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SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE CURITIBAPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
WALTER RODRIGUES
EXPROPRIAÇÃO DO FEMININO NO ENSINO DE HISTÓRIA
CURITIBA
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2009
SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO CURITIBAPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
WALTER RODRIGUES
Artigo Científico- PDE 2008
EXPROPRIAÇÃO DO FEMININO NO ENSINO DE HISTÓRIA
Artigo desenvolvido na área de História,
convênio SEED e UFPR, referente ao
Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE, com orientação do Professor Dr.
Geraldo Balduíno Horn
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CURITIBA 2009
SECRETÁRIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁNÚCLEO REGIONAL CURITIBA
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACONAL – PDEARTIGO CIENTÍFICO- PDE
1. IDENTIFICAÇÃO 1.1 PROFESSOR PDE:WALTER RODRIGUES
1.2 ÁREA PDE:HISTÓRIA
1.3 PROFESSOR ORIENTADOR IES:Dr. GERALDO BALDUÍNO HORN
1.4 IES: UFPR
1.5 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO : COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JOÃO LOYOLA
1.6 PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO:ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JOÃO LOYOLA – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO-CURITIBA-PR
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SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................
ABSTRACT....................................................................................................................
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................06
2. EXPROPRIAÇÃO DO FEMININO NO ENSINO DE HISTÓRIA............................07
2.1 O GÊNERO FEMININO.......................................................................................08
2.2 A EXPROPRIAÇÃO.............................................................................................09
3. O FEMININO NO ENSINO DE HISTÓRIA.................................................................
3.1 Caminhos da Pesquisa........................................................................................15
3.2 PERTINENTE A COLETA DE DADOS................................................................17
3.3 PERSPECTIVA DA MULHER..............................................................................19
4.CONCLUSÃO .........................................................................................................21
REFERÊNCIAS .........................................................................................................23
ANEXOS....................................................................................................................24
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RESUMOO ensino de História metódico e linear valoriza a história política factual,
personificada em heróis e exclui a participação de outros sujeitos. Descreve causas e consequências, mas não problematiza a construção do processo histórico, uma vez que a História é tida como verdade transmitida pelo professor e memorizada pelo aluno. Em contrapartida, segundo as Diretrizes Curriculares para o Ensino de História da Secretaria do Estado da Educação – (2008), a consciência histórica crítica é pautada nos estudos das experiências do passado, nessa perspectiva, possibilita a formação de pontos de vista históricos por negação aos tipos tradicional e exemplar de consciência. O ensino de História, ao se apropriar de conceitos das correntes historiográficas da Nova Esquerda Inglesa, rompe com os modelos que norteiam suas produções na linearidade temporal e na redução das interpretações vinculadas a causas e consequências, amplia possibilidades de explicação e compreensão do processo histórico. E ainda, por meio dos conteúdos estruturantes, deve-se discorrer acerca de problemas contemporâneos que representam demandas sociais concretas. Dentro destas perspectivas, este trabalho pretende observar se os alunos da 7º série, do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Professor João Loyola, Curitiba-Pr receberam a oportunidade de construírem uma identidade histórica como resultado da relação com os múltiplos sujeitos e suas respectivas visões do mundo e temporalidade em diversos contextos espaço-temporais por meio da narrativa histórica. Utilizando o gênero feminino como elemento de contextualização e instigador, pretende-se com isso, revelar que a vida em sociedade se faz de relações humanas, e para que relações de diferentes grupos não se transformem em relações desiguais e conflitantes é essencial que os homens aprendam a respeitar a ocupação dos espaços também por parte das mulheres, para que no futuro os espaços sociais, políticos, profissionais, entre outros sejam compartilhados de maneira mais justa e igualitária, não só pelas mulheres, mas por todos os segmentos discriminados, sejam de classe, etnia, geração ou gênero. Também se analisou os conteúdos de alguns dos livros didáticos disponíveis ao Ensino Fundamental, para se verificar a necessidade destes serem suplementados com informações sobre as mulheres, para que se possa fazer a superação de pré-conceitos e se revele aos alunos que a história das mulheres e também o estudo das ambiguidades e das diferenças.
Palavras-chave: Ensino. Correntes. Processo. Múltiplos. Mulheres. Ambiguidades. Diferenças.
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1 INTRODUÇÃOA finalidade do ensino de História é a formação do pensamento histórico dos
alunos por meio da consciência histórica. Pode-se afirmar, a partir disto, que os conteúdos estruturantes são imprescindíveis para o ensino de História, pois são entendidos como fundamentais na organização curricular e são a materialização desse pensamento histórico. Esses conteúdos estruturantes são carregados de significados, os quais delimitam e selecionam os conteúdos específicos e os temas históricos (...) Os conteúdos estruturantes nas Diretrizes Curriculares para o Ensino de História nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio da Secretaria Estadual da Educação e elaborado pela Superintendência da Educação do Estado do Paraná, são: Relações de trabalho; Relações de poder; Relações culturais.(...) Estes conteúdos estruturantes apontam para o estudo das ações e relações humanas que constituem o processo histórico, o qual é dinâmico. Nestas Diretrizes, as relações culturais, de trabalho e de poder são privilegiadas como recortes deste processo histórico(...) Por meio destes conteúdos estruturantes, o professor deve discorrer acerca de problemas contemporâneos que representam demanda sociais concretas(...)Assim como as ações e relações humanas se transformam ao longo do tempo, a abordagem teórica-metodológica dos conteúdos de ensino e é re-elaborada de acordo com o contexto histórico em que vivem os sujeitos. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2000, p. 29)
O objetivo deste trabalho é observar como a abordagem teórica-metodológica
dos conteúdos do ensino de História, na prática, para as turmas de 7º série, do
Colégio Estadual Professor João Loyola, estão de acordo com as Diretrizes
Curriculares, do Estado do Paraná, com relação a história das mulheres e se tornou
num instrumento que colabora com o despertar da consciência histórica crítica nos
alunos, pautada nos estudos e experiências do passado, fazendo a negação da
História metodológica e linear que incluí em si mesma a exclusão da mulher ou está
reproduzindo o modelo discriminatório da sociedade androcêntrica, enaltecendo o
homem como centro das discussões, contribuindo para que as mulheres continuem
sendo remetidas a um papel secundário na história da humanidade, incutindo nas
alunas um sentimento de desvalorização e baixa estima.
