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Mesmo alguém como eu, que vivo
completamente imerso no mundo
da música erudita, pode ser
positivamente surpreendido por algo
jamais escutado e que, ao final de
uma inesperada audição, pensa: “Como
eu nunca tinha ouvido isso antes?”.
Foi exatamente essa experiência que
tive há alguns anos, ao escutar pela
primeira vez, num voo internacional, a
Sinfonia nº 4 do polonês Szymanowski.
Foi uma feliz descoberta que ora faço
chegar aos nossos ouvintes e à nossa
Orquestra, enriquecida pela presença
sempre genial do jovem pianista
Conrad Tao, que volta a se apresentar
conosco depois de várias bem-sucedidas
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
visitas. A força e o virtuosismo
demandados nessa brilhante peça
certamente irão causar uma reação
bastante positiva em todos vocês que
nos presentearam com a suas presenças.
A célebre Quarta Sinfonia de
Johannes Brahms também compõe
esse variado programa, assim como
uma das obras mais importantes do
grande Claudio Santoro, peça que
faz uma elegia ao amor e à paz.
Tudo o que precisamos
neste momento…
Caros amigos e amigas,
54
FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular
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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos
no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti
posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional
e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo
Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se
o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,
Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica
de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra
Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos
no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo
a Filarmônica de Tampere, e na Itália,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Madame Butterfly, O barbeiro de
Sevilha, La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
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Claudio SANTOROCanto de Amor e Paz
Karol SZYMANOWSKI Sinfonia nº 4 para piano e orquestra,
op. 60, “Concertante” Moderato
Andante molto sostenuto
Allegro non tropo
Johannes BRAHMSSinfonia nº 4 em mi menor, op. 98
Allegro non tropo
Andante moderato
Allegro giocoso
Allegro energico e passionato
FABIO MECHETTI, regente
CONRAD TAO, piano
PROGRAMA
INTERVALO
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Conrad Tao já se apresentou pelo
mundo todo como pianista e compositor.
O jornal The New York Times o
reconhece como um “compositor
maduro e cheio de ideias”. Para a NPR,
é um músico de “inteligência penetrante
e visão aberta”. Segundo a TimeOut
de Nova York, ele é “de um talento
feroz”. Em 2011, Tao foi nomeado
para o programa governamental
U.S. Presidential Scholar in the Arts,
recebeu medalha de ouro YoungArts
de música, dada pela Fundação
Nacional para o Avanço das Artes, e
foi nomeado Gilmore Young Artist.
No ano seguinte, recebeu a prestigiosa
bolsa Avery Fisher Career Grant.
Na atual temporada, Tao se apresenta
com a Orquestra de Câmara da
Filadélfia, sinfônicas de Pittsburgh,
de Cincinnati, de Dallas, do Pacífico
e Sinfônica Brasileira, filarmônicas de
Buffalo e de Calgary, além de recitais
na Europa e nos Estados Unidos.
Com a Filarmônica de Minas Gerais,
apresentou-se em 2012 e 2013. Em
temporadas anteriores, esteve com
as sinfônicas de São Francisco, de
Baltimore, de Toronto, de St. Louis, de
Detroit, de Indianápolis, de Nashville e
Orquestra do Centro Nacional das Artes,
além da Sun Valley Summer Symphony,
Centro Musical de Brevard e festivais
de Aspen, Ravinia e Mostly Mozart.
Em 2013, Tao foi curador e produtor do
elogiado Festival Unplay, que apresentou
muitos novos trabalhos de autores e
estilos diversos, abordando a efemeridade
da internet, as possibilidades de um
cânone do século XXI e o papel da
música na crítica e no ativismo social.
No mesmo ano Tao lançou Voyages,
seu primeiro álbum solo para o
Warner Classics, aclamado como
uma “estreia afiada” por Alex Ross, do
New Yorker; para a NPR, “Tao provou
ser um músico de recursos intelectuais
e emocionais profundos”. Seu álbum
seguinte, Pictures, com obras de David
Lang, Toru Takemitsu, Elliott Carter,
Mussorgsky e do próprio Tao, foi
classificado por Anthony Tommasini,
do The New York Times, como
“fascinante, [de] um artista cuidadoso
e intérprete dinâmico (...), feito com
enorme imaginação, cor e controle”.
Como compositor, Tao venceu oito
vezes o prêmio Ascap Morton Gould
e recebeu o prêmio Carlos Surinach
da BMI. Artista residente na Sinfônica
de Dallas, estreou The world is very
different now com elogios do The New
York Times. Em 2016, Tao encerra
sua residência com um novo trabalho
para a orquestra, Alice. Em 2015 ele
estreou An Adjustment, para piano,
orquestra e eletrônicos, comissionada
pela Orquestra de Câmara da Filadélfia.
