sÃo bento s. bento... · 2015-07-30 · termina com a bênção do santo lenho, em frente ao...

12
Órgão Oficial da Irmandade de São Bento da Porta Aberta · Rio Caldo Agosto 2015 Ano LVI. n.º 632 0,50(IVA INCLUIDO) SÃO BENTO da PORTA ABERTA «LAUDATO SI’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Se- nhor», cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cânco, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem parlhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras». Encíclica “LAUDATO SI’, do Papa Francisco, n.º 1

Upload: truongcong

Post on 10-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

Órgão Oficial da Irmandade de São Bento da Porta Aberta · Rio Caldo

Agosto 2015Ano LVI. n.º 632

0,50€ (IVA INCLUIDO)

SÃO BENTOdaPORTA ABERTA

«LAUDATO SI’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Se-nhor», cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras».

Encíclica “LAUDATO SI’, do Papa Francisco, n.º 1

Page 2: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

EDITORIALCARLOS AGUIAR GOMES

Aqui na Basílica de S. Bento da Porta Aberta, o mês de Julho foi muito cheio: muitos peregri-nos, a finalização do Congresso ( cujas actas se-rão publicadas em breve ), a celebração, com

imensa dignidade e elevação da grande festa de S. Bento – Padroeiro da Europa e no dia seguinte, dia 12,

pela 2ª vez, celebrámos S. João Gualber-to, filho espiritual ilustre de S. Bento (

nesta celebração o Senhor Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas

lançou o desafio para que este santo beneditino seja proclama-do Padroeiro do Parque Nacional da Peneda – Gerês) . A solenizar as duas missas festivas, dia 11 e dia 12, tivemos dois agrupamen-

tos musicais de nível superior: dia 11 graças à generosidade do nosso

Amigo, Dr. Flausino, o Grupo de Cã mara da Branca solenizou com elevada

qualidade a Santa Missa; no dia 12, tive-mos o prazer de podermos contar com o exce-

lente Grupo Coral de Terras de Bouro. Nos dois dias de festa, o Senhor Arcebispo presidiu às duas Missas sole-nes, concelebradas por vários Sacerdotes e proferiu ho-milias que ficarão registadas neste boletim, para que não se percam e para quem as ouviu, as recorde e quem não teve esse privilégio, as possa ler.

Vários canais de televisão se ocuparam da nossa Ba-sílica, nomeadamente a TVI que transmitiu um belo co-mentário no programa “ 8º Dia “ da responsabilidade do Cónego António Rego e RTP no programa “ Setenta vezes sete “. No dia 12 , às 11 horas a TVI brindou – nos com a transmissão directa da Santa Missa!

Naqueles dias de festas, tiveram relevo actividades de natureza cultural de matriz popular apreciadas por muitos peregrinos com a presença do Presidente da Câ-mara de Terras de Bouro que muito nos honrou.

Deve referir-se que quer em 10, 11 quer em 12 , os dias terminaram com uma magnífica sessão de fogo de artifício da alta qualidade e beleza .

Atendendo ao enorme interesse das homilias pro-feridas em 11 e 12 pelo Senhor Arcebispo, decidimos publicá-las, quase na íntegra, neste Boletim.

Como não podia deixar de se referir, também na nossa Basílica decorreu uma Jornada de Reflexão sobre a Família que congregou várias dezenas de participan-tes interessados em debater, aprender e reflectir sobre questões decisivas da Família e do seu futuro.

Como não poderia deixar de ser sublinhar neste Boletim da Basílica de S. Bento da Porta Aberta a im-portância da Encíclica do Papa Francisco, “ LAUDATO SI “, e a urgência de esta ser lida e bem estudada por todos os crentes ou não. LAUDATO SI é de leitura obri-gatória!

… E como Agosto é mês de férias para muitos pe-regrinos e devotos de S. Bento, desejamos que todos possam usufruir de paz e de alegria, recordando que este mês é o da “ Grande Romaria “, da solenidade da Assunção de Nossa Senhora ( dia 15 ), da festa de S. Bernardo (20 ), um dos mais ilustres e extraordinários filhos espirituais de S. Bento e que dia 22, celebramos Nossa Senhora, Rainha.

Boas férias para todos. Que S. Bento a todos aben-çoe e proteja!

O ACOLHIMENTO EM SÃO BENTO DA PORTA ABERTA

O acolhimento desenvolve-se num plano de rela-ção, associado aos que o recebem, está nos que partem e chegam de longe, cansados e esgotados das suas via-gens, nos que são acolhidos. E naqueles que acolhem, os que dão e que permanecem para bem receber.

Acolher é essencialmente um exercício de delica-deza e caridade, e mais que uma cama e uma refeição quente, passa por gestos de atenção, de cuidado e in-tegração, que pretendem oferecer paz. Ser acolhido é essencialmente um movimento de humildade, de con-fiança, de pobreza assumida e alegre.

A existência de pessoas ou de um espaço destina-do a acolher, num lugar como São Bento da Porta Aber-ta, é expressão essencial da busca por viver retamente os ensinamentos de Jesus, que a todos lança na cari-dade; e é esta, como afirma Bento XVI na introdução à sua Carta Encíclica Caritas in Varitate, a substância da relação pessoal com Deus e com o próximo.

A São Bento da Porta Aberta, um dos mais anti-gos locais de devoção beneditina, envolto da beleza da serra do Gerês, aflui um grande número de peregrinos anualmente. A alegria das rusgas e romarias, assim como o carinho com que os mais devotos se dirigem a «São Bentinho», caracteriza uma devoção antiga e verdadeiramente identitária dos povos do norte de Portugal.

Não são muitos os peregrinos que necessitam já de uma cama ou de uma refeição quente. Mas é essen-cial que reconheçam São Bento da Porta Aberta funda-mentalmente como um lugar de paz e de reconciliação com Deus. Cumprir uma promessa ou pedir interseção é assumir que tudo está na mão de Deus e que o pouco que se pode oferecer e o muito que se pede desperta sempre um sorriso terno na face de Nosso Senhor.

