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São Paulo Confia

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Agradecimentos:

Ao CNPq, por ter possibilitado e financiado esta pesquisa.Aos funcionários e clientes do SP Confia, que tornaram tão agradáveis as tarefas durante a pesquisa de campo.Ao DIEESE, por ter permitido a utilização de seus relatórios nesta pesquisa.

Resumo

Os bancos comerciais de varejo resistem em incluir em suas carteiras clientes de baixo poder aquisitivo. Os motivos são diversos: ausência de garantias materiais, custos detransação elevados, risco de crédito. As instituições de microcrédito (ou microfinanças)

visam atender esta parcela da população não contemplada. Suas metodologias deempréstimo são diferenciadas. Dentre elas, destaca-se a metodologia dos grupos de avalsolidário, em que os membros empenham suas relações sociais em detrimento de garantiasmateriais. Neste sistema, os membros são fiadores mútuos entre si. O São Paulo Confia,OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) patrocinada pela prefeiturade São Paulo, tem utilizado esta metodologia com grande sucesso. Neste contexto, otrabalho busca compreender por que tal metodologia consegue obter baixos níveis deinadimplência, mesmo atendendo um publico até então não incluído neste mercado. Aabordagem para esta questão será dada pela literatura em torno de modelos de SeleçãoAdversa, Capital Social e Assimetria de Informações.Palavras Chave: Grupos de aval solidário, Seleção Adversa, Capital social.

Introdução

O microcrédito tem-se tornado bastante popular ao redor do mundo, graças à

impossibilidade do sistema bancário tradicional em atender aos pobres de maneira

satisfatória. Seu objetivo é sanar algumas imperfeições no mercado intertemporal,

 principalmente no que diz respeito a acesso ao crédito. Este acesso possibilita maior chance

de geração de renda, e tal acesso é facilitado através de inovações institucionais,

 principalmente na exigência de garantias.

O São Paulo Confia, projeto patrocinado pela prefeitura de São Paulo, objetiva a

concessão de crédito a microempresários cujas empresas, formais ou informais, existam há

 pelo menos seis meses – percebe-se que grande parte destas empresas possuem dificuldades

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em acessar linhas de crédito em bancos comerciais de varejo. Percebe-se que o SP Confia

 possui características informais, embora seja uma instituição formal, cujas concessões são

feitas por meio de contratos, muitas delas – quase a totalidade – baseadas na consagrada

metodologia dos grupos de aval solidário, como feitas pelo Grameen Bank, de Bangladesh

e BancoSol, da Bolívia. Uma importante característica é a possibilidade de concessão

mesmo àqueles cujos nomes estejam relacionados em algum sistema de proteção ao crédito;

isso é possível graças ao aval do grupo, que deve majoritariamente possuir membros sem

qualquer restrição deste tipo.

Os grupos de aval solidário funcionam de modo a tornar cada membro do grupo

avalista de todos os outros membros deste grupo, e desta forma, reduzem a possibilidade de

inadimplência graças ao monitoramento e pressão exercida pelos próprios membros do

grupo de aval solidário. Um dos pressupostos iniciais desta metodologia é a existência deinformação imperfeita entre tomadores de empréstimo e credores, porém, tal problema

 poderia ser sanado pela existência de informação perfeita por parte dos devedores entre si.

Contudo, existem evidências de que o nível de informações possuídas pelos membros de

grupos de aval solidário podem não ser os níveis desejados. Embora grande parte dos

grupos de aval solidário possam ser enquadrados no caso de informação perfeita entre os

devedores, este pressuposto não é verdade para a totalidade dos grupos. Neste caso, o

objetivo deste trabalho será explicar por que, mesmo com informações imperfeitas, os

grupos de aval solidário conseguem atingir níveis de inadimplência menores, contribuindo

assim para maior eficiência econômica. A hipótese levará em consideração os casos em que

exista e não exista perfeição de informações, naquele caso, o argumento é que os

indivíduos, ao invés de empenhar garantias materiais, empenham suas relações sociais e

reputação. No caso de informação imperfeita, o argumento é a existência de um subsídio

 por parte dos devedores menos propensos ao risco.

