sebenta de intromed (versão actualizada)

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  • 7/25/2019 Sebenta de Intromed (Verso Actualizada)

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    FACULDADE DE CINCIAS MDICAS DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

    Introduo Medicina1. Semestre

    Realizada por:

    Realizado por:

    Beatriz Silva

    Ins Martins

    Joana Gonalves

    Patrcia Rebelo

    Sofia Rodrigues

    2011/2012

    A verso

    melhorada!

    Realizado por:

    - Andr Rodrigues

    - Beatriz Silva- Ins Martins

    - Joana Gonalves

    - Patrcia Rebelo

    - Sofia Rodrigo Rodrigues

    Santana Editora apresenta

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    IRazes, objetivos e grandes questes da medicina actual

    OS CONCEITOS DE SADE E DOENA NO PENSAMENTO MDICO

    Num passado ainda recente a doena era frequentemente definida como "ausncia

    de sade", sendo a sade definida como "ausncia de doena". Infelizmente,

    perspectivas redutoras como estas levaram os investigadores e os profissionais de

    sade a descurar os componentes emocionais e sociais da sade e da doena.

    Definies mais flexveis quer de sade quer de doena consideram mltiplos aspectoscausais da doena e da manuteno da sade, tais como factores psicolgicos, sociais

    e biolgico. Contudo, apesar dos esforos para caracterizar estes conceitos, no

    existem definies universais. A presena ou ausncia de doena um problema

    pessoal e social. pessoal, porque a capacidade individual para trabalhar, ser

    produtivo, amar e divertir-se est relacionado com a sade fsica e mental da pessoa.

    social, pois a doena de uma pessoa pode afectar outras pessoas significativas (p.ex.:

    famlia, amigos e colegas).

    Duas concepes tm marcado o percurso da medicina:

    A concepo fisiolgica:iniciada por Hipcrates, explica as origens das doenas

    a partir de um desequilbrio entre as foras da natureza que esto dentroe fora

    da pessoa. Esta medicina, centra-se no paciente, como um todo, e no seu

    ambiente, evitando ligar a doena a perturbaes de rgos corporais

    particulares.

    A concepo ontolgica:defende que as doenas so "entidades" exteriores ao

    organismo, que o invadem para se localizarem em vrias das suas partes.

    Na medicina da Mesopotmia e do Egipto Antigo eram conotadas com

    processos mgico-religiosos ou com castigos resultantes de pecados cometidos

    pelos pacientes. Na medicina moderna (Renascimento Sc. XVII), com vrus.

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    A concepo ontolgica tem estado frequentemente ligada a uma forma de

    medicina que dirige os seus esforos na classificao dos processos de doena,

    na elaborao de um diagnstico exacto, procurando identificar os rgos

    corporais que esto perturbados e que provocam os sintomas. uma

    concepo redutora que explica os processos de doena na base de rgos

    especficos perturbados. Assume que a doena uma coisa em si prpria, sem

    relao com a personalidade, a constituio fsica ou o modo de vida do

    paciente.

    A evoluo da medicina e, consequentemente, das definies de sade e doena,

    pode ser dividida em 4 perodos:

    perodo pr-cartesiano, at ao sculo XVII;

    um perodo cientfico ou de desenvolvimento do modelo biomdico, que se

    comeou a instalar com a implementao do pensamento cientfico e com a

    revoluo industrial;

    a primeira revoluo da sade com o desenvolvimento da sade pblica, que

    comeou a desenvolver-se no sculo XIX; a segunda revoluo da sade, iniciada na dcada de 70.

    PERODO PR CARTESIANO:

    A sade significava mente s em corpo soe s podia ser mantida se a pessoa

    seguisse um estilo de vida consonante com as leis naturais. Estas asseres

    representam um princpio bsico da medicina hipocrtica: a natureza tem um papel

    formativo, construtivo e curativo. O corpo humano tende a curar-se a si prprio.

    Apenas sob circunstncias muito especiais as causas mrbidas podem sobrepor-se

    tendncia natural de restabelecer os ritmos e equilbrios prprios da sade. A Grcia

    Antiga constitui um perodo marcante pois est ligada a propostas de libertao da

    medicina das suas influncias mgico-religiosas, estabelecendo, pois, uma ruptura em

    relao medicina da Mesopotmia e do Egipto. Hipcrates, mdico grego, foi quem

    deu expresso a essa revoluo. Com efeito, defendeu um conjunto de princpiostericos e metodolgicos que lhe granjearam a classificao de "pai da medicina". De

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    facto, Hipcrates, defendeu que as doenas no so causadas por demnios ou por

    deuses, mas por causas naturais que obedecem a leis tambm naturais. Props, por

    isso, que os procedimentos teraputicos se baseassem numa base racional, com o

    objectivo de corrigir os efeitos nocivos das foras naturais. Com ele, a medicina

    afastou-se do misticismo e do endeusamento e baseou-se na observao objectiva e no

    raciocnio dedutivo.

    Considerou que o bem estar da pessoa estava sob a influncia do seu ambiente, isto ,

    o ar, a gua, os locais que frequentava e a alimentao . A sade era a expresso de

    um equilbrio harmonioso entre os humores corporais, os quais eram representados

    pelo sangue, pelas blis negra e amarela e pela linfa ou fleuma. A sade relacionava-se

    no apenas com os humores contidos no corpo humano, mas tambm com o resto do

    universo no qual estava includo. Considerava-se que o ambiente e o estilo de vida da

    pessoa influenciavam o seu estado de sade.

    PERODO CIENTFICO

    Os princpios metatericos do modelo biomdico (teoria da microbiologia) actual

    baseiam-se na orientao cientfica do sc. XVII, consistindo numa viso mecanicista e

    reducionista do Homem e da Natureza que surgiu quando filsofos como Galileu,

    Descartes, Newton, Bacon e outros conceberam a realidade do mundo como uma

    mquina.

    Newton imaginou o Universo a partir de um modelo mecnico. O mundo

    considerado como uma mquina e, semelhana desta, formado por um conjunto de

    peas. Deste modo, para o compreender, basta utilizar o mesmo mtodo que se utiliza

    para perceber uma mquina, isto , desmonta-se e separam-se as peas.

    Esta concepo do mundo fsico foi generalizada aos seres vivos.Assim, tal como se

    faz com as mquinas, estudam-se os seres vivos desarticulando as suas partes

    constituintes (os rgos Morgagni; Tecidos Bichat; Clulas - Wirchow).E cada parte

    estudada separadamente. Cada uma destas partes desempenha uma determinada

    funo observvel.O conjunto, que representa o organismo, explicado pela soma das

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    partes ou das propriedades. Ou seja, o complexo explica-se pela combinao do

    simples.

    Nesta perspectiva, Descartes concebeu tambm o corpo humano como uma

    mquina, comparando um homem doente a um relgio avariado e um saudvel a um

    relgio com bom funcionamento.A ideia de um mundo concebido maneira de um

    modelo mecnico, e a utilizao da metfora do relgio para o caracterizar, constituem

    a metateoria a partir da qual as Cincias da Natureza se fundamentam.

    A natureza vista como sendo exterior ao Homem e com uma existncia objectiva e

    independente dele; constituda por peas que se movem segundo leis fixas.

    Em sntese, Galileu, Newton e Descartes enunciaram os princpios bsicos da cincia,

    tambm conhecidos por Modelo Cartesiano ou Mecanicista. Este sistema de

    pensamento defendia que o universo inteiro (incluindo o Homem) era uma mquina

    prodigiosa funcionando como um relgio, de acordo com as leis matemticas. Para

    descobrir tais leis aplicava-se o mtodo analtico e estudavam-se as partes

    componentes deste conjunto mecnico. O modelo biomdico tradicional baseia-se, em

    grande parte, numa viso cartesiana do mundo e considera que a doena consiste

    numa avaria temporria ou permanente do funcionamento de um componente ou darelao entre componentes. Curar a doena equivalia, nesta perspectiva, reparao

    da mquina.

    PRIMEIRA REVOLUO

    O incio da revoluo industrial nos finais do sculo XVIII teve consequncias

    nefastas para a sade. Exemplos macios de desequilbrio ecolgico foram, por

    exemplo, as grandes epidemias decorrentes das mudanas sociais e das alteraes do

    sistema de produo. Grande quantidade de pessoas migravam e aglomeravam-se nas

    grandes cidades, com fracas condies de salubridade e habitabilidade, facilitadoras da

    difuso de microrganismos causadores de grande morbilidade e mortalidade.

    A primeira revoluo da sade foi um dos ramos do modelo biomdico que conduziu

    ao desenvolvimento das modernas medidas de sade pblica.

    O modelo biomdico, aplicado sade pblica, desenvolveu-se devido ao

    reconhecimento de que:

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    a) as doenas infeciosas eram difceis seno impossveis de curar e, uma vez

    instaladas no adulto, o seu tratamento e a sua cura eram dispendiosos;

    b) os indivduos contraam doenas infecciosas em contacto com o meio

    ambiente fsico e social que continha o agente patognico;

    c) as doenas infecciosas no se contraam a no ser que o organismo

    hospedeiro fornecesse um meio favorvel ao desenvolvimento do agente

    infeccioso.

