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abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 67 - Maio/2007 Distribuição Gratuita Destaques: Destaques: Joana D’Arc Índios - Nosso Passado, Nosso Presente Índios - Nosso Passado, Nosso Presente Por que Evangelizar? Por que Evangelizar? Repreender e Divulgar o Mal Repreender e Divulgar o Mal

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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 67 - Maio/2007Distribuição Gratuita

Destaques:Destaques:

Joana D’Arc

Índios - Nosso Passado, Nosso PresenteÍndios - Nosso Passado, Nosso Presente

Por que Evangelizar?Por que Evangelizar?Repreender e Divulgar o MalRepreender e Divulgar o Mal

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EditorialSeareiro

SeareiroSeareiro2

editorial

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Direção e Redação

Endereço para correspondência

Conselho Editorial

Jornalista Responsável

Diagramação e Arte

Impressão

Tiragem

Ano VIII - nº 67 - Maio/2007Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal,destinada a expandir a divulgação dadout r ina espí r i ta e manter ointercâmbio entre os interessados emâmbito mundial. Ninguém estáautorizado a arrecadar materiais emnosso nome a qualquer título.Conceitos emitidos nos artigosassinados refletem a opinião de seurespectivo autor. Todas as matériaspodem ser reproduzidas desde quecitada a fonte.

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini

Diadema - SP - BrasilCEP: 09920-500

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Ana Daguimar de Paula AmadoFátima Maria Gambaroni

Geni Maria da SilvaJosé Roberto Amado

Marcelo Russo LouresReinaldo Gimenez

Roberto de Menezes PatrícioRosangela Neves de Araújo

Rosane de Sá AmadoRuth Correia Souza Soares

Silvana S.F.X. GimenezVanda Novickas

William de Paula AmadoWilson Adolpho

Eliana Baptista do NorteMtb 27.433

Reinaldo GimenezSilvana S.F.X. Gimenez

Van Moorsel, Andrade & Cia LtdaRua Souza Caldas, 343 - Brás

São Paulo - SPCNPJ: 61.089.868/0001-02

Tel.: (11) 6764-5700

12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

Dentre as barbaridades que ocorrem no mundo atual, a mais aterrorizante e aque mais abala espiritualmente uma coletividade é a guerra.

Seus efeitos são tão danosos que comprometem por muitas reencarnações ascoletividades que se deixam envolver por ela.

E o que gera a guerra? Egoísmo e orgulho, as duas grandes chagas do espíritohumano.

São tantas as atrocidades, a ponto de utilizarem crianças com problemasmentais para portarem explosivos.

A guerra causa tanto mal, que até nos locais longe dos campos de batalha elareflete.

Países que vivem envolvidos em conflitos armados fazem com que a suapopulação emita pensamentos pesados, tendo como centro a guerra, a violênciae a vingança.

Esta poluição mental que é emitida pelas pessoas que vivem nestes paísesenvolve a todos e acabam os mais influenciáveis praticando atos de violência,como nos Estados Unidos, em que um rapaz matou vários estudantes. Pensandoem guerras, elas se tornam uma realidade a nossa volta.

Por tudo isso é que o ensino religioso e a Doutrina de Jesus precisam serdivulgados para que as pessoas tenham a chamada “fortaleza espiritual”, ou seja,saibam resistir e não se deixem levar pelas influências espirituais inferiores.

Não caiamos na posição cômoda de achar tudo o que ocorre como sendo“normal”.

Quando nossos pensamentos começarem a pender para o lado da violênciaou da vingança, lembremos de orar e pedir a Deus que nos ajude a perdoar e apensar em coisas boas e construtivas.

Façamos o Evangelho no Lar para acender a luz da Esperança em nossoslares.

Guiemos os passos das crianças pelos ensinamentos cristãos.Estes são somente alguns dos “antídotos” dos desastres espirituais.Vibremos pelas regiões que estão em guerra, ajudando a “despoluí-las” das

emissões mentais de baixo padrão vibratório.Se não podemos fazer parar os canhões, façamos o que está ao nosso

alcance.Oremos.

Equipe Seareiro

Grandes PioneirosTema LivreAtualidadeLivro em FocoKardec em EstudoEvangelização InfantilClube do LivroCantinho do Verso em ProsaFamília:Sonhos:Contos:Terceira Idade

: Joana D’Arc - Pág. 3: Melhores que Ontem - Pág. 12: Índios - Nosso Passado, Nosso Presente - Pág. 13

: Ideal Espírita - Pág. 14: Repreender e Divulgar o Mal - Pág. 15

: Por que Evangelizar? - Pág. 15: Do Outro Lado da Cruz - Pág. 16

: Tempo e Nós - Pág. 16Templo Sagrado - Pág. 17Mediunidade e Sonho - Pág. 17A Existência de Deus - Pág. 18

: A Velhice Não Existe - Pág. 19

ÍNDICE

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Domremy, pequena aldeia que se desdobra porchoupanas, espalhadas longe uma das outras, ao pé dascolinas que margeiam o rio Mosa.

Em meio de arbustos, alguns mostrando seus belosramos ou pêndulos floridos, encontramos uma modestaigrejinha que reunia pequeno número de fiéis, sendo maisprocurada pelos habitantes aosdomingos, recolhidos empreces nas missas dominicais.

São também belos aosolhos de quem por ali passavapela primeira vez as plantaçõese os vinhedos que se perdiamem meio a uma profundafloresta, erguendo-se como sefossem muros renteandomagníficos outeiros.

Os murmúrios das águasdas vertentes que ali seprojetam e os gorgeios dosp á s s a r o s d ã o a n í t i d aimpressão da bela sinfonia queos ouvidos mais apuradosouvem pela magia da natureza.

Ninguém poderia imaginarque Domremy seria um diafamosa, pois seria enviada àTerra aquela criatura quedevolveria à França a pazdesejada.

A época era de grandetumulto. Guerras sucessivasentre a Inglaterra e França jáduravam perto de cem anos.Décadas e décadas se passaram e a França eraesmagada e humilhada, vendo seus filhos mortos tingindoseu solo do sangue de muitos inocentes, enlutandofamílias inteiras, sob trevas de dor e ódio.

Corria o ano de 1412.As dificuldades cresciam, fome e epidemias se

alastravam entre os povos.Vários eram os apelos daquelas sofridas criaturas, que

acreditavam na misericórdia de Deus. Havia uma médiumde nome Maria D'Avignon, que em preces vislumbrarauma armadura, que dizia ela ser reservada pelo alto eseria destinada a uma jovem. E ela seria a salvação para oreinado francês.

Falavam outros de uma profecia de Merlin, que pré-anunciava que uma virgem libertadora sairia de BoisChesnu, e que, em raios de luzes, salvaria a França,“elevando-a e revivendo-a aos bons tempos onde a paz sefaria presente”.

Ainda o ano de 1412.Jaques, homem rude, criado no campo, vivia com sua

esposa Izabel. Ambos trabalhavam de sol a sol para tirarda terra e do rebanho de ovelhas a sustentação do pão decada dia.

Izabel, num desses dias de luta profícua, vai deencontro a seu companheiro e roga-lhe que vá em buscada parteira, pois sente que o bebê esperado, já está a

“caminho da luz”. Jaques, deimediato, conferiu o rebanho eapoiando a esposa, caminhampara o lar. Izabel sentia-se nummisto de alegria e tristeza.

Havia algo em seu coraçãocom respeito ao bebê que apreocupava. Seria essa criançanormal? Por que seu coraçãoenvolvia-lhe a mente compresság ios mis te r i osos?Acariciando seu abdômen oravaa Jesus para que seu bebêtivesse saúde, numa hora detanta amargura do povo francês.

Vinte e quatro horas apósessas cenas, Izabel e Jaquescontemplam comovidos agrande criança, que seriarealmente o espírito escolhidopor Deus a realizar a missãosalvadora, como previra MariaD'Avignon, para a sofridaFrança.

Jaques, movido por estranhaintuição, pega a menina dosb r a ç o s m a t e r n o s eencaminhando-se para fora da

choupana, ergue a criança para oAlto, bradando como emprece:

“Eis, Senhor, esta sua obra Divina da Criação. Meucoração revela nesse exato momento que ela viverá paraser-lhe a mais fiel servidora. Terá algo muito importante,designado pela sua sabedoria e nós deveremos estarpreparados para tanto.”

Com os olhos rasos pelas lágrimas que teimavamcorrer pelo rosto, Jaques retorna a criança à mãe etentando disfarçar a emoção, diz à esposa:

Os anos passam céleres.Joana crescia, junto aos corações amados de seus

pais. Ajudava-os no campo, na ordenha das ovelhas efiava a lã para as roupas que usavam. Ela crescia sabendoapenas o que a vida lhe ofertava. Não sabia ler e nemescrever. Mas era inteligente, meiga e muito querida pelospobres e mais carentes que eles.

— Izabel, Deus nos enviou o bem mais querido aosnossos corações e para honrar-lhe a vinda para a terra lhedaremos o nome de Joana D'Arc.

Grandes Pioneirosgrandes pioneiros

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 3

Joana D’ArcJoana D’Arc

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Joana visitava aos doentes e famintos, que, por vezes,em suas choupanas, não tinham nem lume paraaquecerem-se do frio das montanhas.

Mas ela sempre achava o que levar-lhes. Dividia suarefeição, apanhava gravetos para acender as lareiras efiava as roupas que conseguia para cobrir-lhes os corpos.

Joana gostava de contemplar o céu recoberto deestrelas, principalmente nas noites claras de luar.

Seu pensamento divagava. Como gostaria deconhecer os mundos que por certo cada estrela escondia!Como gostaria de entender os sussurros dos ventos. Porcerto eles trariam alguma mensagem de Deus. E isso apreocupava muito. Não sabia explicar, mas sentia que poralgum acontecimento, Deus lhe enviaria um recado. Sabiaque sua existência não seria essa.

Aquela tranqüilidade em breve terminaria. Sua vidaseria movida por outros valores.

Joana amava sua pátria. Assim como o povo francês,admirava profundamente o Delfim Carlos, que emboradivergências de muitos, não poderia ser qualificado demau. Faltava-lhe coragem para assumir a coroa deixadapor seu pai, Carlos VI, que guardava entre o povo, o títulodo rei bem amado.

Por isso, Joana e seus familiares oravam, assim comotodos, pedindo ao Pai Celestial que a França pudesserecuperar a tranquilidade. Ninguém mais suportava asmaldades dos ingleses sobre a crueldade cometida paraaquele povo que não trairia jamais a origem das terras emque nascera. O povo francês amava seu soberano, quehouvera enlouquecido pelas tiranias das forças políticasda monarquia inglesa. Em seu desvario deserdara opróprio filho e instituíra Henrique de Inglaterra seuherdeiro, coroado como rei.

Esse o motivo de descontentamento e de dor do povofrancês, por ver o Delfim Carlos ser despojado e chamadoironicamente de rei de Burges (dos partidos Borguinhões).Entregava-se o Delfim Carlos ao desânimo e à inércia,renunciando ao trono, por dúvidas de seu passado, comrespeito a legitimidade de seu nascimento. Diziam seruma das causas da loucura do rei Carlos VI.

Joana viera ao mundo dos encarnados para realizaruma missão grandiosa. Para isso sua mediunidade se fezanunciar muito cedo. Era vidente, clariaudiente e sentia aspremonições sobre os episódios de sua vida missionária.

Aos treze anos começaram a surgir os primeiros rasgosdessas mediunidades, que trariam as revelações dotrabalho de Joana para com a França.

