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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Blog e Wiki no contexto escolar: Um estudo de caso Claudio Varella Maciel

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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO

Blog e Wiki no contexto escolar: Um estudo de caso

Claudio Varella Maciel

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Chapecó, julho de 2010CLAUDIO VARELLA MACIEL

Blog e Wiki no contexto escolar: Um estudo de caso

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Mídias na Educação.Orientadora: Profª. Msc. Juliana Votto Cruz

Rio Grande, RS_____/_____/2010. Nota:_______

Juliana Votto Cruz.Orientadora

Coordenação da Pós-Graduação

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Chapecó, julho de 2010

À minha amada esposa Regina e minha adorada filha Isabel.

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Agradecimentos:

À Professora Juliana, orientadora deste trabalho, pelos seus

conhecimentos, sua atenção e sua boa vontade;

À Professora de Língua Portuguesa, Idilene Márcia Larentis Coletto,

grande colaboradora na realização deste trabalho;

À Professora de História, Sirlei Daltoé, cuja atenção e generosidade

contribuíram para alcançarmos nossos objetivos;

Às colegas Geila Schneider e Silvia de Pizzol Barroso, companheiras

de idas e vindas às atividades presenciais do Programa de Formação Continuada

Mídias na Educação;

Ao Sr. Eliseu Oro, pela gentileza e alegria com que nos recebeu em

sua residência para a realização da entrevista sobre sua vida e obra;

À Direção da Escola de Educação Básica Santa Helena, que permitiu a

realização deste trabalho e o uso dos recursos disponíveis na escola.

RESUMO

O presente trabalho faz um estudo de caso sobre as condições que tornam viável o desenvolvimento de projetos envolvendo a construção de blogs e páginas wiki na Escola de Educação Básica Santa Helena. Como proposta motivadora estudou-se o trabalho dos autores do Extremo Oeste Catarinense, romancistas e poetas, como contribuição ao contato com a cultura regional. Não obstante, e para maior entendimento da natureza do trabalho desenvolvido, realizou-se estudo paralelo sobre questões ligadas à evolução da escrita, à natureza dos Gêneros Textuais, em especial de aspectos ligados ao Hipertexto e às suas potencialidades no atual contexto da chamada Web 2.0. Procurou-se, outrossim, efetuar uma avaliação crítica das ações que podem contribuir e/ou inibir o sucesso de futuras atividades a

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serem desenvolvidas com estes recursos ligados ao Hipertexto, de modo a dar continuidade ao trabalho de fomento ao uso consciente/educativo da Internet nesta Unidade Escolar.

Palavras-chave: Blog, Wiki, Gêneros Textuais, Hipertexto, Escritores Regionais

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 5

2. GÊNEROS TEXTUAIS.............................................................................. 9

3. HIPERTEXTO............................................................................................ 10

4. INTERNET (WEB 1.0 e WEB 2.0)............................................................. 14

4.1. Blogs e Wikis...................................................................................... 18

4.2. Autoria, Cooperação e Colaboração.................................................. 23

5. TRABALHO COM PROJETOS................................................................. 25

5.1. Pensamento Humanista e Pensamento Tecnológico........................ 28

5.2. Formação do Professor...................................................................... 30

6. METODOLOGIA........................................................................................ 31

7. ESTUDO DE CASO.................................................................................. 32

7.1. Atividades Preliminares...................................................................... 32

7.2. Formação dos Grupos e Encaminhamentos iniciais.......................... 33

7.3. Criação e uso inicial das Contas de blog e wiki................................. 36

7.4. Resgate de Valores............................................................................ 41

7.5. Postagens nos blogs e na página wiki............................................... 42

7.6. Entrevista com o Sr. Eliseu Oro......................................................... 44

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 45

9. REFERÊNCIAS......................................................................................... 52

10.ANEXOS.................................................................................................... 55

10.1. ANEXO A - URL’s DAS PÁGINAS CRIADAS DURANTE O

TRABALHO............................................................................................... 55

10.2. ANEXO B - QUESTIONÁRIO - FÓRUM DA PÁGINA WIKI DE

LÍNGUA PORTUGUESA .......................................................................... 57

10.3. ANEXO C - ENTREVISTA COM O SR. ELISEU ORO .................. 58

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho, de natureza qualitativa, visou estudar o uso dos blogs e de

páginas wiki em atividades desenvolvidas na Escola de Educação Básica Santa

Helena e foi realizado durante o terceiro e o quarto bimestre do ano letivo de 2009,

com as turmas de 2ª e 3ª séries do Ensino Médio.

Mais especificamente, procuramos realizar um estudo de caso sobre as

condições que tornam viável o desenvolvimento de projetos interdisciplinares com o

uso de recursos das Mídias digital, impressa e áudio-visual, no atual contexto de

trabalho existente nesta Unidade Escolar, usando como tema motivador o estudo da

literatura regional catarinense, na disciplina de Língua Portuguesa. Além de

procurarmos integrar o uso destas Mídias, procuramos integrar as atividades

desenvolvidas ao currículo obrigatório a ser cumprido, de modo a interferir o mínimo

possível no conteúdo a ser ministrado, de acordo com o planejamento pedagógico

da disciplina.

A Escola de Educação Básica Santa Helena, situada no Município de Santa

Helena, Estado de Santa Catarina, atende a aproximadamente trezentos e trinta

alunos cursando desde os anos finais do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, em

três turnos diários. Atende ainda, a quinze alunos alfabetizandos, no Programa

Santa Catarina Alfabetizada (vinculado ao Programa Brasil Alfabetizado), sessenta

alunos em oficina de idiomas e a cento e dez alunos regulares aos finais de semana,

no Projeto Escola Aberta à Cultura e Cidadania1; desde março de 2010, a escola

atende também à Educação de Jovens e Adultos, com turmas do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio.

A escola dispõe de uma biblioteca que atende regularmente aos alunos,

disponibilizando o empréstimo de livros e, nos últimos anos, tem recebido um

incremento significativo em seu acervo, por conta dos livros enviados pelo Governo

Federal, via Ministério da Educação (MEC). Conta, ainda, com uma sala de vídeo e

uma sala informatizada com dez microcomputadores, todos com acesso à Internet

1 Projeto da Secretaria da Educação do Estado de Santa Catarina visando a melhoria da qualidade de vida do cidadão catarinense, por intermédio de atividades de educação, lazer, cultura, esporte, educação ambiental, educação para o trabalho, ética e cidadania, direcionadas à comunidade como um todo. Na Escola de Educação Básica Santa Helena este programa também conta com recursos do Governo Federal, recursos utilizados para compra de materiais e reembolso de despesas dos voluntários responsáveis pelas “oficinas” (atividades) desenvolvidas nos finais de semana.

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(esse acesso também está disponível ao microcomputador existente na sala dos

professores e nos três existentes na Secretaria da escola). Recentemente (meados

de 2009) a escola, por intermédio da APP (Associação de Pais e Professores)

adquiriu um projetor multimídia, que junto com equipamentos de som oriundos de

recursos do Governo Estadual, permitem a realização do projeto Cinema na Escola,

pelo qual os alunos assistem a filmes na sala de vídeo. Esta sala também tem sido

utilizada pelos professores que a agendam para a projeção de filmes relacionados

aos conteúdos de suas disciplinas ou para a projeção de apresentações com slides

(PowerPoint).

Com relação à sala informatizada, seu uso tem sido feito por todos os

professores da escola, seja em atividades direcionadas durante as aulas, seja em

projetos desenvolvidos interdisciplinarmente. Esta sala também é utilizada durante

os finais de semana pelo Projeto Escola Aberta à Cultura e Cidadania, seja em

“oficinas” direcionadas ou com uso livre monitorado. Por isso, pode-se afirmar,

seguramente, que todos os alunos da escola já tiveram contato com

microcomputadores, embora nem todos tenham o conhecimento suficiente para

utilizá-los sozinhos, ligando e desligando-os e acessando softwares de seu interesse

sem maiores problemas.

Com relação às Mídias, cumpre-nos ressaltar que este termo, oriundo da palavra

latina Media, plural da palavra Medium, que significa “meio”, é um termo utilizado na

comunicação e que pode apresentar vários significados. Pode se referir a “meio de

comunicação”, referindo-se ao instrumento ou à forma dos conteúdos utilizados para

a realização do processo comunicacional; pode se referir aos meios de comunicação

de forma geral e, ainda, ao suporte para o registro das informações digitais (CD’s,

DVD’s, Disquetes, etc.) (SILVA et al, 2007).

Geralmente, ouve-se falar muito neste termo referindo-se aos meios de

Comunicação de Massa, principalmente à televisão e ao rádio, principais meios a

atingir um grande público em nosso país. A Internet também se configura como um

meio de Comunicação de Massa, que se beneficia de uma série de inovações

tecnológicas, em especial dos recursos de Multimídia, que permitem o uso

combinado de diferentes tipos de Mídias na veiculação das informações (texto,

áudio, imagens, vídeos e animações).

O uso e a importância cada vez maior das Mídias na educação e a existência,

em nossa Unidade Escolar, de uma sala informatizada com frequente acesso por

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parte de professores e alunos, se constituíram em fatores que motivaram a

realização deste trabalho, principalmente no que diz respeito à forma de utilização

das novas tecnologias de informação, que devem agregar novas estratégias, novas

metodologias aos processos de ensino e aprendizagem, e não serem uma forma

disfarçada de se fazer o que já vem sendo feito há anos nas salas de aula, pouco

acrescentando de motivador ao processo de aprendizagem.

Entretanto, a mera existência de computadores na escola, por si só, não gera

mudanças significativas no trabalho desenvolvido pelos professores, uma vez que

isso depende do uso que se faça dos novos recursos disponíveis. Segundo Almeida

e Fonseca Júnior (2000, p. 70),

Para que a informática possa significar o estímulo capaz de provocar a inovação, e, com ela, a superação de importantes problemas, temos de identificar onde ela pode apresentar possibilidades verdadeiramente novas. Não basta aplicá-la de modo convencional, apenas repetindo aquilo que de algum modo já fazemos sem seu auxílio. É o velho estribo das carroças e carruagens2!

Os computadores, salientam os autores, não podem mais ser vistos como

máquinas isoladas, através das quais os alunos visualizam materiais e atividades

que antes visualizariam nos livros ou nos quadros de giz, pouco se explorando as

possibilidades comunicativas e de estímulo à criatividade.

É necessário explorar a “essência do novo” identificando possibilidades

inovadoras no uso dos recursos de informática, como o uso dos computadores nas

atividades escolares, visando à integração entre a mídia digital, a mídia impressa e a

mídia áudio-visual; possibilidades que justifiquem o investimento em novos

equipamentos e novas tecnologias, e que não sirvam apenas para repetição

disfarçada de práticas pouco motivadoras e/ou pouco producentes.

Desse modo, a busca pela criação de um ambiente motivador, interdisciplinar e

em condições de favorecer o trabalho em equipe, constituiu-se em um ponto

importante durante a realização deste trabalho, já que não é sem razão que estes

ambientes são criados e mantidos. É preciso conhecer as especificidades de nosso

ambiente de trabalho a fim de que possamos trabalhar para adaptar o que se fizer

2 No texto de onde se extraiu este fragmento os autores citam o fato de que o paradigma de construção de automóveis foi tão influenciado pelas antigas carroças e carruagens que, até a bem pouco tempo, alguns modelos ainda possuíam estribos.

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necessário para tornarmos o ambiente mais propício às práticas motivadoras que

fazem os processos de ensino e de aprendizagem mais interessantes ao serem

vivenciados por alunos e professores.

Daí a preocupação quanto a viabilidade de um projeto interdisciplinar com vistas

a identificar melhores estratégias de utilização dos recursos da sala informatizada,

principalmente no sentido de torná-la um ambiente produtivo, no que tange aos

processos de ensino e de aprendizagem. E, nesta perspectiva, houve também o

interesse em desenvolver questões motivadoras relacionadas ao uso da linguagem

escrita e ao estudo dos autores, romancistas e poetas, do Extremo Oeste

Catarinense.

Dessa forma, um ponto que mereceu importante consideração foi o

desenvolvimento de uma visão mais consciente em relação aos conteúdos

acessados na internet, pois a Mídia digital (via recursos de informática), ao permitir o

acesso a uma quantidade praticamente ilimitada de informações, coloca igualmente

à disposição muito conteúdo de validade duvidosa e até mesmo contraproducente

no que diz respeito ao desenvolvimento intelectual dos alunos. Isto serviu de

motivação a uma abordagem sobre a linguagem escrita, cujo suporte mais moderno

vem a ser a Internet, abordagem que incluiu considerações desde o seu surgimento

até o advento da WEB 2.03, passando por questões ligadas aos Gêneros Textuais, à

natureza do Hipertexto e ao desenvolvimento de um senso crítico mais apurado em

relação ao uso da linguagem escrita.

Tendo como motivação a construção coletiva de uma página na Internet sobre a

vida e obra dos escritores do Extremo Oeste Catarinense, procuramos oportunizar

aos alunos uma forma de colocar em prática as considerações feitas acerca da

linguagem escrita e das potencialidades que seus suportes mais modernos colocam

à disposição daqueles que se propõem a utilizar esta via para se comunicar. Ao

utilizarem a Internet como meio de divulgar um trabalho, ao se preocuparem em

produzir algo a ser visto por outros colegas, e mesmo por pessoas fora do ambiente

escolar, houve uma atenção maior sobre o que estava sendo escrito, principalmente

nos textos postados nos blogs, o que possibilitou importantes considerações sobre o

3 A Web social (devido à sua preocupação com a participação dos utilizadores), “emerge como um dos componentes mais relevantes da Web 2.0”, ou seja, é um meio de utilização da rede global de forma colaborativa onde o conhecimento é compartilhado de forma coletiva e descentralizada de autoridade, com liberdade para utilizar e reeditar (ALEXANDER, B. apud COUTINHO e BOTTENTUIT JUNIOR, 2007, p. 200).

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que se veicula na Web, principalmente com relação à veracidade e importância

relativa das informações.

Além disso, acreditamos que um trabalho como o que foi desenvolvido encontra

justificativa por oportunizar não só um conhecimento extra sobre informática aos

alunos das turmas envolvidas, mas também por oportunizar aos professores

utilizarem este conhecimento de modo a adquirir maior segurança com relação ao

seu uso. Isto é relevante pois, mesmo considerando os alunos como o centro do

processo de aprendizagem, não se deve esquecer da importância do professor, que

tem de estar bem capacitado para atender às necessidades de seus alunos.

2. GÊNEROS TEXTUAIS

Quando nos comunicamos, procuramos fazer com que nossas intenções,

sentimentos e necessidades sejam compreendidos por nossos interlocutores, sendo

importante utilizarmos códigos em comum para que a comunicação se torne

inteligível. Para tanto, mesmo que subjetivamente, devemos dar a devida atenção a

questões como “Com quem queremos nos comunicar?”, “Para quê?”, “Por quê?” e

“Como se comunicar da forma mais eficiente?”, sob pena de não atingirmos o

objetivo de estabelecer contato de forma clara, obtendo o retorno desejável.