    Para prevenir as doenas era necessrio controlar os agentes patognicos, o que foi

    feito, por exemplo, controlando a sua mobilidade atravs da construo de sistemas

    de esgotos e de distribuio de gua potvel e da gesto de migraes, ou destruindo

    esses agentes, por exemplo, atravs da clorificao das guas de consumo, e

    finalmente, j bem dentro do presente sculo, produzindo vacinas. Quando essas

    medidas falhavam, intervinha a medicina curativa que, a partir de meados do sculo

    XX, encontrou nos antibiticos um auxiliar eficaz na destruio desses microrganismos.

    Uma das evolues para uma concepo mais actual passou pela aceitao de que a

    etiologia da doena multicausal.

    Como seria de esperar, a omisso que o modelo biomdico faz da autonomiaconceitual da pessoa consistente com as definies de sade e doena com ele

    conotadas: a sade concebida como sendo a ausncia de doena e esta

    conceptualizada considerando exclusivamente as perturbaes que se processam na

    dimenso fsica da pessoa

    SEGUNDA REVOLUO

    Globalmente, pode afirmar-se que o desenvolvimento do modelo biomdico se

    centrara na doena, que a primeira revoluo da sade se centrara na preveno da

    doena, e que a segunda revoluo da sade se centra na sade.

    Os aspectos mais radicais desta segunda revoluo so:

    centrar-se na sade ao invs de na doena;

    preconizar o retorno a uma perspectiva ecolgica.

    Acreditara-se que, com a primeira revoluo da sade, os problemas de sadeestariam resolvidos. No entanto, a partir de meados do sculo XX, surge nova

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    epidemia: uma epidemia comportamental. Com efeito, constatou-se que, nos pases

    desenvolvidos, as doenas que mais contribuam para a mortalidade eram doenas

    com etiologia comportamental.

    Com base nesta evidncia, a segunda revoluo da sade com o notvel

    contributo de Freud e a sua psicanlise - teria de se centrar numa nova concepo, em

    novos princpios: dado as novas epidemias no terem origem em organismos

    patognicos, a teoria do germe deixou de ser aplicvel.

    O equivalente ao germe, nesta epidemia, o comportamento individual

    (Ribeiro,1993). A vacina, agora, teria de ser a modificao do comportamento,

    tomando este um sentido lato.

    verdade que a medicina recebe influncias de vrias origens: polticas, sociais,

    econmicas, etc. Contudo, leva a crer que s a crise originada pelos conflitos da

    medicina, pelas suas insuficincias em responder s exigncias das sociedades e pelas

    incapacidades das sociedades em acederem medicina e s suas prprias exigncias,

    poder levar emergncia de uma nova medicina.

    a partir da crise que tudo se cria. Logo, tomando este pensamento comoverdico, temos de tomar a maior desordem do Homem A doena em termos de

    crise, de modo a que se tomem reaces de modo a resolver tal desordem.

    PRINCIPAIS CONCEITOS DA SEGUNDA REVOLUO

    Alm da mudana na etiologia da morbilidade e mortalidade, outros factores

    contriburam para a emergncia da nova concepo de sade: alteraes

    demogrficas, tais como, envelhecimento da populao, diversificao da famlia, a

    que se podem acrescentar a mobilidade social dos indivduos e as migraes;

    revoluo tecnolgica, que, aumentando as possibilidades de interveno na doena,

    exigem mais e melhores especialistas aumentando os custos da assistncia mdica;

    aproximao dos servios de sade comunidade. Pode-se, ainda, acrescentar o

    aumento do poder do consumidor que, tornando-se mais exigente e com mais

    capacidade crtica, fora os polticos a serem mais sensveis opinio pblica.

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    Promoo da Sade:

    - Processo de "capacitar" (enabling) as pessoas para aumentarem o controlo

    sobre a sua sade e para a melhorar. Considera se que significa devolver populao

    o poder em matria de sade, retirando-o s instituies, aos dirigentes, aos

    profissionais e tecnologia. O objetivo primordial da promoo da sade no futuro

    poderia, assim, ser o de facilitar a transferncia de recursos importantes na sade, tais

    como: conhecimento, tcnicas, poder e dinheiro para a comunidade.

    Saliente-se que a promoo da sade surgiu, entre outras razes, porque trazia

    vantagens econmicas diretas (menos gastos com a doena) e indiretas (mais dias de

    trabalho, mais energia no trabalho).

    Dois grandes objetivos principaisparam a promoo da sade:

    - melhorar a sade;

    - dominar (por parte do cidado) o processo conducente melhoria da sade.

    Conceito de Sade (Health), Illness e Disease

    A biomedicina a cincia que conduz estudos e pesquisas no campo de interface

    entre biologia e medicina, voltada para a pesquisa das doenas humanas, os seus

    fatores ambientais e ecoepidemiolgicos, com o intuito de encontrar a causa,

    mecanismo, preveno, diagnstico e tratamento.

    A sade e a doena existem na experincia diria, por isso importante

    compreender como que as pessoas se sentem quando esto doentes e qual a

    interpretao que as mesmas fazem desses sintomas. Assim, o mdico pode ter acesso

    a uma caracterizao mais rigorosa do que afecta os pacientes.

    SADE: segundo, a organizao mundial de sade (OMS), sade no s a ausncia

    de doena, mas sim um completo estado de bem-estar fsico, psquico e social.

    A sade nem sempre reflecte as experincias do quotidiano.

    O conceito de sade varia subjectivamente ao longo da vida, significando:

    Estar em forma fsica, segundo os homens mais jovens;

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    Ter energia e resistncia, segundo as mulheres mais jovens;

    Bem-estar fsico e mental, segundo os adultos;

    A habilidade para realizar tarefas, bem como o sentimento de felicidade e

    contentamento, segundo os idosos.

    de salientar que mdicos e pacientes tambm podem ter perspetivas diferentes

    sobre a sade. Os ltimos nem sempre revelam as suas experincias subjetivas na

    crena de que estas so irrelevantes ou desnecessrias no diagnstico de qualquer

    doena. Da a importncia do pr-requisito de ouvir e compreender as diferentes

    perspetivas dos pacientes, no contexto das relaes sociais e familiares para a prtica

    da medicina.

    DISEASE: mal, doena especfica; por exemplo, heart disease. No um

    conceito simples, consensual.

    Atualmente pensa-se que possui uma componente gentica.

    Novas doenas podem aparecer ou ser descobertas (HIV, encefalomielite

    milgica, etc).

    Antigamente a homossexualidade era considerada uma disease, sendo hoje

    socialmente aceite como uma escolha.

    O alcoolismo era visto como uma imoralidade, sendo hoje uma forma de

    disease.

    O que normal para uma pessoa pode no ser para outra. Assim sendo, diferentes

    populaes classificam um dado conjunto de sintomas como diseases ou no. Por

    exemplo, comportamentos anormais so considerados doenas mentais consoante a

    cultura em que se contextualiza.

    A Biomedicina constitui o nico meio de compreenso das diseases. J a Medicina

    Tradicional Chinesa e a medicina Indiana Ayurvdica constituem sistemas complexos,

    orientados por profissionais, utilizados por outras culturas para explicar as diseases,

    procurando o equilbrio.

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    ILLNESS:doena enquanto estado ou perodo de tempo durante o qual se est

    doente, por exemplo, uma doena mental.

    definida como a experincia subjetiva qual diferentes pessoas reagem de formadiferente.

    A forma como as pessoas interpretam as modificaes corporais pode no ter uma

    relao directa com a disease. A experincia vivida por uma determinada pessoa,

    bem como os conhecimentos que possui, so factores moldados pela prpria cultura e

    que levam conceo de sintomas.

    As prprias crenas de uma pessoa sobre os conceitos de sade e doenainfluenciam a procura de cuidados mdicos e o tipo de cuidados. A doena pode ainda

    ser vista como uma categoria moral, especialmente nas sociedades que enfatizam a

    responsabilidade pela sade.

    A experincia de doena discutida como parte do quotidiano, sendo afetada pelos

    diferentes papis sociais (trabalho, tarefas domsticas).

    Assim, os 3 conceitos so inerentemente sociais, j que diferentes grupos nasociedade e diferentes culturas adoptam definies variadas para health, illness e

    disease.

    Objetivos da Medicina

    Tratamento de doenas

    Preveno de doenas

    Os objetivos da preveno so preservar e promover a sade

    prevenindo doenas e minimizando as suas consequncias. til fazer a

    distino entre os 3 tipos de preveno: primria, secundria e terciria.

    Preveno primria: evitar o aparecimento de novos casos. A

    incidncia da doena medida pelo nmero de casos que ocorrem

    na sociedade por um determinado perodo de tempo, por exemplo 1

    ano. A preveno primria pode ser realizada sempre que a causa da

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    doena identificada. A forma mais conhecida de preveno

    primria a imunizao em massa, como no caso da imunizao

    contra sarampo, tuberculose, poliomielite (imunizao contra a

    poliomielite provavelmente uma das intervenes mdicas com

    efeito de preveno primria demonstrado)Porm uma vez que

    geralmente se demora vrios anos de investigao at identificar um

    determinado vrus e a vacina seja desenvolvida, o impacto da

    imunizao por vezes pequeno. Outro exemplo de preveno

    primria a sensibilizao para o uso de preservativos. Nos pases

    desenvolvidos as principais causas de morte hoje em dia so

    doenas do aparelho circulatrio e neoplasias, associadas a

    comportamentos (tabaco, por exemplo). Nos pases desenvolvidos a

    preveno primria preocupa-se em educar as pessoas para um

    modo de vida saudvel.

