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Apresentação
Prezado(a) Educando(a),
“O Pré-Universitário pretende ser um instrumento a favor do acesso do aluno da escola pública à universidade”.
(Governador Marcelo Déda Chagas, 06 / 12 / 2008)
O Governo do Estado tem empreendido esforços no sentido de canalizar mais
investimentos para a materialização de políticas públicas educacionais, que foram formuladas e planejadas à luz das demandas apontadas por diversos atores sociais. Assim, as ações realizadas pela Secretaria de Estado da Educação têm buscado oferecer as condições básicas para que a escola pública atue enquanto lócus social de aprendizagem significativa para os(as) educandos(as), assegurando-lhes a formação necessária ao sucesso acadêmico e à inserção profissional e cidadã.
Sintonizado nessa diretriz, o Programa Pré-Universitário/SEED, coordenado
pelo Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (DASE), passou por uma reestruturação dos seus processos administrativos e pedagógicos, tornando-se ativamente uma política pública de assistência estudantil que, além de proporcionar um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares, ofertado aos alunos egressos e concluintes da rede pública de ensino, articula ações específ icas com vistas à dinamização de atividades educativas que despertem a cultura pré-universitária no cotidiano das unidades escolares. Com isso, o Programa percorre trilhas pedagógicas significativas que promovem a melhoria do processo ensino-aprendizagem, contribuindo com a efetivação do direito do/a educando(a) de acessar as ações que estimulem suas potencialidades, oportunizando-lhe a concretização do sonho da ascensão acadêmica, por meio do ingresso no ensino superior.
Nesse sentido, a presente edição dos Cadernos foi reformulada, balizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) e na Matriz de Referência do ENEM, abordando conteúdos programáticos de Redação e das áreas de conhecimento (Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias), contendo questões contextualizadas e interdisciplinares das provas do ENEM e dos diversos concursos vestibulares. Nesse processo, o princípio norteador foi o planejamento participativo que possibilitou o(a) professor(a) interessado(a) exercer o papel de sujeito do conhecimento na reformulação desses materiais didáticos, considerando as pesquisas e as experiências educativas nas salas de aulas desse(a) trabalhador(a). Desse modo, buscamos nesses alicerces teóricos a dinâmica pedagógica necessária à construção de uma práxis fundamentada na pesquisa e no despertar das potencialidades do profissional envolvido na produção democrática do saber.
As letras do alfabeto grego Alpha, Gama, Delta (Inglês), Beta, Pi e Ômega (Espanhol) foram selecionadas para identificar esses Cadernos. A cada edição, tais aportes pedagógicos necessitam serem reavaliados e retroalimentados, de forma a atender as atuais exigências educacionais na preparação dos educandos. A participação e contribuição dos(as) professores(as) são imprescindíveis para o sucesso desse processo.
Ademais, torna-se plausível a continuidade de ações exitosas que possibilitam a inserção de mais alunos da rede pública nas instituições de ensino superior, principalmente, na Universidade Federal de Sergipe, demonstrando o compromisso e a responsabilidade social da SEED na execução das ações do Programa Pré-Universitário.
Enfim, esperamos que, ao longo do ano letivo, você possa vivenciar, na companhia deste material didático, bons momentos de leitura, análise, reflexão e
produção de novos saberes, para que o seu caminho rumo à universitas magistrorum et scholarium seja trilhado com êxito.
Boas-Vindas!
Maria Zelita Batista Brito Diretora do DASE
1. A República Velha p. 06
2. Questões Sociais e Cultura na República Velha p. 10
3. O Imperialismo do Séc. XIX p. 13
4. Primeira Guerra Mundial (1914-1918) p. 16
5. A Revolução Russa de 1917 p. 18
6. A Crise do Capitalismo p. 18
7. Os Regimes Totalitários p. 20
8. A Segunda Guerra Mundial p. 22
9. A Era Vargas p. 24
10. Período da Guerra Fria p. 27
11. A Descolonização Afro-asiática p. 29
12. Os Movimentos Sociais na América Latina p. 31
13. A Questão Palestina p. 32
14. Brasil – Período Liberal Democrático (1945-1964) p. 34
15. Brasil – Regime Militar de 1964 p. 38
16. Os Movimentos Culturais de 60 à 80 p. 42
17. A Redemocratização e a Nova República no Brasil p. 45
18. Nova Ordem Mundial p. 48
19. Neoliberaismo e Globalização p. 51
20. Atualidades p. 54
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A REPÚBLICA VELHA
A República da Espada (1889 – 1894)
Em setembro de 1889, Deodoro da Fonseca voltava do Mato
Grosso. Renunciara ao cargo de comandante militar, pois se
recusava receber ordens do governador, um coronel. Sua chegada
ao Rio de Janeiro reacendeu o movimento militar. O marechal era
monarquista e não acreditava que o país estivesse preparado para a
República. Contudo, por questões políticas, estava contra o
Ministério.
Os pronunciamentos contra a Monarquia voltaram aos jornais,
principalmente os de Benjamin Constant e Rui Barbosa. A evolução
dos acontecimentos deixava claro aos líderes militares que a
república não se faria sem a força da classe dominante cafeicultora.
A articulação do golpe concretizou-se com o apoio de algumas
unidades militares.
Na noite de 14 de novembro, correram boatos de que o Exército
seria substituído pela Guarda Nacional e que Deodoro da Fonseca e
Benjamin Constant seriam presos. As tropas se sublevaram na
madrugada do dia 15. Deodoro assumiu o comando e cercou o
quartel-general onde estava recolhido o Ministério, depondo-o.
Nesse mesmo dia, a proclamação da República foi assinada por
Deodoro da Fonseca e declarada por José do Patrocínio, da sacada
da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A Proclamação da
República foi uma aliança entre os cafeicultores paulistas e o
exército brasileiro – embora possuíssem projetos republicanos
diferentes.
Esse primeiro período da história ficou conhecido como República
da Espada, por ser marcado pelos governos dos marechais:
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Houve no Brasil três
projetos de República. O Projeto Liberal: defendido pelos
cafeicultores paulistas, dando autonomia aos Estados, numa
República federativa. Inspirado no sistema americano enfatizava:
liberdades individuais e um sistema de livre concorrência
econômica, separação da Igreja e a instauração de eleições. O
Projeto Jacobino: defendido por setores da população urbana, que
incluíam a baixa classe média (comerciantes, funcionários) e
setores intelectualizados (médicos, advogados professores).
Inspirava-se na Revolução Francesa. O Projeto Positivista:
baseado nas ideias do filósofo francês Augusto Comte. Este projeto
tinha ampla aceitação no exército. Visava à promoção do progresso,
dentro de um espírito ordeiro, não revolucionário. A ideia era um
governo forte, centralizado, uma verdadeira ditadura republicana.
O Governo de Deodoro da Fonseca (1889 – 1891)
Neste período, foram tomadas algumas decisões de suma
importância para o povo brasileiro. Ocorreu à separação oficial entre
Igreja e Estado (fim do regime do Padroado), foi instituído o
casamento civil e uma nova bandeira foi criada com o lema ―Ordem
e Progresso‖; Extinção da Constituição de 1824; Extinção do
Senado e da Câmara de Deputados, as assembleias provinciais e
câmaras municipais; Banimento da família imperial; Naturalização
em massa; Convocação de eleições para uma Assembleia
Constituinte; Nomeação de Rui Barbosa para Ministro da Fazenda.
Apesar de implantada a República da Espada, surgiram as disputas
entre qual seria o melhor modelo republicano a ser instaurado. Pelo
lado dos militares, a ideia de um regime republicano centralizador
era defendida. Mas as oligarquias rurais e os grandes cafeicultores
paulistas se opuseram à ideia dos militares, pregavam a
implantação de um regime republicano voltado aos estados, assim,
não poderiam ser controlados economicamente e nem ter sua
administração ameaçada. Queriam com esta proposta aumentar o
poder de veto e ampliar seus interesses.
Com o objetivo de instaurar a modernidade que viria através de uma
forte industrialização, o Ministro da Fazenda Rui Barbosa liberou a
emissão de dinheiro para subsidiar seu projeto industrial,
aumentando as taxas alfandegárias para proteger os produtos
nacionais. Contudo, o mercado brasileiro foi inundado de dinheiro
barato, que precisava ter aplicação imediata. A especulação causou
uma grande inflação que ficou conhecida como Encilhamento.
Especulações, falências e emissões desenfreadas tomaram conta
do sistema financeiro, no qual parte dos especuladores enriquecia
enquanto os pequenos investidores perdiam o dinheiro que haviam
aplicado. Algumas empresas fundadas naquele ano sobreviveram,
gerando um pequeno surto industrial. Contudo, a maioria faliu. Isto
causou a revolta dos cafeicultores que acabaram sendo atingidos
pela crise.
Na política, Deodoro adiava ao máximo a convocação da
Assembleia Nacional Constituinte (devido ao caráter provisório do
governo, caberia a ele promulgar uma constituição e realizar as
eleições para presidente). Submetido a pressões cada vez mais
crescentes, Deodoro se viu obrigado a convocar a Assembleia.
Promulga-se a Constituição de 1891. O Brasil se tornava uma
República Federativa, com a divisão dos três poderes (executivo,
legislativo e judiciário), independentes entre si. Instituiu-se o voto
direto e aberto para cargos do executivo e legislativo, segundo o
critério do Sufrágio Universal para homens maiores de 21 anos.
Dessa forma, excluíam-se da participação política os analfabetos,
padres, soldados, mulheres e homens abaixo de 21 anos. Ficou
decidido, no entanto, que a eleição do primeiro presidente seria
indireta, através da escolha do Colégio Eleitoral. Fazendo pressões
e ameaças aos congressistas, Deodoro da Fonseca consegue se
eleger presidente da república, agora constitucionalmente. O vice-
presidente, por sua vez, pertencia à chapa opositora (cafeicultores),
na medida em que a eleição era independente (votava-se para
presidente e vice, distintamente). O novo presidente deveria
submeter-se ao Congresso Nacional, mas Deodoro resistia a isso.
Quando os conflitos foram gritantes, Deodoro fechou o Congresso,
decretou o estado de sítio, prendeu vários políticos da oposição. A
Reação da oposição foi forte. A marinha se manifestou contra
Deodoro, sob a figura do almirante Custódio de Melo, liderando a
Revolta da Armada, onde canhões foram apontados para a cidade
do Rio de Janeiro. Diante das circunstâncias Deodoro da Fonseca
cede e renuncia.
O Governo de Floriano Peixoto (1891–1894)
Foi um grande articulador, reunindo várias forças que se achavam
incompatíveis. No início seu governo foi considerado uma volta à
normalidade: O Congresso foi restaurado e o estado de sítio,
suspenso. Nos primeiros dias de seu governo baixou uma série de
medidas populares como a construção de casas populares e
suspensão de impostos sobre o preço da carne. Floriano também
estimulou a indústria, com linhas de crédito abertas pelo Banco do
Brasil. Com essas ações instaurou-se o paternalismo (troca de
favores). A oposição estrangeira deu a Floriano uma nova arma, o
nacionalismo. Houve rompimento diplomático com Portugal que
apoiou a revolta da Armada. Seu perfil populista acabou
Amplie seus conhecimentos sobre: A Sociologia de August Comte (Sociologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: Roma (História Caderno Alpha/Beta); Ver também: A Revolução Francesa (História Caderno Gama/Pi)
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preocupando as elites do país, que decidiram organizar um grande
movimento de oposição. Eles argumentavam que Floriano Peixoto
desrespeitou a Constituição ao assumir o país como vice sem
eleições diretas – o que de fato ocorreu. Treze generais iniciaram
um movimento antigovernista baseado na inconstitucionalidade do
governo, pois segundo a Constituição, se um presidente ficasse
impedido de exercer seu mandato nos dois primeiros anos de
governo, seriam convocadas novas eleições. Deodoro reagiu de
forma dura: prendeu e despediu os militares baseando-se na
insubordinação. No Rio Grande do Sul iniciou-se uma disputa pelo
poder entre Júlio de Castilhos e Silveira Martins. Silveira Martins
contou com o apoio de Custódio de Melo (2ª Revolta da armada).
Júlio de Castilhos contou com o apoio de Floriano, que derrotou as
forças federalistas e os revoltosos da Armada. Era o fracasso das
revoltas e a garantia da continuidade do governo de Floriano, que
iria governar até o último dia do seu mandato.
A República Oligárquica (Política do Café-com-Leite) (1894-
1898):
Com o objetivo de controlar a presidência e, assim defender seus
interesses privados, as oligarquias paulista (Café) e mineira (Leite),
respectivamente o PRP e o PRM formalizaram uma aliança que
previa a alternância de políticos dos dois estados no cargo máximo
do executivo. Neste período, os interesses dos grupos oligárquicos
eram defendidos, assim o Estado federal, estadual e municipal
foram colocados totalmente em função do serviço agrícola, com
predomínio da oligarquia cafeeira. Esta fase tem como
características o coronelismo (fenômeno social e político típico da
Republica Velha, caracterizado pelo prestígio do político e por seu
poder de mando). A Política dos Governadores, idealizada pelo
presidente Campos Sales, tinha como objetivo a articulação dos
acordos políticos entre o poder central e as oligarquias estaduais,
caçando a eleição de opositores e legitimando a candidatura de
aliados. Outras características eram o clientelismo (proteção em
troca de obediência), o voto de cabresto, fraudes eleitorais e a
degola (Comissão Verificadora de Poderes).
O Governo de Prudente de Moraes marcou a passagem do poder
central das mãos dos militares para os civis. Ele reatou relações
diplomáticas com Portugal, rompidas por Floriano devido ao apoio
português à Revolta da Armada. Resolveu as questões de fronteira
com a Argentina – região das Missões, por meio da intermediação
do presidente dos EUA (Glover Cleveland) Afastamento do
presidente por motivos de saúde. Assume o vice-presidente Manuel
Vitorino que era florianista. No seu governo Prudente de Morais
enfrentou a Guerra de Canudos (1896-1897).
O governo de Manuel Ferraz de Campos Sales substituiu Prudente
de Moraes na presidência da República. Seu governo consolidou os
interesses das oligarquias rurais, sobretudo dos cafeicultores
paulistas. Quando assumiu o governo federal, Campos Sales
herdou uma grave crise econômica que prejudicava o país. A
inflação atingia níveis insuportáveis, a moeda brasileira se
desvalorizava a cada dia, enquanto nosso principal produto de
exportação, o café, atravessava uma fase de superprodução interna
e baixos preços no mercado mundial. Campo Sales viajou para a
Europa em 1898, a fim de estabelecer acordos com bancos
estrangeiros e negociar a dívida externa brasileira. Por fim ficou
acertado o ―funding-loan‖, assim ficou chamado o acordo entre os
bancos credores e o governo brasileiro. As principais medidas foram
o empréstimo para o pagamento da dívida externa por um período
de três anos; a concessão de um prazo de 10 anos para o
pagamento da nova dívida (10milhões de libras esterlinas); penhora
de toda receita alfandegária do Rio de Janeiro em caso de
necessidade; promessa de fortalecimento da moeda brasileira.
Neste período houve anexação do Amapá (querela com a França
que reivindicava sua posse) Em 1906 os cafeicultores reuniram-se
na cidade de Taubaté para discutir um projeto de valorização do
café – tratou-se da intervenção do Estado, com o objetivo de elevar
os preços do produto e assegurar o lucro dos produtores. A partir
da descoberta do engenheiro Goodyear, a borracha brasileira
ganhou o mercado europeu, tendo seu valor chegado às maiores
taxas em 1910 – o Brasil exportava 17 mil toneladas/ano. Contudo
em apenas 50 anos este ciclo que não pode substituir o café, entrou
em plena decadência. Foi fundamental para anexação do Acre (que
pertencia à Bolívia, pagando um valor de 2mil libras esterlinas).
A partir da eleição do paulista Rodrigues Alves (1902-1906) e de
seu vice Afonso Pena (mineiro), o conchavo entre Minas Gerais e
São Paulo passou a revezar no poder presidentes dos dois estados
na chamada política do café-com-leite.
Alves herdou de seu antecessor uma economia saneada, mas um
alto índice de desemprego e insatisfação popular. Com os cofres
públicos cheios, o presidente investiu em obras de remodelação e
sanitarização pública da capital do país.
Em defesa das fronteiras brasileiras
Foi durante o seu governo que o Brasil ganhou a sua atual
configuração geográfica. E em grande parte, isso se deve a atuação
do Barão do Rio Branco, hábil diplomata que resolveu as
pendências territoriais com a Argentina (que disputava a região de
Palmas, na extremidade dos estados de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul), Inglaterra (que reclamava a ilha de Trindade,
Espírito Santo), França (que com a Inglaterra avançou, a partir das
Guianas, sobre o território brasileiro atrás de borracha e minérios) e
Peru (estabelecendo a fronteira entre os rios Javari e Javerija).
O maior desafio do barão, no entanto, foi regularizar a situação do
Acre (pertencente à Bolívia), invadido por brasileiros durante a febre
da borracha. As autoridades bolivianas reagiram a presença
brasileira nos seringais e arrendaram a região a uma multinacional
norte-americana (The Bolivian Sindicate). Os brasileiros por meio de
rebeliões armadas garantem sua permanência. A disputa só termina
em 1903, quando Rio Branco assina o Tratado de Petrópolis, entre
Brasil, Bolívia e Peru (que reivindicava pequena parte da área).
O Brasil compra a região dos bolivianos e peruanos por 2 milhões
de libras esterlinas e se compromete a construir a ferrovia Madeira-
Mamoré, hoje desativada,que ligaria a cidade de Guarujá-Mirim a
Porto Velho.
Convênio de Taubaté
Desde o final do século XIX, a cafeicultura brasileira passava por
uma crise de superprodução, que abaixava o preço do produto. A
salvação da lavoura só se deu a partir de 1906, quando, na cidade
de Taubaté (SP), reuniram-se os presidentes de São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro. Nesse encontro ficou decidida uma política
de valorização do café por meio de empréstimos bancários no
exterior que serviriam para comprar e estocar o excedente da
produção.
O presidente Rodrigues Alves não aceitou as determinações do
Convênio, uma vez que a garantia dos empréstimos seria de
Amplie seus conhecimentos sobre: II Reinado: O Império Oligárquico (História Caderno Gama/Pi); Ver também: Brasil: Industrialização (Geografia Caderno Gama/Pi); Ver também: Pré-modernismo (Literatura Caderno Delta/Ômega).
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responsabilidade do governo federal.
Por sua vez, o presidenciável Afonso Pena mostrou-se favorável
às resoluções tomadas em Taubaté e, com o apoio de Pinheiro
Machado e a simpatia dos fazendeiros de café, venceu as eleições.
Consolidava-se a importância das oligarquias cafeeiras nos destinos
do país.
No poder, Pena (1906-1909) passaria toda a sua gestão tentando
diminuir a influência de Pinheiro Machado, fomentando o
aparecimento de grupos políticos contrários ao senador.
Em meados de 1909, um grupo de oficiais do Exército indicou como
candidato a presidência o marechal Hermes da Fonseca, ministro
da guerra, responsável pela instituição do serviço militar obrigatório
e pela modernização do Exército. O Partido Republicano Rio-
Grandense, capitaneado pelo ―fazedor de reis‖, imediatamente
apoiou o militar e, pela primeira vez, quebrou-se a política
sucessória de presidentes.
Civilismo X Salvacionismo
Inconformado com o acentuado perfil militarista da candidatura de
Hermes, Rui Barbosa apoiado pelas oligarquias de São Paulo e da
Bahia, o seu estado natal, lança a campanha civilista. Rui Barbosa
inicia, pela primeira vez na história do Brasil, um processo eleitoral
que ganha às ruas e eletriza a opinião pública. Além das oligarquias
já citada, Rui Barbosa, também recebe o apoio do Rio Grande do
Sul, dos jornais Correio da Manha (Rio de Janeiro) e O Estado de
S.Paulo, setores da elite e amplos seguimentos das classes médias
urbanas, entre os quais os movimentos estudantis paulista e
fluminense.
Rui Barbosa1 coloca em discussão o sistema eleitoral, defendendo
o voto secreto: ―Para conseguir a moralização eleitoral, precisamos
extinguir radicalmente a publicidade no voto. A publicidade é a
servidão do votante. O segredo, sua independência‖. O senador
baiano era visto como o campeão do liberalismo, da luta contra as
oligarquias e como paladino da renovação nacional.
Entretanto, Hermes da Fonseca também contava com a simpatia de
setores das classes médias burguesas, particularmente de
remanescentes do florianismo, que o consideram um homem forte,
capaz de varrer a corrupção e o arcaico sistema político do Brasil,
por meio das chamadas ―política de salvações nacionais‖, que
pretendiam evitar os desmandos das oligarquias locais e ―moralizar‖
a vida pública por meio da imposição de um interventor militar no
governo dos estados.
Embora Hermes da Fonseca tivesse o apoio de várias oligarquias
(inclusive Pinheiro Machado), levou adiantes as salvações com
amplo respaldo dos militares. Pernambuco, Alagoas, Bahia e Ceará
tiveram governantes empossados à força pelo governo.
O consequente enfraquecimento das oligarquias locais debilitou
Pinheiro Machado que veio a ser assassinado em 1915.
NOTA 1: Conhecido como a ―Águia de Haia‖ por sua postura crítica, em relação aos interesses dos Estados Unidos na corrida imperialista, na Conferência de Haia, Holanda, Rui Barbosa voltou consagrado ao Brasil por ter liderado as nações mais fracas contra as grandes potências.
O Retorno do Café-com-leite
O governo de Hermes da Fonseca, tumultuado pelas ―salvações
nacionais‖ instigadas por Pinheiro Machado, derrubara vários
governadores estaduais, gerando focos de oposição política. Os
rumores de eclosão de uma guerra generalizada na Europa faziam
com que os capitais estrangeiros no país se retraíssem.
Na campanha sucessória de 1914, o desgaste de Hermes respingou
em Machado, impedindo sua candidatura à presidência, uma vez
que o senador gaúcho não fora perdoado pela elite paulista, desde a
intervenção no estado em 1911. Como alternativa, o PRP
ressuscitou a política do café-com-leite, indicando Venceslau Brás,
vice de Hermes, ao cargo.
Com a vitória tranquila de Brás, voltaram ao poder os políticos do
café-com-leite.
Embora o período Venceslau Brás tenha sido marcado pela
promulgação do Código Civil (que vigorou no Brasil até Janeiro de
2002), as maiores transformações sociais deram-se por uma causa
externa: a Primeira Guerra Mundial. A guerra provocou uma onda de
prosperidade nos países latino-americanos, pois as nações
beligerantes, com suas produções e recursos canalizados para a
indústria bélica, aumentaram suas importações. Isso favoreceu as
pequenas oficinas brasileiras, que, com o tempo, se transformavam
em fábricas.
Após o fim da guerra, a indústria europeia recuperou-se, baixando
as exportações de manufaturados brasileiros. Mesmo assim, o
mercado interno já era grande o bastante para absorver a produção
do parque fabril nacional. Em 1920, já havia no país cerca de 13.440
estabelecimentos industriais e 280.000 operários.
O Pleito de 1918
As lideranças oligárquicas pouco se preocupavam com os
problemas sociais à sua volta. Enquanto o país se transformava e
novas lideranças políticas surgiam, os fazendeiros, envoltos com a
preservação de privilégios e da política dos governadores, elegeram
o ex-presidente Rodrigues Alves.
O peso dos anos e as más condições de higiene e de saneamento
em que o Brasil se encontrava vitimaram, em janeiro de 1919, o
velho Alves que não chegou a tomar posse.
Nesse caso, deveriam ser convocadas novas eleições. Os políticos
de São Paulo e Minas Gerais, para preservar a renascida república
do café-com-leite, decidiram buscar um candidato de um estado de
pequena influência política para representá-los, evitando, assim,
confrontos internos. O escolhido foi o paraibano Epitácio Pessoa
que representava o Brasil na Conferência de Versalhes, ao término
da Primeira Guerra Mundial.
Empossado em julho de 1919, Pessoa revelou-se um legítimo
defensor das oligarquias. Procurando atender os anseios dos
coronéis nordestinos, o presidente destinou vultosos recursos para
enfrentar o problema da seca, criando a Superintendência
Nacional de Obras contra as Secas, com a proposta de construir
açudes para racionalizar os estoques regionais de recursos hídricos.
Os açudes, porém, valorizavam as terras onde eram construídos,
consolidando o poder dos mandatários locais.
O governo de Pessoa só contribuiu para aumentar a crise de
autoridade da República Velha, que atingiu o seu auge no fim do
seu mandato, quando os tenentes rebelados em 1922 tentaram
impedir a posse do novo presidente eleito, Artur Bernardes.
O Caos da República Velha
O governo de Artur Bernardes foi marcado pelo Estado de Sítio (44
dos 48 meses do seu mandato), pelos duelos com levantes de
militares e operários, e pela Semana da Arte Moderna.
Seu slogan de campanha ―Governar é abrir estradas‖, sintetizava a
proposta de modernização econômica. Sua plataforma de ação
social pode ser resumida na frase: ―A questão social é caso de
polícia‖.
Incapaz de dialogar e mesmo de entender as demandas da jovem
classe operária, Washington Luís perdeu o apoio da população
urbana. Para reprimir os eventuais perigos do tenentismo e dos
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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operários filiado nos partidos comunistas, o presidente baixou a Lei
Celerada, que censurava a imprensa e o direito de reuniões.
No entanto, a derrocada final da oligarquia cafeeira deu-se
irremediavelmente, com a crise de 1929.
A crise provocou a falência de inúmeros cafeicultores, e fez ruir o já
alquebrado sistema do café-com-leite, pois, numa atitude de
desespero, os fazendeiros paulistas exigiram que Washington Luís
lançasse outro paulista (Júlio Prestes) como seu sucessor,
destruindo a aliança entre o PRM e o PRP, o que favoreceu a
tomada do poder por Getúlio Vargas.
TEXTO COMPLEMENTAR:
A Gripe Espanhola
Entre setembro e novembro de 1918, um vírus letal atacou o mundo,
matando cerca de 20 milhões de pessoas (1% da população
mundial). O vaivém de soldados durante a guerra disseminava o
vírus influenza. Era a gripe espanhola.
Ela chegou ao Brasil em setembro de 1918, após o desembarque de
imigrantes espanhóis com sintomas da gripe. Em novembro desse
ano, a doença já tinha se alastrado.
Na capital, 17 mil pessoas morreram em dois meses. Os mortos,
abandonados na rua, obrigaram o governo a ―empregar‖ presidiários
como coveiros. Em São Paulo foram cerca de 8 mil mortes. Em todo
o país, 300 mil. O próprio presidente da República, Rodrigues Alves
foi vítima da epidemia.
Os sintomas dessa gripe eram os mesmos de uma gripe normal,
mas muito mais acentuados: pulmões congestionados e enrijecidos,
que tornavam a respiração muito penosa. Os médicos receitavam
canja de galinha, gerando saques aos armazéns. Os jornais
afirmavam que o tratamento deveria ser feito à base de pinga com
limão ou uísque com gengibre.
Hoje, sabe-se que a epidemia surgiu em chiqueiros do Kansas,
EUA, e não na Espanha, como se imaginava. Provavelmente, os
suínos norte-americanos comeram dejetos de aves (que quase
sempre têm o vírus da gripe) e passaram o vírus para seus donos.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo (19-05-2000), cientistas de
Oxford pretendem reconstruir o vírus da gripe espanhola, tentando
descobrir as razões que levaram o vírus a ser tão letal e, a partir
dessas informações, ―desenvolver métodos de proteção contra
futuras pandemias‖. O Vírus poderá ser reconstruído, pelo menos
em parte, porque pesquisadores norte-americanos já pesquisaram
sequências de dois dos mais importantes genes.
Compreendendo o texto:
01. Em qual país surgiu o vírus influenza causadora da Gripe
Espanhola?
______________________________________________________
Questões: (A República Velha)
02. (ENEM-2009) Até que ponto, a partir de posturas e interesses
diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena
política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um
traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A
união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas
frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande
desacerto final. (FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP,
2004 - adaptado).
A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São
Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os
dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito
mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas
colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de
envolvimento no comércio exterior. (TOPIK, S. A presença do estado na
economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 -
adaptado).
Para a caracterização do processo político durante a Primeira
República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café
com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a
sua utilização:
A) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a
prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem
necessidade de alianças.
B) As divisões políticas internas de cada estado da federação
invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para
este período.
C) As disputas políticas do período contradiziam a suposta
estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.
D) A centralização do poder no executivo federal impedia a
formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.
E) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado
interno unificavam os interesses das oligarquias.
03. (ENEM-2011) Completamente analfabeto, ou quase, sem
assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se
limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos
esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político,
ele luta com o ―coronel‖ e pelo ―coronel‖. Aí estão os votos de
cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização
econômica rural. (LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo:
Alfa-Ômega, 1976 - adaptado).
O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-
1930), tinha como uma de suas principais características o controle
do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse
período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social:
A) igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda.
B) estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes.
C) tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos
como forma produtiva típica.
D) ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão
mantido pelo exército e polícia.
E) agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político
local e regional.
04. (ENEM-2010) As secas e o apelo econômico da borracha —
produto que no final do século XIX alcançava preços altos nos
mercados internacionais — motivaram a movimentação de massas
humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto,
até o início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a
maioria da sua população fosse brasileira e não obedecesse à
autoridade boliviana. Para reagir à presença de brasileiros, o
governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma
entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas
disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou em 1903,
com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil
comprou o território por 2 milhões de libras esterlinas.
Amplie seus conhecimentos sobre: Pré-Modernismo e Modernismo Brasileiro (Literatura Caderno Delta/Ômega).
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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(Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso em: 03 nov. 2008 - adaptado)
Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos
apresentados, o Acre tornou-se parte do território nacional brasileiro:
A) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o
Brasil pela sua anexação.
B) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes
brasileiros na região.
C) devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os
seringais.
D) em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na
região.
E) pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à
Bolívia.
05. (ENEM-2010) O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890
dizia:
―Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza
corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem: andar em
correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma
lesão corporal, provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão de
dois a seis meses‖. (SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: as
capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria
Municipal de Cultura, 1994 - adaptado).
O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas
socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regulamento
expressava:
A) a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao
controle da criminalidade urbana.
B) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros
governos do período republicano.
C) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada,
desejosa de um equilíbrio entre progresso e civilização.
D) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores
que vinculavam certos grupos ao passado de escravidão.
E) o poder do regime escravista, que mantinha os negros como
categoria social inferior, discriminada e segregada.
QUESTÕES SOCIAIS E CULTURA NA REPÚBLICA VELHA
Movimento Tenentista
Um aspecto econômico da República Velha foi o início da
industrialização no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em
São Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira
possibilitou aos grandes fazendeiros investir na indústria, dando
novo dinamismo à sociedade nestes locais. São Paulo e Rio de
Janeiro passaram por uma profunda urbanização, criando avenidas,
iluminação pública, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e,
principalmente, afastando as populações pobres dos centros das
cidades. Mas não foi apenas nestas duas cidades que houve
mudanças, já que a mesma situação se verificou em Manaus, Belém
e cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas. O
papel dos imigrantes - italianos, portugueses, espanhóis e outros, foi
marcante no processo brasileiro de industrialização. Eles trouxeram
sua força de trabalho, seus conhecimentos, técnicas mais
modernas, novas ideias políticas, além de usos e costumes que
contribuíram para a formação da cultura brasileira, enriquecendo-a e
conferindo-lhe um caráter mais cosmopolita.
Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de milhões de
imigrantes europeus e asiáticos para trabalharem tanto nas
indústrias quanto nas grandes fazendas. O fluxo migratório na
República Velha alterou substancialmente a composição da
sociedade, intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos das
elites do país, poderia levar a um embranquecimento da população,
aprofundando o preconceito contra os negros de origem africana.
Nessa perspectiva os operários procuravam se organizar para
defender seus interesses, criando associações de auxílio mútuo,
fundando jornais e sindicatos – movimento operário. Mesmo com o
surgimento do Partido Comunista, dos movimentos grevistas e o
anarquismo, a sociedade continuava dominada pelas oligarquias
rurais que, ao lado de alguns elementos ligados a indústrias,
ocupavam as posições de maior importância política e econômica.
Nesse bojo organizacional a Greve Geral ou a paralisação geral da
indústria e do comércio do Brasil, em Julho de 1917, ocorreu como
resultado da constituição de organizações operárias de inspiração
anarquista aliada à imprensa libertária. Vivia-se sob o efeito da
carestia da 1ª Guerra, o preço dos alimentos subia, falta de
emprego, melhores condições e trabalhos e salários. Os revoltosos
reivindicavam: jornada de 8 horas, pagamento das horas extras,
proibição do trabalho noturno para mulheres, crianças e menores de
18 anos. Esta mobilização operária foi uma das mais abrangentes e
longas da história do Brasil. A greve geral de 1917 no Brasil faz
parte de um processo de politização dos trabalhadores.
Com o surgimento de novos líderes e com o crescimento do uso dos
meios de comunicação, estes começaram a se dirigir à população
de forma cada vez mais concentrada nas grandes cidades que
iniciavam seu longo inchaço em direção à favelização diminuindo o
poder político dos coronéis. Na área rural, porém através da
pobreza e da dependência da população, surgiu um novo método de
adquirir votos, o chamado voto de cabresto.
Outra questão social foi a educação que nesse período acabou
enfrentando alguns sérios problemas devido à falta de ordem
constitucional que deveriam garantir. Não havia um plano nacional
de educação para cuidar deste assunto com maiores cuidados,
dando atenção para os seus muitos níveis.
Em relação às escolas primarias, de acordo com a Constituição de
1891, a sua organização deveria ser um dever dos estados, mas
isso não acontecia. Também existia a Escola Normal, que tinha
como formação o ―ensino pedagógico‖. Mesmo sendo uma área que
abrange para os dois sexos, nesta escola a presença de mulheres
era predominante, lá se formavam as moças de classe média, ou
como costumamos chamar, jovens burguesas. De fato a educação
nesse período coube ao grupo de elites ilustradas, formadas na
tradição iluminista, reproduzindo o modelo europeu, naturalmente
observadas as devidas condições, inclusive intelectuais das
unidades federadas. Porém, a Igreja Católica que era poderosíssima
e exercia sem freios o controle da vida moral e cultural do país,
ainda tinha influências no sistema educacional brasileiro. Em 1920
foi criada a primeira universidade pública do país, a Universidade do
Rio de Janeiro.
Assim como na monarquia, durante a República Velha a cultura
brasileira continuou sendo um direito exclusivo da elite. A influência
europeia, principalmente francesa, mudou o comportamento das
pessoas ricas, em seu jeito de vestir, falar e se portar em público, o
que ficou conhecido como a Belle Époque (Bela Época) no Brasil. A
década de 1920 foi marcada por um movimento modernista
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brasileiro que se rebelava contra o elitismo e o europeísmo. Mas foi
em 1922, que o modernismo atingiu o seu ponto culminante, quando
teve inicio a Semana de Arte Moderna de 1922 que aconteceu em
São Paulo. Animada por vários artistas como Villa-Lobos, Mário de
Andrade, Oswaldo de Andrade e Manuel Bandeira que pretendia
fazer uma antropofagia cultural, misturando elementos das culturas
europeia e brasileira na produção artística. Objetivava a
modernização da cultura, com base em elementos naturais da
nossa nação. Já na cultura popular nacional surgiram os gêneros
musicais choro e o samba.
Assim a realidade brasileira passou a ser trabalhada na literatura do
pré-modernismo com alguns autores que falavam de algumas
influências europeias. Os autores que tiveram grande destaque
juntamente a suas obras foram:
• Euclides da Cunha com Os sertões, que tratava, em uma
linguagem jornalística, sobre a guerra dos canudos;
• Lima Barreto, com sua obra Triste fim de Policarpo Quaresma, que
se referia à imagem do major Quaresma,
• Monteiro Lobato, com sua obra Urupês, na qual criou o imortal
personagem Jeca Tatu.
Nesse contexto de várias transformações sociais eclodiram diversos
conflitos também de ordem social, podemos destacar os de origem
camponesa:
A Guerra de Canudos, entre os anos de 1893 e 1897, aconteceu
no sertão da Bahia como um dos mais importantes movimentos
populares do período. As origens do conflito estão na pobreza, na
injusta distribuição de terras e na ausência completa do Estado na
região;
Na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, em uma região
conhecida como Contestado, ocorreu um conflito, a Guerra do
Contestado, entre os anos de 1912 e 1916. Os descontentamentos
se iniciaram quando o governo federal desapropriou parte das terras
do Contestado para a construção de um trecho da ferrovia que seria
construída pela empresa norte-americana Brazil Railway, ligando
São Paulo ao Rio Grande do Sul. Assim como em Canudos, José
Maria formou uma comunidade religiosa igualitária, chamada
―Monarquia Celeste‖, regida pelos códigos dos cavaleiros medievais,
que ele aprendera em leituras de romances de cavalaria. Centenas
de desempregados e miseráveis liderados por José Maria
combateram as tropas do governo.
O cangaço foi um fenômeno que surgiu no sertão do atual Nordeste
brasileiro na virada do século XIX para o XX. Sua origem está na
formação de milícias armadas pelos fazendeiros, os ―coronéis‖, que
sustentavam jagunços para protegê-los ou para praticar atos
criminosos em benefício de seus interesses. Alguns desses
jagunços partiram para a formação do próprio bando,
independentemente das ordens de um coronel. Na verdade, eram
indivíduos marginalizados socialmente, que tentavam sobreviver em
meio ao poder de grandes proprietários de terras, que dominavam
as leis, a polícia, a Igreja e a população em geral.
Os movimentos de origem urbana são:
A Revolta da Vacina foi o mais rápido e tenso levante popular da
Primeira República. Houve um surto de varíola na cidade do Rio de
Janeiro e o então presidente Rodrigues Alves determinou que se
fizesse uma vacinação obrigatória. Como não houve maiores
esclarecimentos sobre a gravidade da situação a cidade se tornou
palco de manifestações violentas que opunham populares e
autoridades policiais. A Liga Contra a Vacina Obrigatória, reunia
diferentes setores da sociedade que recebeu mal a determinação do
Governo Federal.
A Revolta da Chibata iniciou por causa da antiga prática da
Marinha brasileira de lançar mão de castigos físicos para punir os
marinheiros, em sua maioria negros e mulatos. Os rebeldes
reivindicavam o fim dos castigos corporais, melhores condições de
trabalho e anistia aos presos no conflito anterior. Diante da ameaça,
o governo aceitou as reivindicações, mas não as cumpriu.
A plataforma da Reação Republicana defendia a regeneração dos
princípios republicanos e a formação de partidos políticos nacionais.
Ela criticava a forma como se desenvolvia o federalismo no Brasil,
acusando-o de beneficiar apenas os grandes estados. Para
enfrentar a ameaça permanente de derrota que rondava toda
candidatura de oposição, a Reação Republicana desencadeou uma
propaganda eleitoral, coisa pouco comum nas eleições da Primeira
República. E, o que é importante, buscou apoio militar.
O Tenentismo surgiu justamente como forma de contestação ao
sistema político que dominava o Brasil e não permitia espaços para
grupos que não fizessem parte da oligarquia. Os militares defendiam
a dinamização da estrutura do poder no país, almejando que o
processo eleitoral se tornasse mais democrático e permitisse o
acesso de mais grupos ao poder, questionavam o voto de cabresto
e eram favoráveis ao direito da mulher ao voto. Descontentes com a
realidade política do Brasil acreditavam que se fazia necessário uma
reforma no ensino público, assim como a concessão da liberdade
aos meios de comunicação, a restrição do Poder Executivo e a
moralização dos ocupantes das cadeiras no Poder Legislativo.
A primeira ação deste tipo dos Tenentes aconteceu em 1922 no
evento conhecido como Revolta dos 18 do Forte de Copacabana,
em 1924 veio a Comuna de Manaus e a Revolução de 1924.
Concomitantemente teve início o evento mais duradouro e que
percorreu grande território no Brasil, a Coluna Prestes. O
Tenentismo não gerou efeitos imediatos no Brasil, mas o somatório
dos acontecimentos na década de 1920 foi importante para abalar a
estrutura política das oligarquias e mudar significativamente a ordem
política no Brasil em 1930.
Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas nesse
momento Luís Carlos Prestes já havia se tornado comunista e não
mais integrava o movimento. A Aliança Liberal somava a luta
Tenentista que envolvia o voto secreto e também feminino com a
evolução do direito trabalhista. O Tenentismo foi fundamental para
que Getúlio Vargas assumisse o poder, tanto que após a Revolução
de 1930 o presidente nomeou vários tenentes como interventores
em quase todos os estados.
Apesar do fim do movimento tenentista, suas manifestações
ecoaram na política brasileira. No Golpe Militar de1964, quase todos
os comandantes eram antigos tenentes de 1930 como: Cordeiro de
Farias, Ernesto Geisel, Eduardo Gomes, Castelo Branco, Médici,
Juraci Magalhães e Juarez Távora.
O Tenentismo existiu até 1970, quando todos os seus membros
acabaram falecendo.
TEXTO COMPLEMENTAR:
ONGs de outrora
Centenas de associações funcionavam no Rio de Janeiro do início
do século XX. A maioria era muito mais democrática e inclusiva do
que o Estado.
―A todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem
armas, não podendo intervir a polícia senão para manter a ordem
pública‖. (Constituição republicana, em 1891).
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12
A criação de associações e entidades de grupo era prática comum
no país. No Rio de Janeiro – capital da diversidade social, com
intensa atividade de comércio e sede da burocracia do Estado –,
essas iniciativas eram numerosas e variadas, funcionando como
verdadeiras ―redes de proteção social‖, um ideal que vigora até hoje.
O espírito das atuais ONGs não difere muito do que ocorria há cem
anos.
Culturais, recreativas, religiosas, políticas, educativas, beneficentes,
sindicais ou de auxílio mútuo, as sociedades registradas junto ao
poder público chegaram a 682 entre 1903 e 1916. A maioria era
dedicada ao ―auxílio mútuo‖. Isso se explica pelas condições de vida
a que estava submetida a maior parte da população do Distrito
Federal, com seu grande número de migrantes – brasileiros e
estrangeiros – sem famílias que os amparassem. Submetiam-se a
duríssimas condições de trabalho, com longas jornadas, baixos
salários, sem direito a férias nem repouso remunerado, e quase
nenhum tipo de assistência social pública. O modelo associativo, já
seguido por trabalhadores em outros países, foi adotado como
solução para problemas concretos de assistência médica,
impossibilidade de trabalho ou pensões à família.
A lista de benefícios prestados compreendia auxílios para funeral
(do associado ou de seus familiares), contribuições para o luto da
família (incluindo gastos com roupas, principalmente para as
mulheres), pensões por acidentes, doença ou velhice, fornecimento
de remédios, auxílios para tratamento fora do Rio de Janeiro ou
repatriação em caso de doença. Várias entidades prestavam ainda
serviço advocatício, auxiliavam presos não sentenciados, faziam
pequenos empréstimos e atuavam como fiadoras de sócios para
exercício de cargos ou aluguel de residências.
[...]
O número e a diversidade de associações, seus diferentes públicos-
alvo e suas finalidades indicam que elas eram um meio eficaz para
a população buscar e ampliar seus direitos. Constituíam, ao mesmo
tempo, um espaço democrático, regido por normas estabelecidas
pelo grupo, e uma escola de democracia, na medida em que
educavam seus membros no debate, estimulavam sua participação
e conscientizavam-nos de que o êxito ou o fracasso do grupo eram
responsabilidade de todos.
(FONSECA, Vitor Manoel Marques da. No gozo dos direitos civis:
associativismo no Rio de Janeiro, 1903-1916. Rio de Janeiro/Niterói:
Arquivo Nacional/Muiraquitã, 2008 - adaptado).
Compreendendo o texto:
06. Descreva as características das associações e entidades de
grupo que existem no Rio de Janeiro no início do século XX.
______________________________________________________
_____________________________________________________
Questões: (Questões sociais e cultura na República Velha)
07. (ENEM-2010) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão
norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural,
dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de
Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas
foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) porque
reúnem um conjunto de:
A) objetos arqueológicos e paisagísticos.
B) acervos museológicos e bibliográficos.
C) núcleos urbanos e etnográficos
D) práticas e representações de uma sociedade.
E) expressões e técnicas de uma sociedade extinta.
08. (ENEM-2010)
I – Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar
as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar
distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser
visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico-
religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo
inteiro. (CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da
República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990).
II – Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão! É Tiradentes
quem passa / Deixem passar o Titão. (ALVES, C. Gonzaga ou a
revolução de Minas. In: CARVALHO. J. M. C. A formação das almas: O
imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,
1990).
A República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir
uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar
simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes,
deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A
transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o
esforço de construção de um simbolismo por parte da República
estava relacionado:
A) ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência,
evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes.
B) à identificação da Conjuração Mineira como o movimento
precursor do positivismo brasileiro.
C) ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de
poucas raízes populares, que precisava de legitimação.
D) à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que
proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil
identificação.
E) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado
movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país.
09. (ENEM-2010) A serraria construía ramais ferroviários que
adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com
guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros
arrastavam, para as composições de trem, as toras que jaziam
abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam
pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em
direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em
meio às matas eram destruídos por este deslocamento. (MACHADO
P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp. 2004 - adaptado).
No início do século XX, uma série de empreendimentos capitalistas
chegou à região do meio-oeste de Santa Catarina – ferrovias,
serrarias e projetos de colonização. Os impactos sociais gerados
por esse processo estão na origem da chamada Guerra do
Contestado. Entre tais impactos, encontrava-se:
A) a absorção dos trabalhadores rurais como trabalhadores da
serraria, resultando em um processo de êxodo rural.
B) o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que
diminuíam a necessidade de mão-de-obra.
C) a desorganização da economia tradicional, que sustentava os
posseiros e os trabalhadores rurais da região.
D) a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que
passavam disputar o poder político com os novos agentes.
E) o crescimento dos conflitos entre os operários empregados
nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao
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capital internacional.
10. (ENEM-2009) Como se assistisse à demonstração de um
espetáculo mágico, ia revendo aquele ambiente tão característico de
família, com seus pesados móveis de vinhático ou de jacarandá, de
qualidade antiga, e que denunciavam um passado ilustre, gerações
de Meneses talvez mais singelos e mais calmos; agora, uma
espécie de desordem, de relaxamento, abastardava aquelas
qualidades primaciais. Mesmo assim era fácil perceber o que
haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam
mansamente na sombra, suas pratas semi-empoeiradas que
atestavam o esplendor esvanecido, seus marfins e suas opalinas –
ah, respirava-se ali conforto, não havia dúvida, mas era apenas uma
sobrevivência de coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que se ia
desagregando, que um mal oculto o roía, como um tumor latente em
suas entranhas. (CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de
Janeiro Civilização Brasileira, 2002 - adaptado)
O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Cardoso,
acerca da vida dos Meneses, família da aristocracia rural de Minas
Gerais, apresenta não apenas a história da decadência dessa
família, mas é, ainda, a representação literária de uma fase de
desagregação política, social e econômica do país. O recurso
expressivo que formula literariamente essa desagregação histórica é
o de descrever a casa dos Meneses como:
A) ambiente de pobreza e privação, que carece de conforto mínimo
para a sobrevivência da família.
B) mundo mágico, capaz de recuperar o encantamento perdido
durante o período de decadência da aristocracia rural mineira.
C) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes da casa
ocupa o primeiro plano, compensando a frieza e austeridade
dos objetos antigos.
D) símbolo de um passado ilustre que, apesar de superado, ainda
resiste à sua total dissolução graças ao cuidado e asseio que a
família dispensa à conservação da casa.
E) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu esplendor e
sobre os quais a vida repousa como lembrança de um passado
que está em vias de desaparecer completamente.
11. (ENEM-2011)
A imagem representa
as manifestações nas
ruas da cidade do Rio
de Janeiro, na primeira
década do século XX,
que integraram a
Revolta da Vacina.
Considerando o contexto político-social da época, essa revolta
revela:
A) a insatisfação da população com os benefícios de uma
modernização urbana autoritária.
B) a consciência da população pobre sobre a necessidade de
vacinação para a erradicação das epidemias.
C) a garantia do processo democrático instaurado com a República,
através da defesa da liberdade de expressão da população.
D) o planejamento do governo republicano na área de saúde, que
abrangia a população em geral.
E) o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a
população em vez de privilegiar a elite.
O IMPERIALISMO DO SÉCULO XIX
No final do século XIX, os países industrializados da Europa
voltaram seus interesses para os países africanos e asiáticos,
movidos pela ganância em explorar matérias-primas, mão-de-obra
barata e novos mercados consumidores, dinamizando e expandindo
suas economias. Por outro lado, os Estados Unidos dominou e
explorou a América Latina através de sua influência política e
econômica.
No final do século XV e XVI, os países europeus, principalmente
Portugal e Espanha através da Expansão Marítima, conquistaram
terras e desenvolveram o sistema colonial, que permitiu obter lucros
e se fortalecer economicamente por meio da exploração de metais
preciosos e de produtos como o açúcar, algodão e tabaco. Esse
período ficou conhecido como colonialismo.
Contudo, no século XIX, a economia europeia viveu um período de
grande expansão e o mundo já tinha conhecido a Segunda
Revolução Industrial, que proporcionou transformações importantes
na economia
capitalista. Nesse
período, surgiu o
capitalismo
financeiro e as
associações
monopolistas que
controlavam as
atividades
produtivas. E a
burguesia das
grandes potências passou a explorar territórios fora de suas
fronteiras nacionais, dando início ao neocolonialismo ou
imperialismo.
Vale destacar, que além dos fatores políticos e econômicos que
desencadeou o imperialismo, existia a ideia de que o
neocolonialismo seria uma missão civilizadora de uma raça superior
branca representada pelos europeus e norte-americanos
(darwinismo social), que tinha como objetivo levar a tecnologia, a
cultura cristã e a civilização a um povo que já mais alcançaria o
desenvolvimento sozinho. Na verdade, grande parte da população
dos países dominados acreditava nessa ideia preconceituosa, que
foi utilizada para justificar a dominação e exploração dos povos
africanos pelos seus governos e pelos europeus.
O Imperialismo do século XIX (neocolonialismo), incrementado a
partir de 1880, tem por base uma nova divisão econômica e política
do mundo pelas potências capitalistas em ascensão. Reino Unido,
Estados Unidos e Alemanha experimentam um auge industrial e
econômico a partir de 1870, seguidos pela França e Japão. Itália e
Rússia ingressam na via da industrialização nesse mesmo período.
Os monopólios e o capital financeiro de cada potência competem
acirradamente pelo controle das fontes de matérias-primas e pelos
mercados situados fora de seus países.
O neocolonialismo desenvolveu uma política que tem por eixo dois
tipos de colônia: as colônias comerciais e as colônias de
Amplie seus conhecimentos sobre: Revolução Industrial (História Caderno Gama/Pi); Ver também: Vanguardas (Literatura Caderno Alpha/Beta); Ver também: A Sociologia de Auguste Comte (Sociologia Caderno Alpha/Beta; Ver também: Teoria da Evolução de Darwin (Biologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: Japão, América Latina e África (Geografia Caderno Delta/Ômega).
(Charge capa da revista ―O Malho‖, de 1904. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com)
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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assentamento. As colônias comerciais devem fornecer matérias-
primas e, ao mesmo tempo, constituir-se em mercados privilegiados
para produtos e investimentos de capitais das metrópoles. As
colônias de assentamento servem de áreas de recepção dos
excedentes populacionais das metrópoles.
Partilha da África
Ocorre a partir de 1870, quando a Alemanha e a Itália entram em
disputa com a Inglaterra e a França pela conquista de territórios que
sirvam como fontes de abastecimento de matérias-primas industriais
e agrícolas e mercados para seus produtos. Portugal e Espanha
conseguem manter alguns de seus antigos territórios coloniais. A
Conferência de Berlim, em 1884 e 1885, oficializa e estabelece
normas para a partilha. Qualquer posse territorial deve ser
comunicada às potências signatárias e toda potência estabelecida
na costa tem direito ao interior do território, até defrontar com outra
zona de influência ou outro Estado organizado.
Imperialismo na Ásia
As relações comerciais entre a Europa e a Ásia eram bem antigas.
Entretanto, a partir da década de 1880, elas acompanharam a forma
neocolonial de ocupação territorial e dominação política. As
potências europeias, o Japão e os Estados Unidos envolvem-se
numa disputa acirrada para dividir os territórios asiáticos, como
podemos observar abaixo.
Índia - A presença britânica na Índia com a Companhia das Índias
Orientais supera a concorrência portuguesa e francesa desde o
século XVII. Contra essa hegemonia se rebelam, em 1857, as
tropas nativas, ou cipaios. A Revolta dos Cipaios foi um levante de
grupos indianos (cipaios) contra a exploração britânica. Começa em
1857 e é violentamente reprimida pelos britânicos, terminando no
ano seguinte. O governo britânico dissolve a Companhia das Índias,
reorganiza o exército colonial e converte a Índia em domínio
britânico.
O Reino Unido implanta em território indiano um sistema de ensino
inglês, uma rede ferroviária e a modernização dos portos. Com seus
produtos industriais mais baratos, destrói a economia rural
autárquica e aumenta o desemprego. Os ingleses se expandem e
criam Estados intermediários no Nepal e Butão e entram no Tibete
para garantir privilégios comerciais. Anexam a Birmânia (atual
Mianmá) e Ceilão (atual Sri Lanka) e tentam disputar com os russos
o domínio do Afeganistão. O domínio britânico faz surgir um
movimento nacionalista entre setores das classes abastadas
indianas, europeizadas nos colégios e universidades inglesas, onde
tinha livre curso às ideias liberais e democráticas. Em 1885 é
fundado o Congresso Nacional Indiano, com o objetivo de obter uma
participação ativa na administração do país.
China – Até meados do século XIX os europeus mantêm feitorias no
território chinês, por onde realizavam o comércio com as
metrópoles. A partir daí ocorre uma intensificação nas tentativas de
dominar o mercado chinês por meio de guerras e conquistas. Uma
das principais atividades do Reino Unido na região é o cultivo do
ópio (em território indiano), que é depois vendido aos chineses. Em
1840 as autoridades chinesas passam a reprimir a venda ilegal da
droga, o que leva o Reino Unido a declarar a chamada Guerra do
Ópio. O conflito termina dois anos depois pela Paz de Nanquim,
tratado segundo o qual o Reino Unido retoma o comércio de ópio e
obtém ainda a cessão de Hong Kong, ponto estratégico para
comércio. A partir de 1844, França, Estados Unidos, Inglaterra e
Rússia conquistam o controle de áreas do território chinês, como
Xangai e Tientsin.
Como reação à dominação estrangeira, nacionalistas se revolta
contra a dinastia manchu. A Guerra dos Boxers, nome dado pelos
ocidentais aos membros de uma sociedade secreta chinesa que
organizam a revolta, se espalha pelas zonas costeiras e ao longo do
rio Yang-Tsé, em 1900. Exércitos estrangeiros esmagam a rebelião
e impõem à China uma abertura à participação econômica ocidental.
O capital estrangeiro implanta indústrias, bancos e ferrovias.
Japão – Pressionado pelos EUA, em meados do século XIX, foram
estabelecidos acordos comerciais com o mundo ocidental. Essa
abertura econômica japonesa contribuiu para a modernização do
Japão, eliminando os poderes do Xogunato e o imperador promoveu
uma centralização administrativa e uma modernização econômica,
permitindo uma expansão no extremo oriente. Esse período é
denominado de ―Era Meiji‖
TEXTO COMPLEMENTAR:
A resistência africana
Durante muito tempo, os movimentos de resistência à colonização
europeia foram pouco divulgados. Prevalecia a falsa ideia de que as
comunidades africanas foram subjugadas sem demonstrar nenhuma
oposição. Essa situação se modificou nas últimas décadas graças
aos estudos historiográficos realizados sobre esse tema.
―Entre 1880 e 1900, a África tropical apresentava um estranho e
brutal paradoxo. Se o processo da conquista e da ocupação pelos
europeus era claramente irreversível, também era altamente
resistível. Irreversível por causa da revolução tecnológica – pela
primeira vez os brancos tinham uma vantagem decisiva nas armas,
e, também pela primeira vez, as ferrovias, a telegrafia e o navio a
vapor permitiam-lhes oferecer resposta ao problema das
comunicações no interior da África e entre a África e a Europa.
Resistível devido à força das populações africanas e porque na
ocasião a Europa não empregou na batalha recursos muito
abundantes nem em homens nem em tecnologia. De fato, os
brancos compensavam a escassez de homens recrutando auxiliares
africanos. Mas eles não eram manipuladores diabolicamente
inteligentes de negros divididos e atrasados. Os europeus estavam
apenas retomando o repertório das estratégias dos antigos impérios.
Quanto a detalhes, muitas vezes sabiam menos das coisas que os
dirigentes africanos. A implementação da estratégia de penetração
foi muito desordenada e inábil. Os europeus enfrentaram uma
enormidade de movimentos de resistência que provocaram e até
inventaram por ignorância e medo. Tinham de ‗obter a vitória final‘,
e, uma vez obtida, trataram de pôr em ordem o conturbado
processo. Escreveram-se livros sobre a chamada ‗pacificação‘;
tinha-se a impressão de que, na sua maior parte, os africanos
haviam aceitado a Pax Colonica com reconhecimento e fez-se caso
omisso de todos os fatos da resistência africana. Mas a vitória dos
europeus não significa que a resistência africana não tenha tido
importância no seu tempo ou que não mereça ser estudada agora,
afirmou-se que a resistência africana era importante, já que provava
que os africanos nunca se haviam resignado à ‗pacificação‘
europeia. Em segundo lugar, sugeriu-se que, longe de ser
desesperada ou ilógica, essa resistência era muitas vezes movida
por ideologias racionais e inovadoras. Por fim, em terceiro,
argumentou-se que os movimentos de resistência não eram
insignificantes; pelo contrário, tiveram consequências importantes
em seu tempo, e têm, ainda hoje, notável ressonância‖.
(RANGER, Terence O. Iniciativas e resistência africanas. In: BRAICK,
Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro Milênio. Vol. 3, 2ª ed.
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
15
São Paulo: Moderna, 2010, p. 18).
Compreendendo o texto:
12. Por que o processo de ocupação da África entre o fim do século
XIX e o início do XX era, na visão de Terence Ranger, irreversível e
resistível?
Questões: (O Imperialismo do Século XIX)
13. (ENEM-2002) ―O continente africano em seu conjunto apresenta
44% de suas fronteiras apoiadas em meridianos e paralelos; 30%
por linhas retas e arqueadas, e apenas 26% se referem a limites
naturais que geralmente coincidem com os de locais de habitação
dos grupos étnicos‖. (MARTIN, A. R. Fronteiras e nações. São Paulo:
Contexto, 1998.)
Diferente do continente americano, onde quase a totalidade das
fronteiras obedece a limites naturais, a África apresenta as
características citadas em virtude, principalmente:
A) da sua recente demarcação, que contou com técnicas
cartográficas antes desconhecidas.
B) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha
dos seus recursos naturais.
C) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos
―limites naturais‖.
D) da natureza nômade das populações africanas, especialmente
aquelas oriundas da África subsaariana.
E) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes
gastos para demarcação.
14. (ENEM-2009) A formação dos Estados foi certamente distinta na
Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Os Estados atuais,
em especial na América Latina — onde as instituições das
populações locais existentes à época da conquista ou foram
eliminadas, como no caso do México e do Peru, ou eram frágeis,
como no caso do Brasil —, são o resultado, em geral, da evolução
do transplante de instituições europeias feito pelas metrópoles para
suas colônias. Na África, as colônias tiveram fronteiras
arbitrariamente traçadas, separando etnias, idiomas e tradições,
que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descolonização,
dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua verdadeira
origem em disputas pela exploração de recursos naturais. Na Ásia,
a colonização europeia se fez de forma mais indireta e encontrou
sistemas políticos e administrativos mais sofisticados, aos quais se
superpôs. Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo
menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políticas do
Estado asiático. 3
Relacionando as informações ao contexto histórico e geográfico por
elas evocado, assinale a opção correta acerca do processo de
formação socioeconômica dos continentes mencionados no texto.
A) Devido à falta de recursos naturais a serem explorados no Brasil,
conflitos étnicos e culturais como os ocorridos na África
estiveram ausentes no período da independência e formação do
Estado brasileiro.
B) A maior distinção entre os processos histórico-formativos dos
continentes citados é a que se estabelece entre colonizador e
colonizado, ou seja, entre a Europa e os demais.
C) À época das conquistas, a América Latina, a África e a Ásia
tinham sistemas políticos e administrativos muito mais
sofisticados que aqueles que lhes foram impostos pelo
colonizador.
D) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições brasileiras, por
terem sido eliminadas à época da conquista, sofreram mais
influência dos modelos institucionais europeus.
E) O modelo histórico da formação do Estado asiático equipara-se
ao brasileiro, pois em ambos se manteve o espírito das formas
de organização anteriores à conquista.
15. (ENEM-2008) William James Herschel, coletor do governo
inglês, iniciou na Índia seus estudos sobre as impressões digitais ao
tomar as impressões digitais dos nativos nos contratos que
firmavam com o governo. Essas impressões serviam de assinatura.
Aplicou-as, então, aos registros de falecimentos e usou esse
processo nas prisões inglesas, na Índia, para reconhecimento dos
fugitivos. Henry Faulds, outro inglês, médico de hospital em Tóquio,
contribuiu para o estudo da datiloscopia. Examinando impressões
digitais em peças de cerâmica pré-histórica japonesa, previu a
possibilidade de se descobrir um criminoso pela identificação das
linhas papilares e preconizou uma técnica para a tomada de
impressões digitais, utilizando-se de uma placa de estanho e de
tinta de imprensa. (Internet: (com adaptações)).
Que tipo de relação orientava os esforços que levaram à descoberta
das impressões digitais pelos ingleses e, posteriormente, à sua
utilização nos dois países asiáticos?
A) De fraternidade, já que ambos visavam aos mesmos fins, ou
seja, autenticar contratos.
B) De dominação, já que os nativos puderam identificar os ingleses
falecidos com mais facilidade.
C) De controle cultural, já que Faulds usou a técnica para libertar os
detidos nas prisões japonesas.
D) De colonizador-colonizado, já que, na Índia, a invenção foi usada
em favor dos interesses da coroa inglesa.
E) De médico-paciente, já que Faulds trabalhava em um hospital de
Tóquio.
16. (ENEM-2006) No início do século XIX, o naturalista alemão Carl
Von Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer
observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade
indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou:
―Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, ainda
na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o excita e
nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (…).
Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o
presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo
inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão
satisfeito e feliz.‖ (Carl Von Martius. O estado do direito entre os
autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982).
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista Von
Martius:
A) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando que os
índios, diferentemente do que fazia a missão europeia,
respeitavam a flora e a fauna do país.
B) discriminava preconceituosamente as populações originárias da
América e advogava o extermínio dos índios.
C) defendia uma posição progressista para o século XIX: a de tornar
o indígena cidadão satisfeito e feliz.
D) procurava impedir o processo de aculturação, ao descrever
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16
cientificamente a cultura das populações originárias da América.
E) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das sociedades
indígenas e reforçava a missão ―civilizadora europeia‖, típica do
século XIX.
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – 1914 – 1918
O final do século XIX e primeira década do sec. XX foram marcadas
na Europa, por um clima de confiança e otimismo, reforçado por
uma hegemonia em escala global que, naquele momento, ainda não
estava ameaçada.
Os europeus ocidentais, principalmente, os grandes industriais,
banqueiros, a classe política, os formadores de opinião (donos de
jornais), dentre outros, acreditavam que a Europa teria o domínio
em definitivo sobre as chamadas ―áreas periféricas‖ (Ásia, África e
América Latina). Entre 1871 e 1914, durante a chamada belle
époque, a sociedade europeia, liberal e capitalista, passou por uma
das fases de maior prosperidade. O desenvolvimento industrial
trouxe para boa parte da população um conforto nunca antes
experimentado, enquanto a ciência e a técnica abriam
possibilidades inimagináveis de comunicação e transporte, com a
invenção do telégrafo, do telefone e do automóvel.
No entanto, a configuração da economia europeia originada do
desenvolvimento industrial e da expansão imperialista, calcada na
disputa entre as potências industrializadas por territórios,
principalmente na Ásia e na África, apontava para um clima de
instabilidade e insegurança, conduzindo as nações a uma corrida
armamentista e a formação de alianças militares, a “Paz Armada”.
Através de um sistema de alianças militares entre as nações da
Europa formaram-se dois blocos: Alemanha, Áustria-Hungria e
Turquia, que formavam a Tríplice Aliança, e Inglaterra, França e
Rússia, que compunham a Tríplice Entente.
O período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi
marcado por uma exacerbação do nacionalismo. As potências, de
modo geral, cultivavam um discurso e uma mentalidade baseados
em suas glórias militares, no poder bélico e na supremacia nacional.
Ao mesmo tempo, ocorre uma expansão da indústria bélica e um
desenvolvimento tecnológico que aumenta a eficácia das máquinas
de guerra.
A essa conjuntura acrescentou-se uma série de disputas em regiões
fronteiriças, com populações formadas por mais de uma
nacionalidade, como na Alsácia e na Lorena (entre a Alemanha e a
França), na Trintena e proximidades de Trieste (Itália e Império
Austríaco), e na península Balcânica (disputada pela Rússia e pela
Áustria).
A explosão da guerra mundial
No período entre 1905 e 1914, ocorreram vários incidentes
diplomáticos, que contribuíram para abalar a relação entre os países
europeus, culminando com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, possível herdeiro do Império Austro-húngaro. O
atentado ocorreu em Sarajevo, capital da Bósnia, por ativistas pró-
independência da Sérvia. Foi o estopim que detonou a Primeira
Guerra Mundial. Em decorrência do sistema de alianças já
mencionado, acabou se configurando um quadro de guerra geral.
A primeira fase da (1914/1915) era caracterizada pela
movimentação de tropas e equilíbrio entre as forças rivais. A Itália,
membro da Tríplice Aliança, manteve-se neutra até que, em 1915,
sob promessa de receber territórios austríacos, entrou na guerra ao
lado de franceses e ingleses.
Já na segunda fase (1915/1917) o que se viu foi uma guerra
imobilizada pela estratégia de trincheiras e pelo emprego de novas
tecnologias de guerra como aviões, tanques, metralhadoras e armas
químicas. Nessa fase o confronto se estagnou no nordeste da
França (Linha Maginot).
Em 1917 ocorreram dois fatos que mudaram os rumos da ―Grande
Guerra‖: A retirada da Rússia e a entrada dos EUA no conflito.
Com o triunfo da Revolução Russa de 1917, onde os bolcheviques
estabeleceram-se no poder, foi assinado um acordo com a
Alemanha para oficializar sua retirada do grande conflito. Este
acordo chamou-se Tratado de Brest-Litovsk, que impôs duras
condições para a Rússia.
A entrada dos norte-americanos no conflito do lado da Entente
rompeu a situação de equilíbrio entre as forças até então
envolvidas, que, de ambos os lados, apresentavam sinais de
exaustão. Era preciso garantir o recebimento dos investimentos
feitos à Inglaterra e a França. O pretexto foi o afundamento do navio
―Lusitânia‖, que conduzia passageiros norte-americanos.
O ataque a navios mercantes que apoiassem a Entente era plano
estratégico dos alemães, motivo que também conduziu o Brasil a
guerra. Com o torpedeamento do navio Paraná em 3 de abril de
1917, o Brasil, presidido por Wenceslau Brás, rompeu as relações
com Berlim e revogou sua neutralidade na guerra. No dia 25 de
outubro, com o torpedeamento do navio ―Macau‖, o Brasil declarou
guerra à Alemanha enviando auxilio à esquadra inglesa no
policiamento do Atlântico e uma missão médica.
Em 29 de setembro de 1918, os militares alemães declararam a seu
governo que seria impossível vencer a guerra e iniciaram-se as
negociações para a rendição, que ocorreu a 11 de novembro
daquele ano.
No meio tempo em que os tratados de paz que selariam a Primeira
Guerra eram discutidos, Woodrow Wilson, presidente dos EUA,
redigiu os catorze pontos que pretendiam selar um equilíbrio
pacífico entre os europeus. Conhecido como ―14 pontos de Wilson‖
ou ―14 pontos para a Paz‖. Segundo o tratado, as nações não
deveriam mais firmar acordos diplomáticos que não fossem
reconhecidos publicamente. Além disso, acreditava que a livre
navegação e o comércio deliberado entre as nações reforçassem o
elo e a cooperação internacional. No que tange ao militarismo,
acreditava que os aparatos militares deveriam se restringir somente
àquilo que fosse necessário para a manutenção da segurança
nacional.
Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os
derrotados, abraçando a ideia de uma Paz "sem vencedores nem
vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram
aplicadas, pois o desejo de uma "vendetta" por parte da Inglaterra e
principalmente da França prevaleceram sobre as intenções
americanas.
Desta forma, foi imposta duras penalidades a Alemanha (principal
responsabilizada pela guerra) pelo Tratado de Versalhes,
assegurando o seu desmembramento territorial, a indenização aos
vencedores e o controle sob seu poderio militar.
O Tratado ainda previa a criação de uma sociedade entre as nações
para a manutenção da paz mundial, porém a Liga das Nações já
nascia fragilizada pela ausência de potências emergentes como
Amplie seus conhecimentos sobre: Simbolismo (Literatura Caderno Gama/Pi); Ver também: Vanguardas (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: A Sociologia de Auguste Comte (Sociologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: População Europeia (Geografia Caderno Delta/Ômega).
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17
EUA, Japão e URSS. Outra preocupação do acordo de paz era criar
um cordão sanitário contra o avanço do comunismo soviético, para
tanto, foram apoiados governos anticomunistas no leste europeu,
além da criação de novas nações como a Iugoslávia e a
Tchecoslováquia a partir da fragmentação do Império Austro-
húngaro e Turco-otomano.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Texto1: Depoimento de um sargento inglês
―No alto, nas linhas incompletas, os rapazes ficavam a noite toda –
tinha caído muita neve; [...] Uma estaca de madeira ajudará a formar
uma camada de terra sobre as paredes encharcadas e um homem
pode orgulhar-se disso: parece parte de uma trincheira. A chuva, a
chuva impiedosa, ensopando e entorpecendo – e, assim, passar a
noite inteira. [...] Acabo de chegar de um lugar onde jazem
cinquenta mil corpos, ossos e arame farpado por toda a parte‖.
(LIDELL HART. Brasil, A guerra moderna. IN: ROBERTS, J. M. História
do século 20. São Paulo. Abril. 1974, v. 2. P 796)
Texto 2:
―Tornamo-nos animais selvagens. Não combatemos, nos
defendemos da destruição. Sabemos que não lançamos as
granadas contra homens, mas contra a morte, que nos persegue
com mãos e capacetes. Corremos agachados como gatos,
submerso nessa onda que nos arrasta, que nos torna cruéis,
bandidos, assassinos, até demônios. Se seu próprio pai viesse com
os do outro lado, você não hesitaria em lhe atirar uma granada em
pleno peito.‖ (REMARQUE, Erich Maria. Nada de Novo no front. São
Paulo. Edibolso, [s.d.] . p. 92)
Compreendendo o texto:
17. Em sua opinião, as descrições da ―vida nas trincheiras‖ contidas
nas duas fontes históricas, teriam sido as únicas responsáveis pela
transformação de homens em ―animais selvagens‖? Por quê?
______________________________________________________
_____________________________________________________
Questões: (Primeira Guerra Mundial – 1914 – 1918)
18. (Puccamp) Uma ameaça que não se cumpriu
Em 1937, em Genebra, no plenário da Sociedade das Nações, o
embaixador japonês barão Shudo levantou a tese de que as regiões
inexploradas de vários países deveriam ser cedidas a nações ricas
e populosas, como o Japão, naturalmente. Nesse caso o Brasil
Central desértico era uma preocupação crescente. (...) Os
estrategistas brasileiros concluíram que a Amazônia se
autodefendia do colonizador branco com suas doenças, suas selvas
e seu calor. Não havia por que recear ali uma investida do Eixo. A
mortandade provocada nos estrangeiros pela construção da ferrovia
Madeira-Mamoré, na atual Rondônia, também corroborava essa
tese.
Muito diferente, no entanto, era a situação da pré-Amazônia mato-
grossense e goiana, com suas extensas faixas de campos e
cerrados habitáveis, colonizáveis sem maiores esforços. Era o caso
típico da região do Araguaia-Xingu, que continha a Serra do
Roncador e seus prodígios, além dos garimpos de diamantes do alto
Araguaia, em parte contrabandeados para a Alemanha. (Adaptado
da Revista "Especial Temática". O Brasil que Getúlio sonhou. n.4. São
Paulo: Duetto, 2004. p.71)
A Sociedade das Nações mencionada no texto, também conhecida
como Liga das Nações, foi criada em 1919 com o objetivo de:
A) promover a paz armada, após o Tratado de Versalhes, através
da liderança do governo dos Estados Unidos, que presidiu essa
organização.
B) unir as nações democráticas e economicamente mais poderosas,
para impedir a volta do nazi-fascismo, cuja expansão causara a
Primeira Guerra Mundial.
C) executar as determinações previstas pelo documento conhecido
como "14 pontos de Wilson" e que favoreciam os países da
Tríplice Aliança.
D) promover o neocolonialismo na África, Ásia e Oceania, condição
fundamental para a expansão mundial do capitalismo
monopolista.
E) intermediar conflitos internacionais a fim de preservar a paz
mundial, fiscalizando o cumprimento dos tratados pós-guerra.
19. (Fuvest) Os Tratados de Paz assinados ao fim da Primeira
Guerra Mundial "aglutinaram vários povos num só Estado,
outorgaram a alguns o status de 'povos estatais' e lhes confiaram o
governo, supuseram silenciosamente que os outros povos
nacionalmente compactos (como os eslovacos na Tchecoslováquia
ou os croatas e eslovenos na Iugoslávia) chegassem a ser parceiros
no governo, o que naturalmente não aconteceu e, com igual
arbitrariedade, criaram com os povos que sobraram um terceiro
grupo de nacionalidades chamadas minorias, acrescentando assim
aos muitos encargos dos novos Estados o problema de observar
regulamentos especiais, impostos de fora, para uma parte de sua
população. (...) Os Estados recém-criados, por sua vez, que haviam
recebido a independência com a promessa de plena soberania
nacional, acatada em igualdade de condições com as nações
ocidentais, olhavam os Tratados das Minorias como óbvia quebra de
promessa e como prova de discriminação." (Hannah Arendt, As
Origens do Totalitarismo)
A alternativa mais condizente com o texto é:
A) após a Primeira Guerra, os Tratados de Paz estabelecidos
solaparam a soberania e estabeleceram condicionamentos aos
novos Estados do Leste europeu através dos Tratados das
Minorias, o que criou condições de conflitos entre diferentes
povos reunidos em um mesmo Estado.
B) o surgimento de novos Estados-nações se fez respeitando as
tradições e instituições dos povos antes reunidos nos impérios
que desapareceram com a Primeira Guerra Mundial.
C) os Tratados de Paz e os Tratados das Minorias restabeleceram,
no mundo contemporâneo, o sistema de dominação
característico da Idade Média.
D) apesar dos Tratados de Paz estabelecidos depois da Primeira
Guerra terem tido algumas características arbitrárias em relação
aos novos Estados-nações do Leste europeu, o
desenvolvimento histórico destas regiões demonstra que foi
possível uma convivência harmoniosa e gradativamente ocorreu
a integração entre as minorias e as maiorias nacionais.
E) os Tratados de Paz depois da Primeira Guerra conseguiram
satisfazer os vários povos do Leste europeu. O que perturbou a
convivência harmoniosa foi o movimento de refugiados das
revoluções comunistas.
20. (Unifesp) Para o historiador Arno J. Mayer, as duas guerras
mundiais, a de 1914-1918 e a de 1939-1945, devem ser vistas como
constituindo um único conflito, uma segunda Guerra dos Trinta
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Anos. Essa interpretação é possível pelo fato:
A) de as duas guerras mundiais terem envolvido todos os países da
Europa, além de suas colônias de ultramar.
B) de prevalecer antes da Segunda Guerra Mundial o equilíbrio
europeu, tal como ocorrera antes de ter início a primeira Guerra
dos Trinta Anos, em 1618.
C) de, apesar da paz do período entre guerras, a Segunda Guerra
ter sido causada pelos dispositivos decorrentes da Paz de
Versalhes de 1919.
D) de terem ocorrido, entre as duas guerras mundiais, rebeliões e
revoluções como na década de 1640.
E) de, em ambas as guerras mundiais, o conflito ter sido travado por
motivos ideológicos, mais do que imperialistas.
A REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917
Na segunda metade do século XIX, a Rússia, se comparado às
grandes nações imperialistas da Europa ocidental, era um país
agrário e atrasado. As terras se encontravam nas mãos de poucos
proprietários e os camponeses viviam sob intensa exploração. O
processo de implantação do capitalismo industrial na Rússia se
definiu pelo alto grau de concentração e dependência do capital
estrangeiro (Alemanha, França e Inglaterra). Na esfera da política, o
Estado russo era uma autocracia, governado na época pelo Czar
Nicolau II, que administrava o país ditatorialmente mediante a
expedição de decretos. Apenas as assembleias provinciais
(Zemstvos) e municipais (Dumas) podiam representar algum contra-
peso à vontade do soberano sem que, no entanto dessem a palavra
final. O ensino, destinado tão somente às elites, era rigorosamente
controlado bem como a Igreja Ortodoxa, que nada mais fazia senão
apoiar o Estado, de quem dependia e estimulava o culto do Czar.
A oposição ao governo de Nicolau II era levada a cabo por
diferentes partidos políticos dentre os quais destacavam-se os
democratas constitucionais que representavam as aspirações
políticas da burguesia e desejavam para a Rússia um regime de
governo liberal e parlamentar, nos moldes da Europa Ocidental.
Havia também os social-democratas de inspiração marxista,
baseavam-se nas teses de Marx e Engels, de que era necessário
passar pelo capitalismo para atingir o socialismo. Segundo os
social-democratas, a revolução na Rússia só iria se realizar com a
estruturação da classe operária urbana, organizada em um partido
revolucionário. Os social-democratas dividiam-se em duas
correntes: os mencheviques (minoria) que defendiam uma aliança
política com a burguesia liberal e a transformação social do país
pela via pacífica; e os bolcheviques (maioria) liderados por Lênin,
que eram contra qualquer aliança com a burguesia e defendiam a
revolução armada para a implantação do socialismo.
O processo revolucionário
O ―domingo sangrento‖ foi o nome dado ao episódio ocorrido em 22
de janeiro de 1905, quando uma manifestação popular pacífica
protestava em frente ao palácio de inverno do Czar Nicolau II em
São Petersburgo e foi reprimida à bala. Mulheres, crianças, idosos e
pais de famílias foram assassinados sem piedade pela polícia do
Czar. A partir de então os trabalhadores passaram a se organizar
em sovietes, que seriam decisivos na Revolução de 1917. Os
Sovietes eram conselhos de operários, camponeses e soldados que
se formaram em várias cidades da Rússia com o objetivo de
destituir o governo czarista.
A revolução de 1917
A revolução de fevereiro de 1917 (Revolução Menchevique),
resultou das derrotas militares russas na Primeira Guerra Mundial,
das greves operárias e da crise econômica. Em março de 1917 os
soldados se rebelaram, derrubando o regime czarista. Foi
instaurado um governo provisório, liderado por Lvov e depois por
Kerenski. Nesse governo os mencheviques assumiram o controle
dos sovietes, garantindo os interesses da burguesia liberal.
A partir de outubro de 1917, a revolução foi liderada por Lênin
(Revolução Bolchevique), que retornara do exílio na Suíça. As teses
de Abril (―todo poder aos sovietes‖ – nacionalização dos bancos,
controle operário das fábricas, distribuição de terras aos
camponeses, exigência para que a Rússia abandonasse a luta na
Primeira Guerra Mundial) uniram as forças de oposição ao governo
provisório. Liderados por Trótski, os bolcheviques assumiram o
controle dos sovietes, criando a ―Guarda Vermelha‖. A revolução de
outubro de 1917 levou à queda do governo liberal burguês de
Kerenski e à tomada de poder pelos bolcheviques. Instalado o
congresso Pan-Russo dos Sovietes, foi eleito o Conselho de
Comissários do Povo, presidido por Lênin, Trotski e Stálin.
A Revolução socialista foi seguida de uma guerra civil que aos
poucos foi controlada pelo governo marxista. Durante esse período,
foi adotada uma política econômica caracterizada pela centralização
da produção e pela eliminação da economia de mercado. Em 1921,
apesar da vitória bolchevique sobre os russos brancos
(mencheviques e czaristas, apoiados pelas potências aliadas que
não aceitaram a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial),
surgiram sérias crises de abastecimento, além de revoltas
camponesas diante dos confiscos da produção agrícola. Lênin
instituiu então Nova Política Econômica (NEP), um planejamento
estatal sobre a economia que combinava princípios socialistas com
elementos capitalistas.
A Rússia passou a chamar-se União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS). Com a morte de Lênin, instaurou-se uma luta
pelo poder entre Trotski e Stálin, vencida por este último em 1927.
Com o governo de Stálin, inicia-se uma ditadura que se estenderia
até os anos de 1950. A partir de 1928, a economia soviética viveu a
socialização total, com a abolição da NEP e a implementação dos
planos quinquenais. Em meados dos anos 1930, a URSS já tinha
um importante parque de indústrias de base e o terceiro plano
quinquenal em 1938 promoveu um amplo desenvolvimento da
indústria especializada, destacadamente, a química. No plano
político, Stálin consolidou seu poder assumindo integralmente o
controle Partido Comunista, transformado no poder máximo que
supervisionava todos os sovietes.
A CRISE DO CAPITALISMO DE 1929
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os países europeus
começaram a reconstrução do continente, comprando maquinários
importados dos Estados Unidos. Isso possibilitou aos norte-
americanos desenvolverem sua indústria em ritmo acelerado, a fim
de atender também países mais pobres, que tradicionalmente
consumiam mercadorias das nações europeias. Dessa forma, as
indústrias dos Estados Unidos abriram seu capital para poderem
financiar a produção e atender à demanda de todo planeta. Ao
financiarem a reconstrução europeia com empréstimos de toda
ordem, os Estados Unidos possibilitaram um clima de otimismo, que
se espalhou por todo o país. O cidadão comum passou a investir em
ações de grandes empresas, e a especulação criava fortunas a
Amplie seus conhecimentos sobre: Karl Marx (Sociologia Caderno Alpha/Beta); Ver também: Socialismo (História Caderno Gama/Pi).
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partir do nada. A prosperidade dos norte-americanos alastrou-se por
todo o mundo, provocada pelas importações que a nova situação
permitia e, dessa forma, todos os países cresciam a passos largos.
Com o fim da reconstrução europeia, foi criado o sistema de
compras a crédito, que manteve o ritmo de produção acelerado. As
cotações das ações subiram em ritmo vertiginoso, chegando a
quadruplicar em 1929. Só que os capitais desviados do consumo
para a especulação provocaram um grande encalhe de mercadorias
e a falência de diversas empresas. O medo de uma queda na
cotação das ações foi ampliado por alguns especuladores que
simularam uma queda no preço dos papéis, provocando pânico
entre os investidores, que correram à Bolsa no dia 24 de outubro de
1929, a chamada ―Quinta Feira Negra‖, tentando vender suas ações
a qualquer preço.
Os grandes capitalistas passaram a comprar ações abaixo do seu
valor nominal e, em muitos casos, aos quilos, enquanto cerca de 85
mil empresas e 10 mil bancos faliram, e algo próximo de 12 milhões
de pessoas ficaram sem emprego.
A crise de 1929 e a crise de 2008
Diante da tarefa de combater os efeitos da crise financeira de 1929,
o presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt adotou
o New Deal, um programa estatal de medidas intervencionistas que
visavam recuperar a economia norte-americana. O governo
democrata de Roosevelt rompia, assim, com o discurso e a lógica
liberais, então predominantes, que pregavam que o Estado não
devia interferir no funcionamento da economia. As medidas tomadas
para combater a crise (obras de infraestrutura, assistência aos
desempregados, redução da jornada de trabalho, fixação de um
salário mínimo e acesso facilitado a créditos) iam na contramão da
crença de que o mercado devia atuar livremente.
Em 2008, o cenário da economia internacional era bem diferente do
que envolveu a crise de 1929, mas novamente a completa liberdade
do sistema financeiro estava na origem da crise. O pedido de
concordata de um grande banco de investimentos norte-americano
desencadeou uma onda de anúncios de fortes prejuízos de outras
instituições tradicionais, como a seguradora American Internacional
Group (AIG) e a fábrica de automóveis General Motors.
Para impedir o avanço da crise, o governo dos Estados Unidos
interveio fortemente na economia, investindo milhões de dólares em
empresas privadas e assumindo o controle de agências de crédito.
Intervencionismo semelhante aconteceu, entre outros, na Alemanha
e na França. Até 2010 a crise não havia sido completamente
superada e alguns países europeus, como Grécia, Islândia, Portugal
e Espanha, continuavam a enfrentar dificuldades.
Apesar de separados pelo tempo, as crises de 1929 e de 2008
mostram os limites do modelo econômico liberal em prevenir
colapsos financeiros. (ALVES, Alexandre, OLIVEIRA, Letícia Fagundes
de. Conexões com a História: volume único. São Paulo: Moderna, 2010.
p.552).
TEXTO COMPLEMENTAR:
Socialismo: uma palavra, vários significados no tempo
A vontade de fundar uma sociedade baseada no igualitarismo e na
fraternidade surgiu em vários momentos e lugares na história da
humanidade. Mas foi durante o século XIX, na Europa, que surgiram
projetos sistematizados. A expansão capitalista criou riquezas, mas
também gerou a miséria entre os trabalhadores. Alguns intelectuais,
inconformados com as profundas injustiças sociais da época,
defenderam a criação de uma nova sociedade, mais justa e
igualitária. A expressão socialismo ficou conhecida a partir das
ideias do empresário inglês Robert Owen, que propunha um sistema
econômico baseado na formação de cooperativas de trabalho,
incluindo escolas e moradias para os trabalhadores. Os franceses
Saint-Simon e François Marie-Charles Fourier também criticaram o
capitalismo e defenderam a instituição de formas mais igualitárias e
fraternas de vida em sociedade.
Karl Marx e Friedrich Engels discordaram desses projetos. Para
eles, não se tratava de melhorar as condições de vida dos
operários, mas sim de abolir o capitalismo e a exploração social. Por
meio de uma revolução, os trabalhadores tomariam o poder,
centralizariam a produção econômica no Estado e instaurariam a
―ditadura do proletariado‖. Esse período de transição é considerado
como socialismo, cujo propósito final é a extinção do próprio Estado,
alcançando o comunismo.
Recusando as teorias de Marx e Engels, os anarquistas tinham
outra concepção da sociedade que sucederia o capitalismo, pois
negavam qualquer forma de poder. Também defendiam o fim do
capitalismo e do próprio Estado, além de afirmarem a necessidade
da plena liberdade individual, propondo o socialismo libertário.
Outra maneira de compreender a expressão socialismo tem origem
no modelo soviético, sobretudo a partir dos anos de 1930, com a
imposição do poder de Stalin na URSS. O modelo de socialismo
soviético foi adotado mais adiante nos países do Leste Europeu, na
China, na Coréia, entre outros. Muitos estudiosos o chamam de
socialismo real, ou seja, ―o socialismo realmente existente‖. Entre
suas características estão a estatização das empresas, a
coletivização das terras, a planificação da economia e a instituição
de um único partido político.
