segurança em instalações e serviços em eletricidade curso nr-10.pdf · recomenda-se...

189
1 Segurança em instalações e serviços em eletricidade Norma regulamentadora Nº 10

Upload: trantu

Post on 12-Oct-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Segurança em instalações e serviços em eletricidade

Norma regulamentadora Nº 10

2

APRESENTAÇÃO A eletricidade é um agente de risco causador de muitos acidentes, não só com danos pessoais a trabalhadores, usuários e outras pessoas, mas também com prejuízos materiais. A constante atualização da legislação brasileira referente à prevenção de acidentes do trabalho é uma das principais ferramentas à disposição de trabalhadores para garantir ambiente de trabalho seguro e saudável. O novo texto e análise comentada da Norma Regulamentadora Nº 10, instituída pela Portaria 598 de 7 de dezembro de 2004, do Ministério do Trabalho e Emprego. A principal novidade estabelecida na Convenção Coletiva foi a criação de treinamento específico em aspectos de Engenharia de Segurança e Saúde no Trabalho, definindo tópicos e duração mínima, cujo teor foi reforçado no texto da NR-10. Recomenda-se enfaticamente que antes da utilização do presente manual para o treinamento da NR-10, as empresas o adaptem às suas particularidades não descritas ou previstas neste documento. A atualização tem a obrigatoriedade da existência do memorial técnico de instalações existentes (Prontuário de Instalações Elétricas); a necessidade de antecipação de uma filosofia de segurança ainda na fase de projeto (tornando obrigatória a existência do manual descritivo dos itens de segurança nas instalações); o estabelecimento de procedimentos de segurança nas diversas atividades da área elétrica, como construção, montagem, operação e manutenção (circuitos energizados ou não e alta tensão); o detalhamento do perfil do empregado habilitado, qualificado, capacitado e autorizado (estabelecendo a necessidade de cursos básicos e complementares de segurança do trabalho para o funcionário autorizado); a definição do conceito de “Zona de Risco” e “Zona Controlada” (em relação à distância de trabalho e equipamentos energizados); e por fim, o reconhecimento da responsabilidade solidária da empresa, contratadas e trabalhadores, quanto ao exercício da política da segurança do trabalho. Que o presente possa auxiliar os esforços de trabalhadores, empregadores e governo na melhoria das condições de trabalho e na prevenção da vida humana é o desejo do Grupo Tripartite de profissionais que o elaborou.

3

PORTARIA Nº 598, DE 7 DEZEMBRO DE 2004 O MINISTÉRIO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 200 da Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 e considerando a proposta de regulamentação revisada e apresentada pelo Grupo de Trabalho Tripartite da Norma Regulamentadora nº 10 (GTT/NR-10), e aprovada pela Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), de acordo com o disposto na Portaria nº 1.127, de 2 de outubro de 2003, que estabelece procedimentos para elaboração de normas regulamentares relacionadas à segurança, saúde e condições gerais de trabalho, resolve: Art. 1º Alterar a Norma Regulamentadora nº 10 que trata de Instalações e Serviços em Eletricidade, aprovada pela Portaria nº 3.214, de 1978, que passa a vigorar na forma do disposto no anexo a esta Portaria. Art. 2º As obrigações estabelecidas nesta Norma são de cumprimento imediato, exceto aquelas de que trata o Anexo II, que contém prazos específicos para atendimento. Parágrafo único. Até que se exaurem os prazos previstos para cumprimento das obrigações de que trata o Anexo II, permanecerá em vigor a regulamentação anterior. Art. 3º Criar a Comissão Permanente Nacional sobre Segurança em Energia Elétrica (CPNSEE), com o objetivo de acompanhar a implementação e propor as adequações necessárias ao aperfeiçoamento da Norma Regulamentadora nº 10. Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

RICARDO BERZOINI Ministério do Trabalho e Emprego

4

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO À SEGURANÇA COM ELETRICIDADE...................................... 5

ENERGIA ELÉTRICA: GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO........... 7

CHOQUE ELÉTRICO............................................................................................. 9

TIPOS DE CHOQUE ELÉTRICO........................................................................... 10

DESCARGAS ATMOSFÉRICAS OU RAIOS........................................................ 12

PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS.................................................. 16

FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDADE DO CHOQUE......................... 17

RESISTÊNCIA ELÉTRICA DO CORPO HUMANO.............................................. 18

SISTEMAS DO CHOQUE NO INDIVIDUO............................................................ 20

SINTOMAS DA QUEIMADURA DEVIDO AO CHOQUE ELÉTRICO................... 21

ARCO ELÉTRICO.................................................................................................. 23

CONSEQUÊNCIAS DE ARCOS ELÉTRICOS..................................................... 24

CAMPOS ELETROMAGNÉTICOS....................................................................... 25

RISCOS ADICIONAIS.......................................................................................... 27

AMBIENTES CONFINADOS................................................................................. 28

ÁREAS CLASSIFICADAS..................................................................................... 29

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM AMBIENTES EXPLOSIVOS.......................... 31

CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS............................................................................ 33

ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA.................................................................. 37

TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO.................................................................... 40

MEDIDAS DE CONTROLE DO RISCO ELÉTRICO............................................. 49

SISTEMAS DE ATERRAMENTO ELÉTRICO ...................................................... 57

DIFERENCIAL RESIDUAL - DR........................................................................... 63

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA.......................... 72

NORMAS BRASILEIRAS...................................................................................... 85

NR-10: SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 89

ZONA DE RISCO E ZONA CONTROLADA......................................................... 103

PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO..................................................................... 106

MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO.......................................................... 115

CLASSES DE INCÊNDIO...................................................................................... 122

AGENTE EXTINTORES........................................................................................ 124

INSPEÇÃO, MANUTENÇÃO E RECARGA DE EXTINTORES........................... 132

PRIMEIROS SOCORROS: AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA.......... 141

SINAIS VITAIS....................................................................................................... 146

PARADA RESPIRATÓRIA................................................................................... 150

MÉTODOS PARA DESOBSTRUIR A VIA AÉREA.............................................. 151

PARADA CARDIACA............................................................................................ 153

COMPRESSÃO CARDIÁCA................................................................................. 154

FIBRILAÇÃO......................................................................................................... 157

NOÇÕES SOBRE LESÕES.................................................................................. 161

TÉCNICAS PARA REMOÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS.............. 169

PICADAS E MORDIDAS DE ANIMAIS................................................................. 170

PROCEDIMENTOS DE TRABALHO..................................................................... 174

BIBLIOGRÁFIAS.................................................................................................... 207

5

INTRODUÇÃO A eletricidade é uma forma de energia mais utilizada na sociedade atual; a facilidade em ser transportada dos locais de geração para os pontos de consumo e sua transformação normalmente simples em outros tipos de energia, como mecânica, luminosa e térmica. Com características adequadas à moderna economia, facilmente disponibilizada aos consumidores, a eletricidade sob certas circunstâncias, pode comprometer a segurança e a saúde das pessoas. A eletricidade não é vista, é um fenômeno que escapa aos nossos sentidos, só se percebem suas manifestações exteriores, como a iluminação entre outros. Em conseqüência dessa “invisibilidade”, a pessoa é, muitas vezes, exposta a situações de risco ignoradas ou mesmo submetida. Não se trata simplesmente de atividades de treinamento, mas desenvolvimento de capacidades especiais que o habilitem a analisar o contexto da função e aplicar a melhor técnica de execução em função das características de local, de ambiente e do próprio processo de trabalho. O objetivo básico deste material é permitir ao treinando o conhecimento básico dos riscos a que se expõe uma pessoa que trabalha com instalações ou equipamentos elétricos, incentivar o desenvolvimento de um espírito crítico que lhe permita valorar tais riscos e apresentar de forma abrangente sistema de proteção coletiva e individual que deverão ser utilizados na execução de suas atividades. Portanto, o treinamento dirigido à prevenção de acidentes em nenhuma hipótese vai substituir treinamentos voltados à execução de tarefas especificas dos eletricistas, permite ampliar a visão do trabalhador para garantir sua segurança e saúde. Neste material serão apresentados os conceitos básicos de eletricidade, o comportamento do corpo humano quando exposto a uma corrente elétrica, as diversas formas de interação e possíveis lesões nos pontos de contato e no interior do organismo, informações sobre primeiros socorros e atendimento emergências. A evolução das tecnologias colocadas à disposição da sociedade não garante de imediato a aplicações de sistemas de controle dos riscos a que poderão estar sujeitos os trabalhadores que irão interagir com esses novos equipamentos e processos, cabendo a cada pessoa que atua no setor observar os procedimentos relativos à prevenção de acidentes, como se diz normalmente no ambiente laboral, “A Segurança é DEVER de Todos”.

6

Destaca-se que o ferramental, EPIs, EPCs, componentes para sinalização e outros citados neste trabalho são apenas alguns dos necessários para a execução das atividades, bem como, os exemplos de passo a passo ou procedimentos de trabalho, análise preliminar de risco e seus controles exemplificados são orientativos e não representam a única forma para a realização das atividades com eletricidade, devendo cada empresa ou entidade educacional valida-los e adaptá-los de acordo com suas particularidades.

Legenda: 1 Geração de energia elétrica; 2 Transmissão de energia elétrica;

3 Distribuição de energia elétrica.

7

ENERGIA ELÉTRICA: GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO A energia elétrica que alimenta as indústrias, comércio e nossos lares são gerados principalmente em usinas hidrelétricas. No Brasil a geração de energia elétrica é 80% produzida a partir de hidrelétricas, 11% por termoelétricas e o restante por outros processos. A partir da usina a energia transformada, em subestações elétricas, e elevada a níveis de tensão (69/88/138/240/440 kV) e transportada em corrente alternada (60 Hertz) através de cabos elétricos, até as subestações rebaixadoras, delimitando a fase de transmissão. Na fase de distribuição (11,9/13,8/23 kV), nas proximidades do centro de consumo, a energia elétrica é tratada nas subestações, com seu nível de tensão rebaixado e sua qualidade controlada, sendo transportados por redes elétricas aéreas ou subterrâneas, construídas por estruturas (postes, torres, dutos subterrâneos e acessórios), cabos elétricos e transformadores para novos rebaixamentos (110/127/220/380 V), e finalmente entregue aos clientes industriais, comerciais, de serviços e residenciais em níveis de tensão variáveis, de acordo com a capacidade de consumo instalada de cada cliente. Quando falamos em setor elétrico, referimo-nos ao Sistema Elétrico de Potência (SEP), definido como conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição. O SEP trabalha com vários níveis de tensão, classificadas em alta e baixa tensão e normalmente com corrente elétrica alternada (60 Hz). Conforme definição dada pela ABNT através das NBR (Normas Brasileiras Regulamentadoras) considera-se “baixa tensão”, a tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. Da mesma forma considera-se “alta tensão”, a

tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Os riscos na fase de geração (turbina/geradores) de energia elétrica são similares e comuns a todos os sistemas de produção de energia e estão presentes em diversas atividades:

8

Instalação e manutenção de equipamentos e maquinários (turbinas, geradores, transformadores, disjuntores, capacitores, chaves, sistemas de medição entre outros);

Manutenção das instalações industriais após a geração; Operação de painéis de controle elétrico; Acompanhamento e supervisão dos processos; Transformação e elevação da energia elétrica; Processos de medição da energia elétrica;

As atividades características da geração se encerram nos sistemas de medição de energia usualmente em tensões de 138 a 500 kV, interface com a transmissão de energia elétrica. DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Compreende os potenciais após a transmissão, indo das subestações de distribuição entregando energia elétrica aos clientes. A distribuição da energia elétrica aos clientes é realizada nos potenciais: Médios clientes abastecidos por tensão de 11,9 kV / 13,8 kV / 23 kV; Clientes residenciais, comerciais e industriais até a potência de 75 kVA

(o abastecimento de energia é realizado no potencial de 110, 127, 220 e 380 Volts);

Distribuição subterrânea no potencial de 24 kV. A distribuição de energia elétrica possui diversas etapas de trabalho: Recebimento e medição de energia elétrica nas subestações; Rebaixamento ao potencial de distribuição da energia elétrica; Construção de redes de distribuição; Construção de estruturas e obras civis; Montagens de subestações de distribuição; Montagens de transformadores e acessórios em estruturas nas redes

de distribuição; Manutenção das redes de distribuição aérea; Manutenção das redes de distribuição subterrânea; Poda de árvores; Montagens de cabinas primárias de transformação; Limpeza e desmatamento das faixas de servidão; Medição do consumo de energia elétrica; Operação dos centros de controle e supervisão da distribuição.

No setor elétrico o entendimento dos trabalhos executados em “linha viva” está associado às atividades realizadas na rede de alta tensão energizada pelos

9

métodos: ao contato, ao potencial e a distância e deve ser executados por profissionais capacitados especificamente em curso de “linha viva”. MANUTENÇÃO COM A LINHA DESENERGIZADA “LINHA MORTA” Todas as atividades envolvendo manutenção no setor elétrico devem priorizar os trabalhos com circuitos desenergizados. Apesar de desenergizadas devem obedecer a procedimentos e medidas de segurança adequado. Serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para serviços mediante os procedimentos apropriados: secciona mento, impedimento de reenergização, constatação da ausência de tensão, instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos, proteção dos elementos energizados existentes, instalação da sinalização de impedimento de energização. MANUTENÇÃO COM A LINHA ENERGIZADA “LINHA VIVA” Esta atividade deve ser realizada mediante a adoção de procedimentos e metodologias que garantam a segurança dos trabalhadores. Nestas condições de trabalho as atividades devem ser realizadas mediante os métodos: Método ao contato

O trabalhador tem contato com a rede energizada, mas não fica no mesmo potencial da rede elétrica, pois está devidamente desta, utilizando equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletivos adequados a tensão da rede.

Método ao potencial

É o método onde o trabalhador fica em contato direto com a tensão da rede, no mesmo potencial. Nesse método é necessário o emprego de medidas de segurança que garantam o mesmo potencial elétrico no corpo inteiro do trabalhador, devendo ser utilizado o conjunto de vestimenta condutiva (roupas, capuzes, luvas e botas), ligadas através de cabo condutor elétrico e cinto à rede objeto da atividade.

Método à distância

É o método onde o trabalhador interage com a parte energizada a uma distância segura, através do emprego de procedimentos, estruturas, equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes apropriados.

CHOQUE ELÉTRICO O choque elétrico acontece porque o corpo humano se comporta como um condutor elétrico, que possibilita a passagem da corrente elétrica que oferece uma “resistência” através dele. É um estímulo rápido e acidental do sistema nervoso do corpo humano causado pela passagem de uma corrente elétrica. A passagem da corrente

10

elétrica ocorre quando o corpo é submetido a uma tensão elétrica suficiente para vencer a sua impedância. Como resultado da passagem da corrente elétrica pelo corpo humano, pode ter desde uma sensação de formigamento até sensações dolorosas com contração muscular. A gravidade do choque elétrico é determinada pela intensidade de corrente que o provocou e que depende dos seguintes fatores: Diferença de potencial a que foi submetido o corpo; Área de contato do corpo; Pressão de contato; Duração do contato; Tensão de contato.

O percurso e o tempo de duração da passagem da corrente são também importantes nos efeitos que serão produzidos no corpo. As correntes mais perigosas são as que atravessam o corpo de mão a mão, da mão esquerda para os pés ou da cabeça para os pés, pois afetam diretamente o coração. Se a superfície de contato do corpo estiver úmida ou suada e os pés molhados, a intensidade de corrente pode assumir valores muito elevados e produz efeitos gravíssimos.

Figura – Percursos da corrente elétrica no corpo.

Fonte: FUNDAÇÃO COGE – Comitê de Segurança e Saúde no Trabalho. Curso da NR-10 –

Manual. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://www.fundacoge.com.br>.

TIPOS DE CHOQUE ELÉTRICO O corpo humano, mais precisamente a sua característica orgânica à passagem da corrente é uma impedância elétrica composta por resistência elétrica, associada a um componente com comportamento levemente capacitivo.

11

Choque estático É o choque obtido pela descarga de um capacitor, ou seja, gerado a partir do efeito capacitivo, que acumula e retém energia elétrica, presente nos mais diferentes materiais e equipamentos com os quais o homem convive.

Choque dinâmico

É o choque tradicional, obtido ao tocar um elemento energizado da rede de energia elétrica.

Este tipo de choque é o mais perigoso, porque a rede de energia elétrica mantém a pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuadamente. O corpo humano é um organismo resistente, que suporta bem o choque elétrico nos primeiros instantes, mas com a manutenção da corrente passando pelo corpo, os órgãos internos vão sofrendo conseqüências: Elevação da temperatura dos órgãos devido ao aquecimento produzido

pela corrente de choque; Rigidez dos músculos; Superposição da corrente do choque com as correntes

neurotransmissoras que comandam o organismo humano, ocasionando movimentos bruscos e involuntários;

Comprometimento do coração, quanto ao ritmo de batimento cardíaco e à possibilidade de fibrilação ventricular;

Efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue; Comprometimento da respiração; Pro lapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua

devida posição; Comprometimento de outros órgãos, com rins, cérebro, vasos, órgãos

genitais e reprodutores. Muitos órgãos aparentemente sadios só vão apresentar sintomas devido aos efeitos da corrente muitos dias ou meses depois de ocorrido o choque elétrico.

12

As seqüelas, muitas vezes não são relacionadas ao choque em virtude do espaço de tempo decorrido desde o acidente.

EFEITOS DO CHOQUE ELÉTRICOS DEPENDENTES DA INTENSIDADE DE CORRENTE

FAIXA DE CORRENTE REAÇÕES FISIOLÓGICAS HABITUAIS

0,1 a 0,5 mA Leve percepção superficial; habitualmente nenhum efeito.

0,5 a 10 mA Ligeira paralisia nos músculos do braço, com inicio de rigidez; habitualmente nenhum efeito perigoso.

10 a 30 mA Nenhum efeito perigoso s houver interrupção em, no máximo, 200 ms.

30 a 500 mA Paralisia estendida aos músculos do tórax, com sensação de falta de ar e tontura; possibilidade de fibrilação ventricular se a descarga elétrica se manifestar na fase crítica do ciclo cardíaco e por tempo superior a 200 ms.

Acima de 500 mA Traumas cardíacos persistentes; nesse caso o efeito é letal, salvo intervenção imediata de pessoal especializado com equipamento adequado.

Descargas atmosféricas ou raios

São gigantescas descargas elétricas entre nuvens, ou entre nuvens e a terra, que podem produzir choque elétrico como que produzidos por enormes capacitores, portanto com altíssima corrente.

Descarga eletrostática: É o efeito capacitivo presente nos mais diferentes materiais e equipamentos com os quais o homem convive. Exemplo típico é o que acontece em veículos que se movem em climas secos. Com movimento, o atrito com o ar gera cargas elétricas que se acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Portanto, entre o veículo e o solo passa a existir uma diferença de potencial. Dependendo do acúmulo das cargas, poderá haver o perigo de faiscamentos ou de choque elétrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veículo. Os choques dinâmicos podem ser causados pela tensão de toque ou de passo. Tensão de toque

É a tensão elétrica existente entre os membros superiores e inferiores do indivíduo, quando o mesmo toca em equipamentos com defeito na isolação ou na parte nua de um condutor energizado, como, por exemplo:

13

- Uma falha na ruptura da cadeia de isoladores de uma torre de transmissão; o cabo condutor ao tocar na parte metálica da torre produz um curto-circuito do tipo monofásico a terra. A corrente de curto-circuito passará pela torre, entrará na terra e percorrerá o solo até atingir a malha da subestação, retornando pelo cabo da linha de transmissão até o local do curto.

No solo, a corrente de curto-circuito gerará potenciais distintos desde o “pé” da torre até uma distância remota. Este potencial é apresentado pela curva acima. Uma pessoa tocando na torre no momento do curto-circuito ficará submetida a um choque proveniente da tensão de toque. Entre a palma da mão e o pé haverá uma diferença de potencial chamada tensão de toque. Por norma, e nos projetos de sistema de aterramento, considera-se a pessoa afastada a 1 metro do equipamento em que está tocando com a mão. Neste caso, a resistência R1 representa a resistência da terra do “pé” da torre até a distância de1 metro. O restante do trecho da terra é representado pela resistência R0. A resistência do corpo humano para correntes alternada de 50 ou 60 Hz, pele suada, para tensão de toque maior que 250 v fica saturada em 1.000 ohms.

ET – tensão de toque; Rc – resistência do corpo;

Rk/2 – resistência de contato pé-solo;

R0, R1 – resistências dos trechos de solo considerados.

Variação do potencial em razão do Escoamento da corrente através do solo

ET

Rk/2 R1

Rc

R2 R0

1m

Rk/2 R1

R0

14

Cada pé em contato com o solo terá uma resistência de contato representada por Rk. Assim, a tensão de toque é expressa pela fórmula:

Et = (Rc + Rk/2) . I choque O aterramento no “pé” da torre só estará adequado se, no instante do curto-circuito monofásico a terra, a tensão de toque ficar abaixo do limite de tensão para não causar fibrilação ventricular. A tensão de toque é perigos, porque o coração está no trajeto da corrente de choque, aumentando o risco de fibrilação ventricular. Tensão de passo

É a tensão elétrica entre os pés de um indivíduo quando o mesmo está no solo próximo de um local onde passa a corrente elétrica para a terra, devido à queda de condutores energizados no solo, ou descargas atmosféricas em corpos aterrados.

A tensão de passo é definida como parte da tensão de um sistema de aterramento à qual pode ser submetida uma pessoa, cujos pés estão separados pela distância de um metro.

A tensão de passo diminui à medida que a pessoa se afasta do aterramento. A tensão de passo será máxima quando um pé estiver junto à haste de terra e o outro, afastado de um metro.

Variação do potencial em razão do Escoamento da corrente através do solo

E

P

Rk Rk

R1 R2

R0

R1

Rc

Rk

Rk

R2

R0

1m

15

No caso da torre de transmissão, a pessoa receberá entre os dois pés a tensão de passo. Nos projetos de aterramento considera-se a distância entre os dois pés de 1 metro. Pela figura, obtém-se a expressão:

E = (Rc + 2 Rk) . I choque O aterramento só será bom se a tensão de passo for menor do que o limite de tensão de passo para não causar fibrilação ventricular no ser humano. A tensão de passo é menos perigosa do que a tensão de toque. Isto se deve ao fato do coração não estar no percurso da corrente, no caso da tensão de passo. Esta corrente vai de pé a pé, mas ela também é perigosa. As veias e artérias vão da planta do pé até o coração. O sangue condutor a corrente de choque devido à tensão de passo vai do pé até o coração e deste ao outro pé. Por este motivo, a tensão de passo é também perigosa e pode provocar a fibrilação ventricular. Observe que as tensões geradas no solo pelo curto-circuito criam superfícies equipotenciais. Se a pessoa estiver com os dois pés na mesma superfície de potencial, a tensão de passo será nula, não havendo choque elétrico. A tensão de passo poderá assumir uma gama de valores que vai de zero até a máxima diferença entre duas superfícies equipotenciais separadas de 1 metro. Um agravante é que a corrente de choque devido à tensão de passo contrai os músculos da perna e coxa, fazendo a pessoa cair e, ao tocar no solo com as mãos, a tensão se transforma em tensão de toque no solo. Nesse caso, o perigo é maior, porque o coração está contido no percurso da corrente de choque.

E – tensão de passo; Rc – resistência do corpo;

Rk – resistência de contato pé-solo;

R0, R1, R2 – resistências dos trechos de solo considerados.

16

No gado, a tensão de passo se transforma em tensão entre patas. Essa tensão é maior que a tensão de passo do homem, com o agravamento de que no gado a corrente de choque passa pelo coração.

Proteção contra choques elétricos O princípio que fundamenta as medidas de proteção contra choques elétricos, conforme a NBR 5410/ 2004, pode ser resumido por: Partes vivas de instalações elétricas não devem ser acessíveis; Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo,

seja em condições normais, seja, em particular, em caso de algumas falhas que as torne acidentalmente vivas.

Nas partes vivas de instalações elétricas, o choque elétrico acontece quando se toco inadvertidamente a parte viva do circuito de instalação de energia elétrica. Acontece somente quando duas ou mais partes do corpo tocam simultaneamente duas fases ou uma fase e a massa aterrada do equipamento elétrico. Nesse caso, a corrente elétrica do choque é atenuada pela: Resistência elétrica do corpo humano; Resistência do calçado; Resistência do calçado com o solo; Resistência da terra no local dos pés no solo; Resistência do aterramento da instalação elétrica no ponto de

alimentação de energia. Neste caso devem-se prover medidas de proteção básica que visem impedir o contato com partes vivas perigosas em condições normais, por exemplo: Isolação básica ou separação básica; Uso de barreiras ou invólucros; Limitação de tensão.

No caso das massas ou partes vivas, o choque ocorre quando regiões neutras ficam com diferença de potencial devido a um curto-circuito na instalação ou nos equipamentos. Deve-se notar que nesse tipo de choque a pessoa está tocando ou pisando em regiões ou elementos não energizados da instalação. Porém, no momento do curto-circuito, durante este, estas áreas neutras ficam com diferença de potencial, advindo daí o choque elétrico.

17

Neste caso devem-se prover medidas de proteção supletivas que visem suprir a proteção contra choques em caso de falha de proteção básica, como por exemplo: Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação; Isolação suplementar; Separação elétrica.

Fatores determinantes da gravidade do choque Os principais fatores que determinam à gravidade do choque elétrico são: Percurso da corrente elétrica; Características da corrente elétrica; Resistência elétrica do corpo humano.

Características da corrente elétrica Outros fatores a determinar a gravidade do choque elétrico são as características da corrente: Corrente contínua (CC)

A fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto específico e vulnerável do ciclo cardíaco.

Corrente alternada (CA)

Entre 20 e 100 Hz, são as que oferecem maior risco. Especificamente as de 60 Hz, normalmente usadas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, são as mais perigosas, uma vez que situam próximo à freqüência na qual a possibilidade de ocorrência da fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de freqüências elevadas, acima de 2.000 Hz, as possibilidades de ocorrência de choque elétrico são pequenas, contudo, ocorrerão queimaduras, devido à corrente tenderem a circular pela parte externa do corpo, ao invés da interna. Ocorrem também diferenças nos valores de intensidade de corrente para uma determinada sensação de choque elétrico, se a vítima for do sexo feminino ou masculino.

Efeitos de choque elétricos em função do tempo de contato e intensidade de corrente A relação entre tempo de contato e intensidade de corrente é um agravante nos acidentes por choque elétrico. Conforme o gráfico, a norma NBR 6533 da ABNT, defini cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz, admitindo a circulação entre as extremidades do corpo em pessoas com 50 Kg de peso.

18

Resistência elétrica do corpo humano A intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima dependerá, em muito da resistência elétrica que esta oferece à passagem da corrente, e também de qualquer outra resistência adicional entre a vítima e a terra. A resistência que o corpo humano oferece à passagem da corrente é quase que exclusivamente devida à camada externa da pele, a qual é constituída de células mortas. Esta resistência está situada entre 100.000 e 600.000 ohms, quando a pele encontra-se seca e não apresenta cortes, e a variação apresentada é função da sua espessura. Quando a pele encontra-se úmida, condição mais facilmente encontrada na prática, a resistência elétrica do corpo diminui. Cortes também oferecem uma baixa resistência. Pelo mesmo motivo, ambientes que contenham muita umidade fazem com que a pele não ofereça uma elevada resistência elétrica à passagem da corrente. A resistência oferecida pela parte interna do corpo, constituída pelo sangue, músculos e demais tecidos, comparativamente à da pele é bem baixa, medindo normalmente 300 ohms, em média, e apresentando um valor máximo de 500ohms. As diferenças da resistência elétrica apresentada pela pele à passagem da corrente, ao estar seca ou molhada, podem ser grandes. Com isso, pode influir na possibilidade de uma pessoa vir a sofrer um choque elétrico.

19

Num toque acidental de um dedo com um ponto energizado de um circuito elétrico teremos, quando a pele estiver seca, uma resistência de 400.000 ohms; quando úmida, uma resistência de apenas 15.000 ohms. Usando a lei de Ohm e considerando que o contato foi feito em um ponto do circuito elétrico que representa uma diferença de potencial de 120 volts, teremos: Seca:

I = V/R I = 120 V / 400.000 Ω = 0,3 mA

Molhada:

I = 120 V / 15.000 Ω = 8 mA

Corrente de largar é o valor máximo de corrente que uma pessoa pode suportar quando estiver segurando um objeto energizado e ainda ser capaz de largá-lo pela ação de músculos diretamente estimulados por esta corrente. Espraiamento de corrente do choque elétrico Devido à diferença elétrica e de seções transversais das várias regiões do corpo humano, a corrente que provoca o choque elétrico sofre, dentro de um indivíduo, uma distribuição diferenciada, um espraia mento. Portanto, o efeito da corrente do choque se dá de maneira diferenciada no corpo humano. Desse modo os efeitos térmicos são mais intensos nas regiões de alta intensidade de corrente, podendo produzir queimaduras de alto risco. Já na área de baixa densidade de corrente o calor produzido é pequeno. Em virtude da área da região do tórax ser maior, a densidade de corrente é pequena, diminuindo os efeitos térmicos de contração e fibrilação no coração. Isso é positivo do ponto de vista da segurança humana. O espraia mento pode ser na forma de macro choque ou micro choque. O macro choque é definido quando a corrente do choque entra no corpo humano pelo lado externo. A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. Ou seja, o corpo humano está em toda a sua resistência no trajeto da resistência

Exemplo

20

elétrica da pele humana. O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da diferença de potencial do choque. Para uma mesma tensão, a corrente vai depender do estado da pele. O macro choque é o choque comum, sentido pelas pessoas. Qualquer pessoa ao encostar-se a um local energizado, ou num equipamento elétrico com defeito na sua isolação, ficará à mercê do macro choque. Micrichoque é o choque elétrico que ocorre no interior do corpo humano. É o tipo de choque que ocorre por defeito em equipamento médico-hospitalar. Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diagnosticar ou monitorar qualquer órgão humano, poderá produzir micro choque. Este choque poderá ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois condutores interno no corpo. A resistência elétrica nestas condições é muito baixa, aumentando muito o perigo do choque. O micro choque ocorre principalmente por defeitos em equipamentos médico-hospitalares. Sintomas do choque no indivíduo Manifestam-se por: Parada respiratória – inibição dos centros nervosos, inclusive dos que

comandam a respiração. Parada cardíaca – alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir

fibrilação e uma conseqüência parada. Necrose – resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido. Alteração no sangue – provocada por efeitos térmicos e eletrolíticos da

corrente elétrica. Perturbação do sistema nervoso. Seqüelas em vários órgãos do corpo humano.

