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Universidade do Minho Instituto de Educação e Psicologia Minho 2009 U Fevereiro de 2009 Sandra Marina Ribeiro Marinho A Energia Eólica e o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe: Um estudo sobre concepções e opiniões de professores de Física e Química e de alunos de 9º ano Sandra Marina Ribeiro Marinho A Energia Eólica e o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe: Um estudo sobre concepções e opiniões de professores de Física e Química e de alunos de 9º ano

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Universidade do MinhoInstituto de Educação e Psicologia

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U

Fevereiro de 2009

Sandra Marina Ribeiro Marinho

A Energia Eólica e o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe: Um estudo sobre concepções eopiniões de professores de Física e Química ede alunos de 9º ano

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Dissertação de Mestrado em EducaçãoÁrea de Especialização em Supervisão Pedagógica emEnsino das Ciências

Trabalho efectuado sob a orientação da Professora Doutora Laurinda Sousa Ferreira Leite

Universidade do MinhoInstituto de Educação e Psicologia

Fevereiro de 2009

Sandra Marina Ribeiro Marinho

A Energia Eólica e o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe: Um estudo sobre concepções eopiniões de professores de Física e Química ede alunos de 9º ano

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DECLARAÇÃO

Nome: Sandra Marina Ribeiro Marinho

Endereço Electrónico: [email protected]

Telefone: 253493426

Número do Bilhete de Identidade: 11674638

Título da Dissertação: A Energia Eólica e o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe: Um estudo sobre concepções e opiniões de professores de Física e Química e de alunos de 9º ano

Orientadora: Professora Doutora Laurinda Leite

Ano de Conclusão: 2009

Designação do Mestrado: Mestrado em Educação, Área de Especialização em Supervisão Pedagógica em Ensino das Ciências

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO, APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

Universidade do Minho, Fevereiro/2009

Assinatura: ___________________________________

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AGRADECIMENTOS

A consecução desta investigação deve-se à participação de muitas pessoas que

colaboraram com os seus conhecimentos e experiência. Assim, gostaria de exprimir os meus

reconhecidos agradecimentos:

À Professora Doutora Laurinda Leite, pela orientação, pelo apoio, pelo profissionalismo,

pela disponibilidade sempre demonstrada, pelas sugestões sempre muito pertinentes e

sobretudo, pela sua paciência.

Aos professores, aos especialistas em Educação em Ciências e aos alunos que

participaram no processo de validação de instrumentos e na recolha de dados. E ainda, aos

órgãos de gestão das várias escolas, que autorizaram a recolha de dados.

À minha família, em especial à Helena e aos meus amigos, pelo apoio, pela paciência e

encorajamento constantes que me deram em momentos de maior desânimo.

Ao Paulininho pela compreensão, amor e incentivo.

À D. Conceição, à Anabela e à Patrícia pela ajuda na revisão deste trabalho.

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A ENERGIA EÓLICA E O PARQUE EÓLICO DAS TERRAS ALTAS DE FAFE: Um estudo sobre concepções e opiniões de professores de Física e Química e de

alunos de 9º ano

RESUMO

Alguns tipos de recursos energéticos convencionais estão a esgotar-se e há problemas

ambientais, que ameaçam o planeta, e que são causados pelo uso de combustíveis fósseis. O

recurso à energia eólica, constitui, em Portugal, uma boa alternativa às energias não renováveis,

derivadas dos combustíveis fósseis. A escola, no âmbito da Educação em Ciências para todos,

deverá abordar, não só a componente científica e tecnológica da energia, mas também a sua

componente social e ambiental. As Orientações Curriculares para as Ciências Físicas e Naturais

recomendam, entre outros, que os professores, no 3ºciclo, organizem visitas de estudo a

centrais produtoras de energia, incluindo centrais eólicas. Em Fafe foi recentemente construído o

Parque Eólico das Terras Altas de Fafe (TAF), que pode ser usado para esse fim.

Assim, os objectivos do estudo consistiram em identificar concepções e opiniões de

alunos e de professores do concelho de Fafe sobre a energia eólica e sobre os parques eólicos,

designadamente sobre o Parque Eólico das TAF, enquanto parque e enquanto recurso didáctico.

Participaram no estudo 230 alunos do 9º ano de escolaridade das escolas do concelho

de Fafe e 20 professores de Física e Química a leccionar nas escolas do mesmo concelho. Os

dados foram recolhidos através de dois questionários, um destinado aos professores e outro

dirigido aos alunos.

Os resultados obtidos nesta investigação revelaram que a maioria dos alunos tem um

conhecimento superficial, mas relativamente correcto, sobre a energia eólica e sua produção. As

concepções dos alunos sobre parques eólicos são bastante simplistas, mas a maior parte deles

evidencia um conhecimento correcto sobre a sua localização, embora não demonstre estar

familiarizado com a constituição e o funcionamento dos aerogeradores. No que concerne aos

professores de Física e Química das escolas do concelho de Fafe, estes consideraram que o

Parque Eólico das TAF, não provoca poluição visual e tem benefícios para a população e para o

turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados

sugerem que os professores não tiram muito partido do referido parque.

Dado que o Parque Eólico das TAF está ao alcance dos professores de Física e Química

do concelho de Fafe e é familiar aos alunos deste concelho, mas não constitui um recurso

didáctico muito utilizado pelos docentes, parece importante desenvolver acções com vista a um

maior aproveitamento didáctico do referido parque nas aulas de ciências.

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WIND ENERGY AND THE TERRAS ALTAS DE FAFE WIND FARM: A study on Physical Sciences teachers and 9th graders’ conceptions and opinions

ABSTRACT

The reserves of some types of conventional energy have been decreasing. Besides, there

are a few environmental problems, that are threatening the future of the Planet, and that are

associated with the use of non-renewable energy sources. Alternative energy sources, including

wind energy, may offer a good alternative to non-renewable energy in Portugal. In schools,

science education for all should deal with the scientific and the technological dimensions of

energy as well as with the social and environmental issues related to it. Hence, Natural and

Physical Sciences Curriculum guidelines suggest that junior high school science teachers should

organize field trips to energy central enterprises, including wind farms. The wind farm Terras

Altas de Fafe (TAF) was recently built and it may be used for teaching about wind energy outside

the classroom.

Thus, this research study, focusing on the region of Fafe, aims at identifying students’

and teachers’ conceptions and opinions about wind energy and wind farms, namely about the

TAF wind farm, both as a wind farm and as a teaching resource.

The sample included 230 9th graders, attending schools in Fafe, and 20 Physical

Sciences teachers, that were teaching in the same schools. Data were collected by means of two

questionnaires, one for teachers and another one for students.

The results suggest that the majority of the students held a basic knowledge although

correct knowledge on the issues related to wind energy and its production. Students’ conceptions

on wind farms are very simple but most of the participants seem aware of the possible

localizations of wind farms. However, students are not very familiar with the structure and the

working principles of the wind turbines. As far as Physical sciences teachers are concerned, they

seem to believe that the TAF wind farm does not cause visual pollution and that it is beneficial for

the inhabitants and the tourism. However, the results also suggest that teachers do not rely too

much on the TAF wind farm for teaching purposes.

As the TAF wind farm is easy to access by the Physical Sciences teachers in Fafe

schools, and the students are familiar with it, it seems worthwhile to take action in order to

promote its use by the teachers and to help them to take more educational profit from the TAF

wind farm.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS

RESUMO

ABSTRACT

ÍNDICE

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I – CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO ESTUDO

1.1- Introdução

1.2- Contextualização do estudo

1.2.1- Situação Energética

1.2.1.1- Situação Energética Mundial

1.2.1.1- Situação Energética em Portugal

1.2.2- Educação em Ciências, Educação para o Ambiente e Educação Energética

1.2.3- A Educação Energética no currículo do Ensino Básico

1.3- Objectivos da investigação

1.4- Importância da investigação

1.5- Limitações da investigação

1.6- Estrutura geral da dissertação

CAPÍTULO II - REVISÃO DE LITERATURA

2.1- Introdução

2.2- Energia Eólica: Princípios e Tecnologias

2.2.1- Do vento à energia eólica

2.2.2- Parques eólicos

2.2.3- Aerogeradores

2.2.4- A Energia Eólica: Aspectos e Impactos Ambientais

2.3. Fundamentação sobre as Opiniões da Energia Eólica e sobre os Parques Eólicos

2.3.1- Opiniões acerca da energia eólica

2.3.2- Preferências face aos aerogeradores / parques eólicos

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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.1- Introdução

3.2- Descrição do estudo

3.3- População e amostra

3.4- Selecção da técnica de recolha de dados

3.5- Construção e validação dos questionários

3.6- Recolha de dados

3.7- Tratamento e análise dos dados

CAPÍTULO IV- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1- Introdução

4.2- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre a energia eólica

4.2.1- Conhecimento dos alunos sobre a energia eólica

4.2.2- Conhecimento sobre a energia eólica enquanto energia renovável

4.2.3- Vantagens e desvantagens da energia eólica relativamente a outras energias

4.2.4- Possibilidade de investimento em energia eólica em Portugal

4.2.5- Produção da energia eólica em diversos países

4.3- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre aerogeradores

4.3.1- Conhecimento dos alunos sobre aerogeradores

4.3.2- Desenhos dos aerogeradores

4.3.3- Conhecimento sobre o funcionamento dos aerogeradores

4.4- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre parque eólicos

4.4.1- Conhecimento dos alunos sobre os parques eólicos

4.4.2- Locais onde são instalados os parques eólicos

4.4.3- Visitas aos parques eólicos

4.4.4- Condições em que foram realizadas as visitas aos parques eólicos

4.4.5- Condições de audibilidade em parques eólicos

4.4.6- Interferências do parque eólico com as televisões

4.5- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre o Parque Eólico das TAF

4.5.1- Número de aerogeradores constituintes do Parque Eólico das TAF

4.5.2- Altura da torre dos aerogeradores constituintes do Parque Eólico das TAF

4.5.3- Distância entre os aerogeradores constituintes do Parque Eólico das TAF

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4.5.4- Número de pás que constituem os aerogeradores do Parque Eólico das TAF

4.5.5- Quantidade de energia produzida anualmente no Parque Eólico das TAF

4.6- Resultados referentes às opiniões dos alunos sobre o Parque eólico das TAF

4.6.1- Possibilidade de construir casas perto do Parque Eólico das TAF

4.6.2- Impacto do Parque Eólico das TAF relativamente ao ambiente, à economia e

às pessoas

4.6.3- Opinião sobre a beleza do Parque Eólico das TAF

4.6.4- Opinião sobre o Parque Eólico das TAF, poder tornar-se uma atracção turística 4.7- Resultados obtidos referentes às opiniões dos professores sobre a energia eólica

4.7.1- Condições naturais de Portugal para um bom aproveitamento da energia eólica

4.7.2- Possibilidade de investir mais na energia eólica em Portugal

4.7.3- Contribuição da Energia Eólica para a resolução dos problemas energéticos

em Portugal

4.8- Resultados referentes às opiniões dos professores sobre o Parque Eólico das TAF

4.8.1- O parque eólico como um factor de poluição visual

4.8.2- Efeitos do Parque Eólico das TAF segundo os professores

4.9- Resultados referentes às opiniões dos professores sobre o aproveitamento didáctico do

Parque Eólico das TAF

4.9.1- O Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico

4.9.2- O Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico utilizado pelos

professores de Física do concelho de Fafe

4.9.3- Parque Eólico das TAF com um serviço educativo

4.9.4- Eficácia do ensino sobre o Parque Eólico das TAF

4.9.5- Visitas de estudo realizadas a parques eólicos

4.9.6- Eficácia das visitas de estudo ao Parque Eólico das TAF no Ensino Básico

ou Secundário

CAPÍTULO V - CONCLUSÕES, IMPLICAÇÕES E SUGESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

5.1- Introdução

5.2- Conclusões da investigação

5.3- Implicações da investigação

5.4- Sugestões para futuras investigações

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

Anexo I- Versão do questionário dirigido aos alunos

Anexo II- Versão do questionário dirigido aos professores de Física e Química

Anexo III- Carta dirigida ao Presidente do Conselho Executivo

Anexo IV- Instruções fornecidas aos professores aplicadores do questionário

Anexo V- Folheto do Parque Eólico das Terras Altas de Fafe

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- “Top 10” da potência eólica acumulada, até final de Dezembro de 2007

Tabela 2- “Top 10” da potência eólica instalada, no ano de 2007

Tabela 3- Quantidade de poluentes emitidos pelo carvão, gás convencional e pela

energia eólica (kg/MWh)

Tabela 4- Características gerais da subamostra de alunos que participaram no

estudo

Tabela 5- Características gerais da subamostra de professores que participaram no

estudo

Tabela 6- Estrutura do questionário aplicado aos alunos

Tabela 7- Estrutura do questionário aplicado aos professores

Tabela 8- Conhecimentos dos alunos sobre energia eólica

Tabela 9- Distribuição das respostas dos alunos sobre o conhecimento da energia

eólica como sendo uma energia renovável

Tabela 10- Justificações dos alunos para as classificações de energia renovável

Tabela 11- Distribuição das respostas dos alunos sobre as vantagens da energia

eólica relativamente a outras energias

Tabela 12- Justificações dos alunos sobre as vantagens da energia eólica

relativamente a outras energias

Tabela 13- Justificações dos alunos que mencionaram que a energia eólica não

apresenta vantagens relativamente a outras energias

Tabela 14- Distribuição das respostas dos alunos sobre as desvantagens da

energia eólica relativamente a outras energias

Tabela 15- Justificações dos alunos para as desvantagens da energia eólica

relativamente a outras energias

Tabela 16- Justificações dos alunos que mencionaram que a energia eólica não

apresenta desvantagens relativamente a outras energias

Tabela 17- Distribuição das respostas dos alunos para a possibilidade de

investimento na energia eólica

Tabela 18- Justificações das respostas dos alunos para um maior investimento na

energia eólica

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Tabela 19- Distribuição das respostas dos alunos sobre os países que produzem

maior quantidade de energia eólica

Tabela 20- Distribuição das respostas dos alunos sobre os países que produzem

menor quantidade de energia eólica

Tabela 21- Distribuição das respostas dos alunos sobre o conhecimento de

aerogerador

Tabela 22- Justificações das respostas dos alunos sobre o conhecimento de

aerogerador

Tabela 23- Distribuição das respostas dos alunos sobre os desenhos de

aerogeradores

Tabela 24- Distribuição das respostas dos alunos relativas as legendas dos

desenhos dos aerogeradores

Tabela 25- Distribuição das respostas dos alunos sobre o funcionamento dos

aerogeradores

Tabela 26- Justificações dos alunos sobre o conhecimento de parque eólico

Tabela 27- Distribuição e justificação das respostas dos alunos sobre os locais

onde são instalados os parques eólicos

Tabela 28- Distribuição das respostas dos alunos sobre a realização de visitas a

parques eólicos

Tabela 29- Distribuição das respostas dos alunos sobre os locais onde foram

realizadas as visitas aos parques eólicos

Tabela 30- Distribuição das respostas dos alunos sobre as condições em que

foram realizadas as visitas aos parques eólicos

Tabela 31- Distribuição das respostas dos alunos face à audibilidade no parque

eólico

Tabela 32- Justificação das respostas dos alunos que referem que os amigos não

conseguem ouvir no parque eólico

Tabela 33- Justificação das respostas dos alunos que referem que os amigos se

conseguem ouvir no parque eólico

Tabela 34- Distribuição das respostas dos alunos face às interferências do parque

eólico com as televisões

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Tabela 35- Justificação das respostas dos alunos que afirmaram que o parque

eólico interfere com a televisão

Tabela 36- Justificação das respostas dos alunos que afirmaram que o parque

eólico não interfere com a televisão

Tabela 37- Justificação das respostas dos alunos que afirmaram que não têm a

certeza se o parque eólico interfere com a televisão

Tabela 38- Distribuição das respostas dos alunos face ao número de

aerogeradores do Parque Eólico das TAF

Tabela 39- Distribuição das respostas dos alunos face à altura da torre dos

aerogeradores do Parque Eólico das TAF

Tabela 40- Distribuição das respostas dos alunos face à distância entre os

aerogeradores do Parque Eólico das TAF

Tabela 41- Distribuição das respostas dos alunos face ao número de pás que

constituem os aerogeradores do Parque Eólico das TAF

Tabela 42- Distribuição das respostas dos alunos face à quantidade de energia

produzida anualmente no Parque Eólico das TAF

Tabela 43- Distribuição das respostas dos alunos face à possibilidade de construir

casas perto do Parque Eólico das TAF

Tabela 44- Justificação das respostas dos alunos que moram perto do parque

eólico que referem que não é possível construir casas perto do Parque

Eólico das TAF

Tabela 45- Justificação das respostas dos alunos que moram afastados do parque

eólico que referem que não é possível construir casas perto do Parque

Eólico das TAF

Tabela 46- Distribuição das respostas dos alunos face à distância do Parque Eólico

das TAF relativamente às casas habitacionais

Tabela 47- Distribuição das respostas dos alunos que moram perto do parque face

ao impacto do Parque Eólico das TAF relativamente ao ambiente, à

economia e às pessoas

Tabela 48- Distribuição das respostas dos alunos que moram afastados do parque

face ao impacto do Parque Eólico das TAF relativamente ao ambiente,

à economia e às pessoas

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Tabela 49- Distribuição das respostas dos alunos face à opinião do Parque Eólico

das TAF

Tabela 50- Distribuição das respostas dos alunos face à opinião do Parque Eólico

das TAF, poder tornar-se uma atracção turística

Tabela 51- Justificação das respostas dos alunos que moram próximo do parque

que referem que o Parque Eólico das TAF pode tornar-se uma

atracção turística

Tabela 52- Justificação das respostas dos alunos que moram próximo do parque

que referem que o Parque Eólico das TAF talvez possa tornar-se uma

atracção turística

Tabela 53- Justificação das respostas dos alunos que moram mais afastados do

parque que referem que o Parque Eólico das TAF talvez possa tornar-

se uma atracção turística

Tabela 54- Justificação das respostas dos alunos que moram mais afastados do

parque que referem que o Parque Eólico das TAF pode tornar-se uma

atracção turística

Tabela 55- Justificação das respostas dos professores sobre as condições naturais

de Portugal para um bom aproveitamento da energia eólica

Tabela 56 - Justificações das respostas dos professores para um maior

investimento na energia eólica

Tabela 57 - Distribuição das respostas dos professores sobre a contribuição da

energia eólica para a resolução dos problemas energéticos

Tabela 58 - Justificação das respostas dos professores sobre a contribuição da

energia eólica para a resolução dos problemas energéticos

Tabela 59 - Distribuição das respostas dos professores sobre o Parque Eólico das

TAF enquanto factor de poluição visual

Tabela 60 - Justificação das respostas dos professores sobre o Parque Eólico das

TAF enquanto factor de poluição visual

Tabela 61 - Distribuição das respostas dos professores face ao impacto do Parque

Eólico das TAF relativamente à população, ao ambiente, à economia,

ao desenvolvimento do parque habitacional e ao turismo.

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Tabela 62 - Distribuição das respostas dos professores sobre a utilização do

Parque Eólico das TAF como recurso didáctico

Tabela 63 – Justificação das respostas dos professores sobre a utilização do

Parque Eólico das TAF como recurso didáctico

Tabela 64 - Distribuição das respostas dos professores sobre a utilização do

Parque Eólico das TAF como recurso didáctico utilizado pelos

professores de Física do concelho de Fafe

Tabela 65 - Distribuição das respostas dos professores sobre a possibilidade de,

no Parque Eólico das TAF, existir um serviço educativo

Tabela 66 - Distribuição das respostas dos professores sobre a eficácia do ensino

sobre o Parque Eólico das TAF

Tabela 67 - Distribuição das respostas dos professores sobre a realização de

visitas de estudo a parques eólicos

Tabela 68 - Distribuição das respostas dos professores sobre a organização de

visitas de estudo ao Parque Eólico das TAF no Ensino Básico ou

Ensino Secundário

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Potência de energia eólica instalada e acumulada

Figura 2- Tendência da potência de energia eólica

Figura 3- Esquema organizador do tema “Terra em Transformação”

Figura 4- Representação do escoamento do vento na zona circundante de um obstáculo

Figura 5- Imagem do efeito de esteira

Figura 6- Esquema da colocação de turbinas eólicas num parque eólico

Figura 7- Esquema típico de um parque eólico

Figura 8- Esquema de um aerogerador

Figura 9- Esquema do rotor e da cabina

Figura 10- Esquema do ruído produzido um parque eólico

Figura 11- Esquema das interferências electromagnéticas

Figura 12- Variação da aceitação da energia eólica antes, durante e após a construção de um parque eólico

Figura 13- Mapa do concelho de Fafe

Figura 14.A- Aerogerador com as três partes (cabina, pás e torre)

Figura 14.B- Aerogerador com as duas partes (pás e torre ou cabina e torre)

Figura 14.C- Desenho não explícito

Figura 15.A1- Aerogerador com a legenda das três partes (cabina, pás e torre)

Figura 15.A2- Aerogerador com a legenda de duas partes (cabina e torre ou pás e torre)

Figura 15.A3- Aerogerador com a legenda de uma parte (pás)

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CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO ESTUDO

1.1- Introdução

Este capítulo tem como objectivo apresentar e contextualizar a investigação realizada.

Para esse efeito, inicia-se o capítulo com a contextualização da investigação (1.2), organizada em

três secções. No subcapítulo seguinte apresentam-se os objectivos da investigação (1.3) e

discute-se a sua importância (1.4). Posteriormente, descrevem-se as principais limitações da

investigação (1.5) e, por fim, conclui-se este capítulo com a apresentação da estrutura geral da

dissertação (1.6).

1.2- Contextualização do estudo

A contextualização da investigação inicia-se com a análise da situação energética (1.2.1),

a nível mundial (1.2.1.1) e em Portugal (1.2.1.2). Posteriormente, é abordada a importância e

relação da Educação em Ciências, com a Educação para o Ambiente e com a Educação

Energética (1.2.2). De seguida, analisa-se a relevância da Educação Energética no currículo do

Ensino Básico (1.2.3).

1.2.1- Situação Energética

1.2.1.1- Situação Energética Mundial

Nos anos setenta (do século XX) viveu-se uma grande crise petrolífera, devido à

percepção do esgotamento dos combustíveis fósseis e à subida do preço do petróleo. Essa crise

serviu para o mundo e, principalmente, para os países industrializados se aperceberem de quão

instável e inseguro era o sistema energético contemporâneo e começaram a tentar encontrar

alternativas aos combustíveis convencionais (Arrastía-Ávila, 2005). No entanto, nos últimos anos,

o consumo de petróleo, gás natural, carvão, energia hidroeléctrica e energia nuclear cresceu em

15.0%, devendo-se esse crescimento a uma procura energética excepcional, a nível mundial,

devido principalmente ao desenvolvimentos das sociedades e das tecnologias. Entre 2002 a

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2005, a procura de energia na China subiu 65%, o que representa mais de metade do aumento

global da procura energética (International Energy Agency, IEA, 2005).

Todavia, o consumo mundial de energia, proveniente de fontes não renováveis (petróleo

e carvão) correspondia, em 2004, a aproximadamente 86% do total, cabendo apenas 14% às

fontes renováveis (IEA, 2004).

Contudo, nos últimos anos, o consumo mundial de energia renovável tem vindo a

aumentar, tendo esse acréscimo atingido os 4.3%, em 2004, face ao ano anterior (IEA, 2004).

O aumento da utilização de electricidade produzida a partir de fontes de energia

renováveis é uma das medidas necessárias para o cumprimento do Protocolo de Quioto e da

Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e é promovido pela Directiva

2001/77/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de Ministros, de 27 de Setembro de 2001.

Segundo esta Directiva, os Estados-Membros deveriam aprovar e publicar, até 27 de Outubro de

2002, e, depois, de cinco em cinco anos, um relatório que definisse as metas indicativas

nacionais sobre o consumo futuro de energia eléctrica produzida através de fontes renováveis,

em termos de percentagem do consumo de energia eléctrica, para os próximos dez anos.

Também deveriam publicar, até 27 de Outubro de 2003 e, depois, de dois em dois anos, um

relatório que contivesse uma análise da consecução das metas definidas.

As metas nacionais estabelecidas pelos governos dos diversos Estados Membros

deverão ser compatíveis com a meta indicativa global de 12% do consumo nacional bruto de

energia, em 2010 ser produzida a partir de fontes renováveis e, em especial, com a quota

indicativa de 22.1% da electricidade consumida na comunidade, em 2010, ser produzida a partir

de fontes de energia renováveis.

No que concerne às diversas energias renováveis, a energia eólica é apontada como a

mais económica e a que envolve uma tecnologia mais madura (Simão et al., 2004), ou seja,

uma tecnologia que já está bem desenvolvida.

O potencial eólico mundial é imenso. Segundo a European Wind Energy Association,

EWEA (2002), estima-se que em todo o mundo o potencial seja de 53000TWh/ano, enquanto

que o consumo eléctrico mundial está previsto aumentar até 25818TWh/ano em 2020. Estes

valores representam um enorme desafio para a indústria da energia eólica, pois significam que é

possível gerar mais energia a partir do vento do que aquela que é consumida.

Segundo Acckermann & Söder (2002), na década de noventa (do século XX), a potência

mundial de energia eólica instalada dobrou aproximadamente em cada três anos. No final de

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1999, a maioria da potência eólica instalada situava-se na Europa (70%), seguindo-se a América

do Norte (19%) e as restantes partes do mundo, nomeadamente, a Ásia e o Pacífico (9%). Nos

finais de 2004, a potência instalada no mundo situava-se nos 48GW, quantidade suficiente para

satisfazer as necessidades energéticas de dezanove milhões de habitações, o que equivale a

cerca de 47 milhões de pessoas. No entanto, a utilização do vento para produzir energia não

tem sido equivalente nos diversos países, pois a Europa é responsável por 72% da potência

instalada no mundo, e, também, por 72% do crescimento durante o ano de 2004 (Associación

Eólica de Galicia, 2005).

A potência instalada nos 25 países membros da União Europeia (UE), em 2004, foi de

5838MW e, em 2005, foi de 6183MW, o que corresponde a um aumento de 5.9%. O mercado

europeu relativo à energia eólica tem apresentado um crescimento anual de aproximadamente

26%, entre 2000 e 2005. No entanto, alguns impedimentos, tais como, o acesso à rede de

distribuição de electricidade e questões do foro administrativo, têm obstruído um

desenvolvimento mais rápido (Global Wind Energy Council, GWEC, 2006) do aproveitamento do

vento para efeitos de produção de electricidade.

No ano de 2006, os países que produziam mais energia eólica eram a Alemanha e a

Espanha. De realçar, ainda, que os Estados Unidos, Dinamarca e Portugal eram países

produtores de bastante energia deste tipo (GWEC, 2006). Pelo contrário, a Hungria, a Roménia e

a Estónia eram, nesse ano, os países que produziam menores quantidades de energia eólica

(GWEC, 2006).

A GWEC (2008) afirmou que, em 2007, foram instalados 20000MW de potência eólica,

produzidos pelos EUA, China e Espanha, enquanto que a potência mundialmente instalada

alcançou os 94112MW, o que corresponde a um aumento de 31%, relativamente ao ano de

2006 e representa um aumento global da potência eólica instalada de cerca de 27%.

Hoje em dia, verifica-se que a concentração do mercado da energia eólica está

localizada em alguns países da Europa, nomeadamente, na Alemanha, na Espanha e na

Dinamarca, os quais contribuem com aproximadamente 80% do total da potência da EU (GWEC,

2008).

A tabela 1 apresenta a distribuição da potência eólica acumulada nos dez países do

mundo (em MW) com maior aproveitamento de energia eólica, no final de 2007. Como pode ver-

se, Portugal ocupava, precisamente, a décima posição.

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Tabela 1 – “Top 10” da potência eólica acumulada, até final de Dezembro de 2007 (GWEC, 2008)

Segundo o GWEC (2008), os principais líderes do mercado em termos de potência

acumulada da energia eólica são a Alemanha (22.3GW), os Estados Unidos da América

(16.8GW), a Espanha (15.1GW), a Índia (8GW) e a China (6.1GW). Na Europa, a energia eólica

aumentou mais de que qualquer outro tipo de energia, um aumento que se deve, em especial, à

Espanha (EWEA, 2008a).

A potência dos aerogeradores na Europa, em 2006, era de 8662MW e, até ao final de

2007, foi alcançado um valor de cerca de 57135MW de potência eólica, correspondendo a um

aumento de 18%, em relação ao ano anterior. Este aumento evitará a produção de,

aproximadamente, 90 milhões de toneladas de CO2 e produz 119TWh, em um ano (EWEA,

2008a).

A Europa permanece como o principal mercado de energia eólica, mas a instalação de

novas potências eólicas na Europa representa pouco mais de 43% da potência total em 2007, o

que traduz um decréscimo de cerca de 75%, em relação a 2004. Pela primeira vez, em décadas,

mais de 50% do mercado da energia eólica situa-se fora da Europa e é provável que esta

tendência continue no futuro (EWEA, 2008a).

A Europa, a América e a Ásia continuam a ser os principais produtores de energia eólica.

No entanto, a África (nomeadamente, Egipto, Marrocos, Irão e Tunísia) aumentou a potência de

energia eólica, em cerca de 42%, atingindo 534MW, no final de 2007.

Como mostra a tabela 2, os cinco países que mais potência eólica instalaram no ano de

2007 foram os Estados Unidos da América (5244MW), a Espanha (3522MW), a China

(3449MW), a Índia (1730MW) e a Alemanha (1667MW).

A Espanha marcou um novo recorde, em 2007, tornando-se o país da UE que utiliza

maior quantidade de energia eólica, sendo 10% da sua electricidade produzida a partir dela.

Potência eólica acumulada

Potência eólica acumulada País

(MW) % País

(MW) % Alemanha 22 247 23.6 Itália 2 726 2.9 EUA 16 818 17.9 França 2 454 2.6 Espanha 15 145 16.1 Reino Unido 2 389 2.5 Índia 8 000 8.5 Portugal 2 150 2.3 China 6 050 6.4 Top 10- Total 81 104 86.2 Dinamarca 3 125 3.3 Resto do mundo 13 008 13.8

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Também se destaca a França, que instalou cerca de 888MW, em 2007, alcançando uma

potência total de 2454MW, e a Itália, com 603MW, tendo uma potência total de 2726MW.

Os Estados Unidos da América, em 2007, instalaram cerca de 5244MW de energia

eólica, o que corresponde a uma duplicação da sua potência, em relação ao ano anterior. Se

continuar com esta tendência, é possível que, em 2009, os EUA superem a Alemanha, que tem

sido o líder mundial da energia eólica (American Wind Energy Association, AWEA, 2008).

Tabela 2 – “Top 10” da potência eólica instalada, no ano de 2007 (GWEC, 2008)

No ano de 2005, somente em três estados dos EUA (Dakota do Norte, Kansas e Texas)

existia energia eólica suficiente para satisfazer as necessidades energéticas do país. Contudo,

apesar de os EUA produzirem cerca de 11.2 biliões de kWh de energia eléctrica através de

parques eólicos, esse valor equivale a menos de 1% das suas necessidades (AWEA, 2006).

Todavia, em 2020, a energia eólica poderá corresponder a pelo menos 6% da energia eléctrica

utilizada nos EUA (AWEA, 2006). Este aumento significará que se utilizarão menos recursos

naturais e não se produzirá poluição.

Na Ásia e na Índia, depois de a década de 90 (do século XX) ser considerada calma em

termos de desenvolvimentos energéticos, devido a uma crise económica, verificou-se, em 2004-

2005, um crescimento acentuado, totalizando 4430MW de potência instalada (IEA, 2005).

No que concerne à China, este país instalou cerca de 3449MW, em 2007, o que

representa um aumento de 156%, em relação ao ano de 2006, e a coloca no quinto lugar da

potência eólica instalada no mundo (IEA, 2008). A Associação de Indústria de Energia Renovável

Chinesa (CREIA) prevê que a potência eólica instalada da China ronde os 50000MW, antes de

2015.

O mercado Japonês não era considerado muito activo em termos de investimento em

energia eólica, embora o Japão seja fabricante e promotor de parques eólicos. Contudo, parece

Potência eólica instalada

Potência eólica instalada País

(MW) % País

(MW) %

EUA 5 244 26.1 Itália 603 3.0 Espanha 3 522 17.5 Portugal 434 2.2 China 3 449 17.2 Reino Unido 427 2.1 Índia 1 730 8.6 Canadá 386 1.9 Alemanha 1 667 8.3 Top 10- Total 18 350 91.4 França 888 4.4 Resto do mundo 1 723 8.6

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que esta desproporção tem vindo a ser corrigida nos últimos anos devido a incentivos, no preço

por kWh produzido e também devido a concessões importantes para projectos de energias

renováveis. Efectivamente, no Japão verificou-se um aumento da potência instalada, desde

461MW, no final de 2002, até 1078MW, no final de 2005 (Abreu, 2006).

Um marco importante para a indústria eólica são os offshore, ou seja, parques eólicos

marítimos (situados no mar). A EWEA estabeleceu como objectivo a nível europeu a instalação

de 75GW de potência de energia eólica, até 2010, sendo 10GW atribuídos a parques offshore.

Instalaram-se cerca de 600MW de potência eólica, até ao final de 2004, nas zonas

litorais e nas águas inferiores de cinco países europeus (Dinamarca, Reino Unido, Suécia,

Holanda e Irlanda). De entre esses países, salienta-se a Dinamarca, não só porque foi pioneira,

mas também por possuir o maior parque do mundo, com 165.6MW de potência. Em 2008 e

2009 estima-se que o potencial eólico offshore seja de 800MW, no Reino Unido, 200MW, na

Dinamarca, 140MW, na Suécia, 120MW, nos Países Baixos, 105MW, na França, 60MW, na

Alemanha, e 30MW na Bélgica. Assim sendo, no final de 2008, 80% do mercado dos offshore

deverá ter sido concentrado na Dinamarca e no Reino Unido. Estima-se que até 2015 estejam

instalados entre 10 a 15GW na Europa (EWEA, 2008b).

Nos últimos anos, imensos países estabeleceram metas para a utilização de energia

renovável de forma a satisfazer as políticas de redução de gases com efeito de estufa. Os

objectivos mais elevados foram propostos pela UE e assumidos na Directiva sobre Energias

Renováveis (directiva 2001/77/CE, Conselho de Ministros nº 154/2001, 27 de Setembro de

2001), a qual fornece metas indicativas para cada Estado-Membro. Esta directiva adopta o

objectivo de conseguir que 12% das necessidades eléctricas da Europa, em 2020, sejam

satisfeitas através da energia eólica. Esta meta poderá ser alcançada, especialmente, se for tido

em atenção o novo mercado offshore.

Mantendo-se, até 2010, uma taxa média de crescimento anual instalada em 25%,

atingir-se-á, naquele ano, um valor total igual a 197.5GW. Prevê-se que entre 2011 e 2014, a

taxa crescerá até 20%, o que significará no término desse período, uma potência instalada de

453.8GW de potência. Deste modo, a potência total mundial instalada em 2020 será idêntica a

12000MW, produzindo cerca de 3000TWh de energia, o que equivale a 12% do consumo total

de electricidade previsto (EWEA, Greenpeace, 2005).

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1.2.1.2- Situação Energética em Portugal

Tanto quanto se sabe, Portugal não tem recursos conhecidos de petróleo ou de gás

natural e as jazidas de carvão estão praticamente extintas. O sistema energético português é

muito dependente das fontes de energia não renováveis, não disponíveis no país,

nomeadamente, do petróleo, do gás natural e do carvão, o que provoca um crescimento

significativo das importações e contribui para a poluição atmosférica (Costa, 2005).

Efectivamente, a situação energética portuguesa é caracterizada pelo facto de 85% da energia

consumida ser importada, sendo o petróleo responsável pela maioria das importações. No que

diz respeito à produção de energia eléctrica, o petróleo apenas é responsável por 25%, o carvão

por 47% e os recursos hídricos por 28%. Este último valor pode aumentar até 40%, em anos

favoráveis (Rodrigues, 2004), ou seja, em anos de elevada pluviosidade.

Face a estas realidades e às implicações da importação de recursos energéticos para a

economia nacional, Portugal viu-se confrontado com a necessidade de desenvolver formas

alternativas de produção de energia, especificamente, promovendo e incentivando a utilização de

recursos endógenos (Costa, 2005). Na verdade, Portugal tem a sua mais valia de energia em

recursos energéticos renováveis, pois é um dos países da Europa, com um elevado potencial ao

nível dos recursos de biomassa, de energia eólica, de energia das marés e da energia solar (IEA,

2008).

Como já foi referido anteriormente, o aumento da utilização de electricidade obtida a

partir de fontes de energia renováveis constitui uma das medidas conducentes ao cumprimento

em Portugal, do Protocolo de Quioto e da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações

Climáticas e é fomentado pela Directiva 2001/77/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho de

Ministros, de 27 de Setembro de 2001. A directiva comunitária traduziu-se num plano

estratégico para a promoção das fontes de energia renovável, designado Programa E4 (Eficiência

Energética e Energias Endógenas). Com este programa de apoio, Portugal assumiu um

compromisso de pelo menos 39% da produção de energia eléctrica, em 2010, ser oriunda de

fontes renováveis. O compromisso parte do pressuposto de que o plano de electricidade poderá

prosseguir com a construção de novos aproveitamentos hidroeléctricos, com potência superior a

10MW, e de que outro tipo de potência renovável venha a aumentar a uma taxa anual, oito vezes

superior à verificada em 1997.

A Resolução do Conselho de Ministros (n.º 63/2003, de 28 de Abril), que aprova as

orientações da política energética em Portugal, veio incentivar os aproveitamentos hidroeléctricos

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e as energias renováveis, nomeadamente, a hídrica (de pequena escala), a eólica, a biomassa e

a fotovoltaica.

Segundo Sousa et al. (2005a), no período de 1991 a 1997, constatou-se que, em

Portugal, ocorreu uma evolução da contribuição das fontes de energia renovável para a produção

de energia eléctrica. No ano de 1997, Portugal tinha já um significativo contributo das fontes de

energia renovável para a produção global de energia eléctrica, mas esse contributo era

sobretudo devido à forte intervenção que as centrais hidroeléctricas tinham no quadro energético

português.

A evolução da produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis em Portugal,

no período de 1991 a 2002, sofreu um aumento de 9.9% na produção total de energia eléctrica

(entre os anos 1991 e 1997 a energia produzida cresceu 14.3%, mas registou-se em 1997-2002

um decréscimo de 23.2%). No entanto, se não se tiver em conta a contribuição dos recursos

hídricos, a energia produzida, em 2002, aumentou praticamente três vezes face ao valor

registado, em 1991 e duas vezes relativamente ao valor registado, em 1997 (Sousa et al.,

2005a).

Em Portugal, face ao diminuto potencial de crescimento da potência instalada em

centrais hídricas e à sua dependência das condições climatéricas, é necessário fomentar o

aproveitamento de outras fontes renováveis para a produção de energia eléctrica,

nomeadamente, a partir das energias eólicas, solares, geotérmicas, biomassas e biogás (Sousa

et al., 2005b).

Constata-se que, no âmbito português, o vento e o sol, enquanto recursos naturais, não

estão a ser devidamente aproveitados para a produção de energia eléctrica. Assim, e dado que o

potencial de crescimento da produção de energia eléctrica em aproveitamentos hídricos não é

suficiente para alcançar as metas da directiva, constitui motivo para a aposta em fontes de

energias renováveis, tais como, a energia eólica e energia solar, entre outras (Sousa et al.,

2005b).

Relativamente à energia eólica, em 1997 (ano de referência) a energia produzida foi

trinta e seis vezes superior à produção de 1991; no ano de 2002, a produção foi praticamente

dez vezes superior à registada, em 1997; em 2002, a energia produzida foi trezentas e sessenta

vezes superior ao valor registado, em 1991 (Sousa et al., 2005a).

Em 2004, Portugal apresentou a maior taxa de crescimento no segmento da energia

eólica, em todo o mundo ocidental. A potência instalada de turbinas eólicas no mercado nacional

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rondava 585MW, número que contrasta com os 311MW verificados no período homólogo do ano

anterior. No entanto, e apesar deste incremento, Portugal detém apenas 1.2% da quota mundial

de energia eólica, segundo a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG, 2005).

O ano de 2005 caracterizou-se por um grande dinamismo quanto à entrada em

funcionamento de novos parques eólicos. No final de 2005, estavam ligados mais trinta e cinco

parques do que no final de 2004. Cinco desses parques são de grandes dimensões. A potência

eólica instalada representava um pouco mais de 9% do total da potência instalada a nível

nacional, ou seja, mais do dobro da verificada, no final de 2004. A produção eólica representou

em 2005 cerca de 3.6% do consumo total de energia eléctrica, mais do dobro do valor de 2004,

valor este que equivale ao consumo total de Portugal Continental durante quase duas semanas

(Rede Eléctrica Nacional, REN, 2006).

Durante o ano de 2006, entraram em actividade 36 novos parques eólicos,

representando um crescimento de 60% na potência instalada que, no final do ano, era de

1513MW, relativos a 137 parques. A produção eólica representou, em 2006, cerca de 6% do

consumo total de energia eléctrica (REN, 2007a).

Ao longo do primeiro semestre de 2007, entraram em actividade nove parques eólicos,

representando um crescimento de cerca de 15% na potência ligada à rede, que, no final do

semestre, era de 1731MW, correspondentes a 148 parques. A produção eólica representou, no

primeiro semestre, cerca de 8% do consumo total de energia eléctrica (REN, 2007b).

No final de 2007, a potência de energia eólica acumulada em Portugal era de 2125MW,

sendo 2108MW referentes a Portugal Continental e 17MW relativos aos arquipélagos da Madeira

e dos Açores (DGEG, 2007). A potência eólica instalada em 2007 foi de 439MW (EWEA, 2008a).

Através da figura 1, pode constatar-se que a nova potência de energia eólica instalada

em Portugal, no ano de 2007, foi ligeiramente inferior em relação a anos anteriores (IEA, 2008).

Nos últimos anos, tem-se vindo a assistir a um desenvolvimento considerável no sector eólico

em Portugal (Ferreira et al., 2007).

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Figura 1- Potência de energia eólica instalada e acumulada

(retirada de IEA, 2008, p.211)

A figura 2 evidencia a variação de potência de energia eólica entre os anos de 2001-

2010. Mantendo-se este cenário, de crescimento da potência desta energia, Portugal poderá

cumprir as metas nacionais para o aproveitamento de energia eólica, designadamente no que

respeita ao facto de se ter comprometido, perante a UE, a instalar uma potência de 3750MW até

2010.

Figura 2- Tendência da potência de energia eólica

(retirada de IEA, 2008, p.212)

Como já foi mencionado, Portugal, no respeito pelas metas da UE, assumiu a

responsabilidade de produzir, em 2010, 39% do consumo eléctrico a partir de fontes renováveis

de energia, tomando como referência o ano de 1997. Tendo em conta que o crescimento anual

do consumo de electricidade verificado nos últimos anos varia entre os 5 e 6%, prevêem-se

algumas dificuldades no cumprimento dos objectivos propostos (BCG, 2004). De modo a reduzir

a dependência energética face ao exterior e a aumentar o investimento nas energias renováveis,

em particular na energia eólica, o governo aumentou a meta prevista de 3750MW, até ao ano de

2010 (o que constitui cerca de 25% do total da potência instalada até 2010 (Estanqueiro et al.,

2007)), para 5100MW, até ao ano de 2013.