Para cumprir com o objetivo procurou-se conceituar o gênero feminino,
encontrar o momento de sua expropriação e por fim como o gênero é apropriado no
ensino de história. Através de instrumento avaliativo, com alunos de 7º série do
Colégio Estadual Professor João Loyola, investigou-se se eles receberam, durante
sua formação escolar, informações e narrações sobre o universo feminino. Finaliza-
se o trabalho com sugestões aos professores de História de como poderiam
contribuir e reverter a situação problemática.
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2 EXPROPRIAÇÃO DO FEMININO NO ENSINO DE HISTÓRIAApesar das diferenças quanto à abordagem , representação e lugar deste
gênero, no ensino de história, uma história das mulheres tem ocupado algum
destaque nas práticas escolares, nos artigos científicos, livros e meios de
comunicação que informam sobre o universo feminino.
Porém, a atuação das mulheres na história exige uma abordagem complexa para
que não se transforme em uma narrativa linear da história das mulheres, mas numa
análise que leve em conta a posição variável das mulheres na história, as ações
femininas e o ensino de história.
Resgatar a condição feminina e a atuação das mulheres é trazer à luz as
questões do domínio e da objetividade sobre as quais as normas disciplinares já
foram edificadas. A necessidade de que a história seja suplementada com
informações sobre as mulheres sugere que não apenas a história tradicional é
incompleta, mas que o domínio que os historiadores tinham do passado era parcial.
Historiadores tradicionais invocavam uma oposição entre história e ideologia. Neste
sentido, a história tradicional não conseguia fazer a superação de preconceitos, e
nem revelar que a história das mulheres é também o estudo da ambiguidade e das
diferenças.
A questão das diferenças dentro da diferença presume uma correlação direta
entre as categorias sociais estabelecidas como classe, raça, gênero. Ampliar o foco
da história das mulheres, nas questões sobre como o gênero é percebido, que
processos são estes que estabeleceram as instituições geradas e como as
diferenças que a raça, classe, sexualidade se manifestam nas experiências
históricas é o desafio à história. Explicitar a necessidade de uma remodelação dos
termos, padrões e suposições daquilo que passou para a história objetiva,
supostamente neutra e universal, do passado, é revelar que essa visão da história
incluía em sua própria definição a exclusão das mulheres.
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2.1 O GENÊRO FEMININO
Em muitos países da Europa, principalmente na Inglaterra, o século XIX
caracterizou-se pela difusão do modo de vida burguês, o qual pregava a moralização
dos costumes, a mentalidade puritana. As mulheres passaram a ser educadas
dentro de princípios morais rígidos, repressivos e com nível de instrução limitado. Havia colégios separados para os diferentes sexos e, naqueles destinados às
meninas, a educação era voltada para o preparo para o lar e o casamento. No
entanto, algumas mulheres de diferentes classes sociais organizavam-se e
buscavam lutar por seus direitos, como foi o caso do movimento das Sufragistas,
que surgiu na Inglaterra, na segunda metade do século XIX e lutou pelo direito do
voto feminino.
O século XX foi o período histórico em que as questões relativas às
liberdades e direitos das mulheres passaram a ser objeto de discussão, e também
em que surgiram vários movimentos representativos das lutas das mulheres. Na
década de 1950 houve um grande debate em torno das ideias da escritora francesa
Simone de Beauvoir, após a publicação do seu livro “O Segundo Sexo” (1949).
Nesta obra, além de denunciar a maneira como a mulher era condenada á
inferioridade, a autora afirma que a feminilidade não é uma essência ou uma
natureza, mas uma situação criada, imposta por um modo de produção cultural
predominantemente masculino. A frase de Simone de Beauvoir que se tornou
célebre foi: “não se nasce mulher, torna-se”.
Essas novas ideias representavam o contexto marcado pela presença, cada vez
maior, da mulher no mundo do trabalho, que aumentara gradativamente desde o
período das guerras mundiais. Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem proibiu qualquer discriminação sexual.
A década de 1960 foi marcada pelos chamados movimentos feministas. Nos
Estados Unidos, a escritora Betty Friedan liderou um movimento pela igualdade dos
direitos entre homens e mulheres. Esses movimentos espalharam-se por vários
países.
Nos anos 1980 passou-se a questionar com mais ênfase a ideia de uma
“essência feminina”, chamando-se a atenção para as especificidades das mulheres
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de diferentes sociedades e culturas e, da mesma forma, para a diversidade de suas
reivindicações.
Nesse contexto, os estudos sobre a mulher passaram a utilizar o termo
“gênero”, que se distingue do conceito biológico de sexo e diz respeito à relação à
relação entre os sexos. Nessa forma de entendimento, os perfis de comportamento
feminino e masculino definem-se um em função do outro, uma vez que são
construídos social, cultural e historicamente, e as relações de gênero expressam
relações de poder.
