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ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE PROTOCOLO ASSISTENCIAL GERENCIADO CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA À SEPSE

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Page 1: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

ROTEIRO DE

IMPLEMENTAÇÃO DE

PROTOCOLO ASSISTENCIAL

GERENCIADO

CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA À SEPSE

Page 2: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

2 Roteiro de Implementação

© 2016 pelo Instituto Latino Americano da Sepse.

Todos os direitos reservados. Entretanto, a reprodução e a difusão desta brochura de qualquer forma, impressa ou eletrônica, são livres.

Tiragem 3ª edição - 1000 exemplares.

Responsáveis pela elaboração do manual: Flavia Ribeiro MachadoJuliana Lubarino SouzaElaine Maria FerreiraAline Siqueira BossaMariana Barbosa Monteiro

Responsável pela construção do software atual:Ronaldo Ribeiro Santos

Auxílio no desenvolvimento do software: Elaine Maria FerreiraFlavia Ribeiro MachadoMariana Barbosa Monteiro

Criação e finalização:Jonathan Martins Carletti

Elaboração:Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS)Rua Pedro Toledo, 980 - cj. 94Vila Clementino - SPCEP: 04039-002Tel: +55 11 [email protected]

Page 3: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

3ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Campanha de sobrevivência à sepse

ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE PROTOCOLO ASSISTENCIAL GERENCIADO

Page 4: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

4 Roteiro de Implementação

SumárioRoteiro de Implementação

1 Contexto .................................................................................................... 05

2 Pacotes de tratamento ............................................................................. 07

3 Delineamento ............................................................................................ 13 3.1 Fase 1: adequação de infraestrutura e dos processos ................ 15 3.2 Fase 2: intervenção ............................................................................ 25

4 Programa de coleta de dados ................................................................ 29

5 Referências ................................................................................................. 29

Manual do software de coleta de dados

1 Contexto ...................................................................................................... 32

2 Cadastrando sua senha de acesso ........................................................ 33

3 Inclusão de dados ...................................................................................... 36 3.1 Telas de abertura ................................................................................ 36 3.2 Avaliação inicial - triagem .................................................................. 42 3.3 Dados de admissão ............................................................................. 44 3.4 Escores de gravidade .......................................................................... 50 3.5 Coletas de lactato, culturas e antimicrobianos ................................ 51 3.6 Tratamento da hipotensão ................................................................. 54 3.7 Tratamento da hiperlactatemia ......................................................... 55 3.8 Reavaliação do status volêmico e da perfusão ...............................56 3.9 Diagnóstico de choque séptico tardio ............................................. 57 3.10 Ventilação mecânica ....................................................................... 58 3.11 Desfecho ............................................................................................. 59

4 Confirmação dos dados coletados ......................................................... 59

5 Ferramentas acessórias .............................................................................. 61 5.1 Busca de pacientes ............................................................................. 61

Page 5: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

5ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

1 Contexto Sepse pode ser definida como a resposta sistêmica a uma doença infecciosa, seja ela causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Manifestando-se em diferentes estádios clínicos de um mesmo processo fisiopatológico, ela é, para o médico de praticamente todas as especialidades, um desafio, pela necessidade de pronto reconhecimento e tratamento precoce. Assim, mesmo os profissionais não diretamente envolvidos em seu atendimento devem ser capazes de reconhecer os sintomas e sinais de gravidade e providenciar a referência imediata, para que o tratamento possa ser iniciado. Isso torna o desafio amplo e não apenas restrito a áreas como terapia intensiva e serviços de urgência/emergência, abrangendo a instituição de forma plena. Recentemente, a Society of Critical Care Medicine (SCCM) e a European Society of Critical Care Medicine (ESICM) promoveram nova conferência de consenso, e novas definições foram publicadas.[1] Como pontos positivos das novas definições, os critérios da síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) passam a não ser mais requeridos para o diagnóstico de sepse. Sepse passa, então, a ser definida como a disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. A expressão “sepse grave” foi extinta. Entretanto, há pontos muito negativos. Definiu-se como disfunção orgânica o aumento em 2 pontos no escore Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) como consequência da infecção. Isso implica que pacientes somente com hipotensão ou com escala de coma de Glasgow abaixo de 13 não seriam considerados como sepse. Outro ponto negativo é a mudança na definição de choque séptico. Pelos novos critérios, define-se choque como a presença de hipotensão com necessidade de vasopressores para manter pressão arterial média ≥ 65mmHg associada a lactato ≥ 2mmol/L, após adequada ressuscitação volêmica. A presença de hiperlactatemia isolada, independente dos níveis, não foi considerada critério de disfunção. O Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS) recusou o convite para endossar essas novas definições, por entender que elas não contemplam adequadamente a necessidade de diagnóstico precoce em países com recursos limitados. A Campanha de Sobrevivência à

Page 6: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

6 Roteiro de Implementação

Sepse (CSS) declarou que não pretende mudar os critérios usados para definir disfunção orgânica em seu programa de melhoria de qualidade, mantendo, inclusive, a hiperlactatemia como um deles.[2] Assim, neste roteiro, usaremos a terminologia “sepse”, ao invés de “sepse grave”, considerando os critérios anteriores de disfunção orgânica da mesma forma como a CSS optou por fazer. Utilizaremos a terminologia “choque séptico” para os pacientes com hipotensão refratária à reposição volêmica. Os critérios de SIRS ainda são de extremo valor para a triagem de pacientes com risco de sepse. Os atuais dados nacionais mostram que a mortalidade por sepse no país, mormente em hospitais públicos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), é muito elevada e bastante acima da mortalidade mundial. O estudo SPREAD (Sepsis PREvalence Assessment Database), conduzido pelo ILAS em 229 unidades de terapia intensiva (UTI) brasileiras selecionadas aleatoriamente para representarem, de maneira adequada, o cenário nacional, apontou que 30% dos leitos de UTI do país estão ocupados por pacientes com sepse ou choque séptico. A letalidade nesses pacientes foi de 55%.[3] Esses dois achados fazem perceber o custo elevado da sepse em nosso país, tanto do ponto de vista de vidas perdidas como do econômico. Esses fatos, por si só, justificariam o planejamento de ações voltadas à redução da mortalidade. As novas diretrizes da CSS recomendam fortemente que todas as instituições tenham estratégias para a detecção de pacientes com sepse e tentem instituir programas de melhoria da qualidade de atendimento baseados em indicadores bem definidos.[4] As atuais evidências demonstram que a efetiva implementação de protocolos assistenciais gerenciados, baseados nessas diretrizes, tem impacto na evolução desses pacientes. No Brasil, foi recentemente publicada, em parceria com o ILAS, a casuística de uma rede de hospitais.[5] Utilizando a estratégia de implementação do instituto, obteve-se redução importante da letalidade ao longo dos trimestres do processo (de 55% para 26%). Uma cuidadosa análise farmacoeconômica mostrou que o processo, além de efetivo, economizava custos, em termos de anos de vida salva com qualidade. Em termos absolutos, os custos de internação de um paciente eram reduzidos de US$29.3 mil para US$17.5 mil no último trimestre avaliado.

Page 7: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

7ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Nesse sentido, o ILAS (Quadro 1), organização sem fins lucrativos, fundada em 2005 com o objetivo de melhorar a qualidade assistencial aos pacientes sépticos, vem auxiliando, de forma gratuita, instituições interessadas no processo de implementação de protocolos de diagnóstico e tratamento da sepse, com base em pacotes de tratamento da CSS. Além disso, estão também entre nossos objetivos a geração de conhecimento na área da sepse e sua difusão entre as comunidades leiga e científica.

A precocidade na identificação e no diagnóstico da disfunção orgânica e, consequentemente, seu tratamento estão diretamente relacionados com o prognóstico do paciente. Uma vez diagnosticada a sepse, ou o choque séptico, condutas que visam à estabilização do paciente são prioritárias e devem ser tomadas imediatamente, dentro das primeiras horas. Os pacotes atuais da CSS, de 3 e 6 horas, contêm seis intervenções diagnósticas e terapêuticas selecionadas entre as diretrizes, criando, assim, prioridades no tratamento inicial da doença (Quadro 2).[6] O primeiro deles deve ser implementado nas primeiras 3 horas. Após essa fase inicial, no grupo de pacientes mais graves, com choque séptico ou hiperlactatemia, devem ser tomadas medidas adicionais, em termos de ressuscitação hemodinâmica, ainda dentro das primeiras 6 horas.

Quadro 1 - O Instituto Latino Americano de Sepse.

Missão

Visão

Auxiliar no processo de aperfeiçoamento da qualidade assistencial do paciente portador de sepse, por meio da implementação de protocolos baseados em evidências científicas, da geração e difusão de conhecimentos, e do desenvolvimento de estudos clínicos

Tornar-se referência continental na área de sepse, por meio da geração de resultados clínicos e do compartilhamento de estratégias institucionais

2 Pacotes de Tratamento

Page 8: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

8 Roteiro de Implementação

Quadro 2 - Pacotes de 3 e de 6 horas para manejo dos pacientes com sepse ou choque séptico.

Vale esclarecer que os pacotes foram modificados em decorrência da publicação de novos estudos avaliando o papel da otimização da pressão venosa central (PVC) e da saturação venosa central de oxigênio (SvcO2). O primeiro deles, o estudo ProCESS (Protocolized Care for Early Septic Shock), publicado em 2014, mostrou resultados negativos, ou seja, a adição da SvcO2 entre os alvos terapêuticos não afetou a mortalidade.[7] Esses resultados foram confirmados pelos outros dois estudos, o ARISE (Australasian Resuscitation in Sepsis Evaluation) e o ProMISe (Protocolised Management in Sepsis).[8, 9] Se, por um lado, a relevância da otimização de SvcO2 pode ser questionada, é importante frisar que a qualidade da assistência prestada a esses pacientes foi muito diferente do que hoje se vê no nosso e em outros países emergentes e com recursos limitados. A mortalidade dos grupos controle foi muito baixa - em torno de 18% nos estudos ProCESS e ARISE. Hoje, no banco de dados do ILAS, a mortalidade do subgrupo de pacientes com choque séptico ou sepse com lactato elevado é de 64% e 57%, respectivamente.