Na virada do século XIX para o XX, alguns partidos socialistas e
socialdemocratas europeus, herdeiros do pensamento marxista,
paulatinamente abdicaram das ideias revolucionárias. O caminho
para o socialismo não seria mais a revolução, mas as eleições.
Após a Segunda Guerra, com o nome de socialismo democrático,
tais partidos, quando no poder, mantiveram compromissos com o
capitalismo e as instituições da democracia-liberal, ao mesmo tempo
em que patrocinaram amplos benefícios sociais aos trabalhadores.
Portanto, são muitos os significados que a palavra ―socialismo‖
assumiu ao longo do tempo. (VAINFAS, Ronaldo, FARIA, Sheila de
Castro, FERREIRA, Jorge, SANTOS, Georgina. Conect História vol. 3.
São Paulo: Ed. Saraiva, 2011).
Compreendendo o texto:
21. Identifique as origens do socialismo real, suas principais
características e os países que passaram por essa experiência.
Questões: (A Revolução Russa de 1917 e A crise do capitalismo
de 1929)
22. (Pucsp) O Estado Soviético, formado após a Revolução Russa,
cuidou de expurgar da cultura desse país toda e qualquer
manifestação artística que estivesse, no entendimento das
autoridades, associada ao chamado "espírito burguês". Foi criada,
então, uma política cultural que decretava como arte oficial apenas
as expressões que servissem de estímulo para a ideologia do
proletariado. Dessa forma, foi consagrado um estilo conhecido por:
A) expressionismo soviético - que, através de uma orientação
estética intimista, procurava expor a "alma inquieta dos povos
eslavos", que passaram a integrar a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas.
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B) abstracionismo proletário - que, através da decomposição
geométrica do real, exprimia a "ordenação sincrônica da
sociedade comunista".
C) realismo socialista - que, através de composições didáticas,
esteticamente simplificadas, procurava enaltecer a
"combatividade, a capacidade de trabalho e a consciência
social" do povo soviético.
D) romantismo comunista - que, através de um figurativismo apenas
sugestivo, procurava realizar a "idealização do mujique", o
camponês russo típico, como representante das raízes culturais
russas.
E) concretismo operário - que, através de uma concepção criadora
autônoma - não resultante de modelos -, utilizava elementos
visuais e táteis, com o objetivo de mostrar a "prevalência do
concreto sobre o abstrato"- ideia básica no materialismo
dialético.
23. (ENEM-1999) Leia um texto publicado no jornal Gazeta
Mercantil. Esse texto é parte de um artigo que analisa algumas
situações de crise no mundo, entre elas, a quebra da Bolsa de Nova
Iorque em 1929, e foi publicado na época de uma iminente crise
financeira no Brasil.
―Deu no que deu. No dia 29 de outubro de 1929, uma terça-feira,
praticamente não havia compradores no pregão de Nova Iorque, só
vendedores. Seguiu-se uma crise incomparável: o Produto Interno
Bruto dos Estados Unidos caiu de 104 bilhões de dólares em 1929,
para 56 bilhões em 1933, coisa inimaginável em nossos dias. O
valor do dólar caiu a quase metade.
O desemprego elevou-se de 1,5 milhão para 12,5 milhões de
trabalhadores - cerca de 25% da população ativa -entre 1929 e
1933. A construção civil caiu 90%. Nove milhões de aplicações, tipo
caderneta de poupança, perderam-se com o fechamento dos
bancos. Oitenta e cinco mil firmas faliram. Houve saques e norte-
americanos que passaram fome‖. (Gazeta Mercantil, 05/01/1999)
Ao citar dados referentes à crise ocorrida em 1929, em um artigo
jornalístico atual, pode-se atribuir ao jornalista a seguinte intenção:
A) questionar a interpretação da crise.
B) comunicar sobre o desemprego.
C) instruir o leitor sobre aplicações em bolsa de valores.
D) relacionar os fatos passados e presentes.
E) analisar dados financeiros americanos.
24. (UFMG) "(...) Há neste momento nos Estados Unidos cerca de
14 milhões de desempregados, e, como muitos deles têm família, 20
a 30 milhões de homens e mulheres vivem de esmolas, privadas ou
públicas (...). O espetáculo de uma grande nação de que um quarto
se encontra reduzido à impotência produz emoções bem mais fortes
do que uma estatística em preto e branco. Desde que põe pé neste
país, o estrangeiro compreende de repente que em nenhum
momento a Europa imaginou a dolorosa intensidade da depressão
dos Estados Unidos". (MAUROIS, André, ESTALEIROS
AMERICANOS. 1933)
A recuperação econômica dos EUA, após a Crise de 1929, ocorreu
através do NEW DEAL (1933-1938). Todas as alternativas
apresentam instrumentos de ação do NEW DEAL, EXCETO:
A) A administração de Reassentamento, que transferiu famílias que
ocupavam terras de qualidade inferior.
B) A Lei Antitruste, que proibia o controle de 60% do mercado por
uma empresa ou associação de empresas.
C) A Lei da Cerveja e do Vinho e da Vigésima Primeira Emenda,
que pôs fim à Lei Seca.
D) A Lei de Assistência Civil à Conservação e ao Reflorestamento,
que criava frentes de trabalho para os jovens e desempregados.
E) A Lei do Ajustamento Agrícola, que subsidiava os fazendeiros
que reduzissem a sua produção.
OS REGIMES TOTALITÁRIOS
Após a Primeira Guerra Mundial e a Crise do Capitalismo de 1929,
nacionalistas de extrema-direita criticavam e responsabilizavam o
sistema liberal-capitalista como sendo responsável por lançar o
mundo no caos do desemprego, da inflação e da descapitalização.
Por essas razões foi característica dessa época uma maior
intervenção estatal nos países capitalistas, como solução a crise.
Porém, as criticas também alcançaram o regime democrático em
alguns países, sobretudo na Europa. O avanço do movimento
comunista, apoiado pela URSS, as constantes greves, protestos e
manifestações nas ruas fizeram a burguesia crer que a democracia
fosse condescendente com tais “liberdades” que ameaçavam a
ordem capitalista. Por isso, a grande burguesia de países como
Portugal (Salazarismo / 1932-1974), Espanha (Franquismo / 1939-
1975), Áustria (1933-1938), Romênia (1940-1944), entre outros,
apoiaram regimes totalitários que prometiam restaurar a
grandiosidade de suas nações. Os maiores exemplos dessa
doutrina política ocorreram na Itália (Fascismo) e na Alemanha
(Nazismo).
Totalitarismo x Autoritarismo
O totalitarismo é um regime político que se caracteriza pela máxima
intervenção do governo na sociedade. As relações sociais são
reguladas pelo Estado, e o cotidiano é rigidamente policiado, uma
das marcas do terror.
A propaganda ideológica é intensa e todos os meios de
comunicação são fortemente controlados. Um traço marcante do
totalitarismo é o partido único; outras posições politicas não são
aceitas, senão a predominante, e os opositores são perseguidos
como inimigos nacionais. As demais características são o culto a
personalidade do líder, a política militarista-expansionista, o
anticomunismo e o forte nacionalismo.
Já o autoritarismo é um regime de governo antidemocrático,
caracterizado pelo abuso da autoridade, do poder e pela ausência
de liberdade. Todos os regimes totalitários são autoritários, porém
os regimes autoritários nem sempre são totalitários. Via de regra,
consideram-se totalitaristas apenas a Alemanha nazista, a Rússia
stalinista e a Itália fascista, regimes que promoveram grandes
perseguições aos seus opositores e causaram milhões de mortes.
A Itália fascista
Após 1918, apesar de estar ao lado dos vitoriosos a Itália saiu da
Primeira Guerra Mundial com enormes perdas humanas e materiais,
orgulho ferido e sua pretensão de expansões territoriais não
correspondidas.
A estagnação econômica e a crescente organização operária,
culminando com a criação do Partido Comunista em 1921 conduziu
ao fortalecimento do Partido Nacional Fascista (PNF), criado em
1919 em oposição a vertente socialista.
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Liderado por Benito Mussolini, o fascismo visava resgatar o orgulho
nacional fazendo referência a grandiosidade do antigo Império
Romano. Usando o ―fascio” (feixe de varas usado pelos antigos
magistrados romanos para açoitar criminosos) como insígnia do
partido, entre outros símbolos romanos, objetivava produzir um forte
vínculo político e ideológico entre o povo, o partido e suas
propostas.
Em 27 de outubro de 1922, apoiados por setores da burguesia,
milhares de militantes fascistas, chamados de Camisas Negras,
partiram da cidade de Nápoles em direção a capital italiana
ocupando-a e exigindo o poder ao PNF, era a Marcha sobre Roma.
O rei Vítor Emanuel III pressionado demitiu o primeiro-ministro e
convidou Mussolini para organizar um novo governo sob as normas
do sistema parlamentarista em vigor.
O golpe permitiu que os fascistas conquistassem a maioria no
parlamento através das eleições de abril de 1924. O poder
legislativo foi completamente enfraquecido e o novo governo
publicou a Carta de Lavoro, que declarava as intenções da nova
facção instalada no poder. Explicitando os princípios fascistas, o
documento defendia um Estado corporativo onde a liderança
soberana de Mussolini resolveria os problemas da Itália. No ano de
1926, um atentado sofrido por Mussolini foi a brecha utilizada para a
fortificação do estado fascista.
Os órgãos de imprensa foram fechados, os partidos políticos (exceto
o fascista) foram colocados na ilegalidade, os camisas negras
incorporaram as forças de repressão oficial e a pena de morte foi
legalizada. O Estado fascista, contando com tantos poderes,
aniquilou grande parte das vias de oposição política. Entre os anos
de 1927 e 1934, milhares de civis foram mortos, presos ou
deportados.
Em 1929, os acordos firmados com a Igreja no Tratado de Latrão
aproximaram a população católica italiana ao regime totalitário. Ao
mesmo tempo, o crescimento demográfico e o incentivo às obras
públicas começaram a reverter os sinais da profunda crise que
tomava conta da Itália.
Tentando contornar a recessão econômica, o governo de Benito
Mussolini passou a entrar na corrida imperialista. No ano de 1935,
os exércitos italianos realizaram a ocupação da Etiópia. A pressão
das demais potências capitalistas resultaria nas tensões que
desaguaram na deflagração da Segunda Guerra Mundial (1939 –
1945), momento em que Mussolini se aproxima do regime nazista
alemão.
A Alemanha Nazista
Com o final da Primeira Guerra Mundial foi criada na Alemanha a
República de Weimar (1918–1933). No entanto, a Alemanha
atravessa uma crise econômica sem precedência. Diante desta
situação surgiram movimentos golpistas de esquerda, a Revolta
Espartaquista (1918), sob a liderança de Rosa de Luxemburgo e o
Putsch de Munique (1923), liderada por Adolf Hitler, chefe do
partido nazista (criado em 1919). Na prisão Hitler escreveu o Mein
Kampf (Minha Luta), onde desenvolveu os fundamentos do
nazismo, a exemplo do antissemitismo, anticomunismo, arianismo e
o espaço vital.
Geralmente confunde-se nazismo com fascismo, considerando-os
fenômenos únicos, onde se cola o rótulo de totalitarismo, mas
existem diferenças marcantes. Uma delas é o forte antissemitismo,
adotado oficialmente pelo nazismo. O fascismo não foi antissemita
em sua origem, embora existisse na Itália uma legislação especifica
datada de 1938, mas, que nunca encontrou a adesão e o fanatismo
encontrados na Alemanha de Hitler. Outra diferença é quanto à
teoria do Estado. O Estado fascista é um Estado-nação clássico,
que invoca Maquiavel, ou seja, é um fim em si mesmo: ―Tudo no
Estado, nada fora do Estado‖, dizia Mussolini. O Estado nazista,
pelo contrário, é um instrumento; um aparelho burocrático, no
mesmo sentido dado por Marx, Engels e Lenin. O Estado nazista é
um meio para servir a comunidade do povo, em sua realidade
histórica e dinâmica, cujo objetivo é, interiormente, conservar e
melhorar a raça ariana, dita superior (Rasse) e, no exterior,
conquistar o espaço vital (Lebensraum).
No período de 1924 a 1929, a Alemanha conseguiu equilibrar as
suas finanças em virtude da ajuda estrangeira (EUA). No entanto
com a crise de 1929, intensificou o processo inflacionário e o
desemprego, contribuindo para o crescimento do partido Nazista.
Em 1932, Hitler com as vitórias eleitorais e a ação das SA (tropas de
assaltos) foi nomeado Chanceler. Entre 1932 a 1933, Hitler
conseguiu silenciar as oposições, através do incêndio ao Reischtag
(colocou a culpa nos comunistas); combateu os opositores internos
com a morte dos membros da SA patrocinadas pelas SS (seções de
segurança), episódio que ficou conhecido como a Noite dos
Longos Punhais. Em 1933, Hitler proclama a criação do III Reich.
Durante o seu governo Hitler tinha o apoio de grandes trustes e
cartéis alemães, era sustentado por um esquema de propaganda
que glorificava o Führer e o povo alemão. Foram aplicadas as leis
de Nuremberg (1935), política de segregação aos judeus,
desenvolvimento da indústria bélica, desrespeito ao Tratado de
Versalhes e uma política expansionista através da crença no espaço
vital.
A Guerra Civil Espanhola - o Franquismo
A Guerra Civil Espanhola, iniciada no dia 18 de julho de 1936, foi
marcada, durante três anos, pelo conflito entre as forças
nacionalistas de direita - que pretendiam um golpe de Estado -
com os partidários da esquerda republicana, no poder na época.
Esse sangrento conflito entre as "duas Espanhas", que deixou mais
de 500.000 mortos e ficou famoso em todo o mundo pelas múltiplas
atrocidades ocorridas, terminou em abril de 1939, com a vitória dos
direitistas comandados pelo general Francisco Franco, que impôs
ao país a repressão através de uma ditadura que prosseguiu até
1975, ano de sua morte.
A Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini apoiaram os direitistas,
enquanto que a União Soviética apoiou os republicanos durante o
confronto. Atualmente essa guerra é classificada por muitos como
um prelúdio da Segunda Guerra Mundial.
Entretanto, as forças nacionalistas foram detidas por milícias ao
norte da capital. A entrada na guerra em outubro, junto aos
republicanos, da URSS e depois das célebres Brigadas
Internacionais permitiu equilibrar temporariamente as forças.
Os dois grupos iniciaram uma guerra de posições, marcada por
duras batalhas - Jarama, Belchite e Teruel - e massacres
indiscriminados da população civil, especialmente em Guernica, no
País Basco, arrasada pela aviação nazista em abril de 1937, com
1.600 mortos. Pouco a pouco, o exército nacionalista, bem equipado
e disciplinado, foi se impondo aos republicanos, que não foram
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auxiliados pelas democracias ocidentais, entre elas a França e a
Inglaterra.
A última contraofensiva, com a derrota dos republicanos, marcou a
rendição dos esquerdistas, que se renderam no dia 1º de abril de
1939. Essa derrota foi seguida de uma cruel repressão do regime de
Franco, que fuzilou cerca de 50.000 republicanos.
O "Blitzkrieg" - ofensiva relâmpago com blindados - foi um dos
métodos de ataque aperfeiçoados na Espanha pelas forças
estrangeiras presentes no conflito, que depois foram usadas na 2ª
Grande Guerra.
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939–1945)
O espólio e humilhação promovidos pelo Tratado de Versalhes são
só atingiram a moral alemã, mas, também aqueles que haviam
participado do lado vitorioso. Na partilha de territórios, Itália e Japão
não tiveram suas necessidades territoriais correspondidas. A URSS,
tendo se retirado da guerra em 1918 devido aos caminhos adotados
pelo seu processo revolucionário, foi isolado pelas nações
capitalistas. A Segunda Guerra surge das feridas abertas do ainda
recente confronto de 1914-1918.
A falida Liga das Nações ressentia-se da ausência de grandes
nações industriais como o próprio EUA e o Japão. Encabeçando
essa organização apenas uma França e uma Inglaterra alijada de
seus tempos áureos, que nada ou pouco pode fazer diante dos
desejos expansionistas da Alemanha, Itália, Japão e URSS.
A ocupação japonesa sobre a região chinesa da Manchúria em
1931, a invasão à Etiópia pelos fascistas italianos em 1935, a
restruturação militar alemã a partir de 1935, a ocupação da Renânia
em 1936 pela Alemanha. Fatos que mostraram a incapacidade da
Liga das Nações em assegurar a paz mundial.
Hitler e Mussolini em 1936 se unem em apoio ao G.al Franco,
transformando a Guerra Civil Espanhola em palco de teste para
suas armas, equipamentos, tropas e estratégias. Ainda nesse
mesmo ano é assinado o Pacto Anti-Komintern reunindo
Alemanha, Itália, Japão, Hungria e Espanha contra o avanço
comunista da URSS, acordo posteriormente formalizado em 1940
como Eixo Berlim-Roma-Tóquio em caso de ataque dos EUA.
Naquela altura, em 1936, antes do início da Segunda Guerra,
franceses e ingleses acreditavam que o anticomunismo dos regimes
totalitários seria favorável a defesa do leste europeu contra a
ameaça soviética. Acreditavam que Hitler ficaria logo saciado após
anexar a Áustria em março de 1938, por meio de pressões e
conluios do partido nazista austríaco ou após anexar os Sudetos da
Tchecoslováquia em setembro de 1938, por meio do Acordo de
Munique, assinado por Adolf Hitler, Neville Chamberlain (primeiro-
ministro britânico), Edouard Daladier (primeiro-ministro francês) e
Benito Mussolini.
Em 1939, todo o esforço diplomático para se evitar a guerra foi em
vão. Hitler desrespeita o Acordo de Munique invadindo por completo
a Tchecoslováquia e ameaça invadir a Polônia, apesar de um pacto
de não-agressão assinado em 1934 entre as duas nações. Hitler
sabia que a invasão a Polônia seria uma declaração de guerra aos
seus aliados, Inglaterra e França e feriam os interesses da URSS. A
fim de evitar uma guerra em dois fronts (Oeste-Leste) a Alemanha
propôs um pacto de não agressão com a URSS, o Pacto Molotov-
Ribbentrop. Assim, dá-se início a Segunda Guerra Mundial com a
invasão mútua da Polônia pela Alemanha nazista e pela URSS em
setembro de 1939.
A 1ª fase da guerra (1939-1942) é marcada pelo domínio das tropas
do Eixo, verificado através das conquistas em relação à França, em
1940, o bombardeio da Inglaterra pela Luftwaffe (Força Aérea
Alemã). A estratégia utilizada pelos nazistas, denominada de
Blitzkrieg (guerra relâmpago), imprimiu aos inimigos, rápidas
derrotas baseadas no emprego de grande força motorizada e de
artilharia pesada sob o apoio de ataque aéreo.
A continuidade da guerra e a não rendição da Inglaterra forçou Hitler
a antecipar seus planos de subjugar a URSS, desrespeitando o
Pacto Molotov-Ribbentrop. Em 1941 tem-se início a Operação
Barbarossa, que objetivava transformar os soviéticos em nação
tributária da Alemanha, ampliando a capacidade da máquina de
guerra nazista. No mesmo ano o Japão bombardeia a base militar
norte-americana no Havaí, Pearl Harbor, levando os EUA à guerra.
Surpreendidos, os soviéticos adotaram a antiga tática da "terra
arrasada", que consistia em ceder espaço, destruindo antes tudo
aquilo que pudesse ser útil ao adversário. Os alemães avançaram
rapidamente pelo interior do território soviético e, em pouco tempo,
cercaram as cidade de Leningrado (ao norte), Stalingrado (ao sul) e
aproximaram-se de Moscou. Cedendo espaço, os soviéticos tiveram
tempo para organizar um eficiente contra-ataque. Em 1942,
conseguiram conter o avanço nazista e impedir a queda de Moscou
e a derrota alemã na Batalha de Stalingrado, a mais importante e
violenta da Segunda Guerra, rompeu com o mito da invencibilidade
nazista, obrigando os alemães à sua primeira rendição.
Depois dessa significativa vitória, o exército soviético avançou em
direção ao Ocidente e, pouco a pouco, forçou as tropas de Hitler a
recuarem até a capital da Alemanha. Os Estados Unidos, por sua
vez, também contribuíram decisivamente na luta contra o Eixo.Em
junho de 1942, os norte-americanos venceram os japoneses nas
importantes batalhas navais de Midway e Mar de Coral,
conseguindo barrar a ofensiva nipônica no Pacífico. Partindo do
norte da África, as tropas aliadas desembarcaram na ilha da Sicília,
em julho de 1943, lançando-se à invasão da Itália.
Logo em seguida, Mussolini foi deposto e o novo governo italiano
assinou a paz com os aliados em 8 de setembro de 1943. Mas a
Itália continuou sendo palco de intensos combates, pois a maior
parte de seu território permaneceu sob o controle dos nazistas. Em
abril de 1945, 25 mil combatentes da Força Expedicionária Brasileira
(FEB) integraram as tropas aliadas que esmagaram a resistência
nazista na Itália, dias depois, Mussolini foi preso e fuzilado em praça
pública.
Em 6 de junho de 1944 - o Dia D - os aliados desembarcaram na
Normandia (norte da França). Em apenas 75 dias, conseguiram
libertar Paris, iniciando, logo depois, a marcha sobre a Alemanha.
Na frente oriental, o exército soviético vinha avançando sem cessar
desde 1943. Nessa escalada foi desalojando os nazistas na
Bulgária, Romênia, Hungria, Tchecoslováquia e Polônia. Em
fevereiro de 1945, já se encontrava a 150 km da capital alemã.
Diante da derrota iminente, Hitler tentou uma última cartada:
ordenou então à SS que distribuísse armas aos civis (crianças,
Amplie seus conhecimentos sobre: América Anglo-Saxônica e Continente Europeu (Geografia Caderno Delta/Ômega); Ver também: Atividade Física e o uso de anabolizantes (Educação Física Caderno Alpha/Beta).
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mulheres e idosos) para que lutassem até morrer para defendê-lo.
Em 30 de abril de 1945, porém, ao ser informado de que Berlim
estava totalmente cercada por soviéticos e anglo-americanos, Hitler
e sua mulher, Eva Braun, cometeram suicídio. Dias depois, a 8 de
maio de 1945, em Berlin, a Alemanha nazista rendeu-se
incondicionalmente.
No Pacífico, entretanto, o Japão continuou resistindo de várias
formas ao avanço norte-americano. Seus pilotos suicidas - os
kamikazes - atiravam-se juntamente com os aviões sobre os navios
americanos. Visando aniquilar a resistência japonesa e dar
demonstrações de seu poderio bélico, os Estados Unidos lançaram
duas bombas atômicas sobre o Japão. Uma teve como alvo a
cidade de Hiroshima (6 de agosto) e a outra, a cidade de Nagasaki
(9 de agosto). As bombas causaram a morte instantânea de 350 mil
pessoas, mutilando e ferindo milhares de outras.
Intimidado, o Japão também se rendeu incondicionalmente em 2 de
setembro de 1945. Era o fim da guerra. Nela morreram cerca de 50
milhões de pessoas.
Perto de 6 milhões eram judeus. Estes foram cruelmente
exterminados devido a política de limpeza étnica empregada pelos
nazistas, chamada de “solução final”. Neste texto, o criminoso
nazista Rudolf Hess, um dos colaboradores de Hitler, fala sobre sua
participação no Holocausto Judaico: (...) Usava 'gás de monóxido'.
Eu não achava que seu método fosse muito eficiente. Assim,
quando instalei o edifício destinado ao extermínio, em Auschwitz,
empreguei o Zyklon B, um tipo de ácido, que lançávamos na câmara
de morte por um pequena abertura. Matava as pessoas, na câmara
de gás, entre 3 e 15 minutos, dependendo das condições climáticas.
TEXTO COMPLEMENTAR:
UMA FILOSOFIA CONFISCADA
Apoiado na crítica nietzschiana aos valores da moral cristã, em sua
teoria da vontade de potência e no seu elogio do super-homem,
desenvolveu-se um pensamento nacionalista e racista, de tal forma
que se passou a ver no autor de Assim Falou Zaratustra um
precursor do nazismo. A principal responsável por essa deformação
foi sua irmã Elisabeth, que, ao assegurar a difusão de seu
pensamento, organizando o Nietzsche-Archiv, em Weimar, tentou
colocá-lo a serviço do nacional-socialismo. Elisabeth, depois do
suicídio do marido, que fracassara em um projeto colonial no
Paraguai, reuniu arbitrariamente notas e rascunhos do irmão,
fazendo publicar Vontade de Potência como a última e a mais
representativa das obras de Nietzsche, retendo até 1908 Ecce
Homo, escrita em 1888. Esta obra constitui uma interpretação, feita
por Nietzsche, de sua própria filosofia, que não se coaduna com o
nacionalismo e o racismo germânicos. Ambos foram combatidos
pelo filósofo, desde sua participação na guerra franco-prussiana
(1870-1871).
Para compreender corretamente as ideias políticas de Nietzsche, é
necessário, portanto, purificá-lo de todos os desvios posteriores que
foram cometidos em seu nome. Nietzsche foi ao mesmo tempo um
antidemocrático e um antitotalitário. "A democracia é a forma
histórica da decadência do Estado", afirmou Nietzsche, entendendo
por decadência tudo aquilo que escraviza o pensamento, sobretudo
um Estado que pensa em si em lugar de pensar na cultura. Em
―Considerações Extemporâneas‖ essa tese é reforçada: "estamos
sofrendo as consequências das doutrinas pregadas ultimamente por
todos os lados, segundo as quais o Estado é o mais alto fim do
homem, e, assim, não há mais elevado fim do que servi-lo.
Considero tal fato não um retrocesso ao paganismo, mas um
retrocesso à estupidez". Por outro lado, Nietzsche não aceitava as
considerações de que a origem do Estado seja o contrato ou a
convenção; essas teorias seriam apenas "fantásticas"; para ele, ao
contrário, o Estado tem uma origem "terrível", sendo criação da
violência e da conquista e, como consequência, seus alicerces
encontram-se na máxima que diz: "o poder dá o primeiro direito e
não há direito que no fundo não seja arrogância, usurpação e
violência".
O Estado, diz Nietzsche, está sempre interessado na formação de
cidadãos obedientes e tem, portanto, tendência a impedir o
desenvolvimento da cultura livre, tornando-a estática e
estereotipada. Ao contrário disso, o Estado deveria ser apenas um
meio para a realização da cultura e para fazer nascer o além-do-
homem. (FEREZ, Olgária Chaim. Nietzsche: Vida e Obra. IN: Os
Pensadores – Nietzsche. Ed. Nova Cultural. São Paulo. 1991. p. 13-
15)
Compreendendo o texto:
25. Quais pontos opõem Friedrich Nietzsche a ideologia nazista?
______________________________________________________
_____________________________________________________
Questões: (Os Regimes Totalitários e a Segunda Guerra
Mundial)
26. (ENEM-2011) Os três tipos de poder representam três diversos
tipos de motivações: no poder tradicional, o motivo da obediência é
a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder racional,
o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do
comportamento conforme a lei; no poder carismático, deriva da
crença nos dotes extraordinários do chefe. (BOBBIO, N. Estado,
Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo: Paz e
Terra. 1999 - adaptado)
O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados
em momentos históricos distintos. Identifique o período em que a
obediência esteve associada predominantemente ao poder
carismático:
A) República Federalista Norte-Americana.
B) República Fascista Italiana no século XX.
C) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
D) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
E) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.
27. (ENEM-2009) Os regimes totalitários da primeira metade do
século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em
torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação.
Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma
pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais
movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a
sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália,
Espanha e Portugal.
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se:
A) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que
enfrentavam os opositores ao regime.
B) pelas propostas de conscientização da população acerca dos
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24
seus direitos como cidadãos.
C) pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os
jovens como exemplos a seguir.
D) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens
idealistas e velhas lideranças conservadoras.
E) pelos métodos políticos populistas e pela organização de
comícios multitudinários.
28. (ENEM-2008) Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o
primeiro-ministro inglês à época, Neville Chamberlain, sustentou sua
posição política: ―Não necessito defender minhas visitas à Alemanha
no outono passado, que alternativa existia? Nada do que
pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou
mesmo a Rússia, teria salvado a Tchecoslováquia da destruição.
Mas eu também tinha outro propósito ao ir até Munique. Era o de
prosseguir com a política por vezes chamada de ―apaziguamento
europeu‖, e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os
Sudetos, região de população alemã na Tchecoslováquia, eram a
sua última ambição territorial na Europa, e que não queria incluir na
Alemanha outros povos que não os alemães.‖ (Internet: com
adaptações).
Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938,
mencionado no texto acima, foi rompido pelo líder alemão em 1939,
infere-se que:
A) Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa além
da região dos Sudetos.
B) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter
salvado a Tchecoslováquia.
C) o rompimento desse compromisso inspirou a política de
―apaziguamento europeu‖.
D) a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era
contrária à posição assumida pelas potências aliadas.
E) a forma que Chamberlain escolheu para lidar com o problema
dos Sudetos deu origem à destruição da Tchecoslováquia.
29. (ENEM-2012) Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão
chegaria para apaziguar a agonia, o
autoritarismo militar e combater a tirania.
Claro que, em tempos de guerra, um gibi de
um herói com uma bandeira americana no
peito aplicando um sopapo no Furer só
poderia ganhar destaque, e o sucesso não
demoraria muito a chegar. (COSTA, C.
Capitão América, o primeiro vingador: crítica.
Disponível em:
http://revistastart.com.br.Acesso em: 27 jan.
2012 – Adaptado)
A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão
América demonstra sua associação com a participação dos Estados
Unidos na luta contra:
A) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial.
B) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial.
C) o poder soviético, durante a Guerra Fria.
D) o movimento comunista, na Guerra do Vietnã.
E) o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.
A ERA VARGAS
A ascensão de Getúlio Vargas em 1930 ao poder rompeu com
quatro décadas de revezamento entre paulistas e mineiros na
presidência. Mas lançou o Brasil a chamada Era Vargas, que vai de
1930 a 1945 dividido em três momentos: Governo Provisório
(1930/1934), Governo Constitucional (1934/1937) e Estado Novo
(1937/1945).
O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado ―Estado
de compromisso‖, em razão do apoio de diversas forças sociais e
políticas: as oligarquias dissidentes, classes médias, burguesia
industrial e urbana, classe trabalhadora e o Exército. Neste ―Estado
de compromisso‖ não existia nenhuma força política hegemônica,
possibilitando o fortalecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas.
No plano político, o Governo Provisório foi marcado pela Lei
Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Vargas. Os órgãos
legislativos foram extintos, até a elaboração de uma nova
constituição para o país.
Desta forma, Vargas exerce o poder executivo e o legislativo. Os
governadores perderam seus mandatos – por força da Revolução
de 30 – foram nomeados em seus lugares os interventores federais
(que eram escolhidos pelos tenentes).
A economia cafeeira receberá atenções por parte do governo
federal. Para superar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o
Conselho Nacional do Café, reeditando a política de valorização do
café ao comprar e estocar o produto. O esquema provocou a
formação de grandes estoques, em razão da falta de compradores,
levando o governo a realizar a queima dos excedentes.
Houve um desenvolvimento das atividades industriais,
principalmente no setor têxtil e no de processamento de alimentos.
Este desenvolvimento explica-se pela chamada política de
substituição de importações.
Em 1931, Getúlio Vargas derruba a Constituição vigente,
desencadeando revoltas no estado de São Paulo. Eles alegavam
que Vargas estava centralizando o poder e diminuindo a autonomia
dos estados. Em maio de 1932 houve uma manifestação contra
Getúlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Martins,
Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicalização do
movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo deste
momento marcado pela luta armada.
No dia 9 de julho, a sociedade paulista se une de forma isolada para
lutar na Revolta Constitucionalista, apesar das fracassadas
tentativas de buscar apoio de outros estados. Enfraquecidos diante
do cerco armado pelo governo de Getúlio, os paulistas se entregam
em outubro do mesmo ano.
Apesar de derrotar os paulistas, Getúlio Vargas atende às
reivindicações e cria uma nova Constituição em 16 de julho de 1934,
permitindo o voto secreto, o voto feminino e exigindo a formação
básica do cidadão com o ensino primário.
O documento também alegava que o próximo presidente seria eleito
pelos votos da Assembleia Constituinte. Getúlio Vargas ganhou e
deu continuidade ao mandato, denominado de Governo
Constitucionalista.
Amplie seus conhecimentos sobre: Modernismo de 30 (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi)
(Disponível em: http://quadro-a-quadro.blog.br. Acessoem: 27
jan. 2012)
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25
Entretanto, neste momento duas vertentes ideológicas radicais
começaram a florescer:
Ação Integralista Brasileira (AIB): tinha caráter fascista, a exemplo
dos líderes Benito Mussolini, da Itália, e Adolf Hitler, da
Alemanha. Representava a extrema-direita e defendia uma
intervenção maior do Estado na economia brasileira e a
supressão dos direitos individuais, com a intenção de centralizar o
poder nas mãos do Executivo.
Aliança Nacional Libertadora (ANL): tinha como base ideológica o
socialismo disseminado pela Revolução de 1917, na União
Soviética, e representava a extrema-esquerda. Defendia a
reforma agrária no país, a revolução marxista do proletariado em
prol do comunismo e a queda do sistema imperialista.
Getúlio Vargas, que havia se apoiado na Aliança Libertadora para
tomar o poder das mãos de Júlio Prestes, não simpatizava mais
com seus ideais e decretou sua ilegalidade, pois era contra o
comunismo e as reformas sociais que eles pregavam para o Brasil.
Na tentativa de tomar o poder de Getúlio Vargas, que estava
inclinado aos ideais de direita, a ANL articulou um golpe em 1935 e
montou a Intentona Comunista, que tinha adeptos nas cidades de
Natal, Rio de Janeiro e Recife. Sem grandes forças para enfrentar o
governo, Getúlio Vargas conseguiu conter facilmente a tentativa de
golpe comunista da ANL, que tinha como líderes o casal Luiz Carlos
Prestes e Olga Benário.
Entretanto, os membros do AIB queriam cessar de vez a ‗ameaça
comunista‘ que pairava no Brasil. Para convencer Getúlio Vargas a
evitar manifestações políticas dos comunistas, os integralistas
alegam que a ANL está se fortalecendo secretamente com
influência direta dos soviéticos e acusa-os de articular um golpe
mais efetivo e articulado do que a Intentona Comunista de 1935, o
Plano Cohen.
As instituições tradicionais de direita, como o Exército, o
empresariado e os cafeicultores, apoiaram o fortalecimento do
Poder Executivo, com medo de que mais revoltas fossem incitadas
e, consequentemente, seus empregados revogassem mais direitos
trabalhistas.
Com apoio das classes dominantes do país, Getúlio Vargas quebra
novamente a Constituição e declara ―estado de sítio‖, através do
Plano Cohen arquitetado pelos integralistas de direita. Para conter a
ameaça comunista, o presidente instaura a ditadura do Estado
Novo em 1937, centralizando o Poder Executivo nas mãos da
presidência.
Mandou fechar as Assembleias Legislativas, a Câmara dos
Deputados e o Congresso Nacional e ampliou seu poder político
como chefe do Executivo. Também fechou todos os partidos e
organizações civis.
Para se promover junto à população, criou o Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP) para controlar rádios e jornais.
Através dos veículos de comunicação, principalmente o rádio que
era o grande instrumento de massa na época, Getúlio Vargas
propagou discursos favoráveis à honra do trabalho e ao sentimento
nacionalista.
Getúlio Vargas sustentou sua propaganda populista com a ideia de
uma nação soberana (assim como faziam os fascistas Mussolini e
Hitler) enquanto controlava a máquina do Estado de forma
autoritária, criando o Departamento Administrativo de Serviço
Público para fiscalizar os governos estaduais.
Outro ponto importante da política varguista pode ser notado na
relação entre o governo e as classes trabalhadoras. Tomado por
uma orientação populista, o governo preocupava-se em obter o
favor dos trabalhadores por meio de concessões e leis de amparo
ao trabalhador. Tais medidas viriam a desmobilizar os movimentos
sindicais da época. Suas ações eram controladas por leis que
regulamentavam o seu campo de ação legal. Nessa época, os
sindicatos transformaram-se em um espaço de divulgação da
propaganda governista e seus líderes, representantes da ideologia
varguista.
As ações paternalistas de Vargas, dirigidas às classes
trabalhadoras, foram de fundamental importância para o
crescimento da burguesia industrial da época. Ao conter o conflito
de interesses dessas duas classes, Vargas dava condições para o
amplo desenvolvimento do setor industrial brasileiro. Além disso, o
governo agia diretamente na economia realizando uma política de
industrialização por substituição de importações.
Nessa política de substituições, o Estado seria responsável por
apoiar o crescimento da indústria a partir da criação das indústrias
de base. Tais indústrias dariam suporte para que os demais setores
industriais se desenvolvessem, fornecendo importantes matérias-
primas. Várias indústrias estatais e institutos de pesquisa foram
criados no período. Entre as empresas estatais criadas por Vargas,
podemos citar a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a
Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores
(1943) e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945).
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a autonomia da política
externa de Vargas tomou outros rumos. Antes disso, o habilidoso
político demonstrava favor ao regime nazista ao mesmo tempo em
que preservava relações com o governo norte-americano. Dada a
eclosão da guerra, o posicionamento neutro de Vargas logo se
tornou insustentável. Após receber um empréstimo de 20 milhões de
dólares dos EUA e ter navios brasileiros afundados pelos alemães,
o Brasil aderiu ao bloco dos países aliados.
O breve e bem sucedido papel das tropas brasileiras na Segunda
Guerra acabou gerando uma contradição: a ditadura de Vargas
mandou tropas para defender a democracia no continente europeu.
Mediante essa situação, fortes pressões se mobilizaram para que o
Estado Novo chegasse ao fim. Em 1945, o governo marcou eleições
diretas para presidente no mês de dezembro. Deposto pelos
militares em 30 de outubro daquele mesmo ano, o ex-presidente
disputou e venceu as eleições como senador pelo Rio Grande do
Sul.
Questões: (A Era Vargas)
30. (ENEM-2011) É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação
da República no Brasil que não cite a afirmação de Aristides Lobo,
no Diário Popular de São Paulo, de que ―o povo assistiu àquilo
bestializado‖. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da
Revolução de 1930, que não descuidaram da forma republicana,
mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo
da fórmula implantada em 1889, isto porque o Brasil brasileiro teria
nascido em 1930. (MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura
democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007 -
adaptado).
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O texto defende que a consolidação de uma determinada memória
sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na Revolução de
1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da
Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para
os eventos de 1889, porque esta era uma maneira de:
A) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas.
B) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia.
C) criticar a política educacional adotada durante a República Velha.
D) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse
grupo ao poder.
E) destacar a ampla participação popular obtida no processo da
Proclamação.
31. (ENEM-2010) De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram
decretadas mais de 150 leis novas de proteção social e de
regulamentação do trabalho em todos os seus setores. Todas elas
têm sido simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o
trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu
verdadeiro lugar. (DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado
Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. R. Nos Tempos de
Getúlio: da revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São Paulo: Atual,
1990)
A adoção de novas políticas públicas e as mudanças jurídico-
institucionais ocorridas no Brasil, com a ascensão de Getúlio Vargas
ao poder, evidenciam o papel histórico de certas lideranças e a
importância das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse
processo resultou a:
A) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que
garantiu ao operariado autonomia para o exercício de atividades
sindicais.
B) legislação previdenciária, que proibiu migrantes de ocuparem
cargos de direção nos sindicatos.
C) criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias
consideradas perturbadoras da ―harmonia social‖.
D) legislação trabalhista que atendeu reivindicações dos operários,
garantido-lhes vários direitos e formas de proteção.
E) decretação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que
impediu o controle estatal sobre as atividades políticas da classe
operária.
32. (ENEM-2009) A partir de 1942 e estendendo-se até o final do
Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de
Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente,
por dez minutos, no programa ―Hora do Brasil‖. O objetivo declarado
do governo era esclarecer os trabalhadores acerca das inovações
na legislação de proteção ao trabalho. (GOMES, A. C. A invenção do
trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ / Vértice. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1988 - adaptado).
Os programas ―Hora do Brasil‖ contribuíram para:
A) conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram
conquistados por seu esforço, após anos de lutas sindicais.
B) promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma
linguagem simples e de fácil entendimento.
C) estimular os movimentos grevistas, que reivindicavam um
aprofundamento dos direitos trabalhistas.
D) consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor
das massas.
E) aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores,
estimulados pelas palavras do ministro.
33. (ENEM-2009) O autor da constituição de 1937, Francisco
Campos, afirma no seu livro, O Estado Nacional, que o eleitor seria
apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a
independência do Poder Judiciário acabaria em injustiça e
ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em
Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao
Estado, pois Vargas teria providencial intuição do bem e da verdade,
além de ser um gênio político. (CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1940 - adaptado).
Segundo as ideias de Francisco Campos:
A) os eleitores, políticos e juízes seriam mal-intencionados.
B) o governo Vargas seria um mal necessário, mas transitório.
C) Vargas seria o homem adequado para implantar a democracia de
partidos.
D) a Constituição de 1937 seria a preparação para uma futura
democracia liberal.
E) Vargas seria o homem capaz de exercer o poder de modo
inteligente e correto.
34. (ENEM-2007) São Paulo, 18 de agosto de 1929.
Carlos [Drummond de Andrade],
Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio
Vargas – João Pessoa. É. Mas veja como estamos trocados. Esse
entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que
deveria ser de você. (…). Eu eu contemplo numa torcida apenas
simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes desejara tanto.
Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável,
está claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas
mineiros, gaúchos, paraibanos (…), com democráticos paulistas
(que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas e
gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a
existência de males necessários, porém me afasta do meu país e da
candidatura Getúlio Vargas. Repito: única aceitável. Mário [de
Andrade]. (Renato Lemos. Bem traçadas linhas: a história do Brasil em
cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004, p. 305).
Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira República, a
carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro Carlos Drummond de
Andrade revela:
A) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e o
desencanto de Mário de Andrade com as composições políticas
sustentadas por Vargas.
B) a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao gaúcho
Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia cafeeira de São Paulo.
C) a concordância entre Mário de Andrade e Drummond quanto ao
caráter inovador de Vargas, que fez uma ampla aliança para
derrotar a oligarquia mineira.
D) a discordância entre Mário de Andrade e Drummond sobre a
importância da aliança entre Vargas e o paulista Júlio Prestes
nas eleições presidenciais.
E) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio Vargas,
que se recusara a fazer alianças políticas para vencer as
eleições.
35. (ENEM-1999) Os textos abaixo relacionam-se a momentos
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distintos da nossa história.
―A integração regional é um instrumento fundamental para que um
número cada vez maior de países possa melhorar a sua inserção
num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de
competitividade, aumenta as trocas comerciais, permite o aumento
da produtividade, cria condições para um maior crescimento
econômico e favorece o aprofundamento dos processos
democráticos. A integração regional e a globalização surgem assim
como processos complementares e vantajosos.‖ (Declaração de
Porto, VIII Cimeira Ibero-Americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de
outubro de 1998)
―Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido
no Brasil, substituindo o que não era possível ou era muito caro
importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o
encarecimento das importações levaram o governo Vargas a criar
as bases para o crescimento industrial brasileiro.‖ (POMAR, Wladimir.
Era Vargas – a modernização conservadora)
É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos
textos são:
A) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são
as exportações e, no segundo, as importações.
B) semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência
protecionista.
C) diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a
integração regional e, para o segundo, a política de substituição
de importações.
D) semelhantes, porque consideram a integração regional
necessária ao desenvolvimento econômico.
E) opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o
aprofundamento democrático e, para o segundo, a globalização
é geradora da crise econômica.
36. (ENEM-1998) A figura de Getúlio Vargas, como personagem
histórica, é bastante polêmica, devido à complexidade e à
magnitude de suas ações como presidente do Brasil durante um
longo período de quinze anos (1930-1945). Foram anos de grandes
e importantes mudanças para o país e para o mundo. Pode-se
perceber o destaque dado a Getúlio Vargas pelo simples fato de
este período ser conhecido no Brasil como a ―Era Vargas‖.
Entretanto, Vargas não é visto de forma favorável por todos. Se
muitos o consideram como um fervoroso nacionalista, um
progressista ativo e o ―Pai dos Pobres‖, existem outros tantos que o
definem como ditador oportunista, um intervencionista e amigo das
elites.
Considerando as colocações acima, responda à questão seguinte,
assinalando a alternativa correta:
Provavelmente você percebeu que as duas opiniões sobre Vargas
são opostas, defendendo valores praticamente antagônicos. As
diferentes interpretações do papel de uma personalidade histórica
podem ser explicadas, conforme uma das opções abaixo. Assinale-
a.
A) Um dos grupos está totalmente errado, uma vez que a
permanência no poder depende de idéias coerentes e de uma
política contínua.
B) O grupo que acusa Vargas de ser ditador está totalmente errado.
Ele nunca teve uma orientação ideológica favorável aos regimes
politicamente fechados e só tomou medidas duras forçado pelas
circunstâncias.
C) Os dois grupos estão certos. Cada um mostra Vargas da forma
que serve melhor aos seus interesses, pois ele foi um
governante apático e fraco – um verdadeiro marionete nas mãos
das elites da época.
D) O grupo que defende Vargas como um autêntico nacionalista
está totalmente enganado. Poucas medidas nacionalizantes
foram tomadas para iludir os brasileiros, devido à política
populista do varguismo, e ele fazia tudo para agradar aos
grupos estrangeiros.
E) Os dois grupos estão errados, por assumirem características
parciais e, às vezes conjunturais, como sendo posturas
definitivas e absolutas.
37. (ENEM-2012) Elaborado pelos
partidários da Revolução
Constitucionalista de 1932, o cartaz
apresentado pretendia mobilizar a
população paulista contra o
governo federal. Essa mobilização
utilizou-se de uma referência
histórica, associando o processo
revolucionário:
(Cartaz da Revolução Constitucionalista. Disponível em:http:
//veja.abril.com.br. Acesso em: 29 jun. 2012.)
A) à experiência francesa, expressa no chamado à luta contra a
ditadura.
B) aos ideais republicanos, indicados no destaque à bandeira
paulista.
C) ao protagonismo das Forças Armadas, representadas pelo militar
que empunha a bandeira.
D) ao bandeirantismo, símbolo paulista apresentado em primeiro
plano.
E) ao papel figurativo de Vargas na política, enfatizado pela
pequenez de sua figura no cartaz.
O PERIODO DA GUERRA FRIA (1947–1991)
A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois
os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia
política, econômica e militar no mundo.
A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na
economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade
social e falta de democracia. Já os Estados Unidos, a outra potência
mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na
economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada.
Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas
potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas
políticos e econômicos.
A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que
aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate
militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo
porque, estes dois países estavam armados com centenas de
mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos
Amplie seus conhecimentos sobre: Capitalismo e Socialismo (Geografia Caderno Delta/Ômega).
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dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém
ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por
exemplo, na Coréia e no Vietnã.
Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a
existência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa
corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus
territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio
bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria
o medo do ataque inimigo.
Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era
defender os interesses militares dos países membros. A OTAN -
Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949)
era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países
membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de
Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia
militarmente os países socialistas.
Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá,
Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha,
Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.
Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba,
China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia,
Tchecoslováquia e Polônia.
EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere
aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos
significativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa
entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual
era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o
foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o
espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde
acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a
missão espacial norte-americana.
Os EUA liderou uma forte política de combate ao comunismo em
seu território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais,
as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou
uma campanha valorizando o "american way of life". Vários
cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por
defenderem ideias próximas ao socialismo. O Macarthismo,
comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu
muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos
países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo
com tudo que havia de ruim no planeta.
Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus
integrantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que
não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes
países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de
investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados.
Enquanto a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da
CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.
Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de
ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da
Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência
soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha,
com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos
países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro
forças que venceram a guerra: URSS, EUA, França e Inglaterra. Em
1961 foi levantado o Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas
partes: uma capitalista e outra socialista.
As duas potências desenvolveram planos para desenvolver
economicamente os países membros. No final da década de 1940,
os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda
econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir
os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o
COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de
garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.
Revolução Chinesa (1949)Ainda no início do século XX os
chineses se mobilizaram para expulsar os estrangeiros de suas
terras e seus negócios. Xuantong, o último imperador da dinastia
Manchu, foi deposto por forças populares que acabaram com o
Império chinês e fundaram a República da Chinaem 1911. Este
evento é conhecido como Revolução Xinhai.
Houve, inicialmente, uma diminuição da interferência europeia no
comércio chinês, mas o Japão passou a estender suas garras pela
região, principalmente após 1915. Com o início da Primeira Guerra
Mundial os europeus, enfraquecidos pelo conflito, deram lugar
definitivo para os japoneses na influência comercial da China. Para
vocês terem uma ideia, o Japão chegou a controlar cerca de 45% do
território chinês entre as décadas de 1930 e 1940.
A população, que já não suportava a miséria, principalmente no
campo, apoiou a criação do Partido Comunista Chinês em 1921,
mas seus integrantes logo foram perseguidos pelas lideranças do
Kuomintang, o Partido Nacionalista, que passou a controlar a China
a partir de 1911. O Kuomintang foi fundado logo após a Revolução
Xinhai, de forma que o partido estava completamente entranhado no
governo chinês.
Acuados por um governo que era submisso ao Japão e que não
atendia às suas necessidades, os chineses, liderados por membros
do Partido Comunista, pegaram em armas para expulsar os
japoneses – principalmente durante a Segunda Guerra Mundial – e
aproveitaram a oportunidade para também expulsar o Kuomintang
do poder. Era o início da Revolução.
A revolução Chinesa aconteceu entre 1949 e 1962, e foi um dos
maiores acontecimentos históricos. A Revolução se deu por dois
movimentos: a luta dos camponeses por terras e a luta do povo
chinês pela independência nacional.
Na época, os comunistas assumiam o poder, com uma China
arrasada pelos longos anos em que batalhou contra o domínio
japonês, e uma longa Guerra Civil. Na cidade, o povo passava fome,
no campo não se plantava nada por não ter sementes.
Mao Tsé-Tung, líder chinês, iniciava a reforma agrária. Dividiu
grandes propriedades entre os camponeses, as cooperativas
substituíam as grandes propriedades. Apoiado pela União Soviética,
os comunistas fizeram mudanças radicais na economia e cultura
chinesas; aboliram o casamento, promoveram a emancipação da
mulher, igualdade entre os sexos, entre outras medidas de grande
impacto e boa aceitação. Esse conjunto de ideias, realizações
políticas e contribuições teóricas para o marxismo são conhecidas
como maoísmo. O que difere o governo de Mao dos outros
governos comunistas da época é que a partir de 1956 a China
rompeu relações com a URSS. Aquela ajudinha dada pelos
soviéticos aos países que se alinhavam à sua política deixou de
abastecer a China.
O principal objetivo de todas essas mudanças era o aumento de
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produtividade, ou seja, na indústria houve aumento nas horas de
trabalho e no campo, foram enviados reforços, desde intelectuais à
estudantes. A terra foi estatizada, e dividida em comunas, que eram
comunidades populares, independentes, com liberdade para cuidar
de seus interesses comuns, como pequenas cidades.
Esse grande salto foi um fracasso. Os camponeses ficaram
insatisfeitos, com a queda das colheitas, o que gerava a fome, e
acabava em revoltas.
Em 1966, iniciou-se uma revolta cultural, que marcou
significativamente os rumos da revolução chinesa. O partido
comunista estava dividido, havia uma forte oposição, mas mesmo
assim Mao Tse-Tung mantinha-se no poder.
Na realidade, a revolução cultural, foi planejada pelo próprio Mao,
com o objetivo de mobilizar a população pensante e formadora de
opinião da China. Os jovens, por todo o país criaram a jovem guarda
vermelha, surgia também comitês que ameaçavam autoridades, e
mais uma vez a força foi utilizada: locais onde eram realizados
cultos religiosos foram destruídos, livros foram confiscados, as
comunas ganharam maior importância e Mao saiu ainda mais forte.
Mao Tsé-Tung morreu em 1976 e os moderados voltaram ao poder.
Seu sucessor foi Deng Xiao-Ping que adotou uma política
econômica e desenvolvimentista e permitiu a entrada de tecnologia
e capital estrangeiro.
A DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA
Apesar de ter sido durante a 1ª Guerra Mundial (em regiões
asiáticas) que começaram a se formar os movimentos nacionalistas
que propunham a libertação dos povos dominados por potências
imperialistas europeias, a descolonização da Ásia e da África, só foi
possível, depois que a 2ª Guerra Mundial terminou, porque ouve o
declínio dos países europeus e porque o avanço do nacionalismo
estimulou os movimentos de libertação.
ÁFRICA
Norte da África – A Líbia conquista a independência em 1951 e o
Egito, com uma revolução nacionalista, em 1952. A República
egípcia nasce em 1953, com a introdução de reformas econômicas
e sociais, industrialização e medidas socializantes. Em 1956 o
presidente Gamal Abdel Nasser nacionaliza o Canal de Suez,
abrindo uma crise com as potências ocidentais e aproximando o
país da URSS. Tendo em vista as tensões com Israel, Egito e Síria
unem-se em 1953 numa federação, a República Árabe Unida
(RAU). O Sudão se separa do Egito como Estado independente em
1956. O Marrocos proclama a independência em 1956, com o
consentimento da França. Na Tunísia, a França cede às pressões
do partido nacionalista Neo-Destur, fundado em 1954, e permite que
a Assembléia Nacional proclame a independência em 1956 e a
República em 1957. A Argélia em 1962.
Independência das Colônias Portuguesas – Em Moçambique, a
Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fundada por
Eduardo Mondlane, iniciou, em 1964, um movimento armado contra
o colonialismo português, vários dos confrontos entre as duas forças
terminaram com a derrota dos portugueses, e em 1975 o governo
democrático de Portugal reconheceu a independência da República
Popular de Moçambique.
Agostinho Neto fundou o Movimento Popular pela Libertação de
Angola (MPLA), mas ouve também, outras organizações com o
mesmo objetivo; após a queda do salazarismo em Portugal, foi
assinado em 1974, o Acordo de Alvor, que estabelecia a
independência de Angola para o ano seguinte. O arquipélago de
São Tomé e Príncipe conseguiu se libertar do domínio Português
em 1975.
Apartheid – O Apartheid foi um dos regimes de discriminação mais
cruéis no mundo. Ele aconteceu na África do Sul de 1948 até 1990 e
durante todo esse tempo esteve ligado à política do país. A antiga
Constituição sul-africana incluía artigos onde era clara a
discriminação racial entre os cidadãos, mesmo os negros sendo a
maioria na população.
Apartheid atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços
públicos, pois os negros não podiam ser proprietários de terras, não
tinham direito de participação na política e eram obrigados a viver
em zonas residenciais separadas das zonas dos brancos. Os
casamentos e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes
eram ilegais. Os negros geralmente trabalhavam nas minas,
comandados por capatazes brancos e viviam em guetos miseráveis
e superpovoados.
Para lutar contra essas injustiças, os negros acionaram o Congresso
Nacional Africano, uma organização negra clandestina, que tinha
como líder Nelson Mandela. Após o massacre de Sharpeville, o
Congresso Nacional Africano optou pela luta armada contra o
governo branco, o que fez com que Nelson Mandela fosse preso em
1962 e condenado à prisão perpétua. A partir daí, o apartheid
tornou-se ainda mais forte e violento, chegando ao ponto de definir
territórios tribais chamados Bantustões, onde os negros eram
distribuídos em grupos e ficavam amontoados nessas regiões.
Com o fim do império português na África em 1975, lentamente
começaram os avanços para acabar com o apartheid. A
comunidade internacional e a Organização das Nações Unidas
(ONU) faziam pressão pelo fim da segregação racial. Em 1991, o
então presidente Frederick DeKlerk condenou oficialmente o
apartheid e libertou líderes políticos, entre eles Nelson Mandela.
A partir daí, outras conquistas foram obtidas, o Congresso Nacional
Africano foi legalizado, DeKlerk e Mandela receberam o Prêmio
Nobel da Paz em 1993, uma nova Constituição não-racial passou a
vigorar, os negros adquiriram direito ao voto e em 1994 foram
realizadas as primeiras eleições multirraciais na África do Sul e
Nelson Mandela se tornou presidente da África do Sul.
“„A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para
mudar o mundo‟ acreditava Nelson Mandela, advogado e
cidadão exemplar, que com um olhar essencialmente humano,
defendeu a igualdade e a justiça social na sua caminhada
histórica...” (Prof.ª Maria Zelita Batista Brito)
ÁSIA
Vietnã – O atual Vietnã, juntamente com o Laos e a Camboja, fazia
parte do território conhecido como Indochina, que desde o final do
século XIX era uma possessão da França. No decorrer da Segunda
Guerra Mundial, o Japão avançou sobre o Sudeste Asiático,
desalojou os franceses e anexou a região aos seus domínios.
Organizadas na Liga Revolucionária para a Independência do
Vietnã, liderados por Ho Chin Minh, os vietnamitas reagiram aos
Amplie seus conhecimentos sobre: O mundo em conflito, Japão, África, Oriente Médio e Sul da Ásia (Geografia Caderno Delta/Ômega).
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japoneses e no final da Segunda Guerra proclamaram, na parte
norte do país, a República Democrática do Vietnã. Logo a seguir, os
vietnamitas entraram em guerra contra os franceses, que teimavam
em reconquistar a região, e os venceram de modo espetacular na
Batalha de DienBienPhu, em 1954.
Nesse mesmo ano, na Conferência de Genebra, convocada para
celebrar a paz, decidiu-se que até as eleições gerais, que se
realizaria em 1956, o Vietnã independente ficaria dividido em:
*Vietnã do Norte (socialista), com capital em Hanói, governado por
Ho Chin Minh;
*Vietnã do Sul (pró-capitalista), com capital em Saigon, liderado por
Bao Dai.
Nos anos seguintes, ao mesmo tempo em que a Guerra Fria se
acentuava, a rivalidade entre os dois Vietnãs cresceu e as eleições
com vistas à reunificação do país não se realizaram. Opondo-se à
divisão do Vietnã e ao ditador que os governava, os sul-vietnamitas
fundaram, em 1960, a Frente Nacional de Libertação. Essa
organização era formada por grupos de guerrilheiros socialistas
conhecidos como vietcongues. A Frente recebeu o imediato apoio
do Vietnã do Norte.
Decididos a conter a expansão do socialismo na região, os Estados
Unidos começaram a enviar ajuda militar ao governo do Sul e com
isso precipitaram o início de uma nova guerra.
Durante os doze anos em que estiveram envolvidos nesse conflito,
os EUA despejaram sobre o Vietnã milhões de toneladas de napalm
e chegaram a manter na região 550 mil soldados.
Apesar do poderoso arsenal bélico, os norte-americanos foram
derrotados pelas forças norte-vietnamitas e vietcongues, retirando-
se da região em 1973. A guerra, no entanto, prosseguiu até 1975,
ano em que o governo de Saigon rendeu-se aos seus adversários.
No ano seguinte, os vencedores promoveram a unificação do país,
transformando o Vietnã num Estado socialista.
Índia – A Índia era um país bastante misturado, havia evidentes
diferenças sociais, falavam-se mais de 15 línguas, com 845 dialetos
e muitas religiões, sendo o Hinduísmo e o Islamismo as religiões
que predominavam, e para retardar a libertação, a Inglaterra
estimulava a rivalidade que havia entre Hindus e Muçulmanos.
Foi na Índia que o movimento nacionalista pró-independência
ganhou força, comandado pelo partido do Congresso Nacional
Indiano, que tinha como principais líderes Nehru e Mahatma Gandhi,
esse partido defendia a autonomia política; uma confederação
democrática; modernização do estado; igualdade política para todas
as religiões, etnias e classes; reformas sociais; econômicas e
administrativa.
Mahatma Gandhi – Considerado a maior figura da luta nacional
indiana, Gandhi dedicou a vida à luta pela independência de seu
país, e quando em 1920 assumiu a liderança do movimento, pregou
resistência pacífica, recorreu à jejuns, marchas e desobediência
civil.
Ao final do conflito mundial, a Inglaterra, com o seu poder
econômico e militar abalado, foi obrigado a conceder a
independência da Índia, em 1947 por não poder manter o domínio
colonial.
Depois da independência, o país que tinha rivalidades internas não
permaneceu unificado, se dividiu em dois estados soberanos:
– República União Indiana, de maioria Hinduísta, governada por
Nehru.
– República do Paquistão, (Dividida em oriental e ocidental) De
maioria Muçulmana, governada por Ali Jinnah que era chefe da liga
Muçulmana.
Mais tarde, uma ilha situada ao sul da Índia formou um outro estado
de nome República do Sri Lanka
Questões: (O período da Guerra Fria (1947–1991) e A
Descolonização Afro-asiática)
38. (ENEM-2009) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria
dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação
de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que
aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que
concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na
formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste
europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu
igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela
opção entre os modelos capitalista e socialista.
Essa divisão europeia ficou conhecida como:
A) Cortina de Ferro. D) Convenção de Ramsar.
B) Muro de Berlim. E) Conferência de Estocolmo.
C) União Europeia.
39. (ENEM-2009) O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência
social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de
texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural: ―É
preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser
responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é
privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos
surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a
emergência de novas ideias. Os pais do regime devem
compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a
partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que
ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e
não precisa delas‖.
(Journal de lacomuneétudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 -
adaptado).
Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,
A) foram manifestações desprovidas de conotação política, que
tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de
comportamento social fundados em valores tradicionais da
moral religiosa.
B) restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a
industrialização avançada, a penetração dos meios de
comunicação de massa e a alienação cultural que deles
resultava eram mais evidentes.
C) resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social
e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as
décadas de 70 e 80.
D) tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus
fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos
na mudança de costumes e na contracultura.
E) inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o
ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa
dos direitos das minorias.
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40. (ENEM-1999) Os 45 anos que vão do lançamento das bombas
atômicas até o fim da União Soviética, não foram um período
homogêneo único na história do mundo. (…) dividem-se em duas
metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70.
Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão
único pela situação internacional peculiar que o dominou até a
queda da URSS. (HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo:
Cia das Letras, 1996)
O período citado no texto e conhecido por ―Guerra Fria‖ pode ser
definido como aquele momento histórico em que houve:
A) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias
ocasionando a Primeira Guerra Mundial.
B) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países
capitalistas do Norte.
C) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética
Stalinista, durante os anos 30.
D) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e
as potências orientais, como a China e o Japão.
E) constante confronto das duas superpotências que emergiram da
Segunda Guerra Mundial.
41. (ENEM-2009) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as
décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria
instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de
conflitos e pela multipolaridade.
O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria apresenta:
A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às
disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de
ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime
organizado.
B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares
das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade
nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da
Guerra Fria.
C) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções
militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser
realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com
maior envolvimento de países emergentes.
D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a
possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global,
devido à crescente consciência política internacional acerca
desse perigo.
E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se
submetem às decisões da ONU no que concerne às ações
militares.
42. (ENEM-2012) O cartum,
publicado em 1932, ironiza as
consequências sociais das
constantes prisões de Mahatma
Gandhi pelas autoridades britânicas,
na Índia, demonstrando:
A) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.
B) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.
C) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação
inglesa.
D) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.
E) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular
hindu.
OS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA.
O panorama que consolida os diversos movimentos sociais no
continente latino-americano está relacionada a praticamente, na fala
de João Pedro Stedile, a três grandes projetos políticos, a saber, a)
Projeto que visa a retomada do controle político-econômico da
região pelos Estados Unidos da América. Nesse projeto, é
fundamental que a nação norte-americana, retome o controle da
região para a garantia de matérias-primas e fontes energéticas,
além do favorecimento às indústrias norte-americanas no comércio
da região.
O segundo projeto presente na A. Latina que propicia o
entendimento do nascedouro dos movimentos sociais e do seu
―modus operandi‖ é o que Stédile chama de Integração Continental.
Nesse projeto, a proposta é a integração regional sem a presença
dos vizinhos americanos, mas ainda nos marcos capitalistas.
O terceiro projeto, chamado d pelos movimentos de ALBA
(Alternativa Bolivariana para a América), tem por objetivo promover
uma ―integração econômica, política e cultural, que juntasse
governos progressistas com as organizações populares‖.
No dia a dia, esses três projetos disputam a conquista da
hegemonia, influindo em todos os pleitos, como no direcionamento
econômico de todos os países latino-americanos.
Portanto, estudar os movimentos sociais nesse contexto, implica
entender os movimentos políticos perpetrados pelos grupos
anteriormente referidos no interior de cada estado-naçãolatino-
americano e perceber cada ato e movimentação política não como
resultado de disputas locais, ao contrário, na verdade, como reflexo
do movimento das forças políticas em busca da consolidação
ideológica pretendida no continente latino-americano.
Nesse sentido, ver movimentos como o Zapatista no México, o MST
no Brasil, as Marchas em defesa dos direitos Indígenas no
Paraguai, na Bolívia, são diversas manifestações do mesmo
fenômeno.
Caracterização
Do ponto de vista identitário, podemos marcar os movimentos
sociais do final do século XX, como oriundos da resistência à
tentativa de hegemonização empreendida pelo Neoliberalismo no
nosso continente, fortemente observado a partir da década de 90.
Dito de outra forma, os Movimentos sociais combatem as
formulações e as práticas do chamado ―Consenso de Washington‖
que visava uma reforma profunda nos Estados latino-americanos,
reduzindo-o de forma que o mesmo fosse conduzido pela força do
mercado.
Em segundo lugar, a defesa do Socialismo como a unidade
ideológica capaz de fazer frente às construções capitalistas que
destroem a dignidade humana. Esses movimentos apostam no
Socialismo como a nova forma de organização econômica e social,
fortemente marcada pela distribuição de renda, a mudança da
economia, tendo por objetivo, o fim da propriedade privada.
Amplie seus conhecimentos sobre: América Latina (Geografia Caderno Delta/Ômega).
LORD WILLINGDON‘S DILEMMA (Disponível em: www.gandhiserve.org.Acesso em: 21 nov. 2011).
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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Um terceiro aspecto tem a ver com a definição de tais movimentos
sociais, ―no sentido genérico, envolve todas as formas de
organização da classe trabalhadora – desde o movimento sindical,
popular até a luta pela moradia, por saúde, de luta pela terra e etc.‖
Outros vieses podem ser anotados a partir das lutas mais
particulares, tais como, a luta contra o monopólio das
comunicações, a Reforma Agrária, a estatização dos setores vitais
como energia e petróleo, além dos recursos hídricos etc. Apontamos
também, a luta pelos direitos das minorias e pelos direitos humanos.
No Brasil, O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra),
alcançou maior repercussão, inclusive por episódios marcados pela
extrema truculência promovida pelo Estado, como foi o caso do
―Eldorado dos Carajás‖. Para além disso, esse movimento promove
atualmente a eleição de vários representantes desse agrupamento,
com o objetivo de fazer frente na luta política, penetrando com maior
facilidade nas esferas de poder.
Outros movimentos, a exemplo ―Dos sem teto‖, o LGBTT, O
movimento dos Direitos Humanos, além de sindicatos e
confederações, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Cabe menção a realização de várias edições do FORUM SOCIAL
MUNDIAL aqui no Brasil, ―que constituiu uma experiência de
agrupamento de diferentes organizações e movimentos sociais que
conformam o movimento na luta contra o Neoliberalismo e a
Globalização.‖
No Chile, os protestos indígenas anunciaram ―a presença do setor
camponês-indígena como um dos atores principais do conflito social
chileno. No caso urbano, o destaque vai para os movimentos pelos
Direitos Humanos, principalmente após o caso Pinochet.
A Bolívia apresentou um quadro que repetia a essência dos
movimentos em outros países latino-americanos. O setor
camponês-indígena, destaque para o Movimento dos Cocaleros,
demonstraram a insatisfação ao desrespeito neoliberal aos direitos
indígenas, além da luta pela água.
A união dos sindicatos, campesinato e trabalhadores urbanos,
promoveu a Marcha de Cochabamba a La Paz. A eleição de Evo
Morales, um índio, levou o país a um processo profundo de
mudança social, aprofundando a tentativa de esquerdização na A.
Latina.
No México, a Marcha pela Dignidade Indígena foi o evento mais
importante, pois conjugou setores sindicais, movimentos urbanos e,
estudantil , entre outros.
Esse caráter muti-setorial do movimento aponta para a insatisfação
geral pelo atrelamento do Estado Mexicano ao neoliberalismo, além
de, claramente, expor a incapacidade de o modelo neoliberal
promover a superação das demandas sociais dos indígenas e dos
demais.
No caso zapatista, lemos:
―No zapatismo, a concepção política de sociedade civil e do papel
que esta tem no movimento social é bastante original. Sendo assim,
a sociedade civil, enquanto sujeito histórico deve exigir mudanças.
Diferentemente de outros movimentos revolucionários, não se trata
de tomar o poder e fazer usos da força e sem abolição das relações
de poder e uso pleno da democracia, no qual o po0der as sociedade
não deve se impor, mas se construir. Dessa forma, longe de lutar
pela tomada de poder, propõe uma transformação das relações
jurídicas e sociais, buscando uma democracia participativa e
representativa não excludente, que se dê no seio da própria
sociedade civil e dos povos indígenas.‖ (BORGES, 2008: in: Contexto
Político. blogspot.com, pg 03)
Em se tratando do Paraguai – O destaque está na criação do
Congresso Popular 2000. Em fevereiro de 2000, esse congresso foi
realizado formado por diversas organizações sociais e tinha por
objetivo discutir as principais demandas surgidas com a implantação
do neoliberalismo, destacando-se o programa de privatizações
levado a cabo pelo Estado paraguaio. A eleição de Lugo foi uma
vitória para os movimentos sociais, porém a direita, num golpe,
travestido de institucionalidade, depôs o presidente num rito
sumário, sem precedentes na história contemporânea, considerando
países com certo grau de Estado de Direito.
Na argentina, a ação dos movimentos sociais se deu por meio dos
chamados ―CORTES‖, manifestantes bloqueavam avenidas, ruas e
ferrovias. Esses atos envolviam desempregados e suas famílias
reivindicando entrega de gêneros alimentícios de primeira
necessidade de material escolar e a assinatura de planos de
trabalho para frear o desemprego crescente no país, oriundo da
política neoliberal implantada por Carlos Menem.
Os governos de Nelson e Cristina Kirchner, trouxeram para o país
um ar mais progressista e a busca de atender a demandas sociais
reivindicadas. A ebulição vivida pela Argentina recentemente aponta
para um caminho muito longo a ser percorrido para o
desmantelamento da máquina neoliberal implantada na Argentina.
A QUESTÃO PALESTINA
Em 1947, dois anos do fim da Segunda Guerra – na qual pereceram
quase 6 milhões de judeus –, a ONU aprovou a divisão da Palestina
em dois Estados: um judeu, com 10 mil km², e outro árabe, com
11.500 km². Em 15 de maio de 1948 os judeus liderados por David
Bem Gurion fundaram o Estado de Israel. Mas, para isso,
expulsaram milhares de palestinos de suas vilas e aldeias,
obrigando-os a se refugiarem nos países árabes vizinhos. Tinha
início, assim, a "questão palestina". O êxodo forçado dos palestinos
deu origema uma série de sangrentas guerras entre árabes e
israelitas. As principais aconteceram em 1956, 1967 e 1973. Com a
ajuda dos Estados Unidos, os israelitas venceram esses conflitos e
expandiram suas fronteiras ocupando territórios do Egito, da Síria e
da Jordânia. Os palestinos, porém, continuaram sem pátria.
Dispostos a lutar pela criação de um Estado Palestino, diversos
chefes de Estados árabes criaram, em 1964, a Organização para a
Libertação da Palestina (OLP) que, anos depois, passou a ser
chefiada por Yasser Arafat, líder palestino de projeção
internacional. Durante duas décadas, aproximadamente, a OLP
procurou alcançar seus objetivos praticando e estimulando a
violência contra o Estado de Israel. Este, por sua vez, revidava com
a mesma moeda. No final de 1988, no entanto, Arafat declarou pela
primeira vez que, atendendo ao pedido da ONU, a OLP reconhecia
a existência do Estado de Israel. Desde então, apesar dos
extremistas judeus e árabes e do interesse dos grupos econômicos
que se alimentam da guerra, o conflito árabe-israelense evoluiu para
uma solução negociada. Finalmente, em 13 de setembro de 1993,
depois de 46 anos de guerras, Arafat e o primeiro-ministro de Israel,
Amplie seus conhecimentos: O mundo em conflito e Oriente Médio (Geografia Caderno Delta/Ômega).
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33
Itzhak Rabin, assinaram em Washington um tratado de paz. Nos
últimos dias podemos ver que as cláusulas do acordo não estão
sendo compridas, após o atentado de 11 de setembro de 2001 aos
Estados Unidos, intensificaram novamente a Guerra de Palestinos x
Israelitas ou Judeus.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Intifada
Intifada é o termo que representa a insurreição dos palestinos contra
os abusos promovidos pelos israelenses.
Originalmente, a palavra árabe ―intifada‖ tem um significado geral de
revolta. O termo pode ser utilizado para exemplificar, então,
qualquer tipo de revolta de um grupo contra outro de atitudes
opressoras. Entretanto o termo ganhou destaque e especial
atribuição aos movimentos de resistência promovidos pelos
palestinos contra a política de Israel que é apoiada pelos Estados
Unidos. Mas além da mais famosa Intifada, o termo já foi usado para
designar, por exemplo, três outros momentos: o levante dos clérigos
xiitas contra a ocupação americana no Iraque, em 2003; por ocasião
do domínio de Marrocos na região do governo exilado do Saara
Ocidental, em 2005; e no protesto e expulsão das tropas sírias do
Líbano, também em 2005.
O povo palestino é representado pela Autoridade Nacional Palestina
e ocupa os territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, regiões
teoricamente de propriedade dos palestinos. Isso porque a Faixa de
Gaza, por exemplo, é considerado um território sem a soberania
oficial de um Estado. De toda forma, os palestinos constituem um
povo, com características culturais próprias e soberanas, como tal
necessitam de um território que dê conta de suas especificidades.
O Estado de Israel desenvolve uma política opressora nos territórios
de ocupação palestina, suas ações são apoiadas pelos Estados
Unidos. Os israelenses forçam os palestinos a consumirem seus
produtos, restringem os direitos de ir e vir, censuram e impedem
outros tipos de liberdade da comunidade palestina. Por esses
motivos, os palestinos se revoltam em defesa de seus direitos e da
liberdade de sua cultura no Oriente.
A Intifada surgiu como movimento palestino no ano de 1987 quando,
a partir do dia 9 de dezembro, surgiram os levantes espontâneos da
população palestina contra os militares israelenses. A comunidade
palestina, saturada pela opressão, combateu os militares de Israel
fazendo uso apenas de paus e pedras, tal movimento caracterizou a
chamada Primeira Intifada.
Mas a Primeira Intifada não colocou fim ao conflito Israel-palestino,
pelo contrário, serviu para intensificar a tensão na região e aumentar
a instabilidade do local. Em alguns momentos a comunidade
internacional tentou interferir para promover a paz na região,
entretanto os envolvidos não chegaram a um acordo definitivo. Um
dos momentos de tentativa de conciliação aconteceu quando o
tradicional líder palestino Yasser Arafat recusou a proposta de paz
de Israel. Nesta ocasião teve início a chamada Segunda Intifada,
quando o líder israelense Ariel Sharon caminhou pela Esplanada
das Mesquitas e pelo Monte do Templo, ambos locais sagrados
para judeus e muçulmanos. No dia 29 de setembro de 2000 os
palestinos eclodiram uma nova insurreição.
A pacificação da região é muito complicada, a comunidade
internacional reconhece alguma opressão de Israel nas regiões de
presença palestina, mas por outro lado o país mais poderoso do
ocidente capitalista, Estados Unidos, apoia as atitudes dos
israelenses. Não se trata, também, apenas de uma pacificação do
local resolvida por uma conciliação que encerre as manifestações
de opressão, há interesses políticos, econômicos e religiosos que
incendeiam a região. Nenhum dos lados tem interesse em ceder o
controle sobre alguma dessas instâncias, o que acirra o conflito de
interesses no local.
Grupos armados e terroristas se formaram dos dois lados para
defender causas religiosas – em primeiro lugar – econômicas e
políticas. O confronto entre israelenses e palestinos se intensificou e
de forma mais bárbara. Em 2008, no dia 27 de dezembro, Khalid
Meshal, o líder do Hamas, grupo armado por parte dos palestinos,
convocou os palestinos para uma nova Intifada. As ações do
Hamas, entretanto, são baseadas geralmente em ataques suicidas.
(Fontes: http://www.intifada.com/ e http://pt.wikipedia.org/wiki/Intifada)
Compreendendo o texto:
43. Reflita: Pode a Intifada ser considerada um ato terrorista?
Argumente.
______________________________________________________
______________________________________________________
Questões: (Os Movimentos sociais na América Latina e A
Questão Palestina)
44. (FGV) Fragmento sobre a América Latina:
"…o novo regime já não é oligárquico, não obstante as oligarquias
não tenham sido fundamentalmente afetadas em suas funções de
hegemonia social e política aos níveis local e regional e se
encontrem, de algum modo, representadas no Estado (...) Trata-se
de um Estado de Compromisso que é ao mesmo tempo um Estado
de Massas, expressão da prolongada crise agrária, da dependência
social dos grupos de classe média, da dependência social e
econômica da burguesia industrial e da crescente pressão popular."
O fragmento trata do surgimento, na região, dos regimes:
A) Populistas. B) Comunistas. C) Neoliberais.
D) Autonomistas. E) Socialistas.
45. (PUC-MG) Nos anos de 1960/1970, vários países da América
Latina sofrem intervenções militares. Essas intervenções ocorrem
porque é necessário, EXCETO:
A) garantir o poder da elite político-social incrustada no Estado.
B) salvaguardar os interesses do capital estrangeiro investido nos
países.
C) reduzir o espaço democrático conquistado pelos sindicatos e
partidos.
D) reconhecer o papel das forças armadas como instrumentos do
poder civil.
E) ampliar a ação e o poder do Estado no controle da sociedade
civil.
46. (UFPE) A história dos países latino-americanos, apesar de
distinta, tem muito em comum. Assinale a alternativa que confirma
este enunciado:
A) O atraso na industrialização tornou essa região dependente dos
fornecedores externos de bens de produção, o que conduziu a
um crescente endividamento externo.
B) A industrialização da América Latina deu-se de forma
homogênea, acompanhando as conjunturas de crescimento
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econômico dos Estados Unidos.
C) As migrações internas entre países da América Latina têm
contribuído para uma história comum de desenvolvimento
tecnológico.
D) As guerras de independência na América Latina foram
simultâneas contra as metrópoles e, na metade do século XIX,
todas as nações haviam se transformado em repúblicas livres
da escravidão.
E) A economia dos países da América Latina está voltada para o
seu próprio mercado interno.
47. (Cesgranrio) Quanto aos conflitos entre árabes e israelenses,
podemos dizer que:
I - se aceleram com a partilha da Palestina realizada pela ONU em
1947, que deu origem ao Estado de Israel e de que decorreu a
guerra de 1948/49, que terminou com um acordo de cessar fogo
em que ficava estabelecida a divisão de Jerusalém e a fixação
das fronteiras entre Israel e os países árabes.
II - na década de 1960, os conflitos adquirem maior violência em
função do aumento dos atos terroristas palestinos e da aliança
militar e política entre Egito, Síria e Jordânia, o que leva ao
bloqueio econômico de Israel e dá Início à Guerra dos Sete
Dias.
III - na década de 1970, os conflitos determinam a explosão da
Guerra do Yom Kippur, em 1973, de que resulta a fixação dos
limites territoriais no Oriente Médio e o reconhecimento por
parte de Israel, da OLP, comandada por Arafat, como
representante legítima dos interesses palestinos.
Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):
A) Apenas I B) Apenas I e II C) Apenas II
D) Apenas II e III E) Apenas III
48. (ENEM-2009) Em 1947, a Organização das Nações Unidas
(ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que previa a
criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe
em aceitar a decisão conduziu ao primeiro conflito entre Israel e
países árabes. A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão
egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia interesses anglo-
franceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a
Península do Sinai. O terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou
conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de
Israel. Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o
YomKippur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias atacaram de
surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção
americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de
outubro.
A partir do texto acima, assinale a opção correta.
A) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação
bélica de tradicionais potências europeias no Oriente Médio.
B) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira
guerra árabe-israelense, Israel obteve rápida vitória.
C) A guerra do YomKippur ocorreu no momento em que, a partir de
decisão da ONU, foi oficialmente instalado o Estado de Israel.
D) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi decisiva
para o cessar-fogo que pôs fim ao primeiro conflito árabe-
israelense.
E) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas
dimensões territoriais tal como estabelecido pela resolução de
1947 aprovada pela ONU.
BRASIL – PERÍODO LIBERAL DEMOCRÁTICO (1945-64)
As eleições presidenciais e a Constituição de 1946
Após a deposição de Vargas, os chefes militares entregaram a
presidência da republica a José Linhares, presidente do Supremo
Tribunal Federal. Naquele momento histórico, quando as potencias
democráticas tinham vencido o nazi-fascismo, um clima de
confiança nas liberdades democráticas tomava conta do país. Os
chefes militares tinham o firme propósito de garantir a realização de
eleições presidenciais.
Nas eleições realizadas em dezembro e 1945, foi eleito presidente o
general Eurico Gaspar Dutra, candidato do PSD (partido Social
Democrático) apoiado pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro),
ambos de orientação getulista, formados ao final do Estado Novo.
Nessa mesma época, foi eleita uma Assembleia Constituinte para
elaborar a quarta Constituição da republica, que substituiria a
Constituição de 1937. Instalada em 2 de fevereiro de 1946, a
Assembleia Constituinte compunha-se de representantes das
principais forças político-partidárias do país:
PSD (Partido Social Democrático), UDN (União Democrática
Nacional), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PCB (Partido
Comunista Brasileiro).
Depois de sete meses de trabalho legislativo, foi promulgada, em 18
de setembro de 1946, a nova Constituição brasileira. Era uma Carta
liberal democrática. Do seu conteúdo, podemos destacar:
Estabeleceu a separação dos três poderes, voto direto e secreto
para presidente (mandato de 5 anos), incluindo o voto feminino. Mas
os analfabetos continuavam sem direitos eleitorais. A constituição
de 1946 vigorou até 1964. Nesse período, caracterizado por
grandes efervescências, foram criados diversos partidos políticos
que mobilizaram as massas populares.
O governo Dutra (1946-1951)
A conjuntura internacional formada após o termino da Segunda
Guerra Mundial (1945) exerceu profunda influência sobre as
diretrizes políticas assumidas pelo governo Dutra. Aliando-se ao
bloco liderado pelo EUA, o governo Dutra decidiu romper relações
diplomáticas com a URSS e extinguir o Partido Comunista Brasileiro
(1947), acusando-o de receber auxilio financeiro de Moscou. Apesar
de governar o país sob a égide de uma Constituição democrática, o
governo Dutra perseguiu duramente seus opositores políticos.
Em relação aos trabalhadores urbanos, o governo também agiu de
forma autoritária. Os operários reclamavam do baixo salário, que
não aumentavam há anos, enquanto o custo de vida continuava
subindo. O governo suspendeu o direito de greve, interveio em 143
sindicados e prendeu vários lideres da classe operaria.
No plano econômico, um dos mais sérios problemas enfrentados
pelo governo Dutra foi as altas taxas de inflação, que se faziam
sentir na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos.
Amplie seus conhecimentos sobre: Modernismo e Tendências contemporâneas ao Concretismo (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: Rede e hierarquias urbanas no Brasil, Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi).
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Procurando elaborar uma estratégia de combater à inflação. Dutra
buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os investimentos
para setores prioritários.
Uma das principais características do governo Dutra foi o abandono
do nacionalismo econômico da Era Vargas. Dutra abriu o país aos
interesses das empresas estrangeiras. Durante a Segunda Guerra
Mundial, o lucro com as exportações brasileiras superou as
despesas com importação. Com isso, o país conseguiu pagar sua
dívida externa e ainda acumular reservas de milhões e milhões de
dólares.
Com sua política de favorecimento ao estrangeiro, Dutra prejudica a
indústria nacionalao facilitar a importações de bens supérfluos,
como brinquedos de plástico, aparelhos de televisão, automóveis,
meias de náilon, geladeiras, rádios etc., e a compra de velhas
ferrovias inglesas instaladas no Brasil desde o século passado.
O governo Vargas (1951-1954) - A volta de Getúlio ao Poder
Ao final do governo Dutra, novas eleições presidenciais foram
realizadas. Aos 68 anos de idade, Getúlio Vargas era um dos
candidatos à presidência, vencendo com esmagadora maioria dos
votos: 48,7% do total. A oposição política, liderada pela UDN, não
se conformou com a derrota e vez de tudo para invalidar o resultado
das eleições. Mas a vitória de Vargas nas urnas de tal modo era
expressiva que resistiu a tentativa de golpe udenista, na instigada
por jornais como O Estado e São Paulo e a Tribuna da imprensa, de
Carlos Lacerda.
Assumindo o poder, Vargas procurou apagar a imagem de ditador
do Estado Novo.
O nacionalismo
Getúlio empenhou-se em realizar um governo nacionalista. Dizia
que era preciso atacar a exploração das forças internacionais para
que o país conquistasse sua independência econômica. O
nacionalismo de Vargas foi duramente combatido pelo governo dos
Estados Unidos, pelas empresas estrangeiras e pelas forças
políticas que defendiam seus interesses no Brasil. No Congresso
Nacional na imprensa. Um dos principais momentos do debate entre
nacionalistas e entreguistas aconteceu por ocasião da
nacionalização do petróleo. Os entreguistas, Poe sua vez, eram
favoráveis à entrega do petróleo do país á exploração dos grupos
internacionais.
A campanha do petróleo teve umfinal favorável aos nacionalistas.
Em 1953, foi criada a Petrobrás. A inda em 1953, o governo propôs
a Lei de Lucros Extraordinários, que limitava a remessa, ao exterior,
dos lucros obtidos por empresas estrangeiras estabelecidas no
Brasil. Os inimigos do nacionalismo promoveram, então, violenta
reação à Política de Vagas. O governo dos Estados Unidos
mostrava seu desagrado pela criação da Petrobrás e pela Lei de
lucros.
O trabalhismo
Paralelamente ao nacionalismo, Getúlio desenvolveu uma política
de aproximação com os trabalhadores das cidades. Em 1954,
Getúlio Vargas autorizou um aumento de 100% no salário mínimo,
atendendo a proposta do ministro do Trabalho, João Goulart.
Durante o governo Vargas, o salário mínimo recuperou
significativamente seu poder aquisitivo.
Crise política e suicídio de Vargas
Todos esses fatores – política desfavorável ao capital estrangeiro,
aumento do salário mínimo, crescente organização dos
trabalhadores – concorreram para aumentar a implacável oposição
da alta burguesia, dos políticos da UDN e de uma parte da imprensa
ao governo de Vargas.
O jornalista Carlos Lacerda, um de seus críticos mais ferozes,
liderava, através do seu talento de orador e artigos contundentes,
violeta campanha contra o governo. A notícia do rime da Rua
Toneleros alcançou grande repercussão na imprensa oposicionista,
sendo utilizada para sujar a imagem do governo. Eram tantos
ataques e as provocações que Getúlio declarou: ―Sinto-me
mergulhado num mar de lama‖.
