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SAÚDE MENTAL, REABILITAÇÃO E ATENÇÃO BÁSICA: ENCONTROS ENTRE UNIVERSIDADE E SERVIÇOS DE SAÚDE

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SAÚDE MENTAL, REABILITAÇÃO E ATENÇÃO BÁSICA:

ENCONTROS ENTRE UNIVERSIDADE E SERVIÇOS DE SAÚDE

SAÚDE MENTAL, REABILITAÇÃO E ATENÇÃO BÁSICA:

ENCONTROS ENTRE UNIVERSIDADE E SERVIÇOS DE SAÚDE

MARIA CRISTINA G. VICENTIN; MARIA CECILIA BONINI TRENCHE; EDNA PETERS KAHHALE; ISABELLA SILVA DE ALMEIDA

(ORGANIZADORAS)

SÃO PAULO

2016

Ministério da Saúde – MSEsplanada dos Ministérios – Bloco G

Brasília, Distrito Federal, BrasilCEP 70058-900

Copyright © 2016 – Ministério da Saúde.

A reprodução do todo ou parte deste documento é permitida somente para fins não lucrativos e com autorização prévia do Ministério da Saúde – MS e Fundação São Paulo – Fundasp, desde que citada a

fonte.

Título: Saúde Mental, Reabilitação e Atenção Básica: encontros entre universidade e serviços de saúde.Obra realizada com apoio financeiro do Ministério da Saúde – MS, no âmbito do Convênio n. 776431/2012

Pró-Saúde/PeT-Saúde.

Tiragem: 1ª edição – 2016 – 2.000 exemplares impressos

Impresso no BrasilDistribuição Gratuita

Artgraph Serviços Gráficos Ltda. Imagens de capa: Sky Blue; Several Circles; Black Lines de Wassily Kandindky

Pesquisa - Olhares populares sobre direitos e justiça na cidade de São Paulo

3

Capa: ArtgraphEditoração Eletrônica: Artgraph

Impressão e Acabamento: Artgraph

Rua Alexandre Levi, 183 - CambuciCEP 01520-000 - São Paulo - SP - Brasil

Tels: 11 3399-2272 / 3271-3831 / [email protected] www.artgraph.net

Secretaria de Direitos Humanosda Presidência da República - SDH/PR

Setor Comercial Sul - B, Quadra 9, Lote C, Edificio Parque Cidade Corporate,Torre “A”, 10º andar, Brasília, Distrito Federal, Brasil

Copyright © 2012Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR

A reprodução do todo ou parte deste documentoé permitida somente para fins não lucrativos

e com autorização prévia e forma da Secretariade Direitos Humanos da Presidência da República - SDH/PR,

desde que citada à fonte.

Título:Pesquisa - Olhares Populares sobre Direitos e Justiça na Cidade de São Paulo

Obra realizada com apoio financeiro da:Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - SDH/PR

Disponível também em: http://www.sedh.gov.br

http://www.pucsp.br

Tiragem:1ª edição – 2012 - 500 exemplares

Impresso no Brasil

Distribuição Gratuita

Pesquisa - Olhares populares sobre direitos e justiça na cidade de São Paulo

3

Capa: ArtgraphEditoração Eletrônica: Artgraph

Impressão e Acabamento: Artgraph

Rua Alexandre Levi, 183 - CambuciCEP 01520-000 - São Paulo - SP - Brasil

Tels: 11 3399-2272 / 3271-3831 / [email protected] www.artgraph.net

Secretaria de Direitos Humanosda Presidência da República - SDH/PR

Setor Comercial Sul - B, Quadra 9, Lote C, Edificio Parque Cidade Corporate,Torre “A”, 10º andar, Brasília, Distrito Federal, Brasil

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A reprodução do todo ou parte deste documentoé permitida somente para fins não lucrativos

e com autorização prévia e forma da Secretariade Direitos Humanos da Presidência da República - SDH/PR,

desde que citada à fonte.

Título:Pesquisa - Olhares Populares sobre Direitos e Justiça na Cidade de São Paulo

Obra realizada com apoio financeiro da:Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - SDH/PR

Disponível também em: http://www.sedh.gov.br

http://www.pucsp.br

Tiragem:1ª edição – 2012 - 500 exemplares

Impresso no Brasil

Distribuição Gratuita

Catalogação da publicação na fonte. Biblioteca Verônica Pinheiro da Silva

SAÚDE MENTAL, REABILITAÇÃO E ATENÇÃO BÁSICA: ENCONTROS ENTRE UNIVERSIDADE E SERVIÇOS DE SAÚDE. Maria Cristina Gonçalves Vicentin; Maria Cecilia Bonini Trenche; Edna Peters Kahhale; Isabella Silva de Almeida (orgs.) – São Paulo: 2016.

260 p.; 155 x 205 mm

Palavras-chave: saúde mental; reabilitação; atenção básica; formação em saúde.

Trabalho realizado no âmbito do Convênio n. 776431/2012 – Projeto Pró-Saúde/PET-Saúde, firmado entre Ministério da Saúde – MS e a Fundação São Paulo-FUNDASP (mantenedora da Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP).

ISBN: 978-85-62882-22-7

ApoioMinistério da Saúde

Marcelo CastroSecretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGTES)

Hêider Aurélio Pinto

Fundação São Paulo – FUNDASP Mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

Grão-chancelerCardeal Dom Odilo Pedro Scherer

Secretário-Executivo da Fundação São PauloJosé Rodolpho Perazzolo

Secretário-Executivo da Fundação São PauloJoão Júlio Farias Júnior

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP Reitora

Prof. Dra. Anna Maria Marques Cintra

Vice-Reitor Prof. Dr. José eduardo Martinez

Pró-Reitora de Graduação da PUC-SPProf. Dra. Maria Margarida Cavalcanti Limena

Pró-Reitora de Pós-graduaçãoProf. Dra. Maria Amalia Pie Abib Andery

Pró-Reitora de Educação ContinuadaProf. Dra. Alexandra Fogli Serpa Geraldini

Pró-Reitora de Planejamento, Desenvolvimento e GestãoProf. Antonio Carlos Gobe

Pró-Reitora de Cultura e Relações ComunitáriasProf. Dr. Jarbas Vargas Nascimento

Diretora da Faculdade de Ciências Humanas e da SaúdeProf. Dra. Marcia Almeida Batista

Diretora Adjunta da Faculdade de Ciências Humanas e da SaúdeProf. Dra. Maria Laura Wëy Martz

Diretora da Faculdade de Ciências Sociais Prof. Dra. Mariza Romero

Diretora Adjunta da Faculdade de Ciências Socais:Prof. Dra. Dulce Maria Tourinho Baptista

Coordenação do Pró-Saúde II/STS FÓ/Brasilândia CRNorte SMSSPProf. Dra. Maria Cecilia Bonini Trenche

Prof. Dra. Altair Cadrobbi Pupo

Coordenação do Pró-Pet-Saúde III/STS FÓ/Brasilândia CRNorte SMSSPProf. Dra. Maria Cristina G. Vicentin

Assessoria ADPI/Fundasp: Ana Amélia Nogueira; Cintia Fazion; Francisca Rodrigues; Marli Galdino. GFICC: Fátima de Assis Araujo.

