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Rio de Janeiro 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Centro de Ciência da Saúde Faculdade de Odontologia Departamento de Odontopediatria e Ortodontia MARIA BÁRBARA CARVALHO TORRES GUIMARÃES SAÚDE BUCAL E NECESSIDADES DE TRATAMENTO DE PACIENTES INFANTIS QUE PROCURAM POR ATENDIMENTO AMBULATORIAL NA ODONTOPEDIATRIA DA UFRJ

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Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Centro de Ciência da Saúde Faculdade de Odontologia

Departamento de Odontopediatria e Ortodontia

MARIA BÁRBARA CARVALHO TORRES GUIMARÃES

SAÚDE BUCAL E NECESSIDADES DE TRATAMENTO DE PACIENTES INFANTIS QUE PROCURAM POR ATENDIMENTO

AMBULATORIAL NA ODONTOPEDIATRIA DA UFRJ

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Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Centro de Ciência da Saúde Faculdade de Odontologia

Departamento de Odontopediatria e Ortodontia

MARIA BÁRBARA CARVALHO TORRES GUIMARÃES

SAÚDE BUCAL E NECESSIDADES DE TRATAMENTO DE PACIENTES INFANTIS QUE PROCURAM POR

ATENDIMENTO AMBULATORIAL NA ODONTOPEDIATRIA DA UFRJ

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia (Odontopediatria), Faculdade de odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários á obtenção do título de Mestre em Odontologia (Odontopediatria).

Orientadoras: Prof. Dra Lucianne Cople Maia Prof. Dra Gloria Fernanda Barbosa de Araujo Castro

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Guimarães, Maria Bárbara Saúde bucal e necessidades de tratamento de pacientes infantis que procuram por atendimento ambulatorial na odontopediatria da UFRJ / Maria Bárbara Carvalho Torres Guimarães – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Odontologia, 2009. Orientadoras: Lucianne Cople Maia e Gloria Fernanda Barbosa de Araujo Castro

Dissertação (Mestrado) – UFRJ / Faculdade de Odontologia, 2009. Referência Bibliográfica: 62 pag. 1. Percepção. 2. Epidemiologia. 3. crianças. 4. Necessidade de tratamento odontológico. 5. Determinantes sócio-familiares. 6. Cárie dentária. Tese I. Maia, Lucianne Cople.II. Castro, Glória Fernanda Barbosa Araujo . III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Odontologia, Programa de Pós-Graduação em Odontologia (Odontopediatria). IV. Título Condições de cárie dental e necessidades de tratamento de pacientes infantis que procuram por atendimento ambulatorial na clínica de Odontopediatria da UFRJ . V. Estudo epidemiológico

iv

FOLHA DE APROVAÇÃO

GUIMARÃES, MARIA BÁRBARA

“SAÚDE BUCAL E NECESSIDADES DE TRATAMENTO DE PACIENTES INFANTIS QUE PROCURAM POR ATENDIMENTO AMBULATORIAL NA ODONTOPEDIATRIA DA UFRJ”

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia (Odontopediatria), Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Odontologia (Odontopediatria).

Rio de Janeiro, de de 2009

_______________________________________________________ Profª. Drª. Lucianne Cople Maia

DO- Prof. Adjunto do deptº de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ

________________________________________________________ Profª. Drª. Gloria Fernanda Barbosa de Araujo Castro

DO- Prof. Adjunto do deptº de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ

_______________________________________________________ Prof Marcos Antônio de Albuquerque Senna

DO- Prof. Adjunto do deptº de Saúde e Cidadania da UFF

_______________________________________________________ Profª. Anna Thereza Thomé Leão

DO- Profª Adjunto do deptº de Periodontia da UFRJ

________________________________________________________ Prof. Marcelo de Castro Costa

DO- Prof. Adjunto do deptº de Ortodontia e Odontopediatria da UFRJ

v

DEDICATÓRIA

Ao meu companheiro de jornada Nelson, aos meus filhos Renata, Nelson e Nara, e ao meu neto Lucas, pelo incentivo, compreensão, companheirismo e amor incondicional durante minha caminhada.

Dedico a realização do meu grande sonho às pessoas mais importantes da minha vida, VOCÊS.

vi

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Primeiramente a Deus. Por nunca ter me deixado perder a fé, permitindo que eu permanecesse acreditando firmemente em seus propósitos, principalmente, nos momentos mais difíceis da minha vida.

Aos meus familiares, em especial meus pais (em memória), que não mediram esforços para me oferecer educação, cultura, muito amor e carinho.

Ao marido, e aos meus filhos Renata, Nelson e Nara que não só souberam compreender minha ausência nesse período do curso, como foram meus grandes incentivadores.

Ao professor Orlando Chevitarese (em memória) pelo seu incentivo e grande exemplo de vida.

Às minhas grandes amigas Daura Regina Eiras Stofella e Rita Neli Chaves de Azevedo. Juntas, estudamos, nos formamos, vimos nossos pais morrerem, filhos nascerem e crescerem, vencendo dificuldades, dando exemplo de honestidade, justiça e amor. Obrigada por me ajudarem a superar, ao meu lado, meus medos e decepções, e aplaudir minhas conquistas. Se existem anjos da guarda, com certeza vocês são os meus.

À Erika Calvano Kuchler, que foi minha aluna na graduação, e colega de mestrado, a quem considero uma filha do coração, sempre presente em todos os momentos do curso.

Às minhas orientadoras Lucianne Cople Maia e Gloria Fernanda Barbosa de Araujo Castro que generosamente aceitaram a orientação deste trabalho, assim como pela preciosa contribuição na elaboração do projeto de pesquisa, no acompanhamento de todas as etapas deste trabalho. Meu reconhecimento pela presteza, qualidade da orientação e disponibilidade dedicadas, como também pela enorme paciência e apoio para a realização dessa conquista.

vii

AGRADECIMENTOS

Aos professores do Mestrado pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso.

Aos colegas e professores do Departamento de odontopediatria que me ajudaram direta ou indiretamente, facilitando o cumprimento desta minha etapa profissional e por terem compreendido minhas ausências.

Á Dra Áurea Simone (em memória) que já não se encontra entre nós. Obrigada pelos sorrisos e apoio recebido durante o curso.

Aos ex-funcionários Janete, Bia, Bruna, Marilda, Marília e aos funcionários do Departamento de Odontopediatria Andréa, Gina, Isabel, Kátia, Márcia, Mary, Rose, pela marcação dos pacientes, e esterilização do material; à Luiza, Robson e Zezé por todas as vezes que me atenderam prontamente sempre que precisava de algo na secretaria; ao Sr Jorge sempre solícito em buscar meu almoço todas às vezes que eu não podia fazê-lo; e, em especial João Monteiro, pela paciência, dedicação e com bom humor com que nos socorre nos momentos de dificuldades com a informática.

Aos ex-alunos e alunos de Mestrado e Doutorado com quem tive a oportunidade de conhecer mais de perto durante o Mestrado. Obrigada pela agradável convivência.

Aos amigos de turma, Ana Carolina Valinoti, Daniel Brito, Erika Kuchler, Patrícia Tannure, Raquel Pinheiro e Senda Sharone. Vou sentir saudades dos momentos que convivemos durante o curso.

À Doutora Andrea Videira Assaf e ao Professor Marcos Antonio de Albuquerque Senna pelo treinamento para a realização do ceo-d e CPOD para a realização deste trabalho.

Ao professor Ronir Luiz Baggio, minha admiração e gratidão pelo auxílio na parte estatística.

Às alunas de iniciação científica Ana Carolina Canongia, Manoela Teixeira Sant’Anna Datalti e Raquel Donicci Azevedo pela aplicação, dedicação e companheirismo demonstrado durante a realização deste trabalho.

Aos pacientes que passaram pela clínica de triagem e que fizeram parte deste trabalho.

À Meg, minha companheira canina, que fielmente me fez companhia noites a fio enquanto eu redigia algum trabalho e/ou estudava.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte deste projeto, contribuindo para a realização desta dissertação, o meu mais sincero agradecimento.

viii

PENSAMENTO

EU APRENDI...

... que ser gentil é mais importante do que estar certo;

... que eu sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;

... que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;

... que deveríamos ser gratos à Deus por não nos dar tudo o que lhe pedimos;

... que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;

... que ignorar os fatos não os altera;

... que o AMOR e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

... que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;

... que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

... que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

... que devemos sempre ter palavras doces e gentis pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;

... que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

... que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você a está

escalando;

... que quanto menos tempo tenho mais coisas consigo fazer.

William Shaskeapeare

ix

RESUMO

GUIMARÃES, Maria Bárbara. Saúde Bucal e necessidades de tratamento de pacientes infantis que procuram por atendimento ambulatorial na Clínica de Odontopediatria da UFRJ Rio de janeiro, 2009. Dissertação (Mestrado em Odontologia, área de concentração em Odontopediatria)- Faculdade de odontologia, Universidade Federal do Rio de janeiro, Rio de janeiro, 2009.

O objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento epidemiológico de saúde

bucal e necessidades de tratamento de pacientes que procuram por atendimento odontológico ambulatorial na clínica de Odontopediatria da FO–UFRJ. O estudo teve uma amostra de conveniência e abrangeu todos os pacientes que procuraram atendimento odontológico através da clínica de triagem na Odontopediatria, FO, UFRJ que atende crianças de 0 a 12 anos, no período de maio a novembro de 2005 e agosto de 2007 a setembro de 2008. Para a primeira etapa, prontuários de 355 pacientes, foram selecionados e, destes, foram extraídos dados referentes à idade, escolaridade e percepções dos responsáveis em relação à necessidades de tratamento das crianças. Avaliaram-se clinicamente as necessidades normativas de tratamento das crianças. Os dados foram analisados pelo teste 2א. A média de idade dos responsáveis foi de 35,5 +8 anos, sendo 84% destes, as próprias mães, que na maioria possuía o 1° grau incompleto (36%). A necessidade normativa de tratamento mais observada foi dentisteria em dentes posteriores (52%). A maioria dos responsáveis (41%) identificou tardiamente as necessidades restauradoras, ou subestimou alguma necessidade de tratamento (35%). Apenas 3% da amostra identificou a necessidade de tratamento precoce. Não foi observada relação entre a percepção dos responsáveis e escolaridade (2א-p>0,05). No entanto, os responsáveis com menos de 35 anos perceberam melhor as necessidades, ainda que tardiamente (2א- p≤0,05). Para a segunda etapa, avaliou-se o índice de cárie (ceo-d e CPO-D) de 501 crianças. Além disto, gênero, tipo de cuidador e sua escolaridade, número de irmãos, posição familiar da criança em relação aos números de irmãos, e renda familiar foram estudados e analisados pelos estes estatísticos (Man Whitney, Kruskal Wallis p<0,05). A média de idade das crianças foi 6,4 + 2,8 anos, sem diferença na prevalência de cárie entre os gêneros. Os valores médios de CPOD para as dentições permanente e mista foram de 1,40±1,59 e 0,75±1,42 respectivamente; para os valores de ceo-d na dentição decídua e mista foram respectivamente 3,73±4,60 e 2,60±3,05. Após a polarização, tanto os valores de CPOD quanto os de ceo-d aumentaram substancialmente. Ainda existe uma grande necessidade de tratamento por crianças que procuram por atendimento e muitas vezes esta é subestimada pelos responsáveis. Além disto, a prevalência da doença cárie foi inversamente influenciada pela escolaridade do cuidador secundário, e pela renda familiar e diretamente influenciada pelo número de irmãos, posição familiar e tipo de cuidador.

palavras chave: Percepção, epidemiologia, necessidade de tratamento odontológico, determinantes sócio-familiares, cárie dental, crianças.

x

ABSTRACT

GUIMARÃES, Bárbara. Saúde Dental e necessidades de tratamento de pacientes infantis que procuram por atendimento ambulatorial na Clínica de Odontopediatria da UFRJ Rio de janeiro, 2009. Dissertação (Mestrado em Odontologia, área de concentração em Odontopediatria)- Faculdade de odontologia, Universidade Federal do Rio de janeiro, Rio de janeiro, 2009.

