sacralização da mídia; midiatização do sagrado

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24/04/2012 1 Prof. Dr. Jorge Miklos Abril/2012 A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO; A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO; A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA Religião = Religare Em termos de etimologia religião é o que religa, especificadamente o homem a Deus. Dogma Ethos Culto Religião é um método de união: um caminho sacramental, um meio de salvação.

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Apresentação da exposição realizada na UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo em 24 de Abril de 2012. A reflexão teve por escopo abarcar o fenômeno Sacralização da Mídia e a Midiatização do Sagrado. A reflexão voltou-se para compreender a mídia religiosa e a midiatização da religião a partir do contexto da pós-modernidade.

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Page 1: Sacralização da Mídia; Midiatização do Sagrado

24/04/2012

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Prof. Dr. Jorge Miklos

Abril/2012

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

Religião = Religare

Em termos de etimologia religião é o que religa, especificadamente o homem a

Deus.

Dogma

Ethos Culto

Religião é um método de união: um caminho

sacramental, um meio de salvação.

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A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA.

• RELIGARE: RELIGAR, ABRIGAR

– Experiência da comunhão (torna comum) vínculo.

– Elemento básico da sociabilidade.

–A Comunicação sempre esteve inserida nessa comunhão.

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADOA MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA.

• A hipótese inicial concentra-se na ideia de que há uma dupla contaminação (intradevoramento) entre o sagrado e a mídia, isto é, os formatos midiáticos se apropriam de elementos do sagrado e as religiões que monopolizam a experiência do sagrado instrumentalizam a mídia a serviço de seus interesses.

• Ocorre uma mútua interpenetração: o sagrado midiatiza-se e simultaneamente a mídia é sacralizada.

Mídia primária

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A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA.

• Mídia primária

• Emissor e receptor devem compartilhar: – o mesmo tempo

– o mesmo espaço

– o mesmo código

• É o mundo da oralidade por excelência

• Canais múltiplos de recepção (multissensorialidade) – visual

– auditivo

– tátil

– olfativo (odores)

– gustativo (sabores)

Mídia primária

• Rituais religiosos nos quais o corpo é emissor e o receptor da experiência mística.

• A mídia primária é presencial, exige a presença de emissores e receptores em um mesmo espaço físico e num mesmo tempo – é portanto a mídia do tempo presente e suas tensões e surpresas, de sua sensorialidade múltipla e de sua sensualidade potencial.

• O corpo é um espaço sagrado. O Sagrado manifesta-se no corpo.

Mídia secundária

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A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO; A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO; A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA.

• Mídia secundária • A mensagem desgarra-se do emissor e fixa-se em um suporte

– VESTÍGIOS: pedra, cerâmica, parede, papiro, pergaminho, papel, carta, diário

– INDÚSTRIA CULTURAL: livro, revista, fotografia, poster

• Suporte: transporte, armazenamento, longevidade

• Emissor e receptor não precisam mais compartilhar o mesmo tempo e o mesmo espaço

• A inscrição no suporte exige técnica/tecnologia por parte do emissor

• A mensagem sobrevive (eterniza) ao emissor

• “O tempo lento da leitura e da contemplação”: a decodificação (recepção) torna-se mais complexa, exige tempo e atenção (receptor). É também o tempo da retrospecção – o tempo da escrita da História.

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO; A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO; A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA.

• A midiatização do sagrado. Ele manifesta-se por meio da mídia.

• O suporte - mídia(pedra, cerâmica, parede, papiro, pergaminho, papel, carta, diário) é sacralizado(a).

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Mídia terciária

• A mensagem elétrica, é móvel, veloz, espectral – Rádio, Televisão, Internet

• Pode ser gravada em suportes de armazenamento – LP, K7, CD; VHS, DVD, Blueray; disquete, HD, ZIPdrive, pendrive, CD, DVD

• Emissor e receptor podem compartilhar o mesmo tempo, mas não o mesmo espaço (ao vivo, em tempo real)

• A produção e transmissão exigem técnica/tecnologia (emissor)

• A recepção e decodificação exigem técnica/tecnologia (receptor)

• Velocidade (Dromocracia): atualização, presentidade, conexão

• Não sobra tempo para “parar e pensar” (reatividade, interatividade)

Mídia terciária

O aguçamento dos SENTIDOS DE DISTÂNCIA aumenta o MEDO do outro

Mídia terciária

• São “aqueles meios de comunicação que não podem funcionar sem aparelhos tanto do lado do emissor quanto do lado do receptor”” (Pross, 1971, apud BAITELLO Jr., 2001, p. 233).

