select nº 5

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ANDREA ZITTEL ARTUR LESCHER LUCAS BAMBOZZI LAURA VINCI YAYOI KUSAMA SALVE RIO+20 CULTURA DIGITAL, ECOLOGIA, INDúSTRIA, SOCIEDADE E URBANISMO EM DOSSIê ESPECIAL LIXO ELETRôNICO A SUJEIRA DOS EQUIPAMENTOS QUE CARREGAMOS NOS BOLSOS CURTO-CIRCUITO A ARTE PODE SALVAR O MUNDO? TRêS RESPOSTAS E UMA POLêMICA ARTE DESIGN CULTURA CONTEMPORâNEA E TECNOLOGIA Elemento condutor de ideias, a água é o motor e a questão do século 21 A dupla de artistas Gisela Motta e Leandro Lima fala sobre os significados da água em seu trabalho

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SeLecT nº 5, Código Água

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A n d r e A Z i t t e l

A rt u r l esc h e r

lucAs BA M B OZ Z i

l Au rA V i n c i

YAYO i Ku sA M A

sa lv e R i o +2 0cu lt u rA d i g i tA l , ecO lO g i A , i n d ú st r i A , sO c i e dA d e e u r BA n i s M O e M d Oss i ê es p ec i A l

l i xo e l e t R ô n i co A s uj e i rA d Os equ i pA M e n tOs qu e cA r r egA M Os n Os B O l sOs

c u Rto - c i R c u i to A A rt e p O d e sA lVA r O M u n d O?t r ê s r es p OstAs e u M A p O l ê M i cA

A r t e d e s i g n c u lt u r A c O n t e M p O r â n e A e t e c n O lO g i A

Elemento condutor de ideias, a água é o motor e a questão do século 21

A dupla de artistas Gisela Motta e Leandro Lima fala sobre os significados da água em seu trabalho

em tempo

A seLecT nº 5 esTá nAs meLhores bAncAs de Todo pAís. A edição compLeTA Tem 132 páginAs. Aqui você AcessA pArTe doseu conTeúdo. FoLheie e degusTe.

pArA AssinAr e consuLTAr As edições AnTeriores, Feche esTA jAneLA e cLique nos LinksAssine e Arquivo, no cAnTo direiTo superior dA TeLA.

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Paul WatsonO lobo-do-mar luta contra a caça ilegal de animais marinhos e usa uma bandeira pirata no seu navio

ENTREVISTA

Tecnoartesanato Aproximação entre artistas e comunidades de artesãos leva arrojo criativo a um novo design sustentável

D ES I G N

Laboratório urbanoAs favelas são essenciais para repensar soluções para as cidades, diz o urbanista Stefano Boeri

EcoartistasPropostas para solucionar problemas ambientais em obras que envolvem design, arquitetura e urbanismo

80 108 11442 ARQUITETURA

FOTO: CORTESIA GALERIA LUISA STRINA

C I L D O M E I R E L ES C R I O U U M S Ó L I D O D I SCU RSO ECO L Ó G I CO CO M EST E P I CO L É , Q U E F E Z S U C ESSO E M K ASS E L

ÁGUA E ARTE62

ARTES VISUAIS

E-green20 milhões de toneladas de eletrônicos são descartados no mundo anualmente

CULTURA DIGITAL36

index

index

20.000 léguas

O mundo submarino e os desastres ecológicos são temas pioneiros da ficção científica

FICÇÃO CIENTÍFICA

SEÇÕES 12 EDITORIAL | 16 CARTAS | 21 NAVEGAÇÃO | 32 TRIBOS | 34 MUNDO CODIFICADO| 48 TERRITÓRIO 120 CRÍTICA | 122 REVIEWS | 125 SELECTS | 126 COLUNAS MÓVEIS | 128 DELETE | 129 OBITUÁRIO | 130 REINVENTE

102

Artur LescherRios de imagens e materiais atravessam a pesquisa e os fluxos da obra do artista paulistano

P O RT F Ó L I O52

DOSSIÊ

Rio+20Um raio X multimídia aponta problemas e soluções da capital do meio ambiente do século 21

89 MODA

De alma lavadaA sensualidade a flor da pele dos tecidos molhados, lavados e escorridos

72

www.lucianabritogaleria.com.br

maio - junho 2012

www.lucianabritogaleria.com.br

maio - junho 2012

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A água é o elemento condutor das ideias da quinta edição de seLecT. Em tem-pos de aquecimento global, acidificação do oceano, falta de oxigênio nos mares e contaminação dos rios, a água lidera o ranking das vulnerabilidades do mundo. A água que, na origem dos tempos, determinou o posicionamento das cidades e desenhou o nosso mapa geopolítico e que hoje é sinônimo de comunicações cada vez mais fluidas e velozes precisa da nossa atenção. Como está hoje o alinhamento dos mais diversos campos da cultura em relação ao meio ambiente? Como os artistas se posicionam? Como a natureza transforma o artista e sua obra? seLecT toma parte do processo preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e concebe a edição Código Água, publicada dois meses antes do grande evento, que acontece no Rio de Janeiro, entre 13 e 22 de junho. Apesar da clássica definição, a água, na seLecT, não é insípida, nem inodora, nem incolor. A água é matéria artística, como aponta a editora Angélica de Moraes no texto “Sólido, líquido, gasoso: os três estados da arte”, e tem o amargo gosto do desaparecimento, como sugerido na obra Elemento Desaparecendo/Elemento Desaparecido, o célebre picolé de água de Cildo Meireles, exposto na Documenta 11, em Kassel. Tem gosto de natureza em desmoronamento, como relata Felipe Chaimovich na coluna móvel “On the rocks”, que descreve a degustação de gelo glacial como atração turística dos cruzeiros na Patagônia. E, sobretudo, a água tem cor: é azul fluorescente, como emana da instalação Zero Hidrográfico, de Gisela Motta e Leandro Lima, que estão na capa dessa edição. No Portfólio, o corpo da obra de Artur Lescher pode ser comparado a um curso d’água. E, em matéria de literatura, a repórter Nina Gazire disserta sobre como a ficção científica aquática viaja do mistério das profundezas do mar à indústria de exploração da água e às catástrofes ambientais. A água nos conduz também ao mundo das comunicações fluidas e das conexões móveis. A editora-chefe Giselle Beiguelman abre os olhos para a produção de e-lixo e as ambivalências da era da mobilidade e pergunta: quanto pesa a vida sem fio? A questão traz à tona, finalmente, as perspectivas do verde e da arte pós-utópica. A repórter Juliana Monachesi passeia pelas biosferas de bolso, as unidades ha-bitacionais autossustentáveis e as micropaisagens que irrigam as relações entre cultura e meio ambiente. E, finalmente, imbuídos do espírito ecológico e das transformações ambientais de nosso tempo, o diretor de arte Ricardo van Steen e o designer Bruno Pugens ele-gem como caminho tipográfico desta edição as fontes magras, com pouca tinta.