No cotidiano, essas questões se fazem presentes em maior ou menor grau de

importância, de acordo com o momento que estamos vivenciando ou de acordo com

os nossos interlocutores. Assim, quando estamos em situações informais,

notadamente com nosso círculo de pessoas mais íntimas, nos comunicamos de

forma coloquial, de modo que não damos muita atenção às questões mais profundas

relacionadas ao entendimento das mensagens, das informações que estamos

transmitindo e recebendo nestas ocasiões.

Há, porém, situações que exigem um cuidado maior no uso da linguagem,

principalmente situações nas quais devemos ter uma postura mais formal e onde

devemos dar uma atenção maior em relação ao que pretendemos comunicar,

notadamente no ambiente acadêmico e/ou no ambiente profissional. Neste sentido,

o estudo dos Gêneros Textuais se torna bastante significativo, uma vez que nos

ajuda a identificar o tipo de linguagem a ser utilizada em cada situação,

principalmente quando temos de fazer uso da linguagem escrita, sendo vital para

uma boa interpretação e produção de textos.

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A noção de Gênero Textual, segundo Marchuschi (2003, p.4) se refere aos

“textos que encontramos em nosso cotidiano e que apresentam características

sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e

composição característica”, e estão diretamente ligados às práticas sociais. Landeira

(2009, p. 4) se refere aos Gêneros Textuais como “modelos comunicativos que nos

possibilitam gerar expectativas e previsões para compreender um texto e, assim,

interagir com o outro”.

Alguns exemplos de Gêneros Textuais são as cartas, bilhetes, resenhas, aulas

virtuais, artigos, entrevistas, instruções de uso, discurso, blogs, wikis etc. Importante

notar que esta classificação dos textos em vários gêneros, leva em consideração a

sua estrutura, que é determinada por fatores ligados às questões citadas acima e

que dizem respeito diretamente aos envolvidos na transmissão e recepção das

informações por via textual. Esta classificação está longe de restringir os textos a

uma classificação em formas estáticas, imutáveis, uma vez que o próprio contexto

sócio-histórico em que os textos são utilizados estão em constante evolução.

Dada a sua relevância para a linguagem escrita, é importante que os alunos

tenham contato com o maior número possível de Gêneros Textuais, para que

possam ter melhores condições de interpretar os textos com os quais irão se

deparar ao longo de suas vidas e também para que possam elaborar textos que

cumpram com o seu objetivo de comunicação nas mais variadas situações onde for

necessário se fazer uso deste tipo de linguagem. Desse modo, procuramos ressaltar

as características de Gêneros Textuais inerentes ao blog e às wikis, principalmente

por serem gêneros novos e que se utilizam de um suporte, o Hipertexto,

extremamente rico em possibilidades quanto à intertextualidade e à interatividade

com outros tipos de linguagem, o que torna ainda mais abrangente a comunicação

textual.

3. HIPERTEXTO

No contexto atual de utilização da Internet, a linguagem escrita ainda tem sido

uma das mais importantes a serem utilizadas pelos usuários da grande rede. Isso

nos remete à consideração de que a Web tem revitalizado a linguagem escrita

possibilitando a expansão de suas potencialidades ao permitir sua interação com

outros tipos de Mídias, interação que é bem característica dos Hipertextos.

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Texto Hipertexto

- Escrita linear;- Não permite imagens em movimento;- Necessita ser transportado.

- Escrita hipertextual;- Permite imagens e movimento;- Maior facilidade de acesso em inúmeros locais na Internet.

Fig. 1 – Tabela com as principais diferenças entre o Texto Comum e o Hipertexto (LEITURA E

AUTORIA..., 2007, p.1).

De acordo com Lévy (1993 apud AQUINO, 2004, p. 2):

Tecnicamente, um Hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser Hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular.

Assim, e conforme vemos também na Figura 1, o Hipertexto rompe com o

esquema tradicional de textos lineares através de nós, conexões que permitem ligar

um texto ao outro e a outras Mídias, inclusive audiovisuais, no que se convencionou

chamar de Hiperlinks, ou links, abreviação comumente utilizada. A possibilidade de

criação destes “nós” surge com o advento da moderna tecnologia de informática, o

que tornou realmente viável o uso prático dos Hipertextos como o conhecemos hoje,

sendo o modo como se usa a linguagem escrita no ambiente da Web. No texto,

esses nós podem ser palavras ou trechos que aparecem destacados, figuras,

imagens, botões etc, que quando “clicados” dão acesso a outros documentos,

possibilitando a “construção de sua leitura”, dando mais liberdade de escolha quanto

às informações a que se deseja ter acesso, formando uma verdadeira rede de

informações.

Houve outras tentativas de materialização deste tipo de recurso, mas que não

foram levadas adiante em virtude de limitações técnicas que só foram superadas

com a utilização dos computadores e das modernas linguagens de programação.

Dias (1999) cita o Memex (descrito por Vannevar Bush em 1945 na revista

americana Atlantic Monthly), aparelho que, utilizando meios eletromecânicos e

sistema de gravação e projeção baseados no uso de microfilmes, permitiria o

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processo de ligação entre dois itens por indexação associativa, possibilitando a

consulta aos mais variados tipos de documentos de forma não linear e a medida que

o usuário fosse sentindo a necessidade de consultá-los. Esse processo de ligação

entre itens traz em seu cerne o próprio conceito de Hiperlink, no caso, prescindindo

da tecnologia digital.

Dias (1999) e Aquino (2004) citam o fato de que alguns conceitos intimamente

ligados ao de hipertextualidade já existiam muito antes do advento da Internet, já

que uma de suas principais características, a não linearidade, também pode ser

encontrada nos sumários, referências bibliográficas, enciclopédias e dicionários; a

grande inovação, principalmente por conta do uso da tecnologia de informação, se

deve a velocidade de acesso e ao maior número de documentos interligados. Em

outras palavras, a Internet possibilitou a criação de um verdadeiro ambiente de

Hipermídia, que é a associação entre o Hipertexto e os recursos Multimídia —

“termo utilizado para designar meio que emprega mais de um suporte ou veículo de

comunicação” (DIAS, 1999, p. 271).

Além de romper com a linearidade do texto comum permitindo maior

interatividade entre leitores e autores, o Hipertexto permite que seja melhor

explorada a pluritextualidade e a intertextualidade, o que se evidencia pela

possibilidade de integração entre vários aportes sígnicos e vários textos, de certa

forma fundidos e sobrepostos por intermédio dos Hiperlinks. Se considerarmos a

facilidade de interação proporcionada pelos recursos disponíveis dentro da

concepção da própria Web, principalmente no que se refere aos recursos de autoria,

e nos atendo aos aspectos pluritextuais, não é exagero classificar como

revolucionário o grande impacto na forma como percebemos e processamos o

paradigma da leitura, principalmente quando o comparamos com o principal

paradigma existente na “era do livro”.

Segundo Dias (1999), uma das vantagens do Hipertexto, principalmente no que

diz respeito ao contexto educacional, está no acesso imediato e praticamente

ilimitado a um volume imenso de informações, cuja consulta se torna mais

interessante no sentido de que o aluno pode, por meio dos links, conduzir sua leitura

pelo caminho que julgar mais conveniente, de acordo com suas necessidades.

Entretanto, neste caso, há a necessidade de uma orientação conveniente para que

os alunos não se percam em meio a tanta informação disponível, já que é inegável

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que muitas das informações disponíveis na Web podem ser classificadas

seguramente como lixo virtual.

Desse modo, com relação ao Hipertexto, julgamos que noções básicas a seu

respeito se fazem necessárias dentro dos conhecimentos a que todos devem ter

acesso em sua passagem pela escola, em sua formação básica. Pensamos dessa

maneira devido a importância cada vez maior que a Internet vem assumindo na vida

das pessoas, que cada vez mais têm de usar os seus recursos para ter acesso aos

serviços mais básicos4, até mesmo para o pleno exercício de sua cidadania. Isso

sem levar em consideração os recursos utilizados para auxiliar a comunicação entre

as pessoas, onde um bom domínio da linguagem escrita, em especial no contexto

hipertextual, pode fazer toda a diferença entre ser ou não bem compreendido.

Além de conhecimentos sobre o Hipertexto, acreditamos que há também a

necessidade de os alunos conseguirem contextualizar o uso de suas potencialidades

com a noção de Gêneros Textuais, uma vez que não há muito sentido em se ter um

bom conhecimento sobre os suportes da linguagem escrita, mas não ter uma boa

noção sobre o uso da linguagem escrita em si.

A noção de Gênero Textual, como discutido no item anterior, é importante para

uma boa interpretação e produção de texto, por ampliar o entendimento sobre as

situações específicas onde esta linguagem é utilizada; em especial estas noções

foram de vital importância para a realização deste nosso trabalho. Se levarmos em

consideração que a Internet é um dos suportes mais versáteis usados atualmente e

que congrega uma infinidade de Gêneros Textuais em suas conexões, podemos ter

uma noção da relação muito próxima existente entre os Gêneros e o Hipertexto

, e da importância de se ter um bom conhecimento sobre os dois conceitos a fim de

se produzir e divulgar textos de boa qualidade.

Vale ressaltar que, durante o desenvolvimento deste trabalho, em especial na

realização das atividades práticas, procuramos contextualizar o Hipertexto com a

história da linguagem escrita e dos diversos suportes que tornaram possível o seu

uso ao longo do tempo, o que foi importante para que os alunos entendessem

melhor a sua importância dentro do contexto do processo de comunicação, além de

entrarem em contato com o caráter evolutivo do processo de escrita,

constantemente alterado por processos melhores e mais eficientes.

4 Emissão de documentos, Declaração de Imposto de Renda, reclamações aos órgãos de defesa do consumidor, dentre outros serviços.

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4. INTERNET (WEB 1.0 e WEB 2.0)

Internet é um “termo derivado da palavra inglesa internetworking, que significa

interconexão de redes” (DIAS, 1999, p. 271), sendo constituída por uma estrutura

tecnológica que propicia a troca de informações entre redes de computadores

espalhadas por todo o mundo.

A Internet representa um avanço significativo para as comunicações em geral e

como consequência, acabou por constituir-se em um dos mais importantes espaços

de propagação de novas ideias, costumes e tendências ligadas as mais variadas

atividades. Representa uma verdadeira revolução quanto à circulação de

informações, principalmente pela liberdade que confere aos seus usuários, pelo seu

alcance mundial e pela velocidade que proporciona a essa circulação. Por sua

influência global, por permitir a interligação entre pessoas das mais variadas

culturas, a Internet representa um dos aspectos mais emblemáticos do atual estágio

de integração existente entre as várias sociedades mundiais, uma vez que permite a

proliferação quase instantânea de informações sobre os mais variados

acontecimentos em qualquer parte do globo terrestre, o que também permitiu um

acúmulo de informações sobre os mais variados assuntos e acontecimentos

A Internet, como a conhecemos, é resultado de pesquisas conduzidas por

cientistas norte-americanos, ainda no período da Guerra Fria (meados da década de

1950), e que tinham finalidades estratégico-militares. Foi fruto da integração de

redes desenvolvidas originalmente para manter o fluxo de informações mesmo que

um eventual ataque inimigo produzisse avarias em determinadas partes de sua

estrutura, uma vez que as várias conexões existentes poderiam alterar o tráfego de

informações para aquelas que permanecessem com seu funcionamento normal;

obteve um crescimento considerável quando passou a acomodar, com sucesso, a

grande maioria das redes públicas existentes na década de 1990.

A World Wide Web, ou simplesmente Web, foi criada por pesquisadores do

CERN5, instituição européia voltada às pesquisas na área nuclear, e funcionava

principalmente como ferramenta de comunicação entre cientistas, quando de sua

criação. Hoje em dia pode-se considerar, principalmente na linguagem popular, que

os termos Internet e World Wide Web são sinônimos.

5 Em português, Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear.

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A Internet tem evoluído muito desde a sua popularização, quando possibilitava a

seus usuários comuns6, de acordo com Coutinho e Bottentuit Júnior (2007, p. 199),

“não mais do que serem grandes consumidores de informação” e se apresentava

ainda um tanto “hermética” àqueles que quisessem divulgar suas ideias e

disponibilizar informações diversas usando este meio. Isso acontecia porque era

necessário certo nível de conhecimento técnico para se inserir novas informações,

novos conteúdos na Internet e grande parte de seus usuários nem sempre dominava

este conhecimento. Assim, a maioria das pessoas apenas acessava as informações

que outros inseriam na rede, como espectadores. Também não havia a

disponibilidade de muitas ferramentas que tornassem mais fácil, mais “amigável” o

uso mais ativo por parte de usuários não especialistas em informática. Nos primeiros

anos da internet, no início de sua popularização, ainda de acordo com Coutinho e

Bottentuit Júnior (2007, p. 199),

A Web 1.07 era bastante onerosa para os seus utilizadores; a grande maioria dos serviços eram pagos e controlados através de licenças, os sistemas eram restritos a quem detinha poder de compra para custear as transações online e adquirir o software para criação e manutenção de sites.

Atualmente, essa limitação inicial quanto à inserção e/ou criação de novas

informações tem sido parcialmente superada pela criação e disponibilização de

recursos que possibilitam a usuários não especialistas em informática disponibilizar

conteúdos a outros usuários da rede. Parcialmente superada, porque mesmo com a

possível superação de dificuldades técnicas, com a disponibilização de meios mais

amigáveis para se trabalhar no ambiente da Internet, muitos usuários ainda não

conseguem expressar adequadamente as suas ideias, sendo um problema mais

ligado à questões de formação pessoal do que de limitação tecnológica8.

A tendência atual é de uma crescente troca de informações e colaboração entre

os usuários da Internet, o que torna este ambiente muito mais dinâmico,

principalmente com a colaboração dos usuários para a criação e organização do

conteúdo disponível; mesmo quando o conteúdo não é gerado de forma coletiva, há

a possibilidade cada vez mais facilitada e estimulada deste tipo de participação,

6 Usuários não especialistas em informática.7 Termo que os especialistas usam para se referir à internet nos seus primeiros anos de

existência. 8 Nos referimos aos usuários que se propõem a usar os recursos de inserção de conteúdo na

Web, o que não é o caso de todos.

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mesmo que apenas através de comentários e sugestões. Ocorre o mesmo com

relação aos softwares, em especial com os softwares livres, que também podem ser

corrigidos, alterados e melhorados o tempo todo, tendo seus erros reportados e sua

eficiência testada praticamente em tempo integral. Esta atual tendência traz,

inclusive, consequências econômicas, como a flexibilização dos direitos autorais

para possibilitar aos usuários a possibilidade de reutilizar conteúdos e recursos

criados de forma coletiva no ambiente da grande rede.

