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Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos

O PERFIL DE USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS NA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ

CURITIBA

2014

2

O PERFIL DE USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS NA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ

Projeto de pesquisa apresentado ao Comitê de Ética da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Paraná.

Pesquisador (a): D. Maria Tereza Uille Gomes

CURITIBA

2014

3

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo delimitar o perfil epidemiológico de uso, abuso e dependência de drogas na população carcerária do Estado do Paraná, a fim de otimizar o planejamento das políticas públicas nos estabelecimentos penais. Para tanto, selecionará aleatoriamente, a partir de um banco de dados de todos os presos do Estado, uma amostra de 3432 indivíduos reclusos em todas as unidades prisionais do Estado, os quais deverão responder um questionário de auto aplicação, a partir de varáveis como a situação econômica e familiar, a representatividade do sistema carcerário na vida do entrevistado, histórico do uso, abuso e dependência de drogas e relação com fatores de risco e proteção.

Palavras-chave: uso problemático de drogas, perfil epidemiológico, população carcerária.

4

SUMÁRIO

Introdução .......................................................................................................................6

Revisão de literatura ....................................................................................................10

Objetivos ........................................................................................................................16

Geral ...............................................................................................................................16

Específicos ......................................................................................................................16

Método ...........................................................................................................................17

População ........................................................................................................................17

Grupo amostral ...............................................................................................................17

Locais ..............................................................................................................................18

Instrumentos ...................................................................................................................19

Procedimentos ................................................................................................................20

Análise de dados .............................................................................................................20

Cronograma ..................................................................................................................21

Orçamento .....................................................................................................................22

Referências ....................................................................................................................23

Anexos ............................................................................................................................25

5

A política sobre drogas consiste em eixo estruturante das mais diversas áreas,

sendo que, para efetivar-se necessita de ações que prezem pela intersetorialidade de

órgãos governamentais e não governamentais ligados à saúde, justiça, educação, serviço

social, entre outros.

Busca-se, assim, que as ações desenvolvidas pela rede de proteção e cuidado,

governamental e não governamental em atividade relacionada ao uso, abuso e

dependência de substâncias psicoativas sejam orientadas pelo desenvolvimento de ações

integradas, coerentes e respaldadas por dados científicos, considerando a diversidade e

demandas específicas da comunidade alvo das intervenções.

Com o compromisso de fortificar o debate, o Governo do Estado criou, pelo

Decreto n. 10.714, de 09 de abril de 2014, no âmbito da Secretaria de Estado da Justiça,

Cidadania e Direitos Humanos do Paraná- SEJU, o Departamento Estadual de Políticas

Públicas sobre Drogas - DEPSD, a quem incumbe, juntamente com o Conselho

Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas – CONESD estimular, orientar, assessorar,

acompanhar e avaliar a implantação de Programas e Planos de Trabalho da Política

Estadual sobre álcool e outras drogas.

Desde que foi instituído, o DEPSD, alinhado com a atual agenda nacional sobre

o tema, busca integrar e coordenar de maneira prática e emergencial os esforços estatais

para a prevenção ao uso problemático de drogas, de forma a potencializar iniciativas

que já estão em curso, e propor outras, no sentido de atingir os diversos vetores da

problemática.

Em âmbito federal, a política sobre drogas fundou-se pela descentralização das

ações, do estabelecimento de parcerias com a comunidade científica e organizações

sociais, além da ampliação e do fortalecimento da cooperação internacional voltados ao

tema.

A estratégia organiza-se em três eixos de atuação: a realização de um

diagnóstico situacional sobre o consumo de drogas, seu impacto nos diversos domínios

da vida da população e as alternativas existentes; a capacitação dos atores sociais que

trabalham diretamente com o tema drogas, e também de multiplicadores de informações

de prevenção, tratamento e reinserção social; e a implantação de projetos estratégicos

que ampliam o acesso da população às informações, ao conhecimento e aos recursos

existentes na comunidade.

6

Em relação ao aprofundamento do diagnóstico situacional, foi realizada na SEJU

o projeto ‘Vozes do cárcere: paz e não violência em busca de um novo modelo de

gestão’, com orientação metodológica das Instituições Públicas de Ensino Superior da

esfera federal do Paraná, Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade

Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Este estudo teve como objetivo principal investigar em caráter multidimensional

o fenômeno ‘violência’ na voz do cárcere, tendo como pressuposto que os resultados

advindos da pesquisa poderiam subsidiar elementos para propor ações para o

enfrentamento, para a redução de danos e para prevenção deste complexo fenômeno, a

partir de políticas públicas principiadas pelo sistema de justiça, cidadania e direitos

humanos do Paraná, podendo, mormente, serem estendidas a outros setores da

sociedade.

Para tanto, aplicou-se um questionário semiestruturado com 23 perguntas em

13490 pessoas privadas de liberdade de vinte e três unidades penais, das 24 existentes

no ano de 2011 no Estado do Paraná. Este projeto recebeu o Prêmio Americas 2013 –

Panamá, concedido pela CIFAL Atlanta (CENTRO INTERNACIONAL DE

FORMAÇÃO DE AUTORIDADES E LÍDERES) e UNITAR (United Nations Institute

for Training and ResearchI - INSTITUTO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA

TREINAMENTO E PESQUISA).

Esta premiação é destinada a homenagear, apoiar e reconhecer os esforços dos

gestores públicos dos Governos de países do Hemisfério Ocidental que obtiveram

sucesso na implantação de programas e melhores práticas para o desenvolvimento

socioeconômico e para o alcance dos 08 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio em

seus países de origem.

A partir dos dados obtidos nesse estudo denotou-se a necessidade de maior

humanização dos presídios, e este projeto visa aprofundar este estudo, a partir dos

diferentes vértices da política sobre drogas, que serão articuladas com o Núcleo

Interdisciplinar de Enfrentamento às Drogas da Universidade Federal do Paraná.

O instrumento da pesquisa que se propõe utilizar foi realizado pelo

Departamento Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, durante reuniões do Núcleo

de Pesquisa em Política Criminal e Criminologia – NUPECRIM, da Secretaria de

Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, cuja Resolução que determinou 7

continuidade aos estudos, previu a necessidade de ênfase nas questões relacionadas à

drogadição, submetendo-o a discussão sobre metodologia e sobre a validação do

formulário à Universidade Federal do Paraná que será a instituição pública responsável

pela pesquisa e análise dos dados.