Se o choque elétrico for devido ao contato direto com a tensão da rede, todas as manifestações podem ocorrer. Para os choques elétricos devido à tensão de toque e à de passo imposta pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede elétrica, a manifestação mais importante a ser considerada é a fibrilação ventricular do coração.

Observação

21

Parada cardíaca é a falta total de funcionamento do coração. Quando ele está efetivamente parado, o sangue não é mais bombeado, a pressão cai a zero e a pessoa perde o sentido. Nesse estado às fibras musculares estão inativas, interrompendo o batimento cardíaco. Fibrilação ventricular no coração humano é um fenômeno diferente da parada cardíaca, mas com conseqüências idênticas. Na fibrilação ventricular as fibras musculares do coração ficam tremulando desordenadamente, havendo, em conseqüência, uma total ineficiência no bombeamento do sangue. Sintomas da queimadura devido ao choque elétrico Quando uma corrente elétrica passa através de uma resistência elétrica é liberada uma energia térmica. Este fenômeno é denominado Efeito Joule.

E térmica = R corpo humano . I² choque . t choque Onde: E térmica = Energia em joules (J) liberada no corpo humano. R corpo humano = Resistência elétrica (S) do corpo humano, ou se for o caso, só a resistência de parte do corpo, do músculo ou órgão afetado. I choque = Corrente elétrica do choque (A). t choque = Tempo do choque (s). O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendo produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser: Queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo; Aquecimento do sangue, com a sua conseqüente dilatação; Aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e

cartilagens; Queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se

gelatinosas.

22

As condições citadas não acontecem isoladamente, mas sim associadas, advindo, em conseqüência, outras causas e efeitos nos demais órgãos. O choque de alta-tensão queima, danifica, fazendo buracos na pele nos pontos de entrada e saída da corrente pelo corpo humano. As vítimas do choque de alta tensão morrem devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevivem ficam com seqüelas, geralmente com:

Perda de massa muscular; Perda parcial de ossos; Diminuição e atrofia muscular; Perda da coordenação motora; Cicatrizes, entre outros.

Choque elétrico em baixa tensão tem pouco poder térmico. O problema maior é o tempo de duração, que, se persistir, pode levar à morte, geralmente por fibrilação ventricular do coração. A queimadura também é provocada de modo indireto, isto é, devido ao mau contato ou a falhas internas no aparelho elétrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos internos, elevando a temperatura a níveis perigosos.

23

Proteção contra efeitos térmicos As pessoas, os componentes fixos de uma instalação elétrica, bem como os materiais fixos próximos devem ser protegidas contra os efeitos prejudiciais do calor ou irradiação térmica produzidos pelos equipamentos elétricos, particularmente quanto a: Riscos de queimaduras; Prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação; Combustão ou deterioração de materiais.

Proteção contra queimaduras As partes acessíveis de equipamentos elétricos situados na zona de alcance normal não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas e devem atender aos limites de temperaturas, ainda que por curtos períodos, determinados pela NBR 14039 e devem ser protegidas contra qualquer contato acidental. NBR 14039 – TEMPERATURAS MÁXIMAS DAS SUPERFÍCIES EXTERNAS DOS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS DISPOSTOS NO INTERIOR DA ZONA DE ALCANCE NORMAL

TIPO DE SUPERFÍCIE TEMPERATURAS MÁXIMAS (0ºC) Superfícies de alavancas, volantes ou punhos de dispositivos de controle manuais : Metálicas Não metálicas

55 65

Superfícies previstas para serem tocadas em serviço normal, mas não destinadas a serem mantidas à mão de forma contínua: Metálicas Não metálicas

70 80

Superfície acessível, mas não destinadas a serem tocadas em serviço normal: Metálica Não metálicas

80 90

Arco elétrico Toda vez que ocorre a passagem de corrente elétrica pelo ar ou outro meio isolante (óleo, entre outros) está ocorrendo um arco elétrico. O arco elétrico (ou arco voltaico) é uma ocorrência de curtíssima duração (menor que ½ segundo), e muitos são tão rápidos que o olho humano não chega a perceber.

24

Os arcos elétricos são extremamente quentes. Próximo ao “laser”, eles são a mais intensa fonte de calor na Terra. Sua temperatura pode alcançar 20.000ºC. Pessoas que estejam no raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras. Os arcos elétricos são eventos de múltipla energia. Forte explosão e energia acústica acompanham a intensa energia térmica. Em determinadas situações, uma onda de pressão também pode se formar, sendo capaz de atingir quem estiver próximo ao local da ocorrência. Conseqüências de arcos elétricos (queimaduras e quedas) Se houver centelha ou arco, a temperatura deste é tão alta que destrói os tecidos do corpo. Todo cuidado é pouco para evitar a abertura de arco através do operador. Também podem desprender-se partículas incandescentes que queimam ao atingir os olhos. O arco pode ser causado por fatores relacionados a equipamentos, ao ambiente ou a pessoas. Uma falha pode ocorrer em equipamentos elétricos quando há um fluxo de corrente não intencional entre fase e terra, ou entre múltiplas fases. Isso pode ser causado por trabalhadores que façam movimentos bruscos ou por descuido no manejo de ferramentas ou outros materiais condutivos quando estão trabalhando em partes energizadas da instalação ou próximas a elas. Outras causas podem estar relacionadas a equipamentos, e incluem falhas em partes condutoras que integram ou não os circuitos elétricos. Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminação por sujeira, ou água, ou presença de insetos ou outros animais (gatos ou ratos que provocam curtos-circuitos em barramentos de painéis ou subestações). A quantidade de energia liberada durante um arco depende da corrente de curto-circuito e do tempo de atuação dos dispositivos de proteção contra sobrecorrentes. Altas correntes de curto-circuito e tempos longos de atuação dos dispositivos de proteção aumentam o risco do arco elétrico. A severidade da lesão para as pessoas na área onde ocorre a falha depende da energia liberada durante a falha, da distância que separa as pessoas do local e do tipo de roupa utilizada pelas pessoas expostas ao arco. As mais sérias queimaduras por arco voltaico envolvem a ignição da roupa da vítima pelo calor do arco elétrico. Tempos relativamente longos (30 a 60 segundos) de queima contínua de uma roupa comum aumentam tanto o grau da queimadura quanto a área total atingida no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da lesão e a própria sobrevivência da vítima. A proteção contra o arco elétrico depende do cálculo da energia que pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de proteção adequadas devem cobrir todas as áreas que possam estar expostas à ação das energias oriundas do arco elétrico. Portanto, muitas vezes, além da cobertura completa

25

do corpo, elas devem incluir capuzes. O que agora nos parece óbvio, nem sempre foi observado, isto é, se em determinadas situações uma análise de risco indica a necessidade de uma vestimenta de proteção contra o arco elétrico, essa vestimenta deve incluir proteção para o rosto, pescoço, cabelos, enfim, as partes da cabeça que também possam sofrer danos se expostas a uma energia térmica muito intensa. Além dos riscos de exposição aos efeitos térmicos do arco elétrico, também está presente o risco de ferimentos e quedas, decorrentes das ondas de pressão que podem se formar pela expansão do ar. Na ocorrência de um arco elétrico, uma onda de pressão pode empurrar e derrubar o trabalhador que está próximo da origem do acidente. Essa queda pode resultar em lesões mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em uma altura superior a dois metros, o que pode ser muito comum em diversos tipos de instalações. Proteção contra perigos resultantes de faltas por arco Os dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a sua operação devem ser selecionados e instalados de forma a garantir a segurança das pessoas que trabalham nas instalações. Temos relacionadas algumas medidas para garantir a proteção contra os perigos resultantes de faltas por arco: Utilização de um ou mais dos seguintes meios:

- dispositivos de abertura sob carga; - chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido; - sistemas de intertravamento; - fechaduras com chave não intercambiáveis.

Corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível; Coberturas sólidas ou barreiras ao invés de coberturas ou telas; Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos; Emprego de dispositivos limitadores de corrente; Seleção de tempos de interrupção muito curtos, o que pode ser obtido

através de relés instantâneos ou através de dispositivos sensíveis a pressão, luz ou calor, atuando em dispositivos de interrupção rápidos;

Operação da instalação. Campos eletromagnéticos Um campo elétrico é uma grandeza vetorial (função da posição e do tempo) que é descrita por sua intensidade. Normalmente campos elétricos são medidos em volts por metro (V/m).

26

Experiências demonstram que uma partícula carregada com carga q, abandonada nas proximidades de um corpo carregado com carga Q, pode ser atraída ou repelida pelo mesmo sob a ação de uma força F, a qual denominou força elétrica. A região do espaço ao redor da carga Q, em que isso acontece, denomina-se campo elétrico.

Denomina-se campo magnético toda região do espaço na qual uma agulha imantada fica sob ação de uma força magnética. O fato de um pedaço de ferro ser atraído por um ímã é conhecido por todos. A agulha da bússola é um ímã. Colocando-se uma bússola nas proximidades de um corpo imantado ou nas proximidades da Terra, a agulha da bússola sofre desvio.

A exposição aos campos eletromagnéticos pode causar danos, especialmente quando da execução de serviços na transmissão e distribuição de energia elétrica, nos quais se empregam elevados níveis de tensão.

+ +

Q q F

27

Embora não haja comprovação científica, há suspeitas de que a radiação eletromagnética possa provocar o desenvolvimento de tumores. Entretanto, é certo afirmar que essa exposição promove efeitos térmicos e endócrinos no organismo humano. Especial atenção deve ser dada aos trabalhadores expostos a essas condições que possuam próteses metálicas (pinos, encaixes, hastes), pois a radiação promove aquecimento intenso nos elementos metálicos, podendo provocar lesões. Da mesma forma, os trabalhadores que portam aparelhos e equipamentos eletrônicos (marca-passo, aparelho auditivo, dosadores de insulina, entre outros), devem se precaver dessa exposição, pois a radiação interfere nos circuitos elétricos, podendo criar disfunções nos aparelhos. Outra preocupação é com a indução elétrica. Esse fenômeno pode ser particularmente importante quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros. A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletromagnético que, por sua vez, induz uma corrente elétrica em condutores próximos. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente elétrica em um circuito desenergizado se ele estiver próximo a outro circuito energizado. Por isso é fundamental que além de desligar o circuito no qual vai trabalhar, confira com equipamentos apropriados (voltímetros ou detectores de tensão), se o circuito está efetivamente sem tensão. Riscos adicionais São considerados como riscos adicionais aqueles que, além dos elétricos, são específicos de cada ambiente ou processo de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde dos que trabalham com eletricidade. Classificação dos riscos adicionais Altura Em trabalhos com energia elétrica feitos em alturas, devemos seguir as instruções relativas à segurança descritas: É obrigatório o uso do cinto de segurança e do capacete com jugular; Os equipamentos acima devem ser inspecionados pelo trabalhador

antes do seu uso, no que concerne a defeito nas costuras, rebites, argolas, mosquetões, molas e travas, bem como quanto à integridade da carneira e da jugular.

Ferramentas, peças e equipamentos devem ser levados para o alto apenas em bolsas especiais, evitando o seu arremesso.

28

Quando for imprescindível o uso de andaimes tubulares em locais próximos à rede elétrica, eles deverão: Respeitar as distâncias de segurança, principalmente durante as

operações de montagem e desmontagem; Estar aterrados; Ter as tábuas da(s) plataforma(s) com, no mínimo uma polegada de

espessura, travadas e que nunca ultrapassem o andaime; Ter base com sapatas; Ter guarda-corpo de noventa centímetros de altura em todo o perímetro

com vãos máximo de trinta centímetros; Ter cinturão de segurança tipo pára-quedista para alturas iguais ou

superiores a 2 metros; Ter está a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.

Manuseio de escadas simples e de extensão: Inspecione visualmente antes de usá-las, a fim de verificar se

apresentam rachaduras, degraus com jogo ou soltos, corda desajustada, montantes descolados, etc.;

Se houver qualquer irregularidade, devem ser entregues ao superior imediato para reparo ou troca;

Devem ser manuseadas sempre com luvas; Limpe sempre a sola do calçado antes de subi-la; No transportar em veículos, coloque-as com cuidado nas gavetas ou

nos ganchos-suportes, devidamente amarradas; Ao subir ou descer, conserve-se de frente para ela, segurando

firmemente os montantes; Trabalhe somente depois de ela estar firmemente amarrada, utilizando

o cinto de segurança e com os pés apoiados sobre os seus degraus; Devem ser conservadas com verniz ou óleo de linhaça; Cuidado ao atravessar as vias públicas, observando que ela deverá ser

conduzida paralelamente ao meio-fio; Ao instalar a escada, observe que a distância entre o suporte e o pé da

escada seja de aproximadamente ¼ do seu comprimento; Antes de subir ou descer, exija um companheiro ao pé da escada para

segurá-la. Somente o dispense depois de amarrar a escada; Instalar a escada usando o pé direito para o apoio e a mão fechando

por cima do degrau, verificando o travamento da extensão; Não podendo amarrar a escada (fachada do prédio), mantenha o

companheiro no pé dela, segurando-a. Ambientes confinados Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia, explosão, intoxicação e doenças do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteção:

29

Treinamento e orientação para os trabalhadores quanto aos riscos a

que estão submetidos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco;

Nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhadores não poderão realizar suas atividades sem um programa de proteção respiratória;

A realização de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeção prévia e elaboração de ordem de serviço com os procedimentos a serem adotados;

Monitoramento permanente de substância que cause asfixia explosão e intoxicação no interior de locais confinados realizado por trabalhador qualificado sob supervisão de responsável técnico;

Proibição de uso de oxigênio para ventilação de local confinado; Ventilação local exautora eficaz que faça a extração dos contaminantes

e ventilação geral que execute a insuflação de ar para o interior do ambiente, garantindo de forma permanente a renovação contínua do ar;

Sinalização com informação clara e permanente durante a realização de trabalhos no interior de espaços confinados;

Uso de cordas ou cabos de segurança e pontos fixos para amarração que possibilitem meios seguros de resgates;

Acondicionamento adequado de substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares;

A cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, pelo menos dois (dois) devem ser treinados para resgate;

Manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento autônomo para resgate;

No caso de manutenção de tanque, providenciar desgaseificação prévia antes da execução do trabalho.

Áreas classificadas São considerados ambientes de alto risco aqueles nos quais existe a possibilidade de vazamento de gases inflamáveis em situação de funcionamento normal devido a razões diversas, como, por exemplo, desgaste ou deterioração de equipamentos. Tais áreas, também chamadas de ambientes explosivos, são classificadas conforme normas internacionais, e de acordo com a classificação exigem a instalação de equipamentos e/ou interfaces que atendam às exigências prescritas nas mesmas. As áreas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite é onde o gás ou gases inflamáveis estarão tão diluídos ou dispersos que não poderão apresentar perigo de explosão ou combustão. Segundo as recomendações da IEC 79-10, as áreas são classificadas em: Zona 0 – área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, está presente continuamente ou por grandes períodos de tempo;

30

Zona 1 – área na qual a mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, pode estar presente durante o funcionamento normal do processo; Zona 2 – área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, não está normalmente presente. Caso esteja, será por curtos períodos. É evidente que um equipamento instalado dentro de uma área classificada também deve ser classificado, e esta é baseada na temperatura superficial máxima que o mesmo possa alcançar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a temperatura superficial máxima em 6 níveis, assumindo como temperatura ambiente de referência 40 ºC. Assim temos:

TEMPERATURA SUPERFICIAL MÁXIMA

T1 450ºC T4 135ºC

T2 300ºC T5 100ºC

T3 200ºC T6 85ºC

Um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambientes cujos gases possuem temperatura de combustão superior a 200ºC. Para diminuirmos o risco de uma explosão, podemos adotar diversos métodos. Um deles é eliminarmos um dos elementos do triângulo do fogo: temperatura, oxigênio e combustível. E outro é através de uma das três alternativas a seguir: Contenção da explosão: na verdade, este é o único método que

permite que haja a explosão, porque esta fica confinada em um ambiente bem definido e não pode propagar-se para a atmosfera do entorno.

Segregação: é o método que permite separar ou isolar fisicamente as partes elétricas ou as superfícies quentes da mistura explosiva.

Prevenção: através deste método limita-se a energia, seja térmica ou

elétrica, a níveis não perigosos. A técnica de segurança intrínseca é a mais empregada deste método de proteção e também a mais efetiva. O que faz é limitar a energia armazenada em circuitos elétricos de modo a torná-los totalmente incapazes, tanto em condições normais de operação quanto em situações de falha, de produzir faíscas elétricas ou de gerar arcos voltaicos que possam causar a explosão.

As indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó, são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e devem, antes de sua implantação, efetuar uma

Exemplo

31

análise acurada dos riscos e tomar as precauções cabíveis, pois na fase de projeto as soluções são mais simples e econômicas. Porém, as indústrias já implantadas poderão equacionar razoavelmente bem os problemas, minorando os riscos inerentes com o auxílio de um profissional competente. A seguir, citamos alguns tipos de indústrias reconhecidamente perigosas quanto aos riscos de incêndios e explosões: Indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas; Indústrias fabricantes de rações animais; Indústrias alimentícias; Indústrias metalúrgicas; Indústrias farmacêuticas; Indústrias plásticas; Indústrias de beneficiamento de madeira; Indústrias de carvão.

Instalações elétricas em ambientes explosivos As instalações e serviços de eletricidade devem ser projetados, executados, operados, mantidos, reformados e ampliados de forma que permitam a adequada distribuição de energia e isolamento, correta proteção contra fugas de corrente, curtos-circuitos, choques elétricos, entre outros riscos. Os cabos e condutores de alimentação elétrica utilizados devem ser certificados por um organismo de certificação, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO. Os locais de instalação de transformadores e capacitores, seus painéis e respectivos dispositivos de operação devem atender aos seguintes requisitos: Ser ventilados e iluminados ou projetados e construídos com tecnologia

adequada para operação em ambientes confinados; Ser construídos e ancorados de forma segura; Ser devidamente protegidos e sinalizados, indicando zona de perigo, de

forma a alertar que o acesso é proibido a pessoas não autorizadas; Não ser usados para outras finalidades diferentes daquelas do projeto

elétrico; e Possuir extintores portáteis de incêndio, adequado à classe de risco,

localizados na entrada ou nas proximidades, e em subsolo, a montante do fluxo de ventilação.

Os cabos, instalação e equipamentos elétricos devem ser protegidos contra impactos, água e influência de agentes químicos, observando-se suas aplicações, de acordo com as especificações técnicas. Os serviços de manutenção ou reparo de sistema elétrico só podem ser executados com equipamento desligado, etiquetado, bloqueado e aterrado, exceto se forem:

32

Utilizadas técnicas adequadas para circuitos energizados; Utilizados ferramentas e equipamentos adequados à classe de tensão; Tomadas precauções necessárias para a segurança dos trabalhadores.

O bloqueio durante as operações de manutenção e reparo de instalações elétricas deve ser realizado utilizando-se cadeado e etiquetas sinalizadoras fixadas em local visível contendo, no mínimo, as seguintes indicações: Horário e data do bloqueio; Motivo da manutenção; Nome do responsável pela operação.

Os equipamentos e máquinas de emergência são destinados a manter a continuidade do fornecimento de energia elétrica e as condições de funcionamento. Redes elétricas, transformadores, motores, máquinas e circuitos elétricos devem estar equipados com dispositivos de proteção automáticos, para os casos de curto-circuito, sobrecarga, queda de fase e fugas de corrente. Os fios condutores de energia elétrica instalados no teto de galerias para alimentação de equipamentos devem ser protegidos contra contatos acidentais. Os sistemas de recolhimento automático de cabos alimentadores de equipamentos elétricos móveis devem ser eletricamente solidários à carcaça do equipamento principal. Os equipamentos elétricos móveis devem ter aterramento adequadamente dimensionado. Em locais com ocorrência de gases inflamáveis e explosivos, as tarefas de manutenção elétrica devem ser realizadas sob o controle de um supervisor, com a rede de energia desligada e a chave de acionamento bloqueada, monitorando-se a concentração dos gases. Os terminais energizados dos transformadores devem ser isolados fisicamente por barreiras ou outros meios físicos, a fim de evitar contatos acidentais. Toda instalação, carcaça, invólucro, blindagem ou peça condutora que possam armazenar energia estática com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas devem ser aterrados. As malhas, os pontos de aterramento e os pára-raios devem ser revisados periodicamente e os resultados registrados. A implantação, operação e manutenção de instalações elétricas devem ser executadas somente por pessoa qualificada, que deve receber treinamento continuado em manuseio e operação de equipamentos de combate a incêndios e explosões, bem como na prestação de primeiros socorros a acidentados.

33

Trabalhos em condições de risco acentuado deverão ser executados por duas pessoas qualificadas, salvo critério do responsável técnico. Durante a manutenção de máquinas ou instalações elétricas, os ajustes e as características dos dispositivos de segurança não devem ser alterados, prejudicando sua eficácia. Trabalhos em redes elétricas entre dois ou mais pontos sem possibilidade de contato visual entre os operadores somente podem ser realizados com comunicação por meio de rádio ou outro sistema de comunicação que impeça a energização acidental. As instalações elétricas com possibilidade de contato com água devem ser projetadas, executadas e mantidas com especial cuidado quanto à blindagem, estanque idade, isolamento, aterramento e proteção contra falhas elétricas. Os trechos e pontos de tomada de força de rede elétrica em desuso devem ser desenergizados, marcados e isolados, ou retirados quando não forem mais utilizados. Em locais sujeitos a emanações de gases explosivos e inflamáveis, as instalações elétricas serão à prova de explosão. Condições atmosféricas Umidade Deve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energizados só deve ser iniciado com boas condições meteorológicas, não sendo assim permitidos trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos. Podemos determinar a condição de umidade favorável ou não com a utilização do termo-hidrômetro ou umedecendo levemente com um pano úmido a superfície de um bastão de manobra e aguardar durante aproximadamente 5 minutos. Desaparecendo a película de umidade, há condições seguras para execução dos serviços. Como visto em estudos anteriormente, sabemos que a existência de umidade no ar propicia a diminuição da capacidade disruptiva do ar, aumentando assim o risco de acidentes elétricos. Devemos levar em consideração, também, que os equipamentos isolados a óleo não devem ser abertos em condições de umidade elevada, pois o óleo isolante pode absorver a umidade do ar, comprometendo, assim suas características isolantes.

34

Descargas atmosféricas (raios) Mecanismo Devido a longos períodos de estiagem, as chuvas que começam a cair são normalmente acompanhadas de tempestades, sendo estas originadas a partir do aquecimento do solo pelos raios solares, que fazem o ar quente subir, carregando com este a partículas de vapor, ou do encontro de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente. O raio é um fenômeno da natureza elétrica, sendo produzido por nuvens do tipo cumulus nimbus, que tem formato parecido com uma bigorna e chega a ter 12 quilômetros de altura e vários quilômetros de diâmetro. As tempestades com trovoadas se verificam quando certas condições particulares (temperatura, pressão, umidade do ar, velocidade do vento, etc.) fazem com que determinado tipo de nuvem se torne eletricamente carregada internamente. O mecanismo de autoprodução de cargas elétricas vai aumentando de tal modo que dá origem a uma onda elétrica (raio), que partirá da base da nuvem em direção ao solo, buscando locais de menor potencial, definindo assim uma trajetória ramificada e aleatória. Esta primeira onda caracteriza o choque líder que define sua posição de queda entre 20 a 100 metros do solo. A partir deste estágio, o primeiro choque do raio deixou um canal inonizado entre a nuvem e o solo, que dessa forma permitirá a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em torno de 20.000 ampères. Após esse segundo choque violento das cargas elétricas passando pelo ar, há o aquecimento deste meio, até 30.000ºC; provocando assim a expansão do ar (trovão). Neste processo os elétrons retirados das moléculas de ar retornam, fazendo com que a energia seja devolvida sob forma de relâmpago. As descargas atmosféricas podem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou descendentes (da nuvem para a terra), ou ainda entre nuvens. Com o intuito de evitar falsas expectativas ao sistema de proteção contra descargas atmosféricas, devemos esclarecer: O raio é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível tanto em

relação às suas características elétricas como em relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações, as pessoas ou animais.

Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a “queda” de uma descarga em uma determinada região. Assim sendo, as soluções aplicadas buscam tão somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instalações adequadas de captação e de condução segura da descarga para a terra.

A incidência de raios é maiores em solos maus condutores do que em solos condutores de eletricidade, pois nos solos maus condutores, na existência de nuvens carregadas sobre o mesmo, criam-se por indução no terreno cargas positivas, em que temos a nuvem funcionando como placa negativa e o solo como placa positiva e o ar, naturalmente úmido e às vezes ionizado, servindo como um isolante de baixo poder dielétrico, propiciando assim a existência de raios.

35

Sobre tensões transitórias Um raio ao cair na terra pode provocar grande destruição, devido ao alto valor de sua corrente elétrica, que gera intensos campos eletromagnéticos, calor, entre outros. Além dos danos causados diretamente pela corrente elétrica e pelo intenso calor, o raio pode provocar sobre tensões em redes de energia elétrica, em redes de telecomunicações, de TV a cabo, antenas parabólicas, redes de transmissão de dados, entre outros. Essa sobre tensão é denominada Sobre tensão Transitória. Por sua vez, as sobre tensões transitórias podem chegar até as instalações elétricas internas ou de telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade consumidora. Os seus efeitos, além de poderem causar danos a pessoas e animais podem: Provocar a queima total ou parcial de equipamentos elétricos ou danos

à própria instalação elétrica interna e telefônica, entre outras; Reduzir a vida útil dos equipamentos; Provocar enormes perdas, com a parada de equipamentos.

As sobre correntes transitórias originadas de descargas atmosféricas podem ocorrer de dois modos: Descarga direta: o raio atinge diretamente uma rede elétrica ou

telefônica. Nesse caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados valores de sobre tensões sobre os diversos circuitos.

Descarga indireta: o raio cai a uma distância de até 1 quilômetro de

uma rede elétrica. A sobre tensão gerada é menor de idade intensidade do que a provocada pela descarga direta, mas pode causar sérios danos. Essa sobre tensão induzida acontece quando uma rede de energia do raio é transferida através de um acoplamento eletromagnético com uma rede elétrica.

A grande maioria das sobre tensões transitórias de origem atmosférica que causam danos a equipamentos é ocasionada pelas descargas indiretas. Medidas Preventivas Evitar a execução de serviços em equipamentos e instalações elétricas

internas e externas. Nunca procurar abrigo sob árvores ou construções isoladas sem

sistemas de proteção atmosférica adequados.

36

Não entrar em rios, lagos, piscinas, guardando uma distância segura destes.

Procurar abrigo em instalações seguras, jamais ficando ao relento. Caso não encontre abrigo, procurar não se movimentar, e se possível

ficar agachado, evitando assim o efeito das pontas. Evitar o uso de telefones, a não ser que seja sem fio. Evitar ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas. Evitar tocar em qualquer equipamento elétrico ligado à rede elétrica. Evitar locais extremamente perigosos, como topos de morros, topos de

prédios, proximidade de cercas de arame, torres, linhas telefônicas, linhas aéreas.

Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas A medida utilizada para minimizar as conseqüências das descargas atmosféricas tem como princípio a criação de caminhos de baixa resistência a terra escoando à mesma as correntes elétricas dos raios. Temos como principais componentes de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas: Terminais aéreos: Conhecidos com pára-raios, eles são hastes

montadas em bases instaladas acima do ponto mais alto das edificações com o objetivo de propiciar um caminho mais fácil para os relâmpagos que venham a incidir na edificação, sendo geralmente interligados através de condutores horizontais.

Condutores de descida: Cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais de aterramento.

Terminais de aterramento: Condutores que servem para conectar os cabos de descida ao solo. Sendo os mesmos constituídos usualmente de cabos e hastes enterradas no solo, propiciando uma baixa resistência a terra, sendo a mesma dependente das características do solo.

Condutores de ligação equipotencial: Visam à interligação do sistema de aterramento com os outros sistemas de aterramento da edificação, impedindo assim a existência de diferenças de potenciais entre os elementos interligados. Todas as partes metálicas da edificação, os aterramentos de equipamentos, as estruturas, o sistema de proteção atmosférica, entre outros devem ser interligados a um mesmo referencial de terra.

Supressores de surto, varistores, pára-raios de linha, centelhados: São instalados em pontos de entrada de energia, cabos telefônicos e de dados, instrumentação industrial, entre outros, com o intuito de proteger as instalações e equipamentos contra sobre correntes transitórias (sobre tensões) provocadas por descargas direta, indireta e manobras de equipamentos do sistema de alimentação elétrica.

37

Acidentes de origem elétrica A segurança no trabalho é essencial para garantir a saúde e evitar acidentes nos locais de trabalho. Podemos classificar os acidentes de trabalho relacionando-os com fatores humanos (atos inseguros) e com o ambiente (condição insegura). Essas causas são apontadas como responsáveis pela maioria dos acidentes. Deve-se levar em conta que, às vezes, os acidentes são provocados pela presença de condições inseguras e atos inseguros ao mesmo tempo. Atos inseguros Os atos inseguros são definidos como causas de acidentes do trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução das tarefas de forma contrária às normas de segurança. É a maneira como os trabalhadores se expõem (consciente ou inconscientemente) aos riscos de acidentes. É falsa a idéia de que não se pode predizer nem controlar o comportamento humano. É possível analisar os fatores relacionados com a ocorrência dos atos inseguros e controlá-los. Segue alguns fatores que podem levar os trabalhadores a praticarem atos inseguros: Inadaptação entre homem e função por fatores constitucionais.

Exemplo: sexo, idade, tempo de reação aos estímulos, coordenação motora, agressividade, impulsividade, nível de inteligência, grau de atenção.

Fatores circunstanciais: fatores que influenciam o desempenho do indivíduo no momento. Exemplo: problemas familiares, abalos emocionais, discussão com colegas, alcoolismo, estado de fadiga, doença, entre outros.

Desconhecimento dos riscos da função e/ou da forma de evitá-los. Estes fatores são na maioria das vezes causados por: seleção ineficaz, falhas de treinamento, falta de treinamento.

Desajustamento: este fator é relacionado com certas condições específicas do trabalho. Exemplo: problema com a chefia, problemas com os colegas, políticas salariais impróprias, política promocional imprópria, clima de insegurança.

Personalidade: fatores que fazem parte das características da personalidade do trabalhador e que se manifestam por comportamento impróprio. Exemplo: o desleixado, o machão, o exibicionista, o desatento, o brincalhão.

