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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Ficha de Identificação - Artigo FinalProfessor PDE/2012

TítuloA música como ferramenta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem na Sala de Recursos Multifuncional Tipo I

Autor Solange de Fátima EliasEscola de Atuação Colégio Estadual Prof. Manoel Borges de Macedo

Município da Escola Rio Branco do Sul

Núcleo Regional de Educação

NRE – Área Metropolitana Norte

Professor Orientador Prof. Dra. Sueli FernandesInstituição de Ensino Superior

Universidade Federal do Paraná

Disciplina/Área de ingresso no PDE

Educação Especial

Resumo

O presente artigo traz uma síntese das atividades realizadas durante o Programa de Desenvolvimento Educacional, edição 2012, na área de Educação Especial, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná em parceria com a Universidade Federal do Paraná, tendo como objeto de estudo a música compreendida como ferramenta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem e como metodologia a pesquisa bibliográfica. Este estudo subsidiou o suporte à implementação das ações com alunos da Sala de Recursos Multifuncional Tipo-I do Colégio Estadual Professor Manoel Borges de Macedo, objetivando potencializar as condições de desenvolvimento de habilidades cognitivas e desempenho acadêmico de alunos, com dislexia, com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, deficiências intelectual e sensorial (cegos e surdos) utilizando a música como ferramenta pedagógica no atendimento educacional especializado (AEE), uma vez que as condições citadas que interferem na aprendizagem e no aproveitamento escolar. Buscou-se, no curso do trabalho, enfatizar o potencial da música no processo de inclusão dos alunos com ou sem deficiência na SRMF-I, haja vista que a música é um poderoso estímulo para os circuitos cerebrais; além de ajudar no raciocínio matemático, na compreensão da linguagem e desenvolvimento da comunicação e, ainda, para o aprimoramento de outras habilidades. Os resultados dessa intervenção mostram que o trabalho com música facilita a assimilação de conteúdos, refletindo no despertar dos saberes cognitivos, afetivos, psicomotores e conotativos, favorecendo a aprendizagem; e que a participação no PDE possibilitou incrementar o trabalho realizado na SRMF-I do colégio em questão e organizar um planejamento de atividades pautado no uso da música como ferramenta pedagógica; estruturando, dessa forma, uma proposta de trabalho dentro do Atendimento Educacional Especializado que será incluída no Projeto Político Pedagógica da Escola.

Palavras-chave Sala de Recursos Multifuncionais Tipo I. Ferramenta pedagógica. . Música.

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A MÚSICA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL TIPO I

Autor: Solange de Fátima Elias1

Orientador: Sueli Fernandes2

RESUMO

O presente artigo traz uma síntese das atividades realizadas durante o Programa de Desenvolvimento Educacional, edição 2012, na área de Educação Especial, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná em parceria com a Universidade Federal do Paraná, tendo como objeto de estudo a música compreendida como ferramenta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem e como metodologia a pesquisa bibliográfica. Este estudo subsidiou o suporte à implementação das ações com alunos da Sala de Recursos Multifuncional Tipo-I do Colégio Estadual Professor Manoel Borges de Macedo, objetivando potencializar as condições de desenvolvimento de habilidades cognitivas e desempenho acadêmico de alunos, com dislexia, com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, deficiências intelectual e sensorial (cegos e surdos) utilizando a música como ferramenta pedagógica no atendimento educacional especializado (AEE), uma vez que as condições citadas que interferem na aprendizagem e no aproveitamento escolar. Buscou-se, no curso do trabalho, enfatizar o potencial da música no processo de inclusão dos alunos com ou sem deficiência na SRMF-I, haja vista que a música é um poderoso estímulo para os circuitos cerebrais; além de ajudar no raciocínio matemático, na compreensão da linguagem e desenvolvimento da comunicação e, ainda, para o aprimoramento de outras habilidades. Os resultados dessa intervenção mostram que o trabalho com música facilita a assimilação de conteúdos, refletindo no despertar dos saberes cognitivos, afetivos, psicomotores e conotativos, favorecendo a aprendizagem; e que a participação no PDE possibilitou incrementar o trabalho realizado a SRMI do Colégio Estadual Prof. Manoel Borges de Macedo e organizar um planejamento de atividades pautado no uso da música como ferramenta pedagógica; estruturando, dessa forma, uma proposta de trabalho dentro do Atendimento Educacional Especializado que será incluída no Projeto Político Pedagógica da Escola.

Palavras-chave: SRMF-I. Ferramenta pedagógica. Música.

1 INTRODUÇÃO

Como professora-pedagoga lotada no Colégio Estadual Professor Manoel

Borges de Macedo, atuo na Sala de Recursos Multifuncionais Tipo I – SRMF-I, que é

um espaço físico onde se realiza Atendimento Educacional Especializado – AEE. A

SRMF-I possui mobiliários, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de

acessibilidade e equipamentos específicos para os alunos da Educação Especial, que

1 Pós graduada em Educação Especial (FIP), Historiadora (Universidade do Oeste Paulista), Pedagoga (UNOESTE), Professora no Colégio Estadual Prof. Manoel Borges de Macedo. e-mail: [email protected]

2 Doutora em Letras (UFPR), Mestre em Linguística (UFPR), Professora do Setor de Educação/DTFE e PPGE (UFPR). e-mail: [email protected]

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necessitam do AEE no contra-turno escolar, objetivando identificar, elaborar e organizar

recursos pedagógicos que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos,

considerando suas necessidades específicas (BRASIL, 2012).

No decorrer dos primeiros dois anos de funcionamento da SRMF-I, foi possível

perceber o aumento significativo de interesse dos alunos em participar dos

atendimentos quando a ferramenta utilizada era a música, fosse ela com ou sem

utilização de instrumentos musicais. Por essa razão este projeto teve como foco o

desenvolvimento de um estudo específico sobre a utilização da música como

ferramenta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem na Sala de Recursos

Multifuncionais Tipo I, visando proporcionar condições de aprendizagem aos alunos

atendidos nesse ambiente de AEE.