    Preveno secundria: evitar o prolongamento dos casos existentes.

    A prevalncia o nmero de pessoas que tm determinada doena

    a qualquer momento. Preveno terciria: evitar as consequncias negativas das doenas.

    A preveno terciria preocupa-se com uma rea mais ampla de

    ndices de sade do que os dois tipos anteriores de preveno. As

    intervenes de preveno terciria focam-se por exemplo na

    reduo de inaptido e na promoo do bem-estar psicolgico.

    Reabilitao dos doentes

    Promoo da sadeestratgias e medidas que podem desenvolver os fatores

    que facilitam a sade das populaes, por exemplo:

    - Polticas que promovam exerccio e dieta adequadas;

    - Programas de sade comunitria.

    A medicina pretende curar, tratar e cuidar.

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    Quais so os objetivos da promoo da sade?

    Prevenir doenas

    Promover o bem-estar

    Os objetivos esto relacionados. Em casos em que o paciente sofre de dor crnica

    essencial apoiar o paciente para que este consiga o mais possvel lidar com o problema

    e viver da melhor forma. A promoo da sade relevante na maioria das reas da

    medicina mas principalmente em doenas que exigem uma maior adaptao ao estilo

    da vida.

    Tones e Tilford sugeriram 3 filosofias da promoo da sade:

    Engenharia social (Social Engeneering)

    Assume que a doena criada por factores como: pobreza, condies

    fracas de vida, falta de educao, normas culturais inapropriadas e

    cuidados de sade inadequados. Como tal, os objetivos da promoo da

    sade so de melhorar os padres de vida das pessoas, mudar normas e

    melhorar e o acesso a cuidados de sade. A engenharia social pode ser

    eficaz como, por exemplo, na ndia pelas melhorias na alfabetizao

    possvel agora controlar a natalidade. contudo em alguns casos criticada

    por impor mudanas sem consulta das pessoas-alvo, apesar dos eventuais

    benefcios que as medidas tomadas podem trazer.

    Preveno individual

    Esta corrente de pensamento acredita que a sade fortemente

    influenciada pelo comportamento de cada pessoa e pode portanto ser

    melhorada atravs da alterao dos comportamentos individuais pela

    educao, publicidade e intervenes tecnolgicas (cintos de segurana,

    fazer os buracos dos saleiros mais pequenos, no tratamento mdico e

    triagem).

    Empenho/iniciativa individual

    Relaciona-se com o alertar as pessoas para que sejam responsveis pelasua sade e para que alterem as suas condies. Pode ser eficaz, mas

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    geralmente as pessoas no fazem disso a sua prioridade. Requer que os

    pacientes sejam educados para a sade, doena e tratamento para que

    possam estar informados o suficiente para tomar decises.

    Os profissionais de sade podem promover a sade atravs de:

    Fornecimento de informao (folhetos e outros recursos);

    Facilitar a mudana social (por exemplo: fazendo presso para melhores

    condies habitacionais, apesar de a maioria da promoo da sade por

    parte dos profissionais de sade ser feita por dialogo/contacto directo);

    Dando o exemplo;

    Comunicao adequadamente com os pacientes (a aproximao ao doente

    tambm promove a sade; o mdico com boas competncias de

    comunicao deve ouvir o paciente e discutir com ele como lidar com o

    problema);

    Ter em ateno os comportamentos relacionados com o historial do doente

    Recomendando comportamentos saudveis;

    Prestando apoio para a mudana comportamental (muitos dos centros

    hospitalares contam com psiclogos, enfermeiros especializados,

    nutricionistas).

    Como interagir com o doente:

    Intervenes breves: o facto de o mdico aconselhar, sem intervir,

    por exemplo, a um doente a deixar de fumar (ou deixar de beber

    lcool de forma excessiva), isso produzir um impacto pequeno mas

    significativo. Apesar de os efeitos serem modestos, este tipo de

    intervenes so rpidas, baratas e no sujeitas aos problemas de

    recrutamento e reteno de pacientes em intervenes de carcter

    mais intensivo.

    Evitar transmitir medo: acredita-se que a melhor forma de mudar

    comportamentos assustando. O medo pode ser um motivo para a

    mudana de comportamento, mas este tipo de mensagens podemfalhar na medida em que esto envolvidos outros fatores, pelo que

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    no leva necessariamente mudana de comportamento ou

    seguimento da orientao mdica. Na verdade, o medo pode inibir a

    mudana de comportamento mais do que facilit-la, pois podem

    levar, principalmente aqueles que tm noo do risco, a no

    estarem prontos para receber adequadamente a informao

    relevante e podem tentar reduzir o medo no pensando sobre isso

    ou reduzindo os perigos. Podendo resultar na rejeio do mdico

    como fonte de credibilidade ou na abordagem da questo por

    completo.

    importante enfatizar os aspetos positivos da mudana

    comportamental, para aumentar a motivao dos pacientes a

    protegerem-se dos riscos e a formarem um plano de aco. Os mass-

    media e as suas campanhas chocantes podem levar

    consciencializao dos problemas, mas por si s no provoca a

    mudana comportamental.

    Nveis de Interveno

    O sucesso da preveno depende maioritariamente da capacidade do sistema de

    sade e dos profissionais de sade de dirigirem medidas preventivas a pessoas que

    acreditam que esto de boa sade, fazendo com que estas as aceitem e se sintam

    motivadas e capazes de cumprir estas recomendaes. Para que haja uma mudana de

    comportamento, necessrio, no entanto, que se tenha em conta as influncias

    sociais e culturais que o determinam.

    As estratgias para mudanas de comportamento ocorrem a vrios nveis: nvel

    governamental, nvel social ou ambiental e nvel individual.

    A aco dos governos importante para facilitar a mudana comportamental em

    relao sade quer em mdicos quer em doentes. Por exemplo, se o objetivo for

    diminuir a incidncia de problemas cardacos, o governo pode tomar medidas que vo

    desde o aumento das taxas sobre cigarros ou alimentos muito ricos em gorduras at

    ao financiamento de exames e tratamentos.

    Um segundo nvel de interveno refere-se tentativa de mudana do ambientesocial em que o indivduo se insere e das suas ideias ou crenas acerca da sade e

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    comportamentos que a afetam. Este tipo de mudana deve ser feito ao nvel da

    comunidade, j que as pessoas tendem a guiar o seu comportamento de acordo com

    aquilo que acham que os outros aprovam ou no.

    A nvel individual, os profissionais de sade esto directamente envolvidos em

    comunicar estratgias preventivas e formas de as utilizar aos seus pacientes. Os

    conselhos mdicos podem ser bastante eficazes para motivar uma mudana de

    comportamento. Por outro lado, as pessoas necessitam de adquirir capacidades e

    confiana na sua habilidade de controlar ou promover a sua prpria sade. A

    preveno primria e terciria dependem muito da eficcia destas estratgias.

    Dilemas e problemas na preveno

    A preveno tem sido, durante os ltimos anos, a rea de trabalho de uma rea

    especfica da medicinaa sade pblica. Uma mudana a favor da preveno requer a

    todos os profissionais de sade que adquiram capacidades (skills) ao nvel da

    comunicao para a educao da populao sobre a sade e estratgias de mudanas

    comportamentais.

    Algumas formas de preveno requerem a participao de todos de forma a serem

    rentveis. Por exemplo, o controlo das doenas infecto-contagiosas depende, em

    grande parte, daquilo que conhecido como a imunidade em manada (herd

    immunity), a qual descreve uma forma de imunidade que ocorre quando a vacinao

    de uma parte considervel de uma populao providencia uma medida de proteco

    para indivduos que no desenvolveram imunidade. Por outras palavras, esta teoria

    prope que, nas doenas contagiosas que so transmitidas de indivduo para

    indivduo, as cadeias de infeco esto susceptveis de ser interrompidas quando uma

    grande parte da populao imune ou menos susceptvel a essa doena. Estas

    consideraes podem ter levado algumas pessoas a questionar-se acerca da forma

    como se pode distinguir educao de persuaso ou de compulso. Outras formas de

    preveno que agora se encontram disponveis dependem da deteo de

    anormalidades no feto. A introduo do screening gentico levantou questes

    acerca da tica da escolha parental e da viso da sociedade em relao a quem possui

    doenas genticas.

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    reas da Medicina :

    medicina clnica (especialidades mdicas e cirrgicas)

    sade pblica

    investigao mdica

    IIDeterminantes de Sade

    1.FATORES ENVOLVIDOS NA GNESE DE DOENAS:

    F. Predisponentes so os fatores que tornam o indivduo susceptvel a

    desenvolver a doena.