The objective of this work was to make an epidemiological survey on buccal health and treatment needs of patients who look for dental care in the outpatient clinic of Pediatric Dentistry of FO-UFRJ. The study had a convenience sample and covered all patients who sought dental care through this screening clinic in Pediatric Dentistry, FO-UFRJ that serves children from 0 to 12 years old in the period from May to November 2005 and from August 2007 to September 2008. For the first step, it was selected medical records of 355 patients, and from these, the responsible data were extracted regarding their age, schooling, and perceptions for these treatment needs. It was clinically evaluated the children’s treatment normatives needs. Data were analyzed by test 2א. The average age of those responsible was of 35.5 +8 years, and 84% of those were the mothers themselves, whose majority had the 1st grade incomplete (36%). The most observed treatment normative need in children was dentistry in posterior teeth (52%). The great majority of the responsible (41%) late identified filling needs, late or underestimated any need for treatment (35%). Only 3% of the sample identified the need for early treatment. There wasn’t noticed any relationship between the perception of the responsible and education (2 א- p≤ 0.05). However, those with less than 35 years did notice the needs better, albeit belatedly For the second stage it was performed the dmft and DMFT index from .(p≤0.05-2א)501 children. More over, gender of children, the guardians and their schooling, number of siblings, the relative position of the child in terms of number of siblings, and family income were studied and statistics test (Man Whitney, Kruskal Wallis) were performed ( p< 0,05). The children average age were 6.4 + 2.8 years, with no difference in decays prevalence between genders. The average values of DMFT for permanent and mixed dentitions were 1.40 ± 1.59 and 0.75 ± 1.42 respectively; for the values of dmft on the deciduous and mixed dentition were respectively 3.73 ± 4.60 and 2.60 ± 3.05. After the polarization, both the values of DMFT as the dmft substantially increased. This is already a great need for treatment by children that looking for attendance and over and over it is underrated by theirs guardians. Furthermore, the caries prevalence was inversely influenced by these children guardians schooling, and family income, and directly influenced by the number of siblings, and its family position, and the guardian.

KEY WORDS: Perceptions, epidemiology, children, dental treatment need, socioeconomic determinants, dental caries.

xi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS ARTIGO 1

ARTIGO 1

Quadro 1: Variáveis clínicas estudadas.....................................................................11

Figura 1: Principais queixas odontológicas das crianças relatadas por seus

responsáveis..............................................................................................................11

figura 2: Distribuição das necessidades de tratamento odontológico infantil.............12

tabela1: Percepção dos responsáveis sobre necessidades de tratamento

odontológico infantil....................................................................................................12

tabela 2: percepção de responsáveis sobre necessidade de tratamento infantil e sua

relação com gênero, faixa etária,e escolaridade........................................................12

ARTIGO 2

Tabela1: Prevalência de cárie (CEO-d/CPOD), polarização da cárie, total de

indivíduos com cárie e livre de cárie nas dentições decídua, mista e permanente, e

média dos valores referentes a cada um dos componentes ceo-d e CPOD nas

diferentes dentições. ............................................................................................................ 34

Tabela 2: Prevalência de cárie (ceo-d / CPOD) , e média dos valores referentes a

cada um dos componentes ceo-d e CPOD nas diferentes dentições, de acordo com o

gênero. ..................................................................................................................................... 35

Tabela 3: Prevalência de cárie (ceo-d / CPOD) em relação aos determinantes

sociais. ..................................................................................................................................... 36

Tabela 4: Média dos valores referentes aos componentes cariado (c) e extração

indicada decíduo (ei), cariado permanente (C) e extração indicada permanente (Ei)

em relação à escolaridade do cuidador e renda familiar. ............................................... 37

xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ceo-d– índice de prevalência de cárie em dentes decíduos onde (c) representa

dentes decíduos Cariados; (e) dentes decíduos Extraídos ou com Extração Indicada;

(e) o dentes decíduos Obturados.

CPOD– índice de prevalência de cárie em dentes permanentes onde (C) representa

dentes permanentes Cariados; (P) dentes permanentes Perdidos (extraídos); (O)

dentes permanentes Obturados.

FO-UFRJ– Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

SB BRASIL- Saúde Bucal Brasil

CNDSS- Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde

TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

RGO- Revista Gaucha de Odontologia

Sonda CPI- sonda de extremo arredondado

SiC Index - Significance Caries Index

SiC/d- Adaptação do SiC Index para dentição decídua

SiC/md – adaptação do SiC Index para os dentes decíduos na dentição mista

SiC/mp – adaptação do SiC Index para os dentes permanentes na dentição mista

SiC/p – Adaptação do SiC index para dentição permanente OMS- Organização Mundial de Saúde 1º G completo/incompleto- Primeiro Grau completo /incompleto 2º G completo/incompleto- Segundo Grau completo/incompleto UI- Universitário Incompleto

xiii

UC- Universitário Completo S M- Salário Mínimo ECC- Early Childhood Caries (Cárie de Acometimento Precoce)

ANEXOS

Questionário artigo 1

Questionário artigo 2

Termo de Consentimento Livre e esclarecido Folha de aprovação do CEP

xiv

Sumário

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3

2.1- Objetivo Geral ................................................................................................... 3

2.2- Objetivo Específico ........................................................................................... 3

2.2.1 ................................................................................................................. 3

2.2.2 ................................................................................................................. 3

3. DELINEAMENTO ............................................................................................................. 4

3.1- Artigo 1 ..................................................................................................................................... 8

3.2- Artigo2..........................................................................................................................15

4. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 43

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 51

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TESE .............................................................. ..52

7-ANEXOS ............................................................................................................................ 588

7.1- Questionário artigo 1........................................................................................58 7.2- Questionário artigo 2.............. .........................................................................60 7.3-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................................61 7.3- Folha de aprovação do CEP.............................................................................62

1

1 INTRODUÇÃO

Apesar das condições de saúde bucal terem melhorado nas últimas décadas,

os agravos bucais e suas seqüelas são de grande prevalência no Brasil,

constituindo-se problemas de Saúde Pública. Entre esses agravos bucais destaca-

se a cárie dental que ainda é uma doença de grande incidência na infância, não

obstante sua tendência mundial de declínio (Nadanovsky, 2000)22, (Andrade, 2000)2,

(Dragheim E, 2000)9, (Szöke J, 2000)38, (SB Brasil, 2003)8 (Marthaler T M, 2004)17,

(Aida J, 2006)1.

Segundo os dados do SB BRASIL, 20038 que relata os resultados da etapa 1

do levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal realizado pelo Ministério da

Saúde, quase 27% das crianças de 18 a 36 meses apresentaram pelo menos um

dente decíduo com experiência de cárie dental, sendo que a proporção chegou a

quase 60% das crianças de 5 anos de idade. Quanto à dentição permanente, quase

70% das crianças brasileiras de 12 anos apresentaram pelo menos um dente

permanente com experiência de cárie.

No que diz respeito ao desenvolvimento da doença cárie, aceita-se hoje, que

esta não ocorre, somente, devido a presença da microbiota metabolizando o

substrato em produtos ácidos sobre o hospedeiro como descrito por Fitgerald e

Keyes,196012, ainda que se leve em conta o tempo de exposição a esses fatores

(Newbrun ,1988)24. Considera-se que fatores influenciadores tal como o perfil sócio-

econômico também estão relacionados com o risco à cárie de várias formas.

Indivíduos de nível sócio-econômico inferior têm desvantagens sociais e materiais

que influenciam a habitação, além da habilidade para prover adequada nutrição e

acesso a informações sobre autocuidados (Reisine,1998)32. Sua habilidade em

preocupar-se consigo mesmo, também fica comprometida assim como as condições

para a obtenção de cuidados por parte de profissionais de saúde e viver em

ambiente saudável (Sheihman A, 2005)37. Além da classe social, o nível de instrução

também pode influenciar o risco á cárie, na medida em que se manifesta na

percepção dos problemas de saúde, na capacidade de entendimento das

2

informações sobre saúde; na adoção de estilo de vida saudável, inclusive nos

hábitos alimentares, no consumo e utilização de serviços de saúde, assim como na

adesão aos procedimentos terapêuticos (CNDSS, 2008)33.

Neste contexto social da criança, destaca-se também, o papel da família.

Representada geralmente pelos pais (pai e mãe), é a família a responsável pela

decisão da procura por atendimento odontológico de seus filhos, além de ser a

responsável por seguir as orientações profissionais tanto no que diz respeito à

alimentação quanto aos hábitos de higiene oral (Mouradian W E,1999)20 (Mouradian

W E, 2001)21 . Outro determinante social que tem sido observado é a relação entre a

densidade de pessoas residentes no mesmo domicílio e as condições de saúde

(Martins, 2003)18.

Diante disso, conhecer o que os responsáveis entendem como necessidade

de tratamento odontológico de suas crianças, e a influência dos determinantes

sócio-econômicos na prevalência de cárie na população infantil atendida na

Odontopediatria da UFRJ é relevante para a elaboração de estratégias

complementares que promovam de forma mais eficaz a prevenção de cáries, e

manutenção da saúde bucal nessa população.