É imprescindível que os peregrinos encontrem neste santuário e em cada um, gente alegre e de sorriso fácil, que não tema ensinar e esclarecer fraternalmente, que os escute e aconselhe e os relembre sempre que até o maior pecador é alvo da gloriosa misericórdia de Jesus.

Pedro Frazão

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

2

Page 3: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

3

DIAS 8, 9, 10 e 11 DE AGOSTOPrimeiros dias da Romaria em Honra de São Bento, com a receção aos Peregrinos e disponibilizando apoio Médico e de primeiros socorros para quem deles precisem, assim como vigilância ao longo dos Caminhos de São Bento com a Partici-pação da GNR,

QUARTA - FEIRA: DIA 12 DE AGOSTO Dia dedicado á Cultura Regional, principalmente ás Associa-ções Culturais e Recreativas do Concelho de Terras de Bouro, incluindo ATL(s) do Concelho, que vão desfilar no espaço do Santuário a partir das15:h00, mostrando aos Peregrinos e Visi-tantes, as suas artes e cultura tradicionais da sua Terra. Podem ser integrados neste desfile todos os grupos de concertinas da região ou vindos de outras regiões, desde que se inscrevam até ao dia 5 de Agosto de 2015, através dos telefones: Ge-ral;253 390 180 / Dra. Filomena; 938 248 886 / Sr. Dionisio; 965 525 288 / F. Correia¸966 779 644Após a procissão de Velas, encontro de Grupos de Concertinas que ocuparão o espaço do Santuário com exibições artísticas a cantares ao desafio até de madrugada do dia seguinte, Palco montado no Anfiteatro do Parque, disponível para atuação de grupos populares.Ás 24:h00, o encerramento dos eventos Culturais do dia com uma grandiosa sessão de fogo de artificio, com surpresas ar-tísticas.

QUINTA-FEIRA: DIA 13 DE AGOSTOPrincipal dia de Romagem em Honra de São Bento da Porta Aberta.Entre as 15.h00 e as 18:h00, um espetáculo no parque, com duas Bandas conceituadas: Banda Musical a Branca e a Banda Filarmónica de Arcos de Valdevez, que durante 3 horas Vão deliciar todos os amantes de música, com os seus desafios e atuações.Ás 24:h00, o encerramento das festas em honra de São Bento com mais uma grandiosa cessão de fogo de artificio, com no-vas surpresas.PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS NAS FESTIVIDADES EM HONRA DE SÃO BENTO DA PORTA ABERTA · Câmara Municipal de Terras de Bouro,· Junta de Freguesia de Rio Caldo,· Iluminações, Som e Decorações Festivas, com um projeto novo alusivo às celebrações de 2015,· Vestuário para os figurantes que vão participar na Procissão do dia 13 de Agosto, a cargo da Casa das Noivas,· Decoração dos Andores a cargo de Habitantes da Terra, com flores Naturais,· Na Área da Segurança, a participação especial da GNR, do Comando Territorial do Norte, com apoio aos Peregrinos ao longo dos Caminhos de São Bento e no Santuário durante a Romaria, zelar pela segurança de Pessoas e Bens, de modo a que todos regressem as suas casas em segurança,· Participam ainda com a sua presença, a Cruz Vermelha Portu-guesa, Delegação de Rio Caldo, Bombeiros de Terras de Bouro e Escuteiros da Região, Estudantes Universitário da Região· Comunicação Social, o apoio da Rádio Renascença e Diário do Minho, Jornal de Noticias, Cmtv, etc…. na divulgação das Festas em Honra de São Bento da Porta Aberta

QUARTA-FEIRA: DIA 12 DE AGOSTOEucaristias: 7,30 horas – 9,30 horas e 11,30 horas.15,30 horas - Oração de Vésperas – 16,00 horas Eucaristia.

QUINTA-FEIRA: DIA 13 DE AGOSTOEucaristias:7,30 – 9,30 horas11,00 horas - Solene Eucaristia em Honra de S. Bento «PRESIDIDA POR S. EXA. REVMA. SENHOR ARCEBISPO PRI-MAZ». 17,00 horas - Exposição e ósculo da Relíquia de São Bento 18,00 horas: Majestosa procissão em honra de S. Bento, onde ocorrem numerosos peregrinos e forasteiros movidos pela fé. Este cortejo religioso é composto por vários andores decorados a flores naturais, das paróquias e comunidade, (estarão em exposição durante o dia 13 até á hora da procis-são, nos Claustros da Cript). Haverá também a representação de vários quadros alegóricos acompanhados por mais de cem figurantes. Figuração de doze monges negros, simbolo-gia beneditina, relativa à fundação dos mosteiros. Participam ainda a Irmandade S. Bento, Bombeiros de Terras de Bouro, Escuteiros de Vilar da Veiga, Estudantes Universitário de Rio Caldo e bandas de música. Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário.22,00 horas – Eucaristia

SEXTA-FEIRA: DIA 14 DE AGOSTOEucaristias:7,30 – 9,30 horas - 1,30 horas – 15,30 horas Rosário – 16,00 horas

SÁBADO: DIA 15 DE AGOSTOEucaristias:7,30 – 9,30 horas11,30 horas – 15,30 horas Rosário – 16,00 horas

O PROGRAMA PODE SOFRER ALTERAÇÕES EM FUNÇÃO DAS NECESSIDADES.