Tao nasceu em Urbana, Illinois, em
1994. Estudou piano com Emilio
del Rosario em Chicago e Yoheved
Kaplinsky em Nova York, e composição
com Christopher Theofanidis.
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CONRADTAO
10 SINSTRUMENTAÇÃO
Cordas.
PARA OUVIRCD Brasília ano 35 – Orquestra Sinfônica
do Teatro Nacional Claudio Santoro – Sérgio Kuhlmann, regente – Sony 107.515 – 1995
PARA ASSISTIROrquestra Sinfônica Nacional –
Roberto Ricardo Duarte, regente Acesse: fil.mg/samorepaz
PARA LERElson Farias – Claudio Santoro: cantor
do sol e da paz – Editora Valer – 2009
Manaus, Brasil, 1919 – Brasília, Brasil, 1989
Claudio Franco de Sá Santoro nasceu em Manaus a 23 de novembro
de 1919. Aos treze anos, o Estado do Amazonas enviou-o ao
Rio de Janeiro para estudar violino. Terminou seu curso em 1937,
aos dezoito, e passou a ensinar no Conservatório de Música do
Distrito Federal (Rio de Janeiro), onde estudara. Decidiu-se pela
composição aos dezenove. Sua Primeira Sinfonia, para duas orquestras
de cordas, possui movimento de abertura, de 1939, livremente atonal,
e segundo movimento, de 1940, em técnica dodecafônica, resultado
de estudos iniciados naquele ano com Hans-Joachim Koellreutter.
Em 27 de junho de 1946 recebe a notícia de que fora contemplado
com bolsa da Fundação Guggenheim. Em 4 de setembro, escreve
a Francisco Curt Lange: “Não posso seguir para os Estados Unidos
porque o cônsul negou-me o visto no passaporte por ser eu membro do
Partido Comunista”. Com recomendação de Charles Munch, obtém
bolsa da Embaixada da França e parte para a Europa a bordo do Groix,
o “navio mais lento do mundo”, em 23 de setembro de 1947. Vinte
e quatro dias de travessia em terceira classe levam-no a Paris, onde
passa a encontrar-se com Nadia Boulanger, que dele diz: “Já é um
compositor, um artista, está apenas tendo umas discussões comigo”.
Em março, júri composto por Igor Stravinsky, Serge Koussevitzky,
Aaron Copland, Walter Piston e Nadia Boulanger atribui-lhe bolsa
da Fundação Lili Boulanger. Santoro participa ativamente da vida
musical europeia. Em maio apresenta comunicação em Praga durante
o Segundo Congresso Internacional de Compositores e Críticos Musicais,
cujo manifesto, redigido por Hans Eisler, é frequentemente
confundido com a Resolução de 10 de fevereiro de 1948 do
Comitê Central do Partido Comunista Soviético – o Decreto de
Zhdanov. A 14 de outubro embarca de volta para o Brasil.
Santoro, seu sucesso e sua ideologia
encontram hostilidade no país. Em
julho de 1950 passa a trabalhar como
compositor na rádio Tupy. Escreve o
Canto de Amor e Paz, para orquestra de
cordas, que Eleazar de Carvalho estreia
com a Orquestra Sinfônica Brasileira em
1951. Em Viena, o Conselho Mundial
da Paz confere à partitura o Prêmio
da Paz em 1952. Nesse ano, a obra é
executada em Salzburgo e nos Festivais
de Maio, em Praga. Em 1954 Santoro
a rege no Brasil, para gravação em LP,
cuja contracapa assim a descreve:
Canto de Amor e Paz, pelas suas
qualidades intrínsecas e repercussão,
marcou a ruptura definitiva de Claudio
Santoro com as teorias dodecafonistas
e atonalistas. Inspirando-se em ideias
generosas e humanas, o compositor
procurou dar maior importância a
uma linha melódica de conteúdo
realista, inspirada nas características
mais frisantes da música popular
brasileira. Canto de Amor e Paz se
constrói, através de uma admirável
escritura, sobre um tema sereno, que
se desenvolve em primeiro plano, sem
que tal serenidade fuja, porém, aos
contrastes dramáticos, próprios do amor.
Sua música não é atonal, dodecafônica
ou nacionalista, mas tudo isso, às
vezes ao mesmo tempo; é dizer,
subjetiva e experimental.
