salomé voegelin - listening to noise silence trad

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  • 7/26/2019 Salom Voegelin - listening to noise silence trad

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    Salom Voegelin

    Introduo

    Quando flsoos, que so uma espcie bem conhecida de ter

    difculdades em se manter em silncio, se ocupam em uma troca deideias, eles deeriam sempre tentar perder a discusso, mas demaneira com que conena seu oponente da mentira! " pontodeeria ser no ter de ser absolutamente correto, irreut#el, aproa de questionamentos $ para ineitaelmente em essnciaserem tautologias, mas criar conceitos que bali%em oquestionamento da sua certe%a para assim &ulgar a ela prpria!" modo que ns pensamos sobre o mundo de grande modoin'uenciado pelos sentidos que dispomos em uncionamento paraapreciar esse mundo, e em troca esses sentidos tem sempreprontos un(es ideolgicas como culturais antes de utili%armosdeles! ) concluso e entendimento alcanado inadertidamentedirecionado pelo uncionamento ideolgico do sentido utili%ado! Seeu olho para alguma coisa a inormao que obterei sobre essacoisa in'uenciada pelo mecanismo psicolgico do olhar e ainterpretao cultural e alorao da iso! Se eu noto um somsimult*neo, eu proaelmente incluo o escutado na apreciao doisto+ o som encarna o isual e o transorma em real d# a imagemsua dimenso espacial e din*mica temporal! -as esses soatributos do ob&eto isto, ignorando o eento escutado! .sse

    impulso para incluir som no isual to impregnado como umcriticismo musical in'amado e a discurso da sound art, onde o oco inariaelmente na partitura ou no arran&o, na orquestra ou noperormer, a onte sonora, a parte isual da instalao ou adocumentao do eento s/nico, em resumo, as maniesta(esisuais em detrimento dos sons escutados!

    ) inisibilidade emera do som obstrui um enga&amento cr0tico,enquanto a aparente estabilidade da imagem conida criticismo! )iso, por sua nature%a assume uma dist*ncia do ob&eto, que elarecebe em sua monumentalidade! Ver sempre acontece numa meta

    posio, longe do isto, mesmo pr1imo! . essa dist*ncia d#signifcado a um destaque e ob&etiidade que apresenta ela prpriacomo erdade! Ver acreditar! " 2gap3 isual nutre a ideia dacerte%a estrutural e a noo que ns podemos erdadeiramenteentender as coisas, dar nomes a elas, e nos defnir em relao aesses nomes como su&eitos est#eis, como identidades! ) partitura,a ai1a de imagem de um flme, o set, a interace de edio isual, eassim por diante nos a% acreditar em uma escuta ob&etia, mas oque ns ouimos, guiado por essas imagens, no som mas areali%ao do isual! " som mesmo oi h# tempo, perseguido pela

    certe%a da imagem!

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    4or contraste, escutar cheio de d5ida+ d5ida enomenolgica doouinte sobre o escutado e ele mesmo escutando! .scutar nooerece uma meta posio no h# um lugar onde eu no este&asimultaneamente com o escutado! 6o importa quo longe este&a aonte, o som se alo&a em meus ouidos! .u no posso escutar se eu

    no estou imerso no seu ob&eto aud0el 7auditor89, que no suaonte mas som como som em si mesmo 7itsel9! :onsequentemente,uma flosofa da sound art obrigatoriamente deeria ter como seun5cleo o princ0pio de diidir tempo e espao com o ob&eto ou eentosobre considerao! .sse um pro&eto flosfco que necessita deuma participao enolida, ao ins de promoer um ponto deista destacado e o ob&eto ou eento sobre considerao pornecessidade considerado no um arteato mas em sua din*mica deproduo! .sta uma produo cont0nua que enole o ouintecomo intersub&ectielmente constitu0do em percepo, enquantoprodu% a coisa mesma que ele percebe, e ambos, o su&eito e a obra,mesmo gerados concomitantes, so to transitrios como cadaoutro! ;esta orma, esse pro&eto enole o flsoo como ouinte eassim enole a prontido do leitor para escutar! , ao contr#rio de propor umaerdade! .ssa postura no a% dessa flosofa irracional ou arbitr#ria,entretanto, clarifca suas inten(es ao abarcar a e1perincia do seuob&eto de estudo ao ins de substituir com ideias! .m outraspalaras, no procuramos mediar as e1perincias sensoriais da a