O estudo justifica-se pelo fato de que pesquisas preliminares - como as obras:

“Musicoterapia aplicada à Pedagogia”, de autoria de Ubiraci Leal (1997); “De bem com

a vida”, de autoria de Vania Lúcia Slaviero (2004); e “A música na escola”, de autoria de

G. Jordão et al.( 2012) - mostraram que, ao utilizar-se música como ferramenta

pedagógica favorecedora da aprendizagem, foram obtidos avanços consideráveis no

aspecto socioemocional dos alunos, reafirmando o que já havia sido observado nos

alunos atendidos na SRMF-I quando o trabalho em sala de aula envolva a música em

seu contexto.

De fato, a música traz em si um grande potencial que pode ser aproveitado em

benefício dos alunos que necessitam de estratégias de ensino que possibilitem, além

de disciplinar e acalmar, estimular diversas áreas do cérebro e facilitar a aprendizagem

e é um dos estímulos mais potentes para os circuitos cerebrais, pois ajuda no raciocínio

matemático, contribui para a compreensão da linguagem e para o desenvolvimento da

comunicação, para a percepção de sons sutis e para o aprimoramento de outras

habilidades; isso porque ela atua nos dois lados do cérebro: “O lado esquerdo é mais

lógico e sequencial, e o direito que é mais holístico, intuitivo e criativo” (SUZUKI, 2012,

p. 3).

Mas como a música e seu caráter lúdico podem contribuir para a aprendizagem

dos alunos na Sala de Recursos Multifuncional Tipo I? Essa questão ensejou a

apresentação, na primeira etapa do PDE, de projeto de intervenção para trabalhar na

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SRMF-I do Colégio Estadual Prof. Manoel Borges de Macedo, tendo como objetivo

potencializar as condições de desenvolvimento de habilidades cognitivas e

desempenho acadêmico de alunos com dislexia, com transtorno do déficit de atenção

com hiperatividade, deficiências intelectual e sensorial (cegos e surdos), condições que

interferem na aprendizagem e no aproveitamento escolar atendidos na SRMI, utilizando

a música como ferramenta pedagógica no atendimento educacional especializado

(AEE).

Seguindo-se ao projeto, foi elaborada a produção didático-pedagógica,

elaborada na forma de Unidade Didática, estruturada em três seções:

a) Seção 1: “Identificando conhecimentos prévios” que objetiva realizar o

levantamento dos conhecimentos prévios sobre a música; introduzir o aluno

no universo da música; oportunizar o desenvolvimento da concentração e da

criatividade e a socialização dos alunos, e fortalecer a autoestima através da

sensibilização musical;

b) Seção 2: “Conhecendo os instrumentos musicais e aprendendo a produzir

sons” que visa objetiva conhecer os elementos estruturais da música, com

ênfase no timbre, duração e ritmo, através da exploração dos instrumentos

da bandinha rítmica, despertando o senso de harmonia musical;

c) Seção 3: “Pintura cega ao som de Vivaldi”, voltada a oportunizar aos alunos

situações de desenvolvimento da escuta atenta e ativa da música,

favorecendo a concentração e a coordenação motora.

Por fim, a proposta de intervenção foi colocada em prática no primeiro semestre

de 2012 e os resultados dessa implementação constituem o corpo do presente artigo

original que visa oferecer subsídios aos professores que atuam em Sala de Recursos

Multifuncionais – Tipo I (SRMF-I) e que têm interesse em trabalhar com a música como

ferramenta pedagógica para proporcionar aos seus alunos condições de melhorar a

concentração, a coordenação motora e a aprendizagem como um todo.

2 MATERIAIS E MÉTODO: A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

PEDAGÓGICA

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A metodologia de trabalho adotada para a implementação da proposta

compreendeu o planejamento de 16 aulas (encontros) com 2 horas de duração cada,

totalizando 32 horas/aula, conforme descrito do Quadro 1 – Planejamento (ANEXO 1).

Para a realização das atividades propostas, além das orientações presentes na

Unidade Didática, sintetizadas neste artigo, foi necessário dispor de uma sala de

medindo 30m2, limpa, arejada e organizada com carteiras, tapete no chão, instrumentos

que integram a Bandinha Rítmica da SRMF-I, de instrumentos musicais para que os

alunos pudessem apreciá-los fisicamente, experimentando as sensações que essa

experiência proporciona. Além disso, foram necessários: computador com acesso à

internet para acessar os conteúdos sugeridos, como vídeos, textos e “games”;

impressora, aparelho de CD/DVD; TV pendrive; materiais diversos como papel sulfite e

papel chanson, lápis de cor, canetinhas hidrográficas, tinta guache, aquarela, pincéis,

dentre outros comumente utilizados em aulas de desenho e pintura.

A avaliação foi realizada mediante acompanhamento de formulários próprios do

programa pelos envolvidos nas diversas instâncias: Direção e Equipe Pedagógica da

escola de implementação e Representante do PDE no NRE Área Metropolitana Norte.

2.1 IMPLEMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES DA UNIDADE DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Para iniciar a implementação da Unidade Didática, foi realizada uma reunião

para a apresentação do projeto à direção do Colégio Estadual Prof Manoel Borges de

Macedo, durante o Encontro Pedagógico, para que a equipe conhecesse os objetivos

da proposta e também se envolvesse com as atividades; o que de fato ocorreu

satisfatoriamente, sendo o trabalho considerado uma ferramenta importante para o

ambiente escolar, pois oportunizou uma relação direta do aluno com estilos musicais

que não fazem parte da sua vivência e com atividades diversas que estimularam a

criatividade, a imaginação, o desenvolvimento cognitivo e motor, além de possibilitarem

uma interação do aluno com NEE com a turma em que estuda.