Especialistas criaram o termo Web 2.0 para se referir à Internet que dispõe dos

novos recursos de interação que permitem aos usuários comuns essa maior

interação com os conteúdos na Internet sem conhecimentos técnicos mais

especializados, em especial, sem precisar dominar as linguagens de programação

típicas do ambiente virtual da grande rede. De acordo com Coutinho e Bottentuit

Junior (2007, p. 200),

A filosofia da Web 2.0 prima pela facilidade na publicação e rapidez no armazenamento de textos e arquivos, ou seja, tem como principal objetivo tornar a web um ambiente social e acessível a todos os utilizadores, um espaço onde cada um seleciona e controla a informação de acordo com as suas necessidades e interesses.

A figura a seguir ilustra bem o pensamento dos autores acima citados sobre as

principais diferenças entre a Web 1.0 e a Web 2.0:

Fig. 2 –

Diferenças entre a “Web 1.0” e a “Web 2.0” (COUTINHO e BOTTENTUIT JUNIOR, 2007, p. 200)

Nessa nova tendência de uso da internet (Web 2.0) é que surgem os provedores

de serviços tais como weblogs (blogs), softwares que permitem a criação de redes

sociais como o Orkut, Hi5, Twitter, Facebook etc, recursos de escrita colaborativa

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como páginas wiki e recursos de acesso e postagem de vídeos, como o YouTube e

serviços de Vlog9.

A Web 2.0 apresenta, assim, um grande potencial a ser explorado no que diz

respeito à produção coletiva, o que em âmbito escolar permite que se desenvolvam

trabalhos em equipe procurando estimular o espírito de grupo e a responsabilidade

conjunta sobre o resultado final dos trabalhos desenvolvidos o que, ademais, já é

uma característica muito valorizada atualmente no mundo do trabalho e no próprio

exercício da cidadania.

Ressaltamos ainda que, a exemplo do que acontece com muitas outras criações

tecnológicas, a Web se torna benéfica ou se converte em malefício, de acordo com o

uso que é feito de seus recursos; no caso, a velocidade e alcance proporcionados à

circulação de informações permite agilidade a muitas atividades essenciais, como

pagamento de contas, participação em cursos de educação à distância, atividades

corporativas, criação coletiva de conteúdos, entre outros. Mas também abre uma

série de oportunidades para a prática de delitos como roubo de senhas de serviços,

obtenção ilegal de número de documentos e informações confidenciais por meio de

ardis e programas feitos para ludibriar seus usuários ou invasão a sistemas

privados; além da propagação de vírus de computador, programas que podem

causar danos às máquinas dos internautas desprevenidos.

Com relação ao termo Web 2.0 há críticas feitas por especialistas no sentido de

se adotar essa nomenclatura para nomear a tendência atual no uso que os usuários

vêm fazendo dos recursos da grande rede, principalmente no que diz respeito à

maior interatividade, pois o ambiente virtual, o universo digital, sempre apresentou

essa característica desde os seus primórdios e o momento pelo qual vêm passando

a Web configura-se mais como uma tendência no uso e na disponibilização dos seus

recursos do que como uma atualização nas suas características técnicas.

Críticas e questões de nomenclatura à parte, o que procuramos aproveitar neste

trabalho foram os recursos que mais se enquadravam na realidade de nossa

unidade escolar, principalmente no que se refere à inclusão digital e à

interdisciplinaridade, campos que se beneficiaram de forma significativa desta nova

tendência em se facilitar e estimular a criação coletiva no universo digital.

9 Vlogs são páginas pessoais que permitem a comunicação por meio de imagens pela Internet (FOSCHINI; TADDEI, 2006). Em outras palavras, são blogs com recursos específicos que facilitam a postagem e a exibição de vídeos produzidos por seus usuários.

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4.1. Blogs e Wikis

No contexto da Web 2.0, duas das principais ferramentas utilizadas para a

criação e edição de páginas na Internet, e que são os objetos de estudo principais

deste trabalho, são os blogs e as páginas wikis, esta última proporcionando

ambiente de colaboração mais elaborado, do qual a Wikipédia é o exemplo mais

conhecido.

De acordo com Gomes (2005, p. 311):

Na sua origem e na sua acepção mais geral, um weblog é uma página da Web que se pressupõe ser atualizada com grande frequência através da colocação de mensagens – que se designam “posts” – constituídas por imagens e/ou textos normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo links para sites de interesse e/ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e apresentadas de forma cronológica, sendo as mensagens mais recentes normalmente apresentadas em primeiro lugar. A estrutura natural de um blog segue, portanto, uma linha cronológica ascendente.

Os blogs (abreviação do termo Weblog) surgiram originalmente como diários

digitais, ou diários online, espaços onde internautas postavam textos sobre os mais

variados assuntos, sendo os posts ordenados em ordem cronológica. Devido a

facilidade de interação, que entre outros aspectos dispensa um conhecimento maior

sobre a linguagem HTML10, os blogs se tornaram um instrumento importante para a

criação de comunidades online, a ponto de ser criado o termo blogosfera para se

referir ao espaço destinado a este gênero na Web, tamanha a quantidade de blogs

criados nos últimos anos.

Ainda de acordo com Gomes (2005, p. 312), “com o surgimento dos sites de

criação, gestão e alojamento de blogs gratuitos, sua criação tornou-se uma tarefa

acessível a qualquer usuário da Internet”. E isso se dá não somente por conta de ter

sido superada a necessidade de se dominar uma linguagem específica, como o

HTML, mas também em razão da própria diagramação visual (muito mais atrativa e

de interface mais fácil de interagir), dos recursos disponíveis para personalização,

da gratuidade e qualidade que os provedores oferecem na disponibilização deste

10 De acordo com Dias (1999), abreviatura de Hiper Text Markup Language, linguagem composta por

um conjunto de comandos de formatação e utilizada na criação de documentos Hipertexto, visualizados nas páginas WWW.

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serviço e pela própria cultura que passou a se formar dentro da blogosfera, onde os

blogueiros11 encontram espaço e meios para interagir com todos aqueles dispostos a

compartilhar ou debater assuntos ligados às suas ideias e interesses.

Os posts, ou postagens, constituem a parte mais importante dos blogs e podem,

a exemplo dos blogs mais populares, fazerem referência a temas específicos,

dependendo da proposta desenvolvida pelo mantenedor de cada blog, uma vez que

as possibilidades e a variabilidade dos assuntos que podem ser tratados são

imensas. Quando de sua publicação, um post pode dispor de todos os recursos do

Hipertexto, como inserção de imagens, vídeos e áudio e de Hiperlinks dando acesso

à outras páginas ou posts em outros blogs e, sobretudo, pode ser comentado por

outros usuários da Internet. Essa possibilidade de comentar o que é postado

constitui um importante recurso de colaboração na construção de um blog, uma vez

que viabiliza o debate sobre as ideias e conceitos divulgados e estimula a criação de

comunidades ligadas a determinados assuntos.

Além da edição das postagens, os blogs possuem recursos que permitem,

ainda, a sua personalização geral, dando ao usuário a possibilidade de torná-lo um

“espaço” com características bem pessoais, com a possibilidade de inserção de gifs

animados12, mudança das fontes utilizadas, cores de fundo, estilos e layouts. Nos

provedores de serviços mais populares há uma série de recursos disponíveis neste

sentido e de fácil utilização; caso o criador de um determinado blog possua

conhecimentos mais avançados sobre webdesign13, as possibilidades de

personalização se tornam ainda maiores.

Por conta dessas características, não tardou a ser percebido o potencial

pedagógico dos blogs, principalmente por permitir que pessoas não especialistas em

informática tenham tanta facilidade em utilizá-los, o que os torna uma ferramenta

ideal para uso com alunos e professores das mais diversas áreas. Gomes (2005)

salienta que enquanto “estratégia pedagógica” os blogs podem assumir a forma de

portfólio digital14, de espaço de intercâmbio e colaboração, de espaço de debate e

espaço de integração entre estudantes; em todas estas estratégias ressalta-se o

papel consciente dos alunos na utilização da Internet, não agindo mais como um

espectador passivo, e sim interagindo de forma ativa, utilizando os recursos 11 Indivíduo que escreve em blogs.12 Figuras animadas que comumente aparecem nas páginas da internet.13 Criação de páginas na Web.14 Aspecto que será explorado no desenvolvimento das atividades práticas deste projeto.

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tecnológicos como potencializadores de seus estudos, principalmente no que diz

respeito à reflexão sobre o que é aprendido, uma vez que não é possível escrever

algo minimamente inteligível sobre um determinado assunto, num blog ou em

qualquer outra Mídia, sem pensar a respeito do que se quer expressar.

Por essas suas características, os blogs acabam se tornando um espaço

interdisciplinar por excelência, uma vez que as postagens podem fazer referência à

várias áreas do conhecimento sem perder suas características de criação individual,

servindo inclusive como elemento agregador de novas ideias e conceitos e como

espaço de debates por meio do recurso que permite os comentários às postagens e

à resposta a eles.

Quando utilizado como portfólio, por exemplo, permite uma grande troca de

conhecimentos entre os integrantes de uma mesma turma, ou de turmas diferentes,

inclusive facilitando a formação de grupos de estudos sobre determinados temas,

algo que procuramos explorar com a realização deste trabalho. Além disso, se

constitui numa ferramenta importante de auxílio aos estudantes no que diz respeito a

aprendizagem sobre a organização das informações, facilitando o processo de sua

transformação em conhecimento ao permitir sua reelaboração constante em função

dos comentários e críticas deixadas pelos leitores das postagens.

Gomes (2005) cita uma importante aplicação dos blogs no contexto educacional

e que vem sendo explorado em nossa escola já há algum tempo, que é o blog

enquanto espaço de integração, sendo criado de forma coletiva, onde cada um

colabora de acordo com sua perspectiva de mundo, suas experiências individuais e

sua realidade cultural. Pretendemos, por exemplo, que o blog de nossa escola

evolua neste sentido, mas atualmente encontra-se numa fase onde nos limitamos à

divulgação dos trabalhos realizados com a possibilidade de serem comentados

pelos seus leitores.

Outro importante recurso existente dentro do contexto da Web 2.0 e que

utilizamos neste trabalho são as páginas wikis, que talvez representem o exemplo

mais ilustrativo de ferramentas da Web voltadas a apoiar o trabalho coletivo, por

todo o seu potencial agregador de esforços e pela facilidade no seu uso. Coutinho e

Bottentuit Junior (2007, p. 201) assim definem as wikis:

Um wiki é um sítio (site) na Web para o trabalho coletivo de um grupo de autores, sendo sua estrutura lógica muito semelhante à de um

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blog, mas com a funcionalidade acrescida de que qualquer um pode juntar, editar e apagar conteúdos ainda que estes tenham sido criados por outros autores. O wiki possibilita o desafio do que é e o que pode ser a comunicação online.

O termo Wiki originou-se de uma expressão existente no idioma havaiano, Wiki-

wik”, que significa “super-rápido” e que fazia menção a uma forma de editoração

rápida de documentos escritos.

Atualmente o termo Wiki, por consenso, passou a designar os softwares de

trabalho cooperativo que permitem a edição coletiva de documentos; o termo ainda

se refere ao modo de trabalhar, à metodologia de elaboração cooperativa de um

Hipertexto. Um dos exemplos mais emblemáticos de Wiki é a Wikipédia,

enciclopédia livre, fruto de um projeto iniciado no ano de 2001 e que congrega o

trabalho de milhares de colaboradores voluntários ao redor do mundo.

As páginas são criadas e alteradas com uma facilidade muito grande e,

geralmente, espera-se que quanto mais colaboradores estiverem trabalhando na

construção de um determinado conteúdo, menor será a necessidade de um

procedimento especial de revisão, uma vez que o próprio sistema de trabalho em

conjunto tende a facilitar a correção dos dados inseridos nas páginas wikis.

Há vários recursos que tornam interessante o desenvolvimento de projetos com

os estudantes, tais como a possibilidade de se acompanhar o histórico da página,

verificando os registros do que foi acrescentado ou retirado do conteúdo por parte

dos “construtores”, a possibilidade de criação de fóruns de discussão, tornando-se

possível o debate de ideias acerca do conteúdo a ser editado ou simplesmente

como um recurso a mais de comunicação entre as pessoas que estão construindo a

página; pode-se, ainda, configurar o ambiente para que comentários e modificações

realizadas no conteúdo sejam enviados por e-mail.

Existe também a possibilidade, no caso do provedor de serviço que utilizamos

para a execução de nosso trabalho, o Wikispaces15 (http://wikispaces.com), de se

tornar a página passível de ser alterada por qualquer um que a acessar ou somente

àqueles que forem “convidados” pelo administrador da página.

15 O WikiSpaces é um site para hospedagem gratuita de wikis, que foi disponibilizado a partir de 10

de março de 2005. Os usuários podem criar suas próprias wikis facilmente sendo que os wikis gratuitos são suportados através de discretos anúncios em texto. Existem três modalidades para um wikispace: Public (qualquer um pode editar); Protected (apenas membros registrados de determinado wikispace podem editar – é a modalidade que utilizaremos neste projeto) e Fully private (Somente membros registrados do wikispace podem visualizá-lo - serviço pago).

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De acordo com Schmitt (2006, p. 6), acerca das wikis enquanto ambientes de

trabalho, “existem várias lacunas que devem ser preenchidas a fim de que o

ambiente atenda às peculiaridades da aprendizagem”, em especial as que se

referem ao uso dos recursos de interação com o usuário, que precisa ser capacitado

de forma conveniente para poder extrair todo o potencial da ferramenta que estiver

utilizando para a elaboração do trabalho em conjunto, principalmente porque, no

contexto escolar, estas ferramentas “não serão utilizadas por técnicos em

informática, mas por educadores e seus alunos”16.

A grande preocupação ao se trabalhar com um ambiente wiki diz respeito à

coordenação dos trabalhos, o que demanda recursos de interface específicos que

devem ser de fácil entendimento pelos usuários, o que vem a ser muito importante

para a construção de um ambiente de trabalho motivador. É necessário atenção aos

requisitos básicos de um trabalho em equipe, principalmente com relação ao

relacionamento entre os membros participantes, pois mesmo com todos os recursos

disponíveis para o gerenciamento de uma construção coletiva de conteúdo, faz-se

necessário a devida coordenação das pessoas envolvidas para aproveitarem de

forma satisfatória as potencialidades disponíveis nos softwares wikis.

