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SÃO PAULO, 04 DE OUTUBRO DE 2016.

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SÃO PAULO, 04 DE OUTUBRO DE 2016.

Os segredos do Céu de Primavera no Carmo

Cada estação é marcada por um conjunto de constelações específico. Isso acontece

porque a Terra, em cada ponto de seu percurso ao redor do sol, está voltada para uma

região diferente do céu durante a noite. Para quem mora numa grande cidade como

São Paulo, em que a poluição atmosférica e a luminosidade dos postes prejudicam o

espetáculo de uma noite estrelada, é difícil perceber a nova estação que se inicia. Para

contornar essa barreira o Planetário Professor Aristóteles Orsini, localizado no Parque

do Ibirapuera, e o Planetário Professor Acácio Riberi, localizado no Parque do Carmo,

oferecem uma sessão gratuita especialmente dedicada ao céu primaveril.

A partir do dia 1 de outubro, entra em cartaz a sessão “Os segredos do Céu de

Primavera” nos dois Planetários da capital, que desvendarão as principais estrelas

visíveis durante a primavera. A constelação que marca as noites dessa estação é a

constelação de Pegasus, que representa o cavalo alado da mitologia grega. Nessa

sessão também serão mostrados alguns planetas que podem ser vistos a olho nú no

céu atual nesse período, como Vênus, Marte e Saturno, conhecido por seu belíssimo

sistema de anéis.

A fina flor do espetáculo fica por conta das galáxias: objetos astronômicos de extrema

beleza devido à presença luminosa de diversas estrelas agrupadas. Com os recursos do

Planetário, uma viagem interestelar nos leva a observar mesmo as galáxias mais

distantes que só podem ser visualizadas por telescópios potentes, onde poderemos

conhecer um pouco mais sobre suas formas e características. Num piscar de olhos e o

público é teletransportado para a galáxia de Andrômeda, uma galáxia do tipo espiral,

distante 2,5 milhões de anos-luz do nosso planeta. Logo depois, em mais um salto

intergaláctico, o espectador pode se maravilhar com outra galáxia espiral, a galáxia de

Sombrero, na constelação de Virgem, localizada a cerca de 28 milhões de anos-luz de

distância de nós.

Os Planetários de São Paulo, junto com a Escola Municipal de Astrofísica, em sua

missão pedagógica de disseminar conhecimentos relacionados a Astronomia,

oferecem diversos cursos gratuitos para os interessados em se aprofundar nesses

temas científicos. Para quem ainda pensa que todo o dia o céu é sempre o mesmo, é

uma oportunidade única de aprender um pouco mais sobre a mudança das

constelações presentes no firmamento. Nada melhor que a primavera para apreciar e

se encantar com esse jardim imenso de inúmeras estrelas delicadas e cintilantes,

brilhando como buquês de flores na noite.

Serviço

Evento: Na sessão “Os Segredos do Céu de Primavera” são apresentadas as principais

estrelas e constelações visíveis no céu durante a Primavera em São Paulo. Além de

estrelas, também são mostrados alguns planetas presentes no céu. Com os recursos

dos Planetários, uma viagem espacial nos leva a observar as galáxias, onde poderemos

conhecer um pouco mais sobre suas formas e características.

Duração: Aproximadamente 45 minutos.

Público Alvo: Público geral (jovens e adultos).

Horários: Sessões gratuitas aos sábados, domingos e feriados: às 12h e 15h, no

Planetário do Ibirapuera e às 12h e 17h no Planetário do Carmo, com retirada de

senhas a partir de 1 hora antes do início da sessão. A faixa etária mínima para entrada

nos Planetários é de 5 anos mediante apresentação de RG ou Certidão de Nascimento.

Custo: entrada franca.

Endereços:

Planetário Prof. Acácio Riberi – Rua John Speers, 137, Parque do Carmo.

Planetário Prof. Aristóteles Orsini- Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque Ibirapuera.

Para mais informações acesse o site:

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/planetarios/

Velocidade cresce 11% e emissões caem 5% com faixas de ônibus em SP

Estudo avaliou velocidade, consumo de combustível e emissões dos ônibus em 2012,

quando quase não havia faixas na cidade, e em 2014, quando já tinham sido

delimitados para o transporte público quase 300 km de vias; houve redução nos

poluentes que causam o aquecimento global e nos que fazem mal à saúde

As faixas exclusivas para ônibus em São Paulo aumentaram, em média, 11% a

velocidade desse transporte público na capital e reduziram em 5% as emissões de

gases de efeito estufa por quilômetro rodado. Também diminuíram as emissões de

outros poluentes prejudiciais à saúde.

Os dados, obtidos com exclusividade pelo Estado, fazem parte de um estudo do

Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) – oscip voltada para a produção de

conhecimento científico sobre questões ligadas ao ambiente urbano – feito para

checar se as polêmicas faixas, criadas pelo prefeito Fernando Haddad como uma das

respostas às manifestações de junho de 2013 por melhorias no transporte coletiva,

tiveram algum efeito prático.

Os pesquisadores avaliaram os parâmetros das linhas de ônibus em 2012, quando

praticamente não havia faixas exclusivas, e em 2014, quando já existiam cerca de 300

km dessas faixas pela cidade. Para este trabalho, foram considerados 256 km de faixas

que tinham pelo menos 1 km de comprimento.

Hoje esse número mais que dobrou. A cidade possui 516,9 km de faixas exclusivas.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), 426,9 km entraram em

operação na atual gestão. Antes, São Paulo contava apenas com 90 km dessas vias.

