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Desempenho no RS Couros -4,7 Bebidas 5,0 Material elétrico -7,7 Metalurgia 3,2 Móveis 1,9 Produtos de madeira 1,3 Produtos de metal -0,5 MÉDIA 0,3 FONTE: FIERGS ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL EM 2011 [email protected] Resultados insatisfatórios em 2011 A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) divulgou na segunda- -feira, 6, o Índice de Desenvol- vimento Industrial (IDI), com o desempenho dos diversos setores no ano passado. A média estadual foi de 0,3 – um cenário de estag- nação. Mesmo assim, as indústrias de maior relevância econômica na região ficaram um pouco acima desse valor: o setor de bebidas foi o que mais produziu (IDI de 5 pontos), e a indústria moveleira apresentou um crescimento pe- queno (1,9 pontos). O setor de material elétrico está entre os que apresentaram pior resultado, com um IDI de -7,7 pontos. O presidente do Centro de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves, Jor- dano Zanesco, está preocupado com os resultados apresentados pela Fiergs e não acredita que a situação melhore a curto prazo. “Há uma expectativa que a indús- tria volte a crescer após o carna- Os resultados do setor indus- trial gaúcho no ano passado foram interpretados de manei- ras distintas. O Instituto Brasi- leiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou crescimento de 2% na produção. Por outro lado, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) apontou estagnação: o Índice de Desenvolvimento Industrial (IDI) no estado foi de apenas 0,3 em 2011. O cenário apontado na ava- liação do IBGE classifica o Rio Grande do Sul como sexto Es- tado que mais cresceu no país. O índice de 2% ficou acima da média nacional, que foi de 0,3% de crescimento. O secretário estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik, atribuiu esses dados a um momento de re- cuperação de credibilidade por que passa o RS. “Este quadro bom deverá ser mantido em Indústria Setores industriais de Bento Gonçalves cresceram pouco em um cenário de estagnação na produção industrial gaúcha Possibilidade de aumento do consumo nos próximos meses pode aquecer a produção nas vinícolas Avaliações de IBGE e Fiergs divergem DANIEL ISAIA Daniel Isaia 2012, mesmo diante da crise mundial”, projetou com otimis- mo. Em contrapartida, os dados le- vantados pela Fiergs indicam que a indústria de transformação tem perdido participação no PIB gaú- cho. No ano passado, ela contri- buiu com 20,9% do total, contra 21,8% em 2010 e 22% em 2009. “O desaquecimento é determi- nado pela crise internacional e baixa competitividade provocada pelo Custo Brasil, o que trouxe uma forte circulação de produ- tos manufaturados importados”, afirmou o presidente da Fiergs, Heitor José Müller. No entanto, ele aponta que o estoque ajustado, o mercado de trabalho aquecido, a redução de juros, o estímulo ao consumo e gastos fiscais podem fornecer fôlego para que a ativi- dade industrial no Rio Grande do Sul inicie uma recuperação gradu- al, principalmente a partir do se- gundo semestre de 2012. Sábado, 11 de fevereiro de 2012 21 Economia val, mas no ano passado apresen- tamos um bom desempenho em janeiro e fevereiro. Além disso, o aumento do mínimo regional, que pode ocorrer em março, também pode trazer dificuldades, apesar de aumentar o poder de consumo”, apontou. Cenário preocupa setores industriais A presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Ben- to Gonçalves (Sindmóveis), Cá- tia Scarton, citou os fatores que impedem um crescimento mais acentuado. “A importação de móveis no Estado cresceu 51% em 2011, aumentando a concor- rência. O setor também enfrenta diversos desafios, como carga tributária, infraestrutura e custos logísticos”, explicou. Apesar dis- so, ela afirmou estar aliviada pelo fato de a indústria moveleira ter crescido acima da média estadual. “Estamos contribuindo positiva- mente na geração de empregos e aumento da renda do trabalha- dor”, avaliou. As vinícolas, por outro lado, apresentaram resultados menos preocupantes. O presidente da Federação das Cooperativas Vi- nícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Alceu Dalle Mole, citou a troca do vinho a granel pelo engarrafado como um dos fatores que contribuíram para o crescimento do setor. “Por outro lado, também sofremos com a forte concorrência dos produtos importados”, explicou. No entan- to, ele está confiante que a situa- ção das vinícolas deve melhorar. “O consumo deve aumentar nos próximos meses, reduzindo os estoques e ampliando o ganho de capital”, concluiu.

