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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL A LEITURA E PRODUÇÃO HIPERTEXTUAL NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS E FORMAÇÃO HUMANA Proposta de Material Didático Pedagógico , em formato de OAC, apresentada pela professora Margareth Aparecida Grou, como requisito do Programa de Desenvolvimento Educacional, sob a orientação da professora Me. Annie Rose dos Santos, da Universidade Estadual de Maringá. MARINGÁ 2007/2008

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAOSUPERINTENDNCIA DA EDUCAO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

A LEITURA E PRODUO HIPERTEXTUAL NA CONSTRUO DE SENTIDOS E FORMAO HUMANA

Proposta de Material Didtico Pedaggico , em formato de OAC, apresentada pela professora Margareth Aparecida Grou, como requisito do Programa de Desenvolvimento Educacional, sob a orientao da professora Me. Annie Rose dos Santos, da Universidade Estadual de Maring.

MARING2007/2008

A leitura e a produo textual hipertextual na construo de sentidos e formao humana

I Recurso de Expresso

Como promover atividades no ambiente informatizado que levem os alunos a interagirem com o texto, atribuindo-lhe significado?

O uso da informtica como um dispositivo a mais no planejamento das atividades de leitura pode contribuir no desenvolvimento de um leitor que interaja com o texto, atribuindo significado e buscando ampla compreenso.No entanto, preciso ter claro que tal dispositivo no visa substituir e nem assumir a funo dos livros literrios e didticos, mas se consolida numa importante ferramenta na socializao dos conhecimentos.

Dentre as estruturas textuais existentes neste meio eletrnico, o hipertexto inaugura uma nova forma de leitura: a leitura hipertextual. Assim, o objetivo desta proposta a insero da prtica da leitura hipertextual, atravs da elaborao de hipertextos que disponibilizem diversas linguagens ou gneros, e diferentes pontos de vista e enfoques sobre o mesmo assunto; tendo em vista, que a educao hipertextual, atualmente, significa uma experincia de construo de sentidos e de formao humana em que h uma heterogeneidade de textos, intertextualidade de conhecimento, interatividade e no linearidade, uma vez que a interatividade entre aprendizagem e o sujeito/leitor permite a construo de percursos de sentidos individualizados.

II Recurso de Investigao

a) Investigao Disciplinar

Os links e a construo de sentidos

A palavra hipertexto surgiu em meados dos anos 1960 por Theodore Nelson para exprimir a idia de escrita/leitura na linear em um sistema de informtica (Lvy, 1999: 29 apud CAVALCANTE, 2004, p. 164). De acordo com Lvy, o sonho de Nelson era construir uma enorme biblioteca em que todos poderiam utiliz-la para escrever, interconectar-se, interagir, comentar textos e outras produes disponveis nesse espao. Apesar de muitos hipertextos j terem sido criados, poucos chegaram amplitude idealizada por Nelson.

Essa nova ferramenta, disseminada com a incorporao da tecnologia da Internet, vem provocando discusses sobre a sua natureza no campo dos estudos da linguagem. Centrando a discusso no mbito da lingstica, o hipertexto surge c omo a possibilidade de discutir a textualidade luz de teorias e tambm cognitivas, num portador de texto, o

hipertexto, disponibilizado num veculo com especificidades prprias como se configura a Internet (CAVALCANTE, 2004, p. 163).

O que torna um texto hiper so os links (ns), que possuem papel relevante na construo de sentidos nos textos virtuais, pois promovem ligaes entre blocos informacionais (outros textos; fragmentos de informao; palavra; pargrafo; endereamento etc). Por exemplo, a homepage de um jornal virtual qualquer, os links ali presentes apontam para diversos textos, mas finitos, ou melhor, pertencentes ao domnio discursivo daquele jornal em questo. J no interior de um texto qualquer, os links tendem a funcionar como as conhecidas notas de rodap dos textos impressos. Porm, todas as conexes possibilitam novos ingredientes a tessitura textual das produes digitais.

A arquitetura do hipertexto digital representa o funcionamento das redes de sentido que estabelecemos na leitura de um texto qualquer, a partir dos conhecimentos prvios, ideologia, cultura, situao comunicativa etc. No entanto, nele os links so propositalmente organizados pelo autor, como estratgia de marcar as possibilidades de percurso segundo seu(s) objetivo(s), estilo, sua histria, seu lugar de autoria. No h no hipertexto um caminho nico a ser percorrido, mas sim um delineamento de um espao, demarcado pelos links que remetem a outros espaos.

Enfim, na elaborao do hipertexto, o autor sempre ir destacar os pontos de referncia que considera serem oportunos e relevantes ao seu leitor, propondo articulaes possveis entre textos.

(CAVALCANTE, Marianne Carvalho Bezerra. Mapeamento e produo de sentido: os links no hipertexto. In: MARCUSHI, Luiz Antnio; Xavier, Antnio Carlos (orgs.). Hipertexto e gneros digitais: novas formas de construo do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, 196 p.)

b) Perspectiva Interdisciplinar

O dilogo entre as disciplinas

Ao desenvolver os encaminhamentos metodolgicos que visem educao hipertextual em prol da formao humana, importante levantar problemticas atuais, principalmente atravs de leituras aprofundadas sobre as condies humanas, tendo em vista a integrao das tecnologias e conhecimentos. Nesse sentido, o trabalho com a leitura hipertextual ficar muito mais amplo quando realizado em parceria com outras disciplinas, como Arte, Geografia e Histria, que potencializar a emancipao do leitor, atravs do acesso s informaes geogrficas , histricas e artsticas que se fizerem necessrias construo de sentidos.

c) Contextualizao

As Novas Tecnologias e a Educao

Considerando que as novas tecnologias, essencialmente a informtica, esto cada vez mais presentes em todos os mbitos da sociedade e, principalmente, no universo dos jovens, revelando novas formas de leitura e escrita e, principalmente, pensando em prticas que desenvolvam habilidades de leitura e que estimulem a busca de informaes sobre determinado assunto por meio de usos diversificados de sons, imagens e animao associados aos textos verbais e contribuam na construo de sentidos e nas relaes dialgicas, o hipertexto eletrnico pode de forma efetiva atingir resultados positivos nas prticas de leitura, atravs da mediao do professor.