Com base nos dados dos aparelhos de GPS instalados em toda a frota, fornecidos aos

pesquisadores pela SPTrans, eles calcularam a chamada velocidade funcional, desde o

terminal de partida até o terminal de chegada do ônibus.

Por esse critério, considera-se o tempo total de viagem, incluindo as paradas nos

pontos e nos semáforos, e não somente enquanto o veículo está em movimento. A

partir deste valor e de informações sobre o ônibus (como o tipo, idade, motor), a

equipe pôde calcular o consumo de combustível dos ônibus e a emissão de gases pela

queima desse combustível.

A conclusão foi que em 2012, no horário de pico da manhã, a velocidade média das

linhas de ônibus era de 13,2 km/hora. Em 2014, tinha saltado para 15 km/h – um

aumento de 13,8%. No pico da tarde, foi de 12,8 km/h para 14,1 km/h – aumento de

10,1%. As faixas da cidade em geral funcionam somente nesses dois períodos.

Apesar de algumas vias avaliadas terem registrado uma pequena redução da

velocidade, a maioria teve ganho. Em 86% dos trechos com implantação de faixas,

houve um aumento médio velocidade de 18%.

Andando mais rapidamente, os ônibus consomem menos combustível e, portanto,

emitem menos poluentes. Além da redução de 5% nas emissões de gases de efeito

estufa, responsáveis pelo aquecimento global, houve queda de 6% nas emissões de

material particulado (MP) e de 7% de óxidos de nitrogênio (NOx), dois componentes

ligados a doenças respiratórias.

Benefícios. “Quando foram criadas, houve muita reclamação de que estavam

ocupando o espaço dos carros, mas em toda a cidade temos pouco mais de 500 km de

faixas exclusivas, isso representa só 3% das vias da cidade, e é só uma faixa da rua. O

carro continua tendo espaço”, afirma a pesquisadora de mobilidade urbana Hellem de

Freitas Miranda.

“Pelo estudo vimos que os ganhos existem, mas se diluem no sistema porque o

tamanho é curto. Um ganho global mais significativo depende de escala”,

complementa.

Para avaliar o impacto que as faixas tiveram, os pesquisadores tiveram de isolar outros

fatores. No mesmo período em que as vias foram modificadas, houve também uma

renovação da frota. Por um lado, aumentou a circulação de veículos menos poluentes.

Por outro, houve uma mudança de tamanho. Ônibus menores, que eram mais comuns

na cidade, foram substituídos por maiores.

As duas alterações têm impacto nos parâmetros avaliados. A primeira também

promoveu uma diminuição nas emissões de MP (-4,42%) e de NOx (-0,59%). Já a

segunda levou a um aumento do consumo de combustível e de emissões de gás

carbônico (+0,45%).

“Queríamos comparar a responsabilidade de cada medida e inicialmente achávamos

que renovação da frota seria o maior responsável pela mudança nas emissões, mas

observamos que as faixas sozinhas tiveram um desempenho muito maior”, comenta o

pesquisador David Shiling Tsai, que prepara um inventário das emissões totais de São

Paulo.

O ganho pode ser maior, considerando que houve aumento das faixas de 2014 para cá.

Os cálculos também não levaram em conta eventuais impactos indiretos – se houve,

por exemplo, troca de carro por ônibus na cidade por causa das faixas. Hoje os carros

são a maior fonte de emissão de gases de efeito estufa entre as opções de transporte

de passageiros na cidade: são 86,51 gramas de CO2-equivalente / passageiro-

quilômetro, contra 18,65% dos ônibus.

Política pública. Na avaliação do Iema, as faixas colaboram para a melhoria da

mobilidade urbana e para o combate às mudanças climáticas. “De forma isolada, não

podem ser entendidas como a solução para os problemas de mobilidade urbana da

cidade de São Paulo, que exigem um conjunto de ações articuladas e investimentos na

expansão do transporte sobre trilhos, corredores, BRTs, ciclovias e melhoria das

condições para os pedestres. Também é necessário desestimular o uso do automóvel”,

afirma André Ferreira, diretor-presidente do Iema.

“Mas a implantação das faixas exclusivas de ônibus pela gestão que está se encerrando

foi uma medida acertada. Provocou uma reflexão nos cidadãos acerca da importância

de priorizar o transporte coletivo e contribuiu, ao menos nas linhas de ônibus

contempladas pelas faixas, para a redução do tempo de deslocamento médio dos

usuários”, diz. “Além disso, contribuem para a redução das emissões de gases

poluentes, ajudando a enfrentar o desafio de reduzir os gases causadores do efeito

estufa”, complementa.

Sujo e sem espadas, Monumento à Independência é restaurado por

brasileiros e gringos

Visando a comemoração do segundo centenário da Independência do Brasil, celebrado

em 2022, o DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), ligado à Secretaria Municipal

de Cultura, deu início à restauração do "Monumento à Independência", instalado no

parque da Independência, no Ipiranga, zona sul da capital paulista.

Com custo de R$ 1,1 milhão saído de recursos do Funcap (Fundo de Proteção do

Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano), o processo iniciado em setembro tem

como objetivo recuperar o painel frontal do conjunto escultórico de bronze e deve ser

concluído neste ano.

O trabalho está sendo realizado por uma equipe internacional supervisionada pelo

restaurador francês Antoine Amarger, referência no ramo. Ele já trabalhou na

recuperação de esculturas de Rodin e em peças do Palácio de Versalhes.