3

2 OBJETIVOS

2.1- Objetivo Geral Fazer um levantamento epidemiológico de saúde bucal e necessidades de

tratamento de pacientes que procuram por atendimento odontológico

ambulatorial na clínica de Odontopediatria da FO –UFRJ.

2.2- Objetivo Específico

2.2.1 Identificar as percepções de responsáveis sobre as

necessidades de tratamento odontológico de pacientes infantis que procuram por

atendimento odontológico ambulatorial na Clínica de Odontopediatria de uma

Instituição de Ensino Superior do Rio de Janeiro, e compará-las com as

necessidades normativas de tratamento odontológico dessa mesma população

infantil.

2.2.2 Conhecer de que maneira os determinantes sócio-econômicos

influenciam na prevalência de cárie e nas necessidades de tratamento de pacientes

infantis que procuram por atendimento odontológico ambulatorial na clínica de

Odontopediatria de uma Instituição de Ensino Superior do Rio de Janeiro verificadas

pelos índices ceo-d e CPOD.

4

3 DELINEAMENTO

Este trabalho foi um estudo seccional observacional e obteve aprovação pelo

Comitê de Ética em Pesquisa Local sob o número 098/05. Antes de seu início, foi

necessário criar uma clínica de triagem no departamento de odontopediatria, pois

até então, os pacientes eram absorvidos por livre demanda.

A amostra foi composta por conveniência e abrangeu todos os pacientes de 0

a 12 anos que procuraram atendimento odontológico através desta clínica de

triagem no serviço de Odontopediatria FO UFRJ, no período de maio a novembro de

2005 e agosto de 2007 a setembro de 2008. Pacientes cujas fichas não tinham o

TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) devidamente assinado e que

não estavam corretamente preenchidas foram excluídos do estudo. O mesmo

ocorreu com os pacientes que procuraram atendimento fora da triagem como os

pacientes atendidos de urgência, ou com necessidades especiais.

Para responder aos objetivos do trabalho foram realizados dois artigos, a seguir:

1º artigo: “Percepção dos responsáveis sobre as necessidades normativas de

tratamento odontológico de pacientes infantis”. Publicado na RGO vol 57 (1),

2009

2º artigo: “Determinantes socioeconômicos da cárie dental e necessidades de

tratamento odontológico em crianças”.

Para o primeiro artigo, foram utilizados dados da triagem realizada no período

de maio a novembro de 2005. O atendimento foi efetuado por três odontopediatras:

a autora do trabalho e suas orientadoras, todas, professoras do departamento de

5

Odontopediatria, devidamente treinadas para este procedimento. Primeiramente, um

questionário era respondido pelos responsáveis das crianças, após ter sido lido,

explicado e assinado duas vias do TCLE, sendo uma delas entregue ao responsável

da criança. Neste questionário, constavam questões relativas à identificação do

paciente, renda familiar, nível de instrução dos pais e do cuidador secundário dessas

crianças. Após, era realizado o exame clínico bucal, em equipo odontológico, com o

auxílio de espátula de madeira para afastar os tecidos moles. Quando havia biofilme

visível aderido aos dentes, uma compressa de gaze era utilizada para removê-la,

com a finalidade de possibilitar a visualização de uma possível ocorrência de

mancha branca. A partir do exame clínico eram determinadas as necessidades

normativas de tratamento odontológico. Como a percepção dos responsáveis estava

restrita ao fato de ter ou não determinada necessidade, a avaliação realizada foi

dicotômica. A queixa principal do responsável (identificada como dor, dentes tortos,

tratamento restaurador e tratamento preventivo, e outros) e as necessidades

normativas de tratamento odontológico das crianças foram confrontadas entre si. A

partir desses dados, as percepções dos responsáveis foram resumidas em 8

categorias, a seguir:

• Não soube identificar a real necessidade de tratamento;

• Identificou, porém subestimou alguma necessidade;

• Identificou tardiamente (exodontias, endodontias e/ou necessidade de

restauração em bateria labial junto com outras necessidades restauradoras

não identificadas anteriormente;

• Identificou a necessidade de tratamento restaurador (sem tratamento

endodôntico e/ou cirúrgico);

• Identificou de forma precoce (mancha branca, necessidade de selantes) e/ou

necessidade de terapia periodontal básica;

• Identificou a necessidade ortodôntica;

6

• Identificou ausência de necessidade de tratamento restaurador;

• Identificou outras necessidades.

De acordo com as necessidades de tratamento odontológico as crianças foram

direcionadas às clinicas adequadas para tratamento.

As triagens, com esta metodologia, continuaram ocorrendo até julho de 2007,

embora, para o artigo 1, tenham sidos utilizados dados das triagens até novembro

de 2005.

O segundo artigo objetivou verificar os determinantes socioeconômicos da cárie

dental relacionando-os com as necessidades de tratamento odontológico dessas

crianças. Para tal, houve a necessidade da utilização de índices específicos para

determinar a prevalência de cárie. Durante este trabalho, um único avaliador (a

autora da dissertação) realizou semanalmente os exames clínicos. Dois professores

com larga experiência em levantamento de ceo-d e CPOD realizaram o processo de

calibração do examinador (Kappa 0,90±0,19 variando de 0,84 a 1). O índice Kappa,

verificado após 6 meses de pesquisa foi de 0,95±0,69 variando de 0,86 a 1. Dados

sócio-econômicos foram coletados através dos questionários respondidos pelos

responsáveis. Previamente ao exame clínico odontológico era realizada a escovação

dentária supervisionada dos pacientes, e neste momento, eram fornecidas a eles e

aos seus responsáveis as orientações sobre a higiene bucal e dieta adequadas.

Após a escovação, o exame bucal era feito em equipo odontológico e eram

anotados no prontuário do paciente o ceo-d e/ou CPOD, além de outros dados das

condições dentárias que constavam do questionário.

7

Desta forma, os dados das triagens realizadas entre novembro de 2005 e

agosto de 2007 não foram utilizadas para o segundo artigo uma vez que não

constavam destes prontuários os valores de ceo-d e CPOD.

No primeiro artigo foram feitas relações entre as percepções dos responsáveis

em relação às necessidades normativas de tratamento assim como entre o gênero,

escolaridade e idade dos responsáveis.

Enquanto que para o segundo artigo foram feitas as relações entre os dados

dos índices de ceo-d e COPD, assim como seus componentes isoladamente e os

dados sobre as condições sócio-econômicas (gênero das crianças , tipo de cuidador

das crianças, escolaridade dos pais(pai e mãe) e cuidadores, renda familiar, número

de irmãos e posição familiar da criança em relação ao número de irmãos. Também

foi instituído um índice Sic modificado para as três dentições a fim de se observar

uma possível polarização de cárie nas mesmas.

Para os dois artigos os dados foram tabulados e analisados estatisticamente

através dos programas EPI INFO 3.2.3. Testes estatísticos não paramétricos (Man

Whitney, Kruskal Wallis) foram utilizados para que se pudessem estabelecer

relações entre as variáveis de análise com significâncias de 5% (p≥0,05). Para os

valores de Kappa foi utilizado o programa SPSS 1.6.

8

3.1- Artigo1:

Percepção de responsáveis sobre as necessidades normativas de tratamento

odontológico de pacientes infantis

Guardians’ percepcion of the normative needs for dental care of pediatric patients

Título abreviado: Percepção e necessidade de tratamento de crianças.

Publicado na RGO; 57 (1): 55-60, jan/mar, 2009

9

10

11

12

13

14

15

3.2- 2º Artigo:

Determinantes socioeconômicos da cárie dental e necessidades de tratamento

odontológico em crianças atendidas na FO-UFRJ

Maria Bárbara GUIMARÃES*

Lucianne Cople MAIA**

Gloria CASTRO **

* Mestranda em Odontopediatria pela UFRJ ** Professora Adjunto da Disciplina de Odontopediatria da UFRJ

16

RESUMO

Objetivou-se identificar determinantes socioeconômicos da cárie dental e

necessidades de tratamento odontológico de pacientes infantis. Obteve-se dados de

501 crianças de 0 a 12 anos após exame clínico odontológico. Foram analisados os

índices de ceo-d e CPOD assim como seus componentes isoladamente e dados

sobre os determinantes socioeconômicos (gênero, tipo de cuidador, escolaridade

dos cuidadores, renda familiar, número de irmãos, e posição familiar da criança em

relação ao número de irmãos), bem como a relação entre eles através de programas

estatísticos.Utilizou-se também o Sic index modificado para verificar o fenômeno de

polarização da cárie nas três dentições. Das crianças, 48% eram do gênero

masculino sem diferença na prevalência de cárie entre os gêneros. Na dentição

decídua somente 44,05% das crianças estavam livres de cárie, na mista 71,71%,

enquanto que na permanente 37,94%. Quanto ao fenômeno de polarização, a média

de ceo-d na dentição decídua passou de 3,73±4,60 para 9,92±3,02; na dentição

mista o ceo-d de 2,60±3,05 passou a 6,28±2,58 e o CPOD de 0,75±1,42 passou a

2,38±1,61. Os componentes mais prevalentes para os dentes decíduos foram os

cariados (c) e extração indicada (e), evidenciando uma maior necessidade de

tratamento, enquanto que para os dentes permanentes o obturado (O) foi o mais

comum. A escolaridade dos cuidadores influenciou os índices de cárie e seus

componentes nas diferentes dentições. Irmãos mais velhos apresentavam menos

cárie e quanto maior o número de irmãos, maiores eram os valores de ceo-d e

CPOD. Ser filho do meio de vários irmãos também estava relacionado (p=0,02) com

o aumento dos índices de cárie. Filhos de pais com menor renda salarial

apresentavam significativamente mais lesões cariosas. Concluiu-se que a

17

prevalência de cárie e necessidades de tratamento dentário das crianças, estavam

relacionadas com os determinantes sociais estudados no presente trabalho.