Paula AlzugarayD i r e t o r a d e r e d a ç ã o

editorialPaula Alzugaray

Giselle Beiguelman

Ricardo van Steen

Bruno Pugens

Nina Gazire

Juliana Monachesi

Anna Guirro

Hassan Ayoub

MarielZasso

Adriano Vanni

ILUSTRAÇÕES: RICARDO VAN STEEN, A PARTIR DO APLICATIVO FACE YOUR MANGÁ

Insípida, inodora e incolor

Angélica de Moraes

23.03 > 28.04.2012

avenida europa 655

são paulo sp brasil

t 55 (11) 3063 2344

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www.nararoesler.com.br

marcelo silveira

chronos

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14

COLABORADORES

PROJETO GRÁFICO

DESIGNER

ESTAGIÁRIO

PRODUÇÃO

PESQUISA DE FOTOGRAFIA

COPY-DESK E REVISÃO

PRÉ IMPRESSÃO

CONTATO

SERVIÇOS GRÁFICOS

OPERAÇÕES E VENDA AVULSA

MARKETING

PUBLICIDADE

ASSINATURAS

EDITOR E DIRETOR RESPONSÁVEL: DOMINGO ALZUGARAYEDITORA: CÁTIA ALZUGARAYPRESIDENTE-EXECUTIVO: CARLOS ALZUGARAY

DIRETORA DE REDAÇÃO: PAULA ALZUGARAYEDITORA-CHEFE: GISELLE BEIGUELMANEDITORA DE ARTES VISUAIS: ANGÉLICA DE MORAESDIREÇÃO DE ARTE : RICARDO VAN STEENREPÓRTERES: JULIANA MONACHESI E NINA GAZIREFelipe Chaimovich, Fernando Serapião, Gabriel Kogan, Ivana Bentes Oliveira, Ludovic Carème,

Marcos Vinícius Faustini, Maurício Ianês, Nelson Brissac, Renata Motta, Ronaldo Lemos, Sheila Leirner, Zee Nunes

Cassio Leitão e Ricardo van Steen

Bruno Pugens

Adriano Vanni

Anna Guirro

Vera A. Esteves

Hassan Ayoub

Retrato Falado

[email protected]

GERENTE INDUSTRIAL: Fernando Rodrigues COORDENADORA GRÁFICA: Ivanete Gomes

DIRETOR: Gregorio França GERENTE GERAL: Thomy Perroni ASSISTENTES: Luiz Massa, André Barbosa e Fábio Rodrigo OPERAÇÕES LAPA: Paulo Paulino e Paulo Sérgio Duarte

COORDENADOR: Jorge Burgati ANALISTA: Cleiton Gonçalves ASSISTENTE SÊNIOR: Thiago Macedo ASSISTENTES: Aline Lima e Bruna Pinheiro AUXILIAR: Caio Carvalho

ATENDIMENTO AO LEITOR E VENDAS PELA INTERNET: Dayane Aguiar. LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO DE ASSINATURAS: COORDENADORA: Vanessa Mira

COORDENADORA-ASSISTENTE: Regina Maria ASSISTENTES: Denys Ferreira, Karina Pereira e Ricardo Souza

DIRETOR: Rui Miguel GERENTES: Débora Huzian e Wanderly Klinger REDATOR: Marcelo Almeida DIRETOR DE ARTE: Eric Müller

ASSISTENTE DE MARKETING: Marciana Martins e Thaisa Ribeiro

DIRETOR NACIONAL: José Bello Souza Francisco GERENTE: Ana Lúcia Geraldi SECRETÁRIA DIRETORIA PUBLICIDADE: Regina Oliveira COORDENADORA ADM. DE PUBLICIDADE: Maria da Silva GERENTE

DE COORDENAÇÃO: Alda Maria Reis COORDENADORES: Gilberto Di Santo Filho e Rose Dias AUXILIAR: Marília Gambaro CONTATO: [email protected] RIO DE JANEIRO-RJ: Diretor de Publicidade: Expedito

Grossi GERENTES EXECUTIVAS: Adriana Bouchardet, Arminda Barone e Silvia Maria Costa COORDENADORA DE PUBLICIDADE: Dilse Dumar; Tel.s: (21) 2107-6667 / (21)2107-6669 BRASÍLIA-DF: Gerente: Marcelo

Strufaldi; Tel.s: (61) 3223-1205 / 3223-1207; Fax: (61) 3223-7732 SP/CAMPINAS: Mário EsTel.ita - Lugino Assessoria de Mkt e Publicidade Ltda.; Tel./Fax: (19) 3579-6800 SP/RIBEIRÃO PRETO: Andréa Gebin - Parlare

Comunicação Integrada; Tel.s: (16) 3236-0016 / 8144-1155 MG/BELO HORIZONTE: Célia Maria de Oliveira - 1ª Página Publicidade Ltda.; Tel./Fax: (31) 3291-6751 PR/CURITIBA: Maria Marta Graco - M2C Representações

Publicitárias; Tel./Fax: (41) 3223-0060 RS/PORTO ALEGRE: Roberto Gianoni - RR Gianoni Com. & Representações Ltda. Tel.: (51) 3388-7712 PE/RECIFE: Abérides Nicéias - Nova Representações Ltda.; Tel./Fax: (81)

3227-3433 BA/SALVADOR: Ipojucã Cabral - Verbo Comunicação Empresarial & Marketing Ltda.; Tel./Fax: (71) 3347-2032 SC/FLORIANÓPOLIS: Paulo Velloso - Comtato Negócios Ltda.; Tel./Fax: (48)3224-0044 ES/

VILA VELHA: Didimo Benedito - Dicape Representações e Serviços Ltda.; Tel./Fax (27)3229-1986 SE/ARACAJU: Pedro Amarante - Gabinete de Mídia - Tel./Fax: (79) 3246-4139/9978-8962 Internacional Sales:

GSF Representações de Veículos de Comunicações Ltda - Fone: 55 11 9163.3062 - E-mail: [email protected] MARKETING PUBLICITÁRIO - DIRETORA: Isabel Povineli GERENTE: Maria Bernadete Machado

COORDENADORA: Simone F. Gadini ASSISTENTES: Ariadne Pereira, Regiane Valente e Marília Trindade 3PRO DIRETOR DE ARTE: Victor S. Forjaz REDATOR: Bruno Módolo

DIRETOR: Edgardo A. Zabala DIRETOR DE VENDAS PESSOAIS: Wanderley Quirino SUPERVISORA DE VENDAS: Rosana Paal DIRETOR DE TEL.EMARKETING: Anderson Lima GERENTE DE ATENDIMENTO AO

ASSINANTE: Elaine Basílio GERENTE DE TRADE MARKETING: Jake Neto GERENTE GERAL DE PLANEJAMENTO: Reginaldo Marques GERENTE DE OPERAÇÕES DE ASSINATURAS: Carlos Eduardo Panhoni

GERENTE DE TEL.EMARKETING: Renata Andrea GERENTE DE CALL CENTER: Ana Cristina Teen ; GERENTE DE PROJETOS ESPECIAIS: Patrícia Santana

SELECT é uma publicação da EDITORA BRASIL 21 LTDA., Rua William Speers, 1.000, conj. 120, São Paulo - SP, CEP: 05067-900, Tel.: (11) 3618-4200 / Fax: (11) 3618-4100.

COMERCIALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: Três Comércio de Publicações Ltda.: Rua William Speers, 1.212, São Paulo - SP; DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA EM BANCAS PARA TODO O BRASIL: FC Comercial e Distribuidora

S.A., Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678, Sala A, Osasco - SP. Fone: (11) 3789-3000

IMPRESSÃO: EDITORA TRÊS LTDA., Rodovia Anhangüera, Km 32,5 Cajamar – SP – CEP 07750-000

expediente

WWW.SELECT.ART.BR

A N D R E A Z I T T E L

A RT U R L ESC H E R

DA N I E L L I B ES K I N D

L AU RA V I N C I

YAYO I KU SA M A

SA LV E R I O +2 0CU LT U RA D I G I TA L , ECO LO G I A , I N D Ú ST R I A , SO C I E DA D E E U R BA N I S M O E M D OSS I Ê ES P EC I A L

L I XO E L E T R Ô N I CO A S UJ E I RA D OS EQU I PA M E N TOS Q U E CA R R EGA M OS N OS B O L SOS

C U RTO - C I R C U I TO A A RT E P O D E SA LVA R O M U N D O?T R Ê S R ES P OSTAS E U M A P O L Ê M I CA

A R T E D E S I G N C U LT U R A C O N T E M P O R Â N E A E T E C N O LO G I A

Elemento condutor de ideias, a água é o motor e a questão do século 21

A dupla de artistas Gisela Motta e Leandro Lima fala sobre os significados da água em seu trabalho

Foto: Ludovic Carème Tratamento de imagem: Leo Vas

revistaselect revistaselect

cartas

Acho a revista excelente, com uma mistura inteli-gente de áreas culturais que faz com que o pú-blico leigo em arte acabe tendo contato com ela a partir do interesse por esses múltiplos assuntos. Sabemos que uma revis-ta especializada em arte atrai apenas o público também especializado, o que é uma pena. Nesse sentido, acho a seLecT revolucionária. Alexandre Dias Ramos, editor da Zouk

O mais interessante neste Delete do abadá é que as-sistir de camarote à pas-sagem dos trios elétricos e foliões abadazados é bastante desinteressan-te. Já o carnaval de rua mesmo, subindo o Pe-lourinho, por exemplo, é lindo, divertido, uma delícia. Não tem preço...Cecilia Pinto, via Facebook

Adoro a seLecT. Eu a leio todinha, anoto indicações de sites e o escambau. Parabéns! Linda revista! Tadeu Junglei, artista e cineasta

Não conhecia a seLecT e, por acaso, ao clicar em um link que um amigo postou no Twitter, aca-bei conhecendo-a. Li matérias e artigos no site e gostei da proposta da revista e do tipo de texto que vocês fazem. Emílio Baraçal, roteirista de cinema, quadrinhos e games

A seLecT é a melhor revis-ta de arte, cultura e tecno-logia editada hoje no Bra-sil. É uma lição à caretice de outras publicações de-dicadas à cultura. Espero que vocês, no futuro, não se rendam a vampirismos que costumam abalar as melhores revistas. Alemar Rena, professor e músico

Olha só: a miniatura da capa numa propaganda de uma revista num con-sultório me chamou a atenção; aí fui procurar, fi quei curioso; comprei uma hoje; amanhã irei assinar - antes a Bravo! era um mal necessário, agora temos uma pub-licação descendo do pseudo pedestal do novo academicismo. E, sim, ganharam um leitor. João Grando, via Facebook

Gosto muito do conceito da revista e de todos os assuntos abordados por vocês. A seLecT veio so-mar cultura à massa! Alberto de Andrade Neto, estudante de museologia na UFSC

A ideia de ter a transcria-ção como assunto central torna a revista muito inte-ressante e adaptada à nos-sa geração. Sou estudante de jornalismo e, sincera-mente, já estava quase de-sistindo da graduação por ver sempre mais do mesmo nessa área. Mas a seLecT me fez acreditar que é possível fazer jorna-

lismo cultural com espaço para textos que vão além dos noticiários sobre pe-quenos fatos do dia a dia. Carollyne Lage, estudante

Gente, vocês estão enter-rando o computador pes-soal? E com o tablet como coveiro? Eu acho que isso é como quando enterra-ram o cinema com a tevê. Ou a tevê com a internet. Está um pouco cedo para um obituário do PC.Gustavo Laet Gomes, Belo Horizonte

Esta quarta edição está sensacional. Gostei muito. Jeff erson Peres, via Twitter

Adorei a capa, as matérias sobre a era do capitalismo fofi nho e sobre o Muraka-mi. Genial. Dimitri Mussard, diretor da importadora Acaju do Brasil

Nós estamos muito feli-zes com a cobertura da VIP Art Fair pela seLecT e queremos agradecer porque nossos visitantes do Brasil aumentaram 277% em relação à edi-ção inaugural da feira.Jane Cohan, co-diretora da VIP Art Fair

Sou chilena, estive no Fes-tival Internacional de Ar-tes Cênicas de Pernambu-co, onde conheci a seLecT e fi quei encantada com a publicação de vocês! María J. A. Barrera, via Facebook

Foi malNa página 53 da seLecT 02, os dados corretos sobre a pintura de Peter Doig são: Paragon (2006), óleo sobre linho. A obra pertence à coleção Rachofsky, de Dallas (EUA).

9 7 7 2 2 3 6 3 9 3 0 0 3 40000

I S S N 2 2 3 6 - 3 9 3 9

A R T E D E S I G N C U LT U R A C O N T E M P O R Â N E A E T E C N O LO G I A

O L A F B R E U N I N G

TO N Y B E L LOT TO

JAC L E I R N E R

A N TO N I M U N TA DAS

CO N STA N T DU L A A RT

M U RA K A M I O JA P O N Ê S Q U E B OTOU WA R H O L

N O C H I N E LO

É P R E C I S O S E R J OV E M ?PS I CA N A L I STA , D E R M ATO LO G I STA E F I L Ó SO FO R ES P O N D E M

9 7 7 2 2 3 6 3 9 3 0 0 3 4

I S S N 2 2 3 6 - 3 9 3 9

A infantilização da cultura em tempos de Big BrotherThe Band, de Olaf Breuning

D O CA I R O À C RACO L Â N D I A , O CU PA Ç Õ ES R E I N V E N TA M A P O L Í T I CA

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FOTO: CORTESIA GALERIAS GAVIN BROWN’S ENTERPRISE E MICHAEL WERNER, NOVA YORK

18

colaboradores

Ronaldo Lemos Professor visitante da Universidade de Princeton (EUA) e diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, RJ. Foi curador do Tim Festival. – RIO+20 P 90

Marcos Vinicius Faustini É diretor de teatro e documentarista carioca. Autor do livro Guia Afetivo da Periferia. – RIO+20 P 93

Felipe Chaimovich É doutor em filosofia pela USP, curador e professor da Faap. Autor de Greenberg After Oiticica, em The State Art Criticism (Routledge). – COLUNAS MÓVEIS P 127

Sheila Leirner É crítica de arte, jornalista e curadora. Vive e trabalha em Paris desde 1991. Foi curadora-geral da 18º e 190 bienais de São Paulo. – CRÍTICA P 120

Renata Motta É doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e diretora do Sistema Estadual de Museus de São Paulo. – SELECTS P 125

Maurício Ianês É artista visual. Participou da 28º Bienal de São Paulo. No campo da moda, trabalhou com Alexander McQueen e colabora com Alexandre Herchcovitch. – MODA P 72

Ivana Bentes Oliveira É pesquisadora da Escola de Comunicação da UFRJ. Participa das Redes Mídias Livre, Cultura Digital e Universidade Nômade. – RIO+20 P 98

Gabriel Kogan É arquiteto e urbanista. Mestrando no Unesco-IHE (Holanda) sobre gerenciamento hídrico em São Paulo. – COLUNAS MÓVEIS P 126

Fernando Serapião É crítico de arquitetura, colaborador de Folha S.Paulo e editor da revista Monolito. Autor de A arquitetura de Croce, Aflalo & Gasperini (Paralaxe). – ARQUITETURA P 108

Zee Nunes Nasceu em Moçambique e veio para a Bahia aos 16 anos. Depois da carreira de modelo, tornou-se fotógrafo e diretor de desfiles da SP Fashion Week. – MODA P 72

Ludovic CarèmeFotógrafo francês, tem o retrato como especialidade. Colabora com publicações internacionais como Libération, New York Times e The Guardian. – CAPA

Ana Carla Fonseca ReisÉ assessora para a ONU em economia criativa, economista e Doutora em Urbanismo pela USP. – RIO+20 P 97

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A EMOÇÃO JÁ COMEÇOU.

