s /contentssecure site  · 2013. 9. 9. · qualidade de vida continua a ser conceito complexo e...

99
S UMÁRIO /C ONTENTS EDITORIAL / EDITORIAL 185 PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE V IDA NO T RÂNSITO: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 191 COMPARAÇÃO ENTRE TESTE BIOQUÍMICO CLÁSSICO E O MÉTODO DA REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR) PARA IDENTIFICAÇÃO DE ESTIRPES DE ENTEROCOCCUS FAECALIS ISOLADAS DA CAVIDADE ORAL Comparison between biochemist classic test and the Polymerase Chain Reaction (PCR) for identification of Enterococcus faecalis from the oral cavity. Adriana Terezinha de Mattias Franco, Paulo Henrique Weckwerth, Gabriela Casaroto, Marco Antonio Húngaro Duarte, Natália Villas Bôas Weckwerth, Geraldo Marco Rosa Júnior, Rodrigo Ricci Vivan 203 DEMANDA DO SERVIÇO DE ODONTOLOGIA CLÍNICA DO HOSPITAL SANTA CATARINA DE BLUMENAU- SC Demand of the dental clinic service of Santa Catarina Hospital in Blumenal - SC Beatriz Helena Eger Schmitt, Mariana Niehues Damos, Sinara Helena Guzzi 213 ESTUDO COMPARATIVO DO DESEMPENHO DE DIFERENTES MEMBRANAS OCLUSIVAS DE LÁTEX NATURAL NO REPARO ÓSSEO A comparative study on the performance of different occlusive natural latex membranes in bone repair. Rúbia Carolina Nobre Moraes, Leronardo Maques, Leandro Andrade Holgado, Juliana Ferreira Floriano, Patricia Pinto Saraiva, Carlos Frederico de Oliveira Graeff, Angela Kinoshita.

Upload: others

Post on 28-Oct-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

Sumário/ContentS

editorial / editorial

185 Promoção da saúde e Qualidade de Vida no TrânsiTo: uma QuesTão de saúde Pública

artigos originais / original articles

191 comParação enTre TesTe bioQuímico clássico e o méTodo da reação em cadeia da Polimerase (Pcr) Para idenTificação de esTirPes de EntErococcus faEcalis isoladas da caVidade oral Comparison between biochemist classic test and the Polymerase ChainReaction(PCR)foridentificationofEnterococcusfaecalis from the oral cavity. adriana terezinha de Mattias Franco, Paulo Henrique Weckwerth, gabriela casaroto, Marco antonio Húngaro duarte, natália Villas

Bôas Weckwerth, geraldo Marco rosa Júnior, rodrigo ricci Vivan

203 demanda do serViço de odonTologia clínica do HosPiTal sanTa caTarina de blumenau- sc Demand of the dental clinic service of Santa Catarina Hospital inBlumenal-SC Beatriz Helena eger schmitt, Mariana niehues damos, sinara Helena guzzi

213 esTudo comParaTiVo do desemPenHo de diferenTes membranas oclusiVas de láTex naTural no reParo ósseo Acomparativestudyontheperformanceofdifferentocclusive naturallatexmembranesinbonerepair. rúbia carolina nobre Moraes, leronardo Maques, leandro andrade Holgado, Juliana Ferreira Floriano, Patricia Pinto saraiva, carlos Frederico de oliveira graeff, angela Kinoshita.

Page 2: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

229 esTudo anaTômico dos ossos do crânio no Homem Anatomicstudyofskullbonesinman Jorge antônio de almeida, geraldo Marco rosa Junior, eduardo aguilar arca3, Maria amélia Ximenes, livia souza de conti, Flávia

Maria Fantin Vono, stela neme daré de almeida.

237 aValiação farmacognósTica QualiTaTiVa das folHas do VegeTal BamBusa tExtilis

QualitativePharmacognosticEvaluationofleavesofBambusatextilis Mariana armando da silva; Michelle alexandre roder; Marco antônio

r. Pereira; Fernando tozze alves neves; dulce constantino

247 a influência da fisioTeraPia aQuáTica no conTrole da Pressão

arTerial e caPacidade funcional de HiPerTensas Theinfluenceofaquatictherapyonbloodpressurecontroland functionalcapacityinhypertesivewomen eduardo aguilar arca; amina Hamad giacovoni neta; Mariana Ferro Pereira; camila gimenes; silvia regina Barrile; Jorge antonio de almeida; alexandre Fiorelli. 259 níVel de caPacidade Para o TrabalHo e faTores associados em

Profissionais de aTiVidades sedenTárias

Levelofabilitytoworkandassociatedfactorsinprofessionalswith sedentary activities alberto de Vitta, roger Palma, claudia Bernardes Maganhini, sandra

Fiorelli de almeida Penteado simeão, Marta Helena souza de conti, débora de Melo trize, natasha Mendonça Quintino, Marcia aparecida nuevo gatti

273 HisTórico de lesões, aValiação PosTural e dor musculoesQueléTica em aTleTas de fuTebol

Historyofinjuries,andevaluationposturalandmusculoskeletalpaininsoccer athletes

daiane cesca, luciane sanchotene etchepare daronco, alessandra de sá, Vanessa denardini, leandro Borges, laércio andré gassen Balsan

Page 3: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

185

Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento de percepção do indivíduo. Essa percepção se baseia em determinados critério, o que, por si também é mutável e sua va-loração depende, reciprocamente, da valoração individual e circuns-tancial. Essa afirmação é relevante pois que, preponderantemente, o comportamento das pessoas está fortemente ligado à interpretação que elas fazem da realidade e não da própria realidade. Mesmo com essa introdução movediça, pode-se considerar que qualidade de vida tem interface com diferentes perspectivas do interesse humano. Sem quere limitar suas relações, ela se conecta, por exemplo, com os as-pectos econômicos, biológicos e culturais do indivíduo e da socieda-de. Assim, a qualidade de vida pode ser conceituada de forma global ou circunscrita a uma ou mais dessas perspectivas. No primeiro caso temos a histórica definição de Andrews (1995) dizendo que “qua-lidade de vida é a extensão em que prazer e satisfação têm sido al-cançados”. Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valo-res nos quais ele vive , e em relação a seus objetivos, expectativas , padrões e preocupações (The WHOQOL group, 1995). Com esse conceito, sua complexidade e amplidão, reconhece-se que a mensu-ração da qualidade de vida só pode ser feita pelo próprio indivíduo (SEIDL e ZANNON, 2004), modificando a visão estereotipada de que as metodologias científicas tradicionais poderiam também ser utilizadas para medir mais uma quantidade meramente transitando entre o biológico e o psicológico.

Esta discussão inicial sobre o conceito de Qualidade de Vida se justifica para que se possa introduzir e correlacionar esta percepção com as questões da promoção da saúde – uma outra virtualidade conceitual sujeita à variadas interpretações, ações e reações. Em um

ProMoção da saúde e Qualidade de Vida no

trânsito: uMa Questãode saúde PúBlica

Page 4: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

186

Editorialprimeiro momento, a qualidade de vida, sentida, tem uma estreita relação com a promoção da saúde, uma vez entendido que esta pre-tende como estratégia enfatizar modificações nas condições de vida e de trabalho que estão subjacentes aos problemas de saúde dos indi-víduos, demandando um olhar intersetorial (TERRIS, 1990).

Assim, a qualidade de vida, na sua concepção mais abrangente, não puramente biológica, está impregnada pelas pretensões da pro-moção da saúde. Basta recordar que a promoção se interelaciona e se imbrica com os pré-requisitos da condição de saúde, tais como a paz, a habitação, a educação, a renda, a alimentação, o ecossistema estável, os recursos sustentáveis, a justiça social e a equidade, como apresentados na Carta de Otawa (MINISTÉRO DA SAÙDE, 2002). Se pudéssemos conquistar todos esses pré-requisitos, não só se está promovendo a saúde, garantindo-a nos limites dessas condições, como hipotetizando uma qualidade de vida adequada, boa, aceitável, notável, seja o adjetivo que lhe possa emprestar. Usou-se o termo hi-potetizando porque o próprio conceito de qualidade é fugidio e rela-tivo. Basta citar o caso de codependentes de alcóolatra que apresen-tam qualidade de vida mais prejudicada do que a dos adictos (LIMA, 2007). Entretanto, independentemente dessa dificuldade conceitual, convém recordar que a Carta de Otawa já menciona que a promoção da saúde envolve um processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida. Assim, estabelece-se uma estreita relação de interdependência entre esses dois conceitos: promoção, saúde, comunidade e qualidade de vida.

Nesse sentido, as ações de promoção da saúde podem ser vistas como ações concretas, bem definidas. Elas podem ser construídas em torno desses conceitos, articuladas e planejadas visando envol-ver as questões da saúde da comunidade, pela comunidade, através das políticas públicas executadas pelos gestores com vistas a melho-rar a qualidade de vida dessa mesma comunidade participante. Há, então, um ciclo virtuoso de ações, reações, relações, empoderamen-to e resultados.

Para entendermos essas relações, suas distâncias e proximidades, seria conveniente tomar um exemplo que, intencionalmente, pare-cem afastados dos conceitos aqui discutidos. Trata-se das relações dos indivíduos e das coletividades com o trânsito.

Entendido como um complexo que envolve as vias públicas de circulação, os pedestres, os condutores, conduzidos e agentes de re-gulação, o sistema de trânsito é considerado um palco privilegiado para a produção de uma variada gama de danos à saúde. Desde a presença de fatores estressores com variados efeitos psicológicos até o perda da vida por dano físico irreparável, o sistema de trânsito é

Page 5: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

187

Editorial palco de inúmeras situações cotidianas que interferem na qualidade de vida dos atores e podem ser alvo de ações de promoção da saúde.

O dano físico causado pelos acidentes dentro deste sistema são importantes causadores de modificação da qualidade de vida dos indivíduos em extensão temporal variada (OLIVEIRA e SOUSA, 2003; SILVEIRA, 2011), inclusive com dissociação do dano físico em relação ao psicológico, este mais duradouro (MAGALHÃES, 2006). Da mesma forma, os agentes de trânsito se encontram em condição de importante estresse com vistas à qualidade de vida no trabalho (SAMPAIO et al., 2012). Motoristas de coletivos são estu-dados por suas reconhecidas dificuldades em exercer sua profissão em uma vasta gama de problemas, deste as questões ergonômica até fatores estressores (GONÇALVES, 2003; TAVARES, 2010).

Poder-se-ia continuar a enumerar exemplos da relação do trânsito com a qualidade de vida dos indivíduos, mas o relevante é reconhe-cer que a promoção da saúde tem papel crucial na melhora desta qualidade por meio do abrandamento ou resolução de vários dos pro-blemas que compõem esse quadro danoso. Um claro reconhecimen-to disto é que muitos dos estudos científicos na área, e aí se incluem uma desconhecida mas expressiva quantidade de teses, dissertações e artigo, terminam sempre por indicar a necessidade de interven-ções por parte das autoridades em diferentes aspectos relacionados ao sistema de trânsito, seja as modificações de ordem estrutural das vias, da melhoria ergonômica dos equipamentos, aprimoramento da legislação de trânsito, trabalhista, entre outros.

Entretanto, parece que a área da saúde e o sistema de trânsito são vistos como campos distantes e não conectadas. Suas relações con-tinuam incipientes, pelo menos no que diz respeito à resolutividade das propostas de interação e mesmo de intervenção. Há, portanto, que investir nessa aproximação, uma vez que os indicadores epide-miológicos relativos aos acidentes de trânsito demonstram resultados pouco animadores. Mais que isto, a mortalidade relativa ao trânsito tem tendência ascendente no Brasil, ao contrário de outros países mais desenvolvidos (PAVARINO FILHO, 2009). Assim, a educação em saúde para o trânsito, com todas as suas limitações e contradi-ções, assume relevância. Aqui trata-se de uma educação para todos os atores envolvidos no cenário do sistema de trânsito, não apenas o pedestre. Neste sentido, aproxima-se o conceito de educação para a saúde ao de promoção uma vez que, em nosso entender, a promoção da saúde se faz, também, através da educação. Mas, no caso do sis-tema de trânsito, a promoção deve ser vista no sentido mais amplo possível. Suas dimensões politicas, estruturais, técnicas, sociais e psicológicas devem ser abordadas. A promoção da saúde deve ousar

Page 6: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

188

neste campo. Deve reconhecer, por exemplo, que não basta seve-rizar as leis contra o dirigir alcoolizado enquanto as propagandas de bebidas massivamente cooptam jovens para esta prática reconhe-cidamente nociva à saúde, promulgando um falso glamour em seu uso. Da mesma forma, não se entende essa mesma legislação rigo-rosa enquanto se pode encontrar legalmente a venda de bebidas dos mais variados teores alcoólicos dentro das lojas de conveniência dos postos de gasolina na área urbana. Indo mais além, não se concebe uma educação em saúde para o trânsito enquanto as especificações técnicas oficias para a construção de veículos permitem relegar a inclusão de itens de segurança já comprovadamente obrigatórios em países mais avançados, tais como airbags e sistemas seguros de con-trole de frenagem. Por último, chama a atenção à cantilena oficial de responsabilizar sempre o usuário das vias de trânsito pelos infaustos ocorridos, quando se sabe que, muitas vezes os traçados tecnicamen-te equivocados, ou desatualizados, das estradas e as precárias condi-ções de manutenção das vias são fatores cruciais para a consumação de um acidente com vitimas. Há, pois, que se rever esse imobilismo que tenta identificar culpas em segmentos restritos dos atores do sis-tema de trânsito e ampliar o olhar não só para a educação como para a redução dos riscos (PAVARINO FILHO, 2009).

Assim, a promoção da saúde tem que se vista em sua conceitua-ção mais ampla – aquela em que a promoção depende da interação de áreas de atuação, desde a comunidade até a mais alta instância gerencial. Nesse sentido, a revisão de um traçado viário tem que ser vista e decidida sob o prisma da promoção da saúde, da mesma forma que a cabe ao pedestre incorporar a prática de atravessar pela faixa de pedestre, transitar sobre passarela, quando indicado e ao motoris-ta usar seu veículo em constante interação com os ordenamentos de circulação e, principalmente, estabelecer uma relação de respeito com o pedestre. Desta forma, o conceito de promoção da saúde tem forte aplicabilidade na resolução dos problemas do sistema de trânsito, pois que sua conceituação abrange uma ampla faixa de possibilidades que atendem às demandas identificadas e ocultas desse sistema com vis-tas à redução da alta morbidade que ainda se registra.

Marcos da Cunha Lopes Virmond

Editorial

Page 7: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

189

reFerÊncias

ANDREWS F. M. Social indicators of perceived life quality. Soc. Indic. Res. Boston, v.1, n. 3, p. 279, 1974.

GONÇALVE E. C. Constrangimento do posto de motorista de ôni-bus urbano segunda a visão magro ergonômica. 94 f. 2003. Disserta-ção (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Engenharia, 2003.

LIMA R. A.S, AMAZONAS M. C. L. A., MOTTA J. A. G. Inci-dência de stress e fontes estressoras em esposas de portadores da síndrome de dependência do álcool. Estud. Psicol. Natal, v. 24, n. 4, p. 431-9, 2007.

MAGALHÃES S. H. T. Adaptação Psicossocial e Qualidade de Vida de Vítimas de Acidentes de Trânsito. 143 f. 2006. Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / USP – Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica, 2006.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. As Cartas da Promoção da Saúde. Se-cretaria de Politicas em Saúde. Série B- Textos Básicos de Saúde. Brasília, 2002.

OLIVEIRA N. L. B., SOUZA R. M. C. Diagnóstico de lesões e qua-lidade de vida de motociclistas, vítimas de acidentes de trânsito. Rev Latino-am Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 11, n. 6, p.749-56, 2003.

PAVARINO FILHO, R. V. Morbimortalidade no trânsito: limitações dos processos educativos e contribuições do paradigma da promoção da saúde ao contexto brasileiro. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 18, n. 4, dez. 2009

SAMPAIO R. F. V., CARVALHO-FREITAS MN, KEMPS VH. Es-tressores Ocupacionais e Qualidade de Vida no Trabalho de Agentes de Trânsito. Pesquisas e Práticas Psicossociais. São João del-Rei, v. 7. n. 1, janeiro/junho 2012

SEIDL A. M. F., ZANNON CMLC. Qualidade de vida e saúde: as-pectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde Pública. Rio de Ja-neiro, v. 20, n. 2, p.580-588, mar- a b r, 2004

SILVEIRA J. Z. M. Qualidade de vida e sequelas de acidentes de trânsito. 2011, 193 f. Dissertação (mestrado em psicologia) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2011.TAVARES, FA. Estresse em motoristas de transporte coletivo ur-bano por ônibus. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Uberlândia, Programa de pós-graduação em Psicologia. 2010.

Editorial

Page 8: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

TERRIS, M. Public hea1th policy for the 1990s. Ann. Review of Public Health. Palo Alto, v. 11, n. p. 39-51, 1990

The WHOQOL Group. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization . Soc Sci Med. Oxford, v. 41, p.1403-10, 1995.

SCHALL, VT, STRUCHINER, M. Educação em saúde: novas pers-pectivas. Cad. Saúde Pública [online]. Rio de Janeiro, vol.15, sup-pl.2, p. S4-S6, 1999.

Editorial

190

Page 9: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

191

coMParação entre teste BioQuíMico clássico e o Método da reação

eM cadeia da PoliMerase (Pcr) Para identiFicação de estirPes de

EnTERoCoCCuSfAECALiS isoladas da caVidade oral

comparison between biochemist classic test and the Polymerase Chain Reaction (PCR) for identification

of Enterococcus faecalis from the oral cavity

Adriana Terezinha de Mattias Franco1

Paulo Henrique Weckwerth2

Gabriela Casaroto3

Marco Antonio Húngaro Duarte4

Natália Villas Bôas Weckwerth5

Geraldo Marco Rosa Júnior2

Rodrigo Ricci Vivan6

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias et al. Comparação entre tes-te bioquímico clássico e o método da reação em cadeia da Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

resumo

Introdução: O gênero Enterococcus são habitantes normais do tra-to gastrintestinal e em menor proporção da vagina e uretra mascu-lina.Tornaram-se importantes agentes de doenças humanas devido Recebido em: 23/10/2012

Aceito em: 28/12/2012

1Professora da disciplina de BiologiaCelulareMolecular

dauniversidadeSagradoCoração–Bauru–SãoPaulo

2Professor da disciplina de MicrobiologiaMédicaeClínicadauniversidade

SagradoCoração–Bauru–SãoPaulo

3Biólogagraduadapelauni-versidadeSagradoCoração

–Bauru–SãoPaulo4Professor do departamento deDentística,EndodontiaeMateriaisodontológicosdafaculdadedeodontologia

deBauru–uSP5GraduandaemodontologiapelauniversidadeSagrado

Coração–Bauru–SãoPaulo.

6ProfessordeEndodontiadauniversidadeSagradoCora-

ção–Bauru–SãoPaulo

Page 10: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

192

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias et al. Comparação entre teste bioquímico clássico e o método da reação em cadeia da Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

principalmente à sua elevada resistência aos agentes antimicrobia-nos e seus inúmeros fatores de virulência. Objetivo: comparar dois métodos laboratoriais utilizados na identificação de 60 estirpes de Enterococcus coletados da cavidade bucal. Foi realizada a identifi-cação das linhagens por um esquema bioquímico clássico baseado nas características fenotípicas e pela técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Assim, colônias com características de isolamen-to próprias de Enterococcus sobre a superfície do M-Enterococcus ágar, foram submetidas aos seguintes testes bioquímicos: produção de catalase, hidrólise da esculina, tolerância ao cloreto de sódio a 6,5%, fermentação do manitol, fermentação da arabinose, fermenta-ção do sorbitol, desaminação da arginina, verificação da motilidade e produção de pigmento. Resultados e Discussão: os resultados dos testes foram interpretados e comparados com características fenotí-picas de identificação de Enterococcus. A técnica de PCR foi reali-zada nessa mesma população de microrganismos. Pode-se observar que os testes bioquímicos clássicos identificaram todas as estirpes isoladas como sendo da espécie E. faecalis, enquanto a técnica de PCR revelou que 10 estirpes não pertenciam a espécie pesquisada. A análise estatística pelo método de Fisher revelou diferença signi-ficante entre a série bioquímica e o método da PCR (p<0,05). Con-clusões: a coleção de linhagens de Enterococcus isoladas foram identificadas como E. faecalis através de um esquema bioquímico tradicional, baseando-se em suas características fenotípicas. Pela técnica da PCR 10 estirpes da coleção não foram identificadas como E. faecalis, revelando diferenças em suas características genotípicas.

Palavras-chave: Enterococcus faecalis. Identificação. Esquema bio-químico. Reação em Cadeia da Polimerase.

ABSTRACT

Introduction: The genus Enterococcus are normal inhabitants of the gastrointestinal tract and to a lesser extent the vagina and male urethra. They become important agents of human diseases mainly due to its high resistance to antimicrobial agents and its many virulence factors Objective: The aim of this study was to compare two laboratory methods used to identify 60 strains of Enterococcus collected from the oral cavity. The strains were identified through a conventional biochemical scheme based on phenotypic properties and by the Polymerase Chain Reaction (PCR) technique. Colonies with insulation characteristics pertaining to Enterococcus on the

Page 11: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

193

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias

et al. Comparação entre teste bioquímico

clássico e o método da reação em cadeia da

Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis

isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru,

v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

surface of M-Enterococcus agar, were subjected to the following biochemical tests: production of catalase, esculin hydrolysis, 6.5% sodium chloride tolerance, mannitol fermentation, arabinose fermentation, sorbitol fermentation, arginine deamination, motility assay and pigment production. Results and Discussion: The results were interpreted and compared with phenotypic identification of Enterococcus. The PCR technique was performed in this same population of microorganisms. The conventional biochemical tests identified all the isolates as being E. faecalis, while the PCR technique showed that 10 strains did not belong to the species studied. After statistical analysis using the Fisher’s method, the research showed, in a significant way, that the conventional biochemical tests were more efficient for the identification of E. faecalis compared to the PCR (p <0.05). Conclusions: the collection of strains of Enterococcus isolates were identified as E. faecalis through a traditional biochemical scheme, based on the phenotypic characteristics. By PCR test collection of 10 strains were not identified as E. faecalis revealing differences in their genotypic characteristics.

Key words: Enterococcus faecalis. Identification. Biochemical scheme. Polymerase Chain Reaction.

introdução

O gênero Enterococcus inclui os enterococos clássicos previa-mente classificados como estreptococos do grupo D. São habitantes normais do trato gastrintestinal e em menor proporção da vagina e uretra masculina (KONEMAN et al., 2001). Tornaram-se importan-tes agentes de doenças humanas devido principalmente à sua elevada resistência aos agentes antimicrobianos e seus inúmeros fatores de virulência recentemente mais estudados (KAYAOGLU & ØRSTA-VICK, 2004).

São cocos Gram positivos, arranjados aos pares ou em cadeias curtas, sendo dificilmente diferenciados microscopicamente de alguns estreptococos. São anaeróbios facultativos e crescem em temperatura de 35oC sobre a superfície de ágar sangue como colô-nias tipicamente gama-hemolíticas e sobre a superfície do ágar M--Enterococcus como colônias puntiformes de cor vermelho escuro até arroxeadas. São distinguidos de bactérias do gênero Staphylo-coccus pela incapacidade de produção de catalase (MURRAY et al., 1998).

Page 12: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

194

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias et al. Comparação entre teste bioquímico clássico e o método da reação em cadeia da Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

Seus fatores de virulência têm sido amplamente estudados. Pro-duzem citolisinas com atividade sobre hemácias humanas, ovinas e de cavalo. A substância de agregação é uma proteína codificada por plasmídeos responsável pela aglutinação dos microrganismos para facilitar a troca entre plasmídeos. As estirpes de E. faecalis produ-zem feromonas, pequenos peptídeos capazes de amplificar a trans-ferência de DNA plasmidial por estirpes em processo conjugativo e também de amplificar a resposta inflamatório durante o processo infeccioso (KAYAOGLU & ØRSTAVICK, 2004).

O ácido lipoteicóico é, além de adesina, um importante fator de virulência por induzir à produção do fator de necrose tumoral (TNF), modulando de forma agressiva a resposta imune. Produzem várias enzimas extracelulares como gelatinase e hialuronidase (KAYAO-GLU & ØRSTAVICK, 2004).

O E. faecalis causa infecções complicadas do trato urinário, bac-teremia, endocardite, infecções pélvicas, sepse neonatal e mais rara-mente meningites (KONEMAN et al., 2001; MURRAY et al., 1998). Embora seja uma espécie presente nos processos infecciosos gerais humanos, sua etiopatogenia nos processos infecciosos da cavidade oral vem sendo amplamente discutida.

Esta bactéria tem demonstrado habilidade para sobreviver sozi-nha no interior do canal radicular sem o suporte de outras bactérias. E. faecalis foi isolado em 38% dos dentes que apresentaram micror-ganismos recuperáveis, sugerindo que este é um importante agente no insucesso endodôntico. O fato do E. faecalis estar ausente ou em pequeno número em canais sem tratamento endodôntico, indica que essa bactéria pode penetrar no interior do canal durante o tratamen-to, sobreviver ao tratamento antimicrobiano e permanecer após tra-tamento endodontico (FABRICIUS et. al., 1982)

O E. faecalis está presente em canais radiculares não tratados endodonticamente e, quando presente, usualmente compõem uma pequena porção da microbiota do canal radicular. O E. faecalis pa-rece ter alta resistência a medicamentos usados durante o tratamen-to e este é um dos poucos microrganismos que tem mostrado in vitro resistir ao efeito antibacteriano do hidróxido de cálcio (WEI-GER et al., 1995).

A maioria das espécies de Enterococcus hidrolisa a esculina na presença de bile a 40% e crescem em caldo de cloreto de sódio a 6,5% (WINN JÚNIOR et al., 2008).

Apesar de E. faecalis e E. faecium serem as espécies isoladas com mais frequência de amostras clínicas, a incidência de outras espécies e o seu papel em processos mórbidos específicos não são conhecidos (WINN JÚNIOR et al., 2008).

