rumo ao decrescimento - perspectivas da economia ecológica e da ecologia política para o bem-estar

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Texto apresentado por Gualter Barbas Baptista no Colóquio "Há mais vida para além do PIB", organnizado pela ATTAC a 16/01/2010

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Page 1: Rumo ao decrescimento - Perspectivas da economia ecológica e da ecologia política para o bem-estar

Rumo ao decrescimento

Perspectivas da economia ecológica e da ecologia política para o bem-estar e a sustentabilidade

Gualter Barbas Baptista ([email protected])

Activista do GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental e investigador associado do CENSE – Center for Environmental and Sustainability Research da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

Documento disponibilizado sob uma licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial 2.5 Portugal

Em 2006, a população consumiu um valor de 30,5 mil biliões de dólares em bens e serviços. Tal constitui um aumento de 10% em relação a 10 anos atrás. A este aumento de consumo está associado um aumento ainda maior da extracção de recursos. A cada dia que passa, são retirados materiais suficientes para construir 112 Empire State Buildings (Assadourian, 2010).

Apesar desta continuada espoliação de recursos, a saúde das economias continua a ser medida através de um único indicador, que se regozija de cada vez que os fluxos de produção e consumo aumentam. Guerras, demolições, poluição (e o seu tratamento) são fontes de crescimento e bem-estar económico, de acordo com o Produto Interno Bruto (PIB). De igual modo, a criação de direitos de propriedade sobre bens até então do “domínio público” permite alargar a esfera de contribuições para o PIB. A água é colocada na mão de empresas privadas, que oferecem o serviço de abastecimento e fazem uma “gestão sustentável” do recurso. O conhecimento ancestral é patenteado por empresas farmacêuticas ou de biotecnologia, que alegam manter a pureza genética das variedades e usar os seus valiosos recursos para o bem da Humanidade. A cultura digital, livre por natureza, é protegida pela gestão de direitos digitais (DRM). A utilização da atmosfera é regulada por mercados e o carbono passa a ser uma mercadoria, passível de ser utilizada apenas por quem pode pagar para o emitir.

O PIB e do ideário neoliberal do crescimento económico está associado a uma visão muito específica do mundo e, em particular, a uma escola de pensamento económico iniciada por Adam Smith no século XVIII. O crescimento económico é concebido como um processo que, por si só, permite gerar benefícios sociais. Após a II Guerra Mundial, com a adopção do PIB como indicador supremo da saúde económica, o crescimento económico deixou de ser visto como um meio para gerar benefícios sociais e passou a constituir um fim em si mesmo. Deste modo, a generalidade das políticas económicas que se implementam desde então têm como objectivo a maximização do crescimento (Recio, 2008).

Além das questões sociais, alguns académicos têm vindo a questionar a validade do modelo neoclássico e a ideia de uma economia que pode crescer sem limites. Tal como no passado se pensava que a Terra era plana, hoje em dia ela é vista como uma fonte inesgotável de recursos disponíveis para alimentar a produção. O modelo económico actual tem como objectivo produzir para consumir mais, consumir mais para produzir mais e assim aumentar o PIB. Ou, por outras palavras, aumentar continuamente a dimensão do sistema económico.

Contudo, hoje sabemos que a Terra não é um repositório infinito de recursos, antes constitui um sistema praticamente fechado. Kenneth Boulding (1966) propôs que a Terra fosse vista como uma nave espacial, onde é necessário assegurar a utilização mínima de recursos, abaixo do limite que permita manter os sistemas a funcionar e os ciclos a renovar. Ao actual sistema económico e político, que olha para o planeta como os pioneiros do farwest olhavam para as pradarias – um

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território virtualmente infinito, onde o objectivo de cada um é o de apropriar o mais possível -, Boulding atribuiu a designação de economia cowboy.

Nicholas Georgescu-Roegen foi um economista pioneiro na incorporação de aspectos biofísicos nas análises dos sistemas económicos. No seu livro “Entropia e o Processo Económico” (Entropy and the Economic Process), defende que o sistema económico não pode ser visto como uma entidade dissociada dos ecossistemas (Georgescu-Roegen, 1971). As sociedades e os ecossistemas constituem estruturas dissipativas, mantidas através de processos dissipativos que requerem uma fluxo constante de energia para se manterem (Figura 1). Georgescu-Roegen considerava que a dimensão que o sistema tinha atingido, já se situava num nível que tornava os fluxos demasiado elevados para a capacidade de suporte do meio biofísico.