A definição de gênero tem duas partes:(1) o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos e (2) o gênero é uma forma primária de dar significado às relações de poder (1995,p.86). (...) O termo gênero começou a ser usado como uma forma de enfatizar as construções sociais das diferenças entre mulheres e homens. O corpo sexuado biológico seria, assim, uma justificativa para as identidades subjetivas das mulheres e dos homens dentro de cada cultura ( SCOTT, 1995, p. 86).
2.2 A EXPROPRIAÇÃO
No Ensino Fundamental os conteúdos estruturantes – Relação de Trabalho, Relação de Poder e Relações Culturais, tomadas em conjunto, articulam os conteúdos específicos a partir de histórias locais e do Brasil e do Brasil e suas relações/ comparações com a História Geral e permitem acesso ao conhecimento de múltiplas ações humanas no tempo e no espaço. Por meio do processo pedagógico, busca-se construir uma consciência histórica que possibilite compreender a realidade contemporânea e as implicações do passado em sua constituição. (Diretrizes Curriculares, 2008, p. 34)
A incorporação da noção de gênero como como tema transversal, situou a
necessidade de avaliação dessa contribuição conceitual para o ensino de História. O
conceito de gênero traz necessidade de revisão teórica e metodológica para a
produção do conhecimento histórico. “Traz consigo o ideal de um processo de tomada de
consciência, tanto na dinâmica dos intercâmbios interdisciplinares como nas experiências
diversas vividas pelos historiadores na pesquisa histórica”.(ALTMANN, 2001 p. 585)
Neste contexto, a avaliação da história das mulheres pode revelar que as
relações de sexos são relações sociais e portanto políticas, embora a política derive
do social, distingui-se dele por sua função específica: “a de produzir o código comum
de regulamentação da vida coletiva. Isto torna complexa a tarefa de identificar o modo pelo
qual o político define e articula tudo aquilo que, historicamente, emana do público e do
privado”(PERROT, 2001 p. 23).
A dimensão política das relações entre o masculino/feminino está na noção
de público, portanto, numa reflexão sobre o civil, o econômico e o político, sem
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abstrair o privado. A noção de dominação masculina quando contém a ideia de
homens como provedores da família (atribuição pública), faz das atividades
femininas serem vistas como exclusivas familiares, eliminando seus significados
econômicos e políticos, portanto, públicas. As atividades femininas, entendidas
como próprias de vida privada (lar), exclui sua dimensão política e pública. Com o
contexto de gênero, as esferas masculina e feminina, admitidas como relacionais,
tornam visível a contribuição de homens e mulheres na relação familiar, evocando
suas associações públicas.
Revelar que como modelo estereotipado, toda elaboração da identidade
feminina partiu da elaboração da identidade feminina partiu da visão masculina e
não da percepção das próprias mulheres sobre si mesmas, é pouco esclarecedor da
dinâmica dos processos sociais de subordinação. A noção de que as relações de
sexo são relações sociais possibilitou uma distinção entre o social e o político ,
depurando o conceito de dominação. A dimensão política das relações entre
masculino / feminino está na noção de público, portanto, numa reflexão sobre civil , o
econômico e o próprio político, sem abstrair o privado.
Com o conceito de gênero, as esferas masculinas e femininas, admitidas
como relacionais, tornam visíveis a contribuição de homens e mulheres no
provimento familiar, evocando suas associações com a política. Há nisso um
conjunto de configurações do político, saídas de tensões
e conflitos, mas também, experiências do dia-a-dia de homens e mulheres. “Antes
desse tempo, os conhecimentos gerados pela economia, foram pensados pelos
historiadores como capazes de explicar a totalidade da vida social” (PERROT, 2001 p.24).
Partindo do conceito de que a importância da mulher não era uma novidade
da história contemporânea, uma vez que, na Pré-História, a figura feminina teria
grande peso nas sociedades. A mulher não dominava, mas as sociedades estariam
centradas nelas por causa de sua fertilidade e do mistério envolvido no processo de
fecundação. Homens e mulheres ignoravam o mecanismo da concepção e pela sua
falta de explicação, mulheres eram elevadas a categoria de divindades. Os
vestígios paleolíticos de estatuetas femininas, assim como pinturas e objetos
encontrados em cavernas desse período, revelam uma forma de religião em que o
feminino ocupava o lugar primordial.
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Porquê deixou de ser assim? Uma possível explicação estaria na mudança de
percepção sobre os mecanismos da reprodução. Quando homens abandonaram a
caça e passaram a domesticar animais e perceberam pela observação do
comportamento animal qual era o papel do macho na procriação.
Assim se institui a monogamia. Um meia pelo qual o homem podia ter certeza
de que o filho gerado era seu, uma vez que teria garantido que a mulher não teve
relações com outro parceiro. Com o passar dos tempos essa instituição se tornou
mais complexa e as mulheres passaram a serem vistas como propriedade do
homem. Tal conceito surge com o advento da propriedade privada, que cria a preocupação com a herança, as terras seriam passadas para os filhos desde que houvesse certeza de que eles teriam os mesmos gens do pai. A única forma de certeza era a monogamia e a posse da mulher para que os patriarcas ficassem seguros quanto a sua descendência. A própria invenção do Estado é uma expressão do poder patriarcal e do nascimento da propriedade privada ( FRIEDRICH, 1884 p.54).
Este seria o momento do início da expropriação da mulher, da sua
depreciação, desde os mitos até os discursos que evocaram a inferioridade da
mulher e que perduraram durante a maior parte da História da humanidade.