Claudio
SANTORO
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CARLOS PALOMBINI Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
CANTO DE AMOR E PAZ (1950) 12 min
12 SINSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes,
2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba,
tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIRCD Szymanowski – Symphony no. 2; Symphony no. 4; Concert Overture – BBC Symphony Orchestra – Edward
Gardner, regente – Louis Lortie, piano – Chandos – 2013
PARA ASSISTIROrquestra Filarmônica Nacional Russa –
Simon Gaudena, regente - Pavel Nersessian, piano | Acesse: fil.mg/sconcertante
PARA LERDavid Ewen – The complete book of 20th Century Music – Prentice-Hall, Inc. – 1966
Diz-se maldosamente que Szymanowski foi o compositor polonês
mais importante desde Chopin. De fato, se se observarem as escolas
nacionais que despontam no cenário ocidental desde a segunda metade
do século XIX, algumas tiveram mais ascendência sobre os caminhos
tomados pela expressão musical do que outras. No entanto, há que se fazer
uma ponderação. Algumas escolas nacionais mantiveram-se continuamente
fecundas: é o caso da escola tcheca ou da escola russa. Outras, porém,
sofreram um eclipse até que o século XX promovesse a renovação e uma
releitura dos estilos nacionais: é o caso, por exemplo, de Bartók na Hungria.
É também o caso de Karol Szymanowski, esse polonês nascido na Ucrânia.
Detentor de uma formação sólida, foi aluno de Gustav Neuhaus (pai de
Heinrich Neuhaus, o importante pianista e pedagogo russo) e conviveu
com artistas do quilate de Arthur Rubinstein (de quem era amigo próximo)
e Ignacy Jan Paderewski (pianista antológico, que foi um dos divulgadores
de sua música); acumulou cargos e prêmios importantes ao longo de sua
vida (foi diretor do Conservatório de Varsóvia e recebeu o título de Doutor
Honoris Causa pela Universidade de Cracóvia). Sua saúde, porém,
foi deteriorada pelo uso excessivo do álcool e do tabaco. Szymanowski
morreu em Lausanne, na Suíça, consumido pela tuberculose.
Como compositor, sua linguagem vai se desenvolvendo lentamente.
Começa sob os modelos de Chopin e Scriabin, depois toma interesse
pelos universos de Wagner e Richard Strauss; mais tarde, o contato
com as músicas de Debussy e Ravel o ajuda a libertar-se das correntes
tradicionais e encontrar um caminho mais genuinamente pessoal
de expressão, até que Stravinsky lhe abre os olhos para o folclore
nacional. Sua técnica de composição, solidamente embasada na
formação lapidar que teve, lhe permite usar das fontes folclóricas
sem exotismos, realizando uma espécie de síntese entre a
inventividade individual e elementos musicais folclóricos.
É do período final de sua vida a sua
Sinfonia nº 4, também chamada
Sinfonia Concertante. A ideia de se
incluir o piano em gêneros sinfônicos
diferentes do concerto não é de todo
original: já Beethoven ensaiara isso em
sua Fantasia Coral, op. 80. Em 1886,
Camille Saint-Saëns atribui uma parte
importante para piano naquela deliciosa
suíte, plena de ironia, que é o Carnaval dos
Animais... Porém, o fato de Szymanowski
não atribuir à sua Sinfonia nº 4
o título de concerto revela a ênfase
na igual importância tanto do solista
quanto da orquestra na estruturação da
obra. Estreada em 1933 (quatro anos
antes da morte do compositor), em
Varsóvia, pela Orquestra Filarmônica
de Varsóvia, sob a regência de Gregor
Fitelberg, tendo o compositor como
solista, tornou-se uma das suas obras
mais celebradas e executadas.
Sua estrutura, em três movimentos,
lembra claramente a do concerto. Sua
linguagem, porém, indubitavelmente
moderna, revela um compositor
maduro, capaz de transmutar em
expressão individual as suas fontes
tanto folclóricas, quanto de grandes
correntes musicais do século XX.
Karol
SZYMANOWSKI
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MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.
SINFONIA Nº 4 PARA PIANO E ORQUESTRA, OP. 60, “CONCERTANTE” (1932) 25 min
Ucrânia, 1882 – Suíça, 1937
14 BINSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas,
2 trompetes, tímpanos, cordas.