Com sempre fazia, Joana recolhia-se embaixo de umgrande carvalho (árvore) que fazia parte de belo jardimonde o senhor Jaques cultivava lindas flores. Ali ela

p r o c u r a v ao r a r p e l osofrimento des e u p o v o .R e p e n t i n a -mente ouvea l g u é mc h a m á - l a .Olhando portodos os ladose não vendon i n g u é m ,julgou ser suaimaginação.

Porém, ouviu novamente seu nome ser nitidamentepronunciado. Levantou-se assustada e viu-se cercada porintensa luz vinda do alto. Após alguns segundos pôdenotar magnífica figura, que reconheceu como o arcanjoMiguel. Estava ele rodeado de entidades, que para Joana,eram anjos também.

Tinham esses espíritos que se apresentarem comoanjos, porque essa era a forma que o clero chamava aatenção do povo para acreditarem em Deus, os santos eos anjos.

O catolicismo era a religião predominante.Miguel, espírito superior, fora convocado peloAlto a dar

assistência e orientação a Joana D'Arc. Esse espíritoassim falou, após a tranquilidade voltar ao semblante deJoana:

J o a n aassustou-se!

Como,perguntava,eu que nadatenho e nadasei da vida, anão ser esta,que amo com todas as forças de meu coração, por sentirnessa Natureza a presença de Deus, como poderei arcarcom tanta responsabilidade, diante do mundo?

Ainda sob forte emoção, ela começou a repensar naspalavras doArcanjo. Teria que se apressar a acostumar-secom a idéia de que em breve deixaria aquela vida simplese tranquila, para atender às ordens divinas.

Desse dia em diante, as visões dos espíritos setornaram freq entes, Joana havia se habituado a vê-los eteria longas conversações a respeito de seu entrosamentocom a missão a ser cumprida.

Como prometera oArcanjo Miguel, certa feita ele surgiuaos olhos de Joana, acompanhado pelos espíritosCatarina e Margarida. Ambas irradiavam intensa luz, queprojetou-se sobre o rosto de Joana.

Ainda ajoelhada em preces como sempre o fazia,vendo as entidades que para ela eram os santos, com vozembargada dizia-lhes:

Minhas protetoras, que Deus perdoe a minha

— Fi lha ,você, emboras u a p o u c aidade, sabedos horrorespelos quais aF r a n ç aa t r a v e s s a .Deus, nossoPai, enviou-n o s p a r atransmitir-lheque o socorroque a Françanecessita viráp o r s e uintermédio.

— Nada tema. Tudo virá em seu tempo preciso. Vocêcontará com santa Catarina e santa Margarida, queestarão a ajudá-la, junto à grande jornada que sua vidaterá ora em diante. Dizendo isso, o anjo desapareceu aosolhos aflitos de Joana.

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Joana ao ouvir as vozes de arcanjo Miguel(espírito), por Eugene Thirion, 1876.

Gravura da casa de Joana d'Arc em Domremy.

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ignorância, mas permita-me perguntar-lhes, como podereirealizar algo tão grandioso para favorecer a amada pátriafrancesa?

Joana estava lívida, jamais poderia imaginar que suavida tivesse próxima a sofrer grande transformação.

Após esse colóquio com entidades superiores, Joanareúne ao cair da noite seus familiares, para quesoubessem o que ela teria que fazer dali em diante.

Jaques, o pai, surpreendeu-se com todas asrevelações de Joana. Izabel, sua mãe, e seus irmãos maisvelhos que ela, não acreditaram. Diziam que isso sópoderia ser fruto de sua imaginação.

Dona Izabel pediu a filha que repetisse o ocorrido.Sabia que Joana era sincera e nunca demonstrara ser

sonhadora ou tão imaginativa, para criar um argumentotão sério, que envolveria não só os familiares e sim odestino de um país.

Joana atendeu o pedido de sua mãezinha e ouvindosuas ponderações diante do pai e dos irmãos, agradeceuaquela que lhe dera a vida e beijando suas facesargumentou:

Obrigad , mãezinha. Perdoe-me se a farei sofrerassim como ao papai, mas deverei seguir meu caminho.Farei tudo o que me foi pedido. Se Deus confiou-me essetrabalho a ele irei com a certeza que os “anjos” estarãoguiando-me ao cumprimento do meu dever para com anossa amada França.

Passavam-se alguns meses e Joana aguardava aflitaas ordens doArcanjo e das entidades superiores, Catarinae Margarida, para saber que rumo daria a sua vida.

Numa tarde onde costumava orar para agradecer aDeus pelo dia de trabalho, Joana percebeu pelas luzes aspresenças dos Arcanjos. Miguel olhando-a fixamentedisse-lhe:

Joana, ouça a orientação de Catarina e faça tudocomo ela disser. Estaremos

Imediatamente, Catarina e Margarida abraçaramJoana. Catarina adiantando-se, disse-lhe:

Joana apressa-se acontar a seus pais. Jaques,que havia sonhado comesse momento, tentademovê-la dizendo-lhe que

isso era uma loucura.Mas, Joana beija-lhe asmãos e sai a procura deseu tio Durant Laxart.Joana há algum tempoatrás lhe contara dasvisões e das vozes quea instruíram para ajudara salvar a França.Durant, muito católico,acreditou de imediato ec o l o c o u - s e a s u adisposição dizendo-lheque a auxiliaria no que pudesse.

O senhor Durant conhecia Roberto de Baudricourt,comandante de Vaucouleurs e amigo do Delfim Carlos VI.Seria mais fácil, Joana seguir junto ao tio. Era o princípiode sua espinhosa missão.

Vaucouleurs era uma cidade vizinha de Domremy.Joana, acompanhada pelo tio, aproximou-se docomandante Roberto. Esse apressou-se em dar as boasvindas ao amigo Durant. Durant, deixando Joana a poucadistância segreda ao comandante o porquê de sua vinda econta-lhe sobre Joana. Profunda gargalhada partiu daboca de Roberto. Olhando firmemente para a frágil figurade Joana, acrescentou ainda em tom de deboche:

Dizer-me que a salvação da França dependerá dessacriança?

Durant preparava-se para responder, quando Joana,sentindo-se humilhada, dirigiu-se a ele, respondendo:

O comandante Roberto parou sua ironia. Estava atônitocom o que acabara de ouvir. Voltando-se para o amigoDurant falou:

Se quer um conselho amigo, leve-a de imediato a ummédico. Essas idéias poderão causar-lhe um grande mal.Não quero ter participação nesse caso.

Joana ia tentar reagir, mas foi barrada pelo tio, que,sentindo que o momento não era propício, assim falou-lhe:

Roberto Baudricourt estendeu a mão numa atitude dedespedida e passando-as sobre a cabeça de Joana disse-lhe:

Volte quando os devaneios passarem. Estarei prontopara ajudá-la, quando tiver mais idade.

Esse encontro para Joana fora terrível. Mas não sedeixou abater. Voltou-se para o comandante e respondeu:

Minha volta será rápida, Monseigneur. Não podereiesperar minha maioridade. Breve estarei na presença do

— Não se aflija. Deus estará a protegê-la. Porém, vocêterá que começar a preparar-se para deixar seu lar e suafamília. Prepare-os e não se detenha ante os obstáculos.Não esqueça que é você aquela a quem Deus e Jesusconfiaram a oportunidade de salvar a França erestabelecer o trabalho pela paz, devolvendo ao DelfimCarlos VII a confiança que lhe é devida, que é o trono daFrança.

— a

de

—com você.

— Filha, é chegado o momento. Você deverá ir aoencontro do s i re deBaudricourt (comandantede Vaucolers). Ele lhe daráas armas, um cavalo e pelomenos dois homens, queirão conduzi-la ao Rei. Parachegar a ele você seguirácom esses homens atéChinon. Siga com Deus e aproteção de S. Luís,patrono da França.

— Que brincadeira é essa com um assunto tão sério?

— Posso, Monseignour (título honorífico francês quequer dizer Monsenhor), ser criança. Na verdade, tenho 16anos, mas estou atendendo ao nosso Senhor Celestial.Por ordens dele estou onde deverei sagrar o Rei, CarlosVII.

— Como você aprova tanta loucura? Não vê que essapobre criança encontra-se desvairada, talvez pelasterríveis notícias que correm pela França, pelasatrocidades que os ingleses estão a cometer por todaparte?

— Vamos, minha menina. Deixemos para outra hora,outro encontro talvez, com o comandante. Coloco-me emlugar dele e sei que é difícil acreditar numa primeira vezouvir o seu relato, principalmente sendo tão criança.Venha, voltaremos outra hora.

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 5

Carlos VII, por Jean Fouquet.

Imagem atual da casa deJoana d'Arc em Domremy, que foi

transformada em museu.

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Delfim. Se não conseguir sua ajuda, encontrarei em outrolugar. Deus não me faltará.

Roberto estava admirado pela determinação de Joana.Acreditando que ela estivesse sendo atacada por espíritosperversos, pediu ao cura Jean Tournier exorcizá-la. Esseprocurando Joana e a encontrando ao lado do tio, tentouentender o problema. Ficou abismado com o que ouvira.Crendo nos arcanjos e sentindo na narrativa de Joana averdade, voltou-se para o comandante dizendo-lhe queJoana não estava sob domínio nenhum. E se houvesse,esses seres seriam de bons propósitos, pois Joana,embora criança, sabia o que pretendia fazer. Ela apenasprecisava se estruturar para provar o quanto havia de realem suas palavras.

Roberto, ouvindo o parecer do cura a quem tinharespeito, mandou chamar um de seus melhorescombatentes, Jean de Metz. Pediu-lhe que ensinasse aJoana todos os movimentos de uma batalha. Deveriatreiná-la a montar e a lidar com os cavalos. Depois queestivesse pronta, ele lhe concederia alguns homens parair até Chinon.

Feliz, Joana dedicou-se a tudo aprender. Após um anode treinamento cerrado, já sabendo manejar armas,Joana foi a presença de Roberto Baudricourt. Queriaagradecê-lo. Esse recebeu-a como um soldado prontopara ir a guerra. Apresentou-lhe as armas que deveriaconduzir consigo e rudemente lhe mostrou as roupasmasculinas que ora em diante deveria vestir, paraproteger-se da escolta.

E antes da partida com umaescolta de vários homens,Roberto Baudricourt disse-lhe:

Dessa forma, Joana D'arcp a r t i u , u s a n d o r o u p a smasculinas, vestimenta que fezparte de sua vida até o final dessareencarnação.

A pequena escolta de Joanaseguiu rumo a Chinon. Dormiamem igrejas, que serviam der e f ú g i o s p a r a t o d o s o scamponeses, que tiveram que abandonar suas moradias,pois haviam sido queimadas pelos ingleses.

Chegando em Sainte-Catherine-de-Fiérfois, Joanaescreveu uma carta ao Rei Carlos VII, para colocá-lo a parde sua missão e pedir-lhe permissão para entrar emChinon com sua escolta. Enviou também a carta deRoberto Baudricourt, que confirmava o desejo de Joana aajudá-lo a recuperar o trono, por isso o pedido da urgenteaudiência, com o Delfim Carlos, fora de suma importância.

A resposta viera afirmativa. Mas a disciplina dosfavoritos do Rei era nula. Joana, esperou por três diasinsistindo na audiência, sem respostas.

A popularidade e a curiosidade em torno de Joanacresceu imensamente. Sua postura e coragem deenfrentar uma situação bélica, como estava a Françatornou-a famosa. Todos queriam conhecê-la.