O trabalho está dividido em quatro partes, incluindo esta introdução e a conclusão.

A seguir, serão expostas as bases teóricas que norteiam a análise, seguidas pela análise de

evidências ilustrativas coletadas através de pesquisa em campo.

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Base Teórica e Hipóteses

A pergunta que norteia este trabalho é: Por que os grupos de aval solidário

contribuem para a redução da inadimplência? Tal pergunta se torna relevante dentro do

caráter público do SP Confia porque altas taxas de inadimplência significam menores

chances de se alcançar sustentabilidade financeira, e ainda, altas taxas de inadimplência

 podem caracterizar o programa de microcrédito como clientelista. As baixas taxas de

inadimplência alcançadas pelo SP Confia indicam que esta organização busca aquela

qualidade e não este defeito.

Assimetria de Informações

A assimetria de informação pode ser definida como incerteza a respeito da

qualidade de um produto, por parte de um ou mais sujeitos da transação. O primeiro

trabalho a apontar as dificuldades em mercados com assimetria de informação foi o de

Akerlof (1970). O trabalho é ilustrado com o exemplo do mercado de carros usados: não é

 possível ter certeza a respeito da qualidade do carro que se está comprando. Obter

informações sobre a qualidade, quando possível, é custoso. Certamente, no mercado de

crédito ocorre algo semelhante: como saber as reais intenções do tomador de empréstimo?

Obter tal informação é, geralmente, muito custoso.

A solução encontrada pelo sistema financeiro face a este problema inclui: um

cadastro para maus pagadores, visitas e monitoramento, exigência de garantias e aumento

das taxas de juros para fazer frente à inadimplência. Tais soluções parecem bastante

 plausíveis neste ambiente incerto. Contudo, como apresentado por Stiglitz e Weiss (1981),

os mecanismos criados podem ter efeitos totalmente indesejados, o que é chamado de

Seleção Adversa.

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O termo seleção adversa foi utilizado pela primeira vez no setor de seguros para

descrever o seguinte tipo de problema (Varian, 2000): uma companhia de seguros faz uma

 pesquisa e descobre uma taxa média de furtos de carros em determinada cidade. Contudo

existe grande variação da taxa de furtos dependendo da região da cidade. Suponhamos

agora que a seguradora resolva oferecer um seguro contra furto baseada na taxa média. A

conseqüência é que apenas os moradores de regiões com altos índices de furtos irão

comprar o seguro. E logo a seguradora irá à falência.

Analogamente, Stiglitz e Weiss demonstram que o mesmo ocorre no mercado de

crédito. A exigência de maiores de garantias e aumento de juros faz com que apenas

indivíduos dispostos a arriscar mais se candidatem ao crédito. Resultado: o banco correrá

mais riscos e expulsará de sua carteira clientes com risco mais baixo, não dispostos a

oferecer tamanhas garantias e juros. Existe ainda uma outra faceta neste problema: provavelmente, os indivíduos mais dispostos a arriscar possuem maior riqueza.

Do ponto de vista da eficiência do mercado, ele certamente não estará no ponto

eficiente de Pareto, e haverá racionamento de crédito.

Voltemos ao exemplo dos seguros. Suponha que um segurado, assim que passa a

estar coberto pelo seguro, mude de atitude em relação a precauções. Ou seja, antes, ele

trancava o carro, ligava o alarme, etc..., agora que está segurado ele deixa de tomar

 precauções. Quanto maior for a abrangência do seguro, menos cuidado o segurado tomará.

É uma decisão racional. Tal fenômeno é conhecido como Perigo Moral. No mercado de

crédito podem acontecer casos análogos, uma vez que nem sempre se pode observar o

esmero com que um tomador de empréstimo vai cuidar de seus negócios.