38

Condições inseguras São aquelas que, presentes no ambiente de trabalho, põem em risco a integridade física e/ou mental do trabalhador, devido à possibilidade deste acidentar-se. Tais condições manifestam-se como deficiências técnicas, podendo apresentar: Na construção e instalações em que se localiza a empresa: áreas

insuficientes, pisos fracos e irregulares, excesso de ruído e trepidações, falta de ordem e limpeza, instalações elétricas impróprias ou com defeitos, falta de sinalização.

Na maquinaria: localização imprópria das máquinas falta de proteção em partes móveis, pontos de agarramento e elementos energizados, máquinas apresentando defeitos.

Na proteção do trabalhador: proteção insuficiente ou totalmente ausente, roupa e calçados impróprios, equipamentos de proteção com defeito (EPI´s, EPC´s), ferramental defeituoso ou inadequado.

Causas diretas de acidentes com eletricidade Classificamos como causas diretas de acidentes elétricos as propiciadas pelo contato direto por falha de isolamento, podendo estas ainda ser classificadas quanto ao tipo de contato físico: Contatos diretos: consistem no contato com partes metálicas

normalmente sob tensão (partes vivas). Contatos indiretos: consistem no contato com partes metálicas

normalmente não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha de isolamento. O acidente mais comum a que estão submetidas às pessoas, principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou desempenham tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais, é o toque acidental em partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tensão entre fase e terra.

Causas indiretas de acidentes elétricos Classificamos como causas indiretas de acidentes elétricos as originadas por descargas atmosféricas, tensões induzidas eletromagnéticas e tensões estáticas. Descargas atmosféricas As descargas atmosféricas causam sérias perturbações nas redes aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica, além de provocarem danos materiais nas construções atingidas por elas, sem contar os riscos de vida a que as pessoas e animais ficam submetidas.

39

As descargas atmosféricas induzem surtos de tensão que chegam a centenas de quilo volts. A fricção entre as partículas de água que formam as nuvens, provocada pelos ventos ascendentes de forte intensidade, dá origem a uma grande quantidade de cargas elétricas. A concentração de cargas elétricas positivas e negativas numa determinada região faz surgir uma diferença de potencial entre a terra e a nuvem. O ar apresenta uma determinada rigidez dielétrica, normalmente elevada, que depende de certas condições ambientais. O aumento dessa diferença de potencial, que se denomina gradiente de tensão, poderá atingir um valor que supere a rigidez dielétrica doar interposto entre a nuvem e a terra, fazendo com que as cargas elétricas migrem na direção da terra, num trajeto tortuoso e normalmente cheio de ramificações, cujo fenômeno é conhecido como descarga piloto. É de aproximadamente 1 kV/mm o valor do gradiente de tensão para o qual a rigidez dielétrica do ar é rompida. Tensão estática Os condutores possuem elétrons livres e podem ser eletrizados por indução. Os isoladores, conhecidos também por dielétricos, praticamente não possuem elétrons livres. Eles podem ser eletrizados por indução, isto é, aproximando um corpo eletrizado, sem, contudo tocá-los? Normalmente, os centros de gravidade das massas dos elétrons e prótons de um átomo coincidem-se e localizam-se no seu centro. Quando um corpo carregado se aproxima desses átomos, há um deslocamento muito pequeno dos seus elétrons e prótons, de modo que os centros de gravidade destes não mais se coincidem, formando assim um dipolo elétrico. Um dielétrico que possui átomos assim deformados (achatados) está eletricamente polarizado.

+ + + +

∆U ≠ 0 ∆U ≠ 0

Potencial de terra Potencial de terra

Corpo carregado isolado da terra

40

Tensões induzidas em linhas de transmissões de alta-tensão Devido ao atrito com o vento e com a poeira, e em condições secas, as linhas sofrem uma contínua indução que se soma às demais tensões presentes. As tensões estáticas crescem continuamente, e após um longo período de tempo podem ser relativamente elevadas. Podemos ter tensões induzidas na linha por causa do acoplamento capacitivo e eletromagnético. Se dois condutores, ou um condutor e o potencial de terra, estiverem separados por um dielétrico e em potenciais diferentes, surgirá entre ambos o efeito capacitivo. Ao aterrarmos uma linha, as correntes, devido às tensões induzidas capacitivas e às tensões de acoplamento capacitivo e eletromagnético induzidas pelos condutores energizados próximos à linha. Essa tensão é induzida por linha ou linhas energizadas que cruzam ou são paralelas à linha ou equipamento desenergizado no qual se trabalha. Essa tensão é função da distância entre linhas, da corrente de carga das linhas energizadas, do comprimento do trecho onde há paralelismo ou cruzamento e da existência ou não de transposição nas linhas. No caso de uma linha aterrada em apenas uma das extremidades, a tensão induzida eletromagneticamente terá seu maior vulto na extremidade não aterrada; e se ambas as extremidades estiverem aterradas, existirá uma corrente fluindo num circuito fechado com a terra. Ao se instalar o aterramento provisório, uma corrente fluirá por seu intermédio, diminuindo a diferença de potencial existente e ao mesmo tempo jampeandoa área de trabalho, o que possibilita neste ponto uma maior segurança para o homem de manutenção. Além disso, nos casos de circuito de alta-tensão ou ultra-alta tensão, portanto com indução elevada, é recomendável a adoção de critérios que levem em conta o nível de tensão dos circuitos e a distância entre eles, o que poderá determinar se as outras medidas de segurança ainda deverão ser adotadas ou até mesmo se o trabalho deverá ser feito como em linha energizada. Técnicas de análise de risco Os acidentes são materializações dos riscos associados a atividades, procedimentos, projetos e instalações, máquinas e equipamentos. Para reduzir a freqüência de acidentes é preciso avaliar e controlar os riscos. Que pode acontecer de errado? Quais são as causas básicas dos eventos não desejados? Quais são as conseqüências?

41

A análise de riscos é um conjunto de métodos e técnicas que aplicado a uma atividade identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade representa para a população exposta, para o meio ambiente e para a empresa, de uma forma geral. Os principais resultados de uma análise de riscos são a identificação de cenários de acidentes, suas freqüências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis conseqüências. A análise de riscos deve incluir as medidas de prevenção de acidentes e as medidas para controle das conseqüências de acidentes para os trabalhadores e para as pessoas que vivem ou trabalham próximo à instalação ou para o meio ambiente. As metodologias representam os tipos de processos ou de técnicas de execução dessas análises de riscos da instalação ou da tarefa. Alguns exemplos dessas técnicas são apresentas com uma pequena descrição do método. Conceitos básicos Perigo Uma ou mais condições físicas ou químicas com possibilidade de causar danos às pessoas, à propriedade, ao ambiente ou uma combinação de todos. Risco Medida da perda econômica e/ou de danos para a vida humana, resultantes da combinação entre a freqüência da ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (conseqüências). O risco também pode ser definido através das expressões:

Combinação de incerteza e de dano; Razão entre o perigo e as medidas de segurança; Combinação entre o evento, a probabilidade e suas conseqüências.

A experiência demonstra que geralmente os grandes acidentes são causados por eventos pouco freqüentes, mas que causam danos importantes. Análise de riscos É a atividade dirigida à elaboração de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) dos riscos, baseada na engenharia de avaliação e técnicas estruturadas para promover a combinação das freqüências e conseqüências de cenários acidentais.

42

Avaliação de riscos É o processo que utiliza os resultados da análise de riscos e os compara com os critérios de tolerabilidade previamente estabelecidos. Gerenciamento de riscos É a formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que tem o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos requerimentos de segurança considerados toleráveis. Níveis de risco Catastrófico Crítico Moderado Não crítico Desprezível

Classificação dos riscos Quanto à severidade das conseqüências: Categoria I – Desprezível – Quando as conseqüências / danos estão

restritas à área industrial da ocorrência do evento com controle imediato.

Categoria II – Marginal – Quando as conseqüências / danos atingem outras subunidades e/ou áreas não industriais com controle e sem contaminação do solo, ar ou recursos hídricos.

Categoria III – Crítica – Quando as conseqüências / danos provocam contaminação temporária do solo, ar ou recursos hídricos, com possibilidade de ações de recuperação imediatas.

Categoria IV – Catastrófica – Quando as conseqüências / danos atingem áreas externas, comunidade circunvizinhas e/ou meio ambiente.

Principais técnicas para a identificação dos riscos/perigos Análise preliminar de riscos Método de estudo preliminar e sumário de riscos, normalmente conduzido em conjunto com o grupo de trabalhadores expostos, com o objetivo de identificar os acidentes potenciais de maior prevalência na tarefa e as características intrínsecas destes.

43

É um método de estudo de riscos realizado durante a fase de planejamento e desenvolvimento de um determinado processo, tarefa ou planta industrial, com a finalidade de prever e prevenir riscos de acidentes que possam acontecer durante a fase operacional e de execução da tarefa. Análise de falha humana Método que identifica as causas e os efeitos dos erros humanos observados em potencial. O método também identifica as condições dos equipamentos e dos processos que possam contribuir para provocar esses erros. Método de análise de falhas e de efeitos Método específico de análise de riscos, concebido para ser utilizado em equipamentos mecânicos, com o objetivo de identificar as falhas potenciais que possam provocar acontecimentos ou eventos adversos e também efeitos desfavoráveis desses eventos. É um método de análise de riscos tecnológicos que consiste em: Na tabulação de todos os sistemas e equipamentos existentes numa

instituição ou planta industrial; Na identificação das modalidades de falhas possíveis em cada um

deles; Na especificação dos efeitos desfavoráveis destas falhas sobre o

sistema e sobre o conjunto das instalações. Análise de segurança de sistemas É a técnica que tem por finalidade avaliar e aumentar o grau de confiabilidade e o nível de segurança intrínseca de um sistema determinado, para os riscos previsíveis. Como a segurança intrínseca é o inverso da insegurança ou nível de vulnerabilidade, todos os projetos de redução de riscos e de preparação para desastres concorrem para incrementar o nível de segurança. Árvore de eventos Técnica dedutiva de análise de riscos utilizada para avaliar as possíveis conseqüências de um acidente potencial, resultante de um evento inicial tomado como referência, o qual pode ser um fenômeno natural ou ocorrência externa ao sistema, um erro humano ou uma falha do equipamento.

44

É um método que tem por objetivo antecipar e descrever, de forma seqüenciada, a partir de um evento inicial, as conseqüências lógicas de um possível acidente. Os resultados da análise da árvore de eventos caracterizam seqüências de eventos intermediários, ou melhor, um conjunto cronológico de falhas e de erros que, a partir do evento inicial, culminam no acidente ou evento-topo ou principal. Árvore de falhas Técnica dedutiva de análise de riscos na qual, a partir da focalização de um determinado acontecimento definido como evento-topo ou principal, se constrói um diagrama lógico que especifica as várias combinações de falhas de equipamentos, erros humanos ou de fenômenos ou ocorrências externas ao sistema que possam provocar o acontecimento. Análise preliminar de riscos É uma técnica qualitativa cujo objetivo consiste na identificação dos riscos/perigos potenciais decorrentes de novas instalações ou da operação das já existentes. Em uma dada instalação, para cada evento perigoso identificado em conjunto com as respectivas conseqüências, um conjunto de causas é levantado, possibilitando a classificação qualitativa do risco associado, de acordo com categorias preestabelecidas de freqüência de ocorrência do cenário de acidente e de severidade das conseqüências. A análise preliminar de risco (APR) e análise preliminar de perigo (APP) permite uma ordenação qualitativa dos cenários de acidentes encontrados, facilitando a proposição e a priorização de medidas para redução dos riscos da instalação, quando necessárias, além da avaliação da necessidade de aplicação de técnicas complementares de análise. A metodologia adotada nas APR e APP compreende as seguintes tarefas: Definição dos objetivos e do escopo da análise; Definição das fronteiras das instalações analisadas; Coleta de informações sobre a região, as instalações, as substâncias

perigosas envolvidas e os processos; Subdivisão da instalação em módulos de análise; Realização da APR / APP propriamente dita (preenchimento da

planilha); Elaboração das estatísticas dos cenários identificados por categorias de

freqüência e de severidade; Análise dos resultados, elaboração de recomendações e preparação do

relatório.

45

As principais informações requeridas para a realização de uma APR / APP são: As instalações – especificações técnicas de projeto, especificações de

equipamentos, lay-out das instalações e descrição dos principais sistemas de proteção e segurança;

Os processos – descrição dos processos envolvidos; As substâncias – características e propriedades físicas e químicas.

A realização da análise, as instalações estudadas são divididas em “módulo de análise”, os quais podem ser: unidade completa, local de serviço elétrico, parte de locais de serviço elétrico ou partes específicas das instalações, como: subestações, painéis entre outros. A divisão das instalações é feita com base em critérios de funcionalidade, complexidade e proximidade física. A APR / APP é feita através do preenchimento de planilhas para cada módulo de análise da instalação. 1º etapa – Deve descrever, sucintamente, as diversas etapas da atividade/operação. 2º etapa – Deve conter os riscos/perigos identificados para o módulo de análise em estudo. De forma geral, os riscos/perigos são eventos acidentais que tem potencial para causar danos às instalações, aos trabalhadores, ao público ou ao meio ambiente. 3º etapa – Os modos disponíveis na instalação para a detecção do risco/perigo identificado na segunda etapa devem ser relacionados nesta etapa. A detecção do risco/perigo tanto pode ser realizada através da instrumentação (alarmes de pressão, de temperatura, entre outros) como através da percepção humana (visual, odor, entre outros). 4º etapa – Os possíveis efeitos danosos de cada risco/perigo identificado devem ser listados. 5º etapa – Recomendações e observações Deve conter as recomendações de medidas mitigadoras de risco propostas pela equipe de realização da APR / APP ou quaisquer observações pertinentes ao cenário de acidente em estudo.

Um tipo de análise de risco em uma troca de transformador.

Exemplo

46

47

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS OU PERIGOS (APR / APP) Atividade / operação:

Referência: Data: Revisão

Etapa Risco / Perigo Modo de detecção Efeito Recomendações/Controle

Subida do eletricista no poste

- Choque elétrico

Visual

Fratura

- Confrontar os dados da OS com a situação local; - Solicitar o desligamento do alimentador; - Aguardar a confirmação do desligamento; - Proceder ao teste de ausência de tensão no circuito; - Abertura das chaves do circuito; - Retirar os cartuchos das chaves e/ou colocar placas de sinalização nas chaves abertas; - Autorizar o religamento do alimentador; - Proceder no novo teste de tensão (ausência) próximo ao local de trabalho; - Efetuar o aterramento provisório adequado do circuito primário e secundário.

- Queda do eletricista do poste

Visual Fratura - Posicionamento correto da escada e do eletricista; - Uso de EPIs e EPCs adequados.

Desconexão dos circuitos primária e

secundária do transformador

- Queda do eletricista do poste

Visual Fratura - Posicionamento correto do eletricista; - Uso de EPIs e EPCs adequados.

- Queda de materiais e ferramentas

Visual

- Isolamento e sinalização da área; - Içamento dos materiais e ferramentas através de sacolas com cordas.

- Ferimentos provocados por fios e cabos de interligação

do transformador

Visual

- Uso de EPIs, EPCs e ferramentas adequados; - Eletricista experiente.

Retirada do transformador

- Queda do transformador

Visual

- Isolamento e sinalização da área de trabalho; - Utilização e fixação correta dos equipamentos de içamento; - Inspeção minuciosa nos estropos e sua perfeita fixação no transformador; - Utilização de corda guia amarrada ao transformador a ser retirado; - Operação cuidadosa do equipamento durante a descida do transformador; - Retirada dos estropos do transformador, o operador do equipamento de içamento. OBS: Durante a descida do transformador; o operador do equipamento de içamento deve posicionar-se fora da área de eventual queda do transformador.

48

Subida do novo transformador

Queda do transformador

Visual

- Isolamento e sinalização da área de trabalho; - Utilização e fixação correta dos equipamentos de içamento; - Inspeção minuciosa nos estropos e sua perfeita fixação no transformador; - Utilização da corda guia amarrada ao transformador a ser retirado; - Operação cuidadosa do equipamento de içamento do transformador; - Perfeita fixação do transformador na estrutura suporte; - Retirada dos estropos e recolhimento do equipamento utilizado para descer o transformador. OBS: Durante a descida do transformador, o operador do equipamento de içamento deve posicionar–se fora da área de eventual queda do transformador.

Ligação do transformador

Queda do eletricista do poste

Visual Fratura - Posicionamento correto do eletricista; - Uso de EPIs e EPCs adequados.

Queda de materiais e ferramentas

Visual - Isolamento e sinalização da área; - Içamento dos materiais e ferramentas através de sacolas com cordas.

Ferimentos provocados por fios e cabos de

interligação do transformador

Visual

- Uso de EPIs, EPCs e ferramentas adequados; - Eletricista experiente.

Descida do eletricista do poste com o auxilio

da escada

Queda do eletricista e queda da escada

Visual

- Soltar as amarrações da escada; - A escada deve ser manuseada e transportada, para o caminhão, por dois funcionários. OBS: Após a conclusão das operações para a troca do transformador, devem ser tomadas as seguintes providências: 1º Retirar os conjuntos de aterramento provisório das redes primária e secundária; 2º Recolocar os conjuntos das chaves e/ou retirar as placas de sinalização; 3º solicitar o desligamento do alimentador; 4º Aguardar a confirmação do desligamento; 5º Fechar as chaves do circuito; 6º Fechar a chave de curto-circuito do transformador; 7º Solicitar o religamento do alimentador; 8º Verificar a tensão do secundário do transformador; 9º Comunicar a conclusão do trabalho e “liberar o circuito”.

49

Medidas de controle do risco elétrico Desenergização É o conjunto de procedimentos visando à segurança pessoal dos envolvidos ou não em sistemas elétricos. É realizada por no mínimo duas pessoas. Somente serão considerados desenergizadas as instalações elétricas liberados para trabalho, mediante os procedimentos descritos: Secciona mento É a ação da interrupção da alimentação elétrica em um equipamento ou circuito. A interrupção é executada com a manobra local ou remota do respectivo dispositivo de manobra, geralmente o disjuntor alimentador do equipamento ou circuito a ser isolado, conforme figura.

Sempre que for tecnicamente possível, deve-se promover o corte visível dos circuitos provendo afastamento adequado que garantam condições de segurança específica, impedindo assim a existência de tensão elétrica no equipamento ou circuito. O secciona mento tem maior eficácia quando há a constatação visual da separação dos contatos (abertura de seccionadora, retirada de fusíveis entre outros).

Seccionadora

Fonte de alimentação

Disjuntor a ser manobrado (desligado)

Circuito a ser desenergizado

50

A abertura da seccionadora deverá ser efetuada após o desligamento do circuito o equipamento a ser seccionado, evitando-se, assim, a formação de arco elétrico. Impedimento de reenergização É o processo pelo qual se impede o religamento acidental do circuito desenergizado. Este impedimento pode ser feito por meio de bloqueio mecânico, exemplo: Seccionadora de alta tensão, utilizando cadeados que impeçam a

manobra de religamento pelo travamento da haste de manobra. Retirada dos fusíveis de alimentação do local. Travamento da manopla dos disjuntores por cadeado ou lacre. Extração do disjuntor quando possível.

Seccionadora aberta

Fonte de alimentação

Disjuntor manobrado previamente

Circuito a ser seccionado

51

Constatação de ausência da tensão Usualmente, por meio de sinalização luminosa ou de voltímetro instalado no próprio painel, deve-se verificar a existência de tensão em todas as fases do circuito.

Na inexistência ou na inoperabilidade do voltímetro no painel, devemos constatar a ausência da tensão com equipamento apropriado ao nível de tensão à segurança do usuário, como: voltímetros, detectores de tensão de proximidade ou contato.

Locais comumente utilizados para instalação de aterramento temporário

Fonte de alimentação

Seccionadora e disjuntos manobrados anteriormente

Circuito a ser desenergizado

Travamento da haste de manobra por chave

Fonte de alimentação

Disjuntor e seccionadores manobrados anteriormente

Circuito a ser desenergizado

Constatar a ausência de tensão

52

A instalação de aterramento temporário tem como finalidade a equipotencialização dos circuitos desenergizados (condutores ou equipamento), ou seja, ligar eletricamente ao mesmo potencial, no caso ao potencial de terra, interligando-se os condutores ou equipamentos à malha de aterramento através de dispositivos apropriados ao nível de tensão nominal do circuito. Para a execução do aterramento, devemos seguir às seguintes etapas: Solicitar e obter autorização formal; Afastar as pessoas não envolvidas na execução do aterramento e

verificar a desenergização; Delimitar a área de trabalho, sinalizando-a; Confirmar a desenergização do circuito a ser aterrado temporariamente; Inspecionar todos os dispositivos utilizados no aterramento temporário

antes de sua utilização; Ligar o grampo de terra do conjunto de aterramento temporário com

firmeza à malha de terra e em seguida a outra extremidade aos condutores ou equipamentos que serão ligados à terra, utilizando equipamentos de isolação e proteção apropriados à execução da tarefa;

Obedecer aos procedimentos específicos de cada empresa; Na rede de distribuição deve-se trabalhar, no mínimo, entre dois

aterramentos. Instalação da sinalização de impedimento de energização Este tipo de sinalização é utilizado para diferenciar os equipamentos energizados dos não energizados, afixando-se no dispositivo de comando do equipamento principal um aviso de que ele está impedido de ser energizado.

53

Somente depois de efetuadas todas as etapas descritas anteriormente, o equipamento ou circuito estará no estado desenergizado, podendo ser liberado pelo profissional responsável para intervenção. O mesmo pode ser modificado com alteração da ordem das etapas ou mesmo com o acréscimo ou supressão de etapas, dependentemente das particularidades do circuito ou equipamento a ser executada a desenergização, e a aprovação por profissional responsável. Os procedimentos deverão ser executados em todos os pontos possíveis de alimentação do equipamento / circuito a ser desenergizado. Aterramento Os sistemas de aterramento devem satisfazer às prescrições de segurança das pessoas e funcionais da instalação.

54

O valor da resistência de aterramento deve satisfazer às condições de proteção e de funcionamento da instalação elétrica. Ligações a terra Qualquer que seja sua finalidade (proteção ou funcional), o aterramento dever ser único em cada local da instalação. Para casos específicos, de acordo com as prescrições da instalação, o aterramento pode ser usado separadamente, desde que sejam tomadas as devidas precauções. Aterramento funcional É o aterramento de um ponto (do sistema, da instalação ou do equipamento) destinado a outros fins que não a proteção contra choques elétricos. O termo “funcional” está associado ao uso do aterramento e da equipotencialização para fins de transmissão de sinais e de compatibilidade eletromagnética. Aterramento do condutor neutro Quando a instalação for alimentada diretamente pela concessionária, o condutor neutro deve ser aterrado na origem da instalação.

Do ponto de vista da instalação, o aterramento do neutro na origem proporciona uma melhoria na equalização de potenciais essencial à segurança. ESTUDOS SOBRE ATERRAMENTOS ELÉTRICOS Funções básicas de aterramento elétrico

Segurança pessoal.

A conexão dos equipamentos elétricos ao sistema de aterramento deve permitir que, caso ocorra uma falha na isolação dos equipamentos, a corrente de falta passa através do condutor de aterramento ao invés de percorrer o corpo de uma pessoa eventualmente esteja tocando o equipamento.

Observação

55

Desligamento automático.

O sistema de aterramento deve oferecer um percurso de baixa impedância de retorno para a terra da corrente de falta para que ocorra a operação automática, rápida e segura do sistema de proteção.

Controle de tensões.

O aterramento permite um controle das tensões desenvolvidas no solo (de passo, de toque e de transferência) quando um curto-circuito fase-terra retorna, pela terra, para a fonte próxima ou quando da ocorrência de uma descarga atmosférica no local.

Transitórios.

O sistema de aterramento estabiliza a tensão durante transitórios no sistema elétrico provocados por faltas para a terra, chaveamentos e outros, para que não apareçam sobre tensões perigosas que possam provocar a ruptura da isolação dos equipamentos elétricos.

Figura 3 [9]. Fonte: Procobre.

Figura 1 – Com aterramento, a corrente praticamente não circula pelo corpo [9]. Fonte: Procobre.

Figura 2 – Sem aterramento, o único caminho é o corpo [9]. Fonte: Procobre.

56

Cargas atmosféricas

O aterramento deve escoar cargas estáticas acumuladas em estruturas, suportes e carcaças dos equipamentos em geral.

Equipamentos eletrônicos

Especificamente para os sistemas eletrônicos, o aterramento deve fornecer um plano de referência, sem perturbações, para que possam operar satisfatoriamente tanto em altas quanto em baixas freqüências.

TENSÕES DE SEGURANÇA SELV

A extra baixa tensão de segurança, denominada pela NBR 5410 de SELV (do inglês, Safety Extra-Low Voltage) é considerada pela norma como medida de proteção contra contatos diretos e contra contatos indiretos, que envolvem prescrições relativas à alimentação e a instalação dos circuitos.

Figura 5 – Corpo ligado a terra [9]. Fonte: Procobre.

Figura 4 – Corpo (estruturas, suportes, carcaças e outros) isolado da terra, com carga acumulada [9]. Fonte: Procobre

Figura 6 – Equipamento eletrônico [9]. Fonte: Procobre.

57

PELV

Os sistemas PELV (do inglês, Protective Extra-Low Voltage), podem ser aterrados ou possuir massas aterradas.

APLICAÇÃO

A proteção básica do sistema SELV ou PELV depende da tensão nominal e das condições de uso: Limitação da tensão; ou Isolação básica ou uso de barreiras ou invólucros.

Quando não for possível respeitar as condições impostas pela SELV e a PELV, por razões funcionais pode ser classificada como extra baixa tensão funcional FELV (do inglês, Functional Extra-Low Voltage) e não é considerada “de segurança”. Não se constitui por si só em uma medida de proteção e deve ser complementada por outras medidas de segurança. SISTEMAS DE ATERRAMENTO ELÉTRICO (NBR-5410) Para aplicação de medidas de proteção é necessário a coordenação entre o esquema de aterramento e as características dos dispositivos de proteção através dos seguintes esquemas:

ESQUEMA TN

O neutro da fonte é ligado diretamente a terra, com as massas da instalação ligadas a esse ponto por meio de condutores metálicos (condutor de proteção), conforme figura 6. Nesse caso, o percurso de uma corrente fase-massa é de baixíssima impedância (cobre) e a corrente pode atingir valores elevados, suficientes para serem detectados e interrompidos por disjuntores ou fusíveis. O esquema pode ser do tipo TN-S, quando as funções de neutro e proteção forem realizadas por condutores separados (N=neutro e PE=proteção), ou TN-C, quando essas funções forem realizadas pelo mesmo condutor (PEN). Há ainda o esquema misto chamado de TN-C-S. No Brasil, o esquema TN é o mais comum, quando se tratam de instalações alimentadas diretamente pela rede pública de baixa tensão da concessionária de energia elétrica. Nesse caso, quase sempre a instalação é do tipo TN-C até a entrada. A partir daí, o neutro é aterrado por razões funcionais e segue para o interior da instalação separado do condutor de proteção (TN-S). É fácil observar que, caso

58

haja a perda do neutro antes da entrada consumidora (por exemplo, com o rompimento do neutro devido a um acidente com caminhão ou ônibus), o sistema irá se transformar em TT. Isso implica que, mesmo em sistemas TN, é conveniente utilizar dispositivos DR para garantir a proteção das pessoas contra choques elétricos.

A figura 7 apresenta o modelo elétrico do esquema de aterramento TN-S.

A nomenclatura contida nas figuras 7, 8 e 9 é a seguinte: - Fonte, transformador trifásico; - Rf, resistência de aterramento do eletrodo da fonte; - Carga, elemento consumidor de energia elétrica; - L1, L 2 e L3, fases do circuito de alimentação; - PE, condutor de proteção; - N, condutor neutro.

Figura 7: Modelo elétrico do esquema TN [9]. Fonte: Procobre.

Figura 8: Modelo elétrico do esquema TN-S [9]. Fonte: Procobre.

59

ESQUEMA TT. O neutro da fonte é ligado diretamente à terra, com as massas da instalação ligadas a um eletrodo de aterramento independente do eletrodo da fonte. O percurso de uma corrente fase-massa inclui a terra, o que limita em muito o valor da corrente devido ao elevado valor da resistência de terra. Essa corrente é insuficiente para acionar disjuntores ou fusíveis, mas suficiente para colocar em perigo uma pessoa. Portando, ela deve ser detectada e eliminada por dispositivos mais sensíveis, geralmente chamados de interruptores diferenciais residuais (DRs).

Figura 11: Modelo elétrico do esquema TT [9]. Fonte: Procobre.

Figura 9: Modelo elétrico do esquema TN-C [9]. Fonte: Procobre.

Figura 10: Modelo elétrico do esquema TN-C-S [9]. Fonte: Procobre.

60

ESQUEMA IT.

Esquema parecido com o TT, porém o aterramento da fonte é realizado através da inserção de uma impedância de valor elevado (resistência ou indutância). Limita-se, com isso, a corrente de falta a um valor desejado, de forma a não permitir que uma primeira falta desligue o sistema. Geralmente, essa corrente não é perigosa para as pessoas, mas como a instalação opera em condição de falta, devem ser utilizados dispositivos que monitorem a isolação dos condutores, isto é, prevenir a excessiva degradação dos componentes da instalação.

O uso dos sistemas IT é restrito aos casos onde uma primeira falha não pode desligar imediatamente a alimentação e interromper processos importantes (como em sala cirúrgica, certos processos metalúrgicos).

ATERRAMENTO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE MÉDIA TENSÃO.

A norma NBR 14039 estabelece um sistema para o projeto de instalações elétricas de média tensão, com tensão nominal de 1,0 kV a 36,2 kV, de modo a garantir a segurança e continuidade do serviço.

Esquema TNR [7]

O esquema TNR possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, em que as massas da instalação e da subestação ligadas a esse ponto através de condutores de proteção (PE) ou condutor de proteção em função combinada de neutro (PEN). Nesse esquema toda corrente de falta direta fase-massa é uma corrente de curto circuito.

Figura 12: Modelo elétrico do esquema IT [9]. Fonte: Procobre.

61

É a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da subestação, do neutro e das massas da instalação.

Esquemas TTN e TTS [7]

Os esquemas TTx possuem um ponto da alimentação diretamente aterrado, com as massas da instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de aterramento da subestação. Nesse esquema, as correntes de falta direta fase-massa devem inferiores a um corrente curto-circuito, porém, são suficientes para provocar o surgimento de tensões de contato perigosas.

São considerados dois tipos de esquemas, TTN e TTS, de acordo com a disposição do condutor neutro e do condutor de proteção das massas da subestação, a saber: Esquema TTN, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção das

massas da subestação são ligados a um único eletrodo de aterramento.

É a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da subestação e do neutro;

É a resistência do eletrodo de aterramento das massas da instalação.