Pacote de 3 horas

Pacote de 6 horas (para pacientes com hiperlactatemia* ou hipotensão persistente)

• Coleta de lactato sérico para avaliação do estado perfusional • Coleta de hemocultura antes do início da terapia antimicrobiana• Início de antimicrobiano, de largo espectro, por via endovenosa, nas primeiras horas do tratamento •Reposição volêmica agressiva precoce em pacientes com hipotensão ou lactato acima de 2 vezes o valor de referência

* Hiperlactatemia é definida por valores duas vezes acima do valor de referência. Adaptado de Dellinger et al.[4]

• Uso de vasopressores para manter pressão arterial média acima de 65mmHg • Reavaliação do status volêmico e da perfusão tecidual • Nova mensuração de lactato para pacientes com hiperlactatemia inicial

Page 9: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

9 Roteiro de Implementação

Nesse cenário distinto, é possível que a monitorização mais agressiva desses pacientes seja benéfica. Além disso, mais do que efetivamente contribuir para melhorar a sobrevida, o uso desses itens de monitorização (PVC e SvO2) como indicadores pode funcionar como marcador de bom cuidado assistencial. De toda forma, o resultado desses estudos levou à modificação do pacote de 6 horas, já apontada no quadro 2. Entende-se que é necessária uma reavaliação do paciente, do ponto de vista hemodinâmico, dentro das 6 primeiras horas. Entretanto, ela não se limita à otimização da PVC e SvcO2. Podem também ser usados parâmetros como sinais vitais, tempo de enchimento capilar, presença de livedo, diurese e nível de consciência. No tocante à avaliação de volemia, foram incluídos os métodos dinâmicos de avaliação de responsividade à volume. Dentro do programa educacional, é possível mensurar a aderência aos itens desses pacotes, gerando indicadores de qualidade reprodutíveis e confiáveis. A implementação se baseia em nove indicadores (Quadro 3). Por meio da auditoria de dados de aderência a cada intervenção individual e da aderência ao pacote como um todo, além das taxas de letalidade, é possível medir o progresso de implantação e direcionar as políticas institucionais de melhoria assistencial. O ILAS emite relatórios trimestrais de desempenho para as instituições participantes com envio regular de dados, incluindo benchmarking com as demais instituições.

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Page 13: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

13 Roteiro de Implementação

O ILAS procurou delinear, nesta brochura, os principais passos no processo de implementação de protocolos de assistência gerenciados, visando auxiliar na redução da morbidade e da mortalidade de pacientes adultos com sepse. As instituições interessadas devem procurar o ILAS por meio de nosso s i te www.i las.org.br ou enviar e-mai l para [email protected]

O processo de implementação se divide em duas fases, delineadas a seguir e disponíveis no quadro 4. Na primeira fase, as condições para implementação do protocolo devem ser verificadas, e aquelas não conformes precisam ser corrigidas. Todo o material necessário é desenvolvido nessa fase. Após a finalização de todos esses itens, a instituição está pronta para o inicio da implementação e da coleta de dados (fase 2). A intervenção se baseia na instituição de programas de capacitação profissional e no processo de coleta de dados, com feedback aos profissionais de saúde do desempenho institucional, de acordo com os diferentes setores hospitalares e, eventualmente, feedback da desempenho individual.

3 Delineamento

Page 14: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

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15 Roteiro de Implementação

Entende-se que é necessária a mudança na forma como as equipes envolvidas enxergam o paciente séptico - mudança esta cultural e fundamental para o sucesso do projeto. Esse ganho não é obtido rapidamente. Assim, prevê-se duração do processo de 12 a 18 meses após sua implementação inicial. Como em qualquer processo de melhoria de qualidade, os dados auxiliam na tomada de decisão e na avaliação de medidas implementadas. Há instituições que não conseguem operar as mudanças estruturais e culturais necessárias. Nesse caso, há risco da coleta de dados transformar-se numa atividade-fim, e não ser uma atividade-meio.

Cada instituição deverá criar localmente o time encarregado da condução do projeto. Esse time deve ter caráter multidisciplinar e englobar representantes de todos os setores envolvidos no atendimento ao paciente séptico. Sugere-se que, além do coordenador local, sejam incluídos: representantes da diretoria; coordenação geral de enfermagem; chefias médicas e de enfermagem dos serviços de emergência, das principais unidades de internação regulares, das UTI, times de resposta rápida e equipes de hospitalistas. Também devem fazer parte representantes da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), do laboratório, da farmácia e, eventualmente, do centro cirúrgico. Em hospitais com equipes de qualidade ou de educação continuada bem estruturadas, a participação desses profissionais é fundamental. É importante que os formadores de opinião e detentores das decisões sejam envolvidos no processo de planejamento, desde os estágios iniciais e também durante toda a implantação. O time de sepse tem a responsabilidade de criar os diversos protocolos necessários ao andamento do projeto; motivar as equipes participantes; iniciar e conduzir o processo de implementação; analisar e divulgar os dados coletados; e, posteriormente, sugerir e implementar as mudanças necessárias para que as não conformidades apontadas sejam devidamente sanadas. A comissão deve se reunir periodicamente, com registro adequado dos pontos discutidos e das decisões tomadas.

Criação do time local de sepse

3.1 Fase 1: Adequação de infraestrutura e dos processos

Page 16: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

16 Roteiro de Implementação

O atendimento a sepse não se restringe às UTI. Na verdade, quando consideramos apenas o primeiro evento séptico de um determinado paciente, entre 30% a 50% dos casos dão entrada na instituição via unidades de urgência/emergência, outros 30 a 35% desenvolvem sepse quando estão nas unidades de internação regulares, e somente entre 20 e 30%, durante a internação em UTI. Assim, o protocolo institucional deverá ser disponibilizado para todas as áreas do hospital. Em cada uma delas, é necessário estabelecer a forma como os pacientes sépticos serão detectados e qual será o fluxo de atendimento. Algumas instituições adotam um “kit sepse”, no qual podem ser encontrados todos os materiais necessários para o atendimento inicial: fichas de triagem, checklists, solicitação de exames, material para coleta desses exames e uma dose de cada um dos principais antimicrobianos. Esses kits são distribuídos em todas as áreas de interesse. Uma parcela variável dos pacientes se apresenta com critérios de hipoperfusão, caracterizada pela presença de hipotensão ou elevação do lactato acima de duas vezes o valor normal. Em alguns desses pacientes, mormente aqueles em uso de vasopressores, recomendam-se a passagem de cateter venoso central e a ressuscitação hemodinâmica. Em razão da necessidade de rápida intervenção, na impossibilidade de imediata transferência para as UTI, essas metas devem ser cumpridas ainda nos setores de urgência e internação regular. Para isso, é fundamental o delineamento dos passos necessários. Pode ser preciso equacionar impedimentos estruturais, como a falta de monitores nesses setores, ou deficiências na capacitação das equipes, nem sempre treinadas para a passagem de cateter venoso central e nos passos necessários para a otimização hemodinâmica. Deve-se ressaltar que, nas UTI, outras formas de monitorização hemodinâmica podem ser preferíveis.

Todos os setores do hospital devem utilizar instrumentos de triagem, contendo os principais critérios da SRIS e de disfunção orgânica. Esse é o momento em que se configura a “abertura do protocolo”, ou seja, o acionamento das ações a serem executadas em casos com suspeita de sepse para um determinado paciente. O treinamento deve se basear na detecção pela enfermagem desses critérios. Sugestões de fichas de triagem podem ser encontradas no ícone “Ferramentas” no site do ILAS e na figura 1.

Definição de estratégias de ação setoriais

Instrumentos para detecção precoce

Page 17: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

17ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Um ponto crucial a definir é o critério para acionamento da equipe médica. Idealmente, a detecção deve se basear em critérios de SIRS e na possível presença de um foco infeccioso suspeito, e não na presença de disfunção orgânica, o que já seria indicativo de estágio mais avançado da síndrome. A responsabilidade prioritária para essa detecção é da enfermagem, e esses profissionais devem ser especificamente e

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE FICHA DE TRIAGEM

Revisado em: agosto de 2015

DADOS DO PACIENTE:

Nome completo: ______________________________________

Idade:_________ RH:_____________________ Leito:________

LOCAL DE INTERNAÇÃO:

_____________________________________

ENFERMAGEM – PACIENTE APRESENTA PELO MENOS DOIS DOS SINAIS DE SIRS?( ) Hipertermia > 37,8º C ou hipotermia <35º C (opcionalmente pode ser retirado para aumentar a especificidade)( ) Leucocitose > 12000, leucopenia <4000 ou desvio esquerdo > 10% (opcionalmente, pode ser retirado)( ) Taquicardia > 90 bpm( ) Taquipnéia > 20 ipm

OU UM DOS CRITÉRIOS DE DISFUNÇÃO ORGÂNICA ABAIXO?( ) Oligúria( ) Hipotensão( ) Rebaixamento do nível de consciência( ) Dispnéia ou dessaturação

Acionamento equipe médica: Nome do médico chamado ___________________________________ Hora: ____:_____

MÉDICO RESPONSÁVEL: _______________________________________________________ CRM: ______________

ENFERMEIRO: ______________________________________________________________ COREN: ______________

AVALIAÇÃO MÉDICA 1 – PACIENTE APRESENTA HISTORIA SUGESTIVA DE INFECÇÃO?( ) Pneumonia/Empiema ( ) Infecção de prótese( ) Infecção urinária ( ) Infecção óssea/articular( ) Infecção abdominal aguda ( ) Infecção de ferida operatória( ) Meningite ( ) Infecção de corrente sanguínea associada ao cateter( ) Endocardite ( ) Sem foco definido( ) Pele e partes moles ( ) Outras infecções: -

AVALIAÇÃO MÉDICA 3 – APÓS EXAMES, HÁ NOVAS DISFUNÇÕES ORGÂNICAS? ( ) NÃO( ) Paciente não tinha disfunção orgânica, somente infecção( ) PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg( ) Relação PaO2/FiO2 <300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90 ( ) Rebaixamento do nível de consciência( ) Creatinina > 2,0 mg/dL ou diurese menor que 0,5mL/Kg/h nas últimas 2 horas( ) Bilirrubina > 2mg/dL( ) Contagem de plaquetas < 100.000mm3

( ) Lactato acima do valor de referência( ) Coagulopatia (INR > 1,5 ou TTPA > 60 seg)Data e hora da primeira disfunção orgânica: __/__/____ às __:___O caso ficou confirmado como:( ) Infecção ( ) Sepse ( ) Sepse com lactato alterado ( ) Choque séptico ( ) Afastado infecção

AVALIAÇÃO MÉDICA 2 – O PACIENTE APRESENTA CRITÉRIOS PARA:( ) Infecção (ainda sem disfunção clínica, necessita coleta de exames para descartar disfunção orgânica laboratorial) ( ) Sepse ( ) Choque séptico( ) Afastado infecção/sepse/choque séptico( ) Sepse /choque séptico em cuidados de fim de vida sem conduta no momento

CONDUTA MÉDICA: ( ) coletar exames do kit sepse E Data e hora da coleta: ___/___/____ às __:___

( ) prescrever antimicrobiano OU Data e hora da primeira dose: ___/___/____ às __:___

( ) encerrar o atendimento Data e hora do atendimento médico: __/__/____ às __:___

Figura 1 - Modelo de ficha de triagem baseada em dois critérios de síndrome de resposta inflamatória sistêmica.