Conforme explicitado anteriormente, assim como acontece com os blogs,

também são grandes as possibilidades de utilização das wikis para fins

pedagógicos. Segundo Coutinho e Bottentuit Junior (2007, p. 201), algumas delas

são:

Interagir e colaborar dinamicamente com os alunos; Trocar ideias, criar aplicações, propor linhas de trabalho para determinados objetivos; Recriar ou fazer glossários, dicionários, livros de texto, manuais, repositórios de aula, etc; Verificação de todo o histórico de modificações, permitindo ao professor avaliar a evolução registrada; Gerar estruturas de conhecimento partilhado e colaborativo, o que potencia a criação de comunidades de aprendizagem; Integração dentro dos edublogs17, porque ainda que distintos em termos de concepção, podem ser integrados de forma complementar.

Com relação a este último item, esta possibilidade de integração entre estes dois

recursos só é possível por estarmos trabalhando em um ambiente digital onde pode-

se explorar todas as potencialidades do Hipertexto.

16 Essas considerações se aplicam igualmente ao trabalho com os blogs.17 Blogs com fins educacionais.

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4.2. Autoria, Cooperação e Colaboração

O termo autoria se refere à utilização de recursos computacionais para

mediação da aprendizagem, em especial quando nos referimos à educação a

distância, já que a internet possibilitou a superação de várias barreiras geográficas e

tecnológicas (TAROUCO, 2007).

Os recursos utilizados devem ser “amigáveis”, para permitir uma boa

interatividade com os alunos, e o professor que se utilizar destas ferramentas de

forma alguma pode ser avesso a lidar com as modernas tecnologias, pois terá um

papel primordial na condução dos trabalhos, uma vez que deverá orientar os alunos

durante a mediação que transformará as informações em conhecimento.

Por isso, deve ter um bom domínio sobre os conteúdos a serem desenvolvidos e

deve ser capaz de propor uma metodologia, de gerenciar a forma como se dará o

trabalho com a matéria que os alunos têm de aprender e tem de procurar conduzir

estas questões de modo a obter os melhores resultados, sendo esse um dos

grandes desafios que se colocam aos modernos educadores.

Dentro das limitações que encontramos de tempo e recursos para a realização

deste trabalho, procuramos trabalhar esta questão da autoria com o uso dos blogs e

wikis. Nesse sentido, podemos afirmar que são recursos muito interessantes para o

desenvolvimento da escrita coletiva, cada qual com a sua peculiaridade, mas ambos

permitindo aos leitores uma interação maior com o texto, uma interação que até

pode acontecer fora do universo da mídia digital, mas que nesse suporte atinge uma

rapidez e uma abrangência muito maior em função da utilização das potencialidades

do Hipertexto.

Os blogs, mesmo que possuam um autor, um “dono”, permitem uma interação

muito fácil com outros internautas18 por intermédio de interfaces que permitem que

se façam comentários às postagens, de certa maneira permitindo que os seus

leitores se tornem co-autores, ou colaboradores, na medida em que podem

contribuir com críticas e com novas informações ao que foi postado pelo autor

“original” da postagem. Além, disso, mesmo sem usar recursos mais sofisticados, os

leitores podem deixar os URL’s19 de seus blogs, ou seus endereços de e-mail,

criando novos nós, ampliando as ligações entre os internautas e, de certa forma,

18 Como comumente são chamados os usuários da Web.19 URL - Uniform Resource Location ou, em português, Localizador de Recursos Universal. É o

endereço eletrônico de uma página na internet.

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criando novas comunidades na internet. Primo e Recuero (2003, p. 57) fazem

referência também à criação de webrings, que seriam “círculos de blogueiros que

interagem através de comentários e trackbacks20, construindo uma “rede hipertextual

dialógica e complexa”, que podem vir a constituir o embrião de futuras comunidades

virtuais dedicadas ao debate ou divulgação de determinadas ideias e assuntos.

As páginas wiki, diferentemente dos blogs não possuem um “dono”, uma vez

que os textos podem ser alterados sem a prévia autorização do autor (ou dos

autores) da versão anterior. Há recursos que ajudam a mediar esse modo de

construção de conteúdos, como já citado, de modo que aqui pode-se ter um grande

exemplo de ação cooperativa na criação dentro do ambiente virtual.

Nesse ponto reside a grande diferença entre os dois recursos utilizados nesse

projeto: no blog pode-se trabalhar a colaboração, sendo que um grupo é o “dono” do

seu blog, o seu criador original que através dos comentários feitos pelos demais

grupos de alunos pode receber críticas e sugestões de como melhorar os textos

postados e de como amadurecer mais as ideias e conceitos ali expostos. Já na

página wiki, do nosso trabalho por exemplo, todos são “donos” e todos ajudaram a

criar os conteúdos coletivamente, já que o acesso à edição do conteúdo principal é

livre a todos os participantes do projeto.

Em muitos momentos essa diferença entre colaboração e cooperação é bem

sutil, pois nada impede que um blog tenha o seu conteúdo administrado por mais de

um usuário, que mais de uma pessoa seja o seu “dono”, ou mesmo que se configure

a página wiki para que somente um usuário possa efetuar alterações no texto.

Entretanto, pela própria natureza dos recursos utilizados para construir os blogs e as

páginas wikis, e a partir deles, conseguimos esclarecer, principalmente aos alunos

participantes do trabalho, com relação a essas sutilezas, em particular explorando a

escrita colaborativa com o uso dos blogs e a escrita cooperativa com os recursos

das páginas wikis.

5. TRABALHO COM PROJETOS

Algo importante a se considerar é a evolução do uso das tecnologias pelas

escolas em sua rotina pedagógica, sua práxis. Isso não acontece de uma hora para

20 Recurso que permite que outras postagens, em outros blogs, que fizeram referência a um texto, sejam interconectados a ele por meio de Hiperlinks (PRIMO; RECUERO, 2003, p. 56).

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outra, sendo necessário um processo, que evolui à medida que os professores e a

equipe pedagógica conquistam confiança e adquirem experiência na condução do

uso das tecnologias no processo de ensino.

Essa evolução pode ser considerada, organizando-a para fins didáticos, em três

etapas, conforme encontramos no material do Programa de Formação Continuada

Mídias na Educação: Na primeira, utilizam-se as tecnologias para melhorar o que já

vinha sendo feito, mesmo que os recursos tecnológicos sejam utilizados

esporadicamente, por exemplo, para melhorar a apresentação de um texto, uma

ilustração, entre outros; na segunda etapa as tecnologias se inserem parcialmente

no projeto educacional, com o uso da internet para divulgação de trabalhos e com o

uso intensivo da sala informatizada, embora a estrutura das aulas, disciplinas e

horários permaneça intocada; na terceira fase, a estrutura dos currículos começa a

ser repensada, se tornando mais flexível e procurando-se uma maior integração com

os recursos tecnológicos, começando, então, a haver uma integração dos currículos

com as tecnologias de informação no desenvolvimento de projetos interdisciplinares

que envolvam resolução de problemas que podem partir de um tema disciplinar,

uma questão investigativa ou um tema transversal (MORAN, 2007).

Não é um trabalho trivial classificar em que etapa se encontra a escola em que

trabalhamos e nem é esse o objetivo deste trabalho, mas uma consideração que

pode ser mencionada é a de que a Escola de Educação Básica Santa Helena está

evoluindo rumo à terceira etapa, já que, como evidencia a realização deste trabalho,

ele não seria possível se não houvesse uma integração, uma flexibilização do

currículo formal, em nosso caso, o currículo da disciplina de Língua Portuguesa.

Particularmente, no caso de nossa escola, o mais correto seria avaliar esta

evolução considerando-se disciplina por disciplina, já que algumas se encontram

mais integradas com as modernas tecnologias do que outras e, seguramente, já foi

ultrapassada a fase apenas de melhoria do que já vinha sendo feito. Intuitivamente

somos inclinados a considerar que a maior parte das disciplinas se encontra na

segunda etapa, notadamente fazendo uso constante da sala informatizada e

iniciando a construção de seus respectivos blogs21.

Uma consideração importante diz respeito ao modo como se dá a evolução de

uma etapa à outra. Isso acontece à medida que os professores vão adquirindo maior

21 Acessando-se o blog de nossa escola (http://eebsantahelena.blogspot.com) tem-se acesso, por meio de hiperlinks, aos blogs das disciplinas.

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conhecimento e conquistando maior confiança sobre as possibilidades do uso das

tecnologias, sobre a integração possível entre os diferentes tipos de Mídias

existentes na escola e também à medida que conseguem integrar o seu uso com as

exigências do currículo a ser cumprido. Além disso, cabe a equipe pedagógica e à

direção agir nas instâncias de sua competência de modo a criar condições

favoráveis para estimular e facilitar o andamento deste processo; havendo esta

integração de ações dentro do ambiente escolar, são grandes as possibilidades de

superação dos obstáculos, nos conduzindo à realização dos objetivos que levam à

terceira etapa.

Ainda, com relação ao projeto que estamos propondo, cabem algumas

considerações sobre o trabalho com esse tipo de atividade.

O esquema tradicional, em que o professor apenas transfere informações via

quadro de giz ou algum outro recurso nem sempre dá conta de satisfazer aos

anseios dos estudantes, que não só acabam se dispersando em aulas deste tipo,

como também passam, alguns, a ter verdadeira repulsa pelo ambiente escolar,

passando a considerá-lo um ambiente sem vida, maçante, sem sentido, um

ambiente feito apenas para tomar o tempo que poderia ser usado em atividades

mais interessantes do seu ponto de vista.

Nessa perspectiva, encontramos no trabalho com projetos uma alternativa muito

atraente e eficaz para superarmos a “compartimentalização” dos saberes escolares

e a falta de uma contextualização significativa destes saberes com a realidade dos

alunos, com os seus anseios por desenvolver suas habilidades dentro do ambiente

escolar. Almeida e Fonseca Júnior (2002, p. 15), assim abordam este

questionamento:

É importante esclarecer que o trabalho de uma escola não está reduzido a uma grade curricular, a um acúmulo de disciplinas unidas pelos recreios que as separam. Além da coerência lógica interna de cada área do saber, necessita-se muito mais: são as dimensões para além dessas lógicas que dão o significado profundo de nosso trabalho. É preciso atribuir-lhe as perspectivas políticas, estéticas, afetivas e tecnológicas, para que o saber tenha significado de valores humanos.

Assim, o trabalho com projetos proporciona o tipo de abordagem que nos leva a

buscar a conciliação entre os anseios dos alunos e a necessidade de enriquecer a

sua formação com os saberes formais da sociedade, adquiridos na escola, sem que

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eles se tornem “prisioneiros” desta formalização, podendo realizar atividades que

contextualizem e transcendam o esquema didático “compartimentalizado”, vigente

ainda na grande maioria dos sistemas de ensino. Ou seja, trabalhando com projetos

podemos nos direcionar mais para a assimilação do conhecimento formal

contextualizado com as experiências dos alunos, além de trabalharmos dentro de

uma linha de interdisciplinaridade que torna mais amplo e significativo o

conhecimento adquirido.

A interdisciplinaridade, segundo Fazenda (1994, apud ALMEIDA, 2000, p. 74),

“se concretiza pela integração entre as disciplinas e pelo diálogo que se estabelece

entre os sujeitos envolvidos nas ações desencadeadas pelos projetos e devolve a

identidade às disciplinas, fortalecendo-as”. Ressaltamos, ainda, que o caráter

interdisciplinar constitui uma abordagem muito significativa nos dias atuais, onde

encontramos temáticas que perpassam mais de uma disciplina e que não podem ser

tratadas de forma conveniente se trabalharmos apenas com disciplinas

segmentadas. Um exemplo fica por conta dos estudos referentes às questões sócio-

ambientais que, pela sua abrangência e complexidade, necessitam de um

tratamento pedagógico que inclua competências inerentes às várias disciplinas do

currículo formal para que a sua problemática possa ser convenientemente

compreendida pelos estudantes.

Para superar a segmentação das disciplinas e trabalhar numa metodologia

interdisciplinar é necessário que se faça um planejamento conveniente para que as

várias competências envolvidas sejam utilizadas em atividades que convirjam para

um objetivo comum, que deve, por sua vez, contribuir para uma aprendizagem mais

significativa dos temas trabalhados. Para que possa ser feito esse planejamento

conveniente é preciso que haja condições de diálogo entre os profissionais

envolvidos e que seja disponibilizado um momento específico para a sua realização,

pois uma série de questões têm de ser discutidas e analisadas antes do trabalho

prático propriamente dito.

Durante a realização deste trabalho procurou-se, ainda, aplicar o que Almeida e

Fonseca Júnior (2002), qualificaram como “Princípio das pequenas doses”, em que

se deve procurar a aplicação de projetos curtos, com princípio, meio e fim, “para que

não se tenha o sentimento de que o projeto acabou mal ou que não conseguiu ter

êxito”. A importância de se valorizar este detalhe advém do fato de que uma das

coisas mais desanimadoras para os alunos são trabalhos que nunca terminam, que

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se prolongam indefinidamente sem que objetivos claros tenham sido atingidos e sem

algo palpável que possa ser mostrado, ou melhor ainda, que possa ser avaliado e

aperfeiçoado.

5.1. Pensamento Humanista e Pensamento Tecnológico

Ao propormos um trabalho como esse estudo de caso sobre a criação de

páginas wikis e blogs, nos deparamos com um importante questionamento referente

à dicotomia existente entre um pensamento mais humanista defendido por alguns

educadores e o pensamento mais voltado às questões tecnológicas. Moran et al.

(2007) nos colocam que os humanistas mais radicais resistem a uma aplicação

maior das modernas tecnologias, pois segundo a visão de alguns elas

desumanizariam o processo de educação, diminuindo ou tornando demasiado

artificial os vínculos estabelecidos entre professores e alunos; já aqueles

educadores que defendem uma posição mais tecnológica tendem a ressaltar a

grande importância das soluções telemáticas, o avanço dos softwares, a velocidade

das conexões de internet, enfim, todas as questões ligadas ao uso das modernas

tecnologias para facilitar o dia-a-dia no ambiente escolar.

Ambas as visões são importantes e acreditamos que o mais correto a ser feito

seja levar em consideração os aspectos positivos de cada modo de se encarar a

aplicação das modernas tecnologias na área educacional, procurando evitar os

extremos que levem a acentuação de dicotomias, criando tensões que só

prejudicam a implantação e uso de recursos que foram desenvolvidos para tornar

mais atraente e motivador o ambiente escolar.

Citam Moran et al. (2007), ainda, que uma visão mais humanista é importante

para que encontremos melhores formas de interação do virtual com o presencial,

levando em consideração os anseios e sentimentos dos atores envolvidos neste

processo; também precisamos de uma visão mais tecnológica para encontrar as

melhores soluções em termos de comunicação, em termos de equipamentos e

softwares para encurtarmos distâncias e também para a confecção de materiais

instrucionais de melhor qualidade. Enfim, precisamos fazer com que as tecnologias

estejam a serviço dos seres humanos e de seu crescimento intelectual, contribuindo

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para a flexibilização dos processos de ensino e de aprendizagem de forma a tornar a

educação acessível a um maior número de pessoas.