    obra de arte pensado atras de teorias, categorias, hierarquias,histrias, para eentualmente produ%ir c*nones que nos libertem dad5ida da escuta atras da certe%a e conhecimento releantes,que assim ariam nosso enga&amento tautolgico! )o contr#rio, essaflosofa procura produ%ir um enga&amento cr0tico que testemunhe,documente e narre o que acontece em sound art e porconsequncia uma a&uda para desenoler o que eito e comoisso est# sendo escutado! ?aer#, ento, nenhuma concluso deato, mas somente estratgias para enga&amento e esoros deinterpretao! 6esse sentido esse liro mais um ensaio do que umte1to flosfco conencional! ;e noo, eu pego emprestado o termo

    de )dorno para sugerir que essa inestigao ormal produ%e1perimenta(es ao ins de ideologia e erdade! " termo ensaioprop(e uma inestigao abrangente que =no comea com )do e.a mas com o que quer se discutir>, e que no produ% um relatriocompleto mas uma descontinuidade de ideias proisrias! 6essesentido esse te1to escree um e1perimento e estende o conitepara quem o ler lide dessa orma!

    )o longo desse e1perimento, esse liro em considerar escuta comouma pr#tica atia e tambm de uma sensibilidade conceitual que

    leantam noas quest(es para a flosofa da arte em geral eperturbar a certe%a percebida de uma esttica isual sem propor

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    entretanto, uma posio dialtica! :omo alternatia, sugerimos queuma sensibilidade s/nica pode iluminar os aspectos no istos daesttica isual, aumentando ao ins de opor a flosofa isual! 4araalcanar isso, por todo o liro, discutiremos diersas obras sonoras eessa discusso articulada nos termos de um debate flosfco! @

    atras da escuta que o autor alcana os questionamentosflosfcos que so considerados nesse liro, e a escuta, o materialsensorial, que direciona a inestigao e a% esses questionamentosflosfcos concretos e releantes para o leitor como ouinte! )sensibilidade s/nica posta a rente nesse processo a&usta o oco deproblemas flosfcos sobre sub&etiidade e ob&etiidade questionaa noo do transcendental a priori e, pela noo de antasiasinterpretatias, conecta a e1perincia do som com a noo deirtualidade e mundos poss0eis que no esto ligados de maneiralgica e racional de uma realidade isual mas a e1panso dessarealidade por meio da iso cega do som em suas prounde%as!

    ;essa orma, esse te1to contribui para o debate da sound art assimcomo no campo da flosofa! @ sobre sound art na medida em que ooco do seu =ob&eto> de inestigao o som e flosfco a partirda especulao e inestigao de noos caminhos de considerararte, o mundo e nossa posio dentro da produo de arte e omundo atras de uma sensibilidade sonora! .ntretanto, o alo no uma flosofa da sound art que e1plica a e1perincia mas umaflosofa que e1periencia! )ssim, essa caracter0stica nunca pode serconsertada mas dee eoluir constantemente com o que aqui h#

    para ser tocado e escutado! Qualquer articulao proposta somente uma teoria passageira!

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    do som, para um noo geral de flosofa, esttica e enga&amentosensorial! . ento som reela a cooptao e limita(es do mundoem linguagem enquanto estende seu uso em som! ) metodologia deinestigao intrinsicamente ligada ao seu ob&eto+ um inestigado atras do outro!

    )s ideias desse liro sero desenolidas em cinco cap0tulos! "s trsprimeiros, .scuta 7listening9, Bu0do 7noise9 e Silncio 7silence9,debatem o enga&amento perceptual com som enquanto os dois5ltimos, Cempo e .spao7Cime and Space9 e )gora 76oD9, e1aminamas consequncias dessa discusso! " questionamento flosfcolidado bem abrangente mas ganha sua especifcidade atras dooco em som! 4or sua e% as consequncias dessa inestigao sodesenolidas na especifcidade do som, mas so tambmaplic#eis nos termos de uma esttica mais geral e sensibilidadecultural!