Dentro deste arcabouço teórico, portanto, as hipóteses deste trabalham são:

Os grupos de aval solidário conseguem diminuir os dois principais problemas

gerados pela assimetria de informações: a seleção adversa e o perigo moral, através de

diversos mecanismos:

1.  Grupos auto-selecionados tendem a possuir maior nível de informação a respeito de

seus pares, diminuindo assim a seleção adversa.

2.  A proximidade social e geográfica dos tomadores de empréstimo reforça a

necessidade de se cumprirem os contratos, diminuindo-se assim o perigo moral.

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3. 

Mesmo em situações onde não se verificam as duas hipóteses anteriores (ou pelo

menos a primeira delas) existe um efeito de subsídio cruzado entre indivíduos do

grupo, por parte dos menos arriscados para os mais arriscados.

Para tornar razoáveis as duas primeiras hipóteses, será utilizada a literatura em torno

do que se convencionou chamar Capital Social. A terceira hipótese será justificada por

meio da aplicação de modelos aos grupos de aval solidário.

Capital Social

Capital social é uma forma de geração de riqueza que se apóia nas relações que os

indivíduos mantêm com os outros. Como o capital físico ou humano, as relações sociais

 podem ser uma base a partir da qual os indivíduos geram e se apropriam de renda. Ao

definir capital humano, entendemos que indivíduos serão comparativamente mais bem

sucedidos quanto mais habilidosos, educados e treinados forem. Capital social se refere às

vantagens obtidas através dos laços e estruturas sociais nas quais os indivíduos estão

inseridos (Burt, 2000). Neste caso, os agentes se beneficiam de suas relações sociais, mas

também outros agentes nesta estrutura social podem ser beneficiados, caracterizando capital

social não apenas com bem privado, mas também público ou coletivo.

Capital social facilita ações individuais e coletivas no sentido de aumentar a

eficiência da sociedade:

“Social structure is a kind of capital that can create for certain individual or groups

a competitive advantage in pursuing their ends” (Burt, 2000).

É claro que os resultados dos laços sociais que vinculam os indivíduos nem sempresão positivos: basta citar o caso da Máfia ou de formas clientelistas de dependência entre

 pessoas e de laços fortemente hierarquizados. Mas ali onde as relações são horizontais,

amplas, a tendência é que o sentimento de confiança possa se disseminar pelo organismo

social.

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É interessante salientar que pessoas melhor conectadas atingem mais facilmente

seus objetivos, entretanto, tal conexão não apenas aumenta a probabilidade de êxito

individual, mas também coletiva, através da melhor coordenação dos agentes (Abramovay,

2000).

A noção de capital social é o complementar contextual do capital humano – no

sentido em que indivíduos melhor relacionados terão melhores rendimentos. Tal abordagem

não deve resolver por si apenas problemas de falhas de mercado – embora uma substancial

contribuição possa ser identificada, por exemplo, no mercado de crédito, no caso das

microfinanças. Contudo, estudos recentes ressaltam a importância deste capital na formação

de conglomerados (clusters) e novas formas de organização de mercados (Abramovay,

2000).

Capital Social e acesso ao crédito: os grupos de aval solidário

Sabe-se que boa parte das concessões de crédito se dá por meio de garantias

(colaterais). Além dos efeitos seletivos quanto ao risco de crédito, como apresentados por

Stiglitz e Weiss (1980), outra seleção, mais perversa e mais óbvia ocorre: pobres não

 possuem garantias, e desta forma não podem obter empréstimos da maneira convencional1.

A metodologia dos grupos solidários consiste no aval mútuo entre os membros do

grupo: serão fiadores entre si. Nesse caso não existe a exigência de uma garantia material,

mas o não pagamento por um dos membros deve ser saldado pelos demais. Embora fosse

temerário que um dos membros do grupo não pagasse, tornando a dívida dos outros

membros ainda maior, a confiança e pressão exercida conjuntamente parecem explicar o

sucesso da metodologia.