Com tudo isso as desconfianças da verdadeiraintenção da moça para com o Rei se intensificaram.

E se fosse o plano junto aos ingleses em matar oDelfim? O temor era grande. Os defensores de Carlos VIIresolveram colocar Joana a prova.

O plano se estabelecera. Carlos VII misturou-se entreos nobres que ali estavam. Joana D'arc não conheciapessoalmente o Delfim. Se assim o fosse ela teriadificuldades em encontrá-lo e todos se certificariam doverdadeiro intento da chamada virgem.

Porém, chamada para estar diante do Rei, Joanaentrou e de imediato, guiada pelos protetores espirituais,foi diretamente à presença do Delfim e como se aqueleambiente lhe fosse comum com todo respeito, elaexecutou com graça maior as três reverências de praxe eajoelhada diante do rei disse-lhe:

Senhor, venho por parte do nosso Rei Celestial, aquem verdadeiramente pertence o reinado da França. Eleordenou-me viesse até a sua honrada presença para levá-lo a Reims, onde será definitivamente coroado Rei daFrança.

E para dar crédito a suas palavras, Joana revelou aoDelfim segredos que somente ele e Deus poderiam saber.

A principal dúvida que lhe corroía a alma era de tercerteza que realmente seria o herdeiro legítimo do trono eda coroa da França. E isso Joana confirmou, pois Deus ahavia destinado a provar-lhe isso, diante do pedido queele, Carlos VII havia feito a Deus. Se ele não fosse filholegítimo do Rei Carlos VI, que Deus lhe desse meios parafugir para Espanha, onde tentaria viver clandestinamente.

Diante de seus secretos pensamentos, ditos com tantapropriedade por Joana, que nãoconhecia, rendeu-se silencioso.

Joana, sentindo-se mais seguracontinuou a falar-lhe:

Mas, ponderou o Rei, se Deusassim lhe transmitiu, por quesoldados e armas se a vitóriaparece-me já garantida. Ou você

assim não crê?Joana com a mesma firmeza de caráter respondeu:

Os pretensos defensores de Delfim juntaram-se ereceosos de perder os benefícios prestados por CarlosVII, tentaram argumentar-lhe ao ouvido:

Joana, com altivez, ouvindo-os, retrucou:Não cheguei até aqui, para dar mostras ou sinais

milagrosos. O assunto é s rio, será que os senhores não

— O cavaleiro Jean de Metzque lhe patrocinou todo o treino,irá acompanhá-la. Pediu-me paraque assim o fizesse pois admira-apela firmeza de seus propósitos.

— Majestade, as vozes do altoinduziram-me até aqui, porque oDivino Mestre tem profundosinteresses em libertar a França etorná-lo Rei, pois o Senhor temmuito o que fazer para com o povofrancês. Precisamos de soldados earmas.

— Temos, Majestade, que lutar pelos valores reais.Eles não se manifestam por milagres. Só obteremos avitória e os bons costumes morais, se fizermos pormerecê-los. Temos que levar os soldados, para Orléans evoltarmos para glorificá-lo como Rei.

— Majestade, falava um deles com falsidade, o senhorsabe do grande apreço que lhe dedicamos, portanto, seessa jovem fala com o mais Alto, exija-lhe um milagre, ouum sinal qualquer para que se evidencie o que estápropondo-lhe.

—é

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Joana reconhece o rei Carlos VII em Chinon.

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são capazes de sair dessa máscara de hipocrisia epensarem no que Deus está favorecendo a uma nação?

Diante das enérgicas palavras de Joana, o Delfimaceitou ajudar a jovem.

Joana, agradecida, inclinando-se e num ar de quemsabia dos acontecimentos futuros, exclamou:

Mas Joana ainda fora obrigada a se submeter a váriashumilhações. Deveria ela ser examinada pelas senhoras,que serviam a rainha, para se certificarem de querealmente ela era virgem. Pois a Igreja exigia que se aafirmativa de que havia pureza em seu físico deveria dehavê-la também em suas atitudes.

Joana a tudo aceitou resignada. Sabia que deveria darseu testemunho a Deus. Nada a faria desistir da missãoque lhe fora atribuída.

Num certo dia, após tantas idas e vindas, Joanaesperava ansiosa a confirmação do Delfim, para que elapudesse partir para Orléans e sua escolta, quandoapresentou-se a ela um referendário do Rei com umrecado.

Com um bom cavalo, com esta roupa adequada queuso e armas, nada temerei. Se o Delfim cumprir oprometido de ajudar-me no que necessito, com Deusvoltaremos vitoriosos.

Tendo seu desejo satisfeito, Joana partiu para Tours. Láfoi à procura da espada que pertencera a Sainte-Catherine-de-Fierlois. Como lhe fora mencionado pelasvozes do alto, essa espada estaria sobre o túmulo de umcavalheiro, enterrado ao lado de um altar.

Encontrada, a espada estava velha e toda enferrujada.Mas, Joana limpou-a e pediu para que lhe dessem umabainha para tê-la junto a seu corpo, presa a sua cintura. Ossoldados que a acompanharam ao cemitério,perguntaram-lhe se ela já conhecia o local, por ir tão certoonde a espada se encontrava. Joana falou-lhes que não,apenas seguira a intuição das vozes que ouvira através desua mente.

Isso causou profunda admiração entre o pequenogrupo de homens que auxiliavam a jovem.

Sempre acompanhada por Jean de Metz que tornara-se seu fiel escudeiro, pediu-lhe para que conseguissejuntar aos soldados o padre Jean Pasquerel, “que minhaprotetora Margarida”, dizia Joana, “indicou para que mefosse facilitando o caminho para Orléans.” E assim foifeito.

Dando andamento a sua missão, Joana cuidou emmandar fazer uma bandeira branca, com a figura deCristo, com os dizeres de Jesus e Maria, bordados comfiletes de ouro, rodeados de pequenos lírios. Isso lhe foraconfeccionado pelas senhoras que cuidavam de Joana,naturalmente guiadas peloAlto, para que a jovem pudessesentir algum apoio na comunidade da qual naqueleinstante dependia.

Após inúmeras conversações com o Delfim, Joanaconseguiu permissão desse para ir a Blois, onde elaestaria de frente com o comboio e enviá-lo ao Delfim comos víveres necessários a esses e inclusive o novo pelotãode soldados e de armas que estariam às ordens de Joanapara ir em combate a Orléans.

E foi na igreja de Saint Sauveur de Blois que Joanarecebeu as bençãos a sua bandeira junto ao padre JeanPasquerel.

Seguindo agora com seu exército para ganhar a vitóriasobre os ingleses, Joana com firmeza e cuidado comandaos homens. Ao passar por Túrones, precisou fazer comque fossem abertas valas, mas a população não a queriacomo combatente e sim como a virgem libertadoraenviada por Deus, para libertar o povo francês.

Por onde passasse fazendo tremular a bandeira dapaz, Joana era ovacionada pelos populares.

Próximo a Orléans, começou-se a sentir os efeitos dosentraves que Joana teria que vencer. Os ingleses haviamconstruído um círculo em torno de Orléans.

Eram fortificações que não permitiam entrada ou saídade ninguém sem que os ingleses permitissem.

Hábeis generais estavam a postos e a qualquermomento o conflito seria fatal. Estavam ávidos para maisuma vez levar à derrota a audácia francesa. Faziamchacotas por verem tantos homens sendo comandadospor uma mulher, ou melhor, uma criança!

As primeiras investidas são levadas ao fracasso. Osfranceses estavam se deixando conduzir pelamaledicência dos ingleses. Não queriam obedecer asordens de Joana. Ficavam ociosos, medrosos e porinfluência dos ingleses, recordavam a figura patética deCarlos VII e pensavam: “

”Joana punha-se enérgica. E para fazê-los despertar

das maldades dos ingleses, que com isso os afastava daluta, a jovem passou a mexer com o orgulho do povofrancês. E dizia:

Vamoscontinuar sendo expulsos de nossa pátria para que elescontinuem a fazer do povo francês seus escravos? É issoque vocês querem, homens de pouca fé? Vamos acreditarque nessa hora somos do exército de Cristo e Ele nos farávencer. Quem está com o Pai Celestial, ganha a glória dosCéus!

— Todos serão testemunhas de que Deus nos ajudaráa vencermos os combates em Orléans. Essa será a provadecisiva para a França, sem milagres, mas com fé.

— Joana, você está encarregada, por ordens do Delfim,a ir a Orléans, para fazer entrar um comboio de víveres,com armas e provisões de toda a éspecie. Mas lembre-sede que terá que passar à vista dos ingleses, que estãofortemente armados e dispostos a tudo.

Que seria da França com um Reitão omisso, covarde e promíscuo, como sempre o viram.Desleixado e só voltado aos prazeres da luxúria?

— Vocês chegaram até aqui, quando temos tudo paravencer por palavras sutis e maldades contra nosso rei,vamos permitir que os ingleses nos destruam?

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 7

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Inspirada pelo Alto, Joana transmitiu a confiança deretorno aos corações dos soldados. Ainda sob o efeito daspalavras de Joana começaram a reagir.

Voltaram à luta. Joana a frente com toda aimpetuosidade conseguiu vencer as fortificações inglesasuma a uma e, em três dias, Orléans estava livre do cerco.

Depois disso as vitórias se tornaram sucessivas. E elasaconteceram em Jargeau, Meung, Beaugency efinalmente Patay, onde os ingleses são banidos peloexército de Joana e o General Tallot, inimigo feroz deJoana cai prisioneiro. Em seguida as tropas comandadaspela bandeira da paz, por Joana, marcham para Reims ouReims, onde Carlos VII deveria ser sagrado Rei.

Os ingleses ficaram atentos aos próximos passos doexército de Joana, pois imaginavam que ela partiria parareconquistar Paris ou a Normandia, mas as estratégias deJoana eram outras. Precisava convencer o Delfim a vir atéOrléans ou mais precisamente a Reims, para ser coroado.A dificuldade encontrada para que isso se realizasse eraporque o Delfim, sempre mal acompanhado, via-seenvolto em intrigas.

Diziam que ele tinha que ser difícil em aceitar talconsagração. Afinal esse feito era o de uma mulher. E se,apesar de todos saberem das vitórias e da fama deheroína da jovem Joana, não fosse algum planoarquitetado para exterminar a vida do Delfim?

Com todos esses comentários maldosos e mais apreguiça desequilibrante de Carlos VII, achava esse sermelhor aguardar os próximos acontecimentos.

Após intensas lutas, Joana conseguiu trazer Carlos VIIaté Reims, onde as portas se abriram para consagrá-loRei.

A paisagem de Reims se descortinava mostrando avelha catedral, com suas altas torres e suas três largasportas abertas de par em par para receber a multidão quese acotovelava para acompanhar os ritos da sagração deCarlos VII e acima de tudo para conhecerem a grandeheroína Joana D'Arc. A isso Carlos VII mordia-se deciúme. Sempre acompanhado pelos seus obsessoresencarnados, não conseguia eleaproveitar o doce envolvimento doAlto naquele instante tão sério para oreerguimento da França.

Entre os cânticos sacros que sefaziam vibrar pela catedral as vozesdo coro harmonioso compunham oesperado ato da coroação. Frente aoaltar Mor estava sentado no tronoprincipal Carlos VII, cercado pelosclérigos e doze pares do reino e ossuplentes. Um deles conduzia aespada da França, representando opoder das lutas armadas. Encostadaao pilar, à direita do trono, um tantoa f a s t a d a , e s t a v a J o a n a ,c o m p e n e t r a d a a t u d o ,acompanhando com serenidade eagradecimento a Deus por tervencido a grande prova e cumpridoseu dever empunhando o lábaro comas imagens de Jesus e Maria.