Além do caráter institucional da pesquisa registram-se as valiosas contribuições

de inumeros participantes para validação do instrumento, entre os quais destacam-se:

Brett Goldstein (Senior Fellow in Urban Science of The Harris School of The

University of Chicago), Colm O'Muircheartaigh (Universidade de Chicago), Fabio

Molina Losso (Universidade de Chicago), Araci Asinelli da Luz (Educação/UFPR),

Roseli Boerngen de Lacerda (Ciências Biológicas – Farmacologia/UFPR), Pedro

Rodolfo Bode de Moraes (Sociologia/UFPR), Fabrício Tomio

(Sociologia/Direito/UFPR), Rodrigo Luis Kanayama (Direito/UFPR), André

Giamberardino (Direito/UFPR e Defensoria Pública), Pedro Giamberardino

(DEPSD/SEJU), Carlos Alberto Peixoto (DEPSD/SEJU), Hellen Oliveira Carvalho

(DEPSD/SEJU), Flávia Palmieri de Oliveira (DEPSD/SEJU), Capitão Dalton Luiz Gean

Perovano (PM/PR), André Feiges, Elaine Teresa Gomes de Oliveira (UEL/PR),

Cláudio Franco (CMP/PR), Marcos Muller (CMP/PR), Renata H. Torres (CMP/PR),

Cineiva Campoli de Macedo (ESEDH/DEPEN-PR), Sandra Duarte (ESEDH/DEPEN-

PR), Ana Raggio (DEDIHC/SEJU), Natalia Dus Poiatti (Economia/USP), Paula

Carvalho Pereda (Economia/USP), Elcio Fuscolin (CAPE/SESP), Capitão Perin,

Frederico Ronconi (CRP), Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Conselho

Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, entre outros.

A pesquisa subsidiará articulações já formuladas com a Secretaria de Estado da

Saúde – SESA para planejamento de políticas públicas especializada em drogadição

para a população carcerária, com identificação da demanda. Consigna-se que o método

não identificado utilizado nesta pesquisa, em prol da maior fidedignidade dos dados,

não impede a inclusão no prontuário do preso de informações que voluntariamente

prestem para definição do seu perfil, conforme trâmite em andamento nesta Secretaria

para classificação dos presos.

O levantamento de dados também circunscreve necessidades verificadas no

cenário nacional, tanto é que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, em

parceria com a FIOCRUZ, realizará análise do perfil epidemiológico do uso de drogas

8

na sociedade civil e na população carcerária, com prazo de conclusão mínimo de 2

(dois) anos de realização após a definição de metodologia ainda em fase de discussão.

Na presente pesquisa utilizar-se-á os critérios de avaliação para o uso, abuso e

dependência de drogas, inobstante o DSM-5 ter os englobado no transtorno por uso de

substância, uma vez que a Classificação Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados à Saúde (CID-10, 2007) da Organização Mundial da Saúde em vigência

ainda os utiliza.

Desta feita, a presente pesquisa abrange parte da população alvo da política

sobre drogas, consistente na população carcerária, sendo de suma importância o

diagnóstico situacional para maior otimização e efetividade de políticas públicas, a

partir de subsídios científicos.

9

Revisão de Literatura

A centralidade de problemas relacionados à Saúde Mental no Sistema de Justiça

exigem mecanismos que estabeleçam redes de atendimento nos estabelecimentos penais

ou para aqueles que sejam encaminhados à penas e medidas alternativas, cuja

dependência química, na maioria das vezes, acaba sendo potencializada com os

reiterados encarceramentos. Desta forma, analisar-se-ia a questão sob o prisma de

políticas públicas integradas, incluindo-se a promoção, proteção e recuperação pelo

Sistema de Saúde, em vez de inócuos encarceramentos pelo Sistema Penal.

Mais informações e um maior conhecimento sobre o problema de dependência

na população carcerária, sejam eles sobre drogas lícitas ou ilícitas, são fundamentais

para a concretização e estabelecimento de políticas públicas (Wojtowicz, Liu e

Hedgpeth, 2007) para este segmento, que consiste em importante grupo estruturante da

população alvo de políticas sobre drogas.

O debate sobre drogas ilícitas é pouco pautado em dados cientificamente

embasados, proporcionando-se uma base questionável para as políticas públicas

(Boland, 2008). A identificação dos principais fatores de risco para o uso, abuso e

dependência de drogas da população carcerária é um importante componente no

desenvolvimento de estratégias globais que compreendam o uso problemático de drogas

entre os encarcerados com o sério problema de dependência de drogas e álcool

(Wojtowicz, Liu & Hedgpeth, 2007).

A população prisional está repleta de usuários problemáticos de drogas (Webster

et al, 2007). Alguns autores, partindo desta premissa, correlacionam o uso de drogas ao

cometimento de crimes. Contudo, a realidade do uso, abuso e dependência de drogas, é

muito mais complexa que o simples nexo causal droga-crime (Boland, 2008).

No que tange a esta correlação estabelecida entre as drogas e a criminalidade,

têm-se, por certo, que esta não é uma relação direta, vez que usuários de drogas podem

sê-lo, sem recorrer ao crime, questionando a hipótese teórica e política de que as drogas

inevitavelmente levam ao crime, especialmente os patrimoniais, os crimes cometidos

em associação e/ou delitos violentos (Boland, 2008). Há, inclusive, aqueles crimes que

são preferencialmente cometidos por aqueles que não usam drogas, como o grande

tráfico. Neste sentido, é o entendimento do DSM-5 (2014), que retirou o critério do

10

DSM-IV de problemas legais recorrentes relacionados à substância dentro dos

transtornos por uso de substância.

Em outro vértice, certos estudos comungam da descrição do perfil do

adolescente em conflito com a lei, nas mais distintas culturas, sendo um dos fatores de

risco para o cometimento de infrações o uso precoce de tabaco, bebida alcoólica e

outras drogas (Gallo & Williams, 2008).

As teorias criminológicas postularam três principais hipóteses para a suposta

relação entre drogas e crime, são elas, as drogas levam ao crime, o crime leva às drogas,

ou os dois coexistem e são causados por qualquer combinação dos mesmos fatores. A

explicação da primeira teoria está na causalidade e como ela realmente ocorre. A

segunda teoria causal pauta-se na premissa de que o uso de drogas afeta a composição

química do cérebro resultando em um comportamento anormal. Geralmente essa teoria

é utilizada para explicar o nexo de causalidade entre drogas estimulantes e o

cometimento de crimes violentos. E a terceira teoria segue a linha de que não há um

nexo causal entre drogas e crimes, mas uma coexistência entre ambas (Makkal & Payne,

2005).