Os militares, em particular os membros da Aeronáutica, revoltaram-
se contra Getúlio Vargas e dirigiram-lhe um manifesto exigindo sua
renúncia. Vargas tomou uma atitude trágica, no dia 24 de agosto de
1954. Escreveu uma carta-testamento ao povo brasileiro e, em
seguida, suicidou-se com um tiro no coração. Diante da comoção do
povo as intenções golpistas foram adiadas. A presidência foi
ocupada, por Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos.
O governo Juscelino (1956-1961)
Completado o período de governo dos substitutos de Vargas, foram
realizadas novas eleições presidenciais, em 1955, O vencedor foi
Juscelino Kubitscheck de Oliveira pelo PTB-PSD. Como prova de
habilidade política, Juscelino anistiou os envolvidos na conspiração.
Na meta de ―crescer 50 anos em 5‖
O governo de Juscelino foi marcado por diversas realizações
administrativas. Seu lema era ―avançar 50 anos em 5‖, e, para isso,
foi criado o Plano de Metas: - a construção deusinas hidrelétricas
(Furnas e Três Marias), - a instalação de diversas indústrias, entre
elas a automobilística, - a abertura de rodovias, como Belém-
Brasília (20 mil km), - ampliação da produção de petróleo, que
saltou de 2 milhões para 5,4 milhões de barris.
Além de todas essas obras, Juscelino foi responsável pela fundação
da cidade de Brasília, destinada a ser a capital do Brasil. Cidade
moderna e arrojada, criatividade do arquiteto Oscar Niemeyer e do
talento urbanista Lúcio Costa. Depois de três anos de obras, Brasília
foi inaugurada, em 21 de abril de 1960. Juscelino realizou um
governo marcado pela garantia das liberdades democráticas. As
diversas correntes políticas manifestavam suas ideias, menos o
Partido Comunista, que foi mantido na ilegalidade. Durante seu
governo não houve cidadãos presos por motivo políticos.
O governo Jânio Quadros (1961)
Para suceder Juscelino Kubitscheck na presidência da republica, as
eleições contaram com três candidatos: Jânio da Silva Quadros,
marechal Lott e Ademar de Barros. Com a expressiva diferença de
1.800.000 votos para o segundo candidato (Lott), Jânio Quadros
obteve uma espetacular vitória eleitoral.
O governo de Jânio foi marcado por atitudes contraditórias, que lhe
valeram em pouco tempo, severas criticas da UDN. Duramente
criticada pela oposição conservadora, liderada novamente por
Carlos Lacerda, na época governador do antigo estado da
Guanabara.
A revolta atingiu seu ponto culminante em 19 de agosto de 1961,
quando Jânio condecorou o ministro da economia de Cuba, Ernesto
Che Guevara, com a mais importante comenda brasileira, a Ordem
do Cruzeiro do Sul. Não resistindo às pressões políticas Jânio
Quadros inesperadamente, renunciou ao cargo de presidente da
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republica, no dia 25 de agosto de 1961. Numa breve carta, em que
explicava algumas das razões que levaram a renuncia, escreveu
que se sentia esmagado.
A crise para a posse de Goulart
Porém, os grupos de oposição mais conservadores representantes
das elites dominantes e de setores das Forças Armadas não
aceitaram que Jango tomasse posse, sob a alegação de que ele
tinha tendências políticas esquerdistas. Não obstante, setores
sociais e políticos que apoiavam Jango iniciaram um movimento de
resistência.
O governador do estado do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola,
destacou-se como principal líder da resistência ao promover a
campanha legalista pela posse de Jango. O movimento de
resistência, que se iniciou no Rio Grande do Sul e irradiou-se para
outras regiões do país, dividiu as Forças Armadas impedindo uma
ação militar conjunta contra os legalistas. No Congresso Nacional,
os líderes políticos negociaram uma saída para a crise institucional.
A solução encontrada foi o estabelecimento do regime
parlamentarista de governo que vigorou por dois anos (1961-1962)
reduzindo enormemente os poderes constitucionais de Jango. Com
essa medida, os três ministros militares aceitaram, enfim, o retorno
e posse de Jango. Em 5 de setembro Jango retorna ao Brasil, e é
empossado em 7 de setembro.
O governo João Goulart (1961-1964)
Após o resultado do plebiscito, Goulart assumiu plenamente o poder
presidencial, reforçando, a partir de então, sua linha de governo de
tendência nacionalista e política externa independente.
Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. Esse plano
tinha como objetivos: – promover uma melhor distribuição das
riquezas nacionais, atacando os latifundiários improdutivos para
defender interesses sociais; – encampar as refinarias particulares de
petróleo; – reduzir a divida externa brasileira; – diminuir a inflação e
manter o crescimento econômico sem sacrificar exclusivamente os
trabalhadores.
Nessa época, as massas trabalhadoras mobilizaram-se cada vez
mais contra a exploração das classes dominantes. Os grandes
empresários uniram-se aos militares e começaram a tramar a queda
de João Goulart.
Acirrou ainda mais a revolta das classes dominantes, o conjunto de
medidas políticas, denominadas reformas de base, anunciados por
Jango em um comício que reuniu aproximadamente 300 mil
pessoas em frente à Estação de Ferro central do Brasil.
Entre as medidas, destacam-se: Reforma agrária – facilitar o acesso
à terra a milhões de trabalhadores rurais. Reforma urbana –
socorrer milhões de favelados e moradores de cortiços nas grandes
cidades. Reforma educacional – aumentar o numero de escolas
publicas, combater o analfabetismo. Reforma eleitoral – dar ao
analfabeto o direito de voto e participar da vida publica. Reforma
tributaria – corrigir as desigualdades sociais, entre ricos e pobres,
patrões e empregados.
Os militares depõem Jango e instalam a ditadura
A favor do governo, os setores populares faziam greve política em
apoio às reformas de base. Contra o governo, as classes
dominantes organizavam, em várias cidades, as marchas da Família
com Deus pela Liberdade. Os grupos de esquerda e de direita
radicalizavam suas posições. Em Brasília, 600 sargentos do
Exército e da Aeronáutica ocuparam a tiros suas guarnições para
exigir o direito de voto.
No dia 31 de março de 1964, explodiu a rebelião das Forças
Armadas contra o governo João Goulart. O movimento militar teve
inicio em Minas Gerais, comandadas pelo general Olímpio Mourão
Filho, recebendo a adesão de outras unidades militares de São
Paulo, Rio Grande do Sul e do antigo estado da Guanabara. Sem
intenção de resistir, o presidente João Goulart deixou Brasília, em 1º
de abril de 1964. Viveria exilado no Uruguai. Terminava o período
democrático. Começava a ditadura militar.
TEXTO COMPLEMENTAR:
O Nacionalismo: Criação da Petrobrás (6/12/1951)
[...] O consumo nacional de derivados de petróleo acusa uma
ascensão regular, que traduz o desenvolvimento das atividades do
país, não só quanto ao transporte mas também quanto à indústria.
No entanto, como é ainda incipiente a produção nacional de
petróleo, essa ascensão constante do consumo implica
necessariamente num aumento das importações, com dispêndios
crescentes de divisas, que poderão ser empregadas na compra de
outras utilidades estrangeiras, quando o permitir a produção
brasileira de óleo mineral. O crescimento das importações de
derivados de petróleo processa-se, aliás, quanto a volume e valor,
em ritmo mais acelerado do que o das outras mercadorias que
adquirimos no exterior. A percentagem das divisas despendidas
com a sua cobertura tende a aumentar, no tempo, de forma a
causar apreensões em relação à regularidade futura de
suprimentos, ao país, de tais produtos.
[...] É evidente, portanto, que o problema apresenta-se como de
suma gravidade, em face das perspectivas de perturbação no
comércio internacional de petróleo e da própria limitação da
capacidade de pagamento do Brasil, mesmo que haja
disponibilidade do produto no exterior. [...]
Compreendendo o texto:
49. Por que deveria então ser criada a Petrobrás?
______________________________________________________
______________________________________________________
Questões: (Brasil - Período Liberal Democrático (1945-64)
50. (ENEM-2011) A consolidação do regime democrático no Brasil
contra os extremismos da esquerda e da direita exige ação
energética e permanece no sentido do aprimoramento das
instituições políticas e da realização de reformas corajosas no
terreno econômico, financeiro e social. Mensagem programática da
União Democrática Nacional (UDN) – 1957
Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo
nacionalista e democrático, com participação dos trabalhadores para
a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária
progressista; b) Reforma agrária que extinga o latifúndio; c)
Regulamentação da Lei de Remessas de Lucro. Manifesto do
Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962. (BONAVIDES, P.;
AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado
Federal, 2002).
Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de termos
usados no debate político, como democracia e reforma. Se, para os
setores aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam
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assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no CGT, elas
deveriam resultar em:
A) fim da intervenção estatal na economia.
B) crescimento do setor de bens de consumo.
C) controle do desenvolvimento industrial.
D) atração de investimentos estrangeiros.
E) limitação da propriedade privada.
51. (ENEM-2010) Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos
anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A
diminuição da oferta de empregos e a desvalorização dos salários,
provocadas pela inflação, levaram a uma intensa mobilização
política popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de várias
categorias profissionais, o que aprofundou as tensões sociais.
Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato
pelas ―sobras‖ do modelo econômico juscelinista. (MENDONÇA, S. R.
A industrialização Brasileira. São Paulo: Moderna, 2002 - adaptado)
Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos
1960 decorreram principalmente:
A) da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart.
B) das contradições econômicas do modelo desenvolvimentista.
C) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas.
D) da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das
greves.
E) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação
trabalhista.
52. (ENEM-2008) O ano de 1954 foi decisivo para Carlos Lacerda.
Os que conviveram com ele em 1954, 1955, 1957 (um dos seus
momentos intelectuais mais altos, quando o governo Juscelino
tentou cassar o seu mandato de deputado), 1961 e 1964 tinham
consciência de que Carlos Lacerda, em uma batalha política ou
jornalística, era um trator em ação, era um vendaval desencadeado
não se sabe como, mas que era impossível parar fosse pelo método
que fosse. (Hélio Fernandes. Carlos Lacerda, a morte antes da missão
cumprida. In: Tribuna da Imprensa, 22/5/2007 - com adaptações).
Com base nas informações do texto acima e em aspectos
relevantes da história brasileira entre 1954, quando ocorreu o
suicídio de Vargas (em grande medida, devido à pressão política
exercida pelo próprio Lacerda), e 1964, quando um golpe de Estado
interrompe a trajetória democrática do país, conclui-se que:
A) a cassação do mandato parlamentar de Lacerda antecedeu a
crise que levou Vargas à morte.
B) Lacerda e adeptos do getulismo, aparentemente opositores,
expressavam a mesma posição político-ideológica.
C) a implantação do regime militar, em 1964, decorreu da crise
surgida com a contestação à posse de Juscelino Kubitschek
como presidente da República.
D) Carlos Lacerda atingiu o apogeu de sua carreira, tanto no
jornalismo quanto na política, com a instauração do regime
militar.
E) Juscelino Kubitschek, na presidência da República, sofreu
vigorosa oposição de Carlos Lacerda, contra quem procurou
reagir.
53. (ENEM-2006) A moderna democracia brasileira foi construída
entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no suicídio
do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise quase impediu a
posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Em 1961, o Brasil
quase chegou à guerra civil depois da inesperada renúncia do
presidente Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar
depôs o presidente João Goulart, e o país viveu durante vinte anos
em regime autoritário.
A partir dessas informações, relativas à história republicana
brasileira, assinale a opção correta.
A) Ao término do governo João Goulart, Juscelino Kubitschek foi
eleito presidente da República.
B) A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira grande crise
do regime republicano brasileiro.
C) Após duas décadas de governos militares, Getúlio Vargas foi
eleito presidente em eleições diretas.
D) A trágica morte de Vargas determinou o fim da carreira política
de João Goulart.
E) No período republicano citado, sucessivamente, um presidente
morreu, um teve sua posse contestada, um renunciou e outro foi
deposto.
54. (ENEM-2005) Zuenir Ventura, em seu livro ―Minhas memórias
dos outros‖ (São Paulo: Planeta do Brasil, 2005), referindo-se ao fim
da ―Era Vargas‖ e ao suicídio do presidente em 1954, comenta:
Quase como castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar
no jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de Vargas (e nunca
esse adjetivo foi tão próprio). Diante daquele contexto histórico,
muitos estudiosos acreditam que, com o suicídio, Getúlio Vargas
atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus aliados e a
mente de seus inimigos. A afirmação que aparece ―entre
parênteses‖ no comentário e uma consequência política que atingiu
os inimigos de Vargas aparecem, respectivamente, em:
A) a conspiração envolvendo o jornalista Carlos Lacerda é um dos
elementos do desfecho trágico e o recuo da ação de políticos
conservadores devido ao impacto da reação popular.
B) a tentativa de assassinato sofrida pelo jornalista Carlos Lacerda
por apoiar os assessores do presidente que discordavam de
suas ideias e o avanço dos conservadores foi intensificado pela
ação dos militares.
C) o presidente sentiu-se impotente para atender a seus inimigos,
como Carlos Lacerda, que o pressionavam contra a ditadura e
os aliados do presidente teriam que aguardar mais uma década
para concretizar a democracia progressista.
D) o jornalista Carlos Lacerda foi responsável direto pela morte do
presidente e este fato veio impedir definitivamente a ação de
grupos conservadores.
E) o presidente cometeu o suicído para garantir uma definitiva e
dramática vitória contra seus acusadores e oferecendo a própria
vida Vargas facilitou as estratégias de regimes autoritários no
país.
55. (ENEM-2003) A seguir são apresentadas declarações de duas
personalidades da História do Brasil a respeito da localização da
capital do país, respectivamente um século e uma década antes da
proposta de construção de Brasília como novo Distrito Federal.
Declaração I: José Bonifácio
Com a mudança da capital para o interior, fica a Corte livre de
qualquer assalto de surpresa externa, e se chama para as
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províncias centrais o excesso de população vadia das cidades
marítimas. Desta Corte central dever-se-ão logo abrir estradas para
as diversas províncias e portos de mar. (Carlos de Meira Matos.
Geopolítica e modernidade: geopolítica brasileira.)
Declaração II: Eurico Gaspar Dutra
Na América do Sul, o Brasil possui uma grande área que se pode
chamar também de Terra Central. Do ponto de vista da geopolítica
sul-americana, sob a qual devemos encarar a segurança do Estado
brasileiro, o que precisamos fazer quanto antes é realizar a
ocupação da nossa Terra Central, mediante a interiorização da
Capital. (Adaptado de José W. Vesentini. A Capital da geopolítica.)
Considerando o contexto histórico que envolve as duas declarações
e comparando as idéias nelas contidas, podemos dizer que:
A) ambas limitam as vantagens estratégicas da definição de uma
nova capital a questões econômicas.
B) apenas a segunda considera a mudança da capital importante do
ponto de vista da estratégia militar.
C) ambas consideram militar e economicamente importante a
localização da capital no interior do país.
D) apenas a segunda considera a mudança da capital uma
estratégia importante para a economia do país.
E) nenhuma delas acredita na possibilidade real de desenvolver a
região central do país a partir da mudança da capital.
BRASIL – O REGIME MILITAR DE 1964
O Golpe Militar
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em
1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência
num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964)
foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes,
organizações populares e trabalhadores ganharam espaço,
causando a preocupação das classes conservadoras como, por
exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e
classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado
socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da
Guerra Fria.
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo
preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras
brasileiras, temiam um golpe comunista.
Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional
(UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de
estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela
carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande
comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro ), onde defende as
Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais
na estrutura agrária, econômica e educacional do país.
Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam
uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a
Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares
de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada
dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São
Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país
refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de
abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este, cassa
mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a
estabilidade de funcionários públicos.
Marechal Castello Branco (1964-1967)
Em 1º de Abril de 1964, o Congresso elegeu para presidente o chefe
do Estado-Maior do exército, o Marechal Humberto de Alencar
Castello Branco. Empossado em 15 de Abril de 1964, governaria até
março de 1967 (inicialmente seu mandato seria um ano mais
exíguo, mas foi prorrogado). Usou atos institucionais como
instrumentos de repressão: fechou associações civis, proibiu greves,
interveio em sindicatos e cassou mandatos de políticos. No dia 13
de junho de 64, criou o SNI (Serviço Nacional de Informações). Em
27 de outubro o Congresso aprovou uma lei que extinguiu as Ligas
Camponesas, a CGT, a UNE e as UEEs (Uniões Estaduais de
Estudantes).
Em 18 de outubro mandou invadir e fechar a Universidade de
Brasília pela polícia militar. As ações repressivas do governo eram
estimuladas por grande parte dos oficias do Exército. A chamada
―linha dura‖ defendia a pureza dos princípios ―revolucionários‖ e a
exclusão de todo e qualquer vestígio do regime deposto. Usando de
pressões, Castello Branco conseguiu que o Congresso aprovasse
várias medidas repressivas. Uma das maiores vitórias foi a
permissão dada à justiça militar de julgar civis por crimes políticos.
PAEG - O plano econômico adotado pelo governo chamou-se
PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo). Foi elaborado pelos
ministros Roberto Campos e Otávio Golveia de Bulhões, e visavam
a extirpar a inflação e a industrializar o país. Abriu-se a economia ao
capital estrangeiro, instituiu-se a correção monetária, e estabeleceu-
se o arrocho salarial para as classes menos favorecidas. Ademais,
foi criado o Banco Central.
Em troca da estabilidade a que os empregados tinham direito, já que
após dez de trabalho não podiam ser demitidos, foi implementado o
FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Com o dinheiro
do Fundo, surgiu o BNH (Banco Nacional de Habitação), que servia
para financiar construções de residências. O objetivo inicial era
fornecer crédito às populações de mais baixa renda, mas o
propósito foi desviado, tornando-se o grande financiador da classe
média.
Estatuto da Terra - Constituiu um grande passo para o Brasil a
aprovação do Estatuto da Terra, que definia os tipos de propriedade,
o módulo rural, direcionando para uma efetiva reforma agrária.
Infelizmente, seus princípios restringiram-se ao papel, não se
revertendo em mudanças sociais substanciais.
AI-3 - Prevendo uma derrota nas eleições para os governos de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o governo baixou em 5 de
fevereiro de 66 o AI-3: as eleições para governadores e para
municípios considerados de segurança nacional passariam a ser
indiretas. Em novembro do mesmo ano, Castello Branco fechou o
Congresso e iniciou uma nova onda de cassações. O Congresso foi
reaberto com poderes constituintes. A 6ª Constituição do país e 5ª
da República traduzia a ordem estabelecida pelo regime:
institucionalizou a ditadura, incorporou as decisões impostas pelos
Amplie seus conhecimentos sobre: Tendências Contemporâneas (Literatura Caderno Delta/Ômega); Ver também: Rede e hierarquias urbanas no Brasil, Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi).
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atos institucionais, hipertrofiou o Executivo, que passou a ter a
iniciativa de projetos de emenda constitucional, ―poderia legislar por
decretos em tudo o que se referisse à segurança nacional,
administração e finanças‖, reduziu os poderes e prerrogativas do
Congresso, e por fim, ―poderia legislar por decretos em tudo o que
se referisse à segurança nacional, administração e finanças‖.
Podemos acrescentar que o governo Castello instituiu uma nova Lei
de Imprensa e a Lei de Segurança Nacional. A nova Carta foi votada
em 24 de janeiro de 67 e entrou em vigor no dia 15 de março. ―O AI-
4, portanto, fez a convocação extraordinária do Congresso, para o
período de dezembro de 1966 a janeiro de 1967, tempo de que os
parlamentares dispuseram para analisar e aprovar o projeto do
Executivo. O resultado foi a Constituição de 1967. ‗Castelo tentou
algo impossível: criar uma meia ditadura‘, entende o
constitucionalista Barroso, lembrando que a nova Carta não poderia
ser democrática, uma vez que o Congresso vivia intimidado pela
ameaça das cassações.‖
Marechal Arthur da Costa e Silva (1967-1968)
O Marechal Arthur da Costa e Silva assumiu em 15 de março de
1967 e governou até 31 de agosto de 1969, quando foi afastado por
motivos de saúde.
Destaca-se no governo Costa e Silva a criação do Fundo Nacional
do Índio (Funai) e do Movimento de Brasileiro de Alfabetização
(Mobral). Convém, também, observar que, no início de seu governo,
passou a vigorar o Cruzeiro Novo, que consistia no corte de 3 zeros
do antigo.
Repressão - Logo nos primeiros meses de governo, enfrentou uma
onda de protestos que se espalharam por todo o país. O
autoritarismo e a repressão recrudesceram-se na mesma proporção
em que a oposição se radicalizou. Cresceram as manifestações de
rua nas principais cidades do país, em geral, organizadas por
estudantes.
Em 17 de abril de 1968, 68 municípios, inclusive todas as capitais,
são transformadas em áreas de segurança nacional e seus prefeitos
passaram a ser nomeados pelo presidente da República.
1968 - Talvez o ano mais conturbado do século em todo o mundo,
1968 também foi um ano agitadíssimo no Brasil. A radicalização
política era dia a dia maior; greves em Osasco e Contagem (MG)
abalaram a economia nacional; a formação da Frente Ampla
(aliança entre Jango, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda contra
o regime), o caso Édson Luís, a Passeata dos Cem Mil e o AI-5 são
alguns dos exemplos da agitação no âmbito nacional.
No dia 26 de junho de 1968, cerca de cem mil pessoas ocuparam as
ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante
protesto contra a ditadura militar até então. A manifestação, iniciada
a partir de um ato político na Cinelândia, pretendia cobrar uma
postura do governo frente aos problemas estudantis e, ao mesmo
tempo, refletia o descontentamento crescente com o governo; dela
participaram também intelectuais, artistas, padres e grande número
de mães.
AI-5 - Em discurso na Câmara Federal, o deputado Márcio Moreira
Alves, do MDB, exortou o povo a não comparecer às festividades do
dia da Independência. Os militares, sentindo-se ofendidos, exigiram
sua punição. A Câmara, contudo, não aceitou a exigência. Foi a
gota d'água. Em represália, a 13 de dezembro de 1968, o ministro
da Justiça, Gama e Silva, apresentou ao Conselho de Segurança
Nacional o Ato Institucional No. 5, que entregou o país às forças
mais retrógradas e violentas de nossa História recente.
O Ato abrangia inúmeras medidas, algumas das quais merecem
destaque: pena de morte para crimes políticos, prisão perpétua, fim
das imunidades parlamentares, transferência de inúmeros poderes
do Legislativo para o Executivo, etc. Mais abrangente e autoritário
de todos os outros atos institucionais, o AI-5 na prática revogou os
dispositivos constitucionais de 67. Reforçou os poderes
discricionários do regime e concedeu ao Exército o direito de
determinar medidas repressivas específicas, como decretar o
recesso do Congresso, das assembléias legislativas estaduais e das
Câmaras municipais. O Governo poderia censurar os meios de
comunicação, eliminar as garantias de estabilidade do Poder
Judiciário e suspender a aplicação do habeas-corpus em casos de
crimes políticos. O Ato ainda cassou mandatos, suspendeu direitos
políticos e anulou direitos individuais.
Derrame - Em 1969, surpreendentemente Costa e Silva sofreu um
derrame cerebral. Seu Vice, Pedro Aleixo foi impedido de assumir,
pois os militares da linha dura alegavam que ele era contra os
―princípios revolucionários‖. Na verdade, Aleixo havia-se
posicionado contrariamente ao AI-5. Uma Junta Militar assumiu o
poder, fechou o Congresso e impôs a Emenda nº 1 de 1969, cujo
conteúdo praticamente acarretou a revogação da Constituição de
1967.
Junta Militar (1969)
O medo de que o civil Pedro Aleixo assumisse compeliu as Forças
Armadas a assumir o controle. A desconfiança em relação aos civis
era notória, particularmente por ter o Vice-presidente Aleixo se
posicionado em desacordo com o AI-5. Não que ele fosse um
democrata, mas a radicalidade do Ato era demasiada.
A junta militar foi integrada pelas três Armas: a chefia competia ao
Gal. Lira Tavares, mas junto ao Almirante Augusto Rademarck e ao
Brigadeiro Márcio de Sousa Melo. Governou por dois meses: de 31
de agosto de 1969 até 30 de outubro do mesmo ano.
O curto período de governo da Junta não impediu que outorgassem,
pela 3ª vez na História brasileira, uma Constituição. Para disfarçar,
todavia, denominaram as normas de Emenda Nº 1 de 1969.
Ademais impuseram uma nova Lei de Segurança Nacional.
Decretou-se também a reabertura do Congresso, após dez meses
em recesso. Em 25 de outubro de 1967, os parlamentares elegeram
Emílio Garrastazu Médici para a presidência.
Gal. Emílio Garrastazu Médici (1969-1974)
Emílio Garrastazu Médici assumiu a Presidência em 30 de outubro
de 1969 e governou até 15 de março de 1974. Seu Governo ficou
conhecido como ―os anos negros da ditadura‖. O movimento
estudantil e o sindical estavam contidos e silenciados pela
repressão policial. Nesse período é que se deu a maior parte dos
desaparecimentos políticos e a tortura tornou-se prática comum dos
DOI-CODI, órgãos governamentais responsáveis por anular os
esquerdistas.
O fechamento dos canais de participação política levou a esquerda
a optar pela luta armada e pela guerrilha urbana. O governo
respondia com mais repressão e com uma intensa propaganda. Foi
lançada a campanha publicitária cujo slogan era: ―Brasil, ame-o ou
deixe-o‖.
Inúmeros grupos armados de esquerda surgiram em todo o país.
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Destacam-se a ALN (Aliança Libertadora Nacional), liderada por
Marighella, a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária),
sob o comando de Carlos Lamarca, o MR-8 (Movimento
Revolucionário 8 de outubro - data da morte de Che Guevara na
Bolívia) e o PCdoB. (O PCB posicionou-se contra a luta armada.)
Na Guerrilha urbana, teve papel de realce o sequestro do
embaixador norte-americano Charles Elbrick, pela ALN. Algumas
guerrilhas interioranas foram mais duradouras e sangrentas, entre
as quais a de Ribeira, a de Caparaó e principalmente a Guerrilha do
Araguaia. Esta se prolongou de 1972 a 1975.
Em discurso comemorativo ao sexto aniversário do movimento
político-militar de 31 de março de 1964, Médici afirmou que o regime
era bastante forte ‗para não se deixar intimidar pelo terrorismo‘ e
advertiu ainda que na luta contra a subversão ‗será incansável e
sem quartel‘. Em abril, o cônsul norte-americano em Porto Alegre
reagiu a uma tentativa de sequestro, e todo o esquema utilizado na
ação foi desmantelado. No final do mês, a ação repressiva debelou
a guerrilha implantada por Carlos Lamarca no vale da Ribeira, em
São Paulo. (...) Impotente diante das críticas que lhe eram feitas no
exterior contra as restrições às liberdades públicas, o governo
preferiu, mais do que se defender objetivamente, atribuir essas
críticas a uma campanha organizada para desmoralizá-lo e, em
contrapartida, compensá-las internamente, apelando para o
sentimento coletivo de patriotismo. A AERP orientou essa
campanha interna, ora com slogans ufanistas do tipo ‗Brasil grande‘,
‗Ninguém segura esse país‘, ora com frases como ‗Brasil, ame-o ou
deixe-o‘. A propaganda maciça pelos órgãos de comunicação,
conjugada com uma censura implacável, procurou perpetuar uma
imagem favorável do governo, o que, de certa forma, foi obtido,
graças a essa estratégia política, de compensar as insatisfações
populares com a divulgação de planos grandiosos e de ‗projetos-
impacto‘. Entretanto, segundo o dossiê dos exilados, citado por
IstoÉ em 1978, no período de 1969 a 1973 registraram-se 77 casos
de mortes de presos políticos por tortura. Da extensa lista de
desaparecidos - aqueles cuja prisão ou morte não foram
reconhecidas pelas autoridades - elaborada pelo Comitê Brasileiro
pela Anistia (CBA) e relativa ao período, constavam, entre os casos
mais conhecidos, o do jornalista Mário Alves, preso no Rio em
janeiro de 1970, e o do ex-deputado Rubens Paiva, também preso
no Rio em janeiro em 1971. (...) Com a prisão, morte ou exílio da
maioria das lideranças das organizações de oposição armada e seu
consequente desmantelamento, o movimento arrefeceu, ressurgindo
apenas com alguma intensidade em 1972, quando o Exército
desencadeou as operações contra a guerrilha do Araguaia. Esse
movimento, organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB),
localizou-se na região limítrofe dos estados do Pará, Maranhão e
Goiás às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de Xambioá
(GO), Marabá (PA) e São Geraldo (PA), reunindo cerca de 70
guerrilheiros, dos quais a maior parte chegara à região por volta de
1970. As operações antiguerrilha foram cercadas do mais absoluto
sigilo: Médici jamais falou publicamente sobre o assunto e o
presidente Ernesto Geisel o mencionaria uma vez na mensagem
que enviou ao Congresso em 1975. Foram mobilizados cerca de
cinco mil soldados, comandados pelo general Antônio Bandeira, que
mandou construir na região uma rodovia de 30km para o
deslocamento das tropas. Além de Bandeira também os generais
Olavo Viana Moog e Hugo Abreu comandaram ações contra o
movimento, que resistiria ao cerco militar de 1972 até janeiro de
1975, quando as operações seriam oficialmente encerradas com a
morte ou prisão da maioria dos guerrilheiros.
Além dos recursos mencionados, o governo utilizou outras táticas de
combate à ‗guerra revolucionária‘, tais como cartazes espalhados
nos principais pontos das cidades (aeroportos, terminais rodoviários,
bancos, entre outros), com retratos dos oposicionistas procurados,
pertencentes, em sua grande maioria, aos grupos de ação armada.
Médici editou também decretos secretos que se supõe versarem
sobre a segurança nacional, cujos textos, entretanto, jamais se
tornaram conhecidos.
1º PND - O endurecimento político, entretanto, foi mascarado pelo
‗milagre econômico‘, crescimento extraordinário do PIB (cerca de
10% ao ano), diversificação das atividades produtivas e o
surgimento de uma nova classe média com alto poder aquisitivo.
Tudo isso repousando sobre o aumento estrondoso da
concentração de renda, dando-nos o título de país mais injusto do
planeta. O crescimento deveu ao Plano Nacional de
Desenvolvimento, cujo artífice era o então ministro Delfim Neto. Mas
o crescimento não se deveu a milagre: iniciou-se um processo
galopante de endividamento (dívida em 1964=1,5 bi; 1970=14 bi;
1985=90 bi), a especulação no mercado aberto com títulos do
governo prejudicou sobremodo a produção e a concentração de
renda e da propriedade agrária agravou-se acentuadamente.
Lamentável é saber que o endividamento não se reverteu em
distribuição mais equitativa da renda, mas serviu para custear obras
faraônicas, de necessidade duvidosa, tais como a Ponte Rio-Niterói,
a Transamazônica, a Usina de Itaipu, etc.
Ao final do governo, as taxas de crescimento começavam a declinar.
Deveu-se tal fato principalmente à Crise do Petróleo em 1973, que
nos atingiu profundamente, uma vez que, nesse período, a maior
parte do petróleo consumido aqui era importada. Assumiu o governo
Ernesto Geisel, mais ligado à linha Castellista (ou da Sorbonne) do
que à linha dura.
Gal. Ernesto Geisel (1974-1978)
Em 15 de março de 1974, o General Ernesto Geisel assumiu a
presidência. Teve que enfrentar dificuldades econômicas e políticas
que anunciavam o fim do ‗Milagre Econômico‘ e ameaçavam o
Regime Militar, além dos problemas herdados de outras gestões: já
no final de 1973, a dívida externa contraída para financiar as obras
faraônicas do governo ultrapassava os 10 bilhões de dólares. Em
1974, a inflação chegava a 34,5% e dificultava a correção dos
salários.
2º PND- Geisel, surpreendentemente, ao invés de utilizar-se de uma
política recessiva de maior contenção, se propôs a investir no
crescimento econômico. O Brasil permaneceu, assim, com grande
endividamento externo, mas direcionando os investimentos na
indústria, para projetos que substituíssem importações. A meta era
alcançar um crescimento industrial de 12% ao ano até 1979. Para
isso desenvolveu o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND),
que visava a criar bases para a indústria (procurando reduzir a
dependência em relação a fontes externas).
Com o objetivo de ampliar as fontes alternativas de energia para
fazer frente à Crise do Petróleo, os investimentos se estenderam
para o setor energético: iniciou-se um programa visando à
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implantação de um combustível alternativo à gasolina, o álcool.
Surgiu então o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), ao mesmo
tempo em que se desencadeou uma campanha de racionamento de
combustíveis. Acompanhando isso, criou-se o Procarvão (Programa
Nacional de Carvão), visando à substituição do óleo combustível.
Ainda na área de energia, foi aprovado em 1975 o Programa
Nuclear Brasileiro, uma aliança com os alemães que previa a
instalação de uma usina de enriquecimento de urânio, além de
centrais Termonucleares.
Esse programa, firmado com a Alemanha Ocidental, fez com que os
Estados Unidos ameaçassem cortar o crédito pretendido pelo
governo brasileiro, no valor de 50 milhões de dólares, para fins
militares. Geisel, não aceitando tal ameaça, adiantou-se, rompendo
o acordo militar com os Estados Unidos. Houve também a
preocupação com o aproveitamento do potencial hidráulico. Foram
construídas as usinas de Tucuruí, no rio Tocantins, e de Itaipu, no
rio Paraná, a maior usina hidroelétrica do mundo. No entanto, essas
usinas excessivamente grandes têm seu benefício questionado.
Avalia-se que melhor teria sido a construção de várias pequenas
hidrelétricas do que uma gigantesca.
A crise internacional do petróleo desencadeada em 1973 afetou o
desenvolvimento industrial e aumentou o desemprego. Diante desse
quadro, Geisel propôs um projeto de abertura política ‗lenta, gradual
e segura‘. O plano de abertura é atribuído ao ministro-chefe do
Gabinete Civil, general Golbery do Couto e Silva. Chama-se a
Golbery de ‗eminência parda‘, pois ele participava ativamente das
decisões governamentais, sem contudo assumir cargo na
administração. Ainda assim, cassaram-se mandatos e direitos
políticos.
Lei Falcão - Nas eleições de 1974, o crescimento das oposições
mostrou-se patente. Em troca, em 24 de junho de 1976, o governo
promulgou a Lei Falcão, que impedia o debate político nos meios de
comunicação, particularmente no rádio e na televisão.
Em 20 de Janeiro de 1976, o General da linha dura Eduardo d'Ávila
Mello foi afastado do comando do 2º Exército e substituído pelo
General Dilermando Gomes Monteiro. A medida foi tomada em
consequência das mortes do jornalista Wladimir Herzog, em 25 de
outubro de 1975, e do operário Manuel Fiel Filho, em 17 de janeiro
de 1976, no interior do DOI- Codi, órgão de repressão vinculado ao
Exército. Quando de suas mortes, a nota do governo alegava que
eles haviam se suicidado. Em 12 de outubro de 1977 foi também
exonerado o ministro do Exército, o General Sílvio Frota, também da
linha dura, por sua oposição à liberalização do regime. Geisel
desmanchou, com isso, as articulações do ex-ministro para
concorrer à presidência.
Pacote de Abril - Prevendo uma vitória da oposição nas eleições de
1978, Geisel fechou o Congresso por duas semanas e decretou em
abril de 77 o ―Pacote de Abril‖, que alterava as regras eleitorais: as
bancadas estaduais da Câmara não podiam ter mais do que 55
deputados ou menos que seis. Com isso, os estados do Norte e do
Nordeste, menos populosos, porém com maior participação da
Arena, garantiriam uma boa representação no Congresso,
contrabalançando as bancadas do Sul e Sudeste, onde a oposição
era mais expressiva, e o número de eleitores era muito superior.
O pacote mantém as eleições indiretas para governadores e criou a
figura do senador biônico: um em cada três senadores passaria a
ser eleito indiretamente pelas Assembléias Legislativas de seus
estados. Em 15 de outubro de 1978 o MDB apresentou seu
candidato ao colégio eleitoral, o general Euller Bentes, que recebeu
266 votos, contra 355 votos do candidato do governo, João Baptista
Figueiredo. Nas eleições legislativas de 15 de novembro a Arena
obteve em todo o país 13,1 milhões de votos para o Senado e 15
milhões para a Câmara; o MDB conseguiu 17 milhões de votos para
o Senado e 14,8 milhões para a Câmara. Geisel conseguiu que a
‗distensão‘ seguisse nos seus moldes, lenta, gradual e segura.
Obteve a eleição de Figueiredo, mas não impediu o avanço
inconteste da oposição. Já ao final de seu mandato, em 1º de
janeiro de 1979, Geisel extinguiu o AI-5.
Gal. João Baptista Figueiredo (1979-1984)
Com o crescimento da oposição nas eleições de 1978, o processo
de abertura política ganhou força. Assumindo a presidência a 15 de
março de 1979, João Baptista Figueiredo teve a difícil tarefa de
garantir a transição do regime ditatorial para a democracia.
Anistia - Já a 29 de agosto de 1979, foi aprovada a Lei da Anistia.
O movimento para aprovar tal medida havia começado na segunda
metade da década de 70, reunindo entidades do movimento
estudantil e sindical, organizações populares, OAB, ABI e a Igreja.
Objetivava-se uma anistia ―ampla, geral e irrestrita‖. A vitória, no
entanto, foi considerada parcial uma vez que a anistia não
perdoava os participantes de ―atos terroristas‖, consoante texto
legal, mas também liberava os militares acusados de assassinatos e
torturas.
Reforma Partidária - Em 22 de novembro foi aprovada a Lei
Orgânica dos Partidos, que extinguia a Arena e o MDB e
restabelecia o pluripartidarismo no país. A partir daí, cresceu um
movimento cujo escopo era estabelecer eleições diretas para os
cargos executivos. Em 13 de novembro de 1980, foi restabelecida a
eleição direta para governadores e foram extintos os cargos de
senadores biônicos, respeitados, contudo, os mandatos em curso.
No entanto, para evitar uma fragorosa derrota da situação,
proibiram-se as coligações partidárias, o voto passou a ser
vinculado e de legenda, e a cédula não apresentava os nomes dos
partidos, apenas dos candidatos.
No final dos anos 70 a inflação chegava a 94,7% ao ano. Em 1980
bateu 110% e, em 1983, 200%. O Brasil entrou numa recessão cuja
principal consequência foi o desemprego. Em agosto de 1981, havia
900 mil desempregados somente nas regiões metropolitanas. No
início dos anos 80, segundo dados do IBGE, 80 milhões de pessoas
(67% dos brasileiros) viviam nas cidades, contra uma população
rural de 39 milhões de pessoas. A região Sudeste era a mais rica e
industrializada, com 44% dos habitantes do país. Mesmo capitais
como Recife e Salvador tiveram um aumento populacional de 45% e
33%. Infelizmente o crescimento dos centros urbanos não era
acompanhado de planejamento ou de incremento de serviços como
transporte, saneamento básico, bem como atendimento público de
saúde, educação e justiça. Felizmente, o crescimento populacional,
ou melhor, o inchaço populacional vinha desacelerando. Entre 1970
e 1980, o crescimento foi de 27,8% enquanto no período anterior, de
60 a 70, foi de 32,9% e, entre 1980 e 1991, conforme o penúltimo
censo, chegou a 23,5%. Em 1980 o analfabetismo ainda atingia
25% dos habitantes. As resoluções desses problemas eram
algumas das reivindicações dos movimentos sociais urbanos da
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época. Começavam a surgir diversos loteamentos clandestinos,
cada vez mais comuns nas periferias.
Nesse quadro, os aliados ao regime militar (a antiga ARENA)
fundiram-se no Partido Democrático Social (PDS), e o antigo MDB
tornou-se o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ressurgiu e em 1980 foi
registrado o Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo líder dos
metalúrgicos Luiz Inácio ―Lula‖ da Silva, que desde 1978 liderava as
mais importantes greves da região do ABC de São Paulo. No
entanto, o PT não reunia apenas trabalhadores das fábricas
paulistas, mas também grande parte do movimento sindical rural e
urbano, intelectuais, militantes eclesiais de base e setores de
esquerda dentro do MDB.
Em 1980, Leonel Brizola fundou o PDT, reunindo outra parte do
movimento trabalhista. Com o tempo, novas lideranças -
principalmente trabalhistas - começaram a despontar em todo o
país, o que viria gerar muitos desencontros com relação ao
direcionamento do movimento sindical. A organização intersindical
acontece entre 21 e 23 de agosto de 1981, e foi realizada a 1ª
Conferência das Classes Trabalhistas em São Paulo, em Praia
Grande. Ali se formou a comissão pró-CUT (Central Única dos
Trabalhadores), fundada dois anos depois. Com o objetivo de unir
as várias tendências do movimento trabalhista, a CUT apresentou
uma proposta de organização sindical independente. Pela primeira
vez, conseguia-se congregar trabalhadores do campo e da cidade.
No entanto, por ser muito forte, os sindicatos dos metalúrgicos ficou
de fora, privando a CUT de possuir um dos sindicatos mais
expressivos da época.
Devido ao crescimento da oposição, por meio da emenda
constitucional de 4 de setembro em 1980, o governo tentou manter
o controle da transição democrática, promulgando o mandato dos
vereadores e prefeitos e adiando por dois anos as eleições para a
Câmara Federal e Senado, governos estaduais, prefeituras,
Assembléias Estaduais e Câmara de Vereadores. Quatro dias antes
das eleições, marcadas para 15 de novembro de 1982, o governo
proibiu as coligações partidárias e estabeleceu a vinculação do voto:
o eleitor só poderia votar em candidatos do mesmo partido.
Nas eleições para governador, as oposições somadas obtiveram 25
milhões de votos. O PMDB elegeu 9 governadores e o PDT, um. O
PDS obteve 18 milhões de votos, elegendo 12 governadores.
Embora perdendo em número de votos, o regime manteve o
controle do processo de democratização e articulou a sucessão de
Figueiredo, que ocorreria em novembro de 1984.
Riocentro - Convém lembrar, o fracassado atentado ocorrido em
1981, no Riocentro. Suspeitou-se que a ‗linha dura‘ o havia
planejado para desestabilizar a transição para a democracia. No
entanto, a bomba explodiu no colo dos agentes do exército, antes
de eles chegarem ao local supostamente planejado. Tal fato fez com
que Golbery do Couto e Silva pedisse demissão, pois ele queria a
apuração do caso, que contudo foi negada. A polícia tratou de dar
um basta às investigações, deixando o caso obscuro até hoje.
Diretas-Já - Já em novembro de 1983, o PT iniciou a disputa
presidencial: no dia 27 reuniu cerca de 10 mil pessoas em São
Paulo e em várias outras cidades num movimento para pressionar o
Congresso para a aprovação da emenda do Deputado Dante de
Oliveira, que estabelecia as eleições diretas para Presidente. Deu-
se início às maiores manifestações populares já vistas em toda a
História nacional. O movimento pelas eleições diretas cresceu
espetacularmente.
As maiores manifestações ocorreram em São Paulo, onde em 12 de
fevereiro de 1984 reuniram-se 200 mil pessoas, e no Rio de Janeiro,
onde se realizaram duas grandes manifestações: a primeira em 21
de março com 300 mil e a segunda com 1 milhão de pessoas. O
movimento se espalhou por todo país. Porto Alegre foi às ruas em
13 de abril com 150 mil manifestantes e Vitória, em 18 de Abril, com
80 mil. São Paulo, um dia antes, já havia feito nova manifestação
com 1,7 milhão de pessoas. O movimento ficou conhecido como
Diretas-já e teve em Ulysses Guimarães seu mais popular defensor,
tanto que ficou conhecido como o ―Senhor Diretas‖.
A Emenda Dante de Oliveira foi a plenário no dia 25 de abril. 298
deputados votaram a favor, 65 contra e três se abstiveram, mas 112
parlamentares não compareceram para votar, com medo de
decepcionar os eleitores votando contra a Emenda. Seriam
necessários apenas mais 22 votos para sua aprovação.
Sucessão Presidencial - Após essa derrota, iniciou-se a corrida para
a disputa das eleições indiretas. O governador de Minas Gerais,
Tancredo Neves, lançou-se candidato da oposição e encontrou em
Ulysses Guimarães um grande apoio. O PDS lançou Paulo Maluf
como candidato do governo, mas divergências fizeram com que
parte do PDS se aproximasse do PMDB. Da união nasceu a Aliança
Democrática (PMDB + Dissidentes do PDS, que formaram a Frente
Liberal, posteriormente PFL). Nela encontrava-se José Sarney, que,
rompido com o PDS, filiou-se ao PMDB e foi indicado para concorrer
junto com Tancredo como Vice-presidente. O PT acusou as eleições
indiretas de serem um farsa e recusou-se a participar.
Tancredo Neves foi eleito em 19 de janeiro de 1985, com 485 votos,
contra 180 de Paulo Maluf e 25 abstenções. Seria o primeiro
presidente civil após de 21 anos de ditadura militar.
OS MOVIMENTOS CULTURAIS DE 60 A 80
Nas décadas de 1960 e 1980 o mundo conviveu com movimentos
culturais resultado do contexto vigente: Guerra do Vietnã e as
famigeradas ditaduras na América Latina. Na maioria delas, jovens
se mobilizaram a fim de mostrar ao mundo um jeito novo de viver
que envolvia o uso de indumentária, corte cabelos e, sobretudo, as
músicas protestos que denunciava tais eventos. Os mais
destacados movimentos foram o dos hippies e o da contracultura.
De modo geral, esses movimentos são sintomáticos de uma
juventude que ansiosamente desejava romper com os padrões e
valores morais de gerações anteriores. Criticavam a sociedade de
consumo, a rigidez do comportamento social, a moralidade,
sobretudo, no que dizia respeito a sexualidade, entre outras
questões.
Esses movimentos tiveram inicio nos Estados Unidos e Inglaterra,
porém, logo ganharam o mundo.
No Brasil, em plena Ditadura Militar (1964-1985) surgiram alguns
grupos como a Tropicália, os Novos Baianos e DziCroquettes, além
desses movimentos, também se destacavam a Bossa Nova, a
Jovem Guarda e Os CPCS da UNE (União Nacional dos
Estudantes).
Os festivais de música popular realizados pela TV Record ganhava
foco, uma fez que esses grupos ao se apresentarem causavam furor
e dividiam-se entre aplausos e vaias.
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O tropicalismo que nasceu nos anos de 1960 tinha como
componentes nomes hoje bastantes conhecidos como Caetano
Veloso que contagiou o Brasil com a música ―Alegria, alegria‖,
Gilberto Gil que reverenciou o sudeste com a canção ―Aquele
abraço‖ dentre outros como: Os Mutantes; Torquato Neto; Tom Zé;
Jorge Ben; Gal Gosta; Maria Bethânia
Esse movimento defendia uma música genuinamente brasileira a
partir de outras correntes. Assim recebeu influência de correntes da
cultura ―pop‖ brasileira e internacional e correntes de vanguarda, por
exemplo, o concretismo, inovações como a ―popart‖. A marca era
um sincretismo composto de rock, Bossa Nova, Samba, baião entre
outros. Como o lema era ―É proibido proibir‖, as críticas sociais eram
abordadas de maneira lúdica, criativa e inovadora
A Bossa Nova nasceu no Rio de Janeiro no final da década 1950.
Movimento musical genuinamente brasileiro que tinha como
características, um equilíbrio entre a melodia, harmonia e ritmo,
assim também letras mais elaboradas com valorização da pausa,
som suave da batida do violão deixando transparecer um silêncio. A
Bossa Nova teve como expoentes João Gilberto, Tom Jobim,
Vinicius de Moraes Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão e
outros. Esse ritmo atravessou a terra tupiniquim e chegou até a voz
do renomado cantor norte-americano Frank Sinatra (1915-1998).
Os Novos Baianos, movimento oriundo de Salvador na Bahia.
Grupo eclético em que envolvia o som do Trio Elétrico, do rock com
inspiração de Jimi Hendrix. Fizeram parte da composição desse
movimento: Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulinho Boca de
Cantor e Moraes Moreira.
Os DziCroquettes surgiram no Rio de Janeiro em 1972 e tinha
como características: o ―desbunde‖, a ironia nosense, humor negro,
escracho, duplo sentido e com tom de farsa. Tanto cantavam
músicas, quanto dublavam e dançavam. Vale ressaltar que a
características mais marcantes desse movimento era o
homossexualismo. De forma extravagante e fazendo apologia ao
homossexualismo foram censurados pela Ditadura Militar.
Como foi ressaltado, esses movimentos defendiam a contracultura,
aquela cultura modelo de uma sociedade tradicional. Esse grupo
mostrou um estilo despojado e encorajado para defender uma ideia.
Na atualidade, prevalece a Marcha Gay em alguns estados
brasileiros.
A Jovem Guarda nasceu no Rio de Janeiro com inspiração do
grupo britânico que ganhava o mundo com seus hits, Os Beatles.
Esse movimento, aparentemente se neutralizava das questões
políticas e cantava rock, muitas vezes traduzido para o português.
Normalmente as músicas eram carregadas de ―romantismo
rebelde‖. Por predominar nas suas músicas, letras menos
intelectualizadas, visto que raramente eram censuradas, ―os
brotinhos‖ como eram chamados, as garotas se identificavam com
esse estilo. Roberto Carlos foi o maior representante desse
movimento, contudo outros também sobressaiam com tal estilo,
Erasmo Carlos; Wanderléa; Ronnie Von; Tim Maia; Jorge Ben
(atualmente Jorge Ben Jor).
A UNE, através dos estudantes também mostrou sua forma de lutar
contra o regime vigente e criou em 1961/1964, no Rio de Janeiro,
inspirado no Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (de
Miguel Arraes).
OCPC (Centro Popular de Cultura da União Nacional dos
Estudantes) realizava movimentos diversos com auxilio de artistas,
estudantes e intelectual que se engajavam a causa. Então era
comum o uso da cultura popular para promover uma revolução
social, sobretudo, envolvendo os operários. Assim, realizavam
espetáculos apresentados em portas de fábricas, favelas,
sindicatos, escolas, associações de bairro etc. Mesmo após o Golpe
Militar, A UNE se mobilizava clandestinamente em prol da
democracia e de uma maior inclusão social.
As principais obras elaboradas pela UNE causava impacto à
sociedade tradicional, contudo as mais divulgadas foram; ―Eles não
usam Black-tie‖ (Gianfrancesco Guarnieri – teatro), ―Cinco vezes
favela‖ (Leon Hirszman – filme), ―Cadernos do povo e Violão da
Rua‖ (publicação), ―A mais-valia vai acabar‖ (Oduvaldo Vianna Filho
– teatro). São temas que se opõem ao capitalismo influenciado
pelos EUA e militares.
O Cinema Novo nasceu na virada da década de 1950 para 1960
em oposição à redução da obra de arte à sua função política. Um
dos principais expoentes do cinema novo, Glauber Rocha criticava a
transformação do cinema em instrumento político e indicava o
objetivo maior na busca por uma nova linguagem cinematográfica
para o Brasil. Influenciados pelo neo-realismo italiano, pelos filmes
precursores de Nelson Pereira (Rio 40 graus-1954 e Vidas Secas-
1963) e pelos textos dos críticos e cineastas Paulo Emílio Sales
Gomes, Gustavo Dahl, Jean-Claude Bernardet e, sobretudo,
Glauber Rocha, o movimento do Cinema Novo caracterizava-se pelo
experimentalismo, transformando a precariedade de meios em
recurso estético, sintetizado na frase ―uma câmera na mão e uma
ideia na cabeça‖ – Glauber Rocha.
O Cinema Marginal marca a produção cultural dos anos 70,
influenciada pelo movimento da contracultura ou underground.
Tendo por característica essencial a fragmentação da linguagem
herdada do cinema novo. A diferença é que enquanto no cinema
novo a narrativa clássica é rompida em busca de imagens que
representem algum tipo de totalidade no cinema marginal a
referência a algo concreto desaparece, ocorrendo uma busca em
representar sentimentos primários como medo, nojo, amor. Há uma
busca consciente de um cinema ―avacalhado‖, ―debochado‖ de um
clima de ―curtição‖. A recorrência a colagem, à narrativa
fragmentária e o objetivo de chocar são claros. São os principais
autores dessa corrente: Júlio Bressane, Rogério Sganzerla e Andrea
Tonacci.
A Geração Coca-Cola dos anos 80 foi embalada ao som do pop-
rock. Grupos como Blitz, Inimigos do Rei, Ultraje a Rigor, Camisa de
Vênus e Fausto Fawcett buscaram no humor, na ironia e no
deboche dar uma nova cara ao mercado fonográfico brasileiro.
Outros buscaram por meio da poesia e da acidez de suas letras
musicais desvendar um mundo corrompido, reacionário e
conservador. Fazem parte desse grupo as bandas Legião Urbana
(Renato Russo), Barão Vermelho (Cazuza), Titãs e RPM, esse
último o maior fenômeno comercial da geração Coca-Cola.
Para o cinema nacional os anos 80 foram desastrosos, a começar
pela grande perda de Glauber Rocha, que morre em 1982. Já em
1987 a Embrafilme, criada pelo governo para subsidiar o cinema
tupiniquim fora desativada, deixando sem apoio a produção
nacional.
Os anos 80 foram totalmente dominados pela indústria televisiva,
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enfatizando nesse período a supremacia da Rede Globo de
Televisão, que já havia emplacado seu domínio durante os anos de
chumbo como “porta-voz eletrônico do regime militar”, imprimindo
uma marca, ―o padrão globo de qualidade‖, aos seus programas
jornalísticos (Jornal Nacional - JN) e as suas telenovelas (Produto
de sucesso mundial). Fenômeno de audiência também foram os
programas de auditório, destacando o Cassino do Chacrinha (1982-
Rede Globo), no qual apresentava um show de calouros seguida de
atrações musicais.
TEXTO COMPLEMENTAR:
―(...) Em sua primeira fase, durante o governo Castello Branco, a
política econômica teve, na prioridade explícita e enfática conferida
ao combate à inflação, o seu traço distintivo. Na ótica do PAEG
(1964/66), a crise econômica com que o país se defrontava,
manifestada com força em 1963 e inícios de 1964, tinha a sua raiz
na inflação. Retomar uma trajetória de desenvolvimento sustentado
estaria na dependência de êxito na reversão firme do processo
inflacionário: somente assim um acúmulo de disfunções
responsáveis pelo declínio da atividade econômica seriam
eliminadas, recriando-se as condições adequadas à maturação
plena do potencial de crescimento de uma economia de livre
iniciativa. O diagnóstico da inflação esgrimido pelo PAEG supunha
que o crescimento excessivo da demanda era a sua causa essencial
– configurando, assim, uma inflação de demanda. Os fatores
específicos que suscitavam esse comportamento da demanda
residiriam no desequilíbrio orçamentário [ou seja, para eles o
governo gastava muito] e na expansão do crédito (impulsionada
pelo Banco do Brasil, misto de autoridade monetária e banco
comercial), secundados pelo movimento dos salários nominais. Daí
decorria um programa de ação centrado na redução/eliminação do
desequilíbrio orçamentário, controle da expansão monetária e
creditícia (estabelecendo-se metas de desaceleração sucessiva de
seu crescimento) e contenção dos reajustes salariais nominais dos
trabalhadores assalariados. Sua execução concreta, não isenta de
contradições, caracterizou-se por uma progressiva aproximação das
metas operacionais, culminando no ano de 1966 quando sua
aplicação revestiu-se de notável rigor. Paradoxalmente isso se
traduziu em seu fracasso aos olhos do regime e na decisão de
reorientar a política econômica tomada pela administração
empossada em 1967 com Costa e Silva.‖
(Fonte: MACARINI, José Pedro. A política econômica da ditadura militar
no limiar do ―milagre‖ brasileiro: 1967/69. Texto para Discussão.
IE/UNICAMP n. 99, set. 2000).
Compreendendo o texto:
56. Como a política econômica do Governo Castello Branco
chegaria à maturação plena do potencial de crescimento de uma
economia de livre iniciativa?
______________________________________________________
_____________________________________________________
Questões: (Brasil - O Regime Militar de 1964 e Os Movimentos
Culturais de 60 a 80)
57. (ENEM-2011) Em meio às turbulências vividas na primeira
metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências
de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro
Popular de Cultura) (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE
encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em
favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o ―imperialismo‖
e seus ―aliados internos‖. (KONDER, L. História das ideias socialistas
no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003).
No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda
brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma importante
forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores
conservadores e de direita (políticos vinculados à União
Democrática Nacional – UDN –, Igreja Católica, grandes
empresários etc.) entendiam que esta organização:
A) constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao
difundir a ideologia comunista.
B) contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao
encenar peças de cunho popular.
C) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao
pretender educar o povo por meio da cultura.
D) prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao
incentivar a participação política dos mais pobres.
E) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os
sindicatos como instituição de pressão política sobre o governo.
58. (ENEM-2010)
Opinião Podem me prender Podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Aqui do morro eu não saio não Aqui do morro eu não saio não. Se não tem água Eu furo um poço Se não tem carne
Eu compro um osso e ponho na sopa E deixa andar, deixa andar… Falem de mim Quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã seu doutor, Estou pertinho do céu (Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010)
Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que
estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela
Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela
letra de música citada, foi o de:
A) entretenimento para os grupos intelectuais.
B) valorização do progresso econômico do país.
C) crítica à passividade dos setores populares.
D) denúncia da situação social e política do país.
E) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.
59. (ENEM-2006) Os textos a seguir foram extraídos de duas
crônicas publicadas no ano em que a seleção brasileira conquistou
o tricampeonato mundial de futebol.
O General Médici falou em consistência moral. Sem isso, talvez a
vitória nos escapasse, pois a disciplina consciente, livremente
aceita, é vital na preparação espartana para o rude teste do
campeonato. Os brasileiros portaram-se não apenas como técnicos
ou profissionais, mas como brasileiros, como cidadãos deste grande
país, cônscios de seu papel de representantes de seu povo. Foi a
própria afirmação do valor do homem brasileiro, como salientou bem
o presidente da República. Que o chefe do governo aproveite essa
pausa, esse minuto de euforia e de efusão patriótica, para meditar
sobre a situação do país. (…) A realidade do Brasil é a explosão
patriótica do povo ante a vitória na Copa. (Danton Jobim. Última Hora,
23/6/1970 - com adaptações).
O que explodiu mesmo foi a alma, foi a paixão do povo: uma
explosão incomparável de alegria, de entusiasmo, de orgulho. (…)
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Debruçado em minha varanda de Ipanema, [um velho amigo]
perguntava: — Será que algum terrorista se aproveitou do delírio
coletivo para adiantar um plano seu qualquer, agindo com frieza e
precisão? Será que, de outro lado, algum carrasco policial teve
ânimo para voltar a torturar sua vítima logo que o alemão apitou o
fim do jogo?(Rubem Braga. Última Hora, 25/6/1970 - com
adaptações).
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos dois textos e do
período histórico em que foram escritos.
I – Para os dois autores, a conquista do tricampeonato mundial de
futebol provocou uma explosão de alegria popular.
II – Os dois textos salientam o momento político que o país
atravessava ao mesmo tempo em que conquistava o
tricampeonato.
III – À época da conquista do tricampeonato mundial de futebol, o
Brasil vivia sob regime militar, que, embora politicamente
autoritário, não chegou a fazer uso de métodos violentos contra
seus opositores.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III.
60. (ENEM-2012) Diante dessas inconsistências e de outras que
ainda preocupam a opinião pública, nós, jornalistas,
estamosencaminhando este documento ao Sindicato dos Jornalistas
Profissionais no Estado de São Paulo, para que o entregue à
Justiça; e da Justiça esperamos a realização denovas diligências
capazes de levar à completa elucidaçãodesses fatos e de outros
que porventura vierem a ser levantados. (Em nome da verdade. In: O
Estado de S. Paulo, 3 fev. 1976. Aput, FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em
documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.)
A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida duranteo regime
militar, em 1975, levou a medidas com o abaixo-assinado feito por
profissionais da imprensa de São Paulo.
A análise dessa medida tomada indica a:
A) certeza do cumprimento das leis.
B) superação do governo de exceção.
C) violência dos terroristas de esquerda.
D) punição dos torturadores da polícia.
E) expectativa da investigação dos culpados.
61. (ENEM-2012)
Texto I
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e
amanifestação da agressividade através da violência. Issose
desdobra de maneira evidente na criminalidade, queestá presente
em todos os redutos – seja nas áreas abandonadas pelo poder
público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais
violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e o
reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários
territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual
aagressividade e a violência fincam suas raízes. (Entrevista com Joel
Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. Isto É. Edição 2099, 3 fev.
2010).
Texto II
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar aspulsões e
emoções do indivíduo, sem um controle muitoespecífico de seu
comportamento. Nenhum controle dessetipo é possível sem que as
pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as
limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em
medo de um ou outro tipo. (ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1993).
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como
descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e
agressividade na sociedade brasileira expressa a:
A) incompatibilidade entre os modos democráticos deconvívio social
e a presença de aparatos de controlepolicial.
B) manutenção de práticas repressivas herdadas dosperíodos
ditatoriais sob a forma de leis e atosadministrativos.
C) inabilidade das forças militares em conter a violênciadecorrente
das ondas migratórias nas grandes cidadesbrasileiras.
D) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar
formas de controle social compatíveis com valores
democráticos.
E) incapacidade das instituições político-legislativas emformular
mecanismos de controle social específicos à realidade social
brasileira.
A REDEMOCRATIZAÇÃO E A NOVA REPÚBLICA NO BRASIL
Pressões sociais lideradas pelo PMDB (partido de oposição ao
regime militar) culminaram em 1984, com o movimento ―Diretas Já‖,
série de manifestações populares que pediam eleições diretas para
presidente da república e o fim da interferência militar no governo
brasileiro. Em 1984, o Colégio Eleitoral realizou eleições para
presidente e, preterindo o candidato representante da situação,
Paulo Maluf, optaram pelo candidato oposicionistado PMDB,
Tancredo Neves. Em 15 de Março de 1985, Neves seria o primeiro
presidente civil a reger o país, desde João Goulart, deposto em
1964.
Apesar de eleito, Neves não chegou a assumir o seu cargo. Devido
a uma complicação de sua doença, Tancredo Neves foi internado,
sendo operado no dia 14 de março de 1985 e contraindo infecção
hospitalar. No dia da posse, 15 de março de 1985, assume então
José Sarney de modo interino. No dia 21 de abril, o porta-voz da
República anuncia o falecimento oficial do presidente Tancredo
Neves. Deste dia em diante, Sarney seria reconhecido como
presidente em exercício pleno.
Em 1° de março de 1986, Sarney e sua equipe econômica
comandada por Dilson Funaro, ministro da Fazenda, lançam o
"Plano Cruzado", conjunto de medidas para conter a inflação, entre
as quais o congelamento geral de preços e a criação de uma nova
moeda, o Cruzado (Cz$), valendo mil cruzeiros (Cr$) (moeda da
época). Sarney apelou para a população que deu amplo apoio ao
plano, inclusive com algumas pessoas se declarando "fiscais do
Sarney" e denunciando violações ao congelamento de preços. O
PMDB, com a popularidade do plano, vence as eleições para
governador de 1986 em praticamente todos os estados (à exceção
de Alagoas). Porém, após as eleições, em 21 de novembro de 1986
o governo decreta o "Plano Cruzado 2", com os preços sendo
liberados. Isto ocasionou um descontentamento do povo para com o
governo, pois o plano cruzado foi visto por muitos como uma
Amplie seus conhecimentos sobre: Rede e hierarquia urbanas no Brasil, Brasil: Industrialização, Fontes de Energia no Brasil e Mineração e A Estrutura Fundiária e os Conflitos de terra no Brasil (Geografia Caderno Gama/Pi).
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simples estratégia política para vencer as eleições. A inflação volta a
subir, a crise se alastra e em 20 de janeiro de 1987 o governo
decreta moratória, deixando de pagar a dívida externa.
Em 29 de abril de 1987, o governo substitui Funaro por Luis Carlos
Bresser Pereira, que com a inflação em alta, lança o "Plano
Bresser", com novo congelamento de preços, em junho de 1987 e
acabando com a moratória. A inflação volta a subir e em 6 de janeiro
de 1988, Bresser é substituído por Maílson da Nóbrega.
A democracia foi reestabelecida em 1988, quando a atual
Constituição Federal foi promulgada. Em 15 de janeiro de 1989
Maílson lança o "Plano Verão", com o lançamento de uma nova
moeda, o cruzado novo (Ncz$) valendo então 1000 cruzados.
Em 1989, o ex-governador do estado de Alagoas Fernando Collor,
praticamente desconhecido no resto do país, por força de uma
campanha agressiva baseada na promessa de combate à corrupção
(combate aos marajás), da construção de uma imagem de líder
jovem e dinâmico, que vendia uma imagem de político de direita
progressista (seu partido era o inexpressivo Partido da
Reconstrução Nacional). Contando com apoio de setores que
temiam a vitória do candidato do PT, Luiz Inácio da Silva, é eleito
presidente, nas primeiras eleições diretas para o cargo desde 1960.
Entretanto, após dois anos, o próprio irmão do presidente, Pedro
Collor de Mello, faz denúncias públicas de corrupção através de um
sistema de favorecimento montado pelo tesoureiro da campanha
eleitoral, PC Farias. Sem qualquer resistência do Executivo, o
Congresso Nacional instaura uma CPI cujas conclusões levam ao
pedido de afastamento do presidente (impeachment). Durante o
processo, a Rede Globo de Televisão produz e transmite Anos
rebeldes, de Gilberto Braga, uma série dramática ambientada nas
manifestações de 1968, a qual serve de inspiração para o
movimento dos caras-pintadas, manifestações de estudantes e
intelectuais que, do alto de carros-de-som, clamavam por justiça e
por um Brasil melhor. Fernando Collor de Mello renunciou antes de
ter seu impedimento aprovado pelo Congresso, mas mesmo assim
teve seus direitos políticos suspensos por dez anos, embora a lei
em vigor na época previsse a suspensão do processo no caso de
renúncia antes de sua conclusão. Collor mudou-se em seguida
para Miami. A Justiça o absolveu de todos os processos movidos
contra ele por sua gestão. PC Farias evadiu-se do país durante
alguns anos e, após enviuvar, retornou a Alagoas mas, em 1996, foi
encontrado em seu quarto de dormir, morto por ferimento de arma
de fogo.
Collor de Mello foi sucedido na presidência pelo vice-presidente
Itamar Franco em cuja administração é adotado o Plano Real, um
plano econômico inédito no mundo executado pela equipe do então
ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC).
Percebendo que a hiperinflação brasileira era também um fenômeno
emocional de separação da "unidade monetária de troca" da
"unidade monetária de contas", o plano concentrou todos os índices
de reajuste de preços existentes em um único índice, a Unidade
Real de Valor, ou URV. Esta, posteriormente, foi transformada em
moeda corrente, o real, iniciando assim o controle do maior
problema econômico do Brasil: a inflação. Posteriormente, inúmeras
reformas econômicas de peso deram lastro à estabilidade da
moeda, evitando os erros do passado
Com o sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso,
concorre e é eleito presidente em 1994, conseguindo a reeleição em
1998. No primeiro mandato de FHC é aprovada à emenda
constitucional que permite à reeleição em cargos eletivos do
Executivo (presidente, governadores e prefeitos). Fernando
Henrique Cardoso também foi o responsável por privatizar grandes
empresas estatais como a Telebrás e a Companhia Vale do Rio
Doce, como forma de estancar os históricos déficits nas contas
governamentais e garantir a estabilidade do real. Inicia também
programas sociais como o Bolsa-escola e a aposentadoria rural.
Após os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, em
2002 elege-se presidente da República o ex-metalúrgico Luiz Inácio
Lula da Silva, do tradicionalmente esquerdista Partido dos
Trabalhadores (PT), que dá continuidade à política econômica do
antecessor. Lula aumenta a abrangência dos projetos sociais de
FHC, transformando o Bolsa-Escola em Bolsa-Família e criando
novos programas, como o Prouni. Em 2006, Luiz Inácio Lula da
Silva é reeleito presidente da República.
Em outubro de 2010, em um processo plenamente democrático o
Brasil vê eleita a primeira mulher a ocupar a chefia do Estado
Brasileiro, democraticamente. Dilma Rousseff (mineira de Belo
Horizonte) tomou posse do cargo de Presidente da República
Federativa do Brasil, prestando, assim como os demais presidentes
eleitos na Nova República, juramento solene perante o Congresso
Nacional em 1º de janeiro de 2011.
Apesar da estabilidade macroeconômica que reduziu as taxas de
inflação e de juros e aumentou a renda per capita, colocando o país
em uma lista dos países mais promissores do mundo, ao lado de
China, Rússia, Índia e África do Sul com Fernando Henrique e Lula,
diferenças remanescem ainda entre a população urbana e rural, os
estados do norte e do sul, os pobres e os ricos. Alguns dos desafios
dos governos incluem a necessidade de promover melhor
infraestrutura, modernizar o sistema de impostos, as leis de trabalho
e reduzir a desigualdade de renda.
A economia hojecontémumaindústriaeagricultura sofisticadas, e um
setor de serviços em expansão. As recentes administrações
expandiram a inserção do país no mercado mundial, com saltos de
investimentos e produtividade em alguns setores, como o de
telecomunicações e automobilístico, mas ainda deixando a desejar
na eficiência de portos marítimos, estradas de ferro, geração de
eletricidade, aeroportos e outros melhoramentos da infraestrutura, o
que reduziria o chamado "custo Brasil". O país começou à voltar-se
para as exportações em 2004, e, mesmo com um real valorizado e a
crise internacional, atingiu em 2008 exportações de US$ 197,9
bilhões,importações de US$ 173,2bilhões, o que coloca o país entre
os 19 maiores exportadores do planeta.
Entre os principais desafios do país para o futuro estão um salto
qualitativo na educação e saúde, a desburocratização do
empreendedorismo e uma resposta eficiente aos problemas de
segurança pública e favelização dos centros urbanos.
Questões: (A Redemocratização e a Nova República no Brasil)
62. (ENEM-2011)
Movimento dos Caras-Pintadas
O movimento representado na imagem, do
início dos anos de 1990, arrebatou
milhares de jovens no Brasil. Nesse
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contexto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico,
A) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha
Diretas Já.
B) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação
da Lei da Ficha Limpa.
C) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para
agendar suas manifestações.
D) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou
ações revolucionárias armadas.
E) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no processo de
impeachment do então presidente Collor.
63. (ENEM-2009) Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no
tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção
internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política
externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cálculo de
oportunidade no mundo difuso da transição da hegemonia britânica
para o século americano. Engendrou concepções, conceitos e teoria
própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio
Branco. Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se
interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino do Brasil.
O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e
previsível nas ações externas do Estado. A mudança de regime
político para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas
o aperfeiçoou. (SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silêncio do
parlamento. Correio Braziliense, Brasília, 28 maio 2009 - adaptado).
Sob o ponto de vista da política externa brasileira no século XX,
conclui-se que:
A) o Brasil é um país periférico na ordem mundial, devido às
diferentes conjunturas de inserção internacional.
B) as possibilidades de fazer prevalecer ideias e conceitos próprios,
no que tange aos temas do comércio internacional e dos países
em desenvolvimento, são mínimas.
C) as brechas do sistema internacional não foram bem aproveitadas
para avançar posições voltadas para a criação de uma área de
cooperação e associação integrada a seu entorno geográfico.
D) os grandes debates nacionais acerca da inserção internacional
do Brasil foram embasados pelas elites do Império e da
República por meio de consultas aos diversos setores da
população.
E) a atuação do Brasil em termos de política externa evidencia que
o país tem capacidade decisória própria, mesmo diante dos
constrangimentos internacionais.
64. (ENEM-2011)
A análise da tabela permite identificar um intervalo de tempo no qual
uma alteração na proporção de eleitores inscritos resultou de uma
luta histórica de setores da sociedade brasileira. O intervalo de
tempo e a conquista estão associados, respectivamente, em:
A) 1940-1950 – direito de voto para os ex-escravos.
B) 1950-1960 – fim do voto secreto.
C) 1960-1970 – direito de voto para as mulheres.
D) 1970-1980 – fim do voto obrigatório.
E) 1980-1996 – direito de voto para os analfabetos.
65. (Pucrs 2005) Considere as afirmativas a seguir, sobre fatos
relacionados à política interna do Governo Luís Inácio Lula da Silva.
I. Foi criado o programa "Primeiro Emprego", como forma de
combater o trabalho infantil e o escravo, em expansão em várias
regiões do país.
II. Ampliaram-se, através do ProUni, as vagas no ensino superior,
para acolher alunos provenientes do ensino público e com renda
familiar reduzida.
III. O Programa Fome Zero, taxado por vários representantes da
sociedade civil de assistencialista, tem sido criticado pelos
entraves burocráticos e pela forma de controle adotada para a
concessão dos benefícios, que dificultam a expansão do
programa.
IV. O Governo Federal reduziu significativamente os impostos
visando a diminuir a carga tributária sobre a classe média e a
produção industrial.
Estão corretas as afirmativas
A) I e II B) I e III C) II e III D) II e IV E) III e IV
66. (Ufu 2006)
A foto anterior, publicada na "Folha de S. Paulo", em 07 de maio de
2005, mostra imagens de uma marcha dos trabalhadores sem-terra,
entre Goiânia e Brasília. Ao final da marcha, representantes do
movimento foram recebidos em audiência pelo Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Sobre os significados políticos dessa marcha e sobre o
relacionamento entre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra e
o governo Lula, assinale a alternativa correta.
A) A defesa do "impeachment" do Presidente Lula, em função das
denúncias de corrupção no seu governo, foi a principal bandeira
levantada pelo movimento dos trabalhadores sem-terra, na
marcha de Goiânia à Brasília.
B) Na audiência com o Presidente da República, os representantes
do movimento dos trabalhadores sem-terra entregaram-lhe um
documento que continha, entre outras reivindicações, a
necessidade do governo aumentar significativamente o número
de famílias assentadas até o fim de seu mandato, além de
liberar crédito especial para os trabalhadores assentados.
C) A marcha de Goiânia à Brasília unificou as organizações dos
trabalhadores sem-terra que externaram, em documento, a sua
completa desconfiança em relação ao Presidente da República,
considerando-o representante dos setores conservadores da
sociedade brasileira, portanto, sem nenhuma credibilidade para
implementar os assentamentos de reforma agrária pretendidos.
D) A decisão do Presidente Lula de compor seu governo com
ministros do campo progressista foi determinante para lhe
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assegurar maioria no Congresso Nacional, possibilitando o
cumprimento das promessas de campanha relativas ao número
de assentamentos de reforma agrária e colocando fim aos
conflitos e à violência no campo. Por isso, a marcha objetivou
explicitar o apoio do movimento ao Presidente da República.
NOVA ORDEM MUNDIAL
CRISE DO SOCIALISMO
O século XX foi marcado pela Guerra Fria (1947-1991). Ela foi a
disputa geopolítica entre as superpotências vitoriosas da II Guerra
Mundial (1939-1945): os EUA e a URSS. Era o embate entre dois
grandes modelos político-econômicos; de um lado o capitalismo,
liderado pelos EUA, e, do outro, o socialismo, liderado pela URSS.
A partir das décadas de 1970 e 1980 crises tanto políticas quanto
econômicas tronaram-se frequentes no cenário mundial. Isso
provocou, no mundo capitalista, alterações, cuja principal
consequência foi a superação do modelo keinesiano (Estado de
Bem-Estar-Social) pelo Neoliberal. No mundo socialista, as
consequências da crise levaram ao fim do ―Socialismo Real‖ ou
―Realmente existente‖ (como era chamado pelo próprio Bloco
Socialista). Com a crise, sobretudo, a econômica, tornou-se inviável
politicamente a sustentação dos regimes do Bloco Socialista.
Criou-se, portanto, a partir da reorganização do capitalismo e do fim
do socialismo, uma nova forma de estruturação do mundo. Ela foi
chamada de ―Nova Ordem Mundial‖ e marcada por duas grandes
características. A primeira, o fim das disputas político-ideológicas da
Guerra Fria. E, a segunda, o surgimento de um mundo multipolar,
mais voltado para as disputas concorrenciais por mercados.
Causas gerais para a Crise do Socialismo
Apesar dos aspectos singulares a respeito da crise em cada país do
Bloco Socialista, ela apresentou duas causas gerais. A primeira, a
partir da década de 1970 houve uma desaceleração da economia do
Bloco. Alguns países, para compensar a redução de determinadas
produções e evitar um desabastecimento, buscaram o mercado
internacional. Ou seja, as economias socialistas tornaram-se mais
integradas às capitalistas. A segunda causa foi que essa maior
integração tornou-se problemática a partir da década de 1980, já
que as economias capitalistas entraram em crise, arrastando as
socialistas.
Os países capitalistas superaram a crise econômica ao longo da
década seguinte, sem grandes abalos aos seus respectivos
sistemas políticos. Basicamente, eles substituíram o modelo
keinesiano (na Europa Ocidental) e Nacionalista (na América
Latina), por exemplo, pelo Neoliberal. No Bloco Socialista, a crise
econômica tornou-se uma grave crise política e institucional, que
inviabilizou o modelo político-econômico de esquerda.
Fragmentação da URSS
A partir de 1985, ascendeao poder na União Soviética Mikhail
Gorbatchev. Assumiu a condição de chefe de estado em uma
situação incômoda, a superpotência estava em uma crise, que
continuamente agravava-se. Dinâmico e modernizador, Gorbatchev
lançou-se ao desafio de reformar a URSS e, de certa forma, o
Socialismo, em razão da crise que se agudizava.
Foram estabelecidos dois programas de reformas político-
econômicas. Um foi a ―Perestróika‖ (reestruturação), cujo objetivo
era realizar alterações na estrutura econômica. Entre as ações
havia: a descentralização da economia, a abolição do sistema de
preços (tabelamento), permissão da autogestão das empresas
estatais e de certa liberdade de comércio. Essas medidas, na
prática, significavam a adoção e/ou permissão de certas
características de uma economia de mercado. No entanto, as
medidas aprofundaram a crise, já que, entre outros aspectos, a
economia planificada soviética era muito frágil em relação às
capitalistas. Sem as proteções e subvenções estatais usuais, houve
falências generalizadas e desemprego. O ciclo negativo da
economia soviética persistiria ao longo da década de 1990 até sua
estabilização e recuperação, na década posterior, quando não mais
existia URSS.
A outra medida reformista foi a ―Glasnost‖ (transparência). Ela tinha
o objetivo de realizar a abertura política do regime soviético. Entre
as medidas havia: a maior atenção as questões sociais, combate à
corrupção e ineficiência do serviço público, devolução do poder aos
“soviets” e a separação entre Estado e o Partido Comunista. Esse
último ponto em particular, segundo o historiador inglês Eric
Hobsbawn, foi um dos elementos primordiais para a fragmentação
política da URSS. Diz o historiador britânico que o Partido
Comunista era o elemento chave de agregação política do Estado
soviético. Os planos de reforma de Mikhail Gorbatchev obviamente
sofreriam oposição de grupos conservadores, sobretudo, do Partido.
Então, para concretizar seus projetos, o líder soviético enfraqueceu
o Partido Comunista. Com o enfraquecimento do Partido, a unidade
política da URSS foi quebrada. Diversas repúblicas soviéticas, as
que possuíam melhores situações político-econômicas, declararam
independência. O Estado soviético, sob a hegemonia da Rússia,
também enfraquecida pela crise, decretou o seu próprio fim.
A reação às reformas de Mikhail Gorbatchev veio sob a forma de um
golpe. Ele foi liderado pelos respectivos ministros da defesa e
interior e o chefe da KGB (polícia secreta), que representavam
grupos conservadores, composto por altos funcionários do Estado e
do Partido, e parte dos Militares. Eles se aproveitaram de uma
viagem de férias do chefe do Estado soviético para eclodir o golpe.
Colocaram Mikhail Gorbatchev em prisão domiciliar e tentaram
tomar o Parlamento soviético (em Moscou) de assalto.
O contragolpe foi liderado pelo então presidente do “Soviet
Supremo” Boris Ieltsin. O grupo de apoio ao contragolpe era
composto pela população (em geral), militantes do Partido
Comunista e indivíduos da burocracia intermediária do Estado.
Ieltsin convocou a população a ir às ruas, em defesa da legalidade e
das reformas, que formou diversas barricadas por Moscou. O
principal objetivo era evitar a tomada do Parlamento soviético pelos
golpistas. Após três dias de impasses e alguns poucos combates
isolados, o golpe foi evitado, recolocando-se Mikhail Gorbatchev
novamente no poder. Como medida punitiva, o chefe de Estado
soviético dissolveu a cúpula da KGB e colocou o Partido Comunista
em suspensão, tendo confiscado seus bens.
Contudo, as consequências da tentativa de golpe aprofundaram a
crise soviética e, em especial, do governo Mikhail Gorbatchev. Ele,
em razão dos aspectos negativos da reforma, sobretudo os
econômicos, tinha sua popularidade cada vez mais baixa. Em
contrapartida crescia tanto a popularidade do líder do contra-golpe o
Boris Ieltsin (que se tornou o primeiro presidente da Rússia) quanto
a fragilização da unidade política da URSS. As Repúblicas Bálticas
(Letônia, Lituânia e Estônia) aproveitaram-se da crise e se
declararam independentes da União Soviética em setembro de
1991. Foram acompanhadas, pouco depois, pela Ucrânia. A partir
Amplie seus conhecimentos sobre: Capitalismo e Socialismo: da Guerra Fria à nova ordem e O mundo em conflito (Geografia Caderno Delta/Ômega).
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desse ponto a fragmentaçãoda URSS tornava-se irreversível.
Seguem-se, portanto, os atos que oficializam o fim da União
Soviética. Em dezembro de 1991, os chefes de estado da Rússia,
Ucrânia e Bielo-Rússia (atual Belarus) criaram a CEI (Comunidade
dos Estados Independentes), decretando o fim da URSS para
31/12/1991. Os líderes de 11 das 15 repúblicas soviéticas
ratificaram o tratado, em 21 de dezembro de 1991. E, no natal
daquele ano, acelerando os eventos, Mikhail Gorbatchev renunciou
a chefia do Estado e das forças armadas soviéticas, antecipando o
fim oficial da URSS.
Leste Europeu
O Socialismo nos países do Leste Europeu foi implantado de forma
diversa ao da URSS. No último, foi através de um processo
revolucionárioresultante, entre outras causas, do caos provocado no
Império Russo pela sua participação na I Guerra Mundial (1914-
1918). Nos países do Leste Europeu, o socialismo foi implantado,
entre outros aspectos, a partir de consequências da II Guerra
Mundial (1939-1945), em especial, as imposições geopolíticas das
superpotências vitoriosas da guerra: os EUA e URSS.
Apesar das causas gerais da Crise do Socialismo, na União
Soviética, ela se iniciou com a ascensão de Mikhail Gorbatchev e a
implantação dos seus planos de reforma. Nos países da Europa
Oriental, apesar de algumas singularidades, a crise iniciou-se
através de manifestações da população. Isso em razão dos
desgastes políticos dos regimes europeus orientais, associados à
crise econômica. Através de protestos, a população conseguiu obter
algumas concessões, em determinados países, que abriram
brechas, que se tornaram o meio pelo qual o socialismo entrou em
colapso.
O Bloco Socialista entrou em colapso, iniciando um processo de
transição para o capitalismo. Essa transição tendeu a ser pacífica da
na maioria dos países da Europa Oriental, com a manifestação de
suas respectivas populações, com apenas alguns incidentes
isolados. No entanto, dois processos foram mais traumáticos. O
primeiro, o da Romênia, que após menos de um mês de conflito, o
líder romeno Nicolae Ceausescu e sua esposa foram executados. E,
o segundo, o da Iugoslávia, que se fragmentou em uma violenta
guerra civil. Houve fragmentação político-territorial também na
Tchecoslováquia, mas essa foi através de um processo político
pacífico.
A tradição de movimentos de insatisfação popular ao socialismo
vem da década de 1950. Na Alemanha Oriental (RDA), em 1953,
houve uma revolta de trabalhadores, que foi esmagada com
violência. Na Hungria, em 1956, o líder Imre Nagy (que fora expulso
do Partido, acusado de ―desvios direitistas‖), acompanhou a criação
de conselhos operários com a formação de um governo dissidente.
Foram violentamente reprimidos pelo ―Exército Vermelho‖. E, na
Tchecoslováquia, em 1968, houve a famosa ―Primavera de Praga‖,
em que o líder Alexander Dubeck tentou implantar reformas no
Partido Comunista, para criar o que foi chamado de ―socialismo de
face humana‖. O processo também foi violentamente coibido pela
intervenção de tropas soviéticas. O que havia de comum entre esse
movimentos eram seus objetivos de reforma do socialismo e as
intervenções por parte dos soviéticos.
A Polônia, no entanto, é a peça chave para entender o início das
manifestações por liberdades civis e nacionais, que contribuíram
para o fim do socialismo no Leste Europeu. Houve, em 1956, uma
greve de operários em Poznam. Ao contrário de manifestações
semelhantes, essa não foi reprimida e levou ao poder o líder
WladislawGomulka. Depois dessa, ocorreram mais duas grandes
greves. Em 1970, os operários do estaleiro Gdansk cruzaram os
braços. Organizaram-se em um sindicato chamado ―Solidariedade‖,
sob a liderança Lech Walesa. Os grevistas solicitavam basicamente
o direito de greve e a legalização do seu sindicato. O movimento foi
abafado, decretada lei marcial e os líderes postos na prisão. Em
1988, nova onda de greve em Gdansk, essa já foi em meio ao
momento crítico para o socialismo. O movimento recebeu amplo
apoio da população e da Igreja Católica. O governo socialista
polonês estava enfraquecido e não podia contar com a intervenção
soviética, que naquele momento vivia as reformas de Gorbatchev.
Assim sendo, fez o governo concessões ao movimento. Eles
obtiveram a legalização do sindicato ―Solidariedade‖ (que se tornou
também um partido político) e mudanças na lei eleitoral, que
convocou um pleito para o ano seguinte.
Na eleição presidencial polonesa de 1989, o Partido Comunista
estava muito enfraquecido e impopular, sendo dissolvido no ano
seguinte. A vitória contundente do líder do ―Solidariedade‖, Lech
Walesa, não foi surpresa. Ela, entre diversos aspectos, significou a
transição da Polônia para o capitalismo. Os desafios foram
enormes, sobretudo, na economia. Era preciso combater a inflação
alta e o desemprego crescente, tornando a economia polonesa
competitiva. Problemas superados apenas ao longo da década de
1990.
Queda do Muro de Berlim e Reunificação da Alemanha
O primeiro grande bastião da Guerra Fria que ruiu foi o ―Muro de
Berlim‖. Edificado na década de 1960, o muro dividiu a cidade em
duas zonas. Isso ocorria também com o país. Ele estava dividido
entre franceses, ingleses e americanos, o lado capitalista,
oficialmente denominado de República Federal da Alemanha (RFA).
E, o lado socialista, sob o controle da URSS, que era oficialmente
chamado de República Democrática da Alemanha (RDA).
O clima de abertura vivido naquela época tanto pelas reformas de
Gorbatchev, na URSS, quanto pelas vitórias do Solidariedade, na
Polônia, fizeram eco na RDA. Os alemães orientais sentiram-se
incentivados a buscar seus interesses, que eram basicamente a
abertura do regime. E, com o fracasso das tentativas de repressão
do chefe de estado alemão oriental, Erich Honecker, o Muro de
Berlim e a separação da Alemanha estavam em seus dias finais.
