sapos - operação de migração para o novo data center ... · rugoso e a temperatura de seu corpo...

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1. PROBLEMATIZAÇÃO Sapos Vanessa K. Verdade A designação popular sapos, tem duas conotações, uma que se refere aos anuros em geral e outra que diz respeito aos anuros que possuem pele bastante rugosa. Os sapos são mais independentes da água que as rãs e pererecas, ou seja, são encontrados a distâncias maiores de corpos d'água. Possuem a pele rugosa e os membros posteriores mais curtos que os demais anuros, bem como uma concentração de glândulas de veneno nas laterais da cabeça. Não existe mecanismo ejetor, se o animal for capturado, o veneno escorrerá na forma de um líquido leitoso. Rãs As rãs são popularmente conhecidas como anuros bastante ligados à água e bons nadadores. São animais de pele lisa e apreciados quanto a sua carne. As rãs "verdadeiras" possuem membranas entre os dedos dos membros posteriores (como num pé de pato). Aqui no Brasil ocorre apenas uma espécie de rã, na Amazônia. Seus membros posteriores são longos e adaptados à natação e aos saltos. Pererecas As pererecas são comumente encontradas em banheiros de casas do interior. Também possuem a pele mais lisa que os sapos, como as rãs. Seus membros são bastante desenvolvidos e adaptados a grandes saltos. Apresentam nas pontas dos dedos expansões em forma de disco que promovem adesão. São por isso capazes de caminhar em superfícies verticais, o que convém a seu hábito arborícola. Por serem animais noturnos e que vivem em geral próximos a corpos d'água como brejos e pântanos, os sapos sempre tiveram uma conotação macabra. Seu aspecto

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1. PROBLEMATIZAÇÃO

SaposVanessa K. Verdade

A designação popular sapos, tem duas conotações, uma que se refere aos anuros

em geral e outra que diz respeito aos anuros que possuem pele bastante rugosa.

Os sapos são mais independentes da água que as rãs e pererecas, ou seja, são

encontrados a distâncias maiores de corpos d'água. Possuem a pele rugosa e os

membros posteriores mais curtos que os demais anuros, bem como uma concentração de

glândulas de veneno nas laterais da cabeça. Não existe mecanismo ejetor, se o animal for

capturado, o veneno escorrerá na forma de um líquido leitoso.

Rãs

As rãs são popularmente conhecidas como anuros bastante ligados à água e bons

nadadores. São animais de pele lisa e apreciados quanto a sua carne.

As rãs "verdadeiras" possuem membranas entre os dedos dos membros

posteriores (como num pé de pato). Aqui no Brasil ocorre apenas uma espécie de rã, na

Amazônia. Seus membros posteriores são longos e adaptados à natação e aos saltos.

Pererecas

As pererecas são comumente encontradas em banheiros de casas do interior.

Também possuem a pele mais lisa que os sapos, como as rãs. Seus membros são

bastante desenvolvidos e adaptados a grandes saltos.

Apresentam nas pontas dos dedos expansões em forma de disco que promovem

adesão. São por isso capazes de caminhar em superfícies verticais, o que convém a seu

hábito arborícola.

Por serem animais noturnos e que vivem em geral próximos a corpos d'água como

brejos e pântanos, os sapos sempre tiveram uma conotação macabra. Seu aspecto

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rugoso e a temperatura de seu corpo o tornaram alvo de receitas em bruxarias e castigo

de muitos príncipes.

São comuns afirmações como as de que sapos espirram veneno, fumam ou

explodem. Atos atribuídos a esses animais por medo e falta de informação.

Sapos espirram veneno? Um dos mecanismos de defesa muito difundido entre os anuros (sapos, rãs e

pererecas) é o esvaziamento do conteúdo de sua bexiga urinária quando capturados. Em

anuros de grande porte, como os sapos que comumente encontramos em cidades do

interior, a quantidade de líquido expelida pode ser bastante grande e lançada a uma

distância considerável. A idéia é que o jato de líquido assuste ou incomode o predador e

que este liberte o sapo. Então, o que os sapos espirram é urina.

Sapo fuma?

Muitas vezes é observado que os sapos vão atrás de bitucas de cigarro. Isto

acontece porque a cor vermelha da brasa e seu movimento quando atirada ao solo, são

interpretadas como presas. Assim, sapos engolem bitucas de cigarro por confundi-las

com uma presa.

Sapo explode?

Os sapos apresentam uma série de mecanismos de defesa, dentre eles, o de inflar

seus pulmões.

Quando um sapo é incomodado, ele infla os pulmões e mostra seu dorso. A idéia é

que pareça muito maior do que realmente é. Para o observador, a impressão é de que o

animal irá explodir, tamanho o empenho em inflar seu pulmão e o volume que ele alcança.