As tecnologias têm um papel muito importante na formação dos estudantes e

que vem se tornando cada vez mais relevante com o passar do tempo, mas não

podemos nos esquecer que elas devem estar a serviço dos seres humanos, uma

vez que as máquinas foram criadas para nos auxiliar em nossas atividades,

facilitando-as na medida do possível, e não como meio de tolher a criatividade e a

própria interação social, componentes chave do processo educacional. De acordo

com Ricotta (2003, p. 1):

Cabe, portanto, a nós [educadores] que temos um recurso tão valioso de ensino, dar nosso toque de humanidade, somando a isso o que temos também de precioso a contribuir: uma cultura específica e própria ao grupo a que se pertence, que são nossos valores e princípios.

A tecnologia, as máquinas e suas potencialidades devem servir aos estudantes

e não o contrário, e isto não pode deixar de ser levado em consideração na

proposição de qualquer projeto envolvendo o uso das modernas tecnologias no

ambiente escolar.

Nossa sociedade passou por profundas transformações nos últimos anos e a

escola também foi afetada por estas mudanças. Ao propormos a utilização de novas

metodologias de ensino, amparada pelas modernas tecnologias de informação e

telecomunicações, acreditamos que não podemos nos esquecer da dimensão

humana, a mais importante dentro dos processos de ensino e aprendizagem.

Ricotta (2003) destaca questões ligadas ao “Ser” e ao “Ter”, no sentido de que numa

sociedade cada vez mais consumista, como a nossa, o “Ter” tende a se sobrepujar

ao “Ser”, principalmente quando há tanto destaque aos avanços tecnológicos em

termos de equipamentos, ao mesmo tempo em que tantos valores humanos

parecem se tornar ultrapassados. É importante recuperar o equilíbrio entre os dois

contextos referentes à existência humana, pois como cita a autora, “temos valores

que fazem prevalecer a cultura de consumo, associado ao ‘Ter’ e valores humanos

que envolvem as necessidades do ‘Ser’. Ambas importantes, desde que integradas”

(RICOTTA, 2003).

Desse modo, acreditamos que mesmo quando se trabalha com o auxílio de

novos equipamentos, por mais avançados que sejam, há a necessidade de se

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ressaltar os valores humanos, tais como a boa convivência e o respeito e auxílio

mútuo, como formas de agir na construção de uma educação voltada para a

cidadania e para uma relação mais harmoniosa e menos egoísta com os aspectos

ligados ao “Ter”, que é importante, sem dúvida, mas que devem ter sua importância

sempre pautadas pela ponderação e pelo respeito à coletividade.

5.2. Formação do Professor

As modernas tecnologias quando utilizadas de forma a criar situações mais

propícias e motivadoras ao bom desenvolvimento dos processos de ensino e

aprendizagem se tornam ferramentas muito poderosas no auxílio ao trabalho dos

professores. Entretanto, para que isso se concretize, é necessário que os

professores saibam lidar com essas tecnologias a fim de poderem aproveitar todo o

seu potencial motivador e se beneficiar das facilidades que essas ferramentas

oferecem, procurando agregar valores e novas oportunidades no trabalho com os

alunos.

Atualmente o papel do professor tem sido revigorado pelas novas tecnologias,

pois como citam Almeida e Fonseca Júnior (2000), já foi superada a ideia inicial de

que os computadores e outros modernos recursos tecnológicos seriam capazes de

substituí-lo na tarefa de auxiliar os alunos a transformar informações em

conhecimento. Muito pelo contrário, uma vez que os referidos autores destacam o

quanto aumentou em complexidade a tarefa do professor em relação às últimas

décadas por conta da evolução global da sociedade que colocou os alunos de hoje

frente a novas e mais dinâmicas fontes de informações e vivendo contextos sociais

igualmente mais dinâmicos e complexos. Neste contexto, se torna indispensável a

figura do professor, que, tendo acesso a uma boa formação, passa a ser “um

profundo conhecedor de uma área do conhecimento e das áreas correlatas, com

uma visão de conjunto do que é a sociedade, marcando o seu trabalho com forte

dimensão política, estética e ética”. (ALMEIDA; FONSECA JÚNIOR, 2000, p. 96).

Importante ressaltar que para que os professores dominem efetivamente o

trabalho com as modernas tecnologias e com a metodologia de projetos

educacionais, além de acesso a bons programas de capacitação, é necessário que

encontrem oportunidades de aplicação desses conhecimentos em seu ambiente de

trabalho a fim de que as mudanças necessárias em sua prática cotidiana sejam

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implementadas de fato, cabendo aos gestores e à equipe pedagógica o importante

papel de oportunizar as condições para que isso aconteça.

6. METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho utilizamos a metodologia do Estudo de Caso,

portanto, dentro do contexto das Pesquisas Qualitativas.

Na perspectiva das Pesquisas Qualitativas, segundo Michel (2005 apud POLAK;

DUARTE, 2007, p.1) “o pesquisador é o instrumento principal, valorizando o

processo e não apenas o resultado”. O referido autor enfatiza, ainda, as

características ligadas à experimentação empírica, onde os resultados se

comprovam pela análise detalhada, abrangente, consistente e baseada, em última

instância, na “argumentação lógica das ideias”.

Interessante ressaltar que, por estar muitas vezes inserido dentro do contexto

social onde se realiza esse tipo de pesquisa (o que, efetivamente, é o caso do

trabalho que desenvolvemos), o pesquisador tem condições de manter um olhar

mais apurado sobre a sua própria influência sobre os fatos ou fenômenos que

pretende investigar. Como enfatiza Vieira (2010, p. 88):

A natureza da pesquisa qualitativa exige um olhar aprofundado do contexto e do local em que é executada e, também, uma interação entre o pesquisador e o objeto. O olhar frio e distanciado de um observador não seria capaz de apreender muitas das informações que podem estar disponíveis. O pesquisador estará em um processo de imersão na sua pesquisa, portanto.

Entretanto, o autor chama a atenção para o fato de que esta imersão dentro do

ambiente onde se realizará a sua pesquisa, não exime o pesquisador de “limpar a

mente” de hipóteses preconcebidas, a fim de não comprometer a sua capacidade de

observação.

Mais especificamente com relação à metodologia do Estudo de Caso, assim

Vieira (2010, p.89) cita suas principais características:

Um Estudo de Caso é um tipo de pesquisa qualitativa que se caracteriza por pretender estender os ensinamentos obtidos no acompanhamento sistemático de um caso individual para situações e contextos mais gerais. Por isso, os estudos de casos não costumam

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partir de teorias, pelo contrário, é comum observarmos a geração de teorias a partir da análise de estudos de caso.

No caso do trabalho que desenvolvemos além de procurar agregar novos

conhecimentos aos estudantes que participaram das atividades, procuramos estudar

as condições que tornam viável o desenvolvimento de projetos educacionais com o

uso integrado das Mídias digital, impressa e áudio-visual, com o intuito de inserir o

seu uso, suas potencialidades, ao cotidiano de trabalho dos professores que atuam

em nossa Unidade Escolar, a fim de fomentar o desenvolvimento de projetos

interdisciplinares.

7. ESTUDO DE CASO

7.1. Atividades Preliminares

Durante a fase de planejamento inicial dos trabalhos verificamos que uma das

primeiras atividades a serem realizadas se referia à familiarização da professora de

Língua Portuguesa com os recursos de informática a serem utilizados pelos alunos.

Esta familiarização foi realizada ao longo do segundo bimestre do ano letivo de 2009

utilizando-se, em partes, o período em que a professora cumpria suas horas

atividade22. Junto com o Assistente Técnico Pedagógico, acessou-se o site dos

provedores dos serviços de blog e wiki para a sua familiarização com os recursos

disponíveis, em especial com relação às configurações gerais das páginas wiki e

dos blogs.

Ainda durante esse período de contato inicial com os recursos de informática a

serem utilizados e já com vistas ao trabalho a ser desenvolvido, foi criado um blog

para a disciplina de português (http://portuguessh.blogspot.com) e criada também

uma conta no site Wikispaces (http://portuguessh.wikispaces.com). Antes da criação

deste blog, as atividades que a professora queria divulgar de forma especial, eram

postadas diretamente no blog da escola, sem que a mesma tomasse parte do

processo de edição e postagem; quanto à página wiki, neste primeiro momento ela

não foi efetivamente utilizada, apenas houve a familiarização da professora com os

recursos disponíveis.

22 Período de planejamento de aulas e outras atividades que os professores cumprem nas dependências da escola.

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Quanto aos trabalhos com os alunos, importante atividade preliminar foi a

seleção de obras dos autores regionais, feita junto ao acervo da biblioteca da escola

e contando, ainda, com o empréstimo de alguns livros, feitos por outros professores.

Em especial, contamos com o auxílio da Professora de História, que além de

emprestar alguns livros que lhe pertenciam, também emprestou outros junto à

biblioteca da Escola de Educação Básica Everardo Backeuser, situada no município

de Descanso-SC, onde reside.

Procuramos, dentro do acervo disponível, selecionar os autores mais próximos

aos estudantes, principalmente com relação à proximidade geográfica; assim

selecionamos os livros de autores residentes ou originários dos municípios do

entorno de Santa Helena, principalmente São Miguel do Oeste e Descanso.

O fato de realizarmos esta pré-seleção de livros para uso dos alunos não os

impediu de realizar pesquisas a procura de livros de outros autores e de outras

referências para o estudo de suas obras e de suas vidas. Nosso objetivo principal ao

fazer esta pré-seleção era o de criar uma motivação inicial ao trabalho,

principalmente com relação ao ganho de tempo, um dos fatores que mais nos

preocupou durante a realização das atividades.

7.2. Formação dos Grupos e Encaminhamentos Iniciais

O trabalho que realizamos foi desenvolvido na sala informatizada da Escola de

Educação Básica Santa Helena, junto aos alunos da 2ª e 3ª série do Ensino Médio,

do período matutino, na disciplina de Língua Portuguesa. De acordo com os

objetivos do estudo, os alunos foram estimulados a criar conteúdos na internet

usando as ferramentas disponibilizadas neste meio para criação de blogs e de uma

página com a metodologia wiki, de modo que além do estudo do conteúdo da

disciplina de Língua Portuguesa, também desenvolvessem habilidades no uso de

recursos de informática; paralelamente procuramos realizar observações acerca das

condições que tornam viáveis a realização de projetos desta natureza.

O início dos trabalhos com os alunos foi feito com sua divisão em grupos, na 2ª e

3ª Séries do Ensino Médio, a fim de que cada um estudasse a obra de um

determinado autor. Foram formados 5 grupos na 2ª Série e 8 grupos na 3ª Série,

todos formados por afinidade entre os estudantes; a princípio, os alunos da 3ª Série

fariam uma comparação das obras escolhidas de acordo com seu interesse e os

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alunos da 2ª Série desenvolveriam em seus blogs um trabalho de criação de textos,

aproveitando a temática desenvolvida pelos autores pesquisados. Entretanto, ao

longo do desenvolvimento do trabalho, houve algumas mudanças em relação a este

planejamento inicial, principalmente por conta de imprevistos que comprometeram o

tempo disponível para a realização das atividades.

Após a formação dos grupos, os alunos das duas turmas escolheram os autores

de sua preferência no conjunto das obras que haviam sido pré-selecionadas e a

professora procedeu às orientações em relação ao trabalho a ser desenvolvido, com

uma apresentação mais detalhada do projeto e dos seus objetivos para os alunos de

cada uma das séries. Na sequência foram encaminhadas à sala de vídeo onde

realizamos uma contextualização inicial da informática, da Internet em especial,

dentro da história da linguagem escrita, principalmente no tocante a evolução da

escrita nos contextos conceitual, estético e cultural e, sobretudo, a evolução dos

suportes que lhe servem e que lhe serviram de sustentação, dos quais a Internet é

um dos mais avançados dentro de nosso atual panorama tecnológico. Utilizamos

apresentações feitas com o software PowerPoint e baseadas no material

disponibilizado no Programa de Formação Continuada Mídias na Educação23.

De forma mais específica, a primeira apresentação tratou da evolução do

processo de comunicação por símbolos, desde a gênese da linguagem pictórica,

com as figuras rupestres, passando pela escrita ideográfica, a escrita alfabética e a

evolução dos vários suportes utilizados, desde os papiros e pergaminhos até a

Hipermídia e a evolução já ocorrida dentro do contexto de existência da internet

(comparação entre a Web 1.0 e a Web 2.0), passando pela revolução provocada

pelo advento da imprensa. A segunda apresentação tratou dos Gêneros textuais,

enfocando o enquadramento didático de vários estilos (Notícia, Artigo de opinião,

Reportagem etc.).

Estas apresentações foram realizadas a fim de motivar os alunos, uma vez que

os blogs e as páginas wikis também podem ser considerados novos Gêneros

Textuais, e uma noção deste assunto fez-se necessária para que ficasse claro o

contexto dentro do qual trabalharíamos, qual seja, o contexto desse assunto num

tratamento mais específico da disciplina de Língua Portuguesa. Além disso, tendo

uma visão histórica do processo de escrita, os alunos têm melhores condições de

23 Esse trabalho de formação dos grupos e apresentação inicial do assunto a ser tratado no trabalho

foi feito em duas aulas de quarenta e cinco minutos cada, num mesmo dia.

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entender a importância dos recursos disponíveis num ambiente onde se trabalha

com o Hipertexto.

Feita esta primeira atividade, na sequência enfrentamos um dos obstáculos que

mais prejudicou o andamento dos trabalhos: o equacionamento entre o tempo a ser

disponibilizado para este trabalho e o tempo para se cumprir o programa previsto

para a disciplina. Esta primeira atividade foi realizada no dia 11 de agosto; na

semana seguinte houve feriado municipal no dia das aulas de Língua Portuguesa

(terça-feira) e na seguinte foram realizadas as Olimpíadas de Matemática das

Escolas Públicas (OBMEP)24. Dessa forma a turma ficou duas semanas sem aulas

com essa disciplina, o que forçou uma revisão em nosso planejamento inicial.

Conseguimos solucionar o problema com o cronograma de nossas atividades

utilizando aulas de outras disciplinas. Assim, utilizamos as aulas duplas da disciplina

de Inglês (na quinta-feira) para dar continuidade ao trabalho com os alunos da 2ª

Série e as aulas duplas da disciplina de Biologia (na sexta-feira) para o trabalho com

os alunos da 3ª série.