PROGRAMA CULTURAL

ROMARIA EM HONRA DE SÃO BENTO DA PORTA ABERTA 2015

PROGRAMA RELIGIOSO

Page 4: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

Subiaco(Foto de Fernando Correia)

Mosteiro de Montecassino(Foto de Cón. José Marques)

(Fot

o de

Cón

. Jos

é M

arqu

es)

“Seis dias antes de morrer mandou abrir a sua sepultura. Logo depois, atacado por umas febres, começou a ressentir-se do seu ardor violento. Como a enfermidade se agravasse dia a dia, no sexto fez-se conduzir pe-los discípulos ao oratório e ali se fortaleceu para a partida deste mundo recebendo o Corpo e o Sangue do Senhor; e apoiando os seus enfraquecidos membros nos braços dos discípulos, per-maneceu de pé com as mãos erguidas para o céu, exalou o último suspiroentre as palavras da oração.”

S. Gregório Magno

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

4

MEMÓRIAS DE UMA PEREGRINAÇÃO

A m

orte

de

S. B

ento

Page 5: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

5

MEMÓRIAS DE UMA PEREGRINAÇÃO

HOMILIA DA CELEBRAÇÃO DA FESTA LITÚRGICA DE S.BENTO

D. JORGE ORTIGA | 11 DE JULHO

Evangelizar as peregrinações

A história da humanidade, desde os primórdios da cria-ção, apresentou o homem na sua condição de Viator, o caminhante. A ideia de movimento exprime a natu-reza do Homem como alguém que está dinamicamen-

te orientado para uma meta ou metas a alcançar.A sociedade moderna, como sabemos, potenciou ainda

mais esta característica. Todos gostamos de conhecer países, de nos enriquecermos com outras culturas e de conviver com mentalidades diferentes. Procuramos, de igual modo, estilos de vida saudáveis: corridas individuais ou em grupo, caminhadas solidárias, corridas de bicicletas, etc.. Exercícios físicos e modos de estar que preencham a nossa vida de sentido.

Mas o cenário inverso também é verdadeiro. Deixamo-nos tomar pelo frenesim de correr de um lado para o outro, quase sempre dominados pela ânsia intranquila de alcançar mais al-guma coisa para a nossa vida. Ora é a pressão dos horários, ora a procura de mais dinheiro, ora os convívios barulhentos e des-gastantes. Coisas que distraem o ser humano e não permitem que ele se encontre consigo próprio.

A esta estrutura natural do homem Viator, a Igreja foi intro-duzindo outra palavra ou realidade que, apesar de acolher esta tendência natural, inculcou uma dinâmica totalmente nova. Re-firo-me à peregrinação. Uma realidade marcante na história da Igreja e no dinamismo da espiritualidade mas que, hoje, necessita de reencontrar o seu carisma mais profundo. A peregrinação é, de algum modo, um êxodo interior para dar espaço à criação. Na verdade, a natureza do homem é “excêntrica”, ou seja, tem o epi-centro fora de si e deixa-se orientar pela grande alteridade que é Deus e, em Deus, os outros.

Existe uma passagem na carta aos Hebreus que nos faz compreender esta realidade. “Portanto, estamos rodeados dessa nuvem de testemunhas. Deixemos de lado tudo o que nos embaraça e o pecado que se agarra a nós. Corramos com perseverança a corrida, mantendo os olhos fixos em Jesus, au-tor e consumador da fé”. (Heb 12, 1-2).

Quando se abraça a fé, o egocentrismo e a egolatria cau-sam repulsa e optamos por comportamentos diferentes. São muitos os exemplos neste sentido. Temos a memória histórica de homens e de mulheres que se deixaram possuir por Jesus, encetaram uma verdadeira corrida para O encontrar e possuir, apostando numa vida de conversão. Recusaram coisas e pes-soas que impedissem calcorrear o caminho do bem, à seme-lhança de Jesus, e de materializar o Reino com obras de teste-munho. O homem Viator representa um errante fechado em si mesmo. O Homo peregrinus, por sua vez, caminha em direcção a uma meta, libertando-se do peso de uma vida que, tantas vezes, se arrasta por más opções ou por incapacidade de deixar partir as pessoas que não são benéficas. O peregrino assume a postura descrita no livro dos Actos dos Apóstolos: “os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo, mesmo tac-teando” (Act 17, 27).

É, por certo, este o verdadeiro sentido de peregrinação, seja ela realizada a pé ou de automóvel. Sei que muitos per-correm os caminhos de S. Bento, de Santiago e de Fátima por

mera diversão ou passatempo. Em certa medida é legítimo que o façam. Mas, ao mesmo tempo, peregrinar não se confunde com caminhar. Importa que a Igreja seja mestra e ensine, mas também que, ela própria, peregrine com as pessoas. É neste recíproco peregrinar que se joga a confiança e se abrem novas portas que, até então, pareciam fechadas. Um bom amigo é capaz de transformar a diversão num encontro revolucionário. A complexidade e a fragmentação da vida estão a suscitar uma necessidade do sagrado, do transcendental, à qual não nos po-demos alhear.

A realidade da peregrinação não pode ser um simples pa-rênteses que se esquece numa caminhada ocasional. Não pode ser, tão pouco, uma mera prática devocional, embora muito nobre e interessante, restrita a promessas e a pedidos. A pasto-ral da peregrinação deve proporcionar todas as condições para que nasça ou se consolide o encontro do homem com a verda-de absoluta de Deus.

Neste aspecto, os mosteiros, as basílicas e os santuários desempenham um papel de enorme responsabilidade. São o ponto seguro quando tudo é efémero. São a certeza quando tudo é escorregadio. São a hospitalidade quando os braços se fecham. Peregrinar a um santuário, após uma longa caminha-da, é, por isso mesmo, um evento profundamente religioso. Confirma a vontade séria de mudança, o desejo de repensar a vida e a intenção de reordenar comportamentos éticos, morais e sociais da existência. Esta é a meta. O ponto de partida, por sua vez, faz-se com o Evangelho na mão, com o desprendimen-to de interesses pessoais para pensar, sentir, querer algo novo para a relação com Deus, com as pessoas e com a sociedade.