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FOTOS: FRANCOIS DURAND/GETTY IMAGES E DIVULGAÇÃO

21ESTILO

JOGOS DA MODAAbertura das Olimpíadas vai ter uniformes assinados por estilistas famosos

As Olimpíadas são muito mais que um evento esportivo. Além de reunir torcedores e atletas, elas são também um palco de celebração da tecnologia e de indústrias que

tangenciam a prática das distintas modalidades. O destaque especial fica para a área de moda. Foi-se o tempo em que os atletas andavam de calção tipo samba-canção e as moças com horrendos shortinhos “balonê” de gosto duvidoso. Não só os jogos tornaram-se verdadeiros laboratórios para a indústria têxtil, nos quais são testadas e aprovadas novas linhagens de fios e tecidos, como todo o design e o acabamento das roupas são hoje uma questão de estilo a toda prova. E neste ano, nos Jogos de Londres, a abertura e o encerramento do evento prometem transformar-se em verdadeiras passarelas. Os atletas do país anfitrião vêm vestidos com uniformes assinados por Stella McCartney. A Itália não vai deixar por menos. Entra e sai de Armani. Os EUA vão de Ralph Lauren. Os Jogos prometem. GB

navegaçãoN O T Í C I A S + T E N D Ê N C I A S + T R A N S C E N D Ê N C I A S

PEÇAS DA ESTILISTA STELLA MCCARTNEY, QUE RESPONDE PELA DIREÇÃO DE CRIAÇÃO DA

ADIDAS NAS OLIMPÍADAS DE LONDRES

PATROCÍNIO

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ÁGUAS

FONTES DE INSPIRAÇÃOAna Maria Tavares faz elo entre projeto paisagístico de Burle Marx e bacias hidrográficas brasileiras

A água é tema recorrente nos trabalhos da artista Ana Maria Tavares. Atualmente, ela atua no projeto de uma instalação intitulada Rio Negro (Vitórias-Régias para Burle Marx), que estabelece elos entre o projeto paisagístico modernista e as bacias hidrográficas brasileiras. O novo trabalho dialoga com uma pesquisa hidrológica realizada pela artista em 2008, durante a Sonsbeek, tradicional evento relacionado à escultura, que acontece na Holanda desde 1949. Na ocasião, a artista realizou uma série de intervenções paisagísticas na cidade de Arnhem, usando como inspiração os mananciais locais. O trabalho The Secret of the Waters (for Mnemosyne) – em português, O Segredo das Águas (para Mnemosyne) –, partiu de uma investigação em busca das fontes de águas que são escassas naquela região, devido a uma série de precedentes geológicos. Com ajuda de um engenheiro de solo, foram marcados com discos de pedra os cinco mananciais encontrados. Ao fim do trabalho, a artista reuniu a comunidade da cidade holandesa em uma performance que fazia referência à lavagem da Igreja do Bonfim, em Salvador, onde os participantes carregavam, pelas ruas da cidade, uma rede feita de fitas. O trabalho foi repetido em 2009, no museu Kröller-Müller, localizado dentro do parque Hoge Veluwe National Park, em Otterlo, também na Holanda, onde a artista mapeou e marcou com grandes espelhos redondos cerca de 81 nascentes e riachos. A obra foi adquirida para a coleção permanente do museu. NG

FOTOS: KRÖLLER MÜLLER MUSEUM E FABIOLA SALLES; CORTESIA DA WHY-WALLY HERMÈS YACHTS - ART EFACTOR Y LAB

Ampliada para ocupar os três pavimentos do pavilhão da Bienal de São Paulo, no Parque do Ibira-puera, a maior feira de arte do País abre ao público, dia 10 de maio, com algumas mudanças também na estrutura de funcionamento. Uma das novidades é o Núcleo Editorial, que vai sediar no terceiro andar um lounge com computadores para o público acessar o hotsite alimentado com notícias sobre a feira e entrevistas com artistas e personalidades do meio que transitam pelo local. Os conteúdos editoriais serão produzidos por um pool de revistas de arte, que conta com a participação da seLecT e inclui ainda as revistas Das Artes (RJ) e Arte Brasileiros (SP), além de Art Nexus (Colômbia) e La Fabrica (Espanha). SeLecT vai deslocar para a SP-Arte sua equipe de repórteres e redatores, para acompanhar em tempo real o que estará acontecendo por lá em termos de cultura e negócios. O hot-site estará abrigado no site geral www.sp-arte.com e funcionará a partir da abertura do evento.

OBRA O SEGREDO DAS ÁGUAS, DE ANA MARIA TAVARES, INCLUI MAPEAMENTO DE FONTES E PERFORMANCE

JORNALISMO

PARCERIA COM A SP-ARTEseLecT participa da oitava edição da maior feira de arte do País, que traz novidades na estrutura e no espaço ocupado

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ARTES VISUAIS

ARTE COMO PRÁTICA AMBIENTALCCBB de Brasília ocupa seus jardins e áreas externas com oito reflexões sobre o estar no mundo

Os ciclos sustentáveis, as formas de convivência e afetividade, o habitar em sentido amplo (incluindo o corpo e suas interfaces com o mundo), são o tema da exposição Daquilo Que Me Habita, idealizada e produzida pelo Ateliê Aberto, coletivo de artistas de Campinas (SP). A mostra reúne intervenções de oito autores nos jardins e áreas externas do CCBB de Brasília, transformando a circulação do local. Na fachada, Eduardo Srur instala Acampamento dos Anjos, barracas de camping na vertical, iluminadas a partir de dentro. Lia Chaia intervém no alto do vão livre com Esqueleto Aéreo, centenas de bandeiras recortadas nos padrões de diferentes ossos do corpo e estendidas em varais. E a dupla Cabeça Nuvem distribui no gramado de acesso ao CCBB uma divertida pista de obstáculos semelhante à usada em aulas de educação física e treinamentos militares. A curadoria, assinada por Maíra Endo e Samantha Moreira, entende a arquitetura como fluxo e a arte como prática ambiental. JM

Daquilo Que Me Habita,

de 24 de março a 13 de

maio, Centro Cultural

Banco do Brasil, SCES,

Trecho 2, Conjunto 22,

Brasília (DF)

FOTO: CORTESIA SP-ARTE

IN-MENSA, OBRA DE CILDO MEIRELES, REPRESENTA A GALERIA LUISA STRINA NA FEIRA

S P - A r t e , De 10 a 13 de

maio, das 14 às 22 horas

(quinta e sexta) e das

12 às 20 horas (sábado

e domingo). Pavilhão

da Bienal do Parque do

Ibirapuera, São Paulo-SP

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FOTOS: DIVULGAÇÃO E CATLIN SEAVIEW SURVEY HERMIONE LAWSON - [email protected]

TURISMO CULTURAL

VIAGEM PELA LITERATURACom escritores a bordo, barco soma papos literários a paisagens amazônicas

