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26Melhormarço2018
CUIDADOS COM O BEM-ESTAR DAS PESSOAS GANHAM PESO NA HORA DE ATRAIR E RETER TALENTOS, MAS ESSAS AÇÕES DEMANDAM UMA VISÃO DIFERENTE DO QUE É SAÚDE
saúde
em um cenário em que a eco-nomia ainda parece patinar, qual o peso da remuneração
para atrair e reter um talento? Deve ser o item mais importante a ser ava-liado em situações como essa? Até que ponto o real interesse com a saú-de do funcionário também não conta? “Salário não é tudo”, adianta Ricardo de Marchi, diretor do Centro de Per-formance Humana (CPH). Na opinião dele, muitas empresas não têm condi-ções de pagar muito além da faixa sa-larial do setor e isso abre espaço para outras “qualidades” da organização.
Ele conta que, há alguns anos, es-sas questões foram discutidas entre empresas de alta tecnologia ameri-canas. Os primeiros colocados das principais universidades de lá ti-nham emprego certo quando se for-mavam. “Então, um empregador ofe-recia 50 centavos de dólar por hora a mais para tê-los em seu quadro de funcionários. O concorrente ofere-cia 80 centavos a mais e um terceiro chegava a 1 dólar por hora. No fim, o limite era alcançado rapidamente e todos faziam enormes esforços para atrair e, principalmente, reter gran-des talentos, pois também existiam informações confidenciais que não deveriam ser divulgadas pelo pro-
VIsÃo CaDa VEZ maIS INTEGraL
Ullmann, do linkedIn: ações de bem-estar e prevenção
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Luiz Edmundo, da ABRH-Brasil: conceito mais abrangente de saúde
© foToS: aDrIaNo VIZoNI
fissional que fosse contratado pelo concorrente”, diz. “O que as empre-sas perceberam foi que os benefícios que promoviam a saúde tinham forte poder de atração e retenção.”
No entanto, esses benefícios têm se transformado em dores de cabeça para os gestores de recursos huma-nos em função do custo que repre-sentam –os planos de assistência mé-dica, por exemplo, sempre atrelados a uma inflação específica que cami-nha em dois dígitos. Para minimizar esse impacto financeiro, especialistas sugerem uma visão mais intergral do conceito de saúde na empresa, aban-donando o foco na doença.
“No passado, o conceito de saúde era muito limitado, sendo identificado como um estado de ausência de doen-ças. Quando muitas empresas come-çaram a incluir, entre seus benefícios, um plano de saúde, sua finalidade era proteger seus colaboradores e mini-mizar o impacto das doenças e afasta-mentos sobre a produção”, conta Luiz Edmundo Rosa, diretor de desenvolvi-mento de pessoas da ABRH-Brasil. Um exemplo dessa miopia, explica, é quan-do as pessoas fazem check-up e come-moram a ausência de algum problema, mas continuam com os mesmos com-portamentos de risco, cujos efeitos vão só aparecer ao longo do tempo.
Ele conta que o conceito de saúde se ampliou, passando a ser enten-dido como um estado de bem-estar abrangente, muito além dos aspectos físicos, e incluindo os aspectos emo-cionais, sociais, intelectuais, pro-fissionais e até espirituais. A partir dessa nova visão, para ter saúde não basta evitar ou tratar as doenças. “É necessário investir continuamente na sua melhoria, cuidando desses as-pectos. Esses cuidados são essenciais,
tanto para as pessoas quanto para as empresas, numa perspectiva de ga-nha-ganha para ambas”, destaca.
Isso porque, vale reforçar, compor-tamentos não saudáveis elevam riscos que se transformam em doenças e, consequentemente, despesas. Ricar-do, do CPH, lembra que sedentaris-mo, dieta inadequada e obesidade re-presentam quase que 40% da origem de custos médicos. “Investir na saúde de empregados implica oferecer uma série de benefícios que apoiem o re-torno desse investimento e a chan-ce é grande. Steve Aldana [CEO do WellSteps] publicou 32 estudos em que mostra um ROI de 3,48 por dólar investido”, destaca.
Sim, prevenir vale a pena. E no LinkedIn isso se traduz, entre outras iniciativas, nos comunicados men-sais com dicas de saúde. Além disso, uma vez por ano é promovida uma ação na qual diversos profissionais da área da saúde são convidados para dar palestras aos funcionários.