2.1.1 Seção 1: Identificando conhecimentos prévios

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O conjunto de atividades proposto na primeira seção da Unidade Didática

objetivou despertar o interesse em trabalhar a música com os alunos, de forma

articulada ao desenho, favorecendo a criatividade e a aprendizagem. Como explica

Vilarinho (2012), a melodia produz efeitos significativos no ser humano, como “a

vontade de exteriorizar seus sentimentos porque o faz refletir sobre seu presente ou

sobre situações passadas ou mesmo aquelas que ele sonha em vir”. Nesse sentido

evidencia-se a correlação desenho-música/música-desenho; pois “o objetivo de se fazer

um desenho em relação à música escutada é o de transpor estes desejos, vontades,

sonhos e sentimentos para o papel” (VILARINHO, 2012).

Podemos dizer que o lápis aqui é uma extensão do corpo ou do pensamento do aluno. Os desenhos dos infantes podem ser até mesmo incompreensíveis nos primeiros anos ou enquanto não aumenta a habilidade ao usar o corpo. No entanto, mesmo as formas disformes devem ser elogiadas e incentivadas, pois se trata dos registros gráficos das concepções sonoras da criança. O desenho representa uma forma de comunicação estabelecida entre professor-aluno, aluno-aluno, comunidade escolar-aluno. A representação pictórica da criança ou do jovem funciona como um elo entre sua experiência individual e a realidade do mundo que o cerca, ou seja, o social. O uso da música em sala de aula em conjunto com o desenho é uma ferramenta pedagógica importante para que o professor passe a conhecer melhor os alunos e crie, dessa forma, uma interação maior com os mesmos (VILARINHO, 2012).

Dentre os aspectos mais significativos desse processo, destaca-se o teste de

sondagem – que também foi objeto de importante discussão dentro do GTR –

notadamente pelo fato de se tratar de uma forma excelente e necessária para dar voz

aos alunos e atender seus anseios e, neste caso, obter dados sobre o contato que eles

têm com a música.

Essa atividade é importante para que o professor possa inteirar-se do nível de

conhecimento e de interesse de seus alunos pela música, identificando potencialidades

e habilidades latentes. Nessa oportunidade foi possível constatar que todos gostam

muito de música, contudo, conhecem e se interessam por repertório do senso comum.

Outro momento interessante foi a pintura de mandalas ao som de música

clássica, quando foi possível perceber a empolgação dos alunos em escolher, sozinhos,

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o material que iriam pintar, acessando a internet3 - no site http://mandalas.colorir.com/ ,

pois os recursos tecnológicos sempre agradam a geração de alunos de hoje.

3 Disponível no site http://mandalas.colorir.com/

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Figura 1 – Foto: Alunos da SRMF-I colorindo Mandalas

Fonte: Elias (2013)

A atividade proposta possibilitou aos alunos a pintura de forma espontânea,

exercitando a concentração, como ressalta Venâncio (2004), para quem, se trabalhada

antes das tarefas escolares, a mandala ajuda os alunos com dificuldades de

concentração e aumenta a capacidade de assimilação, tranquiliza as crianças nervosas

e estimula as apáticas e passivas.

Da mesma forma, Mäder (2002, p. 8) recomenda o trabalho com mandalas para

alunos com comportamento agitado, dispersivos e com dificuldade de concentração,

porque sua prática favorece o autoconhecimento e podem mostrar os caminhos para

chegar ao ponto de equilíbrio e ajudar na definição de metas e objetivos, ressaltando

que “[...] pintar mandalas é uma forma muito divertida e estimulante de meditação, [...]

acalma, relaxa, melhora a concentração e ajuda a entrar em harmonia consigo mesmo,

com os outros e com a vida” (ibidem).

Por outro lado, o trabalho com mandalas foi o mote para apresentar ao aluno o

universo da música clássica e todos os benefícios decorrentes de sua audição, aspecto

esse defendido por Clélia Craveiro, para quem o objetivo de se trabalhar a música em

sala de aula não é formar músicos, mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a

integração dos alunos (COSTA et al., 2012).

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Para essa atividade foi utilizada a Sonata nº 14, “Moonligth”, de Beethoven4. No

início dos trabalhos, o que surpreendeu os alunos, pois não conheciam música clássica,

mas aos poucos foram se acostumando com o estilo musical e pintaram as mandalas

de acordo com o que a música estava lhes passando naquele momento e adiante, em

atividade com música clássica ao som de Enya – do Álbum “The very best of Enya”5.

Posteriormente, em outras atividades, os alunos já não se surpreendiam

realizando a produção de desenhos livres intensamente.

2.1.2 Seção II: Conhecendo os instrumentos musicais e aprendendo a produzir

sons

Essa atividade envolveu o trabalho com a bandinha rítmica, para perceber a

familiaridade dos alunos com os instrumentos e a produção de sons musicais.

Figura 2 – Foto: Bandinha Rítmica, violão e teclado da SRMF-I

Fonte: Elias (2013)

Lambert (2010), explica que A Bandinha Rítmica é composta por instrumentos

folclóricos de percussão (sem altura definida) e que na educação musical das crianças

ela é utilizada para o desenvolvimento do senso rítmico, estético, da percepção

4 Disponível em http://www.free-scores.com/download-sheet-music.php?pdf=282.

5 Disponível para download em http://letras.mus.br/enya/13571/

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musical, da coordenação motora, além de contribuir para o desenvolvimento da

atenção, da concentração e do desenvolvimento de hábitos sociais – capacidade de se

trabalhar em grupo, respeito ao colega, confraternização, cooperação, dentre outros.