Do lado de fora da catedral, o povochamava por Joana. Os aldeões,camponeses, populares queriam ver a

jovem, pouco se importando com o Rei. Mas Joanacontinuava séria e pouco respondia aos archeiros que lhetraziam mensagens e recados, para que ela aparecesseem meio ao povo. Joana orava e rogava ao Senhor paraque o povo entendesse aquela hora tão importante para avida do país.

Lá dentro da nave, o monarca recebia das mãos doarcebispo de Reims, Dom Reinaldo de Chartres a unção ea coroa, que, num ritual, fora erguida sobre a cabeça deCarlos VII, enquanto os outros clérigos erguiam os braçossegurando o manto azul, ornado de livros dourados, queforam colocados na mesma hora sobre os ombros do Rei ea coroa sobre sua cabeça, rodeada de brilhantes. Asvozes do coro sacro ergueram-se, emocionando osassistentes. Nesse instante, Joana num impulso, joga-sede joelhos aos pés do Rei e em lágrimas, diz-lhe:

Logo em seguida, as trombetas anunciavam a ida doRei Carlos VII e seu cortejo a frente da catedral paraerguer suas mãos como Rei da França, apresentando-seao povo e aos seus súditos. As exclamações ribombarampor toda parte e o nome de Joana era consagrado ao ladodo Carlos VII.

Na espiritualidade, os festejos também aconteciam.Milhares de vozes se erguiam em preces de louvor a Deuspor esse sagrado momento onde os vanguardeirosespirituais da antiga Gália, hoje França, alegravam-secom o renascimento da Terra natal. Eles, que tantoamaram o nobre País e que tudo deram de si para quefosse um dia reconhecida essa terra, como o berço doEspiritismo. Mas era o ressurgimento, o acordar daFrança. Quem sabe, uma nova aurora!

O cortejo desceu as escadarias da Catedral, tendo àfrente Joana, levando seu estandarte e como sempre

amparando o Rei. Logo em seguida osmarechais, príncipes, capitães eclérigos. Porém, era a figura frágil,mas marcante de Joana, que todosqueriam ver. Como não podiam tocá-la, seu nome era ouvido aos gritospelos populares. Ninguém poderiaimaginar que aquela simplescamponesa fosse requisitada porDeus para executar tamanha missão.Muitos a chamavam de Santa Joana, oque produzia imensa ira sobre ospoderosos da Igreja e os senhoresfeudais.

Joana, após a calma voltar às ruasde Reims, retornou para falar e aagradecer aqueles que pelas ruascaminhavam.

Eram os mendigos, os pobres querecolhiam alimentos, frutos que foramdesprezados pelos mais abastados.Eram esses que a jovem abraçava edizia palavras de conforto. Joana juntoa eles via o sol esconder-se por trásdas montanhas, naquele belo

— Majestade, está feita a vontade de Deus.Exterminamos o cerco de Orléans, pela ajuda do PaiCelestial e conseguimos trazê-lo a Reims, embora todosos entraves do caminho. A sua sagração consumou-se.Eis verdadeiramente o Rei e o herdeiro da Coroa daFrança.

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Coroação de Carlos VII, em Reims, por JulesEugene Lenepveu, 1889.

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 9

domingo, de 17 de julho de 1429. Essa data assinalou aculminância na vida de Joana D'Arc.

Poder-se-ia concluir findada a missão de Joana. Epensava ela: que bom poder retornar à vida simples deDomremy, junto aos seus familiares, pelas quais asaudade machucava seu terno coração. Mas, ela sabiaque, para Carlos VII reinar com autoridade, preciso eraa j u s t á - l o a o s p o l í t i c o s q u epredominavam em Paris. Essa era ameta seguinte. Porém, precisava-se deuma trégua. E para isso as negociaçõestinham que se fazer junto do Duque deBorgonha.

As lutas eram eminentes.Joana vai à presença do monarca para

acelerar as decisões e tomar Paris,enquanto os soldados ingleses estavamse enfraquecendo pelas derrotassofridas, com os Borguinhões e osArmagnacs que não conseguiam seentender.

Levada até o Rei Carlos, Joana pediu-lhe pressa para marcharem a Paris. Ascondições eram favoráveis.

Dizia Joana:

Carlos VII ouvia pesaroso. Voltando-se rápido paraJoana, dizia-lhe secamente, agastado pelo orgulho ferido,já tão contaminado pelos maledicentes:

Joana fora convidada a se retirar pelo Rei.Acabrunhada Jean de Metz que o esperava à saída dopalácio, indagou-lhe:

Por quê, Joana? Nunca a vi desanimada! Sabemosque o Rei é difícil. Seu comodismo é irritante, mas vocêmesmo sempre incentivou os soldados a não desistirem,pois sabemos que para Deus nada é impossível.

Mas a pior guerra, Jean, é a maldade. Intrigas quenos afastam do bem. Infelizmente, nosso Rei se deixalevar por bajulações, calúnias que criam para fazê-losentir que o meu propósito é deixá-lo sempre sob asminhas ordens. O orgulho salta-lhe de dentro como feraferida. E aí, Carlos VII reage sob influências sombrias quenão o deixam raciocinar. E diante de atitudes enégicas aserem tomadas e rápidas, como o momento exato que éagora, para entrarmos em Paris, já contando com a vitóriaa nosso favor, o Rei se acovarda e diz não.

Jean procura consolar Joana. Olhando-a fixamentesugere ir conversar com o padre Pasquerel.

Padre Pasquerel já havia sido informado por algunsconselheiros do Rei sobre a vontade de Joana de seguirpara Paris.

Nesse encontro ele completou a jovem o que faltava aela entender. Dizia-lhe que soubera que as tropas inglesas

se fortaleciam, pois já estavam sabendodas divergências dela com o Rei. Então,aproveitando-se do momento, os inglesesespalham em Paris a notícia de que o Reicuidou em tomar certas atitudes, poisdescobrira e acreditava piamente queJoana era feiticeira, por isso suas visões.Com toda essa confusão, explicavaPasquerel, os ingleses tomavam forças.

Diante de tudo isso, Joana resolveutomar uma drástica decisão. Dirigindo-seaos amigos comunicou-lhes:

Vou agora mesmo comunicar ao Reique partiremos a Paris.

Dessa firmeza resultou que Carlos VII,meio sem saída, objetou friamente:

Majestade, Retz é o nosso aliado, mas Raul deGuacour não me suporta e nunca escondeu isso deninguém. Chamou-me várias vezes de feiticeira.

Joana baixou a cabeça. Lembrou-se dos Arcanjos e davontade de Deus. Assim aceitou a proposta. No fundo elaentendia que o Rei Carlos queria fazer valer as suasordens. Ele estava enviando as tropas com oscomandantes da sua Guarda Imperial.

As tropas francesas saíram meio desencontradas. Deum lado os comandantes do Rei a dar ordens e do outroJoana a frente, com seu estandarte, ajustando as contra-ordens. Porém, Joana os incentivava a lutar. Quando osvia perdidos na batalha ela dizia:

Vamos, vamos, guerreiros do Salvador, Paris énossa. Sejamos bravos lutadores, breve Paris voltará aser liberta.

As batalhas continuavam aceleradas. Os inglesesestavam cientes do desconforto entre Joana e Carlos VII.

Esse estava se dirigindo a Paris.Em meio aos tiroteios cerrados, Joana levou um tiro na

coxa. Imediatamente os soldados fizeram-na abaixar-se eJean fora chamado para dar-lhe cobertura. Jean atransportou numa maca para um local mais seguro. Joananão queria desistir.

Como a noite estava próxima, fora mais fácil levá-lapara o pronto-socorro, improvisado por lonas.

Sob as ordens do próprio Rei Carlos os franceses foramobrigados a recuar. Tomava ele providências pararegressar ao Castelo de Liger.

Joana ficou a par da perigosa situação. Pedia para nãoabandonarem os campos de batalha, mas Jeantristemente comunicou-lhe:

— Os ingleses e os franceses estavammuito confusos. Há pelo que sabemos, brigas internas.Eles, os franceses estarão ao nosso lado.Avitória é quasecerta, Majestade.

— Não, Joana. E por favor não insista. Não quero quevocê fomente entre os soldados essa idéia absurda deinvadir Paris. Estamos em tréguas com os Borguinhões.

— Mas, senhor, continuava Joana, quase implorando,bastará um gesto seu e Paris estará a seus pés.

— Chega Joana, dizia o Rei energicamente. Quero paz.Por ora farei de conta que jamais ouvi essa sua propostabélica. E há outro fator a ser considerado, se eu aceitasse,mesmo assim não tomaria nenhuma atitude sem discutirdecisões com os meus fiéis servidores e conselheiros.

— Que aconteceu, você está pálida, Joana?— Estou cansada, meu bom amigo. Foram tantas

vitórias e diante de lutas que nos pareciam inglórias, masesta com o Rei da França é a pior e a mais perigosa.

— Só concordarei que você leve a tropapara Paris se o comando for entregue aRaul de Guacour e ao Marechal de Retz.

— Minha jovem, será assim ou nada feito. Se você eRaul não se dão pouco me importa. Ele me é fiel. E quantoa você, pode até ser que ele tenha razão, pois uma boaparte de ingleses e franceses a tem como feiticeira.

— Não adianta, Joana. Você não poderá mandar as

Catedral de Reims

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tropas avançarem. Agora tornou-seimpossível.

— Como impossível, Jean? Você sabeque falta pouco! falava angustiada sobfortes dores na perna.

— É que o nosso Rei, Joana, na caladada noite, mandou destruir a principalponte, que levaria o exército a tomar Paris.E ainda ordenou que toda tropa dali seretirasse. Nada mais há de fazer, Joana.

— Sinto-me atado, padre. Gostaria de algo fazer paraajudar Joana, mas as tropas estão sob as açõesdesastrosas desse Rei poltrão e ingrato. Vive cercado deoficiais medíocres e infiéis. Entretanto não enxerga umpalmo diante do nariz. Vive cego, procurando vivercovardemente e prazerosamente pouco se importandocom a vida do País.

— A verdade, minha filha, é que o ReiCarlos se tornou um ingrato, vencido peloorgulho e cego pelo envolvimento dosoficiais conselheiros que o bajulam.

Jean passando-lhe a mão sobre suacabeça, continuou:

Joana atirou-se sobre a maca,chorando amargamente por não ter podidoimpedir esse tresloucado ato do rei Carlos.

A influência maldosa dos oficiaisbajuladores do Rei Carlos continuava aminar o ânimo do exército francês. Joanapouco conseguia. Ela sentia o amargo daderrota injusta que feria seu interior.

Jean sabia que o padre Pasquerelcuidava do ferimento da amiga eprocurava consolá-la.

Junto do padre Pasquerel, Jeandesabafa seu abatimento diante dasituação:

Ouvindo as mágoas de Jean, Pasquerel tenta acalmá-lo dizendo que Joana breve chegaria. Havia saído parasentir a verdadeira situação das tropas.

E logo após ouviram as patas do cavalo anunciando achegada de Joana.