    " primeiro cap0tulo debate a .scuta como uma atiidade, umainteratiidade, que produ%, inenta e demanda do ouinte umacumplicidade e comprometimento! 6arra escuta a obras sonoras eao ambiente ac5stico e introdu% os temas centrais E uma flosofa dasound art+ sub&etiidade, ob&etiidade, comunicao, rela(escoletias, sentido e a%er sensorial! " segundo cap0tulo ai nadireo de reconsiderar essas quest(es na escuta de um som queensurdece meus ouidos a tudo o mais e1terno a ele! )ssim, Bu0doalarga .scuta para um e1tremo e tenta construir uma proposta para

    uma flosofa da sound art como uma pr#tica signifcante da escutaque articula as rela(es r#geis entre e1perincia e comunicao, eantecipa o encontro da semitica e o enomenolgico no Silncio!

    6os sons mais quietos do Silncio o ouinte se transorma emaud0el para si prprio como um membro discreto de umaaudincia! Silncio pro a condio de praticar uma linguagemsignifcante que lea em conta seus undamentos sonoros+ elaabraa o corpo do ouinte em sua solido, e o conida para ouir asi mesmo no meio da soundscape que ele habita! 6esse sentido ocap0tulo F articula silncio como uma condio base da flosofa da

    sound art, e sublinha as consequncias de uma sub&etiidadesonora e suas rela(es com o mundo palp#el! )ssim, esse cap0tulodiscute obras de caracter0sticas mais silenciosas e o silncio nomeio ac5stico no como uma alta de som mas como o in0cio daescuta como comunicao!

    Cempo e .spao discute o tema sonoro ps Silncio! ) sensibilidadesonora que encontrou uma linguagem cr0tica em Silencio gerada emaniestada nas circunstancias espaciais e temporais do ouinte!:omo consequncia, o cap0tulo G tra% uma discusso de uma rede

    global do campo social geogr#fco para conte1tuali%ar o ouinte etrabalhos sonoros nos termos de suas posi(es sociais e de

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    conectiidade!

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    :ada interao sensria se reere no ao ob&etoJ en/menopercebido, mas sim ob&etoJen/meno fltrado, modelado e produ%idopelo sentido empregado em sua percepo! )o mesmo tempo essesentido demarca e preenche o corpo perceptio, que nessa

    percepo modela e produ% seu e1istir sensitio! 4elo modo de queos sentidos empregados so sempre prontos ideologicamente eesteticamente determinados, tra%endo sua prpria in'uncia apercepo, ob&eto perceptual e o su&eito perceptual! @ uma ormanesse caso de aceitar a in'uencia a priorienquanto se trabalha nadireo de uma escuta que no se dei1a in'uenciar mais do queuma escuta por causa de algo! ) tarea suspender, o quantoposs0el, ideias de gnero, categoria, ra%o e conte1to na historia daarte, para atingir uma escuta que o material ouido agora,contingentemente e indiidualmente! .ssa suspenso no signifcaignorar o conte1to art0stico ou inteno, nem preguia ouriolidade! )o contr#rio, isso signifca apreciar o conte1to art0stico einten(es atras da pratica da escuta ao contr#rio do que por umadescrio e limitao da escuta! .ssa pr#tica segue o chamado deCheodor K! )dorno para uma interpretao flosfca que,

    =!!! responda as quest(es de uma dadarealidade a cada e%, atras de umaantasia que rearran&a os elementos daquesto sem ir alm da circunerncia dos

    elementos, a e1atitude de que tem seucontrole no desaparecimento dessaquesto!>

    @ a percepo como interpretao que esclarece que ouir a obraJ osom inentar em sua escuta o material sensrio do quereconhecer sua contemporaneidade e conte1to histrico! .ssaescuta ir# produ%ir o conte1to art0stico do trabalhoJ o som em suapercepo inoadora ao ins de atras do cumprimento dae1pectatia de uma realidade a priori! .ssa pr#tica antasmagricano a% da escuta ine1ata ou irreleante desde que baseada no

    rigor e responsabilidade da percepo! :onfar no pr$e1istente ariaem qualquer eento o percebido como menos #lido! 4oderiasimplesmente a%er mais certo dentro de sua descrio! -as, issotambm signifca que percepo pode somente conhecer umtrabalho em um patamar em que ele preenche essa e1pectatia!) ideologia da isualidade pragm#tica o dese&o pelo todo+ atingir aconenincia da compreenso e conhecimento atras da dist*nciae estabilidade da ob&eto!