Imagine navegar por um dos rios mais caudalosos do planeta, o Negro, afluente do Amazonas, em confortável barco e na companhia de escritores de grande prestígio literário e inegável talento na difícil arte de entreter pla-teias com inteligência e simpatia.Essa ideia foi testada com sucesso em 2011 e terá sua segunda edição este ano, trazendo Ignácio de Loyola Brandão, Edney Silvestre e Valter Hugo Mãe. O projeto Navegar É Preciso é aberto à participação do público em geral e organizado pela rede de lojas Livraria da Vila.A atriz Clarice Niskier integra a lista de viajantes e vai encenar esquetes teatrais com textos literários. O grupo de percussão corporal Barbatuques se encarregará dos shows musicais. O primeiro Navegar É Preciso reuniu os escritores José Eduardo Agualusa, Cristóvão Tezza e Laurentino Gomes, entre outros. AM

TECNOLOGIA

MERGULHO VIRTUALA última fronteira do Google está nasprofundezas oceânicas

O Google vai lançar um equivalente do seu Street View para o fundo do mar. Sua versão submarina do projeto utiliza tecnologia desenvolvida para captura de imagens em profundidades jamais alcançadas por um robô, e poderá funcionar como uma ferramenta para pesquisas ambientais. Um protótipo do projeto, chamado Catlin Seaview Survey, foi apresentado em fevereiro no World Oceans Summit, em Cingapura. O novo serviço vai disponibilizar 50 mil panoramas e também terá um canal exclusivo no YouTube, além da transmissão ao vivo da expedição submarina no Google+Hangouts. Enquanto não chega o dia do lan-çamento, previsto para o fim do ano, uma amostra pode ser conferida no site do projeto: http://www.ca-tlinseaviewsurvey.com/seaview.htm Em breve, as ilhas submarinas e cheias de cores, os tubarões-tigre e os peixes-palhaço que milhões de turistas mergulhado-res vão esquadrinhar todo ano na Grande Barreira de Corais no nordeste da Austrália, estarão disponíveis para observação online, e ao vivo, no Panoramio. O projeto é resultado de uma parceria entre o Google e oceanógrafos da companhia de seguros Catlin Group Limited, com apoio de cientistas da Universidade de Queensland e da ONG Underwater Earth. JM

N a v e g a r É P r e c i s o , de 30 de abril a 4 de maio,

R i o N eg ro (A m a z ô n i a )

LOYOLA BRANDÃO ESTÁ ENTRE OS CONVIDADOS DA VIAGEM LITERÁRIA

OCEANÓGRAFOS MAPEIAM O FUNDO DO MAR PARA O GOOGLE

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2626

FOTO: CORTESIA MASDAR COMPANY

URBANISMO

OÁSIS DO FUTUROPrimeira cidade movida integralmente a energia solar nasce em pleno deserto árabe

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PROJETO DE MASDAR CITY, QUE SERÁ MOVIDA A ENERGIA SOLAR

São muitas as histórias sobre oásis perdidos que, no meio do deserto estéril, jorram sombra e água fresca em abundância. Em árabe, a palavra masdar significa fonte e dá nome a um projeto ousado e sem precedentes em pleno deserto de Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos. Masdar City é uma cida-de planejada que está sendo construída pela Abu Dhabi Fu-ture Energy Company e subsidiada pelo governo desse país. Projetada pelo escritório de arquitetura britânico Foster and

Partners, esta será a primeira cidade carbono zero do mundo. Para que isso se torne verdade, uma usina de energia solar produ-zirá até 60 megawatts e será complementada pela construção de parques eólicos com capacidade de produção de até 20 megawat-ts. Para o abastecimento de água, uma estação de dessalinização usará o líquido do mar e também será movida a energia solar. A cidade, que abrigará até 45 mil pessoas, deverá custar US$ 22 bi-lhões até o término das obras, em 2025. NG

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FOTOS: JOUNI SAARISTO E MARKUS BOLLEN

ARTES VISUAIS

AS QUATRO ECOLOGIAS DE REGINA VATERArtista pioneira no uso das imagens técnicas ganha livro e mostra individual no Oi Futuro

Uma de nossas primeiras artistas dedicadas ao uso das imagens técnicas, Regina Vater, ganha, enfim, exten-sa mostra individual no Oi Futuro. Residente nos EUA há mais de 20 anos, Vater elaborou, ao longo dos seus 40 anos de carreira, uma obra consistente e variada que compreende fotografia, filme, vídeo, performance, ins-talação e uma obra gráfica experimental que inclui livro de artista, arte postal e poesia visual. À diversidade de materiais, interfaces e mídias corresponde a complexida-de, em todo seu trabalho, das abordagens conceituais em pesquisas que abrangem as relações entre arte, sociedade, natureza e tecnologia.A curadora da exposição, Paula Alzugaray, também di-retora de redação de seLecT destaca: “A natureza poé-tica e ecológica de sua obra cria condições para que ela seja pensada à luz do conceito das três ecologias de Félix Guattari – social, mental e ambiental. Mas, além disso, demarca-se em sua obra, de forma pioneira, o impulso que dirige o trânsito de seu pensamento ao longo das mí-dias e no campo de uma quarta ecologia, uma ecologia transmidiática, operando transversalmente entre arte, natureza e tecnologia. A exposição terá obras consagra-das, porém raramente expostas no Brasil, como as séries Cinematic Stills e Electronic Natures, stills de naturezas filtradas pela imagem eletrônica e midiática, além do au-diovisual LuxoLixo, obra inspirada no poema de Augusto de Campos, realizada com a colaboração de Hélio Oitici-ca, em 1973, em Nova York. O projeto prevê ainda a edi-ção de um livro sobre a extensão da obra da artista. GB

R e g i n a V a t e r : A s Quatro Ecologias, a

partir de 21 de maio, Oi

Futuro Flamengo, Rua 2

d e D e ze m b ro, 63 , R i o

d e J a n e i ro

OBRAS DA SÉRIE ELECTRONIC NATURES, DE REGINA VATER

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30PERFIL

A LINGUAGEM É UM VÍRUSArtista belga inicia em São Paulo uma série de trabalhos com viés socioeconômico

“A água é o petróleo do futuro.” Com essa afi rmação, o artista belga Trudo Engels introduz as ideias envolvi-das em seu projeto Água com Gás, concebido durante o mês de residência em São Paulo, para montagem de exposição individual na Galeria Luisa Strina. “Em 50 anos, este será um tema emergencial.” A pesquisa para o trabalho expõe dados já drásticos: na Europa, as compa-nhias nacionais de água foram privatizadas e as grandes fi rmas, como a francesa Perrier, estão comprando todas as empresas públicas da África. No Brasil, a Coca-Cola incorporou a fonte Cristal e vende a água com preços próximos ao do refrigerante. O projeto Água com Gás incluirá, entre diversas ações e workshops, uma instalação para purifi cação de água. Esse também foi o sistema da exposição Le Château, que esteve em cartaz na Luisa Strina até 10 de março. A exposição incluiu ofi cinas, debates e uma instalação montada com centenas de embalagens de produtos ali-mentícios baratos. “Não gastei nem R$ 20 mil para comprar todo esse material”, afirma ele. “É a matéria mais barata que se pode encontrar. No Brasil, assim como nos EUA, forçam as pessoas a comer junk food. A comida real é muito cara aqui. Trata-se de uma cons-piração. As pessoas comem comida ruim e barata, fi-cam doentes e não podem pagar o médico.”