Para além do Evangelho, deveríamos levar outros “com-panheiros de peregrinação”. Em primeiro lugar, Jesus Cristo, o verdadeiro peregrino que fez da nossa estrada a Sua casa. Em segundo lugar, os santos, testemunhas credíveis da ressur-reição de Cristo. Por fim, Nossa Senhora, mãe e consoladora dos peregrinos. A sua companhia, estou certo, proporcionará conversas densas de sentido e as luzes que tantas vezes procu-ramos para a nossa vida.

Estando presente aqui neste Santuário, não posso deixar de evocar a figura de S. Bento e os caminhos férteis que ele trilhou na sua vida: a procura e a fidelidade a Deus, o caminho colegial com os membros da comunidade e o equilíbrio saudá-vel entre a oração e o trabalho. Se estas máximas entrassem nas nossas conversas e intenções, aqui no Santuário ou noutros caminhos percorridos, estou certo que a nossa existência seria bem diferente. Não poderá ser este um modo válido para vi-vermos a fé?

Diante de S. Bento, rezo para que nunca nos contentemos em ser caminhantes ou “peregrinos da modernidade”. Sejamos verdadeiros peregrinos. Invistamos no silêncio ouvinte. Liberte-mo-nos das coisas que prometem e não cumprem. Sejamos pe-regrinos da eternidade. Procuremos um encontro com o Eter-no, sabendo que encontraremos a luz que vai iluminar os pas-sos da existência pessoal, familiar ou comunitária. E, por outro lado, que a Igreja, no meio de tanta diversidade de caminhadas, invista na evangelização das peregrinações, estruturando uma pastora que conduza a esta opção.

Page 6: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

6

HOMILIA DA CELEBRAÇÃO DA FESTA DE S. JOÃO GUALBERTO

D. JORGE ORTIGA | 12 DE JULHO

Para uma conversão ecológica

Continuamos, ao longo deste ano, a celebrar os 400 anos da construção de uma pequena ermida, em 1615, que deu origem a esta basílica. Foram propostas várias iniciativas para mostrar a actualidade e o modo pecu-

liar como S. Bento, homem de fé, viveu na Ordem Beneditina.Quando os homens acreditam em Deus e são exigentes con-

sigo mesmos, dando a sua vida pela causa do Reino, nasce uma espécie de revolução silenciosa e operativa. É a revolução do tes-temunho credível e operativo. Longe dos holofotes e pódios triun-falistas. O testemunho é saudavelmente contagiante. Ao longo da história da Igreja, muitos mártires e heróis da simplicidade quoti-diana incarnaram este espírito de Cristo. E, no silêncio e no anoni-mato, influenciaram positivamente a Igreja e a sociedade.

Quis, hoje, a Confraria recordar um beneditino que viveu num período conturbado da história da Igreja. Nunca se adap-tou às sombras que denegriam os conventos e forjou uma nova era de ouro, em contraste com aquela a que os historiadores apelidaram de época de ferro. É que, no meio da desordem, também podem surgir pérolas de santidade e humanismo.

Recordamos S. João Gualberto. Nascido por volta do ano 1000, reformou a Ordem Beneditina e deu origem à família mo-nástica Valombrosana, ainda hoje presente em vários países. Nele, trazemos à memória todos os religiosos e as religiosas, neste Ano da Vida Consagrada. Fazemo-lo com recurso às pa-lavras de S. João Paulo II: “Vós não tendes apenas uma histó-ria gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir” (Exortação Apostólica Vita Consecrata, 10).

Sendo um monge beneditino, S. Gualberto foi, como ima-ginamos, um defensor do trabalho e um amante da natureza. A primeira leitura fala-nos de Amós. Pastor de gado, plantador de sicómoros e profeta das maravilhas de Deus. Já na segunda leitura, S. Paulo recordava, louvando Deus – criador, “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo” (Ef 1, 3). E, nesta certeza de que Deus providencia, o Evange-lho ordena aos Apóstolos que não se preocupem com os bens materiais. Devem partir sem levar nada para o caminho. Pão, sandálias e dinheiro ser-lhe-ão dados de harmonia com as suas necessidades.

S. João Gualberto exerceu uma grande actividade em prol da revitalização das florestas e, por causa do amor e respeito que teve pela natureza, em 12 de Janeiro de 1951, o Papa Pio XII proclamou-o protector das florestas e dos guardas florestais em Itália. Mais tarde, proclamou-o também patrono das flores-tas e guardas florestais do Estado de S. Paulo, no Brasil.

Perante o asfixiante crime de destruição da natureza, e face à necessidade de um maior empenho do poder político, interrogo-me se não poderia também ser – e a Confraria já o sugeriu – proclamado Padroeiro do Parque Nacional da Pene-da-Gerês? Talvez alguns considerem uma ideia peregrina e in-consequente. Acreditamos, todavia, na intercessão dos santos. O seu nome pode incrementar uma corresponsabilidade pela “casa comum” e tornar-se um compromisso com tudo quanto o Papa Francisco ensina na recente encíclica Laudato Si’. É esta a altura para surgir uma corrente de opiniões.

Porque Deus criou a natureza e “viu que isto era bom” (Gn 1, 10), é responsabilidade de todos os crentes, mas não só, ze-lar pelo bem comum e pela preservação da natureza. Como se-ria bom se as gerações futuras olhassem para nós e dissessem: “fizeram bem, viram que tudo era bom”. Cuidar da natureza é um acto de louvor ao Deus-criador mas também um serviço à Humanidade. O crente deve ser capaz de unir estas duas ver-tentes e de se apaixonar pelo presente e pelo futuro da criação. Neste cruzamento ama-se Deus e concretiza-se a qualificação da existência com necessidades muito objectivas.