Page 18: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

18 Roteiro de Implementação

rotineiramente treinados para tal fim. O médico deve ser acionado na presença de dois critérios de SRIS ou, logicamente, na presença de uma disfunção orgânica. A ficha de triagem deve contemplar esses critérios. Ela deve ser aplicada tanto na triagem dos serviços de urgência/emergência, acoplada às estratégias já existentes de estratificação de risco, como nas unidades regulares de internação. A enfermagem, ao identificar um paciente potencial, procederia à abertura do protocolo, com o preenchimento da ficha e o acionamento da equipe médica. A avaliação médica define se há ou não foco infeccioso suspeito como causador da SRIS, ou seja, o médico define se deve se dada continuidade ao atendimento com base no diagnóstico de possível sepse ou se esse diagnóstico foi afastado. Assim, numa instituição bem treinada, em que as equipes estão atentas ao diagnóstico de sepse e, portanto, h alta sensibilidade, ocorreriam as aberturas de diversos protocolos de sepse, sendo muitos deles encerrados com o afastamento do diagnóstico. Nas UTI, ao contrário dos serviços de urgência/emergência e unidades de internação regular, a detecção não deve se basear nos critérios de SIRS, pela frequência que eles ocorrem em terapia intensiva (na UTI) e por sua baixa especificidade. Nas UTI, a equipe médica está sempre disponível e já é acionada nos casos de modificação dos sinais vitais. Assim, a abertura do protocolo de sepse deve ser feita de comum acordo entre equipes médica e de enfermagem, sempre que houver suspeita de foco infeccioso, mesmo na ausência de disfunção orgânica. A medida que a presença de infecção é confirmada, os exames laboratoriais são coletados. A coleta de exames em todos os pacientes com suspeita de sepse é fundamental, pois, nesse processo, pode-se diagnosticar tanto a disfunção orgânica (elevação de bilirrubinas, creatinina ou plaquetopenia) como a hipoperfusão (hiperlactatemia). Dessa forma, pacientes sob suspeita de sepse serão identificados e precocemente tratados. Essa estratégia também aumenta a detecção de hipoperfusão oculta, ou seja, pacientes que, embora possam não apresentar disfunção clinicamente perceptível (dispneia, hipotensão, rebaixamento de nível de consciência ou oligúria), efetivamente possuem níveis elevados de lactato e necessitam de ressuscitação hemodinâmica. Outro aspecto importante dessa precocidade de acionamento, na presença de SRIS, é a possibilidade de se iniciar a terapia

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19ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

antimicrobiana o mais rapidamente possível. Ou seja, a primeira dose de antimicrobianos deve ser administrada assim que se confirmar a possível etiologia infecciosa como causa da SRIS, mesmo antes da confirmação da presença de disfunção. Apesar de as evidências para a administração de antimicrobianos, em termos de redução de letalidade, serem mais contundentes nos pacientes com sepse ou choque, a administração precoce de antimicrobianos em pacientes apenas com sepse potencialmente reduz a evolução para formas mais graves da doença. Pacientes com diagnóstico de sepse devem receber antimicrobianos de toda forma, e essa estratégia apenas reduz o tempo para recebimento. No entanto, o risco dessa estratégia é o emprego excessivo de antimicrobianos. O aumento da utilização de antimicrobianos de espectro muito amplo pode acarretar elevação de custos e aumento de resistência bacteriana. Nesse sentido, é importante que os médicos envolvidos avaliem com atenção a real presença de foco suspeito (sepse). Se houver dúvida sobre a etiologia infecciosa e o paciente não apresentar disfunção, o antimicrobiano não deve ser administrado, ainda que isso acarrete redução da aderência, se, mais tarde, a etiologia infecciosa for confirmada. Quando o antimicrobiano for prescrito, caso se prove mais tarde não ser um quadro infeccioso, ele deve ser suspenso. Além disso, a parceria com as CCIH é fundamental, para que o descalonamento, após a identificação do agente, seja feito de forma apropriada. Estudo multicêntrico brasileiro recentemente publicado [5], que utilizou essa estratégia, mostrou redução de custos; assim, a sobrecarga na coleta de exames e no uso de antimicrobianos não parece levar ao aumento de gastos. Outro risco potencial, em instituições com protocolos bem implementados, são as admissões nas UTI sem indicação apropriada, mormente em hospitais onde não há restrição de leitos de terapia intensiva. A instituição deve monitorar a admissão de pacientes com sepse e sem disfunção orgânica, de forma a averiguar se existe não conformidade. Entretanto, em diversas instituições, principalmente naquelas de grande porte e vinculadas ao SUS, não é possível o disparo do protocolo em pacientes apenas com sinais de SRIS, pois isso leva à sobrecarga da equipe assistencial. Nessas instituições, como estratégia alternativa,

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20 Roteiro de Implementação

pode-se colocar o disparo do protocolo, ou seja, o chamado da equipe médica na presença de critérios de disfunção já citados perceptíveis clinicamente pela enfermagem (dispneia/hipoxemia, hipotensão, rebaixamento do nível de consciência/agitação e oligúria). Embora o benefício, em termos de prevenção da ocorrência de sepse, seja perdido, pode-se ainda tratar mais precocemente esses pacientes e, eventualmente, contribuir para a redução das formas mais graves com múltiplas disfunções orgânicas e choque.

A instituição deve elaborar um protocolo para atendimento dos pacientes, com base nas diretrizes da CSS. A ênfase do protocolo deverá ser dada aos pacotes de 3 e 6 horas, tendo em vista sua importância para melhora da sobrevida dos pacientes. Sugestão de protocolo de tratamento pode ser encontrada no ícone “Ferramentas” no site do ILAS, assim como diversos materiais para a divulgação institucional do mesmo. Sugere-se a formulação de procedimentos operacionais padrão (POP), cujo papel de cada uma das equipes seja claramente definido. A revisão contínua dos protocolos institucionais é de suma importância, para que os pacientes recebam o melhor tratamento disponível, com base nas evidências mais recentes.

Um dos itens considerados prioritários, dentro do pacote de 3 horas, é a administração precoce de antimicrobiano adequado. Para tal, é importante que a CCIH defina quais são os esquemas antimicrobianos para os principais focos de infecção, tanto os de origem comunitária, quanto aqueles associados à assistência à saúde. O conhecimento da flora bacteriana da instituição é importante para que seja administrado o antimicrobiano correto. A elaboração desse guia evita as hesitações no momento da prescrição, bem como a inadequação do esquema escolhido. Logicamente, o protocolo deve prever a independência de julgamento médico, para a conveniência ou não da utilização de outros esquemas. Sugestão de protocolo de terapia antimicrobiana empírica pode ser encontrada no ícone “Ferramentas” no site do ILAS.

Elaboração de protocolo de tratamento

Elaboração do guia de terapia antimicrobiana empírica

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21ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Adequação da rotina para coleta de exames

A coleta de lactato é o primeiro item do pacote de 3 horas. Para orientação terapêutica, é fundamental que o resultado esteja disponibilizado rapidamente - idealmente dentro de 30 minutos. Para que isso seja possível, é necessária a criação de uma rotina, para agilização da coleta, encaminhamento e processamento prioritário da amostra. Os responsáveis por cada um desses passos devem estar bem definidos em cada uma dos setores do hospital. Além do lactato, o laboratório está envolvido também na coleta de espécimes para pesquisa microbiológica e de exames para detecção de outras disfunções orgânicas relacionadas à sepse. É obrigatória a coleta de hemocultura, além das culturas dos sítios pertinentes ao local da infecção. Assim, a rotina de coleta desses espécimes de forma prioritária também precisa ser definida. Deve-se lembrar que a recomendação é a coleta antes da administração da primeira dose de antimicrobiano, e que esta deve ser feita dentro da primeira hora da instalação da disfunção. Isso torna o tempo exíguo para a obtenção das mesmas. Sugere-se a criação de kit de sepse, ou “perfil laboratorial sepse”. Esse kit deve incluir hemograma, gasometria arterial, coagulograma, lactato, creatinina, bilirrubinas e hemocultura (duas amostras). Além do lactato, a coleta de creatinina, bilirrubinas e plaquetas permite a identificação da presença de disfunção orgânica. Embora existam ressalvas em relação à concordância entre lactato venoso e arterial, pacientes sem disfunção respiratória podem ser submetidos apenas à coleta venosa, para evitar desconforto. Vale mencionar que, nas instituições que optarem pelo disparo do protocolo de sepse na presença de dois critérios de SRIS, e não na disfunção orgânica, a coleta de exames de laboratório deve necessariamente ser feita após a avaliação médica, com confirmação da presença de suspeita de foco infeccioso como causa da resposta inflamatória. O número de exames tende a aumentar e, com isso, a sobrecarregar a rotina laboratorial de atendimento ao protocolo, principalmente em instituições de grande porte ou com intenso movimento nos setores de emergência. Existe controvérsia em relação à coleta de hemoculturas nesse momento. O custo do exame é elevado,

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22 Roteiro de Implementação

e nem sempre o diagnóstico de sepse será confirmado. Por outro lado, como a recomendação é para coleta antes da administração do antimicrobiano, a espera por eventuais resultados laboratoriais pode comprometer a sensibilidade do exame. Isso prejudicaria o descalonamento posterior dos antimicrobianos prescritos, o que não é desejável e pode, inclusive, aumentar custos.

Além da relevância da prescrição correta do antimicrobiano, é importante que a primeira dose desse antimicrobiano seja administrada dentro da primeira hora de disfunção orgânica. Como já mencionado, embora as evidências mais fortes sejam aquelas de estudos clínicos com pacientes em sepse ou choque, o benefício potencial dessa terapia precoce para pacientes que se apresentem somente em sepse, sem disfunção, é intuitivo. Além disso, apesar dos eventuais riscos associados à prescrição excessiva de antimicrobianos, em termos de surgimento de resistência e custos, é difícil encontrar possíveis eventos adversos associados à administração precoce de antimicrobianos. Vale mencionar que, nas instituições que optarem pelo disparo do protocolo de sepse na presença de dois critérios de SRIS, e não na disfunção orgânica, a administração de antimicrobiano deve aguardar a orientação médica, com confirmação da suspeita de foco infeccioso como causa da resposta inflamatória. Essa conduta é fundamental para minimizar o risco de aumento da utilização de antimicrobianos em casos em que, posteriormente, o diagnóstico de sepse não é confirmado. Atenção especial deve ser dada a pacientes sem foco aparente. Caso estes não apresentem disfunção orgânica, protelar o início da terapia antimicrobiana pode ser mais adequado. As instituições devem incentivar outras práticas, visando o melhor controle do uso excessivo. Entre elas, a visita e a avaliação compulsória da CCIH, dentro das primeiras 24 a 48 horas do início do antimicrobiano, o descalonamento rigoroso e a redução da duração do tratamento. Para que a administração dentro da primeira hora seja possível, é imprescindível disponibilizar de forma ágil a primeira dose, sem necessidade de preenchimento de formulários ou de liberação pela CCIH. A forma mais adequada de viabilizar essa administração deverá ser definida para cada instituição individualmente, ou mesmo

Adequação da dispensação da primeira dose de antimicrobiano

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23ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

para cada setor dentro de uma determinada instituição, pois as características operacionais são diversas. São soluções possíveis a manutenção de estoque mínimo de uma dose de cada antimicrobiano definido no guia de terapia antimicrobiana empírica em cada unidade, ou a identificação diferenciada da prescrição médica (carimbo, por exemplo) para facilitação de fluxo de dispensação pela farmácia. Além disso, é de suma importância que sejam abandonadas práticas como o aprazamento da infusão. Todo antimicrobiano prescrito deve ser entendido com medicação de urgência e prontamente administrado. Além disso, em instituições onde a prescrição é totalmente eletrônica, mecanismos para agilização devem ser implementados. A possibilidade de ordem verbal deve ser entendida no mesmo contexto de outras urgências médicas.