(http://dreyfus.ib.usp.br/bio435/bio43597/vanessa/chave/int.htm , acesso em 13/12/2007.)

2. INVESTIGAÇÃO DISCIPLINARINVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR

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No decorrer da sua história, o planeta Terra tem presenciado a extinção natural de

muitas espécies. Plagiando Darwin em sua Teoria da Seleção Natural, "somente os mais

adaptados sobrevivem".

Atualmente, as espécies enfrentam outro tipo de desafio, as ações antrópicas.

Tudo isso se expressa através de um perigoso aumento da temperatura do planeta.

As conseqüências são o aumento do nível dos mares, causado pelo degelo dos pólos,

tsunamis, vendavais destruidores, entre outros problemas graves.

O resultado da interferência humana sobre as condições do meio é a extinção de

inúmeras espécies.

Os anfíbios estão entre esses seres que estão sendo efetivamente atingidos.

Esse grupo apresenta ainda um agravante, o fato de ter a sua imagem associada à

magia, mau agouro ou mesmo pela sua aparência, considerada, agressiva, e seu corpo

frio. Essa cultura do misticismo, em relação aos anfíbios faz com que não se veja com

muito interesse a sua preservação e do ambiente em que vive.

Urge tomarmos medidas no sentido de esclarecer as pessoas sobre o papel dos

anfíbios nos ecossistemas e buscar modificar a sua imagem no imaginário das pessoas.

Só assim, essa espécie tão importante, poderá ter alguma chance de escapar à

extinção.

Texto: Iara Grossl de Souza

2. Perspectiva Interdisciplinar

Uma proposta de atividade que busque a mudança de perspectiva com relação ao

grupo dos anfíbios, poderá ser desenvolvida entre os (as) professores (as) de língua

portuguesa, pois esses poderão orientar a escrita do texto de uma peça de teatro sobre a

importância dos anfíbios para o equilíbrio dos ecossistemas , e os (as) professores (as) de

ciências, que poderão orientar as pesquisas para obtenção dos dados necessários para

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isso.

Os (As) professores (as) de história poderão apresentar em Powerpoint, relatos

sobre a figura dos anfíbios na história da humanidade.

A disciplina de artes, poderá realizar uma sessão de pintura sobre como as pessoas

vêem os anfíbios ou utilizar argila/ massa, para a criação de esculturas de anfíbios.

4. CONTEXTUALIZANDO

O folclore sobre os anfíbios

Por milhares dos anos, os anfíbios foram associados com os mitos e a mágica.

Infelizmente, muito do folclore é negativo, pois eles são definidos como monstros.

Entretanto, algumas culturas vêm os anfíbios do ponto de vista de uma luz positiva,

relacionando- os a boa sorte, a proteção, a fertilidade, entre outros. É interessante notar a

origem de tais pensamentos que sobreviveram por muito tempo.

As seguintes passagens resumem alguns contos do folclore sobre os anfíbios. As

rãs e os sapos na religião: na mitologia, e na bruxaria nos tempos antigos, a argila era

usada para fazer estátuas de cerâmica que foram coletados nos locais que devem ter sido

abundantes em anfíbios. Os povos da Mesopotamia, por exemplo, coletavam argila ao

longo dos rios Tigre e Eufrates, onde encontravam rãs freqüentemente. Este encontro é

refletido nas palavras antigas para rãs. Os egipcios adaptaram o "krr" da palavra; ou

"krwrw", a qual se assemelha ao som de uma rã coaxando. Os babilonios usaram o

"krùru" da palavra, a qual pode também ter sido feito para se assemelhar ao som de uma

rã. As civilizações antigas estavam conheciam bem os anfíbios. A historia egipcia

registrou que as rãs se formavam de lama e de água; uma opinião que pareçe ser uma

reflexão do estilo de vida dos anfíbios, semi-aquático. Esta opinião materializou-se em

conseqüência das inundações do rio de Nilo durante a estação chuvosa, quando as rãs

pareciam surgir de parte alguma e começavam seus rituais de acasalamento.Os sapos

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teceram o seu caminho na religião egípcia ao longo do tempo, como pode-se ver no deus

Heket (Heget), com cabeça de sapo. O deus egípcio Heket (Heqet), era associado com

a fertilidade e a gravidez. Os hieróglifos antigos mostram Heket dando forma a uma

criança no ventre da mãe. Heket dava a todas as criaturas o "pão da vida" antes que

serem colocados no ventre da mãe. Heket era também responsável para ressurreição

dos membros de Osíris. A correlação entre rãs e fertilidade poderia ter vindo do grande

número de ovos produzidos por rãs e por sapos a cada estação (freqüentemente

centenas ou mesmo milhares em uma única estação). As rãs foram descritas também na

jóia e os outros ornamentos no Egito antigo e em outras civilizações. Sapos carregando

facas eram colocadas sobre as barrigas de mulheres grávidas e de bebês recém-nascidos

, pois acreditava-se trazerem a proteção aos jovens.