Para que isto aconteça, o Papa Francisco fala da necessi-dade de uma conversão ecológica “que nasce das convicções da nossa fé, pois aquilo que o Evangelho nos ensina tem con-sequências no nosso modo de pensar, sentir e viver” (nº 216 - 221). Temos de olhar para a natureza como valor inultrapassá-vel no meio das opções que motivam os pequenos gestos ou as grandes decisões. O grande problema é que hoje vivemos sem olhar às consequências. Quantos comportamentos deixariam de existir e quantas acções positivas aconteceriam se a nature-za fosse verdadeiramente assumida como dom do qual somos guardiães responsáveis e não patrões exploradores? Precisa-mos de ver o belo, de tocar o majestoso, de ouvir o cântico das árvores e dos pássaros, de saborear o gosto de tantas espécies e de cheirar os odores que dão poesia a uma vida rotineira. O futuro da natureza depende da nossa sensibilidade e da nossa conversão à sua beleza.

Mas não basta uma conversão pessoal. Os indivíduos po-dem, a título individual, fazer muito mas pode não ser o su-ficiente. A resolução de vários problemas depende, como sa-bemos, do poder civil e de outras entidades supra-individuais. Realidades que exigem legislação mais consistente e fiscaliza-ção mais apertada. Não basta ser exigente com os proprietá-rios privados. É preciso pensar numa lógica do bem comum e na necessidade de implementar medidas que salvaguardem a qualidade dos espaços naturais.

Ao sugerirmos S. João Gualberto, beneditino reformador, como o patrono deste parque e dos guardas florestais, esta-mos, implicitamente, a alertar para o período de estio que se aproxima e o consequente risco de destruição das florestas. Urge acabar com o flagelo dos incêndios. Temos de garantir a defesa dos espaços naturais e fazer desta preocupação uma causa nacional.

Quero, por isso, homenagear os guardas florestais que, du-rante este período, exercerão uma tarefa heróica e a quem nem sempre é reconhecido o seu devido valor. Recordo igualmente os bombeiros, verdadeiros soldados da paz, que arriscam a vida pelos bens e pelas pessoas. Sufraguemos aqueles que morre-ram neste serviço humanitário.

Que S. Bento continue a proteger-nos em todos os as-pectos da vida e reforce em nós esta consciência ecológica. Como sublinhava o Papa Francisco, “se os desertos exteriores se multiplicam no mundo, porque os desertos interiores se tornam tão amplos”, a crise ecológica é um apelo a uma pro-funda conversão interior” (217). Amemos o silêncio e, nele, o encontro com Deus para operar o Seu projecto de uma huma-nidade ao serviço do Homem e não o Homem a aproveitar-se irreflectidamente da natureza.

Page 7: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

7

ARCIPRESTADO DE ESPOSENDE REUNIU 600 PEREGRINOS

Cerca de seis centenas de pessoas das 15 paró-quias do arciprestado de Esposende participa-ram, sábado, na peregrinação do arciprestado de Esposende ao santuário de S. Bento da Por-

ta Aberta, situado na paróquia de Rio Caldo, Terras de Bouro, dentro do ano jubilar das comemorações dos 400 anos da construção da basílica do santuário.

Doze autocarros transportaram pessoas, mas fo-ram várias as que seguiram em automóvel particular e até houve quatro pessoas das Marinhas que se deslo-caram em bicicleta.

Saídos das diversas paróquias pelas 09h00, os au-tocarros juntaram-se na cidade de Esposende, de onde partiram para o santuário de Nossa Senhora do Alívio, no concelho de Vila Verde. Daí, seguiram para o san-tuário de Nossa Senhora da Abadia, em Amares, onde teve lugar o almoço que cada peregrino levou. A aco-lher os peregrinos esteve o cónego Narciso Fernandes, reitor do santuário, que foi indicando da existência dos diversos espaços para se almoçar. Todos os peregrinos de Esposende ficaram muito bem impressionados com as muitas mesas existentes para se poder almoçar co-modamente.

Saídos da Abadia pelas 15h00, o ponto de encontro seguinte foi o santuário de S. Bento da Porta Aberta, meta desta peregrinação arciprestal. Acolhidos pelo reitor, padre Adelino Sousa, aí foi celebrada, às 17h00, a Eucaristia da peregrinação, presidida pelo arcipreste de Esposende, padre Delfim Duarte Fernandes, pároco

de Santa Maria dos Anjos e Vila Chã e pároco “in soli-dum” de Apúlia e Rio Tinto.

A ampla cripta ficou repleta de fiéis. Interrogado so-bre o assunto, o reitor do santuário disse que nos bancos cabem 900 pessoas. Naturalmente que não eram todas do arciprestado de Esposende, mas foi constituída uma excelente moldura humana para a celebração eucarística, que teve no padre Armindo Patrão de Abreu, pároco de Palmeira de Faro e Curvos, o diretor do canto.

Na homilia, o padre Delfim Fernandes deu os para-béns a todas as pessoas que se dispuseram a participar na peregrinação e lançou o repto de se fazer esta pere-grinação anual a outros santuários, para além da que já se faz anualmente em honra de Nossa Senhora da Guia, na paróquia de Belinho, Esposende, no terceiro domin-go do mês de maio, de caráter arciprestal.

Para além dos dois sacerdotes já mencionados, con-celebraram a Eucaristia os seguintes párocos: José Ma-nuel Ferreira Ledo (Forjães e Belinho), Manuel Domingos Sampaio Viana (S. Bartolomeu do Mar), Avelino Marques Peres Filipe (Marinhas), António da Silva Lima (Gandra e Gemeses) e José António Arantes Andrade (Fão e Fonte Boa e pároco “in solidum” de Apúlia e Rio Tinto).

Concelebraram ainda dois sacerdotes não párocos naturais e residentes no arciprestado de Esposende: Gabriel Morais Catarino (Fonte Boa) e Mário Chaves Rodrigues (Curvos).