Edição do Livro Marcos Amaral; Saulo Tavares Mota.

Tutoria educacional/Oficina de escrita: Adriano de Oliveira; Dayse Andrade Bispo da Silva; Julia Hatekayma Joia; Marilene Felinto; Renata Ishida; Saulo Tavares Mota.

Prefeito da Cidade de São PauloFernando Haddad

Secretário Municipal de SaúdeAlexandre Padilha

Coordenadoria Regional de Saúde NorteAlberto Alves Oliveira

Supervisão Técnica de Saúde da Freguesia do Ó/BrasilândiaJurema Westin de Carvalho

Comitê Gestor Local do Pró-Pet-Saúde: Representantes do gestor municipal de saúde: Regina Maria dos Santos Marinho (Coordenadoria Regional de Saúde Norte/RH-Desenvolvimento); Ricardo Silva Pinto (Supervisão Técnica de Saúde Freguesia da FÓ/Brasilândia); Representantes do Conselho Municipal de Saúde: Luciano de Paiva; Frei Marcos Rubens Ferreira (Conselho Participativo Municipal Subprefeitura FÓ/Brasilândia).

Representantes dos gestores e profissionais da rede de saúde: Ramiro Pedro (Gestor da UBS Silmarya R. M. Souza); Lisete Nogueira de Oliveira (Gestor UBS Jardim Paulitano); Valeria Terezinha (Gestora da UBS Augusto Galvão); Luiza Giosa Graciano (Gestora da UBS Vila Ramos); Marcia Flora Nezinho (Gestora CeCCO); Amanda Ferreira Reis (CAPS AD); Ana Lucia Lopes de Souza (Gestora CAPS Adulto); Patricia Rodrigues Rocha (Gestora CAPSi); Augusta Carvalho (Coordenadora do NASF/ASF); Maria Luiza Santa Cruz (Coordenadora do NASF/ASF); Rosemary Haberland (Gestora CeR II FÓ/Brasilândia); Ana Flavia Puglisi (Representante da Associação da Saúde da Família – ASF).

Representantes docentes: Prof. Dra. Altair Cadrobbi Pupo (Curso Fonoaudiologia); Prof. Dra. Maria Cecilia Bonini Trenche (Coordenação Pró-Saúde II); Prof. Dra. Maria Cristina G. Vicentin (Coordenação Pró-Pet-Saúde III); Prof. Deborah Sereno (Curso Psicologia); Prof. Katia Id (Curso de Psicologia); Prof. Dra. Maria Socorro Cabral (Curso Serviço Social); Prof. Dra. Mary Jane Spink (Pós-graduação Psicologia Social); Prof. Dra. Regina Marsiglia (Pós-graduação Serviço Social).

Representantes discentes: Marcos Amaral (Curso Psicologia); Josiane Marli da Silva (Curso Fonoaudiologia); Alex Gonçalves (Curso Serviço Social).

Participantes dos PETPET-Saúde Mental Tutoras: edna Maria Severino Peters Kahhale: elisa Zanerato Rosa. Preceptores: CAPS Álcool e Outras Drogas: Isabella S. de Almeida; Juliana M. S. Guidugli; Paulo José da Costa Lima; CAPS Adulto: Alessandra R. Moitas; Debora L. Saes; Jussara Spolaor; Rosa M. Brum; CAPS Infantil: Bianca M. M. Lins Leal; emiliano D. de Camargo; Mirian R. Conceição; Centro de Convivência e Cooperativa: Flavia de Martellla M. Fontes; Marcia F. Nezinho; Sandra Rizzi; UBS Dr. Augusto Leopoldo

Ayrosa Galvão: Paulo eduardo da Silva Gomes; Thaina D. Greco; UBS Silmarya Rejane Marcolino Souza: Gleice B. D. Perosa; Janaina e. Martins; Marta M. da Silva; Silvia R. Rocha; Suzi M. Paes Ferreira.

Estudantes: Psicologia: Alberto R. da Silva; Aline F. do Nascimento; Andrea N. Marin; Andreia B. Fischer; Ariadne F. Rodrigues; Arthur A. Goncalves; Beatris G. Dotta; Beatriz M. Azevedo; Camila A. de Freitas; elisa P. Martins; Fernanda M. Tulha; Flavia P. C. Ferrari; Gabriela C. Menegathi; Gabriela V. de Souza; Giuliana M. Pessoa; Heloisa N. P. Yzumida; Julia L. F. P. Souza; Julia P. Condini; Kelly Karina O. de Almeida; Klara G. Chasles; Marcos Amaral; Maria Fernanda C. Guimarães; Mariana V. Batagin; Mariana C. Lichtsztejn; Mariana Miglioli; Mariana R. de Souza Ribas; Mirian A. Linares; Naralice C. de Jesus; Priscila Fabri; Priscila Mayumi Ota; Renata da Conceição Siqueira; Sheila Christina Beserra; Thiago estivalet Braga; Verônica S. Rodrigues; Vitor Cabrini.

Serviço Social: Aline Laurinda F. de Souza; Angélica de A. Tozzo; Camila Simionato; Indianara Seculo; Karina S. de Lima; Naiara de Oliveira Dib; Paulo Vinicius da Costa Santos; Sara de Paula; Selma M. de Oliveira.

Fonoaudiologia: Raissa Bouman de Oliveira; Gabriela Valiengo.

PET-RedesTutoras: Maria Cecilia Bonini Trenche; Maria Laura Wëy Martz.

Preceptores: UBS Cruz das Almas: Adriana Fernandes dos Santos; UBS Dr. Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão: Andrea Tabacchi De Alice; Vaini Soares De Souza; Centro Especializado de Reabilitação FÓ/Brasilândia – Programa de Acompanhamento ao Deficiente: Barbara de S. N. Silva; Margery Kehinde; Regis A. Pimentel; UBS Vila Ramos: Danilla Roberta Pereira Rezende; UBS Vista Alegre: Juliana R. Antunes; Centro Especializado de Reabilitação FÓ/Brasilândia: Mariana Vieira de Melo; Rosemary Haberland; Núcleo Integrado de Reabilitação Maria Cecília Donnangelo: Simone de Miranda Ventura; Veridiana Fraguas; UBS Guarani: Soraia da Silva; Maternidade Escola Vila Nova Cachoeirinha Hospital Municipal: Vera Quaglia Cerruti.