Figura 13: esquema elétrico TNR [7]. Fonte: NBR 14039.

Figura 14: esquema elétrico TTN [7]. Fonte: NBR 14039.

62

Esquema TTS, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção das massas da subestação são ligados a eletrodos de aterramento distintos.

É a resistência do eletrodo de aterramento da subestação;

É a resistência do eletrodo de aterramento do neutro;

É a resistência do eletrodo de aterramento das massas da instalação. Esquemas ITN, ITS e ITR [7] Os esquemas ITx não possuem qualquer ponto da alimentação diretamente aterrado ou possuem um ponto da alimentação aterrado através da impedância e as massas da instalação são ligadas a elétrodos próprios de aterramento. Nesse esquema, a corrente resultante de uma única falta fase-massa não deve ter intensidade para provocar o surgimento de tensões de contato perigosas. São considerados três tipos de esquemas, ITN, ITS e ITR de acordo com a disposição do condutor neutro e dos condutores de proteção das massas da instalação e da subestação: esquema ITN, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção das

massas da subestação são ligados a um único eletrodo de aterramento e as massas da instalação ligadas a um eletrodo distinto;

É a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da subestação e do neutro;

É a resistência do eletrodo de aterramento das massas da instalação.

Figura 15: esquema elétrico TTS [7]. Fonte: NBR 14039.

Figura 16: esquema elétrico ITN [7]. Fonte: NBR 14039.

63

Esquema ITS, no qual o condutor neutro, os condutores de proteção das massas da subestação e da instalação são ligados a eletrodos de aterramento distintos;

É a resistência do eletrodo de aterramento da subestação;

É a resistência do eletrodo de aterramento do neutro;

É a resistência do eletrodo de aterramento das massas da instalação. Esquema ITR, no qual o condutor neutro, os condutores de proteção das

massas da subestação e da instalação são ligados a um único eletrodo de aterramento.

É a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da subestação e do neutro e das massas da instalação.

DISPOSITIVO DE CORRENTE DIFERENCIAL RESIDUAL – DR.

É um dispositivo constituído de um disjuntor termomagnético que protege os fios do circuito contra sobrecargas e curto-circuito, acoplado a outro dispositivo. O diferencial residual protege as pessoas contra choques elétricos provocados por contatos diretos e indiretos. Os disjuntores DR devem ser ligados aos condutores fase e neutro dos circuitos, em que o neutro não pode ser aterrado após o DR.

Figura 17: esquema elétrico ITS [7]. Fonte: NBR 14039.

Figura 18: esquema elétrico ITR [7]. Fonte: NBR 14039.

64

Independentemente do esquema de aterramento TN, TT ou IT, o uso de proteção DR, mais particularmente de alta sensibilidade (com corrente diferencial – residual nominal igual ou inferior a 30 mA), tornou-se expressamente obrigatório nos seguintes casos: Circuitos que sirvam a pontos situados em locais contendo banheiros ou

chuveiros; Circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas

externas à edificação; Circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que

possam vir a alimentar equipamentos no exterior; Circuitos de tomadas de corrente de cozinhas, copas-cozinhas,

lavanderias, áreas de serviço, garagens e, no geral, de todo local interno molhado em uso normal ou sujeito a lavagens.

Figura 30 – DR As marcações revelam virtualmente tudo sobre o produto: 1)A sensibilidade é de 30mA; 2)O dispositivo é do tipo G(instantâneo); 3)É do tipo A (sensível a CA e a CC pulsante); 4)A corrente nominal é de 16A; 5)curva de disparo por curto-circuito, ou disparo magnético, do tipo B(faixa de disparo); 6)capacidade de interrupção de 10KA [17]. Fonte: Apostila de instalações elétricas residenciais/2003.

65

Princípio de funcionamento O DR mede permanentemente a soma vetorial das correntes que percorrem os condutores. Enquanto o circuito se mantiver eletricamente igual, a soma vetorial das correntes nos seus condutores é praticamente nula. Ocorrendo a falha de isolamento em um equipamento alimentado por esse circuito, interromperá uma corrente de falta à terra, ou seja, haverá uma corrente residual para a terra. Devido a este “vazamento” de corrente para a terra, a soma vetorial das correntes nos condutores monitorados pelo DR não é mais nula e o dispositivo detecta justamente essa diferença de corrente. A situação é análoga se alguma pessoa vier a tocar uma parte viva do circuito protegido, a porção de corrente que irá circular pelo corpo da pessoa provocará igualmente um desequilíbrio na soma vetorial das correntes, a diferença então, é detectada pelo dispositivo diferencial, tal como se fosse uma corrente de falta à terra. Quando essa diferença atinge um determinado valor, é ativado um relé. Este relé irá provocar a abertura dos contatos principais do próprio dispositivo ou do dispositivo associado (contator ou disjuntor). O dispositivo DR é composto, basicamente, dos seguintes elementos: Um TC de detecção, toroidal, sobre o qual é enrolado, de forma

idêntica, cada um dos condutores do circuito e que acomoda também o enrolamento de detecção, responsável pela medição das diferenças entre correntes dos condutores;

Um elemento de “processamento” do sinal e que comanda o disparo do DR, geralmente designado relé diferencial ou relé reversível.

Uso do dispositivo DR Pode-se dizer que não há razões para preocupação, quanto ao atendimento da regra do secciona mento automático, quando se usam dispositivos DR, a não ser que a proteção diferencial residual usada seja de baixíssima sensibilidade. Os dispositivos DR podem ser do tipo com ou sem fonte auxiliar, que pode ser a própria rede de alimentação. Dispositivo DR com fonte auxiliar, caso não atuem automaticamente por falha de fonte auxiliar é admitido somente se uma das duas condições for satisfeitas: A proteção contra contatos indiretos for assegurada por outros meios no

caso de falha da fonte auxiliar; Os dispositivos forem instalados em instalações operadas, testadas e

mantidas por pessoas advertidas ou qualificadas. Contato direto

66

É o contato acidental por falha de isolamento, por ruptura ou remoção indevida de partes isolantes, ou então, por atitude imprudente de um indivíduo com equipamentos energizados (parte viva).

Contato indireto É o contato entre uma pessoa e uma parte metálica de uma instalação ou componente, normalmente sem tensão, mas que pode ficar energizada por falha de isolamento ou por uma falha interna. Esquema TN – pode ser protegido por um dispositivo DR, o mesmo ocorrendo em circuitos terminais. Nesse caso as massas não precisam ser ligadas ao condutor de proteção do esquema TN, desde que sejam ligadas a um eletrodo de aterramento com resistência compatível com a corrente de atuação do dispositivo DR. Esquema TT – se uma instalação for protegida por um único dispositivo DR, este deve ser colocado na origem da instalação, a menos que a parte da instalação compreendida entre a origem e o dispositivo não possua qualquer massa e satisfaça a medida de proteção pelo emprego de equipamentos classe II (50 a 1.500 V) ou pela aplicação de isolação suplementar. Esquema IT – quando a proteção for assegurada por um dispositivo DR e o secciona mento à primeira falta não for cogitada, a corrente diferencial residual de não atuação do dispositivo deve ser no mínimo igual à corrente que circula quando uma primeira falta franca à terra afete um condutor fase. A sensibilidade determina se um DR pode ser aplicado à proteção contra contatos indiretos e à proteção contra contatos diretos. A aplicação do DR pode ser dividida em: Uso obrigatório de DR de alta sensibilidade (< 30mA) – Na proteção

complementar contra choques elétricos em circuitos de banheiros, tomadas externas, tomadas de cozinha, lavanderias, áreas de serviço, garagens e entre outros;

Uso de DR de alta sensibilidade (< 30mA) como alternativa – Na proteção de equipamentos situados próximos às piscinas;

Uso previsto de DR de baixa sensibilidade (< 500mA) – Um dos meios prescritos para limitar as correntes de falta / fuga à terra em locais que processem ou armazenem materiais inflamáveis.

Tipos de DR Na prática a proteção diferencial residual pode ser realizada através de: Interruptores diferenciais residuais;

67

Disjuntores com proteção diferencial residual incorporada; Tomadas com interruptores DR incorporado; Bloco diferencial acopláveis e disjuntores em caixa moldada ou a

disjuntores modulares (minidisjuntores); Peças avulsas (relé DR e transformador de corrente toroidal) que são

associadas apenas a um elemento de sinalização e/ou alarme, se eventualmente for apenas este, e não um desligamento, que é o objetivo da detecção diferencial residual.

Proteção por extra-baixa tensão É comum o emprego da tensão de 24V para condições de trabalho desfavoráveis, como trabalho em ambientes úmidos. Tais condições são favoráveis a choque elétrico nestes tipos de ambientes, pois a resistência do corpo humano é diminuída e a isolação elétrica dos equipamentos fica comprometida. Equipamentos de solda empregados em espaços confinados, como em tanques, requerem que as tensões empregadas sejam baixas. A proteção por extra-baixa tensão consiste em empregar uma fonte de baixa tensão ou uma isolação elétrica confiável, se a tensão extra-baixa for obtida de circuitos de alta-tensão. A tensão extra-baixa é obtida tanto através de transformadores isoladores como de baterias e geradores. A tensão extra-baixa é aquela situada abaixo de 50V. Certos critérios devem ser observados quanto ao uso deste tipo de proteção, como: Não aterrar o circuito de extra-baixa tensão; Não fazer ligações condutoras em circuitos de maior tensão; Não dispor os condutores de um circuito de extra-baixa tensão em

locais que contenham condutores de tensões mais elevadas. Proteção por barreiras e invólucros São destinados a impedir todo contato com as partes vivas da instalação elétrica, ou melhor, as partes vivas devem estar no interior de invólucros ou através de barreiras. As barreiras e invólucros devem ser fixados de forma segura e também possuir robustez e durabilidade suficiente para manter os graus de proteção e ainda apresentar apropriada separação das partes vivas. As barreiras e invólucros podem: Impedir que pessoas ou animais tocassem acidentalmente as partes

vivas; Garantir que as pessoas sejam advertidas de que as partes acessíveis

através da abertura são vivas e não deve ser tocadas intencionalmente.

68

Proteção por obstáculos e anteparos São destinados a impedir contatos acidentais com partes vivas, mas não os contatos voluntários por uma tentativa deliberada de contorno do obstáculo. Os obstáculos e anteparos devem impedir: Uma aproximação física não intencional das partes vivas (exemplo: por

meio de corrimãos ou de telas de arame); Contatos não intencionais com partes vivas por ocasião de operação de

equipamentos sob tensão (exemplo: por meio de telas ou painéis sobre os seccionadores).

Locais de serviço elétrico Nestes locais a NBR 5410/2004 admite o uso de medidas de proteção apenas parciais ou mesmo a sua dispensa. Estes locais técnicos abrigam equipamentos elétricos, sendo proibido o ingresso de pessoas que não sejam advertidas ou qualificadas. Em resumo, o acesso a esses locais é restrito apenas aos técnicos responsáveis.

69

Isolação dupla ou reforçada A utilização de isolação dupla ou reforçada tem como finalidade proporcionar uma dupla linha de defesa contra contatos indiretos. A isolação dupla é constituída: Isolação básica – isolação aplicada às partes vivas destinadas a

assegurar proteção básica contra choques. Isolação suplementar – isolação independente e adicional à isolação

básica, destinada a assegurar proteção contra choques elétricos em caso de falha da isolação básica (assegurar proteção supletiva).

Comumente, são utilizados sistemas de isolação dupla em alguns eletrodomésticos e ferramentas elétricas portáteis (furadeiras, lixadeiras, entre outros). Neste caso, em sua plaqueta de identificação haverá um símbolo indicativo gravado, ou seja, dois quadrados de lados diferentes, paralelos, um dentro do outro.

Podemos observar este tipo de isolação na instalação de um padrão de medição em baixa tensão, pois neste tipo de instalação os condutores não tendo dupla isolação devem ser instalados em eletroduto flexível isolante. Isolação reforçada É um tipo de isolação única aplicada às partes vivas que assegura um grau de proteção contra choques elétricos equivalentes ao da dupla isolação. A expressão “isolação única” não implica que a isolação deva constituir uma peça homogênea. Ela pode comportar diversas camadas impossíveis de ser ensaiada isoladamente, como isolação básica ou como isolação suplementar.

Simbologia normalizada internacionalmente de dupla isolação

70

Proteção por separação elétrica Consiste em abaixar a tensão para níveis seguros (extra-baixa tensão – menor que 50 v para ambientes secos e menores que 25 v para ambientes úmidos e molhados) através do uso de transformador de separação. A proteção por separação elétrica pode ser realizada pelos seguintes meios:

Transformador de separação; Grupo motor-gerador com enrolamentos que forneçam uma separação

equivalente à de um transformador.

Identificação por meio de cores dos condutores de um cabo multipolar.

Condutor isolado e cabos uni e multipolar.

71

72

Equipamento de Proteção Coletiva Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas prioritariamente medidas de proteção coletiva para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. As medidas de proteção coletiva compreendem prioritariamente a desenergização elétrica, e sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança, conforme estabelece a NR-10. Essas medidas visam à proteção não só de trabalhadores envolvidos com a atividade principal que será executada e que gerou o risco, como também à proteção de outros funcionários que possam executar atividades paralelas nas redondezas ou até de passantes, cujo percurso pode levá-los à exposição ao risco existente. A seguir serão descritos alguns equipamentos e sistemas de proteção coletiva usado nas instalações elétricas.

73

Conjunto de aterramento temporário

Tapetes de borracha

Equipamento destinado à execução de aterramento temporário, visando à equipotencialização e proteção pessoal contra energização indevida do circuito em intervenção.

Acessório utilizado principalmente em subestações, sendo aplicado na execução da isolação contra contatos indiretos, minimizando assim as conseqüências por uma falha de isolação nos equipamentos.

74

Fita de sinalização

Utilizada interna e externamente na sinalização, interdição, balisamento ou demarcação em geral por indústrias, construtoras, transportes, órgãos públicos ou empresas que realizam trabalhos externos. Cones de PVC para sinalização

Correntes para sinalização

Utilizado para sinalizar, isolar, balizar ou interditar áreas de tráfego ou serviços com extrema rapidez e eficiência.

Correntes de sinalização e isolamento em plástico de alta durabilidade, resistência mecânica e contra altas temperaturas. Excelente para uso externo, não perdendo a cor ou descascando com a ação de intempéries. Indicado para uso na construção, decoração, isolamento e sinalização de áreas, nas mais diversas aplicações como em docas, ancoradouros, estacionamentos, rodovias, pedágios, bancos, parques, shopping centers, supermercados, entre outros.

75

Placas de sinalização

Bandeira com bastão

Proporcionam sinalização eficiente e correta das áreas, possibilitando a interdição do local a ser trabalhada. Informa de forma clara sobre situações e risco do ambiente.

Proporciona maior atenção dos condutores para desvios e sinalizações. Indicada para sinalizar cargas que ultrapassam o limite da carroceria,

76

Bastão de aterramento

Vara de manobra

Lençol de borracha isolante

Evita acidentes, escoando energização acidental.

Garante o isolamento para manusear o conjunto de aterramento.

Protege o eletricista contra acidentes por eventuais aproximações ou contatos com partes energizadas da estrutura durante o trabalho. Isolante para baixa tensão, classe 0 e no máximo de 1.000 vots.

77

Banqueta isolante

Equipamento de Proteção Individual Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual (EPIs) específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR–6, a norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego relativos a esses equipamentos. As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, considerando-se também, a condutibilidade, a inflamabilidade e as influências eletromagnéticas. É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades, principalmente se forem metálicos ou que facilitem a condução de energia. Todo EPI deve possuir um Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O EPI deve ser usado quando: Não for possível eliminar o risco por outros meios; For necessária complementar a proteção coletiva.

Ideal o trabalho em cabine primária até 40 kV, isolando o usuário de eventuais descargas elétricas. Evita escorregões, com piso antiderrapante.

78

Conjunto para eletricista

Manga isolante para alta tensão

Ideal para profissionais expostos ao risco de trabalho com eletricidade. Evita acidentes e danos físicos, pois proporciona isolamento térmico associado a uma resistência permanente ao arco elétrico. Oferece proteção contra calor por irradiação e fogo.

Ideal para uso em trabalhos de contato com diferenças de potencial elétrico. Auxilia na proteção do usuário no isolamento elétrico com resistência de até 17.000 volts.

79

Óculos de Proteção/Segurança

Capacete

Botina de segurança sem biqueira de aço

Proteção dos olhos do usuário contra impactos de partículas volantes multidirecionais e luminosidade intensa. Proteção contra elementos que venham a prejudicar a visão, como descargas elétricas.

Equipamento destinado à proteção contra quedas de objetos e contatos acidentais com partes energizadas da instalação. O capacete para uso em serviços com eletricidade deve ser da classe B (submetido a testes de rigidez dielétrica a 20 kV).

O modelo sem bico de aço é indicado em atividades que envolvam eletricidade, pois não possui nenhuma peça metálica. Proteção dos pés dos usuários em áreas em que haja risco de queda de materiais, equipamentos, acessórios ou objetos.

80

Cinto de segurança para eletricista

Cinto de segurança

Evita quedas durante o trabalho em alturas, mantendo as mãos livres para o trabalho. Garante maior segurança para o eletricista ao trabalhar em alturas.

Equipamento destinado à proteção contra quedas de pessoas, sendo obrigatória sua utilização em trabalhos acima de 2 metros de altura. Pode ser basicamente de dois tipos: abdominal d de três pontos (pára-quedista) O tipo pára-quedista pode ser utilizado trava-quedas instalados em cabos de aço ou flexível fixados em estruturas a serem escaladas.

81

Protetor auricular

Equipamento destinado a minimizar as conseqüências de ruídos prejudiciais à audição. Para trabalhos com eletricidade, devem ser utilizados protetores apropriados, sem elementos metálicos. Máscaras / Respiradores

Tipo concha Tipo plugue Tipo descartável

Equipamento destinado à utilização em áreas confinadas e sujeitas a emissão de gases e poeiras.

82

Luvas isolante para alta tensão

Elas podem ser testadas com inflador de luvas para verificação da existência de furos, e por injeção de tensão de testes. As luvas isolantes apresentam identificação no punho, próximo da borda, marcada de forma indelével, que contém informações importantes, como a tensão de uso, por exemplo, nas cores correspondentes a cada uma das seis classes existentes. Elas são classificadas pelo nível de tensão de trabalho e de teste, conforme:

TABELA – CLASSES DE LUVAS ISOLANTES (NBR 10622/89)

CLASSE COR TENSÃO DE USO (V)

TENSÃO DE ENSAIO (V)

TENSÃO DE PERFURAÇÃO (V)

00 Bege 500 2.500 5.000

0 Vermelha 1.000 5.000 6.000

1 Branca 7.500 10.000 20.000

2 Amarela 17.000 20.000 30.000

3 Verde 26.500 30.000 40.000

4 Laranja 36.000 40.000 50.000

Máxima proteção contra choques em redes. Produzida em borracha, confere ótimo isolamento da corrente elétrica. A luva de alta tensão é indispensável na elaboração de reparos e manutenções em redes elétricas e equipamentos de até 1.000 volts. Utilizando-a com a de cobertura em vaqueta, terá proteção extra e maior durabilidade.

83

84

Legislação específica A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) apresenta artigos específicos sobre os EPIs. “Art. 166 – A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamentos de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.” “Art. 167 – O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.” A Norma Regulamentadora nº 6 item 6.6.1, ao tratar dos equipamentos de proteção individual estabelece as obrigações do empregador:

a) Adquirir o equipamento adequado ao risco de cada atividade; b) Exigir seu uso; c) Fornecer ao trabalhador somente o equipamento aprovado pelo órgão

nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado guarda e

conservação; e) Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; g) Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

A Norma Regulamentadora nº 6 item 6.7.1, ao tratar dos equipamentos de proteção individual estabelece as obrigações do empregado:

a) Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) Responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio

para o uso; d) Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

O Art. 158 da CLT dispõe: Parágrafo único: Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

a) À observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior;

b) Ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.

Observação

85

Além dessas obrigações legais, todo EPI antes de sua utilização deve ser inspecionado visualmente. Caso haja dúvidas sobre sua integridade, devem ser consultados suas especificações técnicas ou o responsável pela área de segurança da empresa. Normas Técnicas Brasileiras Normas ABNT No Brasil, as normas técnicas oficiais são aquelas desenvolvidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e registradas no Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (INMETRO). Essas normas são o resultado de uma ampla discussão de profissionais e instituições, organizados em grupos de estudos, comissões e comitês. A sigla NBR que antecede o número de muitas normas significa Norma Brasileira Registrada. A ABNT é a representante brasileira no sistema internacional de normalização, composto de entidades nacionais, regionais e internacionais. Para atividades com eletricidade, há diversas normas, abrangendo quase todos os tipos de instalações e produtos. NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão A NBR 5410 é uma referência obrigatória quando se fala em segurança com eletricidade. Ela apresenta todos os cálculos de dimensionamento de condutores e dispositivos de proteção. Nela estão as diferentes formas de instalação e as influências externas a serem consideradas em um projeto. Os aspectos de proteção por dispositivos de corrente de fuga, de sobretensões e sobrecorrentes. Os procedimentos para aceitação da instalação nova e para sua manutenção também são apresentados na norma, incluindo etapas de inspeção visual e de ensaios específicos. NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão de 1,0 kV a 36,2 kV A NBR 14039 abrange instalações de consumidores, incluindo suas subestações, dentro da faixa de tensão especificada. Ela não inclui as redes de distribuição das empresas concessionárias de energia elétrica. Além de todas as prescrições técnicas para dimensionamento dos componentes dessas instalações, a norma estabelece critérios específicos de segurança para as subestações consumidoras, incluindo acesso, parâmetros físicos e de infra-estrutura. Procedimentos de trabalho também são objeto de atenção da referida norma que, a exemplo da NBR 5410, também especifica as características de aceitação e manutenção dessas instalações. Existem muitas outras normas técnicas direcionadas às instalações elétricas, cabendo aos profissionais conhecerem as prescrições que elas estabelecem, de acordo com o tipo de instalação em que estão trabalhando. As normas a

86

seguir relacionadas são boas referencias para consultas e seus títulos são auto-explicativos a respeito do seu escopo. Muitas delas são complementos das prescrições gerais estabelecidas nas normas técnicas de baixa e média tensão anteriormente citadas. NBR 5418 – Instalações Elétricas em Atmosferas Explosivas Fixa condições exigíveis para seleção e aplicação de equipamentos, projeto e montagem de instalações elétricas em atmosferas explosivas por gás ou vapores inflamáveis. NBR 5419 – Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas Fixa as condições exigíveis ao projeto, instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) de estruturas, bem como de pessoas e instalações no seu aspecto físico dentro do volume protegido. NBR 6151 – Classificação dos Equipamentos Elétricos e Eletrônicos quanto á proteção contra os choques elétricos Classifica equipamentos elétricos e eletrônicos quanto à proteção contra choques elétricos em caso de falha da isolação. NBR 6533 – Estabelecimento de Segurança aos efeitos da corrente elétrica percorrendo o corpo humano Fixa condições exigíveis para o estabelecimento de prescrições de segurança, do ponto de vista da engenharia quanto aos efeitos da corrente elétrica percorrendo o corpo humano. NBR 13534 – Instalações Elétricas em Ambientes Assistenciais de Saúde – requisitos para a segurança Especifica condições exigíveis às instalações elétricas de estabelecimento assistenciais de saúde, a fim de garantir a segurança de pessoas (em particular de pacientes) e, onde for o caso, de animais.

87

NBR 13570 – Instalações Elétricas em locais de afluência de público – requisitos específicos Fixa requisitos específicos exigíveis às instalações elétricas em locais de afluência de público, a fim de garantir o seu funcionamento adequado, a segurança de pessoas e de animais domésticos e a conservação dos bens. Quanto à utilização de um produto pode comprometer a segurança ou a saúde do consumidor, o INMETRO ou outro órgão regulamentador pode tornar obrigatória a Avaliação de Conformidade desse produto. Isso aumenta a confiança de que o produto está de acordo com as Normas e com os Regulamentos Técnicos aplicáveis. Já existem vários produtos cuja certificação é obrigatória, alguns deles apenas aguardando o prazo limite para proibição de comercialização. Entre os produtos de certificação compulsória, por exemplo, estão os plugues, tomadas, interruptores, disjuntores, equipamentos para atmosferas explosivas, estabilizadores de tensão, entre outros. Regulamentações do MTE Os instrumentos jurídicos de proteção ao trabalhador têm sua origem na Constituição Federal que, ao relacionar os direitos dos trabalhadores, incluiu entre eles a proteção de sua saúde e segurança por meio de normas específicas. Coube ao Ministério do Trabalho estabelecer essas regulamentações (Normas Regulamentadoras – NR) por intermédio da Portaria nº 3.214/78. A partir de então, uma série de outras portarias foram editadas pelo Ministério do Trabalho com o propósito de modificar ou acrescentar normas regulamentadoras de proteção ao trabalhador, conhecidas pela suas iniciais (NR). Sobre a segurança em instalações e serviços em eletricidade, a referência é a NR-10, que estabelece as condições mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados que trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo elaboração de projetos, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, em quaisquer das fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. A NR -10 exige também que sejam observadas as normas técnicas oficiais vigentes e, na falta destas, as normas técnicas internacionais. A fundamentação legal, que dá o embasamento jurídico à existência desta NR, está nos artigos 179 e 181 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos profissionais Entre as prescrições da NR-10 estão os critérios que devem atender os profissionais que atuem em instalações elétricas, que considera:

88

Profissional qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. Profissional legalmente habilitado aquele previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe. É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições simultaneamente: Seja treinado por profissionais habilitados e autorizado; Trabalhe sob a responsabilidade de um profissional habilitado e

autorizado. São considerados autorizados os trabalhadores habilitados ou capacitados com anuência formal da empresa. Todo profissional autorizado deve portar identificação visível e permanente contendo as limitações e a abrangência de sua autorização. Os profissionais autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa. Os profissionais e pessoas autorizadas a trabalhar em instalações elétricas devem apresentar estado de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas. Os profissionais e pessoas autorizadas a trabalhar em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas. Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir: Troca de função ou mudança de empresa; Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior

a 3 meses; Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de

métodos e/ou processos de trabalhos. O trabalho em áreas classificadas deve ser precedido de treinamento específico de acordo com o risco envolvido. Os trabalhadores com atividades em proximidades de instalações elétricas devem ser informados e possuir conhecimentos que permitam identificá-las, avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.

89

NR – 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade 10.1 Objetivo e campo de aplicação 10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. 10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. 10.2 Medidas de controle 10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente do trabalho. 10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. 10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo:

a) Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes;

b) Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;

c) Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;

d) Documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;

e) Resultados do teste de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva;

f) Certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;

g) Relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

90

10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência devem constituir prontuário com o conteúdo do item 10.2.4 e acrescentar ao prontuário os documentos a seguir listados:

a) Descrição dos procedimentos para emergências; b) Certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual.

10.2.5.1 As empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5. 10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade. 10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissionais legalmente habilitados. 10.2.8 Medidas de proteção coletiva 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. 10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. 10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabelecimento no subitem 10.2.8.2 devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático. 10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes. 10.2.9 Medidas de proteção individual 10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individuais específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR-6. 10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

91

10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades. 10.3 Segurança em projetos 10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para impedimento de reenergização, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa. 10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que permita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito. 10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus componentes e as influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção. 10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica devem ser identificados e instalados separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas as definições de projetos. 10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação e a conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade. 10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, devem ser projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado. 10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário. 10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado. 10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadora de Saúde e Segurança no Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional legalmente habilitado. 10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança:

a) Especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;

b) Indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: (Verde – “D”, desligado e Vermelho – “L”, ligado);

92

c) Descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;

d) Recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações;

e) Precauções aplicáveis em face das influências externas; f) O princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto,

destinado à segurança das pessoas; g) Descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a

instalação elétrica. 10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR – 17 – Ergonomia. 10.4 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção 10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervisionadas por profissionais autorizados, conforme dispõe esta NR. 10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto à altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança. 10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas. 10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes. 10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamentações existentes e definições de projetos. 10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-lo para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos.

93

10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR – 17 – Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas. 10.4.6 Os ensaios e teste elétricos laboratoriais e de campo ou comissionamento de instalações elétricas devem atender à regulamentação estabelecida nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam às condições de qualificação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas nesta NR. 10.5 Segurança em instalações elétricas desenergizadas 10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, obedecidas a seqüência abaixo:

a) seccionamento; b) Impedimento de reenergização; c) Constatação da ausência de tensão; d) Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos

condutores dos circuitos; e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada

(Anexo I); f) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de procedimentos abaixo:

a) Retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos; b) Retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos

no processo de reenergização; c) Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das

proteções adicionais; d) Remoção da sinalização de impedimento de reenergização; e) Destrava mento, se houver, e religação dos dispositivos de

seccionamento. 10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresentadas nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, ampliadas ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada situação, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente preconizado. 10.5.4 Os serviços a serem executados em instalações elétricas desligadas, mas cm possibilidade de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6.

94

10.6 Segurança em instalações elétricas energizadas 10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta Norma. 10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR. 10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida. 10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas no Anexo I. 10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo. 10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho. 10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível. 10.7 Trabalhos envolvendo alta tensão (AT) 10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com alta tensão, que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR. 10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem receber treinamento de segurança, específico em segurança do Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR. 10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência – SEP, não podem ser realizados individualmente.

95

10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser realizada mediante ordem de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela área. 10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o superior imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança em eletricidade aplicáveis ao serviço. 10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por profissional autorizado. 10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme Anexo I desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou equipamento. 10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com identificação da condição de desativação, conforme procedimento de trabalho específico padronizado. 10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipamentos com materiais isolantes, destinados ao trabalho em alta tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório periódicos, obedecendo-se as especificações do fabricante, os procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente. 10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP devem dispor de equipamentos que permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com centro de operação durante a realização do serviço. 10.8 Habilitação, Qualificação, Capacitação e Autorização dos trabalhadores 10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. 10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe. 10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente:

96

a) Receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado;

b) Trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado. 10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação. 10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa. 10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador, conforme o item 10.8.4. 10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa. 10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos a exame de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas, realizado em conformidade com a NR – 7 e registrado em seu prontuário médico. 10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR. 10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatório dos cursos constantes do Anexo II desta NR. 10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir:

a) Troca de função ou mudança de empresa; b) Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior

a três meses; c) Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de

métodos, processos e organização do trabalho. 10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programático dos treinamentos de reciclagem destinados ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item 10.8.8.2 devem atender as necessidades da situação que o motivou. 10.8.8.4 Os trabalhadores em áreas classificadas devem ser precedidos de treinamento específico de acordo com risco envolvido. 10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada,

97

conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. 10.9 Proteção contra incêndio e explosão 10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, conforme dispões a NR – 23 – Proteção Contra Incêndios. 10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação. 10.9.3 Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica. 10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação. 10.9.5 Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada, conforme estabelece o item 10.5 ou supressão do agente de risco que determina a classificação da área. 10.10 Sinalização de segurança 10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR – 26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, dentre outras, as situações a seguir:

a) Identificação de circuitos elétricos; b) Travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e

comandos; c) Restrições e impedimentos de acesso; d) Delimitações de áreas; e) Sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de

movimentação de cargas; f) Sinalização de impedimento de energização; g) Identificação de equipamentos ou circuito impedido.