Os grupos são auto-selecionados, formados por vontade dos seus componentes. É

necessário também que os laços sociais entre os membros do grupo sejam fortes, de modo a

1 Ainda como apontado por Navajas et al. (2000), coeteris paribus, os credores podem mais rapidamente julgar o risco de crédito para pessoas ricas:“Suppose a lender drew borrowers at random from the subset of the population that, given its lending

technology, had demand and was creditworthy. Then the profile of borrowers, compared with the population

will be skewed toward the rich” (Navajas et al., 2000:341).

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 possibilitar a identificação dos riscos dos empreendimentos, impossibilitar o risco moral, e

exercer pressão para que o empréstimo seja bem investido.

Yunus narra a importância de se fazer empréstimos a grupos:

“A pressão mutuamente exercida - de modo às vezes sutil, às vezes nem tanto –

mantém os membros do grupo em consonância com os objetivos mais amplos do programa

de crédito”.(Yunus, 2002:135).

É importante salientar que, no São Paulo Confia, a inadimplência entre aqueles

organizados em grupos é menor que a entre os empréstimos individuais. E é importante

assinalar que os empréstimos individuais obedeciam a regras cadastrais muito mais

rigorosas que os em grupo: nos empréstimos individuais, os indivíduos não podiam, em

hipótese alguma, ter restrições junto ao SERASA ou ao SPC. Já nos empréstimos em

grupo, indivíduos com restrições junto a estes órgãos entram em grupo com indivíduos com“nome limpo” e regularizam sua situação. Os grupos tornaram possível a existência de

garantia aos desprovidos de bens materiais alienáveis. É uma garantia social, que se

mostrou eficaz no caso de Bangladesh e também em outros lugares do mundo. Tal garantia

é possível se os membros do grupo possuírem entre si uma relação que incentive o

 pagamento, através de estímulos e pressões que, além de diminuir o perigo moral, aumenta

a probabilidade de sucesso do investimento:

“Suas amigas vão à sua casa e a persuadem: (...) “Nós a ajudaremos. Estamos aqui

 para isso.” (...) Finalmente ela recebe o seu empréstimo. Chora, nunca teve tanto dinheiro

nas mãos. Promete a si mesma (...) que irá lutar para garantir que cada centavo será

 pago.” (Yunus, 2002:138).

Esta forma de Capital Social possibilita à instituição, de maneira indireta – pela

auto-seleção do grupo, ou seja, os grupos são formados livremente, sem interferência da

instituição -, conhecer o grau de risco de seus clientes, bem como exercer pressão para que

se esforcem em seus projetos: os membros do grupo não quererão investimentos de alto

risco entre seus pares, bem como estarão persuadidos pelos outros membros a fazer

negócios mais sólidos. É uma forma de empenhar as relações sociais existentes os membros

do grupo, num modo alternativo de garantia.

Thierry van Bastelaer (1999), em uma revisão de literatura sobre o tema, apontou os

dois principais elementos sociais na metodologia dos grupos de aval solidário:

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1  Grupos auto-selecionados, pequenos e homogêneos de áreas densamente

 povoadas são conjuntamente confiáveis para empréstimos.

Por razões já discutidas anteriormente percebe-se que a auto-seleção diminui riscos.

A homogeneidade, no que tange localização geográfica, nível de renda e mesmo gênero

garante uma vantagem comparativa de informação dos grupos em relação às instituições.

 No Brasil, e provavelmente em outras localidades, tal homogeneidade parece ser mais

flexível: o mais importante, provavelmente, são as relações de proximidade2.

Homogeneidade pode não significar proximidade social, embora possa ser um bom

indicativo de sua existência.