Page 13: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

195

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias

et al. Comparação entre teste bioquímico

clássico e o método da reação em cadeia da

Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis

isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru,

v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

As espécies de Enterococcus podem ser identificadas rotinei-ramente através de esquemas, empregando testes convencionais baseados em características fenotípicas que permitem separar es-tes microrganismos em diferentes espécies de importância médica (MANERO; BLANCH, 1999; FACKLAM; COLLINS, 1989). Os enterococos crescem bem em ágar sangue e meios seletivos como o M-Enterococcus ágar. Em ágar sangue a maioria das cepas são gama-hemolíticas (não hemolíticas) ou alfa-hemolíticas (parcialmen-te hemolíticas) (WINN JÚNIOR et al., 2008).

A identificação dos enterococos até nível de espécie é frequen-temente útil e, algumas vezes, crucial para o tratamento apropriado do paciente e para fins epidemiológicos e de controle de infecção (WINN JÚNIOR et al., 2008).

A maioria das espécies de Enterococcus hidrolisam a esculina na presença de bile a 40% e crescem em caldo de cloreto de sódio a 6,5% (WINN JÚNIOR et al., 2008).

Porém, a técnica da Reação em Cadeia da Polimerase, chamada de forma simplificada por PCR, tem sido muito aplicada para iden-tificação de espécies bacterianas a partir de amostras clínicas di-versas, por apresentar algumas vantagens como praticidade, rapidez, simplicidade, tempo ilimitado para análise, elevada especificidade e elevada sensibilidade (SIQUEIRA JUNIOR; ROÇAS, 2005).

A comparação entre os diferentes métodos a partir de cultu-ras bacterianas pode revelar qual dos métodos pode ser aplicado com sensibilidade para identificação precisa do microrganismo, contribuindo para estudos epidemiológicos e etiológicos de in-fecções diversas.

Não há na literatura pertinente trabalhos que demonstrem qual o método mais específico e sensível para identificar essa espécie de grande importância na Endodontia. Assim, o objetivo da pesquisa foi comparar um método bioquímico clássico de identificação com o método da PCR.

oBJetiVos

O objetivo da pesquisa foi comparar um método bioquímico clás-sico de identificação de E. faecalis com o método da Reação em Cadeia da Polimerase ( PCR).

Page 14: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

196

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias et al. Comparação entre teste bioquímico clássico e o método da reação em cadeia da Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

Material e Método

linhagens bacterianas As linhagens bacterianas usadas nesta pesquisa foram isoladas

da cavidade oral de pacientes atendidos na Clínica de Endodontia da Universidade Sagrado Coração (USC), durante procedimentos clínicos. As cepas foram cultivadas em meio M-Enterococcus ágar, seletivo para estirpes de Enterococcus, e mantidas armazenadas em bacterioteca no laboratório de Microbiologia da USC.

ativação das estirpes

Antes dos testes bioquímicos e do teste de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), as estirpes precisaram ser ativadas em meio de cultura. Para isso, cada amostra foi semeada novamente sobre a su-perfície do meio M-Enterococcus ágar que foi incubado a 36oC por 18 a 24 horas. O crescimento colonial com característica de Entero-coccus foi observado na superfície do meio, ou seja, colônias de cor vermelho púrpura, puntiformes e pequenas.

Testes bioquímicos de identificação

Foram utilizados testes bioquímicos para a identificação de Ente-rococcus propostos por Winn Júnior et al. (2008).

Assim, colônias com características de isolamento próprias de Enterococcus sobre a superfície do M-Enterococcus ágar, foram submetidas aos seguintes testes bioquímicos: produção de catalase, hidrólise da esculina, tolerância ao cloreto de sódio a 6,5%, fermen-tação do manitol, fermentação da arabinose, fermentação do sorbitol, desaminação da arginina, teste da motilidade e produção de pigmen-to. Os resultados dos testes foram interpretados e comparados com características fenotípicas de identificação de Enterococcus segundo Winn Júnior et al. (2008).

Page 15: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

197

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias

et al. Comparação entre teste bioquímico

clássico e o método da reação em cadeia da

Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis

isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru,

v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

reação em cadeia da polimerase (Pcr)

Extração do DNA

Colônias puras da superfície das placas foram coletadas e co-locadas nos criotubos plásticos onde foram acrescentados 100µL de TAS (50mM Tris HCL pH 8.0; 50mM EDTA; 150mM NaCl) que serve para manter o pH da solução; 10µL de SDS 10 % (So-dium Dodecyl Sulfate) para lavar as células e 2µL de proteinase K. Após a adição dos reagentes, os tubos permaneceram em banho--maria por uma hora a 60o C. Posteriormente, foram acrescentados às amostras 50µL de fenol e 50µL de clorofórmio. Os criotubos foram colocados em uma microcentrífuga por 3 minutos a 10.000 rpm. Este último procedimento foi repetido por mais duas vezes. Em seguida, ao sobrenadante foi adicionado acetato de sódio a 3% e etanol 100% e deixado a –20oC por duas horas. Após essa etapa as amostras foram centrifugadas por mais 10 minutos a 10.00 rpm e o líquido foi descartado. Posteriormente acrescentou-se etanol 70%, centrifugando-se novamente a 10.000 rpm por 3 minutos e elimi-nou-se o sobrenadante. Em seguida, os criotubos foram colocados em estufa a 37oC por 5 minutos e acrescentado 50µL de TE (10 mM Tris-HCl pH 8.0; 1mM EDTA pH 8.0) para conservar o DNA bacteriano e em seguida esse material foi armazenado a –20oC até o momento da execução da PCR.

Amplificação do DNA

Adicionou-se em um criotubo plástico estéril 2µL de DNA genô-mico (amostra previamente extraída e armazenada a –20oC), 2,5µL dos quatros nucleotídeos que compõem a cadeia de DNA (dCTP, dATP, dGTP e dTTP), 0,2µL da enzima taq polimerase do DNA (Gibco-Life Technology do Brasil®) 2 µL de cada oligonucleotídeo utilizados como “primers” (Gibco-Life Technology do Brasil®), 3µL de magnésia, 12,8µL de água estéril e 2,5µL de solução tampão [10x PCR buffer (500mM KCl; 15 mM MgCl2; 100mM Tris-HCl pH 9.0)], que forneceram as condições de pH e salinidade para que a síntese se processasse. Foram utilizadas duas seqüências de “pri-mers” (5’ GTT TAT GCC GCA TGG CAT AAG AG 3’) e (5’ CCG TCA GGG GAC GTT CAG 3’) segundo Roças (2004). Os criotu-bos, já no termociclador (Perkin-Elmer® Gene Amp – PCR System 2400) foram submetidos a 97oC por 1 minuto para desnaturação ini-cial e 97oC por 45 segundos para desnaturação total da molécula.

Page 16: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

198

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias et al. Comparação entre teste bioquímico clássico e o método da reação em cadeia da Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

Em seguida a temperatura foi abaixada para 55oC por 45 segundos para anelamento. Finalmente, a temperatura foi elevada para 72oC por 1 minuto (extensão) e 72oC por 4 minutos (final), temperaturas ideais para que a polimerase do DNA, utilizada na reação, atuasse dirigindo a síntese de novas cadeias. Os passos de desnaturação, anelamento e síntese foram repetidos por 30 ciclos. Ao término dos ciclos o material foi mantido a –20°C em freezer, até a leitura em gel de agarose (eletroforese).

Eletroforese

A preparação do gel de agarose para eletroforese consistiu em dissolver a agarose na concentração desejada e aquecê-la até a sua completa solução. Antes da solidificação do gel, foi introduzido um pedaço de plástico denteado (pente) para formar orifícios. Quando o gel solidificou, foi mergulhado em uma cuba para eletroforese com solução tampão (TAE 1X) de pH neutro, e nos orifícios foram depo-sitadas as amostras de DNA.

A corrente elétrica foi transmitida ao longo da cuba pelos íons do tampão, produzindo um campo elétrico que provocou a migração do DNA através do gel de agarose. A migração das amostras foi efetua-da durante 40 minutos com gel a 1,5% em V/mA = 100/400.

Ao gel foi acrescentada uma solução de brometo de etídio para que as moléculas se intercalassem entre os nucleotídeos na dupla hélice do DNA e com isso fosse possível a observação sob a luz ultravioleta dos fragmentos presentes no gel por meios da formação de bandas.

Nesse gel foi colocado amostras de DNA ladder (evidenciando fragmentos de tamanho conhecidos) que serviram como pontos de referências. O teste foi realizado também com uma cepa padrão de referência Enterococcus faecalis ATCC 29212.

Como resultado, foi obtida uma migração diferencial dos frag-mentos. Portanto em um dado período os fragmentos pequenos de DNA alcançaram distancias maiores em relação a origem, do que os fragmentos grandes que apresentaram dificuldades de atravessar a resistência da matriz.

Leitura da eletroforese

Para a observação das bandas demarcadas, após a etapa de eletro-forese, o gel foi analisado em um transiluminador ultravioleta (Phar-

Page 17: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

199

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias

et al. Comparação entre teste bioquímico

clássico e o método da reação em cadeia da

Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis

isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru,

v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

macia LKB Macro®) e posteriormente fotografado com máquina Po-laróide®. A revelação das fotografias foi realizada em câmara escura por aproximadamente 1 minuto e 30 segundos.

Para a interpretação estatística dos resultados obtidos, foi utiliza-do o método de Fisher.

resultados

Os testes bioquímicos clássicos identificaram todas as estirpes isoladas como sendo da espécie E. faecalis, enquanto a técnica de PCR revelou que 10 estirpes não pertenciam a espécie pesquisada (tabela 1). Houve diferença estatística entre os métodos na identifica-ção do Enterococcus faecalis (p<0,05).

Tabela 1. Comparação entre os métodos bioquímicos e PCR para identificação das estirpes bacterianas.

Estirpe estudada Identificação pelos testes bioquímicos Identificação pela PCR#

Positivo Negativo Positivo NegativoE. faecalis 60 - 50 10

# 5’ GTT TAT GCC GCA TGG CAT AAG AG 3’ 5’ CCG TCA GGG GAC GTT CAG 3’

discussão

Enterococcus são cocos Gram-positivos do trato gastrointestinal de animais inclusive o homem e causam uma grande diversidade de infecções como as de urina, sangue, endocárdio, abdómen, trato bi-liar e ainda agravam feridas cirúrgicas (FURUMURA et al., 2006). Para causarem infecções eles utilizam fatores de virulência especí-ficos que lhes permitem invadir e colonizar o hospedeiro (KAYAO-GLU; ØRSTAVICK, 2004).

A identificação de espécies de Enterococcus sempre representou uma problemática muito grande para o laboratório de Microbiologia, pelo fato de que o número de espécies é muito grande, com poucas variações fenotípicas, dificultando assim, a interpretação dos testes bioquímicos laboratoriais (WINN JÚNIOR et al., 2008). Vários mé-todos e esquemas bioquímicos de identificação de espécies de Ente-rococcus têm sido propostos na literatura (MANERO; BLANCH, 1999, FACKLAM; COLLINS, 1989).

A identificação precisa de microrganismos isolados é primordial em Microbiologia clínica. Para uma espécie microbiana ser identifi-

Page 18: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

200

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias et al. Comparação entre teste bioquímico clássico e o método da reação em cadeia da Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

cada por meio de suas características fenotípicas, é necessário, ini-cialmente, o cultivo do microrganismo. Talvez, uma grande dificul-dade associada com a identificação de espécies bacterianas baseada em características fenotípicas, está no fato de ocorrer divergência ou convergência. Divergência ocorre para linhagens de algumas espécies, geneticamente similares, mas com características fenotí-picas diferentes. Convergência ocorre para linhagens de diferentes espécies, geneticamente diferentes, mas que se comportam fenoti-picamente de forma similar. Em ambas situações, os diagnósticos por testes fenotípicos resultam em identificação errônea (SIQUEIRA JUNIOR; ROÇAS, 2005).

A Reação em Cadeia da Polimerase tem-se apresentado como um valioso instrumento na detecção e identificação de bactérias e vírus (SLOTS et al., 1995; ASHIMOTO et al., 1996) e também na elucida-ção do papel de bactérias específicas no processo de doenças bucais devido à sua habilidade de detectar acuradamente espécies em popu-lações mistas (VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, 2002).

Método relativamente novo, descrito por Kary Mullis no final dos anos 80 (KONEMAM et al., 2001), tem revolucionado a genética molecular, pois possibilita uma nova estratégia na análise de genes por meio de um procedimento simples e rápido para avaliação ba-seada em ácidos nucléicos, capaz de detectar a presença de até um microrganismo na amostra (SAIKI et al., 1985; FARAH, 1997; AL-BERTS et al., 1997).

Um resultado produzido pela Reação em Cadeia da Polimerase pode ser alcançado em algumas horas ou no máximo em um dia. É a técnica de preferência para diagnóstico, tendo como principal vantagem o fato de requerer quantidades muito pequenas de DNA e de ser eficaz até quando realizada a partir de uma molécula de DNA proveniente de uma única célula. (MULLIS; FALOOMA, 1987; EI-SENTEIN, 1990; WATANABE; FROMMEL, 1996)

Esta pesquisa revelou a eficiência dos testes bioquímicos clássi-cos em relação ao teste da Reação em Cadeia da Polimerase, com significância estatística (p<0,05). Alguns aspectos em relação aos resultados obtidos devem ser aqui discutidos.

Embora os testes bioquímicos tenham revelado elevada eficiên-cia na identificação das estirpes, a possibilidade de convergência nos testes, não pode ser descartada, conforme a literatura demons-tra (SIQUEIRA JUNIOR; ROÇAS, 2005). Assim, se confirma-riam os testes de PCR que demonstraram 10 estirpes não perten-centes à espécie pesquisada, confirmando diferenças genotípicas nestas linhagens.

Vale lembrar que a técnica de PCR apresenta elevada especifici-dade para o diagnóstico e identificação de bactérias obtidas a partir

Page 19: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

201

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias

et al. Comparação entre teste bioquímico

clássico e o método da reação em cadeia da

Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis

isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru,

v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

de amostras clínicas ou a partir de culturas puras (SAIKI et al., 1985; FARAH, 1997; ALBERTS et al., 1997). Dessa forma, o teste de PCR teria revelado que 50 linhagens pertenciam à espécie pesquisada.

conclusÕes

Concluimos que a coleção de linhagens de Enterococcus isola-das e utilizadas nesta pesquisa, foram identificadas como E. fae-calis através de um esquema bioquímico tradicional, baseando-se em suas características fenotípicas. Pela técnica da Reação em Cadeia da Polimerase, 10 estirpes da coleção não foram identifi-cadas como E. faecalis, revelando diferenças em suas caracterís-ticas genotípicas.

reFerÊncias

ALBERTS, B. et al. Tecnologia do DNA recombinante. In:______. Biologia molecular da célula. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. cap.7, p. 291-334.

ASHIMOTO, A. et al. Polymerase chain reaction detection of 8 pu-tative periodontal pathogens in subgingival plaque of gingivitis and asdvanced periodontitis lesions. Oral Microbiol Immunol, Cope-nhagen, v. 11, n. 4, p. 266-273, 1996.

EISENSTEIN, B. I. New molecular techniques for microbial epi-demiology and the diagnosis of infectious diseases. J Infect Dis, Oxford, v. 161, n. 4, p. 595-602, Apr.1990.

FABRICIUS, L. et al. Predominant indigenous oral bacteria isolated from infected root canals after varied times of closure. Scand J Dent Res, Copenhagen, v. 90, n. 2, p. 134-144, Feb. 1982FACKLAM, R. R.; COLLINS, M. D. Identification of Enterococcus species isolated from human infections by a conventional test sche-me. J Clin Microbiol, Washington, v. 27, n. 4, p. 731-734, 1989.FARAH, S. B. DNA no diagnósticos das doenças humana. In:______. DNA: segredos & mistérios. São Paulo: Sarvier, 1997. cap. 5, p.103-140.

FURUMURA, M. T. et al. Virulence-associated characteristics of Enterococcus faecalis strains isolated from clinical sources. Braz. J. Microbiol. [online], São Paulo, v. 37, n. 3, p. 230-236, 2006.

Page 20: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

202

FRANCO, Adriana Terezinha de Mattias et al. Comparação entre teste bioquímico clássico e o método da reação em cadeia da Polimerase (PCR) para identificação de estirpes de Enterococcus faecalis isoladas da cavidade oral. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 191-202, 2012.

KAYAOGLU, G.; ØRSTAVIK, D. Virulence factors of Enterococ-cus faecalis: relationship to endodontic disease. Crit Rev Oral Biol Med, Boca Raton, v. 15, n. 5, p. 308-20, 2004.

KONEMAN, E. W. et al. Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 5. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2001. 1465 p.

MANERO, A.; BLANCH, A. R. Identification of Enterococcus spp. with a biochemical key. Appl Environ Microbiol, Washington, v. 65, n. 10, p. 4425-4430, 1999.

MULLIS, K. H.; FALOONA, F. A. Specifics synthesis of DNA in vi-tro via a polymerase-catalysed chain reaction. Methods Enzymol, New York, v. 155, p. 335-350, 1987.

MURRAY, P. R. et al. Medical microbiology. 3rd ed. St. Louis: Mos-by-Year Book , 1998. 719 p.

ROÇAS, I. N.; SIQUEIRA JÚNIOR, J. F.; SANTOS, K. R. N. Asso-ciation of Enterococcus faecalis with different forms of periradicu-lar diseases. J Endod, New York, v. 30, p. 315-320, 2004.SAIKI, R. K. et al. Enzymatic amplification of beta-globulin geno-mic sequences and restriction site analysis for diagnosis of sickle cell anemia. Science, v. 230, n. 4732, p. 1350-1354, Dec.1985.SIQUEIRA JÚNIOR, J. F.; ROÇAS, I. N. Exploiting molecular me-thods to explore endodontic infections: part 1 – current molecular technologies for microbiological diagnosis. J Endod, New York, v. 31, n. 6, p. 411-423, 2005.SLOTS, J. et al. Detection of putative periodontal pathogens in sub-gingival specimes by 16S ribosomal DNA amplification with the polymerase chain reaction. Clin Infect Dis, Oxford, v. 20, supl. 2, p. 304-307, 1995. VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, G. Prevalence pf putative periodon-topathogens from periodontal patients and healthy subjects in São Paulo, SP, Brazil. Rev Inst Med Trop São Paulo, São Paulo, v. 44, n. 1, p. 1-5, Jan./Feb. 2002.WATANABE, K.; FROMMEL, T. O. Detection of Porphyromonas gingivalis in oral samples by use of the Polymerase Chain Reaction. J Dent Res, Thousand Oaks, v. 72, n. 6, p. 1040-1044, June 1996.WEIGER, R. et al. Microbial flora of sinus tracts and root canals of non-vital teeth. Endod Dent Traumatol, Copenhagen, v.11, p.15-19, 1995.WINN JÚNIOR, W. C. et al. Koneman, diagnóstico microbiológi-co: texto e atlas colorido. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 1565 p.

Page 21: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GU-ZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

resuMo

Introdução: no que concerne a saúde bucal, o ambiente hospitalar deve ser um espaço de interação multiprofissional em que a ação de cirurgiões-dentistas, enfermeiros, médicos, técnicos e equipes de apoio coexistam de forma harmônica e complementar. Objetivo: Verificar a demanda do Serviço de Odontologia Clínica do Hospital Santa Catarina, de Blumenau – SC. Método: Esta investigação se caracterizou como um estudo exploratório, mediante o levantamento de dados secundários. Os dados foram obtidos junto aos prontuários do sistema Tasy® do Hospital Santa Catarina. Foram analisados 203 prontuários de pacientes avaliados pelo serviço de Odontologia Clí-nica, no período de julho de 2006 a julho de 2010. Os dados foram registrados e agrupados com auxílio do programa Excel do Windows XP, sendo calculada a frequência relativa. Após, foram apresentados em tabelas. Resultados: O serviço de Odontologia Clínica do Hos-pital, no período avaliado, obteve um índice médio mensal de cha-madas de 4,22. A maior frequência foi para realização de avaliação odontológica preventiva (75,0%) e para avaliação pré-cirurgia cardí-

203

deManda do serViço de odontologia clínica do HosPital

santa catarina de BluMenau- sc

demand of the dental clinic service of santa catarina hospital in Blumenau-sc

Beatriz Helena Eger Schmitt1

Mariana Niehues Damos2

Sinara Helena Guzzi3

Recebido em: 21/11/2012Aceito em: 10/01/2013

1Mestre em Odontopediatria; Professora das disciplinas

de Odontopediatria, Clínica Materno-Infantil e Pacientes

Especiais do curso de Odonto-logia da Universidade do Vale do Itajaí e Coordenadora do Departamento de Odontolo-gia do Hospital Santa Cata-rina de Blumenau; Integran-

te do Grupo de Pesquisa Atenção à Saúde Individual e Coletiva em Odontologia

do curso de Odontologia da Universidade do Vale do

Itajaí.2Acadêmica de Odontologia;

Bolsista de Iniciação Científica e Integrante do Grupo de

Pesquisa Atenção à Saúde Individual e Coletiva em

Odontologia do curso de Odontologia da Universi-

dade do Vale do Itajaí.3Acadêmica de Odontologia;

Bolsista de Iniciação Científica e Integrante do Grupo de

Pesquisa Atenção à Saúde Individual e Coletiva em

Odontologia do curso de Odontologia da Universi-

dade do Vale do Itajaí.

Page 22: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

204

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

aca (15,0%) dos pacientes internados. A especialidade médica que mais chamou pelo serviço odontológico foi a cardiologia (41,8%). Conclusão: Diante dos resultados obtidos nesse estudo, concluiu-se que a integração da Odontologia com as diferentes especialidades médicas, no ambiente hospitalar, ainda é pequena, tendo em vista a constatação da baixa demanda pelos cuidados odontológicos.

Palavras-chave: Unidade Hospitalar de Odontologia; Recursos Hu-manos em Odontologia; Saúde bucal.

ABSTRACT

Introduction: In what regards buccal health, the hospital should be a space for multidisciplinary interaction in which the action of dentists, nurses, doctors, technicians and support teams coexist in a harmonious and complementary. Objective: To verify the demand of Dental Clinic Hospital Santa Catarina Service, (Blumenau-SC). Method: This research was characterized as an exploratory study through secondary data collection. The data obtained were from 203 patient records from the Tasy ® system of Hospital Santa Catarina in Blumenau-SC, collected for the period of July 2006 to July 2010. The data were recorded and grouped with the aid of Excel program of Windows XP, being calculated relative frequency. Data was registered and grouped with the aid of the Windows XP Excel program, the relative frequency being calculated. After, were presented in tables. Results: The service Dental Clinic Hospital, during this period, obtained a mean of 4.22 calls. The highest frequency for performing was preventive dental evaluation (75.0%) and pre cardiac surgery assessment 15.0% of interned patients. The medical specialty that most requested the dental service was the Cardiology (41.8%). Conclusion: From the results obtained in this study, it was concluded that the integration of dentistry with the different medical specialties in the hospital environment it is small, because the demand for dental care was low.

Keywords: Dental Service, Hospital; Dental Staff; Oral Health.

introdução

A busca pelos serviços odontológicos, atualmente, vem crescendo de forma significativa. Este crescimento pode ser atribuído à divul-

Page 23: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

205

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

gação extensiva sobre a importância da saúde bucal para a manu-tenção da saúde geral. O que, ainda, é pouco conhecida é atuação do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar. (FRANÇA, 2011; GO-DOI et al., 2009; MEIRA; OLIVEIRA; RAMOS, 2010; MORAIS et al., 2006)

O ambiente hospitalar deve ser um espaço de interação multipro-fissional em que a ação de cirurgiões-dentistas, enfermeiros, médi-cos, técnicos e equipes de apoio coexistam de forma harmônica e complementar. A especialidade de cirurgia bucomaxilofacial não é a única atividade a ser exercida pelo cirurgião-dentista no hospital.

Este profissional pode realizar procedimentos clínicos, tais como diagnóstico de lesões bucais, tratamento periodontal, atendimentos emergenciais, adequação bucal, atendimento sob anestesia geral de pacientes que requerem cuidados especiais. Outra forma de atuação refere-se ao trabalho de orientação sobre as corretas formas de cui-dado para com a saúde bucal, como um dos mecanismos para a pre-venção de doenças. (BÖNECKER, 2011; FRANÇA, 2011; GODOI et al., 2009; MEIRA; OLIVEIRA; RAMOS, 2010; MORAIS et al., 2006; PIRES et al., 2011)

Neste sentido, o Projeto de Lei nº 2776/2008 é um importante passo para se alcançar a integração da Odontologia no ambiente hos-pitalar. Este projeto torna obrigatória a participação do cirurgião--dentista nas equipes multiprofissionais das Unidades de Terapia In-tensiva (UTI) e em outras áreas de clínicas e hospitais brasileiros pú-blicos e privados. Este projeto, em 18 de abril de 2012, foi aprovado por unanimidade, em reunião deliberativa ordinária da Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados. O projeto, agora, segue para Comissão de Constituição e Justiça.

Observando esses aspectos, esta pesquisa objetivou verificar a de-manda pelo serviço de Odontologia, junto ao Hospital Santa Catari-na, de Blumenau – SC.

Metodologia

Esta investigação se caracteriza como um estudo exploratório, mediante levantamento de dados secundários. O projeto foi, previa-mente, submetido à Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI, tendo sido aprovado sob o protocolo nº 85/10.

Os dados foram coletados junto aos prontuários do sistema Tasy® do Hospital Santa Catarina de Blumenau – SC. Esta instituição de saúde é considerada como de médio porte, abrangendo atendimento em todas as especialidades médicas. O serviço de Odontologia foi

Page 24: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

206

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

instituído neste hospital em 2006. A atividade é exercida por dois cirurgiões-dentistas, que atuam em procedimentos de Odontologia Clínica, compreendendo o sobreaviso nesta área (Unidades de Inter-nação, Berçário, UTIs) e o centro cirúrgico (atendimento de pacientes com necessidades especiais, sob anestesia geral).Também integram a equipe dois cirurgiões-dentistas, especialistas em cirurgia bucoma-xilofacial, que atuam nas emergências do pronto atendimento e em centro cirúrgico par realização de cirurgias na área.