    - Fatores genticos

    - Fatores ligados gravidez e parto

    - Desenvolvimento precoce infantil

    - Ambiente familiar

    - Fatores sociais

    - Ambiente fsico

    - Educao

    - Emprego

    - Trabalho

    - Condies de trabalho

    - Habitao

    F. Precipitantesso os fatores que causam a doena propriamente dita.

    - Fsicos: drogas, traumatismos;

    - Infeciosos;

    - Psicossociais.

    F. Perpetuantesso fatores que impedem a eliminao da doena, ou seja,

    fazem com que esta continue a afetar o indivduo.

    - Violncia continuada;

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    - Pobreza;

    - Desemprego;

    - Ausncia de tratamento;

    - Isolamento social;

    2.EXEMPLOS DE DETERMINANTES DE SADE

    2.1.POSIO SOCIAL E SADE

    Desvantagens sociais e econmicas afetam a sade ao longo da vida.

    As pessoas que se encontram nos estratos inferiores da sociedade tm geralmente

    um risco duas vezes superior de ter uma doena grave ou uma morte prematura.

    Estas diferenas encontram-se a todos os nveis da sociedade: mesmo

    trabalhadores da classe mdia de estatuto menos elevado esto mais sujeitos

    doena do que colegas com estatuto mais elevado, ou seja, quanto mais baixo o

    estrato, maiores os riscos.

    Tanto as causas materiais como as psicossociais esto envolvidas neste processo e

    os seus efeitos estendem-se maioria das doenas e causas de morte.

    Estas desvantagens podem assumir muitas formas (pobreza, menos educao,

    habitao sem condies, penses baixas, etc.) e tendem a concentrar-se sempre nas

    mesmas pessoas, sendo que os seus efeitos na sade se vo acumulando durante toda

    a vida.

    2.2.INFLUNCIA DO STRESS

    Fatores sociais e psicolgicos podem causar stress continuado.

    Ansiedade, insegurana, baixa auto-estima, isolamento continuados tm um

    efeito forte na nossa sade.

    Estes fatores podem levar a vrias doenas e morte prematura.

    Quanto mais baixo uma pessoa se encontra na hierarquia social, mais comuns so

    estes problemas.

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    2.2.1. O conceito do stress

    Um estmulo excessivo

    Os efeitos fisiolgicos e psicolgicos de certos eventos

    A interao entre a pessoa e o ambiente, que inclui a avaliao dos desafios

    postos pela situao, assim como os recursos de copingdisponveis e as respostas

    psicolgicas e fisiolgicas ao acontecimento que causa stress.

    Segundo:

    Cannon: Resposta de luta ou fuga (aumento de adrenalina e

    noradrenalina; aumento de ritmo cardaco, tenso arterial e glicemia)

    Selye: Sndrome geral de adaptao (forma geral de adaptao doorganismo para se adaptar a uma ameaa):

    R. de alarme

    F. de resistncia

    F. de exausto

    Contribuio de Lazarus

    Importncia da interpretao cognitiva do acontecimento stressante

    Fundamental considerar:

    A avaliao da situao e dos recursos disponveis

    Os mecanismos de coping (mecanismos cognitivos e comportamentais

    para manejar a situao)

    O stress pode causar doena:

    Influenciando a mudana de comportamentos (ex., fumar, comer, etc.)

    Influenciando a forma de responder a sinais de doena

    Atravs de alteraes fisiolgicas, pois a resposta do organismo a situaes de

    stress vai retirar energia e recursos aos processos fisiolgicos necessrios para manter

    o bom funcionamento do organismo, nomeadamente do:

    Sistema Nervoso autnomo

    Sistema endcrino

    Sistema imunitrio

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    2.3.INFLUNCIA DOS PRIMEIROS PERODOS DE VIDA

    Problemas de desenvolvimento e falta de apoio emocional na infncia podem

    levar a vrios problemas de sade ao longo da vida, assim como alguma reduo dofuncionamento fsico, cognitivo e emocional.

    So particularmente importantes:

    - Problemas na gravidez (stress da me, consumo de lcool e drogas, pouco

    exerccio fsico, etc.), j que o desenvolvimento fetal um fator importante que

    mais tarde pode determinar a qualidade de sade do individuo;

    - Experincias precoces desfavorveis, pois so as experincias cognitivas,

    emocionais e sensoriais que determinam as respostas cerebrais, sendo que

    uma ligao emocional (attachment)e estimulao deficientes podem levar a

    problemas comportamentais, dificuldades de aprendizagem e integrao, e

    ainda o risco de marginalizao social durante a vida adulta;

    - Nutrio deficiente na infncia.

    A importncia do attachment (j referido acima): a falta de apoio e suporte

    emocional durante os primeiros perodos de vida aumentam o risco de ter uma sade

    fsica debilitada e reduzem o funcionamento dos processos fsicos, emocionais e

    cognitivos na vida adulta.

    2.4.EXCLUSO SOCIAL

    Pobreza e excluso social tm um impacto enorme na sade e morte prematura.

    Desempregados, pessoas sem-abrigo, refugiados, pessoas com incapacidades

    esto em risco especial.

    Excluso social pode tambm estar relacionada com racismo, estigmatizao e

    institucionalizao.

    Pobreza e excluso social contribuem para aumentar os divrcios, o isolamento e

    as adies, criando crculos viciosos.

    2.5.TRABALHO

    Falta de controlo sobre o seu trabalho est relacionado com doenascardiovasculares, dores da coluna e faltas ao trabalho

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    As causas so psicolgicas e financeiras

    O problema no s ter ou no ter trabalho, tambm o problema da

    insegurana.

    2.6.SUPORTE SOCIAL

    Suporte social contribui para mais comportamentos saudveis, aumentar a

    autoestima e o equilbrio emocional, proteger a sade e prevenir as doenas.

    Pessoas com menos suporte social tm pior prognstico aps vrias doenas.

    Coeso social contribui para menos doenas coronrias.

    2.7.GNERO E SADE

    O gnero, em conjunto com a classe social e etnia, uma das mais importantes

    divises na sociedade. Gnero um conceito diferente de sexo, j que, ao contrrio

    deste ltimo, no diz respeito s caractersticas fsicas e biolgicas que distinguem

    homens e mulheres mas sim ao seu diferente estatuto social e forma como cada um

    se deve comportar sob determinadas circunstncias.

    As mulheres tendem a viver mais tempo do que os homens, independentementedo pas onde vivem (mais ou menos desenvolvido) e da faixa etria em que se

    encontram (morrem sempre mais homens, independentemente da idade).

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    Os homens encontram-se expostos a mais situaes de risco (especialmente em

    termos de trabalho, por exemplo, em minas, pesca e construo), e possuem uma

    maior tendncia para adotar comportamentos de risco (por exemplo: beber lcool em

    excesso, conduzir em excesso de velocidade, uso de drogas ilegais, etc.).

    Muitas doenas crnicas e/ou incapacitantes afetam mais mulheres que homens.

    Doenas coronrias nas mulheres podem estar relacionadas com uso da pilula

    contracetiva. No entanto, os homens tendem mais a sofrer de obesidade e excesso de

    peso do que as mulheres.

    As mulheres usam mais os servios de sade (mais cedo e mais frequentemente)

    do que os homens. Estes tendem a adiar uma eventual consulta, da que quando

    decidem consultar um mdico j se encontram numa fase avanada da doena e com

    um agravamento acentuado dos sintomas.

    O ndice de hospitalizao mais elevado para homens do que para mulheres

    (excepto para casos de ginecologia e maternidade). No entanto, no caso de idosos, so

    mais as mulheres que se encontram hospitalizadas, o que expectvel, tendo em

    conta a sua esperana mdia de vida superior.

    Os esteretipos criados pela sociedade fazem com que estar doente seja maisaceitvel caso se trate de uma mulher. Tambm o modo como os mdicos encaram

    uma patologia parece variar consoante o gnero do paciente, sendo que geralmente

    os problemas dos homens so vistos como estando relacionados com o que eles fazem

    e os das mulheres com aquilo que elas so. Por exemplo, um homem que se queixe de

    dores nas costas normalmente levado mais a srio, j que visto como algo que

    advm da realizao de trabalhos pesados. Contrariamente, se o paciente for uma

    mulher, este problema ser visto como algo que faz parte da sua condio ginecolgica

    geral.

    2.8.ADIES (VCIOS)

    Dependncia de lcool e drogas est associada a desvantagens econmicas e

    sociais

    Causam tambm mais violncia e desagregao familiar e social e levam a vrias

    doenas.

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    2.9.DESIGUALDADES E SADE (SEGUNDO WILKINSON)

    Estudos

    Aps testes realizados em macacos, descobriu-se que macacos de estratos

    hierrquicos inferiores possuam altos nveis da hormona do stress, o cortisol, que leva

    aterosclerose.

    Quando macacos de estatuto elevado so postos todos juntos e macacos de baixo

    estatuto so postos numa jaula parte, as regras da hierarquia mudavam.

    Quando alguns dos macacos que anteriormente tinham um estatuto elevado se

    tornavam subordinados, comeavam a desenvolver os mesmos sintomas fsicos,

    incluindo um aumento de aterosclerose cinco vezes superior ao inicial, num perodo

    inferior a dois anos.

