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Page 1: SELEÇÃO,...1ª Edição Câmara Brasileira de Jovens Escritores SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE Rio de Janeiro
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1ª Edição

Câmara Brasileira de Jovens Escritores

SELEÇÃO,

ADESTRAMENTO E

EMPREGO DO

CÃO DE GUERRA

DE DUPLA APTIDÃO

JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

CAP QCO VET

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Copyright©José Luiz Fontoura de Andrade

Câmara Brasileira de Jovens EscritoresRua Marquês de Muritiba 865, sala 201 - Cep 21910-280

Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 3393-2163

[email protected]

Julho de 2015

Primeira Edição

Conselho Editorial

Presidente: Glaucia HelenaEditor: Georges Martins

Coordenação editorial: Luiz Carlos MartinsEditor de Arte: Alexandre CamposProdução gráfica: Fernando Dutra

Comissão de Avaliação: Leo Martins, Leonardo Ach,Milena Patrícia, Fernando Dutra,

Vânia Ferreira, Fernanda Redon, Rodrigo Tedesco,Bruna Gala, Arthur Henrique Santos

Revisão: do Autor

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, porqualquer meio e para qualquer fim, sem a autorização

prévia, por escrito, do autor.Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Fontoura, José Luiz de AndradeF684s Seleção, adestramento e emprego do cão de guerra de dupla

aptidão. / José Luiz Fontoura de Andrade —1.ed. – Rio de Janeiro :Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2015. 298 p. 23cm.

ISBN 978-85-413-0394-1

1. Cão. Adestramento. 2. Cão. Medicina Veterinária. I. Título.

CDD 636.70887CDU 636.76

Bibliotecária: Eliane M. S. Jovanovich CRB 9/1250

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Rio de Janeiro - Brasil

Julho de 2015

SELEÇÃO,

ADESTRAMENTO E

EMPREGO DO

CÃO DE GUERRA

DE DUPLA APTIDÃO

JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

CAP QCO VET

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PREFÁCIO

Unidades diferenciadas como unidades de Operações Especiais,Grupos de Ações Táticas, Unidades de Resgate, Delegacias de Narcóticos,Corpos de Bombeiros e Esquadrões antiexplosivos terão melhoresresultados com criação, seleção e emprego de cães altamenteespecializados para suas peculiares e específicas missões. Linhagens decães selecionadas geneticamente especializadas em rastreio de odorhumano, outras especializadas em detecção de narcóticos, outras emexplosivos. Cães oriundos de criatórios com linhagens de esporte podemfornecer bons exemplares para apoiar missões militares, policiais e deresgate, mas melhores resultados serão obtidos por qualquer instituiçãoque domine a seleção e criação de seus próprios cães para seus objetivose missões.

A proposta deste trabalho é um pouco distinta: é a seleção eemprego de cão de guerra com dupla aptidão para qualquer tipo de unidadeque atue em espectro variado de missões, como pelotões destacados defronteira, brigadas de infantaria leve. Toda unidade pode empregar o cãode dupla aptidão para segurança orgânica de suas instalações e de pessoal.O emprego do cão de dupla aptidão amplia o universo de militares quedominarão técnicas e habilidades para exploração do faro do cão paradetecção, torna possível realizar missões com menos cães e é ideal paraformação de alunos e reservistas.

Desde 2006, esta proposta vem sendo redigida e utilizada nainstrução de militares nos canis do exército onde trabalhei. Tem comoprincipal objetivo consolidar noções básicas de adestramento e empregoem um único trabalho em língua portuguesa. Há pouco material disponívelem idioma pátrio e mesmo em outras línguas as fontes confiáveis sãodisponibilizadas em toda sorte de mídia como livros, DVDs, apostilas deseminários, revistas, etc. É um grande desafio tentar reunir informaçõespertinentes em um único volume. Desafio que esta contribuição àcinotecnia militar não tem a presunção de esgotar, mas sim de servir comoestímulo para que outras obras em português apareçam.

Embora escrito focando o emprego do cão no apoio à atividademilitar, com utilização de nomenclatura, postos, e órgãos do exército, será

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útil a todos envolvidos de alguma forma com cães de trabalho de segurançapública como cães de detecção de drogas, explosivos, cadáveres, cães deintervenção policial, controle de multidão e distúrbio, cães de apoio aatividades penitenciárias. Cada instituição que emprega cães para apoiarsuas missões tem suas peculiaridades, mas há uma base comum a todaselas. São estes conceitos universais de treinamento e emprego que podemser organizados, catalogados e difundidos.

A bibliografia consultada está consagrada do mundo do treinamentode cães de trabalho. As técnicas preconizadas são modernas e permitemexplorar ao máximo o potencial do cão e estão totalmente adequadas àlegislação brasileira.

A profissionalização e evolução do emprego de cães exigirá quecada órgão de segurança desenvolva provas de habilitação regulares paraavaliar a capacidade de trabalho do conjunto condutor/cão. Estas provassão empregadas pelas instituições mais respeitadas no mundo inteiro, eneste manual há propostas de provas de habilitação para conjuntos cãode guerra/condutor. Estas provas, entre outras contribuições para acinotecnia dos órgãos de segurança, levantarão informações cruciais paramelhoramento genético dos cães.

Este livro foi escrito com o objetivo de auxiliar todos os militaresenvolvidos nas lidas com os cães. Tratadores, condutores, figurantes,enfermeiros veterinários, graduados e oficiais de armas e oficiaisveterinários certamente usufruirão de algum benefício da concentraçãode tantas informações em um único volume. Também destina-se a outrosmilitares envolvidos de forma não tão direta nem intensa com cães deguerra como os profissionais já citados. Comandantes de frações, depelotões, de companhias e de unidades que empreguem cães constituemtambém o público que poderá utilizar como uma das fontes de orientaçãopara emprego desta preciosa ferramenta. Serve como subsídio para outrosmilitares que tomam decisões que afetam a Seção de Cães de Guerra,como aqueles com responsabilidades nas esferas de pessoal, de segurança,de instrução e de operações.

.Brasília, julho de 2015.

Cap QCO Vet Andrade

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“Uma nação que confia em seus direitos em vez de confiar emseus soldados, engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda.”

Ruy Barbosa

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Agradecimentos,

Aos Oficiais Veterinários mais experientes: Ten CelSobrinho, Major De Paula e Ten R2 Macedo que

proporcionam orientação, ensinamentos e toda sortede subsídios fundamentais para esta proposta;

Ao Subtenente Damaceno, pelos valiososensinamentos que me proporcionou, pelo

desprendimento contagiante com que lida com tudorelacionado ao canil do 5ºRCMec, por sua atenção ao

subordinado, por sua preocupação e dedicaçãopermanente com os cães, por seu foco na missão, porsua disciplina firme e justa, por todas as contribuiçõespara meu aprimoramento e para este trabalho, comosugestões, críticas e fotos. Foi, enfim, um privilégio ter

servido com um militar deste quilate;

Ao Sgt Stefano, por tudo o que me ensinou quando euera ainda civil no trabalho voluntário de cinoterapia

desenvolvido no 3ºBPE e depois já como oficialveterinário, com a generosa contribuição na forma de

sugestões, compartilhamento de conhecimento,manuais e fotos. Pelas instruções que recebi

juntamente com meus cães, bem como a oportunidadede fotograr alunos do curso de formação, fotos que

enriqueceram em muito este manual;

A todos militares que serviram comigo e motivaram-mea desenvolver meu trabalho;

A todos os cães que treinei ou orientei a treinar, portodos os bons momentos e por todo aprendizado que

me proporcionaram.

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SUMÁRIO

PREFÁCIO ................................................................................................................................. 5CAPÍTULO 1SELEÇÃO DOS CONJUNTOS .................................................................................................... 151.1 SELEÇÃO DOS MILITARES .................................................................................................. 151.1.1 CONDUTOR ................................................................................................................... 151.1.2 FIGURANTE E ADESTRADOR .......................................................................................... 161.2 PRESERVAÇÃO E RENOVAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS DA SCG .................................. 171.2.1 VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS ................................................................... 181.2.2 Um exemplo de credo para SCG: .................................................................................... 181.3 SELEÇÃO DOS CÃES .......................................................................................................... 191.3.1 SELEÇÃO DE FILHOTES ................................................................................................... 191.3.2 SELEÇÃO DO CÃO ADULTO ............................................................................................. 22

CAPÍTULO 2AGRESSIVDADE CANINA EPREVENÇÃO DE ACIDENTES ................................................................................................... 272.1 AGRESSIVIDADE CANINA .................................................................................................. 272.2 PREVENÇÃO DE ACIDENTES .............................................................................................. 34

CAPÍTULO 3EQUIPAMENTOS ..................................................................................................................... 393.1 FOCINHEIRA ..................................................................................................................... 393.2 EQUIPAMENTOS PARA CÃO NOVATO ................................................................................ 403.3 GUIA LONGA .................................................................................................................... 413.4 GUIA RETRÁTIL ................................................................................................................. 423.5 GUIA DE ADESTRAMENTO ............................................................................................... 423.6 GUIA CURTA ..................................................................................................................... 423.7 COLAR DE ELOS GRANDES ............................................................................................... 433.8 ENFORCADOR DE GARRA ................................................................................................. 453.9 ENFORCADOR DE CORDA ................................................................................................. 453.10 COLEIRA ELETRÔNICA ..................................................................................................... 463.11 CLICADOR ....................................................................................................................... 48

CAPÍTULO 4ADESTRAMENTO BÁSICO ....................................................................................................... 494.1. FUNDAMENTOS DO ADESTRAMENTO ............................................................................. 494.1.1 REALISMO ..................................................................................................................... 494.1.2 PRONTO EMPREGO ....................................................................................................... 504.1.3 PLANEJAMENTO ............................................................................................................ 504.1.4 REPETIÇÃO .................................................................................................................... 514.1.5 QUEBRA-CABEÇA ........................................................................................................... 514.1.6 PRÊMIO ......................................................................................................................... 524.1.7 COMANDOS ................................................................................................................... 534.2 MARCADOR ...................................................................................................................... 554.3 COERÇÃO E CORREÇÃO .................................................................................................... 594.4 SESSÃO DE ADESTRAMENTO ........................................................................................... 614.4.1 INDIVIDUAL ................................................................................................................... 634.4.2 DOIS MILITARES ............................................................................................................. 63

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4.4.3 TRÊS MILITARES ............................................................................................................. 634.4.4 SESSÃO COLETIVA .......................................................................................................... 634.4.5 SESSÃO NOTURNA ........................................................................................................ 644.4.6 ENTROSAMENTO COM SUBUNIDADE ............................................................................ 644.4.7 SESSÃO DE SIMULAÇÃO ................................................................................................ 654.5 SEQUÊNCIA DE EXERCÍCIOS .............................................................................................. 664.6 TROCA DE POSIÇÕES COM PETISCO .................................................................................. 674.7 ALVO OU MARCA .............................................................................................................. 724.8 JOGO DE CABO DE GUERRA E DE BUSCAR DO CÃO COM SEU CONDUTOR ....................... 724.9 MANEIRAS PARA O CÃO LARGAR O MORDENTE ............................................................... 804.9.1 ARRANCAR O MORDENTE ............................................................................................. 804.9.2 IMOBILIZAÇÃO DO MORDENTE ..................................................................................... 804.9.3 MARCADOR E PETISCO ................................................................................................. 804.9.4 TROCA DE MORDENTE .................................................................................................. 814.9.5 LEVANTAR O CÃO PELA COLEIRA .................................................................................... 814.9.6 SACODE ......................................................................................................................... 814.10 CHAMADA DO CÃO ......................................................................................................... 814.11 ZONA DE CONFORTO ..................................................................................................... 824.12 POSIÇÃO DE FINALIZAÇÃO .............................................................................................. 834.13 ANDAR JUNTO AO CONDUTOR ...................................................................................... 844.14 POSIÇÃO DEITADO .......................................................................................................... 864.15 POSIÇÃO NO MEIO DAS PERNAS DO MILITAR ................................................................. 874.16 POSIÇAO DE PÉ ............................................................................................................... 874.17 COMANDO EM FRENTE .................................................................................................. 884.18 BUSCA DE OBJETOS LANÇADOS PELO CONDUTOR ......................................................... 894.18.1 COMER PETISCO LANÇADO E RETORNAR AO CONDUTOR ............................................ 904.18.2 BUSCAR OBJETO LANÇADO .......................................................................................... 914.18.3 manter um objeto em sua boca e soltar somente sob comando ................................... 924.18.4 andar na guia carregando objeto na boca ..................................................................... 934.18.5 ABOCANHAR NO CHÃO ............................................................................................... 934.18.6 GENERALIZAÇÃO DE OBJETOS ..................................................................................... 934.19 POSIÇÃO SENTADO ......................................................................................................... 944.20 TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS ................................................................................... 954.20.1 SALTO .......................................................................................................................... 964.20.2 TRANSPOSIÇÃO DE CURSO DE ÁGUA ........................................................................... 984.20.3 ESCALADA ................................................................................................................... 984.20.4 OBSTÁCULOS TIPO TÚNEL ............................................................................................ 994.21 RECUSA DE ALIMENTOS ............................................................................................... 1034.22 ACHAR E APREENDER X ACHAR E INDICAR ................................................................... 1054.22.1 LATIR SOB COMANDO ................................................................................................ 1064.23 AGITAÇÃO ..................................................................................................................... 1084.23.1 COM O PRÓPRIO CONDUTOR .................................................................................... 1084.23.2 AGITAÇÃO COM O FIGURANTE ................................................................................... 1084.23.3 ESTÍMULOS POR IMPULSOS PARA CAÇAR ................................................................... 1104.23.4 ESTÍMULOS POR IMPULSOS PARA LUTAR ................................................................... 1164.23.5 LARGAR SOB COMANDO ........................................................................................... 1184.23.6 AGITAÇÃO CIVIL ......................................................................................................... 1214.23.7 LUVA OCULTA ............................................................................................................. 1214.23.8 COMBATE COM FOCINHEIRA ...................................................................................... 1224.23.9 APREENSÃO EM PONTOS ALTERNATIVOS .................................................................. 1244.24 PROCURA POR OPONENTE ........................................................................................... 127

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4.24.1 RONDAS NOTURNAS ................................................................................................. 1274.24.2 ADESTRAMENTO PARA PROCURA E INDICAÇÃO DE SUSPEITO POR FARO .................. 1284.24.3 PROCURA EM INSTALAÇÕES ....................................................................................... 129

CAPÍTULO 5ADESTRAMENTO DO CAO DE DETECÇÃO ............................................................................. 1335.1 SEGURANÇA ORGÂNICA DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES .............................................. 1335.2 CÃO DE DUPLA APTIDÃO ................................................................................................ 1345.3 HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA ADESTRAMENTO DO CÃO DE DETECÇÃO .................. 1355.4 ESCOLHA DE ODORES .................................................................................................... 1355.5 CONDICIONANDO O CÃO PARA RECONHECER OS ODORES DESEJADOS ......................... 1365.6 IMPREGNANDO O MORDENTE ....................................................................................... 1375.7 PSEUDO ODOR ............................................................................................................... 1385.8 CONTAMINANTES DO ODOR .......................................................................................... 1395.9 JOGO DE CABO DE GUERRA E DE BUSCAR ..................................................................... 1405.10 CAIXA DE INDICAÇÃO DE AREIA .................................................................................... 1415.11 CAIXA DE DETECÇÃO HOLANDESA ................................................................................ 1425.12 CONE DE ODOR ............................................................................................................ 1455.13 AUXILIAR ...................................................................................................................... 1455.14 DUPLO CEGO ................................................................................................................ 1465.15 PROCURA EM ÁREA ...................................................................................................... 1475.16 ALTURA DE ESCONDERIJO ............................................................................................ 1485.17 ESCONDERIJOS ENTERRADOS E SUBMERSOS ............................................................... 1495.18 DISTRAÇÕES ................................................................................................................. 1505.19 REGISTRO DAS SESSÕES DE ADESTRAMENTO .............................................................. 1505.20 REALISMO .................................................................................................................... 1525.21 MANUTENÇÃO DO CÃO ADESTRADO .......................................................................... 1535.22 PADRÃO DE PROCURA .................................................................................................. 1545.23 PERSISTÊNCIA NA PROCURA ......................................................................................... 1545.24 ACIDENTES ................................................................................................................... 1565.25 INTELIGÊNCIA ............................................................................................................... 156

CAPÍTULO 6EMPREGO DO CÃO DE GUERRA ........................................................................................... 1596.1 REGRAS DE ENGAJAMENTO ........................................................................................... 1596.2 USO DE FORÇA MÍNIMA PROPORCIONAL E PROGRESSIVA .............................................. 1606.3 LEGÍTIMA DEFESA DE SEU CONDUTOR .......................................................................... 1626.4 RESISTÊNCIA A PRISÃO/DETENÇÃO ................................................................................ 1626.5 PRESUNÇAO DE VIOLÊNCIA ............................................................................................ 1626.6 CONTROLE ...................................................................................................................... 1636.7 CONDICIONAMENTO DO CÃO ......................................................................................... 1636.8 PROCURA POR SUSPEITO EM UMA ÁREA SEM FOCINHEIRA ........................................... 1636.9 RESISTÊNCIA PASSIVA ..................................................................................................... 1656.10 ABUSOS ....................................................................................................................... 1666.11 USO DA FOCINHEIRA .................................................................................................... 1676.12 TRIANGULAÇÃO PARA ABORDAGEM E NEGOCIAÇÃO .................................................... 1686.13 APOIO DO CONDUTOR ................................................................................................. 1696.14 REVISTAS DE PESSOAL ................................................................................................. 1716.15 UTILIZAÇÃO DE AGENTES QUÍMICOS E FUMAÇA .......................................................... 1726.16 UTILIZAÇÃO DE LANTERNA .......................................................................................... 1736.17 POSIÇÕES DE TIRO COM O CÃO .................................................................................... 175

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6.18 BREVE HISTÓRICO DO EMPREGO DO CÃO DE GUERRA ............................................... 1776.19 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ................................................................................... 1796.20 MISSÃO E VISÃO DE EMPREGO DO CÃO DE GUERRA ................................................... 1796.21 MISSÃO DO EXÉRCITO ................................................................................................. 1796.22 Missão Síntese do Conjunto Condutor-Cão de guerra ..................................................... 1796.23 Visão de Futuro ............................................................................................................ 1806.24 PROGRAMA DE DISSUASÃO DE AMEAÇAS .................................................................... 1806.25 GUARDA E CONDUÇÃO DE DETIDOS ............................................................................ 1816.26 CONTROLE DE MULTIDÃO ............................................................................................. 1816.27 CONTROLE DE DISTÚRBIO CIVIL ................................................................................... 1836.28 SEGURANÇA ORGÂNICA EM ORGANIZAÇÕES MILITARES ............................................. 1856.29 CÃO ESCLARECEDOR ..................................................................................................... 1876.30 CÃO RASTREADOR ....................................................................................................... 1876.31 OPERAÇÕES DE CERCO E VASCULHAMENTO ................................................................. 1896.32 FORÇA DE REAÇÃO – EQUIPE DE RESPOSTA RÁPIDA ..................................................... 1906.33 PROCURA EM INSTALAÇÕES ......................................................................................... 1926.34 CÃO DETECTOR DE MINAS TERRESTRES ....................................................................... 1946.35 CÃO DETECTOR DE EXPLOSIVOS ................................................................................... 1956.36 CÃES SENTINELAS ......................................................................................................... 1956.37 AÇÃO DE POLÍCIA NA FAIXA DE FRONTEIRA .................................................................. 1996.37.1 PONTOS DE BLOQUEIO E CONTROLE DE ESTRADAS – EMPREGO DO CÃO DEDUPLA APTIDÃO NA REPRESSÃO DE CRIMES TRANSFRONTEIRIÇOS ..................................... 2046.38 OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI DA ORDEM ............................................................. 2106.39 MOBILIDADE ................................................................................................................ 2106.39.1 ACONDICIONAMENTO DOS CÃES .............................................................................. 210

CAPÍTULO 7PROVAS DE HABILITAÇÃO ..................................................................................................... 2137.1 AVALIAÇÃO DO JOGO ...................................................................................................... 2197.2 PRESCRIÇÕES GERAIS ÀS PROVAS DE HABILITAÇÃO DO CONJUNTO CONDUTOR ECÃO DE GUERRA .................................................................................................................. 2217.2.1 DESQUALIFICAÇÃO EM QUALQUER MOMENTO DA PROVA .......................................... 2227.2.2 PENALIZAÇÃO DE 3 PONTOS EM QUALQUER MOMENTO DA PROVA ............................ 2227.3 PRESCRIÇÕES PARA O FIGURANTE DA CERTIFICAÇÃO ..................................................... 2237.4 EQUIPAMENTOS AUXILIARES PARA O FIGURANTE .......................................................... 2247.5 PROVA DE RESISTÊNCIA .................................................................................................. 2257.5.1 DESCLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................... 2277.5.2 TESTE DA PRESERVAÇÃO DA CAPACIDADE DE TRABALHO ........................................... 2277.6 PROVA BÁSICA DE HABILITAÇÃO DE CÃO DE GUERRA .................................................... 2287.6.1 SALTO DE OBSTÁCULO DE LARGURA ........................................................................... 2297.6.2 ESCALADA DE OBSTÁCULO .......................................................................................... 2297.6.3 ESCALADA DE OBSTÁCULO COM AUXÍLIO DO CONDUTOR ........................................... 2297.6.4 NATAÇÃO ..................................................................................................................... 2307.6.5 TROCA DE POSIÇÕES A DISTÂNCIA ............................................................................... 2307.6.6 BUSCA DE OBJETO LANÇADO PELO CONDUTOR .......................................................... 2317.6.7 REJEIÇÃO DE COMIDA OFERECIDA PELO FIGURANTE ................................................... 2317.6.8 REAÇÃO A TIRO DE FESTIM ......................................................................................... 2317.6.9 COMANDO PARA DEITAR A DISTÂNCIA, CHAMADO EM DIREÇÃO AO CONDUTOR ........ 2327.6.10CONDUÇÃO DE FOCINHEIRA NO MEIO DE GRUPO DE PESSOAS ................................. 2327.6.11 APREENSÃO DE FIGURANTE PELA PERNA .................................................................. 2327.6.12 REVISTA EM TRIANGULAÇÃO ..................................................................................... 233

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7.6.13 ATAQUE LANÇADO COM O CÃO USANDO FOCINHEIRA E FIGURANTE CIVILSEM PROTEÇÃO, SEM LUVA NEM MACACÃO DE MORDIDA .................................................. 2337.6.14 ATAQUE INTERROMPIDO. .......................................................................................... 2337.6.15 PROVA DE DETECÇÃO DE EVIDÊNCIAS/MATERIAL MILITAR EXTRAVIADO ................... 2337.7 CÃO DE DETECÇÃO (CD) NARCÓTICOS, CADÁVER, ARMAS .............................................. 2357.8 CÃO DE DETECÇÃO EXPLOSIVOS ..................................................................................... 2377.8.1 DESQUALIFICAÇÃO ...................................................................................................... 2407.9 HABILITAÇÕES ESPECÍFICAS – BREVÊS ............................................................................ 2417.9.1 PROVA DE HABILITAÇÃO PARA CÃO DE GUARDA - CÃO PARA POSTO FIXODE SENTINELA ...................................................................................................................... 2417.9.2 CAO ESCLARECEDOR .................................................................................................... 2437.9.3 CÃO DE PATRULHA ....................................................................................................... 2437.9.3.1 PROVAS SUBSEQUENTES DE AVERIGUAÇÃO DO CÃO DE PATRULHA ......................... 2457.9.4 HABILITAÇÃO DE CÃO DE APOIO A EQUIPE DE INTERVENÇÃO RÁPIDA/FORÇA DE PRONTA RESPOSTA ............................................................................................. 2467.9.5 HABILITAÇÃO DE CÃO DE CHOQUE DE OPERAÇÃO DE CONTROLE DE DISTÚRBIO ........ 2477.9.6 HABILITAÇÃO DE CÃO RASTREADOR ............................................................................ 2487.10 PROVAS DE AVERIGUAÇÃO ........................................................................................... 2507.11 DUPLO-CEGO ................................................................................................................ 2517.12 AVALIAÇÕES INOPINADAS EM SITUAÇÃO REAL ............................................................. 2527.13 COMPETIÇÕES CANINAS ............................................................................................... 252

CAPÍTULO 8SANIDADE DO CÃO DE GUERRA .......................................................................................... 2538.1 ALIMENTAÇÃO ................................................................................................................ 2538.2 PRINCIPAIS CAUSAS DE DESCARGA, MORTE OU EUTANÁSIA DE CÃES MILITARES: .......... 2548.3 SUPORTE VETERINÁRIO .................................................................................................. 2548.4 DENTES ......................................................................................................................... 2558.5 INTERMAÇÃO ................................................................................................................. 2568.6 DILATAÇÃO GÁSTRICA-VÓLVULO ..................................................................................... 2588.7 DOENÇAS GENÉTICAS ..................................................................................................... 2598.8 SÍNDROME DE CANIL ...................................................................................................... 2598.9 BEM ESTAR DO CÃO DE GUERRA ................................................................................... 2618.10 DESMOBILIZAÇÃO DO CÃO DE GUERRA ....................................................................... 2628.10.1 MOTIVOS PARA DESMOBILIZAÇÃO ............................................................................. 2628.10.2 DESTINO .................................................................................................................... 2638.10.3 AVALIAÇÃO DE TEMPERAMENTO ............................................................................... 2638.11 LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - LEGISLAÇÃO VIGENTE ............................... 264ANEXO A - ........................................................................................................................... 265ANEXO B - ........................................................................................................................... 268GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 270REFERENCIAS ....................................................................................................................... 287

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

CAPÍTULO 1

SELEÇÃO DOS CONJUNTOS

1.1 SELEÇÃO DOS MILITARESA hierarquia de funções em um canil militar, do mais moderno ao

mais antigo: tratador, condutor, figurante e adestrador.

1.1.1 CONDUTORO condutor de cão de guerra é o militar que recebe um determinado

cão para compor conjunto, recebe orientação e instrução para desempenharmissões específicas que serão definidas a partir das provas de habilitaçãodos conjuntos. Tem a obrigação de realizar exercícios diários paramanutenção das habilidades do cão e estar sujeito a avaliações periódicasatravés das provas de habilitação e pronto para emprego em missões reais.

O candidato a condutor será soldado engajado, com sua formaçãobásica completa que já tenha passado por situações que permitiram avaliá-lo, como testes de aptidão física, testes de aptidão de tiro, campos, serviçosou marchas regulamentares. Com alguma experiência nas rotinas daunidade, demonstrou profissionalismo, competência e motivação; é ummilitar pronto, que será especializado. O candidato a condutor demonstramuita iniciativa, segue obstinadamente objetivos claros e definidos a médioe longo prazo para seu cão. Tem disponibilidade de trabalhar em horáriosfora do expediente regular; o conjunto trabalha à noite; trabalhar no escuroé a regra e não a exceção. É determinado para superar desafios edificuldades.

“O difícil nós fazemos imediatamente. O impossíveldemora um pouco mais.”—Slogan do Corpo de engenharia do ExércitoAmericano

“Um pessimista vê dificuldade em cada oportunidade,um otimista vê oportunidade em cada dificuldade.”Winston Churchill

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Como o condutor será um militar especializado que assessorará oComandante da operação, demonstra disciplina e fidelidade elevadas, casocontrário, cria obstáculos técnicos fictícios para o cumprimento da missão;tem acentuado espírito de corpo por meio da cooperação e da dedicação;está apto a ser empregado em situações que exijam rapidez com decisãoe iniciativa, agindo com julgamento equilibrado; ao condutor de cão deguerra exige-se rigidez e vigor físico, acrescido da persistência eresistência, condizentes com os padrões físicos compatíveis com asexigências de seu desempenho funcional; não é admissível o condutorque tenha restrição para atividade física ou desempenho medíocre no Testede Aptidão Física (TAF).

O candidato a condutor tem consciência de que sua formaçãoprofissional não estará completa ao final do curso de formação, mascontinua com a orientação de adestradores e condutores mais experientese eterna procura por autoaperfeiçoamento através de cursos curtos,simpósios, participação de provas de trabalho e muita leitura.

Age com persistência vencendo as dificuldades encontradas; cadaprova de habilitação orienta-o aos exercícios que a serem melhorados,demonstra flexibilidade e criatividade na execução de suas atividades epreparação de seu cão; revela espírito de cooperação para o trabalho emequipe, aprendendo com os mais experientes e ajudando os novatos; agecom raciocínio lógico e com previsão, demonstrando responsabilidadenecessária à prevenção de incidentes e acidentes; demonstra acentuadameticulosidade para agir, atendo-se aos detalhes significativos; possuidisciplina e responsabilidade para cumprir suas obrigações, por vezes,individualmente, independente de fiscalização; apresenta autoconfiança,coragem, decisão e iniciativa ao se deparar com situações inopinadas queexijam ações coerentes e acertadas independente de orientações desuperiores, agindo de acordo com as normas e doutrina vigentes.

1.1.2 FIGURANTE E ADESTRADORO ideal é que sejam selecionados para figurantes e adestradores

entre os melhores condutores, que se destacaram nas missões e nas provasde habilitação.

O adestrador é o militar habilitado e experiente com a missão depreparar o cão de guerra para cumprir as finalidades inerentes. Seu objetivoé preparar o cão para ser habilitado em algumas das provas de habilitação

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previstas. Já foi condutor de cães, já habilitou cães em provas, logo, tem operfil descrito para condutor, mas demonstra que tem algo a mais para serum adestrador. Tendo como tarefa selecionar e preparar homens e cães,definir os conjuntos, desligar cães e homens que não tenham o perfildesejado e selecionar os melhores conjuntos para missões específicas, oadestrador militar tem em considerável nível de desenvolvimento, umapersonalidade delineada por atributos tais como direção e equilíbrioemocional. Constitui-se em modelo para seus comandados, enquadrando-os militarmente pela instrução e pelo exemplo alicerçado em valores éticoscoerentes com os princípios da instituição. O adestrador de cães demonstraapresentação, disciplina, organização e zelo. Possui acentuada direção eliderança na condução de seus subordinados, contribuindo para aconsecução do espírito de corpo. É capaz de perceber e compreender oambiente, as características dos seus subordinados, orientando os rumosaos interesses e necessidades da instituição com prontidão. Emconsequência, demonstra criatividade e responsabilidade no desempenhofuncional.

1.2 PRESERVAÇÃO E RENOVAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOSDA SCGÉ função de o Chefe da Seção de Cães de Guerra selecionar e manter

os militares que atuem e trabalhem realmente dentro do perfil desejado.Planeja a manutenção e substituição das diversas funções, levando emconsideração as particularidades de cada unidade. Os candidatos acomponentes da SCG, devido à peculiaridade de compor conjunto com umanimal, e da longa preparação para figurantes e adestradores precisamter a perspectiva razoável de permanecer na SCG no ano seguinte.Candidatos que no A+1 estarão sendo desligados por tempo de serviço,cursos de especialização ou formação não serão selecionados comocondutores.

Este planejamento inclui quem selecionar para estágios e cursos.Lamentavelmente, quando surge oportunidade de curso, existe umapressão para mandar militares mais antigos, algumas vezes semexperiência alguma com cães. Os candidatos a cursos, estágios erepresentações em competições serão escolhidos entre aqueles commelhor desempenho nas provas de habilitação, que tenham oportunidadequando retornarem do evento de passar experiência e conhecimentos paraos integrantes da SCG.

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Recrutas voluntários farão o curso preparatório, e sua capacidadede entender, gravar e aplicar os conceitos será avaliada. Inicialmenteservirão como tratadores e auxiliares, recebem instrução e são preparadospara serem condutores caso engagem como soldados do efetivoprofissional. É fundamental sempre ter um universo que permita cortes,uma vez que há indivíduos, que a despeito das melhores intenções, nãotem perfil para trabalhar com cães.

1.2.1 VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOSÉ fundamental que o novo integrante da Seção de Cães de Guerra

(SCG) seja familiarizado com a história e tradições do emprego do cão.Valores serão imbuídos no militar, desde o momento em que está sendoselecionado para integrar a SCG, para que se motive e se orgulhe depertencer a uma especialização militar tão peculiar. A Seção de Cães deGuerra tem o dever de imbuir no militar novato e manter no veterano umforte espírito de corpo com um rígido código de conduta, incluindo valorescomo honestidade, apreço a normas e regulamentos, fidelidade, honra, edesprendimento. Estes valores são catequizados diariamente pororientações e pelo exemplo de todos veteranos da seção. São atitudesque valorizam os recursos humanos da SCG: a publicação de resultados deprovas de habilitação, com a criação de uma cerimônia de entrega debrevês das habilitações para serem usados nas peiteiras dos cães,formatura e cerimonial para entrega dos brevês aos condutores, criaçãode um ambiente de meritocracia e a desmobilização de militares quedeixem de atender o codigo de conduta de um membro da SCG. Uma dasmaneiras de induzir a incorporação de valores pelos integrantes é fazê-losdecorar o credo e repeti-lo em formaturas, solenidades e deslocamentosem forma da SCG.

1.2.2 UM EXEMPLO DE CREDO PARA SCG:Credo do condutor de cão de guerraCredo do condutor de CGEu sou condutor de Cão de gueraComo ele,Não há melhor companheiroNão há pior inimigo,protejo meu cão,

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Meu cão me protege,Meu oponente não terá abrigo da escuridão,Meu cão verá o que não enxergo,ouvirá o que não ouço,seu faro será meu guia.Juntos cumpriremos a missão,A noite nos pertence,Não passarão!

1.3 SELEÇÃO DOS CÃESAssim como o homem, o cão de guerra tem um perfil: rústico, alta

tolerância ao desconforto, impulsos sociais, de caça e de luta acentuadose ser saudável para se sujeitar aos desafios da atividade militar. Precisater agressividade, morde de boca cheia e de forma tranquila, demonstraagressividade latindo a comando, é controlável e tem sua capacidade defarejar explorada para atingir algum objetivo militar: oponente, droga,arma, ou explosivo.

O cão de guerra pode ser desligado do canil a qualquer momento,por não avançar no adestramento, por lesão definitiva ou simplesmentepor não habilitar em nenhuma prova prevista. Pode e é selecionado a partirde seis semanas de idade, entre outros critérios, com o teste de Volhardadaptado. Em muitos aspectos, se assemelha ao preparo e seleção domilitar. Como em um curso operacional, o militar pode ser desligado pornão estar apto nos exames médicos preliminares, não atingir suficiênciano teste físico inicial ou por não demonstrar desempenho mínimo duranteo curso; é um severo funil que, aos poucos, vai selecionando e mantendoos melhores.

1.3.1 SELEÇÃO DE FILHOTESOs Testes de filhotes são empregados por organizações no mundo

inteiro, como instituições que selecionam e treinam cães guia para cegoscomo “Leader Dogs for the Blind” e a Real Policia Montada Canadense. Omais conhecido é o teste de “Volhard” e, usualmente, os testes sãobastante similares entre si, com algumas variantes. As Forças Armadasamericanas têm testes padronizados para aquisição de cães adultos.

Uma única pessoa examinará o filhote e é estranha a ele. A idadeideal do teste é de sete semanas. O exame será individual e em um

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ambiente isolado de outros estímulos. O lugar escolhido para aplicar oteste tem condições adequadas, sem ruídos, movimentos, pessoas ouqualquer coisa que possam distrair a atenção do filhote examinado. Ostestes serão aplicados de forma neutra, sem preparação prévia do filhotee sem qualquer tipo de estímulo positivo ou negativo por parte doexaminador. Todo filhote começa com 100 pontos que são descontadosconforme a tabela. Em alguns testes, há descrição de “não serve”; aexperiência tem confirmado o que os programas de criação e seleção deorganizações militares e policiais já descobriram e descreveram em seusmanuais, não vale a pena perder tempo com estes filhotes. O Ch da SCGpode mudar o peso de cada item, pode acrescentar outros testes,principalmente, tendo sob perspectiva o que já tem em carga no canil e oscandidatos caninos disponíveis. Em toda a população há uma curva deGauss (distribuição normal), onde há os medianos e os extremos. O Chefeda SCG corta os cães das faixas extremas inferiores, ficando com cãesmédios, muito bons e excelentes. Conforme a SCG vai amadurecendo, opadrão vai se elevando, o que é considerado um cão médio hoje na Seção,possivelmente será um cão cortado em três anos. Um cão cortado da SCG,por estar na extremidade inferior dos cães daquele canil, pode servir paraoutra SCG que, naquele momento, não disponha de cães tão bons. Pode,inclusive, ser alienado legalmente, gerando uma guia de recolhimento àUnião e parte dos recursos pode retornar à SCG.

Não se admitem cães com medo de barulhos fortes. Aqueles quepossuem medo de tiro simplesmente não servem como cães de guerra.Manter um cão desses é inaceitável, colocando a credibilidade da Seçãoem cheque. Cães submissos também são cortados da SCG e não sãotransferidos para nenhum outro canil, nem do Exército, nem de forçasauxiliares; podem, eventualmente, servir como bons cães de guarda oucompanhia doméstica e, preferencialmente, são castrados antes dadoação. Não é conveniente alienar cães nestas condições ou permitir queo novo proprietário leve algum documento. É um cão problema que, poranos, fará propaganda negativa da SCG de que foi originado.

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Ficha de Avaliação de Temperamento para filhote no processo seleção para Cão de Guerra

TESTEFilhote solto no meio de uma sala estranhaInicia a exploração da sala imediatamente depois de ser largado;postura corporal relaxada; comportamento confianteExplora depois de alguma hesitação; postura corporal tensa;cuidadosoQuase não explora ou não explora; muito cuidadosoNão explora nada; claros sinais de insegurançaAproximação para um ser humano estranhoFilhote se aproxima imediatamente com postura confianteFilhote se aproxima imediatamente, mas com postura levementetensaFilhote se aproxima depois de um tempo; postura corporal tensaFilhote não se aproxima e demonstra medoBuscar bolinhaImediatamente persegue, abocanha e corre com ela na bocaImediatamente persegue, mas investiga antes de abocanharAproxima-se da bola lentamente, investiga com receioNão segue a bolaTem medo da bola rolando no chãoPressão da pata por 5 segundos, pressão suficiente para o filhotedemonstrar desconforto, puxar a patinha ou ganirDemonstra desconforto; demonstra alguma reação de defesa;tenta morder o avaliador e, quando solto, imediatamente seaproxima do avaliador sem receio algumDemonstra desconforto; não demonstra agressividade; quandosolto, se aproxima do avaliador ser for motivado para issoDemonstra claro desconforto; tenta se livrar; quando solto,hesita e não se aproxima do avaliadorBarriga para cimaTenta se virar energicamente, se torna agressivoPermanece parado, mas tensoDescansa confiante e relaxadoMedo, pode urinarBarulho forteImediatamente investiga a origem do som, se aproximandoOlha para direção do som, mas permanece imóvelReação inicial é de susto, mas recupera rápido e investigaClaramente se assusta com o barulho, se afasta da or igem dosom e pode demonstrar pânicoNão reage (filhote pode ser surdo)Papel amassado e arremessado à frente do filhoteImediatamente persegue o papel amassado, abocanha e carregaPersegue e abocanhaPersegue depois de ser estimulado na segunda ou terceiratentat ivaNão persegue, não percebeCabo de guerra gentil com paninho macioBrinca animadamente; não se distrai por barulho ou até o toquedo avaliador em seu corpo; não desiste com facilidade; seavaliador soltar o pano, carrega vivamenteBrinca, mas se distrai facilmenteNão brinca

PONTOS DESCONTADOS

0

510Não serve para Cão de guerra

0

510Não serve para Cão de guerra

051020Não serve para Cão de guerra

0

5

15

0510Não serve para Cão de guerra

0515

Não serve para Cão de guerra

05

1525

05Não serve para Cão de guerra

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1.3.2 SELEÇÃO DO CÃO ADULTOA seleção de um cão adulto é extremamente rigorosa. A vantagem

de selecionar um cão adulto é que ele estará pronto para missões emprazo bem menor do que o filhote, sem os riscos assumidos com a seleçãodesde filhote de desenvolvimento de doenças genéticas como displasiacoxofemoral ou displasia de cotovelo. Outra vantagem é que podemaparecer excelentes cães doados, dominantes, agressivos, com impulsosaltos de caça e de trabalho, incompatíveis com um ambiente domésticousual, mas com excelente potencial para cães de trabalho. A principaldesvantagem é que o cão adulto não é tão moldável quanto um filhote;sua evolução, mesmo com estímulo, será mais limitada; o que ele apresentano teste de seleção é muito próximo do desempenho que se pode esperardele. É conveniente que o cão tenha impulso por caça, mas um cão duro,maduro e dominante não vai interagir por impulso por caça com um estranhoimediatamente. O avaliador leva isto em consideração e usa equipamentode proteção completo e mantem o cão amarrado em um poste,independente do que o doador/vendedor informe. Cães adultos agressivoscom pouco ou nenhum impulso por caça podem ter lugar na SCG comocães de guarda ou choque; o Chefe SCG avalia a necessidade de receberum cão limitado, da mesma maneira que cães com impulso alto por caça,mas com pouca ou nenhuma agressividade podem, eventualmente, seraproveitados como cães exclusivos de detecção. O que não tem serventiaalguma é um cão adulto sem agressividade e com baixo impulso por caça.O cão adulto ideal é confiante, demonstra agressividade por dominância,ou social, demonstra elevado impulso por caça. Cães agressivos por medosão extremamente limitados e perigosos para servirem como cães militares.

O teste do cão adulto segue os mesmos princípios do filhote, nãohouve contato prévio do avaliador com o cão e é escolhido um ambienteestranho ao cão, por exemplo, uma praça pública ou um local dentro daOM. Por ser um cão adulto, o avaliador se preocupa com sua segurança, epede para quem está doando ou vendendo o cão adulto amarrá-lo em umposte; depois de amarrado, o doador se afasta do campo de visão e longedo olfato do cão. A avaliação já inicia observando o comportamento docão, isolado em um ambiente estranho, sem apoio de seu condutor.Submissão e receio são julgados com rigor, não há que se perder tempocom um cão sem perfil para Cão de guerra. Mesmo em um ambienteestranho e longe do seu condutor, é desejável o cão demonstrar estaralerta, ativo, curioso e confiante. O avaliador não aceita desculpas como

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o cão está nervoso por ter sido embarcado em carro, pela viagem ou o quequer que seja; na verdade, o que interessa na avaliação é o desempenhodo cão isolado e sob condições de estresse. O se espera é que cão percebaa aproximação e mantenha o eixo do corpo na direção do avaliador o tempointeiro. Responde à altura, se o avaliador se aproxima de maneira neutra,amistosa, o cão não pode demonstrar medo, submissão ou inquietação.

Caso o cão demonstre agressividade exagerada sem sequer serestimulado ele pode ser descartado ou aceito. Será aceito levando emconsideração a experiência do pessoal do canil e possibilidades de futuroemprego nas missões da SCG.

O avaliador inicia a figuração com mordente, luva, manga o queachar conveniente; começa estimulando o cão em impulso por caça e fazalguns movimentos de desafio, como gestos de ameaça ou aproximaçãodireta e frontal. É avaliado o interesse em perseguir um objeto emmovimento, morder e carregar. Insegurança e mordidas de ponta de dentesão avaliadas com rigor. Depois disso, o avaliador pede para o condutorpegar o cão e conduzi-lo em pisos diferentes, asfalto, grama, lajota, pisomolhado, poças de água, ambientes internos, externos, ambientes escuros,e escadas. O cão é embarcado em uma viatura e é transportado por algunsminutos; demonstração de medo ou descontrole são avaliados com rigor.Se o cão tiver impulso por caça suficiente para interagir com o avaliador,este finge que lança o mordente em uma área e marca o tempo e interessedo cão na procura, usando o faro. Cães com pouco ou nenhum interesseinicial ou que não mantenham interesse por, pelo menos 2 minutos, sãodescartados. Quanto mais tempo o cão demonstrar interesse, melhor. Outroavaliador que não aquele que agitou o cão no poste, pode tentar realizar ojogo com cão, o melhor desempenho é o cão que realiza intenso jogo decabo de guerra, demonstrando claro interesse pela brincadeira com ocondutor, interesse e excitação maior pela brincadeira do que pelomordente sozinho. Caso o condutor solte o mordente, pega outro igual eexcita e provoca o cão, motivando-o a continuar a brincadeira, o melhorcão vai abandonar o mordente inanimado na sua boca ou no chão e perseguiro mordente sendo agitado na mão do condutor.

A realização de um jogo de cabo de guerra intenso é uma situaçãorara para ser encontrada em um cão adulto, sem preparação alguma.

realizar o jogo e, caso realize, abocanha o mordente de ponta de dente e,se o avaliador soltar o mordente, o cão foge carregando-o em sua boca e

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não retorna. Isto demonstra baixo impulso social e baixo impulso por caça,novamente, a necessidade do canil naquele momento é considerada. Umcanil maduro, com bons cães, não terá lugar ou necessidade para um cãolimitado.

O candidato canino é colocado a trotar ou caminhar por, pelo menos,3 km. Mesmo um cão sedentário cobre 3 km sem maiores dificuldades;intolerância ao exercício ou manqueira, descartam o candidato canino.Quanto maior a distância que o cão percorra com conforto, melhor.

O cão é colocado em movimento, subindo e descendo escadas,descendo mesa de adestramento, realizando pequenos saltos, sentandovárias vezes, isto é feito com cão frio, antes e depois dos exercícios e dacaminhada. Lesões artríticas são mais bem percebidas com o cão com ocorpo frio, lesões tendíneas e musculares são verificadas com o cão como corpo quente.

Um exame veterinário inclui imagens radiográficas de cotovelo,coxofemoral e, se possível, vértebras lombo-sacrais; exame odontológicoà procura de fraturas, faltas de dentes, falhas de mordedura; se o cão nãopermitir, será sedado; um exame oftalmológico é feito, verificando apresença de opacidade de córnea, defeitos nas pálpebras, cataratas oudegeneração da retina; um exame otorrino pesquisa otite crônica, rinite/sinusite crônica e testes sorológicos de Dirofilaria immitis e deLeishmaniose. Estes exames têm custo significativo, por isso, candidatosduvidosos na avaliação de comportamento e testes físicos não avançamnesta etapa.

Se, neste momento, o candidato canino apresenta bom potencial,seu histórico de vacinação e vermifugação é verificado e fica a critério doOficial Veterinário revacinar o cão com as vacinas previstas pelo calendárioprofilático anual imposto pela Seção de Remonta Veterinária. O cão évermifugado e recebe algum produto de combate contra pulgas, carrapatose mosquitos, como coleiras ou outros produtos específicos, antes do cãoser alojado na SCG para finalização de sua avaliação.

Um termo de doação/venda será assinado, conforme modeloNORCCAN e será estipulado no termo, um prazo para devolver o cão emcaso de descoberta de vícios redibitórios de pelo menos 10 dias. O idealseriam 30 dias, mas o doador ou vendedor pode oferecer resistência,alegando risco de o animal contrair alguma doença. Se os 10 dias forembem empregados, dificilmente algum problema sério passará despercebido.Ao receber o cão, seu adestramento começa imediatamente e,

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principalmente, a natação, caminhada e início do jogo de cabo de guerra ejogo de buscar. Antes do fim do prazo estipulado no termo de doação/venda, o Chefe da SCG, juntamente com o Oficial Veterinário decidirãomanter o cão no adestramento ou devolvê-lo.

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CAPÍTULO 2

AGRESSIVDADE CANINA EPREVENÇÃO DE ACIDENTES

2.1 AGRESSIVIDADE CANINAAs imagens abaixo mostram ataques de cães sem adestramento

algum. Pode-se ver um ferimento no braço de uma mulher e um ferimentona perna de um homem nas figuras abaixo, ambos atacados por cãeserrantes. Cães sem adestramento, ou com adestramento mal conduzido,atacam com as presas, os dentes caninos, e tracionam o local da mordida,além de trocar de lugar. Ocasionam lesões graves, laceração e perda detecido, musculatura ou tendão. O cão corretamente adestrado, commordida de boa cheia, calma, sem mascar ou soltar, apreende o suspeitoe causa ferimentos de pressão, contundentes, com hematomas, sem rasgos,ou arrancamento de tecidos.

Ferimentos causados por cães de companhia, sem seleção genética e semadestramento para mordida de boca cheia. Laceração, perda de tecido, cortes e

evidente risco de sequelas funcionais e estéticas.

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Mordida de cão corretamente adestrado da Polícia canadense. Há ferimentos depressão, mas não há laceração, rasgos ou perda de tecidos. O cão, corretamente,

apreendeu e fez muita pressão com a boca.

Estatísticas americanas de ataque de cães no meio civil evidenciamque a maior frequência dos ataques de cão (61%) acontece na casa davítima ou em ambiente familiar. Quando se incluem cães pertencentes àfamília da vítima ou de algum amigo, a porcentagem sobe para (77%).Estatisticamente, apenas um criminoso é vítima fatal em 177 ataques,enquanto que as chances de um ataque que resulte na morte de umacriança são 7 em 10. Dados do Centro Nacional de Controle e Prevençãode Doenças de Atlanta: cães mordem 2% da população americana porano, mais de 4.7 milhões de pessoas. Segundo o Serviço Postal Americano,a cada ano, 2851 carteiros são mordidos. O elevado número de 16476mordidas de cães a pessoas com idade a partir de 16 anos foramrelacionadas ao trabalho (entregadores, eletricistas, pintores, jardineiros,caseiros e empregadas domésticas). Outro dado é o local da mordida:crianças atendidas em emergência têm mais chances de serem mordidasno rosto, pescoço e cabeça , 77% das lesões em crianças abaixo de 10anos são no rosto, maior parte dos acidentes são causados pelo cão daprópria casa ou de alguém próximo que ataca a criança por agressividadedespertada por dominância.

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Totalmente diferente do ataque de cães não adestrados, ocorridosem acidentes, o cão usado como ferramenta de arma não letal tem seuadestramento direcionado para causar o maior controle, maior dissuasãoe menor lesão corporal possível. No uso da força legal empregando o cão,não se admitem mordidas no rosto, cabeça ou genitais em nenhummomento do adestramento. Eventualmente, especialmente durantecombates mais difíceis, o cão de trabalho pode morder em alvos que nãoforam adestrados, mas isto será exceção e não a regra. Se um oponenteque fez uso de arma de fogo, feriu civis ou militares e combateu ferozmentecom o cão, for eventualmente mordido e apreendido no rosto, é umasituação justificável perante a justiça, mas se um jovem alcoolizado resisteà prisão e é mordido no rosto ou nos genitais, o abuso de uso de forçaestará configurado.

São alvos da mordida do cão adestrado corretamente: braço,antebraço, perna, coxa, peito e costas. O tipo de mordida adestrada econdicionada no cão é a mordida de boca cheia, onde o equipamento deproteção, macacão de mordida ou luva é colocado até a comissura labialdo cão, é a mordida de apreensão, o cão morde forte e solta apenas sobcomando do condutor. Além da questão de uso de força mínima necessária,a mordida de boca cheia, em que o cão soltará apenas sob comando, ajudaa imobilizar oponentes com vestuário pesado de frio, em que a dor damordida não é tão sentida, mas o cão apreende e submete usando o pesode seu próprio corpo. É o que é visto em provas esportivas, em que ofigurante com pesado equipamento de proteção, é imobilizado ou atémesmo derrubado pelo cão.

Aqueles estímulos ou situações que despertam a agressividadecanina são separados em diversas categorias ou tipos com finalidadeapenas didática. Em algumas situações é fácil definir a agressividade docão, em outras não. Há tipos de agressividade desejável para atividadesmilitares que serão estimuladas no cão e premiadas com combate comfigurante.

Tipos de agressividade desejáveis no cão de guerra

TerritorialPredatória

Lúdica,Defesa

Dominância socialImpulso por Lutar

Condicionada

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O cão pode começar a agressividade por um impulso e migrar paraoutro, será difícil ou impossível determinar o ponto exato da transição.

O cão, quando desafiado, escolherá lutar, fugir ou se submeter.Todos os cães protegem seu próprio território, a diferença é quanto dedesafio determinado cão suporta para defender seu território, até quandoresistirá para fugir ou se submeter. A agressividade despertada por impulsopara caça é o alicerce do trabalho do cão de guerra, é a excitação paraperseguir e apreender objetos que se comportem como presa. Por exemplo,uma pessoa fugindo, mordente amarrado em uma corda agitados pelocondutor.

Outro tipo de agressividade desejável é por impulso lúdico eacontece entre filhotes irmãos de ninhada, entre cães camaradas ou entrecão e seu condutor, que há simulação de combate para fins lúdicos, é obrincar de lutar. Na agressividade despertada pela proteção o cãodemonstra agressividade porque se sente em perigo ou se já tiver formadoconjunto com seu condutor, protege-o como membro de sua matilha. Aagressividade despertada por dominância social acontece sempre contraalguém do grupo ou matilha, pode ser outro cão ou pessoa, será despertadaquando o cão se sentir desafiado por algum cão do grupo na disputa pormordente, comida, local de descanso, ou outro recurso. A hierarquia socialcanina não é linear, um cão pode se submeter a outro em relação a ummordente, principalmente se não considerar o mordente interessante, maspode desafiar este mesmo cão na disputa por comida, isso é especialmenteverdadeiro para as fêmeas. O impulso por luta, como qualquer impulso,pode ter limiar baixo, qualquer estímulo e já iniciam a briga ou limiar muitoalto, é preciso muita energia ou desafio para estimulá-lo ao combate, tãoalto que somente entrará em combate se não tiver como fugir ou sesubmeter. A agressividade condicionada por adestramento, o cão écondicionado a demonstrar agressividade, morder a manga de proteção,bolinha, macacão de mordida, independente do estímulo inicial, objetivoda agressividade do cão de trabalho militar é ter a agressividadecondicionada. Quando chegar na agressividade condicionada, os impulsosque iniciaram ficam difíceis de precisar e definir, o cão de guerra pronto,quando ataca sob comando de seu condutor, vai lutar, vai agredir,misturando todo quebra cabeça montado durante meses, misturandoimpulsos pela presa, pela luta, pela dominância social, etc.

Algumas maneiras de despertar agressividade canina sãoindesejáveis para atividade militar. Na agressividade redirecionada, o cão

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é excitado a agredir alguém ou outro animal; mas não consegue e acabaagredindo outro alvo mais perto ou mais fácil. Ocorre, quando, por exemploo cão impedido de morder figurante, muito excitado, morde o própriocondutor. Na agressividade estimulada por irritação, o cão é irritado a pontode agredir para suspender a inquietação. Na agressividade induzida pordor o cão morde o veterinário que lhe aplica uma injeção dolorosa. Naagressividade induzida por medo, o cão se sente ameaçado com ameaçareal ou imaginária e agride para se defender. Na agressividade maternal,a fêmea com prole demonstra agressividade para proteger sua ninhada.Na agressividade estimulada por comportamento sexual, o cão machoagride outro macho do grupo para disputar fêmea no cio. Na agressividadeidiopática, a causa não pode ser atribuída a nenhuma dos tipos aquidescritos, o ataque é inesperado, intenso e acaba da mesma maneiraabrupta que iniciou. Estes ataques caóticos, sem causa ou provocaçãoclara, totalmente imprevisíveis, causam acidentes graves, suspeita-se quehaja relação com algum tipo de má formação ou problema neurológicocongênito ou adquirido, semelhante a outros comportamentos patológicosestereotipados já reconhecidamente de origem genética, como perseguiro rabo ou ferimentos por lambedura.

O cão se comunica com uma rica linguagem corporal, ferormônios,odores e vocalização. Dos recursos de comunicação empregados pelo cão,será de valor inestimável para o militar envolvido na cinotecnia oconhecimento para interpretar a linguagem corporal. A maior parte dacomunicação de interação social do cão expressada pela linguagemcorporal pode ser dividida em três categorias:

1. Sinais para afastar oponente;2. Sinais para convidar aproximação;3. Sinais de excitação.Somente cães dominantes usam sinais para afastar oponentes. Cães

submissos não são empregados como cães militares, em uma situaçãoespecífica em que um cão de guerra seja muito desafiado, ele pode

Tipos de agressividade indesejáveis no cão de guerra

RedirecionadaInduzida por irritação

DorMedo

MaternalComportamento Sexual

Idiopática

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demonstrar sinais de submissão, o que representa erro grave deadestramento.

A linguagem corporal do cão pode ser interpretada pelo nível deagitação, o cão pode expressar dominância se movimentando rapidamente,investigando o ambiente em que se encontra, farejando o ar ou seaproximando do figurante. O cão pode demonstrar estresse comimobilidade. Outro sinal importante é o eixo do corpo em relação aooponente, o ideal é que o cão sempre mantenha o eixo apontado para ooponente ou desafio como se fosse uma flecha, cuja ponta é o focinho, acoluna vertebral do cão é a haste e seu rabo é a extremidade da flecha. Seestiver apontado para qualquer outro lado, o cão está se submetendo porgesto de evitação social.

Passadas lentas e tensas em que o cão tenta simular uma silhuetamaior que seu tamanho real, tônus muscular tenso, na altura do pescoço eda cabeça, indicam alta dominância e baixa submissão.

Um cão demonstra dominância com o rabo elevado. Se o cãopretende desafiar o oponente que está a sua frente, o cão não manterá aposição do rabo baixa ou relaxado, pois isto expressa submissão por gestode evitação social. O rabo entre as pernas demonstra evidente submissão.Quando o cão abana rapidamente o rabo demonstra excitação e pode,nesta condição, partir direto para a agressão, isto é especialmenteverdadeiro com cães da raça Rottweiler.

Os cães possuem vários sinais corporais para tentar dissuadir aaproximação de cães e pessoas estranhas ou oponentes: cabeça na direçãodo oponente, desloca-se na direção do oponente, fica em pé, tenta simularsilhueta maior que a real eriçando os pelos do dorso ou alongando aspatas, é equivalente a um humano na ponta dos pés; se elevam a cabeçae pescoço, mantêm contato visual direto, vocalizam com rosnado, latidoou apenas mostram os dentes.

O cão pode demonstrar vários sinais para demonstrar grausvariáveis de submissão na aproximação do oponente. Cão se movimentacom o eixo do seu corpo perpendicular a aproximação, o cão pode afastar-se ou permanecer imóvel para inspeção (permitir-se ser cheirado por outrocão, gesto que pode ser mimetizado quando na frente de um humano),pode baixar o corpo, cabeça e pescoço, quebrando o contato visual diretoe traçando um evidente gesto de evitação social. Quando um cão querdemonstrar submissão, não expõe seus dentes, não rosna, não late evocaliza de forma evidentemente submissa: uiva ou chora. Quando o cão

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demonstra submissão, seu rabo se movimenta lentamente ou não semovimenta.

O contato visual direto - quando o cão olha no olho - é desejado eestimulado do condutor com seu próprio cão, facilitará a obediência e ocontrole. Quando o militar se aproxima de cão estranho ou cão que nãoforme conjunto, se encarar diretamente sem desviar o olhar, pode despertaragressividade social. Quando o militar não quer despertar agressividadesocial em um cão estranho, ao entrar em um canil, por exemplo, nãoconfronta o cão com olhar direto e exagera nos gestos de evitação social,virar a cara e abrir um pouco a boca como se estivesse bocejando.

Já o figurante que deseja despertar agressividade social encararao cão. Terá cautela, pois é um desafio intenso para cães imaturos e compouco adestramento. Já cães maduros não se ressentirão, pelo contrário,corresponderão ao desafio com sinais para afastar o oponente.

Gesto de evitação social é quando o cão quebra o contato visualdireto e está sendo submisso, é indesejável no cão de guerra. O condutorcorrige e torna-se menos rígido, a coerção ou correção pode estar sendoexagerada para aquele cão naquele momento. Se o animal fizer gesto deevitação social com o figurante, erro grave foi cometido; se o figurantedesafia o cão mais do que ele podia enfrentar naquele ponto doadestramento, o figurante imediatamente adota gestos de submissão, seafasta, diminui sua silhueta, vira a cara e foge para o cão retomar suaconfiança.

O cão demonstra sinais de estresse se escondendo atrás de seucondutor ou de objeto, dilata as pupilas e desenvolve tremores musculares;neste caso, comandos são ignorados pelo cão que pode ficar totalmenteimóvel. Cães militares que demonstram estresse em situações corriqueiraspara cães de guerra como tiros, sirenes ou gritos serão reavaliados, talveznão tenham perfil para enfrentar os desafios exigidos.

Alguns cães baixam a cabeça quando estão excitados no impulsopor caça, pode ser agressividade predatória, o cão pode estar prestes apular e a morder.

Ataques são explorados pela mídia com informações imprecisasque causam mais confusão e medo do que esclarecimento, é muito comumdepoimentos de pessoas despreparadas. O condutor orienta a todos, nomeio militar e no meio civil para dissociar totalmente o cão de guerradesses acidentes. Todas as demonstrações de emprego do cão de guerrasão oportunidades que não podem ser perdidas, demonstrando

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profissionalismo e competência. Evitar demonstrações com exercícioscircenses sem aplicação militar. As demonstrações evidenciam que o cãode guerra é um cão distinto e único, com seleção, preparo e adestramentodiferenciados do cão do meio civil.

2.2 PREVENÇÃO DE ACIDENTESHá risco maior de acidentes pessoas que não participam da rotina

da SCG. Pessoas que entram em contato com os cães apenaseventualmente, como por exemplo: civis visitantes e outros militares dopelotão ou companhia.

Na condução de seu próprio cão há risco menor, mas existe. Oscondutores estão sujeitos à agressividade redirecionada ou depois de umacorreção. Existe risco comum a todas as atividades físicas como quedas,torção de tornozelo ou pulso. Há risco com instalações como cortar ouapertar dedos em portões, quedas em pisos escorregadios e molhados docanil durante a limpeza. O condutor não usa pulseiras ou anéis durante arealização do jogo, pois pode ocasionar lesões em si mesmo e/ou no cão.Fora do adestramento de agitação, sempre colocar a focinheira; o condutorlê o cão, percebe sinais de estresse e não pressiona demais ouprecocemente, antes de conquistar a liderança de seu conjunto. Quandoum cão é habituado com seu condutor, vai tolerar muito mais contato,mesmo em posteriores, genitais e em cima da cabeça do que um cão queacabou de ser assumido pelo condutor.

Um risco para o condutor é forçar um cão dominante a deitar. Ocondutor mantem o rosto sempre alto. Se for necessário forçar o cão paradeitar, o condutor pressiona para baixo na barriga aa guia com seu pé, oupassa a guia por uma argola cravada no chão.

O militar que faz a figuração está mais propenso a sofrer acidentes.Uma vez que esteja usando ou mesmo apenas carregando equipamentode proteção perto de cães de trabalho, é obrigação do figurante estaratento para se proteger de um cão que se solte ou saia do controle de seucondutor, e se for inevitável, direciona a mordida para o equipamento deproteção.

Durante a figuração, o condutor que segura o cão não pode semovimentar, quando se permite ser puxado pelo cão, expõe o figurante àmordida onde e quando não ele não espera. O figurante protege o rostocom a manga ou luva oculta, sempre oferece o equipamento para o cão, ocondutor mantem o cão baixo enquanto segura a guia. O militar que faz

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figuração cuida dos dedos fora do equipamento de proteção, nos casos dautilização do macacão de mordida e da luva oculta.

O figurante sempre combina o exercício, simulando-o com o cão“fantasma” antes da atividade. No caso de cães muito agressivos ou muitopesados para o condutor segurar, utilizar uma segunda guia de segurançapresa em poste, árvore ou gancho fincado no chão. Para diminuir a chancede queda na grama molhada é conveniente uso de chuteiras pelo figurante.

Áreas de adestramento e canis são locais onde podem aconteceracidentes aceitáveis, onde cães novos e inexperientes estão sendoiniciados.

Fora da área de adestramento, somente conjuntos habilitados serãoempregados em missões, pois os cães terão suas focinheiras retiradasfrequentemente, além de estarem juntos com outros cães que estarãoexcitados com a agitação.

Independente da antiguidade, sempre perguntar aos militares queestão na área de adestramento se é seguro entrar; caso esteja conduzindoum cão, perguntar se pode passar com o cão para prendê-lo/soltá-lo docanil. Caso um cão se solte do condutor ou fuja da caixa de transporte oucanil, o condutor grita para todos “cão solto!”. Ao ouvir o alerta, todos osoutros militares param qualquer atividade, não se agitam,preferencialmente não se movimentam, todos os outros condutoreschamam seus cães e, se possível, colocam-lhes focinheiras.

Quando o militar está de serviço, entra somente nos canisautorizados, nos horários habituais. O militar prepara o material na frentedo canil, mangueira para limpeza, ração, vassouras, etc. Cães são animaisde hábitos e facilmente se habituam que entrem em seus canis nos mesmoshorários e realizando as mesmas tarefas. O militar de serviço não mexeno prato ou mordente de cão que não seja o seu.

Militar que entra nos canis jamais ameaça o cão com água ou tigela,toma cuidado com o dedo nos portões para evitar acidentes menores, masque podem acarretar desconfortos. A manutenção adequada dasinstalações está diretamente relacionada com a prevenção de acidentescomo soldar ferros soltos, consertar buracos em telas, colocar graxa emferrolhos para abrir e fechar com facilidade, lixar pontas que possammachucar humanos ou cães e ter cautela dobrada no piso escorregadio nocanil. Militar não demonstra medo ao entrar no canil, planeja o que vaifazer, entra e faz, e não olha para o cão diretamente. Se houvernecessidade, laça o cão com a guia, faz-se um laço grande na guiapassando por sua pulseira e captura o cão sem necessidade de aproximar

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suas mãos da cabeça do animal e, então, prende o mosquetão na tela docanil. Se houver real necessidade, somente então coloca enforcador oucoleira, se for possível, troca o cão de canil ou o coloca na caixa detransporte, utilizando o laço da guia como enforcador.

Em demonstrações, nenhum tipo de acidente é aceitável. Aqualquer momento, sob risco de acidente, quando o condutor apresentardificuldades de controlar o cão, com público muito perto ou não respeitandoo balizamento ou o piso for escorregadio, qualquer militar pode solicitar ainterrupção do exercício alertando a todos, ou ele mesmo interrompe aexecução de seu exercício. Em demonstrações, nada é mais importantedo que a segurança, nem mesmo a missão da demonstração, o militarmais antigo pode suspender determinados exercícios ou, eventualmente,suspender toda a demonstração caso perceba risco de acidente.

Chefe da SCG orienta a todos para jamais: conduzir dois cães juntos,amarrar cães sem supervisão, amarrar em viaturas, deixar cães próximosde público sem focinheira, como na hora da foto e de perguntas.

Os locais de adestramento de ataque são bem definidos compirulitos de aviso, fitas pretas e amarelas de advertência e cones. Áreascom algum tipo de barreira física já presentes como ginásios e quadrasesportivas podem ser exploradas para melhorar a segurança. Se houvernecessidade, será prevista a distância de segurança entre cães e público.Os figurantes não serão vistos pelos cães indo ou vindo da direção ou domeio do público, mesmo nos adestramentos preparatórios. Caso o cãosaia de controle vai, preferencialmente, atrás do figurante. Todos entrame saem com os cães da área de demonstração sem passar pelo público, ascaixas e locais de descanso serão outra rota de fuga escolhida pelos cãesque se soltarem longe de seus condutores.

Evitar apresentações e demonstrações dos cães da SCG emcondições climáticas extremas, especialmente nos horários mais quentesdo dia, pois os cães suportam muito mais o frio do que o calor.Demonstrações podem ser canceladas em condições que ofereçam riscoa assistência e/ou aos cães, a cargo do militar mais antigo da SCG presente,como chuva, pisos molhados ou escorregadios, devido ao risco de lesõesarticulares e fraturas nos animais, além de eventual proximidadeinadequada com o público, sem a devida distância ou proteção.

Durante as demonstrações para público interno e externo semprereservar um local para a permanência dos cães, sendo o mesmo bemdemarcado por cones, cordas, fitas zebradas, etc.

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Na rotina da SCG, quando houver a necessidade de realizar curativose exames, o cão será levado ao Oficial Veterinário já de focinheira.

Todo militar tem muito cuidado no contato com o cão que não sejaseu. Nunca encará-lo. Movimenta-se calmamente, sem movimentosbruscos. Sempre aborda o conjunto pelo lado do condutor, nunca pelolado do cão. Não faz gestos bruscos em direção ao cão ou ao condutor. Sepercebe sinais de agressividade, afasta-se devagar, sem correr, gritar ouagitar os braços. Se acha que não consegue fazer isso, o militar fica imóvel,abre a boca e vira o rosto.

Acidentes durante briga de cães são relativamente comuns, o militarpega na ponta da guia com puxões fortes, todos ficam afastados da cabeçados cães. Tão logo seja possível separar os cães, cada condutor distancia-se do outro cão. Em caso de cães acidentalmente sem guia, fazer um laçona barriga dos cães e puxar um para longe do outro. A prioridade é asegurança de humanos, depois a segurança dos cães.

Sempre que houver acidente, será realizada uma sindicânciainstaurada pelo próprio comandante da Organização Militar para apurarse houve dissidia, imperícia ou imprudência. Se houver uma ou mais dessassituações comprovadas em sindicância, o militar arcará com asconsequências cabíveis. Caso o militar siga o previsto, estará perfeitamenteamparado.