Estudantes: Psicologia: Batsheva A. A. Siqueira; Beatriz B. Pereira; Carolina R. R. Azevedo; Caroline Mihailovici; Danissa Savioli Gutierrez; Guilherme T. R. Cunha; Isadora B. Mauro; Ligia Martins G. Tonicelli; Luana Santos Krawczyk; Maria Fernanda dos Santos Passoni; Marina C. Bento; Marina V. Cornacchioni; Naima K. Novaes de Neufville Penicaut; Nathalia de Souza Machado dos Reis; Natasha M. B. da Costa; Tarik Ganizev Jimenez; Vinicius Lacerda Gomes; Vinicius R. Bornea; Vivian J. de Oliveira; Priscila da Silva Oliveira; Rodrigo P. Ribeiro e Silva; Sandy L. Ximenes Lima; Stefani T. Domingues.

Serviço Social: Alessandra M. Wagner; Alex G. dos Santos; Claudia R. Defendi; Cindra M. Lima; Fernanda S. Moreira; Fernanda C. Rabaneda; Geisa P. Ribeiro; Lais M. Alves; Pamela P. dos Santos; Tamires R. dos Santos.

Fonoaudiologia: Ariane dos Santos Francisco; Francisne da Silva; Ingrid F. Macedo; Josiane Marly da Silva; Mariana P. Vieira.

Fisioterapia: Amanda B. Domingues; Isabella M. M. Santos; Juliana C. Alves; Luiza M. Brahemcha; Marcella A. Morais; Stephanie H. Przadka.

– 9 –

Sumário

Prefácio ............................................................................................. 13Regina Marsiglia

Apresentação .................................................................................... 17Luiz Augusto de Paula Souza; Alberto Alves Oliveira; Jurema W. Carvalho; Regina Maria dos Santos Marinho; Ricardo S. Pinto; Ana Estella Haddad

Introdução ....................................................................................... 23Maria Cristina G. Vicentin; Maria Cecilia B. Trenche; e Altair C. Pupo

PARTE I O TERRITÓRIO DA FREGUESIA DO Ó/BRASILâNDIA

E SUAS REDES DE SAúDE

Implementação da rede de saúde na região da Freguesia do Ó e Brasilândia ........................................................................................ 33

Dayse Andrade; Renata Ishida; Julia H. Jóia; Maria Cecília B. Trenche

O território sanitário da Freguesia do Ó/Brasilândia e o lugar do território na integração ensino-serviço ............................................. 53

Elisa Zaneratto Rosa; Ricardo Silva Pinto; Maria Cristina G. Vicentin; Dayse A. B. Silva

PARTE II ITINERÁRIOS DE CUIDADO E AUTO-CUIDADO

DE USUÁRIOS EM SAúDE MENTAL

DESAFIOS DO CUIDADO EM REDE: PERCURSO E EFEITOS DA PESqUISA

Desafios da gestão do cuidado em rede: uma análise dos casos de saúde mental na Atenção Básica ....................................................... 83

Elisa Zaneratto Rosa; Edna Peters Kahhale; Janaina Martins; Silvia Rocha; Gleice B D Perosa; Flávia M. M. Fontes; Juliana M. S. Guidugli; Sandra Rizzi; Mariana R. S. Ribas; Renata S Conceição

Saúde Mental, Reabilitação e Atenção Básica: encontros entre universidade e serviços de saúde

– 10 –

Análise dos Genogramas e Ecomapas na Experiência do PET-Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da PUC-SP ..................................... 100

Edna Peters Kahhale; Thainá Minucci Greco; Mirian Ribeiro; Bianca M. M. L. Leal; Mirian Linares

O que os itinerários de usuários de saúde mental nos ensinam sobre o processo de trabalho em saúde: encontros entre pesquisa e assistência ........................................................................................ 128

Maria Cristina G. Vicentin; Isabella Silva de Almeida; Debora Saes

CASOS TRAçADORES

Uma Experiência de Cuidado Integral ............................................. 147Flavia De Martella; Kelly Almeida; Sandra Rizzi

Adalberto: protagonismo e autonomia no processo de cuidado ....... 156Klara Chasles; Marcos Amaral

O itinerário do cuidado de Dorothy: fortalecimento do vínculo e formulação de projeto terapêutico entre CAPSi e família ................ 165

Bianca Mara Maruco Lins Leal; Beatriz Martinho Azevedo; Priscila Fabri

O uso problemático do álcool como disparador do cuidado: compreensão da história de vida e itinerário terapêutico ................ 170

Priscila Mayumi Ota; Isabella Silva de Almeida

Lola e a Estratégia Saúde da Família ................................................ 176Silvia Regina Rocha

Desafios para a integralidade do cuidado em saúde mental: o caso Tribo ................................................................................................. 180

Andréia Badan Fischer; Mariana Miglioli; Janaína Martins

DESDOBRAMENTOS: OS PROjETOS

Traçando caminhos pela saúde mental: Grupo “Pé na Brasa” .......... 189Arthur Argondizo Gonçalves; Camila Aparecida de Freitas; Débora Lacerda Saes; Kelly Karina Oliveira de Almeida; Sheila Christina Beserra; Veronica Santana Rodrigues

Saúde Mental, Reabilitação e Atenção Básica: encontros entre universidade e serviços de saúde

– 11 –

Apoio Matricial e Redução de Danos: relato de uma experiência no SUS São Paulo .................................................................................. 202

Isabella Silva de Almeida; Thainá Decicco Minucci Greco; Emiliano de Camargo David; Paulo Eduardo da Silva Gomes; Priscila Mayumi Ota; Mirian Linares; Aline Ferreira; Mariana Miglioli; Flávia Ferrari; Sandra Regina Celotto Cerasso; Deolinda Simões dos Reis; Carlos Alberto Clemente

Festival de Futebol para Meninos e Meninas: prevenção e promoção em saúde do adolescente .................................................................. 216

Marta Marques

PARTE III LINHA DE ATENçãO à SAúDE DA PESSOA

COM DEFICIêNCIA

Caracterização das condições de vida dos usuários de serviço de saúde da FÓ/Brasilândia ................................................................... 223

Maria Cecília Bonini Trenche; Maria Laura Wey Märtz; Altair Cadrobi Pupo; Rose Haberland

Acompanhamento de Bebês de Risco na Rede Pública de Saúde: uma Problematização a Partir da Experiência PET-Redes ................ 231

Maria Cecilia Bonini Trenche; Maria Laura Wey Martz; Vera Quaglia Cerruti; Nathalia de Souza Machado dos Reis; Sandy Lira Ximenes Lima

SOBRE OS AUTORES

Sobre os autores ............................................................................... 257

– 13 –

PrefáCio

No início do século XX, as propostas de formação das profissões da área da saúde preconizaram a organização de currículos que, nos primeiros anos, deveriam ser dedicados ao ensino de disciplinas básicas, que pro-porcionassem uma boa base teórica. em seguida, os futuros profissionais seriam expostos a disciplinas e estágios que lhes permitissem o desenvol-vimento das competências exigidas pela prática profissional. estágios e ex-periências, em geral, que deveriam se desenvolver em clínicas– escola ou hospitais de ensino.