Quando se tem o objetivo pedaggico previamente definido, o hipertexto pode se tornar uma interessante estratgia no desenvolvimento de atividades de leituras, visto que possvel, por meio dele, disponibilizar, ao mesmo tempo, diversos textos de diversas naturezas. Alm disso, por se tratar de uma ferramenta tecnolgica presente no universo dos jovens, a leitura hipertextual pode se revelar um importante estmulo aprendizagem.

Por meio dos links, o hipertexto eletrnico possibilita reunir em um mesmo suporte diversas questes e temticas, que alm de desenvolver investigaes para a construo de um conhecimento cientfico, pode proporcionar a compreenso do mundo e a concepo do ato de educar como processo de humanizao.

III Recursos Didticos

a) Proposta de Atividades

A leitura hipertextual na construo de sentidos e formao humana

Visando a contribuir no desenvolvimento de um leitor proficiente, que possua condies mnimas para desenvolver a capacidade de leitura crtica para entrar nas diferentes ordens do discurso, o presente material didtico constitui-se, inicialmente, de proposies de leituras de hipertextos, pesquisados na internet e elaborados pelo professor, que proporcionem num primeiro momento o entendimento das funes do hipertexto e em seguida, direcionem e auxiliem o trabalho de explorao textual. Pretende-se reunir em um mesmo suporte diversas questes e temticas, que alm de desenvolver investigaes para a construo de um conhecimento cientfico, possam tambm proporcionar a compreenso do mundo e a concepo do ato de educar como processo de humanizao. A presente proposta ser aplicada com o 3 ano do Ensino Mdio do Colgio Alberto J. Byington Jnior de Maring, no laboratrio de informtica com at 40 alunos, que trabalharo em duplas. Como o programa disponibilizado o Linux, o primeiro momento, no laboratrio com os alunos, ser para a apresentao de algumas noes deste, como, por exemplo, mostrar as novas nomenclaturas dos softwares e as correspondentes no Windows.

Em seguida, faz-se necessrio aprender o caminho para a criao de hipertextos, sempre considerando uma prtica de leitura que proporcione o aluno a interagir com o que est lendo, compreendendo e atribuindo sentidos, para que o mesmo, como sujeito-leitor, tambm usufrua desse processo na leitura de outros textos que se encontrem fora do contexto escolar. Para que uma palavra, expresso ou at mesmo uma figura se transforme num link, preciso primeiramente selecion-la e clicar no cone inserir hiperlink (um globo azul com um clip, que fica na barra de ferramentas no alto da tela do Word). Feito isso, escolha o documento a que o elemento selecionado se refere, podendo o mesmo ser pasta atual, pginas navegadas ou arquivos recentes. No caso de palavras ou expresses, estes se tornam automaticamente azuis e sublinhados.

O caminho proposto para a criao de hipertextos encontra-se disponibilizado no site da Prof Carla Viana Coscarelli, coordenadora do Redigir Curso de Leitura e Produo de Textos: http://bbs.metalink.com.br/~lcoscarelli/criandohipertx.htm

Procedimentos propostos para a introduo da leitura hipertextual

1- Inicialmente, interessante mostrar como esta estrutura

textual se faz presente em vrios sites, textos, documentos e outros veiculados na Internet, apresentando alguns e discutindo sobre a(s) funo(s) dos links na compreenso destes.

Abaixo, uma sugesto de hipertexto retirado do site de pesquisa

Wikipdia (enciclopdia livre):

Leitura

Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

Ir para: navegao, pesquisa

A leitura, que um testemunho oral da palavra escrita de diversos idiomas, com a inveno da imprensa, tornou-se uma atividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo mltiplas finalidades.

Podemos vincular o conceito de leitura ao processo de letramento, numa compreenso mais ampla do processo de aquisio das habilidades de leitura e escrita e principalmente da prtica social destas habilidades. Deste modo, a leitura nos insere em um mundo mais vasto, de conhecimentos e significados, nos habilitando inclusive a decifr-lo; da a noo to difundida de leitura do mundo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Letramentohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Civiliza????ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Imprensahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Escritahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ling????sticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Leitura#searchInput#searchInputhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Leitura#column-one#column-onehttp://bbs.metalink.com.br/~lcoscarelli/criandohipertx.htm

A escrita precisa ter um sentido para quem l, pois saber ler no pode ser representar apenas a decodificao de signos, de smbolos. Ler muito mais que isso; um movimento de interao das pessoas com o mundo e delas entre si e isso se adquire quando passa a exercer a funo social da lngua, ou seja, quando sai do simplismo da decodificao para a leitura e reelaborao dos textos que podem ser de diversas formas apresentveis e que possibilitam uma percepo do mundo.

A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler vai ocorrendo ao longo de suas experincias existenciais. Desde sua concepo, a criana vai se exercitando nas tantas leituras que o seu pequeno mundo lhe permite, por meio de sua percepo sensorial; depois, a leitura da palavra vai se consolidando, ao longo da sua escolarizao, superpondo-se leitura do mundo.

Segundo Fanny Abramovich, por meio de narrativas que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, de outra tica, outra tica... ficar sabendo Histria, Geografia, Filosofia, Poltica, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didtica, que outro departamento (no to preocupado em abrir as portas da compreenso do mundo).