O tamanho do grupo é importante, primeiro na probabilidade de constituição de umgrupo homogêneo, depois, na existência de confiança mútua e relações estreitas entre seus

componentes. Provavelmente, grupos menores (entre 4 e 7 indivíduos) terão maior sucesso.

(van Bastelaer, 1999).

Quanto à densidade populacional, parece haver um engano. É verdade que o

Grameen Bank e algumas de suas replicações ocorrem em áreas altamente povoadas. É

verdade também que uma experiência estadunidense de replicar o Grameen, no estado de

Arkansas, provavelmente foi mal sucedida por culpa da ausência de proximidade entre os

membros do grupo, cuja conseqüência foi a falta de fiscalização, conhecimento e auxílio

mútuo (van Bastelaer, 1999). Contudo, não existem graus de liberdade suficientes dentro da

 própria literatura sobre o tema para tal afirmação. A experiência do CRESOL3, no Brasil,

2 Como define Abramovay (2000):“Mais importante (...) é o fenômeno da proximidade social, que permite uma forma de coordenação entre osatores, capaz de valorizar o conjunto do ambiente em que atuam e, portanto, de convertê-lo em base paraempreendimentos inovadores”.

A proximidade social, que não se confunde com proximidade geográfica apenas, certamente tem papelfundamental no sucesso das instituições abordadas. Contudo, este é um conceito mais amplo quehomogeneidade, cuja própria definição inclui a cooperação entre os agentes e supõe relações sociais diretasentre eles.

3 O Sistema CRESOL, tema do relatório parcial deste mesmo projeto, apresentado no XLII Congresso daSober – ver Rodriguez, 2004 – surgiu como desdobramento dos fundos rotativos, criados em 1988 poragricultores familiares e assentados catarinenses (Bittencourt e Abramovay, 2003). Desde sua fundação, em1995, este sistema cooperativo tem crescido muito, tendo ultrapassado as fronteiras do estado. O Sistemacontava, em 12/2003, com 75 cooperativas, 42.375 associados, mais de 41 milhões em depósitos e patrimônio

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indica a possibilidade de relações de proximidade (e sucesso em instituição

microfinanceira) e baixa densidade populacional. Desta forma, a literatura sobre o tema nos

 permite apenas afirmar a respeito da auto-seleção, do tamanho do grupo e da

homogeneidade.

2   Negar acesso a crédito futuro a todos os membros do grupo em caso de

inadimplência de um dos seus membros é a maneira mais eficiente e menos

custosa de adimplementar (enforce) a confiabilidade conjunta ( joint  

liability).

Como argumenta van Bastelaer, tal medida tem se mostrado eficaz no que diz

respeito ao controle da inadimplência. O mesmo ocorre no São Paulo Confia. Esta medidase mostra também eficaz no aspecto público do SP Confia: ela sinaliza o caráter não

clientelista do programa, apelando para a responsabilidade no trato dos recursos recebidos.

Mas o sistema de grupos não é aceito de forma unânime na literatura internacional.

Importantes especialistas no tema opõem-se a ele partindo justamente da grande

 possibilidade de risco covariante – o que de certa forma se opõe à idéia de grupos

homogêneos com relação ao ramo de atividade. Nos exemplos rurais da metodologia, o

 problema é mais gritante (Meyer, 2003); entretanto, em áreas urbanas (ou densamente

 povoadas) o risco é menor, graças à maior diversidade de atividades (van Bastelaer, 1999):

o risco covariante não é grande ao considerarmos a existência, no meio urbano, de

empresas cujas atividades tenham seus desempenhos negativamente (ou pelo menos

fracamente) correlacionados com relação a eventos exógenos, como variação da renda local

ou clima – é o caso de produtores de bens inferiores e normais (cujas demandas aumentam

e diminuem, respectivamente com o declínio da renda), ou da fábrica de agasalhos e o

sorveteiro(em que o clima determina, de maneira inversa, a demanda de ambos). Outro

 ponto destacado é o aumento dos custos de transação. Aqui, os problemas consistem no

distanciamento espacial entre os membros do grupo (o que reforça o argumento de van

Bastelaer sobre áreas densamente povoadas), custos de transporte e comunicação, e

líquido superior a R$ 21 milhões. Seus níveis de inadimplência são baixos, e seu sucesso deve muito aoarranjo institucional no qual está inserida (Junqueira e Abramovay, 2003; Rodriguez, 2004).