A maioria dos pesquisadores concorda, entretanto, que o uso problemático de

drogas acaba por exacerbar um estilo já existente de padrão criminal, resultando no

aumento da frequência no cometimento de crimes e, em alguns casos, em crimes de

maior potencial ofensivo (Makkal & Payne, 2005).

Wojtowicz, Liu e Hedgpeth (2007) elaboraram uma pesquisa com 5660 (cinco

mil seiscentos e sessenta) presos do sexo masculino em Nova Jersey a fim de se analisar

a questão da dependência de álcool e drogas no sistema prisional, a partir de uma

análise quantitativa dos fatores demográficos. Os autores denotaram, dentre outros

fatores, que diversos indivíduos tiveram sua motivação para o crime a partir do uso de

drogas. Em outro estudo, desenvolvido por Webster et al. (2007) com 661 (seiscentos e

sessenta e um) infratores do sexo masculino, muitos destes presos alegaram que seus

problemas de saúde são atribuídos, pelo menos em parte, ao abuso de drogas.

No Estado do Rio de Janeiro, por sua vez, realizou-se um estudo seccional a

partir da entrevista com 2039 (dois mil e trinta e nove) presos para o fim de se

identificar o perfil dos mesmos, e suas especificidades de gênero no processo de

exclusão social. Os dados encontrados quanto ao uso e abuso de drogas nesta amostra

11

demonstraram um histórico bastante elevado, especialmente anterior à prisão (70% dos

homens) (Carvalho et. al, 2006).

Sob outro vértice, Priuli e Moraes (2007), também analisaram a drogadição, mas

com o enfoque sob 48 (quarenta e oito) adolescentes autores e vítimas da violência, que

cumpriam medida socioeducativa de internação na Fundação Estadual do Bem-Estar do

Menor (FEBEM/SP) no ano de 2003. Os autores identificaram que 85,4% dos jovens

alegaram fazer uso do tabaco, sendo que 22,9% iniciaram aos 10 anos ou menos de

idade, e 83,3% alegaram fazer uso de maconha, sendo que destes, 16,6% iniciaram aos

12 anos ou menos e 16,6% aos 15 anos ou menos. Ainda, os jovens afirmaram que

todos os amigos usavam algum tipo de droga, e que dos jovens que faziam uso de

droga, somente 10,4% se submeteram a algum tipo de tratamento. Somente 2% dos

jovens alegou nunca ter experimentado nenhum tipo de droga.

Outro estudo com delineamento transversal, descritivo e quantitativo, elaborado

por Canazaro e Argimon (2010), com 287 mulheres recolhidas na Penitenciária

Feminina Madre Pelletier, identificou um elevado índice de prevalência de uso de

drogas e álcool ao longo da vida (54,4% e 53,7%, respectivamente). Quanto aos índices

de dependência, 15,7% delas desenvolveram dependência de álcool e 38,3% dependem

de outras drogas. As drogas mais utilizadas são: maconha (47%), cocaína (38,3%) e

crack (27,2).

Mendoza et. al (2010), defende que o problema do abuso de drogas afeta mulheres

encarceradas em maior intensidade, configurando sua situação de vulnerabilidade,

fazendo com que exista uma maior probabilidade de serem consumidoras de drogas.

Outros fatores que incidem nessa problemática são o baixo nível escolar, altos índices

de desemprego, inseridos no contexto de carência e stress, além das consequências

físicas e psicológicas, derivadas do uso problemático de drogas por si só.

Nesse sentido, o Núcleo de Pesquisa e em Criminologia e Política Penitenciária

(2012) realizou uma pesquisa a fim de identificar a população carcerária feminina do

Estado do Paraná e identificou que mais de 60% das mulheres estão presas por tráfico

de drogas, concluindo que

entende-se, assim, com maior clareza, o profundo drama social associado à questão da droga e a própria resposta institucional, voltada, na maior parte das vezes, apenas ao encarceramento e não à assistência e à redução

12

dos danos, o que tem resultado, por consequência, na potencialização da violência e do próprio tráfico de drogas (p.6).

Desta feita, cediço é que a droga não é causa para o crime, mas sim,

consequência de diversos fenômenos que constituem os processos de vulnerabilidade e,

que, todas as drogas, lícitas ou ilícitas, se usadas excessivamente, de forma

irresponsável ou sobre circunstâncias adversas são potencialmente lesivas. O que se faz

necessário, portanto, é um debate mais racional e cientificamente embasado na política

sobre drogas, deslocando o enfoque das drogas para uma questão centralizada na saúde

pública, ao invés de verticalizá-la em seu viés criminológico.

Este é, inclusive, o entendimento da Lei nº 11.343, de 2006, que faz distinção

entre o traficante de drogas do usuário ou dependente de drogas, situados inclusive em

capítulos diferentes. A partir deste marco legislativo, o Estado passou a tratar o uso de

droga, previsto no artigo 28 da supra lei um problema de saúde pública, aplicando aos

usuários medidas como a advertência sobre os efeitos das drogas, a prestação de

serviços a comunidade, e medida educativa de comparecimento a programa ou curso

educativo (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2008).

A patologização do usuário e a previsão de penas restritivas e medidas de

segurança inonimadas, no entanto, não fez com que os meros consumidores de drogas

deixassem de ser controlados pela lógica jurídico penal. Do contrário, após a entrada em

vigor da Lei nº 11343/06, o número de encarcerados por essa lei aumentou

consideravelmente. Segundo dados do InfoPen, do Ministério da Justiça, no ano de

2005 o número absoluto de presos por delitos ligados às drogas era de 32880

indivíduos, o que totalizava 13% da população total de presos. Em 2012, este número

passou a 133946 pessoas detidas por drogas, portanto, 26%.

Nesse sentido pondera Boiteux et.al (2009, p. 197),

o Brasil adota um proibicionismo moderado, tendo ratificado e implementado todos os tratados internacionais de controle de drogas em seu direito interno. O país mantém dois sistemas de controle diferenciados, que se complementam: o controle penal com relação ao tráfico se apresenta na forma de proibicionismo clássico, com altas penas, além de ser delito inafiançável e insuscetível de sursis, graça e anistia,sendo vedada a liberdade provisória e a conversão em penas

13

restritivas de direitos, por ter sido equiparado a hediondo pela CF/88. Por outro lado, o controle penal sobre o uso de drogas mais se aproxima de um proibicionismo moderado, pois apesar de ainda estar criminalizado, a nova lei prevê apenas medidas alternativas não privativas de liberdade ao usuário. Tal modelo coexiste com as políticas oficiais de redução de danos, ainda que tal estratégia não aplicada de forma ampla, em todas as suas modalidades.