Dois bons motivos para se ler (entre tantos outros):

uma atividade bsica na formao cultural da pessoa. Alm disso, uma excelente atividade de lazer. A leitura de uma narrativa bem urdida, de um conto, de uma crnica e de diversos outros gneros literrios constitui uma valiosa atividade a ser includa em nossos momentos de lazer.

Ler benfico sade mental, pois uma atividade neurbica. A atividade da leitura faz reforar as conexes entre os neurnios. Para a mente, ainda no inventaram melhor exerccio do que ler atentamente e refletir sobre o texto.

Disponvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Leitura

2 - Como o hipertexto no um gnero e sim, um modo de produo textual que pode se constituir de um ou mais gneros, a escolha dos textos que sero transformados em hipertextos podem e devem contemplar os mais diversos gneros, considerando suas especificidades e, claro, a inteno do que se prope com o trabalho de leitura.

Para incio, ser proposta a leitura de um artigo de opinio Por que o jovem no deve ler!, do escritor Ulisses Tavares, que foi transformado em hipertexto. A escolha por este texto considerou inicialmente o fato do ttulo ser bastante sugestivo e atraente, do gnero ser artigo de opinio que

http://pt.wikipedia.org/wiki/Leiturahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mentehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Neur??nioshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Neur??bicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Lazerhttp://pt.wikipedia.org/wiki/G??neros_liter?!rioshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cr??nicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Contohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Narrativahttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Forma??o_cultural&action=edithttp://pt.wikipedia.org/wiki/Narrativahttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fanny_Abramovich&action=edit

possibilita o confronto de pontos de vista e, por fim, o fato da temtica ser bastante pertinente ao pblico-alvo. Porm, antes de propor a leitura deste, oportuno apresentar o artigo sem os links, para que na concluso da atividade os alunos mensurem as contribuies ou no do hipertexto. O mesmo encontra-se na ntegra no site da revista Discutindo Literatura, em que foi originalmente publicado (http://www.discutindoliteratura.com.br/reporte2jovem

Por que o jovem no deve ler!

Ulisses Tavares

Calma, prezado leitor, nem voc leu errado, nem eu pirei de vez. Este artigo pretende isso mesmo: dar novos motivos para que os moos e moas de nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para no bombar na escola.

E continuem vendo a leitura como algo completamente estapafrdio, irrelevante, anacrnico, e permaneam habitando o universo grafo dos hedonistas incensados nos realitys shows.

(pa, acho que exagerei. Afinal, quem no l, muito dificilmente vai conseguir compreender esta ltima frase. Desculpem a, manos: eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam de dicionrio pra entender gibi da Mnica, na onda dos sarados e popozudas que vem na telinha, e que vou dar uma fora pra essa parada a, porra.)

Eu explico mais ainda: que, aproveitando o gancho do Salo do Livro Infanto-Juvenil, em novembro agora no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importncia da leitura. Algo leve mas suficiente para despertar em meia dzia de jovens o gosto pela leitura (de que? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remdio a conselhos

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bienal_do_Livro_de_S??o_Paulohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bienal_do_Livro_de_S??o_Paulohttp://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/realityShow/home.htmlhttp://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070425180701AAqQoh6http://www.ulissestavares.com.br/http://www.discutindoliteratura.com.br/reporte2jovem.asp

religiosos; de revistas a tratados de fsica quntica; de autores clssicos a paulos coelhos.)

Da aconteceram trs coisas que me fizeram mudar de rumo e de idia.

Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrs, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de vrios pases. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o ltimo lugar, at mesmo atrs de paizinhos miserveis e perdidos no mapa mundi? Acertou, brdi: o nosso Brasil.

Logo depois, li uma notcia boa que, na verdade, ruim: o (des)governo de So Paulo anuncia maior nmero de crianas na escola. Mas adotou a poltica da no reprovao. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua tecnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.

E, por ltimo, li em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso.

Viram como ler atrapalha?

A gente fica sabendo de fatos que, se no soubesse, teria mais tempo para curtir o prprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situao atual de boa parte de nossa juventude.

E tambm faz o tico e o teco (nossos dois neurnios que ainda funcionam no crebro, j que se dividirmos o quociente de inteligncia nacional pelo nmero de habitantes no deve sobrar mais que isso per capita) malharem e suarem, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculao.

Por isso que, num momento de desalento, decidi que, de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ningum que leia mais, que abra livros para abrir a cabea.

A realidade brutal e desmentiria em seguida qualquer motivo que eu desse para um jovem tupiniquim trocar a alienao pela leitura.

Eu reconheo: a maioria est certa em no ler.

E tem, no mnimo, 5 razes poderosas , maiores e melhores que meus frgeis argumentos ao contrrio:

http://www.ipae.com.br/pub/pt/re/ae/95/materia7.htmhttp://www.paulocoelho.com/port/

1. Se ler, vai querer participar como cidado dos destinos do Pas. No vale pena o esforo. Como disse o Lula (que no teve muita escola, mas sempre leu pra caramba), a juventude no gosta de poltica, mas os polticos adoram. Por isso que eles mandam e desmandam h sculos;

2. Se ler, vai saber que esto mentindo e matando montes de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente; principalmente porque esses jovens no percebem nem tm como saber (a no ser lendo) a tremenda cilada que acreditar que bacana mentir e matar tambm;

3. Se ler, vai acordar um dia e se perguntar que diabo isso que anda acontecendo neste lugar, onde s ladres, corruptos, prostitutas e ignorantes, aparecem na mdia;

4. Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, at capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitrio, voluntrio e parar de ser egosta;

5. Se ler, vai comparar opinies, acontecimentos, impresses e emoes e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz.

O espao est acabando e me deu vontade de lembrar que ningum -nem mesmo algum que no v utilidade na leitura - pode achar que h um belo futuro aguardando uma juventude que vai de revlver pra escola e, l, absorve no conhecimentos mas um baseado ou uma carreirinha maneira. Sim, outra pesquisa que li, esta dando conta que sete entre dez estudantes brasileiros andam armados, trs entre dez se drogam na escola, sete entre dez bebem regularmente.