Honecker e a posição do regime político da RDA estavam em
xeque. Havia um clima geral de reforma e a URSS, de Gorbatchev,
não interviria. Conseguiu, Honecker, coibir temporariamente as
manifestações da população. No entanto, o golpe final veio quando
grande número de cidadãos alemães orientais começaram a seguir
para a RFA. Para isso, aproveitaram-se da complacência da
Tchecoslováquia, Hungria e Áustria. Elas abriram suas fronteiras
para que alemães orientais fugissem a RFA. Portanto, não havia
mais sentido na existência do Muro de Berlim, que por ordem do
próprio Partido Comunista foi demolido em 9 de novembro de 1989,
um mês depois da queda de Erich Honecker. O chefe de estado da
RFA, Helmut Kohl, aproveitou-se da situação para estabelecer a
reunificação da Alemanha, com o aval internacional, sobretudo, das
superpotências.
Guerra dos Balcãs (1992-1995) e a fragmentação da Iugoslávia
A Iugoslávia foi um caso a parte entre os países que compuseram o
Bloco Socialista. Ela foi montada pelo Gen. Josip Broz Tito, ainda
em meio a II Guerra Mundial e, durante sua existência, enquanto
Estado, manteve-se independente à União Soviética. Por isso, a
Iugoslávia era chamada de ―país de socialismo não alinhado‖.
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A base da unidade política da Iugoslávia era o próprio Gen. Tito. O
país foi formado a partir de nacionalidades, culturas e religiosidades
diversas. Eram ao todo seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Bósnia-
Herzegovina, Eslovênia, Macedônia e Montenegro. E, havia pelo
menos três grandes grupos religiosos: os sérvios, cristãos
ortodoxos; os eslovenos, católicos; e os bósnios, muçulmanos.
Pouco antes da morte do Gen. Tito, em 1980, ele estabeleceu a
presidência rotativa da Iugoslávia. No entanto, diferenças político-
econômicas e etnoculturais entre os membros da federação, criaram
tensões que levaram à guerra. Em 1991, os sérvios, sob a liderança
de Slobodan Milosevic, se recusaram a aceitar que um croata
assumisse o poder. Croácia e Eslovênia declararam-se
independentes. Milosevic se opôs, buscando o apoio do exército
federal, que era composto por maioria sérvia.
Em 1992, a declaração de independência da Bósnia e da
Macedônia fez-se acompanhar, logo depois, pela declaração de
guerra dos sérvios. A minoria sérvia que vivia na Bósnia recebeu o
apoio do exército federal, formando grupos guerrilheiros, que
atacavam os muçulmanos bósnios. Seguiu-se um conflito
extremamente violento. Os guerrilheiros sérvios tomaram 70% do
território da Bósnia e cercaram e destruíram a capital, Sarajevo. A
guerra só foi concluída em 1995, pelo ―Acordo de Dayton‖,
patrocinado pelos EUA.
Outra guerra civil irromperia, pouco depois, em 1997, na região dos
Balcãs. A república do Kosovo declarou-se independente, formando
um exército guerrilheiro, denominado de Exército de Libertação do
Kosovo (ELK). Slobodan Milosevic, presidente sérvio, foi
absolutamente contrário e interveio militarmente. Esse novo conflito
foi concluído através do Tratado de Kumanovo (em 1999), após
intervenção militar da OTAN, em apoio aos kosovares. O tratado
estabeleceu a retirada militar dos sérvios, mas sua soberania sobre
a região, após breve administração da ONU.
Em meio aos conflitos da Croácia, da Bósnia e do Kosovo, Slobodan
Milosevic fez sua carreira política enquanto presidente. Em 2001 foi
preso e encaminhado ao Tribunal Internacional de Haia (Holanda)
para responder por crimes de guerra, que lhe valeu o pseudônimo
de ―o carniceiro dos Balcãs‖. Milosevic era advogado e fez sua
própria representação. Foi encontrado morto, em sua cela, em 2006.
A causa mortis apresentada foi insuficiência cardíaca, em razão
doesgotamento do processo somado a problemas cardiovasculares
antigos. Houve grande polêmica a respeito, já que Milosevic havia
solicitado tratamento na Rússia. O Tribunal recusou, apesar das
garantias do governo russo de que ele retornaria à Holanda. Houve
ainda acusações tanto de que do ex-presidente sérvio teria sido
envenenado quanto sua família afirmava que ele havia se suicidado
em sua cela, nada foi comprovado sobre. Como polêmica final, o
Tribunal Internacional recusou que a autópsia fosse realizada na
Rússia, ela, por fim, foi realizada na Holanda, com a presença de
um médico sérvio.
Cuba
O líder soviético, Mikhail Gorbatchev visitou Cuba em 1989. Ele
solicitou que o colega cubano, Fidel Castro, acompanhasse as
mudanças que ocorriam e reformasse o regime cubano. Gorbatchev
recomendou que Castro fizesse concessões à economia de
mercado e abertura política, salientando que, com a crise
econômica, a URSS não poderia mais auxiliar financeiramente a
ilha, tornando-a mais vulnerável ao embargo comercial americano.
A situação na ilha tornou-se bastante difícil, somando-se a
fragmentação da URSS (principal apoiador de Cuba) e o embargo
americano. Isso potencializou as contradições do regime castrista,
bem sucedido em áreas sociais (educação e saúde), mas um
fracasso econômico. Cuba continuava com uma economia
basicamente dependente da exportação de açúcar e fumo e
importadora de industrializados. Apesar das contingências, Fidel
Castro se recusou a realizar reformas no regime cubano, sobretudo,
políticas. Fez apenas concessões econômicas, permitindo a entrada
de empresas estrangeiras, sobretudo, ligadas ao setor do turismo.
Em 2008, com a saúde bastante fragilizada, Fidel Castro renunciou
ao poder em favor do seu irmão Raúl Castro. Raúl prometeu dar
continuidade as reformas, principalmente, no intuito de reduzir a
dependência cubana de importações. No entanto, até o momento,
no aspecto político, o regime cubano continua fechado, perseguindo
dissidentes, e, portanto, sem apresentar sinais concretos de
abertura política.
China
A China é a grande exceção no processo de ―Crise do Socialismo‖.
Ao contrário dos países do Leste Europeu e URSS, que fizeram a
transição para o Capitalismo, provocando-lhes fragmentação política
(em determinados casos) e uma década de crise sócio-econômica;
e países como Cuba, Coréia do Norte, Vietnã e Laos, que mantêm
regimes anacrônicos; a China fez uma transição muito bem
sucedida modernizando sua economia, mas sem abrir politicamente
seu regime.
Os pilares da reforma chinesa iniciam-se em 1978, quando foi
permitido que dissidentes políticos expurgados pelo Partido
Comunista fossem libertados. Entre esses expurgados havia um
antigo membro do partido, Deng Xiaoping. Ele, em pouco tempo,
tornou-se o chefe de Estado chinês, entre 1978 e 1992, e iniciou um
plano de modernização da economia.
O plano basicamente fazia concessões a modelos econômicos de
mercado, capitalistas, abrindo a economia chinesa ao exterior. Em
resumo, as medidas seguiram as seguintes ações: introduzir o
conceito de lucro, restabelecer formas de posse privada no campo,
reduzir os gastos militares e criar meios de atrair empresas e capital
estrangeiro. Nessa perspectiva, Deng Xiaoping, aproximou a China
do Ocidente, sobretudo dos EUA. Para isso, foram criadas as Zonas
Econômicas Especiais (ZEE), que eram locais onde era permitida a
instalação de empresas estrangeiras, desde que associadas a
chinesas. Além dessas medidas, a partir de 1989, realizou-se um
amplo processo de privatizações.
O sucesso chinês fez com que, no plano econômico, o país
atingisse crescimentos extraordinários, entre 7% e 10% ao ano, a
partir da década de 1980. Isso tornou viável que a China se
transforme na próxima potência mundial. Além do plano de reforma
econômica, o bom êxito da China nesse setor deve ser explicado
também pela conjugação de outros fatores, entre eles: o enorme
potencial de massa de consumidores e mão-de-obra, a baixo custo,
já que a China tem a maior expressão demográfica do mundo; as
isenções fiscais e a baixa proteção legal e institucional de caráter
trabalhista. Essa situação é imitada por outros países asiáticos, que
se tornaram também mercados atraentes para capitais estrangeiros.
No plano político, no entanto, a China manteve seu regime
centralizador, apesar das reformas de abertura política de outros
países socialistas. Houve uma tentativa de manifestação popular por
reformas políticas em 1989. Milhares de manifestantes se
aglomeraram na chamada ―Praça da Paz Celestial‖ ou ―Tiananmen‖,
no centro de Pequim. Após alguns dias de impasse, os
manifestantes mantiveram-se pacificamente na praça, para fazer
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pressão ao governo. Em 4 de junho de 1989, o exército chinês
recebeu ordem de abafar o movimento. O resultado foi um
massacre de aproximadamente 3 mil mortos, dado de improvável
exatidão, em razão da imposição de lei marcial pelo governo, que
controla o acesso às informações.
NEOLIBERALISMO E GLOBALIZAÇÃO
O Neoliberalismo e a Globalização não são exatamente o mesmo
fenômeno, mas são partes congêneres de um mesmo processo. A
Globalização é a interpenetração acelerada de mercados pelo
mundo, baseada em uma tecnologia de comunicação (transportes,
telecomunicações e microinformática). O Neoliberalismo é o
elemento ideológico que, entre outros aspectos, justifica a
Globalização.
Ambos, o Neoliberalismo e a Globalização, estão ligados ao
processo de reorganização do mundo, chamado de Nova Ordem
Mundial. Ela está marcada pelo fim da Guerra Fria e formação de
um mundo, agora, multipolar, pela crise do socialismo real,
superação do keynesianismo (na Europa Ocidental) e dos
nacionalismos estatizantes (na América Latina) e pela formação de
grandes blocos regionais de comércio.
Neoliberalismo
Em linhas gerais, o Neoliberalismo é a retomada, nos parâmetros
atuais, dos princípios essenciais do Liberalismo Clássico de Adam
Smith (XIX). Princípios do livre-mercado e da não-intervenção
estatal na economia. No Liberalismo atual, esses dois princípios são
condensados na chamada ―Teoria do Estado-mínimo‖. Por ela, em
síntese, deve-se justamente compreender a superação de controles
de mercado e dos intervencionismos de Estado.
O Neoliberalismo, como é concebido na atualidade, em uma
perspectiva acadêmica, surgiu a partir dos trabalhos de dois
famosos economistas: Milton Friedman (1912-2006) e Friedrich
August von Hayke (1899-1992). O primeiro, americano e membro da
prestigiosa Escola de Economia de Chicago e, o segundo, austríaco
e ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1974.
Ambos, apesar de óbvias singularidades, defenderam teses sobre o
Neoliberalismo. Elas basicamente diziam respeito ao livre mercado
e o não-intervencionismo estatal. Esses princípios concretizaram-se
em ações a partir de três fatores básicos: a crise econômica dos
países capitalistas, a partir da década de 1980; o desgaste do
Estado de Bem-Estar Social, na Europa Ocidental; e a crise do
socialismo real, a partir das reformas de Mikhail Gorbachev na
antiga URSS.
Os primeiros países, respectivamente, a adotarem medidas de
caráter neoliberal foram a Inglaterra e os Estados Unidos. O
primeiro, sob o comando a Primeira-ministra Margaret Thatcher
(1979-1990). Ela realizou reformas na economia privatizando
empresas estatais e serviços públicos e estimulou que empresas
privadas ocupassem quase que todos os espaços da vida
econômica da Grã-Bretanha. As reformas de Thatcher conseguiram
dinamizar a economia e elevar o PIB britânico, em um primeiro
momento. No entanto, posteriormente, houve consequências
sociais. As mais importantes dessas consequências foram o
enfraquecimento dos sindicatos e o desemprego.
O segundo país a implantar medidas neoliberais foram os EUA da
administração Ronald Reagan (1981-1989). Ele realizou um amplo
programa de cortes de gastos públicos, sobretudo, previdenciários e
redução de impostos. Reagan também liberou o mercado americano
às importações. As consequências foram, a principio, o aumento do
PIB e a redução do desemprego. Porém, a redução dos impostos
provocou um déficit orçamentário. A liberação da importação
provocou uma série de problemas: desequilíbrio da balança
comercial, desestímulo ao setor produtivo (diversas empresas
americanas transferiram seus respectivos setores produtivos para
países do sudeste asiático, em busca de mão-de-obra baratA),
ampliação da especulação financeira e dificuldades de crédito.
Globalização
Existe certa controvérsia, entre estudiosos e teóricos, do que é de
fato Globalização e quando ela começou. Na primeira controvérsia,
a definição, pode ser sintetizada pela dinamização cada vez mais
acelerada de relações comerciais entre os países do globo. Ou seja,
uma intensa, única na história, interligação de mercados pelo
mundo. Na segunda, a dinamização das relações econômicas
tornou-se logisticamente possível graças à sofisticação das
tecnologias de comunicação, tanto de transportes quanto de
informação através de redes de computadores. A partir desse
elemento, pode-se apontar o início da Globalização para meados
das décadas de 1980 e 1990.
Na prática, o que é a Globalização?
Em razão da interligação dos mercados globais, é a possibilidade de
se adquirir algum produto ou serviço quase que em qualquer ponto
do planeta e, também, de trânsito das pessoas.
As operações financeiras se intensificam graças à sofisticação dos
meios tecnológicos. Ou seja, a rede mundial de computadores ou
Internet. Ela torna possível que diversas transações sejam
realizadas pelos meios virtuais, fluindo consideráveis somas de
capitais, em poucos instantes, por todo o globo.
Como ocorre a Globalização?
Quando uma marca, produto ou serviço expande-se para vários
mercados do planeta. Assim, consumidores, de países distintos,
podem adquir um mesmo produto ou serviço, tornando-os comuns
aos mais diversos grupos de indivíduos. E, também, pela circulação
intensa de capitais, em busca de mercados com altos potenciais de
rendimento.
Quais os fatores favoráveis à Globalização?
1º. Fim da Guerra Fria e a Crise do Socialismo.
2º. A implantação do Neoliberalismo em diversos países.
3º. O desenvolvimento de tecnologias de transporte e de
informação, sobretudo, microinformática.
4º. A implantação de blocos econômicos regionais.
Blocos Econômicos Regionais
Eles são grandes mercados, montados através de diversos acordos
entre os países membros. Eles visam o estabelecimento, entre
esses países signatários, a redução ou até anulação de taxas
alfandegárias, para determinados produtos, serviços e trânsito de
capitais. O objetivo é claro, é intensificar e fortalecer as relações
econômicas entre os países membros do bloco. Assim, fortalecer o
mercado do bloco em relação a outros países e/ou blocos
concorrentes.
A princípio, a formação de um bloco regional, e os primeiros e mais
bem sucedidos tiveram essa característica, tem pouco haver com
princípios neoliberais. Eles são o produto de uma ação de iniciativa
estatal e cujo objetivo tem certo caráter protecionista.
Contraditoriamente, a implantação dos blocos regionais de comércio
assegurou o processo do neoliberalismo e da globalização.
A afirmação do neoliberalismo e da globalização, através da
formação de blocos regionais, dá-se, sobretudo, através de dois
aspectos. O primeiro, a intensificação das atividades econômicas
valoriza a iniciativa privada e fortalece o acúmulo de capital. E, o
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segundo, empresas transnacionais (ou multinacionais),
estabelecidas em diversos países, que compõe blocos distintos, têm
a possibilidade, sem maiores restrições, de dispor seus produtos e
serviços, praticamente, em todo globo.
Formação de um Bloco Regional
Em geral, o processo de formação de um bloco dá-se através dos
seguintes passos:
1º. UNIÃO ADUANEIRA: países, de uma determinada região,
assinam entre si um acordo para reduzir ou anular taxas
alfandegárias. Cria-se então uma região de livre circulação de
mercadorias, serviços, capitais e pessoas.
2º. UNIÃO INSTITUCIONAL E POLÍTICA: é preciso criar
legislação comum, entre os países membros, que estabeleça regras
gerais. Isso para trazer segurança jurídica, por exemplo, a contratos
comerciais. Além disso, é preciso criar um aparato político-
institucional, para dirimir questões e conduzir o bloco.
3º. UNIÃO MONETÁRIA: em um estágio mais avançado, criar
uma moeda única para os países membros do bloco. Isso, tanto
para trocas financeiras quanto para o comércio em geral. A união
monetária permite, portanto, que os países membros do bloco
estabeleçam um sistema único de referência de valor.
Os passos apresentados foram tomados como exemplo da União
Europeia (UE). Atualmente, apenas a UE conseguiu estabelecer o
terceiro passo, a união monetária, com a criação do euro, moeda
única dos países da UE. Outros exemplos de blocos econômicos,
além da União Europeia, são: BENELUX (Bloco formado por
Bélgica, Holanda e Luxemburgo, em 1948. Estabelecia uma união
aduaneira e livre comércio entre os membros); MERCADO COMUM
DO CONE SUL (MERCOSUL) (Criado em 1995 comobloco de
união aduaneira e livre comércio pelo Tratado de Assunção. O
Mercosul conta com quatro membros, os fundadores do bloco:
Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil, mais dois associados, que
são Bolívia e Chile); ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA
AMÉRICA DO NORTE (NAFTA, sigla em inglês) (Bloco formado
por EUA, Canadá e México, em 1994 como bloco de união
aduaneira e livre comércio); PACTO ANDINO (Bloco formado pelos
países sul-americanos da região dos Andes. É composto por
Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela); ASSOCIAÇÃO DE
COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E DO PACÍFICO (APEC)
(Bloco fundado em 1989, inicialmente composto por alguns países
asiáticos, da bacia do Pacífico [entre eles: Brunei, Hong Kong -
desde 1997, reintegrado à China - , Indonésia Japão, Coréia do Sul,
Malásia, Filipinas, Cingapura, Taiwan, Tailândia etc... e da Oceania:
Austrália e Nova Zelândia. Posteriormente, somaram-se ao bloco,
países americanos, também da orla do Pacífico, entre eles: EUA,
Canadá, México e Chile).
Bloco Asiático: o Japão e os "Tigres Asiáticos"
Em termos de alianças regionais, a denominação "bloco asiático" é
imprecisa, pois não corresponde a uma aliança econômica,
sustentada por acordos e regras estabelecidos.
O que a expressão "bloco asiático" designa é uma região na qual se
destacam a influência econômica e os investimentos do Japão.
Foi por meio de alianças com os Estados Unidos, na década de
1950, que o Japão deu o passo decisivo para se transformar na
segunda maior economia do mundo. A intenção dos Estados Unidos
era dificultar a expansão socialista na região, mas rapidamente o
Japão demonstrou seu potencial econômico.
Em 1959, o Japão deu início à expansão econômico-financeira em
direção aos vizinhos, e seus investimentos estimularam a
industrialização e o crescimento dos países conhecidos como tigres
asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura).
Hoje, esses países se destacam como exportadores de automóveis,
produtos eletrônicos e computadores. Compõem ainda o bloco
asiático a ascendente economia chinesa, cuja industrialização é
responsável pelos elevados índices de crescimento econômico, e os
novos tigres (Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas).
A liderança japonesa também atinge a Nova Zelândia e a Austrália.
Com um nível de desenvolvimento muito maior que as demais áreas
do bloco, esses dois países representam ótimas oportunidades para
os investimentos do capital industrial e financeiro japonês.
Particularmente a Austrália, com seu vasto território e a presença de
muitos recursos naturais, é um importante exportador de matérias-
primas para toda a região.
Consequências do Neoliberalismo e da Globalização
1º. Desemprego;
2º. Aumento da pobreza;
3º. Aumento das desigualdades entre países;
4º. Crises econômicas cíclicas.
5º. Degradação do meio ambiente.
6º. Ressurgimento e acirramento de movimentos de
nacionalidades e étnico-religiosos.
7º. Fragilização do Estado-nação(1)
e formação de órgãos
supranacionais(2)
.
Obs.:
(1) O Estado-nação, resumidamente, é o modelo de estrutura
nacional criado a partir da formação do Capitalismo nos séculos XV
e XVI. Ele é baseado na ideia de autonomia de um governo sobre
um determinado território, que é povoado por indivíduos que
possuem uma série de elementos etnoculturais comuns que os
unem. Exemplo: o Brasil possui um determinado território, no qual
vivem os brasileiros, que possuem em comum certos elementos
culturais (como língua e religião) e que, soberanamente, elegem um
governo para administrá-lo.
(2) Restringem a autonomia dos países (Estado-nação),
reafirmando e consolidando o Neoliberalismo e a Globalização, já
que padronizam e regularizam determinadas ações dos países
signatários ou assistidos por esses órgãos.
Exemplo:
a) Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD) ou Banco Mundial.
Criado pela conferência de Breton Woods (1944). Concede
empréstimos para projetos de desenvolvimento e assistência
técnica. EUA são o principal acionista. Na prática, interfere, em
diversos níveis, nas políticas econômico-financeiras, sobretudo, de
países periféricos.
b) Fundo Monetário Internacional (FMI).
Também criado pela conferência de Breton Woods (1944). É uma
agência da ONU que levanta fundos para países em dificuldades.
Na prática, também realiza interferências de ordem econômico-
financeira.
c) Organização Mundial do Comércio (OMC)
Criada em abril de 1994 para substituir o GATT (Acordo Geral de
Tarifas e Comércio, que fora criado pela Conferência de Breton
Woods). Seus objetivos são: promover a integração comercial
mundial, reduzir barreiras alfandegárias e fiscalizar acordos
comerciais internacionais. Muito embora normatizem o comércio
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internacional, a OMC impõe e garante os interesses de empresas e
países do capitalismo central em relação aos periféricos.
Questões: (Nova Ordem Mundial e o Neoliberalismo e a
Globalização)
67. (FUVEST) Qual das seguintes afirmações explica,
sinteticamente, o fim da União Soviética?
A) O regime entrou em colapso porque os dirigentes estavam
desmoralizados desde as denúncias de Kruschev no XX
Congresso do Partido.
B) O regime deixou de ser sustentado pelo Exército, adversário
tradicional do Partido Comunista.
C) A vitória militar dos Estados Unidos na Guerra Fria tornou
inviável a manutenção do regime.
D) O colapso do regime deveu-se à crise generalizada da economia
estatal, combinada com o fracasso da abertura controlada de
Gorbatchev.
E) Os líderes soviéticos abandonaram a crença no socialismo e
decidiram transformar a União Soviética em um país capitalista.
68. (UFPB-1999) No dia 25 de dezembro de 1991, a bandeira
vermelha da União Soviética era retirada do Kremlin e substituída
pela bandeira tricolor da Rússia. Este ato simbólico marcava o fim
de um longo processo de desagregação daquela que havia sido
uma das duas superpotências que se enfrentaram durante a guerra
fria. Constitui-se como um dos fatores determinantes para o fim da
União Soviética:
A) O alto custo da manutenção da guerra fria, que fazia com que a
maior parte do orçamento nacional fosse destinado à indústria
bélica.
B) A insatisfação dos russos, que eram maioria dentre as
nacionalidades que compunham a União Soviética, com o
domínio militar de povos minoritários como os da Letônia,
Estônia e Lituânia.
C) O grande sucesso das reformas políticas e econômicas
implementadas por Mikhail Gorbatchev, que criaram uma nova
classe de empresários e capitalistas.
D) A fuga da elite da burocracia comunista que abandonou o país
em busca de bens de consumo e oportunidades de
investimento.
E) O grande sucesso soviético na guerra contra os guerrilheiros
muçulmanos do Afeganistão, que elevou o orgulho nacional e
provocou grandes manifestações pela democracia.
69. (Cesgranrio-2004)
(Atualidades Vestibular 2004, São Paulo: Ed. Abril, p. 219)
Em 4 de fevereiro de 2003, desaparecia, oficialmente, a Iugoslávia e
surgia o Estado da Sérvia e Montenegro. Em 2005, um plebiscito vai
decidir se Sérvia e Montenegro permanecerão unidos. Na verdade,
há interesses nesta união apesar de algumas diferenças. Um destes
interesses é:
A) Impedir que a Croácia, a Eslovênia e a Bósnia tentem dividir
territorialmente a região e, assim, enfraquece-la.
B) Diminuir a desigualdade entre ambos, já que, numericamente,
Montenegro é superior à Sérvia, tanto em população como em
território.
C) Possibilitar que o novo país venha fazer parte da União Europeia,
o que só poderá ocorrer no momento em que não houver
conflitos de qualquer natureza.
D) Manter o Estado afastado das intervenções russas que reclamam
um território anteriormente pertencente à União Soviética.
E) Fortalecer o Estado, com o apoio do exército iugoslavo, e, assim,
fazer retornar ao poder o Marechal Tito.
70. (UFG-2005) Leia o texto a seguir:
“O que levou a União Soviética com rapidez crescente para o
precipício foi a combinação de “Glasnost”, que equivalia à
desintegração de autoridade, com uma “Prestroika”, que equivalia à
destruição dos velhos mecanismos que faziam a economia
funcionar, sem oferecer qualquer alternativa; e consequentemente o
colapso cada vez mais dramático do padrão de vida dos cidadãos.”
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991).
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 468.
De acordo com o texto, a ideia de ―desintegração da autoridade‖ da
―Glasnost‖ de Gorbatchev relacionava-se com:
A) O fim do sistema unipartidário, do papel condutor do partido com
a revitalização dos ―Soviets‖.
B) A nova experiência da União Soviética rumo a uma sociedade
democrática e capitalista.
C) A legalização de pequenas empresas privadas e a bancarrota
das empresas estatais.
D) A desestruturação da economia soviética e o fim da produção
economia planejada.
E) A dissolução dos regimes comunistas satélites da Europa.
71. (UFMG-1999) A Perestroika é entendida como um processo de
transformação global do sistema socialista da antiga URSS.
Considerando-se esse processo de transformação, é CORRETO
afirmar que:
A) A opção pela interdependência entre o aparelho do Estado e o
aparelho partidário foi importante para o fim do autoritarismo
vigente na esfera das instituições sociais e políticas.
B) O incremento da indústria de armamentos, em razão da posição
hegemônica da URSS na Guerra Fria, gerou recursos
importantes para a implantação de novas estratégias
econômicas.
C) A Glasnost, como abertura democrática, abriu caminho para a
reforma do Estado e para discussões ideológicas e assegurou
transformações básicas na economia soviética.
D) O crescimento da economia soviética nos anos 80 deste século,
a taxas bastante elevadas, impulsionou o processo de
transformação do sistema socialista na URSS.
72. (CFTCE-2005) São nações que faziam parte da União Soviética,
mas, mesmo assim, se recusaram a fazer parte da CEI
(Comunidade dos Estados Independentes):
A) Polônia, Hungria e Iugoslávia.
B) Croácia, Bósnia-Herzegovina e Eslovênia.
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C) Letônia, Estônia e Lituânia.
D) Lituânia, Hungria e Croácia.
E) Letônia, Polônia e Lituânia.
ATUALIDADES
Crise no Egito: Protestos derrubam ditador
Depois de 18 dias de manifestações populares, o presidente egípcio
Hosni Mubarak renunciou ao cargo no dia 11 de fevereiro de 2011,
encerrando três décadas de ditadura. O feito, considerado histórico,
foi comemorado em todo o mundo.
O Egito é o mais populoso e influente país árabe. Nunca antes um
governante havia sido deposto por força de um movimento popular.
A primeira vez que isso aconteceu no mundo árabe foi na Tunísia,
em 14 de janeiro. Na ocasião, o presidente Zine El Abidine Ben Ali
também cedeu aos protestos e renunciou, após 23 anos no poder.
Rapidamente, a onda de protestos pró-democracia se espalhou por
outros países do Norte da África e do Oriente Médio. Os
especialistas, entretanto, eram céticos quanto à possibilidade de
queda do ditador egípcio. Isso porque o Egito possui o maior
aparato policial da região, financiado pelos Estados Unidos.
Porém, os manifestantes desafiaram o toque de recolher imposto
pelas autoridades e transformaram a praça Tahrir (libertação, em
árabe), localizada no centro do Cairo, num monumento de
resistência ao regime. No local, eles confrontaram a polícia e
simpatizantes de Mubarak. Mais de 300 pessoas morreram em duas
semanas de distúrbios.
O presidente tentou de todas as formas evitar a renúncia. Ele
prometeu que não iria concorrer às próximas eleições, marcadas
para setembro, trocou o ministério e indicou um vice. Menos de 24
horas antes da renúncia, anunciou na TV que delegaria alguns
poderes ao vice-presidente, Omar Suleiman, e faria reformas
constitucionais.
Nada disso adiantou. O último discurso do presidente somente
serviu para revoltar mais a população, que exigia sua saída. Nos
bastidores, os Estados Unidos faziam pressão diplomática para que
fosse feita a transição de poder. Sem apoio das Forças Armadas,
que sustentou sua ditadura por três décadas, só restou a renúncia,
que foi festejada nas ruas do país.
No lugar de Mubarak assumiu o Conselho Militar do Egito. Os
militares dissolveram o Parlamento e o gabinete ministerial, ambos
ligados ao ex-presidente. Em seguida, prometeram revogar a Lei de
Emergência – que há 30 anos restringe as liberdades civis – e fazer
um referendo para mudar a Constituição. A Carta vigente dá plenos
poderes ao presidente.
As Forças Armadas devem permanecer por seis meses no controle,
até a formação de um novo governo.
Ditadura
Hosni Mubarak chegou à Presidência em 14 de outubro de 1981,
oito dias depois do assassinato do presidente Anwar Al Sadat por
extremistas islâmicos. Na época, os radicais estavam descontentes
com o acordo de paz assinado com Israel em 1979.
Nos anos seguintes, com a justificativa de conter o terrorismo,
Mubarak adotou medidas cada vez mais restritivas às liberdades
políticas e civis. Ele também foi reeleito sucessivas vezes em
eleições fraudulentas e com apoio das potências ocidentais.
A situação do Egito não é diferente dos demais Estados árabes.
Eles são governados por monarquias absolutistas, ditaduras
militares ou teocracias. Por isso, as revoltas atuais são comparadas
àquelas que levaram à queda dos regimes comunistas no Leste
Europeu, no final dos anos 1980.
Durante décadas, os árabes toleraram a falta de liberdade em troca
de estabilidade econômica. A alta do preço dos alimentos e o
desemprego mudaram este quadro nos últimos meses. Outro fator
que originou o movimento foi o crescimento da população mais
jovem e mais instruída, que reivindica abertura democrática. Os
jovens usam a internet e as redes sociais para praticarem ativismo
político, o que levou os Estados árabes a aumentarem a censura à
rede.
As lideranças jovens, por outro lado, resistem à alternativa de um
Estado mulçumano. Por isso, há chances de que, após a queda dos
ditadores, haja uma inédita transição democrática nestes países,
como vem ocorrendo na Tunísia.
A saída de Mubarak não resolveu os problemas no Egito. Os
protestos prejudicaram a já debilitada economia, baseada no
petróleo e no turismo. Várias categorias continuam em greve por
melhores salários.
Além disso, décadas de ditadura deixaram um vazio político no país,
com ausência de lideranças políticas para disputar eleições livres.
Um movimento influente entre as camadas mais pobres é a
Irmandade Mulçumana, de caráter religioso, que representará risco
ao Ocidente (sobretudo a Israel) caso conquiste espaço no novo
governo. A irmandade, fundada em 1928, é o grupo fundamentalista
islâmico mais antigo.
Outra questão em aberto é o peso que a queda de Mubarak vai
provocar nos países vizinhos. Nos últimos dias, manifestações
ganharam força no Iêmen, na Argélia, na Líbia e em Bahrein, no
Golfo Pérsico.
No Irã, voltaram a ocorrer protestos, mesmo com a proibição do
governo. Em 2009, o regime iraniano reprimiu com violência
protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Alguns países anunciaram medidas econômicas, em benefício da
população, e de segurança, com o objetivo de prevenir levantes
populares. As revoltas árabes podem ainda alterar a geopolítica da
região e a diplomacia com os Estados Unidos e países europeus,
que antes toleravam ditaduras para conter o avanço dos radicais
islâmicos.
Ataques de 11 de setembro de 2001
Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, chamados
também de atentados de 11 de setembro de 2001, foram uma série
de ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda aos Estados
Unidos em 11 de setembro de 2001. Na manhã daquele dia, 19
terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões comerciais a
jato de passageiros. Ossequestradores intencionalmente bateram
dois dos aviões contra as
Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, matando
todos a bordo e muitos dos que trabalhavam nos edifícios. Ambos
os prédios desmoronaram em duas horas, destruindo construções
vizinhas e causando outros danos. O terceiro avião de passageiros
caiu contra o Pentágono, em Arlington, Virgínia, nos arredores de
Washington.
O quarto avião caiu em um campo próximo de Shanksville, na
Pensilvânia, depois que alguns de seus passageiros e tripulantes
tentaram retomar o controle do avião, que os sequestradores tinham
reencaminhado para Washington. Não houve sobreviventes em
qualquer um dos voos.
O total de mortos nos ataques foi de 2.996 pessoas, incluindo os 19
sequestradores. A esmagadora maioria das vítimas eram civis,
incluindo cidadãos de mais de 70 países. Os Estados Unidos
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responderam aos ataques com o lançamento da Guerra ao Terror e
invadiu o Afeganistão para derrubar o Taliban, que abrigou os
terroristas da Al-Qaeda. Os Estados Unidos também aprovaram o
USA PATRIOT Act. Muitos outros países também reforçaram a sua
legislação antiterrorismo e ampliaram os poderes de aplicação da
lei.
Algumas bolsas de valores estadunidenses ficaram fechadas no
resto da semana seguinte ao ataque e registraram enormes
prejuízos ao reabrir, especialmente nas indústrias aérea e de
seguro. O desaparecimento de bilhões de dólares em escritórios
destruídos causaram sérios danos à economia de Lower Manhattan,
Nova Iorque.
Alega-se que os três principais motivos para os ataques de 11 de
setembro sejam a presença dos EUA na Arábia Saudita, o apoio a
Israel por parte dos Estados Unidos, e as sanções contra o Iraque.
Estes motivos foram ditos explicitamente pela Al-Qaeda em
declarações pretéritas aos atentados, incluindo a fatwā de agosto de
1996 e um pequeno fatwā publicado em fevereiro de 1998.Após os
ataques, Bin Laden e Al-Zawahiri publicaram fitas de vídeos e fitas
de áudio adicionais, algumas delas repetindo as razões pelos
ataques. Duas dessas publicações merecem destaque: "Carta para
a América" de 2002, e um vídeo de 2004 mostrando Bin Laden.
Crise do Petróleo
As crises do petróleo abalaram seriamente a economia internacional
nas décadas de 1970 e 1980.
Transformado em uma das mais importantes fontes de energia do
mundo, o petróleo ainda ocupa posição fundamental no
sustentáculo de várias economias. Atualmente, a variação do preço
do barril no mercado internacional é capaz de provocar crises
econômicas de grandes proporções. Desde os mega investidores
até os mais simples consumidores da cadeia econômica, se
transformam em um frágil alvo das oscilações do ―diamante negro‖.
A expansão de seu consumo aconteceu, inicialmente, graças à
popularização dos automóveis produzidos em série e a utilização de
motores combustíveis em outros meios de transporte. Com isso, na
primeira metade do século XX, grandes indústrias petroleiras
buscaram capitanear a exploração desse recurso, principalmente no
Oriente Médio. Frágeis ou mesmo sem condições de controle, essas
nações viram sua riqueza nacional sistematicamente explorada.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, essa situação se
transformou com a ascensão de governos interessados em controlar
a exploração de petróleo em seus próprios países. Em posição
frágil, por conta das terríveis perdas causadas pelas guerras, as
grandes nações capitalistas não tiveram outra opção a não ser
reconhecer a nova política das nações médio-orientais. Enfim, era
melhor reduzir os lucros da exploração do que correr o risco de não
ter acesso aos valiosos barris de petróleo.
Apesar disso, outras questões políticas serviram para que o controle
exercido pelas nações do Oriente Médio causasse serias
preocupações aos grandes capitalistas. No começo da década de
1970, as nações produtoras começaram a regular o escoamento da
produção petrolífera por conta de sua natureza não renovável. Em
1973, o valor do barril mais que triplicou em um curto período de
três meses.
Nessa mesma época, a crise entre os produtores orientais e o bloco
capitalista piorou com o estouro da Guerra do Yom Kippur. Esse foi
um dos vários conflitos entre árabes e judeus envolvendo os
territórios da Palestina. Discordando da ofensiva judaica, as nações
árabes vizinhas, produtoras de petróleo, organizaram um boicote
contra toda a nação que apoiasse a causa dos israelenses. Não
suportando a elevação do barril para a casa dos US$ 40,00, vários
países abandonaram a guerra.
Outra crise de grandes proporções também aconteceu no ano de
1979, quando os iranianos organizaram a deposição do ditador Xá
Reza Pahlevi. Com a sua saída do poder, o cenário político do Irã foi
controlado pelos xiitas apoiadores do aiatolá Khomeini. Até a
organização do setor petrolífero desta nação, o barril de petróleo
atingiu o estratosférico preço de US$ 80,00. Somente na segunda
metade da década de 1980 que o valor do petróleo passou a
diminuir.
O destaque destas duas crises indica que a economia de nações
poderosíssimas está intimamente ligada a essa fonte de energia.
Sendo o petróleo um recurso natural não renovável, muitos países
investem na exploração de outras fontes de energia que possam
sustentar o quadro econômico futuro. Contudo, ainda é difícil
imaginar as várias transformações que um mundo sem petróleo
poderia exercer na economia, na sociedade e, até mesmo, no jogo
político internacional.
Crise do Euro
União monetária faz dez anos na Europa
Há dez anos, em 1o de janeiro de 2002, entrou oficialmente em
circulação o euro, a moeda única corrente em países que compõem
a União Europeia (UE). Na época, o lastro monetário simbolizava a
integração do continente que, no século 20, enfrentou duas guerras
mundiais e uma divisão ideológica que quase provocou uma
terceira. Hoje, porém, o euro é sinônimo de incertezas, numa crise
que ameaça a futuro da segunda maior economia do planeta.
A Eurozona é composta por 17 dos 27 Estados-membros da União
Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia,
Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda,
Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. Na ocasião em
que o euro foi instituído, Dinamarca, Suécia e Reino Unido optaram
por não aderir ao projeto e mantiveram suas moedas locais.
O euro é usado diariamente por 332 milhões de europeus. A moeda
também é a segunda maior reserva monetária internacional e a
segunda maior comercial, atrás somente do dólar americano.
Apesar disso, a Europa enfrenta desde 2009 uma crise de débitos
que ameaça a estabilidade do bloco, obrigando os governos a fazer
reformas impopulares. Em 2012, o desafio dos líderes europeus
será manter todos os países integrantes da Zona do Euro, de modo
a impedir o enfraquecimento da aliança.
Desde 1999, a moeda que passou a ser usada pelos europeus há
uma década já era corrente entre os mercados financeiros. Nesse
ano, os governos aboliram moedas locais como o marco alemão, a
lira italiana, a peseta espanhola e o franco (belga e francês) nas
transações comerciais entre países. O objetivo era unir mais as
nações, em um bloco com maior representação política, e gerar
mais desenvolvimento econômico, pois o sistema monetário
integrado facilitaria o comércio e os negócios entre os países.
Nos primeiros anos, tudo caminhava bem e os europeus estavam
entusiasmados com a novidade. E, mesmo não correspondendo às
projeções mais otimistas, houve crescimento de até 15% na
economia da UE. Outro benefício da adoção da moeda única foi o
controle da inflação, que em média não ultrapassa os 2%. Empresas
também pouparam dinheiro com os custos de transações cambiais –
somente na indústria automobilística, a economia chegaria a 500
milhões de euros por ano.
Grécia
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
56
Os problemas começaram com a crise econômica de 2008, que
atingiu o ―calcanhar de Aquiles‖ da Zona do Euro. Em uma década
de moeda única, não houve uma política fiscal comum que
regulasse o mercado, deixando o sistema exposto a especulações
de alto risco e endividamento desmedido dos Estados.
O colapso iniciou-se na Grécia, berço da democracia ocidental. O
país gastou muito além do que seu orçamento permitia em
programas sociais, na folha de pagamento dos servidores públicos,
em pensões e outros benefícios. Para pagar as contas, o Estado
adquiriu empréstimos junto a instituições bancárias.
A dívida pública grega atingiu 124,9% do PIB (Produto Interno
Bruto), mais do que o dobro permitido na Eurozona (60%). O déficit
no orçamento, isto é, a diferença de quanto o país gasta e quanto
arrecada, correspondia a 13,6% do PIB grego em 2009, índice mais
de quatro vezes a porcentagem tolerada de 3%.
A crise atingiu outros países da Zona do Euro, que também estão
em condições fiscais debilitadas, como Irlanda (déficit de 14,3% do
PIB), Espanha (11,2%) e Portugal (9,4%). Os déficits orçamentários
desses governos, que tiveram de socorrer a economia injetando
recursos públicos durante a crise e sofreram queda de receitas, são
os piores desde o período da Segunda Guerra Mundial.
Além disso, a ameaça de anunciarem ―calotes‖ em suas dívidas
causou desconfiança nos mercados. Como consequência, tornou-se
mais difícil para empresas e governos refinanciarem suas dívidas,
aprofundando a recessão no bloco. Em 2010, no auge da crise, o
euro acumulou perdas de 14% perante o dólar.
Os Estados enfrentaram a situação com programas e pacotes de
estímulo ao mercado. Entre as medidas, algumas impopulares,
como aumento dos impostos e corte em programas sociais, que
afetaram o modelo de justiça social do capitalismo europeu.
Atingida no bolso, a população reagiu com protestos em toda a
Europa, alguns mais organizados, como o movimento dos
―Indignados‖ na Espanha. Na esteira da crise, nove presidentes e
primeiros-ministros foram destituídos do cargo, entre eles o premiê
grego George Papandreou e o italiano Silvio Berlusconi.
No plano político, a Europa parece também ter regredido. A
insatisfação com a economia fez também ressurgir partidos de
direita e grupos de extrema direita, aprofundando divisões
ideológicas. Ainda que compartilhem moeda, bandeira e instituições
em comum, cisões entre governos mostram que falta unidade
política aos europeus, pondo em risco o plano de integração.
A despeito de todos os problemas, o risco do fim do euro é mínimo,
pois os prejuízos seriam compartilhados por todos. Se a moeda
fosse abolida, poderia haver uma valorização muito grande de
moedas nacionais fortes como o marco alemão. Isso prejudicaria as
exportações da Alemanha, gerando desemprego em massa no país.
Mesmo a saída de algum membro, como a Grécia, é algo que se
tenta evitar a todo o custo, pois afetaria a estabilidade do bloco.
Questões: (Atualidades)
73. (ENEM-2012) A maior parte dos veículos de transporte
atualmente é movida por motores a combustão que utilizam
derivados de petróleo. Por causa disso, esse setor é o maior
consumidor de petróleo do mundo, com altas taxas de crescimento
ao longo do tempo. Enquanto outros setores têm obtido bons
resultados na redução do consumo, ostransportes tendem a
concentrar ainda mais o uso de derivados do óleo. (MURTA, A.
Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011 -
adaptado).
Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo setor de
transportes e uma medida para promover a redução de seu uso
estão indicados, respectivamente, em:
A) Aumento da poluição sonora – construção de barreiras acústicas.
B) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria
automobilística.
C) Derretimento das calotas polares – incentivo aos transportes de
massa.
D) Propagação de doenças respiratórias – distribuição de
medicamentos gratuitos.
E) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão
de gás carbônico.
74. (ENEM-2012)
Texto I
A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras
forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que
não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio
de milhões de transações diárias no ciberespaço.
(ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de S. Paulo, 11
dez. 2011 – Adaptado).
Texto II
Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto
desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos.
(Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso
em: 17 ago. 2011 – Adaptado)
A comparação entre os significados da atual crise econômica e do
crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas crises,
pois:
A) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I
Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares
desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.
B) a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução
industrial nos EUA e a atual crise resultou da especulação
financeira e da expansão desmedida do crédito bancário.
C) a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países
europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se
associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes
econômicos.
D) o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao
setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na
internacionalização das empresas e no avanço da política de
livre mercado.
E) a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-
americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise
resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre
o sistema monetário.
75. (ENEM- 2011) No mundo árabe, países governados ha décadas
por regimes políticos centralizadores contabilizam metade da
população com menos de 30 anos; desses, 56% tem acesso a
internet. Sentindo-se sem perspectivas de futuro e diante da
estagnação da economia, esses jovens incubam vírus sedentos por
modernidade edemocracia. Em meados de dezembro, um
tunisianode 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio corpo
em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma série de
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57
manifestações eclode na Tunísia e, como uma epidemia, o
víruslibertário começa a se espalhar pelos países vizinhos,
derrubando em seguida o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Sites
e redes sociais – como o Facebook e o Twitter – ajudaram a
mobilizar manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico.
(SEQUEIRA, C. D.; VILLAMEA, L. A epidemia da Liberdade. Istoé
Internacional. 2 mar. 2011 - adaptado).
Considerando os movimentos políticos mencionados no texto, o
acesso à internet permitiu aos jovens árabes.
A) reforçar a atuação dos regimes políticos existentes.
B) tomar conhecimento dos fatos sem se envolver.
C) manter o distanciamento necessário a sua segurança.
D) disseminar vírus capazes de destruir programas dos
computadores.
E) difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a população.
76. (ENEM-1999) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais
veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única européia.
Leia a notícia destacada abaixo.
O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze
países europeus a partir de 1o de janeiro, é possivelmente a mais
importante realização deste continente nos últimos dez anos que
assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das
Alemanhas, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da
União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a
desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada
aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade Europeia.
A ―Euroland‖, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica,
Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e
Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase
80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por
cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro
vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.
(Gazeta Mercantil, 30/12/1998)
A matéria refere-se à ―desmontagem das estruturas do passado‖
que pode ser entendida como
A) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu
o mundo em dois blocos ideológicos opostos.
B) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos
supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico
no mundo.
C) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à
polarização ideológica da antiga URSS.
D) a confrontação dos modelos socialista e capitalista para deter o
processo de unificação das duas Alemanhas.
E) a prosperidade das economias capitalista e socialista, com o
consequente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS.
77. (ENEM-2009) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as
décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria
instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de
conflitos e pela multipolaridade. O panorama estratégico do mundo
pós-Guerra Fria apresenta:
A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às
disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de
ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime
organizado.
B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares
das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade
nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da
Guerra Fria.
C) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções
militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser
realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com
maior envolvimento de países emergentes.
D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a
possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global,
devido à crescente consciência política internacional acerca
desse perigo.
E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se
submetem às decisões da ONU no que concerne às ações
militares.
78. (ENEM-2009) Com a perspectiva do desaparecimento das
geleiras no Polo Norte, grandes reservas de petróleo e minérios,
hoje inacessíveis, poderão ser exploradas. E já atiçam a cobiça das
potências. (KOPP, D. Guerra Fria sobre o Ártico. Le monde
diplomatique Brasil. Setembro, n. 2, 2007 - adaptado).
No cenário de que trata o texto, a exploração de jazidas de petróleo,
bem como de minérios – diamante, ouro, prata, cobre, chumbo,
zinco – torna-se atraente não só em função de seu formidável
potencial, mas também por:
A) situar-se em uma zona geopolítica mais estável que o Oriente
Médio.
B) possibilitar o povoamento de uma região pouco habitada, além
de promover seu desenvolvimento econômico.
C) garantir, aos países em desenvolvimento, acesso a matérias-
primas e energia, necessárias ao crescimento econômico.
D) contribuir para a redução da poluição em áreas ambientalmente
já degradadas devido ao grande volume da produção industrial,
como ocorreu na Europa.
E) promover a participação dos combustíveis fósseis na matriz
energética mundial, dominada, majoritariamente, pelas fontes
renováveis, de maior custo.
79. (ENEM-2008) Um dos insumos energéticos que volta a
serconsiderado como opção para o fornecimento de petróleo é o
aproveitamento das reservas de folhelhos pirobetuminosos, mais
conhecidos como xistos pirobetuminosos. As ações iniciais para a
exploração de xistos pirobetuminosos são anteriores à exploração
de petróleo, porém as dificuldades inerentes aos diversos
processos, notadamente os altos custos de mineração e de
recuperação de solos minerados, contribuíram para impedir que
essa atividade se expandisse.
O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de xisto. O xisto é
mais leve que os óleos derivados de petróleo, seu uso não implica
investimento na troca de equipamentos e ainda reduz a emissão de
particulados pesados, que causam fumaça e fuligem. Por ser fluido
em temperatura ambiente, é mais facilmente manuseado e
armazenado. (Internet: <www2.petrobras.com.br>- com adaptações).
A substituição de alguns óleos derivados de petróleo pelo óleo
derivado do xisto pode ser conveniente por motivos:
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58
A) ambientais: a exploração do xisto ocasiona pouca interferência
no solo e no subsolo.
B) técnicos: a fluidez do xisto facilita o processo de produção de
óleo, embora seu uso demande troca de equipamentos.
C) econômicos: é baixo o custo da mineração e da produção de
xisto.
D) políticos: a importação de xisto, para atender o mercado interno,
ampliará alianças com outros países.
E) estratégicos: a entrada do xisto no mercado éoportuna diante da
possibilidade de aumento dos preços do petróleo.
80. (ENEM-2008) O potencial brasileiro para gerar energia a partir
dabiomassa não se limita a uma ampliação do Pró-álcool. O país
pode substituir o óleo diesel de petróleo por grande variedade de
óleos vegetais e explorar a alta produtividade das florestas tropicais
plantadas. Além da produção de celulose, a utilização da biomassa
permite a geração de energia elétrica por meio de termelétricas a
lenha, carvão vegetal ou gás de madeira, com elevado rendimento e
baixo custo.
Cerca de 30% do território brasileiro é constituído por terras
impróprias para a agricultura, mas aptas à exploração florestal. A
utilização de metade dessa área, ou seja, de 120 milhões de
hectares, para a formação de florestas energéticas, permitiria
produção sustentada do equivalente a cerca de 5 bilhões de barris
de petróleo por ano, mais que o dobro do que produz a Arábia
Saudita atualmente. (José Walter Bautista Vidal. Desafios
Internacionais para o século XXI. Seminário da Comissão de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, ago./2002 -
com adaptações).
Para o Brasil, as vantagens da produção de energia a partir da
biomassa incluem:
A) implantação de florestas energéticas em todas as regiões
brasileiras com igual custo ambiental e econômico.
B) substituição integral, por biodiesel, de todos os combustíveis
fósseis derivados do petróleo.
C) formação de florestas energéticas em terras impróprias para a
agricultura.
D) importação de biodiesel de países tropicais, em que a
produtividade das florestas seja mais alta.
E) regeneração das florestas nativas em biomas modificados pelo
homem, como o Cerrado e a Mata Atlântica.
81. (ENEM-2008) Na América do Sul, as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc) lutam, há décadas, para impor
um regime de inspiração marxista no país. Hoje, são acusadas de
envolvimento com o narcotráfico, o qual supostamente financia suas
ações, que incluem ataques diversos, assassinatos e sequestros.
Na Ásia, a Al Qaeda, criada por Osama bin Laden, defende o
fundamentalismo islâmico e vê nos Estados Unidos da América
(EUA) e em Israel inimigos poderosos, os quais deve combater sem
trégua. A mais conhecida de suas ações terroristas ocorreu em
2001, quando foram atingidos o Pentágono e as torres do World
Trade Center.
A partir das informações acima, conclui-se que:
A) as ações guerrilheiras e terroristas no mundo contemporâneo
usam métodos idênticos para alcançar os mesmos propósitos.
B) o apoio internacional recebido pelas Farc decorre do
desconhecimento, pela maioria das nações, das práticas
violentas dessa organização.
C) os EUA, mesmo sendo a maior potência do planeta, foram
surpreendidos com ataques terroristas que atingiram alvos de
grande importância simbólica.
D) as organizações mencionadas identificam-se quanto aos
princípios religiosos que defendem.
E) tanto as Farc quanto a Al Qaeda restringem sua atuação à área
geográfica em que se localizam, respectivamente, América do
Sul e Ásia.
82. (ENEM-2006) O funcionamento de uma usina núcleo elétrica
típicabaseia-se na liberação de energia resultante da divisão do
núcleo de uranio em núcleos de menor massa, processo conhecido
como fissão nuclear. Nesse processo, utiliza-se uma mistura de
diferentes átomos de uranio, de forma a proporcionar uma
concentração de apenas 4% de material físsil. Em bombas
atômicas, são utilizadas concentraçõesacima de 20% de uranio
físsil, cuja obtenção e trabalhosa, pois, na natureza, predomina o
uranio não-físsil.
Em grande parte do armamento nuclear hoje existente, utiliza-se,
então, como alternativa, o plutônio, material físsilproduzido por
reações nucleares no interior do reator das usinas núcleo elétricas.
Considerando-se essas informações, é correto afirmar que:
A) a disponibilidade do uranio na natureza esta ameaçada devido a
sua utilização em armas nucleares.
B) a proibição de se instalarem novas usinas núcleo elétricas não
causara impacto na oferta mundial de energia.
C) a existência de usinas núcleo elétricas possibilita que um de seus
subprodutos seja utilizado como material bélico.
D) a obtenção de grandes concentrações de uranio físsile
viabilizada em usinas núcleo elétricas.
E) a baixa concentração de uranio físsil em usinas núcleo elétricas
impossibilita o desenvolvimento energético.
1. Capitalismo e Socialismo p. 60
2. Nova Ordem Mundial, Blocos Econômicos e Organizações Mundiais
p. 60
3. Conflitos Mundiais p. 64 4. América Anglo-Saxônica p. 65 5. Continente Europeu p. 66 6. Japão p. 70 7. Austrália e Nova Zelândia p. 71 8. América Latina p. 72 9. África p. 73 10. Oriente Médio p. 76 11. Sul da Ásia p. 77 12. China p. 78 13. Tigres Asiáticos p. 79 14. Exercícios p. 80
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia
60
CAPITALISMO E SOCIALISMO: da Guerra-fria à nova ordem
I - A velha ordem mundial
Após a Segunda Guerra Mundial e a Conferência de Potsdam
(1945), o território alemão foi dividido entre as potências vencedoras
(França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética) e a Guerra
Fria passa a ser evidenciada. A capital Berlim posteriormente foi
ocupada a oeste pelos capitalistas e a leste pelos socialistas.
O cenário político mundial no pós-guerra ficou marcado pela
bipolaridade existente entre as potências vencedoras da II Guerra:
EUA - liderando os países capitalistas e a URSS liderando os países
socialistas.
O antagonismo ficará evidente com a organização em 1947 da
Doutrina Truman que expressava a necessidade de conter os
avanços socialistas. Planos de reconstrução: Plano Marshall na
Europa e do Plano Colombo no Japão. Por outro lado a URSS
organizou também seu plano de ajuda econômica através do
COMECON.
Ainda no período da Guerra Fria foram criadas organizações
militares: a OTAN e o Pacto de Varsóvia.
II - Capitalismo, economia de mercado
Objetiva a geração do lucro obtido através da produção de
mercadorias; baseia-se na propriedade privada dos bens.
– o capitalismo liberal – XVIII e XIX - pequenas e numerosas
empresas competiam entre si, baseando-se na Lei da Oferta e da
Procura (Adam Smith).
– o capitalismo monopolista – primeira metade do século XX –
caracteriza-se pela concentração de capitais e pela formação de
grandes monopólios e oligopólios, proporcionando um
enfraquecimento da livre concorrência. Crise de 1929: excesso de
produção industrial e agrícola. Para contornar a crise o estado
passa a interferir de forma direta na economia sendo assim
denominado capitalismo de Estado no período de 1930 a 1970. As
políticas públicas implementadas pelo Estado passam a ser
estruturadas recebendo a denominação de Estado do Bem-Estar
Social (Welfare State), assumindo o papel de mediador entre o
capital e o trabalho. Além de desenvolver um sistema assistencial
nos campos da educação, saúde, habitação, previdência social.
- o neoliberalismo – a partir de 1970 surge a política neoliberal que
defende o afastamento do Estado para que ocorra a livre
concorrência. Com o crescimento desta política em países
desenvolvidos a partir da década de 1980 observa-se a adoção da
mesma nos países periféricos ocorrendo o afastamento do Estado
na vida econômica e social objetivando diminuir dividas facilitando o
livre deslocamento do capital, privatização de empresas, estradas e
a redução do poder dos sindicatos e, por conseguinte da classe
trabalhadora.
III – Diferenças no nível de desenvolvimento
- Países desenvolvidos – Países centrais – economia plenamente
desenvolvida, diferenças sociais reduzidas e disponibilidade de bens
e serviços sociais para a sua população, população urbana, elevada
expectativa de vida, índice de analfabetos e de mortalidade infantil
reduzidos. Alta produtividade do setor primário e baixa ocupação, os
setores secundários e terciários investem na ciência e na tecnologia
denominados de tecnologia de ponta: robótica, telemática, satélites
artificiais, microeletrônica, biotecnologia. Enfrentam problemas como
o desemprego crescente e a poluição do meio ambiente.
- Países subdesenvolvidos ou periféricos – são economias
menos desenvolvidas abrangendo em geral três quartos da
população planetária. Apresentam-se como uma herança colonial, o
setor primário absorve um grande número de trabalhadores, nem
sempre apresenta elevada produtividade, tendo sua produção
direcionada ao mercado externo constituindo como fornecedores de
matéria-prima. Elevado endividamento externo, facilitam a entrada
do capital externo através da instalação de conglomerados
transnacionais que aproveitam da mão-de-obra e dos incentivos
fiscais oferecidos pelo Estado, assim como a flexibilidade das Leis
direcionadas a preservação do meio ambiente e o não controle da
remessa de lucros. Apresentam graves problemas sociais como
altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil, déficit
habitacional, desemprego crescente e predomínio da população
rural e o crescimento da população urbana não acompanhada pela
oferta de trabalho ocasionando a hipertrofia do setor terciário.
Apresentam diferenças existindo grupos distintos a exemplo dos
países subdesenvolvidos industrializados: Argentina, Brasil, México,
África do Sul, Índia, Malásia, Coreia do Sul e Taiwan e nos últimos
anos destacam-se o Chile, a Indonésia, Tailândia, Turquia e
Filipinas.
IV - Socialismo – economia planificada – objetiva o bem estar
social, a eliminação das desigualdades sociais. A partir do século
XVIII surge o socialismo utópico como reação aos problemas sociais
causados pela Revolução Industrial. No século XIX surge o
socialismo científico defendendo que o capitalismo provoca o
aprofundamento das desigualdades sociais uma vez que os meios
de produção são privados e o desenvolvimento deste sistema
provoca o surgimento de crises econômicas. Destaque para Karl
Marx e Friedrich Engels A Rússia adota o socialismo após uma
revolução em 1917 e transforma-se em URSS em 1922 com a
anexação de várias Repúblicas vizinhas. A economia planificada
consiste na organização de um plano que determina o
funcionamento da economia. Os meios de produção são públicos ou
estatais e as decisões da economia são centralizadas. Porém, a
excessiva centralização das decisões desestimulou a criação e
inovação tecnológica. Ainda contribuíram para o fracasso do
sistema socialista o excesso de burocracia e a prioridade dos
setores militares impediu o avanço econômico destes países nos
outros setores econômicos resultando em um baixo nível de
crescimento.
Ao final da década de 1980 a profunda crise econômica e política
atingem a URSS e os países socialistas. A partir da década de 1990
as nações planificadas vêm procurando limitar a planificação da
economia ou substituí-la por mecanismos de mercado.
V – Mundo Pós-Guerra Fria
A nova ordem mundial surge com a fragmentação do sistema
Socialista e as mudanças no mundo capitalista com o avanço do
desenvolvimento tecnológico tornando o espaço mais artificializado,
sobretudo nos países centrais e algumas áreas periféricas. A
internacionalização do capital produtivo avança nos países
periféricos em busca de mão-de-obra disponível com baixos
salários, incentivos fiscais e a remessa total dos lucros.
VI - Globalização
Como o declínio do socialismo e a formação do mundo multipolar,
muitos países, antes socialistas, passaram a adotar a economia de
Mercado
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61
O processo de globalização está extremamente ligado às
revoluções tecnológicas, porque foram elas que deram dinamismo e
rapidez ao mercado. As tecnologias que podem ser deferidas a essa
questão está principalmente nas telecomunicações e no transporte,
nas telecomunicações houve um desenvolvimento muito grande nas
telefonias (telefones fixos, fax e celulares que facilitam as
comunicações entre empresas facilitando a importação e
exportação, empresas e consumidores, as direções são tomadas
em um país e repassadas minutos depois, e posteriormente surgiu a
internet, mais rápida e mais eficiente, facilitando os fluxos de
capitais e investimentos, por fim, os satélites melhoraram a difusão
de informações através dos veículos de comunicação em massa,
como televisão e rádio), nos transportes as tecnologias foram nas
rodovias, hidrovias, ferrovias, portos e aeroportos e também nos
próprios meios de transportes (caminhões mais modernos e rápidos,
balsas e barcos com boa capacidade de cargas e de velocidade,
ferrovias, os navios estão mais modernos com maior capacidade de
peso e velocidade e esses são os mais importantes no processo de
importação e exportação, já que 75% dos fluxos das mercadorias
ocorrem nesse transporte).
Com todos os aparatos tecnológicos foi possível haver um aumento
significativo nas relações entre os países, relações essas que
provocaram a expansão das multinacionais ou transnacionais, e
também uma globalização da produção.
Na mesma proporção que aumentaram as tecnologias e as relações
comerciais entre os países também atingiu a adequação às novas
exigências de um mercado mundial cada vez mais competitivo,
iniciando uma nova etapa, com a formação de gigantescos impérios
empresariais como as megafusões (fusão de grandes empresas que
tem como finalidade fortalecer e dominar o mercado) e os
monopólios (são empresas que se juntam e dominam por completo
um mercado, é o mesmo que cartel).
Atualmente existe uma nova ordem mundial na produção
representada pela DIT (divisão internacional do trabalho), na nova
divisão do trabalho alguns países, antes apenas produtores de
matéria prima para as indústrias, agora se tornaram, mesmo que
parcialmente, industrializados.
A divisão internacional do trabalho remete à globalização da
produção no qual um único produto tem várias origens, por exemplo,
um automóvel é montado no Brasil, mas as peças que o compõe
vêm de outras nacionalidades, os bancos da china, pneus da
Indonésia, motores da Argentina, painéis da Tailândia etc., isso
ocorre por que as indústrias buscam os melhores preços, com o
intuito de diminuir os custos e aumentar os lucros.
A competitividade econômica das empresas e dos países gerou
outras vertentes econômicas, regionalizado áreas denominadas de
blocos econômicos, dentre os principais temos o MERCOSUL 1991,
União Europeia surgiu no final da década de 1950, NAFTA, APEC e
organizações como OMC (Organização Mundial do Comércio).
A globalização está inserida nas revoluções tecnológicas, e todo
esse processo, mesmo que não nos atentamos, atinge nossas
vidas, a maior evidência disso são os postos de trabalho que deram
lugar a uma máquina há cerca de dez, por exemplo, não existia a
quantidade de caixas eletrônicos que existe hoje, tudo era feito por
uma pessoa, com isso podemos estabelecer uma análise que cada
caixa presente nos bancos pode representar um posto de trabalho
extinto.
Fim do Emprego?
De acordo com estudiosos, o avanço tecnológico poderá acabar
com a maioria dos empregos atuais, outros especialistas acham que
as inovações acabam gerando novos postos de trabalho, o mercado
do mundo globalizado exige mão-de-obra qualificada, hoje em dia, o
importante para o mercado de trabalho é que as pessoas tenham
capacidade de exercer múltiplas funções, é preciso ter, além disso,
qualificação e escolaridade. Em suma, para o desenvolvimento dos
profissionais torna-se necessário investimento em escolas,
universidades e centros de pesquisas científicas.
VII - Etapas da integração econômica:
1ª Zona de Livre Comércio – as mercadorias dos países membros
podem circular livremente. Neste caso as tarifas alfandegárias são
progressivamente reduzidas e posteriormente eliminadas.
2ª União Aduaneira – além do livre comércio, ocorre entre os países
membros a negociação de tarifas alfandegárias comuns a ser
utilizada para com o comércio com outros países.
3ª Mercado Comum – consiste na efetiva integração econômica
através das fases anteriores e acrescenta a livre circulação de
pessoas, serviços e capitais.
4ª União Monetária – com o mercado comum em funcionamento,
esta fase consistirá na coordenação das políticas econômicas dos
países membros e na criação de um banco central para emitir a
moeda utilizada por todos.
5ª União Política – envolve todas as demais etapas e consiste na
unificação das políticas de relações internacionais, defesa,
segurança externa.
Regionalização uma face da globalização
Mundo bipolar: EUA X URSS.
Mundo multipolar: vários pólos mundiais de poder.
As estruturas de poder global: BIRD, FMI, OMC.
VIII - MODALIDADES DE INTEGRAÇÃO REGIONAL
Os blocos econômicos existentes no mundo são classificados a
partir dos acordos estabelecidos entre eles, e podem ser agrupados
em:
Zona de preferência tarifária - é o processo mais simples de
integração em que os países pertencentes ao bloco gozam de
tarifas mais baixas do que as tarifas aplicadas a outros que não
possuem acordo preferencial. É o caso da ALADI (Associação
Latino-Americana de Integração);
Zona de livre comércio - reúne os países através de acordos
comerciais que visam exclusivamente à redução ou eliminação de
tarifas aduaneiras entre os países-membros do bloco. Só é
considerada uma Zona de Livre Comércio quando pelo menos
80% dos bens são comercializados sem taxas alfandegárias. O
principal exemplo é o Nafta (Acordo de Livre Comércio da
América do Norte), formado por Estados Unidos, Canadá e
México;
União aduaneira - é um estágio mais avançado de integração.
Além dos países eliminarem as tarifas aduaneiras entre si,
estabelecem as mesmas tarifas de exportação e importação TEC
(Tarifa Externa Comum) para o comércio internacional fora do
bloco. A união aduaneira exige que pelo menos 85% das trocas
comerciais estejam totalmente livres de taxas de exportação e
importação entre os países-membros. Apesar de abrir as
fronteiras para mercadorias, capitais e serviços, não permite a
livre circulação de trabalhadores. O principal exemplo é o
Mercosul (Mercado Comum do Sul), composto por Brasil,
Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. Chile, Bolívia,
Peru, Colômbia e Equador são países associados ao Mercosul,
ou seja, participam do livre comércio, mas não da união
aduaneira;
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Mercado comum - visa à livre circulação de pessoas,
mercadorias, capitais e serviços. O único exemplo é a União
Europeia, que, além de eliminar as tarifas aduaneiras internas e
adotar tarifas comuns para o mercado fora do bloco, permite a
livre circulação de pessoas, mão-de-obra, capitais e todo tipo de
serviços entre os países-membros. A UE é formada por 27
membros, após a adesão de 10 novos países, em maio de 2004.
Em 2007, incluíram-se também Romênia e Bulgária na União
Europeia;
União econômica e monetária - é formada pelos países da
União Europeia, que, em 1º de janeiro de 2002, adotaram o euro
como moeda única. Apenas 13 países pertencem à zona do euro:
Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália,
Luxemburgo, Holanda (Países Baixos), Portugal, Grécia,
Espanha e Eslovênia
IX - BLOCOS ECONÔMICOS
ALCA
Acordo de Livre Comércio das Américas
A ALCA surge em 1994 com o objetivo de eliminar as barreiras
alfandegárias entre os 34 países americanos (exceto Cuba). O
prazo mínimo para a sua formação é de 7 anos, quando poderá
transformar-se em um dos maiores blocos comerciais do mundo.
Com o PIB total de 12,5 trilhões de dólares (maior que o da União
Europeia - U.E.), os países da ALCA somam uma população de 790
milhões de habitantes, o dobro da registrada na U.E. Na prática, sua
formação significa abortar os projetos de expansão do MERCOSUL
e estender o NAFTA para o restante das Américas.
Os EUA são os maiores interessados em fechar o acordo. O país
participa de vários blocos comerciais e registrou em 2000 um déficit
comercial de quase 480 bilhões de dólares. Precisa, portanto,
exportar mais para gerar saldo em sua balança comercial. Com uma
área livre de impostos de importação, os norte-americanos poderiam
suprir as demais nações da América com suas mercadorias.
Em maio de 2002, é aprovado nos EUA o fast-track, que permite
que o presidente do país possa negociar acordos comerciais,
permitindo ao Congresso apenas aprovar ou não os acordos, sem
fazer qualquer tipo de emenda ou modificação no texto original. A
criação do fast-track está ajudando os EUA a agilizar a
implementação da ALCA.
A grande preocupação da comunidade latino-americana, que gera a
maioria das reclamações por parte dos críticos à formação do bloco,
assim como a preocupação por parte dos governos dos países que
irão fazer parte da ALCA, diz respeito as barreiras não-tarifárias (leis
antidumping, cotas de importação e normas sanitárias) que são
aplicadas pelos EUA. Apesar da livre circulação de mercadorias,
essas barreiras continuariam a dificultar a entrada de produtos
provenientes da América Latina naquele mercado.
APEC
Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
A APEC, Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, foi criada
no ano de 1989 na Austrália, como um fórum de conversação entre
os países membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste
Asiático) e seis parceiros econômicos da região do Pacífico, como
EUA e Japão. Porém, apenas no ano de 1994 adquiriu
características de um bloco econômico na Conferência de Seattle,
quando os membros se comprometeram a transformar o Pacífico
em uma área de livre comércio.
A criação da APEC surgiu em decorrência de um intenso
desenvolvimento econômico ocorrido na região da Ásia e do
Pacífico, propiciando uma abertura de mercado entre 20 países
mais Hong Kong (China), além da transformação da área do
sudeste asiático em uma área de livre comércio nos anos que
antecederam a criação da APEC, causando um grande impacto na
economia mundial.
Um aspecto estratégico da aliança, é aproximar a economia norte-
americana dos países do Pacífico, a para contrabalançar com as
economias do Japão e de Hong Kong.
Entre os aspectos positivos da criação da APEC estão o
desenvolvimento das economias dos países membros que
expandiram seus mercados, sendo que hoje em dia, além de
produzirem sua mercadoria, correspondem a 46% das exportações
mundiais, além da aproximação entre a economia norte americana e
os países do Pacífico e o crescimento da Austrália como
exportadora de matérias primas para outros países membros do
bloco.
Como aspectos negativos, pode-se salientar que um dos maiores
problemas da APEC, senão o maior é a grande dificuldade em
coincidir os diferentes interesses dos países membros e daqueles
que estão ligados ao bloco, como Peru, Nova Zelândia, Filipinas e
Canadá. Além disso, o bloco tem pouco valor em relação a
Organização Mundial do Comércio, mesmo sendo responsável por
grande movimentação no comércio mundial.
Países Membros: os países membros da APEC são: Austrália,
Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia,
Filipinas, Cingapura, Coreia do Sul, Tailândia, Estados Unidos,
China, Hong Kong, Taiwan, México, Papua, Nova Guiné e Chile.
Relação com o Brasil: a relação da APEC com o Brasil não é muito
direta ou explícita, porém alguns países membros da APEC,
também fariam parte da ALCA, caso seja realmente formada, além
de uma reunião que foi criada pelos membros do Foro de
Cooperação Econômica Ásia-Pacífico que discutiu a globalização e
durou sete dias, na qual o Brasil foi um dos temas junto com outros
países da América Latina, discutindo-se a relação entre os países.
O bloco está dividido quanto a questão do petróleo, pois vários de
seus membros são produtores e estão satisfeitos com a alta nos
preços, em quanto aqueles que precisam comprar o petróleo brigam
para que o preço diminua.
MERCOSUL
Mercado Comum do Sul
Criado em 1991, o MERCOSUL é composto por Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguai, países sul-americanos que adotam políticas de
integração econômica e aduaneira. A origem do MERCOSUL está
nos acordos comerciais entre Brasil e Argentina elaborados em
meados dos anos 80.
A partir do início da década de 90, o ingresso do Paraguai e do
Uruguai torna a proposta de integração mais abrangente. Em 1995
instala-se uma zona de livre comércio.
Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos países-membros
podem ser comercializadas internamente sem tarifa de importação.
Alguns setores, porém, mantém barreiras tarifárias temporárias, que
deverão ser reduzidas gradualmente. Além da extinção de tarifas
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internas, o MERCOSUL estipula a união aduaneira, com a
padronização das tarifas externas para diversos itens.
Ou seja: os países-membros comprometem-se a manter a mesma
alíquota de importação para determinados produtos.
Os países-membros totalizam uma população de 206 milhões de
habitantes e um PIB de 1,1 trilhão de dólares. A sede do
MERCOSUL se alterna entre as capitais desses países. Segundo
cláusula de 1996 só integram o MERCOSUL nações com
instituições políticas democráticas. Chile e Bolívia são membros
associados, assinando tratado para a formação de zona de livre
comércio, mas não entram na união aduaneira.
NAFTA
Acordo de Livre Comércio da América do Norte
O NAFTA é um instrumento de integração entre a economia dos
EUA, do Canadá e do México. O primeiro passo para sua criação é
o tratado de livre comércio assinado por norte-americanos e
canadenses em 1988, ao qual os mexicanos aderem em 1992.
A ratificação do NAFTA, em 1993, vem para consolidar o intenso
comércio regional já existente na América do Norte e para enfrentar
a concorrência representada pela União Europeia. Entra em vigor
em 1994, estabelecendo o prazo de 15 anos para a total eliminação
das barreiras alfandegárias entre os três países. Seu mais
importante resultado até hoje é a ajuda financeira prestada pelos
EUA ao México durante a crise cambial de 1994, que teve grande
repercussão na economia global.
UE
União Europeia
Conhecido inicialmente como Comunidade Econômica Europeia
(CEE), o bloco econômico formado por 15 países da Europa
Ocidental passa formalmente a ser chamada de UNIÃO EUROPEIA
(EU) em 1993, quando o Tratado de Maastricht entra em vigor. É o
segundo maior bloco econômico do mundo em termos de PIB, com
uma população de 374 milhões de pessoas.
Histórico:
1951 - Criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
1957 - Tratado de Roma (Comunidade Econômica Europeia -
Europa dos 6)
1992 - Consolidação do Mercado Comum Europeu (eliminação das
barreiras alfandegárias)
1993 - Entra em vigor o Tratado de Maastricht (Holanda), assinado
em 1991 -Membros: França, Itália, Luxemburgo, Holanda, Bélgica,
Alemanha (1957), Dinamarca, Irlanda, Reino Unido (1973), Grécia,
Espanha, Portugal (1981/1986), Áustria, Suécia e Finlândia.
Em 2004 ocorreu o ingresso de mais 10 países: Letônia, Estônia,
Lituânia, Eslovênia, República Tcheca, Eslováquia, Polônia,
Hungria, Malta e Chipre.
CEI
Comunidade dos Estados Independentes
A CEI é uma organização criada em 1991 que integra 12 das 15
repúblicas que formavam a URSS. Ficam de fora apenas os três
Estados bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia.
Sediada em Minsk, capital da Belarus, organiza-se em uma
confederação de Estados, preservando a soberania de cada um.
Sua estrutura abriga dois conselhos: um formado pelos chefes de
Estados, e outro pelos chefes de Governo, que se encontram de
três em três meses.
No ato de criação, a comunidade prevê a centralização das Forças
Armadas e o uso de uma moeda comum: o Rublo. Na prática,
porém, as ex-repúblicas não chegam a um consenso sobre
integração político-econômica. Somente em 1997 todos os
membros, exceto a Geórgia, assinam um acordo para estabelecer
uma união alfandegária e dobrar o comércio interno até o ano de
2000.
X - GRANDES ORGANIZAÇÕES MUNDIAIS
Grupo dos 8
O G-8 é formado pelos 8 países mais industrializados do mundo e
tem como objetivo coordenar a política econômica e monetária
mundial. Em reunião realizada em 1997, em Denver (EUA), a
Federação Russa é admitida como país-membro, mas não participa
das discussões econômicas. O G-8 realiza três encontros anuais,
sendo o mais importante a reunião de chefes de governo e de
Estado, quando os dirigentes assinam um documento final que deve
nortear as ações dos países membros.
O grupo nasce em 1975 da iniciativa do então primeiro-ministro
alemão Helmut Schmidt e do presidente francês Valéry Giscard
d'Estaign. Eles reúnem-se com líderes dos EUA, do Japão e da Grã-
Bretanha para discutir a situação da política econômica
internacional.
A partir dos anos 80, esses países passam a discutir também temas
gerais, como drogas, democracia e corrupção. Com a admissão da
Itália e Canadá, passa a ser chamado de Grupo dos Sete. O
presidente russo Boris Iéltsin participa como convidado especial da
reunião do G-7 desde 1992. A oficialização da entrada da
Federação Russa pelo presidente dos EUA, Bill Clinton, é uma
resposta ao fato de Iélsin ter aceitado o ingresso dos países da ex-
URSS na OTAN.
OMC
Organização Mundial do Comércio
Com sede em Genebra, na Suíça , a OMC visa promover e regular o
comércio entre as nações. É criada em 1995, em substituição ao
Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), que já realizara várias
rodadas de negociação multilaterais para a redução de barreiras
comerciais. Em 1998, a OMC conta com 132 membros.
Em 2002, a China, que possui a maior população do planeta e o 6
maior PIB mundial, ingressa na OMC, o que implicaria na aplicação
das regras mundiais do comércio internacional com a China.
ONU
Organização das Nações Unidas
A ONU é o organismo internacional que surge no final da II Guerra
Mundial em substituição à Liga das Nações. Tem como objetivos
manter a paz, defender os direitos humanos e as liberdades
fundamentais e promover o desenvolvimento dos países em escala
mundial. Sua primeira carta é assinada em junho de 1945, por 50
países, em San Francisco, nos EUA.
Atualmente, a ONU é integrada por 185 dos 192 Estados do mundo.
Nos últimos anos enfrenta uma crise financeira e política. Vários
países-membros têm atrasado o pagamento das contribuições
acumulando uma dívida total de US$2,5 bilhões, dos quais US$1,5
bilhão só dos EUA, o maior devedor.
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A crise política está relacionada à necessidade de redefinição de
seu papel no mundo pós-guerra Fria. Em 1997, um plano de reforma
apresentado pela Secretaria Geral da entidade propõe a redução
radical do número de departamentos, funcionários e funções da
organização. O objetivo é concentrar suas atividades nos processos
de paz e no desenvolvimento geral das nações.
Cinco órgãos principais compõe a ONU: a Assembléia Geral, o
Conselho de Segurança, a Secretaria Geral, o Conselho Econômico
e Social e a Corte Internacional de Justiça. Há ainda o Conselho de
Tutela, instituído para supervisionar os territórios que se
encontravam sob administração e proteção da organização.
Desativado em 1997, três anos após a independência da última
colônia, Palau, só se reúne em caso de necessidade.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 países-
membros, sendo que 5 são membros permanentes com direito a
veto (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e Inglaterra) e
10 são membros temporários com mandato de 2 anos. Estuda-se a
possibilidade da criação de mais vagas permanentes, além do fim
do veto.
XI - O MUNDO EM CONFLITO
Os conflitos são classificados em quatro categorias, de acordo com
as forças em luta. A primeira envolve dois ou mais Estados. As
demais são disputas internas: guerra civil ou guerrilha para
mudança de regime; separatista resultante de ocupação estrangeira;
e separatista no interior de um Estado. Os conflitos podem também
ter forte conotação étnica ou religiosa. A guerra civil no Afeganistão,
por exemplo, opõe fundamentalistas muçulmanos da milícia Taliban
(patane) a grupos islâmicos de outras etnias (tadjique, uzbeque e
hazará). A origem religiosa distinta é fonte de tensão no Sri Lanka,
onde tâmeis (hinduístas) e cingaleses (budistas) estão em luta
desde os anos 80.
Ao todo, 36 confrontos armados estavam acontecendo no mundo
em 2000, segundo o anuário The Military Balance, com sede em
Londres, no Reino Unido. Deste total, 27 são conflitos internos e
nove são guerras internacionais. O número de mortos ultrapassa
100 mil, sendo que 60% das fatalidades ocorrem em solo africano.
O fato de maior destaque no cenário internacional é a ruptura do
processo de paz entre palestinos e israelenses no Oriente Médio,
com a eclosão dos mais violentos choques na região desde a
Intifada. O ano registra, por outro lado, um importante passo em
direção à paz, dado pelos dirigentes da Coreia do Norte e do Sul na
histórica reunião de cúpula ocorrida em junho.
Guerra entre Estados – Embate entre exércitos nacionais
regulares. Até o final de 2000, o mais sério deles é a disputa entre
Índia e Paquistão, duas potências nucleares, pela posse da região
da Caxemira. Vários países do centro e do sul da África também
intervêm na guerra civil em curso na República Democrática do
Congo (RDC).
Guerra civil ou guerrilha – Conflito em que grupos armados
ambicionam derrubar o governo de um determinado país. Um dos
mais expressivos são as Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (Farc), que controlam uma área desmilitarizada de 42 mil
km2 na nação. Em Angola e Serra Leoa, os guerrilheiros da União
Nacional para a Independência total de Angola (Unita) e da Frente
Revolucionária Unida (FRU) intensificam, respectivamente, a luta
contra o governo desses países.
PRINCIPAIS CONFLITOS MUNDIAIS
1 – TIBETE
Luta pela autonomia do Tibete, região dominada pelos chineses de
1720 a 1912 e a partir de 1950. Os conflitos na região já deixaram
mais de 1,2 milhão de mortos desde 1950. O 14º Dalai Lama,
Tenzin Gyatso, é o líder espiritual e político dos tibetanos.
2 – PAÍS BASCO
Região localizada entre a França e a Espanha (onde está a maior
parte do território basco). A ação do ETA (Pátria Basca e Liberdade)
grupo terrorista que luta pela independência da região se concentra
na Espanha.
3 – CAXEMIRA
A região, que está na sua maior parte sob domínio indiano e cuja
população é majoritariamente muçulmana, é disputada pelo
Paquistão e pela Índia desde a independência do subcontinente
indiano, em 1947, levando as duas nações a entrar em guerra duas
vezes. Em 1998, as atenções se voltaram novamente para a região
em função de testes nucleares realizados pelas duas nações.
4 – SAHARA OCIDENTAL
Região disputada pelo Marrocos (que controla a região desde a
década de 70) e pela Frente Polisário (que luta pela independência
da região).
5 – COLÔMBIA
A ação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e
do Exército de Libertação Nacional (ELN) realiza ataques terroristas
em território colombiano. Até abril de 1998, as forças guerrilheiras
ocupavam cerca de 40% do território colombiano.
6 – ULSTER
Conflito entre a maioria protestante e a minoria católica. Os
protestantes defendem a manutenção do controle da região pelo
Reino Unido. Já os católicos lutam pela incorporação da região à
República da Irlanda (ou Eire). Desde a década de 70, O IRA
(Exército Republicano Irlandês) executa ataques terroristas na
região e também em outras cidades do Reino Unido, como Londres.
Em 1998, foi assinado um acordo de paz entre líderes católicos e
protestantes.
7 – NORTE E LESTE DO SRI LANKA
Guerrilheiros da etnia tâmil (minoria étnica no Sri Lanka) lutam pela
independência da Pátria Tâmil. As ações guerrilheiras contra as
tropas cingalesas (a maioria da população é cingalesa) já duram
mais de 15 anos.
8 – CHIPRE
Ilha localizada no leste do Mar Mediterrâneo, é disputada por turcos
e gregos.
9 – AFEGANISTÃO
Guerra civil entre diversas etnias. A etnia patene, que formou a
milícia fundamentalista Taliban, controla a maior parte do país.
10 – PALESTINA
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Conflitos entre judeus e palestinos ocorrem desde a criação do
Estado de Israel, logo após o final da II Guerra Mundial, que dividiu
o território palestino. A OLP (Organização para Libertação da
Palestina, criada em 1964) atua com ações guerrilheiras em
território judeu. A partir de 1993, algumas localidades, como a Faixa
de Gaza, passam para o controle palestino, depois do acordo de
paz assinado por Itzak Rabin (premier israelense) e Yaser Arafat
(líder da OLP). Esse acordo fica abalado depois do assassinato de
Rabin, em 1995, e da ascensão de Netanyahu, do Likud (partido de
direita), contrário à devolução de regiões ao controle da Autoridade
Nacional Palestina (que surge em substituição à OLP). Com o
retorno ao poder em Israel do Partido Trabalhista (o mesmo de
Rabin), em 1999, a esperança de paz na região cresce.
11 – CURDISTÃO
Região habitada por população de etnia curda, cuja área está
localizada dentro dos territórios da Turquia, da Síria, da Armênia, do
Azerbaijão, do Irã e do Iraque. É considerada a maior nação sem
território do mundo. A população curda é reprimida, sobretudo no
Iraque e na Turquia.
12 – PRIMAVERA ÁRABE
É o nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções
populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011. A
raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países,
provocado pela crise econômica e pela falta de democracia. A
população sofre com as elevadas taxas de desemprego e o alto
custo dos alimentos e pede melhores condições de vida.
Países envolvidos Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmem e Barein.
Geopolítica Árabe Os Estados Unidos eram aliados de ditaduras
árabes, buscando garantir interesses geopolíticos e econômicos na
região, que abriga as maiores reservas de petróleo do planeta. A
Primavera Árabe põe em cheque a política externa de Washington
para a região. A Liga Árabe, liderada pela Arábia Saudita e pelo
Catar, assume um papel de destaque na mediação das crises e dos
conflitos provocados pela Primavera Árabe.
XII MUNDO DESENVOLVIDO
América anglo-saxônica
Formada por Estados Unidos e Canadá e
consiste região que apresenta aspectos
comuns em relação às características
históricas econômicas e culturais,
decorrentes do predomínio da colonização
inglesa, embora com presença de
franceses no Canadá.
Dados dos países da América do Norte
País Área (km²)
Pop. 2010 PIB - 2011 IDH Capital
Canadá 9.984.670
34.019.000 hab.
1,391 trilhões
0,908 6º mais
elevado Ottawa
E. U. A 9.371.175
308.745.538 hab.
15,065 trilhões
0,910 4º mais
elevado
Washington D.C.
Os Estados Unidos são uma república constitucionalfederal
composta por cinquenta estados e um distrito federal. A maior parte
do país situa-se na região central da América do Norte, formada por
48 estados e Washington, D.C., o distrito federal da capital.
Localiza-se entre os oceanos Pacífico e Atlântico, fazendo fronteira
com o Canadá a norte e com o México a sul. O estado do Alasca
está no noroeste do continente, fazendo fronteira com o Canadá no
leste e com a Rússia a oeste, através do estreito de Bering. O
estado do Havaí é um arquipélago no Pacífico Central. O país
também possui vários outros territórios no Caribe e no Pacífico.
A formação dos Estados Unidos ocorreu com a independência das
13 colônias. Conflitos, tratados e acordos de compra de território
levaram a fronteira estadunidense a avançar até a região das
Montanhas Rochosas e, em 1848, após a guerra com o México,
chegar até o oceano Pacífico, quando foram incorporados os
estados do Texas, do Arizona, de Nevada, de Utah e da Califórnia.
A política de expansão territorial foi marcada pelo estabelecimento
da Doutrina Monroe, com o lema ―América para os americanos‖
enfatizando a contraposição ao domínio europeu na América Latina.