D.M. 8.7.2015

Page 8: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

8

Nesta Palavra encontra-se contida toda a ética cristã. O agir humano − se quer ser conforme ao pensamento de Deus, quando nos criou, e, portanto, autentica-mente humano − deve ser movido pelo amor. O nosso

caminho – metáfora da vida – para atingir a sua meta, deve ser guiado pelo amor, compêndio de toda a lei.

O apóstolo Paulo dirige esta exortação aos cristãos de Éfeso, como conclusão e síntese daquilo que lhes tinha aca-bado de escrever acerca do modo de viver cristão: passar do homem velho ao homem novo, ser verdadeiros e sinceros uns para com os outros, não roubar, saber perdoar-se, realizar o bem…, numa palavra, “proceder com amor”.

Convém lermos, por inteiro, a frase de onde é tirada esta Palavra incisiva, que nos vai acompanhar ao longo do mês: «Sede pois imitadores de Deus, como filhos bem-amados, e procedei com amor, como também Cristo nos amou e se en-tregou a Deus por nós, como oferta e sacrifício de agradável perfume».

Paulo está convencido de que todos os nossos comporta-mentos devem ter como modelo o comportamento de Deus. Se o amor é o sinal distintivo de Deus, deve sê-lo também para os seus filhos: nisto, eles devem imitá-Lo.

Mas como podemos nós conhecer o amor de Deus? Para Paulo é muito claro: ele revela-se em Jesus, que nos mostra como e quanto Deus ama. O apóstolo experimentou-o pes-soalmente: «… amou-me e entregou-se a si mesmo por mim» (Gl 2, 20) e agora revela-o a todos, para que se torne a expe-riência de toda a comunidade.

«Procedei com amor».

Qual é a medida do amor de Jesus, que deve servir de modelo para o nosso amor?

O amor de Jesus – sabemo-lo – não tem fronteiras, não exclui ninguém, nem tem preferências de pessoas. Jesus mor-reu por todos, até pelos seus inimigos, por quem O estava a crucificar, precisamente como o Pai que, no seu amor univer-sal, faz resplandecer o sol e faz descer a chuva sobre todos: bons e maus, pecadores e justos. Jesus soube cuidar, sobretu-do, dos pequenos e dos pobres, dos doentes e dos excluídos; amou intensamente os seus amigos; esteve particularmente próximo dos seus discípulos… Não poupou o seu amor, che-gando até ao ponto extremo de dar a vida.

E agora chama todos a partilharem do seu próprio amor, a amar como Ele amou.

Pode causar-nos medo este chamamento, por ser dema-siado exigente. Com efeito, como podemos nós ser imitadores de Deus, d’Ele que ama a todos, sempre, em primeiro lugar? Como podemos nós amar com a medida do amor de Jesus? Como podemos estar “no amor”, tal como nos é pedido pela Palavra de Vida?

Isso só é possível se antes tivermos feito, também nós, a experiência de sermos amados. Na frase “procedei com amor, como também Cristo nos amou”, a expressão como pode tam-bém ser traduzido por porque.

«Procedei com amor».

Aqui o verbo “proceder” equivale a agir, a comportar-se, como para dizer que cada uma das nossas acções deve ser inspirada e movida pelo amor. E não é, com certeza, por acaso que Paulo usa esta palavra dinâmica, para nos recordar que amar é algo que se aprende, e que há todo um caminho a fazer, até atingirmos a dimensão do coração de Deus. Ele usa ainda outras imagens para indicar a necessidade de um pro-gresso constante, como o crescimento de um recém-nascido até à idade adulta (cf. 1 Cor 3, 1-2), ou o desenvolvimento duma plantação, a construção de um edifício, a corrida no es-tádio para conquistar o prémio (cf. 1 Cor 9, 24).

Nunca nos convençamos de que já chegámos. É preciso tempo e constância para chegarmos à meta, sem nos ren-dermos diante das dificuldades, sem nunca nos deixarmos desencorajar pelos fracassos e pelos erros, sempre prontos a recomeçar, sem nos resignarmos à mediocridade.

Agostinho de Hipona, pensando com certeza no seu ca-minho tão sofrido, escreveu a este propósito: «Não te conten-tes com o que és, se quiseres chegar àquilo que ainda não és. De facto, onde te sentires bem, ficas parado; e até dizes para contigo: “Já chega!”. Só que, assim, andas para trás. Acrescen-ta continuamente, caminha sempre, continua sempre para a frente: não pares ao longo da viagem, não te voltes para trás, não te desvies. Quem não avança, retrocede» (1).

«Procedei com amor».

Como proceder mais rapidamente no caminho do amor?Dado que o convite é dirigido a toda a comunidade –

“procedei” – será útil ajudarmo-nos reciprocamente. De fac-to, é triste e difícil iniciar uma viagem sozinho.

Poderíamos começar por encontrar a ocasião para decla-rarmos, de novo, entre nós – com os amigos, os familiares, os membros da mesma comunidade cristã… – a vontade de caminharmos juntos.

Poderíamos partilhar as experiências positivas acerca de como temos amado, de modo a aprendermos uns com os ou-tros.

Poderíamos confiar, a quem nos pode compreender, os erros cometidos e os desvios no caminho, de modo a corri-girmo-nos.

Também a oração feita em conjunto pode dar-nos luz e força para ir em frente.

Unidos entre nós e com Jesus no meio de nós – Ele, o Ca-minho! –, iremos percorrer até ao fim a nossa “santa viagem”: semearemos amor ao nosso redor e chegaremos à meta, que é o Amor.

«PROCEDEI COM AMOR» (EF 5, 2).

PALAVRA DE VIDA FABIO CIARDI

AGOSTO DE 2015

1) Sermão 169, 18: PL 38, 926.