Houve, portanto, uma herança cultural que excluiu as mulheres. Mesmo que
em determinados momentos, dentro de casa, a mulher possuísse algum comando,
nas relações sócio-políticas, imperou o patriarcado.
A história do presente vai tencionar velhos paradigmas. Num dado momento,
historiadores se veem diante de um conjunto de experiências humanas que muda
noções cristalizadas sobre as relações de homens e mulheres. Diversas críticas
denunciariam o quanto a historiografia de diferentes épocas havia mantido tantos
sujeitos históricos, inclusive as mulheres silenciadas e invisíveis com a crítica de
noções que têm localizado os homens na esfera da cultura e no mundo público e as
mulheres na da natureza e no mundo privado. A construção historiográfica, assim,
daria sempre visibilidade aos homens e esconderia as mulheres. O conceito de
gênero produziu o re exame dos sistemas de poder e subordinação. Não incorporá-
lo adequadamente pode comprometer as orientações curriculares do ensino
Fundamental e Médio.
No uso do conceito de gênero, como instrumento de análise, há muitas
desconstruções a fazer no ensino de História. O primeiro exercício conceitual é o de
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traçar uma nova experiência igualitária dos gêneros masculinos e femininos nas
escolas. Isso significa iniciar a vivencia de relações democráticas e torná-las a
experiência principal na vida de cada ser humano nos ambientes que frequentam,
inclusive na esfera privada do lar. Outro, é o de desvendar as relações dominantes
nas diversas práticas sociais.
Os estudos das relações entre homens e mulheres trazem a baila cenas da
intimidade, da vida cotidiana, associando-as ou não a processos políticos. Em
qualquer caso, porém, convergem para a redefinição dos paradigmas sobre os quais
os sistemas de poder e subordinação fora edificados. todavia, a complementaridade
de trabalhos tidos como extensões da vida doméstica, ainda no mundo das
mulheres, e os muitos exercícios de poder daí advindos podem tornar inteligível a
dialética das relações escolares, por exemplo. Examinar a construção social dos
lugares masculinos, dando destaque às narrativas que apagam os momentos de
presença das mulheres, leva à reavaliação de diferentes acontecimentos em que as
mulheres participam da história, relendo como políticas, ações interpretadas até
então como um fato social. Mulheres índias, por exemplo, podem ser colocadas no
cenário político, quando, nas guerras, de fato, as fazem ao acompanharem os
homens, carregando apetrechos do dia-a-dia, organizando o preparo de alimentos
para os guerreiros, tecendo suas redes, em ações nunca percebidas como políticas.
Pode-se, pois, reformular conceitos sobre política em várias práticas femininas do
passado ou nas da época contemporânea.
Nomear, identificar, quantificar a presença de homens e mulheres nos
lugares, nas instâncias, nos papéis que lhes são próprios, parece uma etapa
necessária para pensar a política nas relações de gênero. Nada impede, porém, que
estudos do masculino e do feminino ocorram em separado: basta não perder a
perspectiva de que um é parte do outro. Assim, é adequado o exame da
sociabilidade masculina, nos lugares e modos próprios de associação de homens;
como o exame da sociabilidade feminina, segundo este mesmo critério, se feminino
e masculino são definidos um em relação ao outro. Todavia, lidar com experiências
masculinas e femininas em separado leva à noção de cultura masculina e feminina,
sempre problemática, quando os papéis e poderes se movimentam de um sexo para
outro. O importante é tomá-los, sempre, em sua mobilidade, pluralidade, conflitos e
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complementaridades, sem anular nessa abordagem, as marcas das hierarquias, da
violência e da desigualdade, tão visíveis.
Masculino e feminino nomeiam todas as coisas e as diferenças, e que isso
amplia muito a discussão das desigualdades sociais e da construção democrática. A
igualdade nas diferenças é o ideário a se consolidar na vida democrática; é nele que
as escolas devem apostar. A igualdade na diferença é uma possibilidade; a
diversidade não é incompatível com a igualdade. A incorporação do conceito de
gênero, no singular, e mais recentemente, de gêneros, no plural, assinala uma
tentativa definitiva de substituição daquelas noções de sexos de caráter biológico.
A discussão sobre a visibilidade das mulheres também está relacionado a
outros sujeitos excluídos da história, abrindo o debate sobre lacunas historiográficas
e diversas tendências historiográficas, o que permite a compreensão das novas
questões e temáticas no âmbito da história social e cultural. Relações de gênero é
matéria recolhida do cotidiano e da intimidade; se examinadas, levam à percepção
de lacunas historiográficas e à crítica das abordagens apoiadas, apenas nos
acontecimentos políticos e/ou administrativos, nas estruturas impessoais de poder
dos governos e dos Estados, nas referências a leis econômicas universais.
Experiências de vida cotidiana, lugar da tessitura dessas relações, tão
próximas de todos nós, oferecem férteis reflexões sobre: pluralidade dos sujeitos
atuantes no processo histórico e sobre códigos comportamentais que organizam a
vida social no dia a dia. Entende-se aí, a construção social dos sexos, no passado e
no presente, algo em mutação. Os jogos de poder, em recorrentes representações
de fragilidade feminina e da virilidade masculina, oferecem um amplo leque de
percepções da feminilização e da masculinização de esportes, de profissões, de
atividades políticas e sociais as mais variadas. Expõem complementaridades de
sexos e matrizes de subordinação aí fundadas, dando visibilidade às hierarquias da
vida familiar, a jogos de compensações, a consentimentos.