O conjunto mantem uma distância de segurança do pessoal deserviço. O condutor alerta em voz alta e clara: cão entrando na sala, cãoentrando em viatura, cão saindo do canil. O condutor não aborda esquinas,cantos de prédios ou corredores estreitos sem verificar ou alertar sobre apresença do cão. Quando em patrulha, está sempre atento, olha perto elonge, tem cuidado com as pessoas que estiverem correndo, gritando,pulando, com outros cães, criança ou militares correndo durante atividadefísica ou instrução. Regras de segurança independem de posto ougraduação, o militar que alerta para a segurança está cumprindo oregulamento e está correto. Nunca deixa o cão sem supervisão, tomacuidado para seu cão não ficar atrás de viatura, barraca ou outro local quetranseuntes não vejam e se aproximem demais. Em áreas abertas, isola aárea de descanso dos cães com fitas zebradas ou cones. A caixa detransporte será levada e empregada, mesmo para pequenos intervaloscomo tempo curto para ir ao banheiro, tomar água ou refeições; ficará emlocal sob supervisão da guarnição de serviço, preferencialmente em salaou área fechada, restringindo o acesso de curiosos, como dentro de viaturaà sombra.

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O condutor nunca passa seu cão para a mão de militar nãohabilitado. Sempre avisa que o cão é treinado para proteção, inclusivepara militares – alunos, recrutas e oficiais. A reação das pessoas nuncaserá a correta, o condutor nunca imagina que qualquer pessoa sabe que ocão pode atacar. Algumas pessoas até o sabem, mas confiam e exageramna confiança e no controle do condutor; outras acham que os cães nãomordem, se aproximam demais, gesticulam, tocam no cão ou no condutor,enquanto outras têm medo, realizando movimentos exagerados de medomuito próximos do cão.

Todo condutor é um agente de operações psicológicas valioso eaproveita todas as oportunidades para conquistar corações e mentes. Cãesdespertam fascínio e curiosidade e aproximam pessoas, por isso são tãovaliosos em ações cívico-sociais e relações públicas do Exército Brasileiro.A missão de esclarecer e orientar para diminuir acidentes no meio civil emilitar é encarada com entusiasmo e dedicação pelo militar cinotécnicoconsciente.

Algumas orientações que se aplicam ao meio civil e que o condutorajuda a divulgar: que todos cobrem das autoridades que recolham cães derua e que cães de porte grande andem de focinheira. Orienta a todos quejamais deixem crianças e cães sem supervisão de um adulto. Criançasnão sabem perceber sinais de que o cão está desconfortável com umaaproximação, quem tem a obrigação de saber é o adulto que estásupervisionando. Sempre antes de um acidente grave, o cão dá sinais dedominância como proteger prato, brinquedo ou lugar de descanso, nãopermite que certas partes do corpo sejam tocadas – especialmenteposteriores. Quando o cão der esses sinais, o proprietário já estará emalerta, pois sabe que lida com um cão dominante.

Acidentes podem e devem ser evitados tanto no meio militar quantocivil, todos se empenham para melhorar de forma contínua, para corrigir ecobrar medidas com o objetivo de evitar acidentes. Todos seguem regrasde segurança, e alertam quem inadvertidamente deixe de segui-las,independente de posto ou graduação.

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CAPÍTULO 3

EQUIPAMENTOS

3.1 FOCINHEIRAO condutor, rapidamente, coloca e tira a focinheira, o cão de guerra

será condicionado a ficar confortável com ela. É fundamental para asegurança, principalmente em viaturas, embarcações ou aeronaves. É opilar do trabalho de proteção do cão pronto, que combate agressivamentede focinheira, empregando o peso do seu corpo para dominar o oponente.A focinheira de serviço tem as características de uma focinheira decombate.

cão no meio das pernas do condutor,petisco dentro da focinheira

verificação do ajuste correto dafocinheira, pegar e erguer delicadamente o

cão, até as patas dianteiras perderem oapoio do chão

A focinheira de combate é perfeitamente ajustada na cara do cão,focinheiras militares francesas têm diversos tamanhos, alguns fabricantespossuem até seis tamanhos diferentes específicos para raça e para sexo,machos e fêmeas. Focinheiras que se movimentam, roçam nos olhos, roçama trufa, deixando o cão receoso de combater são completamente

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inadequadas. O mordente macio dentro da focinheira permite que o cãomorda e firme mais ainda a focinheira, protegendo a trufa, que é sensível.Uma barra de metal em forma de “U” protege todo o focinho, com aberturapara a trufa e um botão de liberação rápida. Para o adestramento e trabalho,a focinheira tem que ser colocada e retirada rapidamente. O condutor dátapinhas na focinheira, se ela se movimentar ou o cão demonstrardesconforto, é ajustada ou trocada, também verificar ajuste elevando ocão pela focinheira, se isto o incomodar ou se soltar, é ajustada ou trocada.

Focinheira de Combate detalhe interno para melhor conforto e ajuste no caõ.

3.2 EQUIPAMENTOS PARA CÃO NOVATOO figurante pode dispor de uma série de equipamentos, começando

com menores e mais macios, como mordentes de sisal, travesseiros demordida, manguim macio, manga para filhotes até chegar à manga para

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cães prontos. Mangas duras, de tecido sintético de bite suit, são perigososem mãos de figurantes inexperientes, cães podem fraturar dentes,especialmente caninos. Se não houver figurante experiente ou equipamentoem perfeitas condições, é melhor não utilizar a manga de proteção, apenasequipamentos macios como macacão de mordida, jambier de perna, etc.Não há pressa nem exigência para usar equipamentos duros, quem defineo prazo é a maturidade do cão em relação ao exercício, uma vez que hádesenvolvimento da musculatura da cabeça e pescoço. A real necessidadede usar equipamentos duros é constantemente avaliada, tomando em contao nível técnico do figurante. Sempre que possível usar luvas macias comrefil de sisal natural, luvas com corda, para agitar melhor e dar puxadinhasquando o cão estiver no giro da vitória. Luvas duras são exigidas emcompetição de cão de trabalho, não tem função no cão de trabalho alémde permitir a verificação de mordida de boca cheia. A luva é mais cômodapara o figurante e permite alguns artifícios interessantes que são maisdifíceis de fazer com o macacão de mordida, permite trabalhar com duasluvas, entregar rapidamente a luva para o cão, e excitá-lo para combatecom a segunda luva, o que, entre outras coisas, condiciona o cão aindaem impulso por caça a ter mais interesse pelo combate do que pela luvasozinha ou, em outras palavras, mais interesse pelo oponente do que peloequipamento. Sempre lembrar que o oponente em situação real não usaluva ou macacão de mordida.

3.3 GUIA LONGAGuia longa é um recurso indispensável para o cão em diversos

exercícios, é o passo final para o cão realizar exercícios sem guia alguma.O primeiro passo é a técnica correta de pegar a guia, em que o condutor adeixa frouxa, chamada guia com “barriga” que corrige o cão apenas quandonecessário e o condutor volta a deixar a guia frouxa. Tensão na guia criareflexo de oposição é usada apenas nos exercícios de proteção paramelhorar a mordida do cão; nos exercícios para controle a tensão na guiadificulte que o cão realize no futuro o exercício sem ela. O segundo passoé deixar a guia no ombro, se for necessário, pegar a guia, corrigir o cão enovamente repousá-la no ombro. O terceiro passo é deixar a guia arrastandono chão.

O melhor emprego da guia longa é quando um adestrador auxilia ocondutor a distância, é a melhor maneira para preparar o cão para realizaro exercício sem guia alguma. Quem fica na guia longa tem que saber

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como corrigir o cão corretamente, sem exageros e no momento certo –precisão.

O primeiro exercício a usar a guia longa é o junto, a guia longa ficana mão do auxiliar que acompanha o conjunto condutor/cão, caminhandoalguns metros atrás; o condutor não leva nada nas mãos, incentiva o cãoa fazer o junto, se o cão se adiantar, o auxiliar corrige. Outro exercício quea guia longa será muito útil é a revista de suspeito, o auxiliar fica com aguia longa, há alguns metros atrás do cão, se o cão sair, corrigeimediatamente.

3.4 GUIA RETRÁTILPode ser útil em alguns exercícios, é difícil encontrar guia retrátil

boa para cães cujo peso é igual aos cães de trabalho, mas é relativamentefácil encontrar guias retráteis adequadas para filhotes, para trabalhar aqui,busca de objetos, etc.

3.5 GUIA DE ADESTRAMENTOAté 2m, fina, de couro de excelente qualidade, macio, bem

lubrificado com óleo Johnson para crianças, sem alça e sem costura nocouro; o couro possui fendas cortadas onde a guia é trançada sobre elamesma, prendendo mosquetão e montando alça, se necessário. O condutorsomente monta a alça quando necessário, pois ela tem pouca ou nenhumaserventia, é utilizada mais como segurança extra em situação de patrulha,em adestramento e pode mais atrapalhar do que ajudar. Com a guiatrançada sobre ela mesma, cruzando fendas abertas é fácil substituirmosquetão estragado, diferente das guias costuradas que precisam serdescosturadas e costuradas novamente para substituir o mosquetão.

3.6 GUIA CURTAA guia curta é realmente curta, não pode roçar o chão quando o cão

caminha, nunca tem alça, é fina e serve como polimento do cão em finalde adestramento.

Como pré-requisito para o uso da guia curta, o cão já tem vínculocom o condutor, vem sempre quando é chamado, mesmo com distrações.A guia curta é sempre usada na área de adestramento ou demonstrações,não tem alça nem costura, às vezes, sem mosquetão para evitar acidentesdo condutor como enfiar o dedo, é presa direto na coleira ou enforcador,não há necessidade do distorcedor, uma vez que passará mais tempo soltano pescoço do cão do que na mão do condutor. O condutor somente pega

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na guia quando estritamente necessário para correção e, imediatamente,a larga, deixando-a solta no pescoço do cão. Também será a guia curtaque o figurante auxiliará no comando para largar, o figurante, discretamentee sem alertar o cão, busca a guia, tateando, sem olhar ou alertar o cão,embaixo da manga de proteção, aguarda o comando para largar docondutor e, então, força a guia para próximo de seu corpo.

A guia de uso geral mede entre 1,2 e 1,5 m, o couro é o melhormaterial; a guia de adestramento é fina, 8 mm; a guia de condução depatrulha pode ser macia e grossa, 15 mm, com couro trançado sem costura,a alça pode ser montada traçando o couro por dentro de um corte, se aalça estiver montada, colocar no punho esquerdo se destro, no direito secanhoto. Se o condutor for destro, o cão permanece sempre à esquerda,em todos os movimentos. Se canhoto, sempre a sua direita. Aqui apadronização de formatura não tem muito peso, vale o pragmatismo, aoperacionalidade. O cão fica no lado da mão fraca, o lado da mão queatira, que usa a tonfa ou faca fica livre. O objetivo não é padronizar paraa formatura ou desfile, o objetivo é que o patrulheiro sobreviva a umaagressão e retorne ao final da missão para sua familia.

A guia passa pelo dedo indicador e retorna dentro da mão, maneiracorreta para dar mais firmeza e para a guia não correr, mão forte semprelivre para pistola, cassetete, tonfa, lanterna, etc.

a guia passa entre os dedos Posição correta para segurar a guia

3.7 COLAR DE ELOS GRANDESÉ o colar para adestramento em geral e de emprego, formado por

elos elípticos metálicos.As vantagens do colar de elos grandes é que ele é um enforcador

padrão, recomendado no CI C 42-30/I, uso autorizado por todas as

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associações e, inclusive, estimulado por algumas. Pode ser usado comoenforcador quando a guia é tensionada, seu diâmetro diminui no pescoçodo cão. Também pode ser usado na posição travado, quando puxado, seudiâmetro não altera em nada. Tem vantagem extra de não marcar o pescoçodo cão, pois não quebra ou marca o pelo.

Nas limitações, o condutor tem que fazer força para corrigir o cão,especialmente cães duros; é facilmente perceptível para o cão, háregressão ou tendência instintiva, o cão se comporta diferente sem oenforcardor. Usualmente, comete-se o erro de enforcadores muito grandes,o que diminui sua ação sobre o cão. O tamanho correto é apenas suficientepara passar pela cabeça do cão; se passar com folga, está grande.

Maneira correta de colocar oenforcador

Posição correta do enforcador, alto nopescoço, logo abaixo da nuca, atrás

das orelhas

Mosquetão no colar, deforma que fique travado.

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3.8 ENFORCADOR DE GARRAO efeito mais severo será quando estiver alto no pescoço, na

garganta e bem ajustado. Pode ser usado mais abaixo no pescoço emcães que respondam melhor assim, ou com a guia no elo morto ou vivo. Oelo vivo é o que vai diminuir o diâmetro do enforcador, o elo morto vaicausar desconforto pela tração.

Nas vantagens, o desconforto pode ser dosado, desde leve atémais severo, conforme altura no pescoço do cão e ajuste (mais alto e maisjusto, mais forte o desconforto); melhor enforcador para emprego decoerção, causa o desconforto mínimo necessário para o cão realizar oexercício que é cessado, imediatamente, quando o cão o realiza; muitobom para cães mais duros, o animal é condicionado a ceder com mínimode força do condutor.

Nas limitações, é mal visto e até proibido por algumas associações,provas de trabalho e algumas forças auxiliares; no EB, não há nada escrito,regulamentando seu uso. É muito evidente para o cão, alguns até percebemquando estão sem, o objetivo é fazer com que o cão obedeça ao condutore não apenas respeite o equipamento, evitando-se tendência instintiva ouregressão. Alguns enforcadores, com alguns ajustes, tendem a se abrirquando é usado um pouco mais de força, o correto seria usar um segundoenforcador como segurança.

3.9 ENFORCADOR DE CORDANas vantagens, produz correções severas que não aumentam a

agressividade do cão, é excelente para uso em cães dominantes eagressivos com o próprio condutor; funciona como enforcador, esgana ocão, correção muito semelhante a uma mordida no pescoço; discreto, difícildo cão perceber quando está com ele.

Nas desvantagens, é difícil dosar o desconforto.É fundamental que o cão respeite o condutor, não o equipamento,

que é um meio para atingir o objetivo. Sempre que for possível e seguro, ocondutor manipula o cão, como segurá-lo pelo couro do pescoço, manipulaos quadris para sentar ou ombros para deitar. Cutuca o cão com as pontasdo dedo, como se fosse uma mordida no pescoço, força o cão a deitar delado e o mantem assim até o comando de liberação, passa uma mensagemmuito forte no cão. Este exercício somente é feito quando o condutorrealmente estiver seguro, está acima do seu cão na hierarquia social,senão, pagará caro, sendo mordido. Em áreas pequenas como dentro do

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canil, o condutor já habituado e com liderança sobre seu cão, pode realizaralguns exercícios de obediência, como sentar, deitar ou ficar em um cantodo canil, com o cão sem equipamento algum ou, se julgar necessário, como cão apenas de focinheira, sem enforcador de nenhum tipo nem coleira.Caso o cão não realize os exercícios, o condutor o colocará na posiçãocorreta, manipulando o cão. Um exercício interessante é mandar o cãodeitar antes de entregar a ração e somente permitir que o cão coma comum comando de liberação. É um exercício de dificuldade média, mas quedeixa muito claro na cabeça do cão quem, verdadeiramente, é o líder.

3.10 COLEIRA ELETRÔNICAColeiras eletrônicas podem ser muito úteis para polimento de

diversos exercícios importantes para o cão de guerra, mas sua importâncianão pode ser demasiadamente valorizada.

Desde muito tempo cães militares no mundo inteiro tem sidoadestrados e empregados sem o uso de coleiras eletrônicas, o uso decoleiras eletrônicas em cães militares, em uma perspectiva histórica, temaparecimento recente. Muitos exércitos proíbem ou não dispõem de coleiraseletrônicas e continuam preparando seus cães como sempre fizeram.Muitas associações esportivas de cães de trabalho proíbem seu uso.

Como desvantagens há o uso incorreto, com erros na intensidade,precisão e duração. Há variação de intensidade afetados por variáveis dopelo como espessura, umidade e sujeiras. A regressão, ou seja, retorno aocomportamento quando o cão estiver sem coleira é alto, principalmentese as recomendações descritas logo abaixo não forem seguidas. Há riscode agressividade redirecionada, contra o condutor ou contra quem o cãoassociar o desconforto. A desvantagem mais grave é ser considerado umapanaceia, uma solução para todos os males criados por técnica deadestramento e genéticas medíocres. O uso de coleira eletrônica podeser usado para mascarar problemas que não aparecem em cães com boagenética e adestramento adequados.

Alguns trabalhos demonstram que os cães treinados com coleiraeletrônicas manifestam expressões coporais de estresse e marcadoresfisiológicos como níveis salivares de cortisol mais elevados, em níveismais elevados do que aqueles cães treinados com coleiras convencionais.A mensuração de níveis de cortisol presentes na saliva é um clássicomarcador de estresse em pesquisas. Muitas vezes o cão associa odesconforto com o condutor e sinais de estresse continuam manifestando-

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se fora de situações de treinamento; ou seja há associação direta dodesconforto com a proximidade do condutor, e a expectativa da correçãoestressa mais que própria correção. Este é o pior cenário possível: afetaro bem estar do cão de forma permanente, a simples proximidade com ocondutor estressa o cão pela associação incorreta, criando-se umcomporamento supersticioso no cão. O desejável seria a associação comalgum comportamento indesejável específico ou a associação exclusivacom desobediência.

Como vantagem, é ferramenta valiosa se bem utilizada comopolimento em alguns exercícios, agregando resultados mais rápidos e maisconsistentes, como rejeição de alimentos longe da vista do condutor e aposição de deitar a distância com fortes distrações para o cão.

Alguns pontos importantes para uso da coleira eletrônica:1. Adquirir coleiras de boa procedência, indicadas para cãesde trabalho. As coleiras indicadas para adestramento de cãesde caça usualmente são robustas e com excelente alcance.Uma boa coleira tem um alcance razoável indicado no seumanual (o alcance real é sempre menor do que a do manual),tem opções de graduar o estímulo, e tem uma opção “vibrador”ou “bip”. Botões são fáceis de diferenciar pelo tato.2. Comprar uma coleira “dummy”, ou simulacro de coleira. Bonsfornecedores já oferecem um simulacro do mesmo peso emodelo da coleira original, com preço mais acessível. Osimulacro será colocado no cão por pelo menos 10 dias, dia enoite, no canil, em passeios, trabalho, etc. Isto dessensibilizao cão para o peso e o habitua a sensação do uso da coleira.3. Depois do uso do simulacro, o condutor coloca a coleiraeletrônica real no cão, mas não vai ligá-la por várias sessõesde adestramento. Leva controle remoto na mão, e começa aacioná-lo nas situações nas quais usaria em treinamento. Esteadestramento com a coleira desligada,prepara o condutor paralidar com mais um equipamento (controle na mão) edessensibiliza o cão – o cão não pode criar associação entre ouso da coleira ou do controle na mão do condutor com oacionamento da coleira.4. Algumas vezes é preciso cortar um pouco os pelos dopescoço do cão, usar gel para ultrassom ou apenas água noscontatos da coleira eletrônica.

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5. É usado o menor estímulo e é aumentado paulatinamenteaté se atingir o resultado.6. Nas primeiras vezes de cada exercício novo em que forutilizada a coleira eletrônica, o cão será controlado pela guialonga. É conveniente iniciar para a fase de correção do exerciciode ficar deitado longe da vista do condutor e avaliar a reaçãodo cão e verificar se ele associa corretamente com o exercícioe não cria um comportamento supersticioso.

3.11 CLICADORClicador é um pequeno instrumento de plástico com uma lâmina de

metal interna que quando pressionado pelo polegar se movimenta e emiteum som metálico. Sua simplicidade garante que o som seja sempre omesmo, até para audição mais acurada do cão. Serve para ser associadocom algum prêmio, comida, petisco ou cabo de guerra. Marca precisamentepara o cão qual o momento exato, ou melhor, qual comportamento exatoproporciona o premio. Facilita muito tanto para o cão como para o condutor,e pode ser usado inclusive por um auxiliar, preferenencialmente maisexperiente que condutor, que indicará o momento de premiar.

Clicador

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CAPÍTULO 4

ADESTRAMENTO BÁSICO

O programa de adestramento apresentado objetiva preparar o cãode dupla aptidão, que demonstre agressividade controlada e use o farocom alguma finalidade de interesse militar.

A base fundamental de todo o programa é o jogo de cabo de guerrae de buscar o mordente, realizado entre o condutor e seu cão. Este jogopermitirá adestrar e manter o cão nas habilidades de morder sob comando,usar seu faro a serviço do condutor e na manutenção de exercícios de controle.

A capacidade de ser adestrado e trabalhar do cão tem como pedrafundamental seu instinto social. Seu condutor assumirá como uma versãohumana do líder da matilha. A matilha terá agora dois elementos, umhumano e um cão e será chamada de conjunto. O instinto gregário do cãoestimula-o para sentir-se recompensado quando seu condutor demonstrasatisfação e sentir-se corrigido quando seu condutor o desaprova. Espera-se de um bom cão de guerra que procure fortalecer o vínculo social comseu condutor procurando sua aprovação e carinho. Espera-se de um bomcondutor que use todos os artifícios para estimular e corrigir seu cãoguiando-o corretamente para o trabalho.

“Talento é mais barato que sal. O que separa apessoa talentosa da bem-sucedida é muitotrabalho duro.”

Stephen King

4.1. FUNDAMENTOS DO ADESTRAMENTO4.1.1 REALISMOA SCG tem como prioridade preparar os conjuntos para enfrentar

condições reais. Todo esforço é canalizado para simular o máximo possívelas condições reais: tiros de festim, escuridão, comportamento do oponente,distrações, etc. O condutor terá em mente que, mesmo com todo esforçopara simular a realidade, jamais conseguirá igualar situação de estresse

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do combate. Se o cão é apenas satisfatório no adestramento, não cumprirámissão real: adestrar como combate, combater como adestra.

4.1.2 PRONTO EMPREGOA missão número um do conjunto é sempre estar pronto para seu

emprego. Missão dada é missão cumprida. Ou o conjunto está pronto parao emprego ou não está, não há justificativas para o despreparo. O cão nãoé uma máquina, como a pistola de serviço que é cautelada na reserva, senão for trabalhado diariamente, perde sua capacidade de trabalho. Nãosão as peculiaridades da missão que mudam e sim o preparo eadestramento dos conjuntos. Cães farejadores que se distraem comcomida, gatos ou outros cães não estão preparados e o responsável é amaneira na qual o programa de adestramento está sendo conduzido.

4.1.3 PLANEJAMENTOO Chefe da SCG estabelece objetivos para cada conjunto, impõem

data limite e não permite o terrível vício de criar justificativas ou desculpaspara não atingir os objetivos propostos nos prazos corretos. Estabeleceavaliações frequentes, monitora etapas intermediárias nas provas dehabilitação e simulações de provas de habilitação para atingir a meta finalque é a excelência no desempenho da missão real. Dessa maneira, se oobjetivo final for certificar como cão de detecção, quando o cão tiver 12meses de vida, pontos de checagem são estabelecidos para avaliar o cãoaos 3 meses, 6 meses, 9 meses de idade, etc.

“Perseguir sem cessar uma meta: Este é osegredo do sucesso.”

Anna Pavlova

Ciclo Planejar, realizar, monitorar, corrigir

Planejar

RealizarMonitorar

Corrigir

Basear nos Regulamentos e Legislação, e doutrinavigentes;Estabelecer prazos e metas;Estabelecer regras deengajamento claras;Adestrar com foco para cumprimento demissões específicasRealizar as tarefas e missões para quais tenha sido preparadoAvaliar imediatamente pós-ação – registrar oportunidades demelhora;Registrar informações nos momentos de checagem emensuração de desempenho – Provas de habilitação, Registrare arquivar Fichas de adestramento de detecção.Melhorar seleção, adestramento e emprego de conjuntos,equipamentos e táticas, processo contínuo de melhora.

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4.1.4 REPETIÇÃORepetição é o número de vezes que determinado exercício é

realizado. A repetição é a base do adestramento, nas repetições o cãoserá condicionado a fazer o exercício sob comando e o fará imediatamente.Para aprender um exercício novo é melhor não deixar um intervalo maiorque 24h. Um cão começa a ter capacidade de retenção do de um exercícionovo depois de pelo menos 10 dias realizando diariamente. Não éconveniente um cão ficar sem trabalhar mais de 72 hora para manutençãode exercícios já condicionados; quando o cão não realiza o exercício, vaiperdendo a habilidade com o tempo, até deixar de realizar, chamado deregressão ou tendência instintiva.

“Não basta fazer coisas boas - é preciso fazê-lasbem.”

Santo Agostinho

4.1.5 QUEBRA-CABEÇATodos os exercícios reais ou de provas de habilitação são

completamente executados a cada 10 sessões de adestramento. Oexercício é fracionado como peças de um quebra-cabeça e adestradosmuitas vezes como exercícios independentes. Por exemplo, o exercícioque o condutor manda o cão deitar, condutor se afasta e chama seu cão,não é adestrado do início ao fim rotineiramente. O condutor todos os diasmanda seu cão deitar, se afasta, se aproxima, caminha a volta do cão, eapenas libera o cão para sair da posição deitado quando se aproximardele. A chamada será adestrada em outra oportunidade, com um assistenteque segura o cão, enquanto o condutor o chama, e então libera para o cãovoltar correndo e com energia para seu condutor, tão logo chegue junto deseu condutor, é premiado. Adestrar o exercício completo ou deixará o cãolento, ao retornar ao condutor, ou, o cão eventualmente vai antecipar esair da posição no momento errado, realizando o exercício de formainconsistente. O conceito de adestrar o exercício como quebra cabeçatambém é utilizado quando o exercício é adestrado na sequencia invertida.No exercício de buscar objetos, onde, a última “peça” deste quebra-cabeça,o cão entrega o objeto ao condutor, é o primeiro exercício adestrado como cão.

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4.1.6 PRÊMIOO condutor premia o cão de diversas formas: elogio, afago, alimento

na forma de petisco, jogo de cabo de guerra ou jogo de buscar.O elogio é apenas verbal, não físico; é um reforço positivo

secundário. No início, sempre é associado com afago e petisco e, depois,empregado isoladamente. Cada condutor condiciona algumas palavras queseu cão interpreta como elogio. O cão, quando entende o elogio, demonstraclaramente com linguagem corporal, por exemplo, abanando o rabo. Eleentende como uma sinalização de seu condutor para que continue ocomportamento que está fazendo.

O afago é contato físico agradável do condutor com seu cão e ocondutor descobre o que seu cão aprecia como contato físico. O condutordescobrirá como excitar e premiar seu cão sem nenhum mordente, usandoapenas as mãos. Alguns cães gostam de simular brigas sendo empurradospor seu condutor, outros gostam de carinho, outros de tapinhas nascostelas.

O cão de trabalho jamais recebe afago quando ele solicita, é afagadocomo recompensa e é reservado para exercícios executados com perfeiçãoou rapidez. Se o condutor afaga muito seu cão, o cão desvaloriza o carinhoe a mensagem recebida pelo cão será que está acima do condutor nahierarquia da matilha.

O afago pode ser usado para acalmar, passando a palma da mãopela lateral do corpo do cão ombros ou costelas bem lentamente ou falandolentamente, em tom suave, sempre as mesmas palavras. É um bommomento para usar o “bom” seguido do comando, por exemplo, se o cãoestiver mordendo de boca cheia, recebe o afago e ouve lentamente emtom suave “boa mordida”, intervalo de 5 segundos, e novamente “boamordida”.

Evita-se o afago na parte superior cabeça do pescoço, dos ombrosou dorso, pois será interpretado pelo cão como sinais de imposição dedominação social.

O condutor pode utilizar outro tipo de afago para excitar e estimularseu cão, usualmente funciona a técnica de tapinhas suaves mas rápidosnos ombros e costelas.

O cão pode ser premiado com petisco, que é algo diferente do quehabitualmente come e que demonstre apreciar. Cuidado para nãodesbalancear a dieta ou perturbar a proporção correta de Cálcio e fósfororecomendada para filhotes. O petisco é macio e em pedaços pequenos. A

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salsicha, cortada em fatias, tem consistência perfeita e a maioria dos cãesgostam, mas não é balanceada para alimentação animal e contém aditivoscomo nitritos, nitratos e temperos. O emprego como prêmio da raçãobalanceada que o cão usualmente é alimentado tem como vantagem obrigaro cão a realizar o exercício e entender que, a partir da realização do mesmo,receberá a alimentação de sua sobrevivência. É excelente para cãesresistentes à realização de algum exercício ou cães muito dominantes. Ocão entende bem diferente quando recebe petisco, algo diferente, maisapetitoso que a ração usual e quando realiza trabalho em troca daalimentação de sua sobrevivência. Nesta situação, o cão somente éalimentado durante e após a realização do exercício ou trabalho. Com ocão com fome, rações peletizadas com biscoitos grandes podem ser usadas,mas com o inconveniente de o cão engasgar, tossir ou derrubar. Existemalgumas rações em pasta com alta concentração de energia, sãodispendiosas, mas podem ser usadas eventualmente, ainda mais seauxiliarem o condutor a superar algum desafio com seu cão, como um cãodominante que se nega a deitar por outro prêmio, ou no final do exercíciode faro, logo após dar a última indicação correta.

Existem vantagens para o cão realizar o jogo do cabo de guerracom estranhos; quando bem realizado, o cão sempre sairá vitorioso,melhorará a sua autoconfiança e se preparará para o figurante e o combatereal. Também existe a vantagem do figurante auxiliar o condutor para ocão soltar, desde que tenha a habilidade de não deixar o cão perceber quefoi dele onde se originou a coerção/correção.

4.1.7 COMANDOSCada comando dado que não é cumprido, enfraquece-o. Como boa

prática o condutor se policia para não repetir um comando sem garantirque o cão realize o comportamento. Os comandos são sons, mais do quepalavras, com ênfase na primeira sílaba. Elegem-se poucos comandos quesão trabalhados literalmente centenas de vezes.

“Menos é mais.”Robert Browning

O condutor não inventa comandos, usa um grupo de comandosconsagrados na SCG. Comandos inventados podem ser confundidos comoutros por ter som parecido para o cão. Espera-se que o cão obedeça emsituações de alta excitação e estresse para ele e para o condutor. O

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condutor esforça-se para manter os comandos mais simples e claros paraele mesmo e para seu cão.

O cão é muito rápido, a partir da primeira sílaba ele já começa arealizar o exercício, por isso, um comando não pode causar confusão naprimeira sílaba ou ser confundido com outro comando que inicia com omesmo som. Como exemplo, é mais adequado empregar o comando “OK”ao invés de liberdade, bem mais curto, sonoro e não confunde com outrocomando, pois não existe outro comando que inicie como o som de “ó” nogrupo de comandos utilizados.

Há algumas vantagens de usar um grupo de comandos em línguaestrangeira. Grupos de comandos em alemão ou francês foram testadosexaustivamente e não têm semelhança entre si, principalmente no somda primeira sílaba, evitando confusão para o cão. Seu emprego está bemdisseminado no meio esportivo no mundo inteiro, inclusive nos cães decompetição brasileiros. Fuss, em alemão, é o comando para o exercício dejunto, não significa a palavra “junto”, significa a palavra “pé”, foi escolhidopor ser muito sonoro e não ter semelhança com outros comandos, já ocomando platz, outro exemplo, não significa deita, significa “lugar” emalemão. Grupo de comandos em língua estrangeira não são palavras ditasno dia a dia do brasileiro e o militar as pronuncia apenas nas situaçõescertas. O uso de um grupo de comandos em língua estrangeira pelocondutor, além de refletir uma imagem profissional excelente, dificultaque curiosos fiquem dando comandos aos cães.

O emprego do grupo de comandos em língua estrangeira apresentaalgumas desvantagens: alguns militares têm dificuldade e vergonha depronunciar os comandos, esquecem que, neste momento, não estão sendoavaliados na competência de falar algumas palavras em outra língua e,sim, sendo avaliados no controle de seus cães; se o militar tem dificuldadena situação de adestramento, hesitando, tendo que pensar ou falandocada vez de uma maneira diferente, é provável que não tenha condiçõesde dar os comandos em situação real de estresse ou combate.

Podem ser empregados grupos de comandos em português, o queapresenta algumas vantagens: são bem mais fáceis de assimilar por partedo militar, tanto na pronúncia, como no significado. Em poucas sessões omilitar estará habituado e gravará os comandos. Há algumas desvantagensno emprego do grupo de comandos em português: são palavras usadas nodia a dia e é mais difícil do militar aprender uma entonação totalmentediferente para ser usada com o cão. Há a tendência de o militar ficarrepetindo os comandos com entonação normal de voz do dia a dia.

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A experiência tem dado a preferência para o uso do grupo decomandos em alemão, uma vez que são fortes, sonoros e bem diferentesde palavras ordinárias do português. De qualquer maneira, o Sargento/oficial Chefe do Canil pesa vantagens e desvantagens e define para a SCGou para determinado conjunto o que for mais eficiente. O fundamental éque haja formação de conjunto, que o condutor seja o mestre de seu cão etenha perfeito controle sobre ele. Grupos de comandos podem ser mudadospara determinado cão, já há prejuízo com a troca de condutor e, a troca degrupo de comandos apenas trará um atraso a mais na formação doconjunto. Se um exercício é mal executado pelo cão, às vezes é melhorcomeçar do zero e associar um novo comando ao comportamento desejado.Se, ao ouvir o comando fuss o cão demonstra receio por erro deadestramento, então, o condutor reinicia do zero, e associa novo comandocom comportamento adequado:

4.2 MARCADORPara um cão associar um comando, um prêmio ou uma correção

com um determinado comportamento, não pode demorar mais do que 3segundos. Quanto mais próximo melhor, se for simultâneo é ideal.

Se o adestrador não quer que o cão crie uma associação indesejávelentre um estímulo e um comportamento, garantirá um intervalo de, pelomenos, cinco segundos; quanto mais tempo, melhor. Se o adestrador abrea porta do canil e permite que o cão saia imediatamente, este criaráassociação indesejável de liberação para sair e porta abrindo. A condutacorreta é abrir a porta do canil, mandar o cão deitar, fechar e abrir a portavárias vezes; na última vez, abrir e esperar, pelo menos, cinco segundos e,então, liberar o cão para sair.

Grupo de Comandos em Alemão

BRING: comando para buscar objetoatirado pelo condutor.FUSS: andar junto, sempre do ladoesquerdo, sem cruzar na frente ou ficarmuito para trás, o ombro direito do cãoacompanha o joelho esquerdo do condutor.HIER: o cão se aproxima rapidamente docondutor quando chamado, mesmoquando distraído.PLATZ: o cão deita e permanece deitadoaté o próximo comando.

SITZ: senta e permanece sentado até opróximo comando.OUT/AUSS: o cão larga e mantem semmorder até o próximo comando.REVIER: comando para achar e latirPACKEN: comando para morder ouachar e morder.HOP: comando para saltar.PACKEN: morder - mordente ou figurante

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Existe um recurso imprescindível para trabalhar nessa janela dedois a três segundos para que o cão entenda claramente porque estárecebendo o prêmio. É um marcador sonoro muito preciso ouvido pelo cãono exato momento que realiza o comportamento; o mais comumente usadoé um clicador metálico, a semelhança do usado pelas tropas paraquedistasaliadas no Dia D durante desembarque aliado na Normandia na SegundaGuerra Mundial. É mais usado por sua simplicidade, baixo custo e porsempre emitir o mesmo som. É chamado de indutor secundário, pois éassociado com um prêmio; sempre que o cão ouvir o clicador de seucondutor, receberá o prêmio, comida ou brincadeira de cabo de guerra; oprêmio é o indutor primário. Se o condutor acionar o clicador por váriasvezes sem premiar o cão, ele perde o sentido para o animal e para oadestramento.

O marcador não é usado mecanicamente, é fundamental que o cãoaprecie o prêmio e o condutor perceba que o cão fica excitado ao ouvir omarcador e procura por seu prêmio, petisco, jogo de cabo de guerra oujogo de buscar. Se o cão ficar apático, o prêmio não é bom e será substituído.

Alguns condutores preferem fazer um marcador sonoro com suaprópria boca, como estalar a língua ou um som gutural como “ráááá”. Paraos iniciantes, o uso do clicador facilita muito, inclusive porque permiteque o um militar auxiliar mais experiente acione o clicador no momentoexato, e o condutor premie o cão. Torna-se uma excelente ferramenta paratrabalhar cão e condutor.

O que é o marcador?Marcador é indutor positivo secundário, um tipo de ajuda. É um som

simples, bastante preciso para condutor e cão. Tanto o prêmio com petiscocomo prêmio com o jogo precisam ter marcadores para facilitar a associaçãodo prêmio com o comportamento desejado. O clicador metálico é muitopreciso para o cão e o condutor mas, por praticidade ou falta dedisponibilidade de clicador, pode ser feito um som com a boca do condutor,som, não comando: pacs, tsssh. A dificuldade é fazer sempre o mesmo som.

Como condicionar o cão com o marcador?O primeiro passo do condutor é associar o marcador com um prêmio.

Se o prêmio for petisco, ele é colocado em uma polchete, bolso do uniformeou colete de adestramento. Colocar o cão em uma situação calma, semexcitação nem distrações, o ambiente tem que ser tedioso para o cão,

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fazendo que o mais interessante seja o condutor e seus petiscos. Filhotespodem ser amarrados com peiteira em um poste ou cabo de aço comroldana. Marcar e premiar, o condutor pode ficar sentado, de pé,conversando com alguém, tranquilo, não há pressa, marcar quando o cãoestiver de pé, encarando seu condutor, se movimentando, deitando.

Existe algum comportamento que não seja convenientecomeçar a usar o marcador?Comportamentos indesejáveis serão ignorados e não serão

marcados tampouco serão premiados (estímulo neutro).

O condutor marca apenas um comportamento?No início, o condutor marca pelo menos três comportamentos

distintos. O objetivo é o cão associar o marcador com o prêmio, ainda nãoé hora de marcar um comportamento específico.

Que comportamentos são bons para começar?Latir sob comando, contato visual, deitar, ficar de pé imóvel, e tocar

a marca/alvo no chão (caixa de madeira, bacia invertida).Nestes comportamentos, condutor perceberá a força de adestrar o

comportamento com um marcador preciso.

Se algum condutor perguntar que viu na internet/curso/comentário ou outro adestrador usando apenas o marcador enão dando o prêmio. Isto está certo?Não! O correto é o cão pular excitado, cobrar do condutor o prêmio

ao ouvir o marcador. Se o condutor marcar, ele vai premiar, sempre. Omarcador sozinho não significa nada para o cão, ele é o aviso que poraquele comportamento o cão receberá o prêmio. É a promessa do prêmio,se apenas prometer e não cumprir, não vai funcionar. Não confundir comqualquer som para estimular o cão no comportamento, o marcador demanutenção do exercício (ver diferentes definições de marcadores noglossário).

Quando o condutor começa a associar um comando e ougesto com o comportamento?Quando for previsível para o condutor que o cão está iniciando o

comportamento. Outro critério importante é associar o comando e ou gesto

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com um comportamento que o condutor julgue adequado. Se cão assumeposição errada, está lento, ainda não é o momento de associar o comando.

O condutor marcou o comportamento de deitar, e ao ouvir omarcador, o cão levantou, o que ele faz?Premia com petisco, o cão entendeu o marcador. Se marcar e o cão

sair do comportamento, não há problema, o condutor espera algunsminutos e ele vai deitar de novo, o condutor marca novamente e premia.Quando o intervalo para o cão oferecer o comportamento diminui, o cãopercebeu que é ele quem aciona o marcador com determinadocomportamento e assim gera o prêmio, é assim que funciona oadestramento por condicionamento operante.

O condutor marcou o comportamento de deitar e o cão semantém deitado, o que o condutor faz?Premia! O condutor coloca o prêmio entre as patas da frente do

cão. Se o cão ainda se mantiver no comportamento, pode ouvir “bom deita”,pausa de cinco segundos, ouve outro “bom deita”, então o ouve o marcadore em seguida recebe o prêmio. O condutor pode prolongar bastante o cãona mesma posição. Apenas duas situações podem interromper o exercício:o marcador e o cão busca o prêmio ou indução por gesto ou comandoliberando o cão do exercício. Se o cão abandonar o exercício antes domarcador ou da liberação, estímulo neutro, não recebe nada.

O que é o padrão variável de prêmio?É o primeiro passo para o cão realizar o comportamento sob comando

sem receber o prêmio. Por toda a vida do cão, ele realizará o trabalho naexpectativa do prêmio, mas sabe que o prêmio não virá a cada comando,pode vir a qualquer momento.

Como o condutor premia no padrão variável?No terceiro dia de um exercício, o condutor começa pela escala de

2:1: Como exemplo o exercício de encarar: o cão olha, não recebe nada, ocão se distrai, novamente encara, o cão realiza novamente o encarar, ocondutor marca e premia; faz por pelo menos dois dias e, no terceiro dia,ele começa usar uma escala variável, o cão nunca sabe quando vai recebero prêmio. Uma boa sugestão é evitar usar proporção de exercícios /prêmiomaior do que 4:1. realmente variável, clica na primeira vez que encarar,

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outra na quarta, outra na segunda, outra vez na primeira. O condutorescolhe os melhores comportamentos para marcar e premiar, e ignora oscomportamentos que julgar que estão abaixo do padrão estabelecido paraaquele momento. Outro critério é a duração que o exercício tem que serrealizado. O cão realiza o comportamento por 30 segundos e ouve omarcador e é premiado, na segunda vez realiza por 2 segundos e épremiado, na terceira realiza por 45 segundos e então é premiado.

O que é estímulo neutro?O comportamento é ignorado pelo condutor. Ele não marca e não

premia. Não há prêmio nem correção.

4.3 COERÇÃO E CORREÇÃOO condutor comportar-se-á exatamente como líder da matilha,

agregando, estimulando, mas impondo sua vontade quando necessário.Com petisco, há a oportunidade de muitas repetições com o cão menosagitado. Durante o jogo, impulso por caça é associado com obediência,agregando rapidez, foco e engajamento com o condutor mesmo comexcitação. A coerção é quando o cão é forçado a trabalhar, sem opção derealizar outro comportamento como por exemplo quando o condutor usa aguia para o cão acompanhá-lo.

É fundamental condicionar o cão que, quando o exercício estiver nafase final de correção, a desobediência não será tolerada pelo líder da matilha.O cão é adestrado por prêmio, mas coerção e correção serão empregadoscaso desobedeça. O que distingue do treinamento tradicional para o métodomoderno é que a coerção e a correção somente serão usados no polimentodo exercício, após semanas ou meses de adestramento por prêmio.

Coerção é o desconforto empregado até o cão realizar o exercício.No exato momento em que o cão cede e realiza o comportamento desejado,o desconforto cessa.

Correção é o desconforto causado depois do exercício não realizado.Há grande chance de insucesso na aplicação da correção, principalmentese aplicada depois da janela de três ou quatro segundos após ocomportamento. O cão pode ficar confuso pela aplicação do desconfortosem ser capaz de associar corretamente por que está sendo aplicado. Estafalha na associação correta do comportamento indesejado com odesconforto pode gerar outros comportamentos indesejáveis. O condutor,além de não se beneficiar, arrisca quebrar a confiança que seu cão temnele.

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A coerção usada no momento e de maneira correta tem grandevalor no adestramento do cão. No método tradicional, desde a primeirasessão, o cão é obrigado a realizar um determinado exercício comdesconforto (coerção). Na técnica moderna, o cão será induzido a realizardeterminado exercício pelo prémio (petisco ou mordente). A correção oucoerção somente será usada para determinado exercício na fase final,chamada fase de polimento. O cão já vem realizando o exercício comprêmio, entende claramente o que se espera dele.

Exatamente como o líder da matilha mantém o grupo agregado nãopermitindo comportamentos inadequados, o condutor não toleradesobediência do seu cão e a coerção ou a correção serão empregadosoportunamente. O comportamento correto pode gerar prêmio,comportamento errado gerará desaprovação ou desconforto. A palavradesconforto não é colocada aqui como eufemismo, é a palavra correta e ocondutor emprega a coerção ou correção com o mínimo de força necessária.Brutalidade somente produz cão receoso e dessensibilizado, que exigirácada vez mais esforço para corrigi-lo. Se bem adestrado, o cão com vínculocom seu condutor já entenderá a desaprovação na forma de reprimendaverbal, não sendo necessária qualquer outra correção. É fundamental queseja usado o mínimo de energia necessária, o condutor começa com amenor intensidade e aumenta apenas se necessário.

Sempre que usar coerção, o condutor atenta para não criar reflexode oposição ou associação indesejada. Um reflexo de oposição clássico équando se puxa a guia levemente, e o cão por reflexo, oferece resistência.

Associação indesejável é quando o cão associa o desconforto nãocom o comportamento indesejado, mas cria qualquer outra associação.

Na fase de polimento, como etapa final do adestramento dedeterminado exercício é melhor corrigir com a guia longa, de 10 m, e comum auxiliar, desta maneira, o condutor fará os mesmos gestos que fariasem a guia.

O cão é sempre conduzido com a guia frouxa ou até mesmoarrastando no chão. A guia tensa é usada apenas nos exercícios de proteçãoe agitação. O condutor corrige o cão, tensionando a guia e imediatamentedá uma ou várias puxadas até atingir o objetivo e alivia a guia novamente.O condutor usa sempre um marcador sonoro específico antes da coerçãoou correção. A situação ideal é que apenas com este marcador dedesaprovação, a intenção do condutor já tenha sido claramente comunicadaao cão, sem a necessidade de concretizar a coerção ou correção.

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4.4 SESSÃO DE ADESTRAMENTOA sessão é um período de adestramento, de tempo variável, pode

ser dez minutos, uma hora, uma manhã inteira, o que a define não é otempo, mas um objetivo claro a ser atingido e a existência de umainterrupção ou intervalo evidente para o cão para outra sessão deadestramento.

Quanto tempo dura uma sessão?Uma sessão pode ser tão curta como sete ou dez minutos ou durar

horas, uma vez que o objetivo tenha sido atingido, aquela sessão podeacabar.

Como começa uma sessão?Depois de o cão ouvir um marcador muito claro, é criado um ritual

que alerte o cão que a sessão começou.

Como acaba uma sessão?O condutor acaba a sessão de maneira muito clara, com prêmio

que o cão realmente aprecie, quando o cão ainda estiver excitado, deixandoo cão com sensação de vitória e com vontade de fazer mais. Cuidado coma síndrome de “mais uma vez, mais um pouquinho”, cansando o cão einduzindo-o a errar ou fazer o exercício mais lento ou com menosintensidade.

O comando de liberdade “ok” pode ser um excelente marcador paraterminar a sessão. Nas sessões de combate com o figurante, a luva podeser entregue para o cão, ou ele pode perseguir o figurante, “expulsando-o” do campo de adestramento.

Pode ser feita mais de uma sessão em um turno ou em umdia?Um dia pode ter várias sessões de adestramento, que envolverão

um ou mais objetivos que o condutor esteja explorando.

O que diferencia uma sessão de outra?Um intervalo ou interrupção evidente, por exemplo, levar cão para

sua caixa de transporte e fazê-lo descansar por alguns minutos. Esseintervalo é usado por centros de adestramento no mundo inteiro; além deter efeito excelente no adestramento do cão, permite que o adestrador

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treine vários cães. Por exemplo, um adestrador monta exercício de faro eadestra o primeiro cão, terminada sua sessão o cão é levado para suacaixa de transporte, o adestrador pega o segundo cão, adestra e quandoacaba a sessão, retorna-o para a caixa de transporte e volta a pegar oprimeiro cão. O condutor se programa para, pelo menos, realizar umasessão por dia, é muito ruim para o cão deixar de trabalhar um dia,principalmente se ele não será trabalhado no final de semana. Condutoresnegligentes deixam de trabalhar seus cães por vários dias. Excelentescondutores programam-se para trabalhar seus cães, inclusive, em finaisde semana e feriados prolongados.

Uma sessão, ou as sessões programadas para o dia possuem, pelomenos, uma atividade de cada habilidade, como faro, controle e proteção,criando equilíbrio nos exercícios realizados. Em uma situação real do cãode dupla aptidão, ele passará do faro para o combate, logo após o combate,se sujeitará ao controle de seu condutor. A sessão de adestramento tambémmigra de faro, para controle, para proteção e retorna para faro. No início,o adestrador e o condutor usam um pequeno intervalo na caixa ou canilmas, aos poucos, esse intervalo vai desaparecendo até que seja naturalpara o cão as transições de trabalho.

O condutor tem pouco tempo e ninguém para ajudar. Elepode adestrar seu cão?Sim, o condutor joga cabo de guerra e de buscar todos os dias! O

jogo de cabo de guerra e de buscar permite, mesmo com poucadisponibilidade de tempo e nenhuma ajuda, trabalhar o cão nas trêshabilidades. O importante é que o cão saia da sessão de adestramentofazendo algo melhor, mais rápido, ou tenha superado um desafio. Algunsminutos de adestramento intenso, muito bem realizado, atingindoconsistentemente um objetivo, são muito melhores que horas a fio repetindomecanicamente exercícios que não melhoram ou desafiam o cão. Um jogode cabo de guerra e de buscar, bem realizados por 10 minutos todos osdias, têm efeito real e sólido, do que trabalhar o cão por horas na vésperada prova de habilitação, demonstração ou muito pior, na véspera da missão.

Como condicionar o cão para trabalhar motivado por maistempo?Se o cão estiver bem condicionado fisicamente, nadando ou trotando

todos os dias, as sessões podem ser mais extensas. Lembrar que as

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atividades de faro cansam muito o cão, cães sem condicionamento físicoe ou obesos têm rendimento medíocre. Não há como condicionarfisicamente o cão apenas caminhando; o condutor corre com o cão ao seulado, a pé ou de bicicleta ou coloca o cão em esteira ou piscina. Outra boaoportunidade para condicionar o cão é levá-lo nas marchas.

4.4.1 INDIVIDUALA sessão pode ser individual, quando o militar realiza jogo de cabo

de guerra e de buscar com seu cão, usa a mesa para adestrar troca deposições com petisco, faz a ronda na organização militar, corre com seucão.

4.4.2 DOIS MILITARESPode ser feita com dois militares, quando um adestra seu cão e

outro auxilia, montando um exercício de detecção, exercícios de obediênciacom correção como andar junto, deitar ou sentar com o segundo miltarauxiliando na guia longa.

4.4.3 TRÊS MILITARESCom três militares já é possível adestrar exercícios mais complexos

de proteção, como achar e latir, triangulação, revista e escolta, onde ummilitar é o figurante, outro é oponente e o terceiro fica na extremidade daguia longa orientando e corrigindo o cão.

4.4.4 SESSÃO COLETIVASessões coletivas de adestramento são realizadas sempre que

possível, onde o Sgt/Of Adestrador monta uma pista semelhante aoadestramento físico militar de circuito, monta área adestramento do jogode guerra e buscar, um ou dois obstáculos, outro quadrado demarcado porcones ou fitas zebradas para obediência com guia. Coloca os cães emcaixas próximos a área de adestramento, que será variável, quadraesportiva, outro dia estacionamento, depósito, e o militar mais experiente,

Tipos de Sessão de Adestramento

-individual,-com dois militares,-três militares,-coletiva,

-noturna,-entrosamento com subunidade-simulação

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ou com cão mais adiantado no adestramento, realiza o primeiro exercíciodo circuito montado, todos observam, os mais antigos passam orientaçõescurtas e precisas, ao comando do Sgt/Of Adestrador, o militar guarda seucão na caixa. Retorna para o grupo sem cão para APA, avaliação pós-ação,recebe crítica e todos militares presentes aprendem com os erros e acertosdaquele que acabou de realizar. O Segundo militar pega seu cão e realizao mesmo exercício do circuito e o processo se repete. Quando todosmilitares passarem pelo primeiro exercício, o primeiro conjunto retornapara o segundo exercício do circuito. Com conjuntos mais experientes, omilitar pode realizar todos os exercícios e somente então guardar seu cãoe ouvir a APA. A evidente interrupção oferecida por levar o cão a caixa e amudança de área no local definido para adestramento, facilitam em muitopara conjuntos novatos perceberem a troca de exercício. Conjuntosveteranos não tem problema em trocar facilmente de exercício, proteçãopor obediência por exemplo.

4.4.5 SESSÃO NOTURNAPara preservar a operacionalidade, a A SCG realiza pelo menos uma

vez por semana uma sessão coletiva noturna. O melhor emprego do Cãode guerra é noturno, e se o cão não for preparado para isso, não cumpriráa missão.

4.4.6 ENTROSAMENTO COM SUBUNIDADESessões de entrosamento com GC/Pelotão/Companhia são

realizadas regularmente, quando militares que não são da SCG, mas atuarãopróximos dos cães, receberão instrução e praticarão missões como pontosde controle, proteção de áreas sensíveis, busca em instalações,abordagens, revistas etc. Tantas sessões quanto necessárias são realizadaspara que homens e cães conquistem mútua confiança. Os militares nãopodem ser distraídos pela presença dos cães, é fundamental que todosque trabalham próximos aos cães tenham inúmeras oportunidades paraque isto se torne parte da rotina.

Uma sessão de entrosamento para apresentar cães e militares comsegurança pode facilmente ser montada com exercícios básicos deobediência. Os cães são conduzidos de focinheira e guia curta, e osmilitares colocados em linha, em uma distância de 1,5 m. Conjuntoscondutor-cão passam em zigue-zague pelos militares. Os militares podemdeitar no chão em posição de tiro, e os cães passam sobre os militares

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deitados. Conforme a confiança mútua for aumentando, exercícios maisdifíceis serão montados, como todos militares ajudarem o cão comfocinheira a ser embarcado em caminhão ou transpor um obstáculo comomuro alto.

Sessão de entrosamento de controle de distúrbio com miltares de cavalaria einfantaria durante Curso de Formação de Sargentos na EsSA.

4.4.7 SESSÃO DE SIMULAÇÃOAs sessões de simulação são realizadas convidando figurantes de

outras forças, agentes policiais, agentes penitenciários, e estes montamexercícios, mimetizando o mais próximo possível casos reais e desafiadores.Preferencialmente, não se empregam os figurantes habituais, queconheçam técnicas de agitação, serão militares e policiais que secomportarão como oponentes. Assumirão com maior realismo possívelpapéis de bêbados, drogados, oponentes agressivos e desafiadores, ouimóveis, silenciosos. Não usarão equipamentos usuais de proteção, suaproteção será física, dentro de gaiolas de tela, caixas de madeira, tampõesde compensado para portas e janelas. Os cães atuarão sempre defocinheira. A ideia é usar o máximo de criatividade para desafiar osconjuntos, neste momento o objetivo não é ajudar os cães para que tenhamsucesso e sim verificar o preparo para situações reais. A Avaliação pós-ação (APA) depois da sessão de simulação incluirá o levantamento daseventuais falhas dos conjuntos e um planejamento de como serãocorrigidas.

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4.5 SEQUÊNCIA DE EXERCÍCIOSA sequência proposta de exercícios é para o conjunto novo, recém

formado. Ao receber um cão, o condutor cria forte vínculo positivo comele, independente da idade do cão ou estágio de adestramento. Este vínculocomeçará com o condutor evitando qualquer coerção ou correção nosprimeiros dias, adestrando muito com petisco e jogo de cabo de guerra ede buscar.

Sequência proposta de exercícios para conjunto recém formado

1. Adestramento com petisco

2. Jogo de cabo de guerra e de buscar

Troca de Posições na mesa com petisco:(Deitado, Sentado, Em pé)Andar juntoJogo com petisco: Chamada Passar porbaixo das pernas do condutor, com ocondutor de péPassar por baixo das pernas do condutor,com o condutor com um joelho no solo eoutro estendido.Jogo de “buscar petisco” Condutorajoelhado no chão (nádegas sobre oscalcanhares) com a coluna ereta, induz astrocas de posição.Troca de posições com o petisco com ocondutor de péEm frente

Troca de posições durante o jogo (em pé,sentado, no meio das pernas do condutor)Troca de Posições na mesa com petisco:Deitado, Sentado, Em pé, Andar juntoJogo com petisco: Chamada Passar porbaixo das pernas do condutor, com ocondutor de péPassar por baixo das pernas do condutor,com o condutor com um joelho no solo eoutro estendido.Jogo de buscar o mordenteEm frente

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Há aplicação operacional para o cão ficar entre as pernas de seu condutor e seránatural se for adestrado com petisco e durante o jogo de cabo de Guerra e de buscar

4.6 TROCA DE POSIÇÕES COM PETISCOPara o filhote ou um cão novato, o adestramento para as trocas de

posições começam na mesa. o condutor retorna ao ponto inicial,adestramento na mesa, exatamente como se fosse um cão novato einexperiente para cães que realizam as trocas de posições com dificuldadeou lentamente ou assumem postura de forma errada.

O objetivo é que o cão assuma a posição imediatamente após ocomando verbal ou gesto independente da distância ou posição docondutor, e realize todas as transições, da posição em pé, direto para oposição deitado, posição deitado para posição em pé, posição deitado paraa posição sentado e, assim, por diante. Outra dificuldade é o cão sercondicionado (ou recondicionado) a fazer um movimento corporal diferentedo que, naturalmente, faz. Instintivamente, os posteriores apenasacompanham os membros anteriores. A coordenação motora que permitea movimentação independente dos posteriores é conseguida através deexperiências individuais. Cães expostos a ambientes diversos edesafiadores, desenvolverão habilidade de posicionar cada membroisoladamente, transpondo obstáculos como escadas, pisos irregulares,escombros, subindo em veículos com facilidade. Cães que não coordenamindependentemente seus posteriores podem ser vistos subindo escadas

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como coelhos, com dois posteriores juntos ou se negar a subir os degraus.A ginástica condiciona o cão a coordenar muito bem seus posteriores,colocando-os mais para baixo de seu próprio corpo, é o equivalente naequitação a reunir ou engajar a montaria. O cão de guerra sobe escadascom facilidade, galga ou salta obstáculos, e seu condutor o prepará paraisto. O primeiro passo é expor o filhote a partir de quatro meses a todasorte de pisos, escadas, declives, irregularidades e premiar o cão comsucesso. Outro passo importante é condicionar a ginástica correta paraassumir as posições sentado e deitado.

Naturalmente, o cão tende a deixar os posteriores onde estão emovimenta os membros anteriores para trás, para sentar, ou para frente,para deitar. Nesse tipo de movimento, ou como chamamos de ginástica, ocão se distancia da posição onde ouviu o comando.

O cão de guerra será condicionado a deitar rapidamente, a partirda posição de pé. Deitado há maior controle, na linguagem corporal docão significa submissão. Se um cão deita rapidamente em qualquer situaçãosob comando de seu condutor, é demonstração clara da posição de líderda matilha assumida pelo condutor. Deitar sob comando a qualquerdistância de seu condutor é uma importante habilidade paraoperacionalidade e para segurança tanto de cão como condutor.

Cães que são iniciados no chão, muitas vezes acabam criando umasérie de associações indesejáveis difíceis de serem corrigidas. Muitos cãesassociam que para que deitem, seu condutor tem que se curvar ou levar amão na guia, ou somente deitam quando estão juntos do condutor. Paraauxiliar o condutor a ter sucesso na tarefa de condicionar seu cão com aginástica correta e trocar de posições a distância, é usado o recurso deadestrar em cima da mesa. A mesa permite que o condutor fiqueperfeitamente ereto para induzir as trocas de posição do cão, permite quefacilmente o cão interprete corretamente os gestos de cada movimento, efacilita que condutor assuma posições e distâncias diferentes do cão, quese manterá na mesa.

O condutor coloca o cão em cima de uma mesa que tenhacomprimento suficiente para o animal ficar seguro, mas estreita osuficiente para dificultar que ele se vire. O cão pode ser preso pela coleiraem um suporte acima de sua cabeça, ou na superfície da mesa, para impedirque pule da mesa. Nas primeiras vezes, é importante garantir que o cãosinta-se seguro. Às vezes, alimentar o cão em cima da mesa por algumasvezes é suficiente. O cão não come em nenhuma outra situação, apenas

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quando estiver em cima da mesa e isso cria uma associação positiva muitoforte. Se o cão ficar nervoso ou agitado, o condutor segura o cão pela guia,tranquiliza-o, e tão logo se acalme, tira-o da mesa. O condutor não grita,nem corrige, apenas não permite que o cão jogue-se da mesa nem seagite. O animal não pode ser alimentado em outra circunstância, condutorespera alguns minutos e tenta novamente. Caso o cão resista se alimentar,ele é retirado da mesa, colocado na caixa de transporte onde espera poroutra sessão de adestramento.

Uma vez que o cão fique tranquilo e busque o petisco/ração namão do condutor, é hora de adestrar a ginástica correta da troca deposições. O condutor faz o cão perceber o petisco na mão fechada, o induza ter grande interesse e acompanhar sua mão. Gesticula em um movimentocircular com, cerca de 1/3 de um círculo completo, induz o cão a sentar, aficar de pé e a deitar. O cão sempre é induzido a ficar de pé entre asposições sentado e deitado. Esta sequência é importante para ginásticacorreta para o cão desenvolver a coordenação de posteriores, importantepara trocar posições sem sair do junto, quando sentar na frente do condutornão se afastar ou para negociar pisos irregulares como escombros eentulhos, obstáculos, entrada em veículos.

Até que o cão se condicione a movimentar os posteriores,a posição inicial será sempre de pé.

Induzindo a posição deitado a partir do cão na posição de pé, vaicondicioná-lo a movimentar os posteriores para trás, as mãos e a cabeçaficam na mesma posição. O condutor faz cão grudar o focinho em sua mãofechada com o petisco dentro, e vai baixando a mão. As vezes é necessáriolevar a mão em direção ao solo abaixo da linha da mesa. Auxílios com osdedos ou a mão podem ser feitos entre os ombros do cão, pressionando

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suavemente para baixo. Quando o cão deitar pela primeira vez, é pagouma “bolada” de prêmio, dar bastante petisco entre os anteriores do cão,e elogiar e afagar muito o cão. É importante que o primeiro acerto sejamuito evidente para o cão, e o exagero do condutor neste momento écorreto.

Induzindo a posição deitado a partir da posição de pé

Induzindo a posição sentado a partir da posição de pé, vaicondicioná-lo a movimentar os posteriores para baixo de seu corpo, e osmembros anteriores e cabeça ficam no mesmo lugar. O condutor faz o cãogrudar o focinho em sua mão fechada e faz um movimento de 1/3 de umcírculo sobre a cabeça do cão. Quando ele sentar, o condutor marca eentrega o prêmio (abrir a mão). Faz uma ou duas vezes, não faz a terceira.É importante que o cão entenda que acompanhar a mão é um gesto que oestá auxiliando para realizar o comportamento correto para ganhar oprêmio. O condutor tem paciência e tenta algumas vezes sem o petiscodentro da mão que induz, o petisco pode ser guardado dentro do colete deadestramento, na outra mão ou com um auxiliar. Se houver dificuldade,pode voltar a usar o petisco dentro da mão fechada que faz o gesto.

Induzindo o cão para sentar a partir da posição de pé

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Se o cão não sair naturalmente da posição sentado, o condutor vaiinduzir que ele fique de pé. Novamente, vai fazer o cão grudar o focinhoem sua mão e levar a mão em direção do peito do cão.

Tão logo seja possível, o condutor somente fará o gesto para induziro cão, sem petisco dentro da mão fechada. Quando o cão faz o exercício,ouve o marcador e recebe o prêmio.

Somente depois que o cão realmente fizer as trocas de posiçõescorretamente a partir da posição em pé, o condutor poderá trabalhar todasas trocas de posições possíveis: da posição em pé para posição deitado,deitado para sentado, sentado para deitado, etc.

Paulatinamente, o condutor se afasta um passo e induz com o gestopara o cão trocar de posições e marca e premia, alcançando o petisco oujogando na mesa para o cão. O cão sempre receberá o petisco na mesa.Condutor também assume outras posições, se posiciona diagonal ao cão,de costas, ao lado do cão, simula que está caminhando ou correndo nomesmo lugar, pode agachar-se, etc.

A mesa tem um bordo de cerca de ½ palmo de altura, que seráusado para transição para o chão. O bordo pode ser retirado da própriamesa, terá formato de quadrado ou de “U”, e servirá para adestrar a trocade posições a distância.

Um exercício que pode facilitar a transição para o cão realizar astrocas de posição no chão é o condutor ajoelhar no chão. O condutor podeajoelhar ou sentar sobre seus próprios calcanhares. Isto permite que induzae manipule filhotes e cães novatos sem curvar muito sua coluna. Permitefácil transição para o condutor ficar finalmente de pé, perfeitamente eretoe induzir o comportamento por gesto.

Transição para o chão com o petisco.Induzindo o cão a sentar a partir da posição de pé.

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4.7 ALVO OU MARCAAlvo (ou marca) é um recurso importante para sinalizar um local

onde o condutor quer que o cão se dirija ou lá permaneça. Os objetosusados como alvo para o cão são salientes do solo. Os alvos mais usadossão no formato de “U” e a caixa de madeira. Com o marcador sonoro epetisco, o cão é condicionado a colocar suas patas em cima do alvo, quepode ser pequena apenas para os membros anteriores ou grande osuficiente para o cão subir em cima e apoiar todas as patas. Pode serusado uma caixa de madeira ou bacia virada, de consistência firme. Tãologo coloque as patas em cima do alvo, ouve o marcador e recebe o petiscoque é colocado no alvo. Então, o cão é condicionado a se aproximar doalvo e colocar suas patas nela.

O “U” é feito de madeira, com três sarrafos de ½ palmo de alturapor cerca de 50 cm x50 cm x 50 cm de comprimento cada lado do “U”. Namesa de adestramento, o cão é habituado a permanecer dentro do ‘U”,pois ele está no bordo da mesa, se o cão ultrapassá-lo, cairá. Assim elerealiza as trocas de posições com a referência tátil e visual do “U”. Depoisdo cão for condicionado no “U” em cima da mesa, o “U” é retirado ecolocado no chão. O condutor vai induzir com o petisco para o cãoreconhecer e se posicionar no alvo da mesma maneira que fez em cimada mesa. A partir do momento que o cão se posicionar corretamente parareceber o prêmio, o condutor pode usar o alvo para mandar o cão emfrente, adestrar mudança de posições (senta, de pé, posição deitado) adistância. Para adestrar meia volta, o objeto mais indicado para ser usadocomo alvo é uma bacia invertida, onde o cão manterá as mãos sobre ela egirará com os posteriores.

4.8 JOGO DE CABO DE GUERRA E DE BUSCAR DO CÃO COM SEUCONDUTORO primeiro objetivo do condutor é estabelecer um vínculo agradável,

formar um conjunto com seu cão. Adestrará de maneira que seu cão realizeexercícios sem necessidade de guia ou enforcador, induzindo e estimulandopara estar próximo de seu condutor e, caso se afaste, virá rapidamente sefor chamado. O condutor conseguirá isso realizando o jogo com o seu cãotodos os dias. O Chefe da Seção de Cães de Guerra pode forçar isso,supervisionando o condutor e trabalhando seu cão na área de adestramentosem guia nem enforcador. Este exagero nos primeiros dias obriga o condutora criar vínculo com seu cão.

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O condutor condiciona o cão a acalmar-se antes de sair doconfinamento, ao ser retirado do canil, da caixa de transporte ou do cabode aço. O cão contém-se e permanece imóvel, este conceito seráfundamental para exercícios importantes de imobilidade como sentar edeitar. Não é algo antinatural para o cão; na verdade, durante o jogo decabo de guerra, numa simulação de caça, quando a caça (mordente) ficaimóvel na mão do condutor, não é incomum o cão também ficar,exatamente, como ficaria à espreita de uma caça real, esperando o segundoexato para dar o bote. O condutor espera o cão ficar imóvel e, quando fica,abre lentamente a porta da caixa ou do canil; caso o cão tente forçarpassagem, fecha imediatamente, espera que se acalme e tenta novamente.Quando o cão ficar totalmente imóvel por três vezes consecutivas, ocondutor abre, conta mentalmente por pelo menos cinco segundos e liberao cão por comando “Ok”, permitindo a saída do cão. O condutor atrai ocão, afaga-o, elogia-o e, neste momento, toda excitação do cão éestimulada, o condutor incentiva o cão a provocá-lo, encoraja-o a pular, adar focinhadas e a colocar as patas em seu peito. O condutor não secomporta como líder de torcida nem o cão como um elemento passivo, elebusca ativamente a interação com seu condutor; toques vigorosos por partedo cão e focinhadas são recompensadas pelo condutor que elogia, afagae empurra o cão, estimulando um combate lúdico. Se o cão distrair-se, ocondutor afasta-se e, se a distração persistir, o cão retorna para a caixa.Nas primeiras sessões em que o conjunto está formando vínculo, éinteressante trabalhar com o cão em um espaço delimitado e monótono,em que o condutor, com petiscos e jogo do cabo de guerra, seja o quedesperte mais interesse do cão. Isto pode ser feito dentro do próprio canil.O condutor condiciona o cão a comer de sua mão, a lutar pela comida eaprender a usar a força, o cão é premiado quando buscar comida comenergia. Quando for colocar o enforcador de elos grandes coloca omosquetão de forma que fique na posição de travado, rapidamente, semmuitas ordens. O condutor é ágil para chamar o cão, colocar o enforcadore, imediatamente, premiar o cão com petisco ou jogo. Por questões desegurança, pode ser padronizado o condutor colocar enforcador ou conectarmosquetão da guia no enforcador com o cão ainda dentro da caixa oudentro do canil, mas essa situação é adestrada depois desse primeirocondicionamento estar completo: quando o cão perceber que quando ficaimóvel, e somente imóvel, recebe a liberação para festejar e interagirenergicamente com seu condutor. Não soltar o cão e permitir que cheire

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tudo, nem que urine e defeque no campo de adestramento. O condutorusará o mordente que o cão eleger: bolinha com corda, Kong com corda ousalsicha de tecido de mais ou menos um palmo. Um ritual será criado paradeixar bem claro para o cão que iniciará o trabalho, que inclui colocaçãodo enforcador ou peiteira e algumas palavras para ligar o cão. O cão éestimulado com o jogo do cabo de guerra o tempo inteiro, ele podeacontecer a qualquer momento: no meio da patrulha, dentro da viatura ouem um momento de espera. Somente permitir que o cão morda sobmarcadorde liberação, seja ele qual for, mas, uma vez escolhido, é o mesmo– pac, ou pssst ou um som metálico do clicador. Faz parte do jogo do cabode guerra condicionar o cão a soltar sob comando e apenas sob comando.Primeiro, quando o condutor imobiliza a presa, para o cabo de guerra efrustra o cão; quando soltar, imediatamente dar o comando de pac ereiniciar, vigorosamente, o cabo de guerra. Caso o cão não solte, imobilizarum mordente e agitar o segundo mordente, premiar o cão com o comandopac e vigoroso cabo de guerra com o segundo mordente, não enganar ouesconder nas costas o segundo mordente; quando o cão soltar o primeiro,imediatamente, é recompensado e recebe comando pac e oportunidadede morder. Outra possibilidade é usar coerção, puxadinhas na guia parafrente ou sacudir o cão pela coleira.