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 pequeno valor das transações. Novamente, tais restrições se mostram muito mais fortes em

áreas rurais. A própria experiência do São Paulo Confia relata maior facilidade quanto aos

custos de transação e monitoramento dos clientes quando estes se localizam próximos uns

aos outros e próximos da agência.

Ainda de acordo com Meyer, talvez a maior restrição seja a baixa capacidade de

suportar risco, por parte dos empreendedores de pequeno porte. Tal restrição pode ser

agravada ao admitir ser fiador de outros membros. Ainda no tema, como demonstrado por

Weiss e Stiglitz (1981), contratos e exigências de garantias podem agir como mecanismos

seletivos. A conclusão mais comum é de que pessoas de mais baixo nível de riqueza

 possivelmente abandonam o mercado ao se defrontarem com maiores exigências. A

exigência dos grupos, que torna seus membros fiadores entre si, seria muito restritiva caso a

confiança mútua fosse fraca ou inexistente. No que tange à abordagem teórica destaquestão, será utilizado o modelo proposto por Armendáriz de Aghion e Gollier (2000).

Ainda sobre os grupos, é bastante conhecida a experiência do BancoSol boliviano.

Em comparação com outras instituições de microcrédito, especialmente a Caja de los

Andes (CA) – cujo sistema de concessão é baseado em garantias materiais “imperfeitas”,

cujo grau de liquidez é baixo, mas é de grande utilidade ao tomador (aparelhos de TV,

 bicicletas...) -, é interessante notar que o tipo de público atingido por esta metodologia

(grupos) é, na média, mais pobre e menos produtivo (Navajas et al., 2003). As razões para

que isto ocorra estão nos mecanismos de seleção dos contratos e no montante inicial cedido

aos grupos, geralmente mais baixo que em outros métodos de empréstimo. Neste caso, a

concorrência tem levado a perdas de clientes do BancoSol para a CA. Estes clientes são

 justamente aqueles mais ricos, produtivos e educados.

Como observado em várias partes do mundo, é bastante evidente a correlação entre

Capital Social e acesso ao crédito. Certamente, o sistema de grupos não é a única forma de

ligação entre Capital Social e crédito. Contudo, esta fórmula de concessão apresenta

vantagens indiscutíveis com relação ao racionamento de crédito.

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Seleção Adversa: modelagem aplicada aos grupos de aval solidário

Os modelos de seleção adversa inspirados na tradição de Stiglitz e Weiss (1981)

demonstram que, em situações de informação imperfeita a respeito do risco de crédito do

tomador, pode haver a expulsão dos tomadores de menor risco. Esta forma de racionamento

é especialmente perversa quando se trata de pessoas desprovidas de garantias materiais

adequadas. Com visto, os grupos de aval solidário tentam dirimir este problema através do

uso de garantias sociais. Contudo, este não é o único meio pelo qual os grupos de aval

solidário conseguem aumentar a eficiência econômica (leia-se por isto menor racionamento

de crédito).

A interpretação dada nos segmentos anteriores enfatizava a vantagem relativa dostomadores vis-à-vis aos bancos na seleção e no monitoramento de seus pares (e.g. Varian

(1990) e Stiglitz (1990)). Neste segmento será dada especial atenção para o caso em que os

indivíduos não possuem, ex ante, informação completa a respeito de seus parceiros.