A participação dosE.U.A. nas duas grandes guerras foi decisiva e
sua superioridade militar ficou evidente. Após a 2ª Guerra Mundial
estabeleceu-se uma nova ordem política mundial, com destaque
para os Estados Unidosapós a criação da Otan – Organização do
Tratado Atlântico Norte, em oposição a União Soviética. Desde
então, os Estados Unidos tem assumido o papel de nação
hegemônica, influenciando a geopolitica mundial, e até mesmo
intervindo diretamente em países como Iraque e o Afeganistão.
Com relação às dinâmicas territorias, nas últimas décadas do século
XIX, emergiu uma estrutura espacial centralizada por um vasto polo
industrial: o Manufacturing Belt, ou Cinturão Fabril, no Nordeste e
Grande Lagos.
Nas duas primeiras décadas do século XX, o centro de gravidade do
Manufacturing Belt migrou da casta do Atlântico, onde se
concentravam as aglomerações finaceiras e as indústrias de bens
de consumo, para a região dos Apalaches e dos Grandes Lagos. Lá,
desenvolviam-se as indústrias de bens de produção, baseadas no
carvão e no minério de ferro, e nascia a indústria automobilística.
A Segunda Guerra Mundial assinala o início de uma grande
transformação: os investimentos industriais direcionam-se para o sul
e o oeste, gerando novas regiões produtivas. A politíca de
construção de estradas de rodagem e os programas de
desenvolvimento hidráulicos dinamizaram novas áreas. Os campos
petrolíferos do Golfo do México e da Califórnia , com produção
crescente atraiam investimentos. A reconstrução da econômica do
Japão estimulava um novo investimento comercial pela Bacia do
Pacíficoe, portanto, pela costa oeste.
A apartir da década de 1970, a reorganização espacial tomou um
novo impulso, com a emergência de um novo ciclo industrial,
assentado em tecnologias de ponta e em intensa automação. Os
ramos indústrias emergentes buscavam novas localizações,
distantes das taradicionais fontes de matérias-primas, das grandes
metropóles e dos seus problemas, das organizações sindicais e
suas reinvidicações. O centro de gravidade da economia deslocava-
se do setor Secundário para o Setor Terciário, ou seja, da produção
industrial para os serviços e as finanças. Essas transformações
originaram o chamado Sun Belth, o Cinturão do Sol, termo que
abrange as variadas novas áreas emergentes do sul e do oeste.
Canadá
O Canadá é um país que ocupa grande parte da América do Norte e
se estende desde o Oceano Atlântico, a leste, até o Oceano
Pacífico, a oeste. Ao norte o país é limitado pelo Oceano Ártico. É o
segundo maior país do mundo em área total, superado apenas pela
Rússia, e a sua fronteira comum com os Estados Unidos, no sul e
no noroeste, é a mais longa fronteira terrestre do mundo.
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O Canadá é uma federação composta por dez províncias e três
territórios, uma democracia parlamentar e uma monarquia
constitucional, com a rainha Elizabeth II (Isabel II) como chefe de
Estado — um símbolo dos laços históricos do Canadá com o Reino
Unido — sendo o governo dirigido por um primeiro-ministro, cargo
ocupado atualmente (2013) por Stephen Harper. É um país bilíngue
e multicultural, com o inglês e o francês como línguas oficiais.
Podeser dividido em seis regiões distintas: a dos Grandes Lagos, a
Costa Atlântica, o Escudo Canadense, as Planícies Centrais, a
Cordilheira ocidental e o Extremo Norte.
A industrialização do país resultou, em grande parte, da produção
de energia hidrelétricae da construção de infraestrutura de
transportes. A maior concentração industrial encontra-se a leste do
país, destacando-se as indústrias automobilística, siderúrgica e
química.
O Canadá é o maior produtor mundial de papel e celulose
(extrativismo da floresta das coníferas) de zinco e de urânio e o
segundo de níquel e amianto, destacando-se também por uma
significativa produção de petróleo e gás natural. Apenas 6,5% do
imenso território canadense são aproveitados para a agricultura,
principalmente porque parte de seu território fica coberto de gelo
durante vários meses.
A agropecuária do Canadá emprega tecnologia de ponta e alto grau
de mecanização, destacando-se três regiões de produção
agropecuária no país. Região das Planícies Centrais (Prairises)
onde os terrenos relativamente planos favorecem a produção de
trigo, aveia, cevada e centeio, em propriedades com alto índice de
mecanização; esses fatores colocam o Canadá entre os maiores
produtores e exportadores mundiais de trigo e cevada. Região dos
Grandes Lagos e do Vale do São Lourenço onde predominam a
pecuária leiteira e a agricultura do tipo familiar, com destaque para a
produção de frutas e hortaliças, cereais batata e beterraba. Região
da Columbia Britânica sua produção é inferior à das outras,
destacando-se a cultura de frutas e de alguns cereais para o
mercado interno; a principal atividade é a extração de madeira.
CONTINENTE EUROPEU
É o segundo menor continente do mundo, com uma área de mais de
10.500.000 km² considerando parte dos territórios da Federação
Russa e da Turquia. Limita-se ao norte com o oceano Glacial Ártico,
ao sul com o mar Mediterrâneo, a oeste é banhado pelo oceano
Atlântico e a leste liga-se à Ásia e seus limites são os Montes Urais,
o mar Cáspio e o rio Ural. Está localizado totalmente no hemisfério
Norte. Com exceção de seu extremo norte, apresenta terras na zona
temperada norte entre o circulo polar Ártico e o Trópico de Câncer.
A maior parte das suas terras encontram-se a leste do Meridiano de
Greenwich, entre 24°W a 180°L.
Possui um litoral com 2.800 quilômetros de extensão, bastante
recortado, com várias penínsulas, golfos, baías, mares, cabos e
ilhas que contribuem para a instalação portuária, favorecendo o
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desenvolvimento de uma economia voltada aos transportes
oceânicos e marítimos e a atividade pesqueira.
Na parte litorânea ocidental, banhada pelo oceano Atlântico, está o
arquipélago britânico (ilha da Irlanda e Grã-Bretanha) que é
separado do continente pelo canal da Mancha (Eurotúnel- encurtou
as distâncias entre a Inglaterra e a França), além do mar Báltico,
que banha a penínsulas da Jutlândia (Dinamarca) e Escandinava
(Suécia e Noruega).
O litoral meridional é banhado pelo mar Mediterrâneo, onde se
encontram as ilhas Creta e Rodes (Grécia), Sicília e Sardenha
(Itália), Córsega (França), Baleares (Espanha) e as penínsulas
Balcânica (da Eslovênia até a Grécia), Ibérica (Espanha e Portugal).
Existem também estreitos de Bósforos, Dardanelos e Gibraltar.
Os continentes Europa e Ásia pertencem a uma mesma porção de
terras, denominada Eurásia.
QUADRO NATURAL
Geologia e relevo
O continente europeu apresenta-se bastante baixo, tem altitudes
inferiores a 200 m em 2/3 de suas terras e a menor média de
altitude do mundo: 375m.
As rochas mais antigas (cristalinas), datadas da era Paleozóica,
sofreram movimento orogenético, formando as montanhas que
durante milhões de anos passaram por processos de erosão e
tectonismo, e posteriormente de sedimentação nas eras Mesozóica
e Cenozóica, resultando em altitudes inferiores a 2500m, originando
formações como os Alpes Escandinavos, maciços Central, Renano,
da Boêmia e da Grã-Bretanha e Montes Peninos. São áreas ricas
em jazidas de carvão e de alguns tipos de minerais metálicos,
recursos fundamentais para o desenvolvimento industrial do
continente.
Na parte norte e intercalando as montanhas, encontram-se a
principais planícies europeias que se estendem do Atlântico aos
Montes Urais, apresentando baixas altitudes que dificilmente
superam 400m, de formação fluvial e glacial, datada da Era
Cenozóica do período Quaternário. Elas têm grande importância,
pois facilitam o transporte e são também muito férteis. São elas:
Russa (ou Sarmática), Germano-polonesa, Húngara, dos Países
Baixos, Londrina e a Bacia Parisiense.
Os dobramentos modernos da Era Cenozóica dominam as porções
central, sul e sudeste do continente, destacando-se de oeste para
leste os: Pirineus, Alpes(onde se destaca o ponto culminante
europeu – Monte Branco, com 4.808 m, situado entre a Itália e a
França), Apeninos, Alpes Dináricos, Balçãs, Cárpatos e Cáucaso.
Essa região apresenta grande instabilidade tectônica, sujeita à
atividade sísmica e vulcânica como o Etna, Vesúvio e Stromboli, na
Itália, Santoríni na Grécia.
Existem também depressões absolutas, situadas junto ao mar
Cáspio (entre a Europa e a Ásia) e na Holanda, ao norte do baixo
curso do rio Reno.
HIDROGRAFIA
O continente europeu é rico em rios e lagos
Os rios da Europa são, em geral, de pequena extensão,
abundantes, bem distribuídos pelo território, cujos dispersores de
água mais importantes são os Alpes, os Pinineus e Planalto do
Valdai. São bem aproveitados tanto para transporte como para
produção de hidroeletricidade.
O bom aproveitamento das bacias hidrográficas para o transporte
(75 mil Km de vias fluviais) se dá devido à interligação existente
entre estas através de canais (43.500 km de extensão) facilitando
grande integração entre os países europeus. É também constituída
por numerosos lagos de origem glacial (Peipus, entre Estônia e
Rússia, e o Vänern e Vättern, na Suécia).
Os rios europeus mais importantes são: Volga, Danúbio e o Reno.
Volga, maior rio da Europa, nasce no planalto de Valdai, atravessa
a planície Russa e desemboca no mar Cáspio. Possui 3.531 km de
extensão, navegável em sua grande parte, apesar do congelamento
de suas águas no inverno. Banha importantes centros urbanos e
econômicos russos como Nijni-Novgorod e Volgogrado.
Danúbio, tem 2.900 km de comprimento, corre no sentido oeste-
leste, nasce na Floresta Negra, nos Alpes alemães e deságua no
mar Negro, depois de ter atravessado nove países europeus:
Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Romênia,
Bulgária e Ucrânia; e quatro importantes capitais europeias: Viena,
Bratislava, Budapeste e Belgrado.
Em 1856 o Danúbio foi internacionalizado, ligando a parte ocidental
à oriental da Europa.
Vale ressaltar que este rio interliga-se ao rio Reno através do canal
Ludwig e do rio Meno.
Reno, é o mais importante da Europa, com seus 1.326 km de
extensão ,nasce nos Alpes suíços, atravessa o Lago Constança,
separando a Alemanha da França desaguando no Mar do Norte no
Delta do Reno e Mosa, onde se situa o sistema portuário mais
importante da Europa, Roterdã (Holanda).
Na bacia deste rio fica uma das áreas industriais mais
desenvolvidas da Alemanha, que abrange importantes cidades.
Juntamente com o seu afluente, Rhur, banha uma área que
centraliza o maior complexo industrial da Europa.
Como foram construídas várias obras de engenharia (construção de
canais e eclusas) este rio tornou-se navegável desde Basiléia
(Suíça) até o mar do Norte, facilitando o escoamento de vários
produtos.
Outros rios que também merecem destaque:
O Ródano nasce nos Alpes suíços, corta a França e deságua no
mar Mediterrâneo. É uma importante via de circulação para o
petróleo que chega à Europa pelo porto de Marselha, no sul da
França (sistema portuário mais importante do Mediterrâneo).
O Pó localizado ao norte da Itália, este é bem aproveitado na região,
porque corta a mais importante área industrial e agropecuária do
país.
O Sena nasce nos baixos planaltos a sudeste de Paris, desemboca
no canal da Mancha, depois de ter atravessado a região de
Champagne (Paris). O rio Sena é bastante aproveitado como via de
circulação da bacia parisiense.
•Rio Tejo: Península Ibérica
•Rio Tâmisa: Londres
•Rio Pó: Norte da Itália
•Rio Sena: Paris
•Rio Tibre: Roma
• Rio Vístula: Varsóvia
CLIMA E VEGETAÇÃO
A maior parte do continente europeu está localizado na zona
temperada norte, portanto, o clima predominante é o temperado.
Os climas e vegetação existentes na Europa são:
Temperado continental – domina a maior parte interiorana do
continente. Possui invernos rigorosos e secos com temperaturas
que atingem –20°Ce verões quentes e chuvosos, com temperaturas
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média de 22°C, apresentando amplitudes térmicas elevadas. As
formações vegetais presentes nas áreas desse clima são: Floresta
temperada, estepes (predominante) e a floresta boreal.
Temperado oceânico – ocorre na parte ocidental da Europa,
apresentando elevada pluviosidade e pequena amplitude térmica. A
formação vegetal dominante nesse clima é a floresta temperada
(caducifólia) que hoje encontra-se bastante devastada.
Mediterrâneo – ocorre no Sul da Europa, apresentando verões
quentes e secos, e invernos úmidos e não muito frios. Esse clima
contribui para o desenvolvimento de florestas que já foram bastante
destruídas, o que resta é conhecida como vegetação mediterrânea,
formada por maquis(que se encontra em solos arenosos) e
Garrigue (em terrenos calcários).
Polar – encontra-se no extremo norte do continente, possui um
inverno longo e rigoroso, com temperaturas que chegam a -60° e
um verão curto entre 16° e 21°. Esse clima favorece o surgimento
da vegetação Tundra, formada por musgos e liquens.
Montanha (ou alpino) – domina as áreas montanhosas europeias,
os invernos são muito rigorosos e com neve e os verões curtos. A
vegetação varia de acordo com a altitude, aparece a floresta
temperada na base da montanha. À medida que a altitude aumenta
surge a floresta boreal, os campos de altitude, a tundra e no topo só
tem neve eterna.
POPULAÇÃO EUROPEIA
Composta por diferentes povos com grande diversidade étnica,
cultural, linguística e religiosa, a Europa é considerada o berço da
civilização moderna, possui uma população predominante adulta
que se distribui irregularmente pelo seu território.
Os principais povos europeus são os germânicos (alemães, suecos,
noruegueses, austríacos, britânicos e holandeses) que ocupam as
regiões central e norte da Europa; os latinos (portugueses,
franceses, espanhóis, italianos, etc.) predominam na região
mediterrânea; e os eslavos (russos, sérvios, poloneses, eslavos,
tchecos, eslovacos e ucranianos) que habitam principalmente a
Europa Oriental. Ainda devem ser citados os gregos, os finlandeses
e húngaros, além de minorias étnicas que lutam por um território
próprio e por sua independência, a exemplo desses povos são os
bascos – habitam uma área entre a França e a Espanha,
preservando sua língua e sua cultura.
PROCESSO EVOLUTIVO DA POPULAÇÃO
A Europa, no início do século XVIII possuía um crescimento natural
estável com altas taxas de natalidade e mortalidade. A partir da
segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial possibilitou
a melhoria da qualidade de vida da população, causando uma
queda na taxa de mortalidade, consequentemente um aumento
populacional, como também iniciando o processo de urbanização da
Europa.
Do início até meado do século XIX, os problemas de ordem política
e social, juntamente com o inchaço populacional fizeram do
continente Europeu uma área de repulsão populacional. Os
emigrantes europeus, principalmente, alemães, ingleses, irlandeses,
italianos e escandinavos migraram para as promissoras colônias
europeias na América, Ásia, África e Oceania, que ofereciam novas
oportunidades de trabalho. No final deste século até o início do
século XX, foram baixas as taxas de natalidade e mortalidade, o que
vai ocasionar o baixo crescimento vegetativo. A emigração só
diminuiu durante a Primeira Guerra (1914-18) e Segunda (1939-45)
Guerras Mundiais, no século XX. Assim, tem início o processo de
transição demográfica na Europa.
A segunda metade do século XX é marcada pelo envelhecimento da
população europeia, as taxas de natalidade e mortalidade
continuam baixas. A taxa de fecundidade da mulher europeia caiu
em decorrência das dificuldades financeiras, da mulher inserida no
mercado de trabalho e o uso de métodos contraceptivos. A melhoria
das condições sanitárias, do atendimento médico hospitalar,
avanços na medicina etc., contribuíram para a longevidade da
população europeia e da queda da taxa de mortalidade infantil. A
política de retenção da natalidade era, nessa época, adotada por
vários países europeus incentivados pelas ideias neomaltusianas.
Curiosamente, hoje as campanhas de incentivo à natalidade são
praticadas por países como Alemanha, a França e a Suécia. A
expectativa de vida, que no inicio do século era de 50 anos, passou
para 77 anos. Esse envelhecimento da população preocupa alguns
governos da Europa porque já está diminuindo a PEA, obrigando a
contratação de mão de obra estrangeira, porém, os imigrantes
ocupam vagas que não exigem qualificação como na construção
civil, setor de limpeza, etc. Outro problema está relacionado com os
gastos na previdência e na saúde, que vêm aumentando
consideravelmente.
A pirâmide etária na Europa, ao contrário do mundo
subdesenvolvido, apresenta um estreitamento da base com a
redução de jovens e o alargamento do corpo e do ápice com o
significativo aumento no número de adultos e idosos
A população da Europa em 2005, era estimada em 731 milhões, que
é um pouco mais do que um nono da população mundial. Um século
atrás, a Europa tinha quase um quarto da população mundial. A
população da Europa cresceu no século passado, mas nas outras
regiões do mundo (especialmente na África e na Ásia), a população
tem crescido muito mais rapidamente. Dentre os continentes, a
Europa tem uma densidade populacional relativamente alta (69
hab/km²), perdendo apenas para a Ásia. O país mais densamente
povoado da Europa são os Países Baixos.
Segundo a projeção de população da ONU, a população da Europa
pode cair para cerca de 7% da população mundial até 2050, ou 653
milhões de pessoas. Neste contexto, existem disparidades
significativas entre regiões em relação às taxas de fertilidade. O
número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva é de 1,52.
De acordo com algumas fontes, essa taxa é maior entre os
europeus muçulmanos. A ONU prevê que o declínio contínuo da
população de vastas áreas da Europa Oriental. A população da
Rússia está diminuindo em pelo menos 700 mil pessoas a cada ano.
A Europa é o lar do maior número de migrantes de todas as regiões
do mundo, em 70.6 milhões de pessoas, segundo um relatório da
OIM. Em 2005, a UE teve um ganho líquido global de imigração de
1,8 milhão de pessoas, apesar de ter uma das maiores densidades
populacionais do mundo. Isso representou quase 85% do
crescimento populacional total da Europa. A União Europeia
pretende abrir centros de emprego para trabalhadores migrantes
legais da África.
O país europeu com maior percentagem de crianças nascidas por
ano é a França. Em 2008, numa população de 65 milhões de
habitantes nasceram 801.000 bebes. Os franceses conseguem
assim impedir o envelhecimento acelerado da população. Cada
mulher francesa dá à luz em média 2,02 crianças. Na Europa, esta
média só é atingida pelos ingleses, irlandeses e escandinavos. A
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França continua a ser o País na Europa que mais defende a
natalidade.
DESLOCAMENTO POPULACIONAL NO PÓS-GUERRA
Depois da Segunda Guerra Mundial a Europa passou por uma
reestruturação econômica financiada pelos Estados Unidos (Plano
Marshall), volta a ser uma área de atração populacional, em
especial a Inglaterra, A Alemanha Ocidental e a França, que
incentivaram a imigração como mão de obra para trabalhar em
serviços pesados, recusados pelos europeus. Na Alemanha
chegaram os turcos e os iugoslavos, para a França e Espanha
foram os povos do Norte da África e para o Reino Unido e
Alemanha, os indianos e paquistaneses. Ainda nesse período, são
intensos os deslocamentos internos, os países mais pobres não
possuem condições para manter a sua população em seu território e
esta vai à procura de melhores condições de vida nos países mais
ricos, é o caso dos italianos, que além de migrarem dentro do seu
próprio país (do sul agrícola para o norte industrializado) vão para a
Alemanha e os portugueses se espalham pela França, Alemanha e
Inglaterra.
Os países do leste europeu que antes eram áreas de atração
populacional, principalmente para os países subdesenvolvidos,
passaram a ser áreas de repulsão da população depois da queda do
socialismo que aconteceu logo após a Guerra Fria.
Se outrora os europeus incentivaram a imigração, hoje isso não
acontece com tanta intensidade por causa do desenvolvimento
tecnológico, antes precisava-se de peões e agora necessitam de
mão de obra qualificada.
Distribuição da População
Em números absolutos, a população europeia soma cerca de 731
milhões de habitantes e uma densidade demográfica de 69 hab/km².
É um continente povoado e populoso, apresenta grandes
densidades demográficas, como em Mônaco – 16.620hab/km². Os
vazios demográficos estão no norte da Rússia, Noruega e Finlândia,
ocasionados por temperaturas muito baixas; próximo ao mar
Cáspio, por ser uma região semiárida; e as altas montanhas,
regiões de elevadas altitudes com presença de gelo e neve. As
menores densidades demográficas são encontradas na Noruega,
Suécia e Finlândia. Portanto, a população está distribuída
irregularmente pelo território.
O processo de industrialização, que vem acontecendo na Europa
desde meados do século XVIII (Revolução Industrial), é um
importante elemento de concentração populacional. A população é
predominante urbana, na Bélgica o índice atinge os 97,44%, no
Reino Unido 79,78/%, nos Países Baixos 83,32%, na França e
Finlândia 85%, na Dinamarca 87,05%.
As cinco maiores metrópoles europeias são: Paris, na França –
cerca de 11,8 milhões de habitantes; Moscou, na Rússia superando
111,5 milhões; Istambul, na Turquia cerca de 13,12 milhões; e São
Petersburgo, na Rússia cerca de 4,8 milhões. Já na Albânia e
Portugal, onde as atividades agrícolas são mais significativas, a
urbanização é, respectivamente de 52,89% e 61,3%.
XENOFOBIA
A Europa, depois da Segunda Guerra Mundial, recebeu um grande
número de imigrantes vindos principalmente da África, Turquia e
Oriente Médio e também apresentou um deslocamento interno
considerável. Até então havia empregos na Europa, mas o
desenvolvimento nas técnicas de produção e o uso de altas
tecnologias fizeram com que a necessidade de mão de obra
diminuísse e o desemprego aumentasse. O mercado de trabalho
tornou-se mais concorrido e o imigrante passou a ser visto pelo
europeu como uma ameaça na busca de emprego. A população
acusa o governo de gastar muito com imigrantes (saúde, escolas,
habitação, previdência etc.). Com isso, o nacionalismo, a xenofobia
e o racismo cresceram. Em algumas situações, os imigrantes são
discriminados, sua cultura não é respeitada, são tratados como
escravos e odiados por grupos que praticam atrocidades, como os
skinheads. O governo passou então a dotar políticas antimigratórias
rígidas para tentar deter a chegada de imigrantes.
Os países onde os imigrantes são mais perseguidos e discriminados
são Alemanha, Inglaterra e França.
A religião é outra questão delicada dentro da Europa. O catolicismo
é a religião predominante, mas há um grande número de seguidores
do protestantismo, do islamismo e do judaísmo. Essa diversidade
religiosa e étnica causou e causa graves problemas na Europa,
como é caso do conflito entre católicos e protestantes, na Irlanda do
Norte; as ameaças terroristas de uma minoria radical do islamismo;
a guerra da Bósnia ente mulçumanos e cristãos ortodoxos; os
separatistas da região basca, entre outros.
Outro povo que sofre frequentes perseguições e discriminações
tanto da população como também da policia são os ciganos. Povo
nômade que chegou à Europa há mil anos vindos da Índia, possui
uma cultura totalmente diferente da europeia e são considerados
pelos europeus como indolentes e retardados, chamados de ―negros
europeus‖.
Economia do continente europeu
Grã-Bretanha – grande parte dos novos investimentos se direciona
para a cidade de Londres, que concentra as indústrias mecânicas e
químicas e Birmingham que conta com inúmeras indústrias de
tecnologia de ponta, como as petroquímicas e as de biotecnologia.
As antigas regiões industriais carboníferas conhecidas como regiões
negras como Liverpool e Glasgow enfrentam crises econômicas e
social generalizada.
França – A região da Alsácia e da Lorena na fronteira com a
Alemanha foi a região mais industrializada nos primeiros tempos
relacionada as reservas de carvão mineral. Atualmente a principal
região industrializada localiza-se na região metropolitana de Paris
centro político, econômico e cultural que polariza o país. O seu
parque industrial varia de indústria de cosméticos, aviões, perfumes,
automóveis, produtos farmacêuticos entre outros. Ainda possui um
grande número de tecnopolos.
Destaca-se como maior produtor agrícola da União Europeia. Na
bacia Parisiense, encontra-se a mais importante região produtora de
cereais e beterraba açucareira da Europa Ocidental. Entre as
demais áreas agrícolas francesas, destaca-se a costa mediterrânea
pela produção de uvas. A pecuária desempenha importante papel
na economia relacionada ao desenvolvimento de laticínios para
aproveitamento da produção de leite da criação de ovinos e em
menor número de bovinos. Ainda são importantes os suínos.
Espanha e Portugal – apresentam maior dependência da agricultura
utilizando tecnologia arcaica em relação aos países vizinhos
empregando maior número de trabalhadores e menor produtividade.
A Espanha com parte do seu relevo montanhoso e semi-árido
dificulta o desenvolvimento do setor agrícola em vastas áreas.
Destaca-se na produção de cereais nas áreas do centro-norte e na
parte meridional e mediterrânea uva, cítricos e oliva.
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A uva e a oliva são os principais produtos cultivados sendo
utilizados como matéria-prima para as indústrias em Portugal e na
Espanha.
O turismo constitui em uma das maiores fontes de renda destes
países atraídas pelo patrimônio histórico e suas praias.
Alemanha – o vale do Rio Reno/Ruhr constitui na maior região
siderúrgica europeia, continua a ocupar o lugar de destaque na
economia da União Europeia, mas no interior deste país existem
outros pólos industriais importantes:
Siderúrgico e maquinário: concentrado junto às ricas áreas
carboníferas do rio Ruhr e nas regiões do Sarre e das cidades de
Leipzig e Dresden, junto ao Rio Elba, em território da antiga
Alemanha Oriental.
Químico – concentrado na bacia do Reno sediando as poderosas
empresas Basf próximo a Mannheim e a Bayer em Colônia.
Automobilística – concentrada em Stutthgart, as sedes de Daimler-
Benz e Porsche e próximo a Hannover a Volkswagen.
Eletrônico- motores elétricos e telecomunicações em Stuttgart e
Frankfurt.
No setor agrícola utiliza tecnologia moderna com alta produtividade
destacando-se no cultivo de batata, vinha e beterraba açucareira.
Polônia – na região da Silésia com suas reservas de carvão
favoreceu para a concentração industrial de siderúrgica e
mecânicas. Além desta área destaca-se Varsóvia com diversificadas
indústrias e Gdansk com o desenvolvimento do setor naval.
Destaca-se ainda no setor agrícola como produtor de beterraba
açucareira.
República Tcheca – destaca-se na produção siderúrgica e
mecânica, incluindo ainda indústrias de cristais e a de bebidas.
Eslováquia – produção siderúrgica, têxtil e alimentícia.
Hungria – siderúrgica e indústria de máquinas.
Áustria – siderúrgica e de equipamentos para o setor industrial.
Suíça – produção de instrumentos de precisão e relógios, laticínios,
atividade bancária e o turismo na região alpina.
Liechtenstein – turismo e atividades bancárias.
Na Itália, os centros industriais mais importantes, ligados
principalmente à siderurgia e às indústrias mecânicas, situam-se em
Turim, Milão e Gênova no norte do país.
A principal região agrícola a fértil planície do Pó destacam-se na
produção de milho, trigo, e beterraba açucareira. Ao sul destacam-
se os cultivos de oliva e vinha.
Na Albânia, Grécia e Bulgária destacam-se na produção de oliva e
vinha.
Noruega – as maiores concentrações industriais estão concentradas
em Oslo destacando-se as siderúrgicas, indústrias de papel e
celulose, maquinários e metalurgia de alumínio.
Suécia – mais industrializado dos países nórdicos destacando-se
Estocolmo, Gotemburgo e Malmó. Volvo e Scânia no setor
automobilístico e a Ericcson nas telecomunicações. Eletrolux –
eletrônicos e Sandivik maquinários e SKF setor elétrico, numerosas
industrias no setor siderúrgico e na produção de papel e celulose.
Finlândia – destaca na produção de papel e celulose, metalurgia e
no setor de telecomunicações.
Estes países nórdicos destacam-se na silvicultura e na produção de
cereais, batatas, beterraba açucareira.
Dinamarca – atividade agropecuária laticínios e frigoríficos, têxtil,
naval e petroquímica concentradas em Copenhague.
A Grande Recessão, é uma crise econômica global que ainda hoje
se faz sentir após a crise financeira internacional precipitada pela
falência do tradicional banco de investimento estadunidense
Lehman Brothers, fundado em 1850. Em efeito dominó, outras
grandes instituições financeiras quebraram, no processo também
conhecido como "crise dos subprimes"
LEITURA COMPLEMENTAR
A crise na Europa foi causada pela dificuldade de alguns países
europeus em pagar as suas dívidas. Cinco dos países da região –
Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha – não vêm conseguindo
gerar crescimento econômico suficiente para honrar os
compromissos firmados junto aos seus credores ao longo das
últimas décadas. O risco de inadimplência é real e tem
consequências de longo alcance, que se estenderão além das
fronteiras da zona do euro.
―A crise da dívida europeia é a crise financeira mais séria desde os
anos 1930, se não a mais séria da história‖, afirmou o Presidente do
Banco da Inglaterra, Mervyn King, em outubro de 2011.
Como começou a crise na Europa?
A economia mundial tem experimentado um crescimento lento
desde a crise financeira dos Estados Unidos entre 2008 e 2009. A
crise americana expôs as políticas fiscais insustentáveis dos países
na Europa e no mundo.
A Grécia, um dos países que não conseguiu realizar reformas
fiscais, foi um dos primeiros a sentir o aperto de um crescimento
mais fraco. Quando o crescimento diminui, assim como as receitas
fiscais, torna os elevados déficits orçamentários insustentáveis. Na
verdade, as dívidas da Grécia eram tão grandes que ultrapassaram
o tamanho de toda a economia do país. No final de 2009, a única
solução que restou para o então recém-empossado primeiro-
ministro George Papandreou foi assumir que a Grécia não tinha
mais condições de pagar as suas contas.
Os investidores reagiram de imediato, exigindo maiores
rentabilidades sobre os títulos da Grécia, o que elevou o custo dos
encargos da dívida do país e exigiu uma série de salvamentos pela
União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE). A partir do
episódio grego, o mercado passou a exigir maiores rentabilidades
sobre os títulos dos outros países endividados da região, tentando
antecipar problemas semelhantes ao que ocorreu na Grécia.
JAPÃO
Aspectos gerais
O Japão ocupa um arquipélago no "círculo de fogo" do oceano
Pacífico, área onde há um encontro de placas tectônicas. Isso
explica a existência de vários vulcões em atividade naquele
território, bem como a ocorrência de maremotos e terremotos
frequentes. O terremoto mais violento ocorreu em 1923 e atingiu
Tóquio, matando cerca de 140 mil pessoas.
O país é formado por um conjunto de aproximadamente 4 mil ilhas
num território de 377 748 km2. As quatro maiores e mais
importantes dessas ilhas correspondem a 97% do território japonês.
São elas: Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kiushu. Nesse espaço
relativamente reduzido pouco maior que o estado de São Paulo e
com amplas extensões montanhosas (cerca de 80% da área total),
vivem cerca de 127 milhões de habitantes. Esse fato explica a
existência de elevadas densidades demográficas no país.
As atividades econômicas mais importantes estão concentradas
nessas quatro ilhas. Para encurtar a distância entre elas, a
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engenharia japonesa construiu dois túneis e uma ponte entre
Honshu e Kiushu. Entre Honshu e Shikoku, duas grandes pontes
também estão sendo construídas; um imenso túnel, com 54 km de
extensão, liga Honshu e Hokkaido.
Cerca de 80% do território japonês apresenta relevo montanhoso.
As montanhas das ilhas Honshu, Shikoku e Kiushu exibem uma
vasta vegetação sub-tropical. A ilha de Hokkaido é coberta de taiga.
Essas condições permitiram uma intensa utilização da madeira, até
mesmo para a construção de embarcações.
Embora a maior parte, do território japonês apresente relevo
montanhoso, sua cultura mais característica e tradicional é a
rizicultura (cultivo de arroz). Da mesma forma que em outros países
do Leste e do Sudeste Asiático, Tailândia, Filipinas, China,
Indonésia e outros, a rizicultura japonesa é praticada na forma de
agricultura de jardinagem, o que significa que predominam as
pequenas propriedades rurais e, principalmente, que existe um
intenso uso de mão-de-obra. O arroz japonês é tido como o mais
caro do mundo e o produto importado é bem mais barato; essa
atividade só continua graças aos enormes subsídios
governamentais, que continuam a existir por causa da tradição da
rizicultura e da sua importância para a cultura japonesa em geral.
Há muito tempo o país também se dedica à pesca, explorada
simultaneamente por grandes e pequenas empresas. Pequenos
portos para pesca são encontrados em toda a sua área costeira,
principalmente no litoral do Pacífico, cujas águas são mais piscosas.
Por causa do Regulamento Internacional de 1977, que limitou a
pesca a 200 milhas marítimas do litoral de cada país, e também do
grande consumo interno de peixe, o Japão desenvolveu a técnica de
reproduzir algumas espécies em reservatórios de água doce.
Ao contrário do que ocorre nas outras potências econômicas
mundiais, o Japão não apresenta importantes reservas de jazidas
minerais, o que o leva a importar praticamente todo o petróleo que
consome, além de 92% do ferro, 93% do manganês e 83% do cobre
utilizados por suas indústrias. Apesar disso, o país é super
industrializado é a segunda economia nacional do mundo, atrás
apenas da norte-americana e possui um grande desenvolvimento
tecnológico.
Desenvolvimento industrial
Visando acompanhar o desenvolvimento tecnológico do mundo
ocidental, o governo japonês já no século XIX começou a investir na
implantação de estabelecimentos industriais em todos os setores
nos quais o capital privado não tinha condições de atuar.
Posteriormente, algumas dessas indústrias foram vendidas a baixo
preço a empresários particulares, A venda de algumas empresas
estatais originou os zaibatsu, verdadeiros monopólios que tiveram
um grande desenvolvimento entre as duas guerras mundiais, porque
o governo japonês lhes proporcionou inúmeras vantagens e
privilégios.
No final do século XIX, as empresas de materiais bélicos já
desfrutavam de certos benefícios, pois o desenvolvimento da
industrialização japonesa até a Segunda Guerra Mundial tinha
objetivos militaristas. Da mesma forma que a industrialização livrou
o país de qualquer dominação por parte de nações ocidentais, ela
se constituiu também numa estratégia de expansão da área
territorial japonesa para o Extremo Oriente.
Graças à ajuda financeira recebida dos Estados Unidos após a
guerra, a economia japonesa voltou a crescer rapidamente. Para
isso, foi de fundamental importância a manutenção da estrutura
social tradicional, que permitiu o constante pagamento de baixos
salários para uma população extremamente disciplinada e movida
pela ideia de que o principal objetivo de seu trabalho era reerguer o
país.
Em outras palavras, a elevação da produtividade industrial foi obtida
pela exploração da força de trabalho, ou seja, de baixos salários,
elevado número de horas de trabalho semanais, ausência de
preocupação com as condições de trabalho nas fábricas, etc. Mas, a
partir dos anos 1970, os níveis salariais e de consumo subiram
bastante no Japão, que deixou de ser somente uma economia
voltada para atender ao mercado externo (para exportação) e
passou a ser também uma importante sociedade de consumo.
O comportamento abnegado do povo japonês pode ser explicado
pela permanência de características da sociedade feudal, baseada
na obediência servil da classe subalterna à classe dominante.
A política trabalhista no Japão se apóia, entre outros, nos seguintes
aspectos:
As empresas recrutam os jovens para o trabalho assim
que eles concluem seus cursos na Universidade ou em outra escola,
e, uma vez contratados, geralmente permanecem na mesma
empresa até se aposentar.
É comum os filhos terem emprego garantido na empresa
em que o pai trabalha, alguns até mesmo antes de nascer.
O aumento de salário depende do tempo de serviço na
empresa e da qualificação para o trabalho.
Cada empresa procura ter seu próprio sindicato, que inclui
tanto os trabalhadores quanto seus diretores.
Em vez de acirrar os conflitos, lançando as empresas
contra os trabalhadores (tal como ocorreu muitas vezes nos Estados
Unidos e na Inglaterra, onde o governo incentivou as firmas a se
transferirem de regiões onde os salários eram maiores para outras
áreas com nível salarial mais baixo), o "modelo japonês" procura
integrá-los com acordos que garantem não haver greves desde que
os salários subam no mínimo os índices da inflação (que são
baixos).
AUSTRÁLIA E NOVA ZELÂNDIA
A Austrália é um país localizado na Oceania, entre os oceanos
Pacífico e Índico. Sua extensão territorial é de 7.713.364
quilômetros quadrados, considerado o sexto maior país do planeta,
com área inferior apenas à da Rússia, Canadá, China, Estados
Unidos e Brasil.
O território australiano está situado em sua totalidade, a oeste do
Meridiano de Greenwich, portanto, é um país do hemisfério oriental.
Com relação à Linha do Equador, a Austrália localiza-se ao sul,
pertencendo ao hemisfério sul. O país é cortado pelo Trópico de
Capricórnio: uma porção do território situa-se na zona climática
intertropical (porção norte), a outra parte (porção sul), está situada
na zona climática temperada do sul.
A população australiana totaliza 21.292.893 habitantes, sendo que a
maioria reside em áreas urbanas (89%); a densidade demográfica é
baixa – 2,7 habitantes por quilômetro quadrado, portanto, o país é
pouco povoado.
No que se refere à taxa média de crescimento anual da população,
esta é de 1%. A religião com o maior número de adeptos é o
Cristianismo – 77% (católicos, 27%, anglicanos, 19%, protestantes,
12%, sem filiação, 13%, outros, 6%); O idioma oficial é o inglês.
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Quanto à qualidade de vida, a população possui um elevado padrão,
gerando uma expectativa de vida considerada alta – 81 anos. O país
apresenta o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), com média de 0,937, apresentando-se inferior apenas à
Noruega (0,938), conforme dados divulgados em 2010 pela
Organização das Nações Unidas (ONU). Os serviços de
saneamento ambiental atingem 100% dos domicílios.
No entanto, a população nativa da Austrália, os aborígenes
australianos, vive em condições precárias e reivindicam maior
espaço na sociedade australiana.
O clima apresenta diferenças conforme cada região: árido tropical
(na maior parte), subtropical (no sudeste), tropical (no norte e
noroeste), subtropical do tipo mediterrâneo (no sul). Os climas
dominantes são os quentes e secos, do tipo árido tropical.
O país possui dois grandes desertos - Gibson e Vitória. Apresenta
grande diversidade de paisagens, caracterizadas por florestas
tropicais, desertos, montes nevados e praias. Ao longo da costa do
nordeste fica a formação de corais mais importante do planeta, a
Grande Barreira Coralina.
Camberra, capital da Austrália, é habitada por 323.056 pessoas. As
cidades australianas mais populosas são: Sydney (4.119.190),
Melbourne (3.592.591), Brisbane (1.763.131), Perth (1.445.078) e
Adelaide (1.105.839).
A economia é uma das mais desenvolvidas do mundo. De acordo
com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Austrália possui a 17°
maior economia global. O país destaca-se pela criação de ovelhas,
como também pela exportação de carvão e por ser grande produtor
de minério de ferro ouro, bauxita, chumbo, níquel e manganês. Os
setores financeiro, industrial e comercial também são destaques na
economia do país, uma vez que a indústria se apresenta bem
diversificada: atuando nos seguimentos de alimentos, máquinas,
equipamentos, química, metalúrgica, siderúrgica, petroquímica,
entre outros.
As belezas naturais da Austrália atraem milhões de turistas, tendo o
turismo como uma atividade econômica elementar para o setor de
serviços.
A moeda nacional é o dólar australiano. Em 2009, o Produto Interno
Bruto (PIB) da Austrália atingiu 1 trilhão de dólares e o PIB per
capita foi de 45.590 dólares.
A Nova Zelândia também apresenta situação privilegiada, porém
com reduzido parque industrial. Enfrenta dois grandes problemas
sociais: a saída de jovens para os EUA e Reino Unido e a
população nativa os maoris.
Os demais países estão voltados para a atividade pesqueira,
turismo, e o cultivo de frutas tropicais.
XIII PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS POBRES E EM
DESENVOLVIMENTO
AMÉRICA LATINA
Situada ao sul do Rio Grande colonizada pelos espanhóis e
portugueses predominantemente, herdou a colonização tipo
exploração, sócio-economicamente subdesenvolvida apresentando
graves deficiências sociais e econômicas. De acordo com a
diversidade natural, humana e econômica são identificadas três
unidades: México, a América Central e a América do Sul.
México
Aspectos naturais
Relevo: Apresenta forte instabilidade tectônica ocorrendo os
frequentes abalos sísmicos. Domínio de extenso planalto,
elevações: Sierra Madre Oriental e Ocidental, no centro planalto de
Anáhuac com solos de alta fertilidade de origem vulcânica. Ainda
está localizada nesta área a capital a cidade do México com 2269m.
Hidrografia: rios de curta extensão e volume de água, destacando-
se o rio Grande na fronteira com os Estados Unidos.
Clima/vegetação: influenciado pelo relevo. Ao norte são encontrados
os desertos de Sonora e Chihuahua na fronteira com os EUA nas
altitudes de até 600metros nestas áreas de clima árido e semi-árido
são encontradas as xerófilas. Na península de Iucatan no golfo do
México predomina o clima tropical com as suas florestas úmidas e
nas áreas elevadas com altitudes superiores a 1800 metros
predomina os climas frios com as suas estepes.
População e economia
Domínio da civilização astecas destacava-se pela expressão militar
e a diversidades de atividades econômicas: agricultura, artesanato e
comércio.
Fernão Cortez domina os astecas em 1521 e implanta a exploração
utilizando mão-de-obra escrava e introduz o extrativismo mineral,
perdurando até 1821 após sangrenta luta que torna o México
independente. Após a independência o país passa por fortes
instabilidades políticas, com a ditadura de Porfírio Diaz durante 30
anos.
A população mexicana de 95,8 milhões de habitantes predominando
os mestiços. Concentram-se no planalto de Anáhuac sobretudo na
cidade do México. Apresenta crescimento elevado 1,5% ao ano e
25,5%˚ao ano. Predomina população jovem, 5% com idade superior
a 60 anos. A PEA está concentrada nos setores terciário (55%) e
secundário (25%).
O turismo constitui uma das maiores fontes de renda tendo como
atrativos o patrimônio histórico e o litoral de Acapulco e Cancun.
Agricultura: 10% do território corresponde as áreas agricultáveis;
milho no planalto de Anáhuac, golfo do México plantation de café,
algodão e pecuária extensiva no chaparral.
O setor industrial desenvolveu-se no pós-guerra, apoiada em
capitais estrangeiros e estatais. Predominam o capital dos Estados
Unidos atraídos pelo baixo custo da mão-de-obra e a diversidade de
recursos minerais e energéticos. Estas indústrias estão
concentradas nos grandes centros urbanos como a Cidade do
México, Guadalajara e Monterrey. Na fronteira dos Estados Unidos
foram instaladas as indústrias maquiladoras que estão integradas as
indústrias automobilísticas e de autopeças. As petroquímicas estão
situadas no golfo do México onde concentra-se a exploração
petrolífera. Atualmente devido ao crescimento industrial e a
ineficiente política de controle ambiental proporciona um dos mais
altos níveis de poluição da atmosfera.
Inserção da política neoliberal com privatizações nas décadas de
1980 e 1990 agravando o desemprego.
América Central
Situada na zona intertropical, apresenta um trecho continental, com
dobramentos modernos, com forte ocorrência vulcânica e no trecho
insular, um sistema insular montanhoso. Em virtude do relevo
acidentado destaca-se o rio San Juan na Nicarágua. Predomina o
clima tropical e nas áreas elevadas o clima temperado.
Na América Central continental destacava-se pela forte
expressividade cultural os povos Maias destacando-se na
matemática, arquitetura e astronomia. O domínio dos europeus
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introduziram a exploração de minerais. Após 1838 através de um
conturbado processo político formaram cinco países: Guatemala,
Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica.
Nas Antilhas foram dizimados os povos nativos e introduzido o
plantation da cana-de-açúcar pelas potências europeias Espanha,
França, Holanda e Inglaterra. Após a independência os países
insulares viveram grande instabilidade política e econômica,
favorecendo o surgimento de ditaduras sangrentas como a de
Fulgêncio batista em Cuba e a de Duvalier no Haiti (1936-1986)
A população da América Central descendente de ameríndios e
espanhóis predominando os mestiços. Apresenta deficiências
sociais e econômicas típicas dos países de terceiro mundo.
Sua economia está baseada na produção agrícola de subsistência
(milho, feijão e arroz) e no plantation (café, cacau, algodão e
banana).
Na América Central Insular predomina os mestiços de negros e
brancos. Sua economia está baseada na agricultura plantation de
cana-de-açúcar em Cuba. Mineração na Jamaica, Trindad e Tobago
exportador de petróleo e Bahamas no turismo. As indústrias de
produtos alimentícios destacam-se em Cuba e Porto Rico.
Nas Antilhas ou Caribe destaca-se o turismo e os paraísos fiscais
como as Ilhas Cayman e Turks e Caicos dependentes da Inglaterra
com centros financeiros.
América Andina: é uma porção territorial da América do Sul.
Recebe essa denominação pelo fato de ser cortada pela Cordilheira
dos Andes, que se estende de norte a sul do subcontinente. O clima
na América Andina varia de acordo com a proximidade da
Cordilheira dos Andes. No sentido norte-sul, os climas registrados
são: equatorial, tropical, desértico (sul do Peru e norte do Chile),
mediterrâneo e temperado (diminuindo as temperaturas em direção
ao sul do Chile).Sua população é predominantemente indígena ou
mestiça de indígenas exceto o Chile.
A economia apóia-se nas explorações agrícolas (plantation - café,
cacau, algodão e cana-de-açúcar) e destinada ao mercado interno
destacam-se os cultivos de coca, milho e batata (Bolívia, Peru e
Colômbia). Explorações minerais: petróleo - Venezuela e Equador;
cobre no Chile; prata no Peru; estanho e gás natural na Bolívia. A
pesca é uma fonte de renda no Chile e Peru.
Os países andinos apresentam graves problemas sociais e
econômicos. A partir da década de 1980 a crise econômica é
agravada pela elevada dívida externa, o crescimento nas taxas de
juros internacionais e o declínio dos produtos agrícolas e minerais
exportados.
América Platina: corresponde a 18% do território sul-americano. O
relevo é caracterizado por planícies e planaltos. A oeste, na fronteira
da Argentina com o Chile, está localizada a Cordilheira dos Andes.
O clima varia de acordo com cada região. No norte, predomina o
clima tropical e no sul, o clima característico é o temperado. Os
principais rios são: o Paraná, Paraguai e o Uruguai, formando a
Bacia Hidrográfica do Rio Prata.
Na população, predominam os brancos de origem europeia na
Argentina e Uruguai e o no Paraguai os mestiços de índios e
brancos espanhóis.
A economia platina está vinculada ao setor agropecuário refletindo
no processo de industrialização.
Argentina: pampas (trigo, pecuária - bovinos e ovinos); atividade
industrial (Buenos Aires, Córdoba e Rosário); Patagônia (petróleo e
gás) – a cidade de Comodoro Rivadávia importante área produtora
de petróleo, abastece em 85% a Argentina.
Uruguai: agropecuária (bovinos e ovinos), cereais (milho e trigo) no
rio da Prata. Indústria alimentícia e têxtil em Montevidéu turismo em
Puntal del Este.
Paraguai: algodão e soja, e o extrativismo vegetal do tanino e da
madeira.
As Guianas: Juntamente com a Guiana francesa, que é parte
integrante da França e da União Europeia, a Guiana (ex-inglesa) e o
Suriname (ex-Guiana holandesa) formam uma região geopolítica
própria, as Guianas, voltadas para o Caribe e, apesar de cobertas
pela floresta amazônica, se encontram separadas da Bacia
amazônica pelo planalto das Guianas, cujos picos mais elevados
chegam a atingir três mil metros de altitude. Apresentam uma
composição étnico-cultural extremamente complexa e diversa, por
idiomas distintos dos demais países sul-americanos e deficiências
estruturais, todavia, podem apresentar indicadores enganosos, na
medida em que o petróleo começa a ser explorado (especialmente
no Suriname) e outros minerais, como ferro e ouro, também, além
dos projetos hidroelétricos.
ÁFRICA
Aspectos gerais
A África, com pouco mais de 30 milhões de quilômetros quadrados,
é um imenso continente onde são visíveis as condições de pobreza.
Das trinta nações mais pobres do globo com maiores problemas de
subnutrição, analfabetismo, altas taxas de mortalidade infantil,
média de vida baixa para a população, etc., pelo menos 21 são
africanas. É na África, portanto, que encontramos as mais típicas
para condições de subdesenvolvimento.
O terceiro maior continente da terra, situado entre os Trópicos de
Câncer e de Capricórnio, possui baixa densidade demográfica como
consequência das características de seu território. Em 2002, cerca
de 800 milhões de pessoas viviam no continente africano, onde
existem 53 nações independentes e um território colonizado.
Próximo ao litoral africano há um grande número de ilhas que
pertencem a países de outros continentes.
A África é frequentemente dividida em cinco regiões de acordo com
características geográficas e demográficas: a África Oriental, África
Ocidental, África Setentrional, África Central e África Meridional. Do
ponto de vista da cor da pele da sua população, o continente
africano pode ser dividido em duas partes: a África Branca, ao norte
do Saara, e a África Negra, ao sul desse deserto.
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De maneira geral, a África Branca é constituída por povos
muçulmanos, isto é, que praticam a religião islâmica, e que, em sua
maioria, falam o idioma árabe. A África Negra ou subsaariana, que
abrange a maioria dos países do continente, pelo contrário, possui
uma extraordinária diversidade de povos, idiomas e religiões.
Contudo, há exceções: existem povos negros que praticam a
religião islâmica e falam o árabe, assim como há grupos brancos, ao
norte do continente, que não são muçulmanos nem falam o árabe.
Aspectos fisiográficos
África é o mais tropical dos continentes. Essa afirmação é muito
importante para entendermos o continente africano. Cortadas em
seu, meio pelo equador, ao norte pelo trópico de Câncer e ao sul
pelo trópico de Capricórnio, as terras africanas são geralmente
quentes, bastante tropicais. Os índices de chuva, contudo, não são
elevados: são maiores nas proximidades do equador, onde se
localiza a floresta do Congo, e diminuem tanto para o norte quanto
para o sul.
Há dois imensos desertos nesse continente: o Saara e o Kalahari. O
Saara é o maior deserto do mundo, com uma área superior à do
Brasil: 9 milhões de quilômetros quadrados. Localiza-se na porção
norte do continente africano, ocupando terras de inúmeros países. O
deserto de Kalahari fica ao sul e sua área é de 600 mil quilômetros
quadrados.
A origem dos desertos é explicada pela presença de montanhas no
litoral, que agem como barreiras que dificultam a penetração de
nuvens carregadas de umidade no interior. No caso dos desertos
africanos, há um elemento a mais: ao longo do trópico de Câncer,
que corta o Saara, existe uma zona de permanente alta pressão
atmosférica. Esse fato dá origem à dispersão de ventos, em vez de
atraí-los.
Apesar de o deserto ser um fenômeno natural, sua área vem
crescendo nas últimas décadas por causa da ação humana. É o
caso, por exemplo, do forte desmatamento em regiões vizinhas,
especialmente ao sul do Saara, com o estabelecimento de atividade
agrárias inadequadas para conter essa expansão do deserto, como
criações extensivas e monoculturas voltadas para exportação.
Um meio de evitar a desertificação seria plantar árvores nas bordas
do deserto, o que não é feito por motivos econômicos: isso não dá
lucros em curto prazo. A expansão do Saara para o sul e o uso dos
melhores solos para cultivos voltados para o mercado externo vêm
agravando a insuficiência de alimentos na África Negra. Já
ocorreram inúmeros casos de seca fome crônica nessa porção do
continente, com milhares de mortos e milhões de subnutridos.
Na África, encontramos diversos tipos de vegetação, adaptados às
variações climáticas, como a floresta do Congo (mata equatorial), as
raras plantas desérticas, as estepes e a vegetação mediterrânea.
Mas são as savanas o tipo de vegetação e de paisagem natural
mais característico desse continente, e que chegou até mesmo a ser
divulgado por filmes e histórias em quadrinhos de conteúdo
colonialista, como Tarzan e Fantasma.
As savanas são vegetações de clima tropical semelhantes ao
cerrado, do Brasil central. Caracterizam-se por apresentar uma
mistura de plantas herbáceas com arbóreas e ocupam cerca da
metade do continente, desenvolvendo-se principalmente ao sul do
deserto do Saara. Uma rica fauna, composta de leões, elefantes,
girafas, zebras, rinocerontes, etc., vive nas savanas, embora tenha
sido em grande parte dizimada nos últimos cem anos. Hoje, o que
sobreviveu dessa fauna está restrito às poucas reservas que foram
ou estão sendo criadas em alguns países africanos.
Colonização e descolonização
O subdesenvolvimento atual do continente africano, os conflitos
entre seus povos e as enormes desigualdades sociais internas só
podem ser entendidos pelas grandes modificações aí introduzidas
pelos colonizadores europeus. Afinal, o grande problema africano é
a pesada herança colonial.
A África, a Ásia e a Europa formam um único e imenso bloco de
terras denominado Velho Mundo. Desde a Antiguidade existiam
contatos entre os povos desses três continentes. Mas foi no século
XV que os europeus começaram a dominar a África e a apropriar-se
de seus territórios. No início, eles estabeleceram postos comerciais
ao longo do litoral africano, nos oceanos Atlântico e Índico, pois a
África é ponto de passagem para os navios que vão da Europa para
a Ásia. Depois, com a colonização do continente americano, traziam
africanos para o Novo Mundo para trabalhar como escravos nas
plantações e nas minas de ouro e prata.
Até o século XIX, os europeus realizaram trocas comerciais com os
povos africanos. Os europeus forneciam bens manufaturados e
especiarias vindas da Índia, como pimenta-do-reino, noz-moscada,
canela, cravo, etc., e recebiam em troca escravos e produtos como
marfim, peles, madeiras nobres, etc. Esse tipo de comércio,
denominado escambo, era realizado com diversos grupos sociais
africanos. Com a independência das colônias americanas e com o
grande desenvolvimento econômico europeu provocado pela
Revolução Industrial, a Europa começou a colonizar a África no
século XIX. Assim, nações europeias importantes na época
dividiram entre si o continente africano. Houve guerras e conflitos,
terras de uma metrópole foram tomadas por outra, etc.
Consequências da colonização
Apesar de as nações africanas terem se tornado independentes,
são inúmeras as marcas da dominação colonial europeia que
permanecem até hoje nesse continente. Os colonizadores
impuseram aos africanos um modelo de economia e de sociedade
típico dos povos europeus e, com isso, destruíram a organização
social original desses povos.
Uma das consequências da dominação colonial é a economia
dependente, subordinada ao mercado internacional capitalista. Os
colonizadores destruíram essas economias(basicamente agrícolas e
de subsistência) e, no seu lugar, implantaram uma economia
comercial, seja agrícola ou mineral, voltada para o mercado externo,
isto é, para atender às necessidades dos países desenvolvidos.
Plantations: grandes plantações, onde se cultivava apenas um
gênero agrícola. Essas plantações baseavam-se também no uso
intenso de mão-de-obra mal remunerada e eram voltadas para o
fornecimento de produtos tropicais ao mercado internacional, como
amendoim, cacau, algodão, café, cana-de-açúcar, chá, etc.
Fronteiras artificiais
Com a colonização e, posteriormente, com a descolonização, um
dos grandes problemas vividos pelos africanos foi o da formação
dos países independentes.
Antes da colonização, não existiam países ou Estados-Nações na
África, mas sim povos diversificados, cada um vivendo num território
sem fronteiras definidas ou migrando de uma terra para outra, de
acordo com as necessidades de caça, de novos solos, etc. Eram
povos com idiomas e costumes muito diferentes uns dos outros,
mas nenhum deles constituía um país, o que supõe um povo
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unificado pela língua, ocupando um território definido por fronteiras e
sob a organização de um Estado, com governo, forças armadas,
polícia, tribunais, sistema de impostos, etc.
A colonização europeia não respeitou as diferenças e
particularidades desses povos.
Como regionalizar a África?
A primeira divisão regional, mais tradicional, baseada na localização
de cada região geográfica, reconhece na África cinco grandes
conjuntos:
África do norte, ou setentrional – compreende os
seguintes países: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão,
Eritréia e Etiópia.
África ocidental – abrange as seguintes nações
independentes: Mauritânia, Mali, Senegal, Guiné- Bissau, Guiné,
Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin, Burkina
Passo, Níger, Gâmbia, Nigéria e Cabo Verde. Pode-se incluir
também nesse conjunto o território do Saara Ocidental, atualmente
sob o domínio do Marrocos.
África central engloba: Chade, Camarões, Guiné
Equatorial, Gabão, Congo, República Centro-Africana, São Tomé e
Príncipe e República Democrática do Congo (antigo Zaire).
África oriental – contém: Djibuti, Somália, Uganda, Quênia,
Ruanda, Burundi e Tanzânia.
África meridional, ou austral – inclui os seguintes países:
Angola, Zâmbia, Malauí, Zimbábue (antiga Rodésia), Moçambique,
Botsuana, Lesoto, Suazilândia, África do Sul, ilhas Comores,
Maurício, Seychelles e Madagascar. Pode-se situar aqui também a
Namíbia, sob controle da África do Sul até fevereiro de 1990,
ocasião em que adquiriu sua independência, apesar da frágil
economia.
África ocidental
Situados ao redor do golfo da Guiné, a oeste, e tendo o deserto do
Saara ao norte e a leste, os países da África ocidental apresentam
uma grande diversidade de paisagens. O rio Níger e seus afluentes
atravessam essa região, numa área de clima equatorial. Mais para o
norte, o clima vai se tornando seco, desértico. A maioria da
população concentra-se ao longo do litoral e, principalmente, junto à
foz do rio Níger.
Os países desse conjunto regional africano são pouco
industrializados, com uma economia baseada na mineração (minério
de ferro, bauxita, urânio, fosfato, ouro, diamante, carvão, etc.) e na
agricultura de exportação (algodão, amendoim, cacau, café, etc.)
Algumas das menores rendas per capita do mundo pertencem a
esses países, assim como algumas das menores expectativas de
vida para a população em geral.
A Nigéria, o país mais populoso de toda a África, destaca-se nesse
conjunto e constitui a verdadeira "potência" de toda a África Negra,
com exceção da África do Sul. O território nigeriano é relativamente
grande (923 768 km2), o que é significativo nesse continente que
em geral acabou sendo dividido em pequenos territórios. Além
disso, a Nigéria merece, destaque por possuir a maior população do
continente (130 milhões de habitantes em 2002) e por ser uma
economia exportadora de petróleo. É o país mais industrializado da
África ocidental. Conta com algumas filiais de empresas
estrangeiras (de automóveis, alimentos, bebidas e de óleo de
algodão), que aí se instalaram por causa da mão-de-obra barata e
das facilidades para exportação. Possui uma grande dívida externa,
a segunda de toda a África, inferior apenas à do Egito.
África central
Os países que compõem a África central localizam-se na bacia do
rio Congo, na parte centro-ocidental do continente. A única exceção
é São Tomé e Príncipe, duas ilhas que ficam no Atlântico, próximo
ao golfo da Guiné. O clima dessa região é equatorial, quente e
úmido, tornando-se mais seco, tipicamente tropical, para o sul. A
maioria da população concentra-se próximo ao litoral ou na bacia do
Congo.
Por atravessar uma área de planaltos, juntamente com seus
principais afluentes, o rio Congo, de grande volume de água, possui
enormes e frequentes desníveis, o que faz dessa bacia hidrográfica
a mais rica do mundo em potencial hidráulico. Mas esse potencial é
ainda pouco explorado: as usinas hidrelétricas são raras e de
pequena capacidade.
Esse conjunto regional africano, de fato, é muito pouco
industrializado. Todos os países da África central são pobres e
possuem uma economia baseada na mineração, voltada à
exportação, e na agropecuária, com agricultura de plantation. Os
principais bens de exportação desses países são: algodão, cacau,
tabaco, ouro, diamante, zinco, café, amendoim e madeira.
África oriental
Localizada na porção centro-oriental do continente, a África oriental
é cortada pelo equador no centro e limitada a leste pelo oceano
Índico. De forma geral, essa é a região de terras mais elevadas da
África, onde se alternam montanhas, planaltos e depressões que
dão origem a lagos. O nordeste do continente, no local onde se
encontra a Somália, tem a forma de um chifre e, por isso, esse país
é conhecido como o Chifre da África.
A economia dos países da África oriental é pouco desenvolvida. A
industrialização é pequena e a renda per capita é baixa. Predomina
aí a agricultura de plantation, voltada para a exportação. Cultivam-
se café, algodão, chá, banana, etc. Aí também se desenvolve uma
atividade mineradora voltada para o mercado externo, com a
extração de platina, cobre, manganês, urânio, grafite, etc. Como em
quase toda a África Negra, os países dessa porção do continente
apresentam graves problemas de subnutrição e carência de
alimentos, que, muitas vezes, têm de ser importados.
África meridional, ou austral
Os países da África meridional, como o próprio nome indica, ficam
ao sul do continente, depois da bacia do rio Congo e dos lagos
Tanganica e Niassa. Localizam-se, portanto, na parte mais afunilada
da África, entre os oceanos Atlântico (a oeste) e Índico (a leste).
Alguns países dessa porção da África situam-se em ilhas, no
oceano Índico: Madagascar, Comores, Maurício e Seychelles.
A importância desses territórios da África austral está em sua
extraordinária riqueza mineral. Existem aí petróleo, explorado em
Angola; carvão, em 'Moçambique, na África do Sul e no Zimbábue;
ouro e diamante, principalmente na África do Sul, que é o maior
produtor mundial; urânio; em Madagascar e na África do Sul; e
minérios de ferro e manganês, encontrados em quase todos os
países desse conjunto regional.
A África do Sul é o único país 'africano que possui litoral nos
oceanos Atlântico e Índico. Por essa razão e por situar-se no
extremo sul da África - ponto de passagem da Europa e da América
para o Oriente Médio ou para a Ásia -, esse país tem uma posição
geográfica bastante favorável, considerada mesmo estratégica, isto
é, de grande importância militar e econômica. É seguramente o país
que, pelas suas dimensões (1221037 km2), possui a maior
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concentração mundial de riquezas minerais: ouro, diamante, carvão,
antimônio, minérios de ferro e manganês, urânio, platina, cromo,
vanádio, titânio, etc.
A República da África do Sul é o país mais industrializado de todo o
continente. Alguns autores chegaram até a colocar esse país Do
Primeiro Mundo, mas isso é um enorme exagero. De fato, a África
do Sul possui uma elevada industrialização, que, contudo, é menor
que a de muitos países do Terceiro Mundo, como a do Brasil ou a
do México, por exemplo. Apresenta também um alto padrão de vida
para a minoria branca, descendente de ex-colonizadores
holandeses ou ingleses. Mas o que prevalece é uma baixa
qualidade de vida para a imensa maioria da população,
principalmente para os negros (70% da população total) e para os
mestiços (10%) e os asiáticos (3%).
Não é possível entender a atual situação da África do Sul sem
lembrar o seu sistema oficial de racismo, o apartheid, que foi
eliminado somente em 1994. Esse sistema de segregação racial foi
criado pela minoria branca, detentora do poder e da riqueza, com o
objetivo de controlar a maioria negra e de manter o modelo
econômico baseado na superexploração da força de trabalho.
O apartheidfoi implantado no país após a independência diante da
Inglaterra, em 1961, e fez parte da Constituição do país vigente até
abril de 1994. Assim, durante mais de três décadas, a África do Sul
possuiu um racismo oficializado, isto é, determinado pelas leis do
país, que estabeleceram direitos desiguais de acordo com a cor da
pele.
ORIENTE MÉDIO
O Oriente Médio, conhecido também de Ásia Ocidental, é uma
porção do continente asiático que ocupa uma área de 7.200.000
km2. Foi justamente nesse subcontinente que emergiu as
civilizações precursoras da humanidade, mais precisamente no
território onde se encontra hoje o Iraque, antes chamado de
Mesopotâmia, lugar onde surgiram as primeiras cidades que se tem
registro (há cerca de 5 mil anos). O Oriente Médio é composto por
15 países, são eles: Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrain, Catar,
Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia,
Kuwait, Líbano, Omã, Síria e Turquia. Somando as populações dos
respectivos países citados o total são 260 milhões de habitantes.
Essa porção da Ásia é o berço das três maiores religiões
monoteístas do mundo, nesta região surgiram o cristianismo, o
judaísmo e o islamismo. O islã ou islamismo é a religião que
predomina na maioria dos países do Oriente Médio.
O Oriente Médio atrai os olhos do mundo por dois motivos
principais: por ser uma área de instabilidade política e à imensa
riqueza que se está abrigada em seu subsolo: o petróleo, elemento
que aguça o interesse das grandes nações europeias, além dos
Estados Unidos e Japão. A maior reserva de petróleo do mundo
está nessa região da Ásia, por isso as grandes nações mundiais
frequentemente interferem no cenário geopolítico do Oriente Médio.
A luta pelo petróleo, e em alguns casos também pela água, provoca
uma série de divergências políticas entre os países do Oriente
Médio, tornando assim uma área de foco de conflito armado quase
que permanente.
O Oriente Médio se encontra geograficamente localizado e
delimitado pelos Mares Negro e Cáspio ao norte; Arábico ao sul; e
Vermelho e Mediterrâneo a oeste. O litoral da Ásia Ocidental é
constituído pela Península Arábica e Península da Ásia Menor.
A parte do Oriente Médio onde compreende a Península Arábica é
limitada geograficamente pelo Golfo Pérsico, a leste e Mar
Vermelho, a oeste. É bom ressaltar que não é fácil definir
precisamente quais países pertencem integralmente ao Oriente
Médio, uma vez que muitos territórios abrangem dois continentes
simultaneamente, como por exemplo, a Turquia que está na Europa
e na Ásia.
Aspectos Naturais
O Oriente Médio é uma porção territorial do continente asiático.
Nessa região a superfície terrestre (relevo) é constituída
principalmente por planaltos, como o Planalto de Anatólia e o
Planalto da Arábia. O território em questão abriga também
formações montanhosas provenientes de dobramentos modernos,
das quais podemos citar os montes Zagros, Elburz e Iêmen. Esses
não são as únicas unidades de relevo, inclui ainda as planícies, que
compreende a planície da Mesopotâmia. Esse tipo de relevo
abrange restritas áreas dentro do Oriente Médio. O Iraque abriga a
maior parte das planícies existentes no Oriente Médio, sendo que as
mesmas ocorrem entre dois importantes rios: o Eufrates e o Tigre.
A característica climática da região é predominantemente marcada
pelo clima do tipo árido e semi-árido, ou seja, com temperatura
elevada e pouquíssima incidência de precipitações. Além disso, há
uma enorme variação de temperatura (amplitude térmica) entre o
período diurno (atinge até 50° C) e noturno (abaixo de 0°C). As
regiões mais úmidas do Oriente Médio se restringem as áreas
litorâneas, as quais se encontram climas mediterrâneos com verões
quentes e secos e invernos frios e chuvosos.
O subcontinente do Oriente Médio é pobre em vegetação, isso
devido à adversidade climática, no entanto, é possível encontrar em
lugares mais secos plantas do tipo xerófilas, estepes em áreas de
clima árido e nas regiões mais úmidas de característica
mediterrânea são identificadas vegetações arbustivas, campos e
pradarias em decorrência da influência do clima temperado.
Religiões do Oriente Médio
O Oriente Médio é uma região da Ásia localizada no sudoeste do
continente. Esse subcontinente é caracterizado pelo clima árido com
presença de paisagens desérticas. Mesmo com a escassez de
água, nessa região vivem cerca de 270 milhões de habitantes.
A região do Oriente Médio é caracterizada também pela
instabilidade política e o risco constante de conflitos. A maioria dos
conflitos se sucede há muito tempo na história, os motivos são os
mais variados possíveis. Mas, sem dúvida, o principal motivo que
desencadeia tantos conflitos são as divergências religiosas.
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Nesse subcontinente surgiram as três maiores religiões monoteístas
(doutrina ou corrente religiosa que reconhece a existência de um
único Deus) do mundo, são elas: o islamismo, o cristianismo e o
judaísmo. O islamismo é a religião que detém o maior número de
adeptos no Oriente Médio, são aproximadamente 253 milhões de
pessoas. Assim, é possível notar que o cristianismo e o judaísmo
figuram como minorias religiosas nessa porção do mundo.
As pessoas que se convertem ao islamismo são chamadas de
mulçumanos ou islamitas. A religião islâmica é o principal elemento
cultural na região, fazendo com que seja o princípio fundamental e
verdadeiro.
O islamismo teve início na Arábia Saudita e logo se dispersou por
todo o Oriente Médio, a partir do século VII. Os Árabes foram os
primeiros fiéis, e pregaram a religião por todo o Oriente Médio.
Desde sua fundação até os dias atuais, o islamismo já atingiu a
África; parte da Ásia, em países com grande população absoluta,
como a Índia, Indonésia e Malásia. Além de seguidores em países
da Europa, como Espanha e Inglaterra.
Existem cerca de 900 milhões de mulçumanos fora do Oriente
Médio. Atualmente, é a religião que mais cresce no mundo, sendo a
segunda maior do planeta. O conjunto de países que possui como
religião predominante o islamismo recebe o nome de mundo
islâmico.
Petróleo no Oriente Médio
A economia dos países que compõem o Oriente Médio está
vinculada diretamente com a extração e o refino do petróleo. Às
vezes, essa é praticamente a única fonte de receita para
determinados países. Como a região é constituída basicamente por
desertos com climas adversos, impróprio para agricultura, a maior
riqueza que eles possuem é, sem dúvida, o petróleo.
Dentre as diversas jazidas de petróleo do Oriente Médio, a
concentração maior do recurso está no Golfo Pérsico e na
Mesopotâmia, os quais juntos possuem cerca de 60% de toda
reserva do planeta.
Dentre os países do Oriente Médio, os maiores produtores de
petróleo são Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes
Unidos, Catar e Bahrain.
A imensa reserva de petróleo existente no subcontinente, aliada a
outros fatores de caráter econômico e político, favoreceram a
criação da Opep (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo), em 1960, que é considerada um dos maiores cartéis do
mundo.
Atualmente, a Opep produz aproximadamente 40% de todo petróleo
extraído no mundo e 70% das exportações desse recurso em todo o
globo. Essa organização tem como principais mercados as grandes
potências mundiais, especialmente os países europeus como
Alemanha e França, além do Japão e dos Estados Unidos. O país
norte-americano mesmo sendo um grande produtor necessita do
produto importado, uma vez que não é auto-suficiente em tal
recurso. Esse fato favorece a interferência das grandes nações no
cenário geopolítico do Oriente Médio.
A Opep está sediada na Europa, mais precisamente na Áustria, na
cidade de Viena. Inserem nessa organização onze países, seis são
do Oriente Médio: Arábia Saudita (maior produtor mundial),
Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait e Catar. Outros cinco
países completam a lista, que são: Argélia, Líbia, Nigéria, Indonésia
e a Venezuela.
É bom destacar que a limitação econômica em relação ao petróleo
pode impedir que os países se desenvolvam em outras atividades
produtivas, como a industrial. Dessa forma, grande parte das
nações do Oriente Médio não é considerada industrializada, salvo
Israel que detém índices melhores em relação a seus vizinhos. O
que deve ser levado em conta é o esgotamento de recursos
minerais, em que o petróleo está inserido, pois assim, quando as
jazidas se findarem, as economias que dependem da atividade vão
ingressar em um colapso econômico.
SUL DA ÁSIA
Aspectos gerais
Conhecido também como Subcontinente Indiano, o sul do
continente asiático é o conjunto regional que vai do Paquistão, a
oeste, até Mianma, a leste, abrangendo a Índia, o Sri Lanka, as
Maldivas, o Nepal, o Butão e Bangladesh. O Sri Lanka e as
Maldivas são insulares.
Nessa região, uma das mais pobres do mundo, todos os países,
sem nenhuma exceção, apresentam baixíssima renda per capita; a
maior renda é a das Maldivas: apenas mil dólares; as menores são
a de Bangladesh e a do Nepal: cerca de 220 dólares. São altos os
níveis de pobreza e subnutrição. Apenas a Índia apresenta um certo
grau de industrialização, que, porém, é insuficiente se
considerarmos a sua imensa população.
O relevo dessa região é montanhoso ao norte. Existe aí um
prolongamento da cordilheira do Himalaia, que apresenta as
maiores altitudes da superfície terrestre. Países como o Nepal e o
Butão, situados no norte desse conjunto, são quase totalmente
montanhosos. Já para o sul as altitudes são menores, com a
alternância entre planaltos e planícies. Aí se destaca a planície Indo-
Gangética, constituída pelas bacias dos rios Indo e Ganges, os mais
importantes dessa região.
O clima do Sul, assim como o do Sudeste da Asia, é o mais úmido
do globo, com chuvas abundantes no verão e um forte calor tropical.
É o chamado clima tropical monçônico, ou clima monçônico,
resultado dos ventos de monções, que mudam de sentido durante o
ano.
No verão, esses ventos vêm do oceano Índico para o Sul e para o
Sudeste Asiático, onde a pressão atmosférica está baixa. No
inverno, eles sopram em sentido contrário, saindo da Ásia por causa
das elevadas pressões atmosféricas que aí prevalecem.
As monções de verão, que se dirigem ao continente asiático, são
muito úmidas, provocado chuvas abundantes. Não é por acaso que
na Índia foram registrados os maiores índices mundiais de
pluviosidade.
Economia
A economia dos países do Sul da Ásia em geral baseia-se na
agricultura, com exceção da Índia, que possui uma atividade
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industrial expressiva para um país do Sul. Os principais produtos
cultivados são: chá, algodão, trigo, juta, arroz, tabaco, milho e cana-
de-açúcar.
Existem grandes áreas com monoculturas voltadas para a
exportação. São as plantations, cultivadas desde a época em que os
ingleses colonizaram essa região. O chá, assim como o tabaco e o
algodão, é um produto típico para o mercado externo.
Nessa região asiática também ocorre um dos grandes problemas do
Sul: o uso dos melhores solos para cultivos de exportação, ficando
os piores para a produção de alimentos necessários à população.
Índia, Bangladesh e Paquistão, países com enormes populações,
apresentam problemas de insuficiência alimentar em larga escala.
Papel da religião
As religiões predominantes nessa região da Ásia são:
hinduísmo– praticado na Índia, especialmente, por cerca
de 82% da população, bem como no Nepal, em Mianma, no Sri
Lanka e em Bangladesh;
muçulmanismo ou islamismo – predominante em
Bangladesh, nas Maldivas e no Paquistão;
budismo – predominante no Sri Lanka e no Butão, mas
praticado por minorias na Índia, no Paquistão e em Bangladesh.
Entre as religiões minoritárias, destacam-se o cristianismo seguido
por minorias no sudoeste da Índia e principalmente o sique (ou sikh)
-, adotado por povos siques na região do Punjab, norte da Índia.
Nessa região, são frequentes os conflitos entre siques e hinduístas
por motivos religiosos.
A religião nessa parte da Ásia é um elemento muito importante, pois
desempenha um papel político fundamental em todos os países. As
diferenças religiosas entre os povos são um dos principais motivos
de grande parte dos conflitos armados e dos movimentos
separatistas que aí ocorrem, bem como da divisão da antiga Índia
em três países independentes: Índia, Paquistão e Bangladesh.
A Índia
O Subcontinente Indiano, que tem a forma de um triângulo, é
atravessado pelo trópico de Câncer praticamente no meio de seu
território e ocupa uma enorme planície, a planície do Ganges, e
onde encontramos algumas das maiores densidades demográficas
de todo o mundo. Ao norte, na cordilheira do Himalaia, encontram-
se picos com altitudes superiores a 6 000 m; do centro do território
em direção ao oceano Indico, localiza-se o planalto do Deca.
O desempenho da economia indiana, porém, deixa muito a desejar
no que se refere às condições de vida da população: seu PNB é de
cerca de 450 bilhões de dólares, o que corresponde a 70% do PNB
do Brasil, país que possui menos de um quinto da população
indiana. A renda per capita é de cerca de 450 dólares, contra 3 600
dólares do Brasil. A expectativa de vida da população indiana é de
62 anos, a taxa de analfabetismo está entre as maiores do mundo:
35% entre a população masculina e 65% entre a feminina.
A precariedade das condições de vida da população desse país
asiático se agrava ainda mais quando levamos em conta as
profundas diferenças étnico-religiosas, econômicas e políticas entre
as várias regiões da Índia. Sua organização política é um
complicador importante: a Índia é uma república federal, formada
por 25 estados e sete territórios, em que o governo central, mais
conhecido como Centro, se impõe aos estados federais, pois eles
dependem financeiramente do Centro. Os Estados membros, por
sua vez, disputam entre si benefícios do Centro; por exemplo,
incentivos para a industrialização. Em alguns deles, porém, a
disputa maior decorre dos recentes problemas ligados ao i
abastecimento de água para a irrigação, vital para a atividade
agrícola em algumas regiões do país (mais de 70% da população
hindu ainda vive no campo).
Castas indianas
O sistema de castas é uma das principais, talvez a mais importante,
característica da sociedade indiana e de alguns países vizinhos no
Sul da Ásia, nos quais predomina a religião hinduísta. É difícil para
nós, ocidentais, entender o sistema de castas porque vivemos em
sociedades baseadas em valores individualistas e igualitários, em
que todos nascem iguais do ponto de vista de direitos e deveres.
Numa sociedade de castas, ao contrário, os valores mais
importantes são os da hierarquia, e o grupo (família, casta) é mais
importante que o indivíduo.
Só conseguimos entender as diferenças de cor da pele e;
principalmente, as de classes sociais: ricos e pobres, capitalistas e
trabalhadores. Mas as castas não são classes nem raças ou etnias,
também não se definem pela riqueza ou pelas propriedades,
tampouco pela cor da pele das pessoas. Elas são complexas, seu
significado varia de região para região e caracterizam-se por vários
fatores: pureza e impureza, superioridade e inferioridade cultural ou
religiosa, profissão original ou habitual, casamentos endógenos,
hábitos alimentares e de vestimenta, etc.
Nos dois extremos do sistema de castas temos os brâmanes,
originalmente sacerdotes, considerados superiores ou mais puros, e
os intocáveis, ou párias, servidores considerados impuros e
inferiores, que, no meio rural, moram em casebres separados das
aldeias, não podem usar a mesma água ou poço que os demais,
não podem se banhar no rio Ganges, considerado sagrado, etc. No
entanto, existem vários grupos diferentes de brâmanes e de
intocáveis e um número incalculável de outras castas ou subcastas,
ao redor de milhares.
CHINA
Território
A China é regionalizada administrativamente, ao longo da história
sempre ocorreram modificações de forma crescente, desse modo a
China possui a seguinte configuração: no alto da hierarquia regional
chinesa se encontra os circuitos e as províncias (Sheng), as outras
divisões emergiram posteriormente, tais como prefeituras,
subprefeituras, departamentos, comarcas (Xiang), distritos (Xian) e
áreas metropolitanas. Essas características não são totalmente
definidas, uma vez que na tradução para o português existem
divergências.
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A geografia
A geografia chinesa é descrita como sendo complexa, pois tem
inserido em seu território uma imensa variedade de elementos
paisagísticos (relevo, vegetação, cordilheira entre outros), desses se
destacam os planaltos e as montanhas localizadas a oeste, e
relevos de menor altitude a leste.
Essa configuração leva os rios a escoar suas águas de oeste para
leste, são eles: Chang Jiang, Huanghe, Amur, além dos que correm
rumo ao sul como os Rios das Pérolas, Rio Mekong, Brahmaputa,
ressaltando que todos esses rios deságuam no Oceano Pacífico.
Em toda costa leste do Mar Amarelo e Mar da China Oriental
concentra planície Aluvial, a costa do Mar da China do sul possui
configuração montanhosa, já no sul o relevo é de características
constituídas por serras e cordilheiras com altitudes pouco elevadas.
No Himalaia se encontra o ponto mais alto, o Monte Everest, que
corresponde à montanha mais elevada do mundo com 8.850 metros
de altitude.
O sudoeste chinês é composto por paisagens de altos planaltos,
paisagens áridas e desertos como Takla-Makan e o deserto de Gobi
que cresce cada vez mais.
O País Mais Populoso do Mundo
A China é o país de maior número de habitantes do mundo, em
2005 a população chinesa atingiu cerca de 1,3 bilhões de pessoas,
mesmo com esse imenso contingente o país alcançou melhoras
consideráveis na qualidade de vida, diminuição na taxa de
mortalidade que hoje é uma das menores do mundo, queda nas
taxas de desemprego e aumento na quantidade de calorias
ingeridas diariamente pelas pessoas, embora não esteja no mesmo
nível dos países centrais.
Isso é fruto de medidas de planejamento familiar com controle de
natalidade, e principalmente, devido à abertura política e econômica.
A economia do país, desde o início da década de 90, é vista como a
que mais alcançou crescimento, e progride gradativamente com
intuito de se tornar uma potência mundial.
Isso é fruto de medidas de planejamento familiar com controle de
natalidade, e principalmente, devido à abertura política e econômica.
A economia do país, desde o início da década de 90, é vista como a
que mais alcançou crescimento, e progride gradativamente com
intuito de se tornar uma potência mundial.
O termo ―superpovoamento‖ não fica totalmente correto quando se
trata da sociedade chinesa, pois as taxas de natalidade estão
diminuindo progressivamente, em 1955 a taxa de natalidade era de
40%, já em 2005 esse número baixou para 14%. Os resultados
citados não se restringem unicamente ao controle de natalidade e
ao planejamento familiar, mas à crescente melhora de vida de sua
população, melhoria nas taxas de analfabetismo e o alto padrão de
vida e formação educacional, além disso, o governo tornou
obrigatória a inserção de crianças na escola e aboliu o trabalho
infantil.
Em suma, a expressão superpovoamento pode ser considerada
tranquilamente como relativa, dessa forma não há superpovoamento
absoluto ou permanente que não possa ser alterado em decorrência
de profundas alterações econômicas, sociais e tecnológicas, e isso
independe do tamanho do país ou da população.
Com isso uma área A que possui uma população B pode ser
considerada como superpovoada quando as características são de
agricultura tradicional, desigualdade de renda acentuada, essa
mesma área pode deixar de ser superpovoada se as condições se
alteram para melhor em fatores econômicos, práticas agrícolas
modernas, distribuição de renda, e investimentos em educação
entre outros.
Uma Potência Mundial
A China é atualmente o país que mais cresce no mundo, por essa
razão tem se destacado no cenário geopolítico mundial.
O país tem exercido grande influência política, militar e econômica
no cenário regional e internacional graças a fatores determinantes,
como grande extensão de seu território (ocupa o terceiro lugar em
dimensão), elevadíssimo número de habitantes (cerca de 1,3 bilhão,
o mais populoso do mundo) e dinamismo de sua economia
(atualmente é a economia que apresenta maiores índices de
crescimento em todo o planeta).
O país tem se despontado em razão do modo agressivo de sua
aplicação política interna e externa. A política interna está vincula a
uma extrema centralização do poder, que se encontra sob os
domínios do único partido político do país, o Partido Comunista; que
coíbe todo e qualquer tipo de movimento de caráter social (greves,
manifestações, discursos, entre outros), caso ocorra, é
rigorosamente interceptado pelo uso da força.
No âmbito internacional, a China está obtendo maior força e
participação nas decisões políticas, tal fato levou o país a usufruir o
direito de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de
Segurança da ONU (Organizações das Nações Unidas).
Seu potencial militar tem contribuído para o incremento de sua
influência internacional, pois o país detém um enorme exército
(evidente no país mais populoso do mundo), além de possuir um
numeroso e diversificado arsenal bélico, como bombas atômicas e
mísseis. O país domina tecnologias espaciais, é fabricante de
satélites artificiais e foguetes.
Diante desses aspectos, parece claro que a China possui
praticamente todos os requisitos para se tornar uma grande
potência mundial, senão a maior potência mundial.
Diversos estudos apontam que a China, no século XXI, será a
principal potência; perspectiva alicerçada no índice de crescimento
econômico, e no potencial político e militar do país.
Tigres Asiáticos
Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan (ou Formosa) e Hong Kong –
cidade sob a administração colonial do Reino Unido até 1997,
quando foi reincorporada à China –são internacionalmente
conhecidos como Tigres Asiáticos. Isso se deve à grande
prosperidade econômica –sobretudo industrial –que alcançaram nas
últimas décadas, com algumas das mais elevadas taxas de
crescimento do mundo. São Estados ou regiões que eram
considerados pobres até a década de 1960, quando tinham
indicadores socioeconômicos semelhantes ou, muitas vezes,
inferiores aos do Brasil, Venezuela, México, África do Sul, Colômbia
e outros países do Sul, e que, no entanto, conheceram sensíveis
melhoras econômicas e até sociais nas últimas décadas.
A força de trabalho disciplinada, qualificada (os sistemas
educacionais nesses países são de ótima qualidade e acessíveis à
maioria da população) e inicialmente barata estimulou o crescimento
dessas economias. Além desse, outros fatores foram importantes,
como os incentivos aos capitais estrangeiros, a localização
estratégica, o enorme esforço governamental para promover a
industrialização gastando de forma eficiente os seus recursos, etc.
Os Tigres atualmente são quase economias do Norte, ou
desenvolvidas, isto é, estão numa situação limítrofe, intermediária,
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com altas rendas per capita, uma distribuição social da renda não
muito concentrada, elevadas expectativas de vida, baixos índices de
analfabetismo e de mortalidade infantil, etc. Contudo, seria
prematuro incluí-los no conjunto do Norte, pois não há neles toda
aquela tradição de estabilidade política – ou seja, instituições
democráticas – e um padrão de vida elevado há várias décadas, o
que caracteriza os países desenvolvidos.
Até há pouco tempo eles eram economias pobres e Estados
governados por ditaduras e que, ao contrário de alguns países
europeus onde isso também ocorreu (caso de Portugal, por
exemplo), não pertencem a um sólido megabloco como a União
Europeia. Assim sendo, eles dependem muito do resto do mundo,
do mercado externo, que é fundamental para suas exportações, ao
passo que os países mais pobres da Europa não têm essa
dependência e contam com uma vizinhança muito mais próspera e
estável.
O crescimento econômico dos Tigres teve como base a
internacionalização, a preocupação com o mercado exterior. Suas
exportações de bens industrializados no início, tecidos, roupas,
brinquedos, bugigangas eletrônicas, etc. e, depois, nos anos 1980,
aparelhos de videocassete, relógios a pilha, bicicletas, gravadores,
televisores em cores, automóveis e até microcomputadores
multiplicaram-se a cada ano, absorvidas especialmente pelo
mercado consumidor da América do Norte e da Europa. A Coreia do
Sul com 99484 km2 e 47,3 milhões de habitantes, é o maior e o
mais povoado dos Tigres Asiáticos. Cingapura, uma cidade-estado
com apenas 618 km2 e 4,5 milhões de habitantes, é o menor e
menos povoado dos Tigres, e também um local de elevada renda
per capita e qualidade de vida em geral. Formosa ou Taiwan (ou
ainda China Nacionalista), com 35 981 km2 e 21,8 milhões de
habitantes, fica numa posição intermediária. Já a região ou cidade
de Hong Kong, com apenas 1 067 km2 e 7 milhões de habitantes,
tem uma posição original na medida em que não é um Estado
independente.