O condutor estimula e premia quando o cão o encarar e não focarexclusivamente no mordente; o condutor estimula o foco do cão em simesmo e na brincadeira de cabo de guerra e não somente no mordente.

O cão sempre está de guia, curta ou longa, que ora arrasta no chão,ora está na mão do condutor; se o cão se distrair com outras pessoas ouanimais, tentar comer esterco ou frutas caídas, o condutor vai primeiroretomar a guia e, então, usar o não ou um som forte gutural como ahhh edar puxões na guia. O comando ahhh é o indutor negativo secundário, ospuxões na guia são a correção. Sempre dar a chance para o cão não sercorrigido, mas se o cão não atender, usar o enforcador; cada comandodado sem obediência é enfraquecido. Nunca repetir comandos.Imediatamente após a correção, chamar o cão e premiá-lo pelocomportamento de olhar ou se aproximar do condutor, diminuindo o efeitoda correção na disposição geral do cão. Se o cão não obedecer ao primeirocomando, o cão será induzido ou manipulado para realizar o exercício e,então, o cão ouvirá o segundo comando quando estiver realizando ocomportamento.

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Na técnica moderna, a obediência é feita com impulso por caça(mordente), mas o exercício é iniciado por indução com petisco, o que otorna mais tranquilo e permite mais repetições. Depois que o cão aprendero comportamento e associar um gesto de indução para o exercício ecomando de voz, passa a receber como prêmio o jogo de cabo de guerra.O prêmio com caça estimula a rapidez e a energia na realização do exercício,não estressa e nem leva a conflito.

A base do vínculo com o condutor e com todo o trabalho de proteção,faro e obediência está no jogo de cabo de guerra e no jogo de buscar. Ojogo revolucionou o método de adestramento; antes, proteção, faro eobediência eram adestramentos totalmente distintos. É difícil dizer queminventou, mas tem sido bastante divulgado por instrutores mundialmenterenomados como Dildei e Booth, Berhand Flinks e Ivan Balabanov (videreferências). A referência mais antiga é o livro “Schutzhund obedience,training in drive” de Gottfried Dildei e Sheila Booth, que descreveram atécnica com duas mangueiras de borracha. O método Dildei/Booth é umpouco confuso, migra de força para impulso por caça e usa tanto comidacomo brincadeira como prêmio no mesmo exercício. Orienta o condutor atrabalhar com dois mordentes e a trocar o mordente com o cão. No seulivro, em alguns exercícios, pula algumas etapas sem descrevê-lasdetalhadamente.

Sequência do cabo de guerra, o condutor movimenta lateralmente o cão no combatesimulado pelo mordente. Puxa e cede, cedendo principalmente quando o cão estiver

mordendo de boca cheia (conjunto do 3º BPE).

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O que será descrito é uma compilação do que nossa experiênciademonstrou como as condutas mais adequadas das técnicas divulgadaspor Flinks e Balabanov, principalmente.

O condutor usa um marcador muito claro para entregar o prêmio:pode ser comando de voz como pacs ou som metálico de um clicador. Oexercício é adestrado com petisco e marcador, condicionado com jogo cabode guerra e marcador. O condutor pode e usa artifícios, mesmo commarcador; de onde sai o prêmio e onde ele é oferecido ao cão tambémtem importância para adestrar exercícios. O condutor pode usar comoartifícios esconder o mordente em lugares diferentes de seu corpo, comoembaixo da axila, no bolso superior do colete de adestramento, bolinhana parte de cima da aba do boné, em uma forminha de empada. Outroartifício é deixar o mordente visível, mas inacessível ao cão, como prendero mordente embaixo do queixo. O condutor evita trocar o mordente e ocão é condicionado a largá-lo apenas sob comando, mas é melhor trocar omordente do que forçar o larga precocemente. Isto pode fazer o cão seressentir e não se aproximar do condutor quando estiver com o mordente,no jogo de buscar. O condutor estabelece, com seu cão, regras claras dojogo: cão morde somente com comando, solta sob comando e sempreretorna para condutor. A intensidade do cabo de guerra é o que mantém ocontrole, não a guia; um jogo de cabo de guerra muito vigoroso aumenta apossesividade do cão; se exagerado, pode frustrá-lo, com poucaintensidade, pode deixá-lo preguiçoso ou desinteressado.

O condutor não poupa esforços para fazer com que seu cão foquena brincadeira, no jogo e não no mordente. Uma das maneiras de fazerisso, é condicionar o cão a trocar o mordente que está em seu poder, nasua boca, pelo mordente agitado na mão do condutor.

Sequencia de fotos da troca durante o jogo, cão está com mordente na boca, e éatraído pelo mordente na mão do condutor. Se o cão não soltar o mordente, condutor

não oferece o combate do cabo de guerra, se soltar é premiado com vigorosocombate, elogiado e o condutor libera o mordente para o cão (conjunto 3ºBPE).

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O jogo de cabo de guerra e de buscar é a primeira atividade que ocondutor realizará com seu cão todos os dias, por toda a vida do cão. Ojogo de cabo de guerra e de buscar pode e é realizado em qualquer lugar,sem necessidade de ajuda. Não há justificativa para o condutor não realizaro jogo com seu cão, pelo menos, uma vez por dia - alguns minutos sãosuficientes. Com o jogo realizado diariamente pelo condutor e, em apenasalguns minutos, o cão estará realizando, simultaneamente, exercícios defaro, obediência e de combate. De faro: o mordente contém materialimpregnado de pseudodroga ou mordente impregnado com odor de drogaou de pessoa – suor de exercício físico extenuante simula odor de suspeitoem fuga. Exercícios de combate: está mordendo sob comando, sendopremiado ao morder de boca cheia, lutar pelo mordente, soltar sob comando.Exercícios de obediência e controle: condicionado a ter comportamentospara ganhar mordente, associando a obediência ao impulso por caça, sentarou deitar para engajar no jogo de cabo de guerra com o condutor.

Há dois tipos básicos de mordente: o primeiro tipo tem uma cordade tamanho variável que prende algo macio de morder, um metro paraalguns exercícios e de um palmo e meio para todos os outros exercícios; osegundo tipo é de formato cilíndrico, de cerca de um palmo e meio decomprimento de material macio, pode ser o material de macacão demordida, couro ou juta, com duas alças ou sem alça alguma (não érecomendável com apenas uma alça) com velcro para esconder gaze oupapel filtro impregnado com odor de droga/explosivo/munição/cadáverou pseudo odor. Podem ser usados como mordentes: bolinha de tênis,bolinha de borracha de boa qualidade ou “Kong” e todos possuem cordade um palmo e meio de comprimento. Outro mordente possível e fácil deprovidenciar é uma mangueira de borracha, tipo peças de automóvel comocomponentes de borracha de radiador de carro, com cordinha, mas sempremacio e agradável para o cão morder. O tamanho do mordente éproporcional à boca do cão para favorecer uma mordida de boca cheia e émacio para o cão sentir prazer em morder. O condutor excita o cão aindadentro do canil e já sai de lá com o cão conectado e focado: com o mordentecom corda, agita o cão. A corda longa, presa ao mordente, enrosca, ficasobrando e distrai o cão, mas torna a agitação mais fácil no início,principalmente, se tiver em uma varinha. O mordente é movimentando detal maneira que simule uma caça, não o condutor, que se movimenta omínimo necessário. O condutor arrasta rapidamente pelo chão, troca demão, para e volta a movimentar-se novamente; o condutor tem que ser

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criativo e tomar cuidado para não repetir sempre os mesmos movimentose esquivas e se tornar monótono e repetitivo. O condutor ajoelha-se nochão e brinca com o cão na altura de seus olhos, agita o cão com voz,direciona a atenção do cão para o mordente e não para o corpo do condutor(perna, braços, dedos). Quando o cão estiver dando mordidas no ar, ocondutor está na medida certa, se for lento, o cão ficará lento. Permitirmordidas simulando mordidas no figurante, mordente alto, baixo, à frentedo antebraço, à frente da coxa, à frente da canela, etc. Não enfiar omordente na boca do cão, pois este se porta como caça! Foge - coelhosnormais fogem desesperados, somente coelhos suicidas se jogam na bocado lobo. Se for muito rápido ou dificultar demais, frustra o cão, se formuito lento e previsível, deixa o cão preguiçoso e, quando este for agitadopor outro condutor ou figurante, terá dificuldades, pois tende a repetir ospoucos movimentos que aprendeu. Usar a regra “máximo até três”, dificultea mordida uma vez, duas e permita a mordida na terceira, em outraoportunidade, permita a mordida na segunda esquiva, em outra, na primeira,aleatoriamente.

Uma das apresentações corretas para oferecer a mordida para o cão

O condutor utiliza o cabo de guerra para melhorar a mordida,buscando sempre a mordida de boca cheia, sem mascar ou soltar duranteo combate. O condutor adestra o cão a largar e a latir quando receber ocomando de soltar. Quando remorder corretamente, isto é, morder de bocacheia, o condutor premia o cão, cedendo, deixando a corda correr entre osdedos, permitindo que o cão puxe o mordente, somente deixar o cão vencerquando estiver próximo do condutor, exatamente como se fosse o figurante.

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Mordida de boca cheia, desejável,cão apreende, não sacode cabeça, ouvocaliza. Neste momento, condutor ou

figurante premiam o cão, cedendomordente, elogiando ou até mesmoentregando o mordente para o cão.

Mordida ponta de dente, indesejável.Cão não é premiado, condutorprossegue no combate, gira o

mordente, estimula o cão a corrigir amordida.

O giro da vitória e afago aumenta a possesividade do cão, é usadopara incentivá-lo; se o cão não soltar ou não trouxer de volta o mordente,o condutor diminui a frequência do giro e do afago. Neste procedimento, ocondutor segura na ponta da corda que prende o mordente, gira induzindoque o cão gire à sua volta, trota e estimula verbalmente o cão com o queutiliza para manter o cão no comportamento (por exemplo, “boooommm)e o chama para o afago. Se o cão derrubar o mordente, ele volta à vida, ocondutor rouba do cão. Se necessário, impede com a guia que o cãorecupere o mordente inanimado no chão, pegando-o ou chutando-o paralonge.

No afago, o condutor realiza um carinho tranquilizador que consisteem colocar a mão no peito, não na guia ou na coleira: mão espalmada,bem lenta pelo ombro e nas costelas do cão. Repetindo lenta, baixa ecalmamente: boa mordida, ou good packen, espera alguns segundos, goodpacken novamente. Libera o cão para o giro da vitória, a volta do condutor,jamais deixar o cão solto: ou segura o cão pela guia ou pela cordinha domordente, não deixa o cão fugir com o mordente; se, eventualmente fugir,jamais corre atrás, vira de costas e sai caminhando.

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4.9 MANEIRAS PARA O CÃO LARGAR O MORDENTE

4.9.1 ARRANCAR O MORDENTESe o cão estiver distraído ou ofegante com o mordente frouxo na

boca durante o giro da vitória ou afago, o condutor pode arrancar omordente com um movimento rápido, sem alertar o cão, tirando-o de suaboca. Quando o condutor arranca o mordente, melhora a mordida, masaumenta a posse, dificultando o largar sob comando.

Quando precisar tirar o mordente com mais facilidade, sucessivasvezes, como na hora de trabalhar a busca de objeto, o condutor usa umcano de PVC curvo com um pequeno barbante nas duas extremidades, quefaz com que fique mais fácil do que roubar do que bolinha mordente macio,sem causar melindres no filhote ou conflito no cão adulto.

4.9.2 IMOBILIZAÇÃO DO MORDENTEPara largar sob comando no jogo, o condutor para completamente,

imobiliza o mordente, como se fosse uma caça morta. Agarra bem firmeno mordente, não nas alças. Algumas vezes, as alças atrapalham,permitindo que o cão continue o cabo de guerra, o condutor não pega nasalças e sim no próprio mordente mais próximo da boca do cão. Quando ocão estiver soltando, vai ouvir o comando out ou auss e já premiar o cãocom o comando de packen; permitir que o cão morda novamente e premiarcom cabo de guerra - combate vigoroso. Não obrigar o cão a largar sobcomando antes de ter uma mordida firme, de boca cheia. Até estabeleceruma mordida cheia, firme, não usar correção ou força para soltar sobcomando. A imobilidade da caça frustra o cão, tão logo o cão solte, darcomando pac e permitir que morda. Não permitir que o cão masque nervosoo mordente, o condutor repreende verbalmente, ou qualquer outro artifíciopara o cão não mascar o mordente, inclusive trocar por mordente maisduro (cano de borracha ou pvc).

4.9.3 MARCADOR E PETISCOUm petisco realmente atraente para o cão será usado, ração para

gatos em lata, fígado cozido. Condutor comanda o cão largar, marca epaga o petisco. Tão logo seja possível, comanda para soltar, não marca epaga o petisco.

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4.9.4 TROCA DE MORDENTEO condutor sempre induz o cão a focar na brincadeira e não no

mordente. Auxiliar mantém o cão próximo na guia longa, e condutor tornao mordente que está na sua mão mais atraente para o cão. No início, háque se ter paciência, não desanimar. Auxiliar não corrige ou repreende ocão, apenas mantém próximo do condutor. Pode ser feita juntamente coma técnica de congelar o mordente na mão, onde auxiliar dá vida a outromordente, e condutor e auxiliar fazem o cão soltar mordente congelado emorder o mordente com vida na mão de um e de outro.

4.9.5 LEVANTAR O CÃO PELA COLEIRAO condutor pode, eventualmente, levantar o cão pela coleira

enquanto pisa na corda da bolinha ou alça do mordente até que ele solte.Este procedimento aumenta a possesividade do cão sobre o objeto. Podemelhorar a qualidade da mordida, mas dificulta soltar sob comando.

4.9.6 SACODEO condutor comanda para soltar e, imediatamente, sacode o cão

pela coleira, levantando os membros anteriores do cão do solo, semagressividade ou raiva, apenas com bastante energia. No terceiro ou quartocomando, não será necessário sacudir, mas o condutor tem que estar prontopara isso. A ideia é oportunizar ao cão a possibilidade evitar ser sacudidoao largar prontamente o mordente. O objetivo é demonstrar de forma muitoclara a dominância do condutor e não causar dor ou susto. Imediatamente,o condutor agita mordente e manda o cão morder. O cão, imediatamente,ao soltar, sempre é premiado com o reinício do cabo de guerra.

4.10 CHAMADA DO CÃOA aproximação do cão a comando de seu condutor em qualquer

situação de distração ou estresse é um dos comandos mais importantespara o cão de trabalho. O cão volta sob comando ao seu condutor sobqualquer circunstância de distração – luta, tiro, escuridão, tumulto,multidão, outros cães, outros animais, etc. Não há justificativas para ocão não realizar com perfeição esse exercício.

Para cão sempre atender a chamada de maneira consistente, duasorientações são seguidas em situação de adestramento: sempre premiarduas vezes, a primeira quando o cão se aproxima e a segunda liberando ocão. Sempre premiar o cão por vir, no instante em que aproxime do condutor

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quando chamado, sempre receberá petisco, elogio, carinho, jogo de cabode guerra, de buscar. Premiar o cão pela segunda vez, permitindo que retornepara atividade que estava realizando, se estava em liberdade, liberar ocão, se estava combatendo o figurante a distância, permitir que engaje ocombate novamente.

Jamais associar com algo ruim como correção ou encerramento dasessão de treinamento. Para cães novatos, chamar o cão cerca de trêsvezes, premiar, liberá-lo novamente na área de adestramento. Na terceiraou quarta vez que chamar, que o cão vier, e for premiado e liberadonovamente, o condutor espera alguns segundos e conduz o cão para acaixa ou ao canil.

A última etapa é a correção, com guia longa. Se houverdisponibilidade de coleira eletronica, primeiro será usada juntamente coma guia longa, e quando não houver necessidade de orientar o cão com aguia longa, apenas a coleira eletrônica. A correção somente entra na últimaetapa, como polimento do exercício, o cão será corrigido se não atenderao chamado do condutor. A correção, se ocorrer, será no ponto onde o cãoestá, jamais quando se aproxima de seu condutor.

Durante jogo com o condutor, o cão é estimulado a aproximar-sepor vários estímulos realizados por ele como sua movimentação, barulhocom a boca ou gesto de afago, assovio. Quando o cão estiver aproximando-se alegremente, ouvirá seu nome e, logo em seguida, indutor primário,comida, cabo de guerra ou afago. Também pode ser feito quando o cãoestiver em liberdade ou na guia longa.

Outra maneira é um auxiliar segurar o cão pela guia curta compeiteira, tendo o cuidado de não deixar o cão receber puxão na ponta daguia. O condutor afasta-se agitando seu cão e, quando ele estiver focadono condutor, o auxiliar solta-o. Quando o cão estiver correndo em direçãoao condutor, ouvirá seu nome e verá o mordente que será jogado entre apernas do condutor. A ideia é fazer com que o cão passe pelo condutor porbaixo de suas pernas. O condutor, então, corre na direção contrária docão, agitando para que ele se aproxime e seja premiado com o cabo deguerra. É importante trabalhar esse exercício separado da finalização, poisse for adestrado na sequência, o cão se torna lento, diminuindo o ritmo aose aproximar do condutor.

4.11 ZONA DE CONFORTOA proximidade do cão com seu condutor sempre será premiada -

elogio, carinho, comida. O cão terá total confiança que, ao atender o

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comando de seu nome, receberá algo positivo de seu condutor. Se o cãoestiver fazendo comportamento indesejável, o condutor corrige-o onde eleestiver, se chamá-lo, o condutor esquece o comportamento indesejável epremia o comportamento do cão em atender o chamado. Não é técnicacorreta corrigir o cão na zona de conforto depois de chamá-lo.

4.12 POSIÇÃO DE FINALIZAÇÃOA finalização será padronizada pelo Chefe da Seção de Cães de

Guerra, adequada às peculiaridades das missões específicas de suaunidade. O cão pode finalizar colocando-se à esquerda de seu condutor,na posição tradicional, ou de pé, ou deitado, pode dar a volta por trás docondutor e o cão sentar ou deitar entre as pernas do condutor. Não hápropósito operacional algum empregar as finalizações esportivas, como aque o cão senta na frente do condutor, fica de costas para possível oponentee recebe outro comando para se posicionar ao lado esquerdo de seucondutor. Tampouco é adequado outro tipo de finalização esportiva, emque o cão para a frente do condutor, e mediante ordem dá a volta atrás deseu condutor; além de perder tempo, em situação de patrulha ou devarredura de área, seu condutor estará abrigado e, quanto mais rápido ecom menos perda de tempo e energia o cão se posicionar olhando paraonde o condutor estiver olhando, será mais seguro e funcional. Uma dasmaneiras é usar o condicionamento operante, condicionar o cão a sempreprocurar estar ao lado do seu condutor, ou entre suas pernas e receberátoda sorte de indutores positivos, em todas as circunstâncias possíveis.Um exercício que exige dedicação é o cão se posicionar ao lado de seucondutor ou entre suas pernas entre dois ataques no trabalho de proteção,o cão acaba percebendo que, quanto mais rápido se posicionarcorretamente, mais rápido será premiado com o combate. Isso é naturalpara cão: ou estará realizando algum comando farejando, mordendo,vigiando ou estará ao de seu condutor em movimento ou entre suas pernasquando parado. Desde o início, o condutor não tolera que o cão cruze àsua frente ou dê a volta por trás para se reposicionar. Cães que têm essesvícios, tornam a patrulha cansativa e a varredura de área perigosa, alémdisso, o condutor pode tropeçar no cão em situações nada favoráveis.

O que é cobrado nos adestramentos, nas provas de habilitação eem missões reais é que uma vez chamado o cão assuma o mais rapidamentepossível sua posição básica (ao lado esquerdo ou direito, ou entre as pernasou a frente do condutor), mas sempre focado na possível ameaça. Isto

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pode ser feito inclusive com o condutor se movimentando a passos normais,parado ou correndo. Quando o condutor se afasta de seu cão quando ochama, facilita muito para o cão, especialmente para o cão novato. Ocondutor pode se afastar de costas ou de frente para o cão. A imobilidadedo condutor manda sinais confusos, especialmente para cães novatos.Este procedimento é aceito na missão real e nas provas de habilitação. Aúnica maneira aceitável de o condutor ficar imóvel para chamar seu cão éabrigado, deitado, ou ajoelhado, ou qualquer outra situação que diminuasua silhueta, jamais de pé imóvel assumindo a postura de alvo.

4.13 ANDAR JUNTO AO CONDUTORO objetivo operacional de andar junto é o conjunto percorrer grandes

distâncias em marchas, deslocamentos de rotina e corridas com o mínimode desgaste. O cão não pode atrapalhar seu condutor quando emprogressão no terreno, cruzando sua frente ou se atrasando. Cansa,importuna e distrai o condutor aquele cão que não caminha tranquilamenteao lado ou a frente, puxando exageradamente na guia ou se distraindo atodo momento com coisas sem importância pelo caminho.

No exercício de andar juntos, independente dos movimentos docondutor, o cão fará tudo para seu manter seu ombro acompanhando aperna do condutor. Esta posição permite que o cão com a cabeça na posiçãonatural para caminhar ou trotar, consiga ter no seu campo de visão seucondutor, ajustando seu ritmo para acompanhar seu condutor. Quando ocão é conduzido a frente, como no faro ou patrulha em instalações, o cãoserá mantido sempre em uma distância segura pela guia, uma vez quenão está focado no condutor, mas na pista ou em odores e sons de possíveisoponentes.

A posição de junto é sempre adestrada e premiada e será algonatural para o cão.

A primeira etapa é o cão assumir a posição correta de junto duranteo jogo, induzido por petisco ou mordente. Um bom exercício, é dar quartosde volta, e induzir o cão a corrigir a posição. O condutor simula que caminha,movimentando as pernas, induz o cão a ficar na posição correta de juntocom petisco ou mordente, marca posição correta e premia o cão.

Quando o cão assumir a posição correta, e se ajustar diante daspequenos giros do condutor, o condutor dá um passo a frente, e se e cão oacompanhar corretamente, marca e premia. Volta a dar passos no mesmolugar, induz o cão na posição de junto correta, a sua direita, e a suaesquerda.

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Como gesto, o condutor pode dar um tapa na coxa no lado que querque cão assuma a posição, mas não permite que o cão cruze sua frente.Pode usar obstáculos como um muro, obstruindo a passagem do cão porsua frente para adestrar as trocas de lado.

O condutor sinaliza para o cão mudança de direção: o cão de guerraestá focado no seu condutor, olha para onde ele olha, se movimentanaturalmente ao seu lado, cobrindo grandes áreas e deslocamentos semesforços desnecessários nem posturas antinaturais cobradas em algumascompetições esportivas.

No início, fazer círculos com raio grande, com o cão fora do círculocom rapidez e energia para o cão aprender a corrigir os posteriores paraacompanhar o condutor. Ir diminuindo o raio do círculo conforme o cão vaidominando o exercício; é mais difícil para o condutor manter o cão naposição certa em linha reta, mais fácil em círculo. Neste primeiro momento,o objetivo é o cão estar focado no condutor, criar uma associação positiva,o cão é condicionado a sempre procurar a posição correta no junto, adistância percorrida neste momento é irrelevante, poucos metros feitoscorretamente cumprirão o objetivo. O condutor tem em mente para nãoexigir demais do cão, demorar muito para premiar; se o cão faz correto por3 passos, o condutor adota escala variável por uma ou duas sessões,premiar em qualquer momento, desde no primeiro passo, no segundo ouno terceiro. Na próxima sessão de adestramento, escala variável para seispassos, pois o cão nunca sabe quando vai ouvir o marcador e receber oprêmio, se no primeiro passo, se no último ou em qualquer passointermediário. Uma situação importante é saber o limite daquela sessão,se o cão se desengaja do exercício no décimo passo, na próxima repetição,premiar no primeiro passo e na repetição seguinte, premiar no máximo nosétimo ou nono passo.

A correção do exercício de andar junto é melhor realizada daseguinte maneira: o condutor dá meia volta e permite que o cão erre, seafastando. Marca o erro (som gutural ahhh) e então dá trancaços quandoo cão estiver na extremidade da guia. Quando o cão se aproximar suspendeos trancaços e quando o cão assumir posição básica correta, elogio/carinho/prêmio. É criada uma zona de conforto muito clara na cabeça docão. Próximo de seu condutor durante o comando de junto coisas boasacontecem, quando se afasta, sofre desconforto. Quanto mais longe for acorreção, mais rapidamente o cão entenderá o exercício.

O condutor não dá pequenos trancaços quando o cão está próximo,ou quando o cão se afasta apenas um pouco da posição correta. Ficará

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mais fácil para o cão entender e fugir da correção quando o condutor deixaa situação evidente, permitindo que o cão se afaste até a extremidade daguia. O condutor também não fica tensionando a guia com o cão puxandoo tempo inteiro pois induz o reflexo de oposição, comum em cães decompanhia que usam peiteiras. O condutor mantém sempre o enforcadorem sua posição correta. O condutor marca o comportamento desejado epremia oportunamente, em uma escala variável de intervalo. Não estimulao cão o tempo inteiro.

O ideal é o cão de guerra andar junto tanto ao lado esquerdo quantoao lado direito a comando de seu condutor. Um tapa na coxa do própriocondutor indica ao cão o lado que ele deve se posicionar. Não é prudenteum cão de guerra estar condicionado a movimentar-se e posicionar-seapenas no lado esquerdo de seu condutor.

4.14 POSIÇÃO DEITADOA posição deitado tem grande importância operacional, maior do

que as posições sentado e de pé. É a posição de controle, quando o cãodeita rápido ao comando de seu condutor e assim permanece mesmo comdistrações, ele está se submetendo a liderança do condutor. Na linguagemcorporal do cão, nem posição sentado nem de pé expressam submissão.

Como pré-requisitos para o exercício de deitar, o cão já jogaperfeitamente, já foi adestrado com petisco em cima de uma mesa e jáassociou o gesto de indução com o comando verbal para deitar.

Há um recurso que pode ser usado durante o jogo para cães queestejam tendo dificuldade em deitar, ou cães dominantes, que ofereçamresistência para deitar. O condutor excita o cão para perseguir o mordentee, em determinado momento, ajoelha no chão com perna bem baixa, como cão à sua frente e o mordente sendo agitado atrás de seu corpo, entre ochão e sua perna, obrigando o cão a deitar para passar por baixo paramorder o mordente. Com algumas repetições e com o emprego correto domarcador, o cão vai deitar por fração de segundos, ouvir o marcador e ocondutor vai oferecer cabo de guerra como prêmio. Filhotes oferecem maiordificuldade para o condutor, pois este precisa abaixar mais, mas é umrecurso importante para cães adultos dominantes. Induzir com o mordenteo cão cruzar por baixo da perna do condutor: ir baixando a perna até ajoelharcom um joelho no chão, a outra perna com pé no chão com o cão embaixodela, quando o cão deitar, ouve o comando marcador e é premiado com ocabo de guerra. Quando o cão deitar de forma previsível pela indução domordente atrás da perna, introduzir comando verbal, condicionar um gesto,

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baixar o mordente. Sutilmente, a cada repetição baixar menos a perna, ocondutor faz o desaparecimento do gesto com o mordente. O cão aoposicionar-se entre as pernas do condutor, inclusive quando este estiverajoelhado, facilita controle em situações reais.

Uma alavanca facilita o uso da coerção para deitar o cão, tornandoa atividade mais fácil e mais segura. Na mesa de obediência será umburaco por onde a guia passará para a parte de baixo da mesa, no chãoserá uma argola fixa no solo ou um “U” de metal cravado na grama. Ocondutor amarra o cão em um poste/árvore com uma guia de curta. Passaa guia longa (pelo menos 10 m) pela argola ou “U” cravado no chão.Comanda para deitar, o cão já sabe deitar pelo prêmio. Caso o cão deiteprontamente, o condutor marca e premia com petisco/mordente. Caso nãodeite, o condutor ou auxiliar dá puxadas na guia longa até o cão deitar. Ocondutor se afasta a cada repetição acertada. A correção sempre é maisbem realizada com um auxiliar corrigindo discretamente o cão, com guialonga.

4.15 POSIÇÃO NO MEIO DAS PERNAS DO MILITARExistem várias situações nas quais será conveniente o cão ficar

entre as pernas do condutor, como por exemplo nos adestramentos deagitação, ao colocar focinheira, posição de tiro ajoelhado. Em operaçõesde controle distúrbio, é uma posição que permite mais controle sobre ocão. O Condutor facilmente orienta o cão para o oponente desejado,evitando mordidas acidentais com colegas do pelotão. Ao retirar o cãoque morde oponente, o condutor se mantém estável, de frente para ooponente, e o cão sempre ficará entre ele e o oponente, a qualquermomento, se necessário, o cão poderá ser solto novamente.

4.16 POSIÇAO DE PÉJá foi descrito como é importante colocar o cão em pé, entre o

sentado e o deitado, fazendo o cão realizar a ginástica correta dosposteriores que se mexem quando deita, enquanto os anteriores e suacabeça permanecem no mesmo lugar. Já no emprego operacional a posiçãoem pé não tem tanta importância quanto a posição deitado. O comandode ficar em pé servirá mais para adestramento das trocas de posições,mas pode auxiliar em algumas situações como exames veterinários emelhorar a postura do cão quando a vista do público, quando não é possívelou conveniente mandar o cão sentar ou deitar (piso quente, por exemplo).

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A indução para ficar de pé a partir da posição deitado é feitafazendo o cão colar seu focinho na mão do condutor com petisco, levar emdireção ao peito do cão e para trás. Com o movimento da cabeça, o cãoacabará levantando, e ao levantar, ouvirá o marcador e será premiadocom o petisco. Será feito na mesa, conforme já descrito, assim quecomportamento ficar previsível, o cão ouvirá o comando fração de segundoantes do gesto iniciar. A cada sessão, o condutor será mais discreto com ogesto de indução, até que o cão realize o exercício com o comando de voze com um gesto muito discreto ou inexistente.

Durante o jogo, é o exercício mais fácil de induzir: parar com omordente alto, quando o cão ficar imóvel, marcar e premiar com o cabo deguerra.

A borda removida da mesa de adestramento ou outra borda demadeira de cerca de ½ palmo de altura em forma de “U” será um auxiliarpara adestrar a posição de pé no chão.

4.17 COMANDO EM FRENTENos esportes caninos, o condutor sempre quando adestra o exercício

em frente usa um alvo bem claro para o cão, como uma cerca ou conelaranja de tráfico e o artifício de posicionar comida ou mordente à frente,mas dissimula que não existe algum indutor primário na direção que aponta.Na verdade, no dia da prova, e somente nos dias de prova, não haverá oindutor primário final do campo, o cão correrá velozmente na expectativareal de encontrar o prêmio.

O condutor manda o cão de guerra em frente à procura de algo oua um local certo e visível, canil, biombo ou viatura. É muito importantepara cão que, desde muito cedo, saiba afastar-se do condutor sob comando.Quando for mandado em frente, sempre vai encontrar um indutor primáriopositivo: petisco, mordente ou figurante. A diferença da situação militardos eventos esportivos é que não há necessidade de mascarar o prêmio, ocondutor sempre apontará para um objetivo real, mesmo que o cão tenhaque procurá-lo, o prêmio SEMPRE estará lá. Este é um dos momentos emque não é adequado subestimar o cão e sua capacidade de discriminar asdiferentes situações. Se estiver em patrulha e o condutor apontar parauma moita à frente, o cão corre e investiga a moita à procura do oponente,se o condutor aponta para o canil, o cão entende o que se espera dele.

O cão corre à frente do seu condutor na direção que ele aponta.Podem ter comandos verbais diferentes ou não para contextos diferentes

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(canil, oponente), mas o gesto é sempre o mesmo: apontar com a mão quenão emprega arma, cassetete/tonfa (mão fraca – se destro, usa mãoesquerda, se canhoto, usa mão direita). Durante as repetições, o alvo semantém no lugar, quem se afasta é o conjunto, cão e condutor. O alvo éalgo evidente para o cão e, neste exercício, é fundamental que o cão percebaclaramente seu alvo antes de ser liberado pelo condutor. O alvo no campode adestramento pode ser um cone laranja de sinalização, tampa plásticade um vasilhame, cano de pvc com uma bandeirola, etc. Outros alvosevidentes para o cão: seu próprio canil, biombo, sua caixa de transporte,sua própria viatura ou um figurante.

O cão pode ser condicionado a tocar ou chegar ao alvo e no alvo terseu indutor primário, petisco, mordente ou figurante, ou pode sercondicionado a tocar no alvo, ouvir o marcador e, então, receber o prêmio.

Quando o indutor primário positivo for o alvo, ou colocado dentrodo alvo, dentro do canil, caixa de transporte ou dentro da viatura, porexemplo, o condutor excita o cão e deixa-o evidentemente interessado,recua, olhando para o alvo, aponta para o local, e libera o cão somente seestiver focado no alvo.

Quando o cão chegar, continua elogiando o cão com a voz – se forração, tenta mantê-lo no alvo, se for mordente, chama-o de volta.

O condutor pode estimular seu cão colocando-o entre suas pernas,ou sentado ou deitado. É muito importante que cão se acostume a recebercomando de seu condutor em silhueta diminuída.

4.18 BUSCA DE OBJETOS LANÇADOS PELO CONDUTORÉ fundamental para o adestramento do cão de detecção que ele

busque o mordente impregnado de odor para seu condutor. O Cão de guerraserá condicionado a retornar ao condutor depois de pegar o mordentequando este é lançado. Alguns treinadores usam como critério de seleçãopara cães de detecção a busca natural, instintiva, sem treinamento algum.

Para buscar consistentemente qualquer objeto que o condutorarremessar, o condutor separa o exercício em várias etapas, como umquebra-cabeça:

- comer petisco lançado e retornar ao condutor;- buscar objeto lançado;- manter um objeto em sua boca e soltar somente sob comando;- andar na guia carregando objeto na boca.

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4.18.1 COMER PETISCO LANÇADO E RETORNAR AO CONDUTORO primeiro passo é adestrar ao cão pegar petiscos lançados no

chão e retornar para o condutor e receber outro petisco por voltar. Ocondutor senta sobre suas próprias pernas (joelhos e canelas em contatocom o chão, nádegas apoiadas nos tornozelos) para não ficar se curvandosobre o cão e, mantendo suas costas eretas, dá comando bring e jogapetiscos a curta distância; quando o cão pegar o petisco, é chamado devolta, ouve o marcador e recebe outro petisco por ter voltado. É importantenão deixar o cão ficar farejando à procura de outro petisco no chão, oimportante é que se condicione mecanicamente a ir onde o condutoraponta, comer e voltar rapidamente, é o alicerce do exercício de buscar.

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Iniciando com petisco, o condutor joga o petisco, tão logo o cão abocanhe o petisco,atrai o cão de volta e dá outro petisco.

4.18.2 BUSCAR OBJETO LANÇADOQuando o cão já partir na mesma direção e distância que o petisco

é jogado e voltar, o condutor vai realizar no mesmo lugar e da mesmamaneira, o que muda é que usará um objeto, neste primeiro momento,qualquer objeto que não seja o mordente usual. Um bom objeto é um canode PVC curvo com um barbante de um metro amarrado em uma dasextremidades. O cano de PVC é ruim de mascar e, sendo curvo, torna-sefácil de tirar da boca do cão sem maiores melindres, é muito maisinteressante para o cão buscar o PVC do que mascá-lo ou tentar fazercabo de guerra com o condutor. O condutor estimula o cão com o mordentepreso a um barbante de cerca de um metro e joga a uma pequena distância,caso o cão se desinteresse pelo mordente parado no chão, o condutorpuxa o mordente e movimenta somente para estimular o cão. O barbantede um metro pode ser substituído por uma guia retrátil. O objetivo é que ocão entenda a pegar o mordente parado no chão. Quando o cão abocanharo mordente, o condutor chama o cão e, tão logo ele chegue, o condutorcomanda-o para soltar e, imediatamente, joga na mesma direção e distânciaque havia jogado. Emprega o comando de bring quando o cão estiver indoem direção ao mordente. Nas primeiras vezes, o cão pode ficar confuso ese interessar mais pelo condutor e não se afastar para buscar o mordente,o condutor pacientemente faz o cão entender que, naquela sessão, oobjetivo é buscar e entregar o objeto.

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Quando o condutor condicionar o cão a trazer o objeto de volta eser premiado por petisco ou cabo de guerra, pode, durante o jogo, intercalarcabo de guerra com o jogo de buscar. Durante o jogo, o condutor usa omarcador habitual e premia, normalmente, algum exercício que estejaadestrando, deita, por exemplo, jogando o mordente longe e, se for bolinhaou Kong, pode jogar no chão para quicar e estimular mais o cão. Tão logoo cão ache o mordente, condutor se afasta, correndo e excitando o cão avoltar, chamando-o pelo nome. Com a evolução natural do adestramento,utilizando mordente impregnado de odor (narcótico, cadáver, suspeito, etc.),o condutor vai aumentado o grau de dificuldade arremessando no escuro,na grama alta ou mais longe, aumentando o tempo de busca. Este exercíciotem fundamental importância para o cão melhorar o padrão e a persistênciada busca.

4.18.3 MANTER UM OBJETO EM SUA BOCA E SOLTAR SOMENTESOB COMANDONos primórdios do adestramento de cães, ou o cão buscava

naturalmente por forte seleção genética das raças especializadas em busca(Golden retriever, Labrador) ou o cão era adestrado para a busca de formacoercitiva em todas as etapas. Há coação em todas as etapas, desde iraté o objeto, abocanhar, carregar e entregar para o condutor. Com avulgarização de técnicas modernas de condicionamento operante, comuso de prémios como cabo de guerra e petiscos, houve uma tendência deapenas usar o prêmio.

Atualmente, é consenso usar um pouco dos dois mundos. O cãoentende que realiza um trabalho, e é recompensado, mas não tem opçãode não realizá-lo. O condutor impõe-se como líder do conjunto. Isto não émais feito como na escola antiga, mas com o mínimo de força possível.

A primeira peça do quebra-cabeça é o condutor conseguir colocarsuas mãos no focinho do cão, e segurá-lo gentilmente pelo focinho. Quandoconseguir isso, o cão ouve o marcador sonoro e recebe o prêmio (petisco).Uma vez que o cão se mantenha tranquilo ao ser manipulado na cara efocinho, o condutor passa para a segunda peça do quebra-cabeça.

Um objeto, como cano de PVC ligeiramente curvo com um pequenobarbante atado, é colocado na boca do cão. A tendência natural e imediatado cão é expelir o objeto. O condutor acalma-o e força-o a manter o objetode forma tranquila em sua boca. Sem alvoroço, gritaria, ou qualquerexaltação. Uma vez que o cão fique alguns segundos com o objeto sem

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reagir em sua boca, ouvirá o marcador sonoro e será premiado com petisco.O condutor associa um som ao exercício de manter o objeto na bocacalmamente, como “pega”.

Uma vez que esteja bem claro para o cão esta etapa, que recebe damão do condutor um objeto, abocanha e mantém firme até receber o sinalsonoro, solta e recebe o prêmio, o condutor vai acrescentar ao quebra-cabeça a peça do comando para soltar. Uma fração de segundo antes deusar o marcador sonoro, comanda para soltar, marca e premia o cão, atéque não seja necessário mais o marcador, apenas o comando, ocomportamento correto e o prêmio.

4.18.4 ANDAR NA GUIA CARREGANDO OBJETO NA BOCAUma vez que o cão abocanhe sob comando e solte sob comando, o

condutor dá um passo com cão. A tendência do cão é soltar, é corrigido eo objeto reintroduzido em sua boca. Se conseguir dar um passo com oobjeto, é imediatamente premiado. Não importa a distância, importa nestaetapa que o cão capte o conceito de andar com o objeto na boca. Asdistâncias aumentam paulatinamente com os gradativos sucessos do cão.

4.18.5 ABOCANHAR NO CHÃOO condutor, em uma situação controlada (cão em cima da mesa,

recinto pequeno, guia) manda o cão pegar o objeto cada vez mais próximodo chão, mas ainda em sua mão. Sutilmente, afasta sua mão fração desegundo antes que o cão abocanhe no chão. Esta é uma etapa que a maioriados cães resiste ou demonstram alguma dificuldade. A partir desta etapa,é o cão que deve abocanhar do chão e não mais da mão de seu condutor.O condutor pode voltar a pegar o objeto, ou através do barbante amarradono objeto movimentar o cão, e incentivá-lo a abocanhar. Aproximaçãosucessiva pode ser usada, se o cão se aproximar, ouvirá o marcador épremiado, se tocar, ouvirá o marcador e é premiado, assim sucessivamente,até abocanhar o objeto. As ajudas verbais, incentivando o cão e corrigindoserão fundamentais para superar esta etapa.

4.18.6 GENERALIZAÇÃO DE OBJETOSO condutor usará toda sorte de objetos, na situação controlada do

exercício de abocanhar e andar na guia. Coturnos, escovas, barras de metal,chaves, brinquedos de crianças, latas de refrigerantes, garrafas PET,

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frascos de materiais de limpeza, pedaços dos mais variados tecidos,tapetes, etc. Existem alguns objetos, seja pela textura, dureza, ou odor,que desestimulam o cão para abocanhá-los ou mantê-los na boca. Ocondutor dessensibiliza seu cão, através da combinação de coerção eprêmio.

4.19 POSIÇÃO SENTADOO cão foi adestrado a sentar com petisco na mesa, o que restará é

a transição para o cão realizar o exercício no chão.A posição sentado é confortável para o cão e é um postura

profissional adequada para o cão ser visto pelo público, quando emintervalos de patrulha ou deslocamentos.

A indução com o mordente é feita durante o jogo, o condutor agitao cão, faz girar o cão no sentido horário e, em um movimento brusco, viraem sentido anti-horário, elevando o mordente levantando a mão e baixandoo cotovelo, tão logo sente, ouve o marcador e é premiado com o jogo decabo de guerra.

Ambas as induções com petisco e com mordente serão cada vezmais discretas, até o cão realizar o exercício pelo comando por voz e gestomuito discreto ou mesmo sem gesto algum. O gesto é a forma de comandoque o cão aprende mais fácil e retém por mais tempo, caso preciseretrabalhar um cão e melhorar o exercício, o gesto pode voltar a serempregado como foi no início, outra situação conveniente que o cãoobedeça o comando por gesto é quando não se quer ou não se pode usarvoz.

O exercício de sentar, da mesma maneira que o de deitar é umexercício dinâmico, o objetivo é sentar rápido, independente da posição,distância ou movimentação do condutor. Imediatamente após sentar, ocão ouve o marcador e recebe petisco/mordente; sempre o condutor induzpara a posição de sentar correta, os posteriores flexionam-se e avançampara baixo do corpo do cão e os anteriores se mantêm na mesma posição.

Quando o condutor conseguir induzir o cão de maneira previsível,ou seja, 100% das vezes quando induz o cão sentar, o condutor vai começara falar o comando fração de segundo antes de iniciar a indução. O comandoverbal somente é introduzido quando o cão realiza o exercício bem, casocontrário, estará associando e condicionando comando para umcomportamento abaixo do padrão desejado.

O condutor comanda e imediatamente induz com o gesto.Eventualmente, comanda e espera 0,5 segundo, para ver se o cão já

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começou a perceber o comando verbal. Se não, continua dando o comandoe imediatamente auxiliando com o gesto de indução. Se sim, o condutorcomeça o desaparecimento do gesto de indução, fica cada vez maisdiscreto, se movimentando menos, até que o cão obedeça com gesto muitodiscreto ou até mesmo sem gesto algum, apenas com comando verbal. Ocondutor é criativo, se movimenta, simula corrida no mesmo lugar, comandapara sentar durante o jogo, estando de frente, de costas ou ao lado docão. É fundamental que o cão discrimine o comando apenas, e não umconjunto de informações como: o cão somente senta quando o condutorestá ao seu lado direito ou à sua frente, ou parado.

O condutor trabalha, literalmente, centenas de vezes, fazendo ocão ouvir o comando, ser induzido, no início com movimento amplo e depoismuito discreto, se preocupando sempre com a rapidez e a ginástica correta.Depois de dois ou três meses adestrando com prêmio, o condutor vaiintroduzir a coerção para o exercício de sentar. Da mesma maneira que acoerção foi introduzida para o exercício de deitar, o condutor precisa terclaro em sua mente que é um novo exercício para seu cão, pacientemente,começa do zero. Sentar por indução por petisco ou mordente é um exercício,sentar forçado para fugir ou ceder à pressão do condutor é outro, totalmentediferente.

Para forçar o cão a sentar, o enforcador é colocado na posiçãocorreta, bem alto no pescoço, passando pela garganta do cão e nuca, logoatrás das orelhas. O condutor eleva a guia e puxa para cima, tão logo ocão demonstre ceder, elevando a cabeça, cede à pressão o condutor marcae premia com petisco. A cada repetição, o condutor cobra que o cão cedaum pouco mais e, quando o cão ceder elevando a cabeça, o condutor frouxaa guia, marca e premia. Faz as repetições necessárias até que o cão sentee, então, emprega o que chamamos de grande prêmio, ou acumulado, ocondutor marca e premia o cão com um punhado de petisco, elogia muito,brinca e corre com o cão. Isto é para evidenciar a primeira vez que o cãosentou cedendo à pressão – impressão do primeiro exercício correto. Apartir desse momento, o cão será premiado em escala variável,principalmente quando sentar rápido, e será forçado a sentar quando nãofizer ao primeiro comando.

4.20 TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOSEm uma situação real, o cão transporá o obstáculo a frente de seu

condutor, ou o obstáculo é tão grande que o conjunto transporá junto.

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Obstáculos serão portões, árvores caídas, manilhas, muros, portões,janelas, janelas de carro, carro, etc. Desde o início esta situação écondicionada no cão. Transpor obstáculos com o cão saltando e condutortranspondo ao largo é para o esporte civil de Agilidade.

Saltar, escalar, rastejar e nadar para transposição de toda sorte deobstáculos fazem parte das habilidades operacionais mínimas para umcão de guerra. Obstáculos podem ser transpostos com ou sem a ajuda deseu condutor, mas sempre o cão irá à frente. É fundamental que esteconceito seja adestrado e que o cão esteja preparado para ser auxiliado,colocado no ombro e jogado para dentro de um sótão, abertura ou janela.O escudo balístico pode ser usado como plataforma para elevar o cão eele pular para dentro de uma abertura ou sótão. Os militares que apoiame elevam o cão estarão abaixo do escudo, abrigados. Associar o mais rápidopossível o salto ou transposição de obstáculos com a procura e o combatecom o figurante.

Obstáculos são feitos com meios de fortuna encontrados dentro daorganização militar. São feitas apenas modificações para segurança domilitares e cães, arestas são arredondadas, estrutura é reforçada, feltrose borrachas podem ser colocados em pontos salientes. Simulam situaçõespossíveis de serem encontradas em uma missão real de procura e captura.Portões, portas, janelas, carros velhos, guaritas, telas, tudo pode seraproveitado. São evitados obstáculos de pistas de agilidade, feitosespecialmente para o esporte canino. Alguns obstáculos que podem serfacilmente montados com materiais encontrados na unidade: lâmina deágua, cortina de lona plástica preta, cortina de lonas franjadas, cortina degarrafas pet, piso irregular de sacos plásticos e garrafas pet, balançosuspenso por cabos de aço, ponte pênsil. Rampas e degraus facilitam asaída dos obstáculos, evitando desgastes desnecessários aos cães.

4.20.1 SALTOComo pré-requisitos para saltar, o cão já realiza com perfeição o

exercício de ir em frente, sobe rampas e escadas com facilidade, toca emuma marca e joga cabo de guerra com o auxiliar. O primeiro exercício seráplanejado para imprimir velocidade e confiança. O obstáculo será montadobem baixo, mas largo. Primeiro o cão dominará o salto em largura, depoisem altura. O salto em largura adestra o cão a calcular o ponto de saltopreparando-o para salto em altura.

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Excelente obstáculo imitandoperfeitamente um abrigo subterrâneo,

feito com chapas de concreto, cobertascom terra e foi plantado grama. Tem cerca

de 30 cm de altura e 2,5 m decomprimento. Há uma saída para os cães

na outra extremidade.(área deadestramento 3ºBPE)

Túnel (5RCMec)

Na primeira vez em que for saltar, é criada uma impressão excelenteno cão, principalmente na rapidez. O auxiliar segura o cão, o condutor seafasta passando por cima do obstáculo e ficando do outro lado,incentivando o cão para aproximar-se; fração de segundo antes de o cãopular, ouvirá o comando hop e, ao chegar ao condutor, é premiado com ojogo de cabo de guerra. O auxiliar passa por cima do obstáculo, se aproximado condutor e cão e segura-o; o condutor se afasta do cão, passando porcima do obstáculo, agita o cão com palavras, gesticula mostrando omordente e, fração de segundo antes de o cão pular, ouvirá hop, ao chegarao condutor, será premiado com o jogo de cabo de guerra. O exercício nãoé para aproximar-se do condutor, é o contrário, afastar-se dele. Comoqualquer exercício intermediário, a regra das três vezes é usada, fazeruma, fazer duas, não fazer a terceira. A terceira repetição será o auxiliarque agita o cão e, quando o condutor perceber que o cão está focado,libera-o. É fundamental investir tempo para montar o exercício; para nãopermitir que o cão contorne o obstáculo, o condutor procura induzí-lo aoacerto, o obstáculo pode ser montado ao lado de um muro, pode ser feitoum cercadinho de obstáculos e, uma vez que pule dentro, terá que pularpara fora, não há como driblar obstáculo.

O nylon de pesca pode ser usado como cerca invisível ou poucovisível para impedir que o cão contorne o obstáculo e não salte. Também

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pode ser usada a repreensão verbal com um forte não ou ahhh nas primeirasvezes. A primeira impressão do exercício do salto será conduzida demaneira que não permita o cão errar, como desviar pelos lados do obstáculo,ou começar muito alto ou muito largo de que assuste o cão ou faça-oderrubar.

Os obstáculos de salto são construídos de tal maneira que permitamregular a altura ou a largura, começando bem baixo ou bem curto e aaltura e largura aumentam gradativamente conforme os sucessos do cão.A semelhança dos obstáculos para salto de equitação, os obstáculos desalto são construídos de maneira que caso o cão apoie, ele se desmonte.

Para salto em altura, dois pequenos obstáculos, cada um deles feitocom um cano ou cabo de vassoura com um palmo de altura e da mesmalargura do obstáculo principal, serão usados sempre que possível, antes edepois do obstáculo principal. A distância destes obstáculos de referênciaao obstáculo principal é de um metro antes e o outro a um metro depois.Desde o primeiro salto, e sempre que possível, o cão terá estes pequenosobstáculos de referência para auxiliá-lo em um arco de salto adequado.

4.20.2 TRANSPOSIÇÃO DE CURSO DE ÁGUAO cão de guerra é adestrado para transpor pequenos cursos de

água, com o figurante dentro da água ou no outro barranco. Para o cãonão ter receio de água, é montado um obstáculo chamado lâmina de água.Pequeno tanque com no máximo meio palmo de profundidade ou menospara filhotes, onde o cão realiza vários exercícios, como sentar, deitar,jogo de cabo de guerra, sempre associando água com prêmio. Nas primeirasvezes o condutor entra junto com o cão, para depois que estiver confiante,o cão entrar a frente do condutor.

Em situação real, cão está em grande desvantagem no combate naágua. Longe de seu condutor, sem seu apoio, o cão pode facilmente seratraído para um combate em que será morto ou ferido. A natação épreparação física e mental indispensável para o cão de guerra e duranteadestramentos, toda criatividade é bem vinda, inclusive com combatedentro da água ou logo depois da transposição do obstáculo com água.

4.20.3 ESCALADASemelhante ao obstáculo de adestramento para saltar em largura,

o obstáculo de escalada é construído de tal sorte que permita que suaaltura seja gradativamente aumentada. O lado de abordagem pelo cão

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também é construído de maneira que ajuste a inclinação. Para cãesiniciantes, é montado bem baixo e com ligeira inclinação. Paulatinamente,a altura sobe e a inclinação desaparece até o obstáculo ficar com ângulode 90º em relação ao solo no lado que é abordado pelo cão. No lado desaída, uma rampa ou degraus auxiliam o cão, não há necessidade desobrecarregar as articulações do cão no choque com o solo depois detranspor os obstáculos.

4.20.4 OBSTÁCULOS TIPO TÚNELSempre que possível, aproveitar a facilitação social, um cão que já

realiza o exercício demonstra para os outros. Além dos cães novatosvisualizarem, ele deixará seu odor no trajeto a ser percorrido dentro doobstáculo.

Um auxiliar segura o cão, e seu condutor estimula-o na saída dotúnel. Uma guia longa pode ser passada por dentro do túnel, para nãopermitir que o cão retorne por onde entrou, mas não deve ser usada parapuxar o cão.

Obstáculo do 3ºBPE, de um ladorampa, de outro lado escadavazada, cortina de franjas deplástico, plataforma capaz de

sustentar com segurança ofigurante para se posicionar e

receber o ataque do cão

Obstáculo simulando ponte suspensa, a movimentação do obstáculo enquanto o cãoo negocia é um desafio mental muito bom (5ºRCMec). Gravura do Manual técnico de

veterinária T 42-280 de 1974.

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Obstáculo com rampa e degrau, observar altura na proporção do soldado. (5ºRCMec)

Obstáculo para rastejo (5ºRCMec)

Túnel e passarela conjuntos feitos com meio de fortuna encontrados na unidade.

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Ponte com barras afastadas Barreira de escada com barras separadas

Barreira de escada com barras paralelas Barreira de escada e paltaforma

Barreira de plano horizontal

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Barreira simulando janela (5ºRCMec)

Barreira horizontal(5ºRCMec)

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4.21 RECUSA DE ALIMENTOSO cão de guerra somente come aquilo que recebe em sua tigela de

ração ou direto da mão de seu condutor. A distração no trabalho por comidapode ser intencional ou acidental. O militar adestrador cobra o tempo inteiroque ninguém deixe petiscos cair ou deixe cão em área que ache alimentose coma sem a liberação de seu condutor. A recusa de alimentos é adestradaem diversas etapas, a fim de facilitar para o cão e evitar aparecimento deproblemas. Se o adestramento for mal conduzido, dois problemas podemaparecer: o cão apenas recusa alimento quando percebe que está sobsupervisão, à vista de seu condutor, ou o cão demonstra receio de quemoferece comida (figurante ou oponente real).

a) A primeira etapa, que começa muito cedo na vida dofilhote e prossegue enquanto o cão estiver na SCG é acriação de um ritual para o cão comer sua ração diária. Ocão come apenas da mão de seu condutor, ou de sua tigelaem seu canil ou caixa de transporte. No canil, o condutormanda o cão deitar, coloca a tigela de ração no mesmolugar. O cão somente se levanta e come após liberação deseu condutor. O comando pode ser “ok”.b) Um auxiliar joga petiscos em uma área predeterminadae circula com o cão na guia. Diante de qualquer tentativado cão explorar na direção da comida, recebe o comandoque será sempre usado para o cão se desinteressar por algo,por exemplo “deixa” e o condutor dá puxadas na guia até ocão perder o interesse. Quando o cão voltar a prestar atençãono condutor, é premiado com jogo de cabo de guerra e debuscar.c) Um metal em forma de “U” ou uma estaca com umaargola é cravada onde o cão ficará, a guia longa é passadapor dentro do “U” cravado no chão ou por dentro da argolada estaca e fica na mão do condutor. Isso manterá o cão naposição mesmo se tiver que ser corrigido.d) Condutor manda o cão deitar, e fica com a guia na mãopronto para corrigí-lo. Um assistente, sem agitar o cão,aproxima-se do conjunto e joga próximo ao cão pedaços deespuma, tecido, objetos sem forma definida, que não sãousados nem nos exercícios de buscar nem como mordentes.

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O condutor corrige o cão, impedindo-o de investigar ou deabocanhar os objetos, com comando “deixa”. Quando o cãofocar no auxiliar, ele joga cabo de guerra com o cão,premiando-o. O mordente está escondido e somente seráapresentado ao cão no momento de premiá-lo. O condutoré o mais discreto possível, a ideia é o cão não dependerdas induções do condutor.e) Depois de algumas sessões que o cão estiver focado noauxiliar, não dando importância para pedaços de objetosnão usuais ao trabalho ou adestramento, o petisco éesfregado nestes objetos, a fim de impregná-los com odor.Mesmo exercício é feito até o cão perceber que prestaatenção no assistente, não no que ele arremessa, mesmoque o objeto esteja com odor de alimento.f) O condutor se afasta, e fica atrás de um biombo, mas ficasempre em condições de corrigir o cão com a guia longa oude outra maneira. O prêmio com cabo de guerra com oauxiliar será no local onde ele está deitado.g) Cautela é tomada para que o cão não acesse os objetos,e também para que não se dispenda muita energia comgritos ou puxões na guia. O cão não pode perder o interesseno assistente, não pode demonstrar medo, receio ou tentarse afastar por qualquer motivo.h) A partir desta etapa será jogado o petisco real. Etapasintermediárias foram acrescentadas para que eventuaiserros cometidos por falta de precisão, posicionamentoerrado, distâncias erradas sejam adestradas e corrigidaspelo condutor e por seu auxiliar. A expectativa é que nemcondutor nem auxiliar cometam erros com petisco. Casoerrem, e caso o cão coma o petisco, ele se sentirá premiado,o que atrasará a evolução do adestramento.i) Se o cão der atenção ao petisco jogado, é corrigido eouve o comando “deixa”. Quando prestar atenção no auxiliar,é premiado com cabo de guerra.j) Como polimento final, depois de várias sessões que ocão não erre, se disponível, a coleira eletrônica pode serusada.

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4.22 ACHAR E APREENDER X ACHAR E INDICARUma das principais missões do cão de guerra é imobilizar o oponente,

apreendendo-o e neutralizando sua capacidade de agredir seu condutor.Para isso o cão de guerra é condicionado a achar e morder (apreender),estando o oponente imóvel, correndo ou atacando. Mas é adestrado aachar e latir (indicar) quando não consegue morder.

Cães que são adestrados a achar e latir (indicar), apreendem commais firmeza e consistência na situação real. O exercício é montado demaneira que o figurante fique inacessível à mordida, atrás de tela, cerca,porta, em cima de mesa, árvore; quando o cão latir, o figurante permite amordida. Quando o cão é condicionado a latir quando não consegue morder,ele está sendo preparado para superar situações desafiadoras, propiciandoa oportunidade de seu condutor perceber que está vulnerável, próximo dooponente, mas, por algum motivo, sem poder mordê-lo e, então, seráchamado de volta a seu condutor.

Outros pontos importantes atingidos com o adestramento doexercício de achar e latir são: mudar o impulso para caçar para o impulsopara lutar; manter o cão focado no figurante/oponente e condicionar umcomportamento adequado para quando soltar. Além disso, condiciona ocão a ter um comportamento aceitável se for difícil ou se for desafiado poruma situação desconhecida, como, por exemplo, se o oponente estiverem uma posição inusitada para o cão – agachado, enfiado em um buracoou coberto por algo. O cão adestrado para achar e latir, dificilmente serádesafiado o suficiente para ser colocado em fuga pelo oponente. Oadestramento permitirá ter uma solução, se não puder, não conseguirmorder, latir será a solução. Ao latir, o cão alerta o condutor que está emdificuldades e engaja em um comportamento que o estimula a ficar focadono oponente, propiciando a mordida. É uma cadeia de comportamento, ocomportamento de latir agressivamente para o oponente cria aoportunidade de o cão finalizar com a mordida.

Cães adestrados para achar e latir, muito provavelmente acharão emorderão na situação real, principalmente se provocados de algumamaneira pelo oponente e um bom cão terá um limiar muito baixo paraengajar no combate. Bons cães, com impulso alto de luta, não deixarão demorder bem. Cães medianos, melhorarão seu engajamento com ooponente, e adotarão um comportamento que os estimulará para mordercaso sejam desafiados.

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Desde muito cedo, no adestramento, o cão é incentivado a mordere latir para aliviar estresse, logo após correção, por exemplo, pordemonstrar agressividade com outro cão da SCG: o condutor manda o cãorealizar um exercício que sabe que o animal realizará, sentar, deitar, ficarem pé, e premia com o cabo de guerra. Durante a agitação em conjunto,onde o conjunto é mantido a certa distância, enquanto outros conjuntoscombatem o figurante, o cão é estimulado a latir sob comando por seucondutor. É importante que o cão de guerra demonstre muita agressividadelatindo, isto tem importante efeito dissuasivo e, em muitas situações, éapenas o que será necessário. Um tipo de cão que não é conveniente quelata é o cão de entrada em instalações ou dispositivos, onde não há refénse os oponentes estão armados. O cão não pode quebrar o silênciodenunciando a aproximação da equipe tática. O cão regular da SCG dedupla aptidão para emprego em patrulhas, busca de instalações e proteçãode áreas militares, late agressivamente.

O achar e latir na situação operacional difere em muito do achar elatir do esporte. Em competições caninas civis, o figurante fará sempre amesma coreografia, ficando de pé, imóvel. O cão late e ameaça sempreda mesma maneira, mordendo a luva de proteção. A gama de possibilidadese situações que o cão de guerra pode enfrentar é extensa: oponentedeitado, de costas, agachado, imóvel, correndo, agitado. Por experiência,mesmo o cão adestrado para achar e latir, eventualmente, na situaçãoreal vai achar e morder. Por isso, a recomendação de adestrar achar elatir, mas esperar o comportamento de achar e morder e entender quecães adestrados a achar e latir, quando mandados achar e morder,combatem melhor e mordem melhor.

4.22.1 LATIR SOB COMANDOUma dos primeiros exercícios para adestrar o cão, inclusive filhotes

muito jovens é latir sob comando. É importante pois facilitará oadestramento para silenciar cão, condutor manda o cão latir, premia,manda o cão silenciar e premia, colocando um comando para ambos oscomportamentos. Outra situação é facilitar para o cão novato oenfrentamento de situações desafiadoras, que poderiam colocá-lo emconflito. O condutor auxiliará fornecendo um comportamento que alivia oestresse, e por cadeia de comportamento, cria a chance do cão escalarpara agressão e mordida. Um bom exemplo é o figurante parado a frentedo cão. Com um filhote ou cão novato que late sob comando, o que seria

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uma situação de desafio, a imobilidade do oponente é interpretado pelocão como desafio, o que pode colocar um cão novato em comportamentode evitação ou até fuga, o condutor comanda que ele lata e premia-o. Opróprio figurante pode premiar o cão empreendendo uma dramática fugado campo de adestramento quando o cão latir.

Em algumas situações operacionais é preciso que o cão aja apenascomo dissuasão latindo agressivamente. Em outras será necessário o cãoficar em silêncio, e este comando está claro para o cão que foi adestradoa latir sob comando.

O condutor amarra o cão em poste e descobre alguma situaçãoque o induza o cão a latir, agitação, frustração por algum mordente que ocondutor mostra para o cão, ou simplesmente se afasta do cão. Em algumassituações, é mais fácil induzir o cão a latir dentro de seu próprio canil oucom outros cães próximos fazendo uso da facilitação social. Tão logo ocão lata, o condutor marca e premia. Este é um excelente exercício quedemonstra claramente a facilidade de adestrar com um marcador sonoroclaro para o cão. Em poucas repetições o cão estará oferecendo ocomportamento de latir, ouvirá o marcador e receberá o petico ou mordente.O condutor começa a associar a um gesto e a um comando verbal como“cuida” quando o cão late. Quando o comportamento de latir do cão ficaprevisível, o condutor tenta dar o comando fração de segundo antes docão iniciar o comportamento. Quando consistentemente conseguir que ocão lata sob estímulo do comando, deixa de premiar quando o cão latirsem o comando.

Para o quieto, depois de algumas sessões de adestramento comsucesso, quando o cão late sob estímulo do comando e ou do gesto paratal. O simples fato de usar o marcador sonoro, faz o cão parar de latir, senão, o condutor oferece o petisco para o cão cheirar, ele ficará quieto parafarejar o petisco, e receberá o prêmio. O condutor associa o comando dequieto, marca e premia. A correção somente é empregada depois desemanas, quando estiver claro para o cão o que se espera dele.

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4.23 AGITAÇÃO

4.23.1 COM O PRÓPRIO CONDUTORO condutor prepara seu cão para a agitação posterior com o

figurante. Durante o Jogo de cabo de guerra e de buscar, conceitosfundamentais são trabalhados com o cão, como morder de boca cheia,morder e soltar sob comando.

O exercício do giro da vitória e afago aumenta a possesividade docão, é usado para incentivá-lo; se o cão não soltar ou não trouxer de voltao mordente, a frequência que o condutor realiza o giro e o afago serádiminuída.

Para o exercício do giro da vitória, o condutor segura na ponta dacorda que prende o mordente, gira induzindo que o cão gire à sua volta,trota e estimula verbalmente o cão e o chama para o afago; se o cãoderrubar, a caça volta à vida, o condutor arranca o mordente do cão. Senecessário, impede com a guia que o cão recupere o mordente inanimadono chão, pegando-o ou chutando-o para longe.

No afago, o condutor realiza um carinho tranquilizador que consisteem colocar a mão no peito, não na guia ou na coleira: mão espalmada,bem lenta pelo ombro e nas costelas do cão. Repetindo lenta, baixa ecalmamente: “boa mordida” espera alguns segundos, “boa mordida”.Quando o condutor libera o cão para o giro da vitória, jamais deixa o cãosolto: ou segura o cão pela guia ou pela cordinha do mordente. O cão nãopode fugir com o mordente; se, eventualmente fugir, o condutor jamaiscorre atrás, vira de costas e sai caminhando. Pode tentar chamar o cão ouatrair com um segundo mordente em uma corda que ganha vida e se portacomo caça, sendo mais atraente para o cão que o mordente em sua boca.

4.23.2 AGITAÇÃO COM O FIGURANTEO cão chega para primeira sessão com figurante com uma

preparação consolidada por seu condutor, tem mordida calma e de bocacheia, morde por comando, solta sob comando, late sob comando. A sessãode agitação com o figurante será muito bem planejada e ensaiada. Éfundamental que, em cada sessão, o cão receba mais uma peça do quebracabeças e sempre saia com a sensação de vitória, com a impressão quetirou a manga do figurante, que colocou o figurante em fuga ou ainda queimobilizou o figurante e ele ficou imóvel no chão. Para isso, há

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planejamento. Depois de verificar em que nível o cão está, é feito o ensaiocom cão fantasma - fazer exatamente como se o cão estivesse ali, ensaiarno detalhe, sem a presença do animal. O cão tem que entrar no campo deadestramento quando todos souberem o que fazer, realizar o proposto paraaquela sessão, e para encerrar a sessão, ser estimulado e retirado daárea de adestramento com algum tipo de vitória. O ensaio será feitotambém por questões de segurança, pois para o trabalho de cães de guerra,serão usadas áreas diferentes que podem oferecer algum risco, além deadestramentos noturnos com pouca ou nenhuma iluminação. O ensaiotornará claro algum risco a ser corrigido ou até mesmo substituição dolocal escolhido. Para a preparação do cão de guerra, muitas vezes otrabalho com dois ou mais figurantes será necessário ou benéfico e osfigurantes e condutores precisam planejar e ensaiar sem o cão para quesaibam exatamente o que fazer. A sessão é específica para cada conjunto,idade, sexo e nível de adestramento são considerados. Tão logo oadestramento acabe, com os cães nas devidas caixas de transporte, érealizada a avaliação pós-ação (APA) e as observações pertinentesdevidamente registradas no livro de adestramento. Neste momento, o grupovai evoluir e crescer, uma vez que é difícil ouvir e respeitar críticas eaprender a corrigir erros. O que fazer com cada cão na próxima sessão,será neste momento definido, de volta à etapa um, a etapa deplanejamento.

“É inútil dizer estamos fazendo nosso melhor, vocêtem que ter sucesso fazendo o que é necessário”Winston Churchill

Todo o trabalho de agitação é focado no objetivo final: cãoprotegendo seu condutor, e perseguindo pelo faro oponente, achando-o eengajando combate. O cão de guerra demonstra agressividade contraoponente sem proteção aparente. TODOS os passos que envolvem uso demordentes e equipamentos de proteção são etapas intermediárias, apenassão atividade meio.