Mas paro por aqui j que, apesar destes tristes tempos verdes e amarelos (as cores do vmito, papito), lembro tambm de tantos poetas, jornalistas e escritores que, ao longo de minha vida de leitor apaixonado, me deram toques de esperana, fora e f na mudana.

De um especialmente - o poeta Tiago de Melo - com seu verso comovido e repleto de coragem:

"Faz escuro, mas eu canto!"Talvez meu pequeno cantar sirva de guia do homem (e mulher) de

amanh. E que, lendo mais, ele/ela evite de ter como nica alternativa para mudar de vida dar a bunda (e a alma) ou engolir baratas (e a dignidade) diante das cmeras de televiso.

Ulisses Tavares, escritor e professor, sempre leu muito. No ficou

rico com isso. Mas deixou de ser pobre de esprito rapidinho.www.ulissestavares.com.br - [email protected]

mailto:[email protected]://www.releituras.com/tmello_menu.asphttp://veja.abril.com.br/160501/p_154.html

Texto publicado na Revista Discutindo Literatura, Edio 3, Editora Escala, disponvel em: http://www.discutindoliteratura.com.br/reporte2jovem.asp

Procedimentos propostos para a explorao textual 1) Reconhecimento das funes do hipertexto a) A partir da leitura dos hipertextos e da observao e anlise

dos links neles contidos, comente sobre o percurso de leitura por eles estabelecidos? Em sua opinio, qual (quais) a(s) funo(s) que os links assumem no hipertexto?

b) De que forma os links podem ou no favorecer na determinao do contexto scio-histrico-cultural de circulao?

c) Compreendendo que por meio dos links possvel desenvolver o conhecimento esquemtico do leitor, ou seja, o chamado conhecimento de mundo, que sugestes de links poderiam ainda ser inseridos nos dois hipertextos em estudo?

2) Conhecimento de caractersticas lingsticas e de estilo do

texto a) Observar e comentar o nvel de formalidade do texto, bem

como o vocabulrio empregado, construes frasais e qualquer outro aspecto que chamar sua ateno.

b) A negativa pode servir a variados empregos lingsticos, mostrando que a nossa lngua tem muitas sutilezas e que muitas vezes a empregamos para fazer uso de um um recurso de estilo por meio da qual se nega o contrrio do que se pretende afirmar (ironia). Em que momentos do texto percebem-se o uso da negativa com esta inteno? Comente o efeito de nfase que este recurso possibilita ao texto.

3) Condies de produo e circulao do gnero. a) Todo gnero discursivo uma forma de ao social, portanto

tem uma funo social comunicativa e se fazem necessrios alguns reconhecimentos na compreenso ampla do texto. Identifique a que gnero o presente texto pertence? Com qual finalidade geralmente o produz? Quem costuma ler este gnero? Que influncia pode sofrer a devido a essa leitura?

4) Marcas enunciativas (discursivas) do texto a) Que imagem o enunciador (autor do texto) passa de si? E qual

a imagem que ele passa do jovem brasileiro?b) O autor traz outras vozes ao texto, ao se referir a algumas

personalidades literrias. Identifique-as e procure estabelecer algumas

http://www.discutindoliteratura.com.br/reporte2jovem.asp

relaes referenciais entre elas. Qual seria a possvel intencionalidade do autor ao fazer referncia a estas pessoas?

c) O autor tambm faz menes a algumas informaes pertinentes ao tema abordado, como por exemplo, a um teste de leitura realizado entre alunos do ensino fundamental, utilizado como forma de avaliar o desempenho dos alunos em algumas habilidades consideradas essenciais e mnimas para o cidado. Este fato ao lado de outros dois fizeram-lhe escrever sobre a no importncia da leitura. Tais citaes revelam que posicionamentos e/ou ideologias do enunciador?

Para concluir a explorao, ser apresentado aos alunos um e-mail

recebido do autor do artigo em resposta a algumas solicitaes, para que os mesmos vejam que a internet pode possibilitar o dilogo do leitor com o autor, podendo ajudar no levantamento das condies de produo do texto e em outras informaes que se fizerem necessrias.

Re: Autorizao p/ uso de seu artigo Ulisses autoriza.De: Ulisses Tavares ([email protected])

Enviada:quinta-feira, 29 de novembro de 2007

17:15:59Responder-

Para:Ulisses Tavares ([email protected])

Para:Margareth Grou

([email protected])Cc: [email protected]

Ok, Margaret, pode usar sim, citando a fonte, claro.1. Minha bandeira a importncia da leitura h 20 anos, em

palestras e nas oficinas de poesia que ministro para professoras em todo o Brasil;

2. parte de uma srie de outros artigos sobre o assunto, em diferentes enfoques; claro que bienais de livros sempre "inspiram" esse tipo de reflexo, j que muitos jovens esto precisando de dicionrio para ler Pato Donald e bula de remdio pra gripe;

3. A finalidade alertar jovens e crianas que, se no lerem, danaro (no mal sentido) no futuro;

4. Tenho um caminho de livros destinados ao pblico juvenil; mas prefiro falar para as crianas, que ainda me do melhores esperanas.

Abrao, qualquer coisa, me liga,Ulisses Tavares.sp 29 novembro 2007 From: Margareth Grou To: [email protected] Sent: Thursday, November 29, 2007 7:56 AMSubject: Autorizao p/ uso de seu artigo

mailto:[email protected]:[email protected]

Ol!