"A ideia é manter o aspecto de velho", afirma Amarger. "Fazer peças antigas

parecerem novas é como tentar fazer uma pessoa velha parecer jovem. É possível, mas

vai haver problemas."

De autoria do escultor italiano Ettore Ximenes, a obra inaugurada em 1922 abriga uma

cripta com os restos mortais de D. Pedro 1º e de suas duas mulheres, Maria Leopoldina

e Amélia.

"É um monumento de importância nacional", diz a diretora do DPH, Nadia Somekh. "É

preciso difundir a ideia de que o esforço para proteger nosso patrimônio é coletivo."

Volume armazenado do Cantareira aumentou 6% durante período de

seca

Apesar da falta de chuvas, o sistema Cantareira aumentou o volume de seus reservatórios em

6% desde o início do período de seca, em abril.

Neste ano, o mês de setembro foi o terceiro mais seco em 22 anos, de acordo com dados do

Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura de São Paulo (CGE). O índice

pluviométrico médio da cidade de São Paulo no mês foi de 18,4 milímetros, 75% abaixo da

média histórica para o mês, que é de 73,3 milímetros.

"No mês de setembro, a persistência de uma massa de ar mais seco sobre grande parte do

Sudeste dificultou a passagem de frentes frias mais organizadas sobre a Grande São Paulo.

Dessa forma, foram apenas dois dias com chuvas significativas na capital", diz Thomaz Garcia,

meteorologista do CGE.

O aumento atípico em época de seca no Cantareira ocorreu sobretudo por conta da

precipitações acima da média nos meses de junho e agosto. Em junho, choveu 178,9

milímetros sobre os reservatórios, mais que três vezes a média histórica para o mês,

de 58 milímetros. Já o mês de agosto, tipicamente seco, foi o mais chuvoso desde

1995 .

"A chuva naquela região é pouco comum na época de inverno, é algo fora do normal",

afirma o meteorologista Marcelo Pinheiro, do Climatempo. Segundo ele, a propagação

de áreas de instabilidade favoreceu a formação de nuvens carregadas na região no

período de junho e agosto, causando a precipitação.

O aumento de 6% dos níveis de armazenamento representa um adicional de cerca de

60 milhões de litros de água no sistema. O manancial é responsável pelo

abastecimento de 7,4 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Durante 2014 e 2105,

devido a seca, o Cantareira precisou utilizar seu volume morto, as reservas

emergenciais de água, para continuar abastecendo as residências na cidade.

Hoje a situação é diferente. Nesta segunda-feira (3) o sistema opera com 55,9% de sua

capacidade. No ano passado, na mesma data, ele operava com apenas 12,8%. Níveis

abaixo de 30% são considerados críticos.

A Sabesp informou, por meio de sua assessoria, que a diminuição do consumo e as

chuvas acima da média contribuíram para o aumento. Mesmo com o pior da crise

tendo passado, o paulistano continua com o consumo menor do que os níveis

anteriores à crise.

A retirada média do Cantareira, a água que sai do sistema, é de 25 m3/s no período. O

índice está abaixo da média praticada antes da crise, de 31 m3/s. Isso permite que o

manancial continue se recuperando nos próximos meses.

Enquanto a Cantareira viu o nível de seus reservatórios aumentar durante as estações

secas, o mesmo não acontece nos outros reservatórios paulistas. Os mais afetados

pelos meses de seca foram o Rio Claro, que viu seus níveis caírem de 98.7% para 70%;

e o Alto Cotia, que desceu de 97,5% para 90,7%. A queda porém, era esperada e os

níveis são considerados normais para o período.

CHUVAS DE OUTUBRO

Outubro marca o início da temporada de chuvas, que se estende até abril, no final do

verão. A partir de agora, as chuvas serão mais regulares e frequentes, mas não

necessariamente acompanhadas de uma frente fria, como acontecia no inverno.

Esta semana começou com chuvas fortes ao longo do dia. A tendência deve

permanecer até o dia 15, contribuindo ainda mais para o aumento dos níveis dos

reservatórios. Somente nesta semana, a região do Cantareira deve acumular 50

milímetros de chuva, mais que todo o mês de outubro de 2014, quando São Paulo

estava no auge da sua crise hídrica.

Na capital, a chuva que se iniciou nesta segunda (3) continuará até quinta (6), fazendo

uma breve pausa na quarta, que terá o dia úmido e nublado, mas sem chuva forte.

Apesar do início da primavera, por conta de um tempo mais frio e úmido, o paulistano

terá uma semana com cara de inverno.

A máxima na quarta não ultrapassa os 20º C, e a mínima chega aos 14º C. A partir de

quinta, o clima fica um pouco mais quente durante o dia, mas também bem mais frio

durante a noite. Na sexta, sábado e domingo, os termômetros marcam 11º C na

madrugada, e ultrapassam os 25º C durante o dia.

Segundo Pinheiro, esse tempo fechado é causado por áreas de instabilidade associadas

a um sistema de baixa pressão atmosférica, que favorecem a formação de muitas

nuvens carregadas. Ele afirma, porém, que podemos esperar um clima um pouco mais

seco a partir da semana que vem. Assim, as chuvas podem acabar fechando o mês um

pouco abaixo da média histórica.

Documentário da ONU mostra força do empreendedorismo sustentável

Um olhar sustentável sobre o Rio de Janeiro, a partir de imagens feitas com telefones

celulares. Essa é a proposta do documentário "CenaRIO: Sustentabilidade em Ação",

disponível no YouTube. O filme produzido pelo Centro RIO+ da ONU mostra a força e a

criatividade de 16 microempreendedores marcados por histórias de sucesso.