A atividade fim é o combate real contra oponente sem equipamentode proteção, que se comporta como inimigo que tenta dissimular suapresença, se evadir, mas se descoberto oferecerá risco ao cão e ao seucondutor. Todos têm em mente que o objetivo final é um cão com

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agressividade suficiente, que procure seu oponente no escuro e submeta-o, e neutralize-o tirando-o de combate. Este oponente oferecerá resistência,lutará e não estará usando equipamento de proteção. Fazer o cão morderuma luva de proteção ou macacão de mordida não é atividade fim, éatividade meio. A agitação através dos impulsos por caça e brincadeira éusada no início, mas no polimento, o cão entende que o figurante oferecerisco para si e seu condutor e é um desafio. É erro básico iniciar agitaçãopor impulso por defesa e luta, mas erra-se da mesma forma em ficar muitotempo estagnado em agitação de impulso por caça.

O adestramento de agitação começa com o próprio condutor, queestimula os impulsos por caça, por interação social e por brincadeira atravésdo jogo de cabo de guerra e de buscar. Desde o início o condutor induz ocão para focar no combate, na atividade de agitação e de cabo de guerra,e não no equipamento inanimado. Este fundamento será crucial parasucesso, o equipamento servirá de ponte de comportamento do condutorpara figurante com equipamento de agitação, depois com equipamentode proteção e finalmente para oponente sem proteção.

A última etapa depende da genética, experiências prévias desucesso, resposta do cão ao adestramento e da sua maturidade. O figurantecomeça a ameaçar e desafiar o cão, estimulando seu impulso por luta.

Os melhores equipamentos para iniciar um cão são a mordentesmacios de juta natural em forma de “V” (bite pillow), luva de mordidamacia de filhote do IPO, (Cão de trabalho, Schutzhund) e o jambier deperna. São equipamentos pequenos, mais baratos que os macacões demordida e permitem ser carregados e entregues para o cão como prêmio.

Também podem ter uma corda ou guia amarrados, para seremagitados na frente do cão, ou dar “puxadinhas” quando o cão estiver dandoo giro da vitória ou no momento do afago.

4.23.3 ESTÍMULOS POR IMPULSOS PARA CAÇARNo início do trabalho, o figurante faz gestos de caça para estimular

o cão igual ao que o próprio condutor vem fazendo durante o jogo de cabode guerra. O cão foca mais na silhueta e movimento, o figurante prestaatenção na silhueta que mostra para o cão - como se fosse sua sombra naparede; se movimentará como caça, movimentos rápidos, frenéticos,esquivos.

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Figurante na postura para estimular os impulsos por caça: de lado, não encara ocão, diminui sua silhueta e não ameaça o cão com o bastão flexível. Pode deixar o

bastão caído ao chão durante agitação para estimular impulsos por caça

A imobilidade do figurante faz o cão ficar imóvel também; se estiverem impulso por caça, ficará imóvel esperando movimento da caça, comono jogo com o condutor. Se cão já estiver excitado para o combate noimpulso por luta, pode colocá-lo em gesto de evitação, imobilidade édesafio intenso para cães novatos. Para cães maduros e duros, estimulaimpulso para lutar.

Ações do figurante para estimular impulsos de caça

- diminui sua silhueta, mostra apenas um dos ombros para o cão;- evita contato visual direto, não encara o cão;- não usa chicote, o chicote/bastão é mantido escondido ao longoda perna ou nas costas, ou é momentaneamente deixado no chão;- movimentos evasivos e em arco, em ziguezague, em L invertido,em meia lua;- imita caça ferida ou em fuga: movimentos erráticos, rápidos,intercalando com paradas, corridas e pequenas fugas.

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Primeira passagem em arco, agitando o cão, sem encarar,diminuindo a silhueta, ficando de lado para o cão

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Segunda passagem, figurante permite a mordida, baixa silhueta, de lado

Outra maneira evidente de submeter-se ao cão é empreendendofuga, afastando-se do cão. O figurante pode colocar o mordente ou mangana ponta de uma corda e agitar. Depois pega com as duas mãos, agita e,finalmente, enfia rapidamente no braço e agita bastante. Ao menor sinaldo cão, seja ele latir ou avançar, o figurante demonstra submissão, ele seesquiva, recua, esconde-se atrás do biombo. O figurante pode até mesmoajoelhar-se ou deitar no chão.

O cão confia na indicação do condutor que comanda atenção, eeste é o sinal para o figurante começar a se movimentar ou sair doesconderijo. Quando o cão se agita com a visão do figurante, o condutorexcita-o com o comando de latir. O figurante aproxima-se, encena ocombate que é simbólico, não físico, o figurante não toca no cão, nestemomento está sendo estimulado o impulso por caça. Nenhuma caça sejoga na boca do cão, nenhuma caça ameaça o seu predador, a caça tentafugir, busca afastar-se do predador. A brincadeira para lembrar os condutorese figurantes é gritar para não se comportarem como “coelho suicida”. Coelhosnão correm em linha reta em direção ao cão, nem se jogam dentro de suasbocas, a não ser coelhos suicidas, o cão tem que ser iludido que consegueabocanhar o figurante em um momento de distração ou erro.

O figurante se porta como caça com movimentos rápidos e sempreafastando-se do cão; ao aproximar-se, fazer sempre em arco, mais próximo,mas fora do alcance do animal.

Na fase inicial de agitação, estimulando os impulsos por caça, aindanão é o momento para se aproximar em linha reta do cão, o que configuraem um gesto de ameaça, o que até poderia colocar o cão em desejávelimpulso de defesa, mas se feito precocemente, pode resultar em umdesastre, colocando o cão em fuga ou gesto de evitação.

O cão sente-se vitorioso em todos os combates com o figurante,isto pode ser feito com a fuga do figurante e com o acompanhamento docão e condutor por alguns metros. O figurante tira o cão do campo de

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adestramento com a vitória ou pode ceder a luva ou jambier no momentoadequado. A utilização do biombo é interessante, cães se excitam com asituação do oponente que se esconde e volta a aparecer: o figurante seesconde no biombo, o condutor chama a atenção do cão com comando deatenção, este é o sinal para o figurante aparecer ou quando o cão latir, ofigurante premia o cão ao mostrar-se.

O condutor firma os dois pés no chão, o cão está com peiteira enão se pode dar puxões no animal, o condutor procura suavizar com obraço os esforços do cão para alcançar o figurante. Técnicos de cães deesporte oferecem alternativas como guias elásticas, hastes flexíveismetálicas presas no solo para amortecer a limitação do cão e assimestimulá-lo mais ainda. Alguns cães como machos maduros da raçarottweiler são muito pesados e fortes e podem eventualmente representarum desafio a um condutor inexperiente ou pequeno, talvez seja precisoprender uma segunda guia em uma argola no chão ou em um poste comoajuda. O figurante precisar saber exatamente aonde o cão pode ir paraoferecer a mordida no momento certo e com segurança.

O figurante afasta-se e adota posturas e movimentos de submissãoe até mesmo foge se o cão demonstrar sinais variáveis que está cedendoa pressão ao demonstrar alguns dos seguintes gestos de evitação:movimentar o eixo do corpo de lado, afastando-se ou permanecendo imóvelpara inspeção, se baixar o corpo, cabeça e pescoço, se quebrar o contatovisual direto, se não mostrar dentes nem rosnar, se vocalizar de formasubmissa uivando ou chorando, se não latir, o rabo movimentar-selentamente ou não se movimentar.

Um contato visual direto quando o cão encara seu próprio condutoré desejado, o encarar do figurante com o cão é gesto de desafio para aluta e é usado no momento adequado. O ato de virar a cara, quebrandoclaramente o contato visual direto é um gesto de evitação e é a postura dofigurante que quer estimular o cão em impulso por caça. Quando o cãoquebra o contato visual direto, está em conflito, estressado com o condutorou o figurante. Se o cão faz isso, o figurante recua, diminui imediatamentea pressão e faz com que o cão reganhe confiança.

Ao receber corretamente a mordida, o figurante puxa a manga umsegundo antes da mordida, não a empurra na direção da boca do cachorro.Ao receber o ataque lançado, gira o braço e corpo para suavizar o impacto.No meio esportivo, quando o figurante não gira para suavizar o recebimentodo cão, e a impressão para quem observa é como se o cão tivesse sidojogado contra uma parede é chamado de sanfonar o cão.

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Faz parte de boa figuração dificultar a mordida, realmente porta-secomo caça. O figurante imediatamente premia a mordida de boca cheia,liberando luva para os cães novatos. Com o avançar do adestramento,premia com um vigoroso e lúdico combate, o combate é mais simbólico,não é físico. A fuga do figurante e pequenas perseguições em qualquermomento do adestramento são benéficas para evolução do cão.

Não é conveniente o uso do enforcador na agitação, especialmentenas primeiras sessões com cães novatos, o mais indicado é a peiteira. Ocão pode estar preso na peiteira em um ponto fixo, principalmente se ocondutor for inexperiente ou o cão for muito grande e pesado. O condutorestimula o cão o mínimo necessário e mantém a guia tensa, quando seucondutor estimula o cão o tempo inteiro deixa-o dependente deste reforços,O figurante fazendo o seu trabalho bem feito estimula o cão o suficiente.

Tudo o que foi feito durante o jogo de cabo de guerra do condutorcom seu próprio cão, agora será realizado com o figurante, morder secomandado ou se o figurante atacar ou fugir e a largar apenas sob comando.

Durante adestramentos de agitação, o condutor não deixa a guiafrouxa, o que é chamado de barriga na guia. Barriga na guia é usada emobediência, onde somente é tensionada para corrigir cão quandonecessário. A guia está tensa, isto cria um reflexo de oposição que melhoraa mordida, mesmo quando o cão morder será mantida leve pressão naguia tensa, mas o cão não pode receber solavancos, o condutor suaviza amovimentação do cão. O condutor não pode tirar os pés do chão, ou permitirque a guia corra na mão e o cão avance na posição, deixará o figurante emsituação ruim, ele precisa saber até onde ir sem o cão mordê-lo e ondepassa com a luva, permitindo que o cão morda.

Uso de peiteira, guia tensionada, condutor bem apoiado sem movimentar-se.

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4.23.4 ESTÍMULOS POR IMPULSOS PARA LUTAREstimular impulsos por luta não é mesmo do que estimular impulsos

por defesa. Todo animal quando desafiado, tomará em fração de segundosa decisão de lutar ou fugir. Animais dominantes, de boa seleção genéticae ou experiências prévias positivas por combates que geraram sucesso,tendem a lutar. Animais submissos, resultado de má seleção genética eou experiências prévias negativas, tendem a fugir.

O instinto de defesa é aquele do animal encurralado, que semopção, luta por sua sobrevivência mesmo diante de um animal maior oumais forte.

O que se espera do cão de trabalho militar é o espírito de lutaacirrado, com baixo limiar para entrar em combate, um cão dominanteque é facilmente estimulado para agressão pelo desafio social ou territorial.Aquele cão que, mesmo diante da opção de fuga, procura, perseguevisualmente ou por faro o oponente e busca o engajamento e o combate.O desejável espírito de luta que é inerente ao cão é estimulado pelofigurante, convidando-o e excitando- o para o combate.

O figurante é criativo em despertar a agressividade do cão porimpulso por caça e intercala com breves gestos para estimular e avaliarseu impulso por luta. Alternando rapidamente entre gestos que estimulamimpulsos por caça por impulsos por luta, e depois de sucessivas vitóriasdo cão, o figurante pode paulatinamente incrementar o desafio,aumentando intensidade e duração de gestos que estimulam o impulsopor luta no cão.

Alguns gestos isolados de ameaça, intercalados com caça, servempara avaliar o cão sem risco de colocá-lo em gesto de evitação, e o manteráseguro o suficiente para continuar emitindo sinais para afastar o oponente:eixo do seu corpo e cabeça apontando na direção do oponente, semovimenta na direção, mantém a guia tensa, permanece de pé, posicionaalto a cabeça e pescoço, estabelece e mantém contato visual direto, rosnaou mostra os dentes, late, abana o rabo rapidamente demonstrandoexcitação.

Gestos de luta pelo figurante são utilizados em fração de segundos,intercalados por comportamentos de caça. Fazendo desta maneira, nãoestressa o cão, apenas proporciona pequeno desafio, o figurante ao retornaraos gestos de caça, volta a submeter-se, o que torna o cão mais confianteainda. Um dos inúmeros gestos de luta é ameaçar com bastão. O figuranteapenas ameaça, não bate com o bastão, é muito mais teatral e simbólicodo que real.

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Gestos do figurante que podem estimular o impulso de luta no cãosão: ameaças com a mão e com a fusta ou bastão flexível, manter o eixodo corpo de frente para o cão, expor dois ombros ele, encará-o, aproximar-se lentamente em linha reta, mostrar os dentes, simular um rosnado, fazergestos guturais, gritar.

Uma técnica segura é intercalar um gesto rápido de ameaça comcomportamentos como se fosse uma caça e gestos evasivos. Uma falhagrave seria desafiar cão novato com muitos gestos de ameaça,persistentes, introduzidos precocemente nos exercícios de agitação.

Estimulando impulso por defesa/luta. Figurante aumenta sua silhueta, fica de frentepara o cão, encara o cão, ameaça com bastão, mostra seus dentes, grita. Linguagemcorporal adequada do cão que busca engajamento ao inclinar-se para frente o que é

evidenciado na guia tensionada.

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O cão precisa ter maturidade para ser estimulado na agitação porimpulsos de luta. Se ele for pressionado a ponto de realizar gestos deevitação social (virar a cara ou o eixo do corpo, submissão - baixar cabeça,recuar, baixar cauda) ou fuga, considera-se como erro gravíssimo dofigurante. Se o cão mudar o eixo do corpo ou aliviar a tensão na guia docondutor, o figurante já recua, foge dramaticamente. Todo cão, quandodesafiado, pode lutar, demonstrar submissão por gestos de evitação socialou fugir.

A inconsistência ou indecisão demonstrada pelo figurante em gestosteatrais, que ora se comporta dramaticamente como caça intercalado porbreves instantes de ameaça ao cão é técnica segura.

Um bom figurante, depois de alguns meses de trabalho, pressionaráo cão sem que ele hesite, pelo contrário, demonstre cada vez maisdominância e agressividade.

Paulatinamente, o figurante atrai mais atenção para si do que parao equipamento, até que consiga despertar agressividade para combatepor impulso de luta sem equipamento algum, apenas pela linguagemcorporal e gestos.

A última etapa é o cão ser condicionado a tal ponto, que apenascom os estímulos de seu condutor já tenha sua agressividade para combatedespertada, independente de qualquer agitação, postura, ameaça oumovimentação evasiva do oponente.

4.23.5 LARGAR SOB COMANDOO objetivo maior da mordida do cão de guerra é apreender

firmemente e não soltar facilmente. Para fazer um cão morder dessamaneira, condicionamos inicialmente sua mordida por impulso de caça.Não precipitar o adestramento de largar sob comando em etapas iniciais,antes que o cão tenha uma mordida tranquila de boca cheia. O usoprematuro de coerção para o cão soltar pode criar vícios como o cão quehesita e eventualmente não morde, não mantém a mordida, masca omordente ou remorde em outro ponto. Todos esses são problemas difíceisde solucionar.

Instintivamente, o cão somente vai soltar a caça quando tiver certezade que ela está morta, que não vai fugir. Por que soltar a caça que semovimenta? A mordida desejável no trabalho é a mordida de caçademonstrada por uma mordida de boca cheia e calma, e o cão não soltacom facilidade. É arriscado soltar a presa para remorder, ela pode fugir.

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Isto é facilmente visto em filmagens de leoas caçando, uma vez queabocanham a garganta da presa, não soltam até que ela morra.

Com técnica moderna do jogo de cabo de guerra, o cão pode sercondicionado a soltar sem apresentar problemas ou conflitos. O pré-requisito para o exercício de o cão soltar o figurante é já saber soltar omordente durante o jogo de cabo de guerra.

O adestramento de agitação no jogo de cabo de guerra do condutorcom seu próprio cão simula trabalho de proteção.

O condutor imobiliza o mordente na mão, pacientemente aguardaa sequência da extinção de um comportamento que não está gerandorecompensa: o cão vai puxar ou morder mais forte, até se frustar e quandoo cão soltar, ouvirá o marcador e será premiado com nova mordida.Condutor permite a nova mordida sem esconder, elevar ou bloquear omordente.

Muitos cães não soltam porque não sabem como lidar com a caçaquando soltarem. Boa técnica é condicionar os cães, desde cedo, a sabero que fazer com a caça (objeto apreendido – mordente ou luva de proteção)quando não estão mordendo o mordente ou a luva.

Este despreparo para o que fazer quando não estiver mordendoleva a conflito, principalmente se for usado coerção para o cão soltar. Nojogo, o comando para soltar o mordente significará para o cão a chance dereiniciar o cabo de guerra. Também com o figurante, mas o cão serácondicionado a engajar o combate novamente quando o figurante o agredirou fugir. O cão é condicionado a latir para que provocar a movimentaçãodo figurante.

Latir agressivamente é natural para o cão, alivia o estresse dasituação, o animal com este comportamento está preparado para fazeralgo enquanto não morde. Não cria conflitos que geram comportamentosindesejáveis como algum gesto de evitação social, afastando-se docondutor ou do figurante. Quando estas regras ficarem claras, não haveráproblemas de cães soltando precocemente, não soltando, ou perdendointeresse após soltar.

Tão logo o cão morda, o figurante abre a mão dentro da luva,deixando-a móvel e tornando-a viva, estimulando mordida de caça, bocacheia, tranquila e sem soltar precocemente.

Quando o figurante entrega a manga de proteção ou jambier parao cão, o condutor pode premiar o animal permitindo que dê a volta davitória com afago, isto aumenta a posse do cão pela luva. Se o cão estiver

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muito possessivo, não soltando sob comando a volta da vitória é evitada.O figurante põe a segunda luva/jambier ou o segundo figurante aproxima-se, o condutor comanda o cão para largar e, imediatamente, permite queo cão morda o figurante. Ao premiar com a mordida logo após o comandopara largar, deixa o cão tranquilo e confiante, entendendo que o comandode largar é apenas um comando que permitirá reiniciar o combate. Conformeas sessões avançam e o cão amadurece, o intervalo entre o comando delargar e o comando de morder pode aumentar.

Outra situação é o figurante usar uma manga em cada braço,imobiliza o braço como se estivesse “congelado”, firma a luva e fecha seupunho no suporte dentro da luva, presa morta, imóvel, o condutor esperaalguns segundos para o cão perceber que o combate cessou; se o cãoestiver muito excitado, pode esperar mais um minuto. Algumas vezes éinteressante pedir ajuda para alguém de fora para contar o tempo, poisquando estamos com o cão, a tendência é não esperar o suficiente, otempo passa devagar quando alguém sustenta um cão de guerra no seubraço. O condutor e o figurante deixam muito claro para o cão que ocombate cessou e só então dá-se o comando para largar. Imediatamenteao largar, o figurante volta à vida, oferecendo a segunda luva.

Não pressionar o cão, é preciso ter paciência. Em caso dedificuldade, voltar ao básico, condicionar o cão a soltar quando o combatecessa no jogo com mordente. Se o cão for pressionado demais,comportamentos de conflito podem ser criados no cão como morder mais,mascar, não soltar, ou redicionar a agressividade à luva que está no chãoe não no figurante, ou até mesmo redicionar a agressividade ao própriocondutor.

Se mesmo após esperar dois ou três minutos, por várias sessões deadestramento, o cão não perceber que soltar gera consequência positiva,o reinicio do combate, usa-se coerção com puxadinhas no enforcador parafrente, jamais para trás nem para os lados. Para trás pode estimular o cãopara morder mais a luva por reflexo de oposição, para os lados podemachucar os dentes que estão cravados na luva. Pode haver um resultadomelhor com colar de grampo frouxo com guia curta, o figurante pega antesde imobilizar o braço, passa por baixo da luva de proteção e, quando estivercom a guia na mão, fica imóvel por alguns segundos. O figurante aguardao condutor dar o comando para soltar e só então começa a dar puxadinhasem sua direção, escondendo o movimento da mão embaixo da luva,aumentando a intensidade gradativamente até o cão soltar.

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O cão não solta por dor ou susto, o objetivo é gerar leve desconfortoe dar tempo do cão tomar a decisão de soltar. Ao fazê-lo, premiarimediatamente com mordida, o cão tem que ouvir e confiar no condutor,se ouvir e largar, não recebe desconforto. O condutor somente dará osegundo comando para largar quando o cão estiver efetivamente largando,quando largar, imediatamente o desconforto cessa. Outra maneira de fazero cão largar a manga: o figurante libera a luva para o cão, o condutor puxao animal para sua proximidade, pega com as duas mãos a coleira e sacodeforte o cão, o condutor não o força para largar por desconforto, mas porevidente demonstração de dominância sobre seu cão. Eleva os membrosanteriores do cão e sacode com força. Da mesma maneira, o comando delargar é dado fração de segundo antes de iniciar, somente dará o segundose necessário, e quando o cão estiver soltando.

4.23.6 AGITAÇÃO CIVILA agitação civil é feita pelo figurante sem qualquer equipamento

de proteção. Pode ser feita antes do figurante colocar uma luva ou jambiere oferecer para o cão, ou no final da sessão, para estimular o cão antes deir para caixa ou canil. O cão não é recompensado pela mordida, mas pelalinguagem corporal do figurante de submissão que diminui sua silhuetaou afasta-se. Uma pequena perseguição na guia colocando o figuranteem fuga também premia o cão.

4.23.7 LUVA OCULTAUma das maneiras de preparar e testar o cão para proteção do

condutor em situação real é o figurante usar luva oculta no trabalho de

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agitação. Para ataque com luva oculta o cão já está demonstrandoagressividade e combatendo por impulso por luta.

O trabalho com luva oculta inicia com ataque na manga cobertacom diversos tipos de tecido, toalha, roupas velhas, sacos de lixo. Somenteé realizado por figurantes experientes e na guia. O condutor protege ofigurante de ataques em outras partes do corpo, jamais realizar ataquelançado com cão solto na luva oculta, isso pode causar risco sério deacidente, pois não tendo um alvo evidente como a luva, o cão pode morderoutro braço, pernas ou costas.

O figurante gesticula para excitar os impulsos de luta com o braçosem proteção, o braço com luva oculta ele esconde atrás de seu corpo.Com a mão livre, ameaça o cão. Pode estar usando japona, jaqueta ouabrigo folgado, escondendo o equipamento. No último instante, oferece obraço com a luva oculta para o cão morder.

Neste momento, não se faz gesto de caça, apenas luta, desafia ocão a lutar, incita o cão para combate, o figurante deixa o cão bravo. Comoo figurante não entregará a luva para premiar o cão, o que não seriaconveniente nesta sessão de treinamento uma vez que o cão está sendoestimulado em impulso por luta, não caça, o cão será premiado com ofigurante demonstrando evidente derrota, gritando de dor, caindo outentando fugir.

O figurante com luva oculta premia o cão de três maneiras:- ao ficar imóvel e o cão soltar, o figurante premia o animal com

outra mordida e combate vigoroso;- ao deitar e ficar imóvel e o cão é retirado com o figurante ainda

caído, e este permanece assim até sair do alcance da visão do cão, o quepode ser conseguido ao ser levado para atrás do biombo ou canil. O cão éiludido que “matou” o figurante.

- ao fugir e ser perseguido pelo cão para fora da área deadestramento.

4.23.8 COMBATE COM FOCINHEIRAUm cão de guerra não tem emprego real se não fizer um combate

com focinheira com energia e agressividade. É a fase final do adestramentode ataque, que é constantemente adestrado e verificado, mesmo no cãojá habilitado. Para o adestramento do cão de busca é o que garante que ocão está procurando odor do suspeito, não o do equipamento, do odor domacacão de mordida ou da manga de proteção. Adestra o cão a usar seu

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peso e energia do impacto contra o figurante, bem como faz o cão focar nofigurante e no combate e não no equipamento de proteção. Cães que nãorealizam combate com focinheira intenso, agressivo, dominando o figurantenão podem ser considerados cães sérios para trabalho de proteção.

Como pré-requisitos, o cão já está habituado a usar focinheira há,pelo menos, três semanas, sem tentar tirá-la, o cão está atacando,mordendo de boca cheia, soltando sob comando, está demonstrandoagressividade por forte impulso por luta.

Para verificar se a focinheira está bem ajustada, o condutor levantao cão puxando-o pela focinheira, enfia uma mão em cada lado da focinheira,abaixo das orelhas do cão e levanta até que os anteriores do cão fiquem ameio palmo de altura do chão, dá tapinhas na frente da focinheira, se elaincomodar o cão ou ela movimentar-se, roçando nos olhos do cão, trocarou ajustar por focinheira para o tamanho adequado.

Com a focinheira é empregada a chamada técnica sanduíche,semelhante a um sanduíche, que tem uma fatia de pão, recheio e outrafatia de pão: o cão vai realizar um ataque sem focinheira e um com, seguidoimediatamente por um ataque sem focinheira.

A partir de 18 meses de idade, verificar se o cão é estimulado comimpulso por luta e se já suporta pressão do figurante, o cão já deve tertido muitas sessões de adestramento nas quais foi desafiado e saiu-sevencedor.

O primeiro exercício causa uma impressão forte e positiva na cabeçado cão. Ele começa com o figurante na posição usual, agitando o cão comfocinheira, quando o cão estiver bem excitado, a focinheira é retiradarapidamente e o cão morde. Quando o cão ataca de focinheira, está semprena guia de dois metros, seu condutor trabalha com o cão como um ioiô,libera-o para ataque, o figurante exagera a reação do impacto, cai, ocondutor puxa o cão novamente e libera para novo ataque. O figurantepode ficar ajoelhado para facilitar a dramaticidade da queda quando ocão tocá-lo. Outra possibilidade é colocar um pequeno obstáculo entre ocão e o figurante, obrigando o animal a dar um pequeno salto e o figurante,exageradamente, cai ao solo e o condutor puxa rapidamente o cão. Nestesprimeiros exercícios, é demonstrado ao cão a capacidade de derrubar ooponente com seu próprio peso, mas ainda não é o momento de deixá-lopersistir no combate de focinheira.

O exercício é repetido algumas vezes desta maneira, mal o cãotoque o figurante, este cai dramaticamente. O condutor jamais larga a

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guia de dois metros, trabalha como se cão fosse um ioiô, tão logo o animaltoque no figurante, puxa-o, excita-o e libera a guia o suficiente para tocarno figurante, esse é um daqueles momentos em que é importante o condutorelogiar e estimular o cão e, finalmente, retirá-lo do combate, elogiando.Retira a focinheira e deixa o cão morder o figurante, coloca a focinheira, oobjetivo das primeiras repetições é fazer o cão acreditar que tem forçapara derrubar e dominar o figurante sem precisar morder. Repetir o mesmoexercício, na mesma sequência por pelo menos três sessões, a partir daquarta sessão, sempre deixar o cão morder e, então, liberar a guia osuficiente para o cão, com focinheira, atingir o figurante que cai, luta,estimula o cão e, então, fica imóvel. Para o condutor afastar o cão dofigurante, se o cão latir, o figurante premia com mordida e combatevigoroso; caso não lata, o figurante permanece imóvel e o cão é retiradode perto e levado para trás do biombo, para não ver o figurante levantar,sair ou trocar de equipamento.

Uma preparação do esporte Mondio Ring para adestrar o cão ausar seu peso contra o figurante é colocar o mordente no peito ou barrigado figurante e estimular o cão a morder nesta posição. Quando o cãoestiver bem focado neste alvo claro, realizar a técnica sanduíche (semfocinheira, com focinheira, sem focinheira).

4.23.9 APREENSÃO EM PONTOS ALTERNATIVOSO cão de guerra é condicionado para morder alvos seguros como

braços, antebraços, pernas, peito e costas, JAMAIS genitais, mãos, pés,pescoço e cabeça. A tendência do adestramento é eleger um alvo e nãoadestrar o cão para morder em pontos alternativos.

Se a Seção de Cães de Guerra dispuser de um macacão de mordida,é utilizado em seu pleno potencial, oferecendo outros alvos além do braço.Jamais permitir mordida em mãos, rosto, pescoço. Risco de sérias edesnecessárias lesões ao oponente. Um cão treinado do jogo de cabo deguerra não elege mãos como um alvo preferencial, e um cão bem iniciadoem impulso de caça, que foi preparado bem no combate com focinheira eno macacão de mordida, dificilmente vai morder genitais, pescoço oucabeça do oponente. Pernas e braços que se movimentam no combateserão alvos mais atraentes e escolhidos a partir da memória de sucessosanteriores. A mordida no rosto é estimulada exclusivamente poragressividade de dominância social a membros da matilha. É inaceitávelpara cães de guerra geneticamente bem selecionados, bem criados etreinados corretamente.

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Em situação real, muitas vezes, o cão terá acesso apenas às pernasdo oponente. A tendência é o cão ser agredido por chutes, e oponentesem fuga usualmente serão alcançados pelo cão quando forem retardadosna corrida ao pular muros ou cercas e a parte do corpo disponível paraapreensão será uma das pernas. A mordida na perna é de boca cheia, e ocão somente solta por comando de seu condutor. Um equipamento quepode ser usado é o jambier de perna.

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Cães tranquilos próximos do figurante. Cães só mordem figurante e mordentes comcomando/liberação de seu condutor.

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Criatividade, figurante com disparo de tirode festim coberto atrás de carro

Dois cães fazendo apreensão defigurante deitado

4.24 PROCURA POR OPONENTE

4.24.1 RONDAS NOTURNASDesde muito cedo quando filhote, o condutor adestra seu cão para

achá-lo por faro, latir e receber o prêmio com petisco ou cabo de guerracom mordente. Se o cão for novato e não for agressivo, esse exercíciopode ser feito com um auxiliar. O auxiliar agita o cão, se esconde próximoe quando o cão acha e alerta por latidos, recebe o prêmio com petisco oucabo de guerra.

A noite, em dias normais, há pouco movimento dentro da organizaçãomilitar. O condutor sai com seu cão pelo circuito feito pelo rondante eestimula que ele ande a sua frente. Toda vez que o cão alertar para presençahumana é incentivado. Outros cães experientes podem ser usados comofacilitadores sociais para os cães novatos. Os cães podem ou não mordero figurante com proteção, dependendo do nível de adestramento do cão.

O critério de premiar o cão com jogo de cabo de Guerra com seupróprio condutor ou figurante escondido leva em conta o nível de estadode alerta do cão. Alguns cães, por adestramento inadequado, ficamdessensibilizados a presença humana e precisarão de estímulos e prêmios.Outros cães, de boa genética e por serem bem empregados em ambientenoturno no meio de poucas pessoas, precisam de pouco ou nenhumestímulo extra, mas sempre são premiados ou no mínimo elogiados porseu condutor.

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Um bom exercício é mandar o figurante à frente ficar no escuro efazer algum barulho. Quando o cão achá-lo é premiado. O figurante seafasta novamente, se esconde novamente e somente faz barulho se o cãose distrair ou tiver dificuldade em achá-lo. O auxílio sonoro é qualquerum, como fala, palmas, assovios. Os auxílios sonoros paulatinamentedesaparecerão até que o cão desenvolva plenamente a habilidade de acharpor faro.

A direção do vento, bem como obstáculos como muros, arbustos,que dificultem a propagação de odor humano em pontos específicos daOrganização Militar serão descobertos nestas patrulhas de rotina.

Como regra geral, o conjunto sempre aborda a área a ser vasculhadacontra o vento. O vento traz o odor e barulho do oponente. Se não forpossível, o condutor tem que saber que o vento diagonal pode desviar umpouco o cão da trilha percorrida ou tornar um pouco mais difícil a exatalocalização. Ventos diagonais podem induzir o cão a passar do ponto deesconderijo e retornar, o que pode eventualmente deixar o condutor decostas para o oponente. Exercícios são montados com o oponente sedeslocando a favor do vento, induzindo o cão para farejar a trilha deixadano chão, ou pelo suor, sangue, partículas ou solo alterado pela pegada dooponente.

Dias de chuva dificultam bastante a atuação do cão, diminuindo adistância que podem perceber intruso por faro, visão ou audição e ocondutor auxiliará o cão percorrendo uma área maior, se aproximando deáreas escuras como garagens, áreas entre prédios, contornandoesquinas,etc. Uma noite sem lua, com chuva é a situação ideal de umaforça adversa invadir a organização militar, não há justificativas para nãoadestrar ou patrulhar nesta situação.

Priorizar sempre a segurança. Há militares na unidade, emalojamentos, postos de sentinela, rondantes. Condutor tem isso sempreem mente. Quanto mais patrulhas noturnas internas o conjunto fizer,melhor, mas no mínimo uma vez por semana.

4.24.2 ADESTRAMENTO PARA PROCURA E INDICAÇÃO DESUSPEITO POR FAROÉ feito com o uso de caixas de madeira de 1,20m x 1,20m x 1,20m,

com abertura discreta. Podem ser usados meios de fortuna como armáriosde aço, tonéis, banheiros de alojamentos com diversas portas para diversosvasos sanitários. O figurante entra em todas as caixas (ou abrigos) por 30

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segundos e então fica permanentemente na última caixa. O figurante agitao cão e entra na caixa, quando o animal latir, abre a caixa e permite queo cão morda. É importante ter um biombo, pode ser de compensado de 1mde altura x 2m de comprimento, para colocar o cão atrás para que não vejao figurante trocando de caixa, mas mantenha o cão próximo e excitadocom a busca. O cão é colocado atrás do compensado a cada troca de caixado figurante, é estimulado pelo condutor para procurar o suspeito na caixa.Depois de, pelo menos, três sessões de adestramento, o cão com focinheiraprocura o suspeito sem equipamento de proteção. É bem diferente da buscaatrás do biombo feita no esporte de IPO (Schutzhund) onde a busca é visual.É fundamental para o cão de guerra utilizar o faro para achar o oponente eser premiado com combate.

4.24.3 PROCURA EM INSTALAÇÕESComo pré-requisitos, o cão está habituado a acompanhar seu

condutor em rondas, alojamentos, teatros, cinemas, salas de aula, ginásios,garagens, o condutor faz o jogo de cabo de guerra em todas as situaçõespossíveis e imagináveis, principalmente em piso liso e no escuro.

O cão está habituado a fazer ronda noturna dentro da unidade,onde é estimulado pelo condutor a alertar para humanos, figurantes ounão.

O local adequado escolhido é isolado para não ter pessoasestranhas ao adestramento, todas as saídas são bloqueadas para o cãonão sair ou desavisados entrarem. O figurante agita o cão na entrada doprédio, alojamento ou garagem e desaparece dentro da instalação; ofigurante avança alguns metros e o condutor grita, claramente, o anúnciopadronizado por sua unidade/missão.

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O alerta é padronizado para todos da SCG, isto condiciona os cães egarante que regras de engajamento estejam sendo cumpridas, isso permiteque o oponente se entregue sem combate ou resistência. Um exemplo deanúncio padronizado: “Atenção cidadão, somos da Polícia do Exército/doExército Brasileiro, caminhe na direção da minha voz, de costas, com asmãos para cima, se não se entregar seremos obrigados a soltar cão adestrado!Ele acha e morde! Entregue-se agora e nada acontecerá!” Se for a situaçãode missão no exterior, é solicitado apoio a graduados ou oficiais fluentes nalíngua para formatar um anúncio claro e que seja perfeitamente entendidopela população local. O objetivo maior do emprego do cão de guerra é utilizarforça não letal, ou seja, o menor uso de força possível e, se for viável, dissuadiro oponente para entregar-se sem combate ou resistência.

Quando o figurante ouve o anúncio, é o sinal para aparecer na entradada instalação e agitar o cão que passa a confiar na indicação do condutor. Aagitação depende do cão e do nível de adestramento, o objetivo é usar cadavez menos agitação; tão logo o figurante desapareça, o condutor comandapara o cão, achar e morder (packen) ou achar e latir (revier). O figurantepróximo e fácil de ser encontrado, se o comando foi achar e morder, elerecebe o cão, oferece mordida; se o comando foi achar e latir, fica imóvel einacessível ao cão, quando o cão late o figurante oferece a mordida.

O condutor chama o cão para fora, elogia, premia o cão com jogode cabo de guerra e imediatamente é feito a mesma coisa: condutor iniciacom o anúncio padrão, sinal para figurante aparecer e agitar o cão.

Quando o figurante entrar na instalação, o condutor aguarda cincosegundos, comanda e libera o cão. O exercício é repetido rapidamente,enquanto o cão estiver trabalhando intensamente, sem demonstração decansaço. O que muda a cada repetição é o tempo de espera; entre anúncio,quando o cão vê o figurante e sua liberação pelo condutor. O tempo deespera variável pode ser de cino segundos, dez segundos, quinze segundose agitação do figurante, cada vez menos intensa e por menos tempo. Ocão é condicionado a antecipar o sucesso da captura apenas com o anúnciodo condutor. O cão, depois do anúncio, pode latir, pois isto propicia umacadeia de comportamento positiva para esta missão, vai excitá-lo parabusca e uma boa mordida quando encontrar o oponente, além de ofereceruma última chance de disuassão do oponente. Como desvantagem cansao cão, se o condutor não vem condicionando o cão, ele vai cansar empoucas repetições.

Outra situação é se a força de intervenção rápida, ao tentarneutralizar oponente que sabidamente oferece risco à guarnição, quer

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oferecer uma vantagem ao cão, não alertando o oponente se e quandosoltará o cão. Depois de esgotadas as negociações, fica a critério docomandante da operação liberar o cão sem alerta algum. Nesta situação,o potencial de risco que oponente oferece é conhecido, e não há vantagemalguma no anúncio ou no cão latir antes. Quando se anuncia; e o cão late,o objetivo é proteger oponente de baixo potencial de dano em uma situaçãode patrulha de rotina, quando não se anuncia, o objetivo é proteger aguarnição e o cão de um oponente que oferece risco.

Dificuldade da procura é montada de forma variável, difícil, fácil,difícil, fácil, fácil, fácil, difícil. O cão nunca sabe se será difícil ou fácil.Quando o cão se excitar apenas com o anúncio, está começando a simularuma situação real, pois o cão não vai ver o oponente entrar na instalação,ele confia na indicação do condutor. É desafiador o adestramento para ocão desenvolver padrão de busca intenso e longo, o cão não pode desistirfácil. O figurante é criativo e comporta-se como alguém em fuga, alcoolizadoou drogado, espera pelo cão agachado, deitado, em cima de armários,atrás de forros, etc. O cão pode procurar sem focinheira e o figurante estáinacessível, sem proteção, em cima de armário ou beliche. Quando o cãoindicar por latidos, o auxiliar joga luva para o figurante e este premia-ocom o combate, isto é importante para garantir que o cão fareje o oponentee não o equipamento. O figurante pode cuspir no chão próximo ao local deesconderijo, não é feita com uma pista para o cão seguir e, sim, um conede odor com saliva próximo ao esconderijo. O figurante pode estar demacacão de mordida e o cão de focinheira, podem ser colocados váriosfigurantes na área de busca. O adestramento exige muito do preparo físicodo cão que, na maioria das vezes, é negligenciado por seu condutor. O cãofaz natação, o condutor pode andar de bicicleta e ter o cão trotando aolado. Cães obesos e sedentários não têm perspectiva de atuar em busca.

Depois de algumas semanas adestrando, o condutor trabalha comentrada tática, onde haverá uso de escudo balístico e grupamento comarma longa letal, lanterna, arma não letal, arma curta letal, conformemissão e risco. É introduzido, tão logo possível, dois ou mais figurantes.Tanto a equipe quanto o Chefe da Seção de Cães de Guerra são criativos emontam armadilhas, colocam número de figurantes desconhecidos para oconjunto que entra e faz a varredura de maneira tática correta. O conjuntocondutor-cão de guerra acostumar-se-á a reiniciar a busca depois de acharo primeiro, o segundo e quantos suspeitos forem achados, cria-se o hábitode não se expor ao achar um suspeito e prosseguir na busca tática até quetoda a área tenha sido verificada e confirmada como segura.

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Na situação de adestramento, o militar responsável organiza umavarredura de modo que o grupo tático jamais saiba quantos figurantesencontrará, isto desenvolve um condicionamento positivo no conjunto. Nemo grupo tático, nem o condutor podem, em momento algum, deixar de usartécnica e tática que protegerá a vida e integridade física de seus integrantes.

O grupo tático foca em suas áreas de busca, apenas o condutor sepreocupa com o cão, seu apoio/segurança preocupa-se com sua própria ea segurança do condutor, cada membro do grupo tático procura/protege afatia de área de busca de sua responsabilidade.

O cão jamais é iluminado com a lanterna. A equipe não avança efica de costas para áreas sem verificação, se for o caso, o cão é chamadoe a área/sala/cela é verificada. Quando o cão achar, o condutor grita paraos suspeitos se entregarem e ficarem imóveis ou se aproximarem do grupotático de costas. Jamais se aproximar do suspeito que escolheu o melhorlugar, mais escuro, de difícil acesso e, possivelmente, haverá outrosoponentes próximos. O condutor tem que se disciplinar para sempreconsiderar a presença de vários suspeitos. JAMAIS inferir que a buscaterminou quando o primeiro oponente é achado. Quem determina o númerode oponentes é a equipe ao concluir uma varredura bem feita.

Por isto e por outros motivos, é importante o cão largar sob comandomesmo a distância e ser chamado por seu condutor. O Comandante dogrupo tático toma a decisão de manter o cão no combate ou chamar o cão,exigir a rendição ou avançar com segurança à procura de mais suspeitossem o cão.

Lembrar que, se o suspeito oferece resistência para se entregar, oué perigoso ou está sob efeito de álcool e/ou drogas e pode oferecer riscoao grupo tático e ao cão.

Podem ser usadas gaiolas, caixas decompensado, ou encaixes de

compensado para portas, com frestaspara passar o odor. A vantagem é que o

figurante pode esperar pelo cão semequipamento algum de proteção, paracão localizar odor do oponente sem

nenhum contaminante. Quando o cãolocalizar, um auxiliar pode alcançaruma luva ou jambier para o figurante

para premiar o cão com combate.

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CAPÍTULO 5

ADESTRAMENTO DO CAO DE DETECÇÃO

O adestramento do cão de detecção em suas diversasespecialidades é basicamente o mesmo. A única especialidade que sediferencia das demais é o cão detector de explosivos. Ela exige maiorindependência do cão, que trabalhará mais distante de seu condutor eobrigatoriamente indicará de forma passiva, sentando ou deitando.

O cão será adestrado para procurar e indicar o ponto mais forte deodor de interesse que será condicionado com mordentes impregnados.

5.1 SEGURANÇA ORGÂNICA DAS ORGANIZAÇÕES MILITARESO cão será útil como detector quando fizer varredura em grandes

áreas, veículos ou volumes (malas, bagagens, correspondências) que, deoutra forma, não seriam verificados, e para procurar em esconderijos comoparedes e fundos falsos, dentro de pneus, estofamentos e tanques degasolina, etc Em uma unidade militar grande, pode haver quantidaderazoável de veículos e pessoal que transitam, e a revista minuciosa se

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torna impraticável. Com o emprego do cão, um caminhão de entregas podeser rapidamente verificado para drogas, munição ou armamento tanto naentrada quanto na saída da unidade. A revista pessoal, além de demorada,cria resistência no público interno e externo. Um cão detector verifica deforma rápida e ágil grande efetivo pessoas. A revista de número equivalente,além de demorar mais, causaria grande inconveniente como tirar sapatos,abrir bolsas com eficiência menor do que o cão.

Nos aeroportos alemães, as pessoas passam por um corredorestreito e por um funil feito por dois policiais, um deles conduz um cão defaro, que verifica em segundos, individualmente, centenas de passageirosem fila indiana. Este emprego, farejando drogas na entrada da unidade emunições e armamentos na saída, tem uso imediato, diário e crescentenas unidades militares brasileiras, além da verificação de armários,alojamentos, ginásios e garagens. Algum militar que queira introduzirdrogas na unidade, poderá escondê-la, teoricamente, em qualquer lugare, principalmente, em locais de acesso de muitos militares como grêmio,embaixo de pedras ou atrás de lixeiras, por isso é mais fácil evitar a entradado narcótico. Todos sabem que é crime o militar portar narcóticos em áreamilitar, se o indivíduo arrisca tanto é por que já chegou a tal grau dedependência que o risco passa a compensar e, possivelmente, fará uso doentorpecente mesmo portando arma por missão ou por estar de serviço.Se houver o estabelecimento da cultura do emprego do cão, especialmenteo cão de duplo emprego, os conjuntos condutor e seu cão terão missõesdiárias, mantendo-se preparadas. Por certo que exigirá profissionalizaçãoe especialização, um ou dois onjuntos por unidade militar grande, do portede regimento ou Batalhão que venham tendo problemas com tráfico ouconsumo de entorpecentes. À noite, inopinadamente, os conjuntos serevezam em patrulhas nas instalações da unidade.

5.2 CÃO DE DUPLA APTIDÃOA principal vantagem do cão de dupla aptidão sobre o emprego de

um cão de detecção especializado são as árduas exigências do trabalhode faro no clima predominantemente tropical no país. O cão somente temglândulas sudoríferas na sola das patas, que tem um papel insignificantena termorregulação do animal. O cão baixa sua temperatura ao ofegar,respirando rapidamente e pela língua, que fica dilatada. Este mecanismode baixar a temperatura dificulta ou até impossibilita o faro. Se o cão nãoestiver muito bem adestrado ou condicionado fisicamente, não cumprirá a

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missão. Um cão de dupla aptidão tem plenas condições, pois existem outrosimpulsos que o motivam a trabalhar por seu condutor, como impulso social,impulso por luta ou por caça. Cães dóceis, exclusivamente farejadorescomo labradores, na situação dos canis militares, podem ser negligênciadospelo condutor militar na manutenção de seu condicionamento físico. Umcão de dupla aptidão terá mais missões e atividades para realizar e sercobrado pelo Chefe da Seção de Cães de Guerra, inibindo o descaso comas atividades físicas do cão.

5.3 HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA ADESTRAMENTO DOCÃO DE DETECÇÃO

O adestramento do cão detector exige quatro habilidades básicas:

1. Reconhecimento dos odores desejados;

2. Início e persistência na procura por faro sob controle de seucondutor;

3. Indicação clara e precisa no ponto mais forte do cone de odor;

4. Padrão de busca sistemático, eficiente e indiferente a distrações.

5.4 ESCOLHA DE ODORESTeoricamente, não haveria limite para número de odores para

adestrar um cão, mas cães militares no mundo inteiro costumam seradestrados para cerca de 10 tipos diferentes de odores. É mais umalimitação do homem em dispor de recursos, tempo e capacidade degerenciamento para manter o cão sempre bem adestrado na identificaçãodos odores do que do cão.

Um mesmo cão não é adestrado para detectar odores que na missãoreal podem confundir ou dificultar. Cães de detecção de feridos (em matas,escombros, etc) não são adestrados para detecção de cadáveres. Em umacena de desastre, o resgate precisa saber com alto grau de confiança eurgência onde estão os feridos, para iniciar o salvamento. Os corpos dosmortos podem esperar pelo resgate, com uma segunda equipe de conjuntosespecializados. Um cão que indica vários pontos em uma cena de desastre

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e o condutor não é capaz de diferenciar quais pontos estão pessoas feridase em quais estão as mortas pode atrasar o socorro. Cães de detecção deexplosivos não são adestrados para nenhum outro tipo de odor. As medidasa serem tomadas com a indicação de explosivo são sérias demais para ocondutor ter dúvida do que o cão está indicando. Um cão que seráempregado na segurança orgânica de uma unidade na revista de pessoale veículos, pode, sem prejuízo algum, ser adestrado para detecção dedrogas, armas e munições, para evitar furtos e desvios de material.

A escolha das drogas será feita conforme o desafio local: maconha,cocaína, crack, anfetaminas, ectasy, haxixe, heroína, etc. Para explosivos,pelo menos um material real de cada categoria listada abaixo. O cãodeve ser exposto e adestrado com toda sorte de marcas, fontes eformulações diferentes que for possível.

Categorias de Odor de explosivo:

1. Pólvora (negra, Pirodex, pólvora de base dupla ou sem fumaça)

2. TNT

3. Dinamite (comercial ou militar)

4. C-4, FLEX-X, DATA SHEET, SEMTEX

5. DET-CORD (PETN), RDX

6. Géis de água de nitrato de amônio

5.5 CONDICIONANDO O CÃO PARA RECONHECER OS ODORESDESEJADOSO cão será condicionado para reconhecer os odores desejados com

jogo de cabo de guerra e de buscar com seu condutor com mordenteimpregnado e com os exercícios com a caixa holandesa. O cão de detecçãosempre joga cabo de guerra e buscar com mordente impregnado com odor.Quando o cão abocanha e mantém o mordente impregnado com odor,permite o contato com o órgão de Jacobson no céu da boca por váriosminutos, isto é forte estímulo para esse odor ficar retido na memória. Os

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exercícios com a caixa holandesa separará as indicações de odor que geramprêmio daquelas que não geram.

O condutor, durante o jogo, arremessa o mordente e estimula ocão a buscá-lo. Começa adestrando a busca do mordente em superfícieslimpas. Quando conseguir que o cão busque o objeto em uma superfícielisa, mudará para várias áreas que tenham grama alta o suficiente paradificultar a visualização do objeto pelo cão. O condutor pode jogar contrao vento e fora da vista do cão e sempre encorajá-lo a achar o objeto usandoseu faro. A evolução do cão é registrada no diário de adestramento. Acada sessão de adestramento, o condutor vai dificultando a visualizaçãode onde o mordente cai, distraindo o cão, jogando sobre uma cerca, porexemplo. O condutor induz o cão a farejar e não a acompanhar com avisão.

Quando o cão estiver achando os mordentes usando o faro na gramaalta, o condutor segura o cão, o auxiliar mostra que está com o mordente,agita o cão e esconde o mordente em um lugar fácil de achar. O condutoragita muito o cão segurando pela peiteira e comanda para procurar e liberao cão. O condutor incentiva e, até mesmo, simula que está auxiliando ocão a achar.

Vários tipos de mordente, bolinha de tênis, kong, salsicha de morderde sisal, salsicha de morder de tecido de macacão de mordida, pedaçosde cano de borracha, impregnados ou contendo em seu interior pedaçosde papel filtro impregnados serão usados. Deste maneira, o cão dissociaráo odor do mordente do odor desejado.

5.6 IMPREGNANDO O MORDENTEOs odores podem ser impregnados no mordente simplesmente por

armazenar material que tenha odor com o mordente por alguns dias emfrasco hermético ou saco plástico fechado. O mordente jamais entra emcontato com o material (droga, explosivo, parte de corpo emdecomposição), ou com seu respectivo pseudo odor, basta estar próximo.

Outra maneira, é impregnar pedaços de papel filtro ou gaze damesma maneira, e colocar este item dentro do mordente. Cautela é tomadapara que o cão jamais entre em contato com mordente contaminado comdroga ou outro químico.

Um conjuntoterá uma quantidade adequada de mordentes,permitindo que dois estejam em uso no dia, alguns estejam sendo lavados

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e secos ao sol e outros estejam alguns dias guardados em vidros ou sacosplásticos hermeticamente fechados para impregnar com odor desejado.

È conveniente ter vários tipos de mordentes de materiais diferentes,bolinhas de tênis, kong, cano de pvc, etc. para que o cão reconheça o odordesejado e não apenas o do mordente.

5.7 PSEUDO ODORPseudo odor é um químico que tem o odor da substância, mas não

tem nenhuma outra característica, não tem efeito psicotrópico oualucinógino, não explode, não é parte de cadáver. Por esse motivo é seguroe não há limitação prática ou legal alguma na posse ou transporte.

Há várias marcas comerciais de pseudo odor, que podem terformulação em pó ou líquida. Este produto é colocado em papéis filtros ecolocados dentro do mordente, ou o mordente é colocado em um saco tipozip lock ou vidro hermético para impregnar o odor, a semelhança do queseria feito com o material propriamente dito.

Não há inconveniente algum em usar pseudo odor no Brasil, oproblema é usar apenas e, exclusivamente, pseudo odor, exatamente omesmo problema de sempre usar a mesma amostra do material real.Eventualmente, é encontrada a informação em sítios da rede mundial decomputadores, livros, revistas, manuais e regulamentos americanos contrao uso do pseudo odor, mas isto é uma questão legal a respeito do empregodo cão de faro em território daquele país. Nos Estados Unidos, bagagemdentro do país e em automóveis somente podem ser revistadas comconsentimento do suspeito, mandato de busca ou causa provável. Causaprovável é algum indício de que um crime está em andamento. Para que aindicação de um cão de faro possa ser aceita em um tribunal como causaprovável, ele foi adestrado exclusivamente com materiais ou substânciasilegais.

Há disponível pseudo odor de maconha, cocaína, LSD e heroína, depessoas em sofrimento, de pessoas afogadas e de cadáveres com diversosestágios de decomposição. Há escritório da SIGMA no Brasil que vendepseudo-odor através importação direta, como pode ser verificado no sitewww.sigmaaldrich.com/brazil.html. Não há limitação legal alguma e podeser usado perfeitamente no Brasil, sem restrições. O único inconvenienteé o cão ser adestrado apenas com pseudo odor e nunca com amostrasrecentes de droga, ou de diversas fontes de explosivos, munições, armas,cadáveres.

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Observações

Saco tipo zip que é armazenado com o ma terial a serimpregnado, depois de impregnar, é novamente vedadoe guardado no freezerhttp://www.scentlogix.com/shop/index.php?main_page=product_info&products_id=16

http://www.explosivedogdetection.com/product-l ist/

Pó mantido em freezer, pode ser usado puro em recipientou diluido em água para injeção e pingado no local ouem papel filtro. O produto não deve entrar em contatocom mucosa do cão.http://www.sigmaaldrich.co m/a n a l y t i c a l - c h r o m a t o g r a p h y / a n a l y t i c a l -products.html?TablePage=9620026

Saco tipo zip que é armazenado com o ma terial a serimpregnado, o qual depois de impregnado, é novamentevedado e guardado no freezer.tp://www.scentlogix.com/sho p/ inde x. php?m ai n_pa ge=pro duct_ info & pro ducts_id=16

PETN, RDX,TNT,NITROGLYCERIN (Stabilized),AMMONIUMNITRATE (Oxidizer) ,BLACK POWDER (Potassium Nitrate &powdered cha rcoal) ,POTASSIUM CHLORATE(Oxidizer),POTASSIUM PERCHLORATE (Oxidizer),SODIUMCHLORATE (Oxidizer),SO DIUM PERCHLORATE(Oxidizer),SMOKELESS POWDER (Nitrocellulose),WATERGELEXPLOSIVE,DINITROTOLUENE (2,4 DNT),DMNB( T A G G A N T ) , C 4 , S E M T E X - H , o - M N T( O r t h o m o n o n i t r o t o l u e n e ) , p - M N T(Paramononitrotoluene),EGDN (Ethylene GlycolDinitrate),EGMN (Ethylene Glycol Mo nonitrate) ,MMAN(Monomethyl Ammonium Nitrate),DYNAMITE,UREANITRATE,DETASHEET (PETN Based),TATP (TriacetoneTriperoxide breakdown products)http://www.explosivedogdetection.com/product-list/

h t t p : / / w w w . s i g n a t u r e s c i e n c e . c o m /N a t i o n a l % 2 0 S e c u r i t y % 2 0 K -9%20Scent%20Training%20Aids/

Nome do kit

ScentLogix™ K9 HMTD ScentImprint Aid

Pseudo odor marker pens

Canine training aids Sigmapseudo Scent

ScentLogix™ K9 HMTD ScentImprint Aid

Pseudo odor marker pens

TrueScent™ K-9 Training Aids

5.8 CONTAMINANTES DO ODORVários contaminantes podem ser acrescentados à droga,

principalmente para diluir e aumentar seu volume. A Polícia de São Paulotesta a pureza da cocaína e usa na investigação da rota do tráfico dentroda cidade. Bairros com poder aquisitivo mais alto e mais próximos da

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chegada da droga na cidade, têm cocaína com 60% de pureza. Já osconsumidores da Praça da Sé têm poder aquisitivo muito baixo, então ostraficantes distribuem cocaína com 5% de pureza. São acrescentadosdiversos pós brancos para diluição como talco, bicarbonato, amido, etc.

Além da enorme diferença na mistura da cocaína, a cocaína puratem odor de vários solventes e produtos químicos usados em seu refino,que dificulta o adestramento do cão para o faro da droga. Quando umatrouxinha de cocaína é diluída em água destilada, já se percebe a enormediferença de amostra para amostra. Algumas diluem bem em água, outrasficam turvas, leitosas e com quantidades variáveis de materiais emsuspensão. Se for possível, o cão inicia o adestramento com a cocaínamais pura possível e, depois, realiza exercícios com a mistura de cocaínaapreendida na sua área de atuação. Se não for possível, inicia já com asamostras recentemente aprendidas, sempre que for disponibilizado novaapreensão, autoridade competente é solicitada para deixar os mordentese papéis filtros junto com a droga para ficarem impregnadas de odor. Ébem mais fácil conseguir apoio da autoridade policial para levar papéisfiltro, gazes, mordentes e potes de vidro herméticos para impregnar dentrodo estabelecimento policial do que conseguir, frequentemente, amostrasde drogas recentes. Amostras de drogas exigem autorização de juiz e,muitas vezes, demoram muito para serem conseguidas.

5.9 JOGO DE CABO DE GUERRA E DE BUSCARExcitar o cão, mostrar o mordente, jogá-lo à vista do animal, segurar

o cão e excitá-lo com o comando de procura, esperar alguns segundos eliberar o cão, quando ele estiver a alguns segundos de apanhar o mordentecom a boca, dar o comando de buscar, bring, se o cão diminuir o interesse,faça o mordente “voltar à vida” mexendo na corda, o condutor excita ocão e joga novamente. O cão é condicionado a procurar, se não procurar, acaça foge e ele perde, o condutor segura a ponta da corda do mordente echama o cão, se não vier, dá puxadinhas na corda e, quando vier, chamapara o afago e premia o cão com cabo de guerra, deixa-o vencer, nãoretira o mordente do cão. Faz o mesmo exercício em grama alta e no escuro,obrigando o cão a farejar o mordente impregnado com odor. O auxiliarsegura o cão, o condutor excita o cão com mordente e, dramática eexageradamente, esconde o mordente, fala o comando de procura e deixao cão facilmente achar. Paulatinamente, dificultará a procura. Outroexercício interessante é com um auxiliar, o condutor leva o cão até um

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monte de areia fofa, o auxiliar segura o cão, o condutor agita o mordentee, mantendo o cão focado e excitado, enterra o mordente parcialmente, oauxiliar libera o cão e o animal abocanha o mordente. A cada repetiçãocom sucesso, enterrar um pouco mais o mordente, fazendo um orifíciocom o dedo, para o odor da pseudodroga sair; deixar corda coberta porfina camada de areia e na mão do condutor, quando o cão arranhar, mesmoque levemente em cima ou próximo do mordente, o condutor puxarapidamente como se fosse um rato fugindo de uma toca. Após algumassessões, dificulta um pouco mais, o objetivo é que o cão use o faro econfie no comando de procura, mesmo que não veja o mordente, fazersempre no mesmo lugar, uma boa referência é quando o cão já fica excitadosomente por se aproximar do lugar.

O cão associa o odor que procura, passa a usar seu faro para localizaro objeto no escuro ou grama alta; aprende a arranhar com a pata para tirarda toca a caça, é premiado pela intensidade da indicação. Intensidadesignifica que um ou dois arranhões fortes na caixa liberam o mordente. Ocondutor não deixa o cão escavar demais sem receber o prêmio. Esperarmuito para liberar pode diminuir a intensidade de indicação. O auxiliaramarra uma corda no mordente para puxar e excitar/premiar o cão.

O mordente pode ter um nylon de pesca amarrado substituindo acorda. Quando o cão acha o mordente e indica, o auxiliar puxa e o mordente“salta” fora do esconderijo como se estivesse vivo e o condutor premia ocão com jogo de cabo de guerra com energia e vibração, estimulando erecompensando-o pelo trabalho bem feito.

O critério para premiar a indicação de droga/armamento/cadáverem adestramento segue a seguinte regra: difícil de achar - indicação clara,mas simples; simples de achar - indicação agressiva, evidente. Isto significaque, em buscas fáceis, esperamos mais energia do cão na indicação; se abusca é difícil, qualquer indicação correta é premida. Buscas fáceis sãosempre utilizadas no adestramento e, em especial, durante ação real paramanter o cão sempre interessado na busca.

O condutor pode ficar atrás do cão excitando e estimulando a cavaro mordente, pode abraçar seu cão, mantendo alguns centímetros domordente escondido, excitando o cão e liberando-o.

5.10 CAIXA DE INDICAÇÃO DE AREIAPode-se montar caixa de indicação de areia como aquelas de

crianças em praça, pelo menos três. O mordente é parcialmente enterrado

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o cão é incentivado a escavar. Gradualmente, o condutor incrementa aprofundidade que enterra até o mordente desaparecer na areia. O condutorfaz da atividade de escavar uma brincadeira também. O condutor colocana caixa de indicação apenas um mordente, incentiva e auxilia o cão aescavar (indicar). Regra dos três – faça uma vez, faça duas, não faça aterceira, apenas o suficiente para aprender a escavar. O condutor cava erevira na caixa de indicação de areia em vários pontos de forma idêntica,apenas uma terá o mordente com odor de droga/armamento/cadáver. Istoserve para o cão procurar odor de droga/armamento/cadáver misturadoao odor do mordente, não odor de terra revirada. Muita festa, carinho ebrincadeiras com indicação tarefa bem sucedida.

Outra maneira de melhorar a indicação é proteger o mordente emcaixa de papelão pregada no chão ou apenas um papel ou papelão pregadono chão cobrindo o mordente, o condutor ajuda o cão a rasgar e ter acessoao mordente.

A qualquer momento, o condutor pode passar a alternar essesexercícios com caixa de detecção holandesa.

5.11 CAIXA DE DETECÇÃO HOLANDESARon Mistafa no seu livro de Detecção de Explosivo (K9 Explosive

Detection) usa uma caixa de madeira simples para não permitir acesso docão ao material explosivo, com um buraco em cima que permite que o cãoenfie o focinho direto no cone de odor mais forte. Na indicação deexplosivos, é consenso universal que o cão, obrigatoriamente, façaindicação passiva e, então, o mordente é jogado para o cão longe da caixa.

Randy Hare em seus DVDs de detecção de odor divulga o que chamade caixa holandesa, tem um fundo falso para colocar droga/armamento/cadáver, tem um cano por onde é enfiado o mordente com corda, aberturapara o cão enfiar o focinho e uma janela transparente para excitar o cãocom o mordente na corda, dentro da caixa.

A caixa holandesa é fácil de ser feita na marcenaria da própriaunidade. Agrega grandes facilidades no adestramento de detecção,resolvendo várias etapas como indicação, transição para procura em área,e separação entre os odores desejados e do mordente. Durante a procurado cão, o mordente está fora da caixa, quando o cão indica, o mordente éintroduzido pelo cano o cão faz cabo de guerra dentro da caixa, no pontomais forte do cone de odor. A visualização do mordente através da janelade vidro robusto temperado ou acrílico, excita o cão a ponto dele raspar

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no vidro ou tentar morder, induzindo o cão para indicar, então, o auxiliareleva a janela transparente e permite acesso ao mordente e premia cãocom cabo de guerra dentro da caixa. Esta manobra induz indicação detodos os cães, até mesmo naqueles que foram encontradas dificuldadespara condicionar indicação por outros meios (caixa de areia, papelãopregado, etc.)

São feitas de 4 a 6 caixas, as que são usadas com odor de droga/armamento/cadáver são sempre marcadas e não são misturadas comcaixas sem odor. Caixas são todas iguais, diferença apenas no odor doitem que escondem. Pode ser escolhida uma caixa que será usada semprecom vários odores juntos de cada especialidade do cão: tipos diferentesde droga para cães detectores de droga, tipos diferentes de cadáver paracães desta especialidade. Esta caixa será marcada e sempre será usadaassim.

O cão excitado, ao visualizar o mordente através do vidrotransparente, arranha e late. Na indicação correta, o mordente é jogadopelo auxiliar dentro da caixa, é fundamental realizar o cabo de guerradentro da caixa!

Caixas holandesas vista frontal duas com tampo de acrílico/vidro levantadas e aterceira da esquerda para direita com vidro baixado fechando seu interior. Caixasmontadas em um muro mostrando o mordente na posição que é oferecido ao cão

para ser premiado com cabo de guerra dentro da caixa.

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Cão excitado ao visualizar omordente através do vidro

transparente, arranha e late

Na Indicação correta, o mordente é jogado pelo auxiliar dentro da caixa, éfundamental realizar o cabo de guerra dentro da caixa. O brinquedo é jogado dentroda caixa pelo cano de PVC e o auxiliar segura a corda para fazer o jogo de cabo de

guerra com o cão.

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5.12 CONE DE ODORUm cone de odor é formado proporcional ao tempo de espera. A

dissipação do odor, tamanho e forma do cone será influenciadoprincipalmente por correntes de ar.

O auxiliar padroniza um tempo de espera de 20 minutos, por muitassessões de adestramento. Depois que o conjunto estiver confiante e comgrande porcentagem de sucesso, o auxiliar seleciona outro tempo de esperaque será empregado por várias sessões de adestramento.

Importância do tempo de espera: 20 minutos é um tempo adequado,cria um cone de odor de 15 a 30 cm em volta do esconderijo correto. Tempobem curto, como 2 ou 3 minutos, cria um cone de odor bem pequeno, oconjunto adestrador/cão somente achará se tiver um padrão de buscacorreto, cobrindo toda a área do exercício. Um tempo de espera longo, dealgumas horas até o dia seguinte, cria um cone de odor bem maior, sujeitoa dispersão por vento ou ventilação. Um tempo de espera longo tambémpode criar um depósito de odor em um local que não seja o local exato doesconderijo, que é o ponto mais forte de odor. O cão tem que ser adestradopara indicar o local correto que a droga/armamento/cadáver está, nãoapenas quando entrar no cone de odor. A definição do tempo de espera éuma situação importante no adestramento e é conduzida individualmenteconforme a evolução do cão no diário de adestramento.

5.13 AUXILIARDesde muito cedo no adestramento e por toda a vida útil do cão, o

exercício será montado por um auxiliar. Isto tem duas importantes funções:a primeira é como o condutor ignora o esconderijo, será obrigado ainterpretar e confiar na linguagem corporal do cão durante a procura esaber reconhecer indicação correta. A segunda é função é preparar ocondutor para ter um padrão de procura consistente, como ignora quantosesconderijos existem na área, cobre toda a área com o cão, e se acharnecessário, checa pela segunda vez algum ponto que tenha dúvida atédefinir pelo fim da procura. O condutor declara então que a área não temmais nenhum esconderijo remanescente.

Quando o condutor sabe onde está o esconderijo, acaba induzindoo cão a indicar o esconderijo correto e o animal aprende a ler seu condutore não a farejar. Outra situação é que, muitas vezes, o primeiro esconderijoindicado não é a mais importante, uma bagana de cigarro de maconhapode encerrar uma busca em um depósito antes de achar 2 kg de cocaína.A mesma situação da busca de instalações para suspeitos, a busca somente

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termina quando toda a área foi varrida com segurança e não quando oprimeiro oponente foi detectado.

O auxiliar monta o exercício e deixa claro qual é a área do exercício.Sempre coloca dois ou mais esconderijos corretos e movimenta objetos econtamina com seu próprio odor em outros pontos da área de procura.Esta contaminação é importante para o cão detectar o esconderijo e nãoodor do auxiliar ou de material remexido ou ambiente alterado.

Se o cão indicou de forma considerada duvidosa ou fraca, o condutorafasta o cão, excita-o novamente com o comando de busca e verifica se ocão indica novamente o mesmo lugar. Quando o condutor entender que oanimal está indicando um esconderijo correto – fala que achou o local, sea indicação estiver correta, o auxiliar sinaliza para o condutor. Com aconfirmação do auxiliar, o condutor premia o cão pela indicação correta.Indicações incorretas são ignoradas e o condutor aponta e excita o cãopara outro lugar. Leva algum tempo para o condutor e auxiliar trabalharemcorretamente, mas é fundamental ter essa rotina.

5.14 DUPLO CEGOO exercício duplo cego é fundamental para preparação e avaliação

do conjunto condutor-cão. Uma área ainda não usada em treinamento éescolhida, e é solicitado a um profissional que tenha experiência em campono tipo de busca (droga, cadáver) para montar dois ou três esconderijos.Este profissional escolherá os esconderijos baseados em experiências reaisanteriores. O objetivo é que este auxiliar se esforce ao máximo paraempregar o mesmo tempo e energia que o meliante usuaria para tentarludibriar: enterrar, tentar mascarar odor, submergir, fundos falsos,modificações em carros, etc. O condutor entra primeiro, sem o cão, planejaa atuação exatamente como na situação real. Avalia riscos, correntezasde ar internas ou vento.

O conjunto entra no recinto/área acompanhada por outro auxiliarque terá a função exclusiva de filmar o exercício, que desconhece a área,a quantidade e a localização dos esconderijos. Dessa maneira ninguémpode induzir o cão a indicar os esconderijos, mesmo que inadvertidamente,e assim condutor depende exclusivamente da leitura de seu cão. Outroponto importante é o condutor determinar quando encerrar a busca econcluir que a área está sem nenhum mais esconderijo.

Condutor sozinho, sem interferência alguma, decide quando premiar.Intervalos, padrão de busca e quando encerrar a busca. Erros e acertosserão avaliados na Avaliação Pós Ação através da filmagem.