A promulgação das Leis de Diretrizes e Bases da educação Nacional pelo Ministério da educação e Cultura (MeC) nos anos 1960 no Brasil permitiu uma pequena flexibilização dos cursos, com a definição de um currículo mí-nimo obrigatório para todos os cursos, e a possibilidade de cada unidade de ensino definir outras disciplinas e experiências práticas que constituiriam o currículo pleno das escolas. De certa maneira, essa flexibilização permitiu o desenvolvimento de algumas experiências que foram denominadas de “extra-muros”, isto é, de alguns estágios realizados fora das clínicas e hospitais de ensino, mas sem que o modelo curricular fosse modificado na sua essência.

Nos anos 1980, o Ministério da Saúde, com apoio da Organização Pan– Americana da Saúde (OPAS) e a Secretaria de ensino Superior (SeSU) do Ministério da educação e Cultura, apresentaram às instituições de en-sino superior da área da saúde o Projeto de Integração Docente Assisten-cial (PIDA), na perspectiva de incentivar uma integração maior das facul-dades com a realidade e o serviços públicos de saúde da região em que se encontravam instaladas. Várias experiências se desenvolveram no país, especialmente com a participação de universidades federais e estaduais e universidades públicas não estatais: a partir de 1985, essas experiências constituíram uma rede denominada de ReDe IDA.

Os Cursos de Medicina, enfermagem e Ciências Biológicas do Centro de Ciências Médicas e Biológicas (CCMB) da PUC-SP, campus de Sorocaba, iniciaram a partir de 1982 experiências de IDA na região, e os Cursos de Fonoaudiologia, Psicologia e Serviço Social, campus Monte Alegre de São

Saúde Mental, Reabilitação e Atenção Básica: encontros entre universidade e serviços de saúde

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Paulo, articularam-se com a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), para o desenvolvimento de um projeto IDA na região norte do município de São Paulo, que funcionou de 1982 a 1994, proporcionando: estágios de alunos em serviços de saúde da região, edu-cação continuada e atualização dos profissionais desses serviços em cursos com a participação de professores da PUC-SP, desenvolvimento de algumas pesquisas de iniciação científica de estudantes desses cursos, bem como a orientação de pesquisas de profissionais desses serviços por docentes da universidade.

essa experiência permitiu a vivência e reflexão conjunta de docentes e alunos desses cursos de graduação sobre a formação de futuros profissio-nais, a capacitação de trabalhadores dos serviços públicos, a definição de linhas e tipos de pesquisa e, especialmente, da extensão universitária. Pode-se considerar que também facilitou a discussão de docentes desses cursos, nos campus de Sorocaba e de São Paulo, das Leis de Diretrizes e Bases da educação Nacional n. 9.394, promulgada pelo MeC em 20 de dezembro de 1996 e o acompanhamento das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação das Profissões da Área da Saúde a partir de 2001.

e, ainda, a participação nas propostas conjuntas do MeC e Ministério da Saúde que se seguiram: Mudança na Formação Médica (PROMeD) (2004); Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) (2005 e 2007) e Programa de educação pelo Trabalho (PeT-Saúde) (2008).

Os textos aqui apresentados representam o registro e a reflexão de estu-dantes de psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e serviço social da PUC-SP, campus Monte Alegre sobre as experiências vividas pelo PeT-Saúde com profissionais de saúde, agentes comunitários e usuários dos serviços de saú-de mental, reabilitação e atenção primária na Freguesia do Ó/Brasilândia, zona norte do Município de São Paulo: são experiências exitosas e que mui-to contribuíram para a aprendizagem e formação dos futuros profissionais; para a análise, avaliação e replanejamento dos profissionais das eSF, UBS, NASF, CAPSi, CAPS Adulto, CeR, NIR, HM e CAPS AD sobre o trabalho que desenvolvem nos serviços de saúde e, principalmente, para o acesso e qualidade dos serviços prestados aos usuários.

Muitos são os aspectos a destacar: as preocupações com a integrali-dade do cuidado em saúde mental; com a continuidade do cuidado; com o

Saúde Mental, Reabilitação e Atenção Básica: encontros entre universidade e serviços de saúde

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acesso aos serviços de saúde por parte de segmentos da população que vive em áreas de ocupação; com a estigmatização e exclusão de usuários mais vulneráveis; com a escuta das necessidades trazidas por usuários e pro-fissionais, em suas demandas; a importância da atuação interprofissional e intersetorial, especialmente quanto às políticas de saúde, educação e as-sistência social no território; itinerários em saúde mental; e espaços de con-vivência dos usuários.

As estratégias utilizadas foram diversificadas de acordo com as neces-sidades: territorialização, dinâmicas de grupo, redução de danos, presença ativa nas áreas de maior fragilidade, abordagem diferenciada para crianças, adolescentes e adultos, elaboração de genogramas e ecomapas, estudo e acompanhamento de casos, análise de prontuários e registros, entrevistas e visitas domiciliares, elaboração de guias para atendimento.

Algumas reflexões foram fundamentais e aparecem no contexto do trabalho, da experiência vivida e na elaboração dos artigos organizados: a concepção do território, “vivo” em constante mudança, as diferenças entre o território formal e o existencial; a percepção dos estudantes sobre a con-tribuição do “vivido” no território para sua formação tais como: observa-ção, escuta, coordenação de grupos, adaptação a mudanças; apresentação de seus trabalhos, dos profissionais dos serviços e de usuários, nos espaços da universidade.

A publicação desses trabalhos permitirá, com certeza, a socialização das experiências, divulgação do conhecimento produzido, análise da apren-dizagem e da atenção concretizada nos serviços e no território. Os resul-tados positivos demonstram que o Pró-Saúde e o PeT-Saúde, no caso da PUC-SP, e em particular, no campus de Monte Alegre, vêm cumprindo os objetivos que foram elaborados pelo MeC e Ministério da Saúde, pela sua Secretaria de Gestão do Trabalho e da educação na Saúde (SGTeS).