Além dos benefícios de praxe, como assistência médica e odontológica
100% subsidiado pela companhia, to-dos os funcionários têm direito a um check-up completo uma vez por ano. “Como benefício adicional, todos rece-bem R$ 4.000 por ano para utilizarem com ações de bem-estar como massa-gens terapêuticas, academias, pilates, fisioterapia”, diz Alexandre Ullmann, líder de RH do LinkdeIn.
Ainda em relação aos benefícios, ele conta que os funcionários de faixa etária mais baixa valorizam os des-contos ou reembolsos de academia. “Já os funcionários de faixa etária mais elevada valorizam mais o plano de saúde. De forma geral, percebemos que essas ações fazem diferença na atração e retenção de profissionais.”
edUcar a pessoa
Planos de assistência médica, benefício farmácia, programas de bem-estar, ambulatórios mais rela-cionados à saúde e não somente às ocupacionais, screenings preventivos etc.: alguns desses benefícios e inicia-tivas trazem retornos mais rápidos do que outros e, de maneira geral, a grande parte é comum nos pacotes oferecidos pelas empresas. “Eles são úteis na atração e retenção mas não suficientes para impactar o bottom line, mesmo com bons salários e bo-nificações que quase sempre estão no limite”, afirma Ricardo.
Ele frisa que saúde, desempenho e produtividade estão intimamente li-gados e relacionados ao presenteísmo e absenteísmo. Dessa forma, educar, motivar, criar ambientes compatíveis e políticas de suporte contribuem muito. “Sou partidário de uma edu-cação na gestão pessoal de saúde, um treinamento como em outras áreas. Com isso, a empresa aumenta a cons-cientização e reduz riscos”, diz.
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saúde
Ainda em relação aos benefícios li-gados à saúde, Luiz Edmundo lembra que numa recente pesquisa feita pela ABRH-Brasil e ASAP, que abrangeu 8 empresas e 3 milhões de benefi ciários de planos de saúde, foi constatado que 4% delas ofereciam planos de saúde. “Mesmo considerando suas diferenças de cobertura, o poder de atratividade de um plano tornou-sse relativamente bem menor, o que não quer dizer que possa ser dispensado. Sua ausência pesaria fortemente na perda de bons talentos, já que a proteção da saúde se tornou uma necessidade de alto valor para as pessoas, frente às enormes li-mitações da saúde pública”, diz.
Diretor médico da Med-Rio Che-ck-Up, Gilberto Ururahy conta que, no atual cenário, o oferecimento de um plano de saúde tem sua força. “Para ter um seguro ou plano de saú-de, o cidadão deve ter um emprego. Tudo passa pelo corporativo”, diz. “E como nosso sistema público de saúde está falido e o funcionário precisa do plano ou seguro saúde para ele e sua família, acaba sendo também uma forma de reter talentos”, diz.
Para ajudar a reduzir os custos dos planos para as empresas, ele defende que a área de RH deve conscientizar os funcionários para reduzir as sinis-tralidades. “Usar o plano de saúde quando, verdadeiramente, for ne-cessário”, avisa. Outras iniciativas, na opinião de Ururahy, são: negociar com as seguradoras e/ou empresas de medicina de grupo a redução do in-vestimento mensal vis-à-vis de ações desenvolvidas em medicina preven-tiva; e estimular todo o quadro de funcionários, a começar pelos líderes, a empreender estilo de vida saudável, isto é, se alimentar equilibradamente, praticar atividade física aeróbica re-
© aDrIaNo VIZoNI
aInda MantÉM a ForÇa
Mariana, da Mercer Marsh Benefícios: papel do nível hierárquico
© DIVULGaçÃo
mariana Dias Lucon, diretora de consultoria e produtos da mercer
marsh Benefícios, fala sobre a importância da assistência médica
para atrair e reter talentos:
os benefícios ligados à saúde ainda mantêm importante
papel no processo de atração e retenção de talentos?