PARA OUVIRCD Brahms – The Symphonies – Chicago
Symphony Orchestra – Sir Georg Solti, regente – London/Decca – 1996
PARA ASSISTIROrquestra Estatal da Bavária –
Carlos Kleiber, regente Acesse: fil.mg/bsinf4
PARA LERFrançois-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Editora Nova Fronteira – 1990
Alemanha, 1833 – 1897
Ao contrário de diversos autores, Schoenberg defendia a importância
da contribuição de Brahms para a modernidade. Apesar da diferença
de seus estilos, esses dois compositores foram fiéis à essência da
música de câmara e a algumas de suas técnicas compositivas –
como a variação contínua de motivos e a diversidade nos modos de
repetição – que permitiam construir uma espécie de prosa musical
livre dos procedimentos tradicionais da quadratura métrica.
A Sinfonia nº 4 representa o ápice da produção de Brahms no gênero.
Nela destaca-se o Finale, em forma de Passacaglia – com um tema
de oito compassos e trinta variações –, talvez sua tentativa mais
completa de sintetizar práticas de composição antigas e modernas.
O Allegro non troppo usa a forma sonata, porém com aglomerados
temáticos ao invés de temas: cada um dos temas tem diversas partes
com características contrastantes. Há também grande fluência
temporal, com figuras melódicas que se sucedem de maneira rápida
e contínua, mas o retorno estratégico de alguns elementos centrais
permite que a memória organize o passar do tempo, criando um
percurso balizado por referências. Por sua vez, a variação do material
musical associa-se a uma carga dramática, como se a transformação não
atuasse apenas sobre o som, mas também sobre o sujeito que escuta.
O Andante moderato inicia-se com um tema de caráter antigo e
cerimonial que se repete diversas vezes, com variações. Na última
apresentação, a metamorfose é mais profunda no ritmo e na melodia, e a
orquestração é ampla e suave. Na transição para o segundo tema, ouve-
se o diálogo entre os naipes de sopros e cordas. O segundo tema é um
exemplo de melodia acompanhada, onde as partes do acompanhamento
se movem com grande independência melódica. A imaginação formal de
Brahms utiliza, nesse tema, a mesma figura melódica da transição, aqui
em ritmo muito mais lento, propondo, talvez, um reconhecimento não
inteiramente consciente por parte do
ouvinte. Essa seção termina em grande
transparência, com um motivo que se
alterna entre violino, flauta e viola, sem
acompanhamento; os dois temas se
voltam com diversas transformações.
O Allegro giocoso, de caráter festivo,
incorpora contrafagote, flautim e
triângulo à orquestra, expandindo a
sonoridade. Os aglomerados temáticos
são formados de elementos que se
sucedem de modo imprevisto. No
desenvolvimento, as figuras melódicas
são transpostas em diversas tonalidades
e submetidas a diálogos de grupos
instrumentais. O movimento vertiginoso
se apazigua na transição que precede
a retomada do material inicial.
O Allegro energico e passionato é
uma elegia solene, em variações
sobre um tema de Bach. Texturas
polifônicas se transformam a cada
bloco de oito compassos. O tema passa
por instrumentos diferentes, sofre
deslocamentos rítmicos e é submerso
na textura devido à profusão das linhas
melódicas. Para evitar a monotonia,
o autor desloca a escuta para outros
elementos da textura, construindo
uma espécie de narrativa musical
evolutiva, em contraposição ao retorno
obstinado do mesmo tema. Na evolução
do discurso musical, há momentos
de grande delicadeza – quase como
ilhas sonoras transparentes – que
interrompem o crescendo dramático
em direção ao final do movimento.
Johannes
BRAHMS
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ROGÉRIO VASCONCELOS Compositor e professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
SINFONIA Nº 4 EM MI MENOR, OP. 98 (1885) 40 min
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Nossa história com a melhor trilha sonora.A CBMM é patrocinadora de importantes projetos
educacionais da Orquestra Filarmônica.
Apoiar a cultura mineira ao som dessa orquestra
é mais do que um orgulho. É inesquecível.
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Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman
PRESIDENTE Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena
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* principal ** principal associado *** principal assistente Ilustrações: Mariana Simões
FORTISSIMO julho nº 12 / 2016 ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
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Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Paula SchmidtAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoMatheus BragaRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch
VIOLASJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna DruzdLuciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina
VIOLONCELOSPhilip Hansen *Felix Drake ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesLina RadovanovicRobson FonsecaWilliam Neres
CONTRABAIXOSNilson Bellotto *Marcelo CunhaMarcos LemesPablo GuiñezRossini ParucciWalace Mariano
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OBOÉSAlexandre Barros *Ravi Shankar ***Israel MunizMoisés Pena
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VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade
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SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel
SZYMANOWSKIEditor: Edition Durand-Salabert-EschigRepresentante: Melos Ediciones Musicales S. A.
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sexta, 20h30 sábado, 18h
20 AGO21 AGO
09 DEZ10 DEZ
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