Os gregos e Romanos adotaram muito das tradições egípcias , incluindo a opinião

que as rãs foram criadas da lama e da água. Durante os tempos antigos, antes que o

número de anfíbios declinasse, as rãs se reproduziram freqüentemente , durante sua

estação de acoplamento. As milhares de rãs e de sapos minúsculos cobriam as ruas,

entravam em áreas públicas, e assim, foram considerados como pragas. As rãs foram

associadas também com as previsões do tempo, porque começariam a coaxar

imediatamente antes das chuvas. As previsões do tempo eram feitas baseado na

natureza de seus gritos. As bruxas foram acreditava-se, também controlavam o tempo

através das serpentes, sapos, e as rãs, consultadas freqüentemente .As rãs e os sapos ,

geralmente, foram associados com a mágica negra por séculos. As lendas contavam

histórias de bruxas que utilizavam corpos de sapo em rituais satânicos, ou criavam

porções de partes do corpo dos sapos. A tradição basca dizia que as bruxas poderiam ser

identificadas pela presença de uma marca na forma de um pé de sapo, e nos Pirineus,

acreditava-se que as bruxas tinham uma imagem de sapo no olho esquerdo. Outros mitos

das bruxas contam que elas extraíam secreções da pele do sapo, ou coletando a saliva

do sapo para o uso em porções. No cristianismo antigo, as rãs eram relacionadas ao

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demônio, especialmente no livro das revelações.

O fato de as rãs viverem nos pântanos, fazia com que fossem consideradas feias e

sujas.

Acreditou-se também que os sapos conspiravam para envenenar povos, e estivam

possuídos por espíritos de bruxas. Cristãos medievais descreviam o ataque de rãs

gigantes.

As rãs e os sapos na ciência antiga

Durante a idade média, as sociedades mostraram mais interesse na ciência, e no

estudo dos animais. Embora estes estudos estivessem envolvidos pelos mitos e pelo

folclore, eram as pedras a pisar para as ciências biológicas modernas.

O livro Physiologus, da idade média, foi talvez o trabalho literário mais importante

sobre a ciência dos animais. Neste livro, as rãs são divididas em duas categorias; rãs da

terra, e rãs da água. As rãs da terra foram consideradas um símbolo da resistência e da

recuperação rápida, por resistirem ao calor do sol.

Os anfíbios foram considerados nos tempos antigos, e na idade média, como

possuidores de propriedades medicinais. As poções da rã foram usadas como

afrodisíacos, impotência e prevenções para a infertilidade, contraceptivos, e mais.

Acreditava-se que o fígado da rã era um antídoto a todo o veneno do mundo.

As rãs foram usadas também , em rituais para remover os pensamentos de

adultério de uma esposa, se executado corretamente.

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Tritões e Salamandras

Tritões e salamandras foram também associados ao demônio.

As salamandras eram associadas ao fogo. O seu nome, de origem grega, significa

lagarto de fogo. Isso porque eles acreditavam que ela poderia apagar o fogo com as

secreções de sua pele.

As salamandras e os tritões também foram usados com finalidades medicinais.

Eram queimados, às cinzas, que eram depois coletadas e usadas em fórmulas medicinais

e preparados. Hoje, os tritões são vendidos às vezes, na Ásia, como afrodisíaco e as

peles de determinadas espécies são usadas para curar doenças. Salamandras e os

tritões foram associados também negativamente com as vacas, pois acreditava-se que

iriam provocar a não produção de leite pelas vacas.

( http://www.livingunderworld.org/ ,acessado em 13/12/2007).

Muiraquitã

O Muiraquitã é um amuleto confeccionado em jadeíte, nefrite, ardósia, diorite,

estratite ou pedra-cristal. As traduções do nome variam (mira-ki-tá, botão ou nó de gente,

muira-kitá, nó de pau), assim como a própria lenda do Muiraquitã, que pode ser contada

de diferentes maneiras.

Segundo a lenda mais comum, os verdadeiros Muiraquitãs são filhos da Lua

retirados do fundo de um imaginário lago denominado Espelho da Lua, Iaci-uaruá, na

proximidade das nascentes do rio Nhamundá, perto do qual habitavam as índias

Icamiabas, nação das legendárias mulheres guerreiras que os europeus chamaram de

Amazonas (mulheres sem marido). O lago era consagrado à Lua, pelas Icamiabas, onde

anualmente realizavam a Festa de Iaci, divindade mãe do Muiraquitã, que lhe oferecia o

precioso amuleto retirado do leito lacustre. A festa durava vários dias, durante os quais as

mulheres recebiam índios da aldeia dos Guacaris, tribo mais próxima das Icamiabas, com

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os quais mantinham relações sexuais e procriavam. A lenda também diz que, se dessa

união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver

somente os de sexo feminino. Depois do acasalamento, pouco antes da meia-noite, com

as águas serenas e a Lua refletida no lago, as índias nele mergulhavam até o fundo para

receber de Iaci os preciosos talismãs, com a configuração que desejavam, como jaboti,

peixe e especialmente sapos, recebendo-os ainda moles, petrificando-se em contato com

o ar, logo após saírem d’água. Então os presenteavam aos Guacaris com os quais se

acasalavam, o que os faria serem bem recebidos onde os exibissem, além de dotar outros

poderes mágicos ao amuleto.