Para a realização dessa atividade, os alunos receberam explicações sobre os

instrumentos percussão, de corda e de sopro que integram a bandinha rítmica e foram

incentivados a escolher os instrumentos de acordo com seus interesses e aptidão,

explorando-os e conhecendo todas as possibilidades de cada instrumento

separadamente, para depois ir juntando, numa mesma música dois ou mais

instrumentos, até ser capaz de combiná-los todos. Orientados a ouvir esses sons

atentamente, os alunos fizeram essa experimentação, expressando seus sentimentos e

reações, reconhecendo o prazer pelos sons que produzem. No contato com a bandinha

rítmica, ficaram muito empolgados, porque a música sempre é algo que instiga muito a

curiosidade. Primeiramente, pegavam os instrumentos que produziam sons mais altos

ou àqueles que nunca tinham visto e começavam a tocar. A tentativa de tocar os

instrumentos juntos, cada aluno com o instrumento que escolheu não funcionou muito

bem, mas foi importante para os alunos se relacionarem com os instrumentos.

Figura 3 – Foto: Aluna da SRMF- I tocando flauta

Fonte: Elias (2013)

A proposta implícita nesta atividade, além de identificar aptidões e habilidades

dos alunos em relação à música e seus instrumentos, é de aproximar os alunos da

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música clássica, em oposição ao senso comum de que esse é um estilo musical voltado

para elites, que não desperta interesse das classes mais simples, como é o caso de

alunos da escola pública.

Entende-se que é necessário desmistificar essa percepção existente acerca da

música clássica e aproximá-la da realidade do aluno, haja vista que quando esses têm

oportunidade de ouvi-la, demonstram apreço e interesse, como é o caso de peças

musicais tocadas em filmes, peças de teatro e até em propagandas, sinalizando um

caminho a ser explorado em sala de aula (TERRERI, 2012).

As diretrizes de trabalho do Centro Musical de São Paulo – CEMASP,

preconizam o ensino da música como estratégia favorecedora dos aspectos cognitivos

do aluno, destacando que

[...] a música ativa o cerebelo, desenvolve a concentração, amplia o raciocínio (facilitando o estudo da matemática), fortalece a coordenação motora, cria disciplina no estudo, melhora o comportamento, aumenta a energia hormonal, reforça o sistema imunológico, diminui o estresse, reduz a ansiedade, controla a depressão e aumenta a autoestima (CEMASP, 2012).

Esses conceitos puderam ser percebidos durante as atividades no Laboratório

de Informática – sem margem de dúvida, uma das que os alunos mais gostaram –

quando acessaram o Portal Multi Rio para conhecer os instrumentos musicais que

fazem parte de uma orquestra.

Os alunos exploraram o material e em seguida foi solicitado que eles

encontrassem um determinado instrumento musical e apreciassem o som. Quando

todos conseguiam encontrar - a maioria sem auxílio, era solicitado outro instrumento.

Foi bastante enriquecedor para os alunos, pois muitos não conheciam os

diferentes instrumentos de uma orquestra e ficavam maravilhados com tudo

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Figura 4 – Foto: Alunos da SRMF - I trabalhando com a Orquestra Virtual (ao fundo)

Fonte: Elias (2013)

Depois que se familiarizaram com os instrumentos e aprenderam a reconhecer

os seus sons e alguns dos elementos formais da música, os alunos escolheram os

instrumentos que gostariam de tocar/aprender, momento em que divertiram-se muito.

Em outra atividade, os alunos orientados a brincar com o Jogo da Forca6

adaptado aos nomes dos instrumentos musicais, se empolgavam com instrumentos que

haviam aprendido anteriormente.

Em seguida foi proposto aos alunos brincar de trenzinho musical, desenvolvido

por Leal (1997) e adaptado para o trabalho com os alunos da Sala de Recursos

Multifuncionais – Tipo I.

A atividade foi interessante, pois os alunos foram muito participativos.

Inicialmente, os alunos foram divididos em grupos com instrumentos de sopro, corda e

percussão e depois, organizados em fila, formando o “trem”. O desenvolvimento da

atividade exigiu bastante atenção e concentração, pois cada vez que o apito soava de

uma determinada maneira um grupo de instrumentos musicais deveria passar para o

próximo vagão. Nesse momento, os alunos tinham consciência que deveriam ficar mais

6 Disponível em http://guida.querido.net/jogos/forca/inst-mus.htm

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atentos quando o apito soasse novamente. Eles ficaram animados e realizaram os

passos perfeitamente.

Essas experimentações, segundo Marinero (2010), possibilitam às crianças

tomar consciência corporal, percebendo e reconhecendo as possibilidades e a da

totalidade do corpo, tal qual ele é formado, ou seja, suas estruturas.

A consciência corporal é uma alternativa para a sobrecarga do dia a dia, nesse

sentido seu é despertar a sensação, resgatar o prazer e promover a autor realização do

indivíduo; e para isso propõe uma mudança de valores em relação ao corpo, ao

movimento humano , nesse por isso a importância de desenvolver uma atividade que

englobe “a consciência de si, a reeducação postural, o toque, a saída do estado de

estresse, o relaxamento, o respeito ao ritmo individual e a obtenção do prazer no

movimento” (SOUZA, 1992, p. 51).

Foi trabalhado, ainda, atividades de vivência lúdica de prática interpretativa;

desenvolvimento da expressão (pessoal, gestual, sonora); desenvolvimento da

criatividade; abordagem de noções musicais em nível materiais; abordagem de noções

musicais em nível organização; exercício de observação, discernimento e apreciação

musical; construção de propostas musicais próprias (com favorecimento não apenas de

ganho técnico, mas, também aumento de autoestima, autonomia, etc.)

Assim como a produção de sons com o corpo (Jogo do Eco - Núcleo

Barbatuques, in JORDÃO et al., 2012), quando os alunos puderam explorar timbres e

possibilidades sonoras que o corpo é capaz produzir com as mãos (palmas) e com os

pés.