Gostaria de solicitar autorizao para o uso de seu texto "Por que o jovem no deve ler" em um material didtico que estou elaborando, parte de uma proposta de interveno que est sendo realizada com o apoio do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) e que vem sendo desenvolvido nas escolas pblicas do Paran, por iniciativa do Governo Estadual. Sei que o referido texto foi publicado na revista Discutindo Literatura - 3 Edio - e, portanto, no sei se devo encaminhar tal solicitao ao senhor ou prpria revista. Caso seja autorizado o uso do presente texto, gostaria de obter algumas informaes sobre as condies de produo do mesmo, como:- O desenvolvimento da temtica abordada em seu artigo foi solicitao da revista ou surgiu de seu interesse como escritor?- O senhor o escreveu logo aps a realizao do Salo do Livro Infanto-]uvenil, em novembro de 2004 no Parque do Ibirapuera?-Geralmente com qual finalidade o senhor produz este gnero? -O jovem foi seu nico pblico-alvo? ObrigadaMargareth Grou

A atividade final ser a produo de um hipertexto em que os alunos resgatem a temtica desenvolvida nos dois modelos de hipertextos inicialmente trabalhados, para que os mesmos conheam o processo de produo e ao mesmo tempo tenham a possibilidade de estabelecerem as relaes (links) que julgarem necessrias na obteno de uma leitura significativa.

O percurso da atividade partir da apresentao de um texto que tambm trata sobre o ato de ler, do escritor Mrio Quintana, para que sejam inseridos links que o aluno julgar necessrios.

NO DESPERTEMOS O LEITOR

(exemplo de prosa potica)Os leitores so, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler

dormindo. Autor que os queira conservar no deve ministrar-lhes o mnimo susto. Apenas as eternas frases feitas.

A vida um fardo isto, por exemplo, pode repetir-se sempre. E acrescentar impunemente: disse Bias. Bias no faz mal a ningum, como, alis, os outros seis sbios da Grcia, pois todos os sete, como h vinte sculos j se queixava Plutarco, eram uns verdadeiros chatos. Isto para ele, Plutarco. Mas para o grego comum da poca, deviam ser a delcia e a tbua de salvao das conversas.

Pois no mesmo bom falar e pensar sem esforo? O lugar-comum a base da sociedade, a sua poltica, a sua filosofia, a segurana das instituies. Ningum levado a srio com idias originais.

J no a primeira vez, por exemplo, que um figuro qualquer declara em entrevista:

O Brasil no fugir ao seu destino histrico! O xito da tirada, a julgar pelo destaque que lhe d a

imprensa, sempre infalvel, embora o leitor semidesperto possa desconfiar que isso no quer dizer coisa alguma, pois nada foge mesmo ao seu destino histrico, seja um imprio que desaba ou uma barata esmagada.

(Quintana, Mrio. http://www.livrosparatodos.net/biografias/mario-quintana.html)

Avaliao

Nessa primeira fase da aplicabilidade da leitura hipertextual, ser encaminhada uma discusso que possibilite aos alunos mensurarem as contribuies ou no desta prtica, destacando os aspectos positivos e os negativos.

b) Sons e Vdeos

Pela Internet

Intrprete: Gilberto GilCompositor: Gilberto Gil

Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomar Que leve um oriki do meu velho orix Ao porto de um disquete de um micro em Taip

Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomar Que leve meu e-mail at Calcut Depois de um hot-link Num site de Helsinque Para abastecer

http://www.livrosparatodos.net/biografias/mario-quintana.htmlhttp://www.livrosparatodos.net/biografias/mario-quintana.html

Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar O chefe da Macmilcia de Milo Um hacker mafioso acaba de soltar Um vrus pra atacar programas no Japo

Eu quero entrar na rede pra contactar Os lares do Nepal, os bares do Gabo Que o chefe da polcia carioca avisa pelo celular Que l na praa Onze tem um vdeopquer para se jogar

A letra da msica Pela Internet, embora composta em 1997, mostra a essncia do mundo virtual, em que as redes eletrnicas alm de oferecerem leitura, informao, relacionamentos distncia, comunicao, possibilitam conhecer o mundo sem sair de casa; sendo um dos principais aspectos destacados pelo compositor, atravs dos vrios termos e neologismos que remetem ao ato de navegar e tambm, aos diversos lugares citados.

Disponvel em: http://vagalume.uol.com.br/gilberto-gil/pela-internet.html

Referncia:Quanta. Gilberto Gil. 1997. 063013033-2

c) Imagens

Comentrios e outras sugestes de imagem:

Esta imagem revela como a Internet vem se estabelecendo, para muitas pessoas, como um importante instrumento de democratizao do conhecimento e da sociedade, por meio de um novo ambiente, o ciberespao, que possui a capacidade de integrar diferentes vozes. O ciberespao abarca todo grupo ou indivduo, no importando com diferenas de qualquer origem. Alm disso, no oferece grandes dificuldades na difuso de todo e qualquer tipo de informao. Basta a pessoa interessada possuir um mnimo de competncia terica para divulgar a sua produo.

http://vagalume.uol.com.br/gilberto-gil/pela-internet.htmlhttp://www.webletras.com.br/http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/apc/layout5/

d) Stios

Programa Escola Digitalhttp://www.programaescoladigital.org.br/

O stio consiste num programa de incluso digital na escola e em comunidades, apresentando vrios links em seu menu, como o Plugado na escola, que transmite a minissrie Escola Digital, especialmente dirigida a alunos e professores que querem fazer da informtica uma ferramenta que proporcione benefcios para o processo ensino-aprendizagem.

Acessado em: Jan/2008

Comunidade Virtual Escrevendo o Futurohttp://escrevendo.cenpec.org.br/Capa/WebHome

Trata-se de uma comunidade virtual em que o professor precisa se cadastrar para acessar as diversas sees, como por exemplo, a Sala de Leitura, que possui interessantes textos sobre ensino e aprendizagem da leitura e escrita. Outro espao importante na comunidade o Frum, onde os participantes podem trocar experincias, dvidas e consideraes, com a mediao de especialistas do Programa Escrevendo o Futuro.