(http://www.eln.gov.br/Conhecimento/Premio_Muiraquita/Icones.asp , acesso em

13/12/2007).

Debater sobre esse misticismo que se deposita sobre a imagem dos anfíbios,

principalmente dos sapos, é necessário para que se possa entender a real função desse

grupo no ecossistema e assim, buscar mudar essa idéia de símbolo de sorte, azar que só

prejudica a sobrevivência desses animais.

5. Sítios

· Herpetofauna de Serrapilheira da Reserva Florestal do Morro Grande, Cotia (SP)

http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/fullpaper?bn00806022006+pt

Esse é um artigo escrito por Marianna Dixo & Vanessa Kruth Verdade, do Instituto

de Biociências da Universidade de São Paulo, que afirmam existir uma falta de

informações sobre a biologia, distribuição e conservação da herpetofauna

brasileira, mas que isso pode ser resolvido através de estudos e levantamentos da

fauna. Os conhecimentos que vierem a resultar desses estudos, podem

trazer dados para um planejamento eficiente sobre as medidas que devem ser

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tomadas para a convervação das espécies.

· Historia Naturalis Brasiliae

http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_Naturalis_Brasiliae

O Livro Historia Naturalis Brasiliae, publicado em 1648, por Guilherme Piso, foi o

primeiro livro médico que trata do Brasil. ele é dividido em 4 livros, sendo que o

terceiro trata dos venenos e seus antídotos.

Fala sobre a escravidão e o uso dos venenos de plantas, cobras e anfíbios, para

amenizar o sofrimento.

Cita o sapo-cururu, como sendo o animal mais venenoso de todos.

· Ibama- RAN

http://www.ibama.gov.br/ran/index.php?id_menu=178

Esse é um excelente ambiente para se pesquisar sobre anfíbios, suas

características, importância etc.

· Instituto Râ-bugio

http://www.ra-bugio.org.br

Esse site apresenta fotos de várias espécies de anfíbios, com seus nomes

científicos, além de textos relacionados a pesquisas desenvolvidas sobre anfíbios.

O conteúdo é de excelente qualidade, muito bem apresentado. Pode ser utilizado

para informar sobre as características das espécies de anfíbios e sobre as

campanhas de sensibilização sobre a importância desse grupo de animais para o

ambiente.

O Instituto Rã-Bugio foi idealizado por Germano e Elsa Woehl, que

apresentam em Santa Catarina, uma área de Floresta Atlântica onde desenvolvem

atividades de educação ambiental.

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• QUE TIPO DE ANIMAL É UM ANFÍBIO?

http://www.butantan.gov.br/materialdidatico/numero8/Numero8.pdf

Nesse material didático produzido pelo Instituto Butantan,o conhecimento

científico é apresentado de forma acessível, auxiliando pesquisas de professores

e alunos , fornece suporte a programas de saúde pública.

# Dado o caráter público da iniciativa, o material pode ser reproduzido e distribuído,

desde que mantidos a fonte e os créditos originais.

http://www.butantan.gov.br/materialdidatico/index.htm, acesso em 13/12/2007 .

6. SONS E VÍDEOS

• Ra-bugio no Programa Estudio SC RBS-TV

http://www.youtube.com/watch?v=HEsgBps1sEY

• Sapo Bufo ictericus capturando insetos

http://www.youtube.com/watch?v=rE6SKPHRjcg

• Coaxar de Aplastodiscus perviridis

http://www.youtube.com/watch?v=PtYlP6yw6mI

• Rã-Bugio no Jornal Nacional

http://www.youtube.com/watch?v=xeoLjSRW9UQ

• TERRA: PLANETA EM EXTINÇÃO

http://www.youtube.com/watch?v=s0xFhkWb6go

• O Brasil é o Bicho- Anfíbios

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM628938-7823-O+BRASIL+E+O+BICHO+OS+ANFIBIOS,00.htm

7. PROPOSTA DE ATIVIDADE

• ATIVIDADE:

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(Re)Conhecendo os Anfíbios

OBJETIVOS:

Reconhecer a importância desse grupo para o equilíbrio dos ecossistemas; Propor

um repensar sobre a imagem pejorativa que se faz dos anfíbios;

Desvincular o grupo dos anfíbios das questões de religiosidade, bruxaria e mau

agouro;

Conhecer as principais características dos anfíbios.