Regina MaRsiglia (PRofa. DRa. Da Pós De seRviço social Da PUc-sP e PRofa. titUlaR Da fcMscsP)

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APreSentAção

lUiz aUgUsto De PaUla soUza (PRof. titUlaR De fonoaUDiologia e assessoR Da PRó-ReitoRia De eDUcação continUaDa Da PUc-sP)

Saudamos a chegada do presente livro, principalmente, por duas ra-zões: – é um dos importantes frutos do trabalho coletivo e intersetorial realizado no âmbito do Programa de educação pelo Trabalho (PeT-Saúde) do Sistema Único de Saúde (SUS), abordando temas relacionados à Saúde Mental e à Reabilitação em nível da Atenção Básica à Saúde; – e representa um desdobramento da longa e produtiva parceria da PUC-SP com o Territó-rio de Saúde Fó/Brasilândia da zona norte da cidade de São Paulo.

De maneira geral, é possível dizer que as profissões de nível superior em saúde ainda respondem insuficientemente à lógica e aos princípios do SUS, tradicionalmente estão mais ligadas à perspectivas das corporações profissionais, do mercado e/ou da academia.

essa constatação reitera a relevância de Programas como o PeT-Saúde e de Políticas Públicas que aproximem e coloquem em relação os serviços de saúde e as chamadas agências formadoras (universidades, centros uni-versitários, institutos de pesquisa, etc.) para fazer avançar a enorme con-quista social que o SUS representa.

Lembremos que o SUS existe há pouco mais de vinte e cinco anos, embora resulte de luta social muito mais longa. A luta social por saúde e democracia logrou produzir o maior sistema universal de saúde do mundo, uma vez que o Brasil é o único país com base populacional superior a cem milhões de habitantes a fazer tal escolha.

Naturalmente, não é fácil construir um sistema universal de saúde num país de dimensões continentais e marcado por relevantes diferenças regionais, sociais, econômicas, políticas e sanitárias, a partir das quais desi-gualdades sociais são delineadas e, muitas vezes, naturalizadas.

A sociedade brasileira anseia por aprimoramentos no SUS, entre os quais está a necessidade de produzir conhecimentos e de formar profis-sionais de saúde qualificados para atuar nas políticas públicas de saúde de

Saúde Mental, Reabilitação e Atenção Básica: encontros entre universidade e serviços de saúde

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maneira corresponsável com a promoção, os cuidados e a proteção à saúde das pessoas e das populações.

Por isso mesmo, o processo de construção do SUS configura um reite-rado desafio social para tornar pleno o direito à saúde no Brasil. Trata-se de uma utopia ativa, como dizem as organizadoras do fecundo livro que você tem em mãos. É no enfrentamento de alguns aspectos desse desafio que investem os docentes, estudantes, profissionais e gestores de saúde que, tra-balhando lado a lado, geraram articulações reciprocamente produtivas para os serviços de saúde e para nossa universidade. A intensidade e a qualidade dessa experiência estão à disposição dos leitores.

– 19 –

APreSentAção

albeRto alves oliveiRa (cooRDenaDoR Regional De saúDe noRte) JUReMa W. caRvalho (sUPeRvisoRa técnica De saúDe - fRegUesia Do ó/bRasilânDia)

Regina MaRia Dos santos MaRinho (cooRDenação De estágios Da cooRDenaDoRia De saúDe noRte) RicaRDo s. Pinto (assessoRia técnica sts fó/bRasilânDia)

Desde 1988, com a consagração da Saúde como direito de cidadania e com o consequente surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1990, por meio da Lei nº 8.080/1990, os serviços públicos de saúde vêm se es-truturando dentro das lógicas doutrinárias e administrativas ali propostas, num processo contínuo de construção de direitos, de produção de cuidado em saúde, de prevenção e de promoção de condições de saúde consoantes com a emancipação e com a autonomia necessária à aquisição progressiva de melhorias na qualidade de vida por parte dos cidadãos brasileiros.

Fato é que, a partir daí, esses serviços se depararam com recursos hu-manos formados numa lógica de cuidado predominantemente de caráter individualizado, fragmentado, centrado na perspectiva médico-hospitalar, com pouco impacto na promoção de saúde e prevenção de doenças, e que, hegemonicamente, não atendia ao princípio da integralidade.

Assim sendo, com o processo de avanço e de consolidação do SUS experimentado nas duas décadas seguintes ao seu surgimento, diferentes iniciativas aconteceram para aproximar a formação oferecida pelas institui-ções formadoras das reais necessidades de um sistema público, universal, de cuidado integral, equânime e democrático. Política pública emancipado-ra, civilizatória, produtora de direitos e de cidadania.

Tarefa nem sempre fácil, dadas as características socioeconômicas da população brasileira a ser assistida, e diante das dimensões e das complexi-dades dos territórios.

É neste contexto que se estabeleceu, em uma região periférica da cida-de de São Paulo, uma aliança entre serviços de saúde (da Supervisão Técni-ca de Saúde da Freguesia do Ó/Brasilândia/Coordenadoria Regional de Saú-de Norte) e universidade (PUC-SP) que vem apostando e experimentando a formação profissional de estudantes de Fonoaudiologia, Fisioterapia,

Saúde Mental, Reabilitação e Atenção Básica: encontros entre universidade e serviços de saúde

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Psicologia e Serviço Social de forma ativa e participativa no cuidado pro-posto e oferecido pelo SUS real, que se capilariza nos territórios mais vul-neráveis da zona norte do município. Neste encontro universidade e rede de saúde, estudantes e profissionais de saúde têm construído espaços de formação permanente, com foco na sistematização e na análise crítica das práticas de atenção, educação e gestão em saúde.

É com alegria que compartilhamos, neste livro, parte desta produção realizada conjuntamente por gestores, profissionais de saúde, docentes e estudantes em torno de duas linhas de cuidado que têm sido objeto de investimentos consistentes neste território, como pode atestar o protago-nismo do Fórum de Reabilitação, bem como a longa trajetória do Fórum de Saúde Mental.

– 21 –

APreSentAção

ana estella haDDaD (PRofa. livRe Docente Da oDontologia UsP; PaRticiPoU Da iDealização e iMPleMentação Do PRó-saúDe e Do PRogRaMa De eDUcação Pelo tRabalho eM saúDe)

É com grande satisfação que recebi, em primeira mão, o conteúdo des-ta publicação, fruto de um longo caminho de construção compartilhada de integração ensino-serviço, envolvendo a PUC-SP e o território (“vivo”) da Supervisão Técnica de Saúde Freguesia do Ó e Brasilândia da Secretaria Municipal de Saúde, na zona norte do município de São Paulo.

embora estejam registrados aqui o percurso e os resultados do perío-do mais recente, marcado pela implementação dos programas Pró-Saúde e PeT-Saúde, o grupo de docentes que coordenou este processo, por parte da universidade, começou muito antes o movimento de integração ensino-ser-viço, que é a essência da política nacional de educação na saúde, formulada e implementada a partir da criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da educação na Saúde (SGTeS), pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da educação.

