cadernos Delta/Ômega

412

LIMA, Dália Maria Maia Cavalcanti de. O Espaço de Todos Cada Um no Seu Lugar: O Uso dos Espaços Públicos Destinados ao Lazer em

Natal.Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – PPGCS – UFRN, Natal, 2006

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. 2ª Ed. – Campinas, SP: Papirus, 1990.

OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bassoli de; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. Recreio nas férias : reconhecimento do direito ao lazer.Maringá

:Eduem, 2009.

RECHIA, S. A Política de Lazer na Cidade:Em Pauta: “A Análise da Gestão dos Espaços em Distintas Realidades e Segmentos

Populacionais.Encontro Nacional de Recreação e Lazer, 20., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo, 2008. CD-ROM

REQUIXA, R. As dimensões do lazer(Caderno de Lazer, doc. 1). São Paulo: Sesc.1976.

http://cbginastica.com.br/

http://www.infoescola.com/educacao-fisica/ginastica/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Samba

http://pt.wikipedia.org/wiki/Forro

http://pt.wikipedia.org/wiki/Folclore

http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-pedagogica/danca-escola-educacao-pra-la-fisica-424014.shtml Publicado em Setembro

2005

SOCIOLOGIA Aldeia Global <http://pt.wikipedia.org/wiki/Aldeia_Global>. Acesso em: 07 Nov. 2013.

COC SISTEMA DE ENSINO. Ensino Médio – Sociologia 1. Ribeirão Preto/SP: Editora COC. s/d.

COC SISTEMA DE ENSINO. Ensino Médio – Sociologia 2. Ribeirão Preto/SP: Editora COC. s/d.

COC SISTEMA DE ENSINO. Ensino Médio – Sociologia 3. Ribeirão Preto/SP: Editora COC. s/d.

COSTA, Carmen Lúcia Neves do Amaral. Identidade Cultural e Homogeneização Cultural. In: Sociodiversidade no Serviço Social. Aracaju: UNIT,

2010.

_________________________________. Aspectos do desenvolvimento Global: nação e Globalização. In: Sociodiversidade no Serviço Social.

Aracaju: UNIT, 2010.

Globalização.<http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o#Hist.C3.B3ria.> Acessado em: 10 Nov 2013.

LARAIA. Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico <http://books.google.com.br/books?hl=pt-

BR&lr=&id=TqjoHTKdo7cC&oi=fnd&pg=PA7&dq=roque+laraia+&ots=vpEkUs8grr&sig=JqNVOFq3gzKxQ8DjO75eu0iASGA#v=onepage&q=roque%

20laraia&f=false> Acesso em: 09 Nov. 2013.

MAGALHÃES, Nara. Globalização, mídia e o debate sobre cultura. In: Globalização, cultura e identidade. Universidade Luterana do Brasil (org.).

Curitiba: Ed.Ibpex, 2009.

MARCONI, Marina de A.; PRESOTTO, Z.M.N. Antropologia: uma introdução. 5ª. Ed.São Paulo:Atlas, 2001.

SALAINI, Cristian Jobi. Cultura, identidade e globalização. In: Globalização, cultura e identidade. Universidade Luterana do Brasil (org.). Curitiba:

Ed.Ibpex, 2009.

SCHNEIDER, Laíno Alberto. Cultura. In: Teorias Antropológicas. Universidade Luterana do Brasil (org.). Curitiba: IBPEX, 2008.

Siglas

AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras

CEFET-SE: Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe

CEFET– PR: Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

CESGRANRIO – RJ: Centro de Seleção de Candidatos ao Ensino

Superior do Grande Rio, Rio de Janeiro.

CESPE – Centro de Seleção e promoção de Eventos/UNB

CMB – Colégio Militar de Brasília

EFOA – Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas

ESAF – Escola de administração Fazendária

ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios

ENEM – Exame Nacional do ensino Médio

ETE SP – Escolas Técnicas do Estado de São Paulo

FATEC – Faculdade de Tecnologia de são Paulo

FESP – Faculdade de Engenharia de São Paulo

FCC – Fundação Carlos Chagas

FCM – Faculdade de Ciências Médicas

FMU/FIAM – SP: Faculdades Metropolitanas Unidas, Faculdades

Integradas Alcântara Machado, São Paulo

F. M. Pouso Alegre – MG: Faculdade de Medicina de Pouso Alegre,

Minas Gerais

F. M. Santa Casa – SP: Faculdade de Medicina da Santa Casa, São

Paulo

FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado

FEI – Faculdade de Engenharia Industrial

FESP – SP: Faculdade de Engenharia de São Paulo

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas

FUNREI – Fundação de Ensino Superior de São José Del Rei

FUC – MT: Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso

Fuvest – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade de São

Paulo

ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica

MACKENZIE – Universidade Presbiteriana Mackenzie

OSEC – SP: Organização Santamarense de Educação e Cultura,

Santo Amaro – SP

PUC – PR: Pontifícia Universidade Católica do Paraná

PUC-RS: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

PUC – MG: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

PUC – SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUCCAMP – SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas,

São Paulo

Page 134: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo

Caderno/SEED Cadernos Delta/Ômega

413

UCS – Universidade de Caxias do Sul

UEL – Universidade Estadual de Londrina

UEM – Universidade Federal de Maringá

UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa

UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro

UFAL – Universidade Federal de Alagoas

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UNB – Universidade Federal de Brasília

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFR-RJ: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

UFAL: Universidade Federal de Alagoas

UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco

UFGO: Universidade Federal de Goiás

UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Unifor – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará

UFF – RJ: Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

UFJF – MG: Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais

UFES: Universidade Federal do Espírito Santo

UFS: Universidade Federal de Sergipe

UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco

U.E. Londrina – PR: Universidade Federal de Londrina, Paraná

UFGO: Universidade Federal de Goiás

UNIFOR – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

UFC – Universidade Federal do Ceará

UFF – Universidade Federal Fluminense

UFJF – Universidade Federal de Juíz de Fora

UFLA – Universidade Federal de Lavras

UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

UFPA – Universidade Federal do Pará

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFPR – Universidade Federal do Paraná

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFS – Universidade Federal de Sergipe

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos

UFV – Universidade Federal de Viçosa

U. Sagrado Coração – SP: Universidade Sagrado Coração, São

Paulo

UFRS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSM: Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul

UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina

UMSP – Universidade Metodista de São Paulo

UNICAMP – Universidade Federal de Campina

UNEB – Universidade Estadual da Bahia

UNESP – Universidade Estadual Paulista

UNICAP – Universidade Católica de Pernambuco

UNIFENAS – Universidade José do Rosário Vellano

UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Pará

UNIRIO – Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro

USF – Universidade São Francisco

VUNESP – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade

Estadual Paulista, São Paulo

Page 135: Sem título-1files.givaldohistoria.webnode.com.br/200000091-ea61aeb5ca/Cader… · 1. A República Velha p. 06 2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10 3. O Imperialismo