Ofegante ela adentra a sala onde os dois amigos aesperam. A jovem numa atitude desanimadora falou comemoção:

O Rei Carlos, como sempre infeliz em suas idéias,meus amigos, mudou todo o plano bélico já traçado. Eleentregou-nos uma tropa de soldados mal preparados esem vontade de lutar. E quer que rendamos Charité. Issosegundo ele próprio, porque não fizemos a sua vontadepara render Paris. Com essa atitude, pareceu-me querercastigar-nos.

Joana e Pasquerel entreolharam-se e Jean não

suportando mais tantos disparates do Rei,falou irritado:

Chega, Joana. Não poderemoscontinuar aceitando tantos disparates,depois de tantas vitórias.

Pouco podemos fazer, meu amigo,disse Joana. Mas sinto que estamos na fasefinal. As vozes angelicais já me preveniramque serei capturada brevemente pelosinimigos.

O padre Pasquere l respondeusabiamente:

Eles querem vê-los vencidos, não estãose importando com os acontecimentos tãosérios pelos quais a França está passando.O Rei está em um covil com fidalgos ecortesãos, cuidando em armazenar asfortunas, com os acertos nefastos quefazem. E você, Joana, é o empecilho.Carlos VII ouve o que lhe apraz.

Façamos preces a Deus, para vocêcontinuar com ânimo fortalecido em sua fé.

Com ordens expressas do Rei, Joana e Jean seguempara fazer o reconhecimento das tropas designadas peloscomandantes. Deparam-se com soldados cansados,desanimados, desnutridos pela falta de alimentos e lutassem tréguas.

Jean, olhando para Joana também constrangida peloque via, perguntou-lhe:

Que faremos agora? Será com esse exército defantasmas que iremos conseguir vitórias em Charité?

Peçamos a Deus, meu amigo. Só Ele é que poderárevitalizar esses pobres coitados tão maltratados pelaincompreensão e pelo orgulho do Rei Carlos.

O fracasso da batalha fora iminente.Além dos soldadosestarem sem reação para a luta, as ordens e contra-ordens dos comandantes para desmerecer Joana diantedo povo e do Rei, eram para destruí-la, isto é, fazerdesaparecer o mito de santa para muitos e deixá-la maiscom a imagem de bruxa para outros.

O Rei Carlos informado do fracasso ao cerco deCharité, ordenou a volta imediata das tropas. Para ele eraa vitória esperada. Os oficiais brindavam a bravura do Reie o triste espetáculo da volta de Joana.

Como Joana previa, seu sacrifício estava prestes a seconcretizar. Dali para frente ela sofreu inúmerasderrotas. Numa delas foi gravemente ferida diantedas tropas que comandava. Ninguém lhe prestousocorro. Sentiu-se completamente abandonada.

Atudo isso Joana viu-se cercada de sarcasmos.Ficara prisioneira em um castelo próximo a

Compiègne, cidade de sua última derrota.Durante vários meses, era ela levada de uma

prisão a outra. A solidão era sua única forma de vida.Orava e pedia aos Arcanjos a ajuda necessária paraenfrentar seu final. Sabia que Jean morrera numa dasbatalhas seguida a sua captura.

O padre Pasquerel já não podia mais sair de suaposição física, com as dificuldades da velhice.

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Clube do Livro Espírita“Joaquim Alves (Jô)”

Clube do Livro Espírita“Joaquim Alves (Jô)”

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Somente aqueles que a capturaram eram osproclamados heróis pelo Rei e todo clericado,principalmente pelo Bispo de Beauvais, Pierre Cauchon.Fora esse bispo Cauchon que liderou o processo deheresia e assassinato contra a jovem. Seria isso quetalvez terminasse a idéia entre o povo de que Joana eraconfidente dos demônios e não das vozes angelicais queproclamava.

Muitas sessões eram feitas apenas aos interessadosem condenar a jovem, sem que esta estivesse presente.Não interessava a ninguém ouvir a defesa de Joana.

No dia 21 de fevereiro de 1431, ela foi ouvida pelaprimeira vez. Deveria jurar perante todos que jamaisouvira as vozes que vinham de Deus e depois explicarpara a sociedade da moral e dos bons costumes, seustrajes masculinos e a ofensa contra Jesus, em carregarum estandarte, com a figura Dele e de Nossa Senhora.Para a Igreja essa era uma heresia inexplicável.

Joana dizia sempre as mesmas palavras e finalizavacom a verdade de salvar a França, promessa dela paracom Deus.

Isso deixava o clero alucinado. Eles precisavamcondenar Joana, mas para isso ela teria que confessar. Eela se negava, pois dizia não ser necessário, quecumprissem as ordens clericais.

Para completar seu calvário, enquanto criavam provascontra sua honestidade e pureza, carcereirosdesequilibrados e influenciados pelas trevas as quais sevinculavam, apesar das correntes colocadas em seus pése braços, queriam violentá-la. Joana sabia que os trajesmasculinos a protegiam, por isso não admitia ver-se livrede tão pesada armadura. E adúvida de sua pureza servia dechacota e de socos que osdesalmados soldados lhe davamquando vinham trazer-lhe comida.Por isso seu rosto estava sempreinchado e marcado pe loshematomas das pancadas quelevava.

Joana começou após algumtempo a sofrer pela saúde abaladasem saber ela que estavaingerindo alimentos envenenados.Os ingleses e os oficiais francesesse preocupavam. Achavam quepor alguma forma ela pedira aoscarcereiros que a envenenasse.Mas eles a queriam viva paraexecutá-la em praça pública.P r i n c i p a l m e n t e J o ã o d eLuxemburgo, que negociara a vidade Joana com os ingleses, queriasua saúde perfeita. Havia feito umpacto com os ingleses. Para issopediu ao médico Dr. Estivert que asalvasse dos venenos ingeridos.

Medicada e policiada suacomida, recebeu certo dia a visitade Luxemburgo. Joana havia sidopresa numa gaiola de ferro. A suachegada trouxe mais tristeza paraaquele ferido coração.

Completamente bêbado, João

de Luxemburgo aproximou-se da gaiola e chegando bempertinho do rosto da jovem, lhe disse:

Joana se você fizer o que lhe vim propor, sualiberdade será realizada de imediato. Para isso você juraráperante a corte do Rei Carlos VII que nunca mais, ergueráuma arma sequer contra os ingleses e os prepostos doRei. Você voltará rapidamente ao sertão de onde nuncadeveria ter saído.

Olhando-o num misto de asco e piedade e sentindo oforte odor alcoólico, Joana calmamente respondeu:

Você, farrapo humano, apresenta-se em piorsituação que a minha. Sei que seu teatro com os inglesese outros não me salvarão e nem manifestam esse desejo.Serei morta em emboscada, a qual vocês têm tantaspráticas direcionadas em cada caso. Porém, não terãopromessa alguma de minha parte. Vocês todos queiramou não, jamais terão o Reino da França. Esse reino terá avitória de Deus.

Luxemburgo saiu cambaleando e blasfemando contraos desígnios proferidos por Joana e desejando-lhe amorte.

Aos prantos, Joana tenta ajoelhar-se para orar. Mas ascorrentes não permitiam. Porém, ela viu-se nimbada deluzes a as vozes em coro dizerem-lhe:

Tenha coragem, filha. Você não está só. Breve vocêestará liberta. O martírio físico em que você se encontra éa porta aberta para a redenção desses equivocados dosaber humano. Você trouxe uma luz para um povooprimido pela ganância de um poder transitório. Mas oscaminhos estão sendo abertos para o futuro da França.

“AVerdade da Luz, ninguém apagará!” (Jesus)Alguns dias após a vinda de

João de Luxemburgo, ela recebe anotícia de sua condenação. Seriaqueimada em praça pública. Todosseriam testemunhas de suaheresia.

Joana, pensando nos horroresdas chamas a consumir-lhe ocorpo, exclama aos céus:

Oh! Deus! Se pudesseescolher, preferiria mil vezes serdecaptada do que ser queimadaviva.

E fortes soluços saíam-lhe docerne de sua pura alma. Enquantoisso, o Rei Carlos, no Castelo deLoire, divertia-se ao som de violasentregando-se aos prazeresmundanos.

Nem de leve lembrava-se dajovem Joana que lhe coroara Reida França, dando-lhe com issodeveres que jamais souberacumprir, por sua indolência eirresponsabilidade.

Amanhecia o dia 30 de Maio de1431.

Eram nove horas em Ruão,onde dali a pouco, Joana D'Arcseria queimada perante o públicona Praça do Velho Mercado.

Os sinos de todas as igrejas

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 11

Joana D’Arc na Praça do Velho Mercado, por JulesEugene Lenepveu, 1889.

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tema livreTema Livre

Se os homens são naturalmente maus, quando haveráum mundo melhor?

Os homens não são maus por natureza. A maldade éum estágio de confusão de seus valores reais. Mal saindode uma era em que tinha de desdobrar-se diuturnamentepara garantir o pão de cada dia, realizando com as mãos,em longas jornadas de trabalho, o que ora principia arealizar por meio de máquinas, vive a euforia dalibertação.

Está como que ébrio de sua nova condição.O tempo, contudo, e as decepções repetidas, nos

ensinarão que estamos na era do Espírito. Que já não

somos escravos das atividades materiais, para queconsigamos realizar-nos no plano da alma. Estamostomando maiores distâncias da animalidade e, se aindasomos apenas seres racionais, na escala zoológica,estamos no prelibar do ser angelical, na escala divina.

Confiemos em Jesus.Ele, que nos amparou sempre, é o Mestre a conduzir-

nos pelos caminhos da evolução, que nem semprecompreendemos. Mas todo dia é um dia melhor e, hoje,embora as afirmações do pessimismo, o homem é bemmelhor que o de ontem.

Roque Jacintho

Melhores que Ontem

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini - Diadema - SP

Tratamento Espiritual: 2ª às 19h453 às 14h454ª às 19h456ª às 14h45

ªAtendimento às Gestantes: 2ª às 15 horasEvangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniõesReuniões: 2ª, 4 e 5 às 20 horas

3 e 6 às 15 horasDomingo às 10 horas

ª ªª ª

Artesanato: Sábado das 9 às 16 horas

Joana D'Arc - Roque Jacintho - 1ª edição - 1995 -Editora Luz no LarJoana D'Arc - Léon Denis - 7ª edição - 1971 - FEBVidas Ditadas de Além Tumba, Joana D'arc - Por elamesma - 1ª edição - 1996 - Editora LFUImagens:

Capa “Joana D'Arc na Batalha de Orléans”, por JulesE u g e n e L e n e p v e u , 1 8 8 6 - 1 8 9 0 -

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e9/Lenepveu%2C_Jeanne_d%27Arc_au_si%C3%A8ge_d%27Orl%C3%A9ans.jpghttp://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Joan_of_Archttp://commons.wikimedia.org/wiki/Jeanne_d%27Archttp://ftp.kermit-project.org/cu/record/23/17/26c.gifhttp://historymedren.about.com/library/gallery/blpxjoanofarc.htmhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_VII_de_Fran%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Domr%C3%A9my

Bibliografia

tocavam os corações do povo que se acotovelava emmeio à praça. Uns choravam, outros mostravam-se aflitos.Mas a dor era sentida entre todos.

Joana chegara numa carreta acompanhada de muitossoldados.

Em meio à praça um monte de lenha. O suplício deveriaser lento. As chamas ainda estavam baixas. Elas sósubiriam após o sinal do Cardeal Winchester, que,solenemente, cobria-se de uma capa púrpura romana,ocupando o trono que ficara à frente da multidão.