As compensações femininas revelam códigos de conduta, segundo os quais
as mulheres adquirem poderes, notadamente na esfera doméstica, onde reinam
como rainhas do lar. Explicitam regras comportamentais de homens, mulheres,
velhos e crianças, na proteção e na organização da vida íntima e cotidiana. Uma
dada experiência de lutas das mulheres por igualdade pode ser tomada como
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emblemática de meios capazes de produzirem mudanças ou não, de vencerem as
desigualdades ou não. Esta também é a forma de evidenciar continuidades e
rupturas nas relações entre as esferas pública e privada, de traduzir conquistas e
recuos no plano dos direitos sociais, no da cidadania, com todos os seus impactos
nas relações entre os sexos e nas representações sociais sobre eles.
A busca fontes documentais pouco convencionais pode apoiar o ensino da
história, em direção a muitas descobertas. Livros de receitas domésticas, de
alimentos e/ou remédios caseiros, quanto contém de práticas familiares de
subsistência, de associativismos informais peculiares à história política do feminino,
de processos societários impensáveis. Acessar fontes históricas as mais variadas,
usar documentos de muitos tipos, estimula a busca regular de leitura de documentos
históricos - objetos vários - evidenciam práticas sociais desapercebidas, forma de
reinventar o modo de pensar a história. O exame de fontes é um exercício de crítica
à escrita da História, é um modo de aprender a fazer sínteses teóricas, de buscar
novos conhecimentos, ou seja, de vivenciar operações intelectuais de análise,
quase nunca experimentadas pelas crianças e jovens nos jogos de perguntar e
responder, incluindo, agora, experiências próprias às relações de gênero. As
escolas têm preservado uma tradição a ser reinventada: a das datas comemorativas.
Reinventá-la, nessas referências, articulando-as aos demais temas transversais é
criar, mais e mais, oportunidades de expressar a atualidade do conhecimento
histórico e desvendar-lhe suas muitas possibilidades explicativas.
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3 O FEMININO NO ENSINO DE HISTÓRIA
3.1 CAMINHOS DA PESQUISA
Apesar das diferenças quanto a abordagem, representação e lugar deste
gênero, no ensino de História, uma história das mulheres tem ocupado algum
destaque nas práticas escolares, nos artigos científicos, livros e meios de
comunicação que informam sobre o universo feminino.
Porém a atuação das mulheres na História exige uma abordagem complexa
para que não se transforme em uma narrativa linear da história das mulheres, mas
numa análise que leve em conta a posição variável das mulheres na História, das
ações femininas e o ensino da história.
O distanciamento dos modelos universais e estereotipados impulsiona novas
exigências quanto ao ensino de História e sua incorporação adequada nas
orientações curriculares do ensino Fundamental.
Entendendo que a finalidade do ensino de História é a formação de um
pensamento histórico a partir da produção do conhecimento, que este conhecimento
é provisório, mas não relativo teórico, pois existem várias explicações e
interpretações para um mesmo fato, nos colocou a frente da necessidade de
estabelecer articulações entre as várias abordagens teóricas, reguardando em
nossa narrativa a existência de uma história das mulheres, uma história de sua
opressão e um história de sua de sua reação política social.
Torna-se pertinente verificar se as metodologias utilizadas no ensino de
História têm proporcionado aos alunos do Ensino Fundamental, uma narrativa da
história das mulheres que os oriente no tempo e relacione às múltiplas relações do
passado e presente. Se as metodologias utilizadas lhes possibilitaram interpretas a
história das mulheres, construir suas próprias narrativas históricas, lhes revelou a
situação das mulheres contemporâneas, lhes foi oferecido acesso a textos e
documentos, e principalmente, qual o conceito que os alunos tem sobre a história
múltipla das mulheres nos seus diversos recortes temporais.
O Local escolhido para tal verificação foi o Colégio Estadual Professor João
Loyola, Ensino Fundamental e Médio, fundado no ano de 1964 e localizado na Rua
Mário Gomes Cezar, 580 bairro Pinheirinho, cep. 81150-000, fone: (41) 3298-1117.
Atual Diretor em exercício Professor Sílvio Marcos dos Santos, responsável pela
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área Pedagógica, Professor Elias Antônio Bueno. A Instituição conta com 65
Educadores, 40 Funcionários de diversas funções e 1.501 alunos divididos nos
turnos, manhã, tarde e noite. Com cerca de 40 turmas, sendo sete de 7º séries, das
quais foi escolhida para responder o instrumento avaliativo a Turma “E” por ser esta
a que possuía maior número de alunas.
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3.2 PERTINENTE A COLETA DE DADOS
Na avaliação preliminar das respostas dos alunos quanto ao gênero feminino,
narrativa histórica, textos sobre o tema, informações contidas no livro didático, não
encontramos nenhuma referência positiva.
Em razão da falta de referência dos educandos sobre os tema, pareceu
necessário investigar o conteúdo do livro didático disponibilizado aos alunos bem
como material didático de apoio.
O livro didático adotado para o Ensino Fundamental, do Colégio Estadual
Professor João Loyola, é “História Geral do Brasil” Gilberto Cotrim, Ed. Saraiva,
2006, e procurando em suas páginas, no livro indicado para a 7º série, realmente
não encontramos nenhuma referência sobre a história das mulheres, apenas uma
gravura do Musée Carnavalet, Paris, p. 69, que mostra mulheres puxando um
canhão na Revolução Francesa. Mas infelizmente, não fala sobre a participação das
mulheres na Revolução, por exemplo.