Herman Daly, discípulo de Georgescu-Roegen, desenvolveu os conceitos de bioeconomia do seu mestre e fundou a área transdisciplinar da economia ecológica. Daly considerou que pode haver um estado sustentável óptimo na economia humana, a que chama o estado estacionário de equilíbrio dinâmico (Daly, 1992). Esta economia, que não cresce nem se contrai, teria como característica a manutenção dos seus stocks com um nível mínimo de fluxos.

Antes de Daly, já outros economistas se haviam debruçado sobre o estado estacionário. Adam Smith considerava a situação estacionária como um estado aborrecido, comparável à pobreza. Essa visão foi adoptada pela generalidade dos pensadores económicos neoclássicos.

Contudo, algumas excepções foram surgindo ao longo dos tempos. John Stuart Mill via o estado estacionário como uma condição onde a Humanidade já teria satisfeito todas as suas necessidades básicas e podia focalizar-se noutros assuntos, sem as tensões geradas por uma vida centrada nos fins comerciais e económicos. John Maynard Keynes descreveu uma “comunidade quase estacionária” caracterizada por uma população estável, a ausência de guerras e o pleno emprego. Joseph Schumpeter, mestre de Georgescu-Roegen, também se debruçou bastante sobre o estado estacionário. Designou-o como “circulação” e, uma vez alcançado, poderia conduzir ao colapso do sistema capitalista (Kerschner, 2008)

A busca de substitutos ao PIB

Alguns esforços têm sido desenvolvidos no sentido de criar indicadores alternativos ao PIB, quer na perspectiva da medição do bem-estar social, quer com vista a perceber o impacte ambiental do sistema económico.

Figura 1: Representação biofísica do sistema económico.

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O ISEW (Index of Sustainability and Economic Welfare) de Daly e Cobb (1989) constitui um dos mais conhecidos esforços nesse sentido. O ISEW procura superar algumas críticas ao PIB, tais como:

• a ausência do valor do trabalho doméstico;

• não incorporar efeito da desigualdade de rendimentos no bem-estar;

• considerar erroneamente as “despesas defensivas” como contribuições para o bem-estar;

• não contabilizar a perda de bem-estar devido à degradação ambiental.

Para tal, recorre ao conceito de rendimento de Fischer-Nordhaus (Nordhaus, 1995), que diferencia capital de rendimento (ao contrário da lógica de rendimento assente na produção, de Hicks). Inspira-se no MEW (Measures of Economic Welfare) de Nordhaus e Tobin (1972), que introduz alguns ajustes ao PIB tendo em conta a distribuição dos rendimentos. A grande novidade trazida pelo ISEW é a inclusão de vários índices e indicadores ambientais. Todos os indicadores são monetarizados, com o objectivo de ter um indicador com uma avaliação monetária, passível de ser comparado ao PIB. Alguns resultados nacionais podem ser vistos na figura 2.

Outros índices de (in)sustentabilidade, de certa forma menos ambiciosos na sua “substituição” ao PIB, têm transitado de forma significativa entre a literatura económica heterodoxa.

A pegada ecológica, proposta por William Rees em 1992 e desenvolvida por Mathis Wackernagel, tornou-se um dos indicadores mais famosos nos meios ecologistas. A partir de vários parâmetros, procura calcular a área necessária para sustentar o modo de vida de um país, cidade ou indivíduo.

Figura 2: Evolução do ISEW comparado com o PIB para alguns países.

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Trata-se, assim, de uma medida interessante, ainda que limitada, da noção de espaço ambiental e da apropriação desigual dos territórios por parte de determinadas sociedades ou classes sociais.

O HANPP (Human Appropriation of Net Primary Production), foi proposto em 1986 por Vitousek et al. (1986) como uma medida do impacto actual das sociedades sobre os territórios. A produtividade primária líquida é o resultado da fotossíntese da radiação solar, a qual constitui praticamente o único fluxo de energia externo ao planeta. Vitousek considerou que a medição da apropriação pelas sociedades humanas dessa produtividade primária líquida seria um bom indicador da pressão das sociedades humanas sobre os ecossistemas. O HANPP consiste na diferença entre aquilo que se estima que seria a produtividade primária líquida dos ecossistemas pristinos, em relação com a produtividade primária líquida dos ecossistemas actuais. O resultado de um cálculo do HANPP à escala global pode ser visto na figura 3.

O EROI (Energy Return on Energy Input) é um indicador que mede a eficiência dos processos. Por cada unidade de energia obtida, quanta energia foi aplicada? Várias formas deste indicador têm sido usadas ao longo da história, desde Sergeii Podolinsky, que calculou o EROI da agricultura em 1880, até aos estudos recentes de David Pimentel, fortemente críticos dos agrocombustíveis pelo seu baixo EROI. Além de ser um importante indicador no debate dos agrocombustíveis, o EROI tem sido também muito utilizado nos debates sobre o pico do petróleo, justificando a sua proximidade ou até a sua passagem. É que, enquanto que no início da exploração de petróleo o EROI era superior a 100 (ou seja, obtinha-se mais de 100 vezes a energia que se usava para extrair o petróleo), hoje em dia esse valor já chega perto de 2 no caso das areias betuminosas do Canadá.