Sugere-se fortemente que, além da ficha de triagem, checklists sejam disponibilizados em todos os setores, de forma que os diversos passos do tratamento sejam seguidos pela equipe que atende ao paciente. Sugestões de checklists do atendimento podem ser encontradas no ícone “Ferramentas” no site do ILAS.

O controle de foco, quando pertinente, faz parte das medidas iniciais a serem feitas em pacientes sépticos nas primeiras horas de atendimento. Como pode ser necessária uma intervenção em centro cirúrgico, as instituições devem prever fluxo diferenciado, com priorização desses pacientes.

Como parte da ressuscitação hemodinâmica, pode ser necessária a transfusão de hemácias. O banco de sangue deverá estar capacitado para atender esses pacientes com prioridade, pois o tempo disponível para otimização é de 6 horas.

Checklist de ações

Rotina para priorização de atendimento no centro cirúrgico

Adequação do banco de sangue

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24 Roteiro de Implementação

Para realização da campanha, serão necessários materiais gráficos, como cartazes explicativos e motivacionais, fluxograma de atendimento e diretrizes, além do guia de bolso para atendimento. Esse material deve estar pronto ao final da fase 1, para dar início a campanha. Sugestões de materiais gráficos podem ser encontradas no ícone “Ferramentas” no site do ILAS.

Na fase 2 do projeto, será também iniciada a coleta dos dados de aderência e letalidade, com monitoramento dos resultados de desempenho de cada uma das equipes envolvidas. É fundamental que a estratégia de coleta seja extensamente debatida, pois modificações nesse perfil podem levar a mudanças nos resultados obtidos. Em instituições de grande porte, a coleta em todos os setores pode ser inviável, principalmente se houver apenas um profissional designado para essa tarefa. Assim, pode ser necessário selecionar as áreas de maior incidência de sepse para serem monitoradas. Necessariamente, deve-se coletar dados nas unidades de urgência/emergência e nas UTI. As principais unidades de internação regular também precisam ser monitoradas. A oscilação no formato de coleta pode interferir de forma radical nos resultados. Sabe-se, por exemplo, que a letalidade nos pacientes advindos dos setores de urgência é menor do que a daqueles internados em unidades regulares de internação. Por sua vez, esses também tem letalidade inferior a dos pacientes já internados em UTI. Assim, caso a coleta inicialmente se restrinja às UTI e, ao longo do tempo, difunda-se pelo restante da instituição, ocorrerá necessariamente redução da mortalidade, embora não em consequência de intervenções, mas sim pela modificação do padrão de coleta. Da mesma forma, todo o cuidado também deve ser tomado para que a processo de coleta inclua, desde o início, pacientes com as formas menos graves e não foque somente nos pacientes mais críticos ou com choque, pois isso também falsearia os resultados de desempenho. Constitui um erro basear a coleta de dados nas fichas abertas no início do projeto, visto que a tendência seria “abrir protocolos” somente nos

Produção do material gráfico para divulgação e condução da campanha

Planejamento do processo de coleta de dados

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25ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

casos mais graves. Isso pode hiperestimar a mortalidade institucional. Da mesma forma, como nas situações em que se abre a ficha tende-se a obter aderência aos indicadores, essa tática também hiperstimaria a aderência. Naturalmente, com o sucesso da intervenção, espera-se que a instituição passe a detectar maior número de pacientes com sepse e, cada vez mais, em seus estágios iniciais. Com o progredir da implementação, mais “protocolos de sepse” (leia-se: “fichas de triagem”) são abertos e, cada vez mais, são também “fechados”, em virtude do afastamento desse diagnóstico pelo médico. Para evitar esse viés, levando à interpretação errônea dos dados, é fundamental que, desde o início, o processo de coleta seja feito por meio de busca ativa de casos e não apenas pelos “protocolos abertos”, ou seja, casos reportados como sepse/choque pelos profissionais. Formas sugeridas para aumentar a sensibilidade da coleta de dados são fazer diariamente a auditoria de novos antimicrobianos prescritos e dos resultados de culturas no laboratório, e contatar pessoalmente as chefias dos setores. A auditoria dos óbitos institucionais pode auxiliar na detecção de casos, mas basear a coleta nessa auditoria pode levar a viés importante, com aumento fictício da mortalidade institucional. Com o progredir da campanha, espera-se que cada vez menos pacientes sejam identificados por esse processo de busca ativa, até que instituição se julgue madura o suficiente para basear a coleta apenas em “protocolos abertos”. Para tal, a seleção e o treinamento de profissional específico para essas ações são fundamentais. O treinamento do profissional para o processo de coleta de dados deve ser feito ainda na fase 1. No entanto, como será visto posteriormente, o papel desse profissional é mais abrangente do que a simples coleta. Ele deve ser o responsável pela monitoração de todo o treinamento da equipe, bem como pelo seguimento desses pacientes, funcionando como um case manager do protocolo.

A fase de intervenção se baseia na instituição de programas de capacitação profissional e no processo de coleta de dados, com feedback institucional dos dados de desempenho obtidos por cada um dos setores e também feedback individual de desempenho.

3.2 Fase 2: Intervenção

Page 26: ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GERENCIADO

26 Roteiro de Implementação

A coleta de dados deve ser mantida durante todo o processo. Idealmente, todos os pacientes com sepse ou choque séptico das unidades de urgência, internação e terapia intensiva devem ser incluídos. O novo software do ILAS permite aos hospitais optar por coletar também dados sobre as fichas abertas e sem sepse confirmada, e os casos em que o diagnóstico de sepse foi erroneamente realizado. Todos os indicadores utilizados são coletados somente dentro das 24 primeiras horas do diagnóstico da sepse, com exceção dos dados de letalidade. O principal indicador de desfecho é a letalidade hospitalar. O ILAS disponibiliza às instituições interessadas o acesso ao software para coleta de dados. As orientações para preenchimento estão na segunda parte deste manual. A critério da instituição, a ficha de coleta online pode ser impressa, para facilitar a coleta em áreas onde terminais de computadores não estejam disponíveis. A versão impressa da ficha pode ser encontrada no ícone “Ferramentas” no site do ILAS. Opcionalmente, a instituição pode decidir coletar dados antes do início da intervenção (Fase 1b). O objetivo dessa coleta inicial seria determinar qual o desempenho institucional, tanto em termos de aderência como de mortalidade, antes do início do processo.

O lançamento da campanha na instituição deve ser aproveitado para divulgar o protocolo e motivar as equipes. Estratégias para melhor divulgação poderão ser utilizadas, como a distribuição de material informativo para os profissionais de saúde e o público leigo nas entradas do hospital, encenações e visitas em áreas chaves. Sugere-se definir uma data específica a ser repetida anualmente. Se houver possibilidade temporal, uma data apropriada seria o dia 13 de setembro, Dia Mundial da Sepse. Independente da data escolhida, anualmente as instituições envolvidas devem promover atividades nesse dia.

O programa de educação continuada deverá estar voltado para treinamento das diversas categorias de profissionais de saúde

Coleta de dados

Lançamento da campanha na instituição

Treinamento continuado dos profissionais envolvidos

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27ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

envolvidos no protocolo. Todo o corpo médico e de enfermagem das áreas chave deverá ser treinado. Outros profissionais, necessários à adequada condução do processo também precisam ser treinados. São exemplos as equipes de laboratório e de farmácia. Para isso, sugere-se mapear todos os profissionais por setores. Além disso, as instituições que contam com residentes deverão elaborar intervenção específica voltada a esses profissionais. É importante que o treinamento faça parte da rotina admissional de novos residentes e funcionários, em razão da alta rotatividade característica das instituições de saúde. Basicamente, pode-se ter uma abordagem coletiva ou individualizada dos profissionais a serem treinados. Na abordagem coletiva, sugere-se que, nos locais onde ocorram reuniões clínicas de serviços, o protocolo de sepse seja discutido ou reuniões sejam conduzidas nos diferentes turnos de trabalho. Para o corpo de enfermagem, o treinamento idealmente deve ser coletivo, em cada um dos turnos de trabalho de cada uma das áreas selecionadas. Esse módulo deve focar nos aspectos de detecção dos sinais de resposta inflamatória e de disfunção orgânica. Ao final do treinamento, o profissional de enfermagem deverá estar habilitado a reconhecer esses sinais de forma a possibilitar que o profissional médico seja acionado. Aulas de treinamento e outras estratégias podem ser encontradas no site do ILAS. O treinamento médico deve ser planejado de acordo com a realidade de cada instituição. Notadamente, os médicos estão menos disponíveis para treinamentos coletivos. Assim, devem ser pensadas estratégias individuais de treinamento para aqueles que não participarem de nenhuma das atividades em time. A simples explicação da existência do protocolo gerenciado e a entrega do protocolo institucional podem trazer resultados positivos. Assim, o mapeamento prévio das áreas envolvidas prioritariamente na campanha irá possibilitar que a cobertura dos profissionais seja otimizada. Nessa abordagem, o case manager da sepse abordará cada um dos profissionais identificados, alertando para a existência do protocolo institucional e distribuindo o material da campanha

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28 Roteiro de Implementação

A divulgação dos resultados de desempenho é fundamental para o planejamento de ações e para a motivação das equipes envolvidas. As instituições que optarem pela coleta de dados no sistema disponibilizado gratuitamente pelo ILAS via web receberão trimestralmente relatórios com indicadores de qualidade referentes à própria instituição e um comparativo com o restante dos hospitais do país e do mundo. Nesses relatórios, é possível acompanhar a tendência da aderência a essas diretrizes ao longo do tempo em cada um dos principais setores do hospital (emergência, unidades de internação e terapia intensiva). O profissional responsável pela coleta deverá também ser responsável pela difusão dos resultados da campanha dentro do hospital, dos progressos obtidos e das limitações ainda presentes, por meio da divulgação dos dados presentes nos relatórios. Sugere-se fortemente que o time de sepse tenha reuniões periódicas, para que esses resultados possam ser discutidos, de forma a basear novas estratégias, visando à resolução dos pontos negativos ainda encontrados. A instituição deve ter instrumentos adequados para verificar não conformidades em todas as etapas de atendimento ao paciente com sepse. Essas não conformidades devem ser avaliadas juntamente do restante do time, visando identificar estratégias que permitam minimizar a recorrência.