Foram incluídos no estudo todos os prontuários de pacientes ava-liados pelo Serviço de Odontologia Clínica do Hospital Santa Catari-na de Blumenau – SC, referentes ao período de julho de 2006 a julho de 2010. Junto aos prontuários foram coletadas as seguintes informa-ções: quantidade de vezes que o Serviço de Odontologia Clínica foi solicitado; especialidades médicas que solicitaram a avaliação odon-tológica; e os motivos da avaliação odontológica.

Os dados foram registrados e agrupados com auxílio do progra-ma Excel do Windows XP, sendo calculada a frequência relativa; após, foram apresentados em tabelas.

resultados

No período de quatro anos (2006-2010), o serviço de Odontologia Clínica do Hospital Santa Catarina de Blumenau – SC recebeu 203 chamadas que correspondem a uma média mensal de 4,22 chamadas.

A avaliação odontológica preventiva seguida pela avaliação pré--cirurgia cardíaca foram os motivos mais frequentes que levaram à solicitação dos serviços de Odontologia. (Figura 1)

Figura 1: Motivos da Solicitação dos Serviços de Odontologia ClínicaMotivos N %

Remoção de Cálculo Dental 1 0,5Suspeita de Lesão Bucal 1 0,5Pulpite Aguda 1 0,5Reavaliação Odontológica 2 1,0Fratura Dental 2 1,0Remoção de Raiz Residual 3 1,5Prótese Fixa solta 3 1,5Dor 5 2,5Avaliação Pré-Cir. Cardíaca 32 16,0Avaliação Preventiva 153 75,0TOTAL 203 100,0

Page 25: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

207

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

Quanto à especialidade médica solicitante dos Serviços de Odon-tologia Clínica do Hospital Santa Catarina de Blumenau, no período em análise, conforme se pode observar na figura 2, a Cardiologia e a Geriatria foram as áreas que mais requisitaram os serviços de Odontologia Clínica.

Figura 2: Especialidades médicas solicitantes dos Serviços de Odon-tologia Clínica.

Especialidade N %Imunologia 1 0,5Enfermagem 1 0,5Otorrinolaringologia 1 0,5Neurologia 2 0,9Bucomaxilofacial 3 1,5Médico da UTI Pediátrica 3 1,5Pneumologia 3 1,5Clínico Geral 4 1,9Oncologia 5 2,5Médico da UTI 6 2,9Psiquiatria 9 4,5Geriatria 80 39,5Cardiologia 85 41,8TOTAL 203 100,0

discussãoA atenção para com a saúde, em ambiente hospitalar, implica em

um trabalho multiprofissional. No entanto, a inclusão do cirurgião--dentista nesta equipe, é fato recente. E a aceitação do cirurgião-den-tista, nos hospitais, compondo outras equipes para além daquela de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, ainda está em processo e muitas barreiras precisam ser transpostas para que este profissio-nal possa desempenhar seu papel de modo adequado. (BÖNECKER, 2011; FRANÇA, 2011; MEIRA; OLIVEIRA; RAMOS, 2010)

O atendimento odontológico a pacientes hospitalizados, em es-pecial dos portadores de enfermidades sistêmicas, contribui efetiva-mente para a recuperação destes sujeitos. O cirurgião-dentista deve integrar, de forma permanente e consistente, a equipe de profissio-nais da área da saúde nos hospitais e deve estar preparado para o atendimento odontológico, em condições específicas e diferenciadas daquelas do cotidiano do consultório. (GODOI et al., 2009; MEIRA; OLIVEIRA; RAMOS, 2010; PIRES et al., 2011)

Page 26: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

208

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

Para que o cirurgião-dentista possa atuar no ambiente hospitalar, ele precisa, além da capacidade para desenvolver um trabalho em equipe, estar preparado para esta realidade específica. Assim, é ne-cessário que o profissional: conheça as rotinas do ambiente hospita-lar; saiba as normas e os procedimentos operacionais padrões; tenha informações sobre estrutura, tecnologias e protocolos assistenciais e farmacológicos prescritos; interprete exames laboratoriais e de ima-gens; reconheça situações de emergência; dentre outras competên-cias e habilidades. (FRANÇA, 2011)

A Odontologia hospitalar pode ser definida como uma prática que tem por objetivo prestar cuidados aos pacientes hospitalizados, em especial àqueles que apresentem alterações bucais que exijam procedimentos de equipes multidisciplinares. Quando se fala em Odontologia integrada em uma equipe multidisciplinar, deve-se ter em mente a abordagem do paciente como um todo e não somente nos aspectos relacionados aos cuidados para com a cavidade bucal. (FRANÇA, 2011; GODOI et al., 2009; MEIRA; OLIVEIRA; RA-MOS, 2010)

A atuação do cirurgião-dentista, no ambiente hospitalar, por ser uma atividade relativamente nova, talvez, seja o motivo do número pouco expressivo de solicitações do serviço de Odontologia no hos-pital onde esta pesquisa foi desenvolvida. Outro aspecto que merece uma análise foi a baixa participação das diferentes especialidades médicas. A maioria dos chamados partiu de duas especialidades, cardiologia e a geriatria.

Conforme depoimentos de cirurgiões-dentistas, os grupos de es-pecialidades médicas que comumente solicitam o suporte da Odon-tologia, no ambiente hospitalar: são Oncologia, Hematologia, Car-diologia, Terapia Intensiva, Endocrinologia, Transplantes de Órgãos e Tecidos, Neurologia, Reumatologia, Infectologia e Nefrologia. (FRANÇA, 2011).

Provavelmente, a forte integração entre a medicina cardiovascu-lar e odontologia observada nesta investigação, se deva a uma maior divulgação dos estudos comprovando que as doenças periodontais podem contribuir para a exacerbação e/ou desenvolvimento das doenças cardiovasculares que dependem da formação de ateroma. (DIAS, 2002; FERRAZ JÚNIOR; CARVALHO, 2006; KUNZE; PI-LATTI; GOIRIS, 2002; MAIA et al., 2008; SABA-CHUJFI; DIAS, 2007; SANTOS et al., 2011)

Quanto à expressiva relação entre a geriatria e a odontologia, a explicação pode ser fornecida por duas possibilidades. Uma, em de-corrência da vinculação entre doenças cardiovasculares e sujeitos de idades mais avançadas; outra, pelo aumento da expectativa de vida

Page 27: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

209

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

da população brasileira. Sabe-se, também, que estes pacientes, na maioria das vezes, fazem uso de próteses e não possuem uma cor-reta higienização o que pode favorecer o desenvolvimento de uma bacteremia através de úlceras causadas por próteses mal adaptadas. (ROSA et al., 2008)

Em pacientes com uma higiene oral precária, com doença perio-dontal ou infecções periapicais, a bacteremia pode ocorrer espon-taneamente, expondo os pacientes a risco para a endocardite bacte-riana. Vale destacar que assim como a saúde geral do paciente pode influenciar sobre a sua saúde oral, o contrário também é verdadeiro. O tratamento periodontal é fundamental, pois reduz o número de microorganismos e seus produtos, amenizando o risco de doenças cardiovasculares. Microorganismos presentes na cavidade bucal in-fluem na saúde sistêmica do indivíduo, interferindo em sua resposta imunológica, deste modo, é fundamental a manutenção de boas con-dições de saúde oral. (MAIA et al., 2008; LORENZO; LORENZO, 2002; SANTOS et al., 2011; SEGURA et al., 2001)

Nos pacientes cardiopatas, qualquer tipo de infecção ou inflama-ção é um fator de risco, por isso a presença do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar facilita o exame e o tratamento pré e pós-cirúr-gico. A inclusão do cirurgião-dentista na equipe hospitalar, indubita-velmente, é importantíssima para a manutenção da saúde oral e geral dos pacientes. A atenção odontológica, em ambiente hospitalar, pode ser educativa (com ênfase na prevenção), clínica ou uma combinação de ações preventivas e curativas. É fundamental que exista uma boa comunicação entre a equipe médica e odontológica, a fim de tratar os pacientes como um todo, visando um diagnóstico mais preciso. (BÖ-NECKER, 2011; FRANÇA, 2011; MEIRA; OLIVEIRA; RAMOS, 2010; MORAIS et al., 2006; PIRES et al., 2011)

Outro aspecto que chamou a atenção neste estudo foi o baixo nú-mero de solicitação dos serviços odontológicos pela especialidade médica de Pneumologia. Há que se considerar que a pneumonia é a segunda infecção mais comum em pacientes institucionalizados, ocasionando de 10% a 15% de infecções hospitalares, inclusive com mortalidade que varia de 20% a 50% nestes sujeitos. (PIRES et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2007). E mecanismos de plausibilidade bio-lógica têm sugerido a associação das doenças respiratórias com a do-ença periodontal. Há indicadores de que os patógenos que participam do desenvolvimento das doenças periodontais estimulam a produção e liberação de citocinas e mediadores inflamatórios facilitando, en-tão, a adesão de patógenos respiratórios à mucosa bucal, fazendo com que estes microorganismos colonizem a orofaringe. (MORAIS et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2007; SANTOS et al., 2011)

Page 28: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

210

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

Os procedimentos odontológicos são necessários aos pacientes hospitalizados, reforçando que, a integração Medicina-Odontologia, pode contribuir muito nos mais diversos tratamentos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes que se encontram com as mais varia-das afecções e/ou distúrbios. Com uma abordagem multiprofissional, aumentam as probabilidades de melhoria da qualidade de atendimen-to ao paciente. (BÖNECKER, 2011; FRANÇA, 2011; MEIRA; OLI-VEIRA; RAMOS, 2010; MORAIS et al., 2006; PIRES et al., 2011)

conclusão

De acordo com os resultados obtidos neste estudo, concluiu-se que a integração da Odontologia com as diferentes especialidades médicas, no ambiente hospitalar, ainda é pequena, tendo em vista a constatação da baixa demanda pelos cuidados odontológicos.

Acredita-se que esta situação seja um reflexo do modelo biomédi-co, que se pauta numa abordagem fragmentada do paciente, focada no ato médico e em suas especialidades, o que dificulta a integração de outros profissionais na prestação de cuidados para à saúde.

agradeciMentos

Ao Governo do Estado de Santa Catarina e à Pró-Reitoria de Pes-quisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura da UNIVALI pelo finan-ciamento da pesquisa através do Programa de Iniciação Científica Artigo 170.

reFerÊncias

BÖNECKER, M. Odontologia Hospitalar também amplia possibili-dades de ensino e pesquisa. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 65, n. 5, p. 323, 2011.

DIAS, L. Z. S.; Doença periodontal como fator de risco para a do-ença cardiovascular. Rio de Janeiro; s.n; 2002. 163 p. ilus, tab, graf. (BR). Tese: Apresentada a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Odontologia para obtenção do grau de Doutor..

FERRAZ JÚNIOR, A.M.L.; CARVALHO, A.M. Inter-relação entre doença periodontal e cardiopatia: revisão de literatura. Periodontia, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 50-55, 2006.

Page 29: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

211

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

FRANÇA, S. Atuação em ambiente hospitalar exige dos Cirurgiões--Dentistas conhecimentos específicos e evidencia a importância do trabalho multidisciplinar e interprofissional. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 65, n. 5, p. 323, 2011.

GODOI, A.P.T.; FRANCESCO, A.R.; DUARTE, A.; KEMP, A.P.T.; SILVA-LOVATO, C.H. Odontologia hospitalar no Brasil. Uma visão geral. Rev. odontol. UNESP, Marília, v. 38, n. 2, p. 105-109, 2009.

KUNZE, B.J.C.; PILATTI, G.L.; GOIRIS, F.A.J. A doença perio-dontal como fator de risco para as doenças cardíacas coronarianas. Rev. ABO nac., São Paulo, v. 10, n.2, p.105-108, 2002.

LORENZO, J.L.; LORENZO, A. Manifestações sistêmicas das do-enças periodontais: prováveis repercussões. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 56, n. 3, p. 211-214, 2002.

MAIA, A. P.; MARTINS, B.R.; AMARAL, B.A.; ALVES, P.M.; GAL-VÃO, H.C.; SEABRA, E.G. Relação entre doença periodontal e doença cardiovascular. Perionews, São Paulo, v. 2, n. 4, p. 295-298, 2008.MEIRA, S.C.R.; OLIVEIRA, C.A.S.; RAMOS, I.J.M. A importân-cia da participação do cirurgião-dentista na equipe multipro-fissional hospitalar. Monografia (Premio SINOG de Odontologia). Curso de Odontologia, Centro Universitário Newton Paiva, Belo Ho-rizonte, 2010.

MORAIS, T.M.N.; SILVA, A.; AVI, A.L.R.O.; SOUZA, P.H.R.; KNOBEL, E.; CAMARGO, L.F.A. A importância da atuação odon-tológica em pacientes internados em unidade de terapia intensiva. Rev. bras. ter. intensiva, Rio de Janeiro, v.18, n.4, p. 412-417, 2006.

OLIVEIRA, L.CB.S.; CARNEIRO, P.P.M.; FISCHER, R.G.; TINO-CO, E.M.B.A presença de patógenos respiratórios no biofilme bucal de pacientes com pneumonia nosocomial. Rev. bras. ter. intensiva, Rio de Janeiro, v.19, n.4, p. 428-433, 2007.

PIRES, J.R.; MATARELI, S.; FERREIRA, R.G.; TOLEDO, B.E.C; ZUZA, E.P. Espécies de Candida e a condição bucal de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 65, n. 35, p. 332-337, 2011.

ROSA, L.B.; ZUCCOLOTTO, M.C.C; BATAGLION, C.; CORO-NATTO, E.A.S. Odontogeriatria – a saúde bucal na terceira idade. RFO UPF, Passo Fundo, v. 13, n. 2, p. 82-86, 2008.

SABA-CHUJFI, E.; PEREIRA, S.A.S.; DIAS, L.Z.S. Inter-relação das doenças periodontais com as doenças cardiovasculares e cere-brovasculares isquêmicas. Periodontia, Rio de Janeiro, v.17, n. 2, p. 21-31, 2007.

Page 30: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

212

SCHMITT, Beatriz Helena Eger; DAMOS, Mariana Niehues e GUZZI, Sinara Helena. Demanda do serviço de odontologia clínica do hospital Santa Catarina de Blumenau - SC. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 203-212, 2012.

SANTOS, C.M.L.; GOMES-FILHO, I.S.; PASSOS, J.S.; CRUZ, S.S.; GOES, C.S.B.; CERQUEIRA, E.M.M. fatores associados à do-ença periodontal em indivíduos atendidos em um hospital público de feira de Santana, Bahia. Rev. baiana de saúde pública, Salvador, v. 35, supl. 1, p. 87-102, 2011.

SEGURA, R.C.F.; TRAMONTINA, V.A.; FARHAT, S.; KIM, S.H. Doença periodontal e alterações sistêmicas – um novo paradigma. JBE j. bras. endodontia, Curitiba, v. 2, n. 5, p.119-123, 2001.

Page 31: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do de-sempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no repa-ro ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

resuMo

Introdução: Na odontologia, a reabsorção óssea alveolar é fator li-mitante no bem estar dos indivíduos interferindo diretamente no sistema estomatognático, acarretando problemas no âmbito de saú-de em geral. Com o objetivo de promover modalidades biológicas que possam estimular a regeneração óssea, várias estratégias biomi-méticas têm sido desenvolvidas recorrendo à utilização dos mais di-versos materiais possíveis à matriz óssea, culminando com o desen-volvimento de técnicas que promovam tal reparo. Objetivo: Este trabalho consiste no estudo comparativo do desempenho de filmes confeccionados com Látex como membrana oclusiva em procedi-mento de Regeneração Óssea Guiada (ROG) em 3 preparações: Lá-tex preservado em amônia, Látex produzidos por seringueiras dos clones IAN873 e PR255 polimerizados logo após a coleta e sem uso

213

estudo coMParatiVo do deseMPenHo de diFerentes MeMBranas oclusiVas

de láteX natural no reParo ósseo

a comparative study on the performance of different occlusive natural latex membranes in bone repair

Rúbia Carolina Nobre Moraes¹Leronardo Maques¹

Leandro Andrade Holgado¹Juliana Ferreira Floriano2

Patricia Pinto Saraiva1

Carlos Frederico de Oliveira Graeff2

Angela Kinoshita¹

Recebido em: 23/11/2012Aceito em: 25/01/2013

¹universidadeSagradoCora-ção,uSC,Bauru,SP.

2faculdadedeCiências,uni-versidadeEstadualPaulista

unESP,Bauru,SP.

Page 32: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

214

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

de amônia como conservante. Métodos: Foram utilizados 60 ratos Wistar, divididos randomicamente em 4 grupos de 15 animais, nos quais defeitos ósseos de tamanho crítico (8mm de diâmetro) foram confeccionados cirurgicamente na calvária. O Grupo A foi tratado por ROG através da membrana de Látex preservada em amônia, o Grupo B recebeu a membrana do clone IAN873, o Grupo C, a mem-brana do clone PR255 e o grupo D, não foi tratado por ROG. Após o período de 7, 15 e 50 dias, 5 animais de cada grupo foram euta-nasiados, e as peças contendo o defeito ósseo coletadas para análise microscópica (histológica descritiva e histomorfometria). Resulta-dos: Os resultados demonstraram que após 50 dias, houve formação óssea em maiores proporções no grupo D (p<0.05, ANOVA seguido de Tukey), sugerindo que novos experimentos devem ser realizados para se concluir a respeito da presença da amônia e a influência da espécie de seringueira. Conclusão: A ROG é um procedimento comprovadamente eficaz no tratamento de defeitos ósseos. Sendo assim, novos experimentos devem ser realizados para se concluir a respeito da presença da amônia na composição do látex para fabri-cação de membranas, bem como na diferença induzida pela espécie de seringueira.

Palavras-chave: Regeneração óssea guiada. Membrana oclusiva. Látex.

ABSTRACT

Introduction: In dentistry, alveolar bone resorption is a limiting factor in the well being of individuals directly interfering in the stomatognathic system, causing problems in the context of overall health. Aiming to promote biological methods that can stimulate bone regeneration, several biomimetic strategies have been developed by the use of diverse materials possible to the bone matrix, culminating in the development of techniques that promote such repair. Objective: This work is a comparative study of the performance of films made with latex as occlusive membrane for Guided Bone Regeneration (GBR) procedure in three preparations: Latex preserved in ammonia, produced by Latex rubber clones IAN873 and PR255 polymerized immediately after collection and without use ammonia as a preservative. Methods: Sixty Wistar rats were randomly divided into 4 groups of 15 animals in which bone defects of critical size (8mm diameter) were made surgically in the skull. Group A was treated by GBR through the membrane latex

Page 33: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

215

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al..

Estudo comparativo do desempenho de

diferentes membranas oclusivas de látex

natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 213-228, 2012.

preserved with ammonia, Group B received the membrane made of latex from IAN873, Group C, the membrane clone PR255 and group D was not treated by GBR. After a period of 7, 15 and 50 days, 5 animals from each group were euthanized, and specimens containing bone defect collected for microscopic examination (descriptive histology and histomorphometry). Results: The results showed that after 50 days there was bone formation in higher proportions in group D (p <0.05, ANOVA followed by Tukey), suggesting that further experiments should be conducted to conclude about the presence of ammonia and the influence of kind of rubber.

Conclusion: GOR is a procedure proven effective in the treatment of bone defects. Therefore, further experiments should be conducted to reach a conclusion regarding the presence of ammonia in the latex composition for the manufacture of membranes, as well as the difference induced by the species of rubber.

Keywords: Guided bone regeneration. Membrane occlusive latex.

introdução

O tecido ósseo é constituído por um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células, matriz óssea e membranas conjunti-vas. A matriz óssea é composta de uma porção inorgânica, formada por diversos íons como o fosfato, cálcio, magnésio, potássio, sódio, citratos e bicarbonato; e de outra porção orgânica, formada por fibras colágenas (cerca de 95%) e por uma pequena quantidade de substan-cia fundamental amorfa. A associação dos cristais de hidroxiapatita com as fibras colágenas conferem a dureza e a resistência do tecido ósseo. A formação, reabsorção e remodelação óssea são exercidas por três tipos de células: osteoblastos que são produtores da parte orgânica, osteoclastos, responsáveis pela reabsorção do tecido ósseo, e osteócitos que se situam nas lacunas juntamente com o material extracelular calcificado, da matriz óssea (JUNQUEIRA e CARNEI-RO, 1999).

O osso é um tecido dinâmico em constante formação e reabsor-ção. Este fenômeno equilibrado, é conhecido como o processo de remodelação, permitindo a renovação de 5-15% da massa óssea to-tal por ano sob condições normais; A Remodelação óssea consiste na reabsorção de uma certa quantidade de ossos pelos osteoclastos, também a formação de matriz osteóide pelos osteoblastos, e sua mi-neralização subseqüente. Este fenômeno ocorre em áreas pequenas do osso cortical ou a superfície trabecular, chamado de “Unidades

Page 34: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

216

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

Básicas de multicelulares” (BMU) (FERNÁNDEZ-TRESGUER-RES-HERNÁNDEZ-GIL et al., 2006)

Na odontologia, a reabsorção óssea alveolar se propaga como um fator limitante no bem estar dos indivíduos interferindo diretamen-te no sistema estomatognático, acarretando problemas no âmbito de saúde em geral. Com o objetivo de promover modalidades biológicas que possam estimular a regeneração óssea, várias estratégias bio-miméticas têm sido desenvolvidas recorrendo à utilização dos mais diversos materiais possíveis à matriz óssea, culminando com o de-senvolvimento de técnicas que promovam tal reparo.

A regeneração guiada tecidual é uma conquista da ciência que permite realizar com plenitude princípios aliados da natureza com resultados satisfatórios, revertendo situações clínicas de regressão e/ou de degeneração aplicando princípios da fisiologia óssea, obtendo ganho onde um curso normal levaria a sua atrofia como; por exem-plo, nas exodontias (BUSER et al., 1994)

A engenharia tecidual tem se mostrado um caminho para o de-senvolvimento de protocolos terapêuticos aplicados aos mais diver-sos tipos de alterações patológicas, adquiridas ou não. Frente a essa premissa, a aplicabilidade de novos biomateriais em meio biológico oferece perspectivas para a resposta a nível tecidual, cicatrização e regeneração óssea guiada. (MARQUES, 2009).

Na Regeneração Óssea Guiada (ROG) uma membrana oclusiva é utilizada para selar o espaço do defeito ósseo, evitando assim a inva-são de células do epitélio. As membranas são materiais que servem para proteger o coágulo sanguíneo e prevenir as células do tecido conjuntivo e epitelial de migrarem para o interior do defeito ósseo. Algumas propriedades ideais para as membranas são: biocompatibi-lidade; criação e manutenção de espaço; facilidade de manuseio; e capacidade de absorção (HAMMERLE e JUNG, 2003; CARRAN-ZA et al., 2004).

Buser et al. em 1996, avaliaram a previsibilidade e o resultado do tratamento da aplicação combinada de auto-enxertos e membranas para aumento de rebordo lateral em pacientes parcialmente desden-tados usando uma abordagem faseada,obtendo resultados positivos diante de tal combinação.

Dahlin et al em 1994, produziram defeitos críticos na mandíbula de ratos, recobertos por membranas nas faces Vestibular e Lingual, através da analise histológica puderam comprovar cicatrização óssea completa, sem vestígios de tecido cartilaginoso em todas áreas re-cobertas por membrana, diferentemente dos locais de controle (sem membrana), que apresentavam variações na quantidade óssea neo-formada, com pontos de tecido conjuntivo.

Page 35: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

217

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al..

Estudo comparativo do desempenho de

diferentes membranas oclusivas de látex

natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 213-228, 2012.

Os estudos de Dupoirieux et al. em 2001 avaliaram a eficácia de membranas reabsorvíveis e não absorvíveis, tal estudo foi conduzido através de defeitos críticos de 6 mm em 30 ratos Wistar adultos, em conclusão apenas o grupo com membranas não absorvíveis apresen-tou resultado favorável.

A Regeneração Óssea Guiada (ROG) tem sido reconhecida como uma previsível e eficaz tecnica para melhora do reparo ósseo; sendo utilizada há mais de uma década. Diversos estudos em animais e humanos têm ilustrado tal eficácia do princípio, no entanto a única questão de controvérsia continua a ser relacionada sobre escolha das membranas.(DUPOIRIEUX et al., 2001).

Dados da literatura sugerem que um material ótimo para fabri-cação de membranas, deveria possuir as seguintes características: 1- biocompatibilidade, 2 - ser reabsorvível, 3 - não produzir reação tecidual local, 4 - ser formatável ou apresentar resistência para per-manecer no local passivamente, formando um espaço entre a mem-brana e a lesão permitindo a regeneração da área a ser tratada.

Um dos materiais membranosos que atende a estas propriedades é o filme de látex natural. O látex é extraído da seringueira Hevea bra-silienses. Tribos indígenas da Amazônia utilizavam-no em seu esta-do natural para curar feridas de pele. Pesquisadores observaram o seu poder cicatrizante está associado a uma defesa natural da planta, (ZIMMERMANN et al., 2006). Após a polimerização, este bioma-terial apresenta certas vantagens, como: elasticidade, flexibilidade, resistência mecânica, capacidade de induzir a angiogênese e o baixo custo (MENDONÇA et al., 2010).

Além de ser de origem vegetal, não tendo o potencial de transmis-são de doenças infecciosas (PINHO et al., 2004). Já foi testada como membrana produzindo bons resultados (ERENO et al., 2010)

Conhecendo-se o potencial das propriedades biológicas do Lá-tex, este trabalho propõe um estudo comparativo da eficiência de fil-mes de látex utilizado como membrana oclusiva, oriundos de clones conhecidos de seringueiras, identificados como IAN873 e PR255, frente ao uso de membrana confeccionada com Látex comercial, constituído da mistura não controlada de vários clones e preserva-do em amônia. Este último já foi testado como membrana oclusiva e mostrou-se eficiente no reparo de defeito crítico em calvárias de coelhos, quando comparados com grupo controle sem uso de mem-branas (ERENO, 2010). Assim, pretende-se investigar o potencial biológico de cada clone com o objetivo de comparar a eficiência de 3 membranas oclusivas confeccionadas com látex de diferentes ori-gens que são de clones das seringueiras IAN873 e PR255, e o comer-cial, que é composto pela mistura de látex de vários clones, a fim de

Page 36: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

218

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

se investigar as propriedades biológicas relacionadas à cicatrização óssea de cada clone.