O Livro Didático Público, Secretaria do Estado da Educação, 2006, por outro
lado, aborda o tema das mulheres, sistematicamente, nos quatro grandes períodos
Históricos, com os seguintes títulos:
• As mulheres na sociedade grega;
• A representação das mulheres na Filosofia Grega;
• Algumas reflexões sobre as mulheres na Idade Média;
• Divisão sexual do trabalho;
• Manifestações femininas e a busca da cidadania;
• A imagem da mulher grega nas artes;
• O movimento feminista.
Porém, na Biblioteca do Estabelecimento de Ensino só há 2 volumes a
disposição dos alunos.
Embora a política Estadual de Ensino não contemple o universo feminino
como temática obrigatória, esta o reconhece como pertinente aos conteúdos
estruturantes no Livro Público.
No Colégio Estadual Professor João Loyola, os alunos pesquisados não
tiveram acesso a temática feminina por três motivos:
a) Falta do Livro Público para todos os alunos;
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b) Falta de um livro didático que abordasse o feminino;1
c) Professores que se interessassem pelo tema.
Outros Livros Didáticos de História do Ensino Fundamental analisados foram
o dos autores Nelson Piletti e Claudino Piletti, 2000 e Ricardo Dreguer e Eliate
Toledo (2002), além do livro do Ensino Médio de autoria de Luiz Koshiba e Denise
Frayze Pereira, 2003, onde foi possível perceber que apesar de alguns avanços
alcançados pela historiografia, a história da mulher continua sendo negligenciada.
Como resultado de uma sociedade patriarcal, que coloca o papel da mulher como
secundário, os livros didáticos acabam absorvendo essas representações sociais,
que empoem papéis masculinos superiores aos femininos.
Na análise dos livros didáticos, excetuando o Livro Público do Estado do
Paraná, os demais que possuem uma abordagem mais tradicionalista, as
representações da mulher além de ser mínimas, quando aparecem fazem referência
aos padrões do sexo feminino ligado a papéis domésticos e de pouca importância
para a História da humanidade, ou seja, as mulheres aparecem como mera
coadjuvantes.
Nesse sentido, os livros didáticos de História se encarregam de reforçar
visualmente, o preconceito e a discriminação contra a mulher: “fica ainda mais
evidenciada nos livros didáticos de História essa representação sexista: batalhas
vitoriosas, condutas heroicas, honra,martírio...termos como esses, com fortes
conotações ideológicas, são muito valorizadas nos livros de Ensino Fundamental e
do Ensino Médio, refletindo todos os mitos e ideias machistas” (...) A mulher é a
grande ausente nos textos escolares de história. Sua ausência, fez-se patente tanto
nas discussões das façanhas bélicas como nos escassos momentos em que se fale
da organização social". (MORENO, 1999, p. 45, 57).
A história que nos é contada nos livros didáticos favorece para que tanto os
educados quanto os educadores, continuem reprodutores de modelos
discriminatórios, que parte da visão masculina e não de percepção das próprias
mulheres sobre si mesmas.
1 Ver anexos pg. 24.
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3.3 PERSPECTIVA DA MULHER
Para se fazer a análise da perspectiva da mulher, destacamos as respostas
que apareceram com mais frequência e que evidenciam o sentimento de uma
parcela grande das alunas que responderam ao questionamento.
• P.1. 31% das alunas dizem se sentirem mal com a visão que os rapazes têm
em relação a elas.
• P.2. 43% das alunas diz que não se sentem realizadas com a visão que os
rapazes possuem sobre elas.
• P.3. Ocorreram 11 citações sobre estarem insatisfeitas com as agressões
sofridas e 7 sobre as brincadeiras de mau gosto.
• P.4. A maioria pede respeito por parte dos rapazes e o fim da citadas
brincadeiras de mau gosto.
• P.5. 37% Se queixaram da exibição das colegas para os rapazes.
São revelações preocupantes e com certeza não são novidades para muitas
mulheres, pois grande parte destes comportamentos estão enraizados na
sociedade, determinando comportamentos tipificados para mulheres e homens.
Na esfera social e no contexto histórico, ao longo do tempo, a mulher ocupa
espaços e lugares diferentes do homem e continua sendo vista como ser doméstico
e objeto sexual. Nas escolas, através da educação formal, os veículos de
comunicação, bem como religião, favorecem a reprodução de uma ideologia
patriarcal que transpõe todas as esferas de sociedade e reforça a submissão das
mulheres.
Esses antigos modelos sociais, que favorecem a repressão do sexo feminino
e que continua presente na atualidade, nos levam a crer que esteja ligada à idéia de
força física masculina em contraposição a forma como foi interpretada a 'fragilidade”
física feminina e sua condição de reprodutora da espécie humana.
Nesse sentido o determinismo biológico seria o definidor das desigualdades entre mulheres e homens, tendo a medicina e as ciências biológicas como importante aliada que, durante muito tempo, subsidiavam as normas sociais quanto às relações de gênero. (VIANA e RIDENTI, 1998, p.97). Ao nascermos, nosso sexo é determinado biologicamente. Já o comportamento tem a influência direta do processo de socialização ocorrido junto à
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família, à TV, aos amigos etc. E que é historicamente marcada pela subordinação da mulher ao homem. Trata-se de um fenômeno cultural que tem se arrastado por séculos2 ( ROMERO,1995). Dessa forma a criança já começa a ser treinada socialmente para assumir papéis diferenciados, que foram construídos historicamente, ou como afirma Simone de Beauvoir: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, citado por ( SAFFIOTI, 1987,p.10). Então a discriminação da mulher começa muito cedo, no momento do nascimento ou mesmo antes. Quando meninas e meninos chegam à escola, já têm interiorizada a maioria dos padrões de conduta que os diferenciam. A escola é um lugar privilegiado para introduzir uma mudança profunda na mentalidade dos indivíduos , no que diz respeito aos padrões e os modelos de representação. Para que isso seja possível, é necessário tomar consciência dos mecanismos inconscientes de transmissão do modelo que se quer modificar ( MORENO, 1999, p.30).