Outra estratégia possível é a divulgação individualizada de desempenho. O case manager do protocolo pode entregar individualmente ao profissional médico e de enfermagem que realizou o atendimento uma análise de seu desempenho, sempre que possível. Sugestões desse instrumento podem ser encontradas no ícone “Ferramentas” no site do ILAS.

As instituições devem possibilitar o acompanhamento contínuo desses pacientes pelo time de sepse. Uma alternativa interessante é o acionamento do profissional responsável pela coleta de dados em todos os momentos em que há abertura de protocolo. A adoção dessa

Divulgação dos resultados coletivos

Feedback individual de performance

Acompanhamento dos casos de sepse

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29ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

conduta torna o indivíduo muito mais do que um simples coletador de dados. Ele passa a desempenhar plenamente a função de case manager, acompanhando o protocolo em todos seus níveis. A presença desse profissional, ao lado do caso em questão, aumenta as chances de bom desempenho e de tratamento adequado. Cabe ao mesmo preencher o ckecklist, garantido que todos os passos do tratamento sejam adequadamente cumpridos. A cobertura integral por esse profissional de todos os turnos de trabalho é, usualmente, inviável. Assim, sugere-se que, fora dos horários de trabalho predefinidos, seja possível registrar o chamado para que, assim que possível, o profissional entre em contato com a equipe solicitante e verifique o desfecho do caso. Embora inicialmente, na fase de adaptação à coleta de dados e de treinamento da equipe, a instituição dessa rotina seja difícil, recomenda-se fortemente que ela seja iniciada assim que possível.

O ILAS disponibiliza gratuitamente seu software para coleta de dados. As instituições devem solicitar o cadastro e passar por treinamento, para a utilização otimizada do sistema. Entretanto, orientações básicas para a utilização do software se encontram descritas no manual disponibilizado a seguir.

1. Singer M, Deutschman CS, Seymour CW, Shankar-Hari M, Annane D, Bauer M, et al. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA. 2016;315(8): 801-10.2. Surviving Sepsis Campaign. Educational Videos. Surviving Sepsis Campaign Responds to Sepsis-3 [Internet]. [cited 2016 Mar 12]. Available from: http://www.survivingsepsis.org/Pages/default.aspx3. Machado FR, Carrara FS, Bozza FA, Lubarino J, Azevedo LC, Salomão R. Prevalência e mortalidade por sepse grave e choque séptico em unidades de terapia intensiva brasileiras. Rev Bras Terapia Intensiva. Supl 1:S14.

4

5

Programa para coleta de dados

Referências

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30 Roteiro de Implementação

4. Dellinger RP, Levy MM, Rhodes A, Annane D, Gerlach H, Opal SM, Sevransky JE, Sprung CL, Douglas IS, Jaeschke R, Osborn TM, Nunnally ME, Townsend SR, Reinhart K, Kleinpell RM, Angus DC, Deutschman CS, Machado FR, Rubenfeld GD, Webb S, Beale RJ, Vincent JL, Moreno R; Surviving Sepsis Campaign Guidelines Committee including The Pediatric Subgroup. Surviving Sepsis Campaign: international guidelines for management of severe sepsis and septic shock, 2012. Intensive Care Med. 2013;39(2):165-228.5. Noritomi DT, Ranzani OT, Monteiro MB, Ferreira EM, Santos SR, Leibel F, et al. Implementation of a multifaceted sepsis education program in an emerging country setting: clinical outcomes and cost-effectiveness in a long-term follow-up study. Intensive Care Med. 2014;40(2):182-91.6. Surviving Sepsis Campaign. Updated Bundles in Response to New Evidence [Internet]. [cited 2016 Mar 14]. Available from: http://www.survivingsepsis.org/SiteCollectionDocuments/SSC_Bundle.pdf7. ProCESS Investigators, Yealy DM, Kellum JA, Huang DT, Barnato AE, Weissfeld LA, Pike F, et al. A randomized trial of protocol-based care for early septic shock. N Engl J Med. 2014;370(18):1683-93.8. ARISE Investigators; ANZICS Clinical Trials Group, Peake SL, Delaney A, Bailey M, Bellomo R, Cameron PA, Cooper DJ,et al. Goal-directed resuscitation for patients with early septic shock. N Engl J Med. 2014;371(16):1496-506.9. Mouncey PR, Osborn TM, Power GS, Harrison DA, Sadique MZ, Grieve RD, Jahan R, Harvey SE, Bell D, Bion JF, Coats TJ, Singer M, Young JD, Rowan KM; ProMISe Trial Investigators. Trial of early, goal-directed resuscitation for septic shock. N Engl J Med. 2015;372(14):1301-11.

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31 Roteiro de Implementação

MANUAL DE PREENCHIMENTO PARA COLETA DE DADOS NO ILAS Online®

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32 Manual do software de coleta de dados

1 Contexto Este manual foi desenvolvido para apoio à coleta de dados, como parte da implementação de protocolos gerenciados de sepse, usando o software ILAS Online®, desenvolvido pelo Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS). O objetivo da coleta de dados é determinar o real desempenho institucional, tanto em termos de aderência como de letalidade, e, assim, auxiliar no gerenciamento de políticas institucionais de combate à sepse. O ILAS Online® gera relatórios sobre os indicadores de pacotes referentes a cada instituição, fornecendo benchmarking com o restante dos hospitais públicos ou privados da rede. Por meio desses relatórios, também é possível acompanhar o desempenho institucional ao longo do tempo. O ILAS Online® disponibiliza a todas as instituições um roteiro para implementação de protocolos gerenciados de sepse (www.ilas.org.br, Campanha de Sobrevivência à Sepse > Ferramentas). Assim, a discussão detalhada desse processo foge do escopo deste manual. Aqui, procuramos apenas orientar como o software deve ser preenchido. O software disponibiliza diversas ferramentas, entre elas a ficha de coleta em formato PDF. Idealmente, a coleta de dados deve abranger todos os pacientes com suspeita ou diagnóstico de infecção, sepse ou choque séptico em sua instituição. Os dados coletados referem-se basicamente às primeiras 24 horas do diagnóstico da infecção. São coletados os indicadores de qualidade, baseados na Campanha de Sobrevivência à Sepse, além das características principais dos pacientes e seus desfechos. As instituições devem ter profissional dedicado à coleta (case manager), o qual deve ser treinado pelo ILAS. Usualmente, a inclusão de pacientes se dá de forma retrospectiva, tanto pela identificação dos protocolos abertos, como pela busca ativa, processos estes detalhadamente descritos no manual já mencionado. No entanto, a forma ideal de coleta é o acompanhamento prospectivo, em tempo real, dos pacientes identificados na instituição. Esperamos que essas informações possam auxiliá-lo no processo de coleta de dados. Ao mesmo tempo, desejamos que os relatórios gerados com base nessas informações permitam uma implementação bem-sucedida do protocolo gerenciado de sepse.

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33ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

2 Cadastro da senha de acesso O acesso ao software de coleta de dados é oferecido às instituições cadastradas para a implementação de protocolo gerenciado de sepse. A instituição deve ter sido cadastrada anteriormente à solicitação de acesso do usuário. Para isso, deve ser enviado ao ILAS Online® o documento de cadastro da instituição com os dados do time de sepse pelo e-mail [email protected]. Todos os documentos pertinentes estão disponíveis para preenchimento na aba de navegação “Ferramentas > Cadastro da instituição” da página inicial do site www.ilasonline.org.br, conforme figura 1.

Figura 1 - Página inicial e aba de navegação. A aba “Ferramentas” disponibiliza diversos itens, incluindo os documentos necessários para cadastro da instituição, roteiro e aulas de implementação. Os seguintes passos devem ser realizados:

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34 Manual do software de coleta de dados

1. Preencha o cadastro e o envie para nosso e-mail ([email protected]). 2. Para liberação da senha de acesso ao software, é necessário que todos os itens descritos na fase 1 do roteiro de implementação (disponível na aba de navegação “Ferramentas”) tenham sido devidamente equacionados. Sugere-se o uso do “Checklist para implementação”, disponível no site. Caso surjam dúvidas na elaboração dos documentos, o ILAS pode auxiliar. 3. Envie ao ILAS para revisão o protocolo institucional, o guia de terapia antimicrobiana empírica, o fluxograma de tratamento, o fluxo para coleta de exames de laboratório e protocolos operacionais padrão (POP), se disponíveis, entre outros materiais pertinentes ao protocolo sepse. 4. Aguarde o contato do ILAS, pois é necessária a inclusão prévia da instituição no software, para que os próximos passos possam ser realizados.5. Agende treinamento para utilização do software por Skype ou WebEx. 6. Agende reunião para o time de sepse da sua instituição por Skype ou WebEx. 7. Após a liberação do ILAS Online®, é necessário o cadastro direto no site (Figura 2).

Figura 2 - Página inicial e aba de navegação para cadastro de usuário. O cadastro de usuário pode ser realizado acessando a opção Cadastre-se, disponível diretamente na aba de navegação ou ainda dentro da página de login.

8. Conforme apresentado na figura 3, preencha os dados solicitados: nome, apelido, login, senha e e-mail. Escolha a instituição que você representa e clique no botão “Solicitar cadastro”. Lembre-se de que o login e a senha cadastrados serão utilizados nos próximos acessos ao software.

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35ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Aguarde o contato do ILAS Online®. Sua senha de acesso será liberada com aviso eletrônico da disponibilidade de acesso. Se necessário, entraremos em contato com o hospital para confirmar autorização de liberação de acesso.

Figura 3 - Página para cadastro de usuário. O cadastro de usuário é possível apenas para as instituições previamente cadastradas no sistema.

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36 Manual do software de coleta de dados

3

3.1

Inclusão de dados

Telas de abertura Ao fazer o login, observa-se, na tela inicial, um gráfico de colunas com a distribuição de casos já finalizados, de acordo com o mês de abertura do protocolo sepse. Ainda há um gráfico de pizza, que representa a distribuição de todos os casos incluídos no sistema. Na aba superior, há opções de navegação no software. Clique em “Pacientes” e em “Novo registro” para iniciar a inclusão de um novo paciente (Figura 4).

Figura 4 - Página inicial de acesso do usuário. A página inicial é composta pelo gráfico com os dados de fichas incluídas e aquelas já finalizadas.

A partir deste ponto, a página de registro é aberta (Figura 5). Preencha item a item, de acordo com as informações referentes ao paciente em questão.

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37ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Figura 5 - Página de novos registros. A página apresenta as três opções de categorias para inclusão de novas fichas.