ENCAMINHAMENTO:

A proposta de atividade ocorrerá em cinco aulas, ou mais se o (a) professor (a),

mediador (a) do processo, achar necessário.

Na primeira aula, o (a) professor (a) questiona os (as) alunos (as): Quando foi a última

vez que você viu um sapo? O que você acha deles? Você acha que existe diferença entre

rã e sapo? Após a exposição das opiniões dos (as) alunos (as) sobre os anfíbios, esses

(as) assistirão a um vídeo do Instituto Rã-Bugio, que lhes permitirá conhecer mais sobre

os anfíbios.

http://www.youtube.com/watch?v=HEsgBps1sEY&mode=related&search

Logo após, será solicitado aos (as) alunos (as), um relato escrito sobre o que pensam dos

anfíbios.

Numa segunda aula, o (a) professor (a) proporá à turma, uma pesquisa em grupo,

para buscar dados sobre a importância dos anfíbios no equilíbrio ambiental. Os alunos

devem escolher relator e apresentador. Poderão utilizar computador com acesso à

internet, livros e revistas da biblioteca, além de entrevistas com pessoas da comunidade

para saber qual a imagem que fazem dos anfíbios. Deverão apresentar oralmente, à

turma, o resultado de suas pesquisas onde serão avaliados os seguintes ítens:

participação, criatividade, interesse, organização, postura, coerência e clareza. Deverão

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também, entregar um resumo, que será exposto no mural da escola.

Numa terceira aula. com a orientação do (a) professor (a), os (as) alunos (as) irão ao

laboratório para observar, no material in vitro, as características externas do corpo dos

sapos e rãs. Os (As) alunos (as) deverão responder, por escrito, 5 questões abertas sobre

os anfíbios.

Na quarta aula, o (a) professor (a) proporá a escrita e apresentação, de uma peça de

teatro sobre a importância dos anfíbios para o ecossistema. Isso permitirá avaliar as

explicações dadas e refletir sobre as mudanças nas idéias que tinham sobre os anfíbios

antes, e as modificações que essas sofreram ao longo do processo.

AVALIAÇÃO:

A avaliação do processo será por meio de perguntas feitas pelo (a) professor (a), os

(as) alunos (as) que analisarão a sua participação no trabalho e apontarão aquilo que

precisa ser melhorado. O objetivo dessa aula será atingido, se os (as) alunos (as)

apresentarem conhecimento satisfatório sobre a forma com que os seres humanos tratam

os anfíbios e sua importância para o equilíbrio ambiental.

Atividade desenvolvida pela profª Iara Souza

8. SUGESTÃO DE LEITURA

• Livro: Anfíbios e Répteis do Brasil: vida e costumes - vol.03

O livro faz um apanhado geral sobre anfíbios, abordando a biologia, ecologia e

aspectos gerais desses animais. O livro apresenta leitura clara e precisa

• O Sapo Encantado

CONTO

O sapo encantado é um texto extremamente poético que trata do amor entre um sapo

e uma rã. O cenário inicial, cuidadosamente descrito, evoca a um só tempo a

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tranqüilidade da repetição, pois todas as noites o sapo protagoniza o ritual do cortejo, e a

ebulição da paixão que altera o comportamento dos animais. Tudo se desconstrói diante

do inevitável conflito: uma rã-bruxa lança um feitiço sobre o sapo enamorado e o

transforma num príncipe, no Príncipe Azul.

Um questionamento importante que o texto nos possibilita, nesse ponto, é com

relação à sapos e rãs: A rã é a mulher do sapo?

O (A) professor (a) terá a possiblidade de desmitificar esse assunto, explicando que

existe rã-macho e rã-fêmea, sapo-macho e sapo-fêmea.

O sapo sente total repugnância ao ser testemunha da própria metamorfose.

O progressivo desaparecimento de suas características o assusta e ele luta, sem

sucesso, pulando feito um sapo, como não poderia deixar de ser, enquanto os cabelos

crescem em suas têmporas, a pelugem aparece nos braços, a boca e os olhos diminuem.

A beleza da Princesa, que a todos encanta, não impressiona o sapo, já que seus padrões

estéticos não foram alterados com sua transformação. Ele a acha repugnante e sofre de

saudade de sua. Assim, coloca em prática um plano de fuga: à noite, sai pela janela, aos

pulos, em direção ao brejo, e se atira em suas margens. Seus velhos companheiros,

porém, fogem daquela figura humana.

Esse trecho do livro, permite que o (a) professor (a) debate com seus (as) alunos

(as), sobre as diferenças, o exagerado culto ao corpo (magro é bonito, gordo é feio),

racismo etc. Que aquilo que não nos agrada pode ser considerado agradável a outro.