Hong Kong tem uma renda per capita e uma qualidade de vida em
geral muito superior ao restante da China, sendo uma cidade
moderna e ocidentalizada, com uma vida econômica própria e
independente de Pequim. Durante as negociações com o Reino
Unido para a devolução de Hong Kong, a China se comprometeu a
não interferir nessa cidade por pelo menos cinquenta anos após a
reanexação, o que significa até 2047.
A China não pretendeu simplesmente anexar essa cidade ao seu
sistema de governo e à sua economia o que poderia provocar a fuga
de capitais e um retrocesso econômico -, mas sim dar-lhe uma certa
autonomia, principalmente com relação à sua política econômica. O
governo chinês montou um Conselho Administrativo nessa área,
com a participação de representantes locais e autoridades chinesas,
para que a mudança administrativa não causas se
descontentamento na população e muito menos fuga de capitais.
Afinal, grande parte da economia de Hong Kong é dependente da
confiança dos investidores internacionais.
Por fim, vamos considerar um problema geopolítico entre Taiwan e
a China, que não aceita até hoje a independência de Taiwan.
A ilha de Formosa, que já fez parte da China, proclamou sua
autonomia em 1949, com o nome de República da China
Nacionalista. Nessa ocasião, as tropas de Chang Kai-chek, que
chefiava o governo da China, foram derrotadas pelas forças
comunistas de Mao Tse-tung. Com a derrota, Chang Kai-chek e
suas forças acabaram se refugiando nessa ilha, situada a leste da
China, formando aí um novo governo e pro- clamando a sua
independência. A China nunca aceitou a separação de Formosa e
os conflitos entre os dois países sempre existiram, de 1949 até o
presente. A situação ficou mais difícil para Formosa quando a China
saiu de seu isolamento e abriu-se para o capitalismo internacional, o
que começou por volta de 1974-1976.
Considerando a importância da China (principalmente o imenso
mercado consumidor potencial ou virtual), os Estados Unidos, que
até então estavam do lado de Formosa, resolveram restabelecer
relações diplomáticas com os chineses e esfriar seus laços com
Taiwan. Assim, em 1971, Taiwan retirou-se da ONU, pois a
República Popular da China foi aceita nessa instituição pelos países
membros. Como o governo chinês exigia que seu país fosse único
representante da China na ONU, Taiwan teve de sair.
Nos últimos anos, a China já propôs várias vezes que
representantes das duas partes se reunissem com a finalidade de
buscar um acordo que levasse à reunificação dessa ilha com a
nação chinesa. O governo de e Taiwan, contudo, sempre recusou
essas propostas alegando incompatibilidade de sua economia
capitalista com o socialismo chinês. No entanto, a atual política de
abertura da China para o capitalismo veio enfraquecer esse
argumento, O que deixa dúvidas em relação ao futuro de Formosa
como nação separada do restante da China. Entretanto; inúmeras
pesquisas de e opinião pública realizadas nos últimos anos em a
Taiwan mostraram que a grande maioria da população a não se
considera mais chinesa e não quer de maneira nenhuma que o país
volte a fazer parte da China.
EXERCÍCIOS
01. (UPE – 2002) Houve, na Geografia, diversas tentativas de dividir
o mundo em regiões. Uma dessas regionalizações foi a simples
divisão entre águas e terras, configurando, então, os continentes.
Uma outra regionalização associou a blocos políticos a base
econômica estabelecida na divisão internacional do trabalho entre
―norte‖ e ―sul‖, países desenvolvidos e subdesenvolvidos,
identificando, assim, o ―Primeiro Mundo‖ , o ―Segundo Mundo‖ e o
―Terceiro Mundo‖.
Essa última regionalização atualmente perdeu bastante o sentido
porque:
1. a diferenciação e o conflito entre os blocos socialistas e
capitalistas praticamente desapareceram.
2. após a queda do ―Muro de Berlim‖, o sistema tecnocrático-estatal-
militarista intensificou-se, sobretudo na Ásia, contribuindo para o
surgimento do ―Quarto Mundo‖.
3. tem ocorrido, de uma certa forma, uma verdadeira terceiro-
mundialização de vários países que faziam parte do ―Segundo
Mundo‖.
4. a própria regionalização do mundo pela Divisão Internacional do
Trabalho tradicional por setores da economia extinguiu a
regionalização dos ―Três Mundos‖ no início da década de 1980.
Após a leitura e a análise dos itens acima, assinale
A) se todos são verdadeiros.
B) se somente 1 é verdadeiro.
C) se somente 2 é verdadeiro.
D) se somente 3 e 4 são verdadeiros.
E) se somente 1 e 3 são verdadeiros.
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02. (UFMS) Assinale a alternativa que melhor define a Guerra
Fria:
A) Política de ―paz armada‖, desenvolvida pelas potências
internacionais no período que antecedeu a Primeira Guerra
Mundial, da qual resultaram tratados de alianças como a Tríplice
Entente e a Tríplice Aliança.
B) Estado de tensão permanente entre o bloco capitalista, liderado
pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União
Soviética, resultante da disputa entre essas duas potências por
uma posição hegemônica no contexto internacional, no período
posterior à Segunda Guerra Mundial.
C) Tensão militar ocorrida entre a Inglaterra e a Alemanha, no final
do século XIX, motivada pela disputa, entre os dois Estados
nacionais, pelo controle do comércio do mar do Norte.
D) Estratégia desenvolvida pelos Estados Unidos, no âmbito de sua
política internacional, visando conter a expansão imperialista da
União Soviética, nação que emergiu da Segunda Guerra
Mundial como a maior potência econômica e militar do mundo.
E) Choque ocorrido entre os países industrializados europeus entre
o final do século XIX e o início do século XX, em razão das
disputas por colônias na áfrica e na Ásia.
03. (ENEM – 2010) O G-20 é o grupo que reúne os países G-7, os
mais industrializados do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França,
Reino Unido, Itália e Canadá), a União Europeia e os principais
emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia,
Saudita, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México e
Turquia). Esse grupo de países vem ganhando forças nos fóruns
internacionais de decisão e consulta. ALLAN, R. Crise global.
Disponível em HTTP://conteudoclippingmb.planejamento.gov.br. Acesso
em 31 de julho de 2010.
Entre os países emergentes que formam o G-20, estão os
chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), termo criado em
2001 para referir-se aos países que
A) Apresentam características promissoras para as próximas
décadas.
B) Possuem base tecnológica mais elevada.
C) Apresentam índices de igualdade social e econômica mais
acentuados.
D) Apresentam diversidade ambiental suficiente para impulsionar a
economia global.
E) Possuem similaridades culturais capazes de alavancar a
economia mundial.
04. (ENEM – 2009) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria
dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação
de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que
aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que
concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na
formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste
europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu
igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela
opção entre os modelos capitalista e socialista. Essa divisão
europeia ficou conhecida como
A) Cortina de Ferro. D) Convenção de Ramsar.
B) Muro de Berlim. E) Conferência de Estocolmo.
C) União Europeia.
05. (ENEM – 2009) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as
décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria
instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de
conflitos e pela multipolaridade. O panorama estratégico do mundo
pós-Guerra Fria apresenta.
A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às
disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de
ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime
organizado.
B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares
das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade
nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da
Guerra Fria.
C) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções
militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser
realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com
maior envolvimento de países emergentes.
D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a
possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global,
devido à crescente consciência política internacional acerca
desse perigo.
E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se
submetem às decisões da ONU no que concerne às ações
militares.
06. (UFF)
―Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial.
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial‖.
Caetano Veloso
Como sugere o poeta, os acontecimentos que marcaram a ―nova
ordem‖ econômica e política mundial apresentam também os seus
reversos, ameaçando essa mesma ―ordem‖. Está entre as ―coisas
fora de ordem‖ que contradizem o novo ordenamento mundial,
pretendido pelas grandes potências:
A) o término da Guerra Fria e a unificação das duas Alemanhas;
B) a formação dos megablocos econômicos e as pressões norte
americanas sobre o CEE;
C) a unificação da Europa e a crise do estado do Bem-Estar Social
nos países capitalistas;
D) a guerra civil na antiga Iugoslávia e o crescimento de
movimentos étnicos-nacionais.
E) o reforço dos elos comerciais entre os três centros econômicos:
EUA, CEE e Japão.
07. (VUNESP) No fim da década de oitenta e início dos anos
noventa a bipolaridade mundial declinou; da polaridade ideológica e
militar leste/oeste passou-se para a econômica norte/sul. Isto
significa dizer que atualmente há uma oposição entre:
A) O oeste rico e industrializado e o leste pobre e agrário.
B) O oeste pobre e agrário e o sul rico e muito industrializado.
C) O leste pobre e agrário e o norte rico e industrializado.
D) O sul rico e industrializado e o norte pobre e agrário.
E) O norte rico e industrializado e o sul pobre e em processo de
industrialização.
08. (UFS – 2006) A ideia de uma nova ordem mundial remete ao
fato de ter existido, então, uma velha ordem, cujas características
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foram modificadas pelas novas relações de poder entre as nações.
Sobre essa temática, analise as afirmações e assinale a correta:
A) A velha ordem mundial foi a ordem imposta pela Guerra Fria, na
qual duas potencias militares, Estados Unidos e a Alemanha,
disputavam por áreas de influência em todo o globo.
B) O fim da União Soviética na década de 1990 deixou em aberto a
nova configuração do poder mundial se haveria uma ordem
unipolar, dominada pela ONU, ou multipolar, com a ascensão de
potências concorrentes como o Brasil e Austrália.
C) Para alguns autores, a ordem mundial no século XXI deveria ter
o predomínio do poder econômico, com os grandes blocos
econômicos como principais atores no cenário político mundial.
D) No novo cenário de poder mundial pensado para o século XXI,
tem grande destaque a chamada Bacia do Atlântico,
capitaneada pelo Brasil e sustentada pelo dinamismo
econômico dos Tigres Asiáticos e, mais recentemente, da
China.
E) A importância de organismos supranacionais como a ONU tem
sido reforçada pela intensa colaboração deste organismo com
as principais potências militares do Globo, Estados Unidos e
Rússia, mediando os conflitos no Iraque e na Chechênia.
09. O Canadá foi o último dos sete grandes países (G-7) a se
industrializar, como resultado da influência do grande capital
americano. Pode-se dizer sobre esses dois países que:
A) A proximidade geográfica dificultou a vinculação da economia
canadense à norte-americana, gerando a necessidade de leis
protecionistas.
B) A ausência de florestas no Canadá, devido ao clima subártico,
exigiu a importação de matéria-prima do país vizinho, de modo a
viabilizar a indústria de papel e celulose.
C) A penetração de empresas norte-americanas em território
canadense é fruto da atual conjuntura de formação de
megablocos econômicos, no caso o NAFTA (North American
Free Trade Agreement).
D) Os dois países formam uma grande mancha urbano-industrial,
em torno dos grandes lagos e do vale do São Lourenço,
constituindo uma verdadeira unidade geográfica e econômica.
E) O NAFTA prevê a abertura econômica entre os dois países,
derrubando notórias resistências de integração.
10. “A especialização é uma das características marcantes da
agricultura comercial americana. Assim como os empresários
industriais, os empresários do setor agrícola buscam localizar suas
atividades de maneira a maximizar seus lucros”
A) Os empresários agrícolas concentraram a produção de trigo no
baixo curso do Mississipi, no sul dos Estados Unidos;
B) A pecuária intensiva e a policultura de frutas, legumes e verduras
concentraram-se junto aos grandes centros consumidores do
leste dos Estados Unidos;
C) Nas vastas regiões secas do oeste dos Estados Unidos, deu-se o
domínio da pecuária extensiva;
D) O custo da produção e a rentabilidade do setor agrícola nos
Estados Unidos são influenciados pelo acesso aos mercados, o
preço da terra e a diversidade climática;
E) Nas áreas situadas ao sul dos Estados Unidos, onde dominam
climas frios, os empresários agrícolas conseguiram maximizar
os seus lucros com o plantio de milho de soja. às áreas onde se
loca
11. A tradicional região industrial dos Grandes Lagos nos Estados
Unidos teve como principais fatores para o seu desenvolvimento,
entre outros:
A) A existência de importantes centros de pesquisas e a localização
de terminais ferroviários procedentes do Pacífico.
B) A presença de entroncamentos de transportes aéreos, facilitando
o escoamento da produção por todo o país.
C) A proximidade de matéria-prima como o ferro e o carvão e a
existência de importante rede de transportes.
D) A modernização das atividades rurais, que obrigou o
deslocamento da população para os centros industriais.
E) A aglomeração de instituições financeiras, alimentando recursos
para a expansão das atividades.
12. (UFS- adaptada) Considere o mapa apresentado abaixo:
A partir do mapa e de seus conhecimentos sobre os
deslocamentos populacionais no continente americano, analise
as afirmações que seguem e assinale a alternativa incorreta.
A) Os Estados Unidos são o país que mais recebeu imigrantes no
continente americano e tem tomado medidas para restringir a
entrada de novos grupos.
B) Entre os imigrantes clandestinos que ingressam ilegalmente nos
EUA, via fronteira, destacam-se os braceros, mexicanos que
buscam trabalho.
C) O NAFTA, aliança comercial entre EUA, Canadá e México visa à
promoção da livre circulação de mercadorias e de
trabalhadores, eliminando as restrições aos imigrantes.
D) Os migrantes ilegais são, via de regra, recrutados por
empregadores em condições de subemprego, com baixos
salários e sem proteção trabalhista.
E) A legislação atual dos EUA é bastante restritiva à entrada de
imigrantes, particularmente, em relação aos latino-americanos,
africanos e asiáticos.
13. Sobre o Canadá, assinale a duas alternativa incorreta.
A) A região dos Grandes Lagos e Vale do São Lourenço se constitui
na principal área econômica e urbana do país, tendo aí o seu
melhor ponto de ligação com a economia norte-americana.
B) No Canadá as atividades agrícolas são bem desenvolvidas,
sobretudo na porção central onde existem as condições naturais
mais favoráveis.
C) A abundância de recursos naturais no Canadá, sobretudo
petróleo e carvão, foi um dos fatores que mais contribuíram para
atrair investimentos norte-americanos.
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D) A província de Quebec se destaca por concentrar a maior parte
de descendentes de colonizadores franceses.
E) Possui uma excelente qualidade de vida, fruto de uma total
independência em relação à economia dos Estados Unidos.
14. (UFS) A América Anglo-Saxônica, formada por apenas 2 países,
pode ser considerada como uma das áreas mais prósperas do
mundo. Canadá e Estados Unidos pertencem ao seleto grupo do G-
7 e, no caso dos Estados Unidos não há como negar sua liderança
político-econômica sobre todo o Globo. Sobre os países norte-
americanos, analise as afirmações e marque a correta:
A) As planícies, localizadas na porção central, têm tanto a leste
como a oeste cadeias montanhosas do Terciário. A disposição
das terras no sentido norte-sul possibilita a presença de
variados tipos de clima: do tropical úmido na Flórida e Golfo do
México até o polar na porção setentrional do Canadá. Grandes
extensões de vegetação natural ainda cobrem as planícies e as
montanhas situadas a leste do continente.
B) O Canadá apresenta maiores densidades demográficas na
porção oeste onde estão suas principais cidades e atividades
econômicas. Predominantemente de origem inglesa, a leste do
país encontra-se a província de Ontário, povoada por franceses,
que luta para tornar-se independente e constituir um novo
Estado.
C) Os Estados Unidos apresentam recursos naturais variados
embora cada vez mais limitados pela contínua exploração. Esse
fato tem tornado o país grande importador, principalmente, de
petróleo e gás natural.
D) Berço das transnacionais, os Estados Unidos apresentam cerca
de 1/3 das empresas situadas entre as 500 maiores e mais
poderosas do mundo. A região Nordeste, apesar de ter perdido
parte das indústrias que lá existiam, ainda conserva as sedes
das empresas. Assim, essa região funciona como um pólo
político-econômico de onde partem decisões que afetam as
economias das mais diferentes áreas do Globo.
E) Apesar de todo o poderio econômico, uma parcela considerável
da população estadunidense tem empobrecido. O desemprego,
as históricas diferenças socioeconômicas entre brancos e negros
e a integração dos imigrantes de origem latina são os principais
problemas sociais enfrentados, atualmente, pelos Estados
Unidos.
15- (UFS). Considere o mapa apresentado abaixo.
Uma das grandes vantagens econômicas dos Estados Unidos
refere-se ao seu grande território. Este permite uma variedade de
arranjos produtivos, em especial no setor industrial. Sobre a
regionalização econômica do espaço estadunidense, analise as
afirmações e marque a correta:
A) A região 1: corresponde a megalópole BOS-WASH, formada pelo
eixo Boston - Nova York - Washington, também denominada
decisonalbelt por concentrar, principalmente, a sede de várias
instituições financeiras e conglomerados empresariais.
B) A região II corresponde a uma parte do manufacturingbelt, área
de industrialização mais antiga e que, pelo menos desde a
década de 1970, sofre uma descentralização econômico pela
mudança das atividades industriais mais tradicionais para países
que oferecem menores custos de produção.
C) A região III ganhou destaque na passagem do furacão Katrina,
pois este afetou seriamente a economia da região, fundada na
indústria automotiva voltada para a exportação, aproveitando os
menores custos da mão-de-obra local, bem como a existência de
portos marítimos e fluviais.
D) A região IV faz parte de um espaço maior denominado sunbelt e
que concentra indústrias de baixa tecnologia, associadas a
centros de pesquisas importantes de onde saem a maior parte de
seus funcionários.
E) A região V foi denominada, jocosamente, de "vale do silicone",
pois concentra a maior parte da chamada 'indústria do
entretenimento', responsável pela produção de filmes para o
cinema e a televisão com distribuição mundial.
16. (ENEM- 2003) No dia 7 de outubro de 2001, Estados Unidos e
Grã-Bretanha declararam guerra ao regime Talibã, no Afeganistão.
Leia trechos das declarações do presidente dos Estados Unidos,
George W. Bush, e de Osama Bin Laden, líder muçulmano, nessa
ocasião: - George Bush:
Um comandante-chefe envia os filhos e filhas dos Estados Unidos à
batalha em território estrangeiro somente depois de tomar o maior
cuidado e depois de rezar muito. Pedimos-lhes que estejam
preparados para o sacrifício das próprias vidas. A partir de 11 de
setembro, uma geração inteira de jovens americanos teve uma nova
percepção do valor da liberdade, do seu preço, do seu dever e do
seu sacrifício. Que Deus continue a abençoar os Estados Unidos.
Osama Bin Laden:
Deus abençoou um grupo de vanguarda de muçulmanos, a linha de
frente do Islã, para destruir os Estados Unidos. Um milhão de
crianças foram mortas no Iraque, e para eles isso não é uma
questão clara. Mas quando pouco mais de dez foram mortos em
Nairóbi e Dar-es-Salaam, o Afeganistão e o Iraque foram
bombardeados e a hipocrisia ficou atrás da cabeça dos infiéis
internacionais. Digo a eles que esses acontecimentos dividiram o
mundo em dois campos, o campo dos fiéis e o campo dos infiéis.
Que Deus nos proteja deles.
(Adaptados de O Estado de S. Paulo, 8/10/2001)
Pode-se afirmar que
A) a justificativa das ações militares encontra sentido apenas nos
argumentos de George W. Bush.
B) a justificativa das ações militares encontra sentido apenas nos
argumentos de Osama Bin Laden.
C) ambos apóiam-se num discurso de fundo religioso para justificar
o sacrifício e reivindicar a justiça.
D) ambos tentam associar a noção de justiça a valores de ordem
política, dissociando-a de princípios religiosos.
E) ambos tentam separar a noção de justiça das justificativas de
ordem religiosa, fundamentando-a numa estratégia militar.
17. (ENEM- 2001) De acordo com reportagem sobre resultados
recentes de estudos populacionais,
"... a população mundial deverá ser de 9,3 bilhões de pessoas em
2050. Ou seja, será 50%maior que os 6,1 bilhões de meados do ano
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2000. (...) Essas são as principais conclusões do relatório
Perspectivas da População Mundial – Revisão 2000, preparado pela
Organização das Nações Unidas (ONU). (...) Apenas seis países
respondem por quase metade desse aumento: Índia (21%), China
(12%), Paquistão (5%), Nigéria (4%), Bangladesh (4%) e Indonésia
(3%). Esses elevados índices de expansão contrastam com os dos
países mais desenvolvidos. Em 2000, por exemplo, a população da
União Europeia teve um aumento de 343 mil pessoas, enquanto a
Índia alcançou esse mesmo crescimento na primeira semana de
2001. (...) Os Estados Unidos serão uma exceção no grupo dos
países desenvolvidos. O país se tornará o único desenvolvido entre
os 20 mais populosos do mundo."
O Estado de S. Paulo, 03 de março de 2001.
Considerando as causas determinantes de crescimento
populacional, pode-se afirmar que,
A) na Europa, altas taxas de crescimento vegetativo explicam o seu
crescimento populacional em 2000.
B) nos países citados, baixas taxas de mortalidade infantil e
aumento da expectativa de vida são as responsáveis pela
tendência de crescimento populacional.
C) nos Estados Unidos, a atração migratória representa um
importante fator que poderá colocá-lo entre os países mais
populosos do mundo.
D) nos países citados, altos índices de desenvolvimento humano
explicam suas altas taxas de natalidade.
E) nos países asiáticos e africanos, as condições de vida favorecem
a reprodução humana.
18. (ENEM) Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e
suas representações gráficas são mutáveis.
Essas significativas mudanças nas fronteiras de países da Europa
Oriental nas duas ultimas décadas do século XX, direta ou
indiretamente, resultaram:
A) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus países aliados,
na ordem internacional.
B) da crise do capitalismo na Europa, representada principalmente
pela queda do muro de Berlim.
C) da luta das antigas e tradicionais comunidades internacionais e
religiosas oprimidas por Estados criados antes da Segunda
Guerra Mundial.
D) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal no mundo
ocidental.
E) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos ampliarem
seus territórios.
19. (ENEM) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a
Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação de
alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que
aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que
concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na
formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste
europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu
igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela
opção entre os modelos capitalista e socialista.
Essa divisão europeia ficou conhecida como:
A) Cortina de Ferro. D) Convenção de Ramsar.
B) Muro de Berlim. E) Conferência de Estocolmo.
C) União Europeia.
20. (ENEM) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais
veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única europeia.
Leia a notícia destacada abaixo.
O nascimento do euro, a moeda única a ser adotada por onze
países europeus a partir de 1º de janeiro, é possivelmente a mais
importante realização deste continente que, nos últimos dez anos,
assistiram à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das
Alemanhas, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da
União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a
desmontagem de estruturas do passado, o euro é uma ousada
aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade europeia.
A ―Euroland‖, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica,
Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e
Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase
80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por
cerca de 20% do comercio internacional. Com esse cacife o euro vai
disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.
A matéria refere-se à ―desmontagem de estruturas do passado‖, que
pode ser entendida como:
A) O fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu
o mundo em dois blocos ideológicos opostos.
B) A inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos
supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico
no mundo.
C) A crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à
polarização ideológica da antiga URSS.
D) A confrontação dos modelos socialistas e capitalistas para deter
o processo de unificação das duas Alemanhas.
E) A prosperidade das economias capitalistas e socialistas, com o
consequente fim da Guerra Fria entre EUA e URSS.
21. (UFS) A União Europeia é o bloco econômico mais antigo do
mundo. Formado por 27 países, deve, dentro em breve, ampliar este
número. Assinale a alternativa correta:
A) Itália, Espanha, Portugal e Grécia fazem parte da Europa
Meridional. Nesses países,a agricultura tem um peso importante
na geração de renda e de emprego, principalmente, em Portugal
e na Grécia.
B) Alemanha e França são países da chamada Europa Central.
Nesses países há um número elevado de imigrantes que,
diferente do que ocorre em outros países do bloco, são
desejados e facilmente integrados à vida do país.
C) Reino Unido, Bélgica e Espanha faz em parte da Europa
Ocidental. Esses países,tradicionalmente industriais, têm
exportado capitais e tecnologia, por meio de inúmeras
multinacionais ali sediadas.
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D) Entre os países do bloco há grandes diferenças sociais e
econômicas. Alemanha e França, dois dos fundadores do bloco,
têm índices sociais inferiores aos apresentados pela Grécia e
Portugal.
E) Mesmo internamente, alguns países do bloco europeu
apresentam grandes desigualdades socioeconômicas: são
exemplos a Itália que apresenta o Sul bem menos desenvolvido
e a Alemanha que desde a reunificação, luta para elevar os
padrões de vida da população da área oriental do país.
22. Considere os itens abaixo para responder à questão.
I. Países do Leste Europeu enfrentam, em geral, dificuldades de
adaptação à economia de mercado, que se traduzem em
desemprego, falta de moradia e baixos salários.
II. Países do Ocidente Europeu esforçam-se no sentido da
integração econômica, visando a consolidação de um espaço
único no mercado, inclusive tendo em vista a implantação de
uma moeda própria.
III. Países do Leste Europeu recuperam-se rapidamente do período
em que permaneceram sufocados pelo poder da ex-União
Soviética e começam a despontar política e economicamente no
mercado internacional.
IV. Países do Ocidente Europeu têm sua população favorecida,
financeiramente e economicamente, devido ao seu alto nível de
industrialização e aos elevados índices de padrão de vida, com
desemprego em torno de 1%.
V. Países do Leste Europeu esforçam-se para adaptar suas
economias à nova situação de mercado e os conflitos gerados
pelas diferenças culturais e étnicas estão em vias de superação.
Dentre as alternativas abaixo, a que correta e respectivamente
caracteriza, na atualidade, o grupo de países do Leste e do
Ocidente Europeu:
A) I – II B) II – V C) IV – V D) I – IV E) III - IV
23. Leia com atenção a notícia que se segue:
França pagará 750 euros mensais por terceiro filho. O governo
francês irá pagar uma licença de 750 euros (cerca de R$ 2.050,00)
por mês durante um ano a famílias que decidirem ter um terceiro
filho, anunciou ontem o primeiro ministro do país, Dominique
Villepin.
Folha de S. Paulo, 23/09/2005. Folha mundo, p. A-16.
A medida anunciada pelo governo francês está diretamente
relacionada:
A) à política anti-imigração (xenófoba) e de purificação racial
adotada pela França nas últimas décadas.
B) às elevadas taxas de natalidade verificadas no país e em toda a
Europa.
C) à sobrecarga no sistema de previdência social francês, em que
um número cada vez menor de jovens precisa sustentar um
número cada vez maior de aposentados.
D) à aproximação do governo francês com as ideias da Igreja
Católica, que proíbe o uso de métodos contraceptivos não
naturais.
E) à ideia imperialista de que o poderio econômico de uma nação
está diretamente ligado ao tamanho de sua população.
24. (UFF) O processo de integração dos países da Europa Ocidental
não tem evitado que velhos conflitos reapareçam e imprimam sua
marca de violência no interior de Estados Nacionais. Isto fica
evidente ao se observar:
A) as imposições do partido nacional flamengo, exigindo um
parlamento independente da Inglaterra;
B) a escalada do regionalismo político na Alemanha por parte de
grupos separatistas neonazistas;
C) as reivindicações da autonomia no Sul da Itália (Padânia) por
parte dos partidos locais;
D) a ascensão dos grupos paramilitares de origem corsa, que
reclamam sua autonomia nacional perante a Bélgica;
E) a ofensiva do grupo ETA que reivindica a independência da
histórica região basca, localizada entre o Norte da Espanha e o
Sudoeste da França;
25. O texto abaixo é um trecho do discurso do primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, pronunciado quando da declaração de guerra
ao regime Talibã:
Essa atrocidade [o atentado de 11 de setembro, em Nova York] foi
um ataque contra todos nós, contra pessoas de todas e nenhuma
religião. Sabemos que a Al-Qaeda ameaça a Europa, incluindo a
Grã-Bretanha, e qualquer nação que não compartilhe de seu
fanatismo. Foi um ataque à vida e aos meios de vida. As empresas
aéreas, o turismo e outras indústrias foram afetadas e a confiança
econômica sofreu, afetando empregos e negócios britânicos. Nossa
prosperidade e padrão de vida requerem uma resposta aos ataques
terroristas.
(O Estado de S. Paulo, 8/10/2001)
Nesta declaração, destacaram-se PRINCIPALMENTE os
interesses de ordem
A) moral. B) militar. C) jurídica.
D) religiosa. E) econômica.
26. Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o
fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na
história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como
divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história
deste período foi reunida sob um padrão único pela situação
internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.
(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,
1996)
O período citado no texto e conhecido por “Guerra Fria” pode
ser definido como aquele momento histórico em que houve:
A) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias
ocasionando a Primeira Guerra Mundial.
B) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países
capitalistas do Norte.
C) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética
Stalinista, durante os anos 30.
D) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e
as potências orientais, como a China e o Japão.
E) constante confronto das duas superpotências que emergiram da
Segunda Guerra Mundial.
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86
27. A Alemanha ajuda a concretizar o bloco econômico da União
Europeia. A participação neste bloco implica na adoção de um
sistema socioeconômico que:
A) dificulta a livre iniciativa econômica, inclusive das grandes
empresas na Alemanha.
B) ofereça mercado europeu mais restrito aos produtos e serviços
alemães.
C) diminua as oportunidades de iniciativa econômica para os
alemães em outros países e vice-versa.
D) garanta o emprego, na Alemanha, pelo afastamento da
concorrência de outros países da própria União Europeia.
E) por meio da união de esforços com os o países da União
Europeia, permita à economia alemã concorrer em melhores
condições com países de fora da União Europeia.
28. Dentre os 50 países mais pobres do mundo, classificados
segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 33 estão
situados nessa região. Desnutrição, pobreza, analfabetismo e
condições sanitárias precárias exemplificam o lado perverso da
globalização, que amplia o crescimento das desigualdades no
mundo.
Fonte: Adapt. http://www.monde-miolomatigue.fr/cartes/pauvreteindimdv51
O texto refere-se
A) ao Sudeste Asiático. D) à América Latina.
B) à Ásia Meridional. E) à África do Norte.
C) à África Subsaariana.
29. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a
África subsaariana abriga os 20 países mais pobres do mundo.
Neles, cerca de 30% da população sofrem de subalimentação.Sobre
a pobreza, nesses países africanos, nas últimas décadas, é
CORRETO afirmar que:
A) as conjunturas climáticas e/ou políticas adversas são
responsáveis pela miséria de enorme parcela da população.
B) o aumento da importação de alimentos e o crescimento da
receita nas exportações favoreceram o equilíbrio da balança
comercial.
C) o índice de pobreza na região do Sahel é menor do que em
outras regiões, devido às favoráveis condições climáticas.
D) os instrumentos usados para o recente controle da natalidade
são suficientes para atender a população.
E) o tráfico de crianças para exploração de seu trabalho vem
diminuindo nos últimos anos.
30. No mês de julho de 2005, o grupo dos 7 países mais ricos do
mundo concordou em aumentar para 50 bilhões de dólares a ajuda
humanitária para o continente africano. Sobre essa ajuda, leia o
depoimento a seguir:
"Se os países ricos e a ONU continuarem a agir como babás, os
africanos se tornarão uns inúteis que não sabem fazer nada". James
Shikwati - economista queniano.
("Veja", edição 1917, ano 38, nº. 32, 10.08.05)
Essas informações e os conhecimentos sobre a África
permitem afirmar que:
A) o depoimento do economista queniano reflete os problemas do
norte da África, mas para a porção subsaariana, a ajuda
humanitária poderá ter reflexos sociais imediatos.
B) os problemas socioeconômicos da África devem ser resolvidos a
partir de políticas nacionais que promovam o crescimento
econômico e a distribuição da riqueza interna.
C) a decisão do G7 é coerente com as necessidades de retomar o
crescimento econômico africano; o depoimento do queniano
revela-se contrário ao processo de globalização.
D) a decisão atual repete a história, pois ao final dos anos de 1960,
a Aliança para o Progresso, desenvolvida pelos Estados Unidos,
tinha os mesmos objetivos humanitários, só que destinados à
América Latina.
E) o depoimento do queniano ignora o fato de que, se a decisão do
G7 estivesse relacionada a investimentos financeiros, estes
atenderiam grande parte da população, o que reduziria a
desigualdade existente.
31. Com relação ao processo de urbanização do continente
africano, analise e julgue:
A) Os países do continente africano apresentam a menor taxa de
urbanização entre os países subdesenvolvidos.
B) A urbanização africana está relacionada com a ampliação da
economia de exportação, a partir de 1990, quando houve um
aumento do consumo mundial de matérias-primas, combustíveis
fósseis e produtos agrícolas.
C) O ritmo crescente de transferência da população rural para as
cidades africanas tem contribuído para amenizar a pobreza das
sociedades africanas. Estima-se que até 2010, devido à
migração campo/cidade, diminua consideravelmente o
contingente de africanos que hoje vivem abaixo da linha de
pobreza, cerca de um terço da população.
D) As áreas de urbanização mais acentuada da África são a África
do Sul, a região petrolífera do Golfo da Guiné e a faixa litorânea
do mar Mediterrâneo.
32. (Enem 2007) A identidade negra não surge da tomada de
consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença
biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e
amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa
com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de
seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento
esse que abriu caminho às relações mercantilistas com a África, ao
tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente
africano e de seus povos.
(K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade
negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e experiências.
Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37).
Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto
afirmar que:
A) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao
descobrimento desse continente.
B) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses
a desenvolverem esse continente.
C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da
escravidão no Brasil.
D) a exploração da África decorreu do movimento de expansão
europeia do início da Idade Moderna.
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87
E) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre
esse continente e a Europa.
33. (Enem 2010) Três países: Etiópia, Sudão e Egito, usam grande
quantidade de água do Rio Nilo, na África.Para atender a
necessidade da população que cresce rapidamente,a Etiópia e
Sudão planejam desviar mais água do Nilo do que já
desviam.Diante das dificuldades naturais do ciclo hidrológico, como
baixa pluviosidade,elevada e vaporação; esses desvios rio acima
poderiam reduzir a quantidade de recursos hídricos disponíveis para
o Egito, o último país da extensão do curso que não pode sobreviver
sem os recursos naturais do rio.
(São Paulo Thomson 2007)
Diante de tal ameaça qual seria a opção para o Egito?
A) Entrar em Guerra com Etiópia e Sudão para garantir os direitos
ao uso da água.
B) Estabelecer acordo com Etiópia e Sudão visando uso
compartilhado dos recursos hídricos.
C) Aumentar a produção de Grãos e exportá-los, elevando sua
capacidade econômica de importar água de outros países.
D) Construir aquedutos para trazer água de países que tenham
maior disponibilidade deste recurso natural,como Irã e Iraque.
E) Estimular o crescimento de sua população,aumentando a força
de trabalho e produção em condições adversas.
34. Questão.
Os números 1 e 2 identificam, respectivamente:
A) o oriente médio e a Tunísia.
B) os países da OPEP e a Líbia.
C) o extremo oriente e a Argélia.
D) os países árabes e o Egito.
E) o deserto de Sahara e o Iraque.
35. (UnB-DF) O Oriente Médio é uma das regiões mais antigas do
mundo. Ao longo de tantos milênios, recebeu povos de diferentes
procedências, que por lá passaram ou se fixaram, tornando a região
um mosaico de etnias, línguas e religiões. No mundo de hoje, a
região é conhecida como palco de violência, guerras internas e
externas, conflitos, golpes de Estado, invasões, atos terroristas,
assassinatos e massacres. A respeito dessa região, julgue os itens
subsequentes e assinale o item VERDADEIRO:
A) Na região predomina a paisagem de deserto, que avança sobre
as áreas férteis, onde a exploração abusiva expõe a superfície à
perda de umidade, degrada o solo e provoca a desertificação.
B) As regiões de maior umidade são poucas, situadas próximo ao
litoral e nos vales, onde se concentra a população.
C) Encontra-se nessa região a planície da Mesopotâmia, conhecida
por seu papel histórico, localizada entre os rios Nilo e Eufrates,
com sua maior parte situada no atual Egito.
D) Atualmente, para reduzir o sério problema de escassez de água
que a região enfrenta, vem sendo aplicada a técnica de
dessalinização da água do mar para consumo humano.
36. (FUA-AM-PSC) A China é um país milenar e foi governada, ao
longo do tempo, por diversas dinastias. Nos dias de hoje esse país
tem ocupado horários nobres nos meios de comunicação; como
exemplo, temos o do programa Fantástico no Brasil. Esse arsenal
de dados nos informa que:
A) a China é um país totalmente agrícola e sua economia não tem
apresentado nenhuma forma de crescimento nos últimos anos.
B) a China continua sendo governada pela dinastia Manchu, que
centraliza todas as decisões nas mãos do imperador.
C) a China sofreu uma profunda abertura econômica e procura a
expansão de seus mercados vendendo produtos baratos.
D) as reformas econômicas pelas quais tem passado o governo
chinês têm criado um entrave para a entrada do capital
estrangeiro naquele país.
E) o processo de abertura econômica não estimula a iniciativa
privada, já que no sistema planificado da economia este é um
direito que se estende a todos.
37. (Makenzie) Apesar da elevada renda per capita, advinda da
exportação de petróleo, o Oriente Médio encontra sérios problemas
para seu desenvolvimento. Dentre as causas desses problemas,
podemos destacar:
A) a aridez do clima e o baixo nível técnico da população.
B) a falta de acesso ao mar e a escassa rede hidrográfica.
C) baixo crescimento populacional e o elevado padrão de consumo
da população.
D) a persistência do nomadismo e a elevada porcentagem de
universitários na população.
38. (Mack-SP) ―País localizado no Sudeste da Ásia, seu território é
coberto por florestas tropicais e por planícies alagadas dos rios
Vermelho e Mekong, onde há extensas plantações de arroz que
fazem desse país o segundo exportador do mundo. Há também o
cultivo de cacau, pimenta, café, cana-de-açúcar e seringueira para a
obtenção do látex.
Na década de 1970, o país foi unificado sob o regime comunista
aliado da ex-URSS. Atualmente o governo adota uma política que
combina liberalização econômica ao regime de partido único; porém
o país vive com sequelas dos bombardeios americanos com
desfolhantes químicos ―agente-laranja‖, que destruíram grandes
áreas agrícolas e florestas ainda não recuperadas, e das minas
terrestres não detonadas.‖
O texto acima identifica qual país asiático?
A) Camboja B) Indonésia C) Coreia
D) Vietnã E) Laos
39. Além da ajuda financeira externa e dos conglomerados
nacionais alguns fatores internos contribuíram para a arrancada da
economia japonesa exceto:
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88
A) Elevados investimentos das empresas privadas em
modernização e novas tecnologias, o que tornou as empresas
japonesas mais competitivas no mercado internacional.
B) Economia voltada a produção de matéria-prima.
C) Expansão da economia mundial no período pós-guerra.
D) Recebeu ajuda financeira dos EUA através do Plano Marshall.
E) Produção em grande escala para o mercado externo.
41. (ENEM-2007)
Lucro na adversidade
Os fazendeiros da região sudoeste de Bangladesh, um dos países
mais pobres da Ásia, estão tentando adaptar-se às mudanças
acarretadas pelo aquecimento global. Antes acostumados a produzir
arroz e vegetais, responsáveis por boa parte da produção nacional,
eles estão migrando para o cultivo do camarão. Com a subida do
nível do mar, a água salgada penetrou nos rios e mangues da
região, o que inviabilizou a agricultura, mas, de outro lado,
possibilitou a criação de crustáceos, uma atividade até mais
lucrativa. O lado positivo da situação termina por aí. A maior parte
da população local foi prejudicada, já que os fazendeiros não
precisam contratar mais mão-de-obra, o que aumentou o
desemprego. A flora e a fauna do mangue vêm sendo afetadas pela
nova composição da água. Os lençóis freáticos da região foram
atingidos pela água salgada.
(Globo Rural, jun./2007, p.18 (com adaptações).
A situação descrita acima retrata
A) o fortalecimento de atividades produtivas tradicionais em
Bangladesh em decorrência dos efeitos do aquecimento global.
B) a introdução de uma nova atividade produtiva que amplia a oferta
de emprego.
C) a reestruturação de atividades produtivas como forma de
enfrentar mudanças nas condições ambientais da região.
D) o dano ambiental provocado pela exploração mais intensa dos
recursos naturais da região a partir do cultivo do camarão.
E) a busca de investimentos mais rentáveis para Bangladesh
crescer economicamente e competir no mercado internacional
de grãos.
42. (ENEM-2008)
A China comprometeu-se a indenizar a Rússia pelo derramamento
de benzeno de uma indústria petroquímica chinesa no rio Songhua,
um afluente do rio Amur, que faz parte da fronteira entre os dois
países. O presidente da Agência Federal de Recursos de Água da
Rússia garantiu que o benzeno não chegará aos dutos de água
potável, mas pediu à população que fervesse a água corrente e
evitasse a pesca no rio Amur e seus afluentes. As autoridades locais
estão armazenando centenas de toneladas de carvão, já que o
mineral é considerado eficaz absorvente de benzeno.
Internet: <jbonline.terra.com.br> (com adaptações).
Levando-se em conta as medidas adotadas para a minimização
dos danos ao ambiente e à população, é correto afirmar que:
A) o carvão mineral, ao ser colocado na água, reage com o
benzeno, eliminando-o.
B) o benzeno é mais volátil que a água e, por isso, é necessário que
esta seja fervida.
C) a orientação para se evitar a pesca deve-se à necessidade de
preservação dos peixes.
D) o benzeno não contaminaria os dutos de água potável, porque
seria decantado naturalmente no fundo do rio.
E) a poluição causada pelo derramamento de benzeno da indústria
chinesa ficaria restrita ao rio Songhua.
43. (ENEM-2008)
Usada para dar estabilidade aos navios, a água de lastro acarreta grave
problema ambiental: ela introduz indevidamente, no país, espécies
indesejáveis do ponto de vista ecológico e sanitário, a exemplo do
mexilhão dourado, molusco originário da China. Trazido para o Brasil
pelos navios mercantes, o mexilhão dourado foi encontrado na bacia
Paraná-Paraguai em 1991. A disseminação desse molusco e a
ausência de predadores para conter o crescimento da população de
moluscos causaram vários problemas, como o que ocorreu na
hidrelétrica de Itaipu, onde o mexilhão alterou a rotina de manutenção
das turbinas, acarretando prejuízo de US$ 1 milhão por dia, devido à
paralisação do sistema. Uma das estratégias utilizadas para diminuir o
problema é acrescentar gás cloro à água, o que reduz em cerca de 50%
a taxa de reprodução da espécie.
GTÁGUAS, MPF, 4.ª CCR, ano 1, n.º 2, maio/2007 (com adaptações).
De acordo com as informações acima, o despejo da água de lastro
A) é ambientalmente benéfico por contribuir para a seleção natural das
espécies e, consequentemente, para a evolução delas.
B) trouxe da China um molusco, que passou a compor a flora aquática
nativa do lago da hidrelétrica de Itaipu.
C) causou, na usina de Itaipu, por meio do microrganismo invasor, uma
redução do suprimento de água para as turbinas.
D) introduziu uma espécie exógena na bacia Paraná – Paraguai, que se
disseminou até ser controlada por seus predadores naturais.
E) motivou a utilização de um agente químico na água como uma das
estratégias para diminuir a reprodução do mexilhão dourado.
1. Filosofia Contemporânea p. 90 2. Romantismo p. 90 3. Auguste Comte: A fundação do Positivismo p. 90 4. Idealismo Alemão p. 91 5. Johan Gottlob Fichte p. 91 6. Friedrich Schelling p. 91 7. Friedrich Hegel p. 92 8. Ludwig Feuerbach p. 94 9. Arthur Schopenhauer p. 94 10. Sören Kierkegaard p. 94 11. Karl Marx: O materialismo dialético e histórico p. 95 12. Friedrich Nietzsche: uma filosofia "a golpes de martelo" p. 97 13. Pensamento do século XX p. 98 14. O Existencialismo p. 99 15. Edmund Husserl p. 100 16. Martin Heidegger p. 100 17. Jean-Paul Sartre p. 102 18. Filosofia Analítica: A análise lógica da linguagem p. 103 19. Bertrand Russel p. 104 20. Ludwig Wittgenstein p. 105 21. Escola de Frankfurt: A teoria crítica contra a opressão p. 105 22. Theodor Adorno e Max Horkheimer p. 105 23. Walter Benjamin p. 107 24. Herbert Marcuse p. 107 25. Jürgen Habermas p. 107 26. Filosofia Pós-Moderna: O fim do projeto da modernidade p. 109 27. Michael Foucault p. 109 28. Jacques Derrida p. 111 29. Jean Baudrillard p. 111 30. Karl Popper e a falseabilidade p. 111
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90
Filosofia Contemporânea
1. Processo técnico e científico
Convulsões sociais, políticas e culturais dão início a era
contemporânea, chamada também pelo historiador Eric Hobsbawm
de a “era das revoluções”. De 1789 a 1848 o mundo foi solapado
por profundas transformações provocadas pelas revoluções
francesa e industrial: ruptura com as tradições nobiliárquicas, a
ascensão política da burguesia, a declaração universal dos direitos
do homem e do cidadão, as inovações tecnológicas, apologia à
razão e a ciência como norteadoras do progresso da humanidade.
Porém, ao mesmo tempo em que alguns se entusiasmavam com os
avanços científicos e a construção de um modelo liberal de
sociedade, outros tantos amarguravam a experiência da exploração
da força de trabalho, a marginalização da classe operária e a sua
exclusão de direitos. Foi nesse ambiente que surgiram novas
reflexões filosóficas abordando questões sociais, políticas e
culturais.
A crença otimista no racionalismo e no mecanicismo rivalizava
agora com a subjetividade e o idealismo do Romantismo.
2. Romantismo
O romantismo surge como proposta para os dilemas humanos
surgidos com a Idade Contemporânea. Iniciado no final do séc. XVIII
esse movimento cultural predominou durante a primeira metade
do séc. XIX envolvendo a arte e a filosofia. Tendo como ponto de
partida o continente europeu, irradiou-se por outras regiões do
mundo, mas, destacando-se principalmente na Alemanha.
O romantismo foi uma reação ao pensamento racionalista e
mecanicista que se propunha a guiar o progresso da humanidade,
representando uma ameaça para a expressão humana, colocando
os sentimentos e emoções em segundo plano.
2.1 Principais características
Em linhas gerais, o romantismo caracterizou-se pela exaltação do
indivíduo – sua subjetividade e suas emoções -, da natureza e da
pátria. Vejamos alguns detalhes:
Individualismo: O mundo passa ser interpretado a partir de uma
visão pessoal, conforme sua percepção, suas emoções, seus
sentimentos, valorizando a intuição em detrimento da razão. O
indivíduo busca libertar-se dos padrões intelectuais para dar
vasão a sua subjetividade egocêntrica.
Subjetivismo: É o conjunto de ideias, significados e emoções
que, por serem baseados no ponto de vista do sujeito, são
influenciados por seus interesses e desejos particulares. O
individuo baseia sua perspectiva de mundo naquilo que as suas
sensações captam. Com plena liberdade de criar, o artista
romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais.
Idealização: Guiado pela imaginação, estimulada por suas
emoções e sentimentos, cria-se temas idealizados exagerando
em suas características. Como a Iracema de José de Alencar.
Sentimentalismo exacerbado: O romântico analisa e expressa a
realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só
sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no
interior do indivíduo relatado. Emoção acima de tudo.
Retorno à natureza: O romantismo retomou a ideia de natureza
como a essência que se opõe à racionalização tecnológica, outra
resposta a essa discordância com o mundo urbano-industrial. A
natureza passou a ser exaltada e idealizada, a ser vista com certo
misticismo. Criando uma noção de plenitude e pertencimento à
totalidade em oposição clara a fragmentação lógico-científica.
Nacionalismo: O desenvolvimento do nacionalismo, do amor
pela pátria, reflete-se na busca pelas tradições e costumes locais,
no desenvolvimento da língua e do folclore nacional. Na Europa,
eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar
as culturas de seu país, era medievalismo. No Brasil tivemos o
indianismo, adotando o índio como o ícone para a origem
nacional e o colocando como um herói. O indianismo resgatava o
ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o
qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o
índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade europeia.
2.2 Romantismo na filosofia
O romantismo não é facilmente identificável na filosofia como os
outros movimentos ou correntes, mas algumas de suas
características poderão ser reconhecidas em vários filósofos da
contemporaneidade.
Como no caso de Jean- Jacques Rousseau que apesar de ser
incluído no movimento iluminista, tinha ressalvas quanto ao
progresso científico, opondo a razão ao estado natural do homem
que é guiado por instinto, em sua visão idealizada da natureza
presente na teoria do bom selvagem.
Outro exemplo da influência romântica é o idealismo alemão,
contextualizado pela luta da Unificação da Alemanha (1848-1871). A
experiência alemã enfatizou o nacionalismo, o amor à pátria, o povo
e do Estado como um organismo. Apesar de Hegel, o maior
expoente do idealismo alemão, se opusesse ao sentimentalismo
romântico.
Assim como o romantismo buscava exaltar a visão subjetiva e
idealista a partir dos sentimentos e emoções de cada indivíduo,
outra corrente filosófica surge celebrando o determinismo científico.
Era o positivismo de Auguste Comte.
3. Auguste Comte: A fundação do Positivismo
Auguste Comte (1798 – 1857) nascido em Montpellier, França,
influenciado por esse ambiente cientificista europeu do início do séc.
XIX, propôs-se a examinar como teria ocorrido a evolução da
inteligência humana desde os primórdios a fim de confirmar que o
pensamento cientifico era o melhor caminho para o progresso da
humanidade. O resultado de suas pesquisas foi publicado em sua
obra: Curso de filosofia positiva. Na qual, expõe uma lei fundamental
que regeria o espírito humano, os três estados da evolução histórica
e cultural da humanidade: teológico, metafísico e positivo.
Estado teológico ou fictício: estágio inicial de toda inteligência
humana, no qual o mundo é explicado pela ação de forças
sobrenaturais. O auge desse estado ocorre quando o ser humano
passa do culto politeísta ao culto monoteísta;
Estado metafísico ou abstrato: estágio em que a influência dos
seres sobrenaturais do estágio teológico foi substituída pela ação
de forças abstratas consideradas como representantes dos seres
do mundo;
Estado científico ou positivo: último estágio da evolução
racional da humanidade em que, pelo uso combinado do
raciocínio e da observação, o ser humano passou a entender os
fenômenos do mundo, abandonando as ilusões teológicas e
metafísicas. Para Comte, o termo “positivo” representa o real, a
certeza, o preciso em oposição ao quimérico, a indecisão e ao
vago, cabia à razão desvendar as relações constantes e
necessárias entre os fenômenos, ou seja, as leis invariáveis que
os regem. Ao estender essa concepção aos fenômenos humanos
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91
recusa a noção de liberdade, pois, esse pensamento é fortemente
determinista, baseado no necessário, “tudo aquilo que tem de ser
e não pode deixar de ser”, não havendo espaço para a
casualidade.
3.1 O que é Positivismo?
Positivismo é a designação da doutrina criada por Comte, fundada
na extrema valorização do método científico das ciências positivas
(baseadas nos fatos e na experiência) e na recusa das discussões
metafísicas.
O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a
única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os
positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela
foi comprovada através de métodos científicos válidos.
Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as
crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser
comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade
depende exclusivamente dos avanços científicos.
Ao objetivar a pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos
naturais, procura-se capacitar o ser humano para prever esses
mesmos fenômenos, podendo agir sobre a realidade, objetivo
representado no lema positivista: “ver para prever, a fim de prover”.
O conhecimento científico torna-se, desse modo, um instrumento de
transformação da realidade, de domínio do ser humano sobre a
natureza. As mudanças estimuladas pela ciência objetivam o
progresso por finalidade, este, porém, deve ter a ordem por base.
Temos, então, um novo lema positivista aplicado à sociedade:
ordem e progresso.
Na obra Discurso sobre o espírito positivo, Comte aponta as
características fundamentais que distinguem o positivismo das
demais filosofias, Seriam o seu compromisso com a:
realidade: pesquisa de fatos concretos, acessíveis à nossa
inteligência, deixando de lado a preocupação com mistérios
impenetráveis referentes às causas primeiras e últimas dos seres;
utilidade: busca de conhecimentos destinados ao
aperfeiçoamento individual e coletivo do indivíduo, desprezando
as especulações ociosas, vazias e estéreis;
certeza: obtenção de conhecimentos capazes de estabelecer a
harmonia lógica na mente do próprio indivíduo, e a comunhão em
toda espécie humana, abandonando as duvidas indefinidas e os
intermináveis debates metafísicos;
precisão: estabelecimento de conhecimentos que se opõem ao
vago, baseados em enunciados rigorosos, sem ambigüidades;
organização: tendência a organizar, constituir metodicamente,
sistematizar o conhecimento humano;
relatividade: aceitação de conhecimentos científicos relativos. Se
não fossem relativos, não poderia ser admitida a continuidade de
novas pesquisas, capazes de trazer novas teorias com teses
opostas ao conhecimento estabelecido. Assim, a ciência positiva
é relativa porque admite o aperfeiçoamento e a ampliação dos
conhecimentos humanos.
3.2 Reforma da sociedade
A França pós-revolucionária demonstrava em suas inquietações e
instabilidades políticas e sociais a necessidade de uma
reorganização completa da sociedade. Porém, segundo Comte a
Revolução Francesa destruiu valores importantes da sociedade
tradicional europeia, por isso, qualquer mudança proposta deveria
partir da restruturação intelectual (regeneração das ideias e das
ações humanas) e não de uma revolução das instituições sociais. E
nisso residia a grande tarefa a ser desempenhada pela filosofia
positiva: restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
4. Idealismo Alemão: A busca de um sistema unificador do real
Como vimos no caderno II, uma doutrina é idealista quando temos
a noção de que o sujeito tem uma função mais determinante que o
objeto no processo do conhecimento.
Existem diversos tipos de idealismo. O principal idealista da
antiguidade foi Platão, em virtude da teoria das ideias. Descartes,
com o seu “penso, cogito, logo existo” expondo a subjetividade da
existência, bem como Kant, na Crítica da razão pura, em que afirma
que das coisas só conhecemos a priori aquilo que nós mesmos
colocamos nelas. Este último filósofo assentaria bases do que seria
conhecido como idealismo alemão, movimento desenvolvido no
início do século XIX, cujas principais características estudaremos a
seguir.
4.1 Johan Gottlob Fichte
Johan Gottlob Fichte (1726 – 1814), natural de Rammenau,
Alemanha, é considerado um dos filósofos pioneiros desse
movimento. Para entender um conceito fundamental de seu
pensamento e do idealismo alemão é importante que retornemos a
Kant.
Kant considerava que das coisas só podemos conhecer a priori
aquilo que nos mesmo colocamos nelas. Isso quer dizer que só
podemos conhecer o pensamento ou a consciência que temos das
coisas. Para esse filosofo, portanto, a condição última do processo
de conhecer é a existência do eu como princípio da consciência. Em
outras palavras, é a existência do sujeito como centro (o eu) que
torna possível o conhecimento e lhe dá forma, pois é o sujeito que
organiza o conhecimento do objeto, ao passo que este apenas se
encaixa nos “moldes” da percepção humana.
Assim, Fichte tomou esse eu de Kant e transformou-o de princípio
da consciência em princípio criador de toda a realidade.
Conhecer, portanto, é transformar, convertendo a "coisa em si" em
coisa "para nós". Ora, se não podemos saber como as coisas são
em "si mesmas", porque, ao conhecê-las, as transformamos, jamais
poderemos ultrapassar os limites da subjetividade, tornando-se o
mundo uma criação do sujeito. Eliminando a "coisa em si" e fazendo
do eu um absoluto, Fichte leva às últimas consequências o
idealismo subjetivo de Kant.
4.2 Friedrich Schelling
Dando continuidade ao pensamento de Fichte sobre a realidade
subjetiva do mundo exterior, Friedrich Schelling (1775 – 1854),
natural da cidade alemã de Leonberg, procurou explicar como se dá
a existência do mundo real, das coisas, a partir do eu. Discorda de
Fichte que a realidade exterior seja mero produto da concepção do
eu. Para Schelling, existe um único princípio, uma inteligência
exterior ao próprio eu que rege todas as coisas, noção mais
compreensível ao senso comum, uma vez que guarda afinidade
com a ideia de Deus. A ideia de uma inteligência, ou espírito, que se
manifesta e se concretiza no mundo sensível será o ponto de
partida para a filosofia de Hegel.
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4.3 Friedrich Hegel
Nascido em Stuttgart, Alemanha, Georg Wilhelm Friedrich Hegel
(1770 – 1831), destaca-se como o maior representante do idealismo
alemão e o filosofo que conduziu o racionalismo ao seu auge.
Influenciado pelo clima revolucionário da época, Hegel criou seu
sistema filosófico baseado na noção de liberdade do sujeito, cujas
experiências são coletivas e não solitárias, condição necessária
para a formação da consciência de si mesmo.
4.3.1 Idealismo absoluto
A filosofia de Hegel é uma filosofia da inteligibilidade total, da
imanência absoluta. A razão aqui não é apenas, como em Kant, o
entendimento humano, o conjunto dos princípios e das regras
segundo as quais pensamos o mundo. Ela é igualmente a realidade
profunda das coisas, a essência do próprio Ser. “Ela é não só um
modo de pensar as coisas, mas o próprio modo de ser das coisas: O
racional é real e o real é racional”. Podemos, portanto, considerar
Hegel como o filósofo idealista por excelência, uma vez que, para
ele, o fundo do Ser (longe de ser uma coisa em si inacessível) é, em
definitivo, Ideia, Espírito. Sua filosofia representa, ao mesmo tempo,
com relação à crítica kantiana do conhecimento, um retorno à
ontologia. É o ser em sua totalidade que é significativo e cada
acontecimento particular no mundo só tem sentido finalmente em
função do Absoluto do qual não é mais do que um aspecto ou um
momento
4.3.2 Movimento dialético
Para Hegel a razão é histórica, ou seja, a verdade é fruto de um
processo em constante transformação, contextualizado no tempo,
resultado da afirmação-contradição-superação. Processo, segundo
o pensador, deve ser visto como um ciclo que não se fecha, a
“filosofia do devir”. Assim, funda-se uma nova lógica, que não parte
do princípio estático de identidade, mas, da contradição, que dá
conta da dinâmica do real. A essa lógica, Hegel chamou de
dialética, composta de três momentos:
1. Do ser em si, seria, por exemplo, o momento de uma planta
como semente (tese - afirmação);
2. Do ser outro ou fora de si, seria o momento em que essa
semente sai fora de si, desdobra-se em algo distinto (antítese -
contradição).
3. Do ser para si, seria o momento em que surge a planta (síntese
– superação dos momentos anteriores).
Assim, cada momento final, que seria a síntese, torna-se a tese de
um movimento posterior, de caráter mais avançado, um ciclo
constante que não se fecha.
4.3.3 Saber absoluto
Para compreender o movimento dialético da realidade, segundo
Hegel, faz-se necessário que a razão se afaste do senso comum e
se coloque no ponto de vista do absoluto. E a consciência alcança
a razão ou saber absoluto, ou seja, supera o entendimento finito,
adquirindo a certeza de ser toda a realidade. Desse modo, a razão
alcançaria a consciência da unidade entre o ser e pensar,
harmonizando subjetividade e objetividade.
O pensamento de Hegel apresenta-se, desse modo, como um
grande sistema, que permite pensar tanto a natureza, a realidade
física, quanto o espírito. O fio condutor dessa reflexão totalizante é a
relação entre finito e infinito.
Assim, o trabalho da filosofia seria o de superar o entendimento
finito e limitado das coisas finitas e limitadas para alcançar o saber
absoluto, que é o saber da coisa em si. Seria o caminhar da
consciência rumo ao infinito, a busca da infinitude a partir da
finitude.
Hegel procurou apresentar, em sua obra, o caminho do
conhecimento finito ao conhecimento absoluto, o qual se daria em
vários campos do saber, tanto em relação à natureza como ao
espírito.
No que concerne à natureza, rompeu com a visão romântica, que a
divinizava, proclamando a absoluta superioridade do espírito, que se
realizava na história dos seres humanos por meio de sua liberdade.
Em relação ao espírito, Hegel distinguiu três instâncias;
1. O espírito subjetivo é o espirito individual, ainda preso na sua
subjetividade (como ser de emoção, desejo, imaginação).
2. O espírito objetivo opõe-se ao espirito subjetivo: como tal, é o
espirito exterior, expressão da vontade coletiva através da moral,
da política e do direito, historicamente produzidos pelos seres
humanos. Expressão da liberdade humana.
3. O espírito absoluto consiste na superação do espirito objetivo,
realizando a síntese final que se manifesta na compreensão da
autoria da ação humana. Manifesta na arte, na religião e na
filosofia como um espírito que se compreende a si mesmo.
4.3.4 Filosofia e História
A história, para Hegel, é desdobramento do espírito objetivo.
Vejamos o porquê.
Segundo o filósofo, o espírito objetivo é a realização da liberdade
humana na sociedade. Manifesta-se no direito, na moralidade, e na
“eticidade”, englobando família, sociedade e Estado. O Estado
político é o momento mais elevado do espírito objetivo, de forma tal
que o indivíduo só existe como membro do Estado, conforme ele
afirma em Princípios da filosofia do direito.
A história seria, portanto, o desdobramento o espírito no tempo. A
filosofia da história deve captar o movimento histórico não nos
momentos estanques, mas do ponto de vista da razão, do absoluto.
Desse ponto de vista, a história é uma contínua evolução da ideia
de liberdade, que se desenvolve segundo um plano racional.
Assim, para Hegel, os conflitos, as guerras, as injustiças, as
dominações de um povo sobre o outro deveriam ser compreendidos
como contradições, como momentos negativos que funcionam como
mola dialética que move a história. Nos termos da dialética
hegeliana, esses momentos seria a antítese, que se contrapõem a
tese, fazendo surgir uma etapa superior, a síntese.
Assim, se para o filósofo, como vimos antes, tudo que é real é
racional, e tudo que é racional é real, todas as coisas existentes,
mesmo as piores, fazem parte de um plano racional e, portanto, têm
um sentido dentro do processo histórico.
QUESTÕES:
01. (CEPERJ - 2013) O pensamento filosófico do século XIX
concedeu especial relevância ao tema da história, porém nenhum
pensador parece tê-lo feito tanto quanto Hegel. Na introdução da
Filosofia da história, Hegel apresenta três tipos de abordagem da
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história, discorrendo sobre cada um deles. As três formas de
encarar a história ali apresentadas por Hegel são as seguintes:
A) a científica, a artística e a filosófica.
B) a original, a refletida e a filosófica.
C) a epistemológica, a fenomenológica e a ontológica.
D) a monumental, a tradicionalista e a crítica.
E) a da loucura, a da sexualidade e a da ciência.
02. (FUNCAB – 2013) Karl Marx e Hegel apresentam teorias
políticas e sociais antagônicas. Contudo, é correto afirmar que
ambos:
A) defendem a ampliação da esfera do Estado, que é visto como
condição de sociabilidade.
B) concebem o Estado como unidade perfeita que supera as
contradições da sociedade civil.
C) percebem o Estado e as outras instituições sociais como
manifestações do desenvolvimento da consciência ou espírito
humano.
D) pensam o indivíduo como ser social, negando, assim, a
anterioridade dos indivíduos à sociedade.
E) concebem o Estado como o reino da liberdade, que consiste na
obediência às leis e na realização do dever coletivo.
03. (FUNCAB – 2013) As formulações políticas de Hegel e Karl
Marx empregam a linguagem filosófica da dialética, baseada na
ideia de "contradição".
É correto afirmar que:
A) As contradições entre sociedade civil e Estado refletem as
contradições entre interesses privados e interesse público ou
coletivo, conforme Marx.
B) O Estado demonstra que as contradições da sociedade civil entre
interesses particulares não podem ser superadas, segundo
Hegel.
C) A contradição fundamental entre proprietários e não proprietários
não pode ser superada senão com a emancipação política de
todos os membros da sociedade, para Marx.
D) A gênese das formas de Estado está nas contradições entre as
classes proprietárias e as não proprietárias (escravos, servos e
trabalhadores livres), de acordo com Hegel.
E) A revolução do proletariado e o comunismo representam o fim
das contradições de classe da sociedade civil, para Marx.
04. Este método é aplicado não só na lógica, mas também em todas
as obras sistemáticas de Hegel. Em Fenomenologia do Espírito, por
exemplo, procede de modo semelhante, passando da família à
sociedade civil e desta para o Estado. Mas a dialética não é apenas
uma característica de conceitos; é também de coisas e processos
reais. Um ácido e um álcali, por exemplo, (1) estão inicialmente
separados e são distintos; (2) dissolvem-se um no outro e perdem
suas propriedades individuais quando são reunidos; e (3) resultam
num sal neutro, com novas propriedades.
O texto acima sobre a Dialética de Hegel indica que:
A) a dialética de Hegel, como a dialética de Platão, envolve sempre
uma estrutura progressiva de diálogo entre dois ou mais
pensadores, de modo a permitir que os sujeitos do
conhecimento evoluam em direção às formas puras do
pensamento.
B) a dialética em seus aspectos lógicos são suficientes para dar
conta do método proposto por Hegel na fenomenologia do
espírito.
C) a dialética hegeliana consiste em um método de verificação
ontológica do valor de verdade de proposições que dizem
respeito ao mundo, ao pensamento e ao próprio sujeito do
conhecimento.
D) a dialética não é apenas um método, no sentido de um
procedimento que um determinado pensador aplica a seu
próprio objeto de conhecimento, mas, fundamentalmente, a
estrutura e o desenvolvimento intrínsecos do próprio objeto.
05. Ao definir a compreensão essencial da razão como história,
Hegel construiu uma crítica profunda às concepções inatistas,
empiristas e ao pensamento kantiano. Sobre essa definição
hegeliana, é correto afirmar que:
A) Hegel estabeleceu uma separação entre razão e realidade, pois
a situação contingencial dos eventos leva ao ceticismo com
relação ao real.
B) Hegel historicizou e relativizou a razão, desconstruindo a ideia de
uma universalidade da razão.
C) o modelo racional deixou de ser aplicado por Hegel, uma vez que
o mundo se manifesta por meio do real que é a razão em si.
D) Marx desenvolveu o conceito do materialismo histórico,
construindo uma crítica à dialética idealista de Hegel.
E) ao identificar razão e história, o pensamento de Hegel conduziu
ao desenvolvimento de uma concepção materialista não
dialética da história.
06. Na fenomenologia do espírito, Hegel entendia a chamada
sociedade civil como uma instância distinta da vida ética da família e
do universo político dos Estados nacionais. A sociedade civil seria
dessa forma, uma etapa intermediária entre o mundo puramente
econômico da vida familiar e as instâncias legais, administrativas e
políticas que assegurariam o funcionamento corrente do Estado
Nacional. Assumindo o pressuposto de que Hegel distinguiu, de
modo claro e abrangente, sociedade civil e Estado, é correto pensar
que:
A) só é possível compreender mais claramente a distinção entre
Sociedade Civil e Estado, na época de Hegel, tendo em vista o
advento de Estados revolucionários centralizados, cujo
funcionamento era claramente distinto da vida de seus súditos.
B) já se entendia, mesmo na Grécia antiga, a vida econômica como
claramente distinta da vida familiar, como já preconizava
Aristóteles, o que impedia uma leitura mais clara das
separações entre os aspectos econômicos e sociais.
C) muitos teóricos anteriores a Hegel, como os contratualistas, não
conseguiram entender as distinções entre o econômico, o
político e o social, justamente porque não defendiam, como
Hegel, que a finalidade do Estado fosse apenas o de facilitar as
relações comerciais.
D) não haveria distinção, para Hegel, entre o econômico e o político,
mas sim entre o social e o econômico, tendo em vista que as
esferas da vida familiar (essencialmente econômica) estariam
amplamente conectadas com a sociedade civil, formando as
bases da sociedade burguesa do século XIX.
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5. Contestação do sistema hegeliano
Vários filósofos contestaram a filosofia de Hegel, de forma parcial
em seu conjunto. Mesmo entre seus seguidores, temos os neo-
hegelianos de direita e os neo-hegelianos de esquerda, que
modificam aspectos de sua filosofia de modo a adequá-la a seus
projetos políticos. Vejamos alguns deles.
5.1 Ludwig Feuerbach
Entre esses contestadores, o que mais se destacou na crítica a
filosofia hegeliana foi o pensador alemão Ludwig Feuerbach (1804 –
1872), nascido da cidade alemã de Landshut. Recusando o
idealismo de Hegel, Feuerbach qualificou-o de “especulação vazia”,
que não trata do ser real, das coisas reais e dos indivíduos
concretos.
Ao contrário do idealismo hegeliano, que se baseia em noções tão
abstratas como as de ideias, espírito e razão, Feuerbach propôs que
a filosofia deveria partir do concreto, do ser humano considerado
como um ser natural e social. Essa sua posição filosófica, que tem
como ponto de partida o ser concreto, é chamada de
materialismo. A situação material em que o homem vive é que o
cria. Feuerbach nega o conceito de que exista primeiro a ideia e
depois a matéria. Para ele a maçã real precede a ideia da maçã.
Afirma que deveríamos entender Hegel de cabeça para baixo. Para
Feuerbach, Hegel descreve o homem de ponta-cabeça. Feuerbach
influenciaria o pensamento inicial de Karl Marx.
5.2 Arthur Schopenhauer
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788 – 1860) foi o que
mais atacou o pensamento hegeliano. Podemos compreender se
levarmos em consideração que Hegel, ao expor como
manifestações do espírito objetivo as situações históricas,
legitimava, assim, todas as formas de governo e instituições, mesmo
as mais cruéis. Desse modo, Schopenhauer se referia a Hegel como
um “acadêmico mercenário” por estar a serviço do Estado
Prussiano.
Crítico a ideia de saber absoluto de Hegel, parte da interpretação de
alguns pressupostos teóricos da filosofia kantiana para afirmar que o
mundo não é mais que representação. Pois, a consciência humana
seria incapaz de conhecer a coisa-em-si, apenas percebê-las e
interpretá-las, portanto essa realidade percebida é extremamente
dependente do sujeito, não existe senão pela existência do próprio
sujeito, negando assim a existência de uma realidade exterior
absoluta alheia ao sujeito. Dessa forma, Schopenhauer afastava-se
da reflexão de Kant e iniciava sua própria filosofia. A representação
do mundo seria para ele como uma “ilusão”, pois o objeto
conhecido é condicionado pelo sujeito.
Para Schopenhauer, em vez de a razão definir o homem e "decifrar
o enigma do mundo", são o corpo e o sentimento, o que ele chama
de vontade, que permitem alcançar e dizer o sentido das coisas. A
vontade é o que há de mais essencial no mundo; ela se manifesta
em toda a natureza e nos corpos animais, independentemente de
serem eles possuidores ou não da faculdade de razão. Todos os
corpos do mundo fenomênico são considerados, nessa filosofia,
como concretização de um mesmo querer que nunca cessa. A
objetivação da vontade não escolhe se vai se manifestar no homem
mais inteligente ou numa pedra. Desse modo, em se tratando de
espécies, a diferença entre os seres humanos e os demais animais
é quase insignificante, visto que tanto o homem quanto o animal têm
por base uma mesma essência metafísica, a vontade de vida. Ele
acredita que a base da formação do nosso conhecimento racional
não é racional, já que começa com as sensações corporais. O que o
filósofo chama de representações empíricas só existem porque,
anteriormente, o corpo informou dados dos objetos e sensações
abafadas ao entendimento que organiza as representações. Nesse
contexto, é importante levar em conta que o entendimento também
faz parte do corpo do sujeito, já que é entendido como um órgão
físico ou o próprio cérebro. Assim, em vez da racionalidade, como
se fosse uma rainha do mundo, a definir sozinha o conhecimento,
ela se torna dependente dos dados corporais; só a partir desses
dados a razão pode fazer algo.
Um exemplo claro disso era a noção de amor para Schopenhauer,
visto como um mero instrumento representativo do instinto animal
de reprodução (a vontade de vida). O homem e a mulher são
conduzidos a idealizar o amor eterno, que para o filosofo não passa
de uma distração criada para que haja tempo hábil que dessa
relação sexual gere-se filhos e se encaminhe os cuidados
necessários para sua criação. Se colocássemos na ponta do lápis, o
tempo e dinheiro gastos para a criação de uma criança toda vez que
pensássemos em fazer sexo? Por isso que Schopenhauer afirmar
que a base da formação do nosso conhecimento racional não é
racional, já que começa com as sensações corporais.
A vida do ser humano é conduzida por desejos, instintos,
sentimentos, essencialmente feita de vontade, que se perpetua ao
querer sempre mais. Daí, consiste numa vida de insatisfações, dor e
sofrimentos, sempre em busca da auto realização. Essa visão
pessimista do indivíduo e da vida é característica própria da
filosofia de Schopenhauer, que inspirará as chamadas filosofias da
existência.
5.3 Sören Kierkegaard
O filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard (1813 – 1855) contestou
que a razão fosse o único caminho para alcançar o conhecimento.
Defendia que a fé fosse esse outro guia para tal realização.
Como pensador cristão, Kierkegaard afirmava que o homem
possuía três dimensões:
1. Dimensão estética, na qual se procura o prazer;
2. Dimensão ética, na qual se vivencia o problema da liberdade e
da contradição entre o prazer e o dever;
3. Dimensão religiosa marcada pela fé.
De acordo com ele, cabe ao ser humano escolher que dimensão
quer viver, já que se trata de dimensões excludentes entre si. Essas
dimensões podem ser entendidas, também, como etapas pelas
quais o ser humano passa durante sua existência: primeiro viria a
estética, depois a ética e, por último, a religiosa, que seria a mais
elevada.
Seus escritos abordam temas como amor, sofrimento, angústia e
desespero, que segundo ele não compreensíveis pela razão. A
filosofia hegeliana era criticada, justamente, por não levar em
consideração a subjetividade humana.
É nesse sentido que Kierkegaard influenciará as chamadas
correntes irracionalistas e existencialistas, que recolocam a
questão da verdade a partir do processo da existência, da
subjetividade humana. Nenhum sistema de pensamento poderia
encerrar em si a experiência ampla e única da vida individual,
segundo ele.
Opondo-se à filosofia sistemática de Hegel e a seu caráter abstrato,
Kierkegaard procurou destacar as condições específicas da
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existência humana e incorporá-las às reflexões filosóficas. Por isso,
é normalmente considerado o “pai do existencialismo”.
A abordagem de Kierkegaard em suas obras expõe os problemas
da relação existencial entre o ser humano e o mundo, consigo
mesmo e com Deus:
1. A Relação do ser humano com o mundo (outros seres
humanos e a natureza) é dominada pela angústia. A angústia é
entendida como o sentimento profundo que temos ao perceber a
instabilidade de viver em um mundo de acontecimentos possíveis,
sem garantia de que nossas expectativas sejam realizadas. “No
possível, tudo é possível”, escreve Kierkegaard. Assim, vivemos
em um mundo onde são possíveis tanto a dor como o prazer, bem
como o bem e o mal, o amor como o ódio, o favorável como
desfavorável.
2. A Relação do ser humano consigo mesmo é marcada pela
inquietação e pelo desespero. Isso ocorre por duas razões
fundamentais: ou porque o ser humano nunca está plenamente
satisfeito com as possibilidades que realizou, ou porque não
conseguiu realizar o que pretendia, esgotando os limites do
possível e fracassando diante de suas expectativas.
3. A relação do ser humano com Deus seria talvez a única via
para a superação da angústia e do desespero. Contudo, é
marcada pelo paradoxo de ter de compreender pela fé o que é
incompreensível pela razão.
Para Kierkegaard o impulso motriz que conduz o ser humano está
nas paixões e não na razão, sendo para ele a fé a mais alta das
paixões humanas. É ela que nos permite o “salto no escuro”.
6. Karl Marx: O materialismo dialético e histórico
Karl Marx (1818- 1883) nasceu na cidade alemã de Trier, no seio de
uma família judaica rica e culta. É provavelmente um dos
pensadores que maior influência exerceu sobre a filosofia
contemporânea. Sua importância está destacada na afirmação do
pensador francês Raymond Aron de que se a grandeza de um
filósofo fosse medida pelos debates que suscitou, nenhum deles,
nos últimos séculos, poderia ser comparado a Karl Marx.
Nos tempos de universidade, Marx revelou entusiasmo pelo estudo
do direito, da filosofia, da história. Formado em filosofia no círculo do
idealismo alemão, tentou seguir a carreira universitária como
professor, mas não conseguiu seu intento devido a questões
políticas.
Em 1844 conheceu Friedrich Engels (1820 – 1895) em Paris, e
ambos se tornaram amigos inseparáveis por toda a vida. Em 1848,
lançaram o célebre O manifesto comunista. Seguindo o lema de que
a filosofia deve ser também prática, participaram juntos de diversas
atividades políticas e escreveram várias obras, que lhes custaram
duras perseguições dos governos constituídos. O conjunto de suas
ideias foi depois interpretado e desenvolvido por outros pensadores,
ficando conhecido como marxismo.
6.1 Crítica ao idealismo hegeliano
Marx fez uma crítica radical ao idealismo hegeliano, no qual afirma
que Hegel inverte a relação entre o que é determinante – a
realidade material – e o que é determinado – as representações e
conceitos acerca dessa realidade. A filosofia idealista seria, assim,
uma grande mistificação que pretende entender o mundo real,
concreto, como manifestações de uma razão absoluta.
Marx procurou compreender a história real do seres humanos em
sociedade a partir das condições matérias nas quais eles vivem.
Essa visão da história foi chamada posteriormente por Engels de
materialismo histórico.
Vejamos então os principais pontos do materialismo de Marx, em
que destacaremos as concepções contrarias ao idealismo de Hegel.
6.2 Materialismo histórico
De acordo com o pensamento de Marx, os seres humanos não
podem ser pensados de forma abstrata, como na filosofia de Hegel,
nem de forma isolada, como nas filosofias de Feuerbach, Proudhon,
e tantos outros que Marx criticou, como Schopenhauer e
Kierkegaard.
Para Marx, não existe o indivíduo formado fora das relações sociais.
Ele enfatiza esse ponto ao afirmar: “A essência humana é o
conjunto das relações sociais”. Isso significa que a forma como os
indivíduos se comportam, agem, sentem e pensam vincula-se à
forma como se dão as relações sociais. Essas relações sociais, por
seu lado, são determinadas pela forma de produção da vida
material, ou seja, pela maneira como os seres humanos trabalham e
produzem os meios necessários para a sustentação material das
sociedades.
Esse é o ponto fundamental da filosofia de Marx. Ao falar da
produção material da vida, ele não se refere apenas à produção das
inúmeras coisas necessárias à manutenção física dos indivíduos.
Considera também o fato de que, ao produzirem todas essas coisas,
os seres humanos constroem a si mesmo como indivíduos. Isso
ocorre porque, segundo o filósofo, “o modo de produção da vida
material condiciona o processo geral da vida social, política e
espiritual”.
6.3 Capital e trabalho
Marx reconhece o trabalho como atividade fundamental do homem e
analisa os fatores que o tornam uma atividade massacrante e
alienada no capitalismo.
Essa demonstração desenvolve-se em vários textos, mas de forma
mais rigorosa em O capital, livro em que o filosofo expõe a lógica do
modo de produção capitalista, em que a força de trabalho é
transformada em uma mercadoria como outra qualquer, paga pelo
salário; de outro é a única mercadoria que produz valor, ou seja, que
reproduz o capital.
6.4 Dialética marxista
Marx também entende o desenvolvimento histórico- social como
decorrente das transformações ocorridas no modo de produção.
Nessa analise, ele se vale dos princípios da dialética, mas como
afirma no posfácio da segunda edição de O capital, “meu método
dialético não só se difere do hegeliano, mas também a sua antítese
direta”. Marx reconhece o mérito de Hegel por ter sido o primeiro a
expor formas gerais de dialética, mas alega que é preciso
desmitificá-la evidenciando seu núcleo racional.
Na concepção hegeliana, conforme vimos, a dialética torna-se
instrumento legitimação da realidade existente. No pensamento de
Marx, a dialética leva ao entendimento da possibilidade de negação
dessa realidade “porque apreende cada forma existente no fluxo do
movimento, portanto também com seu lado transitório”. Ou seja, a
dialética em Marx permite compreender a história em seu momento,
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em que cada etapa é vista não como algo estático e definitivo, mas
como algo transitório, que pode ser transformado pela ação
humana.
De acordo com Marx, as grandes transformações históricas deram-
se primeiramente no campo da economia, causadas por
contradições geradas no interior do próprio modelo de produção.
Diferentemente de Hegel, no entanto, Marx não concebe uma
história que anda sozinha, guiada por uma razão ou um espírito,
mas sim uma história feita pelos seres humanos, que interferem no
processo histórico e podem, dessa forma, transformar a realidade
social, sobretudo se alterarem seu modo de produção.
6.5 Modo de produção
Modo de produção é a maneira como se organiza a produção
material em um dado estágio de desenvolvimento social. Essa
maneira depende do desenvolvimento das forças produtivas (força
de trabalho humano e os meios de produção, tais como máquinas,
ferramentas e etc.) e da forma das relações de produção.
Embora a definição de modos de produção seja um aspecto
complexo na obra de Marx e entre seus comentadores, lemos em A
ideologia alemã a exposição dos seguintes modos de produção
dominantes em cada época: o comunismo primitivo, o escravismo
na Antiguidade, o feudalismo na Idade Média e o capitalismo na
Idade Moderna.
A passagem de um modo de produção para outro, segundo o
filósofo, dá-se no momento em que o nível de desenvolvimento das
forças produtivas entra em contradição com as relações sociais de
produção. Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção em
virtude da inadequação das relações nas quais ela se dá. Nesse
momento, surge as possibilidades objetivas de transformação desse
modo de produção.
6.6 Luta de classes
De acordo com Marx, caberia à classe social que possui, nesse
momento, um caráter revolucionário, intervir por meio de ações
concretas, práticas, para que essas transformações ocorram. Foi o
que aconteceu, por exemplo, na passagem do feudalismo ao
capitalismo, com as revoluções burguesas.
Marx sintetiza essas análises na afirmação de que a luta de
classes é o motor da história, isto é, a luta de classes faz a
história se mover. Para ele, o capitalismo também criou uma classe
revolucionária que, em virtude de suas condições de existência,
deve se organizar para, no momento oportuno, fazer a revolução
social rumo ao socialismo. Essa classe revolucionária seria o
proletariado.
QUESTÕES:
07. (ENEM-2013) Na produção social que os homens realizam, eles
entram em determinadas relações indispensáveis e independentes
de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um
estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de
produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura
econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem
as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem
determinadas formas de consciência social.
MARX, K. Prefacio a Critica da economia politica. In. MARX, K.
ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no
sistema capitalista faz com que:
A) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
B) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção
material.
C) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o
progresso humano.
D) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao
desenvolvimento econômico.
E) a burguesia revolucione o processo social de formação da
consciência de classe.
08. (IFRO – 2013) Para Karl Marx, o que gera a religião e que ele
classifica como falsa consciência é (são):
A) a busca pela verdade.
B) as estruturas econômicas.
C) a fragilidade do proletariado.
D) o poder da massa burguesa.
E) as relações horizontalizadas.
09. (FUNCAB – 2013) O conceito de ideologia possui uma
variedade de significados. O mais conhecido, entretanto, é o de Karl
Marx. De acordo com o autor, é correto afirmar que a ideologia:
A) é um fenômeno de infraestrutura, já que se manifesta,
principalmente, na base econômica da sociedade.
B) tem por objetivo ocultar ou disfarçar a divisão da sociedade em
classes antagônicas e a dominação de uma sobre a outra.
C) serve para transformar a realidade social, na medida em que
organiza e prepara o pensamento dos homens para a ação
política revolucionária.
D) permite a construção da unidade social, pois agrupa os homens
em torno de crenças e ideias comuns.
E) consiste em preconceitos, ideias tradicionais e prenoções
inteiramente subjetivas que impedem o cientista de tratar o fato
social como "coisa" científica.
10. A noção de ideologia, tal como formulada por Marx, pode ser
definida como sendo a lógica social imaginária de ocultamento da
realidade histórica. (Marilena Chauí)
Com base na citação acima, é CORRETO afirmar que a ideologia:
A) oculta a origem da sociedade nas relações de produção.
B) evidencia a presença da luta de classes na sociedade.
C) a sociedade burguesa produz a representação da imagem real
do Estado originado do contrato social entre homens livres e
iguais.
D) procura incentivar e apoiar a práxis política dos trabalhadores.
11. O conceito de Dialética tomou parte nas preocupações
filosóficas de pensadores, como Hegel, Engels e Marx.
Sobre o conceito de dialética em Hegel, é CORRETO afirmar que se
trata da:
A) ciência das leis gerais do movimento, tanto do mundo externo
como do pensamento humano.
B) marcha do pensamento que procede por contradição, passando
por 3 fases: tese, antítese e síntese -, reproduzindo o próprio
movimento do Ser absoluto ou Ideia.
C) sistematização do capitalismo financeiro.
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D) organização política e econômica que torna comuns os bens de
produção.
12. Em A Ideologia Alemã, Marx e Engels argumentam que as
representações, o pensamento e o comércio intelectual dos
homens, de modo mais imediato são a evidência do materialismo
histórico e são:
A) uma emanação direta do comportamento material dos homens
ao longo da história.
B) um processo constante de negociação entre o religioso e o
material.
C) fantasias religiosas a serem historicamente superadas pela
crítica filosófica.
D) manifestação da dominação política enquanto dimensão histórica
primordial.
13. A expressão mais-valia, conceito fundamental da teoria
econômica de Marx, é:
A) o controle das taxas de juros, a fim de conter o avanço da
inflação.
B) o valor pago ao trabalhador para garantir sua subsistência e a
reprodução de sua força de trabalho.
C) a alta dos preços causada pelos índices de inflação na Alemanha
na época de Marx.
D) a parte do valor produzido pelo trabalho assalariado da qual o
capitalista se apodera.
14. Marx defende as liberdades políticas individuais, todavia opõe-
se ao liberalismo e à concepção do Estado burguês. Sobre o
pensamento de Marx sobre o Estado burguês, assinale:
A) O progresso tecnológico e o desenvolvimento econômico
permitem uma melhor distribuição de renda aos trabalhadores.
B) Para o materialismo histórico, as relações sociais de produção
são responsáveis pela formação do Estado, que Marx não
considera como responsável nem pela política nem pela parte
jurídica.
C) A verdadeira liberdade e emancipação só podem acontecer
quando a esfera da produção estiver sob o controle dos
produtores diretos, isto é, os trabalhadores.
D) Para Marx, a liberdade deve ser universal, isto é, para todos os
homens; razão pela qual só pode realizar-se com a manutenção
da sociedade dividida em classes.
7. Friedrich Nietzsche: uma filosofia “a golpes de martelo”
Concluindo esse momento da história da filosofia contemporânea,
veremos outro pensador que, nas últimas décadas do século XIX,
questionou profundamente os rumos do pensamento filosófico
vigente, bem como do mundo ocidental. Trata-se de Friedrich
Nietzsche.