Joana, em passos lentos, trajando um vestido branco,estava sendo encaminhada para o local da fogueira. Emfrente pediu um minuto.

Ajoelhou-se e com voz firme e tocante dirigiu-se aoMestre:

“Jesus, perdoa-nos. Não sei se inimigos ou algozes,mas sinto nesse momento, que a missão a mim confiadaserviu de alguma forma para unir dois povos valorosos,enlaçados num único Reino, o do Pai Celestial”.

De imediato, Joana reviu sua infância em Domremy,seus pais e irmãos. Sentiu ao seu lado seu eterno amigoJean de Metz e o padre Pasquerel a abençoá-la.

E acima, viu seus arcanjos: Miguel, Margarida eCatarina, fluindo-a com as gotas orvalhadas deAmor.

A multidão gritava pela vida de Joana. Levantando-seJoana ergue-lhes os braços e com as mãos revela umbreve adeus.

É então colocada em meio da fogueira, cujas labaredas

sobem vagarosamente e o bispo de Beauvais, acercando-se do local gritou-lhe:

Joana já sentindo o fogo a queimar-lhe as pernas, gritaconvincente:

As vozes jamais me enganaram.As revelações ditas por elas vinham de Jesus, o Cristo

de Deus!E já sufocada pela fumaça num grande esforço

continuou:Jesus! Amado Mestre e Senhor, fiz Senhor a sua

vontade. De nada me arrependo. Estarei ao lado dosArcanjos, obrigada Senhor!

E Joana D'Arc tombou morta, sobre as brasas dagrande fogueira. Todos puderam ver um grande rastro deluz que subia da Terra direto para o infinito.

Joana fora escoltada por legiões de espíritoscomandados por Jesus.Aestrela voltara aos Céus.

Jean de Metz e padre Pasquerel juntaram-se a essaestrela com a bandeira resplendente de Jesus e Maria deNazaré.

Esse instante sagrado marcara uma nova era para todahumanidade terrena.

Era o fim da Idade Medieval.A França em breve tempo caminharia para receber de

Jesus seu novo porvir!Eloisa

—,

— Abjure Joana, abjure!

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 13

“Todos os homens são iguais na Balança Divina.Somente as virtudes os diferenciam aos olhos de Deus.Todos os Espíritos são da mesma essência. Todos oscorpos são feitos da mesma massa.” (

, capítulo VII, “Bem-aventurados ospobres de espírito”, item 11 .)

Essas palavras do Evangelho calam fundo em nossocoração porque atacam nosso orgulho e nos fazem pensarnas atitudes que temos dia-a-dia com as pessoas denossos relacionamentos. Mas, e se alargarmos um poucomais o perímetro de nossas casas, para além daquilo quenos acostumamos a chamar de “civilização” e de que tantonos orgulhamos, quais são os irmãos que encontraremos?Aqueles a que chamamos de índios.

Infelizmente, a grande maioria dos brasileiros poucosabe da enorme diversidade de povos indígenas quevivem no nosso país. Hoje a população indígena está namarca de 734 mil pessoas, um número muito pequeno,pois representa cerca de 0,4% do total da populaçãobrasileira, mas esse número já foi muito maior. Estima-seque em 1500, havia de 2 a 4 milhões de índios habitandoessas terras, agrupados em 1000 povos. Hoje contam-se227 povos, que falam mais de 180 línguas diferentes! Ouseja, muito há que se aprender sobre a cultura, a língua eas tradições de povos tão distintos.

Mas, qual é o senso comum dos brasileiros em relaçãoaos povos indígenas? Ora são tidos como os “bonsselvagens”, aqueles que amam realmente a natureza e arespeitam, que são puros e que são os “verdadeiros donosdessa terra”. Ora são tidos como indolentes, preguiçosos,pessoas que têm terras demais e nada fazem com elas,que são ignorantes e que já não são mais tão puros porqueforam contaminados com os vícios dos “civilizados”.

A história colonial do Brasil nos mostra relatos deextermínio, escravização, guerras feitas contra os índios.Mas também nos mostra Anchieta e Nóbrega, padresjesuítas que dedicaram sua vida toda à aproximação com

esses povos, aprendendo, inclusive, suas línguas, paraque pudessem levar-lhes o Evangelho.

A história atual nos mostra leis que asseguram direitosdos índios à educação diferenciada, à demarcação desuas terras, e à preservação de sua cultura. Mas, que,como muitas outras leis, ficam somente no papel. E qual éo nosso papel, de aprendizes do Evangelho? O mundoglobalizado, interligado pela rede mundial decomputadores, revela cada vez mais diferenças culturais elingüísticas entre os povos. São essas diferenças quemostram as riquezas dos povos. Cabe a todos nósrespeitá-las, conhecendo-as. Mas as diferençasfundamentais encontram-se em cada indivíduo, são asdiferenças e, mais ainda as semelhanças, de fundo moral.“Todos os homens são iguais na Balança Divina”, nos diz oEvangelho.

O orgulho de nossa “civilização” nos faz enxergarmosos índios com superioridade, já que eles são os “bárbaros”e “incultos” habitantes das selvas. Mas “O Livro dosEspíritos” nos alerta sobre o que chamamos de ,na pergunta 793:

O EvangelhoSegundo o Espiritismo

O orgulho e a humildade civilização

Por que sinais pode-se reconhecer uma civilizaçãocompleta?

— Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral.Acreditais estar muito adiantados, porque tendes feitograndes descobertas e invenções maravilhosas; porqueestais melhor instalados e melhor vestidos que os vossosselvagens; mas não tereis verdadeiramente o direito devos dizerdes civilizados senão quando houverdes banidode vossa sociedade os vícios que a desonram e quandopassardes a viver como irmãos, praticando a caridadecristã. Até esse momento, não sereis mais do que povosesclarecidos, não tendo percorrido senão a primeira faseda civilização.

A civilização tem os seus graus, como todas as coisas.Uma civilização incompleta é um estado de transição queengendra males especiais, desconhecidos no estadoprimitivo, mas nem por isso deixa de constituir umprogresso natural, necessário, que leva consigo mesmo oremédio para aqueles males. À medida que a civilização seaperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males queengendrou, e esses males desaparecerão com oprogresso moral.

De dois povos que tenham chegado ao ápice da escalasocial, só poderá dizer-se o mais civilizado, na verdadeiraacepção do termo, aquele em que se encontra menosegoísmo, cupidez e orgulho; em que os costumes sejammais intelectuais e morais do que materiais; em que ainteligência possa desenvolver-se com mais liberdade; emque exista mais bondade, boa-fé, benevolência egenerosidade recíprocas; em que os preconceitos de

ÍndiosNosso Passado, Nosso Presente

atualidadeAtualidade

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livro em focoLivro em Foco

N o s d i a s a t u a i s ,costumamos ouvir e ler - nosnoticiários, comentários etambém nas conversas comamigos, parentes, noseditoriais, entrevistas, -assuntos que envolvem otermo “ideal”.

Entre amigos o assuntoé sobre os ideais de trocarde carro, comprar televisãomoderna, enfim sobre

aquisições de aparelhos com tecnologia moderna, ou umemprego melhor.

Entre parentes os assuntos não diferem muito.Nos editoriais lê-se muito sobre os ideais políticos

nacionais e internacionais, os quais em sua maioria, nofundo, estão sempre o poder político-financeiro.

Ouvimos muito nos meios profissionais, comomédicos, engenheiros, advogados, etc., ideais de lazer,como viagens, conforto, modernização e segurança emseus ambientes de trabalho.

Nos meios esportivos temos a ambição através dasvitórias, a visão de conquistas financeiras, as quais namaioria são direcionadas para os bens materiais.

Não generalizando que todos só pensem no poder e naparte financeira, não que esteja totalmente errado querermelhorar na parte material através do merecimentoefetuado pelo trabalho honesto e pelo esforço.

O problema está em querer evoluir só na parte materialo que causa o desequilíbrio.

Um exemplo muito simples deste problema, nos édado, pelo pequeno criador de galinhas no interior, pois

para que as mesmas não voem, ele corta metade daspenas de uma das asas e, estas ao alçarem vôo, perdem oequilíbrio e não conseguem voar.

Logo para haver o equilíbrio há a necessidade de ter asduas asas inteiras.

Voltando para a nossa evolução, qual seria a outraasa? Ou qual seria o outro ideal?

Seria o “Ideal Espiritual”, que fará que comecemos adiminuir a nossa ganância, o nosso orgulho fazendo assimque a outra asa, através da caridade, nos leve aoequilíbrio, o qual levará a evolução em direção ao Pai.

Para facilitar este equilíbrio, temos uma obra fantásticaque nos é dada por autores espirituais diversos epsicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieiraque é “IDEALESPÍRITA”, datada do Natal de 1962.

Seguem algumas frases tiradas desta obra:“...Rogas a paz do Senhor, mas o Senhor igualmente

espera por teu concurso na paz dos outros...” Meimei.“...Obrigado Jesus, porque na força de Tua benção,

consegui esquecer-me, procurando servir...”André Luiz.“...O mármore, candidato à obra-prima, submete-se à

pressão do cinzel...” Emmanuel.“...Dispense intermediários nas tarefas mais simples e

cumpra o que prometer...”André Luiz.“...Roupa não se conserva sem a cooperação da

lavadeira...”Albino Teixeira.“...Diante do desequilíbrio, pensa na caridade, remedia

e passa... Diante da tentação, pensa na caridade, ora epassa... Caridade é a solução...” Fabiano de Cristo.

Vamos através do “Ideal Espírita”, renovar e equilibrarnossos “ideais”, para a nossa evolução através doEvangelho e da caridade.

Família Amado

Ideal EspíritaFrancisco Cândido Xavier e

Espíritos DiversosCEC - 238 páginas

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casta e de nascimento sejam menos enraizados, porqueesses prejuízos são incompatíveis com o verdadeiro amordo próximo; em que as leis não consagrem nenhumprivilégio, e sejam as mesmas para o último como para oprimeiro; em que a justiça se exerça com o mínimo deparcialidade; em que o fraco sempre encontre apoio contrao forte; em que a vida do homem, suas crenças e suasopiniões sejam melhor respeitadas; em que haja menosdesgraçados; e, por fim, em que todos os homens de boavontade estejam sempre seguros de não lhes faltar onecessário.

Podemos realmente nos orgulhar de nossa dita“civilização” e nos considerarmos superiores a nossosirmãos menos esclarecidos? “Aquem muito foi dado, muitoserá cobrado” nos diz também o Evangelho. Todos nósestamos juntos, nesse mundo de expiações e provas, paracaminharmos juntos pela evolução de todos, e essaevolução, como sabemos, é fundamentalmente moral eespiritual. Assim, ensinamos e aprendemos uns com osoutros. Ensinamos os avanços da tecnologia aos índios

(sim, existem muitos que já estão conectados à Internet!) eeles nos ensinam seus conhecimentos de medicina danatureza. Ensinamos a eles que não se deve matar aorecém-nascido que é gêmeo (infelizmente, isso faz parteda tradição de alguns povos indígenas) e eles nos ensinama viver em comunidade, a repartir a colheita, a acolher todacriança órfã em sua própria família.

Mas o que realmente temos que aprender uns comoutros é a verdadeira caridade espelhada no perdão, natolerância, na beneficência, no respeito para com todos,indistintamente das noções de raça, pátria e etnia. Comoespíritos eternos, podemos reencarnar (como já o fizemos,certamente) em meio a povos distintos e até inimigos entresi, para que possamos todos aprender a prática dacaridade. Comecemos agora, então, a olhar nossosirmãos menos esclarecidos com o amor do Cristo emnosso coração e logo estaremos juntos na mesma senda,partilhando da verdadeira civilização.