Tomar contato com os relatos trazidos, com riqueza, já que, a partir dos diversos olhares dos múltiplos atores envolvidos, me remeteu ao perío-do em que, participando da gestão pública federal à frente do Departamento de Gestão da educação na Saúde (DeGeS/SGTeS/Ministério da Saúde), tive a oportunidade de conduzir uma equipe que vislumbrou um ideal de edu-cação na saúde, orientada pelos preceitos constitucionais, pela Lei de Dire-trizes e Bases da educação e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da saúde, instituindo, entre outras estratégias, o Pró-Saúde e o PeT-Saúde.

Constatar até onde chegaram esta experiência, a maturidade alcançada e as lições aprendidas no caminho representa para mim a comprovação de que so-nhamos um sonho possível e de que, por termos sonhado juntos, conseguimos compartilhar este ideal com um número crescente de pessoas e instituições.

O projeto da PUC-SP foi mais longe e transcendeu o que pudemos pro-jetar naquele momento, quando redigimos portarias, editais e documentos

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orientadores de sua implementação para todo o Brasil. Foi conduzido com competência, com disciplina e com criatividade, preocupou-se com seu re-gistro e com sua avaliação e produziu um material rico e precioso.

Para quem milita ou pesquisa na área de recursos humanos em saúde, para quem é docente na área da saúde e se preocupa com a relevância social do trabalho em saúde e com a formação dos profissionais de saúde, reco-mendo, sem nenhuma dúvida, a leitura desta publicação.

Para nós todos que militamos no SUS, ler esta publicação é constatar que estamos avançando na consolidação do nosso sistema público de aces-so universal, patrimônio da sociedade brasileira.

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introdução

MaRia cRistina g. vicentin; MaRia cecilia b. tRenche; e altaiR c. PUPo

A formação profissional em saúde tem sido objeto de um diagnóstico recorrente: ela se faz divorciada dos processos de trabalho em saúde e não privilegia uma formação teórico-conceitual e metodológica que potencialize competências para o enfrentamento das necessidades de saúde da popula-ção e para o desenvolvimento do sistema de saúde (CARVALHO e CeCCIM, 2009). A instituição universitária, ainda que incentive a abordagem inter-disciplinar e, por conseguinte, integral, tem, em sua estrutura, dispositivos protetores das fronteiras que institucionaliza cada especialidade e seus mo-dos de funcionamento, levando os cursos a atuarem, predominantemente, sob a perspectiva de seus núcleos de formação (CAMPOS, 2000). Visando mudar esse cenário, o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da educação (MeC) têm implementado recentemente políticas de formação que privile-giam, dentre outros aspectos, a integração ensino-serviço.

Tais políticas colocaram em pauta a necessidade de mudanças curricu-lares e o cumprimento das Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Saúde (BRASIL, 2001). É o caso do AprenderSUS, VerSUS, Polos de educação Permanente e, posteriormente, Comissões de Integração ensi-no-Serviço, Residências Multiprofissionais. em 2005, foi criado o Progra-ma Nacional de Reorientação Profissional para a Saúde (Pró-Saúde), que visa “reordenar” a formação de recursos humanos mediante a elaboração de políticas de formação e desenvolvimento profissional na saúde (BRASIL, 2005).

A avaliação do Pró-Saúde levou à criação do Programa de educação pelo Trabalho para a Saúde (PeT-Saúde), instituído em 2010, inspirado no Programa de educação Tutorial (PeT) do MeC, que visa fomentar a formação de grupos de aprendizagem tutorial em áreas estratégicas para o SUS, caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências dirigidos aos estudantes das graduações, de acordo com as necessidades do SUS (BRASIL, 2010). Com sua implementação, a relação ensino, pes-

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quisa e extensão tornou-se mais concreta, pois o programa incentivou a pesquisa (sobre a clínica, o ensino e a aprendizagem, a gestão dos serviços da saúde, dentre outros temas), especialmente na modalidade pesquisa-ação, fortalecendo a articulação entre graduação, pós-graduação e serviços de saúde (HADDAD et al., 2012).

Desde 2008, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) vem desenvolvendo o Pró-Saúde II em parceria com a Supervisão Técnica de Saúde da Freguesia do Ó/Brasilândia (Zona Norte de São Paulo/Secreta-ria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo) e com a Associação Saúde da Família (ASF)1, que faz a gestão de serviços de saúde deste território, em quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) (Silmarya Rejane Marcolino de Souza Ramos; Vila Ramos; Dr. Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão; Jardim Paulistano), tendo inicialmente três cursos envolvidos neste programa: Fo-noaudiologia, Psicologia e Serviço Social. O projeto permitiu a articulação desses cursos com território com o qual a universidade já havia desenvol-vido uma série de ações, como estágios na área da saúde e projetos de ex-tensão, realizados, até então, ainda de modo disperso e de acordo com o interesse específico de cada disciplina/estágio.

A escolha do território da FÓ/Brasilândia buscou legitimar/potencia-lizar esta tradição de estágios, de participação de professores em alguns movimentos desse território e em iniciativas de educação permanente reali-zadas já em parceria há alguns anos, acima referidas. Nesse período (2009-2012), o tema territorialização, em sua concepção sociopolítica e entendida como metodologia capaz de operar mudanças no modelo assistencial e nas práticas sanitárias vigentes, foi eleito eixo central para o planejamento e execução das atividades (TReNCHe, VICeNTIN e PUPO, 2014).

Cabe destacar que a Supervisão Técnica FÓ/Brasilândia tem uma his-tória consistente de construção do SUS no município: uma tradição de mo-vimentos sociais na construção do direito à saúde, desde o final da déca-da de 1970; iniciativas e experiências pioneiras na atenção básica, como o apoio matricial de saúde mental na atenção básica e a presença da equipe de

1. A Associação Saúde da Família (ASF) é uma instituição não governamental com sede na cida-de de São Paulo que atua na área de saúde pública em todo o território nacional em parceria com os setores públicos, privados e outras organizações não governamentais com objetivos similares.