Ambos os trabalhos – Le Château e Água com Gás – integram a série G-8, em que o artista levanta temas prementes da realidade socioeconômica contemporânea: globa-lização, transporte, agroindústria, desemprego, imigração, água. Em novembro pró-ximo, Engels começa no México um projeto sobre milho modifi cado geneticamente. “A arte tem o poder de produzir ignição nas pessoas, contaminá-las com ideias. De-vemos usar ideias como vírus”, diz. Trudo Engels dirige um coletivo de 24 artistas, porém, todos são alteregos dele mes-mo. “Dois de meus artistas são artivistas. Um deles trabalha destruindo sementes de soja manipulada”, afi rma. Mas entre os muitos eus de Trudo Engels há também os artistas “estéticos”. “Há aqueles que usam a estética para dar um apelo visual à sua mensagem política. Chamo essa estratégia de sabotagem positiva.” Trudo Engels afi rma que em 15 anos terá realizado todos os trabalhos da série G-8. O local cotado para montar o projeto Água com Gás é o Canadá, a maior potência da água mundial. Ou o deserto. PA

SKETCH DA OBRA ÁGUA COM GÁS, DE TRUDO ENGELS, QUE PREVÊ O ALAGAMENTO DE POSTOS DE GASOLINA

“A água é o petróleo do futuro”

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NemosQuase anfíbios, eles ainda vivem em terra fi rme, mas é no meio líquido que se realizam. Produtos de um design que evita ser solúvel, são fl uidos e valem um mergulho na reinvenção da água

tribos do design

Chaleira Mefi stoEsta chaleira foi desenvolvida para um concurso de design da Electrolux que privilegiou projetos de energia limpa. A Mefi sto funciona como um ebulidor que pode ser colocado diretamente no recipiente para aquecer a água sem uso de fogo ou eletricidade.

Aquário ChumbyO Chumby faz uso de plataformas digitais como Wi-Fi, tela touch screen e sensores USB. Conectadas ao computador, permitem monitorar os níveis de água e oxigênio do aquário, para o acompanhamento em tempo real da saúde do seu peixinho.

Bubble Modern IslandEsta espécie de bote-bolha é uma toalete móvel que pode ser anexada em barcos, canoas ou veleiros. Para evitar a poluição, a bolha vem com uma estação de tratamento de água que fi ltra os dejetos eliminados.

Roupa de mergulho feminina 2XU Desenvolvida para triatletas que passam muito tempo na água. O neoprene, além de manter o aquecimento natural do corpo, é um material especialmente desenvolvido para garantir fl utuação e fl exibilidade sem esforço.

U-010 Projeto italiano desenhado por Marina Colombo e Sebastiano Vida, é nada menos que um iate- submarino para viver em alto luxo até debaixo d’água.

Relógio Nixon Abyss Este relógio é para mergulhadores que atingem grandes profundidades, com bússola para orientação em alto-mar.

Lotus-Caixa de som A designer Lim Loren apropriou-se das formas da vitória-régia para criar uma caixa de som que fl utua na banheira ou na piscina, enquanto você relaxa escutando uma boa música.

FOTOS DIVULGAÇÃO

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mundo codificado

FONTES: INTERNATIONAL ELECTRONICS RECOVERY COALITION, NATIONAL GEOGRAHIC 94, JAN. 2008,THE DIGITAL DUMP, IAMGREEN.ORG, WELLHOME.COM

QUANTIDADES

Consumo individual

Produção anual por países

Sucata eletrônica gerada por um consumidor médio em toda sua vida

Em milhões de toneladas

3,3 toneladas

8,8 toneladas

China

2,6

Brasil

0,15

EUA

3,3

Hoje2080

50 milhões de toneladas=1 trem capaz de dar a volta ao mundo

Escala planetáriaQuantidade de lixo eletrônico produzida em um ano

Escritórios e fábricas informatizados parecem ser ambientes assépticos e dão um ar de upgrade no mundo antes sujo de graxa, roldanas e litros de tinta preta. Não é bem assim. A produção desenfreada de equipamentos e a ausência de políticas de preservação ambiental relacionadas a coleta e processamento do lixo tecnológico estão prestes a criar um e-lixão planetário.

E-LIXO

PESQUISA: GISELLE BEIGUELMAN INFOGRÁFICO: RICARDO VAN STEEN E BRUNO PUGENS

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E-LIXO E SAÚDEIMPACTO AMBIENTAL DA COMPUTAÇÃO Equipamentos eletrônicos possuem

componentes que não são perigosos no cotidiano. Quando esses componentes são manuseados e descartados de forma amadora, tornam-se uma ameaça à saúde e ao meio ambiente.

Se todos os computadores do mundo fossem totalmente desligados nesta noite

economizariam energia suficiente para acender a Torre Eiffel 24 horas por dia, por

De todos os computadores do mundo em 1 dia (das 9 às 17h00)

CHUMBOMonitores de tevê e de computadores CRT (com tubo) contêm até 4 kg de chumbo. Afeta: rins, sistema reprodutivo e desenvolvimento mental infantil

MERCÚRIOPresente em placas e circuitos, está associado a danos neurológicos e renais

CÁDMIOElemento existente em todas as baterias de notebook, é agente cancerígeno e provoca danos nos rins e ossos

PVCSinônimo de gabinete de PC, sua queima libera gases muito tóxicos

Consumo de energia

Televisão / Computador / Celular

PRODUÇÃO X RECICLAGEM

Em milhões de unidades, mercado americano

Peças fabricadas

Televisões 18%

Produtos para computador

18%

Celulares 10%

Peças descartadas Peças recicladas

200 -

100 -

0 -

1,7 Milhão de Megawatts

720 anos

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FOTO: CHRIS JORDAN. CELL PHONES #2, ATLANTA. 2005

Artistas questionam em suas obras as ambivalências da era da mobilidade,

colocando a voracidade da indústria de celulares na berlinda e revelando a

materialidade das redes

G I S E L L E B E I G U E L M A N

QUANTO PESA A VIDA SEM FIO?

cultura digital

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TODOS OS ANOS SÃO DESCARTADOS 20 MILHÕES DE TONELADAS DE ELETRÔNICOS. ISSO DE ACORDO COM AS ESTATÍSTICAS MAIS OTIMISTAS. As mais pessimistas es-timam que são 50 milhões de toneladas, o suficiente para encher 125 mil Boeings 747 com traquitanas de todos os tipos. Diante desse quadro, não se-ria exagero dizer que nada parece ser mais urgente para alguns artistas do que colocar em discussão as dimensões políticas e sociais da economia do hardware daquilo que consumimos. Atenção especial tem sido dada aos dispo-sitivos móveis, e não por acaso. Em nenhuma área do universo das telecomuni-cações a velocidade e a voracidade das transformações são tão visíveis como na indústria dos celulares. Basta lembrar que para os 7 bilhões de habitantes do pla-neta existem mais de 5 bilhões de celulares em uso e que a cada segundo quatro aparelhos são descartados. Calcula-se que, em média, não se fica com o mesmo equipamento nem 22 meses. Esses números impressionantes instigaram as séries de Chris Jordan Intolerable Beauty: Portraits of American Mass Consumption (2003 -2005) e Running the Numbers: An American Self-Portrait (2006). Na pri-meira, os celulares e seus acessórios são os protagonistas. Na segunda, eles são um dos destaques, mas outros ícones da cultura americana, como cartões de cré-dito, carros, sacos plásticos etc. também estão presentes. Vale frisar com relação a

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Jordan, no que diz respeito a Running the Numbers, que ele é um artista extremamente bem-sucedido em termos de repercussão na internet, mas que tem traba-lhado de forma muito elegante e criativa os recursos de visualização na tela do computador, pois o que se vê com e sem zoom são duas coisas totalmente distintas. E olhando particularmente as imagens dos celulares é impossível não perguntar: para onde vai tudo isso? E o que nos leva a consumir tanto? Uma resposta fácil seria dizer que tudo é fruto da sedução do marketing e da propaganda. Mas isso implicaria ignorar a comple-xidade de viver no século 21. Afinal, mostra o antro-pólogo argentino radicado no México Néstor Canclini em um instigante ensaio (Consumidores e Cidadãos), as novas tecnologias de comunicação expandiram a noção de cidadania, incorporando práticas de con-sumo ao seu exercício.