    Entretanto, alguns dos macacos de baixo estatuto que de repente se viam numa

    posio dominante, diminuam drasticamente os seus nveis de cortisol.

    Concluses

    As pessoas so iguais. O estatuto social e o respeito so muito importantes, e o

    dano psicolgico derivado de se estar no fundo da pirmide social incapacitante.

    Um questionrio realizado a empregados civis do White Hall revelou que ranks

    mais baixos (junior ranks) tinham uma probabilidade trs vezes maior de vir a falecer

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    no espao de um ano do que empregados de ranks mais elevados (senior ranks),

    ocorrendo uma gradao do topo para a base de acordo com o estatuto. Se se

    descobrisse que num escritrio estivessem a ocorrer trs vezes mais mortes do que

    noutro ao lado, o primeiro seria imediatamente evacuado. Ainda assim, o ambiente

    social pode comparar-se a amianto (mineral txico que se infiltrava nas paredes das

    casas e que matava os seus ocupantes sem estes o saberem).

    O ambiente social pode ser mais txico do que qualquer poluente. Um baixo

    estatuto e falta de controlo sobre a vida de uma pessoa podem ser destruidores.

    IIIOrganizao dos Servios de Sade

    1.DECLARAOALMA-ATA

    Sade para todos no ano 2000.

    Conferncia Internacional sobre Cuidados de Sade Primrios;

    Visa as desigualdades entre pases desenvolvidos e em desenvolvimento, e entre

    regies desfavorecidas;

    Procura responder s necessidades e problemas de sade mais prevalentes:

    doenas infecto-contagiosas (endmicas); desnutrio/fome; mortalidade materno-

    infantil;

    Ao sector da sade compete, principalmente, a prestao de cuidados primrios

    (preveno, cura, reabilitao), interveno na comunidade e educao para a sade

    (para preveno e controlo de problemas de sade mais prevalentes)

    Os elementos chave so os cuidados primrios de sade (CPS):

    Assistncia continuada

    Acesso universal

    Proteo das comunidades (fonte de autoconfiana)

    Proximidade aos locais onde vivem e trabalham

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    Reflectem as condies do pas

    Declarao Alma-Ata:

    A sade como direito humano fundamental.

    2.CUIDADOS DE SADE

    2.1. Cuidados primrios

    o primeiro nvel de contacto dos indivduos, da famlia e da

    comunidade com o sistema nacional de sade, levando a ateno

    sade o mais prximo possvel do local onde as pessoas vivem e

    trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de

    ateno continuada sade. (Declarao de Alma-Ata)

    Os cuidados primrios de sade (CPS) tm em vista os problemas da comunidade e

    proporcionam meios de promoo, preveno, cura e reabilitao.

    Os CPS incluem:

    Educao

    Preveno e controlo de doenas

    Promoo de nutrio

    Proviso de gua e saneamento bsico

    Cuidados materno-infantis

    Planeamento familiar

    Imunizao contra as principais doenas infecciosas

    Preveno e controlo de doenas endmicas

    Tratamento adequado de doenas e leses comuns

    Fornecimento de medicamentos essenciais

    Principais caractersticas dos CPS:

    Porta de entrada do servio

    o Espera-se que os CPS sejam acessveis a toda a populao

    o

    o primeiro recurso a que se recorre

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    o Constitui o primeiro contacto da medicina com o doente

    Continuidade do cuidado

    o Pessoa mantm o vnculo com o servio

    o

    Ao surgir um novo problema o atendimento mais eficiente

    Integralidade/Abrangncia

    o Os CPS so responsveis por todos os problemas de sade

    o Integralidade tambm abrangncia pois os CPS no se limitam apenas

    ao corpo biolgico mas tambm situao psicolgica, familiar e social.

    o CPS incluem visitas domicilirias

    o Reunies com a comunidade

    Coordenao do cuidado

    o Os CPS organizam, integram e coordenam os cuidados mesmo, mesmo

    quando parte deles tem lugar em nveis superiores de atendimento.

    o Dilogo entre os profissionais das diferentes especialidades

    2.2. Cuidados hospitalares

    Servio de Internamento

    Hospital de dia

    Um hospital de dia um servio de sade em que o doente recebe as teraputicas

    necessrias sem sair de seu ambiente familiar. O doente admitido por um perodo de

    horas determinadas (8, 12, etc.) para receber os tratamentos. Aps o atendimento o

    paciente retorna para casa.

    Doenas que podem ser tratadas num hospital de dia: Distrbios alimentares (anorexia e bulimia, por exemplo)

    Certas doenas psiquitricas

    Doenas do envelhecimento

    Tratamentos oncolgicos

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    Consulta externa

    So consultas, de diferentes especialidades, em que se tratam e acompanham os

    doentes que no necessitem de ficar internados.

    O acesso s consultas externas faz-se atravs do mdico de famlia ou do prprio

    hospital. Por exemplo, no caso de ser atendido num Servio de Urgncia Hospitalar,

    poder ser enviado, pelo mdico que o atendeu, Consulta Externa desse Hospital,

    caso a sua situao clnica o justifique.

    Servio de Urgncia

    O que uma situao de urgncia?

    toda a situao em que a demora de diagnstico, ou de tratamento, pode trazer

    grave risco ou prejuzo para a vtima, como nos casos de traumatismos graves,

    intoxicaes agudas, queimaduras, crises cardacas ou respiratrias.

    Algumas urgncias, pela extrema gravidade da situao, ou porque implicam o uso

    de telecomunicaes ou o transporte especial do doente, so consideradas como

    emergncias mdicas.

    Posso ir directamente ao servio de urgncia de um Hospital?

    S nas situaes de risco de vida ou de emergncia. Nas restantes situaes dever

    procurar o servio de atendimento permanente, ou urgente, do Centro de Sade da

    rea da ocorrncia.

    Muitos Centros de Sade tm servio de atendimento permanente em horrio

    alargado.

    S em situaes graves dever recorrer ao servio de urgncia hospitalar.

    2.3. Cuidados continuados

    So cuidados de convalescena (recuperao) e reintegrao de doentes crnicos e

    pessoas em situao de dependncia.

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    Estas intervenes integradas de sade e apoio social visam a recuperao global,

    promovendo a autonomia e melhorando a funcionalidade da pessoa dependente,

    atravs da sua reabilitao, readaptao e reinsero familiar e social.

    Os destinatrios dos cuidados continuados integrados incluem todos os cidados

    que deles necessitem, nomeadamente:

    Pessoas de todas as idades com dependncia funcional;

    Pessoas com doena crnica;

    Pessoas com doena incurvel em estado avanado e em fase final de vida.

    3.UNIDADES DE INTERNAMENTO

    3.1. Unidades de convalescena

    A unidade de convalescena uma unidade de internamento, independente, integrada

    num hospital de agudos ou noutra instituio que se articulada com um hospital de agudos,

    para prestar tratamento e superviso clnica, continuada e intensiva, e para cuidados clnicos

    de reabilitao, na sequncia de internamento hospitalar originado por situao clnica aguda,

    recorrncia ou descompensao de processo crnico.

    (art. 13. do Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de Junho)

    Finalidade

    A unidade de convalescena tem por finalidade a estabilizao clnica e funcional, a

    avaliao e reabilitao integral da pessoa com perda transitria de autonomia

    potencialmente recupervel e que no necessita de cuidados hospitalares de agudos.

    Objetivos

    Pretende-se, com este tipo de unidades, responder a necessidades transitrias,

    visando maximizar os ganhos em sade:

    Promover a reabilitao e a independncia dos utentes;

    Contribuir para a gesto das altas dos hospitais de agudos;

    Evitar a permanncia desnecessria nos servios dos hospitais de agudos;

    Otimizar a utilizao de unidades de internamento de mdia e longa durao.

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    Caracterizao

    Destina-se ao tratamento de situaes ps-agudas, com necessidade de

    recuperao intensiva, nomeadamente no mbito da reabilitao da pessoa, na

    sequncia de internamento hospitalar ou agudizao de doena crnica cujo

    tratamento no exija recursos de um hospital de agudos.

    A unidade de convalescena destina-se a internamentos com previsibilidade

    at 30 dias consecutivos.

    A unidade de convalescena pode estar situada em rea adjacente a um

    hospital de agudos, de forma a estabelecer complementaridade na utilizao

    de componentes logsticos, teraputicos e diagnsticos.

    Pode coexistir com a unidade de internamento de mdia durao e

    reabilitao.

    Destinatrios

    Os utentes das unidades de convalescena so maioritariamente doentes

    dependentes e a necessitar de componente de reabilitao intensiva.

    So, na sua grande maioria, doentes oriundos de servios de Medicina Interna, deOncologia, de Cirurgia, de Ortopedia/Traumatologia, de Neurologia.

    3.2. Unidades de mdia durao e reabilitao

    A unidade de mdia durao e reabilitao uma unidade de internamento, com

    espao fsico prprio, articulada com o hospital de agudos para a prestao de

    cuidados clnicos, de reabilitao e apoio psicossocial, por situao clnica decorrente

    de recuperao de um processo agudo ou descompensao de processo patolgico

    crnico, a pessoas com perda transitria de autonomia potencialmente recupervel.