As unidades prisionais têm sob sua custódia e cuidado grande número de

reclusos com problemas de abuso de substâncias e, após cumprir a pena que lhe foi

imposta, esses presos irão voltar para a comunidade (Wojtowicz, Liu e Hedgpeth,

2007). Estas unidades, portanto, têm a responsabilidade de lidar com este vício,

inclusive para atender o objetivo já disposto na Lei de Execução Penal (1984) de

efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a

harmônica integração social do condenado e do internado.

À medida que a atual legislação brasileira considera o uso de drogas como uma

questão de saúde pública, o Poder Público deve prever mecanismos de garantia ao

preceito constitucional básico de direito à saúde previsto no artigo 196 da Constituição

Federal (1988), e considerar tratamentos que englobem a preocupação de que maneira a

pessoa se relaciona com a droga afastando conceitos de vitimização, estigmatização e

preconceito.

Insta salientar que a droga, tal como um fator de risco para o cometimento de

crimes e outros comportamentos antissociais, faz necessária a presença de fatores de

proteção, para que estes últimos atuem na determinação de comportamentos, evitando

resultados mal-adaptados (Gallo & Williams, 2008), tais como o crime.

As intervenções de tratamento para os usuários problemáticos de drogas em

prisões também se justificam por constituírem uma forma eficaz na promoção de

comportamentos saudáveis e redução dos índices de reincidência (Webster et al, 2007).

O tipo e nível do uso de drogas ilícitas variam de acordo com os diferentes tipos de

sujeitos que cometeram crimes, sendo que a maioria dos usuários de drogas,

independente do tipo de crime que cometeram, estavam mais propensos a cometer

crimes de menor potencial ofensivo antes do início do uso de drogas ilícitas, e a

proporção de indivíduos que atribui o uso de drogas com sua carreira criminal varia,

14

portanto, as intervenções que focam somente no uso de drogas terão impacto limitado

em reduzir a probabilidade de reincidência (Makkal & Payne, 2005).

Isso se faz perceptível nas entrevistas realizadas por Peres et. al (2002) com 275

jovens internos na cidade de São Paulo, os quais constataram que

as drogas estavam por trás da maioria das infrações que levavam os jovens à internação. Vários garotos indicaram que um dos maiores desafios quando saíssem da Febem seria ficar longe das drogas. Comentaram que na instituição não há nenhum tratamento para a dependência e que acabavam se desintoxicando sem ajuda de ninguém. Falavam que as drogas são prazerosas num primeiro momento, mas que, com o tempo, levavam ao “definhamento e ao domínio da vontade da pessoa”. Os jovens também falavam do sofrimento que a droga trazia para a família (p. 79).

A carreira criminal e o histórico de uso de drogas nos encarcerados mostrou que

a primeira intervenção se faz necessária já na infância e que essas intervenções devem,

claramente, focar em estratégias que abranjam as famílias jovens e comunidades

(Makkal & Payne, 2005).

As implicações para as políticas públicas sobre drogas, portanto, são três: i) os

instrumentos e programas que requerem o tratamento medicamentoso obrigatório e que

podem reduzir a frequência de crimes, mas são, na verdade, pouco prováveis para

eliminar o cometimento de crimes (isto é especialmente importante para as análises de

reincidência); ii) os programas que focam na intervenção do ciclo de uso e delitos e que

devêm fazê-lo numa idade precoce; iii) e os programas e políticas públicas neste âmbito

que devem efetivamente focar em todos os tipos de delito e perfis de usuários de drogas

a fim de implementar programas e avaliações eficazes, mais sensíveis e humanitárias,

voltados à saúde pública e à redução dos riscos e agravos individuais decorrentes do

uso, abuso e dependência de drogas.

15

Objetivos

Geral

Identificar o perfil epidemiológico do uso, abuso e dependência de drogas na

população carcerária do Estado do Paraná, com intuito de otimizar o planejamento das

políticas públicas nos estabelecimentos penais.

Específicos

Verificar o perfil epidemiológico associado a fatores de risco e de proteção

aplicáveis ao grupo.

Verificar a incidência de indivíduos condenados por tráfico ilícito de substância

entorpecente que também fazem uso, abuso ou são dependentes de drogas.

Descrever o perfil sociodemográfico do usuário de droga, alvo de intervenção

judicial e integrantes de uma amostra representativa da população carcerária do Estado

do Paraná.

16

Método

A presente pesquisa de levantamento de dados será coordenada pela Secretaria

de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, por meio do Departamento

Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas, contando com parcerias com instituições

públicas. O estudo propõe-se a fornecer informações acerca do perfil de uso, abuso e

dependência de drogas da população carcerária do Estado do Paraná, através da análise

de questionários de autoaplicação realizada em parceria com a Universidade Federal do

Paraná - UFPR.

População: a população da pesquisa é baseada nos dados do mês de setembro de

2014, e, portanto, constituída por pessoas acima de 18 (dezoito) anos, que se encontram

privadas de liberdade nas 34 (trinta e quatro) unidades prisionais do Estado do Paraná,

perfazendo um total de 19497 sujeitos.

Grupo amostral: para fins de cálculo utilizou-se o total da população (19497

sujeitos), e selecionou-se os critérios de proporções com erro máximo de 2 (dois) pontos

percentuais, a um nível de confiança de 99%, totalizando uma amostra de 3432

indivíduos, alocados proporcionalmente nos 34 (trinta e quatro) estratos supracitados e

selecionados pelo critério de aleatoriedade (randomização), inclusive quando da

necessidade da substituição dos participantes perdidos ou que não aceitarem participar.

Figura 1: Esquema probabilístico da amostra

N Z p e n aprox. n arredondado Nível de Confiança e Margem de Erro

19.947 1,645 0,5 0,05 266,99 267presos, com nível de confiança de 90%

e margem de erro de 5%.

19.947 1,645 0,5 0,02 1.559,15 1.560presos, com nível de confiança de 90%

e margem de erro de 2%.

19.947 1,645 0,5 0,01 5.051,94 5.052presos, com nível de confiança de 90%

e margem de erro de 1%.