Para tratar dos estereótipos feminino e masculino, é necessário que se
compreenda como se dão às relações sociais entre os sexos, utilizando para isso o
termo gênero.
Já a escola não apenas absorve diversas representações sociais, mas
configura-se como um importante instrumento de veiculação e perpetuação de
modelos androcêntricos, nos quais, o homem se mantém no centro das discussões.
A começar pela forma generalista, na linguagem escolar, onde meninos e meninas
são predominantemente tratados de “meninos”, ou seja, a utilização de um termo
masculino para tratar crianças e adolescentes de sexos biologicamente e
culturalmente opostos, evidenciando a supremacia de um sexo em detrimento de
outro.”A escola é uma caricatura da sociedade. Por ela passam como não passa por
nenhum outro lugar, limitados por diminutivos, todas as ideias que uma sociedade quer que
se acredite”. (MORENO, 1999, p.80).
2 Ver anexos na pg. 24.
21
4 CONCLUSÃO
Articular a finalidade do ensino História com os conteúdos estruturantes e a
história das mulheres, é trazer a luz questões do domínio e da objetividade sobre as
quais as normas disciplinares já foram edificadas. A necessidade de que o ensino
de História seja suplementado com informações sobre as mulheres revela que, não
apenas o ensino tradicional de História era incompleto, mas também que o ensino
tradicional não conseguia fazer a superação de pré-conceitos, e nem revelar que a
história das mulheres é também o estudo das ambiguidades e das diferenças.
As diferenças dentro da diferença presume uma correlação direta entre as
categorias sociais estabelecidas como classe, raças, gênero. Ampliar o foca da
História das mulheres, nas questões sobre como o gênero é percebido, que
processos são estes que estabelecem as instituições geradas e como as diferenças
que a raça, classe, etnia e a sexualidade se manifestam nas experiencias históricas,
explicitam a necessidade de uma remodelação fundamental dos termos, padrões e
suposições daquilo que passou para a história objetiva, supostamente neutra e
universal do passado, É revelar que essa visão da história incluia em sua própria
definição a exclusão das mulheres.
Ao analisarmos o resultado da pesquisa de campo por amostragem
percebemos que as ações dos professores que deveriam estar orientadas e
focadas para a atualização e aprofundamento dos conhecimentos e para a
possibilidade de mudanças da prática escolar, não tem conseguido:
Fazer com que o processo de pesquisa da história das mulheres se torne um
processo de aprendizagem para os alunos;
• Que a história das mulheres seja interpretada a partir do ponto de vista dos
alunos;
• Que a pesquisa atinja uma relevância prática na ação social dos alunos.
• Que além de útil, seja auto-avaliativa para os alunos;
• Que seja cíclica a pesquisa, já que as fases finais deverão ser usadas para
aprimorar os resultados das fases anteriores;
22
• Que os conhecimentos adquiridos pelos alunos possam ser socializados
pelos alunos na escola, contribuindo para a melhoria das relações sociais e
éticas dentro da instituição escolar.
Para reverter à situação problemática e com base na hipótese, os professores
devem decidir da necessidade ou não de transmissão do conteúdo ou adaptá-lo.
Com base na análise e interpretações dos dados sugerimos que os professores do
ensino Fundamental podem:
1. Delimitar o recorte espaço-temporal, ou seja, contextualizar a história das
mulheres: O quê? Onde? Quando? Como? Por quê?
2. Relativizar as cronologias tradicionais conforme argumentado nas Diretrizes
Curriculares de História, assim como a concepção de uma única verdade, pois a
explicação histórica é provisória;
3. Deixar claro que o passado e o presente da história das mulheres são tempos
distintos, e a partir disso , fazer as relações presentes do passado;
4. Utilizar referencial teórico que favoreça uma abordagem historiográfica atual
sobre a história das mulheres, problematizando conceitos à luz dos referenciais
teóricos clássicos e contemporâneos.
5. Estimular o envolvimento dos alunos nas diferentes fases da pesquisa da
história das mulheres;
6. Oferecer texto de fundamentação teórica, documentos históricos – orais,
escritos, imagéticos _ que permitam a construção de conhecimentos e sua futura
socialização dentro da escola.
23
REFERÊNCIASALTMANN, H. Orientação Sexual nos Parâmetros Curriculares. Estudos Feministas, Florianópolis: CFH/CCE/UFCS, 2001.
AMERO, A. Critica a Tolice Feminina. Rio de Janeiro: Record, 2001.
BLUM, D. Sexo na Cuca. São Paulo: Beca, 2000.
COSTA, C. A Imagem da Mulher. São Paulo: SENAC, 2002.
DREGUER, R. & TOLEDO, E. História: Cotidiano e Mentalidades. Da hegemonia
burguesa à era das incertezas: XIX e XX, São Paulo: Atual, 2000.
FRIDRICH, E. A Origem da Família, da Propriedade Privada,e do Estado. São
Paulo: Escala, 1884.
KOSHIBA, L. & PEREIRA, D.M.Z. História do Brasil no Contexto da História Ocidental: São Paulo,Atual, 2003.
LAQUEUR, T. Inventando o Sexo. Bom Sucesso: Relume Dumará, 2001.