FOTOS: ACIMA E NA PÁGINA SEGUINTE, CORTESIA DO ARTISTA

cultura digital

MOBILE CRASH, DE LUCAS BAMBOZZI, COLOCA EM DISCUSSÃO OS JOGOS DA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA, INSERINDO O PÚBLICO ATIVAMENTE EM UMA CADEIA PRODUTIVA DA QUAL ELE É SEMPRE ALIENADO

As novas tecnologias de comunicação

expandiram a noção de cidadania,

incorporando práticas de consumo

ao seu exercício

Canclini falava de tevê a cabo, mas podemos atu-alizar a discussão. O direito de acesso à internet ilustra bem essa relação, uma vez que inclui a ne-cessidade não só de acesso à infraestrutura, mas também a uma gama de produtos comerciais e equipamentos de conexão. Esses equipamentos, vale lembrar aqui, são cada vez mais os dispositi-vos móveis, sugerindo que o indivíduo socialmen-te excluído, hoje, é o imóvel. Essa é uma questão extremamente relevante em economias emergentes como Brasil, China e Índia, que migraram para a cultura de rede, pulando o momento da comu-nicação em grande escala via linhas fixas. Nesses países, as indústrias de móveis desempenham um papel importante não só no campo das comunica-ções, mas também na rápida dinâmica da obsoles-cência programada que anima esse mercado.

VENCER UM JOGO SEM GANHADORESMobile Crash (2009), do artista brasileiro Lucas Bambozzi, problematiza sem pa-ternalismo esse contexto social. Trata-se de uma instalação baseada em quatro projeções interativas que reagem à presença dos visitantes. As projeções mostram em uma série de vídeos curtos dispositivos eletrônicos, principalmente telefones celulares, sendo esmagados por um martelo. Editados em uma sequência rítmica e organizados como um jogo de 12 níveis, os vídeos tornam-se cada vez mais rui-dosos e velozes, em resposta à intensidade dos gestos do público. Quanto mais nos movemos, mais rapidamente e com mais barulho símbolos de luxo são destruídos e transformados em lixo. Sem vencer partida alguma, fica-se com uma sensação de jogo ganho. Uma espécie de conquista do corpo sobre a velocidade do tempo febril da indústria, triunfo da vontade do indivíduo sobre a direção e o ritmo do processo. O resultado é uma experiência intensa e catártica, na qual a consciência social parece emergir da súbita possibilidade de participação ativa no procedi-mento de descarte dos dispositivos. Uma consciência, no entanto, mais próxima do estado de transe, não discursivo, e totalmente desvinculada, ou melhor, alfor-riada, de seu circuito comercial original.

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Celulares, não custa lembrar, são muito mais que meros telefones sem fio com grande alcance. Es-tamos falando de equipamentos que se definem pela integração entre redes de acesso à internet em alta velocidade, transmissão e recepção de vídeos, participação em redes sociais, entre outras coisas, e tudo isso combinado com serviços e recursos lo-cativos. São tanto um dos mais poderosos disposi-tivos de rastreamento e invasão da privacidade já inventados como potencializadores de outras for-mas de criatividade e ação política também jamais pensadas. Mas sua dimensão política não se esgota

no seu uso. Há toda uma geopolítica dos dados e dos equipamentos que de-manda uma ref lexão em profundidade ainda por ser feita. Tantalum Memorial (2008-2010), de Graham Harwood, Richard Wright e Matsuko Yokoji, aborda a cultura da mobilidade justamente a partir desse ângulo, fazendo uma homenagem às vítimas das batalhas pela posse das minas de coltan (ou tantalita), um dos grandes pivôs da longa guerra civil que matou, de 1998 até hoje, mais de 6 milhões de pessoas na República do Congo. Esse minério, uma mistura de columbita e tantalita, é um verdadeiro “ouro azul” e o Congo, o seu maior produtor natural. Sem ele não se fabrica nenhum celular, não importa a marca. Ele é essencial, por sua alta resistên-cia térmica, para a produção do capacitor – peça que controla o f luxo de eletricidade e basicamente impede que seu aparelho derreta. As milícias do

FOTOS: TANTALUM MEMORIAL NA 01 SAN JOSE E MANIFESTA7 (2008). HARWOOD, WRIGHT, YOKOJI

cultura digital

A dimensão política dos

celulares não se esgota no seu

uso. Há toda uma geopolítica

dos dados e dos equipamentos

profundidade ainda por ser feita

TANTALUM MEMORIAL, OBRA DE HARWOOD, WRIGTH E YOKOJI FAZ UMA

HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DAS GUERRAS PELA POSSE DAS MINAS DE TANTALITA,

NO CONGO, MINÉRIO ESSENCIAL PARA A FABRICAÇÃO DE CELULARES. AS GUERRAS

JÁ MATARAM MAIS DE 6 MILHÕES DE PESSOAS DESDE 1998

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Congo e de Ruanda se organizam em torno das partes conf litantes e o tráfico do minério é feito em escala internacional até chegar às grandes fa-bricantes de celulares que compramos. Em Tantalum Memorial, uma estação livre de te-lefone conecta refugiados congoleses em Londres com redes informais de comunicação, organiza-das nas ruas do Congo. Estimula-se que as pessoas contem histórias e reportem o que está acontecen-do à sua volta. No espaço expositivo, uma réplica de uma central telefônica automática do tipo ele-tromecânico (sistema Strowger) domina o ambien-

te. A cada vez que um depoimento é recebido pela rede de telefonia social do projeto, interruptores são acionados. O sistema automático Strowger foi usado desde sua invenção, no fim do século 19, até os anos 1990, quando se passou a usar linhas digitais. Seu grande avanço foi dispensar o intermedi-ário humano e ligar diretamente o emissor ao receptor telefônico. Afirma--se que Almon B. Strowger, que era agente funerário, desenvolveu sua ideia porque desconfiava que as telefonistas desviavam suas ligações para um concorrente. Verdade ou não, seu sistema foi o paradigma das redes de co-municação contemporâneas. Ao recuperá-lo como elemento de mediação do Tantalum Memorial, Harwood Wright e Yokoji dão presença a essa rede de conversas, ao mesmo tempo que fazem pensar na materialidade do que as redes têm de mais brutal.