Materiais e Métodos

O presente trabalho foi analisado e aprovado pelo comitê de éti-ca da Universidade Sagrado Coração sob protocolo 37/2010. Foram utilizados neste estudo, 60 ratos machos albinos Wistar, pesando em média 250g oriundos do biotério da Universidade Sagrado Coração. Durante o período experimental foram mantidos em gaiolas de polie-tileno, alimentados com água e ração, num ambiente de temperatura e luz controladas. Os ratos foram aleatoriamente distribuídos em 4 grupos experimentais e foram tratados como utilizando Membranas Oclusivas em cada rupo experimental:

GRUPO A – Membrana de Látex de origem comercialGRUPO B – Membrana de Látex do clone da seringueira IAN873GRUPO C – Membrana de Látex do clone da seringueira 255GRUPO D – Controle, não foi tratado por ROG

As membranas foram na Faculdade de Ciências, UNESP- Bauru. Os clones das seringueiras IAN873 e PR255 encontram-se no Lage-ado, Campus UNESP – Botucatu e as membranas relativas a estas espécies foram confeccionadas sem o uso de material conservante (amônia) a fim de se aperfeiçoar este biomaterial pela exclusão de materiais irritantes. O Látex de origem comercial é constituído pela mistura não controlada de látex de seringueira de diferentes clones e foi cedido pela ESALQ – USP.

ProcediMentos cirúrgicos

Para realização dos procedimentos cirúrgicos, os animais foram submetidos à anestesia geral através da injeção de cloridrato de Ke-tamina (Dopalen – Vetbrands, Jacareí - SP) e Xilasina (Anasedan – Vetbrands, Jacareí - SP), associados numa relação de 1:1, com dose de 0,1 ml/100g de peso corpóreo. Inicialmente foram realizados os procedimentos de tricotomia na região da calota craniana seguida de assepsia com PVPI tópico (Fig. 1A).

A área a ser operada foi isolada com campos cirúrgicos estéreis. Foi realizada uma incisão mucoperiostal linear, de aproximadamen-te 1,5cm no plano sagital mediano do osso parietal com lâmina de bisturi número quinze (Fig. 1B)

Page 37: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

219

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al..

Estudo comparativo do desempenho de

diferentes membranas oclusivas de látex

natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 213-228, 2012.

Em seguida, dissecção cuidadosa com destaca-periósteo para ex-por a superfície óssea e sequencialmente a divulsão muscular plano a plano do retalho com espátula. O defeito ósseo foi criado no centro da calvária do rato, com uma broca trefina de 8mm de diâmetro, usando um motor de baixa rotação, sob irrigação constante e abun-dante de solução fisiológica. Todo osso cortical e esponjoso foi remo-vido, expondo a membrana meníngea (Fig. 1C e 1D).

Nos animais dos grupos A, B e C, uma membrana foi fixada sobre o defeito ósseo, ocluindo totalmente o mesmo para impedir a pene-tração de tecido conjuntivo não osteogênico. O tipo de membrana relativa a cada grupo foi anteriormente descrito (Fig. 1E). No grupo D, controle, não foi tratado com membrana. Posteriormente, foi re-alizada a sutura, primeiramente do periósteo com fio reabsorvível vicryl 3-0, seguido pela sutura da pele com fio de seda 3-0 (Fig. 1F).

Figura 1: Procedimentos Cirúrgicos

Page 38: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

220

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

Após os períodos de preservação de 7, 15 e 50 dias, 5 animais de cada grupo foram eutanasiados com superdosagem de anestésico geral (cloridrato de Ketamina) e a peças contendo o defeito ósseo coletadas e fixadas em formol 10% por 48 horas para analise micros-cópica.

Inicialmente o material foi submetido ao processo de desminera-lização em solução de ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) a 10% tamponado com pH 7,0, com trocas realizadas duas vezes por semana por 30 dias, aproximadamente, até que não apresentassem resistência ao corte com navalha. Cada peça foi cortada ao meio, na posição central do defeito. Posteriormente realizou-se procedimento histotécnico de rotina. Estas foram então lavadas em água corrente, desidratadas em álcool, diafanizadas em xilol e incluídos em parafi-na. Realizaram-se cortes semi-seriados de 6µm de espessura de cada bloco, no sentido longitudinal utilizando-se micrótomo rotatório elé-trico Leica RM. Os métodos de coloração empregados foram o da hematoxilina-eosina de Harris (HE), Tricrômico de Masson.

Os cortes foram analisados pela microscopia ótica, utilizando o fotomicroscópio Nikon H550L, seguido da descrição histológica e análise histométrica da região do defeito utilizando objetiva de 4X. Para a determinação da fração do volume de tecido ósseo formado na região do defeito, um retículo com dimensão de 200 x 200µm, foi sobreposto a cada imagem e procedeu-se a contagem referente aos tecidos conjuntivo e tecido ósseo.

resultados

grupo a: Membrana de látex preservado em amônia

As figuras 2A e 2B mostram fotomicrografias do grupo A, tratado por ROG utilizando a membrana de Látex de origem comercial, pre-servado em amônia aos 15 e 50 dias, respectivamente. A região do defeito encontra-se bem definida e estão representadas por setas ver-ticais. Nas imagens referente ao período de 7 e 15 dias, observou-se o defeito preenchido por tecido conjuntivo. Nas imagens do período de 50 dias observa-se que o defeito ósseo se encontra preenchido quase que em sua totalidade por tecido ósseo em fase de amadurecimento, pode se observar uma faixa de tecido conjuntivo com características osteogênicas conectando os cotos ósseos. Tal Tecido ósseo neofor-mado apresenta-se totalmente revestido por células de caracteristicas osteogênicas.

Page 39: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

221

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al..

Estudo comparativo do desempenho de

diferentes membranas oclusivas de látex

natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 213-228, 2012.

Figura 2: Fotomicrografias do Grupo A, tratado por ROG pela membrana de Látex com Amônia. (a) aos 15 dias, onde nota-se o defeito preenchido predo-

minantemente por tecido conjuntivo (TC) e (b) aos 50 dias, onde nota-se tecido ósseo em fase de amadurecimento na região do defeito (TO) onde pode se ob-

servar também uma faixa de tecido conjuntivo com características osteogênicas conectando os cotos ósseos. Coloração (a) Tricrômico de Goldner e (b) Tricrô-

mico de Masson. Ampliação 2 vezes.

grupo B: Membrana de látex do clone da seringueira ian873

As figuras 3A e 4B mostram fotomicrografias do grupo B, tra-tado por ROG usando a membrana do clone IAN873 aos 15 e 50 dias, respectivamente. No período de 7 dias notou-se que o defeito apresenta-se preenchido por tecido conjuntivo frouxo vascularizado altamente celularizado (predominância de infiltrado mononuclear) com alguns focos de coágulo sanguíneo. Aos 15 dias observa-se se uma faixa de conjuntivo com características osteogênicas (TO), além de uma longa faixa de tecido ósseo primário em estagio de organiza-ção ricamente celularizado margeando a borda do defeito ósseo. No período de 50 dias o defeito apresenta-se preenchido exclusivamente por tecido conjuntivo, sendo que na borda encontra-se fibroso e com um fino feixe na região central do defeito de tecido conjuntivo frou-xo. Discreta formação de tecido ósseo na borda do defeito circunda-do por tecido conjuntivo osteogenico.

 (a)

(b)

 

Page 40: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

222

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

Figura 3: Fotomicrografias do Grupo B, tratado por ROG pela membrana de Látex sem Amônia do clone IAN873. (a) aos 15 dias, onde nota-se o defeito pre-enchido predominantemente por tecido conjuntivo e formação óssea nas bordas (TO) e (b) aos 50 dias, onde nota-se a região do defeito preenchido por tecido

conjuntivo (TC). Coloração Tricrômico de Masson, ampliação 2 vezes.

grupo c: Membrana de látex do clone da seringuei-ra Pr255

As figuras 4A e 4B ilustram as imagens microscópicas relativas ao período de 15 e 50 dias, relativos ao tratamento de ROG usando membrana do clone PR255. No início do processo, notou-se que o defeito encontra-se preenchido com tecido conjuntivo frouxo orga-nizado presença de coágulo sanguíneo, denotando a formação de tecido ósseo primário a partir das bordas do defeito. Aos 50 dias, podemos observar um defeito preenchido com tecido conjuntivo frouxo organizado e vascularizado com predominância de infiltra-do mononuclear. Observou também, na borda do defeito, processo de neoformação óssea, assim como linhas de reversão denotando processo de remodelamento ósseo. O Tecido ósseo neoformado en-controu se em fase de amadurecimento observado pela formação de lamelas ósseas.

 (a)

(b)

 

Page 41: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

223

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al..

Estudo comparativo do desempenho de

diferentes membranas oclusivas de látex

natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 213-228, 2012.

Figura 4: Fotomicrografias do Grupo C, tratado por ROG pela membrana de Látex sem Amônia do clone PR255. (a) aos 15 dias, onde nota-se o defeito

preenchido predominantemente por tecido conjuntivo frouxo e (b) aos 50 dias, onde nota-se a região do defeito preenchido por tecido conjuntivo (TC) e neo-formação óssea nas bordas do defeito (TO). Coloração Tricrômico de Masson,

ampliação 2 vezes.

grupo controle (grupo d)

As figuras 5A, 5B e 5C mostram a fotomicrografia do grupo D, controle, referente aos períodos de 7, 15 e 50 dias, respectivamente. Nas imagens é possível notar a região do defeito bem definida, e o processo de osteogênese iniciando-se a partir das bordas do defeito Aos 7 e 15 dias (Figs 5A e 5B) o defeito encontra-se preenchido por tecido conjunto. Nota-se coágulo sanguíneo aos 7 dias (fig. 2A). Nas imagens relativas ao período de 50 dias (5C), pode-se observar que o defeito encontrou se preenchido por uma fina camada de tecido conjuntivo frouxo vascularizado. Observou-se na borda do defeito (Fig. 2D) neoformação ssea sendo que tal tecido já se encontrava em fase de amadurecimento podendo observar se a presença de lamelas concêntricas.

 (a)

(b)

 

Page 42: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

224

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

Figura 5: Fotomicrografias referente ao grupo D (controle). As bordas do defei-to estão representados pelas setas verticais. (a) aos 7 dias, onde nota-se coágulo sanguíneo (CS) e tecido conjuntivo (TC) na extensão do defeito; (b) aos 15 dias, com defeito preenchido predominantemente por tecido conjuntivo (TC). (c) e (d) aos 50 dias, onde nota-se neoformação óssea (TO) nas bordas do defeito e, em

maior aumento (d), osso lamelar (L).

Coloração Tricrômico de Goldner (a, b) e Tricrômico de Masson (c,d). Aumento 2x (a, b, c) e 4x (d).

Histomorfometria

A figura 6 mostra o resultado da histomorfometria do tecido ósseo no período de 50 dias. O resultado mostra que houve maior formação óssea no grupo D e que não há diferença estatística significante entre os grupos A, B e C (p>0.05 ANOVA, Tukey)

Controle Látex IAN873 PR255

0

10

20

30

40

50

60

Volu

me

Tec

Óss

eo (%

) * #�

* #

Figura 6: Percentual de tecido ósseo na região do defeito 50 dias após a cirurgia. Há diferença estatisticamente significativa entre os grupos indicados com o

mesmo símbolo (p<0.05 ANOVA seguido de Tukey)

 (a) (b)

(c) (d)

 

Page 43: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

225

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al..

Estudo comparativo do desempenho de

diferentes membranas oclusivas de látex

natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 213-228, 2012.

discussão e conclusão

O tecido ósseo apresenta alta capacidade de regeneração, mas em determinadas situações tal processo deixa de realizar-se, com-prometendo a sua fisiologia. Quando a extensão do defeito ósseo ultrapassa uma determinada dimensão não é mais passível de ci-catrização por regeneração, mas apenas por proliferação de teci-do fibroso, que inviabiliza o processo de reparo (SCHMITZ et al., 1990). Os defeitos na calvária quando assumem grandes dimensões não se cicatrizam por regeneração óssea, mas por substituição fi-brosa. Estes defeitos são denominados defeitos críticos (SCHMITZ, HOLLINGER, 1986) e representam modelos ideais para testes de novos biomateriais.

A regeneração óssea guiada (DAHLIN et al.,1991) baseia-se na prevenção da invasão de células do tecido conjuntivo e epitelial na área do defeito ósseo, permitindo a ocupação local por células oste-ogênicas (NYMAN, 1991). As células do tecido conjuntivo são de rápida proliferação e migração e invadem o defeito ósseo, mais pre-cocemente que as células com potencial de osteogênese (DAHLIN et al., 1988), ocorrendo assim a formação de tecido conjuntivo fibroso na área do defeito ósseo (SCHMITZ et al., 1990), dificultando ou impedindo nova formação óssea neste local. O uso de membranas oclusivas é eficaz na regeneração óssea guiada quando utilizadas como barreiras à proliferação dessas células indesejáveis para o inte-rior do defeito ósseo, permitindo um tempo adicional para as células osteogênicas, de migração mais lenta, repovoarem a área do defeito, desencadeando com eficiência a neoformação óssea (DAHLIN et al., 1988; DAHLIN et al., 1991; LINDE et et al., 1993).

Diferentes tipos de membranas têm sido estudados para uso como membrana oclusiva. Dupoirieux et al. em 2001 avaliaram a eficácia de membranas reabsorvíveis, de colágeno (extraído de ovos de aves) e Poligalactina (Vicryl) e não absorvíveis (Politetrafluoretano expan-dido e-PTFE). Tal estudo foi conduzido através de defeitos críticos de 6 mm em 30 ratos Wistar adultos, em conclusão apenas o grupo com membranas não absorvíveis apresentou resultado favorável.

Mais recentemente, Látex Natural, extraído da seringueira Hevea brasiliensis foi testada como membrana oclusiva para tratamento de defeitos críticos na calvária de coelhos, produzindo bons resultados (ERENO, 2010). Como já mencionado, após a polimerização, o látex apresenta certas vantagens, como: elasticidade, flexibilidade, resis-tência mecânica, baixo custo. Sabe-se também que o látex natural é capaz de acelerar a angiogênese (ALVES, 2003) e esta propriedade pode estar relacionada aos processos de osteogênese. No homem, já

Page 44: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

226

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

vem sendo usada como em curativos para cicatrização de úlceras crônicas de membros inferiores (Biocure®)

A fim de evitar o processo de polimerização, a amônia em so-lução com concentrações que variam de 0,2 a 0.7% são utilizados, a fim de elevar o pH para aproximadamente 10,2 (BERNARDES, 2002). A adição de amônia pode induzir efeitos biológicos indese-jáveis, devido ao seu conhecido efeito irritante. Sendo assim, nesse trabalho o desempenho de membranas de látex de 2 clones identifi-cados, PR255e IAN873 que foram polimerizados logo após a coleta, sem adição de amônia, foi comparado com a membrana utilizada em trabalho prévio (ERENO, 2010), de origem comercial, sem con-trole da espécie de seringueira e preservada em amônia. Adicio-nalmente, utilizamos um grupo controle, no qual não se utilizou membrana oclusiva.

No período de 7 dias, pode-se observar na análise microscópica a região do defeito bem definida e preenchida por tecido conjuntivo e coágulo sanguíneo, em todos os grupos.

Padrão semelhante ocorreu no período de 15 dias, a região do defeito encontra-se preenchida por tecido conjuntivo. No período de 50 dias, nos grupos A (Látex com amônia) e D (controle) pode-se notar a presença de tecido conjuntivo com características osteogêni-cas na região do defeito. A histomorfometria revela que houve maior formação óssea no grupo controle (figura 6) e que não há diferença resultante da composição da membrana. Esse resultado não está em acordo com trabalhos de Ereno (2010) no qual a membrana de látex (equivalente ao grupo A) resultou em maior formação óssea em de-feitos críticos em calvária de coelhos.

A ROG é um procedimento comprovadamente eficaz no trata-mento de defeitos ósseos. Sendo assim, novos experimentos devem ser realizados para se concluir a respeito da presença da amônia na composição do látex para fabricação de membranas, bem como na diferença induzida pela espécie de seringueira.

reFerÊncias

ALVES, M. C. O. Teste da angiogênese estimulada por membra-na de látex natural. 2003 254 p. Dissertação (Mestrado em Física Aplicada à Medicina e Biologia) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2003.

BERNARDES, M. S. Sangria da seringueira. Piracicaba: USP/ESALQ-LPV, 2002.

Page 45: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

227

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al..

Estudo comparativo do desempenho de

diferentes membranas oclusivas de látex

natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 213-228, 2012.

BUSER, D. et al. Lateral ridge augmentation using autografts and barrier membranes: a clinical study with 40 partially edentulous pa-tients. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, Amsterdan, v. 54, n. 4, p. 420-432, 1996.

BUSER, D.; DAHLIN, C.; SCHENK, R. K. Guided bone regene-ration in implant dentistry. Chicago: Quintessence Books, 1994.

CARRANZA, F. A.; NEWMAN, M. G.; TAKEI, N. N. Periodontia Clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

DAHLIN, C. et al. Healing of bone defects by guided tissue regene-ration. Plastic and Reconstructive Surgery, Baltimore, v. 81, n. 5, p. 672-676, 1988.

______. Restoration of mandibular nonunion bone defects : an ex-perimental study in rats using an osteopromotive membrane method. International Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, Cope-nhagen, v. 23, n. 4, p. 237-242, 1994.

DAHLIN, C.; ALBERIUS, P.; LINDE, A. Osteopromotion for cra-nioplasty. An experimental study in rats using a membrane techni-que. Journal of Neurosurgery, Charllotesville, v. 74, n. 3, p. 487-491, 1991.

DUPOIRIEUX, L. et al. Comparative study of three different mem-branes for guided bone regeneration of rat cranial defects. Interna-tional Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, Copenhagen, v. 30, n. 1, p. 58-62, 2001.

ERENO, C. et al. Latex use as an occlusive membrane for guided bone regeneration. Journal of Biomedical Materials Research, Hoboken, Part A. v. 95A, n. 3, p. 932-939, 2010.

FERNANDEZ-TRESGUERRES-HERNANDEZ-GIL, I. et al. Phy-siological bases of bone regeneration I. Histology and physiology of bone tissue. Medicina Oral, Patologia Oral y Cirurgia Bucal, Va-lencia, v. 11, n. 1, p. 47-51, 2006.

HAMMERLE, C. H.; JUNG, R. E. Bone augmentation by means of barrier membranes. Periodontology 2000, Copenhagen, v. 33, p. 36-53, 2003.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

LINDE, A. et al. Osteopromotion: a soft-tissue exclusion principle using a membrane for bone healing and bone neogenesis. Journal of Periodontology, Chicago, v. 64, n. 11, p. 1116-1128, 1993.

Page 46: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

228

MORAES, Rúbia Carolina Nobre et al.. Estudo comparativo do desempenho de diferentes membranas oclusivas de látex natural no reparo ósseo. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 213-228, 2012.

MARQUES, L. Estudo da biocompatibilidade de membranas de Polifluoreto de Vinilideno (PVDF) e Trifluoroetileno (TrFe) agregados ao látex natural e amido. 2009. 201p. Trabalho de con-clusão de curso. Faculdade de Odontologia. - Universidade Sagrado Coração, Bauru, 2009.

MENDONÇA, R. J. et al. Increased vascular permeability, angioge-nesis and wound healing induced by the serum of natural latex of the rubber tree Hevea brasiliensis. Phytotherapy Research, Chichester, v. 24, n. 5, p. 764-768, 2010.

NYMAN, S. Bone regeneration using the principle of guided tissue regeneration. Journal of Clinical Periodontology, Malden, v. 18, n. 6, p. 494-498, 1991.

PINHO, E. C. C. M. et al. Uso experimental da biomembrana de látex na reconstrução conjuntival. Arquivos Brasileiros de Oftal-mologia, São Paulo, v. 67, p. 27-32, 2004.

SCHMITZ, J. P. et al. Characterization of rat calvarial nonunion de-fects. Acta Anatomica (Basel), Basel, v. 138, n. 3, p. 185-192, 1990.

SCHMITZ, J. P.; HOLLINGER, J. O. The critical size defect as an experimental model for craniomandibulofacial nonunions. Clinical Orthopaedics and Related Research, New York, v. 205, p. 299-308, 1986.

ZIMMERMANN, M. et al. Teste de biocompatibilidade e resistên-cia de membranas de látex em cães. Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, p. 1719-1723, 2007.

Page 47: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al.. Estudo anatômico dos ossos do crânio no homem. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 229-236, 2012.

resuMo

Introdução: o crânio apresenta, às vezes, ossos supranumerários chamados ossos suturais ou wormianos. Normalmente irregulares em forma, tamanho e espessura. São encontrados no trajeto das su-turas lambdóide e sagital, podendo as vezes também, apresentar-se nos lados do crânio, na base do crânio, na sutura entre o osso esfenói-de e etmóide, raramente nas suturas da face. Objetivo: o propósito deste estudo foi analisar a forma e localização de ossos suturais em crânios humanos. Método: Foram analisados 35 crânios humanos, de uma amostra por conveniência, pertencente ao material prepa-rado para estudos práticos no Laboratório de Anatomia Humana da USC, sendo feitos para cada caso, fotografias e desenhos esque-máticos para ilustração deste trabalho. Resultados: dos 35 crânios estudados, 14 (40%) apresentavam ossos suturais. Dois casos (6%) foram observados ossos interparietais e um caso (3%) o osso inter-

229

estudo anatôMicodos ossos do

crânio no HoMeM

anatomic study of skull bones in man

Jorge Antônio de Almeida1

Geraldo Marco Rosa Junior2

Eduardo Aguilar Arca3

Maria Amélia Ximenes4

Livia Souza De Conti5

Flávia Maria Fantin Vono6

Stela Neme Daré de Almeida7

Recebido em: 19/11/2012Aceito em: 12/02/2013

1DoutoremAnatomiaHuma-napeloinstitutodeBiociên-ciasdaunESPdeBotucatu,

SP,Brasil;fisioterapeutadoin-stituto“LaurodeSouzaLima”,Bauru,SP,Brasil;docentedoCursodefisioterapiadauni-

versidadedoSagradoCoração,Bauru,SP,Brasil.

2MestreemCiênciaspelauniversidadedeSãoPaulo;

docentedoCentrodeCiênciasdaSaúdedauniversidadedoSagradoCoração,Bauru,SP,

Brasil.3DoutoremfisiopatologiaemClínicaMédicapelaunESPdeBotucatu,SP,Brasil;docentedoCursodefisioterapiada

universidadedoSagradoCo-ração,Bauru,SP,Brasil.

4DoutoraemCiênciasSociais/AntropologiapelaPuC/SP,SP,

Brasil,docentedoCursodeTerapiaocupacionaldauni-

versidadedoSagradoCoração,Bauru,SP,Brasil.

5EspecialistaemfisioterapiaRespiratória pela Santa Casa

deMisericórdiadeSãoPaulo,SP,Brasil;fisioterapeutadoHospitalSírio-Libanês,SP,

Brasil.6AcadêmicadoCursode

fisioterapiadauniversidadedoSagradoCoração,Bauru,

SP,Brasil.7DoutoraemCiênciasda

Saúde pela Coordenadoria de ControledeDoenças/S.E.S.,

SP,Brasil;fisioterapeutadoin-stituto“LaurodeSouzaLima”,Bauru,SP,Brasil;docentedoCursodefisioterapiadauni-

versidadedoSagradoCoração,Bauru,SP,Brasil.

Page 48: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

230

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al.. Estudo anatômico dos ossos do crânio no homem. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 229-236, 2012.

parietal apresentou-se bipartido. Em 12 (34%) casos apresentavam ossos suturais laterais e medianos na região da sutura lambdóide. Observou-se um caso em que o osso occipital apresentou um forame anômalo e pequenos ossos suturais na sutura lambdóide. Conclusão: conhecimento desta variação é relevante para a anatomia humana, antropologia física, medicina forense, neuroanatomia, neurocirur-gia, ortopedia, pediatria e radiologia.

Palavras-chave: Anatomia. Crânio. Ossos suturais. Ossos interpa-rietais.

ABSTRACT

Introduction: the skull presents, sometimes, extranumerary bones, called suture bones or wormians. Typically irregular in shape, size and thickness. They are found in the path of the lambdoid and sagittal sutures, and may, sometimes, also be present on the sides of the skull, on the skull base, on the suture between the ethmoid and sphenoid bone, rarely on the sutures of the face. Objective: the purpose of this study was to analyze the shape and location of sutural bones in human skulls. Methods: it was analyzed a group of 35 human skulls, of a convenience sample, from a prepared material used for practical studies at the Laboratory of Human Anatomy, USC, being made, for each case, photographs and schematic drawings to illustrate this paper. Results: from the 35 skulls studied, 14 (40%) presented suture bones. Two cases (6%) were observed interparietal bones and in one case (3%), the interparietal bone presented bipartite. In 12 (34%) cases had lateral and median sutural bones in the region of the lambdoid suture. It was observed a case in which the occipital bone presented an anomalous foramen and small sutural bones on the lambdoid suture. Conclusion: the knowledge of this variation is relevant for human anatomy, physical anthropology, forensic medicine, neuroanatomy, neurosurgery, orthopedics, pediatrics and radiology.

Keywords:Anatomy.Skull. Sutural bones. Interparietal bones.

introdução

O crânio apresenta, às vezes, pequenos ossos supranumerários chamados ossos suturais. Centros de ossificação adicionais podem ocorrer nas suturas ou perto delas, dando origem a ossos suturais

Page 49: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

231

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al..

Estudo anatômico dos ossos do crânio no

homem. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

229-236, 2012.

isolados também, chamados ossos wormianos (STANDRING, 2010), sendo descrito pela primeira vez no século XVII (1611) pelo médico e antiquário noruegues Olaus Worm. (TESTUT, 1932).