Como nos contos tradicionais, a generosidade e a compaixão reorganizam o caos.

Depois de beijado, o príncipe volta a ser sapo, volta para o brejo, casa-se com a rã e são

felizes para sempre.

Mas talvez, o ponto mais importante a se discutir, é o motivo pelo qual os animais

desse grupo despertam medo, repulsa e descaso em muitas pessoas. Como reverter

essa situação? O conhecimento pode ser o caminho. Levar os (as) alunos (as) a

conhecerem a real função desses animais no ambiente e também a sua anatomia e

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fisiologia, representa um ponto essencial para a desmistificação da imagem desses

importantes animais.

http://www.edicoessm.com.br/ArchivosColegios/edicoessmAdmin/Archivos/Guias%20de%20Leitura/SAPO%20ENC , acesso em 07/12/2007.

9. DESTAQUE

• O que são anfíbios?

Instituto de Conservação da Natureza – ICN

A palavra “anfíbio” vem do grego “amphíbios” que significa que vive em dois

elementos – terra e água. As salamandras, as rãs, os sapos, as relas e os tritões são

animais anfíbios, pois vivem parte da sua vida na água e outra em terra. São bastante

dependentes do meio aquático, pois respiram também através da pele e precisam mante-

la úmida. São também conhecidos como batráquios (grego “batrácheios” = relacionado

com a rã).

Os anfíbios não têm escamas, mas têm a pele muito porosa, pois a respiração

através da pele é muito importante. Alguns nem sequer respiram pelos pulmões.

Possuem glândulas na pele que produzem substâncias tóxicas que lhes servem de

defesa para evitarem ser comidos.

Depois de saírem do ovo, as larvas são aquáticas. Por isso, os anfíbios precisam de

água para colocar os seus ovos ou larvas. Nos anuros as larvas são muito diferentes dos

adultos, mas nos urodelos são parecidas. As larvas dos anuros são principalmente

herbívoras, enquanto as dos urodelos são carnívoras. As larvas dos anfíbios passam

por um processo chamado metamorfose, ou seja, sofrem uma mudança não só externa

(de forma e aspecto) mas também interna. Depois da metamorfose a maioria dos

anfíbios passa a viver em terra.

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Os anfíbios adultos são carnívoros comendo principalmente insetos, minhocas,

moluscos (caracóis e lesmas) e aranhas. Os anfíbios mudam de pele.

Os anfíbios servem também de presas a peixes, répteis, aves e mamíferos

representando um importante papel nos ecossistemas. Para além disso, dado que comem

muitos insetos, ajudam os agricultores que assim não precisam usar inseticidas e evitam

a poluição do solo, da água e problemas à saúde humana.

Como dependem em parte da energia solar, têm taxas de crescimento

relativamente baixas e atingem tarde a maturação sexual. Não têm uma capacidade de

dispersão muito grande e tanto os anfíbios como os répteis são

muito sensíveis à destruição de habitat, pois, ao contrário das aves, não podem “migrar”

para outros locais distantes.

http://www.icn.pt/downloads/anfibios_e_repteis.pdf , acesso em 11/12/2007.

10. NOTÍCIAS

• Arca de Noé vai salvar rãs ameaçadas

Cientistas se reuniram nesta semana na cidade de Atlanta para ativar uma "Arca de

Noé" que proteja os anfíbios em todo o planeta, ameaçados por um fungo, e que --

dizem -- poderiam desaparecer como os dinossauros.

"É o maior desafio de conservação das espécies na história da humanidade", disse Kevin

Zipple, funcionário da "Arca anfíbia" -- um grupo que tenta coletar diferentes espécies de

anfíbios para protegê-los.

Segundo os cientistas, o fungo quitrídio Batrachochytrium dendrobatidis extermina

anualmente 10 espécies em maioria rãs em todo o mundo, e poderia acabar com 3.000

espécies das 6.000 conhecidas.

Os cientistas calculam em 3.000 as espécies de anfíbios ainda não descobertas,

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que poderiam desaparecer antes mesmo de ser classificadas.

O fungo ataca partes da pele que possui queratina, afetando a capacidade de

hidratar-se ou respirar, pois os anfíbios respiram através da pele. A quitridiomicose, que

vem causando esta mortalidade desenfreada em alguns lugares do mundo, está também

no Brasil.

O segundo registro brasileiro de infecção pelo fungo quitrídio Batrachochytrium

dendrobatidis foi publicada na edição online do periódico EcoHealth, em artigo de Ana

Carnaval, pesquisadora brasileira na Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), e

colaboradores.