O sistema só permite a navegação entre as páginas após o preenchimento correto e a finalização da página clicando em “Gravar”. Na tela “Novo registro”, inserir registro, iniciais, data de nascimento, sexo do paciente e escolher entre as seguintes opções:• Paciente com infecção descartada ou sem necessidade de conduta para sepse (categoria 1). • Paciente com conduta para sepse, cuja infecção foi descartada posteriormente (categoria 2). • Paciente com infecção/sepse/choque séptico (categoria 3).

O novo software permite o registro detalhado de todos os casos em que o protocolo institucional foi aberto. Isso acarreta um acréscimo importante na carga de trabalho. Em contrapartida, permite conhecer de maneira mais eficaz a sensibilidade institucional e a real aderência ao sistema, visto que possibilita compilar dados também dos pacientes apenas com infecção e daqueles que tiveram protocolo aberto, porém a hipótese diagnóstica de infecção foi descartada. O preenchimento dessas novas categorias é opcional, mas, para evitar viés na análise dos dados, as instituições que optarem pelo preenchimento de todas as categorias devem se esforçar para não perder dados, pois o benefício

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38 Manual do software de coleta de dados

dessa coleta seria perdido. As instituições podem, alternativamente, optar por manter a coleta da forma antiga, com a inclusão apenas dos casos de sepse/choque séptico. A categoria 1, “Paciente com infecção descartada ou sem necessidade de conduta para sepse” (Figuras 6 e 7), aplica-se aos casos em que o paciente preenchia critérios de elegibilidade (presença de sinais de síndrome da resposta inflamatória sistêmica - SIRS e/ou disfunção orgânica) e o protocolo de sepse foi aberto, porém, na avaliação médica, a suspeita de foco infeccioso foi afastada. Assim, a infecção foi descartada sem coleta de exames e nem administração de antimicrobianos. Também podem fazer parte dessa categoria pacientes com infecções virais típicas, como faringites, amigdalites, otites, sinusites, dengue, entre outras, pois, nesses casos, o protocolo é encerrado sem a coleta de exames e/ou administração de antibiótico. Além disso, pacientes em cuidados de fim de vida dentro das primeiras 24 horas de avaliação médica também devem ser considerados como categoria 1.

Figura 6 - Tela de ajuda para critérios definidores das categorias de inclusão.

Ao passar o mouse na categoria 1, surge uma caixa explicativa com exemplos de fichas que preenchem critérios de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) e/ou de disfunção orgânica, porém não são elegíveis para conduta dentro do protocolo sepse.

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Figura 7 - Simulação de inclusão de ficha da categoria 1 - novos registros. Exemplo de dados solicitados no cadastro de nova ficha de pacientes que tiveram infecção descartada ou sem conduta para sepse. Esses casos não são de preenchimento obrigatório. No entanto, para os hospitais com interesse em avaliar a sensibilidade institucional do protocolo, aconselha-se a compilação de todos os casos, para evitar viés na análise. É necessário preencher apenas a página de registro com data e hora de abertura do protocolo no serviço médico e clicar na opção “Gravar”. Esta ficha já será finalizada e incluída ao banco de dados. Caso o paciente apresente quadro sugestivo de infecção, e o protocolo sepse com coleta de exames e administração de antimicrobianos tenha sido aberto, mas, posteriormente, a infecção foi descartada, o caso deve ser inserido como “Paciente com conduta para sepse, cuja infecção foi descartada posteriormente” (Figura 8). Entendem-se como “infecção descartada” os casos em que o antimicrobiano foi suspenso pela equipe assistente. Nessa categoria, o software solicita informações complementares, como presença de comorbidades e tipo de internação.

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40 Manual do software de coleta de dados

Figura 8 - Simulação de inclusão de ficha da categoria 2 - novos registros.Exemplo de dados solicitados no cadastro de nova ficha de pacientes que tiveram abertura do protocolo com conduta para sepse, porém com infecção descartada posteriormente.

Pacientes com quadro sugestivo de infecção (presença de foco infeccioso com ou sem alteração dos sinais de SIRS e sem disfunção orgânica), sepse (infecção associada à disfunção orgânica) e choque séptico (infecção com hipotensão refratária a volume e/ou uso de vasopressor nas primeiras 6 horas) devem ser inseridos como “Paciente com infecção, sepse ou choque séptico” (Figura 9). Para esses pacientes, além das informações sobre comorbidades e o tipo de internação, você deverá selecionar o tipo de infecção antes de clicar em “Gravar”.

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Figura 9 - Simulação de inclusão de ficha da categoria 3 - novos registros.Exemplo de dados solicitados no cadastro de nova ficha de pacientes com infecção, sepse ou choque séptico confirmados.

O tipo de internação, que se refere ao motivo pelo qual o paciente procurou o hospital e foi internado, sem necessariamente estar relacionado ao evento séptico, deve ser preenchido. Por exemplo, um paciente internado para cirurgia eletiva que desenvolve sepse de foco pulmonar no decorrer da internação deve ser considerado cirúrgico. O tipo de infecção também deve ser informado. São consideradas infecções associadas à assistência a saúde aquelas classicamente nosocomiais, ou seja, manifestas após 48 horas de internação e não presentes no momento da admissão. Também devem ser consideradas aquelas em pacientes com internações recentes (últimos 30 dias) ou que dependem do sistema de saúde, como pacientes em terapia de substituição renal ou atendidos em hospital-dia, vindos de hospitais de retaguarda ou de home care.

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42 Manual do software de coleta de dados

3.2 Avaliação inicial - triagem Na tela Triagem (Figura 10), deve ser assinalado o foco infeccioso envolvido, quando a categoria do paciente for “paciente com infecção/sepse /choque séptico”. Além disso, pelo menos um dos sinais de SIRS deve estar presente. Todas as disfunções orgânicas (caso haja) presentes no momento do diagnóstico também devem ser assinaladas.

Figura 10 – Página de triagem. A página solicita dados de triagem, como o foco relacionado ao quadro infeccioso atual, os sinais de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) e a presença de disfunção orgânica nas primeiras 6 horas.

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Os principais focos infecciosos estão disponíveis. Observe que acrescentamos a opção “Foco não definido” para aqueles casos em que não foi possível identificar o foco infeccioso. Caso haja mais de um foco infeccioso presente, deve ser discutido com o médico, assistente ou coordenador do protocolo sepse qual o principal foco infeccioso relacionado ao evento séptico e somente ele deve ser assinalado. Se o paciente inserido for “Paciente com conduta para sepse, cuja infecção foi descartada posteriormente”, a tela de triagem será automaticamente assinalada com a opção “Quadro não infeccioso, infecção descartada” e a mesma não pode ser alterada (Figura 11).

Na pergunta “O paciente apresenta alguns destes sinais e sintomas no momento do diagnóstico do quadro infeccioso? (pelo menos um sinal de SIRS)”, a presença de pelo menos um dos sinais de SIRS (hipertermia ou hipotermia, taquicardia, taquipneia, leucocitose e/ou desvio à esquerda e/ou leucopenia) é requerida (Figura 10). Essa pergunta é habilitada para pacientes das categorias 2 (infecção descartada) e 3 (com infecção, sepse ou choque séptico). Na nova versão do software, optou-se por deixar livre a inclusão de pacientes mesmo sem um dos critérios de SIRS. Na pergunta “Há algum destes sinais de disfunção orgânica presente no momento do diagnóstico, que não aquele relacionado ao local de infecção e que não seja secundário a uma doença crônica?”, não é obrigatória a marcação de uma das opções, visto que pacientes somente com infecção não têm disfunção orgânica. Observem que incluímos a opção “Paciente não tinha disfunção orgânica” na categoria 2 e a opção “Paciente não tinha disfunção orgânica, somente infecção” na categoria 3, para inclusão desses casos. É obrigatório, contudo, assinalar pelo menos uma disfunção nos casos registrados como sepse e choque séptico. Devem ser assinaladas no sistema apenas as disfunções orgânicas presentes nas primeiras 6

Figura 11 - Página de triagem – quadro não infeccioso, infecção descartada. Em pacientes da categoria 2, essa opção vem automaticamente assinalada.

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44 Manual do software de coleta de dados

horas a partir da abertura do protocolo sepse. Observem que o lactato aumentado, de forma independente do nível, é considerado critério de disfunção, embora apenas os pacientes com lactato duas vezes acima do valor normal de referência têm indicação de ressuscitação hemodinâmica e se qualificam para os indicadores do pacote de 6 horas. Para a identificação da disfunção orgânica, recomenda-se ao coletador de dados a revisão de todo o histórico médico recente do paciente. Isso é fundamental para se identificarem as comorbidades e as medicações previamente utilizadas pelo paciente, pois elas podem ser responsáveis por alterações clínicas potencialmente confundidas com disfunções orgânicas em consequência da sepse. Isso permite a identificação adequada do número de disfunções em decorrência da sepse. Como exemplos das principais comorbidades potencialmente geradoras desse viés, e para as quais recomendamos NÃO assinalar a disfunção orgânica, temos:

• Insuficiência renal crônica (paciente pode ter creatinina basal > 2 mg/dL). • Doenças pulmonares de base que levem à dependência de oxigênio. • Uso de anticoagulantes orais ou heparina (razão normalizada internacional - INR e tempo de tromboplastina parcial ativada - TTPA muito elevados). • Plaquetopenia (< 100.000/mm3) em pacientes com neoplasia hematológica ou hepatopatia crônica.• Lactato > 2mmol/L em pacientes em uso de antirretrovirais Entretanto, a piora de níveis basais pode ser considerada, a depender do julgamento do médico responsável pelo paciente. Um exemplo seria paciente com doença crônica que apresenta agudização significativa em decorrência da sepse.

3.3 Dados de admissão

Ao preencher adequadamente as primeiras três questões da página anterior, passamos à próxima página, na qual serão inseridos os dados da admissão do paciente. Quando a opção “Paciente não tinha disfunção orgânica, somente infecção” tiver sido escolhida, a pergunta “O paciente apresenta critérios para” virá assinalada com a opção “Infecção” (Figura 12).

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Quando pelo menos uma disfunção orgânica tiver sido selecionada, essa pergunta deverá ser respondida com uma de duas opções: sepse ou choque séptico (Figura 13). Choque séptico deve ser considerado apenas se o paciente apresentar hipotensão refratária a volume e/ou uso de vasopressores nas primeiras 6 horas após o diagnóstico da sepse. O software possui travas de segurança e não permitirá assinalar a opção “Sepse” quando for marcada a opção “Uso de vasopressores = sim” na página de tratamento da hipotensão.

Figura 12 - Página de admissão – critérios para infecção. Em pacientes da categoria 3, quando não houver registro de disfunção orgânica, essa opção vem automaticamente assinalada.

Figura 13 - Página de admissão - critérios de gravidade e dados da admissão e de possível transferência de outras instituições. Essa tela é habilitada quando é assinalada a categoria 3 (infecção, sepse ou choque séptico) com presença de disfunção orgânica.