Munidos apenas de smartphones, 30 estudantes cariocas registraram iniciativas e

negócios criativos que fazem a diferença para a construção de um mundo mais

justo. Da arquitetura ao comércio, passando pelo artesanato e a confecção, todos

incorporaram práticas sustentáveis aos seus negócios. Essa é uma iniciativa piloto do

Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) no Rio de Janeiro.

Os alunos participaram de um projeto para criar um modelo de engajamento de

jovens, que será exportado para 166 países. Durante o "Semestre do Desenvolvimento

Sustentável", estudantes voluntários da Escola Nacional de Seguros percorreram o Rio

e a Baixada Fluminense para divulgar a nova agenda da ONU para o desenvolvimento.

Os voluntários registraram lições, dicas e ensinamentos de cidadãos comprometidos

com o desenvolvimento sustentável para incentivar ações semelhantes em outras

partes do Brasil e do mundo. O filme de 25 minutos teve o apoio de documentaristas,

produtores, fotógrafos e cineastas do Rio de Janeiro.

O documentário alerta que, diante da conscientização dos cidadãos sobre os efeitos

das mudanças climáticas e do esgotamento dos recursos naturais do planeta, negócios

que abraçam a sustentabilidade têm muito mais chances de prosperar e de gerar

transformações positivas nas comunidades e cidades.

Pesquisadores apresentam projeções para extremos climáticos no

Sudeste brasileiro

Os últimos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC,

na sigla em inglês) já indicavam que uma das consequências da elevação da

temperatura média global é o aumento da variabilidade climática, particularmente o

aumento da frequência de extremos, relacionados tanto ao calor e ao frio como à

ocorrência de inundações ou secas.

É nesse cenário que se inscreve a seca que vem ocorrendo no Sudeste brasileiro desde

o início do verão de 2014 e outros extremos climáticos, eventos monitorados e

estudados no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas

(INCT-MC), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) e pela FAPESP. De acordo com pesquisadores do Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de

Desastres Naturais (Cemaden), ligados ao INCT-MC, a tendência é o aumento

generalizado dos eventos de precipitação intensa e de seca extrema em algumas

regiões, particularmente no Sul e no Sudeste do Brasil.

As análises foram apresentadas durante a Conferência Internacional do INCT para

Mudanças Climáticas, realizada pelo Inpe e pelo Cemaden de 28 a 30 de setembro, em

São Paulo (SP), com a participação de pesquisadores de algumas das 108 instituições

brasileiras e estrangeiras que integram o INCT-MC.

“Cenários climáticos estão sendo produzidos para a América do Sul ao longo do século

21 e sugerem que as mudanças climáticas e seus impactos têm variação regional. As

projeções indicam que áreas do norte do continente americano experimentarão

deficiência de chuvas, enquanto áreas no sudeste deverão registrar aumento”, disse

Tercio Ambrizzi, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da

Universidade de São Paulo (USP).

Ambrizzi apresentou na ocasião a palestra “Observações e atribuição de causas da

variabilidade e extremos climáticos”, apontando esforços do INCT-MC na área.

“O último relatório do IPCC indica a ocorrência inequívoca do aquecimento global e

apresenta novas evidências sobre a real contribuição humana para o agravamento do

efeito estufa. A detecção da mudança climática é• um processo que demonstra que

o clima tem mudado baseado em algum método estatístico sem, entretanto, discutir

as causas desta mudança. A atribuição de justificativas da mudança climática é• o

processo que estabelece a mais provável causa da mudança detectada com um

determinado nível de confiança”, explicou.

Em relação à seca no Sudeste, foram avaliadas pelos pesquisadores do INCT-MC as

características dinâmicas e sinóticas (relacionadas à observação de fenômenos

climáticos e meteorológicos de grande escala, como depressões, ciclones e

anticiclones) de períodos extremos na região e sua relação com a temperatura da

superfície do mar (TSM) do Atlântico Sul.

Projeções de mudanças nos ciclones extratropicais em experimentos de aquecimento

global considerando vários cenários de emissões de gases do efeito estufa sugerem

que as regiões de ciclogênese (onde há desenvolvimento ou fortalecimento de uma

circulação ciclônica na atmosfera) próximas à costa sul do Brasil tenderão a se mover

mais para o sul no período entre 2071 e 2085. Esse resultado poderá afetar os padrões

de bloqueios atmosféricos sobre os subtrópicos, as zonas da Terra imediatamente ao

norte e ao sul da zona tropical, tendo o potencial de causar secas em várias regiões

agrícolas do país.

“A relação dos eventos extremos secos no Sudeste do Brasil que ocorrem nas estações

de outono, inverno e primavera com anomalias de temperatura da superfície do mar

no Atlântico Sul ainda não é bem entendida. Dessa forma, realizou-se um trabalho de

detecção em que foram determinadas datas desses eventos para cinco regiões, no

período de 1982 a 2009. As características sinóticas e dinâmicas desses períodos foram

investigadas por meio da análise das anomalias de TSM, das fontes de umidade, do

comportamento das frentes frias na América do Sul e de outros elementos”, contou

Ambrizzi.

O inverno foi a estação que registrou maior número de eventos secos, seguido do

outono e da primavera. As áreas localizadas na porção norte da região Sudeste foram

as que apresentaram o maior número de eventos, sendo também os mais longos,

chegando a 117 dias. Já as regiões da porção sul foram caracterizadas por menos

eventos e por períodos mais curtos, de, no máximo, 30 dias. A área localizada no

centro da região Sudeste se caracterizou por ser uma zona de transição.