Acessado em: Dez/2007

Portal Literalhttp://portalliteral.terra.com.br/

O Portal Literal uma revista virtual que traz interessantes assuntos ligados Literatura Brasileira, com vrias novidades literrias em texto, imagem e som, alm de crticas e comentrios sobre arte e literatura.

Acessado em: Jan/2008

V Recursos de Informao

a) Sugestes de leitura

http://portalliteral.terra.com.br/http://escrevendo.cenpec.org.br/Capa/WebHomehttp://www.programaescoladigital.org.br/

Hipertexto e gneros digitais: novas formas de construo do sentidoLuiz Antnio; Xavier, Antnio Carlos (orgs.) MARCUSHI

Este livro rene vrios artigos que discutem sobre as principais modificaes ocorridas pelas inovaes tecnolgicas nas atividades lingstico-cognitivas dos usurios do computador, alm de apresentar conceitos fundamentais sobre hipertexto, gneros eletrnicos, discurso, leitura e ensino distncia mediados pelo computador.

Referncia:MARCUSHI, L. A. X. A. C. (. Hipertexto e gneros digitais: novas formas de construo do sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004).

Gneros discursivos no ensino de leitura e produo de textosMaria Aparecida Garcia (org.) LOPES-ROSSI

O livro de Lopes Rossi traz uma significativa contribuio aos professores que sentem a necessidade de incorporarem em sua prtica os gneros textuais, principalmente aqueles de circulao social. Atravs de relatos de projetos pedaggicos baseados em gneros discursivos, o livro apresenta sugestes de atividades que favorecem o desenvolvimento de leitores proficientes.

Referncia:LOPES-ROSSI, M. A. G. (. Gneros discursivos no ensino de leitura e produo de textos. Taubat-SP: Cabral, 2002).

CiberculturaPierre LVY

O livro de Pierre Lvy, traduzido por Carlos Irineu da Costa , apresenta a cibercultura em seu aspecto polmico, pois para o autor , ela tanto pode ser conservadora e reacionria, na medida em que pode aumentar as desigualdades sociais, como tambm ser agente de libertao, ao possibilitar o acesso a textos e imagens de todos os tipos. No entanto, so visveis as transformaes geradas por esta cultura na educao e formao, e ns, educadores, no podemos ficar alheios a esta e sim, procuramos direcion-la em nossas prticas pedaggicas, dentro de uma perspectiva humanista.

Referncia:LVY, P. Cibercultura. 2. ed. So Paulo: 34, 1999.

Hipertexto, hipermdia: as novas ferramentas da comunicao digitalPollyana (org.) FERRARI

O livro, organizado pela jornalista e professora Polyanna Ferrari, rene uma coletnea de textos que falam sobre as ferramentas para a comunicao digital, proporcionando uma interessante reflexo sobre os novos caminhos para uma leitura mais crtica das informaes, proporcionados pela hipermdia.

Referncia:FERRARI, P. (. Hipertexto, hipermdia: as novas ferramentas da comunicao digital. So Paulo: Contexto, 2007).

b) Notcias

A informtica como aliada de alunos e professoresO Globo (Projeto Institucional: Quem l jornal sabe mais)

A notcia a seguir o resultado da entrevista com as professoras Carla Coscarelli e Elisa Ribeiro, organizadoras da obra Letramento digital Aspectos sociais e possibilidades pedaggicas, que traz uma reflexo sobre como o uso da informtica pode se tornar uma grande aliada no processo ensino-aprendizagem.

Daniela Leiras

Voc sabe o que letramento digital? Se ficou em dvida, pode simplesmente no estar ligando a expresso sua aplicao. Na era da internet, ela faz referncia s inmeras possibilidades de contato com a escrita e a leitura em ambiente digital. Traduzindo para a linguagem do "internets", eh o aprendizado atravs d computador s/ uso d cdigo formal, sac? Os companheiros desta corrida virtual pela alfabetizao so blogs, chats, e-mails, msn, que ganham novos parceiros a cada dia. O uso social da escrita num mundo informatizado gerou uma revoluo na forma de ensinar, e este o desafio proposto pelo livro "Letramento digital - Aspectos sociais e possibilidades pedaggicas", da editora Autntica.

Nesta entrevista, as organizadoras da obra, Carla Viana Coscarelli, doutora em Estudos Lingsticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Ana Elisa Ribeiro, professora da Faculdade de Letras da UFMG, sugerem atividades que no podem faltar em escolas que tratam a tecnologia como uma aliada. Dividimos as perguntas em dois tpicos: os desafios e a escrita. Boa navegao!

PARTE 1 - OS DESAFIOS

QUEM L JORNAL SABE MAIS: Podemos dizer que as aulas de informtica se transformaram numa exigncia para as escolas? Elas esto preparadas para se adaptar aos novos conceitos criados pelo uso da internet?

CARLA: Temo que acontea com a informtica o mesmo que ocorreu com o rdio, a TV e o vdeo. Estes equipamentos poderiam ser muito melhor aproveitados nas salas de aula, mas acabam deixados em segundo plano. Conheo muitas escolas que usam o computador apenas para ensinar seus recursos bsicos. O jeito mais produtivo, porm, utiliz-lo como fonte de pesquisa, meio de produo e instrumento de aprendizagem, e no como um objeto a ser estudado. O computador no devia ser transformado em currculo, mas sim funcionar como um aliado do programa de aula de professores.

QL: Poderia dar exemplos de atividades?

CARLA: Em vez de o professor dar uma aula expositiva sobre as pirmides do Egito, por exemplo, ele pode oferecer um desafio para a turma. Entrem na internet e descubram tudo o que puderem sobre a localizao delas, o que significam, quem fez, em que poca, etc. O professor pode pedir uma apresentao do trabalho em vrios formatos: filme, Power Point, site na internet... Gosto da idia da escola ter uma site dos alunos para ser atualizado constantemente com estas produes em sala de aula. Cada grupo de alunos ou turma trabalharia um tema diferente. Tambm acho interessante a produo de um jornal online. Os estudantes poderiam inserir suas produes literrias, links para blogs, alm de notcias da escola, como os resultados de jogos esportivos.