A modelagem proposta por Armendáriz de Aghion e Gollier (2000) nos traz a

seguinte intuição a respeito do tema:

“The intuition as to why group lending under imperfect information improves

efficiency in this case is the following: whist group lending implies that both risky and safe

borrowers may match with risky borrowers, whenever a risky partner fails then a safe

borrower suffers relatively less than a risky borrower”. (Armendáriz de Aghion e Gollier,

2000:639).

Dentro desta interpretação, é menor a expulsão de clientes menor arriscados,

 justamente o contrário da seleção adversa. Os trabalhos de campo tentarão elucidar que os

 baixos níveis de inadimplência experimentados pelo SP Confia encaixam-se em sua

maioria, dentro das duas primeiras hipóteses, mas o efeito, ainda que marginal, dentro da

terceira não é desprezível.

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Justificativas Empíricas

 Neste capítulo o objetivo é relacionar o trabalho de campo – constituído de

entrevistas de corpo presente, que embora sejam mais ilustrativas, não permitem a

utilização de estatísticas confiáveis, por não apresentar graus de liberdade suficientes – com

os argumentos teóricos acima apresentados. Neste aspecto, será de grande valia um dos

relatórios do projeto “Identificação das mudanças ocorridas com os beneficiários dos

 programas sociais da Prefeitura do Município de São Paulo desenvolvidos pela Secretaria

de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade (SDTS), no âmbito do Projeto

 Desenvolvimento Solidário”4  intitulado “Informe da pesquisa com os clientes da Central

de Crédito Popular – São Paulo Confia”, cujo vasto banco de dados dará reforço a algunsargumentos aqui apresentados.

Segundo o banco de dados acima citado, 59% dos entrevistados não possuem

vínculos com entidades da sociedade civil, 37% começou o empreendimento porque não

conseguiu outro emprego, 83% tomaram conhecimento do SP Confia através de amigos,

vizinhos ou parentes. Ainda segundo a pesquisa:

“O cumprimento dos prazos de pagamento está sendo conseguido: 89% dos clientes

estão pagando em dia, 7% já acabaram de pagar e somente 4% declararam estar pagando

com atraso. Sobre este último aspecto os entrevistadores relataram um fato interessante:

como o aval é solidário, alguns entrevistados mencionaram estar em atraso com os outros

membros do grupo ainda que o grupo estivesse em dia com o SP Confia. A pontualidade

nos pagamentos é um fator importante tanto na obtenção de novos empréstimos como no

aumento dos valores emprestados. Assim, uma evidência a mais de que tem sido respeitada

é a de que 63% dos entrevistados já conseguiram entre 2 e 5 empréstimos, incluindo o

atual, e 11% já obtiveram 6 ou mais empréstimos.” (Dieese, 2003).

4  Projeto realizado através de Carta de Acordo assinada entre a Organização das NaçõesUnidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e o Departamento Intersindical deEstatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE), no âmbito do Projeto

 Desenvolvimento Solidário Geração de Renda e Ocupação do Município de São Paulo(UTF/BRA/059/BRA).

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O primeiro dado da pesquisa, de certa forma uma medida de Capital Social, indica

 pequeno índice de participação em organizações da sociedade civil. Porem, este indicador

revela ausência de Capital Social, de grosso modo, para fora da comunidade em que vive o

empreendedor. Dentro desta comunidade, o Capital Social entre os indivíduos moradores é

relativamente mais alto, e como aproximação a esta medida, sabe-se que grande parte das

informações recebidas pelos indivíduos chega através de membros do próprio local onde

vivem. Existe, portanto, uma rede de informações dentro da própria comunidade que

 permite com mais facilidade a identificação de riscos relacionados aos negócios dentro do

território. De fato, a totalidade dos clientes entrevistados durante pesquisa de campo

declarou conhecer os outros membros do grupo previamente ao empréstimo.