Nietzsche (1844 – 1900) nasceu em Rocken, uma localidade da
Alemanha atual. Filho de um culto pastor protestante, possuía um
gênio brilhante, tendo estudado grego, latim, teologia e filosofia. A
partir da leitura de O mundo como vontade e representação, de
Schopenhauer, sentiu-se profundamente atraído pelas reflexões
filosóficas.
Realizou uma crítica radical e impiedosa à tradição filosófica e aos
valores fundamentais da civilização ocidental, construindo um
pensamento diferente e original, “a golpes de martelo”. Exerceu
grande influência sobre os pensadores da filosofia da existência,
sendo, por isso, considerado às vezes um filósofo pré-
existencialista.
7.1.1 Apolíneo e dionisíaco
Em sua obra Nietzsche critica a tradição filosófica ocidental a partir
de Sócrates, a quem acusa de ter negado a intuição criadora da
filosofia anterior, pré-socrática.
Nessa análise, o filósofo alemão estabelece a distinção entre dois
princípios:
1. O apolíneo, criado a partir do deus grego Apolo (deus da razão,
da clareza, da ordem).
2. O dionisíaco, criado a partir do deus grego Dionísio (deus da
aventura, da música, da fantasia e da desordem).
Para Nietzsche, esses dois princípios ou dimensões
complementares da realidade – o apolíneo e o dionisíaco – foram
separados na Grécia socrática, que optando pelo culto à razão
secou a seiva criadora da filosofia, contida na dimensão dionisíaca.
7.1.2 Genealogia da moral
Posteriormente, Nietzsche desenvolveu uma crítica intensa dos
valores morais, propondo uma nova abordagem: a genealogia da
moral, isto é, o estudo da formação histórica dos valores morais.
Sua conclusão foi de que não existem as noções absolutas de bem
e de mal. Para Nietzsche, as concepções morais são elaboradas
pelos homens, a partir de interesses humanos. Ou seja, são
produtos históricos – culturais. No entanto as religiões, como o
judaísmo e o cristianismo, impõem esses valores humanos como se
fossem produtos da “vontade de Deus”.
Para o filósofo, grande parte das pessoas acomoda-se a uma “moral
do rebanho”, baseada na submissão irrefletida aos valores
dominantes da civilização cristã e burguesa.
Assim, se compreendermos que os valores presentes em nossas
vidas são construções humanas, se questionarmos o valor dos
valores, estamos no dever de refletir sobre nossas concepções
morais e enfrentar o desafio de viver por nossa própria conta em
risco.
7.3 Niilismo
Segundo a análise de Nietzsche, no momento em que o cristianismo
deixou de ser a “única verdade” para se tornar uma das
interpretações possíveis do mundo, toda a civilização ocidental e
seus valores absolutos também foram postos em xeque. Nesse
contexto, ocorre uma escalada do niilismo, que “deve ser entendido
como um sentimento opressivo e difuso, próprio às fases agudas de
ocaso de uma cultura”. O niilismo seria a expressão afetiva e
intelectual da decadência.
O niilismo moderno apontado por Nietzsche assenta-se, em grande
parte, na ideia da morte de Deus. Em sua obra Gaia ciência, o
filósofo decreta que “Deus está morto”, mas esclarece que quem o
matou fomos nós mesmos, ou seja, trata-se de um acontecimento
cultural. Desse modo, teríamos destruído os fundamentos
transcendentais (assentados em Deus) dos valores mais caros de
nossas vidas.
É importante ressaltar que, apesar desse niilismo em relação aos
valores consagrados pela civilização, Nietzsche defendeu também
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valores afirmativos da vida, capazes de expandir as energias
latentes em nós.
“Ouse conquistar a si mesmo” talvez seja a grande indicação
nietzschiana àqueles que buscam viver a “liberdade da razão”, sem
conformismo, resignação ou submissão.
QUESTÕES:
15. (CEPERJ - 2013) Na "Terceira dissertação" de Genealogia da
moral, Nietzsche discute a famosa definição que Kant oferece do
belo, contrapondo a ela "uma outra, de um verdadeiro "espectador"
e artista". Este escritor, a quem Nietzsche se refere e que, conforme
o próprio filósofo alemão, chamou o belo de "uma promessa de
felicidade", é:
A) Flaubert. B) Goethe. C) Proust.
D) Balzac. E) Stendhal.
16. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Enquanto o homem guiado por
conceitos e abstrações, através destes, apenas se defende da
infelicidade, sem conquistar das abstrações uma felicidade para si
mesmo, enquanto ele luta para libertar-se o mais possível da dor, o
homem intuitivo, em meio a uma civilização, colhe desde logo, já de
suas intuições, fora a defesa contra o mal, um constante e torrencial
contentamento, entusiasmo, redenção". (NIETZSCHE. Sobre verdade
e mentira no sentido extra-moral, § 2)
A crítica de Nietzsche presente no fragmento destacado se dirige:
A) à desvalorização da capacidade humana de abstração, artifício
operado pelo lado intuitivo do homem, que o torna incapaz de se
defender contra o mal.
B) ao privilégio dado ao instintivo em detrimento da conceituação na
produção de conhecimento, pois somente este último caminho
nos libertaria da dor.
C) à redução do conhecimento ao teórico, que torna o homem
incapaz de obter o contentamento da integração do indivíduo
com a existência.
D) à orientação do homem por conceitos, a partir da qual ele
defende com entusiasmo sua felicidade, como o valor mais
importante em meio à civilização.
E) A guerra de todos os homens contra todos os homens tem como
consequência a determinação ética e epistêmica do que é
injusto.
17. (SOLER – 2013) Na concepção de Nietzsche, a verdade:
A) É um ponto de vista. Não é possível uma definição da verdade,
porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do
oposto da mentira.
B) É a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as
regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos ou
não.
C) É a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que
se dá na mente, num sentido concreto.
D) Toda verdade é falsa.
18. No início de sua carreira intelectual, Nietzsche empreendeu
estudos sobre o trágico. Esses estudos levaram-no a compor uma
teoria sobre o nascimento da tragédia a partir dos rituais de
Dionísio. Neste sentido, Nietzsche acabou por construir a história do
nascimento e morte do espírito trágico entre os gregos. Sendo
assim, é correto afirmar que:
A) o desaparecimento do coro e a transformação da música em
diálogo seriam as marcas de uma ruptura com um padrão
estético de existência e o mergulho em um modelo epistêmico
calcado na verdade filosófica.
B) o domínio de formas apolíneas de arte, baseadas na canção
poética em detrimento das formas teatrais, teria produzido uma
ruptura epistêmica que teria dado origem aos diálogos
filosóficos e a figura de Sócrates como grande assassino do
mundo trágico.
C) surgimento da música em meio as tragédias antigas teria
desestabilizado o diálogo teatral e produzido um abandono das
formas dramáticas, levando então ao surgimento de uma prosa
filosófica de modelo aristotélico.
D) surgimento da vida urbana e da polis clássica teria, judicializado
as tragédias, forçando um abandono do dionisismo original e
aproximando os rituais trágicos de formas clássicas apolíneas,
proporcionais e melódicas.
19. (Mackenzie - SP) Nietzsche empreendeu uma Genealogia da
moral, com a qual desejou mostrar que os valores da tradição
judaico-cristã eram basicamente niilistas. No prólogo do livro,
Nietzsche enuncia sua nova exigência, segundo a qual:
A) Será preciso descobrir a verdade dos valores morais.
B) O próprio valor dos valores morais deverá ser questionado.
C) A vontade de vingança deverá operar contra a metafísica.
D) Os fracos deverão ser protegidos da vontade dos fortes.
E) A vontade de saber deverá prevalecer sobre todas as outras
20. (Mackenzie – SP) O pensamento de Nietzsche encontrou e
encontra, hoje, muitas apreciações negativas, mas também adeptos.
Suas ideias infiltraram-se, pouco a pouco, pela Europa, apesar de
sofrerem pesadas acusações de servirem à fundamentação em
favor do antissemitismo, do antifeminismo e de preconceitos
nacionalistas propagados durante a guerra. Trata-se de uma
decorrência da apropriação tendenciosa de sua obra por parte de
interessados e da leitura apressada e incompleta de seus textos,
que levou à sua má compreensão.
(Vera Portocarrero)
Segundo o texto:
A) as ideias de Nietzsche são muito apreciadas hoje, apesar de
terem sido rejeitadas no passado.
B) Nietzsche era antissemita e antifeminista.
C) as ideias de Nietzsche difundiram-se pela Europa, porque
influenciaram o Nazismo.
D) houve apropriação da obra de Nietzsche, por parte de pessoas
mal-intencionadas, cujo objetivo era lucrar financeiramente com
sua divulgação.
E) a superficialidade e o preconceito impuseram sérias restrições ao
entendimento das ideias de Nietzsche, filósofo e poeta alemão.
Pensamento do século XX
1. Século XX: Uma era de incertezas
O século XIX foi um período marcado por grandes convicções. De
modo geral, muitos filósofos estavam confiantes no poder da razão,
os cientistas, entusiasmados com o progresso tecnológico, os
capitalistas, radiantes com as vantagens da expansão industrial, os
românticos, vibrando com a valorização da pátria e dos sentimentos
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nacionais, os socialistas, pregando ardorosamente a construção do
socialismo e assim por diante.
Poucas dessas convicções subsistiram intactas no século XX, que
foi, por isso, caracterizado como uma era de incertezas.
Isso começou a verificar-se logo na passagem do século XIX para o
XX, quando Freud fundou a psicanálise e surgiram as psicologias do
inconsciente, colocando dúvidas sobre a hegemonia da razão nos
assuntos humanos.
Quase paralelamente, Einstein formulou a teoria da relatividade e,
algum tempo depois, Heisenberg enunciou o princípio da incerteza,
lançando bases de uma progressiva mudança de paradigmas na
ciência. O incerto começava a ocupar o espírito do mundo
contemporâneo a partir de seu maior baluarte a ciência.
1.1. Mundo de contrastes
E como definir os principais acontecimentos do século XX? Trágicos
ou maravilhosos? Gigantescos eles foram, sem dúvida.
Duas guerras mundiais derramaram sangue em escala jamais vista
na história da humanidade. A explosão da barbárie nazista
aterrorizou o mundo. A Revolução Russa impulsionou a ascensão
do socialismo em vários países, engatilhando o surgimento de uma
guerra fria que polarizou grande parte do planeta e só terminou com
o fim da União Soviética.
Por outro lado, depois da Segunda Guerra, a tecnologia deu um
salto vertiginoso. Telescópios hiper-potentes exploraram os confins
do universo. Naves espaciais iniciaram a conquista do Espaço. A
engenharia genética registrou avanços antes restritos aos livros de
ficção. A tecnologia da informação e diversos novos aparatos
chegaram à vida cotidiana de milhões de usuários em todo o
mundo.
A tecnologia trouxe também a corrida armamentista, o medo da
destruição da bomba atômica e a degradação ambiental. E os
avanços tecnológicos pouco contribuíram para diminuir as profundas
desigualdades sócias no planeta. Calcula-se que 80% da renda
mundial concentram-se nas mãos de 15% da população, enquanto
mais da metade da humanidade ainda enfrenta problemas de
desnutrição, falta de moradia, desamparo à saúde e à educação.
1.2. Impressões antagônicas
Por tudo isso, as impressões dos grandes intelectuais que viveram
no séc. XX são díspares e, por vezes, antagônicos. Alguns o vêem
como uma época inédita pela vastidão dos dramas humanos,
massacres, guerras. Uma estimativa das grandes violências do
século XX menciona 187 milhões de mortes provocadas por decisão
humana, o equivalente a 10% da população mundial em 1900.
Outros pensadores reconhecem que, apesar das violências, o
século XX foi também um período de progresso tecnocientífico e de
importantes conquistas sociais, em que se destacaram, entre outras,
a progressiva emancipação feminina. Se não tivesse havido – dizem
alguns -, a população mundial não teria crescido mais de três vezes
durante o século XX, pois saltou de, aproximadamente, 1,7 bilhões
de pessoas em 1900 para cerca de 6 bilhões de pessoas em 2000.
1.3. Respostas filosóficas
Devido a essas contradições, desenvolveu-se no século XX –
principalmente a partir de suas últimas três décadas – uma
mentalidade menos arrogante quanto aos benefícios infalíveis da
racionalidade científica, Percebeu-se que, destituídas de valores
éticos, a ciência e a tecnologia nem sempre contribuem para o
desenvolvimento humano. Em certos casos, prestam serviço à
tirania e à barbárie.
Isso refletiu na produção das diversas correntes filosóficas surgidas
nesse período, como o existencialismo, a Escola de Frankfurt e o
pensamento pós-moderno.
Assim, embora já estejamos no século XXI, com suas incertezas e
contradições, o século XX não pode ainda ser fechado para
balanço. Permanece aberto para compreendê-lo.
2. O Existencialismo
O termo existencialismo designa o conjunto de tendências
filosóficas que, embora divergentes em vários aspectos, têm na
existência humana o ponto de partida e o objeto fundamental de
reflexões, Por isso, podemos designá-las mais propriamente como
Filosofias da existência, no plural.
Mas o que é existir? Se refletirmos sobre o tema, veremos que
existir implica a relação do ser humano consigo mesmo, com outros
seres humanos, com os objetos culturais e com a natureza. São
relações múltiplas, concretas e dinâmicas. E também relações
determinadas (aquelas, por exemplo, resultam de leis da física) e
indeterminadas (aquelas que resultam da nossa liberdade ou do
acaso, sendo passíveis ou não de acontecer).
Sobre esses temas, os filósofos existencialistas elaboraram diversas
interpretações, cujo denominador comum é uma certa visão
dramática da condição humana. O filósofo francês Albert Camus
(1913 – 1960) ilustrava bem essa interpretação quando dizia que a
única questão filosófica séria seria o suicídio.
Algumas concepções do existencialismo:
1. Ser humano – é entendido como uma realidade imperfeita,
aberta, inacabada, que foi “lançada” ao mundo e vive sob riscos
e ameaças;
2. Liberdade humana – não é plena, mas condicionada às
condições históricas da existência. Nesse sentido, querer não
se identifica com poder. Homens e mulheres agem no mundo
superando ou não os obstáculos que se lhes apresentam;
3. Vida humana – não é o caminho seguro em direção ao
progresso, ao êxito e ao crescimento. Ao contrário, é marcada por
situações de sofrimento, como doença, dor, injustiças, luta pela
sobrevivência, fracassos, velhice e morte. Assim, não podemos
ignorar o sofrimento humano, a angústia interior, a exploração
social. É preciso considerar esses aspectos adversos da vida e
encará-los de frente.
As filosofias da existência propriamente ditas surgiram no século
XX, mas sofreram grande influência do pensamento de alguns
filósofos do período anterior, considerados pré-existencialistas.
Entre eles destacam-se Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche e
Husserl.
QUESTÕES:
21. (Aplicativa – 2013) O existencialismo afirma o primado da
existência sobre a essência. Entretanto, para muitos, existem dois
existencialismos, que têm distintos representantes, em dois
diferentes grupos. Nessa classificação, alguns dos pensadores que
realmente podem ser colocados em distintas visões do
existencialismo são:
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia
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A) De um lado, Jaspers e Tilich; de outro, Bultmann e Sartre.
B) De um lado, Kierkegaard e Camus; de outro, Barth e Beauvoir.
C) De um lado, Beauvoir e Nietzsche; de outro, Heidegger e
Husserl.
D) De um lado, Kierkegaard e Tilich; de outro, Nietzsche e
Heidegger.
E) De um lado, Nietzsche e Jaspers; de outro, Husserl e Kant.
22. Sobre o existencialismo, corrente filosófica que tem como pai
Kierkegaard e filósofos como Heidegger e Sartre, podemos destacar
que:
A) é uma filosofia que mostra a importância da vida humana como
caminho seguro em direção ao progresso, ao êxito e ao
crescimento.
B) o ser humano segundo essa filosofia é alguém lançado ao
mundo, que graças à inteligência humana é perfeito e se afasta
dos riscos e ameaças.
C) segundo Heidegger, devemos nos condicionar ao passado para
permitir que sentimentos, memórias se imponham sobre nosso
presente para determinar seu conteúdo e qualidade.
D) Sartre nos afirma o primado da existência sobre a essência, pois
a existência precede e governa a essência.
2.1. Edmund Husserl
Edmund Husserl (1859 – 1938) nasceu na cidade de Prossnitz,
situada na Morávia, região que pertencia ao império austro –
húngaro (hoje República Tcheca). Formulou um método de
investigação filosófica conhecido como fenomenologia.
2.1.1 Método fenomenológico
A fenomenologia surgiu primeiramente na atmosfera rarefeita de
matemática. Depois se desenvolveu na psicologia e na filosofia e
acabou desembocando nas preocupações humanistas dos filósofos
existencialistas contemporâneos. Sereia, por definição, a ciência
dos fenômenos.
O que são fenômenos? A palavra fenômeno vem do grego
phaenomenon, que significa “coisa que aparece”. Assim, o método
fenomenológico consiste, basicamente, na observação e descrição
rigorosa do fenômeno, isto é, daquilo que aparece ou se oferece
aos sentidos ou à consciência.
Dessa maneira, como se forma, para nós, o campo de nossas
experiências, sem que o sujeito ofereça resistência ao fenômeno
estudado nem se desvie dele. O sujeito deve, portanto, orienta-se
para e pelo fenômeno. Sua consciência será sempre a consciência
de alguma coisa.
Em resumo, a fenomenologia apresenta-se como a investigação das
experiências conscientes (fenômenos) isto é, “o mundo da vida”
(Lebenswelt, em alemão) como a denomina Husserl.
Conforme analisou o filósofo francês Merleau- Ponty, Husserl tentou
a reabilitação ontológica do sensível. Isso significou, na história da
filosofia, uma volta às próprias coisas, das quais o sujeito tinha se
afastado.
QUESTÕES:
23. (FADESP – 2013) "Baseado nas distinções essenciais entre
fenômenos psíquicos e fenômenos físicos que Brentano
estabeleceu em suas obras, Husserl vê na intencionalidade a
característica fundamental da consciência." (NUNES, Benedito.
Filosofia Contemporânea, Belém, EDUFPA, p. 98)
Por intencionalidade da consciência, Husserl entendia:
A) a índole essencialmente receptiva da consciência no que diz
respeito ao conhecimento do objeto.
B) o caráter da consciência de estar voltada para os objetos, numa
forma de relacionamento imediato que se traduz pela ideia de
orientação, de direção.
C) a capacidade da consciência de abrigar as imagens ou as
representações dos objetos que afetam os sentidos.
D) o caráter da consciência de se fechar sobre si mesma, ignorando
os objetos que a rodeiam.
24. A fenomenologia tem por tarefa investigar a significação das
vivências da consciência, levando em consideração a
intencionalidade. Tal concepção pode ser atribuída a:
A) Maurice Merleau-Ponty. D) Karl Jaspers.
B) Gottfried Leibniz. E) Edmund Husserl.
C) Jürgen Habermas.
2.2 Martin Heidegger
Nascido em Messkirch, na região de Baden, Alemanha, Marin
Heidegger (1889 – 1976) desenvolveu sua formação filosófica na
Universidade de Freiburg, onde Edmund Husserl era professor.
Publicou, em 1927, uma de suas mais importantes obras, Ser e
tempo.
Com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933 afastou-se de seu
antigo mestre e amigo Husserl, que era judeu. Não muito tempo
depois, porém, talvez por tomar consciência das crescentes
atrocidades nazista, demitiu-se da Universidade de Freiburg, do qual
era então reitor, e isolou-se em sua casa nas montanhas da Floresta
Negra, mantendo poucos contatos até sua morte.
2.2.1 Ente e ser
Rompendo com a tendência dominante da filosofia moderna, que
desde Descartes estava voltada para a teoria do conhecimento,
Heidegger retomou a questão da ontologia, a investigação do ser.
Para ele, o problema central da filosofia é o ser, a existência de
tudo.
O filósofo negou que fosse existencialista. Devemos, segundo
afirmava, começar investigando nossa existência porque é dela que,
primeiramente, temos consciência. Mas uma filosofia que colocasse
apenas o ser humano como centro de preocupação seria antes uma
antropologia. Por isso dizia que a questão que o preocupava não
era a existência do ser humano, e sim a questão do ser em seu
conjunto e enquanto tal. Essa sua intenção, no entanto, só ficou
clara a partir de 1930, quando publicou Da essência da verdade.
Heidegger criticou aquilo que considerava uma confusão entre ser e
ente, ocorrida ao longo da história da filosofia. Para ele, o ente é a
existência, a manifestação dos modos de ser. O ser é essência,
aquilo que fundamenta e ilumina a existência ou os modos de ser.
A partir dessa diferenciação é possível estabelecer duas fases da
filosofia heideggeriana. A primeira caracteriza-se pela busca do
conhecimento do ser por meio da análise do ente humano, da
existência humana. Na segunda, o ente sai do primeiro plano e o
próprio ser torna-se a chave para a compreensão da existência.
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2.2.2 Despertar pela angústia
Um dos objetivos básicos de sua obra Ser e tempo é investigar o
sentido do ser. Para efetuar tal tarefa, Heidegger começou pela
análise do ser que nós próprios somos. Criando uma terminologia
própria, e por vezes obscura, denominou o modo de ser do
humano, nossa existência, com a palavra Dasein, cujo sentido é
ser-aí, estar-aí.
Analisando a vida humana, o filósofo descreveu três etapas que
marcam a existência e que, que para a maioria dos indivíduos,
culminam em uma existência inautêntica:
1. Fato da existência – o ser humano é “lançado” ao mundo, sem
saber por quê. Ao despertar para a consciência da vida, já está aí,
sem ter pedido para nascer;
2. Desenvolvimento da existência – o ser humano estabelece
relações com o mundo (ambiente natural e social historicamente
situado). Para existir, projeta sua vida e procura agir no campo de
suas possibilidades. Move uma busca permanente para realizar
aquilo que ainda não é. Em outras palavras, existir é construir
um projeto;
3. Destruição do eu – tentando realizar seu projeto, o ser humano
sofre a interferência de uma série de fatores adversos que o
desviam de seu caminho existencial. Trata-se do confronto do eu
com os outros, confronto no qual o indivíduo comum é,
geralmente, derrotado. O seu eu é destruído, arruinado, dissolve-
se na banalidade do cotidiano, nas preocupações da massa
humana. Em vez de se tornar si-mesmo, torna-se o que os outros
são; assim, o eu é absorvido no com-o-outro e para-o-outro.
O sentimento profundo que faz o ser humano despertar da
existência inautêntica é a angústia, pois ela revela o quanto nos
dissolvemos em atitudes impessoais, o quanto somos absorvidos
pela banalidade do cotidiano, o quanto anulamos nosso eu para
inseri-lo, alienadamente, no mundo do outro.
QUESTÕES:
25. (CEPERJ - 2013) Na "Carta sobre o humanismo", que é parte de
Marcas do caminho, Martin Heidegger definiu um princípio
fundamental de toda sua filosofia sobre a linguagem. De acordo com
o que afirma Heidegger, logo no começo desse texto, a linguagem
é:
A) voz de Deus. D) consenso inter subjetivo.
B) morada do ser. E) ideologia capitalista.
C) estrutura da subjetividade.
26. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) No exame que faz nos primeiros
parágrafos de "Ser e Tempo", Heidegger estabelece as bases da
ontologia fundamental. Nessa investigação, o autor mostra que:
A) os modos tradicionais de se perguntar pelo ser revelam que a
questão ontológica é clara e está bem colocada.
B) perguntar-se pelo ser é determinar as condições de possibilidade
das próprias ontologias que derivam das ciências ônticas.
C) o primado objetivo-científico da questão do ser implica definir os
conceitos fundamentais relativos aos objetos das ciências
ônticas.
D) na analítica existencial do ser-aí, deve-se procurar a ontologia
fundamental de onde todas as demais podem se originar.
E) deveria estar ligada às necessidades da vida, unicamente em sua
origem histórica.
27. (IFAL - COPEMA – 2013) O filósofo Martin Heidegger
inaugurou, com sua obra Ser e Tempo (1927), um vocabulário
próprio a fim de desenvolver o projeto da analítica existencial, qual,
por sua vez, necessitou se libertar da linguagem viciada da filosofia
tradicional para realização do seu empreendimento ontológico-
fenomenológico. Identifique qual(is) destas citações são de autoria
e/ou caracterizam o pensamento de Heidegger.
I. "O ser é sempre o ser de um ente".
II. "Um ente só poderá tocar um outro ente simplesmente dado
dentro do mundo se, por natureza, tiver o modo do serem, se,
com sua presença, já se lhe houver sido descoberto um mundo".
III. "Mundanidade é um conceito ontológico e significa a estrutura de
um momento constitutivo do ser-no-mundo."
IV. "O homem se mostra como um ente que é no discurso".
V. "O modo de ser da abertura se forma na disposição,
compreensão e discurso. O modo de ser cotidiano da abertura
se caracteriza pelo falatório, curiosidade e ambiguidade."
A) Apenas a citação IV não é de Heidegger.
B) Somente as citações II e V são de Heidegger.
C) Somente as citações I e III são de Heidegger.
D) Somente a citação IV é de Heidegger.
E) Todas as citações são de Heidegger.
28. (SOLER – 2013) "(...) qualquer que seja a maneira como
procuramos pensar, sempre nos movimentamos no âmbito da
tradição. Ela impera quando nos liberta do pensamento que olha
para trás e nos libera para um pensamento do futuro, que não é
mais planificação. Mas, somente se nos voltarmos pensando para o
já pensado, seremos convocados para o que está para ser
pensado." No texto, Heidegger aborda o princípio da:
A) Nacionalidade. C) Identidade.
B) Igualdade. D) Sexualidade.
29. Em suas obras sobre a questão da técnica, Heidegger
A) propõe uma ecologia humanista, que foque no humano em
detrimento ao meramente natural.
B) antecipa a ideia de um desenvolvimento sustentável, propondo
que o crescimento econômico da economia de mercado possa
se harmonizar com a preservação do meio ambiente.
C) antecipa aspectos de uma crítica à sociedade tecnológica que
deram sustentação à chamada de epecology (ecologia
profunda) nos anos sessenta e setenta.
D) postula que não há como falar filosoficamente sobre a técnica,
tendo em vista ser esta um tópico da ciência, que não faz parte
do humanismo filosófico defendido pelo próprio Heidegger.
30. A concepção que Heidegger apresentava sobre a metafísica
leva a pensar que:
A) a investigação metafísica busca fundamentalmente a
contemplação da natureza do ser primordial, Deus ou o primeiro
motor imóvel.
B) a metafísica é uma ferramenta que pode ser utilizada como um
mecanismo ontológico de ascensão contemplativa, da opinião
em direção ao conhecimento teorético de todas as coisas.
C) a metafísica se preocupa com as causas fundamentais dos entes
particulares, de maneira a fornecer uma visão sistemática sobre
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102
cada um dos entes, classificados taxionomicamente a partir
dessas mesmas causas do Ser.
D) aquele que questiona, na investigação metafísica, está envolvido
com a questão de modo que pode ser surpreendido, pois ele é
um ente em meio aos entes e implicitamente transcende os
entes como um todo.
2.3. Jean-Paul Sartre
Jean-Paul Sartre (1905 – 1980), nascido em Paris, França, recebeu
significativa influência filosófica de Heidegger. Durante os anos da
Segunda Guerra Mundial, participou da luta da resistência francesa
contra o nazismo. Também aderiu ao marxismo, considerando-o a
filosofia de sua época, embora, diante da intervenção soviética na
Hungria, em 1956, tenha rompido com o Partido Comunista,
acusando-o de se desviar do sentido autêntico do marxismo.
Sartre tornou-se o filósofo mais conhecido da corrente
existencialista. No entanto, grande parte de sua fama deve-se não
propriamente à sua obra filosófica, mas às suas peças de teatro e
romances, dentre os quais se destacam A náusea, O muro, A idade
da razão, O diabo e o bom Deus.
2.3.1 Ente em-si e ente para-si
A principal obra filosófica de Sartre é O ser e o nada, publicada em
1943. Nessa obra, ele ataca duramente a teoria aristotélica da
potência. Como vimos no caderno Alfa/Beta, Aristóteles explicou as
mudanças do ser pela passagem da potência ao ato. Para Sartre, o
ser é o que é. Trata-se, na linguagem sartriana, do ente em-si.
Esse ente “não é ativo nem passivo, nem afirmação nem negação,
mas simplesmente repousa e si, maciço e rígido”
Além do ente em-si, Sartre concebe a existência do ser
especificamente humano, denominando-o ente para-si. Este se
opõe ao ente em-si, que representa a plenitude do ser. O ente para-
si é o nada. Ou seja, para Sartre, a característica tipicamente do ser
humano é o nada, uma “espaço aberto”. Isso não significa que a
totalidade do ser humano – que, por exemplo, inclui o corpo, - seja
nada. Esse nada é nossa característica típica, singular, aquilo que
faz de nós um ente não estático, não compacto, acessível ás
possibilidades de mudança.
2.3.2 Não-ser e liberdade humana
Se o ser humano fosse um ser cheio, total, pleno, com uma
essência definida, não poderia ter nem consciência nem liberdade.
Primeiro, porque a consciência é um espaço aberto a múltiplos
conteúdos e relações. Segundo, porque a liberdade representa a
possibilidade de escolha. Por intermédio de suas escolhas, o
individuo constrói a si mesmo e torna-se responsável pelo que faz.
Assim, para Sartre, se o ser humano não expressasse esse “vazio
de ser”, sua consciência já estaria pronta, fechada. E, nesse caso,
não poderia manifestar liberdade, pois estaria preso à realidade
estática do ser pleno, do ser em-si.
Outra consequência dessa característica especifica do não-ser é
que não podemos falar na existência de uma natureza humana,
isto é, “o conjunto de limites a priori que esboçam a situação do ser
humano no Universo”.
Portanto, um dos valores fundamentais da condição humana é,
segundo Sartre, a liberdade. É o exercício da liberdade, em
situações concretas, que move o ser humano, que gera a incerteza,
que leva à produção de sentidos, que impulsiona a ultrapassagem
de certos limites.
Quando se tornou mais influenciado pelo marxismo, Sartre
reconheceu que era demasia a extensão da liberdade que atribuía
às pessoas, pois tinha exagerado ao desprezar o peso das pressões
sócias e os vínculos culturais.
QUESTÕES:
31. (CEPERJ - 2013) Jean-Paul Sartre, em O ser e o nada, faz uma
fenomenologia das dimensões temporais. Tendo em vista essa
descrição fenomenológica sobre o passado e o presente, ele conclui
que:
A) o passado é em-si e o presente é para-si.
B) o presente é em-si e o passado é para-si.
C) o passado e o presente são em-si.
D) o passado e o presente são para si.
E) nem o passado e nem o presente são em-si ou para-si.
32. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Há dois tipos de existencialistas:
os primeiros são cristãos, e entre eles eu colocaria Jaspers e
Gabriel Marcel, de confissão católica; e, de outro lado, os
existencialistas ateus, entre os quais é preciso colocar Heidegger e
também os existencialistas franceses, e eu próprio. O que eles têm
em comum é simplesmente o fato de que consideram que a
existência precede a essência, ou, se se quiser, que é preciso partir
da subjetividade. (...) O existencialismo ateu que eu represento é
mais coerente." (SARTRE, O existencialismo é um humanismo).
Partindo da citação acima, o "existencialismo ateu" defendido por
Sartre é "mais coerente" por que:
A) não precisa conciliar a precedência da existência sobre a
essência com a concepção de Deus criador.
B) pode se desfazer do pressuposto kantiano de Deus como causa
final do mundo e das ações humanas.
C) afirma a natureza humana, pois cada homem é um exemplo
particular do conceito universal de homem.
D) concebe que a essência precede a existência, mesmo
considerando insustentáveis quaisquer provas.
33. (IFAL – COPEMA – 2013) "A metafísica funda uma era, na
medida em que, através de uma determinada interpretação do ente
e através de uma determinada concepção da verdade, lhe dá o
fundamento de sua figura essencial. Este fundamento domina por
completo todos os fenômenos que distinguem essa era". In:
HEIDEGGER, Martin. Caminhos de floresta. Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 2002, p.97.
Analise as proposições abaixo.
I. A história da metafísica pode ser dividida em três grandes
períodos: período que vai de Platão e Aristóteles (séculos IV e
III a.C.) até David Hume (séc. XVIII d.C.); período que vai de
Kant (séc. XVIII) até a fenomenologia de Husserl (séc. XX);
metafísica ou ontologia contemporânea, a partir dos anos 20 do
século XX.
II. A ontologia contemporânea em vez de oferecer uma explicação
causal da realidade, é uma descrição das estruturas do mundo e
do nosso pensamento, a exemplo das obras de Martin
Heidegger (Ser e Tempo) e de Jean-Paul Sartre (O Ser e o
Nada).
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103
III. O corta-papel é, por exemplo, simultaneamente, um objeto que é
produzido de certa maneira e que, por outro lado, tem uma
utilidade definida: seria impossível imaginarmos um homem que
produzisse um corta-papel sem saber para que tal objeto fosse
servir. Este é um exemplo propriamente sartreano para
caracterizar como a essência pode preceder a existência.
IV. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é
passível de uma definição porque, de início, não é nada: só
posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de
si mesmo.
V. Para os existencialistas, não existe natureza humana, já que não
existe um Deus para concebê-la, pois a existência precede a
essência.
A) Somente as alternativas I, II e IV são verdadeiras.
B) Somente as alternativas II, III, IV e V são verdadeiras.
C) Somente as alternativas I, II e V são verdadeiras.
D) Somente as alternativas I, II, IV e V são verdadeiras.
E) Todas as alternativas são verdadeiras.
34. (FADESP – 2013) Sartre, em sua conferência "O existencialismo
é um humanismo", estabelece com traço característico da
concepção existencialista, a aceitação do princípio de que a
existência precede a essência.
Para o existencialismo, dizer que a existência precede a essência
significa que:
A) o ser do homem determina o seu modo de existir, as suas
escolhas e as suas ações.
B) o homem primeiramente existe, descobre-se, surge no mundo e
só depois define o que ele é.
C) a existência humana é obra de Deus, pois somente ele é capaz
de conferir existência a tudo o que há no mundo.
D) a natureza humana é determinada pelas condições espirituais do
momento histórico em que o homem vive.
35. (UFU 1/1999) Segundo Jean Paul Sartre, filósofo existencialista
contemporâneo, liberdade é
I – escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de
seu mundo.
II – aceitar o que a existência determina como caminho para a vida
do homem.
III – sempre uma decisão livre, por mais que se julgue estar sob o
poder de forças externas.
IV – estarmos condenados a ela, pois é a liberdade que define a
humanidade dos humanos.
Assinale.
A) se apenas I e IV estiverem corretas.
B) se apenas II e III estiverem corretas.
C) se apenas I, II e IV estiverem corretas.
D) se apenas III e IV estiverem corretas.
E) se apenas I, III e IV estiverem corretas.
36. (UFU -09/2002) Liberdade, para Jean-Paul Sartre (1905-1980),
seria assim definida:
A) o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade consigo
mesmo, instaurando leis e normas necessárias para os
indivíduos.
B) circunstâncias que nos determinam e nos impedem de fazer
escolhas de outro modo.
C) conformação às situações que encontramos no mundo e que nos
determinam.
D) escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de
seu mundo. “Estamos condenados à liberdade”, segundo o
autor.
E) A liberdade é uma condição para todos.
37. (UFU- 2004) O nada, impensado para Parmênides, encontrou
em Sartre valor ontológico, pois o nada é o ponto de partida da
existência humana, uma vez que não há nenhuma anterioridade à
existência, nem mesmo uma essência. Esta tese apareceu no
livro O Ser e o Nada. Tal afirmação encontra-se também em outro
livro, O existencialismo é um humanismo, no qual está escrito:
“Porém, se realmente a existência precede a essência, o homem é
responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do
existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é, de
submetê-lo à responsabilidade total de sua existência.”
SARTRE, J.P. O existencialismo é um humanismo. Trad. de Rita Correia
Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. Coleção Os Pensadores.
A responsabilidade para Sartre diz respeito
A) ao indivíduo para consigo mesmo, já que o existencialismo é
dominado pelo conceito de subjetividade que restringe o sujeito
da ação à sua esfera interior, circunscrita pelas suas
representações arbitrárias, que exclui o outro; toda escolha
humana é a escolha por si próprio.
B) ao vínculo entre o indivíduo e a humanidade, já que para o
existencialista, cada um é responsável por todos os homens,
pois, criando o homem que cada um quer ser, estaremos
sempre escolhendo o bem e nada pode ser bom para um, que
não possa ser para todos.
C) à imagem de homem que pré-existe e é anterior ao sujeito da
ação. É uma imagem tal qual se julga que todos devam ser, de
modo que o existencialismo, em virtude da sua origem
protestante com Kierkegaard, renova a moral asceta do
cristianismo, que exige a anulação do eu.
D) ao partido político que tem a primazia na condução do processo
de edificação da nova imagem de homem comprometido com a
revolução e que faz de cada um aquilo que deverá ser, tal como
ficou célebre no mote existencialista: o que importa é o
resultado daquilo que nos fizeram.
38. "O homem é condenado a ser livre". Esta frase de Jean Paul
Sartre sintetiza o movimento filosófico, que marcou a Europa no
pós-Segunda Guerra Mundial, a saber o(a):
A) estruturalismo. C) pós-estruturalismo.
B) pós-modernidade. D) existencialismo.
3. Filosofia Analítica: A análise lógica da linguagem
Na virada do século XIX para o XX, surgiu uma corrente filosófica
que, pela analise lógica da linguagem, procurava esclarecer o
sentido das expressões (conceitos, enunciados, uso contextual) e
seu uso no discurso lingüístico. Por isso, ficou conhecida como
filosofia analítica ou filosofia da linguagem.
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104
De acordo com essa corrente, muitos dos problemas filosóficos se
reduziram a equívocos e mal-entendidos originados do uso
ambíguo da linguagem.
O desenvolvimento da filosofia analítica lançou luz sobre diversos
aspectos da linguagem e influenciou filósofos de outros campos da
filosofia, que passaram a atentar mais para o fenômeno da
linguagem, Um dos filósofos contemporâneos que se vale dos
resultados da filosofia analítica é Jurgen Habermas, pertencente à
Escola de Frankfurt.
O movimento da filosofia analítica passou por várias etapas, nas
quais se voltou para questões específicas em relação à linguagem.
Surgiu com o reconhecimento de que as questões sobre o sentido
e a linguagem desempenham papel fundamental na filosofia.
Essa preocupação teve como precursor o lógico e matemático
alemão Johann Gottlob Frege (1848 – 1925). Percebendo que a
linguagem comum contém expressões geradoras de equívocos,
Frege propôs a constituição de uma linguagem formal que
restringisse os inconvenientes e impressões da linguagem comum.
Outros nomes importantes da filosofia analítica foram Bertrand
Russell e Ludwig Wittgenstein, além dos britânicos John
Langshaw Austin (1911 – 1960) e Gilbert Ryle (1900 – 1976).
3.1 Bertrand Russell
Nascido no País de Gales (Grã – Bretanha), Bertrand Russel (1872
– 1970) dedicou-se à matemática, à lógica e à filosofia em geral.
Escreveu mais de sessenta livros sobre temas como teoria do
conhecimento, ciência, educação, política, lógica, matemática e
história da filosofia. Participou ativamente das questões sociais de
sua época, lutando em prol das liberdades democráticas, de
educação, da emancipação feminina, da paz mundial. Foi uma das
personalidades públicas mais influentes da Europa no século XX.
3.1.1 Desenvolvimento da filosofia analítica
A contribuição filosófica mais reconhecida de Russell deu-se no
campo da lógica matemática e da filosofia analítica, que dominou o
cenário filosófico inglês durante o século XX. Em coautoria com
Alfred North Whitehead, escreveu os três volumes de Principia
Mathematica consiste em demonstrar que “toda a matemática pura
advém dos princípios da lógica pura”. Portanto, há uma identidade
entre lógica e matemática. Posteriormente, Russel ampliou essa
tese procurando estabelecer os fundamentos lógicos do
conhecimento científico em geral. E, prosseguindo no projeto de
apontar os pressupostos lógicos da racionalidade, desenvolveu a
filosofia analítica submetendo a linguagem humana à analise lógica.
3.1.2 Erros de linguagem
Para Russel, grande parte dos problemas filosóficos dissolvem-se
em falsos problemas quando enfrentamos os equívocos, as
ambigüidades e as imprecisões da linguagem cotidiana.
O problema fundamental consistira em investigar, em termos
lógicos, as proposições lingüísticas para saber o que estamos
realmente falando quanto questionamos ou afirmamos isto ou
aquilo.
A filosofia analítica promoveria uma espécie de “terapia lingüística”,
desmontando as armadilhas ocultas da linguagem.
QUESTÕES:
39. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) Palavras-objeto têm, para
Russell, três peculiaridades: "Primeira: seu significado é apreendido
(ou pode ser apreendido) por confronto com os objetos que são os
que elas significam. Segunda: não pressupõem outras palavras.
Terceira: cada uma, por si mesma, pode expressar uma proposição
completa." (RUSSELL. Significado e verdade).
Dessas peculiaridades das palavras-objeto, decorre que elas:
A) pressupõem outras palavras.
B) podem ser usadas e compreendidas isoladamente.
C) não expressam uma proposição completa.
D) não podem oferecer qualquer explicação de significado.
40. (SEAP/PR - PUC - PR – 2013) "O homem que não tem umas
tintas de filosofia caminha pela vida afora preso a preconceitos
derivados do senso comum, das crenças habituais de sua época e
do seu país, e das convicções que cresceram no seu espírito sem a
cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. Para tal
homem o mundo tende a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os
objetos habituais não levantam problemas e as possibilidades não
familiares são desdenhosamente rejeitadas".
Considerando o fragmento de texto do filósofo Bertrand Russell,
assinale a alternativa que melhor explica a tendência do senso
comum de perguntar sobre o valor da filosofia:
A) Tal pergunta está relacionada ao fato de a filosofia buscar
conferir o que é certo e evidente, as verdades incontestes,
comprovadas e certificadas.
B) Muitos se questionam sobre o valor da Filosofia porque seus
resultados estão relacionados apenas ao funcionamento do
intelecto e à capacidade de conhecer a verdade, o que acaba
fazendo com que seu discurso se distancie da realidade
concreta.
C) A pergunta é colocada na perspectiva do que o autor chama de
uma cultura de homens práticos, que partem de uma concepção
errada dos fins da vida humana e sobre o tipo de bens a filosofia
pretende buscar.
D) A pergunta sobre o valor da filosofia é muito comum em função
de que o saber filosófico se constitui como uma negação da
possibilidade de conhecer a verdade, o que acaba questionando
os resultados apresentados pelas várias ciências.
E) A filosofia é questionada na sociedade atual por buscar o
encontro poético e reflexivo com a Arte, a religião e os costumes
de uma cultura.
41. (SOLER – 2013) Segundo Russell, a descrição da verdade
requer uma congruência entre a relação da crença e uma segunda
relação chamada "um fato". No caso a crença "A acredita que B
ama C" requer uma congruência entre os termos da crença (A,
acreditar, B, amar, C, nessa ordem) com o fato que tem B, amar e C
(nessa ordem) como seus termos. Isto é, os objetos relacionados
dessa forma constituem uma "unidade complexa" que, quando
relacionados na mesma ordem em que também estão na minha
crença, constituem o "fato correspondente à crença".
(http://www.ufscar.br/~semppgfil/wpntent/uploads/2012/05/renatopereira.
pdf)
Logo, uma crença é verdadeira quando corresponde a:
A) Uma certa unidade complexa. C) Um tempo de reflexão.
B) Uma ingenuidade do crente. D) Uma dialética da razão.
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3.2. Ludwig Wittgenstein
Ludwig Wittgenstein (1889 – 1951) nasceu em Viena Áustria. Viveu
na Inglaterra por um longo período e foi discípulo de Russel. Seu
percurso filosófico pode ser dividido em duas grandes fases; a da
análise lógica e a dos jogos de linguagem.
3.2.1 Análise lógica
Na primeira fase, mais influenciada pelo pensamento de Russel e
configurada no Tractatus lógico-philosophicus, Wittgenstein
intensificou a busca de uma estrutura lógica que pudesse dar
conta do funcionamento da linguagem.
Para o filósofo, a estrutura da linguagem deveria corresponder à
realidade dos fatos. Em seus próprios termos, “a totalidade dos
pensamentos verdadeiros é uma figura do mundo”. Ou seja, a
estrutura do mundo determinaria a estrutura da linguagem, quando
esta é verdadeira.
3.2.2 Jogos de linguagem
Na segunda fase, Wittgenstein deu um giro de 180° e afastou-se
dessa compreensão de que a verdade da proposição deve ser
verificada na experiência do mundo real. Passou a afirmar a
impossibilidade de uma redução legítima entre um conceito lógico
(da linguagem) e um conceito empírico (da realidade).
Em outras palavras, a linguagem não seria a captura conceitual da
realidade, isto é, não seria a reprodução do objeto, mas sim uma
atividade, um jogo. E os jogos de linguagem adquirem seu
significado no uso social, nos diferentes modos de ser e de viver no
qual a fala está inserida. Desse modo, é a linguagem que passa a
determinar, de certo modo, a concepção da realidade.
De acordo com Wittgenstein, a linguagem comum possui uma
riqueza de espécies e tipos frases que são usadas em situações
especificas (mandar, pedir, relatar, descrever, inventar, agradecer
etc.) e formam os “jogos de linguagem”, que se produzem
socialmente e não individualmente.
Com essa perspectiva, o filósofo abandonou a intenção de fazer da
linguagem comum a “pintura da realidade”, como ele mesmo havia
dito anteriormente. O termo lingüístico não poderia mais ser
explicado por meio de uma análise lógica, mas apenas a partir de
seu uso social.
Na obra Investigações filosóficas, Wittgenstein compara a
linguagem a uma caixa de ferramentas. Para ele, não se trata mais
de considerá-la falsa ou verdadeira, mas de saber usá-la. Ou seja, a
tarefa da filosofia é usar adequadamente a linguagem, conhecendo
seus limites e calando-se diante do que não pode ser falado.
QUESTÕES:
42. (CEPERJ – 2013) Nas Investigações filosóficas, Ludwig
Wittgenstein indaga quantas espécies de frases existem na
linguagem. De acordo com o que ele define nesta obra,
A) existe apenas uma espécie de frase: a afirmação.
B) existem apenas duas espécies de frases: a afirmação e a
pergunta.
C) existem apenas três espécies de frases: a afirmação, a pergunta
e o comando.
D) existem apenas quatro espécies de frases: a afirmação, a
pergunta, o comando e a descrição.
E) existem inúmeras espécies de frases: em uma pluralidade que
não é fixa.
43. (Soler – 2012) Wittgenstein, chamado de "o pai da filosofia da
linguagem", afirma que "o significado de uma palavra é dado pelo
seu uso na linguagem" e que "o mesmo tipo de termo linguístico
poderá ter significados diferentes em diferentes contextos".
Nesse contexto de linguagem referente ao autor podemos afirmar:
I - O processo de elucidação da linguagem, que não faz parte da
prática filosófica, deve ser realizado levando-se em conta os
princípios políticos e morais do indivíduo.
II - A linguagem é vista como tendo uma estrutura lógica que reflete
a estrutura lógica do real (teoria pictórica do significado) sendo a
tarefa do filósofo estabelecer as condições dessa relação,
determinando assim a possibilidade do significado.
III - Pode haver uma multiplicidade de usos que fazemos de
palavras e expressões, sem que haja nenhuma essência
definidora de linguagem enquanto tal (jogo de linguagem).
IV - A análise da linguagem deve ser vista como consideração dos
usos, das formas de vida a que pertencem e dos contextos de
comunicação em que se inserem.
Assinale a alternativa correta:
A) I, II e III. C) Apenas a IV.
B) II, III e IV. D) Todas as alternativas.
4. Escola de Frankfurt: A teoria crítica contra a opressão
Escola de Frankfurt é o nome dado ao grupo de pensadores
alemães do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, fundado na
década de 1920. Sua produção ficou conhecida como teoria crítica.
Entre seus pensadores destacaram-se Theodor Adorno, Max
Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Jurgen Habermas,
além de Erich Fromm (1900 – 1980), psicanalista teuto-americano.
Apesar de grandes diferenças de pensamento entre esses autores,
identificamos neles a preocupação comum de estudar aspectos
variados da vida social, de modo a compor uma teoria crítica da
sociedade como um todo. Para tanto, investigaram as relações
existentes entre os campos da economia, da psicologia, da história
e da antropologia.
Os pontos fundamentais de suas reflexões foram a teoria marxista
(na verdade, uma leitura original do marxismo) e a teoria freudiana,
que trouxe à tona elementos novos sobre o psiquismo das pessoas.
Mas há também outras influências, como de Hegel, Kant ou do
sociólogo Max Weber.
A escola de Frankfurt concentrou seu interesse na análise da
sociedade de massa, termo que busca caracterizar a sociedade
atual, no qual o avanço tecnológico é colocado a serviço da
reprodução da lógica capitalista, enfatizando o consumo e a
diversão como formas de garantir o apaziguamento e a diluição dos
problemas sociais.
4.1 Theodor Adorno e Max Horkheimer
Na análise da sociedade de massa, que se desdobra em vários
aspectos, um tema muito presente é a crítica da razão. De acordo
com Max Horkheimer (1875 – 1973) e Theodor Adorno (1906 –
1969), a razão iluminista, que visava a emancipação dos
indivíduos e o progresso social, terminou por levar a uma crescente
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106
dominação das pessoas, em virtude justamente do desenvolvimento
tecnológico – industrial.
Horkheimer acreditava que o problema estava na própria razão
controladora e instrumental, que busca sempre a dominação,
tanto da natureza quando do ser humano.
Em seu texto de autoria conjunta com Adorno, A dialética do
esclarecimento, de 1947, ambos fazem dura crítica ao Iluminismo,
que estimulou o desenvolvimento dessa razão controladora e
instrumental que predomina na sociedade contemporânea.
Denunciam também o desencantamento do mundo, a deturpação
das consciências individuais, a assimilação dos indivíduos ao
sistema social dominante.
Em resumo, Horkheimer e Adorno denunciam a morte da razão
crítica, asfixiada pelas relações com a produção capitalista. Se
denúncias semelhantes já haviam sido feitas no campo do
marxismo, o que há de característico nesses filósofos da Escola de
Frankfurt é a desesperança em relação à possibilidade de
transformação dessa realidade social.
Essa desesperança se deveria ao diagnóstico da ausência de
consciência revolucionaria no proletariado, que teria sido assimilado,
absorvido pelo sistema capitalista, seja pelas conquistas trabalhistas
alcançadas, seja pela alienação de suas consciências, promovida
pela indústria cultural.
Indústria cultural é um termo difundido por Adorno e Horkheimer
para designar a indústria da diversão de massa, veiculada pela
televisão, cinema, rádio, revistas, jornais, músicas, propagandas etc.
Através da indústria cultural e da diversão se obteria a
homogeneização dos comportamentos, a massificação das
pessoas.
A falta de perspectiva da transformação social levou Adorno a se
refugiar na teoria estética, por entender que o campo da arte é o
único reduto autêntico da razão emancipatória e da crítica à
opressão social.
QUESTÕES:
44. (CEPERJ - 2013) Theodor Adorno esteve sempre atento, em
seu pensamento, aos variados perigos que rondam o exercício da
filosofia durante a época contemporânea, a partir do século XX. No
fragmento "Dentro e fora", de Minima moralia, ele destacou que a
filosofia estava ameaçada no espaço acadêmico e no espaço extra-
acadêmico, respectivamente, pelas pressões:
A) da tautologia organizada e da tautologia desorganizada.
B) da economia estatal e da economia de mercado.
C) da economia de mercado e da tautologia organizada.
D) da tautologia organizada e da economia de mercado.
E) da tautologia desorganizada e da economia de mercado.
45. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Os consumidores são os
trabalhadores e os empregados, os lavradores e os pequenos
burgueses. A produção capitalista os mantém tão bem presos em
corpo e alma que eles sucumbem sem resistência ao que lhes é
oferecido. Assim como os dominados sempre levaram mais a sério
do que os dominadores a moral que deles recebiam, hoje em dia as
massas logradas sucumbem mais facilmente ao mito do sucesso do
que os bem-sucedidos. Elas têm os desejos deles. Obstinadamente,
insistem na ideologia que as escraviza."
(ADORNO e HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento).
A relação entre a atitude atribuída às massas e a indústria cultural é
melhor caracterizada como:
A) resistência involuntária. C) assimilação refletida.
B) complacência necessária. D) servidão voluntária.
46. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "A passagem do telefone ao
rádio separou claramente os papéis. Liberal, o telefone permitia que
os participantes ainda desempenhassem o papel de sujeito.
Democrático, o rádio transforma-os a todos igualmente em ouvintes,
para entregá-los autoritariamente aos programas, iguais uns aos
outros, das diferentes estações. (...) Os talentos já pertencem à
indústria muito antes de serem apresentados por ela: de outro modo
não se integrariam tão fervorosamente. A atitude do público que,
pretensamente e de fato, favorece o sistema da indústria cultural é
uma parte do sistema, não sua desculpa." (ADORNO e
HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento).
Nessa passagem, há uma crítica:
A) ao liberalismo, como falta de iniciativa social.
B) à democracia, como espontaneidade mal orientada.
C) ao liberalismo, como exacerbação da subjetividade individual.
D) à democracia, como mero acesso ao que é oferecido
socialmente.
47. (FUNCAB – 2013) A expressão "indústria cultural" foi cunhada
por Theodor Adorno e Max Horkheimer na obra intitulada "Dialética
do Esclarecimento". Essa expressão compreende a ideia de que:
A) as artes, antes restritas a uma minoria de pessoas, se
democratizaram na era industrial através dos modernos meios
de comunicação.
B) a cultura, transformada em mercadoria, se tornou restrita a um
público com poder econômico para o consumo.
C) a produção em massa da arte leva as pessoas a se situarem na
realidade e a pensarem criticamente sobre o mundo.
D) os bens culturais, agora fabricados em grande quantidade,
podem ser escolhidos livremente no mercado pelos
"consumidores".
E) a cultura é massificada no capitalismo para atender a um público
ávido de entretenimento e diversão.
48. O progresso técnico-científico consiste, para Adorno e
Horkheimer, no avanço crescente da racionalidade instrumental, a
qual é incapaz de frear iniciativas que afrontam a moral, como
foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento
técnico-científico, é correto afirmar:
A) Os pensadores da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer,
conceberam o progresso científico como um tipo de concepção
mítica incapaz de discriminar moralmente o que é certo do que é
errado.
B) O incremento da racionalidade instrumental, segundo o
pensamento de Adorno e Horkheimer, consiste na possibilidade
de objetivar a moral e afastar o ser humano de valores
subjetivos.
C) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço da
racionalidade instrumental consistia num aumento da
moralidade humana.
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107
D) Os avanços da medicina e da biotecnologia implicam na
necessidade de direcionar os investimentos públicos para
soluções rápidas e eficazes no campo da saúde pública.
E) Adorno e Horkheimer viam o progresso técnico e científico como
a solução para os sofrimentos humanos e para as incertezas
morais humanas.
4.2 Walter Benjamin
Walter Benjamin (1892 – 1940) distingue-se de Adorno e
Horkheimer por uma postura mais otimista no que diz respeito à
indústria cultural e à emancipação política. Em seu texto A obra de
arte na época de suas técnicas de reprodução, ele se mostra
esperançoso com a possibilidade de que a arte, a partir do
desenvolvimento das técnicas de reprodução (discos, reprografia e
processos semelhantes), torna-se acessível a todos.
Enquanto, na visão de Adorno e Horkheimer, a cultura veiculada
pelos meios de comunicação de massa não permite que as classes
trabalhistas assumam uma posição crítica em relação à realidade,
Benjamin acredita que a arte dirigida às massas pode servir como
instrumento de politização.
Além disso, desenvolveu reflexões nas quais buscou conciliar a
teoria marxista com a tradição judaica, dando origem a um
pensamento que muitos consideram de difícil penetração, ainda que
de grande beleza literária.
QUESTÕES:
49. (CEPERJ - 2013) Em suas teses "Sobre o conceito da história",
publicadas em Magia e técnica, arte e política (Obras escolhidas v.
1), Walter Benjamin analisa criticamente a ideia do progresso. Na
tese 13, Benjamin afirma que a ideia de um progresso da
humanidade na história é inseparável da ideia de sua marcha no
interior de um tempo caracterizado como:
A) vazio e homogêneo. D) misterioso e redentor.
B) cheio e heterogêneo. E) revolucionário.
C) saturado de agoras.
50. (UEL-PR) "Em suma, o que é a aura? É uma figura singular,
composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de
uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em
repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no
horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa
respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa
definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que
condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de duas
circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e
intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas "ficarem
mais próximas" é uma preocupação tão apaixonada das massas
modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os
fatos através da sua reprodutibilidade".
Fonte: BENJAMIN, W. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica". In: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas.
Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p.
170.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, assinale a
alternativa correta:
A) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte perdeu
sua aura.
B) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua
qualidade aurática.
C) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância e a
transcendência dos objetos artísticos.
D) O valor de culto de uma obra de arte suscita a reprodutibilidade
técnica.
E) O declínio da aura não tem relação com as transformações
contemporâneas.
4.3 Herbert Marcuse
Herbert Marcuse (1898 – 1979) desenvolveu uma obra marcada
significativamente pelas teorias freudiana e marxista. Em Eros e
civilização. Retomou o tema desenvolvido por Freud sobre a
necessidade de repressão dos instintos para a manutenção e o
desenvolvimento da civilização.
De acordo com Freud, a história social do ser humano é a história
de sua repressão, do combate ao livre prazer em prol do trabalho,
do adiamento do princípio do prazer para atender ao princípio da
realidade. Sem essa renúncia, a vida social seria impossível.
Marcuse dá razão ao diagnóstico de Freud, porém discorda do
fundador da psicanálise em apresentar essa situação como algo
eterno, ou seja, que é impossível uma civilização não repressiva.
Para Marcuse, as imposições repressivas são antes produtos de
uma organização histórico-cultural específica do que uma
necessidade natural e eterna das sociedades.
O filósofo apontou a possibilidade de uma civilização menos
repressiva, surgida do próprio desenvolvimento tecnológico, que
criaria condições para a libertação do trabalho quanto à obrigação
do trabalho e o conseqüente aumento do tempo livre. No entanto,
isso não se dará, segundo Marcuse, sem a intervenção do ser
humano para reorientar o rumo da trajetória histórica possibilitada
por esse desenvolvimento.
Nesse ponto, a tarefa da filosofia seria anunciar essa possibilidade.
Se isso não ocorrer, teremos o contrário, ou seja, a perturbação do
desenvolvimento tecnocientífico a serviço da dominação e da
homogeneização dos indivíduos. Tal situação criaria o que o próprio
Marcuse chamou de homem unidimensional, incapaz de criticar a
opressão e construir alternativas futuras.
4.4 Jürgen Habermas
Dentre os teóricos da Escola de Frankfurt, o de maior influência
atualmente é Jürgen Habermas (1929 -). Em sua tese, ele discorda
de Adorno e Horkheimer no que se refere aos conceitos centrais da
análise realizada por esses dois filósofos: razão, verdade e
democracia.
Vimos que, de acordo com análise, Adorno e Horkheimer chegam a
um impasse quanto à possibilidade de uma razão emancipatória, já
que a razão estaria asfixiada pelo desenvolvimento do capitalismo.
4.4.1 Último racionalista
De acordo com Habermas, essa é uma posição perigosa em
filosofia, pois poderia conduzir a uma crítica radical a modernidade
e, em conseqüência, da razão, que levaria ao irracionalismo.
Em seu artigo “Modernidade versus pós-modernidade”, ele enfatiza
esse ponto, afirmando, contra a tendência ao irracionalismo
presente na chamada filosofia pós-moderna, que “o projeto da
modernidade ainda não foi cumprido”. Ou seja, o potencial para a
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108
racionalização do mundo ainda não está esgotado. Por isso,
Habermas costuma ser descrito como “o último grande racionalista”.
O filósofo também discorda dos resultados pessimistas da análise
de Adorno e Horkheimer segundo o qual a razão não se realizaria
no mundo, porque o capitalismo, em sua complexidade, teria
conseguido narcotizar a consciência do proletariado e, dessa forma,
perpetuar-se como sistema.
Para Habermas, existem alguns pontos falhos pontos falhos nessa
avaliação, cuja identificação permitiria propor uma retomada do
projeto emancipatório, porém em novas bases. Na realidade, o
filósofo rompe com a teoria marxista em seus pontos fundamentais,
tais como a centralidade do trabalho, e a identificação do
proletariado como agente da transformação social.
4.4.2 Ação comunicativa
Habermas propõe então, como nova perspectiva, outro conceito de
razão: à razão dialógico, que brota do diálogo e da argumentação
entre os agentes interessados, em uma determinada situação. É a
razão que surge da chamada ação comunicativa, do uso da
linguagem, como meio de conseguir o consenso. Para tanto, é
necessária uma ação social que fortaleza as estruturas capazes de
promover as condições de liberdade e de não constrangimento,
imprescindíveis ao diálogo.
4.4.3 Verdade intersubjetiva
O conceito de verdade também se modifica em função dessa nova
perspectiva. Habermas propõe o entendimento da verdade não mais
como uma adequação do pensamento fruto da ação comunicativa;
não como verdade subjetiva, mas como verdade intersubjetiva
(entre sujeitos diversos), que surge do diálogo entre indivíduos.
Nesse diálogo aplicam-se algumas regras, como a não contradição,
a clareza de argumentação e a falta de constrangimentos de ordem
social.
Razão e verdade deixam, assim, de constituir conteúdos ou valores
absolutos e passam a ser definidos consensualmente. E sua
validade será maior quanto melhores forem as condições nas quais
se dê o diálogo, o que se consegue com o aperfeiçoamento da
democracia.
O pensamento de Habermas incorpora e desenvolve reflexões
propostas pela filosofia da linguagem. A ênfase dada por ele à razão
comunicativa pode ser entendida como uma maneira de tentar
“salvar” a razão, que teria chegado a um beco sem saída. Assim, se
o mundo contemporâneo é regido pela razão instrumental, conforme
denunciaram os filósofos que o antecederam na Escola de
Frankfurt, para Habermas caberia à razão comunicativa, enfim, o
papel de resistir e reorientar essa razão instrumental.
QUESTÕES:
51. (ENEM 2010 2ª aplicação) No século XX, o transporte
rodoviário e a aviação civil aceleraram o intercâmbio de pessoas e
mercadorias, fazendo com que as distâncias e a percepção
subjetiva das mesmas se reduzissem constantemente. É possível
apontar uma tendência de universalização em vários campos – por
exemplo, na globalização da economia, no armamentismo nuclear,
na manipulação genética, entre outros. HABERMAS, J. A
constelação pós-nacional: ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi,
2001 (adaptado).
Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme Descritos no
texto, podem ser analisados do ponto de vista moral, o que leva à
defesa da criação de normas universais que estejam de acordo
com:
A) os valores culturais praticados pelos diferentes povos em suas
tradições e costumes locais.
B) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os quais
dispõem de condições para tomar decisões.
C) os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de valores
religiosos relativos à justiça divina.
D) os sistemas políticos e seus processos consensuais e
democráticos de formação de normas gerais.
E) os imperativos técnico-científicos, que determinam com exatidão
o grau de justiça das normas.
52. (SEAP/PR - PUC - PR – 2013) Habermas define esfera pública
nem como instituição nem como sistema, e sim como uma rede para
comunicar a opinião pública, como fóruns, com a presença de um
público ou por meio da mídia. Levando em conta essas
características, assinale a opção CORRETA.
A) Na esfera pública, seja com público presente, seja pela mídia,
diálogos e opiniões são veiculados de modo independente e
com efeito deliberativo.
B) Diferentemente da esfera privada, o espaço público depende de
instituições.
C) No espaço público se expressam valores que dizem respeito à
ética individual.
D) A esfera pública é um espaço de comunicação de opiniões
conduzidas pela mídia, com efeitos exclusivos na esfera
privada.
E) Os espaços públicos são controlados, mesmo em democracias,
pelo poder de quem governa.
53. (UEL-PR) "De acordo com a ética do Discurso, uma norma só
deve pretender validez quando todos os que possam ser
concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto
participantes de um Discurso prático, a um acordo quanto à validez
dessa norma".
Fonte: Habermas, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução
de Guido A. de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989, p.86.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética do Discurso
de Habermas, assinale a alternativa correta:
A) O princípio possibilitador do consenso deve assegurar que
somente sejam aceitas como válidas as normas que exprimem
um desejo particular.
B) Nas argumentações morais, basta que um indivíduo reflita se
poderia dar seu assentimento a uma norma.
C) Os problemas que devem ser resolvidos em argumentações
morais podem ser superados apenas monologicamente.
D) O princípio que norteia a ética do discurso de Habermas se
expressa, literalmente, nos mesmos termos do imperativo
categórico kantiano.
E) Uma norma só poderá ser considerada correta se todos os
envolvidos estiverem de acordo em dar-lhe o seu
consentimento.
54. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.
Em Técnica e ciência como „ideologia‟, Habermas apresenta uma
reformulação do conceito weberiano de racionalização pela qual
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109
lança as bases conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste
sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho ou agir
instrumental e interação ou agir comunicativo, bem como a
pertinência da conexão dialética entre essas categorias, das quais
deriva a diferenciação entre o quadro institucional de uma sociedade
e os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo
Habermas, uma análise mais pormenorizada da primeira parte da
ideologia alemã revela que „Marx não explicita efetivamente a
conexão entre interação e trabalho, mas sob o título nada específico
da práxis social reduz um ao outro, a saber, a ação comunicativa à
instrumental‟.
HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70,
1994. p. 41-42. (Adaptado)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de
Habermas, é correto afirmar:
A) O crescimento das forças produtivas e a eficiência administrativa
conduzem à organização das relações sociais baseadas na
comunicação livre de quaisquer formas de dominação.
B) A liberação do potencial emancipatório do desenvolvimento da
técnica e da ciência depende da prevenção das
disfuncionalidades sistêmicas que entravam a reprodução
material da vida e suas respectivas formas interativas.
C) O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto forças
produtivas, permite estabelecer uma nova forma de legitimação
que, por sua vez, nega as estruturas da ação instrumental,
assimilando-as à ação comunicativa.
D) Com base na irredutibilidade entre trabalho e interação, a luta
pela emancipação diz respeito tanto ao agir comunicativo,
contra as restrições impostas pela dominação, quanto ao agir
instrumental, contra as restrições materiais pela escassez
econômica.
E) A racionalização na dimensão da interação social submetida à
racionalização na dimensão do trabalho na práxis social
determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das
forças produtivas e do bem-estar da vida humana.
55. O caráter impessoal das leis e a proteção das liberdades
individuais foram princípios norteadores do pensamento de tradição
liberal, de forma que o processo democrático tem como princípio
conduzir os cidadãos à busca pelo entendimento com relação ao
bem comum. Sobre essa temática, é correto afirmar que Habermas:
A) concilia direitos humanos e soberania popular numa mesma
base, ainda que os entenda como instâncias distintas, porém
complementares.
B) considera mais relevante pensar uma autonomia do indivíduo em
relação às suas responsabilidades sociais.
C) privilegia o pensamento racional e libertário da tradição
iluminista, de forma a valorizar o espectro anárquico da
democracia.
D) dá ênfase à noção de estado ideal de direito, de forma que este
deva suplantar os princípios da democracia participativa.
E) valoriza a compreensão individualista e instrumental do papel do
cidadão na lógica privada do mercado.
5. Filosofia Pós-Moderna: O fim do projeto da modernidade
No campo filosofia, termo pós-moderno tem sido aplicado a um
grupo de intelectuais que apresenta como ponto comum a crítica ao
projeto da modernidade, entendido como o projeto de emancipação
humano-social por meio do desenvolvimento da razão.
Esses pensadores partem da constatação dos desastres sociais e
ambientais aos quais a sociedade contemporânea chegou: miséria,
desigualdades sociais extremas, catástrofes ambientais, guerras,
dominação dos países economicamente desenvolvidos sobre os
demais e a situação de barbárie que se verifica em algumas regiões
do planeta.
Essa corrente de pensadores identifica, como o fizeram Adorno e
Horkheimer, o fenômeno da assimilação dos indivíduos ao sistema,
isto é, ao capitalismo, e a narcotização das consciências por
intermédio da indústria cultural, o que alcança todos os setores da
vida social.
Essa tendência fortaleceu-se na segunda metade do século XX,
após os sinais de degeneração das experiências socialistas, que
resultou no chamado socialismo autoritário. Com a falência de
certo modelo de socialismo como alternativa ao sistema capitalista,
o mundo teria se curvado à onipotência do status quo, sem qualquer
perspectiva de transformação.
5.1 Debilitação das esperanças
De forma geral, esse é o quadro herdado pelos filósofos da pós-
modernidade. Assim, o termo pós-moderno designa o fim do
projeto da modernidade, ou seja, a desesperança historicamente
constatada de que a razão tecnocientífica favoreça a emancipação
humana.
Um traço presente em filósofo pós-moderno é a debilitação das
esperanças – que um dia dominaram o mundo moderno – de
compreensão e de transformação conjunta da vida social. Diante
das frustrações históricas, restou a sensação de que chegamos a
um ponto em que o controle da economia global está fora de nosso
alcance e, diante disso, os grandes projetos emancipatórios
perderam o sentido que um dia tiveram para orientar as iniciativas
coletivas.
5.1.1 Visão fragmentária
Sem essa perspectiva de uma transformação social radical, a
filosofia pós-moderna passou a analisar os diversos aspectos da
vida social, principalmente aqueles em que se verifica maior
racionalização rumo ao controle dos indivíduos, denunciando as
formas de opressão que os acompanham em sua vida cotidiana.
Essa denúncia é feita de forma fragmentária, isto é, aborda
aspectos variados e singulares do cotidiano e não se estrutura em
uma visão de conjunto, uma vez que a filosofia pós-moderna
abandonou a pretensão de totalidade que orientava o pensamento
moderno. Podemos dizer, portanto, que os filósofos pós-modernos
desenvolvem uma visão fragmentada da vida cotidiana e dos
indivíduos também fragmentados. Uma visão preocupada em captar
as singularidades, as particularidades e as diversidades do real. Seu
mérito seria a valorização das pluralidades culturais, pelo respeito
à diferença do outro.
Entre os pensadores pós-modernos mais significativos estão os
franceses Michael Foucault, Jean Baudrillard e Jacques Derrida,
além de Jean-François Lyotard (1924 – 1998).
5.1.2 Michael Foucault
Segundo Michael Foucault (1926 – 1984), as sociedades modernas
apresentam uma nova organização do poder que se desenvolveu
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110
a partir do século XVIII. Nessa organização, o poder não se
concentra apenas no setor político e em suas formas de
representação, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida
social. Para esse filósofo, o poder fragmentou-se em micropoderes
e tornou-se muito mais eficaz.
Assim, sem se deter apenas no macropoder concentrado no Estado,
Foucault analisou esses micropoderes que se espalham na vida
social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede imensa de
pessoas que interiorizam e cumprem as normas estabelecidas pela
disciplina social – os pais, os porteiros, os enfermeiros, os
professores, as secretárias, os guardas, os fiscais etc.
Adotando essa perspectiva de análise, conhecida como microfísica
do poder, afirma que “o poder está em toda parte, não porque
englobe tudo” e sim “porque provém de todos os lugares”. Na vida
cotidiana, segundo o filósofo, esbarramos mais com os guardiões
dos micropoderes – os pequenos donos dos poderes periféricos –
do que com os detentores dos macropoderes.
Seu objetivo, como filósofo, foi o de colocar à mostra estruturas
veladas de poder, tendo por inspiração Nietzsche, Tanto quanto
este, Foucault afirmou relação entre poder e saber. Em suas
palavras, “Vivemos em uma sociedade que em grande parte macha
“ao compasso da verdade” – ou seja, que produz e faz circular
discursos que funcionam como verdade, que passam por ta e que
detêm, por esse motivo, poderes específicos”.
5.1.2 Genealogia do poder
Foucault também desenvolveu seu método de pesquisa à maneira
de uma genealogia, como o fez Nietzsche. Semelhante ao filósofo
alemão adota como ponto de partida a noção de que os valores –
bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o certo e o errado, o sadio e o
doente etc. – são consagrados historicamente em função de
interesses relativos ao poder dentro da sociedade. Em outras
palavras, a definição do que é bom, verdade ou sadio depende das
instâncias nas quais o poder se encontra.
E, na visão de Foucault, esse poder não seria essencialmente de
repressão ou de censuram, mas sim de um poder criador, no
sentido de que produz a realidade e seus conceitos, Em seu livro
Vigiar e punir: uma genealogia do poder, ele explica esse seu
entendimento de poder:
“é preciso cessar de sempre se descrever os efeitos do poder
em termos negativos: ele “exclui”, “reprime”, “recalca”,
“censura”, “esconde”. Na verdade, o poder produz: produz o
real; produz os domínios de objetos e os rituais de verdade”.
Nessa mesma obra, Foucault acompanhava a evolução dos
mecanismos de controle social e punição, que se tornaram cada
vez menos visíveis e mais racionalizados. Caracteriza a sociedade
contemporânea como uma sociedade disciplinar, na qual
prevalece a produção de práticas disciplinares de vigilância
constantes, que se estendem a todos os âmbitos da vida dos
indivíduos.
Uma das formas mais eficientes dessa vigilância e disciplina se dá,
no seu entender, pelos discursos e práticas científicas
aparentemente neutras e racionais, que procuram normatizar o
comportamento dos indivíduos.
Exemplo disso seria o tratamento científico dado à sexualidade, no
qual o comportamento sexual é normatizado por meio do
convencimento racional dos indivíduos sobre cuidados necessários
à sua vida nesse âmbito. Desse modo, assumindo face do saber, o
poder, segundo Foucault, atinge os indivíduos em seu corpo, em
seu comportamento e em seus sentimentos.
Assim, como o poder encontra-se em múltiplos espaços, a
resistência a esse estado de coisas não caberia, segundo o filósofo,
a um partido ou classe revolucionária, pais estes se dirigiam a um
único foco de poder. Seria necessária, portanto, uma ação de
múltiplos pontos de resistência.
QUESTÕES:
56. (ENEM 2010 1ª aplicação) A lei não nasce da natureza, junto
das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das
batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm
sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades
incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos
inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.
FOUCAULT, Michel. Aula de 14 de janeiro de 1976. In: Em defesa da
sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei
em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão
de Foucault, a finalidade das leis na organização das
sociedades modernas é:
A) combater ações violentas na guerra entre as nações.
B) coagir e servir para refrear a agressividade humana.
C) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos
de uma mesma nação.
D) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas
entre países inimigos.
E) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados.
57. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) Na introdução ao segundo
volume de sua História da sexualidade, Foucault apresenta a
seguinte questão: "por que o comportamento sexual, as atividades e
os prazeres a ele relacionados, são objeto de uma preocupação
moral?".
(FOUCAULT. História da sexualidade 2)
Essa pergunta não pode ser respondida por uma pesquisa feita nos
moldes de seus trabalhos anteriores a respeito da loucura, da clínica
ou da criminalidade, por que:
A) os métodos anteriores eram incapazes de fornecer os
instrumentos necessários para analisar os modos específicos de
normatizar e de regular as condutas sexuais elaborados pelos
antigos gregos e romanos em suas leis e instituições religiosas.
B) é preciso diferenciar metodologicamente a interdição da
problematização moral que tem por objeto o sujeito, apesar de o
cuidado ético a respeito da conduta sexual acompanhar, em sua
intensidade e em suas formas, o sistema de interdições.
C) os instrumentos dados pelos métodos anteriores eram
inapropriados ao objeto e aos fins de uma história dos
comportamentos e das representações científicas, religiosas ou
filosóficas, que os homens se fazem a respeito do seu
comportamento sexual.
D) os saberes a respeito das práticas sexuais, assim como os
conjuntos de regras e normas que buscam regular essas
práticas, e que se apoiam sobre diferentes instituições, não são
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capazes de dar conta dos modos como os indivíduos são
levados a dar sentido e valor a sua conduta.
58. (Colégio Pedro II - RJ – 2013) "Esquematicamente, pode-se
dizer que a reflexão moral da Antiguidade a propósito dos prazeres
não se orienta para uma codificação dos atos, nem para uma
hermenêutica do sujeito, mas para uma estilização da atitude e uma
estética da existência." (FOUCAULT. História da sexualidade 2)
Com essas palavras, Foucault ressalta um aspecto fundamental das
éticas sexuais gregas e romanas, o fato de que a base dos
julgamentos de valor está:
A) no valor estético das condutas, e não em seu valor moral ou de
verdade, uma vez que o anseio pela imortalidade através do
renome e da memória é o fundamento maior das éticas antigas.
B) na relação entre os desejos, os atos e os prazeres, na medida
em que os atos revelam os desejos ocultos do sujeito e são
fomentados pelos prazeres cuja natureza pode ser boa ou má.
C) na atitude que o sujeito tem para consigo mesmo no exercício da
atividade sexual e no relacionamento com os outros, e não tanto
nos atos que se cometem ou nos desejos que se escondem.
D) na forma e na beleza de uma conduta austera, definida segundo
as interdições e preceitos sociais, civis ou religiosos, conduta
essa que é própria a um homem que domina a si mesmo.
59. Ao desenvolver uma genealogia das relações humanas,
Foucault evidencia mecanismos de controle, padrões de
normalidade e subjetividade, que permaneceram à margem da
história oficial. Nesse processo, constituiu uma nova teoria sobre o
exercício do poder. Sobre a concepção foucaultiana do poder,
assinale a alternativa incorreta:
A) Micropoderes se estabelecem no tecido social, a partir da
imposição silenciosa de padrões de normalidade.
B) Ordenamentos sociais condicionam a existência e os horizontes
de expectativas dos indivíduos, formatando suas subjetividades.
C) Nos regimes políticos e sociais posteriores ao século XVIII crê-se
numa sociedade na qual o poder de vigilância é utilizado como
mecanismo de disciplina.
D) O suplício, nas sociedades absolutistas, era um espetáculo
condenado moral e eticamente pela sociedade como um todo.
E) O exercício da punição como tratamento aos criminosos possui
efeitos moralizantes e pedagógicos.
5.2 Jacques Derrida
Jacques Derrida (1930 – 2004), de origem judaica e nascido na
Argélia, também critica o desenvolvimento da razão no Ocidente, a
partir do próprio conceito de razão. Para ele, toda a filosofia
ocidental partilha a ideia de um centro, de algo que unifica e
estrutura sua construção teórica. Deus, ser humano e verdade são
exemplos de noções que organizam o entendimento do mundo. A
isso Derrida chama de logocentrismo.
O filósofo também chama a atenção para o fato de que a cada um
desses centros corresponde uma antítese, o seu oposto: Deus-
diabo; homem-mulher, verdade-mentira. Essa lógica das oposições
que, segundo ele, teve origem na Grécia, na oposição entre logos
(razão) e mito, foi preservada pela filosofia ocidental.
5.2.1 Desconstrução
Derrida propõe então desconstruir o conceito de logos, negar sua
supremacia em relação ao seu par lógico, sem o qual o logos não
teria sentido. Em sua interpretação, o pensamento filosófico
ocidental teria atribuído um valor absoluto a um dos elementos que
compõem essa dualidade, criando assim verdades absolutas.
Derrida não só nega essas verdades, mas também identifica nelas a
condição de construções culturais.
Seria necessária, então, a desconstrução desses centros da
filosofia ocidental, especialmente a noção de razão e de sujeito,
segundo o filósofo. E isso se faria a partir da análise da linguagem,
que ele entende ser a estrutura essencial da cultura.
A desconstrução seria, portanto, uma análise que pretende mostrar:
Como se dá a construção de certas noções – por exemplo, o
conceito de razão e os valores a ele associados;
Como depois essas noções passaram a ter função predominante
na cultura ocidental;
E, por último, como elas podem ser usadas como forma de
dominação
5.3 Jean Baudrillard
Jean Baudrillard (1929 – 2007) dedicou seus estudos à
compreensão da sociedade de massa. Analisou aspectos como a
indústria cultural e o fenômeno do comunismo, que promovem a
massificação da sociedade.
Segundo o filósofo, a sociedade atual não pode mais ser
compreendida a partir de sua estruturação em classes sociais, pois
essas classes perderam sua identificação como tal. No processo de
massificação ocorre uma neutralização das perspectivas de
transformação social, e os indivíduos aderem à banalização da vida
cotidiana.
Essa adesão é reforçada pelo que qualificou de hiper-realidade, em
referência à capacidade da mídia de criar uma realidade virtual, que
substituiria, para os indivíduos, a própria realidade, Para ele, a
sociedade contemporânea é a sociedade do espetáculo, da vida
virtual veiculada pelos meios de comunicação.
6. Karl Popper e a falseabilidade
Karl Popper nasceu em 1902, praticamente junto com o século 20.
Nessa época, a ciência parecia ter atingido o auge do prestígio.
A revolução industrial iniciada na Inglaterra do século 18 se
fundamentou na divisão e organização do trabalho e nas novas
tecnologias que aproveitaram as possibilidades abertas pela ciência
determinista de sir Isaac Newton.
A utilização maciça das aplicações técnicas do conhecimento
científico produziu um período de progresso material acelerado, no
qual a humanidade avançou mais em dois séculos neste campo do
que nos quatro mil anos anteriores.
Esse progresso acelerado colocou o conhecimento científico numa
posição de destaque, que, no século 19, culminou no cientificismo, a
crença de que tudo poderia ser explicado pela ciência, que deveria
ser colocada acima de todos os outros modos do saber.
Essa combinação de fatores sócio históricos gerou grandes
distorções, como o fato de a ciência, tornada laica pelo iluminismo
europeu, ganhar status religioso em doutrinas como o positivismo e
outras, durante o século 19 e início do 20.
É neste ambiente de supervalorização do progresso científico e de
deturpação da natureza original da ciência que surge Karl Popper,
que se tornaria o mais influente e respeitado filósofo da ciência entre
os homens que a fazem nos dias de hoje. Austríaco de nascimento
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112
e britânico por opção, Popper é o autor da definição atualmente
mais aceita de teoria científica:
"Uma teoria científica é um modelo matemático que descreve e
codifica as observações que fazemos. Assim, uma boa teoria deverá
descrever uma vasta série de fenômenos com base em alguns
postulados simples como também deverá ser capaz de fazer
previsões claras as quais poderão ser testadas."
Com esta definição, a simplicidade e a clareza voltavam a ser
virtudes identificadoras da boa ciência, que assim se separa das
mistificações que nos dois séculos anteriores tentaram pegar carona
em seu prestígio.
Popper defendeu que, se a ciência se baseia na observação e
teorização, só se podem tirar conclusões sobre o que foi observado,
nunca sobre o que não foi.
Assim, se um cientista observa milhares de cisnes, em muitos
lugares diferentes e verifica que todos os cisnes observados são
brancos, isto não lhe permite afirmar cientificamente que todos os
cisnes são brancos, pois, não importa quantos cisnes brancos
tenham sido observados, basta o surgimento de um único cisne
negro para derrubar a afirmação de que eles não existiriam.
Assim, qualquer afirmação científica baseada em observação jamais
poderá ser considerada uma verdade absoluta ou definitiva.
Uma teoria científica, no máximo, pode ser considerada válida até
quando provada falsa por outras observações, testes e teorias, mais
abrangentes ou exatos que a original.
A possibilidade de uma teoria ser refutada constituía para o filósofo
a própria essência da natureza científica. Assim, uma teoria só pode
ser considerada científica quando é falseável, ou seja, quando é
possível prová-la falsa. Esse conceito ficou conhecido como
falseabilidade ou refutabilidade.
Segundo Popper, o que não é falseável ou refutável não pode ser
considerado científico. As teorias da gravitação universal de sir
Isaac Newton são científicas, por que além de se enquadrarem na
definição ao propor equações simples que descrevem os modelos
cósmicos gravitacionais, também é possível se fazer previsões
acertadas com base nelas.
E as teorias de Newton também são falseáveis. Tanto que o foram,
quando Albert Einstein com sua Teoria da Relatividade demonstrou
que a mecânica newtoniana não era válida em velocidades
próximas à da luz.
Mas não existem experimentos possíveis que possam falsear a
teoria de que a posição de determinados corpos celestes afetam a
vida de pessoas nascidas em determinado período de determinada
forma.
A abrangência das previsões e a falta de um modelo simples e claro
que as expliquem tornam a astrologia de horóscopo não falseável e,
portanto, não científica.
Com Popper, os limites da ciência se definem claramente. A ciência
produz teorias falseáveis, que serão válidas enquanto não
refutadas. Por este modelo, não há como a ciência tratar de
assuntos do domínio da religião, que tem suas doutrinas como
verdades eternas ou da filosofia, que busca verdades absolutas.
QUESTÕES:
60. (UEL-PR) Karl Popper, em "A lógica da investigação científica",
se opõe aos métodos indutivos das ciências empíricas. Em relação
a esse tema, diz Popper: "Ora, de um ponto de vista lógico, está
longe de ser óbvio que estejamos justificados ao inferir enunciados
universais a partir dos singulares, por mais elevado que seja o
número destes últimos".
Fonte: POPPER, K. R. A lógica da investigação científica. Tradução de
Pablo Rubén Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.3.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Popper, assinale a
alternativa correta:
A) Para Popper, qualquer conclusão obtida por inferência indutiva é
verdadeira.
B) De acordo com Popper, o princípio da indução não tem base
lógica porque a verdade das premissas não garante a verdade
da conclusão.
C) Uma inferência indutiva é aquela que, a partir de enunciados
universais, infere enunciados singulares.
D) A observação de mil cisnes brancos justifica, segundo Popper, a
conclusão de que todos os cisnes são brancos.
E) Para Popper, a solução para o problema do princípio da indução
seria passar a considerá-lo não como verdadeiro, mas apenas
como provável.
61. (IFRO – 2013) "Somos buscadores da verdade, mas não somos
seus possuidores". (Popper. Conhecimento objetivo, p. 100).
Popper, ao fazer essa citação, referia-se à função do filósofo. Como
é possível relacionar o significado da citação com o empirismo?
A) Há problemas genuinamente filosóficos que não se podem
esclarecer por meio da ciência empírica.
B) As religiões foram fundamentadas pelo alicerce do empirismo, o
que lhe dá a validade científica necessária.
C) O conhecimento empírico, por si só, já basta para se obter a
verdade, o que exclui a religião como base científica.
D) O empirismo e a fé são equivalentes, pois baseiam-se em
crenças passadas por conhecimentos entre gerações.
E) Existe uma clara visão de ciência alicerçada pelo empirismo que
mantém a base filosófica das religiões, principalmente o
cristianismo.
62. [...] não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser
dado como válido, de uma vez por todas, em sentido positivo;
exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se torne possível
validá-lo através de recurso a provas empíricas em sentido negativo
[...].
POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Tradução de:
HEGENBERG, L.; MOTA, O. S. da. São Paul: Cultrix, 1972. p. 42.
Assinale a alternativa que corresponde ao critério de avaliação das
teorias científicas empregado por Popper:
A) Falseabilidade. D) Dialeticidade.
B) Organicidade. E) Diferenciabilidade.
C) Confiabilidade.