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A produção de energia eléctrica através do vento representa cerca de 4% do consumo

final de electricidade e é expectável que até 2010 represente 15%, segundo a DGEG (2008).

As previsões apontam para que as metas definidas para a energia hídrica e para as

fontes de energia renováveis (excluindo a eólica) serão dificilmente alcançadas (BCG, 2004). O

sector eólico é o que apresenta maior potencial de crescimento, o que faz com que a energia

eólica tenha um papel fundamental no futuro sistema eléctrico nacional, particularmente para

atingir as metas traçadas pelo Protocolo de Quioto e pela Directiva Europeia das energias

renováveis (Estanqueiro et al., 2007; Ferreira, 2008).

1.2.2- Educação em Ciências, Educação para o Ambiente e Educação Energética

Em 2005 a UNESCO, com o apoio das Nações Unidas, lançou a Década da Educação

para o Desenvolvimento Sustentável (UNESCO, 2006). A Educação para o Desenvolvimento

Sustentável (EDS) baseia-se no conhecimento da natureza e da relação que o Homem tem com

ela (Milachay et al., 2006). Porém, ultrapassa esta ligação, uma vez que se projecta sobre

decisões que o Homem deve tomar enquanto ser individual ou colectivo, num contexto nacional

ou mundial, sobre aspectos que há algum tempo atrás eram desconhecidos ou somente

tratados por especialistas (Milachay et al., 2006). Conhecer, tomar decisões e actuar sobre o

meio ambiente, sem pôr em causa as gerações futuras, são competências que se impõem ao

Homem e ao estado actual do desenvolvimento da humanidade (Mendoza, 2005; Milachay et

al., 2006). Para tal, e segundo estes autores, os cidadãos precisam adquirir consciência do

papel que desempenha a energia nas sociedades desenvolvidas e dos problemas ambientais

associados ao uso de fontes de energia convencionais, de modo a poderem usar racional e

eficientemente os recursos energéticos, através de uma actuação social responsável, que

garanta a protecção do meio ambiente e a possibilidade de alcançar um Desenvolvimento

Sustentável (DS).

Energia e meio ambiente são conceitos inseparáveis, uma vez que as fontes de energia

utilizadas não são indiferentes e têm influência para e no ambiente. Infelizmente, o sistema

energético contemporâneo, nomeadamente, no que respeita ao modo como se obtêm e

consomem os recursos energéticos actuais, é uma das principais causas da destruição do meio

ambiente (Arrastía-Ávila, 2005; Crespo & Osmán, 2006).

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Moran (2006) designa os processos educativos relacionados com o uso racional das

diversas fontes de energia por Educação Energética (EE). Arrastía-Ávila & Blanch (2006) definem

a EE, como sendo:

A EE está inscrita num contexto que abarca os seguintes aspectos: a energia como

conhecimento científico, a energia como uma componente da educação ambiental, e a energia

como componente da formação laboral e prática do aluno (Milachay et al., 2006). Graças a esta

diversidade de componentes, vários autores (Fiallo, 2001; Crespo & Osmán, 2006) consideram

a EE como sendo um tema transversal, que está associado a várias áreas do conhecimento e

que requer um enfoque interdisciplinar. Por outro lado, a EE baseia-se em problemas que

transcendem o sistema educativo e que afectam toda a sociedade e é fundamental na formação

de valores essenciais na sociedade actual e futura (Crespo & Osmán, 2006; Díaz, 2002).

Segundo Crespo & Osmán (2006), a abordagem transversal desta temática é de grande

importância para a vida quotidiana, na medida em que possibilita aos estudantes tomarem

consciência da necessidade de assumirem posições correctas face aos diversos problemas

associados à energia, de modo a que formem os seus próprios critérios e actuem em

concordância com eles com vista à promoção de um DS. Sendo a EE um tema com implicações

ambientais e sociais, ela tem como base uma componente axiológica e atitudinal, ou seja, deve

envolver uma educação para os valores, que seja capaz de contribuir para um desenvolvimento

ético e moral do aluno enquanto cidadão.

No que diz respeito aos conteúdos, a EE deve incluir um conjunto de conhecimentos

básicos que os alunos devem possuir sobre a energia e sobre os actuais problemas energéticos,

relacionados com os problemas globais do meio ambiente, bem como com os problemas

socioeconómicos e políticos que a humanidade enfrenta (Crespo & Osmán, 2006). Devem,

ainda, desenvolver nos alunos hábitos e competências para mobilizarem os conhecimentos em

situações concretas, e também convicções e valores que permitam regular a sua actuação social

no terreno da produção, transporte e consumo da energia (Crespo & Osmán, 2006; Lliteras,

2006).

“um processo contínuo de acções pedagógicas dirigidas ao desenvolvimento de um sistema de conhecimentos, procedimentos, competências, comportamentos, atitudes e valores em relação ao uso sustentável da energia. Como fenómeno educativo, a EE é um processo longo e complexo que inclui assumir como próprios, conceitos e procedimentos, mais especialmente, valores e atitudes” (p. 105).

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A EE pode constituir, e constitui, um privilégio para uma parte da população do planeta,

pois há ainda cerca de 120 milhões de crianças, em idade escolar, sem acesso ao Ensino

Básico, e também 869 milhões de analfabetos e outros tantos considerados como alfabetizados,

mas que carecem de conhecimento sobre energia. Acresce que cerca de 2400 milhões de

habitantes do nosso planeta não têm acesso permanente à electricidade, nem a recursos

económicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar outras fontes de energia (Morán, 2006;

Pedrosa & Mendes, 2005).

O termo energia está presente de uma forma regular (Yucel, 2007), nos mais diversos

meios de comunicação social e, provavelmente, nenhum outro conceito científico tem tantas

implicações para a vida quotidiana como o conceito de energia (Wellington, 2003). O estudo das

formas e fontes de energia, bem como do impacto ambiental do consumo de energia é um

factor importante para o desenvolvimento social e a tomada de decisões sobre questões

relevantes para a sociedade. Para garantir tendências e condutas mais adequadas, no acesso

aos consumos dos recursos energéticos, necessita-se de uma EE para o DS e de uma

consciência energética, generalizadas, que garantam o respeito ambiental (Arrastía-Ávila &

Blanch, 2006; Raviolo et al., 2000). As bases éticas da EE radicam na promoção da prática da

equidade, assim como do valor da solidariedade (Arrastía-Ávila, 2005). Segundo o mesmo autor,

a solidariedade, um elemento chave para a base ética da EE, entende-se como um dever que se

tem para com as gerações futuras, em relação ao cuidado e uso adequado dos recursos

energéticos. Esta solidariedade traduz-se na exploração racional dos recursos energéticos,

utilizando as tecnologias disponíveis mais avançadas, para garantir às gerações vindouras um

modelo energético sustentável. Por estas razões, a EE é um aspecto fundamental para a

formação de uma cultura geral e integral de todo o cidadão do século XXI (Arrastía-Ávila, 2005) e

deverá contribuir para uma provisão estável e sustentável de energia para todos os habitantes do

planeta e para as gerações vindouras (Arrastía-Ávila & Blanch, 2006).

Assim, os professores devem ensinar os alunos a serem solidários, mas devem também

incutir-lhes hábitos de racionalização e austeridade no uso da energia, como parte da sua

formação como cidadãos, ou seja, consumidores, produtores e decisores responsáveis, que

devem ser capazes de medir as consequências dos seus actos, para além do seu impacto

imediato (Arrastía-Ávila, 2005). Fazendo esta educação em ligação com o meio onde os alunos

estão envolvidos, os professores conseguirão, simultaneamente, desenvolver atitudes benéficas

para o ambiente e as destrezas necessárias ao desenvolvimento cognitivo dos seus alunos

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(Raviolo et al., 2000), futuros cidadãos activos, que terão que participar de diversas formas, em

decisões acerca das políticas energéticas a adoptar no seu país ou região.

Ao contrário do que se pode pensar, os valores são um tipo de conhecimento que se

pode ensinar e aprender (Arrastía-Ávila, 2005). Desenvolver o sentimento de solidariedade

perante a injusta repartição da energia mundial, assim como o sentido de responsabilidade que

advém do facto de toda a população compartilhar a protecção do meio ambiente e a prevenção

dos efeitos nefastos da produção massiva da energia a partir dos combustíveis fósseis, são

assuntos que os educadores devem ter em conta nas actividades de aprendizagem que

organizam para os seus alunos.

Segundo Arrastía-Ávila (2005), há sete princípios éticos relevantes para a formação de

uma cultura energética sustentável, à escala global. São eles:

• “Acessibilidade Justa - a energia deve estar disponível para todos.

• Uso Racional - o consumo desmedido e o uso banal de energia devem ser reduzidos.

• Sustentabilidade e Equidade Internacional - as fontes de energia devem ser renováveis, satisfazendo justamente as necessidades do presente, sem prejudicar as futuras gerações para satisfazer as suas próprias necessidades.

• Responsabilidade ambiental - devem ser postas em práticas as medidas para reduzir o impacto ambiental da produção, distribuição e uso de energia.

• Inovação, Investigação e Desenvolvimento - os países devem investir em investigações, desenvolvimento e formação de recursos humanos no campo da energia.

• Educação através dos meios de difusão - a educação e a informação sobre temas relacionados com a energia devem ser fiáveis, precisos e entendidos por todos.

• Cooperação Internacional - é indispensável um pensamento global que respeite a ética da energia.”(p.107).

Neste contexto, a EE deve ser concebida como uma das finalidades do Ensino Básico e

as temáticas energéticas devem constituir um elemento estruturador dos programas (Arrastía-

Ávila, 2005).

Perante o cenário da possibilidade do esgotamento de determinados recursos

energéticos e das respectivas consequências para a humanidade, torna-se indispensável

fomentar o desenvolvimento de atitudes conducentes à valorização, racionalização e poupança

de energia (Raviolo et al., 2002). Para isso, torna-se necessário fazer com que os conteúdos

relacionados com a energia contribuam para a alfabetização científica (Raviolo et al., 2002).

Embora necessários, os conteúdos científicos relacionados com a energia não são suficientes

para que essa alfabetização ocorra. Por isso, o Ensino das Ciências, em vez de limitar-se a

transmitir conteúdos conceptuais, de forma mais ou menos desligados da realidade ambiental e

social, deve permitir educar pelas Ciências (DEB, 2001a), isto é, apetrechar os cidadãos, não só

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com os saberes científicos, mas também com competências ao nível das atitudes, possibilitando

assim o desempenho de uma cidadania informada e responsável, no que concerne a temas e

problemáticas relacionados com energia (Leite et al., 2007).

A energia é a condição necessária para o bem-estar, tanto social como económico, pois

possibilita mobilidade e comodidade à população e também é responsável pela produção da

maior parte da riqueza bruta dos países industrializados (Valadares et al., 2002). Contudo, o

recurso a combustíveis fósseis, nomeadamente, para a produção de electricidade e para os

transportes, causa efeitos nefastos no ambiente, pois origina gases poluentes, designadamente,

dióxido de carbono e outros gases que provocam o efeito de estufa (Fernández Domínguez,

2005).

Pode, por isso, considerar-se que a utilização da energia é um problema com uma

componente científica e uma componente social, sendo que todos os cidadãos têm um papel

fundamental na sua discussão e resolução. A escola, no âmbito da Educação em Ciências para

todos, deverá abordar não só a componente científica e tecnológica da energia, mas também a

sua componente social (Valadares et al., 2002).

1.2.3- A Educação Energética no currículo do Ensino Básico

O Ensino Básico tem como objectivo a formação de pessoas capazes de alcançar uma

elevada qualidade de vida, tanto a nível pessoal como social, e de intervir na vida cívica, de

forma isenta, consciente e crítica (DEB, 2001a). Deste modo e de acordo com o Currículo

Nacional do Ensino Básico (CNEB), este nível de ensino visa formar cidadãos cientificamente

cultos, conscientes das suas responsabilidades sociais (DEB, 2001a). Nesta linha, estrutura-se a

componente de Ciências Físicas e Naturais em quatro temas organizadores (“Terra no Espaço”,

“Terra em Transformação”, “Sustentabilidade na Terra” e “Viver melhor na Terra”), tendo essa

estruturação subjacente a ideia de que “viver melhor no planeta Terra pressupõe uma

intervenção humana crítica e reflectida, visando um desenvolvimento sustentável que, tendo em

consideração a interacção Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente, se fundamente em

opções de ordem social e ética e em conhecimento científico” (DEB, 2001a, p. 133).

No âmbito do primeiro tema (“Terra no Espaço”), o CNEB não faz qualquer referência à

energia. Contudo, o segundo tema (“Terra em Transformação”) do CNEB refere que, no âmbito

deste tema, os alunos devem desenvolver, entre outras, competências relacionadas com a

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“compreensão das transformações que contribuem para a dinâmica da Terra e das suas

consequências a nível ambiental e social” (DEB, 2001a, p. 137). Estas transformações estão

associadas a fenómenos que envolvem energia. Assim, e como se pode constatar na figura 3, o

subtema “Energia” é um dos subtemas deste tema organizador.

Figura 3- Esquema organizador do tema “Terra em Transformação” (DEB, 2001a, p.138)

O CNEB, aquando da apresentação das competências a desenvolver pelos alunos no

âmbito do tema “Terra em Transformação”, até ao final dos três ciclos do Ensino Básico,

explicita competências relacionadas com a temática energia. No 1º ciclo, embora seja referida a

competência: “explicitação de alguns fenómenos com base nas propriedades dos materiais”

(DEB, 2001a, p. 137), não é feita uma abordagem, de uma forma directa, à energia. Contudo,

alguns manuais fazem referência à energia quando abordam os recursos naturais,

designadamente, quando propõem o estudo do ar e referem que se produz energia eólica

através do vento e quando abordam a água e fazem referência à energia hídrica. Também no 2º

ciclo, apesar de ser apresentada a competência “compreensão da importância de se questionar

sobre transformações que ocorrem na Terra e de analisar as explicações dadas pelas Ciências”

(DEB, 2001a, p. 138), o subtema energia é abordado de uma forma implícita, semelhante ao

que acontece no 1º ciclo. No 3º ciclo, a propósito da competência “reconhecimento de que na

Terra ocorrem transformações de materiais por acção física, química, biológica, indispensáveis

para a manutenção da vida na Terra “ (DEB, 2001a, p. 139), também é feita uma abordagem

indirecta à energia. Neste caso, esta abordagem implícita no CNEB é desenvolvida e tornada

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explícita nas Orientações Curriculares para as Ciências Físicas e Naturais (OCCFN) para o

3ºciclo do Ensino Básico, as quais sugerem que, a partir de um contexto familiar aos alunos, se

abordem conteúdos científicos, recorrendo a situações do quotidiano e aos conhecimentos que

os alunos já possuem sobre relações energéticas.

No desenvolvimento das temáticas relacionadas com energia, no âmbito do tema

organizador (“Terra em Transformação”), as OCCFN recomendam dois subtemas: Fontes e

Formas de Energia; e Transferências de Energia. De acordo com as OCCFN, no primeiro caso,

deve ser feita uma análise das diferentes fontes de energias (as renováveis e as não renováveis)

e das vantagens que oferecem relativamente à produção de energia eléctrica; no segundo caso,

deverá ser abordado o conceito geral de energia, o princípio da conservação da energia e o

conceito de rendimento.

No que concerne ao estudo das fontes de energia, os alunos devem compreender os

conceitos de energia renovável e de energia não renovável, para que possam perceber os

motivos que levam às escolhas de energias alternativas para o futuro (em termos de

consequências ao nível ambiental, económico, social, tanto em termos locais como em termos

globais) e, desta forma, possam investigar e fundamentar as diferentes preferências. Assim, as

OCCFN sugerem que os alunos recolham informação sobre a fonte de energia que usam

actualmente na sua região, os motivos que levam ao seu uso e modo de utilização, que se

aborde, na área curricular não disciplinar de Área de Projecto, as fontes de energia utilizadas no

passado e se relacione a sua evolução com o desenvolvimento da região e, ainda, que se

comparem as fontes de energia utilizadas em diferentes regiões (DEB, 2001b).

Para que as opções energéticas sejam feitas de uma forma fundamentada, é essencial

aprofundar os conceitos mas tendo em linha de conta a realidade, uma vez que, a importância

deste subtema para um cidadão comum não está somente relacionada com conhecimentos

científicos sobre as energias, mas depende, acima de tudo, da eficácia de medidas de consumo

energético (Facal et al., 2006). Talvez, por esta razão, as OCCFN propõem que os alunos

analisem extractos de programas televisivos ou de jornais, participem em grupos de discussão

na internet, considerando aspectos como o consumo de combustíveis fósseis, a previsão de

gastos na sua extracção e o esgotamento das reservas existentes e, ainda, a discussão de

alternativas energéticas (DEB, 2001b).

O aprofundamento dos conceitos de energia renovável e de energia não renovável

parece fazer sentido, na medida em que existem ideias inadequadas e preconcebidas sobre o

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carácter poluente destes tipos de energia. Efectivamente, relativamente às energias renováveis

existe uma ideia preconcebida que nenhuma é poluente (Raviolo et al., 2000). No entanto, a

biomassa emite gases poluentes (Rodrigues, 2004). O mesmo acontece com as energias não

renováveis, na medida em que, é frequente associar a energia nuclear a uma energia poluente,

apesar de se saber que a produção deste tipo de energia não dá lugar à emissão de gases

(Raviolo et al., 2000).

As OCCFN recomendam que os alunos realizem actividades de resolução de problemas

e tomada de decisão, aquando da abordagem deste assunto, por exemplo, decidir que fonte de

energia seleccionar para construir uma central de produção de energia, numa determinada

região; decidir que região será mais apropriada para implementar uma central de produção de

energia. Sugerem, ainda, que se realizem actividades que envolvam jogos de papéis, centrados

na utilização de energias renováveis e não renováveis, onde os alunos abordem questões

controversas e discutam aspectos diversos relacionados com a temática (DEB, 2001b).

No que concerne, ao subtema, Transferência de Energia, como já foi referido

anteriormente, deve ser abordado o conceito geral de energia, princípio da conservação da

energia e o conceito de rendimento. Para perceber que a energia é uma propriedade dos

sistemas e que as transferências de energia ocorrem entre sistemas, as OCCFN sugerem não só

que os alunos analisem montagens experimentais e modelos de centrais produtoras de energia,

mas também que realizem visitas de estudo a centrais produtoras de energia, identificando as

transferências de energia que aí ocorrem (DEB, 2001b). Propõem, ainda, que no

desenvolvimento desta unidade sejam elaborados projectos para construção de uma casa

ecológica, construção de uma casa energeticamente eficiente e minimização das perdas de

energia numa casa. Para concluir a abordagem do subtema Energia, as OCCFN sugerem que

seja feito um debate centralizado no aparente paradoxo entre as ideias da necessidade de

poupar energia e de conservação da energia (DEB, 2001b).

Relativamente ao tema organizador “Sustentabilidade na Terra”, o seu objectivo

fundamental é que “os alunos tomem consciência da importância de actuar ao nível do sistema

Terra, de forma a não provocar desequilíbrios, contribuindo para uma gestão regrada dos

recursos existentes” (DEB, 2001a, p.9). Alerta, ainda, para o facto de que, “para um

desenvolvimento sustentável, a Educação em Ciências deverá ter em conta a diversidade de

ambientes biológicos, sociais, económicos e éticos“ (DEB, 2001a, p.140). No âmbito deste tema

e no 1º ciclo, o CNEB recomenda o desenvolvimento das seguintes competências relacionadas

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com a energia: “reconhecimento da utilização dos recursos nas diversas actividades humanas” e

“reconhecimento que os desequilíbrios podem levar ao esgotamento dos recursos, à extinção

das espécies e à destruição do ambiente” (DEB, 2001a, p.141). No 2º ciclo, pretende-se que os

alunos desenvolvam as seguintes competências: “identificação de medidas a tomar para a

exploração sustentável dos recursos” e “planificação e implementação de acções visando a

protecção do ambiente, a preservação do património e o equilíbrio entre a natureza e a

sociedade” (DEB, 2001a, p.142). Embora o conceito de energia não esteja explícito, ele está

subjacente à questão da exploração sustentável dos recursos e às acções visando a protecção

do ambiente.

No que diz respeito ao 3º ciclo, as competências directas ou indirectas relacionadas com

a energia e explicitadas pelo CNEB são: “reconhecimento de que a intervenção humana na

Terra, ao nível da exploração, transformação e gestão sustentável dos recursos, exige

conhecimento, científico e tecnológico em diferentes áreas”; “discussão sobre as implicações do

progresso científico e tecnológico na rentabilização dos recursos”; ”compreensão de que o

funcionamento dos ecossistemas depende de fenómenos envolvidos, de ciclos de matéria, de

fluxo de energia e de actividade de seres vivos, em equilíbrio dinâmico”; “tomada de decisão

face a assuntos que preocupam as sociedades, tendo em conta factores ambientais, económicos

e sociais”; e “divulgação de medidas que contribuam para a sustentabilidade na Terra” (DEB,

2001a, p.142).

As OCCFN sugerem que, na disciplina de Ciências Naturais (CN), relativamente ao

subtema Ecossistemas e no sub-subtema Fluxo de Energia e Ciclo de Matéria, seja feita uma

revisão da função do Sol como sendo uma fonte de energia, partindo do princípio que esta

questão já foi previamente tratada na disciplina de Ciências Físico-Químicas (C.F.Q.) (DEB,

2001b).

Para o subtema Gestão Sustentável dos Recursos, comum às disciplinas de CN e C.F.Q.,

as OCCFN sugerem uma abordagem centrada em três questões base: ”quais são as

consequências das aplicações científicas dos recursos naturais?”; “quais as consequências das

aplicações científicas e tecnológicas para a Terra?”; e “como poderemos contribuir para a

sustentabilidade da Terra?” (DEB, 2001b, p.27). Sugerem, ainda, que a abordagem seja feita a

nível multidisciplinar: ”o trabalho pode desenvolver-se na disciplina de Ciências Naturais e na de

Ciências Físico-Químicas em articulação, ou ser abordado de forma transdisciplinar, com a

intervenção das disciplinas de História, Geografia, Português, entre outras. Pode também ser

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desenvolvido em Área de Projecto, constituindo ocasião para os alunos desenvolverem

actividades de pesquisa” (DEB, 2001b, p.27). Para além, disso recomenda que as actividades

de pesquisa sejam feitas no contexto de um dos sub-subtemas Recursos Naturais – Utilização e

Consequências; Protecção e Conservação da Natureza; e Riscos das Inovações Científicas e

Tecnológicas para o Indivíduo, a Sociedade e o Ambiente (DEB, 2001b).

No que diz respeito ao sub-subtema Recursos Naturais – Utilização e Consequências, as

OCCFN propõem que os alunos façam um levantamento dos recursos naturais existentes na sua

região, que posteriormente realizem um estudo mais aprofundado. Recomenda, ainda, que os

alunos façam um estudo sobre a utilização dos recursos energéticos e as respectivas

consequências, onde deverá ser destacada a utilização de recursos, tais como a água e o

petróleo. As OCCFN sugerem, também, que se realce a importância dos combustíveis fósseis,

nomeadamente, do petróleo, no nosso dia-a-dia e se investigue a relação entre a velocidade de

consumo comparativamente com o tempo de formação dos combustíveis fósseis. Propõem,

ainda, que os alunos apresentem soluções energéticas alternativas aos combustíveis fósseis,

tendo em atenção situações reais, tais como a construção de barragens, de centrais eléctricas e

de centrais eólicas. Através da recolha de informação feita pelos alunos, estes deverão tomar

decisões energéticas, tendo em conta as vantagens e desvantagens das energias alternativas

(DEB, 2001b), relativamente às convencionais.

No que concerne ao sub-subtema Protecção e Conservação da Natureza, as OCCFN

sugerem que os alunos apresentem propostas para uma gestão racional dos recursos, tendo em

consideração o Protocolo de Quioto e o facto de a necessidade de extrair, transformar e usar os

recursos naturais ter vantagens e inconvenientes (DEB, 2001b).

Por fim, quanto ao sub-subtema Riscos das Inovações Científicas e Tecnológicas para o

Indivíduo, a Sociedade e o Ambiente, as OCCFN sugerem que os alunos façam um debate sobre

problemáticas reais, como por exemplo, os acidentes nucleares, tendo em conta a natureza

social e ética destes acidentes. Este trabalho permite que os alunos reflictam sobre as vantagens

e desvantagens de algumas inovações científicas para o indivíduo, para a sociedade e para o

ambiente, consciencializando-se de que a Ciência e a Tecnologia não são os responsáveis

directos pelos malefícios, mas que essa responsabilidade reside antes no não controlo das

aplicações científicas ou no seu mau uso (DEB, 2001b).

O quarto tema organizador “Viver melhor na Terra” tem como objectivo “a compreensão

que a qualidade de vida implica saúde e segurança numa perspectiva individual e colectiva”

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(DEB, 2001a, p.143). Neste tema, as experiências de aprendizagem devem visar o

desenvolvimento de competências relacionadas com a energia, tais como: “compreensão dos

conceitos essenciais relacionados com a saúde, utilização de recursos, e protecção ambiental

que devem fundamentar a acção humana no plano individual e comunitário” (DEB, 2001a,

p.144).

No 1º ciclo o CNEB propõe a “realização de actividades experimentais simples sobre

electricidade e magnetismo” (DEB, 2001a, p.144). É ainda sugerido pelo CNEB a realização de

actividades com pilhas, lâmpadas, ímanes e com máquinas simples (DEB, 2001a). No 2º ciclo,

não é feita qualquer referência, nem implícita nem explícita, à energia pelo CNEB. No 3º ciclo, o

CNEB, propõe que, no âmbito deste tema, as aprendizagens possibilitem aos alunos o

desenvolvimento de algumas competências, nomeadamente a “avaliação e gestão de riscos e

tomada de decisão face a assuntos que preocupam as sociedades, tendo em conta factores

ambientais, económicos e sociais” (DEB, 2001a, p.146) sem, contudo, mencionar o conceito

“energia”. No entanto, as OCCFN na disciplina C.F.Q. relativamente ao subtema Sistemas

Eléctricos e Electrónicos, no sub-subtema Circuitos Eléctricos, sugerem que os alunos façam

montagem de circuitos eléctricos simples, identificando os componentes do circuito e analisando

as transferências de energia. Propõem que os alunos, também, efectuem uma pesquisa acerca

da produção de energia eléctrica nos séculos XIX e XX, com o intuito de perceberem a sua

evolução (DEB, 2001b). Quanto ao sub-subtema Electromagnetismo, as OCCFN referem que na

disciplina de C.F.Q., os alunos devem analisar e distinguir turbina, gerador, dínamo e alternador

(DEB, 2001b) utilizados na produção de energia eléctrica.

Da análise que se acaba de apresentar conclui-se que o tema Energia está presente, de

forma mais ou menos explícita no CNEB o qual prevê a sua abordagem não só ao nível

conceptual, mas também atitudinal e de modo quer disciplinar quer transdisciplinar.

A temática relacionada com a energia é bastante actual, por ter implicações económicas

e um papel social importante e talvez, consequentemente, associada a diversas polémicas. Por

isso, se adequadamente abordada, possibilita aos alunos fazer uma aproximação ao seu meio

envolvente e desenvolver atitudes benéficas para com o ambiente (Raviolo et al., 2000). Esta

aproximação, reconhecida como importante pelas OCCFN, é necessária para que haja uma

sensibilização da população em geral, e da comunidade escolar, em particular, para uma

utilização mais racional da energia.

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1.3- Objectivos da investigação

O recurso às energias renováveis, nomeadamente a energia eólica, é em Portugal uma

boa alternativa às energias não renováveis, tais como as derivadas dos combustíveis fósseis. No

concelho de Fafe foi instalado um parque eólico (o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe (TAF))

que pode constituir um recurso didáctico para a abordagem do tema Energia nas Escolas

Básicas e Secundárias da região. A questão que se coloca é de saber em que medida esse

parque está a ser ou tem probabilidade de vir a ser um recurso didáctico para os professores de

Física e Química das escolas daquele concelho. Considerando que esse aproveitamento poderá

depender das concepções e opiniões dos intervenientes no processo de ensino aprendizagem,

designadamente dos professores e alunos, os objectivos específicos deste estudo são:

• Identificar as concepções e atitudes dos alunos do concelho de Fafe sobre a energia

eólica;

• Caracterizar os conhecimentos e opiniões dos alunos do concelho de Fafe sobre os

parques eólicos;

• Caracterizar os conhecimentos e opiniões dos alunos do concelho de Fafe sobre o

Parque Eólico das TAF;

• Identificar as opiniões dos professores de Física e Química sobre a energia eólica;

• Caracterizar as opiniões dos professores de Física e Química sobre os parques

eólicos;

• Identificar as práticas e opiniões de professores de Física e Química sobre a

utilização didáctica do Parque Eólico das TAF.

1.4- Importância da investigação

Com esta investigação pretende-se averiguar as concepções e opiniões dos alunos e

professores sobre os parques eólicos, nomeadamente, sobre o Parque Eólico das TAF.

Através deste estudo ficará disponível algum conhecimento sobre o que pensa e as

atitudes que tem uma determinada comunidade (professores e alunos) sobre a energia eólica,

parques eólicos e ainda sobre as práticas e opiniões dos professores acerca da utilização

didáctica de um parque eólico, nomeadamente, o Parque Eólico das TAF. Para além disso, as

conclusões do estudo poderão contribuir para:

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• Construir um suporte pedagógico para apoio aos professores no que respeita à

utilização e ao funcionamento de um parque eólico;

• Melhorar as condições necessárias à promoção das concepções e crenças da

comunidade, face à energia eólica, dado que o seu conhecimento permitirá uma

maior e melhor divulgação posterior das potencialidades e limitações deste tipo

de energia.

Finalmente, ambiciona-se motivar os professores, nomeadamente, de Física e Química,

que possam consultar a dissertação elaborada, para a inclusão de parque eólicos,

nomeadamente, do Parque Eólico das TAF, como um recurso didáctico, nas suas práticas

pedagógicas.

1.5- Limitações da investigação

Esta investigação apresenta algumas limitações, tanto no que concerne à amostra

seleccionada, como no que se refere à técnica de recolha de dados usada e, ainda, no que diz

respeito ao tipo de análise de dados efectuada.

Assim, consideram-se como principais limitações referentes à amostra, o facto de o

número de professores que responderam ao questionário ser na globalidade reduzido (vinte) e o

facto de os professores de duas escolas (Básica 2, 3 de Montelongo e Básica 2, 3 de Silvares)

não terem respondido ao questionário. De referir, ainda, que o facto de se ter centrado em

professores e alunos do concelho de Fafe, implica que as conclusões da investigação sejam

restritas à população desta Área Educativa.

No que se refere à técnica de recolha de dados, o inquérito por questionário, sabe-se

que ela apresenta algumas limitações, de entre as quais se realça a veracidade das respostas

dos inquiridos, pois a recolha de dados processa-se por meio de uma comunicação indirecta

entre investigador e respondente e não permite nem clarificar questões nem aprofundar

respostas nem ainda averiguar se o que os respondentes afirmam corresponde ao que

efectivamente pensam ou fazem. Com o intuito de minimizar estas limitações, procedeu-se à

validação dos questionários por especialista na área da Educação em Ciências e à análise da

adequação dos mesmos aos respondentes. Contudo, não se pode assegurar absolutamente a

anulação das limitações referidas.

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Além, disso, os questionários foram aplicados no 3º período, fase em que os

intervenientes no processo de ensino e aprendizagem estão mais cansados, o que poderá ter

interferido negativamente a qualidade das respostas obtidas.

No que diz respeito ao tratamento de dados, a desejada objectividade na análise de

conteúdo das respostas referentes às questões abertas dos questionários é difícil de atingir, uma

vez que um conteúdo pode ser interpretado de diversas formas e que não havia possibilidade de

clarificar significados com os autores das respostas. Assim, e apesar do esforço efectuado no

sentido de diminuir este problema, não é possível afirmar com segurança que este tenha sido

completamente anulado.

1.6- Estrutura geral da Dissertação

A dissertação está divida em cinco capítulos. No primeiro capítulo faz-se a

contextualização e apresentação da investigação, e discute-se a importância e as limitações da

mesma.

O segundo capítulo refere-se à revisão de literatura relacionada com o tema do estudo.

Este capítulo encontra-se subdividido em duas partes que se centram, por um lado, nos

aspectos científicos relacionados com a energia eólica, com parques eólicos e aerogeradores e,

por outro lado, nos aspectos didácticos-pedagógicos referentes às atitudes face à energia eólica

e às opiniões sobre os parques eólicos.

No terceiro capítulo descreve-se e justifica-se a metodologia utilizada no desenvolvimento

do estudo. Assim sendo, inicia-se com a descrição do estudo, que sintetiza os procedimentos

adoptados para o estudo. De seguida, justifica-se a selecção da técnica de recolha de dados,

descreve-se o processo de elaboração dos instrumentos de recolha de dados, caracteriza-se a

amostra seleccionada. Por fim, descreve-se o modo como os dados foram recolhidos e justifica-

se o tratamento dos mesmos.

No quarto capítulo apresentam-se os resultados obtidos no estudo e discutem-se os

mesmos com base na literatura revista. O capítulo inclui oito subcapítulos, centrados em

diversos aspectos e nos dois tipos de intervenientes (alunos e professores).

O quinto, e último capítulo, sintetiza as conclusões do trabalho de investigação, discute

as suas implicações e apresenta algumas sugestões para futuras investigações.

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A seguir a este último capítulo, aparece a bibliografia referida ao longo da dissertação,

organizada por ordem alfabética, e, finalmente, os anexos considerados relevantes para uma

adequada compreensão do trabalho.

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CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

2.1- Introdução

Este capítulo apresenta a fundamentação teórica da investigação realizada. O capítulo

encontra-se divido em dois subcapítulos. O primeiro subcapítulo, referente à Energia Eólica:

Princípios e Tecnologias (2.2) está dividido em quatro partes, todas elas centradas em vertentes

da fundamentação científica da investigação. Assim, este subcapítulo inicia-se com uma

discussão sobre o vento e a energia eólica (2.2.1), de seguida aborda-se os parques eólicos

(2.2.2), os aerogeradores (2.2.3) e os aspectos e impactos ambientais da energia eólica (2.2.4).

O segundo subcapítulo centra-se na fundamentação das opiniões e reacções face à energia

eólica e aos parques eólicos. Está subdivido em duas partes: a primeira refere-se às opiniões

acerca da energia eólica (2.3.1) e a segunda analisa as preferências dos cidadãos face aos

aerogeradores e aos parques eólicos (2.3.2).

2.2- Energia Eólica: Princípios e Tecnologias

2.2.1- Do vento à energia eólica

Ao longo dos séculos, o vento foi essencial para o desenvolvimento dos povos. A sua

aplicação mais antiga está associada à utilização do vento nos barcos à vela, os quais parecem

ter tido a sua origem quando, no ano 2800 antes de Cristo, os Egípcios criaram as embarcações

com mastro e vela para ajudar os escravos a remar nas águas do rio Nilo (Windpower, 2006).

Em Portugal, os barcos com estas características foram usados nos Descobrimentos, entre os

séculos XV e XVII (Estanqueiro & Silva, 1996). Os Persas começaram a usar a energia do vento

alguns séculos antes de Cristo, construindo grandes moinhos de vento, para serem utilizados na

moagem de grãos (Windpower, 2006).

A energia eólica foi também utilizada para transportar água. Porém, o método exacto do

transporte de água não é conhecido, pois não existem desenhos ou modelos, mas apenas as

palavras que o descrevem e que foram passando de geração em geração. O modelo Persa, que

foi o primeiro a ser documentado, continha velas verticais, feitas de cana ou de madeira, ligadas

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a uma estrutura vertical que rodava em torno de um eixo horizontal. Na década de 60 (do século

XX) era ainda possível encontrar moinhos persas em funcionamento, no norte do Irão, usado

sobretudo, para bombear água (Estanqueiro & Silva, 1996).

A primeira aplicação documentada de um moinho de vento é referente à moagem de

cereais, na Pérsia e na China. Na Europa, demorou algum tempo para se conhecer este modo

de aproveitamento do vento. No entanto, quando começou a ser utilizado nos países

mediterrânicos, acabou por se expandir, depois, aos países nórdicos. Durante séculos, os

mecanismos utilizados na transformação de energia eólica não sofreram grandes modificações e

as suas aplicações reportam-se somente à moagem de cereais, extracção de óleos, drenagem e

elevação de água (Windpower, 2006).

Os moinhos com um dispositivo de eixo horizontal surgiram na Europa Ocidental, nos

campos da Holanda e da Inglaterra, e pensa-se que evoluíram a partir do modelo Persa de eixo

vertical. Com este tipo de moinhos, o vento e a água tornaram-se a fonte primária de energia

mecânica medieval inglesa. Ao longo da Idade Média, os aperfeiçoamentos técnicos continuaram

a ocorrer, nomeadamente, nas áreas de produção de lâminas aerodinâmicas, de desenho de

engrenagens e, de forma geral, no desenho de moinhos de vento. O maior progresso no moinho

de vento europeu está associado ao desenho das velas que permitiu um aumento da qualidade

da moagem e da bombagem da água. Apesar de este processo de melhoramento ter precisado

de cerca de 500 anos, ele foi responsável pela pré-industrialização na Europa (Estanqueiro &

Silva, 1996).

Em meados do século XIX, Daniel Halliday começou a desenvolver o moinho de vento

americano, usado, sobretudo, para bombear água. Esta máquina corresponde ao familiar

moinho multi-lâmina, visto ainda hoje em dia, em algumas zonas rurais. A principal inovação

introduzida com este moinho tem a ver com a utilização de pás de aço, no ano de 1870, o que

fez com que os moinhos ficassem mais leves e mais eficazes. Nos Estados Unidos, foram

instalados mais de um milhão destes pequenos moinhos, entre os anos de 1850 e 1970

(Windpower, 2006).

No final da década de 70 (do século XX), surge um livro de Silent Spring, que fez com

que muitos cidadãos tomassem consciência dos efeitos da revolução industrial no ambiente,

responsabilizando os combustíveis fósseis por esses efeitos. Nesse sentido, começaram a

defender-se as energias amigas do ambiente, incluindo a energia eólica (Manwell et al., 2005).

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A energia eólica resulta do efeito da radiação solar sobre a superfície terrestre, mais

concretamente sobre a atmosfera e, ao provocar um aquecimento não uniforme, origina os

ventos, ou seja, deslocações de ar (Walter & Jenkins, 1997). A energia eólica pode, assim, ser

considerada como uma das formas de manifestação da energia que provém do Sol.

Note-se, que a não uniformidade do aquecimento da atmosfera deve-se, entre outros

factores, à orientação dos raios solares e aos movimentos do nosso planeta. As regiões dos

trópicos, que recebem os raios solares quase perpendicularmente, são mais aquecidas do que

as regiões polares. Logo, o ar quente que se encontra em pequenas altitudes, nas regiões

tropicais, tende a subir, sendo trocado por massas de ar frio que se desloca das regiões polares.

O deslocamento de massas de ar determina a formação dos ventos (Walter & Jenkins, 1997).

Em determinados locais da Terra o vento não pára de “soprar”, devido a mecanismos que

promovem a deslocação do ar. Entre esses mecanismos estão o aquecimento no Equador e o

arrefecimento nos Pólos. Estes ventos, estando sempre presentes na natureza, são

denominados de ventos planetários ou constantes e podem ser classificados em: alísios, ou seja,

ventos que sopram dos trópicos para o Equador, a pequenas altitudes; contra-alísios, isto é,

ventos que sopram do Equador para os Pólos, em grandes altitudes; ventos do Oeste, que são

ventos que sopram dos trópicos para os Pólos; e ventos polares, ou seja, ventos frios que

sopram dos Pólos para as zonas temperadas (Rosenberg, 1993).

Com os ventos planetários coexistem os ventos locais, que sopram em determinadas

regiões, e que resultam de microclimas locais. Encontram-se nos vales e montanhas, durante o

dia, dado que o ar quente, nas encostas da montanha, eleva-se e o ar frio desce para o vale,

substituindo o ar que subiu. No período nocturno, a direcção em que sopram os ventos é

revertida, de tal modo que o ar frio das montanhas desce e acumula-se nos vales (Taylor, 2006).

Para além dos tipos de vento referidos anteriormente, devido à reflexão, à absorção e à

emissão de calor recebido do Sol pelas diversas superfícies como mares e continentes, surgem

as brisas. Estas caracterizam-se por serem ventos periódicos que sopram do mar para os

continentes e vice-versa. Durante o dia, devido à maior capacidade dos continentes de reflectir

os raios solares, a temperatura do ar continental aumenta mais que a do ar marítimo e, como

consequência, forma-se uma corrente de ar que sopra do mar para a terra (brisa marítima). À

noite, a temperatura dos continentes desce mais rapidamente do que a temperatura da água e,

assim, forma-se a brisa terrestre que sopra da terra para o mar. Normalmente, a intensidade da

brisa terrestre é menor que a da brisa marítima, devido à menor diferença de temperatura entre

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o ar marítimo e o ar continental, à noite (Rosenberg, 1993).

Tendo em conta que o eixo da Terra está inclinado relativamente ao plano da sua órbita

em torno do Sol, as variações sazonais na distribuição da radiação recebida na superfície do

planeta resultam em variações sazonais na intensidade e duração dos ventos, em qualquer local

da superfície terrestre. Como resultado, surgem os ventos continentais ou periódicos, que

correspondem às monções e às brisas. As monções definem-se como sendo ventos periódicos

que mudam de direcção de seis em seis meses, aproximadamente (Walker & Jenkins, 1997). De

uma forma geral, as monções sopram em determinada direcção, numa dada estação do ano

(por exemplo, na Primavera), e em sentido contrário na estação oposta (por exemplo, no

Outono).

Estima-se que cerca de 2% da radiação solar que a Terra recebe é convertida em energia

cinética, na atmosfera, e que 30% desta energia cinética se localiza 1000m acima do solo

(Burton et al., 2001). Pode afirmar-se que a energia cinética total do vento abaixo dos 1000m

tem potencial para ser aproveitada, podendo satisfazer as necessidades energéticas actuais

(Burton et al., 2001). Uma das vantagens apresentadas pela energia eólica é a dimensão do seu

potencial, que é de tal ordem que o consumo energético diário mundial é equivalente a 1% da

energia eólica disponível (Burton et al., 2001).

Por sua vez, a energia eólica disponível para um aerogerador é a energia cinética

associada à coluna de ar, que se desloca à velocidade v, (medido em m/s). Esta coluna, ao

atravessar a secção plana transversal, A (em m2) do rotor da turbina, desloca uma massa por

unidade de tempo, Av ××ρ , (Kg/s), onde ρ (medido em Kg/m3) é a densidade do ar (Gipe,

1999). Então, a potência disponível do vento é proporcional ao cubo da sua velocidade:

AvP ×××=3

2

Esta equação evidencia a grande dependência que a potência tem relativamente à

velocidade do vento. De facto, se a velocidade do vento aumentar para o dobro, a potência

aumenta oito vezes. Nesta perspectiva, podemos entender que os aerogeradores devem ser

colocados em locais com velocidades de vento elevadas, de modo a viabilizar economicamente

os projectos de energia eólica (Gipe, 1999).

