Título: Por uma reflexão sobre o sistema de gestão da qualidade da empresa: breves considerações sobre a subjetividade e o trabalho nas empresas

Aluno: Anderson Alberto RamosOrientador: Prof. Dr. Sergio Roberto de Lucca

Tópicos de medicina do trabalho “Saúde mental” terça-feira, 29 de novembro de 2011

Problemática

De que maneira os valores e as lógicas

conclamadas no sistema de gestão da

qualidade das empresas atingem a

subjetividade do trabalhador?

De que forma os assalariados exteriorizam

um conjunto de regras e preceitos adotados

pela empresa?

Conjunto de recursos e regras

mínimas implementado de forma adequada

Harmonia entre as tarefas, estando

todas direcionadas para o objetivo

comum da empresa: ser

competitiva(Ter qualidade com a produtividade)

Sistema Gestão da Qualidade da

empresa

Orientar toda a empresa para que

execute de maneira correta e

no tempo adequado

Justificativa Segundo Maranhão,

MARANHÃO, M. ISO série 9000 (versão 2000) – Manual de Implementação. Rio de Janeiro – Qualitymark, 2005.

Segundo o Manual de

implementação

Qualidade: Satisfação do

cliente

Produtividade: Fazer mais com menos recurso

Diminuição dos gastos e

aumento da produção

Lógica imperativa no

sistema de gestão da qualidade

Maximizar a produtitividade

Como é possível?

Aproveitamento da produção

Do tempo e das tarefas de

forma intensa e total

Justificativa

MARANHÃO, M. ISO série 9000 (versão 2000) – Manual de Implementação. Rio de Janeiro – Qualitymark, 2005.

Objetivo

Desenvolver algumas reflexões acerca

do lugar ocupado pela subjetividade do

trabalhador no contexto da

implementação do sistema de gestão da

qualidade da empresa no Brasil a partir

de algumas bibliografias levantadas.

Aplicabilidade do sistema de gestão da qualidade

Economia, tendências mundiais de abertura de fronteiras

Racionalização dos processos e o aumento da produtividade

Introdução

Sistema de gestão WCM (World Class manufacturing) Melhorar o desempenho do sistema operacional, corporativo

ao nível de excelência capaz de atingir competitividade de classe mundial.

Meta alcançada através do desenvolvimento de uma larga escala de pessoas e uma organização capaz de: ataque de todos os tipos de resíduos e perda; envolver todos aqueles que operam em todos os níveis da organização; aplicar rigorosamente métodos e ferramentas; implantar e padronizar os resultados alcançados na fabricação.

Prioridades competitivas: Qualidade, preço, velocidade, flexibilidade, entrega e inovação.

World Class Manufacturing. Methods and Tools for the Fiat Auto Production System. (P. 8)

Potencialização do corpo Para potencializar a produtividade

empresarial torna-se imprescindível, sobretudo, a potencialização dos responsáveis por elas, os trabalhadores e seus corpos.

Docilização do corpo. Primeiro a escola, depois a fábrica, de vez em quando o hospital e, para aqueles sujeitos que de alguma forma não se adaptaram a disciplina proferida pelo sistema há ainda a prisão ou o manicômio.

FOUCAUL M. “Vigiar e Punir”. 1984, p. 128.

Disciplina no trabalho

Modificação da importância

Novas leis e valores

Temporalidade industrial

Tempo é contado como

moeda

Atividades diárias do

trabalhador

Obedecem regras de algum

patrão

Com horários específicos e padronizados

Cada minuto, cada segundo

vigiado e marcado pelo

relógio

Tempo x capital

THOMPSON, E. P. “Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional”. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 269.

Sociedade disciplinar x sociedade de controle

Michael de Focault:

Sociedade disciplinar superada pela sociedade de controle;

Marcado por atributos digitais em que os avanços tecnológicos acontecem em uma velocidade significativa.

Deleuze:

Esse processo não trata de uma evolução tecnológica, mas sim de uma mutação do capitalismo pela concentração o capitalismo do séc. XX, passa a ser dirigido pela sobre-produção.

Ótica do capital no mundo atual Um modelo de gestão é considerado

eficaz quando a sua concepção consegue fazer com que os trabalhadores – incorporem o discurso ou ideologia do aumento da produtividade,

Como um desafio de empenho individual e, simultaneamente, coletivo, dos indivíduos para a obtenção dos objetivos da produção.