Ressalta-se que pacientes classificados inicialmente como sepse, mas que desenvolveram hipotensão refratária à reposição volêmica e/ou fizeram uso de vasopressor entre a 6ª e a 24ª hora do diagnóstico da sepse devem ser considerados portadores de choque séptico tardio, página adicional a ser preenchida posteriormente.

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Admissão na instituição (data/hora)

O momento da admissão do paciente na instituição deve ser registrado. É permitido o registro da data/hora de admissão hospitalar posterior ao momento da instalação da disfunção orgânica ou do diagnóstico da sepse. Isso permite a inclusão de pacientes cujo diagnóstico foi feito em outra instituição.Em algumas situações, é importante avaliar separadamente pacientes que tenham sido transferidos de outras instituições já com o diagnóstico de sepse. Nesses casos, deve ser assinalada a opção “Sim” para a pergunta “Paciente foi admitido no hospital já em infecção/sepse/choque séptico vindo de outra instituição?”.

Categoria de tratamento

Ainda na página de admissão, deve ser definida a categoria do paciente, com base no local onde teve início a disfunção orgânica (Figura 14). Assim, temos cinco possibilidades, colocadas abaixo. 1. Admitido na unidade de terapia intensiva (UTI) nas primeiras 24 horas oriundo do pronto-socorro (PS). Essa possiblidade é válida para pacientes com critérios para infecção, sepse ou choque séptico quando da entrada na instituição via PS e que foram transferidos para a UTI nas primeiras 24 horas após o diagnóstico da infecção/sepse. Essa opção deve ser assinalada mesmo que o diagnóstico da infecção/sepse tenha sido feito apenas na UTI. Da mesma forma, se o paciente tiver sido admitido no PS com quadro infeccioso, foi transferido para a enfermaria e somente lá o diagnostico foi feito, ele deve ser considerado como paciente de PS.

Nota: Pacientes provenientes do PS de outras instituições e transferidos diretamente para a UTI devem ser considerados nessa categoria. 2. Admitido na UTI nas primeiras 24 horas oriundo de unidades regulares de internação. Essa possiblidade é válida para pacientes com infecção, sepse ou choque séptico, com instalação do quadro séptico durante a internação nas unidades regulares de internação (enfermaria) e que foram transferidos para a UTI nas primeiras 24 horas após o diagnóstico da infecção. Essa categoria inclui também as unidades de retaguarda do PS desde que consideradas unidades de internação e que o paciente

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não tenha sido admitido no PS já com os critérios para infecção/sepse. Essa opção deve ser assinalada mesmo que o diagnóstico da infecção/sepse tenha sido feito apenas na UTI.

Nota: Pacientes provenientes de unidades de internação regular em outras instituições e transferidos diretamente para a UTI devem ser considerados nessa categoria.

3. Desenvolveu infecção/sepse durante a internação na UTI. Essa possiblidade é válida para pacientes que desenvolvem infecção, sepse ou choque séptico durante sua internação na UTI, independentemente da causa de admissão. 4. Infecção/sepse no PS, não admitido na UTI nas primeiras 24horas. Essa possiblidade é válida para pacientes com critérios para infecção, sepse ou choque séptico quando da entrada na instituição via PS e que não foram transferidos para a UTI nas primeiras 24 horas após o diagnóstico da infecção. Esses pacientes podem tanto terem sido mantidos no PS como transferidos para outras unidades de internação, que não a UTI.

Nota: Pacientes provenientes do PS de outras instituições e que permanecem no PS ou são admitidos em unidades regulares de internação devem ser considerados nessa categoria.

5. Infecção/sepse nas unidades regulares de internação, não admitido na UTI nas primeiras 24 horas. Essa possiblidade é válida para pacientes com infecção, sepse ou choque séptico, com instalação do quadro séptico durante a internação nas unidades regulares de internação (enfermaria) e que não foram transferidos para a UTI nas primeiras 24 horas após o diagnóstico da infecção, permanecendo na unidade ou, eventualmente, sendo transferidos temporariamente para o PS. Nota: Pacientes provenientes de unidades de internação regular em outras instituições e transferidos para unidades de internação regulares ou PS da nova instituição devem ser considerados nessa categoria.

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48 Manual do software de coleta de dados

Figura 14 - Página de admissão - categoria de acordo com local de instalação da disfunção. Essa tela é habilitada quando é assinalada a categoria 3 (infecção, sepse ou choque séptico).

Data da primeira disfunção orgânica (data/hora)

Determinar o momento da instalação da primeira disfunção orgânica é fundamental para, por sua vez, determinar um dos principais indicadores da qualidade de atendimento: o tempo de disfunção orgânica (Figura 15). Embora, idealmente, o diagnóstico da infecção deva ser feito imediatamente após a instalação da disfunção, nem sempre isso ocorre. É bastante comum fazermos o diagnóstico de sepse ou choque séptico e, ao revisar o prontuário, verificarmos que os sinais e sintomas de disfunção ou as alterações nos exames laboratoriais já estavam presentes horas - ou mesmo dias, antes do diagnóstico. A definição do intervalo de tempo entre a instalação da primeira disfunção orgânica e seu diagnóstico (descrito a seguir) é um dos indicadores centrais para elaboração de estratégias que visem à redução de mortalidade, posto que o atraso no diagnóstico tem como consequência o atraso no tratamento. Mesmo em instituições com alta aderência após o diagnóstico, esse atraso pode se associar a aumento de mortalidade, pois a aderência, na prática, não será verdadeira.

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49ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Figura 15 - Página de admissão - data de admissão em unidade de terapia intensiva, data da disfunção orgânica e diagnóstico da infecção/sepse. Essas opções ficam habilitadas quando é assinalada a categoria 3 (infecção, sepse ou choque séptico).

Para pacientes do PS admitidos já em sepse/choque séptico, ou seja, quando não é possível identificar ou estimar a data e o horário da primeira disfunção, deve-se registrar como horário da disfunção orgânica o horário da triagem ou o primeiro horário disponível de entrada do paciente na instituição. Vale ressaltar que, em pacientes encaminhados de outros serviços, o horário do diagnóstico da sepse/choque séptico pode ser anterior à admissão hospitalar, desde que exista adequado registro dos dados clínicos.

Diagnóstico da infecção/sepse (data/hora)

Nessa questão, deve ser considerado o momento em que foi feito o diagnóstico pela equipe e iniciaram-se as medidas de tratamento, ou seja, o momento em que houve percepção clínica, pela equipe, de que o paciente apresentava sepse ou choque séptico (Figura 15). O tempo de disfunção orgânica, um dos indicadores utilizados na campanha, é calculado pela diferença entre o momento da instalação da disfunção orgânica, descrito acima, e seu reconhecimento. Usualmente, o tempo de disfunção não deve ser zero. Entretanto, em muitos hospitais com protocolo adequadamente implementado, esse momento pode corresponder à abertura do protocolo de sepse, com consequente coleta de exames laboratoriais. Em pacientes sem disfunção clínica, é possível que os resultados laboratoriais confirmem disfunção laboratorial (plaquetopenia, hiperlactatemia, hiperbilirrubinemia ou elevação de creatinina). Assim, o momento da primeira disfunção será

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50 Manual do software de coleta de dados

o mesmo do diagnóstico da infecção, ou seja, o momento em que os exames foram coletados.

Admissão na unidade de terapia intensiva (data/hora)

Em pacientes admitidos na UTI nas primeiras 24 horas, devem ser registrados a data e o horário da admissão na UTI.

A inclusão dos escores de gravidade permite avaliar melhor o perfil de pacientes de cada instituição e também comparar pacientes em instituições distintas. O preenchimento é opcional. Porém, é importante manter a consistência da coleta, ou seja, os escores devem ser preenchidos para todos os casos pertinentes. O novo software utiliza os escores Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) (Figura 16) e Simplified Acute Physiological Score III (SAPS III) (Figura 17). Em ambos os casos, são permitidas a digitação de valores individuais ou apenas do escore final, para facilitar a inclusão dos dados, caso a unidade já colete esses escores com outras ferramentas.

Escores de gravidade (preenchimento opcional)

Figura 16 - Página de Sequential Organ Failure Assessment (SOFA).A tela é habilitada quando é assinalada a categoria 3 (infecção, sepse ou choque séptico). Seu preenchimento é opcional.

3.4

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51ILAS - Instituto Latino Americano de Sepse

Figura 17 - Página do Simplified Acute Physiological Score III (SAPS III).A tela é habilitada quando é assinalada a categoria 3 (infecção, sepse ou choque séptico) para pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva dentro das primeiras 24 horas do diagnóstico do protocolo de sepse. Seu preenchimento é opcional.

Para o SOFA, anota-se sempre o pior valor de cada variável nas primeiras 24 horas do diagnóstico da infecção. Observem que esse escore agora possui travas de segurança relacionadas às disfunções orgânicas assinaladas anteriormente na tela de triagem, evitando, assim, eventuais conflitos de informações ao longo da inclusão dos dados. O SOFA deve ser preenchido para todos os pacientes. Já o SAPS III deve ser preenchido apenas para aqueles que foram admitidos na UTI. Mesmo que o paciente já tenha estado internado na UTI antes do evento séptico, as variáveis a serem usadas são as do momento da admissão.

Nessa página, devem ser fornecidas informações relativas aos três primeiros indicadores do pacote de 3 horas, como abaixo colocado.

O lactato foi mensurado após o diagnóstico da infecção/sepse?

De acordo com as recomendações da Campanha de Sobrevivência à Sepse, a presença de hiperlactatemia deve ser avaliada em todo paciente com suspeita de sepse ou choque séptico, pois alterações significativas neste marcador indicam necessidade de ressuscitação hemodinâmica e estão relacionadas à pior prognóstico (Figura 18).

Coleta de lactato, culturas e antimicrobianos3.5

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52 Manual do software de coleta de dados

Figura 18 - Página de coleta de lactato, culturas e antimicrobianos - pacote de 3 horas. A tela é habilitada quando são assinaladas as categorias 2 (infecção descartada) ou 3 (infecção, sepse ou choque séptico). Devem-se preencher a data e a hora da coleta, de forma a possibilitar a avaliação da aderência. Considerando que pacientes da UTI podem coletar rotineiramente esse exame, é permitido inserir exames realizados em até 1 hora antes do momento do diagnóstico da infecção/sepse. A aderência a esse indicador é definida pela coleta em até 1 hora antes e 3 horas depois do diagnóstico de infecção/sepse. A instituição deve assinalar qual o valor de referência de seu laboratório e a unidade de medida para que o software defina se o paciente será elegível para o preenchimento dos itens ligados à ressuscitação hemodinâmica. O preenchimento equivocado desse dado leva à inconsistência da avaliação de aderência a esses indicadores, prejudicando a análise dos resultados institucionais.

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O paciente recebeu antimicrobiano de largo espectro?