Para que os alunos não ficassem muito tempo distantes da temática do projeto,

em virtude dos contratempos acima citados, distribuímos aos alunos das duas

turmas um texto de Carlos Heitor Cony, publicado no jornal Folha de São Paulo em

08/09/200025 , cujo título era “O fim do livro e a eternidade da literatura” e cujo

conteúdo discutia, em resumo, a continuidade da linguagem escrita ao longo da

história independentemente da evolução de seus suportes, focando em especial o

contexto da era digital. Ao encaminharmos este texto, esclarecemos aos alunos que

eles deveriam elaborar um texto comentando essa questão da continuidade da

linguagem escrita (questão que também havia aparecido nos slides que

apresentamos na introdução ao projeto), sendo que este seria utilizado para

realizarmos a primeira postagem nos blogs que eles criariam quando retomássemos

os trabalhos.

7.3. Criação e uso inicial das Contas de blog e wiki

A sequência do trabalho consistiu em criar as contas nos sites dos provedores

dos serviços de e-mail, blog e Wiki (Anexo A). Embora todos os alunos já tivessem 24 Foi adiada para esta data em função de toda a mudança de calendário devido ao problema das fraudes nas provas do ENEM.

25 Esse texto se encontra no material do Programa de Formação Continuada Mídias na Educação.

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um contato mínimo com microcomputadores, julgamos necessário preparar uma

apresentação de slides para fazermos um nivelamento quanto aos procedimentos

práticos de cadastro nos serviços que utilizaríamos, de modo que ilustramos todas

as etapas necessárias não só para esse fim, mas também como um primeiro contato

com procedimentos cruciais, tais como edição de perfis, postagens e edição de

postagens etc. Com relação aos e-mails, não nos aprofundamos em considerações

acerca do seu uso específico, mesmo com relação às questões ligadas aos Gêneros

Textuais; focamos apenas os tópicos que tinham relação com os blogs e páginas

wikis, até porque, sem criarmos as contas de e-mail, não haveria como trabalhar

satisfatoriamente com os outros recursos de forma articulada.

Durante estas apresentações, procuramos chamar a atenção dos alunos às

várias particularidades do Hipertexto, principalmente com relação à utilização dos

Hiperlinks, que ao possibilitar a quebra da linearidade do texto, de certa forma

permite ao leitor “criar o seu caminho” através do material de leitura.

Os slides foram projetados com o auxílio do projetor multimídia, na sala

informatizada, para onde as turmas foram levadas nas aulas cedidas por colegas de

outras disciplinas, cada turma em uma aula diferente. Procuramos fazer com que

cada microcomputador fosse ocupado por um grupo, de modo que eles pudessem ir

acompanhando os procedimentos e tivessem as contas criadas ao final das

apresentações.

As contas dos alunos foram criadas em duas etapas: na primeira foram criadas

as contas de e-mail e de blogs no portal Google (Blogger26) e na segunda criamos as

contas no portal Wikispaces, sendo que nós, os professores organizadores do

projeto, teríamos acesso irrestrito às contas de todos os grupos, mas com a

preocupação de que os membros de cada grupo não tivessem acesso à senha dos

grupos de seus colegas.

Houve a necessidade de ajudarmos aos alunos principalmente com relação à

pouca familiaridade de alguns quanto ao uso da Internet para acessar conteúdos

diferentes do que costumam acessar (e que muitas vezes se resume a mera

visualização de textos e figuras); também procuramos auxiliá-los na solução de

problemas técnicos, como as frequentes “quedas” de energia e alguns problemas de

configuração das máquinas e de conexão à Internet. Quanto a isso, além do 26 Serviço do Google que oferece ferramentas para edição e gerenciamento de blogs. Permite a

postagem de um número ilimitado de blogs nos servidores do Blogspot (cuja menção aparece na URL dos blogs).

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Assistente Técnico Pedagógico e da Professora de Língua Portuguesa, também

contou-se com o auxílio do Técnico responsável pela sala informatizada.

Esse desnível de conhecimento com relação à informática deve-se,

principalmente, ao fato de alguns alunos (menos da metade) possuírem

computadores em suas casas ou por já terem realizado algum curso de informática.

Esse fato não chegou a constituir um obstáculo para o andamento das atividades;

pelo contrário, esse nivelamento de conhecimentos foi um dos obstáculos mais

fáceis de superar, até porque os alunos mais adiantados ajudaram bastante aos

seus colegas com menor conhecimento e desenvoltura no uso de

microcomputadores.

Por acompanharem as apresentações repetindo os procedimentos nos

microcomputadores à sua disposição, ao término delas quase todos os grupos

tinham suas contas criadas. Por termos também incluído tópicos relacionados ao

uso inicial dos recursos disponíveis nos provedores de serviço, pedimos para

fazerem uma primeira postagem no blog, postagem referente ao texto citado

anteriormente. Apenas dois grupos do terceiro ano não conseguiram terminar o

processo de criação das contas, pois tiveram problemas com os computadores que

estavam utilizando.

Com relação especificamente à postagem dos textos, já nesta primeira

oportunidade de praticar este procedimento, nos deparamos com o problema da

falta de prática dos alunos em digitar textos com desenvoltura, tanto que só

conseguiram disponibilizar o texto para visualização os grupos que trouxeram o texto

solicitado já digitado ou faltando pouco a digitar. Sugerimos, então, que eles

passassem a trazer os textos já digitados quando os reuníssemos na sala

informatizada para executarmos as próximas atividades deste trabalho, mesmo que

precisassem de ajuda para executar esta atividade, pois mesmo sendo válido este

conhecimento, a digitação em si não era um dos objetivos a ser alcançado. Vale

lembrar que ao darmos as orientações acerca das postagens, ressaltamos a

possibilidade de comentar as postagens dos colegas e mesmo a de responder aos

comentários que eventualmente fossem feitos em suas próprias postagens.

Antes de darmos prosseguimento ao trabalho, criando as contas da página wiki e

explicando aos alunos os usos dos seus recursos, nos detivemos ainda mais nos

trabalhos com os blogs, principalmente estimulando o uso de certos recursos que

possibilitassem um maior aprofundamento sobre as potencialidades do uso do

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Hipertexto enquanto suporte da linguagem escrita em interação com outros recursos

de linguagem. Assim, mostramos aos alunos como inserir figuras, filmes de

pequena duração, gifs animados e como criar Hiperlinks dando acesso a outros

textos; notamos que alguns grupos já estavam utilizando estes recursos e que os

alunos que estavam mais empolgados e se dedicando mais à parte estética de seus

blogs eram os que só tinham acesso à Internet no ambiente escolar.

Paralelamente a este trabalho no tocante à informática, os alunos, sob orientação

da professora de Língua Portuguesa, faziam a leitura das obras dos autores

selecionados e todo o estudo acerca da temática e do estilo utilizado pelos autores

em suas poesias e textos narrativos. No transcorrer desse estudo, cogitou-se a

possibilidade de realização de uma entrevista com um dos autores regionais

estudados, não só como um incremento ao objetivo principal deste trabalho com

respeito à integração das Mídias num projeto educacional, mas também como forma

de compensar a escassez de informações sobre estes autores, o que dificultou as

pesquisas bibliográficas dos alunos.

Para darmos continuidade aos trabalhos e criar as contas no portal Wikispaces,

necessitamos utilizar as aulas da professora de Geografia, que nas sextas-feiras

ministrava aulas duplas para as turmas com as quais estávamos trabalhando, e

usamos suas aulas a fim de compensarmos problemas com o calendário; antes de

apresentarmos os slides referentes à criação das novas contas, disponibilizamos um

tempo para os grupos mais atrasados postarem seus textos nos respectivos blogs e

também para que os alunos arrumassem outros detalhes, tais como o perfil do

grupo, inserção de figuras, layout geral do blog etc.

Logo no início da apresentação tomamos o cuidado de esclarecer aos alunos

uma característica que potencialmente poderia desanimá-los quanto ao uso do

portal Wikispaces, já que em sua versão original este portal faz uso do idioma inglês.

Quando escolhemos este portal para trabalharmos com a metodologia das páginas

wiki, o que pesou muito a favor foi a facilidade de interagir com os recursos

disponibilizados, a gratuidade do serviço e a possibilidade de mudança na

configuração, possibilitando o uso do idioma espanhol, o que veio a ser feito

efetivamente. Para que os alunos não se sentissem tolhidos ao usarem o portal

assim configurado, procuramos frisar bem a similaridade dos nomes dos links e

“botões” em espanhol e em português, o que não chegou a causar transtornos

durante o uso efetivo pelos alunos (mesmo as expressões que permaneceram em

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inglês – sign in, username, password, join, create – não causaram problemas, pois

seu significado foi bem assimilado pelos alunos, mesmo os que não possuíam muita

experiência de navegação na internet).

Na apresentação referente à criação da página wiki, demos ênfase não só ao

processo de criação das contas em si, mas principalmente na utilização dos

recursos que justificavam a utilização deste portal. Desse modo, após mostrarmos o

passo-a-passo da criação das contas, fizemos exemplos de como inserir os

conteúdos escritos e no formato de imagens e de vídeos; mostramos como

“convidar” outros usuários para ajudar na criação de sua página, autorizando-os a

editar os seus conteúdos (neste caso, nós que administrávamos a página principal

da disciplina, onde seria criado o conteúdo principal -

http://portuguessh.wikispaces.com - é que “convidávamos” aos alunos27); mostramos

como é possível, através de consultas ao histórico da página, fazer comparações

entre as várias versões que vão sendo produzidas podendo acompanhar as

alterações produzidas por cada usuário autorizado no formato final do conteúdo;

mostramos como utilizar o recurso de fórum, onde se torna possível aos

construtores do conteúdo trocarem informações acerca do trabalho que estão

realizando, mostrando como era possível inserir perguntas e respostas dentro dessa

área de trabalho e, ainda, como era possível alterar aspectos estéticos da página em

construção.

Anteriormente ressaltamos que não se tinha como prioridade o trabalho com e-

mail em si, mas tivemos de criar as contas de e-mail por ser um instrumento

essencial neste trabalho com as páginas wiki, já que o “convite” para fazer parte dos

usuários autorizados a editar determinadas páginas wiki tem de ser feito por esta via

(ao receber o e-mail o usuário convidado tem acesso aos hiperlinks que deve

acessar para aceitar ou declinar do convite).

Nesta etapa de criação das contas os alunos que tinham maior familiaridade com

o uso de computadores conseguiam se antecipar em muitos procedimentos e,

mesmo sem solicitarmos, procuravam ajudar os seus colegas que estavam mais

atrasados. Esse fato facilitou bastante o andamento das atividades e se constituiu

num momento de socialização dos conhecimentos, o que não se verifica com muita

frequência na sala de aula com as atividades normais do currículo. Os alunos mais 27 Fizemos esse procedimento apenas para um dos grupos durante as apresentações para a 2ª e

para a 3ª Séries, para que os alunos tivessem conhecimento de seu funcionamento. Posteriormente convidamos os outros grupos para tornar possível a continuidade dos trabalhos.

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adiantados, mais familiarizados com os recursos de informática, também foram os

que mais se interessaram em alterar as características de configuração dos blogs e

das páginas wiki, sendo que alguns ajudaram seus colegas nesta tarefa, em

especial com relação aos blogs, onde cada grupo teve a liberdade de alterar o layout

e a sua aparência.

Neste ponto do trabalho uma grande dificuldade passou a ser o tempo escasso

para adequar as atividades do projeto não só com as atividades da disciplina de

Língua Portuguesa, mas também com as atividades que os alunos tinham de fazer

nas outras disciplinas. Isto ficou bastante evidente pois, em muitos aspectos, esse

trabalho dependia de atividades realizadas extra-classe. Por exemplo, para se

ganhar tempo para outras etapas do trabalho, o Assistente Técnico Pedagógico se

colocou à disposição para ajudar os alunos que tivessem muita dificuldade com a

digitação dos textos a serem postados28 e também a ajudá-los na coordenação dos

grupos, pois a maioria era formado por estudantes que moravam muito longe uns

dos outros e que não tinham como se encontrar fora do horário das aulas, tendo de

aproveitar até mesmo o horário do intervalo para acertar detalhes dos trabalhos a

serem digitados.

7.4. Resgate de Valores

Paralelamente à criação dos blogs e da página wiki, realizamos uma

contextualização referente ao uso destes recursos de informática com uma das

propostas de trabalho da nossa Unidade Escolar para o ano de 2009, que era o

Resgate de Valores Essenciais à Vida em Sociedade. Julgamos pertinente essa

contextualização com alguns princípios de boa convivência, não só para o bom

andamento do trabalho, mas como um exemplo real de como a gentileza e o

respeito mútuo são importantes para o trabalho em equipe.

Devido à existência de recurso permitindo o acompanhamento das edições pelos

grupos participantes do projeto e prevendo alguns conflitos decorrentes das

eventuais alterações feitas pelos grupos, nós os orientamos a avisar verbalmente

caso fizessem alterações nas postagens efetuadas por outros colegas, até mesmo

como uma forma de demonstração de consideração, reforçando os laços de equipe 28 A digitação não foi considerada uma habilidade essencial a ser desenvolvida com a realização

deste trabalho, embora não se possa negar sua influência para o bom andamento dos trabalhos, como percebemos na prática.

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entre os grupos, além de também discutirmos questões relativas ao fato de que

jamais uma ferramenta, por mais avançada que seja a tecnologia que possibilitou o

seu desenvolvimento, poderá substituir o poder de criatividade e de articulação entre

os seres humanos, existindo antes para potencializar essas características positivas

dentro de qualquer ambiente de trabalho.

Um trabalho como a criação de uma página no esquema wiki, é bastante

sensível à qualidade do trabalho em equipe, uma vez que depende de um esforço

cooperativo que envolve diversas postagens de conteúdos e sua revisão por

diferentes membros que tenham acesso aos seus recursos de edição. Desse modo

procuramos conscientizar os alunos quanto à importância de seu esforço individual

para a construção de um todo maior, que só se concretiza se esse esforço respeitar

a coletividade e for por ela respeitado.

Em virtude de ser a Internet um espaço aberto à circulação dos mais variados

tipos de informações, cuja veiculação pode virtualmente ser acessada por pessoas

de todos os lugares do mundo, procuramos levantar questões referentes ao uso

destas informações de forma responsável, inclusive com relação ao seu uso em

trabalhos escolares e trabalhos com outras finalidades, com destaque especial para

a questão dos direitos autorais, a citação das fontes, a questão do plágio, etc,

questões que na maioria das vezes passam despercebidas pela maioria dos

estudantes até que lhes seja dada a devida orientação.

7.5. Postagens nos blogs e na página wiki

Como forma de motivar os alunos e funcionando também como um “início

oficial”, para a página wiki, a professora de Língua Portuguesa elaborou um texto

que serviu como primeira postagem realizada na página. Sendo esse texto inicial

complementado com trechos elaborados pelo Assistente Técnico Pedagógico, não

foi difícil mostrar a lógica de funcionamento do sistema wiki, já que foi possível

mostrar a facilidade em se identificar o usuário que alterou o texto e as alterações

efetuadas (no caso, acrescentando trechos).