Conjunto práticas

administrativas

Execução pela direção de

uma empresa

Atingir objetivos

planejados

Estabelecimento das

condições de trabalho

Organização do trabalho

Natureza das relações

hierárquicas

Tipo de estruturas

organizacionais

Sistema de avaliação e controle dos resultados

Valores e a filosofia de

gestão que os inspiram

Sistema de gestão da qualidade

CHANLAT, J. F. “Modos de gestão: saúde e segurança no trabalho”. In: VASCONCELOS, E. D. J. : “Recursos Humanos e Subjetividade. Petrópolis, RG: Vozes, 1995, p. 119.

Gestão do trabalho: Fatores de influência

CHANLAT, J. F. “Modos de gestão: saúde e segurança no trabalho”. In: VASCONCELOS, E. D. J. : “Recursos Humanos e Subjetividade. Petrópolis, RG: Vozes, 1995, p. 119.

Para o autor toda a gestão de trabalho desenvolvido em uma empresa leva em consideração dois fatores:

Interno: Tecnologia utilizada, cultura, história, personalidade dos dirigentes, entre outros;

Externo: Contexto econômico, mundialização, concorrência, e outros.

Trabalho prescrito x trabalho real

Os modos de gestão possuem dois

componentes:

Trabalho prescrito: componente

abstrato, prescrito, formal e estático.

Trabalho real: componente concreto,

informal e dinâmico.

segurança no trabalho”. In: VASCONCELOS, E. D. J. : “Recursos Humanos e Subjetividade. Petrópolis, RG: Vozes, 1995, p. 119.

Trabalho e subjetividade no sistema de gestão de qualidade nas empresas

Princípios de administração cientifica de Taylor – trabalho desenvolvido de forma repetitiva, mecânica, técnica e que não leva em consideração a participação do trabalhador em todas as etapas da produção.

Tarefa fragmentada, dividida por fases e que neste caso, inviabiliza o saber total da produção ao mesmo tempo em que aliena a mente e o corpo do trabalhador.

Taylor x henry ford

Princípios de administração cientifica de Taylor – trabalho desenvolvido de forma repetitiva, mecânica, técnica e que não leva em consideração a participação do trabalhador em todas as etapas da produção.

Tarefa fragmentada, dividida por fases e que neste caso, inviabiliza o saber total da produção ao mesmo tempo em que aliena a mente e o corpo do trabalhador.

Henry Ford – Dando continuidade à linha de raciocínio implementado nas empresas de Taylor também desenvolveu a noção da produção feita em séries.

LUCCA, S. R. “Trabalho e subjetividade no modelo de gestão da qualidade total”.

Desenvolvimento do potencial mental dos trabalhadores

De acordo com Lucca,

Estes modelos estavam imbuídos nas técnicas de controle e produtividade, uma vez que essas premissas encontrava-se pautadas “no desenvolvimento do potencial mental dos trabalhadores, através de treinamentos contínuos e planejados e na avaliação da “moral” das equipes também serviram de base para a implementação deste método.

LUCCA, S. R. “Trabalho e subjetividade no modelo de gestão da qualidade total”.

Christophe dejour Análise da subjetividade do individuo em

seu ambiente de trabalho, associado à cognição do sujeito.

Afirma que a primeira vitima do sistema não é o aparelho psíquico em si, mas o corpo dócil e disciplinado que “entregue as dificuldades inerentes a atividade laborativa,

Projeta-se um corpo sem defesa, explorado e fragilizado pela privação do seu protetor natural que é o aparelho mental.

DEJOURS, C. “Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. O individuo na organização: dimensões esquecidas”. São Paulo, Atlas, 1993.

Crise do sistema taylorista Período pós 1968;

Ocorre um desenvolvimento desigual das forças produtivas caracterizado por uma crise do sistema taylorista;

Grande quantidade de greves, paralisações de produção, absenteísmo, sabotagem da produção;

Desenvolvimento industrial tecnológico. Viabiliza a diminuição da carga física do trabalho, aumenta carga psíquica.

DEJOURS, C. “Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. O individuo na organização: dimensões esquecidas”. São Paulo, Atlas, 1993.

Sistema de gestão por excelência (Qualidade total)

Leva em consideração, sobretudo, a produção e o fornecimento de produtos que atenda plenamente as exigências dos clientes;

Atributos positivos: produtividade e competitividade, redução de custos;

É Fundamental um conjunto de procedimentos necessários para a identificação de problemas críticos de organização, que viabiliza um avanço significativo nos métodos e meios, além da implementação de um planejamento estratégico.