Contudo, a velocidade do vento está em constante flutuação, pelo que o seu conteúdo

energético varia continuadamente. A amplitude dessas flutuações depende das condições

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climáticas, das condições da superfície e dos obstáculos à propagação do vento que existe nas

proximidades dos aerogeradores (Patel et al., 1999).

Os obstáculos ao vento, tais como edifícios, árvores, formações rochosas, entre outros,

podem provocar uma diminuição significativa da sua velocidade, a qual depende das dimensões

e da porosidade do obstáculo (Windpower, 2006), e criar turbulências à sua volta. Como se pode

constatar pela análise na figura 4, o escoamento do vento é afectado na área circundante ao

obstáculo, podendo verificar-se que a zona de turbulência se pode estender até cerca de três

vezes a altura do obstáculo, sendo mais forte a montante do que a jusante do mesmo.

Sempre que os obstáculos se encontrem a menos de 1Km (medido segundo uma das

direcções predominantes do vento), de modo a minimizar o seu efeito negativo na produção de

energia e na viabilidade económica do parque, eles terão de ser incluídos no projecto de

instalação dos aerogeradores (Windpower, 2006).

Figura 4- Representação do escoamento do vento na zona circundante de um obstáculo

(retirada de www.windpower.org)

O fenómeno designado por turbulência dá-se quer por via mecânica, devido às forças de

fricção resultantes da interacção com a superfície, quer por via térmica, devido ao fluxo de calor

trocado com a superfície (Costa, 2005). As turbulências diminuem a possibilidade de um

aerogerador utilizar a energia do vento de forma efectiva, provocando ainda um maior desgaste e

ruptura do mesmo. A fim de reduzir este problema, as torres dos aerogeradores devem ter altura

suficiente para evitar as turbulências ao nível do solo (Estanqueiro & Silva, 1996).

Uma turbina eólica gera energia mecânica a partir da energia proveniente do vento

incidente. O vento que “sai” da turbina eólica tem um teor energético muito abaixo do vento que

“entra” na turbina. Consequentemente, a montante do aerogerador forma-se uma esteira de

vento turbulento e com uma velocidade pequena em relação ao vento incidente. A figura 5 foi

obtida introduzindo um fumo branco no ar que passa através do aerogerador, para ilustrar o

efeito de esteira (Windpower, 2006).

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Figura 5- Imagem do efeito de esteira (retirada de www.windpower.org)

É para evitar este efeito que a colocação das turbinas de um parque eólico tem de ser

feita de uma forma criteriosa, a fim de maximizar a produção de energia. Normalmente, os

aerogeradores estão distanciados entre si cerca de cinco a nove diâmetros, na direcção

preferencial do vento, e três a cinco diâmetros, na direcção perpendicular (Windpower, 2006),

como se esquematiza na figura 6. Mesmo utilizando estas medidas, há estudos que revelam que

5% da energia é perdida devido a este efeito (Castro, 2006).

Figura 6- Esquema da colocação de turbinas eólicas num parque eólico

(retirada de www.windpower.org)

2.2.2- Parques Eólicos

Um parque eólico é um espaço, terrestre ou marítimo, onde estão concentrados vários

aerogeradores, com a função de transformar a energia eólica em energia eléctrica (Manwell et

al., 2005) que será distribuída para a rede pública. Se esse espaço está colocado em terra, fala-

se em parques onshore; se está colocado no mar fala-se em parques offshore. Em qualquer

destes tipos de parques, o elemento fundamental é o aerogerador ou turbina eólica (elemento a

que se voltará adiante) e que é constituído, essencialmente, por uma torre, um rotor (com pás) e

uma cabina.

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De acordo com Valente (2002), na produção de energia eléctrica a partir da energia

eólica aproveita-se a energia cinética do vento para accionar os aerogeradores, sendo, assim, a

energia eólica convertida em energia mecânica, a qual impulsiona geradores onde se produz a

energia eléctrica. Os aerogeradores (conjuntos de turbina-gerador e pás) são judiciosamente

expostos à acção do vento, constituindo os parques eólicos (Figura 7).

Figura 7- Esquema típico de um parque eólico (retirada de Valente, 2002, p.60)

Recentemente, nos modernos parques eólicos produz-se electricidade, que é

posteriormente introduzida na rede de distribuição por sistemas de ligação, que pode servir de

complemento à energia convencional (Oliveira & Almeida, 2003). Contudo, o recurso a

aerogeradores permite, também, que o vento seja utilizado para a produção de energia eléctrica

em locais isolados, como por exemplo, em habitações individuais ou quintas.

Como já foi referido anteriormente, os aerogeradores têm que ser conectados à rede

eléctrica. Para isso, é necessário uma linha de alta tensão relativamente perto do parque para

que o preço da interligação não seja um factor proibitivo da sua construção (Pinto, 2001). Por

vezes, é necessário reforçar-se a linha existente.

A construção de parques eólicos em Portugal pressupõe que todos os projectos sejam

precedidos de estudos ambientais, cujas características, respectiva profundidade e abrangência

deve depender das especificidades do projecto e dos constrangimentos afectos à sua localização

(Mendes et al., 2002). Nesse estudo de avaliação do impacto ambiental irá ser avaliada a

relevância de cada um dos descritores perante a situação específica de cada parque eólico: a

paisagem, o ruído, a ecologia, o património arqueológico e etnográfico, os solos (capacidade de

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uso do solo, ocupação actual do uso do solo), a qualidade do ar e da água, o clima e a

socioeconomia (Mendes et al., 2002).

Em Portugal, os parques eólicos são, geralmente, localizados em zonas de serras e

montanhas (onde se manifesta um elevado potencial eólico), afastados das zonas habitacionais e

de actividades económicas, e possuem um estado de preservação ambiental muito significativo

e, por isso, são classificados como área de reserva (Mendes et al., 2002). Os parques eólicos

são abrangidos por um processo de licenciamento que autoriza a sua construção, e a entidade

que licencia o projecto tem a função de garantir que todos os interesses são considerados e

ponderados (Mendes et al., 2002).

No custo de um parque eólico está incluído o da instalação, da operação e manutenção

e o preço dos aerogeradores. No custo da instalação estão abrangidas as fundações, por norma

de betão armado, a construção dos acessos (para o transporte dos aerogeradores), a ligação

telefónica para o controlo remoto e vigilâncias do aerogerador, e também o custo dos cabos para

interligação com a rede. Evidentemente, existem custos que variam consoante as condições do

solo e a distância à linha de alta tensão capaz de absorver a energia produzida. Quanto aos

custos relacionados com a operação e a manutenção dos aerogeradores, estes são projectados

para funcionar, em média, durante cerca de 120000 horas, ou seja, ao longo do tempo de vida

de projecto (20 anos). Isto sugere que os custos são geralmente muito baixos enquanto as

turbinas eólicas são recentes e vão aumentando à medida que elas vão envelhecendo (Simão et

al., 2004).

Numa região onde é construído um parque eólico, o número de postos de trabalho

aumenta, durante a fase de construção, e, nos anos seguintes, os proprietários dos terrenos

onde o parque eólico é instalado recebem rendas. Estes factos representam outros factores

favoráveis à energia eólica (Simão et al., 2004), pois traduzem-se em vantagens para as pessoas

que vivem perto do parque.

De referir, ainda, que os sistemas eólicos estão entre os sistemas de produção de

energia eléctrica mais seguros (Gipe, 1995), e que, além disso, têm a vantagem de não ter

custos ambientais e sociais para as gerações futuras.

A área ocupada por um parque eólico é muito pequena quando comparada com a

exigida por outros tipos de aproveitamento energético, como, por exemplo, o hídrico. A ocupação

do terreno num projecto eólico é estimada na ordem dos 10m2 por kW (Pinto, 2001). Esta

estimativa tem em consideração o facto de a localização de parques eólicos apenas ser possível

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em zonas não urbanas e, de as actividades como a agricultura ou a pastorícia, poderem ser

exercidas muito próximas dos aerogeradores. A área que um parque eólico efectivamente

inviabiliza para outros usos (por exemplo para pastorícia) é inferior a 1% da área ocupada (Pinto,

2001). Por isso, pode afirmar-se que, de uma forma geral, a instalação de parques eólicos não

afecta significativamente o habitat natural.

Apesar de em Portugal ser mais comum ver parques eólicos instalados em montanhas,

é também possível construir parques eólicos no mar (offshore) e estes existem em vários países

(Simão et al., 2004).

Há cerca de 10 anos atrás, os parques offshore iniciaram-se com uma “torre na água”.

As turbinas usadas nestes parques eram semelhantes às dos parques que existiam em terra

(onshore), mas tinham de possuir uma protecção extra, devido à erosão fomentada pela água do

mar e, por vezes, um desumidificador (Windpower, 2006). Pela rentabilidade energética e

económica que podem adquirir, hoje em dia, o principal desafio que se coloca ao

desenvolvimento da indústria eólica é a concepção de turbinas para parques eólicos marítimos

(offshore), capazes de resistir ao poder erosivo do ambiente marinho. As turbinas eólicas estão já

a ser desenhadas, especificamente, para os sistemas offshore. Cada turbina é equipada com um

guindaste eléctrico para a reparação das peças na cabina, incluindo as do gerador. Além disso, a

caixa de velocidades também teve que ser modificada para que permitisse velocidades de

rotação do rotor superiores em cerca de 10%, às das turbinas onshore, para se adaptar à

velocidade do vento (Windpower, 2006) que é maior no mar.

A produção offshore de energia eólica tem um papel cada vez mais significativo, na

medida em que os locais adequados em terra se vão esgotando. Outras vantagens associadas

estão relacionadas com o facto de a velocidade do vento, junto ao mar, normalmente, ser

superior à velocidade do vento nos parques situados em terra. No mar, a média pode atingir

valores superiores a 8m/s, em altitudes de 60m (Taylor, 2006). Além disso, o vento tem

características especiais no mar (offshore). O facto de o relevo junto ao mar manifestar,

geralmente, valores baixos, quer de altitude quer de rugosidade, faz com que a variação da

velocidade do vento com a altura seja pequena e, por isso, não seja necessário, recorrer a torres

elevadas (Taylor, 2006). Acresce que, o vento no mar é, geralmente, menos turbulento, mais

forte e menos intermitente do que em terra, o que faz esperar uma vida útil mais prolongada

para as turbinas eólicas nos parques offshore. De mencionar, ainda, que estudos europeus

(Acckermann & Söder, 2002) mostram que os recursos eólicos existentes para os sistemas

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offshore são significativamente superiores aos recursos onshore (em terra). De facto, estudos

efectuados nos parques eólicos situados no mar da Dinamarca mostram que o potencial eólico,

no mar, poderá ser superior às estimativas disponíveis em terra, em cerca de 5 a 10% (Castro,

2006). Além disso, segundo o relatório Wind Force 12 - 2005, um parque eólico offshore, no

Nordeste da Europa, produzirá mais 20 a 40% de energia que o mesmo parque situado em

terra. Outra vantagem dos parques eólicos offshore é reduzir substancialmente o impacto visual

na natureza, uma vez que, muitos projectos de parques offshore em desenvolvimento, não são

sequer visíveis da costa (EWEA, Greenpeace, 2005).

De referir, ainda, que as áreas marinhas dispõem de enormes espaços onde colocar os

aerogeradores, o que possibilita instalar parques eólicos maiores que os parques eólicos onshore

(Álvarez, 2006).

As principais desvantagens associadas aos parques offshore têm que ver com o facto de

os custos da produção da electricidade serem superiores aos da produzida onshore

(Acckermann & Söder, 2002; Taylor, 2006), devido, nomeadamente, ao custo da construção do

parque (pois requer fundações fortes), da ligação à rede (pois são necessárias grandes

extensões de cabos para transportar a energia até à terra) e da qualidade dos materiais do

transporte da energia eléctrica (cuja construção e manutenção devem ser realizadas por técnicos

e equipamentos especializados e em boas condições climatéricas). Finalmente, são de salientar,

ainda, as limitações de acesso e a dificuldade de construção no meio do mar, dificuldades essas

que se manifestam, quer na fase de montagem quer na fase de manutenção das instalações

(Álvarez, 2006).

A energia eólica continua a ser uma das áreas relacionadas com a energia que mais tem

crescido, designadamente no que respeita à tecnologia a ela associada, e parece que vai ser o

principal gerador da electricidade do mundo. Na Europa, é provável que a exploração energética

das zonas offshore se torne um dos principais meios para reduzir a emissão de dióxido de

carbono proveniente do sector da electricidade (Taylor, 2006).

2.2.3- Aerogeradores

Um aerogerador ou turbina eólica, actualmente, é composto, basicamente, por três

partes: o rotor, a cabina ou nacelle e a torre (Castro, 2006). Este aparelho tem a função de

converter parte da energia cinética existente no vento em energia mecânica (através do rotor) a

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qual, por sua vez, é transmitida ao gerador e, por fim, é convertida em energia eléctrica (Heiers,

1998; Oliveira & Almeida, 2003).

No ano de 1887, nos Estados Unidos, Charles F. Brush construiu o que hoje é

considerado o primeiro aerogerador para produção de electricidade. A turbina era composta por

144 pás, tinha um eixo de rotação com um diâmetro de 17m e uma torre com 18m de altura.

Apesar do considerável tamanho, o aerogerador apenas produzia 12kW porque tinha uma

velocidade rotacional baixa (Windpower, 2006).

Em 1896, também nos Estados Unidos, Poul la Cour foi o primeiro a usar um túnel de

vento para testar os rotores dos aerogeradores que tinham como base os moinhos de vento

europeus (Windpower, 2006). Descobriu que turbinas com menos pás rodavam com maior

velocidade. Além disso, reduziu a relação entre a área ocupada e a área percorrida pelas pás,

para aumentar a velocidade de rotação, tornando os aerogeradores mais eficientes para a

produção de energia.

Em 1926, na Alemanha, Albert Betz estabelece o conceito de limite de Betz que consiste

na energia máxima, do ponto de vista teórico, que se pode retirar do vento. Este conceito

aplicado à aeronáutica levou ao aparecimento da turbina de Jacobs (na década de trinta, no

século XX), nos EUA. Esta turbina tinha uma potência de 2.5kW ou 3kW, podendo utilizar duas

ou três pás (Windpower, 2006), o que constituía um grande avanço relativamente à turbina de

Brush.

No entanto, o contributo de Poul la Cour foi de grande importância para a evolução dos

aerogeradores, pois, em 1957, surgiu o inovador aerogerador Gedser com rotor eólico de eixo

horizontal de 200kW, que influenciaria significativamente as demais gerações de aerogeradores

(Almeida, 2006).

Pode afirmar-se, que a tecnologia dos sistemas de conversão de energia eólica atingiu já

um estado de maturidade, sendo os equipamentos considerados fiáveis e duradouros, com vidas

úteis na ordem dos 20 anos (Gasch & Twele, 2002; Windpower, 2006), tempo que torna

rentáveis os investimentos que a sua instalação envolve.

Um aerogerador é constituído por vários componentes que devem trabalhar em

sincronia de forma a maximizar o rendimento. Para efeito de análise da conversão do vento em

energia devem, segundo Walker & Jenkins (1997), ser considerados os seguintes componentes:

vento (disponibilidade energética do local destinado à instalação dos aerogeradores), rotor (para

transformar a energia cinética do vento em energia mecânica de rotação), sistema de

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transmissão e caixa multiplicadora (transmite a energia mecânica), gerador eléctrico (converte a

energia mecânica em energia eléctrica), mecanismo de controlo (responsável pela orientação do

rotor, controlo de velocidade, controlo de carga), torre (serve de suporte para a colocação dos

diferentes elementos em condições adequadas ao seu funcionamento), sistema de

armazenamento (responsável por armazenar a energia) e transformador (responsável pela

transferência eléctrica entre o aerogerador e a rede eléctrica).

Na figura 8 representam-se, esquematicamente, as diversas partes constituintes de um

aerogerador.

Figura 8- Esquema de um aerogerador (retirada de Henrique, 2002)

De seguida, apresentam-se, de uma forma detalhada, as principais partes constituintes

dos aerogeradores: rotor, cabina e torre.

i) O rotor

O rotor é o elemento essencial de um aerogerador, na medida em que é ele que

transforma a energia cinética do vento em energia mecânica (Patel et al., 1999). O rotor é

constituído por um determinado número de pás (geralmente três), dispostas radialmente em

torno de um eixo ao qual estão fixas, e que se mantêm paralelas à direcção geral do vento

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(Gasch & Twele, 2002). Os rotores podem ser classificados segundo vários critérios, mas o mais

importante é o que se baseia na orientação do eixo. Este critério de classificação conduz aos

rotores de eixo horizontal e aos rotores de eixo vertical (Taylor, 2006).

Os rotores de eixo horizontal são os mais comuns. São movidos por forças

aerodinâmicas, chamadas de forças de sustentação (lift), e por forças de arrasto (drag). Um

corpo que dificulta o movimento do vento sofre a acção de forças que actuam

perpendicularmente ao escoamento do vento (forças de sustentação) e de forças que actuam na

direcção do escoamento (forças de arrasto). Para a mesma velocidade do vento, os rotores que

giram predominantemente sob o efeito de forças de sustentação permitem libertar mais potência

do que aqueles que giram sob o efeito de forças de arrasto (Taylor, 2006).

Segundo o mesmo autor, os rotores de eixo vertical têm, relativamente aos de eixo

horizontal, a vantagem de possuir a mesma eficácia de resposta para ventos oriundos de

qualquer direcção e, por isso, não requerem sistemas de rotação capazes de orientar as pás na

direcção do vento. Também são movidos por forças de sustentação (lift) e por forças de arrasto

(drag).

Os mecanismos de controlo destinam-se, principalmente, à orientação do rotor e ao

controlo de velocidade. Devido à actuação de forças aerodinâmicas nas pás do rotor, uma

turbina eólica converte a energia cinética do vento em energia rotacional. Estas forças

aerodinâmicas são geradas ao longo das pás do rotor que necessitam de perfis especialmente

projectados (Hinriches & Kleinbach, 2002). Quando a velocidade de fluxo de ar aumenta, as

forças de sustentação aerodinâmica aumentam com a segunda potência e a energia extraída da

turbina eólica aumenta com a terceira potência da velocidade do vento. Este aumento

exponencial torna necessário um controlo de potência do rotor, rápido, de forma a evitar o

sobcarregamento eléctrico e mecânico no sistema de transmissão (Walker & Jenkins, 1997).

ii) A cabina ou nacelle

Na cabina ou nacelle encontram-se, os seguintes principais componentes: o veio

principal, o travão de disco, a caixa de velocidades (quando existe), o gerador e o mecanismo de

orientação direccional. O veio principal de baixa tensão tem como função transmitir o binário

primário do rotor para a caixa de velocidades. Neste veio estão ainda instaladas as tubagens de

controlo hidráulico dos travões aerodinâmicos. Em casos de emergência (exemplo: avarias no

travão aerodinâmico, reparação e manutenção) é utilizado o travão mecânico de disco. Este, por

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sua vez, pode situar-se no veio de baixa rotação ou no veio de alta rotação, a seguir à caixa de

velocidades (Castro, 2006). Quando o travão mecânico do disco está localizado no veio de alta

rotação, o travão é menor e mais barato, uma vez que o binário de travagem a fornecer é menor,

mas se ocorrer uma falha na caixa de velocidade, não existe controlo no rotor (Castro, 2006).

A caixa de velocidades, caso exista, tem a função de adaptar a frequência do rotor do

aerogerador, que se situa normalmente nos 0.22Hz (20rpm) ou 0.50Hz (30rpm), à frequência

do gerador, ou seja, da rede eléctrica de 50Hz (Castro, 2006).

O gerador de uma turbina eólica converte a energia mecânica, originada pela rotação

das pás do rotor causada pelo vento, em energia eléctrica. Os aerogeradores podem ser

projectados para geradores síncronos ou assíncronos e ter várias formas de ligação, directa ou

indirecta, do gerador à rede receptora (Patel et al., 1999). O gerador eléctrico utilizado na

globalidade dos aerogeradores é um gerador do tipo indutivo ou assíncrono, que actua a

velocidades de rotação praticamente constantes e que possibilita que a rede de corrente

alternada mantenha uma frequência correcta, sem nenhum controlo, podendo assim, ser ligados

directamente à rede receptora (Hinriches & Kleinbach, 2002). Também existem os geradores

síncronos, que são menos utilizados pelos fabricantes, embora permitam que a velocidade de

rotação seja variável e, desta forma, proporcionem um aumento da eficiência média dos

aerogeradores (Hinriches & Kleinbach, 2002). Ao permitirem, também, escolher para cada

instante de vento, a velocidade de rotação mais adequada, apresentam uma menor fadiga das

pás e, consequentemente, uma vida útil mais elevada, mas são mais caros que os assíncronos,

têm maior possibilidade de avaria e possuem um sistema de ligação à rede mais complexo

(Pinto, 2001).

O mecanismo de orientação direccional tem como função alinhar o rotor com a direcção

do vento. É constituído por um motor que, em face da informação que recebe de um sensor de

direcção do vento, faz girar a cabina e o rotor até que o aerogerador fique adequadamente

posicionado (Silva, 2005).

No cume da nacelle estão colocados um anemómetro e um sensor de direcção. O

sistema de controlo utiliza as medições da velocidade do vento efectuadas por estes dois

aparelhos para controlar o aerogerador, designadamente, o início do seu funcionamento, para

velocidades aproximadas de 5m/s, e a interrupção do mesmo, para velocidades do vento

superiores a 25m/s (Castro, 2006).

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Figura 9- Esquema do rotor e da cabina

(retirada de Henrique, 2002)

iii) A torre

A torre sustenta a nacelle e eleva o rotor até uma altura em que a velocidade do vento

seja elevada e menos perturbada do que junto ao solo. As torres modernas podem possuir uma

altura compreendida entre sessenta metros (valores standard) e cento e vinte e quatro metros

(Enercon, 2005). Tendo em conta estas alturas, a torre tem de ser dimensionada para suportar

cargas significativas, bem como para resistir a uma exposição às condições atmosféricas

normais durante a sua vida útil, estimada em cerca de vinte anos (Silva, 2005).

As torres podem dividir-se em dois tipos: tubulares e entrelaçadas. Para o fabrico das

torres tubulares pode utilizar-se o aço ou o betão, sendo os diversos troços fixados no local com

o auxílio de uma grua. São mais seguras para o pessoal da manutenção, que pode utilizar uma

escada interior para aceder à plataforma da nacelle (Windpower, 2006).

As torres entrelaçadas são de mais baixo custo que as tubulares. As fundações exigidas

são mais ligeiras e o efeito de sombra da torre é atenuada. Contudo, têm vindo a ser

progressivamente abandonadas, devido a questões relacionadas com o impacto visual

(Windpower, 2006).

Legenda:

1- Base de fixação; 2- Veio de baixa

rotação; 3- Cubo do rotor; 4- Pás; 5- Travão de disco; 6- Gerador, 7- Travão hidráulico; 8- Mecanismo de

orientação direccional;

9- Travão de orientação

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2.2.4- A Energia Eólica: Aspectos e Impactos Ambientais

A diversificação das fontes de energia é umas das principais prioridades da política

energética dos países desenvolvidos. Essa diversificação deve ser conseguida através do recurso

a energias endógenas (ou seja, disponíveis no país), tendo sempre como objectivo diminuir a

dependência energética em relação a países terceiros. Como Portugal apresenta uma escassez

de reservas conhecidas de combustíveis fósseis e uma limitada utilização de combustíveis

derivados da madeira, e não pretende utilizar reservas de urânio existentes, as energias

endógenas renováveis são praticamente os únicos recursos energéticos disponíveis (Pinto,

2001).

As fontes de energia renovável são caracterizadas por não existir um limite de tempo

para a sua utilização. Podem ser genericamente denominadas de fontes limpas de energia, pois

não poluem a atmosfera com gases causadores do efeito de estufa. Contudo, a biomassa,

quando utilizada para produzir energia, origina dióxidos de enxofre e óxidos de azoto (Rodrigues,

2004) e, por isso, contribui para o efeito de estufa, pelo que não pode ser considerada uma

fonte de energia limpa.

Hoje em dia, as fontes de energias renováveis possuem, ainda, um custo

consideravelmente elevado, no que concerne à instalação de centrais para o seu aproveitamento

com vista à produção de energia eléctrica. Acresce, ainda, a pouca sensibilização das pessoas

para estas energias, devido, principalmente, à falta de informação dos consumidores. Na

verdade, ainda não existe uma consciencialização generalizada de que as energias renováveis

são uma boa opção, enquanto combustíveis e para defesa do ambiente e, por consequência,

para as gerações futuras (Facal et al., 2006).

A energia eólica é uma energia limpa, inesgotável e globalmente disponível. Muitos

países têm um potencial eólico maior do que o potencial hídrico ou de reservas de combustível

fóssil (Simão et al., 2004). Estima-se que na Terra exista um potencial eólico suficiente para

abastecer quinze vezes as necessidades energéticas mundiais (Manuales sobre Energia

Renovables, 2002). No entanto, a variabilidade e a quantidade de vento é apontada como uma

desvantagem da energia eólica, pois nem qualquer lugar tem condições para receber um parque

eólico (Mendes et al., 2002). Mesmo assim, o aproveitamento da energia eólica contribui para

uma diversificação das fontes de energia e favorece a produção desconcentrada de energia. Tal

repercute-se no desempenho do sistema de distribuição de energia eléctrica, melhorando a

segurança de abastecimento, aumentando a fiabilidade e reduzindo as perdas (pois a geração de

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energia dá-se mais próximo dos locais de consumo) e, também, diminuindo o esforço dos

sistemas de transferência de energia (Simão et al., 2004).

A energia eólica é considerada “amiga” do ambiente, pois os efeitos ambientais são

mínimos comparados com outras formas de produção de energias convencionais,

designadamente, com as energias ditas convencionais (nomeadamente, o carvão e o gás

natural) dado que estas provocam a emissão para a atmosfera de grandes quantidades de óxido

de enxofre e de óxido de azoto, de partículas e de dióxido de carbono, quando comparadas com

a energia eólica (caso em que a emissão é nula), como se constata na tabela 3 (Manwell et al.,

2005). Efectivamente, a energia eólica não produz substâncias tóxicas para o ar, nem para a

água nem para o solo, e não contribui para o aumento do efeito de estufa nem para o aumento

do aquecimento global (Gipe, 1995).

Tabela 3- Quantidade de poluentes emitidos pelo carvão, gás convencional e pela energia eólica (kg/MWh) (retirado de Manwell, 2005, p.469)

Poluentes Carvão Gás Energia eólica

Oxido de enxofre 1.2 0.004 0

Oxido de azoto 2.3 0.002 0

Partículas 0.8 0.0 0

Dióxido de carbono 865 650 0

Embora a emissão (directa) da energia eólica seja praticamente nula, existe uma

emissão indirecta de gases poluentes, que estão associados ao fabrico e transporte dos

aerogeradores e à construção de parques eólicos (Manwell et al., 2005). No entanto, estimativas

realizadas acerca das emissões indirectas da energia eólica, na Alemanha, mostram que estas

são, geralmente, pequenas, rondando 1% ou 2% menos do que as causadas pelas energias

convencionais (Ackermann & Söder, 2002).

A tecnologia da energia eólica não usa nenhum combustível e o vento, sendo um recurso

disponível nos diferentes países a custo zero, torna-se uma fonte de energia barata. Quando

existe um potencial comercialmente explorável, a energia eólica pode competir em rentabilidade

económica com fontes de energia tradicionais, como os combustíveis fósseis e, também, com a

energia nuclear, que tem um impacto ambiental superior ao da energia eólica (Manuales sobre

Energia Renovables, 2002).

Apesar de a energia proveniente do vento ser, geralmente, associada a benefícios

ambientais, a tecnologia por ela vinculada não é inteiramente isenta de impactos, como

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mencionam diversos autores, nomeadamente, Damborg (2003), Gipe (1995), Manwell et al.

(2005), Simão et al. (2004) e Sparkes & Kidner (1996). Geralmente, são considerados como

impactos não benéficos da energia eólica, a sua interferência no ecossistema, o barulho, as

interferências nos aparelhos de comunicação e o impacto visual dos aerogeradores/parques

eólicos. Porém, na maioria dos casos, estes efeitos podem ser minimizados, através de uma

localização criteriosa do parque eólico, do design dos aerogeradores e de uma acção política que

vise maximizar a aceitação da energia eólica pela população (Manwell et al., 2005).

Os impactos no ecossistema são originados maioritariamente pela construção das

estruturas que suportam as torres dos aerogeradores e dos acessos ao parque. Efectivamente, o

risco, para espécies vegetais protegidas existentes nas zonas de implantação dos parques

eólicos é maior do que para as espécies animais, inclusive para as aves (Cererols & Martínez,

1996). A interferência dos aerogeradores com algumas aves, principalmente com as aves de

rapina e com as migratórias, tem sido muito explorado pela imprensa, mas as evidências

sugerem que esse inconveniente é muito menor do que se faz crer (Departmnent of the

Environment & Welsh Office, citado por Simão et al., 2004) e que não tem relevo comparado

com o provocado, por exemplo, pela construção das linhas de alta tensão. Um estudo realizado

nos Países Baixos por Bourillon (1999) revelou que a morte de pássaros causadas pelo Homem

(directa ou indirectamente) pelo tráfego de veículos é superior 100 vezes ao provocado por um

parque eólico de 1GW. Uma forma de evitar estes incidentes é escolher, de uma forma

criteriosa, o local de instalação, evitando as rotas migratórias (Manwell et al., 2005; Simão et al.,

2004).

O problema associado ao barulho dos aerogeradores é um dos impactos ambientais

relacionados com a energia eólica que tem sido mais estudado. Os níveis de ruído podem ser

medidos, mas acontece que como outros problemas ambientais, a percepção da população

relativamente ao impacto do barulho dos aerogeradores é, em parte, subjectiva (Manwell et al.,

2005). No entanto, convém referir que o ruído proveniente dos aerogeradores tem duas origens:

mecânica e aerodinâmica (Taylor, 2006). O ruído mecânico tem a sua principal origem na caixa

de engrenagem, que multiplica a rotação das pás para o gerador, mas também pode ser

ocasionado pela própria torre, através dos contactos desta com a cabina (nacelle). O ruído

aerodinâmico está directamente relacionado com a velocidade do vento, e tem que ver com a

sua incidência no aerogerador para provocar o movimento das pás (Taylor, 2006; Manwell et al.,

2005; Simão et al., 2004).

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Apesar de os aerogeradores mais antigos produzirem bastante barulho, os

aerogeradores modernos são bastantes silenciosos, inclusive mais silenciosos que grande parte

dos ambientes residenciais. Assim, hoje em dia, é perfeitamente possível conversar num tom

normal junto à base de um aerogerador (Gipe, 1999; Taylor, 2006). Através da figura 10,

podemos verificar que o ruído emitido pelos aerogeradores decresce dos 45.3dB, a uma

distância de 50m do aerogerador, até aos 36.9dB, a uma distância de 400m do aerogerador.

Note-se que os ruídos até 40dB não são nocivos para o Homem.

Figura 10- Esquema do ruído produzido um parque eólico

(retirada de Taylor, 2006, p.271)

Os aerogeradores podem constituir um obstáculo à propagação das ondas

electromagnéticas incidentes, as quais podem ser reflectidas, dispersas ou difractadas pelo

aerogerador. Quando um aerogerador é colocado entre um rádio ou uma televisão e um

transmissor ou um receptor de microondas, por vezes, pode reflectir porções da radiação

electromagnética que interferem com o sinal original que chega ao receptor (Figura 11). Esta

interferência pode causar uma distorção significativa no sinal recebido (Manwell et al., 2005) e

tem implicações para os habitantes que moram nas proximidades do parque, já que o

funcionamento dos seus aparelhos electrónicos pode ser afectado.

Há algumas variáveis que podem influenciar a extensão da interferência

electromagnética (EMI) causada pelos aerogeradores: o tipo de aerogerador (exemplo,

aerogerador de eixo horizontal ou aerogerador de eixo vertical), as dimensões do aerogerador, a

velocidade de rotação do aerogerador, o material de construção das pás, o ângulo e a geometria

das pás e a geometria da torre (Manwell et al., 2005). Por estas razões, os aerogeradores em

movimento podem perturbar os sistemas de telecomunicações. Assim, estudos detalhados sobre

estas interferências são necessários sempre que os parques eólicos estejam nas proximidades

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de aeroportos, zonas militares, repetidores de sinal de rádio e televisão, etc (Taylor, 2006; Simão

et al., 2004).

Figura 11- Esquema das interferências electromagnéticas

(retirada de Taylor, 2006, p. 273)

Um dos factores de impacto ambiental adversos à energia eólica é a visibilidade dos

aerogeradores/parques eólicos (Gipe, 1995). A intrusão visual na paisagem é a razão apontada

pela população, com maior frequência, para justificar uma objecção aos aerogeradores (Gipe,

1995). Comparando com outros impactos ambientais a que a energia eólica está associada, o

impacto visual é o menos quantificável, até porque as percepções da população podem mudar

com factores como o conhecimento da tecnologia, com o local onde é instalado o parque eólico

e com as características dos aerogeradores (Manwell et al., 2005). Contudo, e uma vez que a

avaliação de uma paisagem é algo subjectivo, para obterem uma opinião “formal”, os

especialistas nesta área baseiam as suas análises na composição visual e identificam e estudam

elementos como a claridade, a harmonia e a hierarquia (Stanton, 1996). Os aerogeradores

precisam de ser situados em locais bastantes expostos para se realizar uma avaliação efectiva,

pois o grau de impacto visual é influenciado pelo tipo de paisagem, pelo número e design dos

aerogeradores, pela distância entre eles, pela cor e pelo número de pás que têm (Manwell et al.,

2005).

Dado que o impacto visual que os aerogeradores têm na paisagem é inevitável, o

desenvolvimento de um parque eólico pode causar uma alteração na paisagem que pode ser

mais ou menos bem recebida pela população. No subcapítulo seguinte serão abordadas opiniões

acerca da energia eólica e dos parques eólicos.

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2.3- Fundamentação sobre as opiniões da energia eólica e sobre os parques

eólicos

2.3.1- Opiniões acerca da energia eólica

Uma investigação realizada em diversos países da Europa (EWEA, 2005) concluiu que os

europeus acreditam que as opções energéticas, para os próximos 20 a 50 anos, passam pelas

energias renováveis. Acresce que as pesquisas de opinião na população europeia (dos vinte e

cinco países membros) revelam que estes cidadãos preferem as energias renováveis, em geral,

e a energia eólica, em particular (EWEA, 2007). De facto, o Eurobarómetro de opinião de

pesquisa em tecnologias de energia, publicado em 8 de Janeiro de 2007, pela Comissão

Europeia, divulgou que 71% dos cidadãos europeus são bastante favoráveis à energia eólica no

seu país. Somente a energia solar atinge um patamar de aceitação superior (80%). De sublinhar,

ainda, que são os dinamarqueses (93%), os gregos (88%) e os cipriotas (83%) que demonstram

um maior apoio à energia eólica, mas os respondentes dos outros países não se distanciaram,

significativamente, destas percentagens. De referir, também, que não existe, praticamente, uma

oposição à energia eólica, pois somente 3% expressaram oposição ao seu desenvolvimento

(EWEA, 2007).

Um estudo, realizado na Europa, sobre a possível falta de energia em 2050 (EWEA,

2005) mostrou que a maioria dos inquiridos (67%) pensa que as energias renováveis seriam a

melhor alternativa, inclusivamente por causa do ambiente. Relativamente aos custos, 40% dos

inquiridos afirmaram que a energia eólica, a solar e a biomassa são mais baratas que a

hidroeléctrica e que o gás natural (EWEA, 2005).

As pesquisas acerca da opinião dos cidadãos sobre a energia eólica foram feitas,

principalmente, em países desenvolvidos como a Alemanha, o Canadá, a Dinamarca, a Espanha,

os Estados Unidos, os Países Baixos e o Reino Unido (EWEA, 2005).

No Canadá foi efectuada uma pesquisa aos cidadãos sobre as energias renováveis e, em

particular, sobre a energia eólica, na qual se perguntava aos canadianos se gostariam que a sua

província desse um maior relevo à electricidade produzida através do vento. De acordo com o

relatório da pesquisa (Omnibus Report, 1995), 79% dos canadianos responderam que deveria

ser atribuída uma maior importância à energia eólica para a produção de energia eléctrica.

Na Dinamarca também foi realizada uma pesquisa (Holdningsundersogelse, 1993 citado

por Krohn & Damborg, 1999), com objectivos semelhantes à efectuada no Canadá, a qual

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mostrou que o uso das energias renováveis tem uma grande aceitação por parte da população,

de tal modo que, quatro em cada cinco dinamarqueses, pensam que as fontes de energia

renováveis deveriam ser a prioridade. Um outro estudo (Andreson et al., 1997), realizado

também na Dinamarca, mais precisamente em Sydthy (localidade situada a noroeste do

condado de Vilorg), evidenciou que 98% da electricidade consumida tem origem na energia

eólica, o que significa que a Dinamarca, no final da década de 90, era o país onde existia uma

maior concentração de aerogeradores. O apoio da população, neste país, à utilização de fontes

de energia renováveis, em geral, e à energia eólica, em particular, é desde há cerca de 10 anos,

muito elevado (Krohn & Damborg, 1999). Outro estudo (EWEA, 2005), realizado em 2005,

mostrou que 86% dos dinamarqueses inquiridos são favoráveis à energia eólica, e 68% destes

inquiridos referiram que, na Dinamarca, se deveriam instalar mais aerogeradores.

Numa pesquisa feita nos Estados Unidos sobre a opinião dos americanos face às

energias renováveis (Breglio, 1997), constatou-se que 42% dos americanos pensam que as

fontes de energia renováveis (tais como a energia solar, a eólica, a geotérmica, a hidroeléctrica e

os biocombustíveis) deveriam ser uma prioridade para o desenvolvimento do país.

Nos Países Baixos uma pesquisa de opinião (Gype, 1995) revelou que 80% da

população era a favor da energia eólica, 5% contra e 15% mencionaram que não eram a favor

nem contra este tipo de energia.

No Reino Unido, 50 pesquisas que foram realizadas entre os anos de 1990 e 2004,

demonstraram que 77% dos inquiridos eram a favor da energia eólica e apenas 9% revelaram

uma atitude desfavorável face a esta energia (EWEA, 2005). Também um estudo realizado na

Irlanda, com 1200 sujeitos, mostrou que apenas 1% dos intervenientes no estudo eram

desfavoráveis à energia eólica e que 84% dos inquiridos demonstraram uma elevada aceitação

da mesma, afirmando que se trata de uma boa energia (SEI, 2003).

Um estudo levado a cabo em Espanha, relativo à energia eólica, demonstrou que 79%

dos inquiridos pensam que a energia eólica é benéfica e apenas 1% dos respondentes

consideram-na prejudicial. Dos respondentes que afirmaram que a energia eólica é benéfica,

cerca de 88% mencionaram que é uma energia limpa, 48% indicaram que este tipo de energia

cria riqueza e empregos. Quando os inquiridos foram questionados sobre a fonte de energia

mais adequada para produzir electricidade, 69% dos respondentes consideraram a energia

eólica, 17% mencionaram a energia hidroeléctrica, 2% a energia geotérmica e 1% a energia

nuclear (EWEA, 2005).

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Comparando os resultados destas pesquisas, pode constatar-se que as energias

renováveis e, em particular, a energia eólica gozam de uma boa aceitação junto da população,

de diversos países. Contudo, diversos argumentos são avançados pelos opositores à energia

eólica para se insurgirem contra o seu desenvolvimento.

Em 1993, Wolsink & Spreeng realizaram um estudo sobre os argumentos a favor e

contra a energia eólica, onde concluíram que os cidadãos favoráveis a este tipo de energia

consideram-na ilimitada, não poluente, segura e uma boa alternativa aos combustíveis fósseis.

No entanto, os que são contra a energia eólica referem que ela não pode resolver os actuais

problemas energéticos, é dispendiosa, é dependente do vento, deteriora a paisagem e é

ineficiente quando comparada com centrais eléctricas (como as centrais a carvão). Referem,

ainda, que as turbinas eólicas inactivas provocam aborrecimento na população e que os

aerogeradores são ruidosos e não inspiram confiança.

Em 2005, Warren et al. enumeraram os argumentos usados pelos opositores à energia

eólica. De entre eles destacam-se os seguintes:

• Efeitos adversos no turismo, através da perda do valor paisagístico;

• Impactos na fauna e na flora, nomeadamente, devido ao embate dos pássaros

com as turbinas eólicas;

• Poluição sonora e vibração durante a fase de construção e operação do parque

eólico, devido ao movimento dos aerogeradores;

• Produção de electricidade intermitente, uma vez que o funcionamento dos

aerogeradores está dependente do tempo meteorológico;

• Insignificante contributo deste tipo de energia, uma vez que só pode produzir

uma pequena quantidade de energia necessária para a sociedade;

• Poucos benefícios socioeconómicos nas localidades, pois tem limitação na

criação de emprego e traz poucos outros benefícios locais;

• Inconvenientes para as forças militares devido a interferência com radares;

• Pequena contribuição para a redução das emissões dos gases poluentes, que

não é compensada pela intrusão na paisagem;

• Produção e emissão de gases poluentes para o ambiente (emissões indirectas)

durante a fase de construção, transporte e instalação dos aerogeradores;

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• Custos elevados da energia eólica, associados aos custos da instalação dos

parques e à sua manutenção.

Contudo, alguns autores (Aslet, 2004; Eltam et al., 2008; Pasqueletti et al., 2002;

Warren et al., 2005; Wolsink, 2005) referem que a principal razão para a oposição à energia

eólica é devida ao impacto que os parques eólicos têm na paisagem. Este impacto tem que ver

com o facto de os parques eólicos estarem, frequentemente, localizados em montanhas, locais

normalmente muito apreciados pelos defensores da natureza, e de os aerogeradores serem

visíveis a grandes distâncias. Warren et al. (2005) acrescentam, ainda, que os opositores à

energia eólica destacam, para além do impacto dos aerogeradores na paisagem, o impacto que

as linhas de alta tensão, para o transporte da energia, têm na paisagem, as quais, por estes

motivos, prejudicarão também o turismo. Porém, Warren et al. (2005) mencionaram que um

estudo realizado na Escócia mostrou que as reacções se dividiam quanto aos impactos no

turismo. Os argumentos favoráveis mencionam que os parques eólicos produzem uma energia

limpa e não acarretam efeitos nefastos para a natureza. Um dos factores desfavoráveis referidos

é a localização do parque, geralmente nas montanhas.

Outro tipo de oposição à energia eólica manifesta-se pela síndrome NIMBY (Not-In-My-

Back-Yard). Embora as pessoas apoiem, no abstracto, a energia eólica, começam a opor-se a ela

quando os parques eólicos têm uma localização específica, próxima das suas casas. Esta

oposição deve-se, sobretudo, às esperadas consequências, em termos de impacto visual, de

ruído e de interferências electromagnéticas, que o parque eólico pode acarretar (Agterbosch et

al., 2007; Eltam et al., 2008; Gipe, 1995; Good, 2006; Smith & Klick, 2008; Surugiu &

Paraschivoiu, 2000; Wolsink, 2000; Wolsink, 2005).