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Outra maneira de realizar o duplo cego é ter uma equipe que tentapassar o ilícito pelo posto de controle sem aviso prévio. Para varredura deáreas para explosivos, treinamentos são marcados em prédios públicoscomo escolas e tribunais que são evacuados por outros motivos comodetetização, treinamento de incêndio e os conjuntos são acionados semserem notificadas que se trata de um exercício. Isto será feito tantas vezes,que quando for a situação real, o estresse da situação será enfrentado emníveis que não comprometam o desempenho do conjunto. Estas simulaçõesnão devem ser alardeadas, pois é sabido que treinamentos e demonstraçõesde busca de explosivos aumentam trotes de denúncias de explosivos,especialmente em escolas. A estória de cobertura ideal é justificar buscapor drogas.

5.15 PROCURA EM ÁREAA primeira etapa para procura em área, é levar as caixas holandesas

para uma recinto pequeno. Pelo menos três caixas holandesas, serãoespalhadas pela sala, colocadas no chão facilmente acessíveis ao cão,apenas uma esconde droga/explosivo/munição/cadáver. Servirá como umatransição facilitada para o cão que, ao indicar corretamente, será premiado,rapidamente retirado da sala e a caixa retirada, a droga/explosivo/munição/cadáver será escondida no mesmo local da caixa. Os cães, usualmente,não têm dificuldade de indicar com auxílio das caixas holandesas dentroda sala. Depois de algumas sessões, a caixa fica mais discreta, até omomento em que não seja mais necessária, deixando de ser usada.

O auxiliar usa carros antigos como Jeep ou camionetes com grandesespaços embaixo da viatura, entre a roda e a carroceria, atrás do para-choque, embaixo de bancos, etc. e aproveita estes grandes espaços parafazer esconderijos fáceis de encontrar e do cão indicar com o mordentesaindo do esconderijo ou da caixa holandesa. Poucos exercícios serãorealizados assim, regra do três, etapas intermediárias são feitas uma vez,duas vezes e, nunca, a terceira vez.

O condutor passa para a extrapolação, esconde cabos de madeiraimpregnados de odor ou estojos de droga/armamento/cadáveres em todasorte de carros: velhos, novos, de ferro velho, de colegas, etc.

Quando a caixa deixa de ser usada, o mordente não será entregueao cão através dela, e sim direto do condutor. O condutor pode iludir o cãoque foi ele mesmo quem desentocou o mordente. O condutor levaescondido no uniforme e incentiva o cão a buscar. Quando o cão chegar no

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esconderijo do item impregnado de odor e indicar corretamente, o auxiliarsinaliza para condutor e este premia o cão. O adestrador joga para o cão omordente escondido em seu uniforme sem que o cão perceba que mordentenão foi “escavado” por ele. É assim que será feito em uma busca real. É amaneira de premiar o cão pela indicação. Se o cão estiver bem condicionadocom o marcador, ao indicar corretamente, ouve o marcador sonoro de seucondutor e é premiado com vigoroso cabo de guerra.

Indicações incorretas são ignoradas pelo condutor. O sinal do auxiliarpara o adestrador tem que ser discreto e preciso, para o adestrador nãopremiar indicações erradas e premiar com agilidade indicações corretas.

Alguns cães trabalham rápido, outros são mais lentos. O condutorpermite o cão trabalhar no seu ritmo, não tentando alterá-lo. O condutorfoca no que é relevante: padrão de busca, persistência na busca eindicações precisas.

O condutor e seu cão são uma equipe: o condutor presta atençãono vento, ventilação, ventiladores, ar condicionado e correntes de ar emprédios grandes. O cão pode indicar o cone de odor, mas o item pode estarapenas próximo da indicação. Exemplos: drogas em armários de empresasou colégios: o cão vai indicar de onde o cheiro da droga está saindo, elapode estar no armário do lado ou até mesmo na fileira de armários atrásdo local indicado. O cão pode tentar saltar nas paredes, indicando que ocheiro vem de cima. Correntes de ar e a possível fonte do odor sãoverificadas.

O cão é premiado quando indicar a fonte mais forte do odor que éo esconderijo e não quando alertar no cone de odor.

5.16 ALTURA DE ESCONDERIJOO auxiliar começa a variar a altura dos esconderijos, começando

com um palmo acima da cabeça do cão e aumentando 2 palmos por sériede 3 exercícios corretos. O condutor evoluirá com seu cão para superar adificuldade do animal em indicar no alto, pois há um cone de odor nochão, mas o item está acima de sua cabeça.

A indicação do cão tem que ser clara onde está a droga/armamento/cadáver, mas desenvolverá uma indicação um pouco diferente. Pular naparede, latir, raspar na parede podem ser consideradas indicações corretasde esconderijo no alto. O cão será premiado quando indicar o ponto maispróximo do esconderijo, o ponto do cone de odor onde é acessível ao cão.

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5.17 ESCONDERIJOS ENTERRADOS E SUBMERSOSA maneira semelhante que os exercícios são montados em alturas

diferentes, também serão montados exercícios com esconderijos enterradose submersos. Uma série de exercícios é montado com pequenaprofundidade, e com tempos de espera variáveis. Quando o cão atingiruma porcentagem de acerto próxima ou igual a 100%, nova profundidadeserá estabelecida. Os exercícios começam muito simples, na caixa de areia,a pequena profundidade, e em uma série de dois ou três baldes cheios deágua limpa, com amostras presas no fundo do balde por um peso.

Para esconderijos enterrados, o auxiliar sempre cavará outrosburacos idênticos ao escoderijo, isto mostrará claramente que asindicações que geram prêmio são aquelas com odor desejado e não comterra remexida ou odor do auxiliar.

Para esconderijos submersos, é importante considerar que cãoindicará no ponto da água que o odor emerge da água. Calculando aprofundidade do local e velocidade da correnteza, será estimada a posiçãocorrigida. Baldes de água, pequenas piscinas desmontáveis ou tanquessão usados inicialmente, para facilitar a montagem de uma série deexercícios simples, para adestrar o cão a farejar sobre a água, Nas primeirasséries, usar pequena profundidade e um tempo de espera razoável, porexemplo 30 minutos. Para avisar o condutor quando o cão será premiadopor uma indicação correta, o auxiliar considera que o cone de odor sedispersa de maneira diferente a partir de esconderijo submerso, e o cãodificilmente indicará exatamente em cima do esconderijo.

Sessões avançadas serão realizadas em cursos de água maiores,com o cão embarcado e em posição confortável para farejar próximo asuperfície, ou se o curso de água for estreito suficiente, caminhando aolongo, se raso o suficiente, caminhado dentro do curso de água.

Drogas, munições, armas ou explosivos podem ser escondidasdentro de depósitos de água de descargas, quantidades maiores podemser escondidas em caixas de água, curso de água, piscinas na expectativade iludir cães detectores. Um cão detector de cadáver preparado parabusca em água pode auxiliar na busca de afogados em rios ou represas.

Em estágios mais avançados do treinamento, o objeto de busca(droga, munição, arma, cadáver) pode começar a ser submerso em outrossolventes como diesel, gasolina ou qualquer outro que meliantes locais játenham experimentado com a finalidade de ludibriar os cães. Há que seter paciência, os cães não acertam nas primeiras tentativas.

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5.18 DISTRAÇÕESSempre montar os exercícios com distrações: ruas movimentadas

em frente a colégios, caminhão de lixo, banda marcial, lojas, galpões,depósitos, casas abandonadas, terrenos baldios, mercados, farmácias,borracharias, postos de gasolina, carros, dormitórios ou quartos de hotel,presença de outros animais, como galinhas, patos, gatos, etc. A guia éusada na rua para a segurança do cão.

O cão, desde filhote, participa de toda rotina militar, simulada oureal. Patrulhas, campanas, treinamento e provas de tiro, deslocamentosem viaturas, longas esperas em viaturas ou na rua, etc. Tudo o que,possivelmente, o animal vá enfrentar no trabalho real, ele deve serhabituado sem estresse algum.

O condutor trabalha a transposição de toda sorte de obstáculos,auxiliando seu cão, colocando-o em seus ombros e empurrando ou puxando-o pela peiteira. O cão confia no condutor, entrará em ambientes estreitose obedecerá aos comandos e estímulos para subir, descer, entrar etc. Ocondutor condiciona o cão a aceitar sua ajuda, carrega o cão abraçando-ocom um braço passando pelo peito e outro por baixo da barriga do cão,colocando-o em cima de mesas, de pilhas de sacos, de viaturas, etc.Quando necessário, o cão será ajudado a entrar e a subir em lugares paraprocurar sem receio e sem se desconcentrar da busca.

Odores de alimentos podem ser distrações intencionais ou não,comida pode ser colocada em uma das caixas holandesas, e o cão nadarecebe por indicação errada. O adestramento para recusa de alimentostambém ajudará, e o cão ouvirá o comando para deixar a comida queeventualmente estiver contaminando a área de busca. Sempre verificar sea comida ou restos de comida não estão encobrindo um esconderijo doque é o objetivo da procura, e o cão pode estar dando a indicação correta.

Qualquer outro tipo de odor pode confundir ou dificultar a busca docão despreparado. Exercícios são montados em toda sorte de cenáriospara adestrar o cão para isolar o odor desejável entre outros. Postos decombustível, depósitos de alimentos, farmácias, etc.

5.19 REGISTRO DAS SESSÕES DE ADESTRAMENTOO condutor mantem um diário do adestramento, descrevendo,

minuciosamente, as atividades reais e de simulação, onde foi feito, comque material (próprio item, pseudo odor do item, material impregnado),onde foi escondido. Relata o grau de dificuldade do cão na indicação correta,

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indicações imprecisas. As eventuais deficiências ou limitações, temporáriasou não do cão são assuntos sigilosos que somente interessam ao seucondutor e ao chefe da SCG. Se um cão tem dificuldade em indicar crack,ele será exaustivamente adestrado para superar essa deficiência. Este éum tópico que não existe transparência alguma, o que é divulgado é restritoao interesse da missão e da instituição. No mesmo diário será relatado odesempenho em situações reais de campo. Se houver alguma coisa quedistraia o cão, será relatado no diário e a solução do problema seráobstinadamente perseguida.

MODELO DE FICHA DE REGISTRO DE ADESTRAMENTO

Militar:

Tipo da área de

adestramento:

Área estimada

de busca:

Procura em:

Tempo de

espera :

Temperatura:

Umidade relativa

do ar:

Tempo de

procura:

Altura do

esconderijo:

Se enterrado,

pr ofundida de

Se Submerso

(profundida de,

correnteza,

margem ou

embarcado)

In dica çõ es

corretas:

In dica çõ es

fa l sa s :

Deixou de

indica r:

Cão: Auxiliar:

Aberta / Coberta

Grama alta / Enterrado / Escuro / Caixa de Areia / Caixa

Holandesa / Veículo/ submerso

Contamina ntes intencionais

coloca dos pelo auxiliar: comida/

café/pingos de gaso lina/diesel/

esterco de animais/

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O condutor e Chefe da Seção de Cães de Guerra registramestatisticamente, os erros e acertos do cão. Se ele tem grau de 95% deacerto em maconha e 5% em cocaína, a maneira que está sendoimpregnando os mordentes com odor de cocaína precisa ser melhorada. ASCG pedirá ajuda a outra agência que treine cães e que esteja obtendoresultados melhores. Algo está errado ou deixando de ser feito. Se oconjunto tem 100% de acerto, significa que não está sendo desafiado osuficiente. Significa que o conjunto e Chefe da SCG se acomodaram emuma rotina de exercícios que já estão dominados. A imaginação será muitobem explorada, a força adversa é criativa e tem bastante tempo disponívelpara inventar e testar alternativas.

A estatística em trabalho real registrada valorizará devidamente otrabalho dos cães. Podem ser registrados a quantidade de drogas achadaspelo cão, o número de apreensões, ou valor de venda nas ruas. Exemplo:Cão Zulu tem 350 g de maconha e 100 g de cocaína, cão Tango tem 150 gmaconha e O g de cocaína. Se as quantidades são pequenas, então oregistro será feito por número de indicações que produziram apreensões.Por exemplo, Cão Whisky tem 4 apreensões de maconha e 7 de cocaína. Osistema americano de registrar valores monetários tem efeito educativocontrário ao esperado, exagera o valor das drogas, gerando curiosidade einteresse na perspectiva indesejável, por exemplo: cão A tem 1500,00 reaisde drogas retiradas das ruas.

5.20 REALISMOO Chefe da SCG, adestrador e auxiliares serão criativos, pois os

traficantes, marginais e terroristas sempre serão. Vários locais podemservir de esconderijo, como forro de casas velhas, no telhado, fundo falsode malas, automóveis, solados de sapatos, as possibilidades são infinitase o conjunto perceberá a dificuldade inicial do cão em farejar esconderijono alto, o condutor reconhece as limitações do animal e aprimora osexercícios diariamente. O lugar de adestramento não pode ser apenasonde é mais próximo ou mais fácil. Usar os registros do diário para auxiliar.Pode-se trabalhar em supermercados/depósitos, no meio de café,achocolatados, verduras, frutas, etc. Também há a possibilidade de setrabalhar em farmácias, onde o cão estará no meio de outras drogas/remédios de uso legal, borracharias, dormitórios, hotéis, postos degasolina, lojas de material de construção, especialmente o monte de areia,depósitos de empresas de toda a sorte de materiais, carros em ferro velho

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e em carros normais. Apoio é solicitado à comunidade e colegas do quartelpara conseguir trabalhar em toda sorte de veículos, com contaminantesde odor normais: restos de comida, roupas, etc.

Todas as variáveis serão extrapoladas: horário de adestramento,manhã, tarde, noite, calor, frio, chuva ,etc. Trabalhar à noite em terrenosbaldios e com uso de mais colegas e lanternas. Cães precisam seradestrados para não se distrair com o foco da lanterna. Temperatura eumidade relativa do ar influenciam o faro, o cão precisa ser adestradopara qualquer situação. A única constante é o faro da droga.

Locais de adestramento desafiam o cão a odores diversos, odoresque podem ser encontrados acidentalmente no local de busca ou podemter sido plantados intencionalmente pelos traficantes, na tentativa demascarar o odor da droga.

Se o cão estiver sendo bem adestrado, não há como mascarar oodor da droga. Flinks, policial alemão, relatou em palestra no ano de 2010que pesquisadores veterinários alemães trabalham em conjunto com aEscola de Cães e Condutores da Polícia e, até o momento, não conseguirammaterial que impossibilitasse a passagem de odor de narcóticos ouexplosivos. Relatou testes de materiais empregados para proteger produtospara exportação extremamente impermeáveis à umidade e, mesmo assim,os cães ainda detectam. O traficante pode eventualmetne ludibriar oconjunto mal preparado, não o conjunto que derramou suor no treinamento.

5.21 MANUTENÇÃO DO CÃO ADESTRADOO adestramento nunca para. No diário de adestramento, as

habilidades necessárias para o trabalho são isoladas:

1. Saúde e condicionamento físico;

2. Identificação dos odores (maconha, cocaína, crack, ectasy, etc);

3. Padrão de busca;

4. Persistência na busca;

5. Indicação clara e precisa.

As certificações semestrais de averiguação são o registro dopermanente preparo e prontidão do conjunto.

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5.22 PADRÃO DE PROCURAO padrão de procura tem que ser adestrado em todo o chão da

sala, depois acima da cabeça do cão bem como toda a área. O conjuntodefine um método para cobrir sempre todo o veículo ou toda a instalação,como deixar o cão livre e retornar em áreas não farejadas pelo cão apenascomo etapa final ou induzi-lo a sempre seguir um mesmo padrão, nãodeixando de cobrir ponto algum desde o início da busca. Um padrão debusca é melhorado de duas maneiras: sempre com dois ou trêsesconderijos em cada exercício, em que apenas o auxiliar sabe e condutornão e, depois de pelo menos uma semana, retornar no mesmo local debusca e usar esconderijos diferentes. O cão começará a descobrir por contaprópria, por tentativa e erro para adquirir ter um padrão de busca, a confiarem seu faro e indicar ponto de odor mais forte, não apenas tão logo farejeo cone de odor.

A persistência na busca será incrementada paulatinamente; com otempo, as buscas têm que ser mais extensas. Se o cão demonstrardesinteresse, o condutor induz a achar um esconderijo fácil, premia o cãoe retoma o exercício.

A indicação clara e precisa é perseguida sempre, quando o condutorprocura junto com o cão, não sabe onde está o esconderijo, aprende a lero cão, a identificar quando o cão mente (cães mentem na tentativa deganhar o prêmio, mas mentem sempre da mesma maneira e o condutor,com poucas sessões, aprenderá isto). Caso o cão não demonstreclaramente, o condutor leva a caixa de areia ou de indicação para locaisdiferentes de exercício e aprimora a indicação.

5.23 PERSISTÊNCIA NA PROCURAO condutor tem que manter o cão motivado na procura. É obrigação

de o condutor fazer do ato de procura, descoberta do local e indicaçãovigorosa um jogo contínuo e excitante para o cão. Não há como obrigarum cão a farejar e indicar a droga/explosivo/munição/cadáver. Ele semprevai ter a opção de não farejar ou não indicar. O jogo de cabo de guerra e debuscar que o condutor faz todos os dias, se usar um mordente impregnadode odor, estará adestrando seu cão nos exercícios básicos de proteção,obediência e faro, independente da ajuda de outros militares. Sempre quepossível, o condutor fará uso da ajuda de outros militares, atuando comoauxiliares, escondendo droga/explosivo/munição/cadávers ou ajudandona caixa holandesa. O adestramento inicia o mais cedo possível. A partir

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de 6 semanas é possível despertar e estimular o impulso por caça atravésda busca de bolinha ou mordentes em movimento e cabo de guerra. Cadacão tem um tempo que pode permanecer estimulado na busca. Um cãonovato pode permanecer bem concentrado por 15 a 20 minutos, apersistência aumenta com a experiência do cão. O condutor tem a obrigaçãode reconhecer quando o cão está perdendo o foco. Neste momento, seafasta do local da busca e dá alguns minutos de folga, oferece água, colocana viatura ou caixa de transporte e retorna ao ponto em que parou. Naárea de busca e esconderijos serão montados de maneira que um cãoiniciante não procure mais do que 10 minutos. Tomando esses cuidados, ocão maduro, bem condicionado fisicamente, com impulsos altos, podetrabalhar várias horas com tantos intervalos de descanso que se fizeremnecessários. Em condições climáticas severas, os tempos de trabalhodiminuem e os intervalos de descanso aumentam. Em condições climáticasadequadas, em aeroportos, outros lugares frescos ou com disponibilidadede ar condicionado, o cão pode trabalhar por mais tempo. Durante a noite,o animal sempre renderá mais, será preciso menos conjuntos para realizaro mesmo trabalho à noite do que embaixo de sol.

Mesmo em situação real de busca, condutor usa o mordente comodor da droga e incentiva seu cão. Se estiver muito agitado ou começandoa ficar desestimulado, um exercício fácil é montado com papel filtroimpregnado de odor de droga. Caso a busca demore muito, o condutorleva o cão para este local e, quando acertar, será premiado com vigorosojogo de cabo de guerra e de buscar e guardado em sua caixa para descansar.Após descanso, será levado ao ponto onde a busca foi interrompida.

Água limpa é oferecida regularmente, um cão com sede tem o faroprejudicado. Quando a área de busca for grande como uma casa, galpãoou terreno baldio, a área de busca é dividida em vários setores menores,para manter sempre o cão motivado. O condutor assessorara o comandanteda operação para empregar o cão à noite ou ao amanhecer, o cão semanterá mais tempo apto para o trabalho do que durante as horas maisquentes do dia. Se não for possível, como é um dito militar, o condutor não“cansa a noiva”, o cão é mantido em local fresco e levado sem ser cansado,desnecessariamente, até o local da busca. Cães que trabalham na fronteirados EUA com México descansam em canis com ar condicionado, mastrabalham procurando em uma linha de carros no asfalto, 24 horas pordia, inclusive no sol do meio dia.

O condutor nunca comanda o cão para buscar gratuitamente. Ocondutor deixa bem claro ao cão que o trabalho iniciará e cria um ritual

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para isto. Como exemplo, retira o enforcador e coloca a guia na peiteira,chega próximo ao local e começa a excitar o cão com o comando parabuscar.

Alguns cães trabalham melhor quando excitados verbalmente, outrosse distraem, o condutor identificará o melhor para seu cão.

O cão é mantido em condição corporal excelente: quandoexaminado por cima e pelo lado tem cintura bem destacada, abdome maisestreito do que o peito. Registrar qual o peso que o cão adulto tem melhordesempenho e será mantido nesse peso, sendo, regularmente examinadopelo Oficial Veterinário. Dor de ouvido (otites), verminoses, pulgas,carrapatos, sarna, etc. prejudicam e até impedem a concentração do cãono trabalho.

Para detecção de narcóticos, armas, munições ou explosivos empessoas pode ser empregada uma tela entre elas e o cão para que estenão entre em contato com as pessoas a serem farejadas.

5.24 ACIDENTESO condutor sempre carrega água oxigenada a 10 volumes. Se o cão

ingerir algo suspeito, droga ou veneno, imediatamente o condutor forçana boca do cão, com uma seringa sem agulha cerca de 40 a 80 ml de águaoxigenada. Espera por 10 minutos, se o cão não vomitar, repete oprocedimento. Alguns cães precisam de muita água oxigenada para induziro vômito. O condutor saberá como localizar o Oficial Veterinário da OM ouo veterinário que presta assistência em caso de acidente em qualquerhorário. Carrega, também, sempre uma cordinha ou focinheira paraamordaçar o cão. Um cão machucado pode morder por defesa.

5.25 INTELIGÊNCIAÉ fundamental existir a total colaboração entre as agências que

usam cães de detecção. As agências trocam informações de apreensões eeventuais artimanhas dos traficantes e contrabandistas para camuflar asdrogas, para esconder armas e munições, e explosivos que podem serusados em assaltos a caixas eletrônicos ou terrorismo. Estas preciosasinformações serão usadas para incrementar o realismo dos exercícios. Asequipes que adestram cães, frequentemente, precisam receber amostrasde apreensões recentes para adestramento. Eventuais adestramentos comamostras grandes de droga (um quilo ou mais) ou explosivos sãoprogramadas com a segurança necessária com apoio das delegacias

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especializadas. Cães são adestrados em todas as situações possíveis deserem encontradas na atividade real, grandes ou pequenas quantidades,amostras mais ou menos concentradas.

Faz parte do profissionalismo e preparação da SCG realizarcompetições com outras agências (Delegacia de Polícia de Tóxicos, PolíciaMilitar, Polícia Rodoviária Federal, Guardas Municipais, unidadesespecializadas em explosivos das polícias). Toda e qualquer dificuldadede relacionamento, política de trabalho e regulamentos são superados. Atendência é que cada vez mais haja a criação de forças tarefas,principalmente com os desafios do Brasil ser sede das Olimpíadas e outrosgrandes eventos internacionais. A cada mês, alguma instituição pode seranfitriã da competição e ser encarregada para montar cenários maispróximos das últimas apreensões relevantes. Tudo será registrado no diáriode adestramento. Se outra corporação/agência tem índices de acertosmelhores em maconha que o conjunto ou a SCG, todos perguntam, pedemajuda, aprendem com quem tem melhores resultados. Nessas competições,com mais cães e segurança apropriada, quantidades maiores e maisrecentes de drogas e explosivos podem ser providenciadas. Cães precisamser adestrados para achar quantidades de drogas maiores, com grau depureza diferentes. A pureza das drogas apreendidas na praça da cidadepela PM é diferente da pureza apreendida pela Polícia Federal em aviõesou barcos. Marcas comerciais diferentes da mesma classe de explosivospodem ter algumas diferenças de odor.

- Tenha a iniciativa, pois não receberá ordens para todas assituações. Tenha em vista o objetivo final;- Procure a surpresa por todos os modos; surpreenda masnão seja surpreendido;- Mantenha seu corpo, armamento e equipamento em boascondições;- Aprenda a suportar o desconforto e a fadiga sem queixar-se e seja moderado em suas necessidades;- Pense e aja como caçador, não como caça;- Combata sempre com inteligência e seja o mais ardiloso.Leis do Guerreiro de Selva

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CAPÍTULO 6

EMPREGO DO CÃO DE GUERRA

6.1 REGRAS DE ENGAJAMENTOAs regras de engajamento limitam e ao mesmo tempo amparam o

uso de força e coerção, com base no arcabouço legal do estado democráticode direito. São conceitos básicos das regras de engajamento garantir asegurança, direitos individuais e humanos do oponente através do uso deforça mínima proporcional e progressiva e que cesse tão logo seja possível,bem como limitar ao máximo danos colaterais. Regras de engajamentoclaras também protegem o agente público.

O Chefe da SCG, juntamente com o Comandante da Unidade ou daMissão, estabelece regras muito claras de engajamento do cão de guerra.Deixar a decisão de empregar o cão como conduta individual é caminhocerto para o desastre. Regras de engajamento podem e devem variar,dependendo dos riscos, terreno e inteligência sobre força oponente. OExército não pode ser desmoralizado em missão, mas também evitará aomáximo o emprego de força letal. O cão de guerra se presta muito bempara isto ser for empregado com regras de engajamento muito claras, queprotegerão o condutor de consequências disciplinares ou até penais. Ouso inadequado pode acarretar em desgastes com opinião pública, ocondutor pode ser responsabilizado por transgressões disciplinares oumesmo crimes militares. O cão é uma ferramenta policial e militar e ainstituição tem que ter responsabilidade para seu emprego. Mesmotreinado, uma vez comandado para morder, não há como controlar agravidade da lesão – a semelhança do que ocorre com uma arma de fogodisparada.

As regras de engajamento incluem decisões como emprego do cãocom focinheira ou sem; cão na guia ou solto levando em consideração apericulosidade do oponente e risco para militares.

O Chefe da Seção de Cães de Guerra orienta incansavelmente suaequipe para evitar desgastes desnecessários, que podem acarretar efeitos

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desastrosos para credibilidade do emprego do Cão de Guerra. Muitas vezes,o militar jovem e inexperiente fica frustrado por não atuar em missão real,que seu cão não atacou ou mordeu alguém. O Chefe SCG orientará quenão existe missão mais real do que a segurança de instalações, em tempode paz ou em conflitos, e que o papel principal do cão é de dissuasão, umabom conjunto é avaliado pelo número de eventos que possibilitou que nãofosse empregada força maior, não pelo número de pessoas que o cãomordeu.

Tanto a ausência de um conjunto de regras de engajamento, quantoum conjunto de regras impreciso, podem culminar em complicações legaissérias. Entre outras podem ser citadas: abuso de poder e lesão corporal.Há também aquelas transgressões disciplinares previstas no Anexo I doRegulamento Disciplinar do Exército: “...causar ou contribuir para aocorrência de acidentes no serviço ou na instrução, por imperícia,imprudência ou negligência; não zelar devidamente, danificar ou extraviarpor negligência ou desobediência das regras e normas de serviço, materialou animal da União ou documentos oficiais que estejam ou não sob suaresponsabilidade direta, ou concorrer para tal; usar de força desnecessáriano ato de efetuar prisão disciplinar ou de conduzir transgressor”.

O código civil torna possível o pleito para compensação financeirade dano causado por animal: em seu artigo 936: “.. O dono, ou detentor, doanimal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítimaou força maior.”. Se o emprego do Cão de guerra causar dano e não estiveramparado legalmente, haverá reparação financeira do dano causado”.

O Artigo 43 do código Civil normatiza o direito regressivo “… Aspessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveispor atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros,ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, porparte destes, culpa ou dolo”.

Isto significa que uma pessoa mordida em situações nas quais nãohaja amparo legal ou em condições de crime ou transgressão (abuso depoder, tortura, uso por militar não habilitado, negligência, imperícia ouimprudência) a vítima pode pleitear indenização ao processar a União eesta pode processar o militar responsável pela ilegalidade.

6.2 USO DE FORÇA MÍNIMA PROPORCIONAL E PROGRESSIVAEm qual posição na escala de uso de força que o emprego do cão

de guerra está classificado? Em alguns estados americanos, está logo

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abaixo do emprego de força letal (arma de fogo), mas o uso de força letalé mais permissivo que a legislação brasileira; fugitivos de cenas de crimede estupro ou assassinato podem ser contidos, caso se neguem a parar,com emprego de força letal, bem como suspeitos que possam estararmados e se aproximam de policiais, não respondendo a ordem de parare se render. Na maioria dos estados americanos, a relutância em seguirordens de um policial é equivalente a resistência à prisão e é poucotolerada. Em alguns estados, praticamente todos policiais portam pistolasde choque “tasers” junto com a arma curta de serviço; já os condutores decães não utilizam esta pistola, apenas tonfa e arma de fogo, para justificaro emprego do cão. Na legislação alemã, o cão é considerado auxiliar dopolicial, se o policial não conseguir agarrar ou dominar um suspeito queresiste, pode, imediatamente, empregar o cão, ou seja, na escala de usode força, o emprego do cão está legalmente muito disponível para a PolíciaAlemã.

Posição na escala de usode força em algunsestados americanos

Contenção

física;Algemas;Agentesquímicos,bastão ou

tonfa;Taser (pistola dechoque);Emprego do

cão;Munição de baixaletalidade ou não

letalArma de fo go.

Posição na escala de uso de

força na Alemanha,previsto em Lei

Contençãofísica;Emprego do

cão;Algemas;Agentesquímicos,bastão ou

tonfa;Taser (pistola dechoque);Munição de

ba ixa letalidade ou nãoletalArma de fo go.

Posição na escala de uso deforça no Brasil

?

Lamentavelmente, a lei brasileira define apenas uso de força mínimaproporcional e progressiva, mas não explicita onde o cão seria encaixadonesta escala, ficando o agente da lei e o militar em serviço potencialmentesujeito a discussão deste ponto em uma ação judicial posterior. O Exército,em missão, não pode ser desmoralizado e o emprego do cão garantirácumprir a missão, escalar o uso de força mas ainda sem emprego de forçaletal. Dentro da lei brasileira, a posição na escala do uso de força não estáprecisamente definida, mas algumas situações embasam legalmente oemprego do cão de guerra:

- Legítima defesa do condutor, ou legítima defesa de terceiro;

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- como escalonamento proporcional no uso de força, quando outrosrecursos não funcionam, oferecem risco ou não estão disponíveis no estritocumprimento do dever legal;

- como um recurso para não escalar ainda mais o uso de força.

6.3 LEGÍTIMA DEFESA DE SEU CONDUTORO uso do cão na proteção do condutor é claro e pacífico, não há

dúvida. O condutor é um militar em serviço, tem o dever de cumprir amissão, não pode permitir ser desmoralizado. Se for agredido ou houverameaça de agressão, pode e deve usar o cão em sua legítima defesa, damesma maneira que usaria tonfa ou a faca de trincheira ou mesmo a pistolade serviço. O que caracteriza defesa é a proximidade do suspeito do militar,o risco real ou presumido e a proporcionalidade da reação. O cão de guerrapode ser usado na legítima defesa de terceiros.

6.4 RESISTÊNCIA A PRISÃO/DETENÇÃOO cão é empregado quando outros recursos não letais como tonfa,

spray de pimenta ou gás lacrimogêneo não funcionam ou não estãodisponíveis. É usado como apoio quando os militares envolvidos naoperação não estão dominando a situação. Algumas vezes, mesmo com osuspeito desarmado, os militares envolvidos podem ter dificuldade, comoum oponente de porte físico superior aos militares, sob efeito de álcool oudrogas; ou quando o oponente luta artes marciais.

As pistolas de choque (taser) tem a indicação do fabricante paraser usada uma única vez. Uso de múltiplos disparos, principalmente emoponentes sob efeito de drogas, álcool, molhados, descalços já matounos Estados Unidos e Austrália. Nas situações de risco apresentadas, ocão é mais seguro para o oponente que resiste do que a pistola de choque.

6.5 PRESUNÇAO DE VIOLÊNCIAAlgumas situações, o oponente pode ameaçar estar armado, mas

há suspeita ou informações de que ele não esteja armado. O cão pode serempregado para resolver o impasse protegendo a vida do suspeito e daguarnição. Ou o suspeito apresenta a arma de fogo e dispara, justificandoneste momento o uso de força letal pelos militares, ou o cão irá contê-lode maneira segura preservando a vida do oponente. Um suspeito comarma branca, bastão ou seringa que ameaça ter sangue contaminado, nãojustifica o emprego de arma letal, mas embasa o emprego do cão de guerrapara segurança dos militares. Uma vez liberado para apreender o suspeito,

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o cão é apoiado pelos militares, com uso de tonfas, agentes químicos eescudos até que o oponente seja completamente dominado.

Um ameaça presumida embasa legalmente o emprego do cão. Umexemplo de ameaça presumida é um suspeito alegar que tem uma arma eameaçar a guarnição de serviço que vai atirar e, após emprego do cão, osuspeito é dominado e revistado e somente então é percebido que nãohavia arma alguma. A mesma situação ocorre se o suspeito simula terarma de fogo, com volume escondido embaixo de vestimenta, ou tentasimular estar armado com qualquer outro objeto.

6.6 CONTROLEOutra questão importante para o engajamento é o condutor ter

condições de suspender o ataque do cão quando o oponente se submeterou for submetido e contido. O que protegerá legalmente a instituição é ocondutor ter e demonstrar controle sobre o cão de guerra.Caso chegue naesfera judicial, a lesão corporal causada no infrator será justificada desdeque tenha cessado imediatamente com a imobilização do suspeito.

6.7 CONDICIONAMENTO DO CÃOA preparação bem conduzida desde as primeiras sessões

condicionou o cão para morder de boca cheia, apreender o suspeito e nãolargar a não ser sob comando. O cão treinado corretamente, do ponto devista legal e de segurança do condutor, não troca o local da mordida, umavez que apreenda o suspeito no braço, perna, costas, e mantem a mordidaaté receber o comando para soltar. Esse tipo de mordida somente éconseguido com adestramento correto do cão, e pode ser verificado nasprovas de habilitação. A certificação semestral dos cães em provas dehabilitação com exercícios que demonstram claramente o controle docondutor sobre seu cão e o tipo de mordida desejável é outro forte pilarpara a proteção legal da instituição e do condutor. Qualquer mordida norosto, muitas mordidas pelo corpo ou mordida em genitais podem expor ainstituição, o militar pode responder por uso abusivo de força ou de poder.

6.8 PROCURA POR SUSPEITO EM UMA ÁREA SEM FOCINHEIRANas situações em que o cão tenha que percorrer alguma distância

para engajar o oponente, a caracterização de defesa do condutor pode serquestionada, então não pode haver dúvidas para justificar o emprego docão para o estrito cumprimento do dever legal.

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A procura é uma situação em que há indícios ou informações deinvasão de uma instalação, ou o suspeito ou intruso que vinha sendoperseguido não é avistado mais pelos militares, foi perdido de vista.

O cão pode ser liberado para procurar sem focinheira quando aaproximação do grupo de intervenção rápida oferece risco aos militares.Para optar pela procura sem focinheira, o comandante da operaçãoquestionará a real necessidade de empregar o cão. Avaliará o risco oferecidopelo oponente com as informações disponíveis, grau de confiança quepode depositar nelas, possibilidade presença de militares ou pessoas naárea além do suspeito; a possibilidade de empregar qualquer outro recursoque não seja o cão, condições para o condutor fazer a segurança ou apoiarseu o cão sem correr riscos desnecessários e capacidade para o condutorse aproximar do local de combate e suspender o ataque tão logo submetao suspeito.

Somente se estiverem próximos o suficiente, os militares serãocapazes de comandar o cão suspender o ataque, afastá-lo de elementoque não seja objetivo da operação – embriagado, mendigo ou outro militar,ou apoiá-lo no combate. O cão será apoiado com o uso de tonfa, escudoou arma de fogo.

O uso do cão para procurar e apreender o suspeito será muito bemdefinido nas regras de engajamento da operação. É possível e razoávelque o Comandante da operação não autorize este emprego, não autorize ocão ser solto para perseguir o suspeito. Esta decisão é do Comandante daoperação, mas será tomada e divulgada antes do início da operação deprocura.

A apreensão de fugitivo em área de circulação restrita, dentro doquartel, é emprego pouco provável, a utilização do cão pode causar maiordano que benefício. O amparo legal para o uso de força para impedir afuga é bastante limitado, e qualquer erro pode ser enquadrado como usoabusivo de força. A fuga será impedida pela guarnição de serviço, masela não é tipificada como crime. Se existem meios melhores e com menorrisco, tanto para militares como para oponentes, estes meios sãoempregados no lugar do emprego do cão.

Será levado em consideração que o suspeito pode ser detido emoutra situação ou por outros meios. Se o cão for solto em uma área aberta,ou sem controle e o cão morder uma vítima inocente, este acidente traráprejuízos irrecuperáveis para a imagem profissional do uso do Cão de guerra.

O alerta padronizado dito em voz alta antes do emprego do cão éobrigatório mas não é suficiente em área aberta como campo, mato ou

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parques, pois podem haver crianças, surdos, mendigos, pacientes comAlzheimer, portadores de necessidades especiais, e pessoas sob efeitode álcool ou drogas ou medicamentos.

O Comandante da operação pode cogitar a possibilidade deempregar o cão na procura com focinheira, especialmente se o cão fortreinado para achar e latir e o condutor puder ficar próximo do cão sem seexpor.

Pode também determinar a entrada de grupo tático com o cão emguia longa, com ou sem focinheira.

6.9 RESISTÊNCIA PASSIVANão empregar o cão em uma situação de resistência passiva. Ela

ocorre quando um grupo de cidadãos fica imóvel, não agride ou sequerameaça, nem oferece risco ao patrimônio, mas protestam bloqueando arua ou entrada de prédio público ou uma grande empresa. Usualmente, acausa defendida tem apelo positivo perante a opinião pública e extremacautela é tomada em qualquer ação, pois qualquer incidente pode maculara ação do Exército. Como exemplo, a situação ocorrida em uma cidade dointerior de Minas Gerais, onde jovens se amarraram a árvores centenáriase o Prefeito, recém-empossado decidiu cortar sem indicação deespecialistas como biólogos ou engenheiros agrônomos. A ação do efetivolocal da Polícia foi enérgica, fraturando o braço de um dos jovens e areação pública foi imediata e muito negativa. O Comandante da Operaçãopoderia ter reservado mais tempo para retirar os jovens, e cumprido suamissão. Este tipo de manifestação é comum na Europa e a Polícia,pacientemente, retira um a um e imobiliza com algemas plásticasdescartáveis. Os manifestantes ficam com as mãos e pés presos às costase são colocados em viaturas. Cães ficam a distância, são empregadosapenas se algum manifestante agride um policial ou foge, enquanto nãohouver agressão ou fuga, os cães não atuam. O cão é parte do plano, nãoé o plano. Se existem outros instrumentos melhores para determinadasituação, o cão não é usado. Se há indicação de emprego e de engajamento,mas o conjunto disponível não está habilitada para tal missão, tambémnão é empregada. Não é por que o cão está próximo à situação que seráusado obrigatoriamente. Outros recursos podem ser empregados antesdo uso do cão como retirar o cidadão com força física de militares, spray,gás ou pistola de choque. Na foto abaixo, pode-se verificar o uso incorretodo cão, há outros recursos que garantem proporcionalidade de força.

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Oponente oferecendo resistênciapassiva permanece imóvel, não ameaça

os policiais. Exemplo de empregoincorreto do cão.

Lutas por direitos civis, igualdaderacial, Birmingham, Alabama 1963,Foto correu o mundo como exemplo

de truculência policial.

6.10 ABUSOSComo qualquer arma considerada não letal, há oportunidades de

abuso. A má utilização do cão de guerra foi divulgada no mundo inteiro,com fotos de uma prisão do Iraque, o uso dos cães para torturar os detentosficou evidente.

Outro risco é o militar por displicência permitir que imagens sejamfeitas estando muito próximo de presos ou detidos, o cão sem focinheira,e estas imagens serem divulgadas como tortura. Atualmente existe grandedisponibilidade de celulares, óculos ou canetas que fotografam e filmam,o condutor tem o compromisso com a imagem e com a instituição paraestar atento para demonstrar uma conduta impecável e inconfundível otempo inteiro.

Abuso como tortura, cão muito próximo de oponente rendido Prisão militarAmericana de Abughraib no Iraque, dez. 2003: evidente emprego do cão como tortura.

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6.11 USO DA FOCINHEIRAComo uma regra básica a ser seguida o cão sempre será conduzido

na guia, curta ou longa e com focinheira.

Cães do 5º RCMec

A focinheira será retirada mediante ordem ou por algum motivopertinente com imediata possibilidade de uso, como dissuadir, protegerou apreender oponente.

A figura abaixo mostra uma Ministra de Estado da França sendomordida durante sexagésimo aniversário do dia D, por um Pastor deMalinois da Polícia daquele país, famosos no mundo pelo profissionalismo.Incorretamente, o cão estava sem focinheira.

Cão morde Ministra de Estado da França, cão estava sem focinheira.

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6.12 TRIANGULAÇÃO PARA ABORDAGEM E NEGOCIAÇÃOO condutor prevenirá o abordado para colaborar, caso contrário o

cão poderá ser empregado. O alerta será proferido em alto e bom som, demaneira clara para oponente local. Especial atenção será dada a áreas defronteira, operações internacionais de paz, eventos de vulto, esportivos,culturais ou políticos com presença de estrangeiros. O alerta é padronizadoe e treinado para a missão ou evento, exemplos de alerta:

-”Somos militares do Exército, pare com as mãos na cabeça ousoltaremos cão!”.

- “Cidadão, esta é uma área militar e somos os responsáveis pelasegurança. Fique parado! Nós vamos verificar sua identidade”

“O condutor na abordagem triangula com seu cão, cujos vérticesdo triângulo são condutor, cão e suspeito abordado. A triangulação inibereação por parte do suspeito, pois sabe que terá que optar em atirar nocão ou no condutor. O cão atrai mais atenção do suspeito que o condutor,aumentando suas chances de sobrevivência em caso de reação. O condutornão pode prejudicar a tática por causa do cão, jamais fica de costas parao suspeito e não se distrai com o cão. O objetivo maior do emprego do cãoé agregar segurança para condutor e suspeito. Se o cão for empregado,significa que foi deixado de usar força maior, talvez até força letal, se nãofor empregado, mas dissuadiu o suspeito de reagir fisicamente, evitouemprego de força física, risco de acidentes ou até mesmo complicaçõesjudiciais desnecessárias.

O cão será comandado para deitar em todas as situações em quefor necessário maior controle, como nas revistas, após receber o comandopara largar, durante a guarda. A posição deitado bem condicionada é amais estável mesmo com fortes distrações, como agitação do oponenteou tiro disparado. O cão é muito rápido, e proximidade exagerada com orevistado pode agitar um cidadão que até então colaborava. Cães muitoagressivos se tornam difíceis de controlar se deixados muito próximos. Adistância exata para que o cão cumpra bem sua função de proteger semcolocar em risco desnecessário para o abordado será estabelecida porseu condutor durante os treinamentos.

Movimentação da patrulha durante revistas e prisões:- Durante as revistas e prisões, enquanto o cão guarda deitado a

distância que seu condutor tenha pleno controle, inclusive tempo tempode repetir o comando caso cão se levante, ao mudar de lado ou de indivíduorevistado, o revistador nunca cruza à frente do cão ou do segurança, passapor detrás dos dois, respeitando o chamado “triângulo de segurança”.

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Esquema de movimentação do condutor no triângulo de segurança.

Figura 7 triângulo imaginário de segurança.

Triangulação: sempre o cão em um dos vértices do triângulo, condutor manda o cãodeitar e se afasta lateralmente, antes de abordar o revistado.Isto cria dois alvos

distintos para o suspeito, o que diminui em muito as chances de ele reagir

6.13 APOIO DO CONDUTORO condutor sempre apoia o cão com uso de força mínima

proporcional e progressiva, respeitando a escalada de uso de forçadeterminada nas regras de engajamento da operação. Usualmente, aescala a ser seguida é uso de força física, tonfa, spray, pistola de choque,somente chegando no emprego de arma letal se estritamente necessário.

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Figura 10 Condutor sempre ajuda o cão, com uso força mínima eproporcional até imobilização do oponente.

O condutor derruba o oponente e o imobilizá, e somente com ele totalmente sobcontrole, manda o cão soltar (SCG da EsSA)

A primeira preocupação é dominar e conter o suspeito, sem se exporou expor outros militares. Cuidado com áreas não checadas, muitoscondutores se preocupam em retirar o cão do suspeito avançando semproteção, se afastando do militar que lhe dá segurança. É preferível mantero cão no combate por mais alguns instantes e se aproximar de maneiratática correta.

O condutor primeiro auxilia o cão, derrubando oponente comcassetete, escudo, ou força física, conjunto cão e condutor dominam ooponente no chão e o cão somente é tirado do oponente quando esteestiver controlado, algemado ou imobilizado com a tonfa. O conjunto treinacomo combate, combate como treina, a conduta esperada na situaçãoreal é aquela que é exaustivamente treinada.

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6.14 REVISTAS DE PESSOALO cão é muito eficaz no auxílio à patrulha em revistas de pessoal.

Usualmente, a mera presença do animal inibirá qualquer resistência. Éimportante salientar que ao empregar o cão em uma revista, torna-senecessário alertar o(s) indivíduo(s) revistado(s) da possibilidade deconcretização de mordida pelo cão policial em qualquer tentativa de fugaou agressão; isto causará um grande efeito moral, facilitando o trabalhodo revistador, além de prevenir mordidas desnecessárias. Os elementosrevistados poderão ser posicionados em pé sem apoio, em pé contra umaparede ou anteparo, ajoelhados ou deitados; a escolha para a posiçãoserá dependente do risco da situação, local e piso disponível,periculosidade do elemento revistado ou nível de resistência empreendida.

O revistador será sempre o condutor do cão, e será também quemcomandará os atos e o posicionamento do revistado durante a abordagem,enquanto o segurança (se houver) guarnecerá o procedimento. Caso hajamais de um indivíduo a ser revistado, ao término da revista de cada um, ocondutor tomará posição ao lado direito do cão (que permanece deitado)e comandará ao indivíduo já revistado para que se desloque lateralmentee lentamente três passos, comandando em seguida para que o próximotome lentamente a posição do anterior para ser revistado, e assim pordiante. Na rotina policial serão encontradas basicamente as seguintessituações:

- Revista de pé sem apoio: Forma de revista adotada em abordagensde rotina e de baixo risco, não havendo no local uma parede ou anteparoadequado. O revistado será postado de pé, com as pernas abertas, mãosna cabeça, dedos entrelaçados, e de frente para o cão, que estará deitadoa três passos de distancia. O revistador mudará de lado passando pordetrás do revistado.

- Revista de pé com apoio: Forma de revista adotada em abordagensde rotina e de baixo risco, havendo no local uma parede ou anteparoadequado. O revistado será posto com as mãos abertas na parede,distantes entre si, região superior da cabeça encostada na parede, pernasabertas, distantes entre si e da parede. O cão estará deitado a pelo menos5 passos atrás do revistado, e um pouco deslocado lateralmente para queesteja ainda dentro do campo visual do revistado (o que aumenta seuefeito de dissuasão. O revistador mudará de lado passando por detrás docão.

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- Revista ajoelhado: Forma de revista adotada em situações de riscopresente ou em indivíduos suspeitos, e, se o piso disponível for adequado(limpo). O indivíduo será posto ajoelhado, joelhos afastados, pernascruzadas, mãos na cabeça, dedos entrelaçados, e de frente para o cão,que estará deitado a pelo menos 5 passos de distancia. Ao mudar de ladoo revistador passará por detrás do revistado.

- Revista deitado: Forma de revista adotada em situações de altorisco, em indivíduos de comprovada periculosidade, ou após reação ouembate com o cão ou militares. O revistado será posto deitado, pernascruzadas, mãos para trás (punhos cruzados nas costas), com o cão deitadodois passos a sua frente. Nesta situação as algemas serão colocadas antesde se efetuar a revista.

6.15 UTILIZAÇÃO DE AGENTES QUÍMICOS E FUMAÇAEmprego combinado de agentes químicos e cães aumentam a

eficiência e melhoram as chances de sobrevivência do oponente e dosmilitares, usados, especialmente, com elementos abrigados ou emtumultos.

O cão será habituado a obedecer seu condutor com máscara, treinarantes sem emprego de agente químico algum, a obediência por gestos éexplorada para reforçar comandos verbais. Os conjuntos são treinadosnas várias técnicas de disseminação do agente químico – spray, jato ougranadas.

Usualmente, cães são bem mais tolerantes do que humanos ao CNe ao CS, mas existem indivíduos que se ressentem demais e o condutordescobrirá as sensibilidades individuais de seu cão ao treinar com agentesquímicos disponíveis na OM/missão.

CN = loroacetofenona, é o melhor químico para usar com cãesCS = Ortoclorobenzilideno-malononitrilo, o cão tolera menos do que

CN.CR = Dibenzo(b,f)-1,4 – oxazepina.DM = Difenilamina clorarsina.Capsicum = (Oleoresin capsicum) – cães são muito sensíveisOs cães, naturalmente, se ressentem de fumaça e o conjunto investe

tempo e dedicação para habituar o cão, mas como não são agentesirritantes, os condutores podem negligenciar e não treinar o suficiente. Ocondutor treina buscas de objetos lançados sob proteção de fumaça com

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o cão, primeiro entra junto com o cão e depois estimula o cão a entrar naárea de fumaça agitado pelo figurante.

Cães militares devidamente treinados toleram muito bem asGranadas de efeito moral, e ficam condicionados com a explosão comoum marcador sonoro do início da ação. Empregar cães militares que nãoforam devidamente dessensibilizados e habituados ao estouro dasgranadas é desastroso.

Cães são descontaminados dos agentes químicos para seu confortoe dos humanos que irão manipulá-los. Usar água corrente abundante, semesfregar, esfregar apenas faz com que a química penetre no pelo. Galõesde água são levados na viatura, para oferecer água para os animais e,como primeira descontaminação, tão logo seja possível, lavar o cão comágua fria abundante em uma mangueira de jardim, por exemplo.

6.16 UTILIZAÇÃO DE LANTERNAO uso correto da lanterna, combinado com a tática adequada para

a situação são ferramentas poderosas para o cumprimento da missão esobrevivência do militar, o uso incorreto pode ser fatal.

O militar sempre porta lanterna para uso dentro instalações, mesmodurante o dia. Depósitos abandonados, fechados, podem estar escuros eo suspeito vai procurar cantos, sótãos e porões para se esconder. O melhoremprego do cão é à noite, condutores de cães precisam dominar a técnicacorreta do uso da lanterna. O militar escolhe pelo menos duas lanternasconfiáveis para portar. Com foco ajustável, com pilhas recarregáveis. Omilitar leva pilhas descartáveis de excelente qualidade para serem usadasem caso de necessidade, devidamente impermeabilizadas. Lanternasacopladas ao armamento facilitam o trabalho do condutor, lanternas queprecisam ser pressionadas para ligar são mais seguras, permitindo ligar edesligar sem fazer barulho e, caso o condutor seja atacado pelo suspeitoou tropece e caia, a lanterna vai desligar, não expondo o militar à luz.

A lanterna facilita o deslocamento do grupo de força de reação/assalto/intervenção rápida, mas pode denunciar a presença da equipe;pode ser usada para sinalizar posição para outros militares. O militar quenão está acostumado a trabalhar no escuro vai usar exageradamente alanterna. Nem cão nem companheioros da fração são iluminados, pois seexporão como alvos. Se for preciso achá-lo, o militar dá toques na lanternae apaga até achar o cão. A luz da lanterna também prejudica a visão noturnado cão.

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Em caso de abordagem noturna ou em local que não penetre luznatural, o militar que estiver à frente poderá acionar a lanterna longe docorpo de forma intermitente e só quando houver necessidade. Todo cuidadoé pouco para quem aciona a lanterna, pois denuncia a posição do militar.A luz da lanterna não pode denunciar a silhueta de um companheiro nemdo cão. O militar acende e apaga a lanterna como se fosse “flash” demaquina fotográfica; o militar pode fechar um dos olhos para, ao apagá-la, não ter problemas de adaptação.

A visão noturna vai ficar momentaneamente prejudicada com oemprego da lanterna, o militar espera alguns segundos antes de sair daposição coberta/abrigada.

No caso de portas e janelas, o condutor ou segurança coloca alanterna em uma fresta na porta, janela ou buraco, para que outro militar,em outro ponto, observe o interior do cômodo; pode-se usar, também, alanterna afastada da linha do corpo, com o objetivo de iluminar o ambientepara que outro militar faça o apoio de fogo e verifique o local; a lanternapode ser conduzida junto à arma de porte apontada para os pontos deperigo iminente, quando a possibilidade de tiro de defesa for real. Caso aopção seja de afastá-la do corpo, o trabalho de iluminação será feito paraque outro militar faça o apoio de fogo para o local focado; dirigindo o focoda lanterna para o teto ou parede do cômodo a ser revistado, melhora avisibilidade por luz indireta, mas com cautela para o próprio militar nãoficar visível com luz indireta. Usando essa técnica em banheiros dealojamentos, pode-se produzir sombra do suspeito pelo espaço das portas.

Iluminar diretamente no rosto do suspeito pode desorientá-lo, omilitar pode manter a lanterna focada ou alternar focar no rosto e outroponto.

O militar treina tiro com lanterna e emprega a técnica adequadapara o tipo de armamento que usa.

Duas técnicas consagradas:MÉTODO FBI – consiste em transportar a lanterna distante do corpo,

de forma a confundir o opositor. No entanto, cria um desconforto para aexecução do tiro, já que o braço estendido lateralmente e paralelo aosolo, acaba por cansar o policial.

MÉTODO HARRIES – o atirador posiciona-se, ligeiramente, de ladoem relação ao alvo, com os braços fletidos, estando a arma em uma mãoe a lanterna na outra e as costas destas se encontram e se apoiam

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mutuamente, proporcionado firmeza e inércia, que favorecem ao tiro decombate; o braço que segura a lanterna passa por baixo do outro queempunha a arma.

6.17 POSIÇÕES DE TIRO COM O CÃOO conjunto pratica no stand de tiro pelo menos duas vezes por ano,

condutor atira com o cão a seu lado. O treinador fica ao lado ou atrás paracorrigir o cão. O cão não demonstra agressividade ou medo. Quando forrevista ou abordagem, a melhor posição é a triangulação, na qual o cãoficará a dois metros do condutor. Em situações de risco ou ameaça iminente,o cão tem que ser condicionado a sentar ou deitar quando seu condutorajoelhar ou deitar e sacar a arma.O cão está habituado não só ao tiro, mascom os movimentos do condutor em sacar, remuniciar, travar, destravar,etc. O condutor maneja a arma sempre olhando para o alvo, sem sedescuidar do suspeito, não pode ser distraído pelo cão. Não é um exercíciofácil, é exaustivamente treinado. Militar sua nas sessões de treinamentopara não sangrar na situação real. Toda a equipe trabalha seguindo astécnica e táticas preconizadas, sem prejuízo algum com a presença docão, pelo contrário, o cão agregará segurança e eficiência. O cão de guerraé um instrumento de trabalho do grupamento, pelotão e não do seu condutor.O comandante de pequena fração precisa saber como empregá-lo.

Posição de tiro ajoelhado com o cão entre as pernas do condutor,a tendência é sempre o cão ficar mais abrigado

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Posição de tiro ajoelhado com o cão ao lado.A tendência é sempre o cão se expor mais.

Posição de abordagem sentado.

Estas posições com a silhueta diminuída serão cobradas nas provas de habilitaçãopara anúncio, negociação ou decisão de lançar o cão. O condutor cria o reflexo

correto de abrigar-se ou cobrir-se.

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6.18 BREVE HISTÓRICO DO EMPREGO DO CÃO DE GUERRAO emprego do cão, desde as priscas eras envolve a proteção do

grupo, alertando com latidos e uivos, sem adestramento algum. Cãescriavam um perímetro de segurança, servindo de sentinelas, a vocalizaçãodiante do risco é algo natural para o cão. Isto começou há pelo menos10000 anos atrás, há registros em pinturas rupestres de cães auxiliandohomem em caçadas. Matilhas e grupos humanóides passaram a convivercada vez mais próximos, e este cães passaram a ter papéis maisimportantes na atividade de caça, proteção dos abrigos (cavernas egrutas,etc) e na guerra.

No início da Primeira Guerra, os principais aliados, ingleses efranceses não tinham cães treinados nem um centro de adestramento,mas ao constatarem o emprego do cão de guerra pelo inimigo, trataramde criar um centro de adestramento e tentar recuperar tempo perdido. Osalemães já começaram o conflito com 6000 cães treinados paramensageiros, sentinelas e cães para procurar feridos. Durante todo oconflito, os alemães empregaram 30 000 cães mensageiros e de resgate,os franceses perderam 3500 cães mortos em ação, 1500 desaparecidos eno final da guerra, ainda tinham 15000 cães.

Em 1934 os alemães fundaram canis militares em Frankfurt e jáem 1939 tinham 50000 cães treinados. Durante a Segunda Grande Guerra,os americanos treinaram apenas 10.425 cães, sendo 9.300 sentinelas,especialmente para guarda costeira, cães e cavalos foram utilizados naspraias americanas com receio de ação de comandos alemães e japoneseslançados a partir de submarinos; 571 cães para patrulha, 268 para carga etração, cães puxavam trenós para levar equipes de resgate de tripulaçõesde aviões em áreas cobertas com gelo, como Alaska e Groelândia; 151cães para servir de mensageiros, e 140 cães de detecção de minas.

O adestramento totalmente incorreto foi responsável pelo pequenonúmero de cães de detecção de minas treinados e empregados. Os cãeseram treinados para detectar terra alterada pela colocação das minas, enão pelo odor dos explosivos ou da própria mina. O despreparo foi oresponsável pelo número medíocre de cães empregados pelos americanosem relação ao países do Eixo, especialmente a Alemanha. Civis eramcontratados para treinar cães, não havia doutrina definida, nenhum manual,nenhuma padronização no adestramento e os civis não tinham nem ideiado que os cães e seus condutores enfrentariam no cenário da guerra. Cãestiveram que ser providos por doação de civis.

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O que ficará para a história será a atuação impecável dos cãesesclarecedores de patrulha dos Fuzileiros Navais Americanos. O teatro deoperações do Pacífico foi especialmente cruel para os fuzileiros, comdesembarque em ilhas ferrenhamente defendidas por militares japonesescom código de ética medieval. O fervor do combatente japonês, focadoapenas em causar o máximo de baixas entre as tropas americanas, comdesprezo pela própria sobrevivência, foi aliviado pelo emprego do cão,que indicava presença inimiga centena de metros antes, não permitindoque a patrulha fosse pega de emboscada. Os cães já eram empregados nodesembarque, na conquista da cabeça de praia, detectando inimigo emcasamatas muito bem camufladas.

No Vietnã, foram empregados 4000 cães militares, 281 oficialmentemortos em ação. Atuaram como cães esclarecedores de patrulha, faro derastro, detecção de minas e túneis. Há registro em documentos militaresamericanos de 84000 missões cumpridas, cães militares foram responsáveisdiretos por 4000 inimigos mortos e 1000 capturados, localizaram emesconderijos 500 000 kg de suprimentos inimigos como arroz e milho, 3000morteiros e 2000 túneis e bunkers. O melhor emprego do cão foi mais umavez como cão esclarecedor de patrulha e o cão de faro de rastro. A estratégiados Vietnamitas, por grande parte da guerra foi atuação em pequenasações, inquietando as tropas regulares americanas. Efetivo pequeno atuavaagindo pontual e rapidamente e desaparecia na selva. Tropas australianasno Vietnã empregaram muito bem os cães de faro de rastreio, que a partirdo último ponto que o inimigo tinha sido percebido, seguiam o rastro até oengajamento. Havia o condutor e seu cão, e um militar treinado paraperceber rastro visual – galhos quebrados, sangue, equipamentos deixados,pegadas. Eles iam a frente, com um segurança logo atrás. Diantepossibilidade de engajamento com força adversa, passavam a retaguarda.

Na Guerra da Coréia foram empregados 1500 cães, principalmentecomo sentinelas de depósitos e bases aéreas. Depois da Guerra da Coréia,passando pelo Vietnã, devido ao sucesso do emprego do cão de guerra, aForça Aérea Americana padronizou o emprego de cães de patrulha paraseguranças de suas bases em todo o mundo, em países amigos ou hostis.Atualmente há pelo menos 2000 cães servindo em 184 bases americanasespalhadas pelo mundo.

Antes do 11 de setembro, o programa centralizado de cães militarespara as forças armadas americanas treinava 200 cães por ano, atualmentetreina mais de 500.

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6.19 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSOA prioridade operacional do conjunto condutor e seu cão de guerra

é o emprego noturno. O verdadeiro valor do Cão de guerra é na escuridão.Cães são preparados para usar seu faro, visão e audição para encontrarintrusos de áreas militares ou suspeitos em condições precárias deiluminação, incrementando a atuação da patrulha e segurança de homense instalações.

O emprego de Cães de dupla aptidão, com habilitação de cão deguerra que faça uso de sua agressividade e também habilitados comocães de detecção de narcóticos ou explosivos ou munições e armamentos.Todo Cão de guerra é treinado para usar seu faro, para detectar pessoas,drogas, armas ou explosivos. Um cão de guerra que não possua seu faroexplorado, é facilmente ser substituído por outra ferramenta.

O militar mais antigo responsável pela operação explorará oemprego do conjunto corretamente em seu pleno potencial comoferramenta militar. O conhecimento das técnicas, vantagens e limitaçõesgarantirá que não seja subutilizado nem empregado em situações queoutras ferramentas produziriam resultado melhor.

6.20 MISSÃO E VISÃO DE EMPREGO DO CÃO DE GUERRAA missão e visão da Subunidade ou unidade a que estejam

subordinados e a da própria Seção de cães militares, serão amplamentedivulgadas aos seus integrantes. Todos perseguirão obstinadamente ocumprimento da missão da SCG, que estará em perfeita sintonia com amissão e a visão da unidade e do Exército.

6.21 MISSÃO DO EXÉRCITOA missão do Exército é defender a Pátria, dissuadir ameaças aos

interesses nacionais; derrotar o inimigo que agredir ou ameaçar asoberania, a integridade territorial, o patrimônio e os interesses vitais doBrasil; manter-se em condições de ser empregado em qualquer ponto doterritório nacional; participar de operações internacionais; e participar dodesenvolvimento nacional e da defesa civil.

6.22 Missão Síntese do Conjunto Condutor-Cão de guerraEstar preparado para empregar com plenitude todo o potencial do

cão como instrumento de guerra, apoiar ações tipo policia, proteger pessoale instalações, valendo-se de suas habilidades para detectar oponentes e

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riscos pelo faro, incrementar a segurança orgânica de instalações sobcontrole miliar, especialmente à noite.

6.23 Visão de FuturoFazer com que o conjunto condutor e seu cão de guerra sejam

empregados e respeitados como ferramentas insubstituíveis no apoio demissões do exército. Agregar instituições que empreguem o cão de trabalhopolicial e militar no Exército, Forças Armadas, forças auxiliares e agênciasde segurança estaduais e federais.

6.24 PROGRAMA DE DISSUASÃO DE AMEAÇASOs cães militares participam do programa de dissuasão de ameaças

da unidade participando de demonstrações de emprego e patrulhasostensivas diurnas, embasado na criação e manutenção de uma imagemprofissional de agressividade e força.

Demonstração para o público por si mesma não tem finalidade, oconjunto não pode desfocar ao treinar exercícios exclusivos dedemonstração como truques. O foco é na missão real de segurança daunidade e seus militares, as demonstrações são planejadas para mostraratividades de emprego, como abordagens, procura de oponentes edetecção de drogas.

Placas espalhadas pela unidade alertando sob o uso de cãesmilitares além da questão legal tem forte apelo dissuasivo.

A constante divulgação de uma excelente imagem profissional porparte do conjunto também faz parte de um programa de dissuasão. Ocondutor se prepara para responder as perguntas mais comuns do públicointerno e externo e sabe divulgar positivamente o trabalho do Cão de guerra.Não permite que pessoas toquem ou afaguem o cão de guerra, é passadaa imagem de cães agressivos que realmente cumprirão a missão que seespera deles.

Como dissuasão em uma operação, o condutor demonstraclaramente a intenção de empregar o cão, retirando sua focinheira,comandando o cão para latir, dando um pouco mais de espaço na guiapara o cão se agitar. Fazendo isso ele explora o emprego na intimidaçãode oponente resistente ou que esteja desafiando a autoridade militar. Oobjetivo é dissuadir o oponente para se evadir, se entregar ou desescalara situação.O cão de guerra jamais é usado como intimidação de oponentejá dominado, isto é ilegal e está sujeito a penalizações no RDE, CódigoPenal Militar e Código Penal Brasileiro.

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6.25 GUARDA E CONDUÇÃO DE DETIDOSO emprego do cão com presos respeita algumas regras: como

sempre guardar distância e uso de focinheira, é fundamental ficar claro atodos que o cão está dissuadindo o preso de se evadir ou de desrespeitara guarnição de serviço. É respeitada a distância de, pelo menos 10 metrosdo preso em áreas abertas como no banho de sol. Ambientes fechadoscomo celas, salas, corredores e acessos oferecem sérios riscos deacidentes. Outro risco em ambientes restritos e estreitos é do detido oudetidos dificultarem a ação do cão para realizar uma tentativa de fuga,agredir outro preso, carcereiro ou iniciar uma rebelião. Para prevenir essassituações, o posicionamento dos conjuntos é planejada, ficando emcondições de apoiar imediatamente caso necessário, mas sem oferecerrisco aos detentos ou a outros militares. Uma boa alternativa paraambientes estreitos é deixar os cães atrás de um militar com escudo.Se ocão for usado, tão logo o preso ceda e coopere o cão é afastado.

6.26 CONTROLE DE MULTIDÃOSemelhante ao emprego em situações de resistência passiva, o cão

é usado em situações específicas no controle de multidão. O controle demultidão ocorre quando grande quantidade de pessoas que se movimentampacificamente, como saída de jogos. Algumas vezes, a força militar podeser usada para esvaziar um estádio de futebol, para conduzirseparadamente torcidas opostas ou para proteger pontos sensíveis comounidades militares ou prédios federais que ficam muito próximos aomovimento pacífico de enorme massa humana. Cães podem ser usadosparados, isolados ou em linha, protegendo pontos sensíveis como entradasde prédios públicos federais ou ruas bloqueadas.

O Comandante da operação pode empregar cães ao largo damultidão, jamais no meio, cães são posicionados há, pelo menos, 10 m dedistância, atrás de uma barreira física, atrás de cordão de isolamento oulinha de policiais, cones, cavaletes. Na Copa do Mundo de Futebol e nasOlimpíadas, conjuntos podem permanecer de prontidão dentro das viaturasdistribuídas em pontos estratégicos, prontos para serem deslocados paraonde houver tumulto e somente serem empregados, se necessário. Estespontos estratégicos são definidos pelo tempo que os conjuntos de cãeschegarão a qualquer ponto da área que darão cobertura, com o tempo dedeslocamento contabilizando a situação real de trânsito do dia do evento.Por exemplo, o Comandante da operação pode definir a quantidade de

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conjuntos para aguardarem em uma viatura parada em determinado pontoe, a partir desse ponto, podem chegar em 7 minutos até aos portões desaída do estádio, a estação de metrô e a uma praça que está previstohaver reunião de torcedores.

Um excelente exemplo de controle de multidão é o trabalhoexemplar da Polícia de Salvador no Carnaval: um milhão de foliões nasruas, neste caso, a polícia não usa cães. Unidades policiais de vários paísestêm sido treinadas pela polícia soteropolitana de como conduzir multidãopacífica. Os policiais andam em linha e, quando há problema localizado,atuam rápida e energicamente, o grupamento que se desloca em linha,cerca os elementos e domina a situação, usualmente início de briga oudesentendimento. Há emprego de cassetete longo e spray de pimenta, esomente se muito necessário, a polícia apreende alguém.

Na figura abaixo, exemplo de uso incorreto para controle demultidão, cão muito perto, não há barreira física e o cidadão que está nomeio da multidão, muitas vezes, percebe o cão muito perto, podendo serempurrado pela multidão e não tendo como se afastar. É um acidentedesnecessário e evitável, o cão deveria estar atrás de alguma barreirafísica, mais distante da multidão e de focinheira.

Cão sem focinheira, muito perto da multidão. Uso incorreto.

Durante jogos e shows o condutor mantém uma posturaostensivamente dissuasória, mas sai do campo de visão da torcida paranão se expor a provocações durante intervalo e tão logo o jogo ou showacabe. Aproveita oportunidade do intervalo para oferecer água para o cão.

Durante todo o tempo que estiver visível para a torcida, não permitirque o cão se deite ou assuma postura displicente, para isso pode

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movimentar-se um pouco de um lado a outro. Nunca deixar que se distraiacom a bola, gandulas e torcedores; nunca soltar o cão, mesmo que ocorrauma invasão;

Em caso de tentativa de invasão de campo, as patrulhas se reunemno local da tentativa, reforçando sua segurança. Se não for possível contero público, ou se a tentativa de invasão ocorrer por diversos pontos, sereunem no centro do gramado, ou outro local designado previamente, paraque em conjunto com o restante da tropa façam a varredura e desocupaçãodo gramado. Em shows, os cães ficam em locais visíveis, onde possamdemonstrar ostensividade, porém nunca no meio da multidão, ondeacidentes poderão acontecer. A presença do cão nestes tipos de ventostem o caráter único de ostensividade, visa apenas prevenir invasões etumultos.

6.27 CONTROLE DE DISTÚRBIO CIVILO distúrbio civil já exige atuação mais intensa e enérgica, neste

caso, a força militar será chamada para barrar o avanço da multidão ouaté mesmo dispersá-la, com uso progressivo de força. Há desordem,prejuízos materiais, risco de integridade física de transeuntes, dos próprioscomponentes do distúrbio e de agentes policiais e militares.