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    ;ei1ado no escuro, eu preciso e1plorar o que eu ouo! .scutardescobre e gera o que oi ouido!

    ) dierena est#, como -ichel de :erteau aponta, entre o dese&o daiso onisciente diina, a unidade gnstica para o conhecimento

    total, satiseito de en1ergar das alturas a uma dist*ncia a partir doemaranhado urbano, e abai1o, com uma caminhada ao estilo=Kandersmanner> 7andarilho9, produ%indo a cidade cegamenteatras de suas tra&etrias temporais e indiiduais! 6esse sentidoescutar no um mode receptio mas um mtodo de e1plorao,uma orma de =andar> atras da paisagem sonoraJda obra sonora!" que eu ouo descoberto, no recebido, e essa descoberta generatia, uma antasia+ sempre dierente e sub&etia econtinuamente, presentemente agora!

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    " entendimento obtido um conhecimento passageiro, como umeento sensrio que enole o ouinte e o som numa produoinentia rec0proca! .ssa concepo desafa ambas as no(es deob&etiidade e de sub&etiidade, e reconsidera a possibilidade e

    lugar do sentido, que situa a reaaliao de todos os trs comocentral de uma flosofa da sound art!

    .ste primeiro cap0tulo descree a escuta como uma atiidade, umainteratiidade, que produ%, inenta e demanda do ouinte umacumplicidade e comprometimento que repensa as e1istentesflosofas da percepo! 6arrando ouir o som e o ambiente ac5stico introdu%ido os temas centrais para uma flosofa da sound art+sub&etiidade, ob&etiidade, comunicao, rela(es coletias,signifcado e criao de sentido!

    Meing ?one8ed

    .m HNGO, -aurice -erleau$4ont8 recebeu uma encomenda da radionacional rancesa para dar sete #udio conerencias sobre ="desenolimento de ideias> para ser diundido como parte da =?oracultual rancesa>, todo s#bado, entre N de outubro e HF denoembro! Sua srie, que tinha oco no -undo da 4ercepo, mantida nos arquios do Instituto 6acional do )udioisual 7I6)9 em4aris e tambm oi publicado, primeiro em rancs, e agora emIngls, como um pequeno lireto! )qui eu irei considerar ambas

    minhas e1perincias da palestra em #udio e as afrma(es do te1toescrito! 6essas palestras -erleau$4ont8 considera a percepo domundo no como uma admirao passia como a priori atribu0damas instaura percepo isual ia pintura moderna e ob&etos docotidiano num papel atio! -erleau$4ont8 ala sobre pintura e ademanda art0stica de er alm da e1pectatia intelectual de umarealidade representacional na percepo de =um espao em que nstambm estamos locali%ados>! Palando sobre pintura desde:e%anne ele sugere+

    " obserador preguioso er# =erros de

    perspectia> aqui, enquanto aqueles queolharem mais de perto entendero o sentidode um mundo em que dois ob&etos no soistos simultaneamente, um mundo em queregi(es de espao so separadas pelotempo que lea para moimentar nossoolhar contemplatio de um para outro, ummundo onde ser no algo pronto massurge ao longo do tempo!

    .m suas descri(es ele destaca a enomenologia da percepo, ummundo e arte percebidas ao ins de conhecidas! .le entende

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    pinturas conencionais, representacionais e perspectias para sereducado em que acilita uma percepo simples do que emrealidade em m5ltiplas camadas e comple1o! 4ara ele essas pinturasmatam =sua ida trmula> que perpetualmente desdobradas! )ocontr#rio ele preere esses trabalhos que lidam com a emergncia

    de e1istir ao longo do tempo!