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saúde bucal no PSF, desde 1998, com a experiência do Qualis; a articulação dos trabalhadores de saúde no Fórum dos Trabalhadores de Saúde Mental (agora Fórum dos Trabalhadores de Saúde), desde 2000; a experiência de formação de apoiadores institucionais da Política Nacional de Humaniza-ção, em 2008, com seu desdobramento no Grupo Técnico de Humanização, em 2010 (TReNCHe et al., 2014).

embora a parceria ocorresse já antes do projeto, o Pró-Saúde possi-bilitou avanços significativos no planejamento e na execução de atividades de ensino nas unidades de saúde integrantes, no investimento em ações para uma formação interdisciplinar e na experimentação de um fazer com-partilhado entre serviço e universidade. Cabe destacar o papel desempe-nhado pelo Comitê Gestor Local, previsto pela Secretaria de Gestão pelo Trabalho e da educação em Saúde (SGTeS) – setor do Ministério da Saúde, responsável pelas políticas de integração-ensino-serviço para o acompa-nhamento dos projetos. Constituído por gestores e profissionais dos servi-ços, representantes do controle social, gestores e profissionais e gestores da ASF, professores e estudantes da Graduação e do Pós-graduação, tornou-se rapidamente um dispositivo central de diálogo universidade-serviço e de articulação/sustentação das ações construídas no território. A função de elaboração conjunta do diagnóstico, monitoramento, avaliação e planeja-mento da intervenção e de suas estratégias possibilitou a participação de outros profissionais e docentes na forma do Comitê Gestor Local Ampliado como lócus permanente de acolhida e de interlocução para novos projetos e novos professores que se envolvem. ele assumiu assim a função de uma crescente experimentação de cogestão das ações universidade-serviço e de desenho conjunto das utopias relativas às mudanças na atenção à saúde e na formação profissional para este trabalho. Seu modo de funcionamento constituiu uma maneira de participar, de se responsabilizar e se comprome-ter pelo que estava sendo criado ou produzido, como forma de pensar, de sentir e de vivenciar os serviços de saúde e contagiou gestores, trabalhado-res, professores e estudantes.

Tal trajetória possibilitou também a construção e aprovação do Pró-Pet-Saúde III – PeT-Saúde Mental (2012-2014) e do PeT-Redes (2013-2014) que agregou o curso de Fisioterapia, ampliando os parceiros no ter-ritório, com a introdução dos serviços da rede de atenção psicossocial e da rede de reabilitação para a pessoa com deficiência.

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A experiência do Pró-Saúde II permitiu identificar as persistentes de-mandas de atenção em saúde mental e em reabilitação no território, com necessidades de ampliação e complexificação das respostas ofertadas. Para a transformação desse quadro, identificou-se a necessidade de formação permanente das equipes (BRASIL, 2003), bem como de ampliação das es-tratégias de apoio matricial. Identificou-se também a necessidade de for-talecimento de uma rede efetiva de saúde mental e de reabilitação, pela articulação das ações e estratégias dos diversos serviços que a constituem, bem como de diagnósticos mais precisos, que fossem capazes de fornecer elementos para a revisão das ofertas dos serviços de saúde e para a constru-ção de processos de monitoramento e de avaliação mais sistemáticos.

Orientados por estas demandas e tendo em vista: 1) a política instituída pelo Ministério da Saúde no desenvolvimento de intervenções no modelo de rede para qualificar as ações e os diferentes serviços de saúde oferecidos à população; 2) o papel estratégico da Atenção Básica na rede de saúde para or-ganizar a integralidade da resposta a estas situações (BRASIL, 2003a), princi-palmente pela possibilidade de acompanhar o usuário dentro de seu contexto de vida; pela longitudinalidade da atenção prestada e pela possibilidade de continuidade do cuidado, conforme diretrizes da Política Nacional de Aten-ção Básica (BRASIL, 2011); os dois projetos de pesquisa-ação do PeT (Saú-de Mental e Redes) trabalharam com a rede dos respectivos serviços (Saúde Mental e Reabilitação) visando ampliar as transformações do processo de for-mação, de geração de conhecimentos e de prestação de serviços à população numa abordagem integral do processo de saúde-doença.

A pesquisa-ação “Aprimoramento do cuidado em saúde mental (trans-tornos mentais, álcool e outras drogas) no território da FÓ/Brasilândia: a presença da Atenção Básica (PeT-Saúde Mental)” (agosto 2012-dezembro 2014) teve como objetivos: debater o papel da atenção básica no cuidado à atenção integral à saúde e no processo de desinstitucionalização e in-clusão social de pessoas com transtornos mentais; caracterizar e analisar itinerários de cuidado/autocuidado dos usuários inseridos em ações de saúde mental; caracterizar e analisar as redes de saúde e intersetoriais dos casos analisados em suas potências e desafios; e construir subsídios para ampliação da qualidade do cuidado em saúde. Orientada pela perspectiva da atenção psicossocial que coloca em foco as dimensões técnicas, políticas e sociais do cuidado em saúde mental, pautando-se pela invenção de estraté-

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gias voltadas para as singularidades de cada usuário e território, bem como para a produção de redes de negociação e de trocas direcionadas ao aumen-to da participação social e a construção de novas ordenações para a vida, a pesquisa contou com a participação de dois grupos tutoriais (24 estudantes, 12 preceptores; 2 tutores) e uma coordenadora ao longo de seu desenvol-vimento envolvendo os cursos de Fonoaudiologia, Psicologia e Serviço So-cial, duas Unidades Básicas de Saúde: a UBS Silmarya Rejane Marcolino de Souza e a UBS Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão, os três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS Adulto, Infantil e Álcool e outras drogas) e o Centro de Convivência e Cooperativa (CeCCO).

O Projeto “Fortalecimento da rede de cuidado da pessoa com defi-ciência no território da FÓ/Brasilândia: a presença da atenção básica” do PeT-Saúde/Redes de Atenção à Saúde com Deficiência veio fortalecer a in-tegração ensino-serviço-território e a educação pelo trabalho. Com base no conceito de deficiência como um conjunto de desvantagens sociais oriundas da condição social do indivíduo, o projeto buscou em suas ações compreender a experiência subjetiva do corpo e as desvantagens a que está sujeita a pessoa, considerando as suas relações interpessoais, sociais, eco-nômicas e políticas nos diferentes grupos e cenários em que está inserida. Seus objetivos foram: refletir sobre as necessidades de saúde da pessoa com deficiência com abordagem a partir da funcionalidade, capacidade, emanci-pação/autonomia; debater o papel da atenção básica no cuidado à atenção integral à saúde e no desmonte de processos de exclusão e processos inca-pacitantes; contribuir para sua articulação em rede com os serviços de alta e média complexidade; fortalecer o trabalho em equipes multiprofissionais e interdisciplinares; e promover mapeamento dos casos – pesquisa sobre os itinerários das pessoas com deficiência no território.

O desenvolvimento dessa pesquisa-ação, que envolveu estudantes de quatro cursos – Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia e Serviço Social e diversos serviços da rede – Centro especializado de Reabilitação, Núcleo Integrado de Reabilitação, UBS Augusto Galvão, UBS Ramos, Hospital e Maternidade Cachoeirinha – possibilitou a problematização dos modelos assistenciais de saúde à pessoa com deficiência, a identificação e reconhe-cimento de necessidades de saúde desse segmento populacional e a mo-delagem de um trabalho no contexto de redes como fonte de produção de conhecimento para o planejamento de ações e serviços de saúde.