Note-se, porém, que a síndrome NIMBY aparece associada, não só à energia eólica, mas

também foi detectada em outras situações, nomeadamente, em centrais relacionadas com

outros tipos de energia (tais como as centrais nucleares), nas estações de tratamentos de

resíduos, nos túneis, nas novas estradas e nos aeroportos (Wolsink, 2005).

O maior apoio à energia eólica dado na “teoria” do que na prática (ou no local) foi uma

atitude encontrada em muitos inquéritos de opinião realizados na década de 90 (Elliott, 1994).

No entanto, as mais recentes pesquisas sobre a opinião revelaram que a síndrome NIMBY

praticamente não evoluiu e que as sociedades estão cada vez mais familiarizadas com a

realidade dos parques eólicos (Warren et al., 2005).

Como a síndrome de NIMBY se encontra aparentemente em declínio, surgem na

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51

literatura novos e importantes factores favoráveis à aceitação da energia eólica, nomeadamente,

os interesses das autarquias locais, as projecções dos impactos económicos em torno da

energia eólica (Toke, 2005), bem como as concepções públicas construídas socialmente

(Devine-Wright, 2004).

2.3.2- Preferências face aos aerogeradores e aos parques eólicos

Como já foi referido anteriormente, a percepção visual de um parque eólico ou de

aerogeradores é determinada por vários factores, nomeadamente, por parâmetros físicos,

psicológicos e sociológicos (Taylor, 2006; Manwell et al., 2005). Nestes parâmetros podem estar

incluídos a forma como um indivíduo interpreta a tecnologia associada à energia eólica, a

opinião que tem sobre a energia e o seu envolvimento no projecto do parque eólico (Taylor,

2006).

De uma forma geral, os jornais e a televisão são praticamente as únicas fontes de

informação através das quais a maioria das pessoas tem acesso à energia eólica e podem

influenciar a opinião pública sobre o tema (Taylor, 2006).

A literatura aponta que a maior controvérsia, na energia eólica, se relaciona com a

mudança na paisagem (Aslet, 2004; Taylor, 2006; Pasqueletti et al., 2002; Warren et al., 2005;

Wolsink, 2000). Contudo, essa controvérsia pode dever-se a uma antipatia relativamente aos

aerogeradores propriamente ditos ou, simplesmente, a uma antipatia face às mudanças que eles

provocam na paisagem. Na maioria dos casos, não é claro qual destes factores é a verdadeira

causa dessa controvérsia (Taylor, 2006). No entanto, sabe-se que a resistência visual ao

aparecimento de estruturas invulgares (como o caso dos aerogeradores) ou mesmo edifícios não

é um fenómeno recente e as opiniões vão mudando com a familiaridade com essas estruturas

(Taylor, 2006).

Segundo Gipe (1995), diversos estudos revelam que, durante as fases de pré e pós

instalação do parque eólico, o nível de aceitação é elevado. No entanto, o mesmo não acontece

durante a construção do parque, fase em que a aceitação atinge o patamar mais baixo (Figura

12). Este facto, talvez se deva a uma maior perturbação causada pelo transporte dos

aerogeradores, pelo barulho e pelo incómodo associados à construção e instalação do parque.

Assim, parece que, à medida que a população se vai familiarizando com o parque eólico, vai

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52

crescendo o seu apoio à energia eólica, ou seja, a percepção negativa da população relativa aos

parques eólicos é ultrapassada com o tempo (Gipe, 1995; Warren et al., 2005).

Figura 12- Variação da aceitação da energia eólica antes, durante e após a construção de um parque eólico

(retirada de Gipe, 1995, p. 376)

Na verdade, pesquisas efectuadas em populações que residem próximas e outras

afastadas de um parque eólico, demonstram que a população próxima do parque é mais

favorável à energia eólica, tanto a nível abstracto como a nível local, e que essas convicções

favoráveis aumentam com o passar do tempo e com a aproximação ao parque (Krohn &

Damborg, 1999; Elliott, 2003; Warren, 2005). Um exemplo dessas pesquisas, foi um inquérito

realizado a 1810 pessoas que residem a 20Km de um grande parque eólico na Escócia, que

revelou que 70% dos respondentes têm atitudes positivas face à energia eólica e que, à medida

que a residência dos respondentes se aproxima do parque eólico, as atitudes são cada vez mais

positivas (Braunholtz, 2003). Outro exemplo, é de um estudo realizado na Irlanda, com 1200

sujeitos, cujos resultados mostraram que a maioria das pessoas que possui um contacto directo

com o parque eólico pensa que ele não tem qualquer efeito negativo na paisagem, na vida

selvagem, no turismo ou nos terrenos vizinhos (SEI, 2003).

Um outro estudo, realizado na Escócia (British Wind Energy Association, BWEA, 2003),

mostrou que as pessoas que vivem perto do parque eólico (cerca de 20Km) gostam da área

onde vivem, evidenciando como pontos fortes a tranquilidade da zona onde habitam (28%), a sua

beleza (26%), a existência de um isolamento rural (23%) e a existência de pessoas amigas (20%).

Quando foram questionados sobre quais os pontos “menos bons” na sua zona de habitação, os

respondentes mencionaram a falta de harmoniosidade (20%), os fracos transportes públicos

(18%) e a falta de postos de trabalho (8%). Apenas cinco pessoas (3%) mencionaram que os

parques eólicos são um aspecto negativo na sua área de residência. Este estudo revelou, ainda,

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que 20% dos respondentes consideraram que o parque eólico tem um impacto positivo na área,

cerca de 7% dos inquiridos afirmaram que tem um impacto negativo e a maioria (73%)

considerou que não tem qualquer impacto. Outro estudo realizado por Lothian (2004) revela que

as pessoas que residem mais próximas de um parque eólico não consideram que este tenha um

impacto visual significativo na paisagem.

Os efeitos que os parques eólicos têm no turismo também foram avaliados numa

pesquisa elaborada pela BWEA (2002), na qual 307 turistas britânicos foram questionados sobre

quais as razões que os levaram a visitar uma dada região, Argyll (região Ocidental da Escócia),

onde está localizado um parque eólico. As razões apontadas pela maioria dos respondentes

foram o campo e a natureza. Outros aspectos menos citados pelos inquiridos foram a comida, a

história e a diversão nocturna. No mesmo estudo foi também perguntado aos turistas se a

presença do parque eólico tinha um efeito positivo ou negativo na região. Dois em cada cinco

inquiridos disseram que tinha um efeito positivo e apenas cerca de um em cada dez

respondentes afirmaram que o parque eólico tinha um efeito nefasto (BWEA, 2002). Quando se

questionou os turistas sobre se a presença do parque eólico em Argyll teve alguma influência na

decisão de efectuarem uma nova visita à região, a maioria (91%) afirmou que não fez qualquer

diferença. Contudo, estes respondentes, na sua maioria (80%), mencionaram que estariam

interessados em realizar uma visita ao parque eólico se este estivesse aberto ao público e

acrescentaram, ainda, que o parque eólico poderia funcionar como um centro educativo. Assim,

parece que, o parque eólico não só é visto pelos turistas como tendo um efeito positivo, mas

também como algo que até poderia ser tornado numa atracção turística, com fins educativos, se

tivesse um centro onde fosse possível conhecer melhor o parque eólico e o seu funcionamento.

Outro estudo, realizado por Lothian (2004), concluiu que na Dinamarca um parque

eólico, tal como uma central hidroeléctrica, pode ser considerado uma atracção turística. Na

verdade, a maioria dos turistas considera que os aerogeradores têm um efeito positivo na

paisagem e que, ao longo do tempo, a hostilidade face aos parques eólicos começa a diminuir e

estes passam a fazer parte “natural” da paisagem. Assim, Lothian (2004) considera que, em

termos globais, não parecem existir evidências de um grave impacto negativo dos parques

eólicos no turismo e na paisagem.

Em relação ao tamanho dos parques eólicos, os resultados das pesquisas efectuadas

neste âmbito sugerem que as pessoas preferem parques com um número pequeno de

aerogeradores (Devine-Wright, 2004). No Reino Unido, Devine-Wright (2004) constatou que

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quanto maior era o tamanho do parque eólico menor era a sua aceitação pelo público, havendo

um maior favoritismo pelos parques eólicos com menos de oito aerogeradores. Também,

Daugarrd (1997) refere que os dinamarqueses preferem os parques eólicos com dois a oito

aerogeradores, relativamente aos parques com um número muito elevado de aerogeradores. Na

Irlanda, o estudo efectuado por Wolsink (2000) indicou que o número de aerogeradores se

sobrepõe à dimensão dos mesmos, registando-se uma preferência por pequenos grupos de

aerogeradores, de grandes dimensões, em detrimento de conjuntos de um grande número de

aerogeradores, de menores dimensões.

No que concerne ao barulho efectuado pelos aerogeradores, há evidências

(Holdningsundersogelse, 1993 citado por Krohn & Damborg, 1999) de que as pessoas sem

experiência específica com parques eólicos acreditam mais que os aerogeradores fazem barulho

do que pessoas que vivem próximo deles. Por outro lado, quando se comparam opiniões de

homens e mulheres, são os homens que acreditam que os aerogeradores fazem mais ruído. As

pessoas de meia-idade, de uma forma geral, imaginam que o parque eólico faz mais barulho do

que é imaginado pelas pessoas das outras faixas etárias.

Relativamente ao barulho e ao impacto visual que um parque eólico pode provocar, uma

pesquisa efectuada por Devine-Wright (2004) indica que as pessoas que vivem perto dos

parques eólicos não consideram o barulho nem o impacto visual como problemas significativos.

A população que se encontra a 500m dos aerogeradores tem uma opinião mais positiva do que

as pessoas que vivem mais longe deles. Por sua vez, as pessoas que vivem na cidade têm uma

opinião mais favorável do que as pessoas que vivem na zona rural. A explicação para este último

resultado, segundo o autor, pode dever-se ao facto de as pessoas citadinas terem uma visão

mais romântica que as do campo e, de estas, por sua vez, terem uma relação mais prática com

a natureza.

Devine-Wright (2004) considera que, na literatura, existe uma inclinação para considerar

os impactos visuais dos parques eólicos como negativos, havendo mesmo uma tendência para

os aerogeradores serem considerados como algo feio. Contudo, existem vários exemplos de

pesquisas que avaliam positivamente o carácter visual dos aerogeradores. Um estudo realizado

por Lee et al. (1989), no final década de 80 mostra que os inquiridos consideravam os

aerogeradores “…um sinal de progresso…” (p.190). Acresce que, em alguns estudos (Lee et al.,

1989; Thayer & Freeman, 1987), entre 51% a 63% dos inquiridos afirmaram que queriam ver os

parques eólicos das suas casas e escolheram a palavra “interessante” para descrever o

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surgimento dos aerogeradores.

Outro estudo, realizado na Dinamarca, revelou que os inquiridos já consideram os

aerogeradores como uma parte integrante da paisagem dinamarquesa e ficariam aborrecidos se

eles fossem removidos (Nielson, 2002). Esta habituação fez mesmo com que um indivíduo

afirmasse “… eu acho que são bonitos, às vezes penso que são como esculturas…” (Devine-

Wright, 2004, p.4). Efectivamente, a verticalidade dos aerogeradores e a rotação das pás

constituem uma intrusão visual na paisagem. Todavia, há quem considere que os aerogeradores

se integram harmoniosamente na natureza e quem considere que a sua presença é

perturbadora (Simão et al., 2004). Para minimizar o descontentamento, e como é impossível

ocultar um aerogerador, podem tomar-se algumas medidas para reduzir o seu impacto visual,

como por exemplo, seleccionar uma cor adequada para evitar o efeito da sombra intermitente

provocada pela incidência do sol sobre as pás em movimento (Simão et al., 2004).

Ainda que, os impactos visuais sejam constantemente referenciados no que concerne às

percepções sobre os parques eólicos, poucos estudos relacionam essas percepções com as

cores, a forma ou o tamanho dos aerogeradores (Berry et al., 1998; Devine-Wright, 2004). No

entanto, estudos realizados (Agterbosch et al., 2007; Lee et al., 1989; Gipe, 1995) sobre as

preferências da população face à cor dos aerogeradores permitiram concluir que a população

prefere os aerogeradores pintados com cores naturais e/ou que se confundam com a paisagem.

Na Austrália, Lothian (2004), concluiu que os respondentes preferem, de forma equivalente, os

aerogeradores com cor branca, azul ou cinzenta; em contrapartida, o tom dourado/amarelado é

o menos aceite.

A continuação do desenvolvimento da energia eólica depende não só de factores

económicos, mas também da aceitação pública face a esta energia (Warren, 2005). Para Krohn

& Damborg (1999), tanto os argumentos a favor como os argumentos contra a energia eólica

são baseados em valores individuais e em convicções próprias. Para estes autores, se os

aerogeradores deterioram ou enriquecem a paisagem trata-se de uma questão de gosto pessoal.

Todavia, sabe-se que as percepções e as opiniões da população sobre a energia eólica e

sobre os parques eólicos podem mudar com o tempo, com a habituação ao parque eólico e com

um conhecimento mais aprofundado sobre a tecnologia em causa (Álvarez-Farizo & Hanley,

2001). Uma vez que os meios de comunicação (televisão e jornal) são as principais fontes de

informação, para a maioria da população, sobre a energia eólica, eles têm, por isso, um

importante papel na aceitação desta energia pela população em geral. No entanto esse papel

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dos media não retira aos parques eólicos a responsabilidade de contribuir para a educação dos

cidadãos, pelo que seria desejável que eles tivessem serviços informáticos e educativos

acessíveis ao público, em geral, e às escolas, em particular.

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CAPÍTULO III

METODOLOGIA

3.1- Introdução

Este capítulo tem como objectivo central a descrição e justificação da metodologia usada

no estudo desenvolvido, de forma a atingir os objectivos propostos para o trabalho de

investigação relatado nesta dissertação. O capítulo está dividido em sete secções. Inicia-se com

uma descrição do estudo efectuado, que resume os procedimentos adoptados para a

investigação (3.2). Em seguida, caracteriza-se a população e a amostra do estudo (3.3).

Apresenta-se também a selecção e a justificação da técnica de recolha de dados (3.4) e os

procedimentos relacionados com a elaboração e validação dos questionários (3.5). Por fim,

descreve-se em que contextos foram recolhidos os dados (3.6), e realizado o tratamento e a

análise (3.7) destes.

3.2- Descrição do estudo

Para a consecução dos objectivos definidos em 1.3 realizou-se um estudo com

professores e alunos. Para conseguir atingir esses objectivos, elaboraram-se dois questionários,

um para aplicar a professores de Física e Química, a leccionar nas escolas do concelho de Fafe,

e outro para aplicar a alunos, a frequentar o 9º ano de escolaridade nas escolas do mesmo

concelho.

O questionário aplicado aos alunos tinha os seguintes objectivos específicos:

• Caracterizar os conhecimentos dos alunos sobre a energia eólica;

• Identificar e caracterizar as opiniões e atitudes dos alunos sobre a energia

eólica;

• Caracterizar a familiaridade dos alunos com os parques eólicos;

• Caracterizar as concepções dos alunos sobre os parques eólicos e os seus

constituintes;

• Identificar as opiniões e caracterizar o conhecimento dos alunos sobre o Parque

Eólico das TAF.

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Por seu lado, o questionário aplicado aos professores tinha os seguintes objectivos

específicos:

• Identificar e caracterizar as opiniões e atitudes dos professores sobre a energia

eólica;

• Identificar e caracterizar as opiniões e atitudes dos professores sobre os parques

eólicos;

• Caracterizar a forma como os professores utilizam o Parque Eólico das TAF,

como um recurso didáctico.

Para fins de validação de conteúdo e de análise da adequação aos respondentes (De

Ketele & Roegiers, 1999), as primeiras versões dos questionários foram analisadas por três

especialistas na área da Educação em Ciências e, também, pela orientadora desta dissertação.

Foram aplicadas a três professores (questionário destinado aos professores) e a uma turma de

9º ano, constituída por 25 alunos (questionário dirigido aos alunos). O principal objectivo deste

procedimento era obter informação que permitisse melhorar os questionários. As versões finais

dos questionários foram aplicadas no terceiro período do ano lectivo de 2005/2006, aos alunos

a frequentar o 9º ano de escolaridade, em seis escolas do concelho de Fafe, e a professores de

Física e Química, a leccionar em escolas pertencentes ao mesmo concelho.

3.3- População e amostra

De acordo com a literatura da especialidade (Borg & Gall, 2003), num estudo

quantitativo, a população abrange todos os elementos de um grupo de pessoas ao qual se

pretende generalizar os resultados de um estudo. Para realizar este estudo, foi necessário

considerar uma população que no caso foi constituída pelos professores de Física e Química que

leccionavam em escolas do concelho de Fafe e pelos alunos do 9º ano que frequentavam as

escolas do mesmo concelho.

Se a população é muito grande, como é o caso, recolhem-se os dados de uma amostra

com um número suficiente de indivíduos, extraídos da população, de forma a representarem a

população em causa (Borg & Gall, 2003).

Nesta investigação, a amostra é constituída por duas subamostras: a subamostra de

alunos e a subamostra de professores. A subamostra de alunos é composta por cinco alunos de

cada uma das 46 turmas do 9º ano de escolaridade, das seis escolas pertencentes ao concelho

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de Fafe: Escola Básica 2,3 de Arões; Escola Básica 2,3 Padre Joaquim Flores; Escola Básica 2,3

Professor Carlos Teixeira; Escola Básica 2,3 de Montelongo; Escola Básica 2,3 de Silvares e a

Escola Secundária com 3º Ciclo de Fafe. A amostra convidada foi, portanto, constituída por 230

alunos. Foram escolhidos, aleatoriamente, cinco alunos de cada uma das 46 turmas de 9º ano

de escolaridade das várias escolas, permitindo a obtenção de uma subamostra heterogénea,

com alunos que vivem mais próximos e outros mais afastados do Parque Eólico das TAF, o que

garante alguma representatividade da subamostra relativamente à população, aspecto que,

segundo Ghiglione & Matalon (1997) é importante para se poder generalizar os resultados. De

referir que, em algumas turmas os respectivos professores preferiram que, por razões de gestão

pedagógica, o questionário fosse aplicado a toda a turma e depois fossem seleccionados apenas

os cinco que interessavam. Embora reconhecendo poder haver algum problema ético com este

procedimento, não se teve alternativa e acabou-se por aceitá-lo.

Por outro lado, a opção por alunos do 9º ano de escolaridade deve-se ao facto de estes

alunos estarem a concluir o Ensino Básico e de nos darem a possibilidade de investigar se a

formação facultada pela escola, no final do 3º ciclo, lhes confere competências de cidadania,

relacionadas, designadamente, com opções por energias renováveis e não poluentes. Note-se

que, segundo o CNEB, este nível de ensino deve desenvolver competências que permitam aos

alunos medir as consequências dos seus actos, para além do impacto imediato destes, e

mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para

abordar situações e problemas do quotidiano (DEB, 2001a).

No caso dos alunos, a subamostra participante coincidiu com a subamostra convidada,

o que faz com que não haja distorção da subamostra anteriormente referida. As características

dos alunos que responderam ao questionário constam na tabela 4.

Tendo em atenção os dados apresentados na tabela 4, pode constatar-se que a idade

dos alunos da subamostra participante variava entre os 14 e 18 anos, mas a maioria (80.4%)

estava compreendida entre os 14 e 15 anos. Assim, pode afirmar-se que as idades da maioria

destes alunos estavam adequadas à frequência do último ano da escolaridade obrigatória, de

acordo com a legislação em vigor (ponto quatro do artigo 6º da Lei de Bases do Sistema

Educativo (Lei nº49/2005, de 30 de Agosto)), que regulamenta como obrigatória a frequência do

Ensino Básico até aos 15 anos de idade. Apenas 19,6% dos alunos tinham idades iguais ou

superiores a 16 anos, e, consequentemente, estavam para além da idade abrangida pela

escolaridade obrigatória.

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Tabela 4- Características gerais da subamostra de alunos que participaram no estudo (N=230)

No que diz respeito ao género, a subamostra dos alunos dividiu-se, equitativamente,

pelos dois géneros, pois as percentagens de indivíduos do sexo feminino (49.1%) e de indivíduos

do sexo masculino (50.9%) eram muito semelhantes entre si e semelhantes às já detectadas em

outras investigações, nomeadamente, em Fernandes (2007) e Oliveira (2008).

Dado que, com base em estudos revistos (Braunholtz, 2003), se imaginou que a

distância geográfica de residência dos alunos ao Parque Eólico das TAF poderia influenciar as

suas respostas aos questionários, estes foram divididos em dois subgrupos: o subgrupo dos

alunos que vivem mais perto do Parque Eólico das TAF; e o subgrupo dos alunos que habitam

mais afastados do Parque Eólico das TAF. No subgrupo dos alunos que vivem mais perto do

Parque Eólico das TAF, foram incluídos os que residiam nas freguesias onde ele se encontra

localizado e nas freguesias que fazem fronteira com estas, ou seja, foram consideradas as

seguintes: Aboim, Estorãos, Felgueiras, Gontim, Moreira de Rei, Pedraído, Queimadela,

Quinchães, Ribeiros, São Gens, Seidões e Várzea Cova (Figura 13). As restantes freguesias do

concelho de Fafe, consideradas afastadas do Parque Eólico das TAF, foram as seguintes:

Antime, Ardegão, Armil, Arões, Cepães, Fafe, Fareja, Fornelos, Freitas, Golães, Medelo,

Pardelhas, Regadas, Revelhe, S. Miguel do Monte, S. Vicente de Passos, Serafão, Silvares S.

Clemente, Silvares S. Martinho, Travassós e Vinhós (Figura 13).

Assim, a maioria dos alunos (78.7%) residia afastado do Parque Eólico das TAF e 49

(21.3%) alunos moravam próximos do Parque Eólico das TAF.

Características Frequência Percentagem

14- 15 185 80.4 Idade (em anos) 16-18 45 19.6

Feminino 113 49.1 Género

Masculino 117 50.9

Próximos do Parque Eólico das

TAF

49 21.3 Distância geográfica

da residência ao

Parque Eólico das

TAF

Afastados do Parque Eólico das

TAF

181 78.7

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Figura 13- Mapa do concelho de Fafe

A população de professores coincide com a subamostra convidada de professores. Esta

é constituída pelos docentes de Física e Química das escolas do concelho de Fafe, no ano lectivo

de 2005/2006: Escola Básica 2,3 de Arões; Escola Básica 2,3 Padre Joaquim Flores; Escola

Básica 2,3 Professor Carlos Teixeira; Escola Básica 2,3 de Montelongo; Escola Básica 2,3 de

Silvares e a Escola Secundária com 3ºCiclo de Fafe. No entanto, os professores das Escola

Básica 2,3 de Montelongo e Escola Básica 2,3 de Silvares não participaram no estudo, pois não

devolveram o questionário ao qual foram solicitados a responder. Assim, a subamostra de

professores que participaram no estudo perfaz um total de 20 professores, pertencentes a

quatro das seis escolas do concelho de Fafe.

Através da análise da tabela 5, pode verificar-se que a maioria (70%) dos professores

envolvidos neste estudo era do sexo feminino. Esta distribuição pelos dois géneros era a

esperada, pois, na classe dos professores de Física e Química existe uma predominância do

sexo feminino, já detectada em outros estudos, nomeadamente, em Figueiroa (2007), Guedes

(2007), Loureiro (2008) e Soares (2004).

Legenda

- - Freguesias próximas do Parque Eólico das TAF

- - Freguesias afastadas do Parque Eólico das TAF

-

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62

Tabela 5- Características gerais da subamostra de professores que participaram no estudo (N=20)

No que concerne ao local de residência, a maioria dos docentes residia no concelho de

Fafe (55.0%) e nove (45.0%) professores residiam fora do mesmo. Isto significa que a maioria

tinha facilidade de acesso ao Parque Eólico das TAF.

Relativamente ao tempo de serviço, verificou-se que metade dos professores tinha uma

experiência docente assinalável, pois quatro (20.0%) tinham entre cinco a dez anos de serviço e

seis (30.0%) tinham mais de quinze anos de serviço. Os restantes 10 (50.0%) professores tinham

menos de cinco anos de serviço.

No que diz respeito à situação profissional, constatou-se que oito (40.0%) professores

eram contratados, onze (55.0%) eram de quadro de escola e um (5.0%) professor que ainda não

tinha concluído a profissionalização pelo que foi incluído na categoria outro (estagiário).

A distribuição dos professores, em termos de sexo, tempo de serviço e situação

profissional obtidos neste estudo, está em concordância com a obtida, por exemplo, na

investigação realizada por Guedes (2007), que também envolveu professores de Física e

Química.

Características Frequência Percentagem (%)

Masculino 14 70.0 Género

Feminino 6 30.0

Sim 11 55.0 Residência no

concelho de Fafe Não 9 45.0

Menos de 5 10 50.0

De 5 a 10 4 20.0

De 10 a 15 0 0.0

Tempo de serviço

(em anos)

Mais de 15 anos 6 30.0

Contratado 8 40.0

QZP 0 0.0

QE 11 55.0 Situação Profissional

Outro 1 5.0

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63

3.4- Selecção da Técnica de Recolha de Dados

Para alcançar os objectivos da investigação seleccionou-se como técnica de recolha de

dados o inquérito por questionário. Esta técnica consiste em recolher dados colocando

solicitações por escrito aos intervenientes na investigação (Tuckman, 2002), sendo que as

questões são formuladas previamente e centram-se, com tanta exactidão quanto a possível,

naquilo que se pretende (Ghiglione & Matalon, 1997). É uma técnica a que os investigadores

usualmente recorrem quando desejam efectuar uma análise quantitativa dos resultados, uma

vez que permite que o texto das questões e a ordem pela qual elas são apresentadas aos

respondentes seja bem estruturada e padronizada (Borg & Gall, 2003), pondo os diferentes

respondentes em situação parecida e facilitando a quantificação das respostas. Outra das razões

da escolha desta técnica é o baixo custo de distribuição numa área geográfica limitada e o facto

de o tempo a despender para a recolha de dados ser relativamente reduzido (Borg & Gall, 2003;

Pardal & Correia, 1995). Contudo, esta técnica apresenta algumas desvantagens, das quais se

destaca a que se relaciona com o facto de a veracidade das respostas (Gihiglione & Matalon,

1997) poder ser posta em causa, pois a informação recolhida diz respeito ao que os

respondentes afirmam ou dizem fazer, não sendo possível provar se as respostas dos inquiridos

correspondem, inteiramente, ao que realmente acreditam e ao que fazem na prática (Borg &

Gall, 2003). Outra limitação desta técnica reporta-se ao facto de o investigador não participar

activamente da recolha de dados, o que faz com que, uma vez distribuídos os questionários aos

sujeitos, não seja possível efectuar qualquer alteração, mesmo que alguma questão não esteja a

ser percebida pelos respondentes (Borg & Gall, 2003), nem esclarecer respostas dadas pelos

mesmos.

3.5- Construção e validação dos questionários

De acordo com os objectivos do estudo, foram elaborados dois questionários, um

destinado à subamostra dos alunos e outro dirigido à subamostra dos professores. As questões

incluídas nos questionários foram elaboradas, especificamente, para este estudo e de forma a

cumprir os objectivos propostos, tendo sido revistas e reformuladas as vezes necessárias para

que conduzissem ao tipo de dados que se pretendia recolher.

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64

O questionário aplicado aos alunos foi dividido em seis partes, com a intenção de

conferir a este uma estrutura organizada e clara. Com a parte I pretendeu efectuar-se uma

caracterização da subamostra, pelo que nela foram incluídas questões acerca de variáveis

pessoais, designadamente, idade, sexo e freguesia de residência. Na parte II do questionário

incluíram-se questões que tinham o objectivo de permitir efectuar uma caracterização geral dos

conhecimentos dos alunos acerca da energia eólica. A secção III era constituída por perguntas

que tinham a finalidade de possibilitar uma caracterização dos conhecimentos dos alunos sobre

aerogeradores. As questões incluídas na secção IV estavam relacionadas com conhecimentos

dos alunos sobre os parques eólicos. Na parte V foram abordadas questões relativas ao

conhecimento do Parque Eólico das TAF. Por fim, na secção VI, foram incluídas questões

referentes à opinião dos alunos sobre o Parque Eólico das TAF.

No que concerne ao questionário aplicado aos professores, este foi dividido em quatro

secções, sendo duas delas semelhantes às incluídas no questionário destinado aos alunos. Com

a secção I, tal como no questionário aplicado aos alunos, pretendeu efectuar-se uma

caracterização sobre a subamostra de professores, sendo nela incluídas questões sobre as

variáveis pessoais, nomeadamente, sexo, freguesia de residência, tempo de serviço e situação

profissional. Na secção II, as questões estavam relacionadas com opiniões e atitudes dos

professores face à energia eólica. A secção III incluía questões que tinham como finalidade

identificar as opiniões e caracterizar as atitudes dos professores sobre os parques eólicos. Por

último, na secção IV, as questões foram elaboradas de modo a caracterizar a forma como os

professores utilizam o Parque Eólico das TAF, como um recurso didáctico.

As questões incluídas nos questionários eram de resposta fechada, de resposta semi-

aberta e de resposta aberta. Nas questões de resposta fechada disponibilizou-se aos

respondentes um conjunto de opções para que os mesmos assinalassem a opção com a(s)

qual(ais) se identificava(m). Este tipo de questão, no questionário dos alunos, aparece associado

aos conhecimentos sobre parques eólicos e aos conhecimentos sobre o Parque Eólico das TAF.

No questionário destinado aos professores encontram-se, sobretudo, na secção sobre o

aproveitamento didáctico do Parque Eólico das TAF. Estas perguntas são de fácil resposta,

propõem aos inquiridos uma tarefa de reconhecimento (por oposição a um apelo pela memória),

produzem pouca variabilidade de respostas, as quais são imediatamente comparáveis (Foddy,

1996; Ghiglione & Matalon, 1997), o que facilita a análise comparativa das respostas obtidas por

diferentes grupos de sujeitos.

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65

Relativamente às questões de resposta semi-aberta, os inquiridos, após assinalarem a

escolha de uma determinada opção, teriam de fornecer mais informação, de forma a justificar a

sua escolha e a possibilitar à investigadora receber uma informação mais rica e detalhada sobre

os conhecimentos dos alunos (acerca, não só da energia eólica e dos parques eólicos, mas

também das opiniões destes sobre o Parque Eólico das TAF) e as opiniões dos professores

(acerca da energia eólica e do Parque Eólico das TAF e sobre o aproveitamento didáctico do

Parque Eólico das TAF).

Por último, as questões de resposta aberta permitem aos inquiridos exprimir livremente

as suas ideias. Neste tipo de questão, os respondentes podem usar o seu próprio vocabulário,

referir os comentários que consideram relevantes, apresentando um maior ou menor

aprofundamento das suas ideias (Ghiglione & Matalon, 1997). Este tipo de questões foi usado,

sobretudo, em questões de conhecimento sobre a energia eólica, aerogeradores e parques

eólicos, no questionário dirigido aos alunos. No questionário destinado aos professores foram

usadas na secção IV, referente ao aproveitamento didáctico do Parque Eólico das TAF.

A elaboração das questões de resposta fechada e semi-aberta foi precedida por uma

pesquisa bibliográfica sobre a energia eólica e parques eólicos, nomeadamente, sobre o Parque

Eólico das TAF, a fim de garantir a inclusão na própria questão de aspectos relevantes para a

resposta. Mas, sempre que se justificou, foram incluídas as alternativas “Qual(ais)” e “Porquê”,

de forma a possibilitar respostas mais adequadas e completas aos respondentes.

A construção de um questionário e a formulação das suas perguntas é uma etapa

decisiva do desenvolvimento de uma investigação (Ghiglione & Matalon, 1997). Depois de

elaborados os questionários e de se pensar que estes pareciam avaliar os objectivos

pretendidos, isto é, que tinham uma validade aparente (Foddy, 2002), foi importante comprovar

a relevância das solicitações em relação aos objectivos do estudo e investigar a clareza e a

compreensibilidade das solicitações para os sujeitos envolvidos no mesmo (Hill & Hill, 2002).

Assim sendo, procedeu-se à validação dos questionários. Iniciou-se a validação dos questionários

aplicados aos alunos através de três especialistas em Educação em Ciências, da orientadora

desta dissertação e com uma turma de 9º ano de escolaridade, da Escola Básica Integrada de

Mota, situada numa freguesia de Celorico de Basto, (localidade onde se avista o Parque Eólico

das TAF), não considerada para o estudo. Com base nos comentários dos especialistas e na

análise das respostas dos alunos, fizeram-se as devidas alterações. Estas tiveram,

essencialmente, que ver com:

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66

• Clarificação de algumas directrizes para o preenchimento do questionário;

• Rectificação das questões quanto à sintaxe e à semântica;

• Alteração da questão, que visava recolher opiniões dos inquiridos sobre as

vantagens e desvantagens da energia eólica. Esta alteração concretizou-se na

formulação de duas questões;

• Inserção de um pedido de justificação em três questões de escolha múltipla,

para que o respondente possa explicitar os motivos da sua escolha;

• Inserção de uma nova opção de escolha múltipla na questão de opinião

relacionada com valores estéticos do Parque Eólico das TAF.

Da mesma forma, foi solicitado a três especialistas em Educação em Ciências, à

orientadora da dissertação e a dois professores de Física e Química, a análise dos questionários

a aplicar aos professores, sendo-lhes solicitado que se pronunciassem acerca da clareza das

questões e da adequação das questões aos respondentes e aos objectivos do estudo. Com base

nos seus comentários, fizeram-se alguns ajustes que tiveram, essencialmente, que ver com:

• Clarificação de algumas directrizes para o preenchimento do questionário;

• Rectificação das questões quanto à sintaxe e à semântica;

• Transformação de duas questões sobre os efeitos do Parque Eólico das TAF,

em uma questão semi-aberta que abrange as diversas possibilidades em

termos dos efeitos do Parque Eólico das TAF;

• Inserção de um pedido de justificação em três questões de escolha múltipla,

para que o respondente possa explicitar os motivos da sua escolha.

Como sugerem Ghiglione & Matalon (1997), os questionários reformulados foram

novamente analisados por especialistas em Educação em Ciências. Não se tendo detectado

problemas, considerou-se o processo de validação dos questionários terminado, apresentando-se

em anexo (Anexos I e II), a versão final dos mesmos. A estrutura dos questionários aplicados aos

alunos e aos professores participantes no estudo aqui relatado é apresentada nas tabelas 6 e 7,

respectivamente. Nestas tabelas explicitam-se os objectivos específicos de cada uma das

questões.

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Tabela 6- Estrutura do questionário aplicado aos alunos Secção Questão Objectivos

4 - Caracterizar as concepções de energia eólica que os inquiridos possuem

5 - Averiguar se os alunos associam a energia eólica a uma energia renovável ou a uma energia não renovável

6.1 - Apurar se os alunos conhecem vantagens da energia eólica face a outras energias

6.2 - Apurar se os alunos conhecem desvantagens da energia eólica face a outras energias

7 - Conhecer a opinião dos alunos sobre se Portugal deveria ou não investir mais na energia eólica

8.1 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre quais os países que mais energia eólica produzem

II- Con

hecimen

tos sobre a En

ergia Eó

lica

8.2 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre quais os países que menos energia eólica produzem

9 - Apurar a familiaridade dos alunos com os aerogeradores

10 - Caracterizar o conhecimento dos alunos sobre aerogeradores

III-

Con

hecimen

tos

sobre os

aerogerado

res

11 - Averiguar se os alunos que já ouviram falar de aerogeradores conhecem o seu funcionamento

12 - Caracterizar as concepções de parque eólico que os inquiridos possuem

13 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre a localização dos parques eólicos

14 - Apurar se os alunos já realizaram alguma visita a um parque eólico

15 - Apurar qual(ais) o(s) parque(s) eólico(s) que os alunos já visitaram

16 - Apurar em que condições os alunos efectuaram a(s) visita(s) ao(s) parque(s) eólico(s)

17 - Conhecer as opiniões dos alunos acerca do possível ruído produzido num parque eólico

IV- C

onhe

cimen

tos sobre pa

rque

s

eólicos

18 - Conhecer as opiniões dos alunos quanto às possíveis interferências do parque eólico na televisão

19 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre o número de aerogeradores constituintes do Parque Eólico das TAF

20 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre a altura da torre dos aerogeradores do Parque Eólico das TAF

21 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre a distância entre os aerogeradores do Parque Eólico das TAF

22 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre os aerogeradores quanto ao número de pás

V – Con

hecimen

to sob

re o

Parqu

e Eó

lico da

s TA

F

23 - Apurar o conhecimento dos alunos sobre a quantidade de energia que o Parque Eólico das TAF produz anualmente

24 - Identificar as opiniões dos alunos sobre a possível construção de casas perto do Parque Eólico das TAF

25 - Conhecer as opiniões dos alunos relativamente ao impacto do Parque Eólico das TAF sobre as pessoas, o ambiente e a economia

26 - Apurar se os alunos consideram o Parque Eólico das TAF bonito, feio, ou nem bonito nem feio

VI- O

piniõe

s sobre o

Parqu

e Eó

lico da

s TA

F

27 - Conhecer a opinião dos alunos sobre a possibilidade do Parque Eólico das TAF ser, ou poder ser, uma atracção turística

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Tabela 7- Estrutura do questionário aplicado aos professores Secção Questão Objectivos

5 - Caracterizar a opinião dos professores acerca do aproveitamento da energia eólica

6 - Apurar a opinião dos professores sobre o investimento na energia eólica

II- Opiniõe

s

sobre a

Energia

Eólica

7 - Caracterizar as opiniões dos professores sobre se a energia eólica poderá contribuir para a resolução dos problemas energéticos em Portugal

8 - Apurar se os inquiridos consideram o Parque Eólico das TAF um factor de poluição visual

III- O

piniões

sobre os o

Parqu

e Eó

lico das

TAF

9 - Conhecer as opiniões dos professores relativamente ao impacto do Parque Eólico das TAF sobre a população, o ambiente, a economia, o desenvolvimento do parque habitacional e o turismo

10 - Apurar se os professores utilizam o Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico

11 - Averiguar se os professores deste estudo têm conhecimento se os professores de Física do concelho de Fafe costumam usar o Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico

12.1 - Averiguar o grau de importância que os inquiridos atribuem à existência de um serviço educativo no Parque Eólico das TAF

12.2 - Descrever de que forma deveria consistir o serviço educativo no Parque Eólico das TAF, na perspectiva dos inquiridos

13 - Apurar qual o local onde será mais eficaz o ensino acerca do Parque Eólico das TAF, segundo os professores

14 - Averiguar se os inquiridos já efectuaram uma visita de estudo a um parque eólico

15 - Apurar em que condições, os professores efectuaram a(s) visita(s) de estudo ao parque eólico

16 - Identificar o principal objectivo da(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das TAF, segundo os professores

17 - Identificar o(s) ano(s) de escolaridade(s) no qual os professores optam pela visita de estudo ao Parque Eólico das TAF

18 - Averiguar se a(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das TAF se integravam nas actividades da disciplinas de Ciências Físico-Químicas

19 - Descrever as actividades realizadas durante as várias fases da(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das TAF e mencionar os principais intervenientes em cada fase da(s) actividade(s), segundo os professores

20 - Apurar as reacções dos alunos à(s) visita(s) ao Parque Eólico das TAF, segundo os professores

21 - Caracterizar a opinião dos professores relativamente aos objectivos alcançados pelos alunos com a(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das TAF

IV- A

proveitamen

to Didáctico do

Parqu

e Eó

lico da

s TA

F

22 - Identificar o(s) nível(eis) de ensino e o(s) ano(s) de escolaridade(s) em que faça mais sentido organizar visitas de estudo ao Parque Eólico das TAF, segundo os inquiridos

3.6- Recolha de Dados

Os dados foram recolhidos durante os meses de Maio e Junho de 2006. Praticamente

em todas as escolas, os questionários destinados a professores de Física e Química foram

entregues, pessoalmente, no Conselho Executivo. Contudo, quando isso não foi possível, os

questionários foram entregues a um professor que, por sua vez, se responsabilizou por entregá-

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los aos professores envolvidos na investigação, após a obtenção de uma autorização de

aplicação dos questionários, a qual foi solicitada através de uma carta (Anexo III) ao Conselho

Executivo de cada escola. Os questionários, depois de respondidos pelos professores, foram

entregues novamente ao professor responsável pela distribuição dos mesmos ou no Conselho

Executivo.

Relativamente à aplicação dos questionários destinados aos alunos, procedeu-se da uma

forma semelhante à utilizada no caso dos professores. Assim, os questionários destinados aos

alunos foram aplicados, na sua maioria, por um docente de C.F.Q., o mesmo para todas as

turmas de cada escola, onde foi realizado o estudo. Nestes casos, foram dadas instruções de

aplicação, por escrito, ao professor que realizou a aplicação do questionário (Anexo IV),

realçando-se, nomeadamente, que os alunos deveriam responder ao questionário na sala de

aula, sem consulta do manual ou da internet, e sem auxílio do professor ou dos colegas.

3.7- Tratamento e Análise de Dados

A análise dos dados recolhidos através dos questionários aplicados aos professores e

aos alunos foi feita em duas fases.

Na primeira fase foi efectuada uma análise quantitativa, por subamostra, das respostas

dadas pelos respondentes às questões de resposta fechada. Para tal, em cada uma das

subamostras, calculou-se a frequência e a percentagem obtida por cada alternativa de respostas

para cada uma das questões, seguindo, para o efeito, procedimentos semelhantes aos usados

em outra investigação (Guedes, 2007).

No caso dos alunos, nas secções relativas a conhecimentos sobre o Parque Eólico das

TAF e sobre opiniões acerca do Parque Eólico das TAF, dado que, como se referiu

anteriormente, se imaginou que a distância geográfica de morada dos alunos ao parque pode

influenciar as suas respostas, os alunos foram divididos em dois subgrupos, a fim de se poder

comparar as suas respostas. Assim, formaram-se dois subgrupos: o subgrupo dos alunos que

vivem mais perto do parque eólico e o subgrupo dos alunos que habitam mais afastados do

Parque Eólico das TAF (conforme a figura 13).

Na segunda fase, foi realizada uma análise de conteúdo, com vista à quantificação, das

respostas às questões de resposta semi-fechada ou aberta. Para o efeito, em cada questão e

subamostra realizaram-se os seguintes procedimentos:

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70

• Efectuou-se o registo de todas as respostas referentes a cada uma das

questões;

• Formaram-se conjuntos de respostas, de acordo com as semelhanças do

conteúdo apresentadas por estas;

• Definiram-se categorias que indicassem a ideia subjacente às respostas

agrupadas num mesmo conjunto;

• Criou-se uma categoria “Não Responde” para incluir respostas que não se

enquadravam no conjunto em causa, respostas que traduziam uma clara

incompreensão da questão por parte dos inquiridos e respostas que a

investigadora não percebia. Incluíram-se nesta mesma categoria as respostas

em branco.

• Calculou-se a percentagem de respostas por categoria de resposta, para cada

uma das subamostras;

• No caso dos alunos, comparou-se, sempre que possível, as respostas do

subgrupo de alunos que vivem mais perto do Parque Eólico das TAF com as do

subgrupo de alunos que habitam mais afastados do Parque Eólico das TAF, na

parte referente ao conhecimento sobre o Parque Eólico das TAF e ainda na

secção relativa às opiniões sobre o referido parque.