Page 9: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

9

M ilhares de mortos, mais de 1 milhão de refugiados, cidades destruídas. Se-meando o terror e o medo, o Boko Ha-ram tem posto à prova a fé deste povo.

E, apesar dos atentados, as igrejas continuam cheias de gente

No primeiro domingo de Julho, um duplo atentado na cidade de Jos, contra uma mesquita e uma igreja dei-xou um rasto de sangue. Quase meia centena de mortos. Ir à missa, na Nigéria, pode custar a vida. O padre Elias fica inquieto com estas notícias. Em 2011, a sua igreja foi destruída por um incêndio. Tal como o atentado de 5 de Julho, o ataque contra a igreja do padre Elias foi obra do grupo islamita Boko Haram. “Na altura, tive sorte. Não estava lá.” Se os terroristas o tivessem apanhado, ninguém imagina o que poderia ter-lhe acontecido. “A cabeça de um sacerdote vale muito”, diz, confessando que os cristãos estão na mira das armas do Boko Haram. A igreja do padre Elias ficou destruída. “Mesmo assim, continuamos a celebrar a missa”, diz o padre Elias Ka-buk. “Mas é na rua, ao ar livre. Não temos dinheiro para construir uma nova igreja”.

Centenas de mortos

Janeiro de 2015. A cidade de Baga é atacada. Fala-se em mais de dois mil mortos. Foi o “mais mortífero mas-sacre” na história do Boko Haram. Centenas de corpos ficaram espalhados pelas ruas da cidade. A maior parte dos que morreram foram os que não conseguiram fugir a tempo: crianças, mulheres, idosos. Ninguém imagina

Nigéria: Um país sequestrado pelo Boko Haram

TESTEMUNHOS DE FÉ

o horror. Desde 2001 que a Nigéria está sob ataque. Aos milhares de mortos – calcula-se que mais de 10 mil - há que adicionar cerca de 1 milhão e meio de desalojados.

Suradjo Hamadu tem 18 anos. Os pais converte-ram-se ao Islão. Ele manteve-se fiel ao cristianismo. A princípio, tudo corria bem até que os líderes mu-çulmanos locais começaram a exigir-lhe que mudasse também de religião. “Os meus pais disseram-me que me matariam se eu fosse alguma vez mais à igreja”. Foi. Nesse dia, os próprios irmãos perseguiram-no com facas e machados para o matarem. Refugiou-se em casa de uma família cristã. Agora vive num quartel militar que acolhe dezenas de nigerianos que fugiram do Boko Haram. Adama Asuma é uma dessas pessoas. Ainda hoje fica em lágrimas, quando recorda o mas-sacre da sua aldeia. Ela salvou-se, correndo, sem se atrever a olhar para trás. Foi há oito meses. “Nunca mais soube o que aconteceu aos meus pais.”

O padre Evaristus Bassey, da Caritas da Nigéria, salienta o trabalho único da Igreja no acolhimento destes refugiados. “A Catedral de Santa Teresa, em Yola, acolheu cerca de 270 pessoas. Há também de-salojados que foram acolhidos por famílias em suas casas”. Os cristãos são um dos principais alvos destes islamitas que procuram implantar a “sharia”. Cada dia que passa é como que um barómetro para a coragem destes cristãos. Hoje vão à missa? E se houver um atentado? Da Nigéria chegam-nos, todos os dias, tes-temunhos vibrantes de fé.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

Page 10: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

10

CÍRCULO “SHAHBAZ BHATTI”(CSB)

Habitualmente, estamos focados na perseguição aos cristãos em terras distantes. Siria, Paquistão… E é bom NUN-

CA esquecermos estes nossos irmãos na FÉ. Devem estar sempre nas nossas orações. Foi para isso que nasceu o CÍRCULO INTERNA-

CIONAL “SHAHBAZ BHATTI”. É o grande objectivo desta Carta. Infeliz-mente, surgem todos os dias notícias preocupantes e que fazem temer

pelo futuro próximo de alguns países, por exemplo da Europa. A Espanha tem sido alvo sistemático de forças anarquistas e de extrema esquerda,

como o PODEMOS, que proclamam o seu ódio aos católicos e incitam com veemência ao exercício da violência contra tudo e todos que manifestem o seu catolicismo. No dia 27 de Junho passado, em Sevilha, milhares de pessoas, no dia do chamado “Orgulho Gay“, com a presença activa do PODEMOS, gritaram pelas ruas: ”HAY QUE QUEMAR, HAY QUE QUE-

MAR A CONFERENCIA EPISCOPAL”. Á ameaça dos islamitas, asso-ciam-se os esquerdistas contra os católicos! Que fazer? REZAR.

REZAR.REZAR. O CÍRCULO INTERNACIONAL SHAHBAZ BHATTI convida todos os nossos leitores e amigos a rezar em cada

dia 7 do mês pelos cristãos perseguidos e ameaça-dos! Seja um dos nossos.

Page 11: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

11

1. As igrejas são espaços sagrados que merecem res-peito por parte de quem as frequenta, crentes ou não.

2. A entrada em templos de outras religiões têm igualmente normas que são cumpridas com rigor e em muitos casos, até, com severidade, o que não sucede nos templos católicos!

A Igreja Católica deseja, igualmente, que os seus templos sejam respeitados.

3. O modo de vestir , de homens e senhoras, deverá respeitar a sacralidade do lugar.

Uma igreja não é o lugar para exibições despu-doradas, com roupas demasiado curtas, decotadas ou transparentes. Os homens devem ter a cabeça desco-berta e não deverão usar roupa pouco digna da sacra-lidade do lugar (uma igreja não é uma praia nem um parque de campismo).

4 . Na visita de uma Igreja Católica, os crentes de-verão saber que o lugar mais sagrado é o sacrário, onde está realmente Jesus Cristo, por isso, a primeira atenção e oração terá de ser para o Santíssimo Sacramento. Tal como fazemos ao entrar em casa de um amigo em que este é sempre o primeiro a ser cumprimentado e sauda-do. Depois, a atenção / devoção poderá ser para Nossa Senhora ou algum santo, cujas imagens estão colocadas à veneração dos fiéis.