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Page 1: Sábado, 11 de fevereiro de 2012 Economia Indústria ... · Resultados insatisfatórios em 2011 A ... do Rio Grande do Sul (Fiergs) ... gundo semestre de 2012. Sábado, 11 de fevereiro

Desempenho no RS

Couros -4,7Bebidas 5,0Material elétrico -7,7Metalurgia 3,2Móveis 1,9Produtos de madeira 1,3Produtos de metal -0,5MÉDIA 0,3

FONTE: FIERGS

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL EM 2011

[email protected]

Resultados insatisfatórios em 2011

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do

Sul (Fiergs) divulgou na segunda--feira, 6, o Índice de Desenvol-vimento Industrial (IDI), com o desempenho dos diversos setores no ano passado. A média estadual foi de 0,3 – um cenário de estag-nação. Mesmo assim, as indústrias de maior relevância econômica na região ficaram um pouco acima desse valor: o setor de bebidas foi o que mais produziu (IDI de 5 pontos), e a indústria moveleira apresentou um crescimento pe-queno (1,9 pontos). O setor de material elétrico está entre os que apresentaram pior resultado, com um IDI de -7,7 pontos.

O presidente do Centro de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves, Jor-dano Zanesco, está preocupado com os resultados apresentados pela Fiergs e não acredita que a situação melhore a curto prazo. “Há uma expectativa que a indús-tria volte a crescer após o carna-

Os resultados do setor indus-trial gaúcho no ano passado foram interpretados de manei-ras distintas. O Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou crescimento de 2% na produção. Por outro lado, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) apontou estagnação: o Índice de Desenvolvimento Industrial (IDI) no estado foi de apenas 0,3 em 2011.

O cenário apontado na ava-liação do IBGE classifica o Rio Grande do Sul como sexto Es-tado que mais cresceu no país. O índice de 2% ficou acima da média nacional, que foi de 0,3% de crescimento. O secretário estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik, atribuiu esses dados a um momento de re-cuperação de credibilidade por que passa o RS. “Este quadro bom deverá ser mantido em

Indústria

Setores industriais de Bento Gonçalves cresceram pouco em um cenário de estagnação na produção industrial gaúcha

Possibilidade de aumento do consumo nos próximos meses pode aquecer a produção nas vinícolas

Avaliações de IBGEe Fiergs divergem

DANIEL ISAIA

Daniel Isaia

2012, mesmo diante da crise mundial”, projetou com otimis-mo.

Em contrapartida, os dados le-vantados pela Fiergs indicam que a indústria de transformação tem perdido participação no PIB gaú-cho. No ano passado, ela contri-buiu com 20,9% do total, contra 21,8% em 2010 e 22% em 2009. “O desaquecimento é determi-nado pela crise internacional e baixa competitividade provocada pelo Custo Brasil, o que trouxe uma forte circulação de produ-tos manufaturados importados”, afirmou o presidente da Fiergs, Heitor José Müller. No entanto, ele aponta que o estoque ajustado, o mercado de trabalho aquecido, a redução de juros, o estímulo ao consumo e gastos fiscais podem fornecer fôlego para que a ativi-dade industrial no Rio Grande do Sul inicie uma recuperação gradu-al, principalmente a partir do se-gundo semestre de 2012.

Sábado, 11 de fevereiro de 2012 21Economia

val, mas no ano passado apresen-tamos um bom desempenho em janeiro e fevereiro. Além disso, o aumento do mínimo regional, que pode ocorrer em março, também pode trazer dificuldades, apesar de aumentar o poder de consumo”, apontou.

Cenário preocupa setores industriais

A presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Ben-to Gonçalves (Sindmóveis), Cá-tia Scarton, citou os fatores que impedem um crescimento mais acentuado. “A importação de móveis no Estado cresceu 51% em 2011, aumentando a concor-rência. O setor também enfrenta diversos desafios, como carga tributária, infraestrutura e custos logísticos”, explicou. Apesar dis-so, ela afirmou estar aliviada pelo fato de a indústria moveleira ter crescido acima da média estadual. “Estamos contribuindo positiva-mente na geração de empregos e aumento da renda do trabalha-

dor”, avaliou.As vinícolas, por outro lado,

apresentaram resultados menos preocupantes. O presidente da Federação das Cooperativas Vi-nícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Alceu Dalle Mole, citou a troca do vinho a granel pelo engarrafado como um dos fatores que contribuíram para o crescimento do setor. “Por outro

lado, também sofremos com a forte concorrência dos produtos importados”, explicou. No entan-to, ele está confiante que a situa-ção das vinícolas deve melhorar. “O consumo deve aumentar nos próximos meses, reduzindo os estoques e ampliando o ganho de capital”, concluiu.