Ainda de acordo com as pesquisas, as frentes frias tendem a ficar concentradas no sul

da América do Sul.

Temas integradores – A Conferência Internacional do INCT para Mudanças Climáticas,

que se encerra hoje (30/09), conta ainda com apresentações de pesquisas e projeções

nas áreas de emissões de gases do efeito estufa, zonas costeiras e oceanos, desastres

naturais, biodiversidade, saúde e segurança energética, hídrica e alimentar, entre

outros.

“Trata-se de um ambicioso empreendimento científico criado para prover informações

de alta qualidade e relevância, imprescindíveis para que o Brasil cumpra os objetivos

do seu Plano Nacional sobre Mudança do Clima”, disse Carlos Afonso Nobre,

coordenador do INCT-MC, na cerimônia de abertura do evento, que contou com

conferência magna de Marina Silva, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente.

Também participaram da cerimônia Ricardo Magnus Osório Galvão, diretor do Inpe;

Osvaldo Luiz Leal de Moraes, diretor do Cemaden; José Antonio Marengo, chefe da

Divisão de Pesquisas do Cemaden; Reynaldo Luiz Victoria, coordenador do Programa

FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG); Roberto Muniz

Barretto de Carvalho, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq); Márcio Rojas, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e

Comunicações (MCTIC); e Moacyr Cunha Araujo Filho, coordenador da Rede Clima.

O desajuste da meta climática do Brasil

Em artigo para o site Direto da Ciência, Carlos Rittl, do OC, explica por que a falta de

uma correção na INDC brasileira pode significar um passe livre para o país poluir mais

até 2030.

No dia 12 de setembro, o Brasil deu um passo importante ao se tornar um dos três primeiros grandes poluidores do mundo a ratificar o Acordo de Paris sobre mudança do clima. A velocidade da ratificação – apenas três meses e 29 dias entre o envio ao Congresso e a promulgação, em meio à crise política – surpreendeu muita gente: afinal, o Protocolo de Kyoto, que não interferia em nada na economia nacional, levou quatro anos em tramitação. Havia quem duvidasse de que uma ratificação célere de Paris fosse possível. Mas a tônica do novo acordo parece ser esta: após duas décadas de procrastinação e inação no clima, a burocracia internacional enfim começa a tentar alcançar a velocidade do mundo real. E o mundo real tem pressa.

Deveria merecer comemoração, portanto, a adesão formal do Brasil ao Acordo de Paris sobre a Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), assinada por 179 países no Rio de Janeiro em 1992. Com essa adesão, nossa INDC (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida), pela qual o país prometeu cortar 37% de suas emissões em 2025 e 43% em 2030 em relação aos níveis

de 2005, transforma-se em NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada, sem o “I”). O que era intenção torna-se compromisso obrigatório perante a ONU.

Porém, o que deveria ser motivo de aplauso pode estar acompanhado de um problema. Isso porque, no momento da ratificação, o governo abdicou de fazer ajustes na INDC que refletiriam uma mudança nos números usados como referência para a construção das metas. A ausência dessa correção pode ser interpretada tanto pelo próprio governo quanto pela comunidade internacional como um crédito para em 2025 emitir 21% mais do que em 2014. Como isso é possível?

Trata-se de uma questão de ano-base e métrica de cálculo de emissões. O ano de referência da NDC, a partir do qual os cortes deveriam ser feitos, é 2005. Naquele ano, as emissões do Brasil registraram um dos seus maiores valores históricos devido a um pico do desmatamento na Amazônia em 2004. A partir de 2005, o desmatamento caiu, derrubando as emissões. Não há nenhum problema em fixar essa base arbitrária, já que é facultado aos países definir suas linhas de base de emissões. China e Índia usam, também, o ano de 2005 como referência. Além disso, até mesmo alguns países industrializados, que, em tese, teriam o ano de referência fixado em 1990, como no Protocolo de Kyoto, usaram o ano de 2005 para a definição de suas linhas de base, como é o caso dos EUA, do Canadá e da Austrália.

A NDC brasileira não traz informações sobre nossas emissões em toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Tais números são encontrados apenas em um anexo, que o próprio governo registrou como “apenas para fins de esclarecimento”, portanto sem valor legal. Naquele anexo, informa-se que em 2005 o país emitia 2,1 bilhões de toneladas de CO2e. Aplicando os percentuais da meta, chegaríamos aos limites de 1,3 bilhão de toneladas em 2025 e 1,2 bilhão em 2030.

A origem desses números não é informada. Mas, aparentemente, trata-se um misto de cálculos feitos a partir dos dados do Segundo Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, publicado em 2010, e de Estimativas Anuais de Emissões, publicadas em 2014. O inventário nacional dá a contabilidade oficial das emissões para 2005 e ajusta, por conta de aprimoramentos metodológicos, os dados de emissão dos anos anteriores.

Em abril de 2016, o Ministério da Ciência e Tecnologia divulgou, de forma um tanto atabalhoada, o Terceiro Inventário Nacional, que registra as emissões brasileiras até 2010. Por conta de avanços metodológicos na forma de calcular emissões de desmatamento e remoções de carbono da atmosfera por florestas, os números de emissão de todo período anterior foram ajustados. Os dados para 2005 deram um susto no governo: o Terceiro Inventário mostra que, naquele ano, nós emitimos 2,7 bilhões de toneladas, cerca de 25% mais do que o estimado na INDC (ora NDC). Nossa dívida climática era mais alta — mas, em compensação, o dado também sugeria que nossas reduções entre 2005 e hoje foram muito maiores.