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Nas duas pesquisas-ação privilegiamos trabalhar com a caracterização e análise dos itinerários de cuidado e autocuidado dos usuários. A imersão nas experiências do cuidado em saúde e o acompanhamento dos itinerá-rios de cuidado dos usuários inseriram os atores num processo de estudo e reflexão permanente tanto sobre a complexidade das condições de vida de pessoas com transtornos psíquicos e/ou abuso de álcool e outras drogas e de pessoas com deficiência, quanto dos recursos do território e do processo de trabalho em saúde.

Ao longo deste percurso dos PeTs, o princípio da indissociabilidade pesquisa-formação-assistência colocou diferentes desafios: a formulação de um campo de questões no diálogo universidade-serviços; a inserção da pesquisa nos espaços cotidianos dos serviços; a criação de dispositi-vos de cogestão do planejamento e da execução das atividades; a análise permanente dos efeitos do percurso; e a produção da formação e do conhecimento como itinerário vivo. em tal processo de formação com-partilhada, a universidade vem ampliando seu papel de apoio às equipes em seus processos de trabalho, em uma relação de cumplicidade com os agentes das práticas, o que suscita a reinvenção e a ampliação de estra-tégias pedagógicas que superem a mera transmissão de conhecimentos e considerem as especificidades de cada realidade, a construção de mo-dos de agir diante da complexidade dos desafios do cotidiano da saú-de, a ampliação da grupalidade e da corresponsabilização (CONCeIÇÃO et al., 2015).

esses projetos potencializaram a tradição da PUC-SP no campo das ciências humanas e sociais em seu compromisso com a construção de po-líticas públicas, que fez com que, em graus diferentes, a experiência de formação profissional nos cursos envolvidos fosse marcada pelo movimen-to das reformas sanitária e psiquiátrica e, em especial, pela construção de práticas de integralidade na formação e no cuidado em saúde.

este livro reúne textos produzidos por professores, estudantes e pro-fissionais de saúde principalmente no percurso realizado nas duas pesqui-sas-ação desenvolvidas no âmbito dos PeTs acima referidos. Foi uma ação estratégica, no Pró-Saúde II e no Pró-Pet-Saúde III, a atenção à sistemati-zação das experiências e à produção científica dos serviços, na forma de apoio à escrita (oficinas de escrita, tutoria educacional para a produção

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de textos) e à participação em eventos científicos2. este trabalho reflete parte deste esforço coletivo bem como a heterogeneidade e singularidade desta produção.

esta coletânea visa também disponibilizar um material de referência sobre o território sanitário da FÓ/Brasilândia destinado à formação dos es-tudantes e que testemunhe, ao mesmo tempo, as potências e desafios da integração ensino-serviço, bem como o anseio coletivo de construir nossa utopia ativa que é o SUS. Agradecemos especialmente aos professores, aos estudantes, aos gestores e aos profissionais de saúde que se dedicam a cons-truir uma formação em saúde compromissada com o SUS.

Sem o auxílio financeiro, proveniente do Ministério da Saúde, por in-termédio da SGTeS, esta publicação não teria sido possível.

Na primeira parte, o leitor encontra um conjunto de informações sobre o território da FÓ/Brasilândia e sobre sua rede de saúde; na segunda parte, a pesquisa-ação “Aprimoramento do cuidado em saúde mental (transtornos mentais, álcool e outras drogas) no território da FÓ/Brasilândia: a presença da Atenção Básica” está apresentada em três blocos. O primeiro narra o percurso da pesquisa e discute as potências e os desafios do cuidado em rede tendo em vista o conjunto dos casos acompanhados; o segundo traz relatos da experiência de construção dos itinerários de alguns dos casos acompanhados; o último bloco apresenta alguns projetos forjados a partir dos desafios suscitados pela pesquisa. A terceira parte apresenta a pesqui-sa-ação “Fortalecimento da rede de cuidado da pessoa com deficiência no território da FÓ/Brasilândia: a presença da atenção básica” e, em particular, o trabalho realizado junto aos bebês de alto risco.

ReferênciasBRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da educação em Saúde. Departamento de Gestão da educação na Saúde. Caminhos para a mudança na formação e desenvolvimento de profissionais de saúde: diretrizes da ação política para assegurar educação Permanente no SUS. Brasília, 2003.

2. Para maiores informações sobre esta produção e sobre os projetos desenvolvidos, consultar o site: <http://www.pucsp.br/prosaude/>. Cabe esclarecer que o PET-Redes foi concluído poste-riormente ao PET-Saúde Mental, de forma que sua produção não está plenamente contemplada nesta publicação.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Saúde Mental. Coordenação de Ges-tão da Atenção Básica. Saúde mental e atenção básica: o vínculo e o diálogo neces-sários. Brasília, 2003a.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da educação. Portaria Interministerial n. 421, de 3 de março de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PeT-Saúde) e dá outras providências.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2011.

BRASIL. Ministério da educação. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em enfermagem, medicina e nutrição. Parecer CNS/CeS1133/2001 Dis-ponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/ces1133.pdf>. Acesso em: 15 set. 2015.

CAMPOS G. W. S. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. In: Ciências Saúde Coletiva, v. 5, n. 2, Rio de Janeiro, p. 219-230, 2000.

CARVALHO Y. M, CeCCCIM R. B. Formação e educação em saúde: aprendizados com a saúde coletiva. In: Campos GWS et al. (organizadores). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec/Fiocruz, 2009. p. 137-168.

CONCeIÇÃO, M. R.; VICeNTIN, M. C. G.; LeAL, B. M. M. L.; AMARAL, M. M.; FISCHeR, A. B. KAHHALe, e. M. P.; ROSA, e. Z.; SPOLAOR, J.; SAeS, D. Interfe-rências criativas na relação ensino-serviço: itinerários de um Programa de educa-ção pelo Trabalho para a Saúde (PeT-Saúde). Interface (Botucatu. On-line), v. 19, p. 845-855, 2015.

HADDAD, A. e.; BReNeLLI, S. L.; CURY, G. C.; PUCCINI, R. F.; RRUDA MAR-TINS, M. A.; FeRReIRA, J. R.; CAMPOS, F. e. Pró-Saúde e PeT-Saúde: a construção da política brasileira de reorientação da formação profissional em saúde Rev. bras. educ. med., v. 36, n. 1, supl. 1, Rio de Janeiro, jan./mar. 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022012000200001>. Acesso em: 13 dez. 2015.

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