Essa atividade foi realizada na turma em que havia dois alunos da Sala de

Recursos. Há a necessidade dessa intervenção em conjunto para que possibilite uma

maior interação e acolhimento entre a turma e os alunos com deficiência. Isso se

mostrou significativo, pois após esse momento dinâmico, segundo relatos de outros

professores, os alunos sem deficiência procuram sempre auxiliar os colegas atendidos

na Sala de Recursos em suas dificuldades dentro de sala de aula. Mais uma vez,

prova-se que o trabalho com a música acarreta diversos benefícios.

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Figura 6 – Foto: Alunos da SRMF - I trabalhando os sons produzidos com o corpo (palmas)

Fonte: Elias (2013)

O exercício mostrou que é possível fazer o som de uma chuva usando

rapidamente os sons das palmas. É só começar pelas palmas de dois dedos (pingos),

depois passar pela palma das costas de mão, palma aguda, palma estrela e palma

grave (aqui é a chuva forte!). Sem parar, faça a sequência inversa. Vale lembrar que as

palmas não podem estar juntas, o ritmo das gotas de chuva é sempre aleatório. Para

uma maior concentração esta atividade pode ser feita em roda com os alunos sentados

e também com os olhos fechados (a intenção é focar a percepção na escuta).

Embora tenha sido interessante e divertido, os alunos atrapalharam-se muito na

realização das tarefas propostas. Riram bastante com os próprios erros e também dos

sons produzidos com o corpo, reconhecendo que é possível produzir sons com batidas

de palmas e, por exemplo, alternar o tom do som por meio da variação na abertura da

boca quando o batuque era feito no rosto, mas, mesmo em meio ao clima de

descontração, os alunos perceberam que é possível produzir sons com o corpo,

bastando prestar atenção e ajustar a frequência e a intensidade das palmas ou batidas

de pés ao ritmo que se pretende obter.

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2.1.3 Seção III: Pintura cega ao som de Vivaldi

De acordo com Slaviero (2004), a falta de concentração e a agitação interna

têm sido apontadas como uma das causas para o baixo rendimento e a falta de

interesse na evolução e compreensão das matérias escolares; aspecto esse que

evidencia a necessidade de promover aos alunos situações de relaxamento mediante o

uso da música como instrumento de harmonização e consciência corporal, ensejando

assim maior alívio interior e bem-estar, indispensáveis para o fortalecimento da

autoestima e o alcance de níveis maiores serenidade e autonomia.

Por isso optou-se por trabalhar atividades de desenho ao som de música

clássica. A escolha recaiu sobre os doze movimentos da série de concertos para violino

e orquestra “Le quattro stagioni” (As Quatro Estações)7, de Antonio Vivaldi, publicadas

em 1725.

Figura 7 – Foto: Alunos da SRMF – I desenhando ao som de Vivaldi

Fonte: Elias (2013)

Na medida em que os dias se passaram, os alunos demonstravam interesse

cada vez maior pela música clássica; e os desenhos abstratos que fizeram com os

olhos fechados durante a execução das músicas demonstram o que sentiam naquele

momento.

7 Disponíveis em: http://conservador.blog.br/2011/05/ouca-as-quatro-estacoes-de-vivaldi.html#.ULxvOOTBE20.

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Os alunos gostaram bastante de contar o que pensavam e imaginavam

enquanto ouviam a música, assim como de mostrar o resultado de suas produções.

Figura 8 – Foto: Alunos da SRMF – Desenho ao som do 1° Movimento - Primavera, de Vivaldi

Fonte: Elias (2013)

Era comum observar alunos desenhando, ao som de Vivaldi, acompanhando

com sons guturais do tipo “hum-hum-hum”, ou assoviando baixo o ritmo e a melodia

das músicas do compositor italiano, mostrando, de forma involuntária e espontânea, a

tranquilidade daquele momento e seu apreço pela nova descoberta musical.

Para que os alunos tivessem a oportunidade de mostrar o que aprenderam

houve uma apresentação com a bandinha rítmica tocando o Primeiro Movimento da

Primavera de das Quatro Estações de Antonio Vivaldi.

E foi um sucesso! Os alunos demonstraram consonância entre o grupo e

conhecimento sobre os elementos formais da música.

Os pais e a comunidade escolar foram convidados a apreciar o trabalho

realizado pela turma da SRMI com o apoio da música como ferramenta pedagógica,

objetivando, dessa forma, favorecer a autoestima dos alunos, a desinibição e a

socialização dos resultados do projeto no que se refere aos benefícios que essa

metodologia de trabalho proporciona àqueles que possuem limitações físicas,

sensoriais ou intelectuais.

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A Figura 9 mostra o momento em que os pais foram desafiados a realizar uma

apresentação musical aos filhos.

A presença dos familiares e da comunidade escolar na apreciação da produção

dos alunos foi importante para nesse evento, pois como muito se discute é essencial o

apoio e interesse da família nas atividades escolares de seus filhos para que os alunos

gostem de frequentar a escola, bem como a Sala de Recursos. Esse momento foi

significativo, pois os alunos atendidos na Sala de Recursos ficaram muito felizes com a

participação em massa dos pais e demonstraram isso durante as aulas, nos dias que

prosseguiram.

Finalizando a apresentação a comprovando a aprendizagem musical dos

alunos da SRMF – I, o grupo fez uma apresentação, tocando e cantando para os

presentes.