Porém, segundo Testut (1932) não é correto atribuir o descobri-mento a Worm, pois muito antes que ele, Gonthier D’ Andernach, médico de Francisco I e um dos mestres de Vesalius, havia descrito muito bem esses ossos suturais, que já eram conhecidos desde a mais remota antiguidade. Esses ossos ocupavam um lugar especial na far-macopéia dos médicos gregos, que os utilizam no tratamento contra afecções cerebrais e epilepsia entre outras doenças (TESTUT, 1932).

Normalmente irregulares em forma, tamanho e espessura (STAN-DRING, 2010), eles são geralmente encontrados no curso das sutu-ras lambdóide e sagital, podendo as vezes também, apresentar-se nos lados do crânio, na base do crânio, na sutura entre o osso esfenóide e etmóide (GRAY, 1858). Segundo, Schaeffer (1953) são raramente encontrados nas suturas da face.

Latarjet e Ruiz Liard (1993) descrevem os ossos suturais em dois grupos distintos: ossos suturais verdadeiros, quando derivam de um ou vários pontos de ossificação complementares; são peças supranu-merárias que se desenvolveram na margem dos ossos do crânio. Os-sos suturais falsos, resultantes de pontos de ossificação que, em vez de soldar-se aos ossos que devem gerar, permanecem independentes, distinguindo-se do osso sagital, ossos fonticulares e ossos insulares.

De acordo com Standring (2010) ossos acessórios, constantemen-te ocorrem nos fonticulos, em especial, no fonticulo posterior. Podem representar um elemento pré-interparietal, um verdadeiro interparie-tal, ou algum elemento composto. Orts-Llorca (1958) considera este tipo como uma alteração do desenvolvimento, dado a sua localização e freqüência regional, assim como por sua existência em outros ani-mais, correspondendo a um processo filogenético normal.

Um osso isolado no lambda é algumas vezes chamado de osso do Inca ou ossículo de Goethe. Um ou mais ossículos ptéricos ou ossos epiptéricos podem aparecer entre o ângulo esfenoidal do osso parie-tal e a asa maior do osso esfenóide, variando muito de tamanho, mas sendo mais ou menos simétricos. Os ossos suturais geralmente tem pouca importância morfológica, com notáveis exceções (WILLIA-MS et al., 1995).

Para Testut (1932), o osso incae ou epactal descrito por Tchudy e Rivero em 1853, não é mais que o homólogo de um osso wormiano. Portanto, esse conhecimento é relevante para a anatomia humana, antropologia física, medicina forense, neuroanatomia, neurocirur-gia, ortopedia, pediatria e radiologia.

Page 50: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

232

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al.. Estudo anatômico dos ossos do crânio no homem. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 229-236, 2012.

Assim sendo, o propósito deste estudo foi analisar a forma e loca-lização de ossos suturais em crânios humanos

Material e Método

Trata-se de um estudo descritivo que foi realizado durante as reu-niões do Grupo de Estudos: Núcleo ACLIVE (Anatomia Clínica de Vesalius), composto por docentes e discentes do Curso de Fisio-terapia da Universidade do Sagrado Coração – USC, da cidade de Bauru - SP.

Foram analisados 35 crânios humanos, de uma amostra por con-veniência, pertencente ao material preparado para estudos de aulas práticas de rotina no Laboratório de Anatomia Humana da USC.

As inspeções foram realizadas por acadêmicos sob a supervisão do coordenador do Grupo de Estudos: Núcleo ACLIVE.

Para todos os casos, foram feitos desenhos esquemáticos, a fim de evidenciar a presença dos ossos suturais e sua localização, sendo que os casos mais representativos foram fotografados digitalmente para posterior documentação e classificação.

resultados

Dos 35 crânios estudados, 14 (40%) apresentavam ossos suturais, sendo que a maioria dos crânios mostram ossos suturais em diversos lugares.

Em dois (6%) casos foram observados ossos suturais acima da linha nucal superior, denominado de osso interparietal, conforme visualizado nas figuras 1 e 2, sendo que em apenas um (3%) desses casos o osso interparietal apresentou-se bipartido, conforme visuali-zado na figura 2.

Em 12 (34%) casos apresentavam ossos suturais laterais e media-nos na região da sutura lambdoide (figura 3 e 4).

Destaque especial para o caso da figura 4, pois o osso occipital apresentou ossos suturais medianos na sutura lambdoide e um fora-me anômalo no osso occipital, medindo 6 mm de largura por 10 mm de comprimento.

Page 51: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

233

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al..

Estudo anatômico dos ossos do crânio no

homem. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

229-236, 2012.

Figura 1 – Vista posterior do crânio mostrando osso interparietal.

Figura 2 – vista posterior do crânio mostrando osso interparietal bipartido.

Figura 3 – Vista lateral do crânio mostrando ossos suturais laterais.

Page 52: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

234

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al.. Estudo anatômico dos ossos do crânio no homem. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 229-236, 2012.

Figura 4 – Vista posterior do crânio mostrando ossos suturais medianos na sutu-ra lambóide e um forame anômalo no osso occipital.

discussão

Os ossos suturais são inconstantes e quando presentes aparecem com maior frequência entre os ossos occipital e parietal de ambos os lados podendo ser unilaterais, bilaterais, medianos.

De acordo com Bergman et al. (1988), aproximadamente 40% dos crânios contem ossos suturais nas proximidades da sutura lambdoide, assim como, alguns trabalhos realizados em crânios de brasileiros, como o estudo de Henrique-Pino et al. (1992) e Wafae et al. (2007).

Esses trabalhos citados acima estão de acordo com o presente estudo que constatou a presença de ossos suturais em 14 crânios, correspondentes a 40% de um total de 35 crânios examinados.

Contudo, diverge de estudos realizados com outras populações e etnias, conforme a investigação realizada por Murlimanju et al. (2011), que analisou 78 crânios adultos de uma população da Índia e encontrou ossos wormianos em 57 (73,1%) de seus casos.

A maioria dos ossos wormianos foi encontrada em múltiplos lo-cais no crânio. Na sutura lambdoide (56,4%), no astério (17,9%), no ptério (11,5%), na sutura coronal (1,3%) e sutura sagital (1,3%) mas não se encontrou no bregma em nenhum caso.

Orts-Llorca (1958) relatou que os ossos suturais são mais frequen-tes nos braquicéfalos do que nos dolicocéfalos; na raça branca mais do que na negra e no homem mais que nos antropoides, também, são muito frequentes nos hidrocéfalos.

Em nossa amostra não foram encontrados ossos suturais na su-tura coronária, assim como, no bregma, ptério e ossos wormianos fontanelários, insulados e em suturas da face.

Page 53: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

235

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al..

Estudo anatômico dos ossos do crânio no

homem. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

229-236, 2012.

Srivastava (1977) registrou a presença de ossos interparietais em 0,8% de crânios estudados. Shapiro e Robinson (1976) verificaram a frequência de 23% e García-Hernández e Muprhy-Echeverría (2008) em torno de 27,1%.

No presente estudo foram encontrados ossos interparietais em dois casos (5,7%) e uma variação anatômica no osso occipital, que apre-sentou um forame e pequenos ossos suturais na sutura lambdoide.

El-Najjar e Dawson (1977) apresentam uma correlação entre a ocorrência de ossos suturais e fatores genéticos.

Segundo Wafae et al. (2007) a presença de ossos suturais diminui com a idade, aparentemente em função das sinostoses.

conlcusão

Baseados nos resultados obtidos, conclui-se que os ossos suturais localizam-se no osso occipital e sutura lambdoide, o que correspon-de com a maioria dos casos citados na literatura por vários autores.

Assim sendo, acreditasse que o presente estudo contribuiu com informações adicionais quanto a morfologia e topografia dos ossos suturais ou wormianos.

reFerÊncias

BERGMAN, R. A., AFIFI, A. K., MIYAUCHI, R. Compendium of human anatomical variations. Baltimore: Urban and Schwarzen-berg, 1988.

EL-NAJJAR, M.Y. e DAWSON,.G.L. The effect of artificial cranial deformation on the incidence of Wormian bones in the lambdoidal suture. American Journal of Physical Antropology, Hoboken, v. 46, n. 1, p. 155-160, 1977.

GARCÍA-HERNÁNDEZ, F. e MURPHY-ECHEVERRÍA, G. Fre-cuencia del Hueso Interparietal o Incaico em Cráneos Atacameños (Lican antai) Prehispánicos del Norte de Chile. Int. J. Morphol., Temuco, v. 26(3) 629-34, 2008.

GRAY, H. Anatomy, descriptive and surgical. London: J.W. Parker and Son, 1858.

HENRÍQUEZ-PINO, J., BUARQUE, L. C., PRATES, J. C. Anato-mical study of sutural bones in 200 Brazilian individuals skulls. Rev. Chil. Anat., Santiago, v. 10, 89-95, 1992.

Page 54: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

236

ALMEIDA, Jorge Antônio de et al.. Estudo anatômico dos ossos do crânio no homem. SALuSViTA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 229-236, 2012.

LATARJET, M. e RUIZ LIARD, A. Anatomia Humana. São Pau-lo: Panamericana, 1993.

MURLIMANJU, B. V., PRABHU, L. V., ASHRAF, C. M., KU-MAR, C. G., RAI, R., MAHESHWARI, C. Morphological and to-pographical study of Wormian bones in cadaver dry skulls. J. Mor-phol. Sci.,[s.i] , vol. 28, p. 176-179, 2011.

ORTS-LLORCA, F. Anatomia Humana. Barcelona: Editorial Cien-tífico Médico, 1958.

Shapiro, R. e Robinson, F. The Os Incae. Am. J. Roentgenol., Sprin-gfield, v. 127, 469-471, 1976.

SCHAEFFER, J. P. Morri’s Human Anatomy. New York: McGraw--Hill Book company, Inc., 1953.

SHAPIRO, R. e ROBINSON, F. The Os Incae. Am. J. Roentgenol., Springfield, v. 127, 469-471, 1976.

SRIVASTAVA, H. C. Development of ossification centres in the squamous portion of the occipital bone in man. Journal of Ana-tomy, [s.i], v. 124, p. 643-649, 1977.

STANDRING, S. Gray’s anatomy. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

TESTUT, L. Tratado de Anatomia Humana. Barcelona: Salvat Editores, S.A., 1932.

WAFAE, N., RUIZ, C. R., PEREIRA, L. A., NUNES, M. R., TOI-TO, E., GOMES, J. A. J. Análise quantitativa de ossos suturais em crânios de humanos adultos. Arq. Med. ABC, Santo André, v. 32, 67-69, 2007.

WILLIAMS P. L., WARWICK R., DYSON M., BANNISTER L. H. Gray Anatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

Page 55: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

SILVA, Mariana Armando da et al. Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 237-246, 2012.

resuMo

Introdução: Os bambus pertencem à família Graminae, subfamília Bambusoidae, representados por cerca de 1250 espécies no mundo. Originalmente empregados na construção civil e alimentação, atu-almente são alvo de investigações relacionadas às suas propriedades terapêuticas em neoplasias. As principais espécies utilizadas para fins terapêuticos baseado no conhecimento popular são: Phyllosta-chys nigra; Bambusa breiflora; Bambusa tuldoides e a Bambusa textilis. A literatura sobre a ação terapêutica das espécies de bambu é escassa, porém estudos recentes relatam um promissor efeito no tratamento de neoplasias e outras doenças crônicas. Objetivo: O presente estudo teve como principal objetivo avaliar, qualitativa-mente a composição fitoquímica de extrato vegetal obtido a partir das folhas da espécie de bambu Bambusa textilis, comparando esta composição entre folhas de vegetais com 18 e 24 meses de idade. Metodologia: Após a coleta de folhas do vegetal com 18 ou 24 me-ses, as mesmas foram identificadas e submetidas à secagem e mo-

237

aValiação FarMacognóstica QualitatiVa das FolHas do Vegetal

BAMBuSATExTiLiS

Qualitative Pharmacognostic evaluationof leaves of Bambusa textilis

Mariana Armando da Silva1

Michelle Alexandre Roder1

Marco Antônio R. Pereira2

Fernando Tozze Alves Neves1

Dulce Constantino1

Recebido em: 30/07/2012Aceito em: 22/10/2012

1 CentrodeCiênciasdaSaúde,universidadeSa-

gradoCoração,uSC,17024-851,Bauru,SP,Brasil,

2 faculdadedeEngenhariadeBauru–fEB,unESP,17033-

360,Bauru,SP,Brasil

Page 56: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

238

SILVA, Mariana Armando da et al. Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 237-246, 2012.

agem. Para análise qualitativa de seus componentes foram empre-gados os métodos de avaliação macroscópica (mucilagens), método do Benjoim (resinas), reação de Shinoda (flavonóides), reação com solução de gelatina (taninos), fervura e formação de espuma (sapo-ninas) e empregos dos reativos de Wagner, Bertrand, Dragendorff, Mayer, ácido pícrico e ácido tânico (alcalóides) (BIAVATTI; LEI-TE, 2007). Resultados: nas folhas mais jovens foram encontrados resultados positivos para alcalóides, flavonóides, resinas e saponi-nas. Nas folhas do vegetal com 24 meses foram encontrados ape-nas alcalóides flavonóides e resinas. Conclusão: na composição do vegetal foram encontradas substâncias associadas a um potencial terapêutico importante e uma diferença na composição fitoquímica na comparação entre folhas do vegetal com 18 ou 24 meses. Estu-dos adicionais são necessários para quantificar estes componentes, assim como o esclarecimento de sua ação no combate às neoplasias e doenças crônicas.

Palvras-chave: Bambusa textilis. Farmacognosia. Alcalóides. Resi-nas. Flavonóides. Saponinas.

ABSTRACT Introduction: Bamboos belong to the family Graminae, Bambusoidae subfamily, represented by about 1,250 species worldwide. Originally employed in construction and power, are currently the subject of investigations related to its therapeutic properties in neoplasms. The main species used for therapeutic purposes based on popular knowledge are: Phyllostachys nigra; Bambusa breiflora; tuldoides Bambusa textilis and Bambusa. The literature on the therapeutic action of bamboo species is scarce, but recent studies report a promising effect in the treatment of cancer and other chronic diseases. Objective: This study aimed to evaluate qualitatively the phytochemical composition of plant extract obtained from the leaves of the bamboo species Bambusa textilis, comparing this composition from vegetable leaves with 18 and 24 months of age. Methodology: After collecting plant leaves with 18 or 24 months, they were identified and submitted to drying and milling. For qualitative analysis of its components were employed methods of macroscopic evaluation (mucilage), method of benzoin (resin), reaction Shinoda (flavonoids), reaction with gelatin solution (tannins), boiling and foaming (saponins) and jobs of reactive Wagner, Bertrand, Dragendorff, Mayer, picric acid and tannic acid (alkaloids) (Biavatti; MILK,

Page 57: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

239

SILVA, Mariana Armando da et al.

Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do

vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

237-246, 2012.

2007). Results: in the youngest leaves were found positive for alkaloids, flavonoids, resins and saponins. In the leaves of the plant with 24 months were found only alkaloids flavonoids and resins. Conclusion: the composition of vegetable substances were found associated with a significant therapeutic potential difference and the phytochemical composition in comparison with plant leaves 18 or 24 months. Additional studies are needed to quantify these components, as well as the clarification of its action in the fight against cancer and chronic diseases.

Keywords: Bambusa textilis. Pharmacognosy. Alkaloids. Resins. Flavonoids, saponins.

introdução

Os bambus pertencem à família Graminae e a subfamília Bam-busoidae (LOPEZ, 2003), são considerados árvores lenhosas, e pos-suem no mundo cerca de 75 gêneros e 1250 espécies (SHANMU-GHAVEL; PEDDAPPAIAH; MUTHUKUMAR, 2001). No Brasil, verifica-se a ocorrência de 34 gêneros e 232 espécies de bambus nativos (FILGUEIRAS; GONÇALVES, 2004). O vegetal bambu é extremamente resistente, sendo seu uso como opção no lugar da madeira, utilizado em construções civis e como mobiliário (DHAR-MANANDA, 2004). Os brotos são empregados na alimentação prin-cipalmente na China (CORRÊA, 1984). Os extratos de folhas, ricos em clorofila, podem ser utilizados na alimentação como um pode-roso alimento anti-séptico. Suas folhas têm sido utilizadas na me-dicina tradicional chinesa no tratamento da febre e desintoxicação por mais de 1000 anos. Recentemente, estudos envolvendo folhas de bambu comprovaram que seu extrato é rico em polissacarídeos, possuem a capacidade de inibir o crescimento tumoral em roedores, além de estimular a atividade fagocítica dos macrófagos peritoneais (LU; WU; TIE et al., 2005). As principais espécies empregadas em meio medicinal são: Phyllostachys nigra; Bambusa breiflora; Bam-busa tuldoides e a Bambusa textilis. Outras aplicações envolvem a terapêutica da epilepsia, desmaios, perda de consciência quando as-sociada à hipertermia e a várias patologias de origem neurológica (DHARMANANDA, 2004).

O bambu, atualmente ainda é pouco utilizado no Ocidente, fato baseado no desconhecimento de suas espécies, características ou aplicações, ou à falta de pesquisas específicas e divulgação ineficien-te das informações disponíveis. São bastante raras literaturas sobre

Page 58: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

240

SILVA, Mariana Armando da et al. Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 237-246, 2012.

bambus na língua portuguesa (PEREIRA; BERALDO, 2007). Algu-mas CARACTERÍSTICAS descritas quanto à composição química, consistem em 50-70% de holocelulose, 30% de pentoses, 20-25% de ligninas, 0,5-5% de sílica, com variações de acordo com a espécie (LIESE, 1992). Verifica-se ainda na planta a presença de flavonóides, os quais podem ser aplicados como antioxidantes, pois protegem as células da peroxidação, sendo que esta atividade ocorre principal-mente em células mais velhas e/ou células danificadas (CUSACK, 1999; DHARMANANDA, 2004). Alguns estudos relatam a capaci-dade destes constituintes em prevenir ou retardar o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, também apresentando atividade antiinfla-matória, além de melhora na circulação e controle de reações alér-gicas. Alguns estudos acerca da extração de flavonóides das folhas de bambu estão em desenvolvimento na China. Tem sido relatado, que diferentemente dos outros vegetais, o bambu apresenta elevados níveis de acetilcolina, que consiste em um neurotransmissor de ani-mais e humanos, porém sua ação em vegetais ainda é desconhecida (DHARMANANDA, 2004).

Dentre os estudos que vêm sendo realizados com relação ao poder antitumoral desta planta medicinal, destaca-se um estudo “in vivo”, o que utilizou camundongos albinos inoculados com o tumor ascíti-co de Ehrlich, sendo comprovada a inibição do crescimento tumoral na faixa de 81,9% com utilização do extrato da planta Bambusa bam-boos (MASUD-RANA; KHANAM; ASAD-UD-DAULA, 2004). Outra espécie relatada como de importância em meio terapêutico seria a Bambusa textilis, a qual é considerada uma espécie exótica, que têm a capacidade de formar densas touceiras com certas rami-ficações, seus colmos são caracterizados como finos, no tamanho de 12 m de altura, 5 cm de diâmetro, além de internós com 40 cm de comprimento. A planta descrita acima consiste em uma impor-tante fonte de resinas, sendo assim na China esta espécie pode ser usada para a produção de medicamentos, como por exemplo, o pro-duto chamado Tianzhuhuang, o qual é aplicável a terapêutica de con-vulsões, febre, perda de consciência, transtornos de epilepsia, além de apresentar poder expectorante (PEREIRA; BERALDO, 2007, DHARMANANDA, 2004).

Este estudo teve como principal objetivo avaliar qualitativamente a composição das folhas do bambu da espécie Bambusa textilis, de-vido aos relatos prévios que sugerem efeitos promissores do mesmo no tratamento de neoplasias.

Page 59: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

241

SILVA, Mariana Armando da et al.

Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do

vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

237-246, 2012.

Material e Métodos

área de extração das folhas da Bambusatextilis

As folhas do vegetal foram coletadas em área particular locali-zada na região sul da cidade de Bauru, S.P., Brasil. A coleta foi re-alizada pela manhã e foram removidas folhas com 18 e 24 meses, acondicionadas em embalagens plásticas para o transporte.

Coleta e identificação do vegetal

As folhas da Bambusa textilis foram coletadas frescas do cam-pus da UNESP de Bauru, gentilmente cedidas pelo professor Dr. Marco Antônio Pereira e posteriormente identificadas no Herbário Bahur da Universidade Sagrado Coração, Bauru – SP. Após a coleta e identificação as folhas foram submetidas aos processos de secagem e moagem.

Preparo das folhas para análise

A secagem das folhas foi realizada em estufa de bandejas com circulação de ar e temperatura controladas (inferior à 60ºC), de modo a permitir maior evaporação de umidade residual responsável pela contaminação do material. As folhas durante a secagem foram acondicionadas em envelopes de papel craft. A moagem foi realizada por meio do uso de moinho de facas (WHILEY) com malha de 1,5 mm (SIMÕES et al., 2003).

avaliação qualitativa da presença de gomas, mucila-gens, resinas, flavonoides, taninos, saponinas e alca-loides

Para verificação da presença de mucilagens nas folhas do vegetal Bambusa textilis, utilizou-se o método de identificação macroscópi-ca, o qual consiste em deixar de repouso em água a amostra do ve-getal, sendo que deve ser observada certa formação de gel, quando transcorridas duas horas. Para a identificação de resinas utilizou-se o método de Benjoim, que possui como característica a capacidade de identificação de resina balsâmica. Para tanto, utilizou-se uma so-lução em etanol, a qual após a adição de água tornou-se leitosa e de caráter ácido. A pesquisa de flavonóides foi realizada por identifica-

Page 60: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

242

SILVA, Mariana Armando da et al. Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 237-246, 2012.

ção microscópica, onde 2g extrato vegetal é submetido à temperatu-ra de 100°C por 2 min em banho-maria, com 20 mL de etanol 75%. A presença de flavonóides foi detectada pela reação de Shinoda, baseada na reação dos mesmos com Magnésio metálico em meio ácido. Foi considerada positiva para flavonóides o desenvolvimento de coloração rósea a vermelha. Para a presença de taninos, 2g de folhas secas e trituradas foram adicionadas a 30mL de água des-tilada e submetidas à temperatura de 100°C por 2 min, a presença de taninos foi indicada através da adição de 3 gotas de solução de gelatina a 2%, quando positivo há turbidez. No caso das saponinas o método de escolha foi através de agitação de solução contendo1g da droga vegetal pulverizada e 10 mL, submetida a 100°C por 2 min de água destilada, sendo que a solução obtida é encaminhada para fervura por cerca de 2 min. A positividade para saponinas é indicada pela formação de espuma persistente por período superior a 15 min. Com relação aos alcalóides, 2 g da folha pulverizada em solução diluída de amônia 10%, posteriormente adicionou-se 15 mL de clorofórmio sob agitação e subseqüente filtragem em algodão. Após evaporação o resíduo foi ressuspendido em 12 mL de ácido clorídrico a 2% e as amostras adicionadas dos reativos de Wagner, Bertrand, Dragendorff, Mayer, ácido pícrico e ácido tânico (BIA-VATTI; LEITE, 2007).

resultados e discussão

Muitos produtos naturais, indicados na literatura, são estudados como agentes quimioterápicos e quimioprotetores contra neoplasias. Destes grupos desctacam-se os potentes antioxidantes e fenólicos naturais, além de extratos de plantas e ervas (REDDY, 2003).

Constatou-se que na Bambusa textilis há presença de alcalóides, tanto nas folhas mais novas quanto nas mais velhas (Tabela 1). Alca-lóides são substâncias químicas encontradas em várias plantas, cor-respondem a compostos nitrogenados de origem natural e farmaco-logicamente ativos (KUTCHAN, 1995). Tais compostos são produ-zidos pelo metabolismo secundário das plantas, e representam cerca de 20% das substâncias naturais descritas (BRUNETTON, 1999). Estes são utilizados como medicamentos desde os primórdios da ci-vilização, sendo que alguns exemplos de aplicação na terapêutica são a quina, a ipecacuanha, a coca, além de outras. Uma grande evolução na terapêutica envolvendo o uso de alcalóides se deu na terapêutica da febre amarela, na qual eram empregados alcaloides quinolínicos (ALMEIDA; LIMA; SANTOS et al., 2009).

Page 61: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

243

SILVA, Mariana Armando da et al.

Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do

vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

237-246, 2012.

Além dos alcalóides constatou-se que esta espécie apresenta ain-da flavonóides. Tais compostos correspondem a metabólitos secun-dários das plantas (BIRT; HENDRICH; WANG, 2001) e correspon-dem a substâncias fenólicas importantes, empregadas atualmente no tratamento de determinadas doenças como patologias circulatórias, hipertensão, doenças envolvendo processos oxidativos das células, atuam ainda como inibidores enzimáticos, como fatores preventivos de neoplasias, no combate à peroxidação lipídica, etc. Tais compos-tos são normalmente encontrados nas folhas, porém estes podem ser diferentes daqueles encontrados nas flores, galhos, raiz e frutos (SI-MÕES et al., 2003). A função antioxidante dos flavonóides se deve em particular à sua estrutura, pois suas hidroxilas doam elétrons, o que promove um deslocamento na estrutura aromática (DORNAS et al., 2007, AGUIAR et al., 2007, MOMESSO et al., 2009). E s t e s compostos têm sido pesquisados por suprimir a carcinogênese em vários modelos animais (BIRT, 2001). Os flavonóides, de acordo com estudos, vêm demonstrando relevante uso na aplicação contra tumo-res, sendo que podem atuar de formas a: suprimir o crescimento e a proliferação de clones celulares; possibilitando a indução do processo de apoptose; na ligação a sítios nucleares; como efeito antimutagê-nico; na interação com enzimas como a P450, etc. (DORNAS; OLI-VEIRA; DAS DORES, 2007, AGUIAR et al., 2007; MOMESSO; MOURA; CONSTANTINO, 2009). Durante a análise não se consta-tou a presença de mucilagens no vegetal de ambas as idades. A planta apresentou também resinas em sua composição, no entanto tais com-postos, baseado na literatura, não são associados a qualquer tipo de ação terapêutica. Constatou-se também a presença de saponinas em sua composição, estando este composto presente apenas na planta de idade mais jovem. Tais compostos são substâncias naturais triterpê-nicas chamadas saponinas também possuem efeitos farmacológicos e biológicos. Dentre seus efeitos farmacológicos pose-se citar a capaci-dade hemolítica, antibacteriana, antifúngica, espermicida, antiinfla-matória, analgésica, além de propriedades antiulcerogênica, sedativa, benefícios renais, além de outros (DINIZ, 2006). No presente estudo, não se verificou a presença de taninos em sua composição.