A doença já havia sido detectada em Minas Gerais, mas o artigo amplia a extensão

da doença tanto em termos de espécies afetadas como de distribuição geográfica

• Especialistas discutem ameaça de extinção de anfíbiosCongresso reúne pesquisadores de todo o Brasil no Hangar

A diminuição na população de anfíbios é um fenômeno de escala global, declara

Luis Felipe Toledo, especialista em herpetologia da Universidade Estadual de São Paulo

(Unesp), que está em Belém (PA) e participa nesta quarta-feira, 18, de mesa redonda

sobre o assunto. A sessão acontece às 9 horas, no Hangar, durante o Congresso

Brasileiro da área que segue até sexta, dia 20.

São muitas as causas do desaparecimento de seres fundamentais à harmonia do

ambiente. Para o especialista, a caça, o comércio ilegal, a poluição, o aquecimento global

e o desaparecimento de seus hábitats por razões de ocupação humana estão entre os

principais motivos para o declínio nas populações dos anfíbios.

http://www.museu-goeldi.br/sobre/NOTICIAS/18_07_07_Especialistas%20discutem%20amea%C3%A7a%20de%20extin%C3%A7%C3%A3o%20de%20anf%C3%ADbios.htm , acesso em 10/12/2007.

• Cadê os sapos?

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Por Fábio de Castro

O padrão mais comum de ocupação humana nos vales de rios tem efeito desastroso

sobre os anfíbios da Mata Atlântica, de acordo com estudo realizado por pesquisadores

brasileiros e publicado na edição desta sexta-feira (14/12) da revista Science.

Segundo o trabalho, o desmatamento causado pelo homem interfere no ciclo

reprodutivo dos animais ao separar os corpos d’água, onde eles vivem em fase larval, das

florestas, onde vivem na idade adulta. Conforme aumenta a desconexão entre os dois

hábitats, diminui a diversidade de espécies.

O ponto de partida do estudo foi a dissertação de mestrado defendida por Carlos

Guilherme Becker no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp). Autor principal do artigo, Becker teve bolsa de mestrado da FAPESP.

Utilizando dados do Programa Biota-FAPESP, a equipe testou a hipótese batizada

por eles de “desconexão de hábitats” como um importante fator no desaparecimento

progressivo dos anfíbios.

Segundo o orientador da dissertação, Paulo Inácio de Prado, professor do Instituto

de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do projeto de Auxílio

a Pesquisa “Biodiversidade e processos sociais em São Luiz do Paraitinga”, a

desconexão de hábitats pode ajudar a explicar o declínio global de anfíbios.

“Desmatamento é sempre ruim, mas o estudo mostra que alguns tipos são

particularmente perversos. Isso pode ajudar a direcionar nossas políticas de conservação

para alvos específicos, priorizando a ligação de vales de rios com remanescentes

florestais”, disse à Agência FAPESP.

Prado explica que o tipo de ocupação que gera a desconexão de hábitat é

justamente o mais tradicional na região. “Desde a época das sesmarias o uso humano da

terra tem se concentrado nas baixadas próximas aos cursos d’água, relegando os

fragmentos de floresta às porções mais elevadas e secas da paisagem”, disse.

Segundo o professor, com essa desconexão os anfíbios florestais são obrigados a

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cruzar áreas abertas entre riachos e fragmentos florestais, expondo-se a condições

inóspitas.

“Eles não resistem ao sol forte e à desidratação. Além disso, na área aberta perdem

as estratégias de defesa como a camuflagem e ficam muito expostos aos predadores.

Atravessando trechos com denso uso humano, também ficam expostos a agrotóxicos”,

disse.

De acordo com Prado, a maioria dos registros de declínios no número de anfíbios no

Brasil é verificada na Mata Atlântica, especialmente em espécies endêmicas e com

reprodução associada a riachos. No mundo, das 6 mil espécies de anfíbios, quase um

terço está sob ameaça de extinção.

Paisagem degradada

A pesquisa de Becker, co-orientada por Carlos Fonseca, professor da Universidade

do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), foi realizada em São Luiz do Paraitinga, uma das

regiões de Mata Atlântica mais fragmentadas e degradadas do Estado de São Paulo.

“A partir do trabalho dele amadurecemos a idéia de que os anfíbios estão sob risco

adicional devido ao padrão de ocupação e resolvemos analisar outros dados sobre a Mata

Atlântica”, disse Prado.

Para isso, o grupo procurou Célio Haddad, professor do Departamento de Zoologia

da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador da área de Biologia da

FAPESP. “Ele disponibilizou um inventário muito completo dos anfíbios em todo o bioma,

que nos permitiu confirmar a relação entre grau de extinção e desconexão de hábitat”,

explicou Prado.

Os dados, obtidos no Projeto Temático “Diversidade de Anfíbios Anuros do Estado

de São Paulo”, no âmbito do Biota-FAPESP, referiam-se a 12 regiões de Mata Atlântica

em diferentes graus de desconexão de hábitat.

