seleção de matrizes e seus efeitos no ganho genético do rebanho
DESCRIPTION
Autores: Raysildo Barbosa Lôbo, Luís Gustavo Girardi Figueiredo, Juliana Ferragute Leite, ANCP Ribeirão Preto - SP, E-mail: [email protected], [email protected] , [email protected] , www.ancp.org.br.TRANSCRIPT
Seleção de matrizes e seus efeitos no ganho genético do rebanho
Autores: Raysildo Barbosa Lôbo, Luís Gustavo Girardi Figueiredo, Juliana Ferragute Leite, ANCP
Ribeirão Preto - SP,
E-mail: [email protected], [email protected] , [email protected] ,
www.ancp.org.br.
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar o efeito da seleção de fêmeas sobre a
evolução genética do rebanho para o MGT. Para análise dos efeitos da seleção de fêmeas
comparou-se a evolução genética do rebanho segundo as médias do MGT das progênies
nascidas da safra 2003 a 2012 e as médias do MGT dos reprodutores e matrizes pais dessas
progênies. Foram comparadas duas propriedades: Propriedade A que realiza seleção de
fêmeas para características que compõe o MGT e a Propriedade B que não realiza seleção de
fêmeas para essas características. Observou-se que apesar de ambas as propriedades
apresentarem ganhos genéticos, a Propriedade A obteve ganho genético médio das progênies
de 0,95 u.d.p.g./ano, contra um ganho de 0,43 u.d.p.g/ano da Propriedade B, ou seja, o ganho
genético da Propriedade A foi 121% superior apenas selecionando as matrizes.
Introdução
O mercado de reprodutores esta cada vez mais exigente em relação à qualidade
genética dos machos tornando-os foco do trabalho dos rebanhos selecionadores. Para que seja
possível disponibilizar estes animais no mercado é preciso que o processo de seleção seja
continuo e eficiente do rebanho como um todo.
A evolução genética de um rebanho tem como base a utilização de touros de alto
potencial genético, a realização de acasalamentos dirigidos, a redução do intervalo de
gerações e a intensidade de seleção aplicada ao rebanho. Um fator normalmente
negligenciado no processo de seleção é a qualidade genética do rebanho de matrizes,
limitando o descarte das mesmas por falhas reprodutivas. Dessa forma o rebanho de matrizes
evolui timidamente em relação a outras características importantes na produção de animais
de alto valor genético como desempenho, habilidade materna, fertilidade, precocidade e
qualidade de carcaça.
O objetivo deste trabalho é apresentar o efeito da seleção de fêmeas sobre a evolução
genética do rebanho, para o MGT.
Material e Métodos
O conjunto de dados contendo as diferenças esperada de progênie (DEPs) e as
respectivas acurácias utilizadas nesse estudo são da Associação Nacional de Criadores e
Pesquisadores (ANCP), onde se analisou o efeito da seleção de fêmeas sobre a evolução
genética do Mérito Genético Total (MGT), índice empírico expresso em unidades de desvio
padrão genético (u.d.p.g), composto pelas seguintes características apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 – Composição do Mérito Genético Total (MGT)
Características Ponderação
Habilidade Maternal (MP120) 20%
Peso aos 365 dias (DP365) 20%
Peso aos 450 dias (DP450) 20%
Perímetro escrotal aos 365dias (DPE365) 10%
Perímetro escrotal aos 450 dias (DPE450) 10%
Idade ao Primeiro Parto (DIPP) 15%
Período de Gestação (DPG) 5%
Para análise dos efeitos da seleção de fêmeas comparou-se a evolução genética do
rebanho segundo as médias do MGT das progênies nascidas da safra 2003 a 2012 e as médias
do MGT dos reprodutores e matrizes pais dessas progênies.
Foram comparadas, através dos softwares Excel 2010 e MySql, duas propriedades:
Propriedade A que realiza seleção de fêmeas para características de desempenho, fertilidade e
precocidade e a Propriedade B que não realiza seleção de fêmeas para essas características.
Ambas as propriedades utilizaram touros com média de MGT similar.
Resultados e Discussão
Comparando as propriedades A e B, que nas safras 2003 a 2012 utilizaram touros com
média de MGT similares, verificou-se que o efeito da seleção de fêmeas na evolução do
rebanho foi muito significativo. Nos gráficos 1 e 2 é possível observar que o desempenho das
progênies é inferior quando a média de MGT das fêmeas é inferior.
Gráfico 1 – Evolução genética do MGT, para as progênies nascidas nas safras 2003 a
2012 e para os reprodutores e matrizes pais dessas progênies, na Propriedade A (com seleção
de fêmeas).
Gráfico 2 – Evolução genética do MGT, para as progênies nascidas nas safras 2003 a
2012 e para os reprodutores e matrizes pais dessas progênies, na Propriedade B (sem seleção
de fêmeas).
A Propriedade A (gráfico 1) apresentou ganho genético de 1,03 u.d.p.g./ano para as
fêmeas, demonstrando que houve seleção para as características que compõe o MGT,
enquanto que a Propriedade B (gráfico 2) apresentou ganho genético para as fêmeas de 0,23
u.d.p.g./ano
A Tabela 2 mostra que as progênies da Propriedade A apresentaram média de 9,98
u.d.p.g para MGT, no período, enquanto que as progênies da Propriedade B apresentaram
média de 7,89 u.d.p.g. Observa-se também que a média dos reprodutores utilizados na
Propriedade B foi superior a utilizados na Propriedade A e mesmo assim a média da progênie
da Propriedade A é superior, devido à média das matrizes serem superior.
Tabela 2 – Médias dos MGT por safra, para as progênies e touros das propriedades A e B.
Safra Média MGT da Progênie Média MGT dos Touros
Propriedade A Propriedade B Propriedade A Propriedade B
2003 5,24 5,67 8,58 9,57
2004 6,88 6,46 9,37 12,83
2005 7,92 8,60 10,70 15,15
2006 8,24 6,29 10,09 11,04
2007 9,82 8,93 11,45 12,74
2008 10,71 6,53 12,31 8,63
2009 11,32 7,06 13,14 11,56
2010 12,50 8,27 14,59 14,05
2011 13,27 10,04 15,70 17,35
2012 13,93 11,03 16,21 17,66
Média Geral 9,98 7,89 12,21 13,06
Conclusão
A seleção de fêmeas é de grande importância para um eficiente ganho genético do
rebanho e para que seja possível fornecer animais de alto potencial genético ao mercado. Esse
estudo mostra que apesar de ambas as propriedades apresentarem ganhos genéticos no
período de 2003 a 2012, a Propriedade A se destaca por um ganho genético médio das
progênies de 0,95 u.d.p.g./ano, contra um ganho de 0,43 u.d.p.g/ano da Propriedade B, ou
seja, o ganho genético da Propriedade A foi 121% superior apenas selecionando as matrizes
para as características do MGT e não somente pela falha reprodutiva.