Descritores – epidemiologia, pesquisa em saúde oral, necessidade de tratamento

odontológico, determinantes sócio-familiares, cárie dentária, crianças

18

ABSTRACT

The objective was to identify socioeconomic determinants of dental decays and

dental treatment needs of children patients. It was obtained data of 501 children from

0 to 12 years after clinical dental examination. We analyzed the rate of dmft and

DMFT as well as its components alone and the data on the socioeconomic

determinants (gender, type of guardians, educational level of guardians, family

income, number of siblings, family and child's position in relation to the number of

siblings) and the relationship between them by using statistics programs. It was also

used the modified Sic index to check the phenomenon of decays polarization in the

three dentitions. 48% of the children were male, with no difference in decays

prevalence between genders. In deciduous dentition only 44.05% of the children

were caries-free, in the mixed dentition they were 71.71% and 37.94% in the

permanent one. As about the polarization phenomenon, the average dmft deciduous

teeth increased from 3.73 ± 4.60 to 9.92 ± 3.02, in the mixed dentition the dmft that

was of 2.60 ± 3.05 has changed to 6.28 ± 2.58 and DMFT from 0.75 ± 1.42 changed

to 2.38 ± 1.61. The most prevalent components for the deciduous teeth were the

decayed ones (d) and extraction was indicated (m), showing a greater need for

treatment, while among the permanent teeth the filled ones (f) were the most

common. The educational level of guardians affects the rates of decays and its

components in different dentitions. Older siblings had fewer decays and the greater

the number of siblings, the highest were the values of dmft and DMFT. Being the

middle child of several brothers also was related (p = 0.02) with increased rates of

decay. Children of lower income parents have significantly more decays lesions. It

19

was concluded that the prevalence of decays and dental treatment needs on the

children, were influenced by social determinants studied in this work.

Key Words: epidemiology, oral health survey, dental treatment needs, dental caries, children

20

INTRODUÇÃO

A prevalência da doença cárie vem diminuindo em vários países (Dragheim E,

2000)1, (Szöke J, 2000)2, (Marthaler T M, 2004)3, (Aida J, 2006)4. No Brasil,

comparando-se os dados de 2003 (SB Brasil, 2003)5 com os de 1996 (Ministério da

Saúde, 1996)6, observamos uma queda do índice CPOD em escolares de 12 anos

de idade. Paralelamente ao declínio da prevalência de cárie, tem-se observado que

essa queda vem acompanhada por uma mudança no padrão bucal da doença. Há

uma concentração da doença cárie em uma parcela da população, em contraste

com outra que se apresenta praticamente livre de cárie (Pereira S M, 2007)7,

caracterizando o fenômeno de polarização.

No SB Brasil5, a prevalência de cárie foi associada às características sócio-

demográficas, indicando que regiões brasileiras com melhores indicadores sociais

apresentaram condições mais favoráveis de saúde oral.

O quadro epidemiológico brasileiro, no que tange a saúde bucal, reflete

algumas características de nossa sociedade tais como uma economia não estável,

grandes desigualdades salariais e sociais com grande número de famílias de baixa

renda e em estado de pobreza relativa ou absoluta (Pinto V G, 2000)8. Estas

desigualdades traduzem uma multiplicidade de variáveis extra-odontológicas, que

fazem parte do processo saúde/ doença. Tais condições influenciam não só na

existência ou não das doenças bucais, como também modulam o ritmo e a

velocidade em que essas doenças se expandem (Barros A J D, 2002)9. Parece

haver uma gama de determinantes não biológicos que quando desfavoráveis,

promovem variações biológicas e, por conseqüência, o desenvolvimento da doença

cárie (Brandão I M G, 2006)10. Isto porque os comportamentos das pessoas estão

21

entrelaçados com as condições ambientais, sociais e econômicas nas quais elas

vivem (Watt R G, 2005)11.

Assim sendo, o conhecimento de como a cárie dental está sendo influenciada

pelos determinantes sócio-econômicos, permite embasar estratégias que busquem

solucionar a falta de conhecimento e conceitos muitas vezes equivocados de

pais/responsáveis sobre como manter a saúde bucal das crianças.

Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo conhecer de que maneira os

determinantes sócio-econômicos influenciam na prevalência de cárie verificada

pelos índices ceo-d e CPOD e nas necessidades de tratamento de pacientes infantis

que procuram por atendimento odontológico ambulatorial na clínica de

Odontopediatria de uma Instituição de Ensino Superior do Rio de Janeiro.

METODOLOGIA

Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFRJ. O termo

de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi assinado pelos responsáveis das

crianças após ter sido lido antes da coleta de dados e realização do exame clínico.

A amostra deste estudo seccional, observacional constou de crianças de 0 a 12

anos e seus responsáveis, e se deu por conveniência. Para a coleta de dados, foram

examinadas todas as crianças que procuraram por tratamento odontológico na

disciplina de Odontopediatria de uma Instituição de Ensino Superior do Rio de

Janeiro no período de agosto de 2007 a setembro de 2008. Para a parte inicial da

coleta foi utilizado um questionário semi-estruturado com perguntas abertas e

fechadas, sendo respondidas através de entrevista com os responsáveis das

crianças. Um piloto (com 25 indivíduos) foi testado para garantir que os

responsáveis pudessem entender as questões formuladas. Além do questionário,

22

um dentista de larga experiência em levantamentos epidemiológicos participou do

treinamento e calibração do pesquisador examinador do presente estudo (Kappa

0,90±0,19 variando de 0,84 a 1). Um único examinador realizou a anamnese com os

responsáveis e o exame clínico infantil após escovação supervisionada. O índice

Kappa, verificado após 6 meses de pesquisa foi de 0,95±0,69 variando de 0,86 a 1,

O exame dentário para verificação dos índices de ceo/CPOD dos pacientes foi

realizado no equipo odontológico, sob luz artificial (refletor), por meio de inspeção

visual, precedido por secagem com seringa tríplice. Também foram utilizados

espelho bucal plano nrº3, sonda CPI (de extremo arredondado) sem pressão sobre a

superfície dentária, somente para esclarecer dúvidas advindas do diagnóstico visual,

e espátula de madeira para afastar os tecidos moles. Após a avaliação, os pacientes

foram alocados nas diferentes clínicas da Disciplina de Odontopediatria de acordo

com suas necessidades de tratamento.

Foram excluídos do estudo, pacientes atendidos em caráter de urgência, pacientes

portadores de necessidades especiais, prontuários com dados incompletos ou sem o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido devidamente assinado.

Variáveis estudadas

Para o estudo da prevalência de cárie foram analisados os índices ceo-d e CPOD

(OMS, 1997)12. Os componentes dos índices também foram avaliados isoladamente

a fim de se determinar o histórico de cárie na população estudada. Foram

estabelecidas relações estatísticas entre os índices de cárie e seus componentes

com o tipo de dentição (decídua, mista e permanente) e com determinantes

socioeconômicos. Vale ressaltar que índices de ceo-d e de CPOD =0 representam

os indivíduos livres de cárie. Além disto, para se verificar a polarização da

23

prevalência de cárie, foi utilizada uma adaptação do Significance Caries Index – SiC

Index (Bratthall D, 2000)13 para as três dentições: decídua (SiC/d), mista (SiC/md e

SiC/mp) e permanente(SiC/p).

Os critérios para os SIC modificados foram os seguintes:

• SiC/d: foram selecionados um terço dos indivíduos em dentição decídua com

os maiores valores de ceo e calculou-se a média deste subgrupo. O valor

encontrado denominado SiC/d mostra a polarização da prevalência de cárie nos

indivíduos da amostra em dentição decídua.

• SiC/m-d: foram selecionados um terço dos indivíduos na dentição mista

com os maiores valores de ceo-d e calculou-se a média deste

subgrupo, encontrando-se o valor da polarização de cárie nos dentes

decíduos na dentição mista.

• SiC/m-p: foram selecionados um terço dos indivíduos na dentição mista

com os maiores valores de CPOD e calculou-se a média deste

subgrupo. Este valor representa a polarização de cárie dos dentes

permanentes na dentição decídua.

• SiC/p: Da mesma forma que os grupos anteriores,foram selecionados

um terço dos indivíduos na dentição permanente com os maiores

valores de CPOD e calculada a média deste subgrupo. Este valor é o

CPOD polarizado na dentição permanente.

Quanto aos determinantes sociais, as variáveis analisadas foram: gênero das

crianças (masculino e feminino), cuidador (analisados segundo o tipo: mãe e/ou pai,

avós, e outros) e escolaridade do cuidador (analfabeto, 1ºgrau incompleto/completo

(até 8 anos de estudo); 2º grau incompleto/completo (até 11 anos de estudo), e

24

universitário incompleto/completo (mais de 11 anos de estudo). Também avaliou-se

o número de irmãos (filho único, com 1 irmão, 2 irmãos, e mais de 2) e a posição

familiar da criança em relação aos números de irmãos (categorizada em: mais novo,

do meio, ou mais velho). Em relação à renda familiar, esta foi agrupada em faixas

de: até 1 salário mínimo, entre 1 e 3 salários mínimos, e mais de 3 salários mínimos.

Os dados foram tabulados em um banco de dados do programa EPI INFO

3.2.2 e analisados a partir de suas freqüências relativas e absolutas. Testes

estatísticos não paramétricos (Man Whitney, Kruskall Wallis) foram utilizados para

que se pudessem estabelecer as relações entre as variáveis de análise com

significância de 5% (p>0,05). Para os valores do Kappa foi utilizado o programa

SPSS 1.6

RESULTADOS

Das 546 crianças, 45 foram excluídas, ficando a amostra totalizada em 501

crianças de ambos os gêneros, com média de idade de 6,4 + 2,8 anos, sendo 48,7%

do gênero masculino (6,5 + 2,9 anos), e 51,3 % do gênero feminino (6,4 + 2,8 anos).

Quanto à prevalência de cárie na população estudada, os valores médios de ceo-d e

CPOD total foram respectivamente 2,98 ± 3,74 e 0,82 ± 1,47. Na tabela 1 são

apresentados os valores de ceo-d e CPOD, bem como os valores representativos do

fenômeno de polarização da cárie (SiC Modificado) e o percentual de indivíduos

livres de cárie nas diferentes dentições.

Em relação aos componentes do ceo-d individualmente, na dentição decídua, os

componentes (c) e extração indicada (e) foram os mais prevalentes. Já na dentição

mista, os componentes (c) e (e) foram os mais prevalentes nos dentes decíduos e os

25

componentes (C) e (O) nos dentes permanentes. Na dentição permanente, o

componente obturado (O) foi o mais prevalente (tabela 1).

Não houve diferença de prevalência de cárie quando comparados os gêneros

feminino (ceo-d = 3,00 ± 3,86 e CPOD= 0,67 ± 1,34) e masculino (ceo-d = 3,03 ±

3,59 e CPOD = 0,93 ± 1,53) (p>0,05). Os dados de ceo-d e CPOD de acordo com o

gênero nas diferentes dentições encontram-se na tabela 2. Verificou-se também a

ausência de diferença estatística entre as necessidades de tratamento em relação

ao gênero das crianças (p>0,05) (tabela 2).