Na primeira ocasião em que os alunos foram levados à sala informatizada para

usarem os recursos do portal Wikispaces por conta própria, nós os orientamos a

trabalharem primeiro com o recurso do fórum. Por se tratar de um primeiro contato,

os alunos inseriram algumas perguntas que não tinham muito a ver com o objetivo

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principal do trabalho, questões do tipo “Quem é o melhor, Inter ou Grêmio?” ou

“Você acha que a Idilene é uma boa professora?”; mesmo assim foi uma atividade

que julgamos válida para estimular a curiosidade e a prática sobre a utilização desse

recurso, que permite que os construtores da página interajam trocando ideias sobre

o andamento do trabalho desenvolvido.

Novamente achamos válido ressaltar a grande desenvoltura apresentada por

alguns alunos, especialmente alunos da 3ª Série, que novamente se adiantaram no

uso de outros recursos disponíveis e tomaram a iniciativa de “convidar” outros

grupos para participarem da criação das páginas wiki dos grupos, cabendo aqui um

esclarecimento: ao se criar uma conta no portal Wikispaces, o novo usuário passa a

dispor de espaço para a criação de uma página, além de poder editar outras páginas

caso outros usuários lhe faça o “convite” para ajudar na sua construção. Em nosso

caso, nós convidamos os alunos, autorizando-os a editar a página principal que

criamos para a disciplina de Língua Portuguesa. O que alguns grupos fizeram foi

convidar colegas de outros grupos, permitindo que eles alterassem essa página

criada quando da abertura das contas no portal. Embora não estando previsto nos

planos originais do projeto nem contando com um planejamento específico para

alguma atividade de edição de várias páginas29, não coibimos esta iniciativa, até por

ela estar dentro do espírito deste esquema de trabalho, mas orientamos aos grupos

que assim fizeram que não utilizassem esse espaço para inserção e edição de

conteúdos inapropriados ao ambiente escolar (como tínhamos as senhas de todas

as contas, qualquer transgressão nesse sentido poderia ser facilmente resolvida).

Embora tivéssemos feito inicialmente uma “divisão didática” entre os momentos

de iniciar os trabalhos com blogs e com as páginas wikis, os dois gêneros se

relacionam num contexto muito maior que nos remete ao Hipertexto e à Hipermídia

(associação do Hipertexto com os recursos Multimídia), cujo sistema mais

representativo nos dias de hoje é a Internet, de modo que passamos a trabalhar os

dois Gêneros de forma concomitante.

Se não rompêssemos com esta divisão, levando os alunos a contextualizarem

estes Gêneros por nós trabalhados com a realidade maior do ambiente da Web,

nosso trabalho não estaria completo. Dessa forma, dentro das atividades que

29 A única página a ser alterada, de acordo com o planejamento inicial, era a página Wiki da

disciplina de Língua Portuguesa (http://portuguessh.wikispaces.com). Foi planejado desta forma devido ao tempo escasso para os alunos se dedicarem a este projeto.

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realizamos com eles na sala informatizada, durante as postagens ou na edição da

parte estética dos blogs e da página Wiki, procuramos dar ênfase especial à

presença dos Hiperlinks, os “nós” responsáveis pela quebra da linearidade do texto

e pela possibilidade de interação da linguagem escrita com outros tipos de

linguagens (áudio-visual, por exemplo).

Como forma de motivar reflexões nesse sentido, entregamos um texto aos

alunos cujo tema era O Hipertexto e cujo conteúdo, resumidamente, se referia às

suas potencialidades e às principais características que o distinguem de um texto

convencional, além de questões ligadas à autoria em suportes digitais. Após lerem

esse texto os alunos postaram suas considerações nos blogs dos respectivos

grupos, e foram comentados pelos colegas e professores.

Dentro dos portais que utilizamos como provedores de serviço, o recurso para a

criação de Hiperlinks era extremamente fácil de ser utilizado; grosso modo, bastava

selecionar a palavra ou expressão que gostaríamos que nos remetesse a um texto

hospedado em outro site, clicar no comando de criação de links e informar, numa

caixa de diálogo, a URL deste site.

Apesar desta simplicidade em sua criação, os Hiperlinks representam um

recurso muito útil para o processo de criação textual. Procuramos discutir isso com

os alunos quando solicitamos que, ao postar o texto na página wiki, eles criassem

um hiperlink, no nome dos grupos, que desse acesso ao respectivo blog. A partir daí

tivemos condições de dialogar sobre a grande liberdade de leitura que este recurso

permite, pois basta lembrarmos que esses nós, estes desvios, permitem-nos, de

certa forma, escolher o que pretendemos acessar para leitura, para termos um

pequeno exemplo do enorme leque de possibilidades que vêm atrelado a este

conceito utilizado na linguagem escrita, que embora não seja tão novo, como vimos

na parte teórica deste trabalho, possui grande potencialidade devido à tecnologia

digital presente no ambiente da Web.

Nas duas últimas ocasiões em que as turmas foram encaminhadas à sala

informatizada para postar suas contribuições à construção da página wiki,

solicitamos a eles que respondessem a um questionário referente às atividades

desenvolvidas durante a realização deste trabalho, questionário que encaminhamos

com eles na sala de aula e que deixamos postado no fórum da página wiki (ANEXO

B). O questionário foi respondido por todos os grupos das duas séries e o aplicamos

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para conhecermos melhor a opinião dos alunos sobre o trabalho desenvolvido e

para que eles interagissem com a ferramenta de fórum disponível no provedor.

7.6. Entrevista com o Sr. Eliseu Oro

Durante a realização dos trabalhos foi cogitado de realizarmos uma entrevista

com um dos escritores regionais cuja obra foi estudada pelos alunos. Desde essa

primeira cogitação, a escolha recaiu sobre o senhor Eliseu Oro, residente no

município de Descanso, por ser o autor mais conhecido e o que residia mais próximo

à Santa Helena.

O contato inicial com o Sr. Eliseu Oro foi feito de forma informal pelo professora

de História, sua vizinha, que conversou com o autor sobre nossa intenção em fazer

uma entrevista. Tendo o Sr. Eliseu comentado que não haveria problemas quanto à

sua realização, desde que marcada com a devida antecedência, o Assistente

Técnico Pedagógico o contatou por telefone e lhe explicou resumidamente o tema

da entrevista e o seu contexto em relação às demais atividades do nosso trabalho.

A real viabilidade desta proposta foi verificada quando a Direção da escola

autorizou a ida dos alunos à casa do Sr. Eliseu (acompanhados pelo Assistente

Técnico Pedagógico) e quando a professora de História, que também é fotógrafa

profissional, confirmou sua disponibilidade para documentar esta atividade.

Combinamos a realização da entrevista com a participação de dois alunos de

cada turma, do Assistente Técnico Pedagógico e da professora de História. A

princípio pensamos em pautar a entrevista por um roteiro de perguntas (ANEXO C),

mas a entrevista com o autor seguiu um ritmo bastante informal e as perguntas

foram respondidas ao longo da conversa que mantivemos, embora o roteiro tenha

servido para que os alunos direcionassem a conversa para os tópicos ali elencados.

É importante ressaltar que, após sermos recebidos pelo Sr. Eliseu em sua

residência e antes de começarmos a entrevista, o Assistente Técnico Pedagógico e

a professora de História, explicaram ao autor toda a temática do trabalho, citando

inclusive a intenção de postar trechos da entrevista na Internet. O Sr. Eliseu

autorizou a postagem e solicitou apenas que lhe fornecêssemos uma cópia em DVD

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(retribuímos a gentileza de sua atenção fornecendo esta cópia sem custo ao autor,

que a solicitou com a intenção de arcar com o seu valor); mais especificamente com

relação à postagem na Internet, ele deixou à nossa escolha os trechos a serem

postados e informou que contaria com ajuda de seu filho para acessá-los na Web.

A entrevista foi filmada e fotografada e o DVD exibido aos alunos em sala de

aula, sendo que contextualizamos, como fechamento, as grandes possibilidades de

interação entre as várias mídias existentes e como o Hipertexto possibilita a

interação, dos textos por eles produzidos e postados com este vídeo que também

contou com a participação dos alunos para a sua realização. Ainda, junto com os

estudantes, fizemos a postagem dos vídeos no portal YouTube com a possibilidade

de acesso a eles a partir de hiperlinks, criados na página wiki construída pelos

alunos.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como resultado final a criação de uma página wiki a

respeito dos escritores regionais do Extremo Oeste Catarinense

(http://portuguessh.wikispaces.com) e um total de treze blogs, um para cada grupo

de alunos que participou deste projeto (ANEXO A), além de gravada e postada no

YouTube uma entrevista com um dos autores regionais pesquisados, o Sr. Eliseu

Oro.

Todos os blogs e a página wiki foram interconectados, por meio de Hiperlinks,

ao blog da disciplina de Língua Portuguesa (http://portuguessh.blogspot.com), o qual

também possui um hiperlink interconectando-o ao blog da Escola de Educação

Básica Santa Helena (http://eebsantahelena.blogspot.com). Quanto à entrevista,

pode-se acessá-la a partir do sistema de busca do site YouTube ou por meio dos

Hiperlinks presentes na página wiki, na seção dedicada a este autor.

De forma concomitante ao estudo de caso sobre o uso das Mídias na Educação,

procuramos fazer uso de suas potencialidades para criarmos um ambiente

motivador aos estudantes e aos professores, ao mesmo tempo em que procuramos

integrá-las, no que foi um dos desafios a serem superados na realização deste

trabalho.

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Conseguimos realizar nosso objetivo na medida em que utilizamos os recursos

disponíveis num ambiente hipertextual, além de fazer com que os alunos e

professores tivessem acesso ao conhecimento necessário para que os recursos da

mídia áudio-visual pudessem ser utilizados para complementar o significado da

linguagem escrita.

Também foi possível contextualizar a importância da mídia impressa na

atualidade, principalmente como fonte de referência para a construção de novos

conhecimentos e como suporte que possui importância fundamental para a

circulação de informações e de conhecimentos. Esses conhecimentos, registrados

em suporte impresso, adquirem uma nova dinâmica quando se realiza um trabalho

com a utilização de recursos de um ambiente hipertextual, onde releituras e novas

considerações e interpretações complementam o seu significado original.

Quanto aos blogs, com relação à sua edição, a maioria dos grupos desenvolveu

de forma satisfatória o uso de seus recursos de personalização, em especial

alterando as características de layout e inserindo imagens nas postagens e no perfil

do usuário. No geral, a aparência dos blogs ficou mais atraente do que a da página

wiki, pois não houve tempo hábil para darmos atenção à sua edição de forma mais

detalhada junto com os alunos; conseguimos trabalhar com eles alguns aspectos

estéticos da página, tais como inserção de gifs animados e mudança do layout. Em

função da adequação ao tempo que tínhamos disponível, preferimos dar prioridade

aos recursos mais “operacionais”, tais como explicar o processo de

acompanhamento das edições no “histórico” da página e o uso do “fórum” para

debate de ideias sobre o andamento e planejamento da construção da página.

Ainda com relação aos blogs, houve a sugestão, por parte dos alunos, de que

esse recurso fosse utilizado também como um boletim informativo, trazendo

informações sobre atividades do calendário escolar e outras notícias de interesse

relevante para a comunidade em geral.

Ao longo do trabalho enfrentamos dificuldades, cujas estratégias adotadas para

a sua superação constituem a parte mais importante deste estudo de caso, pois são

informações úteis para futuros projetos a serem desenvolvidos nesta Unidade

Escolar com ou sem o uso intensivo das tecnologias de informação e com ou sem a

integração das Mídias.

A primeira dificuldade com a qual tivemos de lidar foi com o pouco tempo

disponível para os estudantes se dedicarem à elaboração deste projeto, pois os

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trabalhos tiveram de ser feitos de forma concomitante ao estudo das matérias

inseridas no currículo formal do Ensino Médio, sendo que as duas turmas tinham

duas aulas semanais de Língua Portuguesa (quarenta e cinco minutos cada). Em

virtude de um feriado municipal (decretado a partir deste ano), da realização da

OBMEP e do conselho de classe do 3º bimestre, tivemos de repensar o cronograma

do projeto, sendo que esses eventos não estavam originalmente previstos quando

planejamos suas atividades.

Conseguimos recuperar este tempo perdido contando com a colaboração de

professores de outras disciplinas que cederam suas aulas a este projeto, por conta

de também estarem trabalhando questões ligadas ao uso da informática na

educação e também por ser negociada uma eventual utilização das aulas de Língua

Portuguesa caso fosse necessário complementar eventuais discrepâncias no

número de aulas dadas em suas respectivas disciplinas.

Como os professores das disciplinas envolvidas, por conta de suas cargas

horárias e do seu trabalho em mais de uma instituição de ensino, nem sempre se

encontram na escola no mesmo dia, essa negociação só foi possível com a

intervenção do Assistente Técnico Pedagógico, que fez a mediação junto aos

docentes a fim de que as atividades do projeto pudessem ser realizadas sem

prejudicar o cumprimento do currículo formal das disciplinas, sendo feita com a

devida antecedência para facilitar os ajustes nos respectivos planejamentos. O que

ajudou muito nesta intermediação foi o caráter interdisciplinar do projeto, uma vez

que o contexto de trabalho de outras disciplinas também puderam ser contemplados

quando da realização dos trabalhos, em especial aspectos ligados à história e à

geografia da região.

Ressaltamos que esta sobrecarga de assuntos a serem tratados se deve à

necessidade de cumprimento dos dias letivos de acordo com determinação oficial, o

que acaba tornando os dias para planejamento muito distantes uns dos outros e

sendo realizados em um único dia por bimestre. Daí a grande importância de um

profissional que não esteja atuando diretamente em sala de aula, para fazer a

mediação entre os envolvidos e o acompanhamento do desenvolvimento das

atividades de projetos que busquem agregar algo de novo ao processo educativo e

que não estejam ainda contemplados no currículo normal da escola.

Um exemplo bastante significativo ficou por conta da disciplina de inglês, pois o

portal Wikispaces, originalmente, utiliza este idioma e mesmo tendo alterado sua

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configuração inicial para o uso do espanhol algumas palavras continuaram como na

versão original. Foi possível deixar bem claro a importância de se conhecer um outro

idioma, mesmo que apenas os seus rudimentos, principalmente quando temos de

usar recursos que ainda não apresentam versão em português, ou quando

precisamos consultar algumas referências bibliográficas em estudos mais

avançados (ressaltamos ainda, nesta ocasião, que havia ferramentas congêneres

em português para a criação de páginas wiki, mas que usaríamos a Wikispaces por

conta da facilidade de utilização e por ser possível configurar o uso do idioma

espanhol, cujas palavras para os principais comandos que utilizaríamos são muito

semelhantes às do nosso idioma).