    (art. 13 do D.L. 101/2006 de 6 de Junho)

    Finalidade

    A unidade de mdia durao e reabilitao tem por finalidade a estabilizao

    clnica, a avaliao e a reabilitao integral da pessoa que se encontre na situao

    prevista no nmero anterior.

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    Objetivos

    Pretende-se, com este tipo de unidades, responder a necessidades transitrias,

    visando maximizar os ganhos em sade e:

    Evitar permanncias desnecessrias em hospitais de agudos;

    Contribuir para a gesto das altas dos hospitais de agudos;

    Reduzir a utilizao desnecessria de unidades de internamento de

    convalescena e de longa durao;

    Promover a reabilitao e a independncia dos utentes.

    Caracterizao

    A unidade de mdia durao e reabilitao uma unidade de internamento, com

    espao fsico prprio, que presta cuidados clnicos, de reabilitao e apoio psicossocial,

    por situao clnica decorrente de recuperao de um processo agudo ou

    descompensao de processo patolgico crnico, a pessoas com perda transitria de

    autonomia potencialmente recupervel.

    O perodo de internamento na unidade de mdia durao e reabilitao tem uma

    previsibilidade superior a 30 dias e inferior a 90 dias consecutivos, por cada admisso.

    Destinatrios

    Os utilizadores das unidades de mdia durao e reabilitao so doentes

    oriundos de outras respostas da Rede, de instituies de sade ou de

    solidariedade e segurana social ou, ainda, do domiclio, que caream de

    cuidados integrados em regime de internamento, mas no de cuidadostecnologicamente diferenciados.

    Podem, ainda, existir unidades de mdia durao e reabilitao, com

    caractersticas prprias, destinadas a grupos especficos de doentes. O regime

    de unidade de dia destina-se a pessoas em situao de dependncia, cujas

    condies clnicas e scio-familiares lhes permitem a permanncia no domiclio,

    mediante a prestao de cuidados em regime de dia.

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    3.3. Unidades de longa durao e manuteno

    "A unidade de longa durao e manuteno uma unidade de internamento, de

    carcter temporrio ou permanente, com espao fsico prprio, para prestar apoio

    social e cuidados de sade de manuteno a pessoas com doenas ou processos

    crnicos, com diferentes nveis de dependncia e que no renam condies para

    serem cuidadas no domiclio."

    (art. 13. do Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de Junho)

    Finalidade

    A Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno tem por finalidade

    proporcionar cuidados que previnam e retardem o agravamento da situao de

    dependncia, favorecendo o conforto e a qualidade de vida, por um perodo de

    internamento superior a 90 dias consecutivos.

    A unidade de longa durao e manuteno pode proporcionar o internamento, por

    perodo inferior ao previsto no nmero anterior, em situaes temporrias,

    decorrentes de dificuldades de apoio familiar ou necessidade de descanso do principal

    cuidador, at 90 dias por ano.

    Objetivos

    Pretende-se, com este tipo de unidades, responder a necessidades sociais e de

    sade, visando maximizar a manuteno de aptides para atividades de vida diria:

    Facilitar a gesto das altas dos hospitais de agudos;

    Promover a autonomia e a satisfao de necessidades sociais dos doentes.

    Caracterizao

    A Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno uma unidade

    de internamento, com espao fsico prprio, articulada com o hospital de

    agudos ou outra entidade referenciadora para a prestao de cuidados

    integrados, de reabilitao e manuteno.

    O perodo de internamento de internamento de longa durao e manuteno

    tem uma previsibilidade superior a 90 dias, por cada admisso.

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    A Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno pode coexistir

    com a unidade de internamento de mdia durao.

    A Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno pode funcionar

    tambm em regime de unidade de dia, articulando-se com as equipas mveis

    existentes na respectiva rea geogrfica.

    Destinatrios

    Os utilizadores das unidades de internamento de longa durao e manuteno so

    doentes que, pela sua situao de dependncia, por razes de doena ou de patologias

    associadas idade necessitam de Cuidados Continuados Integrados.

    Os doentes so oriundos de outras respostas da Rede, de instituies de sade ou

    de solidariedade e segurana social ou, ainda, do domiclio.

    O regime de unidade de dia, destina-se a pessoas em situao de dependncia,

    cujas condies clnicas e scio-familiares lhes permitem a permanncia no domiclio,

    mediante a prestao de cuidados em regime de dia.

    3.4. Unidades de cuidados paliativos

    A Unidade de Cuidados Paliativos uma unidade de internamento, com espao

    fsico prprio, preferencialmente localizada num hospital, para acompanhamento,

    tratamento e superviso clnica a doentes em situao clnica complexa e de

    sofrimento decorrentes de doena severa e/ou avanada, incurvel e progressiva, nos

    termos do consignado no Programa Nacional de Cuidados Paliativos do Plano Nacional

    de Sade.

    Presta acompanhamento, tratamento e superviso clnica de doentes em situao

    clnica complexa e de sofrimento decorrente de doena severa e/ou avanada,

    incurvel e progressiva

    (n. 1 do Art. 19. do Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de Junho).

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    4.UNIDADES DEAMBULATRIO

    Unidades de Dia e Promoo da Autonomia

    Prestam cuidados integrados de suporte, de promoo de autonomia e apoio social,em regime ambulatrio, a pessoas com diferentes nveis de dependncia que no

    renam condies para ser cuidadas no domiclio.

    (n. 1 do Art. 21. do Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de Junho)

    5.EQUIPAS DOMICILIRIAS

    5.1. Equipas de Cuidados Continuados Integrados

    Equipa multidisciplinar da responsabilidade dos cuidados de sade primrios e das

    entidades de apoio social, que presta servios domicilirios, a pessoas em situao de

    dependncia funcional, doena terminal ou em processo de convalescena, cuja

    situao no requer internamento, mas que no podem deslocar-se do domiclio.

    (n. 1 do Art. 27. do Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de Junho)

    5.2. Equipas Comunitrias de Suporte em Cuidados Paliativos

    Equipa multidisciplinar que presta apoio e aconselhamento diferenciado em

    cuidados paliativos (n. 2 do Art. 29. do Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de Junho).

    6.CUIDADOS DE SADE EM PORTUGAL AT AOS ANOS 70

    Misericrdias

    Servios mdico-sociais (Caixas de Previdncias)

    Servios de sade pblica

    Hospitais pblicos (gerais e especializados)

    Servios privados

    7.REFORMA DE 1971

    Reconhecimento do direito sade pela primeira vez

    Centros de sade e hospitais

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    O governo passa a dirigir polticas de sade atravs da Direco Geral da Sade

    e da Direco Geral dos Hospitais

    8.APS 25DEABRIL DE 1974

    Princpios da universalidade e gratuitidade

    Desenvolvimento dos cuidados primrios e da carreira de clnica geral

    Aumento muito significativo da cobertura da populao (aumento de 100%

    entre 1974 e 1978)

    Aumento dos gastos em sade

    Melhoria dos indicadores de sade

    10.OSISTEMA ACTUAL

    um sistema misto, com diferentes modelos de financiamento:

    O servio nacional de sade pago pelo oramento de estado (cerca de 55% do

    total dos gastos)

    Servios pagos por seguro social financiado por fundos profissionais (Bancrios,ADSE)

    Servios pagos por seguros voluntrios

    Servios privados de sade

    11.ORGANIZAO E FINANCIAMENTO DOS SISTEMAS DE SADE

    A organizao dos cuidados de sade e os fundos que estes recebem afetam quer

    os pacientes quer os profissionais da rea. Os mdicos, como profissionais de sade,

    podem ver as suas aes restringidas devido forma como o sistema de sade a que

    pertencem est organizado, ou sentir que o acesso dos seus pacientes a determinados

    exames ou intervenes mais caros bastante restrito.

    Sistemas de sade de todo o mundo parecem estar a atravessar uma crise de

    fundos. A questo principal a gerncia dos recursos escassos que existem. Deixa de

    ser uma questo meramente monetria para se tornar numa questo poltica de

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    tomadas de deciso e estabelecimento de prioridades. Para que haja uma melhor

    compreenso deste problema, necessrio olhar para os desenvolvimentos histricos

    e para o processo poltico de tomadas de deciso inerente.

    Apresentam-se de seguida 3 exemplos de diferentes sistemas de sade que

    representam as 3 formas mais importantes de organizao e financiamento de

    sistemas de sade:

    Reino Unido

    Sistema de sade gerido pelo estado e financiado pelos impostos.

    Gratuito para todos os cidados, excepo de alguns servios (check-upsdentrios, por exemplo) e pequenas taxas na aquisio de medicamentos.

    Gastos na sadeper capita: US$ 2428

    Percentagem do PNB usada em servios de sade: 8,0%

    EUA

    Sistema de sade sobretudo privado e baseado em seguros de sade.

    10% da populao no se encontra abrangida.

    Gastos na sadeper capita: US$ 5711

    Percentagem do PNB usada em servios de sade: 15,2%

    Alemanha

    Sistema de seguros de sade com um sistema de sade baseado no mercado

    (seguros de sade financiados por fundos profissionais).