10.11 Procedimentos de trabalho 10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos,

98

padronizado, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR. 10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de serviço específicas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem adotados. 10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais. 10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, quando houver. 10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar em conformidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II desta NR. 10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos. 10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço. 10.11.8 A alternância de atividades deve considerar a análise de riscos das tarefas e a competência dos trabalhadores envolvidos, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 10.12 Situações de emergência 10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da empresa. 10.12.2 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a executar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados, especialmente por meio de reanimação cardiorrespiratória. 10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate padronizados e adequados às suas atividades, disponibilizando os meios para a sua aplicação. 10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existente nas instalações elétricas.

99

10.13 Responsabilidades 10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos. 10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manterem os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra os riscos elétricos a serem adotados. 10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas. 10.13.4 Cabe aos trabalhadores:

a) Zelar pela sua segurança e a saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho;

b) Responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde;

c) Comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.

10.4 Disposições finais 10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis. 10.14.2 As empresas devem promover ações de controle de riscos originados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato, quando cabível, denúncia aos órgãos competentes. 10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas constantes nesta NR, o MTE adotará as providências estabelecidas na NR - 3. 10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas. 10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar, permanentemente, à disposição das autoridades competentes. 10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por extra-baixa tensão.

100

Glossário

1. Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

2. Área classificada: local com potencialidade de ocorrência de atmosfera

explosiva.

3. Aterramento elétrico temporário: ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencionalmente à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica.

4. Atmosfera explosiva: mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de

substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição a combustão se propaga.

5. Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou

120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

6. Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes

energizadas das instalações elétricas.

7. Direito de recusa: instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave ou iminente risco para sua segurança e saúde ou de outras pessoas.

8. Equipamento de proteção coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio,

fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.

9. Equipamento segregado: equipamento tornado inacessível por meio de

invólucro ou barreira.

10. Extra-baixa Tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

11. Influências Externas: variáveis que devem ser consideradas na definição

e seleção de medidas de proteção para segurança das pessoas e desempenho dos componentes da instalação.

12. Instalação elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas

associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico.

101

13. Instalação liberada para serviços (BT/AT): aquela que garanta as

condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e equipamentos adequados desde o início até o final dos trabalhos e liberação para uso.

14. Impedimento de reenergização: condição que garante a não

energização do circuito através de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos no serviço.

15. Invólucro: envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer

contato com partes internas.

16. Isolamento elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por interposição de materiais isolantes.

17. Obstáculo: elemento que impede o contato acidental, mas não impede o

contato direto por ação deliberada.

18. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.

19. Pessoa advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente

para evitar os perigos da eletricidade.

20. Procedimento: seqüência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização.

21. Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória

dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

22. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

23. Riscos adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos

elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

24. Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar,

avisar e advertir.

25. Sistema elétrico: circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo.

102

26. Sistema Elétrico de Potência (SEP): conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive.

27. Tensão de segurança: extra baixa tensão originada em uma fonte de segurança.

28. Trabalho em proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode

entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

29. Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um

dispositivo de manobra fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada.

30. Zona de risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada,

acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.

31. Zona controlada: entorno de parte condutora energizada, não

segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

103

ANEXO I Zona de risco e Zona controlada Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre. Faixa de tensão nominal da

instalação elétrica em kV Rr – Raio de delimitação entre zona de risco e controlada em

metros

Rc – Raio de delimitação entre zona controlada e livre em

metros

< 1 0,20 0,70

≥ 1 e < 3 0,22 1,22

≥ 3 e < 6 0,25 1,25

≥ 6 e < 10 0,35 1,35

≥ 10 e < 15 0,38 1,38

≥ 15 e < 20 0,40 1,40

≥ 20 e < 30 0,56 1,56

≥ 30 e < 36 0,58 1,58

≥ 36 e < 45 0,63 1,63

≥ 45 e < 60 0,83 1,83

≥ 60 e < 70 0,90 1,90

≥ 70 e < 110 1,00 2,00

≥ 110 e < 132 1,10 3,10

≥ 132 e < 150 1,20 3,20

≥ 150 e < 220 1,60 3,60

≥ 220 e < 275 1,80 3,80

≥ 275 e < 380 2,50 4,50

≥ 380 e < 480 3,20 5,20

≥ 480 e < 700 5,20 7,20

104

Figura 1 - Distâncias no ar que delimitam radicalmente as zonas de risco, controle e livre.

Rr

Rc

PE

ZR

ZcP

ZL

105

Figura 2 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adequada. ZL = Zona livre ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados. ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho. PE = Ponto de instalação energizado. SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos dispositivos de segurança.

106

Prevenção contra incêndio

Principais causas de incêndio

“ O incêndio ocorre onde a prevenção falha”

A prevenção contra incêndio não requer o emprego de técnicas e materiais

especiais. O simples cuidado e atenção com os materiais que usam no dia-a-dia

constituem o básico para esta prevenção.

O mau uso da eletricidade e o destino dos pontos de cigarro acesas são

apontadas como os principais indicadores de incêndios.

A sobrecarga BA rede elétrica, através da instalação de vários equipamentos

numa mesma tomada, é causa de expressivo número de incêndios.

Muita atenção deve-se ter com o uso do conhecido “T”, aquela peça que permite

a ligação de até três aparelhos numa mesma saída elétrica. A rede geral pode

não suportar.

O ferro elétrico é um grande gerador de incêndios, porque as pessoas se

esquecem de desligá-lo ou porque seu “rabicho” está em péssimas condições,

com fiação exposta, revestimento rompido, aquecendo e gerando faíscas.

Os fusíveis e os disjuntores funcionam como proteção aos circuitos elétricos.

Desarman e cortam a corrente bem caso de sobrecarga. Devem ser bem

dimensionados e nunca devem ser travados, para evitar que se desarmem, nem

substituídos por arames ou fios.

As máquinas, condicionadores de ar e outros equipamentos elétricos podem

iniciar incêndio se as precauções básicas não forem tomadas. Ao se encerrar o

expediente ou o trabalho, deve-se desligar e certificar-se de que ficaram

completamente desligados.

Um simples cigarro tem provocado grandes tragédias: ou porque é atirado a

esmo, ou então esquecido aceso nos cinzeiros. O fumante deve se habituar a

apagá-lo totalmente e não fumar ao deitar-se.

O acúmulo de lixo nas lixeiras deve ser evitado, o mesmo acontecendo com

materiais impregnados de substâncias inflamáveis como óleo, graxas, solventes,

107

etc. Vale lembrar que tecidos impregnados de óleo podem se inflamar

espontaneamente.

Cuidados especiais precisam ser tomados na utilização de líquidos

combustíveis, bem como no seu condicionamento. Em todos os casos, devem

ser evitadas sua utilização e estocagem próxima a superfícies aquecidas ou

fontes de calor. Trabalhos com equipamentos que produzem centelhas ou

chama aberta devem ser realizados bem afastados dos líquidos combustíveis.

As fogueiras representam ameaças de incêndios. Durante sua queima,

produzem fagulhas que podem ser lançadas pelo vento e iniciar incêndios. È

Necessário ter muita cautela quanto à sua localização.

As crianças têm fascínio pelo fogo. Não se deve permitir que elas brinquem com

fósforos, velas, fogos de artifícios e outros objetos que possam provocar

tragédias.

A utilização de gases inflamáveis tanto nas residências como nas indústrias

requer também muitos cuidados, pois podem provocar incêndios, explosões e

intoxicações.

O gás de cozinha (GLP – Gás liquefeito de petróleo), produzido com misturas de

gases (butano, propano), é condicionado em recipiente (botijão) à prova de

explosão e dotado de dispositivo de segurança. Os cilindros normalmente não

explodem, porém, em eventuais vazamentos pela válvula, mangueira ou o

próprio botijão, o gás pode se acumular ambientes fechados (cozinha) e, ao

entrar em contato com uma fonte de calor, inflamar-se violentamente,

explodindo o ambiente.

O odor característico que se percebe é resultado da adição de um produto à

base de enxofre – o mercaptan -, com objetivo de se detectarem os possíveis

vazamentos, pois o GLP é inodoro; funciona, portanto, como um alarme,

quando, então, deve-se procurar a causa do vazamento e eliminá-lo.

Não se devem utilizar chamas para este fim, pois podem provocar explosões.

Cuidados a serem tomados com o uso do gás de cozinha:

Instalar o botijão do lado externo da casa. O uso da “espuma de sabão” é um bom meio para identificar

vazamentos no registro, válvula e mangueiras.

108

Caso se observe vazamento, desenroscar a válvula e observar, no botijão, se o anel de vedação está bem colocado.

Depois de instalada a válvula, persistindo o vazamento, deve-se solicitar a presença de um técnico (basta solicitar ao fornecedor). Pancadas ao enroscar a válvula não devem ser dadas.

Sómente abrir o registro do fogão depois de acendido o fósforo. Manter o registro geral (localizado na válvula do botijão) fechado

sempre que não estiver usando o fogão. Caso perceba vazamento no ambiente, não se deve acender a luz nem

provocar chamas ou centelhas. Abrir as portas e janela para ventilação e procurar eliminar o vazamento.

Não fumar em ambientes contendo gás. Tomar os mesmos cuidados se o gás de cozinha for canalizado. Orientar as outras pessoas sobre essas precauções.

Incêndio

Efeito térmico

A corrente de curto-circuito provocará o aquecimento dos condutores

percorridos, se não for rapidamente suprimida por meio de equipamentos de

atuação rápida de proteção. Quando as correntes que fluem pelos condutores

são de curta duração (1 a 5 segundos), admite-se que o aquecimento é

adiabático, isto é, todo o calor é utilizado no aquecimento dos condutores. Esses

aquecimentos podem representar uma redução de resistência mecânica dos

condutores, e se eles forem isolados, há destruição do material isolante, com

risco de incêndio.

Os disjuntores ao interromperem a corrente de curto-circuito limitam a energia

que provocaria aquecimento exagerado de condutores e de seus isolamentos.

Quando o disjuntor é limitador, essa redução é muito grande, permitindo um

dimensionamento bem menos generoso dos condutores, barramentos e

equipamentos. Em geral, se o barramento suporta os outros dois esforços, será

naturalmente satisfeita esta solicitação. A corrente de curto-circuito resumida, a

considerar para efeito de proteção da Central Elétrica de Proteção, é a que é

disponível na alimentação.

Proteção

Os componentes elétricos não devem apresentar perigo de incêndio para os

equipamentos vizinhos. Os componentes fixos cujas superfícies externas

109

possam atingir temperaturas que venham causar perigo de incêndio a materiais

adjacentes devem:

Ser montados sobre materiais ou contidos no interior de materiais que suportem tais temperaturas; ou

Ser separados dos elementos da construção do prédio por materiais que suportem tais temperaturas e sejam de baixa condutância térmica; ou

Ser montados de forma a permitir a dissipação segura do calor, a uma distância segura de qualquer material em que tais temperaturas possam ter efeitos térmicos prejudiciais, sendo que qualquer meio de suporte deverá ser de baixa condutância térmica.

Quando em serviço normal um componente instalado de modo permanente puder emitir arcos ou fagulhas, este deve: Ser totalmente envolvido por material resistente a arcos; ou Ser separado por materiais resistentes a arcos, de elementos de

construção do prédio nos quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais; ou

Ser montado de modo a permitir a segura extinção do arco a uma distância suficiente dos elementos do prédio nos quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais.

Os componentes fixos que apresentem efeitos de focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância suficiente de qualquer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo a não submetê-lo, em condições normais, à elevação perigosa da temperatura. Quando em um local forem usados equipamentos elétricos contendo líquidos inflamáveis em quantidade elevada (por exemplo: trans formadores e disjuntores a óleo mineral), devem ser tomadas precauções para evitar que o líquido inflamável e os produtos da combustão do líquido (chamas, fumos, gases tóxicos) se espalhem para outras partes do prédio.

Para quantidades líquidas superiores a 25 litros, são suficientes uma

providência que evite vazamento do líquido. É conveniente que o fornecimento de energia seja imediatamente interrompido quando houver ocorrência de incêndio.

As instalações que contenham 100 litros ou mais de líquido isolante devem ser providos de tanque de contenção.

São exemplos de tais preocupações: Construção de fosso de drenagem, para coletar vazamento de líquidos

e assegurar a extinção de chamas, na eventualidade de incêndio;

110

Instalação do equipamento de uma câmara com resistência ao fogo adequada e previsão de peitoris ou outros meios para evitar que o líquido inflamável se espalhe para outras partes do prédio, sendo esta câmara ventilada apenas por atmosfera externa.

Os materiais dos invólucros colocados em torno dos componentes elétricos durante a instalação devem suportar a maior temperatura suscetível de ser produzida pelo componente. Materiais combustíveis não são adequados para construção destes invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra a ignição, tais como revestimento com material não combustível ou de combustão difícil e de baixa condutância térmica. Plano de emergência Na prevenção contra incêndio, não se pode ater apenas ao aspecto de segurança da edificação, ao sistema de alarme e ao equipamento extintor. É imprescindível que os trabalhadores sejam treinados com respeito às atitudes corretas quando ocorrer o incêndio. É preciso evitar o pânico, que causa mais vitima que o próprio fogo. Só mesmo o treinamento periódico e a informação são capazes de reduzir ou controlar a reação coletiva que se desencadeia. O pânico é um fenômeno que ocorre com freqüência durante os incêndios, especialmente quando as pessoas encontram dificuldades para abandonar o local sinistrado. É uma manifestação desesperada, provocada pelo instinto de autodefesa, que se apodera das pessoas na presença do perigo. Nessa oportunidade, perdem o raciocínio lógico e tomam atitudes que colocam em risco suas vidas quando, muitas vezes, já estão prestes a serem salvas. A engenharia, por outro lado, deve facilitar para que o ser humano não necessite pensar muito num acidente desses, pois se a pessoas não é treinada, perde o raciocínio lógico e a coordenação motora. Por isso, é preciso que seja montado, na empresa, o plano de emergência, e trabalhado com todas as pessoas, quantas vezes forem necessárias, para que as atitudes a serem tomadas se tornem um hábito. Fases do Plano Para elaboração e implantação do plano de emergência, devem ser observados vários aspectos, a saber:

111

a) Levantamentos

São levantados os seguintes dados: Número de empregados por setor/pavimentos; Saídas disponíveis; Áreas de maior risco; Meios de comunicação disponíveis e sinais de alarme; Material para primeiros socorros.

b) Definições de estratégias Deve-se estudar definir e implantar: Sistema de alarme; As opções de fuga do pessoal; Ponto de encontro do pessoal evacuado; Ponto de encontro da brigada; Controle dos sistemas elétrico-hidráulicos;

Formação das brigadas: Combate e salvamento, Evacuação ou abandono e Apoio.

a) Treinamentos periódicos

Visam a instruir e exercitar, com todas as pessoas envolvidas, as etapas do plano, sendo tratados assuntos sobre: Divulgação do plano; Treinamento dos grupos; Exercícios práticos; Simulações

b) Revisão e atualização do plano

Tem por finalidade verificar a eficácia das estratégicas estabelecidas e atualizá-las conforme a necessidade. Devem ser feitos: Levantamentos dos pontos fortes, para sua manutenção; Levantamentos dos pontos fracos, para estudo e correção; Divulgação.

Conduta a ser seguida em caso de incêndio Qualquer pessoa que notar indícios de fumaça ou de fogo, cheiro de queimado ou labaredas, deverá imediatamente:

112

Procurar identificar o local e o material em combustão e combater o fogo com extintor mais próximo;

Acionar o sistema de alarme ou pedir que alguém o faça se o foco não foi controlado com o primeiro extintor usado;

Combater o fogo, na tentativa de mantê-lo sob controle até a chegada da brigada;

Em caso de não saber manejar o extintor adequado ou ter medo do fogo, evitar causar pânico entre as demais pessoas;

Seguir o plano de abandono estabelecido;

Até que seja elaborado e posto em prática o plano de abandono, agir da seguinte forma:

Tratar de sair pelas portas principais ou de emergência, de maneira rápida, mas sem correrias;

Não usar elevadores; Manter portas e janelas fechadas, porém sem trancá-las; Não tentar salvar objetos, mas salvar a própria vida; Se possível, desligar as fontes de energia da área sinistrada; Se tiver que abrir alguma porta, antes de fazê-lo, deve usar as mãos

para verificar se não está aquecida; Em qualquer situação, proteger-se atrás da porta. Ao abri-la, não se

expor à corrente de ar, fogo e fumaça; Para movimentar-se em local com fumaça e gases da combustão,

proteger-se rastejando, aproximando-se o mais possível do solo, onde o ar é menos tóxico.

Química e física do fogo

113

Princípios básicos O conhecimento das condições que determinam a ocorrência ou não da oxidação de um material é essencial para a compreensão dos princípios em que se baseia a ciência de prevenção e combate a incêndios.

O fogo e suas propriedades

Oxigênio É o comburente mais comumente encontrado na natureza e de grande importância na combustão. Facilita a aceleração da queima. Elemento que está presente em todas as combustões e que possibilita vida às chamas e intensidade à combustão. Percentual de oxigênio no ar:

78% de nitrogênio 21% de oxigênio 1% de outros gases

OXIGÊNIO X COMBUSTÃO

21% a 14% Combustão viva 13% a 9% Combustão lenta 8% a 0% Não há combustão

Material combustível

É todo material que pode ser queimado. Pode ser encontrado nas formas: Sólida, líquida e gasosa.

O fogo é uma reação química de oxidação que se processa rapidamente, com desprendimento de energia na forma de luz e calor. Sua existência sómente será possível se houver a combinação dos três elementos essenciais:

114

Fonte de ignição É uma forma de energia térmica, provocada por reações químicas e físicas, responsável pelo início da combustão.

Reação em cadeia

Observando mais atentamente a química do fogo, nota-se que depois de

iniciado, o fogo passa a alimentar a si próprio. A explicação está na teoria da

“reação em cadeia”, que é o mecanismo que garante a “manutenção” do fogo.

A cadeia de reações formada durante a combustão propicia a formação de

radicais livres, responsáveis pela transferência de energia à molécula ainda

intacta, provocando, assim, a propagação do fogo numa verdadeira cadeia de

reações.

115

Métodos de extinção de incêndios

A extinção do fogo pode ser conseguida com a retirada de um dos lados do

tetraedro, interrompendo-se a ação de um dos quatro elementos: calor,

combustível ou reação em cadeia.

Resfriamento

É o método de extinção mais conhecido e consiste em diminuir a temperatura do

material em chamas até que esta se situe abaixo do ponto de combustão,

quando não mais haverá o desprendimento de vapores na quantidade

necessária para sustentar a combustão.

Abafamento

É o método de extinção que consiste em reduzir a concentração do oxigênio

presente no ar, situado acima da superfície do combustível.

Segundo experiências realizadas em laboratório, verificou-se que em relação a

líquidos e gases as chamas existem sómente em ambientes com mais de 13%

de oxigênio. Qualquer meio de abafamento que consiga reduzir a porcentagem

de oxigênio abaixo desse valor terá sucesso na extinção. Para sólidos, a

combustão pode continuar ocorrendo abaixo dos 13%, lentamente, sem

chamas, e assim permanecerá até que a concentração de oxigênio atinja 6%,

quando nenhuma forma de combustão existirá.

Interferência na reação em cadeia

É o método também conhecido como extinção química, em que o agente

extintor evita a reação das substâncias geradas durante a combustão. Essas

substâncias, conhecidas como produtos intermediários, são responsáveis pela

continuidade da combustão.

116

Isolamento (remoção do combustível)

A retirada do material ou controle do combustível é o método de extinção mais

simples na sua realização, pois não exige aparelhos especializados. Consiste na

retirada, diminuição ou interrupção, com suficiente margem de segurança, dos

materiais combustíveis que alimentam o fogo e daqueles ainda não atingidos

por este. Como exemplo do emprego deste tipo de extinção citou o “aceiro”,

praticado nos casos de incêndios em matas, florestas e campos, que interrompe

a continuidade do fogo, facilitando o seu domínio.

Tipos de combustão

Alguns conceitos são importantes de serem compreendidos, pois facilitarão seu

aprendizado no momento de atuar na prevenção e combate a incêndios. A

combustão, ou simplesmente o fogo, é uma reação química de oxidação rápida

e exotérmica, em que há geração de luz e calor. Para tanto, é necessária a

combinação de alguns elementos essenciais em condições apropriadas.

Os produtos mais comuns resultantes da combustão são o vapor d’água e o gás

carbônico (CO2), podendo também ser produzido dióxido de enxofre (SO2). As

chamas produzidas pela combustão formam um fluxo de gases ou vapores que

queimam e emitem luz em decorrência da ação do calor sobre a substância

combustível. A oxidação lenta que ocorre com alguns materiais, como, por

exemplo, a oxidação do ferro (ferrugem), o amarelamento do papel, etc., não

são consideradas uma combustão.

Combustão viva

É aquela que produz chama de imediato e sua temperatura se eleva

rapidamente, como o fogo produzido por líquidos inflamáveis (gasolina,

removedor, tinta, etc.) ou por combustíveis sólidos (linho, papel, etc.).

Combustão lenta

117

É aquela que não produz chama de imediato e a sua temperatura não se eleva

com rapidez.

Combustão espontânea

Quando se produz a oxidação lenta de uma substância provocada por

temperaturas baixas, que demoram em produzir o ponto ou a temperatura de

ignição. Exemplos: estopa ou trapos, acumulados, embebidos em óleo; monte

de feno úmido em fermentação; fardo de estopa ou de algodão úmido.

Combustão incompleta

Quando a combustão se produz com insuficiência de oxigênio. Ao dar-se este

fenômeno, primeiramente se reduz a velocidade da combustão e, ao ser

atingido o ponto crítico do teor de oxigênio, a chama se extingue. A combustão

incompleta é geralmente acompanhada de forte formação de fumaça.

Característica física e química da temperatura

Ponto de fulgor

É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda

vapores ou gases inflamáveis, os quais, combinados com o oxigênio do ar em

contato com uma fonte de calor, começam a se queimar, mas a chama não se

mantém porque a quantidade de gases produzidos é ainda insuficiente.

Ponto de combustão

É a temperatura na qual um corpo combustível, em contato com uma fonte de

calor, emite vapores em quantidade suficiente, que se inflamam em presença de

uma chama, assim permanecendo enquanto continuar em contato com esta.

118

Ponto de ignição

É a temperatura mínima necessária para inflamar a mistura de gases ou os

vapores de combustível, sem que haja uma fonte externa de calor na qual os

gases desprendidos dos coros combustíveis, entram em combustão, apenas

pelo contato com o oxigênio do ar, independentemente de qualquer outra fonte

de calor.

Deve-se notar que cada combustível tem seu próprio ponto de ignição e que ele

não tem ligação alguma com o, ponto de fulgor, como pode ser visto na tabela

abaixo.

COMBUSTÍVEL PONTO DE FULGOR – GRAUS CENTÍGRADOS

PONTO DE IGNIÇÃO GRAUS CENTÍGRADOS

ÉTER

-40º

160º

ÁLCOOL ETÍLICO ASFALTO

12,8 204º

371º 484,5º

GASOLINA (até 92 oct) -38º a -45º 280º

ÓLEO LUBRIFICANTE ÓLEO DIESEL (novo) QUEROSENE

168,3º 37,7º 38º

417,2º 256 210º

119

SOLVENTE (varsol) ÓLEO DE LINHAÇA ASFALTO BENZENO

38º 222º 204º -11º

210º 343,3º 484,5º

Passagem de um ponto para outro

Os pontos de fulgor e de combustão são muito próximos. Esta temperatura é

ligeiramente superior à do ponto de fulgor em cerca de 5ºC. A passagem do

ponto de fulgor para o ponto de combustão e deste para o ponto de ignição é

feita pelo aumento de temperatura do combustível. Portanto, um combustível só

se manterá queimando quando for atingido ou superado o seu ponto de

combustão. Para que o combustível se inflame sem o contato com uma chama

ou centelha, é necessário que seja aquecido até atingir o seu ponto de ignição.

Formas de transmissão de calor

O conhecimento das formas de transmissão do calor é importante tanto na

prevenção quanto no combate ao incêndio. O calor é transmitido de um corpo

para outro por condução, convecção e radiação.

Condução

O calor se propaga de um corpo para outro por contato direto ou através de um

meio condutor do calor intermediário.

120

Convecção

É quando o calor se transmite através de uma massa de ar aquecida, que se

desloca do local em chamas, levando para outra local quantidade de calor

suficiente para que os materiais combustíveis aí existentes atinjam seu ponto de

combustão, originando outro foco de fogo.

Radiação - Irradiação

O calor se propaga por meio de ondas caloríficas irradiadas por um corpo em

combustão.

Métodos de Extinção de incêndios

São métodos que nos indicam como extinguir ou eliminar qualquer fogo.

Usando-se qualquer um desses métodos, o fogo não aparecerá ou será extinto

com facilidade, dependendo dos recursos do momento, presença de espírito e

muita calma.

Verificando-se o triângulo do fogo, se tirar um dos três lados, ou seja, um dos

elementos essenciais do fogo, o mesmo deixará de existir. Logo, existem três

possibilidades para extinção de um incêndio:

Retirada do material: quando se retira o combustível;

Resfriamento: quando se controla ou suprime o calor;

Abafamento: quando se controla ou suprime o oxigênio;

121

Resfriamento: Principal efeito extintor da

água

Retirada do material A retirada do material ou controle do combustível é o método de extinção mais simples na sua realização, pois é executado com a força física e com os meios disponíveis. Não exige aparelhos especializados, consiste na retirada, diminuição ou interrupção (com suficiente margem de segurança do campo de propagação do fogo), do material ainda não atingido pelo incêndio.

Resfriamento

Ou controle do calor, é o método de extinção mais usado. Consiste em se

roubar calor do material incendiado até um ponto determinado, abaixo do qual

ele não queima ou não emite mais vapores que por efeito do calor reagem com

o oxigênio produzindo a combustão.

O agente usado mais comumente para combater incêndios por resfriamento é a água. Este material, além de existir em grande abundância na natureza, devido suas características e propriedades, é de fácil utilização pelos bombeiros, e é também o material que tem maior capacidade de absorver calor. Abafamento Ou controle do comburente (Oxigênio do ar) é dos métodos de extinção o mais difícil, a não serem em pequenos incêndios em que possam ser abafados com tampas de vasilhas, panos, cobertores. Necessita de aparelhamento e produtos específicos para a sua obtenção. Consiste na eliminação do oxigênio das proximidades imediatas do combustível, interrompendo deste modo a

Representação gráfica do método que trata da

retirada do material

122

combustão. Em outras palavras, é abafar ou sufocar as chamas, eliminando-se o oxigênio que as alimenta.

A eliminação do oxigênio não precisa ser total para extinguir a combustão, bastando somente diminuir a sua percentagem na atmosfera. Se o brigadista praticar uma dessas três ações corretamente, qualquer fogo será extinto.

Classes de incêndio Para fins didáticos e para facilitar os estudos de prevenção e combate a incêndios, considera-se a existência de quatro classes gerais de incêndios: “A”, “B”, “C”, e “D”. Incêndios da Classe “A” Os incêndios de classe “a” compreendem os incêndios em corpos combustíveis comuns, que queimam em razão de seu volume, isto é queimam em superfícies e profundidade, deixando como resíduos cinza e brasas. Os combustíveis que caracterizam esta classe de incêndios são fibrosos ou sólidos. Exemplo: Incêndios em madeiras, papel, fibras, estopa, algodão, lixo. Necessitam para sua extinção o efeito de resfriamento, isto é, a água ou as soluções que a contenham em grande percentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão abaixo do seu ponto de ignição.

Incêndios da Classe “B”

São os incêndios que se verificam em líquidos petrolíferos e outros líquidos inflamáveis. Queima-se somente em razão da superfície, e não deixam resíduos ou cinzas. Exemplo: Incêndios em gasolina, Naftas, Óleos, Tintas, Álcool, Terebintina, etc. Exige para sua extinção o abafamento.

Incêndios de Classe “C”

São os incêndios que se verificam em equipamentos elétricos energizados, e oferecem risco ao operador. Exemplo: Incêndios em chaves elétricas, motores, geradores e todo e qualquer equipamento eletrificado. Exige para sua extinção um meio extintor não condutor de eletricidade.

Abafamento: Principais extintores: espuma, gás carbônico e pó químico seco

123

Pelo que foi exposto acima, verifica-se que os incêndios das classes “A” e “B” se caracterizam pelo modo como queimam os combustíveis e os incêndios de classes “C”, pelo risco de vida que pode oferecer ao brigadista ou bombeiro, pois como é de conhecimento geral, a eletricidade pode matar. Devemos frisar que muitos dos principais agentes extintores de incêndio são bons condutores de eletricidade.

Incêndios de Classe “D”

São os incêndios que se verificam em metais pirofóricos. (Que se inflamam espontaneamente). Exemplo: Incêndios em magnésio, zinco, titânio.

Verifica-se que os incêndios das Classes “A” e “B” se caracterizam pelo modo como queimam; os incêndios da Classe “C”, pelo risco de vida que pode oferecer à pessoa. Tabela de Classes de Incêndio e Agentes Extintores

CLASSES DE FOGO COMBUSTÍVEL

CARACTERÍSTICAS AGENTE EXTINTOR

“A”

Papel, madeira,

tecido, ou seja, todo material que queima, deixando resíduos.

Fogo de profundidade que requer agente

extintor que penetre e envolva o material umedecendo-o e

resfriando-o

Espuma

“B”

Líqüidos inflamáveis, gases liquefeitos, tintas, diluentes,

lubrificantes, ou seja, todo material que

queima sem deixar resíduos.

Fogo de superfície que requer agente extintor

que cubra a área incendiada, impedindo

o contato com o oxigênio do ar.

Pó químico Espuma

Gás carbônico

“C”

Equipamento elétrico ligado

Existência de faísca elétrica ou curto-

circuito, que requer agente extintor que

não seja condutor de eletricidade.