Ainda na tela mostrada na figura 18, são solicitados dados sobre terapia antimicrobiana. Existem três respostas possíveis: “Não”, “Sim” e “O antimicrobiano de largo espectro foi iniciado antes deste evento de infecção/sepse e mantido até a presente data”. Nos dois últimos casos, habilitam-se as janelas de identificação do antimicrobiano escolhido, e de data e hora da administração da primeira dose. Caso tenham sido prescritos mais de um tipo de antimicrobiano, o primeiro administrado deve guiar o preenchimento. A opção “Antimicrobiano mantido” deve ser assinalada naqueles pacientes em que, a despeito da evolução do quadro séptico, o médico optou por manter o tratamento antimicrobiano, subentendendo-se que essa seria a conduta clinicamente adequada para a situação. No entanto, caso o início do antimicrobiano tenha sido há mais de 96 horas, o software pedirá confirmação da ausência de indicação de troca. Esse cuidado é necessário, pois se trata de situação peculiar, embora possível na ausência de controle de foco ou espectro antimicrobiano já otimizado ao máximo. Se confirmado, o caso será considerado aderente. Quando for assinalada a opção “Sim”, os casos serão considerados aderentes se o antimicrobiano for administrado em até 1 hora, para todos os setores do hospital.

As hemoculturas foram coletadas?

A campanha recomenda coleta de hemocultura antes da administração de antimicrobianos em todo evento séptico. Assim, para o cálculo da aderência, a data e a hora dessa coleta são relacionadas à data e à hora do início do antimicrobiano. Vale ressaltar que, para fim de aderência, avalia-se apenas a coleta de hemoculturas, porém devem ser realizadas culturas de todos os sítios infecciosos pertinentes. Entende-se que a coleta de hemoculturas pode preceder em horas/dias o diagnóstico da sepse em pacientes já em uso de tratamento adequado e com evolução não satisfatória. Nesses casos, para avaliação da aderência, será também considerada a troca ou não do antimicrobiano. Desse modo, serão considerados aderentes pacientes cujas culturas foram coletadas anteriormente, desde que antes da administração do antimicrobiano. Se o antimicrobiano tiver sido trocado, entende-se que há um novo quadro séptico ou agente infeccioso não coberto pela terapia atual. Nesse contexto, nova coleta é necessária, e o caso somente será considerado aderente caso ela ocorra antes da administração do antimicrobiano e dentro das primeiras 3 horas do diagnóstico.

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Tratamento da hipotensão Nessa página, devem ser fornecidas informações relativas à ressuscitação hemodinâmica de pacientes com hipotensão (Figura 19).

Figura 19 - Página de tratamento da hipotensão nas primeiras 6 horas. A tela é habilitada quando são assinaladas as categorias 2 (infecção descartada) ou 3 (infecção, sepse ou choque séptico), com disfunção orgânica assinalada na tela de triagem.

O paciente estava hipotenso nas primeiras 6 horas?

Esta pergunta é habilitada para todos os casos das categorias 2 e 3 em que foi registrada pelo menos uma disfunção orgânica na tela de triagem. Ela se refere somente às primeiras 6 horas após o diagnóstico da infecção/sepse. O paciente recebeu no mínimo 30 mL/kg de cristaloide, ou o equivalente na forma de coloide, para tratar hipotensão dentro das primeiras 3 horas OU está adequadamente registrado no prontuário que foi feita avaliação de fluido-responsividade e optado por não realizar reposição volêmica? Caso tenha sido assinalada a presença de hipotensão, o software solicita a informação sobre reposição volêmica. Na resposta,

3.6

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deve-se considerar a soma de todos os fluidos infundidos no paciente com o objetivo de ressuscitação volêmica. Em pacientes internados em UTI, eventualmente, não há indicação de reposição volêmica, pois foi realizada avaliação de responsividade a volume. Nesses casos, se o registro em prontuário estiver adequado, deve-se assinalar a opção “Sim”. Caso a resposta seja “Não”, o software entende que o paciente foi inadequadamente tratado, o que define não aderência a esse indicador, não sendo feitas perguntas adicionais no tocante à ressuscitação hemodinâmica. Caso a resposta seja “Sim”, a pergunta seguinte irá avaliar se o paciente se qualifica para o uso de vasopressores.

O paciente permaneceu normotenso, ou seja, com pressão arterial média ≥ 65 mmHg após reposição volêmica inicial?

A resposta “Sim” indica um paciente em sepse, e não em choque. Esse paciente será considerado aderente ao indicador volume/vasopressor. Vale lembrar que, na página de triagem, define-se choque séptico considerando-se apenas as primeiras 6 horas do diagnóstico. Caso a resposta seja “Não”, habilita-se o preenchimento da pergunta sobre o uso de vasopressores.

O paciente recebeu vasopressores nas primeiras 6 horas?

Caso a resposta seja “Não”, o software entende que o paciente foi inadequadamente tratado, o que define não aderência a esse indicador. Caso a resposta seja “Sim”, o paciente será considerado aderente. Devem-se preencher a data e a hora do início do vasopressor

Esse indicador é válido apenas para pacientes com o lactato inicial duas vezes acima do valor de referência. De acordo com o pacote de 6 horas da Campanha de Sobrevivência à Sepse, são importantes as reavaliações do paciente e do clareamento desse lactato (Figura 20). A coleta deve ser feita no prazo de até 6 horas do diagnóstico da infecção, com a intenção de acompanhar a variação do valor.

Tratamento da hiperlactatemia3.7

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56 Manual do software de coleta de dados

Figura 20 - Página de tratamento da hiperlactatemia - pacote de 6 horas. A tela é habilitada em pacientes das categorias 2 (infecção descartada) e 3 (sepse ou choque séptico), cujo lactato inicial estava duas vezes acima do valor de referência.

Esse indicador se aplica somente a pacientes com lactato inicial duas vezes acima do valor de referência ou com choque séptico nas primeiras 6 horas. A Campanha de Sobrevivência à Sepse enfatiza a importância da reavaliação dos pacientes mais graves. Nesses pacientes, deve-se verificar se a reavaliação do estado volêmico ou de parâmetros perfusionais está adequadamente registrada em prontuário (Figura 21). Vários parâmetros de volemia/perfusão são considerados válidos para essa reavaliação. São exemplos a mensuração de pressão venosa central (PVC) ou a saturação venosa central de oxigênio (SvcO2), sem a necessidade de atingir níveis específicos. Outras possibilidades são: a avaliação de responsividade a volume; e a melhora do tempo de enchimento capilar, do livedo, da diurese ou do rebaixamento de nível de consciência. Do ponto de vista de protocolo assistencial, recomenda-se que o médico responsável registre adequadamente o seguimento do paciente durante as primeiras 6 horas de diagnóstico. Do ponto de vista de coleta de indicador, registros adequados feitos por enfermeiros qualificados também podem ser utilizados.

Reavaliação do status volêmico e da perfusão 3.8

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Figura 21 - Página de reavaliação do status volêmico e de perfusão - pacote de 6 horas. A tela é habilitada em pacientes das categorias 2 (infecção descartada) e 3 (sepse ou choque séptico) cujo lactato inicial estava duas vezes acima do valor de referência ou com choque séptico.

Essa tela será habilitada para todo paciente assinalado como portador de sepse (Figura 22). A pergunta se refere à ocorrência de hipotensão refratária à reposição volêmica, com uso de vasopressor, entre a 6º e a 24º hora do diagnóstico da infecção. Caso o paciente se enquadre na classificação de choque séptico tardio, é preciso incluir a data e a hora do uso do vasopressor.

Diagnóstico de choque séptico tardio3.9

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58 Manual do software de coleta de dados

Figura 22 - Página de diagnóstico de choque séptico tardio. A tela é habilitada em pacientes com sepse.

Figura 23 - Página de ventilação mecânica. A tela é habilitada quando são assinaladas a categoria 2 (infecção descartada) ou 3 (infecção, sepse ou choque séptico).

A pergunta, autoexplicativa, visa caracterizar a gravidade dos pacientes, sem relação com diretrizes de tratamento ou coleta de indicadores (Figura 23).

3.10 Ventilação mecânica

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Figura 24 - Página de desfechos. A tela é habilitada quando são assinaladas as categorias 2 (infecção descartada) ou 3 (infecção, sepse ou choque séptico).

Estas são as últimas informações para o preenchimento completo de uma ficha de paciente: as datas de alta da UTI (se aplicável) e hospitalar, bem como o status de alta do paciente (Figura 24). Se o paciente tiver falecido durante a internação, independentemente da causa estar ou não relacionada ao evento séptico, a data de alta hospitalar corresponderá à data do óbito.

Disponibilizamos também a opção “Transferência” no status de alta do paciente, para casos em que este foi transferido para outra instituição. Também é possível incluir seu desfecho na outra instituição quando o mesmo for conhecido: alta ou óbito após transferência.

Ao final do preenchimento, a ficha deve ser salva clicando na opção “Gravar e finalizar” (Figura 24). Durante o processo de confirmação da ficha, é gerado um arquivo PDF “Ficha do paciente”, no qual é possível revisar os dados incluídos antes de confirmar a finalização da ficha (Figura 25)

3.11 Desfecho

4 Confirmação dos dados coletados

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Figura 25 - Conferência dos dados. A tela é habilitada ao se preencher o desfecho de pacientes das categorias 2 (infecção descartada) ou 3 (infecção, sepse ou choque séptico).

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Após a conferência, se a ficha estiver correta, confirma-se sua finalização na tela “Podemos gravar o desfecho e finalizar a ficha?”. A partir desse momento, ela não poderá mais ser modificada pelo usuário e estará disponível para ser computada pelo ILAS Online® na elaboração de um relatório trimestral. Após a finalização da ficha, se houver necessidade de correção, o usuário deverá encaminhar a solicitação ao ILAS Online® por e-mail.

O software oferece a ferramenta “Buscar fichas” para recuperar fichas, finalizadas ou não. Clique na ferramenta e selecione os critérios de busca. Pode-se definir a busca de fichas não finalizadas ou finalizadas. Além disso, a ferramenta permite a busca pelo número do registro do paciente ou qualquer de suas iniciais (Figura 26).

Ao se visualizar o paciente, deve-se clicar no círculo verde referente ao campo que se deseja revisar ou, ainda, clicar no PDF, para revisar todas as informações referentes ao(s) paciente(s) filtrado(s). Em fichas não finalizadas, é possível modificar qualquer dado. Entretanto, para consistência de alguns indicadores, diversas informações terão

Figura 26 - Ferramentas de busca. Todas as fichas, finalizadas ou não, podem ser buscadas, usando-se o registro ou as iniciais do paciente.

5 Ferramentas acessórias

5.1 Busca de pacientes

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que ser novamente digitadas. As fichas não finalizadas podem ainda ser excluídas pelo próprio usuário, clicando-se no círculo vermelha no canto direito da tela (Figura 27).

Figura 27 - Ferramentas de busca. Os círculos verdes representam os campos já preenchidos e o acesso pode ser feito clicando-se diretamente no respectivo círculo.

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