Eventos recentes, como tumultos Los Angeles (EUA) em 1992, com1 bilhão de dólares em prejuízos, 53 mortos e milhares de feridos, foramchamados a Guarda Nacional, e excepcionalmente, os Fuzileiros NavaisAmericanos. O estopim foi a absolvição de agentes de polícia filmadosespancando um homem negro totalmente dominado. Na França emnovembro de 2005, 2900 baderneiros presos, 126 policiais e bombeirosferidos, um civil assassinado e 200 milhões de euros em prejuízos.Novamente na França, em julho de 2009, 317 carros foram incendiados,13 policiais feridos, 240 baderneiros presos.

No início de agosto de 2011 em Londres, novamente o estopim foisuposta violência policial contra cidadão de minoria racial. Os distúrbiostomaram vulto enorme incentivado pelas mídias sociais, onde pontos deencontro eram marcados. 3100 suspeitos detidos, 5 mortos, 16 feridos, e200 milhões de libras em prejuízos materiais, principalmente saques eincêndios provocados. Um cão de polícia teve fratura de crânio, após seratingido por uma pedra, ao proteger um ponto sensível. Continuoutrabalhando por mais duas horas até o condutor perceber a gravidade dalesão. Foi transferido para hospital universitário veterinário de Cambridge.

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O que há em comum é o início muito rápido, auxiliado pelainflamação da própria mídia jornalística e recentemente pelas mídiassociais, facebook, orkut, twitter, etc. A polícia não tem condições decontrole, e apoio de forças militares são necessários. Onde houveresistência ou atraso em solicitar apoio as forças armadas, o resultado foidesastroso. Os tumultos em agosto de 2011 em Londres, se prolongarampor mais de semana, e o governo foi duramente criticado por sua demorapara reagir.

As tropas do Exército preparadas para GLO podem ser deslocadaspara a cidade que enfrente distúrbios de grandes proporções. Otreinamento dos conjuntos é padronizado, uma vez que podem ocorrerchamados de todo o país. O maior canil autorizado no EB é o de tipo III,com 12 cães. Para um distúrbio de proporções como os descritos, em umgrande centro como São Paulo ou Rio de Janeiro, efetivo considerável dehomens e cães será empregado, envolvendo duplas de diversas unidades.

As duplas serão preparadas para o caos. Fogo, fumaça, gritos,sirenes, tropa montada próxima, e emprego noturno. É na proteção daescuridão que os baderneiros atuam.Um rigoroso adestramento enfatizaa manutenção da formação, seja ela em linha ou em cunha, jamais deixandomilitares isolados. Caso algum militar fique isolado, é resgatado por umgrupamento avançando de forma tática. Esse grupamento de resgatefuncionará à semelhança de um grupamento de apreensão e duplas decães podem ser empregadas. Há duas maneiras: uma, com o cão no vérticeda cunha, com cão trabalhando como uma “vassoura de dente”, abrindopassagem pela turba; outra é empregar duas duplas, nos ombros do vértice,protegendo as laterais e retaguarda da cunha. Todos os militares da cunhase protegem com escudos, menos os condutores de cães. Os condutoresdisporão os cães de maneira que os militares fiquem protegidos pelosescudos. Quando for necessário, trazer o cão para trás da linha deescudeiros, o condutor avisa os dois militares que estão ao seu lado, elesse viram, um de frente para o outro, se protegendo com os escudos ecriando um corredor seguro para passagem do cão. Bons cães ficarão muitoexcitados com toda agitação e cautela extremada é tomada para nenhummilitar ser mordido. Com o cão excitado durante adestramento com ofigurante,o condutor treina exaustivamente a colocação e retirada dafocinheira, e a passagem pelo corredor de escudos.

O cão estará sempre preso a uma guia de 1,5 m, nunca solto, nãoimporta a situação, devido a impossibilidade de focalização de um alvo

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preciso, há riscos para cão em meio à multidão descontrolada. A formaçãoJAMAIS pode ser rompida. Militar ou cão isolado na multidão é um riscomuito alto de ferimento ou morte.

6.28 SEGURANÇA ORGÂNICA EM ORGANIZAÇÕES MILITARESOrganizações militares estão sob constante risco de ataques e

nossa tropa dispõe de poucos recursos não letais. Nosso soldado dispõede um fuzil 7,62 mm NATO, muitas vezes em área urbana e nenhum recursode arma não letal. Equipamentos de visão noturna e detectores eletrônicossão escassos, se não inexistentes. O cão de guerra, quando adequadamenteusado incrementa em muito a segurança orgânica das unidades militares,proporcionando melhora na segurança com redução de riscos e custos.Um cão de guerra bem treinado em patrulha, reúne, em uma únicaferramenta, arma não letal e um detector de ameaças por odor e barulhona situação mais crítica que é a escuridão.

A segurança orgânica de qualquer unidade é missão real, diária eincansável. O cão de guerra pode e deve fazer parte das medidas desegurança de qualquer organização militar. O emprego em pontos fixos éuma alternativa, mas o emprego em patrulha, com o cão revistando áreasgrandes como depósitos, garagens de viaturas, alojamentos e prédiosvazios dentro da OM terá um impacto dissuasivo bem maior. O conjuntoserá mais bem explorada em grande áreas, se ora for transportada porviatura, e o cão for solto em determinada área, acompanhando seucondutor, e embarcando novamente na viatura e cobrindo outro ponto criticode segurança da unidade.

A patrulha de instalações dentro das unidades é emprego real ediário. Cães tem grande potencial para apoiar a patrulha de vastas áreas

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militares e procurar por intrusos em áreas escuras. A palavra intruso éprecisa, pois é muito mais comum a entrada de pessoal não autorizado doque uma força adversa armada. Menores de idade, pessoas sob efeito deálcool, medicamentos ou drogas, idosos, mendigos, portadores deAlzheimer, ou até mesmo soldados em áreas não autorizadas doaquartelamento, vila militar ou campo de instrução. Este emprego éamplamente divulgado por placas, avisos servindo como excelente meiode dissuasão. Dependendo dos riscos que aquela organização militarenfrenta, o Comandante da unidade estabelece regras muito claras deengajamento do cão.

Dependendo da avaliação dos riscos o cão pode ser empregado devárias maneiras. Em um organização militar onde as ameaças são remotas,o cão o cão pode ser empregado sempre na guia com focinheira, comoexemplo, dentro de um Colégio Militar, ou dentro de uma Vila Militar; ondehá transito razoável pessoal civil e militar. Se na avaliação de risco, agravidade e a probabilidade forem pertinentes, o cão pode ser solto semfocinheira em áreas específicas que possam abrigar intrusos, ou com poucailuminação.

A patrulha pode ser ostensiva, divulgando o uso dos c~cães nasegurança.. Esta patrulha é feita durante o dia, especialmente próximo deformaturas, com visitantes externos, durante horários de entrada e saídade militares, durante período de atividades físicas da tropa. Neste tipo depatrulha, o cão estará sempre na guia e focinheira. Patrulhas noturnas emáreas militares restritas como áreas de depósitos, paióis, garagens, camposde instruções, áreas escuras com risco (próximos a muros ou áreas limitesda OM), o condutor pode conduzir seu cão a sua frente, na guia de 2 metros,sem focinheira.

O cão pode ser solto em áreas delimitadas, como pátios e garagens,para procurar algum elemento escondido. O condutor verifica se as saídasque o cão possa sair e desavisados possam entrar na área de procuraestejam bloqueadas e anuncia o alerta padronizado do canil.Eventualmente, é importante combinar exercícios com o figurante para ocão sempre iniciar e se manter na procura na expectativa de encontrar ooponente.

O melhor emprego do cão é quando o animal é conduzido na viatura.Chegando em locais pouco iluminados ou de risco, o cão é solto paradetectar eventuais intrusos e, em minutos, cobrirá uma grande área; aofinal da checagem é chamado de volta por seu condutor e levado na viatura

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para outro ponto de risco. Usado dessa maneira, um conjunto condutor eseu cão podem cobrir imensas áreas durante a noite.

6.29 CÃO ESCLARECEDORO cão esclarecedor é um cão treinado para ir na frente da patrulha,

não late, e alerta para presença humana ou odor humano presentes emarmadilhas montadas pelo oponente. Pode ser treinado para detectar outrosodores, como explosivos e minas. Foi usado com sucesso por tropasamericanas contra japoneses no teatro de operações do Pacífico.Detectavam presença do inimigo em grutas e túneis. Dificuldadesapresentadas são os cães alertarem para presença de animais domésticose selvagens. Hoje, com a criação de cães selecionados e com técnicasmais apuradas de adestramento isso pode ser facilmente corrigido. Hárelatos de cães atacados por tigres em Borneo durante a Segunda guerrae cães esclarecedores australianos indicando vara de porcos selvagensno Vietnã.

6.30 CÃO RASTREADORO Cão rastreador foi empregado com sucesso nas Filipinas e Borneo

durante Segunda guerra mundial por tropas britânicas e por tropasamericanas e australianas na Guerra do Vietnã. Está sendo usado por tropasde Forças Especiais americanas no Iraque e Afeganistão. Norte viatnamitasofereciam prêmio em dinheiro pela morte de cães e ou de condutores.Tropas Colombianas já empregaram contra as FARC. O Cão rastreador iniciaseu trabalho no último ponto em a força adversa foi detectada, e pequenogrupo segue o rastro. Quando a localização da força oponente é descoberta,tropas regulares e apoio aéreo são solicitados. O pequeno grupo écomposto pelo menos de um condutor e seu cão, que vai a frente, umsegurança do conjunto, e um militar rastreador, que tem adestramentopara identificar pistas visuais como pegadas, galhos quebrados, restos dematerial deixados pelo oponente em fuga. Condutor e militar rastreadorsão aliviados de equipamento, que é carregado por outros militaresposicionados mais atrás na formação. O emprego do Cão rastreador éexcelente nas ações contra insurgência, contra guerrilha, em que forçaadversa atua e desaparece na mata. Americanos tem sucesso com cãesrastreadores de uso urbano, e seu uso poderia ser aventado em conflito, asemelhança do uso policial.

O cão de rastreio persegue pista de odor do suspeito ou de terrenoalterado pelo suspeito, seguindo exatamente suas pegadas. Esta é uma

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situação de eminente perigo para cão, com a possibilidade quase certa danecessidade de ter que se defender quanto a um possível ataque. Hátambém grande risco para a equipe envolvida, só o uso de equipamentosde proteção individual bem como armamento compatível com o perfil dooponente. Formar de um grupo de procura com militares do Canil, comfunções específicas, priorizando a segurança do condutor do cão. Um oumais cães podem ser utilizados Solicitar apoio de outros militares por rádioou celular para bloquear as vias de acesso e fuga. Chegando ao local, aequipe do Canil permitirá ao cão um instante para que realize suasnecessidades fisiológicas e ambiente-se. Levantar informações sobre ossuspeitos, último horário que foram vistos, se as saídas estão bloqueadas.Localizar, sempre que possível o ponto inicial da entrada na vegetação, ouponto inicial, (roupa, equipamento deixado, odor no assento do veículoabandonado). Orientar a todos que não contaminem a pista deixada pelossuspeitos em fuga. O cão é levado para o local de início, o condutor excitae estimula o cão, permite que ele cheire a área e identifique o odor einicie o rastreamento.

Durante a procura alguns fatores poderão auxiliar ou atrapalhar odesempenho do cão, tais como: Tempo: Iniciar o rastreio tão logo ocorra afuga, aumenta a possibilidade de êxito, uma vez que quanto mais tempo apista estiver exposta às condições climáticas desfavoráveis maiores apossibilidade da dissipação do odor. Tipo de superfície: durante uma fuga,o oponente poderá atravessar estradas de terra, asfaltadas, áreaspavimentadas, cobertas com cascalho, vegetação queimada, fertilizantes,etc., e todos estas superfícies poderão afetar o desempenho do cão. Pisomacio de areia, terra ou grama permite deixar um rastro claro por maistempo, uma vez que a vegetação alterada pela pegada vai manter odoresdiferentes por horas, como odor diferente da superfcie inalterada a voltada pegada , putrefação da grama ou outros vegetais. Odor humano: Oodor humano permanece por mais tempo em terreno fresco e úmido, poroutro lado, a luz direta do sol, terrenos extremamente secos, mascara edissipa o odor rapidamente. Se uma trilha clara não for detectada peloscães, a procura será feita por vasculhamento. A área é dividida porquadrantes, e a equipe aborda contra vento. Os obstáculos e proteçãooferecida pelo terreno determinarão o modo de avançar da equipe, quenão permitirá se expor ou ficar em devantagem no terreno. Condutor deveinterpretar a linguagem corporal do cão para perceber se ele está na trilhaou não. Os suspeitos podem ter se espalhado e há grande risco de passarpor um deles e essa situação pode oferecer grande risco a tropa. A tropa

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avança taticamente, não pode se expor. Dependendendo do terreno e docão, ele pode ser conduzido solto ou na guia longa. Se solto, não pode seafastar demais do condutor, não irá protege-lo nem será protegido. Cãesconduzidos sem guia tem mais chances de encontrarem sozinhos o suspeito,e sem apoio de seu condutor, maior probabilidade de serem mortos emconfronto com armas brancas ou de fogo, bem como o risco de se depararcom alguém que não o suspeito. Guias podem criar sérias dificuldadesem áreas muito densas com arbustos.Cães ou são condicionados paraprocurar e indicar ou para procurar e apreender.. Localizado o oponente aequipe tomará uma posição de segurança e utilizará o cão da maneiramais conveniente, levando-se em consideração sua segurança,periculosidade do oponente e principio de uso de força. mínima eproporcional.

6.31 OPERAÇÕES DE CERCO E VASCULHAMENTOAs operações de cerco e vasculhamento tem procduzido resultados

significativos em ambientes urbanos, operações de paz, e operaçõesespeciais. O emprego do cão agregará eficiência e rapidez para procuraroponentes, drogas, armas e explosivos. Em muitas situações, o cerco seráa única maneira de atingir o resultado, evitando a fuga dos opoentes pelosperímetros protegidos, enquanto a tropa vasculha a área evitando riscosdesnecessários.

Forças Especiais americanas tem utilizado cães em ações comoaquela que culminou com a morte do Bin Laden. O cão é utilizado paraencontrar esconderijos e bombas com a rapidez que uma ação desta requer.Foi a lição aprendida com a captura de Sadan Hussein, que por muito pouconão enganou os militares que o procuravam em uma casa indicada peloserviço de inteligência, estava em um esconderijo subterrâneo, fora daresidência, e houve grande dificuldade de achá-lo sem apoio de um cãode guerra.

O cão pode ser usado com a equipe principal que realiza ovasculhamento, ou com as equipes de segurança dos perímetros interno eexterno. Para o perímetro externo, faixas de terreno limpa como campo defutebol, rio, estrada serão escolhidas para espalhar os pontos de controle.Cães podem ficar nos pontos de controle ou acompanhar as patrulhasmóveis de perímetro. Algum oponente que tente se evadir pelo perímetropode ser apreendido pelo cão. Cães detectores podem ser usados nosperímetros como mais um recurso na revista de pessoas que são checadasantes de saírem da área.

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6.32 FORÇA DE REAÇÃO – EQUIPE DE RESPOSTA RÁPIDAUma força de reação de uma organização militar pode contar com

o apoio de um cão de guerra. Treinamentos focarão na formação umaequipe coesa. O objetivo é o cão reconhecer todos os membros da equipe,e que esta tenha plena confiança no cão, não se distraindo ou se expondo,a proposta do uso do cão é aumentar a segurança e eficiência força dereação e não criar riscos, acidentes ou distração. A aproximação com escudobalístico, negociação, tomada de decisão de emprego do cão, arma nãoletal ou letal são simuladas com maior realismo possível. O figurante nãose porta de maneira combinada, mas atua como um oponente em umasituação real. A procura em áreas fechadas dentro da Organização Militaré exaustivamente treinada pela força de reação com o cão. A força dereação apoiada com um cão e com uso de escudo balístico incrementaenormemente a segurança orgânica da unidade.

Condutor e cão avançam abrigados atrás da linha de escudeiros.

A melhor posição do cão com equipe de resposta rápida/força dereação com um escudo balístico é no lado contrário do policial com armaletal.Posição tática na proteção do escudo balístico com 3 militares:daesquerda para direita: cão, condutor do cão, comandante do gruposegurando escudo balístico e arma de fogo, militar com arma não letal. APosição tática no: escudo balístico com 4 policiais: Cão, condutor do cão,militar apenas com escudo, logo atrás dele um militar com arma não letal,à direita, Comandante do grupo com arma de fogo.

Se o oponente está armado com arma branca, um ou vários escudosde controle de distúrbio podem ser empregados para se aproximar desuspeito que oferece resistência, o escudo será usado para derrubá-lo econtê-lo pressionando contra o chão ou parede, até que seja completamente

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dominado e algemado; o cão é treinado para aceitar colaboração dosmilitares com escudo e somente soltar quando o suspeito estiver dominadoe contido em segurança.

O Cão pode ser liberado entre as pernas de dois escudeiros.

Liberação do cão entre dois escudos,condutor fica abrigado atrás de um dos escudeiros.

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Após a liberação do cão, todos, inclusive condutor, avançam taticamente abrigadosatrás dos escudos, e ao abordarem o oponente, utilizam os escudos para contê-lo..Ocondutor procura os braços do oponente para agarrar e algemar. Somente depois de

contido, o cão é afastado do oponente.

6.33 PROCURA EM INSTALAÇÕESA procura em instalações pode acontecer como rotina dentro de

grandes organizações militares, em que o conjunto é empregado na patrulhadentro da OM. Garagens, depósitos, ou outras instalações são vasculhadasaleatoriamente com auxílio do cão. Outra situação, é quando há algumaevidência de arrombamento ou entrada forçada em algum depósito, casade vila militar ou qualquer outra instalação militar. A primeira situação éinformar, a segunda é se posicionar de maneira que algum intruso quequeira se evadir seja percebido. Mediante ordem da autoridadecompentente (Comandante da patrulha, Oficial de dia) pode ser tomada adecisão de vasculhar a área com auxílio do cão. A chance de encontrar ointruso e presunção de sua periculosidade são levadas em conta. Tambémé verificada a possibilidade da instalação estar ocupada por militares emronda, alojados, civis contratados fazendo manutenção. Apenas o alertanão é suficiente. Erros graves já foram cometidos por policiais americanos,gerando milhares de dólares em indenizações em cães liberados dentrode instalações presumidamente invadidas e o cão policial apreendeucidadão que estava autorizado a circular naquele local naquela hora e quepor algum motivo não ouviu o alerta.(surdez, velhice, estava dormindo,etc.).

Se a patrulha com o cão é a primeira a verificar a alteração, seposiciona de maneira que possa perceber os intrusos tentando se evadir.Se o conjunto foi chamada para a verificação da instalação, checa se há

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efetivo suficiente para cercar a área, ou pelo menos as prováveis rotas defuga.

O anúncio, além da questão legal, serve para alertar o cão da missãoque cumprirá está começando. Nos adestramentos, o condutor sempreinicia com anúncio e é o sinal para o figurante aparecer para o cão, agitá-lo e se esconder. O objetivo é condicionar o cão de tal maneira que fiqueexcitado para procurar apenas por ouvir o anúncio, sem necessidade dever o figurante, o que acontecerá na situação real.

O cão é treinado para diminuir sua silhueta acompanhando seucondutor. O cão sentará rapidamente e assim se manterá ao lado de seucondutor ajoelhado. Caso seu condutor deite, o cão também deitará aoseu lado. O cão é solto procurar a partir da posição sentado ou deitado.Pode ser usada uma cobertura qualquer que apenas dificultará avisualização da silhueta por parte do suspeito ou um abrigo. Cobertas:árvores, postes, portas, carros civis (apenas atrás do bloco do motor omilitar poderá se considerar abrigado contra tiros de fuzil) ou meio fio decalçada. Com reflexo correto adquirido nos treinamentos, o condutor sempreprocura uma cobertura ou abrigo e uma das posições deabordagem,diminuindo parte do corpo exposta.

O condutor se aproxima de forma tática, mesmo que seja apenascom seu segurança.. Verifica a entrada certifica-se de que a área estejasegura, posiciona-se taticamente com o cão ao seu lado e alerta: “ Atenção,aqui é a Guarnição de serviço, saia com as mãos sobre a cabeça, ouenviaremos o cão para procurar.” O alerta é padronizado pela SCG, ejá´servirá para estimular o cão para procurar o intruso. Caso não hajarespostas, será tomada a decisão de entrar taticamente com o na guia ousolto e com ou sem focinheira.

Se a opção for a entrada tática com o cão na guia inicia-se entãouma procura sistemática porta a porta, desenvolvendo um deslocamentotático, sempre prestando atenção aos movimentos e indicações do cão ejamais deixando áreas não varridas para trás. O cão pode estar detectandoo odor de um suspeito e por algum motivo (corrente de ar, bloqueio pormóvel) passar por um outro suspeito abrigado. Se for necessário, o cão échamado e instigado a investigar uma sala, sótão, abertura, etc.

Prestar atenção nas correntes de ar no edifício pois poderão afetaro alerta do animal. Se o cão localizar o intruso, o condutor chama o cão,manda o suspeito levantar as mãos, virar de costas e vir calmamente emdireção a sua voz.

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O condutor não pode se distrair com seu cão ou seu segurança.Pode haver mais suspeitos, e inclusive o local pode ter escolhido parauma falsa rendição por deixar os suspeitos em algum tipo de vantagem.

Se suspeito cooperar e seguir instruções de se aproximar para umaárea segura para a guarnição. Se não cooperar, é considerada resistênciae é escalado o uso de força.

Caso se aproxime, a revista será realizada com auxílio do cão ecobertura de outro militar sem jamais se expor a áreas não checadas.

A procura no edifício é então reiniciada com toda segurança, atéque toda a área seja declarada secura pela equipe. Sempre é consideradoque pode haver mais de um suspeito, mesmo que o primeiro detido afirmeestar sozinho.

Os Pontos de perigo iminente (PPI´s) são observados com aaplicação da técnica do terceiro olho e serão cobertos a partir do maispróximo para o mais distante, e por quantos militares forem necessários.Caso pessoas que se desloquem na mesma escada em direção ao grupode assalto, essas serão conduzidas para um local apropriado e que favoreçaa revista pessoal (a revista poderá ser feita no topo da escada, se estiverpróximo e oferecer segurança suficiente, ou parte do grupo poderá retornarao sopé da escada conduzindo o suspeito para a devida revista, enquantoque os demais manterão a posição, evitando novos riscos para a equipe).Jamais cruzar a linha de tiro. A verificação da escada poderá ser feitautilizando o espelho, diminuindo o risco para quem executa a progressão.

Neste momento os militares reconhecerão a importância daspatrulhas noturnas de rotina pela unidade. Pontos de esconderijo sãoconhecidos, entradas, saídas, escadas, cantos, janelas, etc.

Dentro de edificações, pontos mais altos como escada ou sótãorepresentam grande risco para os militares. Para abordar ponto mais alto,o cão pode ser colocado em escudo balístico e elevado, caso o suspeitodispare, os militares estarão protegidos atrás do escudo e responderão ofogo, apoiando o cão. Se o suspeito não disparar, o cão fará a apreensãodo suspeito e o grupo avançará sem jamais de deixar de se portartaticamente.

6.34 CÃO DETECTOR DE MINAS TERRESTRESO adestramento para detecção de minas terrestres é uma

especialização de um cão esclarecedor de patrulha, ou um cão de guerra étreinado exclusivamente para isso. A missão do cão é detectar os limitesdo campo minado, ou minas isoladas intencionalmente colocadas pelo

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oponente, ou isoladas ao acaso, ao serem espalhadas pelas intempéries,chuvas, tufões, tempestades, se afastando de um campo minado. Cão outropa jamais avançam após indicação de uma mina, há o risco do cão deixarde detectar alguma e causar mortes e mutilações. Uma vez que o cão detecteuma mina, a tropa imediatamente para, e recua sobre suas próprias pegadaspor pelo menos 50 metros. A área é então contornada ou demarcada paraatuação da Engenharia. Cães foram muito eficientes no Vietnã para detectararmadilhas improvisadas com minas roubadas dos próprios americanos, ouaté mesmo armadilhas com fios de arame e granadas de mão. Além do odordo explosivo que permanece indefinidamente, que o cão pode ser treinadopara detectar, há forte odor humano, do oponente que montou a armadilha,e odor de terra movimentada, que permanecerá por até alguns dias depoisda instalação do artefato.

6.35 CÃO DETECTOR DE EXPLOSIVOSO cão de detecção de explosivos é um instrumento precioso para

equipes militares que já dispõem de militares treinados, equipamentospróprios e autorização da cadeia de comando para lidar e dispor deexplosivos. Onde for autorizado, o treinamento e provas de habilitaçãopodem ser realizadas nas unidades especializadas das polícias estaduaisou da polícia Federal. O cão de detecção de explosivos não é treinadopara detectar nada mais: narcótico, armas ou evidências. Uma vez que umcão de explosivos indique, é fundamental confiar que é algum tipo deexplosivo e medidas cabíveis são tomadas imediatamente ,como evacuaçãode um prédio público, alteração de rota de uma autoridade ou interrupçãode ruas e vias.

6.36 CÃES SENTINELASPostos fixos de cães militares podem substituir sentinelas,

principalmente em épocas do ano com diminuição de efetivo, como períodobásico de treinamento dos recrutas, campos, missões, grandes feriados.Um ponto de sentinela que seja substituído por um cão, retira três militaresda escala de serviço sem comprometer a segurança.

Serviço executado por cão com habilitação de Cão de Guarda (CG). OCG será solto em área isolada, ou atrelado a uma corrente ou cabo de aço.Com este tipo de cão não será permitido contato deliberado, mesmo visual,com pessoal; somente seus tratadores realizarão seu manejo. O cão serárecolhido ao canil durante horários com grande movimentação de pessoal,só sendo solto na área a ser vigiada após término da rotina diária.

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A máxima eficácia no uso do cão como guarda de instalações seráatingida se a área guardada possuir, além da própria cerca, uma segundacerca de isolamento. Em áreas de grande extensão dois cães são utilizados,preferencialmente um casal. Outra alternativa para áreas de grandeextensão é dividí-las em áreas menores. É importante ressaltar que o cãoé parte de um esquema de segurança, e não um sistema que envolve,entre outras coisas, postos elevados de sentinelas humanos, cercasexternas elétricas, câmaras de vigilância, etc.

Esquema de área protegida por cão de guarda, isolada por cerca dupla.

Paiol do 5º RCMec

Uma alternativa mais econômica e que também pode ser usada emsituações provisórias é o posto de sentinela canino em cabo de aço. Comovantagens, é rapidamente montado, podendo ser usado até mesmo embivaques, acampamentos, marchas. Cães melhoram sua agressividade emcabos de aço, todos transeuntes que circulam na proximidade, até mesmoos sentinelas humanos e rondantes premiam o cão ao se aproximarem ese afastarem dos postos. Como desvantagens, o cão fica muito exposto elimitado, pode ser agredido até mesmo por pedradas e pauladas comalguma facilidade.

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A linha onde permitirá que o cão se movimente preferencialmentenão exporá a silhueta do cão no horizonte, será coberta por desnível doterreno, muro, construção ou trincheira , onde a terra retirada é colocadaem forma de monte entre o fosso criado e o lado externo do perímetro deseguraça.

São montadas várias linhas de cabo de aço, e os cães são colocadosapenas a noite conforme necessidade. A insolação pode matar os cães,eles toleram muito melhor o frio e são protegidos pela escuridão. Um abrigopode ser provienciado para o cão ou ele não é colocado no posto emsituaçoes climáticas extremas.

Antes da linha do cabo de aço, algum obstáculo será montado, comoa trincheira ,mais apropriado em campos de instrução, áreas rurais, a voltade paiois, cerca, concertinas, ou canal de água. etc. Um problemaaparentemente simples em campos de instrução muito próximos deconglomerados urbanos, é o transito não autorizado por dentro de áreamilitar,o que favorece o furto de oportunidade e outras brechas sérias desegurança. Um canal de água estreito paralelo a um posto de sentinelacanino no cabo de aço bloqueia a passagem com baixo custo.

Um posto de sentinela canino em cabo de aço é constituido porduas bases, o cabo de aço que pode ser colocado a alturas variáveis, duasroldadas soldadas uma a outra e um cabo de aço mais fino que prenderá ocão. Um afastador evitará que as roldanas corram até a extremidade docabo de aço, o que permitiria que o cão se enroscasse na base.

Duas roldanas soldadas, cabo de aço, afastador que impede o cão dese enroscar na base do cabo de aço. (3ºBPE)

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Cabo de aço lado interno muro. Observar o limitador (3ºBPE).Foram aproveitadospostes como base para o cabo de aço. (3ºBPE)

Duas roldanas soldadas. (3ºBPE)

Cabo de aço, abrigo para o cão, como afastador foi montado um cano demetal no cabo de aço. (EsSA)

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6.37 AÇÃO DE POLÍCIA NA FAIXA DE FRONTEIRAIlícitos transfronteiriços englobam vasto espectro de crimes

relacionados à entrada ou à saída do país de toda sorte de itens, envolvendotambém movimentação ilegal voluntária ou não de pessoas. Estima-seque o crime organizado transnacional gere 870 bilhões de dólares por ano.Os crimes transfronteiriços compreendem os diferentes tipos de tráfico,seja de drogas, de armas ou de seres humanos; contrabando de plantas,animais, insetos, (biopirataria ou animais protegidos); violação de barreirasfitossanitárias em vigor; contrabando de pesticidas de uso proibido noBrasil mas legais nos países fronteiriços; bens culturais, pedras e metaispreciosos; transporte de altos valores em moeda corrente.

O crime de descaminho é a movimentação de mercadoriaspermitidas mas sem o pagamento de imposto devido, tais como cigarro,bebidas alcoólicas e perfumes. Apenas considerando o cigarro, o governobrasileiro deixa de arrecadar aproximadamente quatro bilhões de reaispor ano com na tríplice fronteira com Paraguai e Argentina .

Em 2003, passou a vigorar a Convenção contra o Crime organizadotransnacional e seus três protocolos complementares, demonstrando ocompromisso da comunidade internacional em enfrentar esse desafio. Oengajamento do Brasil está evidenciado na promulgação de lei que ratificoua Convenção.

O Brasil tem uma faixa de fronteira de 16.886 km de extensão,abrangendo 10 países sul-americanos. Deste total, 11.627 km de linha defronteira de seis estados da federação (Paraná, Mato Grosso do Sul, MatoGrosso, Rondônia, Acre e Amazonas) com países grandes produtores decocaína e maconha (Colômbia, Bolívia, Peru e Paraguai).

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A extensa e porosa faixa territorial fronteiriça representa umdesafio para a política de repressão. Várias dessas localidades são regiõesinóspitas, como a floresta amazônica e o pantanal. A vigilância dessa áreaé muito difícil de ser feita e necessita da colaboração de diversos órgãose entidades, incluindo autoridades dos países vizinhos.

O Comércio ilegal de armas rende de 170 a 320 milhões de dólaresanualmente e disponibiliza para criminosos desde armas de mão até fuzisde assalto. É difícil contabilizar vítimas dessas armas ilícitas, mas emalgumas regiões do mundo, como a América Latina há forte correlaçãoentre índices de homicídio com facilidade de acesso a armas ilegais.

Relatórios Anuais do Escritório da Organização das Nações Unidascontra Drogas e Crimes (UNODC) sugerem que o consumo de drogas noBrasil vem crescendo nos últimos anos. O país é o maior mercado decocaína na América do Sul, com 900 mil usuários. Os estudos revelamainda que grande quantidade de maconha é traficada do Paraguai para oBrasil, cujo consumo atinge cerca de 2,6% da população. O Brasil é tambémo maior mercado de opiáceos – substâncias derivadas do ópio (possuemefeito analgésico e levam a estados hipnóticos) – na América do Sul, com640 mil usuários, o equivalente a 0,5% da população entre 15 e 64 anos.

O Plano Estratégico de Fronteiras foi instituído pelo DecretoNº7.496, de 8 de Junho de 2011 e implementou os Gabinetes de GestãoIntegrada de Fronteira - GGIF; e Centro de Operações Conjuntas - COC.Nos onze estados fronteiriços foram criados os Gabinetes de GestãoIntegrada de Fronteiras (GGIFs) e as Câmaras Temáticas de Fronteiras(CTFrons), fóruns deliberativos, sem hierarquia entre os membros econstituídos por órgãos federais, estaduais, municipais e países vizinhosenvolvidos com as ações de segurança pública na zona de fronteira . Estesgabinetes e o centro coordenarão ações destinadas ao fortalecimento daprevenção, controle, fiscalização e repressão dos delitos transfronteiriços,por meio da atuação integrada dos órgãos de segurança pública, do controleaduaneiro e das Forças Armadas. A coordenação do Plano Estratégico deFronteiras será exercida pelos Ministros de Estado da Justiça, da Defesa eda Fazenda.

O parágrafo segundo do artigo 5º do Decreto nº7.179 de 20 demaio de 2010 instituiu o plano integrado de enfrentamento ao crack eoutras drogas, e determinou o apoio das Forças Armadas no comitê gestor,em articulação com O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteçãoda Amazônia (CENSIPAM)9.

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As Leis complementares nº 117 de 2 de setembro de 2004 e nº 136de 25 de agosto de 2010 regulamentam a atuação em ações tantopreventivas quanto repressivas do Exército na faixa de fronteira. AConstituição da República do Brasil, de 1988 define faixa de fronteira como“A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo dasfronteiras terrestres”.

Nos Estados Unidos, os principais desafios da gestão de fronteirasão a falta de coordenação e cooperação entre as agências envolvidas, oque é evidenciado pela fragmentação de autoridade e responsabilidade;sobreposição de jurisdições; duplicação de esforços; rivalidades entreagências; missões inconsistentes, contraditórias ou excessivas dentro deuma única agência e resultados inconsistentes na cooperação com oMéxico. O Plano Estratégico de Fronteiras, que entre outras medidasimplementa o Centro de Operações Conjuntas e define a integração dosMinistérios da Justiça, Fazenda e Forças Armadas, pode ser uma ferramentabastante útil para evitar falta de cooperação entre as agências. Aexperiência do Exército Brasileiro na MINUSTAH, onde as operaçõesconjuntas fazem parte da estratégia das Organizações das Nações Unidaspara angariar confiança na população e para preparar agencias locais parafuturo trabalho independente, é um modelo a ser seguido para as atividadesde cooperação na faixa de fronteira. Desafios de problemas de confiançamútua, distintos e peculiares modus operandi e valores de cada agênciaenvolvida, além da barreira linguística eram superados paulatinamentecom atuação em missões conjuntas. Patrulhas, Pontos de Bloqueio deestrada e operações de Cerco e Vasculhamento eram compostas poragentes da tanto da Polícia Nacional Haitiana quanto da Polícia das NaçõesUnidas e por militares brasileiros.

O nível de cooperação entre agências na repressão de ilícitos podeser um ponto forte ou uma fragilidade. Se bem conduzida, eficiência eresultados serão concretizados, se mal conduzida, será apenas mais umafacilidade a contravenção. O Exército, por dispor de estrutura de pessoale meios como cinotécnicos, oficiais veterinários de carreira, cursos naárea, manuais e canis militares espalhados pelo país, não pode se furtarde assumir uma liderança aglutinadora entre todas as agências envolvidasna repressão de ilícitos transfronteiriços. Conjuntos de cães de guerra doexército têm auxiliado e reforçado o efetivo de cães detectores da PolíciaFederal, Polícia Rodoviária Federal, Policias Civis e militares estaduais,Receita Federal bem como da Força Aérea e Fuzileiros Navais. Esta

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cooperação e integração deve ser priorizada pelo Exército no emprego docão de guerra.

As cidades-gêmeas são aquelas em que o território do municípiofaz limite com o país vizinho e sua sede se localiza no limite internacional,podendo ou não apresentar uma conurbação ou semiconurbação com umalocalidade do país vizinho. A existência destas cidades favorece o desejávelprocesso de integração entre os países. Não obstante, também, servemde porta de entrada de produtos ilícitos de diversas naturezas e de saídade recursos naturais e minerais, explorados sem controle e ilegalmente,com danos ao meio ambiente. A constante presença de agentes locais,em cidades pequenas, tende a fragilizar o processo de fiscalização. Háresistência dos nativos dessas localidades em aceitar que algumas açõescotidianas persistentes há gerações possam ser transgressões graves debarreiras sanitárias, comércio e uso de produtos ilegais, contrabando oudescaminho.

Mapa das cidades gêmeas na faixa de fronteira

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Cidades de tríplice fronteira apenas acentuam as idiossincrasiasdas cidades gêmeas. A tríplice fronteira Brasil-Paraguai-Argentina tem sidoconsiderada pelas autoridades norte-americanas como área propensa aser utilizada como base de apoio ao terrorismo internacional, especialmentepara financiamento de grupos islâmicos radicais. O Brasil possui 10municípios situados em tríplices fronteiras.

Além dos tradicionais eixos de acesso aos países fronteiriços, umasérie de projetos, em níveis diversos de implantação, estão em andamentoa fim de fomentar a integração com os países vizinhos. Certamenteoportunizarão desenvolvimento econômico, mas representam sériosdesafios para a repressão ilícitos transfronteiriços. A Rodovia transoceânicaé a extensão em território Peruano da BR 364, tem mais de 2,6 milquilômetros entre Iñapari, na fronteira com o Brasil, e três portos peruanos- San Juan, Matarani e Ilo. Além de proporcionar ao Brasil uma saída aoPacífico, o objetivo é que ajude a incrementar o comércio entre as regiõesfronteiriças . O corredor Santos-Arica-Iquique em terras brasileiras teráuma extensão de cerca de 1,5 mil quilômetro, complementados pela Bolívia,que contribui com 1,6 mil quilômetro, e pelo Chile, que participa do projetocom mais 233 quilômetros de rodovia. De uma ponta à outra, o corredorliga o porto de Santos, em São Paulo, aos portos de Arica e Iquique, noChile.

A vigilância na área de fronteira é fundamental para estancar aentrada de ilícitos no país, uma vez que quando o veículo ou embarcaçãopasse a trafegar em vias de maior movimento ao se afastar da área defronteira e ao se aproximar de qualquer grande centro urbano, pode passarfacilmente despercebido, sendo tratado como trânsito local. Se umtraficante não é interceptado na faixa de fronteira, dificilmente sofreráqualquer tipo de vistoria ou interferência até chegar a Manaus, Boa Vista,Rio Branco, Brasília, Campo Grande, Curitiba, São Paulo ou Porto Alegre. Ea partir de qualquer destes centros urbanos, o ilícito pode ser distribuídosem maiores dificuldades por todo o Brasil ou até mesmo outro ilícitotransnacional pode ser cometido, com o embarque para Estados Unidosou Europa, que representam grandes mercados consumidores deentorpecentes. Todos os investimentos em transportes intermodais, tãocaros ao desenvolvimento e progresso, lamentavelmente também servirãoa interesses escusos.

A importância do transporte fluvial na região amazônica e suaimensa capilaridade foram levados em consideração quando da escolha

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dos locais para instalação dos Pelotões de Fronteira. Cães de guerradetectores podem constituir poderosa ferramenta para incrementar aeficiência na apreensão de ilícitos dos Pelotões de Fronteira. A atuaçãoem atividades tipo polícia é diária, com revistas e abordagens de pessoas,viaturas e embarcações. Dentre as unidades que podem ser beneficiadascom o emprego do cão de guerra detector, os pelotões de fronteira sedestacam justamente pela versatilidade e baixo custo desta ferramentade detecção.

Mapa de cidades Brasileiras que compõem tríplices fronteiras

6.37.1 PONTOS DE BLOQUEIO E CONTROLE DE ESTRADAS –EMPREGO DO CÃO DE DUPLA APTIDÃO NA REPRESSÃO DECRIMES TRANSFRONTEIRIÇOSO cão de guerra pode incrementar significativamente a repressão

de ilícitos na extensa e porosa faixa de fronteira brasileira. O cão dedetecção pode ser adotado como ferramenta orgânica nos pelotões de

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fronteira bem como qualquer unidade empregada em operações derepressão a ilícitos transfronteiriços. O Comando Terrestre já percebeu aimportância no Cão de guerra na repressão de ilícitos na faixa de fronteirae tem expandido o espectro das unidades com Seção de Cães de guerrahomologadas, ampliando daquelas tradicionais como unidades de Políciado Exército e Batalhões e Depósitos de Suprimento. No ano de 2013, foihomologada a Seção de Cães de Guerra do 5º RCMec em Quaraí-RS, umregimento de Cavalaria em faixa de fronteira, unidade que tem usadosistemática e exitosamente seus cães nas diversas operações de fronteiraque tem participado.

A fronteira seca é porosa, com uma capilaridade enorme de estradasvicinais e rios. A proteção na linha de fronteira é uma concepção fantasiosae inatingível. A faixa legal de fronteira, adentrando em até 150 km noterritório nacional, onde as Forças Armadas tem poder de polícia, permitea escolha de pontos de confluência de rodovias e rios, antes que o ilícitoatinja centros urbanos significativos, e torne remota a possibilidade deapreensão.

Nos pontos críticos de ilícitos transfronteiriços de cidades gêmease fronteiras tríplices, onde o cidadão local perde referências de legalidadee percebe como invasivo e desconfortável qualquer tipo de fiscalização,cães detectores permitem verificar grande quantidade pessoas e veículossem os inconvenientes da revista (demoras, abertura de bolsas, sacolas,ou carga).

O cão de detecção permite que veículos e embarcações e suascargas possam ser checados em maior número e de forma mais eficiente.Sem os cães, a eficiência dos pontos de bloqueio cai muito. Isto pode serevidenciado com as simulações, onde militares descaracterizados edesconhecidos da guarnição tentam passar com contrabando por pontosde bloqueio mobiliados com cães detectores e outros pontos sem cães.

Pontos fixos de controle são a solução adotada em muitos pontosde entrada em países no mundo, como rodovias relevantes, portos eaeroportos. Na extensa e porosa área de fronteira brasileira, postos móveise transitórios podem impactar mais na repressão do que os pontos fixos.

Os pontos fixos apresentam uma série de desvantagens em relaçãoaos pontos móveis de controle. Como a área de fronteira é muito extensa,rapidamente os pontos são descobertos e novas rotas por rodovias, picadas,rios que driblam a fiscalização são utilizados. Com o tempo, o volume deapreensões diminui, e os agentes envolvidos na fiscalização acabam

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realizando mecanicamente as buscas, causando mais embaraço edesconforto ao cidadão de bem do que causando impacto significativo narepressão. Pessoas conhecidas dos fiscais, como motoristas de ônibus etáxis, que passam a servir como “mulas”, acabam tendo sua revistanegligenciada pelos agentes.

O contato direto e constante do mesmo efetivo de agentes desegurança pode expô-los a cooptação pelos contraventores, oportunizandoa corrupção ou leniência na fiscalização. Nos países em que o exército éempregado de maneira contínua no combate ao narcotráfico, problemasde corrupção são frequentes, algumas vezes envolvendo o alto comandocomo no México, e Peru.

A militarização da segurança pública interna produziu resultadosquestionáveis nos esforços para reduzir a violência relacionado ao tráficode drogas no México. O Exército Mexicano goza de considerável confiançado público, mas não tem base legal e treinamento para a imposição da leidoméstica e para investigações criminais. A militarização resultou emaumento dramático de violações dos direitos humanos, contribuiu paracorrupção e deserção entre os militares mexicanos, e escaloudesnecessariamente os níveis do conflito e da violência. De 2001 a 2009,houve mais de 20.000 assassinatos atribuídos a organizações de tráficode drogas, os níveis extremos de violência ocorreram no biênio 2008-9,período quando quase 10.000 homicídios foram contabilizados. Enquantoa grande maioria dessa violência foi gerada por disputas internas entregrupos do crime organizado, pelo menos 1.100 policiais e militaresmorreram na linha de fogo entre os anos de 2006 a 2009.

O Exército brasileiro tem preferido a atuação esporádica e intensacom emprego do princípio de massa em operações de Fronteira como aOperação Ágata , Fronteira Sul, Operação Nabileque , Operação Cadeado, Operação Dínamo II . As sete Operações Ágata resultaram na apreensãode 106 armas 19,8 toneladas de explosivos e, 11,8 toneladas de drogasapreendidas.

A atuação permanente expõe a tropa ao desgaste com consequentequeda de desempenho e pode facilitar o assédio por suborno por iniciativados criminosos. Ação fraca ou moderada constantemente permite aformação de cartéis e grupos organizados milionários, como aconteceu naColômbia e México.

A atuação esporádica e intensa, com grande alocação de recursoshumanos e materiais, é mais eficiente do que atuação permanente com

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efetivos e recursos menores pois consegue por tempo determinado sufocara atuação de grupos criminosos hegemônicos, suspendendo a captaçãode recursos, e com isso produzindo desorganização e desarticulação naestrutura montada para a contravenção. Essa desorganização temporáriasuscita disputas internas de grupos rivais, que ficam pulverizados efragilizados para ação repressora do estado.

Os elementos envolvidos na contravenção rapidamente levantaminformações onde os postos estão montados, e suspendemtemporariamente o tráfico ou contrabando. A contravenção usa batedores,que transitam ou navegam na rodovia ou rio a frente do veículo ouembarcação, e alertam sobre a presença do posto de controle. Traficantescostumam usar o que chamam de “boi de piranha”. São elementos compequena quantidade de ilícito que se deslocam a frente do carregamentoprincipal. Na eventualidade do “boi de piranha” ser descoberto nafiscalização, os responsáveis pelo carregamento principal desviam a rota,retornam ou se abrigam em algum local seguro.

O Batalhão de Polícia de Trânsito de Curitiba passou a monitorar odispositivo “Waze”, aplicativo de celular por meio do qual é possível avisaros usuários dos pontos onde ocorrem blitz de trânsito, e fez com que apolícia alterasse sua estratégia de fiscalização. Assim que uma operaçãoé denunciada pelas pessoas que utilizam o aplicativo, os policiais sedeslocam para outro ponto. Duas grandes operações por dia eram realizadaspor uma única equipe. Agora, os policiais foram divididos em quatro gruposmenores, que podem deslocar as fiscalizações para outros locaisrapidamente . A informação divulgada pelo aplicativo associado à agilidadede mudança de pontos de blitz tem melhorado os resultados das blitzpoliciais, uma vez que ao desviar do ponto onde haviam recebido ainformação, acabam caindo no novo ponto de blitz na rota alternativa.

Cães de guerra detectores de ilícitos constituem uma interessanteferramenta que se enquadra perfeitamente na proposta de pontos móveisde Bloqueio e Controle rodoviários e fluviais. Podem ser facilmentetransportados em viaturas, embarcações, aeronaves, de forma eficientecom baixo custo, podem detectar ilícitos que passariam imperceptíveisaos militares, e tornam possível verificar grandes cargas que passariamsem serem checadas.

Cães de guerra também auxiliam na segurança do efetivo militardo ponto de Bloqueio, sendo empregados para patrulhar o perímetro,especialmente à noite e em áreas rurais ou florestais. Outra importante

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tarefa do cão de guerra na faixa de fronteira é apoiar as patrulhas móveisda área, que quando necessário acionam os militares do ponto de bloqueiocom a missão de interromper a rota de evasão de força adversa ou desuspeitos.

Pontos de bloqueio podem ser rapidamente montados em locaisdiferentes nos principais eixos de movimentação por terra ou água dentroda área de interesse. A tropa não fica mais do que alguns minutos emcada ponto, pois a posição é rapidamente reconhecida e divulgada naforça adversa. O objetivo de pontos de bloqueio móveis não é somente adissuasão e promover sensação de segurança a população local, oumelhorar a segurança de uma determinada área, mas a obtenção deresultados concretos com detecção e apreensão de contrabando, armas eelementos procurados por ordem policial ou judicial. Um ponto é escolhido,onde não haja rota alternativa para evasão, uma vez que bloqueio sejaavistado por quem se aproxima. Viaturas, cavaletes e cones são usadospara evidenciar que se trata de um bloqueio para segurança de civis etropa. Alertas visuais e sonoros são usados caso embarcações estejamsendo usadas em bloqueios fluviais. Alguns veículos/embarcações sãoabordados e checados pela tropa e cães de detecção. Depois de algunsminutos, o ponto é desmobiliado rapidamente e as viaturas/embarcaçõesvoltam a circular e elegem novo ponto. A tropa deve treinar pararapidamente desembarcar e montar o aparato de segurança, que envolveescolha adequada de como as viaturas serão estacionadas, e como oscães serão usados, na proteção da tropa e na detecção. Se um ponto debloqueio permanecer por horas, dias ou semanas, de forma ostensiva seumaior objetivo será exclusivamente a dissuasão, com insignificantequantidade e qualidade de apreensões e detenções. A avaliação fidedignatabula apreensões e prisões, classificando por relevância e não resultadosintermediários como número de viaturas/embarcações/pessoas abordadase revistadas.

Em terrenos que permitirem a observação à longa distância, comona campanha gaúcha, razoável trecho da estrada pode ser vigiado paraevitar a evasão de veículos por retorno ou por saídas para estradas vicinais.A semelhança das operações de emboscada, largo trecho da rodovia oucorpo de água pode ter as rotas de fuga vigiadas e bloqueadas.. Comapoio de diversas agências, aeronaves não tripuladas podem detectarveículos que tentem se evadir do ponto de bloqueio montado.

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Se as tropas militares estão apoiando polícia ou outro órgão comoreceita federal, uma reunião prévia deve estabelecer objetivos, locais,atuação, riscos, atribuições por equipe e hierarquia clara no comando daoperação, bem como divulgar informações de comunicações como númerosde telefones celulares, códigos, nominativos e frequências de rádio.

Cão de Guerra detector do 5ºRCMecatuando em ponto de bloqueio

rodoviário em uma operação defronteira

Cão de guerra detector do 5ºRCMec,quebrando o paradigma da seção de cão

de guerra apenas em unidadestradicionais como de Polícia do Exército. A

foto ilustra a capacidade do cão emchecar carga que passaria sem serrevistada por dificuldades práticas

Cão de Guerra detector do 5ºRCMec. Afoto ilustra a vistoria de um dos locais

de esconderijo de ilícitos, especialmentedrogas, dentro do pneu de veículos. Ocão de guerra é capaz de rapidamente

verificar se há drogas escondidas nestelocal41

Vistoria de Cargas em ônibus depassageiros

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Cão de guerra detector sendo empregado pelo Pelotão Destacado de Fuzileiros do 58ºBIMtz da Base de Corixa, fronteira BRASIL-BOLÍVIA, durante um PBCE em operaçãoconjunta com policiais militares e agentes da Defesa Civil de Cáceres na Rodovia174-MT, utilizando o Posto da Policia Rodoviária Federal-PRF, e em um segundo

momento, no final da Rodovia Estadual MT-070.

6.38 OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI DA ORDEMSomente quando recursos regulares do estado para manutenção

da lei estiverem exauridos será iniciada por ordem do presidente daRepública um operação de Garantia da Leia e da ordem. A operação seráde forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempolimitado. A operação desenvolverá ações de caráter preventivo e repressivonecessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei eda ordem. Os requisitos e condições de atuação das Forças Armadas estãonormatizadas na Lei Complementar nº 97/99.

6.39 MOBILIDADE

6.39.1 ACONDICIONAMENTO DOS CÃESEm campanha, operações, marchas e atividades nos campos de

intrução, durante os períodos em que o cão não estiver sendo diretamenteempregado ou durante os intervalos de descanso, permanecerápreferencialmente, dentro de sua caixa de transporte colocada no interior

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de viatura ou em ambiente de sombra. As manufaturadas em plástico sãofacilimente encontradas nos fornecedores, tem pouco peso e sãopadronizadas para embarque em voos comerciais. As manufaturadas emfibra de vidro ou metal, tem vida útil maior e possibilidade de manutenção– consertos de resina, soldas, pintura, etc.

O emprego da caixa de transporte proporciona flexibilidade esegurança – a caixa permite o cão ser embarcado em qualquer viatura,embarcação ou aeronave.

Cães também podem ser conduzidos por seu condutor na guia e defocinheira. O cão pode ser transportado por viatura de um ponto a outro,cobrir uma área de patrulha a pé e ser transportado para outra área depatrulha por viatura. Nos deslocamentos motorizados, o condutor e o cãoserão os últimos a embarcar e os primeiros a desembarcar, evitando ocruzamento com a tropa e minimizando a possibilidade de acidentes. Ocão é conduzido sentado, de frente para seu condutor, ficando de costaspara outros militares ou outros cães dentro da viatura. Canis modularessão feitos de maneira que sejam desmontáveis, cujas medidas permitamser transportados em viaturas a partir de ¾ ton. e possam ser montadosdentro de uma barraca dez praças. Podem ser montadas também em áreascobertas cedidas para operação, como galpões, ginásios, escolas, etc.

Cão na caixa de transporte canil modular desmontável

Figura 42

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Reboque militar modificado para transporte de cães militares. (5ºRCMec)

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CAPÍTULO 7

PROVAS DE HABILITAÇÃO

O desempenho do cão de guerra precisa ser avaliadoconstantemente, e ele sempre será avaliado como conjunto que formacom seu condutor. Duplas falham por falta de entrosamento de trabalho,treinamento inadequado ou insuficiente, doença, extenuamento físico,senilidade. Há três maneiras básicas de avaliação: provas de habilitaçãoregulares, testes de duplo-cego e a mais importante de todas, as avaliaçõesinopinadas em situação real.

A prova de habilitação do cão de dupla aptidão consiste de diversosexercícios que avaliam a resistência e disposição para o trabalho, controle,agressividade e capacidade de detecção de artigos de interesse militar ouforense.

O objetivo da realização de provas de habilitação é fornecersubsídios para o Exército Brasileiro selecionar e empregar cães querealmente estejam aptos para detecção de drogas, explosivos, armas,munições, ou qualquer outro material de interesse.

Estão consagradas nas melhoras forças militares e policiais nomundo, são realizadas frequentemente, cada agência tem suaperiodicidade, que usualmente varia de 6 a 12 meses, e é válida para umcão e seu condutor. O conjunto condutor e seu cão de dupla aptidãodetecção e outra habilitação de trabalho são avaliados e credenciadospara o trabalho para o período seguinte.

Existem algumas competições esportivas muito bem estruturadasque avaliam o potencial de capacidade de trabalho de cães. Estas provassão reconhecidas internacionalmente e servem de base para a seleçãogenética de cães de trabalho. Originalmente foram provas de trabalhodesenvolvidas para atividade militar ou policial que sofreram adaptaçõespara se tornarem mais acessíveis e menos desafiadoras, permitindo que

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se difundissem como esporte. O Schutzhund na Alemanha, ou sua versãointernacionalizada o IPO, os circuitos de competição belga e francês e suaversão internacionalizada o Mondio Ring, e o KNPV holandês estão entreas que são reconhecidas e respeitadas internacionalmente.

Todas têm alguns pontos importantes em comum. Há exercíciosque avaliam agressividade controlada, obediência, faro e agilidade.

Existem algumas diferenças cruciais entre as provas de habilitaçãoe as principais competições e talvez a maior delas seja o estímulo docondutor militar para o cão que conduz. Como os policiais franceses emoperação, o condutor militar carrega o mordente ou qualquer brinquedoque use para estimular o cão. Isto é vedado em provas de competiçãocivil, mas é estimulado e cobrado do militar condutor. Qualquer outroauxílio como apitos, petiscos, afagos, elogios, acontecerão naturalmente,exatamente como acontecem no treinamento e exatamente comoaconteceriam em situação real. O militar condutor treina como seestivesse em combate e combate como treina, e é avaliado da mesmamaneira na prova de habilitação. Apenas são corrigidos ou penalizadosos excessos, tanto em indutores positivos como em correções, bem comoatitudes que não devam ser realizadas em situações reais. O militaravaliador sempre terá em mente as seguintes considerações: E se issofosse feito na presença de público? Se determinada atitude fossedivulgada em fotos ou filmagens na mídia, seriam bem-vindas? Se nãohouver problema, se o conjunto estiver passando uma imagemprofissional ilibada, não é cobrada nenhuma mudança do soldadocondutor.

As diferentes provas esportivas civis regulamentam apenas umcomando, e não permitem uso de comando verbal associado com gestos.Na prova de habilitação do cão de guerra aqui proposta, tanto o comandoapenas verbal quanto o gesto ou ambos estão permitidos.

A realização regular de provas de habilitação é um indicador dedesempenho excelente, avaliando cães, condutores, SCG e cinotecnia noexército. Está em perfeita sintonia com o regulamento vigente, com atendência universal de realizar provas regulares de avaliação nas duplasde condutor e cão de guerra e com as diretrizes do Exército Brasileiro arespeito do Sistema de Excelência Gerencial. Padronizam táticas deemprego, orientam a preparação de militares e cães, guiam a seleção dosmelhores cães que devam ser reproduzidos e fornecem informações

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daqueles que não estão aptos ao trabalho militar. As provas de habilitaçãopadronizam a formação e desempenho dos conjuntos, estabelecendoobjetivos claros, avaliando e pontuando todos com os mesmos critérios.Uma padronização universal dos testes entre todas as agências queempregam cães parece uma perspectiva irreal, há muitas variantes nasmissões e peculiaridades de cada agência, mas há pontos de consenso,como reação a estampido de tiro, agressividade controlada e capacidadee persistência na detecção de odores de interesse militar ou forense. Apadronização de algumas provas ou exercícios não somente no ExércitoBrasileiro, mas em todas as forças armadas e auxiliares sob a tutela dosMinistérios da Defesa e da Justiça fornecerá subsídios valiosos para aseleção genética dos melhores cães.

A prova de habilitação na etapa que avalia a capacidade dedetecção do conjunto condutor e seu cão de guerra adequa-se apeculiaridades de cada organização, mas sempre consiste de exercíciosde procura em áreas definidas, podendo ser área aberta, fechada ou veículo.Um tempo de procura máximo é determinado, e são estabelecidos pontosa serem descontados por erros cometidos, como por exemplo indicaçãofalsa, situação em que o cão indica um ponto onde não há ilícito, ou o cãoerra ao deixar de indicar ponto com ilícito.

A indicação é maneira pela qual o cão alerta seu condutor quedetectou o ilícito. Há dois grupos de indicação, um grupo de indicaçõesativas e outro grupo de indicações passivas. Na indicação ativa o cãopode morder, ou arranhar, ou latir no ponto mais forte do odor para qualfoi treinado; na indicação passiva o cão senta ou deita próximo ao pontomais forte de odor. Com exceção para a detecção de explosivos, onde aindicação é exclusivamente passiva, para outros tipos de detecção háliberdade para o tipo de indicação dada pelo cão na detecção de ilícitose esta será informada pelo condutor ao militar avaliador antes do inícioda prova.

Os exercícios são montados com locais de esconderijo altos dochão, enterrados e submersos nos mais variados tipos de líquidos comoágua, solventes e combustíveis.

Qualquer cenário pode ser escolhido nas provas de habilitação,tanto em áreas abertas quanto fechadas tais como instalações, veículos,embarcações, aeronaves, bagagem, correspondência, pessoas einstalações de transporte de massa (rodoviárias, aeroportos, portos,

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ferroviárias) e arenas públicas vazias ou em dias de evento (estádiosesportivos, centros comerciais, teatros, centros de convenções).

O objetivo da realização de provas de habilitação é fornecersubsídios para o Exército Brasileiro selecionar e empregar cães querealmente protejam seu condutor e demais militares da operação; queprotejam instalações, e cumpram as tarefas previstas para o cão de guerra,como: atuação em operações de controle de distúrbio, e detecção de drogasou explosivos, ou armas e munições.

A prova de resistência é requisito básico e eliminatório paraqualquer prova de habilitação.

As provas de habilitação avaliam cão e condutor e para tal têmexercícios que permitam ao cão demonstrar elevado grau de agressividadecontrolada, contra figurantes sem equipamentos de proteção (foco nooponente, não no equipamento), bem como no combate com focinheira eno ataque com o figurante usando apenas luva oculta. Também avaliam acapacidade do cão de encontrar o oponente escondido, principalmenteatravés de seu faro, em situações de escuridão.

Na prova do Cão de guerra, os exercícios têm como objetivo fornecercritérios para avaliar e selecionar futuros reprodutores com um perfil paranecessidades do exército Brasileiro, e privilegiar técnicas de treinamentoque permitam cumprir a missão dentro de nossa doutrina militar, legislaçãoe realidade. O essencial ao cumprimento da missão sempre é cobrado eperseguido. Toda e qualquer cobrança de determinado exercício que possater valor no esporte, mas não tenha significado operacional ou desegurança é abolido. A prova de habilitação não é uma prova esportiva,mas um indicador de desempenho do cão, de seu condutor e da Seção deCães de Guerra em que está inserido.

O militar nomeado como avaliador tem experiência suficientepara, ao corrigir ou penalizar um soldado condutor, saber justificar quala razão prática ou legal da penalização, e imediatamente apontar qual aconduta mais indicada. Qualquer cobrança de ações supérfluas, semjustificativas ou sem finalidade em situação real, são abolidas, nãoincorporar o vício de importar conceitos de avaliações esportivas dasdiversas competições civis.

Os esportes caninos envolvem competição e os resultados decolocação têm implicação de alguns milhares de euros e dólares comopremiação, além da valorização de reprodutores, canis e treinadores. Todas

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estas etapas estão amarradas em regulamento, engessando ações de juízese figurantes. As provas de habilitação do cão de guerra compreendemapenas conceitos operacionais: orientar as duplas e apontar pontos demelhoria no treinamento, seleção e criação dos cães.

O militar avaliador cria juntamente com o figurante, desafios paraas duplas. A justiça se alicerçará não na previsibilidade do exercício,descrita minuciosamente em regulamento, mas na sua aplicação universala todos participantes de determinada prova. Uma vez criado o exercício, omesmo será utilizado para todos os conjuntos, e ser for encontrado algumproblema, a solução para ele é perseguida no treinamento e ocorre deforma orientada.

Mais uma diferença das provas de competição civil, uma vez criadoum cenário novo, é permitido o treinamento nessa situação antes da prova.Será muito mais benéfico à cinofilia militar ter exercícios difíceis que foramtreinados alguns dias antes da prova do que exercícios medíocres,previsíveis e repetitivos sem a oportunidade de treinamento.

Por exemplo, terá muito mais serventia uma Seção de Cães de Guerrase esforçar para montar um obstáculo novo e permitir que as duplas treinemantes da prova e superem este desafio, do que padronizar um obstáculoem regulamento.

Criatividade e desafio norteam a montagem das provas dehabilitação, bem como a solução de problemas, por isso, alguns itens quesão exaustivamente descritos em outras provas esportivas civis, nas provasdo Cão de guerra ficam propositadamente em aberto. O militar avaliadorprioriza sempre a segurança das duplas, dos figurantes e dos outrosenvolvidos bem como prioriza o foco no desempenho para missões reais.

Em todas as provas, o conjunto inicia com 100 pontos, e épenalizado conforme a tabela para cada prova. Para ser habilitada, oconjunto pode ser penalizado no máximo em 30 pontos, e não podecometer nenhuma falta desqualificante. As provas civis deixam um podermuito grande com o juiz da prova, com isso, muitos pontos podem serperdidos ou ganhos em critérios subjetivos. As provas de habilitaçãosão simples, os critérios são claros tanto para os conjuntos como para aassistência.

São publicadas em boletim interno quais conjuntos estão habilitadose sua pontuação. Estas informações são incluídas nas alterações do militar.Os resultados e súmulas das provas serão remetidos à cadeia de comandoatravés do Relatório Anual da Seção de Cães de Guerra.

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Será escalado um sargento ou um Oficial avaliador para a provaque tenha conhecimento das missões do cão de guerra. Se for possível erazoável, poderá ser escalada uma comissão, envolvendo outros militaresque não são da SCG, mas que tenham alguma relação profissional com oscães, como militares do S3 da unidade e sargentos e oficiais que cumprammissões com as duplas.

O condutor se apresenta para a prova de habilitação com seuuniforme padrão de serviço operacional (o que é cobrado também departicipantes de forças auxiliares presentes, como por exemplo: agentesde polícia militar, civil, federal, agentes penitenciários, etc). No mínimo, omilitar porta pistola, cassetete ou tonfa. Se no equipamento para asmissões que vem desempenhando estiverem previstos capacete, coletebalístico, sprays, cantil, ração operacional, bússulas, GPS, kits de primeirossocorros ou qualquer outro equipamento complementar, serão portadosno dia da prova como se fosse um dia de missão real.

O cão está de guia, enforcador e focinheira. A focinheira é retiradaquando necessário durante os exercícios e guardada naturalmente embolso, pendurada em colete tático, ou qualquer outra maneiradeterminada pelo militar avaliador. Da mesma maneira a guia, quandoretirada do cão, é conduzida enrolada na mão do condutor, em bolso deseu uniforme, colete tático, bolsa de perna ou qualquer outro equipamentousual da unidade militar em que conjunto estiver servindo. O enforcadorou coleira não são retirados, a não ser que determinado exercício ouuma coleira mal ajustada ofereçam risco ao cão. O uso de peiteira e/oucoleira larga está autorizado, desde que sua permanência, ou momentosde colocação ou retirada na prova sejam idênticos ao que é feito emsituação real.

Não é tolerado o excesso de equipamentos, não é criado o vício deo condutor ter que carregar uma parafernália de equipamentos, algunsitens para faro, outros para proteção, outros para obediência. Como emuma situação real, o trabalho do conjunto migra de faro, para proteção epara controle, sem ter que perder tempo ou ser atrapalhado porequipamentos, se expondo a riscos. Passar a guia da coleira/enforcadorpara a peiteira, prender ou soltar a guia para mudar de exercício são açõesque são feitas de forma rápida e eficiente e não são penalizadas de formaalguma. A maneira de trabalho do conjunto é registrada na súmula da

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prova. Se problemas aparecerem que desencorajem determinada prática,o conjunto é orientado a mudar sua maneira de trabalho.

É providenciado escudo ou simulacro de escudo para ser usado naprova de habilitação. O emprego de escudo é condição básica de atuaçãoem OCD, grupos de intervenção rápida/força de reação/assalto. O conjuntotrabalha sempre que possível com um militar de segurança, ou atrás deum escudeiro, um escudo de OCD ou balístico conforme o caso. O cãoserá condicionado para que lhe seja natural ser escoltado pelo militar desegurança, ou avançar atrás de escudeiros de OCD ou de grupo assaltoem qualquer formação.

A posição ereta e artificial cobrada de condutores de provas civis écombatida com vigor. O condutor militar em todos os momentos da provadiminui sua silhueta e de seu cão, sempre está abrigado, atrás de meiosde fortuna, parede, muro, cerca, fio da calçada, árvore, veículo, poste oude escudo. Quando em grupo, a posição tática correta será cobrada.

A prova é filmada para Avaliação Pós Ação (APA) e é gravada nocomputador da SCG para que os condutores estudem e revisem suaatuação. A comissão aplicadora estimula que todos os militaresenvolvidos opinem livremente durante a APA, mas somente serão aceitospedidos de reconsideração de avaliação por escrito, de próprio punho doavaliado, logo após a prova. Dúvidas e questionamentos são sanadoscom a maior brevidade possível. A prova é uma oportunidade única demelhoria e isto está na mente de todos os participantes sejam avaliadoresou avaliados.

7.1 AVALIAÇÃO DO JOGOA base fundamental de todo o adestramento e trabalho é o jogo do

cabo de guerra e o jogo de buscar. Todas as duplas, independentementedo tempo que estão juntas, da idade ou maturidade do cão, realizam ojogo. O militar avaliador apenas marcará se o conjunto fez ou não oexercício e o condutor receberá a orientação para corrigir e melhorar ojogo com seu cão. Se o condutor não fizer o cão jogar bem, não estarápreparando seu cão para o figurante nem para trabalho de faro. Não hájustificativa para o condutor não realizar o jogo com seu cão todos os dias,e ele é avaliado por isto. O mordente utilizado será o de preferência docão, tecido, couro, borracha ou bolinha de tênis.

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Avaliação do condutor durante o jogo

Oferece o mordente de forma criativa para o cão em váriasposições, esquivas, pivots, permite ao cão “arrancar” omordente de sua mão

Oferece o mordente de forma segura ao criar um alvoclaro para o cão

Estimula o cão com comandos e auxílios verbais

Afaga o cão estimulando a mordia calma de boca cheia

Avaliação do cão durante o jogo

Demonstra estar excitado com o jogo e engajado com seucondutor

Morde somente sob comando

Morde de boca cheia

Solta sob comando

Busca e retorna ao condutor

Busca usando seu faro na grama alta ou no escuro

Senta rapidamente

Deita rapidamente

Realiza o exercício de andar junto, com energia evivacidade

Quando chamado, se aproxima do condutor com energiae vivacidade

SIM NÃO

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7.2 PRESCRIÇÕES GERAIS ÀS PROVAS DE HABILITAÇÃO DOCONJUNTO CONDUTOR E CÃO DE GUERRAO condutor pode conduzir seu cão com guia ou sem guia nos

exercícios que achar necessário. O uso da guia pelo conjunto especificandoos exercícios em que foi usada ou não será registrado na súmula da prova.O militar aplicador pode mandar a guia ser retirada em exercícios em quea guia possa representar risco de acidente para o cão, como os obstáculosou ataques lançados. Se for usada a guia, esta não poderá ter alça paraquando for solta não oferecer o risco de enganchar em algo ou nosposteriores do cão.