Em relação ao tipo de cuidador, a maioria (50,7%) foi representada pelos próprios

pais (pai e/ou mãe). Não foi observada diferença de CPOD das crianças cuidadas

pelos diferentes cuidadores. Já os valores de ceo-d de crianças cuidadas pelos

próprios pais foram significativamente menores que aqueles cuidados por avós e

outros (p=0,04) (tabela3). Quanto à escolaridade dos cuidadores, a maioria, 52,1%

(n=241) tinha o 1º grau incompleto/completo; 39,5% (n=183%) o 2º grau

incompleto/completo; 6,5% (n=30) era analfabeto; somente 1,9% (n=9) possuía nível

universitário incompleto/completo e 38 responsáveis não souberam informar este

dado. Ao observar a relação entre escolaridade do cuidador e prevalência de cárie

constatou-se que crianças cuidadas por pessoas com maior escolaridade

apresentavam índices de cárie significativamente menores, tanto nos dentes

decíduos quanto nos permanentes (tabela 3). O mesmo pode ser observado em

relação às necessidades de tratamento dos dentes decíduos e dos dentes

permanentes uma vez que crianças cujos cuidadores possuíam maior escolaridade

apresentaram menores valores dos componentes extração indicada (e) e (Ei) e

cariados (c) e (C) (tabela 4).

26

O número médio de irmãos foi de 2,6+1,6, sendo que 70,8% (n=355) da amostra

possuía pelo menos 01 irmão morando na mesma residência. A posição da criança

em relação ao número de irmãos foi: 29,2% (n=146) filho único; 38,9% (n=195) mais

novo; 19,8% (n=99) mais velho; e 12,1% (n=61) do meio. Os valores do ceo-d e

CPOD foram estatisticamente associados ao número de irmãos e à posição familiar

(tabela 3). Quanto maior o número de irmãos, pior o estado de saúde dentária tanto

na dentição decídua quanto na permanente. Além disso, irmãos mais velhos

apresentavam menos cárie, sendo os do meio, os que apresentaram maiores

valores tanto de ceo-d quanto de CPOD.

A renda familiar das crianças estava compreendida em 37,5% (n=187) até 1 salário

mínimo; 55,1% (n=275) entre 1 a 3 salários mínimos; e apenas em 7,4% dos casos

(n=39), acima de 3 salários mínimos. Pode ser verificado que quanto menor a renda,

maior a média de ceo-d e CPO-D, porém a diferença não foi significativa (tabela 3).

Já quando avaliadas as necessidades de tratamento, filhos de pais de menor renda

apresentavam significativamente maior número de dentes cariados e com extração

indicada para os dentes decíduos (tabela 4).

27

DISCUSSÃO

Em um país como o Brasil, é pequena a parcela da população que tem condições

financeiras de realizar um tratamento dentário em clínica particular. Este fato é ainda

mais evidente quando o tratamento requer um especialista como é o caso da

odontopediatria, o que torna o tratamento ainda mais oneroso e distante das

populações menos favorecidas (Vargas, 2002)14. Mesmo com a descentralização do

sistema de Saúde Brasileiro (Brasil. Ministério da Saúde, 2001)15 estes fatores sócio-

demográficos devem ser levados em consideração. Tratando-se de crianças isto é

ainda mais evidente, uma vez que é preciso que seus responsáveis reconheçam e

se mobilizem para solucionar essas necessidades de tratamento. (Mouradian,W E,

2001)16

Outro fator importante a se considerar quando se estuda a cárie, é que também

se deve levar em consideração que os estágios anteriores da doença cárie, como

cavidade, podem ser paralisados por ações de promoção de saúde e prevenção.

Ademais, ações centradas no tratamento restaurador da cavidade de cárie não

garantem o controle efetivo do progresso da doença, sendo necessária, também, a

intervenção sobre seus determinantes (tanto biológicos quanto sócio-econômicos)

para evitar novas cavidades e recidivas (Caderno de Atenção Básica-Brasília,

2006)17. Uma vez que são os pais os responsáveis pela alimentação e criação de

hábitos de higiene bucal, desde cedo (Barreira A K, e col, 1997)18, (Talekar B S, e

col,)19, é relevante o estudo da influência dos determinantes sociais tais como

escolaridade dos cuidadores, renda familiar, número de irmãos e posição familiar da

criança, neste processo.

28

Considerando o atendimento especializado oferecido na Odontopediatria da

FO-UFRJ, é razoável esperar que se concentre nessa população indivíduos que

encontram dificuldades no atendimento ambulatorial em outros setores, tanto pela

dificuldade no controle do comportamento infantil, quanto pela complexidade de

atendimento. Crianças maiores, de um modo geral, conseguem ser atendidas por

dentistas que atendem adultos, tanto em clínicas particulares quanto em postos de

Saúde Pública que tem atendimento odontológico, necessitando de especialistas

apenas para situações de maior complexidade de tratamento. Da mesma forma,

crianças de famílias com maiores rendas têm mais possibilidade de serem atendidas

em clínicas particulares (CNDSS, 2008)20, não buscando para isto o setor público.

Este fato pode explicar o número reduzido de crianças com renda familiar acima de

3 salários mínimos na amostra do presente estudo. Soma-se a isto o fato de ser 12

anos a idade limite para atendimento na clínica onde se realizou a atual pesquisa, o

que reforça o número reduzido de crianças nesta idade na amostra.

Segundo a quarta edição do manual “Métodos básicos - pesquisa em saúde

oral” da Organização Mundial de Saúde em 199712, as idades de 5 e 12 anos são

recomendadas para estudo da cárie. Cinco anos, por ser uma idade mais fácil de se

examinar, e ainda representar a dentição decídua na sua maioria. Além disso, em

alguns países 5 anos é também a idade que as crianças começam a freqüentar a

escola. Já a idade de12 anos foi escolhida neste Método por ser uma idade em que

geralmente a criança freqüenta o último ano da escola elementar, sendo a amostra

facilmente obtida no sistema escolar. Outro fator importante é que quase sempre

nesta idade, todos os dentes permanentes, com exceção dos terceiros molares, já

erupcionaram.

29

Em nossa população, crianças aos 5 anos não necessariamente estão na

escola e mesmo as que estão (tanto as de 5 quanto as de 12) nem sempre se

beneficiam de atendimento odontológico nestes locais. Considerando as diferenças

entre as populações de diversas regiões para as idades em que começam e

terminam de irromper os dentes permanentes (com exceção dos terceiros molares),

foram consideradas para este estudo as dentições, e não as idades das crianças,

mantendo-se subgrupos de crianças em dentição decídua, mista e permanente. Por

ser o pesquisador responsável pelo exame clínico, especialista em odontopediatria e

o exame ter sido realizado em cadeira do equipo dentário, estando as crianças numa

posição mais favorável do que nos exames realizados em campo (podendo-se

lançar mão da luz do refletor, e da seringa tríplice para secar os dentes), não houve

maiores dificuldades no exame de crianças menores de 5 anos.

Não houve neste estudo diferenças significativas de prevalência de cárie entre

os gêneros das crianças estudadas, em concordância com o estudo de CHU, 199921

e de Saravanan, 200322. Entretanto esses resultados contrariam os de outros

estudos, como o de Moreira P V L, 200723, e o de Pereira S M, 20077 onde a média

de CPOD no gênero feminino foi significativamente maior. Provavelmente outros

determinantes tenham influenciado com maior intensidade que o gênero das

crianças.

Uma vez que no presente estudo foram consideradas todas as crianças na

dentição permanente, comparando os valores de CPOD destas crianças com a

classificação dos graus de severidade de cárie aos 12 anos, podemos dizer que

para a dentição permanente, o valor médio de CPOD de 1,4 pode ser considerado

baixo. Seguindo a mesma analogia, considerando-se a dentição decídua, segundo a

30

classificação proposta pela American Academy of Dentistry, 200624, 55,95% das

crianças nesta dentição apresentou cárie de acometimento precoce.

Vale destacar que os componentes c (cariado decíduo) e e (extração indicada

de decíduo) do índice ceo-d, assim como os componentes C (cariado permanente) e

P (perdido permanente) do índice CPOD representam a história atual da

necessidade de tratamento, enquanto que o componente o (obturado decíduo) e O

(obturado permanente) representa a história passada.

A média dos valores de CPOD não reflete detalhadamente sua distribuição,

levando à incorreta conclusão de que a cárie, em algumas situações, está

razoavelmente controlada, enquanto que, na realidade, alguns indivíduos ainda

concentram índices de cárie significantes. Para contemplar este aspecto, o SiC

(Significant Caries Index) foi introduzido nas pesquisas de epidemiologia da cárie,

com o objetivo de chamar a atenção para os indivíduos com os maiores valores de

CPOD aos 12 anos nas populações estudadas

Como no presente estudo não se utilizou o padrão de amostra aos 12 anos, e

sim as diferentes dentições, índices SiC modificados foram realizados substituindo-

se esses valores para os valores de ceo na dentição decídua (SiC/d); valores de ceo

e CPOD na dentição mista sendo o SiC/m-d para dentes decíduos na dentição

mista e o SiC/m-p para dentes permanentes na dentição mista; e valores de CPOD

na dentição permanente (SiC-p).

Quando se observa a polarização, o CPOD aumenta para 3,5 na dentição

permanente e com isto, a classificação da severidade da cárie se eleva de baixa

para moderada. Se somente a prevalência fosse observada, haveria a falsa idéia de

que a meta proposta pela OMS para 200025 de CPOD igual ou menor que 3 para os

31

dentes permanentes aos 12 anos, para este grupo de crianças, teria sido alcançada.

Para as dentições decídua e mista esta polarização foi ainda mais acentuada,

evidenciando que um grande número de lesões de cárie concentrou-se em poucos

indivíduos.

A possível associação entre cárie e indicadores sociais, e econômicos

contribuindo para a concentração da doença cárie numa pequena parcela da

população tem sido relatada na literatura. Uma significante correlação entre

prevalência de cárie e indicadores sociais foi verificada no estudo realizado no

Paraná, Brasil (Baldani,2004)26, em crianças na idade de 12 anos, estando de

acordo com o presente estudo. Outro estudo realizado em São Paulo, com crianças

de 5 a 12 anos, também mostrou uma distribuição heterogênea de cárie em

diferentes áreas verificando que altas prevalências de cárie estavam relacionadas

com privações sociais (Antunes,2004)27.