Tabela 1. Análise Qualitativa dos Componentes Químicos presentes nas folhas do vegetal Bambusa textilis.

Idade da Planta

Alcalóides Flavonóides Mucilagens Resinas Saponinas Taninos

18 meses + + - + + -24 meses + + - + - -

Page 62: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

244

SILVA, Mariana Armando da et al. Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 237-246, 2012.

Avaliação macroscópica indica: A) Reação para Alcalóides tida como positiva devido ao aparecimento de precipitado e turbidez in vitro B) Flavonóides (+) in-dica que houve mudança de coloração na faixa do róseo a vermelho (in vitro) C) Mucilagens foram apresentadas como negativas já que na houve formação de gel quando as folhas estiveram imersas em água pelo período determinado D) Resi-nas (+), pois houve observação de turbidez in vitro, além da devida confirmação pela verificação de pH ácido E) Saponinas foram detectadas como positivas em folhas de 18 meses, pois houve a formação de espuma, a qual persistia por certo tempo; já nas folhas do vegetal de 24 meses não houve a observação de espuma, sendo assim considerada reação negativa para Saponinas F) Taninos (-) indica que não houve formação de turbidez e precipitação.

conclusão

Na composição do vegetal foram encontradas substâncias asso-ciadas a um potencial terapêutico importante e uma diferença na composição fitoquímica na comparação entre folhas do vegetal com 18 ou 24 meses. Estudos adicionais são necessários para quantifi-car estes componentes, assim como o esclarecimento de sua ação no combate às neoplasias e doenças crônicas

rererÊncias

AGUIAR, C. L. de et al. Transformações enzimáticas de flavonóides. Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos. Curitiba, v.25, n.1, p.61-76, 2007. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/alimentos/article/view/8395/5844>. Acesso em: 15 jul. 2012.ALMEIDA, M. R. et al. Pereirina: o primeiro alcalóide isolado no Brasil? Rev. bras. Farmacogn. João Pessoa, v.19, n.4, p.942-952, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102--695X2009000600026&script=sci_arttext. Acesso em: 15 jul. 2012BIAVATTI, M. W.; LEITE S. N. Práticas de Farmacognosia. Itajaí: Univali, 2007.BIRT, D. F.; HENDRICH, S.; WANG, W. Dietary agents in cancer prevention: flavonoides and isoflavonas. Pharmacol Ther. Ohio, v. 90, p. 157-177, 2001. BRUNETTON, J. Pharmacognosie: phytochimie plantas medicina-les, 2 ed. Paris: Lavoisier Tec & Doc, 1999.

CORRÊA, P. M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exó-ticas cultivadas. Rio de Janeiro: Editora República dos Estados Uni-dos do Brasil, 1984.

Page 63: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

245

SILVA, Mariana Armando da et al.

Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do

vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

237-246, 2012.

CUSACK, V. Bamboo world: the growing and use of clumping bamboos. Austrália: Kangaroo Press, 1999.

DHARMANANDA, S. Bamboo as Medicine. Institute for Tradi-tional Medicine, Portland, 2004. Disponível em: < http://www.it-monline.org/arts/bamboo.htm.> acesso em: 25 de abril de 2013.

DINIZ, R. L. R. Efeito das saponinas triterpênicas isoladas de ra-ízes da Ampelozizyphus amazonicus Ducke sobre a função renal. 2006. 116 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Uni-versidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2006.

DORNAS, W. C. et al. Flavonóides: potencial terapêutico no estres-se oxidativo. Revista Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. Ouro Preto, v. 28, n.3, p. 241-249, 2007. FILGUEIRAS, T. S.; GONÇALVES, A. P. S. A Cheklist of the ba-sal grasses and bamboos in Brazil. Bamboo Science and Culture. The Journal of the American Bamboo Society, Miami, v.18, n.1, p. 7-18, 2004.KUTCHAN, T. M. Alkaloide biosyntesis (mdash) the basis for me-tabolic engineering of medicinal plants. Plant Cell. Rockville, v. 7, n.7, p.1059-1070, 1995.LIESE, W. The Structure of Bamboo in Relation to its Poperties and Utilization. In: Bamboo and its use: International Symposium on Industrial Use of Bamboo. Beijing, China, 1992.LOPEZ, H. Bamboo, the gift of the gods. Paris: Oscar Hidalgo Lopez editor, 2003. LU, B. et al. Toxicology and safety of anti-oxidant of bamboo leaves. Part 1: Acute and subchronic toxicity studies on anti-oxidant of bam-boo leaves. Food and Chemical Toxicology, New York, v. 43, n.5, p.783-792, 2005.MASUD RANA, A.Y. K.; KHANAM, J. A., ASAD-UD-DAULA, M. Antineoplastic screening of some medicinal plants against Ehrli-ch ascites carcinoma in mice. J. Med. Sci. Peshawar, v.4, n.2, p.142-145, 2004.

MOMESSO, L. S.; MOURA, R. M. X.; CONSTANTINO, D. H. J. Atividade antitumoral do Ageratum conyzoides L. (Asteraceae). Rev. Bras. Farmacognos., João Pessoa, v.19, n.3, 2009.

PEREIRA, M. A. R.; BERALDO, A. L. Bambu: de corpo e alma. Bauru, SP: Canal 6 Projetos Editoriais, 2007.

REDDY, L. ODHAY, B. BHOOLA, K. D. Natural products for can-cer prevention: a global perspective. Pharmacol. Ther. [s.i] v. 99, n.1, p.1-13, 2003.

Page 64: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

246

SILVA, Mariana Armando da et al. Avaliação farmacológica qualititiva das folhas do vegetal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 237-246, 2012.

SHANMUGHAVEL, P.; PEDDAPPAIAH, R.S.; MUTHUKU-MAR, T. Biomass Production in an age series of Bambusa bamboos plantations. Biomass & Bioenergy, New York, v. 20, p. 113-117, 2001.

SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia da planta ao medicamento.5º. ed. Florianópolis: Editora UFSC, 2003.

Page 65: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da fisionteriapia aquática no controle da pressão arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 247-257, 2012.

resuMo

Introdução: pouco se sabe dos benefícios de um programa de exer-cícios aquáticos resistidos em mulheres hipertensas. Objetivo: o pro-pósito deste estudo foi verificar os efeitos do programa de exercícios aquáticos resistidos na pressão arterial, medidas antropométricas e capacidade funcional de hipertensas. Métodos: foram sujeitos da pesquisa, 15 mulheres hipertensas atendidas no Projeto de Extensão Universitária: Hidrocinesioterapia na Promoção da Saúde de Hiper-tensos. As participantes foram submetidas à avaliação da pressão arterial, antropometria e análise das atividades funcionais por meio da aplicação da Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diá-ria de Lawton. Em seguida, as participantes iniciaram o programa

247

a inFluÊncia da FisioteraPia aQuática no controle da

Pressão arterial e caPacidade Funcional de HiPertensas

The influence of aquatic therapy on bloodpressure control and functional capacity

in hypertensive women

Eduardo Aguilar Arca1

Amina Hamad Giacovoni Neta2

Mariana Ferro Pereira2

Camila Gimenes1

Silvia Regina Barrile1

Jorge Antonio de Almeida3

Alexandre Fiorelli4

Recebido em: 29/11/2012Aceito em: 22/01/2012

1DoutoremfisiopatologiaemClínicaMédicapelaunESPdeBotucatu,SP,Brasil;docentedoCursodefisioterapiada

universidadedoSagradoCora-ção,Bauru,SP,Brasil.

2GraduandaemfisioterapiapelauniversidadedoSagradoCoração,Bauru,SP,Brasile

bolsistadeiniciaçãocientíficafAP/uSC.

3DoutoremAnatomiaHumanapeloinstitutodeBiociênciasdaunESPdeBotucatu,SP,Brasil;

fisioterapeutadoinstitutoLaurodeSouzaLima,Bauru,

SP,Brasil;docentedoCursodefisioterapiadauniversidadedoSagradoCoração,Bauru,

SP,Brasil.4MestreemSaúdeColetiva

pelauniversidadedoSagradoCoração,Bauru,SP,Brasile

docentenamesmainstituição.

Page 66: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

248

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da fisionteriapia aquática no controle da pressão arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 247-257, 2012.

de exercícios aquáticos resistidos. Os dados referentes aos medica-mentos foram expressos em frequência absoluta e relativa. Para as medidas antropométricas e a capacidade funcional foi aplicado o tes-te não paramétrico de Wilcoxon e para as variáveis pressóricas foi utilizado o teste não paramétrico de Friedman, em ambos os testes foi considerado o índice de significância inferior a 5%. Resultados: os resultados obtidos foram: redução na pressão arterial diastólica quando comparados os momentos: M2 com M11 e M3 com M11, porém não houve modificações estatísticas na pressão arterial sis-tólica, nas variáveis antropométricas e na capacidade funcional das participantes. Conclusão: conclui-se que o programa de exercício aquático resistido foi eficaz somente na pressão arterial diastólica, contudo promoveu a manutenção da capacidade funcional do grupo de mulheres hipertensas estudadas.

Palavras – chave: Hipertensão. Exercícios. Hidroterapia.

ABSTRACT

Introduction: little is known of the benefits of an aquatic resistive exercise program in hypertensive women. Objective: the purpose of this study was to investigate the effects of aquatic resistance exercise program on blood pressure, anthropometric measurements and functional capacity in hypertensive. Methods: subjects were 15 hypertensive women treated at University Extension Project: hydrokinesiotherapy in Health Promotion of Hypertensive. Participants underwent assessment of blood pressure, anthropometry and analysis of functional activities by Lawton’s Scale of Instrumental Activities of Daily Living. Then the participants began the program of aquatic exercises with resistance. The data relating to drugs were expressed as absolute and relative frequency. For analysis of the anthropometric measurements and functional capacity it was used nonparametric Wilcoxon test and for pressure variables it was used the nonparametric Friedman test, both considering the significance of 5%. Results: reduction in diastolic blood pressure when compared times: M2 to M11 and M3 to M11, but there was no statistical change in systolic blood pressure, anthropometric variables and functional capacity of the participants. Conclusion: the resisted aquatic exercise program was effective only to diastolic blood pressure, yet promoted the maintenance of functional capacity of the group of hypertensive women studied.

Key words: Hypertension. Exercises. Hydrotherapy.

Page 67: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

249

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da

fisionteriapia aquática no controle da pressão

arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 247-257, 2012.

introdução

A hipertensão arterial (HA) é o principal problema de saúde pú-blica, não apenas em países desenvolvidos, mas também no terceiro mundo, sendo um dos principais fatores de risco para as doenças car-diovasculares (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTEN-SÃO ARTERIAL, 2010).

Para o tratamento da HA é recomendado à utilização de drogas anti-hipertensivas (diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzi-ma conversora da angiotensina - IECA, bloqueadores do receptor da angiotensina II e bloqueadores dos canais de cálcio) associadas às modificações do estilo de vida (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2010).

Sabe-se que programas de exercícios aquáticos para indivíduos idosos e hipertensos, promovem maior independência funcional, me-lhoraram a amplitude de movimento, aumentam a força muscular, diminuem a dor e o espasmo muscular, socialização, autoconfiança, redução da pressão arterial e melhora na qualidade de vida (ARCA et al., 2004; GIMENES, et al., 2008; ARCA, 2010).

A HA está intimamente relacionada com o declínio da capacidade funcional (CF) de indivíduos idosos, sendo necessária à avaliação e acompanhamento da evolução dos níveis de realização das AVD’s (PEDROSA e HOLANDA, 2009).

Apesar das várias evidências que apontam os benefícios da prá-tica regular de exercícios físicos, pouco se sabe da influência da fi-sioterapia aquática no controle da HA e CF de indivíduos idosos e hipertensos.

Diante disso, a objetivo do estudo foi verificar os efeitos do pro-grama de exercícios aquáticos resistidos na pressão arterial e capaci-dade funcional de hipertensas.

Metodologia

Participaram do estudo 27 indivíduos inscritos no Projeto de Ex-tensão Universitária: “A Hidrocinesioterapia na Promoção da Saúde de Hipertensos” da Universidade do Sagrado Coração da cidade de Bauru.

Para a seleção dos participantes, foram adotados como critérios de inclusão, os indivíduos diagnosticados como hipertensos (estágios I e II), segundo a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2010), apresentação do teste ergométrico negativo para insuficiência coronariana, indicando liberação para a prática de exercício físico.

Page 68: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

250

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da fisionteriapia aquática no controle da pressão arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 247-257, 2012.

Além disso, os participantes foram orientados a não realizarem nenhum tipo de dieta alimentar restrita, assim como, não participa-rem de outros programas de exercícios físicos regulares e não mu-darem as doses ou classe dos anti-hipertensivos empregados, tendo em vista que tais alterações poderiam influenciar intensamente as variáveis pressóricas estudadas.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sagrado Coração (protocolo número 023/12). Todos os voluntários foram esclarecidos e orientados a res-peito da participação no estudo e assinaram o Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido.

avaliação dos voluntários

Os voluntários foram submetidos à avaliação, composta por: ana-mnese, dados pessoais, investigação dos hábitos de vida e atividade física, história de doenças pregressas e fatores de risco para doenças do sistema cardiovascular.

avaliação da pressão arterial

A medida da pressão arterial (PA) foi realizada após 10 minu-tos na posição sentada, pelo método indireto, por meio da técnica auscultatória com esfigmomanômetro de coluna de mercúrio com pedestal (Oxigel®), conforme as orientações da VI Diretrizes Bra-sileiras de Hipertensão Arterial (2010). A PA foi avaliada semanal-mente durante 12 semanas (momentos), antes de iniciar o programa de exercícios aquáticos (M0), durante (M1 a M11) e depois (M12).

Mensuração das medidas antropométricas

Foram verificadas as medidas das circunferências da cintura e quadril, com uma fita métrica de plástico inextensível. A leitura foi feita entre uma expiração e uma inspiração, conforme descrito por Guedes e Guedes (1998).

Para a análise da estatura foi utilizado estadiômetro portátil de madeira (WCS®). O peso foi verificado com a utilização de ba-lança digital (Filizola®), com os indivíduos em trajes de banho. O índice de massa corporal foi calculado com base no peso e altura (IMC = kg /m2).

As medidas antropométricas foram avaliadas antes e depois do programa de exercícios aquáticos.

Page 69: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

251

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da

fisionteriapia aquática no controle da pressão

arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 247-257, 2012.

avaliação da capacidade Funcional

Para avaliar a capacidade funcional (CF) foi utilizada a escala de Lawton - Atividades Instrumentais de Vida Diária (LAWTON, 1982).

A CF foi avaliada antes (M0) e depois do programa de exercícios aquáticos (M12).

Protocolo de intervenção

O protocolo de intervenção teve duração de 10 semanas, sendo realizado três vezes por semana, em dias alternados, no período matutino e consistiu de três etapas distintas:

Etapa 1 - Alongamentos de membros superiores e inferiores: fo-ram realizados alongamentos bilateralmente dos seguintes grupos musculares: tríceps braquial, peitoral maior, quadríceps e adutores da coxa. Esta etapa teve duração de seis minutos.

Etapa 2 - Exercícios resistidos: foi elaborado um sistema de trei-namento do tipo circuit training, que consistiu de exercícios realiza-dos em duas profundidades distintas da piscina (1m e 1,40m).

Nesta fase, foram realizados exercícios de fortalecimento bila-teralmente dos mesmos grupos musculares mencionados anterior-mente. Contudo, nos exercícios de fortalecimento do músculo tríceps braquial e quadríceps foram utilizados aquatubos (Floty®) e para os músculos peitorais, pranchas de E.V.A. (Floty®).

Nos exercícios dos adutores da coxa foram utilizados tornozelei-ras de E.V.A. (Floty®) e para o fortalecimento do reto abdominal, os indivíduos apoiaram as mãos na barra fixa da piscina e realizaram movimentos de “chutes”, tocando bilateralmente os pés na parede da piscina e em seguida retornando ao chão.

Esta etapa teve duração de 24 minutos no primeiro mês, aumen-tando para 30 minutos no segundo mês e finalizando com 36 minu-tos no ultimo mês.

Etapa 3 - Relaxamento: os indivíduos realizaram hidromassagem nos turbilhões da piscina, com duração de 10 minutos.

Em todos os atendimentos, a temperatura da água foi controlada por um termostato e mantida entre 32ºC e 33ºC.

Análise estatísticaOs dados referentes aos medicamentos foram expressos em

frequência absoluta e relativa. Para a análise das medidas antropo-métricas e a capacidade funcional foi aplicado o teste não paramé-

Page 70: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

252

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da fisionteriapia aquática no controle da pressão arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 247-257, 2012.

trico de Wilcoxon e para as variáveis pressóricas foi utilizado o teste não paramétrico de Friedman. Em ambos os testes foi considerado o índice de significância inferior a 5%. RESULTADOS

No período da coleta de dados, houve doze exclusões, duas foram devidas ao sexo masculino e 10 por motivos de desistência e faltas durante o programa de exercícios aquáticos. Portanto os dados apre-sentados abaixo são referentes a 15 mulheres hipertensas.

A média de idade foi de 69,2±5,5 anos, sendo que todas faziam uso de medicamentos anti-hipertensivos, conforme visualizado na tabela 1.

Tabela 1 – Medicamentos anti-hipertensivos.Medicamentos Frequência Absoluta Frequência Relativa

Diurético 12 60%

IECA 4 20%

Bloqueador AII 3 15%

Betabloqueador 8 40%

Bloqueador Ca++ 3 15%

IECA: inibidor da enzima conversora de angiotensina; Bloqueador AII: bloque-ador do receptor da angiotensina II; Bloqueador Ca++: bloqueador dos canais de cálcio.

Na Tabela 2 estão expressos os dados das variáveis antropométri-cas, pode ser verificado que não houve modificações nestas variáveis.

Tabela 2 – Variáveis antropométricas no pré e pós-protocolo de exer-cícios aquáticos.

Variáveis Pré Pós

Peso (Kg) 70,25 ± 12,62 70,74 ± 12,85

CC (cm) 90,87 ± 9,47 91,90 ± 9,91

CQ (cm) 106,53 ± 8,33 106,53 ± 8,29

IMC (Kg/m²) 29,05 ± 4,10 29,27 ± 4,27

RCQ (cm) 0,86 ± 0,05 0,87 ± 0,05

CC: circunferência de cintura; CQ: circunferência de quadril; RCQ: relação cin-tura-quadril; IMC: índice de massa corpórea.*p<0,05

Page 71: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

253

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da

fisionteriapia aquática no controle da pressão

arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 247-257, 2012.

Apesar do decréscimo da linha da PAS, não houve diferença esta-tística na comparação dos momentos avaliados, conforme observado na figura 1.

Figura 1 – Comportamento da pressão arterial sistólica.

Na figura 2, observou-se que houve diminuição significante da PAD quando foram comparados os momentos: M2 com M11 e M3 com M11.

Figura 2 – Comportamento da pressão arterial diastólica.

Com relação aos valores obtidos na Escala de Atividades Instru-mentais de Vida Diária de Lawton, nos momentos pré e pós-inter-

Page 72: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

254

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da fisionteriapia aquática no controle da pressão arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 247-257, 2012.

venção, constatou-se que não houve modificação na capacidade fun-cional do grupo estudado (p>0,05).

discussão

A mudança do estilo de vida com a prática de exercícios vem sendo cada vez mais estudada e divulgada como benéfica para o con-trole da pressão arterial. O interesse em estudar vários tipos de exer-cícios é relevante, pois oferece de maneira segura a opção da prática de exercícios de acordo com a condição e preferência da população. A opção de exercícios em piscina aquecida pode trazer benefícios para o controle da pressão arterial devido aos efeitos das proprieda-des físicas da água.

Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do programa de exercícios aquáticos resistidos na pressão arterial e capacidade funcional de hipertensas.

Em relação à pressão arterial sistólica (PAS), não houve diferen-ça estatística quando comparados os momentos avaliados, contudo, pode ser observado decréscimo desta variável no decorrer das 10 semanas do programa de intervenção aquática, sendo que os valores médios da PAS foram mantidos nos níveis de normalidade, não ul-trapassando 140 mm Hg.

Na pressão arterial diastólica (PAD) observou-se que houve di-minuição significante quando foram comparados os momentos: M2 com M11 e M3 com M11.

Esses resultados são semelhantes ao estudo de Colado et al (2009), que distribuiu aleatoriamente 46 mulheres sedentárias (pós--menopausa) em três grupos: exercícios aquáticos (n = 15), exercí-cio no solo com elásticos (n = 21) e grupo controle inativo (n = 10). Os programas de intervenção (solo e aquático) tiveram a duração de 24 semanas. Os resultados obtidos no grupo de exercício aquático e exercício no solo, respectivamente, foram: reduções significativas da gordura corporal (14,56% e 11,97%), da PAD (8,03% e 5,88%) e aumento da massa magra (2,88% e 1,22%).

Os dados obtidos referentes à pressão arterial podem ser explica-dos devido às respostas fisiológicas durante imersão em agua aque-cida, nos sistemas renal, hormonal e cardiovascular de indivíduos portadores de hipertensão arterial, pois ocorre inibição do sistema renina-angiotensina-aldosterona, hipervolemia torácica o que leva ao aumento nas concentrações plasmáticas do peptídeo natriurético atrial, ocasionando potassiurese, natriurese, diurese, diminuição da resistência vascular periférica e hipotensão arterial (ARCA et al., 2012; PIAZZA et al., 2008; EPSTEIN, 1992).

Page 73: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

255

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da

fisionteriapia aquática no controle da pressão

arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 247-257, 2012.

Com relação às medidas antropométricas foi observado que não houve modificações nestas variáveis, esses dados divergem do traba-lho de Licre et al (2011) que submeteu 20 mulheres hipertensas a um programa de exercícios resistidos aquáticos. Ao final do programa de exercícios aquáticos resistidos, foi constatada diminuição signifi-cante na circunferência de cintura (de 94, 23 ± 11,60 cm para 91,83 ± 12,57 cm) e na relação cintura-quadril (de 0,88 ± 0,06 cm para 0,84 ± 0,06 cm).

Isso pode ser explicado devido à população escolhida, pois, os idosos têm mais dificuldade em perder massa gorda (gordura corpo-ral) e ganhar massa magra (RAUCHBACH, 1990).

O envelhecimento acarreta riscos crescentes à mulher em termos de saúde, funcionalidade e participação social. Estes riscos podem ocorrer, devido, em parte, a fatores biológicos, ao estilo de vida, ao histórico de doença e ao isolamento social. Fatores como a pressão arterial e o índice de massa corporal (IMC) acima dos parâmetros normais são preditores de doenças cardiovasculares e modificadores da qualidade de vida (RÊGO et al., 2011).

No presente estudo, também foi constatado que não houve modi-ficações nos valores da CF obtidos por meio da Escala de Ativida-des Instrumentais de Vida Diária de Lawton, quando comparados os momentos pré e pós-intervenção (p>0,05).

Contudo, mesmo não havendo modificações na CF, esse dado pode ser considerado positivo, pois as participantes antes de ini-ciarem o programa de exercícios aquáticos já apresentavam valores normais de funcionalidade, segundo a referida escala. Portanto, os valores se mantiveram nos índices de normalidade, comprovando a eficácia do programa na manutenção na CF das participantes.

O estudo apresentou algumas limitações: foram estudados apenas indivíduos do sexo feminino, este fato diminui a validade externa do presente estudo, pois estes resultados não se aplicam aos homens, porém aumenta sua validade interna uma vez que o sexo com certeza não influenciou os resultados. Por outro lado, deve-se considerar que na faixa etária estudada há mais hipertensos do sexo feminino que do sexo masculino.

Não houve controle de ingestão calórica durante o programa, con-tudo o objetivo do trabalho foi verificar o efeito somente do progra-ma do exercício aquático e não da associação do exercício com a dieta alimentar.

Por fim, todos os pacientes estavam em uso de medicações anti--hipertensivas, que não foram retiradas por motivos éticos. Isto pode ter influenciado o resultado, entretanto nenhum paciente alterou a medicação ou a dose durante todo o protocolo de pesquisa o que contorna esta dificuldade.

Page 74: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

256

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da fisionteriapia aquática no controle da pressão arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 247-257, 2012.

conclusão

Baseado nos resultados obtidos, conclui-se que o programa de exercícios aquáticos resistidos promoveu redução somente na pres-são arterial diastólica e manutenção da capacidade funcional do gru-po de mulheres hipertensas estudadas.

Desta forma, novas pesquisas podem ser realizadas, sendo aplica-dos outros modelos de protocolos de exercícios aquáticos, com o pro-pósito de contribuir para a redução dos fatores de risco das doenças cardiovasculares e melhoria da qualidade de vida dessa população.

AgradecimentosEstudo desenvolvido na Universidade do Sagrado Coração, Bau-

ru, SP, Brasil, com apoio de bolsa de iniciação científica: FAP/USC.

reFerÊncias

ARCA, E. A. Comparação dos efeitos da hidrocinesioterapia e do treinamento físico realizado no solo em hipertensas. 2010. 90 f. Tese (Doutorado em Fisiopatologia em Clínica Médica) - Universi-dade Estadual Paulista, Botucatu, 2010.

ARCA, E. A.; FIORELLI, A.; RODRIGUES, A. C. Efeitos da hidro-cinesioterapia

nas medidas antropométricas e na pressão arterial de mulheres hi-pertensas. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 8, n. 3, p. 279-283, 2004.

ARCA, E. A. et al. Potencial da imersão parcial em piscina aqueci-da como tratamento integrante do controle da hipertensão arterial. Revista Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, v. 10, n. 5, p. 427-430, 2012.

COLADO, J. C. et al. Effects of aquatic resistance training on health and fitness in postmenopausal women. Eur J Appl Physiol., New York, v. 106, n. 1, p. 113-122, 2009.