Ku'tetetFotógrafo: Gilberto Azanha e Bento Viana

Imagem: www.trabalhoindigenista.org.br/galeria_timbira_povo.asp

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 15

kardec em estudoKardec em Estudo

Nós, os espíritas principalmente, devemos ter muitocuidado ao repreender qualquer atitude de nossossemelhantes, pois sabemos, através dos ensinamentosde Jesus, que temos o dever de ajudar aquela criatura quefoi colocada em nosso caminho, para ser socorrida.Quando temos esse conhecimento, somos responsáveispor todos os que fazem parte de nossa família, amigos,vizinhos ou mesmo aquele que julgamos por acaso, quecruzem conosco em alguma ocasião da vida,principalmente se for uma criatura equivocada quecomete muitos erros ou trilhe caminhos escusos nareencarnação. Nunca devemos julgá-la, pois não temosesse direito e nem capacidade para fazê-lo. Somostambém seres em evolução sujeitos a erros e acertos.

Será que se estivéssemos em situação semelhante adessa criatura não faríamos o mesmo? Será que sedivulgássemos esse mal, ao invés de ajudá-la como nosensina o Mestre Jesus, não iríamos piorar a sua situação?Não o estaríamos desacreditando junto a outras pessoas,sem necessidade, só por maldade, ou por satisfação deencontrá-la em falta? Ou ao contrário, se observássemosos erros alheios, sem divulgá-los, mas para vermos se nãoestamos fazendo o mesmo no nosso dia-a-dia, e procurarnos corrigir?

O mal não está em ver o mal.

O Evangelho nos diz que não se pode sentir somente obem em todas as partes, porque o mal está latente aindano ser humano. Se o mal é prejudicial à própria criatura oproblema é dela. Assim sendo, esse mal só deverá serdivulgado se houver prejuízo de outras pessoas.

Aquestão é muito delicada.Por isso devemos buscar na companhia do Mestre a

solução sob a claridade de sua luz, buscando com muitocuidado, o bem para que a maledicência não venha atraira sombra e se instale agravando a situação dodesequilíbrio na criatura.

Ainda somos criaturas falíveis. Lembremo-nos daspalavras de Jesus: Com a medida que medirdes, medir-vos-ão.

“De acordo com as circunstâncias, desmascarar ahipocrisia e a mentira pode ser um dever. Mais vale queum homem caia, do que muitos virem a ser enganados ese tornarem suas vítimas. Em semelhante situação, énecessário pesar a soma de vantagens e a deinconvenientes.” (Trecho de O Evangelho Segundo oEspiritismo, capítulo X, item 21)

Que Jesus nos ilumine para que façamos o melhor, é oque Ele espera de cada um de nós.

RuthMaterial Consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan

Kardec - Tradução Roque Jacintho - 2004 - Editora Luz no Lar

“Será repreensível notarem-se as imperfeições dos outros, quando isso nenhum proveito possa resultar paraeles, mesmo que não venhamos a divulgá-las?... Há casos em que é útil revelar o mal de outrem? ...”

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capitulo X - “Bem-Aventurados os Misericordiosos” - Item 20 e 21

evangelizacao infantilEvangelização Infantil

O mundo atual estácada vez mais cheio denovidades. A tecnologiafaz com que nossascrianças desenvolvamuma percepção materialem tenra idade. Cada vezmais, as crianças têmfacilidade de acesso àsnovidades tecnológicas.As brincadeiras e jogosque não são eletrônicos,já perdem seu atrativo.

Mas, não é apenas omundo material que se desenvolve a passos largos. Ascrianças que reencarnam hoje, também são muito maisespertas, comparadas com as de antigamente.

E a parte moral, como fica? Todos sabemos que andabem em baixa. O mundo progride, mas nós não evoluímosna mesma proporção. Para evitar um futuro de homensrudes e despreparados emocionalmente é que devemosnos preocupar em passar aos nossos pequenos o poucoque sabemos e estudarmos igualmente, para darmos umabase moral/espiritual àqueles que são de nossaresponsabilidade.

A evangelização na infância é parte vital na educação,porque somos espíritos eternos e não apenas homens emulheres do mundo material. Essa criança se tornará umadulto com valores que ajudarão a formar o seu caráter eesta sementinha que foi plantada, ainda que não dê frutosde imediato, sempre estará ali, no fundo de suasconsciências e de seus corações.

RosangelaImagem: www.techs.com.br/meimei/historias/historia93.htm

Por que Evangelizar?

Repreender e Divulgar o Mal

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Clube do Livroclube do livro

Psicografia de Dario Sandri Júnior pelo espíritoFénelon em que o autor relata experiências vividas emtorno do século XVIII em um romance que nos relata um

p o u c o d o c o n c e i t oespír i ta ao lado demensagens de reflexãoem seu contexto.

Através de diversosp e r s o n a g e n s e areencarnação de muitosdestes, observamos aconvivência de algunscompanheiros em épocasdistintas. Experiências dediversos personagensque nos levam a meditarsobre os dogmas criadospela sociedade e anecessidade da busca aoesclarecimento.

“ E x p e r i ê n c i a s d e

transmigração” e “Regressão” sugeridas em pontosdistintos do texto e o “Pós-Morte” e as dificuldades nacompreensão da partida ao mundo espiritual. Situaçõesque vêm mostrar-nos a necessidade do entendimento,através do esclarecimento, do verdadeiro sentido dareligião.

Em seu conteúdo, passagens que vêm a justificar onome do título do mesmo. Dentre várias tramas, trazpersonagem de grande riqueza que, por motivos de forçamaior, acaba vivendo experiências ao lado de pessoasextremamente pobres, acudido por estas com grandeamor, mostrando verdadeiro exemplo de Caridade.

Exemplos diversos de situações que nos servem dealerta e representam oportunidade vasta no campo dodesenvolvimento moral do ser.

Ao final do livro, veremos também o carinho de pessoasque auxiliaram na obra e disseram-se extremamenteemocionadas quanto ao seu estilo literário, riqueza devocabulário e, principalmente, a preocupação da pesquisahistórica atrelada aos fatos.

Marcelo

Do Outro Lado da CruzDario Sandri Júniorpelo espírito Fénelon

Editora Aliança397 páginas

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

A Terra é a imensa seara que Deus nos oferece, paraocuparmos a reencarnação, no preparo ao plantio salutar,com o adubo da boa vontade.

Mas em meio à plantação muitos são os obstáculos que

surgem, por vezes o sol escaldante faz lembrar aolavrador os cuidados para com as sementes.

Proteção para que a cobertura úmida seja dospróprios elementos que a terra nos dá pelas leis danatureza. Muitos são os elementos estranhos quese aproximam em vigorosos ataques à planta aindafrágil. São elementos que se defendem parasobreviver, porém, se o lavrador for paciente,corajoso e temente às leis de Deus, saberá comolibertar a planta frágil sem agredir os ofensores, poiseles também fazem parte do Universo, são filhos domesmo Pai.

Assim é a nossa reencarnação.Se somos atacados é porque um dia atacamos

igualmente. Se somos cobrados, Deus nos ofereceum campo vasto para continuarmos a plantação datolerância, da compreensão e fazermos a colheitavigorosa da paz.

Não deveremos abandonar o campo e deixar queo orgulho ferido detenha a terra fértil. Lembremos aséria observação de Jesus: “Cultive o joio junto aotrigo.” - “No tempo certo o trigo florecerá e o joiodesaparecerá, pois aquele que semeia em nome doPai eterno, colherá em abundância.” (trechos dolivro “Fonte Viva” - Emmanuel)

Elielce

O tempo lembra a terra...Aexistência é a lavoura...Cada espírito em si é um lavrador volante.Ah! não percas na vida a grandeza do instanteDe preparar, servindo, a messe porvindoura!...

Sempre surja nos céus a coma fluida e louraDo Sol varando oAzul em giro deslumbrante,Renova-te, trabalha, e segue o dia avanteNa jornada do bem, onde o bem se entesoura.

Enquanto a força vela, enquanto a luz te aclara,Não te detenhas!...Ama, ensina, ajuda, ampara,Faze jardim do lodo e paz no campo adverso!...

Asementeira é livre ante as terras alheias,Mas depois colherás tudo quanto semeias,Esta é a lei soberana e augusta do Universo.

Constâncio Alves

Psicografia de Francisco Cândido Xavier / Diversos Espíritos -Livro “Poetas Redivivos” - FEB

Tempo e Nós

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 17

Assim como podemos ser médiuns das sombras noestado de vigília, também o seremos ao dormir.

Médiuns todos somos, embora uns de forma maisostensiva. Independente de comunicações diretas,estamos sempre rodeados do mundo espiritual e,dependendo dos nossos pensamentos e atos, nossintonizamos de acordo com as afinidades. A assertiva “o

se encaixa perfeitamente ao caso.Numa passagem do Evangelho, o profeta Jeremias,

através das palavras:,

indicava os meios utilizados por aqueles queintencionavam conduzir a opinião pública levianamente.

Muitos, até hoje, se utilizam desses ardis para iludir aspessoas. Alguns usam de mentiras e fantasias, inventandopremonições, mas, também há os que, por invigilância, se

deixam enganar.Nos sonhos, o mesmo pode ocorrer se, em nosso dia-a-

dia, nos deixarmos envolver por intrigas, maledicências,mágoas, ressentimentos ou quaisquer brechas quefacilitem aos desencarnados sedentos dos mesmosinstintos, se unirem aos nossos pensamentos e assim,permitir o livre acesso em nossos sonhos, durante orepouso da matéria. Quer dizer, repouso é o que o nossocorpo deveria ter ao dormirmos, mas, dentro de um climaconturbado, sabemos que nem o corpo recebe o descansonecessário.

E aí, acordamos cansados e não sabemos o porquê!Neste ínterim, nos serve de alerta as palavras do

Apóstolo João, quando disse: “Não acrediteis em todos osespíritos, mas experimentai se os espíritos são de Deus”.

Nem tudo o que vemos e ouvimos durante o sono pode

safins se atraem”,

Eu ouvi esses profetas profetizarema mentira em meu nome, dizendo: 'Sonhei, sonhei!'

Mediunidade e Sonhosonhos

Sonhos

Desde a época do noivado ou namoro, ocasal traça planos para a constituição do lar.

O homem, sempre com o espírito prático,pensa na aquisição da casa (ou de suaconstrução) e na compra dos móveis eutensílios.

A mulher, sempre com o espírito maissensível, idealiza a arrumação, os enfeitese mimos que desde criança sonhara.

Ao casarem, começam a “nova vida”,mas atualmente estão esquecendo umdetalhe dos mais importantes: a religiãodentro do lar.

Muitos casais empolgam-se com o novolar e esquecem-se de transformar este larem um Templo Sagrado onde a família seencontra.

Devemos cultivar o hábito da oração em nossos lares,se possível junto com toda a família. É o chamado Culto doEvangelho no Lar.

Reunir uma vez por semana (pelo menos) aqueles quepartilham do mesmo teto e ler alguma passagem doEvangelho e com cada um fazendo um comentário doentendimento. Fazer uma prece de agradecimento aDeus.

Quando muitos reclamam da falta de diálogo, oEspiritismo vem ensinar um método de aproximação dosfamiliares.