Já em relação à renda familiar, o estudo de CHU, 199921 mostrou uma clara

tendência de decréscimo nas médias de ceo-d na medida em que a renda familiar

aumentava, assim como crianças cujos pais tinham altos níveis educacionais

apresentavam escores menores de ceo. Maltz M, 200128 verificou que o nível

educacional dos pais apresentou correlação positiva com a renda per capta e

inversamente com a prevalência de cárie. Esta relação pode ser explicada pelas

diferentes formas que o nível de instrução se manifesta: na percepção dos

problemas de saúde, na capacidade de entendimento das informações sobre saúde;

na adoção de estilo de vida saudável, inclusive nos hábitos alimentares, no consumo

e utilização de serviços de saúde, assim como a adesão aos procedimentos

terapêuticos (também influenciados pela renda familiar) (CNDSS, 2008)20. No

32

presente trabalho o nível de escolaridade do pai não teve significância estatística

com o ceo-d nem com o CPOD na dentição mista, nem tão pouco com o CPOD na

dentição permanente; já em relação à escolaridade das mães, esta só teve

significância nos valores de ceo-d da dentição decídua. A verificar o nível de

escolaridade do cuidador da criança verificou-se que aquelas cuidadas pelos pais

(pai e/ou mãe) tiveram menores valores de ceo-d.

Em relação à densidade de pessoas residentes na mesma residência, Melo M

M D C, 200829, em sua tese de mestrado, verificou, que mais de três pessoas no

quarto de dormir mostrou risco duas vezes maior de crianças de até 5 anos ter

cáries. Do mesmo modo, o número de irmãos na mesma residência (três ou mais de

três) representou risco duas vezes maior. Já no trabalho realizado por Peres, 200030

não houve diferença entre o número de residentes na família menores de 15 anos,

nem entre o número de residentes por cômodo e prevalência de cárie. No presente

trabalho ser o filho do meio de vários irmãos (três ou mais de três), foi

significativamente relacionado com o aumento dos índices de cárie tanto na dentição

decídua quanto na permanente.

É relevante observar que a avaliação não só dos de fatores biológicos, mas

também sociais, que interfiram no desenvolvimento da doença cárie pode significar

uma contribuição a estudos populacionais que objetivam a identificação do público

alvo preferencial a receber atenção no âmbito dos serviços públicos, contribuindo

para a diminuição das iniqüidades em saúde conseqüentes das diferenças salariais

e sociais e culturais.

CONCLUSÃO

33

Pelo exposto podemos concluir que os determinantes socioeconômicos

relacionados à doença cárie, tais como tipo de cuidadores e sua escolaridade, renda

familiar, número e posição familiar do irmão foram relacionados com a prevalência

de cárie da população estudada.

AGRADECIMENTOS

ANDREA VIDEIRA ASSAF e MARCOS ANTONIO DE ALBUQUERQUE SENNA

fundamentais no treinamento para a utilização dos índices ceo-d e CPOD .

34

Tabela1: Prevalência de cárie (CEO-d/CPOD), polarização da cárie, total de indivíduos com cárie e livre de cárie nas dentições decídua, mista e permanente, e média dos valores referentes a cada um dos componentes ceo-d e CPOD nas diferentes dentições.

Dentições

Decídua Mista Permanente

Índice de cárie

ceo-d média±dp

3,73±4,60

2,60±3,05

----

CPOD média±dp

----

0,75±1,42

1,40±1,59

Índice de polarização

(Sic Modificado)

SiC/d média±dp

9,92±3,02

6,28±2,58

----

SiC/p média±dp

---

2,38±1,61

3,5±0,88

Indivíduos com cárie ( n=198)

55,95%

28,29%

62,06%

Indivíduos livres de cárie (n=303)

44,05%

71,71%

37,94%

c

2,55±3,37

1,41±1,99

----

e

1,94±0,23

1,86±0,34

----

o

0,18±0,59

0,53±1,24

----

C

----

0,40±0,83

0,48±1,08

E

----

0,01±0,10

0,00±0,00

Ei

----

0,13±0,47

0,08±0,28

O

----

0,19±0,78

0,81±1,33

Nota: c=cariado decíduo; e=extração indicada decíduo; o=obturado decíduo; C= cariado permanente; E=extraído por cárie permanente; Ei=extração indicada permanente; O=obturado permanente

35

Tabela 2: Prevalência de cárie (ceo-d / CPOD) , e média dos valores referentes a cada um dos componentes ceo-d e CPOD nas diferentes dentições, de acordo com o gênero.

Gênero P valor Masculino Feminino

Dentição

Decídua

ceo-d

3,65±4,50

3,81±4,70

0,99

Mista

ceo-d

2,71±2,98

2,48±3,13

0,25

CPOD

0,89±1,52

0,60±1,29

0,21

Permanente CPOD

1,66±1,58

1,27±1,63

0,65

c

1,71±2,46

1,88±2,78

0,91

e

0,80±1,57

0,73±1,61

0,48

o

0,48±1,16

0,31±0,93

0,18

C

0,47±0,94

0,35±0,76

0,30

E

0,00±0,07

0,01±0,11

0,58

Ei

0,10±0,37

0,14±0,52

0,85

O

0,26±0,78

0,23±0,92

0,59

Nota: c=cariado decíduo; e=extração indicada decíduo; o=obturado decíduo; C=cariado permanente; E=extraído por cárie permanente; Ei=extração indicada permanente; O=obturado permanente. Valores de p>0,05 são não significativos. Teste estatístico utilzado- Kruskall Wallis.

36

Tabela 3: Prevalência de cárie (ceo-d / CPOD) em relação aos determinante sociais.

Determinante social ceo-d CPOD

Tipo de Cuidador

Mãe/pai (50,7%) 2,75±3,75

p=0,04

0,82±1,54

p=0,47 Avós ( 24,2% ) 3,58±4,03 0,76±1,32

Outros ( 25,1% ) 3,04±3,55 0,79±1,37

Escolaridade do cuidador

Analfabeto 2,93±2,85

p=0,00

1,60±2,25

p=0,004 1ºG. incompleto/completo 3,67±3,96 0,90±1,47

2ºG. incompleto/ completo 2,23±3,37 0,45±1,05

universitário incompleto/ completo 0,77±2,33 0,00±0,00

Número de irmão

Filho único 3,01±3,81

p=0,01

0,85±1,47

p=0,01 1 2,45±3,42 0,63±1,45

2 3,42±3,60 0,96±1,51

3 ou mais 4,13±4,35 1,00±1,41

Posição do irmão

Mais novo 3, 16±3,91

p=0,02

0,93±1,75

p=0,02 Meio 4,13±3,96 1,06±1,45

Mais velho 2,08±2,75 0,45±1,03

Renda familiar

Até 1 S.M. 3,46±4,06

p=0,11

0,86±1,54

p=0,83 Entre 1 e 3 S.M. 2,92+3,64 0,81±1,43

Mais de 3 S.M. 1,66±2,09 0,48±0,96

Teste estatístico utilizado - Mann Whitney. Valores de p>0,05 são não significativos

37

Tabela 4: Média dos valores referentes aos componentes cariado(c) e extração indicada decíduo(ei), cariado permanente(C) e extração indicada permanente(Ei) em relação à escolaridade do cuidador e renda familiar.

Nota: c=cariado decíduo; e=extração indicada decíduo; C=cariado permanente; Ei=extração indicada permanente. Valores de p>0,05 são não significativos

DENTES DECÍDUOS DENTES PERMANENTES

C média + d p

e média + d p

C Média+ d p

Ei Média+ dp

Escolaridade

do cuidador

Analfabeto 2,10±4,11 0,72±1,36 0,42±0,67 0,29±0,68

1ºgrau incompleto/ completo 2,36±3,24 0,94±1,78 0,47±0,94 0,13±0,46

2ºgrau incompleto/ completo 1,31±2,30 0,55±1,28 0,29±0,74 0,05±0,37

Universitário incompleto/completo 0,55±1,66 0,22±0,66 0,00±0,00 0,00±0,00

P valor p = 0,0001 p = 0,01 P=0,05 P = 0,007

Renda familiar

Até 1 S.M. 2,25± 3,03 0,94± 1,80 0,42 ± 0,88 0,17 ± 0,52

Entre 1 e 3 S.M. 1,71 ± 2,66 0,68 ±1,45 0,40 ± 0,85 0,10 ± 0,43

Mais de 3 S.M 1,75 ± 4,49 0,50± 1,10 0,32 ±0,69 0,00 ± 0,00

P valor p = 0,04 p = 0,05 P=0,52 p = 0,14

38

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43

4 DISCUSSÃO

Uma grande parcela da população brasileira vive em áreas urbanas, e suas

condições de vida refletem a forma acelerada em que se deu o processo de

urbanização, sem contrapartida equivalente de adequação da infra-estrutura. Este

processo de urbanização concentrou-se principalmente nas áreas metropolitanas

gerando uma população em precárias condições de vida e de trabalho (CNDSS,

2008)33. Essas condições expressam determinantes não biológicos que quando

desfavoráveis, promovem variações biológicas que fazem parte do processo

saúde/doença influenciando a existência ou não das doenças bucais, e por

conseqüência, o desenvolvimento da doença cárie (Brandão I M G, 2006)6.

Isto ocorre porque tais condições de vida e saúde impedem ou limitam as

possibilidades desses grupos de exercerem sua condição de cidadãos, na medida

em que sua capacidade de optar entre diferentes alternativas está reduzida,

cerceando suas escolhas frente às instituições do Estado e da sociedade (Rawls,

1999)31, (Sen, 2000)36. Como conseqüência, algumas características da nossa

sociedade refletem o quadro epidemiológico brasileiro de saúde bucal. Entre essas

características podemos citar uma economia não estável, com grande número de

famílias de baixa renda e em estado de pobreza relativa ou absoluta, apresentando

grandes desigualdades salariais e sociais (Pinto V G, 2000)30.

De um modo geral, populações em piores condições sociais, apresentam

maiores dificuldades em prevenir doenças uma vez que suas necessidades

primárias, em grande parte, não são satisfeitas, impedindo ou dificultando a

priorização aos autocuidados. Desta forma esta parcela da população restringe-se

44

apenas àquelas medidas que crêem ser indispensáveis à manutenção da vida.

Como conseqüência, tais comportamentos levam a menos autocuidado e a uma

menor utilização de serviços preventivos de saúde (Brandão I M G, et al., 2006)6.

Foram verificadas no presente estudo, que famílias com menor renda apresentavam

crianças com maiores índices de cárie, onde os componentes cariados e extração

indicada eram mais prevalentes, indicando maior necessidade de tratamento. Um

reflexo deste fato é o fenômeno da polarização da cárie, onde os valores mais

elevados do índice ceo-d e CPOD estão concentrados em grupos infantis

pertencentes a famílias com piores indicadores socioeconômicos (Bratthall, 20007;

SB Brasil, 20038; Bönecker, 20045; Antunes, Peres, Mello, 2006)4, fato também

verificado neste estudo.