1. O ESTADO MODERNO p. 114 1.1. O que é o Estado p. 114 1.2. O Estado interventor e suas formas p. 114 1.3. Antecedentes do Neoliberalismo p. 114 1.4. Aspectos do desenvolvimento Global: nação e globalização p. 115 2. GLOBALIZAÇÃO p. 116 2.1. Historicidade da Globalização p. 116. 2.2. A Globalização Contemporânea p. 116 2.3. Os teóricos da globalização p. 116 2.3.1. Marshall McLuhan: a aldeia global p. 116 2.3.2. Immanuel Wallerstein: sistema-mundo p. 116 2.4. Globalização e comunicação p. 117 2.5. Críticas a Globalização p. 117 3. CULTURA E SOCIEDADE p. 117 3.1. Os Significados de Cultura segundo a Antropologia p. 118 3.2. O Etnocentrismo: convivência com a diferença p. 118 3.3. Cultura erudita e Cultura popular p. 118 3.4. Cultura e indústria cultural p. 119 3.5. Cultura de massa e indústria cultural p. 119 3.6. As manifestações da indústria cultural p. 120 Exercícios p. 120
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114
1. O ESTADO MODERNO
1.1. O que é o Estado
A palavra ―Estado‖ contém vários significados. O Estado pode ser
sinônimo de Governo, de Estado-Nação ou País, de regime político
e de sistema econômico. Contudo, o Estado é um conceito que deve
ser compreendido a partir de uma perspectiva histórica. O Estado
pode ser definido como um poder político centralizado e exercido
sobre um povo localizado em um território delimitado. Temos então
o chamado Estado moderno, surgido na Europa renascentista, sob
forma de monarquias absolutistas, em que as propriedades do reino
eram do rei, ou seja, não existia o espaço público. Sem falar na
ausência da sociedade civil — no lugar do cidadão havia o súdito ou
o que se submetia. A ascensão e os valores da burguesia deram-lhe
condições para ocupar o lugar da nobreza e dos reis. A burguesia
afirmava que seus interesses eram os mesmos das classes
populares, principalmente do campesinato. Baseada nesse
argumento, a nova classe dominante tomou o poder do Estado e,
com a limitação do poder real pelo fortalecimento do parlamento ou
pela criação de repúblicas, juntamente com a divisão dos três
poderes (legislativo, executivo e do judiciário) e o estabelecimento
da soberania popular e do direito à insurreição ao governo,
constituiu-se o Estado nacional. Esse Estado possui um poder
político-administrativo exercido sobre uma população nacional em
um contexto geográfico delimitado, mas agora é parte da respectiva
sociedade, e não algo distinto dela. A dualidade entre o Estado e a
sociedade civil é o diferencial entre os estados absolutistas e os
estados nacionais. Diante desse fato, os estudiosos de política
procuram esclarecer como se dá a relação entre essas duas
entidades. Existem duas matrizes fundamentais: a contratualista e a
marxista. A primeira argumenta a necessidade de um poder maior,
que mantenha ordem dentro de uma sociedade, por meio do
estabelecimento de um contrato social entre seus membros para
instituir o Estado. Seus principais adeptos são Thomas Hobbes,
John Locke e Jean-Jacques Rousseau. A matriz marxista tem como
princípio a luta de classes sociais refletida no Estado, de tal maneira
que este poder é exercido pela classe dominante, no caso a
burguesia. Além do próprio Marx e de Engels, seus seguidores
Lênin, Gramsci e Poulantzas compartilhavam da mesma ideia.
1.2.O Estado interventor e suas formas
No século XX, o Estado teve um papel crescente no aspecto
econômico dos países.
O inicio do século XX foi extremamente turbulento, com a Primeira
Guerra Mundial e a crise de 1929, iniciada com a quebra da bolsa
de valores de New York, exigindo mudanças globais para enfrentar
a recessão decorrente destes dois acontecimentos, visto que o
Estado liberal, com sua política de não intervenção e crença na
autorregulação do mercado, não possuía mecanismos que
pudessem superar o desemprego generalizado e a falência de
empresas em decorrência da especulação financeira desenfreada.
Depois da grande crise, foi necessária a intervenção econômica do
Estado para que se mantivesse a demanda agregada do mercado,
realizando obras públicas, fazendo grandes investimentos e
produzindo insumos (ações e petróleo, por exemplo), a exemplo do
que ocorreu nos Estados Unidos com o New Deal do presidente
Franklin Delano Roosevelt; esse programa foi criado para combater
a crise e seus pontos eram inspirados no keynesianismo, que
pregava o incentivo à demanda como forma de superar a recessão
econômico-financeira. Dentro dessa proposta, o Estado deveria
promover uma intervenção benéfica sobre o mercado até que esse
tivesse condições de se autorregular novamente, motivo que levou
este modelo de Estado a ficar conhecido como regulador.
Este modelo de Estado Interventor não foi o único; como resultado
da crise de 1929, se presenciou o surgimento de outros dois tipos
de Estado. O modelo europeu disseminou-se em nações como
Alemanha, Itália, entre outras, e ficou conhecido como Estado
totalitário pelo fato de controlar plenamente a sociedade bem como
as atividades econômicas.
O modelo sul-americano ficou conhecido por Estado populista,
sendo identificado mais especificamente no Brasil, México e na
Argentina. Nesse modelo, a força é o líder carismático apoiado pela
massa da população.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a economia
capitalista conheceu um período de prosperidade, marcado pela
atuação do Welfare State (ou Estado de Bem-Estar Social) que
durou até a década de 1980.
Esse modelo era pautado pelo intervencionismo estatal, e pela
redução das desigualdades sociais por meio de investimentos em
serviços públicos e criação de uma rede de seguridade social. Para
sustentar o modelo o Estado introduziu o sistema de imposto
progressivo, em que os mais ricos pagam maiores impostos, que
vão se reduzindo conforme a renda familiar.
Outro fato que onerou as finanças das nações desenvolvidas foi o
choque do petróleo no início da década de 1970, resultante da
criação da Opep (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo).
O aumento dos gastos dentro do Welfare State levou à correção do
modelo, abrindo espaço para a crítica ao intervencionismo estatal,
possibilitando assim, o surgimento de um novo modelo de Estado, o
Neoliberal, inicialmente introduzido por Ronald Reagan e Margareth
Tatcher, presidente dos Estados Unidos e primeira-ministra da
Inglaterra, respectivamente.
1.3. Antecedentes do Neoliberalismo
É tênue o limite que separa os neoliberais e conservadores, o que
leva muitas vezes a identificação apressada das duas tendências.
Há, no entanto, uma diferença fundamental: os neoliberais são
progressistas, incentivam a mudança útil e defendem a manutenção
do estado de bem-estar social, mas percebem a necessidade de
reformá-lo para uma eficiência maior de gastos, a ampliação do
universo dos beneficiados e a contenção de privilégios conquistados
por grupos de interesse de forte presença na sociedade e no
governo. Os conservadores, ao contrário, pregam a omissão quase
absoluta do estado quanto ao rumo da economia nacional,
consideram que cabe à ―mão invisível‖ do mercado a condução das
questões econômicas e ao indivíduo a responsabilidade por seu
progresso pessoal buscam restringir não só o universo dos
beneficiários do estado de bem-estar mas os próprios limites desse
estado. A confusão mais freqüente entre neoliberais e
conservadores se verifica em relação às políticas adotadas ao longo
de toda a década de 1980 pelos governos conservadores dos
Estados Unidos e do Reino Unido, países em que é mais clara a
identificação do neoliberalismo. Na tradição política dos dois países,
as idéias liberais são o fundamento da formação do próprio conceito
de estado, da democracia e da construção de seus partidos
políticos. Nos Estados Unidos, os dois partidos que dominam o
cenário político e se revezam no poder, o Republicano e o
Democrata, que tem raízes liberais, mas divergem na visão do papel
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115
do estado. Para o Partido democrata, o governo deve atuar na vida
social e econômica nacional; para o republicano, quanto menos
governo, melhor. A primeira atuação do neoliberalismo americano
ocorreu num governo democrata, durante a grande depressão da
década de 1930, e deu origem ao New Deal de Franklin Rooselvelt
(1882-1945), e rompeu com a tradição liberal ao intervir na
economia e não deixá-la ao sabor da iniciativa privada, originando o
estado de bem-estar. Os governos democratas ou republicanos que
se seguiram mantiveram basicamente a mesma estrutura até a
eleição do republicano Ronald Reagan (1911-2004) em 1980, e
implantou uma série de iniciativas econômicas. Sua política de
recuperação econômica através do estimulo à oferta, popularmente
conhecida como ―Reaganomics‖, incluiu medidas de
desregulamentação e cortes de impostos. Essa nova geração
democrata no Congresso, herdeira do pensamento de Jonh
Kennedy (1917-1963), acreditava num novo liberalismo que
buscasse solucionar problemas e não simplesmente manter um
sistema que apresenta falhas, especialmente no processo que rege
a aplicação dos benefícios do estado de bem-estar, deformado pelo
excesso de instâncias e organizações burocráticas. Identificam-se
com a classe média, suas necessidades e interesses, e não com a
burguesia empresarial dominante no liberalismo conservador e se
caracterizaram por uma visão reformista nas questões sociais e na
política externa, por idéias libertárias e anti-militaristas.
No Reino Unido, o liberalismo está também na raiz da formação dos
partidos Conservador e Trabalhista, embora os trabalhistas tenham
se inclinado fortemente para a social-democracia. Para o liberalismo
britânico, o estado é sempre um mal necessário e deve ser mantido
dentro de limites restritos. Os trabalhistas britânicos têm pontos em
comum com os democratas americanos; os conservadores
defendem posições próximas às dos republicanos de Reagan. A
expressão maior do conservadorismo britânico é a primeira ministra
Margaret Thatcher (1925-2013), que governou de 1979 a 1990; suas
políticas econômicas foram centradas na desregulamentação do
setor financeiro, na flexibilização do mercado de trabalho e na
privatização das empresas estatais e combateu de forma radical os
movimentos sindicais trabalhistas.
Assim, o Estado neoliberal pretendia diminuir o tamanho do Estado,
tornando-o mais eficiente e menos interventor, aplicando os velhos
princípios do liberalismo econômico do século XVIII.
Este modelo neoliberal se expandiu para várias nações ao longo do
final século XX, desencadeando uma série de crises políticas,
sociais e econômicas, mas gerando ganhos tremendos para
determinados grupos econômicos. Essas crises ainda foram
utilizadas para a realização de críticas à atuação do Estado, tido
como gestor dessa situação polêmica. No entanto, a recente crise
desencadeada a partir de 2008, em virtude de profundo
desequilíbrio na oferta de créditos imobiliários nos EUA, que afetou
bolsas de valores no mundo e desencadeou desemprego e queda
na produção e na renda sem precedentes, lançou novas luzes sobre
a importância do Estado no mundo capitalista.
1.4.Aspectos do Desenvolvimento Global: Nação e Globalização
A maior parte da humanidade está envolta na teia de relações
sociais denominada globalização, controlada pelos países
desenvolvidos que mantêm a liderança do desenvolvimento
tecnológico e com isso protegem seus interesses econômicos na
arena global. Esta globalização encontrou as nações organizadas
em Estado-Nação (diz respeito à forma abrangente de organização
político-territorial) e rapidamente invadiu territórios, modificou
hábitos e costumes, criou e expandiu instrumentos e técnicas, como
a informática. Ela trouxe consigo a ideia da individualização do lucro
e estabeleceu novas formas de dominação das potências sobre os
países menos desenvolvidos.
Neste contexto, a disposição dos termos ―Nação‖ e ―Globalização‖ é
dicotômica, tendo em vista que o ―global‖ se opõe-se ao ―nacional‖.
A premissa do desenvolvimento global está intimamente ligada às
concepções ocidentais de modernização, racionalização,
industrialização, revoluções e de cidadania, trazidas pelas duas
grandes revoluções: a francesa e a industrial. Estas acalentaram em
seu bojo a universalização de uma preocupação igualitária para
estabelecer a justiça em relação às particularidades e às diferenças,
ou seja, uma preocupação com a humanidade. O conhecimento de
que a terra se tornou mundo e de que o globo não é só uma figura
astronômica, mas, um território onde se desenvolvem uma teia de
relações sociais que aproximam homens de diversas partes do
planeta através do desenvolvimento dos meios de transportes e de
comunicações, especialmente a internet, possibilitou uma
descoberta que surpreende, encanta e atemoriza, porque se trata de
uma drástica ruptura nas convicções e visões de mundo. As novas
configurações e movimentos da globalização deram ao globo
terrestre uma significação histórica.
Esta nova configuração imposta pela globalização modificou
substancialmente a figura tradicional do Estado-Nação que agora se
encontra submetido a uma dominação internacional.
O objetivo dessa nova ordem mundial é incrementar eficazes
padrões de dinamismo do mercado dominante com altas taxas de
crescimento econômico através de uma força constrangedora e
rígidas regras de cunho unificador e globalizante. Este objetivo
postula a prevalência do mercado e das empresas transnacionais
tornando irrelevante o Estado Nacional.
A história registra a rápida mudança de ideia do Estado Nacional
unitário e homogêneo. Simultaneamente, de um lado, temos a
abertura de mercados com o aumento significativo do lucro pelas
empresas e países desenvolvidos, e de outro lado, a proliferação da
pobreza para a população dos países periféricos com efeitos
negativos sobre a educação, saúde, segurança, habitação, aumento
da criminalidade, prostituição, etc. Assim, instaura-se uma situação
de fragilidade estatal caracterizada pela perda de domínio e
autonomia econômica, fazendo-o perecer frente às instituições de
caráter multilateral disputadas pelas comunidades internacionais,
acarretando, de um lado, a perda de identidade desses países e,
por outro lado, a dominação política proveniente dos investimentos e
ajuda financeira constante.
As repercussões no desenvolvimento social são também gritantes,
tendo em vista que as mudanças afetaram a funcionalidade do
Estado. A modernidade acalentou a ideia de que o Estado seria um
instrumento de defesa da nação, pois seu objetivo principal era a
promoção do bem-estar social e econômico desta. À medida que se
fortaleceu o processo de globalização ou transnacionalização, o
Estado idealizado pela revolução francesa enfraqueceu-se se
tornando um mero instrumento das elites dominantes, ao tempo em
que fragilizou sua economia adaptando-se às economias mundiais e
perdendo a capacidade de exercer o controle sobre o fluxo de
pessoas, de bens e de capital. Por sua vez, as políticas sociais
ficaram á mercê do mercado globalizado.
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2. GLOBALIZAÇÃO
2.1. Historicidade da Globalização
A globalização é um fenômeno identificado com o nascimento do
próprio capitalismo e que tem na expansão marítimo-comercial
européia iniciada no século XV, as Grandes Navegações, o primeiro
impulso econômico para sua organização mercantil global, ainda
que restrita a poucas regiões nesse período. Juntamente a
expansão comercial iniciou-se um sistema de dominação política
sobre os povos, além de sobrepujar suas culturas com a imposição
da chamada civilização europeia.
O fluxo de mercadorias entre as metrópoles e suas colônias pode
ser considerado a primeira onda globalizante e permaneceu até o
século XIX.
Com a segunda Revolução Industrial, os países europeus
necessitaram expandir suas economias por meio da mobilização de
investimentos, caracterizando o segundo estágio da globalização.
Ressalta-se que o fluxo de mercadorias ainda se mantém. Estes
capitais podem ser classificados em dois tipos: diretos e indiretos.
Os primeiros são aqueles que as empresas transnacionais realizam
em função do crescimento de seus lucros, possibilitando
investimentos na construção de ferrovias, portos, fábricas nos
países que não os possuem. Os investimentos indiretos são aqueles
que circulam nos mercados de ações, além de empréstimos
concedidos por bancos de investimentos.
Após a Segunda Guerra Mundial, ainda no quadro de bipolarizado
entre socialismo e capitalismo, houve no mundo capitalista
significativos crescimento e prosperidade econômica que
encaminharam as sociedades capitalistas a Terceira Revolução
Industrial. Tal revolução foi alicerçada na microtecnologia e na
robótica, responsáveis pelo atual nível de desenvolvimento
tecnológico e pela sensação de estreitamento do tempo e do
espaço.
A última barreira a ser transposta pela globalização acabou por ruir
no final do século XX, quando se deu a dissolução do socialismo
real soviético, levando os países do bloco socialista a incorporar o
modelo liberal da economia de mercado, integrando-se a um mundo
cada vez mais globalizado.
2.2. A Globalização Contemporânea
No geral a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o
movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da
hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais
nações. Ou ainda que a globalização é a reinvenção do processo
expansionista americano no período do pós-guerra fria, com a
imposição forçosa ou não dos modelos políticos (democracia),
ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e econômico
(abertura de mercados e livre competição).
Vale ressaltar que este projeto não é uma criação exclusiva do
estado norte-americano e que tampouco atende exclusivamente aos
interesses deste, mas também é um projeto das empresas, em
especial das grandes empresas transnacionais, e governos do
mundo inteiro.
A globalização costuma ser caracterizada como um processo de
diluição das barreiras nacionais por meio de mecanismos
financeiros e tecnológicos que envolvem a interação praticamente
instantânea de indivíduos, de instituições e de empresas que
volatiza noções de territorialidade vinculadas à ideia de Estado-
nação. Supera as fronteiras nacionais, permitindo que produtos,
idéias e pessoas possam circular com o mínimo de impedimento.
Isso, em um primeiro momento, dinamiza a vida cotidiana, abrindo
espaço para um contato mais amplo e diverso, mas promove,
também, discrepâncias de desenvolvimento e dificuldades dos
sistemas políticos vigentes em controlar fluxos de capitais e evitar
especulações que possam atingir o próprio sistema capitalista.
Se no passado o Estado teve um papel importante na
fundamentação de uma ordem capitalista, hoje ele se encontra
debilitado como autoridade institucional que possa gerir as
transformações capitalistas que ele mesmo criou.
Há nisso uma expressão da crise que tem pontuado as relações
internacionais nos últimos anos. Disputas comerciais ainda fazem
parte do cotidiano do mundo globalizado, mesmo que existam
esforços no sentido de fortalecer mercados comuns atendendo a
imperativos de transnacionais e corporações financeiras mundiais.
As questões relativas aos meios informacionais e às tecnologias de
comunicação também configuram um quadro de dinamismo do
mundo globalizado. Movimentações políticas, agitações sociais,
crimes ambientais etc. logo passam a ser conhecidos mundialmente
por meio da internet. O espaço virtual instituído pela globalização
favorece a troca de informações e implica um campo novo de
criatividade humana.
Destarte, mais que romper as barreiras nacionais, a globalização
também interfere na vida individual e na constituição de identidades.
2.3. Os teóricos da globalização
2.3.1. Marshall McLuhan: a aldeia global
Aldeia Global é um termo cunhado pelo filósofo Herbert Marshall
McLuhan,(1911-1980) com o intuito de indicar que as novas
tecnologias eletrônicas tendem a encurtar distâncias e o progresso
tecnológico tende a reduzir todo o planeta a mesma situação que
ocorre em uma aldeia: um mundo em que todos estariam, de certa
forma interligados. A expressão foi popularizada em sua obra ―A
Galáxia de Gutenberg‖ (1962) e, posteriormente, ―Os Meios de
Comunicação como Extensão do homem‖ (1964). McLuhan foi o
primeiro filósofo a tratar das transformações sociais provocadas pela
revolução tecnológica do computador e das telecomunicações.
Para McLuhan, a televisão era o exemplo mais bem acabado do
surgimento da aldeia global, já ela era responsável pela transmissão
de informações, mensagens e imagens que formariam os
indivíduos, auxiliando na formação de uma sociedade mais tolerante
com as diferenças.
O resultado dessa comunicação seria a formação de uma aldeia,
onde as pessoas passariam a se comunicar e a se conhecer de
forma plena.
2.3.2. Immanuel Wallerstein: sistema-mundo
Análise de Wallerstein (1930) sobre a globalização está centrado em
seu aspecto econômico.
Wallerstein desenvolveu o conceito de sistema-mundo,
caracterizado pela existência de um sistema social que provenha
tudo o que é necessário para as pessoas que vivem nele, de modo
que elas venham a acreditar que tal sistema corresponda à
realidade como um todo. O autor identifica dois tipos de sistemas-
mundo na história: os impérios-mundo e as economias-mundo. No
primeiro caso, temos os Impérios Romano e Chinês, ambos na
Antiguidade. Tendo como centro político um território que provinha
com recursos o restante do sistema.
Por outro lado, temos o surgimento de uma economia-mundo,
representada pela ascensão do capitalismo, sistema econômico que
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117
tende a interligar o mundo através das práticas comerciais e
produtivas, exigindo, dentro dessa perspectiva, certa organização da
produção, o que implica o surgimento de uma divisão internacional
do trabalho (DIT).
A economia-mundo capitalista seria então organizada a partir de
três esferas específicas: o centro, a semiperiferia e a periferia. O
centro é composto por países desenvolvidos, que dominam as
tecnologias de ponta e sustentam relações de trabalho avançadas,
em que o capital e trabalho conseguem se manter equilibrados; por
sua vez, a semiperiferia corresponde àqueles países que estão em
processo de industrialização, mas ainda guardam na produção e na
exportação de bens primários sua principal fonte de riqueza, nas
quais as relações de trabalho estão em andamento, mas com clara
desproporção favorável ao capital, que emprega meios coercitivos
para adequar e enquadrar a força de trabalho.
Apesar da disparidade, centro e semiperiferia se unem para explorar
a periferia, composta por países atrasados, de base agrícola e de
mão de obra escrava e compulsória, produzindo matérias-primas e
alimentos que são consumidos pelo centro e pela semiperiferia e
importando destes os bens industrializados de necessitam.
Nota-se aí o predomínio das relações econômicas , mas o elemento
mais significativo da teoria de Wallerstein está na importância que
este dá ao Estado nacional, identificado como um dos elos fracos da
globalização.
Para o autor, o estado tem importância crucial na formação da
economia-mundo capitalista, mas em níveis distintos. Os Estados
fortalecidos tendem a se encontrar no centro e criam meios de
explorar os Estados enfraquecidos, perpetuando as diferenças e as
contradições internas produzidas pelo capitalismo, motivo pelo qual
tal sistema está condenado, ainda que Wallerstein não aponte para
o caminho que tal economia estaria seguindo.
2.4. Globalização e comunicação
A globalização das comunicações tem sua face mais visível na
internet, a rede mundial de computadores, graças a acordos e
protocolos entre diferentes entidades privadas da área de
telecomunicações e governos do mundo. Isto permitiu um fluxo de
troca de idéias e informações sem critérios na história da
humanidade.
Outra característica da globalização das comunicações é o aumento
da universalização do acesso aos meios de comunicação graças ao
barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de
infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e
incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica.
2.5. Críticas a Globalização
Apesar das perspectivas aparentemente favoráveis ao processo de
globalização, não se pode esquecer de que ele se desenvolve a
partir do capitalismo. Este é então o ponto de partida dos críticos da
globalização, para quem tal processo apenas radicalizou as
contradições e diferenças existentes dentro do capitalismo,
aprofundando o abismo econômico entre ricos e pobres, como se
pode perceber pelo caráter crítico da teoria de Wallerstein, ainda
que esta também seja criticada pelo teor economicista que possui,
beirando o determinismo e o eurocentrismo.
É interessante notar que, nesse caso, um dos efeitos desta
concentração de renda global é o aumento dos fluxos migratórios
das regiões empobrecidas e com restrições de oportunidades de
emprego para outras áreas, mais avançadas e industrializadas, com
a promessa de realização de um sonho de prosperidade e
igualdade, como o que prometem os EUA, ainda que sua prática,
como a de muitos países europeus, seja de restrições e combate à
imigração, com o intuito de preservar exclusivamente a seus
cidadãos os benefícios da globalização, gerando protestos e
conflitos nas fronteiras nacionais.
Neste caso, o caráter eurocêntrico da teoria de Wallerstein abre
possibilidade para outra crítica ao processo de globalização.
Contrariando a posição descentrada de Anthony Giddens, os críticos
da globalização afirmam que esta ocorre simultaneamente a um
processo de ocidentalização da sociedade global, impondo padrões
de comportamento e de consumo importados dos EUA e da Europa
Ocidental.
Tal fato gera reações muitas vezes violentas, como os recentes
conflitos entre o ocidente cristão e o mundo muçulmano, sendo o
ataque às torres gemes de Nova York, em 11 de Setembro de 2001,
um dos acontecimentos mais emblemáticos.
Muito embora os analistas classifiquem tal ataque como prática
terrorista, não pode-se esquecer de que os interesses das empresas
transnacionais, assim como dos Estados Nacionais fortes, levam-
nas a interferir em outras regiões economicamente importantes,
fatalmente causando a rejeição e o ódio das populações nativas às
nacionalidades invasoras. Dessa forma, globaliza-se o terror, que
não se restringe apenas àqueles que praticam a globalização
econômica diretamente, mas a todo cidadão livre que se encontra
nas sociedades desenvolvidas.
Esses fatores soma-se as problemáticas que surgem como
decorrência da maior conscientização das sociedades e do
surgimento de novas demandas, associadas principalmente ao
chamado desenvolvimento sustentável.
A preocupação com o crescimento econômico vem sendo
acompanhada pela sociedade civil e pelas pessoas conscientizadas
ecologicamente em razão de os recursos naturais estarem
escasseando ou de as condições de sobrevivência de várias
espécies de animais virem sendo colocadas em risco, afetando o
delicado equilíbrio ambiental que sustenta a própria vida humana na
Terra. Dessa forma, assiste-se a movimentações internacionais de
apelo ecológico, o que faz com que a ecologia passe a fazer parte
das agendas políticas.
Decorre daí o dilema: como manter taxas de crescimento e
prosperidade econômica sem afetar de forma decisiva a vida futura
da terra? Mais do que uma questão teórica, essa é uma
preocupação que nos afeta diretamente a médio e longos prazos,
principalmente quando se percebe que o desenvolvimento da
bioengenharia leva empresas transnacionais, em nome de uma
maior eficiência produtiva, a alterar a qualidade genética das plantas
e dos alimentos que se consome.
A inexistência de respostas convincentes para essas questões é
uma das principais responsáveis pelo surgimento dos movimentos
antiglobalização. Por isso também o surgimento de ONG’s e de
entidades civis não estatais que buscam mecanismos para
combater os efeitos perversos da globalização.
O quadro é de incertezas, pois a globalização é um processo em
aberto, sobre o qual tem-se apenas entendimento parcial.
3. CULTURA E SOCIEDADE
Cultura é o resultado da capacidade que o ser humano tem de se
organizar em grupo. Dessa forma, diz-se que a cultura é a invenção
do social, pois é em função dela que se criam e se estabelecem os
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parâmetros de como os indivíduos precisam agir em função do seu
grupo.
Cada cultura possui um conjunto finito de regras, mas suas
possibilidades de atualização, expressão e reação em situações
concretas são infinitas.
Cultura é uma palavra de origem latina. Seu significado original
estava ligado às atividades agrícolas. Vem do verbo colere, que
quer dizer cultivar.
3.1. Os Significados de Cultura segundo a Antropologia
Um dos grandes ramos das Ciências Sociais, além da Sociologia e
da Ciência Política, é aquele que se dedica aos estudos da cultura
desenvolvida pelos seres humanos: a Antropologia.
A Antropologia é uma ciência que nasceu na Europa, na segunda
metade do século XIX. Seu nascedouro correspondeu à expansão
imperialista européia sobre o continente africano. Os contrastes
entre povos africanos e nações européias contribuíram para estudos
comparados à luz de teorias biológicas evolucionistas. O contato
com os povos africanos também foi instigante para os estudiosos da
vida social, pois esses grupos não possuíam língua escrita, daí a
necessidade de uma nova ciência para compreendê-los.
Assim, a Antropologia é uma ciência social que estuda as
manifestações culturais dos grupos humanos, assim como a origem
e a evolução das culturas. São objeto de estudo da Antropologia a
organização familiar, as religiões, a magia, os ritos de iniciação dos
jovens, o casamento etc. A palavra antropologia – do grego
antropus, homem, e logia, estudo – significa etimologicamente a
ciência do homem.
No início do século XVIII e princípio do século XIX, o termo
germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos
espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa
Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um
povo. Ambos os termos foram sintetizados pelo antropólogo inglês
Edward B. Tylor (1832-1917), no vocábulo inglês Culture, que
tomando em seu amplo sentido etnográfico é esse todo complexo
que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os
costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridas pelo
homem como membro da sociedade. Com esta definição Tylor
abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de realização
humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da
cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida por
mecanismos biológicos.
Trata-se de uma definição universalista, ou seja, muito ampla, com a
qual se procura expressar a totalidade da vida social humana, a
cultura universal.
Já o antropólogo alemão Frans Boas (1858-1942), tinha uma visão
particularista. Definiu Cultura como a totalidade das reações e
atividades mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos
indivíduos que compõem um grupo social.
O antropólogo inglês Bronislaw Malinowski (1884-1942), afirmava
que, para fazer uma análise objetiva, era necessário examinar as
culturas em seu estado atual, sem preocupação com suas origens.
Concebia as cultura como sistemas funcionais e equilibrados,
formados por elementos interdependentes que lhes davam
características próprias, principalmente no tocante às necessidades
básicas, como alimento, proteção e reprodução. Por ser
interdependentes, esses elementos não poderiam ser examinados
isoladamente.
Na atualidade, a contribuição do antropólogo Claude Lévi-Strauss
(1908-2009) para quem a cultura deve ser considerada como um
conjunto de sistemas simbólicos, entre os quais se incluem a
linguagem, as regras matrimoniais, a arte, a ciência, a religião e as
normas econômicas. Esses sistemas se relacionam e influenciam a
realidade social e física das diferentes sociedades.
3.2. O Etnocentrismo: convivência com a diferença
Ter uma visão de mundo, avaliar determinado assunto sob certa
ótica, nascer e conviver em uma classe social, pertencer a uma
etnia são algumas das condições que leva a pensar na diversidade
humana, cultural e ideológica, e conseqüentemente na alteridade,
isto é, eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que
me permite compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado,
partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado que
estou pela experiência do contato.
Observa-se, no entanto, grande dificuldade na aceitação das
diversidades em uma sociedade ou entre sociedades diferentes,
pois os seres humanos tendem a tomar seu grupo ou sociedade
como medida para avaliar os demais. Para designar essa tendência,
o sociólogo americano William G. Summer (1840-1910) criou em
1906 o termo etnocentrismo.
O etnocentrismo foi um dos responsáveis pela geração de
intolerância e preconceito – cultural, religioso, étnico e político-,
assumindo diferentes expressões no decorrer da história. Manifesta-
se também num mundo que é globalizado, na ideia de que a cultura
ocidental é superior, e os povos de culturas diferentes devem
assumi-la, modificando suas crenças, normas e valores.
3.3. Cultura erudita e Cultura popular
A cultura, na visão antropológica, é uma característica tipicamente
humana. Povos diferentes possuem culturas distintas, o que nos
leva a afirmar que a diversidade cultural é também um fato
incontestável.
Contudo, nos últimos anos, ao fenômeno da globalização é atribuído
o surgimento de uma cultura única ou americanizada. Mas, se
observamos os Estados Unidos nos dias de hoje, é evidente o
avanço da cultura hispano-americana sobre este país. Assim,
mesmo com o avanço da globalização, particularmente econômica,
a pluralidade cultural permanece, porém é incorreto não reconhecer
que dentro de um país ou de uma sociedade qualquer exista mais
de uma cultura. Tal fato é comum nas sociedades industriais
capitalistas, tanto no século passado como neste século que se
inicia.
Nessas formações sociais, podemos constatar a separação entre
cultura erudita e cultura popular, com atribuição de maior valor à
segunda, e está relacionada à divisão da sociedade em classes
sociais.
A cultura erudita é a que corresponde à classe dominante, e está
presente nas escolas e nos poderes instituídos do Estado, da Igreja
e das empresas. Abrangeria expressões artísticas como a música
clássica de padrão europeu, as artes plásticas, o teatro e a literatura
de cunho universal.
Já a cultura popular é aquela que reflete o conhecimento não oficial,
estabelecido nas ruas e no senso comum do povo, está ligada à
ideia da espontaneidade, do simplismo e do informalismo.
A distinção entre a cultura erudita e a cultura popular reside nas
formas de produção e consumo. A cultura erudita é uma cultura
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instituída, oficial, enquanto a cultura popular, muitas vezes, é
marcada pelo aspecto da ―não institucionalidade‖. Entretanto,
mesmo existindo essa divisão rígida, a cultura erudita e a cultura
popular podem facilmente se misturar na realidade dos
comportamentos culturais.
3.4 Cultura e industria cultural
É importante situar a origem da expressão indústria cultural e o
período em que ela é formulada para compreender o contexto do
debate e compará-lo com as profundas modificações que ocorrem
hoje. Afinal, em que contexto pode-se falar em industria cultural? O
conceito está superado ou pode nos ajudar a compreender
processos culturais do inicio do século XXI?
A indústria cultural é fruto da sociedade industrializada, no período
de consolidação de uma economia baseada no consumo de bens.
Produtos culturais em série- revistas, jornais, discos, filmes, livros,
etc. – produzidos para o consumo em massa, são característicos
desse tipo de indústria. Mas sua implantação e desenvolvimento
não se fazem de modo linear, há uma série de transformações e
processos sociais que a tornam possível: em meados do século XV
aconteceu a invenção dos tipos móveis de imprensa, por Gutenberg.
Ainda que com essa descoberta fosse possível reproduzir textos de
modo mais rápido e em maior quantidade, ainda não havia um
grande público de pessoas com acesso à leitura que possibilitasse
essa produção.
A dupla revolução, característica do surgimento do capitalismo, só
aconteceu mais tarde, no século XVIII: a revolução Industrial na
Inglaterra e a Revolução Francesa. Novas descobertas durante a
chamada era da eletricidade, no século XIX, com as grandes
inovações tecnológicas trazidas pela prensa a vapor e mecânica,
bem como a expansão das estradas de ferro, trouxeram marcantes
transformações.
Ao pensar no exemplo dos chamados romances populares, essa
relação entre estrada de ferro, prensa a vapor e públicos fará mais
sentido: imagine os trens lotados de pessoas e uma literatura
popular pensada para eles como entretenimento durante as viagens.
Era a railway literature que florescia na Inglaterra nessa época. Na
França, enquanto isso, com um índice de alfabetização da
população em torno de 90% em 1890, as inovações tecnológicas
atingiram a esfera da produção cultural, e o romance-folhetim
tornou-se febre do momento em todos os grandes jornais. O
romance-folhetim é considerado precursor da telenovela.
3.5. Cultura de massa e industria cultural
Com o advento do capitalismo em sua fase industrial, a cultura de
uma sociedade passa a ter uma terceira dimensão: a cultura de
massa. É importante salientar que a cultura de massa não pode ser
confundida com a cultura popular. Enquanto esta é a expressão de
resistência das camadas mais populares diante do domínio da
cultura erudita, a cultura de massa é típica das sociedades que
passaram por uma mercantilização da produção cultural. Em outras
palavras, toda expressão simbólica ou material (a moda, por
exemplo) produzida para o mercado consumidor é cultura de massa.
A cultura de massa é uma conjunção da cultura elitizada e da
cultura do povo, conjunção essa que está orientada para a produção
de uma expressão cultural que possa ser consumida na sua
totalidade tanto pelo povo quanto pela elite.
A cultura de massa é aquilo que também podemos chamar de
indústria cultural. Esse conceito foi cunhado pelos pensadores
alemães e integrantes do instituto de pesquisa social que ficaria
conhecido internacionalmente como Escola de Frankfurt, Theodor
Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) e usado pela
primeira vez em 1947 na obra Dialética do Conhecimento Nele,
afirmavam que o conceito de industria cultural permitia explicar o
fenômeno da exploração comercial e a vulgarização da cultura,
como também a ideologia dominação.
A preocupação básica era com a emergência de empresas
interessadas na produção em massa de bens culturais, como
qualquer mercadoria ( roupas, automóveis, perfumes, etc.), visando
exclusivamente ao consumo, tendo como fundamentos a
lucratividade e a adesão incondicional ao sistema dominante.
Adorno e Horkheimer apontaram a possibilidade de
homogeneização das pessoas, grupos e classes sociais; esse
processo atingiria todas as classes, que seriam seduzidas pela
indústria cultural, pois esta coloca a felicidade imediatamente nas
mãos dos consumidores mediante a compra de alguma mercadoria
ou produto cultural. Cria-se assim uma subjetividade uniforme e, por
isso, massificada.
Tanto nos sucessos musicais quanto nos filmes, a vida parece dizer
que tem sempre as mesmas tonalidades e que devemos nos
habituar a seguir os compassos previamente marcados. Dessa
forma, sentimo-nos integrados numa sociedade imaginária e sem
desigualdades.
A diversão, nesse sentido, é sempre alienante. A legitimidade do
tempo livre como instrumento que propicia a desmobilização da
capacidade emancipadora do ser humano encontra uma das suas
manifestações no âmbito dos meios de comunicação de massa, pois
são estes que despejam na coletividade social os gêneros
produzidos pela sociedade de consumo através de um formato
padronizado, de fácil assimilação
Contudo, várias críticas foram feitas às idéias formuladas por
Adorno e Horkheimer de que a indústria cultural estaria destruindo a
capacidade humana de discernimento. Uma delas foi elaborada por
Walter Benjamin (1886-1940), ao afirmar que a indústria cultural
poderia ajudar a desenvolver o conhecimento, pois levaria a arte e
a cultura a um número maior de pessoas. Ele declarava que,
anteriormente, as obras de arte estavam a serviço de uma classe
privilegiada.
Com as novas técnicas de reprodução – como a fotografia e o
cinema -, essas obras poderiam ser difundidas entre outras classes
sociais, contribuindo para a emancipação da arte de seu papel
ritualístico. Em sua análise, contudo, Benjamin não perdia a
consciência de que o capitalismo utilizava as novas técnicas a seu
favor.
Que a ideologia dominante está presente em todos os produtos da
indústria cultural é evidente, mas não se pode dizer que exista uma
manipulação cultural integral e avassaladora, pois isso significa
declarar que os indivíduos não pensam e apenas absorvem e
reproduzem automaticamente o que recebem. É verdade que muitos
indivíduos tendem a reproduzir o que vêem na televisão ou lêem
nas revistas, mas a maioria seleciona o que recebe, filtra e
reelabora a informação; além disso, nem todos recebem as mesmas
informações.
Pesquisando a ação da indústria cultural, percebe-se que os
indivíduos não aceitam pacificamente tudo o que lhes é imposto.
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120
Exemplo disso é a dificuldade que essa indústria tem de convencer
as pessoas, evidenciada pela necessidade de inventar e reinventar
constantemente campanhas publicitárias.
Numa perspectiva de enfrentamento ou de resistência pode-se
pensar na possibilidade de haver um processo de contra-
hegemonia, mesmo que pequeno, que ocorre dentro e fora da
indústria cultural. Nas empresas há profissionais que desenvolvem
suas atividades nos meios de comunicação e que procuram
apresentar críticas ao que se faz na indústria cultural.
Fora das empresas, há intelectuais que procuram criar canais
alternativos de informação sobre o que acontece no mundo,
desenvolvendo produções culturais não massificadas ou manter
canais de informação e crítica constantes em sites e blogs na
internet. Como também os movimentos culturais de milhares de
pequenos grupos no mundo que desenvolvem produções culturais
específicas de seus povos e grupos de origem.
3.6. As manifestações da indústria cultural
Podemos apontar como principais fontes de propagação da indústria
cultural o rádio, a televisão, o cinema, as revistas e a indústria
fonográfica e a internet. É claro que nem todos esses meios de
comunicação estão a serviço do capital, pois existem excelentes
produções cinematográficas que escapam à simples finalidade do
lucro, assim como há canais de televisão e programas em que os
fins são a informação e o entretenimento desvinculados da cultura
fabricada. Pode-se citar ainda as rádios comunitárias atuais, que,
em geral, primam pela divulgação da cultura da própria comunidade.
Entretanto, pensemos nas telenovelas brasileiras e em boa parte do
cinema ―hollywoodiano‖ como expressões dos meios de
comunicação a serviço do capital, pois são concebidos enquanto
objetos de consumo. A finalidade desses produtos não é
necessariamente contar uma história verdadeira que possa ampliar
o conhecimento das pessoas acerca dos fatos, mas, pelo contrário,
é buscar transformar certas realidades em puro entretenimento
vazio de conteúdo. Dessa forma, o discurso agradável e fácil de ser
assimilado aliena o ouvinte e o transforma em mero consumidor
daquele produto e da publicidade contida nele.
Dessa forma, a ideologia neoliberal afirma que ser moderno é ser
um consumidor em potencial. O ponto de vista sociológico identifica
que este fato atinge um universo social permeado por um
materialismo desenfreado que tem levado à perda de valores, de
identidades e à desagregação social. A expansão desta cultura de
consumo e sua manutenção são garantidas pela mídia,
principalmente na publicidade: o mais notável meio de comunicação
de massa de nossa época.
QUESTÕES
01. (COC/SP) O Estado moderno iniciado com o absolutismo, na
medida em que impulsionou o domínio da razão, da ciência e da
técnica, foi essencial para o desenvolvimento da sociedade
capitalista, pois: possibilitou a substituição do domínio teológico por
A) Uma relação de não-dominação.
B) Não favoreceu o entendimento das religiões do mundo feudal.
C) Estabeleceu o fundamento necessário para justificar o processo
de acumulação capitalista.
D) Impediu que as classes sociais utilizassem o fundamento
científico em defesa de seus interesses.
E) Foi o único modo encontrado pelo Estado de não incorporar uma
administração racional.
02. (COC/SP) Não é fundamento do Estado Nacional Democrático:
A) A divisão dos três poderes.
B) O parlamentarismo.
C) A soberania popular.
D) Direito à insurreição.
E) O absolutismo.
03. (ENEM- 2012) Uma mesma empresa pode ter sua sede
administrativa onde os impostos são menores, as unidades de
produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os
juros são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade
de vida é mais elevada.
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha
russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).
No texto estão apresentadas estratégias empresariais no contexto
da globalização. Uma conseqüência social derivada dessas
estratégias tem sido
A) O crescimento da carga tributária.
B) O aumento da mobilidade ocupacional.
C) A redução da competitividade entre as empresas.
D) O direcionamento das vendas para os mercados regionais.
E) A ampliação do poder de planejamento dos Estados nacionais.
04. (ENEM- 2011) As migrações transnacionais, intensificadas e
generalizadas nas últimas décadas do século XX, expressam
aspectos particularmente importantes da problemática racial, visto
como dilema também mundial. Deslocam-se indivíduos, famílias e
coletividades para lugares próximos e distantes, envolvendo
mudanças mais ou menos drásticas nas condições de vida e
trabalho, em padrões e valores socioculturais. Deslocam-se para
sociedades semelhantes ou radicalmente distintas, algumas vezes
compreendendo culturas ou mesmo civilizações totalmente diversas.
IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1996.
A mobilidade populacional da segunda metade do século XX teve
um papel importante na formação social e econômica de diversos
estados nacionais.
Uma razão para os movimentos migratórios nas últimas décadas e
uma política migratória atual dos países desenvolvidos são
A) A busca de oportunidades de trabalho e o aumento de barreiras
contra a imigração.
B) A necessidade de qualificação profissional e a abertura das
fronteiras para os imigrantes.
C) O desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acautelamento
dos bens dos imigrantes.
D) A expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos imigrantes
qualificados.
E) A fuga decorrente de conflitos políticos e o fortalecimento de
políticas sociais.
05. (ENEM-2012)
Texto I
Ao se emanciparem da tutela senhorial, muitos camponeses foram
desligados legalmente da antiga terra. Deveriam pagar, para adquirir
propriedade ou arrendamento. Por não possuírem recursos,
engrossaram a camada cada vez maior de jornaleiros e
trabalhadores volantes, outros, mesmo tendo propriedade sobre um
pequeno lote, suplementavam sua existência com o assalariamento
esporádico.
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MACHADO, P. P. Politica e colonização no Império. Porto Alegre:
EdUFRGS, 1999 (adaptado).
Texto II
Com a globalização da economia, ampliou-se a hegemonia do
modelo de desenvolvimento agropecuário, com seus padrões
tecnológicos, caracterizando o agronegócio. Essa nova face da
agricultura capitalista também mudou a forma de controle e
exploração da terra. Ampliou-se, assim, a ocupação de áreas
agricultáveis e as fronteiras agrícolas se estenderam.
SADER, E.; JINKINGS, I. Enciclopedia Contemporanea da America
Latina e do Caribe. São Paulo: Boitempo, 2006 (adaptado).
Os textos demonstram que, tanto na Europa do século XIX quanto
no contexto latino-americano do século XXI, as alterações
tecnológicas vivenciadas no campo interferem na vida das
populações locais, pois
A) Induzem os jovens ao estudo nas grandes cidades, causando o
êxodo rural, uma vez que formados, não retornam à sua região
de origem.
B) Impulsionam as populações locais a buscar linhas de
financiamento estatal com o objetivo de ampliar a agricultura
familiar, garantindo sua fixação no campo.
C) Ampliam o protagonismo do Estado, possibilitando a grupos
econômicos ruralistas produzir e impor políticas agrícolas,
ampliando o controle que tinham dos mercados.
D) Aumentam a produção e a produtividade de determina - das
culturais em função da intensificação da mecanização, do uso
de agrotóxicos e cultivo de plantas transgênicas.
E) Desorganizam o modo tradicional de vida impelindo-as à busca
por melhores condições no espaço urbano ou em outros países
em situações muitas vezes precárias.
06. (ENEM- 2004) Um certo carro esporte é desenhado na
Califórnia, financiado por Tóquio, o protótipo criado em Worthing
(Inglaterra) e amontagem é feita nos EUA e México, com
componentes eletrônicos inventados em Nova Jérsei (EUA),
fabricados no Japão. (…). Já a indústria de confecção norte-
americana, quando inscreve em seus produtos ‘made in USA’,
esquece de mencionar que eles foram produzidos no México, Caribe
ou Filipinas.
(Renato Ortiz, Mundialização e Cultura)
O texto ilustra como em certos países produz-se tanto um carro
esporte caro e sofisticado, quanto roupas que nem sequer levam
uma etiqueta identificando o país produtor. De fato, tais roupas
costumam ser feitas em fábricas – chamadas ―maquiladoras‖ –
situadas em zonas-francas, onde os trabalhadores nem sempre têm
direitos trabalhistas garantidos.
A produção nessas condições indicaria um processo de
globalização que
A) Fortalece os Estados Nacionais e diminui as disparidades
econômicas entre eles pela aproximação entre um centro rico e
uma periferia pobre.
B) Garante a soberania dos Estados Nacionais por meio da
identificação da origem de produção dos bens e mercadorias.
C) Fortalece igualmente os Estados Nacionais por meio da
circulação de bens e capitais e do intercâmbio de tecnologia.
D) Compensa as disparidades econômicas pela socialização de
novas tecnologias e pela circulação globalizada da mão-de-
obra.
E) Reafirma as diferenças entre um centro rico e uma periferia
pobre, tanto dentro como fora das fronteiras dos Estados
Nacionais.
07. (ENEM-1998) Você está fazendo uma pesquisa sobre a
globalização e lê a seguinte passagem, em um livro:
A SOCIEDADE GLOBAL
As pessoas se alimentam, se vestem, moram, se comunicam, se
divertem, por meio de bens e serviços mundiais, utilizando
mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial, globalizado.
Suponhamos que você vá com seus amigos comer Big Mac e tomar
Coca-Cola no Mc Donald’s. Em seguida, assiste a um filme de
Steven Spielberg e volta para casa num ônibus de marca Mercedes.
Ao chegar em casa, liga seu aparelho de TV Philips para ver o
videoclip de Michael Jackson e, em seguida, deve ouvir um CD do
grupo Simply Red, gravado pela BMG Ariola Discos em seu
equipamento AIWA. Veja quantas empresas transnacionais
estiveram presentes nesse seu curto programa de algumas horas.
Adap.Praxedes et alli, 1997. O MERCOSUL. SP, Ed. Ática, 1997.
Com base no texto e em seus conhecimentos de Geografia e
História, marque a resposta correta.
A) O capitalismo globalizado está eliminando as particularidades
culturais dos povos da terra.
B) A cultura, transmitida por empresas transnacionais, tornou-se um
fenômeno criador das novas nações.
C) A globalização do capitalismo neutralizou o surgimento de
movimentos nacionalistas de forte cunho cultural e divisionista.
D) O capitalismo globalizado atinge apenas a Europa e a América
do Norte.
E) Empresas transnacionais pertencem a países de uma mesma
cultura.
08. A leitura do texto ajuda você a compreender que:
I. A globalização é um processo ideal para garantir o acesso a bens
e serviços para toda a população.
II. A globalização é um fenômeno econômico e, ao mesmo tempo,
cultural.
III. A globalização favorece a manutenção da diversidade de
costumes.
IV. Filmes, programas de TV e música são mercadorias como
quaisquer outras.
V. As sedes das empresas transnacionais mencionadas são os
EUA, Europa Ocidental e Japão.
Destas afirmativas estão corretas:
A) I, II e IV, apenas.
B) II,IV e V, apenas.
C) II, III e IV, apenas.
D) I, III e IV, apenas.
E) III, IV e V, apenas.
09. (COC – SP) A globalização caracteriza-se por conter
A) Tecnologia precária.
B) Terceirização.
C) Agricultura como principal setor econômico
D) Valorização da religião.
E) Ausência de grandes investimentos.
10. (COC/SP) Podemos afirmar que a globalização teve início a
partir:
A) Da expansão marítimo-comercial.
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122
B) Da expansão muçulmana.
C) Da Primeira Guerra Mundial.
D) Da Segunda Guerra.
E) Da Crise de 1929.
11. (COC/SP) A globalização é um processo antigo que teve início
com o desenvolvimento capitalista e sua expansão ultra-marina.
Dentre as proposições a seguir, assinale a alternativa que expressa
esse processo nas suas configurações atuais.
A) Homogeneização dos mercados, tecnologias informacionais e
estatização.
B) Exportação de mercadorias, competição global e economia
planificada.
C) Tecnologias informacionais, competições e monopólios públicos.
D) Competição, colaboração entre Estados imperiais e
tecnologias informacionais.
E) Competição global, isolamento dos mercados regionais e fundo
público.
12. (UEL-PR) ―Enunciado de maneira menos formal, etnocentrismo
é o hábito de cada grupo de tomar como certa a superioridade de
sua cultura‖.
―Todas as sociedades conhecidas são etnocêntricas‖.
―A maioria dos grupos, senão todos, dentro de uma sociedade,
também é etnocêntrica‖.
―Embora o etnocentrismo seja parcialmente uma questão de hábito,
é também um produto de cultivo deliberado e incons- ciente. A tal
ponto somos treinados para sermos etnocêntricos que dificilmente
qualquer pessoa consegue deixar de sê-lo‖.
HORTON, P. B. & HUNT, C. L. Sociologia. Tradução de Auriphebo
Berrance Simões. São Paulo: MCGraw-Hill do Brasil, 1982. p. 46-47.
Com base nessas informações e nos seus conhecimentos sobre o
tema, considera-se etnocêntrica a seguinte alternativa:
A) O crescimento do PIB argentino tem sido muito superior ao do
brasileiro nos últimos quatro anos.
B) A raça ariana é superior.
C) A produtividade da mão de obra haitiana é inferior à da chilena.
D) Não gosto de música sertaneja.
E) Acredito em minha religião.
13. (UFPA) Em 20 de abril de 1997, alguns rapazes em Brasília
atearam fogo no índio pataxó Galdino Jesus dos Santos enquanto
este dormia. Isso pode ser uma demonstração de que indivíduos ou
grupos pertencentes a sociedades diferentes, ou a grupos
diferentes, em uma mesma sociedade, em situação de contato,
praticam atos negativos e até bárbaros, evidenciando relação de
alteridade, que se classifica como:
A) Etnocentrismo. B) Nacionalismo. C) Nativismo.
D) Evolucionismo. E) Relativismo.
14. (UEL-PR) Leia o texto.
Kino ouviu a leve batida das ondas da manhã na praia. Como era
bom... Tornou a fechar os olhos para escutar a música dentro dele.
Talvez só ele fizesse isso, talvez todos os homens da sua raça
também fizessem. Tinham sido em outros tempos grandes
fazedores de cantigas, de modo que tudo o que viam, pensavam,
faziam ou ouviam virava cantiga. Era assim havia muito, muito
tempo. As cantigas haviam ficado e Kino as conhecia, mas não
havia cantigas novas. Não era que não houvesse cantigas pessoais.
Naquele momento mesmo, havia na cabeça de Kino uma cantiga
clara e terna e, se ele pudesse dar voz aos seus pensamentos, iria
chamar-lhe a cantiga da família. STEINBECK, J. A pérola. São
Paulo: Círculo do Livro, p. 8.
De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
A) A cultura se mantém pela tradição, contudo ela pode ser
continuamente recriada com a finalidade de exprimir as novas
realidades vividas por indivíduos e grupos sociais.
B) A cultura herdada torna-se desnecessária à medida que os anos
passam, sendo, portanto, salutar que os homens do presente
esqueçam seus antepassados.
C) A música é ponto de partida da formação de um povo, pois é a
partir do momento em que os homens compõem e transmitem
sonoramente suas ideias que passam a ter cultura.
D) São indivíduos isolados cujos valores se desenvolvem com
independência em relação à base material que têm diante de si
que constituem o ponto de partida para a formação da cultura de
um determinado povo.
E) Certas raças não conseguem se desenvolver culturalmente,
razão pela qual se limitam a exprimir sua história pela música
em vez de o fazerem pela linguagem.
15. (UFU-MG) Leia e interprete o texto abaixo, bem como as
afirmações apresentadas.
A Indústria cultural e os meios de comunicação de massa
penetram em todas as esferas da vida social, no meio urbano ou
rural, na vida profissional, nas atividades religiosas, no lazer, na
educação, na participação política. Tais meios de comunicação não
só transmitem informações, não só apregoam mensagens. Eles
também difundem maneiras de se comportar, propõem estilos de
vida, modos de organizar a vida cotidiana, de arrumar a casa, de se
vestir, maneiras de falar e de escrever, de sonhar, de sofrer, de
pensar, de lutar, de amar.
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense,
1983. p. 69.
I - A indústria cultural define-se por uma forma específica de
produção simbólica. Essa produção é caracterizada por.
grandes inversões de capital em meios de produção
tecnicamente sofisticados, por trabalhadores especializados, por
oferta de bens e serviços diversificados, representando parte da
produção cultural dominante nas sociedades atuais.
II - A indústria cultural define-se por aprisionar os sujeitos sociais
dominantes da produção cultural nas sociedades
contemporâneas. É responsável pelo aparecimento do homem
unidimensional e das massas alienadas, que não têm qualquer
identidade cultural, por realizarem-se, unicamente, na sociedade
de consumo.
III - A indústria cultural e os meios de comunicação de massa são
poderosos, pois controlam, de forma absoluta, todos os
conteúdos das mensagens que emitem, padronizam
definitivamente os sistemas simbólicos de todos os sujeitos
sociais, homogeneizando e unificando a cultura global.
IV- A indústria cultural e os meios de comunicação de massa são
parte e propriedade autônoma do poder de Estado. São
instrumentos de dominação carismática, individual e irracional
para controlar os conflitos sociais, sendo impossível pensar
seus produtos como parte da arte e da cultura das sociedades
atuais.
Marque a alternativa correta que apresenta a(s) afirmação(ões)
teoricamente adequada(s) ao sentido do texto
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia
123
A) I e IV são adequadas.
B) Apenas II é adequada.
C) I e II são adequadas.
D) Apenas I é adequada
16. (UFU-MG) A respeito da produção cultural moderna, considere
as formulações de Renato Ortiz. [...] o processo de autonomização
das artes é contemporâneo ao florescimento de uma cultura de
mercado. [...]. A burguesia permite, para usarmos uma imagem de
Adorno, que a arte se consolide como um locus de liberdade, mas
em contraposição à própria lógica de mercado que funda a
sociedade capitalista. [...] historicamente, pela primeira vez,
exprimem-se os conflitos entre cultura erudita e cultura popular de
mercado.
ORTIZ, Renato. Cultura e modernidade. São Paulo: Brasiliense, 1991. p.
66.
Considerando a interpretação clássica da Escola de Frankfurt a
respeito da cultura de massa, marque a alternativa correta.
A) O aprofundamento da reprodutibilidade técnica da obra de arte
aumentou o acesso da cultura erudita a setores mais amplos
das sociedades modernas, auxiliando-os em uma crescente
ilustração.
B) A transição da fase concorrencial para a fase monopolista do
capitalismo fez-se acompanhar pela industrialização e crescente
mercantilização da produção e do consumo culturais.
C) A industrialização da produção cultural contribuiu de maneira
inédita para a manutenção da aura da obra de arte, ao restringir
seu acesso e consumo a poucos setores da população.
D) A intensificação da produção artística e a simultânea ampliação
de seu público consumidor, alavancadas pela mercantilização
da cultura, contribuíram para a emancipação política de amplos
setores das sociedades modernas.
17. (COC – SP) Qual das alternativas abaixo contempla um produto
da indústria cultural brasileira?
A) Telenovela B) Ópera C) Teatro
D) Dança E) Museu
18. (UFU-MG) O bem simbólico sofre, da mesma forma que os bens
materiais, o resultado das transformações do capitalismo. A
indústria cultural estrutura-se para se realizar em série, fazendo com
que os produtos culturais virem mercadorias, conforme afirmação de
Adorno e Horkheimer.
Nesse sentido, pensando nos processos de produção e criação da
indústria cultural, podemos afirmar que:
A) A indústria cultural é responsável pela homogeneização e pela
massificação cultural, pois implica sua recepção homogênea pelos
distintos segmentos sociais.
B) A criação não está subordinada à produção como condição para
o seu funcionamento.
C) O produto da indústria cultural é hegemônico e recebido com
passividade.
D) O produto cultural não é elaborado por determinação do livre-
arbítrio dos produtores, todavia mantém relações de significação
com os receptores, sendo uma reordenação de signos presentes na
cultura popular ou na erudita.
19. (UFU-MG/Adaptada) ―No recente episódio de atentados
terroristas às cidades de Nova York e Washington, nos EUA, os
veículos da imprensa brasileira fizeram ampla cobertura através de
matérias oriundas de agências internacionais de notícias e de seus
correspondentes externos. Se tomarmos as características de
produção seriada, próprias dos produtos da indústria cultural,
podemos elaborar algumas proposições de ordem sociológica para
investigação da abordagem do episódio pelos agentes da mídia.‖
Considerando a leitura do texto acima, analise as proposições
abaixo e, em seguida, marque a alternativa correta.
A) As diversas fontes noticiosas nacionais e internacionais refletem
também a presença de sujeitos, ações e interesses políticos
diversos e, por isso, os conteúdos veiculados na imprensa
oferecem opções para desvendar e apresentar os fatos segundo
versões e opiniões diversas, apesar das características
dominantes da indústria cultural.
B) Diante da gravidade que o episódio pode ter para o contexto das
relações internacionais, a imprensa buscou fontes noticiosas
diversas em todas as nações e sujeitos sociais envolvidos,
evitando a repetição e a espetacularização do episódio, bem
como a formação de opiniões e tomada de posições políticas
divergentes.
C) Mesmo diante da profusão de fontes noticiosas sobre o episódio,
certas tendências homogeneizadoras da indústria cultural
prevaleceram, diferentemente do que ocorreu na Europa, em
função dos interesses ligados ao mercado comum europeu.
D) As alternativas anteriores não são passíveis de formulação para
investigação sociológica, uma vez que a imprensa é um
fenômeno muito complexo da indústria cultural e os conteúdos
que essa imprensa veicula devem ser objetos de estudo apenas
da Ciência Política, cujos métodos são mais eficazes na
abordagem desse tema.
20. (COC – SP) O etnocentrismo pode ser definido como uma
―atitude emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar
sociedades culturalmente diversas com critérios fornecidos pela
própria cultura. Assim, compreende-se a tendência para
menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou
divergem dos da cultura do observador que exterioriza a atitude
etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, pre- conceito de
classe ou de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de
etnocentrismo.
WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo,
1970. p. 125.
Com base no texto e nos seus conhecimentos de sociologia,
assinale a alternativa cujo discurso revela uma atitude etnocêntrica.
A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à
A) presença, em sua formação, de etnias de tipo incivilizado.
B) Os povos indígenas possuem um acúmulo de saberes que
podem influenciar as formas de conhecimentos ocidentais.
C) Os critérios de julgamento das culturas diferentes devem primar
pela tolerância e pela compreensão dos valores, da lógica e da
dinâmica própria a cada uma delas.
D) As culturas podem conviver de forma democrática, dada
inexistência de relações de superioridade e inferioridade entre
elas.
E) O encontro entre diferentes culturas propicia a humanização das
relações sociais, a partir do aprendizado sobre as diferentes
visões de mundo.
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia
124
21. (UFPA) Pode-se dizer que as diferenças culturais existentes na
humanidade são explicadas e compreendidas, entre outros fatores,
por meio de seus processos de socialização. A escola é um
importante espaço desse processo porque:
A) Proporciona a educação formal, que é um instrumental relevante
na manutenção das realidades socioculturais, uma vez que
apenas os membros mais velhos de uma dada sociedade
determinam o modo se ser, agir e pensar das novas gerações.
B) É possível perceber, no universo da sala de aula, o cará ter
formal e informal da educação, pois alunos e professores trazem
consigo uma bagagem cultural que se manifesta
espontaneamente e em situações diversas.
C) Transmite modelos sociais de comportamento homogêneo, uma
vez que as diferenças sociais e culturais entre as pessoas
garantem o dinamismo neste processo educativo.
D) Busca ampliar ações afirmativas por meio do diálogo com outras
identidades, ou seja, o interculturalismo, baseando-se na
eliminação das diferenças socioculturais e reforçando conflitos e
disputas pela manutenção ou ampliação de poder.
E) Aprender e ensinar aspectos culturais são processos que se
manifestam em momentos e lugares específicos da educação
formal, como é o caso do que se processa nas escolas e
universidades.
22. (UFU-MG) Sobre o etnocentrismo, considere as assertivas
abaixo.
I - É um dos fenômenos que dá origem e sustentação aos
preconceitos. Trata-se de uma atitude cultural condicionada,
baseada em fundamentos psicológicos sólidos e profundos de
rejeição ao ―outro‖, culturalmente diverso.
II - Consiste em repudiar as manifestações culturais (religiosas,
morais, estéticas, sociais e outras) que mais se afastam
daquelas com as quais nos identificamos. Daí, a tendência que
nos leva a menosprezar condutas culturalmente diversas das
nossas.
III - Consiste em um fenômeno praticamente universal, pois é
possível perceber atitudes etnocêntricas em todas as
sociedades, à medida que cada uma tem, em sua cultura
particular, valores próprios que induzem à rejeição de valores
diferentes.
IV - É um fenômeno histórico muito particular das sociedades
ocidentais, que só se desenvolveu no período do colonialismo,
quando os europeus tiveram contato com africanos, sociedades
indígenas da América e aborígines australianos.
Marque a alternativa correta.
A) I, II e IV são corretas.
B) I, II e III são corretas
C) II, III e IV são corretas.
D) III e IV são corretas.
23. (ENEM) O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes
construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se
torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na
periferia dos bairros pobres de Nova York. É formado por três
elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança
(o break). No hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como
uma forma de resistência política.
Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no
Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos excluídos,
sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das
periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil, onde
se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa
que o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências locais. O
movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break
parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas.
Adaptado de Ciência e Cultura, 2004
De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística
tipicamente urbana, que tem como principais características:
A) Ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista.
B) A alienação política e a preocupação com o conflito de gerações.
C) A afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de
linguagens.
D) A integração de diferentes classes sociais e a exaltação do
progresso.
E) A valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-
americanos.
24. (COC/SP) Relaciona(m)-se à cultura popular
A) Música clássica. C) Quadros de pintores renascentistas.
B) Folclore. D) Estudos arquitetônicos.
25. (UEMA) (...) Ao banquete pantagruélico de mensagens e
informações que nos é oferecido e empurrado a cada instante
corresponde a nossa formidável gula faustiana. Nada, ao que
parece, sacia. A multiplicação dos meios e estímulos que nos
acossam corresponde a nossa espantosa insaciabilidade e a
incontinência do nosso desejo por mais (...).
Há um trade off entre quantidade e qualidade, entre rapidez e
aprofundamento [da informação]. O que nos falta mesmo é o
aprendizado e o autocontrole necessário para seguir uma dieta
informacional equilibrada. Abrir e explorar, mas também saber
fechar de forma seletiva e inteligente.
GIANNETTI, Eduardo. Obesos de informação, famintos de sentido.
In: Folha de S. Paulo, São Paulo, 8 out. 1998. Ilustrada, p. 4-7.
Com base no texto, podemos afirmar que o processo de informação
na sociedade contemporânea é marcado por:
A) Indústria cultural D) Comunicação de massa
B) Cultura de massa E) Homogeneização cultural
C) Sociedade de consumo
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega
405
GABARITO
PORTUGUÊS
Frases, Orações, Períodos
01 C 02 C 03 C
04 D 05 E 06 E
07 C 08 C 09 E
10 A 11 D 12 E
13 A 14 C 15 C
16 D 17 A 18 B
19 B 20 D
Orações Coordenadas e Subordinadas
01 E 02 D 03 C
04 D 05 A 06 C
07 E 08 C 09 C
10 D
Concordância
01 C 02 A 03 C
04 B 05 D 06 B
07 A 08 C 09 C
10 A 11 B 12 A
13 A 14 C 15 A
16 B 17 C 18 A
19 C 20 D 21 A
22 D 23 B 24 B
25 E 26 C 27 A
28 B 29 E 30 C
31 D 32 B 33 D
34 E 35 C 36 A
37 C 38 D 39 A
Regência
01 A 02 D 03 D
04 C 05 D 06 A
07 C 08 E 09 E
10 D 11 E 12 D
13 A 14 A
Crase
01 B 02 A 03 A
04 E 05 D 06 D
07 C 08 B 09 B
10 C
Função do QUE e do SE
01 D 02 B 03 D
04 A 05 06 A
07 C 08 C 09 A
10 C
Conjunções
01 C 02 E 03 E
04 C 05 D 06 B
07 B 08 C 09 C
Pontuação
01 A 02 C 03 E
04 C 05 E 06
07 E 08 C 09 D
10 E 11 B
Crase
01 E 02 D 03 B
04 A 05 B 06 E
07 E 08 E 09 D
10 C 11 C 12 B
13 A 14 E 15 B
16 A
LITERATURA
Pré-Modernismo
01 E 02 D 03 D
04 C 05 A 06 A
07 E
Vanguardas
01 C 02 D 03 D
04 A 05 C 06 B
Modernismo Brasileiro
01 A 02 D 03 D
04 D 05 E 06 A
07 A 08 C 09 B
Modernismo de 30 – Poesias
01 C 02 A 03 C
04 D 05 E 06 A
07 C
Modernismo – Regionalismo
01 A 02 D 03 E
04 C 05 E 06 D
07 A 08 D 09 B
10 E 11 A
Modernismo de 45 – 3ª Geração Modernista
01 A 02 C 03 A
04 C 05 A 06 E
Prosa Modernista de 45 – Prosa
01 D 02 B 03 D
04 B 05 E 06 C
Tendências Contemporâneas
01 A 02 E 03 A
04 D 05 b 06 A
07 A 08 A 09 D
10 D 11 E
REDAÇÃO
01 A 02 03 B
04 E 05 D 06 A
07 D 08 E 09 A
10 C 11 E 12 A
13 D 14 D 15 D
16 A 17 B 18 D
19 A 20 D 21 D
22 A 23 C 24 D
25 A 26 B 27 A
28 E 29 B 30 E
31 E 32 B 33 E
34 A 35 C 36 C
37 B 38 E 39 B
40 E 41 A 42 C
43 E 44 B 45 D
MATEMÁTICA
Análise combinatória
01. a) 15 01. b) 72
02. a) n 02. b) n+2 02. –n
03. a) x = 15 03. b) n ∊ 9,10
03. c) n ∊ 4 04 E
05 D 06 B
07. 657 720 08 45
09 1000 10 30 11 A
12 48
13. a) 84 13. b) 60 13. c) 40
14 D
De olho no ENEM 01
01 A 02 D 03 E
04 B 05 D 06 C
07 C 08 E 09 A
10 A 11 A 12 C
Probabilidade
01. a) 1/2 01. b) 1/2
01. c) 1/6 01. d) 1/3
01. e) 0 01. f) 1
02. a) 6/13 02. b) 4/13
02. c) 6/13 02. d) 5/13
02. e) 9/13 02. f) 4/13
02. g) 3/13
03 A 04 C 05 C
De olho no ENEM 02
01 B 02 D 03 D
04 D 05 D 06 D
07 E 08 D 09 E
10 B 11 A 12 D
Estatística
01 4 02 8
03. a) 40; 21 m e 19 h 03. b) 12
03. c) 3 03. d) 50%
04. a) 3 h e 36 min. 04. b) 30%
05 C 06 B 07 D
08 B 09 D 10 B
11 D 12 D
13. A: Dm = 1; B: Dm = 2,4. Logo, região A
14 V F V F
De olho no ENEM 03
01 D 02 B 03 C
04 A 05 D 06 A
07 C 08 D 09 C
10 B 11 A 12 D
13 B 14 A 15 D
16 D
Sistemas de Equações
01. a) 3x + 2y 01. b) x – y
01. c) 20 – 2x 01. d) 5y < 10
01. e) 7y > 2x
01. f) 4x + 2y = 15,20
03 4 e 5 04 29
De olho no ENEM 04
01 B 02 B 03 C
04 A
Geometria analítica
01 C 02 A 03 B
04 D 05 C 06 E
De olho no ENEM 05
01 B 02 D 03 E
04 D 05 B 06 C
07 A 08 B 09 C
Questões Enem
01 C 02 E 03 A
04 E 05 D 06 E
07 D 08 B
GEOGRAFIA
01 E 02 B 03 A
04 A 05 A 06 D
07 E 08 C 09 D
10 C 11 C 12 C
13 B 14 E 15 A
16 C 17 C 18 C
19 A 20 A 21 E
22 A 23 C 24 E
25 E 26 E 27 E
28 C 29 A 30 B
31 D 32 D 33 B
34 D 35 B 36 C
37 A 38 D 39 B
40 C 41 B 42 B
FÍSICA
Exercício 01
01 A
02. a) Aumentará 3 vezes (triplicará); b) Diminuirá (4 vezes menor);
03 D 04 D
Exercício 02
05. a) C = 1,5 .10 -10
F b) Q = 7,5 µC
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega
406
06. R = 9. 10 9
m, considerando RT = 6,4.10
6 m R = 1,4 .10
3 .RT
07. EP = 6. 10 - 3
J
Exercício 03
08. a) CE = 1 µF; b) CE = 10 µF; c) CE = 3 µF; d) CE = 3,1 µF. 09. 1) a) Q1 = Q2 = Q3 = 24 µC; U1 = 6 V, U2 = 8 V, U3 = 6 V b) U = 20 V, c) CE = 1,2 µF d) 240 µJ 2) a) Q1 = 5. 10
-4 C, Q2 = 10
-3 C, Q3 =
2,5.10 -3
C, U1 = U2= U3 = 100 V. b) U = 100 V c) CE = 40 µF d) 0,2 J.
Exercício Eletrostática
01 D 02 B 03 B
04 D 05 E 06 D
07. a) A ; b) A; c) A; d) Ec = 0.
08 D 09 A
Exercícios Eletrodinâmica
01. a) RE = 38Ω; b) RE = 10 Ω; c) RE = 5Ω; d) RE = 12Ω; 02. RE = 3,5Ω;
03 D
04. E = 12 V; r = 1,2 Ω;
05. i = 4 A
06 C
07. a) i = 2,5A; b) U = 10V, c) U = 20V;
08. i = 2,5A;
09 C
10. Uae= 2,5 V;
11 C
Exercícios Eletromagnetismo
01. a) Perpendicular ao plano da circunferência. b) A força magnética que atua sobre a partícula é perpendicular ao vetor velocidade e não altera o módulo do mesmo. 02 D 03 D 04 D
05 E 06 0 07 D
08 B 09 E 10 B
Ondas Eletromagnéticas
01 E 02 C 03 D
04 A 05 D 06 D
Questões Enem
01 C 02 A 03 C
04 B 05 D 06 C
07 A 08 B 09 D
10 E 11 D 12 B
13 B
Questões de Vestibulares
01 D 02 D 03 B
04 D 05 B 06 D
07 A
BIOLOGIA
01 B 02 D 03 B
04 E 05 E 06 B
07 B 08 B 09 B
10 C 11 E 12 E
13 C 14 E 15 D
16 A 17 C 18 B
19 D 20 E 21 A
22 B 23 C 24 D
25 E 26 D 27 C
28 B 29 B 30 E
31 B 32 E 33 C
34 B 35 E 36 B
37 A 38 D 39 B
40 D 41 D 42 E
43 C 44 E 45 D
46 E 47 C 48 B
49 A 50 A 51 A
52 E 53 C 54 D
55 B 56 C 57 E
58 D 59 A 60 A
61. B
62. a) Nome: Corpo lúteo; Função: produzir progesterona.
62. b) Ovulação
62. c) Promover a irrigação do endométrio, possibilitando a nidação. 62. d) Sim, uma vez que não ocorreu descamação do endométrio.
63 D 64 A 65 E
66 E
67. a) Termo ecológico: Potencial biótico; Nome: resistência ambiental. 67. b) Número: 4 ou 4,5; Intervalo: entre 3 e 4 gerações.
67. c) 10
68 A 69 C 70 A
71 B 72 A 73 C
74 D 75 E 76 C
77 D 78 E 79 D
80 A 81 E 82 A
83 E 84 E 85 D
86 C 87 C 88 C
89 B 90 D 91 B
92 E 93 D 94 A
95 A 96 C 97 C
98 E 99 A 100 C
101 C 102 B 103 E
104 C 105 E 106 E
107 D 108 E 109 A
110 B 111 B 112 B
113 D 114 A 115 B
116 B 117 C
118. a) Genótipo: FaF
a; Fenótipo:
Serrilhado. 118. b) Número: 10; Probabilidade (%): 6,25%.
118. c) POLIALELIA (ou alelos múltiplos)
119. O alelo é recessivo, pois Alice tem o distúrbio e seus pais não. O gene é autossômico já que Carlos não tem o distúrbio, o que obrigatoriamente ocorreria se o gene estivesse no cromossomo X.
120 A 121 B 122 C
123 E 124 B 125 A
126 E 127 E 128 C
129 A 130 A 131 B
132 D 133 E 134 D
135 A 136 B 137 E
138 B 139 D 140 D
141. 1. Sim. Todos os filhos de um casal portador de surdez profunda terão audição de ambos os genitores apresentarem homozigose recessiva e dominante, em lócus diferentes. Um exemplo: ccDD x CCdd. 2. Considere o cruzamento: AaBb x AaBb. Cruzando Aa x Aa, temos: 1/4 AA; 1/2 Aa e 1/4 aa. Cruzando Bb x Bb, temos: 1/4 BB; 1/2 Bb e 1/4 bb. Probabilidade de sair descendentes AABB = 1/4 x 1/4 = 1/16. 142. 4/8 brancos; 3/8 amarelos; 1/8 verdes.
143. Sim. A segunda lei de Mendel fala da segregação independente, o que só ocorre quando se consideram locos em cromossomos diferentes.
144 B 145 E 146 E
147 B 148 D 149 D
150 E 151 A
152. a) Mutações e recombinações gênicas geram variabilidade, portanto existem insetos não resistente e resistentes. As toxinas agem selecionando os insetos resistentes e eliminando os não resistentes (seleção natural). 152. b) O D.D.T é um organoclorato pouco degradável, portanto apresenta efeito acumulativo. Pode ser aplicado no ambiente terrestre e, posteriormente, contaminar o ambiente aquático.
153 A 154 D 155 D
156 B 157 C
158. a) A possibilidade de não ocorrer à incorporação do gene relacionado à produção do hormônio ou provocar alterações genéticas indesejáveis nas células do fígado. 158. b) Maior grau de confiabilidade, supondo que o gene que será inserido nas células do fígado deve induzir a produção de insulina com maior eficiência. Células de outros indivíduos podem provocar rejeição e, neste caso, não apresentar a mesma eficiência na produção de insulina.
159 B 160 A 161 E
162 D 163 B 164 E
165 E 166 E 167 C
168 D 169 D 170 E
171 C 172 B 173 D
174 C
QUÍMICA
Hidrocarbonetos
01 A 02 D 03 D
04 B 05 D 06 B
07 B 08. E C E C
09 C 10 B 11 A
12 D 13 E 14 A
Funções Orgânicas
01 A 02 D 03 A
04 B 05 E 06 A
07 C 08 A 09 D
10 D 11 B 12 D
13 D 14 A 15 B
16 C 17 E 18 C
19 E
Reações Orgânicas
01 B 02 C 03 B
04 B 05 B 06 E
07 A 08 A 09 D
10 D 11 C 12 C
13 D 14 B
Polimeros
01 D 02 B 03 C
04 B
Isomeria
01 D 02 A 03 D
04 B 05 E 06 18
07 A 08 C 09 B
10 E 11 B 12 C
13 E
Energia
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega
407
01 B 02 E 03 C
04 A 05 C 06 B
07 C 08 E 09 E
10 B 11 C 12 A
13 C 14 B 15 D
16 D 17 A 18 A
19 C 20 A 21 A
Lixo – Reciclagem
01 E 02 C 03 E
04 D 05 A 06 D
07 C 08 D 09 C
10 D
Questões Diversas
01 E 02 E 03 D
04 D 05 C 06 A
07 E 08 C 09 C
10 B 11 C
HISTÓRIA
01. Hoje, sabe-se que a epidemia surgiu em chiqueiros do Kansas, EUA e não na Espanha, como se imaginava. Provavelmente, os suínos norte-americanos comeram dejetos de aves (que quase sempre têm o vírus da gripe) e passaram o vírus para seus donos.
02 C 03 E 04 C
05 D
06. As associações e entidades de grupos eram instituições que atuavam junto a população, na tentativa de lutar por alguns de seus direitos básicos. Elas podiam ser culturais, recreativas, religiosas, políticas, educativas, beneficentes, sindicais ou de auxílio mútuo.
07 D 08 C 09 C
10 E 11 A
12. Segundo o autor, a ocupação africana era irresistível por causa da revolução tecnológica, que trazia a solução para diversos problemas que os europeus enfrentariam no interior do continente africano e facilitaria a comunicação e o escoamento da produção voltada ao comércio internacional. Mas esse processo de ocupação era, ao mesmo tempo, resistível, por causa da força das populações africanas e porque a Europa não empregou nas batalhas muitos homens.
13 B 14 B 15 D
16 E
17. Não. A transformação de homens em animais selvagens não somente foi consequência da vida nas trincheiras, mas, no contexto geral, a guerra por si só transforma o homem em animal selvagem, em luta uns contra os outros para manterem-se vivos, em nome de interesses do Estado. E ainda, a transformação se agrava não somente por causa das trincheiras, mas também, com a guerra da fome nas trincheiras, do frio, do racionamento de água e outros...
18 E 19 A 20 C
21. Outra maneira de compreender a expressão socialismo tem origem no modelo soviético, sobretudo a partir dos anos de 1930, com a imposição do poder de Stalin na URSS. O modelo de socialismo soviético foi adotado mais adiante nos países do Leste Europeu, na China, na Coreia, entre outros. Muitos estudiosos o chamam de socialismo real, ou seja, “o socialismo que realmente
existiu”.
22 C 23 D 24 B
25. Em Ecce Homo, escrita em 1888, Nietzche interpreta sua própria filosofia, que não se coaduna com o nacionalismo e o racismo germânico. Vê o Estado centralizador como empecilho para o desenvolvimento cultural do homem.
26 B 27 A 28 A
29 B 30 D 31 D
32 D 33 E 34 A
35 C 36 E 37 D
38 A 39 E 40 E
41 A 42 D
43. Uma insurreição dos palestinos contra os abusos promovidos pelos israelenses.
44 A 45 D 46 A
47 A 48 B
49. Para eliminar a crescente necessidade de importar combustível fóssil, desequilibrando a balança comercial.
50 E 51 B 52 E
53 E 54 A 55 C
56. Eliminando uma série de disfunções econômicas produzidas pelo processo inflacionário. Priorizando o combate à inflação conduziriam o Brasil novamente ao caminho do desenvolvimento.
57 A 58 D 59 D
60 E 61 D 62 E
63 E 64 E 65 C
66 B 67 D 68 A
69 C 70 A 71 C
72 C 73 C 74 B
75 E 76 A 77 A
78 A 79 E 80 C
81 C 82 C
INGLÊS
Interpretação de texto
01 D 02 E 03 A
04 E 05 A 06 C
07 B 08 C 09 D
10 E 11 A 12 B
13 A 14 C 15 E
16 E 17 E 18 B
19 A 20 C 21 B
22 C 23 B 24 D
25 B 26 E 27 A
28 C 29 B 30 B
31 D 32 E 33 E
34 A 35 C 36 B
37 A 38 E 39 B
40 D 41 A 42 C
43 B 44 D 45 D
46 A 47 E 48 A
49 D 50 D 51 B
52 C 53 A 54 D
55 D 56 E 57 A
58 B 59 E 60 D
61 B 62 D 63 B
64. a) cansada de ter de verificar seu perfil o tempo todo e sentir-se superexposta. 64. b) ser considerado anormal ou excêntrico ou não ser contratado por empregadores em potencial que desconfiam de pessoas que não usam o site.
65. a) Uma liquidação de roupas de verão
com descontos de até 50%.
65. b) Estacionamento público aberto 24 horas.
Questões Gramaticais
01 E 02 C 03 A
04 D 05 B 06 E
07 A 08 C 09 E
10 B 11 B 12 D
13 B 14 B 15 B
16 D 17 B 18 A
19 A 20 D 21 E
22 B 23 D 24 C
25 C 26 A 27 C
28 A 29 B 30 C
31 B 32 D 33 C
34 B 35 B 36 D
37 D 38 C 39 C
40 C 41 E 42 A
43 A 44 C 45 C
46 D 47 C 48 D
49 D 50 A 51 A
52 B 53 B 54 A
55 B 56 D 57 B
58 B 59 A 60 D
61 A 62 B 63 D
64 C 65 E 66 C
67 D 68 E 69 B
70 A 71 E 72 B
73 C 74 D 75 A
76 C 77 C 78 B
79 A 80 B 81 B
82 A 83 C 84 D
85 C 86 B 87 B
88 A 89 B 90 D
91 B 92 D 93 B
94 B 95 A 96 D
97 A 98 B 99 D
100 C 101 A 102 D
103 B 104 C 105 A
106 A 107 B 108 B
109 B 110 A 111 D
112 C 113 E 114 E
115 E 116 B 117 C
118 D 119 C 120 B
121. fabric
122. policy
123. library
124. relative
125. resume
126. estate
127. success
128. prejudice
129. loss
130. arrested
131. intend
132. ordinary
133. convict
134. date
135. Experts
136. novel
137. snack
138. Soap opera
139. collar
140. actually
141. available
142 B 143 B 144 A
Pré-Universitário/SEED Cadernos Delta/Ômega
408
145 C
FILOSOFIA
01 B 02 D 03 E
04 D 05 D 06 A
07 B 08 B 09 B
10 A 11 B 12 D
13 D 14 C 15 E
16 C 17 A 18 A
19 B 20 E 21 C
22 D 23 B 24 E
25 B 26 D 27 E
28 C 29 C 30 D
31 A 32 A 33 E
34 B 35 E 36 D
37 B 38 D 39 B
40 C 41 A 42 E
43 B 44 D 45 D
46 D 47 E 48 A
49 A 50 C 51 D
52 A 53 E 54 A
55 A 56 E 57 D
58 C 59 D 60 B
61 A 62 A
SOCIOLOGIA
01 C 02 E 03 B
04 A 05 E 06 E
07 A 08 B 09 B
10 A 11 A 12 B
13 A 14 A 15 D
16 B 17 A 18 A
19 A 20 A 21 B
22 B 23 C 24 B
25 C
EDUCAÇÃO FÍSICA
Jogos e Brincadeiras
01 A 02 B 03 C
04 A 05 B
Lutas
01 A 02 B 03 C
04 E 05 A 06 A
Ginástica
01 A 02 A 03 B
04 B 05 B
Dança
01 A 02 A 03 D
04 B 05 A 06 C
07 A
Lazer
01 B 02 A 03 B
04 D 05 E 06 C
07 A 08 D 09 D
10 C
Caderno/SEED Cadernos Delta/Ômega
409
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Siglas
AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras
CEFET-SE: Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe
CEFET– PR: Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
CESGRANRIO – RJ: Centro de Seleção de Candidatos ao Ensino
Superior do Grande Rio, Rio de Janeiro.
CESPE – Centro de Seleção e promoção de Eventos/UNB
CMB – Colégio Militar de Brasília
EFOA – Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas
ESAF – Escola de administração Fazendária
ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios
ENEM – Exame Nacional do ensino Médio
ETE SP – Escolas Técnicas do Estado de São Paulo
FATEC – Faculdade de Tecnologia de são Paulo
FESP – Faculdade de Engenharia de São Paulo
FCC – Fundação Carlos Chagas
FCM – Faculdade de Ciências Médicas
FMU/FIAM – SP: Faculdades Metropolitanas Unidas, Faculdades
Integradas Alcântara Machado, São Paulo
F. M. Pouso Alegre – MG: Faculdade de Medicina de Pouso Alegre,
Minas Gerais
F. M. Santa Casa – SP: Faculdade de Medicina da Santa Casa, São
Paulo
FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado
FEI – Faculdade de Engenharia Industrial
FESP – SP: Faculdade de Engenharia de São Paulo
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas
FUNREI – Fundação de Ensino Superior de São José Del Rei
FUC – MT: Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso
Fuvest – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade de São
Paulo
ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica
MACKENZIE – Universidade Presbiteriana Mackenzie
OSEC – SP: Organização Santamarense de Educação e Cultura,
Santo Amaro – SP
PUC – PR: Pontifícia Universidade Católica do Paraná
PUC-RS: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
PUC – MG: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
PUC – SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUCCAMP – SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
São Paulo
Caderno/SEED Cadernos Delta/Ômega
413
UCS – Universidade de Caxias do Sul
UEL – Universidade Estadual de Londrina
UEM – Universidade Federal de Maringá
UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa
UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFAL – Universidade Federal de Alagoas
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UNB – Universidade Federal de Brasília
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
UFR-RJ: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UFAL: Universidade Federal de Alagoas
UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco
UFGO: Universidade Federal de Goiás
UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Unifor – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará
UFF – RJ: Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
UFJF – MG: Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais
UFES: Universidade Federal do Espírito Santo
UFS: Universidade Federal de Sergipe
UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco
U.E. Londrina – PR: Universidade Federal de Londrina, Paraná
UFGO: Universidade Federal de Goiás
UNIFOR – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
UFC – Universidade Federal do Ceará
UFF – Universidade Federal Fluminense
UFJF – Universidade Federal de Juíz de Fora
UFLA – Universidade Federal de Lavras
UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
UFPA – Universidade Federal do Pará
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
UFPR – Universidade Federal do Paraná
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFS – Universidade Federal de Sergipe
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos
UFV – Universidade Federal de Viçosa
U. Sagrado Coração – SP: Universidade Sagrado Coração, São
Paulo
UFRS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSM: Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina
UMSP – Universidade Metodista de São Paulo
UNICAMP – Universidade Federal de Campina
UNEB – Universidade Estadual da Bahia
UNESP – Universidade Estadual Paulista
UNICAP – Universidade Católica de Pernambuco
UNIFENAS – Universidade José do Rosário Vellano
UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Pará
UNIRIO – Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro
USF – Universidade São Francisco
VUNESP – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade
Estadual Paulista, São Paulo