    " que ele quer di%er com sua emergncia pictrica clarifcado noseu artigo de HNG =) d5ida de :e%anne>, onde ele articula ad5ida no singular e habitual eracidade do isto como o principalmotiador da produo do artista! .le sugere que :e%anne pintaincessantemente, de noo e de noo a paisagem de rente a ele apartir da d5ida no reerencial e na realidade perspectia do mundois0el! .ssa d5ida suspensa na motilidade de pintar alm do quea paisagem mostra do que algo que representado! .le entendeessas pinturas como um =meio para redescobrir o mundo como nsapreendemos na e1perincia do ier>, e afrma que pintoresdaquele tempo recusaram as leis da perspectia e ao contr#rio seesoraram com o nascimento da paisagem, a coisa, de rente aeles! .les impeliram o corpo na medio da realidade e atras dae1perincia corporal que essa realidade se transorma em real emtoda sua comple1idade ao ins de um ato frme e destac#el!.ntretanto, no papel impresso suas ideias retm a noo de umapintura fnali%ada ao ins de um moimento de reelao que eleatribui ao material sensrio! 4ermanece uma descrio da obracomo um produto fnali%ada de um enga&amento comple1o e

    corpreo no o prprio enga&amento corporal!

    " que ele escree sobre o corpo do artista, sua d5ida, suanecessidade de perpetuamente retrabalhar, para permanecer umcerte%a uga%, que me eoca a certe%a de sua pintura, alidade peloesoro do pintor e trabalho duro! " esoro indiidual e semdescanso de :e%anne contra um ponto de ista a aura modernistada pintura como um ato manual 7ato manual9! ) pinturapermanece certa como uma pintura que eu posso er E dist*ncia,pendurada ao muro! .u empati%o intelectualmente mas nofsicamente! .ssa no minha d5ida que est# sendo trabalhada

    por aqui! 4ermanece a d5ida do pintor! ) comple1idademultiacetada se transorma de noo um ponto de ista naperspectia da galeria! 6a certitude do conte1to do museu euentendo muito mais do que e1periencio d5idas! 4or contraste,atras das palaras aladas a pintura se abre, se desdobra, paramim, como uma obra de #udio! .u escuto e participo no processo decamadas, distancias, tempo e separa(es! ) pintura em de tempoem tempo aos meus ouidos! 6o escreo isso para di%er que ote1to escrito ou a imagem pintada realmente representam umaunidade simples e certa! -as sua e1istncia reali%ada, sua

    e1istncia de rente a minha ista e a certe%a de seu conte1to depublicao, a%em com que minha iso obsere do que participe na

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    comple1idade de seu deselamento! ) distancia 0sica e autonomiado trabalho como imagem, como te1to, permite ler e modela ainterpretao do lido em sua prpria imagem! .ssa interpretao aobra em percepo, mas essa percepo espacial e iluminada! .mcontraste, os obscuros acasos de sorte do #udio no do certe%a+

    sua pro1imidade e temporalidade no o da minha interpretaomas de seu prprio deselamento, do escuro para meus ouidos, notempo 0sico da diuso! -eus ouidos perormam a comple1idadeda obra encorpando e com alguma pressa! " te1to na orma escrita a obra musical, modelado por coneno, permite acesso paraolhos escrutini%ados para o interpretar, enquanto concede o espaopara essa interpretao! " ponto aqui no uma distino entrem5sica e arte sonora, mas como ambos so ouidos! .sse liroinclui a discusso do que conencionalmente pode ser denominadoobras musicais, mas tenta para a escuta deles pelo som que elesa%em do que sua organi%ao musical! comoque emerge da o% de -erleau 4ont8 q8e reela a comple1aintersub&etiidade de sua e1perincia! " te1to como o% oragmento corpreo de seu com, e a pintura deselada nessa o%usa aquele corpo de encontro ao meu, numa conduo transiente eobscura! )qui a pintura e1perimentada em toda sua comple1idadeao ins de ser apreciada como um ato r0gido+ tremendo e emd5ida ela a mobilidade do ser!