Figura 9 – Foto: Pais e comunidade escolar presentes na apresentação dos alunos da SRMF-I

Fonte: Elias (2013)

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Figura 10 - Foto: Alunos da SRMF - I em apresentação de violão no pátio do Colégio Estadual

Profº Manoel Borges de Macedo

Fonte: Elias (2013)

Para o encerramento do projeto, foi feita uma confraternização com os alunos

participantes, quando houve a apreciação de todos os trabalhos realizados durante a

implementação das ações (mandalas, pinturas, desenhos) e também uma conversação

para saber o quanto eles gostaram de participar, o que sentiram, expectativas que

tinham, etc. Os pais também participaram desse momento que foi muito enriquecedor

para todos, pois houve interação, socialização e crescimento tanto nas relações

interpessoais quanto nas relações do aluno consigo mesmo.

3 GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR) SOBRE A PROPOSTA DE

INTERVENÇÃO E SUA IMPLEMENTAÇÃO

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Antes de relatar as possibilidades que o GTR proporcionou é preciso explicitar o

que é essa ferramenta. O GTR – Grupo de Trabalho em Rede é uma proposta de

formação continuada que possibilita ao professor e ou gestores PDE – Programa de

Desenvolvimento Educacional, do Estado do Paraná, desenvolver seu projeto de

intervenção com aprofundamento teórico, vinculado a uma IES – Instituição de Ensino

Superior. O profissional recebe formação tecnológica, com a finalidade de garantir o

sucesso do GTR - Grupo de Trabalho em Rede, no qual vivencia a experiência de

tutoria, na modalidade de EaD - Educação à Distância. Dessa forma, o professor PDE

assume o processo de tutor e se responsabiliza por coordenar, orientar e acompanhar

virtualmente um grupo de profissionais da Rede Estadual da Educação Básica de

diferentes núcleos, interessados em discutir o tema do projeto. Estes profissionais

recebem certificação pela sua participação caracterizando-se o GTR- Grupo de

Trabalho em Rede, como estratégia de formação continuada.

O trabalho com a ferramenta GTR se concretizou por meio de fóruns de

discussões a partir de uma determinada atividade ou uma questão norteadora da qual

se desprende do tema do trabalho do professor ou gestor PDE. Nesse caso, os

participantes do GTR são profissionais da área de Educação Especial da Rede

Estadual de Ensino do Paraná.

Durante as discussões nos fóruns do GTR, muitos debates se desencadearam

devido às questões geradas. Inicialmente a conversa se evidenciou pelas opiniões dos

participantes a respeito da importância da música para o ser humano – tema abordado

no dia 19 de março de 2013 e, nesse sentido, a necessidade de se trabalhar com essa

ferramenta no contexto escolar, principalmente na Sala de Recursos Multifuncional,

como se depreende das considerações selecionadas:

• A música quando bem trabalhada favorece a interatividade, a sociabilidade,

a criatividade e ainda torna as aulas mais atrativas e prazerosas, assim os

alunos se sentem mais motivados para terem acesso ao conhecimento e a

adquirirem aprendizagens significativas.

De acordo com os relatos, fica evidente a percepção do grupo quanto à

importância da música como ferramenta essencial no trabalho escolar - seja na sala de

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aula ou na sala de recursos, pois é um estimulante da aprendizagem, além dos alunos

apreciarem muito o trabalho com a música, porque estão diretamente envolvidos com

esse universo em seu cotidiano.

Mas para trabalhar com música será necessária uma formação específica na

área musical? A análise dos relatos abaixo permite compreender como ocorreu essa

discussão que acredito ter sido a mais significativa durante o GTR:

• Levando em consideração o ensino de música, é necessário que as escolas

tenham professores capacitados na área de música e não apenas como

Arte, pois este é um campo muito amplo para que apenas um professor

possa administrar as duas matérias. Levando em consideração que a

música não ensina musiquinhas e sim, a estrutura musical, o fazer música, o

ler e compreender o que é música, pois não é a letra, como muitos acham

que é a música e sim a sua estrutura melódica, o que a maioria não

compreende e não está apto a passar este conhecimento;

• Pensando em toda a importância da música vejo que faz-se necessário uma

implementação nos cursos de Formação de Docentes em nível médio e

superior de disciplinas cujo conteúdo aborde a música, sua utilização, sua

importância;

• Muitos educadores não usam a música como recurso pedagógico, às vezes

porque não tem conhecimento de como utilizá-la e outros pensam que

precisam ter uma formação específica para executar tal tarefa. Com isso, a

música é utilizada sem muitas funções;

• Acredito que não há a necessidade de ser um ‘especialista’ da área musical,

pois se fosse assim, os profissionais leigos’ (assim como eu), porém

amantes da música, não poderiam usufruir dessa importante ferramenta.

Nesse ponto as opiniões se dividiram de algumas opiniões contrárias, a maioria

dos participantes concorda que não há a necessidade de uma formação específica em

música para trabalharmos no ambiente escolar, pois se fosse assim os leigos em

música e os profissionais que buscam recursos para compreender as atividades com a

música, não poderiam atuar e dessa forma, perder-se-ia uma grande ferramenta

pedagógica: “A música”. No entanto, os profissionais educacionais têm de buscar

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subsídios essenciais para atividades com a música de forma que haja realmente um

trabalho direcionado e com objetivos estabelecidos.

Outra questão importante diz respeito ao teste de sondagem, já mencionado

neste artigo, que buscou realizar um conhecimento prévio a respeito dos

conhecimentos e gostos dos alunos sobre a música. Por meio dos relatos no GTR,

constatou-se que esse é um recurso essencial não só no trabalho com a música, mas

em outras atividades escolares, pois oferece ao aluno a possibilidade de ser ouvido

sobre um determinado assunto e acerca de suas dúvidas e anseios no processo

educacional.

Como mediadora da aprendizagem dos alunos da SRMI, foi possível perceber

que com a aplicação do projeto, esses se mostram mais relaxados e concentrados

durante as aulas o que lhes permite aprender mais facilmente os conteúdos

trabalhados, além de demonstrarem maior facilidade em expressar seus sentimentos e

opiniões; além, de terem desenvolvido o gosto pela música clássica e New Age, que

agora passou a ser recurso constante em sala de aula, sendo requisitada pelos alunos.