Processo implementação sistema de gestão da qualidade

Segundo Lucca,

O sistema de gestão é organizado mediante o atendimento de requisitos pré-estabelecidos pelas normas regulamentadoras ISO, para o processo de certificação;

A avaliação dos resultados de sua implementação, manutenção e controle acontece em prazos pré-estabelecidos, através de visitas/auditorias.

”. LUCCA, S. R. “Trabalho e subjetividade no modelo de gestão da qualidade total”.

Pesquisa sobre os trabalhadores de uma empresa do ramo industrial do setor agrobusinness

Público alvo: trabalhadores que passaram pelo processo de implementação do TQC;

Por meio das entrevistas foi possível sinalizar que tal implementação apresentou um atributo complexo e contraditório que é, simultaneamente, permeado pelo “prazer” e pela “angústia”;

Os trabalhadores gostam das mudanças trazidas pela implantação do sistema, mas a temem por não saber o que vem pela frente.

LUCCA, S. R. “Trabalho e subjetividade no modelo de gestão da qualidade total”.

Políticas de gestão de qualidade

Preocupação no aumento da produtividade, através da potencialização do corpo.

Desenvolve ações ou projetos que visam o “bem estar” do trabalhador no que toca a sua colaboração individual e coletiva para a empresa;

Segundo Guérin, transformação, concepção de situações de trabalho que não alterem a saúde dos operadores, e nas quais estes possam exercer suas competências ao mesmo tempo num plano individual e coletivo.

Guérin, F. “Compreender o trabalho para transforma-lo: a prática da ergonomia”. São Paulo: Blucher: Fundação Vanzolini, 2001. p.

Recursos humanos No processo de seleção para a contratação e

formação da equipe de trabalho,

Buscarão adaptar os “meios” humanos as características técnicas organizacionais do sistema de produção;

O Trabalhador que tem que estar disposto a se “adequar” ao ambiente de trabalho, operando um conjunto de regras, normas, valores e noção de tempo implantado na empresa e não o contrário. Sendo valorizado o sujeito saudável, produtivo que se adapte bem as regras de suas ocupações.

Guérin, F. “Compreender o trabalho para transforma-lo: a prática da ergonomia”. São Paulo: Blucher: Fundação Vanzolini, 2001. p. 1

Aspectos ou atributos dos trabalhadores O sistema de gestão por excelência

deveria estar atento a outros aspectos ou atributos dos trabalhadores não voltados exclusivamente ao ambiente de serviços prestados;

Problemas de saúde: pode ser de natureza física (por exemplo barulho, ventilação e iluminação do local de trabalho) ou psicossocial.

PASCHOAL, T. & TAMAYO, A. “Validação da Escala de Estresse no Trabalho”.

Estressores psicossociais

Destacam os estressores baseados:

Nos papéis;

Os fatores intrínsecos aos trabalhos;

Os aspectos do relacionamento interpessoal do trabalho;

Autonomia/Controle no trabalho

Fatores relacionados ao desenvolvimento da carreira.

PASCHOAL, T. & TAMAYO, A. “Validação da Escala de Estresse no Trabalho”.

Considerações finais Substituição dos sistemas tayloristas pelo

modelo toyotismo.

Modelo toyotismo: Competitividade, aumento da produtividade, do aproveitamento do tempo e da potencialização do corpo e da mente de seus trabalhadores.

Atributos positivos: Aperfeiçoamento das habilidades a nível individual e coletira

Atributos negativos: Aumento carga de trabalho, submissão, dependência ao sistema de gestão

Trabalhadores ficam inviabilizados de exteriorizarem

Em qualquer elemento que perpasse seu

universo simbólico

Ficando presos a um mundo caracterizado pela repetição, por

um conhecimento ou saber fragmentado

que é,

Ao mesmo tempo padronizado e que não dá brecha a capacidade de

criação ou invenção do sujeito

O universo cognitivo dos trabalhadores, ou a sua subjetividade,

São capturados e presos pela lógica do

mercado mundial

Empreendida pelo sistema de gestão que beneficia as

empresas através da qualidade total

Buscada e muitas vezes alcançada,

Por meio da auditoria do programa realizado por especialistas

externos.

Considerações finais