19.947 1,96 0,5 0,05 376,92 377presos, com nível de confiança de 95%

e margem de erro de 5%.

19.947 1,96 0,5 0,02 2.143,14 2.144presos, com nível de confiança de 95%

e margem de erro de 2%.

19.947 1,96 0,5 0,01 6.482,94 6.483presos, com nível de confiança de 95%

e margem de erro de1%.

19.947 2,575 0,5 0,05 641,76 642presos, com nível de confiança de 99%

e margem de erro de 5%.

19.947 2,575 0,5 0,02 3.431,41 3.432 presos, com nível de confiança de 99%

17

e margem de erro de 2%.

19.947 2,575 0,5 0,01 9.053,38 9.054presos, com nível de confiança de 99%

e margem de erro de 1%.

Locais: a amostra será selecionada aleatoriamente em 34 (trinta e quatro)

estratos, quais sejam: todas as unidades prisionais do Estado do Paraná: Casa de

Custódia de Curitiba (CCC), Casa de Custódia de Londrina (CCL), Casa de Custódia de

Maringá (CCM), Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT), Centro de

Regime Semiaberto de Guarapuava (CRAG), Centro de Regime Semiaberto de Ponta

Grossa (CRAPG), Centro de Regime Semiaberto Feminino de Curitiba (CRAF), Casa

de Custódia de São José dos Pinhais (CCSJP), Colônia Penal Agrícola do Paraná

(CPA), Complexo Médico-Penal do Paraná (CMP), Penitenciária Central do Estado

(PCE), Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), Penitenciária Estadual de Foz do

Iguaçu (PEF), Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu II (PEF-II), Penitenciária

Estadual de Francisco Beltrão (PFB), Penitenciária Estadual de Londrina (PEL),

Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II), Penitenciária Estadual de Maringá (PEM),

Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP

II), Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG), Penitenciária Feminina do Paraná

(PFP), Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC), Penitenciária Industrial de

Guarapuava (PIG), Colônia Penal Industrial de Maringá (CPIM), Casa de Custódia de

Piraquara (CCP), Centro de Reintegração Feminino (CRESF), Centro de Reintegração

Social de Londrina (CRESLON), Cadeia Pública de Ponta Grossa Hildebrando de

Souza (CPHSPG), Cadeia Pública Claudemir Neves (CPCN), Presídio Central Estadual

Feminino (PCEF), Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO), Centro de

Reintegração Social de Barracão (CRESB).

Figura 2 – amostra de acordo com cada EstabelecimentoPrisional

Unidade Qtde Preso Proporção % Amostra Amostra arredondada

- 3 0,0154 0,5281 1

CCC 557 2,8568 98,0471 98

CCJP 1025 5,2572 180,4278 180

CCL 419 2,1490 73,7553 74

CCM 572 2,9338 100,6875 101

CCP 1384 7,0985 243,6215 244

18

CMP 608 3,1184 107,0245 107

COT 42 0,2154 7,3931 7

CPAI 1546 7,9294 272,1379 272

CPHSPG 660 3,3851 116,1779 116

CPIM 242 1,2412 42,5986 43

CPLN 386 1,9798 67,9465 68

CRAF 138 0,7078 24,2917 24

CRAGPVA 287 1,4720 50,5198 51

CRAPG 127 0,6514 22,3554 22

CRESB 37 0,1898 6,5130 7

CRESF 221 1,1335 38,9020 39

CRESLON 223 1,1438 39,2540 24

PCE 1556 7,9807 273,8981 274

PCEF 183 0,9386 32,2130 32

PEC 233 1,1951 41,0143 41

PECO 865 4,4366 152,2634 152

PEF 506 2,5953 89,0697 89

PEF-II 929 4,7648 163,5292 164

PEL 638 3,2723 112,3053 112

PEL-II 1146 5,8778 201,7270 202

PEM 394 2,0208 69,3547 69

PEP 654 3,3544 115,1217 115

PEPG 425 2,1798 74,8115 75

PEP-II 1109 5,6881 195,2140 195

PFB 1195 6,1291 210,3524 210

PFP 362 1,8567 63,7218 64

PIC 582 2,9851 102,4478 102

PIG 243 1,2463 42,7746 43

Total 19.497 100,0000 3.432 3.417

Instrumentos: questionário de autoaplicação com 41 perguntas objetivas

(Anexo 2). As variáveis independentes utilizadas na descrição do perfil serão:

• Situação econômica e familiar: sexo/identidade de gênero, orientação sexual,

raça ou cor, idade, religião, estado civil, filhos, local de residência, pessoas

de cohabitação, renda mensal da família antes e após a prisão, grau de

escolaridade, emprego antes de ser preso, profissão;

19

• A representatividade do sistema carcerário na vida do entrevistado: perfil dos

crimes, tempo do cárcere (anterior e atual), expectativa de tempo no cárcere,

mapeamento do perfil de uso do traficante de drogas, diferenciando o

traficante usuário do traficante empresário;

• Histórico do uso, abuso e dependência de drogas: uso de drogas lícitas e

ilícitas, tipo de droga, uso isolado ou combinado de drogas, frequência do

uso, dimensão subjetiva do uso/abuso/dependência, relação do uso da droga

com o cometimento do crime, quantidade de droga utilizada, tratamento para

usuários de drogas, existência de tratamento ou programa para usuário de

drogas na unidade prisional que se encontra, histórico familiar de problemas

relacionados às drogas; para as mulheres adiciona-se uso de drogas da

gravidez;

• Relação com fatores de risco e proteção.

Procedimento: O passo inicial para o desenvolvimento desta etapa consiste no

encaminhamento do presente projeto ao Comitê de Ética da Secretaria de Estado da

Saúde. Após a aprovação do projeto dar-se-á início a coleta de dados, feita por meio da

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1) dos participantes,

que uma vez tendo consentido, deverão responder um questionário autoaplicável.

Posteriormente, estes dados serão colocados numa planilha de dupla entrada. Por fim, se

analisará os dados obtidos à luz da literatura existente.

Análise de dados: Por meio dos questionários respondidos, será descrito o perfil

de uso, abuso e dependência de drogas da população carcerária do Paraná. Com isso, os

dados serão colocados numa planilha de dupla entrada, sendo de um lado os

participantes identificados por códigos e de outro os conteúdos categorizados. Os dados

quantitativos obtidos serão analisados por meio de estatística descritiva e apresentados

em tabelas e gráficos, assim como será feita uma análise de regressão logística para

determinar os moderadores do risco de usar, abusar ou ser dependente de drogas.