Outra corrente interessante de indicadores são os que procuram avaliar os fluxos de materiais e energia da sociedade. O Instituto Wuppertal na Alemanha e o Instituto de Ecologia Social em Viena de Áustria têm sido dos principais dinamizadores destes indicadores. Desde 2002 que indicadores de fluxos de materiais como a Extracção Doméstica ou o Consumo Doméstico de Materiais passaram a integrar as contas oficiais do Eurostat. O resultado destes indicadores não deixa muita margem para optimismo. De facto, onde há crescimento económico há, sem excepção, um aumento dos fluxos de materiais.

Figura 3: A apropriação humana da produtividade primária líquida (HANPP) no mundo.

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O desafio da incomensurabilidade

Apesar de algumas boas tentativas de alguns indicadores se fazerem substituir ao PIB, a verdade é que a perspectiva reducionista de utilizar um indicador único defronta-se com sérios problemas.

Martinez-Alier (2002) defende que existe uma comparabilidade fraca de valores que impossibilita a redução dos indicadores a uma dimensão única. Tomando como exemplo uma árvore numa floresta tropical, que valor poderíamos dar-lhe? Para um madeireiro a árvore teria o valor monetário da madeira; o ambientalista ainda poderia, talvez, chegar a um acordo sobre o abate de determinada árvore (mediante uma compensação monetária), desde que o equilíbrio do ecossistema não fosse posto em causa; já um indígena poderia atribuir o valor de sagrado àquela árvore específica, inviabilizando qualquer tipo de comparação com o valor monetário do madeireiro. O bem-estar do madeireiro é garantido pelo rendimento monetário que pode obter da árvore. O bem-estar do indígena só pode ser mantido com a manutenção daquele espécime de árvore no seu lugar específico.

A incomensurabilidade significa também que a comparação entre dois sistemas sociais ou países é tanto irrelevante (pois as dimensões dependem do conjunto de valores da sociedade), mas também impossível. Por exemplo, Portugal será um país muito mais desenvolvido do que os Estados Unidos, se considerarmos o número de cafés como medida de desenvolvimento. Contudo, um outro país, vá-se lá saber porquê, decide considerar o poderio militar como indicador de desenvolvimento e felicidade dos cidadãos da sua nação. Aí temos claramente um proto-desenvolvimento de Portugal em relação aos Estados Unidos.

O reconhecimento da comparabilidade fraca de valores exige que se procurem formas de medir o sistema económico que ultrapassem a visão reducionista de um indicador único. Nos últimos anos, vários académicos têm desenvolvido ferramentas para representar em paralelo múltiplos domínios descritivos. Tais representações permitem representar de forma mais adequada as diferentes narrativas ou visões para uma mesma situação (figura ). Quando associadas a processos participativos equilibrados, a fuga à unidimensionalidade permite a emancipação de outras linguagens e a focalização nos fins a que o colectivo se propõe, em vez da utilização de meios pouco transparentes usados por grupos poderosos para alcançar os seus fins.

Figura 4: Representação em paralelo de múltiplos domínios descritivos para o uso do tempo (THA - total actividade humana, DHA - actividade humana dispensável, Haagri – actividade humana na agricultura) com o rendimento ($) e energia (ETagri – transferência de energia exossomática na agricultura). A caixa vermelha e verde representam dois compartimentos (por exemplo, nacional e local)

THA

DHA ETagri

HAagri

Physiologicaloverhead

Exosomaticenergydependenceof agriculture

J/hour

Investment inalternatives to PW

THA

DHA $

HAagri

Physiologicaloverhead

ELPagri

$/hour

Investment inagricultural activity

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Rumo ao decrescimento sustentável

Um aumento do PIB corresponde a um aumento da velocidade a que a nossa nave espacial consome os seus recursos. Isto é, quando o PIB cresce, há uma aceleração do consumo. Mas, se a economia já tem um fluxo demasiado elevado de recursos para aquilo que pode ser sustentável a longo prazo, então mesmo a estagnação do crescimento é demasiado pouco. É por isso que Georgescu-Roegen em 1971 defendeu ser necessário proceder a um decrescimento. Mais recentemente, Serge Latouche (2007), muito influenciado por Georgescu-Roegen e por boa parte da escola de pensamento da economia ecológica, partiu à defesa do decrescimento sustentável.