É interessante que alguns desses alunos chegam à sala de aula comentando sobre

músicas desses estilos que ouviram em comerciais na TV, em novelas ou filmes e

demonstram interesse em ouvi-las novamente e de trabalhar ao som de suas melodias.

A experiência foi positiva, gratificante e trouxe resultados que doravante vão

orientar as práticas dentro da SRMI. Trata-se de uma vivência transformadora também

para o professor, por isso espero que os demais colegas que atuam na área se

interessem em multiplicá-la em suas escolas, estendendo aos seus alunos os

benefícios que pude perceber nos meus.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ideia desse estudo baseou-se na observação sobre o interesse que têm em

música, os alunos do Atendimento Educacional Especializado, em Sala de Recursos

Multifuncional – Tipo I, do Colégio Estadual Professor Manoel Borges de Macedo,

notadamente crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais como

a dislexia, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, deficiências intelectual

e sensorial (cegos e surdos). Essas condições interferem na aprendizagem e no

aproveitamento escolar, mas, quando o trabalho na SRMF-I envolve música, os alunos

mostram-se mais calmos e dispostos a aprender.

Assim, o conjunto de atividades desenvolvidas durante o PDE-2012 na área de

Educação Especial teve como objetivo reunir e sistematizar informação para dar

suporte a um trabalho envolvendo a música, compreendida como ferramenta

pedagógica no trabalho junto a alunos com deficiência e distúrbios de aprendizagem,

em processo de inclusão escolar.

Buscou-se, no curso do trabalho, enfatizar o potencial da música no processo

de inclusão dos alunos com ou sem deficiência na SRMF I, haja vista que a música é

um poderoso estímulo para os circuitos cerebrais; além de ajudar no raciocínio

matemático, na compreensão da linguagem e desenvolvimento da comunicação e,

ainda, para o aprimoramento de outras habilidades. Por isso, ao elaborar as atividades

que constam do Projeto de Pesquisa e da Unidade Didática, houve o cuidado de propor

tarefas diferenciadas, que favorecem a aprendizagem de alunos do Atendimento

Educacional Especializado, proporcionam situações de relaxamento, consciência

corporal e vivência da música, elevando, dessa maneira, os níveis de concentração,

autoestima, serenidade e disposição para aprender.

Não há como negar os imensos benefícios da música sobre os aspectos

emocionais, cognitivos e psicológicos e tampouco deixa-los fora do contexto da SRMF-

I, pois os alunos necessitam que seus professores lancem mão dos mais variados

recursos, estratégias e ferramentas para proporcionar-lhes plenas condições de

desenvolvimento. Por isso espera-se que, por meio das intervenções pedagógicas aqui

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propostas, os alunos com dificuldade de concentração possam desenvolver essas

habilidades, melhorando seu desempenho acadêmico.

Os resultados observados durante a realização das atividades planejadas e as

considerações do Grupo de Trabalho em Rede mostraram que a estratégia é viável,

factível e possível de ser implementada por professores que atuam no AEE – SRMF-I,

mesmo por aqueles que não possuem formação em música.

Também por essa razão, é preciso ressaltar que com o trabalho proposto, não

se busca, é claro, fazer do aluno um musicista, mas, utilizar-se dos benefícios da

música para promover melhorias significativas na sua qualidade de vida, seja pela

elevação do nível de relaxamento e de concentração, ou pela expressão de sentimos e

emoções, comportamentos indispensáveis para que haja disposição de aprender e

condições ambientais e psicológicas para isso.

Por fim, é preciso ressaltar que a participação no PDE possibilitou incrementar

o trabalho realizado a SRMI do Colégio Estadual Prof. Manoel Borges de Macedo e

organizar um planejamento de atividades pautado no uso da música como ferramenta

pedagógica; estruturando, dessa forma, uma proposta de trabalho dentro do

Atendimento Educacional Especializado que será incluída no Projeto Político

Pedagógica da Escola.

Para minha experiência profissional na Educação Especial e Inclusiva, a

experiência foi de grande importância, pois permitiu institucionalizar uma prática – que é

o uso da música em sala de aula – que anteriormente era feita meramente para agregar

o meu interesse pessoal na música ao trabalho que desenvolvia com os alunos da

SRMI. Com o apoio e a estrutura que o PDE proporcionou, pude perceber que poderia

tornar essas incursões em uma proposta sistematizada, com descrição de atividades e

indicação de áudios e vídeos para tornar as aulas ais agradáveis e favorecedores do

relaxamento, da concentração e da aprendizagem.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação – MEC. Secretaria de Educação Especial. Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/salasmultifuncionais.pdf. Acessado em 08. Nov. 2012.

CENTRO MUSICAL DE SÃO PAULO – CEMASP. Portfólio Virtual. Disponível em fontehttp://www.cemasp.com.br/sinopse_novidade.asp?prod_id=18&url_comp=. Acessado em 11.Dez.2012.

JOGO DA FORCA. Tema: Instrumentos musicais. Disponível em http://guida.querido.net/jogos/forca/inst-mus.htm. Acessado em 12.Dez.2012.

JORDÃO, G. et al. A Música na Escola. Alucci e Associados, São Paulo, 2012, 288p.

LAMBERT, Rosangela. Bandinha Rítmica, disponível em: <http://promusicarosangela.wordpress.com/2010/08/01/bandinha-ritmica/> acesso em 28.Nov.2012

LEAL, Ubiraci S. Musicoterapia aplicada à Pedagogia. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado., 1997

MARINERO, Margareth t M. C. Despertando a consciência Corporal por meio do yoga na Escola. Sem data de publicação; disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1803-8.pdf. Acessado em 3.Dez.2012

MÄDER, Sylvia. Lendas e Mandalas. São Paulo: Ground, 2002

MANDALAS.COLORIR. Desenhos de mandalas. Sem data de publicação. Disponível em http://mandalas.colorir.com/

RIO DE JANEIRO, Portal Multirio: Instrumentos da orquestra. Disponível em http://portalmultirio.rio.rj.gov.br/portal/popup/orquestra/orquestra09h.swf. Acesso em 11.Dez.2012.