    Todos os cidados esto abrangidos, mas tm de pagar pequenas taxas

    sempre que usam os servios.

    Gastos na sadeper capita: US$ 3204

    Percentagem do PNB usada em servios de sade: 11,1%

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    Vantagens

    Os sistemas de sade alemo e britnico tm inmeras semelhanas enquanto

    sistemas universais e compreensivos, sendo que os dois so mais semelhantes entre sido que cada um deles com o sistema de sade dos EUA. Desta forma, o sistema

    coletivo europeu ser comparado com o sistema privado americano.

    Algumas das questes listadas acima so polticas enquanto outras so claramente

    mdicas. Por exemplo, a primeira vantagem obviamente poltica: expressa ideais de

    uma cidadania partilhada e melhora a coeso social na sociedade. A questo de que

    cuidados de sade gratuitos levam a queixas triviais tem um impacto direto no

    mdico. Se os cuidados de sade so gratuitos para os pacientes, de esperar que

    mais pessoas os queiram utilizar para queixas de importncia relativamente menor.

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    A lista acima apresenta algumas das vantagens e desvantagens dos sistemas de

    sade privados. Por exemplo, na primeira vantagem listada (cidadania/escolha

    liberal), cidados americanos tm a liberdade de escolher os seus cuidados de sade;

    podem decidir-se por um seguro que inclua tudo ou um que inclua apenas tratamentohospitalar. O estado no lhes diz o que devem fazer, sendo este um forte argumento

    poltico para este tipo de sistema de sade. A primeira desvantagem (escolha apenas

    para quem pode pagar) refere-se ao facto de muitos americanos no terem acesso

    aos cuidados de sade adequados, pelo que no tm sequer uma escolha. Nos EUA,

    apenas aqueles com dinheiro suficiente ou um bom esquema de seguro de sade

    podem comprar os melhores cuidados mdicos disponveis. Consequentemente,

    pessoas com um seguro de sade com boa cobertura vo ter pouco incentivo para

    procurarem preos mais baixos para cuidados de sade. Esta uma das razes pela

    qual este sistema de sade to caro. Finalmente, uma questo que diz diretamente

    respeito aos mdicos at que ponto os pacientes no tm escolha. Por exemplo, um

    paciente com uma dor nas costas pode optar por fisioterapia, quiroprtica, ou

    medicamentos. No entanto, esta escolha no completamente livre, j que a maioria

    dos pacientes incapaz de julgar a qualidade e a utilidade dos servios disponveis.

    Para alm do mais, o aumento de queixas e litgios por parte de pacientes indica que

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    estes no se encontram satisfeitos com os servios prestados. Contudo, este no um

    problema exclusivo da medicina privada, j que o nmero de queixas e de casos

    levados a tribunal tambm tm vindo a aumentar no Reino Unido.

    IV-Relao Mdico-Doente

    1.PRTICA CLNICA

    Diferentes lgicas da prtica mdica

    Lgica de tratamento O principal objectivo curar a doena ou diminuir os

    seus sintomas;

    Lgica de cuidadosO principal objectivo acompanhar e apoiar o doente no

    que se refere no s aos sintomas da doena mas tambm ao sofrimento e s

    dificuldades a ela associadas;

    Lgica de empowermentO principal objectivo contribuir para valorizar o

    papel do doente e estabelecer uma aliana com este no manejo da doena.

    Componentes da avaliao mdica

    Compreenso clnica;

    Compreenso psicolgica:

    Preocupaes e queixas relacionadas com os problemas de sade;

    Expectativas (Alvio dos sintomas, benefcios secundrios);

    Tipo de personalidade (forma pessoal de viver os problemas de sade e

    de se relacionar com os mdicos).

    Compreenso situacional:

    Matriz familiar Estrutura, organizao e princpios de funcionamento

    do grupo familiar;

    Matriz scio-cultural Estrutura, organizao, princpios de

    funcionamento e aspectos culturais da sociedade;

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    Matriz teraputica Estrutura, organizao e princpios de

    funcionamento dos servios de sade.

    Capacidades requeridas ao mdico

    Escuta activa*1

    ;

    Empatia*2

    ;

    Compreenso dos fenmenos transferenciais*3

    e contra-transferenciais*4

    ;

    Compresso do valor da queixa: A queixa importante porque uma forma de

    comunicar os sintomas e o sofrimento e de estabelecer o vnculo seguro com o

    mdico;

    Comunicar e facilitar a comunicao.

    ____________________________________________________________________

    *1 - Escuta activa: Tcnica de comunicao em que, num dilogo, o ouvinte comea porinterpretar e compreender a mensagem que recebe, assegurando que compreende

    totalmente o significado desta. Isto importante uma vez que boa parte da informao deuma conversa no chega correctamente ou mal interpretada pelo ouvinte.Ex. Pedir esclarecimentos, confirmar atravs de perguntas, analisar a linguagem no-verbal.

    *2 - Empatia:

    *3 - Transferncia: Deslocamento inconsciente de algum tipo de sentimentos do doente parao mdico.

    Ex.Um doente idoso ir transferir para o mdico sentimentos que experiencia relativamente aum filho ou neto.

    O mdico compreende o que o doente experimenta porque, momentaneamente, se pode identificar

    com ele, ou seja, a compreenso do mdico no se baseia em algo que se passa de fora para

    dentro, como se ele fosse um mero observador, mas sim na sua capacidade de se colocar na pele

    do doente e de o tentar conhecer melhor, recorrendo ao conhecimento que tem de si prprio.

    Caldas de Almeida (1994)

    Envolve a tentativa de adopo transitria das crenas e valores do doente a fim de compreender

    as suas experincias, assim como a comunicao (ex.: por reflexo) do que supostamente se

    compreendeu

    Eduardo L. Corteso

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    *4 - Contra-transferncia:O mesmo que transferncia, mas do mdico para o doente.Apesar de ser um acto inconsciente, o mdico deve ter a racionalidade de perceber o que

    est a acontecer e manejar os sentimentos para contornar a situao ou passar o caso paraoutro mdico.

    Ex.O mdico transfere para o doente ideias que tem relativamente a uma outra pessoa,como um familiar que teve a mesma doena.

    Componentes de ajuda e psicoterapia da relao mdico-doente

    Ajuda e aconselhamento O mdico pode ajudar o doente dando-lhe

    informao relevante sobre problemas de sade e sugerindo formas de resolver estes

    problemasao:

    Respeitar os sentimentos e os valores do doente;

    Ajudar a reformular o problema e a compreender o que est em jogo;

    Ajudar a encontrar a soluo em vez de dar a soluo.

    Psicoterapia O mdico pode obter efeitos teraputicos atravs dos efeitos

    psicolgicos resultantes da interaco verbal e emocional permitida pela relao

    mdico-doente. As percias psicoteraputicas bsicas so:

    Compreenso emptica;

    Compreenso das experincias ameaadoras;

    Tranquilizao;

    Orientao;

    Aconselhamento;

    Elaborao psquica das experincias.

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    2.RELAO MDICO-DOENTE

    Tipos de relao mdico-doente

    Paternalista At recentemente, foi o tipo de relao mais observada. O

    mdico faz perguntas de resposta fechada de modo a chegar concluso do

    diagnstico ou dos possveis diagnsticos, decidindo o tratamento a ser realizado sem

    questionar a opinio do doente. O processo mais tcnico e centrado nos

    sintomas/problemas que o paciente apresenta. Como consequncia, o doente pode

    no seguir o tratamento se no concordar com o mesmo ou se apresentar dvidas em

    relao a este;

    Equilibrada Est a tornar-se cada vez mais comum. Assenta nos seguintes

    tpicos:

    Explorar a principal razo da visita do paciente, as suas preocupaes e

    necessidades de informao;

    Encarar o paciente como um todo, tendo em conta as suas necessidades

    emocionais e os seus problemas de vida;

    Chegar a um acordo em relao ao diagnstico e forma de lidar com

    ele;

    Realar a preveno e a promoo da sade;

    Realar a possvel continuidade da relao entre o paciente e o mdico.

    Por vezes, os pacientes sentem-se intimidados pelos mdicos e relutantes em

    responder a questes, mencionar ansiedades ou acrescentar outros assuntos por

    considerarem inapropriados, parvos ou tempo perdido. Estas pequenas ansiedades

    podem, inclusive, tornar-se mais srias e evoluir para problemas de sade mental.

    Uma relao equilibrada continua a envolver a elaborao de uma histria clnica

    mas difere da relao paternalista no sentido em que tambm considera a autonomia,

    o conhecimento, as crenas, as preocupaes e expectativas do doente. Tem,

    portanto, uma abordagem centrada na pessoa doente. Deste modo, quando as crenas

    ou expectativas do paciente so inapropriadas, o mdico deve explica-lo tendo em

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    conta a sua escolaridade e de modo a que este no se sinta mal ou adquira uma

    posio defensiva.

    Nem todos os estudos consideram que haja uma associao positiva entre uma

    abordagem centrada na pessoa doente e a eficcia clnica. Contudo, este tipo de

    relao est associado a:

    Menor prescrio de medicamentos;

    Mais conselhos em relao ao estilo de vida e promoo de hbitos

    saudveis;

    Melhor reconhecimento e forma de lidar com os problemas psicolgicos e

    sociais;

    Melhor recuperao do doente;

    Melhor cuidado mdico no caso de algumas doenas crnicas;

    Maior satisfao do paciente.