O decrescimento sustentável aparece em forte contraste com o conceito de desenvolvimento sustentável, chavão do discurso institucional desde a Cimeira da Terra em 1992. Para os defensores do decrescimento sustentável, o crescimento económico está inevitavelmente associado a um aumento do uso de materiais, energia e territórios. Esta ideia encontra sólido suporte empírico nas análises de fluxos de materiais e de energia. Todas elas mostram que, mesmo nas economias onde se verificam fortes melhorias da eficiência energética, o consumo total de materiais e energia continua a subir, a par com o crescimento económico. Ou seja, apesar de nalguns países se verificar um desacoplamento relativo entre o crescimento económico e o consumo de energia por unidade de riqueza gerada, em termos absolutos a pressão exercida sobre o meio biofísico continua a aumentar.

Esta evidência está associada a um fenómeno que já havia sido verificado no século XIX pelo economista britânico William Jevons. Jevons verificou que, à medida que as máquinas a vapor aumentavam a eficiência no uso de carvão, o consumo total de carvão aumentava. Este fenómeno ficou conhecido como o paradoxo de Jevons ou, em nomenclatura mais recente, efeito de refluxo. A existência do efeito refluxo constitui um dos pontos fundamentais dos defensores do decrescimento. De facto, este efeito verifica-se em muitos sectores das sociedades modernas, aplicado a uma série de bens de consumo, dos quais o mais evidente é o automóvel. Automóveis mais eficientes vieram trazer mais estradas, distâncias mais longas e um consumo de combustível sempre crescente.

Por outro lado, o crescimento económico não tem contribuído para a redução da pobreza. Antes pelo contrário, tem vindo a acentuar as desigualdades entre territórios, através de um intercâmbio desigual de recursos, produtos e serviços nos mercados. A deterioração dos termos de troca entre os países que detêm o poder sobre os mercados e os países do Sul é agravada por uma apropriação ilegítima do espaço ambiental dos países pobres pelos países ricos. Naturalmente, quando se mede o PIB, países cujos recursos são literalmente sugados pelo Norte e cujas economias estão fortemente dependentes da exportação de recursos naturais (como o caso dos metais do Chile), continuam a apresentar um crescimento económico. No médio ou longo prazo, tal crescimento não pode subsistir, a não ser que o país encontre forma de alargar os territórios explorados para além das suas fronteiras (como faz a Europa desde pelo menos há quinhentos anos). Ou seja, as economias desenvolvidas só conseguem continuar a crescer graças a uma igualmente crescente dívida ecológica para com os países explorados.

O decrescimento sustentável deve por isso promover o right-sizing das economias nacionais e globais. Esse dimensionamento deve regular-se por indicadores biofísicos, associados a outros indicadores que sejam capazes de representar a diversidade de narrativas que indivíduos, comunidades ou países. Como defendia Georgescu-Roegen, temos que reencontrar o caminho para a “joie de vivre”, a verdadeira finalidade da actividade económica.

Agradecimentos

Ao CENSE – Center for Environmental and Sustainability Research da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e em particular ao meu colega Pedro Beça, pelas referências e discussões sobre o ISEW.

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Referências

Assadourian, E., 2010. State of the World 2010: Transforming Cultures – From Consumerism to Sustainability, The Worldwatch Institute.

Boulding, K., 1966. The Economics of the Coming Spaceship Earth. URL: http://dieoff.org/page160.htm (acesso a 28 de Fevereiro de 2010).

Georgescu-Roegen, N., 1971. The Entropy Law and the Economic Process, Harvard University Press, Cambridge.

Recio, A, 2008 “Apuntes sobre la economía y la política del decrecimiento”, Ecología Política 35, 25-34.

Kerschner, C., 2008. “Economía en estado estacionario vs. decrecimiento economico: ¿opuestos o complementarios?”, Ecología Política 35, 13-16.

Daly, E., 1992. Steady-state economics, London Earthscan Publications Ltd.

Nordhaus, W., 1995. How should we measure sustainable income?, Cowles Foundation Discussion Paper 1101.

Daly, H. e Cobb, J., 1989. For the Common Good, Beacon Press.

Martinez-Alier, J., 2002. The Environmentalism of the Poor: a study of ecological conflicts and valuation, Edward Elgar.

Vitousek, P. M., Ehrlich, P. R., Ehrlich, A. H., Matson, P. A., 1986. Human Appropriation of the Products of Photosynthesis. BioScience 36(6), 363-373.

Latouche, S., 2007. Sobrevivir al desarrollo: de la decolonización del imaginario económico a la construcción de una sociedade alternativa, Barcelona, Icaria.