Outro problema com o qual nos deparamos foi a mudança do enfoque inicial que

pretendíamos dar à pesquisa da vida e obra dos autores regionais do Extremo Oeste

Catarinense, tema que escolhemos para que os alunos se sentissem mais

motivados à pesquisar e colocar os resultados na Internet, por se tratar de uma

temática próxima à realidade geográfica e histórica da região em que vivem.

Inicialmente pretendíamos que os alunos da 2ª série desenvolvessem textos com a

temática abordada pelos autores regionais e que os alunos da 3ª série fizessem um

estudo comparativo sobre as obras desses mesmos autores. Somado aos

problemas com as mudanças no cronograma inicial, a dificuldade em encontrar

informações mais detalhadas sobre a vida e obra dos autores regionais nos motivou

a tomarmos esta decisão de uma pequena mudança no enfoque do trabalho, de

modo a tornar mais flexível as postagens dos alunos.

Assim deixamos livre aos grupos das duas séries a pesquisa sobre a vida ou a

obra dos autores e a realização de postagens sobre as informações que

encontrassem, até porque, na metodologia wiki, as edições feitas pelos demais

grupos ajudaria a tornar o conteúdo mais completo e apresentável.

Essa mudança no enfoque inicial ajudou a motivar os alunos, pois ao não

conseguirem encontrar informações suficientes sobre os autores regionais, alguns

alunos começaram a desanimar por não conseguirem dar conta dos objetivos

iniciais. Embora tivéssemos feito uma pré-seleção das obras de alguns autores,

acreditávamos inicialmente que o tempo disponível fosse suficiente para uma

pesquisa bibliográfica mais aprofundada, pois prevíamos até uma visita a bibliotecas

de outros municípios, cujo acervo é bem mais completo que o acervo da biblioteca

da escola e mesmo da biblioteca municipal de Santa Helena. Como isso não foi

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possível, em virtude das mudanças no cronograma inicial, os alunos tiveram muita

dificuldade com as pesquisas bibliográficas, pois até mesmo na Internet não há

muitas referências a estes autores.

De forma mais resumida, após esta pequena mudança de enfoque no trabalho,

definimos que as postagens na página wiki seriam feitas com informações referentes

aos autores regionais e as postagens nos blogs dos grupos fariam referência às

questões ligadas à linguagem escrita (Gêneros textuais e Hipertexto).

Esta falta de fontes de referência sobre os autores regionais foi um dos fatores

que mais motivou a decisão de fazermos a entrevista com o Sr. Eliseu Oro, sugestão

que partiu dos próprios alunos e que motivou bastante os grupos por ser uma

atividade bastante diferente das que comumente são realizadas nos trabalhos

desenvolvidos na escola, tanto que a maior dificuldade para a sua realização

mostrou-se quanto aos aspectos técnicos, já que os alunos sempre se mostraram

interessados na sua realização. Quanto às dificuldades técnicas, elas foram

superadas com a ajuda da professa de História que também trabalha como fotógrafa

profissional e que contribuiu, inclusive, com a conversão do vídeo da entrevista no

formato compatível para sua postagem no YouTube.

Quanto aos conhecimentos sobre Hipertexto, Blog, Wiki e Web, as respostas

dos grupos ao questionário que deixamos postado no fórum da nossa página wiki,

mostra que os alunos consideraram válidos os conhecimentos que adquiram e

mesmo os que já tinham mais experiência em navegar na Web, responderam que o

trabalho desenvolvido ajudou a aumentar o seu entendimento sobre o uso da

linguagem escrita neste suporte digital. Com relação a este questionário, é válido

ressaltar que também o postamos no fórum, para estimular o uso deste recurso por

parte dos alunos, como forma de explorar mais os recursos oferecidos por este

ambiente de trabalho e que a maioria dos alunos respondeu que o trabalho

desenvolvido aumentou seu conhecimento sobre o ambiente da Web em geral, e

não apenas sobre os blogs e as páginas wiki.

Como considerações finais, acreditamos que o trabalho desenvolvido nos

indicou importantes caminhos para garantir o sucesso de futuros projetos desta

natureza em nosso ambiente escolar. Em especial, consideramos como

fundamentais os seguintes aspectos:

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• Apoio da Direção e da Coordenação Pedagógica (por meio do Assistente

Técnico Pedagógico) que devem garantir o acesso aos meios necessários,

tanto materiais quanto administrativos, para a superação das dificuldades

inerentes ao trabalho com projetos e à superação dos imprevistos;

• O apoio e o comprometimento dos professores e um ambiente com boas

condições de diálogo, pois mesmo os professores que não estejam

diretamente envolvidos com as atividades a serem desenvolvidas podem

contribuir com suas experiências de trabalho e com sua ajuda na superação

dos imprevistos que possam comprometer os projetos;

• A necessidade de se contemplar o trabalho com projetos no planejamento

das atividades da escola, como forma de garantir que novas propostas sejam

levadas em consideração quando da definição das prioridades da

comunidade escolar. Importante, ainda, enfatizar o caráter interdisciplinar

deste tipo de atividade, sendo um momento para se romper com a

“compartimentalização” das disciplinas, trabalhando os conteúdos de forma

integrada, buscando maior contextualização com a realidade vivida pelos

alunos fora do ambiente escolar;

• A participação dos docentes e da coordenação pedagógica em cursos de

formação continuada, como forma de manter-se a atualização dos

profissionais e o seu contato com colegas de outras unidades escolares,

garantindo também o intercâmbio de ideias;

• Procurar, dentro do possível, explorar as sugestões dos estudantes quanto à

proposição de atividades a serem desenvolvidas e ter sempre em

consideração que o seu aprendizado deve ser o foco principal de todo o

planejamento a ser feito na escola.

Estes itens fazem parte de ações que a comunidade escolar deve desenvolver

em prol de sua autonomia e da vontade pessoal de seus profissionais, em nossa

opinião, para que projetos como o que propusemos possam obter o sucesso

desejado. Em especial, o item referente ao planejamento deve contemplar o trabalho

com projetos para garantir o tempo necessário para o seu pleno desenvolvimento,

considerando também os momentos necessários para o planejamento das

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atividades do projeto propriamente dito. Além disso, quando dada a devida atenção

a este aspecto, este tipo de trabalho passa a fazer parte da rotina escolar e novas

ideias sobre possíveis encaminhamentos passam a ter maior possibilidade de surgir

e de vir a tornar-se relevante para a criação de atividades mais significativas e

motivadoras para os estudantes, refletindo na construção de um ambiente melhor

para o ensino e a aprendizagem. Vale lembrar que estes itens não constituem, em

essência, algo inédito, mas são aspectos que nem sempre têm recebido a devida

atenção em nosso trabalho cotidiano.

Uma consideração ainda a ser feita a respeito deste trabalho se refere ao fato de

ter sido um dos primeiros, nesta unidade escolar, a explorar as potencialidades da

integração das Mídias no contexto educacional, em especial fazendo uso dos

recursos disponíveis na sala informatizada de modo a também agregar

conhecimentos sobre a Internet e à forma como a linguagem escrita se faz presente

neste suporte, o qual permite sua integração com outros recursos de comunicação.

Esperamos que este tenha sido o primeiro projeto de muitos outros que poderão

vir a explorar o potencial das tecnologias colocadas à disposição dos professores e

alunos na construção de um ambiente educacional mais atraente e motivador, tanto

para quem tem a missão de ensinar, quanto para quem tem a vontade e a

necessidade de aprender.

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GOMES, Maria João. Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica. In: Atas do VII Simpósio Internacional de Informática Educativa, SIIE, p. 311-315, 2005. Disponível em: <http://educivica.com.sapo.pt/Blogsestrategia.pdf>. Acesso em 31/05/2009.

LANDEIRA, José Luiz. Gêneros Textuais na sala de aula: entre modas e realidades. Na ponta do lápis, ano V, v. 11, p. 4-5, ago/2009 (Olimpíada de Língua Portuguesa).

Leitura e autoria em Suportes Digitais. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância. Programa de Formação Continuada Mídias na Educação: Módulo Básico Material Impresso, 2007. 1 CD-ROM.

MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros textuais: Definição e funcionalidade, 2003. Disponível em: <http://ava.ead.ftc.br/conteudo/>. Acesso em 05/02/2010.

MORAN, José Manuel. et al. Gestão de Tecnologias e valores humanos. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância. Programa de Formação Continuada Mídias na Educação: Módulo Gestão Integrada de Mídias, 2007. 1 CD-ROM.

MORAN, José Manuel. Gestão de Tecnologias na Escola (Adaptação do texto original). In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância. Programa de Formação Continuada Mídias na Educação: Módulo Gestão Integrada de Mídias, 2007. 1 CD-ROM.

PANSANATO, Luciano Tadeu Esteves; NUNES, Maria das Graças Volpe. Autoria de Aplicações Hipermídia para Ensino. Disponível em < http://www.cp.cefetpr.br/pessoal/luciano/public/rbie5.pdf >. Acesso em 10/11/2009.

POLAK, Ymiraci Nascimento de Souza; DUARTE, Eliane C. Vasconcelos G.. Tipos de pesquisas. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância. Programa de Formação Continuada Mídias na Educação: Módulo Avançado Metodologia da Pesquisa Científica, 2007. Disponível em: < http://200.130.6.210//webfolio/Mod83266/06.html >. Acesso em: 15/05/2010.

PRIMO, Alex Fernando Teixeira; RECUERO, Raquel da Cunha. Hipertexto cooperativo: uma análise da escrita coletiva a partir dos Blogs e da Wikipédia. In: Revista FAMECOS, nº 22, pág. 54-65, Porto Alegre, dez. 2003. Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/famecos/article/>. Acesso em: 27/09/2009.

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RICOTTA, Luiza. Os valores humanos no ensino pelo computador. 2003. Disponível em < http://www.comunicacao.pro.br/setepontos/5/valores.htm >. Acesso em: 12/06/2010.

SCHMITT, Marcelo Augusto Rauch. Dificuldades apresentadas pelo modelo wiki para a implementação de um ambiente colaborativo de aprendizagem. In: CINTED-UFRGS: Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, v. 4, n. 2, dez. 2006. Disponível em: <http://www.cinted.ufrgs.br/>. Acesso em 21/05/2009.

SILVA, Maria da Graça Moreira da. et al. Mídias. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância. Programa de Formação Continuada Mídias na Educação: Módulo Introdutório Integração de Mídias na Educação, 2007. 1 CD-ROM.

TAROUCO, Liane Margarida Rockenbach. et al. Software de Autoria. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância. Programa de Formação Continuada Mídias na Educação: Módulo Avançado Multimídia Educacional e Softwares de Autoria, 2007. Disponível em: < http://200.130.6.210/webfolio/Mod82378/softwaresdeautoria.htm >. Acesso em: 15/05/2010.

VIEIRA, José Guilherme Silva. Metodologia da Pesquisa Científica na Prática. Curitiba: Editora Fael, 2010.

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ANEXOS

ANEXO A - URL’s DAS PÁGINAS CRIADAS DURANTE O TRABALHO

GRUPOS URL’s

Geral

[email protected]

www.portuguessh.blogspot.com

http://portuguessh.wikispaces.com/

1. Marcelo e Diana

[email protected]

http://marceloediana.blogspot.com/

(login portsh21)

http://portsh21.wikispaces.com/

2. Fernanda, Maiara e

Rosilei

[email protected]

www.portsh22.blogspot.com

http://portsh22.wikispaces.com/

3. Angela, Simoni e

Jociani

[email protected]

www.portsh23.blogspot.com

http://portsh23.wikispaces.com/

4. Marisa e Naila

[email protected]

www.portsh24.blogspot.com

http://portsh24.wikispaces.com/

5. Eduardo, Jean e

Ivan

[email protected]

www.portsh25.blogspot.com

http://portsh25.wikispaces.com/3ª

6. Anderson e Altaíde

[email protected]

www.portsh36.blogspot.com

http://portsh36.wikispaces.com/

7. Renan e Nilva

[email protected]

www.portsh37.blogspot.com

http://portsh37.wikispaces.com/

8. Carine e Neiva

[email protected]

www.portsh38.blogspot.com

http://portsh38.wikispaces.com/9. Iara e Indianara [email protected]

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www.portsh39.blogspot.com

http://portsh39.wikispaces.com/

10.Aline e Adriana

[email protected]

www.portsh310.blogspot.com

http://portsh310.wikispaces.com/

11.Fernando e

Jackson

[email protected]

www.portsh311.blogspot.com

http://portsh311.wikispaces.com/

12.Franciele e Keli

[email protected]

www.portsh312.blogspot.com

http://portsh312.wikispaces.com/

13.André e Douglas

[email protected]

www.portsh313.blogspot.com

http://portsh313.wikispaces.com/

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ANEXO B - QUESTIONÁRIO - FÓRUM DA PÁGINA WIKI DE LÍNGUA

PORTUGUESA

1. Você tem acesso à internet fora do ambiente escolar?

2. Quando você acessa a internet, qual o recurso que mais utiliza?

3. Você conhecia algo sobre hipertexto antes de fazermos este trabalho?

4. Em sua opinião, este projeto aumentou seu conhecimento sobre o uso da

internet de uma forma geral (não restrita apenas aos recursos que utilizamos no

projeto)?

5. Você já conhecia os recursos que permitem a criação de blogs e de páginas wikis

antes de realizarmos este projeto?

6. Você se considera capaz de usar de forma independente (sozinho/a) estes

recursos?

7. Após o fim deste projeto, você pretende continuar utilizando os recursos que

aprendeu para criar blogs ou participar da construção de páginas no esquema

wiki?

8. Antes de participar deste projeto você já conhecia o trabalho dos autores (poetas

e romancistas) da nossa região?

9. Qual sua opinião sobre o futuro da linguagem escrita?

10.De uma forma geral, você gostou de participar deste projeto?

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ANEXO C - ENTREVISTA COM O SR. ELISEU ORO

1. O Sr. se lembra de como, ou porque, surgiu seu interesse em escrever e publicar

os seus trabalhos(se é que podemos situar isso no tempo)?

2. Como o Sr. avalia o uso da linguagem escrita atualmente?

3. O Sr. utiliza a internet? O que o Sr. pensa a respeito deste meio de

comunicação?

4. Na sua opinião, como a internet pode influenciar a linguagem escrita?

5. O Sr. já tinha ouvido falar de blog ou de wikis?

6. Como foi para o Sr. escrever um livro sobre a história do município de

Descanso?

7. Como o Sr. considera a evolução dos costumes e do modo de vida em geral da

população de nossa região?

8. O Sr. acompanha o trabalho de outros autores do Extremo Oeste?

9. Qual o autor cujo trabalho o Sr. mais admira?

10.Na sua opinião, como é o interesse atual dos jovens pela literatura? Surgirão

novos autores no Extremo Oeste (brevemente, talvez ou “é improvável – porquê?

ou é imprevisível algo a esse respeito?)?

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