LINS, R. N. A Cama na Varanda. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
LIPOVETSKY, G. A Terceira Mulher. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
MORENO, M. Como se Ensina a ser Menina. O sexismo na escola. São Paulo:
Moderna, 1999.
PERROT, M. A História das Mulheres. Cultura e Poder das Mulheres. Ensaio de
Historiografia. Trad. de R. Soihet, Suely G. C. e Rosana S. Revista Gênero. – Núcleo
Transdisciplinar de Estudos de Gênero – NUTEG – 2001.
PILETTI, N. & PILETTI, C. História e Vida Integrada, 5º série. São Paulo: Ática,
2002.
SCOOTT, J. Gênero. Uma Categoria Útil de Análise Histórica. In:
RevistaEducação & Realidade. Gênero e Educação. Porto Alegre: 1995.
SOUCASAUX, N. Órgão Sexual Feminino. Rio de Janeiro: Imago, 1993.
VIANA, C. & RIDENTI, S. “Relações de Gênero e a Escola: das diferenças ao preconceito”. In: AQUINO, J. G. (Org). Diferenças e Preconceitos na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998.
24
Quadro I
DADOS PESSOAIS FEMININO MASCULINOIdade Média 13,1 anos 13,4 anos
Série 7º série- Fundamental 7º série- FundamentalTurno tarde tarde
Vive com o pai __ 1Vive com a mãe 6 5
Vive com pai e mãe 10 9Vive com parente próximo __ __
Possui irmã 1 3Possui irmão 8 5
Possui irmã e irmão 6 5Não possui irmãos 1 2Número de alunos 16 15
Quadro II
Resposta as questões objetivas
Questões Feminino masculinoP.1 Citar personagem
histórico Sim (3) Não (13) Sim (7) Não (8)
P.2 Citar texto didático Sim (1) Não (15) Sim (2) Não (13)P.3 Aula sobre as
mulheres Sim (_) Não (16)
Sim (_) Não (15)
P.4 Importância das
mulheres
Sim (1) Não (15)
Sim (3) Não (12)
P.4 Destaque nas narrativas históricas
Sim (_) Não (16) Sim (_) Não (15)
P.5 Livro didático destaca à
mulherSim (_) Não (16) Sim (_) Não (16)
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Perspectiva da Mulher
1. Como você se sente vista pelos rapazes em sala de aula?
Respostas Número de vezesComo Amiga 4 (quatro)Sente-se Mal 4 (quatro)Normal 5 (cinco)Com Igualdade 1(uma)Maltratada 1(uma)Não estendeu a questão 1(uma)
2. Está visão deles em relação a você te realiza como mulher? Porque?
Respostas Número de vezesNão as realiza 7 (sete)As realiza 7 (sete)Em dúvida 2 (duas)
3. O que mais te desagrada no relacionameto com os rapazes na escola? Porque?
RespostasAgressões 11 (onze)
Brincadeiras de mau gosto 7 (sete)Os rapazes se acham superiores 2 (duas)
4.O que você gostaria que mudasse neste relacionamento? Porque?
Respostas Número de vezesNão serem desrespeitadas 5 (cinco)
Brincadeiras de mau gosto 3 (três)Menos agressividade 2 (duas)
Fim dos chingamentos 2 (duas)Que “mudasse tudo” 2 (duas)
Mais sinceridade 1 (uma)Não serem tratadas como objeto sexual 1 (uma)
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5. Como você vê as atitudes de suas colegas no dia a dia da escola? Faça uma
descrição do que te agrada e do que te desagrada.
Respostas Número de vezesAs colegas se exibem para os rapazes 6 (seis)
São amigas 3 ( três)São divertidas 2 (duas)
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Anexo
Instrumento AvaliativoNÚCLEO CURITIBA
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACONAL – PDE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
Professor PDE: Walter RodriguesÁrea PDE: HistóriaTema: A Expropriação do feminino nos currículos escolaresTítulo: A costela de AdãoProfessor Orientado IES: Dr. Gerald Balduíno Horn UFPR- CtbaEscola de implementação:Colégio Estadual Professor João Loyola Público objeto de intervenção: Alunos do 7º ano do ensino fundamental.
A expropriação do feminino no ensino de História
Nome:.................................................Série:..........Turno:..........Idade:..........Sexo:.......
Vive com: ( ) mãe Possui: ( ) irmã ( ) pai ( ) irmão ( ) pai e mãe ( ) irmã e irmão ( ) parente próximo ( ) não possui
Questões:
2. Você pode citar um personagem histórico do sexo feminino?( ) sim ( ) não Quem?.....................................................................................................
3. Você pode citar algum texto didático onde se destaca a mulher?( ) sim ( ) não Qual?.......................................................................................................
4. Desde a 5º série do ensino fundamental, teve alguma aula na disciplina de História, cujo tema foi as mulheres?( ) sim ( ) não Qual tema?..............................................................................................
5. As mulheres foram muito importantes na História das sociedades humanas?( ) sim ( ) não Quando?..................................................................................................
6. Quem mais se destaca nas narrativas históricas?( ) o homem ( ) a Mulher
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7. O seu livro de História fala sobre mulheres?( ) sim ( ) não O quê?........................................................................................................
Perspectiva da mulher
1. Como você se sente vista pelos rapazes em sala de aula?
2. Esta visão deles em relação a você te realiza como mulher? Por quê?
3. O que mais te desagrada no relacionamento com os rapazes na escola? Por quê?
4. O que você gostaria que mudasse neste relacionamento? Por quê?
5. Como você vê as atitudes de suas colegas no dia a dia da escola? Faça uma
descrição do que te agrada e do que te desagrada.