EPSTEIN, M. Renal effects of head-out water immersion in humans: a 15-year update. Physiol Rev., Bethesda, v. 72, n. 3, p. 563-621, 1992.

GIMENES, R. O. et al. Impacto da Fisioterapia Aquática na Pressão Arterial de Idosos. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 170-175, 2008.

Page 75: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

257

ARCA, Eduardo Aguilar et al. A incluência da

fisionteriapia aquática no controle da pressão

arterial e capacidade funcional de hipertensas. SALUSVITA, Bauru, v. 31,

n. 3, p. 247-257, 2012.

GUEDES, D. G.; GUEDES, J. E. P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Londrina: Midio-graf, 1998.

LAWTON, M. P. et al. A research and service-oriented multilevel as-sessment instrument. J Gerontol., Washington, v. 37, p. 91-99, 1982.

LICRE, D. et al. Efeitos do programa de exercícios aquáticos re-sistidos em hipertensas. In: SEMANA DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO, 17., 2011, Bauru. Caderno de Resumos..Bauru: USC, 2011. p.15.

PEDROSA, R.; HOLANDA, G. Correlação entre os testes da cami-nhada, marcha estacionária e TUG em hipertensas idosas. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v.13, n.3, p. 252-256, 2009.

PIAZZA, L. et al. Efeitos de exercícios aquáticos sobre a aptidão cardiorrespiratória e a pressão arterial em hipertensas. Fisioterapia & Pesquisa, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 285-289, 2008.

RAUCHBACH, R. A. Atividade física para a terceira idade, ana-lisada e adaptada. Curitiba: Lovise, 1990.

RÊGO, A. R. O. N. et al. Pressão arterial após programa de exercí-cio físico supervisionado em mulheres idosas hipertensas. Rev Bras Med Esporte, São Paulo, v. 17, n. 5, p. 300-304, 2011.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol,São Paulo, v. 95, n.1, supl.1, p. 1-51, 2010.

Page 76: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento
Page 77: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade para o trabalho e fato-res associados em profissionais de atividades sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-271, 2012.

resuMo

Introdução: Configurando um problema de saúde no Brasil e no mundo, a saúde do trabalhador vem apresentando uma modificação no seu perfil, influenciando a capacidade de trabalho. O objetivo foi identificar o nível de capacidade para o trabalho, e analisar os fatores associados em funcionários de uma empresa de prestação de serviço de fornecimento de água e tratamento de esgoto da ci-dade de Bauru. Metodologia: Realizou-se um estudo transversal, com 176 funcionários que exerciam atividades sedentárias de uma empresa de uma cidade do Estado de São Paulo, com a utilização

259

níVel de caPacidade Para otraBalHo e Fatores associados

eM ProFissionais deatiVidades sedentárias

level of abiity to work andassociated factor in professional

sedentary activities

Alberto De Vitta1

Roger Palma2

Claudia Bernardes Maganhini3

Sandra Fiorelli de Almeida Penteado Simeão4

Marta Helena Souza De Conti1

Débora de Melo Trize5

Natasha Mendonça Quintino6

Marcia Aparecida Nuevo Gatti7

Recebido em: 30/10/2012Aceito em: 28/12/2012

1AlbertoDeVitta,ProfessorDou-tordocursodefisioterapiaedoMestradoemSaúdeColetivadauniversidadedoSagradoCora-

ção(uSC),Bauru,SP,Brasil.1MartaHelenaSouzaDeConti,ProfessoraDoutoradocursodefisioterapiaedoMestradoem

SaúdeColetivadauniversidadedoSagradoCoração(uSC),

Bauru,SP,Brasil.2RogerPalma,Professordo

cursodefisioterapiadauni-versidadePaulista(unip)e

MestrandoemSaúdeColetivadauniversidadedoSagradoCo-ração(uSC),Bauru,SP,Brasil.

3ClaudiaBernardesMaganhini,MestrandoemSaúdeColetiva

dauniversidadedoSagradoCo-ração(uSC),Bauru,SP,Brasil.

4SandrafiorellideAlmeidaPenteadoSimeão,Professora

DoutoradoMestradoemSaúdeColetivadauniversidadedo

SagradoCoração(uSC),Bauru,SP,Brasil.

5DéboradeMeloTrize,grad-uandadocursodefisioterapia

dauniversidadedoSagradoCo-ração(uSC),Bauru,SP,Brasil.6natashaMendonçaQuintino,graduandadocursodefisiote-rapiadauniversidadePaulista

(unip),Bauru,SP,Brasil.7MarciaAparecidanuevoGatti,ProfessoraDoutoradocursodeEnfermagemedoMestradoemSaúdeColetivadauniversidade

doSagradoCoração(uSC),Bauru,SP,Brasil.

Page 78: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

260

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade para o trabalho e fatores associados em profissionais de atividades sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-271, 2012.

de questionário multidimensional, o Índice de Capacidade para o Trabalho, o Job Content Questionnaire e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Realizaram-se análises descritiva, biva-riada e multivariada por regressão logística. Resultados: Encontrou--se que quanto à capacidade para o trabalho, 68,2% apresentaram índice baixo e 31,8% bom. Na análise ajustada evidenciaram que a faixa etária acima de 35 anos (p=0,01), dor musculoesquelética em mais de duas regiões corporais (p=0,05) e tempo trabalhado acima de 10 anos (p= 0,01) mostraram associação de forma independente com a capacidade de trabalho. Conclusão: Os fatores relacionados à capacidade para o trabalho são múltiplos e, ações para a prevenção e recuperação devem ser discutidas, implementadas e conciliadas en-tre os empregados e empregadores.

Palavras Chave: Capacidade funcional para o trabalho. Fatores de risco. Saúde do trabalhador. Condições de trabalho. Atividades se-dentárias.

ABSTRACT

Introduction: Setting up a health problem in Brazil and worldwide, the health worker has been showing a change in your profile, influencing the ability to work. The objective was to identify the level of work ability, and analyze the associated factors in employees of a company providing service water supply and sewage treatment in the city of Bauru. Methodology: A cross-sectional study, with 176 employees who performed sedentary activities of an enterprise of a city of São Paulo, with the use of multidimensional questionnaire, the Index of the Work Ability, Job Content Questionnaire and the Nordic Questionnaire Musculoskeletal. Analyses Descriptive, bivariate and multivariate logistic regression. Results: We found that the capacity for work, 68.2% had a low rate and 31.8% good. In the adjusted analysis showed that age above 35 years (p = 0.01), musculoskeletal pain in more than two body regions (p = 0.05) and time worked over 10 years (p = 0.01 ) were associated independently with the ability to work. Conclusion: The factors related to the ability to work are many and actions for the prevention and recovery should be discussed, implemented and reconciled between employees and employers.

Keywords: Functional capacity for work. Risk factors. Occupational health. Working conditions. Sedentary activities.

Page 79: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

261

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade

para o trabalho e fatores associados

em profissionais de atividades

sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-

271, 2012.

introdução

Configurando um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo, a saúde do trabalhador vem apresentando uma modifica-ção no seu perfil, um aumento dos diagnósticos de patologias mús-culo–esqueléticas, de alteração da capacidade psicológica e o enve-lhecimento da força de trabalho e, consequentemente influenciando a capacidade de trabalho (ISOSAKI et al., 2011).

O conceito de capacidade para o trabalho diz respeito à poten-cialidade que o trabalhador tem para executar suas tarefas, em fun-ção das exigências do trabalho, de seu estado de saúde e de suas capacidades físicas e mentais, representando uma medida do enve-lhecimento funcional (MARTINEZ; LATORRE, 2006). A mesma depende de estressores decorrentes das cargas física e mental, do ambiente e das ferramentas do trabalho, e de características e recur-sos do trabalhador (FIGUEIREDO, 2011).

Alguns estudos abordam o tema capacidade para o trabalho, em áreas de conhecimento e pontos de vista diferentes, obtendo desta forma, variados fatores, positivos e negativos, que geram suas in-fluências sobre a capacidade para o trabalho. Seitsamo e Ilmarinen (1997) na Finlândia, com trabalhadores municipais, indicaram que os trabalhadores que mantiveram uma boa capacidade para o trabalho foram os que se mantiveram mais ativos e mais satisfeitos com sua vida, que a atividade física aumentou entre os indivíduos de ambos os sexos e que as mulheres aumentaram seu grau de satisfação com sua situação de vida. Concluíram que há uma forte associação entre o estilo de vida, capacidade para o trabalho e saúde, onde indivíduos com atividade física e mais satisfeitos com sua vida mantiveram uma boa capacidade para o trabalho durante o período do estudo.

Bellusci e Fischer (1999) em um estudo sobre a capacidade para o trabalho de funcionários de um hospital filantrópico apontam para a relevância de estressores ambientais e organizacionais do ambiente de trabalho e seu possível impacto sobre a saúde dos trabalhadores em geral. O sexo feminino também apresentou 1,9 vez mais chances do que o sexo masculino de perderem precocemente a capacidade para o trabalho. A idade não mostrou associação com a perda de ca-pacidade para o trabalho. Metzner e Fischer (2001) verificaram que o turno de trabalho, as características e o estilo de vida são relevantes para explicar a percepção de capacidade para o trabalho e de fadiga dos trabalhadores.

A avaliação da capacidade para o trabalho auxilia na priorização e na identificação de trabalhadores que necessitam ou necessitarão num breve período de tempo do apoio dos serviços de saúde ocupa-

Page 80: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

262

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade para o trabalho e fatores associados em profissionais de atividades sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-271, 2012.

cional garantindo assim, uma atenção precoce que aperfeiçoará as condições estabelecidas para prevenir uma diminuição prematura na capacidade para o trabalho (GUTERRES et al., 2011).

Partindo-se, portanto, da hipótese de que as condições de trabalho e de saúde inadequadas influenciam a capacidade para o trabalho, delineou-se o presente estudo, com objetivo de identificar o nível de capacidade para o trabalho, e analisar os fatores associados em fun-cionários de uma empresa de prestação de serviço de fornecimento de água e tratamento de esgoto da cidade de Bauru.

Materiais e Métodos

Realizou-se um estudo transversal com 210 funcionários de uma empresa de prestação de serviço de fornecimento de água e trata-mento de esgoto da cidade de Bauru, que exerciam atividades seden-tárias.

Deste total, foram sujeitos 176 profissionais, do sexo masculino, que utilizavam a postura sentada ou alternada (ora sentado ora em pé), utilizavam microcomputador e nas suas atividades realizam ta-refas como digitação de documentos e dados, leitura e escrita de documentos e atendimento ao público com preenchimento de docu-mentos. As perdas foram devido a férias e o desinteresse em respon-der os questionários durante o estudo.

O critério para classificar os sujeitos como sedentários no trabalho foi a estimativa de consumo calórico exigido no trabalho, proposto por Couto (1995). Também, nesse estudo, foi controlada a variável envolvimento em atividade ocupacional sedentária, ou seja, os sujei-tos estavam trabalhando nessas atividades há mais de um (1) ano e permanecer executando estas atividades por pelo menos metade de sua jornada de trabalho.

A coleta de dados foi realizada pelos pesquisadores do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Sagrado Coração, em Bauru, nos diversos setores da empresa, onde se alocavam os funcio-nários. Foram explicados, individualmente, os objetivos da pesquisa, a não obrigatoriedade em participar e que o sigilo dos dados seria garantido e, a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pes-quisa da Universidade do Sagrado Coração sob o protocolo no.065.Em seguida foram apresentados os questionários e solicitado o auto--preenchimento imediato dos mesmos. Todo esse processo ocorreu entre fevereiro e abril de 2007.

Foi utilizado um questionário multidimensional composto dos seguintes itens: 1) Aspectos sociodemográficos: idade, estado civil,

Page 81: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

263

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade

para o trabalho e fatores associados

em profissionais de atividades

sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-

271, 2012.

grau de instrução; 2) Condições de trabalho: cargo na empresa, tem-po que trabalha na empresa, carga horária de trabalho, realização de pausas além do almoço, principal postura no trabalho, número de horas na principal postura, tipo de movimento e falta ao trabalho. 3) Saúde geral: problemas de saúde, nível de atividade física e tabagis-mo.

Também foram avaliados os sintomas músculo-esqueléticos por meio do questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, com-posto pelas seguintes questões: nos últimos 12 meses, você teve problemas (como dor, formigamento/ dormência) nas regiões espe-cíficas do corpo (pescoço, ombro, cotovelo, punho e mão, coluna dorsal, cervical, lombar, quadris, coxas e nádegas, joelhos, torno-zelos e pés); nos últimos 12 meses, você foi impedido de realizar atividades normais (trabalho, atividades domésticas e de lazer) por causa desse problema nas regiões citadas acima; nos últimos 12 me-ses, você consultou algum profissional da área da saúde (ex. médico, fisioterapeuta) por causa dessa condição; nos últimos 7 dias, você teve algum problema (como dor, formigamento/ dormência) nas re-giões corporais. Este instrumento foi adaptado culturalmente para a língua portuguesa por Barros e Alexandre (2003), apresentando uma confiabilidade que varia de 0,88 a 1, segundo o coeficiente de Kappa, validado por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho (2002), com um índice adequado de validade para a versão brasileira.

O conjunto de variáveis (aspectos sócio-demográficos, condições de trabalho, saúde geral e sintomas músculo-esqueléticos) foram considerados como independentes.

A capacidade para o trabalho, considerada neste estudo como desfecho, foi avaliada por meio do questionário auto-aplicável deno-minado Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), adaptado para a população brasileira (TUOMI et al., 1997).

O ICT é um instrumento que permite avaliar a capacidade para o trabalho a partir da percepção do próprio trabalhador, por meio de dez questões sintetizadas em sete dimensões: (1) “capacidade para o trabalho atual comparada com a melhor de toda a vida”, represen-tada por escore de 0 a 10 pontos; (2) capacidade para o trabalho em relação às exigências do trabalho”, por meio de duas questões sobre a natureza do trabalho (físico, mental ou misto) e que, ponderadas, fornecem um escore de 2 a 10 pontos; (3) “número atual de doenças auto-referidas e diagnosticadas por médico”, obtido a partir de uma lista de 51 doenças, definindo um escore de 1 a 7 pontos; (4) “perda estimada para o trabalho devido a doenças”, obtida a partir de uma questão com escore variando de 1 a 6 pontos; (5) “faltas ao trabalho por doenças no ultimo ano”, obtida a partir de uma questão sobre

Page 82: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

264

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade para o trabalho e fatores associados em profissionais de atividades sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-271, 2012.

o número de faltas, categorizada em cinco grupos, com escore va-riando de 1 a 5 pontos; (6) “prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho daqui a dois anos”, obtida a partir de uma questão com pontuação de 1, 4 ou 7 pontos; e (7) “recursos mentais”, a partir de um escore de 1 a 4 pontos obtido pela ponderação das respostas de três questões. Os resultados das sete dimensões fornecem uma medida da capacidade para o trabalho que varia de 7 a 49 pontos

(RAFFONE; HENNINGTON, 2005). A quantidade de pontos alcançada em cada questão é somada,

resultando em escore final, que pode variar de 7 a 49 pontos, classifi-cados da seguinte forma: de 7 a 27 pontos = baixa capacidade, de 28 a 36 pontos = moderada capacidade; de 37 a 43 = boa capacidade; e de 44 a 49 = ótima capacidade para o trabalho.

Os dados obtidos foram introduzidos em um banco de dados do programa estatístico SPSS (versão 10.0). A análise foi realizada me-diante uma abordagem descritiva e outra analítica. Na abordagem descritiva foi feita a distribuição de frequência absoluta e relativa para variáveis categóricas. Na abordagem analítica realizou-se uma análise bivariada utilizando o teste do qui-quadrado de Pearson, para se observarem as possíveis associações entre as variáveis indepen-dentes com a variável dependente “presença de sintomatologia dolo-rosa”. Em seguida, foi realizada análise multivariada, por regressão logística binária, utilizando análise hierarquizada. Mediante a estra-tégia estabelecida de associações entre as dimensões estudadas (so-ciodemográficas, condições de trabalho e condições de saúde) foram elaborados três modelos explicativos de regressão logística binária, introduzindo as variáveis em forma de blocos, na ordem acima des-crita, permanecendo no modelo subseqüente apenas as variáveis que tiveram significância estatística (p<0,05) no modelo anterior. O cri-tério de saída para todas as variáveis introduzidas em cada modelo foi p<0,20. Ao final, chegou-se a um Modelo Final de regressão com apenas aquelas variáveis de maior significância estatística. O método de introdução das variáveis nos modelos adotados foi o “backward stepwise”. Considerou-se um nível de significância p<0,05 e interva-lo de confiança (IC) de 95%, com cálculo dos odds ratios ajustados (ZAR, 1999; BARROS; HIRAKATA, 2003; EKMAN; ANDER-SON; HAGBERG, 2009).

resultados

Observa-se, na Tabela 1 que os trabalhadores são, predominan-temente, casados, com escolaridade até o ensino fundamental e na

Page 83: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

265

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade

para o trabalho e fatores associados

em profissionais de atividades

sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-

271, 2012.

faixa etária entre 20 e 35 anos de idade. Analisando-se o tempo de trabalho na empresa e na função, observou-se que 53,4% estavam na empresa há mais de 10 anos.

Tabela 1 Características sociodemográficas, do trabalho e saúde ge-ral em uma empresa de Água e Esgoto, Bauru, São Paulo, 2010

Fator RespostaFreqüências

n n%

Faixa etária20 – 35 104 59,1

> 36 72 40,9

Estado civil Solteiro 32 18,2Casado 144 81,8

EscolaridadeAté ens. fundamental 118 67,1

Acima 58 32,9

Movimento Repetitivos 66 37,5Alternados 110 62,5

PosturaSentado 78 44,3Em pé 98 55,7

Horas Até 6 70 39,7Acima 6 106 60,2

Tempo trabalhadoAté 10 anos 82 46,5

Acima de 10 anos 94 53,4

Pausa Não tem 4 2,2Tem 172 97,7

Atividade físicaSedentário 67 38,1

Ativo 109 61,9Fuma Não 44 25,0

Sim 132 75,0Dor

Até duas regiões 97 55,1Mais de duas regiões 79 44,8

ICTBaixo 25 14,2

Moderado 90 51,2Bom 61 34,7

Analisando-se o tempo de atividade nas funções, observou-se que 53,4% estavam na empresa há mais de 10 anos. Durante a jornada de trabalho, 55,7% passavam mais tempo em pé e quanto ao tipo de movimento, 62,5% executavam, alternadamente, posturas estáti-cas associadas a movimentos repetitivos. Quanto ao tempo de per-manência na mesma postura durante o período de trabalho, 60,2% relataram que permaneciam mais de 6 horas, enquanto que, 97,7% realizavam pausas para descanso.

Observou-se que 16,5% dos sujeitos se ausentaram das atividades laborais nos últimos 12 meses por sintomatologia dolorosa relacio-nada ao trabalho. As queixas principais foram dores na coluna e per-nas, respectivamente. Sobre a saúde geral, 38,1% eram praticantes regulares de atividades físicas e 75% eram não fumantes.

A prevalência de sintomatologia músculo-esquelética encontrada foi de 63,1%, predominantemente na região lombar 40,3%, 27,3% nos joe-lhos, 27,2% coluna cervical, 24,4% nos tornozelos/pés, 17,6% nos om-bros, 13, 6% nos cotovelos, 10,8 nos quadris e 5,1% na coluna torácica.

Quanto à capacidade para o trabalho, 68,2% apresentaram índice baixo e 31,8% bom. O estudo da associação entre as variáveis inde-

Page 84: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

266

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade para o trabalho e fatores associados em profissionais de atividades sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-271, 2012.

pendentes e o ICT mostrou que a faixa etária, a escolaridade, o tem-po trabalhado e a presença de sintomas músculo-esqueléticos apre-sentaram significância estatística, conforme verificado na Tabela 2.

Tabela 2 Análise bivariada entre as características sociodemográfi-cas, do trabalho e saúde geral e o ICT, em uma empresa de Água e Esgoto, Bauru, São Paulo, 2010

Fator RespostaICT

Valor de pBaixa Boa

Faixa etária20 – 35 56(46,7%) 48(85,7%)

p < 0,05> 36 64(53,3%) 08(14,3%)

Estado civilSolteiro 21(17,5%) 11(19,6%)

p > 0,05Casado 99(82,5%) 45(80,4%)

EscolaridadeAté ensino Fundamental 87(72,5%) 31(55,4%)

p < 0,05Acima 33(27,5%) 25(44,6%)

MovimentoRepetitivos 41(34,2%) 25(44,6%)

p > 0,05Alternados 79(65,8%) 31(55,4%)

PosturaSentado 54(45,0%) 24(42,9%)

p > 0,05Em pé 66(55,0%) 32(57,1%)

HorasAté 6 56(46,7%) 26(46,4%)

p > 0,05Acima 6 64(53,3%) 30(53,6%)

Tempo trabalhadoAté 10 anos 40(33,3%) 30(53,6%)

p < 0,05Acima de 10 anos 80(66,7%) 26(46,4%)

PausaNão tem 03(02,5%) 01(01,8%)

p > 0,05Tem 117(97,5%) 55(98,2%)

Atividade físicaSedentário 41(34,2%) 26(46,4%)

p > 0,05Ativo 79(65,8%) 30(53,6%)

FumaNão 34(28,3%) 10(17,9%)

p > 0,05Sim 86(71,7%) 46(82,1%)

DorAté duas regiões 37(30,8%) 35(62,5%)

p < 0,05Mais de duas regiões 83(69,2%) 21(37,5%)

Os resultados da análise de regressão logística (Tabela 3) eviden-ciaram que a faixa etária (p=0,01), dor músculo-esquelética (p=0,05) e o tempo trabalhado (p= 0,01) mostraram associação de forma inde-pendente com a capacidade de trabalho.

Tabela 3 Resultado da análise multivariada de regressão logística, Modelo Final para associações independentes com o índice de capa-cidade para o trabalho.

Variáveis p ORajustado IC 95%

Faixa etária20 a 35 anos 0,001 1,0 1,06 – 2,54Acima de 35 anos 1,15

Tempo trabalhadoAté dez anos 0,01 1,0 1,47 – 2,91Acima de dez anos 1,65

Sintomas músculo-esqueléticosAté uma região

0,051,0

1,22 – 2,02Mais de uma região 1,48

Page 85: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

267

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade

para o trabalho e fatores associados

em profissionais de atividades

sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-

271, 2012.

discussão

Nota-se nos trabalhadores do presente estudo que quanto à ca-pacidade para o trabalho, 68,2% apresentaram índice baixo e 31,8% bom. Duran e Cocco (2004) constataram que 13,2% da população apresentaram ICT moderado; 40,9%, bom e 45,9%, ótimo. Já Mon-teiro e Fernandes (2005) em seu estudo com trabalhadores de uma empresa de tecnologia da informação, encontrou que 9,2% dos tra-balhadores estudados apresentavam o ICT na categoria moderada, 42,2% boa e 48,6 na categoria ótima. Não houve nenhum trabalhador com na categoria baixa. Raffone e Hennington (2005) indicam em seu estudo que o ICT dos trabalhadores de enfermagem que compu-seram a amostra do estudo foi de 83,2% com boa capacidade para o trabalho e 16,8% com capacidade reduzida. Haddad, Silva e Vituri (2010), realizaram uma pesquisa com trabalhadores de higiene e lim-peza de um hospital universitário público, onde a distribuição dos servidores, segundo o ICT, foi de 45,9% dos entrevistados obtive-ram classificação do ICT como boa, 23,5% ótima, 22,4% moderada e 8,2% como baixa capacidade para o trabalho.

Os trabalhadores com 36 anos ou mais, apresentaram índices mais baixos de capacidade para o trabalho, 53,3% na categoria baixa e 14,3% na boa, já os de 20 a 35 anos apresentavam 46,7% na catego-ria baixa e 85,7% para boa.

Andrade e Monteiro (2007) observaram associação entre a idade e a capacidade para o trabalho, mostrando que os trabalhadores mais velhos apresentaram uma média do ICT de 34,1, sendo que 33,3% apresentavam-se nas categorias ótima e boa, e 66,7% na moderada e baixa. Martinez (2006), observou que a idade esteve inversamente associada à capacidade de trabalho.

A idade é um fator determinante da capacidade para o trabalho, pois o envelhecimento cronológico tende a ser acompanhado de di-versos tipos de doenças, favorecendo a deterioração da capacidade física e mental. É fundamental destacar que estudos junto a traba-lhadores finlandeses e brasileiros não identificaram relação linear, evidenciando a interferência de outros fatores nesta relação.

Na associação entre os fatores relacionados ao trabalho notou-se que os trabalhadores que trabalhavam na função acima de 10 anos apresentam menor capacidade para o trabalho.

Metzner e Fischer (2001), Martinez e Latorre (2009) notaram que quanto maior o tempo na função menor a capacidade para o traba-lho. Raffone e Hennington (2005) relataram que as variáveis, turno, carga horária de trabalho semanal e tempo na função não mostraram associação significativa.

Page 86: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

268

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade para o trabalho e fatores associados em profissionais de atividades sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-271, 2012.

A capacidade para o trabalho pode apresentar declínio associado ao tempo na função em que os indivíduos permanecem ativos, uma vez que quanto maior o tempo em que o trabalhador está exposto as exigências do trabalho, maior será o envelhecimento funcional (MARTINEZ; LATORRE; FISCHER, 2010).

Os indivíduos que referiram maior prevalência de dor músculo--esquelético, apresentavam índices mais baixos de capacidade para o trabalho.

Tuomi et al., (1997) constataram que a capacidade para o traba-lho é inferior nos trabalhadores que apresentam maiores taxas de desconfortos músculo-esqueléticos, em todas as categorias profissio-nais. Tuomi et al., (1997), Haddad, Silva e Vituri, (2010) e Sampaio et al., (2009) notaram que os trabalhadores que possuem sintomato-logia músculo-esquelética apresentam uma tendência maior de ter associação negativa com a capacidade para o trabalho e queda do nível de saúde em geral.