Pó químico seco Gás carbônico

“D” Liga metálica Ignição espontânea, atrito ou excesso de

calor ambiente.

Agentes especiais, Areia, Halon

124

Agentes extintores São denominados Agentes Extintores os produtos utilizados na extinção e prevenção de incêndios. São utilizados através de equipamentos especializados ou instalações adequadas, cuja finalidade é proporcionar a projeção dos agentes contra o fogo. A projeção dos agentes é feita por meio de um jato proveniente do equipamento ou instalação que os empregam, com a finalidade de: Proteger a pessoa, mantendo-a a distância do foco. Alcançar o fogo nas mais desfavoráveis condições. Facilitar a distribuição gradativa e propicia do agente. Propiciar a penetração do agente no foco propriamente dito.

Os agentes extintores são utilizados por equipamentos e instalações de combate a incêndio – extintores portáteis ou carretas e instalações fixas automáticas ou sob comando. Água A água é a substância mais difundida na natureza; é o agente mais antigo e mais utilizado. Estudaremos suas características físicas relativas à ação extintora, bem como suas limitações e, especialmente, suas diversas maneiras de extinguir o fogo, através das ações de resfriamento, abafamento, emulsificação e diluição. Propriedades No seu estado normal a água é líquida; pode ser congelada, solidificando-se a 0ºC, transformando-se em gelo. Pode ainda vaporizar-se, através da ebulição, quando sua temperatura atinge 100ºC, transformando-se em vapor, isto nas condições normais e ao nível do mar, pois as temperaturas citadas variam com a altitude (pressão). Este grande volume de vapor desloca, quando se forma volume de ar, que envolve o fogo em suas proximidades, reduzindo, portanto, o oxigênio necessário à combustão. Como agente extintor, a água age principalmente por resfriamento e por abafamento. Extintor com carga d água Os extintores com carga d água são classificados quanto ao uso e ao tipo: Quanto ao uso: Portáteis; Rebocáveis.

125

Quanto ao tipo: Pressurização direta; Pressurização indireta.

Limitações: Devido à presença de impurezas, a água em estado natural torna-se

condutora de eletricidade, o que limita a sua utilização sob o risco de se eletrocutar o operador quando o jato d’água for direcionado para algum equipamento elétrico sob tensão.

Não deve ser utilizada também em produtos que reagem com a sua presença, pois provocará a liberação de gases inflamáveis ou calor, tais como: carburetos, peróxidos, sódio metálico, pó de alumínio, pó de magnésio. Os materiais como a cal viva e o hidrossulfito de sódio, quando úmidos, liberam calor, podendo incendiar embalagens ou o próprio material.

Espuma A espuma para combater a incêndio é formada pela mistura de água, líquido gerador de espuma (LGE) e ar. A espuma deve possuir baixa densidade, para que flutue sobre os líquidos inflamáveis. Assim, concluímos que a principal ação extintora é o abafamento. Porém, em função da liberação da água, atua também por resfriamento. Extintor com carga para espuma mecânica Os extintores com carga de espuma mecânica são classificados quanto ao uso e ao tipo. Quanto ao uso: Portáteis (massa de até 20 kg); Não-portáteis (massa acima de 20 kg).

Quanto a tipo: Pressurização direta; Pressurização indireta.

Limitações: É condutora de eletricidade; portanto, não deve ser usada em

equipamentos elétricos sob tensão; Não é adequado à extinção de incêndios em gases e em materiais que

reagem violentamente com a água, o sódio, o potássio e em combustíveis oxidantes;

126

Necessita de aditivos especiais para uso em combustíveis que reagem e destrói as bolhas formadas, como o caso do álcool combustível;

Poderá contaminar produtos a ponto de inutilizá-los, como no caso de processos e produtos alimentares.

Dióxido de carbono (CO2) O dióxido de carbono ou gás carbônico vem sendo utilizado há muitos anos para a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis, gases e em equipamento elétrico energizado. O gás carbônico deve ser usado para a extinção de incêndios especiais, em que é exigido um agente extintor não condutor de eletricidade que não deixe resíduos. A aplicação do CO2 é feita através de extintores portáteis, carretas e instalações fixas. O CO2 é um produto comercial muito utilizado, com inúmeras finalidades. Por exemplo: é usado nas indústrias de bebidas, pois produz a efervescência dos refrigerantes comuns. Densidade A densidade relativa do gás carbônico, comparada com a do ar a 0ºC e 1 atmosfera de pressão, é cerca de 1,5 vez mais pesada que o ar. Essa é uma característica importante para suas propriedades de agente extintor capacitado a substituir o ar acima da superfície em combustão, mantendo uma atmosfera abafadora. Toxicidade O CO2 não é tóxido, embora possa causar inconsciência e morte, quando presente em concentrações necessárias para a extinção de incêndios, se utilizado em ambiente fechado. Isso ocorrerá pela falta de oxigênio no ar, que é retirado pelo CO2. Numa concentração de 9%, a maioria das pessoas pode resistir por alguns minutos, sem perda da consciência. A exposição a concentrações mais altas pode tornar uma pessoa incapacitada quase que imediatamente. Em recintos de área reduzida, protegidos por CO2, uma pessoa presente no momento em que se inicie uma descarga de gás provavelmente não terá dificuldade em abandonar o local, antes que a concentração crítica seja alcançada. Portanto, podemos concluir que o CO2 não é um gás venenoso, mas um gás sufocante. Fisiologicamente é necessário em pequenas quantidades para o estímulo da respiração. Deposita-se em locais baixos, prejudica a visibilidade quando em ação. Pessoas desacordadas em atmosfera de CO2 devem ser imediatamente removidas para onde exista ar puro. Propriedades extintoras Esse agente extintor age pela redução da concentração de oxigênio ou pela diminuição dos produtos gasosos de um combustível na atmosfera, a um ponto tal que torne a combustão impossível. Como agente extintor, tem inúmeras qualidades: não é corrosivo, não produz estragos, não deixa resíduo, fornece

127

sua própria pressão para funcionamento dos extintores. Como gás, penetra e se espalha por todos os lados. Não conduz eletricidade, por isso pode ser usado com segurança em equipamento elétrico energizado. Extinção por abafamento Um quilograma de CO2 líquido a 0ºC e à pressão atmosférica libera em torno de 500 litros de gás. Quando liberado sobre um material que queima, envolve-o e dispersa o oxigênio a uma concentração que não mantém a combustão. Extintor de CO2

Os extintores deste tipo são empregados para extinguir pequenos focos de incêndios das Classes B e C (combustíveis líquidos e equipamentos elétricos). Quando o aparelho é acionado, o CO2 se expande formando uma nuvem que abafa e resfria. Devido a sua capacidade não condutora, o CO2 é muito indicado para a cobertura de riscos onde existem equipamentos elétricos. O alcance do jato de gás varia de 1 a 2,5 metros, dependendo da capacidade dos extintores. Os aparelhos carregados com CO2 devem ser instalados de modo que seu emprego seja o mais fácil possível, principalmente em locais onde trabalham mulheres e/ou menores. Os extintores com carga de gás carbônico são classificados, quanto ao uso e tipo, como: Quanto ao uso: Portáteis; Rebocáveis.

Quanto ao tipo: Pressurização direta.

Limitações: Apresenta restrições relativas à sua utilização em: Combustíveis sólidos com formação de brasas ou superfícies

aquecidas. Nesses casos, o CO2 elimina apenas as chamas, podendo haver a reignição dos combustíveis assim que a atmosfera abafadora se dissipar;

Materiais que contenham oxigênio (agentes oxidantes) como nitrato de celulose, permanganato de potássio e outros, pois poderão se suprir de oxigênio;

Produtos químicos reativos como o sódio, o potássio, o magnésio, o titânio e o zircônio, pois os metais e hidretos, quando aquecidos, decompõem o CO2.

128

ATENÇÃO! Como há possibilidade de vazamentos, este tipo de extintor deverá ser pesado a cada 3 meses, e toda vez que houver perda de mais de 10% no peso, sermos descarregado e recarregado novamente.

A Norma Técnica estabelece o prazo de 6 meses para a pesagem. As vistorias devem ser executadas, no máximo, a cada 5 anos.

Leia e consulte a ABNT – NBR 11716 – “Extintores de incêndio com carga de gás carbônico”. Pó químico Pó químico para fins de combate a incêndio é o pó composto de finíssimas partículas de bicarbonato de sódio, com adição de determinados materiais específicos e submetido a tratamentos adequados para lhe dar resistência à vibração e duração, quando embalado. O pó químico é um agente extintor conhecido por sua alta eficiência na extinção de incêndios em líquidos inflamáveis; pode ser usado na maioria dos incêndios em equipamentos elétricos. O pó químico tem limitadas aplicações no combate a incêndios da Classe A. Toxidade Os ingredientes atualmente utilizados no pó químico não são tóxicos. Entretanto, uma descarga de grandes volumes pode causar dificuldades respiratórias temporárias durante e imediatamente após tal descarga. Dificulta seriamente a visibilidade. Propriedades extintoras Sua ação extintora ocorre através da interferência na reação em cadeia. A descarga de pó químico interfere nos produtos intermediários formados durante a combustão, e que é responsável pela sua continuidade, quebrando, desta forma, a reação em cadeia.

129

Ação de abafamento Por muitos anos foi mantida a crença de que a ação extintora do pó químico residia, principalmente, na ação abafadora do CO2 liberado pelo aquecimento do bicarbonato pelas chamas. Não há dúvidas de que o CO2 contribui para a eficiência da ação extintora. Contudo, testes práticos revelam que esse gás não é o principal fator de extinção; por exemplo: 5 libras de pó químico são tão eficientes quanto 10 libras de CO2. Ainda que todo pó químico seja decomposto, este produzirá sómente 26% de seu peso em CO2. Podemos concluir que o pó químico não extingue o fogo por seus efeitos abafadores. Proteção contra a radiação A descarga do pó químico produz uma nuvem entre as chamas e o operador. Essa nuvem o protege, por algum tempo, do calor irradiado pelas chamas. Limitações: Não é indicado para uso em produtos oxidantes, como nitrato de

celulose; Em equipamentos elétricos onde houver partes sensíveis e delicadas,

os resíduos do pó podem trazer graves problemas e inutilizar o equipamento;

Não possui ação de resfriamento, não sendo, portanto, indicado para combate a incêndios em combustíveis sólidos, que se queimam em profundidade. Se utilizado nesses casos, sua ação se limitará a eliminar apenas as chamas, necessitando da complementação do combate com água ou espuma para eliminar as brasas; caso contrário, poderá haver reignição;

Não é indicado também para fogo em metais combustíveis como o sódio, o potássio, o magnésio, o zircônio e o titânio;

Deve ser removido imediatamente do equipamento incendiado, pois poderá haver uma reação corrosiva ou produzir manchas.

130

Extintor de pó químico seco Os extintores carregados com compostos químicos em pó utilizam os agentes extintores bicarbonato de sódio (o mais comum), bicarbonato de potássio e cloreto de potássio, tratados com um estearato a fim de torná-los anti-higroscópicos e de fácil descarga. O agente propulsor pode ser o dióxido de carbono ou o nitrogênio. O CO2 é o agente mais empregado para a operação dos aparelhos portáteis (tipos com cilindro de gás), Enquanto que o nitrogênio é o agente indicado para o funcionamento dos tipos pressurizados e sobre rodas. Os compostos químicos em pó são indicados para extinção de fogo em líquidos inflamáveis ou combustíveis e equipamentos elétricos de grande porte (o bicarbonato de sódio, de potássio e o cloreto de potássio têm condutividade elétrica igual à do ar atmosférico). Para os casos de principais de incêndio de Classe D, os compostos são à base de fosfato de monoamônia, trifosfato de cálcio, grafite e estearatos metálicos. Os extintores de incêndio com carga de pó químico são classificados quanto ao uso, ao tipo e à temperatura. Quanto ao uso: Portáteis; Rebocáveis.

Quanto ao tipo: Pressurização direta; Pressurização indireta.

Já existe à venda no mercado um extintor de pó químico seco que pode ser utilizado nas Classes A, B, e C, sendo, inclusive, obrigatória, por legislação do DENATRAN, a sua instalação nos veículos, a partir de janeiro de 2005. A validade destes extintores é de 5 anos. ATENÇÃO! Para o extintor ter bom funcionamento, deve-se observar o manômetro para verificar se a pressão está dentro dos parâmetros.

131

Extintores sobre rodas ou rebocáveis São extintores que, devido à sua capacidade, são montados sobre rodas ou sobre carretas destinadas a facilitar o seu transporte. Podem conter CO2 de pressurização direta (PD) ou espuma, água, e pós químicos de pressurização indireta (PI) ou direta (PD). A mangueira acoplada ao difusor ou esguicho mede aproximadamente cinco metros e a capacidade do cilíndrico é de, no mínimo:

Espuma mecânica - água 50 litros CO2 – gás carbônico 30 quilos Pós-químicos 20 quilos

Sinalização, simbologia e localização dos extintores A sinalização dos extintores deve atender às exigências legais, conforme a Portaria nº 3.214, NR-23, e garantir que a manutenção seja feita por empresa certificada pelo INMETRO. ATENÇÃO! O local dos extintores deve ser sinalizado por um círculo, ou uma seta, pintado internamente de vermelho e a borda, de amarelo. As letras (que identificam o agente extintor) devem ser brancas. A área livre para os extintores deve ser pintada de vermelho, X = 1m e h = 1,60m (máxima). Nos extintores deve constar o selo com: O código de identificação da empresa junto ao INMETRO; O logotipo do INMETRO; O logotipo da empresa; O logotipo do organismo de certificação credenciado; A capacidade do extintor expressa em “Kg” ou “L” e capacidade

extintora; O número da norma aplicável; e A validade do teste hidrostático, que é contada cinco anos após a data

de fabricação, expressa em “semestre/ano”. Os adesivos devem ser padronizados com as seguintes identificações:

132

Identificação do agente extintor: Devem ser fixados aos aparelhos adesivos indicando o agente extintor e sua classificação quanto ao tipo. Identificação das classes de incêndio: Deve ser feita por um sistema de letras, figuras geométricas e cores, atendendo às condições estabelecidas na NBR 7532/82. Marcação: Todo extintor deve ter marcado no recipiente, de forma indelével, a sigla do fabricante, o número de série, trimestre/ano de fabricação e número da norma da ABNT. Nos extintores de pó químico, espuma e de água, a marcação deve ser feita na borda inferior. Nos extintores de CO2, a marcação deve ser feita na calota (próximo à válvula de disparo). ! IMPORTANTE Os extintores deverão ser colocados em locais: De fácil acesso; De fácil visualização; Com menos probabilidade de o fogo bloquear o seu acesso.

E não: Deverão ser localizados nas paredes das escadas; Poderão ser encobertos por pilhas de materiais.

Os extintores sobre rodas deverão ter garantido sempre acesso livre a qualquer ponto das instalações. Inspeção, manutenção e recarga dos extintores (NBR 12962) A inspeção é feita por meio de exame que se realiza no extintor de incêndio com a finalidade de determinar se este permanece nas condições originais de operação, onde serão verificados: Selo de vedação; Pressão no manômetro (sómente os que possuírem); Peso do extintor; Suportes, mangueiras (cortadas, entupidas); Gatilho; Etiqueta onde são informados data da recarga e reteste.

133

Os testes hidrostáticos são exigência da ABNT e devem ser feitos a intervalos regulares ou quando o extintor sofrer pancadas, exposição e altas temperaturas, corrosão, etc.

Os intervalos regulares de que fala a norma são de 5 em 5 anos da data indicada na etiqueta do extintor. A manutenção do extintor de incêndio tem a finalidade de manter suas condições originais de operação após sua utilização ou quando requerido por uma inspeção. O termo “manutenção” deve ser entendido como sendo um trabalho que envolve descarga, desmontagem, reparo ou substituição de peças, teste hidrostático, pintura, marcação e recarga dos aparelhos. As normas também prescrevem intervalos máximos para recarga dos extintores. Os extintores devem ser recarregados assim que forem usados, quando apresentam variação no peso da ordem de 10% ou ainda anualmente, mesmo não sendo usados. Distribuição dos extintores A distribuição dos extintores de incêndio, em geral, obedece às exigências do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) informadas em sua publicação “Tarifa de Seguro-Incêndio do Brasil”

Será exigido o mínimo de duas unidades extintoras para cada pavimento. Mezanino, galeria, jirau ou risco isolado.

Permite-se a existência de apenas uma unidade extintora nos casos de área inferior a 50 metros quadrados.

Aos riscos constituídos por armazéns ou depósitos em que não haja processos de trabalho, a não serem operações de carga ou descarga, será permitida a colocação de extintores em grupos, em locais de fácil acesso, de preferência em mais de um grupo e próximo às portas de entrada e/ou saída.

134

A unidade extintora é calculada pela tabela: AGENTE EXTINTOR CAPACIDADE DOS NÚMERO DE EXTINTORES EXTINTORES QUE CONSTITUEM A UNIDADE EXTINTORA

Água 10 L 1

Espuma 10 L 1

Dióxido de carbono (CO2) 6 Kg 1 4 Kg 2 2 Kg 3 1 Kg 4

Pó químico seco 4 Kg 1 2 Kg 2 1 Kg 3

Todo extintor deverá possuir uma ficha de controle onde será registrada a vida do equipamento: número de fabricação marca data da recarga, data do próximo teste hidrostático, tipo de manutenção sofrida, etc.

135

Apresentação

“Quando se ajuda o outro sinceramente ajuda-se a si. Essa é uma das mais belas recompensas da vida”.

Waldo Ralph Emerson

Com esse pensamento iniciamos esta reflexão sobre primeiros socorros, reconhecendo e valorizando o sentido da vida e a importância do respeito e solidariedade com as pessoas acidentadas. Estudos comprovam que as duas primeiras horas após um acidente são fundamentais para garantir a sobrevida ou recuperação das vítimas. É nesse período que um atendimento adequado pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Primeiros socorros são, portanto, os atendimentos preliminares prestados a uma vítima de acidente ou portador de mal súbito, para mantê-los com vida e evitar complicações imediatas ou tardias, até que recebam socorro especializado. Quando aplicados corretamente, os primeiros socorros podem significar a diferença entre a vida e a morte, ou a diferença entre uma recuperação rápida e uma hospitalização prolongada, ou, ainda, a diferença entre uma incapacitação temporária ou permanente.

Mal súbito – estado ou sintoma característico que surge de forma aguda e repentina. Apesar das medidas de segurança comumente adotadas no ambiente de trabalho e dos cuidados que as pessoas têm com suas próprias vidas, nem todos os acidentes podem ser evitados, porque nem todas as causas podem ser controladas. Assim, os riscos de acidente fazem parte do nosso cotidiano, o que requer a presença de pessoas treinadas para atuar de forma rápida. A rapidez na adoção das providências pode salvar uma vida: em cerca de 2 minutos (segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde) o cérebro de uma vítima de para cardíaca começa a apresentar lesões ou ainda uma hemorragia não controlada pode causar o estado de choque e, por sua vez, uma parada cardíaca e a morte. Uma vez que a maioria das pessoas desconhece as técnicas de primeiros socorros. Como prepará-las para enfrentar uma situação de emergência? Essas são algumas questões sobre as quais vamos refletir neste tema.

136

Prestar os primeiros socorros é uma atitude humana que requer coragem e conhecimento das técnicas adequadas capazes de auxiliar numa emergência. O socorro imediato evita que um simples ferimento se agrave ou que uma simples fratura se complique, ou que um simples desmaio resulte na morte do acidentado. ! IMPORTANTE O conhecimento e a aplicação dos primeiros socorros têm como objetivo fundamental salvar vidas. Se você não tiver condições emocionais de prestar socorro direto à vítima, procure por alguém que o auxilie no atendimento e, em seguida, acione os serviços especializados: pronto-socorro, ambulâncias, bombeiros ou polícia. Não deixe uma pessoa acidentada sem uma palavra de apoio nem um gesto de solidariedade, nem deixe de adotar os procedimentos cabíveis.

Acionar – pôr em ação, em movimento, fazer funcionar. Cabível – que é aceito, que tem cabimento, o que é pertinente. Procedimentos para prestar os primeiros socorros ou APH – atendimento pré-hospitalar Os leigos constituem o elo vital que liga a situação de emergência com o Sistema de Serviços de Emergências Médicas. Em geral, o leigo é sempre quem intervém para ajudar a vítima. Portanto, como leigo, você necessita saber como atuar de forma segura e adequada. RECONHECER UMA EMERGÊNCIA – O primeiro passo é saber reconhecer uma emergência, ou seja, perceber que alguma coisa está errada, notando mudanças na aparência, ou na atitude de alguém, ou de uma circunstância. DECIDIR AJUDAR – Em algum momento você terá que decidir se irá ou não ajudar. Tomar essa decisão durante a emergência é muito difícil. Portanto, o momento certo de decidir tem que ser antes da emergência ocorrer. Decidir ajudar é um processo que envolve vários fatores, como caráter, predisposição e capacidade de lidar com vítimas. Esses componentes são aspectos individuais que demandam tempo para se desenvolver. CHAMAR O RESGATE – A maioria das pessoas tem dificuldade para decidir se deve chamar o resgate. Ficam esperando para ter absoluta certeza de que a situação é grave, ou então decidem levar a vítima para um hospital por seus

137

próprios meios. Essas atitudes colocam a vítima em risco. É muito importante saber se será necessário ou não chamar o resgate. AVALIAR A VÍTIMA – Ao saber como e o quê avaliar, o leigo poderá concluir se existe ameaça iminente à vida e também que tipo de ação será necessário tomar, além de chamar o resgate. AVALIAR O CENÁRIO – Se você presenciar uma emergência avalie rapidamente o cenário, procurando por três aspectos: A causa do problema; Número de vítimas.

Essa avaliação não deve demorar mais que 10 segundos.

A primeira consideração é não colocar de forma alguma sua própria segurança em risco, assumindo chances de se transformar em mais uma vítima. A segunda se refere à causa do problema, que pode ser trauma ou mal súbito. Tome nota de tudo e repasse as informações para o pessoal do resgate. Por último, determine quantas pessoas estão envolvidas na emergência. Poderá haver mais de uma vítima: portanto, olhe ao redor e pergunte se há alguém que possa estar necessitando de ajuda. Quando chamar o resgate Saber quando chamar o resgate é fundamental, por dois motivos:

138

Primeiro, para não desperdiçar o tempo do pessoal do resgate com problemas que na verdade não necessitem desse tipo de assistência.

E segundo para não deixar de chamar o resgate por suor que a situação não iria demandar esse tipo de assistência e com isso demorar em tomar a decisão, comprometendo as chances de sobrevivência da vítima. Se você estiver em dúvida, chame sempre o resgate.

Por exemplo: uma dor na parte superior do abdômen pode ser uma pequena indigestão ou pode ser um sintoma de um ataque cardíaco que requer atendimento imediato.

Sempre é melhor errar por exagero do que por omissão. De acordo com as autoridades médicas, se para qualquer uma das questões abaixo sua resposta for afirmativa ou se estiver em dúvida, chame logo o resgate: A condição da vítima oferece risco de morte? A condição da vítima poderá piorar e se transformar em risco de morte

no caminho para o hospital? A condição da vítima requer algum tipo de equipamento que deve ser

utilizado por um médico? As condições de trânsito podem dificultar o acesso ao hospital,

atrasando o atendimento? As autoridades médicas também definem como sinais e sintomas que demandam transporte imediato para um hospital, em ambulância: Desmaio sucessivo; Dor ou pressão torácica ou abdominal; Tontura repentina, fraqueza ou alteração da visão; Dificuldade para respirar ou respiração curta e rápida; Vômito intenso e persistente; Dor repentina e forte em qualquer parte do corpo; Vontade repentina de suicidar ou de matar; Sangramento que não pare mesmo após 10-15 minutos de pressão

direta; Ferimento com bordas que não retornam à posição original; Lesões que provocam alteração nos movimentos ou na sensibilidade; Lesões em órgãos funcionais como mãos, pés, face e genitália; Ferimentos penetrantes; Empalamentos; Mordida de animal ou ser humano; Alucinação ou perda de raciocínio lógico; Envenenamento; Lesão de coluna vertebral; Overdose por droga; Alteração comportamental acompanhada de febre alta que não abaixa

com antitérmico; Pescoço endurecido, associado com febre e dor de cabeça; Deformidade com inchaço ou depressão na fontanela (moleira) do bebê.

139

Uma pessoa treinada está habilitada desde que conheça e domine os princípios básicos de primeiros socorros e técnicas de atendimento à vítima, fundamentais para controlar e prevenir o agravamento do seu estado. A seguir, observe alguns dos procedimentos a serem adotados num atendimento emergencial.

EMERGÊNCIA = > RISCO DE MORTE EMERGÊNCIA = > Não há risco de morte à vítima. Esta pode aguardar Atendimento da emergência em primeira instância.

Perfil do socorrista:

Bom senso; Liderança e iniciativa; Domínio da situação com segurança; Rapidez para improvisação com responsabilidade; Discreto nos comentários; Respeito pelo outro; Compromisso com a vida.

Para sua atuação nas condutas: EPIs (equipamentos de proteção individual); Caderneta de vacina em dia (preservação de futuros incidentes); Preservar sua própria integridade.

! IMPORTANTE

Você só tem apenas 4 minutos para salvar a vida de uma pessoa e necessita conhecer os três órgãos vitais: cérebro, coração e pulmões, pois para toda anormalidade ocorre a homeostase (equilíbrio do nosso organismo para restabelecer o controle).

Mantenha-se calmo e inspire confiança ao acidentado O socorrista deve manter-se calmo e conduzir o socorro com serenidade, compreensão e segurança. Portanto, a primeira providência é controlar a si mesmo.

140

Nesse momento, o socorrista enfrenta um problema bastante delicado, ou seja, informar à vítima o que está ocorrendo: manter-se em silêncio pode aumentar o seu medo e ansiedade, mas se falar em demasia pode alarmá-la e causar desespero. Lembre-se de que as ações falam mais do que as palavras e que um tom de voz tranqüilo e seguro dá à vítima o conforto de estar em boas mãos; porém, cuidado com as palavras para não piorar ainda mais o quadro já existente. A eficácia e a qualidade do primeiro atendimento dependem muito de quem o realiza. Embora toda pessoa treinada esteja apta a prestar os primeiros socorros, o socorrista deve apresentar as seguintes características: Ter bom senso – fazer uma análise da situação, pensar antes de agir; Ter iniciativa para chamar socorro através de um telefone e habilidade

para estancar uma hemorragia, fazer massagem cardíaca, etc.; Saber fazer respiração boca a boca e, principalmente, acalmar e dar

segurança e amparo a vitima; Não ter interesse e querer fazer alguma coisa, pois quando se presta

primeiros socorros não se pede nada em troca, é pura solidariedade. Ter autocontrole (calma, tolerância, paciência); Ter iniciativa e liderança; Ter conhecimento e avaliação técnica; Ter capacidade de improvisação.

Observe os procedimentos que você, socorrista, deve adotar: Sinalize o local para evitar outros acidentes e peça ajuda aos curiosos É preciso proteger e controlar o local do acidente: isolando-o e sinalizando-o; iluminando-o, se for noite ou se a região for pouco iluminada; arejando-o, para que a vítima receba ventilação. ! IMPORTANTE

Utilize os EPIs (luva, óculos e máscaras).

Avalie o estado geral da vítima Sempre que for atender uma vítima, em primeiro lugar avalie o cenário. Uma avaliação cuidadosa poderá oferecer informações preciosas, como a segurança do local, a causa do trauma ou a natureza do mal súbito e o número de vítimas.

141

Após fazer a avaliação do cenário, você deverá fazer uma avaliação inicial da vítima. Durante esta avaliação, você deverá procurar por problemas que ameacem iminentemente a vida da vítima, como obstrução das vias aéreas, falta de respiração e circulação. Se mais de uma vítima necessitar de atendimento, atenda em primeiro lugar a que estiver quieta e imóvel. Vítima que esteja quieta poderá ter parado de respirar. A vítima que grita ou chora, ou que simplesmente esteja falando, significa obviamente que está respirando. Verifique os sinais de vida Nível de consciência, temperatura, cor da pele, sensibilidade do corpo, etc. Se houver mais de uma vítima envolvida, o socorrista deve fazer uma avaliação geral do estado delas e proceder a uma triagem, atendendo em primeiro lugar os casos mais graves que, do ponto de vista dos primeiros socorros, são: Obstrução das vias aéreas e/ou parada respiratória; Parada cardíaca; Hemorragias graves; amputações completas ou incompletas de

extremidades superiores ou inferiores; Feridas (úlceras) abertas no abdômen e/ou tórax; Traumatismo craniano; Envenenamento; Estado de choque; Queimaduras; Fraturas (principalmente de pelve e bilateral de fêmur); Hematomas.

Observe cuidadosamente como você deverá verificar os sinais de vida. Exame rápido (exame primário) Tem por finalidade avaliar o nível de consciência (A = alerta, V = voz, D = dor e I = inconsciência); A = abertura de via aérea, B = retirada de corpos estranhos e VER-OUVIR-SENTIR a respiração, C = circulação e D = desfibrilador e descobrir as lesões ocultas, avaliando a vítima da cabeça aos pés (cefálico-caudal) para melhor definir as intervenções necessárias. Este procedimento deve ser realizado no local, e no máximo em 2 minutos. Avaliação do nível de consciência Ajoelhe-se junto à vítima, próximo ao ombro desta (vítima em decúbito dorsal-deitada de costas). Primeiro olhe para vítima e verifique se está alerta/consciente, depois firme suas mãos sobre seus ombros, firmando-os ao chão (sem chacoalhar). Identique-se e peça autorização para atuar. Chame por ela. Caso não obtenha resposta, neste momento a cervical da vítima deverá ser imobilizada pelo segundo socorrista. Proceda ao estímulo de dor, realizando uma pressão com a mão fechada e com os ossos (articulações) dos dedos no esterno. Se continuar sem resposta verbal e dolorosa, isso significa vítima irresponsiva (vítima inconsciente).

142

Avaliando ABCD A – Airway – Via aérea A cabeça e o pescoço deverão ser mantidos em alinhamento e sómente o queixo e o maxilar deverão ser deslocados para frente. A cabeça e o pescoço deverão ser mantidos em alinhamento. B – Breathing – Ventilação e oxigenação Verifique se existe algum corpo estranho na cavidade oral, retirando-o e realizando varredura digital (sómente se a vítima estiver inconsciente), sómente para casos aparentes. Para isso, perceba se a vítima se encontra cianótica (boca arroxeada), palidez cutânea. Verifique se ela respira VER-OUVIR-SENTIR; se negativo, faça respiração boca-máscara (máscara de bioproteção), e se a respiração estiver presente, auxilie com a ajuda de oxigênio em alto flixo (12 a 15 L/min).