20

Cronograma

12/14 01/15 02/15 03/15 04/15 05/15 06/15

Coleta de dados X X

Revisão de literatura X X X X X

Encaminhamento ao comitê de ética X

Análise de dados X X X X

21

Orçamento

A impressão dos formulários e do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

bem como o apoio logístico e o translado no sistema penitenciário, serão suportados

com recursos próprios da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos

Humanos.

22

Referências

American Psychiatric Association (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed.

Boiteux, L.; Castilho, E. W. V.; Vargas, B.; Batista, V. O.; Prado, G. L. M. & Jiapissu, C. E. A. (2009). Tráfico de drogas e Constituição. Disponível em http://participacao.mj.gov.br/pensandoodireito/wp-content/uploads/2012/11/01Pensando_Direito.pdf. Acesso em 06 de outubro de 2014, às 17h37.

Boland, P. (2008). British drugs policy: Problematizing the distinction between legal an ilegal drugs and the definition of the ´drugs problem´. The Journal of Community and Criminal Justice, 171-187.

Canazaro, D. & Argimon, I. I. L. (2010). Características, sintomas depressivos e fatores associados em mulheres encarceradas no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 26(7), 1323-1333.

Carvalho, M. L.; Valente, J. G.; Assis, S. G.; e Vasconcelos, A. G. G. (2006). Perfil dos internos no sistema prisional do Rio de Janeiro: especificidades de gênero no processo de exclusão social. Ciência & Saúde Coletiva, 11(2), 461-471.

Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em 06 de outubro de 2014, às 17h39.

Gallo, A. & Williams, L. C. A. (2008). A escola como fator de proteção a conduta infracional de adolescentes. Cadernos de Pesquisa, 38 (133), 41-59.

Lei nº7210, de 11 de julho de 1984 (1984). Institui a Lei de Execução Penal. Brasília, DF. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em 06 de outubro de 2014, às 17h41.

Lei nº11343, de 23 de agosto de 2006 (2006). Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em 06 de outubro de 2014, às 17h43.

Makkal, T. & Payne, J. (2005). Illicit drug use and offending histories: A study of male incarcerated offenders in Australia. The Journal of Community and Criminal Justice, 52(2), 153-168.

Mendoza, M. R.; Saldívar, G.; Loyola, L.; Rodríguez, E. & Galván, J. (2010). Inequidades de gênero, abuso de substancias y barreras al tratamiento em mujeres em prisión. Salud Mental, 33(6), 499-506.

23

Núcleo de Pesquisa em Criminologia e Política Penitenciária (2012). Mulheres encarceradas – quem são?. Disponível em http://www.justica.pr.gov.br/arquivos/File/nupecrim/RELATORIO_I_NUPECRIM_REVISADO.pdf. Acesso em 06 de outubro de 2014, às 15h30.

Organização Mundial de Saúde (2008). Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Peres, C. A.; Paiva, V.; Silveira, F.; Peres, R. A. & Hearst, N. (2002). Prevenção da Aids com adolescentes encarcerados em São Paulo, SP. Revista de Saúde Pública, 36(4). 76-81.

Priuri, R. M. A. & Moraes, M. S. (2007). Adolescentes em conflito com a lei. Ciência & Saúde Coletiva, 12(5), 1185-1192.

Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (2008). Legislação e políticas públicas sobre drogas. Brasília: Presidência da República.

Webster, J. M.; Leukefeld, C. G.; Tindall, M. S.; Mateyoke-Scrivner, A. & Garrity, T. F. (2007). Factors Related to Drug Abuse Treatment History Among Incarcerated Drug Abusers. Journal of Correctional Health Care, 13(1), 8-21.

Wojtowicz, J. P.; Liu, T. & Hedgpeth, G. W. (2007). Factors of Addiction: New Jersey Correctional Population. Crime & Delinquency , 53(3), 471-501.

24

Anexos

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nós, do Departamento Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, estamos convidando o (a) Senhor (a) a participar de um estudo intitulado “O perfil de uso, abuso e dependência de drogas na população carcerária do Estado do Paraná”.

a) O objetivo desta pesquisa é identificar o perfil epidemiológico do uso, abuso e dependência de drogas na população carcerária do Estado do Paraná, com intuito de otimizar o planejamento das políticas públicas de saúde nos estabelecimentos penais.

b) Caso você participe da pesquisa, será necessário que responda a um questionário com 43 (quarenta e três) perguntas objetivas, o qual leva em torno de 30 minutos para ser respondido, sem qualquer identificação pessoal, portanto, os dados coletados serão sigilosos e suas respostas anônimas.

c) Para tanto, você receberá o questionário na Unidade Prisional que se encontra e deverá devolver esse documento tão logo tenha sido respondido.

d) Importante salientar que não há qualquer risco relacionado ao estudo. Nem tampouco qualquer conseqüência para você ou seus familiares caso você decida não participar, pois a participação é voluntária.

e) Os benefícios esperados é a otimização no planejamento das políticas públicas de saúde nos estabelecimentos penais. No entanto, nem sempre você será diretamente beneficiado com o resultado da pesquisa, mas poderá contribuir para o avanço científico.

f) Os pesquisadores responsáveis por este estudo poderão ser contatados no Departamento Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, localizado no Palácio das Araucárias – Rua Jacy Loureiro de Campos S/N – Térreo, Ala C – CEP 80530-915 – Curitiba, PR, telefones (41) 32217273 e (41) 32217263, para esclarecer eventuais dúvidas que o (a) Senhor (a) possa ter e fornecer-lhe as informações que queira, antes, durante ou depois de encerrado o estudo.

k) A sua participação neste estudo é voluntária e se você não quiser mais fazer parte da pesquisa poderá desistir a qualquer momento e solicitar que lhe devolvam o termo de consentimento livre e esclarecido assinado.

Rubricas:

Participante da Pesquisa e /ou responsável legal_________

Pesquisador Responsável________

l) As informações relacionadas ao estudo poderão ser conhecidas, no entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a sua identidade seja preservada e seja mantida a confidencialidade.

m) As despesas necessárias para a realização da pesquisa não são de sua responsabilidade e pela sua participação no estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro.

n) Quando os resultados forem publicados, você não será identificado.

25

Rubricas:

Participante da Pesquisa e /ou responsável legal_________

Pesquisador Responsável________

Eu,_________________________________ li esse termo de consentimento e compreendi a natureza e objetivo do estudo do qual concordei em participar. A explicação que recebi menciona os riscos e benefícios. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento sem justificar minha decisão e sem que esta decisão tenha qualquer prejuízo sobre mim.

Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo.

_________________________________

(Assinatura do Participante de pesquisa ou responsável legal)

Local e data

Assinatura do Pesquisador

26

QUESTIONÁRIOVozes do Cárcere:uso, abuso e dependência de drogas

UNIDADE PRISIONAL: _______________________________

Este é um questionário sobre uso, abuso e dependência de drogas

• Os dados coletados serão sigilosos e suas respostas anônimas.

• Se possível, responda TODAS as questões.

• Assinale com X a resposta escolhida em cada questão.

Você já usou drogas durante a gravidez? (inclusive álcool e tabaco)

Você teve acesso à informações sobre os efeitos do uso das drogas durante a gravidez?

Caso tenha respondido SIM, quais drogas você utilizou durante a gravidez?

39

41

40

( ) Nunca engravidei( ) Parei de usar drogas durante a gravidez, mas continuei bebendo álcool

( ) Parei de usar álcool e outras drogas durante a gravidez( ) Tive a gravidez interrompida (aborto) por uso de álcool e/ou outras drogas( ) Só comecei a usar drogas após o fim da gravidez( ) Outros

( ) Não uso drogas ( ) Não tive informação( ) Tive informação e deixei de usar ( ) Tive informação mas usei mesmo assim( ) Tive informação mas não acreditei( ) Tentei parar mas não consegui ( ) Outros

( ) Maconha/Haxixe ( ) Cocaína (pó) ( ) Crack (pedra) ( ) Ecstasy (bala) ( ) LSD (doce) ( ) Tabaco (cigarro)( ) Inalantes (cola, loló, thinner, lança-perfume) ( ) Álcool( ) Estimulantes (rebite, boleta, efedrina, ritalina outros)( ) Anabolizantes (GH, bomba)( ) Calmantes/tranquilizantes (valium, diazepan, rivotril, outros)( ) Estimulantes sexuais (viagra, cialis, levitra, outros)( ) Sim, outras.

PARA MULHERES

Sexo/Identidade de Gênero:

Você tem filhos?

Idade:

Desde que foi preso vem recebendo visita de algum membro da família?

Quem cuida dos seus filhos? *Você pode marcar mais de uma se tiver filhos em diferentes situações.

Qual era a renda mensal da sua família antes de ser preso? *Salário mínimo nacional = R$724,00

Qual é a sua religião?

Qual seu estado civil?

Caso tenha respondido SIM, quantos?

Orientação sexual:

Raça ou cor:

Onde você morava?

Com quem você morava?

1

7

4

10

7.2

11

5

6

7.1

2

3

8

9

( ) Feminino

( ) Sim

( ) Sim

( ) Não

( ) Não

( ) Não tenho

( ) Não tenho( ) Meus filhos (as) moram sozinhos( ) Avós, tios, parentes( ) Meus filhos(as) moram na prisão ( ) Meus filhos(as) foram encaminhados para adoção( ) Nenhuma das opções acima

( ) Menos de 724 reais ( ) De 2.173 a 3.620 reais( ) Mais de 10.861 reais

( ) De 725 a 2.172 reais( ) De 3.621 a 10.860 reais

( ) Sozinho(a) ( ) Com meus pais( ) Apenas com um dos meus pais ( ) Com esposo(a), companheira(a) e pais( ) Com esposo(a), companheira(a) e filhos( ) Com esposo(a), companheira(a), pais e filhos

( ) Só com esposo(a), companheira(a)( ) Outros

( ) Não sei( ) Esposo (a) companheiro (a)( ) Meus filhos(as) moram na rua

( ) Solteiro (a)

( ) 1( ) 2( ) 3

( ) 4( ) 5( ) Mais de 5

( ) Católica ( ) Evangélica

( ) Umbanda

( ) Separado (a), divorciado (a)

( ) Islâmica ( ) Budista

( ) Heterosexual

( ) Branca

( ) Transsexual

( ) Protestante

( ) Casado (a) ou mora junto

( ) Espírita ( ) Cadomblé

( ) Judaica

( ) Viúvo (a)

( ) Ateísmo (não acredito em Deus)( ) Outra ____________

( ) Lésbica

( ) Preta( ) Indígena

( ) Travesti

( ) Bisexual

( ) Amarela

( ) Masculino

( ) Gay

( ) Parda

( ) Casa própria ou da família ( ) Na rua( ) Outros

( ) Casa/quarto alugado ou emprestado ( ) Moradia temporária

( ) Entre 18 e 21 anos ( ) Entre 22 e 24 anos ( ) Entre 25 e 29 anos( ) Entre 30 e 34 anos

( ) Entre 35 e 45 anos( ) Entre 46 e 59 anos( ) Entre 60 e 69 anos( ) Mais de 70 anos

Qual seu grau de escolaridade?13

( ) Nunca fui à escola ou parei antes da 4a série (5º ano)( ) Até a 4a série (5º ano)( ) Entre a 5ª e a 8ª série (5º e 9º ano)( ) Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Superior Incompleto/Completo( ) Pós graduação Incompleta/ Completa

Qual é a renda mensal da sua família atualmente (após a sua prisão)? 12( ) Menos de 724 reais ( ) De 2.173 a 3.620 reais( ) Mais de 10.861 reais

( ) De 725 a 2.172 reais( ) De 3.621 a 10.860 reais( ) Não sei

Antes de ser preso, você estava:14

( ) Desempregado ( ) Empregado, meio período, com carteira assinada ( ) Empregado, meio período, sem carteira assinada ( ) Empregado, período integral, com carteira assinada ( ) Empregado, período integral, sem carteira assinada( ) Trabalhava como autônomo (informal) ( ) Outro

Qual era sua profissão antes de ser preso?

Nas horas de lazer você costumava: *Você pode marcar até 3 opções.

15

15

Há quanto tempo está preso?16

( ) Menos de 1 ano

( ) Mais de 8 anos ( ) 4 a 8 anos

( ) 1 a 4 anos

( )

( ) Trabalhava na área da saúde( ) Era enpresário/executivo( ) Era vendedor/autônomo( ) Era mecânico( ) Era motorista

( ) Navegar na internet/mexer no celular( ) Praticar esportes/ir ao parque( ) Ir ao shopping/supermercado( ) Assistir TV

Quantas condenações você já teve? 18

Qual o total do tempo de sua condenação?