O comportamento do Executivo frente ao Terceiro inventário foi muito confuso. A Casa Civil segurou a sua publicação por quase um ano. Sem o inventário publicado, o Ministério do Meio Ambiente, cuja equipe questionava os novos cálculos, baseou-se

então no inventário oficial mais recente (o segundo) para a elaboração da nossa então INDC (uma explicação interessante para isso está em artigo de Mauro Meirelles de Oliveira Santos no Direto da Ciência). Já o Itamaraty, com pompa e circunstância, comunicou à ONU em maio que as novas contas mostravam que o Brasil havia reduzido suas emissões ainda mais do que que se imaginava (veja o grau de satisfação com a Terceira Comunicação Nacional do atual chefe da Divisão de Clima e Ozônio do Ministério de Relações Exteriores, Felipe Gomes Ferreira, aos 34m18s em vídeo da UNFCCC).

Aplicando o percentual de 37% de redução sobre 2,7 bilhões de toneladas, teríamos um total absoluto de emissões de cerca de 1,7 bilhão de toneladas. Como em 2014 emitimos 1,3 bilhão, segundo a métrica do governo, que inclui remoções de carbono por florestas em áreas protegidas, ganharíamos o “direito” de aumentar as emissões até 2025 e cumprir a meta mesmo assim. Daí o Observatório do Clima ter feito seguidos apelos ao governo para que fizesse o ajuste na INDC antes que ela se tornasse NDC. Ou bem deixávamos claro na meta oficial o limite absoluto de 1,3 bilhão de toneladas em 2025 e 1,2 bilhão em 2030, ou bem aumentávamos nossa ambição “nominal” para 53% em 2025 e 57% em 2030. O governo ainda não fez nem um, nem outro.

Em artigo em Direto da Ciência, Gilberto Câmara, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e um dos artífices da INDC, defendeu o não-ajuste afirmando que as comunicações nacionais, que contêm os inventários, são documentos “políticos” e não técnicos – portanto, o governo teria o direito de escolher o inventário que bem entendesse na formulação da INDC.

Sob a ótica jurídica, a afirmativa é perfeita. Só que a atmosfera não está nem aí para as regras da diplomacia. O aquecimento global já ultrapassou 1ºC e estamos a meros cinco anos de estourar o limite de poluição que nos permita ter meros 2/3 de chances de segurar o aquecimento global em 1,5ºC, a meta ideal do Acordo de Paris.

Do ponto de vista do clima, portanto, ignorar os cálculos mais atualizados Terceiro Inventário pode ter efeitos perversos: a contribuição do Brasil para solucionar a crise climática pode ser menor do que o prometido para a negociação do Acordo de Paris; e o monitoramento da trajetória mundial de emissões frente àquela que nos mantém dentro dos limites do acordo do clima fica prejudicado se a contabilidade global não é construída a partir das reais emissões atmosféricas de gases de efeito estufa.

O pesquisador Mauro Meirelles, que participou da elaboração do Terceiro Inventário, afirmou, por outro lado, também neste espaço, que mesmo que o governo federal reconheça este inventário como a melhor informação técnica sobre as emissões do Brasil em 2005, um ajuste na meta poderia não ser “técnica ou politicamente possível”, porque envolveria aumento de custos e um possível sacrifício de “áreas prioritárias para o desenvolvimento” (como se proteger cidadãos brasileiros de extremos climáticos não fosse uma prioridade para o desenvolvimento).

Nós, do Observatório do Clima, resolvemos esse problema. Uma engenharia reversa da INDC do Brasil feita pela equipe do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases

de Efeito Estufa) do OC mostrou que as políticas e medidas listadas pelo governo federal para cumprir a meta seriam capazes de entregar emissões de 1,3 bilhão de toneladas em 2025 e de 1,047 bilhão em 2030 — ou seja, ainda menos do que o estimado no anexo da NDC, usando justamente os métodos do Terceiro Inventário.

A nossa mensagem é que o governo Temer poderia ajustar a meta de clima sem ter de acrescentar qualquer meta setorial ou custo às informadas no anexo da NDC. Trata-se simplesmente de ajuste em redação, portanto, que resultaria em maior transparência em nossa comunicação com a comunidade internacional. A cobrança pelo devido aumento na ambição brasileira, necessário para ajudar esticar o orçamento de carbono de 1,5ºC até o fim deste século, deverá ser tratada tendo em vista a oportunidade de revisão do grau de ambição climática de todos os países, que se dará, já com o Acordo de Paris em vigor, em 2018.

Enquanto o governo não completar o serviço, iniciado com a ratificação, e enviar uma emenda à nossa NDC para a ONU, ficaremos diante de uma interrogação preocupante: qual é o verdadeiro grau de ambição climática do Brasil?

A boa notícia é que as regras do Acordo de Paris permitem ajustes ou trocas nas metas a qualquer tempo, desde que estes não impliquem em menos ambição. Se o presidente Temer quiser dar mais um passo positivo na agenda de clima nacional e internacional, que faça de imediato o ajuste na NDC brasileira. Desta forma, o Brasil chegaria à próxima conferência do clima (COP22), em Marrakesh, tendo feito as suas primeiras lições de casa. Mas, se não o fizer até a COP22, algum negociador mais curioso poderá ocasionalmente perguntar se a meta brasileira é, de fato, de redução ou aumento absoluto de emissões em relação aos níveis atuais. Não precisamos correr o risco de pagar esse mico. (Observatório do Clima/ #Envolverde)

* Carlos Rittl é secretário-executivo do Observatório do Clima desde 2013. Formado em administração pública pela FGV-SP, mestre e doutor em biologia tropical e recursos naturais pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), atua há 20 anos na área ambiental. Há 10 anos dedica-se aos temas de florestas, energia, sustentabilidade e mudanças climáticas, tendo liderado a Campanha de Clima do Greenpeace no Brasil (2005 a 2007) e o Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil (2009 a 2013).