Caso tenha que se fazer a respiração, insufle o ar suficiente para movimentar o tórax da vítima; dê um intervalo de 5 segundos e insufre o ar novamente. Este intervalo tem a finalidade de evitar situações como barotrauma, que inverteria a posição do diafragma e impediria a movimentação torácica, ou que a vítima vomite.

C – Circulation – circulação Verifique o pulso radial (se presente, a vítima apresenta 80 X... de pressão arterial; se ausente, verifique o pulso carotídeo {no pescoço}). Pulso presente – verifique se está lento/rápido. Pulso ausente – indica cessação dos movimentos cardíacos. INICIAR compressão cardíaca.

143

D – Desfibrilation – Desfibrilação ventricular Por estar a fibrilação ventricular (FV) presente em muitas vítimas por parada cardíaca súbita e principalmente por choque elétrico, o desfibrilador (cardioversor elétrico) deverá ser utilizado quando a causa da parada cardíaca for por FV, afim de estabelecer o ritmo cardíaco. Para fibrilação, sómente o cardioconversor elétrico poderá reverter o quadro, a necessidade de se executar a RCP é para fins jurídicos, é preconizado mundialmente, porém, dificilmente reverterá. ! IMPORTANTE

O exame rápido (primário) deverá ser interrompido quando a vítima apresentar obstrução de vias aéreas e parada cardiorrespiratória. O socorrista deve priorizar a desobstrução das vias aéreas, o restabelecimento e manutenção da respiração, que é de vital importância para o cérebro, e o restabelecimento e manutenção da circulação.

Triagem - seleção, escolha, separação. Desobstrução - desimpedimento, liberação.

Efetue as técnicas de primeiros socorros de acordo com cada caso Antes de adotar qualquer procedimento, o socorrista deve avaliar se o local onde a vítima se encontra é seguro para a entrada do socorrista, o estado geral da vítima e efetuar a técnica específica para o caso, que será analisada no capítulo “Praticando os Primeiros Socorros”: Como Agir em casos de Emergência. Porém, algumas técnicas são válidas e podem ser aplicadas em todos os casos. ! IMPORTANTE

Ainda que a vítima apresente estar em bom estado, não confie nas aparências. Encaminhe-a para ser examinada por um profissional de saúde, pois ó um exame detalhado pode definir o seu estado físico e psíquico. Ao prestar os primeiros socorros, é preciso que se utilizem materiais e instrumentos que facilitem a realização dos procedimentos necessários e impeçam o agravamento do estado da vítima – a caixa de primeiros socorros deve conter os itens essenciais ao atendimento. È preciso que se tenha em casa ou no automóvel pelo menos o essencial, pois acidentes podem ocorrer quando menos se espera.

144

Uma caixa de primeiros socorros para o atendimento de ferimentos leves e moderados deve conter, pelo menos, os seguintes materiais: Compressa de gaze esterilizada (cinco envelopes); Ataduras de gaze em três tamanhos (dois rolos de cada); Esparadrapo (um rolo de 25 mm x 4,5 cm); Curativo adesivo (um caixa); Soro fisiológico (dois frascos de 250 mL); Tesoura limpa, ponta curva, média, sem ferrugem; Sacos plásticos brancos e de outra cor; Lanterna; Luvas de borracha; Talas de papelão, inflamáveis ou de alumínio; Máscara de respiração descartável; Luvas descartáveis.

Logo após a ocorrência do acidente, peça ajuda ao corpo de bombeiros, polícia civil, pronto-pronto-socorro: esses serviços são especializados no atendimento a emergências e podem adotar os procedimentos necessários; a demora no pedido de socorro pode depender que uma vida seja slava ou a qualidade de vida advinda de seu socorro: por exemplo, se o acidente tiver ocorrido numa estrada, em local de difícil comunicação, peça aos motoristas que avisem a polícia e entrem em contato imediatamente com o serviço especializado (hospital ou pronto-socorro) mais próximo; prestar socorro à vítima de um acidente é um dever de todo cidadão.

Legislação sobre o ato de prestar os primeiros socorros Devido à importância do ato de prestar os primeiros socorros, há artigos específicos na legislação brasileira acerca do assunto. Para o Código Penal Brasileiro, por exemplo, todo indivíduo tem o dever de ajudar um acidentado ou chamar o serviço especializado para atendê-lo; a omissão de socorro constitui crime previsto no artigo 135.

Omissão – ausência de ação; ato ou efeito de não fazer aquilo que moral ou juridicamente se deveria fazer.

145

Na CLT, o artigo 181 prescreve a necessidade dos que trabalham com eletricidade de conhecerem os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico. Por isso, a NR-10, ao tratar de situações de emergência, reforça, em seu item 10.12.2, uma exigência, bem como inclui um conteúdo básico de treinamento em primeiros socorros para os trabalhadores que venham a ser autorizados a intervir em situações de emergência por ocasião de atividades em instalações elétricas. ! IMPORTANTE Código penal – Art.135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em greve e iminente perigo; ou pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se a omissão resulta lesão corporal ou de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. CLT – Art. 181 – Os que trabalham em serviços de eletricidade ou instalações elétricas devem estar familiarizados com os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico.

Iminente - que está a ponto de acontecer.

É preciso que cada um de nós exerça a cidadania e trabalhe para que as leis dêem certo. Para isso é fundamental desenvolver uma mentalidade voltada ao respeito ao próximo e a si mesmo e colaborar para reduzir os acidentes e auxiliar adequadamente as vítimas, seja no ambiente de trabalho, na comunidade, na rua, na praia, etc. Salvando vidas: Como identificar o problema

o Pulso ainda pulsa o Pulso ainda pulsa o Corpo ainda é pouco o Corpo ainda é pouco

146

Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belotto

Sabemos que o socorrista, no atendimento às vítimas de um acidente, deve estar apto a identificar e priorizar os casos de maior gravidade: procedendo ao seu exame físico e verificando os sinais de vida (SSVV) e os sinais de apoio. Agora vamos aprender a reconhecer esses sinais e saber o modo mais adequado de agir até a chegada do serviço especializado. ! IMPORTANTE Sinais vitais (SVV) – são sinais orgânicos ou sintomas que podem ser alterados quando um ou mais sistemas vitais responsáveis pela manutenção da homeostase não funcionam perfeitamente. A modificação ou alteração de um sinal característico permite concluir sobre o estado geral da vítima e proceder de forma correta no desempenho de prestar os primeiros socorros. Assim, antes de aplicar qualquer medida, o socorrista deve verificar os sinais de vida (sinais vitais – SSVV) e de apoio, que fornecem informações valiosas para o diagnóstico do estado geral da vítima e permitem que se implementem as técnicas emergenciais mais aprovadas.

Priorizar – colocar em primeiro lugar; atender primeiramente.

Homeostase – que regula a manutenção e equilíbrio das funções fisiológicas entre os sistemas vivos.

Proceder – agir; fazer; efetuar; realizar.

Diagnóstico – o conjunto de dados em que se baseia uma avaliação.

Implementar – executar; praticar.

Os sinais de vida: Respiração; Pulso; Pupilas; Temperatura.

A seguir, observe de que forma o socorrista pode verificar alguns desses sinais nas vítimas de acidente. Pulso A paralisação de uma função vital como a do coração neutraliza a circulação do sangue e pode provocar a morte em 4 minutos. A contração do coração, necessária ao bombeamento do sangue, se repete com regularidade e se propaga em ondas, pelas artérias. Há pontos do corpo onde algumas grandes artérias estão próximas à superfície que quando pressionados de leve, nos fazem sentir o coração bombear o sangue – a isso chamamos pulso ou pulsação.

147

O pulso pode ser achado nos pontos onde as artérias estão próximas à superfície e podem ser apalpadas: o lado externo do punho (artéria radial), em cada lado do pescoço (artéria carótida), na região inguinal (artéria femoral), na têmpora (artéria temporal), no meio do braço (artéria braquial). O socorrista verifica o pulso da vítima colocando os dedos indicador, médio e anular na artéria, mas jamais deve utilizar o polegar, pois este apresenta pulsação própria.

Respiração A respiração é indispensável aos seres, portanto ela é o sinal de vida mais evidente de uma vítima acidentada. É o primeiro item a ser avaliado, pois se há respiração, existe circulação sanguínea. Caso não haja respiração, estaremos diante de duas situações: parada cardíaca ou quadro de OVACE (obstrução de vias aéreas por corpos estranhos). ! IMPORTANTE

Uma vez que a respiração é uma das funções vitais dos seres, sua interrupção ocasiona a morte da vítima. É por meio da respiração que o organismo capta o oxigênio necessário à obtenção de energia celular e elimina o gás carbônico proveniente do metabolismo respiratório.

Quando a pulsação radial está muito fraca, a verificação do pulso pode ser feita com mais facilidade na região do pescoço (artérias carótidas).

148

Proveniente – que tem origem

Como a respiração pode ser verificada? Para verificar a freqüência respiratória, são observados os movimentos de inspiração (quando o ar se introduz nas vias aéreas superiores e chega aos pulmões) e expiração (quando a musculatura respiratória relaxa e o ar é expulso dos pulmões), que ocorrem no intervalo de 1 minuto. Em seguida, costuma-se fazer a verificação da pulsação segundo a elevação do tórax – a vítima mulher expande o tórax; o homem, o abdômen. Sinais de apoio Há diversos sinais que auxiliam ou apóiam o diagnóstico do estado de uma vítima de acidente: Aspecto da pele (cútis); Nível de consciência; Mobilidade e sensibilidade.

Mobilidade – faculdade de se mover

Conheça mais algumas informações sobre os sinais de apoio. Aspecto da pele (cutânea) O socorrista também deve observar o aspecto da pele, que pode apresentar alterações de origem fisiológica e patológica de acordo com as especificações a seguir: Cianose – ocorre em virtude da insuficiência de oxigênio no organismo

e se caracteriza por uma coloração arroxeada (ausência de oxigênio nas extremidades, lábios, pontas dos dedos das mãoes e pés).

Palidez cutânea – ocorre devido à vasoconstrição periférica nos estados de necessidade de aporte sanguíneo às porções mais nobres do organismo ou para a manutenção da temperatura corporal. Hemorragias, parada cardiorrespiratória e exposição ao frio são causas de palidez cutânea.

Pele fria e viscosa – ocorre nos casos de estado de choque.

149

Cutânea – da pele

Nível de consciência É possível caracterizar o nível de consciência observando-se o estado psicológico e físico da vítima, que pode estar inconsciente em virtude de desmaio (síncope), choque, coma, convulsão, intoxicação ou óbito.

Síncope - estado de inconsciência resultante de queda brusca de pressão arterial. Traumático - resultante de um choque violento.

Motilidade e sensibilidade Motilidade e sensibilidade são a capacidade de as pessoas se moverem. Assim, o socorrista deve estar atento para o fato de o acidentado demonstrar dificuldade de realizar um determinado movimento. Esse fato pode indicar lesão importante. Também devem ser observados os casos em que a vítima apresenta ausência de sensibilidade em alguma parte do corpo e que também é forte indicação de uma lesão importante, e diante desta situação nada deve retardar a avaliação do socorro especializado. Praticando os primeiros socorros: como agir em casos de emergência “Sempre há esperança quando há vida humana”

Simone Well

A pessoa que se dispõe a prestar os primeiros socorros deve começar ór analisar as condições em que ocorreu o acidente e o estado físico e mental do(s) envilvi(s); após identificar o(s) caso(s) de gravidade, deve adotar as técnicas de primeiros socorros, algumas das quais são bastante simples e podem diminuir o sofrimento das vítimas, evitar complicações futuras e até salvar suas vidas. Numa emergência é fundamental que a pessoa mantenha a calma e transmita confiança até a chegada do socorro especializado; mas deve agir com extremo rigor, pois do contrário o atendimento pode comprometer a saúde da vítima.

150

A seguir apresentamos alguns casos graves que requerem pronto atendimento do socorrista, e chamamos a atenção para as técnicas adequadas de atendimento e os erros a serem evitados. Nesta seção vamos identificar os sinais indicativos de parada cardíaca e respiratória, e adotar o procedimento de primeiros socorros adequado a cada caso. Parada respiratória A para respiratória se caracteriza pela interrupção da respiração, da entrada e saída de ar nos pulmões. O aparelho respiratório é constituído de pulmões, via aérea superior: indicando pelo nariz e boca e via aérea inferior, constituída por: faringe, laringe, traqueía, brônquios e bronquíolos, que umedecem, aquecem, purificam e filtram o ar para que ele chegue em boas condições ao interior dos alvéolos pulmonares, onde o oxigênio é retirado e transferido para o sangue. Assim, todo acidente que pertuba esse mecanismo coloca em risco a oxigenação dos tecidos, porque provoca a morte celular e, em conseqüência, da própria vítima. Como verificar a respiração da vítima

Em seguida o socorrista deve verificar se há laguma obstrução na via aérea da vítima, que pode ser provocada por: Corpo estranho – prótese dentária, moeda, pedaço graúdo de alimento,

espinha de peixe, osso de ave, etc.; Base da língua – caída para trás – em vítimas inconscientes;

Substância aspirada para os pulmões (bronca aspiração)

O socorrista deve aproximar-se do rosto da vítima, observar se há movimento do tórax, se há saída de ar do nariz ou boca e se há sons de respiração: se não houver nenhum movimento respiratório e os lábios, língua e unhas estiverem azulados (cianose), o socorrista pode concluir que ela sofreu uma parada respiratória.

151

Conheça a seguir os métodos para desobstruir a via aérea (VAS) O método para desobstruir a via aérea (VAS) varia de acordo com a gravidade e a causa da obstrução, mas em geral os procedimentos devem ser adotados numa seqüência, até que esta tenha sido devidamente desobstruída. SOCORRENDO

Escápula - osso irregular, localizado no dorso superior, próximo à clavícula.

Uma parada respiratória pode ter como causas: Queda da língua por inconsciência; Espamos da laringue; Obstrução das vias aéreas (superior ou inferior); Choque elétrico; Traumatismo craniano com lesões dos centros respiratórios; Pneumotórax bilateral.

Pneumotórax bilateral – entrada ou saída de ar ou gás nos dois pulmões.

! IMPORTANTE Mesmo em vista de uma parada respiratória é possível ao socorrista restabelecer a respiração da vítima e salvar sua vida se aplicar de imediato o método boca-máscara, forçando a entrada e saída de ar dos pulmões alternada e ritmadamente até a respiração natural se restabelecer.

Varredura digital, igualmente falando, limpeza manual – Em vista da suspeita de aspiração de corpos estranhos, o socorrista introduz um ou dois dedos na boca e faringe da vítima; essa remoção pode ser facilitada se os dedos passarem pela bochecha e voltarem pelo céu da boca.

152

SOCORRENDO Aplicação de respiração artificial Método boca-máscara

- Afrouxe as roupas da vítima, principalmente em volta do pescoço, tórax e cintura, para facilitar a circulação. - Com a vítima deitada em decúbito dorsal (de costas) em superfície plana, rígida e com a cabeça no mesmo nível do troco, abra a via aérea (VAS) e elve o queixo. - Abra a boca da vítima com os dedos cruzados e realize a varredura digital, removendo com cuidado qualquer corpo estranho que encontrar na cavidade oral como: restos alimentares, próteses dentárias, coágulos de sangue, caso apresente quadro de obstrução da VAS, etc. - Verifique agora se a vítima está respirando (ver, ouvir e sentir).

- Caso negativo, realize respiração boca-máscara, fechando bem as narinas da vítima com polegar e o indicador e soprando o ar para dentro dos pulmões (usando um protetor de biossegurança), num intervalo de 1 segundo de duração para cada 2 respirações. Na ausência da barreira de proteção, realize sómente compressão cardíaca. -Toda vez que o ar for soprado para dentro dos pulmões, retire sua boca da máscara para que o ar saia e, ao mesmo tempo, verifique os movimentos do tórax.

153

Este método deve ser aplicado enquanto a vítima não respirar. Sómente deve ser interrompido quando chegar um profissional de saúde. Há casos em que não é possível aplicar este método: por exemplo, quando a vítima apresentar traumatismo na boca. Neste caso, o socorrista pode fechar a boca e soprar pelo nariz. No quadro de afogamento, não se pode fazer a insuflação, pois o líquido pode ser levado à traquéia e ocorrer bronca aspiração. Neste caso, o socorrista deve fazer sómente às compressões, com a vítima de cabeça lateralizada para expelir o líquido ingerido. Parada cardíaca Como verificar se o coração está batendo? Verifique o pulso carotídeo colocando os dedos indicadores e médios bem no meio do pescoço da vítima, deslizando-os para o lado até encontrar o vão entre a traquéia e o músculo do pescoço. SOCORRENDO Se a vítima tiver pulso, faça a insuflação soprando o ar para dentro do pulmão a cada 2 respirações com 1 segundo de duração para cada respiração e mantendo uma freqüência de 10 a 12 sopros por minuto. Se se tratar de criança, envolva a boca e o nariz dela com a sua própria boca, introduzindo ar no pulmão com muito cuidado, pois neste caso o ritmo deve ser de 1 sopro a cada 3 segundos; o ar insuflado em bebês deve ser sómente o que está na bochecha do socorrista, para não causar hiperventilação. Na criança o ar deve ser soprado sem muita força, para que ela possa expulsá-lo. E se a vítima não apresentar pulso algum? Se mesmo com a aplicação da respiração artificial o coração da vítima parar de bater, o socorrista deve aplicar simultaneamente a respiração e a compressão cardíaca.

154

Quando há uma parada cardíaca, a respiração também se interrompe; ao passo que quando a respiração é interrompida, é possível o coração continuar a bater. Neste caso, se a vítima não for socorrida a tempo, a falta de oxigênio pode levá-la à morte ou causar lesões permanentes. A parada cardíaca pode ser ocasionada pelos seguintes fatores: Isquemia caríaca; Choque elétrico; Envenenamento; Afogamento; Infarto agudo do miocárdio; Consumo excessivo de drogas (overdose); Engasgamento.

Isquemia – obstrução e contração muscular.

Portanto, uma vez confirmadas às paradas cardíacas e respiratórias, o socorrista deve aplicar de imediato a RCP (reanimação cardiorrespiratória). Os casos de parada cardíaca exigem ação imediata, e podem ser constatados pela observação dos seguintes sintomas: Inconsciência; Ausência de pulso; Palidez intensa; Extremidades frias; Dilatação das pupilas (midriase).

SOCORRENDO Compressão Cardíaca

Posicione-se em um dos lado da vítima.

155

Localize o osso esterno e na junção com o apêndice xifóide posicione dois dedos, e logo acima destes posicione a palma da mão (região hipotênar) e sobreponha à outra mão e realize a compressão cardíaca.

Faça pressão com bastante vigor, empurrando o esterno para baixo cerca de 3 centímetros, a fim de comprimir o coração de encontro à coluna vertebral e, depois, descomprima.

Repita a manobra de 30 compressões para 2 insuflações por 5 ciclos, checando os SSVV (sinais vitais). Caso a vítima não reaja, retorne a manobra quantas vezes forem necessárias, ou até a exaustão dos socorristas ou até a chegada de outros profissionais para dar seguimento à conduta (cerca de 100 por minuto). Jamais interrompa as compressões.

O socorrista deve estar atento para as seguintes observações: Nos adultos, aplique a compressão utilizando o peso do corpo e não

apenas a força dos braços, para evitar a fadiga. (Atenção: essa pressão

156

deve ser realizada com os braços retos, evitando assim a fadiga e fratura do osso esterno).

Nas crianças pequenas, comprima o esterno apenas com uma das

mãos, e nos bebês, apenas com as pontas dos dedos médio e anular, pois o indicador possui muita força e pode ocasionar fratura de costelas.

É importante que tenha recebido bom treinamento, de modo a evitar as complicações decorrentes de uma compressão mal realizada, como fratura do esterno e costela ou perfuração de órgãos pelos ossos das costelas, principalmente os pulmões.

Uma vez que a compressão cardíaca externa não produz boa ventilação, se for verificada também parada respiratória, o procedimento deve ser acompanhado de ventilação artificial.

Se o socorrista estiver sozinho, deve fazer 2 insuflações pulmonares

(sopro) para cada 30 compressões cardíacas, numa média de 100 compressões por minuto.

! IMPORTANTE Além do controle das vias aéreas, o desenvolvimento das compressões cardíacas tornou possível que uma pessoa treinada dê início a uma inversão de morte clínica mesmo fora do hospital. Mas é importante que o socorrista tenha recebido bom treinamento na aplicação dessa compressão, de modo a evitar as complicações decorrentes de uma compressão mal realizada, como fratura do esterno e costela ou perfuração de órgãos pelos ossos das costelas, principalmente os pulmões: nos adultos ele deve aplicá-la utilizando o peso do corpo e não apenas os músculos do braço; nas crianças pequenas, apenas com uma das mãos; e nos bebês, apenas com as pontas dos dedos médio e anular. Choque elétrico Vamos identificar os fatores de gravidade de um choque elétrico e os seus efeitos, para adotar o procedimento de primeiros socorros (APH – atendimento pré-hospitalar) adequados a cada caso. Qualquer pessoa desavisada pode ser vítima de um acidente com eletricidade. Quem já não ouviu falar de alguém que próximo a uma árvore foi atingido por um raio e morreu instantaneamente? As árvores atraem as descargas elétricas dos raios e o corpo humano é condutor de eletricidade. Todos estamos sujeitos a acidentes este tipo. Há diversos fatores que determinam a gravidade do choque elétrico:

157

Trajeto da corrente elétrica Se uma corrente de intensidade elevada circula de uma perna a outra, pode resultar só em queimaduras locais, sem lesões mais sérias; mas se ela circula de um braço a outro, pode levar à fibrilação do coração, parada cardíaca ou paralisia da musculatura respiratória, ocasionando a asfixia da vítima.

Fibrilação – movimento descoordenado do coração (arritmia) causando a perda da capacidade de bombear o sangue. È um fenômeno gravíssimo, pois é irreversível naturalmente, e requer a utilização de um desfibrilador elétrico (cardioversor elétrico) para a reanimação da vítima. Intensidade da corrente elétrica Outro fator importante na determinação da gravidade do choque elétrico é a intensidade da corrente. Por exemplo: 10 mA – intensidade de corrente elétrica a partir da qual a vítima não

consegue se livrar do ponto energizado que está em contato.

Tempo de contato com a corrente elétrica O tempo de contato é outro fator determinante na gravidade dos acidentes com corrente elétrica, uma vez que determinadas intensidades de corrente produzem contrações musculares que levam à asfixia, num prazo de 2 minutos, e à fibrilação ventricular, em 0,25 segundo. Assim, conclui-se que a passagem da corrente elétrica pelo corpo desencadeia efeitos diretos e indiretos, como mostrando no quadro. Efeitos diretos e efeitos indiretos Paralisia da musculatura respiratória, com queimaduras térmicas, ocasionando asfixia e morte antes de 4 minutos, desprendimento de calor na passagem da corrente. Queimaduras eletro térmicas ocasionadas pelo desprendimento de calor na passagem da corrente causam, ao contrário das demais queimaduras, destruição da pele e de tecidos profundos. Em geral são indolores em virtude da destruição das terminações nervosas, com regeneração muito lenta – a queimadura de terceiro grau não se regenera, ficando seqüelas na epiderme (pele). Quedas, pancadas, fratura, ferimentos, etc.

158

! IMPORTANTE Os choques elétricos são uma das principais causas de parada cardiorrespiratória em ambientes de trabalho. O atendimento à vítima deve ser feito nos primeiros 4 minutos, para que haja chance de sobrevida e recuperação do acidentado. SOCORRENDO Como prestar os primeiros socorros a uma vítima de choque elétrico: Antes de tocar na vítima, certifique-se de que ela não esteja em contato

com a corrente elétrica. Em caso positivo, desligue imediatamente a eletricidade. Se não for possível, interrompa o contato utilizando material isolante. Se não for possível, interrompa o contato utilizando material isolante (bastão isolante, luva de borracha e botina). Jamais utilize objeto metálico ou úmido.

Se as roupas estiverem em chamas, deite-a no chão e cubra-a com tecido bem grosso, para apagar o fogo.

Localize as partes do corpo comprometidas e resfrie-as sómente com

água corrente na temperatura ambiente (cuidado com a temperatura ambiente, pois em regiões extremas temos temperaturas também extremas, agravando ainda mais o quadro; a água deve ser tépida, 35,5ºC a 36ºC, suportável ao punho) ou panos umedecidos; não aplique manteiga, gelo, pomada nem creme dental nos ferimentos.

Verifique se há parada cardiorrespiratória por meio da avaliação dos

sinais vitais; em caso positivo, deite-a em decúbito dorsal (de costas) e inicie a RCP (reanimação cardiopulmonar). Após retirada da corrente elétrica, devemos tocar na vítima, haja vista que ela não retém corrente, pois não é capacitor.

Diversos fatores influenciam a gravidade do choque elétrico: Trajeto da corrente elétrica; Intensidade da corrente elétrica; Tempo de contato com a corrente elétrica.

O trajeto da corrente elétrica no corpo humano, que funciona como um condutor de eletricidade tem grande influência na gravidade do choque elétrico. Uma corrente de intensidade elevada que circule de uma perna para a outra, pode resultar só em queimaduras locais, sem outras lesões mais sérias. NO entanto, se esta mesma intensidade de corrente circular de um braço para o

159

outro da vítima, poderá levar à fibrilação do coração, à parada cardíaca ou mesmo a uma paralisia da musculatura respiratória, levando à asficia. Outro fator muito importante para determinar a gravidade do choque elétrico é a intensidade da corrente que circula pelo corpo. O tempo de contato com a corrente é outro fator determinante na gravidade dos acidentes causados por corrente elétrica. Determinada intensidades de corrente que circulam pelo corpo produzem contrações musculares que levam à asfixia e à fibrilação ventricular. Estima-se em 2 minutos de contato o tempo para que as contrações musculares levem à asfixia e 0,25 segundo para produzir fibrilação cardíaca. O conhecimento do fenômeno da fibrilação ventricular do coração por meio do choque elétrico é importante para conscientizar a população e os técnicos das empresas dos riscos provenientes dos trabalhos envolvendo eletricidade. Quando a corrente elétrica alternada passa pelo coração, as camadas dos tecidos respondem vibrando de maneira distinta, provocando um batimento cardíaco distorcido. Este estado caótico de polarização é irreversível, com perda total do sincronismo das contrações. Devido à heterogeneidade dos tecidos da parede do coração, todos os mamíferos e animais superiores sofrem o efeito da fibrilação ventricular em conseqüência do choque elétrico. Portanto, para correntes de choques grandes, os efeitos mais drásticos são as queimaduras, e para correntes pequenas, o maior perigo é a fibrilação ventricular. Sintomas da fibrilação ventricular Se o coração, quando uma pessoa recebe uma descarga elétrica, entrar em fibrilação ventricular, a pressão cai à zero. Devido a estas ocorrências, os sintomas são: Vítima desfalecida; Palidez; Não há pulso; Não há respiração.

Causas da fibrilação ventricular Choque elétrico; Choque mecânico; Choque térmico; Estrangulamento; Afogamento; Cirurgia; Trauma torácico;

160

Cateterismo cardíaco; Hipotermia artificial (<28ºC); Choque químico ( Drogas; Origem clínica.

Como a fibrilação ventricular é irreversível naturalmente, faz-se necessário o emprego de técnicas práticas, de modo a fazer o coração retomar o seu ritmo normal. Muitas técnicas e medicamentos foram utilizados, mas o método que obteve sucesso foi o desfibrilador elétrico (cardioversor elétrico), que na verdade é um capacitor a ser descarregado no acidentado. Hoje está à venda no mercado o Desfibrilador Automático Externo, um equipamento portátil com tecnologia de onda bifásica para uso em qualquer ambiente. O aparelho é utilizado em unidades de resgate aéreo e terrestre e fornece suporte avançado à vida. O Desfribilador Automático Externo oferece a possibilidade de ser utilizado por leios (acesso público à desfibrilação), após treinamento mínimo e sob supervisão médica. Dispões de operacionalidade simples, com alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico de arritmias malignas. A segurança é enfatizada, e o risco de acidentes com o paciente e o operador é mínimo. A utilização do aparelho aumenta a taxa de sobrevida humana em uma parada cardiorrespiratória. A passagem da corrente elétrica percorrendo o corpo pode desencadear efeitos diretos e indiretos.

Desfibrilador Automático Externo (DEA)

CONCLUSÃO Os efeitos do choque elétrico são: Paralisia da musculatura respiratória, levando à asfixia e morte da

vítima em cerca de 4 minutos.

Fibrilação cardíaca com ausência de circulação do sangue nos tecidos, o que ocasiona falta de oxigenação, provocando a morte em cerca de 4 minutos. O cérebro, o coração e os rins são os órgãos mais afetados.

161

Queimaduras eletrotérmicas ocasionadas pelo calor desprendido pela

passagem de corrente elétrica. As queimaduras elétricas diferem de outros tipos de queimadura por serem profundas, causando destruição da pele e de tecidos profundos. Em geral são indolores devido à destruição das terminações nervosas e sua regeneração é muito lenta.

Queimaduras térmicas pelo desprendimento de calor durante a passagem da corrente.

Conjuntivite, irritação das conjuntivas oculares pela liberação da radiação ultravioleta durante o fluxo da corrente.

Quedas, batidas, fraturas, ferimentos, entre outros.

! IMPORTANTE Os choques elétricos são uma das principais causas de parada cardiorrespiratória nos locais de trabalho. Portanto, os primeiros socorros devem ser prestados nos primeiros 4 minutos após o acidente, para que exista uma chance de sobrevida e recuperação do acidentado.

A fibrilação ventricular do coração pode ocorrer de vários modos, mas, neste caso, a preocupação é a relacionada com o choque elétrico. Como a fibrilação ventricular é irreversível, naturalmente, faz-se necessário o emprego de técnicas práticas, de modo a fazer o coração retomar o seu ritmo normal. Muitas técnicas e medicamentos foram utilizados, mas o método que obteve sucesso foi o desfibrilador elétrico (cardioversor elétrico), que na verdade, é um capacitor a ser descarregado no acidentado, como vimos. Noções sobre lesões Queimaduras São lesões causadas quando a pele entra em contato com temperaturas extremas e substâncias químicas corrosivas. O grau de lesão varia de acordo com a intensidade e a extensão de pele atingida: quanto maior a área, mais grave é o caso. De acordo com a profundidade da lesão dos tecidos, as queimaduras são classificadas em:

162

1º grau – atinge sómente a epiderme. Dor e vermelhidão local. 2º grau – é caracterizado por vermelhidão e formação de bolhas (com

líquido cítrico). Existem três tipos de bolhas: vesículas, bolhas e flictenas, que diferenciam de tamanhos – pequenas médias e grandes. Dolorosas.