“Locais preservados como a região da Juréia mostraram grande riqueza de

espécies. Áreas fragmentadas como São Luiz do Paraitinga apontaram o contrário,

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confirmando a hipótese”, disse Prado.

Becker conta que, quando chegou à região para o trabalho de campo, em 2006,

encontrou uma paisagem tão degradada que pensou ser impossível trabalhar com

anfíbios no local.

“Demorei para encontrar fragmentos próximos a corpos d’água e acabei

encontrando apenas três deles na paisagem. Logo imaginei que os animais deviam sofrer

com a desconexão entre floresta e riachos”, disse o biólogo à Agência FAPESP.

Ele instalou nas áreas escolhidas armadilhas apropriadas para medir a migração

dos anfíbios que saíam ou entravam nos fragmentos sem riachos. “O primeiro capítulo do

trabalho quantificou a migração entre os fragmentos florestais isolados de corpos d’água.

O segundo avaliou o impacto disso no conjunto da comunidade de anfíbios”, contou.

A conclusão, segundo Becker, foi que o tamanho das populações diminui

drasticamente quando o fragmento florestal é isolado da água por uma área de ocupação

humana. “Quando nascem no território sem mata, os filhotes ficam desorientados e não

sabem para onde ir.”

O terceiro capítulo da dissertação foi dedicado a uma análise maior na Mata

Atlântica, originando o artigo da Science. “Nessa fase tivemos a participação do professor

Célio Haddad e do biólogo Rômulo Batista, que é especialista em geoprocessamento

aplicado à gestão ambiental”, disse Becker.

A diminuição da diversidade de anfíbios, de acordo com Becker, desequilibra todo o

sistema ecológico. “Eles são um elemento chave na cadeia alimentar. São predadores

importantes de insetos e alimento de serpentes, aves e mamíferos”, destacou.

O artigo Habitat split and the global decline of amphibians, de Carlos Guilherme Becker e

outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8168,

• Poluição transforma rã macho em fêmea

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France Presse

Os girinos do sexo masculino podem se tornar rãs fêmeas devido à contaminação

de seu hábitat por um hormônio feminino, o estrogênio, segundo revelou um experimento

realizado recentemente em um laboratório sueco.

O fenômeno poderia contribuir para explicar porque cerca de um terço das espécies

de rãs vivas no mundo corre o risco de extinção atualmente. O estudo será publicado em

maio na "Environmental Toxicology and Chemistry", revista científica americana. Duas

espécies diferentes de rãs foram expostas a níveis de estrogênio semelhantes aos

encontrados em águas da Europa, Estados Unidos e Canadá, no laboratório da

Universidade de Uppsala, na Suécia.

Os resultados foram edificantes: as fêmeas representavam menos de 50% da

população de cada uma das espécies, mas a proporção mudou de forma significativa nas

rãs, separadas em três grupos e expostas a diferentes níveis de estrogênio.

O número de girinos a se transformar em fêmeas entre os que foram expostos à

menor concentração de hormônio, em um dos três grupos foi duas vezes maior. Nos

outros dois grupos, expostos a níveis mais altos de estrogênio, as rãs viraram fêmeas em

95% no primeiro grupo e em 100% no outro.

"Esses resultados são bastante alarmantes", afirmou Cecilia Berg, co-autora do

estudo com Irina Pettersson, ambas pesquisadoras da Universidade de Uppsala.

"Comprovamos estas mudanças espetaculares expondo as rãs a uma substância apenas.

Na natureza, podem existir muitas outras atuando juntas", ressaltou.

Outros estudos nos Estados Unidos haviam estabelecido um vínculo entre a

mudança de sexo nos machos de Rana pipiens, uma das duas espécies utilizadas na

experiência sueca, e a presença em seu hábitat natural de um pesticida que produz

substâncias estrogênicas, destacou a especialista em toxicologia ambiental.

"Os pesticidas e outras substâncias químicas industriais podem atuar como

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estrogênio no corpo", acrescentou. "Isso nos levou a realizar esta experiência", disse. A

outra espécie estudada é uma rã muito comum na Europa, a Rana temporaria. Entre as

rãs que mudaram de sexo, algumas passaram a ser fêmeas capazes de procriar,

enquanto outras apresentaram ovários, mas não trompas, sendo, portanto, estéreis,

explicou Cecilia Berg.

Segundo ela, o estudo não avaliou o impacto potencial da contaminação na

mudança de sexo de acordo com as espécies, mas as conseqüências dessa situação são

alarmantes. "Evidentemente, se todas as rãs se tormarem fêmeas, isso poderia ter um

efeito destrutivo sobre sua população", completou a pesquisadora.

A única solução a curto prazo seria melhorar o tratamento da água em regiões onde

as rãs são afetadas, filtrando as concentrações de estrogênio provenientes dos agentes

contaminantes lançados na água.

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL8662-5603,00.html