    Consumista caracterizada pelo facto dos doentes procurarem o seu

    estabelecimento de cuidados de sade preferido, havendo uma investigao e disputa

    prvias;

    Deficitria caracterizada por baixos nveis de compatibilidade entre o mdico

    e o paciente. Pode ser observada quando o mdico no consegue encontrar nenhum

    problema orgnico no paciente para explicar os seus sintomas, havendo um risco

    considervel de o paciente entrar num ciclo de investigao e tratamento.

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    3.COMUNICAO ENTRE O MDICO E O DOENTE DURANTE A CONSULTA

    Um mdico deve integrar 4 componentes para ter uma consulta bem-sucedida:

    Conhecimento clnico; Resoluo de problemas;

    Exame fsico;

    Capacidade de comunicao.

    Em relao capacidade de comunicao, esta importante em diversas etapas da

    consulta:

    Construir uma relao com o paciente;

    Recolher informaes e elaborar a histria clnica (ter em conta no s os

    factos mas tambm a perspectiva do doente em relao sua doena e condies

    socio-econmicas relevantes);

    Informar o paciente;

    Realizar as etapas anteriores de forma coerente e lgica, o que bastante

    importante no caso de haver pouco tempo.

    A falta de comunicao entre o mdico e o paciente pode aumentar o risco de:

    Falha na identificao do principal motivo da consulta;

    Pouca adeso ao tratamento, que, por sua vez, est associada ao aumento

    da mortalidade;

    Insatisfao e queixas do paciente.

    Factores que afectam a comunicao entre o mdico e o doente:

    Preparao e planeamento:

    Ler a informao sobre o paciente antes de o ver;

    Remover barreiras fsicas que impeam o contacto visual com o

    paciente;

    Obter privacidade para que o doente se sinta vontade para falar;

    Tentar no ser interrompido, principalmente se se tiver a dar ms

    notcias ou a falar de um assunto delicado.

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    Comunicao no-verbal:

    A primeira impresso muito importante, deve-se ter em conta a nossa

    linguagem corporal, roupa e maneiras;

    Sentar-se a uma distncia confortvel quando se comunica com o

    doente (esta varia de cultura para cultura);

    Apresentar uma postura erecta mas relaxada;

    Haver contacto visual;

    Apresentar expresses faciais de interesse, compaixo ou compreenso

    e no de vergonha ou desentendimento;

    Assentir com a cabea demonstra compreenso e encorajamento para

    se dizer mais. Porm, tambm pode ser interpretado como impacincia;

    Toque:

    o Facilitador: Estabelece uma relao amigvel com o paciente

    atravs de um aperto-de-mo, por exemplo;

    o Funcional: Atravs do exame fsico;

    o Teraputico: Tocar um paciente stressado na mo para o consolar;

    Aspectos paralingusticos: Aspectos no-verbais que acompanham a

    comunicao verbal. Permite-nos extrair significado de um discurso para alm do seu

    contedo literal.

    Ex.Tom e volume de voz, ritmo da fala, pausas utilizadas na pronncia

    verbal.

    Dar tempo para que o paciente pense na sua resposta e responda s

    questes.

    Comunicao verbal: Numa consulta, o mdico faz vrias questes. Estas

    podem ser agrupadas em 3 grupos de tipologia e devem ser feitas pela seguinte

    ordem:

    1. Questes iniciaisEncoraja o paciente a contar o motivo da sua visita.

    importante no interromper precocemente;

    2. Questes abertas So teis para encorajar o paciente a explicar os

    seus problemas, a dar a sua opinio, mostrar os seus sentimentos e informar sobre as

    suas crenas. importante que o mdico no demonstre o seu ponto de vista em

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    relao religio ou orientao sexual do paciente, por exemplo, para no influenciar

    a relao mdico-doente ou prejudicar o tratamento do paciente.

    3. Questes fechadas Limitam o paciente a respostas monossilbicas.

    So teis para obter ou clarificar detalhes.

    No se deve perguntar vrias coisas de uma vez para no confundir o

    paciente.

    Dar informaes/diagnsticos:

    Perceber o que o doente j sabe sobre o seu problema, de forma a

    orientar o discurso e a corrigir mal-entendidos;

    Perguntar se o paciente gostaria de aprofundar algum assunto;

    Explicar previamente os procedimentos mdicos que iro ser realizados

    e explicar os resultados dos exames, o diagnstico e as opes de tratamento;

    Dar a informao por etapas e dar tempo entre elas para que o paciente

    tire as suas dvidas;

    Evitar a utilizao ou explicar o significado das palavras complexas;

    Repetir ou salientar as palavras-chave;

    Recorrer a exemplos ou diagramas e escrever os pontos-chave num

    papel para que o paciente o possa levar;

    Dar conselhos especficos;

    Obter um feedback.

    Terminar a consulta

    No fim da consulta deve-se fazer um resumo da informao obtida para se

    certificar de que no houve erros de interpretao ou informao por dizer. Deve-se

    tambm perguntar ao paciente se h algo mais que possamos fazer por ele. Esta etapa

    demonstra ao paciente que este foi ouvido durante a consulta.

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    4.AEXPERINCIA DOS HOSPITAIS

    Carga negativa do hospital

    Antigamente, havia um grande risco de mortalidade hospitalar, pelo que era bvio

    os hospitais terem uma conotao negativa.

    Actualmente, os hospitais tm um aspecto bastante diferente pois apresentam

    melhores condies, mdicos mais qualificados e servios destinados aos doentes,

    seus familiares e staff (cafs, restaurantes, venda de jornais e revistas, etc.). No

    entanto, o paciente ainda se pode sentir desconfortvel por:

    Achar que apenas a sua doena tida em conta;

    Achar que os mdicos e enfermeiros falam dele como se ele no estivesse

    presente e que tm expectativas em relao a ele (ex. Mover partes do seu corpo

    quando pedido, sentir dor em alguma zona ou conseguir responder a questes

    triviais);

    Sentir falta de liberdade, uma vez que tem que usar roupas de noite durante

    o dia, est dependente dos outros e tem pouca ou nenhuma flexibilidade no horrio

    das refeies e das visitas;

    No sentir que controla as situaes;

    Sentir que tem privacidade a mais ou a menos;

    Sentir-se preocupado em relao aos procedimentos mdicos ou cirrgicos

    que lhe sero realizados e, eventualmente, pela participao no ensino.

    Tipologia dos doentes

    Os pacientes podem ser vistos como bons doentes ou maus doentes pelo staff

    hospitalar consoante obedeam s regras, no faam exigncias, no questionem os

    procedimentos e no se queixem da dor.

    Contudo, os bons doentespodem ser prejudicados no sentido em que podem no

    transmitir sintomas clnicos importantes ou no fazer questes relevantes.

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    Em termos de ansiedade, existem 3 tipos de pacientes:

    Tm medo de uma grande complicao, sentem-se vulnerveis e tm

    dificuldades em dormir;

    Apresentam nveis moderados de ansiedade, mas pedem informao sobre

    os procedimentos;

    No esto preocupados com o procedimento, dormem bem e negam sentir-

    se assustados.

    Geralmente, quanto mais informaes forem dadas ao paciente sobre um

    procedimento, menor ser a sua preocupao em relao a este e melhor ser a suarecuperao aps o mesmo.

    Em relao tipologia do quarto onde se encontra, o paciente tambm poder

    apresentar diferentes sentimentos:

    Unidades em isolamento e quarentena: O doente isolado pode sentir

    culpa, raiva e preocupao em relao ao bem-estar dos familiares e amigos que esto

    em quarentena;

    Quarto individual: Os pacientes tm maior controlo sobre as suas

    actividades;

    Quarto mltiplo: Apesar de no terem muita privacidade, pode ser um

    espao mais acolhedor.

    Controlo da situao

    A sensao de perder o controlo desagradvel. Segundo Taylor, existem 4 tipos

    de controlo:

    Controlo do comportamento:Capacidade de influenciar os procedimentos de

    alguma forma.

    Ex. Poder impedir o progresso de um procedimento doloroso reduz a

    ansiedade;

  • 7/25/2019 Sebenta de Intromed (Verso Actualizada)

    47/47

    Introduo Medicina

    2011/2012

    Controlo da cognio: Distrair o paciente fazendo com que este pense em

    factos irrelevantes/neutros ou que se concentre nos aspectos positivos durante o

    procedimento.

    Ex.Fazer perguntas sobre os gostos da criana enquanto esta leva uma vacina;

    Controlo da tomada de deciso:Se o paciente puder escolher quando realizar

    o procedimento doloroso, sentir menos desconforto durante o mesmo;

    Controlo de informao: Frequentemente assume-se que quanto mais

    informao o paciente recebe, melhor ser para ele, mas nem sempre isso verdade.

    O medicamento de longe mais frequentemente utilizado em clnica geral o prprio

    mdico

    Balint (1957) in The doctor, his patient and the ilness