3º grau – atinge camadas profundas da pele, ocasionando a destruição das terminações nervosas e sensitivas do tecido.

O socorrista pode avaliar a relação gravidade-extensão utilizando a regra dos nove, bastante útil e de fácil memorização, cujos valores são definidos em porcentagem (%) da superfície corporal de acordo com a seguinte especificação: Cabeça – 9%; Pescoço – 1%; Membro superior – 9% cada; Dorso – 18%; Tórax – 18%; Membro inferior – 18% cada; Genitália – 1%.

! IMPORTANTE Assim, a extensão e a gravidade de uma queimadura determinam o procedimento que o socorrista deve adotar. Observe a seguir a classificação das queimaduras segundo a sua extensão e gravidade e os procedimentos de primeiros socorros a serem adotados. Gravidade quanto à extensão: Pequena queimadura – menos de 10% da área corpórea; Grande queimadura – mais de 10% da área corpórea.

1º grau 2º grau 3º grau

163

O risco de morte ou risco de continuar com vida está mais relacionado com a extensão do que com a profundidade da lesão. São consideradas graves as seguintes queimaduras: Elétrica; Com períneo; Com mais de 10% ds área corpórea; Com lesão das vias aéreas.

Conduta Prevenir o estado de choque; Evitar infecções na área queimada; Controlar a dor.

As conseqüências dos acidentes com queimaduras de 1º e 2º graus de grande extensão ou de 3º grau são: Estado de choque – a necrose de uma vasta área de tecido impede a

circulação sanguínea. Insuficiência renal – as células destruídas pela queimadura entram na

corrente sanguínea e impedem a formação da urina. Septicemia – a área queimada é atingida por microorganismos e tem

início um violento processo infeccioso, choque séptico.

Septicemia – processo infeccioso generalizado em que microorganismos patogênicos penetram na corrente sanguínea e nela se multiplicam, choque séptico. SOCORRENDO Em queimaduras de pequena extensão, deve-se: Lavar o local com água (tépida, temperatura de 35,5ºC A 36ºC) por 2 a

5 minutos;

Não aplicar iodo, mercúrio ou pomada no local do ferimento, para não encobrir a lesão.

164

Em queimaduras térmicas, deve-se: Apagar o fogo da vítima com água (tépida temperatura de 35, 5ºC A

36ºC);

Verificar vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência (especial atenção para as VAS em queimados de face);

Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas aderidas ao

local, recortar em volta;

Retirar pulseiras, anéis, relógios, etc.;

Estabelecer extensão e profundidade das queimaduras;

Quando de 1º grau, banhar o local com água (tépida temperatura de 35,5ºC a 36ºC). Não passar nada no local, não furar as bolhas.

Cobrir regiões queimadas com manta aluminizada ou papel alumínio;

Quando em olhos, cobrir com gaze embebida em soro.

Em queimaduras químicas, deve-se: Em primeiro lugar deve-se saber qual é o produto químico que causou a queimadura. Verificar as VAS (vias aéreas superiores), respiração, circulação e nível

de consciência e evitar choque; Retirar as roupas da vítima; Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção; Identificar o sangue químico: ácido – lavar por 5 minutos; álcali – lavar

por 15 minutos; na dúvida, lavar por 15 minutos. Se álcali seco, não lavar: retirar manualmente (exemplo: solda cáustica)

em peles íntegras. Quando se tratar de mucosas, retirar o excesso e lavar abundantemente, sem esfregaço.

Em queimaduras de grande extensão, deve-se: Prevenir o estado de choque – o estado de choque é uma das

conseqüências comuns nos casos de grandes queimaduras, quando então o socorrista deve acomodar a vítima.

Controlar a dor – de acordo com a água atingida, a dor associada a queimaduras de 2º e 3º graus é insuportável.

Evitar a contaminação – se houver formação de bolhas, o socorrista não deve irritá-las nem furá-las, pois elas podem romper e deixar uma ferida (úlcera) aberta, sujeita à entrada de microorganismos patogênicos que podem ocasionar infecção.

165

E mais: Lavar a área queimada com água corrente em temperatura ambiente

(tépida temperatura de 35,5ºC A 36ºC); Se as roupas da vítima tiverem aderido à queimadura, não as remova; Não aplicar iodo, mercúrio ou pomada no local do ferimento; Não lhe dar água; Mantê-la aquecida; Manter os sinais vitais, e no caso de parada cardiorrespiratória, aplicar o

método de reanimação mais adequado; Encaminhá-la ao hospital.

CONCLUSÃO Nos acidentes provocados por choque elétrico há, em geral, duas (úlceras) feridas cutâneas: uma na entrada e outra na saída da corrente. Embora elas costumem parecer pequenas, uma quantidade considerável de tecido abaixo delas é destruída. Nestes casos, os procedimentos a serem adotados são os mesmos para outros tipos de queimadura. Quando o choque ocasiona a paralisação da respiração, em virtude da contração dos músculos respiratórios, o socorrista deve efetuar as manobras de respiração já estudadas sobre reanimação cardiorrespiratória. ! IMPORTANTE O socorrista deve adotar todos os procedimentos ao seu alcance, mas os seus cuidados não substituem os do profissional da saúde (enfermeiro ou médico). Uma vez que a gravidade das lesões pode exigir recursos adequados para lidar com os danos na pele e problemas de insuficiência circulatória e renal e de infecção, ele deve acionar de imediato os recursos hospitalares. Úlceras (feridas) São lesões que acometem a epiderme (camada mais externa) e /ou derme (camada mais profunda da pele), facilitando as infecções. A pele atua como barreira mecânica entre o corpo e o mundo externo, impedindo a entrada de microorganismos no corpo e fazendo a termorregulação e a manutenção dos fluidos no organismo. Na presença de ferimentos, a conduta inicial, sempre que possível, deve se lavar o local com água corrente. Quando se tratar de lesões com grandes áreas atingidas e com sangramentos intensos, deve-se neste caso comprimir o, local com pano limpo e fazer a compressão nas grandes veias e artérias (dígito/pressão) a fim de diminuir o fluxo local (sempre acima da lesão).

166

Nos casos de amputação total e/ou esmagamento, deve-se proceder como indicado acima e realizar garrote amento acima da lesão. A parte amputada deve ser recolhida e colocada em um saco plástico limpo. Este saco plástico deve ser colocado dentro de um recipiente com água, sendo este recipiente com água colocado dentro de outro com gelo e levado com a vítima para o hospital a fim de tentar o reimplante. A parte amputada deve estar resfriada e não congelada nem encharcada, o que irá facilitar o trabalho do médico-cirurgião. Nas lesões onde existir um material preso à pele, este não deverá ser retirado, devendo ser protegido durante o transporte a fim de não haver deslocamento ou saída deste. Lesão traumato-ortopédica Nesta seção, vamos identificar os diversos tipos de lesão traumato-ortopédica que afetam o aparelho locomotor e comprometem as articulações, ossos e músculos, assim como os procedimentos de primeiros socorros a serem adotados para aliviar o sofrimento da vítima. Entorse Na entorse há distensão dos ligamentos articulares, ocasionando a separação momentânea das superfícies ósseas da articulação e provocando edema e dor local, que se acentua com a movimentação. Luxação Na luxação há distensão ou rompimento dos ligamentos articulares, ocasionando separação das superfícies ósseas da articulação. SOCORRENDO Neste caso, o socorrista deve adotar os seguintes procedimentos: Evitar movimentar a articulação afetada. Aplicar bolsa de gel sobre o local a fim de reduzir o edema e a dor.

Fraturas e lesões de articulação É o rompimento total ou parcial de um osso ou cartilagem. As fraturas podem ser fechadas, quando a pele não e rompida pelo osso fraturado, e expostas ou abertas, quando o osso atravessa a pele e fica exposto. Todas as supostas fraturas e lesões de articulação devem ser imobilizadas.

167

Nas indústrias, a fratura pode ocorrer em razão de quedas e movimentos bruscos do empregado, batidas contra objetos, ferramentas, maquinário, assim como quedas destes sobre o empregado. Suspeita-se de uma fratura ou lesão articular quando houverem sido constatados pelo menos dois itens abaixo mencionados: Dor intensa no local, que aumenta ao menor movimento ou toque na

região; Edema local (inchaço); Crepitação ao movimento (som parecido com o amassar de papel); Hematoma (rompimento de vaso com acúmulo de sangue no local) ou

equimose (mancha de coloração zaulada na pele), que aparece horas após a fratura;

Paralisia (lesão dos nervos).

Nunca se deve tentar colocar o osso no lugar. Isso deverá ser feito em local e por profissional qualificado. O que fazer: Estancar eventual hemorragia em casos de fraturas expostas ou

abertas; Imobilizar as articulações mais próximas do local com suspeita de

fratura, a fim de impedir a movimentação, utilizando jornais, revistas, tábuas, papelão, etc.; convém acolchoar com algodão, lã ou trapos os pontos onde os ossos ficarão em contato com a tala, fixando-os acima e abaixo da lesão;

Não deslocar ou arrastar a vítima antes de imobilizar os segmentos fraturados;

Encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e tratamento precisos.

168

Em caso de lesão articular (entorses e contusões):

169

Colocar a vítima deitada ou sentada em posição confortável; Nas primeiras 24 horas, aplicar frio intenso no local com bolsa de gelo

ou compressas frias úmidas; posteriormente, aplicar calor local; Imobilizar a região afetada com faixas ou panos para impedir os

movimentos, diminuindo assim a dor; Após decorridas as primeiras 24 horas, pode-se aplicar calor no local e

imobilizá-lo, mantendo a região aquecida; Encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e tratamento

precisos.

Não massagear ou friccionar o local afetado.

Técnicas para remoção e transporte de acidentados O transporte da vítima de acidente merece um tem especial. Nesse momento, as lesões já existentes podem ser agravadas, por isso o socorrista sómente deve fazer o transporte se for absolutamente necessário; caso contrário, deve aguardar atendimento do profissional de saúde. Procedimentos adequados para transportar vítimas que merecem cuidados especiais.

170

Controlar as hemorragias, para evitar sangramento abundante e exposição ao risco de a vítima entrar em choque.

Se houver suspeita de fratura, principalmente no caso de atropelamento,

imobilizar o local fraturado, sem, no entanto tentar colocar o osso no lugar, mexer demasiado no local da fratura.

Se houver parada cardiorrespiratória, iniciar imediatamente a respiração artificial e a compressão cardíaca.

Devem ser transportados os que estiverem: Inconscientes; Em estado de choque; Gravemente queimados; Com hemorragia; Envenenados; Com fratura nos membros inferiores, pelve e coluna vertebral.

! IMPORTANTE Acidentados com fratura no pescoço e suspeita de lesão da medula não devem ser removidos antes do atendimento ser feito por profissional de saúde. Um erro de movimento pode ocasionar numerosas lesões. Picadas e mordidas de animais São riscos adicionais causados por acidentes com cobras e serpentes, escorpiões, aranhas, vespas, abelhas e algumas formas marinhas de vida animal que se constituem em um tipo de envenenamento, cujo veículo de introdução, no corpo humano, se faz através de presas, ferrões. Existem diferenças importantes que devem ser consideradas entre animais venenosos e animais peçonhentos. Animais venenosos produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculadores – dentes ou ferrões, provocando envenenamento passivo por contrato – taturana, por compressão – sapo, ou por ingestão – peixe baiacu. Um socorrista não precisa ser capaz de classificar insetos, aranhas, escorpiões e ofídios em gênero e espécie. Tal atividade é reservada aos estudiosos desta área, mas existe conhecimento indispensável sobre animais peçonhentos para que se possa utilizar uma técnica adequada a cada situação. Envenenamento por ofídios No Brasil. Há cerca de 260 espécies catalogadas de serpentes, das quais cerca de 40 são peçonhentas. Os principais grupos de serpentes peçonhentas existentes no nosso país são as espécies jararaca, surucucu, cascavel e coral.

171

O termo jararaca, por exemplo, refere-se a mais de 20 espécies de serpentes com características semelhantes, como a forma da cabeça e do corpo. O veneno de cada grupo de serpentes peçonhentas tem uma composição diferente, provocando sintomas distintos. A peçonha do grupo jararaca, por exemplo, encontrado em todo o país, tem efeito local: causa inchaço e hemorragia; além disso, destrói os músculos da região onde é injetada. A ação do veneno das serpentes do grupo surucucu, que vivem na Mata Atlântica e Amazônia, produz sintomas semelhantes aos geradores pela peçonha do grupo jararaca. Já a toxina do grupo cascavel provoca visão dupla, paralisa os músculos, impedindo os movimentos. Serpentes desse grupo podem ser encontradas em todo o país, exceto na Mata Atlântica e na Amazônia. O veneno do grupo dos corais, por sua vez, mata por para respiratória ao bloquear os movimentos de um músculo chamado diafragma, que é responsável pela respiração. O diafragma se contrai e relaxa. Graças a esse movimento, ocorre à entrada de ar nos pulmões, chamada inspiração, e a saída de ar, a expiração. Se o diafragma não se movimenta, não há respiração. A toxidade do veneno varia em função do tamanho e estado de nutrição do animal agressor, da quantidade de veneno inoculado, do peso e estado de saúde da vítima. A cada ano, cerca de 20 mil pessoas são picadas por cobra no Brasil. Acidentes com serpentes do grupo jararaca são os mais freqüentes e acontecem geralmente no campo. O socorro precisa ser rápido. O médico determina qual grupo de cobra picou a pessoa por meio dos sintomas que esta apresenta. Afinal, cada grupo de serpentes peçonhentas apresenta um veneno específico, que provoca sintomas diferentes. De maneira prática, podemos classificar as serpentes peçonhentas no Brasil em quatro grandes gêneros, conforme tabela abaixo: GÊNERO REGIÃO DO PAÍS ONDE SÃO ENCONTRADAS

Micrurus - Corais Centro, Sul e Nordeste

Crotalus - Cascavéis Centro e SUL

Lachesis – Surucucu ou Surucutinga Sul, Região Amazônica e Zona da Mata Nordestina

Bothrops – Jararacas, Urutu-Cruzeiro, Jararacuçu

Todas as regiões

Serpentes peçonhentas e não peçonhentas Existem alguns critérios básicos para distinguir serpentes peçonhentas de não peçonhentas a uma distância segura. O primeiro deles é a presença de um orifício entre o olho e a narina da serpente, denominado fosseta L’oréal. Toda serpente brasileira que possui esse orifício é peçonhenta. Ele é utilizado para perceber a presença de calor, o que permite à serpente caçar no escuro presas

172

que tenham corpo quente (homeotérmicas), tais como mamíferos e aves. A única exceção para essa regra é a cobra-coral (cujo nome científico é Micruus). Porém, as coisas possuem um padrão característico de anéis pretos, vermelhos e brancos ou amarelos, que não permitem nenhuma confusão. Na Amazônia existem corais pretos e brancos ou marrons. Desse modo, deve-se considerar toda serpente com essa coloração como perigosa, apesar da existência de serpentes que imitam as corais verdadeiras, denominadas corais falsas. Os corais verdadeiros não dão bote e normalmente se abrigam debaixo de troncos de árvores, folhas ou outros locais úmidos em todas as regiões do país. Outra característica importante na distinção das serpentes peeçonehntas é o tipo de cauda. Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam um chocalho na ponta da cauda, que emite um som característico de alerta quando são perturbadas. Essas são as cascavéis (cujo nome cientifico é Crotalus), facilmente encontradas em áreas abertas e secas, mesmo em áreas agriculturáveis de grande parte do Brasil, excluindo-se áreas de vegetação mais densa. As serpentes com fosseta loreal cuja cauda é lisa até a extremidade pertencem à família das jararacas (cujo nome científico é Bothrops). São encontradas, em sua grande maioria, em áreas mais limitadas, como as áreas de mata, apesar de alguns tipos habitarem também zonas de caatinga e cerrado. Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam a extremidade da cauda com as escamas eriçadas como uma escova. Essas são as chamadas surucucus ou pico-de-jaca (cujo nome científico é Lachesis). O nome pico-de-jaca foi dado em virtude do aspecto da pele desse animal se parecer muito com a fruta. Elas são encontradas apenas em áreas de floresta tropical densa, tais como na Amazônia ou alguns pontos da Mata Atlântica.

173

174

Procedimentos de trabalho Todos os serviços em instalações elétricas devem ser planejados, programados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos e adequados. Os trabalhos em instalações elétricas devem ser precedidos de ordem de serviço com especificação mínima do tipo de serviço, do local e dos procedimentos a serem adotados. Os procedimentos de trabalho devem conter instruções de segurança do trabalho, de forma a atender a NR. As instruções de segurança do trabalho necessárias à realização dos serviços em eletricidade devem conter, no mínimo, campo de aplicação, base técnica, competência e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais. A autorização para serviços em instalações elétricas deve ser emitida por profissional habilitado, com anuência formal da administração, devendo ser coordenada pela área de segurança do trabalho, quando houver, de acordo com a Norma Regulamentadora nº 4 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. Na liberação de serviços em instalação desenergizada para equipamentos, circuitos e intervenção, deve-se confirmar a desenergização do circuito/equipamento a ser executada a intervenção (manutenção), seguindo os procedimentos: Seccionamento – Confirmar se o circuito desligado é o alimentador do

circuito a ser executada a intervenção, mediante a verificação dos diagramas elétricos e folha de procedimentos e a identificação do mesmo em campo.

Impedimento de reenergização – Verificar as medidas de

impedimento de reenergização aplicadas, que sejam compatíveis ao circuito em intervenção, como: abertura de seccionadoras, retirada de fusíveis, afastamento de disjuntores de barras, relés de bloqueio, travamento por chaves, utilização de cadeados.

Constatação da ausência de tensão – É feita no próprio ambiente de

trabalho através de: instrumentos de medições dos painéis (fixo) ou instrumentos detectores de tensão (observar sempre a classe de tensão desses instrumentos), verificar se os EPIs e EPCs necessários para o serviço estão dentro das normas vigentes e se as pessoas envolvidas estão devidamente protegidas.

175

Instalação de aterramento temporário – Verificar a instalação do

aterramento temporário quanto à perfeita equipotencialização dos condutores do circuito ao referencial de terra, com a ligação dos mesmos a esse referencial com equipamentos apropriados.

Proteção dos elementos energizados existentes na zona

controlada – Verificar a existência de equipamentos energizados nas proximidades do circuito ou equipamento a sofrer intervenção, checando assim os procedimentos, materiais e EPIs necessários para a execução dos trabalhos, obedecendo à tarefa de zona de risco e zona controlada. A proteção poderá ser feita por meio de obstáculos ou barreiras, de acordo com a análise de risco.

Instalação da sinalização de impedimento de energização –

Confirmar se foi feita a instalação da sinalização em todos os equipamentos que podem vir a energizar o circuito ou equipamento em intervenção. Na falta de sinalização de todos os equipamentos, esta dever ser providenciada.

Quadro com procedimentos a serem seguidos para a execução do trabalho.

Exemplo

176

O que fazer? Como fazer? Por que fazer? Observações

Atividades preliminares

Elaborar roteiro de manobras de liberação.

Para liberar de forma segura os serviços.

Verificar os EPIs e EPCs necessários.

Inspecionar ferramental e instrumental necessários.

Identificar os procedimentos técnicos para cada tipo de serviço.

Para garantir a eficiência dos mesmos.

A supervisão irá definir os trabalhadores habilitados para execução da tarefa.

Para que os serviços sejam executados de forma padronizada.

Debater com a equipe as peculiaridades e todos os aspectos de segurança relativos ao serviço.

Para manter todos informados sobre o serviço.

Analisar a documentação técnica, tais como: diagramas unifilar e funcional, interligações, entre outros.

Para melhor conhecimento do sistema elétrico.

Realizar uma análise de risco da tarefa, observando toda documentação técnica e as particularidades de cada sistema elétrico.

Para minimizar e manter sob controle o potencial de risco do serviço.

177

Liberação para serviços Tendo como base os procedimentos já vistos anteriormente, o circuito ou equipamento estará liberado para intervenção, sendo a liberação executada pelo técnico responsável pela execução dos trabalhos. Somente estarão liberados para a execução dos serviços os profissionais autorizados, devidamente orientados e com equipamentos de proteção e ferramental apropriado. O quadro exemplifica os procedimentos preliminares a serem seguidos para a liberação do trabalho.

178

O que fazer? Como fazer? Por que fazer? Observações

Obter permissão de trabalho (PT)

Analisar em conjunto com o operador os riscos de serviço; Verificar a análise de risco da tarefa; Certificar-se da abrangência da PT.

Para eliminar ou minimizar a possibilidade de acidente e/ou incidente.

Responsável pela PT deve ser autorizado.

Acompanhar ou executar as manobras de desenergização e liberação dos serviços em conformidade com o roteiro previamente elaborado.

Para ter conhecimento da real condição do sistema elétrico.

Seguir procedimentos e observar riscos.

Identificar com o operador os equipamentos e sistemas a ser trabalhado.

Sinalizar com fita de cor amarela a área onde estão equipamentos energizados vizinhos à área de serviço.

Para evitar enganos.

Verificar com detector a tensão a ausência ou não de potencial nos equipamentos e sistema liberados.

Para garantir a integridade dos profissionais.

Usar luvas e testar o detector em circuito sabidamente energizado.

Para evitar manobras indevidas.

Travar com cadeado os equipamentos de manobras pertencentes ao sistema em serviço.

Aterrar o sistema / equipamento liberado.

Para proteger os executantes contra manobras indevidas e/ou induções.

Atenção para as alimentações de retorno.

179

180

O travamento é o próximo serviço. Os procedimentos para sua realização: Seccionamento – onde chaves seccionadoras ou outros dispositivos de

isolamento são acionados para a desenergização dos circuitos; Impedimento de reenergização – onde os bloqueios mecânicos,

cadeados ou outros equipamentos garantem a impossibilidade de reenergização dos circuitos, o que fica facultado apenas ao responsável pelo bloqueio;

Constatação da ausência de tensão – onde os dispositivos de

detecção de tensão garantem a desenergização dos circuitos. Exemplo de instalação de aterramento temporário e equipotencialização (curto-circuito das três fases ligadas ao aterramento). Após o travamento deve-se sinalizar a área conforme os procedimentos apresentados:

181

O que fazer? Observações

Durante a execução dos serviços

Usar luvas de alta tensão e descarregar os equipamentos após os testes.

Usar o detector de tensão.

Manter em local visível e de fácil acesso os diagramas unifilar e funcional; Alterações na seqüência ou nas condições de segurança do serviço devem ser comunicadas ao supervisor e, se necessário, revisar a PT.

Para não executar serviços com dúvida.

Conservar a distância de segurança das partes energizadas.

Para garantir a barreira isolante do ar.

182

A sinalização de impedimento de energização deve ser feita com etiquetas ou placas contendo avisos de proibição de religamento, tais como: “Homens trabalhando no equipamento”, “Não ligue esta chave”, “Perigo de morte”, “Alta tensão”, entre outras. Para concluir os serviços devem ser inspecionados as áreas, o ferramental e os equipamentos, conforme:

Observação

183

184

O que fazer? Como fazer? Por que fazer? Observações

Conclusão dos serviços

Inspecionar os equipamentos e sistemas observando: condições de energização; cabos bem conectados; curtos-circuitos para testes retirados; sistemas de proteção ativos; caixas de conexões vedadas; buchas e isoladores limpos e sem avarias; sistemas de refrigeração desobstruídos; ausência de materiais / ferramentas no interior dos equipamentos

Para garantir a condição operacional dos mesmos.

Retirar todos os aterramentos provisórios (na seqüência inversa do aterramento); Retirar sinalização e fitas de isolamento da área; Retirar equipamentos e matérias da área.

Para evitar curtos – circuitos.

Acompanhar ou executar as manobras de normalização do sistema elétrico, conforme roteiro previamente elaborado; Dar baixa na PT.

Para manter a área limpa e em ordem.

185

Após a conclusão dos serviços e com a autorização para reenergização do sistema, deve-se: Retirar todas as ferramentas, utensílios e equipamentos; Retirar todos os trabalhadores não envolvidos no processo de

reneergização da zona controlada; Remover o aterramento temporário da equipotencialização e as

proteções adicionais; Remover a sinalização de impedimento de energização; Destravar, se houver, e realizar os dispositivos de seccionamentos.

Responsabilidades Gerência imediata Instruir e esclarecer seus funcionários sobre as normas de segurança do

trabalho e sobre as precauções relativas às peculiaridades dos serviços executados em estações.

Fazer cumprir as normas de segurança do trabalho a que estão obrigados todos os empregados, sem exceção.

Designar somente pessoal devidamente habilitado para a execução de cada tarefa.

Manter-se a par das alterações introduzidas nas normas de segurança do trabalho, transmitindo-as a seus funcionários.

Estudar as causas dos acidentes e incidentes ocorridos e fazer cumprir as medidas que possam evitar sua repetição.

Proibir a entrada de menores aprendizes em estações ou em áreas de risco.

Supervisores e encarregados Instruir adequadamente os funcionários com relação às normas de

segurança do trabalho. Certificar-se da colocação dos equipamentos de sinalização adequados

antes do início de execução dos serviços. Orientar os integrantes de sua equipe quanto às características dos

serviços a serem executados e quanto às precauções a serem observadas no seu desenvolvimento.

Comunicar à gerência imediata irregularidades observadas no cumprimento das normas de segurança do trabalho, inclusive quando ocorrerem fora de sua área de serviço.

Advertir pronta e adequadamente os funcionários sob sua responsabilidade, quando deixarem de cumprir as normas de segurança do trabalho.

Zelar pela conservação das ferramentas e dos equipamentos de segurança, assim como pela sua correta utilização.

Proibir que os integrantes de sua equipe utilizem ferramentas e equipamentos inadequados ou defeituosos.

186

Usar e exigir o uso de roupa adequada ao serviço. Manter-se a par das inovações introduzidas nas normas de segurança

do trabalho, transmitindo-as aos integrantes de sua equipe. Providenciar prontamente os primeiros socorros para os funcionários

acidentados e comunicar o acidente à gerência imediata, logo após sua ocorrência.

Estudar as causas dos acidentes e incidentes ocorridos e fazer cumprir as medidas que possam evitar sua repetição.

Conservar o locar de trabalho organizado e limpo. Cooperar com as CIPAs na sugestão de medidas de segurança do

trabalho. Atribuir serviços somente a funcionários que estejam física e

emocionalmente capacitados a executá-los e distribuir as tarefas de acordo com a capacidade técnica de cada um.

Quando houver a interrupção dos serviços em execução, antes de seu reinício devem ser tomadas precauções para verificação de segurança geral, como foi feita antes do início do trabalho.

Empregados Observar as normas e preceitos relativos à segurança do trabalho e ao

uso correto dos equipamentos de segurança. Utilizar os equipamentos de proteção individual e coletiva. Alertar os companheiros de trabalho quando estes executarem os

serviços de maneira incorreta ou atos que possam gerar acidentes. Comunicar imediatamente ao seu superior e aos companheiros de

trabalho qualquer acidente, por mais insignificante que seja ocorrido consigo, com colegas ou terceiros, para que sejam tomadas as providências cabíveis.

Avisar seu superior imediato quando, por motivo de saúde, não estiver em condições de executar o serviço para o qual tenha sido designado.

Observar a proibição da ocorrência de procedimentos que possam gerar riscos de segurança.

Não ingerir bebidas alcoólicas ou usar drogas antes do início, nos intervalos ou durante a jornada de trabalho.

Evitar brincadeiras em serviço. Não portar arma, excluindo-se os casos de empregados autorizados

pela Administração da empresa, em razão das funções que desempenham.

Não utilizar objetos metálicos de uso pessoal, tais como: anéis, correntes, relógios, bota com biqueira de aço, isqueiros a gás, a fim de se evitar o agravamento das lesões em caso de acidentes elétricos.

Não usar aparelhos sonoros.

187

Visitantes O empregado encarregado de conduzir visitantes pelas instalações da empresa deverá: Dar-lhes conhecimento das normas de segurança. Fazer com que se mantenham juntos. Alertar-lhes para que mantenham a distância adequada dos

equipamentos não os tocando. Fornecer-lhes EPIs aplicáveis (capacetes, protetores auriculares, entre

outros). Documentação de instalações elétricas Todas as empresas estão obrigadas a manter diagramas unifilares das instalações elétricas com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Devem ser mantidos atualizados os diagramas unifilares das instalações elétricas com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Os estabelecimentos com potência instalada igual ou superior a 75 kW devem constituir Prontuário de Instalações Elétricas, de forma a organizar o memorial contendo, no mínimo: Os diagramas unifilares, os sistemas de aterramento e as especificações

dos dispositivos de proteção das instalações elétricas; O relatório de auditoria de conformidade à NR – 10, com

recomendações e cronogramas de adequação, visando ao controle de riscos elétricos;

O conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas à NR – 10 e descrição das medidas de controle existentes;

A documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

Os equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental aplicável, conforme determina a NR – 10;

A documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos profissionais e dos treinamentos realizados;

As certificações de materiais e equipamentos utilizados em áreas classificada.

188

As empresas que operam em instalações ou com equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência ou nas suas proximidades devem acrescentar ao prontuário os documentos relacionados anteriormente e os a seguir: Descrição dos procedimentos de ordem geral para contingências não

previstas; Certificados dos equipamentos de proteção coletiva e individual.

O prontuário de instalações elétricas deve ser organizado e mantido pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela empresa e permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade. O prontuário de instalações elétricas deve ser revisado e atualizado sempre que ocorrerem alterações nos sistemas elétricos. Os documentos previstos no prontuário de instalações elétricas devem ser elaborados por profissionais legalmente habilitados. No interior das subestações deverá estar disponível, em local acessível, um esquema geral da instalação. Toda a documentação deve ser em língua portuguesa, sendo permitido o uso de língua estrangeira adicional.

189

Esta apostila foi elaborada de acordo com as referências bibliográficas abaixo mencionadas, sendo proibida a sua reprodução e impressão. Diretos autorais: Antonio José Fraga Geraldes:

Engenheiro Eletricista / Segurança do Trabalho.

Rosangela Serafim de Almeida: Engenheira Eletricista / Segurança do Trabalho.

Referências Bibliográficas .

Curso básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade – SENAI

Segurança em instalações e serviços em eletricidade - CPNSP

Risco de choque elétrico por falta de aterramento - Pós Graduação - UNIP

www.fundacentro.gov.br

www.seton.com.br

www.balaska.com.br

www.aphox.com.br

www.scribd.com

www.segurançaetrabalho.com.br

www.reborn.com.br

www.nei.com.br

www.abnt.org.br