Outro fator a ser destacado é a instrução. No primeiro artigo, não foi verificada

relação entre a escolaridade dos responsáveis e a percepção sobre as

necessidades normativas de tratamento odontológico de suas crianças. Entretanto, a

maioria dos responsáveis que não soube identificar, subestimou, ou identificou

tardiamente tinha o menor grau de instrução (1º grau incompleto), embora não

estatisticamente significante. Além disso, nenhum responsável com este grau de

instrução, ou seja, menos de 8 anos de estudo, identificou precocemente alguma

necessidade. Vale destacar que nessa amostra, 63% dos cuidadores estavam

representados pelas próprias mães, e que apenas 4% somaram os responsáveis

que se declararam analfabetos, ou que não sabia esta informação.

Atualmente, é mais comum a obtenção de informações sobre autocuidados

com higiene pessoal, e prevenção de doenças, entre elas a cárie, seja através de

prospectos de propaganda de enxaguatórios bucais ou dentifrícios, ou programas

televisivos. Entretanto, segundo Fabre (1998)11 há diferença entre obter uma

45

informação e este conhecimento levar a uma mudança de comportamento que seja

favorável a promoção de saúde do indivíduo. O ato de informar isolado não é

suficiente para que haja mudança no comportamento (Reisine,1993)32. De acordo

com Kinnby, et al (1991)16, o nível de educação dos responsáveis afeta também a

habilidade de colocar em prática seus conhecimentos tanto para si, quanto para a

promoção de saúde de seus filhos. Desta forma, apesar do responsável pela criança

(a maioria representada pelas próprias mães) poder ter entendido as

recomendações feitas pelo odontopediatra, embora digam o que deve ser feito em

relação à alimentação no que diz respeito ao consumo racional de açúcar

(quantidade e freqüência), e cuidados com a higiene oral (quando e como, com que

dentifrício) a quem cuida de suas crianças, a adesão à essas recomendações

parece estar diretamente relacionada a escolaridade destes cuidadores sejam eles

as próprias avós, irmãos mais velhos, ela própria, ou outros. Os resultados do

presente trabalho, mostram que crianças cujos cuidadores tinham altos níveis de

escolaridade apresentaram menores valores de ceo-d e de CPOD, em concordância

com trabalhos internacionais que mostram associações significantes entre a renda,

o nível de educação dos pais e a prevalência de cárie em crianças de até 5 anos

(SAYEGH et al., 200235; HARRIS et al.13, 2004; NAMAL N, et al., 200523; PINE C M,

200427; HASHIM et al., 200614).

Estes resultados parecem apontar para o fato de ser mais interessante

estudar a escolaridade do cuidador das crianças, em vez da escolaridade

especificamente do pai ou da mãe. Em algumas situações, os cuidadores são as

próprias mães, principalmente nas crianças bem pequenas (bebês). Na medida em

que elas crescem, outras pessoas passam a ser seus cuidadores, e nestes casos, a

escolaridade da mãe e/ou do pai parece não ter tanta influência. A não ser pelo fato

46

de que, de um modo geral, a escolaridade está relacionada com a renda. E uma

maior renda proporciona a viabilidade de se optar por pessoas mais qualificadas

para serem os cuidadores desta criança, ou até mesmo representa a possibilidade

de a própria mãe poder cuidar de sua criança sem a preocupação de prover o

sustento da família. Neste sentido agrega-se o fato de que geralmente a mãe tem

um comprometimento maior com a qualidade dos cuidados oferecidos às suas

crianças, (Oliveira MLS, Bastos ACS, 2000). Entretanto este comprometimento pode

ser abalado pelo cansaço gerado por uma árdua jornada de trabalho, principalmente

quando é ela a principal provedora da família, acumulando muitas vezes os

trabalhos fora e dentro de casa. É compreensível imaginar que essa mãe recorra

aos filhos mais velhos para auxiliá-la com os cuidados dos filhos “do meio” e tome

para si os cuidados com os mais novos. Seja pela falta de tempo, habilidade,

paciência, ou imaturidade, esses cuidados costumam ser negligenciados. Por outro

lado, como muitas crianças em dentição permanente completa, principalmente em

famílias de baixa renda, se cuidam sozinhos, e ao estudar a escolaridade do

cuidador, estaríamos verificando dados dele mesmo. Estes fatos poderiam explicar

também, o fato de que, nesta amostra, número de crianças na mesma residência

verificado pelo número de irmãos, também teve influência nos valores de Ceo-d e

CPOD. Este fato explicaria a maior prevalência de cáries em irmãos do meio.

Segundo Petry P C, Pretto M S, 200326 pessoas de mais idade (mais de 50

anos) tem uma visão mutiladora do processo carioso, reflexo de uma odontologia

com visão mais reparadora que preventiva. Baseados em suas próprias

experiências, podem ter percepções limitadas das necessidades normativas de

tratamento odontológico de crianças, procurando por atendimento, somente quanto

suas manifestações, interferem na rotina diária como em caso de dor.

47

No que tange a criança, tem sido mostrado o aumento na prevalência de

cárie em dentição decídua, com a idade. Esse fato é explicado pelo efeito

acumulativo do índice ceo-d, ao longo da vida infantil (Saúde Brasil, 2003)8.

Entretanto, são verificadas variações quanto ao peso de cada componente, em

razão das necessidades de tratamento não satisfeitas e do tipo de oferta de atenção

em saúde bucal de cada localidade (Antunes L F, ET al., 2006)4. Paralelamente a

esses fatores, para a dentição mista e permanente jovem, uma possível troca de

dentes decíduos cariados, por permanentes recém erupcionados hígidos, pode

explicar a diminuição desses valores.

No que diz respeito ao gênero, um estudo realizado com base em dados

provenientes da PNAD-2003, os autores constataram que havia maior chance de

homens nunca terem visitado o dentista em comparação com mulheres,

independente de faixa etária. Diferenças entre gênero em termos de procura e

acesso a serviços de saúde têm sido documentadas na literatura sendo que as

mulheres, de um modo geral, procuram mais atendimento que os homens (Pinheiro

R S, 2002)29. Embora não haja um consenso a respeito da real influência do gênero

na procura por atendimento de saúde, tem-se demonstrado que fatores psicológicos

relacionados à auto-avaliação referida de saúde podem, de certa forma, explicar tais

diferenças (Verbrugge LM.,1989). Mulheres tendem a apresentar maior interesse por

sua saúde, em virtude de terem maior auto-percepção de saúde do que os homens,

o que faz com que elas procurem mais os serviços médico e odontológico (Pinheiro

R S, 2006)28. No presente trabalho, a população investigada foi de crianças, e a

procura por atendimento é dependente das decisões dos responsáveis. No entanto,

não houve diferença significativa entre os gêneros das crianças em relação à

48

procura por atendimento odontológico nem na amostra do no artigo 1, nem no artigo

2, ainda que seja relatada na literatura uma maior percepção em saúde e impacto

das injúrias nas atividades diárias em crianças do sexo feminino (Jiang , 2005)15.

Além disso, o trabalho de Mello M M Dantas19 (com crianças de 18 a 36

meses) mostrou que a densidade de pessoas por quarto de dormir aponta relação

com o risco da criança apresentar cárie: três ou mais pessoas por quarto de dormir

apresentou risco duas vezes maior do que as que dividem o quarto com menos

pessoas. Em relação a outras doenças infecto-contagiosas a associação entre

número de casos e densidade de pessoas por cômodo está bem evidenciada. Já em

relação à saúde bucal esta associação merece mais investigações, principalmente

em comunidades com famílias residentes em locais com precárias condições de

vida. Parece ser importante o papel da colonização bacteriana, seja pela janela de

infectividade, ou pela contaminação cruzada. Em relação à janela de infectividade, a

mãe costuma ser a fonte mais comum de transmissão (Rosa R T, 2005)34. Os casos

de contaminação cruzada ocorrem em ambientes de aglomeração e baixa condição

de vida, devido a intimidade forçada. Soma-se a esses fatores a falta de recursos

para que, por exemplo, cada pessoa tenha a sua própria escova dental, dentifrício

adequado, aquisição de fio dental, aliados à falta de hábito de realizar a higiene

bucal.

É provável que o teor de flúor na água não seja um fator relevante no risco à

cárie nesta população. A água utilizada na maioria das comunidades urbanas, ainda

que as mais pobres, diferentemente do que ocorre nas zonas rurais, são

provenientes da rede de abastecimento de água da cidade (de um modo geral

fluoretadas), embora muitas vezes advindas de ligações clandestinas. Por outro

lado, soma-se a esses fatores o fato de que a não disponibilidade de instalações

49

sanitárias adequadas, pode ser um agravante neste processo, uma vez que sua falta

dificulta as práticas de higiene pessoal. Pode ser que um maior número de pessoas

por cômodo também reflita um maior número de pessoas que precisam utilizar o

mesmo banheiro, ou até mesmo realizar sua higiene pessoal, sem ter à disposição

instalações sanitárias adequadas.

Para não se recair numa visão simplista sobre a prevalência de cárie nesta

população, a questão do acesso ao atendimento odontológico não pode ser deixado

de lado, embora não tenha sido estudado no presente trabalho. Edelstein, 200010,

em seu estudo, relatou que os baixos níveis sócio-econômicos estavam

positivamente associados à menor procura por atendimento odontológico. A

utilização de atendimentos precoces foi desigualmente distribuída na população,

inclusive em setores públicos, reforçando ainda mais a necessidade de medidas de

atenção voltadas à diminuição das desigualdades em saúde, mesmo no que se

refere à procura de atendimento odontológico precoce.

A variação na prevalência e severidade da cárie dental nos diferentes grupos

populacionais, segundo diferentes condições socioeconômicas, ilustra o caráter

multifatorial da cárie. Entretanto, deve-se considerar a limitação do estudo que

relaciona-se ao fato de tratar-se de uma população específica, conforme relatado na

metodologia. Portanto, os resultados obtidos devem ser interpretados respeitando-se

essa particularidade.

Finalmente, os resultados do presente estudo apontam para a necessidade

da população estudada ter uma aproximação maior com os profissionais de saúde,

seja através de uma política universitária, das escolas Estaduais e Municipais, como

também pelos serviços de Saúde Pública. Tais ações poderiam aproximar não só as

necessidades percebidas pelos indivíduos e seus responsáveis das necessidades

50

normativas de tratamento odontológico, assim como diminuir a prevalência de cárie

pela adoção de medidas preventivas adequadas às características sócio

demográficas desta população.

.