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CAPÍTULO IV

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1- Introdução

Neste capítulo apresentam-se e discutem-se os resultados obtidos com a investigação

realizada, após análise dos dados recolhidos através da aplicação dos questionários aos

diferentes intervenientes: alunos e professores. Começa-se por apresentar os resultados

referentes ao conhecimento dos alunos sobre a energia eólica (4.2), aerogeradores (4.3) e

parques eólicos (4.4). De seguida, procede-se à análise e comparação do conhecimento (4.5) e

opinião (4.6) sobre o parque em questão, dos alunos do subgrupo que vivem afastados do

Parque Eólico das TAF e do subgrupo dos alunos que habitam próximos do Parque Eólico das

TAF.

Posteriormente, analisam-se os resultados obtidos através do questionário aplicado aos

vinte professores de Física e Química, a leccionar nas escolas do concelho de Fafe. Começa-se

por apresentar os resultados relativos à opinião dos professores acerca da energia eólica (4.7) e

do Parque Eólico das TAF (4.8). Para finalizar o capítulo IV, apresentam-se e discutem-se os

resultados sobre a opinião dos professores acerca do aproveitamento didáctico do Parque Eólico

das TAF (4.9).

4.2- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre a energia eólica

4.2.1- Conhecimento dos alunos sobre a energia eólica

Quando questionados acerca do que entendiam por energia eólica (pergunta 4 do

questionário), a maioria (71.7%) dos alunos associou a energia eólica ao vento (tabela 8).

Enquanto que 60.0% referiram, e bem, que o vento era a fonte de energia utilizada na energia

eólica, 6.5% dos alunos associaram a energia eólica ao ar (talvez porque, no 1º Ciclo do Ensino

Básico, ensina-se que o vento é o ar em movimento), mas sem explicitarem qual a função do ar

neste tipo de energia. Os restantes (5.2%) alunos associaram o vento à energia eólica, mas

também não explicitaram qual era a função do vento.

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Tabela 8- Conhecimentos dos alunos sobre energia eólica (N=230)

Nota: alguns alunos (setenta e nove) mencionaram mais que uma categoria.

Cinco alunos (2.2%) afirmaram que a energia eólica tem outras fontes de energia que

não o vento, sendo que, dois alunos referiram que a fonte é o óleo e os restantes mencionaram

que a fonte é o sol. Os alunos que citaram o óleo como fonte de energia, talvez o tenham feito

devido a uma semelhança na fonética e na escrita das palavras óleo e eólica. Por outro lado, os

alunos que associaram energia eólica ao sol, talvez tenham confundido a energia eólica com a

energia solar, confusão essa que pode dever-se ao facto de estas duas energias renováveis

serem relativamente comuns. De referir que este resultado é semelhante ao obtido por Vieira

(2007), uma vez que a maioria dos sujeitos participantes nesse estudo identificou,

correctamente, a fonte de energia utilizada nas centrais eólicas.

Trinta e três alunos associaram a energia eólica a elementos dos parques eólicos,

nomeadamente, aos aerogeradores ou às ventoinhas. De salientar que, embora alguns alunos

tenham utilizado termos que não são cientificamente aceites (exemplo: ventoinhas), eles

associaram a energia eólica às estruturas onde ela sofre transformação.

Outros elementos caracterizadores da energia eólica, referenciados pelos alunos, para

definir este tipo de energia foram: uma energia renovável (29.1%) e uma energia não poluente

(6.5%).

De um modo geral, os alunos têm uma ideia do que é a energia eólica. No entanto, as

justificações que apresentam são limitadas, uma vez, que a maioria dos alunos, só associa a

Categorias de resposta

Frequência Percentagem Extractos de respostas

Vento como fonte 138 60.0 “…é uma forma de utilizar o vento como fonte de energia..”

“…que utiliza o vento como recurso…” Ar com um papel indefinido

15 6.5 “…formada através do ar…” “…produzida através do movimento do ar…”

Vento com um papel indefinido

12 5.2 “ …energia conseguida através do vento” “…energia proveniente do vento” “…energia produzida pelas forças do vento”

Outras fontes que não o vento

5 2.2 “…funciona a óleo…” “…a partir do sol…”

Elemento dos parques eólicos

33 14.3 “ a energia eólica é uma energia … gerada pelos geradores” “…é a energia produzida por muitas ventoinhas” “…é produzida por aerogeradores….”

Renovável

67 29.1 “a energia eólica é uma energia renovável…” “…é uma energia que nunca acaba… de forma a que haja sempre energia” “… energia inesgotável…”

Não poluente 15 6.5 “…energia … não poluente…” Não responde 24 10.4 ------

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energia eólica ao vento, não referindo como se transforma a energia do vento em energia

eléctrica. Note-se que esta associação da energia eólica ao vento, sem explicitar adequadamente

a relação entre elas, é também veiculada pelos manuais adoptados nas diferentes escolas que

participaram no estudo. Na verdade, o manual “Eu e o Planeta Azul” (Maciel et al., 2006), da

Porto Editora, relaciona a energia eólica com produção de electricidade, mas não menciona

como (ou seja, falta explicitar essa transformação).

O manual “ FQ” (Cavaleiro & Beleza, 2005), da Asa Editores, não refere quais são as

estruturas para transformação do vento em energia eléctrica e também não explicita essa

transformação:

4.2.2- Conhecimento sobre a energia eólica enquanto energia renovável

A maioria dos alunos (97.4%) considerou que a energia eólica é uma energia renovável

(tabela 9). No entanto, três alunos referiram que a energia eólica é uma energia não renovável e

outros três não responderam.

Tabela 9- Distribuição das respostas dos alunos sobre o conhecimento da energia eólica como sendo uma energia renovável

(N=230) A energia eólica é uma energia: Frequência Percentagem

Renovável 224 97.4

Não renovável 3 1.3

Não responde 3 1.3

As justificações que 50.7% dos alunos apresentaram para a opção por “energia

renovável” centraram-se, e bem, no facto de considerarem que a energia eólica não se esgota

(tabela 10). Verifica-se que 12.8% dos alunos focalizaram a sua justificação na reutilização do

vento e quatro alunos (1.8%) na ideia de que esta energia não se esgota e pode mesmo voltar a

ser utilizada, ideias estas que são cientificamente aceites. De notar que esta última justificação

"…A energia eólica pode ser utilizada para produzir electricidade através de aerogeradores…”(p.123).

"… o vento é utilizado desde a Antiguidade para mover moinhos de vento e barcos à vela. Actualmente, existem centrais eólicas que produzem a energia eléctrica necessária para pequenos agregados populacionais, a partir do vento…" (p. 233).

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também é utilizada, pelos quatros manuais do 7º ano de escolaridade, adoptados nas diferentes

escolas onde foi realizado o estudo.

Na verdade, o manual “Eu e o Planeta Azul” (Maciel et al., 2006), da Porto Editora,

apresenta a seguinte definição para as fontes de energias renováveis:

Relativamente ao manual “Física e Química na nossa vida” (Rodrigues & Dias, 2006), da

Porto Editora, expõe a seguinte definição:

"

Por seu turno, o manual “H2O” (Roque, 2006), da Texto Editores, relata que:

Por fim, o manual “ FQ” (Cavaleiro & Beleza, 2005), da Asa Editores, expõe que:

Da análise destes extractos, pode concluir-se que o conceito de energia renovável não é

muito aprofundado pelos vários manuais, o que, “certamente”, condiciona as respostas dos

alunos induzindo uma atenção especial à possibilidade de renovação e de esgotamento.

Um terço dos alunos que afirmou que a energia eólica é renovável, não soube justificar a

sua resposta, o que sugere um reduzido conhecimento do conceito.

No que diz respeito à justificação apresentada por um aluno dos que referiram que a

energia eólica é uma energia não renovável (tabela 10), esta centra-se na concepção de que não

“...são aquelas que estão em contínua renovação, sendo, por isso, inesgotáveis à escala humana…” (p.89).

“…a exploração de novas fontes de energia praticamente inesgotáveis poderá ser uma solução para a resolução do problema energético mundial… São exemplos o Sol, o vento, os oceanos, as plantas, a água dos rios e o calor proveniente do interior da Terra… Estas energias chamam-se renováveis. Tal como as energias não renováveis, apresentam vantagens e desvantagens…” (p.149). As fontes de energia podem ser renováveis (são, praticamente, inesgotáveis) e não renováveis (são as que se esgotam)…" (p.164).

"…se uma fonte de energia puder ser considerada inesgotável por se renovar continuamente é chamada renovável, como é o caso do Sol e do vento….” (p.183) …As fontes de energia primárias podem classificar-se em renováveis ou não renováveis, consoante se renovam continuamente ou a muito longo prazo, respectivamente…" (p.185).

"...É habitual classificar as fontes primárias de energia em: - fontes de energia renováveis, quando estão em contínua renovação, podendo ser utilizadas constantemente; ...fontes de energia não renováveis, quando demoram centenas de milhar de anos para se reporem considerando-se, por isso, limitadas…. O Sol, que irradia energia constantemente para o espaço, o vento e os cursos de água, que correm eternamente, são exemplos de fontes de energia renováveis…(p.230). As fontes de energia renováveis não se esgotam pois renovam-se continuamente na Natureza. São exemplos o Sol, o calor da Terra, as marés, os cursos de água, a biomassa e o biogás…" (p.233).

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se pode recuperar algo que já se utilizou, o que poderá ser revelador de que o aluno não

aprendeu que o vento está constantemente a renovar-se.

Tabela 10- Justificações dos alunos para as classificações de energia renovável (N=227)

Renovável Justificação Frequência Percentagem

Não se esgota 115 50.7

Pode utilizar o vento várias vezes 29 12.8

Não se esgota e pode reutilizar-se 4 1.8

Sim

(N=224)

Não justificou 75 33.0

O que se gasta não se pode recuperar 1 0.4 Não

(N=3) Não justificou 3 1.3

No entanto, quase a totalidade dos alunos classificou a energia eólica como sendo uma

energia renovável, o que está de acordo com a versão cientificamente aceite. Todavia, as

justificações apresentadas pelos alunos para esta classificação foram bastante simplistas.

Efectivamente, limitaram-se a afirmar que não se pode esgotar. No estudo realizado por Vieira

(2007) também se verificou que o conhecimento dos alunos sobre as energias renováveis era

reduzido.

4.2.3- Vantagens e desvantagens da energia eólica relativamente a outras

energias

A maioria dos alunos (87.4%) considera que a energia eólica apresenta vantagens em

relação às outras energias (tabela 11). No entanto, treze alunos (5.6%) consideraram o contrário

e dezasseis alunos (7.0%) não responderam.

Tabela 11- Distribuição das respostas dos alunos sobre as vantagens da energia eólica relativamente a

outras energias (N=230)

Vantagens Frequência Percentagem

Sim 201 87.4

Não 13 5.6

Não responde 16 7.0

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76

As justificações referidas pelos alunos que responderam que a energia eólica apresenta

vantagens em relação às outras energias (tabela 12) centraram-se, maioritariamente, em

características da energia eólica, mais especificamente no facto de ser uma energia renovável

(60.2%), não poluente (44.3%), limpa (2.0%) e, ainda, na existência permanente de vento (2.5%).

Três alunos centralizaram as suas respostas na comparação com as energias não

renováveis, nomeadamente, nas derivadas dos combustíveis fósseis, arguindo que, enquanto se

produzir energia eólica, se poupa em outros recursos, especificamente no petróleo, facto que

consideram importante, uma vez que apesar de saber que este está a acabar e dos preços

elevados que o crude tem alcançado, continua a haver resistência à adopção de alternativas

eficazes.

Outra razão apresentada por 7.9% dos alunos reportou-se aos custos da energia eólica,

mais concretamente à ideia de que esta energia tem um baixo custo.

Nove alunos concentraram as suas justificações nas consequências do recurso à energia

eólica, designadamente na criação de postos de trabalho (1.5%), nos benefícios para o meio

ambiente (2.0%) e na fomentação do turismo (1.0%).

Tabela 12- Justificações dos alunos sobre as vantagens da energia eólica relativamente a outras energias (N=201) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Renovável 121 60.2 Não poluente 89 44.3 Limpa 4 2.0

Características da energia eólica

Utiliza fonte inesgotável 5 2.5

Efeitos da energia eólica nas energias não renováveis

Não gasta petróleo 3 1.5

Custos da energia eólica Económica (barata) 16 7.9

Cria postos de trabalho 3 1.5 Não prejudica o meio ambiente 4 2.0

Consequências da utilização da energia eólica

Fomenta o turismo 2 1.0

Não responde 6 3.0

Nota: alguns alunos (cinquenta e cinco) mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

As justificações dos trezes alunos que responderam que a energia eólica não tem

vantagens em relação às outras energias focalizaram-se, predominantemente (61.6%), nas

consequências do recurso à energia eólica (tabela 13), nomeadamente, no facto de um parque

eólico ocupar muito espaço (7.7%), na curta duração dos aerogeradores (cerca de 15 anos),

segundo estes alunos (23.1%), na alteração das rotas migratórias das aves e, também, na

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77

alteração da fauna (15.4%) e na ideia do baixo rendimento na produção de energia eléctrica

(15.4%).

Relativamente aos alunos (23.1%) que utilizaram justificações centradas nas

características da energia eólica, referiram que a energia eólica só utiliza o vento como fonte de

energia e que, se não existir vento, não se produz electricidade. Efectivamente, a produção de

energia eólica é condicionada pela existência de correntes de vento, cujo fluxo temporal não

pode ser regulado em função das necessidades energéticas e o armazenamento da energia

eléctrica produzida é difícil (Oliveira & Almeida, 2003).

Dos três alunos cujas justificações assentam nos custos da energia eólica, um

mencionou que o investimento é muito elevado e que os lucros que daí advêm são pequenos;

outro referiu que o material de que são feitos os aerogeradores é caro; o terceiro aluno avançou

com a ideia de que a energia eólica é dispendiosa, mas não adiantou o porquê.

Tabela 13- Justificações dos alunos que mencionaram que a energia eólica não apresenta vantagens relativamente a outras energias

(N=13) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Características da

energia eólica Usa uma única fonte de energia 3 23.1

Requer investimento elevado 1 7.7

Recorre a materiais caros 1 7.7 Custos da energia eólica

É dispendiosa 1 7.7

O parque eólico ocupa muito espaço 1 7.7

Durabilidade do material 3 23.1

Alteração da fauna e da flora 2 15.4

Consequências do

recurso à energia eólica Baixa eficiência na produção da electricidade 2 15.4

Nota: um aluno mencionou mais que uma subcategoria.

Quando questionados se a energia eólica apresenta desvantagens em relação a outras

energias (pergunta 6.3 do questionário), 37.8% dos alunos responderam afirmativamente (tabela

14), noventa e cinco (41.3%) mencionaram o contrário e cerca de quarenta e oito alunos (20.9%)

não responderam.

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Tabela 14- Distribuição das respostas dos alunos sobre as desvantagens da energia eólica relativamente a outras energias

(N=230) Desvantagens Frequência Percentagem

Sim 87 37.8

Não 95 41.3

Não responde 48 20.9

As justificações referidas pelos alunos que responderam que a energia eólica apresenta

desvantagens em relação a outras energias (tabela 15) basearam-se, maioritariamente, em

características da energia eólica, designadamente, na concepção que estes alunos têm de que a

energia eólica é fraca (10.3%), cara (18.4%), menos potente que as derivadas dos combustíveis

fósseis, nomeadamente, o petróleo (4.6%), e no facto de o vento ser muito irregular e, por isso,

nem sempre conseguir movimentar os aerogeradores, não produzindo energia eólica (23.0%).

Dezassete alunos centraram as suas justificações nas características do parque eólico,

nomeadamente, na sua localização em locais altos e ventosos (5.7%), no enorme espaço que

ocupa (4.6%), no grande número de aerogeradores que o constitui (3.4%), no barulho produzido

(2.3%) e na duração de vida relativamente curta (cerca de 15 anos) dos aerogeradores (3.4%).

No que respeita à duração dos aerogeradores a resposta destes alunos não está muito longe da

realidade, dado que Gasch & Twele (2002) referem que a duração é, em média, cerca de 20

anos. Relativamente à área ocupada por um parque eólico, ela é muito pequena quando

comparada com a necessária a outros tipos de aproveitamento, como por exemplo, o hídrico. A

ocupação do terreno num projecto eólico é estimada na ordem dos 10m2 por kW (Pinto, 2001).

Outras razões apresentadas por dezanove alunos debruçaram-se sobre os custos do

parque eólico, especialmente, sobre a ideia de que o equipamento é caro (4.6%), a instalação

exige um grande investimento (11.5%) e ainda a manutenção do parque que também requer

grande investimento (5.7%). De facto, embora a manutenção tenha custos consideráveis, o mais

caro é a instalação do parque. Segundo Manuales sobre Energia Renovable (2002), os

aerogeradores (incluindo a instalação) representam cerca de 80% do custo inicial. O resto,

incluindo a obra, a conexão à rede, o terreno ou aluguer do terreno, os acessos, etc. representa

20% do custo. Assim, o custo zero do combustível da energia eólica (vento), o baixo custo de

manutenção do parque eólico e o curto tempo necessário à sua instalação, contribuem para que

se justifique um maior investimento na energia eólica (Manuales sobre Energia Renovable,

2002).

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Por fim, quinze alunos utilizaram argumentos fundamentados nas consequências do

recurso à energia eólica, referindo que a energia eólica tem um efeito nefasto ao nível ambiental,

particularmente, no que se refere ao impacto ambiental, uma vez que afecta as aves nas suas

rotas de migração e modifica a paisagem.

Tabela 15- Justificações dos alunos para as desvantagens da energia eólica relativamente a outras energias (N=87)

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Fraca 9 10.3

Cara 16 18.4

Não é uma energia tão potente como os combustíveis fósseis

4 4.6

Características da energia eólica

O vento é irregular 20 23.0

Localização (locais ventosos e altos) 5 5.7 Espaço ocupado pelos aerogeradores 4 4.6

Quantidades de aerogeradores 3 3.4 Barulhos dos aerogeradores 2 2.3

Características do parque eólico

Durabilidade dos aerogeradores 3 3.4

Equipamento 4 4.6

Instalação 10 11.5

Custos do parque eólico

Manutenção 5 5.7

Consequências do recurso à energia eólica

Alteração da fauna e da flora 15 17.2

Nota: alguns alunos (treze) mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

No que concerne às justificações dos alunos que responderam que a energia eólica não

tem desvantagens em relação às outras energias (tabela 16), centraram-se, maioritariamente,

em características da energia eólica, especificamente, no facto de ser uma energia renovável

(26.3%), não poluente (14.7%), barata (6.3%), de fácil obtenção, na medida da existência

permanente de vento (8.4%) e na ideia de que a energia eólica tem vindo a substituir as energias

não renováveis, nomeadamente, os combustíveis fósseis (13.7%).

Trinta e sete alunos utilizaram argumentos apoiados nas consequências do recurso à

energia eólica, nomeadamente, que a energia eólica a médio prazo dá lucros e que o custo de

manutenção do parque eólico é barato porque só utiliza o vento (12.6%). De evidenciar que

quinze alunos (15.8%) citaram que a energia eólica fomenta o turismo e, ainda, 10.5% dos

alunos mencionaram que a energia eólica não apresenta desvantagens. Estes últimos alunos

têm uma ideia errada sobre a energia eólica. Na verdade, segundo vários autores (Costa, 2005;

Esteves, 2004; Oliveira & Almeida, 2003; Taylor, 2006), a energia eólica apresenta

desvantagens associadas às seguintes condicionantes: variabilidade do vento (tanto

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80

geograficamente como temporalmente), distância entre os locais de alto potencial energético e

os locais de consumo e dificuldade de armazenamento da energia eléctrica. De referir, ainda,

que a este tipo de energia está associado um impacto de carácter ambiental, devido ao impacto

visual dos aerogeradores, ao ruído provocado pelo seu funcionamento, à influência nos

ecossistemas e a possíveis interferências electromagnéticas com sistemas de comunicação

(Manwell et al., 2005).

Tabela 16- Justificações dos alunos que mencionaram que energia eólica não apresenta desvantagens

relativamente a outras energias (N=95)

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Renovável 25 26.3

Não poluente 14 14.7

De fácil obtenção 8 8.4

Tem vindo a substituir as energias não renováveis 13 13.7

Características da

energia eólica

Barata 6 6.3

Rentável 12 12.6

Fomenta o turismo 15 15.8

Consequências do

recurso à energia

eólica Não apresenta desvantagens 10 10.5

Não responde 9 9.5

Nota: alguns alunos (dezassete) mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

4.2.4- Possibilidade de investimento em energia eólica em Portugal

Quando questionados se Portugal deveria investir mais em energia eólica (pergunta 7 do

questionário), a grande maioria dos alunos (83.9%) respondeu afirmativamente (tabela 17).

Contudo, quinze alunos (6.5%) mencionaram o contrário e vinte e dois alunos não responderam

à questão.

Tabela 17- Distribuição das respostas dos alunos para a possibilidade de investimento na energia eólica

(N=230) Maior investimento Frequência Percentagem

Sim 193 83.9

Não 15 6.5

Não responde 22 9.6

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Em relação às justificações referidas pelos alunos, que defenderam um maior

investimento na energia eólica em Portugal (tabela 18), as respostas predominantes centraram-

se em características da energia eólica, reiterando que a energia eólica é uma energia não

poluente (16.1%), renovável (16.6%), barata (4.1%) e útil (1.6%).

Tabela 18- Justificações das respostas dos alunos para um maior investimento na energia eólica

(N=193) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Não poluente 31 16.1

Renovável 32 16.6

Barata 8 4.1

Características da energia eólica

Útil 3 1.6

Locais propícios para a produção de energia eólica 22 11.4

Tem poucos recursos para a produção de outras energias renováveis

3 1.6

Características

do país

(Portugal) Em Portugal existe muito vento 25 13.0

Ambiental 21 10.9

Económica 29 15.0

Consequências

Energética 12 6.0

Não responde 16 8.3

Nota: alguns alunos (nove) mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

Cinquenta alunos centraram as suas respostas na adequação das características do país

(Portugal) à exploração de energia eólica. Cerca de 11.4% dos alunos afirmaram que Portugal

possui locais propícios para a produção de energia eólica (nomeadamente, montanhas), 1.6%

dos alunos referiram que o nosso país tem poucos recursos para a produção de outras energias

renováveis e 13.0% dos alunos afirmaram que em Portugal existe muito vento, que pode ser

utilizado. O potencial eólico de Portugal é grande, tanto a nível de onshore como de offshore.

Estima-se que o potencial eólico em Portugal continental seja superior a 6000MW e que, na

Madeira e Açores, esteja entre 150 a 200MW (Rodrigues, 2007). Relativamente ao offshore, a

mesma fonte estima que seja superior a 1000MW.

Sessenta e dois alunos apoiaram as suas respostas em consequências da energia

eólica, tendo usado argumentos apoiados no ambiente (10.9%). Oito alunos referiram que, se

Portugal investisse mais na energia eólica, diminuía a poluição, sete alunos evidenciaram que se

evitava o esgotamento das energias não renováveis, nomeadamente, das derivadas dos

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82

combustíveis fósseis. Seis alunos também citaram que se explorava os recursos naturais (vento)

existentes no país.

Dos vinte e nove (15.0%) alunos que utilizaram argumentos económicos, 8.0%

afirmaram que se Portugal investisse na energia eólica conseguia atingir as metas propostas

pela Comunidade Europeia para a utilização das energias renováveis e, desta forma, não se

pagava multas; 3.5% dos alunos referiram que não era necessário comprar energia a outros

países e, desta forma, poupava-se dinheiro e 3.5% dos alunos salientaram que a energia eólica é

um investimento rentável a longo prazo. Um parque eólico, que não esteja muito longe da rede

pré-existente, pode recuperar o investimento no período de tempo entre 9 e 10 anos,

dependendo das características do vento e das turbinas eólicas instaladas no parque (Rodrigues,

2007).

Doze (6.0%) alunos usaram razões energéticas, citando que desta forma se produzia

mais energia eléctrica (1.5%), que o petróleo está prestes a acabar, pelo que um grande

investimento na energia eólica era uma solução para a substituição das energias não renováveis

(1.5%), que Portugal demonstrava ser um país ecológico e desenvolvido (1.5%) e, por fim, que

um maior investimento na energia fornecia energia para sempre (1.5%).

Note-se que dezasseis alunos não justificaram as suas escolhas, pelo que foram

incluídos na categoria “não responde”.

4.2.5- Produção da energia eólica em diversos países

Quando inquiridos sobre quais os países que produzem mais energia eólica (pergunta

8.1 do questionário), cerca de 10% dos alunos (tabela 19) escolheram os países Alemanha e

Espanha, o que está de acordo com o que é referenciado em GWEC (2006).

Cerca de noventa alunos (39.1%) escolheram um país produtor de grande quantidade

de energia eólica (Espanha) e outro país que produz menos energia (25.0% dos alunos os

Estados Unidos e 14.1% dos alunos a Dinamarca). De referir que estes dois países são

produtores de grandes quantidades de energia proveniente do vento (GWEC, 2006).

Cerca de cinquenta e oito alunos (25.2%) consideraram outro país produtor de grande

quantidade de energia (Alemanha) e outro país que produz menos energia (14.2% dos alunos

referiram Portugal e 11.0% mencionaram os Estados Unidos da América). De salientar que

Portugal está nos países com maior produtividade de energia eólica e continua a investir neste

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83

tipo de energia. Os Estados Unidos da América é um país que produz anualmente bastante

energia eólica.

Trinta e sete alunos (16.1%) não escolheram nenhum dos países que mais energia

eólica produz (Espanha e Alemanha), e os restantes países referidos por estes alunos foram: a

Estónia e a Roménia. Estes dois últimos países referidos apresentam baixa produtividade de

energia, segundo a GWEC (2006). Vinte e dois alunos (quase 10.0%) não responderam à

questão.

Pode concluir-se que a maioria dos alunos tem um conhecimento relativamente próximo

da realidade sobre quais os países que mais energia eólica produzem anualmente, uma vez que,

somente 16.1% dos alunos não escolheram nenhum dos países que mais energia eólica produz.

Tabela 19- Distribuição das respostas dos alunos sobre os países que produzem maior quantidade de

energia eólica (N=230)

Maior investimento Frequência Percentagem

Alemanha e Espanha 23 10.0

Alemanha e outro país 58 25.2

Espanha e outro país 90 39.1

Outros países 37 16.1

Não responde 22 9.6

Quando inquiridos sobre quais os países que produzem menor quantidade de energia

eólica (pergunta 8.2 do questionário), cerca de 7.4% dos alunos (tabela 20) optaram pela

Hungria e pela Roménia, o que está de acordo com GWEC (2006).

Oitenta e um alunos (35.2%) escolheram um país produtor de pequenas quantidades de

energia (Hungria) e outro que produz mais energia. No que concerne à escolha do país que

menos produz energia eólica a escolha recaiu sobre: a Dinamarca (25.0%), a Estónia (10.1%) e

Portugal (14,1%). De salientar que a Dinamarca e Portugal fazem parte do top dos países que

produzem mais energia eólica (GWEC, 2006), mas a Estónia não.

Trinta e cinco alunos (15.2%) consideraram outro país produtor de menor quantidade de

energia (Roménia) e outro que produz mais energia (Estónia). De referir que a Estónia, segundo

GWEC (2006), encontra-se nos países que produz menos energia deste tipo.

Setenta e dois alunos (31.3%) não escolheram nenhum dos países que menos energia

eólica produz (Hungria e Roménia), os países escolhidos foram a Dinamarca e Portugal. Vinte e

cinco alunos não responderam à questão.

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84

Tabela 20- Distribuição das respostas dos alunos sobre os países que produzem menor quantidade de energia eólica

(N=230) Menor investimento Frequência Percentagem

Hungria e Roménia 17 7.4

Hungria e outro país 81 35.2

Roménia e outro país 35 15.2

Outros países 72 31.3

Não responde 25 10.9

Pode concluir-se que, de uma forma geral, os alunos têm uma ideia relativamente

próxima da realidade sobre quais os países que produzem menores quantidades de energia

eólica, uma vez que, a maioria dos alunos referiu pelo menos um país que produz menor

quantidade de energia eólica ou que produz pouca energia eólica.

4.3- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre aerogeradores

4.3.1- Conhecimento dos alunos sobre aerogeradores

Aos alunos participantes no estudo foi perguntado se já ouviram falar de aerogeradores

(questão 9 do questionário). A maioria (55.2%) dos alunos respondeu afirmativamente, cem

(43.5%) alunos mencionaram que não e os restantes três (1.3 %) alunos não responderam

(tabela 21).

Tabela 21- Distribuição das respostas dos alunos sobre o conhecimento de aerogerador

(N=230) Ouviu falar de aerogeradores Frequência Percentagem

Sim 127 55.2

Não 100 43.5

Não responde 3 1.3

Os cento e vinte e sete alunos que responderam que já tinham ouvido falar de

aerogeradores foram solicitados a definir o que são aerogeradores. As definições por eles

apresentadas centraram-se nas funções dos aerogeradores. Sessenta e dois (48.8%) desses

alunos mencionaram que os aerogeradores têm a função de transformar o vento em energia

eléctrica (tabela 22), o que está de acordo com Oliveira & Almeida (2003). No entanto, um aluno

referiu que o aerogerador tem a função de armazenar energia, três alunos consideraram que os

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85

aerogeradores são os suportes das “ventoinhas” e dois alunos mencionaram que são

responsáveis pelo transporte de energia. Tendo em conta a abordagem efectuada no capítulo II,

conclui-se que estas ideias sobre o que são aerogeradores estão cientificamente erradas, por se

centrarem em funções que não pertencem aos aerogeradores e/ou por considerarem o

aerogerador apenas como uma parte (a torre), com funções de suporte da outra parte (as pás).

Os restantes quarenta e um alunos que afirmaram ter ouvido falar em aerogeradores e

que os definiram apresentaram os seus conhecimentos de aerogeradores tendo em conta a

estrutura destes. Contudo, só vinte e oito destes alunos (22.0% do total) consideraram o

aerogerador constituído pela cabina, pelas pás e pela torre. De referir que os alunos não

utilizaram o termo rotor (mais técnico e abrangente), cingindo-se as suas referências apenas a

uma parte do rotor, as pás (mais comum). Um aluno afirmou que o aerogerador era a parte do

motor, sete consideraram que eram as pás, dois referiram que era a cabina e três alunos

retorquiram que era a torre. Estes alunos associaram os aerogeradores a partes da sua

constituição, o que está errado, pois, segundo Castro (2006), e como já referimos no capítulo II,

estes sistemas de conversão de energia eólica dividem-se em três partes: o rotor (que inclui as

pás), a cabina e a torre.

Tabela 22- Justificações das respostas dos alunos sobre o conhecimento de aerogerador

(N=127) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Aerogerador como um todo 28 22.0

Motor 1 0.8 Pás 7 5.5 Cabina (Nacelle)

2 1.6

Estrutura Uma parte do aerogerador

Torre 3 2.4 Armazenamento de energia 1 0.8

Produção de energia eólica/ energia eléctrica 62 48.8

Suporte 3 2.4

Funções

Transporte 2 1.6

Outros Não sabe o que é 20 15.7

Nota: alguns alunos (dois) mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

Através destes resultados pode concluir-se que, embora a maioria (55.2%) dos alunos

participantes no estudo tenha afirmado já ter ouvido falar de aerogeradores, um terço deste

subgrupo não soube explicar correctamente do que se tratava.

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86

4.3.2- Desenhos dos aerogeradores

Os alunos que responderam que já ouviram falar de aerogeradores, foi-lhes solicitada a

realização da seguinte tarefa: desenhar e fazer a respectiva legenda de um aerogerador (questão

10 do questionário). Na tabela 23 apresenta-se a análise destes resultados.

Tabela 23- Distribuição das respostas dos alunos sobre os desenhos de aerogeradores (N=127)

Número de partes consideradas Frequência Percentagem

A- 3 (torre, pás, cabina) 86 67.8

B- 2 (Torre e pás ou cabina e torre) 3 2.4

C- O desenho não é explícito 19 14.9

Não responde 19 14.9

Dos cento e vinte e sete alunos que afirmaram já ter ouvido falar em aerogeradores:

oitenta e seis (67.8%) desenharam as três partes constituintes dos aerogeradores (Figura 14.A),

ou seja, a cabina, as três pás e a torre; dois alunos desenharam somente duas partes (Figura

14.B), designadamente, as três pás e a torre; um aluno desenhou a cabina e a torre. Dezanove

alunos não apresentaram um desenho explícito (Figura 14.C), que permitisse identificar os

elementos constituintes dos aerogeradores e outros dezanove alunos não responderam à

questão.

No que concerne à legenda dos desenhos solicitados, é de referir que a maioria (54.7%)

dos alunos que desenhou os aerogeradores não a elaborou (tabela 24).

Figura 14.A- Aerogerador com as três partes (cabina, pás e torre)

Figura 14.B- Aerogerador com as duas partes (pás e torre ou cabina e torre)

Figura 14.C- Desenho não explícito

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87

Tabela 24- Distribuição das respostas dos alunos relativas as legendas dos desenhos dos aerogeradores (N=86)

Número de elementos legendados Frequência Percentagem

A1- 3 (cabina, pás e torre) 5 5.8

A2- 2 (Torre e pás ou cabina e torre) 21 24.4

A3 -1 (pás) 13 15.1

Não responde (sem legenda) 47 54.7

Somente cinco alunos referiram as três partes fundamentais dos aerogeradores (Figura

15.A1). Vinte e um alunos legendaram duas partes: a torre e as pás ou a cabina e a torre (Figura

15.A2). Treze alunos só legendaram uma das partes dos aerogeradores, designadamente, as pás

(Figura 15.A3).

Pensa-se que estes resultados, reveladores de um grande desconhecimento por parte

dos alunos da estrutura de um aerogerador, estão directamente relacionados com o facto de os

manuais escolares (“Eu e o Planeta Azul”, Maciel et al., 2006; “Física e Química”, Rodrigues &

Dias, 2006; “H2O”, Roque, 2006; e “FQ”, Cavaleiro & Beleza, 2005) utilizados pelos alunos

envolvidos neste estudo, fazerem uma abordagem superficial sobre aerogeradores (só um

manual lhes faz referência) e apresentarem poucas representações esquemáticas dos mesmos.

Figura 15.A1- Aerogerador com a legenda das três partes (cabina, pás e torre)

Figura 15.A2- Aerogerador com a legenda de duas partes (cabina e torre ou pás e torre)

Figura 15.A3- Aerogerador com a legenda de uma parte (pás)

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88

4.3.3- Conhecimento sobre o funcionamento dos aerogeradores

Quando questionados sobre o funcionamento dos aerogeradores (pergunta 11 do

questionário), a maioria dos alunos (59.8%) associou os aerogeradores ao recurso energético, ou

seja, ao vento, sendo que trinta e sete (29.1%) alunos, simplesmente, referiram que funcionam

através do vento e trinta e nove (30.7%), para além de referirem que funcionam através do vento,

mencionaram, ainda, que produzem energia (tabela 25). De salientar, no entanto, que os alunos

não referiram o tipo de energia produzida.

Tabela 25- Distribuição das respostas dos alunos sobre o funcionamento dos aerogeradores (N=127) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Funciona com o vento 37 29.1 Vento

Funciona com o vento produzindo energia 39 30.7

Vento como causa do movimento das hélices 5 3.9

Vento como causa do movimento das hélices, que produz energia

5 3.9

Vento como causa do movimento das hélices, que produz energia e fica armazenada no aerogerador

2 1.6 Movimento

hélices

Vento como causa do movimento das hélices, que está ligada ao gerador, que transforma a energia mecânica em energia eléctrica.

5 4.0

Não reponde 34 26.8

Dezassete alunos explicaram o funcionamento dos aerogeradores através do movimento

das hélices (tabela 25), mas cinco destes alunos restringem-se ao facto de o vento causar o

movimento das hélices (pás). Outros cinco alunos também fazem referência ao movimento das

hélices, mas já lhes atribuem a função de produzir energia. Dois alunos acrescentam a esta

última ideia o facto de a energia ficar armazenada nos aerogeradores, o que está cientificamente

errado. Os restantes cinco alunos afirmaram que as hélices estão ligadas por mecanismos (não

explicados) a um gerador que transforma energia mecânica em energia eléctrica, o que está

cientificamente correcto.

De salientar que 26.8% dos alunos não responderam a esta questão, o que pode

significar que os alunos não têm conhecimento sobre os aerogeradores, designadamente, sobre

a sua constituição.

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89

4.4- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre parque

eólicos

4.4.1- Conhecimento dos alunos sobre os parques eólicos

Quando questionados acerca do que entendiam por parques eólicos (pergunta 12 do

questionário), cinquenta e um (22.2%) alunos não responderam à questão e a maioria associou

este conceito, simplesmente, a elementos constituintes do parque, nomeadamente, a um

conjunto de aerogeradores (35.7%) ou a um conjunto de ventoinhas (19.1%), sem apresentar

qualquer referência às funções ou utilidades do mesmo (tabela 26).

Tabela 26- Justificações dos alunos sobre o conhecimento de parque eólico

(N=230) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Conjunto de ventoinhas 44 19.1 Elementos constituintes do parque Conjunto de aerogeradores 82 35.7

Correcto 43 18.7 Funções e elementos constituintes do parque

Conjunto de ventoinhas/aerogeradores e função Incorrecto 10 4.3

Não responde 51 22.2

Os restantes alunos, para além de associarem o parque eólico a elementos constituintes

deste (exemplo: conjunto de ventoinhas ou de aerogeradores), também lhe atribuíram funções.

Dez (4.3%) alunos referiram a função do parque eólico como sendo de armazenamento de

energia, o que está cientificamente errado, e quarenta e três (18.7%) alunos atribuíram a função

de transformar o vento em energia eléctrica, o que está correcto. No entanto, estes alunos não

explicaram como se processa essa transformação.

Pode inferir-se que a maioria dos alunos associa o parque eólico, simplesmente, ao

conjunto de aerogeradores ou de ventoinhas, não referindo a sua função. Contudo, os alunos

que mencionaram a função do parque eólico, na sua maioria afirmaram, correctamente, que

tem a função de produzir energia.

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90

4.4.2- Locais onde são instalados os parques eólicos

As respostas à questão 13 do questionário permitem concluir que a grande maioria dos

alunos considerou que os locais mais propícios para instalar os parques eólicos são as

montanhas e/ou as planícies de grande altitude, respectivamente (tabela 27).

Tabela 27- Distribuição e justificação das respostas dos alunos sobre os locais onde são instalados os

parques eólicos (N=230)

Nota: alguns alunos mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

Um pequeno número de alunos, cerca de vinte e oito, considerou a costa marinha e sete

alunos mencionaram as planícies de baixa altitude. De salientar, que somente dois alunos não

responderam à questão.

As justificações referidas pelos alunos que responderam que os locais mais propícios

para instalar os parques eólicos são nas Montanhas e/ou Planícies de grande altitude (tabela 27)

estão de acordo com Simão et al. (2004), que referem que a maioria dos locais de maior

potencial eólico, em Portugal, situa-se em zonas de serras e montanhas, geralmente afastadas de

zonas habitacionais e de actividades económicas.

As justificações apresentadas pelos alunos que referiram que a costa marinha era um

local adequado para se construir um parque eólico basearam-se, como se mostra na tabela 27,

na abundância de vento nesse local (35.7%), nas características do vento, especificamente, na

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Existência de muito vento 10 35.7

Vento forte 5 17.9

Mais afastado da população 6 21.4

Costa Marinha (N=28) Não responde 7 25.0

Existência de muito vento 100 47.2 Melhores acessos 17 8.0 Mais afastado da população 25 11.8

Planícies de grande altitude (N=212)

Não responde 70 33.0

Existência de muito vento 4 57.1 Melhores acessos 1 14.3

Planícies de baixa altitude (N=7)

Não responde 2 28.6

Existência de muito vento 105 47.9

Melhor acesso 42 19.2

Fácil instalação 35 16.0

Afastado da população 7 3.2

Montanhas (N=219)

Não responde 30 13.7

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91

existência de vento forte (17.9%) e no facto de a costa marinha ser afastada da população

(21.4%). De referir que sete (25.0%) alunos não apresentaram uma justificação para esta

escolha.

Quanto aos alunos que se referiram às planícies de grande altitude, 47.2% destes

afirmaram que existe muito vento neste local, 8.0% declararam que tinha bons acessos, 11.8%

enunciaram que se encontra longe das habitações e 33.0% não responderam.

Relativamente às planícies de baixa altitude, 57.1% dos alunos citaram que existe uma

grande abundância de vento nestas planícies, 14.3% retorquiram que existem bons acessos e

28.6% não responderam.

No que concerne aos alunos que expressaram que as montanhas são bons locais para a

localização de um parque eólico, praticamente a maioria destes (47.9%) referiu que existe muito

vento, 19.2% afirmaram que têm bons acessos, 16.0% consideraram que é relativamente fácil de

o instalar nas montanhas, 3.2% associaram esta localização ao facto de estar longe da

população e 13.7% não responderam.

Verifica-se que as justificações apresentadas pelos alunos para a escolha de um dado

local, onde quer que ele seja, incidem na abundância de vento, facto que é, na verdade,

relevante. De realçar, ainda, que outros dois argumentos utilizados pelos alunos, com bastante

frequência, foram: os locais devem ser afastados da população e terem bons acessos. A possível

localização de um parque eólico afastado da população é concordante com a literatura

(Ecossistema, 2003), pois esta aponta para que um parque eólico esteja afastado, pelo menos

400m, da população. Quanto aos bons acessos, estes são importantes, quer por razões

socioeconómicas quer de património, uma vez que facilitam o turismo e contribuem,

simultaneamente, para o desenvolvimento económico da região, para além de fomentarem a

divulgação do património existente na zona do parque eólico (Mendes & al., 2002).

4.4.3- Visitas aos parques eólicos

Quando questionados se já visitaram algum parque eólico (pergunta 14 do questionário),

a grande maioria (83.1%) dos alunos respondeu afirmativamente (tabela 28). No entanto, trinta e

oito alunos afirmaram que nunca o fizeram e um não respondeu à questão.

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Tabela 28- Distribuição das respostas dos alunos sobre a realização de visitas a parques eólicos (N=230)

Visita prévia a um parque eólico Frequência Percentagem

Sim 191 83.1

Não 38 16.5

Não responde 1 0.4

Dos cento e noventa e um alunos que mencionaram que já tinham visitado um parque

eólico, a maioria (83.1%) referiu que já visitou o Parque Eólico das TAF, quarenta e cinco alunos

mencionaram o Parque Eólico do Marão e vinte e cinco alunos citaram o parque situado em

Lamego (tabela 29). Dos onze alunos que referiram outros parques, quatro alunos citaram o

parque situado no Gerês, um aluno indicou o parque instalado em Montalegre, outro aluno

apontou o parque localizado em Fátima e cinco referiram parques situados em Espanha. De

salientar, que todos os parques eólicos portugueses, referidos pelos alunos, existem. Não se

pode afirmar o mesmo sobre os parques localizados em Espanha, pois embora existam vários

parques (exemplo: Parque de “As Pontes”, na Galiza), os cinco alunos não referiram o nome

desses parques.