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A ARTE PÓS-UTÓPICA DOS ECOSSISTEMAS PORTÁTEIS

artes visuais

J U L I A N A M O N AC H E S I

Uma micropaisagem sobre rodas com coleira para passear, biosferas de bolso, uma fábrica mecanizada de tapetes de grama, uma estufa cujo sistema de irrigação é alimentado à base de Gatorade e unidades habitacionais autossustentáveis são algumas das soluções de três artistas norte-americanas para a complexa imbricação entre arte e meio ambiente. Elas vêm ganhando relevância no cenário internacional ao tratar a natureza como experiência portátil, ou a arte como microecossistema pessoal. Andrea Zittel, Phoebe Washburn e Vaughn Bell fazem arte pós-utópica. Elas não querem mudar o mundo, recusam o rótulo de ecoartistas, mas promovem reflexão sobre as transformações ambientais de seu tempo.

PHOEBE WASHBURN (NOVA YORK, 1973)

Caos e controle podem coexistirGalões contendo Gatorade de limão e laranja bombeiam a bebida dos esportistas para tanques com bolas de golfe, que, por sua vez, alimentam o sistema de irrigação de aquários onde narcisos são cultivados. Trata-se de um sistema fechado, “uma Torre de Tatlin pós-apocalíptica e pós-idealista”, nas palavras do crítico Jerry Saltz. Segundo o também crítico Holland Cotter, a instalação de Phoebe Washburn mostrada na Bienal do Whitney Museum de 2008 era “um ecossistema floral construído a partir de restos de materiais industriais que a artista encontrou nas ruas, perto de sua casa no Brooklyn. Ela não vê seu trabalho como um gesto de conservação ambiental nem de jardinagem em estufa, mas sim como evidência de sua compulsão por guardar o que os outros descartam”. Washburn, que foi aluna de Sara Szee na Escola de Artes Visuais de Nova York, vem literalizando a metáfora de um universo autorregulado em que caos e controle podem coexistir, ao introduzir plantas vivas em ambientes autossustentáveis, segundo a curadora Anna Mecugni. É o que acontece na obra Ordenha Tola de Prado Regulado (2007), espécie de fábrica mecanizada para a produção de tapetes de grama, que são levados para murchar e morrer no telhado do museu onde a obra é apresentada.

rtistas norte americanas criam o ras e re etem so re as trans orma es am ientais

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FOTOS: CORTESIA ZACH FEUER GALLERY, NY

ACIMA: ORDENHA TOLA DE PRADO REGULADO (2007):

FÁBRICA DE TAPETES DE GRAMA

À ESQUERDA, ENQUANTO AUMENTAVA UMA FORTE SEDE DIMINUTA, O SUCO SE PERDEU (O NASCIMENTO DE UMA LOJA DE REFRIGERANTES), INSTALAÇÃO DE 2008: UM ECOSSISTEMA MOVIDO A GATORADE. PÁGINA ESQUERDA E, ABAIXO, NUNDERWATER NORT LAB (2011): VISITANTES PODEM CHEIRAR E ESPIAR AS PLANTAS SENDO CULTIVADAS E LANCHES SENDO PREPARADOS NO INTERIOR

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artes visuais

ANDREA ZITTEL (CALIFÓRNIA, 1965)

Crítica radical ao consumismoNa interseção entre arte, design, arqui-tetura e urbanismo, Andrea Zittel desen-volve unidades habitacionais sintéticas, abastecidas com o mínimo necessário para a subsistência humana. A artista também cria as próprias roupas, que são como uniformes simplificados e adequa-dos unicamente ao clima de cada esta-ção do ano em Joshua Tree, na Califórnia, onde vive. O local é conhecido como A-Z Oeste. Em uma trajetória artística abso-lutamente coerente e espartana – que já foi qualificada de sustentável e sistemá-tica –, desenvolve obras que são intitula-das como parte de uma corporação fictí-cia, o Empreendimento A-Z. A empresa de uma mulher só opera uma crítica radical do consumismo e defende maneiras mais gratificantes de uso do tempo e do espa-ço. O Instituto A-Z de Vida Investigativa “engloba todos os aspectos do dia a dia. Os móveis para a casa, as roupas e a co-mida tornam-se terreno de investigação em um esforço contínuo para entender a natureza humana e a construção so-cial de necessidades”, informa o site da artista (http://www.zittel.org). As Uni-dades de Vida A-Z, trailers adaptados que se desdobram em módulos de uma casa, e os Veículos de Escape A-Z, unida-des propícias para sonhos escapistas de isolamento e segurança, estão entre seus microecossistemas mais famosos.

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FOTOS: JESSICA ECKERT (ESQ)/CORTESIA DA ARTISTA E ANDREA ROSEN GALLERY, NY; ACIMA, CORTESIA DA ARTISTA E ANDREA ROSEN; NO ALTO, CORTESIA DA ARTISTA E INDIANAPOLIS MUSEUM OF ART

À ESQ., A-Z WAGON STATIONS (2011), INSTALADOS EM A-Z OESTE, NO DESERTO DE JOSHUA TREE, EUA. AO LADO, INDY ISLAND (2009), ESCULTURA DE FIBRA DE VIDRO E ESPUMA INSTALADA NO PARQUE DO MUSEU DE ARTE DE INDIANÁPOLIS, EUA. ABAIXO, UNIDADE HABITACIONAL RURAL A-Z II (2001-2004), AÇO, PAINEIS PINTADOS, TETO DE CHAPA ONDULADA DE METAL E MOBILIARIO DE ISOPOR ESCUPIDO, TAMBÉM EM A-Z OESTE

Obras são crítica radical ao consumismo, com casas trailers espartanas

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artes visuais

Paisagens portáteis levadas a passear

como se fossem animais de estimação:

humor para fazer pensar sobre o difícil

convívio urbano com a natureza

NO SENTIDO HORÁRIO, A PARTIR DA FOTO ACIMA: BIOSFERAS DE BOLSO PARA ADOÇÃO (EM ANDAMENTO),

VILA VERDE (2008), PAISAGEM PARA CAMINHAR (2009-2010)

E NOVOS PIONEIROS (2006), COM PLANTAS NATIVAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DE WILLAMETTE,

NO ESTADO DO OREGON (EUA)

47VAUGHN BELL (NOVA YORK, 1978) Paisagens sobre rodasVila Verde é composta de cinco biosferas distintas, criadas com plantas nativas das montanhas Berkshires (região oeste de Massachusetts e Connecticut), terra e água envoltas em estruturas de acrílico. Já a série Montanha Portátil representa paisagens sobre rodas que devem ser levadas para passear, como animais de estimação. Entre seus projetos mais recentes destaca-se a série de performances Esta Terra É Sua/Minha Terra, que oferece às pessoas uma biosfera de bolso ou um microecossistema para adoção. Os participantes assinam um formulário de adoção comprometendo-se a cuidar da planta. “Nestas performances, assim como em desenhos e esculturas, como Montanhas Hospedeiras e Biosferas Pessoais, eu exploro a miniaturização da paisagem, a separação de um pedaço de terra do todo e a relação de cuidado e controle que essas ações englobam”, afirma a artista em declaração em seu website pessoal (http://www.vaughnbell.net). Para Bell, o derradeiro veículo de baixo impacto é mesmo o corpo humano. Atualmente, ela está envolvida com a esfera pública de atuação, como artista residente do Departamento de Trânsito de Seattle, onde vive.

FOTOS: DANA DAVIS (BIOSFERAS DE BOLSO), KEVIN KENNEFICK (VILA VERDE) E FRANZ WAEUHOF (PAISAGEM PARA CAMINHAR) / TODAS CORTESIA DA ARTISTA

A seLecT nº 5 esTá nAs meLhores bAncAs de Todo pAís. A edição compLeTA Tem 132 páginAs. Aqui você AcessA pArTe doseu conTeúdo.

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