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SLAVIERO, Vânia Lúcia. De bem com a vida na escola. São Paulo, Groud, 2004

TERRERI, Alexandre. Ritmo Melodia: Você gosta de música clássica? Disponível em http://www.ritmomelodia.mus.br/colunistas/alexandreterreri/02_musicaeruditaepopular.htm. Acessado em 11.Dez.2012.

VENÂNCIO, Nicky. Mandalas Ecológicas para Crianças. São Paulo: Ground, 2004.

VILARINHO, Sabrina. Desenho e música - Uma dica de prática para utilização da música em sala de aula. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/desenho-musica.htm> acesso em: 29.Nov.2012

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APÊNDICE: Quadro 1 – Planejamento

Seções AtividadesNúmero de horas/aula

Total de horas/aula

Sites Objetivos

Seção I

Investigando conhecimentos prévios

Atividade 1: Sondagem de aptidões 2

8 h/a

Fev a Mar

2013

-

Conhecer melhor as habilidades, potencialidades e dificuldades dos alunos

Atividade 2: Relaxamento com música clássica e mandalas

2 http://mandalas.colorir.com/Promover o relaxamento e a concentração dos alunos

Atividade 3: Apresentando a música clássica para o aluno

2http://www.free-scores.com/download-sheet-music.php?pdf=282

Apresentar a música clássica para o aluno

Atividade 4: Pintura e Música 2 http://letras.mus.br/enya/13571/

Apreciar a música clássica e desenhar, exercitando a concentração e o relaxamento

Seção II

Conhecendo os instrumentos musicais e aprendendo a produzir sons

Atividade 1: Vamos conversar sobre música

2

2 h/a

Mar 2013

http://letras.mus.br/enya/13571/

http://www.youtube.com/watch?v=lYCE8IqO-tI

http://www.youtube.com/watch?v=ufjjLjnTUc4

http://www.youtube.com/watch?v=wkudsICjvZs

http://www.youtube.com/watch?v=IErXg5kBXXg

Aprofundar conhecimentos sobre a música

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Seções AtividadesNúmero de horas/aula

Total de horas/aula

Sites Objetivos

Seção II

Conhecendo os instrumentos musicais e aprendendo a produzir sons

(cont.)

Atividade 2: O poder da música 2

10 h/a

Mar Abr

2013

http://portalmultirio.rio.rj.gov.br/portal/popup/orquestra/orquestra09h.swf

http://guida.querido.net/jogos/forca/inst-mus.htm

http://letras.mus.br/enya/13571/

Levar o aluno a reconhecer o poder da música sobre os indivíduos

Atividade 3: Qualidade do som: timbre, ritmo, duração

2

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=21364

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=21356ª

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=21355

Conhecer e identificar a qualidade do som, o timbre, o ritmo e a duração

Atividade 4: O trenzinho 2 -

Conhecer os instrumentos musicais e aprender a produzir sons

Atividade 5: 1, 2, 3, Rá! 2 -Exercitar a coordenação motora de acordo com o ritmo da música

Atividade 6: O corpo musical (Jogo do Eco)

2 -Reconhecer que o com pode ser produzido com o corpo

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Seções AtividadesNúmero de horas/aula

Total de horas/aula

Sites Objetivos

Seção III

Pintura cega ao som de Vivaldi

(cont.)

Atividade 1: Pintura cega ao som do primeiro, segundo e terceiro movimentos da Primavera, das Quatro Estações de Antonio Vivaldi

2

8 h/a

Mai Jun

2013

http://conservador.blog.br/2011/05/ouca-as-quatro-estacoes-de-vivaldi.html#.ULxvOOTBE20.

Ou, acesse os links:

1 - Primavera

2 - Primavera

3 - Primavera

Levar o aluno a experimentar as sensações de relaxamento e emoção que a música clássica proporciona

Exercitar a produção de desenhos e pinturas ao som de música clássica, promovendo a concentração

Atividade 2: Pintura cega ao som do primeiro, segundo e terceiro movimentos do Verão, das Quatro Estações de Antonio Vivaldi

2

Acesse o link:

4 - Verão

5 - Verão

6 - Verão

Atividade 3: Pintura cega ao som do primeiro, segundo e terceiro movimentos do Outono, das Quatro Estações de Antonio Vivaldi

2

Acesse o link:

7 - Outono

8 - Outono

9 - Outono

Atividade 4: Pintura cega ao som do primeiro, segundo e terceiro movimentos do Inverno, das Quatro Estações de Antonio Vivaldi

2

Acesse o link:

10 - Inverno

11 - Inverno

12 - Inverno

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Seções AtividadesNúmero de horas/aula

Total de horas/aula

Sites Objetivos

Seção III

Pintura cega ao som de Vivaldi

(cont.)

Atividade 5: Ensaiar com a Bandinha Rítmica, o primeiro movimento da Primavera, das Quatro Estações de Antonio Vivaldi

2

4 h/a

Jun

2013

Acesse o link:

1 - Primavera

Aprender a produzir música a partir dos instrumentos disponíveis, comprovando assim a aprendizagem em termos de concentração, observância a timbre, ritmos e duração na produção de sons melódicos; favorecimento do trabalho em grupo,

Atividade 6: Executar com a Bandinha Rítmica, o primeiro movimento da Primavera, das Quatro Estações de Antonio Vivaldi

2 -

Fonte: Elias (2013)