QL: O uso destas tecnologias em sala de aula uma soluo para prender a ateno dos alunos mais dispersos? Como estimul-los a serem pessoas questionadoras sem acostum-los a solues prontas?

CARLA: Acontece um fenmeno na faculdade. Quando levo a turma para o laboratrio de informtica, os alunos esquecem de sair para o intervalo! Na aula normal, eles ficam ansiosos para acabar logo. Vejo isso positivamente, pois h uma maior participao dos estudantes. Mas h um detalhe: o professor no deve largar os alunos fazendo tudo sozinhos, ele tem que orientar o tempo todo e lanar desafios. Mostrar que a internet fonte e no um produto pronto. O trabalho no computador no pode ser de "corta e cola", pois assim o senso crtico do estudante no desenvolvido. Tudo negocivel.

QL: No futuro, h o risco de o computador substituir o professor?

CARLA: No vejo por este ngulo. O computador pode mudar o papel do professor, que no necessariamente precisa ser uma enciclopdia ambulante. As informaes podem ser buscadas na internet. Neste sentido, o professor passa a ser um mediador da aprendizagem, oferecendo desafios e filtrando o que mais relevante. Isso acontece, por exemplo, em cursos de educao a distncia. Eu dou aulas neste formato na UFMG. As informaes so passadas atravs de uma lista de discusso em que todos os alunos participam, cada um do seu prprio computador, no horrio que preferirem. H tarefas inclusive em grupo, com encontros virtuais. No ensino a distncia, todos tm que participar. No existe cochilar ou matar aula, nem desculpas por chegar atrasado. O aluno tem prazos e seu trabalho ficar disponvel na rede para seus colegas acessarem. Sinto que as discusses no curso a distncia so mais acaloradas, a produo dos estudantes mais levada a srio e a escrita mais caprichada. Ainda um formato novo que, ao longo do tempo, ser aprimorado.

QL: Uma pesquisa da Escola de Londres de Economia e Cincia Poltica mostrou que 75% dos pais entrevistados esperam que a escola oriente seus filhos no uso da internet. Voc ainda percebe uma resistncia de parte dos pais e educadores?

CARLA: Ainda existem educadores que no se acostumaram com o mundo digital, mas a tendncia que, aos poucos, eles se integrem nova realidade. A escola tem o papel de ajudar as crianas a desenvolver o senso crtico, mas isso tambm papel dos pais. Na minha opinio, no existe uma idade ideal para liberar o uso do computador pelas crianas. O que existe o bom senso, o importante saber dosar. O computador no pode virar uma bab eletrnica 2, liberando os pais de darem ateno aos filhos. Eles devem aproveitar as novidades trazidas pela informtica para discutirem assuntos variados dentro de casa.

PARTE 2 - A ESCRITA

QL: Segundo o livro que vocs organizaram, a comunicao digital consegue hoje com rapidez aquilo que a escolaridade compulsria vem penosamente tentando h muito tempo: estimular a comunicao escrita. Quais so os limites desta "liberdade de expresso"?

ANA ELISA: Para se comunicar na internet, a forma de expresso mais utilizada a escrita, seja em blogs e fruns ou em e-mails e chats. As pessoas acabam sendo obrigadas a escrever. As conversas so mais informais e, portanto, o espao permite linguagens como a do "internets". (No = naum ou ; Por que = pq; Voc = vc; Tambm = tb ou tbm; Que = q; Beleza = blz; Quando = qdo; Falou = flw; Valeu = vlw; Beijo = bj; Tchau = xau; Fim de semana = fds; Risos = kkkk, hehe e auhuahua; Mesmo = msm; Ningum = ngm; Computador = pc; Tranqilo = tranks; Escrever, teclar = tc). O que acontece que s vezes os alunos deixam passar algumas abreviaes num texto de prova. Tirar ponto no resolve. Os professores que fazem isso parecem departamento de trnsito. Preferem multar em vez de prevenir. Acho que deve haver uma orientao para os estudantes no passarem para o papel a linguagem liberada na internet e se adaptarem s regras de cada espao. O que no pode escrever assim no vestibular, porque o aluno j deve ter tido a orientao antes, na escola.

CARLA: Uma das reflexes institudas pelas ferramentas de texto do computador sobre a separao de slabas. Antes, ela era usada para alinhar o texto na folha de caderno. Hoje, o computador faz isso e o mais importante para ser destacado a conscincia fonolgica das slabas. Em relao aos corretores ortogrficos, bom lembrar que as pessoas aprendem sim com ele. O que esta ferramenta no faz ensin-lo a escrever um texto criativo e de qualidade.

QL: Voc acha positivo professores darem provas no computador em vez de pedirem papel e caneta?

CARLA: Num primeiro momento, natural existir uma resistncia por parte dos alunos. Mas o computador pode ser uma ferramenta to boa quanto o papel, ou at melhor. O lado positivo que a prova poder ser transformada numa base de dados, ajudando inclusive na pesquisa de outros alunos e professores. O papel que o professor devolve para o aluno pode ter vrios destinos, inclusive o lixo.

QL: Blogs podem substituir redaes?

ANA ELISA: Substituir no, mas serve como treino. O professor pode sugerir temas para os alunos produzirem textos na internet. Os blogs seriam atualizados freqentemente, com a anlise do educador, incentivando os estudantes a escreverem mais e mais. Mas a redao tradicional deve ser

mantida, at porque elas so pedidas em vestibulares. Para terminar, sugiro alguns sites que podem ajudar no trabalho em sala de aula:- www.digestivocultural.com- www.dominiopublico.gov.br- www.programaescoladigital.org.br- www.portalliteral.com.br- www.ciclope.art.br.