Codevasf adere à A3P

Instituição passa a integrar programa que estimula atitudes sustentáveis na

administração pública.

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)

assinou, nesta segunda-feira (03/10), termo de adesão ao programa Agenda Ambiental

na Administração Pública (A3P). Criado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o

programa estimula a adoção de ações sustentáveis de produção e consumo dentro do

governo.

O secretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Edson

Duarte, elogiou o papel estratégico exercido pela Codevasf ao oficializar uma agenda

que consolida ações de produção e consumo de baixo impacto. “A agenda A3P é o

grande desafio cultural da gestão pública. É ser exemplo. E a gente espera que as

instituições públicas sejam referências aos cidadãos”. Duarte reforçou também a

expectativa da Codevasf em ser uma difusora dos princípios de sustentabilidade,

principalmente entre os parceiros e entes públicos ao longo do Vale do São Francisco.

Kênia Marcelino, presidente da Codevasf, destacou que a instituição valoriza a questão

socioambiental. “É uma preocupação de todos, uma mudança na forma de agir. Só

reforça nosso compromisso e nos impõem uma responsabilidade de ter um olhar não

só voltado para o desenvolvimento, mas para o desenvolvimento sustentável dentro

da região que atuamos”. Ela também citou os desafios diários que incluem repensar as

formas de licitação e os modos de impressão que busquem economizar recursos.

ATUAÇÃO

A Codevasf já possui o Plano de Logística Sustentável (PLS), que consiste em uma

ferramenta de planejamento para estabelecer práticas de sustentabilidade e

racionalização dos gastos institucionais e dos processos administrativos. A instituição

também já trabalha com a sensibilização dos seus funcionários promovendo a

responsabilidade socioambiental nas atividades internas e externas.

O próximo passo é criar uma comissão gestora da A3P no órgão, além de realizar o

diagnóstico socioambiental, elaborar o plano de ação, fazer capacitações, avaliações e

monitoramento. Inicialmente, o programa será implantando no edifico sede e depois

será expandido às superintendências regionais e aos escritórios.

Segundo a diretora do Departamento de Produção e Consumo Sustentável do MMA,

Raquel Breda, a assinatura do termo de adesão também é uma oportunidade da A3P

em contar com um parceiro que pode disseminar os princípios da agenda. A A3P é uma

ação voluntária, que está presente em mais de 304 instituições.

Participaram também do encontro, a diretora do Departamento de Educação

Ambiental (DEA), Renata Maranhão; o gerente da A3P, Dioclécio Ferreira da Luz; a

gerente de projetos do DEA, Thaty Annie Barreto Tavares; o assessor da Presidência da

Codevasf, Athadeu Ferreira e representantes da Gerência de Meio Ambiente da

instituição.

Potencial eólico do Brasil pode ser seis vezes maior do que o estimado

*Por Noêmia Lopes

Uma revisão do potencial eólico onshore (“em terra”) do Brasil, realizada em resposta

ao aumento da altura das torres de geração energética, aponta que o país pode ter

uma capacidade seis vezes maior de produzir energia a partir dos ventos do que o

estimado no último grande levantamento nacional, o Atlas do Potencial Eólico

Brasileiro, lançado em 2001.

A conclusão é de um estudo do subprojeto Energias Renováveis do Instituto Nacional

de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-Clima), apoiado pela Fapesp e

pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

apresentado durante a Conferência Internacional do instituto, realizada em São Paulo

recentemente. Eólico Brasileiro foi feito com a estimativa do uso de torres de 50

metros de altura. Hoje, temos torres acima de 100 metros, que ampliam o potencial

tecnicamente viável de exploração de

“O Atlas do Potencial 143 gigawatt para 880 gigawatt”, disse o coordenador da

pesquisa, Ênio Bueno Pereira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“Além disso, consideramos uma expansão das áreas que se tornam economicamente

viáveis para a instalação das torres.”

Embora no Brasil a produção de energia eólica ainda seja restrita, Pereira aponta que o

país é o quarto no mundo em termos de expansão da capacidade eólica instalada,

perdendo apenas para China, Estados Unidos e Alemanha.

“É um movimento importante, em um momento em que se busca a diminuição

da emissão de gases de efeito estufa, menor dependência de combustíveis fósseis e

garantia de segurança energética”, disse.

No campo da energia eólica, o subprojeto Energias Renováveis também estuda o

potencial offshore (“em mar”), buscando avaliar a zona costeira brasileira,

particularmente na região Nordeste; a viabilidade de exploração em áreas de

reservatórios hidrelétricos; a previsão da capacidade de geração, visando aprimorar as

estimativas calculadas em dias e horas de antecedência; e a densidade de potência

estimada até o final do século.

Sobre esse último tema, modelos revelam tendência de aumento dos ventos em

determinadas porções do norte da região Nordeste. “Embora pareça uma notícia

interessante, ventos intensos e rajadas nem sempre são bons para o sistema de

geração de energia eólica, que pode sofrer danos estruturais”, disse Pereira.