A guia é conduzida frouxa, com barriga. Cada vez que for tensionada,o condutor será penalizado com desconto de 3 pontos. Nos exercícios emque o condutor se afasta, a guia será deixada cair ao chão, ou o militarnaturalmente se abaixa ligeiramente e a repousa no chão. Como em umasituação real, o condutor pode retirar e colocar a guia quando acharconveniente, mas será penalizado se demorar ou se permitir atrapalha-secom a guia com enroscar nas pernas do cão ou do condutor, prender-seem algo, etc.

Em movimento, o cão sempre está ao lado ou bem a frente do seucondutor, o cão jamais pode dificultar a progressão do condutor. Ao lado, ocão pode estar a esquerda ou a direita do seu condutor, ombro do cãopróximo do joelho do condutor. Quando em movimento a frente, está pelomenos 1 corpo de um cão a frente. O cão jamais cruza a frente do condutor.

Parado, o condutor pode comandar seu cão sentar ou deitar ondefor mais conveniente para o exercício: a sua esquerda, a sua direita, a suafrente, ou entre suas pernas. Se o cão ficar parado, e o condutor semovimentar, como por exemplo na revista, o condutor jamais cruza ocaminho do cão, preservando o triângulo de segurança.

Durante a transposição de obstáculos, o condutor lançará o cão,ficando sempre a sua retaguarda. Para lançar o cão, pode colocá-lo entresuas pernas e por breves instantes incentivá-lo antes de lançá-lo. Tambémpode fazer o mesmo nos ataques lançados, desde que não exponha suasilhueta ao figurante.

O condutor, diferentemente de todos os esportes caninos, pode edeve estimular ou acalmar seu cão. Somente serão penalizados os exageros.

Maus tratos ou rigor excessivo com os cães são inadmissíveis, esão desqualificantes em qualquer momento, mesmo antes do início daprova.

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A focinheira será colocada e retirada em diversos momentos daprova, se o exercício assim o exigir. É carregada de maneira segura epadronizada pela SCG no bornal de perna, colete tático, bolso, ou penduradano equipamento do condutor.

A coleira ou enforcador somente serão retirados por questões desegurança, como em caso de enforcadores muito grandes que ofereçamrisco na transposição de obstáculos. Caso contrário, ficará o tempo inteirono pescoço do cão, e a guia será conectada e desconectada pelomosquetão. Focinheiras e coleiras/enforcadores de tamanho inadequadoconstarão na súmula da prova como deficiências a serem sanadas.

7.2.1 DESQUALIFICAÇÃO EM QUALQUER MOMENTO DA PROVAa) Descontrole evidente do cão; cão se afasta do condutor e nãoretorna quando chamado; descontrole para tirar ou colocarfocinheira, guia ou peiteira;

b) atitudes negligentes, imprudentes ou por imperícia do condutorque acarretem risco;

c) cão morde ou tenta morder rosto, mão ou genitais do figurante;

d) maus tratos ou rigor excessivo com o cão, mesmo antes da prova.

7.2.2 PENALIZAÇÃO DE 3 PONTOS EM QUALQUER MOMENTODA PROVA

a) Repetição de comando: a cada comando extra haverá apenalização de 3 pontos;

b) cada vez que o cão demorar em atender o comando, lentidãopara executar, ou receio do condutor;

c) A capacidade de imobilização da mordida, a mordida de “bocacheia” é a desejada e é observada em todos os momentos da prova.São penalizadas a cada vez que ocorrerem as seguintes situações:apreensão insegura, mordida fraca ou o cão soltar e remorder emoutro lugar, mordida apenas com os caninos.

d) hesitação é penalizada, o espírito de luta do cão é semprepronunciado;

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e) Posicionamento, postura e verbalização do condutor são sempreavaliados e são penalizados voz de comando fraca, com o cão oucom o oponente, distração com seu próprio cão;

f) Todas as vezes que o cão morder corretamente o figurante, trêssituações serão consideradas corretas:

1) O condutor auxilia seu cão, derruba e imobiliza o figuranteno chão e, só então, o cão será comandado para soltar. A cadavez que a conduta correta não for realizada, o conjunto épenalizado em 3 pontos;

2) O condutor pode comandar seu cão interromper a apreensãoe o cão permanece próximo ao figurante, vigiando-o;

3) O condutor pode comandar o seu cão interromper aapreensão e o cão retorna ao condutor, para que este não seexponha em área não vasculhada.

g) Se o condutor não auxiliar o cão, não imobilizar o figurante, seexpor, expor seu cão ou equipe em área não vasculhada, épenalizado em 3 pontos.

h) toda vez que o cão urinar, defecar ou fizer os gestos de urinar oudefecar durante a prova;

i) a cada vez que o cão e ou condutor se atrapalharem com a guia.

7.3 PRESCRIÇÕES PARA O FIGURANTE DA CERTIFICAÇÃOO figurante sempre se posiciona de frente para o conjunto, ameaça

o conjunto, ameaça o cão, com gestos de ameaça bem claros, jamais correou se afasta. O objetivo é avaliar a coragem do cão em defender seucondutor, seus impulsos de luta e agressividade, não avaliar impulsos decaça. A captura de suspeito em fuga é muito usada no exterior, e bastanteexplorada nas competições civis, mas sob a luz de nossa legislação, fuganão está tipificada como crime. O militar será condicionado para usar ocão na sua própria proteção, proteção de seus companheiros (Grupo decombate, patrulha, pelotão) e da organização militar.

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O figurante é auxiliar do militar avaliador, segue suas orientaçõese ordens. O figurante servirá de instrumento para avaliar a capacidade detrabalho dos cães. Ele se porta como um oponente se portaria, não comoalguém que tenta agitar e auxiliar o cão para que este o morda. Posturaspadronizadas, repetidas mecanicamente a semelhança dos esportes civisnão cumprirão a finalidade. O figurante assume um papel de oponentedrogado, bêbado, desafiador, furtivo, agressivo ou apático. O militarescolhido para a função está apto para atividades físicas, qualquer limitaçãoimplica na seleção de outro figurante. O figurante usa equipamento deproteção completo:

a. Equipamento de proteção padrão para as provas será o macacãode mordida o Bite suit dos esportes de Ring.b. Para o exercício de ataque com focinheira, está de roupa civil oumilitar que ofereça alguma proteção, como abrigo de mangascompridas, calça comprida, calça camuflada e gandola, etc. Podeser providenciada alguma proteção para o rosto e cabeça, mas nãoé padronizada. Capacete de moto, capacete de rodeio, gorros,chapéus, etc.c. São escolhidos sapatos adequados ao piso sobre o qual a provaserá realizada, tênis, coturnos ou chuteiras para gramado.d. Uso de saqueiras, cotoveleiras, caneleiras e outras proteçõesindividuais estão autorizados, principalmente se forem usados porbaixo dos equipamentos de mordida.

7.4 EQUIPAMENTOS AUXILIARES PARA O FIGURANTEO figurante pode usar qualquer equipamento auxiliar que não

ofereça risco para si, para os outros envolvidos nem para o cão.Armas com munição de festim serão duplamente checadas antes

das provas. Ninguém permanecerá na área de prova com munição real, oucom armamento com munição real. Os tiros de festim são disparados auma distância de segurança dos cães e pessoas compatível com o calibreou carga de festim usados.

Todos os equipamentos para desafiar o cão, utilizados nos esportescaninos reconhecidos internacionalmente, estão aceitos, desde quecumpram as regras do esporte de origem, como por exemplo:

a. Bastão flexível do Schutzhundb. Bambu cortado do Ring: Bambu cortado em seis seções até ¾ deseu comprimento, diâmetro de até 2,5 cm, comprimento até 80 cm,

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sem ângulos cortantes, todas as bordas arredondadas e senecessário protegidas com cola.c. Vara longa do KNPV.

O cão pode ser desafiado recebendo golpes leves nos ombros,jamais na cara, nas costas ou nos rins. O figurante simula dramaticamenteque agride o cão, sem jamais fazê-lo. Não se admite ao figurante machucarou lesionar o cão. Gritos, vocalização, gestos podem ser usados livrementepelo figurante, mas não são usadas palavras de baixo calão.

Outros exemplos de objetos para testar o foco do cão no oponente:a. Bambolês com fitas plásticas;b. Cortina de garrafas pet ou lona plástica preta;c. Objetos que dificultem o acesso do cão, como piscinas, lagos,canais, obstáculos, veículos, armários, mesas, cones de borracha,água jogada de baldes ou mangueira, conteúdo de extintores deincêndio, etc.

O figurante mantem o foco em uma atuação uniforme, aquilo quefizer para um cão repetirá para todos os cães daquela prova bem compreocupação premente em sua segurança e na segurança do cão.

7.5 PROVA DE RESISTÊNCIAA prova pode ser realizada na véspera dos outros exercícios ou

bem cedo na manhã do mesmo dia antes da provas de Habilitação. A Provade resistência tem caráter eliminatório.

Somente cães em perfeitas condições de saúde podem participarda prova. O Oficial Veterinário tem autoridade para retirar da provaqualquer animal que ele suspeite estar com dor, ou qualquer outra alteraçãode saúde que ele considere não ser compatível com a realização daatividade.

O cão tem sua temperatura retal, e frequências respiratória ecardíaca registradas antes do início da prova.

Horários mais quentes do dia são evitados para segurança dos cães,especialmente se houver trecho em asfalto ou cimento. A previsão do tempoé checada, o horário e dia da prova podem ser mudados para segurançados conjuntos.

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É respeitada a tabela de temperatura e umidade relativa do Ar,como descrito no artigo IV - Aspectos climáticos relacionados aotreinamento físico militar do Manual de Campanha Treinamento FísicoMilitar (C 20-20). As mesmas recomendações prescritas no manual paraatividade física da tropa são seguidas. Em condições classificadas comopreta ou vermelha a atividade não é realizada sendo adiada.

A prova não é realizada em condições climáticas extremas, muitocalor, muito frio, temporais, risco de raios, etc. Há risco tanto para os cãescomo para os militares envolvidos.

Cães são bem mais tolerantes ao frio do que calor, mas a sensaçãotérmica é levada em consideração com observação da velocidade do ventoe umidade relativa do ar.

As condições climáticas são registradas na súmula da prova,temperatura, ponto de orvalho e ou umidade relativa do ar, velocidade dovento, condições de nebulosidade ou precipitações.

Qualquer tipo de piso está autorizado, mas um circuito ou percursocom piso variável com asfalto, paralelepípedo, grama e areia érecomendado. Situações que ofereçam risco ao cão e/ou ao condutor sãoevitadas. A idade mínima para cão participar da prova de resistência é de14 meses. O condutor pode ser substituído, bem como pode, de bicicleta,conduzir seu cão.

A guia é conduzida frouxa, leves puxadas na guia são toleradas,mas exageros ou guias tensionadas desqualificam o conjunto paraprosseguir na prova. O condutor pode parar para descansar, oferecer águaou ajustar o equipamento, mas não pode ultrapassar 10 minutos por paradanem ultrapassar o tempo limite descrito na tabela. Aos 8 km, há um intervalode 10 minutos de descanso, onde o condutor pode optar por encerrar suaprova ou prosseguir. Se os militares avaliadores permitirem e o condutorassim o desejar pode prosseguir para completar os 12 km de prova. Adistância percorrida bem como o tempo gasto serão registrados na súmulada prova.

Militares avaliadores podem acompanhar de bicicleta ou viatura.Uma viatura acompanha os cães para resgatar algum cão que necessitede ajuda ou precise interromper a prova por qualquer motivo.

Não é permitido que um cão sem preparo físico prossiga na prova,nem que o ritmo imposto pelo condutor ofereça desconforto ou risco aocão. Não são permitidas variações abruptas de ritmo, um trote constantee confortável para o cão será mantido durante toda a prova, o conjunto

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evidencia a todo momento que está preparada para a atividade. Se o cãonão conseguir prosseguir na prova por idade avançada, a sua permanênciana SCG é questionada.

Não há pontuação, há apto ou não apto e registro se o conjuntopercorreu 8km ou 12 km.

Ao final da prova, depois de realizados os exercícios de teste depreservação de capacidade de trabalho, a temperatura retal, Frequênciacardíaca e respiratória serão medidas a cada 30 minutos, e será registradona súmula da prova do cão em qual medição os valores voltaram aosvalores basais medidos com o cão descansado antes do início da prova.Quanto mais rápido estes valores voltarem aos valores basais de descanso,o cão demonstra melhor condicionamento físico e melhor aclimatação.Cães que demorarem mais de 1 hora e meia para voltar aos parâmetrosbasais são examinados pelo Oficial Veterinário, e é revisado seu programade atividades físicas (corridas, natação, caminhadas e marchas).

7.5.1 DESCLASSIFICAÇÃO- sinais de dor, claudicação, exaustão, ferimentos nas solas das

patas, em qualquer momento da prova, em especial nos intervalos paraprosseguir ou não.

Tempo máximo para percorrer

40 minutos

60 minutos

Distâncias

5km

8 km

Intervalo obrigatório de 10 minutos, água é oferecida,avaliação das condições do cão

1 hora e 45 minutos 12 km

7.5.2 TESTE DA PRESERVAÇÃO DA CAPACIDADE DE TRABALHODepois de terminada a prova de resistência, e em um intervalo não

maior do que 15 minutos, o cão demonstrará que preserva sua capacidadede trabalho realizando pelo menos dois dos seguintes exercícios, os quaisserão definidos pelo militar avaliador:

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• Salto de obstáculo em largura.• Escalada de obstáculo.• Troca de posições à distância com pelo menos dez metros dedistância do condutor, pelo menos seis trocas de posições.• Busca de objeto lançado pelo condutor.• Condutor comanda o cão deitar, se afasta e chama seu cão a umadistância de pelo menos 40 passos.

7.6 PROVA BÁSICA DE HABILITAÇÃO DE CÃO DE GUERRAO objetivo desta prova é testar o conjunto com critérios básicos de

treinabilidade, capacidade de trabalho e de faro. O objetivo é que todasas duplas da SCG se habilitem, fazendo com que todos atinjam um padrãomínimo. Uma vez habilitado nesta prova básica, o conjunto precisa habilitarem uma certificação de cão de detecção. Outras habilitações específicasserão cobradas conforme a necessidade da organização militar.

Envolve exercícios que testam resistência, agilidade, controle, faroe emprego, conforme tabela abaixo:

Prova de resistência

Exercícios de agilidade

Exercícios de controle

Prova de Faro

Agressividadecontrolada

Eliminatória

Salto de obstáculo em larguraEscalada deobstáculoEscalada de obstáculo com auxílio do condutorNatação

Troca de posições à distância de pelo menos 10 metros docondutor com pelo menos seis trocas de posiçõesBusca deobjeto lançado pelo condutorRejeição de comida oferecidapor estranhoReação a tiro de festimComando para deitar echamado a distânciaCondução com focinheira no meio degrupo de pessoas.

Prova de detecção de evidências/material militar extraviado

Procura de oponente por faro em caixasAtaque lançadocontra figurante onde só é possível morder na pernaRevistaem triangulaçãoAtaque lançado com o cão usandofocinheira e figurante civil sem nenhum equipamento deproteção, sem luva nem macacão de mordida)

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

7.6.1 SALTO DE OBSTÁCULO DE LARGURAO primeiro obstáculo que um cão aprende a saltar é em largura.

Isto o prepará física e mentalmente para saltar em altura, com danosmenores a tendões, articulações e musculatura, principalmente no cãonovo. Também condiciona o cão a realizar um traçado de salto suaveescolhendo o ponto de saída para o salto proporcional e adequado à alturado obstáculo.

Para a prova o cão salta a largura mínima de 1, 5 m. O obstáculo éconstruído de maneira que permita ter sua largura aumentada de 30 em30 cm até o máximo de 4,5 m. O Condutor opta por lançar seu cão nalargura mínima e garantir o objetivo mínimo e ir aumentandopaulatinamente a largura do salto, ou já informa a largura que seu cãocostuma saltar. Serão permitidas no máximo três tentativas. A maior larguraque o cão pular com sucesso será registrada na súmula de sua prova. Oavaliador militar não permite tentativas aleatórias para larguras em que ocão evidenciar não estar preparado. A largura somente pode ser ampliadade 30 em 30 cm após sucesso na largura imediatamente inferior.

7.6.2 ESCALADA DE OBSTÁCULOO lado a ser abordado pelo cão tem um ângulo reto na vertical em

relação ao solo. O lado de saída tem uma rampa angulada ou degrauspara auxiliar o cão. O objetivo é avaliar a capacidade do cão de transporum obstáculo semelhante a um muro, ou cerca, com ângulo de 90 grausdo solo. O obstáculo possibilita o acréscimo de tábuas de 20 cm por vezpara aumentar a altura a cada tentativa ou salto realizado podendo esteser de 1,5m até 2,10 m. A altura mínima para a escalada é 1,5m. O condutoropta em lançar seu cão na altura mínima e garantir o objetivo mínimo e iraumentando paulatinamente a altura, ou já informa a altura que seu cãocostuma escalar. Serão permitidas no máximo três tentativas. A maior alturaque o cão escalar com sucesso será registrada na súmula de sua prova. Oavaliador militar não permitirá tentativas aleatórias para escaladas emque o cão evidenciar não estar preparado. A altura somente pode serampliada de 20 em 20 cm após sucesso na altura imediatamente inferior.

7.6.3 ESCALADA DE OBSTÁCULO COM AUXÍLIO DO CONDUTORO mesmo obstáculo de escalada será montado na altura máxima

de 2,10 m. O condutor se aproximará do obstáculo e auxiliará, de formaevidente para o oficial avaliador, seu cão a transpor o obstáculo. O condutor

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

pode auxiliar de várias maneiras, colocando o cão em seu ombro e o cãopode pular para o obstáculo a partir de seu ombro, ou pode ser usado umescudo como base, ou o cão pode saltar usando como apoio ou base ascostas de seu condutor. O cão pode estar com ou sem focinheira, a critériode seu condutor, sem penalização alguma. A altura mínima para a escaladaé 1,7m. O condutor opta em auxiliar seu cão na altura mínima e garantir oobjetivo mínimo e ir aumentando paulatinamente a altura, ou já informa aaltura que seu cão costuma escalar com sua ajuda. Serão permitidas nomáximo três tentativas. A maior altura que o cão escalar com ajuda comsucesso será registrada na súmula de sua prova. O avaliador militar nãopermitirá tentativas aleatórias para escaladas em que o conjunto evidenciardespreparo. A altura somente pode ser ampliada de 20 em 20 cm apóssucesso na altura imediatamente inferior.

7.6.4 NATAÇÃOUm obstáculo de transposição de água é montado. O que é avaliado

não é a resistência em grandes distâncias, apenas o destemor do cão ementrar na água e transpor pequenos trechos nadando, a distânciaconsiderada pode ser a mínima que permita avaliar isto no cão. O cãopode ser incentivado a entrar na água, a procura de um objeto lançado porseu condutor, ou pela agitação de um figurante do outro lado da água ouaté mesmo dentro da água. Para a primeira prova de habilitação pode serusado um auxiliar que segura o cão do outro lado do obstáculo e o cãoserá chamado por seu condutor. Isto não será aceito nas provas deaveriguação subsequentes.

Se for escolhido o uso de objeto, este é lançado na água e o cãobusca e devolve ao condutor. Evidente atenção é dada à escolha do objeto,que flutua e não pode oferecer riscos ao cão.

Se não houver piscina, açude, canal onde o exercício possa serrealizado com segurança, então uma lâmina de água, com meio palmo deprofundidade, é montada com lona plástica, e o cão busca um objeto jogadona água. O militar avaliador pode solicitar que o condutor mande o cãosentar ou deitar na lâmina de água, mas se fizer isso, o mesmo serásolicitado a todos conjuntos participantes.

7.6.5 TROCA DE POSIÇÕES A DISTÂNCIAO cão será colocado em uma mesa, seu condutor se afastará pelo

menos 10 metros. Sequencia de trocas de posições envolvendo as posições

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

deitado, de pé, sentado. Pelo menos 6 trocas de posições. A sequencia deposições será sorteada, escrita em uma cartolina em letras grandes a vistade todos e pode ou não ser a mesma para todas conjuntos, a critério domilitar avaliador.

7.6.6 BUSCA DE OBJETO LANÇADO PELO CONDUTORO objeto a ser lançado e buscado pelo cão não é padronizado. A

única preocupação é não oferecer risco de machucar o cão. É dadaprioridade a objetos militares como gorros, boinas, pedaços de uniforme,cantis, coturnos, coldres, municiadores, mas qualquer objeto pode serlançado. Pedaços de objeto, como pneus cortados, mangueiras, sarrafosde madeira, etc, também podem ser empregados. Não é cobradaformalidade na entrega do objeto, o que são avaliados são tanto a rapidezquanto a disposição com que o cão busca o objeto e retorna para seucondutor, entregando-o facilmente, sem resistência alguma. O condutorjoga e recebe o objeto dentro de um quadrado de 1m por 1m marcado nochão. O objeto é lançado a pelo menos 15 passos do quadrado marcado.Podem ser feitas marcas no chão para servirem de referência para auxiliartanto o condutor como militar avaliador.

7.6.7 REJEIÇÃO DE COMIDA OFERECIDA PELO FIGURANTEUm círculo de 1,5 m de diâmetro é marcado no chão. O condutor

comanda seu cão deitar dentro do círculo e se afasta, ficando a pelo menos20 metros do cão, sem ser visto colocando-se atrás de um obstáculo oubiombo. O figurante com macacão de mordida se aproxima do cão e jogapetiscos/alimentos para o cão. Bolinhos de carne moída cozidas ou crua,salsicha, pão, queijo, etc. Se o alimento esfarelar e contaminar o local daprova, outra área será escolhida e marcada para os próximos cães. Serádesqualificado o cão que demonstra medo do figurante. Será penalizadoem 3 pontos para cada porção que cão comer, caso o demonstreagressividade para o figurante, importune ou morda o figurante.

7.6.8 REAÇÃO A TIRO DE FESTIMCondutor comanda seu cão deitar dentro de um círculo de 1,5 de

diâmetro e se afasta cerca de 20 passos. Um militar a cerca de 30 passosdo cão dispara 2 tiros com intervalo de 30 segundos. Penalização de 3pontos se o cão ficar ligeiramente excitado, agressivo ou levementedesconcentrado. Será desqualificado o cão que o demonstre medo ou seafaste saindo da área do círculo.

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7.6.9 COMANDO PARA DEITAR A DISTÂNCIA, CHAMADO EMDIREÇÃO AO CONDUTORDentro de um círculo marcado no chão com diâmetro de 1,5m o

condutor comanda o cão deitar, se afasta do cão pelo menos 40 passos,aguarda a autorização do militar avaliador e então chama o cão. O condutorcoloca o cão o mais rápido possível em alguma das posições de controle:cão a sua esquerda ou a sua direita na posição de junto, ou entre suaspernas. A medida que o cão se aproxima do condutor, o condutor pode seafastar do cão e o colocar em movimento na posição de junto. Haverápenalização de 3 pontos por cada indução por gesto ou voz dado pelocondutor; caso o cão saia do círculo marcado e volte a deitar (com induçãode seu condutor ou não). Haverá desqualificação se o cão sair do círculomarcado e não voltar a deitar, se o cão não retornar a seu condutor.

7.6.10 CONDUÇÃO DE FOCINHEIRA NO MEIO DE GRUPO DEPESSOASGrupo de pelo menos cinco militares, fardados ou não, caminhando

em linha. O conjunto pelo grupo em movimento, que se aproxima, cruza edepois de 10 passos dá meia volta e cruza pelo grupo que se agora seafasta caminhando normalmente. Ultrapassa o grupo e depois de 10 passospara. Neste momento as pessoas do grupo se aproximam uma das outras,deixando espaço para o conjunto passar no meio do grupo. O conjunto seaproxima e se movimenta normalmente no meio do grupo fazendo pelomenos a figura de um “8”. Haverá penalização de 3 pontos neste exercíciose na movimentação, o cão se adianta, atrasa ou se afasta mais de umcorpo de um cão do condutor; para cada comando extra do condutor, paracada vez que o cão se sentir incomodado com a focinheira. Se a conduçãoprecisar ser realizada com guia, penalizar em 3 pontos para cada vez quea guia for tensionada. Haverá desqualificação caso o cão demonstreagressividade contra alguns dos elementos do grupo.

7.6.11 APREENSÃO DE FIGURANTE PELA PERNAÉ montado uma situação de exercício onde o cão será liberado para

apreender o figurante em uma situação onde só é possível morder na perna.O condutor ordena que o figurante fique imóvel, erga os braços e seaproxime de costas. O Figurante desobedece às ordens e se abriga em ummuro, mesa, árvore, etc, só permitindo acesso ao cão para morder na perna.Penalização de 3 pontos caso Cão não morda ou demonstre Hesitação oudemora.

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

7.6.12 REVISTA EM TRIANGULAÇÃORevista em triangulação, cão deitado, oponente de pé, ajoelhado

ou deitado, o militar avaliador da prova determina:1ª revista o suspeito não reage2ª revista o suspeito reage ameaçando ou agredindo o condutor e

é atacado pelo cão.O cão será desqualificado caso ataque suspeito sem ordem do

condutor ou reação do oponente. Penalização de três pontos Para cadarepetição de comando para permanecer deitado ou atacar. Penalização detrês pontos para cada procedimento incorreto, como dar as costas aofigurante, não revistar corretamente, etc.

7.6.13 ATAQUE LANÇADO COM O CÃO USANDO FOCINHEIRA EFIGURANTE CIVIL SEM PROTEÇÃO, SEM LUVA NEM MACACÃODE MORDIDAAtaque lançado com o cão com focinheira e figurante civil – sem

luva ou macacão de mordida. O objetivo deste exercício é avaliar o espíritode luta e agressividade do cão direcionado ao oponente e não aoequipamento. Tão logo o cão toque no figurante este cai, simulando quefoi derrubado pelo cão e continua agitando o cão para persistir no combate.O cão que não atacar o figurante será desqualificado. Ataque sem energiaou hesitação serão penalizados com 3 pontos.

7.6.14 ATAQUE INTERROMPIDO. Cão é lançado ao ataque e o ataque é interrompido a cerca de 10

passos do figurante. O ataque pode ser interrompido com o comando paradeitar, ou chamada de volta ao condutor.

A falha na interrupção do ataque evidenciada se o cão morder ofigurante será penalizada com 3 pontos.

7.6.15 PROVA DE DETECÇÃO DE EVIDÊNCIAS/MATERIALMILITAR EXTRAVIADOO cão procura em uma área determinada por objetos com odor

humano.A maneira da indicação é descrita pelo condutor antes do início da

prova: cão senta, deita ou late em frente ao objeto ou busca e entrega aocondutor. Qualquer indicação será aceita, desde que seja óbvia ao militaravaliador. O condutor informa se o cão trabalhará solto ou na guia longa(10 m). Caso use guia, o condutor se mantem afastado do seu cão até queele indique o objeto.

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Seré demarcado uma área aberta ou fechada escura para obrigar ocão a localizar pelo faro e não pela visão de pelo menos 150 metrosquadrados. Qualquer área externa será aceita, desde que não ofereça riscoà integridade física do cão.

Qualquer objeto pode ser usado, mas obrigatoriamente tem odorhumano recente. O odor humano será conseguido com o avaliadorsegurando ou passando as mãos no objeto por pelo menos 30 segundos.Na primeira prova de habilitação que o conjunto realizar, o condutor podesolicitar que ele impregne seu próprio dor no objeto, mas isto seráregistrado na súmula da prova e não será permitido nas provas deaveriguação subsequentes.

Um assistente do militar avaliador ou o próprio entra caminhandonaturalmente na área demarcada e deixa ao lado de sua pegada o primeiroobjeto. Segue caminhando aleatoriamente dentro da área demarcada atédeixar o segundo objeto da mesma maneira e então sai da área demarcada.

Sugestão de objetos:- Cápsula deflagrada de fuzil ou pistola, cartucho deflagrado de

arma de caça, chaves, arma, parte de arma, chave de fenda, pedaço detecido ou couro, gorro, meia, tênis, nota de dinheiro, lenço, carteira, cartãode crédito, pé de cabra, martelo.

O objeto não é visível ao cão, se for um objeto maior, é escolhidouma área escura à noite ou local fechado ou grama mais alta. Cado conjuntoprocurará por objetos que não foram utilizados por outras duplas, para nãoprocurar odor de saliva ou de outro cão, mas odor humano em um objeto. Ocondutor pode agitar seu cão livremente para o trabalho e liberá-lo emqualquer limite da área demarcada. Se o cão indicar, o condutor vai entrarna área, pegar o objeto, pode estimular o cão para procurar o segundoobjeto. Enquanto o cão estiver procurando, condutor se mantem afastadodo cão. Após a indicação do segundo objeto, o condutor pode premiarlivremente seu cão com elogios, carinho, petisco ou jogo de cabo de guerra.O condutor pode chamar seu cão ou direcioná-lo para ponto não explorado,exatamente como trabalharia em uma situação real. O que será penalizadoserá a tentativa de mostrar ao cão o objeto. Haverá Penalização de 2 pontospor cada minuto extra depois de 5 minutos de procura. Haverá Penalizaçãode 5 pontos caso o cão demonstre falta de energia, desinteresse, distração;caso urine ou defeque na área de procura; caso indique de 0, 5 m até 1 mlonge do objeto; caso demore ou ofereça resistência em entregar o objetoao condutor caso busque. Haverá Penalização de 20 Pontos por cada objetoque deixar de indicar, pela primeira indicação falsa. O cão será Desqualificado

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

caso exceda o tempo limite de 15 minutos; caso não indique nenhum dosdois objetos, pela segunda indicação falsa, caso pegue o objeto e não entregueao condutor, bem como o cão indique o objeto por qualquer auxílio de seucondutor puxada na guia, comando de voz, etc.

7.7 CÃO DE DETECÇÃO (CD) NARCÓTICOS, CADÁVER, ARMASTipo, origem, descrição da condição do material usado para a prova

de detecção seja ele narcótico, arma, explosivo, material impregnado oupseudo odor são detalhadamente descritos. Cães para detecção decadáveres não podem detectar vítimas também, cães para detecção deexplosivos detectam exclusivamente explosivos e nada mais. Se um cãofor empregado somente para segurança orgânica da Organização militarpode ser habilitado em detecção de narcóticos e armas e munições semprejuízo algum.

Nome do kit

ScentLogix™ K9 HMTDScent Imprint Aid

Pseudo odor markerpens

Canine training aidsSigma pseudo Scent

Observações

Saco tipo zip que é armazenado com omaterial a ser impregnado, depois deimpregnar, é novamente vedado e guardadono freezerhttp://www.scentlogix.com/shop/index.php?main_page=product_info&products_id

http://www.explosivedogdetection.com/product-list

http://www.sigmaaldrich.com/analytical-c h r o m a t o g r a p h y / a n a l y t i c a l -products.html?TablePage=9620026

Será solicitado a voluntários que não sejam da SCG para escondero objeto a ser procurado. A criatividade dos soldados é explorada eestimulada, quando é dada a oportunidade, sempre criam excelentesdesafios para os cães em lugares inusitados. Não cometer o erro dasmesmas pessoas da SCG esconderem os objetos nos mesmos lugares.

A prova consistirá de um exercício de procura em área definidapelo militar avaliador, podendo ser área aberta, fechada ou veículo. Pelomenos três esconderijos em área aberta ou fechada; a área terá não menosque 40m2 e não mais que 60 m2, em caso de veículos ou viaturas, doisesconderijos em pelo menos três viaturas.

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

O tempo de espera para iniciar a procura será de 30 minutos, o tempode procura autorizado será de 10 minutos, cada minuto extra será penalizadocom 2 pontos, o tempo limite para o exercício será de 20 minutos.

Com exceção para a detecção de explosivos, há liberdade para otipo de indicação dada pelo cão na detecção de narcóticos, ou armas eesta será informada pelo condutor ao militar avaliador antes do início daprova. Na indicação ativao cão morde, arranha ou late; na indicação passivao cão senta ou deita. Será aceita a indicação que o condutor definiu antesdo início da prova. Pode ser mais de uma indicação, desde que o condutordeixe bem claro, por exemplo, cão morde quando é possível e late quandoestá fora de seu alcance, no teto. O condutor deixa evidente que sabecomo seu cão indica. O esconderijo não pode ser visível nem para o cãonem para condutor.

As alturas máximas de esconderijo a partir do chão, e as profundidadesmáximas para o objeto ser enterrado, estão descritos na tabela abaixo.Quando o objeto a ser indicado for enterrado, outros buracos são feitosidênticos, revirando-se a terra, diferindo apenas por não ter o narcótico.

Primeira prova dehabilitação

Primeira prova deaveriguação

Segunda prova deaveriguação

Terceira prova deaveriguação

Quarta prova deaveriguação

Quinta prova deaveriguação

A partir da sextaprova de averiguação

Altura máxima

1,00 m

1,5 m

2,0 m

3,0 m

4,0 m

Sem restrição

Sem restrição

Profundidade máximapara ser enterrado

0

10 cm

30 cm

60 cm

1,0 m

1,5 m

Sem restrição

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

Desqualificação

Cão não indica dois oumais esconderijos

Segunda indicação falsa

Penalização de 2 pontos

Cada minuto extra depois de 10 minutos de detecção

Penalização de 5 pontos

Falta de energia, desinteressado, distraído

Urina ou esterca na área de detecção

Indicação de 0, 5 m até 1 m longe do esconderijo

Penalização de 20 Pontos

Por cada esconderijo que deixar de indicar

Pela primeira indicação falsa

7.8 CÃO DE DETECÇÃO EXPLOSIVOSA prova de detecção de explosivos somente será realizada com

militares habilitados especificamente para isso, em unidades militares quetenham a real necessidade de ter cães com esta função. Apenas os melhorescondutores que já tenham habilitado pelo menos um cão e tenhamexperiência de pelo menos um ano com outros tipos de cães de detecçãosão candidatos a conduzir um cão de detecção de explosivos.

É dada preferência para pelo menos o posto de cabo. A curva deaprendizado é complexa e é uma área de conhecimento que não serávulgarizada por questões de segurança.

Uma das condições básicas é que a unidade tenha estrutura paraapoiar os conjuntos para o deslocamento para outras unidades militares,unidades de forças auxiliares, penitenciárias, prédios públicos federais,etc. pelo menos uma vez por semana para realizações de treinamentos. Éaconselhável estreito relacionamento com o grupo policial responsávelpelo esquadrão antiexplosivos da região para prestar e receber suporte,orientações e ter apoio de pessoal especializado para eventuaistreinamentos com material real, com toda a segurança.

Kits de Pseudo odor podem ser usados por questões de segurança:

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

Nome do kit

ScentLogix™ K9 HMTD ScentImprint Aid

Pseudo odor marker pens

TrueScent™ K-9 Training Aids

Observações

Saco tipo zip que é armazenado com o material aser impregnado, o qual depois de impregnado, énovamente vedado e guardado no freezer.http://w w w. s c e n t l og i x . c o m /s h o p / i n d ex . p h p ?main_page=product_info&products_id=16

PETN, RDX, TNT, NITROGLYCERIN (Stabilized),AMMONIUM NITRATE (Oxidizer), BLACK POWDER(Potassium Nitrate & powdered charcoal),POTASSIUM CHLORATE (Oxidizer), POTASSIUMPERCHLORATE (Oxidizer), SODIUM CHLORATE(Oxidizer), SODIUM PERCHLORATE (Oxidizer),SMOKELESS POWDER (Nitrocellulose), WATERGELEXPLOSIVE, DINITROTOLUENE (2,4 DNT), DMNB(TAGGANT), C4, SEMTEX-H, o-MNT (Orthomono-nitrotoluene), p-MNT (Paramononitrotoluene),EGDN (Ethylene Glycol Dinitrate), EGMN (EthyleneGlycol Mononitrate), MMAN (MonomethylAmmonium Nitrate), DYNAMITE,UREA NITRATE,DETASHEET (PETN Based), TATP (TriacetoneTriperoxide breakdown products) http://www.explosivedogdetection.com/product-list/

Explosives K-9 Training Aids

http://www.signaturescience.com/National%20Security%20K-9%20Scent%20Training%20Aids/

Cães de detecção de explosivos somente podem indicar de formapassiva, sentar ou deitar sem tocar para indicar. Cães descontrolados,agitados, que esbarram em tudo não são habilitados.

A ideia força da habilitação de cães de explosivo é clara a todos.Outros cães de detecção podem errar sem maiores prejuízos em perdasde vidas ou bem materiais. Em situação real, o cão de detecção deexplosivos erra somente uma vez. Uma vez que um cão de explosivos dêum falso alerta, medidas serão tomadas, como evacuar um prédio público,fechamento de ruas, acionamento de esquadrão antiexplosivos.

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

Todos saberão do erro do cão e isto desmoralizará o cão de guerra,sua SCG ou até mesmo o exército. Não há necessidade de maioresexplicações sobre as consequências de um cão deixar de indicar um localcom explosivo. Por esse motivo, a prova de habilitação não tem o caráterdidático de orientação para o conjunto das outras provas, todos os errosdesqualificam, o cão é corrigido para voltar a fazer a prova em outraoportunidade.

Quando o objeto a ser indicado for enterrado, outros buracosidênticos são escavados e cobertos, diferindo apenas por não ter oexplosivo. Isto comprovará que o cão está indicando odor do explosivo enão o da terra remexida.

Desde a primeiraprova dehabilitação e paratodas as provasaveriguação

Altura máxima

Sem restrição

Profundidade máximapara ser enterrado

Sem restrição

Cada conjunto é testado em pelo menos um odor de cada uma dasseis categorias listadas abaixo:

Categoria de Odor de explosivo:

1. Pólvora (negra, Pirodex, pólvora de base dupla ou sem fumaça)2. TNT3. Dinamite (comercial ou militar)4. C-4, FLEX-X, DATA SHEET, SEMTEX5. DET-CORD (PETN), RDX6. Géis de água de nitrato de amônio

Cada conjunto é testado em pelo menos dois dos tipos de cenáriosde detecção descritos abaixo. Qualquer cenário pode ser escolhido naprimeira prova de habilitação. Nas provas de subsequentes de averiguação,são escolhidos cenários até então não usados, até que todos os cenários

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

propostos terem se esgotado. Uma vez que se esgotem os cenários nasprovas de averiguação, os cenários podem ser repetidos.

1. Área aberta2. Instalações3. Veículos4. Embarcações5. Aeronaves6. Bagagem, correspondência7. Pessoas e instalações em Transporte de massa (rodoviárias,aeroportos, portos, ferroviárias).8. Arenas públicas vazias ou em dias de evento (estádios esportivos,centros comerciais, teatros, centros de convenções)

Prescrições gerais:Cães não veem nem acessam esconderijos.Condutor não pode perturbar de maneira alguma o cenário de

detecção, não pode abrir portas, gavetas, armários.Na detecção em veículos, pelo menos cinco veículos são usados,

sendo possível apenas um esconderijo por veículo e pelo menos um veículosem esconderijo algum.

Dependendo do tamanho da aeronave, mais de um esconderijo podeser usado pelo militar avaliador.

Detecção em bagagens são feitas em não menos do que 20 volumesde materiais diferentes, bolsas, sacolas, malas plásticas, de couro,alumínio, etc. O condutor não pode perturbar as malas de qualquer maneira.Se for em rodoviária ou aeroporto, o cão pode caminhar por cima das malasou por cima da esteira.

7.8.1 DESQUALIFICAÇÃOCão deixa de indicar qualquer esconderijo;Qualquer indicação falsa, cão indica onde não há esconderijo;Indicação incorreta de esconderijo de drogas, cadáver ou odor

humano propositadamente colocado na área de procura pelo militaravaliador;

Falta de energia, desinteressado, distraído;Urina ou defeca na área de detecção;Cão demonstra agressividade ou brincadeira com o local indicado,

morde, arranha, etc.

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7.9 HABILITAÇÕES ESPECÍFICAS – BREVÊSA prova de Habilitação Básica do conjunto condutor e seu cão

verifica um padrão mínimo para o serviço. Habilitações específicas ouBrevês são testados separadamente. O objetivo é individualizarhabilidades, tornando mais fácil a conquista de habilitações do que arealização de uma única prova com muitos exercícios. Isto motiva ocondutor, e torna mais simples ao reponsável pelo treinamento organizarconjuntos, planejar, orientar e gerenciar seus recursos do canil. Um conjuntosomente pode candidatar-se a uma prova específica se tiver a habilitaçãobásica vigente, isto é, realizada no máximo seis meses antes.

A ideia é que o conjunto conquiste os brevês individualmente,conforme sua capacidade e necessidade de serviço. Se bastar apenas umbrevê para cumprir as missões, então o conjunto está habilitado e serásuficiente apenas as provas de averiguações subsequentes daquele brevê.Militares em cursos de formação devem brevetar cães em mais de umafunção.

Habilitações específicas:Cão de guarda de instalaçõesCão esclarecedorCão de PatrulhaCão de apoio a equipe de intervenção rápida/força de prontarespostacão de choque de operação de controle de distúrbioCão rastreador por odor humano específico ou por alteração napegadaCão de choque – controle de distúrbio Civil

7.9.1 PROVA DE HABILITAÇÃO PARA CÃO DE GUARDA - CÃOPARA POSTO FIXO DE SENTINELAEsta prova fornece informações importantes a respeito do

temperamento do cão, agressividade contra oponente e estabilidade diantede estresse.

O condutor prende o cão em cabo de aço ou ponto fixo, ou o soltadentro da área telada a ser protegida e se afasta para fora do campo devisão do cão. O figurante se aproxima sem equipamento de segurança eameaça o cão. O cão demonstra evidente agressividade ao oponente semequipamento de proteção, se aproximando do cabo de aço ou da tela. Esteexercício é realizado na escuridão, à noite ou antes do clarear do dia.

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Exercício

O condutor prende o cão emcabo de aço ou ponto fixo, ouo solta dentro da área teladaa ser protegida e se afastapara fora do campo de visãodo cão. O figurante seaproxima sem equipamentode segurança e ameaça o cão.O cão demonstra evidenteagressividade ao oponentesem equipamento de prote-ção, se aproximando do cabode aço ou da tela. Esteexercício é realizado naescuridão, à noite ou antes doclarear do dia.

Depois de um tempo variável,um segundo figurante realizao mesmo exercício

Rejeitar comida oferecida porestranho no cabo de aço.

Figurante com macacão demordida se aproxima do cãono cabo de aço.

Reação a tiro de festim.

Desqualificação

Não demonstraevidenteagressividade,Nãolatindo ou semdisposição paramorder.

Demonstra medo dofigurante

Não latevigorosamente ounão morde ofigurante.

Demonstra medo

Penalização de 10 pontos

Hesitação, insegurança.

Aceita.

Hesitação, insegurança,mordida fraca, troca delocal de mordida.

Instável a ponto deperder a atenção nooponente por algunssegundos

Primeira prova de habilitação

Primeira prova de averiguação

Segunda prova de averiguação

A partir da Terceira prova de averiguação

Tempo mínimo de espera no cabo deaço ou na área telada pela primeira

aparição do figurante

15 minutos

30 minutos

1 hora

2 horas

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7.9.2 CÃO ESCLARECEDORNesta habilitação será avaliada a capacidade do cão em andar à

frente de seu condutor pronto para indicar presença de humanos. Umadas habilidades mais valiosas do cão de guerra é perceber e indicarclaramente a presença de humanos à noite, utilizando sua visão, audiçãoe faro. A indicação pode ser através de latidos, ou mudança na expressãocorporal, mas é evidente para o militar avaliador. O cão será conduzido emguia curta sempre à frente do condutor. Cães esclarecedores dos fuzileirosnavais americanos no teatro do pacífico e do exército australiano no Vietnãeram condicionados a não latir para não denunciar a posição da guarniçãoque avança. A SCG estabelece o critério, e treina e seleciona cães quemais se adaptem para esta função.

No mínimo três figurantes sem equipamento de proteção saemcaminhando em linha O primeiro se afasta do grupo que prosseguirácaminhando normalmente. Ele se afasta do trajeto que os outros doisfigurante manterão, mas permanece visível. Em distância variável, osegundo figurante se separará dos demais e se esconderá onde não possaser visto, mas faz algum barulho como assoviar, cantarolar, bater pernas,falar, rir, etc. O terceiro figurante vai caminhar normalmente por distânciavariável e vai se esconder onde não possa ser visto nem ouvido pelo cão.

O cão não é solto para segurança dos figurantes que não usamequipamentos de proteção. O objetivo é o cão detectar odor humano, nãode equipamento, e é avaliada a capacidade do cão de indicar ao seucondutor a presença humana, que pode ser de um sentinela, militartrabalhando ou intruso à área militar. O cão será penalizado com 10 pontospor cada figurante que deixar de indicar. É registrado na súmula da provaos figurantes que o cão não detectou.

7.9.3 CÃO DE PATRULHAO cão de patrulha é a maneira mais eficiente de proteger grandes

áreas como toda sorte de instalações: refinarias, hidroelétricas, áreassensíveis de distribuição de energia elétrica, áreas militares, anéis desegurança, flancos e retaguarda de postos de controle, vilas militares,etc. Com poucos conjuntos, grandes áreas de depósitos e garagens podemser protegidos a noite. O conjunto patrulha a área em viatura, para evitardesgastes desnecessários ao cão, desce em pontos críticos de maneiraaleatória, e percorre pontos diversos dentro área a procura de intrusoscom pelo menos mais um militar de segurança.

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A prova de habilitação avalia tanto procura por faro e apreensão deoponente ambiente fechado quanto em campo aberto. Os dois exercíciospodem ser montados na mesma prova semestral ou em provas alternadas.Enfase maior será dada a maior necessidade da unidade, mas mesmopouco ou até mesmo não empregado o conjunto será avaliado nas duassituações.

São providenciados três abrigos que tenham tamanho suficientepara esconder completamente o figurante, não deixando nenhuma partede seu corpo visível e que tenha abertura que permita o acesso do cãopara ser premiado com o combate com o figurante. Podem ser armários deaço padrão EB, caixas de madeira, tonéis. Os abrigos serão colocadosárea na distância mínima de 30 metros um do outro. Um quadrado de ummetro por um metro será marcado no chão com distância mínima de 20metros do abrigo mais próximo. Este quadrado marca a posição de saídado figurante. A pelo 30 metros deste quadrado, será feito um círculo deum metro de diâmetro e colocado um biombo, tapume ou obstáculo, quecubra a visão do cão. Este círculo marca a posição de saída do conjunto.Se houver disponibilidade, conjunto chega no local do exercício de viatura,juntamente com o militar de segurança.

O conjunto se posiciona no círculo, e o figurante se posiciona emsua marca, o quadrado. O condutor manda o figurante parar e se identificar.O figurante desafia o condutor com gestos e palavras e corre para um dosabrigos. Escolhe um e entra imediatamente nele.

O condutor leva o cão para trás do biombo, como se estivessebuscando proteção, mas o objetivo é demonstrar claramente ao militaravaliador que está obstruindo a visão do cão do abrigo para o qual ofigurante corre. Após tentar dissuadir a rendição do figurante e anunciarque soltará o cão, começa a agitar seu cão para o trabalho, sem exagerose de maneira profissional. Após o figurante se abrigar, o militar avaliadorautoriza o lançamento do cão. O condutor libera seu cão saindo da posiçãode abordagem ajoelhado (cão sentado à esquerda do condutor, condutorajoelhado), da posição de abordagem deitado (cão e condutor deitadoslado a lado) ou pode lançar o cão do meio de suas pernas.

O condutor comanda seu cão da maneira que julgar adequado, comodirecionar seu cão para um ou outro abrigo, chamar seu cão e lançá-lo emdireção a outro abrigo. É penalizada apenas a repetição de comandos. Ocondutor acompanha seu cão à distância, sem jamais dar as costas anenhum dos abrigos.

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O cão indica claramente por latidos em qual abrigo o figurante está.Mediante sinal do militar avaliador, o figurante sai do abrigo e premia ocão com combate. O condutor sempre auxilia o cão no combate, derruba ofigurante no chão e o imobiliza e, só então, comanda o cão soltá-lo.

a) Desqualificação: Cão não morde o figurante. O condutor nãoconsegue tirar o cão do figurante – descontrole.

b) Penalização de 3 pontos: Cão não late, morde direto. Cadacomando extra para o cão soltar, ou auxílio do condutor para o cão soltar.

Os exercícios são montados de tal forma que evidenciem a capacidadedo cão em usar seu olfato para achar o oponente abrigado em condições deescuridão ou pelo menos em condições precárias de iluminação.

O cão solta sob comando a distância e permanece guardando ofigurante e retorna ao condutor somente por comando.

O exercício de indicar oponente em área interna será realizadotambém à noite. Os cenários são os mais variados possíveis, mas uma vezque seja montado um cenário, este será o mesmo para todas os conjuntosque realizarão a prova no dia: galpões, garagens, dentro de alojamentos,postos de gasolina, escolas, etc

7.9.3.1 PROVAS SUBSEQUENTES DE AVERIGUAÇÃO DO CÃO DEPATRULHAUm vez habilitado, as provas semestrais subsequentes devem ter

sua dificuldade incrementada com área de procura maior, a procurainiciando sem o cão ser agitado ou ver o figurante, apenas por comandode seu condutor, mais figurantes, mais esconderijos e mais rigor naavaliação tática de vasculhamento da área. Outra dificuldade a seracrescentada é o militar avaliador mandar o figurante entrar em todas osabrigos (caixas armários, toneis), deixar um objeto com seu odor em umdeles e escolher aleatoriamente qualquer outro para se abrigar. Permaneceem silêncio, pois o que está sendo avaliado é a capacidade do cão detectá-lo pelo faro. Depois de tempo de espera de 5 minutos, o conjunto chegaao ponto inicial do exercício sem ter visto a preparação ou em qual caixao figurante está. Para a prova, será definido se o conjunto entrará com ummilitar segurança, ou se guiará um grupo de intervenção rápida. Estesmilitares de apoio serão os mesmos para todas as duplas. Caso na provaseja definido a entrada com um grupo de intervenção rápida será usadoescudo balístico ou simulacro de escudo de compensado.

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A sequência de procura segue recomendações táticas. Todoprocedimento que não interfira na procura, que não exponha o condutorou membros de sua equipe, que poderia ser usada em uma procura real,será aceito. O cão procura, acha o figurante e late na caixa correta. Ofigurante após ouvir os latidos, sai e ameaça o cão, o cão mordevigorosamente. O condutor, sem sair da posição coberta ou abrigada,comanda o oponente deitar e comanda o cão suspender o ataque.

Ou o exercício termina neste ponto, ou o condutor comanda ofigurante se aproximar de costas em direção o som de sua voz. Não écriado o reflexo errado de se aproximar do oponente, pois na situação realpode haver mais suspeitos escondidos na área fechada não vasculhada.

O condutor é avaliado por seu posicionamento correto no grupo deintervenção rápida, proteção adequada, avanço tático e uso correto dalanterna.

A dificuldade da área de procura é incrementada a cada prova deaveriguação, sendo realmente um desafio estimulante para os conjuntos.Mais de um figurante na área de procura, área de procura com sótãos,porões, dois níveis, labirinto de armários dentro do alojamento, etc.

a) Desqualificação- cão não acha o figurante em 15 minutos de procura- cão não late para indicar figurante- cão não morde figurante depois de indicar- Condutor avança se expondo, dando as costas para área não

vasculhada.

b) Penalização de 3 pontos- cada minuto extra depois do tempo concedido de 5 minutos- condutor ilumina o cão com lanterna- cada indicação incorreta do cão- posicionamento incorreto do conjunto no grupo de intervenção

rápida- distanciamento do militar de segurança

7.9.4 HABILITAÇÃO DE CÃO DE APOIO A EQUIPE DEINTERVENÇÃO RÁPIDA/FORÇA DE PRONTA RESPOSTAFigurante pode assumir postura imóvel, ou agitada e desafiadora,

pode simular estar sob o efeito de álcool ou entorpecentes. Figurante podeportar um simulacro de borracha ou madeira, faca, garrafa, bastão, armacurta ou longa.

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Uma Equipe de intervenção rápida/ Força de Pronta resposta écomposto por pelo menos um elemento com escudo ou simulacro deescudo, um elemento com uma arma letal de cano longo ou simulacro, umelemento portando arma não letal ou simulacro e o condutor com seu cão.

O procedimento padrão adotado pela unidade é seguido, a equipede intervenção rápida será a mesma para todas as duplas. O grupo seaproxima de maneira tática, tentar a rendição através de negociação e ocão é liberado ao ataque. A equipe tática se aproximará do suspeito erealizará a apreensão, auxiliando o cão sem expor seus componentes.

7.9.5 HABILITAÇÃO DE CÃO DE CHOQUE DE OPERAÇÃO DECONTROLE DE DISTÚRBIOPelo menos um dos seguintes exercícios sera montado:- Proteção de ponto sensível- Proteção de tropa que conduz apreendido de volta para a viatura

ou para trás da linha de escudeiros- Apreensão de agitador/líder através da linha de escudeiros.Na primeira prova de habilitação, qualquer exercício pode ser

montado, mas nas provas subsequentes de averiguação, não são repetidosexercícios até a realização dos três exercícios propostos.

- Proteção de ponto sensívelUm ponto sensível será definido, o qual pode ser um portão, entrada

de prédio público. A turba se aproxima do conjunto, o condutor deixa seucão a sua frente, no limite da guia e este demonstra evidenteagressividade, latindo e dissuadindo a aproximação da turba.

-proteção de tropa que conduz apreendido de volta para aviatura ou para trás da linha de escudeiros

Tropa com equipamento de OCD realiza uma detenção. Ao conduziro detido para o ponto marcado pelo militar avaliador, a turba se aproximatentando frustrar a detenção. O conjunto protege a retirada da tropa e dodetido, sempre se mantendo próxima da tropa até o ponto marcado.

- apreensão de agitador/líder através da linha de escudeiros.Uma linha de escudeiros é montada. A turba agita gritando palavras

de ordem. Pelo menos um elemento da turba terá equipamento de proteção,Mediante ordem, dois escudeiros giram ficando de frente um para o outro,

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formando um túnel com os dois escudos, o cão é lançado no meio dosescudos, apreender o agitador e ser puxado pela guia para trás das linhasde escudeiros novamente.

7.9.6 HABILITAÇÃO DE CÃO RASTREADORO cão pode ser selecionado geneticamente e treinado para rastrear

por odor humano no ar ou no solo chamado em inglês de trailing, tipicamentefeito por cães Bloodhund ou pelo rastro deixado pelas alterações no solocausadas pelas pegadas chamado em ingles de “tracking” efrequentemente visto nos cães pastores de esporte IPO. Um cão treinadopara farejar odor humano, pode ser treinado para discriminar um odor quelhe foi apresentado pelo condutor no ponto incial da trilha, e perseguirespecificamente este odor, mesmo com outro humano cruzando a trilha. Ocão treinado para farejar alteração no solo ou odor humano inespecíficoterá utilidade apenas em algumas situações, como a evasão de suspeitosatravés de área rural, gramados, ou campos. Não terá plenas condiçõesde seguir por muito tempo o rastro em piso duro ou em trilhas contaminadaspor outros indivíduos, inclusive por outros policiais ou militares.

Para aqueles interessados em seleção do cão correto e treinamentode cães de rastro por discriminação de odor humano específico, umexcelente livro é “K9 trailing, the straightest path, de Jeff Schettler”.

Para aqueles interessados em tracking, seleção e treinamento docão de rastro por alteração no solo causada pela pegada, podem acharmais referências na bibliografia para IPO ou Schutzhund.

A prova proposta permitirá que independente se o cão faz trackingou trailing, ele achará o oponente, uma vez que haverá um ponto inicialbem evidente, e sempre sobre algum tipo de solo macio (areia, gramado,mata) e sem contaminação de outra pessoa que não o figurante.

Montagem da ProvaO exercício é montado pelo figurante sem proteção em um ponto

marcado como início da trilha como um carro abandonado, ponto de cerca,ou objeto “abandonado”.

O cão pode trabalhar sozinho ou com outro cão, se estiver treinadopara isso. Os cães estão de focinheira de trabalho bem ajustada e checada.

Dois figurantes sem macacão de mordida nem luva oculta adentrama mata. Não é permitido o uso de macacão de mordida, uma vez que nãoavaliaria a capacidade do cão em farejar odor humano inespecífico, mas

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sim a procura pelo odor do equipamento. Manga de Schutzhund ou mangasocultas não oferecem segurança suficiente para este exercício e tambémcontaminariam com odor de equipamento. Os figurantes caminham emlinha, os dois se abrigam em esconderijos previamente determinados pelomilitar avaliador e neles permanecem por 5 minutos; após este tempo,trocam para outro abrigo, também previamente determinado pelo militaravaliador e neles se escondem. Os abrigos não estão muito distantes doeixo usado para a pretensa fuga. Os figurantes podem fazer qualquertraçado para a fuga, fazer mudanças de direção em ângulos variáveis.

Os abrigos escolhidos não podem permitir que o cão consigaalcançá-los e mordê-los. Estes esconderijos oferecem segurança aosfigurantes pois não permitem a mordida do cão, tal como uma toca oumesmo em cima de uma árvore, suporte ou qualquer proteção artificialcomo tonel, tela, biombo, gaiolão de tela, etc. O importante é que o cãoconsiga localizar os figurantes pelo olfato, ficando, porém, impedido demordê-los caso os figurantes a focinheira fique frouxa, ou se solte.

Após pelo menos 10 minutos de permanência dos figurantes nesteabrigo, o condutor é chamado com o seu cão. A equipe, composta pelosmilitares que farão a segurança e pelo conjunto, abordam a entrada. Oconjunto se posiciona de acordo com as condições de abrigo oferecidaspela vegetação. O condutor se ajoelha ou deita. O cão está na posição decontrole, deitado. O cão pode estar a alguma distância de seu condutor,como no triângulo de segurança, pode estar ao seu lado (esquerdo oudireito, de maneira indiferente) ou entre as pernas do condutor. Na “Posiçãode Abordagem”, o condutor realiza a verbalização padronizada. O cão émantido quieto até o final da verbalização, seus latidos não podem interferirno alerta. Uma vez dado o alerta, o cão pode se agitar naturalmente ou serestimulado brevemente por seu condutor para iniciar a procura. Apenasos excessos são penalizados. A busca então inicia e a equipe acompanhao cão solto ou conduzido em guia de tamanho variável.

O ponto mais extremo o qual os figurantes não podem ultrapassarestá claramente marcado com cones, fitas zebradas, etc. como área finaldo exercício.

REALIZAÇÃO DA PROVA PELO CONJUNTOA entrada na mata é feita de maneira tática, o condutor terá um

militar como seu segurança, três homens em linha ou qualquer outrapadronização da unidade.

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Ao localizar o abrigo onde se posicionou o figurante, que éinacessível ao cão, este indicará a localização com fortes e frequenteslatidos, ininterruptamente, até que seja ordenado pelo condutor para cessar.O mesmo será repetido para os demais figurantes.

Levando em consideração a segurança e agilidade da prova, omilitar avaliador pode determinar que o figurante permaneça no pontoonde foi achado, ou saia da mata. O condutor tem alguns minutos parapremiar seu cão, acalmá-lo ou fazer o procedimento que julgue necessáriopara o cão reiniciar a procura. Apenas excessos são penalizados.

A disposição para a procura e a persistência do cão são valorizadas.A situação ideal é que o cão indique a localização de forma convicta, comlatidos fortes, frequentes e ininterruptos; mantendo-os constantes mesmodurante a aproximação do condutor.

a) Desqualificação• Exceder o tempo limite;• Equipe passar por qualquer um dos figurantes se expondo a

receber fogo ou agressão;• Equipe chegar até o ponto extremo marcando deixando de indicar

algum dos figurantes;• Cão muito distante da equipe. Caso o cão seja solto, demora de

mais de 4 minutos para a equipe se aproximar em segurança do localindicado pelo cão.

b) Penalizações de 3 pontos• Excesso de estímulo do condutor• Avanço sem técnica correta na mata• Procura sem entusiasmo, incentivos constantes do condutor,

latidos fracos e inconstantes, falta de atenção na guarda, inquietude naaproximação do condutor e abandono da guarda na aproximação docondutor.

7.10 PROVAS DE AVERIGUAÇÃOTodas as habilitações têm validade de 6 meses. A prova de

averiguação de manutenção é realizada semestralmente. A data limitepara a realização da prova do primeiro semestre é o último dia útil demaio. A data limite para realização da prova do segundo semestre é oúltimo dia útil de novembro. As duplas que falharem repetirão a prova em15 dias e uma terceira oportunidade será dada 30 dias depois da primeira

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tentativa. Se o conjunto não atingir o aproveitamento mínimo de 70 pontosou for desqualificada por 3 vezes, o cão será designado para outro militarcompor o conjunto e o militar receberá outro cão.

Caso o militar não habilite o segundo cão, é feito um planejamentopelo militar adestrador de como sanar as dificuldades do condutor. Osegundo militar designado para o cão que não for habilitado por trêstentativas consecutivas será um condutor experiente e que já tenhahabilitado outro cão. Se o cão falhar na habilitação com o segundo condutorpor três vezes, será reavaliado pelo militar adestrador e Oficial Veterináriopara detectar eventuais deficiências de temperamento, treinamento, ouproblemas de saúde. Esta avaliação pode recomendar que o cão sejatreinado para outra habilitação ou verificar que não tem perfil para ser oupermanecer como cão de trabalho militar. Neste caso o cão é descarregadoda SCG.

O militar avaliador verifica a súmula da prova de habilitação ou daúltima prova de averiguação e eventuais pontos perdidos a serem sanadospelo conjunto nas provas subsequentes de averiguação.

7.11 DUPLO-CEGOÉ a maneira reconhecida pela técnica forense internacional para

validar a confiabilidade de determinado teste. Basicamente, tenta isolaros resultados das influências pessoais dos avaliadores. Os testes e suasavaliações são realizados por pessoas diferentes, onde números indexamos testes, substituindo a identificação direta de indivíduos e amostras.Exercícios são montados com pequenos cilindros metálicos impregnadoscom três grupos de odores variados. O primeiro grupo são os odores deilícitos para quais o cão foi treinado e deve indicar tais como drogas, armas,munições, etc. O segundo grupo são de cilindros impregnados com odoresneutros que o cão não deve indicar (comida, esterco de animais, etc.). Oterceiro grupo é composto por cilindros sem impregnação alguma de odor,o chamado grupo controle ou placebo. Os cilindros são lavados, secos, emanuseados com pinças metálicas, sem contato humano direto. Oscilindros do grupo controle são guardados em vidros herméticos, sem odoralgum, os cilindros dos grupos um e dois são armazenados juntamentecom aqueles materiais que se queira impregnar odor desejado. Um membroda equipe indexa os cilindros metálicos e seus respectivos odores. Outromembro da equipe de avaliação, recebe apenas os cilindros impregnadoscom odor e suas numerações. Os cilindros são colocados em suportes

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metálicos, e o avaliador apenas registra as indicações do cão e os números.Este relatório é passado para outro membro da equipe que tabulará aindexação com a correspondência dos números dos cilindros metálicoscom os odores testados, as indicações corretas, as indicações erradas eas falhas de indicação.

É chamado de duplo-cego por que nem o auxiliar que monta oexercício para o cão nem o conjunto cão de guerra e seu condutor temconhecimento de quais cilindros são os corretos, apenas tem acesso àidentificação numérica.

7.12 AVALIAÇÕES INOPINADAS EM SITUAÇÃO REALEm situação real durante as operações, militares ou agentes de

segurança descaracterizados tentam transpor as barreiras de fiscalizaçãoa pé, em veículos ou embarcações com ilícitos. Eventuais falhas, situaçõesnas quais os cães não detectam são levantadas e corrigidas. Estassimulações colocam a prova o emprego e orientam para correção de falhase oportunidades de melhoria. Cães não são como humanos, que podemtrabalhar por uma motivação por longos períodos, cães trabalhamobjetivando sua recompensa, caso esta demore muito, podemeventualmente perder o foco no trabalho. As tentativas de passar ilícitospelas barreiras faz com que todos os envolvidos persistam alertas. Falhasreais de detecção não são contabilizadas, as falhas em situações criadassão uma maneira genuína de aferir o desempenho das duplas.

7.13 COMPETIÇÕES CANINASA participação em eventos e competições caninas também pode

subsidiar a avaliação dos conjuntos e é permitida desde que a atividadefim não seja comprometida. A preparação de cães de trabalho para esportetem grande afinidade com a do cão de trabalho militar, mas difere empontos cruciais. A participação em provas de cães para polícia,penitenciárias e organizações militares é estimulada e perseguida comdeterminação pela Seção de Cães de Guerra, bem como duplas de outrasinstituições e agências de segurança são convidadas para participar dasprovas de habilitação realizadas pelo exército. A troca de informaçõescom outros órgãos de segurança pública é fundamental para a evoluçãodos canis militares.

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CAPÍTULO 8

SANIDADE DO CÃO DE GUERRA

8.1 ALIMENTAÇÃOO Chefe da Seção de Cães de Guerra não poupa esforços para

adquirir rações específicas para cão de trabalho, com proteína de qualidadee energia metabolizável adequada, pelo menos 4000 kcal/kg. Rações queproduzem muito volume de fezes, ou fazem os cães defecaremfrequentemente, não são rações boas e possuem grande quantidade deprodutos de origem vegetal como milho, arroz, farelo de trigo ou soja. Éaconselhável substituir estas rações por outras que mantêm o cão emcondição excelente com menor quantidade, e produzem volume e frequênciamenores de defecação. Para que a Seção de Cães de guerra receba umaração adequada no processo licitatório, ela será minuciosa ecriteriosamente descrita. Usualmente apenas as melhores rações atendemo critério de energia metabolizável e digestibilidade altas, descritas emrótulo aprovado pelo Ministério da Agricultura. Outra exigência queseleciona as melhores rações é a indicação “exclusiva” para cães detrabalho, presente no rótulo registrado no ministério da Agricultura.Algumas rações conseguem registrar uma mesma ração para toda sortede categoria de cães, há rações no comércio que apresentam em seu rótuloindicação para filhotes, cães adultos, cães de trabalho, convalescentes. Oque desclassificará esse tipo de fraude é a palavra “exclusiva”cuidadosamente presente na descrição do edital. Rações melhores, commaior energia metabolizável custam mais por quilograma, mas acabamsendo mais econômicas pois o cão come menos.

Além da economia, há a questão de saúde. Rações maisconcentradas permitem alimentar os cães com menor volume. A dilataçãogástrica seguida de vólvulo foi umas das principais causas de óbito decães militares em um estudo retrospectivo de 927 casos em 3 anos doPrograma de Cães de trabalho militares do Departamento de Defesa dosEstados Unidos.

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O condutor observa diariamente, ainda no canil, se o cão sealimentou corretamente, se tem água limpa disponível e a condição dasfezes. O condutor habitua o cão a ser examinado na boca, sem resistência,alterações como dentes quebrados, gengivite, acúmulo de tártaro,sangramentos ou ferimentos serão procurados neste exame de rotina. Asorelhas serão verificadas se apresentam excesso de cera, secreções ouodor ruim, pulgas e carrapatos. No corpo do cão, o condutor verifica se háferimentos, a condição do pelo, ectoparasitas como pulga ou carrapato.

8.2 PRINCIPAIS CAUSAS DE DESCARGA, MORTE OU EUTANÁSIADE CÃES MILITARES:-dilatação gástrica e vólvulo;-doenças articulares degenerativas (displasia coxofemoral, displasiade cotovelo, menos comuns de joelho e de ombro);-Doenças neurológicas da medula, mielopatia degenerativa,espondilopatia lombosacral;- intermação;- neoplasias;- problemas graves de comportamento;-Fraturas dentárias graves;-Traumas graves tais como quedas, tiros, facadas e atropelamentos.

8.3 SUPORTE VETERINÁRIOO cão de guerra tem condicionamento físico excepcional conseguido

por exercícios regulares como natação, corridas, participação em todas asmarchas da unidade, acompanhando seu condutor, bem como seleção pelasprovas de habilitação.

A SCG que não dispuser de Oficial Veterinário contata outra unidademilitar que possa apoiar ou estabelece convênio com uma clínicaveterinária. Cães de guerra sadios requerem poucos cuidados veterinários,especialmente se bem condicionados fisicamente, mantidos em condiçãocorporal ideal, nem magros nem gordos e com o calendário profilático daSeção de Remonta Veterinária em dia de vermifugações e de aplicação devacinas. Acidentes acontecem, como entorses de membros, lesões,ferimentos, ingestão inadvertida de narcóticos durante busca; problemasdentários e cães com problemas precisam de atendimento. Sempre háboa vontade em ajudar cães de trabalho, e a SCG, por menor que seja,

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providencia dados e contatos para apoio antes que a urgência de fatoaconteça. Clínicas particulares grandes e hospitais veterinários deuniversidades, usualmente, são acessíveis aos cães militares e prestamapoio quando são estabelecidas parcerias como demonstrações,oportunidade de estágios ou visitas técnicas do corpo discente à SCG.

Cães militares estão sujeitos aos mesmos riscos ocupacionais queseu condutor, como ferimentos por arma de fogo, objetos perfuro-cortantesou contundentes, agentes químicos, biológicos e nucleares. A prevençãode parasitos externos como pulgas, carrapatos e outros vetores comomoscas e mosquitos é realizada sempre, pois a proximidade do cão deguerra com a tropa pode permitir a transmissão de zoonoses.

Acidentes com animais peçonhentos podem acontecer, bem comoquedas, atropelamentos e acesso a substâncias químicas. Áreas deacidentes, desabamentos e explosões transformam elementos cotidianosem grave risco à integridade física do militar e seu cão, como lascas demadeira, pregos, vidro quebrado, químicos e solventes espalhados, pó deconstrução (fibra de cimento, de vidro, amianto).