Disponvel em: http://oglobo.globo.com/quemle/diversos/default_informatica.asp

c) Destaques

Os desafios do ciberespaoFonte: MELLO, Cristina Teixeira Vieira de. A anlise do discurso em contraponto noo de acessibilidade i

Indubitavelmente, a Internet se estabeleceu, para muitas pessoas, como um importante instrumento de democratizao do conhecimento e da sociedade, por meio de um novo ambiente, o ciberespao, que possui a capacidade de integrar diferentes vozes. O ciberespao abarca todo grupo ou indivduo, no importando com diferenas de qualquer origem. Alm disso, no oferece grandes dificuldades na difuso de todo e qualquer tipo de informao. Basta a pessoa interessada possuir um mnimo de competncia terica para divulgar a sua produo.

Embora no ciberespao cada sujeito seja efetivamente um

potencial produtor de informao, a Anlise do Discurso (AD) vai nos mostrar que m esmo que a rede abrigue pluralidade de idias, de pontos de vista, isso no e suficiente para que haja uma democratizao dos discursos. No basta as idias estarem l depositadas, preciso que elas circulem, que elas tomem corpo, que elas reverbem. Isto , que elas entrem na ordem do discurso e no fiquem apenas deriva na superfcie das guas (MELO, 2004, p. 137).

Mesmo diante dos vrios discursos disponibilizados na rede, muitos destes ainda so inacessveis ou impenetrveis. O que implica afirmar que muitos passam por um processo de seleo do que pode e deve ser dito (para quem) a partir de uma srie de restries ou que ainda algumas pessoas no se encontram qualificadas para entrar em determinadas ordens do discurso.

Por exemplo, quando um internauta realiza busca de natureza informacional, geralmente acessa sites jornalsticos em busca de notcias. E

http://oglobo.globo.com/quemle/diversos/default_informatica.asphttp://www.ciclope.art.br/http://www.portalliteral.com.br/http://www.programaescoladigital.org.br/http://www.dominiopublico.gov.br/http://www.digestivocultural.com/

assim, como outros suportes, dificilmente encontrar sites com idias no hegemnicas, ou seja, que j no passaram pela seleo restritiva, com base em determinados interesses e suposies. Portanto, como exemplo, o chamado discurso dos excludos s ser encontrado em sites ou homepages de iniciativa pessoal e/ou institucional, caso o internauta esteja realizando uma pesquisa de natureza temtica. E mesmo assim, a penetrao em diferentes ordens do discurso, bem como a capacidade de uma leitura ampla, depende de um maior grau de conhecimentos prvios e do desenvolvimento de uma leitura crtica que levem a percepo do(s) sujeito(s) presente(s) nos textos.

Os sites de busca colocam em cena de maneira mais evidente o fenmeno da polifonia discursiva, pois, como resultado de uma pesquisa, o leitor/navegador obter uma listagem, de extenso varivel, com indicaes de todas as referncias que esto na rede sobre o assunto pesquisado. Ou seja, uma pluralidade de vozes ocupar concomitantemente o mesmo espao discursivo (...) (MELLO, 2004, p. 138).

Por essa tica, poderamos acreditar piamente que a Internet um espao democrtico; no entanto, preciso no nos esquecer de que nem todos tm acesso a tudo o que est na rede, pois as trocas no ciberespao esto vinculadas s condies de produo e circulao do conhecimento.

d) Paran

Paran sai na frente em programa de incluso digital nas escolas pblicas

Um estudo divulgado nesta semana pelo Ministrio da Educao e pela Rede de Informao Tecnolgica Latino-Americana, que integra a Organizao das Naes Unidas (ONU), mostrou que o Brasil e outros pases da Amrica Latina esto muito atrasados na oferta de computadores e de acesso internet nas escolas. Em 2005, ano de referncia da pesquisa, s 11,6% dos estudantes brasileiros do ensino fundamental, de escolas pblicas e privadas, tinham acesso internet nas escolas. Nos estabelecimentos pblicos, a situao era ainda pior: s 8,5% dos alunos tinham acesso a computadores ligados internet.

No Paran, entretanto, um programa do Governo do Estado orado em R$ 218 milhes est mudando radicalmente esse panorama. At o final deste ano, o programa Paran Digital ter equipado os 2.100 colgios da rede estadual de ensino com laboratrios de informtica. No total, sero 44 mil terminais, todos ligados internet em banda larga. Cerca de 900 colgios j contam com os laboratrios instalados e em funcionamento, e em outros 800 os equipamentos j se encontram no local, em fase final de

instalao. Para os restantes 400 colgios, os laboratrios esto na fase de concluso de obras das redes eltricas e lgicas.(...)

O acompanhamento mensal do programa, feito pelo Centro de Computao Cientfica e Software Livre, coordenado pela Universidade Federal do Paran, mostra que, no ltimo ms de junho, 91.317 alunos de 836 estabelecimentos da rede estadual monitoradas utilizaram os computadores nas escolas, com um total superior a 882 mil horas de uso.(...)

Fonte: Agncia Estadual de Notcias

MARINGI Recurso de ExpressoLeitura Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. uma atividade bsica na formao cultural da pessoa. Alm disso, uma excelente atividade de lazer. A leitura de uma narrativa bem urdida, de um conto, de uma crnica e de diversos outros gneros literrios constitui uma valiosa atividade a ser includa em nossos momentos de lazer. Ler benfico sade mental, pois uma atividade neurbica. A atividade da leitura faz reforar as conexes entre os neurnios. Para a mente, ainda no inventaram melhor exerccio do que ler atentamente e refletir sobre o texto.

Por que o jovem no deve ler!Ulisses Tavares Procedimentos propostos para a explorao textualAvaliao b) Sons e Vdeos