Outro aspecto ressaltado pelo pesquisador foi o potencial de geração de energia

elétrica a partir dairradiação solar. “O pior nível de irradiação no Brasil – na região

litorânea de Santa Catarina e do Paraná – é comparável aos melhores níveis de

irradiação que se tem na Alemanha, o país que mais explora a energia fotovoltaica (na

qual células solares convertem luz diretamente em eletricidade) no mundo.”

A Rede Sonda, financiada parcialmente pelo INCT-Clima, coleta dados de irradiação no

território nacional. Uma edição atualizada do Atlas Brasileiro de Energia Solar, com

informações obtidas pela Rede nos últimos 15 anos, deve ser lançada ainda neste ano.

“São necessários mais estudos sobre a variabilidade solar, mas já sabemos que, se

fossem usadas áreas como aquelas que são alagadas por hidrelétricas ou as que estão

em estado avançado de desertificação, teríamos uma grande geração de energia

fotovoltaica no Brasil”, disse Pereira.

Segundo o pesquisador, em temos de potencial teórico, fontes eólicas e solares seriam

capazes de suprir toda a demanda energética nacional. Contudo, ainda é necessário

ultrapassar obstáculos financeiros e de conhecimento.

“O problema do custo vem sendo superado pela evolução tecnológica, tanto que esses

dois tipos renováveisjá são competitivos com a energia termelétrica. Já a barreira do

conhecimento é aquela que ainda impede investidores de ter mais interesse na

geração eólica e solar. É o que o nosso projeto tenta enfrentar, investigando e

disseminando dados científicos sobre os verdadeiros potenciais dessas energias”,

disse.

Parlamento Europeu aprova ratificação do Acordo sobre clima

Entendimento entre 28 países-membros é raro avanço político.

Acordo ainda precisa ser aprovado pelos ministros

O Parlamento Europeu aprovou nesta terça-feira (4) a ratificação do Acordo de Paris contra

as mudanças climáticas.

Na sexta-feira, os estados da União Europeia já tinham declarado apoio a uma ratificação

acelerada e conjunta do acordo de Paris, garantindo apoio suficiente para que o pacto

entre em vigor neste ano.

O entendimento entre os ministros do Meio Ambiente de todos os 28 países-membros é

um avanço político raro para a UE em um momento de discórdia a respeito da crise

imigratória e de incerteza após o referendo de desfiliação do Reino Unido.

A decisão do bloco, que representa cerca de 12% das emissões poluentes globais, que foi

aprovada pelo Parlamento Europeu ainda precisa ser aprovada pelos ministros dos países-

membros.

Menos desenvolvidos são mais afetadas pela mudança climática

Um relatório divulgado nesta segunda-feira pela ONU indica que os efeitos da mudança climática impactam de forma mais profunda nas populações vulneráveis e de poucos recursos econômicos.

O documento, “Estudo Socioeconômico Mundial 2016 – Resistência à Mudança Climática: uma oportunidade para reduzir as inequidades”, procura evidenciar o estreito vínculo que existe entre o processo de desenvolvimento mundial e os impactos da mudança climática.

Uma das grandes descobertas aponta que os países menos desenvolvidos são com frequência aqueles que sofrem os embates da natureza com maior força.

Os efeitos derivam de uma falta de políticas de desenvolvimento por parte de seus governantes e que, portanto, põem em risco um maior número de habitantes.

“Infelizmente, as pessoas que correm maior risco perante os perigos climáticos são os pobres, os vulneráveis e os marginalizados, que na maioria de casos foram excluídos do progresso socioeconômico”, afirma no documento o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

Por este motivo, Ban fez um apelo para que se busque um processo de desenvolvimento equitativo em nível mundial que evite pôr em maior risco os moradores e nações com menos recursos econômicos.

De acordo com os dados compilados pelo relatório, as famílias vivendo em situação de pobreza têm maior probabilidade de serem afetadas pelos efeitos da mudança climática.

Os dados colhidos confirmaram que cerca de 29% da população mundial vive em zonas de alto risco, como áreas de desníveis, terrenos instáveis e perto de vertentes de água contaminada.

Algumas recomendações do relatório incluem um melhor acesso a projeções climáticas, modernos sistemas de comunicação e informação geográfica que permitam prever os impactos da natureza. (Fonte: Terra)

Canadá anuncia que taxará emissões de carbono a partir de 2018

O Canadá vai impor uma taxa nacional para as emissões de dióxido de carbono a partir

de 2018, anunciou o primeiro-ministro, Justin Trudeau, no Parlamento na segunda-

feira.

“Todas as jurisdições do Canadá porão preço à poluição por carbono até 2018 (…). Para

chegar a isso, o governo fixará um preço básico”, disse.

Essa taxa será imposta a partir de 2018 em todas as províncias ou territórios que não

tenham tomado medidas para acompanhar os objetivos nacionais de redução dos

gases de efeito estufa.

Trudeau fez o anúncio em uma sessão do Parlamento na qual começou a ser discutida

a ratificação do Acordo de Paris, assinado em dezembro passado por 195 nações para

frear as mudanças climáticas.

Espera-se que o Canadá ratifique o Acordo nesta semana.

O país se comprometeu a chegar a 2030 com uma redução de 30% das suas emissões

de gases poluentes, em relação aos níveis de 2005.

Duas províncias já impuseram uma taxa ao carbono, enquanto outras colocaram em

prática um mercado de intercâmbio de cotas e tetos para as emissões.