• Crescente transferência de atribuições e responsabilidades tecnológicas para a esfera da recepção

• “Na verdade a grande mídia terciária do nosso tempo é a eletricidade, o mediador de todas as outras possibilidades de geração, transmissão e conservação de mensagens” (BAITELLO Jr., 2001, p. 236).

• Natureza lúdica vertiginosa cf. Callois, 1990)

• Redução crescente (ou anulação) do espaço graças ao sistema de eletrificação: telegrafia, telefonia, cinema, radiofonia, televisão, indústria fonovideográfica (discos, fitas, cds, dvds)

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Mídia terciária

Aceleramento do tempo e das sincronizações sociais: “Os ritmos, ditados pela espera na mídia secundária, se aquecem na terciária, trazendo alterações comportamentais importantes. Resgata-se a oralidade, mais célere que a escrita. Instala-se a sua conservação em suportes legíveis por aparelhos elétricos. Torna-se possível a escolha entre a oralidade imediata, a distância e sem a presença física do interlocutor, ou mediatizada, conservada para posterior audição. Inaugura-se assim a conservação da presença, por meio de imagens e de som. A presença conservada é a criação de um eterno presente que, no entanto, é apenas memória e indício de um sujeito emissor” (BAITELLO Jr., 2001, p. 236-237).

Hipertrofia da visão e da visibilidade (transferência da tridimensionalidade presente na mídia primária – com seus sentidos táteis – para as superfícies bidimensionais)

• MÍDIA ELETRÔNICA

– Abrangência – magia ocupa o lugar desse ‘veículo novo” portador de novas formas de religiosidade buscadas pela contemporaneidade.

– Veículo adequado – potencial mágico.

– Instrumentos técnicos da mídia são os novos objetos mágicos portadores da graça divina que reintegra o homem ao mundo.

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

• Endeusamento: Estado – Mercado – Mídia.

• Mídia – onipotente, onisciente, onipresente.

• Tudo visibiliza/revela por seu intermédio.

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADOA MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

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• Manifestações religiosas no fenômenos comunicativos e midiáticos

– tensão entre os campos religioso e midiático

– invenção de um ‘outro plano de realidade’

– Conteúdos arcaicos da cultura remodelados

– Aura de religiosidade que permeia os fenômenos midiáticos

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADOA MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

• Comunicação eletrônica – desvio da religiosidade

• Comunhão – refém da ilusão mágica da técnica

• Imagens técnicas – ‘novos deuses’

• Provocam reverência e adesão de ‘novos fiéis’

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADOA MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

• Instrumentos técnicos

• novos objetos mágicos portadores da graça divina que reintegram o homem.

• Resgata o sentimento de participação mística, antes fundado nos rituais.

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADOA MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

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A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADOA MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

• Processo técnico-funcional = triunfo do simulacro

• Gradativa perda da dimensão do sagrado

• Representação – imagem – testemunho de uma ausência – presença de uma ausência

• O sucesso dos fenômenos midiáticos respondem por uma desesperada experiência de comunhão – participação no sagrado.

A MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADOA MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO;

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

A experiência da transcendência requer a imanência

É impossível transcender (superar uma condição espaço-tempo) no momento em que o ser humano abandona o próprio lugar (não-lugar) de sua imanência, o próprio corpo.

Resta o processo de consumo compulsivo

MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

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MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

espetá

culo

MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

Estética do programa de auditório

sendo transportada para o culto

religioso.

MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

CELEBRIDADES

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MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

MIDIATIZAÇÃO DO SAGRADO

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A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

TECNOLOGIA COMO RELIGIÃO

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA

Na mesma medida em que as religiões assimilam estratégias

midiáticas em busca da manutenção de seu status quo, a mídia na

mesmo princípio abarca valores religiosos apresentando a tecnologia

como religião.

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA ONIPOTÊNCIA

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A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA ONIPRESENÇA

A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA ONISCIÊNCIA

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A SACRALIZAÇÃO DA MÍDIA (IN)VISIBILIDADE E SATURAÇÃO INFORMACIONAL

• A Mídia ocupou o lugar dos altares

– Processo de transferência da busca da experiência da transcendência e do divino

– Espetáculo ocupa o lugar do ritual (Morin)

– Visibilidade Midiática – Simulacro

– Busca do que não existe....

– Imagem o ser humano se lança para fora de si mesmo

– Relação entre transcendência e TV