Tabela 29- Distribuição das respostas dos alunos sobre os locais onde foram realizadas as visitas aos

parques eólicos (N=191)

Parques eólicos Frequência Percentagem

Das Terras Altas de Fafe (em Fafe e Celorico de Basto) 182 83.1

Do Marão (perto de Vila Real) 45 16.5

Da Fonte da Mesa (perto de Lamego) 25 0.4

Outros parques 11 5.7

Nota: alguns alunos (setenta e dois) mencionaram mais que um parque eólico

Da análise efectuada às respostas das questões sobre visitas a parques eólicos pode

inferir-se que a maioria dos alunos já efectuou, pelo menos, uma visita a um parque eólico e que

o parque visitado por mais alunos participantes neste estudo foi o Parque Eólico das TAF. Pode

considerar-se que este resultado não é surpreendente porque todos os alunos participantes no

estudo residiam no concelho de Fafe e, sendo este parque muito recente, constitui um centro de

interesse e de curiosidade, como, aliás, a literatura (BWEA, 2002) sugere.

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4.4.4- Condições em que foram realizadas as visitas aos parques eólicos

Quando questionados acerca das condições em que realizaram a visita a um parque

eólico, a maioria dos alunos (83.8%) mencionou que fez a visita acompanhada de familiares,

24.1% dos alunos afirmaram ter ido com um grupo de amigos e cinco alunos disseram ter ido

através da escola, nomeadamente, em visitas de estudo nas áreas curriculares de Área de

Projecto (1.1%), Estudo Acompanhado (0.5%) e Tecnologias (1.1%). Dois alunos indicaram que

realizaram a visita com os escuteiros e um aluno referiu que mora perto de um parque eólico

(tabela 30). Três alunos não responderam à questão. Parece, portanto, que, apesar de existir um

parque eólico próximo das escolas frequentadas pelos alunos que participam no estudo, as

respectivas escolas não parecem ter tido um papel importante na promoção do contacto dos

alunos com o parque, pelo que dificilmente poderão tirar partido dele enquanto recurso

didáctico.

Tabela 30- Distribuição das respostas dos alunos sobre as condições em que foram realizadas as visitas aos parques eólicos

(N=191) Condições da visita ao parque eólico Frequência Percentagem

Com a família 160 83.8

Com um grupo de amigos 46 24.1 Numa visita de estudo: - Área de Projecto - Estudo Acompanhado - Tecnologias

2 1 2

1.1 0.5 1.1

Outro: - Com os escuteiros - Mora perto do parque

2 1

1.1 0.5

Não responde 3 1.6 Nota: alguns alunos (vinte e seis) mencionaram mais que uma categoria.

4.4.5- Condições de audibilidade em parques eólicos

Quando inquiridos sobre o ruído efectuado pelos aerogeradores, nomeadamente, no que

concerne ao facto de os dois amigos se conseguirem ouvir quando estão num parque eólico

(pergunta 17 do questionário), a maioria (55.3%) dos alunos afirmou que sim (tabela 31). No

entanto, 40.4% dos alunos mencionam o contrário. Note-se que dez (4.3%) alunos não

responderam a esta questão.

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Tabela 31- Distribuição das respostas dos alunos face à audibilidade no parque eólico (N=230)

Consegue-se ouvir dois amigos a conversar num parque eólico

Frequência Percentagem

Sim 127 55.3

Não 93 40.4

Não responde 10 4.3

As justificações dos noventa e três alunos que referiram que os dois amigos não se

conseguiam ouvir a falar no parque eólico, basearam-se, maioritariamente (tabela 32), em

barulho/ruído, nomeadamente, aquele produzido pelos aerogeradores (6.5% dos alunos), no

efectuado pelas ventoinhas (24.7% dos alunos), nas hélices (11.8% dos alunos) e no realizado

pelos motores (2.2% dos alunos). Note-se que dezasseis alunos referiram que existia barulho,

mas não mencionaram a causa/fonte desse ruído.

Outro factor apresentado pelos alunos para justificar que não se conseguem ouvir os

dois amigos a conversar, está relacionado com o vento (tabela 32). Sete (7.5%) alunos

afirmaram que o vento afasta as vozes e, assim, os amigos não se ouvem; quatro (4.3%) alunos

disseram que o vento forma uma barreira que impede que o som se oiça.

Cinco alunos usam argumentos fundamentados na propagação do som, expressando

que o som não se consegue espalhar, impossibilitando que este se oiça. No entanto, não

explicaram porque é que o som não se consegue espalhar.

De salientar que dezanove (20.4%) alunos não responderam.

Tabela 32- Justificação das respostas dos alunos que referem que os amigos não se conseguem ouvir no

parque eólico (N=93)

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Dos aerogeradores 6 6.5

Das hélices 11 11.8

Das ventoinhas 23 24.7

Dos motores 2 2.2

Barulho

Existência de barulho (não especifica) 16 17.2

Afasta as vozes 7 7.5

Vento

Impede que se oiça 4 4.3

Propagação do som O som não se consegue espalhar 5 5.4

Não responde 19 20.4

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Os cento e vinte e sete alunos que afirmaram que os dois amigos se conseguiam ouvir

no parque eólico apresentaram justificações centradas em diversos aspectos (tabela 33), sendo

a ausência de barulho a referida pela maioria dos alunos, 16.5% dos alunos referiram dos

aerogeradores, 21.3% dos alunos mencionaram das ventoinhas e 7.9% dos alunos não

especificaram a ausência de ruído. De realçar, que 38.6% dos alunos não responderam.

Dos nove alunos que utilizaram justificação tendo em conta a propagação do som,

quatro alunos referiram que o vento ajuda os amigos a ouvirem-se e os restantes cinco alunos

mencionaram que o som espalha-se pelo ar, permitindo a audibilidade entre os amigos.

Seis (4.7%) alunos justificaram que os amigos se conseguiam ouvir, pois sabem, por

experiência própria, que, quando estiveram num parque eólico, conseguiram fazê-lo.

Por último, cinco alunos consideraram que os dois amigos conseguem ouvir-se, mas só

em determinadas condições, nomeadamente, estando os amigos próximos e não existindo muito

vento (2.4%) e falando alto (1.6%).

Como referido no capítulo II, o ruído proveniente dos aerogeradores tem duas origens:

mecânica e aerodinâmica (Taylor, 2006). O ruído mecânico tem a sua principal origem na caixa

de engrenagem que multiplica a rotação das pás para o gerador, mas também pode ser

ocasionado pela própria torre, através dos contactos desta com a cabina (nacelle). O ruído

aerodinâmico está directamente relacionado com a velocidade do vento ao incidir no

aerogerador para provocar o movimento das suas pás.

Tabela 33- Justificação das respostas dos alunos que referem que os amigos se conseguem ouvir no parque eólico

(N=127) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Aerogeradores 21 16.5

Ventoinhas 27 21.3 Não fazem barulho

Não específica 10 7.9

Vento favorece que se oiça 4 3.1 Propagação do som

O som espalha-se pelo ar 5 3.9

Experiência própria Esteve no local 6 4.7

Estando juntos (os amigos) e não existindo muito vento

3 2.4

Condições Falar alto 2 1.6

Não responde 49 38.6

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De acordo com Taylor (2006), os aerogeradores são, frequentemente, descritos pelos

opositores da energia eólica, como sendo bastante ruidosos, mas há estudos (Devine-Wright,

2004) que revelam que não o são, quando comparados com outras máquinas de produção de

energia, e que os níveis sonoros dos aerogeradores, da maioria dos construtores, a uma

distância de 250m, são valores inferiores a 50dB. Pode concluir-se que os amigos conseguem

conversar no parque e que a maioria (55.3%) dos alunos respondeu correctamente.

4.4.6- Interferências do parque eólico com as televisões

As respostas à questão 18 do questionário permitem concluir que 27.8% dos alunos

(tabela 34) relacionam o mau funcionamento da televisão com o parque eólico. No entanto,

30.9% pensam o contrário. Noventa e um alunos não têm certeza se o parque eólico influencia,

ou não, o funcionamento da televisão.

Tabela 34- Distribuição das respostas dos alunos face às interferências do parque eólico com as televisões (N=230)

Interferências do parque eólico na televisão Frequência Percentagem

Sim 64 27.8

Não 71 30.9

Não tenho a certeza 91 39.6

Não responde 4 1.7

No que respeita às razões apresentadas pelos alunos que afirmaram que o parque

eólico pode estar relacionado com o mau funcionamento da televisão, constata-se que a maioria

destes alunos mencionou as interferências (tabela 35), afirmando que estas existem: entre os

aerogeradores e a televisão, mas sem explicitarem de que forma essa interferência ocorre

(9.3%); entre o aerogerador e o sinal da televisão (9.3%); entre as ventoinhas e as antenas

parabólicas (14.1%); entre as ventoinhas e os satélites (6.3%); e na ligação da televisão (6.3%).

Dos onze alunos que utilizaram raciocínios baseados nas suas próprias experiências:

quatro (6.3%) referiram que conhecem pessoas cuja televisão começou a funcionar “mal” a

partir do momento em que o parque eólico foi instalado perto das suas habitações; sete (10.9%)

mencionaram que moram perto do parque eólico e que constataram que os seus televisores

funcionam pior desde a sua instalação.

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97

De referir que vinte e quatro (37.5%) dos alunos não apresentaram qualquer justificação

para o facto de afirmarem que o parque eólico interfere com o funcionamento da televisão.

Tabela 35- Justificação das respostas dos alunos que afirmaram que o parque eólico interfere com a televisão

(N=64) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Nos aerogeradores 6 9.3

Os aerogeradores podem interferir com o sinal da televisão

6 9.3

As ventoinhas fazem interferências com as parabólicas

9 14.1

As ventoinhas fazem interferências com os satélites

4 6.3

Interferências

Na ligação da televisão 4 6.3

Conhecimento de pessoas em o parque eólico interfere na televisão.

4 6.3

Experiência própria Habita perto do parque eólico 7 10.9

Não responde 24 37.5

As justificações referidas pelos alunos que responderam que o parque eólico não está

relacionado com o mau funcionamento da televisão (tabela 36), limitaram-se a reforçar a ideia

de que o parque eólico não interfere com a televisão. Com efeito, vinte e sete (38%) alunos só

afirmaram que não interfere, 7.1% salientaram que o parque eólico não interfere com o sinal do

satélite captado pela televisão e 7.1% acentuaram que o parque eólico não interfere com as

ondas electromagnéticas.

As justificações dadas por seis alunos centraram-se no televisor. Três (4.2% do

subgrupo) destes alunos mencionaram que o problema é da televisão e outros três alunos

referiram que a energia eólica contribui para uma boa imagem da televisão.

De salientar que vinte e oito (39.4%) alunos não apresentaram qualquer justificação para

o facto de considerarem que o parque eólico não interfere com o funcionamento da televisão.

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Tabela 36- Justificação das respostas dos alunos que afirmaram que o parque eólico não interfere com a televisão

(N=71) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

O parque eólico não interfere 27 38.0

O parque eólico não interfere com o sinal do satélite captado pela televisão

5 7.1 Não interfere

O parque eólico não interfere com as ondas electromagnéticas

5 7.1

O problema é da televisão 3 4.2

Televisão A energia eólica contribui para uma boa imagem

3 4.2

Não responde 28 39.4

Quando solicitados a justificar as suas incertezas acerca da eventual interferência do

parque eólico com o funcionamento da televisão, a maioria dos alunos não deu qualquer

justificação (tabela 37). As justificações apresentadas pelos restantes alunos centraram-se em

argumentos baseados nas diversas interferências que pensam que os aerogeradores provocam.

Assim, 2.2% dos alunos referiram que os aerogeradores podem captar as ondas

electromagnéticas, fazendo com que a televisão tenha uma má imagem, 11.0% dos alunos

salientaram que o parque eólico pode influenciar a antena da televisão e 3.3% revelaram que o

vento interfere com a antena.

Dos seis alunos que utilizaram razões baseadas na sua própria familiaridade com a

questão da eventual interferência do parque eólico, dois alunos afirmaram que já ouviram falar

que o parque interfere com a televisão e quatro acentuaram que nunca ouviram falar nas

interferências entre o parque e a televisão.

Cinco alunos rejeitaram implicitamente a interferência do parque eólico com a televisão,

embora se cinjam ao seu estado, afirmando que a televisão poderia estar estragada e, por isso,

a sua imagem seria má.

Sete alunos responderam que não vivem perto do parque eólico e que, por isso, não têm

a certeza se o parque eólico influencia, ou não, o funcionamento da televisão.

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Tabela 37- Justificação das respostas dos alunos que afirmaram que não têm a certeza se o parque eólico interfere com a televisão

(N=91) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Os aerogeradores podem captar as ondas electromagnéticas

2 2.2

O parque eólico poderá influenciar a antena da televisão

10 11.0 Interferências

O vento faz interferência com a antena 3 3.3

Já ouviu falar 2 2.2 Familiaridade com

o assunto Nunca ouviu falar 4 4.4

Estado da televisão A televisão pode estar estragada 5 5.5

Distância ao parque eólico

Não vive perto de um parque eólico 7 7.7

Não responde 58 63.7

Há estudos (Taylor, 2006) que revelam que os aerogeradores podem causar

interferências electromagnéticas, pois, quando um aerogerador é colocado entre uma televisão e

um transmissor ou um receptor de microondas, por vezes, pode reflectir porções da radiação

electromagnética a qual interfere com o sinal original que chega ao receptor. Isto pode causar no

sinal recebido uma distorção significativa (Manwell et al., 2005) e tem implicações para os

habitantes que moram nas proximidades do parque já que o funcionamento dos seus aparelhos

electrónicos pode ser afectado. Assim, sendo, pode inferir-se que os alunos que evidenciaram

que os aerogeradores interferiam com os televisores (27.8%) tinham razão quanto a estas

possíveis interferências.

4.5- Resultados referentes ao conhecimento dos alunos sobre o Parque Eólico das TAF

Para efectuar esta análise, e dado que se imaginou que a distância geográfica de morada dos

alunos ao parque pode influenciar as suas respostas, os alunos foram divididos em dois subgrupos,

sendo um constituído pelos alunos que vivem mais perto do Parque Eólico das TAF e outro pelos

alunos que habitam mais longe do Parque Eólico das TAF.

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100

4.5.1- Número de aerogeradores constituintes do Parque Eólico das TAF

Aos alunos participantes no estudo foi perguntado quantos aerogeradores existem no Parque

Eólico das TAF (questão 19). Segundo a literatura disponível (Ecossistema, 2003), o parque eólico

era, à data da recolha de dados, constituído por 40 aerogeradores.

Em relação ao subgrupo dos alunos mais próximos do parque, 30.6% dos alunos

responderam correctamente, mencionando 40 aerogeradores (tabela 38). Cerca de 25%

apresentaram respostas que se afastam, em cerca de 10 aerogeradores, do número correcto destas

estruturas constituintes do parque. Na verdade, 10.2% dos alunos afirmaram que existiam cerca de

30 aerogeradores e 14.3% dos alunos referiram cerca de 50 aerogeradores. Forneceram respostas

que se afastavam ainda mais do valor correcto dos aerogeradores, 2.0% dos alunos, que

mencionaram cerca de 20 aerogeradores, e 24.5% dos alunos, que indicaram mais de 50

aerogeradores. Houve, ainda, 18.4% dos alunos deste subgrupo que responderam que não sabiam.

Tabela 38- Distribuição das respostas dos alunos face ao número de aerogeradores do Parque Eólico das TAF

(N=230) Mais próximos

(n=49)

Mais afastados

(n=181) Número de

aerogeradores Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Cerca de 20 1 2.0 15 8.3 Cerca de 30 5 10.2 31 17.1 Cerca de 40 15 30.6 24 13.3 Cerca de 50 7 14.3 26 14.4 Cerca de mais de 50 12 24. 5 35 19.3

Não sei 9 18.4 45 24.8 Não responde 0 0.0 5 2.8

Em relação ao subgrupo dos alunos que moram mais afastados do parque eólico, 13.3% dos

alunos (tabela 38) responderam correctamente, mencionando 40 aerogeradores. Afastando-se cerca

de 10 aerogeradores do número correcto destas estruturas constituintes do parque, responderam

17.1% dos alunos, afirmando que existiam cerca de 30 aerogeradores, e 14.4% dos alunos, referindo

cerca de 50 aerogeradores. Afastando-se ainda mais do valor correcto do número de aerogeradores,

responderam 8.3% dos alunos, mencionando cerca de 20 aerogeradores, e 19.3% dos alunos,

indicando mais de 50 aerogeradores. Houve, ainda, quarenta e cinco (24.8%) alunos que

responderam que não sabiam e 2.8% alunos que não responderam à questão.

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101

Dado que, como referido anteriormente, o parque eólico era constituído por 40

aerogeradores, e que apenas 13.3% dos alunos do subgrupo que vivem mais afastado do Parque

responderam correctamente, pode inferir-se que os alunos que habitam mais afastados do parque

têm um conhecimento menos correcto da constituição deste. Este resultado era de se esperar, pois

os alunos que vivem mais perto do parque têm um contacto visual mais directo com o mesmo e têm

uma maior possibilidade em visitá-lo, pelo que deverão ter um conhecimento mais concreto sobre ele.

4.5.2- Altura da torre dos aerogeradores constituintes do Parque Eólico das TAF

Os alunos foram também questionados acerca da altura da torre dos aerogeradores que

constituem o Parque Eólico das TAF (questão 20). Segundo a literatura disponível (Ecossistema,

2003), a altura das torres dos aerogeradores do Parque Eólico das TAF é de 67m.

Relativamente ao subgrupo dos alunos que moram mais perto do parque, 28.6% dos alunos

mencionaram que a altura da torre dos aerogeradores se situa entre os 60-70m (tabela 39), o que

está de acordo com a literatura (Ecossistema, 2003).

Tabela 39- Distribuição das respostas dos alunos face à altura da torre dos aerogeradores do Parque Eólico das TAF

(N=230) Mais próximos

(n=49)

Mais afastados

(n=181)

Altura de

aerogeradores

(m) Frequência Percentagem Frequência Percentagem

40 – 50 6 12.2 11 6.1 50 – 60 8 16.3 21 11.6 60 – 70 14 28.6 70 38.7 70 – 80 17 34.8 61 33.6 Outras 3 6.1 11 6.1

Não responde 1 2.0 7 3.9

A resposta com a maior frequência deste subgrupo de alunos incide na distância entre 70-

80m (34.8%). Salienta-se ainda, uma gama de valor relativamente próximo do aceite, 50-60m, que foi

mencionado por 16,3% dos alunos que moram perto do Parque. Afastando-se ainda mais da gama de

valores correctos, responderam 12.2% dos alunos, mencionando alturas entre 40-50m e 6.1% dos

alunos indicando outras alturas. Houve, apenas, um aluno deste subgrupo que não respondeu.

Quanto ao subgrupo dos alunos que moram mais afastados do Parque Eólico das TAF,

verifica-se que 38.7% mencionaram que a altura da torre dos aerogeradores se situa entre os 60-70m

(tabela 39), o que está de acordo com Ecossistema (2003). A resposta com a segunda maior

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102

frequência (33.6%) é oriunda dos alunos que habitam afastados do parque, e corresponde à distância

entre 70-80m, superior à real. De seguida surge uma gama de respostas (11.6%) que avançaram

com valores relativamente próximos do real (50-60m), mas inferiores a ele. Mais afastados da gama

de valores correctos responderam 6.1% dos alunos, mencionando alturas entre 40-50m, e outros

6.1% que indicaram outras alturas. Houve, ainda, sete alunos deste subgrupo que não responderam.

Verifica-se, portanto, que quer os alunos que habitam mais perto do parque quer os alunos

que moram afastados do parque, focalizaram as suas respostas, maioritariamente, na altura entre os

60-70m e 70-80m, o que está relativamente perto da realidade.

4.5.3- Distância entre os aerogeradores constituintes do Parque Eólico das TAF

Aos alunos inquiridos foi perguntado qual a distância a que devem estar separados os

aerogeradores (pergunta 21 do questionário). Segundo Windpower (2006), os estudos aerodinâmicos

recomendam que os aerogeradores estejam distribuídos pelo terreno, de modo a que o

funcionamento de um dado aerogerador não seja afectado pelas perturbações aerodinâmicas dos

aerogeradores vizinhos. A concretização desta recomendação implica que se respeite uma distância

mínima entre os aerogeradores de seis vezes o comprimento da pá (Windpower, 2006). Como as pás

dos aerogeradores do Parque Eólico das TAF têm um comprimento de 39m (Ecossistema, 2003), o

espaço mínimo entre os aerogeradores tem que ser de, aproximadamente, 234m.

Do subgrupo dos alunos que vivem mais próximo do Parque Eólico das TAF, apenas dois

referiram distâncias entre os 20 e 100m e onze (22.5%) alunos entre os 100 a 200m, o que não

respeitava a distância mínima recomendada (tabela 40). Os restantes alunos deste subgrupo

referiram todos distâncias acima desta gama de valores. Entre 200 a 300m (34.7%) e 300 a 400m

(36.7%).

Quanto ao subgrupo dos alunos que habitam mais longe do Parque Eólico das TAF, 11%

destes referiram distâncias entre 20 a 100m e 19.9% entre 100 a 200m (tabela 40), distâncias não

recomendadas. No entanto, os restantes alunos deste subgrupo mencionaram distâncias acima desta

gama de valores, nomeadamente, 29.3% entre 20O a 300m e 31.5% entre 300 e 400m.

Pode inferir-se que apenas uma pequena parte dos alunos referiu as distâncias entre 20 a

100m, e 100 a 200m, sendo, contudo, a opção por esta gama de valores maior entre os alunos que

moram afastados do parque (n=56) do que entre os que moram perto (n=13) do mesmo.

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103

Tabela 40- Distribuição das respostas dos alunos face à distância entre os aerogeradores do Parque Eólico das TAF

(N=230) Mais próximos

(n=49)

Mais afastados

(n=181)

Distância entre os

aerogeradores

(m) Frequência Percentagem Frequência Percentagem

20 a 100 2 4.1 20 11.0 100 a 200 11 22.5 36 19.9

200 a 300 17 34.7 53 29.3 300 a 400 18 36.7 57 31.5 Outras 0 0.0 5 2.8 Não responde 1 2.0 10 5.5

Constata-se que a maioria dos alunos referiu uma distância entre os aerogeradores, de 200 a

300m; e 300m a 400m. Pode, assim, afirmar-se que morar perto ou afastado do parque não parece

ter influência nas ideias sobre a distância entre os aerogeradores.

4.5.4- Número de pás que constituem os aerogeradores do Parque Eólico das TAF

Quando questionados acerca do número de pás que constituem os aerogeradores do Parque

Eólico das TAF (pergunta 22 do questionário), praticamente todos os alunos do subgrupo que

habitam mais próximo do parque (tabela 41) responderam que o número de pás é três, o que está

correcto. Verifica-se, ainda, que apenas dois alunos referiram que só existe uma pá. De salientar,

também, que todos os alunos deste subgrupo responderam à questão.

Em relação ao subgrupo dos alunos que moram mais afastados do Parque Eólico das TAF,

verificou-se, também, que a maioria do subgrupo respondeu que o número de pás que constituem

cada aerogerador é três, o que está de acordo com a realidade. Constatou-se que somente um aluno

referenciou que existe duas pás e que nove alunos mencionaram quatro pás. De referir, também, que

quatro alunos não responderam à questão.

Tabela 41- Distribuição das respostas dos alunos face ao número de pás que constituem os aerogeradores

do Parque Eólico das TAF (N=230)

Mais próximos (n=49)

Mais afastados (n=181) Número de pás

Frequência Percentagem Frequência Percentagem

1 2 4.1 0 0.0 2 0 0.0 1 0.5 3 47 95.9 167 92.3 4 0 0.0 9 5.0 Não responde 0 0.0 4 2.2

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104

Verifica-se que praticamente a totalidade dos alunos, quer dos que moram mais perto do

parque quer dos alunos que moram mais afastados, tem um conhecimento correcto acerca do

número de pás que constitui os aerogeradores. Pensa-se que estes resultados se devem ao facto de,

mesmo os alunos que estão mais afastados, poderem observar o número de pás, a grandes

distâncias. Talvez por isso, também o número de respostas correctas nesta pergunta seja superior às

restantes.

4.5.5- Quantidade de energia produzida anualmente no Parque Eólico das TAF

Os alunos participantes no estudo foram questionados acerca da quantidade de energia

produzida anualmente no Parque Eólico das TAF, tomando como referência as necessidades dos

concelhos de Fafe, de Guimarães, de Braga ou do Porto (pergunta 23). Qualquer que seja o subgrupo

considerado, a maioria dos alunos escolheu o concelho de Fafe, ou seja, o menor dos concelhos

considerados (tabela 42).

Contudo, os dados fornecidos pela Electrabel indicam que a produção anual líquida de

energia do Parque Eólico das TAF é, em ano médio, de 179.500GWh, e que pode abastecer,

aproximadamente, uma população de 114.300 habitantes (Anexo V), que corresponde sensivelmente

à população do concelho de Guimarães.

Verifica-se, assim, que os alunos, independentemente do subgrupo considerado,

subvalorizam a quantidade de energia que o parque eólico pode produzir, visto que ambos os

subgrupos seleccionaram, na sua maioria, o concelho de Fafe. O número de alunos que mencionou o

concelho de Guimarães, opção mais adequada, foi bastante pequeno, sendo constituído por três

alunos que moram mais próximo do parque e vinte e seis alunos que moram mais afastados do

mesmo.

Tabela 42- Distribuição das respostas dos alunos face à quantidade de energia produzida anualmente no

Parque Eólico das TAF (N=230)

Mais próximos (n=49)

Mais afastados (n=181)

Concelho que o Parque Eólico das TAF pode abastecer Frequência Percentagem Frequência Percentagem Fafe 32 65.3 124 68.5

Guimarães 3 6.1 26 14.4

Braga 9 18.4 20 11.1

Porto 5 10.2 5 2.7

Não responde 0 0.0 6 3.3

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105

4.6- Resultados referentes às opiniões dos alunos sobre o Parque Eólico das TAF

4.6.1- Possibilidade de construir casas perto do Parque Eólico das TAF

Aos alunos participantes no estudo foi perguntado se era possível construir casas perto

do Parque Eólico das TAF (pergunta 24 do questionário), a maioria dos alunos, quer do

subgrupo que moram perto (65.3%) quer do subgrupo que moram afastados (59.7%), respondeu

que é possível (tabela 43). No entanto, 34.7 % dos alunos que moram próximo do parque e

37.6% dos alunos que moram afastados do parque mencionaram que não. De referir ainda, que

no subgrupo dos alunos mais próximos, todos responderam a esta questão, mas cinco alunos do

subgrupo mais afastados não responderam.

Tabela 43- Distribuição das respostas dos alunos face à possibilidade de construir casas perto do Parque

Eólico das TAF (N=230)

Mais próximos (n=49)

Mais afastados (n=181)

É possível construir casas perto do Parque Eólico das TAF

Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Sim 32 65.3 108 59.7

Não 17 34.7 68 37.6

Não responde 0 0.0 5 2.7

As justificações apresentadas pelos alunos do subgrupo mais próximo do parque, que

referiram que não é possível construir casas perto do Parque Eólico das TAF, apresentaram

argumentos baseados nas características do parque eólico, designadamente, 41.1% dos alunos

consideraram que o parque faz muito barulho, 11.8% afirmaram que existe muito vento, 5.9%

salientaram que se localiza nas montanhas (sendo, por isso, segundo eles, difícil construir casas

nesse local) e 5.9% mencionaram que o parque produz energia e, por consequência, poderia ser

perigoso para as pessoas que habitassem perto (tabela 44). Houve, ainda, quatro (23.5%) alunos

que afirmaram que o parque eólico incomoda as pessoas e 11.8% dos alunos que pensaram que

é inseguro para a população, mas que não explicitaram porquê.

De salientar que todos os alunos deste subgrupo que referiram que não se pode

construir casas perto de um parque eólico justificaram a sua opção.

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106

Tabela 44- Justificação das respostas dos alunos que moram perto do parque eólico que referem que não

é possível construir casas perto do Parque Eólico das TAF (N=17)

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Produção de ruído 7 41.1

Produção de energia 1 5.9

Localização 1 5.9 Características do parque eólico

Existência de vento 2 11.8

Incómodo 4 23.5 Influências nas pessoas Insegurança 2 11.8

As justificações apresentadas pelos alunos que habitam mais afastados do Parque

Eólico das TAF, que referiram não ser possível construir habitações perto do parque eólico

centraram-se, maioritariamente, nas consequências do parque para a população (tabela 45),

especificamente, 27.9% dos alunos afirmaram que existe barulho ou ruído, 7.4% salientaram que

é inseguro e 8.8% disseram que é perigoso. Contudo, segundo Gipe (1995), os sistemas eólicos

estão entre os sistemas de produção de energia eléctrica mais seguros, que apresentam baixos

custos de manutenção e, que além disso, têm a vantagem de não ter custos ambientais e

sociais para as gerações futuras.

Outras razões apontadas pelos alunos deste subgrupo centraram-se em características

do parque, nomeadamente, no facto de existir muito vento (10.3%) e de o parque eólico,

segundo eles, prejudicar, os meios de comunicação, sobretudo, a qualidade da imagem da

televisão (5.8%). Cinco (7.4%) destes alunos consideraram que nunca viram casas perto de um

parque eólico, deduzindo que não deve ser possível construir habitações junto deste.

De referir ainda, que 32.4% dos alunos do subgrupo mais afastado do TAF não

responderam, o que pode significar que não têm uma opinião formada sobre o assunto.

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107

Tabela 45- Justificação das respostas dos alunos que moram afastados do parque eólico que referem que não é possível construir casas perto do Parque Eólico das TAF

(N=68) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Produção de ruído 19 27.9

Insegurança 5 7.4 Consequências para a população

Perigosidade 6 8.8

Existência de vento 7 10.3 Características do parque eólico Prejudicial para os meios de

comunicação 4 5.8

Própria experiência

Ausência de habitações nas proximidades

5 7.4

Não responde 22 32.4

Os alunos que afirmaram que é possível construir casas perto do Parque Eólico das TAF

foram solicitados a referir a que distância se poderá construí-las (pergunta 24). Segundo o

responsável do Parque Eólico das TAF, a distância mínima é de 400m. No subgrupo dos alunos

que vivem mais próximo do parque, somente 9.4% destes alunos assinalaram mais de 200m

(tabela 46).

Tabela 46- Distribuição das respostas dos alunos face à distância do Parque Eólico das TAF relativamente às casas habitacionais

(N=140) Mais próximos

(N=32) Mais afastados

(N=108) Distância do Parque Eólico das TAF (m)

Frequência Percentagem Frequência Percentagem mais de 200 3 9.4 7 6.5

mais de 400 5 15.6 8 7.4

mais de 600 9 28.1 18 16.7

mais de 800 10 31.3 39 36.1

0utras distâncias 5 15.6 36 33.3

De evidenciar que os restantes alunos deste subgrupo mencionaram distâncias

superiores a 400m, especificamente, mais de 400m (15.6%), mais de 600m (28.1%), mais de

800m (31.3%) e, em outras distâncias, cinco alunos referiram mais de 1000m.

Relativamente ao subgrupo dos alunos mais afastados do parque, 6.5% destes alunos

mencionaram uma distância inferior à distância mínima, ou seja, mais de 200m (tabela 46). Os

restantes alunos deste subgrupo indicaram distâncias superiores a 400m, nomeadamente, mais

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108

de 400m (7.4%), mais de 600m (16.7%), mais de 800m (36.1%) e, em outras distâncias

(33.3%), os alunos referiram distâncias superiores a 1000m.

Verifica-se que a maioria dos alunos, quer os que habitam próximos do parque quer os

que habitam mais afastados do parque, considerou distâncias superiores a 400m. Somente três

alunos do subgrupo mais próximos do parque e sete alunos do subgrupo mais afastados do

parque referiram uma distância superior a 200m. Pode afirmar-se que se alguns alunos têm um

conhecimento relativamente correcto da realidade, há um número considerável de alunos, maior

no subgrupo dos mais afastados do parque, que considera distâncias duplas da mínima

recomendada.

4.6.2- Impacto do Parque Eólico das TAF relativamente ao ambiente, à economia e às pessoas

No que se refere ao impacto do Parque Eólico das TAF no ambiente, na economia e nas

pessoas (questão 25), verifica-se que as respostas dos alunos que vivem perto do parque

praticamente se dividem equitativamente, relativamente, aos efeitos do parque no ambiente,

uma vez que 38.8% dos alunos acham benéfico, 28.6% consideram-no prejudicial e 32.6%

destes alunos não lhe atribui qualquer impacto (tabela 47).

As justificações apresentadas pelos alunos que vivem perto do parque que referiram que

o parque eólico é benéfico para o ambiente mencionaram, maioritariamente, que não polui e

alguns alunos afirmaram que se poupam os recursos não renováveis. No que respeita às

fundamentações expostas pelos alunos que indicaram que o parque eólico é prejudicial para o

ambiente, a maioria mencionou que altera/destrói a paisagem. Relativamente aos alunos que

indicaram que o parque eólico não tem impacto no ambiente, as suas justificações limitaram-se

a afirmar que não acontece nada no ambiente.

No que concerne ao impacto do Parque Eólico das TAF quanto à economia, a maioria

(69.4%) dos alunos que vivem perto do parque eólico afirmou que o parque é benéfico, 14.3%

dos alunos retorquiram que é prejudicial e 16.3% dos alunos responderam que não tem impacto

(tabela 47).

As justificações expostas pelos alunos que moram perto do parque eólico que

salientaram que o parque eólico é benéfico para a economia reportaram-se à diminuição do

consumo de energias não renováveis e, segundo estes alunos, consegue poupar-se dinheiro na

utilização destas energias. Os alunos deste subgrupo, que exprimiram que o parque eólico é

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109

prejudicial para a economia, explicaram que se gasta muito dinheiro no parque e que este não é

rentável.

Quanto aos alunos que revelaram que o parque eólico não tem qualquer impacto na

economia, as justificações reportaram-se para o facto de a electricidade manter o mesmo preço

e, também argumentaram que o parque eólico não traz grandes benefícios porque se encontra

em fase de experimentação e, por último, estes alunos consideraram que ninguém investe num

parque eólico.

No que respeita ao impacto do Parque Eólico das TAF em relação às pessoas, 40.8%

dos alunos que moram perto do parque afirmaram que não tem impacto, 30.6% declararam que

é prejudicial e 28.6% mencionaram que é benéfico (tabela 47).

As explicações apresentadas pelos alunos que moram perto do parque e que

consideraram que o parque eólico não tem impacto nas pessoas alicerçaram-se na ideia de que

o parque não interfere na vida das pessoas e, por isso, que não prejudica nem beneficia. Em

relação aos alunos que moram perto do parque eólico e que referiram que o parque é prejudicial

para as pessoas, os argumentos utilizados basearam-se no barulho, no vento, nas radiações, no

impacto na televisão e no facto de, segundo eles, poder provocar doenças. Quanto aos alunos

que moram perto do parque e que consideraram que o parque é benéfico para as pessoas, as

suas justificações confinaram-se a argumentos centrados na ideia de que o parque eólico

fornece energia e, assim, as pessoas podem usufruir dessa energia.

Tabela 47- Distribuição das respostas dos alunos que moram perto do parque face ao impacto do Parque Eólico das TAF relativamente ao ambiente, à economia e às pessoas

(N=49) Ambiente Economia Pessoas

Efeitos Frequência Percentagem Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Benéfico

19 38.8 34 69.4 14 28.6

Prejudicial

14 28.6 7 14.3 15 30.6

Sem impacto

16 32.6 8 16.3 20 40.8

No que se refere ao impacto do Parque Eólico das TAF sobre o ambiente, a economia e

as pessoas (questão 25), verifica-se que os alunos que vivem afastados do parque consideram,

em percentagens semelhantes, que o parque tem efeitos no ambiente, sendo benéfico para o

mesmo (39.8%) e que o parque não tem impacto no ambiente (34.3%). Dos restantes alunos,

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110

trinta e cinco (19.2%) pensaram que o parque é prejudicial para o ambiente, 0.6% dos alunos

tiveram dúvidas e 6.1% não responderam (tabela 48).

Relativamente aos alunos que moram afastados do parque e que indicaram que o

parque eólico é prejudicial ao ambiente, as suas justificações centraram-se na ideia de que

prejudica/influencia o ambiente, altera/destrói a paisagem e é prejudicial para os animais

selvagens. As justificações apresentadas pelos alunos que vivem afastados do parque eólico e

que defenderam que ele é benéfico para o ambiente centraram-se, maioritariamente, na ideia de

que o parque não polui e, em alguns casos, que permite poupar recursos não renováveis.

No que diz respeito ao impacto do Parque Eólico das TAF na economia, a maioria

(62.4%) dos alunos que vivem afastados do parque eólico afirmou que o parque é benéfico,

22.1% dos alunos retorquiram que é prejudicial, 8.8% dos alunos responderam que não tem

impacto, 0.6% dos alunos tiveram dúvidas e 6.1% dos alunos não responderam (tabela 48).

As justificações expostas pelos alunos que moram afastados do parque e que

salientaram que o parque eólico é benéfico para a economia reportaram-se à possibilidade de

diminuir o consumo de energias não renováveis e à possibilidade de permitir poupar dinheiro,

por possibilitar abastecer a população de Fafe, com uma energia rentável e barata.

Relativamente aos alunos que habitam afastados do parque e que exprimiram a opinião de que o

parque eólico é prejudicial para a economia, estes basearam-se na ideia de que a instalação, a

manutenção do parque e os aerogeradores são caros. Quanto aos alunos deste subgrupo que

opinaram que o parque eólico não tem qualquer impacto na economia, as suas justificações

reportaram-se ao facto de o parque não ter impacto em Fafe, de o investimento ser caro e de os

lucros serem pequenos. De referir que estes alunos não mencionaram os motivos que os

levaram a pensar desta forma.

No que respeita ao impacto do Parque Eólico das TAF nas pessoas, 46.4% dos alunos

que moram afastados do parque afirmaram que é benéfico, 22.1% consideraram que é

prejudicial, 23.7% mencionaram que não tem impacto, 1.7% têm dúvidas e 6.1% não

responderam (tabela 48).

Quanto aos alunos que moram afastados do parque que consideraram que ele é

benéfico para as pessoas, as suas justificações assentaram em argumentos constituídos em

torno da ideia de que o parque eólico fornece energia mais barata e, assim, as pessoas podem

usufruir desta energia. Em relação aos alunos deste subgrupo que referiram que o parque é

prejudicial para as pessoas, os seus argumentos basearam-se no barulho, nas interferências na

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111

televisão e no facto de poder causar dores de cabeça. As explicações apresentadas pelos alunos,

que defenderam que o parque eólico não tem impacto nas pessoas, ficam-se pela afirmação de

que o parque eólico não interfere na vida das pessoas, que não as prejudica nem as beneficia e

que o preço da electricidade não se alterou.

Tabela 48- Distribuição das respostas dos alunos que moram afastados do parque face ao impacto do Parque Eólico das TAF relativamente ao ambiente, à economia e às pessoas

(N=181) Ambiente Economia Pessoas

Efeitos Frequência Percentagem Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Benéfico 72 39.8 113 62.4 84 46.4

Prejudicial 35 19.2 40 22.1 40 22.1

Sem impacto 62 34.3 16 8.8 43 23.7

Tem dúvidas/ impossibilidade de decidir/vantagens e desvantagens

1

0.6

1

0.6

3

1.7

Não respondeu 11 6.1 11 6.1 11 6.1

Relativamente ao impacto do Parque Eólico das TAF no ambiente, na economia e nas

pessoas, o subgrupo dos alunos que residem mais afastados considera-o mais favorável do que

o subgrupo dos alunos que vivem mais próximos. Este resultado está em desacordo com a

literatura (Krohn & Damborg, 1999; Elliott, 2003; Warren, 2005), pois, as pesquisas efectuadas

em populações que residem próximas e outras afastadas de um parque eólico, é demonstrado

que a população próxima do parque é mais favorável à energia eólica, tanto a nível abstracto

como a nível local, e as suas convicções aumentam com o passar do tempo e com a

aproximação ao parque.

4.6.3- Opinião sobre a beleza do Parque Eólico das TAF

Os alunos participantes no estudo foram questionados sobre se consideram o Parque

Eólico das TAF bonito, feio, ou nem bonito nem feio (questão 27). A maioria dos alunos, quer os

próximos do parque (51.0%) quer os alunos afastados do parque (53.0%), considerou o parque

eólico bonito (tabela 49). Somente um aluno do subgrupo mais próximo do parque e 5.5% dos

alunos do subgrupo mais afastados do parque consideraram-no feio. Para 42.9% dos alunos do

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112

subgrupo mais próximo do parque e para 39.8% do subgrupo dos alunos mais afastados, o

parque nem é bonito nem é feio.

Dois (4.1%) alunos mais próximos do parque e três (1.7%) alunos mais afastados do

parque não responderam à questão.

Tabela 49- Distribuição das respostas dos alunos face à opinião do Parque Eólico das TAF (N=230)

Mais próximos (n=49)

Mais afastados (n=181) Opinião sobre o

Parque Eólico das TAF Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Bonito 25 51.0 96 53.0

Feio 1 2.0 10 5.5

Nem bonito nem Feio 21 42.9 72 39.8

Não responde 2 4.1 3 1.7

Segundo Devine-Wright (2004), os parques eólicos têm impactos visuais negativos,

existindo mesmo uma tendência para os aerogeradores serem considerados como algo feio.

Contudo, segundo este autor, também existem vários exemplos de opiniões que avaliam

positivamente o efeito visual dos aerogeradores. No estudo relatado nesta investigação, a maioria

dos alunos considera o parque eólico bonito e uma pequena percentagem de alunos

consideram-no feio, o que está razoavelmente de acordo com a literatura.

4.6.4- Opinião sobre o Parque Eólico das TAF, poder tornar-se uma atracção

turística

No que se refere à opinião dos alunos sobre a possibilidade do parque eólico se tornar

uma atracção turística (questão 27), verifica-se que, no caso do subgrupo dos alunos mais

próximos do parque, a maioria (57.2%) pensa que isso é possível, 2.0% pensam o contrário e

40.8% não têm a certeza (tabela 50). Relativamente ao subgrupo dos alunos mais afastados do

parque, constata-se que 48.1% concordam com a possibilidade de o parque se tornar uma

atracção, 8.3% dos alunos discordam e 41.4% dos alunos não têm a certeza (tabela 50). Note-se

que uma investigação realizada por Lothian (2004) refere que um parque eólico pode ser

considerado uma atracção turística, tal como o é uma central hidroeléctrica.

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113

Tabela 50- Distribuição das respostas dos alunos face à opinião do Parque Eólico das TAF, poder tornar-se uma atracção turística

(N=230)

Quando se pediu aos alunos que moram perto do Parque Eólico das TAF e que pensam

que o parque eólico se pode tornar uma atracção turística, que justificassem essa opinião,

verificou-se que 14.3% dos alunos acreditam nisso pelo facto de o parque ser bonito, 21.4% pelo

facto de ser interessante e chamar a atenção das pessoas, 10.7% por existirem poucos parques

eólicos, sendo o TAF, por isso, uma novidade no concelho de Fafe, 25.0% reiteraram que a

paisagem vista a partir do parque eólico é bonita e 17.9% dos alunos consideram que o parque

eólico provoca curiosidade nas pessoas (tabela 51). Três (10.7%) alunos deste subgrupo não

responderam à questão.