5. Uma igreja é, antes de tudo e acima de tudo, um lugar de oração. Por isso, o silêncio deve ser mantido e

ALGUMAS REGRAS DE RESPEITO NO INTERIOR DAS IGREJAS

as conversas indispensáveis, devem respeitar o lugar e os cristãos que estão em oração e não devem ser dis-traídos.

6. Durante os actos de culto, não devem os visitan-tes, sobretudo turistas ou simples curiosos, passearem--se pelo templo. Devem respeitar os crentes que estão em oração. Os telemóveis devem estar desligados e não devem tirar fotos, a não ser que tenham sido autoriza-dos por quem direito e cumpram as normas que foram comunicadas.

7. Os fiéis , já que crêem na presença real ,devem fazer os gestos de adoração prescritos nos momentos apropria-dos ( de joelhos na consagração ou , antes de comunga-rem, inclinar a cabeça ou fazer uma genuflexão, como sinal exterior de adoração, tal como está prescrito superiormen-te, se receberem a comunhão de pé).

8. Não ter pressa em sair logo que acabe a celebra-ção da Santa Missa. Esperar pelo cântico final e pela saída do celebrante).Este tempo de espera deverá ser tempo de adoração e de diálogo com Jesus que se aca-bou de receber.

9. Nas celebrações festivas dos sacramentos do Baptismo ou do Matrimónio, manter a compostura e o silêncio que nos ajudarão a receber melhor aqueles. Os fiéis / profissionais de captação de imagens deverão acatar as normas vigentes e de que podem e devem informar-se antes.

Page 12: SÃO BENTO s. bento... · 2015-07-30 · Termina com a bênção do Santo Lenho, em frente ao Santuário. 22,00 horas ... Sangue do Senhor; e apoiando ... entre as palavras da oração

HORÁRIO DO CULTO NA BASILICA DE SÃO BENTO

Ficha Técnica

Propriedade: Irmandade de São Bento da Porta Aberta (c/aprovação eclesiástica) Rua 1, São Bento, n.º 91/97, 4845-026 Rio Caldo Gerês Tel. 253 390 180 Fax 253 390 181 Presidente: Cónego Fernando Monteiro Reitor de S. Bento da Porta Aberta: Adelino Costa e Sousa Director: Carlos Aguiar Gomes Concepção gráfica e produção: Empresa do Diário do Minho, Lda. Assinatura anual: Portugal 7,5 euros; Estrangeiro 20 euros

Periodicidade mensal Depósito legal n.º 1695/83 Registo ERC: Isento ao Abrigo do Decreto Regulamentar 8/99 de 9/6, artigo 12.º, n.º 1, alínea a.

Aviso Informam-se todos os interessados que o HOTEL S. BENTO DA PORTA ABERTA já abriu. A Mesa

1.ª QUINTA DE CADA MÊS NA CAPELA DA ADORAÇÃO, das 15H-17H.

2.º DOMINGO DE CADA MÊS NO SANTUÁRIO, das 15-16H.

SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO (CONFISSÕES), todos os dias, antes e depois da eucaristia.

Fins-de-semana: 9H -12H e 15H-16 H.

Em cada dia 7 do mês, rezar-se-á pelos mártires cristãos contemporâneos e,

no dia 15, pelas famílias.

EUCARISTIAS DOMINICAIS

7:30; 9:30; 11:30; 16H15:30 – Rosário

VESPERTINAS

16H – Eucaristia estatutária15:30 – Rosário

N.B – Nos dias de todos os Santos (1 de Novembro), Natal e Páscoa, não há eucaristia às 16H.Durante a semana às 10:30 eucaristia ou celebração da Palavra.

Redescobrir a identidade cristã

Dar-te-ei tesouros enterrados e riquezas escondidas; para que

saibas que Eu sou o Senhor.

EXPOSIÇÃO DO SANTISSIMO SACRAMENTO

400.o aniversário do nosso Santuário

Vamos comemorar!

1615-2015

Que fazer neste Ano Jubilar?

As indulgências neste Ano Jubilar

Um ANO JUBILAR é um tempo especial, um convite intenso, para a nossa conversão. Não é um tempo mágico. É um tempo favorável.

…para examinar a nossa consciência e o nosso agir à luz do Evan-gelho descobrindo todos os dias os nossos pontos fracos, as nossas debilidades e incoerências procurando ultrapassá-los, tendo sempre como referência luminosa o Evangelho;

…procurar ser assíduo à oração, a exemplo de S. Bento, esforçando por participar de forma séria na Santa Missa, na recitação individual ou comunitária na Liturgia das Horas e praticar a “Lectio divina”;

…conhecer a vida e a obra de S. Bento, a sua mensagem transfor-madora do ponto de vista pessoal e colectivo;

…sermos solícitos no acolhimento fraterno de todos os que se aproximam de nós e exercitamos a caridade para com os mais frágeis da nossa sociedade.

Se a remissão dos nossos pecados só é alcançada mediante o sa-cramento da reconciliação (confissão), o mal que produz os nossos pe-cados mitiga-se com o dom da indulgência.

Para beneficiarmos das indulgências concedidas durante este ANO JUBILAR é absolutamente indispensável ter o desejo de nos apro-ximarmos de Jesus, sentir que a sua proximidade nos faz falta, ter o de-sejo sincero de nos convertermos, modificando o nosso modo de viver.

“Apesar do perdão, carregamos na nossa vida as contradições que são consequência dos nossos peca-dos. No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanece. A mi-sericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela torna-se indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado. Papa Francisco, “O Rosto da Misericórdia, 22”

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . AGOSTO 2015

12