A capacidade física e o funcionamento músculo-esquelético são considerados os aspectos que maior impacto exercem sobre a capaci-dade funcional, e resultam em baixo ou moderado ICT (MATSUDO; MATSUDO, 2003). A saúde é considerada um determinante impor-tante da capacidade para o trabalho. Desta forma, quanto melhor o estado de saúde, melhor a condição da capacidade para o traba-lho, independente das características demográficas e ocupacionais (MARTARELLO; BENATTI, 2009).

conclusão

Merecem destaque alguns importantes aspectos do presente es-tudo: o fato da capacidade de trabalho ter sido avaliado através do questionário Indice de Capacidade para o Trabalho, empregado em muitas investigações devido a vantagens com relação a sua confia-bilidade e fácil aplicação. Também, o encontro das associações aqui presentes, confirma os achados da literatura com objetivos e deline-amentos semelhantes.

Este estudo possibilitou constatar a situação de saúde atual, den-tro das dimensões estudadas, dos funcionários de uma empresa pú-blica de uma cidade do estado de São Paulo, e sua relação com a capacidade para o trabalho. Isso foi possível pela eleição do tipo de pesquisa, pois os estudos transversais possibilitam uma reflexão so-bre a situação encontrada no momento da avaliação, mostrando um retrato instantâneo da amostra estudada. No entanto, esse tipo de estudo apresenta uma limitação, na medida em que, quando se uti-

Page 87: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

269

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade

para o trabalho e fatores associados

em profissionais de atividades

sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-

271, 2012.

lizam instrumentos de autopreenchimento, pode ocorrer o viés das medidas simultâneas e a possível interferência de fatores não contro-lados (DE VITTA et al., 2012).

Para os trabalhadores ativos traz a reflexão de que não basta ter mais anos vividos, faz-se necessário que esses anos tenham quali-dade, com melhores condições de vida e saúde, contribuindo, desta forma, para a manutenção da capacidade para o trabalho. As medi-das de promoção à saúde no trabalho devem ser incorporadas à le-gislação brasileira, visando a garantia de condições de trabalho e de vida justa, além dos aspectos de cidadania e econômicos (GIATTI; BARRETO, 2003).

Os fatores relacionados à capacidade para o trabalho são múltiplos, assim, as ações para a prevenção e recuperação devem ser discutidas, implementadas e conciliadas entre os empregados e empregadores, garantindo um espaço para contextualização e reflexão acerca do pro-cesso de trabalho, viabilizando medidas atenuantes e administrando o quadro de recursos humanos, de formar a considerar o ICT dos trabalhadores como instrumento gerencial efetivo e eficaz.

reFerÊncias

ANDRADE, C. B.; MONTEIRO, M. I. Envelhecimento e capacida-de para o trabalho dos trabalhadores de higiene e limpeza hospitalar. Revista Escola de enfermagem – Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 237-244, 2007.

BARROS, A. J. D.; HIRAKATA, V. Alternatives for logistic regres-sion in cross sectional studies: an empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Medical Research Methodology, London, v. 3, n. 21, p. 11-16, 2003.

BARROS, E. N. C.; ALEXANDRE, N. M. C. Cross-cultural adapta-tion of the Nordic musculoskeletal questionnaire. Int Nurs Review, Geneva, v. 50, n. 2, p. 101-108, 2003.

BELLUSCI, S. M.; FISCHER, F. M. Envelhecimento funcional e condições de trabalho em servidores forenses. Revista de Saúde Pú-blica, São Paulo, v. 33, n. 6, p. 602-609, 1999.

COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: ERGO Editora, 1995.

DE VITTA, A. et al. Prevalência e fatores associados à dor mus-culoesquelética em profissionais de atividades sedentárias. Fisioter Mov., cidade, v. 25, n. 2, p. 273-80, 2012.

Page 88: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

270

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade para o trabalho e fatores associados em profissionais de atividades sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-271, 2012.

DURAN, E. C. M.; COCCO, M. I. M. Capacidade para o trabalho entre trabalhadores de enfermagem do pronto socorro de um hospi-tal universitário. Revista Latino Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 43-49, 2004.

EKMAN, A. G.; ANDERSSON, E. M.; HAGBERG, M. Analyzing musculoskeletal neck pain, measured as present pain and periods of pain, with three different regression models: a cohort study BMC Musculoskelet Disord, London, v. 10, p. 73, 2009.

FIGUEIREDO, V. C. N. Morbidades referidas por trabalhadoras que produzem joias folheadas em Limeira, SP. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 36, n. 124, p. 247-257, 2011.

GIATTI, L.; BARRETO, S. M. Saúde, trabalho e envelhecimento no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, p. 759-771, 2003.GUTERRES, A. et al. Prevalência e fatores associados a dor nas costas dos motoristas e cobradores do transporte coletivo de Pelotas - RS. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Londrina, v. 16, n. 3, p. 240–245, 2011. HADDAD, M. C. L.; SILVA, L. G.; VITURI, D. W. Capacidade para o trabalho entre trabalhadores de higiene e limpeza de um hospital universitário público. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiâ-nia, v. 12, n. 1, p. 158-163, 2010. ISOSAKI, M. et al. Prevalência de sintomas osteomusculares entre trabalhadores de um serviço de Nutrição Hospitalar em São Paulo, SP. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 36, n. 124, p. 238-246, 2011.MARTARELLO, M. A.; BENATTI, M. C. C. Qualidade de vida e sintomas osteomusculares em trabalhadores de higiene e limpeza hospitalar. Revista da Escola Enfermagem - USP, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 422-428, 2009.

MARTINEZ, M. C. Estudo dos fatores associados à capacidade para o trabalho em trabalhadores do setor elétrico. 2006. 176 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

MARTINEZ, M. C.; LATORRE, M. R. D. O. Saúde e capacidade para o trabalho em trabalhadores de área administrativa. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 5, p. 851–858, 2006.

MARTINEZ, M. C.; LATORRE, M. R. D. O. Fatores associados à capacidade para o trabalho de trabalhadores do Setor Elétrico. Ca-derno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, p.761-772, 2009.

Page 89: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

271

VITTA, Alberto De et al. Nível de capacidade

para o trabalho e fatores associados

em profissionais de atividades

sedentárias. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 259-

271, 2012.

MARTINEZ, M. C.; LATORRE, M. R. D. de O.; FISCHER, F. M. Capacidade para o trabalho: revisão de literatura. Ciências & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 1553-1561, 2010.

MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. N. Evolução do perfil neu-romotor e capacidade funcional de mulheres fisicamente ativas de acordo com a idade cronológica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 9, n. 6, p. 2-12, 2003.

METZNER, R. J.; FISCHER, F. M. Fadiga e capacidade para o tra-balho em turnos fixos de doze horas. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n. 6, p. 548-553, 2001.

MONTEIRO, M. I.; FERNANDES, A. C. P. Capacidade para o tra-balho de trabalhadores de empresa de tecnologia da informação. Revista Brasileira Enfermagem, Brasília, v. 59, n. 5, p. 603–608, 2006.

PINHEIRO, F. A.; TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Ques-tionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares: validade do instru-mento como medida de morbidade. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 36, p. 307-312, 2002.

RAFFONE, A. M.; HENNINGTON, E. A. Avaliação da capacidade funcional dos trabalhadores de enfermagem. Revista Saúde Públi-ca, São Paulo, v. 39, n. 4, p. 669–676, 2005.

SAMPAIO, R. S. et al. Avaliação da capacidade para o trabalho e estresse em uma empresa de transporte coletivo de Belo Horizonte, Brasil. Revista Ciências Saúde Coletiva, São Paulo, v.14, p. 287-296, 2009.

SEITSAMO, J.; ILMARINEN, J. Life-style, aging and work ability among active finnish workers in 1981-1992. Scand J Work Environ Health, Finlândia, v. 23, n. 1, p. 20-26, 1997.

TUOMI, K. et al. Índice de capacidade para o trabalho. Helsinki: Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, 1997.

ZAR, J. H. Biostatistical analysis. 4th ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1999. 663p.

Page 90: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento
Page 91: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesquelética em atletas de futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 273-281, 2012.

resuMo

Introdução:o futebol atual está mais dinâmico, exigindo maior qua-lidade física, resistência e velocidade. Com o aumento dessas valên-cias físicas e da exigência de um bom desempenho em campo há a preocupação com a ocorrência de lesões e sua gravidade. Objetivo: sabendo-se que a postura está intimamente ligada às lesões, buscou--se por meio deste estudo verificar qual é a relação entre postura, dor músculo esquelética e ocorrência de lesões em atletas de futebol. Métodos: participaram da pesquisa vinte atletas de uma equipe de futebol profissional com idades entre l8 e 40 anos, do sexo masculino, após um campeonato estadual. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso exploratório. Para o tratamento estatístico foi utilizada uma estatística descritiva e posteriormente realizou-se uma análise frequencial dos instrumentos de avaliação da dor, lesões e postura. Resultados: os resultados apontaram que houve relação entre as va-riáveis, postura, dor e lesão nos membros inferiores e que os atletas

273

Histórico de lesÕes, aValiação Postural e dor MusculoesQuelética

eM atletas de FuteBol

History of injuries, and evaluation postural and musculoskeletal pain in soccer athletes

Daiane Cesca1

Luciane Sanchotene Etchepare Daronco2

Alessandra de Sá3

Vanessa Denardini4

Leandro Borges5

Laércio André Gassen Balsan6

Recebido em: 19/12/2012Aceito em: 05/02/2013

1quiropraxistaespecialistaematividade física e saúde/Pes-

quisadordonúcleodeEstudosemMedidaseAvaliaçãoparaaEducaçãofísicaeSaúde–

nEMAEfS/ufSM2professoradjuntodauniversi-dadefederaldeSantaMaria

3professora especialista em atividade física e saúde/Pes-

quisadordonúcleodeEstudosemMedidaseAvaliaçãoparaaEducaçãofísicaeSaúde–

nEMAEfS/ufSM4professora especialista em

atividade física e saúde/Pes-quisadordonúcleodeEstudosemMedidaseAvaliaçãoparaaEducaçãofísicaeSaúde–

nEMAEfS/ufSM5professor especialista em

atividade física e saúde/Pes-quisadordonúcleodeEstudosemMedidaseAvaliaçãoparaaEducaçãofísicaeSaúde–

nEMAEfS/ufSM6graduadoemEducaçãofísicapelauniversidadefederaldeSantaMariamestreemAd-

ministraçãopelauniversidadefederaldeSantaMaria

Page 92: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

274

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 273-281, 2012.

apresentam alterações posturais compensatórias nos membros supe-riores sem relação significativa de dor ou lesão. Conclusão: o grupo estudado apresentou características próprias com relação significati-va das variáveis postura, dor e lesão nos membros inferiores. Houve alteração postural compensatória nos membros superiores, sem rela-ção com dor ou lesão. Já nos membros inferiores observou-se que a coluna lombar e a pelve têm grande influência no equilíbrio muscular dos joelhos e tornozelos, acentuando a dor e a possibilidade de lesões.

Palavras-chave: Futebol. Postura. Dor músculo esquelética. Lesões

ABSTRACT

Introduction: football today is more dynamic, demanding higher quality of physical strength and speed. With the increase of these valences and physical requirement for a good performance on the field there is concern about the occurrence of injuries and their severity. Objective: knowing that posture is closely linked to injuries, we sought to determine through this study what is the relationship between posture, musculoskeletal pain and the occurrence of injuries in soccer players. Methods: the participants were twenty athletes from a team of professional football aged 18 and 40, males, after a state championship. This research is characterized as an exploratory case study. It was used descriptive statistics as well as a analysis of Frequency for pain, injury and posture variables. Results: the results showed that there was a relationship between variables, posture, pain and injury in the lower limbs and that athletes have compensatory postural changes in the upper limbs, without relation to pain or injury. Conclusion: the studied group showed peculiar characteristics in what regards posture, pain and lesions in the lower limb. There was compensatory postural alteration in the upper limb related to pain and lesion. In the lower limb it was observed that the lumbar regions and pelvis has marked influence in the muscular equilibrium for knees and ankles, enhancing pain and possibility of lesions.

Key words: Football. Posture. Musculoskeletal pain. Injury

introdução

O futebol é considerado o esporte mais praticado em todo o mun-do, sendo cerca de 203 países associados à Federação Internacional

Page 93: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

275

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de

futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

273-281, 2012.

de Futebol, e em torno de 200 milhões de praticantes filiados (CO-HEN; ABDALLA, 2005). No Brasil, o esporte é tido como paixão nacional e sua história inicia-se como um jogo com bola em 1746. Entretanto sua origem mais conhecida se deu através de Charles Miller em 1894 (COHEN; ABDALLA, 2005; AQUINO, 2002), que descobriu o futebol na Inglaterra e conseguiu desenvolver suas habi-lidades, introduzindo no Brasil o perfil competitivo do futebol (GU-TERMAN, 2009).

O aumento da competitividade e a evolução médico-tecnológi-caocorrida nas últimas décadas tiveram impacto no esporte. Além disso, ocorreu um importante avanço na preparação física dos atletas devido ao aumento da frequencia de jogos e horas de treinamen-to (LEITE e NETO, 2003; SILVA et al., 2005). Esse quadro trans-formou o estilo do futebol, com a substituição da ênfase na técnica (futebol-arte) pelos componentes físicos (futebol-força) e táticos. O futebol atual exige capacidade anaeróbica (velocidade e explosão muscular) para as ações de jogo e resistência aeróbica para os curtos períodos de recuperação entre as ações de jogo.

Segundo Ribeiro (2007) há um crescente interesse na área da saú-de na compreensão, fatores de risco e mecanismos de lesões dos atle-tas com o objetivo de combater suas causas. Para Ribeiro (2003), o início precoce em esportes competitivos pode resultar em alterações no alinhamento postural dos atletas.

A postura correta está no alinhamento do corpo com eficiências fisiológicas e biomecânicas máximas, minimizando o efeito dos es-tresses e sobrecargas nas articulações. No alinhamento esquelético ideal é utilizando uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga, o que conduz à eficiência máxima do corpo (MAGEE, 2002; PAL-MER e EPLER, 2000).

No esporte, com a repetição de determinados tipos de movimen-tos e a sobrecarga de treinamento exigida, ocorre um processo de adaptação orgânica do corpo que resulta em desequilíbrio muscular, somando a isto, os gestos específicos e os erros na técnica de exe-cução dos movimentos podem aumentar a prevalência de alterações posturais influenciando assim no aumento de possibilidades de le-sões (JUNIOR, 2004).

Buscou-se por meio deste estudo verificar qual é a relação entre postura, dor musculoesquelética e ocorrência de lesões em atletas de futebol.

Page 94: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

276

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 273-281, 2012.

Metodologia

Para alcançar os objetivos delineados neste estudo, realizou-se uma pesquisa exploratória, de caráter quantitativo. Fizeram parte deste Estudo de Caso atletas de uma equipe profissional de futebol. A amostra da pesquisa foi composta por vinte atletas de um clube profissional de futebol de Santa Catarina – SC, com idades entre 18 e 40 anos, do sexo masculino, que participaram do Campeonato Ca-tarinense no ano de 2011. O critério de exclusão foi atribuído aos jo-gadores que não participaram do Campeonato Catarinense de 2011.

Este estudo respeitou os aspectos éticos e metodológicos estabe-lecidos na Resolução 196/96 e complementares do Conselho Nacio-nal de Saúde obtendo aprovação pelo Comitê de Ética (Certificado de apresentação para apreciação ética – CAAE: 0268.0.243.000-11). Antes do início da coleta de dados, os atletas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Confiden-cialidade.

Como instrumentos de medidas utilizou-se:- Ficha de Avaliação Postural (2001) – para avaliar os desvios

posturais;- Histórico de Lesões de cada atleta, disponibilizado pelo prepa-

rador físico.O tempo da avaliação postural de cada atleta teve em média dez

minutos, sendo que a coleta foi realizada apenas por um pesquisador, pela parte da manhã em dois dias consecutivos. Para o tratamento estatístico foi utilizada uma estatística descritiva e uma análise fre-quencial dos instrumentos de avaliação da dor, lesões e postura.

resultados

A seguir encontra-se o gráfico com a frequencia de alteração pos-tural obtidos na análise postural sob a vista anterior, perfil e poste-rior, e o gráfico com a percentagem das variáveis Dor e Lesão dos segmentos encontrados na equipe de atletas de futebol.

Page 95: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

277

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de

futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

273-281, 2012.

Figura 1. Frequência de alteração posturais da equipe de futebol

A fi gura 1 representa que dos 20 atletas, 19 apresentaram altera-ção postural nos ombros, seguido da alteração postural na pelve e cervical ocorrida em 15 atletas e da alteração postural no tronco que ocorreu em 14 atletas.

Figura 2. Percentagem de Dor e Lesão da Equipe de Futebol

A fi gura 2 mostra que anatomicamente os lugares mais acometi-dos por dor foi a coxa, na musculatura anterior e adutora, seguida da musculatura posterior e da articulação do joelho. Observa-se que os lugares anatômicos mais acometidos de dor localizam-se nos mem-bros inferiores. Houve maior frequência de lesão na articulação do tornozelo e no osso da tíbia, seguidos da articulação do joelho e da musculatura adutora da coxa.

Page 96: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

278

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 273-281, 2012.

discussão

Um total de 20 atletas participou deste estudo de caso. Foi rea-lizada avaliação postural e através do histórico médico dos atletas foi verificada a frequencia de dor e lesão. Segundo Moffat (2002), a postura correta em pé compreende-se no alinhamento da cabeça até a sola do pé, a postura errada pode causar uma marcha inadequa-da provocando desalinhamento da coluna, o que causa implicações nos ombros e pescoço. Esse desalinhamento pode ainda distribuir de forma errônea o peso corporal. Desse modo, observou-se que neste estudo, as articulações que mais apresentaram alteração postural fo-ram os ombros e a região cervical. Apenas 1 atleta apresentou dor nos ombros e nenhum atleta apresentou lesão nessas articulações. O motivo deve-se ao fator de compensação, que pode ter ocorrido de-vido às alterações posturais encontradas na região lombar (11 atletas) e do tronco (14 atletas). Apesar do alto número de atletas com altera-ção postural na lombar e no tronco, apenas 2 atletas sentiram dor na lombar e apenas em 1 atleta apresentou lesão. Esse resultado indica que nem sempre a alteração postural está no local da dor ou lesão, mas pode tanto influenciá-la quanto ser causada por outras lesões ou dores. A exposição da rotina intensa e específica de exercícios físicos produz um resultado estético de acordo com cada desporto, ou seja, alterações posturais pela sobrecarga em grupos musculares específi-cos (JUNIOR, 2004).

Para a articulação do tornozelo e para o osso da tíbia observou-se que 5 atletas apresentaram lesões, e desses atletas, apenas 1 apresen-tou queixa de dor.

A parte anatômica em que houve maior queixa de dor durante o Campeonato Catarinense foi nas coxas e joelhos, sendo que, dos 4 atletas que apresentaram dor nos joelhos, 3 apresentaram lesão, dos 5 que apresentaram dor na musculatura adutora da coxa, 3 apresen-taram lesão, e dos 4 que apresentaram dor na musculatura posterior da coxa, apenas 1 apresentou lesão. O que pode ser justificado com a alta frequência de alteração postural nas articulações da pelve, lom-bar e quadril, já que o equilíbrio muscular da coxa é dependente destas articulações, e o joelho é dependente do equilíbrio muscular da coxa. Segundo Silva (2002), os músculos trabalham em conjunto tanto para sua estática como para sua dinâmica, já que o sistema nervoso central atende o trabalho de forma tridimensional. Qualquer alteração postural causa retração das cadeias musculares posturais e vice-versa, e qualquer agressão nessas cadeias causa desalinhamento articular. Em respostas às sobrecargas posturais, acabam ocorrendo deformidades no componente músculo esquelético, e quanto maior

Page 97: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

279

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de

futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

273-281, 2012.

a força, maior será a sobrecarga, podendo resultar em lesões (WA-TKINS, 2001). Cailliet (1999) concorda e acrescenta que uma pos-tura defeituosa está envolvida em todas as condições patológicas do-lorosas, devido ao excesso de uso, ao mau uso e ao envelhecimento.

Houve nas últimas décadas uma evolução médico-tecnológica, com um importante avanço na preparação física dos atletas. Esse fato é devido ao aumento da frequência de jogos e horas de treina-mento e consequente aumento da exigência por máximo desempe-nho (LEITE; NETO, 2003; SILVA et al., 2005). Como consequência desse novo estilo, os choques passaram a ser cada vez mais frequen-tes, aumentando o risco de contusões e lesões articulares. No mesmo sentido, a exigência cada vez maior da capacidade física, aumenta o risco de lesões musculares, seja pelo excesso de treinos e jogos, ou movimentos bruscos em curto intervalo de tempo (PASTRE et al., 2005).

Ainda contemplando a alta porcentagem de dor e lesão nos mem-bros inferiores, Lopes et al. (1993), afirmam que quando a lesão mus-cular é classificada por um fator causal, pode ter sua causa como extrínseca, que é quando um agente mecânico atua de modo ines-perado sobre o tecido de forma direta ou tangencial ultrapassando o limite de resistência, levando a uma lesão de contusão muscular (LOPES et al., 1993).

Para Flegel (2002), as contusões são mais comuns em tecidos mo-les. Em consequência do golpe direto os tecidos e capilares sofrerão danos causando perda de líquido e sangue. Em concordância, Mc-Mahon (2007) complementa ainda que as contusões provavelmente são as lesões mais comuns nos membros inferiores. Como sinais e sintomas o atleta apresentará dor, seguida por rubor, edema e por vezes formação de hematomas subcutâneos que por diversos mo-mentos serão grandes, e em casos mais graves há possibilidade de uma síndrome compartimental (LOPES et al., 1993; FLEGEL, 2002; MCMAHON, 2007).

De acordo com Lopes et al. (1993) as lesões de causas intrín-secas se dividem em dois grupos de acordo com o estado da fibra muscular. O primeiro é constituído por lesões sem rotura, sendo o caso de câimbras, contratura muscular e estiramento. Já o segundo é composto por lesões onde há roturas, sendo essas parciais ou totais.

consideraçÕes Finais

Com base nos resultados e respeitando a limitação do estudo, observou-se que o grupo estudado apresentou características pró-

Page 98: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

280

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p. 273-281, 2012.

prias com relação significativa das variáveis postura, dor e lesão nos membros inferiores. O estudo mostrou que houve alteração postural compensatória nos membros superiores, sem relação com dor ou le-são. Já nos membros inferiores observou-se que a coluna lombar e a pelve têm grande influência no equilíbrio muscular dos joelhos e tornozelos, acentuando a dor e a possibilidade de lesões.

reFerÊncias

AQUINO, R. S. L. de. Futebol: uma paixão nacional. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

CAILLIET, R. Dor: mecanismos e tratamento. Porto Alegre: Art-med, 1999.

COHEN, M., ABDALLA, R. Lesões nos esportes: diagnóstico, pre-venção, tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

FLEGEL, M.. Primeiro socorros no esporte. 1 ed. Barueri: Mano-le, 2002.

GUTERMAN, M. O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão popular no país. São Paulo: Contexto, 2009.

JUNIOR, J. N.; PASTRE, C. M.; MONTEIRO, H. L. Alterações pos-turais em atletas brasileiros do sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições internacionais. Revis-ta Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 10, n. 3, 2004.

LEITE, C. B. S.; NETO, F. F. C. Incidência de lesões traumato orto-pédicas no futebol de campo feminino e sua relação com alterações posturais. Lecturas Educacion Fisica y Deportes, Buenos Aires, v. 9, n. 61, 2003.

LOPES, A. S.; KATTAN, R.; COSTA, S.; MOURA, C, E. Estudo clínico e classificação das lesões musculares. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v. 28, n. 10, p. 707-717, 1993.

MAGEE, D. J. Avaliação Postural. In: MAGEE, D. J. Disfunção Musculoesquelética. 3 ed, São Paulo: Manole: 2002, p. 105-157.

MCMAHON, J. Current: Medicina do esporte - diagnóstico e tra-tamento. São Paulo: McGraw-Hill, 2007.

MOFFAT, M.; VICKERY, S. Manual de manutenção e reeducação postural da American Phisycal Association. Porto Alegre: Art-med, 2002.

Page 99: S /ContentSSecure Site  · 2013. 9. 9. · Qualidade de vida continua a ser conceito complexo e mutável. Sua marca de subjetividade reside em incorporar primariamente o entendimento

281

CESCA, Daiane et al. Histórico de lesões, avaliação postural e dor musculoesque-lética em atletas de

futebol. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 3, p.

273-281, 2012.

PALMER, L. M.; EPLER, M. E. Postura. In: PALMER, L. M; EPLER, M. E. Fundamentos das técnicas de avaliação musculo-esquelética. 2 ed., São Paulo: Guanabara Koogan, 2000, p. 46 – 62.

PASTRE, C. M.; CARVALHO, F. G.; MONTEIRO, H. L.; NETTO J. J.; PADOVANI, C. R. Lesões desportivas na elite do atletismo bra-sileiro: estudo a partir de morbidade referida. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo,v. 11, n. 1, p. 40-47, 2005.

RIBEIRO, C. Z. P.; AKASHI, P. M. H.; NEVES, I. C.; PEDRI-NELLI, A. Relationship between postural changes and injuries of the locomotor system in indoor soccer athletes. Revista brasileira de Medicina do esporte, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 98-103, 2003.

RIBEIRO, R. N.; VILAÇA, F.; OLIVEIRA, H. U. de; VIEIRA, L. S.; SILVA, A. A. da. Prevalência de lesões no futebol em atletas jovens: estudo comparativo entre diferentes categorias. Revista brasileira de Educação física e esporte, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 184-194, 2007.

SANTOS, A. Diagnóstico clínico postural: um guia prático. São Paulo: Summus, 2001.

SILVA, A. A. Fisioterapia esportiva: prevenção e reabilitação de lesões esportivas em atletas do América Futebol Clube. In: 8º ENCONTRO DE EXTENSÃO DA UFMG, 2005, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: 2005.

SILVA, R. P. Estudo das alterações posturais em indivíduos portado-res de síndrome da dor patelo-femoral. Revista Reabilitar, Alcabi-deche, Portugal; n.15, p. 6-19, 2002.

WATKINS, J. Estrutura e Função do Sistema Musculoesqueléti-co. Porto Alegre: Artmed, 2001.