De referir que o aluno que mora perto do parque eólico e que considerou que este

parque não poderia tornar-se uma atracção turística não justificou a sua escolha.

Tabela 51- Justificação das respostas dos alunos que moram próximo do parque que referem que o Parque Eólico das TAF pode tornar-se uma atracção turística

(N=28) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Bonito 4 14.3

Interessante/chama atenção 6 21.4

Novidade 3 10.7

Paisagem bonita a partir do parque eólico

7 25.0

Opiniões sobre o parque eólico

Provoca curiosidade 5 17.9

Não responde 3 10.7

Relativamente aos alunos que moram perto do parque e que afirmaram que o parque

eólico talvez possa tornar-se uma atracção turística, a análise das respostas permitiu verificar

que 25.0% dos alunos deste subgrupo afirmaram isso, por o considerarem bonito, 15.0% por

acreditarem que as pessoas pensam que ele é interessante, 15.0% por considerarem que

Mais próximos (n=49)

Mais afastados (n=181)

O Parque Eólico das TAF poder tornar-se uma atracção turística Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Sim 28 57.2 87 48.1

Não 1 2.0 15 8.3

Talvez 20 40.8 75 41.4

Não responde 0 0.0 4 2.2

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114

provoca curiosidade nas pessoas, 10.0% por existirem bons acessos e 25.0% por, eles próprios,

já ter visitado vários parques eólicos, (tabela 52). Dois (10.0%) alunos deste subgrupo não

responderam.

Tabela 52- Justificação das respostas dos alunos que moram próximo do parque que referem que o Parque Eólico das TAF talvez possa tornar-se uma atracção turística

(N=20) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Bonito 5 25.0

Interessante 3 15.0

Provoca curiosidade 3 15.0

Tem bons acessos 2 10.0

Opiniões sobre o parque eólico

Visitaram vários parques eólicos 5 25.0

Não responde 2 10.0

Quanto aos quinze alunos que moram afastados do Parque Eólico das TAF e que

referiram que este parque eólico não se pode tornar uma atracção turística, todas as suas

justificações foram no sentido de o parque não ter qualquer interesse e não ter monumentos

para visitar.

Relativamente aos alunos que moram afastados do Parque Eólico das TAF e que

afirmaram que o parque eólico em causa pode tornar-se uma atracção turística, 16.0% destes

alunos não responderam à questão (tabela 53). As justificações apresentadas pelos restantes

alunos deste subgrupo foram divididas em dois grupos: um que envolve argumentos favoráveis e

outro que apresenta argumentos desfavoráveis. No que concerne às justificações que têm

argumentos positivos, elas centraram-se nos aerogeradores, mencionando que as pessoas têm

interesse em observá-los a trabalhar (5.3%), considerando que a população tem curiosidade em

ver o seu tamanho (2.7%) e referindo que as pessoas gostam de ver os aerogeradores (16.0%).

Quanto aos alunos deste subgrupo que centraram as suas respostas na energia, 6.7%

destes alunos salientaram que as energias renováveis têm um grande impacto na sociedade e,

por isso, talvez o parque se torne uma atracção turística, e 6.7% referiram que existem bastantes

lugares onde se produz energia eólica, suscitando o interesse na população.

Relativamente aos alunos que moram mais afastados do parque e que justificaram a sua

opinião, com base no próprio parque eólico, 14.7% destes alunos mencionaram que o parque

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115

eólico é um lugar para admirar, 6.7% mencionaram que a população tem curiosidade em visitar

um local destes e 10.7% indicaram que existem poucos parques eólicos.

Por último, os restantes alunos deste subgrupo que utilizaram argumentos favoráveis

dividiram-se: 4.0% mencionaram que pode ser utilizado para futuras visitas de estudo e outros

4.0% só consideraram o parque uma atracção, na condição de o melhorarem, mas não referiram

em que aspectos.

No que diz respeito aos alunos deste subgrupo, que defenderam que talvez o parque

não possa tornar-se uma atracção, 4.0% referiram que estraga a paisagem e 2.7% afirmaram

que não tem a ver com um tipo de turismo estabelecido.

Tabela 53- Justificação das respostas dos alunos que moram mais afastados do parque que referem que o Parque Eólico das TAF talvez possa tornar-se uma atracção turística

(N=75) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

As pessoas interessam-se em observar os aerogeradores a trabalhar

4 5.3

As pessoas têm curiosidade em ver o tamanho dos aerogeradores

2 2.7 Opinião tendo em conta os aerogeradores

As pessoas gostam de ver os aerogeradores 12 16.0

Como hoje em dia as energias renováveis estão a ter um grande impacto é provável que o parque se torne uma atracção turística

5

6.7 Opinião tendo em conta a energia

Há muitos lugares onde existe este tipo de energia 5 6.7

O parque eólico é um sítio para admirar 11 14.7

As pessoas têm curiosidade em visitar um parque eólico

5 6.7

Opinião tendo em conta o parque eólico Raridade de parques eólicos 8 10.7

Para futuras visitas de estudo 3 4.0

Sim

Se melhorarem o parque eólico 3 4.0

Estraga a paisagem 3 4.0

Não

Gosta/ Não gosta

Não é um tipo de turismo 2 2.7

Não responde 12 16.0

Em relação aos alunos que moram afastados do Parque Eólico das TAF e que

mencionaram que este pode tornar-se uma atracção turística, 5.8% dos alunos não explicaram

porquê. As justificações apresentadas pelos outros alunos deste subgrupo centraram-se no facto

de considerarem o parque eólico um lugar científico-tecnológico ou um lugar de lazer (tabela 54).

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116

Relativamente às justificações dos alunos que moram afastados do parque e que o

consideraram um lugar científico-tecnológico, 4.7% reiteraram que as pessoas gostam de ver um

parque eólico, 19.5% referiram a raridade dos parques e 10.3% disseram que o parque eólico

fornece um melhor conhecimento deste tipo de energia.

Quanto aos alunos deste subgrupo que consideraram que o parque eólico é um lugar de

lazer, 20.7% dos alunos consideraram que a paisagem que de lá se pode observar é bonita,

5.7% afirmaram que ele traz benefícios para a cidade de Fafe, 20.7% defenderam que o parque

provoca curiosidade nas pessoas e 12.6% consideraram-no um lugar social.

Tabela 54- Justificação das respostas dos alunos que moram mais afastados do parque que referem que o Parque Eólico das TAF pode tornar-se uma atracção turística

(N=87) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

As pessoas gostam de ver um parque eólico 4 4.7

Raridade de parques eólicos 17 19.5

Parque eólico como sendo um lugar científico-tecnológico

O parque eólico fornece um melhor conhecimento deste tipo de energia

9 10.3

A paisagem é bonita a partir do parque eólico 18 20.7

Pode ser benéfico para a cidade 5 5.7

Provoca curiosidade 18 20.7

Parque eólico como sendo um lugar de lazer

Lugar social 11 12.6

Não responde 5 5.8

Pode concluir-se que a maioria dos alunos tem a ideia de que o Parque Eólico das TAF

é, ou poderá tornar-se, uma atracção turística. Quanto às razões apresentadas pelos alunos,

estas centram--se, essencialmente, na ideia de que o parque eólico como sendo um lugar

científico e tecnológico ou de lazer. Além disso, o Parque Eólico das TAF é considerado pela

maioria dos alunos como bonito e como podendo tornar-se numa atracção turística. Estas ideias

também são consistentes com as reportadas na literatura (Lothian, 2004).

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117

4.7- Resultados obtidos referentes às opiniões dos professores sobre a energia eólica

4.7.1- Condições naturais de Portugal para um bom aproveitamento da

energia eólica

Quando questionados sobre se Portugal tem condições naturais para fazer um bom

aproveitamento da energia eólica (pergunta 5 do questionário), a totalidade dos professores

respondeu afirmativamente.

As justificações apresentadas pelos professores (tabela 55), para essa opinião

centraram-se nas condições climatéricas e/ou nas condições geográficas. No que concerne às

condições climatéricas, dois (10.0%) professores mencionaram que existem bastantes zonas

ventosas. O potencial eólico de Portugal é grande, tanto a nível de onshore como de offshore.

Estima-se que o potencial eólico em Portugal continental seja superior a 6000MW e na Madeira

e Açores entre 150 a 200MW. Relativamente ao offshore estima-se que seja superior a 1000MW

(Rodrigues, 2007).

No que concerne às condições geográficas, três (15.0%) professores afirmaram que

existe uma grande zona costeira, três (15.0%) consideraram que existem locais de grande

altitude (nomeadamente, serras e montanhas). Estas opiniões estão de acordo com Simão et al.

(2004), que referem que a maioria dos locais de maior potencial eólico, em Portugal, situa-se

em zonas de serras e montanhas, geralmente afastadas de zonas habitacionais e de actividades

económicas. Um professor referiu que existem locais favoráveis, mas não especificou as

características desses locais.

Tabela 55- Justificação das respostas dos professores sobre as condições naturais de Portugal para um

bom aproveitamento da energia eólica (N=20)

Condições Categorias Frequência Percentagem

Climatéricas Zonas ventosas 2 10.0

Grande zona costeira 3 15.0

Locais de grande altitude (serras, montanhas) 3 15.0 Geográficas

Locais favoráveis 1 5.0

Existem boas condições climatéricas e geográficas 1 5.0

Regiões altas e ventosas 4 20.0 Climatéricas e condições geográficas Costa litoral ventosa 2 10.0

Não responde 4 20.0

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118

Quanto aos professores que referiram condições climatéricas e geográficas, quatro

(20.0%) deles afirmaram que existem regiões altas e ventosas, dois (10.0%) mencionaram que

existe uma costa litoral ventosa e um (5.0%) professor referiu que existem boas condições

climatéricas e geográficas, mas não explicou quais são essas condições. De referir que quatro

(20.0%) professores não apresentaram qualquer justificação.

A partir dos resultados obtidos pode inferir-se que, apesar de todos os professores

considerarem que Portugal tem condições naturais para fazer um bom aproveitamento da

energia eólica, e de alguns apresentarem justificações que tal como seria de esperar se

reportam, essencialmente, às condições climatéricas e às condições geográficas, um número

razoável de professores não justificou a sua opinião, o que pode significar que possuem pouco

conhecimento sobre o assunto.

4.7.2- Possibilidade de investir mais na energia eólica em Portugal

Quando questionados sobre se Portugal deveria investir mais na energia eólica (pergunta

6 do questionário), a totalidade dos professores respondeu afirmativamente. As justificações

apresentadas por oito dos professores centraram-se em características da energia eólica,

designadamente, no facto de considerarem que a energia eólica é uma energia não poluente

(10.0%), renovável (15.0%) e barata (15.0%). Três (15.0%) professores apoiaram as suas

respostas na adequação das características do país (Portugal) à exploração de energia eólica.

Destes, dois (10.0%) afirmaram que Portugal possui locais propícios para a produção de energia

eólica (nomeadamente, montanhas) e um (5.0%) referiu a existência de poucos parques eólicos.

A potência instalada no final de Março de 2007 situava-se em 1808MW, distribuída por cento e

quarenta e três parques eólicos, com um total de mil e catorze aerogeradores ao longo de todo o

território continental (Energias Renováveis em Portugal, 2007).

Dos nove professores que alicerçaram as suas respostas em consequências da energia

eólica, três (15.0%) utilizaram argumentos ambientais. Um (5.0%) destes professores referiu que,

se Portugal investisse mais na energia eólica, diminuiria a poluição e os outros dois (10.0%)

professores afirmaram que se evitava o esgotamento das energias não renováveis,

nomeadamente, das derivadas dos combustíveis fósseis.

Houve, ainda, professores que utilizaram argumentos económicos, nomeadamente, dois

(10.0%) professores referiram que se diminuiria a dependência energética e que se pouparia

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119

dinheiro e um (5.0%) professor afirmou que a energia eólica é um investimento rentável a longo

prazo. Segundo Simão et al. (2004), os custos são geralmente muito baixos enquanto as

turbinas eólicas são recentes e vão aumentando à medida que vão envelhecendo.

Três (15.0%) professores usaram razões energéticas, citando que o petróleo está prestes

a acabar, pelo que um grande investimento na energia eólica seria uma solução para a

substituição das energias não renováveis.

Note-se que três professores não justificaram as suas escolhas, pelo que foram incluídos

na categoria “não responde”.

Tabela 56 - Justificações das respostas dos professores para um maior investimento na energia eólica

(N=20) Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Não poluente 2 10.0

Renovável 3 15.0

Características

da energia eólica Barata 3 15.0

Condições propícias para a produção de energia eólica 2 10.0 Características

do país (Portugal) Raridade de parques eólicos 1 5.0

Ambiental 3 15.0

Económica 3 15.0

Consequências

Energética 3 15.0

Não responde 3 15.0

Nota: alguns professores (três) mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

A totalidade dos professores pensa que Portugal deveria investir mais na energia eólica,

pois, segundo eles, tem condições naturais para o fazer, e considera que esse investimento teria

consequências positivas para o país, ao nível do ambiente, da economia e dos recursos

energéticos. É de referir que Portugal assumiu um compromisso com a UE de que pelo menos

39% da produção de energia eléctrica, em 2010, seja proveniente de fontes de energia

renovável.

Page 141: Sandra Marina Ribeiro Marinho - Universidade do Minho · turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores

120

4.7.3- Contribuição da Energia Eólica para a resolução dos problemas energéticos em Portugal

Quando questionados sobre se a energia eólica poderá contribuir, de uma forma

relevante, para a resolução dos problemas energéticos em Portugal (pergunta 7 do questionário),

a maioria (60.0%) dos professores respondeu afirmativamente, quatro (20.0%) responderam

negativamente e os restantes quatro (20.0%) não responderam (tabela 57).

Tabela 57 - Distribuição das respostas dos professores sobre a contribuição da energia eólica para a

resolução dos problemas energéticos (N=20)

Maior investimento Frequência Percentagem

Sim 12 60.0

Não 4 20.0

Não responde 4 20.0

As justificações apresentadas pelos professores (tabela 58), que consideraram que a

energia eólica pode dar uma contribuição relevante para a resolução dos problemas energéticos,

centraram-se em características da energia eólica, designadamente, no facto de ser não

poluente (12.5%) e de ser renovável (12.5%).

Outros professores utilizaram argumentos apoiados nas características do país,

afirmando que Portugal possui condições climatéricas propícias para a produção de energia

eólica (18.8%), na possibilidade de se construir mais parque eólicos (12.5%) e no facto de

Portugal não possuir recursos (como petróleo e/ou o gás natural) em quantidades suficientes

para abastecer a população (18.8%).

Os restantes professores, que referiram que a energia eólica poderá resolver os

problemas energéticos, basearam as suas opiniões nas consequências de uma aposta nesse

tipo de energia, isto é, no facto de existirem, cada vez mais, empresas que apostam neste tipo

de energia (6.3%) e nas vantagens da redução da dependência energética de Portugal

relativamente aos outros países (25.0%).

Por seu turno, os professores que referiram que a energia eólica não poderá dar um

contributo relevante para a resolução dos problemas energéticos, centraram os seus argumentos

na eficiência energética, isto é, no facto de considerarem que a produção de energia eléctrica a

partir do vento não é suficiente para as necessidades da população (12.5%), e os outros dois

professores afirmaram que desconhecem a rentabilidade da energia eólica.

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121

Tabela 58 - Justificação das respostas dos professores sobre a contribuição da energia eólica para a resolução dos problemas energéticos

(N=16)

Nota: alguns professores (cinco) mencionaram mais que uma categoria e/ou subcategoria.

Embora a maioria dos professores considere que a energia eólica poderá contribuir para

a resolução dos problemas energéticos, há um número considerável de professores (n=8) que

pensa o contrário ou que não respondeu à pergunta. Estes resultados poderão significar que há

um número considerável de professores que, possivelmente, terá dificuldade em abordar

devidamente a questão das alternativas energéticas com os alunos, por terem uma opinião

“pouco aceitável” ou por não terem ideias formadas sobre o assunto. Contudo, o CNEB através

das OCCFN recomenda que no 3º ciclo do Ensino Básico, os professores, através de um

contexto familiar aos alunos, abordem conteúdos científicos, recorrendo a situações do

quotidiano e aos conhecimentos que os alunos já possuem sobre relações energéticas.

Propõem, ainda, que os alunos apresentem soluções energéticas alternativas aos combustíveis

fósseis, tendo em atenção situações reais, tais como: a construção de barragens, de centrais

eléctricas ou de centrais eólicas.

4.8- Resultados referentes às opiniões dos professores sobre o Parque Eólico das TAF

4.8.1 O parque eólico como um factor de poluição visual

Quando inquiridos sobre se o Parque Eólico das TAF é um factor de poluição visual

(pergunta 8 do questionário), a maioria (70.0%) dos professores respondeu que não, 25.0% deles

referiram o contrário e um professor não respondeu (tabela 59).

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Não poluente 2 12.5 Características da

energia eólica Renovável 2 12.5

Condições climatéricas propícias 3 18.8

Criação de mais parques eólicos 2 12.5 Características do

país (Portugal) Poucos recursos como petróleo e o gás natural 3 18.8

Investimento das empresas 1 6.3

Sim (N=12)

Consequências Redução da dependência energética 4 25.0

Insuficiência da energia produzida 2 12.5 Não (N=4)

Eficiência

energética Desconhecimento a rentabilidade do processo 2 12.5

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122

Tabela 59- Distribuição das respostas dos professores sobre o Parque Eólico das TAF enquanto factor de poluição visual

(N=20) Factor de poluição visual Frequência Percentagem

Sim 5 25.0

Não 14 70.0

Não responde 1 5.0

As justificações apresentadas pelos professores que consideram que o parque eólico

não é um factor de poluição visual, centraram-se em sensações causadas pelo parque,

nomeadamente, na habituação aos aerogeradores originada pelo passar do tempo (10.5%), na

comparação dos aerogeradores a obras de arte (10.5%), na possibilidade de camuflar os

aerogeradores com os moinhos de vento, como dizem acontecer no parque eólico de Monção

(21.0%), e na associação dos aerogeradores a uma visão de progresso (21.0%). Por fim, 21.0%

destes professores mencionaram que os aerogeradores interferem na paisagem, mas não

consideraram que originaria poluição visual (tabela 60).

Os quatro professores que consideraram o parque eólico um factor de poluição visual

justificaram a sua opinião com base nos aerogeradores, designadamente, na localização dos

mesmos e na sua interferência na paisagem. Assim, referiram que, geralmente, se encontram

nas montanhas e, por isso, são facilmente visíveis a longas distâncias (10.5%) e ocupam,

principalmente, os espaços verdes (10.5%). De referir que três professores não justificaram a

sua escolha.

Tabela 60- Justificação das respostas dos professores sobre o Parque Eólico das TAF enquanto factor de poluição visual

(N=19)

Nota: alguns professores (quatro) mencionaram mais que uma subcategoria

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Tornam-se “normais” 2 10.5

Interfere mas não polui 4 21.0

Tem semelhanças com obras de arte 2 10.5

Podem ser camuflados 4 21.0

Não (N=14)

Sensações

causadas pelo

parque Significam progresso 4 21.0

Localização em lugares altos 2 10.5 Sim (N=4)

Opinião tendo em conta os aerogeradores

Ocupam espaços verdes 2 10.5

Não responde 3 15.8

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123

Uma das desvantagens associada à energia eólica referida frequentemente pela

literatura (Aslet, 2004; Taylor, 2006; Pasqueletti et al., 2002; Warren et al., 2005; Wolsink,

2000) é o impacto visual que introduz na paisagem. Contudo, através dos resultados obtidos,

pode concluir-se que a maioria dos professores não considera que os aerogeradores provocam

poluição visual, mas antes pensa que são um sinal de progresso. Quanto aos professores que

pensam o contrário, as suas justificações centraram-se no facto de interferirem com a paisagem,

sendo visíveis a grandes distâncias, o que pode efectivamente acontecer, especificamente para

parques eólicos como o TAF, que estão localizados em zonas montanhosas, de alguma altitude.

4.8.2- Efeitos do Parque Eólico das TAF segundo os professores

No que se refere ao impacto do Parque Eólico das TAF na população, no ambiente, na

economia, no desenvolvimento do parque habitacional e no turismo (questão 9), verificou-se que

metade (50.0%) dos professores considerou o parque eólico benéfico para a população. No

entanto, 25.0% consideraram que o parque é prejudicial e outros 20.0% mencionaram que ele

não tem impacto. De salientar que um professor não respondeu à questão (tabela 61).

Tabela 61- Distribuição das respostas dos professores face ao impacto do Parque Eólico das TAF relativamente à população, ao ambiente, à economia, ao desenvolvimento do parque habitacional e ao turismo.

(N=20)

População Ambiente Economia Desenvolvimento do

parque habitacional Turismo

Efeitos

f % F % f % f % f %

Benéfico 10 50.0 4 20.0 17 85.0 7 35.0 10 50.0

Prejudicial 5 25.0 7 35.0 0 0.0 6 30.0 1 5.0

Sem Impacto 4 20.0 7 35.0 0 0.0 5 25.0 5 25.0

Não responde 1 5.0 2 10.0 3 15.0 2 10.0 4 20.0

As justificações apresentadas pelos professores que consideraram que o Parque Eólico

das TAF é benéfico para a população centraram-se na criação de oportunidades de emprego,

nos benefícios monetários que o aluguer ou a venda de terrenos ocupados pelo parque eólico

trouxe para as pessoas, o que está de acordo com a literatura (Taylor, 2006; Mendes et al.,

2002) e, ainda, na ideia de que, a longo prazo, Portugal poderá beneficiar de uma energia

produzida no país, que, possivelmente, será mais económica do que a importada. Relativamente

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124

aos professores que referiram que o parque eólico é prejudicial para a população,

argumentaram que existe ruído no parque eólico (poluição sonora), que ele causa interferências

nos sistemas de comunicação (nomeadamente a televisão) e que podem ocorrer acidentes com

elementos de alta tensão. No entanto, é de referir que os sistemas eólicos estão entre os

sistemas de produção de energia eléctrica mais seguros (Gipe, 1995). O professor que

considerou que o parque eólico que não tem qualquer impacto na população, apenas

mencionou que não existe nenhuma relação entre o parque e a população, mas não aprofundou

mais o assunto.

No que diz respeito ao impacto do Parque Eólico das TAF no ambiente, as respostas

dividiram-se equitativamente entre as ideias de que o parque é prejudicial (35.0%) e de que não

tem impacto (35.0%). Quatro outros professores (20.0%) pensam que o parque é benéfico e dois

(10.0%) não responderam à questão (tabela 61).

As justificações apresentadas pelos professores que mencionaram que o parque eólico é

prejudicial, referem-se, essencialmente, às alterações na fauna e na flora. Na flora, esse prejuízo

resulta da facilitação da circulação de veículos e de pessoas na zona do parque eólico (que

geralmente são construídos em locais anteriormente pouco frequentados, do tipo, cumes das

serras), e que pode originar o pisoteio de espécies protegidas (Mendes et al., 2002). No que

concerne à fauna, são referidos como prejudiciais a possibilidade de colisão de aves e morcegos

com os aerogeradores, a electrocussão em linhas eléctricas e a perturbação causada pelo

parque nas aves e morcegos que utilizam a zona, quer ao nível da alimentação e repouso quer

ao nível do sucesso reprodutor (Mendes et al., 2002). No entanto, Bourillon (1999) menciona

que estimativas da morte de pássaros, nos Países Baixos, causadas pelo Homem, devido ao

tráfego de veículos, apresentam um valor de cem vezes superior relativamente à morte de

pássaros num parque eólico de 1GW (menor que o Parque Eólico das TAF).

No que concerne às razões apresentadas pelos professores que pensam que o parque

não tem impacto no ambiente, elas incidem na ideia de que o parque não interfere

significativamente com a fauna e a flora, por não implicar a destruição de áreas florestais nem a

emissão de gases poluentes, a ideia é concordante com a perspectiva de Taylor (2006).

Relativamente às razões apontadas pelos professores que consideraram o parque benéfico para

o ambiente, pode afirmar-se que elas se centram em torno da ideia de que a energia eólica é

limpa e não poluente.

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125

O impacto do parque eólico na economia é visto pela maioria (85.0%) dos professores

como benéfico. Os restantes três (15.0%) professores não responderam à questão. As razões

apresentadas por aqueles professores remetem-se para a redução da utilização de outras fontes

de energia (combustíveis fósseis) e para a fomentação da utilização de tecnologias mais

avançadas e de maior eficiência, que poderão possibilitar um aumento, quer da quota de energia

eléctrica produzida a partir de energias renováveis quer dos postos de trabalho, bem como uma

maior independência energética relativamente a outros países (nomeadamente a Espanha).

No que diz respeito ao desenvolvimento do parque habitacional, 35.0% dos professores

consideraram o parque benéfico, mas 30.0% afirmaram que é prejudicial, 25.0% pensaram que

não tem impacto e 10.0% não responderam à questão (tabela 61).

As justificações apresentadas pelos professores que consideraram o desenvolvimento do

parque habitacional benéfico, basearam-se na criação de infra-estruturas que poderão levar a

população a fixar-se nos parques. Por seu lado, as justificações dos professores que

mencionaram que o desenvolvimento do parque habitacional é prejudicial, centraram-se no facto

de considerarem que a área ocupada pelo parque eólico é bastante significativa e que, segundo

estes professores, não pode coexistir casas e parque eólicos. De salientar, ainda, que os

professores que mencionaram que o parque das TAF não tem impacto no desenvolvimento do

parque habitacional não justificaram a sua opinião.

Por fim, o impacto do parque eólico no turismo é entendido por metade (50.0%) dos

professores como benéfico, mas 25.0% consideraram-no sem impacto, 5.0% afirmaram que é

prejudicial e 20.0% não responderam (tabela 61).

Os professores que pensam que o parque eólico é benéfico para o turismo, justificaram

essa opinião com base no facto de terem estudado isso em algumas disciplinas, de haver visitas

de estudo a parques eólicos, na sensibilização para o uso da energia eólica e na curiosidade da

população. Os professores que referiram que o parque é prejudicial, mencionaram que ele causa

poluição visual. Finalmente, os professores que consideraram que o parque não tem impacto

limitaram-se a referir que “não tem impactos significativos”.

A partir dos resultados obtidos, pode concluir-se que, a maioria dos professores

considerou que os efeitos do Parque Eólico das TAF são benéficos para a população, para a

economia e para o turismo. Contudo, pensam que o parque eólico tem efeitos prejudicais ou

limitam-se a referir que não tem impacto no ambiente e no desenvolvimento do parque

habitacional. Estes resultados contrariam pelo menos parcialmente os obtidos em outros

Page 147: Sandra Marina Ribeiro Marinho - Universidade do Minho · turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores

126

estudos. Na verdade, um estudo realizado por Lothian (2004) revela que as pessoas que

residem mais próximo de um parque eólico não consideram que este tenha um impacto visual

significativo na paisagem. Outro estudo realizado na Irlanda, com 1200 sujeitos, cujos resultados

mostraram que a maioria das pessoas que possuem um contacto directo com o parque eólico

acha que ele não tem qualquer efeito negativo na paisagem, na vida selvagem, no turismo ou

nos terrenos vizinhos (SEI, 2003).

4.9- Resultados referentes às opiniões dos professores sobre o aproveitamento didáctico do Parque Eólico das TAF

4.9.1- O Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico

Quando questionados sobre se costumam utilizar o Parque Eólico das TAF como um

recurso didáctico (pergunta 10 do questionário), a maioria (75.0%) dos professores respondeu

que não, 20.0% deles referiram que sim e um professor não respondeu (tabela 62).

Tabela 62- Distribuição das respostas dos professores sobre a utilização do Parque Eólico das TAF como

recurso didáctico (N=20)

Recurso didáctico Frequência Percentagem

Sim 4 20.0

Não 15 75.0

Não responde 1 5.0

Os quinze professores que responderam que não utilizam o parque eólico como um

recurso didáctico apresentaram argumentos baseados no parque eólico (tabela 63),

designadamente, no facto de considerarem que uma visita de estudo ao parque eólico não pode

contemplar muitas áreas curriculares (5.3%), no desconhecimento do Parque Eólico das TAF

(5.3%) e dos contactos dos seus responsáveis (5.3%) e na falta de oportunidade para efectuar

uma visita ao parque eólico (26.3%).

Os restantes professores (36.7%) que mencionaram que também não utilizam o parque

eólico como recurso didáctico, afirmaram que não o fazem porque não estão a leccionar os

conteúdos referentes à energia.

Page 148: Sandra Marina Ribeiro Marinho - Universidade do Minho · turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores

127

Tabela 63- Justificação das respostas dos professores sobre a utilização do Parque Eólico das TAF como recurso didáctico

(N=19)

Dos quatro professores que responderam que costumam usar o parque eólico como

recurso didáctico, um (5.3%) mencionou que utiliza o parque eólico quando lecciona o 7º ano de

escolaridade, mas não explicitou de que forma o faz (tabela 63). Os restantes três mencionaram

que o fazem quando abordam o subtema “Energia”, através de debates entre os alunos e/ou de

execução de trabalhos sobre as energias renováveis, nomeadamente, a energia eólica. De referir

que um professor não respondeu à questão.

Através destes resultados pode inferir-se que a maioria dos professores não utiliza o

parque eólico como um recurso didáctico. Somente quatro professores fazem referência ao

parque eólico quando leccionam o subtema “Energia”. De salientar, ainda, que os professores

que não usam o parque como recurso didáctico também mencionaram que nunca realizaram ou

organizaram uma visita de estudo ao parque eólico.

4.9.2- O Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico utilizado pelos

professores de Física do concelho de Fafe

Quando questionados sobre se têm conhecimento de que os professores de Física do

concelho de Fafe costumam utilizar o Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico

(pergunta 11 do questionário), a maioria (60.0%) dos professores não respondeu à questão por

Categoria Subcategorias Frequência Percentagem

Conteúdos programáticos

Não está a leccionar os conteúdos programáticos referentes à energia

7 36.7

A visita ao parque eólico restringe as restantes áreas curriculares.

1 5.3

Desconhece o Parque Eólico das TAF

1 5.3

Não sabe como contactar os responsáveis do parque eólico.

1 5.3

Não (N=15)

Parque Eólico

Não teve oportunidade de efectuar uma visita ao parque eólico

5 26.3

No 7ºano de escolaridade 1 5.3 Sim (N=4)

Conteúdos

programáticos Quando se aborda o tema energia 3 15.8

Page 149: Sandra Marina Ribeiro Marinho - Universidade do Minho · turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores

128

considerar desconhecer as práticas dos colegas. Cinco (25.0%) dos professores referiram que

sim e três (15.0%) consideraram que não (tabela 64).

Tabela 64- Distribuição das respostas dos professores sobre a utilização do Parque Eólico das TAF como recurso didáctico utilizado pelos professores de Física do concelho de Fafe

(N=20) Parque Eólico das TAF como recurso didáctico utilizado pelos professores de Física do concelho de Fafe

Frequência Percentagem

Sim 5 25.0

Não 3 15.0

Não responde 12 60.0

As justificações apresentadas pelos professores que consideraram que os professores de

Física do concelho de Fafe utilizam o parque como recurso didáctico, centraram-se na sua

relação com os conteúdos programáticos da disciplina, em alguns anos de escolaridade, e nas

conversas na sala de professores, mas sem referirem de que forma pensam que é utilizado esse

recurso. Mencionaram, também, a localização do parque eólico e o facto de o núcleo de estágio

de uma escola ter organizado uma visita de estudo e efectuado um trabalho sobre o Parque

Eólico das TAF.

Os professores que consideram que os docentes de Física do concelho de Fafe não

usam o parque eólico como recurso referiram, simplesmente, que não têm informação sobre

este assunto e que desconhecem que qualquer visita de estudo tenha sido realizada ao parque.

Os resultados obtidos sugerem que os professores de Física do concelho de Fafe não

utilizam o parque eólico como recurso. Só uma pequena percentagem de professores tem

conhecimento de que os docentes de Física o façam. Pode inferir-se que os professores não

tiram o devido partido deste recurso que está localizado relativamente perto das escolas em que

leccionaram e que poderia ajudar a motivar os alunos e a concretizar algumas das ideias

abordadas em C.F.Q.

4.9.3- Parque Eólico das TAF com um serviço educativo

Quando inquiridos sobre a possibilidade de, no Parque Eólico das TAF, existir um serviço

educativo (pergunta 12.1 do questionário), a maioria dos professores respondeu que seria muito

importante (45.0%) ou importante (50.0%). Somente um (5.0%) professor considerou a existência

desse serviço sem importância (tabela 65).

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129

Tabela 65- Distribuição das respostas dos professores sobre a possibilidade de, no Parque Eólico das TAF, existir um serviço educativo

(N=20) Possibilidade de, no Parque Eólico das TAF,

existir um serviço educativo Frequência Percentagem

Muito importante 9 45.0

Importante 10 50.0

Indiferente 0 0.0

Sem importância 1 5.0

O professor que considerou que a existência de um serviço educativo não tinha

importância, afirmou que esse serviço educativo pode ser assegurado pelo professor que realiza

a visita.

As justificações apresentadas pelos professores que referiram que a existência de um

serviço educativo seria muito importante, assentam no argumento de que deveria ser criada uma

parceria entre as escolas e o responsável do parque eólico, de forma a criar esse serviço, o que

ajudaria a população a adquirir mais facilmente um conhecimento científico e crítico sobre a

energia eólica.

Quanto aos professores que consideraram que a criação de um centro educativo, no

Parque Eólico das TAF, seria importante, as suas fundamentações baseiam-se: na sensibilização

dos alunos e do público em geral para a existência de outras energias tão rentáveis ou mais que

as usadas actualmente (provenientes de combustíveis fósseis) e que poderão trazer benefícios

económicos e ambientais; na possibilidade dos professores poderem aprender a usar o parque

eólico de uma forma mais significativa para os alunos; na oportunidade de fornecer informação

mais específica e personalizada sobre o parque eólico, nomeadamente, no que respeita ao

funcionamento deste; na divulgação de informação sobre as energias renováveis; na

possibilidade de existir um grupo de pessoas com formação na área (energias renováveis,

especificamente energia eólica) para conduzir as visitas ao parque eólico, de uma forma eficaz.

Os professores que consideraram “muito importante” e “importante” a criação do

serviço educativo, foram solicitados a descrever como deveria ser esse serviço educativo

(pergunta 12.2). Os professores que mencionaram “muito importante” referiram que deveria

existir: uma pessoa responsável pela visita ao parque e que fornecesse explicações

pormenorizadas e relacionadas com os conteúdos programáticos das disciplinas que abordam a

energia eólica; um “museu” que confrontasse a “era do petróleo” com a “era das energias

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130

renováveis” e, dentro das energias renováveis, comparasse os vários tipos de energia; e,

finalmente, jogos interactivos que permitissem estudar em concreto o Parque Eólico das TAF.

Por seu turno, os professores que responderam “importante”, mencionaram que:

poderia existir um grupo de trabalho, formado por professores e por pessoas que trabalhassem

no parque, que reunissem informação sobre o parque eólico e a energia eólica; ser realizado um

workshop envolvendo actividades para os visitantes efectuarem, de modo a aplicarem os

conhecimentos aprendidos durante a visita; serem organizadas visitas de estudo guiadas, a

partir de um guião elaborado na sala de aula, após a exposição teórica do subtema.

Estes resultados revelam que só um professor considerou a criação de um centro

educativo no Parque Eólico das TAF indiferente, tendo os restantes mencionado que a criação

deste serviço seria muito importante ou importante, o que poderá significar que há um número

considerável de professores que, possivelmente, terá dificuldade em abordar devidamente, com

os alunos, as questões relacionadas com o parque eólico.

4.9.4- Eficácia do ensino sobre o Parque Eólico das TAF

Os professores participantes no estudo foram questionados acerca de onde seria mais

eficaz ensinar sobre o Parque Eólico das TAF (pergunta 13). A maioria (80.0%) dos professores

considerou que o ensino seria mais eficaz no local (parque). No entanto, 10.0% mencionaram a

sala de aula, recorrendo a um vídeo sobre o parque, e um professor (5.0%) referiu a sala de

aula, sem qualquer apoio audiovisual (tabela 66).

Tabela 66- Distribuição das respostas dos professores sobre a eficácia do ensino sobre o Parque Eólico das TAF

(N=20) Eficácia do ensino sobre o Parque Eólico das TAF Frequência Percentagem

Na sala de aula, sem apoio audiovisual 1 5.0

Na sala de aula, recorrendo a um vídeo sobre o parque 2 10.0

No local/parque 16 80.0

Não responde 1 5.0

O professor que mencionou que seria mais eficaz ensinar sobre o parque eólico na sala

de aula, sem apoio audiovisual, não justificou a sua escolha. Relativamente aos dois professores

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131

que consideraram a sala de aula, recorrendo a um vídeo sobre o parque, referiram que se evita,

desta forma, a perda de tempo associada à organização de uma visita ao mesmo.

Os professores que consideraram que seria mais eficaz ensinar sobre o parque eólico no

local (parque), mencionaram que a motivação dos alunos aumenta com o contacto directo com

o parque, pois as dimensões dos aerogeradores poderão impressionar os alunos. Também

referiram que isso permitiria estabelecer a ponte entre a matéria e os conhecimentos aprendidos

(contacto com as tecnologias aplicadas no parque) e explicitaram, ainda, que os alunos

compreenderão mais facilmente a matéria relacionada com a energia se ela for leccionada no

próprio parque.

Um professor considerou que, inicialmente, seria importante realizar uma abordagem

teórica, genérica, para posteriormente transportar conhecimentos para o caso concreto do

Parque Eólico das TAF, através de um vídeo deste. No final, seria realizada uma visita ao parque

para perceber, em contexto real, o que foi aprendido na sala de aula.

A maioria dos professores referiu que o próprio parque era o local mais eficaz para

ensinar sobre o Parque Eólico das TAF e evocaram motivos relacionadas com os alunos,

nomeadamente, os níveis de motivação destes.

4.9.5- Visitas de estudo realizadas a parques eólicos

Quando inquiridos sobre se já efectuaram uma visita de estudo a um parque eólico

(pergunta 14 do questionário), a maioria (95.0%) dos professores respondeu que nunca efectuou

nenhuma e somente um professor (5.0%) mencionou que já realizou uma visita ao Parque Eólico

do Marão (tabela 67).

Tabela 67- Distribuição das respostas dos professores sobre a realização de visitas de estudo a parques

eólicos

(N=20) Visitas de estudo a um parque

eólico Frequência Percentagem

Sim 1 5.0

Não 19 95.0

As justificações dos professores que mencionaram que nunca tinham realizado uma

visita de estudo a um parque eólico basearam-se, essencialmente, na falta de oportunidade e

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132

nos conteúdos programáticos do(s) ano(s) de escolaridade que leccionam não se enquadrarem

no subtema “Energia”. Houve ainda, um professor que referiu que não sabia como efectuar o

contacto com o responsável do parque, outro professor que afirmou que não realiza visita de

estudo por causa do risco e da responsabilidade envolvida em qualquer visita de estudo e um

professor referiu dificuldades associadas às distâncias.

Como nenhum professor inserido no estudo realizou uma visita de estudo ao Parque

Eólico das TAF, as questões 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 21 não foram respondidas.

4.9.6- Eficácia das visitas de estudo ao Parque Eólico das TAF no Ensino

Básico ou Secundário

Os professores participantes no estudo foram questionados sobre se a organização de

visitas de estudo ao Parque Eólico das TAF faz mais sentido no Ensino Básico ou no Ensino

Secundário (pergunta 22). A maioria dos professores optou pelo Ensino Básico. Relativamente

aos níveis de escolaridade, oito (40.0%) professores mencionaram o 7º ano, dois (10.0%) o 8º

ano e quatro (20.0%) o 9º ano de escolaridade (tabela 68).

Cinco (25.0%) professores seleccionaram o Ensino Secundário, e o ano de escolaridade

mencionado foi o 10º. Houve ainda, três (15.0%) que escolheram em, simultâneo, o Ensino

Básico e o Ensino Secundário, tendo referido o 7º ano e o 10º ano de escolaridade,

respectivamente. De referir que um professor não respondeu à questão.

Tabela 68- Distribuição das respostas dos professores sobre a organização de visitas de estudo ao Parque Eólico das TAF no Ensino Básico ou Ensino Secundário

(N=20)

Visitas de estudo Frequência Percentagem

7ºano 8 40.0

8ºano 2 10.0

Ensino Básico

9ºano 4 20.0

Ensino Secundário 10ºano 5 25.0

Ensino Básico e Secundário 7º e 10ºano 3 15.0

Não responde 1 5.0

Nota: alguns professores (três) mencionaram mais que um ano de escolaridade.

Relativamente às justificações apresentadas pelos professores que consideraram o

Ensino Básico como sendo mais adequado para realizar visitas de estudo ao parque, elas

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133

baseiam-se, essencialmente, na ideia de que as visitas de estudo ao parque se enquadram

perfeitamente nos conteúdos programáticos no tema “Terra em Transformação” e no subtema

“Energia”. Um professor acrescentou, ainda, que seria importante fazer uma visita ao Parque,

em qualquer ano de escolaridade, por uma questão de sensibilização para as questões

energéticas.

Quanto aos professores que optaram pelo Ensino Secundário, nomeadamente, o 10º

ano de escolaridade, afirmaram que quando chegam a este ano de escolaridade os alunos já

ouviram falar em energias renováveis, particularmente, em energia eólica (no Ensino Básico) e

vão novamente debater o assunto e, por isso, devem estar mais receptivos e reter mais

informação, de uma forma mais significativa.

Os professores que consideraram os dois níveis de ensino (Básico e Secundário) referem

que, no 7º ano de escolaridade, a visita de estudo é feita essencialmente para sensibilizar para o

tema e, segundo estes professores, os alunos são mais curiosos e gostam de visitar o parque.

No entanto, no 10º ano de escolaridade voltariam a realizar a visita, pois consideram que o nível

de maturidade dos alunos é maior e lhes permitirá aprofundar conhecimentos. A maioria dos

professores optou pelo Ensino Básico, apontando razões de natureza curricular, referindo-se

essencialmente ao subtema “Energia”. A mesma razão foi referida pelos professores que

optaram pelo Ensino Secundário.

A maior parte dos professores pensa que criar um centro educativo no Parque Eólico das

TAF seria importante e refere, também, que este local seria o mais eficaz para ensinar a

temática relacionada com energia. Acrescentaram, ainda, que as visitas de estudo ao parque

eólico serão mais eficazes no Ensino Básico do que no Ensino Secundário. Contudo, quase

nenhum professor realizou uma visita de estudo a uma central eólica, apesar de as OCCFN

atribuírem um papel importante à escola em termos de promoção da Educação Energética, na

medida em que, sugerem que os alunos realizem visitas de estudo a centrais produtoras de

energia (DEB, 2001b).

Page 155: Sandra Marina Ribeiro Marinho - Universidade do Minho · turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores

134

Page 156: Sandra Marina Ribeiro Marinho - Universidade do Minho · turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores

135

CAPÍTULO V

CONCLUSÕES, IMPLICAÇÕES E SUGESTÕES DE INVESTIGAÇÃO 5.1- Introdução

Neste capítulo apresentam-se as conclusões da investigação realizada com alunos do

9ºano de escolaridade do concelho de Fafe e com professores de Física e Química a leccionar

nas escolas desse mesmo concelho (5.2), que resultam da análise dos dados obtidos através de

um questionário aplicado a cada uma das subamostras de sujeitos que participaram no estudo.