Os adultos encontram uma oportunidade deconversação saudável e as crianças aproveitam parareceberem as orientações cristãs.

Tal qual temos respeito pelos templosreligiosos, devemos ter um grande respeitopelo nosso lar e pela nossa família,honrando a oportunidade que Deus nosoferece, porque “o lar não é somente amoradia dos corpos, mas, acima de tudo, aresidência das almas. O santuáriodoméstico que encontre criaturas amantesda oração e dos sentimentos elevados,converte-se em campo sublime das maisbelas florações e colheitas espirituais.”(trecho do livro “Missionários da Luz” AndréLuiz)

Vemos muitos lares indo na direçãoo p o s t a a e s t a p o s i ç ã o . A b r e mconstantemente as portas para festas e não

se lembram de realizar por um instante o banqueteespiritual da prece. Agindo assim, abrem as portas parainfluenciação de todos os tipos de espíritos, normalmenteos espíritos não muito evoluídos, que vão causar muitosproblemas no ambiente doméstico.

Todos estes quadros, o da paz ou o da perturbação, sãomontados conforme as nossas atitudes dentro do lar.

Examinemos como es tá sendo o nossocomportamento frente ao Templo Sagrado que Deus nosconfiou e sigamos o exemplo de Jesus que honrou o larque o recebeu e amou a todos que faziam parte dele.

Só assim desfazemos as amarras de ódios e rancoresque nos prendem aos familiares, transformando-as embonitos laços de amor.

WilsonImagem: www.techs.com.br/meimei/historias/historia93.htm

familiaFamília

Templo Sagrado

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ser aceito cegamente.Assim como acordados, ao dormirmos e sermos

intuídos, devemos ter a mesma prudência, a fé raciocinadae o cuidado moral conosco mesmos, para não cairmos nastentações e ciladas dos nossos próprios deslizes.

O estudo doutrinário é um forte aliado para oentendimento das leis que regem o espaço que ainda nãocompreendemos e para o fortalecimento de nossasconvicções.

Quem lê a história de um Apóstolo Divino, como porexemplo, FRANCISCO DEASSIS, ganha um novo impulsopara inclinar-se com mais fervor às coisas de Deus. Pelo

menos um “tiquinho” a gente consegue. Se nãoestudarmos os exemplos deixados por nossos mestres,fica mais difícil.

Por isso e por tantas outras bênçãos, agradeçamos aJesus, o Governador da Terra e a Deus, Nosso Pai, pelafacilidade que temos hoje na opção pelo caminho do Bem.

E todos nós, médiuns de dia e de noite, em vigília ouem sonhos,

Rosangelaoremos e vigiemos.

Citações do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, AllanKardec, tradução Roque Jacintho, Editora Luz no Lar - Cap.XXI “Falsos

Cristos e Falsos Profetas” - item 11 “Jeremias e os Falsos Profetas”

Marino era um menino muito inteligente. Talvez por isso,entre os amiguinhos, era o que dava a última palavra nosjogos ou brinquedos realizados pela turma. Havia, porém,um descontentamento entre todos, quando dona Aline, aprofessora da escola em que ele freqüentava, falava sobrereligião, ou melhor, principalmente quando o assunto eraDeus.

Diante da aula, quando a professora salientava apresença de Deus, Marino não falava nada, fazia de contaque escutava. Quando bateu o sinal para o recreio e ele sejuntou aos meninos, aí ele fez a sua pregação, dizendoorgulhosamente:

— Quem acreditou nas palavras de dona Aline, comaquele papo da existência de Deus, é um babaca.

A gritaria foi geral. Todos se revoltaram com a maneirade Marino criticar a existência de Deus.

Celinho era o mais bravo. Com a cara fechada, chegoupara Marino e foi falando alterado:

— Cala a boca, mané. Você não sabe de nada. Quem évocê para querer ser mais que a nossa professora? Se elafalou que Deus existe, é porque existe mesmo. Você é quenão prestou atenção nas provas que ela citou, para quetodos nós tivéssemos a certeza de que Deus é nosso Pai.

Com uma risada zombeteira, Marino respondeu comfirmeza:

— Mané é você! Que prova? Vocês viram a figura deDeus? Isso tudo é historinha. Eu só acreditaria se Deusaparecesse para nós. Fosse onde fosse, na sala de aula,até na minha casa.

Celinho e os outros meninos continuavam revoltados. Adiscussão fervia. Como tomava vulto a briga, em palavrasaltas, chamou a atenção da inspetora de alunos que,rapidamente, foi ter com eles.

Após minutos de confusão em que todos os meninosqueriam falar ao mesmo tempo, dona Carmen ergueu avoz firmemente:

— Calma, calma! Vamos pôr ordem nessa bagunça.E, apontando para Celinho, que era o mais alterado,

pediu-lhe que contasse o que estava acontecendo. OuviuCelinho e depois o autor da discussão, Marino, que seguiu,respondendo à dona Carmen:

— Eu não acredito em Deus!

A inspetora, um tanto admirada, pedindo silêncio,perguntou ao menino:

— Marino, quem disse isso a você? Não acredito que,sendo tão criança, a sua posição seja de tanto desamorpara com o Nosso Pai! Por quê? Deus, Marino, é amor. Elenos criou. Ele nos deu a vida.

O menino, ainda sorrindo maliciosamente, respondeu:— É nada. Quem me deu a vida foi meu pai e minha

mãe. Se não fossem os dois, eu não existiria!— Não é bem assim, meu menino - prosseguiu dona

Carmen, calmamente. Deus também os criou, meu filho.Se não fosse a bondade e a misericórdia de Deus, essemundo em que vivemos não existiria. Ele é o Criador detodo o Universo. Esse infinito que é o Céu. O tempo, o mar,a terra, o sol, a lua, as estrelas, os povos e as nações.Tudo, tudo o que o homem não pode fazer é obra de Deus.

Marino parou e ficou olhando fixamente para donaCarmen, que ficou falando entusiasmada sobre toda arealização da presença de Deus. Marino estava envolvido,assim como todos os que se formaram em círculo ao redorda inspetora. Num dado momento, Celinho, mais calmo,perguntou a Marino:

— Seus pais não acreditam em Deus? Vocês não fazemorações juntos? Lá na minha casa, todas as noites, meuspais fazem oração no meu quarto. A mamãediz sempre que nós temosque agradecer a Deuspela vida e por tudo oque Ele nos faz. Vocêjá pensou, Marino, senós não tivéssemoscasa, nossos pais,nossos irmãos, quetristeza seria a nossavida?

Dona Carmen ficou ouvindoe esperou a resposta de Marino.Esse, um tanto constrangido, retrucou:

— Não. Lá na minha casa ninguém faz oração.E quando falo para meu pai o que dona Aline comenta deDeus, ele diz sempre que isso é bobagem. E que nósviemos a esse mundo só para sofrer. Por isso, meu pai me

A Existência de Deus

contosContos

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 19

diz que eu preciso saber o que eu quero. E que o melhor émandar e não ser mandado.

Dona Carmen observou os rostinhos que ficaramentristecidos com o que ouviam do amiguinho. Para nãoperder a oportunidade de esclarecer o coração do menino,a inspetora continuou:

— Você prestou atenção quando Celinho disse “se nósnão tivéssemos pais, casa etc.” Pois é, meu filho, aquelesque pensam, orgulhosos, que são indestrutíveis, porquepensam que são deuses é que sofrem e retornam a essemundo, sem casa, sem pais etc.

Marino, que tinha o pensamento rápido e estavaacompanhando a conversa, exclamou assustado:

— Então se Deus é assim, Ele é muito ruim. Ele castiga!Eu vou ser castigado porque falei que não acredito nele,assim como meu pai?

— Não, meu filho. Deus é justo. Ele não castiga. Ele nosensina a sermos bons. Quem faz o bem, só recebe o bem.Você não sabia o que estava falando. Você só repetia oque seu pai falava. Mas, agora, tenho certeza de que vocêé um menino inteligente e vai fazer os seus pais oraremcom você. Sabe por quê? Porque você aprendeu com seusamiguinhos e com sua professora a amar a Deus. Achoque seu papai nunca teve tempo para saber que, se eleexiste e tem uma família tão bonita, é porque Deus deu a

vocês essa oportunidade de se amarem e agradecerem aEle pelo lar e pela saúde que vocês têm.

Marino, com os olhinhos brilhando de alegria, abraçoudona Carmen. Os meninos aplaudiram a atitude doamiguinho. Celinho foi o primeiro que veio ao encontro deMarino e, abraçando-o, também lhe disse:

— Agora sim, você está vendo como é verdade quandoa nossa professora, donaAline, fala que nós somos irmãosporque Deus é nosso Pai, né? Acho que você precisa,quando entrar na sala de aula, pedir desculpas a nossaprofessora e dizer a ela que você agora sabe e acredita naexistência de Deus.

O sinal dava o aviso de que o recreio terminara. DonaCarmen acolheu a idéia de Celinho e pediu para que todosfizessem silêncio e voltassem à sala de aula. Após isso,Marino e Celinho correram a contar a dona Aline o quehavia acontecido no recreio.

Dona Aline ficou muito feliz! Pediu a Marino, sesoubesse jogar, brincar com todos sem orgulho de ser omandante, pois, se todos eram irmãos, não serianecessário ser só ele o líder. Deveriam todos se ajustarem,para que houvesse paz e entendimento fraterno. Esse é odesejo de Deus, Nosso Pai!

E todos aceitaram a idéia de donaAline.Elielce

A Velhice Não Existe

Terceira Idade

O principal motivo pelo qual a tristeza chega aoscorações dos idosos não é porque sentem-seincapacitados para o trabalho ou qualquer outra atividade,e sim, pelo abandono dos familiares.

Sentindo-se sozinhos, muitos chegam à terceira idadee se revoltam dizendo não merecer tamanho abandono,porém, não podemos nos esquecer que em qualquer faseda vida nunca estamos sozinhos, porque Deus, Nosso PaiMaior, não nos abandona.

Buscando uma explicação para a situação em que estávivendo, o idoso na maioria das vezes culpa a Deus por lheter dado uma família tão sem amor. Não podemos pensardesta forma, pois, somos espíritos eternos e devemosolhar para o futuro acreditando numa vida melhor.

Todos nós temos deveres a cumprir, não importa aidade que temos. Devemos acreditar que nunca vivemosem uma família errada, assim, seja qual for a situação emque nos encontramos, o auxílio ao próximo é o melhorremédio.

Quem chega à terceira idade com disposição para otrabalho provavelmente não se sentirá velho, pois, avelhice não existe para ninguém. Não devemos pensar

que é o fim só porque chegamos à terceira idade, afinalcada etapa de nossa vida é um recomeço.

Sempre existe algo de bom guardado dentro de nós,experiência de nossa infância até os dias atuais,entretanto, se não soubermos trabalhar o nosso interior,corremos risco maior de adquirir doenças que venham atrazer desequilíbrios que encontramos devido o mau usode nosso livre arbítrio.

Sem percebermos usamos indevidamente nosso livrearbítrio de maneira a nos contaminarmos com váriasdoenças conhecidas como, por exemplo, câncer e mal deAlzheimer.

Deus na sua misericórdia divina, nos permite areencarnação para resgatarmos dívidas do passado aolado daqueles ao qual somos devedores. Sem privilégioalgum, o esforço é de cada um de nós a vencer osobstáculos e, como sabemos, a melhor maneira possível éo trabalho no campo do bem, lembrando dosensinamentos do Mestre Jesus e enxergando a todoscomo nossos irmãos.

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