Sim, principalmente o benefício de assistência médica que,
dependendo do nível hierárquico do colaborador, pode representar
até 35% do salário. Hoje, uma empresa que não oferece esse
benefício está em desvantagem, principalmente pelo fato de as
opções existentes de mercado para planos individuais ou coletivos,
por adesão, possuírem custos menos competitivos.
quais os movimentos mais comuns que foram feitos pelas
empresas nos últimos anos em relação a esses benefícios,
em função do cenário econômico?
as mudanças foram realizadas principalmente no benefício de
assistência médica, que possui um peso relevante comparado aos
demais benefícios oferecidos pelas empresas. os movimentos
mais comuns foram: mudança de operadora (principalmente para
aquelas com operação verticalizada – detentoras de rede própria
que acabem tendo uma oferta de produtos um custo menor que as
seguradoras); inclusão, aumento ou extensão da coparticipação;
revisão do nível de plano versus cargo; revisão da contribuição fixa
para aquelas empresas que já possuíam este modelo; e revisão dos
níveis de reembolso.
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© aDrIaNo VIZoNI
Pesquisa conduzida da mercer marsh Benefícios mostrou que os benefícios relacionados aos cuidados
de saúde e vida dos colaboradores são os mais oferecidos pelas companhias. o primeiro é o plano de
saúde, presente em 99% dos pacotes de benefícios das empresas. Em segundo lugar é o seguro de vida,
presente em 95% das companhias. E 91% oferecem o plano odontológico. o check-up está presente em
44% das cestas de benefícios, segundo levantamento da consultoria junto a 690 empresas que juntas
empregam 1,7 milhão de colaboradores.
Já o benefício farmácia, com subsídio para compra de medicamentos, é oferecido por 33% das empresas. No
caso dos planos odontológicos, 40% das empresas oferecem o plano básico aos colaboradores; 38% são
coberturas executiva, e 22% planos intermediários.
a saúde dental entra na cesta de benefícios como contratação compulsória em 59% das empresas. as que
oferecem o benefício por adesão voluntária somam 41% da amostra. apenas 16% das empresas aplicam a
coparticipação, onde em média, os colaboradores participam com 26% dos custos dos procedimentos.
Em suma, o que a pesquisa constatou é que cada vez mais o benefício odontológico tem sido considerado
estratégico pelas empresas, o que é comprovado pela sua alta prevalência, em 91% das companhias.
o qUe há na cesta
ricardo, da cph: salário
não é tudo
Contará com os melhores especialis-tas e com uma abordagem pragmáti-ca. Vai colocar os melhores conceitos, ferramentas e experiências de sucesso a serviço desses profissionais, visando levar para suas empresas soluções para melhorar os resultados da saúde cor-porativa”, diz Luiz Edmundo.
“Saúde mental – práticas mindfullness”. “Prevenção da saúde do colaborador – check-up médico”. “Mude sua vida dentro e fora do trabalho: o cardápio correto”. “Nova fronteira da tecnologia na saúde corporativa”. “Como melhorar o ROI em saúde”. “Planejamento estratégico da saúde, existe?”. Esses são os temas do evento Melhor Saúde Corporativa, promovido pela revista MELHOR no dia 18 de julho, na capital paulista. O evento é voltado para gestores de RH e de saúde de médias e grandes empresas. Pré-inscrições, mande um e-mail para: [email protected]
Acesse o site da revista MELHOR e confira o artigo de Edu R. Trevisan, coordenador do Grupo de Estudos QSMS, da ABRH-PR. Ele aborda o tema Compliance Ergonômico, que se destina às empresas que desejam aprimorar sua imagem e qualidade de vida dos seus empregados, além de incrementar seu lucro junto aos clientes.
gular e buscar sono de qualidade. “Para melhorar a gestão de custos,
é necessário aplicar um conjunto de ações e programas, orientados por uma estratégia clara e acompanhada por in-dicadores objetivos”, afirma Luiz Ed-mundo, da ABRH-Brasil. Como exem-plo, ele cita conhecer em profundidade o perfil dos beneficiários dos planos de saúde da empresa, o que inclui os seus colaboradores e dependentes. A partir disso, desenvolver programas gerais e específicos por grupo, oportunizando os investimentos. “Nos programas ge-rais se incluem aqueles que promovem
a saúde, estimulam a atividade física, melhoram a alimentação saudável e contribuem para que o clima seja saudável e produtivo. Nos específicos, aprimorar resultados e minimizar ris-cos, atuando-se preventivamente em grupos como hipertensos, sedentários, obesos, doenças crônicas etc.”
E para ajudar o RH nessa tarefa, a ABRH e a ASAP se uniram para apoiar o lançamento de um curso de Gestão da Saúde Corporativa. “Será um pro-grama inédito destinado aos profis-sionais de RH e que será realizado por uma instituição educacional de ponta.