51

5 CONCLUSÃO

1) Após levantamento epidemiológico, os valores médios de CPOD para as

dentições permanente e mista foram de 1,40±1,59 e 0,75±1,42

respectivamente; para os valores de ceo-d na dentição decídua e mista foram

respectivamente 3,73±4,60 e 2,60±3,05. Após a polarização, tanto os valores

de CPPOD quanto os de ceo-d aumentaram substancialmente.

2) A percepção dos responsáveis não foi influenciada por sua escolaridade e,

embora a idade tenha relação com a percepção sobre as necessidades de

tratamento das crianças, estas tendem a ser insatisfatórias por subestimarem

as necessidades normativas de tratamento odontológico de suas crianças.

3) Quanto aos determinantes sócio-econômicos, a doença cárie foi

-inversamente associada com a escolaridade do cuidador secundário dessas

crianças e pela renda familiar

-diretamente associada ao número de irmãos, ser filho do meio de vários

irmãos

-foi associada ao tipo de cuidador, sendo as cuidadas pelas próprias mães as

que tiveram menores valores de prevalência de cárie.

52

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - TESE

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.

.

58

7 ANEXOS

Questionário Artigo 1

FICHA DE TRIAGEM Ano_____

Nome:______________________________________________________________________

DataNasc.:____/____/______ Idade: _______anos

Sexo: ( ) M ( ) F Etnia:( )Branco ( )Afro-descendente ( )Outros

Endereço:____________________________________________________________________

Bairro: _________________ Cep:____________ Cidade:_____________ Estado_________

Contatos:Telefone:____________ Telefone(recado):______________ Celular:____________

NomeResponsável:___________________________________________________________

Grau de parentesco do responsável__________________ Idade__________

Cuidador secundário: ( )mãe ( )pai ( )avó ( )vizinho ( )creche ( )outros

Irmãos: ( )filho único ( )1 ( )2 ( )3 ( )mais

Posição: ( ) mais novo ( ) mais velho ( ) do meio ( ) Outro Renda mensal familiar: ( )até 3 Sal. Min. ( )entre 3 e 5 Sal. Min. ( ) entre 5 e 10 sal.Min. ( ) mais de 10 Sal. Min. Quantas pessoas moram com a criança? ___________ Escolaridade: Pai: ( )analfabeto ( )série-1ºgrau incompleto ( )1ºgrau ( )2ºgrau ( )universitário

Mãe: ( )analfabeto ( )série-1ºgrau incompleto ( )1ºgrau ( )2ºgrau ( )universitário

Cuidador 2º:( )analfabeto ( )série-1ºgrau incompleto ( )1ºgrau ( )2ºgrau ( )universitário QueixaPrincipal:______________________________________________________________

_____________________________________________________________________________ Necessidades de Tratamento: ( )Controle de Comportamento ( ) Acompanhamento ( ) Trauma

( )Remineralização ( ) Dentisteria ant. ( ) Dentisteria post

( )Ortodontia Preventiva ( )Ortodontia Interceptativa ( )Ortodontia Corretiva

( )Endodontia de Decíduo ( )Endodontia de Permanente ( )Exod. Permanente

( )Exodontia e Manutenção ( )Exodontia sem Manutenção ( ) periodontia(rem. tártaro)

( )Urgência(Dor/abcesso) ( )necessidades. especiais ( )Outros Clínica de Referência: ( )APO ( )Clin.Bebês ( )Graduação I ( )Graduação II ( )PTTPO

( ) Pac. Neces. Especiais ( ) Especialização ( )Mestrado ( )Trauma

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ODONTOPEDIATRIA E ORTODONTIA

DISCIPLINA DE ODONTOPEDIATRIA

59

Nível de percepção do responsável:

( )0- Não soube identificar a real necesidade de tratamento

( )1-Identificou, porém subestimou alguma necessidade

( )2-Identificou tardiamente( exodontias,endodontias e/ou necessidade de restaurações em bateria

labial junto com necessidades anteriores não identificadas)

( )3-Identificou a necessidade de tratamento restaurador( sem tratamento endodôntico e/ ou

cirúrgico)

( )4-Identificou de forma precoce ( mancha branca, necessidade de selantes) e/ou necessidade de

profilaxia

( )5-Identificou a necessidade ortodôntica

( )6-Identificou a ausência de necessidade de tratamento

( )7-Identificou outras necessidades

___________________________________

Professor Responsável pela Avaliação

60

Questionário artigo 2

DISCIPLINA DE ODONTOPEDIATRIA DA FO/UFRJ

Departamento de Ortodontia e Odontopediatria

FICHA DE TRIAGEM DATA__/__/_____ Nome:_____________________________________ Data Nasc:__/__/____ Idade:___anos Sexo:( )M( )F

Endereço:___________________________________ Bairro:________Cidade: _______ Estado: _______ Tempo p/ chegar na UFRJ:___Minutos Custo:______ Telefone:__________Telefone(recado): ___________ Celular:____________ Nome do responsável: _________________________ Parentesco do responsável: ____________________ Idade do responsável (anos): ___________________

Cuidador Secundário:( )mãe ( )pai ( )avó ( )vizinho ( ) creche ( )outros__________________

Irmãos: ( )Filho único ( )1 ( )2 ( )3 ( ) mais Posição: ( )mais novo( )mais velho( )do meio( )outro

Renda Mensal Familiar (Salário Mínimo): ( )até 1

( )entre 1 e 3( )entre 3 e 5( )entre 5 e 10( )mais de 10

Quantas pessoas moram com a criança?_________

Escolaridade:(A)analfabeto ( 1º )1º GrauC ou o ano (2º )2º GrauC ou o ano (UC) (U I)Universitário ( )pai ( )mãe ( ) Cuidador 2

ario

Já tratou de dente em posto de Saúde?( )Sim ( )Não

Qual?_______________________________________ Por que não no posto?_________________________ Por que aqui?________________________________

Queixa principal:_____________________________

Fase da dentição: ( )decídua ( )mista ( )permanente

Nrototal de dentes:____

Decíduos:____ Permanentes:____

Condição dental: ( )Presença de biofilme visível ( )Ausência de cárie

( )Presença de mancha branca ativa

( )cárie ativa em esmalte/dentina sem envolv./ pulpar

( )cárie ativa em esmalte/dentina com envolv./pulpar ( )extraídos ( )extração indicada ( )restaurado ( )abcesso

Condição gengivo-periodontal

( )ausência de lesão gengivo/periodontal ( )gengivite

( )tártaro ( )fístula ( )exsudato ( )outro___________

Condição ortodôntica: ( )ausência de mal oclusão ( )giroversão

( )mordida aberta ant. ( )mordida aberta post. mordida cruzada ( )ant. ( )post. ( )unil. ( )bilat.

( )overjet acentuado ( )overbite acentuado ( )apinhamento inferior ( )apinhamento superior ( )perda de espaço ( )outras________

Outros problemas:

( )retenção prolongada de decíduo ( )fluorose dentária

( )trauma dente decíduo ( )trauma dente permanente

( )lesão em tecidos moles (local) ________________

Necessidades de tratamento

( ( )IHO+fluorterapia/revisão/acompanhamento

( )Remineralização

( )dentisteria anterior ( )dentisteria posterior

( )endo decíduo ( )endo permanente

( )exod. decíduo ( )exod. Permanente

( )terapia periodontal básica

( ( )orto preventiva ( )interceptativa ( ) corretiva

( )manutenção de espaço

( )cirurgia

( )urgência (dor/abcesso)

( ) necessidades especiais

( )Outras____________________________________

Clínica de Referência: ( ) APO ( )Clínica de bebês

( )GraduaçãoI ( )GraduaçãoII

( )PTTPO ( )Especialização

( )Mestrado ( )Urgência

( )Pacientes portadores de necessidades especiais

( )Trauma ( )Outras clínicas

Nível de percepção do responsável sobre as necessidades de tratamento da criança ( ) 0-Não soube identificar a real necessidade de

tratamento ( ) 1-Identificou, porém subestimou alguma

necessidade

( ) 2-Identificou tardiamente (exodontias, endodontias

e/ou necessidade de restaurações em bateria labial

junto com necessidades anteriores não identificadas)

( ) 3-Identificou a necessidade de tratamento

restaurador (sem tratamento endodôntico e/ou

cirúrgico)

( ) 4-Identificou de forma precoce (mancha branca,

necessidade de selantes e/ou de terapia periodontal

básica)

( ) 5-Identificou a necessidade ortodôntica

( ) 6- Identificou ausência de necessidade de

tratamento rest.

( ) 7- Identificou outras necessidades

61

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL E NECESSIDADES DE TRATAMENTO DE PACIENTES INFANTIS QUE PROCURAM POR ATENDIMENTO AMBULATORIAL NA CLÍNICA DE ODONTOPEDIATRIA DA UFRJ

Prezado responsável:

Será realizado um estudo na Faculdade de Odontologia da UFRJ, com o objetivo de

identificar as condições de saúde bucal e as reais necessidades de tratamento de pacientes

que procuram por atendimento ambulatorial na clínica de Odontopediatria da Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Nesta pesquisa, serão feitas algumas perguntas aos senhores e

depois, as condições de saúde bucal dessas crianças serão avaliadas a partir do exame

clínico realizado na boca destes pacientes com o auxílio de uma espátula de madeira

afastadora de língua, o que não causa nenhum desconforto a eles.

Sua participação e a de sua criança é voluntária e, caso não queira participar, sua

recusa não causará nenhum prejuízo ao tratamento odontológico da criança nesta

Instituição. A pesquisadora responsável (Drª Maria Bárbara carvalho Torres Guimarães)

poderá ser acessada para esclarecimentos de eventuais dúvidas, a qualquer momento,

pelos telefones 25622100, ou 25622098. Os dados individuais dos participantes serão

mantidos sob sigilo, sendo manipulados apenas pelos responsáveis pela pesquisa e

arquivadas por um período de 5 anos. Entretanto, os resultados, em sua totalidade, serão

publicados em literatura científica especializada, estando também disponíveis na Biblioteca

da Disciplina de Odontopediatria da FO/UFRJ, localizada no 3º andar do Hospital

Universitário Clementino Fraga Filho, ou na Biblioteca Central do Centro de Ciências da

Saúde (CCS/UFRJ).

Atenciosamente, ____________________________________________

Drª Maria Bárbara Carvalho Torres Guimarães ______________________________ _____________________________ Assinatura da testemunha 1 Assinatura da testemunha2 Eu, ________________________________, certifico que lendo as informações acima concordo com o que foi exposto, e gostaria que meu filho(a) participasse como voluntário(a) nesta pesquisa.

RJ, _____de ____________ de 200_

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DEPARTAMENTO DE ODONTOPEDIATRIA E ORTODONTIA DISCIPLINA DE ODONTOPEDIATRIA

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