    " que eu escuto na ala de -erleau$4ont8 no o corpo do te1tomas o corpo do prprio -!4!, cu&a unidade comple1a, contingente,ragmentada e d5bia, me encontra em minha escuta! Quando, emoutra transmisso da mesma srie, -!4! e1plana sobre a comple1aunidade da percepo atras da amarela acide% de um limo e al0quida iscosidade do mel, de sua o%, o som corpreo etransiente de sua apario da escurido da diuso, que o limo e omel se ormam em minha escuta como incertas e comple1asunidades que reelam minha prpria e incerta comple1idade!

    .ste o caso com que a qualidade de ser

    =melado>! -el um l0quido que se moelentamente enquanto ele indubitaelmente temuma certa consistncia e permite ser agarrado,rapidamente escorrega dos dedos e retorna paraonde eio! .le olta assim quando dado umaorma particular e ainda mais, reerte os papis,agarrando as mos de qualquer um que o tenhasegurado!

    Ser =melado> e1pressa a reciprocidade de sua intersu&eitibilidade

    enomenolgica! " mel pode somente ser sentido atras de minhagrudabilidade! 6o pode ser agarrado como um ob&eto distante mas

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    em para estar em minhas mos meladas como um en/menocomple1o de orma incerta mas de uma nature%a e1igente!.nquanto o te1to descree o processo, a o% o produ%! Sua o% setransorma no mel que cai em meus ouidos e me enga&a semtomar alguma orma ele permanece um comple1o agante que me

    agarra!

    )s pinturas, lim(es #cidos e melados que -!4! ala sobre em seuprograma de r#dio so imaginados pelos ouintes, produ%idos emsuas imagina(es, inentados e proados atras de seus ouidos!-inhas bochechas se enchem de salia ao som do limo! ) imagemde um limo soma tudo, o som adiciona+ adicionando camadas cadae% mais comple1as que so o ob&eto como en/meno aud0el! "adicionar nunca alcana a totalidade mas somente uma reali%aocomple1a, que nunca ideal, mas consegue que o processointerpretatio antasioso de )dorno permanea!

    .nquanto o pintor modernista se atraca numa luta com as m5ltiplasormas do mundo, em escuta eu imagino o mundo+ ele em sobreessas palaras de minha imaginao em que eu estou locali%ada!6o um ato de interpretao, mas muito mais a antasia de minhaaudio+ no o pintor modernista nem o mel dourado mas sua o%,seu corpo em sua boca encontrando o meu em meus ouidos queorma o percebido na ao sensrio motora de minha percepo!

    -!4! ala sobre seu mundo de percepo em termo isuais! )

    sensibilidade de sua percepo no , entretanto, aquela da iso!6o a iso que a pintura e flosofa liberaram da representao, a percepo s/nica, que lire da dominao completa isual emconhecimento e e1perincia! Som no descree mas produ% oob&etoJen/meno sobre considerao! .le no compartilha nenhumadas habilidades totali%antes do isual! .le no nega a realidadeisual mas pratica sua prpria presena uga%, aumentando o istoatras do escutado! ) realidade s/nica intersub&etia, que elano e1iste sem eu estar nela, e eu, por minha e%, somente e1istoem minha cumplicidade com ela e ela generatia, que assim o processo sensrio motor da escuta+ presentemente produ%indo a

    =melosidade> de uma posio de escuta dentro do mundo!

    " su&eito ouinte inenta, ele pratica uma escuta inoadora queprodu% o mundo para ele numa ao enomenolgica sensriomotora na direo do que ouido, e seu ser auditrio parte doescutado em intersub&etiidade rec0proca! "uir como umamotilidade pr#tica a enomenologia de -!4! como um processo ded5ida+ o ouinte cr0tico ele mesmo cheio de d5idas sobre oouido, e duidando de sua cumplicidade ele necessita ouir denoo e de noo, para conhecer ele mesmo como um ser inter

    sub&etio em um mundo s/nico! ) difculdade chega quando essemundo e1perimental, sub&etio medido e comunicado em

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    linguagem escrita que pretende ob&etiidade e conhecimento detrocas isuais! ) transcrio do programa de r#dio me d# adescrio da comple1idade do mel e dos lim(es, o som da o% de-!4! me amarra a iscosidade do mel e a acide% da pele do limo! )dierena em meu enga&amento perceptual destaca uma dierena

    esttica!