Em missões em áreas desconhecidas para o conjunto, consultarveterinários e cinotécnicos como parte do planejamento, pois eles poderãoinformar quais os tipos de acidentes são comuns ou possíveis de acontecer.Uma matriz de risco de probabilidade versus gravidade é montada eprovidências para gerenciar os possíveis riscos são tomadas, entre elas,evacuação do cão ferido ou doente. Determinar níveis de evacuação parao cão, com telefones de contato, mapas para acesso, quem será informado.Simular evacuação de cão com acionamento do plano de resgate. Checarse apoio está também disponível fora dos horários comerciais e em finaisde semana, feriados normais ou feriados prolongados.

8.4 DENTESDentes de um cão são o seu principal instrumento de trabalho, é

obrigação do condutor verificar frequentemente as condições da boca edentes de seu cão, e comunicar imediatamente qualquer alteração ao OficialVeterinário. Fraturas de dentes não podem ser negligenciadas, causamdor e podem complicar com sérias infecções. Os dentes caninos estãomais sujeitos a traumas e fraturas que outros dentes. Acúmulo de tártaro,desgastes irregulares, gengivites também podem aparecer e serempercebidos no simples exame de rotina.

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Canino fraturado

8.5 INTERMAÇÃOA intermação acontece quando o cão não consegue baixar sua

temperatura durante ou logo após trabalho e ou em situações detemperatura ambiente elevada, tem gravidade variável mas no pior cenáriopode levar ao óbito.

O cão tem mais problemas com calor do que com o frio. Cães deesporte de tração de trenós têm sido acompanhados em competiçõesextenuantes como a corrida de Iditarod. Temperaturas contínuas de até45ºC negativos não afetaram negativamente cães aclimatados e bemcondicionados. Estes mesmos cães começaram a demonstrar alguns sinaisde desconforto durante a atividade de corrida em temperaturas superioresa 6ºC negativos.

Calor demais pode matar o cão, o condutor tem que ter muitocuidado em alojamentos provisórios insuficientemente ventilados e dentrode viaturas. Jamais deixar cão no sol forte, sozinho, sem proteção. O cãode guerra, diferentemente de seu condutor, não usa coturno, cautela como asfalto quente no verão, que causam queimaduras e desconforto naspatas. Cães que patrulham bastante acabam tolerando mais piso quente,mas há limites a serem respeitados pelo condutor.

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O Cão de guerra obeso, sem condicionamento físico adequado,submetido ao abuso de ser negligenciado vários dias ou semanas semexercícios adequados é um indivíduo de alto risco para ter intermação.Outros fatores de risco são idade avançada e temperatura e umidade altado ambiente. O uso de focinheiras em ambientes quentes e úmidos podedificultar os mecanismos fisiológicos para o cão baixar sua temperaturade ofego e de exposição da língua.

Aclimatação consiste em iniciar a intensidade e duração doexercício adequada ao cão em determinado momento e ir paulatinamenteaumentando o desafio, permitindo adaptações fisiológicas do cão.Aclimatação é considerada no planejamento de atividades físicas quandoo cão é desdobrado em missão em outra região, bem como nas mudançasde estação anuais, como início do verão.

No estágio inicial da intermação as mucosas e a língua estãovermelho brilhante. A saliva fica grossa e o cão, muitas vezes vomita.Considera-se risco de intermação temperatura retal acima de 41.1 ºC,embora trabalhos científicos tenham registrados temperaturas retais deaté 42.2 ºC em cães labradores em provas e exercícios extenuantes ecães da raça Greyhound em provas de corrida que não apresentaramnenhum problema. Trabalhos com sensores que podem ser ingeridos peloscães e emitem informação via rádio provaram que os cães aclimatadosconseguem manter sua temperatura interna estável em cerca de 39.0 ºC,mesmo com temperaturas retais mais altas de até 42.2ºC.

A temperatura alta por si só não significa intermação, mas adisposição do cão e demonstração de fadiga, especialmente quando nãoestiver sendo estimulado pelo trabalho. Excelentes cães de trabalho, comimpulsos de caça e luta altos, tendem a mascarar a fadiga e a hipertermia.Então, permitir intervalos de descanso, e o cão será observadoprincipalmente pelo ofego e tempo de recuperação de Frequência cardíaca,Frequência respiratória e temperatura em descanso. Todas as medidasfisiológicas citadas caem rapidamente no cão aclimatado, condicionado esaudável.

A temperatura retal média do cão em repouso é 38,9 ºC com umavariação fisiológica de mais ou menos 0,5 ºC (de 38,4 ºC até 39,4ºC).Cães com intermação tem sua temperatura retal entre 40,0 °C a 43,3 °C. Ocão se torna progressivamente instável e pode ter diarreia sanguinolenta.Conforme o choque se instala, os lábios e mucosas assumem tonscinzentos. A deterioração do quadro passa por colapso, convulsões, comae até a morte.

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Os primeiros socorros consistem em tentativas imediatas de baixara temperatura do cão, com água, ou álcool, ou até mesmo gelo e levarimediatamente para atendimento veterinário. Há complicações pulmonarese hemodinâmicas importantes que levarão a óbito o cão sem atendimentoadequado.

8.6 DILATAÇÃO GÁSTRICA-VÓLVULOA dilatação Gástrico-vôlvulo (DGV) é uma emergência com risco de

morte que ocorre em cães suscetíveis quando o estômago se distendecom ar e enquanto dilatado gira sobre si mesmo. Isto interfere com ofornecimento de sangue para o estômago e outros órgãos digestivos ebloqueia a passagem de alimentos, agravando a dilatação. O estômagodistendido impede o retorno normal do sangue para o coração, reduzindodrasticamente o débito cardíaco e a pressão sanguínea. Tecidos privadosde oxigênio/sangue começam a morrer, liberando toxinas na correntesanguínea que, entre outros efeitos adversos, causam graves perturbaçõesno ritmo cardíaco (arritmias cardíacas).

Uma simples dilatação gástrica não resulta em volvulus (torção)em um estômago de normal. Cães mais suscetíveis são os de grandeporte e de peito profundo, raças, em quem o estômago parece ser maismóvel dentro do abdômen. Outros fatores que aumentam o risco de DGVincluem comer demais, comer rápido, alimentação diária única, altoconsumo de água, estresse e exercício depois de comer.

Cães militares tem alta incidência de dilatação gástrica seguida devólvulo, situação grave somente corrigida por cirurgia com sério risco demorte do animal. Há maior incidência em determinadas linhagens,sugerindo relação genética além de causas de manejo.

Aumento considerável do volume abdominal, dispneia, tentativas devômito, usualmente infrutíferas e demonstração evidente de desconforto.

Fatores predisponentes: cães pesados , quanto mais pesados, maispróximos de 50 kg maior a incidência, histórico familiar, rações volumosascom alta concentração de cereais ou seja, aquelas rações mais baratas desegunda linha, cães que comem muito rápido, que são alimentados apenasuma vez por dia, na faixa etária entre 7 e 12 anos.

Prevenção: dividir as refeições dos cães pelo menos duas vezespor dia, uso de rações mais concentradas, alimentando os cães com menorvolume de ração, ofertar água ad libitum, não permitir que os cães fiquemcom sede e tomem muita água de uma vez só, principalmente próximo àsrefeições, não exercitar ou trabalhar os cães nas horas seguintes as

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refeições. Se um cão ficar muito tempo sem se alimentar ou beber, oferecerágua aos poucos até saciar a sede do cão e somente depois de algumashoras oferecer comida em pequenos volumes, diminuindo o risco do cãodilatar o estômago.

8.7 DOENÇAS GENÉTICASAlgumas doenças são herdadas geneticamente, O oficial Veterinário

comunica a Seção de Remonta Veterinária, para que os cães responsáveissejam identificados e retirados da reprodução, e elas incluem mas não selimitam as seguintes doenças: Dermatite acral por lambedura, Catarata,distrofia corneal, hiploplasia do nervo óptico, Pannus, atrofia retinalprogressiva, displasia retinal, Dilatação gástrica e vólvulo, megaesôfago,Seborreia crônica, demodicose, dermatite atópica, displasia coxofemoral,displasia de cotovelo, miosite mastigatória, Estenose vertebral lombo sacraldegenerativa, hemivértebra, panosteíte.

8.8 SÍNDROME DE CANILA síndrome de canil abrange uma série de problemas

comportamentais de cães negligenciados em canil, com pouca ou nenhumasocialização, principalmente nos períodos críticos de socialização do filhote,em ambiente pobre sem estímulos e com pouca atividade física. Cãescriados assim podem desenvolver uma ou mais das seguintes alteraçõesem graus variáveis: agressividade idiopática, dermatite por lambedura,perseguir a própria cauda, fobia de sons altos, como fogos de artifício,tiros ou relâmpagos, habilidades sociais nulas ou deficientes ou seja, cãesextremamente agressivos ou tímidos com outros cães. Com certeza há umcomponente genético, e há ligação entre os problemas, cães com fobias asons altos usualmente apresentam outro tipo de alteração comportamental.A síndrome de canil por simples falta de experiência às vezes pode sersuperada com adestramento, outras vezes não. Alguns cães que tem receiode pisos escorregadios podem superar isto com experiências positivas,estimulados por seu condutor e com facilitação social de outros cães jáhabituados.

A SCG seleciona os cães desde filhotes, retirando do canil cães quenão demonstrem autoconfiança a ambientes, pessoas e situações novase que tenham medo de barulhos fortes. Proporcionar socialização dosfilhotes e cães com toda sorte de experiências, caminhadas eadestramentos em áreas públicas, com crianças, outros cães, outrosanimais.

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Outra situação é a negligência por parte do Canil, que deixa detrabalhar algum cão por determinado período. Para um ser humano, otrabalho pode ser estressante, e ele se recupera nas horas de folga. Paraum cão com genética para trabalho, farejar, morder e conviver com seucondutor não representa trabalho, estressante para um cão é ficar ociosoem seu canil. O isolamento pode criar estresse em um cão e ele demonstrapor mudanças em apetite, perda de peso, diarreia, coprofagia, ferimentosnas patas, vocalização excessiva, destruição de pratos ou equipamentosdentro do canil, mudanças de comportamento, um cão tranquilo pode setornar bastante agitado, a situação recíproca também pode acontecer,agressão idiopática, comportamento de fuga por estímulos semimportância. Um cão outrora calmo para determinadas situações usuaiscom ser escovado ou lavado pode se tornar agressivo, demonstrar medo,lamber o focinho em submissão, levantar uma das patas dianteiras, evitaro contato visual, se esconder. Comportamentos estereotipados podemaparecer como girar no mesmo local, ir de uma extremidade a outra docanil, ou circular no canil. O comportamento pode ter tido uma funçãoinicial, mas sua repetição exagerada é comportamento patológico e échamado de comportamento estereotipado.

Cães vivendo em situações não estressantes, com atividade físicae mental compatíveis com suas necessidades, lidam melhor com situaçõesdesafiadoras. Qualquer sinal de comportamento estereotipado ou repetitivoreceberá a devida importância para melhorar a condição de vida do cão,criando mais oportunidades de trabalho, exercícios e interação social comoutros cães e humanos.

Os americanos e alemães mantém seus cães de policia na residênciade seus condutores. O Exército sueco cria seus proprios cães, a aodesmame são entregues à civis, que permanecem com os cães até os 18meses, quando são testados e se aprovados retornam ao definitivamenteao Exército, a semelhança do Programa de guia de Cegos “Guide for deBlind” americano. O desafios da socialização em períodos críticos, o iníciode treinamento precoce serão solucionados pela SCG, o que não podeacontecer é um cão de guerra ter seu desenvolvimento atrofiado em umambiente restrito de odores, formas, superfícies, outros humanos e animaisde um canil militar.

Algumas alternativas são: criar ambientes enriquecidos dentro docanil com toda sorte de piso,areia, asfalto, grama, lâmina de água, pisosem declive escorregadios, garrafas PET, picina de bolinhas, pilhas demaravalha ou papel, obstáculos com áreas escuras, luzes de boate, sirenes,

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luzes de alerta de estacionamento, solicitar empréstimo de animaisengaiolados como galinhas,patos, coelhos para eventualmenteparticiparem em sessões de treinamento. Não permitir que cães ladremou tentem agredir estes outros animais que estão colaborando notreinamento, o bem estar de todos animais deve ser levado em conta.Visitar sítios próximos com outros animais como vacas, cavalos, cabras,ovelhas. Todo material que seria jogado no lixo pode eventualmente seraproveitado neste ambiente enriquecido. Outra situação é permitir que ocondutor leve seu cão em feriados e férias para sua casa se assim desejare se for possível, bem como a marcação em treinamento em locais cedidospela comunidade: postos de gasolina, depósitos, empresas, colégios, etc.

Explorar sempre a facilitação social, ou seja, ter um cão experienteque passará antes nos obstáculos ou nas superfícies novas, estimulandocaes novatos a se sentirem tranquilos com as novas descobertas.

8.9 BEM ESTAR DO CÃO DE GUERRAO cão de guerra é um ser vivo que está cumprindo sua missão lado

a lado com seu condutor humano. Sente dor, frio, fome, sede, e senteenorme prazer em contato social com outros cães e humanos. Diferentedo seu parceiro humano, que tem poder de decisão em continuar no serviçoativo, o cão não tem essa opção. Todo esforço é feito para proporcionarboas condições de vida, que incluem condições de higiene impecáveis,boa alimentação, oferta ininterrupta de água limpa e fresca. Nas horas dedescanso no canil a temperatura é sempre que possível mantida perto desua zona de conforto entre 10ºC e 26ºC ou é proporcionado abrigo adequadocontra frio ou calor excessivos. Proporcionar contato regular com outroscães e pessoas, criar uma rotina previsível ao cão de situações agradáveis,como caminhadas diárias, escovação, higiene e toalete frequentes, planejaradestramento de forma regular e consistente, não abandonar o cão porferiados, férias ou folgas de seu condutor, eventualmente seu condutorpode ter autorização para levar o cão para sua casa. O risco de se perderum animal que acompanha seu condutor por qualquer motivo, supera asituação de ter uma Seção de Cães de Guerra inteira com cães estressadose com uma série de problemas de comportamento.

Uma área grande de solário é providenciada para cada SCG,enriquecida com obstáculos, pisos diferenciados como grama, asfalto,lâmina de água, escadas, rampas. A soltura dos cães é feita com outroscães que realizem atividades agonistas como brincadeiras, corridas, ou

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qualquer interação positiva. Tempo e esforço são investidos pela equipepara selecionar duplas ou trios de cães que se deem bem.

Dentro do canil, o ambiente pode ser enriquecido na hora daalimentação. Comidas congeladas, canos de PVC fechados com furos, quequando os cães brincam e rolam permitem que petiscos caiam podemauxiliar a enriquecer o ambiente. Um brinquedo Kong de borracha podeser preenchido com ração de lata, colocada no freezer para o cão ficarlambendo e se distraindo. Estes brinquedos com comida são dados damão do condutor na boca se seu cão, com o comando de liberação. Não écorreto permitir o cão de guerra achar comida no ambiente e se alimentar,prejudica o condicionamento antienvenamento.

A temperatura de conforto para o cão pode ser melhorada no canilcom teto mais alto da área do abrigo com telhas de barro, orientação solaradequada, sombras por árvores, plataformas ou estrados para elevar aárea de dormir do chão frio e úmido, e no frio intenso proporcionar algumtipo de forro para a cama, como palha ou jornal picado. Mantasdescarregadas podem ser usadas nos estrados dos canis para os dias maisfrios, principalmente em transporte.

Brinquedos de couro para o cão mastigar no canil podem ajudar aaliviar o estresse como o benefício de prevenir o acúmulo de tártaro.

Pelo menos um mínimo de conforto é proporcionado ao cão duranteseu transporte. Ele não é alimentado por pelo menos duas horas antes deser embarcado em viatura ou aeronave com objetivo de evitar vômitos e édada oportunidade para sair da caixa de transporte para tomar água eurinar e defecar a cada quatro horas pelo menos. Um forro macio depapel picado melhora em muito o conforto para o cão em uma viagemmais longa.

8.10 DESMOBILIZAÇÃO DO CÃO DE GUERRA

8.10.1 MOTIVOS PARA DESMOBILIZAÇÃOO principal motivo para a desmobilização é a insuficiência de

desempenho em repetidas provas de habilitação, problemascomportamentais, adestrabilidade medíocre, fobias, doenças genéticasdegenerativas, lesões traumáticas que exigem longo tempo de recuperaçãoou senilidade.

Cães militares com um histórico de missões e bons serviçosprestados merecem justo descanso. A melhor situação é descarregar o

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cão por senilidade quando começar a demonstrar os primeiros sinais dedesconforto por artrite ou qualquer outro problema peculiar a idadeavançada. Excelentes cães têm grande vontade de trabalho e não é corretomantê-los trabalhando além do necessário.

8.10.2 DESTINOO oficial veterinário, ou na falta dele na unidade, o Chefe da SCG

seguirá o protocolo previsto pela Normas para Controle de Caninos naForça Terrestre para descarregar o cão. Um dos itens a serem preenchidosno termo de imprestabilidade é o destino a ser dado. No caso de descargapor senilidade, a primeira opção é oferecer como doação ao condutor quecompõem conjunto com o cão. Se ele não tiver interesse ou condições, ocão será oferecido para outros militares do canil, como adestrador, outroscondutores, tratadores ou figurantes. A prioridade é ordenada pelo maiorconvívio com o cão. Esgotados todos possíveis candidatos da SCG, o cãoserá ofertado a militares da unidade, e a prioridade será definida porantiguidade e por quem tiver as melhores condições para mantê-lo.

Com objetivo de máxima transparência, para dirimir qualquer dúvidade conflito de interesses, quando o cão for descarregado por qualqueroutro motivo que não senilidade, que dependeu de avaliação de membrosda SCG, destinos adequados serão instituições e/ou entidadesgovernamentais, organizações não governamentais de assistência ou deproteção à animais.

Evitar a doação para empresas e particulares não militares. Ocandidato para receber a doação terá checada sua capacidade financeirae outros meios e recursos como disponibilidade de tempo e espaço paramanter o cão em excelentes condições de saúde e bem estar. Isto criarádificuldades, estreitando em muito o universo de candidatos para adotarse o motivo para decarga tenha sido doença de longo tratamento, ou crônicaou degenerativa. Por questões humanitárias, para casos mais graves,principalmente de dor crônica não responsiva, talvez a única alternativaseja eutanásia.

8.10.3 AVALIAÇÃO DE TEMPERAMENTOAvaliar e registrar o temperamento, adestrabilidade e

adaptabilidade do cão, entre outras informações, o nível de agressividadee capacidade de socialização com pessoas estranhas, crianças e outrosanimais. As condições limitantes serão levantadas, determinadas as que

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são peculiares ao cão e as que são sanáveis. Estes serão manejados poradestramento, desensibilização e socialização. O candidato a receber ocão será escolhido caso tenha um perfil que possa enfrentar e superar oslimitantes não resolvidos pelo período de desmobilização.

A última etapa de desmobilização inclui sessões de convívio comos novos donos. Um termo de compromisso será assinado e arquivado naSCG, com o compromisso de cuidar do cão, respeitar os limites levantadosnas avaliações e atender as necessidades já identificadas e as queeventualmente aparecerão.

8.11 LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - LEGISLAÇÃOVIGENTEO bem estar e segurança contra abusos animais tem amparo legal

já de longa data. Recentemente, a opinião pública tem cobrado cada vezmais uma atuação mais forte das autoridades. A divulgação de imagensem mídias sociais ganha vulto rapidamente.

A Constituição Federal descreve no inciso VII que é dever do PoderPúblico “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticasque coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção deespécies ou submetam os animais a crueldade”

A Lei de Crimes Ambientais, também oferece proteção a todos osanimais - Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, em seu art. 32.Determina: Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais .

O Decreto 24.645 de 10 de Junho de 1934, embora antigo, é aindavigente e é a base legal que habilita o ministério público para atuar emnome da proteção animal, e regulamenta que todos os animais existentesno país são tutelados pelo Estado. Os animais são assistidos em juízopelos representantes do Ministério Público, seus substitutos legais e pelosmembros das sociedades protetoras de animais. Tipifica os maus tratoscontra animais como praticar ato de abuso ou crueldade, manter animaisem lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimentoou o descanso, ou os privem de ar ou luz; obrigar animais a trabalhosexcessivos ou superiores às suas forças e a todo o ato que resulte emsofrimento para deles obter esforços que razoavelmente não se lhespossam exigir senão como castigo; abandonar animal doente, ferido,extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo o quehumanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária.

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ANEXO A -Exemplo de ordem de instrução para realização das provas.

PROVA DE HABILITAÇÃO DE DUPLAS DA SEÇÃO DE CÃES DEGUERRA 2º SEMESTRE DE 2011

1. FINALIDADERegular a Aplicação da Prova de Habilitação de duplas de militares

condutores e seus respectivos Cães de Guerra referente ao 2º Semestrede 2011.

2. REFERÊNCIAS

a. PORTARIA Nº 003-COTer, de 20 de Julho de 2009.Aprova o Cadernode Instrução CI 42-30/1 -Emprego do Cão de Guerra; Boletim do ExércitoNº 34/2009,Brasília - DF, 28 de agosto de 2009.

b. Ordem de Serviço 009 S3-BCSv de 25 de novembro de 2008,Emprego da Seção de Guerra da EsSA.

3. OBJETIVOSA prova de habilitação semestral tem como objetivos verificar:

1) as condições de pronto emprego das duplas de condutores ecães,

2) o aproveitamento das instruções do Programa de aplicação eConservação dos Padrões (PACP) do soldado engajado.

3) o aproveitamento das instruções na Fase de Instrução Individualde Qualificação do recruta.

4) Garantir a segurança de militares da SCG, de todo efetivo daEsSA e de público externo que participa das demonstrações. Apenas asduplas habilitadas podem participar de demonstrações, missões, patrulhas,formaturas e desfiles. Um cão de guerra somente é conduzido por ummilitar que comprovou capacidade de controle sobre ele em uma prova dehabilitação recente (semestral).

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4. EXECUÇÃO

4.1 Calendário de atividades

GDH

01 0800 NOV 11Até 1000 h

03 0800 NOV 11Até as 1000 h

05 0800 NOV 11Até as 1000 h

10 0800 NOV 11

12 0800 NOV 11

27 0800 NOV 11

15 0800 DEZ 11

18 DEZ

EVENTO

Instrução sobrea prova dehabilitação,simulação daprova

PROVA DEHABILITAÇÃO

Data alternativapara militaresfaltosos

2ª Prova deHabilitação paracojuntos que nãoatingiram oSuficiente

3ª Prova deHabilitação paraconjuntos quenão atingiram oSuficiente

Data limite parapublicação em BIdos resultadosdas provas

RSP

Pelo menosum militarda comissãode Aplicação

Comissão deAplicação

S3 BCSv

PARTICIPANTES

Todas as duplas

Apenas militaresfaltosos

Apenas duplas que nãoatingiram o mínimo de70 pontos ou cometeramfaltas desqualificantesna 1ª prova

Apenas duplas que nãoatingiram o mínimo de70 pontos ou cometeramfaltas desqualificantesna 2ª prova

LOCAL

Campodefutebol

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5. ORDENS AOS ELEMENTOS SUBORDINADOS

5.1. Cia de Polícia do Exército

1) Escalar militar Adestrador responsável pela SCG; e militares paracompor as duplas com os cães e publicar em aditamento do BCSvao Boletim Interno da EsSA; é escalado apenas um condutor porcão. Um condutor pode compor outras duplas com cães diferentes.

2) Montar a infraestrutura para a realização dos treinamentos epara a aplicação das Provas de Habilitação nas datas previstas;

3) Programar no QTS de atividades da Cia PE, períodos paratreinamento das Duplas especificamente para participar da Provade Habilitação, sob supervisão do Sargento Adestrador; enviar cópiapara Ch Seç Vet;

4) Publicar no aditamento BCSv ao Boletim Interno da EsSA, até 23de novembro de 2011, o resultado da Prova de Habilitação de todosos condutores previstos para realizar a prova;

5) Enviar até 23 de novembro de 2011, para S3 do BCSv a relaçãodos militares que não realizaram a Prova de Habilitação;

6) Registrar nas alterações dos militares, o resultado da Prova deHabilitação.

5.2. Oficial Veterinário

1) Informar a Cia PE a relação de cães eventualmente baixados,que não possam realizar treinamentos e Provas de Habilitação;

2) Apoiar o Sargento Adestrador da PE nas instruções teóricas epráticas e treinamentos das duplas.

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

5.3. Comissão de Aplicação

1) Constituição:a) um Oficial ou Sgt da Cia PE;b) um oficial ou Sgt do BCSv designado pelo S3;c) um Oficial Vet.

xxxx – Cap InfS3 BCSv

xxxx- Ten Cel CavCmt BCSV

5. Anexos

5.1 Descrição das provas de habilitação

ANEXO B -

Exemplo de publicação em Boletim interno de prova dehabilitação

PROVA DE HABILITAÇÃO DE DUPLAS DE CONDUTORES -SEÇÃO CÃES DE GUERRA - Realização

Realizou-se no dia 14 de março de 2010, a prova de Habilitaçãosemestral de conjuntos de condutores e respectivos cães de guerra. Estaprova teve como objetivo o cumprimento de uma determinação da Portarianº 003 COTer de 20 julho de 2009, BE 34/2009, CI 42-30/1 - Emprego deCão de Guerra e Ordem de Serviço n° xxx - S3/BCSv, de 25 NOV 08, avaliandoo desempenho bem como verificando o estado geral e sanitário dos cãesda EsSA. Os militares avaliadores foram 1° Ten QCO VET xxxxxx, Ch SeçVet; o - 2º Ten OCT xxxx, Cia PE e 3º SGT Inf xxx da Cia PE.

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Militar

Cb Olavo

Sd Enio

Sd Ary

Sd Nei

Cão

Dexter

Alex

Feroz

Pingo

Prova

CG

CG

CG

Cão dedetecçãodeNarcóticos

Situação

HABILITADO

HABILITADO

NÃOHABILITADO

HABILITADO

Pontuação

73

85

50

100

Penalizações

Cão nãolatiu antesde morder,comandosextras,auxílio parao cão soltar

Comandosextras, cãomolestoufigurante

Nacondução ocão seafastoumais de umcorpo de umcão docondutor;comandosextras docondutor.Cãonão estáadaptado aouso defocinheira

Nenhuma

Observações

Próxima provaaveriguaçãoem 14setembro

Próxima provaaveriguaçãoem 14setembro

Próxima provaem29 MAR 10

Próxima provaaveriguaçãoem 14 SET 10

(Nota nº 008-Sec Cães de Guerra, de 15 MAR 10)

demais interessados tomem as providências decorrentes.

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

GLOSSÁRIO

ALFA

AD: título de trabalho de resistência. O cão trota ao lado da bicicleta do condutor por12 milhas (+/- 18 km). No término, realiza alguns exercícios simples de obediência.

AFIADO: baixo limiar para morder; tem tendência a reagir exageradamente frente aestímulos.

AGITAÇÃO CIVIL: quando o figurante não usa nenhum equipamento contra mordidas, ocão está de focinheira ou ele está inacessível para o cão (lugar alto ou gaiola).

AGITAÇÃO: adestramento que aguça e molda o impulso por caça e luta.

AGITADOR, FIGURANTE: é o adestrador, utilizando movimentos para aguçar e moldar oimpulso por caça e luta durante o adestramento.

AGRESSIVIDADE/PROTEÇÃO CIVIL: maturidade da agressividade do cão, ele vai atacarsob comando, independente do uso de equipamento de proteção pelo figurante. Objetivofinal do cão de guerra: atacar sob comando ou para proteger o condutor.

AGRESSIVIDADE IDIOPÁTICA: O cão agride sem causa aparente, um estímulo que outrasvezes não despertou agressividade, em determinado episódio desperta um ataque rápidoe violento. Da mesma maneira abrupta e sem motivo que começou, cessa. Provavelmenteassociado a algum componente genético ou de má formação.

ALVO: adestrado com condicionamento operante, o cão é induzido a colocar as patasdianteiras em cima de uma bacia ou caixa viradas. Ao colocar os membros anteriores,ouve o marcador e recebe o prêmio. Depois que o cão entendeu, o alvo pode diminuir dealtura até ficar rente ao solo. Esse alvo, paulatinamente, é colocado mais afastado docondutor e o cão aprende a se aproximar do objeto. Outra função é condicioná-lo agirar os posteriores para realizar meia volta.

ANTECIPAÇÃO OU OFERECER O COMPORTAMENTO: importante fase de aprendizadoquando o cão realiza o exercício antes do comando ou indução. Durante uma situaçãoreal ou prova, quando realizada antes do comando, considera-se como falta.

ANTROPOMORFISMO: erro grave no adestramento e no estudo do comportamento docão – etologia - atribuir valores e aspectos humanos para o cão. Covardia, ciúmes,

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

simpatia e vingança são aspectos humanos. Algumas definições valem para cães ehumanos, disposição para trabalho, espírito de luta, resistência. Não usar conceitosque gerem controvérsias como inteligência do cão, pois há especialistas que discordamque haja inteligência nos cães, outros defendem com fervor contrário. O que é fato éque alguns cães aprendem exercícios mais rápidos e guardam por mais tempo. VerAdestrabilidade e capacidade de retenção.

ARTIGO/OBJETO: material manuseado pelo marcador de pista da prova de faro deSchutzhund (CT) e abandonado na pista de rastreio para o cão detectar. É neutro em core, aproximadamente, do tamanho da mão.

ASSOCIAÇÃO DE LUGAR: cão associa determinado lugar a determinado comportamento.Muito útil no início do adestramento, mas depois associa ao comando do condutor,em qualquer lugar e situação. O cão só demonstra agressividade no campo deadestramento.

ASSOCIAÇÃO INCORRETA OU INDESEJADA. O cão associa estímulo errado a determinadocomportamento. Ele somente deita se o condutor se abaixar para dar o comando, o cãosomente morde o figurante com luva de proteção, jamais tenta morder na figuraçãocivil.

ATESTADO DE MORTE DE CANINO (AMC) Documento que substitui o AOC quando nãohouver Oficial Veterináriona OM ou na Guarnição, elaborado por uma comissãocomposta pelo Fiscal Administrativo (Fisc Adm) e dois outros militares, nomeada emBI pelo Cmt/Chefe da/Dirt OM, para cada óbito. Ocorrendo o óbito do animal emviagem, será elaborado pelo responsável pelo transporte e por uma testemunha.

ATESTADO DE ÓBITO DE CANINO (AOC) Documento elaborado por Of Vet, para cadaóbito, necessário ao processo de descarga do animal, por óbito, com o enquadramentoda “causa mortis” obedecendo as Normas Relativas ao Emprego da NomenclaturaNosológica dos Equinos e Caninos do Exército

BRAVO

BASTÃO: usado na competição de CT para ameaçar o cão como prova de coragem. Notrabalho do cão de polícia, o condutor usa o bastão macio contra o figurante como sefosse o cassetete ou tonfa, auxiliando o cão. No Ring se usa um bambu cortado comvários cortes longitudinais; quando sacudido, faz um barulho forte. No KNPV é umchicote longo, com cerca de 1,5 m.

BELGIUM RING: País de origem, Bélgica, raça que mais se destaca é Pastor Belga deMalinois. O objetivo da prova é desafiar o cão com cenários, objetos e movimentosdiversos e inesperados. Até mesmo o exercício de busca o objeto é definido pelo juiz, sónão pode ser metal. Privilegia agilidade, rapidez e independência do cão. Quandopossível, há exercício dentro ou passando por água. A qualidade da mordida nem olocal são cobrados.(ver Ring)

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

BIOMBO: objeto ou estrutura onde o figurante se esconde durante a prova de proteçãodo Schutzhund/CT, o cão vê o figurante diferente do adestramento/trabalho de Cão dePolícia do Exército, onde o figurante não é visto pelo cão, este o encontra pelo faro.

BOLADA, GRANDE PRÊMIO: extras por desempenho excelente. Incrementar a qualidadeou quantidade do indutor primário quando o cão demonstra uma dose extra deentusiasmo, de energia para realizar o exercício corretamente. Com adestramento comcomida, dar outra comida mais apetitosa ou em maior quantidade. Com mordente,exagerar no cabo de guerra, rolar no chão com o cão. Usualmente, o exercício acaba aí,para marcar o padrão de excelência que o condutor quer.

BONÉ: gorro com forma de empada parafusado na aba como suporte para bolinha.Quando o condutor desejar, vira a cabeça e libera a bolinha para o cão.

BONS NERVOS/ESTÁVEL: a excitação do cão é perfeitamente manejável pelo condutor,agita e se acalma com indução de seu condutor ou da situação. Insensível a tiro e aodesconforto habitual da rotina de trabalho.

BREVÊ: Título que atesta a capacidade de um indivíduo fazer algo, do francês brevet:certificado, diploma. Na caserna de forma coloquial, é usado indistintamente para aprópria habil itação/certificação quanto para as insígnias e distintivoscorrespondentes. Neste manual é usado como sinônimo de habilitação do cão.

CHARLIE

CADEIA DE COMPORTAMENTO: exercício composto por uma série de comportamentosinterligados, que são realizados em sequência. A cadeia pode ser realizada por umestímulo inicial único ou por múltiplos estímulos dados pelo condutor. Quando o cãorealiza uma cadeia de comportamento realizado a partir de um único estímulo docondutor, é por que recebe estímulos na própria execução ou tem a expectativa dereceber o estímulo a qualquer momento. Revier: cão percorre em sequência váriosbiombos na expectativa de achar o figurante; ao achá-lo, senta em frente ao figurantee começa a latir agressivamente.

CAMPO DE ADESTRAMENTO: é sempre o mesmo lugar onde novos exercícios sãoadestrados. É território sagrado em que o cão não pode defecar, urinar ou ficar sematenção de seu condutor. Ele utiliza a associação de lugar e, quando o chega ao campode adestramento, já sabe o que se espera dele. O campo de adestramento de obediênciae proteção pode ser o mesmo, já haverá um campo de adestramento específico parafaro de rastreio.

CANIL MILITAR É a edificação constituída pelos boxes e demais dependênciascomplementares necessárias ao desenvolvimento das atividades diárias do cão deguerra e/ou de guerra

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

CÃO DE GUERRA Animal dotado de características zootécnicas adequadas ao uso militar,possuidor de condições de saúde, resistência, força, capacidade de adestramento evivacidade

CÃO-DE-GUERRA (CG) Cão de guerra adestrado (obediência, faro e proteção) para oemprego na paz ou na guerra,com fins militares

CAPACIDADE DE RETENÇÃO: capacidade variável do cão em reter exercícios e ser capazde executá-los, mesmo após tempo considerável sem adestramento.

CERTIFICADO DE EXAME E AVALIAÇÃO DE CANINO (CEAC) Documento elaborado por OfVet, visando atestar as condições para o cão de guerra.

CERTIFICADO DE REGISTRO OU PEDIGREE É o documento identificador do cão, indicandoas características básicas do animal,padronizadas de acordo com a raça, variedade epelagem (tipo e cor) mostrando os ascendentes, obrigatoriamente, até à terceira geração

CLICADOR: aparelho com lingueta de metal; quando acionado, faz barulho; usadocomo marcador no adestramento.

CLIPS DE CRACHÁ: suporte de metal que segura crachá; usado para segurar salsicha oubolinha com corda, saindo facilmente quando puxado pelo condutor.

COLETE PARA ADESTRAMENTO: colete com vários bolsos, permitindo levar petiscos,mordentes, de forma que sejam facilmente retirados para premiar o cão. Alguns podemvir com bolso com velcro ou ímã, para sacar rápido o mordente.

COMANDO: estímulo específico para o cão realizar um comportamento associado porcondicionamento. Pode ser por gesto ou som realizado pelo condutor. Ao ouvir “platz”,o cão deita. “platz” é o comando.

COMPULSION: muitas vezes traduzido erroneamente como compulsão. Adestramentopor coação, coerção ou força, até o cão realizar o exercício; o cão não tem chance detomar decisões erradas, é forçado a fazer o correto. Adestradores ultrapassados usam,basicamente, o adestramento forçado. Adestradores evoluídos usam o desconfortoapenas na fase de correção.

CONDICIONAMENTO CLÁSSICO, PAVLOV: condicionar resposta reflexa a estímuloanteriormente neutro. Tocar a sineta e dar comida; quando tocar a sineta, o cão baba.

CONDICIONAMENTO OPERANTE : condicionar decisão que gera prêmio. Ocomportamento do cão pode não gerar conseqüência. ou pode gerar consequênciadesagradável, ou consequência boa, prêmio. Comportamentos que geram prêmiostendem a se repetir, comportamentos que não geram qualquer recompensa ou geramcorreção tendem a se extinguir.

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

CONDICIONAMENTO: Estabelecer que determinado comportamento seja controladopor um estímulo específico (comando).

CONFLITO: ansiedade no cão gerada pelo adestramento, em que o cão é cobrado afazer algo que, para ele, não tem sentido algum: masca a manga de proteção,comportamento de evitação social, elevação de um dos membros anteriores, orelhasmurchas, rabo entre as pernas, vira a cara e lambe os lábios. Ocorre quando se usacoerção/correção, desconforto incompatível com aquele cão para aquele exercício.

CONJUNTO: constiuído pelo condutor e seu cão de guerra. A habilitação semestral oregistro das horas de adestramento e trabalho em livro acreditam determinado cãopara trabalhar com seu condutor. Somente conjuntos habilitados estã aptos paracumprir missões e entrar na escala de serviço, após publicadas em BI ou aditamentoao BI. As provas de habilitação valem para um conjunto específico. Caso hajasubstituição de militar ou cão, novo conjunto é formado, recebe instrução e tem seissemanas de adestramento com, no mínimo, 80 horas registrado em livro na SCG.

CORREÇÃO: desconforto dado após comportamento inadequado do cão, puxão naguia. A primeira impressão da correção é feito com o enforcador de elos grandes,mosquetão da guia no elo morto e, tão logo o cão receba sua primeira correção, muitoleve, é premiado com petisco, brincadeira de cabo de guerra ou de buscar. Isto é feitoaté que o cão fique condicionado a receber o puxão na guia e ficar excitado, olhandopara o condutor e esperando o prêmio. Um bom exercício para introduzir a correção éo alto, onde o condutor para, corrige o cão para parar e, imediatamente, premia o cão.Outra sutil correção é empurrar o cão com a perna para tirá-lo do caminho, nasmudanças de direção; é feito da mesma maneira: empurrar o cão e, imediatamente, daro prêmio. Na prova ou na situação real quando acontecer por necessidade ou acidente,o cão vai corrigir sua posição sem ressentimento algum do condutor e continuarárealizando o exercício.

CRITÉRIO: padrão de comportamento que o cão vai acionar o indutor secundário e ocão receberá o indutor primário – petisco, cabo de guerra e de buscar, etc. Serámodificado a critério do condutor, exercício mais rápido, mais energia, mais tempo nocomportamento desejado.

DELTA

DECLARAÇÃO DE DOAÇÃO DE CANINO (DDC): Documento emitido pelo proprietário doanimal, onde ficam caracterizados a transferência de propriedade do animal e aincondicionalidade do ato.

DESBOTAR, DESAPARECER: o processo de paulatinamente retirar a indução do exercício,premiando o comportamento final. Primeiro fuss, mostra o mordente na altura doombro esquerdo, depois mostra escondendo na axila, e depois por condicionamento.A partir daí, o cão conhece o exercício e sabe que receberá o prêmio, independente de

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

onde o mordente esteja. Alguns condutores/adestradores jamais saem da fase inicialde estímulo, não conseguem condicionar um indutor secundário ou comando.

DISPOSIÇÃO: habilidade de cão realizar atividades do CT.

DISPLASIA COXO-FEMORAL, HIP DYSPLASIA: desenvolvimento anormal da articulaçãocoxo-femoral de origem genética manifestada clinicamente por frouxidão na articulaçãoe subsequente doença articular degenerativa. A claudicação pode ser leve, moderadaou grave e se acentua após exercício. Avaliações radiográficas são feitas em todos oscães de trabalho e animais afetados são retirados da reprodução e do trabalho.

DISPLASIA DE COTOVELO, ELBOW DYSPLASIA: defeitos de desenvolvimento do cotovelode origem genética causando claudicação e posterior artrite do cotovelo. Avaliaçõesradiográficas são feitas em todos os cães de trabalho e animais afetados são retiradosda reprodução e do trabalho.

DRIVE: impulso, motivação

DUREZA: capacidade do cão de superar ou esquecer experiências desagradáveis durantea proteção e demonstrar máximo espírito de luta.

ECO

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO DO FIGURANTE: saqueira, chuteira.

ESPÍRITO DE LUTA: é avaliado no cão a tenacidade em confrontar e subjugar oponentes;pode ser classificado como pronunciado, suficiente ou insuficiente; equivalente aobrigão de bar, altíssimo limiar para opção de fuga, procurando até por faro se for ocaso.

ESPÍRITO/ALMA/CORAÇÃO: entusiasmo em trabalhar junto com o condutor.

ESTAMINA/RESISTÊNCIA: resistência à fadiga; realizar trabalho, mesmo fatigado.

ETOLOGIA: ciência que estuda o comportamento natural dos animais - comportamentoreprodutivo, de caça, social, etc.

EXCITAR: estimular o cão com mordente, dificultando um pouco para aumentar o seuimpulso. Uma boa indicação é quando o cão dá mordidas no ar.

EXTINÇÃO: um comportamento que não gere consequência positiva tende a não serrepetido e com o tempo se extinguir.

EXTRAPOLAÇÃO/GENERALIZAÇAO: fase final de adestramento, quando o cãoreconhecerá o comando verbal, independente de qualquer tipo de distração: ambientesdiversos do campo de adestramento, roupa diferente do condutor, movimentação

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

diferente do condutor (movendo braços ou pernas de maneira incomum), barulhos,odores, outros cães.

FOXTROT

FACILITAÇÃO SOCIAL: os animais sociais observam pela linguagem corporal ouvocalização de seus companheiros de manada, matilha ou até mesmo animais deoutras espécies, sinais de estresse ou tranquilidade. Nas pradarias africanas, umapresa que se põem a correr, agita todos animais que servem de presas a sua volta. Umanimal que tome a iniciativa de escolher um trecho do rio ou lago para saciar a sedeestimula que outros animais também escolham aquele ponto. A facilitação socialpode ser muito bem usada nos adestramentos diários da SCG, cães mais experientesrealizam os exercícios antes dos novatos, e seu nível de energia influenciará os novatos.Tranquilizarão se ficarem calmos, agitarão caso demonstrem excitamento.

FARO DE RASTREIO: quando o cão trabalha com o focinho no chão, detectando o odorda pegada humana, das micropartículas que se desprendem do corpo, do hálito ourespiração e roupas e chegam ao solo, do próprio solo alterado, bactérias ou gramapisoteada em decomposição.

FARO DE VENTEIO: quando o cão trabalha com o focinho elevado, captando odor humanotrazido pelo vento. O cão pode perceber um intruso sem necessariamente ter percorridoa trilha que ele deixou.

FICHA CANINA (FICAN) Documento necessário ao acompanhamento e ao controleindividual dos caninos, sendo preenchido sob a responsabilidade da CCA, ou da CREC,contendo todas as alterações ocorridas com o animal, tais como: retificação de resenha,premiação em exposições ou em competições de adestramento, publicações em BI eAdit e outros dados que se fizerem necessários

FLUÊNCIA: habilidade aprendida que é a base para uma habilidade ou comportamentomais complexo.

FRUSTRAR O CÃO: exagerar na excitação, prolongar demais e o impulso acaba caindo.Permite a mordida quando o impulso estiver aumentando, não no clímax ou pior depoisdele, quando o impulso começa a cair novamente.

FUSTA, CHICOTE DE ESTALO: usado pelo figurante em adestramento para irritar o cão,fazê-lo latir, ou colocá-lo em impulso por luta. Quando o chicote for usado corretamentefaz um barulho forte. O cão não pode ter receio do chicote, bastão ou fusta.

GOLF

GESTO DE EVITAÇÃO SOCIAL, COMPORTAMENTO DE EVITAÇÃO SOCIAL: comportamentoem que o cão se expressa por linguagem corporal; não quer confronto ou sequer contatosocial: vira a cara, vira o eixo do corpo, recua, se afasta ou foge.

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

GESTOS DE AMEAÇA: são gestos e posturas que o figurante realiza diante do cão parainduzir que o cão responda com defesa; o figurante pode ficar imóvel por algunssegundos, se aproximar em linha reta direto para o cão, se colocando de frente, silhuetaalta, ombros eretos, encarando o cão. Ameaça o cão com as mãos como se fossemgarras, fazendo gestos de ameaça como socos no ar.

GESTOS DE CAÇA: são gestos e posturas que o figurante realiza diante do cão parainduzir que ele responda com impulso por caça; o figurante realiza movimentos rápidose erráticos, em forma de arco, em zigue-zague, se posiciona de lado para o cão, diminuisua silhueta se curvando, braços juntos ao corpo, ombros encolhidos; desvia o olhare jamais encara.

GUIA LONGA: guia de corda ou lona de, pelo menos 5 m, usualmente 10 metros decomprimento, sem alça para pulso; equipamento utilizado em todas as etapas deadestramento do cão, na obediência e na agitação, em que um auxiliar corrige e preparao cão para obedecer sem guia. Também é usado na prova de faro do CT. Todo exercícioé adestrado com guia fina de 2 metros, depois com guia longa em que o auxiliar corrigeo cão, depois guia curta (30 cm).

HOTEL

HALTER: objeto de madeira que o cão busca e entrega ao condutor; objeto usado noexercício de busca de objeto lançado pelo condutor nas provas de Cão de Trabalho.Conforme o nível, CT I, CT II ou CT III aumenta de peso e tamanho.

INDIA

IMPRINT/IMPRESSÃO: É a primeira impressão de uma situação ou estímulo novo. Quandoé apresentado algo novo ao cão, abre um novo arquivo no cérebro. É fundamental queno primeiro contato com algo novo, o condutor se preocupe com criar uma impressãopositiva.

IMPULSO POR BRINCADEIRA: capacidade de se recompensar em brincar com o condutor;é o cão que abandona o mordente que está na boca para brincar com o segundomordente que está na mão do condutor.

IMPULSO POR CAÇA: capacidade de se excitar e se autopremiar com atividades deagitação como perseguir objetos em movimento, especialmente fuga que se afasta docão, figurante ou mordente. Impulso fundamental para o CPE. Nesta especialidade, ocão não vocaliza, apenas tenta abocanhar a presa.

IMPULSO POR COMIDA: capacidade do cão se motivar fortemente com comida, capazde realizar exercícios difíceis apenas com prêmio por comida. É o cão que come alémda fome, glutão; realiza facilmente atividades em troca de comida.

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IMPULSO POR CONFORTO: será evidente no cão com outros impulsos desejáveisconsiderados baixos. Busca incessantemente o conforto, se fadiga rápido, se ressenteexageradamente de correção ou de eventuais erros no adestramento, mantém afastadodo condutor por algum tempo, depois que o condutor pisa inadvertidamente em seu pé.

IMPULSO POR DEFESA: quando o cão não tem opção de fuga. Quando ameaçado, sesubmete, gesto de evitação social, fugir ou lutar. Se for ameaçado o suficiente, semopção de fuga, até um rato se defende. Não é correto estimular defesa no cão de polícia.Se colocarmos um cão contra um muro, sem rota de fuga e fustigarmos até que morda,isso é defesa, método ultrapassado para cães fracos de nervos. O bom figurante fazgestos de ameaça intercalados com gestos de caça. O cão será estimulado paraprocurar o combate e não ser forçado a morder por não ter oportunidade ou rota defuga (usualmente, trabalho feito contra um muro ou outro obstáculo). Gestos de ameaçaintercalados com gestos de caça fazem do figurante um desafiante inseguro, e isso fazo cão ganhar autoconfiança. Gestos de ameaça persistentes em um cão despreparado,podem colocá-lo em submissão, gesto de evitação social ou até mesmo fuga.

IMPULSO POR FUGA: os veados têm baixo limiar para fuga, com qualquer barulho oucheiro estranho podem fugir. As onças têm alto limiar, se aproximam, investigam e sóentão tomam a decisão de lutar ou fugir.

IMPULSO POR LUTA: agressividade despertada pela proteção própria, de alguém dogrupo (condutor) ou do território. É despertada e incentivada no cão maduro, depoisde longo e correto trabalho com impulso por caça. O cão demonstra impulso por lutapor optar por manter a posição, mesmo tendo opção de fuga. Vocalização – latir,rosnar, gestos de ameaça – mostrar os dentes, corpo deslocado para frente, puxando aguia; se solto, atacará quem o ameaça ou procurará oponente por faro. Cão que seexcita com o combate: o bom cão de busca de instalação tem espírito de luta acentuado,procura combate com o oponente sem tê-lo visto, por experiências anteriores; confiana indicação do condutor que, depois de farejar/ouvir o oponente e achá-lo, serápremiado com o combate. A agressividade desejável no cão de guerra é um cão quedemonstra confiança o tempo todo, é agressivo, firma posição no terreno, buscacombate, não recua ou demonstra qualquer sinal de submissão ou gesto de evitaçãosocial.

IMPULSO SOCIAL: grande interesse em compartilhar da companhia e atividades comseu condutor. O cão sente-se recompensado com proximidade e contato de seu condutor.O cão demonstra ter impulso social alto quando se recupera rápido de uma correção,quando troca mordente inanimado do chão pelo mordente agitado na mão do condutor,quando demonstra segurança no cabo de guerra sentindo-se recompensado com adisputa com o condutor/figurante. O cão demonstra baixo impulso social quando seressente demais da correção, tornando difícil a execução de exercícios mais simples.Foca mais em comportamentos que evitem ou dificultem a correção do que acertos dosexercícios para agradar condutor

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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO

INSEGURO: cão com desempenho irregular; rosna, fica com pelos do dorso eriçados,recua e avança quando ameaça o figurante, busca encostar-se ao condutor quandopressionado. Quando não for desafiado o suficiente, pode mascarar insegurança.

INSTINTO: todo cão tem, alguns compartilhados com outros canídeos. É a resposta adeterminado estímulo ou situação que não depende de experiência prévia, mas quepode melhorar. No instinto de caça, por exemplo, todo o filhote persegue pequenascaças em movimento e são estimulados pelos mais velhos da matilha a fazer isso.Lobos mais velhos e experientes caçam melhor. O que chamamos de impulso é o grauque o cão exibe o instinto, que pode ser exagerado por seleção genética e por bomadestramento. O bom adestramento não cria impulso, apenas o desperta no cão.

INTERMAÇÃO, TERMO-HELIOSE, HEATSTROKE elevação da temperatura acima dos limitesfisiológicos devido a produção de calor do próprio corpo, exposição a temperaturaambiente elevada ou incapacidade de perder calor. O individuo apresenta aumento detemperatura, dificuldade de respirar e um quadro que pode deteriorar começando porinquietação, poprostração, fraqueza até coma e morte.

JULIET

JAMBIER: Proteção para a perna do figurante. É facilmente retirada por velcro paraentregar para o cão.

KILO

KONG: é marca registrada de um mordente muito usado por competidores e condutoresde cães de polícia e de forças de segurança em todo o mundo: é de borracha, formacônica e oco, seus gomos fazem com que pique, aleatoriamente, quando jogado nochão; possui orifício para corda e permite esconder gaze/papel filtro com odor denarcótico/ explosivo/ munição dentro dele. Há tamanhos e consistências diferentes.Os mais macios, os vermelhos, são excelentes mordentes. Os mais firmes, os pretos,podem ser deixados no canil ou caixa de transporte com ração congelada dentro paraenriquecimento de ambiente.

KNPV: Associação Real Holandesa de Cão de Polícia.

LIMA

LATÊNCIA: tempo de resposta ou reação do estímulo e o exercício. O tempo de latênciaideal é zero. Demora na realização do exercício, é resistência passiva. O condutorsempre estimular o cão a realizar o exercício rapidamente.

LIMIAR: quantidade de estímulo para iniciar um comportamento. Baixo limiar deagressividade significa pouca quantidade de estímulo para iniciar o comportamentoagressivo.

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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE

MIKE

MACACÃO DE MORDIDA: macacão usado no Ring, macio; o cão pode morder em qualquerlugar, perna, braço, antebraço, coxas, etc. Por ser macio, os cães gostam de morder. Asmãos ficam expostas.

MANGA DE PROTEÇÃO: equipamento usado em provas civis de CT. Dura, tem formatoem V para o cão morder, é segura e confortável para o figurante, a mão e ombro ficambem protegidos; o cão é direcionado a morder no braço, onde tem o formado de “V”,mas pouco dura e muito evidente para o cão; este tem que acertar a mordida, podehaver risco de acidentes e lesões no cão, principalmente no figurante inexperiente.

MANGA OCULTA: manga discreta que pode ser escondida embaixo de jaqueta oucasacão, importante passo para o cão não focar no equipamento e mais no oponente.Muita cautela: mãos e todo o resto do corpo não têm proteção; o cão tem que serdirecionado para o braço correto que é o braço protegido, tanto pela atuação dofigurante como atuação do condutor.

MARCADOR DE BRINCADEIRA DE LUTA COM SEU CONDUTOR: “Ráaa” bem forte, e ocondutor convida seu cão a pular e brincar de luta, elogia o cão e simula uma luta,empurrando-o e se afastando, e novamente convidando-o para brincar. Alivia o estressedo cão, prepara-o para o figurante e cria forte vínculo com seu condutor. É um momentode descontração logo após o exercício excepcional.

MARCADOR DE LIBERAÇÃO: comando OK, sem emoção ou excitação; libera o cão parao liberdade no canil ou na área específica ou destinada a defecar e urinar. O condutorjamais deixa o cão sem atenção: ou o coloca na caixa, amarra em local seguro ou olibera. Não começa a conversar ou fazer outra atividade e permitir que o cão, por simesmo, desengaje do trabalho com o condutor.

MARCADOR DE MANUTENÇÃO DO EXERCÍCIO: uma orientação verbal para o cão,admitindo que o exercício que ele está fazendo está correto, mas ainda não gerará oprêmio, como a palavra “bom”, sem gritar ou ser muito efusivo; a ideia é comunicar ocão para manter o exercício. Alguns adestradores repetem o comando, como “bomsitz”, “bom platz”. Depois de dois ou três “bons”, o cão ouve o marcador positivo ereceberá o prêmio. A palavra “bom” passa a informação para cão da proximidade doprêmio, como na brincadeira de crianças, que escondem algo das outras e vão dandodicas, está quente, está frio. O “bom” seria o equivalente ao “está quente”.

MARCADOR NEGATIVO: marca o exercício incorreto. Palavra “não”, ou som guturalahã. Pronunciado sem raiva ou descontentamento; não é associado com nenhumacorreção ou força, apenas orienta o cão que aquele comportamento não gerará oprêmio. É usado para orientar o cão, usar a regra do três, fazer uma, fazer duas nãofazer a terceira, caso contrário, poderá condicionar no cão que fazer o errado, sercorrigido verbalmente e somente então realizar o certo, faz parte do exercício. O condutorterá paciência para permitir o cão errar e não ganhar o prêmio, o marcador negativo

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apenas é usado como facilitador. Usando a mesma alusão ao jogo de crianças, omarcador negativo seria o equivalente a falar “está frio”, sem emoção, raiva, apenasdando uma dica para o cão.

MARCADOR POSITIVO: Marcador preciso sobre qual comportamento gera o prêmio,alerta o cão que o comportamento específico que estava realizando quando ouvir omarcador é exatamente aquele que o fará ganhar o prêmio, não o comportamentorealizado um pouco antes ou um pouco depois. Cria uma ponte entre o comportamentoe o pagamento do prêmio. O marcador é um som simples, pode ser feito com umclicador ou som com a boca. O marcador não é o prêmio por si, se não for seguido deum prêmio, fará o comportamento se extinguir. É a promessa do prêmio, prometeu temque cumprir.

MARCADORES: Base do adestramento moderno, o condutor sabe usar bem pelo menos5 marcadores: marcador negativo, marcador manutenção de exercício correto, marcadorpositivo, marcador de brincadeira de luta com seu condutor e marcador de liberação.

MATRÍCULA É o número concedido ao animal pela Seção de Remonta e Veterinária(SRV), da DS, por ocasião de sua inclusão em carga.

MESA PARA AGITAÇÃO: um pouco mais comprida que o comprimento do cão. O cão épreso com peiteira e é agitado. Objetiva melhorar o foco de cães dispersivos, a mordidapor reflexo de oposição, a confiança do cão que fica em posição mais elevada emrelação ao figurante. Não realizar agitação antes que o cão esteja perfeitamente àvontade em cima da mesa.

MESA PARA OBEDIÊNCIA: mesa estreita e um pouco mais comprida que o comprimentodo cão. Tem suporte de metal em cima, para amarrar o cão e furos em baixo parapassar a guia. Serve para adestrar a troca de posições com petisco. Não realizarexercícios antes que o cão esteja perfeitamente à vontade em cima da mesa.

MODELAR, LAPIDAR OU APROXIMAÇÃO SUCESSIVA: desenvolver um comportamento,premiando comportamentos intermediários cada vez mais próximos do desejável final.

MONDIO RING: um híbrido entre o Circuito Belga (Belgium Ring) e o circuito francês(French Ring), tornando possível a competição de duplas oriundas desses dois esportes.(ver Ring).

NOVEMBER

NERVOS FRACOS: cão aparentemente normal para coisas habituais, mas cede facilmenteà pressão, perdendo o foco, ou entrando em fuga. Demonstra ter nervos fracos porprocurar apoio no condutor, se escondendo atrás dele, tentando pular em seu colo,urinando e defecando frequentemente, mascando mordente ou luva de proteção; mordeapenas com caninos, solta facilmente um mordente ou luva. Não há como corrigir,

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principalmente por herança genética e não é considerado cão de confiança paratrabalho de polícia.

NÍVEL DE ENERGIA: busca do cão por atividade ou movimento, pode ser por impulsospositivos (impulso por brincar ou caça) ou negativos (nervos fracos).

OSCAR

ODOR DO CORPO: partículas de suor, sangue, descamação normal de pele, transpiração,hálito do suspeito/fugitivo que o cão pode detectar. Cães de resgate de pessoas emdesastres farejam odor de pessoas estressadas, bastante semelhante ao suor deexercício extenuante e também urina, fezes e sangue. Cães que detectam cadáveres ouafogados detectam odores específicos de corpos humanos nestas condições.

OPONENTE: pessoa que o cão confronta em situação real ou simulada.

OVERTRAINING: trabalhar mais tempo, com maiores desafios, maiores dificuldadesque se espera encontrar na situação real ou de competição.

OBSTÁCULO . RAMPA A: obstáculo de provas de CT, em que o cão tem que escalar paraum dos exercícios de busca do halter.

OBSTÁCULO PALIÇADA: Obstáculo de competições de Ring, de altura de 1,70 até 1,90 m,simulando muro que o cão tem que escalar e saltar do outro lado

OBSTÁCULO PARA SALTO EM ALTURA: obstáculo de provas de trabalho, que o cão temque saltar obstáculo que conforme a certificação varia de 0,9m a 1,1m de altura. Naprova de CT, é de 1,0 m e faz parte do exercício de busca do halter.

PAPA

PEITEIRA: para conter o cão e aumentar a excitação por reflexo de oposição, melhoramordida. Usar sempre peiteira em agitação, não há motivo para conter o cão peloenforcador, mesmo travado. A peiteira é mais confortável e segura para o cão, oenforcador é para controle, para diminuir a excitação. Cão que faz agitação comenforcador ou se ressente e diminui a energia no trabalho, ou cães realmente bons eduros serão dessensibilizados e necessitarão de correções cada vez mais pesadas noenforcador quando for realmente necessário (controle/obediência). É ajustável eforrada com feltro ou lã de ovelha, com área triangular no peito do cão, ficando justae confortável; a ideia é estimular que o cão faça força e permaneça alinhado com ofigurante. Tem a alça nas costas do cão, para facilitar contenção no trabalho e paraelevar o cão (viaturas, sótãos, etc), e argolas e fivelas dimensionadas para as traçõese forças que sofrerão durante o trabalho rotineiro de agitação.

PONTOS DE PERIGO IMINENTE (PPI) - Locais que oferecem maior probabilidade defavorecer a um ataque contra o militar.

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PRECISÃO: ser muito preciso no momento de aplicar indutor ou correção. Quanto maispreciso, mais fácil o cão vai ser condicionado no exercício proposto. O uso demarcadores facilitam a precisão.

PROPORÇÃO OU PADRÃO DE PRÊMIO: número (ou esforço, distância percorrida nofuss, ou tempo no “platz”) de comportamentos apresentados pelo cão antes de liberaro prêmio. No início, premiar para cada passo do fuss - padrão contínuo, depois para 3passos, 2 passos, 1 passo - padrão variável.

PROVISÃO: É o recompletamento dos claros existentes no efetivo de caninos das Seçõesde Cães-de-Guerra (SCG) das OM.

QUEBEC

QUEBRAR O ESPÍRITO: erro de adestramento, principalmente no início, ou até mesmo naimpressão; na primeira vez que o exercício é realizado, pode causar impacto negativona formação do cão. Usualmente relacionado a muita pressão na obediência forçadaou trabalho de proteção.

ROMEO

PRÊMIO CONTÍNUO: dado na proporção de 1:1. A cada comportamento desejável, o cãoé premiado.

INDUTOR NEGATIVO: é a coerção, força ou desconforto causado no cão até ele executaro comportamento adequado. O desconforto inicia antes do comportamento e cessaquando o cão realiza o comportamento desejado.

PRÊMIO: é uma consequência positiva/agradável para o cão, cabo de guerra, comida,afago logo após execução de um comportamento desejável.

PRÊMIO ESCALA VARIÁVEL: critério de exigência variável para premiar o cão. Para serpremiado, o cão somente receberá o prêmio se fizer mais rápido, melhor ou por maistempo. O cão nunca sabe quando receberá o premio. Etapa importante do adestramento.Ao não ser premiado imediatamente por um comportamento que vinha sendorepetidamente recompensado, o cão vai realizar o exercício com mais intensidade naexpectativa da recompensa, e então é premiado na segunda ou terceira tentativa.

RELATÓRIO ANUAL DA SEÇÃO DE CÃES DE GUERRA (RASCG) Documento elaborado peloChefe da Seção de Cães-de-Guerra e remetido pelo Cmt/Chefe da/Dir OM à SRV/DS, até30 Jan do ano A+1.

REMONTA E VETERINÁRIA É a atividade que tem por atribuições superintender asatividades relativas ao suprimento e manutenção de animais, ao controle de zoonoses,à inspeção de alimentos e ao suprimento e manutenção dos materiais relacionados aessas atividades no âmbito do Exército.

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RESENHA É a descrição pormenorizada do exterior do animal: pelagem, particularidadese marcas.

RING: circuito, há o francês, o Belga e o Mundial. Há diferenças entre eles, e o circuitoMundial ou Mondio Ring tentou criar um esporte que agregasse os praticantes dosesportes de Ring de diversos países. Há três níveis com dificuldades crescentes. O maisdifícil e mais completo é o nível III. Há três obstáculos, um em distância, que pode serde 3 a 3,5 m no nível I, até 4,5 m no nível III. Há paliçada que vai de 1,7m até 2,3m, e umobstáculo simulando uma cerca de 90 cm até 1,2m. Há variação regulamentar dentrodo mesmo nível, quem define é o juiz no dia da prova. Há exercícios de junto com guiae sem guia, busca de objetos lançados pelo condutor, busca de objetos deixados cairpelo condutor e no nível 3, procura de objeto por odor. Diferente do Schutzhund, oobjeto a ser buscado pelo cão não é padronizado, é providenciado pelo juiz. Há umexercício que o cão é mandado deitar e o seu condutor se afasta, fora da visão do cão,outro exercício é o da recusa de alimentos, onde dependendo do nível (I, II ou III) podemjá estar no chão ou serem lançados próximos ao cão por um figurante.O Cão ataca ofigurante que foge, que o ameaça e que dispara tiros de festim. Faz escolta do figurante,próximo dele e longe de seu condutor, e morder caso tente fugir. O cão fica onde o juizdeterminar, e o condutor se afasta, e o juiz determina sequência na troca de posições(sentar, deitar, ficar em pé, aleatoriamente). O juiz cria um cenário para a prova, podeser camping, praia, danceteria, e pessoas, objetos e até animais são colocados dentrodo campo de prova para avaliar e desafiar o cão. A postura do figurante é de auxiliardo juiz para testar os cães. Pode e é criativo, desde que não ofereça risco aos cães, efaça o movimento que criou para todos os cães. Pode se posicionar dentro de um carro,água, dentro de uma piscina de bolinhas para crianças. Usualmente, fazem algumobjeto para obstruir o ataque do cão, como lonas, tecidos franjados, garrafas petamarradas. O equipamento de proteção é traje completo de mordida, o cão pode morderem qualquer lugar que não cabeça e mãos do figurante. Dos esportes caninos, é o quemelhor poderia inspirar um esporte ou prova de habilitação militar, pois os cenáriossão os mais próximos possíveis da realidade, é e enfatizado o desafio ao cão.

SIERRA

SANFONAR: erro do figurante que não gira para amortecer a mordida do cão. Este seressente e começa a se proteger, diminuindo velocidade reduzindo a velocidade algunspassos antes do figurante. O figurante recebe o cão visando protege-lo de lesões, comose tentasse amortecer o impacto, girando ou dando um passo para trás.

SCHUTZHUND= CT= IPO: País de origem é Alemanha, a raça que mais se destaca é oPastor Alemão. Esporte que privilegia padronização dos exercícios, controle sobre ocão e dependência do condutor. Foco no adestramento; os exercícios são pontuadospor perfeição. Dividido em três seções bem distintas, realizadas em horários e atémesmo locais diferentes: faro, obediência e proteção. Poucos exercícios misturamconceitos das seções como, por exemplo, a condução do figurante. Prova de faro porrastreio, com indicação passiva de objetos. Busca de objeto padronizado, um haltercom peso determinado, figurante realiza movimentos coreografados e padronizados

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descritos em regulamento. O equipamento de proteção é a luva que protege o braçoesquerdo, único lugar onde o cão morde, é dura e tem formato em “V” para receber amordida. No adestramento e na competição o cão alterna frequentemente impulsos decaça e luta. A qualidade da mordida é cobrada, uma mordida de boca cheia, firme etranquila.

SINAIS TRANQUILIZADORES: sinais que cães usam para outros cães e para humanos,para aliviar uma situação de estresse social: virar a cabeça de lado, se movimentarlentamente na aproximação, se aproximar em arco e não em linha reta.

SÍNDROME DA CAUDA EQUINA, ESTENOSE LOMBO-SACRAL: são as sequelas neurológicascausadas pela compressão de raízes nervosas da coluna vertebral na região lombar esacral ocasionadas por algum estreitamento do canal vertebral, a compressão podeser agravada com combinação de outras patologias como doença de disco intevertebral.Os sinais clínicos são claudicação, dificuldade para levantar,fraqueza nos membrosinferiores e perda de massa muscular, fraqueza ou paralisia da cauda, incontinênciade fezes e urina. Radiografias auxiliam na confirmação do diagnóstico.

TANGO

TÉCNICA DO TERCEIRO OLHO – Direcionar a arma para o mesmo local que observa; oorifício do cano da arma será o terceiro olho.

TEMPERAMENTO/COMPORTAMENTO: combinação de genética e experiênciasaprendidas que define como o cão pode perceber ambientes e reagir a estímulos.

TENDÊNCIA INSTINTIVA, REGRESSÃO: o comportamento condicionado tem a tendênciade ser substituído pelo comportamento instintivo, semelhante à lei do menor esforço.Se não for repetido e premiado, um comportamento condicionado vai ser substituídopor comportamento instintivo. Se o fuss não for repetido e premiado, o cão continuaráa acompanhar seu condutor, mas andando em círculos a sua volta, se mantendo dentrode uma distância de segurança e tendo pequenas distrações como cheirar algo nochão. Também define quando o cão não executa o exercício sem equipamento(enforcador, guia, etc.).

TERMO DE DOAÇÃO DE CANINO (TDC) Documento elaborado pela OM cedente, em 04(quatro) vias, para cada animal doado, entrada na SRV/DS até 20 (vinte) dias após aentrega do animal.

TERMO DE EXAME, IMPRESTABILIDADE E AVALIAÇÃO DE CANINO (TEIAC) Documento,indispensável à homologação da descarga, sendo elaborado por uma Comissãonomeada em BI pelo Cmt/Chefe da/Dir OM, composta obrigatoriamente pelo Fisc Adm,um Oficial Veterinárioe outro militar.

TERMO DE NECROPSIA (TN) Documento elaborado por Oficial Veterinário para cadaanimal necropsiado. Acompanhará o AOC.

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TERMO DE RECEBIMENTO E EXAME DE CANINO (TREC) Documento indispensável àhomologação da inclusão em carga do animal, remetido à SRV/DS até 60 (sessenta)dias após a publicação, no aditamento da DS ao BI D Log, da autorização para orecebimento

TERMO DE SACRIFÍCIO DE CANINO (TSC) documento elaborado por oficial veterináriopara cada animal sacrificado. necessário à homologação da descarga.

TESTE DE CORAGEM: prova do CT em que o cão tem que atacar o figurante que corre emsua direção, ameaçadoramente.

TIMIDEZ: baixo limiar para fuga ou para comportamento de evitação social.

ADESTRABILIDADE: facilidade do cão em executar exercícios novos; disposição paraaprender e trabalhar em conjunto com o condutor.

VICTOR

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Livro produzido pelaCâmara Brasileira de Jovens Escritores

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