De seguida, serão discutidas as implicações da investigação (5.3) que advêm das conclusões

apresentadas e, por último, na secção 5.4, serão delineadas algumas sugestões para futuras

investigações.

5.2- Conclusões da investigação

No decorrer deste subcapítulo serão apresentadas as conclusões desta investigação,

tendo em conta com os objectivos definidos para a mesma e que foram apresentados no

primeiro capítulo.

O primeiro objectivo deste estudo estava relacionado com a identificação das

concepções e a caracterização das atitudes dos alunos do concelho de Fafe sobre a energia

eólica. Os resultados obtidos, através do questionário aplicado e respondido por 230 alunos,

durante os meses de Maio e Julho de 2006, revelaram que:

• A maioria dos alunos associa correctamente a energia eólica ao vento (71.7%) e

menciona que o vento é a fonte de energia utilizada na energia eólica (60.0%).

Contudo, 2.2% dos alunos referiram (incorrectamente) outras fontes de energia

eólica que não o vento.

• A quase totalidade (97.4%) dos alunos considera a energia eólica uma energia

renovável, o que está de acordo com a versão cientificamente aceite. Todavia, cerca

de um terço dos alunos não justificou a sua opinião, o que sugere um reduzido

conhecimento do conceito. As justificações dos restantes são bastante limitadas,

afirmando, essencialmente, que a energia não se esgota, e que o vento é

reutilizável. De salientar, ainda, que as justificações apresentadas pelos alunos estão

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136

de acordo com o conteúdo dos manuais adoptados nas escolas que frequentavam,

o que poderá significar que os manuais condicionam, directa ou indirectamente, os

conhecimentos adquiridos pelos alunos.

• A maioria (87.4%) dos alunos pensa que a energia eólica apresenta vantagens em

relação a outras energias. Contudo, 5.6% afirmam o contrário. Os principais

argumentos mencionados pelos alunos que pensam que a energia eólica é

vantajosa baseiam-se nas seguintes ideias: é uma energia renovável, não poluente,

limpa e o vento é algo que tem existência permanente. De referir, que estes

argumentos favoráveis à energia eólica também são encontrados nas pesquisas de

opinião sobre este tema, nomeadamente, em Wolsink & Spreeng (1993).

• Quando se questionou os alunos sobre se a energia eólica apresentava

desvantagens relativamente às outras energias, 37.8% dos alunos deste estudo

responderam afirmativamente, noventa e cinco alunos (41.3%) mencionaram o

contrário e quarenta e oito alunos (20.9%) não responderam. As justificações

referenciadas para as desvantagens reportam-se, essencialmente, a características

da energia eólica e do parque eólico, a custos da energia eólica e a consequências

do recurso à energia eólica. De mencionar, que estes argumentos desfavoráveis à

energia eólica são, frequentemente, encontrados em estudos nos quais se

identificam opiniões contrárias à utilização desta energia.

• A possibilidade de um maior investimento em energia eólica em Portugal é aceite

pela maioria (83,9%) dos alunos. No entanto, 6.5% pensa o contrário. As razões

apontadas pelos alunos para um maior investimento em energia eólica têm que ver

com as características da energia eólica e do país (Portugal) e ainda com as

consequências que ela tem no ambiente, na economia e nos recursos energéticos

do país.

• A maioria dos alunos tem um conhecimento relativamente próximo da realidade

sobre quais os países que mais energia eólica produzem anualmente, uma vez que,

somente, 16.1% dos alunos não escolheram nenhum dos países que mais energia

eólica produz. Também se pode inferir que, de uma forma geral, os alunos têm uma

ideia relativamente próxima da realidade sobre quais os países que produzem

menores quantidades de energia eólica, uma vez que, a maioria referiu pelo menos

Page 158: Sandra Marina Ribeiro Marinho - Universidade do Minho · turismo. Contudo, no que se refere à sua utilização como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores

137

um país que produz menor quantidade de energia eólica ou que produz pouca

energia eólica.

O segundo objectivo visava a caracterização dos conhecimentos e das opiniões dos

alunos do concelho de Fafe sobre parques eólicos. A este propósito, os resultados obtidos nesta

investigação permitem concluir que:

• A maioria dos alunos envolvidos na investigação relatada nesta dissertação já tinha

ouvido falar em aerogeradores, contudo, não sabia explicar do que se tratava. Os

alunos que já tinham ouvido falar em aerogeradores, revelaram um grande

desconhecimento da estrutura e da constituição dos mesmos. Estes resultados

podem estar relacionados com o facto de os manuais escolares utilizados pelos

alunos envolvidos neste estudo fazerem uma abordagem muito superficial sobre

aerogeradores (só um manual faz referência aos aerogeradores) e terem poucas

representações esquemáticas dos mesmos.

• No que diz respeito às concepções dos alunos sobre os parques eólicos, a sua

maioria associa um parque eólico, simplesmente, a um conjunto de aerogeradores

ou ventoinhas, não referindo a sua função. Os alunos que mencionaram a função do

parque eólico, na sua maioria, afirmaram, que ele tem a função de produzir energia

eléctrica.

• As ideias dos alunos sobre a localização dos parques eólicos estão, na sua maioria,

correctas, pois os alunos referiram as montanhas e/ou as planícies de grandes

altitudes, o que é corroborado por Simão et al. (2004). Verifica-se que as

justificações apresentadas pelos alunos para a escolha de um dado local, qualquer

que ele seja, incidem na abundância de vento, elemento que é na verdade relevante.

• Os alunos estão familiarizados com os parques eólicos, pois, a maioria (83.1%), já

efectuou pelo menos uma visita a um parque eólico. O parque eólico visitado por

mais alunos participantes neste estudo foi o Parque Eólico das TAF.

• A maioria dos alunos realizou a visita ao parque eólico acompanhada por familiares

(83.8%) ou amigos (24.1%). Apenas 2.7% dos alunos realizaram essa visita através

da escola.

• Os alunos dividem-se equitativamente acerca da possibilidade de haver ruído no

parque eólico. Efectivamente, 58 alunos pensam que o parque produz barulho e 58

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138

alunos pensam que não. De evidenciar que, na literatura (Taylor, 2006), os

aerogeradores são, frequentemente, descritos pelos opositores da energia eólica

como sendo bastante ruidosos. Contudo, alguns estudos (Devine-Wright, 2004)

revelam que os aerogeradores não o são, quando comparados com outras

máquinas de produção de energia.

• No que concerne às possíveis interferências do parque eólico com as televisões,

pode concluir-se que 27.8% dos alunos relacionam o mau funcionamento da

televisão com o parque eólico. No entanto, 30.9% pensam o contrário. Noventa e um

alunos não têm certeza se o parque eólico influencia, ou não, o funcionamento da

televisão. De acordo com Taylor (2006) os aerogeradores podem causar

interferências electromagnéticas, então pode inferir-se que 27.8% dos alunos que

referiram a interferência dos aerogeradores nos televisores tinham razão.

O terceiro objectivo centrou-se na caracterização dos conhecimentos e das opiniões dos

alunos do concelho de Fafe sobre o Parque Eólico das TAF. Os resultados obtidos indicam, que:

• O subgrupo dos alunos que habitam mais próximo do parque tem um conhecimento

mais correcto do que o subgrupo dos alunos que residem mais afastados do parque

eólico, relativamente ao número de aerogeradores que o constituem, pois 30.6% e

13.3%, respectivamente, responderam correctamente.

• Relativamente ao tamanho dos aerogeradores, quer os alunos que habitam mais

perto do parque quer os alunos que moram afastados do parque, focalizaram as

suas respostas, maioritariamente, na altura entre os 60-70m e 70-80m, o que está

relativamente perto da realidade.

• A maioria dos alunos referiu uma distância entre os aerogeradores entre os 200m a

300m e entre 300m a 400m. Pode, assim, afirmar-se que morar perto ou afastado

do parque não parece ter influência nas ideias sobre a distância entre os

aerogeradores.

• Praticamente a totalidade dos alunos (quer os que moram mais perto do parque

quer os alunos que moram mais afastados) tem um conhecimento correcto acerca

do número de pás que constituem os aerogeradores. Pensa-se que estes resultados

se devem ao facto de as pás poderem ser observadas, quer a pequenas quer a

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139

grandes distâncias. Talvez isso justifique, também, o facto de o número de

respostas correctas nesta pergunta ser superior ao das restantes.

• Independentemente do subgrupo considerado, os alunos subvalorizam a quantidade

de energia que o parque eólico pode produzir, visto que ambos os subgrupos

seleccionaram, na sua maioria, o concelho de Fafe. O número de alunos que

mencionou o concelho de Guimarães, opção mais adequada, foi bastante pequeno

(três alunos que moram mais próximo do parque e vinte e seis alunos que moram

mais afastados do parque).

• A maioria dos alunos, quer os que habitam próximo do parque quer os que habitam

mais afastado do mesmo, considerou as distâncias do Parque Eólico das TAF

relativamente às casas habitacionais superiores a 400m. Somente três alunos do

subgrupo que viviam mais próximo do parque e sete alunos do subgrupo que viviam

mais afastado dele referiram uma distância de cerca de 200m. Podemos afirmar

que se alguns alunos têm um conhecimento relativamente correcto da realidade, há

um número considerável de alunos, maior no subgrupo dos que vivem mais

afastados do parque, que considera distâncias duplas da mínima recomendada

(800m).

• As ideias do subgrupo dos alunos que habitam perto do parque sobre os efeitos

deste no ambiente e nas pessoas dividem-se de uma forma mais ou menos

equitativa, considerando que são benéficos e que não têm impactos. Relativamente

aos efeitos do parque na economia, a maioria dos alunos refere que são benéficos.

Quanto aos alunos do subgrupo que vivem mais afastado do parque, parecem

evidenciar uma certa tendência para considerar como benéfico os efeitos do parque

no ambiente, na economia e nas pessoas. Assim, conclui-se que existe uma opinião

mais positiva dos alunos que vivem mais afastados do parque em relação aos

efeitos no ambiente, na economia e na população.

• A maioria dos alunos, quer do subgrupo próximo do parque (51.0%) quer do

subgrupo afastado do parque (53.0%), considera o parque eólico bonito e apenas

uma pequena percentagem de alunos o considera feio, o que está razoavelmente de

acordo com a literatura.

• Somente uma percentagem pequena dos alunos (quer do subgrupo dos alunos que

mora perto quer do subgrupo que mora afastado do parque) tem a ideia de que o

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Parque Eólico das TAF não é, ou não poderá tornar-se uma atracção turística. As

razões apontadas pelos alunos que mencionaram que o parque eólico poderá ser

uma atracção turística tem que ver com o facto de considerar o parque eólico como

sendo um lugar científico e tecnológico ou de lazer.

Relativamente ao quarto objectivo de investigação, em que se pretendia identificar as

opiniões dos professores de Física e Química sobre a energia eólica, conclui-se que:

• Apesar de todos os vinte professores considerarem que Portugal tem condições

naturais para fazer um bom aproveitamento da energia eólica, e alguns

apresentaram justificações baseadas, essencialmente, nas condições climatéricas e

nas condições geográficas, existe um número razoável de professores que não

justificou a sua opinião, o que pode significar que possuem pouco conhecimento

sobre o assunto.

• A totalidade dos professores pensa que Portugal deveria investir mais na energia

eólica, pois, segundo eles, o país tem condições naturais para o fazer, e esse

investimento teria consequências positivas para o país, ao nível do ambiente, da

economia e dos recursos energéticos.

• Embora a maioria dos professores considere que a energia eólica poderá contribuir

para a resolução dos problemas energéticos, há um número considerável de

professores (oito em vinte) que pensa o contrário ou que não respondeu à pergunta.

Estes resultados poderão significar que estes professores terão dificuldades em

abordar devidamente a questão das alternativas energéticas com os alunos, por

terem uma opinião “pouco aceitável” ou por não terem ideias formadas sobre o

assunto.

No quinto objectivo do estudo que visava caracterizar as opiniões dos vinte professores

de Física e Química sobre o Parque Eólico das TAF, conclui-se que:

• A maioria dos professores (70.0%) não considera que os aerogeradores provocam

poluição visual, mas antes pensa que são um sinal de progresso. Quanto aos

professores que pensam o contrário, as suas justificações centraram-se no facto de

considerarem que os aerogeradores interferem com a paisagem, sendo visíveis a

grandes distâncias, o que pode efectivamente acontecer, especificamente para

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parques eólicos como o das TAF, que estão localizados em zonas montanhosas, de

alguma altitude.

• A maioria dos professores considerou que os efeitos do Parque Eólico das TAF são

benéficos para a população, para a economia e para o turismo. Contudo, pensam

que o parque eólico tem efeitos prejudicais ou não tem impacto no ambiente e no

desenvolvimento do parque habitacional.

Por fim, relativamente ao sexto objectivo, que tinha como propósito identificar as práticas

e opiniões de professores de Física e Química sobre a utilização didáctica do Parque Eólico das

TAF, os resultados obtidos mostram que:

• A maioria (75.0%) dos professores envolvidos no estudo não utiliza o parque eólico

como um recurso didáctico. Somente quatro professores referem o parque eólico

quando leccionam o subtema “Energia”. De salientar, ainda, que os professores que

não usam o parque como recurso didáctico também mencionaram que nunca

realizaram ou organizaram uma visita de estudo ao Parque Eólico das TAF.

• Só uma pequena percentagem de professores envolvidos neste estudo tem

conhecimento que os professores de Física do concelho de Fafe utilizem o parque

eólico como recurso didáctico. Pode inferir-se, que os professores não tiram o devido

partido deste recurso que está localizado relativamente perto das escolas envolvidas

neste estudo.

• Apenas um professor considerou que a criação de um centro educativo no Parque

Eólico das TAF seria indiferente, tendo os restantes mencionado que a criação deste

serviço seria muito importante ou importante. Este resultado poderá significar que

há um número considerável de professores que, possivelmente, valoriza o ensino

em contexto real.

• A maioria dos professores referiu que o próprio parque era o local mais eficaz para

ensinar sobre o Parque Eólico das TAF e evocou motivos relacionados com os

alunos, nomeadamente, nos níveis de motivação destes.

• Nenhum dos professores efectuou uma visita ao Parque Eólico das TAF e somente

um professor realizou uma visita ao Parque Eólico do Marão. As justificações dos

professores que mencionaram que nunca realizaram uma visita de estudo a um

parque eólico basearam-se, essencialmente, na falta de oportunidade e no facto de

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os conteúdos programáticos do(s) ano(s) de escolaridade que leccionam não se

enquadrarem no subtema “Energia”.

• A maioria (70%) dos professores refere que o Ensino Básico seria mais adequado

para realizar uma visita ao parque eólico, apontando razões de natureza curricular,

designadamente as relacionadas com o facto de o currículo prever o subtema

“Energia”. Os mesmos argumentos foram referidos pelos professores que optaram

pelo Ensino Secundário.

• Como os professores de Física e Química envolvidos nesta investigação afirmaram

que nunca realizaram uma visita de estudo ao Parque Eólico das TAF, não se pode

concluir nada sobre a forma como seriam realizadas e efectuadas essas visitas.

Em suma, pode dizer-se que a maioria dos alunos tem um conhecimento correcto, mas

superficial sobre energia eólica e sobre energia renovável, uma vez que as justificações

apresentadas são bastante redutoras. Contudo, o aprofundamento dos conceitos de energia

renovável e de energia não renovável é essencial para a consciencialização da controvérsia a que

a energia está associada e, também, para a possível decisão que os alunos estão sujeitos a ter

que tomar no quotidiano para resolverem problemas, tanto enquanto consumidores como

enquanto meros cidadãos (Raviolo et al., 2000).

Verifica-se também que os alunos têm algum conhecimento actual sobre a energia

eólica, quer ao nível dos países que a produzem quer ao nível da avaliação do investimento de

Portugal nessa energia.

As concepções dos alunos sobre parques eólicos são bastante simplistas, na medida em

que a maioria os associa, somente, a um conjunto de aerogeradores e não especifica a sua

função. Contudo, a maior parte dos alunos tem um conhecimento correcto sobre a localização

geográfica dos parques eólicos.

No que diz respeito aos aerogeradores, a maioria dos alunos já ouviu falar, mas não

sabe explicar a sua constituição e o seu funcionamento, ou seja, os seus conhecimentos sobre

aerogeradores são muito redutores. Isto poderá dever-se ao facto de os manuais escolares

debruçarem-se pouco sobre os aerogeradores e apresentarem poucas representações

esquemáticas dos mesmos.

Verifica-se, também, que os alunos têm alguma familiaridade com parques eólicos, pois

a sua maioria já realizou pelo menos uma visita a um parque desse tipo. De evidenciar que a

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escola não um papel preponderante nessas visitas, uma vez que o contacto com o parque se

deu principalmente com familiares ou amigos. Porém, as OCCFN atribuem um papel importante

à escola, na medida em que, sugerem não só que os alunos analisem montagens experimentais

e modelos de centrais produtoras de energia, mas também que realizem visitas de estudo a

centrais produtoras de energia, identificando as transferências de energia que aí decorrem (DEB,

2001b).

No que se refere aos conhecimentos e opiniões dos alunos sobre o Parque Eólico das

TAF, conclui-se que a maioria tem um conhecimento relativamente correcto do parque, uma vez

que as suas ideias sobre o número de aerogeradores, a distância entre eles, o número de pás do

aerogerador e a distância entre as casas habitacionais e o parque, estão próximas da realidade.

De salientar, ainda, que de uma forma geral, morar perto ou afastado do Parque Eólico

das TAF, parece não influenciar, grandemente, o conhecimento dos alunos sobre o parque.

Relativamente ao impacto do Parque Eólico das TAF no ambiente, na economia e nas

pessoas, o subgrupo dos alunos que residem mais afastados considera-o mais favorável do que

o subgrupo dos alunos que vivem mais próximos. Este resultado está em desacordo com a

literatura (Krohn & Damborg, 1999; Elliott, 2003; Warren, 2005), pois, em pesquisas efectuadas

a populações que residem próximas e a outras afastadas de um parque eólico, demonstram que

a população próxima do parque é mais favorável à energia eólica, tanto a nível abstracto como a

nível local, e que as suas convicções aumentam com o passar do tempo e com a aproximação

ao parque.

O Parque Eólico das TAF é considerado pela maioria dos alunos como bonito e como

podendo tornar-se numa atracção turística. Estas ideias também são consistentes com as

reportadas na literatura (Lothian, 2004).

Conclui-se ainda que os professores de Física e Química das escolas do concelho de

Fafe, onde foi realizado o estudo, consideram que o Parque Eólico das TAF não provoca poluição

visual e que tem benefícios para a população e para o turismo. Contudo, no que se refere à

utilização do parque como um recurso didáctico, os resultados sugerem que os professores não

tiram partido dele.

De mencionar que praticamente a totalidade dos professores nunca realizou uma visita a

um parque eólico. Contudo, o CNEB através das OCCFN recomenda que no 3º ciclo do Ensino

Básico, os professores, através de um contexto familiar aos alunos, abordem conteúdos

científicos, recorrendo a situações do quotidiano e aos conhecimentos que os alunos já possuem

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sobre relações energéticas (DEB, 2001b). Recomenda, ainda, que os alunos apresentem

soluções energéticas alternativas aos combustíveis fósseis, tendo em atenção situações reais,

tais como: a construção de barragens, de centrais eléctricas ou de centrais eólicas (DEB,

2001b).

A maior parte dos professores pensa que criar um centro educativo no parque eólico

seria importante, e refere, também, que este local seria o mais eficaz para ensinar a temática

relacionada com energia. Acrescentaram, ainda, que as visitas de estudo ao parque eólico serão

mais eficazes no Ensino Básico do que no Ensino Secundário. Contudo, somente um professor

realizou uma visita de estudo a uma central eólica.

Parece, portanto, que os professores não têm ideias muito claras sobre a energia eólica

e os parques eólicos e sobre o seu ensino. E, por isso, terão dificuldades em abordar com os

alunos, conteúdos relacionados com alternativas energéticas e com parques eólicos.

5.3- Implicações da investigação

As conclusões do estudo expressas no subcapítulo anterior permitem referenciar várias

implicações para a Educação em Ciências e para a Educação Energética, ao nível dos diferentes

intervenientes nos processos de ensino e aprendizagem: alunos e professores.

Como os alunos envolvidos na investigação estavam a concluir o Ensino Básico, estes

resultados informam sobre se a formação facultada pela escola, até ao final do 3º ciclo, lhes

confere competências de cidadania, relacionadas designadamente, com opções por energias

renováveis e não poluentes. Os resultados obtidos no que respeita às concepções dos alunos

sobre a energia eólica indicam que estes têm um reduzido conhecimento, não só sobre a

energia eólica, mas também sobre as energias renováveis. Assim sendo, pode inferir-se que

poucos alunos revelam ser cidadãos esclarecidos e críticos relativamente às energias,

nomeadamente, à energia eólica. De referir, ainda, que uma grande parte dos alunos, quando

desejava referir-se aos aerogeradores, utilizava termos como “ventoinhas”, vocábulo

cientificamente pouco adequado.

De notar, ainda, que os professores de Física e Química envolvidos no estudo não

utilizam o recurso Parque Eólico das TAF, ainda que este se encontre num contexto familiar dos

alunos (próximo das escolas frequentadas pelos alunos que participam no estudo) e estes

consigam observá-lo a grandes distâncias. Pode-se, portanto inferir que as respectivas escolas

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não parecem ter tido um papel importante no conhecimento aprofundado do parque eólico pelos

alunos, pelo que dificilmente poderão tirar partido dele, enquanto recurso didáctico.

As OCCFN sugerem que os alunos recolham informação sobre a fonte de energia que

usam actualmente na sua região, sobre os motivos que levam ao seu uso e ainda, sobre o seu

modo de utilização. Sugerem, também, que se aborde, em Área de Projecto, as fontes de

energia utilizadas no passado, que se relacione a sua evolução com o desenvolvimento da

região, e que se faça uma comparação das fontes de energia utilizadas em diferentes regiões

(DEB, 2001b). Como os alunos têm um conhecimento reduzido sobre aerogeradores e parques

eólicos, pode referir-se que nas outras disciplinas (para além das C.F.Q.) onde deveriam ser

abordados conteúdos relacionados com a energia, essa abordagem não tem sido

suficientemente aprofundada.

Os manuais escolares de 7º ano usados pela subamostra de alunos deste estudo

poderiam dar um maior relevo à temática relacionada com a energia, nomeadamente, no que se

refere às energias renováveis, pois desenvolvem superficialmente as temáticas da energia

renovável, em geral, e da energia eólica, em particular. De salientar que nenhum destes

manuais descreve a constituição e o funcionamento de um aerogerador. Dado o

desconhecimento que alguns alunos parecem revelar da energia eólica e dos aerogeradores e

tendo em conta a importância estratégica que estes têm vindo a alcançar e, ainda, o facto de

muitos professores basearem as suas práticas lectivas na propostas apresentadas pelos

manuais, como mostram alguns estudos (Figueiroa, 2007; Stinner, 1992; Yore, 1991) seria

importante os manuais escolares aprofundar este assunto de modo a facultarem,

designadamente, aos alunos um aprofundamento adequado dos seus conhecimentos sobre a

temática em causa.

O CNEB (DEB, 2001a), as OCCFN (DEB, 2001b) e os programas de C.F.Q pretendem

que seja fomentada a participação activa dos alunos na aprendizagem, através da promoção de

capacidades e pensamentos críticos, de modo a preparar a aprendizagem ao longo da vida.

Contudo, os professores de Física e Química parecem não tirar partido de um potencial recurso

importante e próximo como é o parque eólico, de forma a colmatar algumas lacunas que os

seus alunos apresentam nos conhecimentos sobre as energias.

É necessário que os professores de Física e Química se consciencializem do potencial

didáctico que encerra o Parque Eólico das TAF, o qual poderá ajudar os alunos a tomar opções

energéticas de uma forma fundamentada. No entanto, para tal não basta visitar o parque eólico,

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é essencial aprofundar os conceitos do âmbito do subtema Energia, mas tendo em linha de

conta a realidade mundial, nacional e local, uma vez que, a percepção da importância deste

subtema pelo cidadão comum não depende só dos conhecimentos científicos que possui, mas

depende, acima de tudo, da consciencialização que adquire acerca das implicações do mesmo

para o DS do planeta e a necessidade de adopção de medidas de consumo energético eficazes

nessa perspectiva (Facal et al., 2006).

Porém, parecendo que os professores têm dificuldades em abordar a temática em causa

nesta dissertação, a existência de um serviço educativo no parque eólico consistiria uma

ferramenta ”valiosa” pois, com o auxílio deste centro, os alunos e a comunidade escolar em

geral, poderiam aprender mais acerca desta energia e dos parques eólicos e desenvolver

atitudes mais apropriadas para contribuir para o DS.

5.4- Sugestões para futuras investigações

Através dos resultados obtidos, e tendo em conta as limitações deste estudo (referidas

no Capitulo I), apresentam-se, de seguida, algumas sugestões para futuras investigações:

• Considerando que este estudo foi realizado com um número relativamente reduzido

de sujeitos, propõe-se a realização de um estudo mais abrangente, que englobe

alunos de outros anos de escolaridade, designadamente do 11º ou do 12º anos (ano

terminal da disciplina de Física e Química), a fim de compreender e comparar as

concepções sobre a energia eólica e os parques eólicos. Por outro lado, poder-se-ia

implementar um estudo ao longo dos vários anos, seguindo os mesmos alunos de

forma a analisar o modo como evoluem, as suas concepções e atitudes acerca da

energia eólica e dos parques eólicos. Poder-se-ia também averiguar as atitudes dos

professores face à energia eólica e relacionar a forma como estes utilizam o recurso

Parque Eólico das TAF, na leccionação da subtemática “energia”, ao longo dos

vários anos de escolaridade.

• Dado que este estudo só envolve professores de Física e Química a leccionar nas

escolas do concelho de Fafe e alunos do 9º ano de escolaridade do mesmo

concelho, seria pertinente conhecer as opiniões e os conhecimentos do resto da

comunidade educativa do mesmo concelho sobre a energia eólica e sobre os

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parques eólicos, mais especificamente, sobre o Parque Eólico das TAF, para poder

comparar estas com as dos restantes intervenientes (professores e alunos).

• Uma vez que o conjunto de respostas obtidas neste estudo está muito

particularizado a um concelho e a um parque eólico, sugere-se a realização de

estudos mais abrangentes, incluindo os concelhos do país onde se encontrem

parques eólicos a fim de ser possível, caracterizar mais eficazmente as concepções

e atitudes dos alunos sobre a energia eólica e sobre os parques eólicos, bem como

indagar acerca da utilização destes enquanto recurso didáctico disponível para os

professores de Física e Química.

• Como a energia é um tema transversal, seria importante recolher dados junto dos

professores que leccionem conteúdos relacionados com a energia (energias

renováveis e não renováveis), nomeadamente, junto dos professores que leccionem

as áreas curriculares de Ciências Naturais, Geografia, Área de Projecto, e Educação

Tecnológica, a fim de comparar as suas opiniões e práticas com as dos professores

de Física e Química e analisar em que medida se sobrepõem ou completam.

• Uma vez que no estudo desenvolvido com os professores, apenas se recorreu ao

inquérito por questionário, para a obtenção de dados, e sabendo que as respostas

dadas pelos professores, quando questionados relativamente às suas práticas

pedagógicas lectivas podem não corresponder exactamente às suas práticas reais

(já referenciado em outras investigações, nomeadamente, em Figueiroa (2007) e

Guedes (2007)), seria pertinente observar os professores em contexto de sala de

aula, de modo a averiguar a forma como os professores leccionam a temática

relacionada com as energias, nomeadamente, as energias renováveis e não

renováveis.

• Como os professores de Física e Química revelaram algumas dificuldades na

leccionação do tema relacionado com a energia eólica e com os parques eólicos,

seria relevante e importante criar um centro educativo no Parque Eólico das TAF

(em conjunto com os professores e o responsável do parque) e a partir deste novo

centro voltar a recolher dados para rever ou generalizar os resultados aqui relatados

e averiguar quais os efeitos no conhecimento e opinião dos alunos sobre a energia

eólica e os parques eólicos (nomeadamente sobre o Parque Eólico das TAF), bem

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como caracterizar as práticas lectivas dos professores no que respeita a este novo

recurso, ou seja, ao centro educativo no Parque Eólico das TAF.

• Uma vez que se encontrou, em alguns casos, semelhanças entre ideias limitadas

dos alunos e o modo como os manuais escolares abordam os respectivos assuntos,

e sabendo que os professores tendem a basear as suas práticas lectivas nas

propostas apresentadas pelos manuais escolares, seria interessante analisar o modo

como o subtema Energia é abordado pelos manuais escolares, de modo a

compreender melhor as ideias dos alunos e a obter dados para a formação de

professores e a melhoria dos manuais escolares.

Para além de um modesto contributo que este trabalho dá no sentido do

desenvolvimento do conhecimento na área da Educação em Ciências, gostaríamos que ele se

constituísse como um factor de reflexão e discussão em torno das práticas lectivas adoptadas

pelos professores de Física e Química, nomeadamente, no que respeita ao modo como os

professores utilizam os recursos existentes numa dada região, para desenvolverem nos seus

alunos (especialmente nos do Ensino Básico), competências de cidadania, relacionadas,

nomeadamente, com tomadas de decisão sobre questões energéticas e sobre hábitos de

racionalização e austeridade do uso da energia, como parte da sua formação científica para a

cidadania.

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ANEXOS

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ANEXO I- Versão do questionário dirigido aos alunos

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QUESTIONÁRIO

Secção I - Dados Pessoais 1- Idade:_______

2- Sexo: □ Masculino □ Feminino

3- Freguesia onde habitas: _______________________________

Secção II- Conhecimentos sobre Energia Eólica 4- O que entendes por energia eólica? ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

5- A energia eólica é uma energia:

□ renovável □ não renovável

Justifica a tua resposta, qualquer que ela seja. ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

6- A energia eólica tem:

6.1- Vantagens relativamente a outras energias?

□ Não. Porquê?________________________________________________________

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

□ Sim. Qual(is)?________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_

Este questionário tem por objectivo averiguar o que pensas sobre a energia eólica e os parques

eólicos.

Lê cuidadosamente cada questão e responde a todas as perguntas o mais completo possível.

Nota: o questionário está impresso em frente e verso

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6.2- Desvantagens relativamente a outras energias?

□ Não. Porquê?_______________________________________________________

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

□ Sim. Qual(is)? __________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

7- Na tua opinião, Portugal deveria, ou não, investir mais na energia eólica? Justifica.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

8- Considera os seguintes países:

8.1- Escolhe os dois países que produzem mais energia eólica.

______________________________________________________________________

8.2- Escolhe os dois países que produzem menos energia eólica.

______________________________________________________________________

Secção III - Conhecimentos sobre Aerogeradores 9- Já ouviste falar de aerogeradores?

□Não □Sim. O que são?__________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Se respondeste não, avança para a pergunta 12 do questionário; se respondeste sim, continua.

Alemanha Dinamarca Espanha Estados Unidos da América

Estónia Hungria Portugal Roménia

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10- Desenha no rectângulo abaixo, um aerogerador e faz a legenda das principais partes que o

constituem.

Nota: Não te esqueças da legenda! 11- Como funcionam os aerogeradores? ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Secção IV - Conhecimentos sobre Parques Eólicos 12- Diz o que entendes por parque eólico? ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

13- Assinala o(s) local(is) onde são instalados, normalmente, os parques eólicos: □ Costa Marinha □ Montanhas □ Planícies de grande altitude

□ Planícies de pequena altitude □ Outro. Qual?__________________________

Justifica a tua resposta, qualquer que ela seja. ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

14- Já visitaste algum parque eólico?

□ Sim □ Não

Se respondeste não, avança para a pergunta 17; se respondeste sim, continua.

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15- Qual, ou quais, destes parques eólicos já visitaste?

□ Parque eólico das Terras Altas de Fafe (em Fafe)

□ Parque eólico do Marão (perto de Vila Real)

□ Parque eólico da Fonte da Mesa (perto de Lamego)

□ Outro; Qual_______________________________________

16- Caso já tenhas visitado um parque eólico, em que condições o fizeste?

□ Com a família

□ Com um grupo de amigos

□ Numa visita de estudo. Em que disciplina?______________________________

□ Outro; Especifica________________________________________________

17- Dois amigos Mafalda e Joãozinho vão brincar para o parque eólico:

□ Os dois amigos conseguem-se ouvir

□ Os dois amigos não se conseguem ouvir

Justifica a tua resposta, qualquer que ela seja. ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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18- Lê o que os dois amigos, Mafalda e Joãozinho que moram perto de um parque eólico, estão

a dizer:

Na tua opinião, o Joãozinho poderá ter razão, quando diz que a culpa é do parque eólico?

□ Sim □ Não □ Não tenho a certeza

Justifica a tua resposta, qualquer que ela seja.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Secção V - Conhecimentos sobre o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe (situado

nos concelhos de Fafe e Celorico de Basto).

19- No parque quantas unidades do tipo da representada na figura 1 existem:

□ cerca de 20 □ cerca de 30 □ cerca de 40

□ cerca de 50 □ mais de 50 □ não sei

Figura -1

Oh! Que chatice!

Joãozinho

Desde há uns tempos que n ã o c o n s i g o v e r o s “Morangos com Açúcar” em condições. A minha televisão começou a ter u m a m á i m a g e m … .

O que é que o parque eólico tem a ver com a televisão? A culpa não é do parque…! É da Televisão!

E a culpa é do Parque

Eólico!

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20- Assinala a figura que, em tua opinião, pode corresponder à altura que no Parque Eólico das

Terras Altas de Fafe, têm as unidades representadas:

21- Assinala a figura que, em tua opinião, pode corresponder à distância que no Parque Eólico

das Terras Altas de Fafe separa as unidades representadas:

22- Assinala a figura que, em tua opinião, pode corresponder ao número de elementos da parte

superior das unidades existentes no Parque Eólico das Terras Altas de Fafe:

□ □ □ □ □

(Se optares por este indica a altura)

Altura 40 e 50m Altura

50 e 60m

Altura 60 e 70m

Altura 70 e 80m

Altura ______m

100 a

200 m

300 a 400 m

20 a

100 m

200 a

300 m

_______ a

_____ m

□ □ □ □ □

(Se optares por este indica a distância)

□ □ □ □

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23- A quantidade de energia produzida anualmente no Parque Eólico das Terras Altas de Fafe é

suficiente para abastecer, aproximadamente:

□ o concelho de Fafe □ o concelho de Guimarães

□ o concelho de Braga □ o concelho do Porto

Secção VI – Opiniões sobre o parque eólico das Terras Altas de Fafe

24- Em tua opinião, é possível construir casas perto do Parque Eólico das Terras Altas de Fafe?

□ Não. Porquê? _______________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

□ Sim. A quantos metros de distância do Parque Eólico?

□ a mais de 200m □ a mais de 400m □ a mais de 600m.

□ a mais de 800m □ a mais de ________ m.

25- Em tua opinião, o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe é….

(Deves colocar uma cruz em cada coluna)

Pessoas Ambiente Economia Benéfico

Prejudicial

Sem impacto

Justifica a tua resposta para os três casos:

• pessoas:__________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

• ambiente:_________________________________________________________

________________________________________________________________

_______________________________________________________________

• economia:_________________________________________________________

________________________________________________________________

_______________________________________________________________

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26- Para ti, o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe é:

□ Bonito □ Feio □ Nem bonito nem feio

27- Em tua opinião, o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe é, ou pode tornar-se, uma atracção turística?

□ Sim □ Não □ Talvez

Justifica a tua resposta, qualquer que ela seja.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Fim

Obrigada pela tua participação!

Sandra Marinho

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ANEXO II- Versão do questionário dirigido aos professores de Física e Química

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QUESTIONÁRIO

Este questionário insere-se num trabalho de investigação a decorrer no âmbito do Curso de Mestrado em

Educação, Especialização em Supervisão Pedagógica em Ensino da Física e Química, da Universidade do

Minho. O trabalho está relacionado com a Energia Eólica e o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe.

Nota: O questionário está impresso em frente e verso. Secção I – Dados Pessoais

1- Sexo: □ Masculino □ Feminino

2- Residência no concelho de Fafe: □ Sim □ Não

3- Tempo de serviço (em 31 de Agosto 2005):________ anos 4- Situação Profissional: □ Contratado □ QZP □ QE □ Outro. Qual?________ Secção II - Opiniões sobre Energia Eólica

5- Portugal tem condições naturais para fazer um bom aproveitamento da Energia Eólica? □ Sim □ Não

Justifique a sua resposta, qualquer que ela seja. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- Em sua opinião, Portugal deveria, ou não, investir mais na energia eólica? Justifique. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- A energia eólica poderá, ou não, dar uma contribuição relevante para a resolução dos problemas energéticos em Portugal? Justifique. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Secção III - Opiniões sobre o Parque Eólico das Terras Altas de Fafe (TAF) - Fafe e Celorico de Basto 8- Há quem considere que o Parque Eólico é um factor de poluição visual. Concorda com esta opinião?

□ Sim □ Não

Justifique a sua resposta, qualquer que ela seja. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9- No quadro que se segue explicite a sua opinião acerca do efeito do Parque Eólico das TAF sobre cada um dos casos referidos e justifique-a.

Efeito Caso

Benéfico Prejudicial Sem

impacto

Justificação

População

Ambiente

Economia

Desenvolvi- mento do parque

habitacional

Turismo

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Secção IV – Aproveitamento didáctico do Parque Eólico das TAF

10- Costuma usar o Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico? □ Sim □ Não

Justifique a sua resposta, qualquer que ela seja. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11- Tanto quanto sabe, os professores de Física do concelho de Fafe costumam usar o

Parque Eólico das TAF como um recurso didáctico?

□ Sim □ Não

Justifique a sua resposta, qualquer que ela seja. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12- Qual a sua opinião sobre a possibilidade de, no Parque Eólico das TAF, existir um serviço educativo? □ Muito importante □ Importante □ Indiferente □ Sem importância

Justifique a sua resposta, qualquer que ela seja.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12.1- Se assinalou “Muito importante” ou “Importante”, descreva em que deveria consistir

esse serviço educativo. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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13- Em sua opinião, é mais eficaz ensinar sobre o Parque Eólico das TAF:

□ na sala de aula, sem apoio audiovisual

□ na sala de aula, recorrendo a um vídeo sobre o parque

□ no local/ parque

Justifique a sua resposta, qualquer que ela seja. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14- Já organizou/efectuou alguma visita de estudo com os seus alunos a um parque eólico?

□ Não. Porquê?_______________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

____________ □ Sim. A qual(is) já organizou/efectuou uma visita de estudo?

□ Parque Eólico das Terras Altas de Fafe (em Fafe e Celorico de Basto)

□ Parque Eólico do Marão (perto de Vila Real)

□ Parque Eólico da Fonte da Mesa (perto de Lamego)

□ Outro. Qual(is)?____________________________________________

Se organizou/efectuou uma visita de estudo ao Parque Eólico das TAF continue a responder; se não avance para a questão 22.

15- Em que condições foi/foram efectuada(s) essa(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das

TAF?

□ decidida(s) /organizada(s) por si.

□ visita(s) foi/foram organizada(s) por outro professor.

□ solicitada(s) pelos alunos

□ outro. Qual(is)?_______________________________________________

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16- Qual era o principal objectivo da(s) visita(s) de estudo realizada(s) ao Parque Eólico das TAF? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17- Qual(is) os nível(is) de escolaridade envolvidos na(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das TAF?

□ 7ºano □ 8ºano □ 9ºano □ 10ºano □ 11ºano □ 12ºano

18- A(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das TAF integrou-se/integraram-se nas actividades da disciplina da Ciências Físico-Químicas? □ Não. Porquê? ______________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ □ Sim. Como? _______________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 19- Descreva as actividades realizadas durante as diversas fases da(s) visita (s) de estudo ao

Parque Eólico das TAF, explicitando o(s) principal(is) intervenientes em cada uma dessas actividades.

Fase Actividades e intervenientes

Antes da visita

Durante a visita

Após a visita

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20- De uma forma geral, as reacções os alunos à visita ao Parque Eólico das TAF foram:

□ positivas □ negativas □ de indiferença

Apresente as evidências dessa reacção.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

21- Em sua opinião, que objectivos foram alcançados pelos alunos com a(s) visita(s) de estudo ao Parque Eólico das TAF ? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

22- Em sua opinião, a organização de visitas de estudo ao Parque Eólico das TAF, faz mais

sentido no:

□ Ensino Básico, no(s) _______ ano(s) de escolaridade.

□ Ensino Secundário, no(s) _______ ano(s) de escolaridade.

Justifique a sua resposta, qualquer que ela seja. _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Fim

Obrigada pela sua colaboração!

Sandra Marinho

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Anexo III- Carta dirigida ao Presidente do Conselho Executivo

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Ex.mo(a). Senhor(a)

Presidente do Conselho Executivo

Fafe, __ de Maio de 2006

Sandra Marina Ribeiro Marinho, aluna de Mestrado em Educação - Área de

Especialização em Supervisão Pedagógica em Ensino da Física e Química, da Universidade do

Minho, sob o tema “ENERGIA EÓLICA: Um estudo sobre as concepções e opiniões dos membros

da comunidade educativa face ao Parque Eólico das Terras Altas de Fafe”, vem por este meio

solicitar a V.Exª a autorização para passar um questionário, que se encontra em anexo, a cinco

alunos de cada uma das turmas de 9ºano de escolaridade, da Escola que superiormente dirige.

Grata pela atenção dispensada,

_________________________________________ Mestranda: Sandra Marina Ribeiro Marinho

_________________________________________________ Orientadora: Professora Doutora Laurinda Sousa Ferreira Leite

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Anexo IV- Instruções fornecidas aos professores aplicadores do questionário

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Normas para aplicação do questionário sobre Energia Eólica e o Parque Eólico das

Terras Altas de Fafe

Embora as respostas que os alunos derem às perguntas contidas neste questionário não

tenham implicações para a sua avaliação final, importa que eles se empenhem nas respostas e

as formulem do modo mais completo possível, pois, só assim, os resultados desta investigação

(que faz parte de uma dissertação de Mestrado) serão fiáveis e poderão ter utilidade para

professores e, consequentemente, para alunos do 3º ciclo.

Quando for aplicar o questionário, por favor:

1 - Apresente-o aos alunos e sensibilize-os para os aspectos acima referidos;

2 - Informe os alunos que devem responder ao questionário individualmente, sem usar o manual

ou a internet, porque o que se pretende é saber o que cada um deles pensa sobre o

assunto;

3 – Evite esclarecer dúvidas;

4 – Embora o tempo de resposta ronde os 15 a 20 minutos, se algum aluno necessitar mais de

algum tempo, em termos de investigação não há qualquer inconveniente.

5 – Agradeça, em meu nome, aos alunos.

6 – Depois de todos os alunos terem respondido, se achar conveniente discutir com eles alguns

dos assuntos referidos no questionário poderá fazê-lo.

Obrigada pela colaboração.

Sandra Marinho

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Anexo V- Folheto do Parque Eólico das Terras Altas de Fafe

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