Por quanto tempo ficou preso da última vez?

Por quais crimes você foi acusado? *Você pode marcar mais de uma.

17

19

20

( ) Menos de 4 anos ( ) 4 a 8 anos( ) 8 a 12 anos ( ) 12 a 20 anos

( ) Não tinha sido preso antes( ) Menos de 1 ano( ) 1 a 4 anos( ) 4 a 8 anos

( ) Furto( ) Roubo( ) Porte de arma( ) Tráfico de drogas

( ) 20 a 30 anos( ) Mais de 30 anos( ) Ainda não tenho condenação( ) Estou cumprindo medida de segurança

( ) 8 a 12 anos ( ) 12 a 20 anos ( ) 20 a 30 anos ( ) Mais de 30 anos

( ) Homicídio( ) Crimes sexuais( ) Extorsão( ) Violência doméstica( ) Outros

( ) 1( ) 2

( ) 3( ) 4

( ) 5( ) Mais de 5

( ) Era advogado( ) Era marceneiro( ) Era agricultor( ) Era do lar( ) Era professor( ) Era engenheiro( ) Era motoboy( ) Outras

( ) Jogar video game( ) Ficar em casa com a

( ) Ouvir/tocar música( ) Outras atividades

Trabalhava com construção/ reforma/serviços gerais

família

Marque quais desses tipos de drogas você já usou:25( ) Maconha/Haxixe( ) Cocaína (pó)( ) Crack (pedra)( ) Ecstasy (bala)

( ) LSD (doce)( ) Inalantes (loló, lança-perfume)( ) Outras

Você usava drogas permitidas? * Você pode marcar mais de uma.23

( ) Não( ) Sim, tabaco (cigarro)( ) Sim, álcool( ) Sim, tabaco (cigarro) e álcool.( ) Sim, inalantes (cola e thinner) ( ) Sim, estimulantes (rebite, boleta, efedrina, ritalina, outros)( ) Sim, anabolizantes (GH, bomba, outros)( ) Sim, calmantes/tranquilizantes (valium, diazepan, rivotril, outros)( ) Sim, estimulantes sexuais (viagra, cialis, levitra, outros)( ) Sim, outras.

Você usava drogas proibidas?

USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGA

24 ( ) Sim ( ) Não

Marque um X em todas as linhas, assinalando a idade correspondente ao primeiro uso de cada uma dessas drogas:26

Álcool

Tabaco (cigarro)

Maconha/Haxixe

Cocaína (Pó)

Crack (Pedra)

Ecstasy (Bala)

LSD (Doce)

Inalantes (cola, loló, thinner,

lança-perfume)

Estimulantes (anfetamina,

rebite, speed, efedrina, boletas)

Tranquilizantes/Calmantes

(valium, diazepan, rivotril, ritalina)

Anabolizantes (GH, bomba)

Sexuais (viagra, cialis, levitra)

Nunca usei essa droga

Não sei/Não lembro

Menosde 12 anos

Entre 12 e 15anos

Mais de 18 anos

Entre 16 e 18anos

Como você se considerava em relação à dependência (vício)?27( ) Não sou viciado/dependente( ) Sou viciado/dependente

( ) Já fui viciado/dependente( ) Não sei

Há quanto tempo você NÃO usa drogas?28( ) Menos de 1 ano( ) Entre 1 e 2 anos

( ) Entre 2 e 4 anos( ) Mais de 4 anos

Atualmente quem faz a sua defesa? 22

( ) Adovogado particular ( ) Defensor público ( ) Ninguém

Já cumpriu pena ou foi preso por tráfico de drogas? *Responda mesmo que não condenado.21

( ) Nenhuma vez( ) Uma vez( ) Duas vezes

( ) Três vezes( ) Quatro vezes( ) Cinco vezes( ) Mais de cinco vezes

Você já procurou algum tipo de tratamento ou participou de algum programa para usuários de drogas antes de ser preso?32

( ) Sim ( ) Não

O crime cometido teve relação com o uso de drogas? *Você pode marcar mais de uma.

Se você costumava usar crack, qual o número médio de pedras por dia?

30

31

( ) Não houve relação com drogas ( ) Sim, foi cometido sob o efeito de drogas( )

( ) Sim, foi cometido para quitar ou pagar dívidas de drogas( ) Sim, o crime foi relacionado ao tráfico de drogas( ) Sim, mas por outra razão ( ) Não sei

( ) Não costumava usar crack ( ) Usava apenas de vez em quando( ) Usava menos de 5 por dia ( ) Entre 5 a 10( ) Entre 11 e 12

( ) Entre 12 e 13( ) Entre 14 e 15 ( ) Entre 15 e 20( ) Mais de 20 ( ) Não sei, mas eram poucas( ) Não sei, mas eram muitas

Caso tenha procurado, quais foram os serviços? *Você pode marcar mais de uma.33

( ) Centro de Atenção Psicossocial – CAPS( ) Unidade de Saúde ( ) Unidade de Acolhimento ( ) Comunidades Terapêuticas ( ) Grupos de Autoajuda (AA/NA/grupos de Igreja)( ) Clínicas particulares( ) Outros. Qual? ___________________________________________

Qual era seu padrão de uso de drogas?29( ) Todo dia em grande quantidade ( ) Todo dia em pequena quantidade( ) Uns dias mais uns dias menos ( ) Uso enquanto tiver, sem controlar a quantidade( ) Só uso de vez em quando e controlo o uso( ) Apenas nos finais de semana( ) Não sei

Você já recebeu algum tipo de tratamento ou participou de algum programa para usuários de drogas na sua Unidade Prisional?

Caso sua unidade prisional tivesse algum programa voltado para usuário de drogas você gostaria de participar?

34

35

( ) Sim

( ) Sim

( ) Não

( ) Não

Algum integrante de sua família tem problemas com álcool ou outras drogas?

Você teve acesso à informações sobre prevenção do uso de drogas na família, na escola ou sociedade antes de se envolver com o uso ou tráfico de drogas?

Caso tenha respondido SIM, qual membro da sua família?

36

38

37

( ) Sim

( ) Sim

( ) Não

( ) Não ( ) Não sei

( ) Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Filhos

( ) Tios(as) ( ) Esposo(a) ou companheiro(a) ( ) Outros

Sim, foi cometido para comprar drogas ou trocar o objeto do crime por drogas

Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos

Departamento Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas

www.justica.pr.gov.br

www.politicassobredrogas.pr.gov.br

36