Estes dados corroboram as duas primeiras hipóteses de trabalho. Isto, contudo, não é

suficiente para se afirmar que os indivíduos conhecem o risco associado a seus pares. Ouseja, as duas primeiras hipóteses ainda não são suficientes para explicar o sucesso dos

grupos de aval solidário. Existe dificuldade em se formar grupos, mesmo dentro da própria

comunidade:

“As condições exigidas pelo SP Confia na modalidade de crédito solidário são

avaliadas como boas por mais 79% de seus clientes, sendo a necessidade de formação do

grupo a mais mal avaliada: 79% acham bom, 14% regular e 7% ruim”.(Dieese, 2003).

Dentro do trabalho de campo constatou-se que os grupos eram formados graças à

liderança de algum membro, não coincidentemente, aquele geralmente de maior renda

dentro do grupo. Maior renda, neste caso, está correlacionada também com maior tempo de

estabelecimento no ramo, acesso a outras formas de financiamento (tipicamente o

fornecedor), e, portanto, menor risco de crédito. Desta forma, como os empréstimos são

 progressivos, ou seja, começam por valores baixos e vão crescendo ao passar do tempo, é

 perfeitamente possível que, inicialmente, a liderança do grupo possa arcar com eventuais

débitos de membros mais arriscados, diminuindo-se, assim, a inadimplência e a necessidade

de acompanhamento por parte dos agentes de crédito. Por isto, não apenas a existência

 prévia de Capital Social é responsável pelo sucesso da metodologia, mas também, a

existência de uma liderança e a maneira progressiva de concessão permitem que haja uma

forma de subsídio cruzado entre devedores de menor para maior risco, dentro de um

método de garantias que não expulsa do mercado tomadores de menor risco. Esta

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abordagem é perfeitamente compatível com o modelo proposto Aghion e Gollier (2000),

cuja análise é válida justamente para os empréstimos iniciais, nos quais a intuição do

modelo fornece a razão pela qual os indivíduos mais arriscados aceitam a existência de uma

liderança no grupo. Corrobora com esta análise o fato de tantos empreendedores populares

aventurar-se no negócio por culpa do desemprego ou queda de rendimento familiar, dentro

do universo do SP Confia. Após estes primeiros empréstimos, a situação torna-se mais

compatível com as duas primeiras hipóteses.

A pesquisa de campo, portanto, conseguiu reunir elementos capazes de dialogar

com a literatura internacional a respeito do tema, a qual dedica especial importância no

monitoramento ex post   e no conhecimento ex ante  ao empréstimo por parte dos próprios

empreendedores. Os elementos reunidos nesta pesquisa são, basicamente, a constatação de

que os grupos não são necessariamente homogêneos, nem no ramo de atividade, nem nonível de renda e nem na maneira como se percebem uns aos outros. O monitoramento dos

 pares, portanto, sofre algum tipo de constrangimento, assim como a percepção de risco dos

 pares. A inexistência de transparência perfeita, no entanto, não impede que os grupos de

aval solidário atinjam níveis excelentes de adimplência.

Conclusão

O grupos de aval solidário têm conseguido, de maneira sistemática, incluir no

mercado de crédito pessoas até então excluídas deste mercado. Some-se a isto os baixos

níveis de inadimplência. A literatura internacional enfatiza, com razão, o conhecimento

 prévio entre os indivíduos e o monitoramento posterior ao empréstimo como explicações

 para este fenômeno. Contudo, estas duas justificativas se mostraram insuficientes para

explicar os caso encontrados no SP Confia, cujo público é bastante heterogêneo. Neste

ambiente, ainda assim os grupos de aval solidário diminuem o risco de crédito, e portanto,

seu racionamento, através da estabilização dos pagamentos dos grupos como um todo por

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 parte de indivíduos menos arriscados, que não coincidentemente são aqueles de maior

renda. Mesmo que este efeito seja marginal, com relação aos efeitos citados nas duas

 primeiras hipóteses de trabalho, não pode ser ignorado na análise dos grupos de aval

solidário em localidades com tamanha heterogeneidade entre candidatos a crédito dentro de

um mesmo grupo.

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